66
 1 “TUDO SOBRE UMBANDA, CANDOMBLÉ E CUL TOS AFRICANOS CUL TURA E R ELIGIOSIDADE NEGRA”.  ANO 2    EDIÇÃO ESPECIAL 02 Março/Abril de 2012

Edição de Aniversário Março e Abril de 2012

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Tudo sobre Umbanda, Candomblé e Cultos Africanos. Cultura e Religiosidade Negra.

Citation preview

TUDO SOBRE UMBANDA, CANDOMBL E CULTOS AFRICANOS CULTURA E RELIGIOSIDADE NEGRA.

ANO 2 EDIO ESPECIAL 02

Maro/Abril de 2012

1

EDITORIALSaudaes amigos leitores, com as bnos de Oldmar, de s e de todas as Divindades (Irnmol), completamos 1 Ano de Edies, no ms de Maro. E para comemorar este Um Ano, resolvemos fazer uma Edio Especial de Aniversrio, com algumas das matrias j publicadas em nossa revista, para que aqueles leitores que esto chegando agora, possam ter o gostinho de ler algumas das matrias publicadas em nossa Revista. Nesta edio especial tambm teremos a maravilhosa entrevista do Bb Srgio Borges (Bb Olgn Ognld), grande Sacerdote e Mago (Olgn) dentro do Culto Tradicional Yorb (sse gby). Para comemorar nosso primeiro aniversrio, e tambm para mostrar nosso carinho e gratido para com nossos leitores, estaremos sorteando (no dia 30/06/2012) para um desses, o fabuloso livro: s e a Ordem do Universo, da autoria de Bb Skr Slm e ykmi Ribeiro. Mais uma vez, de todo corao, esperamos que gostem... Uma tima leitura....

Oldmar Deus do Universo, Rei Imortal e Invisvel perante o Qual tremem todos os poderes, permita-me jamais ser vencido, mas sempre ser o vencedor. - Bb Olmoko A l y l Snggbmi

Por Hrick Lechinski - O Editor2

b Oldmar Eld mi - Saudaes a Oldmar, O meu Criador. Il gr b - Terra, cujo poder se espalha por todo o Universo, Saudaes. Mo jb s Algbra Irnmol - Eu respeitosamente sado s, o Poderoso dentre as Divindades. b gbogbo - Saudaes a Todos!!!

NDICELivro do Ms: Exu e a ordem do Universo Pg. 04 sse gby O Tradicional Culto Indgena Yorb Pg. 05 Entrevista do Ms: Falando de Ax com o Bb Olgn Ognld Pg. 08 Eptetos de rnml-If Pg. 12 ymi d A Misteriosa Esposa de If Pg. 14 ymi srng A Grande Me Emplumada Pg 18 Od do Ms: smj O Od que nasceu o Poder Feminino Pg. 20 rs do Ms: sanyn O Grande Mago das Folhas e Florestas Pg. 22 Candombl A Importante Herana Religiosa Africana Pg. 28 js de Lgn Ede no o mesmo js de sun? Pg. 30 Folha do Ms: Ew Kkndnk A Mestra das Folhas quando o dia Nasce Pg. 34 Criao do Mundo segundo a Tradio Bantu Pg. 36 Cultura Vdn, a Nao Jj no Brasil Pg. 41 Umbanda, Uma Religio tipicamente Brasileira Pg. 44 Caboclos, de um Brasil Caboclo Pg. 47 Os Ciganos na Umbanda Pg. 50 Santo do Ms: So Jorge, o Guerreiro Pg. 54 A tica e a Moral na Religio Tradicional Africana Pg. 57 Personalidades Negras: Zumbi dos Palmares Pg. 58 A Msica Africana e sua Influncia Pg. 60 Histria da Capoeira Pg. 62 Edies Anteriores Pg. 65 Contatos Pg. 66

K s y ti y mo jeun Tb y mo se gnw t k N fi ti s swj No existe ningum que coma. Ou esteja instalado com realeza. Sem que haja recorrido a s primeiro.

3

Livro do MsAps um longo tempo de espera, cerca de duas dcadas, Dr. Skr Slm (King) e a Dr ykmi Ribeiro entregam ao pblico leitor, para serem compartilhados, alguns conhecimentos sobre o Orix Ex, a Primeira Estrela a ser Criada. O livro trata sobre a Divindade Ex e no sobre os Exs, espritos cultuados na Umbanda. Falam, sim, da Divindade primordial, a partir de conhecimentos preservados no mbito da tradio oral ioruba, mais precisamente, no corpus literrio de If: em odus, oriks, cantigas, rezas, saudaes e evocaes. A coleta de informaes junto a Babalas nigerianos e outras fontes fidedignas, demandou muitas viagens ao territrio ioruba, viagens essas realizadas pelo autor principal desta obra, Skr Slm (King), doutor em Sociologia pela Universidade de So Paulo, fundador e lder espiritual do Oduduwa Templo dos Orixs, espao de ensinamentos e prticas da Religio Tradicional Iorub, em Monagagu-SP, Brasil. 1 livro brasileiro, que fala desta Majestosa Divindade, com coerncia e atravs de fontes fidedignas, verdadeiras, livro completo e que o leitor pode confiar... Adquira voc tambm o seu e uma tima Leitura...

Exu E a ordem do UniversoDr. Prof Skr Slm (Bblrs King) Dr ykmi Ribeiro

Participe e Ganhe voc tambm....http://falandodeaxe.webnode.com.br/ganheo-livro-exu-e-a-ordem-do-universo/Em comemorao de seu 1 Aniversrio, a Falando de Ax estar sorteando de presente aos seus leitores, um (1) livro Ex e a Ordem do Universo, o sorteio ser dia 30 de junho de 2012. Para ganhar, basta voc entrar no site da Revista e deixar seu nome e uma mensagem com as matrias que voc gostaria de ver nas prximas edies...

Participe, este livro pode ser seu... Boa Sorte!!! Wre fn o...4

sse gby O Tradicional Culto Indgena Yorb

sse gby ou sn Yorb como chamado e conhecido o tradicional culto indgena yorb. Uma religio ancestral praticado ds dos primrdios da Terra, h milnios... A tradicional religio nigeriana, tambm referida como religio indgena yorb, engloba manifestaes e fundamentos culturais, sociais e religiosos de um pas da frica, chamado Nigria. O sn yorb (culto yorb) possui ensinamentos, prticas e rituais que organizam a estrutura das sociedades nativas nigerianas, permitindo tambm, concepes prprias a respeito de Deus e do Universo em geral. Porm, mesmo dentro de uma mesma comunidade, cidade5

ou estado, podem existir pequenas divergncias em relao as concepes a respeito do sobrenatural. uma tradio religiosa que em quase nada foi influenciada pelas religies adotadas recentemente, como o cristianismo, isl, judasmo, entre outras. Pelo contrrio, assim como no Brasil, muitos cristos e mulumanos vo em busca de sacerdotes do Culto Iorub para se tratarem, principalmente os Bblawo (adivinhos, detentores dos segredos). um culto que alm de praticado na Nigria, muito vem sendo praticado e difundido em pases da Amrica, sia e Europa. O sse gby um culto completamente tnico e tribal, por mais que sua base seja nica, possui tambm

suas diferenas, variando seus costumes e liturgias, de acordo com cada etnia e tribo. De todos os Cultos Africanos, foi e o mais influente no Brasil, falando religiosamente. A primeiro vez que este veio ao nosso pas, foi em meados do sculo XVIII, com a vinda de escravos africanos de origem Ng (yorb, js, igb, egb, etc), atravs do trfico escravista. Chegando aqui, pela diferena cultural, o mesmo teve que ser readaptado a nossas terras e a cultura existente, nascendo ai o Candombl, CULTO AFROBRASILEIRO, de MATRIZ AFRICANA. Ento, muito da tradio deste culto perdeu-se e muito de outras culturas foi agregado a este, gerando

Mas na dcada de 90, o Bblrs Skr Slm (King), o finado Bblrs Ribas, a ylrs Sandra Epega e mais alguns outros sacerdotes, comeam o resgate ao Culto Tradicional Indgena Yorb em nossas terras, trazendo ao Brasil sacerdotes iorubs oriundo da Nigria. E ento, esta religiosidade retorna nossa terra e hoje, diferente da primeira vez, podemos ter o livre arbtrio e o privilgio de cultuar as divindades Iorubs, como estas eram e so cultuadas em suas terras natais, na Nigria. Hoje, alm das Il sn (casas de culto) da ylrs Sandra Epega (em Diadema/SP) e do Bblrs King (em Mongagu/SP), podemos encontrar espalhadas pelo Brasil a fora, diversas outras casas de culto que praticam o sn Yorb (sse gby), seguindo as mais variadas tradies religiosas, Abkta, bdn, sogbo, kt, etc.

Culto Iorub prega a existncia de uma Divindade regente e governante da Terra, chamada Oldmar, que equivale ao Deus/Al/Jeov dos outros povos. Este criou a raa humana e governa a Terra com o auxlio de outras divindades, chamadas Irnmol (popularmente conhecidas como Orixs no Brasil). Cada divindade destas, possui seu corpo sacerdotal, que atravs de comunidades (conventos, templos, casas, sociedades) difundem e preservam seus cultos. A maior autoridade sacerdotal desta religio hoje, o rb gby, da Cidade de Il If na Nigria, que alm de rb gby (Chefe Universal de todos os Sacerdotes de rnml), detm o ttulo de Ol sse gby (Senhor desta Religio no Mundo), sua pessoa para os seguidores deste culto, equivale ao Papa para os catlicos. um representante de rnml sobre a Terra e considerado um descendente consanguneo desta divindade. Guarda segredos incalculveis da humanidade. tambm uma autoridade poltica na Nigria. O mesmo esteve no Brasil em Setembro de 2009. O Culto Iorub, como j dito, foi o culto que deu origem a diversos outros cultos religiosos no Novo Mundo, como a Santeria em Cuba e o Candombl no Brasil. A cidade de Il If (Il If) considerada pelos iorubs

o lugar de origem de suas primeiras tribos, de seus ancestrais primordiais. lf o bero de toda religio tradicional iorub, um lugar sagrado, onde as divindades (Orixs) chegaram, criaram, povoaram o mundo e depois ensinaram aos mortais como as cultuarem... Os iorubas mais tradicionais seguem um calendrio lunar, com semanas de apenas quatro dias (oj Obtl, oj Awo, oj gn, oj Jkta), nos quais cultuam suas divindades. No Oj s (Oj Obtl), dia de Obtl, dia em que rendem homenagem s divindades criadoras, cultuam Obtl (Primognito de Oldmar, o criador da raa humana, senhor de todos os rs [irnmol fnfn]), Ymow (Esposa de Obtl, divindade dos bzios e da prosperidade), s (Divindade organizadora do Universo), Egngn (Ancestrais masculinos), Or (Ancestral primordial), k (Divindade das mo n t a n h as)

6

e Agemo ( Di vi nd a de representada pelo camaleo, a primeira a caminhar sobre a Terra com seus descendentes). No Oj Awo, dia do Segredo, dia em que rendem homenagem as divindades detentoras dos segredos, mais precisamente rnml (If), a divindade da sabedoria. Cultuam l (Divindade da Luz), rnml (Divindade da Sabedoria), sun (Divindade da maternidade), sanyn (Divindade detentora dos segredos das folhas), Olkun (A poderosa e riqussima divindade dos mares), Ymoja (Divindade dos rios e protetora das cabeas). No Oj gn, dia do Guerreiro, dia em que rendem homenagem as divindades guerreiras e caadoras, cultuam gn (Patrono de todos os caadores e divindade do ferro), ss (Divindade caadora que protege contra as feiticeiras), ja (Divindade da famlia de gn), rs Oko (Divindade funfun da fazenda e da agricultura e grande caador). No Oj Jkta, dia do Mortfero atirador de pedras, rendem homenagens s divindades Sng (Divindade do trovo e ancestral de y), Oya (Divindade dos ventos e tempestades, esposa de Sng), Baynn (Divindade da famlia de Sng),Snpnn (Divindade da terra, das doenas e epidemias) e Nn Bk (Divindade antiga da morte e me de Snpnn).7

Ao contrrio do Brasil, onde vrias divindades passaram a ser cultuadas em um mesmo templo, na Nigria as divindades so cultuadas cada uma em seus respectivos templos ou sociedades. Existindo em cada cidade nigeriana, os respectivos templos de cada divindade. Porm, cada divindade possui seu templo principal na cidade de sua origem, por exemplo, o principal templo de Sng encontra-se em y, o principal templo de sun, encontra-se em sogbo, o principal templo de Ymoja se encontra em Abkta, o principal templo de rnml encontra-se em Il If e assim por diante. Quando existem pessoas que devem ser iniciadas a uma determinada divindade e no existe o templo desta na cidade natal da pessoa, a mesma encaminhada ao templo mais prximo desta divindade no pas (Nigria). Com toda esta recriao do Culto no Brasil, o culto no teve apenas percas, mas ganhos tambm, o ato de cultuarem vrias divindades em um mesmo templo, por exemplo. Bom, este foi apenas um pouco do que esta esplendida e complexa religio, que a cada dia que passa, mais e mais devotos vem semeando em nossa terra. Infelizmente, ainda muito mal interpretada por alguns, porm, muito amada por outros, por sua simples e ao mesmo tempo complexa

ritualstica, pelos seus ensinamentos de moral e conduta e principalmente, pelas suas magnficas divindades. Espero que essa matria possa incentivar aos leitores a busca da conhecer mais sobre esse magnfico culto. bse a todos!!

