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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
GUSTAVO THEODORO LASKOSKI
ECOTURISMO MEIO AMBIENTE
CURITIBA
OUTUBRO 2006
GUSTAVO THEODORO LASKOSKI
ECOTURISMO MEIO AMBIENTE
Trabalho referente à disciplina de Meio Ambiente do Curso Superior de Tecnologia em Eletrônica do 7º período da Universidade Tecnológica Federal do Paraná e realizado pelo aluno Gustavo Theodoro Laskoski. Orientado pelo profº Carlos Eduardo Fortes.
CURITIBA
OUTUBRO 2006
RESUMO
O ecoturismo é uma atividade extremamente lucrativa no regime econômico
contemporâneo, resultando em um elevado crescimento desse setor nos últimos. O
sistema capitalista não utiliza os princípios do desenvolvimento sustentável e tem
provocado a degradação de vários ambientes. Apesar das adversidades existentes entre
o regime capitalista e o desenvolvimento sustentável; existe uma relação de
interdependência entre esses dois conceitos, pois o ecoturismo utiliza o ambiente como
matéria-prima e depende do mesmo para a continuidade dessa atividade.
Nesse trabalho serão apresentados os conceitos sobre o ecoturismo e a relação
existente com o capitalismo, desenvolvimento sustentável e turismo sustentável. Será
descrito a relação entre existente entre turismo e ecoturismo. Também serão
apresentados diversos conceitos e definições de ecoturismo e seus princípios básicos.
SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..............................................................................................
2 ECOTURISMO ..............................................................................................
2.1 Definições de ecoturismo .............................................................................
2.2 Princípios do Ecoturismo .............................................................................
2.3 Desenvolvimento Sustentável e o Ecoturismo .............................................
2.4 Tipos de Ecoturismo .....................................................................................
2.5 Políticas de Ecoturismo ................................................................................
2.6 Organizações turísticas e Ecoturismo ...........................................................
2.7 Vantagens do ecoturismo ..............................................................................
2.8 Ecoturismo no mundo ...................................................................................
2.9 Ecoturismo no Brasil ....................................................................................
3 CONCLUSÃO ................................................................................................
4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...........................................................
05
06
07
09
11
13
14
14
16
17
17
19
20
5
1 INTRODUÇÃO
O inicio das atividades de turismo ecológico começou a ser caracterizado com a
criação do Parque Nacional de Yellowstone nos Estados Unidos da América em 1872. De
acordo com Lindberg e Hawkins (1999, p. 15), os visitantes que chegaram nos parques de
Yellowstone e Yosemite foram os primeiros ecoturistas. Entretanto, o aumento das
atividades de turismo ecológico tem provocado impactos negativos em diversos
ecossistemas devido a falta de controle dessas atividades.
O termo ecoturismo começou a ser discutido por volta de 1960, para explicar o
relacionamento entre os turistas, meio ambiente e as culturas existentes nessa interação.
Hetzer (1965) e Fennell (2002) identificaram quatro características fundamentais a serem
seguidas pelo ecoturismo: (1) impacto ambiental mínimo, (2) impacto mínimo às culturas
anfitriãs, (3) máximo benefício econômico para as comunidades anfitriãs e (4) satisfação
máxima para os turistas participantes. Em 1987 o relatório de Brundtland fez um balanço
do desenvolvimento mundial, para propor algumas estratégias ambientais que visam
desenvolver o desenvolvimento sustentável a longo prazo. Entre as principais citações do
relatório de Brundtland, foram propostas algumas estratégias de desenvolvimento
sustentável nas atividades de ecoturismo, sendo chamado também de turismo sustentável.
Em 2000, na Mohonk Mountain House em New Paltz nos Estados Unidos, participantes
de 20 países discutiram os princípios e componentes que viriam a fazer parte de um
programa de certificação para a atividade de ecoturismo. Em, Quebec no Canadá, após as
reuniões e discussões da cúpula de especialistas em ecoturismo, representados pelos mais
diversos grupos e com apoio da Comissão Canadense de Turismo é aprovado um
documento chamado de Carta de Quebec, documento que estabelece recomendações para
a implantação do Ecoturismo no contexto do desenvolvimento sustentável. (INSTITUTO
ECOBRASIL, 2004).
