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Caxias do Sul, setembro de 2010 | Ano I, Edição 42 | R$ 2,50 |S18 |D19 |S20 |T21 |Q22 |Q23 |S24 MULHER DE BOMBACHA A participação feminina no tradicionalismo vai muito além de usar vestidos de prenda André T. Susin/O Caxiense Futuro em jogo: a rodada final da dupla CA-JU na Série C | Painel de Negócios: confira as ofertas e saiba como se faz um carro O avanço do tempo, desacompanhado da devida atenção ao patrimônio histórico, relegou os andares superiores do primeiro arranha-céu da região à sujeira dos pombos e ao acúmulo de entulhos EBERLE: DO OCASO AO DESCASO

Edição 42

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O avanço do tempo, desacompanhado da devida atenção ao patrimônio histórico, relegou os andares superiores do primeiro arranha-céu da região à sujeira dos pombos e ao acúmulo de entulhos

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Caxias do Sul, setembro de 2010 | Ano I, Edição 42 | R$ 2,50|S18 |D19 |S20 |T21 |Q22 |Q23 |S24

MULHER DE BOMBACHAA participação feminina no tradicionalismo vai muito além de usar vestidos de prenda

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Futuro em jogo: a rodada final da dupla CA-JU na Série C | Painel de Negócios: confira as ofertas e saiba como se faz um carro

O avanço do tempo, desacompanhado da devida atenção ao patrimônio histórico, relegou os andares superiores do primeiro arranha-céu da região à sujeira dos pombos e ao acúmulo de entulhos

EBERLE:DO OCASO AODESCASO

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2 18 a 24 de setembro de 2010 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

Índice

Expediente

Assine

A Semana | 3As notícias que foram destaque no site

Roberto Hunoff | 4Oportunidades qualificação e treinamento em diversos setores da economia caxiense

Expectativa no comércio | 5O laborioso caminho para a inauguração do San Pelegrino

Patrimônio dos pombos | 7O topo do prédio da Eberle, símbolo do progresso caxiense, está entregue ao abandono

Artes | 10A simplicidade fatal e o piano que toca a cidade

Guia do Caxias em Cena | 11Uma caxiense encena o drama dos palcos e quatro cariocas revelam o sofrimento da guerra

Guia de Cultura | 12Cover de Beatles e Ramones; seleção de bailarinos e a rabugice por Woody Allen

História sem mofo | 14Vítima do envelhecimento acelerado por mau acondicionamento, o Amarp ganha sala especial para rejuvenescer

Herdeiras da tradição | 16A nova mulher tradicionalista também usa bombacha

Guia de Esportes | 18A rodada final – e fatal – da Série C

O sonho da salvação | 19O Ju vai a Criciúma em defesa da honra e da história – só a vitória acaba com o pesadelo do rebaixamento

Rumo à Série B | 21Caxias enfrenta a hora decisiva do “Agora vai”

Renato Henrichs | 23Brigas internas da Câmara de Vereadores são levadas à Justiça

www.OCAXIENSE.com.br

Redação: André Tiago Susin, Camila Cardoso Boff, Cíntia Hecher, Fabiano Provin, Felipe Boff (editor), José Eduardo Coutelle, Luciana Lain, Marcelo Aramis (editor assistente), Marcelo Mugnol, Paula Sperb (editora), Renato Henrichs, Roberto Hunoff, Robin Siteneski e Valquíria Vita Comercial: Pita Loss e Cláudia PahlCirculação/Assinaturas: Tatyany Rodrigues de OliveiraAdministrativo: Luiz Antônio BoffImpressão: Correio do Povo

Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para [email protected]. Trimestral: R$ 30 | Semestral: R$ 60 | Anual: 2x de R$ 60 ou 1x de R$ 120

Jornal O Caxiense Ltda.Rua Os 18 do Forte, 422, sala 1 | Lourdes | Caxias do Sul | 95020-471Fone 3027-5538 | E-mail [email protected]

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Feira do Livro | Parece que foi ontem a última vez. Apesar de achar meio apertado,

sempre tem coisas legais lá. Até amigo dos vendedores já fiquei.Felipe Stoker

Quero começar bem o meu final de semana, lendo pela manhã de sábado um material onde a qualidade e o conteúdo são os dife-renciais, que enchem os olhos não somente com informações mas também com organização, bom gosto e autenticidade, em alto nível. Tudo isso em um jornal que honra a nossa cidade e merece o nome que tem: O Caxiense.

Mateus J. B. Cassina

Um conteúdo diferenciado dos demais meios de comunicação que possuímos em Caxias do Sul, mostra ao público jovem notícias que são importantes, com objetivo de nos manter cientes dos acon-tecimentos e nos dar uma visão simplificada e profunda sem tentar manipular nossa opinião para fins próprios!

Camila Natchios

Muito legais esses vídeos antigos. Parabéns pelo bom trabalho.Léo Mandelli

@Deiasusin Caxias do Sul estava precisando do jornalismo do @ocaxiense.Obrigada! #edição41

@jeanberlanda Diga NÃO ao jornalismo tendencioso, raivoso e inconsequente. Siga @ocaxiense. Isenção, coerência e informação com qualidade. #edição41

@NadilceBeatriz @ocaxiense Parabéns O Caxiense. Sucesso. Caminhos abertos. #edição41

@alexhaubrich Querem saber um bom jornal no RS? @ocaxiense Vale conhecer. #edição41

@rafaelgloria o @_Nonada_ Jornalismo Travessia também apoia o @ocaxiense! #edição41

@felipestoker @ocaxiense Eles deveriam colocar em linhas com bem menos tráfego. Chego quase atrasado todo dia. #sêniormidi #edição41

@eduardolied @ocaxiense Pô, muito bom ver a programação do cinema já com o trailer e a sinopse. #programaçãoonline

Excelente a cobertura do jornal O Caxiense, que mostrou a calamidade

e a falta de respeito aos usuários do transporte coletivo urbano. Agora

falta a Visate e a Secretaria de Trans-porte se sensibilizarem e voltar ao

que era antes. O Caxiense, um jornal que tem o compromisso em levar as

informações à comunidade. Rafael Bueno

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Durante reunião-almoço na CIC, na segunda (13), o Ministro da Educação (MEC), Fernando Haddad, falou rapidamente sobre a relação da pasta com a Universidade de Caxias do Sul. Se havia expectativa da federalização da UCS, esta caiu por terra quando Haddad afirmou que não existe nenhuma perspectiva quanto a isso, que “não é o caminho”.

Educação

Pavilhões da Festa da Uva

Blues Festival

Visate

Serviço público

Título de eleitor

Literatura

Educação

Federalização da UCS: “Não é o caminho”, diz ministro

Seis novas câmeras de segurança

Ingressos estão à venda

300 protestam contra retirada de 46

Prefeitura cria 169 vagas

Últimos dias para colocar a documentação em dia

Feira do Livro na praça

FSG pretende ampliar sede

QUINTA | 16 de setembro

SEXTA | 17 de setembro

QUARTA | 15 de setembro

SEGUNDA | 13 de setembro

TERÇA | 14 de setembro

Ministro da Educação palestra em Caxias; FSG vai ampliar sede; Feira do Livro ganha forma

www.ocaxiense.com.br 318 a 24 de setembro de 2010 O Caxiense

Até o final de novembro, o moni-toramento dos Pavilhões da Festa da Uva será reforçado. Uma licitação será aberta no dia 30 de setembro para a compra de seis novas câme-ras de segurança. Atualmente, o parque conta com quatro câmeras. O monitoramento eletrônico se tornou mais necessário por causa das mudanças no estacionamento frontal e espaço para os ônibus.

Já estão à venda os passaportes para as três noites (25, 26 e 27 de novembro) da 3ª edição do Moinho da Estação Blues Festival – um dos eventos locais mais celebrados no ano passado. Os primeiros 200 passapor-tes custam R$ 60, e os 300 seguintes, R$ 80. Após, estarão disponíveis somente ingressos individuais: R$ 30 para a noite de quinta-feira e da sexta-feira e R$ 40 para sábado, estes ainda não estão à venda. Os ingres-sos são vendidos exclusivamente no Mississippi Delta Blues Bar.

O Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Caxias do Sul organizou um protesto contra a falta de cobradores nos ônibus Sênior Midi que circulam pela cidade desde o final de agosto. A reivindi-cação do sindicato é a recolocação de cobradores dos novos, e menores, ônibus. Das 5h às 6h30, cerca de 300 pessoas, segundo o presidente da entidade, Tacimer Kulmann da Silva, bloquearam as garagens da Viação Santa Tereza (Visate) e realizaram uma assembleia. “Tínhamos 556 operadores na empresa. Foram retirados 46 operadores com os Sênior Midi”, reclama o sindicalista.

Para quem precisa fazer a segunda via do seu título eleitoral, a Central de Atendimento ao Eleitor ( Gari-baldi, 596) atenderá neste sábado, domingo e feriado, do meio-dia às 19h. Nesta eleição passa a ser obri-gatório levar o título de eleitor e a carteira de identidade para votar. O prazo para encaminhar o pedi-do de um novo título eleitoral vai até a próxima quinta-feira (23).

Sob o tema Ler é iluminar-se, foi lançada na manhã de quarta-feira (15) a 26ª Feira do Livro de Caxias do Sul, que será realizada de 1° a 17 de outubro. São cerca de 300 ativi-dades programadas, entre dança, música, teatro e palestras. O patrono desta edição será Marcos Fernando Kirst, que se define como “leitor perene e defensor da leitura”.

A Faculdade da Serra Gaúcha (FSG) está em expansão. Além do Centro de Práticas e da ampliação do Instituto Integrado de Saúde (IIS), a sede da faculdade, na Os 18 do Forte, tem pla-nos de aumentar seu espaço físico. O diretor da FSG, Isidoro Ciconet Filho, afirma que um prédio nos arredores está em negociação para ser alugado. Será uma extensão do atual complexo, programada para o próximo semestre.

A Semanaeditado por Paula Sperb [email protected]

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Cento e sessenta e nove novos ser-

vidores devem ser incorporados nos próximos meses. Um projeto do Exe-cutivo aprovado pela Câmara na terça (14) cria vagas para saúde e assistên-cia, obras, agricultura e pecuária, administração geral, administração econômica e financeira, fiscalização e vigilância e transporte. Os contrata-dos substituirão servidores afastados por férias, licenças ou aposentadoria, além de suprir novas demandas.

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Roberto [email protected]

A Voges Fundição apresentou, em Joinville, na Feira de Metalurgia, o projeto básico de sua nova unida-de, que será construída no Distrito Industrial, com a desativação da operação existente na Rua Plácido de Castro. A empresa já obteve a Li-cença Prévia da Fundação Estadual de Proteção Ambiental e aguarda a

Licença de Instalação para que as obras se iniciem. Com a nova plan-ta, a operação se prepara para dar um salto de quase 80% na capacida-de produtiva, que deverá chegar a 66 mil toneladas anuais. A expec-tativa é de que a unidade, investi-mento de R$ 50 milhões, comece a operar parcialmente em 2011.

A Marcopolo está incentivando os colaboradores das unidades de Caxias do Sul a deixarem seus automóveis em casa e a utilizarem os ônibus da com-panhia no Dia Mundial Sem Carro, comemorado em 22 de setembro. A meta é conscientizar os funcionários e, por meio deles, a comunidade para

a questão de cidadania e consciência ecológica. Nesta linha, os executivos que compõem a diretoria executiva, gerência, supervisores e coordenado-res irão utilizar o ônibus como meio de transporte na quinta-feira. Diaria-mente, a Marcopolo transporta 5,6 mil colaboradores.

A Lupatech mantém firme sua estratégia de crescimento por meio de aquisições para aumentar ainda mais sua capacidade de forneci-mento para as grandes corporações do segmento de petróleo e gás. Nesta semana anunciou a compra de 6,77% do capital da espanhola Vicinay Marine, S.L., empresa com sede em Bilbao, e líder mundial no fornecimento de sistemas de ancoragem, amarras e acessórios para plataformas petrolíferas, com receita de 100 milhões de euros em 2009. A Lupatech integralizará capital no valor de 12,5 milhões de euros no prazo de três anos.

O Instituto Elisabetha Randon Pró-Educação e Cultura teve 14 projetos selecionados, de um total de 91 projetos inscritos, para a terceira edição do Programa Rede Parceria Social vinculado à Secre-taria da Justiça e do Desenvolvi-mento Social do Rio Grande do Sul. Os projetos selecionados terão as Empresas Randon como finan-ciadora, dentro da Lei da Solida-riedade, que permite a destinação de até 3% do ICMS a recolher para estas iniciativas. Dos 14 projetos, seis foram contemplados em 2009 e mantiveram o apoio neste ano.

A concessionária Eiffel Citroën promove, na quarta-feira (22), o lançamento em Caxias do Air-Cross. O veículo marca a entra-da da montadora no segmento off-road com diversos diferenciais. Destaque para o fato de ser total-mente brasileiro, desde o projeto até a fabricação, e o primeiro feito no Centro de Produção de Porto Real do Grupo PSA, no Rio.

A Seção Caxias do Sul da SAE Brasil (Sociedade de Engenharia da Mobi-lidade) projeta a participação de 400 profissionais e estudantes na 2ª edição do Seminário de Manufatura. As atividades ocorrerão terça-feira (21), a partir das 8h, no Intercity. As palestras centradas no tema Manufatura – Ges-tão e Inovação serão apresentadas por

especialistas ligados a montadoras de caminhões, encarroçadoras de ônibus e fornecedores do setor automotivo, como Scania, Mercedes-Benz do Bra-sil, Marcopolo e Suspensys. Segundo Ivan De Pellegrin, diretor geral do seminário, a programação ainda inclui mostra de produtos e serviços de 18 empresas e entidades de classe.

Com a meta de ampliar a oferta de mão de obra qualificada e oportunizar emprego para camadas menos favorecidas da população, a Secretaria Municipal do Desenvolvimento Eco-nômico, Trabalho e Emprego recebe, até sexta-feira (24), inscrições para dois cursos. O focado em construção civil para mulheres objetiva oferecer capacitação para geração de trabalho e renda a fim de combater o desemprego e atender o conjunto de mulheres de Caxias do Sul, em especial aquelas vindas das camadas em maior situação de vulnerabilidade social ou situação de risco. Inicialmente haverá 200 vagas à disposição para cursos de 128 horas que garantirão habili-tação para atividades de pintura predial interna e externa, aplicação de cerâmicas e assemelha-dos, assentamento de tijolos e regularização de paredes e pisos e instalação elétrica. Interessadas devem procurar a Coordenadoria da Mulher, junto ao Centro Administrativo Municipal, ou os Centros Regionais de Assistência Social.

Outra iniciativa é a terceira edição do projeto Jovem Aprendiz TI. Para participar os jovens devem ter sido selecionados por empresas deten-toras de sistema de redes. As inscrições devem ser feitas no Senac Caxias do Sul (Avenida Júlio de Castilhos, Bairro Cinquentenário), e há 30 vagas, que serão preenchidas a partir de critérios pré-estabelecidos.

O bem-informado jornalista Mi-ron Neto, em sua coluna semanal na internet, dá uma boa notícia para os caxienses. Segundo ele, fonte ligada a assuntos aeroportu-ários – que é preservada - garante que o local do novo aeroporto da Serra está técnica e politicamente definido: o silêncio de Vila Oliva será quebrado pelo som dos aviões. O anúncio ocorrerá logo após o pleito de outubro. De um lado é de se comemorar; de outro, de se lamentar, porque um assunto de interesse comunitário acabou sen-do usado politicamente para evitar desgastes da candidatura de Yeda Crusius à reeleição.

Projeto pronto

Cooperação

Competição contábil

Menos carro

Cada vez maior

Terceiro setor

Lançamento

Atualização

Propostas de qualificação Local definido

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A UCS e a Secretaria Estadual do Desenvolvi-mento e dos Assuntos Internacionais lançaram a Associação Gaúcha de Empresas Eletroeletrô-nicas (AGEEL). Seu objetivo é reunir, em rede de cooperação, indústrias eletroeletrônicas de pequeno e médio porte e diversas especialidades do segmento para o desenvolver ações conjuntas em busca de solução a problemas comuns.