Por Hrick Lechinski (Ejtol Tsmr)

ENTREVISTA DO MS

Falando de Ax com o Bb Olgn Ognldvas frustradas de cura, em tratamentos convencionais e espirituais, acabei viajando frica. Ali encontrei muito mais que a soluo de meu problema. Fui me apaixonando pelas pessoas, pela cultura, enfim, por tudo. E uma coisa foi levando a outra. Falando de Ax: A seu ver, de acordo com sua experincia sacerdotal, o que o sn yorb (Religio Tradicional Yorb) possui, que as outras religies no possuem? Bb Ifgbmil Odymi Ognld (Srgio Borges): Muitas vezes, quando eu comeo a falar de nossa religio, sempre fao questo de frisar a importncia da vivncia da cultura e na sociedade yorb, na compreenso e no entendimento do que vem a ser o sn yorb. Voc pode comprar milhes de livros, ler dezenas de sites, tirar duzentas mil fotos com rkr nas mos. Viajar frica, uma, duas ou trs vezes ou ate mesmo montar sites com copias de escritos meus em fruns antigos (rsrsrs).

Falando de Ax: O senhor poderia nos falar quando e como conheceu o Culto a rs, como comeou sua espiritualidade? Bb Ifgbmil Odymi Ognld (Srgio Borges): bor boy bosise, na verdade no existiu um quando, e sim, tudo isso fez parte de um processo natural em minha vida. Fui criado por meus avs e os mesmos eram sacerdotes de religies de matrizes africanas (Candombl). O barulho do atabaque sempre me seduziu. Nunca me interessei pela Igreja, pela primeira comunho ou pela crisma, coisas assim. A espiritualidade afro (e afrobrasileira) esteve presente desde os meus primeiros dias e sempre me fascinou mais que tudo. Falando de Ax: O que levou o senhor a escolher o sn8

yorb/sse gby como religio? Bb Ifgbmil Odymi Ognld (Srgio Borges): O que mais me fascina, ao falar sobre tudo isso, que, simplesmente eu no escolhi isso. No despertei um belo dia e disso vou ser sacerdote, ou vou me iniciar em If para ampliar os meus horizontes. As coisas simplesmente aconteceram. Passei por um perodo muito complicado em minha vida, onde uma enfermidade quase me levou a morte, e aps inmeras tentati-

Falando de Ax: O que o senhor tem a dizer sobre o Culto a rnml-If no Brasil nos dias de hoje? Bb Ifgbmil Odymi Ognld (Srgio Borges): Infelizmente a resposta mais apropriada seria uma tarja negra. Muitos podem estar se perguntando com que propriedade eu falo isso, no e mesmo. Respondo apenas com a propriedade de ter sido o primeiro sacerdote branco a divulgar o If em nosso pas. E exatamente por isso que a maior vontade que tenho simplesmente no comentar o que se passa. O If (Culto rnml) teve um crescimento desproporcional nos ltimos anos, uma coisa que eu sempre temi, porque infelizmente quantidade no significa qualidade e isso tem refletido diretamente na vida de muitas pessoas. Mais se voc no tiver vivenciado tudo aquilo, se no olhar para os yorbs e se sentir como um deles, ser reconhecido (reconhecimento esse, que nada tem a ver com a compra de certificados) como um deles, voc jamais ira compreender o que verdadeiramente vem a ser o sn yorb. E sem isso meu amigo, e impossvel compreender e passar para os seus o que o sn Yorb tem que o difere de todas as outras religies. Muitas pessoas veem o sn yorb como prtica de resultados, outras apenas uma nova opo por serem sacerdotes sem perspectivas e na verdade no conseguem compreender o maravilhoso caminho de vida presente em nossa tradio. Dentre todas as possibilidades presentes em nossa cultura9

religiosa, nada e mais belo do que a capacidade de tornar o ser humano atravs de sua divindade pessoal (Or) uno com todas as energias da Natureza, energias essas que tem sua verdade expressa nas mais diversas manifestaes (os Irnmol, rs), conseguindo assim, muito mais do que lograr uma melhora financeira ou o retorno de um amor perdido, lograr uma vida plena, podendo contemplar todas as manifestaes divinas, tendo conscincia de sua responsabilidade e tambm do importante papel que possui na preservao, na manuteno e principalmente da interao com todas as expresses do Sagrado. E isso meu amigo, em nossa Religio (sn yorb/sse gby) no se pode copiar, se vivencia ou no.

A cada dia que passa, surgem mais e mais Bblawos, pessoas iniciadas que em sete dias se aventuram a fazer as mais desmedidas loucuras, munidas de um livro e de algumas supostas verdades defendidas por um grupo, que apesar de serem a minoria, vem fazendo um enorme estrago em nossa religio. Mas acredito na verdade e sei que esse no ser o final de algo to lindo e complexo como o Culto a rnml-If no Brasil.

Falando de Ax: O senhor acredita na possibilidade da existncia de Bblawos Brasileiros e em futuras Egb If no Brasil? Bb Ifgbmil Odymi Ognld (Srgio Borges): Eu j disse isso algumas vezes, e volto a afirmar sem sombra de duvidas que sim, acredito fielmente nisso. Acredito que o mesmo If que existe na Nigria, pode vir a existir no Brasil, mas para isso se torna necessrio que algumas correes sejam feitas. Primeiro, o constante intercambio que vem sendo feito, s que com a vinda de sacerdotes verdadeiros, para que assim as pessoas estejam sempre em contato com a verdadeira religio yorb. Segundo, uma maior unio entre as lideranas verdadeiras de nossa tradio, para que assim possamos vislumbrar um futuro melhor. Essa unio seria til em muitos aspectos, porque assim preservaramos o If e tambm conseguiramos preservar as pessoas bem intencionadas de muitos aventureiros e dos muitos estragos que vem acontecendo. A criao de um Conselho Brasileiro ou latino Americano de If, assim como existe em Cuba, conselho esse que deveria ser divido entre os mais variados nveis iniciticos, aonde o aspirante assim como os membros antigos deveriam ser submetidos a uma entrevista e a um questionrio, provando seu conhecimento e capacidade de exercer o sacerdcio a que se prope. Garanto a vocs que dos duzentos bblawos ou sacerdotes supostamente tradicionais,10

no mais que dez dariam a cara a participar disso. Porem seria muito importante na estruturao de nossa religio. Falando de Ax: O que o senhor poderia nos dizer sobre o Culto ao rs sanyn e sua importncia para a Religio Tradicional Yorb e seus adeptos? Bb Ifgbmil Odymi Ognld (Srgio Borges): Como eu disse a Falando de Ax uma vez em uma matria sobre sanyn, sanyn extremamente importante em nossa tradio religiosa. E impossvel pensarmos em nossa religio sem pensarmos em sanyn, porque sem as ervas, cascas, razes e outros elementos da natureza, simplesmente no existiria a Religio Tradicional Yorb. E mais uma vez afirmo tudo comea (Igbr - iniciao) e termina (snk - funeral) com sanyn. Falando de Ax: Fale para ns, sobre seus futuros projetos em relao Religio Tradicional Iorub? Bb Ifgbmil Odymi Ognld (Srgio Borges): Estou estruturando e trabalhando em algumas coisas e no momento apropriado, a partir de junho de 2012, tudo ser divulgado. Falando de Ax: Fale para ns sobre a importncia do Mrndnlgn If (Jogo de Bzios)? Bb Ifgbmil Odymi Ognld (Srgio Borges): Acredito que como todo orculo, desde que bem manipulado, o Mrndnlgn possui importncia fundamental na transmisso

dos desejos das divindades e tambm na correo, preservao e principalmente na compreenso dos diversos problemas presentes no dia a dia dos seres humanos. um orculo impar, que necessita de muito estudo, devida ao fato de o mesmo permitir um dialogo aberto com as divindades, permitindo a negociao e a composio das mais diferentes oferendas, do preparo das medicinas e muito, muito mais. Falando de Ax: Bb, o que uma Iniciao (feitura de santo) e sua real importncia, para o senhor? Bb Ifgbmil Odymi Ognld (Srgio Borges): Muitas vezes costumo questionar as pessoas sobre a diferena entre uma iniciao e um assentamento. Na iniciao, buscamos despertar caractersticas que se encontram adormecidas na vida do iniciando, criando assim condies para que o mesmo, em contato com a divindade em questo possa vivenciar sua existncia de uma maneira plena, e em contato com a verdade presente na manifestao de suas divindades.

O rs em si e extremamente sbio, mas infelizmente nossas escolhas, muitas vezes equivocadas nos levam a situaes de extrema dificuldade onde muitas vezes no conseguimos enxergar ou vislumbrar um novo horizonte. No importa qual caminho tenha te levado ao rs, ou qual situao voc possa estar vivenciando, simplesmente acredite, faa as coisas certas, pelos motivos certos e voc vera que no final as coisas iro acontecer da melhor maneira possvel, e que embora ningum possa passar as dificuldades por voc, os rss sempre nos acompanham e incrvel como no final de algo que parece sem soluo, as coisas simplesmente acontecem e sempre a transformao vem nos levando ao melhor caminho, caminho esse que nem sempre e o caminho que escolhemos.

Em um assentamento, procuramos equilibrar o destino de uma determinada pessoa, suprindo deficincias energticas presentes em suas caractersticas pessoais. Porem, diferente do que vemos por ai, iniciao como o prprio nome diz, e apenas o inicio, inicio esse que cria condies para que a pessoa mergulho nos aspectos mais secretos e profundos de uma tradio religiosa. Por exemplo, uma If tite ou tf no faz de ningum um bblawo, apenas cria condies para que o mesmo possa vivenciar o dia a dia de uma egb bblawo, para que com o passar dos anos, atravs do iko ate e do itowobiye, seja reconhecido por seus pares como membro de determinada11

sociedade, podendo assim exercer com maestria a funo a qual se prope.

Falando de Ax: Bb deixe uma mensagem para os leitores de nossa revista e para os devotos de rs. Bb Ifgbmil Odymi Ognld (Srgio Borges): Muitas vezes pessoas nos procuram tristes e nos dizem que fizeram isso e aquilo, e que se encontram sem caminho, sem perspectiva, perdidas e que no compreendem como determinado rs pode ter permitido que tal situao esteja presente em sua vida.

Obrigado a todos.