No ano de 2002 foi declarado pela Organização das Nações Unidas (ONU) através
do Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas (UNEP) e com apoio da Organização
Mundial do (WTO) como Ano Internacional do Ecoturismo.
6
2 ECOTURISMO
De acordo com a Organização Mundial de Turismo, a atividade turística
movimenta mais de US$ 3,5 trilhões anualmente, sendo considerado por vários órgãos de
pesquisa como um dos ramos de atividade que mais cresce no mundo, calculando-se que
mais de 180 milhões de pessoas vivem direta ou indiretamente dessa atividade. Por isso, o
turismo passou a segmentar-se em áreas diferentes de atuação, surgindo várias
modalidades como: turismo cultural, turismo religioso, turismo esportivo, turismo
infantil, turismo da terceira idade, turismo ecológico ou ecoturismo. Na figura 1 é
apresentado uma figura da tipologia de Mieczkowski. A primeira categoria é o turismo
em massa convencional. A segunda categoria é o turismo alternativo, sendo divido em
diversos tipos para atender um público de menor quantidade com um interesse específico.
FIGURA 1 – TIPOLOGIA DE MIECZKOWSKI
De acordo com a tipologia de Mieczkowski (figura 1), o ecoturismo é formado
pela sobreposição dos conceitos de turismo cultural e agroturismo. Entrentado o turismo
cultural e agroturismo também estão relacionados com outras formas de turismo. Portanto
o ecoturismo pode ser alternativo, pois essa atividade apresentada aspectos culturais,
educacionais, de aventura e de agroturismo.
7
A Organização Mundial do Turismo (OMT) estima que 10% dos turistas em todo o
mundo tenham como demanda o turismo ecológico. A World Travel & Tourism Council
(WTTC) estima que o ecoturismo representa de 5 a 8% do turismo mundial, ou seja, o
ecoturismo movimenta aproximadamente de US$ 170 bilhões a US$ 272 bilhões.
2.1 Definições de ecoturismo
O conceito de ecoturismo e a sua origem têm apresentado diversas explicações,
que são frequentemente questionadas ou redefinidas. Laarman e Durst1, em sua antiga
referência ao ecoturismo, definiram em o ecoturismo como um turismo na natureza no
qual o “viajante” é atraído a um destino por causa de seu interesse em um ou mais
aspectos da história natural desse destino, combinando educação, recreação e aventura.
Em 1993, Laarman e Durst identificaram uma diferença conceitual entre o ecoturismo e
turismo na natureza e estabeleceram um escopo mais estreito e outro mais amplo para
essa definição. O conceito mais estreito descreve a atividade de pessoas que promovem
atividades turísticas orientadas à natureza. No conceito mais amplo, aplica-se o turismo
que utiliza recursos naturais, focalizando ambientes relativamente intocados como:
reservas selvagens, parques e habitantes protegidos.
Lindberg e Hawkins2 definiram ecoturismo com a seguinte citação: “é satisfazer o desejo
que temos de estar em contato com a natureza, é explorar o potencial turístico visando a
conservação e desenvolvimento, é evitar o impacto negativo sobre a ecologia, a cultura e
a estética”. Muitos autores afirmam que a relação existente entre o ser humano e natureza
resulta em impactos negativos ao meio ambiente. Portanto, o ecoturismo deve ser
caracterizado como uma atividade de turismo com a finalidade de conservar e
desenvolver o meio ambiente utilizado na atividade. Considerando essa variedade
conceitual, o importante é extrair componentes que se repetem em várias conceituações.
Enfatizando os conceitos de desenvolvimento sustentável e responsabilidade social.
1 LAARMAN, DURST citado na obra de FENNELL, David A. Ecoturismo uma introdução. São Paulo. (2002) 2 LINDBERG, Kreg; HAWKINS, Donald. Ecoturismo: um guia para planejamento e gestão. São Paulo (1999).
