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Edição 172

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Descumprindo a lei e o bom senso, a cidade construída para quem caminha é mais limitadora do que a falta que as pernas fazem

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2Fotos: 11: Luciana Lain/O Caxiense | 5 e 6: Paulo Pasa/O Caxiense | 17: Alexandre Haubrich, Div./O Caxiense

Análises de Ricardo Frantzem torno da Catedral

Azul, amarelo e cinza: um diadifícil na vida do carteiro

A cidade fechada para o direito de ir e vir

A fortaleza de livros baratos em Havana

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A memória resgatadade Vivita Cartier

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Presenteie com artesanato

Aparecida Liberato faz os cálculos

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Colocar-se no lugar do outro. Nem sempre a intenção está isenta de egoísmo. Antes de me propor a escrever uma reportagem sobre acessi-bilidade, nunca reparei na quantidade de lugares que fecham as portas para as deficiências. E presumi que seria capaz de passar um dia inteiro como um deles. Subestimei as dificuldades: não são só os degraus ou o morro que atrapalham a vida sobre rodas. É também a rampa inclinada fácil de subir a pé, o relevo da calçada que os pés nem sentem, o poder aprisionador de qualquer dia úmido. Na mesma semana, Lady Gaga desfilava em sua cadeira de ouro com capota de couro, mas não deve ter se arriscado na chuva.

Por intermédio de Elizabeth Maria Casara, da Associação Regional dos Deficientes Físicos (A/Rampa), consegui uma cadeira. Antes de por o plano em prática, testei. A cadeira não subia a rampa do carro ou os 8 degraus até a porta de casa, não cabia no quarto nem no banheiro. A rua era ainda pior. Devolvi a cadeira no dia seguinte, com a roda dianteira trincada e uma solda rompida no acento por fazer indevida força com as pernas – desculpe, Pé de Apoio. O passeio só ocorreu uma semana depois, com uma cadeira da mesma loja, e teve pouco mais de 800 metros. E não me senti como um cadeirante: não me desprendi da certeza de que levantaria quando a experiência terminasse. Melhor falar com quem pilota todos os dias.

Conversei com Fabiana, que usa próteses e desce 24 degraus para chegar na calçada, em pleno Centro, onde a acessibilidade não é muito maior. “Eu amo a liberdade”, me disse ela. Conheci Rosecler, que faz questão de explicar

que, apesar da hidrocefalia de quando nasceu, é capaz de aprender como qualquer um. E ensina: “Quando eu vejo alguém dizer que está cansado –’Ah, eu andei tanto hoje’ – fico pensando: como eu queria dizer isso também”. Rosecler tem que perder peso para fazer uma cirurgia que deve amenizar a atrofia das pernas. E ela volta a sonhar com o dia que andará.

“E aí aleijados!”, gritou João Carlos Mariani, presidente do Centro Integrado do Portador de Deficiência Física, para a quadra de basquete onde jogam os cadeirantes do Cidef. Disse isso para me provar que o termo deficiência não in-comoda ninguém ali. “(A sociedade) se importa mais em criar uma nova palavra...”, reclamou Mariani, ciente de que cadeirantes têm exigên-cias mais importantes. E estrutura acessível talvez nem seja a principal delas. Conforme Elizabeth, o que mais falta é a acessibilidade comportamen-tal – o fim do preconceito. Sim, eles sofrem disso também: quando alguém estaciona 5 minutinhos na vaga especial, quando negam ajuda por receio, quando um andante espera para atravessar a rua parado sobre a rampa. Josiane, que me acompa-nhou de cadeira, já perdeu a paciência com que a ignora. “Sempre perguntam para quem está comigo o que eu tenho, o que aconteceu... Ei, eu estou aqui! Não mexo as pernas, mas posso falar.”

Uma frase no mural da A/Rampa pode resolver pelo menos o problema da acessibi-lidade comportamental. “Ser deficiente não é uma opção, mas é uma das possibilidades que a qualquer um de nós pode acontecer.”

Marcelo Aramis, editor-chefe

Paul

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Caxias só tem morros. Até onde é plano

Rua Os 18 do Forte, 422\1, bairro Lourdes, Caxias do Sul (RS) | 95020-471 | Fone: (54) 3027-5538

[email protected]

Publisher

Felipe Boff

Paula Sperb

Diretor Administrativo

Luiz Antônio Boff

Editor-chefe | revista

Marcelo Aramis

Editora-chefe | site

Carol De Barba

Andrei Andrade

Daniela Bittencourt

Leonardo Portella

Paulo Pasa

Designer

Luciana Lain

COMERCIAL

Contato

[email protected]

ASSINATURAS

Atendimento

Eloisa Hoffmann

Assinatura trimestral: R$ 30Assinatura semestral: R$ 60Assinatura anual: R$ 120

fOTO DE CAPAPaulo Pasa/O Caxiense

TIRAGEM5.000 exemplares

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BASTIDORESA chuvA e o cArteiro | NumerologiA Acessível | o ideAlismo do esporte

Seja uma pintura em uma tela ou através dos pontos do crochê que formam um belo pano de prato que o trabalho de arte-são é reconhecido pelo Programa Gaúcho do Artesanato (PGA), da Fundação Gaú-cha do Trabalho e Ação Social (FGTAS). Em Caxias do Sul, a Casa do Artesão cadastra pessoas interessadas em mostrar a sua arte e obter renda por meio da venda dos produtos que eles mesmos fabricam. Segundo a responsável pelo PGA em Caxias, Rosana Devens, o cadastro como artesão garante uma série de benefícios, que dão maior suporte para aqueles que pretendem fazer do artesanato a única renda. Para ser um artesão de carteiri-nha, é necessário apresentar 3 trabalhos artísticos, com diferentes características. Após, o interessado será chamado na Casa do Artesão e confeccionará na hora, as peças que produz. Se passar pelo crivo de 6 pessoas do programa, estará apto a participar de feiras, além de comprovar renda, obter CNPJ, e vender a sua arte na Casa do Artesão. É Rosana quem indica os 5 produtos mais vendidos em Caxias.

Jogo de Tapetes de crochê | de R$ 80 a R$ 125Segundo Rosana, tudo que envolve fios (seja crochê, tricô e bordados) são campeões de vendas no local. E isso inclui guardanapos, enfeites para garrafa térmica, fogões, liquidificadores e outros. A artesã Vânia Driemeyer, que faz crochê há 35 anos, conta que um jogo tradicional de cozinha de 3 peças leva, em média, 10 dias

para ficar pronto. “Sabes que mulher tem que cuidar dos filhos, da casa...”, justifica ela. Para confeccionar o jogo, são neces-sários 2 rolos de barbante e mais algum outro fio para colorir as peças. Segundo Vânia, o artesão gasta em média R$ 45 nos materiais.

Bonecos de pano | R$ 15 a R$ 55As opções de bonecos de pano na Casa do Artesão vão desde pequenos enfeites ao famoso “puxa-saco”, para armazenar sacolas plásticas. Segundo Vânia, por mais que seja o mesmo personagem, um boneco nunca fica igual ao outro. “Ou uma orelha fica maior que a outra, ou o botão do olhinho ficou um pouquinho torto. É impossível fazer igual”, conta ela. Preen-chidos com espuma e finalizados com fio grosso de costura, os bonecos são fáceis de fazer. Segundo Vânia, uma manhã basta para finalizar a peça.

Pinturas de tecidos | R$ 30 a R$ 50Para Vânia, as pintura em tecido, que pode ser aplicada em roupas ou panos de louça, é a mais versátil das técnicas na Casa do Artesão. “Gosto muito de trabalhar com

pintura. Apesar de que artesão acha tudo fácil, trabalho com maior facilidade. É cria-tivo, usamos muitas cores e os desenhos, aliados aos detalhes, sempre chamam a atenção”, explica.

Bonecos de E.V.A. | de R$ 8 a R$ 30Simpáticos, os bonecos de EVA são, na maioria, vendidos para quem procura dar uma lembrancinha para alguém. Um dos mais procurados é um casal de noivos. Na Casa do Artesão, é possível encomendar um boneco e combinar os valores e a entrega. Vânia conta que, em muitas feiras que vai pelo Estado, as artes feitas com o E.V.A não são bem aceitas. “Vai de cada lugar. Aqui em Caxias as pessoas gostam”, diz.

Pinturas em telas | R$ 180 a R$ 250Logo na entrada da Casa do Artesão, as telas são os produtos que mais chamam atenção. E também os mais caros. Pintados em tinta acrílica e verniz, os quadros va-riam de tema e preço conforme o artista.

Os campeões de venda da Casa do ArtesãoTOP5

Foto

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por Andrei Andrade

Faça chuva ou faça sol, muita chuva ou muito sol, toda manhã Fabiano Pergher pega o ônibus da Visate na rua Vereador Mario Pezzi e desce na Pinheiro Macha-do. O transporte leva menos de um mi-nuto, mas ele não se incomoda, pois não precisa pagar. Mas a moleza termina aí. Até o fim da tarde, ele irá caminhar cer-ca de 3 quilômetros e carregar mais ou menos 30 quilos na bolsa que leva sob o braço direito. Mas para evitar a fadiga e também sérios problemas de coluna, nunca excede os 10 quilos a cada vez que sai para entregar as correspondên-cias destinadas aos endereços centrais de Caxias do Sul. Fabiano tem 37 anos e trabalha como carteiro há 5. Quando começou na profissão, fazer entregas não era novidade. Neto do proprietário de uma antiga distribuidora de revistas da cidade, por muitos anos fez entregas para a empresa. “Tenho em casa uma foto de quando eu tinha 6 anos, entre-gando uns panfletos. Ali já dava pra ver que eu dava pra coisa”, brinca.

O dia de Fabiano começa bem antes do primeiro envelope ser entregue. Às 7:30

ele se apresenta no trabalho, na agência próxima à rodoviária, para organizar as correspondências que irá entregar ao longo do dia. Às 10:00, quando embarca no ônibus para começar a distribuição na rua Marquês do Herval, a correria começa. E só termina às 16:30, quando volta para o apartamento em que vive com a esposa, os dois filhos e os dois cachorros. Nesse ínterim, ele passa o dia evitando conversas prolongadas com zeladores e comerciantes; tentando ser rápido ao passar informações geográfi-cas para os que não conhecem a cidade tão bem; ouvindo pedidos de moradores dos andares mais altos para que ele suba para entregar a correspondência e não o contrário; convencendo estes de que o melhor e mais seguro para o próprio morador é que ele desça e receba a en-comenda; engatando papos rápidos com a balconista da loja de roupas femininas que serve de ponto de depósito auxiliar (local que abriga as correspondências e permite a ele não carregar todo o peso de uma vez) e, não raramente, tentando proteger a correspondência da chuva, como na manhã em que acompanhamos o seu trabalho. Bastante ágil ao deixar

cartas por baixo da porta ou nas caixas de correio, a única demora permitida é quando o recebimento da correspon-dência precisa ser assinado e o morador não atende a porta ou ao interfone. Nes-te caso, ele espera por até 3 minutos. Se ninguém aparecer, volta no dia seguinte.

Antes de fazer as entregas no Centro, Fabiano cumpria itinerário no bair-ro Jardim América. Foi naquele bairro que viveu uma história curiosa, pareci-da com uma ocorrida no último dia 9, quando um falso carteiro assaltou um escritório contábil. Estava fazendo as entregas quando passou por ele um ho-mem vestindo calça azul e camisa ama-rela – cores semelhantes a do seu unifor-me –, que o cumprimentou, simpático. Pouco tempo depois, Fabiano começou a ver diversas viaturas da polícia pas-sando pela rua e até um helicóptero. De repente, ouviu ao seu lado um policial comunicar, via rádio, provavelmente ao piloto do helicóptero: “Calma, esse é só o carteiro!”. “Imagina do que eu escapei”, conta, lembrando o susto que levou. Desde que passou a trabalhar no Cen-tro, Fabiano passou a conviver com um volume maior de entregas, porém com

Fabiano Pergher | Paulo Pasa/O Caxiense

A rotina entre o remetente e o destinatário

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ecaminhadas e ameaças menores. Está livre até dos cachorros, que já lhe ren-deram uma pequena cicatriz na mão. “É aquela história. O dono diz que não morde, que só quer brincar, mas vai convencer o cachorro disso.”

