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A ARTE DE FAZER PIPAS L inha E ntre Informativo do curso de Jornalismo da Universidade de Caxias do Sul n o 19 - 2 o semestre de 2012 FOTO DAVI TRINTINAGLIA

Entrelinha - Edição 19

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Informativo do curso de Jornalismo da Universidade de Caxias do Sul - Entrelinha N° 19 - 2° Semestre de 2012

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Page 1: Entrelinha - Edição 19

A ARTE DE FAZERPIPAS

LinhaEntre

LinhaEntre

Informativo do curso de Jornalismo da Universidade de Caxias do Sul n° 18 - Segundo Semestre de 2012

Informativo do curso de Jornalismo da Universidade de Caxias do Sul no 19 - 2o semestre de 2012

FOTO DAVI TRINTINAGLIA

Page 2: Entrelinha - Edição 19

2OPINIÃO

A construção do design da notícia

EXPEDIENTE

Reitor - Isidoro Zorzi

Diretora do Centro de Ciências da Comunicação:Marliva Vanti Gonçalves

Coordenador do Curso de Jornalismo:Álvaro Benevenutto Júnior

Professor: Marcelo Miranda

Redação e diagramação:Adriane Amantino Machado Ana Maria RomaniBruno Doncatto Bareta Camila BaggioChaiane Valtrick SilveiraDavi TrintinagliaFranceli StefaniGerson Felippi JuniorMichael Fernando SusinSamantha Cecilia HunoffTiago Fernando Guerra

Projeto Gráfico: Franceli Stefani

Entrelinha é um produto da disciplina de Design de Notícias - 2o semestre de 2012Universidade de Caxias do Sul

Não é qual-quer disci-plina que

oportuniza a seus alunos a chance de aprender a li-dar com o temido InDesign. Se você já teve uma expe-riência anterior, melhor, pois pode aperfeiçoar seus conhec imentos . Mas se apenas ou-viu falar e nunca mexeu nesse “bi-cho”, saiba que chegou sua vez de criar páginas de jornal ou revista. Então, é possível entender o signi-ficado da palavra diagramar e a im-portância do design da notícia.

Mas, além da prática em criar e montar páginas, te-mos oportunidade de exercitar a reda-ção, tão importante para quem trabalha ou pretende entrar na área da comuni-cação. Para quem cursa jornalismo, nada melhor do que ter uma noção do dia-a-dia do profissional, entre-vistando, fotogra-fando, telefonando, checando informa-ções, gravando e, por fim, escreven-do e diagramando. E, no final, ter o prazer e a satisfa-ção de ver alguém lendo e comentan-do sobre algum texto que você es-creveu ou uma foto

que fez. Para quem ainda está na facul-dade, com pouca ou nenhuma expe-riência na área, é normal criar expec-tativas sobre a pro-fissão dos sonhos. E, acredite, essa disciplina lhe pro-porciona tudo isso. Entrelinha é o resultado de quatro meses de entrevis-tas e fotos dos alu-nos de Design de Notícia, do perío-do 2012/4, do cur-so de jornalismo. Nosso objetivo foi abranger diversos temas e oportuni-zar a você uma boa leitura. Ver este trabalho concluí-do é uma enorme vitória para todos nós.

DAVI TRINTINAGLIA

3ANIMAIS

Ajudar os animais. Esse é o objeti-vo de Fernanda

Catusso, 27 anos, desde que adotou seu primeiro cachorro. “Há seis anos cheguei na Soama que-rendo um filhotinho de raça, com todos aqueles conceitos que muita gen-te tem. O Gordo (um de seus cachorros) mudou todos os meus valores”, conta Fernanda. Foi isso que a inspirou a criar a Fe-lícia PetLover, uma marca que existe há três anos e que tem bolsas, nécessai-res, almofadas e toalhi-nhas, tudo feito por ela com tecidos importados dos Estados Unidos. Re-centemente também co-meçou a importar canecas e outros objetos. E tudo com temática animal, é claro. Com a venda dos produtos, ela consegue abrigar mais de trinta ca-chorros e gatos, enquanto esperam a adoção.

Fernanda não tem nú-meros precisos, mas cal-cula que já abrigou mais de cem animais e encami-nhou para a adoção cerca de sessenta. Atualmente, os animais que ela recolhe

Palavra de adotante“A gente aprende a

amar mais. Tu pode ter brigado com eles antes de sair e quando tu chega estão te esperando. Eles dão carinho, dão confor-to.”

Patricia Oliveira Passos, coordenadora de Recursos Humanos (foto abaixo)

“O Freddy é uma com-panhia, tanto pra mim quanto pros meus pais. Pra nós foi muito bom ter um bichinho. Essa ini-ciativa te torna uma pes-soa mais humana.”

Caroline Ribeiro Fracas-so, estilista (foto acima)

ADRIANE AMANTINO

A paixão por vira-latasO casal Patricia Passos e Diego Boscaini aco-

lheu a cachorrinha Lari há dois anos e o cachor-ro Fuca há quatro meses. Eles afirmam que os bichinhos mudaram a vida deles para melhor e que se pudessem teriam muitos mais. Já Caroli-ne Fracasso optou por adotar um gato adulto, o Freddy. O bichano preencheu o vazio que ha-via ficado na casa com a morte da gatinha Mary.

Amor sem raça definida

A empreendedora Fernanda Catusso, 27 anos, é a criadora da marca Felicia PetLover. Com a venda dos produtos,

ela ajuda animais abandonadossão os que têm maior vul-nerabilidade, como do-enças, ou os mais idosos. Para adotar é necessário preencher um formulário com valor judicial, que as-segura a responsabilidade do adotante para com o animal. Depois, Fernan-da segue acompanhando a situação dos bichinhos, para garantir que eles es-tão sendo bem cuidados.

“Hoje em dia eles são a minha vida. Apesar de ser formada em moda, são eles que eu escolhi cuidar, é meu projeto de vida”, afirma Fernanda, emocio-nada.

Recentemente a ide-alizadora da Felicia PetLover passou a contar com uma sócia. Para aju-dar é fácil: é só comprar os produtos da Felicia PetLover, ou adotar os animais acessando o site, feliciapetlover.com.br ou através do facebook.com/felicia.petlover.

Fernanda com um de seus quatro cachorrinhos, o Luli

Foto

s: A

dria

ne A

man

tino

Fernanda, Magrelus, e produtos da PetLover

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2OPINIÃO

A construção do design da notícia

EXPEDIENTE

Reitor - Isidoro Zorzi

Diretora do Centro de Ciências da Comunicação:Marliva Vanti Gonçalves

Coordenador do Curso de Jornalismo:Álvaro Benevenutto Júnior

Professor: Marcelo Miranda

Redação e diagramação:Adriane Amantino Machado Ana Maria RomaniBruno Doncatto Bareta Camila BaggioChaiane Valtrick SilveiraDavi TrintinagliaFranceli StefaniGerson Felippi JuniorMichael Fernando SusinSamantha Cecilia HunoffTiago Fernando Guerra

Projeto Gráfico: Franceli Stefani

Entrelinha é um produto da disciplina de Design de Notícias - 2o semestre de 2012Universidade de Caxias do Sul

Não é qual-quer disci-plina que

oportuniza a seus alunos a chance de aprender a li-dar com o temido InDesign. Se você já teve uma expe-riência anterior, melhor, pois pode aperfeiçoar seus conhec imentos . Mas se apenas ou-viu falar e nunca mexeu nesse “bi-cho”, saiba que chegou sua vez de criar páginas de jornal ou revista. Então, é possível entender o signi-ficado da palavra diagramar e a im-portância do design da notícia.

Mas, além da prática em criar e montar páginas, te-mos oportunidade de exercitar a reda-ção, tão importante para quem trabalha ou pretende entrar na área da comuni-cação. Para quem cursa jornalismo, nada melhor do que ter uma noção do dia-a-dia do profissional, entre-vistando, fotogra-fando, telefonando, checando informa-ções, gravando e, por fim, escreven-do e diagramando. E, no final, ter o prazer e a satisfa-ção de ver alguém lendo e comentan-do sobre algum texto que você es-creveu ou uma foto

que fez. Para quem ainda está na facul-dade, com pouca ou nenhuma expe-riência na área, é normal criar expec-tativas sobre a pro-fissão dos sonhos. E, acredite, essa disciplina lhe pro-porciona tudo isso. Entrelinha é o resultado de quatro meses de entrevis-tas e fotos dos alu-nos de Design de Notícia, do perío-do 2012/4, do cur-so de jornalismo. Nosso objetivo foi abranger diversos temas e oportuni-zar a você uma boa leitura. Ver este trabalho concluí-do é uma enorme vitória para todos nós.

DAVI TRINTINAGLIA

3ANIMAIS

Ajudar os animais. Esse é o objeti-vo de Fernanda

Catusso, 27 anos, desde que adotou seu primeiro cachorro. “Há seis anos cheguei na Soama que-rendo um filhotinho de raça, com todos aqueles conceitos que muita gen-te tem. O Gordo (um de seus cachorros) mudou todos os meus valores”, conta Fernanda. Foi isso que a inspirou a criar a Fe-lícia PetLover, uma marca que existe há três anos e que tem bolsas, nécessai-res, almofadas e toalhi-nhas, tudo feito por ela com tecidos importados dos Estados Unidos. Re-centemente também co-meçou a importar canecas e outros objetos. E tudo com temática animal, é claro. Com a venda dos produtos, ela consegue abrigar mais de trinta ca-chorros e gatos, enquanto esperam a adoção.

Fernanda não tem nú-meros precisos, mas cal-cula que já abrigou mais de cem animais e encami-nhou para a adoção cerca de sessenta. Atualmente, os animais que ela recolhe

Palavra de adotante“A gente aprende a

amar mais. Tu pode ter brigado com eles antes de sair e quando tu chega estão te esperando. Eles dão carinho, dão confor-to.”

Patricia Oliveira Passos, coordenadora de Recursos Humanos (foto abaixo)

“O Freddy é uma com-panhia, tanto pra mim quanto pros meus pais. Pra nós foi muito bom ter um bichinho. Essa ini-ciativa te torna uma pes-soa mais humana.”

Caroline Ribeiro Fracas-so, estilista (foto acima)

ADRIANE AMANTINO

A paixão por vira-latasO casal Patricia Passos e Diego Boscaini aco-

lheu a cachorrinha Lari há dois anos e o cachor-ro Fuca há quatro meses. Eles afirmam que os bichinhos mudaram a vida deles para melhor e que se pudessem teriam muitos mais. Já Caroli-ne Fracasso optou por adotar um gato adulto, o Freddy. O bichano preencheu o vazio que ha-via ficado na casa com a morte da gatinha Mary.

