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Fevereiro 2016 - eDiÇÃo 19 E AINDA... – Além Fronteiras – GC6 - Mata do Bussaco – Cruzilhadas – Ponto Zero – E muito mais... INGRESS Tudo sobre o jogo de realidade aumentada da google. À DESCOBERTA DE Trilho Maia Explorando um percurso único e não oficial pelas Aldeias de Magaio. AJSA Geocacher, programador e... agricultor. Uma mistura única no panorama nacional, a não perder nesta edição da GeoMag.

Edição 19

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Page 1: Edição 19

F e v e r e i r o 2 0 1 6 - e D i Ç Ã o 1 9

E AINDA...

– Além Fronteiras

– GC6 - Mata do Bussaco

– Cruzilhadas

– Ponto Zero

– E muito mais...

INGRESS

Tudo sobre o jogo de realidade

aumentada da google.

À DESCOBERTA DE

Trilho MaiaExplorando um percurso único e não oficial pelas Aldeias de Magaio.

AJSAGeocacher, programador e... agricultor. Uma mistura única no panorama nacional, a não perder nesta edição da GeoMag.

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Editorial................................................................. 04..

Fábrica.do.Caima............................................... 06

Cruzilhadas.......................................................... 12

Frente.a.Frente.................................................. 18

O.que.levo.na.minha.mochila......................... 26

GC6.-.Mata.do.Bussaco................................... 30

Mandamentos.-.Podes.Mexer...................... 38

Geocaching.e.Ciência....................................... 40

Além.Fronteiras.-.China.................................. 44

AJSA.-.Entrevista.de.Carreira...................... 56

À.Descoberta.De.-.Trilho.Maia..................... 78

Ingress................................................................... 84

3º.Aniversário.Geo.Alentejo......................... 88

Waymark.-.Out.of.Place.Graves................... 94

Jaguar.Geocoin................................................... 96

Leap.Day./.Souvenir.Day................................ 100.

From.Geocaching.HQ.with.Love.................. 102.

Ponto.Zero........................................................... 104.

Nota sobre Acordo Ortográfico:Foi deixado ao critério dos autores dos textos a escolha de escrever de acordo (ou não) com o AO90.

Ana RodriguesAntónio AlmeidaAntónio CruzAnnie LoveBruno GomesBruno SantosFilipe NobreFilipe SenaGeo AlentejoHelena HenriquesJosé SampaioLuís MachadoPedro AlmeidaRui AlmeidaRui DuarteSónia FernandesTeresa RibeiroTiago BorralhoTiago VelosoVitor SergioYesenia Pais

Com o apoio :

Créditos

Índice

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EDITORIALpor Rui Duarte

4 Fevereiro 2016 - eDiÇÃo 19

Problemas do primeiro mundo ou aquilo que me aborrece mesmo no Geocaching…

Estava eu em plena labuta hoje quando no grupo do WhatsApp onde coabitam alguns dos meus amigos que se dizem geocachers, ou que de vez em quando se enquadram no tema, caiu uma das habituais mensagens “Almo-ça-se? E depois uma cache?”, ou algo que o valha… já não me recor-do bem e, 5000 men-sagens depois, já não a vou voltar a encontrar.

Este tipo de mensagens não costuma revelar mais do que um possível local para degustar algo, às vezes bem manhoso, mas irrelevante perante a promessa de uma ou duas horas de gargalha-

da tendo como sobre-mesa a cache mais pró-xima, e esta sim, quase sempre bem manhosa! Mas, não hoje, hoje a dita mensagem vinha seguida de uma outra, reveladora de que havia na área um par delas de um owner conhecido por ter algumas bem inte-ressantes e mesmo não tendo tido oportunidade para atender ao convite para almoçar, fiquei com as caches na cabeça.

Com um par de horas livres entre a saída do serviço e o cumprir dos deveres familiares, e com o radiante sol que se fazia sentir, ainda que não espantasse o frio, decidi, daquela for-ma familiar a qualquer geocacher que se preze, que não haveria melhor forma de passar esse

tempo que a remexer em arbustos com ar mais ou menos suspei-to, lançando receosos olhares por cima do om-bro, pensando no que os transeuntes estariam a pensar ao ver um ho-mem feito, de barba e cabelo a despontar para o grisalho, de fato e gra-vata, embrenhado nas ervas até ao joelhos.

Tudo bem pensam vo-cês, já todos passámos por isso… a história não desenvolve?! E a res-posta é não… nem por isso.

Quando cheguei à fase das ervas pelos joelhos já a bela sensação que precede a descoberta de um dos nossos tesou-rinhos se tinha desva-necido, esfumada pela desilusão de, ao ler o registo do companheiro

anterior, ter dado de cara com um belo de um SPOILER! E se era um senhor spoiler! Revelava não só demasiada infor-mação sobre a cache em questão como da outra, escondida na mesma zona como disse acima.

Tanto se fala, debate e discute sobre os tais de “logs generalistas”, os “TFTC”, os vazios de con-teúdos que não servem para mais que assinalar a passagem abrupta e fugaz de geocachers que ainda não abriram a tampa do container que têm na mão e já estão a fechar a do próximo e esquecemo-nos destes outros registos, escritos quase que parece com o único intuito de estragar a experiência a quem vem atrás…

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5Fevereiro 2016 - eDiÇÃo 19

Custará muito não bran-dar ao céus “Encontrei--a! Realmente está bem pensada… quem iria imaginar que esta pedra é oca e que a cache está encaixada na parte de baixo e que para a abrir era só soprar no terceiro buraco a contar do cara-col?! Bem imaginada!”. Bem, talvez não fosse bem isto que constava do relato que li mas, se não era, parecia. Não te-nho aqui presente mas a GS já retirou a funcio-nalidade de encriptar os registos? [esperem um minuto, vou ver]

Não, ainda existe… está mesmo por cima da cai-xa que se seleciona para atribuir Favorito a estas mesmas caches! É onde

diz ENCRIPTAR ESTE REGISTO (as maiúscu-las de obra minha) e até tem instruções - * Pode ter o seu registo encrip-tado com a cifra ROT13. Esta cifra permite ofuscar texto do seu registo que possa ser considerado demasiado revelador, por exemplo, das características da geocache. O texto colo-cado entre parênteses rectos [como este] não será encriptado. – onde o “demasiado revelador” são as palavras a reter.

É que nem todos os geo-cachers estão tão cheios de pressa que: ainda não chegaram ao destino e já pediram HD, muitas vezes acompanhados de um “mesmo que não

dê com ela posso fazer o found?”; ainda não desligaram o carro e já leram a dica; ainda não assinaram e já estão a tapar a caneta; chega? Ok, já perceberam a ideia… há alguns, pou-cos parece-me, que vão lá mesmo para procurar, para demorarem dois ou três minutos (mais também me começa a aborrecer, confesso) a palmilhar a envolvência e para serem surpreen-didos pela imaginação (ou falta dela) dos Ow-ners, para depois de-dicarem outros tantos minutos (geralmente muitos mais) a disfrutar daquilo que o Owner, de forma altruísta, lhes quer mostrar.

Façam portanto o favor de seguir os exemplos dos Owner e, se eles não escreveram nas páginas das suas caches onde as mesmas estão escondidas, não o façam vocês. Ou ainda não per-ceberam porque é que as “Dicas” estão escritas daquela maneira esqui-sita nas listings?!

Ibygn GSGP, rfgáf creqb-nqb!

P.S. – esta azia toda é porque as cache não eram grande espingarda e ainda por cima tive de recorrer à dica, nas duas, para as encontrar.

Texto: Rui Duarte (Rui-JSDuarte)

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6 Fevereiro 2016 - eDiÇÃo 19

fábrica do caimaP O R M Y S T I Q U E *

6 Fevereiro 2016 - eDiÇÃo 18

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7Fevereiro 2016 - eDiÇÃo 19

Situada perto de Fra-delos (Albergaria-a-Nova), a Fábrica de Celulose e Papel do Caima, surgia depois de alguns kms cheios de curvas. Um mostro esquelé-tico de UrbEx. Esque-lético pois nada mais sobeja que paredes e vidros estilhaçados. Monstro… porque a sua complexidade de tamanho enche os olhos à chegada.O primeiro pensamen-to surge, “Como pode algo com esta enver-gadura ter chegado a um monte de paredes e vidros, só com história para contar? Como?”O sol estava forte no dia da minha visita ao local. Depois de es-tacionar o cachemo-bile, mais ou menos resguardado de quem pudesse passar, re-solvi entrar, pela parte de cima, onde parece ter sido a residência dos donos da fábrica. Lá em baixo, ouvia-se

vozes e pessoas ba-nhavam-se no rio.Os olhos arregalaram-se. Tanta coisa para ver. Tanta destruição. Tanto tudo. Ainda demorei uns bons mi-nutos a sair do modo pasmaceira.Percebia-se, a olho nu, que a abordagem por cima nos iria fazer descer labirínticos pa-tamares, até á cota do rio.O rio atravessava a fábrica de uma for-ma atrevida. Aliás… o mundo parou para os “habitantes” da fábri-ca. Mas o rio, teimoso, continuava a perma-necer ali. E confesso, que o cenário ficava bem mais composto com a existência da-quele curso de água, dando um ar de mol-dura apocalíptica à fábrica.A fábrica daria uma letterbox fantástica, uma multi-cache com alguns pontos. Mas ali a procura era somente

uma cache tradicio-nal. Daquelas bem normais, com um tu-pperware tradicional. Coisa à moda antiga, mostrar um local me-recedor de uma geo-cache. ?Pesquisa após pesqui-sa, saltitando de site em site e de blog em blog, reuni alguma in-formação que ajuda a perceber o que foi este monstruoso complexo fabril. Ora aqui vai:No ano de 1888, se-ria fundada a “Caima Timber Estate and Wood Pulp Company Lda”, cuja activida-de principal seria ao longo de mais de um século a produção de pasta para o fabrico de papel.Nas enormes insta-lações fabris agora sem vida laboraram, ao longo de gerações, largas centenas de trabalhadores, tendo sido uma das maiores indústrias portugue-sas, senão a maior,

durante algum perío-do, com mais de um século de história e laboração.Por volta de 1925 ini-ciou a comercialização de pasta de eucalipto. Em 1960 construiu a sua segunda fábrica – em Constância –, sendo pioneira na in-trodução de pasta TCF (Total Chlorine Free) no mercado. A crise nos merca-dos internacionais de pasta, o aumento dos custos de pro-dução, a redução do caudal do rio Caima e a falta de vontade de investir três milhões de contos em infraes-truturas antipoluição, mas também a nova política da multina-cional, em busca de mão-de-obra mais barata, ditaram o seu encerramento, em fi-nais dos anos 90.O encerramento to-tal das instalações da Celulose do Caima S. A., em Fradelos -

“Um mostro esquelético de UrbEx. Esquelético pois nada mais sobeja que paredes e vidros estilhaçados. Monstro… porque a sua complexidade de tamanho

enche os olhos à chegada.”

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8 Fevereiro 2016 - eDiÇÃo 19

Branca, passando a sua atividade para a unidade industrial em Constância, deixou ao abandono um pa-trimónio arquitetónico fabril no valor de mi-lhões de euros, e sem emprego, no lugar de Fradelos e em toda a região do Caima, lar-gas dezenas de pes-soas.

Tempo de caçar a cai-xinha. Liguei o GPS e já a conspirar que iria ser complicado encontra--la em tanto emara-nhado de edifícios, eis que a setinha aponta-

va para bem perto de onde estava. ?Subi as escadas. Local bem escolhido. Dali, conseguimos ter a perceção total do ta-manho do complexo industrial. Mas have-ria múltiplas escolhas que serviriam para esconderijos até bem radicais.Chegara a altura de soltar a vontade de meter o nariz em todo o lado. Do outro lado do rio, nos edifícios também em ruínas, visualiza-se um vai e vem de camiões. Alguns deles tam-

bém estacionados ao redor. Não consegui perceber de todo qual a atividade que por ali andava.

Por ali era tudo gran-de. A impressão que tive à chegada ia-se confirmando confor-me ia descendo es-cadas e entrando nos edifícios. Nada para ver. Mas o estar ali dentro daquele ema-ranhado de edifícios e escadas, era uma sen-sação brutal.

Muitos buracos for-mavam formas geo-métricas interessan-

tes. Até os buracos eram enormes. ?Muito importante para quem pensar vi-sitar o local, é ter uma atenção redobrada onde coloca os pés. As quedas em altura, são hipóteses constantes que nos aparecem ao virar de cada esquina.Um exemplar de UrbEx industrial a merecer obrigatoriamente uma visita, para os aprecia-dores do tema.

Texto / Fotos: Sónia Fernandes (Mysti-

que*)

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9Fevereiro 2016 - eDiÇÃo 19

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12 Fevereiro 2016 - eDiÇÃo 1912 Fevereiro 2016 - eDiÇÃo 19

Por Valente Cruz

antigamente é queera bom

C R U Z I L H A D A S

MINAS.Sº.DOMINGOS

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13Fevereiro 2016 - eDiÇÃo 19

«Antigamente é que era bom!». Este é um de-sabafo tão explorado e repisado, nos mais variados contextos, que já se tornou um cliché ao qual é difícil fugir. Cada nova ge-ração parece adotá-la como se fosse um legado de saudade, ainda que por vezes a definição de “antiga-mente” pareça uma li-nha indecifrável entre o presente e o passa-do. É difícil fazer uma generalização sobre o tema, mas valerá a pena tentar. Qualquer que seja a temática, sinto alguma descon-fiança sempre que ouço esta frase, mas tal não invalida que o saudosismo nos bata à porta e que, obvia-mente, existam mui-tas pessoas que pen-sem dessa maneira. Parece-me contudo que de cada vez que preferimos o passado poderemos estar a ignorar o presente e a comprometer o futu-ro.

No geocaching, esta saudade do passado é também um lugar-co-mum. Não se tratará de uma vontade em inverter a marcha ine-xorável do tempo, mas sim de trazer para o presente o tipo de geocaching que existiu no passado. Mas que tipo de geocaching era este que tantas sau-dades deixa a alguns geocachers?

Pensando em ter-mos de quantidade, a diferença é de facto significativa. Conside-rem-se então as duas vertentes do paradig-ma numérico: ser ou não ser seletivo? Para quem pratica(va) um geocaching seletivo, antes apenas tinha de abrir o mapa de caches para definir as que queria procurar; trata-va-se de uma seleção natural por defeito. Encontrar 5 caches num dia pareceria um exagero de esforço e poderia significar muitos quilómetros percorridos. Atual-

mente, e para quem gosta de praticar um geocaching seletivo, temos uma emara-nhada seleção por excesso. Tornou-se então mais difícil dis-cernir quais as caches que se adequam aos gostos de cada um. Porém, para equilibrar a divergência, passa-ram também a existir diversas ferramentas que permitem fazer essa seleção. Podere-mos escolher de acor-do com a qualidade, a dificuldade, o terreno e os atributos; no li-mite poderemos até filtrar as caches pelos donos, ignorando os que eventualmente tenham previamente proporcionado expe-riências menos positi-vas. Na vida aprende-mos a valorizar o que gostamos e a ignorar o que desgostamos; no geocaching podemos adotar uma estratégia semelhante.

Por outro lado, para quem não é seleti-vo, gosta de praticar

geocaching de forma regular e ver o seu número de caches encontradas crescer de forma sistemática, o excesso de oferta será mais uma bênção do que um problema. Porém, é certo que a busca desenfrea-da de caches poderá conduzir a algum de-sinteresse; mais cedo ou mais tarde acaba-remos por perceber que nunca iremos conseguir encontrar todas as caches e que as zonas apenas ficam totalmente “sorriden-tes” por um determi-nado período de tem-po; inevitavelmente acabarão por surgir novas caches.

Considerando o as-peto da qualidade, a análise poderá ser mais ambígua. No fundo, dependerá do tipo de geocaching que cada um mais aprecia. Para quem gosta de encontrar um recipiente dedicado, a evolução é claramen-te positiva. Variando

“Parece-me contudo que de cada vez que preferimos o passado poderemos estar a ignorar o presente e a

comprometer o futuro.”

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14 Fevereiro 2016 - eDiÇÃo 19

VALE.DO.RIO.CONHO.-.SERRA.DO.GERÊS

NECRÓPOLE.DE.SÃO.GENS.-.CELORICO.DA.BEIRA

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15Fevereiro 2016 - eDiÇÃo 19

MÉRIDA

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16 Fevereiro 2016 - eDiÇÃo 19

os contextos, muitos

criadores passaram a

esmerar-se bastante

na elaboração de re-

cipientes, investindo

tempo e dinheiro para

que os descobridores

possam ter uma ex-

periência melhorada.

Independentemen-

te dos propósitos, e

de um modo geral, a

mais-valia é significa-

tiva. Com o poder de

criar recipientes ela-

borados vem também

a responsabilidade; o

problema não se co-

loca no caso de existir

um local que valha a

pena mostrar e para

isso construiu-se um

recipiente dedicado,

mas sim na inversão

do paradigma: cons-

troem-se recipientes

elaborados e depois

decide-se a sua locali-

zação mediante o pro-

pósito de exponenciar

as visitas e alcançar

objetivos. O geoca-

ching deve manter-se

como um passatempo

em que se dá a conhe-

cer locais que tenham

algum tipo de interes-

se; assim, as caches

estarão mais prepa-

radas para passar o

teste do tempo. Pen-

sando ainda em ter-

mos de caches, é le-

gítimo considerar que

antigamente poderia

existir mais cuidado

em colocar recipientes

com dimensões mais

adequadas e com toda

a informação neces-

sária.

Feita a análise às

caches, importa

também pensar nos

geocachers. Esta ver-

tente poderá ser ainda

mais ambígua, mas é

aceitável considerar

que as boas práticas

se deterioraram um

pouco. Por exemplo,

um dos aspetos mais

significativos estará

relacionado com as

movimentações de

travel bugs e geocoins.

Atualmente, estes

itens tornaram-se tão

raros nas caches que

a sua descoberta pas-

sou a ser motivo de

celebração. Apenas as

caches mais isoladas

estarão menos sujei-

tas a estas práticas

enviesadas. Em ter-

mos da qualidade dos

registos, a temática

acaba por ser trans-

versal e as disparida-

des talvez não sejam

significativas; antes

e depois existem ex-

celentes exemplos de

partilha. Aliás, estas

diferenças, para o bem

ou para o mal, estarão

sobretudo relaciona-

dos com o aumento da

quantidade de caches

e geocachers.

Houve um tempo

em que o geocaching

era um segredo bem

guardado. A dissemi-

nação pelos meios de

comunicação acabou

por trazer muita gente

para o passatempo.

Muitas práticas e va-

lores deterioraram-se,

mas surgiram tam-

bém muitos aspetos

positivos e outros tan-

tos geocachers que se

empenham na promo-

ção da sua qualidade.

O tempo vai passando

e as fases de alento e

desânimo sucedem-

se naturalmente para

todos; poderemos até

atravessar momen-

tos e intervalos em

que o geocaching fica

esquecido. Contudo,

quando se sente o

prazer da descoberta

e o gosto pela Nature-

za, o geocaching é um

estado natural e a uma

essência intrínseca.

No final, para lá das

caches, das memórias

e das aventuras, fica-

rão as pessoas; e isso

supera qualquer sau-

dosismo. “Antigamente

é que era bom, mas o

posteriormente vai ser

ainda melhor!”

Texto / Fotos: António

Cruz (Valente Cruz)

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17Fevereiro 2016 - eDiÇÃo 19

COVADONGA.-.PICOS.DE.EUROPA

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18 Fevereiro 2016 - eDiÇÃo 19

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19Fevereiro 2016 - eDiÇÃo 19

“Todos têm uma criança alegre dentro de si, mas poucos a deixam viver.”, escreveu um dia Augus-to Cury. Será provavel-mente esta criança ale-gre que fica fascinada por actividades como o geocaching e o Ingress, passatempos que nos fazem recordar as velhas procuras pelo tesouro e as eternas lutas pela conquista do mundo, respectivamente. Hob-bies que nos fazem vol-tar atrás no tempo, via-jando pela imaginação, despertando a vontade de fazer algo apenas pelo prazer que isso nos dá.Vendo as coisas por este prisma, estas duas dife-rentes actividades têm, para lá das suas óbvias diferenças, pontos em comum, para além do facto de serem pratica-das ao ar livre. Analisan-do estas semelhanças e diferenças, nesta edi-ção escolhemos colocar frente a frente pratican-tes de Geocaching e de Ingress. No entanto, e após pensar um pouco, chegámos a conclusão de que conhecermos apenas dois pontos de vista seria redutor, uma vez que também existe quem “jogue” os dois em simultâneo.Iremos ter então um frente a frente entre três visões diferentes sobre estas duas actividades: a de um praticante das duas modalidades, a de

um jogador de Ingress e a de um geocacher.

Para nos dar a conhecer o ponto de vista de alguém que pratica geocaching e ingress simultanea-mente, teremos então a Teresa, mais conhecida como dakidali, tanto na comunidade geocacher como no mundo do In-gress, e que frequente-mente poderá ser en-contrada por terras de Leiria, dispensando mais apresentações depois de ter sido a entrevistada de capa da edição nº8 da geomag.