8
Neste sentido, o Grupo de Trabalho Interministerial em Ecoturismo, formado pelo
Ministério da Indústria, Comércio e Turismo, Ministério do Meio Ambiente e da
Amazônia Legal, EMBRATUR, IBAMA3, chegou a seguinte definição:
Ecoturismo é um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações envolvidas. (DIRETRIZES PARA UMA POLÍTICA NACIONAL DE ECOTURISMO, MARÇO DE 1995).
Para a consecução dos objetivos básicos foram identificadas diversas ações, cada
uma com estratégia própria de execução, que integradas, resultaram num elenco de
realizações prioritárias, cuja responsabilidade de implantação alcança diversos setores
governamentais e o segmento do setor privado voltado ao ecoturismo, entre as diversas
ações, pode-se citar:
Regulamentação do Ecoturismo: dotar o segmento de ecoturismo de estrutura legal
própria, harmonizada com as esferas federal, estadual e municipal, e de critérios e
parâmetros adequados.
Fortalecimento e Interação Interinstitucional: promover a articulação e o intercâmbio de
informações e de experiências entre os órgãos governamentais e entidades do setor
privado.
Formação e Capacitação de Recursos Humanos: fomentar a formação e a capacitação de
pessoal para o desempenho de diversas funções pertinentes à atividade de ecoturismo.
Controle de Qualidade do Produto Ecoturístico: promover o desenvolvimento de
metodologias, modelos e sistemas para acompanhamento, avaliação e aperfeiçoamento
da atividade de ecoturismo, abrangendo o setor público e privado. 3 ZACCHI, Giancarlo P. TURISMO ECOLÓGICO E ECOTURISMO (pág. 11)
9
Gerenciamento de Informações: realizar o levantamento de informações, a nível nacional
e internacional, visando a formação de um banco de dados e a obtenção de indicadores
para o desenvolvimento do ecoturismo.
Implantação e Adequação de Infra-Estrutura: promover o desenvolvimento de tecnologias
e a implantação de infra-estrutura nos destinos ecoturísticos prioritários.
Conscientização e Informação do Turista: divulgar aos turistas atividades inerentes ao
produto ecoturístico e orientar a conduta adequada nas áreas visitadas.
Participação Comunitária: buscar o engajamento das comunidades localizadas em
destinos ecoturísticos, potenciais e existentes estimulando-as a identificar no ecoturismo
uma alternativa econômica viável.
A Sociedade Internacional de Ecoturismo (TIES) definiu ecoturismo como:
“viagens responsáveis para áreas naturais que promovem a conservação ambiental e a
melhoria da qualidade de vida de comunidades locais”. A TIES tem a finalidade de
promover e participar de atividades ecoturísticas, obedecendo aos seguintes princípios:
-
-
-
-
-
Minimizar impactos negativos;
Apoiar internacionalmente os direitos humanos e trabalhistas;
Promover o respeito e a consciência ambiental e cultural;
Proporcionar experiências construtivas para visitantes e anfitriões;
Proporcionar benefícios econômicos para a conservação;
2.2 Princípios do Ecoturismo
Os princípios do Ecoturismo são descritos na figura 2.
10
1. Usar os recursos de forma sustentável A conservação e o uso sustentável dos recursos – naturais, sociais e culturais – é crucial, e garante os negócios a longo prazo.
2. Reduzir o consumo exagerado e o desperdício A redução do consumo exagerado e do desperdício evita o custo da recuperação do meio ambiente, danificado ao longo do tempo, e contribui para a boa qualidade do turismo.
3. Manter a diversidade Manter e promover a diversidade natural, social e cultural é essencial para o turismo sustentável de longo prazo, e cria uma base resistente para a indústria do turismo.
4. Integrar o turismo ao planejamento O empreendimento turístico integrado num contexto de planejamento estratégico, nacional e local, e submetido aos Estudos de Impacto Ambientais aumenta a viabilidade em longo prazo do turismo.
5. Apoiar as economias locais O turismo que apóia uma ampla série de atividades econômicas locais e que leva em conta os custos/valores ambientais protege essas economias e evita danos ao meio ambiente.
6. Envolver as comunidades locais O envolvimento total das comunidades locais no setor do turismo não só traz benefícios a elas e ao meio ambiente em geral, mas também melhora a qualidade da experiência do turismo.