Amor sem raça definida

A empreendedora Fernanda Catusso, 27 anos, é a criadora da marca Felicia PetLover. Com a venda dos produtos,

ela ajuda animais abandonadossão os que têm maior vul-nerabilidade, como do-enças, ou os mais idosos. Para adotar é necessário preencher um formulário com valor judicial, que as-segura a responsabilidade do adotante para com o animal. Depois, Fernan-da segue acompanhando a situação dos bichinhos, para garantir que eles es-tão sendo bem cuidados.

“Hoje em dia eles são a minha vida. Apesar de ser formada em moda, são eles que eu escolhi cuidar, é meu projeto de vida”, afirma Fernanda, emocio-nada.

Recentemente a ide-alizadora da Felicia PetLover passou a contar com uma sócia. Para aju-dar é fácil: é só comprar os produtos da Felicia PetLover, ou adotar os animais acessando o site, feliciapetlover.com.br ou através do facebook.com/felicia.petlover.

Fernanda com um de seus quatro cachorrinhos, o Luli

Foto

s: A

dria

ne A

man

tino

Fernanda, Magrelus, e produtos da PetLover

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Mídia a bordoEmpresas aéreas disponibilizam entretenimento para tornar voos mais agradáveis

COMUNICAÇÃO 4

As revistas de bordo são tradicio-nais nas aeronaves. Os temas apre-sentados são atuais e agradáveis. Elas tratam de temas variados, que englobam o interesse de todos, inde-pendente da classe social, gênero ou idade. Contam a história de pessoas que fazem a diferença e se destacam em suas respectivas áreas, além de cultura, moda, turismo e cases lin-cados à aviação.

As empresas aéreas, apesar de to-dos os problemas enfrentados, se preocupam com o bem-estar de seus clientes e investem para tal. A mídia a bordo, além de tornar a via-gem mais agradável, entreter e au-xiliar a passar o tempo mais rápido, desempenha o seu principal papel: informar.

Os passageirosValéria de Rossi, publicitária, des-

taca as revistas. “As matérias e os ar-tigos são bons. Há uma parte: ‘Per-gunte ao comandante’, que sempre traz informações interessantes sobre aviação”. Andréa da Silva, aeroviá-ria, comenta que sua leitura favorita a bordo são as dicas de viagem. “As pessoas falam para onde foram, o que viram e o que fizeram de inte-ressante”. Outro passageiro assíduo é Giovani Benedetti, estudante de Direito, que confessa: “Eu adoro as revistas. Tenho coleção delas em casa”.

Atenção, passageiro das empresas aé-reas brasileiras,

bem-vindo a bordo. Ve-rifique seu cartão de em-barque, acomode-se na poltrona indicada, afive-le o cinto de segurança e aprecie a mídia disponível na aeronave. Solicitamos, agora, que você, mes-mo sendo um passageiro frequente, preste aten-ção nos procedimentos, no caso de um pouso de emergência - portas de emergência são indica-das e o uso das máscaras de oxigênio demonstrado pela tripulação. O entre-tenimento está a seu dis-por. Desejamos a todos uma boa viagem.

A comunicação está sem-pre presente no cotidiano das pessoas. A bordo, não poderia ser diferente. Para atrair a atenção dos passa-geiros, as empresas aéreas têm disponibilizado dife-rentes formas de entrete-nimento. As marcas apro-veitam a oportunidade e se exibem na folheteria, degustação, encosto de cabeça, speech, sampling, adesivo de fuselagem, ban-dejas, toilet, persiana e bin, por exemplo.

Companheiras de viagem

CHAIANE VALTRICK SILVEIRA

As marcas são divulgadas dentro das aeronaves

O passageiro pode assistir filmes ou ou-tros canais de televisão nas telas individuais dispostas nas poltronas, em sua frente, em algumas empresas. Já em outras é possível acessar vídeos, notícias, jogos, músicas e muito mais, em seu tablet, notebooks, smar-tphones ou iPhones no modo avião ou modo voo.

Tecnologia no meio ruralNos últimos anos, modernidade e informatização chegaram à agricultura

TIAGO GUERRA

A tecnologia já não é mais uma exclusi-vidade das grandes

áreas urbanas. A infor-matização do meio rural está crescendo de forma exponencial, trazendo mo-dernidade e profissiona-lização, proporcionando maior facilidade para o agricultor.

Esta informatização abrange tanto a área ad-ministrativa, com a cria-ção de softwares exclusivos para a agricultura, como também a parte operacio-nal, gerando um controle mais adequado da proprie-dade, aumentando a sua competitividade e a sua produção.

Quanto mais a agricul-tura se desenvolve, mais os produtores rurais adqui-rem controle sobre os seus ambientes produtivos e, com isso, tornam a ativi-dade mais lucrativa e com maiores facilidades para o trabalho.

O uso de máquinas auxilia na produção e facilita o trabalho de muitos agricultores

No caso da Serra gaú-cha, principalmente nos últimos cinco anos, hou-ve um grande avanço na aquisição de maquinários para a agricultura. Atual-

mente, cerca de 95% dos agricultores estão estru-turados com máquinas que auxiliam o trabalho e permitem a manutenção da alta produtividade da

região. Esse desenvolvi-mento tem gerado maior controle sobre o seu am-biente produtivo, graças ao conhecimento adquiri-do através da tecnologia.

Serra mostra crescimento agrícola

INVESTIMENTOAlém do investimento em má-quinas, a região também está investindo em tecnologias que visam superar problemas cli-máticos, como a seca.

Estão sendo implantados sistemas de irrigação que utilizam baixo nível de água e que têm um custo em tor-no de 60% mais barato que sistemas convencionais.

Nesses sistemas, são utili-zados depósitos que captam água das chuvas para, então, reaproveitá-la para o uso na irrigação.

5ECONOMIA

Foto Tiago Guerra

O uso de maquinários com recursos tecnológicos, a apli-cação correta dos defensivos, aliados ao uso da informática, fazem da agricultura um setor altamente desenvolvido e com grandes perspectivas para os produtores, com novos recursos que qualificam a produção

SAIBA MAIS

Divulgação

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Mídia a bordoEmpresas aéreas disponibilizam entretenimento para tornar voos mais agradáveis

COMUNICAÇÃO 4

As revistas de bordo são tradicio-nais nas aeronaves. Os temas apre-sentados são atuais e agradáveis. Elas tratam de temas variados, que englobam o interesse de todos, inde-pendente da classe social, gênero ou idade. Contam a história de pessoas que fazem a diferença e se destacam em suas respectivas áreas, além de cultura, moda, turismo e cases lin-cados à aviação.

As empresas aéreas, apesar de to-dos os problemas enfrentados, se preocupam com o bem-estar de seus clientes e investem para tal. A mídia a bordo, além de tornar a via-gem mais agradável, entreter e au-xiliar a passar o tempo mais rápido, desempenha o seu principal papel: informar.

Os passageirosValéria de Rossi, publicitária, des-

taca as revistas. “As matérias e os ar-tigos são bons. Há uma parte: ‘Per-gunte ao comandante’, que sempre traz informações interessantes sobre aviação”. Andréa da Silva, aeroviá-ria, comenta que sua leitura favorita a bordo são as dicas de viagem. “As pessoas falam para onde foram, o que viram e o que fizeram de inte-ressante”. Outro passageiro assíduo é Giovani Benedetti, estudante de Direito, que confessa: “Eu adoro as revistas. Tenho coleção delas em casa”.

Atenção, passageiro das empresas aé-reas brasileiras,

bem-vindo a bordo. Ve-rifique seu cartão de em-barque, acomode-se na poltrona indicada, afive-le o cinto de segurança e aprecie a mídia disponível na aeronave. Solicitamos, agora, que você, mes-mo sendo um passageiro frequente, preste aten-ção nos procedimentos, no caso de um pouso de emergência - portas de emergência são indica-das e o uso das máscaras de oxigênio demonstrado pela tripulação. O entre-tenimento está a seu dis-por. Desejamos a todos uma boa viagem.

A comunicação está sem-pre presente no cotidiano das pessoas. A bordo, não poderia ser diferente. Para atrair a atenção dos passa-geiros, as empresas aéreas têm disponibilizado dife-rentes formas de entrete-nimento. As marcas apro-veitam a oportunidade e se exibem na folheteria, degustação, encosto de cabeça, speech, sampling, adesivo de fuselagem, ban-dejas, toilet, persiana e bin, por exemplo.

Companheiras de viagem

CHAIANE VALTRICK SILVEIRA

As marcas são divulgadas dentro das aeronaves

O passageiro pode assistir filmes ou ou-tros canais de televisão nas telas individuais dispostas nas poltronas, em sua frente, em algumas empresas. Já em outras é possível acessar vídeos, notícias, jogos, músicas e muito mais, em seu tablet, notebooks, smar-tphones ou iPhones no modo avião ou modo voo.

Tecnologia no meio ruralNos últimos anos, modernidade e informatização chegaram à agricultura

TIAGO GUERRA

A tecnologia já não é mais uma exclusi-vidade das grandes

áreas urbanas. A infor-matização do meio rural está crescendo de forma exponencial, trazendo mo-dernidade e profissiona-lização, proporcionando maior facilidade para o agricultor.

Esta informatização abrange tanto a área ad-ministrativa, com a cria-ção de softwares exclusivos para a agricultura, como também a parte operacio-nal, gerando um controle mais adequado da proprie-dade, aumentando a sua competitividade e a sua produção.

Quanto mais a agricul-tura se desenvolve, mais os produtores rurais adqui-rem controle sobre os seus ambientes produtivos e, com isso, tornam a ativi-dade mais lucrativa e com maiores facilidades para o trabalho.

O uso de máquinas auxilia na produção e facilita o trabalho de muitos agricultores

No caso da Serra gaú-cha, principalmente nos últimos cinco anos, hou-ve um grande avanço na aquisição de maquinários para a agricultura. Atual-

mente, cerca de 95% dos agricultores estão estru-turados com máquinas que auxiliam o trabalho e permitem a manutenção da alta produtividade da

região. Esse desenvolvi-mento tem gerado maior controle sobre o seu am-biente produtivo, graças ao conhecimento adquiri-do através da tecnologia.

Serra mostra crescimento agrícola

INVESTIMENTOAlém do investimento em má-quinas, a região também está investindo em tecnologias que visam superar problemas cli-máticos, como a seca.

Estão sendo implantados sistemas de irrigação que utilizam baixo nível de água e que têm um custo em tor-no de 60% mais barato que sistemas convencionais.