De 24 a 26 de setembro, na Univer-sidade de Caxias do Sul, ocorre o 26º Encontro de Integração dos Contabi-listas do Estado. O evento é uma ini-ciativa da Federação dos Contabilistas do Rio Grande do Sul, com realização do sindicato local. O presidente da en-

tidade promotora, Sérgio Dienstmann, estima a participação de 1 mil pessoas. A principal atração são as competições esportivas, nas quais 16 sindicatos do estado competem nas modalidades de futsal masculino, vôlei feminino, bolão misto, bocha, canastra e rústica.

Alusiva à Semana Farroupilha, a próxima reunião-almoço da CIC de Caxias do Sul terá como palestrante o comandante-geral da Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul, co-ronel João Carlos Trindade Lopes. O encontro ocorrerá no dia 22, quarta-feira, em função do feriado de 20 de setembro. A palestra terá como tema Data Farroupilha, a Brigada Militar no Rio Grande do Sul.

Ler é iluminar-se: esse é o tema da palestra do patrono da Feira do Livro 2010, Marcos Fernando Kirst, no Café com Informação do mês de setembro, que ocorre na quinta-feira (23), a partir das 8h.

Jornalista e escritor, Kirst fala sobre os benefícios do hábito de ler no en-contro promovido pelo Conselho da Mulher Empresária/Executiva da CIC de Caxias do Sul.

Curtas

Em linha com a necessidade do mercado de capacitar mão de obra, a Produttare abriu estrutura em Caxias do Sul. A empresa de Porto Alegre, especializada em tecnologias e soluções para a gestão, atuará com consultorias e capa-citação. Um de seus diretores, Junico Antunes, destaca que o diferencial está na condução dos cursos por meio de atividades teórico-práticas, com avaliação dos participantes a partir da apresentação dos trabalhos para consultores e representantes das empresas contratantes. Os cursos, com duração de 200 a 360 horas-aulas, contemplando de conteúdos básicos até plenos, estão focados em produção, qualidade, logística, inovação em produtos e processos, gestão em-presarial e segurança.

O Sescon-Serra Gaúcha e o Sincontec Ca-xias realizam o Projeto Capacitar para oferecer treinamentos práticos sobre as rotinas contábeis. Os treinamentos são direcionados a jovens que queiram ingressar no mercado de trabalho na área contábil. Assim como os demais setores econômicos, os escritórios contábeis também se ressentem de pessoas capacitadas. Inscrições pelo site www.sesconserragaucha.com.br.

Iniciativa privada

Ação sindical

AVERGS - Associação Vêneta do RS - Rua Bento Gonçalves, 1283 sala 03 Fone (54) 3223 5083

Edital de ConvocaçãoConvocamos os Srs associados, quites com a tesouraria, para uma Assembléia que será realizada no dia 27 de setembro de 2010 ( segunda-feira) AS 18:00, conforme determina o estatuto, tendo como local sua sede social cita no endereço acima, para apreciarem o seguinte:a) Eleição e aprovação da nova diretoria;b) Assuntos gerais;

Caxias do Sul,16 de setembro de 2010.Tito Armando Rossi - Presidente.

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por ROBIN [email protected]

movimentação era intensa em frente ao San Pelegrino Shopping na tarde de quarta-feira (15). Na Avenida Rio Branco e na Rua Machado de Assis, caminhões descarregavam material de construção. Andaimes ainda estavam do lado de fora – parte da obra que permanece embargada pelo Ministério do Trabalho, segundo a gerente regio-nal substituta do órgão, Rosane Bolner – enquanto alguns operários descansa-vam. “Não vai ficar pronto dia 30. Só para outubro ou no final do ano”, prevê o construtor Eduardo Moreira Santos.

Se a estimativa de Santos se con-firmar, não será a primeira vez que a abertura do empreendimento é adiada desde que a Gazit comprou o prédio do jamais inaugurado Italian Shopping – a primeira previsão era para o segundo semestre de 2009. A duas semanas da última data anunciada, 30 de setem-bro, alguns lojistas correm contra o tempo para terminar as obras, enquan-to outros mal as começaram.

A rede McDonald’s afirma, via as-sessoria, que sua terceira operação em Caxias tem previsão de abertura para o dia 20 de outubro. As obras come-çaram no dia 14 de setembro. O res-taurante, o McCafé e o quiosque, que provavelmente será no primeiro andar, empregarão cerca de 50 pessoas.

A loja de materiais esportivos Ken-po Sports acelera as obras para o caso de ter que abrir no final do mês. “Tra-balhamos de acordo com a última es-timativa do shopping, mas, até o dia 30, nem com varinha mágica”, admite o proprietário, Julio Cesar Bettiato. O empresário revela que, enquanto o centro comercial não abre as portas, os lojistas pagam uma taxa de condomí-nio para manter os custos de divulga-ção, energia elétrica e água. A Kenpo está contratando 12 pessoas para tra-balhar na nova loja.

Sócio da Maxiburger, Valdir Lodi é outro a afirmar que não terá con-dições de abrir no dia 30. “Nossa loja está muito atrasada, mas já compra-mos todos os equipamentos, abrimos a empresa para o novo estabelecimento e vamos contratar pessoal (cerca de 16 funcionários).” Valdir observa que não é somente seu empreendimento que está com as obras fora do prazo. “Os restaurantes da praça de alimen-tação estão mais ou menos no mesmo patamar, inclusive porque temos os mesmos fornecedores.” Ele compara as obras do San Pelegrino às do Iguate-mi, onde fica a matriz do Maxiburger. “Nos últimos 20 dias, a construção do Iguatemi estava muito mais atrasada.”

O restaurante Pastine também não teria condições de começar a funcio-nar no dia 30 deste mês. “Está tudo en-caminhado, a empresa foi contratada para fazer as obras. Acredito que em 20 ou 25 dias deve estar pronto”, revela Eduardo Oltramari, sócio da Pastine, que já contratou metade dos 10 fun-cionários de que precisará.

A assessoria de uma das âncoras, a Renner, que terá sua terceira operação em Caxias, informa que a loja pretende abrir em outubro. Porém, já previa não inaugurar junto com o shopping, por estratégia de divulgação. Cerca de 30 pessoas serão empregadas pela Renner.

O grupo Walmart já tem um hiper-mercado em Caxias do Sul, o Big, e abrirá um supermercado Nacional no shopping. “Nossos hipermercados ofe-recem uma grande variedade de pro-dutos e serviços para o consumidor sa-tisfazer a maior parte das necessidades em um só local – proposta conhecida como one-stop shopping. O supermer-cado terá como foco a venda de ali-mentos, especialmente os perecíveis, como hortifruti, padaria, açougue e fiambreria”, explica Marcos Rosa, dire-tor de operações da Walmart Brasil na região sul. O diretor afirma que o Na-cional contratará 130 pessoas e deverá gerar outros 80 empregos indiretos, mas não revela o dia de abertura do supermercado, uma das lojas âncoras.

Além das obras de instalação dos espaços comerciais, os lojistas depen-dem do poder público para começar a vender no San Pelegrino. Depois da conclusão das obras, os administrado-res do shopping devem pedir o Habi-te-se, autorização para a ocupação do prédio. O secretário de Urbanismo, Francisco Spiandorello, explica que o órgão tem nove engenheiros e arquite-tos e cerca de 16 pessoas para fazer a fiscalização em Caxias. “Verificamos se tudo foi feito conforme o projeto apro-vado pela prefeitura. Se tudo estiver certo, isso leva de dois a três dias.”

O secretário da Receita Municipal, Ozório Alcides Rocha, afirma, no en-tanto, que o alvará demora mais tempo para ser concedido. “No mínimo uns 10 dias. Depois, a secretaria (da Recei-ta) tem que visitar a obra para calcular quanto vai cobrar de Imposto Sobre Serviços, por causa da mão de obra utilizada na construção.” Concedido o Habite-se ao shopping, os lojistas precisam do alvará de livre funciona-mento. “Dos 251 espaços comerciais (o shopping não confirma o número final), 40 já entraram com pedido de alvará, mesmo que isso só seja analisado de-pois do Habite-se”, afirma o secretário.

Outra licença necessária é a ambien-

tal. Nestor Pistorello, substituto do secretário de Meio Ambiente, Adeli-no Teles, que está de férias, diz que o shopping já encaminhou um pedido para adiantar a permissão. “Eles pe-diram um Termo de Referência, que é um documento que explica tudo que é preciso fazer para receber a autoriza-ção.” O diretor-geral da pasta, Nerio Susin, conta que a liberação ambiental, que tem mais de 15 itens, leva cerca de um mês para ser concedida.

Obras externas também de-verão ser feitas antes da abertura do empreendimento. A primeira fase das medidas para minimizar o impacto no trânsito inclui o asfaltamento das ruas La Salle, Machado de Assis, Cre-mona e General Osório, a instalação de semáforos e a polêmica abertura de mais uma via na Avenida Rio Branco. O plano para as mudanças já foi apro-vado pela prefeitura e as obras são de responsabilidade do shopping.

“Pelo que sei, o empreendedor já contratou uma empresa para fazer os serviços. Mas antes de começar preci-sam sentar conosco para viabilizar a execução, por causa do trânsito”, afir-ma Jorge Dutra, secretário de Trânsito, Transportes e Mobilidade, acrescen-tando que o shopping já contratou ou-tra empresa para fazer o laudo técnico dos asfaltamentos.

A assessoria do San Pelegrino diz que, no momento, a administração do shopping prefere não se manifestar sobre o andamento das obras. O pre-sidente da Associação de Moradores (Amob) do São Pelegrino, que juntou mais de 3 mil assinaturas contra a re-alocação das árvores para abrir espaço a mais uma pista na avenida – com re-dução de 70 centímetros das calçadas –, acredita que uma decisão sobre a retirada das 19 árvores ou da área de estacionamento da Rio Branco só será tomada em outubro. “Acho que a pre-feitura irá esperar passar as eleições para começar uma nova rodada de negociações. De qualquer forma, não penso que o shopping abrirá em me-nos de 30 dias”, afirma Antíoco Sartor.

Enquanto as obras prosseguem, mais lentamente do que se previa, comer-ciantes lamentam a possibilidade de perder as vendas do Dia da Criança. “Mas o importante é inaugurar bem, não inaugurar logo”, avalia o dono da futura livraria Nobel, Felipe Mauer. O representante da Amob também reco-nhece que aguardar mais um mês pela obra que começou em 1994 e promete gerar pelo menos 1 mil empregos é pouco. “Muito melhor do que antes, quando tínhamos um elefante branco no meio do bairro”, conclui Sartor.

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Gigante em construção

INAUGURAÇÃO TRABALHOSAObras dos lojistas do San Pelegrino também não ficarão prontas em 30 de setembro. Nova previsão, extraoficial, é para outubro

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por VALQUÍRIA [email protected]

o 3º andar do imponente prédio da antiga Metalúrgica Abramo Eberle há uma sala enorme cheia de entulhos. Cadeiras, mesas, pedaços de madei-ra, vidro, penas e dejetos de pombas. No meio de tanta sujeira, escora-se na parede um grande quadro com a vista aérea da empresa em tempos pujan-tes, quando a metalúrgica que levou Caxias a ser conhecida internacional-mente pelos produtos Eberle movi-mentava os trabalhadores da cidade. Ao lado da imagem, um quadro com moldura sofisticada conserva a figura de Abramo Eberle. É preciso passar a mão para conseguir remover o pó do vidro que o protege. Abramo está sé-rio na foto. Veste terno e gravata, com um lenço dobrado no bolso. O cabelo escuro está bem penteado e o bigode está aparado.

Tão abandonado quanto aquele qua-dro do fundador da empresa, que em outros anos já foi o empresário mais rico de Caxias, estão alguns andares do prédio, localizado no quarteirão entre as ruas Sinimbu, Borges de Medeiros, Os 18 do Forte e Marquês do Herval. O imóvel é patrimônio histórico de Ca-xias desde 2006.

Nos corredores por onde milhares de trabalhadores passaram grande par-te de suas vidas hoje circulam apenas as pombas. E elas raramente são per-turbadas. Acima do 1º andar, onde há o estacionamento, e do 2º e parte do 3º, onde instala-se a Faculdade dos Imi-grantes (FAI), as visitas quase nunca são permitidas. E pouquíssimos sabem do triste estado em que se encontram o quarto e o quinto pisos da me-talúrgica, onde ficava o setor administrativo da Fábrica 1, como era chamada.

Os andares estão fechados desde 1992. E, apesar de o prédio estar no Centro, faz muito silêncio lá dentro. No 4º piso há tantos vidros quebrados que chega a ventar. Em uma sala enorme, tão gran-de que quase não se vê o fim, restaram apenas os armários de madeira com portas altas. Algumas portas estão fora de lugar, em pé. Outras têm ainda a plaquinha com o nome dos diretores que trabalhavam na sala. O carpete está rasgado, e parte do assoalho foi retirada. Tudo range. Há pombas mor-tas – de algumas sobraram apenas os esqueletos. O elevador, com grades de ferro, já não funciona há muitos anos. Está parado em um dos andares, com duas pombas mortas em seu interior. Os vidros que restaram nas janelas es-tão muito sujos, como todo o lugar. É preciso cuidar onde se pisa para des-viar dos dejetos de pássaros. Os ba-nheiros são arrepiantes. Em alguns não é possível nem entrar.

Por uma escadinha estreita chega-se ao 5º andar. Uma placa mantém os antigos dizeres: Fábrica limpa é fábrica desenvolvida. É um dos poucos resquí-cios originais da metalúrgica, além do portentoso cofre em uma parede. É

neste andar que fica a melhor sala do prédio. A sala em que os funcionários da produção só pisaram em momentos realmente importantes. O auditório. Um espaço amplo e alto, cujas paredes antes exibiam os nomes em bronze de homens e mulheres que trabalharam na Eberle. Não há mais as letras, só buracos nas paredes, que descascam ao menor toque. Tudo está se esvaindo, como a própria história da empresa.

Os dois andares acima da FAI estão para alugar. A quantia pedida, se-gundo o diretor da Imobiliária Bassa-nesi, José Carlos Bassanesi, está abaixo do preço do mercado: “O inquilino terá que antecipar valores para reforma, como telhado, pintura e parede. Esta-mos procurando um cliente especial. Como é um prédio com problemas de locação, o valor é R$ 8 o metro quadra-do, enquanto outros prédios podem custar R$ 13”, explica Bassanesi.

Como as salas variam entre 1,3 mil e 1,4 mil metros quadrados, o aluguel ficará na média de R$ 10,8 mil. Uma limpeza para deixar os andares mais apresentáveis aos futuros locatários já está sendo iniciada. Na quarta-feira (15), pelo menos três homens traba-lhavam nos pisos superiores medindo os vidros, que serão trocados para evi-tar a entrada das pombas.

Tocar no assunto “prédio da me-talúrgica Eberle” provoca um efeito curioso nas pessoas. O mais difícil é conseguir com que a atual proprietária do imóvel, a Mundial, fale sobre o edi-fício. Inicialmente a empresa afirmou que não queria expor o prédio em uma reportagem por divergências – que es-

tão sendo discutidas na Justiça – com a inquili-na FAI. Dias depois, o coordenador de segu-rança da Mundial, Fer-nandes Lucena, aceitou dar entrevista e adian-tou que nos próximos meses os andares aban-donados do prédio, “o dormitório das pom-bas”, como ele se refere, serão reformados. “O prédio não tem proble-mas estruturais. Por ser

um prédio tombado, cabe à Mundial a conservação e restauração, manten-do as características arquitetônicas do projeto original. Haverá restauração de fachadas, reposição de vidros, pintura. As janelas voltarão a ser amarelas. É para trazer as origens”, explica.