Fabiano conta que do primeiro dia até o dia 15 de cada mês, período que os Correios consideram “carga alta”, é quando há mais correspondências para entregar, especialmente boletos ban-cários. “Alguns nem me chamam de carteiro, mas sim de ‘conteiro’”, diverte-se. Nestes dias é mais difícil dar conta de fazer todas as entregas e às vezes é preciso fazer hora extra. Quando há correspondências demais e carteiros de menos – por motivos de férias ou de atestado –, a empresa estabelece algu-mas prioridades. Em primeiro lugar, o Sedex, em segundo as correspondên-cias registradas e por último as cartas simples. Nesta última, uma subdivisão dá preferência às cobranças e manda para o fim da fila as propagandas. Mas quanto às principais reclamações rece-bidas pelos carteiros, que são as entre-gas com atraso das faturas de cartão de crédito, ele diz que a culpa não é dos Correios, muito menos dele. “As em-

presas é que mandam muito em cima da hora e a gente não tem tempo há-bil para entregar. Por isso que às vezes atrasa”, observa. E para os mais apressa-dos, que odeiam esperar pela chegada de suas compras pela internet, fica a dica: depois do dia 15, os carteiros es-tão menos ocupados e a entrega rápida se torna mais garantida.

Fabiano se diz feliz com a profissão que escolheu. Poder passar o dia na rua e não ter um chefe o dia inteiro ao seu lado são as vantagens. Basta fazer suas entregas e ninguém reclama. Além disso, o rendimento é satisfatório e su-ficiente para sustentar a casa. Mas nem por isso ele se acomoda. “Os Correios são uma boa porta de entrada para quem quer ser servidor público, pela estabilidade. Mas estou sempre aten-to aos concursos, um dia posso fazer alguma outra coisa.” Enquanto a sor-te não lhe sorri novamente com uma nova nomeação em concurso, Fabiano e sua bolsa seguem garantindo a en-trega mais rápida possível de qualquer coisa que se coloque em um envelope. E apesar do pedido recorrente, afirma que dinheiro, infelizmente, ele não tem pra entregar.

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Aparecida Liberato, a numeróloga mais famosa do Brasil, foi convidada para palestrar em Caxias na última quinta-feira (21), no evento Mulher em Foco, promovido pelo Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis, Asses-soramento, Perícias, Informações e Pes-quisas da Região Serrana do RS (Sescon Serra Gaúcha). Antes de vir, Aparecida deu à revista O CAXIENSE algumas explicações a respeito da Numerologia. E foi muito simpática. Não poderíamos esperar outra coisa de quem mostra 12 dentes no sorriso (conte você mesmo).

Existem combinações numéricas irremediavelmente azaradas?

Não existe azar ou sorte nos núme-ros. Cada um deles traz características positivas e negativas.

A Numerologia é mais próxima da Psicologia ou da Matemática?

Os dois. Próxima à Matemática porque é um conhecimento exato. Não existe “talvez” na Numerologia. Próxima à Psicologia porque fornece informações sobre a personalidade, so-bre os potenciais, as fragilidades de uma pessoa. A Numerologia vai mais além revelando o destino e o desafio de cada um, além de permitir que a assinatura e o nome de apresentação ou profissio-nal sejam escolhidos de modo a trazer equilíbrio para a vida da pessoa.

Se a Numerologia fosse mais aces-sível, e os pais a observassem antes de registrar os filhos, as pessoas teriam destinos melhores?

Em primeiro lugar, quero dizer que a Numerologia é acessível e conside-ro super importante recorrer a esse conhecimento para escolher bons números para o filho que vai nascer. O numerólogo nunca escolhe o nome com o qual o bebê vai ser registrado. Os pais recebem a inspiração da alma, o sopro divino. O que a Numerologia faz é escolher entre as várias opções dos pais, aquela mais equilibrada. Se há somente uma opção, é possível sugerir alguma mudança. É importante analisar se no nome há ausências ou excessos de determinado número pois isso pode, no caso do excesso, trazer as características negativas desse número. Exemplo: um excesso de número 1 pode fazer com que a pessoa tenha dificuldades para

terminar o que começa. No caso de ter ausência, por exemplo do número 4 a pessoa terá dificuldades em organizar e focar.

Mudar o nome para acertar as con-tas com a Numerologia pode mudar o destino/sorte de alguém?

Nesse caso a mudança sugerida pela Numerologia ocorre no nome que a pessoa usa para se apresentar e também no nome profissional ou artístico, assim como na assinatura. Isso não muda o destino ou as características trazidas pelos números de nascimento, mas traz novas energias necessárias para ela. O objetivo é equilibrar os números de nascimento e também trazer a energia que a pessoa necessita para viver em harmonia consigo mesma e também com sua vida em todos os âmbitos.

É comum os leigos confundirem Numerologia com alguma espécie de feitiçaria? Qual o argumento para convencer que se trata de uma ciência?

De jeito nenhum! Nunca soube que alguém tivesse feito essa confusão. As pessoas podem confundir com cartas, tarô, etc. Mas Numerologia não é eso-terismo. A Numerologia pode ser com-provada simplesmente transformando o nome em números e verificando que seus significados descrevem exatamente como é a pessoa.

Quem pensa em Aparecida Liberato pensa primeiro em “irmã do Gugu Liberato”, só depois em “numeróloga”. Essa associação ao irmão famoso a incomoda?

É uma honra ser associada ao Gugu! Ele me deu a primeira e muitas oportu-nidades de divulgar a Numerologia, em seu programa. Sempre foi meu grande incentivador. Além do que ele é uma pessoa que eu gosto muito, meu irmão, e os irmãos são companheiros de vida!

O CAxiENSE: devemos acrescentar ou suprimir alguma letra?

O principal número de O CAXIEN-SE é o 5 que é o número que traz mu-danças e que está comprometido com o progresso. Por isso é também uma energia que colabora com criatividade, entusiasmo, e está aberta a modifica-ções, sempre pensando em melhorar. O 5 também é o número da ousadia.

Aparecida Liberato |Divulgação/O Caxiense

Não é feitiçaria, é Numerologia

“Numerologia não é esoterismo. A

Numerologia pode ser comprovada

simplesmente transformando o

nome em números e verificando que seus significados

descrevem exatamente como é

a pessoa.”

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O caxiense Anderson de Souza é um apaixonado pelo esporte e trabalha para que crianças e adultos possam ter cada vez mais contato com uma atividade esportiva. “A prática de esportes traz ótimos resultados para a vida das pes-soas. É muito saudável”, conta ele. Formado em Educação Física, pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), Ander-son trabalha como instrutor na Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), que orga-niza escolinhas de futsal, tê-nis, natação e outros esportes. “Gosto muito de ensinar, de ajudar. Poderia continuar tra-balhando em escolas, mas no clube, o contato com o esporte é bem maior”, afirma ele, que já trabalhou como professor

de Educação Física em esco-las particulares de Caxias. Em março deste ano, por meio de uma parceria entre a Secre-taria Municipal do Esporte e Lazer (SMEL) e a AABB, An-derson e o também professor Cristiano Nunes (da Associa-ção Caxias do Sul de Futsal) realizaram clínicas de futsal para cerca de 100 alunos, de 12 escolas caxienses, no Ginásio do Enxutão. “Montamos um circuito de atividades, em que os jovens puderam trabalhar o raciocínio, o domínio da bola, o chute e a defesa”, conta ele. O resultado foi animador. “Foi bem tranquilo, tanto para quem estava ajudando, como para eles. O futsal é um espor-te bastante presente no dia dia e isso facilitou”, diz.

Um professor de atletas

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CAMPUS

Eberle em vídeo

Oficina de redação

Para gostar de pessoasOcupando uma sala no prédio da antiga

Metalúrgica Eberle, a Faculdade Inovação (FAI) lança na próxima segunda (25), às 19:30, no auditório da instituição, o Projeto A Honra do Trabalho. Desenvolvido por 6 alunos do curso de pós-graduação em Ges-tão de Bens Culturais, o vídeo mostram re-latos de ex-funcionários da metalúrgica. A produção conta com a consultoria de José Clemente Pozenato e Cleodes Piazza. Nos dias 26 e 27 de março e 2 e 3 de abril, às 19:00, o documentário será exibido na Sala de Cinema Ulysses Geremia, do Centro de Cultura Ordovás.

Professores de Língua Portuguesa e de re-dação, do ensino público ou privado, pode-rão participar do Programa de Oficinas de Vestibular da Universidade de Caxias do Sul (UCS). As oficinas são desenvolvidas para ampliar a discussão sobre a necessidade do ensino da escrita, uma vez que as redações são fundamentais em vestibulares, assim como no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). As inscrições são gratuitas e podem ser feitas até 1º de abril, no site da UCS. Outras infor-mações pelo telefone 3218-2183, com Sílvia.

Universidade de Caxias do SulAlfabetização e Multiletramentos. Inscrições até 25 de março. Início: 5 de abril.Educação infantil. Inscrições até 25 de março. Início: 5 de abril. Gestão Escolar. Inscrições até 25 de março. Início: 5 de abril. Educação Especial em Deficiência intelectual e Múltipla. Inscrições até 25 de março. Início: 5 de abril. Pedagogia Empresarial. Inscrições até 25 de março. Início: 5 de abril. Direito Tributário. Inscrições até 25 de março. Início: 5 de abril. Leitura e Produção Textual. Inscrições até 26 de março. Início: 6 de abril.Literatura infantil e Juvenil. Inscrições até 27 de março. Início: 5 de abril. Gestão da Produção. Inscrições até 28 de março. Início: 8 de abril Fisioterapia Dermatofuncional. Inscrições até 28 de março. Início: 5 de abril. Estratégias de Marketing. Inscrições até 31 de março. Início: 5 de abril.Nutrição Clínica. Inscrições até 31 de março. Início: 12 de abril.

WWW.UCS.BR. 3218-2800 | WWW.IDEAU.COM.BR. 3536-4404 | WWW.PORTALFAI.COM. 3028-7007.

A aula inaugural da 6ª edição da Pós-Graduação em Gestão de Empresas e Gestão Estratégica de Pessoas da Faculdade Anglo-Americano/IDEAU receberá a coorde-nadora Corporativa do Grupo Randon, Lenita Menegu-zzi. Há mais de 20 anos na área, Lenita conversará sobre a importância de gostar de pessoas. O encontro será na terça-feira (26), às 19:30, na Sala Anglo-Americano. O evento tem entrada é franca e é aberto ao público.

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Política municipal em pauta

Contra o frio do inverno

Calculadora de impostos Trip do blues

Impostos em discussão

Quer saber na ponta do lápis, ou melhor, na tela do ce-lular, quanto você paga de imposto em cada produto que compra? A indigesta questão ficou mais clara com o Na Real, aplicativo para iOS (Apple) e Android lançado para marcar a campanha Quanto custa o Brasil para você?, que termina nesta sexta (22). Encomendando pelo Sindicato dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz), o app mostra a porcentagem de impostos e calcula o valor, sobre o preço informado, de diversos itens de consumo. Assim, você fica sabendo que para comprar água mineral paga 43,91% de tributos, enquanto para comprar água sanitária paga 26,05%. Tem algo errado aí, não? O programa faz as contas tomando como referência a carga tributária de São Paulo.

Para acessar o site da campanha use seu smartphone ou tablet para ler o código QR abaixo.

A Câmara de Vereadores de Caxias do Sul irá promover, no dia 22 de maio, uma reunião aberta sobre a questão dos impostos e sobre como o Rio Grande do Sul é afetado com diferentes tipos de tri-butos. A reunião aberta é uma iniciativa da Comissão de Desenvolvimento Eco-nômico, presidida pelo vereador Guila Sebben (PP), e terá transmissão pela TV Câmera, no canal 16 pelo cabo.