Eptetos de rnml IfPor Zarcel Carniellim If Ilsire (Bb ln Omigbmi Ajtnb)Os eptetos so na realidade ORK, recitaes que relatam caractersticas da divindade e as exaltam. Pois, para o povo yorb, a melhor forma de invocar uma energia exaltando seus feitos e suas qualidades. Os eptetos de rnml-If so vrios, apresento neste texto alguns deles, com o intuito de contribuir um pouco, para a desmistificao dessa divindade aqui no Brasil. IF OLKUN: Se traduzirmos literalmente ficar: If o Senhor do Oceano. Mas, essa pequena palavra quer dizer muito mais que isso e pode ter vrias interpretaes. Uma delas : If to amplo quanto o Oceano, por isso seu culto exige total dedicao de seus sacerdotes e devotos. Outra idia de que, Olkun (Deusa do Oceano) aps ter ficado anos casada com Oddw (pai do povo yorb), foi casada com rnml-If, e o titulo de senhor dos oceanos foi atribudo ele tambm. LR PN: Senhor que conhece o destino, aquele que est presente no momento que Oldmar (Deus) d o sopro divino, aquele que conhece os pactos feitos por cada um de ns antes de virmos ao iy (Mundo Terra). Por isso, atravs da iniciao de If, o devoto conhece os mistrios que envolvem seu destino e sua existncia. IBKEJ ELDNMAR: A segunda pessoa em importncia aps Eldnmar (Deus), ou seja, a importncia de If to grande, que, acima dele apenas est o Deus supremo do rn (Cu plano espiritual). RNML AKR FIN SGBN: Orumil homem pequeno que usa o prprio interior como fonte de sabedoria. Esse epteto deixa claro a sabedoria de If, que , de encontrar as respostas que ele necessita dentro dele mesmo. Essa sabedoria ensinada aos iniciados em If, de utilizar o prprio conhecimento interior para solucionar problemas do diadia. AGBY GBRUN: Aquele que vive no mundo visvel e no mundo invisvel, ou, o mais antigo nos dois mundos. Deixando claro, que If est presente em todas as partes do universo.12

KITBR APA J IK D: O poderoso que altera o dia da morte. Atravs da iniciao de If, as pessoas se agirem corretamente, tendem a garantir vida longa, pois, qualquer morte prematura que estivesse no caminho da pessoa, If tem o poder para cortar. KNRIN GBNMRGN: Homem do coquinho que ns nunca esquecemos. Lembrando a importncia do IKIN (COQUINHO DE DEND) dentro do culto de If, e a importncia de que, para que algo tenha fora, preciso que seja lembrado (cultuado). RIGI A B L: Aquele que ao ser venerado, traz a sorte, a prosperidade. Ressaltando que atravs de If a pessoa reconquista sua sorte e sua prosperidade. ALD: Senhor da coroa. O que possui uma cabea to boa que no perde a coroa, If o eterno rei da sabedoria, fonte inesgotvel de informaes e orientao. Por isso chamado de dono da coroa. So vrios os eptetos para If, chamados tambm de nomes de louvor, mas, nesse texto, procurei destacar os mais importantes e utilizados, pois, atravs deles, qualquer um pode saudar If e tambm aprender um pouco mais sobre ele e sua importncia na vida e no dia-dia da humanidade. Mais uma vez agradeo todos os mestres que tive e tenho, Bb Kekeje (Antonio de Sng), y Dela (Marta de un), Bb Fbnmi (ni iranti in memorian), Bb Awodiran e Bb King. Biografia consultada: CNTICOS DOS ORIXS NA FRICA, Skr Slm Prof. Dr. King. Ed Oduduwa. *A Interpretao dos eptetos foram feitos por mim, baseado naquilo que pude entender de If nesses 14 anos de iniciado, 14 anos que aprendi que If no apenas to amplo como o Oceano, mas sim, to amplo quanto o Universo. Que If abenoe a todos.

13

ymi d - A misteriosa esposa de Ifymi Od-logboje um rs feminino, dentro do corpo literrio de If, alguns tn dizem que essa foi a primeira divindade feminina a vir para a Terra. Chamada tambm de d, essa energia misteriosa ainda pouco conhecida no Brasil, justamente porque seu culto restrito aos seus iniciados, podendo apenas ser louvada e no manipulada, por aqueles que so apenas devotos e no iniciados em seu culto. ymi d a esposa de If, seu assentamento o Igb-d (Cabaa de d), ou seja, ela a me de todos os 256 Od, signos de If. A Igbd uma cabaa cujo dentro tem uma srie de elementos sagrados e secretos que no podem ser vistos por pessoas no preparadas. Esses elementos representam o cu e a terra em sua unio fecunda. Igb od normalmente envolvida em um j funfun (pano branco) e uma roupa de palha, sempre deve ser colada em um local restrito, pode ser guardada dentro do pr Od, um tipo de caixa em madeira que lembra muito um carretel de linha gigante. Para falar de y mi d dentro do contexto de If, preciso falar antes de If. If o deus do destino, e o grande revelador do destino humano. Na tradio Yorb s existe UMA iniciao em If, essa chamada de Itef, pois no Ita-if (terceiro dia da iniciao) que surge o od revelador do destino do devoto. Nesse procedimento o devoto passa por um ritual chamado Igb-d (floresta de Od) que pode ser feito em uma mata fechada, ou em um quarto sagrado onde encontra-se ymi d. Nesse ritual o devoto APRESENTADO esposa de If, onde o iniciado pede para que a mesma lhe favorea com um bom destino.14

Muitos dizem que Isef a iniciao de If, chamada de primeira mo, devido o sincretismo com o culto de If afro-cubano, isso um grande equivoco, pois, Isef ou Sese, apenas um trabalho feito para If, onde os ikin so lavados e sacralizados. No um processo inicitico. Lembro aqui que o Itef no uma iniciao sacerdotal, ou seja, ser submetido ela, no implica que a pessoa ser Bblawo, e sim apenas, que a pessoa passa a ser um iniciado de If e poder atravs dessa iniciao ter uma vida mais equilibrada e harmoniosa com seu prprio destino. Dentro do culto de If existe outra consagrao, chamada de pnod, essa seria na realidade a iniciao na divindade Od-logboje, ou seja, o devoto iniciado na esposa de If. Essa iniciao obrigatria para todos os iniciados que possuem destino para serem Bblawo, pois, apenas aps ela que os mesmos podero comear a aprender If com seu mestre, para que aps 15 ou 30 anos venham a ser submetidos ao Iko-ate (avaliao), onde caso aprovados, sero publicamente declarados como sacerdotes de If. Porm, a mesma consagrao pode ser feita para outras pessoas, principalmente aquelas que iro atuar no sacerdcio do culto dos outros rs, devido a importncia social e espiritual, essa iniciao possibilita suporte energtico para tamanha responsabilidade.15

Nessa iniciao, o devoto caso seja do sexo MASCULINO, recebe a cabaa contendo os smbolos de Od-logboje, ou seja, ele recebe o Igb od. Assim como, todas as orientaes de como utilizar este elemento to SAGRADO. Lembramos que, Igb od deve ser algo protegido dos olhos de qualquer pessoa. Alm disso, nessa consagrao que o dedo do meio de ambas as mos recebe um tipo de magia que possibilita a marcao dos od, portanto, o sacerdote aps isso passa a ter o direito de em alguns ebo utilizar os sinais dos od para ativar a energia benfica dos mesmos para solucionar um eventual problema. Logo, isso deixa claro, o risco de se riscar od sem ter sido submetido ao pnod, alm de que, os od riscados sem essa iniciao, no possuem funo energtica alguma. ymi Od tem vrios ork (eptetos nomes em louvor) so eles: *Odulogboje (Aquela cujo pote feito de chumbo e no de madeira); *Ajerereabojuojo (Aquela cujos olhos esto voltados para todas as direes); *Adakinikinikara (Juza suprema que distingue o bem do mal); *Alaburaja (A sanguinria que ama o sangue e dele se alimenta); *Okalekotogowo (Aquela que d vida e cobra); *Iyami agba (Minha me anci); *Iyami Igba iwa (Minha me da cabaa da existncia). Existem alguns orko, nomes, em honra a Od-logboje, tais como: *Oduso (criana que teve o nascimento anunciado pelo signo de Od). *Odubiyi (dado para a criana que nasce com seis dedos na mo ou no p). *Odutola (Od prosperidade) *Odugbemi (Od me apia) entre outros... Segue uma orin (cntico) em honra a Od-logboje: Od aya if Od de o aya If o Od b mi se o Od-wa la n p lod Od gb awa omo re Od. Od esposa de If. Od chegou, esposa de If. Od me ajude. Nossa Od, que no conhecemos, nos salve. Od a antiga, ns somos seus filhos Od. ymi Od-logboje considerada por alguns, o aspecto positivo de ymi srng, no podemos de forma alguma dizer se isso de fato ou no verdadeiro, mas, que a relao entre essas foras bem prxima, isso no podemos ter dvidas.16

Od aquela que detm o poder supremo do conhecimento de If, portanto, um sem o outro algo incompleto. Od cobra de seus filhos, uma postura discreta, sem ostentao de poder, pois isso baixa a energia vital de seus devotos.

Bem, no poderia deixar de dar os devidos crditos s fontes consultadas. Fonte oral: Bb Olj Apesi Rasaki Slm, meu amigo e mestre, que tem trabalhado comigo em prol do Culto yorb. Fonte biogrfica: Poemas de If e valores de conduta entre os Yoruba da Nigria, tese de doutorado do querido mestre: Dr. Prof. Bb Skr Slm (King).Espero com o texto acima, ter contribudo para que voc amigo leitor, tenha compreendido o papel dessa energia muito poderosa dentro do plano material e espiritual. A relao da mesma com If e com a grande me do universo. No sou Bblawo, mas como iniciado em If, luto para que este culto seja praticado com seriedade pelos seus devotos e procuro dar minha contribuio para isso propagando um pouco, do pouco conhecimento que possuo. Um abrao! Ire o!

Por Zarcel Carnielli Omo If Ilsire (Bb slsn Omigbmi Ajtnb)

17

ymi rng A Grande Me EmplumadaDuas coisas despertam mais a curiosidade humana, uma a beleza, e a outra so as representaes mgicas Magia. Adboy Bblol.Eynmr, ymi j, ymi Ely so apenas alguns dos muitos nomes ou ork, que fazem referncia a mesma divindade, ou seja, ymi srng. Associada a beleza e ao poder feminino, poder esse que nos envolve e que tm cada vez mais despertado a curiosidade e o desejo dos seres-humanos, ymi tem sido cada vez mais mal interpretada. Hoje, devido ao constante intercmbio com sacerdotes iorubs, podemos observar o nascimento de trs correntes: 1- A mais antiga e tradicional de todas, que defende a iniciao e o culto aos mistrios dessa Divindade ymi srng. 2- Que defende que a divindade deve ser apaziguada, mais nunca evocada, pois tratasse de um Ebora colrico e impossvel de se manipular, causando danos terrveis aos sacerdotes que se atrevam a isso. 3- E a terceira e mais nova, porem com um grande nmero de adeptos que diz que as iniciaes no Culto de ymi (srng) so um grande invento e que a mesmas (won ymi j) devem ser esquecidas, e apenas apaziguadas atravs de If. No Od s-jgn, rnml revela a importncia de ymi srng no destino dos sereshumanos e sua relao com a mesma, por ser ela a divindade responsvel pelo controle, envio e apaziguamento dos jgn (executores divinos) vida dos seres humanos. Ao observamos o que nos foi escrito, podemos chegar a concluso que se torna impossvel que um Sacerdote possa executar suas funes sacerdotais, sem ser iniciado nos segredos do culto a essa divindade. Sendo assim, quais seriam os procedimentos iniciticos corretos dentro do culto a ymi srng? Durante o tempo que vivi na Nigria, pude perceber que algumas pessoas possuem caractersticas inerentes a esta divindade adormecidas em seu interior, e que so despertadas em situaes extremas, revelando a essas pessoas possibilidades e potencialidades inimaginveis.18

Porm, possuir essas caractersticas, no faz de ningum uma j ou um Os e sim cria condies para que essas caractersticas sejam despertas e logo depois de um procedimento inicitico apropriado, controlada e diretamente direcionada, permitindo que a pessoa em questo entre em contato com essa sociedade, sendo conhecidos em territrio yorb como Omo iy. Os Omo iy passam por situaes muitas vezes incompreendidas, entrando em contato com essa divindade em sonhos, sendo guiados por uma ymi (j) ou um Os, recebendo assim os mais diversos aprendizados, que contribuiro muito para seu crescimento espiritual, fsico e financeiro, se tornando lideres reconhecidos em suas comunidades. Em outros casos, pude observar que muitos sacerdotes no possuem essas caractersticas, porm, sem isso o trabalho dos mesmos se tornaria limitado e ineficiente, sendo assim os mesmos so pactuados, passando a possuir marcaes que o identificaro como membros desse culto e sociedade. Junto a sanyn, If e s dr, ymi srng possui papel fundamental no preparo das mais variadas magias e encantamentos, uma vez que, alm de estar sempre presente nos enunciados orais destes sortilgios, a mesma junto as j e Os devem sempre ser invocadas, alimentadas ou apaziguadas corretamente, para que a magia ou a medicina em questo alcance a totalidade de suas potencialidades. Dentro de todo esse contexto, podemos concluir que ymi Ely (srng) uma divindade importantssima a todos os seres humanos, e que enquanto caminharmos encima da Terra, devemos estar em contato com sua energia buscando assim nos beneficiarmos de todas as suas potencialidades que nos levaro a uma existncia mais completa e realizada.