A representar a visão do jogador de Ingress esta-rá a Helena Henriques, de Coimbra, conhecida no universo Ingress pelo nickname Layla, tendo começado a jogar In-gress em Fevereiro de 2013.

Por sua vez, com a visão de um geocacher tere-mos a Ana Rodrigues, membro da equipa fa-miliar btt, praticante de geocaching desde Maio de 2008. Esta equipa conta com mais de 8500 caches encontradas no seu perfil, em 19 paí-ses diferentes, tendo também já caches es-condidas em seu nome, algumas delas bem co-nhecidas pelo seu intuito pedagógico de alertar os geocaches para um esti-lo de vida mais saudável.Muito se fala da compe-

titividade no geocaching mas será que ela tam-bém existe no Ingress? Onde jogar Ingress ou praticar Geocaching? Como funcionam os eventos de cada uma das actividades? E prin-cipalmente: Conquistar portais ou encontrar te-souros? As respostas a estas e outras pergun-tas, frente a frente, des-ta vez a três vozes!

1) Um geocacher, um jo-gador de ingress e um praticante das duas ati-vidades. Como tiveram contacto com os vossos hobbies? Como os co-nheceram? E para além disso, o que vos des-pertou interesse na ati-vidade que escolheram praticar?

Teresa: Ora bem, o con-tacto com o geocaching já toda a gente sabe que foi através de uma pesquisa na net sobre GPS, há muito, muito tempo… era ainda uma criança… quanto ao in-gress, foi também numa das milhentas pesquisas que fazemos na net que dei de caras com aquilo. Como sou uma curiosa destas novas tecnolo-gias pedi logo um con-vite, que tardava em chegar. Quando chegou nem sabia bem o que lhe fazer. Instalei o jogo e gostei do som e da inte-ração, pois fazia-nos sair de casa, mais uma vez, e

conhecer novos locais e novas gentes. O telemó-vel que tinha na altura não comportava o jogo… tive que esperar algum tempo até poder fazer um upgrade ao telemó-vel pois estava curiosís-sima de experimentar o jogo. O Ingress tem algu-mas parecenças com o geocaching e foi isso que me cativou.

Helena: Através de um amigo, o meu marido ouviu falar no ingress. Na altura, final de 2012, o jogo só estava dispo-nível através de convite. Recordo-me que ainda esteve uns dois meses à espera do convite dele e iniciou o jogo logo no início de janeiro de 2013. Eu achava um jogo estra-nho pois tinha uns sons esquisitos e ele saía de casa para ir aos portais, lembro-me de dizer “que jogo é esse que tens que andar atrás de uns pon-tos no ecrã do telemóvel?”. Como andava no carro com ele lá me convenceu a instalá-lo pois arranjou mais um convite. Iniciei o jogo um pouco no espí-rito “contra” pois achava que aquilo não era para mim.

Ana: Conhecemos o geo-caching por causa da nossa paixão por peda-lar no campo, longe da cidade e das estradas. Por isso adquirimos um GPS, para importar rotas e não nos perdermos.

Page 20: Edição 19

20 Fevereiro 2016 - eDiÇÃo 19

Com o GPS fomos con-sultar sites relaciona-dos e lá descobrimos o geocaching. Lembro-me de dizer que era melhor não experimentar pois o nosso tempo já era tão religiosamente esticado que viria complicar tudo. Foi assim que nos regis-támos em 2007 e só fi-zemos a primeira cache em 2008.

2) Sendo o Geocaching e o Ingress dois jogos pra-ticados ao ar livre, por-quê escolher um em vez do outro? Ou no caso da Teresa, porquê jogar os dois?

Teresa: Como sabem tenho algum tempo li-vre, ocupando-o quase sempre a fazer geoca-ching. Muitas vezes so-zinha e algumas delas arriscando mesmo, sem consciência do perigo, pois quando andamos em busca de uma cache, esquecemo-nos de tudo, e concentrados na busca por vezes fazemos coi-sas que, conscientemen-te, nunca arriscaríamos. O Ingress, pareceu-me mais pacífico, sem di-ficuldades de terreno e poderia, sem fazer mui-tos kms, jogar e ocupar assim o tempo. Numa cache, uma vez desco-berta, não há necessida-de de lá voltar, enquanto no ingress, podes e de-ves lá voltar sempre que o portal pertence à fação “inimiga”, para o recon-

quistares. Quase sem-pre onde há um portal existe uma cache, o que é curioso. No geocaching temos os PTs, os travel bugs e as geocoins, no ingress temos as mis-sões, as biocards, pins e crachás para colecionar.

Helena: Quando se fala no ingress e se tenta ex-plicar à maioria das pes-soas dizemos: é uma es-pécie de geocaching mas com vertente de “com-bate” face a expressão. Tem a parte da disputa e da competição com a outra equipa. Do que ou-via falar do geocaching a mim despertou juntar o bom dos dois lados que gosto: passeio e compe-tição.

Ana: Sem dúvida são duas atividades de ar li-vre, mas no geocaching ele é usufruído de modo mais intenso e verdadei-ro. O Ingress é um jogo de consola que se desen-rola na rua, estás sem-pre a olhar para o ecrã e não para o lugar ou para as pessoas. Além dis-so é repetitivo pois es-tás sempre a voltar aos mesmos locais.No geocaching também voltamos por vezes aos mesmos locais, mas porque gostámos muito ou vamos acompanhar amigos. No Ingress vol-ta-se repetidamente ao mesmo local para re-começar tudo de novo,

sempre os mesmos pas-sos que se repetem in-definidamente, como se fosse um círculo que te prende.

3) O Ingress é um jogo cuja narrativa principal baseia-se em duas gran-des facções de jogado-res. Também no geoca-ching a competitividade está presente na forma de jogar de muitos pra-ticantes. O que pensam da “rivalidade” existente entre jogadores da mes-ma actividade?

Teresa: Pois aí é que “a porca torce o rabo”, como se costuma dizer. Quando a competitivi-dade é saudável, faz-nos melhorar as nossas “performances”, a nossa habilidade e traz ao de cima o que de melhor há em nós. Quando a com-petitividade ultrapassa o bom senso e o saudável, traz ao de cima o que de pior existe no ser huma-no. E todos temos um lado bom e um lado mau. A minha opinião, como já a transmiti a muita gen-te seja do geocaching, seja do Ingress, o que “estragou” o geocaching foram a atribuição de fa-voritos e os souvenirs. O que “estragou” o Ingress foram os badges que se adquirem por várias ações que tens de com-pletar. O Ingress, é um jogo de equipa e de es-tratégia, mas tornou-se mais individual quando

apareceram os tais bad-ges.No ingress a rivalidade é mais agressiva pois temos que nos confron-tar muitas vezes frente a frente no terreno com os jogadores da outra fa-ção, enquanto no geoca-ching a competitividade é mais para quem liga a lugares de pódio, pré-mios e favoritos.

Helena: Pois… a rivalida-de… muito poderia e te-nho a dizer ao longo des-tes três anos de jogo. In-felizmente existe alguns jogadores que vivem isto de forma exagerada e transportam para o jogo a vida pessoal. Por ser mulher e jogar de igual para igual sempre sen-ti que “provoco” muitos jogadores por isso mes-mo. A única questão que me entristece no jogo é quando nos tentam atin-gir com “bocas” sobre a nossa vida pessoal e são ofensivos.

Ana: No Ingress é ine-rente ao jogo. É um jogo de guerra com armas, bombas e conquistas de “castelos” (portais).No geocaching a filosofia não é de todo essa! Claro que alguns de nós com espírito um pouco com-petitivo trouxeram à mo-dalidade um “cheirinho” a rivalidade que é vivida com alguma intensidade.No geocaching cada um pode escolher como “joga”, isso se chamares

Page 21: Edição 19

21Fevereiro 2016 - eDiÇÃo 19 21Fevereiro 2016 - eDiÇÃo 19

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22 Fevereiro 2016 - eDiÇÃo 19

jogo ao geocaching, pois para muitos é apenas um hobbie que nos leva a lugares fascinantes e a conhecer pessoas fora das nossas áreas de tra-balho.

4) Num dos jogos pro-curam-se caches, nou-tro conquistam-se por-tais. No entanto, estes jogos não se esgotam apenas na vertente de descoberta, possuin-do também uma com-ponente de criação de novas caches e novos portais, onde o jogador pode contribuir para a comunidade e para a ac-tividade. Para quem não conhece, como funciona esta “outra parte” do jogo?

Teresa: Tanto num como noutro, são submetidos pelos próprios jogado-res e aprovados, no caso do geocaching pelos re-visores e no do Ingress pela niantic. Existem re-gras para a submissão, tanto das caches como

dos portais. Desde de-zembro de 2015 que a submissão de portais está desativada do jogo, uma vez que eram aos milhares e a niantic não dava vazão aos pedidos. Como sempre, houve um exagero e uma subver-são das regras de alguns jogadores na submissão de portais, assim como de caches.

Helena: Neste momen-to no ingress essa par-te está suspensa por tempo indeterminado. Como houve um “boom” de submissão de no-vos portais a niantic não conseguia dar resposta aos pedidos de aprova-ção. Existia uma meda-lha por objetivos de sub-missão que neste mo-mento está “congelada” e aos novos jogadores já nem aparece. Houve muita gente a submeter também portais falsos para proveito próprio ou a submeter outros sem interesse do ponto de vista cultural. Sendo a

medalha “Seer” muito difícil de atingir pela de-mora na aprovação dos mesmos, muitos joga-dores como eu ficaram bem perto das medalhas de “platina” e “black” e ficámos “frustrados” por nem resposta receber-mos dos que ainda fica-ram em aprovação.

Ana: Aqui, no lado cria-tivo, o geocaching con-tinua a marcar pontos. Não se limita a tirar uma foto ao local e referen-ciá-lo, como no Ingress. Temos o texto (listing) que tanto pode ser in-formativo como lúdico, o desafio, a escolha do local, a confeção do con-tentor (container). Po-demos dar importância a uma das partes ou a todas.Colocar uma cache nova é como deixar algo de nós. Criar um portal... nada tem de mais....

5) Embora rapidamente pensemos nas duas ac-tividades como algo que

se joga a solo, a verdade é que em ambas a abor-dagem ao portal ou à cache, pode ser e muitas vezes tem mesmo de ser em grupo e de for-ma planeada. Concordas com esta afirmação?

Teresa: Sem dúvida. Es-tou a pensar nas caches de terreno mais ele-vado em que nunca se deve abordar sozinho, ou aquelas em que pre-cisamos de mais mãos para tapar uns buracos e deitar água, enfim um sem número de situa-ções. No Ingress temos forçosamente que jogar em equipa, pois quantos mais formos mais forte fica o portal e é mais di-fícil um jogador da outra fação o conquistar. Aliás o jogo está feito para que quem se inicie não fique desfavorecido em relação aos que já têm um nível mais alto e jo-guem há mais tempo. Os jogadores de nível mais elevado costumam aju-dar os principiantes, com

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dicas e dando material para a conquista e prote-ção do portal.

Helena: Para mim o in-gress é um jogo de equi-pa, de estratégia. Infe-lizmente com as meda-lhas que introduziram no jogo (que por um lado são fantásticas) também têm o senão de fazer com que o individualis-mo venha ao de cima. Muitos jogam só para si e para as suas medalhas e objectivos pessoais. Sinto-me um pouco de-siludida quando ouço jo-gadores da minha fação dizerem que não que-rem fazer “fields” sobre Coimbra pois depois não podem jogar como que-rem e precisam de “ap”. O objectivo do ingress é “m’us” (fazer fields) e só com trabalho de equipa conseguimos fazer fei-tos grandes. Dá imenso trabalho planear gran-des “op’s” e depois um simples jogador que não quer participar em equi-pa facilmente “estraga” e impede todo o trabalho de um grupo.

Ana: A necessidade de

fazer caches em grupo advém do grau de dificul-dade imposto pelo terre-no, por vezes perigoso e necessitando de ajuda de pessoas com deter-minados conhecimentos técnicos (por exemplo técnica de escalada).Muitas vezes procuram-se caches em grupo não pela necessidade mas pelo gosto de partilhar a experiência com um gru-po de amigos.No Ingress a partilha dos momentos em gru-po acaba por ser seme-lhante ao geocaching no sentido de progredir na atividade e na partilha de momentos, não deixan-do no entanto de conti-nuar a ser feito com os olhos no telemóvel.

6) Ambas as activida-des têm já uma grande comunidade de jogado-res, que se encontram em eventos espalhados pelo país. Já participa-ram em algum desses encontros? Como pode-mos saber onde irá de-correr um desses even-tos?

Teresa: No geocaching,

para saber de eventos, basta estar registado e ver os eventos que exis-tem nas proximidades através da página do geocaching.com, ou de outras páginas como o geopt.org, ou o geoca-ching.pt, inscrever-se e participar. No Ingress, existem comunidades, no Google+, que supor-ta um pouco o jogo, e criam-se eventos, en-contros, “farms”, “x frac-tions”, OP (operações para conquista de gran-des “fields”). O Ingress funciona muito com apli-cações de comunicação e de formação de grupos nas diversas platafor-mas que existem na in-ternet e no Google Play.

Helena: Desde que ini-ciei o jogo já participei na maioria dos eventos nacionais e até inter-nacionais (Barcelona e brevemente Madrid). Os encontros são excelen-tes pois podemos jogar com os colegas do res-to do país continental e ilhas, com quem falamos diariamente, e por em prática no terreno o que planeamos. É também

uma oportunidade de conhecer as caras atrás dos “nicks” de jogo, se-jam da nossa equipa ou da contrária. Os even-tos são divulgados pela niantic, nas nossas co-munidades nacionais e internacionais, páginas do g+, etc.

Ana: Sim... na medida em que no Ingress também criam eventos, mas de-pois de uma breve con-versa lá andam todos de olhos no écran do tele-móvel.....Nos eventos do geoca-ching o convívio e parti-lha das experiências são olhos nos olhos e pro-longam-se muitas vezes por horas, mesmo sem procurar qualquer cache.

7) Se pudessem sugerir algo para melhorar a ac-tividade que praticam, o que seria?

Teresa: Até há bem pou-co tempo, e sendo neste momento um jogo aber-to, no Ingress, havia uma grande interação entre a niantic, empresa que regula o jogo, e os joga-dores, com sugestões

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e correções a bugs do jogo. O Ingress tem vin-do a sofrer alterações, como todos os jogos interativos, e neste mo-mento preveem-se mais modificações, pois para tornar o jogo cativan-te terá que ir evoluindo conforme se vão esgo-tando as opções de jogo. Eu, no ingress, sugeriria algumas alterações, mas não as vou explanar aqui pois para as perceberem teria que explicar alguns princípios e ficaria uma resposta muito extensa.Quanto ao geocaching, acho que não tenho su-gestões, pois vamos amadurecendo ao longo do tempo e esgotando um pouco as novidades, vale pelo convívio, pelas pessoas que conhece-mos e ficámos amigas e dos encontros que com-binamos para umas ca-chadas e passeatas.

Helena: Em termos de jogo algo que falamos há muito tempo entre os jogadores no geral: co-locarem uma forma de sabermos que portais já visitamos e quais os que já capturamos. Prin-cipalmente para quem joga em grupo, em ca-sal e que viaja bastante, só um captura o portal por isso fica difícil saber quem capturou o que da ultima vez que lá fomos. Sugeria também que

houvesse um controlo mais eficaz para evitar a existência de tanta con-ta falsa que só é criada para “estragar” o jogo da equipa adversária e até da própria, infelizmente. Provavelmente se re-tirassem a medalha do “guardian” que não de-pende do jogador mas sim de um controle des-leal da equipa adversaria, muitas das discussões acesas e impróprias, e ri-validades extremas, de-sapareceriam.

8) Pensemos agora nes-te cenário: fim de um dia de trabalho, noite de verão, passeio por uma qualquer localidade do nosso país… Se tives-sem de nomear um local para iniciar e “agarrar” uma pessoa ao Geoca-ching ou ao Ingress, qual recomendariam?

Teresa: Para o Ingress recomendaria uma gran-de cidade onde existem muitos portais e se vai tornando viciante con-forme os vamos con-quistando e assim su-bindo de nível. No geocaching recomen-daria um passeio pelo campo, serra, um local onde haja menos gente, para que a procura seja serena e descontraída e no fim possamos encon-trar a cache sem proble-mas de sermos observa-

dos e assim denunciar-mos o local da cache.

Helena: Ui…tão difícil eleger um só local. O ingress despertou em mim um lado diferente, começamos a olhar à nossa volta de fora com-pletamente diferente e apreciamos de maneira única o que o país nos dá. Existem tantos locais fantásticos por esse país fora e ainda não visitei metade dele. Dos locais onde já joguei Guimarães e Porto continuam a ser as minhas cidades pre-feridas para visitar e jo-gar. Se a ideia era “agar-rar” uma pessoa ao jogo deve ser numa cidade pois existe mais compe-titividade por haver mais jogadores de ambas as fações e possibilidade de pontuar e subir níveis, escolhia Coimbra que conheço como a palma da minha mão e onde há muita cultura e conheci-mento aliado ao jogo.

Ana: Os locais de elei-ção e imperdíveis são inúmeros, desde a Cos-ta vicentina ao Gerês ou simplesmente à serra de Monsanto aqui bem per-to de Lisboa.

9) Algum conselho para quem queira começar a praticar Geocaching e/ou Ingress?

Teresa: Recomendo vi-vamente a toda a gente de qualquer idade a prá-tica de geocaching, já o ingress deve ser jogado por maiores de 16 anos, ambos nos fazem sair de casa, conhecer novos lo-cais e pessoas.

Helena: Sim, aconselho a virem para este jogo com o espírito do convívio entre fações. Podemos ser “rivais” no jogo mas nada impede que nos sentemos numa espla-nada a beber um café e a conversar pois o melhor deste jogo ainda são as amizades que se fazem e há amigos que fiz no ingress que levo para o resto da vida.

Ana: O melhor conse-lho que se pode dar a um geocacher é partir à aventura, pois é isso o cerne do jogo, quer indi-vidualmente quer como jogo de família, sendo um excelente pretexto para sair de casa.

Texto: Teresa Ribeiro / Helena Henriques / Ana

Henriques (dakidali / Layla / btt) / Bruno Go-

mes (Team Marretas)Fotos: Teresa Ribeiro /

Helena Henriques / Ana Henriques (dakidali /

Layla / btt)

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com BMPS2003 § por FSENA

“O que levo na minha mochila” é uma rúbrica em estreia na geomag, que pre-tende partilhar com todos os nossos leitores um pouco do que os nossos convidados levam consigo nas suas cachadas mais organizadas. Não dei-xem de partilhar connosco as vossas mochilas no nosso facebook em http://fb.me/geomagpt

Bruno Santos, também co-nhecido como BMPS2003 (e por ser o cabecilha do

grupo “Os Pintas”) é um geo-cacher organizado. O seu trei-no como bombeiro assim o obriga, ou não fosse ele um veterano Soldado da Paz. De-pois de um pouco de conver-sa quisemos saber o que ele levava consigo para as suas jornadas de geocaching. O re-sultado? Tal como esperado, muito material de primeira necessidade. No fim de con-tas, um geocacher precavido vale sempre por dois. Confi-ram a lista!

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MALA QUECHUANada como uma mala de aventura da De-cathlon para satisfazer todas as necessidades de outdoor, com con-forto e resistência. Uso esta mala porque tem bastantes arru-mações e não tem um tamanho excessivo. Perfeita para as nos-sas expedições pela serra de Aire!

KIT PRIMEIROS SO-CORROS E LANTERNA FENIX TK5 (COM PIL-HAS ULTRAFIRE) Num kit de primeiros socorros não é preciso muita coisa, apenas o básico... uns pensos rapidos, umas com-pressas e pequenos frascos de soro para lavar feridas/cortes, tesoura e se possível alguns medicamentos para alergias já conhe-cidas ou para dores de cabeça. Um bombeiro nunca pode andar de-sprevenido!Relativamente à lan-terna, nunca se sabe quando se vai a uma gruta ou túnel ou mes-mo se anoitece antes de chegarmos em se-gurança ao carro! Daí ter uma lanterna, de preferência potente, e, claro, com alguns pares da baterias.

MÁQUINA FO-TOGRÁFICA PENTAX/RICOH WG5 (PROVA CHOQUE/AGUA)Gosto de fotogra-fia mas é impen-sável andar com uma grande máquina atrás de nós em aven-turas mais extremas como eu mais gosto. Já tive uma que teve vários azares e optei, desta vez, por esta adventurecamera da PENTAX para aven-turas tanto dentro de água, como na lama ou em pó. O facto de ser à prova de choque permite-me andar se-guro e com confiança na máquina. A nivel de fotografia, os meus resultados não são nada de profissional mas consigo fotos únicas que de outra forma seria impos-sível.