7. Consultar os investidores e o público As consultas a investidores, comunidades locais, organizações e instituições são essenciais se todos quiserem trabalhar junto e conciliar interesses potencialmente conflitantes.
8. Treinar equipes O treinamento de equipes que integram o turismo sustentável, além do recrutamento de pessoal local em todos os níveis melhora a qualidade do produto do turismo.
9. Fazer o marketing O marketing que fornece informações completas e responsáveis aumenta o respeito dos turistas pelo meio ambiente natural, social e cultural das áreas de destino, e aumenta a satisfação dos clientes.
10. Realizar pesquisas A pesquisa continua e o monitoramento pela indústria do turismo, coletando e analisando dados, é essencial para a resolução de problemas, além de trazer benefícios às localidades de destino, à indústria do turismo e a seus consumidores.
Fonte: Tourismo Concern (1992)4
4 Retirado de RODRIGUES, Oyama. MODELO DE ECOTURISMO COMPETITIVO. (Pág 117).
11
2.3 Desenvolvimento Sustentável e o Ecoturismo
Com o surgimento de estudos dos impactos negativos causados pelo crescimento
econômico desordenado para a sociedade e o meio ambiente, aumentam as preocupações
entre as nações sobre o destino do planeta. Assim, a primeira grande conferência realizada
em nível global pela Organização das Nações Unidas (ONU) ocorreu na cidade de
Estocolmo, na Suécia, no ano de 1972, abordando questões a respeito dos principais
problemas ambientais, entre eles: crescimento populacional e o crescimento versus
desenvolvimento; também foi criado o Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (PNUMA).
Em 1983, a Assembléia das Nações Unidas encomendou um relatório à comissão
Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, presidida pela Primeira Ministra da
Noruega, Sra. Brundtland. Sua equipe era composta de 22 autoridades internacionais -
ministros de estado, cientistas e diplomatas. Esse relatório foi publicado em abril de 1987
e vem difundindo o conceito de desenvolvimento sustentável, servindo como eixo central
de pesquisas realizadas por organismos multilaterais e mesmo por grandes empresas. O
relatório de Brundtland define desenvolvimento sustentável como: “atividade que
responde às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras
de responder às suas necessidades”.
O conceito desenvolvimento sustentável, no informe em questão, tem três vertentes
principais:
-
-
-
Crescimento econômico;
Eqüidade social;
Equilíbrio ecológico;
Na figura 3 é apresentando o diagrama do modelo de desenvolvimento sustentável,
sendo formado pela intersecção de três conjuntos principais, são eles: desenvolvimento
econômico, comunitário e ecológico. De acordo com a figura 3, para estimular o
12
desenvolvimento econômico é necessário maximizar o lucro, reduzir custo e promover a
expansão de mercados. Para o desenvolvimento comunitário é necessário atender as
necessidades humanas básicas, auto suficiência do local e participação e responsabilidade
social. Para o desenvolvimento ecológico é necessário respeitar a capacidade de suporte
do lugar, conservar e reciclar recursos e reduzir desperdícios. Contudo, para gerar o
desenvolvimento sustentável é necessário manter certo equilíbrio entre o desenvolvimento
econômico, comunitário e ecológico. Um sistema com desenvolvimento econômico e
ecológico, forma o conservacionismo, pois não haverá o desenvolvimento da comunidade
e de tecnologias, que resultará em um sistema único.
No regime contemporâneo, o desenvolvimento econômico controla os outros
conjuntos, portanto as tecnologias e desenvolvimento comunitário e ecológico atendem
apenas um conjunto, resultanto em um sistema não sustentável.
FIGURA 3 – DIAGRAMA DO MODELO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
13
Como o ecoturismo depende de uma atividade com desenvolvimento sustentável,
pode-se afirmar que existe a necessidade de encontrar a intersecção entre o
desenvolvimento econômico, ecológico e comunitário nessa atividade.
2.4 Tipos de Ecoturismo
Na tabela 1, são apresentados os tipos de atividades ecoturísticas existentes
(PIRES, 1998)5.