A Mundial, segundo Lucena, está buscando assessoria e orientação téc-nica com o poder público, e, assim que tiver autorização, iniciará o restauro. Os valores necessários para isso não são divulgados por ele – deverão ser calculados após a elaboração do pro-jeto. “O objetivo dessa restauração é atender os compromissos assumidos junto à prefeitura em decorrência do tombamento. A locação do imóvel viabilizará novos recursos para a ma-nutenção necessária e também para a restauração do prédio”, salienta o coor-denador de segurança.

Um edifício desocupado, conforme Lucena, não precisa obrigatoriamente de reforma, mas apenas de manuten-ção preventiva, o que, segundo ele,

NDescuido histórico

“O prédio não tem problemas estruturais. Haverá restauração de fachadas, reposição de vidros e pintura”, anuncia Lucena

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IMPÉRIO JOGADO AOS POMBOSPrimeiro arranha-céu da região, o prédio da antiga Eberle, apesar de ser tombado, está parcialmente abandonado

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sempre foi feito. “Agora, por força do tombamento, a Mundial fará a restau-ração para garantir as características originais da arquitetura”, afirma.

Quando um imóvel é tombado, seus proprietários não podem mais reformá-lo livremente nem demoli-lo. Como compensação por esse ônus, o poder público concede a eles índices construtivos, que variam de acordo com a área e a localização do prédio. Além disso, não precisam pagar IPTU.

Olhando para os andares abandona-dos da Eberle, surgem duas questões. A primeira é por que a empresa que as-sumiu não investiu (ainda) os índices construtivos no prédio. A segunda é por que o poder público não faz nada quanto a isso, já que o prédio também é patrimônio da cidade.

Liliana Henrichs, diretora do De-partamento de Memória e Patrimônio Cultural, explica que a utilização desse potencial construtivo pode ser feita no próprio terreno ou transferida a outro local ou interessado, por meio de ven-da. A Mundial, segundo ela, vendeu seus índices. “Em decorrência do tom-bamento, a empresa proprietária rece-beu como incentivo e direito decorren-te da lei o potencial de 18.676 metros quadrados em índices construtivos. A empresa vendeu o potencial construti-vo e realiza projetos para conservação do bem que serão avaliados”, responde.

Lucena afirma que o investimento para os reparos que iniciará nos próxi-mos meses virá desses índices constru-tivos. “Você apura esses 18 mil metros como receita para auxílio na restaura-ção do prédio. Muito pouco já foi. Só alguma coisa que deu para fazer sem apresentação de projeto, por exemplo, um problema de telhado. O projeto de reformulação está sendo elaborado. Só esse dinheiro (dos índices construtivos que a empresa recebeu) não vai bas-tar, a Mundial vai bancar o restante. A prefeitura dá cinco anos para apurar o valor desses índices construtivos e de-pois apresentar um projeto e empregá-los”, afirma Lucena. Nem ele nem Li-liana aceitaram confirmar o valor dos índices recebidos pela Mundial com o tombamento, mas, segundo informa-

ções extraoficiais, cada índice equivale a R$ 85 ao metro quadrado, o que re-sultaria em R$ 1,5 milhão.

O secretário da Cultura e presidente da Comissão Específica e Permanente de Proteção ao Patri-mônio Histórico e Cultural, Antonio Feldmann, ressalta que o tombamento não tira a propriedade do prédio, ape-nas garante a conservação. Ele admite, porém, que a prefeitura não faz visitas para fis-calizar a Eberle. “É pré-dio particular, só tem fiscalização se tiver risco de desabamento, que afete as pessoas na calçada. Se o proprietá-rio quer deixar fecha-do, vai ficar fechado, a não ser em risco de desabamento”, afirma.

Para a auxiliar admi-nistrativa do Arquivo Histórico João Spadari Adami, Elenira Prux, o prédio da anti-ga metalúrgica poderia ser melhor uti-lizado, como é o caso do palacete quase em frente, na Sinimbu, onde morava Abramo Eberle – que hoje abriga a imobiliária Ideal. O imóvel foi tomba-do na mesma época da fábrica. “Não temos a mentalidade de usar prédios antigos comercialmente. E são coisas que vamos para outros países visitar. A Eberle tem potencial enorme, podia se transformar em centro de negócios. Cabe ao poder público preservar essa memória, mas ele também tem os seus limites”, pondera Elenira.

O arquiteto e urbanista Roberto Fili-ppini diz que o prédio da metalúrgica Eberle, projetado por Silvio Toigo na década de 40, é um marco na arquite-tura regional e merece uma reforma. “Ele foi o primeiro arranha-céu da região. Construído com sistema ino-vador, com tramado de concreto, que permitiu estender a obra horizontal-mente e verticalmente. Tem caracterís-ticas de estilo art déco, copiando gran-des prédios da época, como o Empire State Building”, conta o arquiteto.

O mais marcante do prédio, segun-do Filippini, é o relógio, instalado em

1955: “Vivíamos cenário de cidade do interior e, de repente, acontece essa aquisição. Com ele entramos numa nova era, do neon, da luminária, que passaram a ter referência espacial a partir do relógio. Todo mundo queria ver a hora no relógio da Eberle”.

Os primeiros andares do prédio, alugados pela FAI desde 2007, estão em estado muito diferente dos restan-

tes. Para a instalação da faculdade, nenhuma parede pôde ser der-rubada. Mauro Trojan, diretor da FAI, afirma: “O investimento foi pe-sado. Gastamos R$ 300 mil com o primeiro andar e R$ 300 mil com o segundo”. O chão está lustro, e a cor da ma-deira original, segundo Trojan, foi buscada en-tre as camadas do asso-alho. “Esse piso tem 70

anos”, destaca. O verde claro das pa-redes também é igual ao da época em que a metalúrgica funcionava. “Não tem nenhuma janela que não funcio-ne. Refizemos toda a parte hidráulica e elétrica”, salienta.

O estacionamento parece-se muito com a antiga fábrica, com a única di-ferença de que não há mais nenhuma máquina. De teto alto e janelas de vi-dros quadrados, abertos por uma cor-rentinha de ferro, o local preserva uma das placas antigas: Atenção: obrigatório abafadores de ruído nessa área. Até um ano atrás, o estacionamento era admi-nistrado pela Mundial. A empresa não teve mais interesse em bancar a estru-tura e um ex-funcionário da Eberle, Gilmar Rissi, assumiu o negócio. Ele trabalhou por 25 anos na metalúrgi-ca, seu primeiro emprego. “Não tem uma família em Caxias que não tenha alguém que trabalhou na Eberle. Hoje ela seria o que é a Randon. Era uma mãe de Caxias. Eu sempre adorei. Era acolhedora, valorizava muito o ser hu-mano. Hoje vemos funcionários defen-dendo a empresa”, diz Rissi, relembran-do: “Já vi esse prédio todo habitado. Na década de 90, chegou a ter 9,6 mil fun-

cionários”. O ex-diretor de compras Alberto

Arioli entrou na Eberle, onde o pai e os irmãos já trabalhavam, em 1945. “Eu era bom de escrever, então fui para a correspondência.” Ele criou o Boletim Eberle, um informativo mensal que noticiava o que acontecia na fábrica aos funcionários. Era impresso, inclu-sive, na seção de tipografia da empresa.

Depois, Arioli passou passou a sub-chefe de compras, cargo que ocupou por 24 anos. Trabalhava no quarto an-dar, onde ficavam os diretores. O mes-mo local que hoje está abandonado. “Tinha uns 200 funcionários”, afirma.

Para Arioli, que por muitos anos foi subordinado a Júlio Eberle, a empresa era uma potência, mas, infelizmen-te, as divergências entre os familiares trouxeram problemas. “Tinha 3 mil operários na época em que eu traba-lhava. Eles sempre ajudavam muito os empregados. Era a melhor. Falavam ‘tu tem sorte de trabalhar no Eberle’. Pena que venderam e virou nada”, lamenta.

No 5º andar, conforme Arioli, acon-teciam as homenagens aos jubilados. “E também era um lugar para home-nagear quando vinha alguém mais im-portante”, diz o ex-funcionário, decep-cionando-se ao saber que os nomes em bronze não estão mais no auditório.

Famosa na cidade, a metalúrgica Eberle iniciou em 1896, antes mesmo de Caxias se chamar Caxias – era en-tão a Colônia de Santa Tereza. Abra-mo Eberle, aos 16 anos, comprou de seu pai uma funilaria. Trabalhava dia e noite fazendo lamparinas e outros artigos. Ao longo dos anos, ele acres-centou novos produtos, novas má-quinas, novos sócios. A Ourivesaria e Funilaria Central de Abramo Eberle & Cia, primeiro nome da metalúrgica, começou a tornar-se conhecida. Com o crescimento da fábrica, passaram a ser produzidos também utensílios do-mésticos, artigos de montaria, talheres e cutelaria, botões, motores elétricos, lustres e artefatos sacros. Conforme o tempo foi passando e os negócios au-mentando, outras fábricas administra-das pelo mesmo dono, além da Fábrica 1, na Sinimbu, foram erguidas. Abra-

“Não tem uma família em Caxias que não tenha alguém que trabalhou na Eberle. Era uma mãe de Caxias”, lembra Rissi

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Quadros do fundador, Abramo Eberle, estão largados entre entulhos. No 4º piso, parte do assoalho foi arrancada. A fachada interna denuncia a má conservação

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mo faleceu em 1945, e a administração passou para os filhos José Eberle e, de-pois, Júlio Eberle. Segundo a pesquisa-dora Loraine Slomp Giron, a divisão na herança familiar acarretou em dis-córdia, o que levou o grupo a vender suas ações para o Grupo Zivi-Hércu-les. “A empresa não quebrou, mas sim, como as Torres Gêmeas, explodiu”, afirma Loraine, explicando que apenas em 1975 a ruptura entre Zivi e Eberle se efetivou, e a partir de 1982 a sigla Eberle passou a ser apenas uma fun-dação. “A empresa passara para outras mãos”, diz. Virou, mais tarde, Mundial S/A. “Na década de 90 tornou-se invi-ável manter uma atividade tipicamente industrial no Centro da cidade. Então o prédio foi desocupado e as atividades industriais transferidas para o Com-plexo Industrial de São Ciro”, conta Lucena, que trabalhou na empresa na época em que ainda era Eberle. “A Zivi era de uma cultura de Porto Ale-gre, sem muita ligação com a cidade. A Eberle era identificada com Caxias”, completa Rissi.

No período em que foi adminis-trada por Abramo Eberle (do início, em 1896, até a morte dele, em 1945), conforme Loraine, os operários eram tratados como parte de uma família e recebiam empréstimo para comprar a casa própria. “Abramo era um empre-sário cristão. Mas se fosse tão maravi-lhoso assim não poderia ter enrique-cido tanto. A empresa passou de uma pequena funilaria para uma grande metalúrgica a partir do capital gerado

pelo comércio de produtos e da capta-ção de recursos da mão de obra. Mas uma coisa é certa: o trabalhador era valorizado”, diz a pesquisadora, recor-dando que todos que faziam 25 anos de trabalho recebiam um relógio de prata e os que completavam 50, de ouro.

Loraine ressalta que a metalúrgica representava 50% de todo o parque industrial da região colonial. De 1922 a 1948, a empresa teve mais de 4 mil operários, sendo que em toda a re-gião existiam 8 mil no total. “Não ha-via nada parecido com ela, não só no Brasil, mas em toda a América Latina. Era tão importante quanto as empresas Matarazzo, de São Paulo”, compara.

Independentemente de quem é o culpado pelo esquecimento do pré-dio, além do próprio tempo, o fato é que grande parte dele está literalmente jogada às pombas. “A casinha pobre sobre o imponente prédio serviu para fomentar o mito regional de que o tra-balho enriquece”, diz Loraine, falando sobre a réplica colocada no topo da metalúrgica, simbolizando a primei-ra funilaria de Abramo. Mas Abramo Eberle é a prova de que o poder não é para sempre. Em uma foto do informa-tivo Eberle, criado por Arioli, na pági-na chamada Visitas Ilustres, o Cônsul Geral do Canadá da época, Paul A. Theperge, conhece a metalúrgica em 1971. Na parede atrás dele, um grande quadro destaca a imagem de Abramo Eberle. O mesmo quadro que está hoje jogado nos entulhos.

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No 3º andar, funcionava o escritório central (acima, em 1945), hoje desocupado

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Jair de Souza| Sem título |

Na xilogravura de Jair de Souza, que integra o acervo do Centro de Aten-ção Psicossocial de Caxias do Sul (Caps Cidadania), o artista se inspirou em uma fotografia de revista. Na versão do artista, rica em detalhes, uma cidade imponente cresce ao redor de um mundo no qual não poderá mais caber. O movimento acelerado da cidade, segue o compasso de um som de piano. De onde surge a metrópole, um pianista bate forte nas teclas para que, logo adiante, a música as transforme em altos prédios, capazes de alcançar o céu e avançar sobre o mar.

Pratico tua beleza.Tua beleza toda que morreDiante à poesia e fenece,Flor do dia-a-dia.

Lembro teus escapes, tuas fugas,Cada suicídio que cometera;Foram tantas noites violentas!Angustias divididas e dividimo-nos.

Pedi aos anjos, condolente, que houvesse Um carinho ao menos, e tive tanto!Derramei-me então, ao fim do assunto,E rolou pelo chão uma carícia que não foi.

Dê-me por favor um amuleto,Uma insígnia protetora certa.Dê-me uma noite de paz sem sonhar.Mostra um pedaço qualquer do amor.

Mostra talvez com os olhos,Ao menos um signo a nos traduzir.Fala como se aprende com os errosDizendo que a simplicidade das coisas,é sempre fatal.

A PIEDADE DOS ANJOSpor JôNATAS LUIS MARIA

Participe | Envie para [email protected] o seu conto ou crônica (no máximo 4 mil caracteres), poesia (máximo 50 linhas) ou obra de artes plásticas (arquivo em JPG ou TIF, em alta resolução). Os me-lhores trabalhos serão publicados aqui.