Dos arranha-céus de Chicago às plan-tações de algodão do Mississippi, sem-pre embalados por boa música. É isso que promete o criativo pacote turístico da STB Trip & Travel, Na Rota do Blues USA, para curtir a 30ª edição do Chica-go Blues Festival e ainda desbravar ci-dadezinhas do Meio-Oeste americano. O toque especial está no “guia” escalado para a viagem: nada menos do que Toyo Bagoso, dono do Mississippi Delta Blues Bar e organizador do MDBF, o nosso festival de blues. A partida está marcada para 4 de junho, com retorno no dia 19 do mesmo mês. Mais informações pelo fone 3028-1818 ou pelo e-mail [email protected].

O vereador Guila Sebben (PP), que já foi se-cretário municipal de Desenvolvimento Econô-mico, irá falar sobre as diferenças entre Execu-tivo e Legislativo durante o Almoço Jovem do Varejo, promovido pela CDL Jovem, na próxi-ma terça-feira (26).

A deputada estadual Marisa Formolo (PT) atribuiu à sua reivindicação, feita no final do ano passado ao senador Paulo Paim (PT) e à Casa Civil, a decisão de tornar o período da Copa do Mundo 2014 uma opção para as fé-rias escolares, e não uma obrigação de suspen-der as aulas. O parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE) foi homologado pelo mi-nistro da área, Aloizio Mercadante, na última terça (19). A proposição de Marisa, pedindo a alteração do artigo 64 da Lei Geral da Copa, havia sido aprovada pela Comissão de Edu-cação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnolo-gia da Assembleia Legislativa. “As instituições precisam ter liberdade para adaptar seus ca-lendários conforme as necessidades locais e a decisão do ministro foi sensível na medida em que preservou a Lei de Diretrizes e Bases”, avaliou a deputada.

O vereador Kiko Girardi (PT) protocolou na terça-feira indicação ao Executivo sugerindo a criação de uma linha direta, “exclusiva e gratuita”, para atender os presidentes das Associações de Moradores de Bairro (Amobs) filiadas à União das Associações de Bairros (UAB). Uma espécie de Alô Caxias privativo. O argu-mento é de que o serviço se justifica pela alta demanda e desoneraria as lideranças comunitárias.

A disposição do vereador, estreante na Câmara, é louvável. Mas vale lembrar que os presidentes de Amo-bs já têm isenção nas passagens de ônibus da Visate. Além disso, seria injusto com o cidadão que toma a iniciativa de reclamar por conta, direto no Alô Caxias.

Conforme o O CAXIENSE já mostrou em edições anteriores, há quem passe frio em Caxias do Sul apesar de todas doações de agasalho. O frio se deve principalmente às moradias precárias com muitas frestas, que não conseguem manter o interior das residências pobres aquecido em dias de temperatura abaixo de 0º. Além da Campanha do Agasalho, que inicia em 11 de maio e vai até 22 de junho, poderia se pensar em uma campanha que fizesse um mutirão de melhorias em casas com pouca condições para oferecer melhor qualidade de vida às famílias, mui-tas com bebês e crianças, no inverno.

Férias opcionais na Copa

Não é querer demais?

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Política municipal em pauta

A ROdA E O FREIO

O direito de ir e vir é privilégio de quem pode fazê-lo com as próprias pernas

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por Marcelo Aramis

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um centímetro dos meus pés. O tempo corre, perco pontos. Recuo pela décima vez. Após longas pausas para pensar em desistir do trajeto, venço o primeiro obs-táculo, mas não sem ajuda alheia. Fase 2: Uso o bônus da ajuda, pego o atalho mais longo e seguro, burlo uma regra ou outra. Chego ao segundo desafio: um desfiladeiro entre o pátio e o portão (portal?). Vou confiante. A ladeira inclina meu corpo para frente e o portão garante o freio – bem melhor do que o “do chão não passa” que me oferecia o obstáculo anterior. Desta vez, dispenso o bônus. Desço rápido e meus joelhos batem forte na grade. Uma vida a menos. Nova tenta-tiva: me prendo ao solo, no topo, e o rele-vo me arrasta novamente. Foram outras 5 chances. De lado, de costas, inclinado, com ajuda... Nada me põe no controle. Fim dos bônus. Fim das vidas. Restart. Continuo de onde parei. Tenho a chave do portal para a fase mais difícil, mas pre-firo não arriscar mais nesse jogo. Lá fora, sim, há criaturas reais que podem me derrubar, precipícios, montanhas, areia movediça, buracos sem fim. Game over.

intransponível. Assim é a cidade para quem, por uma falha ou armadilha do jogo, foi parar em uma cadeira de rodas. Todos têm mais de uma história para contar sobre um dia em que a roda tra-vou em um buraco, uma rampa impos-sível de subir, uma queda em público e lugares onde jamais conseguiram entrar sozinhos. Há 15 anos, desde que nasceu, Rosecler Emily de Almeida, que mora em uma casa simples, ilhada entre morros altos, ruas de paralelepípedos mal assen-tados e passeios públicos irregulares do bairro Santa Fé, vence obstáculos diaria-mente. Rose é um desses casos de doença que só ocorre “1 em 1 milhão”, conforme explica a mãe, a cabeleireira Rosimeri Be-

atriz de Almeida, de 36 anos. Depois de uma gravidez tranquila, “de trabalhar até os últimos dias”, ela recebeu um diagnós-tico assustador para a filha recém-nasci-da: hidrocefalia e mielo (mielomeningo-cele) – má formação da coluna. Rosimeri não sabe explicar ao certo como uma do-ença está associada à outra e nem como as duas impedem a filha de andar. Sabe que o dano é irreparável. “O que a gente tinha para fazer, a gente fez”, chora a mãe, ao contar o que ouviu dos médicos. “Dis-seram que eu ia ter problemas mentais, que ia ser um vegetal”, completa a garota que, exceto por não sentir o corpo dos joelhos para baixo, não tem nenhuma sequela. Até os 9 anos, Rose apenas enga-tinhava. “Arrancava tampões dos dedões, por arrastar os pés no chão e não sentir, mas ia por tudo. Sempre teve alguém que ajudasse na escola, para colocar e tirar da classe. Mas ela gostava mesmo de ficar no chão”, conta a mãe. Depois que ganhou a cadeira, a acessibilidade não se ampliou muito. Mas as coisas “vão se ajeitando aos poucos”.

A casa onde Rose mora de aluguel passa por reformas, uma constante onde moram cadeirantes. Recentemente, foi construída uma rampa na porta de en-trada. Íngreme demais. “Para descer, eu tenho medo de cair para trás”, explica a garota que testa uma nova cadeira, com uma roda extra na traseira para ajudar nos declives. Para quem anda com as pró-prias pernas, o medo parece exagerado. “Eu dizia para ela ir devagar. Peguei uma cadeira que ela não usava, sentei e expli-quei como descer de ré...”, conta Rosime-ri. A garota descobriu a trapaça involun-tária da mãe: quando faltava o equilíbrio, a mulher esticava as pernas para frente, projetava o peso para o lado oposto da possível queda e retomava o controle. Era fácil para quem tem força nas pernas e

equilíbrio, coisa que cadeirantes não têm. “Tu sempre vai tentar te equilibrar com as pernas, não dá para controlar. Daí eu amarrei as minhas para saber como era pra ela. E caí”, ri Rosimeri. Daquela ram-pa que não deu certo até a rua, Rose pode ir sozinha. Após passar entre um muro e um poste, com poucos centímetros de folga, onde a cadeira desliza sozinha porque não cabem as mãos para girar as rodas, a garota está pronta para esperar o ônibus que a levará para a escola. Neste ano, ele a deixou pelo menos 15 dias es-perando.

Rosecler passou para o 1° ano do En-sino Médio e teve que mudar de colégio. Na Escola Municipal de Ensino Funda-mental Angelina Sassi, no Santa Fé, onde estudou até a 8ª série, contava com a boa vontade de um motorista da Visate, que desviava o trajeto para pegá-la na frente de casa. “O terminal era na frente da es-cola. De quando ele chegava até a hora de sair, tinha uns 15 minutos de intervalo. Então ele vinha buscar”, conta Rosimeri. A Visate sabe da exceção e não condena os motoristas que quebram o protocolo para atender melhor os cadeirantes – al-guns, inclusive, buscando-os dentro de casa –, mas também não incentiva nem adota o procedimento como padrão. Agora matriculada na Escola de Ensino Médio Clauri Alves Flores, no Vila Ipê, a garota tem outros problemas de acessibi-lidade. A linha que passa mais perto de casa – Colina do Sol –, sem que Rosecler precise subir morros para ir até a parada, a deixaria a duas quadras da escola, em um local de difícil acessibilidade (impos-sível se ela estiver sozinha). A outra linha disponível, UCS/São Ciro, que demo-raria cerca de 40 minutos para levá-la à escola, nem sempre tem elevador. A mãe apresenta a solução: “Dar autorização para o Colina do Sol fazer duas quadras

Fase 1. Tem uma ponte estreita na porta da minha casa. Não há lavas de vul-cão, rio de pedras ou criaturas famintas sob o meu trajeto. mas avanço com medo como se eles estivessem à minha espera. ando com a destreza de um bebê que se equilibra pela primeira vez, mas não tenho a mesma confiança da inexpe-riência com tombos. Calculo cada movimento, paro, respiro, olho o abismo a

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a mais”. Outra opção seria utilizar o 206, linha especial que busca os cadeirantes na frente de casa, deixa no destino, busca novamente e devolve no portão. O servi-ço, que funciona mediante agendamen-to, atende 131 cadeirantes e tem 83 na fila de espera. Rosecler embarca no 206 duas vezes por semana, para ir à fisiote-rapia na Apae e ao curso de informática na Associação Regional de Deficientes Físicos (A/Rampa). Para a ir à escola dia-riamente, não conseguiu o benefício. “Me disseram: a gente não pode desvestir um santo para vestir outro. E pediram para eu ter paciência”, disse Rosimeri, que fez o pedido em dezembro de 2012 e ainda aguardava na segunda semana de aula da filha, em março. A cabeleireira não pede o atendimento do 206, quer que um dos 175 ônibus adaptados (51% da frota – a meta para 2014 é chegar a 100%) passe mais perto do seu portão. A Visate estu-da uma alternativa. Talvez desviar a rota não seja a melhor, pelo menos no que diz respeito à compreensão dos usuários. Os motoristas ouvem reclamações pela de-mora – nem 5 minutos – quando param em um ponto para pegar um cadeirante.

Joel Souza, de 26 anos, ainda se acos-tuma com a vida na cadeira de rodas. Da tarde nublada de 5 de agosto de 2010, em

Pelotas, ele lembra de ter freado a moto que pilotava, com um amigo na garupa, antes de encontrar a traseira de um ca-minhão. “Acordei na ambulância. Pas-sei a mão nas pernas e não senti. Fiquei desesperado. Me deram um calmante e eu acordei no hospital, com todo mun-do em volta”, conta Joel. Depois de uma cirurgia para reparar 4 vértebras, com 4 platinas e 6 parafusos, ele recebeu o temi-do diagnóstico. “Falaram que a lesão era grave e eu ia perder (os movimentos) do peito para baixo.” Joel lesionou a medu-la na altura da vértebra T4, na região do peito (T: torácica). “Se fosse uma acima eu perderia os braços também.” O trau-ma trouxe a família inteira para Caxias, onde o irmão, Vanderlei Souza de Souza, de 36 anos, já morava, para reabilitação na Universidade de Caxias do Sul. “Tive que aprender a me equilibrar, não con-seguia nem parar sentado. Aprender a fazer transferência (sair e voltar para a cadeira), usar a sonda (urinária, comum entre cadeirantes), andar.” Agora Joel já tem mais força nos braços, mas ainda não se arrisca a sair sozinho no Centro. “Não tem rampas em todo lugar, tem buracos que trancam a roda, raízes de ár-vores, desníveis”, enumera, já experiente com tombos feios. Alguém para empur-rar a cadeira para avançar obstáculos é

indispensável. “Há 4 meses, ele precisou fazer os óculos. Corremos o Centro in-teiro. Só encontramos uma ótica onde ele conseguiu entrar”, conta Vanderlei. Ele explica que nem toda rampa serve para a sua finalidade principal. “Na Garibaldi, quase esquina com a Bento, tem uma far-mácia com uma rampa assim (inclina a mão quase 90 graus). Nem empurrando dá para subir. Levei ele pelos degraus.” O irmão e o pai acompanhavam Joel na sua primeira visita à A/Rampa, no último dia 8, para encaminhar o cartão que garante gratuidade nos ônibus da Visate – hoje há 3.293 cadastrados, 1.747 deles com gra-tuidade também para o acompanhante.