GPS GARMIN OR-EGON 450Apesar de ser um modelo já antigo é muito bom! Muito resistente inclusivé dentro de água, sendo que as limitações de capacidades tam-bém são mais que suficientes. Só peca, talvez, pelo pouco contraste do LCD em caso de luz excessiva (sol forte, por exem-plo). É mais compli-

cado ver o mapa mas não deixa de ser um problema contornável. Muito importante é a marcação do track (percurso) para não nos perdermos e, claro, no fim em casa analizarmos o per-curso e até nos rir-mos mesmo com os desníveis. Uma outra grande vantagem é a sua capacidade de correr wherigo’s, coisa que os novos disposi-tivos da Garmin não suportam. Recomen-do!

BASTÕES E PERNEI-RASOs bastões são mui-to importantes em grandes caminhadas ou grandes desníveis, porque divide o es-forço das pernas com os braços e dá mais resistência e segu-rança na abordagem aos desníveis. São elementos relativa-mente baratos do equipamento mas que são recomendáveis a quem pretende fazer algumas abordagens a zonas de maior relevo. Já as perneiras são muito importantes quando se faz alguma cache com mais mato e que seja necessário “fazer” caminho... menos riscos no “chassis” :)

TRIPÉ E POWERBANK 20.000maH

O tripé e um extra, cla-ro! Mas dá jeito para tirar fotos de grupo, e por ser maleável dá para agarrar em todas as superfícies e de várias formas e fei-tios! Hoje em dia serve também como selfie stick :D (modas)!

A powerbank é mais um extra, pois hoje em dia os smartphones gastam muita bate-ria, e usando o GPS e a app de geocaching, maior é o consumo, daí a necessidade de uma powerbank, pode ser preciso energia com urgência. Como tem uma capacidade de 20.000ma/h, serve também para carregar a máquina fotográfica ou outros aparelhos usb de 5v (como por exemplo os telefones dos companheiros de cachadas). Este pow-erbank tem também a funcionalidade extra de se auto-carregar com um painel solar, um acessório que só por si compensa.

Texto / Fotos:

Bruno Santos (bmps2003)

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Por Zé Sampa

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G C 6

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Em pleno concelho da Mealhada, no coração da Bairrada, terras do famoso espumante e do delicioso leitão, e não longe da singular vila do Luso conhecida pela riqueza das suas águas [GC4VAHQ], esconde-se um mundo mágico de inestimável valor arquitetónico, botânico e paisagístico único na Europa, a Mata do Bus-saco (ou Buçaco, ambas as grafias são aceites). Local assinalado pelo homónimo tesouro plantado por clcortez, um dos nomes mais re-conhecidos pela comu-nidade do Geocaching nacional (cfr. GeoMaga-zine n.º 14).

A cache, a segunda ativa mais antiga do distrito de Aveiro, escondida em 17 de Julho e publicada a 21 de Setembro de 2005, tem a particulari-dade de sinalizar não só um local de transcen-dente beleza natural, mas também um espa-ço recheado de história e múltiplos pontos de interesse.

Aliás, é precisamente o inigualável passa-do deste espaço que confere à mata, como

um todo, um carisma e magia únicos, presente nas inúmeras manifes-tações arquitetónicas integradas em plena harmonia na luxuriante floresta. Assim, para que se possa compreender o inegável legado históri-co-paisagístico do local, ainda que seja pratica-mente impossível resu-mir em poucas palavras o seu incrível passado, é imprescindível recuar vários séculos de his-tória, onde o religioso, o militar e o romântico encontram-se intima-mente ligados.

As origens da mata re-montam ao século XVII, mais precisamente ao ano de 1628, quando pelo Bispo de Coimbra uma pequena parte da serra do Bussaco foi doada à Ordem dos Carmelitas Descalços que aí construíram o seu Deserto, fundando mais tarde o Convento de Santa Cruz do Bussaco.

Em pleno isolamento com o exterior e em obe-diência à prática eremí-tica de penitência e ora-ção, os monges criaram um espaço amuralhado com uma área total de 105 hectares (corres-

pondente à atual Mata Nacional do Bussaco) no qual construíram um impressionante conjun-to de estruturas carac-terizadas pela simplici-dade das suas formas, em total respeito e har-monia com o ambiente natural, preservando a flora nativa à qual foram acrescentando centenas de espécies exóticas vindas dos quatro can-tos do mundo. Assim, um pouco por toda a mata, entre o frondoso e luxuriante arvoredo, onde se destaca o cedro do Bussaco [GC5DK2F], erguem-se inúmeras capelas, ermidas, gru-tas, miradouros, fontes e ainda uma emblemáti-ca via-sacra.

Contudo, a história do Bussaco não se resume à vida religiosa da or-dem carmelita. A serra foi também palco de um momento decisivo da história nacional quan-do, em 27 de Setembro de 1810, durante a Terceira Invasão Fran-cesa, as forças anglo--lusas sob o comando do Duque de Wellington derrotaram as forças napoleónicas lideradas pelo Marechal Massena. A batalha, desde então

conhecida como Bata-lha do Bussaco, apesar de não ter expulsado definitivamente as tro-pas invasoras, causou severas baixas no exér-cito francês, enquanto as forças da aliança reforçavam a confiança no seu próprio valor, garantindo-lhes simul-taneamente tempo pre-cioso para o reforço das Linhas de Torres.

O feito ainda hoje é mo-tivo de orgulho no Bus-saco, estando patente no obelisco comemora-tivo e no Museu Militar inaugurado pelo rei D. Manuel II aquando do primeiro centenário da batalha. Inevitavelmen-te também a história do convento acabaria por ficar associada a este episódio, tendo o mes-mo desempenhando um papel fundamental no acolhimento ao cenário de guerra. Além de que, foi aí, na segurança das suas paredes, que o Du-que de Wellington terá pernoitado no vitorioso dia da batalha.

Em 1834, um pouco à semelhança do sucedi-do com inúmeros con-ventos e mosteiros, a extinção das ordens reli-

“Em pleno isolamento com o exterior e em obediência à prática eremítica de penitência e oração, os monges

criaram um espaço amuralhado”

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giosas acabaria por ditar o abandono do Conven-to de Santa Cruz do Bus-saco, deixando-o entre-gue à sua própria sorte. Todavia, quis o destino que nos finais do século XIX, com a idealização do Bussaco romântico, o convento e a centenária mata sofressem uma nova transformação, levando à construção do Bussaco Palace Hotel, o ex-líbris arquitetónico da mata.

O palácio, no qual foi in-tegrada a igreja e parte da estrutura do antigo convento, foi construí-do entre 1888 e 1907 segundo o projeto de Luigi Manini (arquiteto e cenógrafo do Teatro Nacional de S. Carlos também conhecido pelo projeto da Quinta da Regaleira, em Sintra – cfr. GeoMagazine n.º 6) e contou ainda com as intervenções, em diferentes fases, dos arquitetos Nicola Biga-glia (Casa dos Cedros), Norte Júnior (Casa dos Brasões) e José Alexan-dre Soares. Edificado em estilo neomanuelino, ao longo da sua estrutura encontram-se referên-cias à Torre de Belém, motivos do claustro dos Jerónimos e do Conven-to de Cristo. No seu in-terior reúnem-se obras de arte dos grandes mestres portugueses da época que através de azulejos, telas, frescos e pinturas evocam a Epo-

peia dos Descobrimen-tos Portugueses, Os Lusíadas, os Autos de Gil Vicente e a Guerra Pe-ninsular transformando o requintado edifício num monumento único e revivalista do român-tico legado da glória nacional.

Assim, não é de estra-nhar que o hotel, digno de um conto de fadas, inaugurado pelo rei D. Carlos e pela rainha D. Amélia, tivesse sido o requintado cenário de inúmeras festas, bailes e banquetes da aristo-cracia portuguesa, bem como de históricos ro-mances, como o escan-daloso relacionamento que envolveu o jovem rei D. Manuel II e Gaby Deslys, famosa atriz e corista francesa do início do século XX.

Finalmente, foi também aqui, no Bussaco, que o rei D. Manuel II realizaria a última das cerimónias oficiais da Monarquia Portuguesa, nas come-morações do primeiro centenário da Batalho do Bussaco, após o que, forçado pela implanta-ção da República, partiu para o exílio.

Felizmente, não obstan-te o fim da monarquia, o Bussaco não perdeu ne-nhum do seu encanto ou magia, permanecendo um local único, repleto de história e estórias ligadas por um elo co-

mum: o verde oceano da assombrosa mata.

Com tanto para mos-trar e descobrir é quase inevitável perguntar ao owner o que mais gos-ta na Mata do Bussaco: “Bom, diria que gosto da Mata do Bussaco pelo seu todo, pelo conjunto, de um modo geral. É um local mágico, único, que reúne uma série de valências que nos levam a outra dimensão mal passamos os muros da propriedade para o seu interior. Só quem a visita, conhece a sua história e repara nos de-talhes consegue sentir algo assim. Ele há tanto que visitar no seu inte-rior que seria moroso e cansativo detalhar tudo mas posso centrar-me no seu ex-libris, o Palá-cio. Este é sem dúvida o marco que qualquer visitante tem que co-nhecer, e não são raras as vezes que quando se fala no Bussaco o que se refere é o Palácio e não a Mata, embora a Mata seja o conjunto arqui-tetónico e botânico que está reunido intramuros que não se restringe ao Palácio, mas também ao Convento, o Jardim do Palácio, o Vale dos Fe-tos, a Via Sacra e, claro, a Cruz Alta.”

É precisamente este “triângulo Mata-Palá-cio-Batalha” que a an-tiga cache, através da fantástica e completa listing (aqui acompa-

nhada de perto) preten-de mostrar. Pois, apesar do contentor se encon-trar num dos mais belos miradouros da mata e o ponto mais elevado da serra, a Cruz Alta, ela convida-nos a explorar tudo aquilo que este espantoso espaço tem para oferecer. Assim, ao invés de irem direta-mente ao GZ facilmen-te acessível de carro, deverão perder-se nos meandros da exótica vegetação, visitando e descobrindo os imperdí-veis encantos dos vários pontos de interesse es-palhados pela mata.

Com tantos locais para visitar é impossível não perguntar porquê uma cache tradicional e não uma multi-cache? “Nes-te caso em particular obviamente pensei em fazer uma multi que passasse pelos locais mais emblemáticos da Mata, começando junto ao Palácio e terminando na Cruz Alta, tal como agora. Basicamente, era seguir a Via Sacra. Tal não foi possível na altura porque não tive disponibilidade de criar uma multi, algo que exigiria muito trabalho. Uma cache bem elabo-rada demora tempo a preparar, é preciso pes-quisa, ir ao local várias vezes, perguntar, reunir com responsáveis, en-tre outros. Infelizmente só tive possibilidade de preparar uma tradicio-

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FONTE.FRIA

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CONVENTO.DE.SANTA.CRUZ.DO.BUSSACO

MATA.DO.BUSSACO

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nal que coloquei no local que seria o local final de uma possível multi, pela lógica do percur-so. Assim, sugiro aos geocachers que entrem na Mata em direção ao Palácio e que daí sigam em direção à Cruz Alta, passando pelos vários locais de interesse. Cla-ramente quem decide fazer o que recomendo nunca se arrepende!”

Contudo, uma vez que alguns destes locais es-tão pouco ou mal sina-lizados e encontram-se dispersos ao longo duma extensa área, aconse-lha-se que, através do mapa disponível no site da Fundação Mata do Bussaco (entidade sem fins lucrativos respon-sável pela gestão, con-servação e promoção da mata) sigam os diversos trilhos aí assinalados, os quais, com relativa fa-cilidade, permitem des-cobrir tudo aquilo que a mata tem para mostrar. Em qualquer dos casos, tratam-se de pequenos percursos pedestres temáticos de dificuldade fácil/média, cuja exten-são varia entre os dois e os três quilómetros, com início e fim junto ao convento/palácio locali-zado no centro da Mata Nacional.

A título meramen-te sugestivo, após se perderem de encantos pela sumptuosidade do palácio (de forma a não perturbar o descanso

dos hóspedes não é possível visitar o seu interior) e do seu jardim de influência barroca, o Jardim Novo datado de 1886-87, visitem o con-vento, seguindo depois um dos indicados trilhos à disposição: o Trilho Floresta Relíquia, dedi-cado à floresta primitiva da Mata Nacional do Bussaco representativa das antigas florestas das montanhas do cen-tro de Portugal existen-tes antes da ocupação humana; o Trilho Água, que nos leva a conhe-cer o impressionante conjunto de fontes contruídas ao longo dos séculos pelos monges carmelitas, bem como intervenções mais tar-dias como a cascata de Santa Teresa, o Lago Grande e dois dos mais famosos locais de toda a mata: a Fonte Fria e o Vale dos Fetos; o Trilho Militar, que nos leva a percorrer os vários pon-tos associados à Bata-lha do Bussaco como o Museu, o Obelisco e ain-da a Porta e o Moinho de Sula [GC2DYG8] e, finalmente, o Trilho Via-Sacra dedicado à via-crucis do Bussaco que ao longo de 3 km recria os momentos finais da vida de Cristo, corres-pondentes aos Passos da Prisão e da Paixão, representados por pe-quenas capelas cujo in-terior acolhe figuras de barro em tamanho real

que recriam cada uma das cenas. O seu con-junto, complementado com as recriações do Pretório e do Calvário é um dos muitos pontos de visita obrigatória e culmina com a subida ao ponto mais alto da serra e miradouro por exce-lência, a Cruz Alta.

Aliás, é este último per-curso o aconselhado pelo owner para aceder ao tão desejado tesou-ro, no fim do qual, após a longa e sinuosa su-bida pelo sacro monte carmelita, encontramos o cobiçado contentor emoldurado pelo maior dos prémios, a inefá-vel vista! Aí, acima dos 500 metros de altitude, numa visão de quase 360º graus, nos dias em que os céus assim o per-mitem, para além dos contornos das serras da Estrela, Caramulo e Lousã, é possível avistar o desmedido horizonte que se espraia desde o coração da Bairrada até à longínqua costa atlân-tica. O cenário capaz de roubar o fôlego até aos menos românticos, é fechar em grande a des-coberta de todo aquele mágico espaço que aqui se estende a nossos pés.

A cache é apenas um chamariz, o engodo per-feito para descobrir ou redescobrir esta doce tentação que quando experienciada como um todo decerto deixa-

rá grandes memórias. Aliás, parte do seu en-canto, senão mesmo o maior deles, é o con-vite à descoberta que a mesma proporciona, deixando à imaginação de cada um explorar tudo aquilo que este espaço único tem para oferecer. Sendo que as opções aqui indicadas são meras sugestões.

O certo é que, tal como refere o owner, quem se aventure a experienciar as inúmeras valências da mata jamais se ar-rependerá. Sendo que a satisfação da descober-ta encontra-se expressa no elevado número de favoritos, bem como nos logs que tecem elogios rasgados ao mundo que é o Bussaco. Ainda assim, de entre os cerca de 1000 fou-nds, o que transforma o tesouro num dos 500 mais visitados ao nível nacional, há um registo ou aventura que acabou por deixar marca no seu proprietário. Quando lhe perguntei se havia algum log que o tives-se marcado de forma diferente ou especial, a resposta foi quase imediata: “Há vários, es-pecialmente os logs dos primeiros dois anos da cache (…). Mas o log que mais me marcou nesta cache nem foi pelo que está escrito, mas por toda a aventura que me foi relatada pessoal-mente pelo geocacher

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tempos depois (…). Foi o log/aventura noctur-na dos timearth de 1 de Fevereiro de 2008, em que ele e mais uns quantos colegas de tra-balho não-geocachers, saíram do Luso onde es-tavam hospedados em trabalho em direcção a esta cache, subindo de madrugada sem luzes direitos até à cache, que como o nome do local indica, fica no ponto mais alto das redonde-zas, a quase 500 metros de altitude…” Descober-ta que foi muito mais do que um simples achado! Foi uma “loucura” que, pela emoção e aventura vivida, acabou por mar-car não só o geocacher

como o próprio owner. Sem dúvida, uma sau-dável loucura, daquelas que só o Geocaching é capaz de nos proporcio-nar.

Mas, decerto, esta não será a única aventura que este tesouro terá para contar… Quem o ouse visitar jamais ficará indiferente à magia do Bussaco. Um local digno de figurar entre as mais belas maravilhas deste nosso Portugal aqui per-sonificado no secular e único tesouro da mata (a colocação de caches na mata está sujeita à au-torização da Fundação), embaixador da gran-diosa expressão deste monumento. Um local

mágico que não só me-rece como precisa de ser acarinhado! E, para isso, basta visitá-lo, contri-buindo com a entrada na mata (apenas cobrada a veículos motorizados). Solidário contributo para que a respetiva Fundação continue a promover a conservação e reabilitação de todo o espaço, o qual ainda os-tenta marcas profundas do forte temporal que se abateu sobre a zona em Janeiro de 2013. Um humilde contributo para um futuro que se espera risonho para a Mata Nacional do Bus-saco! Afinal este espaço, tal como toda a Natu-reza também é nosso!

Agora visitem-na e no final perceberão que a “Mata do Buçaco não se descreve... o melhor é perder-nos nela.” (José Saramago, in Viagens a Portugal)

Fontes (para além da completa listing):

- http://www.fmb.pt/v2/pt/

- http://www.bussaco-palace.com/

- http://www.cm-mea-lhada.pt/

Texto: José Sampaio (Zé-Sampa) e Cláudio Cortez (clcortez)

Fotografia: José Sam-paio (ZéSampa)

MAPA.DA.MATA.DO.BUSSACO

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37Fevereiro 2016 - eDiÇÃo 19 37Fevereiro 2016 - eDiÇÃo 19

PRETÓRIO.(VIA.SACRA)

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38 Fevereiro 2016 - eDiÇÃo 19

Hey! Cá está o texto mais chato da melhor revista virtual do mun-do! É hoje que vais ler?O mandamento de hoje é uma solicitação a to-dos os que navegam no mundo do Geocaching: podes mexer.Yah! Podes mexer à vontade. Procura bem a cache. Passa a mão por todos os buracos. Suspeita de cada peda-ço de erva que vês à tua frente. A malandra pode estar bem dissimulada num dos milhares de ra-mos que vês. Ou estará presa numa pata de um pato?“Então mas agora já posso mexer?! Não ha-via um mandamento que proibia alterar as cenas?”Ora bem, continuemos a nossa bonita reflexão. Recuperaste a cache com segurança q.b..

Conseguiste enganar a câmara de segurança do prédio e até a filha da vizinha. Já a tens na tua mão (a cache, entenda-se). E reparas que a sua tampa está partida: na próxima noite húmida o logbook vai sofrer. E o papelinho das assinatu-ras acabou. Há comida lá dentro. Ou apercebes-te que a cache estava cla-ramente fora do local da foto spoiler ou da dica. Não falta um saco plás-tico? E aquilo não devia estar colado aqui? O logbook está demasiado encharcado.São tantas as situações com que podemos de-parar-nos quando pe-gamos na cache. E po-demos fazer tanto para colaborar com o owner. Costumas andar com lo-gbook de emergência no carro? Não tens um rolo de fotografia algures na bagageira? Será que

o owner tem de fazer tudo sozinho? Custa-te muito substituir a cache e avisar o owner? Ou re-colher a cache destruída para entregar ao “pai”? Quem nunca encontrou um logbook demasia-do húmido e o enviou por correio ao legítimo dono?O que não vale é colo-car uma cache “porque não encontro a outra e acho que ela devia estar aqui”! Realmente, há cromos para tudo…Caríssimo leitor, de fac-to não devemos alterar o que outro criou, nem destruir, nem roubar, nem fazer desaparecer. Não devemos remexer o terreno, destruir pa-redes ou cortar ramos. Nem fugir com a cache para a usarmos como nossa.Mas, o que devemos fa-zer, sempre que possí-vel, sob pena de pecado

mortal, é colaborar com o owner. Mexer na cache se ela precisar de um penso, de um logbook ou de uma substituição. Em último caso, e isto é para aqueles que estão sempre a correr, basta enviar um mailzito ao owner a alertar e a so-licitar manutenção. Só precisas de 24 segun-dos. Infelizmente, esses já não vão ler estas fra-ses finais.Não esqueçamos que a colaboração de todos é importante para que as milhares de caches estejam sempre opera-cionais. Será um ótimo sinal quando os owners deixarem de precisar de fazer manutenção às caches; significa que ou-tros geocachers estão atentos, mexem e co-laboram positivamente. Assim seja.Texto / Fotos: Tiago Ve-loso (Tiagosd)

PODES MEXERM A N D A M E N T O S

p O r T i A g O V E l O S O

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39Fevereiro 2016 - eDiÇÃo 19

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40 Fevereiro 2016 - eDiÇÃo 19

GEOCACHING E CIÊNCIA

C O N F E r Ê N C i A

p O r p A l h O C O S M A C h A D O E p E D r O . B . A l M E i D A

40 Fevereiro 2016 - eDiÇÃo 19

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“GEOCACHING E CIÊNCIA” é o nome do projeto escolar que envolveu mais de 350 alunos da Escola Secundária da Lagoa, em São Miguel, Aço-res.