Por Srgio Borges Olgn Ognld (Bb Ifgbmil Olif Odymi) MSN: [email protected]

OD DO MS

s mj criou todos os pssaros e animais feiticeiros, como os gatos (muitos so reencarnaes das prprias j - feiticeiras), os antlopes de plos vermelhos (grandes aterrorizadores dos d caadores), a coruja (smbolo de ymi rng e das j feiticeiras), o bacurau, o pintarroxo, o vermelho, o abutre, a andorinha e o Oddr. Este Od (signo) fala de paralisia e de pessoas estropiadas. - won r que falam neste Od =

ymi Od (Odlogboje), ymi rng, wn ly (feiticeiras), ls, Olkun, Ymoja, un, rk, ya, Egngn.

s mj O Od qual nasceu o Poder Femininos mj ou como tambm conhecido, s ly o dcimo (10) Od na ordem de If, fala no Mrndnlgn If (Jogo de bzios) com nove (9) bzios abertos e sete (7) bzios fechados. um od de natureza feminina, ligado ao elemento fogo, um Od extremamente perigoso. Este o principal Od de ymi rng, e foi por este Od que as j (feiticeiras) vieram ao Mundo (iy). Est associado magia, principalmente ao Poder Feminino, ao fogo e a noite.

- Suas cores = O Vermelho (pupa) - cor do sangue, mas tambm aprecia o branco (funfun) e o preto (dd). - Suas folhas = Ew ow (folha de algodo Gossypium barbadense), lpd (lngua de galinha Sida linifolia), Ew In (folha de fogo Cidemia hirta). - Corpo Humano = Rege os olhos, as narinas, as orelhas, as pernas, coxas e ps, a vagina e o principal, o tero. s divide com rsn mj a regncia do corao (que bombeia o sangue). s quem preside o fluxo do sangue, a abertura dos olhos e os intestinos, estes fazem dele o um dos mais temveis dos Od.

- Os filhos deste Od = As pessoas nascida sob este od (signo) so pessoas bastante alegres e brincalhonas, chegando muitas vezes a serem exageradas. Com intuio muito forte, as mulheres Este Od rege tambm a invocao possuem grande inclinao a feitiaria. dos Od no pn If. Muitas vezes sendo necessrio se iniciarem em ymi. As pessoas deste Od Rege o sangue, que flui sob seu co- tambm so bastante vingativas e desmando, principalmente o sangue mens- confiadas, metdicas, crticas e s vezes trual. individualistas. So daquelas que s acreditam vendo. 20

- ws deste Od = As pessoas que nascem neste od no devem visitar mulheres que deram a luz recentemente. No podem vestir roupas vermelhas e azuis. No devem beber vinho de palma e no podem comer carne de galo. No devem usar folhas de rk e de bambu, e ter em casa ou utilizar instrumentos de bambu. Devem evitar praticar relaes sexuais durante o dia, no devem olhar os rgos sexuais do parceiro ou parceira. E devem ter muito cuidado ao praticar o mal contra os outros e principalmente a feitiaria (manipulao do de ymi). - Od em Ire Positivo Este Od em Ire fala de sade, paz e vida longa, prosperidade, realizao de projetos profissionais, progresso, boas idias no mbito profissional, mas pede que a pessoa seja um pouco individualista, para que venha a conseguir algumas realizaes. Fala de um relacionamento amoroso bom, muitos filhos (homens). Vitria sobre os inimigos. Deve estar sempre junto famlia, respeitar me, esposa, filhas e parentes mulheres. Proteo de

ymi, Olkun ou ya. Fala de poderes espirituais, grande fora espiritual que pode resolver problemas. - Od em Ibi Negativo Este Od em Ibi fala hemorragias, menstruao excessiva, doenas de sangue, doenas nos olhos, para mulher problemas no tero e na vagina, para homens problema com intestinos. Doena proveniente a feitiaria. Aborto. Problemas nas pernas e cardaco. Dificuldades financeiras, muitas vezes proveniente a feitios ou gn (espritos errantes). Separao, brigas no relacionamento. Se for homem, pode estar casado com mulher vil. Problemas entre me e filho. Vitria dos inimigos. Pessoa incrdula, que no leva a religiosidade a srio. Teimosa, autoritria, que est perturbada. Muita tristeza.

Por Hrick Lechinski (Ejtol Tsmr)

21

rs do Ms sanyn O Grande Mago das Folhas e Florestas Eweelre o Il ms Ew sanynsanyn (Onyn, Osse, Osaim, Ossanhe, Ossanha) uma divindade que independente de como chamado, conhecido e cultuado, seja no Culto Tradicional Iorub sin Yorb, ou nos cultos descendentes do mesmo, como o Candombl, a Santeria Cubana ou ate mesmo a Umbanda, um fato certo, no podemos negar sua importncia e que ds dos nossos primeiros passados dentro da liturgia de algum desses cultos sua energia se faz presente e necessria ser cultuada. Muitas dvidas surgem em nossa mente a respeito do que vem a ser essa divindade, e verdadeiramente o que vem a ser a sua real finalidade. Divindade da floresta? Divindade das folhas? Divindade da magia? Ou, at mesmo a divindade da Vida? Sim, Divindade da Vida, ou ate mesmo do Renascimento, pois, no podemos negligenciar o fato de que desde o ingresso de uma pessoa dentro da Religio dos Orixs, quando a mesma morre para a sociedade e renasce para o Culto, at o fim de sua jornada dentro desta, as folhas esto presentes em tudo. Seja no primeiro Omir (banho de folhas que acalmam e purificam), seja na lavagem e preparao dos smbolos litrgicos de adorao de um determinado r, tambm conhecidos como Ojb, ou ate mesmo na preparao do banho aonde ser lavado nosso corpo nas cerimnias fnebres - sink, sempre encontraremos sanyn. So conhecidos diversos relatos de seu egosmo e de sua insistncia em no compartilhar com as demais divindades os segredos das folhas, egosmo esse, que levou os Orixs a buscarem uma maneira de se apoderarem de seu segredo. Onde a partir daquele momento, cada Orix teve conhecimento de suas folhas. sabido tambm que, apesar de sanyn possuir o conhecimento das folhas (wn Ew), os fs (poemas de ativao, encantamentos que despertariam o ax de cada folha) seriam de conhecimento nica e exclusivamente de rnml, porem posso garantir que apesar de tudo isso, o segredo de sanyn vai muito alm. Como Sacerdote (Bblawo) de rnml-If, me foi passado s sete principais maneiras de se preparar (montar, assentar) um Ojb sanyn, ojubs estes, utilizados pelos Bblawos nas mais diversas situaes. Os Bblawos possuidores dos segredos de sanyn so conhecidos como Adahune:22

-

Os sete principais Ojb sanyn montados pelos Bblawos Adahune so: Osanyin Elewu pupa Osanyin Olode Osanyin Alaro Osanyin Olosun (Opa osun) Osanyin Onimoriwo Osanyin Onide Osanyin Onigi

E assim como os sanyn preparados pelos wlr (Sacerdotes de r), os mesmos tm as mais variadas utilizaes e finalidades dentro na liturgia tradicional iorub. Mas nada intriga mais, desperta mais curiosidade e derruba mais tabus do que o r sanyn preparado pelos sacerdotes de sanyn, os Olsanyn ou pelos conhecedores de sua liturgia, como os Ongn (Mdicos Herbalistas), ou ainda os Olgn (Magos Tradicionais Yorb).

...Kgo egbr rin. Akp ngb rn k sunwn... Aquele que to forte quanto uma barra de ferro. Aquele que invocado quando as coisas no esto bem...23

Um Olgn versado na liturgia de sanyn no necessita de instrumento divinatrio, pois, seu prprio r (sanyn) revela no momento da consulta, os motivos que levaram o consulente a sua casa, os acontecimentos passados que o levaram a essa situao, o correto tratamento baseado nos elementos presentes na Natureza e os acontecimentos futuros, desde que a pessoa esteja disposta a explorar as potencialidades energticas que sero despertas aps a realizao do Ise (trabalho espiritual). Questionando um dos meus mestres, no inicio de minha jornada dentro da tradio e da liturgia de sanyn, acerca da diviso de seus conhecimentos a respeito das folhas com as outras divindades e tambm da necessidade de se ter o f (encantamento) adequado pra que cada Ise (trabalho espiritual) fosse manipulado, o mesmo sorriu, coou a cabea e me disse assim: - Voc realmente acredita que, um r que nos revela a hora que uma pessoa vir em nossa casa, o que ser feito por essa pessoa, e inmeras outras coisas mais, que nos acorda no meio da noite para nos avisar quando algo vai ocorrer, no teria conhecimento do que as outras divindades estariam tramando. E continuou dizendo: - Ognld (Srgio Borges), os Olgns so pacficos, pois possuem o conhecimento da essncia de sua divindade. E como sanyn sabia o que iria ocorrer, tendo conhecimento que essa disputa no cessaria, apenas compartilhou com as outras divindades aquilo que queria, guardando pra si, seu verdadeiro segredo e finalidade. Ainda buscando mais respostas, dei nfase na questo da necessidade dos f (encantamentos) no preparo das magias e medicinas e ento obtive a seguinte resposta:24

- Voc sabe, que a iniciao de um Olsanyn, ou de um Olgn e composta de sete passos, certo? E que em um desses passos o mesmo recebe e deve engolir um Olugbohun (magia que faz com que nossas palavras voem com o vento e tem o poder de fazer com que os nossos desejos aconteam), um Afose (magia para dar fora palavra) e um Epe (magia que d poder de comando, usado para orar, abenoar e ate mesmo maldizer objetos animados e inanimados) e um Mayehun (ningum recusa um pedido meu) e que isso passa a agir internamente, mesclado-se com sua prpria essncia. E que posteriormente o Olgn passar por um ritual semelhante ao Ajegun (ritual esse feito as mos de um Bblawo que potencializa os signos marcados no pn If e tambm as medicinas preparadas pelo mesmo) conhecido como Akgn, ritual esse que transforma o sacerdote de sanyn, naquilo que ele e normalmente conhecido: Ak (homem) Ogn (medicina; magia) = HOMEM MEDICINA = Mago. Mas o que vem a ser um Olgn, ou um homem medicina = Akgn? um sacerdote que recebeu corretamente suas iniciaes dentro dessa tradio (sanyn) e passa tambm a ser conhecido como m iy. Para entendermos melhor o que um Omo iy, temos antes que entender que entre o run (Mundo Espiritual) e o iy (Mundo Material), existe um espao supra sensvel que converge com o run e o iy, habitado por energias e espritos poderosos como , ymi (j), O, mr, Egngn, gb Worowo e todos os Ajgns, e ao se transformar em um m iy, o sacerdote em questo possui plenas condies de evocar e manipular essas energias buscando restaurar a ordem e o equilbrio de sua comunidade, afastar pestes e ate mesmo guerrear, quando se torna extremamente necessrio, pois, como foi dito anteriormente, o Olgn, por conhecer todas as possibilidades de seu sacerdcio, deve ser antes de mais nada um homem de paz. E as mulheres, at onde podem ir dentro desse Culto - sanyn? Conheci em Akaka, na Nigria, muitas mulheres que manipulavam sanyn e que passaram por todos os rituais, sendo conhecidas como Abogn ou Mulher Medicina. Porem, sempre so ancis, as mais velhas da comunidade e s iniciam seu aprendizado mais elevado dentro dos segredos de sanyn depois que seu perodo menstrual chegou ao fim. Preconceito, machismo? Claro que no, sabido por todos, que a regra menstrual e um dos maiores tabus dentro nossa religio, pelo fato da mesma fazer com que a mulher se aproxime ao mximo da energia negativa de ymi j (Minha Me Feiticeira), e ao encontrar-se nessa situao energtica, como a mesma ao ser acordada a noite por sanyn, pode preparar uma medicina de cura, transformao ou prosperidade?

