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TRIBUNA DO DIREITO TRIBUNA DO DIREITO 1 TRIBUNA DO DIREITO ANO 16 - Nº 190 FEVEREIRO DE 2009 R$ 7,00 15 ANOS A crise vai chegar ao Judiciário T sunami, maro- linha ou vaga- lhão, a certeza é que a crise fi- nanceira mun- dial vai atingir também o Judiciário. Os cálculos mais modestos indicam uma queda na receita deste ano de quase R$ 11 bilhões. Isso apesar de o orçamento deste não já ter tido uma re- dução de R$ 10,2 bi- lhões. Um dos primeiros reflexos será o adiamen- to de concursos públicos e preenchimento de car- gos. O orçamento do Ju- diciário para 2009 é de R$ 30 bilhões (em 2008, foi de R$ 26,5 bilhões). Percival de Souza mos- tra que, além de tudo isso, a máquina funcio- nal carrega “um fardo de irregularidades difícil de identificar”. Virgílio Afonso da Silva e a reforma política Caderno de Livros O ministro Rider está em “Gente do Direito” Página 21 Internet Í n d i c e AASP 4 Advocacia 7 e 20 À Margem da Lei 29 Cruzadas 29 Cursos/Congressos 15 Da Redação 3 Mais os Cadernos de “Livros”, “Jurisprudência” e “Exame de Ordem” Direito Constitucional 14 Direito de Família 5 Direitos Humanos 8 Direito Imobiliário 6 Dos Leitores 3 e 10 Ementas 26 SEGUNDA FASE DO 137º EXAME DE ORDEM SERÁ ESTE MÊS Caderno Exame de Ordem Gente do Direito 21 Hic et Nunc 14 In Memoriam 23 Lazer 29 a 31 Legislação 22 Nos Tribunais 2 Notas 13 Paulo Bomfim 31 Poesias 31 Seguros 10 Seminários/Treinamento 15 Trabalho 27 e 28 Paulo Junqueira A questão da Carteira dos Advogados Págs. 4, 9, 10 e 20 Paulo Junqueira Págs. 18 e 19

Edição Fevereio 2009 nº 190

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Page 1: Edição Fevereio 2009 nº 190

TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO 1FEVEREIRO DE 2009

TRIBUNA DO DIREITOANO 16 - Nº 190 FEVEREIRO DE 2009 R$ 7,00

15ANOS

A crise vaichegar aoJudiciárioT

sunami, maro-linha ou vaga-lhão, a certezaé que a crise fi-nanceira mun-

dial vai atingir também oJudiciário. Os cálculosmais modestos indicamuma queda na receitadeste ano de quase R$11 bilhões. Isso apesarde o orçamento destenão já ter tido uma re-dução de R$ 10,2 bi-lhões. Um dos primeiros

reflexos será o adiamen-to de concursos públicose preenchimento de car-gos. O orçamento do Ju-diciário para 2009 é deR$ 30 bilhões (em 2008,foi de R$ 26,5 bilhões).Percival de Souza mos-tra que, além de tudoisso, a máquina funcio-nal carrega “um fardo deirregularidades difícil deidentificar”.

Virgílio Afonso

da Silva

e a reforma

políticaCaderno de Livros

O ministro

Rider está em

“Gente do

Direito”Página 21

Internet

Í n d i c eAASP 4

Advocacia 7 e 20

À Margem da Lei 29

Cruzadas 29

Cursos/Congressos 15

Da Redação 3

Mais os Cadernos de “Livros”, “Jurisprudência” e “Exame de Ordem”

Direito Constitucional 14

Direito de Família 5

Direitos Humanos 8

Direito Imobiliário 6

Dos Leitores 3 e 10

Ementas 26

SEGUNDA FASE DO 137º EXAME DE ORDEM SERÁ ESTE MÊSCaderno Exame de Ordem

Gente do Direito 21

Hic et Nunc 14

In Memoriam 23

Lazer 29 a 31

Legislação 22

Nos Tribunais 2

Notas 13

Paulo Bomfim 31

Poesias 31

Seguros 10

Seminários/Treinamento 15

Trabalho 27 e 28

Paulo Junqueira

A questão da

Carteira dos

Advogados

Págs. 4, 9, 10 e 20

Paulo Junqueira

Págs. 18 e 19

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TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO2 FEVEREIRO DE 2009

NOS TRIBUNAIS

DebênturesDebêntures emitidas pela Com-

panhia Vale do Rio Doce podemser admitidas como garantia deexecução fiscal, por possuíremliquidez imediata e cotação emBolsa de Valores. A decisão éda Segunda Turma do STJ, aonegar provimento ao agravoregimental interposto pela Fa-zenda que tentava modificardecisão do ministro HumbertoMartins. (RESP 1039722)

IPIA Segunda Turma do STJ de-

cidiu que a empresa PamperCalçados tem direito ao crédito-prêmio do IPI sobre exportaçõesrealizadas entre junho de 1983 eoutubro de 1990. Os ministrosderam provimento parcial ao re-curso da empresa, que recorreuda decisão do TRF-4, que haviaconsiderado que o benefício teriasido extinto. (RESP 465097)

Ex-combatentesA Sexta Turma do STJ man-

teve a equiparação dos benefí-

cios dos ex-combatentes ao salá-rio da ativa, e rejeitou recurso doINSS. De acordo com o relator,ministro Og Fernandes, os atosadministrativos limitando o teto re-muneratório não tem respaldo le-gal. Ele considerou que os pensi-onistas devem receber benefíciosem valor equivalente a que teriadireito o instituidor de pensãocaso fosse vivo. (RESP 614973)

Educação FísicaO STJ anulou exoneração do

professor de Educação FísicaDante Rocha, justificada pela re-provação no estágio probatório.O servidor foi empossado em ju-lho de 2002 e exonerado pelaSecretaria de Educação do Esta-do de Minas Gerais em fevereirode 2006, por suposta ausênciadesmotivada ao serviço. A Quar-ta Turma determinou a reinte-gração, com o pagamento de to-dos os valores que a Administra-ção deixou de fazer a partir daexoneração. (RMS 24602)

ServidoresA Segunda Turma do STJ en-

tendeu que os servidores públi-cos civis ou militares removidospodem se matricular em institui-

ção de ensino superior do localonde irá prestar serviço, desdeque respeitada a congenerida-de. Uma estudante requereu àPró-Reitoria da Graduação daUFPB transferência ex-officio docurso de Direito da Universida-de Estácio de Sá, no Rio de Ja-neiro, para curso idêntico dauniversidade em João Pessoa,devido à remoção do seu mari-do, que é militar. Não conse-guiu a transferência para aUFPB. O pedido foi indeferidoquatro vezes. Inconformada, im-petrou mandado de segurançapedindo a efetivação da trans-

ferência. O juízo de 1º grau in-deferiu o pedido e declarou ex-tinto o processo sem o julga-mento do mérito. No STJ, a UFPBalegou que quem estuda em uni-versidade particular não faz jus àtransferência para universidadepública, mas apenas para institui-ção de ensino congênere, ouseja, privada. (RESP 717144)

ContabilidadeAtividades contábeis de-

vem ser exercidas por profis-sionais diplomados habilita-dos, não justificando o exercí-cio por auxiliar de escritório.Com esse entendimento, aSegunda Turma do STJ rejei-tou recurso interposto pelaSpaipa S.A., Indústria Brasi-leira de Bebidas, contra acór-dão do TRF da 4ª Região, queconsiderou devida a mul tadada pelo Conselho Regionalde Contabilidade do Paraná aSpaipa S.A. por manter funcio-nários exercendo atividade pro-fissional de contador. (RESP664160) B

Imposto de RendaA Primeira Turma do STJ julgou

procedente recurso da Fazenda ereformulou decisão do TRF (4ª Re-gião) que concedia a LitosinosUroradiologia Intervencionista Ltda.e outras, redução no Imposto deRenda Pessoa Jurídica (IRPJ).Para a Turma, a empresa prestado-ra de serviços de diagnóstico médi-co por imagens, não tem direito àredução de 32% para 8% no reco-lhimento de IR. O STJ entendeuque as clínicas médicas que explo-ram serviços de diagnósticos porimagens não podem ser equipara-das a hospitais, que têm custosoperacionais elevados e, por isso,gozam do direito de recolher Im-posto de Renda com alíquota de8%. (RESP 928994)

Page 3: Edição Fevereio 2009 nº 190

TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO 3FEVEREIRO DE 2009

DA REDAÇÃODOS LEITORES-1

T

Mas, só?alvez muita gente não tenhase dado conta e seria aleivo-

sia achar que a data tenha sidoescolhida deliberadamente. Mas,no dia 2 de janeiro o ConselhoNacional de Justiça (para quemnão se lembra, é o órgão criadopara moralizar o Judiciário noBrasil) aprovou uma mudançana resolução que “limitava” (asaspas são propositais e não gra-maticais) os salários dos trabalha-dores do Judiciário aos dos mi-nistros do Supremo Tribunal Fe-deral, coisa de pouco menos de25 mil reais mensais. Atualmen-te, o “teto” não incide sobre os sub-sídios dos magistrados que exer-cem, cumulativamente, o Magis-tério ou recebem gratificação porfunção eleitoral.

Com a mudança, os servido-res do Judiciário poderão rece-ber acima desse “teto”. Tambémrelembrando, o salário mínimonacional, que varia um pouconos Estados, está fixado em “ab-surdos” R$ 415,00. Ora,direis. E

a crise? Crise?! Ninguém está que-rendo “cortar” os vencimentosdos servidores, embora se com-parado aos salários dos restantesdos brasileiros representem umverdadeiro escárnio, mas que al-guma coisa está errada, isso nãoresta a menor dúvida. O CNJ, ape-nas também para lembrar, é pre-sidido pelo mesmo ministro Gil-mar Mendes, envolvido nos últi-mos meses em decisões polêmi-

cas, que vão de operações polici-alescas, que incluem corrupçãoà soltura de elementos acusa-dos de fraudar os cofres públi-cos das mais variadas manei-ras. A direção da OAB nacio-nal já prometeu tentar “derrru-bar o benefício”, enquanto oSTF deverá ser chamado parajulgar a ampliação (seria me-lhor dizer “conveniência” ou“moralidade”?) da decisão.

E o que é pior: o precedentedeve criar um “efeito cascata”,já que servidores do Executivo edo Legislativo não vão quererficar para trás e, fatalmente,poderão entrar na Justiça parapode receber vencimentos acimado “teto”. É só aguardar. Repro-duzindo a alegação do secretá-rio do CNJ, Álvaro Ciarlini, aodefender a decisão “ela foi ado-tada baseada em um paradigmacriado pelo próprio Supremo”.Ah bom!. Brasillllllllllll!!!!!!!!! B

Fran Augusti

Catalisador"Fiquei honrado com a publi-

cação no jornal 'Tribuna do Direi-to' do artigo relativo a Direito Co-mercial (‘Desconsideração dapersonalidade jurídica’) (N.da R.Edição 189, janeiro de 2009, pá-gina 8). Agradeço a oportunidadee me coloco ao inteiro dispor.Sempre que posso recomendoaos meus alunos do Mackenzie eda PUC a leitura do 'Tribuna doDireito',— importante meio de in-formação jurídica e catalisador daformação do pensamento con-temporâneo dos operadores doDireito.” Armando Luiz Rovai, dou-tor em Direito, São Paulo.

�Direito do próximo"In 'Tribuna do Direito', página

8, janeiro de 2009, está publica-do trabalho do dr. Armando LuizRovai, em que tece considera-ções sobre situações kafkianas,ou seja, pessoas que sofremconstrangimentos processuaissem saber por que. Tal trabalhome levou a achar que isso estáacontecendo com frequência noBrasil, terra ensolarada, genteboa, amiga, alegre, mas que nemsempre leva a sério o direito dopróximo. Atente-se: inspeção vei-cular — A lei que a aprovou é mais

um desrespeito ao cidadão, por-que lhe causa toda espécie de di-ficuldades. Pagamento de maisuma taxa, emissão do boleto, de-sembolso de valor que certaspessoas podem não ter, acessodifícil na internet, uma vez parapagar, outra para agendar, com-parecer ao local de difícil aces-so, enfrentar trânsito caótico, etc.Não existe polícia de trânsito quetem por missão fiscalizar o trân-sito e obrigar quem esteja emi-tindo fumaça perniciosa a sesubmeter ao exame, ao invés desubmeter todos a essa obriga-ção, mesmo estando com o ve-ículo em ordem? A fama de queo brasileiro é bagunceiro, negli-gente, desrespeitador fica cadadia mais confirmada... Repete-se o caso da lei que considerainfração dirigir após a ingestão debebida alcoólica. Por que nãofiscalizar com rigor quem este-ja cometendo algum tipo deinfração? Cidadão pacato, cum-pridor de seus deveres, de re-pente é intimado a pagar umamulta porque alguém pôs fogono mato existente no lote de ter-reno, em cidade do interior. Apre-senta defesa afirmando que nãopôs fogo no terreno e que dili-genciando no local soube queumas crianças, passando pela

Continua na página 10

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TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO4 FEVEREIRO DE 2009

AASP

Associação dosAdvogados de SãoPaulo (AASP), di-ante de publica-ções a respeito

da situação da Carteira dosAdvogados do Ipesp, esclare-ce que:

1 — A Carteira de Pre-vidência dos Advogados foiinstituída originalmentepela Lei Estadual nº 5.148/1959, época em que os ad-vogados não eram submeti-dos a nenhum regime pre-videnciário, sendo reorga-nizada pela Lei Estadualnº 10.394/1970;

2 — Apesar das ediçõesda Lei Estadual nº 11.608/2003, que retirou da Car-teira sua principal fontede custeio, e da Lei Esta-dual Complementar n°1.010/2007, que criou aSPPrev e extinguiu o Ipesp,nenhum dos referidos diplo-mas legislativos preocupou-se em tratar das nefastasconsequências advindas àCarteira dos Advogados;

3 — Por outro lado, ne-nhuma providência foiadotada pelo Ipesp, quetem o dever de zelar peloequilíbrio atuarial e finan-ceiro do plano de benefíci-os da Carteira, a teor dodisposto no artigo 39 doDecreto n° 34.641/1959.

4 — A AASP, como in-

A Carteira dos Advogados do Ipesptegrante do Conselho daCarteira, juntamente comrepresentantes da OAB edo IASP, não tem compe-tência para promover asalterações legislativasque se impõem, visandoencontrar o equilíbrioatuarial da Carteira, as-sim como não tem a res-ponsabilidade de zelar peloequilíbrio atuarial e finan-ceiro do plano, atividadeesta, como visto, atribuídaao Ipesp.

5 — O Tribunal de Jus-tiça de São Paulo, em di-versas oportunidades, de-cidiu que o Ipesp e o Esta-do de São Paulo respon-dem pela complementaçãodos benefícios da Carteirade Previdência dos Advoga-dos, se insuficiente o fun-do, esclarecendo que osbeneficiários não podem ar-car com as consequênciasda falta de providências doInstituto para promover areposição dos fundos.

6 — Não obstante tais li-mitações, a AASP, a OAB eo IASP têm envidado todosos esforços a fim de encon-trar uma solução para osdestinos da Carteira dosAdvogados, seja no que serefere ao equacionamentodo desequilíbrio atuarial,seja no que se refere àdefinição do gestor. B

ACristóvão Bernardo

A Carteira de Previdência foi criada em 1959

AASP tomou conhecimentode que a Serasa S.A. não

tem aceitado os requerimentosdos advogados, em que são soli-citados dados cadastrais paraencaminhamento aos magistra-dos, a fim de instruir autos de pro-cesso, a não ser à vista de requi-sição judicial. A entidade enviouoficio ao presidente da SerasaS.A. solicitando informações. B

Serasa exigerequisição judicial

AASP foi informada de quedesde 2/1/2009 não é mais

possível recolher as despesasde condução dos oficiais deJustiça pela internet. Por isso,enviou ofício ao presidente doBanco Central solicitando aadoção de providências juntoao Banco Nossa Caixa a fim deser mantida a opção de paga-mento pela internet. B

Pagamentospela internet

A A

AASP tem recebido reclama-ções de associados sobre a

morosidade na prática de atosprocessuais e procedimentais doFórum Nossa Senhora do Ó. Porisso, a entidade reiterou ao presi-dente do Tribunal de Justiça do

Nossa Senhora do ÓEstado de São Paulo ofício deoutubro de 2008, solicitando in-formações sobre as providênciasque estão sendo tomadas comvistas a dar maior agilidade aoandamento dos feitos em trâmiteno referido fórum digital.B

A

Campinas

AASP recebeu notíciade que a Caixa Econô-

mica Federal, instalada nasubseção Judiciária deCampinas, não tem aceitadoa cópia de procuração adjudicia, autenticada pela se-cretaria, da qual constempoderes específicos para dare receber quitação nos ca-sos de “levantamento” dedepósitos judiciais. A asso-ciação enviou ofício aojuiz-diretor daquela subse-ção Judiciária solicitandoinformações a respeito.Para a AASP, a restriçãodenota descumprimento aoartigo 1º do ProvimentoCOGE nº 80/2007. B

São Manuel

AASP solicitou à juízada 1ª Vara Cível de São

Manuel alteração no pro-cedimento daquele juízode deixar de publicar asdecisões interlocutórias e

A

A

AASP foi informada deque nos processos com

testemunhas para seremintimadas, a serventia da3ª Vara Cível de Embu temnotificado as partes para reti-rar as cartas de intimações,devendo, ainda, comprovar

AASP tem recebido pro-testos de advogados so-

bre as dificuldades enfren-tadas na agência do BancoNossa Caixa do Fórum deJaú, principalmente quan-to aos transtornos com anão disponibilização daguia de depósito de oficialde Justiça nos postos ban-cários da instituição. Porisso, encaminhou ofício aopresidente do Banco Cen-tral e ao gerente da agên-cia solicitando a adoção deprovidências a fim de queas guias para recolhimen-to de despesas de oficiais deJustiça sejam disponibilizadasnos referidos PABs. B

sentenças, preferindo aguar-dar o comparecimento pes-soal do procurador do INSSna vara. No documentoencaminhado à juíza aAssocição lembra que, deacordo com o artigo 109 doregimento interno do Tri-bunal de Justiça do Estadode São Paulo, todos os atosprocessuais devem ser pu-blicados imediatamenteapós a prolação da respec-tiva decisão judicial, evi-tando-se o prolongamentoinjustificado no andamen-to das ações, que acarretainúmeros problemas aosjurisdicionados em geral eaos advogados em particu-lar. B

Embu

nos autos a postagem. Aassociação enviou ofício àjuíza da vara solicitando arevogação da referida prá-tica, por entender que oprocedimento compete aosserventuários da Justiça enão deve ser transferidoaos advogados. B

Jaú

A

A

Page 5: Edição Fevereio 2009 nº 190

TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO6 FEVEREIRO DE 2009

D I R E I T O I M O B I L I Á R I ON E L S O N K O J R A N S K I *

U

*Advogado e ex-presidente do Ins-tituto dos Advogados de São Paulo(Iasp).

m bem indivisívelpertencente a mui-tos donos contra-ria o egoísmo na-tural do homem. O

apego exagerado aos própriosvalores colide com iguais va-lores dos outros. Essa diver-gência inata, segundo Kant,conduz o dever social daconvivência a ficar subalternoao interesse pessoal, em detri-mento do direito moral dos de-mais. Exatamente por isso, ameu ver, a legislação universaladota regramentos destinadosa evitar ou, ao menos, abran-dar os embates egoístas. CunhaGonçalves justifica o direito depreferência como forma de “evi-tar que na comunhão entre sub-repticiamente, uma pessoa des-conhecida, por ventura confli-tuosa, com a qual os outros co-proprietários não se possam aavir e entender.”

Entre nós, é marcante essapreocupação, que sobressaicom total transparência pelasimples leitura dos artigos

Um estranho no ninho do condomínio504, 1.314 e 1.322 do CódigoCivil e 1.118, do Código de Pro-cesso Civil. Todos eles repelema intromissão do “estranho” noninho do condomínio..

O novo artigo 504 do CódigoCivil praticamente repetiu aredação do artigo 1.139 do Có-digo de 1939. Acrescentou,apenas, que será atingido pela“pena de decadência”, “o con-dômino, a quem não se derconhecimento da venda, (“po-derá, depositando o preço, ha-ver para si a parte vendida aestranhos”), se o requerer noprazo de 180 dias, ...” Encabe-ça o artigo a advertência de que“não pode um condômino emcoisa indivisível vender a suaparte a estranhos, se outro con-sorte a quiser, tanto por tanto”.

A polêmica instaurada emnossos tribunais se concentra,especialmente, na viabilidadede se alargar o direito de prefe-rência às coisas em estado deindivisão, mas passíveis de se-rem divididas. Em memorávelv. acórdão, da lavra da minis-tra Nancy Andrighi, proferidoem outubro de 2004 no RESP.nº 489.860-S/P, o conceito daindivisibilidade de bens, parafins do exercício do direito deprelação, destoou do sustenta-do pela 3ª Turma do STJ. Comefeito, enquanto o ministroEduardo Ribeiro entendia, emperfeita observância à restriçãocontida no artigo 1.139 do C.C.(atual 504), que não incidia odireito de prelação em imóveisdivisíveis, embora indivisos, a4ª Turma, na esteira de julga-dos relatados pelos ministrosSálvio de Figueiredo Teixeira,César Asfor Rocha e, por fim,Nancy Andrighi, apregoam que“na hipótese de o bem se encon-trar em estado de indivisão, sejaele divisível ou indivisível”, ocondômino alienante “deveobrigatoriamente notificar osdemais condôminos, para quepossam exercer o direito depreferência na aquisição”.

Não se trata de checar a de-finição impecável de bens indi-visíveis adotado pelo artigo 87do CC, mas sim examinar aabrangência da incidência dodireito de prelação, que tem odeclarado propósito de afastarestranhos do ninho condomini-al. De fato, permitir ao condô-mino de um imóvel divisível,mas em estado de indiviso, avenda de sua fração ideal a umestranho, sem conceder aosdemais condôminos a oportu-nidade do exercício da prelação,é contribuir para o que Carva-lho Santos chama de possibilitara “intrusão de condômino novo,hostil a algum dos consortes, oudestes não desejado, por qual-quer outro motivo”. Pela mes-ma razão, também os direitossucessórios, quando destinadosà cessão, dependem do consen-so dos demais herdeiros (confor-me RESP. nº 50226-BA, relatorministro Sálvio de Figueiredo Tei-xeira). E, assim, com muitomaior razão enquanto aindanão judicialmente definidos osquinhões dos herdeiros. Não é àtoa que o condomínio é consi-derado uma instigadora de dis-córdia, uma vez que, em regra,seus componentes não forampreviamente escolhidos, masimpostos por circunstânciasvárias. Até mesmo na hora doleilão de parte ideal, o estranhocede lugar ao condômino, quan-do este se antecipa à assinaturado auto de arrematação, em con-sonância com o preconizado noartigo 1.118 do CPC.

É preciso, ademais, ter emlinha de conta que o artigo 504em exame exige perfeita conci-liação com os artigos 1.314 e1.322, do CC, na medida em queos dois últimos priorizam, ex-pressamente, o direito do con-dômino ao confrontar com o doestranho. Tenha-se presente quea exclusão do direito de prefe-rência, em bens ainda não di-vididos, vem na contra-mão doartigo 1.314, que preconiza o

necessário consenso dos condô-minos para “uso ou gozo de es-tranhos”. E esta mesma perso-nagem do estranho volta a per-der projeção na disputa com ocondômino, com preceitua oartigo 1.322, também do Códi-go Civil, que diz: quando os con-sortes não quiserem adjudicara coisa a um só, o condôminoserá preferido ao estranho emcondições iguais de oferta.

Vale ainda anotar que o estra-nho também não leva vantagemquando são muitos os condômi-nos, posto que segundo o coman-do do parágrafo único do artigo504, “sendo muitos os condômi-nos, preferirá o que tiver benfei-torias de maior valor e, na falta de

benfeitorias, o quinhão maior”.Foi com base nessa norma queo Tribunal de Justiça do Para-ná anulou uma venda feita aum condômino, detentor demenor fração ideal do imóvel(conforme jurisprudência doBoletim AASP nº 2596, página4917, de 6/10/2008).

Resulta da recomendaçãolegal ser menos arriscado con-viver com os condôminos jáexistentes, cujas qualidades edefeitos já são conhecidos, doque se aventurar com estra-nhos desconhecidos. B

impossível atualizar o valorvenal do imóvel para fins de

cálculo do Imposto Predial eTerritorial Urbano (IPTU), medi-ante simples portaria ou decretomunicipal. O entendimento é daSegunda Turma do STJ, queadmitiu o direito de alguns pro-prietários de imóveis de Curitiba(PR) à compensação do crédito,ao reconhecer a inconstitucio-nalidade da cobrança do im-posto baseado em alíquotasprogressivas. Os proprietáriosrecorreram ao STJ pedindo quefosse reconhecida a ilegalidadeda cobrança da taxa de coleta

Cálculo do IPTUde lixo entre 1995 a 1999; daalteração da base de cálculo; etambém da cobrança do IPTUcom base em alíquotas pro-gressivas, além da cobrançadas taxas com débitos futuros.Alegaram que a mudança dabase de cálculo é competênciado Legislativo, e não da prefei-tura. A relatora, ministra ElianaCalmon, disse que a tese dosautores sobre a impossibilidadede atualizar o valor venal doimóvel por meio de portaria mu-nicipal encontra respaldo na ju-risprudência do STJ. (RESP908610) B

É

a hipótese de atraso no pa-gamento da obra pública, a

incidência de correção monetá-ria deve contar a partir da datada medição. O entendimento éda Segunda Turma do STJ, queacatou recurso da Reis Enge-nharia de Obras Ltda. contra oDepartamento de Estradas eRodagem de Santa Catarina(DER-SC), que havia sido bene-ficiado pelo entendimento opos-to do primeiro e segundo graus.

O contrato para obras deconservação e ampliação da

Correção em obra pública

malha viária do Estado previapagamento em até 30 dias,mediante ordem bancária, con-tra apresentação de faturas re-gistradas no protocolo do DER,correspondente à medição dosserviços.

Em primeiro grau, o entendi-mento foi de que os encargos dainadimplência deveriam incidir apartir do 31º dia da apresentaçãoda fatura, e não da medição dosserviços. A decisão foi confirma-da pelo TJ-SC, mas reformadapelo STJ. (RESP 1079522) B

N

Page 6: Edição Fevereio 2009 nº 190

TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO 7FEVEREIRO DE 2009

ADVOCACIA-1

Ministério Público do Esta-do de São Paulo criou um

sistema de registro e regras so-bre pedidos de interceptaçãotelefônica, visando prevenireventuais abusos, em respeitoaos direitos fundamentais, àproteção da pessoa e da intimi-dade e a privacidade na produ-ção desse tipo de prova. O sis-tema foi instituído pelo procura-dor-geral de Justiça, FernandoGrella Vieira, e atende reco-mendação do Conselho Nacio-nal do MP.

Serão reunidos no sistema

todos os registros que identifi-quem as solicitações de inter-ceptações telefônicas, inclusiveas indeferidas pelo Poder Judi-ciário. Não será permitido colherou armazenar o conteúdo, parcialou total, das escutas obtidas pormeio de interceptação, transcri-ção ou qualquer outro meio ele-trônico. O sistema contará commecanismos de preservação dosregistros e identificação. A opera-ção será feita pelo Centro deApoio Operacional das Promoto-ristas de Justiça Criminais (CAO-Crim) do MP. B

O

MPSP cria norma parainterceptação telefônica

ão é obrigató-rio que o réuseja previamen-te intimado pelojuiz sobre a no-

meação de defensor públicopara defendê-lo, nos casosem que o próprio advogadoanteriormente constituídonão o fez de forma adequa-da. Com esse entendi-mento, a Quinta Turma doSTJ rejeitou o pedido dehabeas corpus do policial mi-litar Paulo Ricardo WernerRick, condenado pela Jus-tiça Militar a seis mesesde detenção por crime decalúnia. O PM recorreu aoSTJ contra decisão do Tri-bunal de Justiça Militar doRio Grande do Sul, alegan-do nulidade do processo.Segundo ele, a DefensoriaPública teria elaborado orecurso de apelação, e nãoo advogado escolhido por ele.

Nomeação dedefensor público

Argumentou, também, que odefensor público só poderiater sido nomeado para re-presentá-lo após intimaçãopessoal para constituir umnovo defensor, o que nãoocorreu. O advogado consti-tuído pelo policial renunciouapós a fase de instrução.Mesmo sendo notificado dadesistência, o PM não te-ria tomado providênciaspara que fosse dado trâmi-te à etapa de oferecimentodas alegações finais. Porisso, o juiz nomeou um defen-sor público para representá-loe dar sequência ao julga-mento. A Defensoria Públi-ca recorreu da condena-ção. Já, o advogado, poste-riormente constituído peloPM, não teria anexado pro-curação aos autos e neminformações no prazo legal.(Processo em segredo deJustiça) B

N

rocessos sem documen-tos essenciais, que per-

mitam ampla defesa, de-vem ser extintos. A deci-são é da Segunda Turmado STJ, que acatou recursode uma empresa gaúchacontra uma concessionáriade energia elétrica, quepretendia cobrar duas con-tas vencidas no valor supe-rior a R$ 190 mil.

A empresa, depois deter o recurso negado noTJ-RS, apelou ao STJ ale-gando que o demonstrativo“contábil/informatizado”juntado aos autos pelaconcessionária não substi-tui as faturas. A ausênciadas faturas, consideradafalta grave, levou a Turmaa extinguir a ação, semjulgamento do mérito.(RESP 830043) B

Falta de documentosextingue processo

P

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TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO8 FEVEREIRO DE 2009

DIREITOS HUMANOS

tema que trago àreflexão dos leito-res é inédito noBrasil, tendo surgi-do entre nós a par-

tir da Emenda Constitucional45/2004, que acrescentou o § 3ºao artigo 5º da Constituição.Contudo, até o presente mo-mento nenhum jurista pátrio ohavia desenvolvido. Sequer umautor brasileiro havia percebi-do a amplitude e a importânciadessa nova temática, capaz demodificar todo o sistema decontrole no Direito pátrio. Ver-

O controle de convencionalidade das leisVALERIO DE OLIVEIRA

MAZZUOLI*samos ineditamente o assuntono capítulo II, seção II, da nos-sa “Tese de Doutorado da UFR-GS” (ver MAZZUOLI, Valerio deOliveira. Rumo às novas relações

entre o direito internacional dos

direitos humanos e o direito in-

terno: da exclusão à coexistên-

cia, da intransigência ao diálogo

das fontes. Tese de Doutoradoem Direito. Porto Alegre: UFR-GS, 2008, páginas 201 a 241).