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[email protected] Cíntia Hecher | editado por Marcelo Aramis

Guia do Caxias em Cena

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Inspirado no livro Andorinhas de Cabul, de Yasmina Kadra, a peça carioca Kabul mostra quatro retratos de um Afeganistão traumatizado pela guerra

www.ocaxiense.com.br 1118 a 24 de setembro de 2010 O Caxiense

l El Truco de Olej | Sábado, 18h |Uruguaios de Montevidéu, os Bos-

quimanos Koryak apresentam seu tea-tro de bonecos ao contar a história de um menino que é ajudante do mestre de cerimônias de um circo, mas tem como sonho ser um grande mago. Os bonecos, que prometem uma ex-periência visual diferente, medem de 80cm a 5 metros de altura.Teatro MunicipalEntrada franca | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697

l Alice | Sábado, 20h |

Sissi Venturin apresenta uma per-formance inspirada nos livros de Lewis Carroll, Alice no País das Ma-ravilhas e Alice Através do Espelho. A interação com o público é frequente, todos são convidados de um banquete de desaniversário. A intenção não é contar a história de Alice, mas fazer com que todos se identifiquem com ela. Só para os maiores de 14 anos.Teatro do SescR$ 10 | Moreira César, 2.462 | 3221-5233

l La Hija de Rapaccini | Domin-go, 20h |

O teatro minimalista dos argentinos da Escenativa Teatro fala de um jovem vizinho de um cientista que trabalha com plantas em busca da imortali-dade. O principal experimento é sua filha, por quem o jovem se apaixona. Classificação: 14 anos.Teatro MunicipalR$ 10 | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697

l Criações | Segunda (20), 18h |A Cia Nazareno de Bonecos Sem

Fronteiras traz para o feriado cenas

das tradições e culturas ítalo-gaúcha, afro-brasileira e mitológica, numa mistura onde samba, capoeira e con-tos de fada conversam com o público. O espetáculo caxiense foi apresentado em festivais pelo Brasil, Europa e Ásia.Teatro do SescR$ 10 | Moreira César, 2.462 | 3221-5233

l Torturas de um coração ou Em boca fechada não entra mosquito | Segunda (20), 20h |

Um comédia musical vinda do Rio de Janeiro, pelas mãos do grupo Sarça de Horeb. A obra é de Ariano Suassu-na, autor do Auto da Compadecida. A história traz realismo fantástico para uma visão bem-humorada sobre o preconceito na sociedade: todos dis-putam o amor de Marieta, mas ela só se casa se for com homem ilustre.Teatro MunicipalR$ 10 | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697

l O Príncipe Peralta | Terça (21), 14h e 16h |

O teatro infantil é contemplado com esta peça carioca, que fala de um ca-sal exilado do reino por seu amor ser proibido. A morte da rainha faz com que um deles volte para o reino e lute por uma nova ordem.Teatro MunicipalEntrada franca | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697

l Em cena | Terça (21), 20h |

História de toque metalinguístico, onde uma atriz, interpretada pela ca-xiense Maria do Horto Coelho, é ar-rancada da peça em que está atuando por dois homens – que só ela pode ver. Na busca para descobrir onde está e o que está acontecendo, ela lembra e re-

lata fatos da vida. Teatro do SescEntrada franca | Moreira César, 2.462 | 3221-5233

l As aventuras do trem da lei-tura | Quarta (22), 14h e 15h30 |

A caxiense C.i.a. Uerê apresenta es-petáculo infantil e musical que é um estímulo à leitura de obras clássicas nacionais e internacionais.Teatro do SescEntrada franca | Moreira César, 2.462 | 3221-5233

l Kabul | Quarta (22), 20h30 |

A peça carioca trata de dois casais afegãos que observam e sofrem as consequências da guerra. A diretora, Ana Teixeira, descreve a peça como um drama existencial. “O que fica de humanidade quando tudo foi confis-cado? É a busca pela dignidade huma-na." Classificação: 16 anos. Teatro MunicipalR$ 10 | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697

l O aniversário da infanta | Quinta (23), 10h e 21h15 |

O texto é de Oscar Wilde, que cos-tumava contar histórias fantásticas aos seus filhos. Esta trata do aniversá-rio de 12 anos de uma princesa, onde uma das atrações da comemoração traz reflexão sobre dois universos di-ferentes. Com Tina Andrighetti e Bob Valente. Classificação: 14 anos.Teatro do SescR$ 10 | Moreira César, 2.462 | 3221-5233

l A caravana da ilusão | Quinta (23), 16h |

Teatro de rua de Porto Alegre, conta a história de uma viagem até um lugar

em que o caminho se bifurca. Os artis-tas se tornam responsáveis pelas suas escolhas e suas consequências.Praça Dante AlighieriEntrada franca

A tecelã | Quinta (23), 20h |

A peça mescla técnicas de manipu-lação de bonecos, vídeos e ilusionismo para contar a história de uma mulher que pode transformar imaginação em realidade. A Cia. Caixa do Elefante Teatro de Bonecos desenvolveu uma nova tecnologia de construção, acres-centando leveza e resistência aos bo-necos, em escala humana, que contra-cenam com a atriz, criando ilusão de vida. Para maiores de 14 anos.Teatro MunicipalR$ 10 | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697

l O auto da alta | Sexta (24), 10h30 |

Espetáculo de teatro de rua da Ueba Produtos Notáveis põe os atores em pernas de pau para contar uma his-tória de amor entre pessoas bem dife-rentes. Para isso, usam do improviso, da interação com o público e da músi-ca, com instrumentos feitos de sucatas de metal e plástico.Praça Dante AlighieriEntrada franca

l Histórias de um canto do mundo ou Memórias de Porto Alegre e do RS | Sexta (24), 20h |

A Cia de Solos & Bem Acompanha-dos, de Porto Alegre, traz histórias sobre lendas e tradições são contadas com roupagem musical. Parte da tri-lha sonora é executada ao vivo. Classi-ficação: 10 anos.Teatro MunicipalR$ 10 | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697

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l REC 2 – Possuídos | Terror. 15h, 17h, 19h10 e 21h10 | Iguatemi

No prédio onde pessoas foram bru-talmente assassinadas no primeiro filme, o espanhol REC, uma equipe entra em busca da cura para um vírus aparentemente demoníaco. Dirigido por Paco Plaza e Jaume Balagueró. Com Manuela Velasco e Pep Molina. 16 anos, 85 min., leg..

l Resident Evil 4: Recomeço – 3D | Terror. 15h30 e 17h50 (dub.) e 20h e 22h10 (leg.) | Iguatemi

Mais um filme sobre vírus, mas este vem do videogame. O filme, não o vírus. Zumbis, armamento pesado e mulheres bonitas agindo agressiva-mente. Dirigido por Paul W. S. Ander-son. Com Milla Jovovich e Ali Larter. 16 anos, 97 min..

AINDA EM CARTAZ – A Origem. Ação. 21h40. Iguatemi | A Ressaca. Co-média. 14h e18h50. Iguatemi | Como Cães e Gatos 2: A Vingança de Kitty Galore – 3D. Comédia. 13h30. Igua-temi | Karatê Kid. Aventura. 13h40, 16h20 e 19h (dub.). Iguatemi | Meu Malvado Favorito. Animação. Segun-da a sábado às 16h40min. Domingo e

feriado às 14h e 16h. UCS | Nosso Lar. Drama. 14h10, 16h40, 19h20 e 21h50. Iguatemi | O Aprendiz de Feiticeiro. Aventura. Segunda a sexta às 20h. Sá-bado, domingo e feriado às 19h. UCS | Os Mercenários. Ação. 16h10 e 21h20. Iguatemi | Par Perfeito. Ação. 14h20, 16h30, 19h30 e 21h30. Iguatemi | Pri-mo Basílio. Drama. Quinta (23), 15h. Matinê às 3. Ordovás.

INGRESSOS - Iguatemi: Segunda e quarta-feira (exceto feriados): R$ 12 (inteira), R$ 10 (Movie Club Preferen-cial) e R$ 6 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos). Terça-feira: R$ 6,50 (pro-mocional). Sexta-feira, sábado, do-mingo e feriados: R$ 14 (inteira), R$ 12 (Movie Club Preferencial) e R$ 7 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos). Sala 3D: R$ 22 (inteira), R$ 11 (estudantes, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos) e R$ 19 (Movie Club Preferencial). Horários das ses-sões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. RSC-453, 2.780, Distrito Industrial. 3209-5910 | UCS: R$ 10 e R$ 5 (para estu-dantes em geral, sênior, professores e funcionários da UCS). Horários das sessões de sábado a quinta – mudan-ças na programação ocorrem sexta.

Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Ga-leria Universitária. 3218-2255 | Ordo-vás: R$ 5, meia entrada R$ 2. Sessão de Cinema AD tem entrada franca. Luiz Antunes, 312, Panazzolo. 3901-1316.

l Dança contemporânea | Até se-gunda (27) |

A Cia. Matheus Brusa está com ins-crições abertas para aulas gratuitas de dança contemporânea com o objetivo de selecionar bailarinos. Por telefo-ne 3222-5538 ou email: [email protected]. Matheus BrusaJúlio de Castilhos, 108, Lurdes

l Bonecos - Sonhos e Memórias | Até sábado (25) |

A escola de dança Ballet Margô rece-be inscrições de meninos e meninas de até nove anos que sejam estudantes de escolas públicas, interessados em dan-ça e arte. Será realizada uma audição para selecionar o elenco do espetáculo Bonecos - Sonhos e Memórias, apro-vado pelo Financiarte. As inscrições são gratuitas e as vagas, limitadas.Ballet Margô

[email protected] Cíntia Hecher | editado por Paula Sperb

Guia de Cultura

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CINEMA

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Boris (Larry David, um dos criadores de Seinfeld) conversa com o espectador em Tudo pode dar certo, de Woody Allen

Cinema | Tudo pode dar CerTo

Diga tchau à quarta paredepor CíNTIA HECHER

Esse é o termo que se usa quando um perso-nagem de um filme fala com a câmera, ou seja, diretamente com o espectador. Em Tudo pode dar certo, o protagonista Boris Yellnikoff, faz uso deste recurso algumas vezes para confi-denciar algo. Não que ele precise de amigos, os tem. Só que ninguém mais aguenta o velhote e suas verborragias, que vão de judeus à sua infância. Quem dá vida a Boris é Larry David, roteirista de comédia americano, um dos criadores do seriado Seinfeld (e grande inspiração para George Constanza) e da atual série Curb Your Enthusiasm. Milagrosamen-te, o personagem principal não é uma das funções acumuladas pelo diretor do filme, Woody Allen. Mas Boris pode ser considerado um alter-ego de Allen e um resumo de todos seus personagens nova-iorquinos. É mais um daqueles neuróticos e pessimistas. Boris é um gênio. Quase foi nomeado ao prêmio Nobel de Física. Ênfase no quase. O Q.I. dele é de 200 pontos. Com a genialidade, vem a arrogância e a falta de paciência com quem não é como ele. Boris sobrevive dando aulas de xadrez para crianças que costuma chamar de imbecis. Essa inteligência superior não o torna nada melhor do que ninguém, por mais que ele queira acreditar nisso. Pelo contrário, o deixa mais suscetível às falhas, principalmente as suas. A reação, obviamente, não é nada positiva. Mas ele tem uma máxima, quase um mantra, que é o que dá o título original ao filme: whatever works, algo como um “tanto faz”. Quando tudo apertar, lembre-se que a vida é mais simples do que parece. Não que Boris siga isso ao pé da letra, mas a ideia é boa. Funciona quando ele encontra uma jovem que fugiu de casa e acaba por alojá-la em seu apartamento. Melody (Evan Rachel Wood, de O Lutador e Across the universe) se encanta com o setentão inteligente e, mesmo sendo vítima de insultos frequentes, guarda sempre o melhor dele para si. Não vá muito na onda de que o frescor da ingenuidade loira e camponesa de Melody abrandará o coração gelado, divor-ciado e desesperançoso de Boris. Ela é que sai repetindo o que ouve da boca do gênio, filoso-ficamente. Mas ninguém muda ninguém, e aí está a beleza da coisa, do “tanto faz”. Cada um é do jeito que é e pronto. Tanto faz se agrada ou não, para alguém servirá. Como o filme, enfim, sem pretensão alguma de ser ele mes-mo genial. O roteiro está nas mãos de Woody Allen desde os anos 70, mas só agora saiu do papel, novamente com Nova York como cenário, depois de anos filmando fora da terra natal. Tudo pode dar certo vai te fazer sorrir praticamente o tempo inteiro, aquele sorrisi-nho sacana de canto de boca, pensar um pou-quinho e, principalmente, deixar fluir o gênio adormecido. Pode falar com a câmera, ela não responde. Mas te ouve que é uma beleza.

l Tudo pode dar certo | Comédia. Quinta (16) a domingo (26), 20h | Ordovás

Dirigido por Woody Allen. Com Larry David. 12 anos, leg..

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Júlio de Castilhos, 108 | 3222-5338

l Sensações e Emoções | A partir de quinta (23), 8h

A dança é o tema da exposição de Cristiane Marcante. Com cores vi-brantes e traços geométricos, as obras tem influências cubistas e da pop arte. A exposição fica aberta para visitação das das 8h às 22h.Espaço Cultural FtecEntrada franca | Rua Gustavo Ramos Sehbe, 107 | 3027 1300

l Sobretudo | A partir de quinta (23), 20h

O artista plástico Sandro Ka reali-zou este trabalho com diversas técni-cas como colagens, associações e ma-nipulações de imagens. Imagens do cotidiano, personagens de desenhos animados e repertório de brinquedos, imagens sacras e bibelôs compõem a obra. A visitação é de segunda a sexta, das 8h às 22h30. A exposição fica em cartaz até o dia 15 de outubro.Hall Superior – Campus 8Entrada franca | RS-122, km 69 | 3289-9000

AINDA EM EXPOSIÇÃO – Ca-minhos do Interior. De segunda a sexta-feira, das 8h30min às 18h, e aos sábados, das 10h às 16h. Galeria Mu-nicipal. 3221-3697 | Mostra Mutirão 30 Anos – Te Encontro Lá. Até do-mingo, das 10h às 22h. Praça de Even-tos – Shopping Iguatemi. 3289-9292 | O Beijo. De segunda a domingo, das 8h às 20h. Jardim de Inverno – Sesc. 3221-5233 | Trajetórias de uma per-cepção. Segunda a sábado, das 10h às 19h30, e domingos, das 16h às 19h. Até a quinta-feira (23). Catna Café. 3212-7348 e 3021-7348.

l Blackbirds | Domingo, 22h30 |

Quem puder curtir a noite de do-mingo, véspera de feriado, e imaginar que ganhou mais um sábado na sema-na, a dica é o show especial Beatles, onde a banda faz cover competente das canções clássicas do quarteto. Mississipi Delta Blues BarR$ 10 (feminino) e 15 (masculino) | Au-gusto Pestana, 810 | 3028-6149

l Maratona Tequila Baby | Quin-ta (23), sexta (24) e sábado (25), 23h |

A banda gaúcha de punk rock volta a Caxias em três shows especiais. Na primeira noite, o som vem dos álbuns Tequila Baby e Sangue, Ouro & Pól-vora. Na sexta, é a vez de Punk rock até os ossos e A ameaça continua. O sábado encerra a maratona com músi-cas de Lobos não usam coleiras e um especial Ramones. Ingressos anteci-pados na Hot Music e na Black Label Tattoo. Passaporte na Ace of Spades.Vagão BarR$ 20,00 (cada noite) e R$ 50,00 (pas-saporte para as três noites) | Coronel Flores, 789 | 3223-0007

TAMBÉM TOCANDO - Sábado: A4. Pop rock. 23h. Portal Bowling. 3220-5758 | Adriano Pasqual. Pop. 23h. La Boom Snooker. 3221-6364 | Agente Ed. Rock. 23h. Vagão Bar. 3223-0007 | Bistrô. Pop rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Janis Pro-ject. Blues/rock. 21h30. Zarabata-na. 3228-9046 | Libertá. Nativista. 22h30. Libertá. 3222-2002 | Mr. Pop. Pop rock. Pepsi Club. 3419-0900 | O Legado. Pop nacional. Santo Graal. 3221-1873 | Ponto e Vírgula. Especial Semana Farroupilha. Badulê Ame-

rican Pub. 3419-5269 | Projeto An-tenna – 4ª Edição. Eletrônico. 23h. Havana. 3224-6619 | Só Batidão. Sertanejo universitário. 23h. Move. 3214-1805 | Sound DJ. Eletrônico. 23h. Studio 54 Mix. 9104-3160 | The Headcutters. Blues. 22h30. Mississi-ppi. 3028-6149 | Domingo: A4. Pop rock. 23h. Portal Bowling. 3220-5758 | Adriano Pasqual. Pop. 23h. La Boom Snooker. 3221-6364 | Constelação. Pagode. 23h. Havana. 3224-6619 | DJ Zonatão. Eletrônico. 19h. Zarabatana Café. 3228-9046 | Electromag Party. Eletrônico. Pepsi Club. 3419-0900 | Fabrício Beck Trio e DJ Cristhian Caje. Rock/latino. 23h. Vagão Bar. 3223-0007 | Holiday Party. Eletrôni-co. 23h. Studio 54 Mix. 9104-3160 | Pagode Júnior. Pagode. 23h. Move. 3214-1805 | Pietro Ferretti e Poder da Criação. Samba Rock. Santo Graal. 3221-1873 | Terça (21): Ana Jardim e Mayron de Carvalho. Pop rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Uncle Cleeds. Blues 22h30. Mississippi. 3028-6149 | Quarta (22): 1º MS Stand Up Come-dy com Iotti; show com Rafa Gubert e Tita Sachet. Blues 22h30. Mississi-ppi. 3028-6149 | Lázaro Nascimen-to e Ana Paula Chedid | MPB. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Quinta (23): Dan Ferretti Trio. MPB. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Franciele Duarte. Blues. 22h30. Mississippi. 3028-6149 | Mayron de Carvalho e Gustavo Reis. Pop rock. 22h. Eco Music. 3215.6890 e 8422.5803 | Só Batidão. Sertanejo universitário. 23h. Portal Bowling. 3220-5758 | Sexta (24): Caixa Azul. Alternativo. 23h. Aristos London House. 3221-2679 | Fullgas. Pop rock. 23h. Portal Bowling. 3220-5758 | Juke Joint. Blues. 22h30. Mississippi. 3028-6149 | Lázaro Nacimento, Ana Chedid e convidados. MPB. 21h30. Zarabatana. 3228-9046 | Pietro Fer-retti e Bico Fino. Samba rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769.