Este projeto educati-vo e multidisciplinar começou a desenvol-ver-se em novembro de 2015 com alunos de várias turmas do 3º Ciclo e Secundário, que depois de partici-parem em dois proje-tos sobre Geocaching nos anos letivos an-teriores, desenvolvi-do pelos professores organizadores destes projetos (José Carrei-ro aka E4E, José Silva aka Kufla e Luis Ma-chado aka Palhocos-machado), desenvol-veram de novo várias atividades multidis-ciplinares, em par-ticular em Informá-tica (programação e impressão a 3D), Física (Exploração Espacial), Geografia (coordenadas GPS), Inglês, Matemática (cifras, enigmas e cálculos) e Ciências Naturais/Geologia (a geologia…), pois este projeto tinha uma forte componente de ciências.

Uma das atividades realizadas consistiu numa conferência relativa ao tema do projeto (Geocaching e o Espaço), que se realizou este mês de fevereiro, com o anfi-teatro completamen-to cheio, onde foram oradores, para além dos professores res-ponsáveis por este projeto, os conferen-cistas convidados: Doutor Pedro Mota Machado (astrofísi-co, investigador de vários projetos espa-ciais internacionais, membro do Obser-vatório de Lisboa e professor universitá-rio da Faculdade de Ciências) e a Mestre Eva Lima (do Geopar-que Açores e Univer-sidade dos Açores), que apresentou o tema Geocaching em Geosítios dos Aço-res. Ainda, durante esta sessão foram apresentados, pelo geocacher Pedro Al-meida, alguns dos fil-mes participantes no GIFT2015 – Festival Internacional de Fil-mes de Geocaching.

Várias turmas envol-vidas neste projeto visitaram o ExpoLab,

a Casa dos Vulcões (OVGA), o Observa-tório Astronómico de Santana (OASA) e a Lagoa do Canário, onde se localiza a caixa “Seleção Natu-ral” (GC57T0Z), caixa vencedora dos Pré-mios GPS 2014, para a Região Açores. Em cada um dos locais visitados os alunos, acompanhados pelos professores, procu-raram pelas várias caixas lá existentes.

Este projeto teve por objetivos: pensar a escola como um lugar de desafios pessoais; possibilitar aos alu-nos conhecimentos a respeito do jogo mundial de aventuras - o Geocaching; dar a conhecer aos alunos outros locais deste arquipélago; fomen-tar o respeito pela natureza, património e meio ambiente, contribuindo para uma atitude mais responsável e parti-cipativa relativamen-te à conservação do meio ambiente, na-tureza e património; desenvolver conhe-cimentos e capacida-des relativas à orien-tação, seguimento

de trilhos e utilização das novas tecnolo-gias (GPS, Smartpho-nes, Pens universais, Chirps,...) e muito em especial a impressão 3D e interligação/ar-ticulação com as dis-ciplinas de Ciências Naturais/Geologia/Física, na abordagem das “caixas”.

Realizou-se, ainda no contexto deste proje-to, uma conferência no Salão Nobre da Câmara Municipal de Ponta Delgada, onde o Doutor Pedro Mota Machado falou nas mais recentes des-cobertas relativas ao Espaço em que es-tiveram envolvidos cientistas portugue-ses e em particular micaelenses. Este evento foi presidido pelo Dr. José Bolieiro, Presidente da Câma-ra Municipal de Ponta Delgada. Também se realizou, no Obser-vatório Astronómico de Santana (OASA), o evento: “Exploração Espacial: do Sistema Solar aos Exopla-netas” (GC66W8F), onde o cientista Pe-dro Machado falou no seu trabalho de in-vestigação e sua co-

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laboração em vários projetos de explora-ção espacial. Pedro Mota Machado, cuja atividade principal é focada nas ciências planetárias, falou sobre algumas das tecnologias desen-volvidas para e pela exploração espacial do nosso Sistema Solar e de que forma estas nos permitem explorar planetas que orbitam outras estrelas que não o Sol. Adotando um linguagem acessí-vel a todo o público, esta apresentação foi feita num ambiente informal, num espa-ço aberto a todo o público interessado. Após a apresentação foi efetuada uma ob-

servação do espaço, com os telescópios existentes no OASA.

Este projeto contou com o apoio e colabo-ração das seguintes entidades: Câmara Municipal de Lagoa, Câmara Municipal de Ponta Delgada, Câmara Municipal da Ribeira Gran-de, OASA, ExpoLab, OVGA e GeoParque Açores, bem como da Comunicação Social dos Açores, que procurou estar presente em muitos dos eventos, tendo inclusive efetuado o acompanhamento a uma cache espe-cial e realizado uma entrevista em direto no programa “Açores

Hoje”, bem como uma extensa reportagem para o telejornal da RTP-Açores.

IMPRESSÃO 3D DE GEOCOINS

Uma das componen-tes do projeto edu-cativo escolar “Geo-caching e Ciência” constou da produção de “geocoins” rela-tivas a este projeto. Esta vertente do projeto, que contou com a colaboração do ExpoLab, con-sistiu na conceção, programação e pro-dução destes itens de geocaching, usan-do a impressão 3D. Assim vários alunos finalistas do curso de Informática da Escola

Secundária de La-goa, acompanhados de vários professo-res, participaram no módulo de formação “Workshop Impres-são 3D – Aprenda a imprimir 3D no con-ceito RepRap”, utili-zando a impressora 3D, onde foram pro-duzidas 25 geocoins que foram, mais tarde, oferecidas às entidades parceiras e aos apoiantes deste projeto inovador na ilha de S. Miguel.

Luis Machado e Pedro Almeida

Créditos fotográfi-cos: Pedro Machado, José Carreiro, Pedro Almeida e Luis Ma-chado

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IMPRESSORA.3D

CONFERÊNCIA

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p o r Y e s i m i a u

A L É M F R O N T E I R A S

C H I N A

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ARRANHA.CÉUS.DE.HONG.KONG

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Quando comentáva-mos com os nossos amigos que estáva-mos a planear ir à China, raras foram as respostas entusias-tas. “China? O que vais ver lá?” “Não há sítios mais perto?” “Vais pas-sar fome!” “Deus me livre!” Não poderiam estar mais engana-dos!

A China é, de facto, outro mundo em to-dos os sentidos pos-síveis e imaginários. É um país quase tão grande como a Euro-pa, alberga mais de um bilião de pessoas e tem avenidas mais compridas do que a Ilha da Madeira. Não podemos dizer que foi uma viagem sem percalços, mas são justamente essas as histórias que mere-cem ser contadas.

PEQUIM

Chegámos à capital chinesa no dia 2 de Novembro às 8 da manhã, depois de

quase 3 dias gastos em viagens e esca-las. Escusado será dizer que estávamos a morrer para a vida e só queríamos dormir e comer algo além de chocolates e comida de avião, mas não ha-via tempo para isso. O nosso guia já estava à espera no aeroporto para nos levar ao sí-tio que motivou toda a viagem: A Grande Muralha da China!

Levámos 2 horas de carro para lá chegar. A condução na China é, digamos, peculiar. Em cada cruzamen-to pensávamos que íamos morrer. Para, efectivamente, che-garmos à muralha, tivemos de subir a pé por um trilho bastante inclinado durante per-to de uma hora. Habi-tuados a caminhadas como estamos, já percorremos trilhos muito piores, mas o cansaço era extremo e pensámos, mesmo,

que não conseguiría-mos chegar ao topo. Cada passo era tortu-ra e o nosso destino parecia cada vez mais longe. Retirámos for-ças de onde não as tínhamos e finalmen-te chegamos à torre de vigia da Muralha na secção de Jiankou. Esta secção não está restaurada. É possível ver a degradação que os séculos foram dei-xando na construção. No entanto, apesar de tamanha destruição, a beleza é indiscutí-vel. Quando percebe-mos que estávamos a tocar no solo da Mu-ralha e olhámos em frente para tamanha imensidão, sentimo-nos pequeninos e, então, tudo desapa-receu: a fome, o can-saço, o sono...

De repente estáva-mos cheios de vigor para enfrentar os 10 Km que tínhamos pela frente. Para onde quer que olhássemos

havia razões para tirar uma fotografia. Claro que, por esta altura, eu já estava de GPS na mão na expectativa de encontrar alguma coisa, se é que enten-dem... É com muito orgulho que, durante o nosso percurso, en-contramos 2 caches: C h a n g C h e n g C a c h e [GC3H10C] e First up, then downstairs. [GC3Q0H4]. Esta últi-ma com uma história engraçada pois foi o local onde o owner pediu a namorada em casamento.

No fim, esses 10 Km pareceram 10 me-tros. Quando acaba-ram, só queríamos continuar em frente até nos perdermos de vista! A caminhada finalizava na secção de Mutianyu que está completamente res-taurada e apinhada de turistas. A descida até à estrada já não foi a pé, mas sim de es-correga. Uma forma

“No fim, esses 10 Km pareceram 10 metros. Quando acabaram, só queríamos continuar

em frente até nos perdermos de vista!”

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A.CIDADE.PROIBIDA

GRANDE.MURALHA.DA.CHINA

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original e divertida de acabar o passeio em grande. Não admira que a Muralha seja uma das 7 Maravilhas da era moderna. Pou-cos locais haverá no mundo como este.

Além da Muralha, a Ci-dade Proibida é para-gem obrigatória para qualquer turista em Pequim. É uma outra cidade dentro da pró-pria capital e é de uma imponência e riqueza deslumbrantes. Pas-sámos o dia inteiro a percorrer as ruas e a entrar em todos os templos e divisões, ouvindo atentamente a voz do áudio-guia que nos explicava para quê serviam

na época. O turismo na China é quase na totalidade compos-to por chineses. E quando o objectivo é tirar uma fotografia ou ver de mais perto a atracção em ques-tão, pode dizer-se que estamos perante a lei da selva. Foi-nos extremamente com-plicado compreender e aceitar (por assim dizer) que cotovelar, empurrar, insultar e passar por cima de tudo e todos é algo normal naqueles la-dos. Ninguém respei-ta filas e cuspir para o chão (mesmo dentro de aeroportos e até de comboios) é o pão nosso de cada dia. Eu andava aos saltinhos

nas ruas para evitar calcar qualquer coisa estranha! Apesar des-te choque “cultural”, a Cidade Proibida foi um dos pontos altos da viagem e ninguém a deveria deixar de vi-sitar, se houver opor-tunidade disso.

XI’AN

Acabada a visita a Pequim, apanhámos um comboio nocturno de onze horas e meia para a cidade de Xi’an. Partilhámos a cabine com um casal inglês e ficámos a perceber a razão pela qual não tínhamos acesso ao Facebook desde que entrámos no país. Assim sendo, ainda não tínhamos dado

notícias aos nossos familiares. Pois bem, todas as redes so-ciais, mesmo o Google estão bloqueados na China.

Chegados a Xi’an, não podemos dizer que ficámos bem impres-sionados. É, à primeira vista, uma cidade feia e cinzenta, embora o tom cinzento venha da poluição excessiva no país. Existe sempre uma espécie de ne-voeiro que não passa de mera poluição. O motivo que nos levou a Xi’an era só um: O Exercito de Terraco-ta. Quem nunca viu imagens das famosas estátuas nos livros de história e em filmes?

EXERCITO.DE.TERRACOTA

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Se estávamos na China não podíamos deixar de lá ir! Não vamos relatar a histó-ria por trás do Exerci-to, mas constitui um mistério arqueológico muito interessante e é engraçadíssimo ver os arqueológos ainda a desenterrar e juntar as peças en-quanto percorremos os três pavilhões de escavações. Aqui en-contrámos mais uma cache, The Terracotta Warriors [GC30Y71]. Também foi uma ca-che especial, tendo em conta o tema e por ter sido a única que encontrámos durante a nossa estadia em Xi’an.

Ainda fizemos um passeio pela cidade, visitámos o Museu de História de Xi’an e entramos no Peque-no Pagode do Ganso. Ao contrário do resto da cidade, o parque onde se encontram estas duas atracções é bastante bonito. Muitas vezes nos avi-saram que na China ninguém fala inglês e, acreditem, é verda-de. Um dos grandes dramas da viagem foi a barreira linguísti-ca. Muitas vezes nos

perdemos, mas era inútil pedir indicações e, tirando o metro, apanhar transportes era sempre um caso sério. Nem sequer as estações de comboio têm a informação disponível em inglês. Não nos perguntem como conseguimos perceber o placard da estação, porque ain-da não sabemos. O caso mais grave foi, sem dúvida, a nossa odisseia para encon-trar um táxi que nos levasse ao aeroporto de Xi’an. Perdemos a conta de quantos tá-xis pararam e foram embora porque não nos percebiam. Nem sequer mostran-do a imagem de um avião no telemóvel ou abrindo os braços imitando as assas dos aviões, nada parecia funcionar e o tempo passava e o stresse aumentava. Final-mente um tinha per-cebido e acabámos por apanhar o avião em direcção a Guilin.

GUILIN

A nossa terceira pa-ragem foi na cidade de Guilin. Estávamos à espera de encon-trar algo mais rural conforme as fotos

que vimos, mas enga-námo-nos redonda-mente. É uma cidade bastante desenvolvi-da onde encontramos de tudo. Desta vez ficamos alojados num hostel fantástico. O staff era bastante atencioso, e o serviço muito bom e, melhor ainda, falavam inglês. A indústria hoteleira na China não é muito famosa, por isso até agora não tínhamos delirado com os nos-sos alojamentos e, exceptuando Guilin, isso se manteve até ao fim. Agora sim começávamos a sen-tir-nos verdadeiros turistas. Foi a primei-ra vez que tomamos um pequeno-almoço como Deus manda: bacon, ovos, torradas, sumo de laranja! Não podemos dizer que se come mal na China. De maneira nenhuma! E não, não comemos nem cão nem gato. Defensora obsessiva dos animais como sou, andei bem aten-ta a isso, garanto-vos. No entanto, comer sopa logo de manhã é algo que não nos encaixou muito bem. Experimentar coisas novas, ok, mas há li-

mites. O problema na hora das refeições era sempre o mesmo: o inglês. Visitámos um centro comercial de 3 andares só de restau-rantes e não havia um que tivesse os menus em inglês. Em mo-mentos de desespero recorríamos ao KFC ou ao Mac Donald’s. Eram aceitáveis, apesar de serem um pouco picantes como a generalidade da co-mida chinesa.

No centro de Guilin a principal atracção é o Elephant Trunk Hill. Um monte rochoso que, como o nome indica, tem a forma de elefante quando visto de perfil. No parque inteiro só tem uma única cache, a Elephant Trunk Hill – Y#89 [GC5MTXM]. Depois disso percor-remos as ruas da ci-dade em direcção ao Monte Fu Bo. No topo esperava-nos uma vista linda de Guilin e uma cache virtual, Football Hill Virtual [GCAD9B]. Quem está em Guilin não pode deixar de fazer o cru-zeiro pelo Rio Li até à simpática cidade de Yangshuo. O cruzeiro levou a manhã inteira

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YESI.MIAU.E.CGANANCA.NO.PEQUENO.PAGODE.DO.GANSO.

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50 Fevereiro 2016 - eDiÇÃo 19

ELEPHANT.TRUNK.HILL.EM.GUILIN

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YESI.MIAU.E.CGANANCA.NO.RIO.LI

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YESI.MIAU.E.CGANANCA.EM.YANGSHUO

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e durante o percurso vimos as várias mon-tanhas cársticas ao longo do rio, caracte-rística da tradicional paisagem chinesa que muitas vezes se vê em telas e livros.

YANGSHUO

Yangshuo é uma linda cidade à beira rio ro-deada pelas famosas montanhas que ser-viram de inspiração na criação do planeta Namek na série de desenhos animados Dragon Ball. Está cheia de bares e hos-tels e está principal-mente direccionada para o turismo. Aqui já vemos muitos oci-dentais, ao contrário das restantes cidades por onde passámos. Só estivemos meio dia em Yangshuo, mas foi o suficiente para ficarmos mara-vilhados ao longo das ruas repletas de ven-dedores e turistas.

Em Outubro de 2015, o blog do Geocaching.com publicou uma lis-ta com as 16 melho-res Earthcaches do mundo. Para a minha surpresa, vi que uma delas se encontrava em Yangshuo e iria-mos ter a oportuni-

dade de tentar o seu registo, Yangshuo - GE9 [GC32N82]. O que torna esta Ear-thcache tão apelativa é a magnífica vista que se obtém desde o GZ. Conseguimos vis-lumbrar toda a cidade circundada pelas for-mações cársticas ao longe e é, justamente, deste fenómeno geo-lógico que a Earthca-che trata. Bem, já só nos faltam 15 para completar a lista.

MACAU

Saímos de Guilin de manhã apanhando um comboio que via-java a mais de 300 Km/h. Chegámos a Shenzhen em poucas horas e daí apanhá-mos o ferry que nos deixaria na nossa an-tiga colónia: Macau. Tudo se encontra tra-duzido em português. As ruas e praças têm nomes portugueses, mas, ninguém fala a nossa língua. O único que resta da nos-sa passagem por lá, além dos nomes das ruas (que eles não sabem pronunciar) é a calçada portuguesa e a arquitectura. Fica-ram alguns vestígios na gastronomia, mas nada de muito óbvio.

Acreditamos que em alguns anos pouco ou nada restará da influência portuguesa em Macau. No entan-to, aqui já tínhamos acesso ao Google e restantes sites. Foi um alívio.

Passear em Macau é como andar numa mini Lisboa. Sentimo-nos, praticamente, em casa. Como não poderia deixar de ser, fomos visitar o marco da cidade: as Ruinas de São Paulo. Em tem-pos li que estas ruinas eram uma desilusão, que tudo estava sujo e mal cuidado e que as ruinas estavam em péssimo estado. Não poderíamos discordar mais. Aquilo é, sim-plesmente lindíssimo. Visitámos também a Torre de Macau que oferece o bungee jump mais alto do mundo. Nós não sal-tamos. Por falta de tempo, não era que tivéssemos medo, claro está.

O nosso itinerário na cidade foi feito com base no Geocaching. Foi uma excelente forma de encontrar capelas e praças es-condidas que não aparecem nos guias

de viagem. Quanto às caches, tomámos a liberdade de baptizar Macau como a Cidade das Nanos. Era tudo magnético e minús-culo, mas só assim as caches perduram numa cidade que está acordada dia e noite. Como sabem, Macau aposta muito nos ca-sinos, por isso, quan-do anoitece, a cidade fica repleta de luzes e cores que convidam a entrar e deixar que os dados comandem a nossa sorte. Nós só olhámos. Mais uma vez por falta de tem-po, obviamente.

HONG KONG

Um outro ferry dei-xou-nos no nosso último destino: Hong Kong. Começámos por fazer uma caminhada por entre os arranha-céus da ilha. De ano para ano vão surgindo mais torres e parece que competem entre elas para ver qual a mais alta e chama-tiva. Percorremos a maior escada rolante do mundo (800m de comprimento e um desnível de 135m), construída para ligar as principais ruas de Hong Kong. Fazer Geocaching no centro

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tornou-se impossível. Os edifícios bloquea-vam por completo o sinal de GPS. Qual-quer tentativa reve-lava-se inútil. No en-tanto, no Pico Victoria a história era outra. A 552m de altura não havia arranha-céu que nos demovesse de encontrar caches! E ao longo do Velho Caminho do Pico, um trilho que circunda a montanha, encon-tramos 7 tradicionais e uma earthcache e muitas mais ficaram por encontrar. Não é fácil fazer Geocaching num país sobre po-voado, ainda por cima, quando olham para os ocidentais é com cara de caso, desconfian-do de qualquer movi-mento que façamos. Desistimos de muitas caches para evitar que estas sofressem com os muggles.

Um dos momentos

mais esperados era a visita à Ilha de Lantau. Para chegar à vila de Ngong Ping fizemos uma das viagens de teleférico mais longas da Ásia. Chegando lá, o objectivo era ver-mos a famosa estátua do Buddha Tian Tan, onde aproveitamos e fizemos uma Earth-cache, a Fung Wong Shan [GC205G7] e a Lantau [GC251B], uma virtual. Percor-remos o Caminho da Sabedoria, mas o que eu realmente queria era iniciar o regresso ao centro de Lantau a pé. O Rescue Trail, usado como apoio em caso de acidente no teleférico, estende-se por quase 7 Km em descida praticamente constante. Ao longo do trilho encontra-se um Power Trail com-posto por 17 caches e eu mal podia espe-rar por encontrá-las todas, mas logo após

a Rescue Trail #2 [GC5N7B9], uma co-bra verde e comprida passou à minha fren-te a toda velocidade. Claro que fiquei petri-ficada e, a partir daí, ficámos com medo de afastar arbustos ou levantar pedras. Es-távamos em terreno desconhecido e não queríamos arriscar alguma picada por um insecto estranho, já para não falar nas cobras que, pelos vis-tos, andavam por aí. Assim sendo, das 17 caches só encontra-mos 8, mas pelo me-nos chegámos ilesos ao centro.

Em Kowloon, outra das ilhas pertencen-tes a Hong Kong, tive-mos a oportunidade de admirar aquela que há-de ser uma das vistas nocturnas mais espectaculares que existe. Os arranha-céus da ilha de Hong

Kong completamente iluminados num jogo de luz e cor que não deixa ninguém indife-rente.