Em resumo, o que ali defen-demos é que se a Constituiçãopossibilita sejam os tratados dedireitos humanos alçados aopatamar constitucional, comequivalência de emenda, porquestão de lógica deve tambémgarantir-lhes os meios que pre-vê a qualquer norma constitu-cional ou emenda de se prote-gerem contra investidas não au-torizadas do direito infracons-titucional. Nesse sentido, anossa tese foi no sentido de serplenamente possível utilizar-sedas ações do controle concen-trado, como a Adin (para inva-lidar a norma infraconstituci-onal por inconvencionalidade),a Adecon (para garantir à nor-ma infraconstitucional a com-patibilidade vertical com umtratado de direitos humanosformalmente constitucional), eaté mesmo a Adpf (para exigiro cumprimento de um “precei-to fundamental” encontradoem tratado de direitos humanosformalmente constitucional),não mais fundamentadas ape-nas no texto constitucional,senão também nos tratados de

direitos humanos aprovadospela sistemática do artigo 5º, §3º, da Constituição e em vigorno País. Então, pode-se dizerque os tratados de direitos hu-manos internalizados com quó-rum qualificado passam a ser-vir de meio de controle concen-trado (de convencionalidade)da produção normativa domés-tica, para além de serviremcomo paradigma para o contro-le difuso. Quanto aos tratadosde direitos humanos não inter-nalizados pela dita maioriaqualificada, passam eles a serparadigma apenas do controledifuso de convencionalidade.

Em outras palavras, o que

nós ineditamente defendemos(e não vimos ninguém fazê-loaté o momento) foi o seguinte:quando o texto constitucional(no artigo 102, inc. I, alínea “a”)diz competir precipuamente aoSupremo Tribunal Federal a“guarda da Constituição”, ca-bendo-lhe julgar originariamen-te as ações diretas de inconsti-tucionalidade (Adin) de lei ouato normativo federal ou esta-dual ou a ação declaratória deconstitucionalidade (Adecon)de lei ou ato normativo federal,está autorizando que os legitima-dos próprios para a propositurade tais ações (constantes do arti-go 103 da Constituição) ingres-sem com tais medidas sempreque a Constituição ou quaisquernormas a ela equivalentes (como,v.g., os tratados de direitos hu-manos internalizados com quó-rum qualificado) estiverem sen-do violadas por normas infra-constitucionais. A partir da Emen-da Constitucional 45/04, é neces-sário entender que a expressão“guarda da Constituição”, utili-zada pelo artigo 102, inciso I,alínea “a”, alberga, além do textoda Constituição propriamentedito, também as normas consti-tucionais por equiparação.

Assim, a nossa conclusão é ade que todos os tratados queformam o corpus juris convenci-onal dos direitos humanos deque um Estado é parte servemcomo paradigma ao controle deconvencionalidade das normasinfraconstitucionais, com asespecificações que se fez acima:

O

a) tratados de direitos humanosinternalizados com quórumqualificado (equivalentes àsemendas constitucionais) sãoparadigma do controle concen-trado (para além, obviamente,do controle difuso), cabendo,v.g., uma Adin no STF a fim deinvalidar norma infraconstitu-cional incompatível com eles; b)tratados de direitos humanos quetêm apenas “status de normaconstitucional” (não sendo“equivalentes às emendas cons-titucionais”, posto que não apro-vados pela maioria qualificadado artigo. 5º, § 3º) são paradig-ma apenas do controle difuso deconvencionalidade (ConformeMazzuoli. Op. cit., página 236).

É assim, doravante, que deveser resolvido o problema das leis(ainda que compatíveis com aConstituição) que violem trata-dos de direitos humanos.

Mas, e quando o conflito forentre a própria Constituição eum tratado de direitos huma-nos? Neste caso, aplica-se umaoutra teoria: a do diálogo dasfontes (expressão criada pelojurista alemão Erik Jayme, no seuCurso da Haia de 1995, trazidaao Brasil por Claudia Lima Mar-ques, e desenvolvida em nossatese de doutorado para aplicaçãoàs relações entre o Direito Inter-nacional dos Direitos Humanose o Direito interno). Mas isso,como teria dito Kipling, é umaoutra história. B

*Professor e mestre em Direito Inter-nacional pela Unesp.

“Os tratados queformam o corpus juris

convencional dosdireitos humanos de

que um Estado éparte servem como

paradigma”

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TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO 9FEVEREIRO DE 2009

INFORME PUBLICITÁRIO

Os presidentes da OABSP, Luiz Flávio BorgesD´Urso, da AASP, Fábio Fer-reira de Oliveira, e do IASP,Maria Odete Duque Bertasi,reuniram-se no último dia 28de janeiro, com o secretárioda Justiça e Cidadania, LuizAntonio Guimarães Marrey,na sede da Secretaria parabuscar alternativas para aCarteira de Previdência dosAdvogados no Ipesp.

D´Urso reforçou, no en-contro com Marrey, o interes-se das entidades no sentidode que o Estado continue ge-rindo a Carteira de Previdên-cia dos Advogados, sendoque a Carteira paga ao ges-tor 3% da arrecadação.

"Temos necessidade dedefinir o futuro gestor da Car-teira de Previdência dos Ad-vogados. Diante dos parece-

Carteira de Previdência dos Advogados: entidades daAdvocacia reúnem-se com secretário da Justiça

res que temos dos professo-res Arnaldo Wald, Adilson Dalla-ri e Wagner Balera, e de nossaconvicção, a SPPrev, enquantosucessora do Ipesp, deveriacontinuar gerindo a Carteira",salientou D´Urso. Para o pre-sidente da Ordem, a Carteirade Previdência ganhou a confi-ança do advogado por estar noIpesp. Assim garantido pelogoverno do Estado.

Ao final da reunião, quetambém contou com a pre-sença do diretor-tesoureiro daOAB SP, Marcos da Costa;do conselheiro federal, JorgeEluf Neto; e do ex-presidenteda AASP, Marcio Kayatt,Marrey comprometeu-se acontinuar dialogando com osecretário da Fazenda, Mau-ro Ricardo Machado Costa,"na busca de uma soluçãodentro da razoabilidade".

Fotos: Ricardo Bastos

Os presidentes da OAB SP, AASP e IASP reuniram-se com osecretário da Justiça e Cidadania, Luiz Antonio Guimarães Marrey

Ainda no dia 28 de janeiro,os presidentes da OAB SP,AASP e IASP se reuniram como presidente da Assembléia,Vaz de Lima, buscando apoioaos projetos voltados a asse-gurar o direito dos advogadosna Carteira de Previdência dosAdvogados, que tramitam noLegislativo Estadual, ou seja,PLC 50/08 do deputado Car-los Giannazi e o PL 183/08, dodeputado Hamilton Pereira.

D´Urso explicou ao presi-dente da Alesp que a Cartei-ra de Previdência dos Advo-gados tinha três fontes de re-ceita: a contribuição dos ad-vogados, em média de R$80,00; a taxa de juntada dasprocurações, fixada em 2% dosalário mínimo; e o repassedas custas judiciais, respon-sável por 70% dessa receita,

Reunião com o presidente daAssembléia Legislativa

que deixou de ser feito em2003, quando da edição danova lei de custas, desequili-brando totalmente a Carteira.

Na exposição a Vaz deLima, D´Urso destacou quecom a criação da SPPrev, oIpesp será extinto , sendo quea lei silenciou sobre quem seráo gestor da Carteira dos Ad-vogados. "Entendemos quedeva ser a própria SPPrev,sucessora do Ipesp", concluiuo presidente da OAB SP.

Cálculo atuarial

da Carteira

A partir desse mês já estádisponível no site da OAB SP(www.oabsp.org.br) para to-dos os advogados os dadosreferentes ao cálculo atuarialda Carteira de Previdênciados Advogados.

Da esq. para dir., Luiz Flávio Borges D´Urso (OAB SP), Vaz deLima (Alesp), Fábio Ferreira de Oliveira (AASP) e Maria OdeteDuque Bertasi (IASP)

Enquanto aguarda decisãodo Conselho Federal da OAB,o presidente da OAB SP, LuizFlávio Borges D´Urso, deci-diu, no último dia 28 de janei-ro, prorrogar o prazo de subs-tituição do Cartão de Identi-ficação dos advogados de SãoPaulo até 15 de março desteano.

De acordo com a Resoluçãonº 01/2008, do Conselho Fede-ral, os advogados deveriam subs-tituir os Cartões de Identidade,

Prorrogado prazo para substituição

do Cartão de Identificação

emitidos antes de 24 de agostode 2007, até a data de 31 de ja-neiro de 2009. D´Urso apontaque a Seccional pleiteou juntoao Conselho Federal a prorro-gação do prazo devido ao gran-de número dos advogados queainda não realizou a renovação,sendo São Paulo a maior Secci-onal do País, com quase 300 milinscritos. A Seccional lembra,ainda, que a Carteira brochuranão precisa ser renovada, poistem prazo indeterminado.

Em resposta ao pedido daOAB SP de suspensão dosprazos processuais, a partirde 20 de janeiro, em decorrên-cia das dificuldades de acessoaos sistemas informatizadosda Justiça Estadual, o Conse-lho Superior da Magistraturadivulgou o Comunicado CSM0-7/2009, publicado no Diá-rio Oficial Eletrônico, de 28 dejaneiro de 2009.

O comunicado decorreu deparecer e decisão do Corre-gedor Geral de Justiça do TJ-SP , Ruy Pereira Camilo, con-siderando justificado o receiomanifestado pela OAB SP ."ASeccional cumpriu seu papelde alertar o Tribunal de Justi-ça para um problema concre-to que afetava a Advocacia eo jurisdicionado e encontrouressonância na manifestaçãodo Corregedor Geral de Jus-tiça e no Comunicado do Con-selho Superior da Magistratu-ra. Assim sendo, o advogadose necessário fará pedido indi-vidualizado de restituição deprazo ao juiz da causa paraapreciação, podendo anexar aResolução que está no site daOAB SP (www.oabsp.org.br)”,ressaltou D´Urso.

Audiência públicasobre a reforma do TIT

A OAB SP defende a des-centralização do Tribunal de Jus-tiça de São Paulo. Tanto queuma grande comitiva da Secci-onal e da Subsecção de Cam-pinas esteve com o presidentee vice-presidente do TJ-SP,Roberto Antonio Vallim Belloc-chi e Antonio Carlos MunhozSoares, no dia 11 de janeiro, nasede do TJ-SP, para pleitear ainstalação de seis CâmarasRecursais em Campinas.

“Estas seriam as primeirasCâmaras Recursais instaladasno Estado, que dependem daaprovação do Órgão Especialdo TJ-SP. Elas são importan-

Ordem apóia descentralização do TJ

tes porque iniciariam a descen-tralização e interiorização doTJ-SP”, explica Marcos daCosta, lembrando que a regiãode Campinas tem vocaçãopara receber essas Câmaras.“Tanto pelo número de habitan-tes, 3 milhões, como pela fa-cilidade de acesso decorrentede sua malha viária, além dofato de ter o precedente deser sede do TRT-15 e contarcom um prédio histórico, oPalácio da Justiça, apto a re-ceber as Câmaras”, completaMarcos da Costa, que repre-sentou o presidente da OABSP, Luiz Flávio Borges D´Urso.

A OAB SP, AASP e IASP pro-puseram a realização de umaaudiência pública para debater oPL 692/08, que trata da reformado Tribunal de Impostos e Taxas eentrou na ordem do dia da Alesppara ser votado. "Temos umagrande preocupação em preser-var os direitos dos contribuintes,que podem ser minimizados nes-ta reforma do TIT", ressaltou opresidente da OAB SP, Luiz Flá-vio Borges D´Urso.

A proposta das entidades foiacatada pelo deputado BrunoCovas , relator especial do pro-jeto na Comissão de Constitui-ção e Justiça da Assembléia. Oprojeto de reforma do TIT revo-ga totalmente a Lei 10.941/2001, que regulamenta o con-tencioso administrativo tributá-rio no Estado de São Paulo. Cri-ado em 1935, o TIT vem atuandocomo um órgão paritário (Fazen-da e contribuintes), de modo asolucionar os conflitos na apli-cação da lei pela fiscalização.

Suspensão deprazos no TJ-SP

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TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO10 FEVEREIRO DE 2009

A N T O N I O P E N T E A D O M E N D O N Ç A*

*Advogado, sócio de Penteado Men-donça Advocacia, professor da FIA-FEA/USP e do PEC da FundaçãoGetúlio Vargas.

Aimagem da ativi-dade seguradorajunto ao Judiciá-rio não é boa. Enão é boa no mun-

do inteiro, incluídos os paísesonde esta ferramenta de prote-ção social é amplamente utili-zada. A razão é simples: o des-conhecimento da população arespeito dos mecanismos queviabilizam a capacidade de asseguradoras cobrirem danos,pagando indenizações.

O Brasil não é exceção. Aocontrário. E com uma agravan-te: a atividade seguradora émenos conhecida. A sociedadebrasileira não está habituada acontratar seguros. E, os que con-tratam, o fazem há pouco tem-po, o que os impede, na maio-ria dos casos pela falta de uso,de entender melhor os mean-dros do negócio.

Como se não bastasse, quan-do um juiz toma ciência de umaquestão envolvendo seguro,normalmente o faz num mo-mento de stress, numa disputa,invariavelmente entre umaempresa e um ser humano, oque faz com que ele, ser huma-no que é, se aproxime do qua-dro, pelo menos inicialmente,com o pé atrás em relação ao maisforte, ou seja, a seguradora.

A imensa maioria das açõesenvolvendo a matéria temcomo autores os segurados enão as seguradoras. As segu-radoras costumam ser rés, sejapor problemas diretamenteligados a elas, seja na quali-dade de denunciadas ao pro-cesso por um segurado acio-nado por um terceiro.

O simples fato de chegaremaos tribunais como rés já lhesdá, junto ao leigo, uma cono-tação negativa. Afinal, o réu,em princípio, para quem nãoestá familiarizado com os pro-cessos judiciais, é alguém quecausou um prejuízo ou umaperda ao autor.

Ainda que na prática issonão seja verdadeiro, a imagem

A imagem junto ao Judiciáriodas seguradoras sofre tambémpor conta de outra falha de res-ponsabilidade exclusiva delas:a comunicação com a socieda-de é ruim. Portanto, apenasraramente surge o lado positivode sua ação, qual seja, a repo-sição de bilhões de reais empatrimônios afetados e outrostantos para custear a saúde e avida de seus segurados.

Finalmente, o desconheci-mento dos mecanismos do ne-gócio faz com que aconteçamdistorções na aplicação de suasregras, distorções estas que,apesar de calcadas nas boasintenções, acabam por prejudi-car o bom segurado, se não forpor nada, pelo aumento docusto do seu seguro.

A base da operação de segu-ro é o mutualismo. Um fundocomposto pelas contribuiçõesproporcionais dos seguradospara fazer frente às perdas quevenham a sofrer em função daocorrência de eventos pré-deter-minados, independentes de suavontade, aleatórios e futuros.

É com base nesses pressupos-tos que toda a operação se ma-terializa. Como a estatísticacomprova, dentro de uma deter-minada massa de pessoas, numdeterminado período de tempo,não são todas que sofrem per-das decorrentes dos sinistroscobertos. Ao contrário, apenasalguns são atingidos e isso fazcom que as contribuições pro-porcionais pagas individual-mente sejam muito menores doque os valores segurados.

Se todos os segurados sofressemsinistros de perda total, dentro deum determinado período de tem-po, os prêmios teriam de ser apro-ximadamente de 120% do valorda soma dos riscos assumidos pelacompanhia. 100% para pagar asindenizações e 20% para supor-tar os custos operacionais.

Na prática não é isso que acon-tece. As seguradoras ganhamdinheiro assumindo a obrigaçãode indenizar os segurados emfunção da ocorrência dos riscos.

Elas conseguem isso por con-ta das leis atuariais e das tá-buas estatísticas que lhes per-mitem dimensionar com exa-tidão a sinistralidade média e,consequentemente, o prêmiomédio a ser pago pelos segu-rados. De posse destes dados,a seguradora individualiza opreço de cada seguro, levandoem conta as tipicidades dorisco e do segurado.

Nos seguros de veículos, porexemplo, a seguradora sabequais os modelos mais visadospelos ladrões, o preço do repa-ro de cada um e a quantidademédia de cada modelo segura-do. Para determinar a precifi-cação da apólice, basta incluirna conta os dados pessoais quepodem interferir no preço doseguro: idade, sexo, local ondeo veículo trafega normalmen-te, garagem, alarme e outrasmedidas de proteção.

O resultado é a individua-lização do preço em função dorisco representado por segura-do. O preço médio com basena sinistralidade de cada veí-culo é igual para todos, masas tipicidades dos seguradosfazem com que prêmio doseguro varie, para mais oupara menos, dependendo dascaracterísticas de cada um.

Assim, a essência dos contra-tos de seguros deve ser integral-mente exigida, em todas as rela-ções. Na medida em que o segu-ro é precificado com base nasparticularidades individuais eque quem paga os sinistros é omútuo composto por todos ossegurados, uma informaçãoincorreta que reduza indevida-mente um prêmio, em caso desinistro, desequilibra o mútuo eonera o bom segurado. Cabe àJustiça evitar esta situação eproteger o mútuo, ainda que asseguradoras não gozem da sim-patia popular. B

a ação de cobrança paracomplementar o paga-

mento de indenização doseguro obrigatório (DPVAT), osjuros de mora devem ser co-brados a partir da citação daseguradora. O entendimen-to é do ministro João Otá-vio de Noronha, do STJ, quedeu provimento ao recurso

Complemento do DPVATda Itaú Seguros S.A.. A se-guradora recorreu, com su-cesso, ao STJ, contra deci-são do Tribunal de Justiçade São Paulo, que havia en-tendido que os juros mo-ratórios deveriam ser con-tados a partir do pagamentoefetuado a menor. (RESP1085564) B

N

DOS LEITORES-2

rua, lançaram no terreno uns pa-péis com fogo e este se alastrou.Além de esclarecer na defesaque não pôs fogo, acrescentouque alguns anos atrás se com-prometeu a vender dito terreno aterceiro, por instrumento particu-lar, já quitado, estando esse ter-ceiro na posse do terreno. Apre-sentou cópia do contrato. Cercade um ano depois recebe novaintimação, na qual consta o in-deferimento da defesa e a manu-tenção da multa, sob o fundamen-to de que consta do registro deimóveis que o contrato de com-promisso não foi registrado. Afir-mou mais a decisão que nãoimporta quem 'tocou' fogo noterreno. O proprietário é o res-ponsável. Este, mesmo vítima,responde pelo fato, nos termosda lei.” Joaquim Ferraz Martins,advogado, São Paulo.

�Previdência I

"Parabenizo esse jornal e ao dr.Rui Fragoso pela defesa da clas-se dos advogados e por relembrara urgência na definição desteimpasse tão importante para osadvogados inscritos na Carteira dePrevidência. A Advocacia precisade união e de pessoas como o dr.Rui Fragoso para que nossos di-reitos não sejam lesados." Cas-siano Rodrigues Botelho, Botelho,Hollaender Advogados.

�Previdência II

"Como associado da Cartei-ra de Previdência dos Advoga-dos tenho acompanhado o de-senrolar da situação do IPESP,a partir das informações e provi-dências anunciadas pela OAB.Intuitivamente, e na medida emque ia ficando a par da gravida-de do assunto, assaltava-me àconsciência o seguinte questio-namento: por que a OAB e as de-mais entidades representativasdos advogados não adotaramqualquer providência quando da

Continuação da página 3aprovação da lei de 2003, queextinguiu as contribuições paraa Carteira, proveniente das cus-tas judiciais? E mais: sentia queas providências então anuncia-das não passavam de paliativos.E o mais grave: batia-me commuita revolta a idéia da coinci-dência entre a extinção da Car-teira e a criação da OAB-Prev!Hoje, com algum alento, vejo queao menos um ilustre colega teveo mesmo assento crítico sobrea situação: dr. Rui Celso RealiFragoso, ex-presidente do Insti-tuto dos Advogados, que, emartigo escrito no 'Tribuna' naedição n° 165 de janeiro (Cartei-ra dos Advogados: um tema caropara a classe), registrou: ‘Tudoisso foi agravado em 2003, coma Lei nº 11.608, que deixou dedestinar 17,5% do total da arre-cadação das custas judiciais, re-presentando perda de 80% da ar-recadação de receita da Cartei-ra. Quando veio a lei, a Advoca-cia deveria ter entrado imediata-mente com uma ação na Justiçaquestionando como é que oEstado tira a principal fonte decusteio da Carteira e não colocaoutra no lugar. Nada foi feito e asituação, que era difícil, tornou-se inviável. Onde estavam asentidades que nos represen-tam? Haveria interesse de umamigração em massa para asOAB-Prevs? Por que os dirigen-tes das entidades de classe nãoconvocaram imediatamente os es-pecialistas em Direito Previden-ciário que compõem seus conse-lhos e comissões para debateremo tema à exaustão?’ Como se vê,já não é única e isolada a consci-ência crítica que se tem da insinu-ada omissão por parte da OAB edas entidades congêneres em re-lação à problemática. Sinto-me au-torizado a sugerir à direção dessehonrado tablóide que cobre escla-recimentos à presidência da OAB-SP." Domingos Primerano Netto,advogado, São Paulo.

N.da R. As opiniões e afirmaçõesdos articulistas que colaboraramcom o jornal, como está assinaladono expediente, são de "exclusivaresponsabilidade dos autores". O'Tribuna' não 'cobra' esclarecimen-tos de ninguém em função de de-clarações de terceiros. Cabe àspessoas envolvidas se manifestar,caso julguem necessário. B

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TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO 11FEVEREIRO DE 2009

BOLETIM JURÍDICO ANO 8 - N°88

SERASA LEGALSERASA LEGAL

O Superior Tribunal de Jus-tiça (STJ) confirmou, mais umavez, que a inclusão de pessoasnaturais ou jurídicas nos bancosde dados dos órgãos de prote-ção ao crédito, por meio de in-formação advinda de fontes pú-blicas, como os Cartórios Distri-buidores Judiciais e os Cartóriosde Protestos, não representaconstrangimento ilegal, por sernotória a informação do débito,descabendo, pois, reparação pordano moral.

Em recente decisão mono-crática, prolatada pelo EminenteMinistro Aldir Passarinho Junior,o Superior Tribunal assentou: “aentidade cadastral deve comuni-car ao devedor a inclusão dosdados deste em seus registros, (...)contudo, o cadastramento efetu-ado a partir de dados públicos,questão versada nestes autos, nãodá vazão ao abalo moral apto aensejar reparação, porquanto jánotória a informação do débito edo devedor, colhendo informa-ções diretamente dos registros dedistribuição de ações e protestosde títulos, pelo princípio da publi-cidade imanente.”

A comunicação, direito pre-visto no art. 43, parágrafo segun-do, do Código de Defesa doConsumidor, objetiva possibilitarao devedor a tomada de provi-dências extrajudiciais ou judiciais,a fim de obstar a anotação oucorrigi-la, antes que se torne deconhecimento público; tem a fun-ção de permitir ao consumidor o

exercício de seu direito de pagara dívida, negociá-la ou opor-se aoregistro.

Para a inclusão do cadas-trado nas bases de dados deproteção ao crédito, em face deinformações provenientes defontes públicas, redundante edesnecessária a prévia comu-nicação, pois as anotações sãode conhecimento público. As-sim, não há violação ao direitofundamental à privacidade dodevedor (art. 5º, inciso X, daConstituição Federal ).

Ao falar somente de “aber-tura de cadastro, ficha, registro edados pessoais e de consumo”,o art. 43, parágrafo segundo, doCDC, nada trata, explícita ou im-plicitamente, da prévia comunica-ção de apontamento decorrentede informação com publicidadeimanente, a qual é anterior ao seucadastramento nos órgãos deproteção ao crédito. O caminhoé, então, inverso ao que ocorrecom as demais informações denatureza privada, que exigem ci-ência prévia do devedor. Vale di-zer, no caso de anotações prove-nientes de fonte pública, eventualcomunicação seria redundante –cientificar-se-ia o que já é de ci-ência de todos.

Confira-se transcrição doacórdão, lavrado nos autos doRecurso Especial nº 1.035.795 –SP (2008/0043509-6), publica-do no Diário Oficial da Justiça de12 de novembro de 2.008, emque são citados precedentes doSuperior Tribunal de Justiça quecorroboram esse entendimento:

STJ confirma: a inclusão de informaçãopública nos orgãos de proteção ao crédito não gera

direito a reparação por dano moralSILVÂNIO COVAS*

(...) DECISÃOVistos.Trata-se de recurso espe-

cial interposto contra acórdãodo colendo Tribunal de Justiçado Estado de São Paulo, nosautos de ação onde se buscaindenização por dano moraldecorrente da falta de notifica-ção pelo recorrido de registronos cadastros de proteção aocrédito, face à existência deprocesso executivo em desfa-vor do recorrido.

Com efeito, conforme ju-risprudência assente destaCasa, a entidade cadastraldeve comunicar ao devedor ainclusão dos dados deste emseus registros, antes que ocor-ra, a fim de que possa defen-der-se ou regularizar sua situ-ação junto à entidade credora,se assim o quiser, sob pena deresponsabilização civil.

Contudo, este SuperiorTribunal decidiu que o cadas-tramento efetuado a partir dedados públicos, questão versa-da nestes autos, não dá vazãoao abalo moral apto a ensejarreparação, porquanto já notó-ria a informação do débito edo devedor. Em outras pala-vras, o banco de dados podeinscrever negativamente o de-vedor, colhendo informaçõesdiretamente dos registros de dis-tribuição de ações e protestosde títulos, pelo princípio da pu-blicidade imanente. Para me-lhor exame, confira-se:

´CIVIL. INDENIZA-ÇÃO. DANOS MORAIS. INS-

CRIÇÃO. SERASA. PRÉVIACOMUNICAÇÃO AO DE-VEDOR. PRESCINDIBILI-DADE. EXISTÊNCIA DETÍTULO PROTESTADO EDE EXECUÇÃO. DÍVIDA.INFORMAÇÃO. DOMÍNIOPÚBLICO.

1 - Havendo títulos pro-testados e execução judicialaparelhada, a existência da dí-vida é informação de domíniopúblico, em face dos assentoscartorários, sendo, pois, emconseqüência, despicienda aprévia comunicação, ao deve-dor, de que seu nome será ins-crito na SERASA. Precedentes.

2 - Recurso especial co-nhecido e provido para julgarimprocedente o pedido de in-denização por danos morais. ́

(4ª Turma, REsp n.604.790/MG, Rel. Min. Fernan-do Gonçalves, unânime, DJUde 01.02.2006)

- - - - - - - - - - - - - -- - - -´CIVIL E PROCESSU-

AL. AÇÃO DE INDENIZA-ÇÃO. DANO MORAL. INS-CRIÇÃO NO SERASA. EXE-CUÇÃO FISCAL ACUSADAEM REGISTRO DE DISTRI-BUIÇÃO DA JUSTIÇA FE-DERAL. FATO VERÍDICO.OMISSÃO NA COMUNICA-ÇÃO NO CADASTRO DA RÉ.HONORÁRIOS ADVOCATÍ-CIOS. SUCUMBÊNCIA RE-CÍPROCA. CDC, ART. 43, §2º. CPC, ART. 21.

I. Constatado que a exe-cução fiscal contra a autoraapontada nos registros do SE-

RASA era fato verdadeiro, nãose configura o dever de indeni-zar pela simples omissão nacomunicação à empresa, nota-damente porque em se tratan-do de execução fiscal, tem odevedor prévia ciência da co-brança, pela preexistência dafase administrativa.

II. O êxito parcial da ação,consubstanciado pela determi-nação de exclusão da autora docadastro da ré, enseja a com-pensação dos ônus sucumben-ciais, nos termos do art. 21 dalei adjetiva civil.

III. Recurso especial co-nhecido em parte e provido. ´(4ª Turma, REsp n. 229.278/PR,Rel. Min. Aldir Passarinho Ju-nior, unânime, DJU de07.10.2002)

- - - - - - - - - - - - - -- - - -´RECURSO ESPECIAL

- DIVERGÊNCIA JURIS-PRUDENCIAL - NÃO COM-PROVAÇÃO - OMISSÃO -INOCORRÊNCIA - AÇÃODE INDENIZAÇÃO - DANOMORAL - INSCRIÇÃO NASERASA - EXECUÇÃO FIS-CAL - FATO VERÍDICO, PÚ-BLICO E PREVIAMENTECONHECIDO PELO CON-SUMIDOR - AUSÊNCIA DECOMUNICAÇÃO DO CA-DASTRAMENTO - IRRELE-VÂNCIA - RECURSO NÃOCONHECIDO.

1 - Recurso não conhe-cido pela aventada divergên-cia jurisprudencial (art. 105,III, "c", da CF/88), vez que,não colacionadas cópias dos

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TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO12 FEVEREIRO DE 2009

SERASA LEGAL

Plataforma tecnológica instauraassembléia de acionistas na web

Uma nova plataformatecnológica de serviços, desen-volvida pela FIRB - FinancialInvestor Relations em parceriacom a Serasa Experian, aCOMPROVA.COM e o escri-tório de advocacia Madrona,Hong, Mazzuco - Sociedade deAdvogados (MHM), pode am-pliar a participação dos acionis-tas no processo de decisão dascompanhias e promete um saltoem governança corporativa noBrasil: a Assembléia na web, quepermite a votação pela internet,com certificação digital, por pro-curação eletrônica.

Trata-se de um portal des-tinado a companhias abertas, fun-

dos de investimentos, cooperati-vas, consórcios, clubes, partidospolíticos e acionistas, com ferra-mentas para facilitar a participa-ção dos votantes. Uma delas per-mite utilizar procuração eletrônicacom assinatura digital SerasaExperian na votação e, dessemodo, elevar o quorum e garan-tir mais legitimidade aos proces-sos de tomada de decisões dascompanhias abertas e dos fundosde investimentos.