Tipos de Ecoturismo Atividades Ecoturísticas
Ecoturismo Científico
Estudos e Pesquisas Científicas em botânica, arqueologia, paleontologia, geologia, zoologia, biologia, ecologia, etc.
Ecoturismo Educativo
Observação da vida selvagem (fauna e flora), interpretação da natureza, orientação geográfica, observação astronômica.
Ecoturismo Lúdico e Recreativo
Caminhadas, acampamentos, contemplação da paisagem, banhos e mergulhos, jogos e brincadeiras.
Ecoturismo de Aventura
Montanhismo, expedições, contatos com culturas remotas, etc.
Ecoturismo Esportivo
Escalada, canoagem, “rafting”, bóia cross, rapel, “surf”, vôo livre, balonismo, etc.
Ecoturismo Étnico
Contatos e integração cultural com populações que vivem em localidades remotas em estreita relação com a natureza.
Ecoturismo Naturista
Prática do “Nudismo” ao ar livre junto à natureza.
Algumas atividades descritas na tabela 1 estão diretamente relacionadas com
outras classificações. Por exemplo, a atividade de observação astronômica, além de ser
ecoturismo educativo, pode ser ecoturismo científico. Assim como Montanhismo pode ser
tanto de caráter de Aventura como Esportivo. Além disso, essas atividades podem ser
inseridas em outros tipos de turismo, tais como: cultural e aventura.
5 Retirado de RODRIGUES, Oyama. MODELO DE ECOTURISMO COMPETITIVO. (Pág 125).
14
Fenell6 descreve essa relação de mutação existente entre algumas atividades de
turismo de acordo com a figura 3.
FIGURA 3 – RELAÇÃO EXISTENTE ENTRE ALGUMAS ATIVIDADES DE TURISMO
De acordo com a figura 3, algumas atividades de turismo são classificadas em um
grupo central denominado de ACE (aventura, cultura e ecoturismo), podendo ser inserido
num contexto isolado dependendo da aplicação.
2.5 Políticas de Ecoturismo
As políticas de turismo e de ecoturismo englobam um amplo espectro de
preocupações ligadas à implantação de programas de turismo em todo o mundo, incluindo
os relacionamentos sociais, ecológicos e econômicos, e a forma como o turismo afeta ou é
afetado pelos turistas, pela população local e pelo governo. Dye7 em 1992, afirmou que
política pública pode ser analisada por três importantes razões, são elas:
6 Idem ao 4. (Pág 126). 7 Idem ao 4. (Pág. 132).
15
1) As políticas públicas podem ser estudadas para se compreender as causas e
conseqüências das decisões políticas e melhorar o conhecimento sobre a sociedade.
Nesse caso, a política pública pode ser encarada como uma variável dependente ou
independente. Se a política é encarada como uma variável dependente, a questão
crítica torna-se “que características socioeconômicas [ou forças ambientais] e do
sistema político atuam para moldar o conteúdo da política”.
2) As políticas públicas também podem ser analisadas por motivos profissionais a fim
de compreender causas e conseqüências. Assim, podemos buscar soluções para
problemas práticos referentes ao turismo e introduzir esse conhecimento no
processo político.
3) As políticas públicas podem ser analisadas por motivos políticos para assegurar
que as políticas certas sejam adotadas a fim de alcançar as metas adequadas. Essas
questões refletem o jogo de interesses e valores que influenciam e definem, o
planejamento turístico e os processos políticos.
O turismo tornou-se parte integrante da máquina de muitos governos. Entretanto,
existe um crescente ceticismo quanto à eficiência do governo e as conseqüências e
impactos de grande parte da política governamental com respeito ao turismo.
2.6 Organizações turísticas e Ecoturismo
Ao direcionar-se o estudo organizacional para a atividade turística, pode-se
identificar um grande número de organizações que interagem entre si e que possuem uma
grande responsabilidade para com o bem-estar da sociedade, formando segmentos
conhecidos por trade turístico. (MAIA8).