E assim chegámos ao fim da viagem. Depois de 12 dias bastante intensos e 39 caches encontradas, voltá-mos a Portugal com o coração cheio, mas também com mui-ta saudade do que é nosso. Voltar à China? Provavelmente não. Mas recomendamos vivamente a sua visi-ta. Sofremos muito, é verdade, mas são essas aventuras que desenham um sorri-so nos nossos lábios e nos asseguram de que tudo valeu a pena.

Já agora, relativamen-te ao pedido de casa-mento na cache da Muralha, a rapariga aceitou.

Texto / Fotos - Yese-nia Pais (Yesi Miau)

“Já agora, relativamente ao pedido de casamento na cache da Muralha, a

rapariga aceitou.”

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HONG.KONG.À.NOITE

RESCUE. TRAIL. #4. GC5N7BX

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ENTREVISTA DE CARREIRA

AJSAPor Rui Duarte

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57Fevereiro 2016 - eDiÇÃo 19

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58 Fevereiro 2016 - eDiÇÃo 19

Ora viva António, sê bem-vindo às páginas da GeoMag! Um muito obrigado por teres acei-tado o nosso convite e por nos permitires ini-ciar mais um ano de pu-blicações com um pouco de “saudável loucura”... quem tiver oportunida-de de te ter como amigo no FaceBook saberá certamente que essa não te falta! [risos]

GM - Começamos pela pergunta da praxe... Es-tás registado desde fi-nais de Agosto de 2007, já lá vão uns aninhos! Como vieste “aqui” parar? Como é que um alentejano tropeça no Geocaching?!

AA - Antes de mais, desejo um excelente 2016 farto de diversão e saúde, o resto virá por inércia.

A minha entrada no geocaching foi de algum modo por acidente em-purrado por um outro amor - a fotografia de locais desconhecidos.

Estava de férias em Monte Gordo e fartinho de visitar sempre os mesmos locais, queria mais e diferente.

Fiz uma pesquisa na Net, já em desespero e, claro, tropecei não sei como no geocaching.com que para minha grande satisfação tinha duas caches perto de Monte Gordo: uma na Mata Nacional e outra junto a Castro Marim.

Fui nesse mesmo mo-mento procurar a da Mata (uma cache do Nuno, Alieri), um local que já tinha visitado antes para tentar foto-grafar camaleões mas sempre sem sucesso. A procura foi feita sem GPSr (não tinha) o que obviamente deu direito a uma grande nega mas, para minha grande feli-cidade, consegui final-mente, ao fim de vários anos a tentar, encontrar um Camaleão zangado comigo que se “deixou” fotografar. Fiquei eufó-rico e muito feliz.

GM - Hum... começaste com um DNF na Percur-so Aldeia Nova [Mon-te Gordo] [C14QEY] (GL13YFZF), o começo costumeiro! O que não é tão costume é ver-se registados os primeiros “not founds”! Perce-beste a “mecânica” da coisa logo ao início? A

maioria dos geocachers não registam as primei-ras tentativas falhadas, principalmente aqueles que descobrem o geo-caching sozinhos.

AA – Queria mesmo muito encontrar a cache mas com um esboço duma mata desenhado a partir do google maps, reconheço que estava a abusar bastante da sorte. Recordo-me de ter ficado desmotiva-do e até ser assolado pela ideia “acho que fui grande tanso, isto deve ser conversa fiada” mas com o encontro do ca-maleão vinha agora o enorme desejo de par-tilhar o achado. Das op-ções existentes no site geocaching.com para partilhar as fotos, era mais ou menos simples compreender a mecâni-ca do jogo. Uma coisa é certa, não interessava como mas as fotos do bicharoco tinham de ser partilhadas.

GM - Por acaso andei ao mesmo este verão! No meu caso encontrei a cache mas não conse-gui encontrar nenhum desses endémicos répteis... e bem tentei. A tua (vossa) primeira

verdadeira descoberta acabou por ser no mes-mo dia, na Reserva Na-tural do Sapal de Castro Marim [GC13CR3]! Mais um local que visitei nes-te Verão, já com uma outra cache e, parafra-seando-te, “A paisagem é soberba e a reserva uma verdadeira mara-vilha”, mesmo! Tinhas de “tirar a prova dos 9”? Ver para crer?

AA – A euforia do acha-do foi de tal forma con-tagiante que a pergunta “não há mais nenhum tesouro aqui perto?” surge de forma imedia-ta principalmente pelos miúdos. Ao longo des-tes anos de prática de geocaching foram várias a vezes que visitamos locais que à partida afir-mávamos a pés juntos serem bem conhecidos mas, uma vez próximo da cache, surge a sen-sação que afinal esta-ríamos redondamente enganados. Castro Ma-rim era por nós “bem conhecido” mas em boa verdade nunca por ali andamos nem observa-mos a paisagem daque-le local em particular. A experiencia foi extraor-dinária e ficamos mara-vilhados e com enorme

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vontade de encontrar mais caches e descobrir novos locais ainda que pudéssemos achar que não eram assim tão no-vos. Infelizmente para nós, na região, apenas existia a “Canto Inferior Direito” (GCZ9N5 ) do Cláudio, CLCortez, mas procurar uma cache sem GPSr e com re-curso a esboço manual do Google Maps num paredão era de loucos. Hoje, no mesmo raio de ação, já seriam mais de sessenta caches para encontrar.

GM - Ahaaaa, velhos e maravilhosos tempos! [risos] Nos entretantos algo que, pelo menos

eu, nunca tinha visto, “founds” registados em meia dezenas de Ca-ches Virtuais, com data anterior à do teu regis-to no Geocaching.com! Consegues explicar-nos o “como” ou o “porquê” desses founds?

AA – A culpa é da Daki-Dali, do Lamas, do Kelux, o Sup3rFM entre outros, só mesmo o VSergio é que foi o velho ranhoso.

A ideia surge na sequên-cia duma navegação nos mapas e verificar que caches existiam noutros locais por onde tinha passado antes de ser geocacher de onde sur-gem meia dúzia de vir-tuais. Levei o assunto à

opinião da comunidade, no fórum geocaching.pt (http://forum.geoca-ching-pt.net/viewtopic.php?f=2&t=1916). Com excepção do VSergio, que não gostava de mim porque tinha muito me-nos cabelo que ele, os restantes foram da opi-nião que não encontra-vam qualquer problema, desde que os owners estivessem de acordo.

Mais ou menos neste contexto, recordo-me duma moda que surgiu um pouco mais tarde também em caches caches virtuais muito maradas como a “Syl-vester’s Cabin” [GC4C6A <http://coord.info/GC-

4C6A>] ou a “Four Win-dows” [GCF55A <http://coord.info/GCF55A >] que não estavam rela-cionadas exatamente com uma visita ao local mas mais uma espécie de resolução de chara-das. Fiz uma ou outra cache destas mas, ao encontro da opinião da maioria de outros geo-cachers, entendi que estes logs deviriam ficar registados como Notas no lugar de found.

GM – Estas zonas cin-zentas do Geocaching.com… provavelmente um dos motivos que fez com que alguns tipos de caches fosses “descon-tinuados”, tantas ques-

ALFANZINA,.A.GAIVOTA.DE.ALFANZINA,.JANEIRO.2016

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60 Fevereiro 2016 - eDiÇÃo 19

tões que se levantavam sobre as mesmas. E já que falamos do teu registo, AJSA... este teu registo (username) tem alguma “ciência”?! Ou é apenas as tuas iniciais?

AA – O meu nick é do mais elementar pos-sível. Julgo que ainda hoje, de um modo geral, quando queremos aces-so sujeito a registo em um qualquer site, que-remos logo no momento e, a não ser que já exista algum nick habitual, terá de ser algo inventado no momento. Foi o que aconteceu e a extraordi-nária inspiração foi para as iniciais António José Santos Almeida mas já vi que há no geocaching ou há mais malta com o

mesmo nome que eu ou então AJSA em monhé deve querer dizer uma cena muito marada.

GM – Sim [risos], uma breve pesquisa revelou-me quase uma dezena de usernames similares ao teu! Ainda sobre os teus primeiros tem-pos, pode-se dizer que foste um verdadeiro entusiasta logo desde os teus primeiros acha-dos? Tens bastantes dias com caches encon-tradas ainda durante o ano de 2007… Era, como disseste atrás, principalmente por cau-sa dos miúdos, ou qual-quer desculpa se tornou boa para uma escapadi-nha a solo em busca de um tupperware?

AA – Os miúdos tinham um peso muito grande para as saídas, especial-mente ao fim de semana até porque a Beatriz, o elemento mais novinho, era uma excelente adep-ta de picnic com cesto e mantinha. No entanto, o geocaching é um pouco como o casamento (tra-dicional, vá). Na noite de núpcias e durante a lua-de-mel é impen-sável não existir sexo até perder pelo menos 10 kg de peso. Com o passar do tempo a coisa começa a ser cada vez mais espaçada até que, e como se está a falar de geocaching, ao fim de meia dúzia de anos já só se procura uma cache de vez em quando. Certo

é que chegamos a tomar decisões sobre o local onde iriamos fazer férias em função das caches existentes no momen-to. Sim, é bem verdade, nos anos dourados do geocaching qualquer desculpa era uma exce-lente razão para andar de GPSr na mão para procurar um tupperwa-re – assistimos ao sur-gimento do “One for the road”. Não me refiro ob-viamente ao tema dos Arctic Monkeys, apesar de pessoalmente ter um carinho especial pelo videoclip, mas à ideia do Insano iniciada em janeiro de 2008 na área de serviço de Antuã com a “One for the Road - A1 Antuã” (GC18W3J).

BARCA.D’ALVA,.ROTA.DOS.TUNEIS,.MAIO.2012

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61Fevereiro 2016 - eDiÇÃo 19

GM – E, menos de um mês depois de “encon-trares” o geocaching, deste o salto para o “ser Owner”, com duas deze-nas de caches publica-das ainda antes do final do ano. Fala-nos um pouco sobre esse teu/vosso despertar [risos].

AA – Tal como no casa-mento, ao fim de algum tempo a “treinar” é ine-vitável que o nosso ins-tinto de perpetuação da espécie force a multipli-cação e o aparecimento de descendentes. No geocaching é algo se-melhante, após a pro-cura de algumas caches é quase inevitável que surja a derradeira vonta-de de querer perpetuar a actividade multiplicado o número de contento-res existentes. Veja-se o caso de hoje em dia que temos um território superpovoado. Se fosse hoje teria aguardado bastante mais tempo mas, por outro lado, na região de Beja o número de caches era bastante reduzido.

A seleção dos locais que partilhamos foi feita um pouco à mistura de ins-piração de caches que já tínhamos encontrado

com novos locais que achamos valer a pena dar a conhecer. Fizemos asneirada, da grossa mas, por outro lado, crescemos e aprende-mos com a restante co-munidade no sentido de melhor usufruir da acti-vidade. O balanço desta época foi muito positivo e olhamo-lo com algu-ma nostalgia.

GM – Asneirada… Por-quê asneirada? Alguma coisa a ver com a pri-meira colocação? Não foste o único que tentou começar a “carreira” com uma Cache Virtual, quando já não havia esse tipo! [Risos]

AA – A nossa primeira cache escondida foi a “Beja… com vista para o passado” [GC1658] uma cache mistério com características de Multi. Na altura, burrice minha, na decisão do tipo de cache, e como se desconheciam as coor-denadas finais, logo só pode ser… Icon mistério, interrogação, claro!

Rapidamente ficou claro o que estava errado com a cache e que, se queria aliciar os geocachers a visitarem Beja, a melhor forma seria colocar mais

caches tradicionais no lugar duma Multi com diferentes pontos.

Da inexperiência, e como resultado de caches mal desenhadas, surgiram um conjunto de proble-mas nestas primeiras caches tradicionais que colocamos. Vandaliza-das por muggles, locais mal escolhidos, conten-tores fracos, enfim um conjunto de situações claramente a apontar para a necessidade de repensar a forma como deveria esconder as ca-ches.

GM – Dessa primeira leva de colocações, até meados de 2008, quase todas estão presente-mente arquivadas! O que se passou?

AA – Não vale a pena tentar amaciar a coisa e sacudir a água do ca-pote. A razão para o ar-quivamento das caches é só uma – Erro meu, claramente. Assumo-o com humildade e cons-ciência.

Erro na conceção das caches, erro na ava-liação do local, erro na leitura de críticas, erro na interpretação de opi-niões. Como anterior-

mente referi, hoje defi-nitivamente não teria o mesmo procedimento.

Pensaria bastante antes de me deixar levar por um entusiasmo cego, refletiria com cuidado se o local eleito seria mesmo apropriado para a colocação duma cache e se a cache imaginada seria apropriada para o local selecionado.

Por muito bonito e para-disíaco que um local seja deveremos refletir com extremo cuidado se a nossa iniciativa não terá impactos importantes pela presença constan-te de pessoas que por ali passam apenas para mais um “found”. Por outro lado, um conten-tor extremamente ela-borado ou demasiado pequeno que apresente uma dificuldade acresci-da na sua deteção apre-senta claramente serias ameaças ao local onde está escondido a muito curto prazo.

GM – Não obstante essa tua consciente autocrítica, acaba por ser dessa mesma altura (2007) uma das tuas ca-ches mais apreciadas, a Circuito Manuten-ção [Beja] [GC17DHJ].

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62 Fevereiro 2016 - eDiÇÃo 1962 Fevereiro 2016 - eDiÇÃo 19

AROUCA,.THE.LOST.NAZI.MINE,.JULHO.2015

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63Fevereiro 2016 - eDiÇÃo 19

Garantidamente, nem tudo foi mau!

AA – Claro que não ou outras caches não te-riam surgido. No final de 2007 o PLNauta apresenta a ideia Mis-são Secreta de Natal do GCPt (http://forum.geo-caching-pt.net/view-topic.php?f=2&t=1723) que consistia em troca de presentes entre os geocachers aderentes à iniciativa. O nosso caso, o nosso amigo secre-to, os McPenha (http://www.geocaching.com/profile/?guid=237fdc-40-16aa-48ed-b136-3f6c3044c261), mes-tres na arte da criação de contentores perten-centes às operações especiais, prendou-nos com um fantástico contentor que deu vida durante muito tempo à cache “Cante - Alentejo [Aljustrel]” [GC1EHPR] que fez arrepiar os ca-belos a muitos geoca-chers. Após esta cache foram poucas as caches que escondemos com contentor “normal” e a “Circuito de Manuten-ção” é um exemplo des-ta viragem.

GM – 2007 acaba com a vossa primeira presen-

ça num evento, certo? E logo em fevereiro aca-bas por ser tu próprio a assumir o papel de organizado. Os “Ma-rafados” [GC17Q1Y) e [GC18FMW]… Pelo que percebo, até ligados a ocasiões bem especiais (que não o Natal) [ri-sos]. O que podes con-tar sobre essas vossas primeiras “experiências em grupo”?

AA – A nossa primeira presença em eventos aconteceu logo em Outubro, num evento promovido pelo Alieri na Marina de Albufeira. Pela restrição na publicação de eventos nas duas se-manas anteriores à data anunciada, não foi oficial mas, sem dúvida, muito giro – uma experiência extraordinária. Neste evento conhecemos alguns geocachers da região do Algarve nas-cendo assim os Marafa-dos (nós, Alieri, Sicapelo, Al-Gharb, Team Roscas e Hugo Jesus). Por esta-rem mais próximos, era mais simples combinar uns fins de semana para fazer umas caches em grupo. No final de 2007 surge então o primeiro evento oficial nova-

mente criado pelo Alieri mas desta vez a tempo de poder ser publicado. Deste evento surge a ideia de, com alguma re-gularidade, realizar um evento jantar na terra de cada um dos elementos dos Marafados. Nasce o nosso primeiro evento em Serpa no carnaval, além de muito divertido tivemos a oportunidade de conhecer pessoal-mente o Prodrive, ou melhor os Prodrives, os rifkindsss, o lufi69, os truta, os Tirapicos de Évora e o simpático casal de Lagos, Team Caracache (o Paul & Myriam).

Das diversas vezes que saímos em grupo, ficou na memória um fim de semana em Maio 2008 em Palmela onde tive-mos a oportunidade de conquistar aquela que provavelmente será a melhor cache noturna de sempre, a “Alien In-vasion” [GC16ZN1].

GM - Conta-nos mais sobre essa aventura! Parece-me uma opor-tunidade de luxo para ficarmos a saber mais sobre essa, por demais, famosa cache. Curio-samente no primeiro

evento onde apareci (há praticamente qua-tro anos), o BYOP 29 [GC3C6EM] em Loures, fiquei sentado perto do Owner e ouvi falar dela, uma pequena conversa entre o RKelux e o Edmi onde se falava da possi-bilidade do seu regres-so (o que obviamente ainda não aconteceu).

AA – Após a sua pu-blicação em novembro de 2007, rapidamente se espalhou pelo país a fama da Alien e, trans-versalmente, a enorme curiosidade em querer viver esta aventura. Hoje de certeza que es-tourava qualquer record de favoritos.

Nos planos do fim de semana dedicado ao geocaching, estavam em mira algumas ca-ches de referência como a “Forno das Feiticei-ras” [GC1704M] onde alguém apanhou um cagaço de morte (risos) e eu dei uma queda monumental enquanto “falava” via PMR com uns chineses prestando atenção ao desnível, não fosse a Sicapelo… (ainda hoje tenho marcas nas nalgas); a lindíssima “Cave of Santa Margari-

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da” [GCA14F] e, claro, a Alien.

Depois de estacionar, o elemento mais peque-nino do Hugo Jesus teve fome e insistiu que teria de mamar ali e sem de-mora. Enquanto aguar-dávamos, preparava o equipamento para uma foto de grupo e, ao mes-mo tempo que ensaio o flash, passa um carro que reduziu a velocida-de de forma fenomenal. Foram os melhores mo-mentos de espera, cada vez que surgia um carro no horizonte, eu, com o colete retrorrefletor vestido e óculos escuros disparava o flash e era vê-los a circular deva-garinho como manda a lei, de tal forma que o Alieri não se cansava de dizer “Tu não os mandes parar… Não os mandes parar…”

Já embrenhados na Mata dos Medos, nome bem apropriado para uma cache noturna de ETs, surgem as brinca-deiras de macho entre jogar pinhas para longe ou falar de tocas e javali apenas para colocar os elementos femininos com os cabelos de pé. Chegados próximo do GZ

ouvimos do Alieri “Epá, muito bom… muito bom mesmo… Têm de ver isto, está fenomenal…” e não era razão para menos, nunca tínhamos visto uma cache como aquela. Depois de des-codificada a abertura do contentor veio a barraca da noite – perdemo-nos no meio do matagal que nos obrigou a regressar muito próximo do pon-to inicial. A ideia desta cache, desde a história até à sua construção é simplesmente genial.

GM - Nos entretantos dá-se a “colocação” da tua cache mais bem sucedida (à data de hoje, com 216 favori-tos), curiosamente a primeira Earthcache, cerca de um ano antes de uma verdadeira “ex-plosão” de publicações de caches deste tipo. De onde, e porquê, nasce este interesse?

AA - A razão para o su-cesso, à semelhança

de outras caches em idênticas circunstancias, deve-se exclusivamente à sua localização num importante, quase que de paragem obrigatório, ponto de atração turís-tico em Gibraltar. Por outro lado, caches mais próximas de Beja so-frem do mesmo mal que afecta genericamente a região – a interiorização. Neste contexto a cache “Convento do Tomina” [GC1MN4P] é absoluta-mente fantásticas e no entanto tem apenas 50 founds e 24 favoritos.

Após trinta e poucas caches encontradas chega o momento de experimentar uma Ear-thCache próxima de nós, a “S. Domingos Mine Earthcache - DP/PT/EC1” [GCNJ7E]. Esta é a primeira EarthCache do grande mestre DanielO-liveira e provavelmente a melhor cache do tipo do país. O local, as mi-nas de S. Domingos, é

qualquer coisa de outro planeta e os requisitos da cache “obrigam-nos” a viver aquele complexo na sua totalidade.

Com este cartão de vi-sita, é impossível não ficar apaixonado pelo conceito. A propósito do EarthCaching, do Danie-lOliveira e da Mina de São Domingos, é quase obrigatório referir a “Al-chemy 101 - DP/EC32” [GC1HFRT], uma cache que maravilha miúdos e graúdos pela experiên-cia científica que pode ser realizada com a cou-ve roxa para se medir o pH da água.

GM – Não podia concor-dar mais, pude compro-var in loco este verão o fantástico que são as Minas de São Domin-gos, apresentadas de forma magistral pelas EC´s do Daniel, entre ou-tras fantásticas caches locais! O convento esse está à espera de melhor oportunidade… São já várias as referências a pessoas (e geocaches) e situações que foram moldando o “teu geoca-ching”... Lembras-te de mais alguma, daquelas em que te parece claro que a responsabilidade

“Já dei por mim algumas vezes a gostar mais de

Earthcaches do que caches físicas”

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SIERRA.NEVADA,.AGOSTO.2013

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de “seres assim” é des-ta “pessoa/situação”?

AA – Claro que sim. Acredito que, de forma genérica, cada um de nós vai adotando um comportamento para com o geocaching de acordo com a comuni-dade e as próprias geo-caches que encontra, é um pouco dentro da má-xima “comportamento gera comportamento”.