Joel acredita que, apesar de duradou-ra, sua dependência pode ser passagei-ra. Sua lesão não foi completa, ou seja, não chegou a romper a medula, apenas torceu. Os médicos dizem que só o a fi-sioterapia, a força de vontade e o tempo dirão o quanto será possível recuperar dos velhos hábitos. “Ninguém disse que eu vou voltar a andar. Mas também não disseram que não”, sonha Joel, ex-guri de CTG, cuja principal saudade é de dançar. “Se eu te dissesse que me conformei, es-taria mentindo. Mas faço tudo para ter uma vida melhor. De vez em quando tu te pergunta: por quê? Mas tem que supe-rar. Senão tu acaba sendo um fardo para

Rosimeri Beatriz de Almeida e Rosecler Emily de Almeida | Paulo Pasa/O Caxiense

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ti mesmo e para tua família.”

“Quantos filhos a senhora tem?”, per-guntou o Dr. Henrique Ordovás Filho à mãe de Fabiana Carla Franco, de 42 anos, quando ela tinha 9 meses, acumulava complicações de um nascimento prema-turo e já tinha sido “diagnosticada” por outro médico como uma criança pregui-çosa e mimada porque não tinha firmeza no corpo. “É minha única filha”, respon-deu a mãe. “Então, a partir de hoje, passe a contar mais 9 filhos. É paralisia infantil”, disse o médico, prevendo o trabalho que a menina daria. Com poliomielite, que atrofiou os membros inferiores, ela nunca se equilibrou sozinha. Aos 4 anos passou a usar próteses. “Eu estou bem ciente de que só vai piorar”, explica Fabiana. Por causa da má postura e de mancar, desen-volveu problemas de coluna e osteopenia, que deixa os ossos cada vez mais frágeis. Por enquanto, Fabiana se vira sozinha. Precisa da ajuda da mãe basicamente para entrar e sair do banho. Dirige, mas não frequenta muitos lugares. Gosta de ir ao shopping San Pelegrino, para onde ela liga antes e, quando chega, há uma

cadeira motorizada à sua espera; não vai ao Iguatemi pela falta do mesmo atendi-mento, embora tenha solicitado diversas vezes; e considera o “totalmente adapta-do” Posto Cidadão, em Lourdes, o me-lhor lugar para um cadeirante se divertir. No futuro, a bengala que ela usa não será mais suficiente para locomoção. A cadei-ra de rodas ela já tem e usa em passeios mais longos.

Fabiana chegou a cursar Biologia na UCS e abandonou por não conseguir fa-zer os trabalhos de campo. Pelas mesmas limitações, deixou o curso de Serviço So-cial. “A deficiência limita muito”, justifica ela, que acha que o mundo feito por quem anda é feito só para quem anda. “Cadei-rante pode ir à praia? Pode. É lindo ver na TV (as praias adaptadas com cadeiras de rodas anfíbias). Mas onde é isso? Quanto custa? Deficiente que tem dinheiro vai. Quem não tem vai em qualquer praia e fica na areia chupando o dedo”, exem-plifica ela, que também não vai à praia porque “lá sim é que não tem acessibi-lidade nenhuma”. Quanto às vagas para deficiente em estacionamentos, a oferta até está de acordo com a lei – uma para

cada 100 vagas –, mas o respeito dos mo-toristas deixa a desejar. Ela já reclamou disso no Detran. E, antes de dizer que ela deveria comunicar um órgão com-petente sempre que seu direito fosse des-respeitado, perguntaram o que ela fazia quando um andante estacionava no seu lugar. “Paro e abro a buzina”, respondeu. “Muito bem. Neste caso, a senhora estaria cometendo duas infrações: parar em fila dupla e buzinar”, foi o que ouviu por falar o que quis. O mundo perfeito que Fabia-na imagina não é tão complicado assim: “Ter o direito de ir e vir, como qualquer cidadão”. E ter uma cadeira de rodas mo-torizada, que “significa a liberdade para qualquer cadeirante”.

Foi com uma dessas, com a qual anda desde dezembro do ano passado, que Jo-siane Souza dos Santos, de 29 anos, me acompanhou na manhã do último dia 15 – eu pilotando uma cadeira manual. O encontro foi protelado por uma sema-na, enquanto eu esperava a chuva cessar: cadeirantes escorregam, inevitavelmente se molham e não raramente caem em dias chuvosos. A minha missão, que ini-

Josiane Souza dos Santos | Fotos: Paulo Pasa/O Caxiense

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cialmente era passar um dia inteiro sobre rodas, resumiu-se a pouco mais de uma hora. A nova cadeira de Josiane exige menos esforço físico, sobe pequenos desníveis e não trava nos morros. Ofe-rece uma liberdade restrita, mas maior do que a minha cadeira. Depois de pe-gar Josiane em casa e acompanhá-la até o Centro em um táxi adaptado – há dois na cidade, com agendas cheias –, uma Doblô com elevador onde o cadeirante viaja na sua própria cadeira, escolhemos a Praça Dante Alighieri como ponto de partida. “Eu acho que eles (poder público) pensam que nós vamos só para o Centro. Se tu te afastar um pouco já não encontra rampas”, disse Josiane naquele lugar que, aparentemente, tem as melhores rampas. Como já mostramos em outra matéria, poucas delas estão 100% de acordo com as normas ABNT. Mas a mesma norma que determina que uma rampa deve ter inclinação máxima de 8,33% em passeios públicos e aponta uma série de medi-das difíceis de exemplificar – na prática, desenham rampas onde é possível subir com esforço aceitável – diz que desnível é toda a elevação superior a meio centí-metro. Portanto, um degrau da altura de um dedo já tem mais que o dobro do ta-manho suficiente para receber uma ram-pa. Um exagero, certo? Pois foi em um desses, em plena praça Dante, onde as rampas são mais bonitas, que minha ca-deira travou pela primeira vez. Subíamos a Avenida Júlio de Castilhos pela lateral da praça. Josiane deixou eu atravessar primeiro a Rua Marquês do Herval. Des-ci pela rampa com aparência de nova e as rodas dianteiras travaram quando en-contraram o asfalto em um desnível não muito maior do que aqueles das pedras soltas em calçadas, por exemplo. Levei os pés ao chão. Um cadeirante que repetisse o mesmo movimento, sem empinar leve-mente a cadeira como eles fazem nessas situações, teria caído de frente.

Seguimos pela avenida enquanto Jo-siane apontava em cada estabelecimento comercial as dificuldades que teria para fazer compras. “De cada 10, só dois são

completamente acessíveis”, calculava a cadeirante, em uma estimativa que tal-vez seja otimista. Poucos não ofereciam rampas, é verdade, mas certamente elas eram feitas por quem nunca sentou em uma cadeira e tentou subi-las: íngremes, estreitas, curtas, obstruídas por cartazes, manequins, produtos. Josiane avançava acionando um botão, mas não sem des-viar de pequenos obstáculos. Eu tocava as rodas da minha cadeira e fazia muito mais força no braço esquerdo, para o lado que a calçada inclinava-se – irregularida-de que a ABNT contempla, eu gostaria que fosse resolvida mas os cadeirantes nem reclamam porque é o menor dos problemas. No meio da quadra, Josiane aponta uma galeria sem rampa, mas per-feitamente alinhada ao nível da calçada. Seria a entrada ideal se fosse possível sair do outro lado, na rua paralela, caracterís-tica principal das galerias. Mas lá no meio tem degraus. Vamos até a esquina com a Bento Gonçalves e eu testo minha habili-dade em morros, em direção à Sinimbu. Dedico o máximo da minha força aque-le que nem convém chamar de morro quando estou andando a pé. Freio e paro para descansar a cada dois giros comple-tos. Uma mulher que caminha apressada falando no celular se compadece do meu esforço físico interrompe a conversa para oferecer ajuda. Agradeço e dispenso a gentileza. Josiane encaixa a cadeira dela na traseira da minha. “Não vou te empur-rar, mas te seguro se a tua cadeira voltar”, sugere ela, que a essa altura já era Josi. Fui até a metade do morro. Parei antes de um prédio em construção com o tapume ocupando boa parte da calçada, cheia de buracos por causa da obra. Indignação para a cadeirante, alívio para mim. Era hora de desistir da subida. Para descer todo santo ajuda, exceto quem pilota uma cadeira. “Agora eu não posso te ajudar em nada”, avisa a cadeirante. Deixo as rodas rasparem nas mãos para controlar a velo-cidade. Qualquer freada brusca derruba-ria a cadeira. Estou de volta na Júlio com dor nas mãos: na pele, por esfolar nas ro-das, e nos músculos, por sustentar meu

peso com os dedos. “Quando estou com a cadeira manual uso luvas. Por isso e para não estragar as unhas”, explica a jovem. “Tu conseguiria subir esse morro com a cadeira manual?”, pergunto, tentando di-minuir a frustração. “Eu não. Mas os ho-mens conseguem.” Voltamos ao ponto de partida: ela disposta a passar o dia inteiro no Centro – a média de duração da bate-ria da cadeira –, eu completamente sem energia.

Josiane está na cadeira de rodas há 4 anos, desde que se acidentou de carro em frente aos Pavilhões da Festa da Uva, quando ia para uma festa no banco do carona. O motorista morreu na hora. Um ano depois do acidente, um homem que ajudou Josiane antes do socorro chegar foi à casa dela. Contou que ela estava pre-sa e a porta estava amassada na região do braço, ainda motivo de dores quando ela faz esforço. Disse também que ela estava

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consciente naquela hora e chegou a fa-lar: “Pelo amor de Deus, me ajuda!”. Ela não lembra. Acordou 10 dias depois, na UTI. Ficou 40 dias hospitalizada. “Cho-rei uma semana. Passei sendo carregada por bastante tempo. Parecia uma estátua”, relata. Passada a primeira fase da adap-tação, Josiane teve duas internações no hospital Sarah Kubitschek, em Brasília, referência em reabilitação. Aprendeu o básico que os cadeirantes precisam, segue com a fisioterapia em Caxias, iniciou re-centemente no time de basquete do Cidef (Centro Integrado do Portador de Defici-ência Física) na UCS. Com lesão na me-dula, nas vértebras T11 e T12, na altura da cintura, Josiane não conseguia mexer as pernas, mas sentia as coxas, algo raro nesse tipo de lesão. Hoje sente inclusive os pés, embora não consiga se manter de pé por mais de 5 segundos, mesmo com as próteses que usa na fisioterapia. “Para a medicina, a chance é zero”, responde a mãe de Josiane quando pergunto à filha

se sua sensibilidade incomum é esperan-ça de recuperação dos movimentos. Jo-siane acredita que sim.

“No início, minha casa estava sempre cheia de gente. Depois passou a curiosi-dade, diminuíram muito as visitas”, conta a cadeirante. Depois minguaram tam-bém os convites para jantar, ir à casa de amigos, sair à noite. Os programas com Josiane já não são tão espontâneos. “An-tes de ir para qualquer lugar, preciso li-gar, saber se tem acessibilidade... Quando convidam para ir à casa de amigos, fico achando que vou atrapalhar”, conta a jo-vem que sempre foi humilde, mas ainda assim não se sente à vontade tendo que ser carregada nos braços – situação pela qual todo cadeirante precisa passar quan-do precisa fazer uma viagem em ônibus intermunicipal, por exemplo. Aquele ade-sivo com uma cadeira de rodas na late-ral do ônibus significa basicamente que o cobrador e o motorista podem ajudar a colocar o cadeirante em um assento e que a cadeira de rodas pode ir no baga-geiro. Para a jovem que gosta da noite, os passeios diurnos, às vezes na própria rua, viraram a principal diversão.