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EXPOSIÇÕESMÚSICA

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Daniel Drexler encantou com seu Micromundo no Caxias em Cena

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¿Dóndes estás, Javier?por JOÃO ALFREDO

No palco com dois halos luminosos que des-tacam instrumentos, Daniel Drexler encontra-rá seu violão e Javier Cardellino, seu conjunto de percussão e teclado. O nome do espetáculo: Micromundo. Será que já no título, o artista quer anunciar que cantará seu rinconcito? E, ao cantar a aldeia, já sabemos, o artista canta o mundo. Mais do que uma influência, Drexler transcreve a milonga, o candombe e outros ritmos platinos de forma totalmente peculiar e arrasta o pampa para o palco. Identifico nossa territorialidade em comum e, num segundo, sinto a ondulação do relevo requisitando o di-reito pelas partes de minha alma desgarrada.

Quem foi ao teatro Pedro Parenti na noite chuvosa de sábado (11), a segunda da progra-mação do Caxias em Cena, pôde experimen-tar um êxtase incomum ao cenário musical contemporâneo. Micromundo comprova que não é preciso estar na vanguarda para ser inovador, tampouco precisa apoiar-se em uma parafernália de equipamentos e recur-sos multimídia para surpreender no palco. Fundamental é o talento; e ele se impõe, sem grande esforço, logo na primeira canção, nas composições, voz e violão de Daniel, e na complexa percussão, que bem pode-ria requisitar más de dos manos, mas que se contenta com as de Javier Cardellino.

Terminada a primeira música, Daniel, agachado, faz um vocalise bem próximo ao microfone, enquanto pressiona um dos pedais. Retoma o violão e dedilha as cordas. A percus-são de Javier entra em cena e, assim, na hora, parecendo improviso, tudo ganha um sincro-nismo eletro-acústico – que eu diria sinfônico. Aquele acorde de violão passa a se repetir, Drexler canta e o vocalise de antes será seu próprio backing vocal, numa versão reloaded.

Na canção seguinte, o público é convidado a acompanhá-lo nos refrões e seguem dois momentos marcantes. Ao executar a canção Peñalolén, Drexler faz um tributo ao bairro de Santiago do Chile onde viveu. Depois, revela-se inspirado pela frase de uma pro-dutora gaúcha que ao deixá-lo no aeropor-to, pede que ele não os esqueça, o que vira outra canção. Ele parece querer ressaltar sua nacionalidade, pois mostra uma caracterís-tica muito cara a outros artistas uruguaios, contistas como Morosoli, Arregui, Bene-detti, que alimentavam sua prosa de fatos cotidianos aparentemente corriqueiros.

Três gurias de nove ou 10 anos vibram cada vez que termina uma canção. Eu aguardo pelo próximo momento inusitado e ele vem a galope. Drexler despluga o violão, pede que as luzes se apaguem e com Javier, codo a codo, misturam-se a plateia enquanto interpretam La única certeza que tengo. Os dois ami-gos se separam. Daniel cantaria à capela, mas Javier faz a percussão com os materiais que encontra no caminho. Na incerteza da escuridão da sala, é difícil deduzir de onde Javier retira os sons. “Donde estás, Javier?”, diz Daniel, e eles se reencontram no ponto de partida, sobre o palco, percussão cor-poral, uns pasitos e a plateia em êxtase.

No bis, ouvimos uma canção inédita. Drexler, como que integrado a uma roda de amigos confessa: “estou nervoso”. Ao final, o último legado da voz suave e intimista, ele abre os braços, faz os agradecimentos e todos parecem querer parafrasear a produ-tora porto-alegrense, pedindo para que não nos esqueça. Já que habitávamos uma micro Itália, eu acrescentaria: torna, torna presto!

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por MARCELO [email protected]

o outro lado do Atlântico, em uma lu-xuosa sala de visitas, uma jovem recebe mais de 8 milhões de admiradores por ano. Embora ela esteja longe de ser a única atração da casa, ninguém pas-sa por lá sem visitar o seu aposento. Seus 503 anos de existência não foram suficientes para que decifrassem seu sorriso enigmático. E o mais moderno aparato tecnológico que garante o con-forto da sua sala, também não foi capaz de preservar intacta a sua juventude. Enquanto mantém o ar de mistério, Mona Lisa se decompõe.

O drama da mais famosa pintura do gênio Leonardo Da Vinci revela uma condição difícil de admitir, mas inerente às obras de arte: elas têm pra-zo de validade. A única solução para amenizar o desgaste pelo tempo é o acondicionamento adequado. E, nesse quesito, o Acervo Municipal de Artes Plásticas de Caxias do Sul (Amarp) começou mal. Constituído em 2004, o Amarp reuniu obras que integravam a Pinacoteca Aldo Locatelli e estavam distribuídas entre as casas de exposi-ção municipais. As obras foram em-baladas e colocadas em uma sala feita com divisórias no Salão de Artes, um pavilhão úmido, com piso de cimento e teto de zinco nos fundos do Centro de Cultura Dr. Henrique Ordovás Fi-lho. Os dois desumidificadores instala-dos não davam conta de amenizar os estragos da umidade que escorria pelas paredes e da água que entrava pelas go-teiras e empoçava no piso do salão. O acervo permaneceu ali por um ano. Em 2005, recebeu mais um espaço tempo-rário: um antigo camarim no segundo

andar do Ordovás, um espaço ainda longe do ideal, mas, pelo menos, livre de goteiras. As 634 obras que integram o Amarp permanecem nesse local até que se tenha um lugar adequado para guardá-las. E este dia está próximo.

Conforme a coordenadora da Unidade de Artes Visuais da Secretaria da Cultura, Carine Turelly, o Ordovás passa por reformas que darão utili-dade pública ao acervo. Estão sendo construídos três espaços: uma sala de reserva técnica, onde ficarão guarda-das as obras; uma galeria de exposi-ções e uma sala multiuso – para even-tos e pequenas exposições. O projeto das reformas partiu de uma avaliação técnica realizada em 2005 pelo então coordenador do Núcleo de Acervo do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs), Ricardo Frantz. O laudo su-geriu uma área no térreo do Centro de Cultura para abrigar o acervo e defi-niu os equipamentos necessários para o acondicionamento adequado das obras. Carine esclarece que o Amarp não será uma exposição permanente, como se previa nos bastidores da cul-tura caxiense. “Muitas pessoas falaram isso, mas nunca foi o nosso projeto.” Segundo a coordenadora, as obras do acervo irão para a galeria em exposi-ções temporárias, selecionadas por critérios como tema, técnica e período, além de poderem interagir com outras exposições. “As pessoas confundem acervo com museu. Acervo é um con-junto de obras e não um local de expo-sição. Existe uma reserva técnica que não fica permanentemente disponível para visitação”, explica Carine.

A reserva técnica do Amarp, com 60,8 m², é um espaço equipado com

controle de umidade e temperatura. O local se divide em sala administrativa, sala de guarda e sala de manutenção. Na sala de guarda, um sistema de tri-lhos permite o acesso e a visualização de todas as obras, penduradas em telas móveis, sem qualquer tipo de embalagem. No mesmo ambien-te, um local com pé direito mais alto está reservado para escul-turas e instalações. Nos fundos, os antigos banheiros estão sendo transformados em sala de manutenção. “Esse espaço foi apontado no laudo técnico como ideal para essa finalida-de porque já tem água encanada. Quando houver necessidade de restauração, por exemplo, este tra-balho deverá ser feito aqui, sem retirar as obras da reserva”, explica Carine. O acesso à reserva técnica é restrito, mas Carine afirma que a maneira como as obras estão dispostas permite ainda a visitação para fins de pesquisa. Ao lado da reserva técnica, há uma sala de 55,6 m² que separa o espaço do Zarabatana Café. “Aqui podem ser feitos eventos, lançamentos de livros e exposições menores”, apresenta Carine. O espaço multiuso também resolve um proble-ma das exposições de pequeno porte que vinham ocupando um corredor do Centro de Cultura, com iluminação deficiente e pouco favorável à aprecia-ção das obras.

A Sala de Exposições do Ordovás, que recebia exposições menores do que as que ocupam a Galeria Munici-pal Gerd Bornheim, na Casa da Cul-

tura, foi reformulada. A parede que dividia o espaço de 93,9 m² foi retirada e o espaço recebeu teto de gesso e piso novo. Conforme a diretora da casa, Maria Inez Périco, a galeria segue um projeto diferenciado no que se com-

para às casas de expo-sições do município. “Será a primeira galeria climatizada de Caxias. Isso nos possibilita trazer obras de outros acervos, por exem-plo. No ano passado, quando trouxemos o acervo do Margs para a Galeria Municipal, tivemos que alugar cli-matização. Esse tipo de exposições exige mais do espaço”, compara

Maria Inez.

Enquanto o lugar definitivo para o Amarp não fica pronto, a Secretaria da Cultura organiza o arquivo e pla-neja soluções para ampliar o acesso do público à coleção e tornar a arte mais perene do que sua condição natural permite. O projeto prevê a criação de um acervo virtual, que, conforme Ca-rine, ainda está sendo estudado. “Agora estamos organizando as obras, digitali-zando o acervo. No momento que ti-vermos todo esse material pronto, po-deremos pensar em um programa para um banco de dados virtual.” Conforme Carine, o acesso online ao acervo será implantado em uma segunda etapa. “No primeiro momento, teremos um banco de dados interno. Precisamos ver se a ferramenta é funcional, se atende a demanda e como ela pode ser utilizada. Depois que isso estiver

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A arte de preservar

“As pessoas confundem acervo com museu. Acervo é um conjunto de obras e não um local de exposição”, diz Carine Turelli

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Reforma na sala de exposições transformará o local na primeira galeria climatizada da cidade, o que amplia a variedade de exposições que poderão vir a Caxias

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UM LUGAR PARAFREAR O TEMPO

Mal guardado desde 2004, o Amarp ganhará o espaço merecido no Centro de Cultutra Ordovás. Solução para encerrar uma polêmica e dar início a uma nova

etapa na história das artes visuais em Caxias

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funcionando bem, vamos disponibili-zar na internet. Não é um projeto tão simples”, explica Carine. Ela diz ainda que, nessa primeira etapa, estão sendo preenchidas “lacunas de informação” sobre as obras. “Esse é um trabalho constante. Os currículos dos artistas, por exemplo, precisam ser frequente-mente atualizados. O próprio acervo é um órgão de pesquisa. E, para isso, é preciso fazer parcerias”, analisa Carine.

O trabalho que a estudante Alessan-dra Baldissarelli realiza na Unidade de Teatro é fruto de uma dessas parcerias às quais Carine se refere. Concluinte do curso de Artes da Universidade de Caxias do Sul, Alessandra uniu o esta-gio obrigatório do seu curso, não re-munerado, com o estágio remunerado que já fazia na Unidade de Artes Visu-ais. Ela trabalha em um projeto edu-cacional a ser realizado com os alunos da Escola Preparatória de Dança, que funciona no mesmo prédio do Ordo-vás. As atividades, que incluem visitas monitoradas aos novos espaços e até uma pequena exposição do acervo, de-vem começar antes do final das obras. “As crianças passam por aqui todos os dias e convivem com essa bagunça da reforma. Eu achei importante introdu-zir conceitos de arte e falar sobre a im-portância do acervo e dos espaços que estão sendo construídos aqui”, explica Alessandra. O trabalho da estudante servirá também como projeto-piloto para o que deve ser o principal objetivo do Amarp: “ser voltado à pesquisa e à educação”, nas palavras de Carine.

Depois de seis meses de trabalho, a artista plástica Jane De Bhoni con-cluiu no início deste ano a avaliação do estado de conservação das obras do Amarp. Jane fez o levantamento de toda a coleção, fotografou as obras, limpou as telas e fez breves diagnósti-cos do estado de cada uma. Segundo a artista, “a maior parte do acervo é

de papel”, onde se encontram os pro-blemas mais sérios de deterioração do acervo, herança do tempo em que as obras ficaram no Salão de Artes. “Ca-xias é uma cidade muito úmida e as gravuras são as obras que mais sofrem com a umidade”, explica Jane. Ela afir-ma que algumas obras têm problemas graves de fungos, como no caso das gravuras, e outras apre-sentam riscos e moldu-ras em mau estado de conservação, mas, no geral, o acervo está bem conservado. “A partir do momento que saí-ram do Salão de Artes, as obras não deteriora-ram mais”, afirma Jane.

Durante o seu tra-balho com o Amarp, Jane não fez nenhuma restauração. “Não me-xemos em nada na es-trutura das obras. Nem nas molduras, que fazem parte do conjunto da obra.” Embora saiba que o Amarp não é ho-mogêneo no que se refere à qualidade artística, Jane prefere não fazer este tipo de avaliação. A partir dos apon-tamentos de Jane sobre o estado do acervo, caberá à Secretaria da Cultura avaliar quais são as obras que mere-cem investimento em restauração, um processo delicado, caro e com vocação para polêmica.

Conforme o regimento do Amarp, cada artista que expõe nos espaços públicos de Caxias tem que doar uma das obras da exposição para o acervo. Durante muito tempo, a falta de condi-ções adequadas para guardar as obras serviu de justificativa para transformar a maioria das doações em presentes de grego, em geral, dados de má von-tade. Jane tem cinco obras no Amarp e elas representam os melhores traba-lhos de cada uma das suas exposições. Na expectativa de Jane, as novas con-

dições do acervo vão contribuir para que esse critério seja adotado por mais artistas. No entanto, a consciência so-bre o que significa um acervo é mais importante. “O artista não está doan-do, está guardando uma obra que vai se tornar história. Quando se resgatar aquilo que está no acervo, o que pre-cisa aparecer é o seu melhor trabalho”.

Para Jane, a sala de re-serva, um espaço que precisa estar em cons-tante crescimento para atender à demanda, é o primeiro passo para alertar sobre a necessi-dade de construção de um novo espaço. “Nós não temos um museu de arte. Preferem cons-truir prédios. Estamos preservando as obras, que são a alma do mu-seu. É o processo natu-

ral para se ter um.” Outra reforma que movimenta

o Ordovás é a do Salão de Artes. De vi-lão das obras do Amarp o espaço será transformado em teatro. Depois que as obras do acervo foram retiradas de lá, o Salão teve essa mesma função. Com camarim, sala de iluminação e um sis-tema de módulos, o lugar abrigou pe-ças e palestras em palco italiano e ou-tras no formato de arena. À primeira vista, nada de diferente do que a nova estrutura permitirá. Porém, a umida-de prejudicava os eventos. Em dias de chuva, a plateia precisava desviar das goteiras no telhado de zinco. E mesmo em dias secos o espaço não servia. A falta de isolamento acústico tornava o teatro um incômodo para os vizinhos. E o barulho da rua e da mesma vizi-nhança era trilha de qualquer espetá-culo. “O Salão de Artes é a obra mais profunda. Estamos reformando do chão ao teto”, afirma Maria Inez Périco.

As instalações elétricas foram trocadas e o local receberá uma nova sala de ilu-minação, assoalho e cobertura termoa-cústica. O teatro terá capacidade para cerca de 300 a 400 pessoas, conforme a formatação do palco. “O teatro pode-rá receber diversos tipos de atrações, cumprirá a demanda excedente da Casa da Cultura e vai atrair mais públi-co para o Odovás”, afirma Maria Inez.