Até muito próximo do nosso quarto aniver-sário no geocaching, as caches que estavam na nossa imaginação enquadravam-se den-tro daquelas que não exigissem demasiado esforço físico ou mental, excepto uma ou outra caminhada de curta dis-

tancia, e que apresen-tassem locais e paisa-gens de contemplação.

No final de agosto de 2011, deu-se a grande mudança. Juntamente com o Alieri, aventu-ramo-nos numa cache que nos transportou quase que por trampo-lim para um outro nível de geocaching.

Viver a GreenShades [GC30HQ2], que já vi-sitei por quatro vezes, moldou-nos de tal forma que começa-mos gradualmente e num curto espaço de tempo a perder o inte-resse por caches mais “banais e simples”. A partir deste momento passamos quase em exclusividade a procu-

rar caches nomeadas para os Prémios GPS em busca de momentos de ouro. Cântaro Magro [GCR9RW]; Freedom [GC3PX1P]; La Ruta de Los Túneles - Bar-ca d’Alva [GC1C1W9]; eventos geo-queda / geo-freefall [GC2DZXH]; Headland [GC38HXZ]; entre várias outras não mencionadas mas que merecem um enorme lugar de destaque no topo do nosso geoca-ching de sonho actual.

Todas estas caches, o engenho e o altruísmo de quem partilha estes locais, aventuras, muda-ram para sempre o nos-so geocaching. Vários são os momentos em que vêm a vontade de

“ali colocar uma cache” mas… Não, seria talvez apenas mais uma.

GM – Tudo grandes referencias… a caches que anda não fiz!! Até parece que estás a go-zar [risos]! É caso para dizer que valia a pena um pequeno “questio-nário” deste tipo “Que-res colocar uma cache? Primeiro tens de procu-rar [esta] ou [aquela]! Se depois ainda quise-res colocar [essa], for-ça! Esperamos ansiosa-mente!”?

AA – Já fui defensor acérrimo da ideia que existia espaço para tudo e para todos. Hoje, olho para o mapa de caches de Portugal e uauuuuuuu… fonix… Se

SIERRA.NEVADA,.LA.VELETA,.AGOSTO.2013

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alguma vez sonhei em encontrar todas as ca-ches de Portugal agora nem tampouco desejo fazê-lo em Amareleja.

Sim, poderia ser como dizes:

Queres colocar uma ca-che citadina? Encontra primeiro a “Cordoaria” [GC11ENR]. Queres criar um passeio numa mata urbana, encontra a “H5N1”- [GC15NC5]; Se achas que conheces um paraíso para co-locar uma cache, tens mesmo de encontrar a “Cascatas do Tahiti” [GC18ZFT] mas o que queres é esconder uma cache para um passeio na floresta terás de fa-zer a “CALDEIRÃO VER-DE” [GC1A65W]. Final-mente, se o que queres é esconder uma cache num local com alma a “The Jewell of Saphire” [GCED4F] é obrigatória como para uma Urbex tens de ir até ao “Con-vento de Monfurado” [GC1BET0]. Cache para férias de praia, claro “O Segredo da Gruta da Ca-veira” [GC1F66R].

É claro que haverão imensas caches ao nível das que indiquei que servem perfeitamente

como referência para qualquer projecto de geocaching.

GM – Deixemos de lado o Geocacher por um bocado e foquemo-nos mais no Homem… apesar de tudo o que ficou para trás, não és propriamente Alenteja-no pois não? As nossas fontes colocam-te bem mais a Norte. Como e porquê vieste parar a Beja?

AA – Ha ha ha, esta é provavelmente a histó-ria mais bonita da mi-nha vida. Há uns anos atrás estava na moda o ICQ, uma aplicação de comunicação virtual, vá chamemos-lhe o tetra--avô do Messenger. A determinado momento surge um feminino “Olá” inicialmente ignorado mas numa segunda in-vestida deixe-me levar na onda e dei corda à conversa. Certo é que o inocente olá resultou na mudança para Beja, ca-sar com uma alentejana e passar da confusão do porto para a calmaria da capital dos compa-dres e, mais tarde, para o ruido do silêncio dos passarinhos duma her-dade alentejana com o

vizinho de frente a 2 km e o das traseiras a 40 km. Como ainda eram poucas alterações, de-cidi mudar de profissão de programador para agricultor.

GM – Eia! A beleza das novas tecnologias! [ri-sos] No teu caso uma verdadeira, e profunda, mudança de ares… E assim nasce um agricul-tor! Fala-nos um pouco dessa tua nobre profis-são… como se muda “de profissão de programa-dor para agricultor” e um pouco do dia a dia de quem “tira o proveito da terra” (como se ouve dizer amiúde nos noti-ciários).

AA – Enquanto agri-cultor, o meu dia a dia não espelha a imagem que uma boa parte dos Portugueses têm a este respeito. Não me levan-to com as galinhas nem me deito com os patos [risos].

O nosso trabalho é pla-neado no início do ano agrícola (setembro) e as actividade são exe-cutadas em função do mesmo sempre acom-panhando de perto o crescimento vegetal e

as condições climatéri-cas que o influenciam.

Vamos imaginar o dia 16 de Março, por exemplo (porquê 16 de março, porque tenho a certeza que a probabilidade de formação de geadas é inferior a 1%) Hoje é dia de instalação de toma-teiros. Neste momento o solo já tem incorpo-rado estrume de cavalo e uma cultura de fava que foi feita especial-mente para enterrar e fornecer nutrientes aos tomateiros, chama-se a isto a sideração. Com o trator fazemos as linhas de cultura colocando de imediato a rampa de rega e o plástico que conserva o solo fresco e húmido impedido o crescimento de infes-tantes. Com tabuleiros cheios de pequenos to-mateiros abrimos uma pequena cova e plan-tamos uma a uma cada plântula. A plantação está concluída e será provavelmente hora de almoço. Durante a tarde vamos espetar tutores junto a cada planta para sustentar os tomateiros impedindo que os frutos estejam em contacto com o solo. Ensaia-se e programa-se a rega e

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resta esperar que a na-tureza faça o resto. No verão, com o telefone verifico o que dizem os sensores de humidade e se necessário dou ins-truções de rega. Pouso o telefone e vou dar um mergulho ou como uma bola de Berlim numa qualquer praia Algarvia –as maravilhas da tec-nologia.

GM – “Podes tirar o Pro-gramador da progra-mação mas não podes tirar a programação do Programador!” [risos], afinal também sou Agri-cultor… no Verão tam-bém “como uma bola de Berlim numa qualquer praia Algarvia”. O mun-do está mesmo cheia de coincidências… a ultima das coisas que têm ma-ravilhado o meu filho é uma pequena estufa em acrílico que tem no quarto e onde plantou… um Tomateiro (e um Feijoeiro) e para onde corre todos os dias à chegada da escola para acompanhar o seu de-senvolvimento. Não me parece que existam muitas formas de um agricultor, dito comum, “conciliar” o geocaching com a sua profissão… mas no teu caso, com a

tecnologia ali mesmo à mão, isso acontece?

AA – Pegando no “agri-cultor comum”, Portugal à semelhança de Espa-nha, Itália, Grécia e parte da Rússia utilizou até final da primeira metade do século passado um sistema de produção agrícola instalado no séc. I. Os meios de tra-ção eram rudimentares, essencialmente o burro com um misto da técnica de parelha de bois vinda do norte da europa (ins-talada na idade média), as ferramentas também elas muito rudimen-tares e a utilização de mão-de-obra quase que “escravizada” (na me-lhor forma possível da expressão). Enquanto os franceses evoluíam as técnica de produ-ção vegetal apostando numa especialização, os dinamarqueses aposta-vam no know-how para impulsionar a agricultu-ra familiar como forma de resolver a produção vinda do novo mundo, os portugueses man-tiveram-se à parte da evolução num sistema de trabalho agrícola para grandes senhores, normalmente ausentes com a exploração en-

tregue a capatazes, em paralelo com uma agri-cultura de subsistência para complementar os baixos rendimentos.

Esta realidade histórica afetou de forma muito marcante o modo como os portugueses hoje vêm os agricultores – uma pessoa humilde, trabalhador de sol a sol, rendimentos parcos pelas irregularidades climatéricas (filho da mãe do clima mediter-rânico [risos]). Saindo de Portugal e observar um agricultor num país desenvolvido, este é visto como alguém com conhecimentos técnicos para a produção que desenvolve e para todos os fatores que a condi-cionam.

Pegando então no “agri-cultor comum” creio que seja muito difícil conciliar a actividade de geocaching mas para um agricultor, ou me-lhor, um profissional que utiliza recursos naturais para produção alimen-tar [sorriso], esse está perfeitamente inserido no meio que opera e consegue ter momentos de lazer utilizando uma gestão de tempo seme-

lhante a qualquer outra pessoa de uma outra actividade. A agricultura é uma paixão. Pergunta ao teu filho a felicidade que ele sente ao ver a planta crescer fruto da forma como ele interage com ela. Já agora duas dicas: quando o toma-teiro apresentar flor, com delicadeza ele que provoque alguma vibra-ção no caule da planta. Na natureza existem meios de polinização, num ambiente contro-lado como uma estufa é necessário dar uma mãozinha [sorriso].

GM – Obrigado pelas di-cas! O quarto dele está a sofrer uma invasão verde [risos]… apro-veitando a deixa e con-tinuando numa senda de “ajudar”… referiste atrás algumas partici-pações no @PT e po-demos encontrar o teu nick no rol de colabora-dores do Geopt (apesar de já não te ver em ne-nhum deles há já algum tempo). O que te apraz dizer sobre estas “fer-ramentas”, os Fóruns, e sobre a tua intervenção nos mesmos?

AA – Produzir alimen-tos em modo biológico

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não é exequível apenas com a vocação natural dos portugueses para o desenrasque. São inú-meros os fatores que influenciam o sistema produtivo. Trabalhamos com seres que, como qualquer outro, têm ne-cessidades nutricionais e ambientais e estão sujeitos a doenças e pragas que interferem seriamente com o seu desenvolvimento. Não existia outra alternativa que não passasse por formação técnica espe-cializada na actividade. Fazer agronomia, à se-melhança de qualquer curso superior, exige dedicação para que o mesmo seja concluído com sucesso no tempo esperado colocando por terra qualquer plano com atividades de lazer

pelo que participar as-siduamente no GeoPT e não conseguir fazer geocaching é como deixar de fumar e estar num bar com amigos fu-madores – plena tortura chinesa [risos].

A minha participação no Geocaching @PT foi semelhante à de qual-quer outro utilizador ao passo que no GeoPT, de facto diferente, tra-balhei na dinamização do concurso fotográfi-co existente e realizei alguns artigos relacio-nados com a fotografia e, em conjunto com os restantes elementos do Staff, levamos a cabo alguns passatempos muito giros como o Tri-vial GeoPT.

Tanto o Geocaching@PT como, e particularmen-

te, o GeoPT têm feito um contributo muito impor-tante na dinamização do geocaching em Portugal e, inclusivamente, na disponibilização de ma-terial e soluções que fa-cilitam uma melhor ex-periencia da actividade nas diferentes vertentes vistas por cada um.

GM – Eia! O Trivial GeoPT! Do que me foste lembrar… por pouco não ganhei a primeira edi-ção! Grande momento de geocaching do qual já nem me lembrava. Subentendo nas tuas palavras que, quando conseguires que o teu telefone conclua a li-cenciatura, voltaremos a “ver-te” a deambular pelos tópicos do GeoPT! [risos] Aproveito as referências à “Oitava Arte” para te pedir para

falares um pouco sobre os teus famosos Fo-toSafaris. Já ouvi falar muitas vezes, sempre com grande entusiamo, desses teus Eventos.

AA – O telefone não conseguirá concluir a licenciatura mas será, como tem sido, uma ferramenta preciosa no controlo da produção. [risos] Sim, uma vez concluída esta etapa terei mais tempo dispo-nível para o geocaching e consequentemente para o GeoPT.

Quando tinha tempo [risos] saímos com algu-ma frequência por esse Alentejo só pelo prazer de conhecer novos lo-cais e fazer umas fotos. Numa destas saídas exploramos um trilho extraordinário ao longo

ÉVORA,.GEO.QUEDA,.SETEMBRO.2012.

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da margem esquerda do Guadiana. Nasce assim o primeiro FotoSafari – uma aventura TT com uma mistura de caches alusivas ao tema e, cla-ro, à fotografia.

Este evento foi de tal forma gratificante que quisemos repetir uma segunda edição em con-junto com o MightyReek nos trilhos da Costa Vicentina com direito a uma experiencia mais radical supervisionada pelo GeoLeo e pelos Fe-linos. O terceiro FotoSa-fari já foi um magnífico trabalho dos Felinos nas Arribas da Caparica.

Julgo que, na sua essên-cia, os objetivos foram alcançados. Excelente convívio, diversão, al-guma aventura e muita chapa para a prospe-ridade são com toda a certeza razões de bons comentários.

Quem sabe no próximo outono não surja por aí qualquer coisa interes-sante que dê para sujar a malta com lama.

GM – A tua referência ao Guadiana fez-me lembrar de algumas perguntas que tenho em “nota mental” para te colocar mas, antes

de regressarmos a ca-ches propriamente di-tas, deixa-me terminar as questões sobre as novas tecnologias com o Facebook. És sem dúvida bastante activo nesta plataforma… uti-liza-la de alguma for-ma relacionada com o Geocaching? O ANALGA não conta, até porque sofreu em “retract”! [ri-sos]

AA – De forma seme-lhante à grande maioria dos utilizadores, iniciei a utilização do Face-book exclusivamente por lazer e conversação circunstancial. Hoje o Facebook é uma im-portante ferramenta de trabalho na promoção dos cabazes de hortí-colas biológicos com utilização que vai desde a divulgação dos produ-tos que possuímos até à criação de campanhas de marketing pago e criteriosamente direcio-nado.

Obviamente também utilizo o Facebook para mandar umas bocas disto e daquilo e parti-lhar algumas das poucas fotos que consigo fazer.

Já no geocaching a regra é a mesma dos fóruns,

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tive mesmo de meter na cabeça que teria de abrandar, era um sa-crifício necessário mas, por outro lado, pelo pouco que vejo também não perco muito. Os assuntos em discussão continuam a ser mais ou menos dentro dos te-mas de quem tem mais “founds” e não merece ou das caches que nun-ca mais são publicadas.

A ANALGA, isso é ou-tra cantiga que dá para mandar umas boas gar-galhadas.

GM – Certo. [risos] Vol-temos então às caches e coisas que tais! Tive oportunidade de acom-panhar os Jasafara, prodrive e Hulkman há sensivelmente ano e meio e de ver estes dois últimos terminarem em São Barão o que me pa-recia ser uma excelente “série” de caches rela-cionadas com o nosso querido Alentejo. Em que consiste/ia este desafio e de onde te surgiu a ideia?

AA – O Projecto Alen-tejo surge numa ideia do Manelov (http://w w w . g e o c a c h i n g .com/profi le/?guid=-fe7ab871-ea37-43bf-9419-a354dbfd7223) com o objetivo de dar a conhecer algumas valências que o nosso querido Alentejo tem para oferecer. O Ma-nelov apresenta o Alto Alentejo, o MightyReek o Alentejo Litoral e eu o Baixo Alentejo Interior.

O projecto é composto por 18 caches espalha-das pelo território alen-tejano subordinadas a diferentes temas:

• Religião; Pré-História; Fortificações; Cortiça; Água; Paisagem; Os Ro-manos;

• O Porco; O Arroz; Cos-ta Vicentina; A Indústria; A Energia;

• Azeite; Cante; Frescos; Islamismo; Vinho; Pão

Uma vez encontradas as caches, ou visitado o local com registo DNF, parte-se à conquista da Serra de São Barão,

com FTF do Eltarik, duas semanas após a sua publicação, e só em 2010, dois anos após a publicação do projecto é que o all_mighty marca o segundo found it da cache final do projecto.

GM – Ora aqui está algo interessante. Alguém que “assume” que não encontrar uma geoca-che faz parte do hobbie e que valida o DNF como parte integrante da coisa. Todos já fizemos DNF´s, uns mais que outros, mas considerar o “não encontrar” tão válido com a assinatura no LogBook para se po-der progredir no desafio não é assim tão comum! Eu pelo menos ainda não tinha tropeçado em mais nenhum caso. Como é que isso correu/está a correr para o Pro-jecto Alentejo? Foi bem aceite? Como nasceu a ideia de incluir essa vertente?

AA – Como referi ante-riormente, o geocaching surge com um meio de me transportar até

locais desconhecidos e que de algum modo possa ser sinónimo de aventura, passeio… La-zer.

Encontrar o contentor é sem dúvida uma faceta bastante entusiasman-te da actividade mas, contrariamente ao que se assiste atualmente pelas manifestações da comunidade, não deve-ria ser o único objetivo. Para nós, definitiva-mente não o é!

Viver o projecto Alentejo significa percorrer uma boa área do território nacional. Falamos de um terço de Portugal Continental, ou seja, um “deserto” imenso [risos].

Não tenho muito bem presente qual dos três apresenta a sugestão de aceitar como válido um DNF comprovado mas creio que foi o Migh-tyReek tendo sido aceite por mim e pelo Manelov sem qualquer objeção. Até ao momento, não surgiu qualquer situa-

“o geocaching surge com um meio de me transportar até locais desconhecidos e que de algum modo possa ser sinónimo de aventura,

passeio… lazer.”

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ção que desse origem a stresse sendo a conclu-são do desafio “regula-da” pelas dificuldades inerentes a si próprias. É A nossa convicção é que se torna de algum modo frustrante que um geo-cacher que se propõe a viajar pelo Alentejo não possa concluir o projec-to porque determinado contentor não esteve disponível qualquer que seja a razão.

Poderás argumentar que de fato esta é uma das regras do jogo, o geocaching, mas por outro lado a visão inicial do projecto Alentejo po-der-se-ia definir como um meio de conhecer o Alentejo, os alentejanos a sua paisagem e cultu-ra.

GM – O um tal de “TT Grande Rio do Sul<ht-tp://www.geocaching.com/geocache/GC2CX-PM_tt-grande-rio-do-sul>”? Todo o “projeto”

está presentemente ar-quivado, certo? Explica-nos um pouco a mecâ-nica deste teu passeio por terras do Guadiana!

AA – Tivemos um pou-co de azar. O projecto sofreu gravemente com dois anos consecutivos de cheias do Guadiana coisa que não é nos nos-sos dias muito vulgar. A título de exemplo, uma das caches estava a 100 metros da margem normal do rio e ficou completamente sub-mersa. Numa altura que já estava com o tempo muito reduzido para o geocaching e o fato do conjunto de caches que não apresentar muitas visitas, talvez pelo medo do ícone [risos], a deci-são teve mesmo de ser o seu arquivamento.

O projeto era muito giro e foi inspirado na “SuperEspecial Caveira – Abela” [GC1VBQK ] do MightyReek – estás a

ver que não me consigo livrar deste tipo. [risos] Para realizar o percur-so ao longo das duas margens do guadiana, o “piloto”, bem ao estilo do rally deixa-se levar por estradas de terra batida com as mais di-versificadas paisagens orientando-se de acor-do com as instruções do roadbook descarregado em qualquer uma das páginas das caches que compõem o desafio. Ao longo do percurso exis-tiam diversas paragens estrategicamente sele-cionadas para procurar cada uma das caches do TT.

O FTF tem uma estó-ria assim meio louca: A primeira cache ficava mesmo junto à por-ta do nosso jardim e a determinada altura estamos para sair de casa e vemos um carro estacionado com porta bicicletas no tejadilho.

Por ali, além de tratores e máquinas agrícolas, só se avistam carrinhas ou camiões de gado. Se tivermos em conta que estávamos em ple-no agosto em que se regista facilmente na região junto ao vale do Guadiana 50ºC… Só de imaginar até penso que estou a fazer sauna.

E foi isso mesmo que aconteceu. O “louco” era o gdoppler que lutava pelo FTF mas feito de bi-cicleta. Mais tarde esti-vemos com ele e viemos a saber que efetivamen-te viu-se enrascado com a questão água uma vez que, sem sair do percur-so, não era muito fácil o abastecimento.

GM – Consigo imagi-nar-me no lugar dele! [risos] Já perdi a conta às caches que procurei com a ajuda da minha bicicleta e até por terras alentejanas já fiz umas boas centenas de km.

GUADIANA,.FOTOSAFARI.I,.ABRIL.2012

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SERRA.,GOING.DOWN,.JANEIRO.2013

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75Fevereiro 2016 - eDiÇÃo 19

Depois dessa aventu-ra de TT em Agosto de 2010, colocaram uma outra em Maio do ano seguinte… um “Safari”! Parece-me ter sido, para já, o vosso últi-mo grande capítulo no Geocaching. Este goza de boa saúde (como se pode ler habitualmente nos logs). O que desta-cas desse conjunto de mistérios, além dos no-mes impronunciáveis, claro? [risos]

AA – Sim, a colocação das caches do Safari surge no momento de grande transição da for-ma como observamos o geocaching.