Além da procuração eletrô-nica, a plataforma facilita o aces-so à documentação pertinente àsdeliberações da assembléia, con-templa um canal on-line para adiscussão dos temas e permite

acompanhar o evento remota-mente, em tempo real, porwebcast ou videocast na internet.

Os acionistas, brasileiros ouestrangeiros, não precisarão maisimprimir as procurações, reco-nhecer firma e enviar os docu-mentos pelos Correios. As pro-curações serão transmitidas ele-tronicamente e sua validade jurí-dica garantida por meio de certi-ficado digital Serasa Experian.

“Para as companhias comcapital pulverizado, a plataformaelimina os obstáculos de distân-cia física e comunicação, que di-ficultam a formação de quorum”,explica o Presidente da FIRB,Arleu Aloisio Anhalt, acrescentan-

do que a solução facilita tambémo aumento da transparência dasempresas.

Para as demais companhi-as, com blocos de controle defi-nidos, as ferramentas permitemavanços por meio da facilidadede fluxo de informações. O por-tal incluirá também serviços des-tinados a aprimorar o funciona-mento da assembléia.

A plataforma resulta dacombinação de expertises dasquatro empresas. A FIRB, queprepara companhias para opera-ções financeiras e implementa pro-gramas de relações com investi-dores, desenhou o modelo. ACOMPROVA.COM, portal es-

pecializado em comprovação ju-rídica de transações eletrônicas,desenvolveu o fluxo de assinatu-ra digital, validação e carimbo dotempo. A Serasa Experian, maiorAutoridade Certificadora do Bra-sil, desenvolveu um processo deemissão de certificados digitais evalidação de dados exclusiva-mente para essa plataforma. E oescritório de advocacia MHM feza integração da legislaçãosocietária.

“Reduzir custos com atransformação de processos bu-rocráticos é fundamental àcompetitividade das empresas”,comenta Marcos Nader, presi-dente da COMPROVA.COM.

inteiros teores dos arestos in-dicados como paradigmas eausente o cotejo analítico,não restou comprovada nostermos legais (arts. 255, §§1º e 2º do RISTJ, e 541, pa-rágrafo único, do CPC).

2 - Manifestando-se aCorte a quo, conquanto su-cintamente, sobre a matériaconstante dos dispositivoscuja violação pretende-se versanada mediante a interpo-sição deste recurso, não res-tam configurados quaisquervícios no v. acórdão recorri-do, consistente em omissão,contradição ou obscuridade,pelo que se afasta a afrontaaduzida ao art. 535 do CPC.

3 - De forma teleológica,encontra-se o art. 43, § 2º, doCDC, atrelado ao direito dosconsumidores que passam a in-tegrar bancos de dados restri-tivos ao crédito de terem aoportuna ciência acerca da cir-culação de informações nega-tivas em seu nome, possibilitan-do-lhes o acesso às mesmas, a

fim de pleitear a respectiva reti-ficação em caso de inexatidão.

4 - A falta de prévia co-municação acerca da inserçãoda recorrente no cadastro man-tido pela SERASA não lhe acar-retou efetivo dano moral, por-quanto anotado dado verídico,qual seja, a existência de Exe-cução Fiscal em desfavor darecorrente, perfazendo-se irrele-vantes a declaração de inexis-tência da dívida e a extinção daação após o cadastramento e oajuizamento da Ação de Inde-nização, pelo que descabidocogitar-se de retificação da in-formação ainda que comunica-da a negativação.

5 - Reconhecimento pelaprópria recorrente, de inequívo-ca ciência do procedimento ad-ministrativo fiscal ajuizado,com vistas à inscrição de débi-to como dívida ativa e à expe-dição da respectiva certidão, oqual, segundo tramitação legal-mente prevista, apenas culmi-nou com a propositura da Exe-cução Fiscal.

6 - Em se cuidando dedado extraído do Diário Ofici-al e constante do Cartório Dis-tribuidor da Justiça Federal,ainda que não passasse a cons-tar de cadastro mantido por ór-gão de proteção ao crédito, jápossuía acesso franqueado aopúblico, pelo que inviável co-gitar-se de prejuízo moral ori-ginário da sistematização dedados públicos pela SERASA.

7 - À vista do somatóriodas peculiaridades do casosub judice, quais sejam, inser-ção de dado verídico, públi-co e previamente conhecidopela recorrente, em banco dedados mantido pela SERASA,não obstante a ausência deprévia comunicação acercado cadastramento, afasta-sea ocorrência de dano moralimputável à recorrida.

8 - Recurso não conhe-cido. ´

(4ª Turma, REsp n.720.493/SP, Rel. Min. JorgeScartezzini, unânime, DJU de01.07.2005)

Pelo exposto, nos ter-mos do art. 557, § 1º-A, doCPC, conheço do recurso edou-lhe provimento, paraafastar a responsabilidade dorecorrente, no que concerneà inscrição proveniente daação judicial proposta emdesfavor do recorrido e jul-gar improcedente o pedido deindenização por danos mo-rais. Em face da sucumbên-cia, pagará o recorrido a to-talidade das despesas proces-suais, e verba honorária deR$ 1.500,00 (mil e quinhen-tos reais) exclusivamente emfavor do recorrente, ônus sus-pensos em função da justiçagratuita (fl. 27).

Publique-se.Brasília (DF), 05 de no-

vembro de 2008.MINISTRO ALDIR PAS-

SARINHO JUNIORRelator.Trata-se de decisão profe-

rida em consonância com o Có-digo de Defesa do Consumidor,o qual, em seu art. 43, parágrafo

segundo, determina que a “aber-tura de cadastro, ficha, registro edados pessoais e de consumo”,nada tratando, explícita ou impli-citamente, da prévia comunicaçãode apontamento decorrente de in-formação com publicidade ima-nente, a qual é anterior ao seucadastramento nos órgãos deproteção ao crédito. O caminhoé, então, inverso ao que ocorrecom as demais informações denatureza privada, que exigem ci-ência prévia do devedor. Vale di-zer, no caso de anotações pro-venientes de fonte pública, even-tual comunicação seria redundan-te – cientificar-se-ia o que já é deciência de todos.

Portanto, o banco dedados pode inscrever o ca-dastrado, a partir de informa-ções colhidas diretamente dosregistros de distribuição deações e de protestos de títu-los, em razão do princípio dapublicidade imanente.

*Mestre em Direito pela PUC-SP e

Diretor Jurídico da Serasa Experian

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TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO 13FEVEREIRO DE 2009

NOTAS

Castro, Barros, Sobral...Está em novo ende-reço no Rio de Ja-neiro: Avenida RioBranco, 110, 4°, fone(0xx21) 2132-1855.

CNJO Conselho Nacio-nal de Justiça tem,desde o final de2008,um novo por-tal: www.cnj.jus.br

Defensoria PúblicaA Defensoria Públi-ca do Estado deSão Paulo empos-sou 120 novos ofi-ciais (nível médio,

aprovados no I concurso reali-zado pela instituição.

Gaia, Silva, RolimDesmembrou o es-critório em duasempresas: Gaia,Silva, Gaede & As-sociados, Advoca-

cia e Consultoria Jurídica, e Ro-lim, Godói, Viotti & Leite Cam-pos Advogados. Este último temcomo sócios Cristiano AugustoGanz Viotti, Diogo Leite Cam-pos, João Dácio Rolim e Marci-ano Seabra de Godói.

Gabriel Seijo Figueiredo...E Karin Yamauti Ha-tanaka passaram aintegrar, como sóci-os, o escritório Sou-za, Cescon Avedis-

sian, Barrieu e Flesch Advogados.

“Justiça Aberta”O CNJ começa acoletar em marçoinformações sobreo andamento dosprocessos na Justi-

ça estadual de 2° grau e na Jus-tiça Federal. Os trabalhos, quecomeçaram com a Justiça esta-dual de 1° grau, fazem parte doprograma “Justiça Aberta”.

Lamachia, BarretoEspecializado emDireito de Proprie-dade Intelectual, foicontratado pela LeattCorporation, para as-

sessorar a entrada da empresa nomercado brasileiro.

LivroA professora MarlyA. Cardone lança,dia 10, das 18 às20 horas, no auditó-rio do Edifício QuintaAvenida (Avenida

Paulista, 726), São Paulo, o livroCrônicas Sobre a Elite Brasileira –A Justiça dos Outros. Os primeirosque chegarem receberão o livrogratuitamente.

Luis Roberto BarrosoEstá com nova sedeem Brasília: SHISQ28, cj7, casa 11, te-lefone (0xx61) 3409-1000.

MulherO TJ-SP inaugurouo Juizado Especialde Violência Do-méstica e Familiarcontra a Mulher,

sob o comando da juíza Vanes-sa Ribeiro Mateus, como anexoda 8ª Vara Criminal Central deSão Paulo e visa garantir a apli-cação da “Lei Maria da Penha”

Oliveira & ZagoMudou a sede paraRua São Bento, nº356, 11º andar, SãoPaulo. O telefonecontinua o mesmo:

(0xx11) 3116-7400; na internet,www.oliveiraezago.com.br.

Revista CEJO número 43 já estádisponível para lei-tura nas versões im-pressa e eletrônica(www.jf.jus.br). B

CarnavalA exemplo dos advogados trabalhistas, que terão uma ala na Es-cola de Samba Pérola Negra, os demais operadores do Direito te-rão também uma ala na Escola de Samba Vai-Vai. Informaçõespelos telefones (0xx11) 9995-5774, com Rui, e (0xx11) 8315-9477, com Ana. B

dvogados, estagiários eestudantes de Direito po-

dem se inscrever, gratuitamente,no site www.caasp.org.br, para a2ª Feira de Novos Mercados deTrabalho que a Caixa de Assis-tência dos Advogados de SãoPaulo (Caasp) e a seção de SãoPaulo da Ordem dos Advogadosdo Brasil promovem de 14 a l6de abril no Anhembi, São Paulo.O evento destina-se a orientarsobre a realidade atual da pro-fissão, bem como a aproximaros operadores do Direito de em-presas que busquem profissio-nais qualificados. É oportunida-de para descoberta de novasáreas de atuação, concretizaçãode parcerias, recrutamento decolaboradores e ações de marke-ting, num rol de atividades quecontempla tanto potenciais pres-tadores quanto contratantes deserviços advocatícios.

A feira possibilitará a apre-sentação de currículos e a reali-

zação de entrevistas num ambi-ente propício à contratação deprofissionais. Os participantesainda terão chance de assistir apalestras sobre administraçãoda carreira, aspectos de negoci-ação, mercados emergentes emuitos outros temas afeitos àAdvocacia do século XXI.

Parceria firmada entre a Cai-xa de Assistência, a OAB-SP, oCentro de Estudos das Socie-dades de Advogados (Cesa) eo Sindicato das Sociedades deAdvogados de São Paulo e Riode Janeiro (Sinsa) prevê a parti-cipação de escritórios de Advo-cacia de todo o País. Informa-ções sobre a venda de estan-des devem ser solicitadas [email protected] ou pelo telefone(0xx11) 3292-4460. B

2ª Feira de Novos

Mercados de

Trabalho

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Internet

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TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO14 FEVEREIRO DE 2009

POR PERCIVAL DE SOUZA (Especial para o “Tribuna”)

HIC NUNCET

DIREITO CONSTITUCIONAL

No tempo dos dinossauros

B RASÍLIA — Numa tentativa a mais de transformar em dispo-sitivos legais a cruel realidade das ruas, a minuta de um

novo Código de Processo Penal será debatida este mês poruma comissão criada pelo Senado, mas sob presidência do mi-nistro Hamilton Carvalhido, do STJ. Na pauta, investigação crimi-nal, procedimentos, recursos e medidas cautelares. Há anos a la-dainha se repete: uma comissão de juristas, ou notáveis, ou qual-quer outro nome que se queira dar, parte do princípio que estãoem vigor dominantes princípios jurássicos e é preciso urgente-mente modificá-los. Mas, prepare-se: o andor andará devagar. Acomissão, que funciona desde julho passado, precisa enfrentaros debates legislativos para depois vir à tona um projeto de lei. OSenado já recebeu dois projetos, aprovados pela Câmara, envi-ados em 2001 pelo Executivo Federal. Fica ampliado, de 30 para90 dias, o prazo para terminar um inquérito policial, reduzido para10 se o réu estiver preso. As vítimas ganham o direito de saber oritmo das investigações. Os depoimentos podem ser tomados emqualquer lugar, não se limitando à delegacia.

Jurassic Park IO ex-namorado de uma

moça de 29 anos matou-a atiros dentro de uma academiade ginástica, em São Paulo.A vítima havia registrado qua-tro queixas de ameaça (o quevem a ser crime) e não lhederam importância. ComoSandra Gomide, fez inútil bo-letim de ocorrência antes dePimenta Neves tirar-lhe avida. Como diz o desembar-gador Nelson Calandra, pre-sidente da Associação Pau-lista de Magistrados, “não sepode esperar que se mate avítima para haver investiga-ção”. Depois da última dasameaças, a polícia mandouintimação pelo correio. O ex-namorado, em liberdade con-dicional após roubo à mãoarmada (graças a um enig-mático “bom comportamen-to”), não quis nem saber.Tudo sinistramente ridículo.

Jurassic Park IIPor um triz, não foi colocado

em liberdade um dos algozesdo jornalista Tim Lopes, massa-crado, esquartejado e carboni-zado por traficantes no Rio deJaneiro. Claudio Orlando doNascimento, o “Ratinho”, deli-ciou-se acendendo um cigarrono corpo de Tim transformadoem brasas. O diretor do presí-dio onde ele está, mais umpsicólogo e uma assistente so-cial deram parecer autorizandoa libertação, numa saída tem-porária e progressão para oregime semiaberto. É a histó-ria burocrática do 1/6 da penacumprido. O juiz Rafael Estre-la, da Vara de Execuções Pe-nais, disse não ao oco e toscoparecer. “Ratinho” já havia fugi-

do antes. O juiz entendeu que aJustiça não poderia fechar osolhos para o passado. O novopresidente do TJ-RJ, desembar-gador Luiz Zveiter, foi além. Dis-se que esse tipo de avaliaçãotem de ser feito por “profissio-nais de fora da administraçãopenitenciária”.

Faxina no tribunalO TJ do Espírito Santo vive

a angústia e a vergonha de terde lancetar na própria carne epromover assepsia moral, comafastamentos e fim do nepotis-mo que campeava na Corte.Em Vitória, nasceu um grupochamado “Comando de Caçaaos Corruptos”. Vestidos deamarelo e becas, manifestan-tes foram lavar as escadariasdo tribunal com um materialde limpeza que chamaram de“corrupcida”. Para o correge-dor do Conselho Nacional deJustiça, Nelson Dipp, a apura-ção vai direto para os “final-mentes” apuratórios, dispen-sando-se sindicância: as pro-vas são consideradas fartas,insofismáveis.

Toga com éticaO CNJ imprimiu 10 mil

exemplares de um Código deÉtica, aprovado em sessãoplenária, e mandou para ma-gistrados de todo o País. Otexto sugere que os juízes se-jam discretos, transparentes edispensem holofotes. E nãofaçam críticas a despachos,votos e sentenças de colegas.Observações, só por escrito efundamentadas. A recomen-dação serve como carapuça,que podem ser colocadas emcabeças até do Supremo Tri-bunal Federal. B

Escola Superior deDireito Constitucio-nal (ESDC) lançou,no dia 26 de janei-ro, pela primeira

vez um espaço em São Paulodedicado para um ObservatórioConstitucional. O espaço pro-porcionará a discussão da for-ma que o País aplica e debatea Constituição Federal. O even-to contou com a participação doprofessor Paulo Ferreira da Cu-nha, titular de Direito Constituci-onal da Universidade do Porto.

Segundo o professor Mar-celo Lamy, idealizador e coor-denador do projeto, uma redede professores e profissionaisligados ao Direito Constitucionalvai enviar mensalmente infor-mações com os aspectos ino-vadores e que estão em pautano Brasil e no mundo sobre otema. Segundo ele, uma comis-são de especialistas estudará

Brasil ganha Observatórioos dados enviados, que depoisserão disponibilizados em for-mato compacto pela internet, nosite www.esdc.com.br. Estãoprevistas quatro linhas de ob-servação: direitos humanosindividuais e supraindividuais,jurisdição constitucional, sis-tema e forma de organizaçãodo poder e constitucionaliza-ção do Direito. “São como lu-netas pré-moldadas para ob-servarmos o que vem aconte-cendo com o Direito Constitu-cional”, afirma Lamy.

O compromisso da rede doObservatório Constitucional éreunir temas delicados como oque vem acontecendo contraas liberdades e direitos huma-nos, as questões tributárias, aestrutura de poder, o impactoque o Direito Constitucional temem cada sociedade. “Às ve-zes, a decisão de um juiz ou deum tribunal na área de Direito

Constitucional tem um efeito gi-gantesco, porque em geral estárelacionada aos temas da vidae da liberdade.” Para o profes-sor Lamy, é necessário o inter-câmbio do pensamento consti-tucional com outros cantos domundo para saber se o Brasilestá no caminho certo. “Quemsabe, com o ObservatórioConstitucional poderemos ante-cipar mudanças jurídicas impor-tantes para a sociedade.”

Discípulo do jurista CelsoBastos, com quem trabalhouquando veio morar em São Pau-lo, em 1993, o professor Marce-lo Lamy, 38 anos, encabeçauma nova geração de constituci-onalistas. Formado em Direitopela Universidade Federal doParaná (UFPR), com mestradona USP e doutorado na PUC-SP, fundou e dirige a EscolaSuperior de Direito Constitucio-nal em São Paulo. B

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TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO 15FEVEREIRO DE 2009

Horizontais Verticais

Soluções das Cruzadas

1) Malefício; 2) Anômalo, Rad; 3) Tu,Atentado; 4) Air, Estado; 5) Dr., Nor,Oti; 6) Sic, Arras; 7) Realista; N.S.;8) Chamas; 9) AA, Era, EB.

1) Matadores; 2) Anuir; 3) LO, Saca; 4)Ema, Ilha; 5) Falência; 6) Ileso, SME;Contratar; 8) TA, Rasa; 9) Orador; 10)Adotante; 11) Edo, ISS. B

CURSOS/CONGRESSOS

ARBITRAGEM & MEDIAÇÃO — AAmesco, Arbitragem e Mediçãocomo Soluções de Conflito, rea-liza dias 14, das 9 às 17 horas,e dias 18 e 19, das 18 às 22horas, o “Curso Básico deArbi-ragem e Medição”, com Fernan-da Aguiar. Os dois cursos serãorealizados na Rua Serra de Botu-catu, 1.408, Tatuapé (São Paulo).Informações pelos telefones(0xx11) 2294-5796 e 2295-0063ou [email protected].

CÁLCULOS TRABALHISTAS — ALex Editora S.A., Cursos Jurídi-cos, realiza dias 12 e 13, das8h30 às 17h30, na Avenida Pau-lista 1.337, 23/24°, São Paulo, ocurso “Cálculos Trabalhistas noÂmbito Jurídico”, com o profes-sora Andrela Tasslene Antonac-ci. Informações pelo telefone(0xx11) 2158-8620.

DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS —A PUC-SP/Cogeae (EducaçãoContinuada) inicia dia 25 demarço o curso “Direitos Difusose Coletivos”, às segundas equartas-feiras, das 19 às 23 ho-ras, na Rua da Consolação, 881(São Paulo).O curso, com 404horas, é dividido em quatro mó-dulos: “Teoria Geral dos Direitos

Difusos e Coletivos”, “Direitosdo Consumidor”, “Direito Ambi-ental” e “Direito Econômico”. In-formações e inscrições pelo te-lefone (0xx11) 3124-9600 ouwww.pucsp.br/cogeae.

DIREITO TRIBUTÁRIO — A Facul-dades Milton Campos, de BeloHorizonte, receberá até o dia12 inscrições para o curso depós-gradução lato sensu em Di-reito Tributário. O curso terá iní-cio dia 2 de março, com aulasaté dezembro, de segunda aquarta-feira, das 19 às 22h30.Informações pelo telefone (0xx31)3289-1900 ou www.mcampos.br/p o s g r a d u a ç ã o / l a t o s e n s u /dire i to%20tr ibutár io/d i re i totributário.htm.

FENALAW NORDESTE — Estãoabertas as inscrições para aFanelaw Nordeste, congressoe exposição para advogados,que será realizada dias 4 e 5de junho, no Mar Hotel, Reci-fe (Pernambuco). Até o finaldo ano deverão ser realiza-das feiras em Belo Horizonte(Fenalaw Sudeste) e PortoAlegre (Fenalaw Sul). Infor-mações em www.fenalaw.com.br.

HOMOAFETIVIDADE & FAMILIA — ALex Editora S.A., Cursos Jurídi-cos, realiza dia 14, das 8h30 às15h30, na Avenida Paulista1.337, 23/24°, São Paulo, o cur-so “Homoafetividade & Família”,com o professor Paulo RobertoIotti Vecchietti. Informações pelotelefone (0xx11) 2158-8620

PERICIA JUDICIAL CONTABIL — ALex Editora S.A., Cursos Jurídi-cos, realiza dia 19, das 8h30 às17h30, na Avenida Paulista1.337, 23/24°, São Paulo, o cur-so “Perícia Judicial Contábil”,com o professor Edílson deLara Elias. Informações pelo te-lefone (0xx11) 2158-8620.

PERICIAS JUDICIAIS — O Ibape-SP (Instituto Brasileiro de Avalia-ções e Perícias de Engenharia)promove de 16 a 19 de março,na Rua Maria Paula, 122, cj.106,1°, São Paulo, o curso "PeríciasJudiciais". Informações pelo tele-fone (0xx11) 3105-4112 ou www.ibape-sp.org.br.

RECURSOS CÍVEIS — A Lex Edito-ra S.A., Cursos Jurídicos, realizadia 13, das 8h30 às 12h30, naAvenida Paulista 1.337, 23/24°,São Paulo, o curso “QuestõesPolêmicas e Atuais dos Recur-sos Cíveis”. Informações pelo te-lefone (0xx11) 2158-8620. B

SEMINÁRIOS/TREINAMENTOS

DIREITO AMBIENTAL — A Cul-tcorp Cultura Corporativa pro-move dia 19 o seminário “Licen-ciamento Ambiental”, com asparticipações de Daniel Fink (Pro-motoria do Estado de São Paulo),Carolina Piccin Sildberg e Danie-lla MackDowell. Informações pelotelefone (0xx11) 3817-8700.

DIREITO DO CONSUMIDOR — OCanal Executivo (Rua AdolfoTabacow, 144, Itaim, São Pau-lo) promove dia 17 o seminá-rio “Adequação às novas re-gras de Call Center”, com pa-lestras de Ana Maria MoreiraMonteiro (AM3 Telemarke-ting), Jarbas Nogueira (Oracledo Brasil), João Fávio de Va-lentin (Siemens), Paulo Henri-que da Costa (Hospital do Co-ração) e Paulo Morais (MoraisAdvogados Associados). Infor-mações pelo telefone (0xx11)3513-9600.

DIREITO DIGITAL — O CanalExecutivo (Rua Adolfo Taba-cow, 144, Itaim, São Paulo) pro-move dias 9 e 10 o treinamento“Governança WEB e Gestão deConteúdo. Como criar, implan-tar e manter a gestão de sites,intranets e portais corporativos”,com Daniel Aisenberge e Fer-nando Viberti. Informações pelotelefone (0xx11) 3513-9600.

ESCRITÓRIOS — A Central Práti-ca, Consultoria e Treinamentopromove dias 5 e 6, no Rio deJaneiro, o seminário “Organi-zando Escritórios e Departamen-tos Jurídicos”, com João A. Fer-nandes, Mauro Scheer Luís e Va-nessa S.Scheer. Informações pelotelefone (0xx11) 3120-6806 ouem www.centralpratica.com.br.

NEGÓCIOS — A Central Prática,Consultoria e Treinamento pro-move dias 16 e 17, em SãoPaulo, o seminário “Plano deNegócios 2009 para Escritóriosde Advocacia”, com MauroScheer Luís e Vanessa S. Sche-er. Informações pelo telefone(0xx11) 3120-6806 ou em www.centralpratica.com.br.

REDAÇÃO EMPRESARIAL — O Ca-nal Executivo (Rua Adolfo Taba-cow, 144, Itaim, São Paulo) reali-za dias 4 e 5 o treinamento “Re-dação Empresarial”. Informaçõespelo telefone (0xx11) 3513-9600.

SOCIEDADES — A Central Práti-ca, Consultoria e Treinamentopromove dia 10, em São Paulo,o seminário “Estruturação Soci-etária de Sociedades de Advo-gados”, com Mauro Scheer Luís.Informações pelo telefone (0xx11)3120-6806 ou em www.centralpratica.com.br. B

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TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO16 FEVEREIRO DE 2009

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LIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSTRIBUNA DO DIREITO

ANO 14 - Nº 166 FEVEREIRO DE 2009

LUÍS VIRGÍLIO AFONSO DA SILVA

e o Estado realizasse mais os direitossociais, um número maior de pesso-as teria acesso à saúde, à educação,à moradia. Isso, pelo menos, dimi-nuiria os efeitos mais perversos da

desigualdade social. É óbvio que a diminuição dadesigualdade social passa por outros caminhos,como a reforma tributária e uma tributaçãomais justa. Mas a realização desses direitos éuma forma clara e importante de, pelo menos,diminuir os efeitos dessas desigualdades.”

O pensamento é de Luís Virgílio Afonso daSilva, o mais jovem professor titular de Direi-to Constitucional da Faculdade de Direito daUniversidade de São Paulo, posição conquis-tada aos 32 anos. A seu ver, a reforma políticanão irá mudar as coisas do dia para a noite noBrasil e transformar o desacreditado Congres-so numa instituição exemplar. “Por melhorque fosse a reforma, ela não teria tamanhacapacidade. Existem outras coisas que sãonecessárias, mas ela pode ajudar a fomentarum trabalho nessa direção”, pondera.

Ele salienta que, entre as várias propostasde reforma política em tramitação no Con-gresso, a que considera a principal, mas nun-ca foi colocada em votação, baseia-se em trêspilares: mudança no sistema eleitoral, espe-cialmente para a Câmara dos Deputados; fimdas coligações partidárias e alteração no fi-nanciamento das campanhas dos partidos.

“O grande problema de qualquer reforma políti-ca é que quem a faz são os que vão sofrer as con-sequências. Todas as reformas são difíceis, masa política é particularmente complexa, em vistadessa circunstância de que os reformadores irãoatuar numa nova ordem. Não há grandes pers-pectivas de que isso vá para frente”, reconhece.

Ao analisar os 20 anos da Constituição de88, Luís Virgílio Afonso da Silva destaca queela garante direitos no sentido mais amplo dapalavra. “Há também direitos que não depen-dem somente de lei, mas de grande investi-mento estatal. Aí está, talvez, o ponto maiscomplexo da Constituição: os direitos sociais(à saúde, à educação, à moradia) não realiza-dos. Não se trata de questão só jurídica, mastambém de políticas públicas”, argumenta.

Ele defende a importância de pesquisasque avaliem o grau de coerência das decisõesdo Supremo Tribunal Federal: “Uma históriade coerência é sempre importante. Em váriospaíses, faz parte do estudo do Direito Consti-tucional conhecer a história do tribunal de

cúpula, do tribunal consti-tucional. Isso traz maissegurança para saber a li-nha jurisprudencial. NoBrasil, isso é muito difícil,por várias razões. Em pri-meiro lugar, porque nuncahouve essa tradição deacompanhamento, e por-que um tribunal como oSTF decide 150 mil proces-sos por ano. Isso não existe,em nenhum lugar do mun-do”, esclarece. Ainda emrelação ao STF, Virgíliosustenta que os ministros,quando tiverem melhorescondições de trabalho de-correntes da aplicação dacláusula de repercussão ge-ral, prevista na Emenda 45,diminuindo a quantidadede recursos extraordináriosjulgados pela Corte, terão apossibilidade de debatermais, deliberar mais. Ob-serva que “atualmente, atépor questões de organizaçãodo tribunal, os ministrospraticamente não delibe-ram, não dialogam. Bastaassistir aos grandes julga-mentos na TV Justiça, paraperceber que cada um játraz o voto pronto, que sãolidos em plenário”, reclama.E prossegue: “Ao contráriodo que ocorre em outros tri-bunais constitucionais nãohá uma verdadeira delibe-ração. Eles não tentam che-gar —, um cede aqui, outrocede ali —, alcançar umaposição institucional. Oque existe são 11 ministrose um placar final.”

Luís Vírgílio Afonso daSilva é autor de A Consti-tucionalização do Direito —Os Direitos Fundamentaisnas Relações entre Particu-lares; coordenou a obra In-terpretação Constitucional;e traduziu Teoria dos Di-reitos Fundamentais — Teo-ria e Direito Público, de Ro-bert Alexy, todas pela Ma-lheiros Editores.

FRANCISCO MORAESEspecial para o “Tribuna”

“S

Reforma e a desigualdade socialFotos Augusto Canuto

Aos 32 anos, o mais jovem professor de Direito Constitucional da USP

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FEVEREIRO DE 20092TRIBUNA DO DIREITO

LIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROS

Tribuna do Direito — Qual a opinião dosenhor sobre a reforma política?

Luís Virgílio Afonso da Silva — Apesar deterem sido aprovadas algumas restrições àpropaganda eleitoral, como a proibição de sho-wmícios por exemplo, a reestruturação aindaestá por ser feita. O principal projeto de refor-ma política em tramitação no Congresso,onde vem sendo discutido há muito tempo,prevê três iniciativas principais: mudar a for-ma de voto, notadamente para eleger os inte-grantes da Câmara dos Deputados por meiode lista fechada; acabar com as coligaçõespartidárias e mudar o financiamento dascampanhas eleitorais. Atualmente, os parti-dos podem captar fundos na iniciativa privada,e recebem também recursos do fundo partidá-rio, que é público. A proposta ainda não votadano Congresso limita esse financiamento aosrecursos públicos. Os que se opõem à idéiasustentam que é gastar muito dinheiro compessoas desacreditadas. Por outro lado, o fi-nanciamento público tenderia a trazer maistransparência ao processo político.

TD — É possível controlar a doação de

grandes somas para campanhas eleitorais?Virgílio — Grandes doações de particulares

são controláveis, mas é possível pulverizaraltas somas porque atualmente, até determi-nado limite, os valores não precisam ser dis-criminados. A chance de criar um ‘Caixa 2’ égrande. Se o financiamento for todo público, émais fácil controlar. As campanhas têm de fi-car mais baratas porque o dinheiro públiconão vai custear essas campanhas milionári-as que hoje existem.