Nesses sistemas, são utili-zados depósitos que captam água das chuvas para, então, reaproveitá-la para o uso na irrigação.

5ECONOMIA

Foto Tiago Guerra

O uso de maquinários com recursos tecnológicos, a apli-cação correta dos defensivos, aliados ao uso da informática, fazem da agricultura um setor altamente desenvolvido e com grandes perspectivas para os produtores, com novos recursos que qualificam a produção

SAIBA MAIS

Divulgação

Page 6: Entrelinha - Edição 19

6 ESPECIAL

O dom de produzir pipasAvelino Ansolin é um exemplo de como a arte milenar se manteve com o passar do tempo

DAVI TRINTINAGLIA

Muitos podem imaginar que não existem

mais pessoas que produ-zem pipas de madeira, aquelas que nossos ante-passados utilizavam para armazenar vinho. Contra-riando o tempo, no inte-rior de Veranópolis, há um exemplo de como é possí-vel preservar tal profissão, condenada a desaparecer em poucas décadas.

Na localidade da Co-reia, zona rural do muni-cípio, Avelino Ansolin, 83 anos, tem uma tanoaria, empresa que faz pipas. Ele começou a produção em 1975, quando abriu o negócio, que levava seu nome. Mais tarde, a ad-ministração passou para o filho, Ademir Ansolin, 52 anos, que atualmente desempenha a maior parte das funções.

Para iniciar o negócio, Avelino “importou” a ex-periência adquirida como carpinteiro. No final dos anos 1940, ele teve o pri-meiro contato com ma-deira ao trabalhar na cons-trução de uma escola da cidade.

Na década seguinte, em 1952, Avelino traba-lhou na Tanoaria Sandrin, em Bento Gonçalves. Ele ficou somente uma sema-na. Apesar do curtíssimo tempo e de atuar como descarregador de cami-nhão, ele observava os co-legas montarem as pipas de vinho manualmente e acabou aprendendo como construi-las. Depois, com o tempo, foi se aperfeiço-ando no ofício. Avelino Ansolin faz pipas para armazenar principalmente vinho, além de malte e cachaça

Foto Davi Trintinaglia

7ESPECIAL

Toda a produção de pipas é feita na empresa da famí-

lia Ansolin, na localidade que reside em Veranópo-lis. Avelino recorda que, no início, fazia tudo de forma manual, usando fer-ramentas, como marreta e martelo. Depois, com o passar dos anos e após in-vestimentos, passou a uti-lizar máquinas. ‘‘Precisava entortar o ferro à mão, batendo nele com marre-ta. Agora, coloco em uma máquina e ele já sai torto’’, explica. No entanto, dian-te das novas tecnologias, essa profissão corre o risco de terminar.

Para fazer as pipas, ini-cialmente, o aposentado escolhe a madeira. Para ar-mazenar vinho e cachaça, Ansolin considera a grápia como a melhor para tal função. A madeira é com-prada de serrarias de cida-des do norte gaúcho ou Santa Catarina e Paraná. Já para pipas menores, usa-das no armazenamento de malte, ele faz de carvalho.

Continuando o proces-so de montagem, refila, coloca os pedaços, um junto ao outro, em um to-nel. Avelino acende o fo-gão à lenha e deixa ferver por dez minutos.

Logo após, põe a pipa na água. Para ele, é neces-sário ferve-la, pois o calor a faz “amolecer” e aumen-tar de tamanho, fazendo os pedaços se unirem. Além disso, uma espia (ferro) é colocada no entorno da pipa para ajudar no pro-cesso.

Por fim, coloca o fun-do e a tampa. Durante o tempo em que Avelino trabalhou na área, algumas vezes a madeira que estava fervendo pegou fogo, tor-nando seu uso inviável.

Profissão pode terminar

Avelino Ansolin não consi-dera fazer pipas um traba-lho perigoso, tanto que o máximo que sofreu foram apenas alguns cortes. En-tretanto, considera a poei-ra como uma dificuldade, embora use máscara para lixar e protetor nos ouvidos. Contudo, acredita que ser tanoeiro é uma pro-fissão que acabará em breve, pois hoje existem muitas pipas feitas de

plástico e outras de inox. Mas, segundo ele, es-sas não mantêm a qualidade do vinho, pois não posuem o gos-to típico da madeira. Além disso, Avelino destaca que a profissão tem altos e baixos e depende de ven-das. Porém, como reside no interior, trabalha também com outras atividades, como a cultura de parreira e cria-ção de galinhas e vacas.

A tarefa de fazer as pipas dura de poucas horas até oito dias, variando con-forme o tamanho, con-ta Avelino. Ele constrói pipas com capacidade de um a 100 mil litros.

Desde que iniciou suas atividades, ele e o filho já fizeram três de 100 mil litros, vendidas para as vinícolas Noé, de Ve-ranópolis, para a Salton, de Bento Gonçalves, e para uma de Videira (SC). Avelino estima fazer de 150 a 200 pipas por ano e acredita já ter produzido de dez a 12 mil nos mais de 35 anos de trabalho.

Toda a produção é comer-cializada pelo Rio Grande do Sul e regiões do Bra-sil. Inclusive, só para a Vinícola Salton, de Bento Gonçalves, ele imagina já ter vendido mais de mil.

Mas, apesar das déca-das de trabalho, Avelino e o filho nunca tiveram um funcionário registrado na empresa, pois a produção sempre ficou a cargo deles.

SEGREDOS E NÚMEROS DA PRODUÇÃO

Fotos Davi Trintinaglia

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6 ESPECIAL

O dom de produzir pipasAvelino Ansolin é um exemplo de como a arte milenar se manteve com o passar do tempo

DAVI TRINTINAGLIA

Muitos podem imaginar que não existem

mais pessoas que produ-zem pipas de madeira, aquelas que nossos ante-passados utilizavam para armazenar vinho. Contra-riando o tempo, no inte-rior de Veranópolis, há um exemplo de como é possí-vel preservar tal profissão, condenada a desaparecer em poucas décadas.

Na localidade da Co-reia, zona rural do muni-cípio, Avelino Ansolin, 83 anos, tem uma tanoaria, empresa que faz pipas. Ele começou a produção em 1975, quando abriu o negócio, que levava seu nome. Mais tarde, a ad-ministração passou para o filho, Ademir Ansolin, 52 anos, que atualmente desempenha a maior parte das funções.

Para iniciar o negócio, Avelino “importou” a ex-periência adquirida como carpinteiro. No final dos anos 1940, ele teve o pri-meiro contato com ma-deira ao trabalhar na cons-trução de uma escola da cidade.

Na década seguinte, em 1952, Avelino traba-lhou na Tanoaria Sandrin, em Bento Gonçalves. Ele ficou somente uma sema-na. Apesar do curtíssimo tempo e de atuar como descarregador de cami-nhão, ele observava os co-legas montarem as pipas de vinho manualmente e acabou aprendendo como construi-las. Depois, com o tempo, foi se aperfeiço-ando no ofício. Avelino Ansolin faz pipas para armazenar principalmente vinho, além de malte e cachaça

Foto Davi Trintinaglia

7ESPECIAL

Toda a produção de pipas é feita na empresa da famí-

lia Ansolin, na localidade que reside em Veranópo-lis. Avelino recorda que, no início, fazia tudo de forma manual, usando fer-ramentas, como marreta e martelo. Depois, com o passar dos anos e após in-vestimentos, passou a uti-lizar máquinas. ‘‘Precisava entortar o ferro à mão, batendo nele com marre-ta. Agora, coloco em uma máquina e ele já sai torto’’, explica. No entanto, dian-te das novas tecnologias, essa profissão corre o risco de terminar.

Para fazer as pipas, ini-cialmente, o aposentado escolhe a madeira. Para ar-mazenar vinho e cachaça, Ansolin considera a grápia como a melhor para tal função. A madeira é com-prada de serrarias de cida-des do norte gaúcho ou Santa Catarina e Paraná. Já para pipas menores, usa-das no armazenamento de malte, ele faz de carvalho.

Continuando o proces-so de montagem, refila, coloca os pedaços, um junto ao outro, em um to-nel. Avelino acende o fo-gão à lenha e deixa ferver por dez minutos.

Logo após, põe a pipa na água. Para ele, é neces-sário ferve-la, pois o calor a faz “amolecer” e aumen-tar de tamanho, fazendo os pedaços se unirem. Além disso, uma espia (ferro) é colocada no entorno da pipa para ajudar no pro-cesso.

Por fim, coloca o fun-do e a tampa. Durante o tempo em que Avelino trabalhou na área, algumas vezes a madeira que estava fervendo pegou fogo, tor-nando seu uso inviável.

Profissão pode terminar

Avelino Ansolin não consi-dera fazer pipas um traba-lho perigoso, tanto que o máximo que sofreu foram apenas alguns cortes. En-tretanto, considera a poei-ra como uma dificuldade, embora use máscara para lixar e protetor nos ouvidos. Contudo, acredita que ser tanoeiro é uma pro-fissão que acabará em breve, pois hoje existem muitas pipas feitas de

plástico e outras de inox. Mas, segundo ele, es-sas não mantêm a qualidade do vinho, pois não posuem o gos-to típico da madeira. Além disso, Avelino destaca que a profissão tem altos e baixos e depende de ven-das. Porém, como reside no interior, trabalha também com outras atividades, como a cultura de parreira e cria-ção de galinhas e vacas.

A tarefa de fazer as pipas dura de poucas horas até oito dias, variando con-forme o tamanho, con-ta Avelino. Ele constrói pipas com capacidade de um a 100 mil litros.

Desde que iniciou suas atividades, ele e o filho já fizeram três de 100 mil litros, vendidas para as vinícolas Noé, de Ve-ranópolis, para a Salton, de Bento Gonçalves, e para uma de Videira (SC). Avelino estima fazer de 150 a 200 pipas por ano e acredita já ter produzido de dez a 12 mil nos mais de 35 anos de trabalho.

Toda a produção é comer-cializada pelo Rio Grande do Sul e regiões do Bra-sil. Inclusive, só para a Vinícola Salton, de Bento Gonçalves, ele imagina já ter vendido mais de mil.

Mas, apesar das déca-das de trabalho, Avelino e o filho nunca tiveram um funcionário registrado na empresa, pois a produção sempre ficou a cargo deles.