O conjunto das obras no Centro de Cultura ultrapassa R$ 300 mil. O Amarp e a galeria têm um investimen-to de R$ 127,4 mil, do Ministério da Cultura e R$ 56,7 mil de contrapartida da prefeitura. No teatro, também via-bilizado com apoio federal, será inves-tido cerca de R$ 116 mil. O prazo para conclusão encerra no dia 25 de setem-bro, mas, conforme o contrato com a Unic Engenharia e Construção Ltda., empresa responsável pela execução, pode ser prorrogado por mais um mês. Por causa das limitações da estrutura antiga do prédio, foi necessária uma série de ajustes no projeto inicial, o que provavelmente vai adiar ainda maisa entrega. Com as obras, o Ordovás in-terrompeu a agenda de exposições. Por enquanto, com os eventos no Zaraba-tana Café e na sala de cinema Ulisses Geremia, Maria Inez comemora os números do “espaço de cultura com maior circulação em Caxias”. Em 2009, o Ordovás recebeu 55.811 visitantes. Este ano, até o final de agosto, 31.477 pessoas passaram por lá. “Ampliamos a programação para atrair mais visitan-tes. Mantivemos quem já frequentava e criamos opções para novos públicos.” A reforma, que cria mais três atrações para multiplicar os números de Maria Inez, anda em ritmo acelerado. De cer-teza, ela sabe que ainda há muito o que se fazer. Quanto à inauguração, a dire-tora do casa, acha difícil precisar uma data. Quem sabe, ainda neste ano? “Es-tamos ansiosos.”

“O artista não está doando, está guardando uma obra que vai se tornar história”, diz Jane De Bhoni, sobre a importância do Amarp

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As 634 obras do Amarp ficaram guardadas em uma sala climatizada, com acesso restrito para manutenção e pesquisa; O Salão de Artes finalmente será adequado como teatro

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por CÍNTIA [email protected]

avilhões da Festa da Uva. Sai a fruta que nomeia a maior festa da cidade. Entram os gaudérios, as prendas, os pingos, os cuscos. Representantes da maior comemoração do Rio Grande do Sul. Até 20 de setembro, Dia do Gaúcho, os Pavilhões viram espaço ca-xiense em homenagem à Semana Far-roupilha e ao tradicionalismo. E, entre peões lidando com cavalos em provas campeiras ou preparando um mate de queimar a língua, há um perfume no ar.

Passeando pelas centenas de barracas – a maioria em silêncio –, destacam-se algumas figuras femininas com figuri-no um pouco diferente: bombacha e bota. Traje muito mais adequado para o terreno acidentado repleto de barro e de “presentes” dos amigos equinos do que os delicados vestidos de prenda.

Uma das poucas com o traje típi-co de prenda – mais comum entre as crianças – é Patrícia de Souza Zinn, 18 anos, chegando aos 19. Ela está na parte do acampamento que permite tal

vestimenta, o Pavilhão 1, com chão ci-mentado. Ladeada pela mãe, Rosa, que toma seu indispensável chimarrão, ela não faz parte de nenhum Centro de Tradições Gaúchas (CTG), mas pre-tende entrar no próximo ano. Patrícia diz que o carinho à tradição vem de berço, o que é confirmado com um aceno positivo da sorridente mãe.

Ambas pensam que a participação de mulheres em eventos tradicionalis-tas é algo enriquecedor e bonito de se ver. “A mulher valoriza mais o lugar e ganha seu espaço”, resume Patrícia, an-siosa pela agitação maior, que vem no final de semana. “Tem baile”, explica.

No acampamento do Rancho Vô Candinho, Karine Slongo acompa-nha de perto um porco inteiro sendo assado. A paixão dela é a cavalgada. Nunca foi prenda de CTG, mas sempre se interessou pelo lado campeiro da tradição. “É de família, desde peque-na”, conta Karine. De bombacha, cha-péu e lenço vermelho no pescoço, ob-serva que a participação feminina no tradicionalismo cresce cada vez mais. “Antigamente, eram uma ou duas mu-

lheres. Talvez as prendas tivessem até um pouco de vergonha de botar bom-bacha”, analisa.

Durante a terça-feira (14), Nicole Pasquale foi aos Pavilhões com o obje-tivo de entreter as dezenas de crianças que se amontoaram nas arquibancadas da cancha coberta para ver uma apre-sentação especial. A jovem de 17 anos junta-se aos peões no espetáculo. “A gente mostra bandeiras e como funcio-nam as provas com os cavalos.”

Para prover de vestimentas essas me-ninas, alguns estandes oferecem trajes tradicionalistas. Em um deles, a ven-dedora Cristiane Silveira afirma que sempre participa destes eventos e que o comércio é amplo para esses produtos. As mais frequentes compras femininas são bombachas e, surpreendentemen-te, botas masculinas. “Vendemos como unissex, porque tem procura. E entre homens e mulheres o consumo é pare-lho”, conta Cristiane.

Entre os tradicionais quiosques para alimentação no Pavilhão 2, junto com o comércio, a variedade é grande. So-mente um dos estabelecimentos alar-deia no cartaz a comida campeira. O

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Amor gaúcho

DE BOMBACHA E BATOM O tradicionalismo

feminino há tempos já não se veste só de prenda

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Daiane, 11 anos, já tem sua própria égua

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restante varia entre xis, pastel, cocada e até a baianíssima tapioca.

Nas lojas, há desde espaço exclusivo para venda de cuias de chimarrão até barracas com artefatos peruanos ou bolsas e bijuterias comumente encon-trados pela cidade – e encantadores para mulheres, tradicionalistas ou não.

No meio deste campo aberto de informação, sobressai Suelen Castilas. De bombacha, boina preta e um pin-gente de cavalo adornando o colar, ela passeia pelos pavilhões. Aos 25 anos, revela que o interesse pelas tradições gaúchas é relativamente recente, des-coberto por volta dos 18.

Diferentemente da maioria, Sue-len não foi influenciada pela família. Quem a trouxe para o lado gaudério da força foram amigos, frequentadores de CTGs e músicos nativistas. Shows deles e de outros artistas do gênero são destino constante da jovem. “Vivo bastante no tradicionalismo. O contato não é só na Semana Farroupilha, como muitas pessoas. É hábito”, alfineta.

Hábito mesmo é acampar por lá há quase uma década. Loreni Maria Bas-so se muda para os pavilhões durante a Semana Farroupilha faz “uns oito, nove anos”. Ela, o marido, Paulo, e o filho Rafael, de 13 anos, que moram no bairro Cidade Nova. A outra filha, antes a mais envolvida com o tradicio-nalismo – dançava em CTG –, acabou deixando o costume depois que casou. A família, porém, manteve-se firme. Loreni, de chimarrão em punho, não pratica nem conhece quem o faça, mas considera admirável que mulheres se envolvam em provas campeiras, como de laço e gineteada. O marido provoca dela, dizendo que a mulherada “anda meio sem coragem” de participar des-sas competições. É algo difícil de se ver, ele diz.

Loreni passa o dia no acampamento em torno de café, chimarrão e atare-fada com o preparo das refeições. Na quarta-feira (15), seria noite de “um porquinho de 25 quilos no rolete e chopp”. Ela sorri: “recebo amigos e vou lidando com as panelas”.

Nisso, ela lembra que tem outro ser-viço importante: tratar o galo que man-tém junto ao acampamento, centro das atenções de um concurso criado para a escolha do seu nome. A única coi-sa ruim da Semana Farroupilha, para Loreni, é quando termina. “Para vir é uma empolgação. Desmontar tudo, uma tristeza. No último dia a gente fica até que dá, até o último sair.”

Rejane Beatriz de Oliveira Ma-tos se interessou pelo tradicionalismo por influência do ma-rido, Wanderlei Nunes de Matos, com quem é casada há 15 anos. “An-tes não chegava perto nem de galinha. Hoje até ando a cavalo.” A filha Daiane, 11 anos, acompanha em tudo e tem sua própria égua, que monta de vez em quando. É uma de suas diversões favoritas, as-sim como botar lenha no fogo e participar de uma boa roda de chimarrão.

Rejane não dorme no acampamen-to, batizado de Retrato do Xucrismo. Nem os filhos dela. Eles voltam para casa no final da noite e ela retorna cedo na manhã do dia seguinte. “Fico mais aqui do que em casa.” As poucas horas que Wanderlei, segurança do bar Paiol Espaço Nativo, fica sozinho são sufi-cientes para dar trabalho à esposa o dia seguinte inteiro.

“Taí a importância da mulher. Se não tiver uma, imagina a organização como fica?”, diz Wanderlei. Naquele dia, o almoço saíra por volta das 14h, e Rejane só conseguiu parar de trabalhar às 16h. Isso porque já tinha a pia ins-talada. Antes, ela e a filha precisavam passear com louça suja pelo acampa-mento para lavar tudo.

Em outra barraca, o tradicionalis-mo é um dos elementos que unem a família. Caren Cristiane de Jesus Fer-reira comparece à Semana Farroupilha “porque é gaúcha e gosta da tradição”. O melhor do acampamento, segundo

ela, é a reunião para tomar chimarrão e escutar música nativista.

Rodeada pelos três filhos, Caren conta que nenhum deles participa de CTG, mas no ano que vem pretende colocar o trio em um. A filha menor, de nove anos, quer aprender a tocar gaita. “Tem que ter um toque feminino em tudo”, ressalta Caren.

Um dos responsáveis pelo acampamento é Williams de Jesus, que destaca o papel de companheira

da mulher. “Ela ajuda em tudo. Faz a boia, faz companhia e es-quenta de noite, o que é fundamental”, brinca. Williams observa que há tempo as mulheres se envolvem nas provas campeiras, mas diz que ainda são poucas as fre-quentadoras das can-chas em campeonatos.

Adriana Costa de Je-sus, tia de Caren, con-firma a tradição gau-

chesca de família. Ela não dorme no acampamento, mas é a última a sair e a primeira a chegar, por volta das 6h30. “Não vou abrir mão da minha cama! Mas ajudo em toda a lida, faço comi-da”, justifica. Lugar de mulher, para ela, é no tradicionalismo. “Nós conquista-mos nosso espaço em tudo, aqui tam-bém temos que estar representadas.” Isso porque, de acordo com Adri, a cultura gaudéria envolve mesmo. “É tão agradável ficar aqui, a gente perde a noção do tempo, esquece de tudo.”

Adri não participa de outros eventos tradicionalistas, mas há aproximada-mente seis anos vai ao acampamento nos Pavilhões. No seu recanto, há uma cozinha bem equipada com pia, gela-deira e forno elétrico. E ao lado da por-ta fica o objeto mais representativo da presença feminina por ali: o espelho, com chumaço de crina de cavalo que serve de porta-pente. “Mulher gaú-cha é vaidosa também, não pode sair mal na foto. Ela quer estar arrumada e cheirosa”, reconhece.

Apesar do meio relativamente hostil, repleto de barro e desnível, a femini-lidade campeia vistosa pelos Pavi-lhões. De acordo com Valda Traslatti de Mello, que há três horas assava um costelão com duas amigas, não impor-ta onde se está, e sim como se apresen-ta. Ela que o diga, embonecada com bombacha, maquiagem nos olhos e um marcante batom vermelho.

Valda lida com cavalos há 18 anos e coordena cavalgadas. Natural de São Francisco de Paula, desde pequena aprontava das suas para montar. “Bo-tava a mesa do café da manhã e, en-quanto estavam entretidos na comida, eu roubava o cavalo”, diverte-se. Ela é mais ligada na lida campeira, puxando gado e tratando terneiros – papel que, segundo ela, sempre foi feminino. “A mulher que faz essa parte, que cuida, que mata a galinha para comer.” Para Valda, vaidade é o elemento mais ca-racterístico da mulher gaúcha, e ela se vê como exemplo. “Não monto a cava-lo sem batom, brinco e perfume.”

O vice-patrão do CTG Herdeiros da Tradição, Sérgio Bortolotto, asse-gura que a mulher é muito valoriza-da pelo movimento gauchesco. Para exemplificar, conta que a coordenação artística do CTG, que organiza inver-nadas e espetáculos de dança, fica por conta da esposa do patrão do grupo.

Segundo Sérgio, o lugar mais comum de se encontrar mulher é mesmo na cozinha, mas há algumas aventureiras que laçam e jogam pelo CTG, em com-petições como truco e jogo do osso. Na Festa Campeira do Rio Grande do Sul, a equipe de jogatina teve uma delas como destaque entre os homens. “Foi quem fez mais pontos, aliás.”

Sérgio compara os tempos. Antes, o trabalho da mulher era o serviço de casa e o dos arredores, como cuidar dos animais, enquanto o marido ia para o campo. Hoje, ela tem trabalho fora, mas o concilia com as funções do lar. “Não deixa de ser igual”, resume.

“Antigamente, eram uma ou duas mulheres. Talvez as prendas tivessem até um pouco de vergonha de botar bombacha”, diz Karine

Karine (à esq.) nunca dançou em CTG – seu interesse é pela lida campeira. Adri (à dir.) ressalta que a “mulher gaúcha é vaidosa também, não pode sair mal na foto”

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Online | Veja uma galeria de fotografias da Semana Farroupilha em www.ocaxiense.com.br.

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l Caxias x Brasil-Pel | Domingo, 16h |

O jogo contra o Brasil de Pelotas definirá o destino do Caxias no fute-bol nacional: uma vitória o credencia à próxima rodada do campeonato; o empate obriga permanecer na terceira divisão no próximo ano e a derrota, um possível rebaixamento. O esquema 4-4-2, preferido por Julinho Camargo, sofre com as lesões dos laterais Alisson (duas fissuras na mão esquerda) e Edu Silva (tornozelo direito inchado).

Julinho deve aguardar até o último momento para contar com a presença destes jogadores. Assim, a provável equipe que deve iniciar a partida é: Fernando Wellington no gol; Alisson, Anderson Bill, Cláudio Luiz e Edu Sil-va formando a linha defensiva; Renan, Edenilson, Itaqui e Marcelo Costa no meio campo; Aloísio e Rodrigo Pau-lista na ataque. Palacios, por sua vez, deve começar no banco. Caso o trei-nador grená não possa contar com os laterais, possivelmente Neto assuma o lado direito e Tiago Saletti o esquerdo.Estádio Francisco Stedile (Centená-rio)

Ingressos: Arquibancada R$ 15, Acom-panhante de Sócio R$ 20, Cadeira R$ 30, Estudantes, pessoas acima de 60 anos R$ 7 | Thomas Beltrão de Quei-roz, 898, Marechal Floriano

l Criciúma x Juventude | Domin-go, 16h |

Sem mistérios, o técnico Beto Al-meida viajou para Santa Catarina com o time definido para o confronto de-cisivo contra o Criciúma. O Juventude precisa vencer o jogo para garantir a permanência na Série C em 2011. Se empatar ou perder, será rebaixado para a Série D.