TD — O que é o sistema de lista fechada?Virgílio — Fechar a lista significa que nin-

guém mais vota em pessoas, mas no partido.É o partido que define a ordem dos candidatos.As pessoas votam no partido, faz-se a conta everifica-se que o partido ‘X’ tem direito a 50deputados. São os 50 primeiros da lista. Atual-mente, a eleição para a Câmara dos Deputa-dos é feita por lista aberta. Eleição por listaaberta significa que as pessoas podem votarnos candidatos. Cada um vota no candidatoque quiser: a deputado federal, a estadual,avereador. Há o problema de dominação parti-dária, mas a vantagem para esse tipo de mu-dança é, em primeiro lugar, tentar definirmais claramente os partidos. Quem vota nopartido tem de saber quem é o partido. E can-didatos de um mesmo partido deixam de serinimigos. A partir do momento em que nin-guém mais tem voto individual, todos os can-didatos tem de fazer campanha para o partido.Isso é bom por eliminar a disputa intraparti-dária, e tende a diminuir custos por não seprecisar fazer campanha por deputado. A cam-panha é do partido. Diminuiriam esses gastos

“A reestruturaçãopolítica ainda

está para ser feita”

e isso poderia ser financiado com o fundo par-tidário.

TD — Mas não seria preciso alterar a

Constituição?Virgílio — Não. Não é necessário fazer

Emenda Constitucional, nem ter quórum de3/5. Basta mudar a legislação eleitoral. Dimi-nuiria o custo de campanha, traria maior co-esão partidária, acabaria com as brigas den-tro do partido. Basta mudar pouquíssimos de-talhes da lei eleitoral, que não é nem lei com-plementar, é ordinária. Basta maioria sim-ples para mudar.

TD — Como ficariam as coligações parti-

dárias?Virgílio — A idéia é que, se fosse eliminada

a possibilidade de coligação, como prevê o pro-jeto, diminuiria drasticamente o número departidos com representação na Câmara. Mui-tas vezes, partidos pequenos que não sobrevi-veriam sozinhos conseguem eleger represen-tantes porque estão coligados com alguém. Ocenário ficaria mais claro, as pessoas votari-am em partidos. Eles teriam uma definiçãoideológica um pouco mais clara. Diminuiria onúmero de partidos. Poderiam ser financiadospor um fundo partidário público, sem que aspessoas fossem fazer algum tipo de captação,às vezes promíscua, na iniciativa privada. É areforma que se imaginava que iria para fren-te, mas isso nunca ocorreu.

TD — Qual a avaliação do senhor sobre aConstituição de 88?

Virgílio — O Brasil politicamente é umademocracia consolidada. Isso, de certa forma,graças à Constituição de 1988. No caso queinteressa mais ao Direito Constitucional (osdireitos fundamentais de liberdade do artigo5º, os direitos sociais do artigo 6º) a Consti-tuição foi inovadora e é garantidora de direi-tos no sentido mais amplo da palavra. O pro-blema é que essa garantia de direitos nãodepende só de inscrevê-los no texto constitu-cional. Depende, em algum momento, daprodução de legislação posterior, parte já re-alizada e outra não realizada. Existem direi-tos que ainda dependem de regulamentação.O direito de greve dos funcionários público éum exemplo: depois de 20 anos, o STF resol-veu agir para poder garantir esse direito queestá na Constituição desde 1988, mas de-pendia de lei, que até hoje não foi feita. Hádireitos que não dependem só de lei, mas degrande investimento estatal. Aí talvez seja oponto mais frágil e complexo da Constituição.Se se pensar em direitos sociais — à saúde,à educação, à moradia — basta andar peloPaís para saber que eles ainda não são reali-zados, como os que fizeram a Constituiçãoimaginaram. O balanço dos 20 anos, porém, épositivo. O Brasil tem estabilidade instituci-onal e política, garantia ampla de direitos,mas ainda há muita coisa por fazer nos pró-ximos 20, 40, 60 anos.

“O Brasil politicamente é uma democracia consolidada”

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3TRIBUNA DO DIREITO

LIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSFEVEREIRO DE 2009

“No caso dosdireitos sociais, o

Estado deve intervir”

TD — Como está a aplicação dos direitossociais?

Virgílio — No caso dos direitos sociais, oEstado deve intervir, deve agir. Tem de fazeralgo muito grande e que exige muito dinhei-ro. Para que o direito à educação seja realiza-do, o Estado tem de construir escolas, contra-tar professores, pagar bem os professores, terplano de carreira, discutir o currículo básico.Ter um ensino de qualidade para todos. Nocaso da saúde, a mesma coisa: tem de cons-truir hospitais, ter um plano de carreira paramédicos no serviço público, um programa dedistribuição de medicamentos, especialmen-te os mais caros, que a população não conse-gue comprar. Quanto à moradia, a mesma coi-sa. Todos os direitos sociais exigem pesadosinvestimentos do Estado. Não é só uma ques-tão jurídica, mas principalmente de políticaspúblicas. E aí, seja por falta de vontade políti-ca, em alguns casos, ou por escassez de re-cursos, em outros, em alguns momentos umdireito é mais realizado; em outros, menos.Depende da região, da situação econômica doPaís. É um ponto ainda complexo para o ope-rador do Direito. Ele ainda não sabe muitobem dialogar com a política; como compreen-der a política pública; o papel do Direito, dosadvogados, do Ministério Público, do juiz, narealização desses direitos. Ele sabe qual é opapel dos operadores do Direito na realizaçãode vários outros direitos. Mas o seu papel narealização dos direitos sociais, mesmo depoisde 20 anos da Constituição, ainda é algo queestá-se descobrindo.

m 11 anos, de 1995 a 2006, Luís Virgí-lio Afonso da Silva construiu uma car-reira acadêmica que o levou da gradua-ção a professor titular de Direito Cons-titucional da USP, incluindo um douto-

rado na Universidade de Kiel, Alemanha. Virgílioescolheu o curso jurídico na última hora. “Ao contrá-rio do que muita gente pensa, foi na hora de fazer ovestibular que escolhi Direito. Sempre pensei em fa-zer Geografia”, conta.

A graduação foi em 1995. Fez Mestrado no Lar-go São Francisco de 96 a 98 e no ano seguinte,após obter bolsa do Serviço Alemão de IntercâmbioAcadêmico, foi para a Universidade de Kiel, ondepermaneceu até 2002, preparando o doutorado soba orientação do professor Robert Alexy.

Ao regressar da Europa, Virgílio inscreveu-seno concurso para ingresso na carreira docente naUSP, em 2003, e foi aprovado. Em 2004, apresen-tou tese de livre docência sobre direitos fundamen-tais nas relações entre particulares.

Com a aposentadoria do professor titular, Mano-el Gonçalves Ferreira Filho, Virgílio e mais três pro-fessores candidataram-se ao posto. O concurso foirealizado em 2006. Vírgílio conseguiu as melhoresnotas, mantendo-se a tradição de ingresso de pro-fessores jovens como titular de Direito Constitucional(o professor Manoel Gonçalves Ferreira Filho haviaconquistado a titularidade, em 1969, com 35 anos).

Virgílio revela não ter havido influência vertical, de

cima para baixo, do pai para que optasse por Direito.Ele é o filho mais novo do também professor José Afon-so da Silva, que em Minas Gerais andou de carro deboi e trabalhou em garimpo. “Veio tentar a vida em SãoPaulo, com 20 e poucos anos. Sempre teve de se sus-tentar. Ninguém na família tinha frequentado faculda-de. Foi alfaiate, costurou o terno que usou na formatu-ra, depois foi oficial de Justiça, procurador do Estadoe professor titular da USP de 1975 a 1995, quandose aposentou”, conta.

Para Luís Virgílio Afonso da Silva, “o mais impor-tante num curso de Direito é que o aluno saiba pen-sar”. Segundo ele, a lei pode mudar, mas “quemaprende a pensar e argumentar não deixa de apren-der para o resto da vida”.

Nas aulas, ele apresenta textos de autores sus-tentando posições diferentes sobre o mesmo tema,para que os alunos discutam. Nos seminários, os es-tudantes têm contato com decisões do STF, para en-tender as decisões dos ministros. “Os alunos apren-dem a desconstruir os argumentos dos ministros.”

Entre os passatempos de Virgílio está ouvir rock,jazz e música clássica. Aliás, quando estudou naUniversidade de Kiel, tocou contrabaixo na bigband local. Hoje, exercita os dotes musicais emcasa. Joga futebol, gosta de cinema e de escritorescontemporâneos como Milton Hatoum, Alejandro Zam-bra, Roddy Doyle e Frédéric Beigbeder. É casadocom a polonesa Magdalena Nowinska, que conheceuna Alemanha. (FM) �

E

Da Geografia para o Direito

“O direito é mais, ou menos, realizado”

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FEVEREIRO DE 20094TRIBUNA DO DIREITO

LIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROS

Editora Saraiva lan-çou a Coleção de Có-digos e Legislação2009: tradicionais emínis (Civil, Processo

Civil, Penal, Processo Penal, Co-mercial e Tributário); conjugados4 em 1 (Civil, Comercial, Proces-so Civil e Constituição Federal), 4em 1 (CLT, Código de Processo Ci-vil, Legislação Previdenciária eConstituição Federal), 3 em 1 (Tri-butário, Processo Civil e Constitui-ção Federal); 3 em 1 (Penal, Pro-cesso Penal e Constituição Fede-ral); Vade Mecum; Constituição daRepública Federativa do Brasil; Le-gislação de Direito Ambiental, Le-

EDITORA SARAIVA

Coleção de Códigos e Legislação 2009gislação de Direito Internacional,Legislação Administrativa e Segu-rança e Medicina do Trabalho.Cada volume dos códigos tradicio-nais apresenta o texto do respec-tivo código com maior número delegislação complementar e inúme-ras notas remissivas e explicati-vas correlacionadas e classificadascomo fundamentais e acessórias,com a Constituição Federal na ín-tegra e vários índices. A 60ª edi-ção do Código Civil apresenta his-tórico das edições, com texto deapresentação da professora MariaHelena Diniz. Traz novo layout decapa, texto do código composto emcoluna única e com tipologia mai-

or, adendo especial: Acordo Orto-gráfico da Língua Portuguesa.Os códigos mínis (portáteis) reú-nem o texto completo de cada có-digo com a legislação complemen-tar essencial, classificada por te-mas, notas fundamentais, Cons-tituição Federal e índices, paraconsulta rápida. O Vade MecumCompacto (lançamento) apresentaimpressão colorida, com tarjas te-máticas e, em formato menor, con-densa a legislação selecionada “es-sencialmente” para a consulta bá-sica do dia-a-dia de todos aquelesque militam na área jurídica. Traza Constituição Federal, CódigosCivil, Comercial, Penal, de Proces-

so Civil, de Processo Penal, Tribu-tário Nacional, do Consumidor e deTrânsito, CLT, Estatuto da Crian-ça e do Adolescente, da Advocaciae da OAB, da Cidade, do Idoso, doDesarmamento, da Microempresa,legislação complementar correlata,súmulas dos tribunais superiorese índices. São 184 diplomas. A Le-gislação Saraiva compreende tam-bém as CLTs (versões: tradicional,conjugada e acadêmica), Seguran-ça e Medicina do Trabalho (agoraem novo formato), ConstituiçãoFederal, Legislação Administrativa,Legislação de Direito Ambiental,Legislação de Direito Internacio-nal, e mais 22 títulos.

TTTTT r a d i c i o n a i s e M í n i sr a d i c i o n a i s e M í n i sr a d i c i o n a i s e M í n i sr a d i c i o n a i s e M í n i sr a d i c i o n a i s e M í n i s

Código Civil e Constitui-ção Federal, 60ª edição(tradicional) e 15ª edição(míni) — Código Civil atua-lizado — artigos 968 e 1.033

— direito de empresa; Acordo Ortográfico da LínguaPortuguesa; alimentos gravídicos; Estatuto da Cri-ança e do Adolescente – pedofilia; consumidor —artigo 33 – práticas comerciais e artigo 54 — contra-tos de adesão; EC n° 57, de 18/12/2008 — artigo96 do ADCT — municípios; idoso — prioridade norecebimento da restituição do Imposto de Renda; mi-croempresa – microempreendedor individual; regis-tros públicos; súmulas dos tribunais superiores.

Código de Processo Civile Constituição Federal,39ª edição (tradicional) e 15ª(míni) — Acordo Ortográficoda Língua Portuguesa; ali-

mentos gravídicos; EC n° 57, de 18/12/2008 —artigo 96 do ADCT — municípios; Emenda Regi-mental n° 27, de 28/11/2008 (RISTF — artigo328-A); súmulas dos tribunais superiores.

Código Comercial e Cons-tituição Federal, 54 ª edi-ção (tradicional) e 15ª edição(míni) – Acordo Ortográfico daLíngua Portuguesa; arrenda-

mento mercantil; consumidor — artigo 33 — prá-ticas comerciais e artigo 54 — contratos de ade-são; direito de empresa – artigos 968 e 1.033 doCódigo Civil; EC n° 57, de 18/12/2008 — artigo96 do ADCT — municípios; idoso — prioridadeno recebimento da restituição do Imposto de Ren-da; microempresa — microempreendedor indivi-dual; seguros; sociedades anônimas; etc.

Código Tributário Nacio-nal e Constituição Fede-ral, 38ª edição (tradicional)e 15ª edição (míni) — Acor-do Ortográfico da Língua Por-

tuguesa; EC n° 57, de 18/12/2008 — artigo 96do ADCT — municípios; alterações no Estatuto daMicroempresa e Empresa de Pequeno Porte — mi-croempreendedor individual; pacote tributário (Me-dida Provisória n° 451, de 15/12/2008); etc.

Código Penal e Constitui-ção Federal, 47ª edição(tradicional) e 15ª edição(míni) — Acordo Ortográficoda Língua Portuguesa; de-

sarmamento; EC n° 57, de 18/12/2008 — arti-go 96 do ADCT — municípios; idoso — priorida-de no recebimento da restituição do Imposto deRenda; meio ambiente; pedofilia — Estatuto daCriança e do Adolescente; súmulas dos tribu-nais superiores.

Código de Processo Penale Constituição Federal,49ª edição (tradicional) e15ª edição (míni) — Códigode Processo Penal atualiza-

do — artigos 185, 222 e 222-A — videoconfe-rência; Acordo Ortográfico da Língua Portugue-sa; desarmamento — regulamentação; EC n° 57,de 18/12/2008 — artigo 96 do ADCT — municí-pios; Emenda Regimental n° 27, de 28/11/2008(RISTF — artigo 328-A); idoso; meio ambiente;súmulas dos tribunais superiores.

A

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JURISPRUDÊNCIAJURISPRUDÊNCIATRIBUNA DO DIREITO

PROVAS

ANO 14 - Nº 166 FEVEREIRO DE 2009

CLITO FORNACIARI JÚNIOR*

A experiência comum éregra de uso parcimonioso

O artigo que autoriza as regras da experiência comum restringe o seuuso aos casos em que não houver norma jurídica particular

T

*Advogado em São Paulo e mestre em Direito pela PUC-SP.

em-se assistido parcela expressiva doJudiciário dizer o direito que entendeuadequado, prescindindo de deter-se so-bre provas e até permitir sua realizaçãoe, mais ainda, de demonstrar as razõesjurídicas e lógicas que levaram a firmarsua convicção, deixando, portanto, defundamentar o decidido. Transformaram-se esses magistrados em autênticos jus-ticeiros: criam normas e aplicam-nas,segundo seu entendimento, trazendo

com isso insegurança a todos quantos necessitemacorrer à Justiça, uma vez que nada poderão pre-ver, pois o processar de sua demanda poderá ficarsujeito ao critério do magistrado, o que não home-nageia o devido processo legal.

Em larga escala, decisões desse jaez acabaminvocando as regras da experiência comum, como que julga o magistrado estar imunizado de darexplicações, uma vez que colheu sua persuasãoem sua experiência que, por ser sua, não precisa-ria ser explicada, só proclamada. Ledo engano. Emum Estado de Direito, o Judiciário também deveexplicações sobre seus atos, tanto que a Consti-tuição Federal impõe a obrigatoriedade de todasas decisões serem fundamentadas (artigo 93, IX).

Acórdão da 19ª Câmara de Direito Privado doTribunal de Justiça de São Paulo (Apelação n°7.110.247-5, relator Sebastião Alves Junqueira, jul-gada em 7/8/2007) oferece exemplo dessa reali-dade. Cuidou-se de ação monitória, objetivandocobrança de cheques prescritos, sendo que sus-tentou a devedora haver agiotagem, pois os che-ques foram dados em pagamento de “jurosextorsivos”, por empréstimos a ela feitos.

À apelação, deduzida contra sentença que nãoacolhera os embargos, foi dado provimento, des-tacando que a divergência entre as partes era quan-to à alegação de agiotagem. Rejeitou, então, atese da abstração e autonomia das cártulas, paraaplicar as regras da experiência comum, dizendo ser“difícil acreditar que a apelada tenha emprestadoa sequência de cheques por mero favor, ou a juroslegais; a estes juros, emprestaria diretamente aobanco, com muito mais segurança; é o que decor-re da lógica dos fatos”, concluindo, então, estardiante de um caso de agiotagem.

Não se ignora que o sistema processual permi-te ao juiz utilizar-se das regras da experiência co-mum, que nada mais representam que o desaguarde sua vivência de homem, “a experiência de vida,no sentido mais amplo, ou seja, o conhecimentoadquirido pela prática e pela observação no quo-tidiano”, levando-o à formação de um juízo de pos-sibilidade, chegando, pois, a uma “conclusão pro-vável” (Antonio Carlos de Araújo Cintra, Comentá-

rios ao Código de Processo Civil, Forense, 1a edi-ção, 2000, n° 21, páginas 30 e 31).

Todavia, o sistema não se conforma com conclu-são simplesmente provável, salvo quando outro jeitonão existir. Tanto assim que o próprio artigo que auto-riza as regras da experiência comum também restrin-ge o seu uso aos casos em que não houver normajurídica particular. Semelhante previsão retira do ma-gistrado a possibilidade de ser um simples “intuidor”,alguém que, antes de auscultar a lei e a prova dosautos, prefira ouvir os recônditos de sua alma, demodo que semelhante regra de convencimento atése faz possível, porém, desde que não existam nor-mas jurídicas particulares (conforme Moacyr AmaralSantos, Comentários ao Código de Processo Civil,Forense, 1a edição, 1976, n° 31, página 53).

A natureza das questões estampadas no julga-do revela a existência de normas particulares a dis-ciplinar a prova, tanto que a própria apelante pos-tulava a realização de provas, como consta do

relatório, no qual se lê: “Insurge-se contra o julga-mento antecipado, diante da necessidade de pro-dução de outras provas” e, mais adiante, “insiste nanecessidade de produção de prova pericial paracomprovação do pagamento integral da dívida eorigem ilícita dos títulos”.

Diante disso e a partir da própria postura da en-tão devedora, que recorria, não havia, ao menosainda, lugar para as regras da experiência comum,pois, antes, era possível a realização de provas, quepoderiam conduzir a um juízo de certeza e não desimples probabilidade, como aquele a que condu-zem as regras da experiência comum. Portanto,agiu-se açodadamente, dispensando outras provasque poderiam ser feitas (até a apelante as queria),para abrigar a suposta experiência comum.

Ademais, as regras da experiência comum nãodispensam o julgador de demonstrar os elementosque levaram a sua conclusão, de vez que se lhe exi-ge o raciocínio indutivo, partindo-se de pontos conhe-cidos para chegar a outros. No caso, a afirmaçãoconstante do aresto é vazia, sem demonstração,sendo resultado da crença do julgador (“difícil acredi-tar que a apelação tenha emprestado a seqüênciade cheques por mero favor ou a juros legais...”), quelonge está de dar sustentação ao quanto se temcomo afirmação da suposta verdade.

Mesmo, porém, que não houvesse pedido darecorrente, ainda assim a questão da prova teriaque vir à tona, notadamente porque não houve,em primeiro grau, prova, que poderia ser tambémda credora, que não a fez em razão do julgamen-to antecipado da lide. A apelação, tanto quantoa causa em primeiro grau, foi julgada no estadodos autos. Com a aplicação das supostas regrasda experiência comum, sem se buscarem as nor-mas particulares, que poderiam ser obtidas pelosmeios pertinentes, acabou também a credoraperdendo o direito de produzir provas, pois, fosseesse o enfoque que se pretendia conferir ao caso,a ela era possível buscar outras provas, contrapon-do-se ao encaminhamento que prevaleceu.

Há de se ter presente que o artigo 330 do CPCpermite o julgamento antecipado da causa, sem-pre que não houver necessidade de provas. É co-mum, porém, servir-se dele, inadvertidamente, ojulgador, fazendo-o quando não precisa de provaspara julgar em prol de uma das partes que, no seusentir, nada mais precisa demonstrar. Todavia,quando se abre em segundo grau outra vertente,entendida irrelevante ou inconvincente em primei-ro grau, logo vem à mente que, fosse esse o sen-tido do processo, poderia aquela tese ser tambémdemonstrada. Talvez, melhor do que tentar explicaro que ora se diz seria lembrar quantas causas jáforam perdidas, porque o juiz constrangeu o litigantea não-mais provar, indagando a seu advogado:“para que mais prova?”, passando-lhe, com muitaclareza, a sua convicção, que, no entanto, nãocoincidiu com a do tribunal e, aí, a instrução játerminara, às vezes até com a desistência da pro-va, que agora falta.

Dessa forma, o julgamento antecipado deve serreconhecido como precipitado não apenas quan-do reclama de provas quem perdeu, mas tambémquando nova linha de raciocínio surja em segundainstância e o recorrido com ela pode ser prejudi-cado, se oportunidade de provar não vier a lhe serconferida, no momento em que a questão deba-tida na Justiça passou a ser outra. �

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662 FEVEREIRO DE 2009

TRIBUNA DO DIREITO

JURISPRUDÊNCIAJURISPRUDÊNCIASTJ

��HC 96899/SP — Habeas corpus: 2007/0299954-7.Relator (a): ministro Felix Fischer. Órgão julgador:Quinta Turma. Data do julgamento: 3/4/2008. Data dapublicação/fonte: DJE: 16/6/2008. Ementa: Processualpenal. Habeas corpus. Artigo 157, parágrafo 2°, incisosI, II e V, c/c artigo 14, II, do Código Penal. Interrogatóriojudicial. Ausência defensor constituído. Nulidade.Inocorrência. Regime prisional. Circunstâncias judici-ais desfavoráveis. Reincidência. Fechado. I - A realizaçãodo interrogatório do réu, antes da entrada em vigor da Leinº 10.792/2003, sem a presença do defensor, como tal,não constituía nulidade, porquanto, a teor do artigo 187 doCPP, tratava-se de ato personalíssimo, com as caracterís-ticas da judicialidade e da não-intervenção da acusação eda defesa. (Precedentes). II - Fixada a pena-base acima domínimo legal, em razão da existência de circunstâncias ju-diciais desfavoráveis, e tratando-se de réu reincidente, ocumprimento da pena privativa de liberdade deve ser inici-ado no regime prisional fechado, ex vi do artigo 33, § 2º,do CP (Precedentes). Ordem denegada. Acórdão: Vistos,relatados e discutidos os autos em que são partes as aci-ma indicadas, acordam os ministros da Quinta Turma doSuperior Tribunal de Justiça, por unanimidade, denegar aordem. Os srs. ministros Laurita Vaz, Arnaldo Esteves Lima,Napoleão Nunes Maia Filho e Jorge Mussi votaram com osr. ministro-relator.

��HC 97530/PR — Habeas corpus: 2007/0307543-5.Relator (a): ministro Felix Fischer. Órgão julgador:Quinta Turma. Data do julgamento: 3/4/2008. Data dapublicação/fonte: DJE: 16/6/2008. Ementa: Habeascorpus. Artigo 1°, inciso I, do Decreto-Lei n° 201/67,sete vezes, e artigo 90 da Lei n° 8.666/93. Continuida-de delitiva entre os crimes de peculato. Inexistência deconstrangimento ilegal. I - Ao contrário do que alega oimpetrante, houve de fato a prática de sete crimes depeculato pelo paciente, sendo assim, não merece re-forma o acórdão objurgado que realizou o aumento dapena no grau máximo em razão da continuidadedelitiva. II - O aumento da pena pela continuidadedelitiva se faz, basicamente, quanto ao artigo 71,caput, do Código Penal, por força do número de infra-ções praticadas. Qualquer outro critério, subjetivo, viola

o texto legal enfocado. Logo, no caso de sete infraçõescometidas pelo paciente, correto o aumento da reprimendana fração de 2/3 (dois terços). Ordem denegada. Acórdão:Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes asacima indicadas, acordam os ministros da Quinta Turma doSuperior Tribunal de Justiça, por unanimidade, denegar aordem. Os srs. ministros Laurita Vaz, Arnaldo EstevesLima, Napoleão Nunes Maia Filho e Jorge Mussi votaramcom o sr. ministro-relator.

��HC 98307/SP — Habeas corpus: 2008/0003776-8.Relator (a): ministro Felix Fischer. Órgão julgador: QuintaTurma. Data do julgamento: 1/4/2008. Data da publica-ção/fonte: DJE: 2/6/2008. Ementa: Penal. Habeas corpus.Artigo 157, parágrafo 3°, in fine, c/c artigo 14, II, (duas ve-zes), artigo 157, parágrafo 2°, I e II, artigo 213 (duas ve-zes) e artigo 214 (duas vezes) do CP. Roubo e latrocíniotentado. Continuidade delitiva. Impossibilidade. I - Aplica-da a continuidade delitiva entre os latrocínios tentados eentre os crimes contra os costumes, em primeiro grau,carece o paciente de interesse de agir quando impetra opresente writ com o mesmo fim. II - Roubo e latrocínio sãocrimes do mesmo gênero mas não da mesma espécie,impossibilitando o reconhecimento da continuidadedelitiva (precedentes). Ordem parcialmente conhecida e,nesta parte, denegada. Acórdão: Vistos, relatados e dis-cutidos os autos em que são partes as acima indicadas,acordam os ministros da Quinta Turma do Superior Tribu-nal de Justiça, por unanimidade, conhecer parcialmentedo pedido e, nessa parte, denegar a ordem. Os srs. minis-tros Laurita Vaz, Arnaldo Esteves Lima, Napoleão NunesMaia Filho e Jorge Mussi votaram com o sr. ministro-relator.

��HC 76150/RJ — Habeas corpus: 2007/0020471-1.Relator (a): ministro Felix Fischer. Órgão julgador:Quinta Turma. Data do julgamento: 6/5/2008. Data dapublicação/fonte: DJ: 9/6/2008. Ementa: Penal. Habeascorpus. Homicídio qualificado. Execução da pena antesdo trânsito em julgado da condenação. Possibilidade.Recursos excepcionais. Efeito devolutivo. I - Contra adecisão condenatória em segundo grau de jurisdição,cabem, tão-somente, em princípio, recursos de natureza

extraordinária — apelos especial e extraordinário —sem efeito suspensivo (artigo 27, § 2º, da Lei n° 8.038/90), razão pela qual se afigura legítima a execução dapena privativa de liberdade antes do trânsito em julgadoda respectiva condenação. (Precedentes do PretórioExcelso e do STJ/Súmula nº 267-STJ). II - Não se vis-lumbrando, nos recursos excepcionais, tese plausívelde aceitação, perde a razão de ser a suspensão daexecução da condenação imposta em segundo grau. III- "A jurisprudência desta Corte é no sentido de que apendência do recurso especial ou extraordinário nãoimpede a execução imediata da pena, considerandoque eles não têm efeito suspensivo, são excepcionais,sem que isso implique em ofensa ao princípio da pre-sunção da inocência." (HC 2190.645/PE, Primeira Tur-ma, rel. p/acórdão min. Menezes Direito, DJ de 14/11/2007). Writ denegado. Acórdão: Vistos, relatados e discu-tidos os autos em que são partes as acima indicadas, acor-dam os ministros da Quinta Turma do Superior Tribunal deJustiça, por unanimidade, denegar a ordem. Os srs. minis-tros Arnaldo Esteves Lima, Napoleão Nunes Maia Filho eJorge Mussi votaram com o sr. ministro-relator. Ausente,justificadamente, a sra. ministra Laurita Vaz.

��HC 48611/SP — Habeas corpus: 005/0166006-9.Relator (a): ministro Arnaldo Esteves Lima. Órgãojulgador: Quinta Turma. Data do julgamento: 6/5/2008.Data da publicação/fonte: DJ 23/6/2008. Ementa:Habeas corpus. Quadrilha. Crime de autoria coletiva.Desnecessidade de individualização da conduta decada acusado. Inépcia da denúncia afastada. Falta deprova da materialidade e dos indícios de autoria.Dilação probatória. Inadequação da via eleita. Ordemdenegada. 1. Nos crimes de autoria coletiva admite-seo recebimento da denúncia sem que haja uma descri-ção pormenorizada da conduta de cada agente. Prece-dentes do STJ. 2. Rever o entendimento do tribunal deorigem quanto à presença da prova da materialidade edos indícios da autoria a justificar o recebimento dadenúncia implica dilação probatória, inviável, comocediço, na via do habeas corpus. 3. Ordem denegada.Acórdão: Vistos, relatados e discutidos os autos emque são partes as acima indicadas, acordam os minis-tros da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça,por unanimidade, denegar a ordem. Os srs. ministrosNapoleão Nunes Maia Filho, Jorge Mussi e FelixFischer votaram com o sr. ministro-relator. Ausente,justificadamente, a sra. ministra Laurita Vaz.