SEGREDOS E NÚMEROS DA PRODUÇÃO

Fotos Davi Trintinaglia

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9 TURISMO

Caminhos que encantam visitantesRoteiro Caminhos da Colônia tem belas paisagens e a história de descendentes italianos que conquistaram a terra distante da Cucagna, incentivando hoje o turismo rural

Num percurso de 35 quilômetros, unindo as carac-

terísticas de uma cidade de economia desenvolvi-da, com seu interior rico em história e tradição, em estradas de asfalto e outras de chão batido, visitantes podem conhe-cer o Caminhos da Co-lônia. Costumes italianos se misturam aos lugares bucólicos coloniais e, ao mesmo tempo, ao pro-missor setor de turismo. O roteiro encanta até mesmo quem não troca a agitação das cidades pelo interior.

As belezas naturais são apenas o cartão de en-trada que mostra aos vi-sitantes museus, igrejas, vinícolas, propriedades rurais, restaurantes, par-que de aventura, produ-tos coloniais, corais, e uma atração à parte: os moradores. São nonos e nonas que fazem o pão no forno à lenha e falam o puro dialeto vêneto trazido do país de origem de seus pais, a Itália.

CAMILA BAGGIO Boungiono, Nono

O Nono está na estra-da e espera por uma ca-rona. Entra no ônibus e, para retribuir, distribui os quitutes feitos por sua Nona. Ele dá aos visitan-tes as boas vindas à cidade de Flores da Cunha.

Otávio Galiotto, 81 anos, há 14 anos partici-pa do roteiro e diverte os visitantes com seu jeito simples e dialeto italiano vivendo o personagem do Nono. Para ele, o Cami-nhos da Colônia é muito mais que um simples ro-teiro turístico: é a histó-ria viva de um povo. “O Caminhos da Colônia, obviamente, vai para o interior, onde nossos an-tepassados chegaram e iniciaram a plantação da uva. O pão colonial e as cucas são lembranças do passado. É isso que o ro-teiro faz, resgata a origem do imigrante, mantém viva essa originalidade, ao mesmo tempo que mos-tra seu produto”, acres-centa Galiotto.

O personagem do Nono foi criado na brin-cadeira e hoje conquista os visitantes. “O Nono é uma pessoa que sabe con-tar histórias, mostra como é a vida de um agricultor e também a economia. Resgatamos os costumes em momentos que conta-giam e são cheios de sig-nificado. Essa região hoje é muito pujante, cheia de trabalho e cultura,”, valo-riza o Nono.

O florense Otávio vive o personagem do nono e acompanha os turistas. Ele pega uma “carona” e distribui doces e, claro, o

vinho - principal produto de Flores da Cunha

A professora Maria com a neta Ana e a filha Cristiane

Passeios e roteiros já estão na rotina de alguns turistas, mas o Caminhos da Colônia sabe encantá-los. A Associação dos Professores Aposentados de Venân-cio Aires (Apava) trouxe a Caxias e Flo-res da Cunha 21docentes à espera da gastronomia.

Para a professora Leda Schwvingel, 60 anos, e presidente da Apava há cin-co anos, os diferentes roteiros buscam sempre uma coisa em comum: o apren-dizado. “Nossa entidade é sempre em prol da comunidade, por isso, procuro ver o lado histórico dos locais da qual vamos visitar. Um conhecimento agre-gado para as sócias”, explica Leda. A

Apava conta atualmente com 60 sócios.A agricultura familiar também ganha

destaque. Na economia e na história. “Eu já conhecia a região, mas assim, podendo ver a história e a importân-cia dessas famílias gosto ainda mais da cidade. Essa questão de preservação da história é importantissima. Infelizmen-te muitas coisas acabam se perdendo, mas vim com minha filha e neta para passar tudo para elas também”, valoriza a professora Maria Marlene Uhlmann, 59 anos.

Ela estava acompanhada da filha Cristiane, 39 anos, e da pequena Ana Carolina de quatro anos. “Os valores

que aqui se têm, os parreirais, tudo encanta. A sustentabilidade de quem mora no interior. São pessoas fortes e persistentes”, complementa a médica veterinária Cristiane.

O roteiro segue para o interior. A pri-meira parada é na vinícola Zanrosso. A propriedade familiar conta com belíssi-ma história de esperança que teve iní-cio no começo do século 20, em 1914, quando Antônio e a esposa Maria Zan-rosso, com sete filhos, entre eles Ernes-to com 11 anos, deixaram Vicenza, na Itália, para buscar um futuro melhor e viver a saga da colonização italiana no Brasil.

Para a Copa do Mundo Fifa Brasil 2014 o roteiro Ca-minhos da Colônia foi selecionado no projeto Talentos do Brasil. Durante a Copa do Mundo, 600 mil turistas estrangeiros e três milhões de brasileiros deverão circu-lar pelo país. Pensando nisso, os ministérios do Turismo (MTur) e do Desenvolvimento Agrário (MDA) e o Se-brae selecionaram 24 roteiros turísticos para receberem apoio para promoção e comercialização. Seguindo pelo roteiro, os turistas passam pela capela de Santa Justina, local onde se encontra a divisão com Flores da Cunha, que começa a conquistar os visitantes.

Diversão garantida

Na Copa do Mundo

TURISMO 8

Fotos: Camila Baggio

Page 9: Entrelinha - Edição 19

9 TURISMO

Caminhos que encantam visitantesRoteiro Caminhos da Colônia tem belas paisagens e a história de descendentes italianos que conquistaram a terra distante da Cucagna, incentivando hoje o turismo rural

Num percurso de 35 quilômetros, unindo as carac-

terísticas de uma cidade de economia desenvolvi-da, com seu interior rico em história e tradição, em estradas de asfalto e outras de chão batido, visitantes podem conhe-cer o Caminhos da Co-lônia. Costumes italianos se misturam aos lugares bucólicos coloniais e, ao mesmo tempo, ao pro-missor setor de turismo. O roteiro encanta até mesmo quem não troca a agitação das cidades pelo interior.

As belezas naturais são apenas o cartão de en-trada que mostra aos vi-sitantes museus, igrejas, vinícolas, propriedades rurais, restaurantes, par-que de aventura, produ-tos coloniais, corais, e uma atração à parte: os moradores. São nonos e nonas que fazem o pão no forno à lenha e falam o puro dialeto vêneto trazido do país de origem de seus pais, a Itália.

CAMILA BAGGIO Boungiono, Nono

O Nono está na estra-da e espera por uma ca-rona. Entra no ônibus e, para retribuir, distribui os quitutes feitos por sua Nona. Ele dá aos visitan-tes as boas vindas à cidade de Flores da Cunha.

Otávio Galiotto, 81 anos, há 14 anos partici-pa do roteiro e diverte os visitantes com seu jeito simples e dialeto italiano vivendo o personagem do Nono. Para ele, o Cami-nhos da Colônia é muito mais que um simples ro-teiro turístico: é a histó-ria viva de um povo. “O Caminhos da Colônia, obviamente, vai para o interior, onde nossos an-tepassados chegaram e iniciaram a plantação da uva. O pão colonial e as cucas são lembranças do passado. É isso que o ro-teiro faz, resgata a origem do imigrante, mantém viva essa originalidade, ao mesmo tempo que mos-tra seu produto”, acres-centa Galiotto.

O personagem do Nono foi criado na brin-cadeira e hoje conquista os visitantes. “O Nono é uma pessoa que sabe con-tar histórias, mostra como é a vida de um agricultor e também a economia. Resgatamos os costumes em momentos que conta-giam e são cheios de sig-nificado. Essa região hoje é muito pujante, cheia de trabalho e cultura,”, valo-riza o Nono.

O florense Otávio vive o personagem do nono e acompanha os turistas. Ele pega uma “carona” e distribui doces e, claro, o

vinho - principal produto de Flores da Cunha

A professora Maria com a neta Ana e a filha Cristiane

Passeios e roteiros já estão na rotina de alguns turistas, mas o Caminhos da Colônia sabe encantá-los. A Associação dos Professores Aposentados de Venân-cio Aires (Apava) trouxe a Caxias e Flo-res da Cunha 21docentes à espera da gastronomia.

Para a professora Leda Schwvingel, 60 anos, e presidente da Apava há cin-co anos, os diferentes roteiros buscam sempre uma coisa em comum: o apren-dizado. “Nossa entidade é sempre em prol da comunidade, por isso, procuro ver o lado histórico dos locais da qual vamos visitar. Um conhecimento agre-gado para as sócias”, explica Leda. A

Apava conta atualmente com 60 sócios.A agricultura familiar também ganha

destaque. Na economia e na história. “Eu já conhecia a região, mas assim, podendo ver a história e a importân-cia dessas famílias gosto ainda mais da cidade. Essa questão de preservação da história é importantissima. Infelizmen-te muitas coisas acabam se perdendo, mas vim com minha filha e neta para passar tudo para elas também”, valoriza a professora Maria Marlene Uhlmann, 59 anos.

Ela estava acompanhada da filha Cristiane, 39 anos, e da pequena Ana Carolina de quatro anos. “Os valores

que aqui se têm, os parreirais, tudo encanta. A sustentabilidade de quem mora no interior. São pessoas fortes e persistentes”, complementa a médica veterinária Cristiane.

O roteiro segue para o interior. A pri-meira parada é na vinícola Zanrosso. A propriedade familiar conta com belíssi-ma história de esperança que teve iní-cio no começo do século 20, em 1914, quando Antônio e a esposa Maria Zan-rosso, com sete filhos, entre eles Ernes-to com 11 anos, deixaram Vicenza, na Itália, para buscar um futuro melhor e viver a saga da colonização italiana no Brasil.

Para a Copa do Mundo Fifa Brasil 2014 o roteiro Ca-minhos da Colônia foi selecionado no projeto Talentos do Brasil. Durante a Copa do Mundo, 600 mil turistas estrangeiros e três milhões de brasileiros deverão circu-lar pelo país. Pensando nisso, os ministérios do Turismo (MTur) e do Desenvolvimento Agrário (MDA) e o Se-brae selecionaram 24 roteiros turísticos para receberem apoio para promoção e comercialização. Seguindo pelo roteiro, os turistas passam pela capela de Santa Justina, local onde se encontra a divisão com Flores da Cunha, que começa a conquistar os visitantes.

Diversão garantida

Na Copa do Mundo

TURISMO 8

Fotos: Camila Baggio

Page 10: Entrelinha - Edição 19

10 HISTÓRIA

As novas gerações desfrutam atu-almente de um

grande período democrá-tico brasileiro. Sem que percebam, a ausência de um esclarecimento sobre os anos de chumbo faz com que percam contato com a recente história do Brasil. Essa, ignorada por muitos, foi encharcada com o sangue dos que se negaram a viver sob a tu-tela do regime militar.

É na ditadura brasileira que nasce Laerte, ou José Alves. Estes nomes foram alguns dos pseudônimos usados pelo caxiense Ma-eth Domingos Boff em uma trajetória turbulenta ao longo dos anos. Sua vida parece uma história hollywoodiana, porém tudo foi real e está vivo em seus pensamentos.