25

Em uma de suas preces dirias o Olgn (Mago) comea saudando o iy e posteriormente algumas das energias que coexistem nessa maravilhosa dimenso:

Aiye mo jb o! Aiye eu te sado! Eyin Iyami Eleye mejeje Iba o! A senhora dos pssaros eu te sado! Iya mi mo kan o emi ni omoaiye Iya mi eu te conheo, pois sou um omoaiye! Oso kelekeleija mo kan o, emi ni omoaiye! Feiticeiros eu vos conheo, pois sou um omoaiye! Emere mo kan wo emi ni omoaiye! Emere, eu te conheo, pois sou um omoaiye! Esu mo juba o, Esu ma se mi omo elomiran ni o se o! Iba Osanyin, Osanyin mo kan o emi ni omoaiye! Osanyin eu te sado, Osanyin eu te conheo pois sou um omoaiye! Kulukuluse e egungunmo kan o, egungun won a ni ki won o lo ile Osanyin! Egungun eu te conheo, todas as pessoas que vo ate a casa dos ancestrais, necessitam tambm ir ate Osanyin!Logo, podemos concluir que ao possuirmos o verdadeiro conhecimento a respeito da tradio do culto a sanyn, encontraremos todas as respostas aos nossos anseios, desejos e duvidas, dentro dessa prpria tradio.

26

Para concluir, gostaria de falar a respeito de um tn (histria do corpo literrio de If), que muito difundido por alguns Bblawos (Sacerdotes de rnml-If), tn esse, que afirma ser o B Sacrifcio (filho de rnml), muito mais eficaz que a OGN Magia/medicina (filho de sanyn). E novamente afirmo, ao conhecermos sanyn vemos que muitos tabus caem por terra, assim como esse, defendido e muito pelos Bblawos.

Ewe ori igi koloilele! As folhas que ficam nas rvores! Bee ni tilele o lo ori igi! Tem mais utilizao que as que ficam no cho! A difa fun Osaniware omo Osanyin! Foi feito a divinao a Osaniware, filho de Osanyin! Abu fun Ogunigbeyin ti nse omo Osanyin! E tambm a Ogunigbeyin filho de Osanyin! A difa fun Ojunmonle ti nse omo bibi inu Agbonniregun! E tambm foi feito uma divinao para Ojunmonle, filho de Orunmila! Ise Ari Ogunigbeyin kedere! Foi feito um Ise para Ogunigbeyin! Ari Ojumonlela iku! Ojunmole no ver mais a morte! Ari Ojunmolela iku! Ojunmole no ver mais a morte! Lailai ni isejogunlo jani ebo da! Desde ento, o Iseogunlo (trabalhos espirituais feito pelos Olgns ) se tornaram mais eficazes que os bs (trabalhos espirituais realizados pelos Bblawos)!E claro, jamais devemos defender a supremacia de uma divindade sobre a outra ou de um Bblawo sobre um Olgn ou de um Olgn sobre um wlr, e sim, devemos compreender que todos os sacerdotes assim como todas as divindades possuem importncia impar dentro de nossa maravilhosa tradio.

Por Srgio Borges Olgn Ognld (Bb Ifgbmil Olif Odymi)Msn: [email protected]

Il ms Ew sanyn!!!27

Candombl, A Importante herana religiosa AfricanaA religio dos rss (Orixs), conhecida e chamada de Candombl aqui no Brasil, oriunda da frica, sendo trazida pelos negros africanos poca da escravido, nos calabouos dos navios negreiros. Segundo Verger "a presena dessas religies africanas no novo mundo uma consequncia imprevista do trfico de escravos. Escravos estes que foram trazidos para os diferentes pases das Amricas e das Antilhas, provenientes de regies da frica escalonadas de maneira descontnua", diz ainda que "no tocante Bahia, esses contatos foram particularmente intensos com Angola e o Congo, at aproximadamente o final do sculo XVII, desviando-se, mais tarde, em direo costa do Leste do Forte So Jorge de Mina, situada no golfo de Benin, entre o rio Volta e o rio Lagos. Tais relaes limitaram-se, posteriormente, parte28

central da referida regio, conhecida pela triste denominao de "Costa dos Escravos", cujo porto principal era Uid". Do bero da cultura dos rss vieram sacerdotes de diversas etnias, das quais destacamos algumas: Ktu (atual repblica do Benin), js, jbu, y, Dahom, Egb, Kongo, dentre outras. Mais do que escravos, embarcaram nos calabouos dos navios negreiros, grandes sacerdotes, que com eles trouxeram suas Divindades, que so as representaes mais belas e poderosas da natureza, como rios, lagos, oceanos, pntanos, pedras, florestas, etc. Para ns, os rss foram seres humanos que em funo da sua sabedoria e poderes foram divinizados, tornando-se grandes Ancestrais, conforme ilustra-nos o excerto de um tn de If:

"rnml disse, o ser humano transformou-se rs Eu disse, ser humano transformei-me rs rnml disse, voc no v gn Era ser humano Mas quando se tornou sbio e poderoso Transformou-se rs rnml disse, ser humano transformou-se rs Eu disse, ser humano transformei-me rs rnml disse, voc no v rsnl Era ser humano Mas quando se tornou sbio e poderoso Transformou-se rs um sbio que se tornou rs Adoram somente aqueles que so sbios ser humano que se transformou rs".

Na frica, o culto aos rss no ocorre de forma to pluralista como no Brasil, em suma, um templo reservado ao culto de poucas divindades, geralmente o rs local e mais alguns que formam o seu "panteo". No Brasil, contam os antigos, que houve a necessidade da unificao do culto dessas divindades para que a cultura no fosse perdida, sobretudo, em razo da perseguio e descriminao poca. Isto posto, os sacerdotes de diversas localidades africanas, reuniram-se de forma que o rs da sua tradio, fosse cultuado com outros num mesmo ambiente que a princpio, no ocorria na frica. Nascia ento, o "Candombl", que um termo em Kimbundo (Angola). Os antigos contam ainda, que foi nessa primeira "reunio" que a cantiga "Omo Alktu re Faraimora" foi entoada. Resumidamente, a cantiga pede que os "Filhos de Alktu se abracem (reunio) para louvar". aluso ao "Alktu" (rei da cidade de Ktu) deve-se, essencialmente, ss, que foi um dos reis de Ktu e que teria sido o primeiro rs cultuado no Brasil, tornandose, assim, o "Onl" (Dono da Terra). Assim surge o Candombl, a Importante Herana Religiosa Africana, que a ns foi delegada, por reis, prncipes e grandes sacerdotes africanos.

Texto adaptado por Wemerson Elias (Dofono DSng)29

js de Lgn Ede no o mesmo js de sun?Hoje vou comentar um pouco sobre esse que , sem dvidas, o toque mais popular do Candombl, o js. Digo mais, esse toque extrapolou os limites da religio africana, tomando espao tambm no cenrio musical brasileiro. Prova disso, so os chamados Grupos Carnavalescos de Afox, que possuem em sua estrutura rtmica o js (Filhos de Gandhi, Korin Efan, etc.). Ademais, h ainda, diversas msicas de conhecimento pblico cuja base o js, como exemplo, menciono o quase hino DOxum de Gernimo (imortalizado por Gal Costa, Jauperi e, tantos outros) e Muito Obrigado Ax, interpretada por Ivete Sangalo e Maria Bethnia. Sobre a ltima, importante frisar que, a marcao rtmica do js realizada por Mrcio Brasil, percussionista de Ivete primorosa, invejando a muitos Ogans (vejam vdeo abaixo e comprovem um verdadeiro js Ng). http://www.youtube.com/watch?v=S-bEwxtBFBw&feature=player_embedded No entanto, a ampla divulgao do toque, associada s suas diversas interpretaes, a depender do segmento religioso ou na msica profana, no foi somente benfico ao mesmo. Hoje, deparamo-nos com alguns Ditos Ijexs, que em nada nos faz lembrar o toque como originalmente era executado. Em suma, esse ritmo mais utilizado para sun, a grande Deusa das guas Doces, mas h, tambm, uma infinidade de cnticos em js para s, gn, Lgn Ede, Ynsn, sanyn, sl, dentre outros. Muito embora, seja comum nos tradicionais Candombls Ktu, ouvir um representativo nmero de cnticos em js, eu estaria sendo leviano se olvida-se a origem deste toque, o identificando como Ktu. A origem desse ritmo no Brasil remete-nos Nao de nome anlogo, que teve seu prestgio alavancado pelo patriarca Eduardo js, dito detentor supremos do Culto a sun e Lgn Ede no Brasil. Na casa de Pai Eduardo, contam os antigos que o nico toque executado era o js, exceo de uma cantiga, que por motivos bvios no cabe mencionar aqui. Essa cantiga, no louvava nem sun, nem Lgn Ede, mas sim, o povo de Ede, uma antiga provncia africana. H tambm o Il se Kal Bkun, da clebre Me Estelita do js. Alm do Candombl de Seu Eduardo e o Kal Bkun, havia o Candombl do Olrk. Meu Pai Tarrafa, venervel gn baiano, um dos meus Mestres, que fora suspenso no Olrk,30

certa vez me disse que na Casa de Dona Matilde (assim que ele chamava a casa), tocava-se somente js. Narrou-me que, a prpria Divindade de Dona Matilde quando chegava a terra, entoava certos cnticos no ritmo js, tal como Olrk Olrk. Comentava que era algo muito bonito, pois ao som do js (tocava-se somente js) as pessoas danavam em homenagem Divindade da Casa. Outra importante casa, cujo toque era o js, era a de Jlia Bugan, na Lngua de Vaca. Na casa de Me Jlia Bugan, o ritmo do js era tocado por mulheres, nos tambores chamados Il Bata Demi. Essas mulheres poca das festividades de sun iam at o Gantois, tocando nestes tambores, onde eram recebidas por Me Menininha. Achei oportuno esse intrito, ante a importncia deste toque para o Candombl e, sobretudo, por js no ser somente um ritmo, mas tambm uma Nao. Mas, como enuncia o ttulo: js de Lgn Ede no o mesmo js de sun? No! No o mesmo! H uma confuso generalizada no que diz respeito ao Toque de js de Lgn Ede. Nesse sentido, no preciso discorrer muito, basta observar a dana. Vejamos, se os toques do Candombl esto com consonncia com a dana dos Orixs, como fica a dana de Lgn Ede, com o js de sun?31

Bom, vou procurar mostrar essa diferena, fundamentando-me em 4 discos, todos realizados por renomados membros do Candombl. So eles: js js js js de de de de sun: Cinqentenrio de Me Menininha; sun: Odn Orin; Lgn Ede: Candombl da Casa de smr; Lgn Ede: Luiz da Murioca.

O js de sun: Antes do que vou dizer, importante frisar que, h diferenas entre casas, mas vou falar sobre o modo o qual aprendi e da forma que est registrada nos Discos de Me Menininha e no Disco Odn Orin. Assim sendo, importante saber que em nenhum dos trs atabaques, o toque de js executado da mesma forma. Ou seja, a marcao no Hunl (o menor dos atabaques) distinta do Hunpi (mdio) e, obviamente do Hun (o maior dos trs e que faz as variaes). Alm disso, h a importante marcao do Agogo. Como sei que muitos vo indagar: O Hunpi diferente do Hunl? Peo que escutem atentamente a faixa de sun, do disco Odn Orin (pode ser o de Me Menininha tambm, mas pelo fato da gravao ser antiga, o ouvido tem que estar bem apurado, razo pela qual peo que escutem o Odn Orin. Est bem mais fcil de identificar a diferena).32

Bom, peo que vejam (com ateno) a marcao bsica do Hunl, iniciada aos 23 segundos (slep, "slep, open, slep" 1, 2, 3). Aos 25 segundos, entra o Hunpi, com uma marcao de 4 batidas invertidas (totalmente distintas do Hunl, identificaram?). Esse o chamado js de sun. E o js de Lgn Ede? Bom, valho-me do antolgico disco de Seu Luiz da Murioca e do Disco de Meu Tio Erenilton: CLIQUE AQUI (SEU LUIZ DA MURIOCA) CLIQUE AQUI (OGAN ERENILTON) Aqui no h muito que dizer, basta ouvir a diferena deste js (de Lgn Ede) nestes dois Discos, para o js de sun, constantes nas outras gravaes. Basta falar que, no js de Lgn, diferente do js de sun, o Hunpi e Hunl comeam com batidas e tempos diferentes. Vejamos: Vamos tentar ilustrar da seguinte forma: Open (batida aberta) e Slap (a batida seca fechada).