A única dúvida de Beto era na zaga. Ele escolheu o volante Tiago Silva para o lugar do zagueiro Rafael Pereira, que rompeu os ligamentos do tornozelo esquerdo durante um treinamento no Jaconi. Dessa forma, o Ju joga com Jonatas; Bruno Salvador, Fred e Tia-go Silva; Celsinho, Umberto, Éverton Garroni, Cristiano, Christian e Calis-to; Ismael Espiga. A direção disponi-bilizou 10 ônibus para a papada, sub-sidiados pelo clube.Estádio Heriberto HülseIngressos: R$ 30 (torcida visitante) | 13 de Maio, s/nº, Comerciário - Criciúma (SC) | Informações: (48) 3437.3844

l I Encontro dos Dirigentes de Golfe do RS | Sábado, 9h30 |

O Caxias Golf Club sedia o evento que deve reunir dezenas de dirigentes de todo o Estado. A realização é da Federação Riograndense de Golfe em parceria com o clube. Se você ainda não tem os sapatos brancos, um saco com tacos e não sabe o que é um hole in one, esta é a sua chance de se apri-morar no mundo seleto do golfe. Você poderá começar uma carreira no es-porte e se transformar num discípulo de Tiger Woods ou, na pior das hipó-teses, um bom caddie para um amigo talentoso.Caxias Golf ClubEntrada gratuita | Estrada do Golfe, 1.111, Fazenda Souza

l 8ª Copa Ipam de Futsal Femini-no | Sábado, 19h, 20h, 21h e domingo, 9h, 10h e 11h |

Só restam oito equipes disputan-do o título. A Escola Santa Catarina continua em uma boa fase. Sua última

vítima foi a sobre a Real Madames, que levou a goleada da rodada: 8 a 0. A UCS segue logo atrás, em 2° lugar. As meninas da universidade venceram o Sindicato dos Metalúrgicos por 5 a 0. No outro grupo, o BGF foi o único time a vencer. Em um jogo disputado, a atual líder bateu o Santa Catarina B por 2 a 0. Para se manter no topo da tabela, a BGF precisa de um placar po-sitivo contra o União Flores da Cunha, resultado que não será nada fácil. Enxutão e Santa CatarinaEntrada gratuita | Luiz Covolan, 1.560, Santa Catarina

l Liga Nacional 2010 | Sábado, 19h |A Luna/UCS está entre as quatro

primeiras, que se classificam para a fase seguinte. No último sábado, a equipe do técnico Gabriel Citton ba-teu a atual campeã da Liga, a Metodis-ta/São Bernardo, por 26 a 25. Com a arquibancada cheia e moral em alta, o Luna terá mais facilidade para vencer o Praia Tênis Clube, 6º colocado.Ginásio Poliesportivo da UCSEntrada gratuita | Francisco Getúlio Vargas, s/nº, Petrópolis

FUTEBOL

HANDEBOL

FUTSAL

GOLFE

Caxias e Juventude decidem seu futuro simultaneamente, às 16h deste domingo, pela Série C do Brasileirão

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Guia de [email protected] José Eduardo Coutelle

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por FABIANO [email protected]

artin Luther King, pastor protestante e político norte-americano, foi assassi-nado em 1968 por ter a ousadia de so-nhar. Ele viveu em uma sociedade ma-joritariamente racista e seu discurso mais célebre, para mais de 200 mil pes-soas, ecoa até hoje: I have a dream... Foi dessa forma que ele entrou para a His-tória, não só dos Estados Unidos, mas mundial. Guardadas as proporções, neste domingo, o Juventude também poderá entrar para a História. De duas formas: manchando a trajetória de 97 anos de existência do clube com o des-censo ou conquistando a salvação espetacular longe de casa. Se não vencer o Criciúma em Santa Catarina, pela última rodada da pri-meira fase da Série C do Campeonato Brasi-leiro, estará rebaixado para a quarta divisão do futebol nacional. Não tem outro jeito. Nem é preciso a papa-da perder tempo com cálculos. A matemática já foi deixada de lado faz tempo no Estádio Alfredo Jaconi. Tudo se resume a uma palavra: vitó-ria. O maior desafio do Juventude até então começará às 16h deste dia 19 de setembro, no Estádio Heriberto Hülse, em Criciúma. E é preciso sonhar.

O pesadelo alviverde, apenas para lembrar, começou antes da Série C. No início do ano, quando o presidente Milton Scola e seu grupo assumiram um clube quase arruinado, a ideia era usar o Gauchão como laboratório para a montagem de um time forte que, no Brasileirão, brigaria para subir à Série B. Bons jogadores foram contratados, e o técnico Osmar Loss, mantido após o Estadual – apesar de ter terminado em 13º –, teve tempo para trabalhar. Não deu certo. Então chegou Beto Almeida, que reorganizou. O futebol do Ju me-lhorou, mas os resultados não. Pode-se dizer que faltou, sim, um pouco de sor-te. E até que o árbitro Vinícius Costa da Costa teve lá sua parcela de culpa, ao dar seis minutos de acréscimo no CA-JU do dia 29 de agosto, no Centenário, permitindo ao Caxias conseguir o em-pate em 2 a 2 aos 49 minutos.

Tudo isso já virou passado.

Como diz o treinador Beto Almeida, “tenho que me preocupar da porta do vestiário para dentro. A direção faz o que estiver ao seu alcance para preser-var o clube, a instituição. Temos é de manter a concentração em 120%”. Sem mistério, Beto definiu na quarta-feira (15) o time que enfrentará o Criciúma de Argel Fucks – aliás, o ex-zagueiro colorado e ex-treinador do Caxias, que tem uma “admiração” enorme pelo presidente grená Osvaldo Voges (para quem não entendeu: sim, é só ironia), não deve estar muito preocupado pois, com qualquer resultado seu time es-tará nas quartas de final da Série C. Para simplificar: Tigre e Chapecoense

têm 11 pontos; Caxias e Xavante, 9 pontos; e o Ju é o último, com 7. A Chapecoense já disputou todos os seus jogos. O outro confron-to da última rodada é entre Caxias e Brasil-Pe, e quem vencer ga-rantirá a classificação, alcançando 12 pontos. O Criciúma, mesmo perdendo, entraria em segundo. Se o alviverde vencer, empurra para a Série D o derrotado

entre grenás e xavantes – estes, se em-patarem, morrem abraçados nesta fase, e os catarinenses avançam na compe-tição. Se o Tigre empatar ou ganhar, o Ju é rebaixado. A segunda vaga ficaria entre Chapecoense, Caxias e Brasil-Pe (sobre estes dois, vale repetir: quem vencer, avança; se ocorrer empate, fi-cam na Série C em 2011; quem perder só não cai se o Ju for derrotado ou em-patar).

Como no Jaconi a matemática já não é o que mais preocupa, Beto Almeida cuidou de tomar as providências para armar seu time. Escolheu o substituto do zagueiro Rafael Pereira, que sofreu ruptura dos ligamentos do tornoze-lo esquerdo durante o treino do dia 8 de setembro, no Centro de Formação de Atletas e Cidadãos (CFAC). Será o volante Tiago Silva, 31 anos – além dele, concorriam à vaga os zagueiros Bressan, 17 anos, e Victor, 21 anos. Tiago, de acordo com Beto, oscilará durante a partida entre as funções de zagueiro e volante, ou seja, alternado a formação tática da equipe, conforme as necessidades. A escalação já adian-tada por Beto Almeida: Jonatas; Bruno Salvador, Fred e Tiago Silva; Celsinho,

MOu vai ou racha

“Esta será umaoportunidade para os jogadoresmostrarem quesão homens,e honrarema camisa”, dizo ex-presidenteCarlito Chies

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EM DEFESA DA HONRASob a ameaça do terceiro rebaixamento em quatro anos, o Ju parou de fazer contas. A solução é vencer em Criciúma

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Umberto, Éverton Garroni, Cristiano, Christian e Calisto; Ismael Espiga.

O cardiologista Francisco Michelin, papo fervoroso que escreve textos no site oficial do Ju, bota fé no treinador. Comentário de Michelin no dia 14: “Depositamos toda a nossa con-fiança no competente Beto Almeida e em seu grupo. Confiamos numa atua-ção cheia de dedicação, muita garra, na mescla de atitude e doação. Caberá aos jogadores darem a sua resposta positi-va, sem medo de serem felizes. Assim, será um domingo de altas expectativas, no qual esperaremos que o Juventude volte a cumprir um de seus melhores desempenhos de todos os tempos. Afi-nal, também temos nossa história e tradição! Vamos torcer, rezar e pedir pelas bênçãos do Senhor!”. Dentro do vestiário, todos diriam amém. Diante do histórico até aqui, uma ajudinha divina seria mais do que bem-vinda. Afinal, o Ju venceu apenas três dos 25 jogos que disputou este ano (16 no Gauchão, duas na Copa do Brasil e sete na Série C), e o adversário de domingo está invicto em casa.

Depois da conquista da Série B em 1994, o alviverde ficou 13 anos na pri-meira divisão, conquistou o Gauchão de 1998 de forma invicta e, no ano se-guinte, o maior título de sua história, a Copa do Brasil, em pleno Maracanã. Em 1997, foi o 8º na Série A. Em 2002 e 2004, encerrou o Brasileirão em 7º. Em 2007, veio o primeiro rebaixamento. Em 2009, a queda para Série C. Agora, só resta evitar que o pior aconteça. O lateral esquerdo Calisto, 34 anos, um dos mais experientes do grupo, sabe o o quanto vale esta partida: “É o jogo da nossa vida”. Ele não foi titular em ape-nas um jogo do Ju este ano, contra o Veranópolis, no Estádio Antônio Da-vid Farina, pelo Gauchão.

Em 2002, quando defendia o Bahia, Calisto viveu uma situação semelhan-te. E com final feliz. “Era como essa em que estamos: precisávamos da vitória para garantir a permanência na Série A. O jogo era contra a Portuguesa, em São Paulo, no campo do Mogi Mirim, porque a Lusa tinha perdido o mando. Quem perdesse cai-ria. Fomos lá, jogamos bem e ganhamos de 4 a 2”, recorda o lateral.

A superação está presente na vida de Ca-listo desde quando ele começou a jogar bola. Garoto, trabalhava na fabricação de mesas e cadeiras de vime em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. Ajudava no sustento da casa. Diferentemente da maioria dos jogadores, que começam cedo no mundo da bola, Calisto fez seu primei-ro teste aos 17 anos, no Tamoio, time carioca que não existe mais. Mas não foi como lateral, e sim como meia es-querda. Depois de passar pelo Duque Caxiense como volante, chegou ao América, onde passou a atuar como ala esquerdo. “Eram muitos os jogadores para o meio-campo. Então, o técnico Jair Pereira, na época, me lançou como lateral, e eu me adaptei bem”, recorda Calisto, que jogou também no Vasco, Botafogo, Atlético-MG e Rubin Kazan, da Rússia. Na sua opinião, o treinador Beto Almeida está certo em não mo-dificar o esquema de jogo e a equipe (quem iria falar mal do técnico, ainda mais em uma hora dessas?). “Um fator muito importante fez a moral do grupo crescer: a bola voltou a entrar. Em dois jogos marcamos quatro gols. Está certo que tomamos três. Então, precisamos

estar atentos para evitar que isso se re-pita em Criciúma”, alerta.

Para o goleiro Jonatas, 30 anos, a partida representa a defesa da hon-ra. “Respeitando o adversário, lógico, mas precisamos vencer para honrar tudo o que foi feito até aqui. Estamos

em nosso melhor mo-mento, aumentamos a segurança defensiva, criamos chances e fize-mos gols”, argumenta o arqueiro. “Será a parti-da para mostrar nosso valor.” O volante Um-berto, 31 anos, capitão da equipe, diz que não é hora de olhar para trás. Acredita que é possível garantir a per-manência na Série C. “Esse jogo representa

muito, representa a imagem do grupo e do clube. Aposto que ninguém quer ter no currículo um descenso. Estamos focados, concentrados, e nada pode ser diferente disso.”

Não é só a imagem do Juventude que está em jogo, como diz o volante. Para Carlito Eugênio Chies, presidente do clube nos anos de 1977, 1983, 1996 e 1997 e atual presidente do Conselho Deliberativo, a partida em Criciúma representa o custo de um ano de fute-bol. “E é elevado. Precisaremos investir para voltarmos à C se cairmos para a Série D”, avisa. Por isso, a cobrança só pode ser antecipada: “Esta será uma oportunidade para os jogadores mos-trarem que são homens e honrarem a camisa alviverde”. Parado ao lado do carro no estacionamento do Jaconi no final da fria tarde de quarta-feira (15), Chies ainda tentava analisar como o clube chegou nesta situação. “Ficamos em um grupo enroscado, parelho. Para

o Juventude sempre foi assim: se come-çou bem, foi embora. Agora, se come-çou mal... E claro que falamos também do sentimento da torcida, mas isso to-dos sabem que são coisas do futebol.”

Presidente em 1999 e 2000 e cha-mado a reassumir o clube em seu momento mais difícil, Scola faz uma longa pausa quando questionado sobre o que representa o jogo em Criciúma. “Representa muita coisa. Não é a vida, porque não se morre. Mas é quase isso. Na verdade, representa um ano perdi-do na história do clube. Se o pior acon-tecer, 2011 será um ano que precisare-mos nos reinventar”, afirma. E emenda: “Talvez aquele minuto a mais no CA-JU possa representar o ano inteiro”. Sem a existência daquele minuto, e, consequentemente, o gol de empate sofrido, o alviverde estaria brigando pela classificação neste domingo, pois teria os 9 pontos que os grenás têm – e eles, por sua vez, estariam na condição do Ju, brigando para não cair.

Scola, que começou a atuar no clube em 1992, a convite do ex-presidente e líder da construção do Estádio Alfre-do Jaconi (entre 1972 e 1974) Willy Sanvitto, pensa em todas as respostas. O ano difícil – que ainda não acabou – afetou seu ânimo. Antes dos jogos, ele geralmente não fala no vestiário. Pre-fere conversar com o grupo somente depois do apito final.

No domingo, deverá fazer diferen-te. “Eu sempre estou no vestiário, faço parte do time de outra maneira. Nos-sa direção acompanhou praticamente junta todos os jogos do ano. Vou pedir aos jogadores para terem tranquilida-de, muita fé e coragem. Pensamento positivo e muita personalidade é o que levaremos, também, com nosso sangue e com nossa camisa para Criciúma”, diz Scola. Até este domingo, pelo menos, o Ju não pode deixar de sonhar.

“Esse jogorepresentamuita coisa.Não é a vida,porque não semorre. Mas équase isso”,diz o presidenteMilton Scola

“Temos é de manter a concentração em 120%”, é o que os atletas alviverdes têm ouvido do técnico Beto Almeida

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por MARCELO [email protected]

o Caxias com a bola. Faltam dois mi-nutos para terminar a partida. A tor-cida de pé ainda grita, ainda empurra o time. Só a vitória importa. O goleiro Fernando Wellington está no meio do campo. Os outros 10 guerreiros do es-quadrão grená encurralaram o Brasil de Pelotas. Acuados, os xavantes não sabem nem para onde mais isolar a bola. Um minuto para o final da par-tida. Marcelo Costa recebe no círcu-lo central. Olha de um lado a outro. Enxerga Alisson voando pela lateral direita. Como se lançasse a bola com as mãos, Marcelo faz voar a pelota. A bola encontra o bico da chuteira de Alisson, que domina, levanta os olhos e cruza na área. A torcida silencia en-quanto a bola alça voo. Coração na boca. Palacios lá em cima cabeceia pro chão, a bola desvia na zaga do Brasil de Pelotas e fica quicando na entrada da área. Itaqui chuta do jeito que veio. Pów! No travessão. A pelota sobe leve como uma pluma e desce pesada como uma bola de chumbo. Um bando de homens grenás e outros xavantes dis-putam aquele pedaço de couro branco com a mesma voracidade de uma ma-tilha de lobos famintos. Mais uma vez a bola ricocheteia e sai da área. Mar-celo Costa domina no peito e antes que a bola toque o gramado verde do glorioso estádio Centenário, o capitão

do Caxias dispara um canhão de di-reita. Imagine-se pendurado no alam-brado. De olhos cravados na trajetória da bola. Mesmo incerto do destino, o grito de gol parece ter saído antes de a bola morrer exausta nas redes do Bra-sil de Pelotas. Não é só euforia de mais um gol de placa no Estádio Centenário. É o gol da classificação para a segunda fase da Série C. Gol com a assinatura da raça grená de ser Caxias.

 O jogo contra o Brasil de Pe-

lotas, domingo (19), não será o mais importante da história grená. Mas pode servir de prefácio para a obra de maior sucesso do recente passado do Caxias. Vencer o Brasil colocará o clube na segunda fase da Série C – a temida segunda fase, a mesma em que o time grená caiu em 2009, diante do Guaratinguetá. Mas 2010 vai ser dife-rente. Precisa ser. “Agora vai” estampa os muros do estádio Centenário, as ca-misetas do time, o coração do torcedor. O ficcional relato acima suscita ainda mais o nível de ansiedade que essa partida provocará. O torcedor grená (aquele de coração, não o de finaleira de torneio) está acostumado às fortes emoções e não se importará nenhum pouco se a partida for decidida (em favor do Caxias, é claro), no último se-gundo do tempo regulamentar.