8 MAIA, Andrei Giovani. SUSTENTABILIDADE E ECOTURISMO, Pág 67. (2005)
16
O trade turístico são operadores, agentes, agências, promotores, orgãos da área
governamental e ONGs, que interagem com um sistema econômico maior, formado por
outros agentes econômicos, sendo diretamentes responsáveis pela atividade promovida.
2.7 Vantagens do Ecoturismo
Se a atividade ecoturística for praticada corretamente, têm-se os seguintes
benefícios:
- O ecoturismo estimula a compreensão dos impactos do turismo sobre o meio
natural, cultural e humano.
- O ecoturismo assegura uma distribuição justa dos benefícios e custos.
- O ecoturismo gera emprego local, tanto diretamente no setor de turismo, como em
diversos setores da administração de apoio e de recursos.
- O ecoturismo estimula as indústrias locais rentáveis – hotéis e outras instalações de
alojamento, restaurantes e outros serviços de alimentação, sistemas de transporte,
produção de artesanato e serviços de guia.
- O ecoturismo diversifica a economia local, particularmente nas áreas rurais, onde o
emprego agrícola pode ser esporádico ou insuficiente.
- O ecoturismo incorpora o planejamento, assegurando o desenvolvimento turístico
apropriado para a capacidade de sustentação do ecossistema.
- O ecoturismo estimula a melhoria do transporte, da comunicação e de outros
elementos da infra-estrutura comunitária local.
- O ecoturismo cria instalações recreativas que podem ser usadas pelas comunidades
locais, pelos visitantes domésticos e internacionais.
- O ecoturismo demonstra a importância dos recursos naturais e culturais para o
bem-estar econômico e social da comunidade, podendo ajudar a preserválos.
17
2.8 Ecoturismo no mundo
A Organização Mundial do Turismo (OMT) estima que 10% dos turistas em todo o
mundo tenham como demanda destinos ecológicos. A World Travel & Tourism Council
(WTTC) prevê que o ecoturismo represente, atualmente, de 5 a 8% do turismo mundial.
Alguns dos principais destinos de ecoturismo, no mundo, são apresentados abaixo:
Quênia - desenvolveu um modelo de valoração sobre a atração turística dos animais do
Parque Nacional Amboseli;
Ruanda - o Parque Nacional dos Volcans, cuja atração principal são os gorilas;
Estados Unidos – nos parques nacionais, cerca de 30% dos visitantes são americanos,
que viajam com a finalidade de observar e fotografar a fauna;
Costa Rica - pequeno país da América Central, com território pouco maior que o do
Estado do Espírito Santo, recebe mais de 260 mil ecoturistas por ano2, faturando cerca de
US$ 600 milhões3, com essa modalidade de turismo; (GAZETA MERCANTIL, 1998).
Peru - maior concorrente do Brasil, na disputa pelo mercado de ecoturistas. Possui boa
infra-estrutura, confortáveis hotéis de selva, parques administrados por pessoal bem
treinado, ingressos com custos reduzidos, e tarifas aéreas também baratas, situação esta
radicalmente oposta à do Brasil. (GAZETA MERCANTIL, 1998).
2.9 Ecoturismo no Brasil
No Brasil, pressupõe-se que o ecoturismo alcance meio milhão de turistas, por ano.
No Amazonas, Estado que se destacam como pólo de ecoturismo, os turistas estrangeiros
ainda são predominantes. Entretanto, calcula-se que a participação do turista nacional, na
região, antes em torno de 10% do total, tenha triplicado, nos três últimos anos. No
18
Pantanal, outro pólo de ecoturismo, estima-se que o número de visitantes brasileiros esteja
em torno de 50% do total de turistas.
No estado do Paraná, são vários os atrativos que fazem com que turistas do mundo
todo desejem conhecer as belezas naturais, são 199,554Km² de paisagens desde o litoral
paranaense até Foz do Iguaçu. Entre os principais pontos turísticos, pode-se citar:
Serra do Mar: considerada Reserva da Biosfera desde 1993, graças à preservação da fauna
e da flora local, apresenta paisagens tropicais. Caminhos como o do Itupava, Morros
como o Anhangava e Pico Marumbi.
Estrada da Graciosa: concluída em 1873, a Estrada da Graciosa liga Curitiba a Antonina e
Morretes, por entre a Serra do Mar.