��RESP 1008191/SP — Recurso especial: 2007/0273012-0. Relator (a): ministro Felix Fischer. Órgãojulgador: Quinta Turma. Data do julgamento: 24/4/2008. Data da publicação/fonte: DJ 9/6/2008. Ementa:Recurso especial. Artigo 171, § 2º, inciso V, c/c artigo 14,inciso II, ambos do Código Penal. Suspensão condicionaldo processo. Concessão ex officio. Inadmissibilidade.Prerrogativa do Ministério Público. I - O juiz não é par-te e, portanto, inadmissível, em princípio, ex vi do artigo89 da Lei nº 9.099/95, que venha a oferecer o sursisprocessual ex officio ou a requerimento da defesa. II -"Reunidos os pressupostos legais permissivos da sus-pensão condicional do processo, mas se recusando opromotor de Justiça a propô-la, o juiz, dissentindo, re-meterá a questão ao procurador-geral, aplicando-sepor analogia o artigo 28 do Código de Processo Pe-

��HC 79971/SP — Habeas corpus: 2007/0068246-5. Relator(a): ministro Hamilton Carvalhido. Órgão julgador: Sexta Turma.Data do julgamento: 30/10/2007. Data da publicação/fonte: DJE4/8/2008. Ementa: Habeas corpus. Direito Penal. Roubo. Regi-me de pena. Réu reincidente. Regime fechado. Obrigatoriedade.1. É obrigatório o regime inicial fechado para o réu reincidentecondenado a pena superior a 4 anos de reclusão. 2. Ordemdenegada. Acórdão: Vistos, relatados e discutidos os autos emque são partes as acima indicadas, acordam os ministros daSexta Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade,denegar a ordem de habeas corpus, nos termos do voto do sr.ministro-relator. A sra. ministra Maria Thereza de Assis Moura eos srs. ministros Carlos Fernando Mathias (juiz-convocado doTRF da 1ª Região) e Nilson Naves votaram com o sr. ministro-relator. Ausente, justificadamente, o sr. ministro Paulo Gallotti.Presidiu o julgamento o sr. ministro Nilson Naves.

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DE ORDEMDE ORDEMDE ORDEMDE ORDEMDE ORDEM

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DE ORDEMDE ORDEMDE ORDEMDE ORDEMDE ORDEM

TRIBUNA DO DIREITO

ANO 16 - Nº 96 FEVEREIRO DE 2009

pesar do aumento anual de bacha-réis em Direito, o número de inscri-ções para a primeira fase do 137°Exame de Ordem foi menor do que odo mesmo período no ano anterior:23.030 inscritos contra 24.827 do

134° (realizado em janeiro de 2008), ou seja,1.797 candidatos a menos. Isso apesar das afir-mações do presidente da OAB-SP, Luiz FlávioBorges D’Urso, de que o primeiro Exame do ano(a Ordem promove três anuais) é “sempre maisconcorrido”. Se for comparado com 2006 e 2007,a diferença sobe para quase 5 mil candidatos.

A redução, de acordo com o presidente daComissão Permanente de Estágio e Exame deOrdem, Braz Martins Neto, pode ter sido moti-vada por alunos que, percebendo a dificuldadede aprovação, tenham optado por outras carrei-ras e, ou, pela redução promovida pelo MEC dequase cinco mil vagas nas universidades. Se-gundo ele, “ainda que de maneira tímida, o Mi-nistério da Educação está intervindo para res-gatar a verdadeira função do ensino, que é aboa formação”. De acordo com Martins Neto, decada três alunos formados em Direito, apenasum é aprovado no Exame de Ordem.

A primeira fase do 137° Exame de Ordem naCapital acabou sendo realizada em apenas umlocal (na Uninove, na Barra Funda). Apesar dis-so, Martins Neto defende a realização da provaem três locais diferentes, principalmente quan-do o número de candidatos superar os 20 mil.Os bacharéis que se submeteram ao Exame ti-veram dificuldades para localizar os locais dasprovas que, a exemplo do “Big Brother 9”, daRede Globo de Televisão, também teve seus“sessentões”, como Alice da Silva Salvador, de60 anos, formada pela Universidade Brás Cu-bas, de Mogi das Cruzes, que tentou pela se-gunda vez a aprovação, e Milton Nascimento, de66, formado pela Unip em 2003 e que participa-va do Exame pela terceira vez.

Segundo a Comissão de Estágio e Exame deOrdem da OAB-SP, a abstenção foi de 3% e fo-ram habilitados para a segunda fase, previstapara dia 15, 9.896 bacharéis, equivalentes a43% dos candidatos. Luiz Flávio Borges D'Ursodisse que o "resultado é o melhor das últimasprovas". Segundo ele, "no 134° Exame (janeirode 2008) foram aprovados 39,80%; no 135°,(maio de 2008), 31,5%; e no 136° (setembro de2008), 34,51%”. O "Tribuna" divulga a provana íntegra, assim como os gabaritos. A segun-da fase terá duração de cinco horas e permiteconsulta à legislação, livros de doutrina e re-pertório de jurisprudência.

Fotos Paulo Junqueira

Diminui número de candidatos

Na Uninove, um rígido esquema de segurança

Alice da Silva Salvador, 60 anos Milton Nascimento, 66

A

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EXAME

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FEVEREIRO DE 20092TRIBUNA DO DIREITO

1. De acordo com dispositivo constitucional vigente, a súmula com efei-to vinculante

(A) será editada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), para a corretainterpretação de lei federal.

(B) será editada por qualquer tribunal, quando houver reiteradas decisõesque recomendem a uniformização do entendimento pelos juízes de primeirograu.

(C) será editada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), após reiteradas de-cisões sobre matéria constitucional.

(D) será editada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), para o aprimo-ramento das rotinas administrativas dos órgãos do Poder Judiciário.

2. O presidente da República pode adotar medidas provisórias, com for-ça de lei, sobre

(A) prazos processuais.(B) instituição e majoração de impostos.(C) definição de crime ou majoração de sanção penal.(D) prazos eleitorais.

3. Segundo a Constituição Federal de 1988 (CF), o sigilo das comunica-ções telefônicas

(A) poderá ser violado, por ordem judicial ou administrativa, para instru-ção processual de ação de improbidade administrativa.

(B) é absolutamente inviolável.(C) poderá ser violado, por ordem de ministro de Estado, para instrução de

processo administrativo disciplinar.(D) poderá ser violado, por ordem judicial, para fins de investigação cri-

minal.

4. É correto afirmar que a lei penal(A) não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.(B) retroagirá, salvo disposição expressa em contrário.(C) não retroagirá, salvo se o fato criminoso ainda não for conhecido.(D) retroagirá, se ainda não houver processo penal instaurado.

5. Segundo a CF, pode ser instituída pena(A) de caráter perpétuo.(B) de trabalhos forçados.(C) de perda de bens.(D) de banimento.

6. Na administração pública direta e indireta de qualquer dos poderes daUnião, dos estados, do Distrito Federal (DF) e dos municípios, os cargos emcomissão

(A) serão exclusivamente preenchidos por servidores de carreira, ainda querequisitados de outros órgãos.

(B) serão preenchidos exclusivamente por servidores ocupantes de cargosefetivos.

(C) destinam-se apenas às atribuições de direção e chefia.(D) serão preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e

percentuais mínimos previstos em lei.

7. A chamada quarentena para juízes, introduzida na CF pela EmendaConstitucional n.º 45/2004,

(A) veda ao juiz aposentado o exercício da advocacia no juízo ou tribunaldo qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo poraposentadoria.

(B) veda ao desembargador aposentado o exercício da advocacia, enquantoestiverem em atividade no tribunal do qual se afastou os magistrados que lheforam contemporâneos.

(C) veda ao juiz afastado em processo administrativo disciplinar o exercícioda advocacia no juízo ou tribunal do qual foi afastado.

(D) veda ao juiz exonerado o exercício da advocacia no juízo ou tribunal doqual se afastou, antes de decorridos dois anos da exoneração.

8. As ações contra o CNJ e contra o Conselho Nacional do Ministério Pú-blico serão julgadas

(A) na justiça federal do domicílio do autor.(B) no STJ, quando se tratar de mandado de segurança.(C) no STF, em qualquer hipótese.(D) no Tribunal Superior do Trabalho, se houver matéria trabalhista.

As provas da primeira fase do 137º ExameConstitucional EXAME DE ORDEM

9. O CNJ(A) compõe-se integralmente de magistrados.(B) terá seus membros nomeados pelo presidente do STF, depois de apro-

vados por maioria absoluta no Senado Federal.(C) poderá rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disci-

plinares de juízes e membros de tribunal julgados há menos de um ano.(D) poderá apreciar, de ofício, a legalidade dos atos administrativos pra-

ticados por membros ou órgãos do Poder Judiciário, mas não poderá descons-tituí-los.

10. Compete ao STJ processar e julgar originalmente(A) os mandados de segurança contra ato dos comandantes da Marinha, do

Exército e da Aeronáutica ou do próprio tribunal.(B) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou in-

diretamente interessados.(C) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamenta-

dora for do Congresso Nacional.(D) a extradição solicitada por estado estrangeiro.

11. José contratou com João o fornecimento diário de refeições por pra-zo indeterminado. No entanto, meses depois, João, mediante instrumento par-ticular, cientificou José de que

faria a interrupção da entrega das refeições a partir do trigésimo dia sub-sequente.

Na situação hipotética apresentada, o ato jurídico praticado por João ca-racteriza

(A) distrato.(B) resilição unilateral.(C) resolução por inexecução voluntária.(D) direito de arrependimento.

12. A Lei de Introdução ao Código Civil (LICC), lei de introdução às leis,contém princípios gerais sobre as normas sem qualquer discriminação, indi-cando como aplicá-las, determinando-lhes a vigência e eficácia, suas proje-ções nas situações conflitivas, evidenciando os respectivos elementos de co-nexão determinantes das normas substantivas aplicáveis no caso de haverconflito de leis no tempo e no espaço. Maria Helena Diniz. Curso de direito civilbrasileiro. Teoria geral do direito civil. Vol. 1, 24.ª ed., São Paulo: Saraiva, 2007(com adaptações). Considerando as ideias do texto acima e os dispositivos daLICC, assinale a opção correta.

(A) Em caso de lacunas, a LICC estabelece mecanismos de integração denormas, tais como a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.

(B) Na interpretação sociológica da norma, o aplicador examina cada ter-mo do texto normativo, isolada ou sintaticamente, atendendo à pontuação,colocação de vocábulos e origem etimológica das palavras.

(C) Na aplicação da norma, observa-se a existência do critério de subsun-ção quando, ao aplicar a norma ao caso, o juiz não encontra norma que lhe sejaaplicável.

(D) A abrogação torna sem efeito uma parte da lei.

13. Pessoa é todo ente físico ou moral suscetível de direitos e obrigações,sendo, portanto, sujeito de direitos. Idem, ibidem. Tendo o fragmento de tex-to acima como referência e

considerando os dispositivos do Código Civil relativos às pessoas naturale jurídica, assinale a opção correta.

(A) A capacidade de exercício da pessoa natural corresponde à sua inap-tidão para ser sujeito de direito.

(B) A capacidade de exercício ou de fato da pessoa natural pressupõe a degozo ou de direito, mas esta pode subsistir sem aquela.

(C) A incapacidade relativa da pessoa natural não pode ser suprida.(D) O estado político da pessoa natural indica a sua situação em relação

ao matrimônio e ao parentesco consanguíneo ou por afinidade.

14. A respeito do fato jurídico, assinale a opção correta.(A) A decadência extingue a pretensão e, por via oblíqua, o direito.(B) Pode haver renúncia à prescrição antes da consumação do respectivo

prazo, desde que não haja prejuízo a terceiros.(C) Ato jurídico em sentido estrito é o que surge como mero pressuposto

de efeito jurídico preordenado pela lei sem função e natureza de autorregula-mento.

(D) O negócio jurídico, ato independente da vontade humana, produz efei-tos jurídicos, criando, modificando ou extinguindo direitos.

15. A respeito do ato ilícito, assinale a opção correta.(A) Ato ilícito é o que se pratica de acordo com a ordem jurídica, mas que

viola direito subjetivo individual, apto a causar dano material ou moral a outrem.(B) Todo ato lesivo é classificado como ato ilícito.(C) Na seara da culpa extracontratual, o ofendido não precisa constituir o

devedor em mora.(D) A ilicitude do ato praticado com abuso de direito possui sempre natu-

reza subjetiva, somente aferível a partir da comprovação da existência de cul-pa ou dolo.

16. Assinale a opção correta acerca da responsabilidade civil.(A) Em razão da natureza do dever violado, a culpa poderá ser contratual ou

extracontratual.(B) Considera-se dano moral direto a lesão a interesse tendente à satisfa-

ção ou a gozo de bem jurídico patrimonial que produza depreciação a um bemextrapatrimonial.

(C) Dano moral é a lesão de interesses exclusivamente patrimoniais depessoas naturais ou jurídicas provocada pelo fato lesivo.

(D) Só subsiste a imputabilidade se presente o nexo causal.

17. O direito das coisas regula o poder do homem sobre certos bens sus-cetíveis de valor e os modos de sua utilização econômica. Insta acentuar queo direito das coisas não pode ser compreendido exatamente como sinônimo dedireitos reais. Possui configuração mais ampla, abrangendo, além dos direi-tos reais propriamente ditos, capítulos destinados ao estudo da posse e aosdireitos de vizinhança. Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald. Direi-tos reais. 2.ª ed. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2006 (com adaptações). Con-siderando as idéias do texto acima e os dispositivos do Código Civil relativosao direito das coisas, assinale a opção correta.

(A) São elementos da relação jurídica oriunda dos direitos reais subjetivos:aquele que detém a titularidade formal do direito, a comunidade e o bem so-bre o qual o titular exerce ingerência socioeconômica.

(B) Ao titular do direito real é imprescindível o uso da ação pauliana ourevocatória para recuperar a coisa em poder de terceiros, inclusive na hipóte-se de fraude à execução.

(C) A promessa de compra e venda registrada no respectivo cartório deregistro de imóveis e a propriedade fiduciária constituem exemplos de direi-tos pessoais.

(D) Caracterizam-se os direitos reais pela formação de relações jurídicasde crédito entre pessoas determinadas ou determináveis, estando o credor emposição de exigir do devedor comportamento caracterizado por uma prestaçãode dar, fazer ou não fazer.

18. O testador tem ampla liberdade de testar, desde que preserve a legíti-ma dos herdeiros necessários. Além de ser permitida a instituição de herdei-ro e legatário em primeiro grau, a norma jurídica autoriza-lhe indicar substituto(sucessor de segundo grau) para recolher os bens da herança, na falta de her-deiro ou legatário nomeado, em virtude de falecimento antes da abertura dasucessão, de renúncia, ou de exclusão, ou após o herdeiro ou legatário indi-cado em primeiro lugar, que, nesse caso, passará os bens transmitidos pelode cujus, depois de certo tempo, a um substituto. Maria Helena Diniz. Cursode direito civil brasileiro. Direito das sucessões. Vol. 6, 21.ª ed., São Paulo:Saraiva, 2007 (com adaptações). Considerando as ideias do texto acima e osdispositivos do Código Civil relativos ao direito das sucessões, assinale aopção correta.

(A) É permitida a substituição hereditária de mais de um grau.(B) A substituição vulgar consiste na indicação da pessoa que deve ocu-

par o lugar do herdeiro, ou legatário, que não quer ou não pode aceitar a libe-ralidade.

(C) Substituição recíproca consiste na instituição de herdeiro ou legatáriocom a obrigação de, por sua morte, a certo tempo ou sob condição preestabe-lecida, transmitir a uma outra

pessoa a herança.(D) No usufruto testamentário, o testador poderá contemplar pessoas in-

certas ou ainda sem existência.

19. Considerando-se os dispositivos do Código Civil relativos ao negóciojurídico e ao direito das obrigações, é correto afirmar que, se um humilde cam-ponês, por meio de um contrato de compra e venda, adquirir algumas glebasde terra de seu vizinho, no valor de R$ 15.000,00, porém aceitar como docu-mentação o simples recibo firmado pela parte adversa, o referido contrato de

Civil EXAME DE ORDEM

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EXAME

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FEVEREIRO DE 2009 3TRIBUNA DO DIREITO

compra e venda(A) será anulável.(B) será inexistente.(C) será perfeitamente válido.(D) terá existência fática, porém é nulo.

20. A respeito dos negócios jurídicos, assinale a opção correta.(A) No contrato estimatório, o consignatário se liberará da obrigação de

pagar o preço caso a restituição dos bens consignados, em sua integralidade,se torne impossível por fato a ele não imputável.

(B) No contrato de troca ou permuta, é permitida a permuta ou troca de umbem móvel fungível por prestação de um serviço prestado pela parte adversaou por terceiro.

(C) No contrato de empréstimo de uso, o emprestador tem obrigação le-gal de pagar as despesas feitas com o uso e gozo da coisa.

(D) O mandato ad judicia só pode ser conferido a advogado regularmen-te inscrito na OAB, sob pena de nulidade do ato.

21. José alienou a Antônio um veículo anteriormente adquirido de Fran-cisco. Logo depois, Antônio foi citado em ação proposta por Petrônio, na qualeste reivindicava a propriedade do veículo adquirido de José. Na situação hi-potética apresentada, para a defesa de seus direitos, além de contestar, Antôniopoderia

(A) propor ação judicial contra José, pedindo que fosse declarada anulidade da compra e venda do veículo reivindicado.

(B) propor ação judicial contra Petrônio, pedindo que fosse declaradaa inexistência da compra e venda do veículo reivindicado.

(C) denunciar a lide contra José.(D) oferecer reconvenção contra Francisco.

22. A respeito da competência, assinale a opção correta.(A) No caso da ação de adjudicação compulsória de bem imóvel, é

competente o foro do domicílio de qualquer das partes.(B) Tratando-se de competência relativa, proposta a ação em foro di-

verso do competente, não pode o juiz reconhecer a sua incompetência deofício, ainda que haja incapazes envolvidos.

(C) A intervenção de autarquia federal na condição de assistente emação de acidente do trabalho desloca a competência para a justiça fede-ral.

(D) O foro da residência da mulher para a ação de separação e de anu-lação de casamento, por ser especial, tipifica hipótese de competência ab-soluta.

23. De acordo com o Código de Processo Civil (CPC), na hipótese deafinidade de questões por um ponto de fato ou de direito, duas ou maispessoas podem litigar em conjunto no mesmo processo, tanto no poloativo como no passivo. Nessa situação, verifica-se o fenômeno denomina-do

(A) litisconsórcio necessário.(B) assistência simples.(C) litisconsórcio unitário.(D) litisconsórcio facultativo.

24. O dever de imparcialidade do magistrado é inerente ao exercícioda jurisdição. A legislação processual civil prevê dois institutos por meiodos quais é possível afastar o juiz da demanda: o impedimento e a suspei-ção. Não se enquadra nas hipóteses de suspeição previstas no CPC o fatode

(A) o juiz conhecer o processo contencioso ou voluntário em primei-ro grau de jurisdição e ter-lhe proferido sentença ou decisão.

(B) o juiz ser herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de algu-ma das partes.

(C) alguma das partes ser credora ou devedora do juiz, de seu cônju-ge ou de parentes deste, em linha reta ou na colateral até terceiro grau.

(D) o juiz ser interessado no julgamento da causa em favor de uma daspartes.

25. A interrupção da prescrição operada em razão da citação válida éo efeito material dessa espécie de comunicação dos atos processuais, oqual

(A) não retroage.(B) retroage à data do despacho que ordena a citação.(C) retroage à data da propositura da ação.(D) retroage à data da propositura da ação somente se o réu contestar.

26. Não se inclui entre as hipóteses de cabimento do procedimento su-mário previsto no CPC

A) a cobrança de honorários profissionais liberais, ressalvado o dispos-to em legislação especial.

B) o arrendamento rural e de parceria agrícola.C) a interdição de pessoa idosa.D) o ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico.

27. Da decisão recorrida que julgar válida, em única ou última instân-cia, lei local contestada em face de lei federal, é cabível recurso

(A) extraordinário.(B) ordinário ao STF.(C) ordinário ao STJ.(D) especial.

28. Acerca dos procedimentos especiais, assinale a opção correta.(A) Não é admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em

alegação de posse advinda do compromisso de compra e venda de imóvel.(B) É imprescritível a ação de petição de herança.(C) Não é admissível ação monitória fundada em cheque prescrito.(D) A usucapião pode ser arguida em defesa.

29. O executado José, logo depois de intimado da formalização da pe-nhora e da avaliação de bens, requereu ao juiz a expedição de guia paraconsignar a importância atualizada da dívida, mais juros, custas e honorá-rios advocatícios. Nessa situação hipotética, segundo entendimento dou-trinário, o ato processual requerido denomina-se

(A) impugnação da execução.(B) remição da execução.(C) usufruto de bens.(D) remissão de bens.

30. A alienação de bem imóvel penhorado requerida pelo exeqüenteconstitui

(A) fraude de execução.(B) fraude contra credores.

Empresarial EXAME DE ORDEM

(C) adjudicação de bem.(D) alienação de bem por iniciativa particular.

31. São consideradas mutualísticas(A) as companhias.(B) as sociedades limitadas.(C) as sociedades de economia mista.(D) as sociedades cooperativas.

32. As ações de uma companhia aberta não são passíveis de(A) penhora.(B) hipoteca.(C) penhor.(D) usufruto.

33. Entre os órgãos da sociedade anônima, detém o maior poder político(A) o conselho fiscal.(B) a assembleia geral.(C) a diretoria.(D) o conselho de administração.

34. Assinale a opção em que é apresentada declaração cambial que trans-mite, de modo imediato, a propriedade do título de crédito.

(A) endosso-mandato(B) endosso-penhor(C) endosso puro e simples(D) mera assinatura do beneficiário ou tomador no anverso doTítulo

35. No Brasil, o estabelecimento empresarial regulado pelo Código Civilé tratado como

(A) pessoa jurídica.(B) patrimônio de afetação ou separado.(C) sociedade não-personificada.(D) universalidade.

36. Acerca do contrato de trespasse e negócios empresariais afins, assi-nale a opção correta.

(A) O trespasse equipara-se à cisão parcial para todos os efeitos legais.(B) A cessão de todas as participações de uma sociedade, assim como

ocorre com o trespasse, altera a titularidade nominal sobre o respectivo esta-belecimento.

(C) O trespasse equipara-se à incorporação de sociedades para todos osefeitos legais.

(D) O trespasse pode ocorrer entre empresários individuais, assim comoentre sociedades empresárias, ou entre estas e aqueles.

37. É patenteável como invenção ou modelo de utilidade(A) aquilo que for contrário à moral e aos bons costumes, desde que pre-

encha os requisitos da patenteabilidade — novidade, atividade inventiva eaplicação industrial.

(B) aquilo que for contrário à segurança, à ordem e à saúde pública, des-de que preencha os requisitos da patenteabilidade — novidade, atividade in-ventiva e aplicação industrial.

(C) microrganismo transgênico que atenda aos requisitos da patenteabili-dade — novidade, atividade inventiva e aplicação industrial — e que não sejamera descoberta.

(D) sinal distintivo visualmente perceptível e não compreendido nas proi-bições legais.

38. O valor mobiliário que confere ao seu titular crédito eventual perantea companhia, consistente na participação nos lucros anuais, é

(A) a ação.(B) o bônus de subscrição.(C) o commercial paper.(D) a parte beneficiária.

39. Com relação ao encerramento da falência, assinale a opção cor-reta.

(A) Da sentença de encerramento da falência caberá apelação.(B) A falência somente se encerra após a extinção de todas as obrigações

do falido.(C) Para o encerramento, o administrador judicial deverá apresentar as

contas, acompanhadas dos documentos comprobatórios, nos próprios autos da

Proc. Civil EXAME DE ORDEM

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EXAME

DE ORDEM

EXAME

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FEVEREIRO DE 20094TRIBUNA DO DIREITO

falência.(D) As contas do administrador judicial poderão ser impugnadas no prazo

de 5 dias, contados da data de sua apresentação ao juízo da falência.

40. A ação renovatória do aluguel empresarial deve ser(A) ajuizada no penúltimo ano do prazo do contrato em vigor.(B) proposta no interregno de, no máximo, 6 meses, até 2 meses, no mí-

nimo, anteriores à data da finalização do prazo do contrato em vigor.(C) ajuizada no segundo semestre do penúltimo ano do prazo do contrato

em vigor.(D) proposta no interregno de um ano, no máximo, até 6 meses, no míni-

mo, anteriores à data da finalização do prazo do contrato em vigor.

41. Assinale a opção correta no que concerne à legislação acerca de cri-mes hediondos.

(A) A nova Lei dos Crimes Hediondos prevê, como requisito objetivo paraa progressão de regime, o cumprimento de um sexto da pena caso o réu sejaprimário.

(B) Em caso de sentença condenatória, o réu não poderá apelar em liber-dade, haja vista a gravidade dos crimes elencados na referida legislação.

(C) É previsto, para a prisão temporária, nos crimes hediondos, o prazo,improrrogável, de trinta dias.

(D) A nova Lei dos Crimes Hediondos afasta a obrigatoriedade de cumpri-mento de pena em regime integralmente fechado.

42. Segundo o Código Penal (CP), aquele que patrocina, direta ou indire-tamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qua-lidade de funcionário público, pratica o crime de

(A) prevaricação.(B) condescendência criminosa.(C) tráfico de influência.(D) advocacia administrativa.

43. Acerca do concurso de pessoas, assinale a opção correta em confor-midade com o CP.

(A) Se algum dos concorrentes tiver optado por participar de crime menosgrave, ser-lhe-á aplicada a pena deste, a qual, entretanto, será aumentada, nostermos da lei, na hipótese de

ter sido previsível o resultado mais grave.(B) As circunstâncias e as condições de caráter pessoal não se comunicam,

mesmo quando elementares do crime.(C) O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição

expressa em contrário, são puníveis, mesmo se o crime não chegar a ser ten-tado.

(D) Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas aeste cominadas, independentemente de sua culpabilidade.

44. À luz do que dispõe o CP acerca da reabilitação, assinale a opção cor-reta.

(A) Caso o condenado seja reabilitado, terá assegurado o sigilo dos regis-tros sobre o seu processo e a condenação.

(B) Após o decurso de dois anos do dia em que for extinta, de qualquermodo, a pena ou terminar sua execução, o condenado poderá requerer a rea-bilitação, não se computando o período de prova da suspensão e o do livramen-to condicional.

(C) Caso o reabilitado seja condenado, como reincidente, por decisãodefinitiva, à pena de multa, o Ministério Público pode requerer a revogação dareabilitação.

(D) A reabilitação não pode ser revogada de ofício.

45. Assinale a opção correta acerca do Estatuto da Criança e do Adolescente.(A) Caso não haja sentença condenatória, a internação pode ser determi-

nada pelo prazo máximo de sessenta dias.(B) Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime, não sen-

do consideradas atos infracionais as contravenções penais.(C) Para os efeitos dessa lei, deve ser considerada a idade do adolescen-

te à data do resultado da conduta delitiva, ainda que outra seja a data da açãoou omissão.

(D) O adolescente somente será privado de sua liberdade em caso de fla-grante de ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridadejudiciária competente.

46. Viviane esteve em uma locadora de filmes e, fazendo uso de docu-mento falso, preencheu o cadastro e locou vários DVDs, já com a intençãode não devolvê-los. Nessa situação hipotética, por ter causado à casa comer-

cial prejuízo equivalente ao valor dos DVDs, Viviane praticou, segundo o CP,o delito de

(A) uso de documento falso.(B) estelionato.(C) furto mediante fraude.(D) apropriação indébita.

47. Acerca dos crimes contra a honra, assinale a opção correta.(A) Considere que Pedro pratique crime contra a honra de José, imputan-

do-lhe, falsamente, fato definido como crime e que Eduardo, sabendo falsa aimputação, a propale e divulgue.

Nessa situação hipotética, Eduardo incorre na mesma pena de Pedro.(B) A imputação vaga, imprecisa ou indefinida de fatos ofensivos à repu-

tação caracteriza difamação.(C) É impunível a calúnia contra os mortos.(D) No delito de injúria, o juiz deve aplicar a pena ainda que o ofendido,

de forma reprovável, tenha provocado diretamente a injúria.

48. Suponha que Bárbara tenha se suicidado após ter sido induzida e ins-tigada por Mercedes. Nessa situação hipotética, segundo o CP, a pena de Mer-cedes será duplicada

(A) se ela deixar de prestar socorro imediato à vítima.(B) caso o crime tenha sido praticado por motivo egoístico.(C) se ela fugir para evitar prisão em flagrante.(D) caso o crime tenha resultado de inobservância de regra técnica de pro-

fissão, arte ou ofício.

49. O médico que, durante um plantão, realizar uma intervenção cirúrgicajustificada por iminente perigo à vida, mas sem o consentimento do pacienteou de seu representante legal, praticará, segundo o CP,

(A) constrangimento ilegal, visto que o paciente não era obrigado a sub-meter-se a cirurgia.

(B) lesão corporal, em razão das manobras cirúrgicas.(C) conduta não-criminosa, pois o paciente corria risco de morte.(D) perigo para a vida ou saúde de outrem, dado que o médico expôs a vida

do paciente a perigo direto e iminente.

50. Maria, ao encontrar, abandonado, na porta de sua residência, um re-cém-nascido desconhecido, deixou de prestarlhe assistência, quando podia tê-lo feito sem risco pessoal. Além da vontade de omitir-se e consciente da si-tuação de perigo em que a vítima se encontrava, Maria sequer pediu socorroà autoridade pública. Na situação hipotética apresentada, a conduta de Mariapode ser tipificada como

(A) abandono de incapaz.(B) exposição ou abandono de recém-nascido.(C) omissão de socorro.(D) maus-tratos.

51. Assinale a opção correta quanto às provas ilícitas, de acordo com o Có-digo de Processo Penal (CPP), segundo recentes alterações legislativas.

(A) São entendidas como provas ilícitas apenas as que forem obtidas emviolação a normas constitucionais, devendo tais provas ser desentranhadas doprocesso.

(B) São, em regra, admissíveis as provas derivadas das ilícitas.(C) Considera-se fonte independente aquela que, por si só, seguindo os

trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, sejacapaz de conduzir ao

fato objeto da prova.(D) As cartas particulares, ainda que interceptadas ou obtidas por meios

criminosos, são, em regra, admitidas em juízo.

52. No que se refere à prova testemunhal, assinale a opção correta de acor-do com o CPP.

(A) As testemunhas serão inquiridas uma de cada vez, de forma que umasnão saibam nem ouçam os depoimentos das outras, devendo o juiz, na ocasiãoda oitiva, adverti-las das penas cominadas ao falso testemunho.

(B) As perguntas devem ser formuladas pelas partes, por intermédio do juize não diretamente à testemunha.

(C) Admite-se que as partes formulem perguntas que possam induzir aresposta das testemunhas.

(D) São admissíveis perguntas que não tenham relação com a causa.