Desde jovem envolvido em causas sociais e grupos revolucionários, ele con-ta como foi participar de organizações que tiveram envolvimento em casos como um assalto ao Ban-co do Brasil de Viamão e a tentativa de sequestro do cônsul americano em Por-to Alegre. Fala de sua fuga para o Chile, seu subse-quente exílio na Holanda e sobre os anos que viveu em Moçambique tentan-do aprimorar a agricultura local e demonstrando seu idealismo.

Caxiense fala sobre as dificuldades que viveu na época do regime militar

BRUNO BARETA

Infância, religião e lembranças

Memórias do exílio

Maeth Boff (foto acima) nasceu no dia 18 de outu-bro de 1945 no bairro São Ciro, em Caxias do Sul. Aos cinco anos mudou-se com a família para a Rua Luís Michelon. De família religiosa, foi para o seminário aos 10 anos, em Vila Flores. Seu envolvimento com o movimento estudantil começou em Marau, onde con-cluiu o seminário.

Maeth lembra que Caxias era muito conservadora na época. “Abandonei o sonho de ser padre quando percebi que como religioso não conseguiria resolver os problemas da desigualdade social”, lembra Boff. Mu-da-se então para Ijuí e começa a faculdade de Filosofia, ficando lá por dois anos. Retorna a Caxias para con-cluir o curso na UCS.

É dentro da universidade, no Centro Acadêmico(CA) de Filosofia, que Maeth começa a se envolver no mo-vimento estudantil universitário. No CA, os acadêmi-cos se reuniam para discutir sobre os assuntos proibi-dos da época, analisando problemas políticos e sociais com uma perspectiva de esquerda.

MICHAEL SUSIN

No movimento estu-dantil universitário teve o primeiro contato com propostas concretas para “solucionar” os proble-mas do Brasil, em espe-cial a questão agrária. Maeth Boff relata que as pessoas se reuniam, mas nunca era dado um nome à organização que perten-ciam. Ele também procu-rava não saber, pois caso alguém do grupo fosse preso, teria que entregar seus colegas sob pena de não sobreviver às tortu-ras. Caxias era uma cida-de muito conservadora, segundo ele, por isso co-meça a manter contato com os movimentos loca-lizados em Porto Alegre.

Na efervescência da ditadura (com o AI 5 de 1968), Maeth Boff per-cebe que não existe outra saída a não ser o levante armado contra o regime. Movimentos de esquerda começam então a plane-jar ações utilizando como norteador ideológico a reforma agrária, o fim do imperialismo norte-ame-ricano, melhoria das con-dições dos trabalhadores e uma reforma na edu-cação. Por volta de 1969, Maeth Boff já estava de-cidido, a única solução era ir para Porto Alegre e ingressar nas fileiras da milícia VAR Palmares.

Ideais e a decisão

11

Maeth Boff lembra a tentativa de sequestro do Cônsul americano. A ação não deu certo, pois o Cônsul revidou ao ataque e conseguiu fugir. Mesmo sem ter participado do caso, mas por ter seu nome envolvido na organização, está impedido de viajar aos Estados Unidos até hoje, pois não há anistia para acusados de sequestro.

O assalto ao Banco do Brasil, em Viamão, quase deu errado também. No momento que o grupo chegou à agência o gerente estava no horário de almo-ço e o cofre não teria como ser aberto. Com medo de que a polícia chegasse, fu-giram com uma quantia muito menor do que a es-perada.

Na fuga, “Laerte” e sua “esposa” Martinha (Maria Ignez) erraram o caminho, descobrindo mais tarde que este erro salvara-lhes a vida, pois

Carteira de identidade falsa de Maeth Boff no Chile

Tortura, vida nova e a volta

Cenário da luta armada

No Chile, Maeth Boff con-seguiu manter uma vida “normal” por um ano, sen-do preso após alguns dias do golpe militar, em 20 de setembro de 1973. Foi tor-turado e mantido preso num navio abandonado.

Nos interrogatórios, havia membros da Marinha Chi-lena, e, posteriormente, militares brasileiros, que o torturaram com choques

elétricos. Conheciam o en-volvimento dele no assal-to ao Banco do Brasil e no sequestro do Cônsul. Sa-biam inclusive os nomes falsos usados por Maeth. “Viemos ensinar como se arranca a verdade”, disse um oficial brasileiro du-rante a tortura.

Com o apoio da Cruz Ver-melha Internacional, Boff consegue exílio na Holanda.

Lá, decidiu estudar Agro-nomia e constituiu família, ficando por 12 anos. Depois recebeu uma oferta para trabalhar em Moçambique, aonde morou por mais seis anos no interior de Maputo.

Após conflitos internos em Moçambique, voltou à Holanda por mais alguns anos, finalmente retornan-do ao Brasil em 1996, di-rigindo o Samae na admi-

nistração de Pepe Vargas.

Hoje em dia, já aposentado, Maeth vive tranquilamente em Caxias do Sul, bem di-ferente das turbulências de seu passado. “A gente não tinha outra opção além da luta armada”, afirma. Diz que não se arrependeu de nenhum de seus atos e que provavelmente faria tudo de novo caso tivesse oportuni-dade.

o carro havia sido iden-tificado e a polícia havia feito barricadas com me-tralhadoras na estrada em que deveriam ter seguido. Após uma semana, a polí-cia capturou um dos inte-grantes do grupo, Edmur. Chegaram então a Gusta-vo Buarque, que morava com Maeth Boff. Após a prisão de Gustavo, Maeth teve que limpar o aparta-

mento que viviam, elimi-nando qualquer vestígio que indicaria a presença deles no local. Mas es-queceu de um recibo ras-gado de estacionamento que continha a placa do veículo. Assim, a polícia conseguiu prender vários integrantes do grupo.

A polícia gaúcha estava em alerta. Maeth então consegue fugir para o Rio

de Janeiro. O cerco come-ça a apertar no Rio e ele se muda para São Paulo. Em 1971, o movimento já es-tava enfraquecido e Mae-th decidiu sair. Após sair da organização, tentou arranjar alguns empregos com nome falso. Graças a um contato no Partido Socialista Brasileiro, Boff conseguiu fugir para o Chile.

HISTÓRIA

Page 11: Entrelinha - Edição 19

10 HISTÓRIA

As novas gerações desfrutam atu-almente de um

grande período democrá-tico brasileiro. Sem que percebam, a ausência de um esclarecimento sobre os anos de chumbo faz com que percam contato com a recente história do Brasil. Essa, ignorada por muitos, foi encharcada com o sangue dos que se negaram a viver sob a tu-tela do regime militar.

É na ditadura brasileira que nasce Laerte, ou José Alves. Estes nomes foram alguns dos pseudônimos usados pelo caxiense Ma-eth Domingos Boff em uma trajetória turbulenta ao longo dos anos. Sua vida parece uma história hollywoodiana, porém tudo foi real e está vivo em seus pensamentos.

Desde jovem envolvido em causas sociais e grupos revolucionários, ele con-ta como foi participar de organizações que tiveram envolvimento em casos como um assalto ao Ban-co do Brasil de Viamão e a tentativa de sequestro do cônsul americano em Por-to Alegre. Fala de sua fuga para o Chile, seu subse-quente exílio na Holanda e sobre os anos que viveu em Moçambique tentan-do aprimorar a agricultura local e demonstrando seu idealismo.

Caxiense fala sobre as dificuldades que viveu na época do regime militar

BRUNO BARETA

Infância, religião e lembranças

Memórias do exílio

Maeth Boff (foto acima) nasceu no dia 18 de outu-bro de 1945 no bairro São Ciro, em Caxias do Sul. Aos cinco anos mudou-se com a família para a Rua Luís Michelon. De família religiosa, foi para o seminário aos 10 anos, em Vila Flores. Seu envolvimento com o movimento estudantil começou em Marau, onde con-cluiu o seminário.

Maeth lembra que Caxias era muito conservadora na época. “Abandonei o sonho de ser padre quando percebi que como religioso não conseguiria resolver os problemas da desigualdade social”, lembra Boff. Mu-da-se então para Ijuí e começa a faculdade de Filosofia, ficando lá por dois anos. Retorna a Caxias para con-cluir o curso na UCS.

É dentro da universidade, no Centro Acadêmico(CA) de Filosofia, que Maeth começa a se envolver no mo-vimento estudantil universitário. No CA, os acadêmi-cos se reuniam para discutir sobre os assuntos proibi-dos da época, analisando problemas políticos e sociais com uma perspectiva de esquerda.

MICHAEL SUSIN

No movimento estu-dantil universitário teve o primeiro contato com propostas concretas para “solucionar” os proble-mas do Brasil, em espe-cial a questão agrária. Maeth Boff relata que as pessoas se reuniam, mas nunca era dado um nome à organização que perten-ciam. Ele também procu-rava não saber, pois caso alguém do grupo fosse preso, teria que entregar seus colegas sob pena de não sobreviver às tortu-ras. Caxias era uma cida-de muito conservadora, segundo ele, por isso co-meça a manter contato com os movimentos loca-lizados em Porto Alegre.

Na efervescência da ditadura (com o AI 5 de 1968), Maeth Boff per-cebe que não existe outra saída a não ser o levante armado contra o regime. Movimentos de esquerda começam então a plane-jar ações utilizando como norteador ideológico a reforma agrária, o fim do imperialismo norte-ame-ricano, melhoria das con-dições dos trabalhadores e uma reforma na edu-cação. Por volta de 1969, Maeth Boff já estava de-cidido, a única solução era ir para Porto Alegre e ingressar nas fileiras da milícia VAR Palmares.

Ideais e a decisão

11

Maeth Boff lembra a tentativa de sequestro do Cônsul americano. A ação não deu certo, pois o Cônsul revidou ao ataque e conseguiu fugir. Mesmo sem ter participado do caso, mas por ter seu nome envolvido na organização, está impedido de viajar aos Estados Unidos até hoje, pois não há anistia para acusados de sequestro.

O assalto ao Banco do Brasil, em Viamão, quase deu errado também. No momento que o grupo chegou à agência o gerente estava no horário de almo-ço e o cofre não teria como ser aberto. Com medo de que a polícia chegasse, fu-giram com uma quantia muito menor do que a es-perada.

Na fuga, “Laerte” e sua “esposa” Martinha (Maria Ignez) erraram o caminho, descobrindo mais tarde que este erro salvara-lhes a vida, pois

Carteira de identidade falsa de Maeth Boff no Chile

Tortura, vida nova e a volta

Cenário da luta armada

No Chile, Maeth Boff con-seguiu manter uma vida “normal” por um ano, sen-do preso após alguns dias do golpe militar, em 20 de setembro de 1973. Foi tor-turado e mantido preso num navio abandonado.