Desde o início do ano, com a criação da Cordenadoria da Acessibilidade na Se-cretaria de Segurança Pública e Proteção Social – tão recente que não tem nem link no site da prefeitura –, os cadeirantes têm onde reclamar. Conforme a coordenado-

ra, Rosa do Carmo Fonseca, a coordena-doria ainda está se adaptando à realidade da acessibilidade em Caxias. “Estamos indo nos locais e fazendo um mapea-mento (de onde falta acessibilidade)”, ex-plica. Rosa ainda vai se reunir com ou-tros secretários para promover ações que devem ocorrer nesta ordem: consertar rampas existentes, construí-las onde não há, conscientizar, fiscalizar. A penúltima etapa é mais importante, já que, em tese, a construção das rampas segue a mesma regra das calçadas: é responsabilidade do proprietário do imóvel. Só depois de dis-tribuir material com informações sobre a importância da acessibilidade e regras para construção de rampas se inicia uma abordagem mais direta com a comunida-de, tanto para acessos em calçadas quanto para entrada dos estabelecimentos. Tudo é a longo prazo. Em multa, alternativa que talvez agilizasse o processo, nem se fala ainda. “Não dá para chegar multan-do”, pondera Rosa. E completa: “É deva-gar que se vai longe”. Na rua, quando não encontra a rampa e está sozinha, Josiane procura outra saída – uma entrada de ga-ragem, talvez (os acessos para carro cos-tumam ser melhores do que os acessos para cadeirantes). No comércio, risca da sua lista os estabelecimentos inacessíveis. Mas não exige seus direitos verbalmente. “Eu fico constrangida de reclamar. Sou sempre a minoria.”

Fabiana Carla Franco | Paulo Pasa/O Caxiense

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LIVRO COmO ARTIgO dE PRImEIRA NECESSIdAdE

Em Cuba, boa parte dos livros custa mais barato do que um pacote de bolachas

por Alexandre Haubrich, de Havana

Feira do Livro de Havana ocorre no antigo quartel de Che Guevara | Alexandre Haubrich, Divulgação/O Caxiense

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A maior fortaleza espanhola construí-da na América, com quase 3 km², ergui-da entre 1763 e 1774, abriga um tesouro. Outrora ocupada como quartel de Che Guevara após a vitória na Revolução Cubana, a Fortaleza San Carlos de La Cabaña, em Havana, hoje é sede da Feira Internacional do Livro.

Organizada pela Câmara Cubana do Livro, a Feira existe oficialmente des-de 1982, apesar de encontros literários serem organizados pelo governo desde antes da Revolução. Nesse sentido, as ori-gens da Feira remetem a 1937, quando o primeiro evento literário de caráter na-cional foi promovido. Entre 1982 e 2000 a Feira ocorria a cada dois anos, tornando-se anual a partir dali. Desde 2002 tornou-se também descentralizada, ocupando também outras cidades.

A relativa distância do centro de Hava-na não afasta a população, que tem fartu-ra de linhas de ônibus saindo da região central em direção a La Cabaña durante o período da Feira, ao custo de 20 centa-vos de peso. Por isso – e pelos turistas – o complexo fica lotado. Os números relati-vos a 2013 ainda não foram divulgados – a Feira em Havana ocorreu de 14 a 24 de fevereiro, mas em 2012 foram 344 mil

visitantes que compraram quase 500 mil exemplares, segundo a Câmara Cubana do Livro.

Com grandes dificuldades para ad-quirir produtos que não são de extrema necessidade, os cubanos não enfrentam maiores problemas para ter acesso à leitu-ra. Tendo eliminado o analfabetismo em 1961, enquanto o Brasil ainda pena com quase 13 milhões de analfabetos (8,6% da população), Cuba tem bibliotecas por to-dos os lados e livros que geralmente são mais baratos do que um pacote de bola-chas recheadas.

Com cerca de 3% de um salário míni-mo um cubano pode comprar um bom livro. No Brasil, este gasto é bem maior. O livro Pedagogia do Oprimido, de Paulo Freire, por exemplo, custa para os brasi-leiros cerca de R$ 35, pouco mais de 5% do salário mínimo. Por outro lado, um livro em Cuba fica na média de 10 pesos cubanos, enquanto o salário mínimo – variável dependendo da ocupação – gira em torno de 300 pesos, sem necessidade de pagar por Saúde, Educação e com sub-sídio para a cesta básica.

A leitura em Cuba faz parte de uma cultura de instrução e educação continu-

“Tendo eliminado o analfabetismo

em 1961, enquanto o Brasil ainda

pena com quase 13 milhões de

analfabetos, Cuba tem bibliotecas

por todos os lados e livros que

geralmente são mais baratos do que um pacote de bolachas

recheadas”

Ônibus cujas passagens custam apenas 20 centavos de peso levam cubanos e turistas à Feira, afastada do centro da cidade | Alexandre Haubrich, Divulgação/O Caxiense

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ada, formal ou informal. É difícil encon-trar um cubano com mais de 30 anos que não tenha alguma graduação. As emisso-ras de televisão transmitem programas que possibilitam, por exemplo, que se aprenda francês, inglês, e até português em poucos meses. E, ao contrário do que acontece no Brasil, muitas pessoas real-mente acompanham os cursos, veicula-dos em horários de boa audiência. Com-plementando tudo isso, as bibliotecas se espalham pelo país e os livros se mantêm a preços acessíveis.

A cada edição da Feira do Livro, os organizadores escolhem um país como convidado de honra e um escritor ho-menageado. Em 2013, Angola foi o país escolhido, e o uruguaio-cubano Daniel Chavarría o agraciado com a homena-gem. Além de Chavarría, foram mais de 200 escritores de 32 países participando de apresentações de textos e debates. A forte internacionalização, aliás, é uma característica da Feira. Em 2013 foram 146 expositores de 25 países, com mais de 4 milhões de exemplares à disposição. Além das bancas de venda de livros, há outras com obras apenas expostas, para que o trabalho feito em outros países seja conhecido. Dentre estas, uma banca do Rio Grande do Sul apresentava livros

brasileiros. Na Feira do Livro de Havana, Irã, Coreia do Norte, Venezuela, Rússia, China e Vietnã democraticamente divi-dem espaço com EUA, França, Alema-nha e Japão.

Nas prateleiras, grande variedade de obras, desde livros políticos até best sel-lers literários. De Fidel Castro e Che Gue-vara até Paulo Coelho. De 12 volumes com boa parte da obra de Lenin – a um peso cada – ao Código Da Vinci, de Dan Brown. De Crime e Castigo, por 5 pesos, a 18 títulos da vida e obra do herói da in-dependência cubana José Martí, incluin-do uma nova edição do infantil A idade de ouro, um dos clássicos de Martí. As crianças, aliás, são público entusiasmado da Feira. As bancas infantis são as mais procuradas, sempre cheias.

Se alguns livros chegam a 150 pesos cubanos, outros saem por um peso. Em algumas bancas, há preços que variam de acordo com o comprador, uma práti-ca que saiu da teoria marxista, que prega “de cada um segundo suas capacidades, a cada qual segundo suas necessidades”, conforme Karl Marx. A diferença de pre-ços onera os turistas do “primeiro mun-do”, que pagam mais caro pelos livros. Um europeu, por exemplo, pode pagar 4

“Em algumas bancas, há preços

que variam de acordo com o

comprador, uma prática que saiu

da teoria marxista, que prega “de cada

um segundo suas capacidades, a cada

qual segundo suas necessidades”

Feira internacional ocorreu no último fevereiro. Em 2012, 500 mil livros foram vendidos | Alexandre Haubrich, Divulgação/O Caxiense

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pesos por um livro que custaria 2 pesos a um brasileiro, turista do “terceiro mun-do”. O cubano nativo pagaria apenas 1 peso pelo mesmo livro.

A Câmara Cubana do Livro é a insti-tuição responsável por quase tudo o que envolve o tema em Cuba. Ela representa as editoras do país em eventos nacionais e internacionais, e promove cursos para a capacitação de pessoal para trabalhar no processo pós-escrita de um livro: publi-cação, edição, comercialização e distri-buição.

É através desse trabalho que os livros são impressos em grandes quantidades apesar dos problemas para a compra ou produção de papel causados pelo blo-queio dos Estados Unidos. O jornal Gran-ma, órgão oficial do Partido Comunista Cubano, circula com menos páginas do que já circulou e o número de assinaturas do jornal tem diminuído. Mas os livros não param de ser produzidos e vendidos a preços relativamente acessíveis.

Em cada município, mesmo nos me-nores, há ao menos uma biblioteca públi-ca, frequentada por toda a comunidade, em especial as crianças. As escolas que não possuem bibliotecas próprias enca-minham os alunos a esses espaços, onde costuma ser farta a oferta de livros didáti-cos e de História Cubana. Em uma dessas bibliotecas comunitárias, em Caimito – a 40 km de Havana –, como nas livrarias que se espalham pelas cidades maiores, é possível encontrar seções dedicadas ape-nas a Lenin, ou a José Martí, ou a livros soviéticos. Mas também a Bíblia católica está presente em alguns desses lugares.

Escritores brasileiros também fazem sucesso por lá, mas não os mais cotados em outras partes do mundo. Não é im-possível deparar-se com obras de Paulo Coelho ou mesmo Jô Soares, mas é sem-pre provável que em qualquer livraria ou biblioteca haja algo de Darcy Ribeiro, Mário de Andrade, Gilberto Freyre e, especialmente, Paulo Freire – referência fundamental para a Educação cubana.

O “homem novo” sonhado por Che Guevara é um homem culto, senhor de seu passado e de seu futuro, conhecedor de onde veio e de onde quer chegar. E constantemente aprendendo e se apri-morando. Espalhar livros pelas casas pode ser um caminho fundamental para que ideias se espalhem pelas cabeças e novas atitudes se espalhem pelas ruas. Se é verdade que ainda falta muito para que cada cubano possa se dizer o espelho do “homem novo” de Che, os livros são um estímulo para seguir tentando.

Biblioteca de Caimito, a 40 km de Havana, tem estante reservada a Lenin | Fotos: Alexandre Haubrich, Div./O Caxiense

Livrarias de Havana também oferecem livros a preços acessíveis |

Clássico Crime e Castigo é vendido por apenas 5 pesos |

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Vivita Cartier além do epitáfiopor Andrei Andrade

Um túmulo bem conservado no cemitério do distrito de Criúva abriga os restos mortais de uma jovem poetisa, enterrada há quase um século. Por saber que a tuberculose abreviaria sua vida, Vivita Cartier escreveu os versos de seu próprio epitáfio, no poema que nomeou In Pulvis (ao pó). Mesmo sem nenhum livro pu-blicado, Vivita foi imortalizada como patrona da cadeira 11 da Academia Caxiense de Letras e da cadeira 21 da Academia Literária Feminina do Rio Grande do Sul. Este ano, Vivita Cartier dá nome ao troféu que premia os vencedores do 47° Concurso Anual Literário de Caxias do Sul. A homenagem para a poetisa, que nasceu em Porto Alegre, é um resgate da história de uma mulher frágil e trágica, mas que soube traduzir em versos a agonia de sua breve vida. Entre o nascimento de Vivita Cartier, em Por-to Alegre, em 12 de abril de 1893, e sua morte em Caxias do Sul, em 21 de março de 1919, em Caxias do Sul, sua história de vida ainda guarda muitos mistérios, e por isso é envolta em mitos. Uma das lendas a seu respeito é de que ela ti-nha o costume de costurar de volta às árvores as folhas caídas com a chegada do outono, como forma de rejeição da morte que sabia que para ela chegaria sem demora. Acometida pela tu-berculose, doença que nas primeiras décadas do século passado era conhecida como o "mal do século", e que vitimou escritores brasileiros como Álvares de Azevedo, Castro Alves e José de Alencar, além de estrangeiros como Franz Kafka, George Orwell e Emily Bronte, Vivita mudou-se da Capital para a Serra por recomen-dação médica, quando tinha 19 anos. O ar puro da região daria condições melhores para que ela enfrentasse a doença, que teria se agravado após ela desfilar em um carro aberto em um Carna-val de Porto Alegre. A escolha por Caxias não foi por acaso. Seu avô materno, Felix Laner, foi um dos primeiros colonizadores do município.