53. Assinale a opção correta de acordo com o que dispõe o CPP acerca daperempção.

(A) Na ação penal pública, a perempção é causa extintiva da punibilidade.

(B) A perempção se aplica à ação penal privada subsidiária da pública.(C) Considera-se perempta a ação penal privada quando, iniciada esta, o

querelante deixa de promover o andamento do processo durante trinta diasseguidos.

(D) A ausência de pedido de condenação, nas alegações finais, por partedo querelante, não enseja a perempção.

54. Assinale a opção correta acerca do sequestro de bens, segundo o CPP.(A) Caberá o sequestro dos bens imóveis adquiridos pelo indiciado com

os proventos da infração, salvo se já tiverem sido transferidos a terceiro.(B) O sequestro será levantado se for julgada extinta a punibilidade ou

absolvido o réu, por sentença transitada em julgado.(C) Para a decretação do sequestro, exige-se a certeza acerca da proveni-

ência ilícita dos bens.(D) O juiz, de ofício, poderá ordenar o sequestro, desde que já tenha sido

oferecida a denúncia ou queixa.

55. De acordo com o CPP, considera-se impedido o juiz(A) que seja amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes.(B) cujo cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou co-

lateral até o terceiro grau, inclusive, tenha funcionado como defensor ou ad-vogado, órgão do Ministério

Público, autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito.(C) que tenha aconselhado qualquer das partes.(D) que esteja respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo cará-

ter criminoso haja controvérsia.

56. Com relação ao processo em geral, assinale a opção correta de acor-do com o CPP.

(A) Considera-se álibi a circunstância conhecida e provada que, tendo re-lação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ououtras circunstâncias.

(B) Com exceção dos casos expressos em lei, as partes podem apresen-tar documentos em qualquer fase do processo.

(C) A fotografia do documento, mesmo que devidamente autenticada, nãopossui o mesmo valor do documento original.

(D) Não é permitida a apreensão de documento em poder do defensor doacusado, mesmo quando constituir elemento do corpo de delito.

57. Relativamente à prisão, assinale a opção correta de acordo com o CPP.(A) Se o réu, sendo perseguido, passar ao território de outro município ou

comarca, o executor poderá efetuar-lhe a prisão no lugar onde o alcançar, apre-sentando-o imediatamente à autoridade local, que providenciará a remoção dopreso depois de haver lavrado, se for o caso, o auto de flagrante.

(B) Na hipótese de resistência à prisão em flagrante, por parte de tercei-ras pessoas, diversas do réu, o executor e as pessoas que o auxiliarem nãopoderão usar dos meios necessários

para defender-se ou para vencer a resistência.(C) Na hipótese de o executor do mandado verificar, com segurança, que

o réu tenha entrado em alguma casa, o morador será intimado a entregá-lo, àvista da ordem de prisão. Se não for atendido imediatamente, o executor con-vocará duas testemunhas e, ainda que seja noite, entrará à força na casa, ar-rombando as portas, caso seja necessário.

(D) Ainda que haja tentativa de fuga do preso, não será permitido o empre-go de força.

58. Acerca das nulidades, assinale a opção correta de acordo com o CPP.(A) A incompetência do juiz é causa de nulidade, ao passo que a sua sus-

peição é mera irregularidade.(B) A falta de intervenção do Ministério Público em todos os termos da

ação por ele intentada e nos da intentada pela parte ofendida, quando se tra-tar de crime de ação pública, é causa de nulidade.

(C) Uma vez declarada a nulidade de um ato, esta causará a dos atos quedele indiretamente dependam ou sejam consequência.

(D) As omissões da denúncia, da queixa ou da representação não poderãoser supridas, ainda que antes da sentença final.

59. Assinale a opção que representa, segundo o CPP, recurso cujas razõespodem ser apresentadas, posteriormente à interposição do recurso, na instânciasuperior.

(A) embargos de nulidade(B) embargos de declaração(C) apelação(D) carta testemunhável

60. Considerando a redação atual do CPP, assinale a opção correta no quediz respeito ao processo ordinário.

(A) O acusado será citado para responder à acusação, por escrito, no pra-zo de 10 dias.

Proc. Penal EXAME DE ORDEM

Penal EXAME DE ORDEM

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EXAME

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FEVEREIRO DE 2009 5TRIBUNA DO DIREITO

(B) O acusado será citado para apresentar defesa prévia, no prazo de 3 dias.(C) O acusado será citado para comparecer a audiência de introdução,

debates e julgamento.(D) O acusado será citado para comparecer a audiência de interroga-

tório.

61. Quanto à remuneração a ser paga no período de férias, assinale a op-ção correta de acordo com o previsto na Consolidação das Leis do Trabalho(CLT).

(A) O empregado não receberá salário, pois nesse período houve o afas-tamento do exercício de sua atividade laboral.

(B) No salário pago por tarefa, para fins de apuração do valor do salário,toma-se a média da produção no período aquisitivo, aplicando-se o valor datarefa do mês imediatamente anterior à concessão das férias.

(C) Para o salário pago por porcentagem, apura-se a média do que foi per-cebido nos doze meses que precederem à concessão das férias, sendo esta aremuneração do período

de descanso.(D) No salário pago por hora cujas jornadas sejam variáveis, a remunera-

ção das férias será a média dos últimos seis meses, pagando-se a esse títuloo valor do salário vigente na data da sua apuração.

62. Assinale a opção correta acerca da suspensão do contrato de trabalhopara que o empregado participe de curso ou programa de qualificação profis-sional.

(A) A suspensão do contrato para tal fim poderá ocorrer por um períodomínimo de um e de, no máximo, seis meses.

(B) O empregado, mesmo não prestando serviços, continua a receber sa-lário por ser tal suspensão considerada benefício que visa ao aprimoramentodo profissional em favor do empregador.

(C) Se o empregado for dispensado durante a suspensão do contrato ounos três meses subsequentes ao seu retorno ao trabalho, terá direito ao per-cebimento de multa convencional cujo valor será, no mínimo, igual ao mon-tante da última remuneração mensal anterior à suspensão.

(D) Não se exige previsão em acordo ou convenção coletiva para a reali-zação de curso de qualificação profissional.

63. Segundo a CLT, não representa hipótese de rescisão indireta(A) a falta grave praticada pelo empregador contra o empregado, mesmo

quando inexistente o requisito da imediatidade e da causalidade.(B) a ofensa que o empregador dirija ao empregado, inclusive quando se

tratar de hipótese de legítima defesa.(C) o fato de empregador exigir serviços estranhos àquele para o qual o

empregado foi contratado.(D) o rigor excessivo no tratamento dispensado pelo superior hierárquico

ao empregado.

64. Com relação ao descanso intrajornada, assinale a opção correta.(A) O acordo ou convenção coletiva de trabalho pode conter cláusula que

reduza o intervalo intrajornada, visto que constitui matéria passível de nego-ciação coletiva.

(B) O trabalho contínuo cuja duração seja de cinco horas diárias terá in-tervalo de 15 minutos para repouso ou alimentação.

(C) Os intervalos de descanso são computados na duração do trabalhoprestado pelo empregado.

(D) Considera-se simples infração administrativa, sem qualquer outra con-sequência jurídica, a nãoconcessão, pelo empregador, do período de descansodo empregado.

65. Assinale a opção correta no que se refere ao trabalhador avulso.(A) Será enquadrado como trabalhador avulso aquele que prestar serviço

sem vínculo de emprego, a diversas pessoas, em atividade de natureza urba-na ou rural com a intermediação obrigatória do gestor de mão-de-obra ou dosindicato da categoria, como, por exemplo, o amarrador de embarcação.

(B) Exige-se a intermediação do sindicato na colocação do trabalhadoravulso na prestação do serviço, razão pela qual deve esse trabalhador ser sin-dicalizado.

(C) O trabalhador avulso não é amparado pelos direitos previstos na legis-lação trabalhista, só tendo direito ao preço acordado no contrato e à multa peloinadimplemento do pacto, quando for o caso.

(D) O trabalho avulso caracteriza-se pela pessoalidade na prestação doserviço, pois a relação é intuitu personae.

66. O motorista que trabalha em uma empresa cuja atividade seja prepon-derantemente rural é enquadrado como trabalhador

(A) urbano, pois faz parte de categoria diferenciada.

Administrativo EXAME DE ORDEM

(B) urbano, visto que não atua diretamente no campo na atividade-fim daempresa.

(C) doméstico, porque, como motorista, não explora atividade lucrativa.(D) rural, pois, embora não atue em funções típicas de lavoura e pecuária,

presta serviços voltados à atividade-fim da empresa e, de modo geral, trafegano campo e não em estradas e cidades.

67. No que se refere à culpa recíproca como causa de extinção do contratode trabalho por tempo indeterminado, prevista no art. 484 da CLT, assinale aopção correta.

(A) O empregado não terá direito ao percebimento do aviso prévio, dasférias proporcionais e da gratificação natalina referente ao ano em que ocor-rer a rescisão do pacto laboral.

(B) Caracterizada a culpa recíproca, possibilita-se o pagamento ao empre-gado, pelo empregador, de metade do aviso prévio, do 13.º salário e das féri-as proporcionais.

(C) Tal instituto decorre de duas ações capazes de provocar, cada umadelas de per si, a dissolução do contrato de trabalho, sendo uma praticada peloempregador e outra do empregado, sendo ambos os atos, ao menos, de natu-reza leve.

(D) A conduta do empregado que retruca a ofensa a ele dirigida pelo em-pregador não precisa ser grave nem guardar relação direta com a conduta ofen-siva anterior.

68. Assinale a opção correta acerca da equiparação salarial de acordo como previsto no art. 461 da CLT.

(A) No trabalho de igual natureza, observa-se a denominação do cargoocupado, independentemente da função exercida pelo empregado.

(B) É imprescindível que, quando proposta a reclamação em que se bus-que a equiparação salarial, o reclamante e o paradigma permaneçam comoempregados do estabelecimento, ainda que o pedido diga respeito a situaçãopretérita.

(C) Cabe ao empregador provar a ocorrência de fato impeditivo, modifica-tivo ou extintivo do pedido de equiparação salarial.

(D) Para fins de equiparação, o empregado e o paradigma podem desem-penhar suas atividades em municípios ou estados diversos.

69. Segundo a CLT, as federações(A) são entidades sindicais de grau superior que atuam em âmbito nacio-

nal.(B) são entidades sindicais compostas de, ao menos, cinco sindicatos que

representem a maioria absoluta de um grupo de atividades ou profissões idên-ticas, sejam elas similares ou conexas.

(C) têm como órgãos internos a diretoria e o conselho de representantes,apenas.

(D) têm o seu presidente escolhido entre os seus membros, sendo ele elei-to pelo conselho de representantes.

70. Com relação à audiência de julgamento, assinale a opção correta de

acordo com a CLT.(A) O não-comparecimento do reclamante à audiência de instrução importa

o arquivamento da reclamação.(B) Após a apresentação da defesa pelo reclamado, o juiz deverá propor a

conciliação, conforme o disposto nessa legislação.(C) O não-comparecimento do reclamado à audiência importa revelia, além

da confissão quanto à matéria de fato e de direito.(D) Não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua

defesa.

71. Maria, servidora pública aposentada há 15 anos, teve suspenso o pa-gamento de seus proventos por decisão da administração pública, que não anotificou previamente para se

defender. A servidora, por meio de seu advogado, requereu, administrati-vamente, o pagamento de seus proventos, tendo em vista a ilegalidade da sus-pensão, ante a evidente ausência de contraditório e ampla defesa. A adminis-tração pública negou o pedido e manteve a suspensão do pagamento da apo-sentadoria de Maria, que, então, ajuizou uma ação com pedido liminar peran-te o Poder Judiciário, pleiteando a anulação do ato administrativo e o restabe-lecimento do seu direito. No Poder Judiciário, a liminar requerida pela servi-dora foi negada, e o processo judicial teve seguimento normal. Antes que oprocesso judicial chegasse a seu término, e antes mesmo de proferida a sen-tença final, a administração anulou o ato administrativo que suspendera o pa-gamento dos proventos a Maria, restabelecendo-o. Com base nessa situaçãohipotética, assinale a opção correta.

(A) O ato de anulação praticado pela administração pública foi inadequa-do, pois cabível seria a revogação do ato de suspensão dos proventos de Ma-ria.

(B) A possibilidade de apreciação judicial do ato denota a perda do poderde autotutela da administração pública.

(C) A conduta da administração pública não afronta o princípio da separa-ção dos poderes, pois, mesmo diante da não-concessão da liminar — o quetrazia à administração pública uma situação processual favorável —, é possí-vel a ela rever seus próprios atos quando eivados de vícios, ainda que estejamsendo discutidos judicialmente.

(D) Ainda que houvesse decisão, transitada em julgado, declarando a le-galidade do ato de suspensão do pagamento dos proventos de Maria, poderiaa administração pública, de acordo com o princípio da independência das ins-tâncias, anular ou revogar o ato administrativo que suspendera o pagamento daaposentadoria da servidora.

72. Assinale a opção correta acerca da declaração de inidoneidade, quepode ser aplicada pela administração pública ao contratado, na forma previs-ta na Lei de Licitações e Contratos.

(A) A declaração de inidoneidade não pode ser aplicada em caso de ine-xecução parcial do contrato.

Trabalho EXAME DE ORDEM

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EXAME

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FEVEREIRO DE 20096TRIBUNA DO DIREITO

(B) A aplicação da declaração de inidoneidade exclui a aplicação de mul-ta e vice-versa.

(C) A declaração de inidoneidade é de competência exclusiva do ministrode Estado, do governador do estado ou do DF, ou do prefeito municipal, casose trate de contrato celebrado respectivamente pela União, pelo estado ou peloDF, ou pelo município.

(D) A declaração de inidoneidade pode ser aplicada às empresas ou aosprofissionais que, em razão dos contratos firmados com a administração pú-blica, tenham sofrido condenação

definitiva por praticarem, por meios dolosos, fraude fiscal no recolhimentode tributo, atos ilícitos visando a frustrar os objetivos da licitação ou por de-monstrarem não possuir

idoneidade para contratar com a administração em virtude de atos ilícitospraticados.

73. Em determinado hospital público pertencente à União, foram constru-ídos, na área interna do terreno em que está situado e que também pertence àUnião, diversos imóveis de 150 m² de área, para moradia temporária de mé-dicos residentes. Os referidos imóveis são benfeitorias do hospital, sendo parteintegrante deste, que é um bem afetado a finalidade pública. No entanto, ocusto de manutenção desses imóveis ficou, ao longo do tempo, muito alto, eo diretor do hospital resolveu vendê-los. Considerando a situação hipotéticaapresentada, assinale a opção correta.

(A) Os imóveis construídos na área interna do hospital, que é afetado a umafinalidade pública, como benfeitorias e partes integrantes que dele são, amol-dam-se à definição de bens de uso especial.

(B) Os imóveis cuja venda se discute estão submetidos ao instituto da afe-tação e, portanto, podem ser vendidos, sobretudo por haver justificação no seualto custo de manutenção.

(C) Não só o hospital e os imóveis que foram construídos em sua áreacomo também os bens de uso especial, de forma geral, concentram-se nodomínio da União.

(D) Os médicos residentes que permanecerem residindo nos imóveismencionados por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, adquirirão odomínio desses bens, podendo pleitear a usucapião.

74. Um município não paga, há mais de 6 meses, as contas decorrentesdo fornecimento de energia elétrica. A concessionária do serviço, após doisavisos de que o fornecimento de energia seria interrompido, suspendeu a pres-tação do serviço ao município, impossibilitando a fruição da energia elétricaem todos os prédios públicos e, ainda, nos espaços públicos, como ruas epraças. O município recorreu ao Poder Judiciário, requerendo que fosse deter-minado à concessionária o restabelecimento da prestação do serviço. Comrelação à situação hipotética apresentada, assinale a opção correta.

(A) É ilegal a suspensão do fornecimento de energia elétrica para espaçospúblicos como ruas e praças, pois a suspensão atinge os cidadãos de formageral, os quais pagam os seus impostos e não podem ser responsabilizadospela inadimplência do município.

(B) A concessionária não pode suspender o fornecimento de energia elé-trica nas unidades e serviços públicos nos quais não se admite paralisação,como, por exemplo, hospitais

e postos de saúde, haja vista a impossibilidade de descontinuidade daprestação desses serviços.

(C) A taxa ou preço público que deveria ser paga pelo município à conces-sionária é suficiente para demonstrar o caráter obrigatório e essencial do ser-viço.

(D) No que diz respeito ao fornecimento da energia elétrica, a relação en-tre o município e a concessionária caracteriza-se como relação de consumo.

75. Acerca dos princípios de direito administrativo, assinale a opção incor-reta.

(A) Tanto a administração direta quanto a indireta se submetem aos prin-cípios constitucionais da administração pública.

(B) O rol dos princípios administrativos, estabelecido originariamente naCF, foi ampliado para contemplar a inserção do princípio da eficiência.

(C) O princípio da legalidade, por seu conteúdo generalizante, atinge, damesma forma e na mesma extensão, os particulares e a administração públi-ca.

(D) Embora vigente o princípio da publicidade para os atos administrati-vos, o sigilo é aplicável em casos em que este seja imprescindível à segurançada sociedade e do Estado.

76. Com referência ao regime de remuneração de agentes públicos pormeio de subsídios, assinale a opção correta.

(A) O subsídio dos deputados estaduais é fixado por lei de iniciativa darespectiva assembleia legislativa e, em razão da autonomia federativa, o seuvalor pode chegar a superar aqueles fixados para os deputados federais.

(B) A remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e em-pregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos mem-

bros de qualquer dos poderes da União, dos estados, do DF e dos municípi-os, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e osproventos, pensões ou outra espécie remuneratória percebidos cumulativamen-te ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, nãopodem exceder o subsídio mensal, em espécie, do presidente da República.

(C) A remuneração dos servidores públicos e os subsídios somente podemser fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa es-tabelecida para cada caso, assegurada, ainda, revisão geral anual, sempre namesma data, mas com a possibilidade de aplicação diferenciada de índices.

(D) O subsídio dos vereadores é fixado pelas respectivas câmaras munici-pais em cada legislatura para a subsequente, e a característica peculiar do sis-tema federativo brasileiro, segundo a qual o município constitui ente partici-pante da federação, possibilita que a CF fixe limites a serem obedecidos quantoaos valores máximos que podem ser fixados pelas câmaras municipais.

77. Paulo, servidor público federal, deixou de observar determinadas re-gras legais durante a análise de um requerimento de particular, terminando pordeferir a este uma licença à qual não tinha direito. Tomada ciência dos fatos,foi instaurado processo administrativo disciplinar. No curso da investigação,descobriu-se que Paulo recebera propina para a prática do referido ato. A co-missão processante, após seguir todos os ritos legais, apresentou relatóriosugerindo a demissão de Paulo e remeteu os autos à autoridade julgadora. Aautoridade administrativa superior, ao julgar Paulo, teceu poucos comentári-os e fez remissão à adoção integral das razões declinadas pela comissão paradeterminar a demissão do servidor. Paulo impetrou mandado de segurançacom a finalidade de anular a demissão ocorrida, alegando que a comissão forainstaurada para apurar o fato relativo a sua falta de cautela ao deferir o reque-rimento e terminou julgando-o por fato mais grave, qual seja, a prática de cor-rupção. Alegou, também, que a autoridade administrativa que o demitiu nãofundamentara devidamente seu ato, já que fez mera remissão aos fundamen-tos da comissão de processo administrativo disciplinar. Por fim, atacou a au-sência de contraditório, alegando que, após o relatório da comissão proces-sante, ele não fora intimado pessoalmente para contestá-lo. Com relação àsituação hipotética apresentada, assinale a opção correta.

(A) Não há ilegalidade na ampliação da acusação a servidor público se,durante o processo administrativo, forem apurados fatos novos, conexos, que,igualmente, constituam infração disciplinar, desde que o princípio do contra-ditório e da ampla defesa sejam rigorosamente observados.

(B) Não é permitido ao agente administrativo, para complementar suasrazões, encampar os termos de parecer exarado por autoridade de menor hie-rarquia.

(C) A autoridade julgadora está vinculada às conclusões da comissão pro-cessante, cabendo-lhe apenas sopesar a pena.

(D) Paulo deveria ter sido intimado, pessoalmente, após o relatório dacomissão processante, para que pudesse impugná-lo antes do julgamento.

78. Assinale a opção correta acerca da exoneração de servidores públicossegundo a Lei n.º 8.112/1990.

(A) A vacância do cargo público é decorrência exclusiva da exoneração.(B) A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do servidor, ou de

ofício, e, no último caso, ela ocorrerá quando não forem satisfeitas as condi-ções do estágio probatório ou quando, tendo tomado posse, o servidor nãoentrar em exercício no prazo estabelecido.

(C) A exoneração de cargo em comissão e a dispensa de função de confi-ança não fica ao alvedrio da autoridade que investiu o agente da função ou docargo em comissão.

(D) Quando requerida a exoneração pelo próprio servidor, a autoridadesuperior competente pode deixar de realizar o ato, caso o pequeno número deservidores no setor ocupado pelo requerente possa comprometer a continui-dade do serviço público.

79. O presidente da câmara de vereadores de um município realizou a con-tratação de pessoal para cargos de função tipicamente administrativa da câma-ra, sem a realização prévia de concurso público. O promotor de justiça da ci-dade, ao ter ciência do fato, ajuizou ação de improbidade administrativa em facedo vereador presidente da câmara, perante o juiz de direito titular da comarca.O vereador alegou que a constituição estadual lhe confere foro privilegiadojunto ao tribunal de justiça do estado, quando processado por atos que impor-tem em crime de responsabilidade, e requereu a remessa dos autos ao tribu-nal. Considerando a situação hipotética apresentada, assinale a opção corre-ta.

(A) A contratação sem concurso público configura ato de improbidadeadministrativa na modalidade lesão aos princípios administrativos, ainda quepraticada com culpa.

(B) Caso o serviço público venha a ser devidamente prestado pelas pessoascontratadas, restará desconfigurada a improbidade administrativa.

(C) No caso em exame, não há direito a foro privilegiado, pois a matériarelativa à improbidade administrativa não é criminal.

(D) Como pena, não seria cabível o ressarcimento ao erário, caso demons-trada a inexistência de dano a este, tampouco a multa civil, visto que esta os-tenta caráter indenizatório.

80. Acerca do regime de concessão e permissão da prestação de serviçospúblicos, previsto no art. 175 da CF e regulado pela Lei n.º 8.987/1995, as-sinale a opção correta.

(A) A subconcessão dos serviços pela concessionária contratada pelo po-der concedente é de livre pactuação.

(B) A transferência do controle societário da concessionária sem préviaanuência do poder concedente não atinge o contrato de concessão.

(C) Os contratos relativos à concessão de serviço público precedido daexecução de obra pública deverão, adicionalmente aos demais requisitos pre-vistos para os outros tipos de concessão, estipular os cronogramas físicofinan-ceiros de execução das obras vinculadas à concessão.

(D) O contrato de concessão, por constituir contrato administrativo, nãopode submeter-se ao emprego de mecanismos privados para resolução dedisputas, como, por exemplo, a arbitragem.

81. Suponha que determinado ente da Federação pretenda instituir contri-buição de melhoria para fazer face ao custo da construção de uma linha de me-trô que beneficiará certa região metropolitana com valorização imobiliária.Considerando essa situação hipotética e a disciplina da espécie tributáriamencionada, assinale a opção correta.

Tributário EXAME DE ORDEM

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EXAME

DE ORDEM

EXAME

DE ORDEM

FEVEREIRO DE 2009 7TRIBUNA DO DIREITO

(A) O referido ente da Federação somente pode ser um município ou o DF.(B) O valor da contribuição de melhoria deverá corresponder ao custo to-

tal da obra dividido pelo número de imóveis beneficiados.(C) O orçamento do custo da obra deverá ser previamente publicado, e o

prazo para a sua impugnação administrativa pelos interessados não poderá serinferior a 30 dias.

(D) O valor da contribuição de melhoria deverá englobar, necessariamente,o valor total da obra pública a ser custeada pela exação.

82. Segundo o Código Tributário Nacional (CTN), são normas complemen-tares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos

(A) os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas.(B) todas as decisões dos órgãos coletivos de jurisdição administrativa.(C) as práticas acidentalmente observadas pelas autoridades administra-

tivas.(D) os ajustes firmados entre os entes tributantes e pessoas jurídicas de

direito privado.

83. Suponha que as pessoas jurídicas Alfa e Beta tenham adquirido, emconjunto, imóvel comercial localizado em determinado município da Federa-ção e o tenham alugado para Antônio. Considerando essa situação hipotéticae a legislação tributária aplicável, assinale a opção correta.

(A) Relativamente ao IPTU incidente sobre o referido imóvel, a responsa-bilidade pelo seu pagamento será do locatário, se houver expressa determina-ção contratual, cabendo à fazenda pública, no caso de eventual execução fis-cal, ajuizá-la contra Antônio.

(B) Se Alfa ajuizar ação de restituição de IPTU incidente sobre o referidoimóvel, pago indevidamente, a interrupção do prazo prescricional não favore-cerá Beta.

(C) Se Alfa não estiver regularmente constituída, a responsabilidade pelopagamento de tributos incidentes sobre o aludido imóvel recairá exclusivamen-te sobre Beta.

(D) Os créditos tributários relativos ao IPTU existentes no ato da aquisiçãodo imóvel referido sub-rogam-se nas pessoas de Alfa e Beta, salvo quandoconste do título prova de sua quitação.

84. Em cada uma das opções a seguir, é apresentada uma situação hipo-tética acerca da constituição do crédito tributário, seguida de uma assertiva aser julgada. Assinale a opção que apresenta a assertiva correta.

(A) Determinada pessoa jurídica adquiriu bens de capital advindos do ex-terior, pagando-os em moeda estrangeira. Nessa situação, quando for realizaro lançamento do tributo, a referida pessoa jurídica deverá converter o valorpago pelos bens em moeda nacional ao câmbio do dia do lançamento.

(B) Após emitida a declaração anual do imposto de renda, José constatoua existência de erro que importou no pagamento em valor superior ao tributoefetivamente devido. Nessa situação, José poderá proceder à retificação dadeclaração inicialmente feita, reduzindo o valor do tributo devido, desde quecomprove a existência do erro em que se funde e desde que proceda à retifi-cação antes de notificado o lançamento.

(C) A autoridade fiscal lançadora, analisando declaração feita por contri-buinte, relativa à importação de bens de consumo, constatou que os preços

atribuídos aos bens importados eram bastante inferiores aos praticados pelomercado. Nessa situação, a autoridade competente não poderá homologar asdeclarações feitas pelo contribuinte, devendo, necessariamente, encaminhar osfatos ao órgão competente para apuração do valor do tributo devido e cobrá-lo por intermédio de execução fiscal.

(D) Paulo, ao elaborar sua declaração anual do imposto de renda, apuroua existência de imposto adicional a pagar, efetuando seu regular pagamento àvista. Nessa situação, o referido pagamento suspende o crédito tributário, atéposterior homologação do lançamento pela autoridade administrativa compe-tente.

85. Se determinado município conceder isenção a todas as indústrias lo-calizadas nos limites de seu território, essa isenção tributária

(A) constituirá hipótese de suspensão da exigibilidade de quaisquer cré-ditos tributários relativos às indústrias.

(B) dispensará as indústrias do cumprimento das obrigações acessórias,como a emissão de notas fiscais.

(C) caracterizar-se-á como dispensa constitucional de tributo.(D) não será extensiva às taxas, salvo disposição de lei em sentido contrá-

rio.

86. O CTN veda a divulgação, por parte da fazenda pública ou de seus ser-vidores, de informação obtida em razão do ofício público sobre a situação eco-nômica ou financeira do sujeito passivo ou de terceiros e sobre a natureza e oestado de seus negócios ou atividades. Constitui exceção ao dever de sigilofiscal a

(A) permuta de informações entre a União e Estados estrangeiros no inte-resse da arrecadação e da fiscalização de tributos previstos em tratados, acor-dos ou convênios.

(B) permuta de informações entre quaisquer entidades do Poder Executi-vo federal, na forma estabelecida por lei ou convênio.

(C) requisição de autoridade administrativa ou judiciária, exclusivamentesobre litígios de natureza criminal.

(D) solicitação de autoridade administrativa no interesse da administraçãopública federal, em qualquer hipótese.

87. Acerca das disposições do CTN quanto às garantias e privilégios docrédito

tributário, assinale a opção correta.(A) A natureza das garantias atribuídas ao crédito tributário não altera a

natureza da obrigação tributária correspondente.(B) Todos os bens e rendas do devedor respondem pelas dívidas tributá-

rias, com exceção dos imóveis residenciais gravados por hipoteca.(C) Nas execuções comuns, os créditos tributários sempre preferem a

quaisquer outros, seja qual for a natureza ou o tempo de constituição.(D) No processo falimentar, a multa tributária não goza de quaisquer pre-

ferências processuais.

88. Assinale a opção correta acerca do processo de execução fiscal, pre-visto na Lei n.º 6.830/1980.

(A) A dívida ativa da União será apurada e inscrita no conselho de contri-

buintes do Ministério da Fazenda.(B) É lícito o ajuizamento de execução fiscal contra o fiador e os sucessores

do devedor a qualquer título.(C) Depende de requerimento expresso constante da petição inicial a pro-

dução de provas pela fazenda pública.(D) O despacho do juiz que deferir a petição inicial importa, necessaria-

mente, em ordem para arresto, se não for paga a dívida nem garantida a exe-cução.

89. De acordo com o CTN, a base de cálculo do imposto sobre operaçõesde crédito, câmbio e seguro e sobre operações relativas a títulos e valores mo-biliários (IOF) é,

(A) na emissão, exclusivamente o valor nominal.(B) na transmissão, somente o valor da cotação em bolsa.(C) na repactuação, apenas o valor da diferença objeto do negócio.(D) no pagamento ou resgate, o respectivo preço.

90. O imposto sobre grandes fortunas poderá ser instituído pelo exercícioda competência

(A) residual da União.(B) extraordinária dos estados.(C) privativa da União.(D) privativa da União e dos estados.