Nos interrogatórios, havia membros da Marinha Chi-lena, e, posteriormente, militares brasileiros, que o torturaram com choques

elétricos. Conheciam o en-volvimento dele no assal-to ao Banco do Brasil e no sequestro do Cônsul. Sa-biam inclusive os nomes falsos usados por Maeth. “Viemos ensinar como se arranca a verdade”, disse um oficial brasileiro du-rante a tortura.

Com o apoio da Cruz Ver-melha Internacional, Boff consegue exílio na Holanda.

Lá, decidiu estudar Agro-nomia e constituiu família, ficando por 12 anos. Depois recebeu uma oferta para trabalhar em Moçambique, aonde morou por mais seis anos no interior de Maputo.

Após conflitos internos em Moçambique, voltou à Holanda por mais alguns anos, finalmente retornan-do ao Brasil em 1996, di-rigindo o Samae na admi-

nistração de Pepe Vargas.

Hoje em dia, já aposentado, Maeth vive tranquilamente em Caxias do Sul, bem di-ferente das turbulências de seu passado. “A gente não tinha outra opção além da luta armada”, afirma. Diz que não se arrependeu de nenhum de seus atos e que provavelmente faria tudo de novo caso tivesse oportuni-dade.

o carro havia sido iden-tificado e a polícia havia feito barricadas com me-tralhadoras na estrada em que deveriam ter seguido. Após uma semana, a polí-cia capturou um dos inte-grantes do grupo, Edmur. Chegaram então a Gusta-vo Buarque, que morava com Maeth Boff. Após a prisão de Gustavo, Maeth teve que limpar o aparta-

mento que viviam, elimi-nando qualquer vestígio que indicaria a presença deles no local. Mas es-queceu de um recibo ras-gado de estacionamento que continha a placa do veículo. Assim, a polícia conseguiu prender vários integrantes do grupo.

A polícia gaúcha estava em alerta. Maeth então consegue fugir para o Rio

de Janeiro. O cerco come-ça a apertar no Rio e ele se muda para São Paulo. Em 1971, o movimento já es-tava enfraquecido e Mae-th decidiu sair. Após sair da organização, tentou arranjar alguns empregos com nome falso. Graças a um contato no Partido Socialista Brasileiro, Boff conseguiu fugir para o Chile.

HISTÓRIA

Page 12: Entrelinha - Edição 19

A prática desse esporte foi crescendo, no Brasil, a partir dos anos 2000. Em dez anos se tornou muito popular nas praias, parques e praças da cidade do Rio de Janeiro, inclusive com a realização de alguns campeonatos e eventos inteiramente dedicados ao slackline. No Rio Grande do Sul o esporte ainda é pouco conhecido, mas graças a algumas pessoas, como o carioca radicado em Caxias do Sul Ricardo Gollo, 21 anos, o esporte vem mostrando a cara, atraindo cada vez mais praticantes. Em um bate-papo descontraído, ele explicou um pouco mais sobre o esporte e seus conceitos.

Entrelinha: Quais são os principais benefícios aos praticantes do slackline?Ricardo Gollo: O slack envolve todos os músculos. Quando se caminha sobre a corda

se trabalha e fortalece todas as regiões do corpo, colabora diretamente para a melhora da postura, do equilíbrio e também para aumentar a concentração. Isso sem falar na diversão que é estar em contato com a natu-reza praticando um esporte junto de amigos.

Entrelinha: Há quanto tempo você prati-ca esse esporte e como começou? Ricardo: No Rio de Janeiro o slackline já é bem conhecido. Comecei praticando na praia com amigos que já conheciam o esporte. Acho que já fazem uns sete anos que vivo em cima da corda.

Entrelinha: Por quê em Caxias do Sul o esporte ainda não é tão conhecido? Ricardo: O slack tem muita ligação com a natureza e talvez por causa de Caxias não

possuir tantas áreas para que se pratique o esporte ele ainda não esteja no mesmo nível de outros lugares. No Rio de Janeiro você vai em um parque ou à praia e lá está alguém com o slack armado.

Entrelinha: Qual é a dica para quem quer começar e onde encontrar o equipa-mento certo para iniciar? Ricardo: A dica é não desistir no começo. Muitas pessoas desanimam logo de cara, pois não conseguem sair andando. Geral-mente em uma ou duas tardes de treino já é possível dar os primeiros passos. Sobre os equipamentos, infelizmente, ainda não é pos-sível adquirir o slackline em Caxias do Sul. Para quem quer comprar, uma boa opção é o site slackbrasil.com, lá você acha tudo que precisa para sair se equilibrando por ai.

13ESPORTE

Equilíbrio, concen-tração e movimen-to. Essas são as três

principais premissas do slackline, esporte que vem crescendo pelo mundo e já possui muitos pratican-tes no Brasil. A história do slackline (corda bamba) se confunde com a de outros esportes radicais como o skate. É praticamente impos-sível dizer quem foram os primeiros a arriscar passos em cima dessas finas cor-das. A versão mais aceita sobre o surgimento da modalidade, até hoje, é a de que os criadores foram alpinistas que se reuniam para escaladas no parque Yosemite Valley, na Ca-lifórnia, durante os anos 80. Eles andavam sobre grades de estacionamen-tos, corrimãos de escadas, amarravam cordas de uma árvore a outra e realizavam a travessia, como uma es-pécie de treino para me-

A prática do slackline está conquistando esportistas em alguns parques da região serrana

O Slackline, esporte onde se caminha sobre uma fita, está ganhando mais adeptos

GERSON FELIPPI JR

Primeiros passos em Caxias

Na corda bamba

lhorar seu desempenho e equilíbrio nas escaladas. Foi assim que o slackline deu seus primeiros passos na direção de se tornar um esporte conhecido e prati-cado no mundo inteiro. Apesar de o caminhar na corda bamba já ter sido praticado há muitos séculos, este novo pas-satempo era diferente em

muitos aspectos. A corda de escalada ficava solta, e não tão tensionada como o cabo de aço usado por artistas de circo, e isso tra-zia dificuldades extras para seus praticantes. Após um tempo, os alpinistas come-çaram a praticar em fitas planas assim como é rea-lizado até os dias de hoje.

Com as descobertas de

que além de aprimorar o equilíbrio o slack também trazia benefícios físicos, como o fortalecimento dos músculos, princi-palmente nos membros inferiores e na região ab-dominal, a prática cresceu e se espalhou pelo mun-do inteiro, conquistando pessoas de todas classes e idades.

12SUSTENTABILIDADE

A sociedade atual vive uma “febre saudável” do ecologicamente correto, ou sustentável. Ser

sustentável implica ser capaz de operar de acordo com as necessidades presentes, ao mesmo tempo em que se atende às necessidades das gerações futuras.

Pensando nisso, as empresas gráficas estão, cada vez mais, adaptando e melhorando seus processos, para melhor explorar os recursos sustentáveis e colaborar na preservação do meio ambiente. Sustentabilidade passou a ser prioridade na agenda e nos planos estratégicos dos grandes fabricantes de celulose e papel e de grandes gráficas.

A Gráfica e Editora São Miguel atua há 57 anos no mercado regional de impressos gráficos. De acordo com João Carlos Fontana, gerente de produção, a preocupação da editora com a questão ambiental sempre foi muito forte. Segundo ele, a gráfica oferece treinamentos para os funcionários orientando a correta destinação dos resíduos.

As indústrias são as maiores responsáveis pela degradação do meio ambiente. Entre os principais setores responsáveis pela poluição está a indústria gráfica, que gera enorme quantidade de resíduos químicos. Nesta área, as grandes

O que é o FSC? O FSC é hoje o selo verde mais

reconhecido em todo o mundo. FSC – Forest Stewardship Council ou Conselho de Manejo Florestal é a certificação que garante a origem da madeira e todas as fases do processo, servindo para orientar compradores do atacado e do varejo a escolher um produto que não agrida o meio ambiente e contribua para o

desenvolvimento social e econômico das comunidades florestais.

O que é Certificação Florestal? A certificação florestal deve

garantir que a madeira utilizada em determinado produto é oriunda de um processo produtivo manejado de forma ecologicamente adequada, socialmente justa e economicamente viável.

A preocupação das empresas gráficas com o ecologicamente correto na sociedade atual

ANA ROMANI

Impressões verdesempresas encaminham corretamente os resíduos, devido à consciência das multas que podem ser aplicadas. Entretanto, as gráficas de pequeno e médio porte não fazem o mesmo, pois, em alguns casos, a quantidade de resíduos necessária para o envio é pequena e o custo elevado. A crescente preocupação com o meio ambiente tem levado empresas no mundo todo a buscar alternativas de produção mais limpa a fim de reduzir o impacto de seus processos. Um grande número de ferramentas, incluindo diversas certificações, está disponível para a empresa que deseja produzir de forma sustentável.

A gráfica Impresul, sediada na capital gaúcha há dois anos, implantou e recebeu o Certificado de Cadeia de Custódia (selo FSC - produção de papel oriundo de manejo florestal responsável). Esse processo garante o uso de papel certificado em seus impressos, através da rastreabilidade e do monitoramento de todas as etapas com registros e controles devidamente evidenciados.

De acordo com Ivone Maria Chassot Greis, assessora de Recursos Humanos, a gráfica também desenvolve há mais de cinco anos um programa de tratamento, coleta e destino dos resíduos. Isto significa que o substrato da produção é devidamente destinado, conforme estabelece as orientações dos órgãos ambientais.

Page 13: Entrelinha - Edição 19

A prática desse esporte foi crescendo, no Brasil, a partir dos anos 2000. Em dez anos se tornou muito popular nas praias, parques e praças da cidade do Rio de Janeiro, inclusive com a realização de alguns campeonatos e eventos inteiramente dedicados ao slackline. No Rio Grande do Sul o esporte ainda é pouco conhecido, mas graças a algumas pessoas, como o carioca radicado em Caxias do Sul Ricardo Gollo, 21 anos, o esporte vem mostrando a cara, atraindo cada vez mais praticantes. Em um bate-papo descontraído, ele explicou um pouco mais sobre o esporte e seus conceitos.

Entrelinha: Quais são os principais benefícios aos praticantes do slackline?Ricardo Gollo: O slack envolve todos os músculos. Quando se caminha sobre a corda

se trabalha e fortalece todas as regiões do corpo, colabora diretamente para a melhora da postura, do equilíbrio e também para aumentar a concentração. Isso sem falar na diversão que é estar em contato com a natu-reza praticando um esporte junto de amigos.