Quando fizemos este projecto a ideia era criar exatamente um safari que, com sorte, conse-guiam avistar búfalos mais ou menos a meio do percurso. Num Safari deste tipo, as caches têm de ter o nome em swahili. O nome das caches está relacionado ou com o tipo de con-tentor ou então com o próprio local. Destaco sem dúvida a cache do Pulo do Lobo, Maanguko [GC2VGJY] que significa literalmente, cascata. O acesso ao Pulo do Lobo

pela margem esquerda do Guadiana é qualquer coisa de extraordinário. Desde o percurso de carro até à pequena, mas um pouco dura, descida até à cascata, saltitar entre marmitas de gigante e sentir a força do rio a meia dúzia de metros… Só vivendo o momento. A Chakula [GC2VGK0] leva o geo-cacher ao local ideal para picnicar e dar um mergulho para, daí, fa-zer um pequeno passeio a outro ex-libris do PN do Vale do Guadiana, a Rocha da Galé [GC3FM-NW], esta sim, a nossa última cache colocada.

Além das caches e dos locais, na nossa opinião, a cereja no topo do bolo é precisamente o per-curso na sua globalida-de.

GM – Uma zona a (re)visitar sem dúvida! Tive oportunidade de ir para esses lados por duas vezes, uma já referida atrás, em que, fruto de uma grande coinci-dência, acabámos por colocar uma cache num local onde já existiu uma tua, no “Guizo Pe-queno”, e outra a solo, vindo de Castro Marim

de bicicleta, até Mérto-la, cumprindo a Grande Rota do Guadiana. Ora, disseram-me as minhas fontes que um dos ele-mentos que compunha a minha comitiva este-ve envolvido num certo episodio e mal-enten-dido, numa das tuas caches, e que até aju-dou a que arquivasses caches. Sabes do que/de quem estou a falar? O que aconteceu?

AA – A melhor coisi-nha que a rapaziada da nossa geração tem é que, na altura da nossa juventude, não existiam computadores e Face-book ou algo do género para registar e guardar as cenas manhosas que fazemos. [risos] Foi, de facto um mal-entendido que, como dizes, resul-tou no arquivamento da cache mas que, acima de tudo, ensinou que deveremos colocar toda a atenção ao local que escolhemos para escon-der uma cache. Há todo um conjunto de factor que provavelmente ain-da hoje são ignorados relactivamente ao GZ. Poderemos estar a co-locar em perigo um local absolutamente impor-tante porque não obser-

vamos que a partir da-quele momento irá ser visitado por muita gente com todo o impacto negativo daí resultante. Já agora, de que cache falas? [gargalhada]

GM - [Risos] Mais do que da cache, estou a falar do Gustavo lavar o jipe no Guadiana! Já te lembras?

AA – Claro que me lem-bro, estava a meter-me contigo. Falamos da An-tagonismo [GC1DPX4] na Ribeira de Carreias. Este caso foi um exem-plo da interpretação errada (minha, claro) duma mensagem es-crita. Acredito que uma boa parte das crispações que surgem no Geoca-ching são resultado de interpretações erradas do que lemos muitas vezes condicionada pelo nosso estado de humor.

GM - Brincalhão! [Ri-sos] Lembraste de mais algum caso do género na tua história geoca-chiana que valha a pena mencionar? Já agora, a história atrás é sobre uma “mensagem escri-ta” num registo, em que o Gustavo a modos que diz ter lavado o Jipe na ribeira e em que levas-

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te no sentido literal... certo? Com detergente e tudo e que te levou a arquivar a cache para preservar a mãe natu-reza?

AA – Surgiram uma ou outra situação essen-cialmente de desacordo de opiniões mas nada que me recorde como importante. Neste caso em concreto a mensa-gem escrita é o próprio log “Found it”. A esta distância não consigo precisar o que terei pen-sado mas não foi cer-tamente que a lavagem tenha sido com deter-gente. [risos]

GM - Chegamos, pa-rece-me, então ao fim desta retrospectiva da tua “carreira”. [risos] E agora? Que tipo de geo-caching tens praticado e como o vês a praticar no curto prazo? Tens algo em mente para os próximos tempos?

AA – Já passei por diver-sas fases de interesses, ou melhor, objetivos no que respeita ao GeoCa-ching.

Inicialmente surge a fase da paixão com o enorme

desejo de procurar mais e mais caches mesmo que implicasse realizar centenas de quilóme-tros para mais um mo-mento. Da paixão veio o amor.

Objetivo: Procurar todas as caches da região, to-das as caches com pai-sagens bonitas...

Nesta altura era con-cretizável, o mapa não mudava de forma signi-ficativa ao longo de um mês ou dois.

Agora, e julgo que no futuro, o Geocaching praticado terá de ser algo extremamente gra-tificante e recompen-sador, qualquer coisa que fique na memória durante muito tempo. Definitivamente não es-tão nos planos procurar caches só porque sim ou porque estão ali mesmo ao lado. Obviamente que não direi não a um desafio de amigos para procurar uma centena de caches num power-trail qualquer mas defi-nitivamente não estarei ali pelas caches - defi-nitivamente este tipo de caches não desperta qualquer interesse.

Tenho em mente um projecto que gostaria de levar a cabo que vai de encontro às minhas am-bições do GeoCaching, mas é algo ainda com ideias soltas que neces-sita trabalho e muitos ajustes.

GM - E que recomen-dações fazes à co-munidade em geral? Podes deixar, em jeito de despedida, algumas aventuras daquelas que devem mesmo ser experienciadas neste nosso contexto?

AA – Sigo agora uma regra quase imperativa: a qualidade da aventura, as memórias da mesma e a gratificação do mo-mento é diretamente proporcional ao tempo necessário para a con-clusão da cache.

Recomendo vivamente a realização dum Levada na Madeira que, pes-soalmente, destaco o Caldeirão Verde. A Rota dos Tuneis é outra aven-tura obrigatória.

Como excepção à minha regra pessoal, mas que me marcou profunda-mente, recomendo viva-

mente a GreenShades, o Cântaro Magro e a Fenda da Calcedónia. Estes são uma pequena amostra do fantástico menu de opções memoráveis que possuímos em Portugal.

Ah, claro, participem num bom evento daque-les que saem de lá com um ego do tamanho da lua. Neste contexto os eventos Geo-Queda dos BTT e do Peter! são o perfeito exemplo como o GeoCaching pode ser o catalisador para ex-periencias que de ou-tra forma terminariam sempre em algo como “xiiii, isto nunca conse-guirei fazer”.

Se cada um de nós, enquanto geocacher, fizer o GeoCaching que deseja e lhe dá prazer sem se incomodar com o GeoCaching do vizinho certamente que...

Nãããã, isto é uma uto-pia. [risos]

Texto: António Almeida (AJSA) / Rui Duarte

(RuiJSDuarte)

Fotos: António Almeida (AJSA)

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T R I L H O M A I AP O R V A L E N T E C R U Z

à d e s c o b e r t a d e

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O Trilho Maia é um percurso circular que serpenteia pelas Aldeias de Magaio – Covas do Rio, Covas do Monte e aldeia da Pena. Estas aldeias pertencem ao con-celho de São Pedro do Sul, no distrito de Viseu. A palavra “Ma-gaio” deriva de um antigo nome atribuído ao monte de S. Ma-cário [GCR5C1]. Este monte tornou-se fa-moso por ali ter vivi-do um eremita numa lapa. À distância dos séculos é impossível destrinçar a lenda da realidade. Porém, a santidade do eremita ficou para a posteri-dade e foi construída uma capela no lugar da lapa.

O Trilho Maia não é, por enquanto, um per-curso oficial. Assim, não possui marca-ções ou sinalizações. O nome é também oficioso. Como nestas serranias, próximo de Póvoa das Leiras, já

existia um Trilho Inca, alguns caminheiros nomearam este como o Trilho Maia. Basta-rá que a imaginação descubra um Trilho Azteca e estas Mon-tanhas Mágicas rein-ventam uma América escondida dentro de portas!

Tratando-se de um trilho de montanha, para a sua realização aconselha-se natural-mente alguma expe-riência em caminha-das mais exigentes. É também importante levar alimentação, água, roupa e calçado adequado. O percurso poderá ser analisado e descarregado no Wikiloc (http://pt.wiki-loc.com/wikiloc/view.do?id=2441544).

Como o Trilho Maia passa pelas três al-deias referidas é pos-sível iniciar o percurso em qualquer uma delas. Porém, acon-selha-se o início na aldeia da Pena, que

será a mais turística. A estrada que des-ce para esta aldeia é estreita e torna-se importante avaliar se algum carro está a subir. Se tal acontecer, o melhor é aguardar a passagem do veículo numa das muitas cur-vas. Antes de chegar à aldeia deve deixar-se o carro no estaciona-mento e prosseguir a pé. A Pena fica en-caixada no fundo do vale e as suas casas são maioritariamente feitas de xisto. Du-rante o inverno, o sol espreita apenas por breves momentos esta aldeia típica e esquecida.

Depois de uma visita à Pena, o Trilho Maia segue em direção a Covas do Rio pelo Ca-minho Onde o Morto Matou o Vivo. Este percurso mítico fura por um vale escar-pado e acompanha a ribeira da Pena. O nome do percurso tem origem num epi-

sódio duplamente in-feliz. Devido ao facto de, antigamente, na Pena não existir ce-mitério, os habitantes tinham que levar os defuntos para a Co-vas do Rio. Certo dia, e como o percurso tem uma parte inicial muito íngreme, um homem escorregou e o caixão caiu-lhe em cima, matando-o. No lugar onde ocorreu este acidente existem alguns moinhos en-volvidos por uma ve-getação luxuriante e o ribeiro vai descendo em cascatas. Aliando o geocaching à ca-minhada, neste local pode-se descobrir a cache “Dark Side of the Moon” [GC3BH45]. Apesar de o percurso ser fácil de seguir e não revelar problemas de progressão, a zona onde está inserido é bastante selvagem e escarpada, pelo que se desaconselham os desvios.

“Bastará que a imaginação descubra um Trilho Azteca e estas Montanhas Mágicas reinventam

uma América escondida dentro de portas!”

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À medida que as en-costas se vão tornan-do menos abruptas o percurso aproxima-se de Covas do Rio. Esta é também uma típica aldeia de montanha, onde a estrada che-gou já demasiado tarde. O percurso não passa pelo meio da aldeia, mas pode-se fazer um desvio para a explorar. Saindo desta aldeia, o percurso se-gue por um caminho rural que passa por algumas linhas de água, iniciando depois a subida, por um es-tradão, para Covas do Monte. A paisagem começa então alte-rar-se e as encostas ficam mais despidas; os caminhantes tor-nam-se mais peque-nos na imensidão da serra.

À medida que as fragas se adensam surge a imagem de Covas do Monte, uma aldeia encravada no sopé da montanha, com os campos ver-dejantes e os asso-bios dos pastores de um dos maiores re-banhos comunitários de Portugal. À exce-

ção de uma placa que anuncia a chegada da Internet, colocada sob um espigueiro, na al-deia parece existir um portal para o passado. As casas dividem-se entre o cimento e o xisto; o piso inferior é ocupado pelos ani-mais e as pessoas ha-bitam no piso supe-rior, numa comunhão que sobreviveu ao tempo e às dificulda-des da vida na mon-tanha. Ao cirandar-se por esta aldeia pode descobrir-se que “É só cornos no ar!” [GC1RA-PX].

Não será de forma fortuita que Co-vas do Monte fica a meio deste percurso. Quem quiser pode-rá degustar aqui as especialidades da al-deia, nomeadamente o cabrito. A antiga Escola Primária foi entretanto transfor-mada em restaurante (http://covasdomonte.no.sapo.pt/) pela As-sociação “Amigos de Covas do Monte”. São os próprios habitan-tes que se revezam no trabalho, pelo que é necessário reservar

previamente. Para além da excelência culinária, a simpa-tia também ajuda a tornar a experiência inesquecível.

Depois da visita à al-deia, o trilho secular [GC65RTD] sobe pela encosta do Portal do Inferno e acompanha o rio Pego. Esta será porventura a parte mais difícil do percur-so e recorda aos ca-minhantes, pelo es-forço, as dificuldades da vida na montanha. Quando lá em baixo, ladeados pelas escar-pas vertiginosas, ape-nas se pode seguir em frente ou voltar para trás. Ao longo desta parte é possível vislumbrar algumas quedas de água, que poderão ser mais ou menos espetaculares dependendo da altura em que forem visi-tadas. As melhores estações são a prima-vera e o outono.

Após a grande su-bida alcança-se o asfalto, por onde se prossegue até ao cru-zamento da estrada que desce para Covas

do Monte. Seguindo pelo trilho, voltando a encosta, avista-se novamente o vale que alberga a Pena. Nesta parte, seguindo pelo caminho ladeado de sobreiros antigos, é possível visitar a cache d’O túmulo do homem morto [GC1P5F4]. De re-gresso à aldeia, Vale a Pena [GC1T9DE] visitar o café local, onde se pode recon-fortar o estômago com os melhores petiscos e licores da região. Para terminar da melhor maneira, os mais aventureiros poderão ainda imis-cuir-se no desafio de descobrir a melhor vista para a Aldeia da Pena [GC1P5F4]. Será a despedida perfeita! Não obstan-te o natural cansaço acumulado, é natural que fechem o último vislumbre da aventu-ra numa vontade de regressar.

Texto / Fotos: An-tónio Cruz (Valente

Cruz)

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p O r D A k i D A l i

INGRESS

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“O mundo à tua volta não é nada do que

parece”.

Esta é a frase que dá o mote para o primei-ro jogo da Google ba-seado em Realidade Aumentada.

O Ingress é um jogo virtual de realidade aumentada. Uma nova geração de jo-gos interativos, que nos fazem sair de casa, conhecer locais novos, fazer novos amigos e alguns “ini-migos”. Basicamente e resumidamente, existem duas fações, e tu escolhes a qual queres pertencer no início do jogo.

A história do jogo baseia-se numa mis-teriosa energia que mudará a vida dos humanos e na luta entre os que são lhe são favoráveis (Enli-ghtened/ Iluminados) -verdes- e os que são contra essa nova

energia pois pensam que ela pode vir a controlar a humani-dade (Resistance/Re-sistência) –azuis-.

Para jogar é neces-sário um smartphone com GPS, ligação à internet e escolheres um nick.

O jogo utiliza os ma-pas da Google, onde cada jogador podia (agora já não se pode), submeter portais para serem conquis-tados pelas fações. Esses portais podiam ser estátuas, monu-mentos ou qualquer objeto de interesse público e turístico. As fotos eram tiradas e georreferenciadas e enviadas para eles (niantic) que, passado algum tempo, aprova-vam ou não esse por-tal. Se o aprovassem, quem o submetia re-cebia uma notificação e o portal aparecia neutro (cinzento) no

tal local georreferen-ciado. Depois podia ser conquistado por um jogador de qual-quer uma das fações. Cada portal emana energia e é constituí-do por 8 “resonators”, e pode, ou não, ter até quatro “shields” para o defender. O jogo tem sofrido algumas alterações bem in-teressantes e quem joga desde o início, tem visto a sua evolu-ção como uma mais-valia para o jogo.

De início só se podia jogar através de con-vite e apenas em pla-taforma android, mas como tudo na vida vai evoluindo, o ingress passou a ser aberto a qualquer pessoa sem ser através de convite e passou a ser possí-vel jogar também com iphone.

O objetivo principal do jogo, que se joga a nível mundial, é con-

seguir formar “fields” (campos), ligando 3 portais através dos “links” que lanças de um portal. Para po-deres fazer isso (lan-çares links), os portais têm de estar conquis-tados pela tua fação, ter os 8 “resonators”, tens ainda que ter uma chave de cada uns dos portais para onde queres lançar os “links”. Para obteres material (“Keys”-cha-ves, “resonators”-re-sonadores, “shield-s”-escudos e “XMP Bursters”-explosivos de xmp, etc.) tens de te deslocar ao local onde estão os portais, e fazer “hack” aos portais, sejam eles da tua fação ou não, ou estejam neutros.

Em volta dos portais aparecem uns ponti-nhos brancos que são a “XM”-energia, que os portais emanam, se não os carregares

“O objetivo principal do jogo é conseguir formar “fields”, ligando 3 portais através dos “links” que

lanças de um portal.”

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eles vão perdendo energia. Para os car-regares não precisas de estar no portal, podes estar longe ou em casa desde que tenhas a chave des-se portal e tenhas a tua barra com ener-gia. Se por acaso não tiveres, ou gastares a tua energia, po-des recolher aqueles pontinhos brancos que estão perto dos portais e espalhados por aí, ou ter “power-cubs”- Cubos que ad-quires também dos “hacks” que fazes aos portais e usá-los para carregar a tua barra de energia.

Cada jogador tem um inventário com o material que vai acu-mulando dos “hacks”, que não pode exceder os 2000 itens. Podes reciclar o material que não te interessa e transformá-lo em energia, ou passa-lo a outro jogador. Para passares material para outro jogador, tens de o colocar em cápsulas (que com-portam até 100 itens) e depois largá-la no

chão, ou simples-mente largar os itens no chão. Se não for apanhado nas 12h após ter sido largado no chão os itens (que podem ser apanhado por qualquer jogador, seja da tua fação ou não) desaparecem.

Conforme vais con-quistando e intera-gindo com o jogo vais ganhando “AP” e vais subindo de nível. No início só havia até ao nível 8, hoje em dia vai até ao nível 16.

O jogo, sempre que há uma atualização, so-fre algumas melhorias e alterações, algumas são dicas dadas pelos próprios jogadores, mas sempre autoriza-das pela niantic.

De vez em quando combina-se uma OP (Operação) que pode ser a nível local, re-gional, Nacional ou Internacional, onde se convidam vários jogadores de uma fa-ção para fazer “fields” que podem tapar uma cidade, uma região, País, ou Continente. Estas Ops são um convívio fantástico

entre jogadores que por vezes só conheces de nick, e são carre-gadas de adrenalina, pois enquanto uma fação está concen-trada em conseguir concluir a sua OP, os da fação adversá-ria estão atentos ao mapa (Intel - www.ingress.com/intel) a ver as movimenta-ções e a tentar que o nosso objetivo não seja alcançado. Isto porque quando fazes um “link”, estes não se podem cruzar, pre-cisas de ter o caminho aberto entre um por-tal e o outro para onde vais lançar o “link”.

Como curiosidade e para teres uma ideia destes 3 anos que passaram do jogo ob-serva estas estatísti-cas.

Como deves calcular o jogo é muito mais do que o que descrevi em cima. É convívio, é co-nhecer novos lugares, pessoas de todas as profissões e feitios, é adrenalina, é um jogo de equipa, de estraté-gia, mas que também podes andar sozinho,

podendo os jogado-res da tua fação e da outra também, acom-panharem através da “comm” do jogo que andas a fazer.

Existem eventos (Anomalias), a nível internacional, em vá-rias países ao mesmo tempo, existem even-tos de “X fation” (ami-gável/com as duas fações), IFS (ingress first Saturday), “field art events”- onde se desenham bonecos com os “fields“, onde se quiseres participar tens que te inscrever previamente.

Para perceberes me-lhor podes aceder ao site e explorar (ht-tps://www.ingress.com/). Vai ao SUPORT (https://support. in-gress.com/hc/pt-br) e vê como começar.

Eu sou dos Iluminados (verdes) e o meu nick é dakidali, sou nível 16 e jogo principalmente na zona Oeste.

VÍDEO em https://www.youtube.com/watch?v=Ss-Z-QjFUio

Texto: Teresa Ribeiro (DakiDali)

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87Fevereiro 2016 - eDiÇÃo 19

ITENS

FIELDS

MODS_ SHIELDS

X FACTION OP

BADGES

FIELD ART

PORTALCOMMSITENS

INVENTÁRIO

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88 Fevereiro 2016 - eDiÇÃo 19

3º AniversárioGEO ALENTEJO

E V E N T O

p O r g E O A l E N T E j O

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O início de mais um ano é também sinóni-mo de comemoração de mais um aniversá-rio do Geo Alentejo. Este ano a organiza-ção apostou numa das capitais do Alentejo, a bonita cidade de Beja.

A cidade de Beja é considerada a capital do Baixo Alentejo e oferece uma vasta va-riedade de atividades, aos seus habitantes e forasteiros. Desde passeios pela ciclovia circundante, uma di-versidade de museus, monumentos entre os quais destaco o Castelo, entre outros pontos de interesse.

Este fim-de-semana começou soalheiro ao contrário dos dias que o antecederam, e que antecipavam poucas condições para o Geo-caching. Na manhã de Sábado, fizemos o check-in e seguiu-se um interessante workshop onde foram debatidos vários te-mas relacionados com o Geocaching e as suas práticas. O interesse dos participantes foi notório e a partilha de experiencias foi fun-damental.

Seguiu-se um almoço

com cerca de 40 par-ticipantes para todos degustarmos da fan-tástica carne de porco à alentejana, que não podia mesmo faltar. Ainda houve direito a uma prenda surpresa preparada pela orga-nização, que se tornou mais um momento bem divertido.