Hunl do js de sun:Slap Open Slap

Hunl do js de Lgn Ede:

Open Open Slap Open Slap Slap Slap Open Open Bom, nesse sentido, acho que a diferena notria. Vale destacar, tambm que, no js de sun, h casas (das trs principais escolas) que a marcao no Hunpi e no Hunl a mesma. Mas em todas, o js de Lgn Ede distinto do js de sun. Parece algo simples, mas h uma diferena significativa. Muitos almejam as 17 passagens da Hamunya ou Toque Daju-a, mas h ainda, uma profuso de toques que devemos nos atentar e que esto sendo esquecidos. Espero, uma vez mais, ter esclarecido um pouco sobre mais um dos importantes toques do chamado Candombl Ng-Ktu, o qual perteno.

http://www.opotunvinicius.com/2011/08/ijesa-de-logun-ede-nao-e-omesmo-ijesa.html33

Por gn Carlos Vincius (ptn do Il se Ibalmo SP)

Folha do Ms

Ew Kkndnk, a Mestra das folhas quando o Dia nasceNome Yorb = Ew Kkndnk. Nome Popular = Folha de batata-doce. Nome Cientfico = Ipomoea batatas. Ew kkndnk uma folha feminina, de r (apaziguamento), ligada ao elemento gua e tambm ao elemento terra, nasce na gua e tambm na terra. uma folha de prosperidade e multiplicao. Por isso que a principal divindade ligada ao se desta folha smar - Divindade ligada tanto ao elemento gua, quanto ao elemento terra, e uma das principais divindades yorb da prosperidade. A origem desta folha (planta) as Amricas, muito cultivada ds de pocas pr-coloniais no Mxico e no Per. Kkndnk uma folha de grande importncia, tanto na liturgia yorb, onde conhecida pelos nomes de dnkn, nm yy, dnkn dnm e dunms, quanto na liturgia dos Candombls Jeji-Ng. utilizada em Omir (banho de folhas apaziguadoras), gbo gbr (banhos compostos por diversos34

elementos de origem vegetal, animal e mineral, utilizado em iniciaes) de iniciados dos rs smar, Nn e yw. Em gn (medicinas) curativas e mgicas e etc. Seus frutos, kkndnk funfun (batata-doce branca) e kkndnk pupa (batata-doce vermelha ou roxa) so utilizados em oferendas, a batata-doce vermelha em oferendas smar. So utilizados tambm em ebo (oferendas) para atingir a prosperidade. E quando utilizadas com um determinado of encantamento, despertam smar. A batata-doce branca utilizada em oferendas a Ymoja, gn e em algumas casas Sng (yr). Medicinalmente, a folha de batata-doce utilizada cozida em casos de tumores e inflamaes, sobretudo na boca e na garganta, aplicando-se em gargarejos.

Efun leb l kojmon Efun leb l kojmon Knkndnk Olr ew Efun leb l kojmon Quando o dia nasce. Quando o dia nasce. Kkndnkn a mestra das folhas. Quando o dia nasce.Por Hrick Lechinski (Ejtol Tsmr)

35

Criao do Mundo segundo a Tradio Bantu

Segundo a histria tradicional contada pelos mais idosos e categorizados Nganga (sacerdotes) de tribo bantu (Angola), que todos os povos negros descenderiam dos Bungu e estes diretamente do Nzambi (Deus Supremo da mitologia bantu). Eis a histria tal qual foi contada, da criao do Mundo e a ascendncia divina destes povos. Nzambi, a quem tambm chamam Ndala Karitanga (Deus criador de si prprio), Nzambi ia Kalunga (Deus Supremo e Infinito) e Nzambi Ampungu (Deus Poderoso), depois de ter criado o Mundo e tudo quanto nele existe , criou uma mulher para que fosse sua esposa e para que, por seu intermdio, pudesse ter descendncia humana, a fim de que esta povoasse a Terra e dominasse todos os animais selvagens, por ele criado. Disse a sua esposa que passaria a chamar-se N Kalunga, em virtude da filha que iria dar a luz, se chamar Kalunga. Com efeito, tal como Nzambi tinha anunciado, passados nove meses, nasceu sua filha. Esta foi crescendo como qualquer criana normal, junto de seus divinos pais, na Sanzala dia Nzambi (aldeia de Deus). Logo que sua filha atingiu a puberdade, Nzambi, informou N Kalunga, sua esposa, que tencionava mostrar para Kalunga, sua filha, tudo que havia criado e que aps trs meses retornaria. Esta resoluo no agradou divina esposa que tentou opor-se a que sua filha o acompanhasse. Porm Nzambi lembrou-lhe que ela tinha sido por ele criada para lhe obedecer, visto que, alm de seu marido, era tambm seu Deus. Contrariada, mas impotente para obrigar Nzambi a desistir do seu intento, limitouse a deixar ir filha com o pai, enquanto ela ficou a chorar amargamente.36

Logo que anoiteceu, Nzambi, instantaneamente, construiu uma Kuabata (palhoa), na qual instalou uma s cama. Ao ver nico leito, a filha recusou-se a dormir com o pai e saiu, a chorar da cabana. Ao ver a recusa da filha e no podendo convenc-la de outra forma, disse-lhe que se no viesse imediatamente para junto dele, seria devorada pelas feras que infestavam a floresta. Transitada de medo pelo que acabava de ouvir, Kalunga entrou novamente na cabana, deitou-se junto de seu pai e com ele dormiu no s naquela noite, mas durante todo o tempo que durou a viagem. Finda esta, regressaram a casa e, N Kalunga, tal como tinha previsto, verificou que a filha estava grvida do prprio pai. Enraivecida pelo fato e pelo desgosto, no meio das maiores blasfmias, enforcou-se numa rvore, perante os olhos atnitos da filha e de Nzambi, que nada fez para evitar tal suicdio. Desgostoso pela atitude da mulher, que no compreendeu os seus desgnios para povoar o Mundo que ele tinha criado, mostrando ser indigna de continuar a ser esposa daquele que lhe tinha dado o ser, em vez de lhe dar vida, novamente, a amaldioou e transformou-a num esprito maligno, a quem deu o nome de Mulungi Mujimo (ventre ruim da primeira me que existiu na Terra). A partir dessa altura, Nzambi passou ento a viver maritalmente com sua filha Kalunga, a qual depois da morte da me passou a chamar-se tambm Ndala Karitanga e a ser a segunda divindade. Algum tempo depois da morte de sua me, durante um sonho, teve uma viso que deixou apavorada. Viu a me com a cabea apoiada nas mos, a olh-la com rancor e a insult-la, dizendo que ainda ia devor-la, enquanto ela envergonhada, pedia perdo a me e dizia que de nada era culpada, posto que, seu pai a tal a tinha obrigado. No meio desta aflio, acordou e contou ao pai o pesadelo. Este a sossegou, dizendo-lhe que nada receasse daquela que tinha sido sua me e que agora era esprito mal, pois nenhum mal lhe poderia fazer, mas apenas lhe pedir comida. Portanto, disse Nzambi, vamos dar-lhe. Levantaram-se ambos e Nzambi preparou um pequeno montculo de terra, junto da porta casa simulando uma sepultura. Disse ele ento a filha, que fosse buscar carne e outra comida e a pusesse sobre aquela sepultura, proferindo, ao mesmo tempo, as seguintes palavras: Mam nzanga ua-ku-kurila. Halapui-

la kanda uiza kuri yami nawa: ny ngu-na-ku mono nawa, ngu neza ny ku ku cheha (minha me acabo de vir chorar-te; agora, no voltes a ter comigo outra vez, porque se volto a ver-te, venho matarte). Nzambi (aldeia de Deus).37

Logo que sua filha atingiu a puberdade, Nzambi, informou N Kalunga, sua esposa, que tencionava mostrar para Kalunga, sua filha, tudo que havia criado e que aps trs meses retornaria. Esta resoluo no agradou divina esposa que tentou opor-se a que sua filha o acompanhasse. Porm Nzambi lembrou-lhe que ela tinha sido por ele criada para lhe obedecer, visto que, alm de seu marido, era tambm seu Deus. Chegado que foi o tempo, Kalunga deu luz um filho ao qual Nzambi deu tambm, o nome de Ndala Karitanga, passando este a ser a terceira divindade. Logo que o seu filho-neto cresceu e atingiu a adolescncia, Nzambi ordenoulhe que casasse com sua me Kalunga, para que esta concebesse dele muitos filhos de ambos os sexos, a fim de povoarem a Terra e dominarem todos os animais. Cumprindo as ordens de Nzambi, sua filha e seu filho-neto casaram e tiveram um filho e uma filha. Quando estes chegaram maioridade, Nzambi ordenou, ento, que o primeiro casasse com sua me e a filha casasse com seu pai, dizendo que j no se justificava a primeira unio que ele tinha ordenado, informando-os, ainda que depois daquelas unies, as seguintes se fizessem ss entre primos. Por fim, depois de lhes ter ensinado tudo o que deveriam fazer, para a que sua descendncia crescesse e multiplicasse, para que lutasse contra as doenas e os38

feitios que um dos descendentes do sexo feminino, viria a possuir, porque ele lhes legaria. Disse, tambm, que viriam outros descendentes divinos e que aps deixarem a vida terrena, cada um dentro de sua atribuio, iria supervisionar o mundo que ele havia criado. Nzambi despediu-se de todos, chamando depois, o seu co, que sempre o acompanhava, dirigiu-se para Sanzala Kasembe di Nzambi (Aldeia Encantada de Deus), e dali subiu para o espao, levando consigo o co. Naquela altura as rochas estavam moles, por terem sido formadas a pouco tempo. Ainda hoje se podem observar as pegadas esculpidas, numa rocha ali existente, especialmente do p direito de Nzambi, assim como da pata dianteira do seu co, estas pegadas existem tambm em diversas outras rochas espalhadas por toda a frica, incluindo Angola.(vide pr - histria da Lunda do autor). Foi, pois, dali, que o Nzambi subiu TCHEUNDA TCHA NZAMBI (aldeia de deus), ou cu como ns lhe chamamos, onde se conserva, atravs dos sculos, para recompensar os bons e castigar os maus. A pergunta feita a diferentes sacerdotes bantu, como e quem foi que criou Nzambi, eles responderam que, sendo ele Ndala Karitanga, se deve ter criado a si mesmo e que tudo o mais mistrio que jamais algum conseguiu ou conseguir desvendar. A resumida lenda que acabamos de expor, foi contada por dois velhos naturais da regio do Sombo, conselho de Camissombo. Um chamava-se Tchinjamba S Fuca e o outro S Hongo, ambos j falecidos. O primeiro morreu no Luaco, o segundo faleceu na sua terra natal com cerca de 90 anos em 1994. Comprovao feita pela Seo de Arqueologia e pr-histria do Museu do Dundo-Angola, de que so originais e no forjadas por mos humanas. Segundo as indicaes dos nativos, a Sanzala Kasembe di Nzambi, situa-se entre os rios Luembe e Kasai, junto da nascente do Mbanze. Do-lhe estes nomes, por estar perto do Meue (estrangulamento) do Kasai. Neste ponto, o rio tem apenas cerca de quatro metros de largura. Segundo a tradio oral, foi junto nascente do Mbanze que se estabeleceram, primeiramente, os chefes e autoridades divinas, Ndumba ua Tembu, Muambumba, Muaxisenge e outros, quando fugiram soberania do Muatianvua. Foi naquele mesmo ponto que mais tarde, reuniram-se novamente, e ali planearam a separao e distribuio de terras que cada um deveria ocupar.39

Lenda a narrao escrita ou oral de carter maravilhoso, na qual os fatos histricos so deformados pela imaginao popular ou pela imaginao potica *. Nzambi s.m. Deus Criador. Autor da existncia e de suas caractersticas dominantes - o bem e mal.