Vivita Cartier | Julio Calegari, Acervo do Arquivo Histórico Municipal, Divulgação/O Caxiense

PLATEIA29ª Sarau de Jazz no acordeS atelier | SebaStião Salgado e a terra | elefante branco no ordováS

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In Pulvis

Inscrição para meu túmulo

Aqui jazem os trágicos horroresDo decompor sinistro da matéria;Não te detenha, pois, nesta misériaOh! Não deponha sobre a lousa flores.

Segue... é vazia esta mansão funérea;Minh'alma paira além com seus fulgores,Volve-te a ela, a ela manda floresAtravés do pensar, com graça etérea.

Vai prescrutá-la em qualquer sítio lindo!Ela é tão forte como o mar bramindoE tem a suave tepidez dos ninhos...

Aspira-a, pois, nas brisas cariciantes.Desvenda-a nas estrelas cintilantesEvoca-a no cantar dos passarinhos!

Convalescente

Por vontade espontânea, resolviPassar na serra larga temporada.Dizem toque que, aqui, recuperadaHei da haver a saúde que perdi;

Longe da sociedade em que viviOnde, talvez, nem seja mais lembrada.Irei gozando mesmo desamadaA solidão poética daqui.

Mas...Certo dia eu tornarei altiva.À multidão que numa roda viva,Goza e sofre num mar de agitação.

De paz irá, então, meu ser trajadoDe saúde meu corpo iluminado;De versos...um punhado em cada mão!

Sofrimentos*

Eis-me doente e enfraquecidaEntre os verdes campos e a simples genteTalvez este ar me devolva a vida.Porém, estou triste e sofrida.

Porque me sinto só e não me vêmSenão olhares deconfiados e tristementeMe faz no coração a dor de uma feridaO ser olhada suspeitosamente.

Bem queria gritar: "Não me olhemque vossos olhares a mim confundeme me fazem sofrer loucamente,

E me envolvem em agonia talComo se o ferro agudo de um punhalEntrasse no meu peito lentamente."

*Tradução livre do italiano: Elton L. Boff e Mari. A. Miorelli

Porém, é pouco provável que ainda haja algum familiar de Vivita vivendo por aqui, pois a maior parte da família migrou para o Rio de Janeiro ainda na primeira metade do século passado. Apesar disso, o túmulo de Vivita, um dos primeiros que se pode avistar próximo à entrada do cemitério de Criúva, é mantido pela comunidade e fre-quentemente recebe arranjos de flores.

Mesmo doente, foi em Caxias do Sul que Vivita escre-veu a maior parte de seus poemas, que eram publicados na imprensa local, especialmente no jornal O Brazil. Parte de sua poesia foi reunida em um livro editado pela Biblioteca Publica Municipal em 1999, intitulado Poetas do Passado. Nestas páginas é possível perceber como o infortúnio da doença e as tristezas de amor – Vivita era apaixonada por um homem de Porto Alegre que viajou para a Europa e nuna respondeu suas cartas – eram as obras-primas para os versos que escrevia em português e em italiano (pa-recia reservar para este idioma os mais melancólicos). O atual ocupante da cadeira 11 da Academia Caxiense de Letras, o jornalista e escritor Marcos Fernando Kirst, pre-para para o segundo semestre deste ano o início de uma pesquisa que irá resultar em uma biografia de Vivita. "Era uma excelente poeta. Sua vida curta, mas intensa, se mes-cla com a poesia que escreveu, que tinha uma qualidade lírica muito boa", analisa Kirst. O escritor considera de "bom gosto" a escolha pelo nome de Vivita Cartier para o troféu do concurso literário da cidade onde ela viveu seus últimos dias. "Foi uma opção muito sensível e muito justa, por resgatar um nome de quem fez cultura em Caxias do Sul no passado."

Membro da comissão organizadora do concurso, o bibliotecário Cássio Felipe Immig destaca que a escolha se deu em plenárias realizadas durante a elaboração do novo regulamento do concurso e teve a aprovação unâni-me dos envolvidos, entre os quais estiveram membros da Academia Caxiense de Letras, escritores e pessoas envol-vidas com a vida cultural de Caxias do Sul. "Por se tratar de uma poetisa do início do século, que mesmo em uma sociedade bastante machista conseguiu ter uma produção lírica, a escolha tem um significado importante. Também é importante resgatar a memória da Vivita, que não dei-xou livros publicados. Como muitos não a conhecem, a escolha gera curiosidade em torno do seu nome."

As inscrições para a 47ª edição do Concurso Anual Literário seguem até o dia 15 de abril. Este ano, a disputa ocorre em apenas duas categorias: Obra Literária (para obras já publicadas) e Con-tos, Crônica e Poesia (para originais inéditos). Trabalhos que já tenham concorrido em edições anteriores também são aceitos. Para os vencedo-res com obra literária, será concedido o troféu Vi-vita Cartier, um certificado e prêmio em dinheiro no valor de 240 VRMs (Valor de Referência do Município – aproximadamente R$ 5.500). Na ca-tegoria conto, crônica e poesia, os 3 vencedores terão suas obras publicadas em uma antologia. O regulamento e a ficha de inscrição estão disponí-veis em www.caxias.rs.gov.br.

O Concurso

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CINE

* Qualquer alteração nos horários e filmes em cartaz é de respon-sabilidade dos cinemas.

Bruno MAzzEO. Lúcio Mauro FiLhO. De Mauricio FARiAS

Bruce WiLLiS, Dwayne JOhNSON. De Jon M. Chu

VAI qUE dá CERTO

Nova aposta do cinema de humor nacional, o longa traz um elenco de nomes bem conhecidos, como Bruno Mazzeo e Lúcio Mauro Filho, além da dupla de humoristas que está fazendo sucesso no canal do Youtube Porta dos Fundos: Fábio Porchat e Gregório Duvivier. História de 5 amigos que não se deram muito bem na vida e resolvem colocar em prática um plano para mudar esse cenário: assaltar uma transportadora de valores. Estreia.

GNC 14:30-16:40-19:20-21:10 CiNÉPOLiS 13:15-15:15-17:30-20:00-22:20 12 1:27

SHOw dE ANdREA BOCELLI

O show Amor em Pontofino reúne famosas canções românticas do tenor italiano em um show gravado na cidade italiana cujo porto é conhecido como um dos mais belos do mundo. Uma orquestra de 40 pessoas acom-panha Bocelli. Depois do dueto em Vivo por ella, em 2008, Sandy volta a cantar com o italiano. Dezesseis anos depois da primeira parceria, Bocelli diz que encontrou em San-dy uma artista madura e uma mulher encan-tadora. Eu cresci, agora sou mulher.

CiNÉPOLiS 15:00 (APENAS DOM.), 19:00 (APENAS SEx. E SÁB.) 12 1:45

g.I. JOE: RETALIAçãO

Bruce Willis ainda nem saiu de cartaz com Duro de Matar e já aparece novamente com ainda mais ação neste longa baseado nas aventuras dos famosos bonecos dos Comandos em Ação. Após ser atacado brutalmente, o esquadrão de elite G.I. Joe tem vários de seus integrantes mortos em combate. Agora, os poucos que sobreviveram vão contar com a ajuda do seu criador para revidar o ataque em grande estilo. Pré-estreia.

GNC 3D 21:40 (QuA. E Qui. APENAS)CiNÉPOLiS 3D 13:45-16:30 (Qui. APENAS) 19:15-22:00 (QuA. E Qui. APENAS)

14 1:50

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Ricardo DARíN , Jérémie RÉNiER. De Pablo TRAPERO

COLEgAS

Nem foi o prêmio de Melhor Filme no Festival de Cinema de Gramado que mais despertou inte-resse sobre Colegas. A campanha #vemseanpenn, que tinha como mote um apelo para que o astro de Hollywood viesse assistir à estreia do filme no Brasil fez sucesso na internet e, semana passada, o casal que protagoniza o filme foi até Los Angeles conhecer Sean Penn (e ganhou até churrasco feito pelo ator). A trama já é conhecida: 3 portadores de síndrome de Down que partem em uma via-gem em busca de seus sonhos. Ariel Goldenberg, Rita Pook. De Marcelo Galvão. 2ª semana

GNC 17:30-19:45 CiNÉPOLiS 13:30-18:30 10 1:43

dURO dE mATAR: Um BOm dIA PARA mORRER

O durão John McClane vai até a Rússia resga-tar o filho que está preso. Lá, pai e filho precisam lidar com mafiosos perigosos que querem apagar o jovem. O resultado são explosões, perseguições e tiro para tudo quanto é lado, como manda o fi-gurino. 5ª semana

GNC 21:50 12 1:36

OS CROOdSUma família pré-histórica, mais

do que os Flinstones, encara os de-safios da vida fora da caverna de onde nunca haviam saído e depara com um mundo fantástico – como requer toda animação em 3D. No meio do caminho, o conservador patriarca da precisa aprender a con-viver com um forasteiro que pensa à frente do seu tempo – a ponto de “inventar” o fogo. De Chris San-ders. 2ª semana.

GNC 3D 13:00-15:20-17:45-20:00 | 3D 22:00 | 3D 14:15-16:50-19:10-21:20 CiNÉPOLiS 3D 11:45 (SÁB. E DOM.) -14:00-16:45-19:10-21:30 | 12:40-15:05-18:00-20:30

L 1:43

Oz: mágICO E POdEROSO

Escrita originalmente em 1900 e adaptada para o cinema pela primeira vez em 1939, essa nova versão de O Mágico de Oz tem a trama ambientada um pouco antes da história mundialmente conhe-cida. Conta a chegada do mágico trapaceiro Oscar Diggs a Terra de Oz, onde os habitantes anseiam por um mágico que irá salvá-los de um poderoso inimigo. Com Mila Kunis e Rachel Weisz. De Sam Raimi. 3ª semana

GNC 3D 13:30-16:10-18:50 | 3D 21:40 | 13:40-16:20 CiNÉPOLiS 3D 13:45 E 16:30 (ExC. DOM. E Qui.)-19:15 E 22:00 (ExC. SEx. SÁB. QuA E Qui.) | 3D 12:30-15:30-18:15-21:00

L 2:09

TAINá – A ORIgEm

Aventura com pitadas de cons-cientização social e ambiental que conta a história da indiazinha guer-reira que parte em busca de suas origens ao mesmo tempo em que combate o desmatamento na sel-va amazônica. Fecha a trilogia em que os dois primeiros filmes foram vistos por mais de 1 milhão de es-pectadores. Com Wiranu Tembé e Nuno Leal Maia. De Rosane Svart-man. 3ª semana

GNC 13:50-15:40 L 1:27

O LAdO BOm dA VIdA

É a 8ª semana em cartaz, mas tudo bem...o casal formado por Bradley Cooper e Jennifer Lawrence nesta comédia romântica merece. De David O. Russell.