Entrelinha: Há quanto tempo você prati-ca esse esporte e como começou? Ricardo: No Rio de Janeiro o slackline já é bem conhecido. Comecei praticando na praia com amigos que já conheciam o esporte. Acho que já fazem uns sete anos que vivo em cima da corda.

Entrelinha: Por quê em Caxias do Sul o esporte ainda não é tão conhecido? Ricardo: O slack tem muita ligação com a natureza e talvez por causa de Caxias não

possuir tantas áreas para que se pratique o esporte ele ainda não esteja no mesmo nível de outros lugares. No Rio de Janeiro você vai em um parque ou à praia e lá está alguém com o slack armado.

Entrelinha: Qual é a dica para quem quer começar e onde encontrar o equipa-mento certo para iniciar? Ricardo: A dica é não desistir no começo. Muitas pessoas desanimam logo de cara, pois não conseguem sair andando. Geral-mente em uma ou duas tardes de treino já é possível dar os primeiros passos. Sobre os equipamentos, infelizmente, ainda não é pos-sível adquirir o slackline em Caxias do Sul. Para quem quer comprar, uma boa opção é o site slackbrasil.com, lá você acha tudo que precisa para sair se equilibrando por ai.

13ESPORTE

Equilíbrio, concen-tração e movimen-to. Essas são as três

principais premissas do slackline, esporte que vem crescendo pelo mundo e já possui muitos pratican-tes no Brasil. A história do slackline (corda bamba) se confunde com a de outros esportes radicais como o skate. É praticamente impos-sível dizer quem foram os primeiros a arriscar passos em cima dessas finas cor-das. A versão mais aceita sobre o surgimento da modalidade, até hoje, é a de que os criadores foram alpinistas que se reuniam para escaladas no parque Yosemite Valley, na Ca-lifórnia, durante os anos 80. Eles andavam sobre grades de estacionamen-tos, corrimãos de escadas, amarravam cordas de uma árvore a outra e realizavam a travessia, como uma es-pécie de treino para me-

A prática do slackline está conquistando esportistas em alguns parques da região serrana

O Slackline, esporte onde se caminha sobre uma fita, está ganhando mais adeptos

GERSON FELIPPI JR

Primeiros passos em Caxias

Na corda bamba

lhorar seu desempenho e equilíbrio nas escaladas. Foi assim que o slackline deu seus primeiros passos na direção de se tornar um esporte conhecido e prati-cado no mundo inteiro. Apesar de o caminhar na corda bamba já ter sido praticado há muitos séculos, este novo pas-satempo era diferente em

muitos aspectos. A corda de escalada ficava solta, e não tão tensionada como o cabo de aço usado por artistas de circo, e isso tra-zia dificuldades extras para seus praticantes. Após um tempo, os alpinistas come-çaram a praticar em fitas planas assim como é rea-lizado até os dias de hoje.

Com as descobertas de

que além de aprimorar o equilíbrio o slack também trazia benefícios físicos, como o fortalecimento dos músculos, princi-palmente nos membros inferiores e na região ab-dominal, a prática cresceu e se espalhou pelo mun-do inteiro, conquistando pessoas de todas classes e idades.

12SUSTENTABILIDADE

A sociedade atual vive uma “febre saudável” do ecologicamente correto, ou sustentável. Ser

sustentável implica ser capaz de operar de acordo com as necessidades presentes, ao mesmo tempo em que se atende às necessidades das gerações futuras.

Pensando nisso, as empresas gráficas estão, cada vez mais, adaptando e melhorando seus processos, para melhor explorar os recursos sustentáveis e colaborar na preservação do meio ambiente. Sustentabilidade passou a ser prioridade na agenda e nos planos estratégicos dos grandes fabricantes de celulose e papel e de grandes gráficas.

A Gráfica e Editora São Miguel atua há 57 anos no mercado regional de impressos gráficos. De acordo com João Carlos Fontana, gerente de produção, a preocupação da editora com a questão ambiental sempre foi muito forte. Segundo ele, a gráfica oferece treinamentos para os funcionários orientando a correta destinação dos resíduos.

As indústrias são as maiores responsáveis pela degradação do meio ambiente. Entre os principais setores responsáveis pela poluição está a indústria gráfica, que gera enorme quantidade de resíduos químicos. Nesta área, as grandes

O que é o FSC? O FSC é hoje o selo verde mais

reconhecido em todo o mundo. FSC – Forest Stewardship Council ou Conselho de Manejo Florestal é a certificação que garante a origem da madeira e todas as fases do processo, servindo para orientar compradores do atacado e do varejo a escolher um produto que não agrida o meio ambiente e contribua para o

desenvolvimento social e econômico das comunidades florestais.

O que é Certificação Florestal? A certificação florestal deve

garantir que a madeira utilizada em determinado produto é oriunda de um processo produtivo manejado de forma ecologicamente adequada, socialmente justa e economicamente viável.

A preocupação das empresas gráficas com o ecologicamente correto na sociedade atual

ANA ROMANI

Impressões verdesempresas encaminham corretamente os resíduos, devido à consciência das multas que podem ser aplicadas. Entretanto, as gráficas de pequeno e médio porte não fazem o mesmo, pois, em alguns casos, a quantidade de resíduos necessária para o envio é pequena e o custo elevado. A crescente preocupação com o meio ambiente tem levado empresas no mundo todo a buscar alternativas de produção mais limpa a fim de reduzir o impacto de seus processos. Um grande número de ferramentas, incluindo diversas certificações, está disponível para a empresa que deseja produzir de forma sustentável.

A gráfica Impresul, sediada na capital gaúcha há dois anos, implantou e recebeu o Certificado de Cadeia de Custódia (selo FSC - produção de papel oriundo de manejo florestal responsável). Esse processo garante o uso de papel certificado em seus impressos, através da rastreabilidade e do monitoramento de todas as etapas com registros e controles devidamente evidenciados.

De acordo com Ivone Maria Chassot Greis, assessora de Recursos Humanos, a gráfica também desenvolve há mais de cinco anos um programa de tratamento, coleta e destino dos resíduos. Isto significa que o substrato da produção é devidamente destinado, conforme estabelece as orientações dos órgãos ambientais.

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14 CULTURA

O nariz pintado. Um olhar profun-do. E um humor

que contagia. Com piadas criativas e histórias de tirar o fôlego, a Companhia de Teatro Teleco se mantém na atividade desde 1972. A cada noite uma apresen-tação, todas com o mesmo objetivo: levar humor, alto astral e risos para toda a pla-teia. Atualmente Vanderlei dos Anjos Silva comanda o espetáculo, na pele do espevitado Teteco. “Teatro é vida, é cultura, corre nas veias. Quem toma a água do circo não quer outra coisa. É minha vida”, ex-pressa Vanderlei, que não se imagina exercendo outra profissão a não ser essa.

Na grade de apresenta-ções estão em média 200 peças, dessas 40 são comé-dias. Entre as mais pedidas estão Teteco contra o Louco; Beber, cair e levantar e Fal-so Conde. As apresentações são escritas pela esposa de Vanderlei, Ana Beatriz Ma-chado, que é filha do sau-doso palhaço Teleco – An-tônio Machado -, criador da companhia. Algumas também são cedidas por outros teatros do Estado, mas a grande maioria é iné-dita. “Temos vários dramas bonitos, mas não adianta, as pessoas querem rir! De tristeza já chega”, exclama.

E quem pensa que são muitos ensaios, engana-se! Eles são necessários ape-nas quando a peça é nova. “Nos conhecemos pelo olhar. É muito tempo jun-tos! Maioria nasceu aqui dentro. Não tem brigas graves, todo mundo se res-

Companhia de teatro está em atividade desde 1972 levando alegria às cidades

FRANCELI STEFANI

A grande família Telecopeita”, acrescenta.

E quando o Teteco fica doente quem faz as apre-sentações? “É o Vadeco”, responde rapidamente o homem que dá corpo ao Teteco. Vadeco é filho de Vanderlei, que com 20 anos já ama a profissão e tem arte correndo nas veias. “Ele ama o que faz. Quan-do tive que operar a gar-ganta, acabei me afastando dos palcos por um período, nesse tempo meu filho as-sumiu a frente, e fez muito bem”, ressalta orgulhoso.

Quem for assistir o tea-tro vai se impressionar com o cenário. Uma grande lona

é montada em cada cidade visitada. Com uma verba de R$ 44 mil recebida da Fundação Nacional de Ar-tes (Funarte), compraram equipamentos para melhor receber o público. “Con-tamos com carretas, um bom palco, iluminação, aparelho de som, tudo de boa qualidade. Foi muito bom ter conseguido a ver-ba, agora temos um lugar mais aconchegante, tam-bém estamos trabalhando mais tranquilos, muda-mos 100%”, conta. Para montar toda a estrutura são necessários três dias e

todo mundo “pega jun-to”.

A grande família Teleco conta hoje com cerca de 30 pessoas, que moram no circo. Não possuem residência fixa. “Não adianta ter casa, estamos sempre viajando, perma-necemos um bom perío-do em cada lugar. Hoje, graças a Deus vivemos do circo”, enfatiza. São visita-das anualmente sete cida-des. O segredo do sucesso, como conta, é o respeito e a atenção com o público. Todos os atores trabalham e se doam para atender da melhor forma os espec-tadores. “É uma amizade que a comunidade tem com a gente, são muitos anos na estrada, sempre prezando pela ética. Gra-ças a Deus sempre somos bem recebidos, em todos os lugares em que passa-mos”, relata. Para eles não tem mau tempo, adoram o trabalho e a vida que le-vam: “É ótimo. Conhece-mos muita gente, muitos lugares, fazemos muitas amizades verdadeiras. Pre-zamos o respeito em pri-meiro lugar.”

nesse tempo meu filho assumiu a frente, e fez muito bem”, ressalta orgulhoso.

Quem for assistir o tea-Quem for assistir o tea-Quem for assistir o teatro vai se impressionar com o cenário. Uma grande lona

mais tranquilos, muda-mos 100%”, conta. Para montar toda a estrutura são necessários três dias e

todo mundo “pega jun-to”.

a atenção com o público. Todos os atores trabalham e se doam para atender da melhor forma os espectadores. “É uma amizade melhor forma os espectadores. “É uma amizade melhor forma os espec

que a comunidade tem com a gente, são muitos anos na estrada, sempre prezando pela ética. Graças a Deus sempre somos bem recebidos, em todos os lugares em que passamos”, relata. Para eles não tem mau tempo, adoram o trabalho e a vida que levam: “É ótimo. Conheceo trabalho e a vida que levam: “É ótimo. Conheceo trabalho e a vida que le

mos muita gente, muitos lugares, fazemos muitas amizades verdadeiras. Prezamos o respeito em primeiro lugar.”