Um momento decisivo como esse coloca todos na mesma condição. É como se do Julinho Camargo ao pre-

sidente Osvaldo Voges, passando pelos atletas, seguranças, torcedores e im-prensa, todos tivéssemos de pisar em ovos. Porque o futebol é craque em driblar o imponderável, justo ao punir o displicente e habilidoso ao entregar para o perna de pau a chance de liqui-dar uma partida. E essa é a graça do esporte.

Muito clube já abriu a rodada na lanterna e terminou suspirando, aliviado, salvo da imi-nente queda. E aí reside o medo do Caxias. Ter-minar a rodada com chances de classificar e cair para um túnel ver-tiginoso com destino à Série D. Supersticiosos batem na madeira três vezes quando ouvem essa hipótese. Que o caixão seja alviverde, murmuram os grenás.

“Tenho dormido pouco e pensa-do muito”, revela Julinho Camargo. O treinador, sempre sorridente, de bem com a vida, parece cansado. Segue di-zendo que anda feliz em trabalhar no Centenário. E, se dependesse de mui-to torcedor, Julinho não sairia mais do Caxias. Alguns andam até propondo uma vaquinha para manter o pensador das quatro linhas mais temporadas no clube. E faz tempo que um professor do mundo da bola não carrega tanto

prestígio e carisma da exigente torci-da grená, como Julinho conquistou. O treinador parece cansado porque anda tirando das costas dos jogadores parte da pressão. “No início da semana te-mos trabalhado mais fisicamente por-que quero aliviar um pouco a pressão da moçada. Deixo a cobrança maior e os ajustes para trabalhar a partir da

metade da semana”, ex-plica Julinho.

 Ainda na terça-

feira (14) da mesma decisiva semana , o treinador já havia dito que toda a estratégia para enfrentar o Bra-sil de Pelotas estava montada. Julinho não é desses caras que deci-de o que vai fazer com a bola rolando. Não pensa o futebol como

se fosse conduzido pelo ilusionista David Copperfield. Para ser aplicado, tudo precisa ser idealizado, desenhado, treinado e testado. E, é claro, para bom observador, 45 minutos bastam para entender que Julinho Camargo adora armar seu time para jogar no erro do adversário. E não há segredo algum nisso.

Às vezes a torcida não enxerga que forçar o erro do outro time, ou estar preparado para dar o bote, é mérito, é uma arma poderosa. O poder não se

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Agora vai

“A gente precisa vencer, mas não podemos nos descuidar, porque o Brasil quer o mesmo”, pondera Julinho Camargo

www.ocaxiense.com.br 2118 a 24 de setembro de 2010 O Caxiense

Gol do Caxias pode vir nos minutos finais – e decisivos –, como contra o Criciúma, aos 31 minutos do 2º tempo, em 15 de agosto

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VENCER OU VENCER Não há outra opção senão ganhar

do Brasil de Pelotas, domingo, às 16h, no Centenário

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revela apenas quando se está no ata-que, mas quando o outro nos coloca sob ameaça. E não se trata de nenhum tratado bélico, colhido em alguma prateleira militar empoeirada. É ques-tão de bom senso, de filosofia até. Ou alguém acha que só o Caxias vai jo-gar neste domingo no Centenário? O Brasil quer a mesma coisa que o time grená. O Brasil quer vencer para chegar à segunda fase. O Brasil virá comer a bola aqui. Resta saber se o Caxias vai permi-tir. E aí reside o poder da decisão. Não apenas em ser o mais forte, o mais habilidoso, o mais técnico. Muito mais do que a raça ou a habi-lidade com a bola nos pés, vai vencer quem lidar melhor com a pressão.

Talvez dizendo assim, de um jeito mais rebuscado, o torcedor entenda por que Julinho Camargo está cansado. Ou por que ele tem tentado amenizar a pressão em cima do lombo dos seus atletas. “Todos os nossos jogos têm sido muito pesados. Todos têm sido decisivos. É muita pressão psicológica. Nós da comissão técnica não descan-samos, assim que acaba uma partida já começamos a pensar na seguinte. Mas os atletas precisam relaxar”, observa Julinho. A cabeça fora do lugar pode reduzir um craque a um reles perna de pau. Basta um segundo de descontrole. A melhor cena dos últimos anos foi a cabeçada do francês Zinedine Zida-ne no peito do italiano Materazzi, aos cinco minutos da segunda etapa da prorrogação, na Copa de 2006, venci-da pela Itália. Pense naquela “carne de

osso pra sopa” que insiste em jogar no seu time do bairro. Vale tanto quando o Zidane sem cabeça.

 Antes de começar a temida

Série C, Julinho Camargo queria ao menos uma coisa: chegar na última

rodada com chances de classificação. E aí está. O Caxias só depende dele para classificar-se. E mais, se contar com a ajuda do co-irmão al-viverde, ainda termina a primeira fase como líder da Chave D. E de-pois? Bom depois é de-pois, avisa Julinho. Não quer nem imaginar isso agora. Mas a cabeça do torcedor começa a girar, girar. Antes mes-

mo de o Caxias entrar em campo com o Brasil, tem muito grená ainda preso àquela partida de 2009, contra o Gua-ratinguetá. Remoer a dor é expor ainda mais a ferida que já nem importa mais. Até porque o time paulista anda bem faceiro na Série B.

Com o Juventude fora da briga por uma das vagas à Série B, o Caxias terá de honrar a cidade. Se o alviverde já fora o mais popular depois do pedá-gio, poderá cair no colo grená mais essa responsabilidade. Estar na Série B é um outro estágio profissional. O Caxias vira um clube com muito mais visibilidade e possibilidade de cresci-mento. Não só do número de sócios (que não deveria depender dos resul-tados dentro de campo, mas infeliz-mente ainda depende – e muito), mas também de uma evolução no conceito de clube-empresa. Se a cereja do bolo poder ser o acesso à Série B, a base é a

formação de atletas.No início da temporada, o Caxias

tinha três perspectivas, três objetivos. Primeiro, jogar um bom Gauchão. “Fi-zemos a melhor campanha do clube em campeonatos estaduais, conquis-tamos a vaga para a Copa do Brasil e ficamos com o título de Campeão do Interior”, justifica Julinho. O Gauchão serviria ainda para manter uma base para a disputa da Série C. E assim está sendo. E a Copa Enio Costamilan, em homenagem a um dos mais importan-tes dirigentes grená, tem servido para dar ritmo de jogo para os atletas que podem até ser aproveitados na C e ain-da serve para integrar atletas sub-20 para o elenco – e quem sabe até serem conduzidos aos profissionais em 2011.

 Nada é por aca-

so nessa caminhada grená. Nem mesmo os eventuais tropeços. Osvaldo Voges já disse que este elenco é su-perior ao que o clube tinha em 2009, que quase alcançou a Série B. Julinho Camargo, sempre muito exi-gente, reconhece as limitações do seu time. Se a equipe não tem conseguido jogar com a mesma desenvoltura do Gauchão quem pode medir é o torce-dor. Lembrando que no futebol nada é definitivo. Sem perder de vista a evo-lução do esporte, futebol não se ganha com pura arte, nem pura exigência tática. Uma equipe bem armada, um conjunto coerente e equilibrado, colo-ca no chinelo o exército de um homem só de qualquer craque galáctico que

você sonhe ver no seu clube.Mesmo que Julinho queira fazer um

certo mistério na forma como vai jogar e com quais jogadores pretende contar, não há muito a esconder. “A gente pre-cisa vencer, mas não podemos nos des-cuidar, porque o Brasil quer o mesmo”, pondera o treinador. O torcedor pode ficar tranquilo porque em campo Juli-nho vai montar um time para liquidar com o Brasil. Resta saber como vai se comportar o torcedor grená. Resta sa-ber se o Centenário vai tremer durante os 90 minutos com os gritos, cânticos e a charanga grená ou se a apatia vai conseguir domar a torcida em alguns

momentos cruciais da partida.

Se a torcida manti-ver a mesma vibração do Renan, que brada por cada desarme; ti-ver o mesmo fôlego do Edenilson, que corre o tempo inteiro sem demonstrar cansaço algum; tiver a mesma garra do Aloísio, que acredita em todas as bolas, mesmo quando parece quadrada; tiver a mesma lucidez do

Marcelo Costa, de apaziguar o time nos momentos delicados e empurrar a moçada para dar o bote na hora certa; tiver a fé inabalável da dupla de zaga Anderson Bill e Cláudio Luiz; o sonho do Caxias será realizado. Atravessar esse deserto da Série C nunca foi tão dolorido. Mas como diz quem confia e entrega sua vida nas mãos de Deus: quanto mais tempo demora para o propósito de Deus revelar-se na vida da gente, maior é a graça. O detalhe é que Deus não entra em campo.

“Todos os nossos jogos têm sido muito pesados. Todos têm sido decisivos. É muita pressão psicológica. Não descansamos”, diz Julinho “Fizemos a

melhor campanha em estaduais, conquistamos vaga para a Copa do Brasil e título do Interior”, justifica o técnico

22 18 a 24 de setembro de 2010 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.O Caxiense

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Renato [email protected]

A RGE demitiu leituristas e exigiu que todos cumprissem os 30 dias de aviso prévio. Muitos resolveram se vin-gar da empresa, mas prejudicaram os usuários caxienses: 5,3 mil contas foram faturadas com números inflacionados – e com o consumo sendo aferido apenas pela média.

Agora, como ficou comprovado na audiência pública realizada pela Câma-ra de Vereadores, a RGE tenta juntar as penas espalhadas resolvendo o proble-ma caso a caso.

Dois homens armados roubaram, na quarta-feira (15) à noite, o dinheiro de sete cabines da praça de pedágio de Farroupilha.

O roubo remete a um questiona-mento célebre do dramaturgo alemão Bertolt Brecht:

“O que é um assalto a banco diante de um banco?”

Até sexta-feira (17), 19 candidatos haviam confirmado presença no CIC Debate – Fórum Político, que a entidade empresarial realizará nesta terça (21).

Os candidatos a cargos de deputado federal e deputado estadual pela região terão oportunidade de expor propostas de trabalho à classe empresarial, embora o evento seja aberto à comunidade.

Dos mais conhecidos, apenas o comu-nista Assis Melo (PC do B) não estava inscrito.

Tradicionalistas não perdoam, ata-cam. Muitos criticam a entrega, pela Câ-mara Municipal, da Medalha Honeyde Bertussi à 25ª região do movimento tradicionalista pelos 25 anos de realiza-ção da Semana Farroupilha.

Garantem que o evento começou em 1985 por iniciativa de integrantes do CTG Campo dos Bugres, na pracinha de São Pelegrino. Nomes citados: Gilberto De Zorzi, João Fasoli, Guerino Pisoni Neto, Antioco Sartor, Sadi Camargo, entre outros.

Constrangimento no Legislativo caxiense: um vereador denunciou o pre-sidente da Câmara, Harty Moisés Paese (PDT), no Ministério Público.

Em contrapartida, um funcionário da Casa vai entrar com processo contra aquele parlamentar por danos morais.

Tudo iniciou com a compra e instala-ção de um televisor para cada bancada.

Somente depois de aprovada propos-ta de aumento salarial de 2,8% pelos servidores municipais, o que deverá acontecer na assembleia marcada para o dia 27, é que o governo se ocupará da reivindicação dos médicos da rede pública municipal.

Há quem garanta que o Sindicato dos Médicos pediu R$ 1 mil de abono para levar R$ 500. A exemplo do que ocorreu em Porto Alegre.

Os comícios foram praticamente abolidos nesta campanha eleitoral. O candidato peemedebista ao governo do Estado, José Fogaça, é uma exceção.

Ele vai comandar no próximo dia 29, em Caxias, ato público de encerramen-to de campanha, ao lado do candidato ao Senado Germano Rigotto.

A cidade foi escolhida por ser a terra natal de Rigotto e pelo fato de a prefeitura estar nas mãos da coliga-ção PMDB-PDT, que busca o Palácio Piratini por meio de Fogaça e Pompeo de Mattos. Em Porto Alegre, o encerra-mento da campanha peemedebista será no dia 30.

O PT vai aproveitar a presença de Tarso Genro na cidade (ele estará na reunião-almoço da CIC no dia 27) para realizar não um comício, mas uma

atividade de mobilização. O encontro será à noite, em local fechado. Os can-didatos ao Senado Paulo Paim e Abigail Pereira estarão presentes.

Avessa a atividades abertas, até por dificuldades de organização partidária, a candidata à reeleição Yeda Crusius não tem previsão para realização de

ato público na cidade. A campanha da governadora se limitará a visitas agendadas e aos programas eleitorais de rádio e televisão.

O presidente do Sindicato dos Servidores Municipais, João Dorlan (foto), confia na aprovação da proposta encaminhada pelo governo Sartori. A tendência é essa, segundo ele.

“Os servidores vão entender que o índice de 2,8%, dividido em duas vezes, não é o ideal, mas repre-senta o possível. É preciso serenidade e equilíbrio para verificar os limites da negociação.”

O Sindiserv brigava por 8,93% de aumento “real” de salário – além da correção trimestral da inflação com que o funcionalismo municipal continuará contemplado.

Diante do terceiro lugar do ex-governador Germano Rigotto na preferência do eleitor gaúcho na corrida ao Senado, segundo o Insti-tuto Methodus, alguns peemedebistas caxien-ses começam a discutir o valor das pesquisas eleitorais.

Questionam agora a quem interessa as pes-quisas, quais as motivações que as envolvem e, mais que isso, qual a força efetiva que elas têm para influenciar (ou manipular) o eleitorado.

Raro exemplo de estratégia e lo-gística a realização da assembleia de funcionários da Visate, na madruga-da de quinta-feira. Ninguém sabia de nada, a não ser o próprio Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários e colegas sindicalistas,

como dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos – que emprestou o seu indefectível caminhão de som para o evento.

A ação do sindicato paralisou a cidade por hora e meia, até que se discutissem as reivindicações.

Oficialmente, o sindicato quer evitar demissões de cobradores, uma possibilidade alegada com a entra-da em operação dos Sênior Midi. Apesar de a Visate ter acordado an-teriormente de que não iria demitir ninguém.

Durante a discussão da lei de diretrizes do transporte, no ano

passado, o vereador Assis Melo (PC do B) alertou para o fato de que o Sênior Midi não teria cobrador. Na semana passada, apresentou projeto que exige a presença de um cobrador em cada um desses ônibus.

O sindicato se contentaria com ou-tra coisa: um adicional de salário aos motoristas – pela dupla função.

Para o usuário, a pergunta: qual será a repercussão dessa briga na de-finição da tarifa do transporte urba-no? No ano passado, para manter o valor atual, houve a promessa de que

a Visate não iria demitir funcioná-rios – mas também não contrataria.

Agora, a ideia é que não haverá redução, mas também não haverá aumento no preço da passagem.

Dois pontos ficaram claros na au-diência pública: o alto preço da tarifa de energia elétrica e a dificuldade para fazer chegar qualquer tipo de reclama-ção à concessionária.

Para este último problema, a reivin-dicação é que a RGE abra uma loja para atendimento ao público no centro da ci-dade, a fim de possibilitar ao consumi-dor um contato mais próximo – como alternativa ao inviável 0800 e à matriz da empresa, situada no bairro Floresta.

Acabou em frustração o primeiro voo internacional no Aeroporto Regional de Caxias do Sul.

A operadora Infinity não conseguiu alugar um avião da Gol e a excursão que sairia daqui em direção a Buenos Aires foi cancelada.

Má leitura

Mal comparando...

CIC política

Farroupilha

Brigas internas

Pela metade

Na terra de Rigotto

Mobilização petista

Longe do público

Dentro do limite

A quem servem?

Na moita

Adicional

Como está

Incomunicável

Não foi desta vez

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www.ocaxiense.com.br 2318 a 24 de setembro de 2010 O Caxiense

Se vocês fiscalizam a RGE como fiscalizam os pedágios, estamos roubados

Vereador Édio Elói Frizzo (PSB), ao representante da Agergs (em nome da Aneel) na audiência pública sobre as contas da RGE

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