Estrada de Ferro Curitiba – Paranaguá: liga Curitiba a Paranaguá desde 1880, num trecho
de 110 quilômetros sobre trilhos centenários. Construída na época do Império, corta a
Serra do Mar, passando por precipícios de 1010 metros de altura.
Além disso, existem diversos pontos turísticos em Ponta Grossa, Foz do Iguaçu,
Curitiba e no Litoral com atividades de ecoturismo e outros tipos de atividades, tais
como: turismo cultural, aventura, etc.
19
3 CONCLUSÃO
Nesse trabalho foram apresentados aspectos básicos sobre ecoturismo. Foi
apresentado um breve histórico sobre a evolução dessa atividade, enfatizando os
principais acontecimentos, entre eles: o relatório de Brundtland, o Acordo de Mohonk e a
Carta de Quebec. Também foram apresentados os principais conceitos e definições, sendo
encontrado uma definição mais abrangente das Diretrizes para uma política nacional de
Ecoturismo, definido por um grupo interministerial formado por diversas organizações
vinculadas a essa atividade. Entre as principais definições e acordos estabelecidos, foram
encontrados alguns princípios em comum, como: desenvolvimento econômico local,
realização de pesquisas, utilização de recursos de modo sustentável, treinamento de
pessoas, regulamentação e controle da atividade. Além disso, foi analisada a relação
existente para gerar o desenvolvimento sustentável, verificou-se a complexidade na
geração desse modelo, pois envolve três vertentes principais (economia, comunidade e
ecologia), o desenvolvimento sustentável envolve a intersecção desses conceitos, sendo
necessário controlarem os imperativos de cada vertente. No sistema contemporâneo, tal
relação é inexistente, pois o foco de desenvolvimento esta voltado para a economia,
formando um sistema não sustentável. A intersecção desses conceitos pode ser utilizada
para formar o conceito de turismo sustentável. Entretanto, essa atividade não pode ser
focada em função do desenvolvimento econômico, pois o ecoturismo depende de um
modelo sustentável para manter a continuidade dessa atividade. Com base nesse contexto,
ecoturismo tornou-se parte integrante da máquina de muitos governos. Entretanto, existe
um crescente ceticismo quanto à eficiência do governo, e relação com as organizações
que controlam essa atividade. O turismo ecológico pode ser benéfico para o
desenvolvimento do país e em âmbito local, contudo devem ser respeitados os princípios
do turismo sustentável, para que essa atividade resulte em desenvolvimento.
20
4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[01] CAMPOS, Angelo Nunes. O ecoturismo como alternativa de desenvolvimento sustentável – Caderno Virtual de Turismo (2005). Disponível em: http://www.ivt-rj.net/caderno/anteriores/15/campos/campos.pdf. Acesso em: 02 de outubro de 2006.
[02] ZACCHI, Giancarlo P. – Turismo Ecológico e Ecoturismo: diferenças e princípios éticos. Disponível em: http://www.ftc.br/revistafsa/upload/14-09-2004_18-03-08_ecoturismo11.pdf. Acesso em: 02 de outubro de 2006.
[03] SILVA, Andréia. Ecoturismo e Educação Ambiental: Limitações, contradições e avanços. FEF - UNICAMP Disponível em: http://www.unicamp.br/fef/publicacoes/conexoes/v1n2/4_ecoturismo.pdf . Acesso em: 02 de outubro de 2006.
[04] ENDRES, Ana V. – Sustentabilidade e Ecoturismo: conflitos e soluções a caminho do desenvolvimento. Revista Turismo em Análise Disponível em: http://www.universia.com.br/images/docs/sustentabilidadeecoturimo.pdf. Acesso em: 02 de outubro de 2006.
[05] MAIA, Andrei G. – Sustentabilidade e Ecoturismo. Universidade do Vale de Itajaí. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp001345.pdf. Acesso em: 04 de outubro de 2006.
[06] RODRIGUES, Oyama D. – Um modelo de ecoturismo competitivo como contribuiçao para o desenvolvimento local - o caso de Paraúna/GO.