★ ★ ★ ★ ★GNC 19:00-21:30

14 2:02

INdOmáVEL SONHAdORA

Mistura de drama e fantasia, o filme con-ta a história de um pai e sua filha de 6 anos, que vivem às margens de um rio em uma pequena comunidade da Louisiana. Quan-do uma forte tempestade atinge o povoado e traz de volta à vida ameaçadoras criaturas pré-históricas até então congeladas, ao mes-mo tempo em que lutam para sobreviver, a menina decide ir em busca da mãe, desapa-recida. Destaque absoluto para a atuação da jovem Quvenzhané Wallis, indicada ao Os-car de Melhor Atriz com apenas 9 anos. Com Wight Henry. De Benh Zeitlin. 2ª semana

CiNÉPOLiS 16:00-20:45 10 1:33

ELEFANTE BRANCO

O excelente ator argentino Ricardo Darín (de O Segredo dos seus olhos, Um conto chi-nês) interpreta um padre que luta para resolver os problemas sociais da favela onde vive, mesmo que isso implique problemas com a Igreja e o Estado. O elefante branco do título é uma grande obra estacionada há anos, que se retomada serviria como hospital e centro correcional de ajuda a viciados. Qualquer semelhança com elefantes brancos do país da Copa do Mundo não é mera coincidência. Estreia

SEx. (15). 19:30 - SÁB. (16) E DOM. (17). 20:00. R$ 8 E R$ 4. ORDOVÁS 14 1:50

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SEXTA-FEIRA (22)

Júnior e Cézar 23:00. R$ 20 e R$ 40. Arena Hardrockers 23:00. R$ 12. Bier HausAlexandre Casarin 23:30. R$ 25 a R$ 45. BullsJulian duo 23:30. Gratuito. Cachaçaria Saraugordini Blues Band 23:00. R$ 8 e R$ 15. Campeão Social ClubBanda T02 22:00. R$ 6 e R$ 10. DeckdJ Ana Langone + Velho Hippie + Fullgas ( Volta às aulas dCE) 23:30. R$ 12 e R$ 6. LevelAdriano Trindade e Banda 22:30. R$ 20. Portal BowlingStereofonica 00:30. 2kg de alimento ou R$ 15 e R$ 12. Vagão

SáBAdO (23)

Best of the 80’s & 90’s (vários dJs) 23:00. R$ 12. Bier HausSeresteiros do Luar 23:00. R$ 5. Cachaçaria SarauAcústico Tea 22:00. R$ 10 e R$ 6. DeckFesta Level Five 23:00. R$ 15 e R$ 12. Level Coié Lacerda e Harlem’s Club 22:30. R$ 15 e R$ 20. MississippiAniversário do dJ giiu Emer 23:00. R$ 20. Nox Versusdavid & Elvis e Pura Cadência 23:00. R$ 40 e R$ 20. Place Des SensFesta Téki & Elas 23:00. R$ 25 e R$ 50. Pepsi ClubBackdoors Band 00:30. R$ 20 e R$ 25. Vagão29° Sarau Jazz – especial Ella Fitzgerald e Joe Pass20:00. Gratuito. Acordes Jazz Atelier Musical

+ SHOWS

MUSICA

Sei, sei, seiO ruivo mais famoso do rock brasileiro está de volta a Caxias do Sul. Dessa

vez, Nando Reis e sua banda, Os Infernais, apresentam o repertório da turnê Sei, que tem como carro-chefe a música homônima que recentemente fez parte da trilha sonora da novela Lado a Lado. O show do ex-Titã também terá músicas de seu álbum mais recente – tambem intitulado Sei – e clássicos de sua autoria como Relicário, O Segundo Sol, No Recreio, entre outras.

SÁB. (23). 23:30. R$ 50, R$ 80 (mezanino) e R$ 90 (camarote). All Need Master hall

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Salada de boa músicaFormada em Farroupilha, mas radicada em Caxias, a banda A Célula é um

power trio composto por guitarra, baixo e bateria. O som consiste em um rock instrumental, mas com pitadas de jazz, blues, soul e funk (o do James Brown, não o do Naldo). Entre as principais influências, estão Frank Zappa, Jimi Hendrix, Miles Davis e Hermeto Pascoal. Vale a pena conferir o virtuosismo jazzístico aliado à pegada do rock ‘n’ roll.

SEx. (22). 21:00. Gratuito. zarabatana

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+ SHOWSdOmINgO (24)

Pagode Junior + gilmar goulart e Banda 21:00. R$ 20. Portal BowlingTira Onda e dJ Rodrigo Salvador 17:00. R$ 8 e R$ 5. Place Des Sens

TERçA-FEIRA (26)

maurício Santos 21:30. Gratuito. Boteco 13

qUARTA-FEIRA (27)

matinê Cast 23:00. R$ 12. Bier Hausmarcos Petrini e Banda 21:30. R$ 5 e R$ 10. Boteco 13Jhonatan e Carlos 21:00. Gratuito. Paiol

qUINTA-FEIRA (28)

Fabrício Beck Trio 23:00. R$ 12. Bier Hausdinamite Joe e Puracazuah 23:30. R$ 10 e R$ 20. Boteco 13dJ Van Storck 23:00. R$ 15 a R$ 25. Havanagrupo macuco 21:00. R$ 10 e R$ 15. Paiolmateus & Fabiano + dJ gilson 23:00. R$ 20. Portal BowlingPaola delazzeri e gabriel Lopes 19:00. Gratuito. Shopping Estação San Pelegrino (praça de alimentação)

Louis Amstrong no zarabatana

Edital de Intimação1ª Vara de Família - Comarca de Caxias do Sul

Prazo de: 30 dias. Natureza: Voluntária Outros Processo: 010/1.13.0001005-3 (CNJ:.0001971-77.2013.8.21.0010). Re-querente: Fabricio Pizzamiglio e outros. Objeto: Intimação a quem possa interessar possa, visando resguardar interesses de terceiros, que as partes ingressaram com pedido de modificação do regime de bens de casamento, alterando de regime de COMUNHÃO UNI-VERSAL DE BENS para SEPARAÇÃO TOTAL.Prazo de Contestação: 30 (trinta) DIAS, a contar do término do prazo deste edital.

Caxias do Sul, 04 de março de 2013.SERVIDOR: Daniel Gyboski. JUIZ: José Pedro de Oliveira Eckert.

ESTADO DO RIO GRANDE DO SULPODER JUDICIÁRIO

No segundo semestre do ano passado, após um evento do Projeto Práticas do Saber, em que fãs de jazz se reuniram para apreciar e debater a obra do trom-petista Miles Davis, os participantes criaram um grupo no Facebook para com-partilhar áudios, vídeos e informações sobre o gênero musical que os unia. Daí até a organização de novos eventos para homenagear os grandes ícones do jazz não demorou muito. Neste sábado, o grupo se reúne em um evento aberto para homenagear o trompetista Louis Armstrong, talvez o maior nome da história do jazz. Para participar, leve seus discos, seu instrumento para uma canja ou somente os ouvidos.

SÁB. (23). 20:00. Gratuito. zarabatana

MUSICABlues e milonga

Um dos principais gaitistas da América do Sul, o chileno Gonzalo Araya – um dos destaques do Mississippi Delta Blues Festival – se apresenta no Mississippi acompanhado do guitarrista Oly Jr., de Porto Alegre, famoso por misturar blues e milonga em seus trabalhos com a banda Os Tocaios. Em 2012, a dupla apresen-tou o show Do Delta do Jacuí ao Deserto do Atacama, cujo repertório deve ser a base do show desta sexta.

SEx. (22). 23:00. R$ 15 e R$ 20. Mississippi

Edital de Citação de Interessados, Ausentes, Incertos e Desconhecidos - Usucapião

1ª Vara Cível - Comarca de Caxias do Sul

Prazo: 20 (vinte) dias Natureza: Usucapião. Processo: 010/1.12.0005831-3 (CNJ:.0012420-31.2012.8.21.0010). Autor: Deoclécio Polidoro e Maria Olinda Polidoro. Objeto: declaração de domínio sobre o imóvel a seguir descrito: “um imóvel rural, situado nesta cidade, na localidade de Santa Bárbara, Ana Rech, 5º dis-trito deste município, sem benfeitorias, com área de 7.654,78m², medindo e confrontando: ao oeste, por 92,16m com terras de Juce-lio Cesar Bolson; ao nordeste, por 99,92 com a estrada municipal nº 127, que liga Santa Bárbara a São Gotardo; ao sul, por 99,84m parte com terras de Deoclecio Polidoro e parte com terras de Jozil Terres dos Reis; e, ao leste, por 64,01m com terras de Arciones Antonio Pinto”. Prazo de 15 (quinze) dias para contestar, querendo, a contar do término do presente Edital (Art. 232, IV, CPC), sob pena de serem presumidos como verdadeiros os fatos alegados pelos autores.

Caxias do Sul, 19 de março de 2013. SERVIDOR: Miriam Buchebuan Lima, Ajudante Substituta.

JUIZ: Darlan Élis de Borba e Rocha.

ESTADO DO RIO GRANDE DO SULPODER JUDICIÁRIO

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2722.mar.2013

Rock sinfônicoO rock e a música erudita tem novo encontro marcado, desta vez

para comemorar os 80 anos do Sindicato dos Metalúrgicos. É a 2ª edição do Rock in Concert, parceria entre a banda Hardrockers e a Orquestra Sinfônica da Universidade de Caxias do Sul (Osucs), que apresenta um repertório dedicado aos clássicos do rock internacio-nal, como AC/DC, Guns N’ Roses e Aerosmith, e nacional, como Skank e Legião Urbana. Quem se dispor a acordar cedo no domingo assiste ao show de graça e ainda ganha a água e a erva-mate para o chimarrão. A Hardrockers é composta por Rafael Gubert (vocal), Rodrigo Campagnolo (guitarra e vocal), Graziano Anzolin (teclado e vocal), Rafael Schmitt (baixo) e Cristiano Tedesco (bateria). A Osucs tem a regência de Manfredo Schmiedt e os arranjos são de Alexandre Ostrovski.

DOM. (24). 10:30. Gratuito. Estacionamento da uCS TV (em caso de chuva, uCS Teatro)

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Brasil/ItáliaAntes de embarcar para a Itália, a cantora caxiense Daniela De Car-

li lança seu CD – gravado em São Paulo e finalizado pela gravadora Vertical: Mezzo Soprano. A obra, com 13 faixas – que vão desde tri-lhas de cinema, MPB e canções italianas – tem apoio da Lei Rouanet. Mesmo assim, a artista precisou bancar metade do valor para que a obra pudesse sair do papel. Daniela já participou de orquestras no Brasil e no Exterior. Com agenda fraca no Brasil, ela já tem 3 eventos fechados em solo italiano.

TER. (19). 19:00. Galeria Municipal. Entrada franca (confirmar presença pelo telefone 3221 3697).

MUSICA

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ARTE

Em abril de 1996, 19 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) foram brutalmente assassinados por 155 po-liciais, no famoso caso conhecido como o Massacre de Eldorado dos Carajás. Com imagens deste e de outros passos do movimento pelo país, o fotógrafo Sebastião Salgado publicou em 1997 o livro Terra, que contou com a parceria do escritor português José Saramago, e que foi comercializado junto com um CD de Chico Buarque. O acervo em exposição foi cedido pelo curso de Ciências Sociais da Unisinos.

Terra SEG-SÁB. 14:00 às 22:00. Espaço Expo Design. Faculdade América Latina

A luta pela terra

Uma metáfora sobre as diferenças Mirian Gazola. SEG-SEX. 8:30-18:00. SÁB. 10:00-16:00. Galeria Municipal

Navi-Arte Postal SEG-SEX. 8:00-22:30. Campus 8

Coleções: Lembranças e Sonhos TER. SÁB. 9:00-17:00. Museu Municipal

Feito com a alma Fernanda Horta Barbosa da Silva. SEG-SEX. 9:00-19:00. SÁB. 9:00-12:00. Farmácia do Ipam

Janelas decoradas Coletiva. SEG-SÁB. 10:00-22:00. DOM. 14:00-20:00. Estação San Pelegrino

Something Gabi Brochetto. SEG. 11:00-21:00. TER-SÁB. 10:00-21:00. DOM. 11:00-19:00. MartCenter Shopping

CAMARIMMarcelo araMiS

Xilo no Chalé

Leitores na web

Viagem de marilu

A obra de arte aí de cima é o ate-lier de Marinês Busetti, em Desvio Blauth, Farroupilha. É neste espaço inspirador que ela vai ministrar no sábado (23), das 14:00 às 18:00, a oficina Xilo no Chalé. Com um in-vestimento de R$ 50, os participan-tes – adolescentes e adultos – terão todo o material disponível (goivas, tinta, madeira papel) e ainda leva-rão sua obra para casa. Em 4 horas de oficina, Marinês, que é referência na arte da gravura, ensina fazer a matriz e ajuda a fazer as cópias. Ins-crições pelo e-mail [email protected] ou pelo fone 9951-1138.