Conquanto seja o Ente supremo, no rege diretamente os destinos do Universo. No tocante ao nosso planeta, serve-se de intermedirios a entidade espiritual. Em face das atribuies de que se revestem, assumem o carter de semideuses. Por efeito desse privilgio, a elas, pois, a quem os crentes se dirigem em suas emergncias. Decorrentemente, a quem prestam culto. Enquanto as entidades espirituais permanecem nas profundezas do globo. Nzambi paira em toda parte, sem lugar determinado. Pelo alheamento a que votou os problemas mundanos, s so invocados em ltima instncia. Tal como noutros povos, tambm existem sinnimos para design-lo, Kalunga, Lumbi lua Suku, etc. Kalungangombe, o juiz dos mortos, tem o poder de suprimir a existncia. Mas, se Nzambi no concordar com a deciso, o mortal continuar subsistindo. Portanto, intervm quando necessrio.

Do Livro: Crenas, Adivinhao e Medicina Tradicionais dos TCHOKWE do Norte de Angola Por Tata Mungangaiami, CuritibaPR.40

CULTURA VDN, A NAO JJ NO BRASIL

Como costume da maioria dos povos no mundo, o culto aos antepassados um elo com o passado que d sentido e justifica o presente e faz projetar o futuro. Esse tipo de culto movido pela admirao, saudade e tambm utilizado como um orculo de orientao e aconselhamento. A terminologia Vdn designada para explicar os fenmenos da natureza e como deificao de ancestral. Este um costume dos Povos que habitam o Benin, Togo, Gana e Nigria. Fazendo um recorte tnico poderamos falar que tal nome Vdn usual dos Povos Fn, Gn, Aj (antigo w), Bariba e Somba. Falando sobre Vdn, podemos dizer que um grande raio que cai sobre uma rvore pode ser chamado de Vdn e como um ancestral que teve uma grande relevncia aos olhos de um povo tambm pode ser elevado ao status de Vdn. Em sua ptria-raiz, o Benin, o Culto aos Vdn de extrema importncia para constituio familiar, fazendo um tipo de organograma de importncias e organizando a questo hierrquica dentro da chamada Hnn ou famlia. O culto tambm importante como resgate e manuteno das tradies mais remotas das famlias tradicionais do Benin e assim mantendo-se vivo o elo com o passado.41

O Culto preserva muito a questo familiar tendo em seu mais velho o chamado Hnngn ou tambm conhecido como D o Grande Patriarca. Entrando no mbito religioso e apoiado nos costumes familiares a religio Vdn Vdnsnsn organizada por cls como as famlias no Benin so organizadas e com o mesmo cunho orgranomtico onde os Vdn so divididos por cls. E cada cl tem o seu fundador chamado de Ak Vdn que a liderana e o mais respeitado, ele tambm recebendo o nome de Gbengn, Ak n , Ak s ou Dd/D. Existem outras variveis de nomenclaturas para tal cargo dependendo do costume de cada povo ou famlia. Tambm atribudo a cada Vdn um domnio de algum fenmeno da natureza ou costume como a caa, pesca, guerra, agricultura e afins. O que ns conhecemos como Culto Vdn com tais divises e organizao foi fruto do pensamento de um revolucionrio que viveu entre os sc. X e XI com o nome de Yeg Tenn Gesu, filho do Rei Ten Ges da cidade de Td que mais tarde o jovem Yeg seria conhecido como Ags (O Bastardo), Ajhut (O matador de Aj), Kp v (O filho da pantera), Kp s (A Pantera-macho), Ddx (O grandioso Patriarca) e como K kpon (O rei fundador da terra). Ele foi o fundador da cidade do Allada e seus filhos fundaram muitas cidades e como principais a cidade do Dnxom, Glnxw, Ajc ou Hgbn (Porto Novo). O culto tem uma diviso bsica entre dois elementos: y (Terra) e J (Cu) e assim temos os yvdn que seriam os Vdn ligados aos elementos e fenmenos da Terra que encabeado por Skpt e os Jvdn que seriam os Vdn ligados aos elementos e fenmenos do cu que encabeado por Xbyos. Dentro desta diviso existem subdivises e classificaes como exemplo: yvdn: Vdn da terra Znvdn: Vdn da floresta. Atnhnv: Vdn que habita o interior das rvores. No seria: tnmvdn ou tnvdn Svdn: Vdn do trovo e raio. T vdn: Vdn das guas Hnnvdn: Vdn de ancestrais reais. Em relao s prticas religiosas existem tanto no Benin quanto no Brasil cerimnias pblicas e privadas. Isto uma caracterstica do Culto Vdn e a participao da comunidade de extrema importncia, pois as festas pblicas so realizadas para o contato dos ancestrais com os seus descendentes, assim acontecendo uma troca importantssima entre o passado e o presente. No Benin os cultos mais importantes so dos Hnnvddn por estar mais prximo a uma realidade atual, porm existem os cultos tradicionais que podemos destacar trs: Xbyos, Skpt e Dn. No Brasil a herana dos cultos reais pouco ficou, mas dos trs principais Vdn, sim!42

Em suma, podemos dizer que o Culto Vdn basicamente uma forma de cultuar ancestrais e fenmenos da natureza. Estes dois misturam-se quando o culto praticado assim como, exemplo: Sgb um Vdn ancestral ligado ao poder do raio. No Brasil, algumas formas de Culto chegaram como O Kerebetn de Zmdon (Tradio dos Mina/Dnxom - Maranho), Os Tambores do Egito e Turquia (Tradio Ewe, Fanti, Ashanti e Aj Maranho), Zo godo Bogun Male Hund (Tradio dos Max/Bariba - Bahia), Xwe Sej Hn De (Tradio dos Max/Bariba - Bahia), Xwe Kpo Zenhen (Tradio dos Aja/Ayizo Bahia), Xwe Kpo e Ji (Tradio dos Max/Saval - Bahia), Casa Amarela (Tradio dos Fn/Dnxom Pernambuco), Xw Kp Dgb (Tradio dos Mx/Ald Rio de Janeiro) e tambm em algumas casas no Sul do Brasil dentro do costume do rito Batuque. Em relao relevncia do nome do Culto no Brasil temos O Kerebetn (Xwlegbetan) de Zomadonu com os Cultos Reais, Os Tambores com os Vdn Togolses e Ganses, Zo Godo Bogun Male Hund com o culto aos Svdn, Xwe Se J Hn De com os cultos a Dn e Skpt, Xw Kp Dgb com o culto a Sakpat, G, Dn, Atl e J .

Por Ralph Mesquita (Dot Vodnn Zodav Fasv Xebyosos)43

Umbanda, Uma Religio tipicamente brasileiraA Umbanda uma Religio tipicamente Brasileira, nasceu no Brasil, em meados do sculo XX, mais precisamente em 1908, nasceu da miscigenao das diversas raas e credos existentes em nosso Pas. Foi oficialmente conhecida no RJ, em subrbios cariocas. Adaptada ao modo de vida do brasileiro uma religio de fcil acesso a todos e sem discriminao alguma. E ao contrrio, sofre grande discriminao, principalmente por parte das religies protestantes. A Umbanda estruturada, moralmente, em trs princpios: fraternidade, caridade e respeito ao prximo. Admite um deus criador, conhecido como Olrum ou Zambi, que o criador de tudo e todos. Seus adeptos (chamados tambm de "umbandistas" ou "filhos de f") cultuam divindades denominadas Orixs e reverenciam espritos chamados Guias.44

Sua orientao espiritual ou doutrinria feita pelos Guias - espritos que atuam na Umbanda sob uma determinada linha de trabalho que, por sua vez, est ligada diretamente a um determinado Orix. Os guias tm sapincia e conscincia da natureza humana e os atributos para que essa humanidade possa evoluir e seguir por um caminho melhor. Os guias se manifestam atravs da mediunidade dos mdiuns, sendo a prtica da incorporao a matriz do trabalho deles -

ato pelo qual uma pessoa mdium, inconsciente, consciente ou semi-consciente, permite que espritos falem atravs de seu corpo fsico e mental. Os espritos possuem diversos arqutipos pelos quais se apresentam atravs da incorporao. Cada arqutipo est ligado a uma determinada Linha Espiritual. Como exemplos desses arqutipos podemos citar: - Caboclos; - Boiadeiros; - Pretos-velhos; - Baianos; - Crianas; - Exs e Pombogiras, entre outros.

Os arqutipos so roupagens utilizadas pelos guias para se apresentarem nos terreiros e no espritos que, necessariamente, tenham sido escravos, ndios ou crianas, embora existam aqueles que realmente o foram. Cada terreiro ou conglomerado de terreiros tm a sua forma de interpretar e manifestar a Religio de Umbanda. So diversos ritos que diferem de casa para casa. Alguns utilizam atabaques, j outros, no utilizam tais instrumentos, preferindo somente o ritmo das palmas e o cntico dos pontos cantados. De maneira geral, toda gira de Umbanda inicia-se como o processo de defumao - elemento caracterstico de quase todas as giras - que consiste na queima de ervas e essncias, com a finalidade de limpeza da matria e do esprito, e do ambiente do terreiro antes do incio da sesso e do trabalho das entidades que ali estaro. Normalmente as giras se iniciam com os pontos cantados, defumao e a incorporao. As giras variam de casa para casa e podem ser de atendimento e/ou de desenvolvimento, especficas para cada grupamento de entidades, ou seja, gira de pretos-velhos, de caboclos, de crianas etc. Nas giras de atendimento os mdiuns incorporados pelos seus guias45

(caboclos, pretos-velhos, crianas, etc.), procedem ao atendimento espiritual ao pblico, em que todos so convidados a se consultarem com um guia e/ou a tomar um "passe". Nas giras de desenvolvimento, os mdiuns da casa so desenvolvidos pelos guia chefe da casa ou por outros guias mais experientes, para o trabalho espiritual. O desenvolvimento (que tambm varia de casa para casa) consiste em "chamar" o guia do mdium e "firm-lo" nesse mdium at que ele, o guia, possa incorporar sem a necessidade da ajuda de um guia mais experiente.

Durante o processo de desenvolvimento, os mdiuns passam por diversos rituais, como: amacis, camarinhas, deitadas, oferendas, etc. Os quais so fundamentados e variantes para cada forma de Umbanda existente. A Umbanda tem origens variadas (dependendo da vertente que a pratica). Em meio as festas nas senzalas os negros escravos comemoravam os Orixs por meio dos Santos Catlicos. Nessas festas eles incorporavam seus Orixs, mas tambm comearam

a incorporar os espritos ditos ancestrais, como os PretosVelhos ou Pais Velhos (espritos de ancestrais, que no era de antigos Babalas, Babalorixs, pois esses eram cultuados no Culto aos Eguguns em Itaparica, Bahia, e nem Iyalorixs, pois, essas eram cultuadas no Culto das Iys), eram antigos "Pais e Mes de Senzala": escravos mais velhos que sobreviveram senzala e que, em vida, eram conselheiros e sabiam as antigas artes da religio da distante frica), que iniciaram a ajuda espiritual e o alvio do sofrimento material daqueles que estavam no cativeiro. Embora houvesse certa resistncia por parte de alguns, pois, consideravam os espritos incorporados dos Pretos-velhos como Eguns (esprito de pessoas que j morreram e no so cultuados no candombl), tambm houve admirao e devoo. Com os escravos foragidos, forros e libertados pelas leis do Ventre Livre, Sexagenrio e posteriormente a Lei urea, comeou-se a montagem das tendas, posteriormente terreiros. Em alguns Candombls tambm comearam a incorporar Caboclos (ndios das terras brasileiras como Pajs e Caciques) que foram elevados categoria de ancestral e passaram a serem louvados. O exemplo disso so os ditos Candombl de Caboclo. Muito comuns no norte e nordeste do Brasil at hoje.46

No incio do sculo XX com o surgimento da Umbanda, esta que muitas vezes era realizada nas praias e que comeou a ser conhecida pelo termo macumba, pois, macumba nada mais que um determinado tipo de madeira usada para produzir o atabaque usado durante as giras; por ser um instrumento musical, as pessoas referiam-se da seguinte forma: "Esto batendo a macumba na praia", ficando ento conhecidas as giras como macumbas. Com o passar do tempo, tudo que envolvia algo que no se enquadrava nos ensinamentos impostos pelo catolicismo, protestantismo, judasmo, etc., era considerado macumba. Com isso, acabou por virar um termo pejorativo. Referncia HistricaLiterria A mais antiga referncia literria e denotativa ao termo Umbanda de HeliChaterlain, em Contos Populares de Angola, de 1889. L aparece a referncia palavra Umbanda, como: curador, magia que cura, sinnimo de Kimbanda. Viso Esotrica sobre o vocbulo Umbanda Segundo a corrente esotrica que existe na Umbanda, a origem do vocbulo Umbanda estaria na raiz snscrita AUM que, na definio de Helena Petrovna Blavatsky, em seu Glossrio Teosfico, significa a slaba

sagrada; a unidade de trs letras; da a trindade em um. uma slaba composta pelas letras A, U e M (das quais as duas primeiras combinam-se para formar a vogal composta O). a slaba mstica, emblema da divindade, ou seja, a Trindade na Unidade (sendo que o A representa o nome de Vishnu; U, o nome de Shiva, e M, o de Brahm); o mistrio dos mistrios; o nome mstico da divindade, a palavra mais sagrada de todas na ndia, a expresso laudatria ou glorificadora com que comeam os Vedas e todos os livros sagrados ou msticos. As outras palavras componentes se supem, como: Bandha, de origem snscrita, no mesmo glossrio significa lao, ligadura, sujeio, escravido. A vida nesta terra. Autores dessa corrente esotrica, analisando as duas palavras, definiram Umbanda como sendo a juno dos termos Aum + Bandha, que seria o elo entre os planos: divino e terreno. A palavra mntrica Aumbandha foi sendo passada de boca a ouvido e chega at ns como Umbanda. E assim nasce a nossa adorada Umbanda, uma religio tipicamente brasileira.