91. O advogado Jairo, com o objetivo de oferecer serviços jurídicospara captar causas ou clientes, criou um sítio profissional na Internet, noqual incluiu dados com referências a valores dos serviços profissionais,tabelas e formas de pagamento. Em seguida, contratou uma empresa depublicidade para confeccionar adesivos com os dizeres “sem advogado nãose faz justiça” e a indicação de seu número de telefone. Jairo, que advo-ga há 40 anos, é profissional renomado na área de direitos humanos. Emmarço de 2008, recebeu de um conselho seccional da OAB a comendaMedalha Rui Barbosa. O presidente desse conselho também o homena-geou, atribuindo ao novo prédio da sede do conselho o nome de Jairo.Considerando a situação hipotética apresentada, assinale a opção corretano que se refere à legislação da OAB.

(A) A Medalha Rui Barbosa é a comenda máxima conferida às grandespersonalidades da advocacia brasileira pelo Conselho Federal da OAB e nãopelos conselhos seccionais.

(B) Os prédios, salas e dependências dos órgãos da OAB poderão recebernomes de pessoas vivas.

(C) As formas de pagamento e os valores dos serviços profissionais deve-rão estar claros no anúncio dos serviços oferecidos pelos advogados, de ma-neira a não caracterizar concorrência desleal.

(D) Como a Internet é um veículo de comunicação universal, o conteúdodisponível no sítio do advogado não está na esfera de controle da OAB.

92. Ministro aposentado do STJ propôs, na qualidade de parte e advoga-do, ação de cobrança contra Maria das Graças. Em 19/9/2008, Maria das Gra-ças, procuradora do estado do Rio de Janeiro, foi citada por intermédio de ofi-cial de justiça para apresentar contestação. O advogado de Maria das Graças,João das Neves, é defensor público aposentado e pretende candidatar-se aocargo de presidente de seccional da OAB. Considerando a situação hipotéticaapresentada, assinale a opção correta referente à legislação da OAB.

(A) Defensores públicos estão sujeitos à inscrição na OAB para o exercí-cio de suas funções, entretanto estão dispensados do pagamento das anuida-des fixadas.

(B) Defensores públicos da União exercem a advocacia pública, mas nãoos procuradores de estado, que podem advogar em causas particulares.

(C) João das Neves, como ex-integrante da advocacia pública, é elegívele pode integrar qualquer órgão da OAB.

(D) Ministro aposentado do STJ pode advogar nas primeiras e segundasinstâncias das justiças estadual e federal, mas é impedido de exercer a advo-cacia no TST.

93. Assinale a opção correta relativamente ao Regulamento Geral do Esta-tuto da OAB.

(A) Presidente de conselho seccional da OAB tem direito a voto nas ses-sões das câmaras do Conselho Federal da OAB.

(B) Suponha que Bernardo tenha sido agraciado com a medalha Rui Bar-bosa em agosto de 2005. Nessa situação, a partir dessa data, Bernardo pode-rá participar das sessões do

Conselho Pleno, com direito a voz.(C) Presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros tem direito a voto nas

Ética e Estatuto EXAME DE ORDEM

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EXAME

DE ORDEM

EXAME

DE ORDEM

FEVEREIRO DE 20098TRIBUNA DO DIREITO

Gabarito Versão 11 C 2 B 3 D 4 A 5 C 6 D 7 A 8 C 9 C 10 A

11 B 12 A 13 B 14 C 15 C 16 A 17 A 18 B 19 D 20 D21 C 22 B 23 D 24 A 25 C 26 C 27 A 28 D 29 B 30 D31 D 32 B 33 B 34 C 35 D 36 D 37 C 38 D 39 A 40 D41 D 42 D 43 A 44 A 45 D 46 B 47 A 48 B 49 C 50 C51 C 52 A 53 C 54 B 55 B 56 B 57 A 58 B 59 C 60 A61 C 62 C 63 B 64 B 65 A 66 D 67 B 68 C 69 B 70 D71 C 72 D 73 A 74 B 75 C 76 D 77 A 78 B 79 A 80 C81 C 82 A 83 D 84 B 85 A 86 D 87 C 88 A 89 B 90 B91 A 92 C 93 B 94 C 95 A 96 B 97 D 98 A 99 B 100 C

Gabarito Versão 21 D 2 C 3 A 4 B 5 D 6 A 7 B 8 D 9 D 10 B

11 C 12 B 13 C 14 D 15 D 16 B 17 B 18 C 19 A 20 A21 D 22 C 23 A 24 B 25 D 26 D 27 B 28 A 29 C 30 A31 A 32 C 33 C 34 D 35 A 36 A 37 D 38 A 39 B 40 A41 A 42 A 43 B 44 B 45 A 46 C 47 B 48 C 49 D 50 D51 D 52 B 53 D 54 C 55 C 56 C 57 B 58 C 59 D 60 B61 D 62 D 63 C 64 C 65 B 66 A 67 C 68 D 69 C 70 A71 D 72 A 73 B 74 C 75 D 76 A 77 B 78 C 79 B 80 D81 D 82 B 83 A 84 C 85 A 86 B 87 B 88 C 89 A 90 D91 B 92 D 93 C 94 D 95 B 96 C 97 A 98 B 99 C 100 D

Gabarito Versão 31 A 2 D 3 B 4 C 5 A 6 B 7 C 8 A 9 A 10 C

11 D 12 C 13 D 14 A 15 A 16 C 17 C 18 D 19 B 20 B21 A 22 D 23 B 24 C 25 A 26 A 27 C 28 B 29 D 30 B31 B 32 D 33 D 34 A 35 B 36 B 37 A 38 B 39 C 40 B41 B 42 B 43 C 44 C 45 B 46 D 47 C 48 D 49 A 50 A51 A 52 C 53 A 54 D 55 D 56 D 57 C 58 D 59 A 60 C61 A 62 A 63 D 64 D 65 C 66 B 67 D 68 A 69 D 70 B71 A 72 B 73 C 74 D 75 A 76 B 77 C 78 D 79 C 80 A81 A 82 C 83 B 84 D 85 B 86 C 87 C 88 D 89 B 90 A91 C 92 A 93 D 94 A 95 C 96 D 97 B 98 C 99 D 100 A

Gabarito Versão 41 B 2 A 3 C 4 D 5 B 6 C 7 D 8 B 9 B 10 D

11 A 12 D 13 A 14 B 15 B 16 D 17 D 18 A 19 C 20 C21 B 22 A 23 C 24 D 25 B 26 B 27 D 28 C 29 A 30 C31 C 32 A 33 A 34 B 35 C 36 C 37 B 38 C 39 D 40 C41 C 42 C 43 D 44 D 45 C 46 A 47 D 48 A 49 B 50 B51 B 52 D 53 B 54 A 55 A 56 A 57 D 58 A 59 B 60 D61 B 62 B 63 A 64 A 65 D 66 C 67 A 68 B 69 A 70 C71 B 72 C 73 D 74 A 75 B 76 C 77 D 78 A 79 D 80 B81 B 82 D 83 C 84 A 85 C 86 D 87 D 88 A 89 C 90 B91 D 92 B 93 A 94 B 95 D 96 A 97 C 98 D 99 A 100 B

sessões das câmaras e do Conselho Pleno do Conselho Federal da OAB.(D) As comissões permanentes do Conselho Federal serão integradas ex-

clusivamente por conselheiros federais.

94. Quanto à incompatibilidade e ao impedimento do advogado, assinalea opção correta.

(A) Auditor fiscal de secretaria estadual da fazenda que desempenhe fun-ção de lançamento, arrecadação ou fiscalização de tributos está impedido deexercer a advocacia contra a União.

(B) Bacharel em direito que exerce as funções de assessor de gabinete dedesembargador está em situação de impedimento para o exercício da advoca-cia.

(C) Servidor da justiça do trabalho não possui capacidade postulatória, porexercer função incompatível com a advocacia.

(D) Militares, de qualquer natureza, que estejam na reserva são impedidosdo exercício da advocacia.

95. Assinale a opção correta a respeito dos fins e da organização da OAB.(A) A competência para processar e julgar ações do interesse ativo ou pas-

sivo da OAB é da justiça federal.(B) O Instituto dos Advogados Brasileiros inspirou a criação da OAB, que

se consolidou a partir da CF.(C) Os conselhos seccionais da OAB são autarquias especializadas vincu-

ladas aos respectivos estados-membros em que estiverem sediadas.(D) A criação das subseções da OAB requer autorização do presidente nacio-

nal da OAB, que definirá a abrangência de atuação em um ou mais municípios.

96. Assinale a opção correta em relação ao processo disciplinar na OAB.(A) Na omissão do Regulamento Geral e do Código de Ética e Disciplina,

o Estatuto da OAB determina a aplicação subsidiária das regras do direito pro-cessual civil nas hipóteses de processo disciplinar.

(B) Os prazos ficam suspensos durante os recessos do Conselho, reinici-ando-se sua contagem no primeiro dia útil seguinte ao seu término.

(C) Notificado o advogado para manifestação, a contagem do prazo se ini-ciará 48 horas após a juntada do aviso de recebimento dos correios.

(D) Os prazos do Estatuto são unificados e, em qualquer caso, são de 15dias, seja para defesa, razões finais, recursos, seja para juntada do original daspeças interpostas via fac-símile.

97. Ainda no que tange ao processo disciplinar, assinale a opção correta.(A) Uma vez aplicada sanção no âmbito da OAB, exclui-se qualquer comu-

nicação às autoridades competentes caso o fato constitua crime.(B) Todos os processos disciplinares dos advogados inscritos na OAB em

todo o território nacional serão recebidos no conselho seccional em cuja baseterritorial tenha ocorrido a infração e encaminhados ao Conselho Federal paraimediato julgamento.

(C) O prazo para defesa prévia é improrrogável.(D) O processo disciplinar na OAB tramita em sigilo até o seu término,

contudo terão acesso às informações dos autos as partes, seus defensores ea autoridade judiciária competente.

98. Assinale a opção correta relativamente ao Estatuto da Advocacia e daOAB.

(A) A aplicação da sanção disciplinar de exclusão a um advogado neces-sita da manifestação favorável de dois terços dos membros do conselho sec-cional competente.

(B) Os advogados aos quais forem aplicadas as sanções disciplinares deexclusão poderão exercer a advocacia em outros estados da Federação, des-de que façam a inscrição suplementar e que obtenham autorização condicio-nal do presidente do respectivo conselho seccional.

(C) A multa a um advogado é aplicável exclusivamente nos casos de san-ções disciplinares mais graves, como a exclusão.

(D) Em nenhum caso de aplicação da sanção disciplinar de censura ocor-rerá registro nos assentamentos do advogado inscrito na OAB.

99. Com relação às subseções da OAB, assinale a opção correta.(A) Conflitos de competência entre duas ou mais subseções serão dirimi-

dos pelo conselho seccional, com recurso ao Tribunal de Ética e Disciplina daOAB.

(B) Subseção com 300 advogados efetivamente domiciliados na sua base

territorial poderá instituir conselho, cujo número de membros e cuja compe-tência serão fixados pelo conselho seccional.

(C) A área territorial das subseções não poderá abranger mais de 5 muni-cípios e deverá contar com o número mínimo de 20 advogados nela profissi-onalmente domiciliados.

(D) Dada a característica da autonomia administrativa, os conselhos sec-cionais jamais poderão intervir nas subseções.

100. Assinale a opção correta de acordo com o Regulamento Geral da OAB.(A) O desagravo público depende da concordância do ofendido.(B) Advogado inscrito na Seccional do DF e que tenha até três ações na

justiça em São Paulo deverá, obrigatoriamente, fazer a inscrição suplementarna OAB/SP.

(C) Delegado da polícia federal é legitimado para requerer desagravo pú-blico, a ser promovido pelo conselho seccional, em favor de advogado, ins-crito na OAB, que tenha sido ofendido em razão do exercício profissional.

(D) O compromisso perante o conselho seccional da OAB para fins de re-querimento da inscrição principal no quadro de advogados poderá ser feito porprocuração.

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STJ

663FEVEREIRO DE 2009

TRIBUNA DO DIREITO

JURISPRUDÊNCIAJURISPRUDÊNCIA

nal." (Enunciado nº 718 da Súmula do PretórioExcelso). Recurso provido. Acórdão: Vistos, relatadose discutidos os autos em que são partes as acimaindicadas, acordam os ministros da Quinta Turma doSuperior Tribunal de Justiça, por unanimidade, conhe-cer do recurso e dar-lhe provimento, nos termos dovoto do sr. ministro-relator. Os srs. ministros LauritaVaz, Arnaldo Esteves Lima, Napoleão Nunes Maia Fi-lho e Jorge Mussi votaram com o sr. ministro-relator.

��HC 100426/SP — Habeas corpus: 2008/0035365-6.Relator (a): ministro Felix Fischer. Órgão julgador: Quin-ta Turma. Data do julgamento: 22/4/2008. Data da publi-cação/fonte: DJ 9/6/2008. Ementa: Processual penal.Habeas corpus. Artigo 157, § 2º, inciso I, do Código Pe-nal. Alegação de violação ao princípio do juiz natural.Julgamento da apelação por Câmara composta majorita-riamente de juízes de primeiro grau. Nulidade. Ocorrên-cia. I - É nulo o julgamento de recurso de apelação porTurma de tribunal composta, majoritariamente, de juízesde primeiro grau convocados, por violação ao princípiodo juiz natural (Precedentes do STJ e do STF). II - "Permi-tir que o julgamento em tribunal de segundo grau se façaexclusiva ou majoritariamente por juízes de primeiro grauconvocados, no âmbito da Justiça Estadual ou Federal,significa retirar do jurisdicionado o seu direito fundamen-tal de ser julgado pelo juízo constitucionalmente compe-tente, máxime se de julgamento criminal se cuida, espé-cie em que as garantias processuais são ainda mais apu-radas e mais sofisticados os mecanismos legais de defe-sa." (HC 94.881/PE, 5ª Turma, rel. min. Napoleão NunesMaia Filho, julgado em 15/4/2008, acórdão ainda pen-dente de publicação). II - Acolhido o pleito de nulidade dojulgamento do recurso de apelação, restam prejudicados,por ora, os demais pedidos. Ordem concedida. Acórdão:Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partesas acima indicadas, acordam os ministros da Quinta Tur-ma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade,conceder a ordem, nos termos do voto do sr. ministro-relator. Os srs. ministros Laurita Vaz, Arnaldo EstevesLima, Napoleão Nunes Maia Filho e Jorge Mussi votaramcom o sr. ministro-relator.

��HC 84951/SP — Habeas corpus: 2007/0136603-0.Relator (a): ministro Arnaldo Esteves Lima. Órgãojulgador: Quinta Turma. Data do julgamento: 17/4/2008. Data da publicação/fonte: DJ 16/6/2008. Ementa:Habeas corpus. Execução penal. Unificação de penas.Artigo 75 do Código Penal. Limite de 30 anos. Cálculode benefícios. Inaplicabilidade. Falta grave. Artigo 50,II, da LEP. Reinício da contagem do prazo para a pro-gressão de regime prisional da pena remanescente.Ordem denegada. 1. A unificação das penas, previstano artigo 75 do Código Penal, não tem nenhum efeitosobre eventuais benefícios relativos à execução penal,restringindo-se, apenas, à duração do encarceramento,que fica limitado no máximo de 30 (trinta) anos. 2. O cál-culo para a concessão de qualquer benefício, por oca-sião da execução penal, deve ter por base o somatóriodas penas privativas de liberdade efetivamente impos-tas ao condenado. 3. É firme a orientação do SuperiorTribunal de Justiça no sentido de que o cometimento defalta grave implica o reinício da contagem do prazo dapena remanescente para a concessão do benefício daprogressão de regime prisional. O marco inicial para acontagem do novo período aquisitivo do requisito objeti-

vo (1/6 da pena) deve recair sobre a data do cometi-mento da última falta grave pelo apenado, computadodo período restante de pena a ser cumprido. 5. Ordemdenegada. Acórdão: Vistos, relatados e discutidos osautos em que são partes as acima indicadas, acordamos ministros da Quinta Turma do Superior Tribunal deJustiça, por unanimidade, denegar a ordem. Os srs. mi-nistros Napoleão Nunes Maia Filho, Jorge Mussi eLaurita Vaz votaram com o sr. ministro-relator. Ausente,justificadamente, o sr. ministro Felix Fischer.

��HC 101540/GO — Habeas corpus: 2008/0049904-3.Relator (a): ministra Jane Silva (desembargadora-convocada do TJ-MG). Órgão julgador: Sexta Turma.Data do julgamento: 27/5/2008. Data da publicação/fonte: DJE 9/6/2008. Ementa: Processual penal.Habeas corpus. Tráfico de drogas. Nulidade do autode prisão em flagrante delito. Falta de oferta do reci-bo de entrega do preso ao condutor. Mera irregulari-dade. Mácula que não atinge a essência do ato. Ga-rantias constitucionais do agente reservadas. Des-classificação para porte de drogas para uso pessoal.Estreita via do writ. Indícios mínimos aptos a configu-rar a traficância. Liberdade provisória. Inviabilidade.Resguardo da ordem pública. Grande quantidade dedrogas. Reiteração criminosa. Ordem denegada.1. Afalta de outorga do recibo de entrega do preso aocondutor do flagrante não é capaz, por si só, deensejar a soltura do agente, notadamente quandotodas as garantias constitucionais lhe foram preser-vadas, eis que, inclusive, assistido por advogado(ora impetrante), não havendo a mácula atingido aessência do ato. 2. A estreita via do habeas corpus,carente de dilação probatória, não comporta o examede questões que demandem o profundo revolvimentodo conjunto fático-probatório colhido nos autos do in-quérito policial instaurado contra o paciente, bemcomo da ação penal que sobreveio. 3. Havendo indí-cios mínimos aptos a embasar a acusação pelo crimede tráfico de drogas, inviável a prematura desclassi-ficação para porte de drogas para o consumo pesso-al, o que deverá ficar a cargo das instâncias ordiná-rias após a realização da instrução criminal. 4. Evi-denciando-se que o agente trazia consigo grandequantidade de pasta base de cocaína, além de quehavia denúncias anônimas dando conta de que elejá traficava por algum tempo, sua custódia se mostranecessária para o resguardo da ordem pública, pre-venindo, assim, eventual reiteração criminosa. 5.Unicamente a primariedade, bons antecedentes, re-sidência fixa e ocupação lícita do paciente, ainda quecomprovados estivessem, não são aptos a garantir-lheos benefícios da liberdade provisória, notadamentequando presentes os requisitos do artigo 312 do Có-digo de Processo Penal no caso concreto. Preceden-tes. 6. Ordem denegada. Acórdão: Vistos, relatados ediscutidos os autos em que são partes as acimaindicadas, acordam os ministros da Sexta Turma doSuperior Tribunal de Justiça, por unanimidade,denegar a ordem de habeas corpus, nos termos dovoto da sra. ministra-relatora. Os srs. ministros Hamil-ton Carvalhido, Paulo Gallotti e Maria Thereza deAssis Moura votaram com a sra. ministra-relatora. Au-sente, justificadamente, o sr. ministro Nilson Naves.Presidiu o julgamento a sra. ministra Maria Therezade Assis Moura.

��AGRG NO RESP 806425/RS — Agravo regimental no re-curso especial: 2005/0201078-0. Relator (a): ministro Ha-milton Carvalhido. Órgão julgador: Sexta Turma. Data dojulgamento: 19/6/2008. Data da publicação/fonte: DJE 12/8/2008. Ementa: agravo regimental no recurso especial.Execução penal. Desrespeito às regras do regime aberto.Falta ao pernoite noturno. Falta grave. 1. Em consonânciacom o artigo 50, inciso V, da Lei de Execução Penal,constitui falta grave o descumprimento das regras impos-tas ao regime aberto. 2. A falta ao pernoite do trabalhoexterno, por induvidoso, constitui violação das regras doregime aberto, configurando, pois, falta grave. 3. Agravoregimental improvido. Acórdão: Vistos, relatados e discu-tidos os autos em que são partes as acima indicadas,acordam os ministros da Sexta Turma do Superior Tribu-nal de Justiça, por unanimidade, negar provimento aoagravo regimental, nos termos do voto do sr. ministro-relator. Os srs. ministros Paulo Gallotti, Maria Thereza deAssis Moura, Jane Silva (desembargadora-convocada doTJ-MG) e Nilson Naves votaram com o sr. ministro-relator.Presidiu o julgamento o sr. ministro Nilson Naves.

��AGRG NO RESP 1031193/RS — Agravo regimental norecurso especial: 2008/0031033-6. Relator (a): ministroHamilton Carvalhido. Órgão julgador: Sexta Turma. Datado julgamento: 17/6/2008. Data da publicação/fonte: DJE12/8/2008. Ementa: Agravo regimemental no recurso es-pecial. Penal. Circunstância atenuante. Mínimo legal.Súmula n° 231/STJ. Roubo. Momento consumativo. In-versão da posse. Desnecessidade. 1. "A incidência dacircunstância atenuante não pode conduzir à redução dapena abaixo do mínimo legal." (Súmula do STJ, Enuncia-do nº 231). 2. A jurisprudência da Terceira Seção destaCorte Superior de Justiça firmou-se na compreensãode que a consumação do delito de roubo não dependede efetiva inversão da posse, bastando-lhe a "posse mo-mentânea". 3. Agravo regimental improvido. Acórdão: Vistos,relatados e discutidos os autos em que são partes as acimaindicadas, acordam os ministros da Sexta Turma do Superi-or Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimentoao agravo regimental, nos termos do voto do sr. ministrorelator. Os srs. ministros Paulo Gallotti, Maria Thereza de As-sis Moura, Jane Silva (desembargadora-convocada do TJ/MG) e Nilson Naves votaram com o sr. ministro-relator. Pre-sidiu o julgamento o sr. ministro Nilson Naves.

��HC 68877/SP — Habeas corpus: 2006/0233951-6.Relator (a): ministro Hamilton Carvalhido. Órgão julgador:Sexta Turma. Data do julgamento: 27/5/2008. Data dapublicação/fonte: DJE 12/8/2008. Ementa: Habeascorpus. Execução penal. Decreto n° 4.495/2002. Homicí-dio qualificado cometido amteriormente à Lei nº 8.930/94.Crime hediondo. Indulto. Incabimento. 1. É incabível aconcessão de indulto aos crimes hediondos, na letra dosartigos 2º, inciso I, da Lei nº 8.072/90, e 5º, inciso XLIII, daConstituição da República. 2. Os crimes elencados comohediondos, precisamente porque possuem nomen juris enatureza própria, por óbvio, restam excluídos da benesseestatal, ainda quando cometidos antes da edição da leidos crimes hediondos, que nesta categoria os compreen-deu exclusivamente para fins investigatórios, processuaise de regime de cumprimento de pena. 3. Ordemdenegada. Acórdão: Vistos, relatados e discutidos os au-tos em que são partes as acima indicadas, acordam osministros da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justi-ça, por unanimidade, denegar a ordem de habeas

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664 FEVEREIRO DE 2009

TRIBUNA DO DIREITO

JURISPRUDÊNCIAJURISPRUDÊNCIASTJ

28/2/09

Jurisprudência extraída do Boletim de Jurisprudência da Procu-radoria de Justiça Criminal do Ministério Público do Estado de SãoPaulo, coordenada pelos procuradores de Justiça Mágino AlvesBarbosa Filho (secretário executivo) e Júlio César de Toledo Piza(vice-secretário executivo) e pelos promotores de Justiça An-tonio Celso Pares Vita e Antonio Ozório Leme de Barros.

corpus, nos termos do voto do sr. ministro-relator. Os srs.ministros Paulo Gallotti, Maria Thereza de Assis Moura,Jane Silva (desembargadora-convocada do TJ/MG) eNilson Naves votaram com o sr. ministro-relator. Presidiuo julgamento o sr. ministro Nilson Naves.

��HC 97212/PE — Habeas corpus: 2007/0303476-6.Relator (a): ministra Jane Silva (desembargadora-convocada do TJ-MG). Órgão julgador: Sexta Turma.Data do julgamento: 29/4/2008. Data da publicação/fonte: DJ 30/6/2008, p.1. Ementa: Habeas corpus. As-sociação para o tráfico ilícito de entorpecentes. Cor-rupção passiva. Instauração do inquérito e quebra dosigilo telefônico com base em denúncias anônimas.Possibilidade. Writ denegado. 1- Para determinaçãoda quebra de sigilo telefônico, há exigências de queexistam indícios de autoria, não havendo, por outrolado, impedimento de que o inquérito policial tenha seiniciado após denúncias anônimas. 2- Writ denegado.Acórdão: Vistos, relatados e discutidos os autos emque são partes as acima indicadas, acordam os mi-nistros da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justi-ça, por maioria, denegar a ordem de habeas corpus,nos termos do voto da sra. ministra-relatora. Vencidosos srs. ministros Nilson Naves e Maria Thereza deAssis Moura que a denegavam. Os srs. ministros Ha-milton Carvalhido e Paulo Gallotti votaram com a sra.ministra-relatora. Presidiu o julgamento o sr. ministroNilson Naves.

��AGRG NO RESP 884974/RS — Agravo regimental norecurso especial: 2006/0189473-0. Relator (a): minis-tro Hamilton Carvalhido. Órgão julgador: Sexta Tur-ma. Data do julgamento: 18/3/2008. Data da publica-ção/fonte: DJ 4/8/2008, p.1. Ementa: Agravo regi-mental no recurso especial. Direito Penal. Adultera-ção de sinal identif icador de veículo automotor.Substituição de placas. Caracterização. Prescindede finalidade específica. O ilícito penal tipificado noartigo 311 do diploma penal material se caracterizacom a própria adulteração ou remarcação de chassiou de qualquer sinal identificador do veículo, compo-nente ou equipamento, sendo estranha ao delito a fina-lidade do agente. 2. Em sendo a finalidade precípuada norma a autenticidade dos sinais identificadores dosveículos automotores, a potencialidade lesiva mostra-se evidente na coisa mesma, vale dizer, na condutamesma da troca de placas. 3. Agravo regimentalimprovido. Acórdão: Vistos, relatados e discutidos osautos em que são partes as acima indicadas, acor-dam os ministros da Sexta Turma do Superior Tribu-nal de Justiça, por unanimidade, negar provimentoao agravo regimental, nos termos do voto do sr. mi-nistro-relator. Os srs. ministros Paulo Gallotti e NilsonNaves votaram com o sr. ministro-relator. Ausentes,justificadamente, as sras. ministras Maria Thereza deAssis Moura e Jane Si lva (desembargadora-convocada do TJ-MG). Presidiu o julgamento o sr. mi-

nistro Nilson Naves.

��AGRG NO RESP 1011588/RS — Agravo regimental norecurso especial: 2007/0286256-5. Relator (a): ministroHamilton Carvalhido. Órgão julgador: Sexta Turma.Data do julgamento: 18/3/2008. Data da publicação/fon-te: DJ 4/8/2008, p.1. Ementa: Agravo regimental no re-curso especial. Direito Penal. Roubo qualificado. Rein-cidência. Bis in idem. Inocorrência. 1. Caracterizada areincidência, de bis in idem não há falar, porque não seestá punindo o agente duas vezes pelo mesmo fato-cri-me, mas, sim, considerando a reincidência produzidaou aprofundada pelo novo delito, na perspectiva de suapersonalidade, como elemento obviamente influente naresposta penal a ser editada, expressão da reprovaçãoque se lhe faz pelo novo crime praticado. Agravo regi-mental improvido. Acórdão: Vistos, relatados e discutidosos autos em que são partes as acima indicadas, acor-dam os ministros da Sexta Turma do Superior Tribunalde Justiça, por unanimidade, negar provimento ao agra-vo regimental, nos termos do voto do sr. ministro-relator.Os srs. ministros Paulo Gallotti e Nilson Naves votaramcom o sr. ministro-relator. Ausentes, justificadamente, assras. ministras Maria Thereza de Assis Moura e JaneSilva (desembargadora-convocada do TJ-MG). Presidiuo julgamento o sr. ministro Nilson Naves.

��HC 57237/SP — Habeas corpus: 2006/0075167-1.Relator (a): ministro Hamilton Carvalhido. Órgão julgador:Sexta Turma. Data do julgamento: 21/2/2008. Data dapublicação/fonte: DJE: 4/8/2008. Ementa: Habeascorpus. Execução penal. Tráfico ilícito de entorpecentese roubo. Crime cometido antes da Lei n° 8.930/94.Irrelevância. Comutação. Incabimento. Réu reincidente.Livramento. Requisito objetivo. Não-cumprimento. Or-dem denegada. 1. Em sendo a comutação de pena umadas espécies de indulto, tem-se como incabível a suaconcessão ao tráfico ilícito de entorpecentes. 2. O con-denado reincidente em crime doloso só tem direito ao li-vramento condicional após cumprida mais da metadeda pena (Código Penal, artigo 83, inciso II). 3. Ordemdenegada. Acórdão: Vistos, relatados e discutidos osautos em que são partes as acima indicadas, acordamos ministros da Sexta Turma do Superior Tribunal deJustiça, por unanimidade, denegar a ordem de habeascorpus, nos termos do voto do sr. ministro-relator. Os srs.ministros Paulo Gallotti, Maria Thereza de Assis Moura,Jane Silva (desembargadora-convocada do TJ-MG) eNilson Naves votaram com o sr. ministro-relator. Presidiuo julgamento o sr. ministro Nilson Naves.

��RHC 22663/RJ — Recurso ordinário em habeascorpus: 2007/0290745-6. Relator (a): ministro FelixFischer. Órgão julgador: Quinta Turma. Data do julga-mento: 1/4/2008. Data da publicação/fonte: DJE: 2/6/2008. Ementa: Penal. Recurso ordinário em habeascorpus. Artigo 304 do Código Penal. Carteira Nacio-nal de Habilitação falsa. Tipicidade da conduta. I -"Uso de documento falso (Código Penal, artigo 304):não o descaracterizam nem o fato de a exibição decédula de identidade e de carteira de habilitação te-rem sido exibidas ao policial por exigência deste e nãopor iniciativa do agente — pois essa é a forma normal deutilização de tais documentos —, nem a de, com a exibi-ção, pretender-se inculcar falsa identidade, dado o artigo307 do Código e um tipo subsidiário." (HC 70.179/SP, Pri-meira Turma, rel. min. Sepúlveda Pertence, DJU de 24/6/1994). II - "Não se caracteriza hipótese de crime impossí-vel, se o policial conhece o verdadeiro nome do identifican-do e com isso torna mais fácil a pronta constatação da falsi-dade na identificação." (HC 70.422/RJ, Primeira Turma, rel.min. Sydney Sanches, DJU de 24/6/94). Recurso desprovi-do. Acórdão: Vistos, relatados e discutidos os autos emque são partes as acima indicadas, acordam os ministrosda Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, por una-nimidade, negar provimento ao recurso. Os srs. ministrosLaurita Vaz, Arnaldo Esteves Lima, Napoleão Nunes MaiaFilho e Jorge Mussi votaram com o sr. ministro-relator.