Elisandra Echer de Andrade, Ja-nine Stecanella, Maristela Deves e Rachel Machado são as convidadas do 44 º Órbita Literária, que ocorre na segunda (25), às 20:30, na Livra-ria Do Arco da Velha. Com o tema A Explosão dos Blogs Literários, elas vão debater a internet como meio de incentivar a leitura a partir de listas, resenhas, críticas e sorteios. Devem mostrar a receita “desligue o compu-tador e vá ler um livro”. Não, pera.

O Trompim Teatro vai levar o es-petáculo Marilu, com Aline Tanaã Tavares e Fábio Cuelli, vai participar do Festival de Teatro e Circo Arte-Sesc. É o segundo ano consecutivo que o grupo integra a programação do festival. A história da garota que enxergava o mundo cinza, baseada no livro homônimo de Eva Furnari, com direção de Hermes Bernardi Jr., vai passar por Venâncio Aires, Laje-ado e Santa Cruz do Sul, nos dias 26, 27 e 28 de março. Em maio, a peça vai para o Festival Palco Giratório Sesc, em Porto Alegre.

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2922.mar.2013

LEgENdADuração Classificação Avaliação ★ 5 ★ Cinema e TeatroDublado/Original em português Legendado Ação. Animação. Artes.Circenses. AventuraBonecos. Comédia. Documentário. Drama Fantasia. Ficção.Científica. Faroeste Infantil. Musical. Policial. Romance. Suspense. Terror.

músicaBlues. Coral. Eletrônica. Erudita. Folclórica Funk. Hip.hop Indie. Jazz. Metal. MPB. Pagode. Pop. Reggae. Rock. Samba. Sertanejo. Tango. Tradicionalista

dançaClássico. Contemporânea. Dança de Rua Dança.do.Ventre Flamenco. Folclore. Forró. Jazz. Hip.hop Salão.

ArtesAcervo. Desenho. Diversas Escultura. Fotografia. Grafite. Gravura. Instalação Pintura.

ENdERE OSCInEMAS:CInÉPOLIS. AV. RIO BRANCO,425, SÃO PELEGRINO. 3022-6700. SEG.QUA.QUI. R$ 12 (MATINE), R$ 14 (NOITE), R$ 22 (3D). TER. R$ 7, R$ 11 (3D). SEX.SÁB.DOM. R$ 16 (MA-TINE E NOITE), R$ 22 (3D). MEIA-ENTRADA: CRIANÇAS ATÉ 12 ANOS, IDOSOS (ACIMA DE 60) E ESTUDANTES, MEDIANTE APRESENTAÇÃO DE CARTEIRINHA. | GnC. RSC 453 - kM 3,5 - SHOPPING IGUATEMI. 3289-9292. SEG. QUA. QUI.: R$ 14 (INTEIRA), R$ 11 (MOVIE CLUB) R$ 7 (MEIA). TER: R$ 6,50. SEX. SAB. DOM. FER. R$ 16 (INTEIRA). R$ 13 (MOVIE CLUB) R$ 8 (MEIA). SALA 3D: R$ 22 (INTEIRA). R$ 11 (MEIA) R$ 19 (MOVIE CLUB) | ORDOVÁS. LUIZ ANTUNES, 312. PANAZZOLO. 3901-1316. R$ 8 (INTEIRA). R$ 4 (MEIA) |

MÚSICA:ACORDES JAzz ATELIER MUSICAL. RUA 13 DE MAIO, 1.392. ExPOSIÇÃO. 3419-0601 | BIER HAUS. TRONCA, 3.068. RIO BRANCO. 3221-6769 | BOTECO 13. DR. AUGUSTO PESTANA, S/N°, LARGO DA ESTAÇÃO FÉRREA, SÃO PELEGRINO. 3221-4513 | BUkUS AnEXO. RUA OSMAR MELETTI, 275. CINqUENTENáRIO. 3215-3987 | BULLS. DR. AU-GUSTO PESTANA, 55. ESTAÇÃO FÉRREA. 3419-5201 | CACHAÇARIA SARAU. CORO-NEL FLORES, 749. ESTAÇÃO FÉRREA. 3419-4348 | CAMPEãO SOCIAL CLUB. RUA MáRIO DE BONI, 2.128/2. SANVITTO. 3419-6957 | COnD. ANGELO MURATORE, 54. DELLAZZER. 3229-5377 | DECk: RUA JOÃO MOCELIN, 1498. PANAZZOLO. 3021.0455 | HAVAnA. DR. AUGUSTO PESTANA, 145. MOINHO DA ESTAÇÃO. 3215-6619 | LEVEL CULT. CORONEL FLORES, 789. 3223-0004 | MISSISSIPPI. CORONEL FLORES, 810, SÃO PELEGRINO. MOINHO DA ESTAÇÃO. 3028-6149 | nOX VERSUS. DARCy ZAPAROLI, 111. VILAGGIO IGUATEMI. 8401-5673 | OLIMPO MUSIC. PERIMETRAL BRUNO SEGALLA, 11655, SÃO LEOPOLDO. 3213-4601 | PAIOL. FLORA MAGNABOSCO, 306. 3213-1774 | PEPSI CLUB. RUA GUERINO SANVITTO, 1412. VILLAGGIO IGUATEMI.3019-0809 | PLA-CE DES SEnS. RUA 13 DE MAIO, 1,006. LOURDES. 3025-2620 | PORTAL BOWLInG. RS 453, kM 2, 4140. SHOPPING MARTCENTER. 3220-5758 | VAGãO CLASSIC. JÚLIO DE CASTILHOS, 1343. CENTRO. 3223-0616 |

TEATROS:TEATRO MUnICIPAL. DOUTOR MONTAURy, 1333. CENTRO. 3221-3697 | CASA DE TE-ATRO. RUA OLAVO BILAC, 300. SÃO PELEGRINO. 3221-3130 |

GALERIAS:CAMPUS 8. ROD. RS 122, kM 69 S/Nº. 3289-9000 | ESTAÇãO SAn PELEGRInO. AV. RIO BRANCO, 425. SÃO PELEGRINO. 3022-6700 | GALERIA MUnICIPAL. DR. MON-TAURy, 1333, CENTRO, 3215-4301 | MUSEU MUnICIPAL. VISCONDE DE PELOTAS, 586. CENTRO. 3221-2423 | ORDOVÁS. LUIZ ANTUNES, 312. PANAZ ZOLO. 3901-1316 | SESC. MOREIRA CÉSAR, 2462. PIO x. 3221-5233 |

Bazar

Telinha

A descoladérrima loja Soho (só de entrar no recinto a gente já se sente em outro planeta) promove seu primeiro Bazaar. As peças da Garagen Korova (camisetas lindas de doer), Oramais, Andrea Mader, Bendita Augusta, In Search of Vin-tage e outras marcas estarão à ven-da com preços promocionais sexta (22) e sábado (23). A Soho fica no Largo da Estação Férrea, e abre das 10:00 às 19:00.

O remake de uma das novelas mais surreais (realismo fantástico puro) da história da televisão brasi-leira, Saramandaia, vai ter figurino caxiense. Marcos França, um dos responsáveis pelos looks que serão usados na telinha, esteve no ateliê de Carla Carlin escolhendo alguns modelitos. A estreia de Saraman-daia está prevista para junho, e deve contar com nomes de peso no elenco, como Vera Holtz (Dona Redonda), Matheus Nachtergaele (Encolheu) e Gabriel Braga Nunes (Professor Aristóbolo, o lobiso-mem).

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ARQUITETURA E DECORA O

Não é novidade a discussão a respeito da con-servação de descaracterização de prédios históri-cos em Caxias. Mas o artista Ricardo Frantz escre-veu um artigo (para ler na íntegra, acesse o link no site de O CAXIENSE ou utilize um dispositivo mobile para localizar pelo QR Code, no final da página) chamando a atenção para dois locais espe-cíficos que, para ele, deveriam ser tombados pelo Patrimônio Histórico (não, eles não são): a Cate-dral e a Casa Canônica.

Frantz relata que, na construção da escadaria da Catedral, na década de 40, o coro de madeira foi substituído por um de alvenaria e as telhas portu-guesas por outras mais modernas. Nos anos 60, o revestimento de taipa foi trocado por um reboco comum. Ele ainda destaca a reforma do campaná-rio, que “deturpa profundamente a autenticidade do conjunto arquitetônico.” Para ele, seria preferí-vel uma estrutura com arquitetura contemporânea a uma imitação do original. “A Igreja se orgulha de ser uma instituição que preserva suas tradições e valores diante de um mundo em rápida transfor-mação, mas parece que, no que diz respeito ao seu acervo histórico e artístico em Caxias do Sul, isso não passa de retórica, ou pelo menos indica que nosso clero precisa de melhor informação,” afirma.

Conforme a diretora de Proteção ao Patrimônio Histórico-Cultural do município, Liliana Henri-chs, Frantz é um profissional de trajetória artística respeitada, o que qualifica sua opinião. No entan-to, ela defende algumas intervenções.

“Acredito que a orientação cromática para pin-

tura externa das 3 edificações (Catedral, Campa-nário e Bispado), realizada pelo especialista frei Celso Bordignon, foi apropriada. Quanto à refor-ma interna da residência oficial do bispo, foram realizadas melhorias que não retiraram caracterís-ticas relevantes, pois se direcionaram ao conforto ambiental, especialmente o térmico, justificável em um prédio com grandes espaços destinados ao uso doméstico,” explica. Liliana salienta a impor-tância de certas modernizações, como alterações hidráulicas e elétricas, que garantem a conserva-ção do prédio e adequam a estrutura às necessida-des atuais de informática e segurança. Além disso, revisões e ajustes nos telhados e calhas, além do conserto de infiltrações na alvenaria, foram opor-tunizados para garantir a integridade física das construções em questão.

Quanto ao tombamento, Liliana dá esperanças a quem também não concorda com certos julga-mentos estéticos dos religiosos (como as luminá-rias decorativas instaladas recentemente).

“A sugestão pode ser debatida e ampliada. Em princípio, os bens já recebem proteção pois, como têm mais de 50 anos, qualquer intervenção, interna ou externa, deve passar por análise no âmbito da gestão pública municipal, que inclui o Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural”. Amém.

A Igreja, a estética e o Patrimônio Histórico

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ESTANTE

Falando em Patrimônio...

Clássicos do design

Com 5 braços em banho cro-mo e cúpula finalizada em fios de seda, a peça conta também com pequenos pingentes de cristais, que dão modernidade ao lustre.

A peça possui 12 braços em ma-deira e é pendurada com a ajuda de correntes de metal. Para transfor-mar o seu humilde lar na Casa Sta-rk (A/C fãs de Game of Thrones).

Ideal para hotéis, clubes e te-atros (ou seja, lugares amplos, onde acontecem eventos chi-ques e elegantes), é acabada em vidro e com detalhes em pin-gentes de cristal.

Nada de muitos braços e muitas lâmpadas. Este possui apenas uma lâmpada e é ideal para ambientes pequenos. Tem acabamento em alumínio.

MODERNiNhO

MEDiEVAL

FiNASiMPLES

Os membros titulares e suplentes do Conselho Municipal do Patri-mônio Histórico e Cultural (Compahc) foram empossados na última quarta (20). O órgão é responsável por assessoramento e colaboração com a prefeitura em todos os assuntos relacionados à proteção dos bens culturais, especialmente os vinculados ao patrimônio edificado, apontando os que devem ser preservados por meio do tombamento. O Conselho também tem o dever de identificar os bens que merecem tratamento diferenciado e os cuidados para analisar os pedidos de re-formas e demolições em prédios com 50 anos ou mais. Para ver os nomes dos 40 membros do conselho, acesse o site de O CAXIENSE ou siga o código QR para a matéria usando um smartphone ou tablet.

Eero Saarinen, Le Corbusier, Mies van der Rohe e outros clássicos do design estão à venda no site Obra Vip (obravip.com). E tem promoção de cadeira Jacobsen (S2), poltronas Charles Eames, mesas e cadeiras Saarinen, entre outros. Para quem aprecia peças de design, vale o clic.

A Igreja, a estética e o Patrimônio Histórico

Sardenha | R$ 25 mil

Madelustre | R$ 18 mil

Boutique dos Lustres | R$ 168,5 mil Yamamura | R$ 135

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