Texto adaptado por Hrick Lechinski (Ejtol Tsmr)

Caboclos De um Brasil CabocloA denominao caboclo, embora comumente designe o mestio de branco com ndio ou o mulato de cor bronzeada com cabelos corridos, tem, na Umbanda, significado um pouco diferente. Caboclo, para ns umbandistas, so almas de ndios que se incorporam no cavalo, como denominam o mdium que lhes d passividade. Os ndios que baixam nos terreiros so os mesmos habitantes das terras brasileiras, antes e depois de seu descobrimento at nossos dias. Constituem o brao forte da Umbanda, muito utilizados nas sesses de desenvolvimento dos mdiuns, curas atravs de ervas e simpatias, desobsesses, soluo de problemas psquicos e materiais, represso a espritos malvolos, principalmente eguns (espritos errantes ou almas penadas), demandas, materiais e espirituais e uma srie de outros servios e atividades executados nas tendas. H quem julgue que, por se tratar de espritos de selvagens como so tidos pela maioria das pessoas que se dizem civilizadas so ignorantes, maus, rudes e atrasados. Para compreende-los melhor, vamos buscar seus usos, costumes e atividades, na Histria do Brasil. Quando Pedro lvares Cabral aqui aportou, encontrou seres humanos vivendo em estado quase primitivo: os indgenas. Viviam eles exclusivamente de caa, pesca e colheita de frutos silvestres, formando naes e tribos com usos e costumes praticamente semelhantes.

Os mais adiantados plantavam milho, mandioca e fumo. Moravam em toscas choupanas cobertas de palhas, andavam geralmente nus com pequena tanga de penas e adornavam o corpo com pinturas de cores vivas, colares, braceletes, brincos e bugigangas, feitos de pequenos ossos, dentes de animais, madeira e penas coloridas de aves. Quando a caa rareava e a pesca se tornava insuficiente para o sustento da tribo, mudavam-se de lugar. Eram nmades. A indstria era, principalmente, voltada para a guerra, caa e pesca. Fabricavam a lana, o arco, a flecha, armadilhas, cordas, redes, peneiras, balaios, potes, urnas e utenslios de barro, bem como canoas feitas de um s tronco de rvore ou balsas de vrios troncos amarrados. Para a caa, utilizavam vrios tipos de armadilhas, at hoje usadas no interior, como o lao que capturavam pssaro; caavam, tambm, ateando fogo ao mato, mas deixando um estreito caminho por onde os animais tentavam fugir, sendo aprisionados e mortos. Para a pesca, utilizavam redes, chamadas pus,

47

flechas que atiravam nos peixes maiores, anzis e uma planta conhecida como timb, a qual jogada na gua matava os peixes. Os que habitavam o litoral calavam tubares, dos quais tiravam os dentes para fazer pontas de flechas ou lanas. Nas festas, ingeriam bebidas alcolicas extradas da fermentao do milho (cauim), mandioca, caju ou do jenipapo. Era costume furar as orelhas, nariz e lbios, onde enfiavam pedaos de ossos ou de madeira para servir de enfeites. Da reunio de choupanas ou taperas, casas feitas de pau e barro, cobertas de palha, formavam a taba ou aldeia, geralmente rodeada por uma cerca de paus, para proteo contra ataques inimigos, em cuja entrada penduravam o crnio de inimigos mortos. Os homens dedicavam-se caa, pesca e, principalmente, guerra, enquanto as mulheres trabalhavam na cozinha, manufatura de tecidos, louas, fabrico de bebidas fermentadas e nos trabalhos de plantao e colheita. Obedeciam a um chefe, sempre o mais forte e valente guerreiro, a que chamavam morubixaba e eram assistidos por um mais velho, sacerdote, curandeiro e adivinho, a quem devotavam grande respeito: o paj. Certas tribos eram antropfagas (comiam carne humana). Acreditavam em um deus poderosa, chamado Tup, adoravam o Sol (Guaraci) e a Lua (Jaci). Acreditava, tambm, em vrios gnios ou espritos bons e maus, senhores da guerra, da morte e da caa. Havia, outrosim, os espritos malficos, sendo o mais temido o Anhang (diabo velho), que lhes impunha os sonhos maus e pesadelos. Os ndios adoravam muito as poracs, tipo de danas guerreiras ou religiosas, animadas ao som da membi (buzina), inbia (flauta ou corneta de guerra), marac (chocalho), ua (tambor) e outros. Os dois maiores grupos de indgenas eram os Tupi-guaranis e os Js ou Tapuias. Os primeiros, mais adiantados, falavam uma lngua geral e comum a todos: O Nhengat ou Tupi antigo. Os do segundo grupo possuam vrias lnguas e eram mais atrasados, praticando inclusive o canibalismo.48

Os tupis habitavam quase toda a costa brasileira e viviam constantemente em guerra, com outras tribos, sendo, por isso, excelentes guerreiros e hbeis canoeiros. Dividiam-se em naes numerosas, formando tribos menores, tais como, guaranis, omguas, tupinambs, tupiniquins, carijs, potiguares, maus, caets, tamoios, guaians, etc. J os tapuias ou js, formavam os xavantes, caiaps, caingangues, botucudos e outros. Havia tambm, outras naes ou grupos menores: Os Nuaruaques, especialistas na fabricao de objetos de arte e cermica, utenslios de barro, que faziam com muito aprimoramento; os Caraibas, bem atrasados e bastante cruis, adotando a antropofagia como alimentao. A influncia indgena foi bem acentuada, tanto no vocabulrio como na alimentao, folclore, uso e costume do povo brasileiro.

Na Umbanda, sua contribuio foi significativa, dando-nos a linha de Oxssi, totalmente integrada por espritos de ndios e ndias, bem como vrios deles trabalhando em outras linhas. Deles obtivemos infinidade de palavras at hoje usadas: capim, catapora, mandioca, pipoca, jaguar, manac, mocot, e nomes de cidades, rios e acidentes geogrficos: Araatuba, Itapira, Tiet, Itapeti, Jaragu, etc. No obstante sua existncia rude, inculta, brbara at, no quer isso dizer sejam espritos malvolos ou atrasados. No tocante Cincia Curativa, so exmios conhecedores das ervas de nossa flora medicinal. Muitos que hoje vm aos terreiros, foram pajs, velhos curandeiros ou magos, tanto que so utilizados em trabalhos de cura atravs de ervas, demandas espirituais pois, foram hbeis guerreiros proteo espiritual a pessoas e tendas e desenvolvimento de mdiuns, porque possuem fluidos mais grosseiros, adaptando-se perfeitamente aura do mdium principiante, por sua essncia mais primitiva. Acresce, ainda, que sob a estrutura fludica de um ndio, se esconde muitas vezes um padre, um missionrio, um pacificador indgena, um bandeirante ou um mdico, cujas primeiras existncias humanas, foram como silvcolas. Isso se explica, porque para o esprito a forma no nada, dando mais valor ao contedo divino do trabalho de caridade. Malgrado praticassem atos selvagens, no so responsveis por suas faltas e crimes, em razo do pouco entendimento que possuam. Deus leva em conta a inteno maldosa, a m-f, a perverso, a malcia, que forma a culpa individual no esprito adiantando , o mesmo no acontecendo com o ndio que, no possuindo compreenso espiritual, no sabe discernir entre o bem e o mal sujeitos a lei do Karma, como espritos que engatinham no caminho evolutivo da espcie humana, porquanto no so dirigidos pelo intelecto, pela razo,49

seno pelo instinto e reflexo animais, prevalecentes em suas mentes precrias e ingnuas, assim como as crianas, irresponsveis por seus atos, prticas e costumes espontneos e inconscientes, mais prximos da natureza animal. Tanto que as leis da sociedade humana os exime de responsabilidades criminais porventura lhes atribudas e, segundo relata um Mentor Espiritual de grande sabedoria, a alma do ndio no sofre as consequncias dolorosas aps a morte do corpo fsico, como sofrem os civilizados j cientes da tica e moral crist, vista de seu psiquismo em formao, vivendo no astral, conhecido como Jurem ou Aruanda, um lugar formado por bosques e campos etreos, caando e pescando como faziam quando encarnados, sem nenhum constrangimento ou dores morais. Quando baixados nos terreiros, so energticos e autoritrios, mostrando-se intolerantes com a hipocrisia e fraquezas dos filhos de f. Conservam os mesmos hbitos e costumes adotados na Terra, razo por que se lhes do o arco, a flecha, a tanga de penas, o cocar, o charuto e outros apetrechos que lhe so familiares.

Texto de J. Edison Orphanake (Sacerdote de Umbanda e autor de vrios livros Umbandistas, dentre eles, Conhea a Umbanda)

Os Ciganos na Umbanda

Falar sobre o denso universo cigano tratar de um assunto bastante complexo. Talvez muitos ainda no conheam a fundo esse povo que prima pela inteligncia, pela luz, inspirao, magia, energia, o amor e a fora que cada um tem dentro de si. O grande universo cigano riqussimo em magias de todas as finalidades, principalmente na Grande Magia de viver. Irmos do Sol e da Lua, utilizam a natureza para fazer seus feitios e magias, filhos dos ventos e das estrelas so um povo sofrido, sem nenhum apoio governamental, esto espalhados pelo mundo inteiro, levam uma vida sofrida e dura sem nenhum conforto ou moleza. Trabalham intensamente a cada dia, enfrentam preconceitos, dificuldades de todo o tipo, mas ainda assim so um povo que onde passam deixam alegria, religiosidade, tica, conhecimentos esotricos e deixam sobre tudo o grande valor do amor e da vida como ela simplesmente . Existe uma legio de espritos ciganos que viveram entre ns, que ainda em sua vida terrena, j eram mestres, de grande entendimento sobre o mundo espiritual. J buscavam luz como forma de atenuar os problemas de ordem fsica, moral e astral. Fazendo desta forma um trabalho que emana amor. Os Espritos Ciganos so como todos os outros espritos e tambm dispe da liberdade do livre arbtrio. Hoje existe uma discusso muito grande sobre o trabalho destes amigos astrais em linhas no apropriadas para Ciganos, como a Umbanda, por exemplo, torno a dizer que o livre arbtrio ddiva de Deus, e assim sendo, podem estes espritos entrar em qualquer linha espiritual que lhe convenha.50

Os ditos Ex Wladimir, Ex Cigano, Pombagira Cigana, Ciganinha da Estrada, e muitos outros, so espritos que por vezes assim se apresentam para a melhor identificao de seus mdiuns e clientes, trabalhando com o mesmo padro apresentado e conhecido. A denominao destes espritos para os prprios pouco importa, se para