Um dos grandes mo-mentos do dia apro-ximava-se, a visita à Base Aérea Nº 11. Todos os participantes agruparam-se à en-trada, onde foi feito o briefing sobre esta vi-sita. À chegada fomos guiados pelos mem-bros da Força Aérea aos pontos de maior interesse dentro da Base, o Museu e visita à aeronave P-3C Cup+. Para quem não sabe o P-3C Cup+ resulta de um programa de mo-dernização de 5 P-3C adquiridos à Holanda, tendo o protótipo sido formalmente entre-gue em setembro de 2010.

O P-3C CUP+ mantém todas as capacidades de patrulhamento marítimo herdadas do P-3P, nomeadamente Luta Anti-Submarina (ASW), Luta Anti-Su-perfície (ASuW), e

Busca e Salvamento (SAR). Além disso, um conjunto de sensores modernos associados a um sistema tático de missão comple-tamente integrado, capacita o P-3C CUP+ a operar também em diversas missões em ambiente terrestre. Ficou também equipa-do com um sistema de autoproteção MLWS (Missile and Laser Warning System), que permite a deteção de ameaças e o disparo de contra-medidas.

A conjugação destas capacidades com as caraterísticas inatas desta aeronave, onde se destacam a sua enorme autonomia, raio de ação, velocida-de, a disponibilidade para transportar sen-sores e armamento, operar de dia e de noite e em quaisquer condições meteoroló-gicas, resultaram num sistema de armas ex-tremamente versátil e flexível.

O P-3C CUP+ iniciou a sua operação a 1 de janeiro de 2011, tendo efetuado o seu “Batis-mo de Fogo” na Ope-ração “Ocean Shield” ao serviço da NATO no Oceano Índico, em

missões de combate à Pirataria com excelen-tes resultados e uma prontidão de 100%. Esta visita dividiu-se então nestes dois mo-mentos, uma visita ao museu da Força Aérea onde foi possível ver diferentes tipos de aviões de salvamento e/ou guerra e a visita ao P3C CUP+, onde foi possível ver a vária pa-nóplia de equipamen-tos que são usados na deteção e busca tanto marítima como terreste, bem como uma breve explicação do tipo de missão que este avião faz.

Depois da visita à Base Aérea, o progra-ma oferecia um Jantar, com destaque para o Cante Alentejano, cantado pelo grupo Filhos do Alentejo. Sem dúvida mais um grande momento, que certamente deixou os participantes ain-da mais satisfeitos. Terminámos a noite com os Parabéns ao Geo Alentejo ao som do grupo de cantares, tornando o momento ainda mais especial.

O segundo dia ofe-receu-nos dois pro-gramas distintos pela manhã, um passeio

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de BTT para os mais radicais e um passeio pelos Museus da cida-de, como alternativa. No passeio de BTT as condições meteoro-lógicas previam-se adversas, com alguma chuva a cair na hora da partida. No entanto, com o desenrolar do passeio as condições foram melhorando, tornando os 25KM percorridos numa vol-ta bastante agradável, com destaque para o bom ambiente entre os participantes.

A visita aos museus foi bastante enrique-cedora pois podemos conhecer um pouco mais da riqueza histó-rica da cidade de Beja e descobrir recantos e particularidades que

de outra forma não seria possível. Foram visitados os seguin-tes museus: Museu Regional de Beja/Mu-seu Rainha D. Leonor; Núcleo Museológico da Rua do Sembrano; Museu Jorge Vieira/Casa das Artes e por fim a Capela do Antigo Hospital/Hospital da Misericórdia

Após estes passeios merecíamos um bela refeição, mais uma vez, superou as ex-pectativas, sempre com um bom am-biente e com algumas surpresas, desta vez para os BTTistas, brin-dados com um prémio simbólico pelo seu es-forço.

Terminado que estava

o almoço, e antes de se iniciar o CITO, teve início a corrida de tra-ckables “Baja TB Alen-tejo 2016”, que está a ser organizada em conjunto entre o Geo Alentejo e a GeoMag. Os trackables esta-vam alinhados junto do ponto de partida, e foi num ápice que deram um salto para outros Geocachers, que certamente lhes darão um rumo. Da-qui a um ano veremos quem acumula mais quilómetros e se sagra assim campeão desta corrida.

Aproveitando um ter-mo da Força Aérea “F.O.D.” (Foreign Object Damage), foi então promovido um CITO [GC68H4C]. Após o

briefing, os presentes participaram ativa-mente neste evento, tendo contribuído para a limpeza do Jardim Residencial da Força Aérea.

Terminado o segundo dia, ficamos sem dú-vida com a sensação que este foi, de facto, um fim-de-semana muito bem passado, e esperamos que os esforços de toda a or-ganização para que o mesmo fosse usufruí-do o máximo possível por todos os visitantes tenha sido alcançado.

Abraços e até para o ano!

Texto / Fotos: Geo Alentejo

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Out of place graves

w A y M A r k i N g

p O r T M O B

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No waymarking exis-tem muitas categorias que se enquadram num tema que para nós por-tugueses é geralmente incómodo: a morte e em particular as se-pulturas. Por cá, entrar num cemitério é geral-mente um sinónimo de tristeza, mas noutras culturas nem sempre o é. Pode ser literalmente como fazer um passeio num parque. Os cemi-térios são muitas vezes espaços arborizados no centro da cidade, como um jardim publico, ou, podem ser também ver-dadeiros museus ao ar livre, quando as campas e jazigos incluem belas esculturas ou são re-presentativas de certos periodos artisticos.

Apreciar o waymarking é estar constantemente atento aos detalhes, e é precisamente aí que entra esta categoria, a “Out of Place Graves”, onde é pretendido docu-mentar sepulturas que não é suposto estarem em determinadado lo-cal, quer seja porque se trata de uma sepultura perdida no meio de um comum jardim citadino, ou, por exemplo, quan-do a última morada de

um soldado é no meio do cemitério inimigo, enfim, as possibilidades são muitas.

O waymark que destaco situa-se em Edimburgo, na Escócia, e documenta o estranho facto de en-contrar uma sepultura de um cão no cemitério do adro de uma igreja. É claro que não se trata de um cão qualquer, este Skye Terrier, de nome Greyfriars Bobby, é pro-vavelmente o cão mais conhecido da Escócia.

De entre as várias ver-sões da história deste cão, a mais conhecida passa-se no Século XIX, por volta de 1858; o seu dono, John Gray, trabalhava para a po-lícia da cidade, como vigilante nocturno, e os dois foram grandes companheiros por cer-ca de 2 anos. Quando John sucumbiu devido à tuberculose foi enter-rado precisamente no cemitério da igreja de Greyfriars, localizada naquela que é hoje a parte velha de Edimbur-go. Conta a história que Bobby, depois de perder o dono, passou os res-tantes 14 anos de vida junto da campa do dono,

neste cemitério, espe-rando o seu eventual regresso.

Bobby morreu em 1872 e como não podia ser enterrado no cemitério propriamente dito, por se tratar de solo sa-grado, foi enterrado no adro da igreja, no acesso ao cemitério, não mui-to longe da campa do seu dono. Um ano mais tarde foi eregida uma estátua e uma fonte em sua homenagem, perto da ponte George IV, localidada em frente da igreja de Greyfriars. Como curiosidade, a fonte era originalmente um bebedouro, tendo dois níveis, um para hu-manos, e outro, junto ao chão, para cães.

A lápide de homenagem ao canídeo foi colocada em 1981, pela The Dog Aid Society of Scotland, e nela se pode ler:

«Greyfriars Bobby

Died 14 January 1872

Aged 16 years

Let his loyalty and de-votion be a lesson to us all.»

A bonita história do Bobby foi de tal forma

marcante que já ins-pirou diversos livros e filmes, e é comum a sua referência em diversas situações da cultura po-pular.

Actualmente o local é uma atracção turísti-ca na cidade, e, desde aproximadamente o ano 2000, a sua estátua é utilizada como local de culto/adoração, sendo comum aí encontrar brinquedos, flores, e até pauzinhos (para o Bobby ir buscar). E claro, nas proximidades deste lo-cal, não podia faltar essa instituição da cultura Britânica, o tradicional “Pub”, tendo como nome o Bobby.

Engana-se quem pensar que a história de lealda-de e devoção do Bobby é caso único; por todo o mundo são muitas as histórias de cães que esperaram o regresso do dono mesmo depois da sua morte, provando assim a velha máxima de que o Cão é o melhor amigo do Homem.

Link: http://coord.info/WMF763

Texto / Fotos: Tiago Borralho (Tmob)

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p O r r k E l u x

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Com os seus máximos 1.85m de comprimen-to, excluindo a cauda, e 150kg de peso, a Panthera onca em latim, jaguar ou onça-pintada, nome que recebe no Brasil, ocupa o último lugar do pódio dos maiores felinos do mundo, com o tigre e o leão nos dois lugares acima. Mas nas Américas é mesmo o maior dos gatos.

No entanto, ao contrário do que sucede em rela-ção aos primos asiático e africano, o jaguar apre-senta nos nossos dias um aspeto muito idêntico ao do seu antepassado pré--histórico, aparentemente apenas um pouco menor. É portanto um animal muito antigo na terra.

Havendo outros tipos de panteras nas Américas, o jaguar tem atualmente o seu território confina-do às zonas de flores-tas tropicais, ainda que recentemente tenham sido obtidas imagens surpreendentes de um espécime no Arizona, por meio de uma câmara de vigilância.

Por tudo isto e muito mais, para continuar a minha sé-rie de geocoins dedicadas ao Brasil, após a multico-lorida arara, o jaguar impu-nha-se como uma escolha óbvia, até porque como

feliz coincidência, também foi escolhido como masco-te para o Team Brasil aos jogos olímpicos Rio 2016.

Na fase de pesquisa, ten-tei obter uma boa quan-tidade de imagens com alta resolução que me permitissem fazer um de-senho fiel do animal. Após algumas tentativas para obter um resultado satis-fatório utilizando todo o corpo do animal, preferi focar-me apenas na ca-beça, que possui traços bastante caraterísticos e marcantes. Assim, ao am-pliar o objeto de trabalho, consegui também ter mais facilidade para explorar a aplicação de gemas nos olhos. No entanto tal solu-ção só ficou definida após ter decidido optar por uma geocoin totalmente em 3D numa das faces.

Os estudos iniciais iam no sentido de uma geocoin em 2D em ambas as faces, com aplicação de cores na frente, mas a comple-xidade da textura da pele do jaguar, principalmente num objeto de reduzidas dimensões, tornou a op-ção 3D bem mais viável e vantajosa também, já que no verso apliquei a textura em baixo-relevo, apenas interrompida pela pegada do jaguar e pelo texto.

Esta peça teve uma fase de

produção mais demorada do que o habitual, até con-seguir que a renderização 3D conseguisse ser o mais idêntica possível à cabeça de um jaguar... no início, os técnicos da fábrica pensa-vam que se tratava de um leopardo, depois um tigre, já que, aparentemente, não conheciam este felino sul-americano até então.

Finalmente as gemas de formato redondo (ou diamante), deram lugar a outras de formato acen-tuadamente oval, o que a meu ver, acrescentou “ati-tude” à geocoin.

Foram produzidas um total de 325 geocoins, em cinco acabamentos e cinco cores de gemas diferentes. Pondera-se a possibilidade de cunhar mais exemplares apenas da Edição Regular.

Edição Regular (Antique Gold com olhos verme-lhos) 150 geocoins

Edição Limitada (Antique Copper com olhos verdes) 75 geocoins

Edição Extra Limitada (Antique Silver com olhos amarelos) 50 geocoins

Edição Especial Geocache Land (Shiney Gold com olhos pretos) 25 geocoins

Edição de Artista (Black Nickel com olhos azuis) 25

geocoins

As vendas são feitas por lotes ou por unidade, Con-junto de Colecionador (5 peças diferentes), Conjun-to Geocache Land (4 peças diferentes, RE, LE, XLE e SE), Conjunto Standard (3peças diferentes, RE, LE e XLE), finalmente a RE e a LE podem ser adquiridas isoladamente.

A próxima geocoin desta série, dedica-se a mostrar uma das mais impressio-nantes plantas brasileiras, a Victoria amazonica (an-tes conhecida como Victo-ria regia). Fiquem atentos!

FICHA TÉCNICA

Design: Kelux Geocoin Design

Produção: Kelux Geocoin Design

Patrocínio: Geocache Land

Vendas: http://geoca-cheland.com/products/jaguar-panthera-onca

Com ícone e código de rastreamento em www.geocaching.com

Dimensões: 40mm x 39,5mm x 6mm

Peso: 27g

Fotos / Texto: Rui de Almeida (RKelux)

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29 FEVEREIROLEAP DAY/SOUVENIR DAY

P O R V S E R G I O S

100 Fevereiro 2016 - eDiÇÃo 19

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101Fevereiro 2016 - eDiÇÃo 19

Bem, isto afinal é nor-

mal. De há uns sécu-

los para cá que a Terra

tem estado mais pe-

sada, culpa do exces-

so de população, de

água do degelo dos

polos, dos vinte cones

de escórias e respeti-

vos derrames lávicos

dos Capelinhos e,

quiçá, de carga suple-

mentar de powertrail

de geocaches. De mo-

dos que ela tem es-

tado a demorar mais

que 365 dias a dar a

volta ao Sol. Ou isso

ou o Sol está cada vez

mais quente e a Terra,

cada vez mais sen-

sível, vai circunscre-

vendo a sua trajetória

cada vez mais para

lá para o infinito. Há

também quem diga

que é das pizzas que

anda a comer, mas

isso já é malta que

acha que tem piada…

São então atualmen-

te precisos 365 dias,

5 horas, 48 minutos

e 45,2 segundos, em

cada ano, para que a

volta esteja completa,

ou seja é este o inter-

valo de tempo decor-

rido entre duas pas-

sagens consecutivas

do Sol pelo equinócio

vernal (ano Grego-

riano, vá), pelo que a

cada quatro anos isto

perfaz praticamente

mais 24 horas que

não sabiam onde as

enfiar.

Ah e tal, há para aí uns

escafiados da cabeça

que andam de GPS na

mão à procura de cai-

xinhas em baixo das

pedras e que se calhar

lhes dava jeito estas

horinhas extra para

preencherem a sua

coleção de souvenirs

de geocaching com

mais dois desenhos,

e vai daí e, pumbas,

toma lá um Leap Day.

E pode ser já a 29 de

fevereiro, para não

estar a criar meses

com 32 dias.

Assim, descobrindo

uma cache nos dias

27, 28 ou 29 temos

direito a um primeiro

souvenir (excluindo

eventos), e exatamen-

te no dia 29 direito a

um segundo exclusi-

vamente participando

num evento. Mas que

maravilha, pois eu já

não sabia o que fazer

neste fim-de-semana

prolongado…

Dia 29 a maioria da

malta está a traba-

lhar, mas vai ser fácil,

pois há um evento a

cada esquina. Onde

quer que estejamos,

vamos ter companhia

de certeza, e vamos

ganhar um souvenir.

Para animar ainda

mais a festa a Grou-

ndspeak alargou os

cordões à bolsa e vai

abrir a todos os mem-

bros a possibilidade

de ver na aplicação

móvel grátis (Geo-

caching Free app)

todas as caches, sem

limitações (à exceção,

obviamente, das geo-

caches PMOC – Pre-

mium Members Only

Caches).

Vai ser a loucura. Va-

mos lá divertir-nos

neste fim-se-semana

e especialmente nes-

te dia bónus. 29 de

fevereiro vamos ligar

o GPS!

Texto: Vitor Sergio

(VSergios)

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102 Fevereiro 2016 - eDiÇÃo 19

FROM GEOCACHING HQ

WITH LOVEÉ uma altura parada do ano no que se refe-re ao geocaching, pelo menos no Hemisfério Norte. Com a maioria do locais a passarem por duradouras tem-pestades de Inverno, ou, para nós aqui em Seattle, dias chu-vosos, e as pessoas tendem a abrandar o seu geocaching. Uma vez que não tenho grandes contos acer-

ca das minhas aven-turas de geocaching mais recentes, pensei que seria uma boa al-tura para apresentar a todos vós alguns dos meus colegas de trabalho na sede do geocaching. Temos cerca de 80 empre-gados no total, entre os dois escritórios – a nossa sede, escritório principal conhecido como HQ, localiza-

do no bairro de Fre-mont, em Seattle e o nosso armazém de expedição na baixa de Seattle. Sinto-me extremamente afor-tunada por trabalhar com algumas pessoas muito inspiradoras e podem acreditar que, tanto o nosso website como as apps, estão em boas mãos. Se-leccionei 4 elementos da Sede, de diferentes

departamentos do escritório, para vocês conhecerem e pedi-lhes para partilharem alguma da sua sabe-doria “geocachiana” convosco.

Texto: Annie Love / Chris / Erin / Jen

Pearce / Casey Cady / Bruno Gomes

Fotos: Annie Love / Chris / Erin / Jen

Pearce / Casey Cady

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103Fevereiro 2016 - eDiÇÃo 19

Nome: Chris

Nome de Geocacher: Rock Chalk

Primeira geocache: GC1MZ30 “Welcome To SM Park” em 14/7/2011

O que faz na sede do Geocaching: PR Manager

Geocache favorita: GC39ZM0 “Hail to the King”. Eu adoro Wherigos e adoro fazer

escalada à procura de caches. Esta é uma Wherigo que exige várias subidas. O meu

tipo de cache!

O seu pensamento geocacher: Não tenhas medo de deixar o geocaching levar-te

a novas experiências que possas ter pensado que estavam para lá do teu alcance.

Nunca seria dono de uma bicicleta ou de um caiaque se não fosse pelo geocaching!

Nome: Erin

Nome de Geocacher: Oceansazul

Primeiro found: GC194E1 “West Side Invasion”a 20/2/2011

O que faz na Sede do Geocaching: Guest Experience Coordinator

Geocache favorita: GC110VZ “Puyallup’s Thing’s That Go Bump in the Night”, uma

cache mistério nocturna. Foi a minha primeira cache nocturna e primeiro mistério!

Adorei encontrá-la com o meu pai (Grizzle E. Bear) – tivemos uma grande aventura!

O seu pensamento geocacher: Enjoy the view!

Nome: Jen Pearce

Nome de geocacher: catfax

O primeiro found: GCRAX1 “First Kiss”em 27/06/15

O que faz na Sede do Geocaching: UX Design

Geocache favorita: Até agora tem de ser a GC5C5M4 “Ivy of Stone”. Foi uma das

primeiras caches que encontrei e necessitei de 3 visitas para a encontrar. Nunca me

esquecerei de como me senti* quando descobri onde estava (*Como um génio).

O seu pensamento geocacher: Não tenhas vergonha dos teus DNF’s – eles são

activos valiosos para a comunidade.

Nome: Casey CadyNome de Geocacher: kckdPrimeira geocache: GC642D “Experimental Time Limited Cache: Greenlake Dash” on 17/6/2002O que faz na Sede do Geocaching: Mobile Development Manager – Faço a gestão das equipas que trabalham nas nossas apps móveis.Geocache favorita: GC2B034 “Necropolis of Britannia Manor III” - É uma Multi-Cache como uma grande história e que nos leva uma viagem épica à volta de Austin, TX. O final é incrível!O seu pensamento geocaher: Geocaching é a minha forma favorita de encontrar joias escondidas quando se viaja. Certifica-te sempre que procuras por boas caches antes de sair, para que possas traçar um plano para as encontrar. Descobri toneladas de locais interessantes assim..

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104 Fevereiro 2016 - eDiÇÃo 19

Até agora a promoção de Eventos era um as-pecto ainda não abor-dado directamente nas Linhas de Orientação nem em qualquer outra documentação da Grou-ndspeak, no entanto fo-ram muito recentemen-te criados alguns pontos a ter em conta no que toca a divulgar e promo-ver Eventos, de modo a não comprometer a isenção das geocaches cujas páginas estavam a tornar-se simples meios

de propaganda para Eventos que almejavam um estatuto que ainda não tinham atingido.

Assim, apenas em pá-ginas de Eventos pode haver promoção a ou-tros Eventos. Nas pági-nas das geocaches e de Eventos CITO não pode haver esse tipo de refe-rências.

Os únicos Eventos que podem ser promovidos são aqueles que já foram publicados, uma vez que não faz sentido estar a

promover Eventos que

podem não chegar a ser

publicados.

A divulgação deve estar

situada no final da Des-

crição Longa da página e

não pode conter logoti-

pos ou imagens relati-

vas ao Evento que visa,

mas por outro lado pode

conter o GC Code e/ou

um link para a página do

mesmo.

Da mesma forma não

podem existir apelos ao

registo de Will Attends.

Exemplos aceitáveis:

“Juntem-se a nós no GC_Code/Nome_Do_Evento”

“Irei participar também no GC Code/Nome_Do_Evento”

“Iremos falar acerca do GC Code /Nome_Do_Evento”

Exemplos inaceitáveis:

“Não se esqueçam de re-gistar o vosso Will Attend”

“Façam já o vosso Will Attend”

Texto: Filipe Nobre (MightyRev)

DIVULGAÇÃO E PROMOÇÃO DE EVENTOS

p O r M i g h T y r E V

P O N T O Z E R O

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105Fevereiro 2016 - eDiÇÃo 19

+

Junta-te a nós!

http://fb.me/geomagpt

Page 106: Edição 19

https://www.facebook.com/geomagpt [email protected] www.geomag.pt