15CULTURA

O palhaço que contagiaDom, paixão, talento. É isso que move o Teatro Teleco e o faz se manter na estrada há 37 anos. Com leves pinceladas Vanderlei colore o rosto. Com a tinta vermelha pinta o nariz e as boche-chas. Usa o tom branco para sombrear os olhos e as laterais da boca. Com o lápis preto, pin-ta a boca. As cores levam magia, transmitem o riso e elevam o espírito. Em poucos minutos ele dei-xa de ser Vanderlei para ser Teteco. O tão espera-do palhaço que colore o palco junto com outros atores.

No toque do terceiro sinal, pronto. As corti-nas levantam e o público arregala os olhos. Só ao ver os atores, os especta-dores já começam a rir. Crianças, algumas sen-

tadas nos colos da mães, observam cada passo. As estripulias de Teteco são acompanhadas de uma euforia total. Durante o espetáculo Teteco: o exter-minador do Teu Furo, ele encarnou um serviçal na casa de um comandante. Sempre atrapalhado en-tendia tudo errado.

Quando a patroa o mandou comprar pés de porcos no açougue, ele não trouxe: “O açouguei-ro tinha os pés iguais aos meus, bonitinhos!” Teu Furo era um bandido, co-mandante de uma tropa de assaltantes. No final todos foram pegos pelo valente Teteco. As quase duas horas de apresenta-ção se encerraram com diversas exclamações do público, como “amanhã eu volto” e “muito diver-tido”.

A arte de encantar

Antes de entrar em cena Teteco pinta o rosto no cama-rim. Em cena, o homem de cara pintada cria vida, conta-gia e envolve o público que aguarda suas brincadeiras

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14 CULTURA

O nariz pintado. Um olhar profun-do. E um humor

que contagia. Com piadas criativas e histórias de tirar o fôlego, a Companhia de Teatro Teleco se mantém na atividade desde 1972. A cada noite uma apresen-tação, todas com o mesmo objetivo: levar humor, alto astral e risos para toda a pla-teia. Atualmente Vanderlei dos Anjos Silva comanda o espetáculo, na pele do espevitado Teteco. “Teatro é vida, é cultura, corre nas veias. Quem toma a água do circo não quer outra coisa. É minha vida”, ex-pressa Vanderlei, que não se imagina exercendo outra profissão a não ser essa.

Na grade de apresenta-ções estão em média 200 peças, dessas 40 são comé-dias. Entre as mais pedidas estão Teteco contra o Louco; Beber, cair e levantar e Fal-so Conde. As apresentações são escritas pela esposa de Vanderlei, Ana Beatriz Ma-chado, que é filha do sau-doso palhaço Teleco – An-tônio Machado -, criador da companhia. Algumas também são cedidas por outros teatros do Estado, mas a grande maioria é iné-dita. “Temos vários dramas bonitos, mas não adianta, as pessoas querem rir! De tristeza já chega”, exclama.

E quem pensa que são muitos ensaios, engana-se! Eles são necessários ape-nas quando a peça é nova. “Nos conhecemos pelo olhar. É muito tempo jun-tos! Maioria nasceu aqui dentro. Não tem brigas graves, todo mundo se res-

Companhia de teatro está em atividade desde 1972 levando alegria às cidades

FRANCELI STEFANI

A grande família Telecopeita”, acrescenta.

E quando o Teteco fica doente quem faz as apre-sentações? “É o Vadeco”, responde rapidamente o homem que dá corpo ao Teteco. Vadeco é filho de Vanderlei, que com 20 anos já ama a profissão e tem arte correndo nas veias. “Ele ama o que faz. Quan-do tive que operar a gar-ganta, acabei me afastando dos palcos por um período, nesse tempo meu filho as-sumiu a frente, e fez muito bem”, ressalta orgulhoso.

Quem for assistir o tea-tro vai se impressionar com o cenário. Uma grande lona

é montada em cada cidade visitada. Com uma verba de R$ 44 mil recebida da Fundação Nacional de Ar-tes (Funarte), compraram equipamentos para melhor receber o público. “Con-tamos com carretas, um bom palco, iluminação, aparelho de som, tudo de boa qualidade. Foi muito bom ter conseguido a ver-ba, agora temos um lugar mais aconchegante, tam-bém estamos trabalhando mais tranquilos, muda-mos 100%”, conta. Para montar toda a estrutura são necessários três dias e

todo mundo “pega jun-to”.

A grande família Teleco conta hoje com cerca de 30 pessoas, que moram no circo. Não possuem residência fixa. “Não adianta ter casa, estamos sempre viajando, perma-necemos um bom perío-do em cada lugar. Hoje, graças a Deus vivemos do circo”, enfatiza. São visita-das anualmente sete cida-des. O segredo do sucesso, como conta, é o respeito e a atenção com o público. Todos os atores trabalham e se doam para atender da melhor forma os espec-tadores. “É uma amizade que a comunidade tem com a gente, são muitos anos na estrada, sempre prezando pela ética. Gra-ças a Deus sempre somos bem recebidos, em todos os lugares em que passa-mos”, relata. Para eles não tem mau tempo, adoram o trabalho e a vida que le-vam: “É ótimo. Conhece-mos muita gente, muitos lugares, fazemos muitas amizades verdadeiras. Pre-zamos o respeito em pri-meiro lugar.”

nesse tempo meu filho assumiu a frente, e fez muito bem”, ressalta orgulhoso.

Quem for assistir o tea-Quem for assistir o tea-Quem for assistir o teatro vai se impressionar com o cenário. Uma grande lona

mais tranquilos, muda-mos 100%”, conta. Para montar toda a estrutura são necessários três dias e

todo mundo “pega jun-to”.

a atenção com o público. Todos os atores trabalham e se doam para atender da melhor forma os espectadores. “É uma amizade melhor forma os espectadores. “É uma amizade melhor forma os espec

que a comunidade tem com a gente, são muitos anos na estrada, sempre prezando pela ética. Graças a Deus sempre somos bem recebidos, em todos os lugares em que passamos”, relata. Para eles não tem mau tempo, adoram o trabalho e a vida que levam: “É ótimo. Conheceo trabalho e a vida que levam: “É ótimo. Conheceo trabalho e a vida que le

mos muita gente, muitos lugares, fazemos muitas amizades verdadeiras. Prezamos o respeito em primeiro lugar.”

15CULTURA

O palhaço que contagiaDom, paixão, talento. É isso que move o Teatro Teleco e o faz se manter na estrada há 37 anos. Com leves pinceladas Vanderlei colore o rosto. Com a tinta vermelha pinta o nariz e as boche-chas. Usa o tom branco para sombrear os olhos e as laterais da boca. Com o lápis preto, pin-ta a boca. As cores levam magia, transmitem o riso e elevam o espírito. Em poucos minutos ele dei-xa de ser Vanderlei para ser Teteco. O tão espera-do palhaço que colore o palco junto com outros atores.

No toque do terceiro sinal, pronto. As corti-nas levantam e o público arregala os olhos. Só ao ver os atores, os especta-dores já começam a rir. Crianças, algumas sen-

tadas nos colos da mães, observam cada passo. As estripulias de Teteco são acompanhadas de uma euforia total. Durante o espetáculo Teteco: o exter-minador do Teu Furo, ele encarnou um serviçal na casa de um comandante. Sempre atrapalhado en-tendia tudo errado.

Quando a patroa o mandou comprar pés de porcos no açougue, ele não trouxe: “O açouguei-ro tinha os pés iguais aos meus, bonitinhos!” Teu Furo era um bandido, co-mandante de uma tropa de assaltantes. No final todos foram pegos pelo valente Teteco. As quase duas horas de apresenta-ção se encerraram com diversas exclamações do público, como “amanhã eu volto” e “muito diver-tido”.

A arte de encantar

Antes de entrar em cena Teteco pinta o rosto no cama-rim. Em cena, o homem de cara pintada cria vida, conta-gia e envolve o público que aguarda suas brincadeiras

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SAMANTHA HUNOFF

Do além, pelo bem

As batidas do ata-baque lembram o compasso do

coração e dão forma às cantigas da Umbanda, que têm o poder de evocar guias espirituais. Originária da cultu-ra afro-brasileira e dos costumes indígenas, a Umbanda recebe ainda influência do espiritis-mo e resulta em uma mistura de doutrinas, geralmente relacionadas a rituais que envolvem o sacrifício de animais.

Apesar dessa verdade ser praticamente absolu-ta aos olhos da maioria, muitos centros umban-distas consideram práti-cas sangrentas ofensivas e se fundamentam no amor e na caridade.

A casa Maria Con-ga, localizada no bairro Cinquentenário de Ca-xias do Sul, é um exem-

plo dessa segmentação ‘do bem’ e realiza ape-nas atividades de cura, contando com a ajuda de médiuns e entidades espirituais.

Pretos Velhos, Cabo-clos Tupinambás e, é claro, os espíritos da homenageada pela casa, Maria Conga, são in-corporados pelos mé-diuns e os auxiliam nos atendimentos.

Lucílvia Vargas Perei-ra, 55 anos, é coordena-dora do centro e acre-dita no poder de cura da Umbanda. Quando jovem, a médium soube que tinha um câncer no estômago e, apesar de seu ceticismo na época, buscou ajuda espiritual.“Descobri que a doença era fruto de magia ne-gra”, conta Lucílvia, que teve sua enfermidade in-teiramente curada com a ajuda da Umbanda e

a fé, fortalecida. “Não é preciso fazer sacrifícios para agradar um orixá, basta acreditar e fazer o bem”, diz.

Cissa, como também é conhecida no cen-tro, toma conta da casa onde são realizadas as sessões. Após uma pa-lestra, que aborda temas diversos do cotidiano com base nas doutrinas da religião, a médium dá início aos trabalhos com cantigas de louvor para atrair as entidades que serão incorporadas.

Pequenos grupos re-cebem os passes de cura dos, então, Pretos Ve-lhos, Caboclos, Marias Congas e quem mais quiser ‘aparecer’. Sem sangue e sem sacrifícios, os frequentadores do centro têm suas energias renovadas contando apenas com a força de espíritos ancestrais.

A Umbanda explicada por quem acredita que para o amor não é preciso sacrifícios

Oferendas na Umbanda servem

para liberar ou canalizar energias

durante a realização do

trabalho proposto

FOTO: SAMANTHA HUNOFF