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5TRIBUNA DO DIREITO

LIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSFEVEREIRO DE 2009

Código Conjuga-do 4 em 1 – Civil,Comercial, Proces-so Civil e Constitui-ção Federal, 5ª edi-ção. Código Civilatualizado — arti-gos 968 e 1.033 —direito de empresa;Acordo Ortográficoda Língua Portu-

guesa; alimentos gravídicos; criançae adolescente — pedofilia; consumi-dor — artigo 33 — práticas comerci-ais e artigo 54 — contratos de ade-são; EC n° 57, de 18/12/2008 — ar-tigo 96 do ADCT — municípios; idoso— prioridade no recebimento da resti-tuição do Imposto de Renda; microem-presa — microempreendedor individu-al; registros Públicos; sociedades anô-nimas — demonstrações financeiras;súmulas dos tribunais superiores.

Código Conjuga-do 4 em 1 — CLT,CPC, LegislaçãoPrevidenciária eConstituição Fede-ral, 4ª edição —Alteração no textodo artigo 428 daCLT — contrato deaprendizagem;Acordo Ortográfico

da Língua Portuguesa; EC n° 57, de18/12/2008 — artigo 96 do ADCT— municípios; estágio; licença ma-ternidade; microempreendedor indi-vidual — microempresa; PrevidênciaSocial — Lei n° 8.213/1991 — alte-rações; Previdência Social — regu-lamentação (Decreto n° 3.048/99) —alterações; Seguridade Social — Lein° 8.212/1991 alterações; súmulas,orientações jurisprudenciais e prece-dentes normativos do TST.

Código Conjuga-do 3 em 1 — Pe-nal, Processo Pe-nal e Constituição,5ª edição — Códi-go de Processo Pe-nal atualizado —artigos 185, 222 e222-A — videocon-ferência; AcordoOrtográfico da Lín-

gua Portuguesa; desarmamento; ECn° 57, de 18/12/2008 — artigo 96do ADCT — municípios; idoso — pri-oridade no recebimento da restitui-ção do Imposto de Renda; pedofilia— Estatuto da Criança e do Adoles-cente; etc.

EDITORA SARAIVA

Código Conjuga-do 3 em 1 — Tri-butário, ProcessoCivil e Constitui-ção Federal, 5ªedição — AcordoOrtográfico da Lín-gua Portuguesa;arrendamento mer-cantil; EC n° 57,de 18/12/2008 —

artigo 96 do ADCT — municípios; al-terações no Estatuto da Microempre-sa e Empresa de Pequeno Porte —microempreendedor individual; paco-te tributário (Medida Provisória n°451, de 15/12/2008); processo ad-ministrativo fiscal; Regime Tributá-rio de Transição — parcelamento or-dinário de débitos tributários; Regi-me de Tributação Unificada — RTU;súmulas dos tribunais superiores.

Consolidação dasLeis do Trabalho

Consolidaçãodas Leis do Tra-balho, 36ª edi-ção (tradicional) e7ª edição (acadê-

mica) — altera-ção no texto doartigo 428 daCLT — contratode aprendiza-gem; Acordo Or-tográfico da Lín-gua Portuguesa;EC n° 57, de 18/12/2008 — arti-go 96 do ADCT

— municípios; estágio; licença mater-nidade; microempreendedor individu-al — microempresa; Previdência So-cial — regulamentação; súmulas, ori-entações jurisprudenciais e preceden-tes normativos do TST.

Legislação

Segurança e Me-dicina do Traba-lho, 3ª edição —Normas regulamen-tadoras 1 a 33; nor-mas regulamenta-doras atualizadas— NRs. 4, 6, 13,15, 18, 27, 28, 30,32 e 33 conven-ções OIT; disposi-

tivos atualizados da Consolidaçãodas Leis do Trabalho e da Consti-tuição Federal pertinentes à obra;Súmulas do STF, STJ, TST e JEFs,orientações jurisprudenciais e pre-cedentes normativos do Tribunal Su-perior do Trabalho.

Legislação de Di-reito Ambiental,2ª edição – Dispo-sitivos da Consti-tuição Federal e doCódigo Civil perti-nentes à obra; obraorganizada por te-mas para facilitara consulta: agrotó-

xicos, águas, biodiversidade, biosse-gurança, crimes e infrações ambien-tais, fauna, florestas, pesca, polui-ção, turismo, unidades de conserva-ção da natureza, entre outros; Proto-colo de Quioto; resoluções Conama.

Legislação de Di-reito Internacio-nal, 2ª edição –Legislação de Di-reito Público e Pri-vado, separada pormatérias: arbitra-gem, Declaraçãodos Direitos e De-veres do Homem,

Declaração Universal de Direito Hu-manos, Código de Bustamante, Car-ta das Nações Unidas, Protocolo deGenebra, Pacto de São José da Cos-ta Rica, Protocolo de Quioto, Merco-sul, Estatuto de Roma do TribunalPenal Internacional, entre outros; Sú-mulas do STF, do STJ e do TST.

Legislação Admi-nistrativa, 5ª edi-ção — ConstituiçãoFederal na íntegra,atualizada até a ECn° 57, de 18/12/2008, e emendasconstitucionais per-tinentes à matéria;obra dividida por

temas para facilitar a consulta: admi-nistração pública federal, agênciasexecutivas e reguladoras, agentes pú-blicos, licitações, parceria público-pri-vada, processo administrativo, RegimeJurídico dos Servidores Públicos, en-tre outros; súmulas do STF e do STJ.

Constituição

Constituição daRepública Fede-rativa do Brasil,42ª edição — Atua-lizada até a EC n.57, de 18/12/2008,que acrescenta o ar-tigo 96 ao ADCT —municípios; novasnotas remissivas e

explicativas; atualização do texto origi-nal dos artigos alterados pelas suces-sivas emendas constitucionais.

Vade Mecum

Vade Mecum, 7ª edição — Consti-tuição Federal — EC n° 57, de 18/12/2008 — artigo 96 ADCT — mu-nicípios; Código Civil — alterações notexto do código — artigos 968 e 1.033— direito de empresa; Código de Pro-cesso Penal — alterações no texto docódigo — artigos 185, 222 e 222-A— videoconferência; Código do Con-sumidor — alterações no texto do có-digo – artigo 33 — práticas comerci-ais e artigo 54 — contratos de ade-são; CLT — alteração no texto do ar-tigo 428 da CLT — contrato de apren-dizagem; Estatuto da Criança e doAdolescente — ECA — alterações notexto do estatuto — artigos 240, 241,241-A, 241-B, 241-C, 241-D e 241-E— pedofilia; idoso — alteração no tex-to do estatuto — artigo 3° — priori-dade no recebimento da restituiçãodo Imposto de Renda; desarmamen-to — nova regulamentação – artigos1°, 12, 16, 17, 20, 22, 23, 24, 24-A,26, 27, 28, 29-A, 33-A, 34, 35-A, 38,40, 47, 67, 70, 70-A a 70-H, e 74;microempresa — alterações no textodo estatuto — artigos 2, 3, 4, 7, 9,13, 17, 18, 18-A, 18-B, 21, 23, 25,26, 29, 31, 33, 36, 36-A, 38, 39, 41,56, 65, 77, 79, 79-D, 85-A e anexos— microempreendedor individual; ali-mentos gravídicos; arrendamentomercantil; estágios; legislação de tu-rismo; licença maternidade; licita-ções; orientações jurisprudenciais —SDI-1 do TST — 367 a 372; transitó-rias 62 a 67; e SDI-2 do TST — 143,149 a 153; Previdência Social; regis-tros públicos; Seguridade Social; ser-vidor público; sociedades anônimas— demonstrações financeiras; súmu-las dos tribunais superiores.

Conjugados

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FEVEREIRO DE 20096TRIBUNA DO DIREITO

LIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSGZ EDITORA EDITORA IMPETUS

Usucapião Coletivo eDesapropriação JudicialInstrumentos de atuação dafunção social da propriedadeMarcio Kammer de Lima

Apresenta três par-tes: consideraçõesiniciais (o direitoreal de proprieda-de, origem e evolu-ção histórica, fun-ção social da pro-priedade e funçãosocial da posse,etc.); o usucapiãocoletivo como ins-

trumento de atuação da função soci-al da propriedade; outros instrumen-tos de atuação da função social dapropriedade.

Súmulas e OrientaçõesJurisprudenciais do TST

Marcelo Segal

Traz as súmulas,como apresenta-das pelo TribunalSuperior do Tra-balho (TST), queservem de parâ-metro para gran-de parte dos ma-gistrados na áreatrabalhista. Apre-senta um roteiro

de estudo, através do qual o lei-tor receberá indicações das súmu-las que deve ler para cada temarelevante.

LANÇAMENTO

LANÇAMENTO

DIALÉTICA

Contribuições deIntervenção noDomínio Econômico

Estevão Horvath

Cuida das exaçõesmais controvertidasdo ordenamento ju-rídico, pretendendoapontar as princi-pais característicasconstitucionais dascontribuições inter-ventivas, bem comodemonstrar, comexemplos da legis-

lação, o constante desvio de finalida-de com relação àquelas previstasconstitucionalmente, assim como des-vio do produto da sua arrecadação.

Não-CumulatividadeTributária

Hugo de Brito Machado (coordenador)

Co-edição com oInstituto Cearensede Estudos Tribu-tários (ICET). “Apesquisa foi desen-volvida a partir dequestões que for-mulamos para se-rem respondidaspelos especialistasna matéria, tendo

em vista o esclarecimento de impor-tantes aspectos da instituição da não-cumulatividade, em nosso sistema tri-butário”, afirma o coordenador.

LANÇAMENTO

LANÇAMENTO

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TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO 5FEVEREIRO DE 2009

DIREITO DE FAMÍLIA

Quarta Turmado STJ rejeitourecurso do Mi-nistério Públicode Santa Cata-

rina e manteve decisão doTJ do Estado que concedeua guarda provisória de umamenor a um casal que nãoera cadastrado em lista deadoção. De acordo com o tri-

bunal, não se deve afastaruma criança dos braços dequem a acolheu desde o nas-cimento, e cujo requerimen-to de adoção foi efetuado.

No STJ, o MP-SC susten-tou que os processos deguarda e adoção “devem ob-servar as cautelas legaisque se destinam à proteçãoda criança e à garantia da

idoneidade do procedimento,entre elas, o cadastro judici-al de pretendentes à ado-ção”. Entre outros argumen-tos, afirmou, ainda, que oprocesso deve ser acompa-nhado pelo Poder Público, oque não aconteceu. As justi-ficativas não foram aceitaspelo STJ. (Processo em se-gredo de Justiça) B

A

Adoção sem cadastro

STJ manteve decisão daJustiça paulista que anu-

lou a doação que a filha fez daherança que recebera do pai. Afilha e o marido haviam entra-do na Justiça pedindo anula-ção da doação, além de indeni-zação por perdas e danos mo-rais contra a mãe e dois irmãos.Ela alegou ter sido enganada einduzida pela mãe a abrir mãoda herança, sob o pretexto deresguardar o patrimônio da famí-lia, já que seu casamento não

era aprovado. A autora alegou,ainda, acreditar na possibilidadede ter o patrimônio de volta, masque a mãe já havia distribuído al-guns bens entre os filhos e o ir-mão dela (tio da autora).

A primeira instância acolheu opedido do casal e a doação foianulada. No recurso ao STJ, amãe e irmãos da autora da açãoinicial alegaram que o tio damoça e esposa, que também fo-ram beneficiados pela doação,deveriam integrar o pólo passivo

da ação. Argumentaram, ainda,que não teria havido vício de con-sentimento, sendo cabível apenasperdas e danos. No recurso foitambém contestada a condena-ção dos irmãos da autora comodevedores solidários, porque nãoteria sido comprovado que eles ti-vessem agido com dolo.

O ministro Fernando Gonçalvesressaltou que a questão do doloexigiria o reexame das provas, oque não é permitido. (Processoem segredo de Justiça) B

O

Anulada doação de bens

A Quarta Turma do STJ ne-gou recurso do Ministério Públi-co do Rio Grande do Sul (MP-RS) e manteve decisão do Tri-bunal de Justiça do Estado per-mitindo a um casal alterar o re-gime de comunhão parcial paracomunhão universal de bens. OMP havia recorrido contra deci-são do tribunal, que entendeu

que o atual Código Civil nãoimpede a alteração nos regi-mes de casamentos realizadosna vigência do CC de 1916.

O MP sustentou que o acór-dão havia violado o Código Ci-vil, alegando que o regime debens é imutável, mas os argu-mentos foram rejeitados. (RESP812012) B

Regime pode mudar

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7TRIBUNA DO DIREITO

LIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSFEVEREIRO DE 2009

Page 36: Edição Fevereio 2009 nº 190

FEVEREIRO DE 20098TRIBUNA DO DIREITO

LIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSLIVROSEDITORA REVISTA DOS TRIBUNAIS

Comentários àsSúmulas do TST

Francisco Antonio de Oliveira

9ª edição, revista eatualizada com asnovas regras da li-cença maternidade(Lei 11.770/08) edo adicional de in-salubridade (Res.148/08 do TST). Oautor comenta cadauma das súmulase cada um dos no-

vos enunciados.Analisa as súmulascanceladas e a redação anterior dassúmulas alteradas, numa visão his-tórica que dá coerência à evolução doDireito do Trabalho.

Súmula Vinculante eSegurança Jurídica

Osmar Mendes Paixão Côrtes

Apresenta quatropartes: a seguran-ça jurídica (a im-portância históricada segurança jurí-dica, instrumentosde efetivação dasegurança jurídica,etc.); a coisa julga-da (a importânciada coisa julgada

para a segurança jurídica, a coisa jul-gada formal, etc.); a vinculação dasdecisões judiciais; a súmula vincu-lante, a coisa julgada e a segurançajurídica.

Condomínio

João Batista Lopes

10ª edição, revista,atualizada e am-pliada. Alguns te-mas abordadospelo autor, desem-bargador aposen-tado e advogado:denominação e na-tureza jurídica nadoutrina nacionale estrangeira; obje-

to; constituição; exercício do condomí-nio em edifícios; convenção de condo-mínio; direitos e deveres dos condô-minos; despesas de condomínio; as-sembléia geral de condôminos; etc.

Contrato de Gestão

Gustavo Justino de Oliveira

Apresenta seispartes: governan-ça pública, Esta-do contratual eAdministração Pú-blica consensual;a nova contratua-lização adminis-trativa e o contra-to de gestão; o con-trato de gestão nos

sistemas administrativos estrangei-ros; o contrato de gestão na Consti-tuição de 1988; a natureza jurídicado contrato de gestão; contrato degestão, convênio, etc.

Lei de Drogas ComentadaArtigo por artigo

Luiz Flávio Gomes (coordenação)

3ª edição. Apósdois anos de vigên-cia, a Lei 11.343/06 já foi objeto eteve muitas de suasincertezas sana-das. Em suas li-nhas gerais, a obratrata da política deprevenção; da eli-minação da pena

e da assistência e reinserção socialdo usuário; do rigor punitivo contra otraficante e o financiador do tráfico;da distinção entre traficante profis-sional e o ocasional; etc.

Direito Processual Civil

Eduardo Arruda Alvim

2ª edição, refor-mulada, atualiza-da e ampliada daobra Curso de Di-reito ProcessualCivil. Apresenta 45capítulos: direitoprocessual; jurisdi-ção; organização ju-diciária; funçõesessenciais à Justi-

ça e auxiliares da Justiça; competên-cia; princípios do processo civil; teoriada ação; condições da ação; pressu-postos processuais; litispendência ecoisa julgada; litisconsórcio; etc.

Manual do Novo Júri

Leopoldo Mameluque

Com as alteraçõesprocessuais intro-duzidas pelas Leis11.689/08, 11.690/08 e 11.719/08. Temas analisa-dos: o Tribunal doJúri; dos crimes do-losos contra a vida;criminalística nojúri — aspectos ge-

rais; aspectos processuais práticos;roteiro do julgamento em plenário;questionário de votação. Apresenta mo-delos de sentenças absolutória, con-denatória simples, etc.

LANÇAMENTO

LANÇAMENTOLANÇAMENTO

Constituição e EstadoSocialFrancisco José Rodrigues de OliveiraNeto, Jacinto Nelson de MirandaCoutinho, Orides Mezzaroba e Paulode Tarso Brandão (organização)

Co-edição: Coim-bra Editora. Apre-senta artigos de20 juristas nacio-nais e estrangei-ros sobre direitosfundamentais esociais, sindicali-zação, súmula vin-culante, harmoni-zação da jurispru-

dência, direito à moradia, nepotis-mo, limites do Estado, concurso pú-blico, relações privadas, ponderaçãode valores, democracia de partidos,políticas públicas e orçamento, etc.

A Luta pelo Direito

Rudolf Von Ihering

5ª edição revistada tradução de J.Cretella Jr. e AgnesCretella. Volume 3da Série RT TextosFundamentais. “Oobjetivo do direito éa paz. A luta é omeio de consegui-la. Enquanto o di-reito tiver de repe-

lir o ataque causado pela injustiça, elenão será poupado. A vida do direito éa luta, a luta de povos, de governos,de classes, de indivíduos.” Palavrasdo autor no início da obra.

Tutela de UrgênciaAnálise teórica e dogmática

Ricardo Alessandro Castagna

Apresenta duaspartes: processo eefetividade (intro-dução, do sincre-tismo à instrumen-talidade: o direitode ação nas fasesmetodológicas doprocesso civil); tu-telas de urgência(tutela de urgência

e efetividade do processo, as tute-las de urgência, satisfatividade ejurisdição cautelar, a tutela cautelar,a tutela de urgência satisfativa au-tônoma, etc.).

Direito AmbientalResponsabilidade civil eproteção ao meio ambiente

Patrícia Faga Iglecias Lemos

2ª edição, reformu-lada e atualizadada obra Respon-sabilidade Civilpor Dano ao MeioAmbiente. O autorfaz uma aborda-gem dos aspectosmais relevantes datutela do meio am-biente como direito

fundamental do homem, analisandotanto a legislação brasileira como aestrangeira e, ainda, as regras do Di-reito Ambiental Internacional. Exami-na a punição pelos danos causados.

Manual de ProcessoPenal e Execução Penal

Guilherme de Souza Nucci

5ª edição. De acor-do com a reformado Código de Pro-cesso Penal: Lei11. 689/08 (júri),11.690/08 (pro-vas) e 11.719/08(procedimentos).Essas modifica-ções, se por umlado se mostram

contraditórias ou inócuas ou até defuturo incerto, tiveram uma grandeutilidade: a de trazer o foco para oprocesso penal, há muito esquecidoe afastado da Constituição Federal.

LANÇAMENTO

LANÇAMENTO

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TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO 17FEVEREIRO DE 2009

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TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO18 FEVEREIRO DE 2009

PERSPECTIVAS

RASÍLIA — O Poder Judiciário não vai es-capar da crise financeira mundial e o quenão passaria de uma “marolinha” da situ-ação econômica, segundo o presidenteLula, transformou-se numa grande onda

brasileira, exigindo reduções nos orçamentos. “Todomundo vai sofrer”, resume o senador DelcídioAmaral (PT-MS), relator do orçamento da União.

Se a onda pode crescer ainda mais e se tornar umvagalhão, trata-se de um impacto ainda não total-mente previsto, embora já se tenha um cálculo preli-minar sobre uma queda de R$ 10,6 bilhões na recei-ta líquida prevista pelo governo para este ano. Comotodos os Poderes serão diretamente afetados, o Judi-ciário não vai escapar.

2009 começou com um corte de R$ 10,2 bilhões noorçamento, dentro de um total de R$ 169,1 da propos-ta orçamentária de 2009 para pagamento de pessoal,procurando dar prioridade aos investimentos previstospara as áreas de educação e saúde. Um dos primeirosreflexos será o adiamento de concursos públicos epreenchimentos de cargos até, pelo menos, o meio doano. Segundo a Comissão Mista de Orçamento, have-ria uma redução de 4 para 3,5% nas previsões decrescimento do Produto Interno Bruto (PIB). O orça-mento do Judiciário, abrangendo investimentos, che-gou a R$ 26,5 bilhões no ano passado, dos quais R$21 bilhões foram reservados para pagamento de fun-cionários. Foram estimados R$ 30 bilhões para 2009.

Deste total, a Justiça do Trabalho ficou com R$10,2 bilhões e a Justiça Federal com R$ 9,2 bilhões.Entraram na conta, ainda, R$ 479,3 milhões para oSupremo Tribunal Federal e R$ 4,3 bilhões para aJustiça Eleitoral. O número de servidores no Judici-ário chega a 115,93 mil, dos quais 16,57 mil são ina-tivos e 6,58 mil pensionistas. Os ativos somam 92,78mil. O número de funcionários no Judiciário era de101,6 mil há nove anos (o crescimento de servido-res foi de 14% entre 2000 e 2008). O número totalde funcionários da União é de 2,1 milhões, entre ati-vos, inativos e pensionistas. Deste exército de servi-dores, o número de ativos é de 1,12 milhão.

PERCIVAL DE SOUZA, especial para “O Tribuna”

B

Judiciário não escapa da criseano de 2008 fechou com afolha de pagamento do Ju-

diciário em R$ 21,2 bilhões, dosquais R$ 12,9 bilhões gastoscom funcionários no serviço ati-vo e R$ 3,7 bilhões com os inati-vos. Outros R$ 4,7 bilhões foramdestinados a encargos sociais eprecatórios judiciais, que repre-sentaram 15,9% no aumento degastos de 2007 para 2008.

Segundo o Ministério doPlanejamento, o efetivo do Judi-ciário cresceu de 102,8 mil ser-vidores (incluídos os inativos epensionistas) para 115,9 mil atéo final do ano passado. Os ser-vidores ativos atingiram o núme-ro de 92,7 mil em 2008, contra81,7 mil de 2002. Somam-se aeles mais 16,57 inativos e 6,58mil pensionistas.

Há mais perspectivas para osquadros funcionais em 2009. Vãoprecisar esperar, mas foram apre-sentados projetos criando mais1.132 vagas no Judiciário, entrecargos efetivos e de confiança.

Na parte de investimentos, odestaque de 2008 foi para cons-truções de novas sedes para ostribunais. A dotação inicial foi deR$ 723,8 milhões. Novos crédi-tos elevaram o orçamento paraR$ 788,8 milhões. Mas, concre-tamente, foram destinados R$252,8 milhões, com predomi-nância para a construção danova sede do Tribunal SuperiorEleitoral. No balanço de 2008,verificou-se que ao dar umaperto no cinto de R$ 19,4 bi-lhões no contingenciamento deabril, o Judiciário acabou bene-ficiado com um corte mais sua-ve: R$ 90 milhões. A Uniãotambém “fisgou” R$ 30,7 mi-lhões do Ministério Público Fe-deral e R$ 101 milhões do Po-der Legislativo. O Congressotem sido “bondoso” com o au-mento das contas do Judiciário.Por isso, o deputado federal

Números

O

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TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO 19FEVEREIRO DE 2009

PERSPECTIVAS

gigantesca máquina funci-onal carrega um fardo de

irregularidades difícil de identifi-car. A Controladoria-Geral daUnião fez as contas sobre o nú-mero de processos administrati-vos e sindicâncias em anda-mento e verificou que existem745 funcionários públicos namais alta hierarquia dos servi-dores federais. Eles foram des-cobertos ao longo de investiga-ções do Departamento de Polí-cia Federal, num bolo de cor-rupção que envolve tambémfuncionários públicos estaduaise municipais. Fazem parte darelação funcionários públicosque atuam diretamente em co-missões de licitação e tambémem diretorias de estatais.

As garras da corrupção im-pressionam porque durante osúltimos cinco anos foram feitas10.357 prisões pela Polícia Fe-deral, batizadas com nomes ro-cambolescos ou curiosos, sem-pre sugerindo a subtração debem público e atingindo servi-dores de todos os níveis, dosquais 1.575 são da União. Algu-mas das operações, das quais aCGU participou conjuntamenteem 108 delas, foram: “Sangues-suga”, “Vampiro”, “Gafanhoto”,“Dilúvio”, “Déjà-vu”, “João deBarro”, “Persona”, “Toque de Mi-das” e “Poeira no Asfalto”. Nadamenos do que 15,20% de todasas pessoas presas já exerceramfunções de confiança nos gover-nos federal, estadual e munici-pal. Pior: muitos continuam traba-lhando normalmente.

Segundo dados oficiais daCGU, o órgão já aplicou 97 pu-nições, relacionadas a 69 de-missões sumárias e a 28 sus-pensões por tempo determina-do e advertências oficiais. ACGU possui três corregedorias,por onde tramitam, atualmente,332 processos administrativose sindicâncias. Entre os critériosadotados, está o de dar início auma investigação, no âmbito in-terno, assim que a Polícia Fede-ral efetua a prisão de um servi-dor ou o acusa da prática decorrupção. Por isso, estão sen-do rastreados os passos deservidores acusados em 108das operações da Polícia daUnião.

A CGU calcula que, no má-ximo, 10% dos acusados re-tornam às funções normais.Por muito tempo, muitos dosdemitidos conseguiam retor-nar ao trabalho com base emliminares judiciais. Isso nãotem acontecido mais. Outrafonte de proteção aos corrup-tos são os que, na condiçãode apadrinhados políticos, uti-lizam o tráfico de influênciapara permanecer nos cargos.Entre os que continuaram afas-tados estão, atualmente, ex-di-retores dos Correios envolvi-dos no escândalo do chama-do “mensalão” e ex-diretoresda Infraero acusados de gravesirregularidades. Um detalhesignificativo nessa história é re-

velado pelo Sindicato dos Servi-dores Federais do Distrito Fede-ral: considerável parte dos apon-tados como corruptos entroupara a administração federalatravés de indicações políticas enão por concurso público.

Cáustico, o coordenador deProjetos da Transparência Bra-sil, Fabiano Angélico, acha quetudo isso ainda é pouco. Ele res-ponsabiliza os tribunais de con-tas, chegando a afirmar que “se80% deles fossem fechados,ninguém sentiria falta”. E acusadizendo que muitos conselhei-ros são políticos que não conse-guem mais se eleger e ganhamde presente um cargo vitalício.Para ele, além dos casos com-provados existem os que acon-tecem “às escuras” e configuram“milhares de possibilidades decorrupção por dia”. Ele ressalvaas atuações (“interessantes”) daPolícia Federal, da CGU e doConselho Nacional de Justiça.Segundo Angélico, o que se vênos Estados e municípios é sinô-nimo de “descalabro total”.

O novo presidente do Tribu-nal de Contas da União, Ubira-tan Aguiar, espera durante oinício de gestão que haja umacooperação maior entre institui-ções como Banco Central, Re-ceita Federal, Ministério PúblicoFederal e Polícia Federal. “Fala-se muito em crime organizado.Sonho com um Estado organiza-do. Todos somos Estado, masàs vezes fico pensando que te-mos patrões diferentes.”

Paralelamente, o ministroGilson Dipp, que desde setem-bro passado é o corregedor doConselho Nacional de Justiça,órgão responsável pelo contro-le externo do Poder Judiciário,também acredita que, no casode irregularidades no âmbito daMagistratura nacional, é precisohaver mais eficiência nas corre-gedorias dos tribunais de Justi-ça estaduais. “Por inércia, os tri-bunais remetem tudo para oCNJ. É preciso que os tribunaisparem de tentar fazer com queo CNJ faça o que eles não fa-

zem”, argumenta. Alguns exem-plos: um juiz da comarca dePorto de Pedras, em Alagoas,foi acusado de oficializar o ca-samento de um homem já fale-cido para obtenção de vanta-gens de ordem financeira. Issobeneficiaria uma mulher, con-templada com o pagamento depensão para a companheira deum coronel reformado da Polí-cia Militar. O casamento foi “ce-lebrado”, com certidão e tudo,após a morte do coronel. A PMcalculou os prejuízos para oscofres públicos. Na mesma co-marca, onde morto casa e tam-bém vota, outro juiz chegou aser preso por envolvimento emfraudes eleitorais, incluindo aconfecção de títulos para pes-soas também falecidas.

O titular da Corregedoria doCNJ, analisando o episódio decorrupção no Judiciário do Es-pírito Santo, acha que isso criouum grande constrangimento, in-suficiente, entretanto, para“abalar convicções para apurar,processar e ser justo na aplica-ção ou não de qualquer penali-dade”. Corrupção entre magis-trados, entende Gilson Dipp,denota “falhas de caráter”.

O Código de Ética distribuídopelo CNJ aos juízes brasileiros(ver “Hic et Nunc” na página 14),significa, segundo Dipp, “uma ne-cessidade” em países onde o Ju-diciário possui muita dependênciado Executivo. Ou em países “nãomuito desenvolvidos”, como naÁfrica e na América Latina. O queo CNJ pretendeu fazer, segundo oministro-corregedor, foi apresentar“posturas” para que o juiz pudes-se ter em mãos “um guia, um pa-râmetro”. As recomendações éti-cas, segundo a assessoria de co-municação do CNJ, incluem a ex-plicação de que “o sistema pro-cessual brasileiro tem mecanis-mos suficientes para resolver di-vergências no âmbito do Judiciá-rio”. Nesse sentido, o corregedordo CNJ é enfático. “Juiz nenhumtem de criticar decisão do outro.Existe um sistema processual quedeve ser utilizado e ponto final”,

adverte. Tudo muito claro, no en-tender de Dipp: “As instânciassuperiores confirmam ou refor-mam decisões de instâncias in-feriores. Não há que ter críticas.”

Para o corregedor, existeuma distorção no que se pre-tende obter junto ao CNJ, oque exige uma reformulaçãodo regimento interno do órgão,que já está sendo providencia-da. “O CNJ virou a panacéiapara todos os males”, diz. OConselho, conta o ministro,possui atendimento por telefo-ne: “É um muro de lamenta-ções. É uma catarse”, lamenta.

Uma das reclamações clás-sicas é sobre juiz que nãomora na comarca. De novo,quem tem de ver isso é a Cor-regedoria do TJ estadual. OCNJ já pensa em responsabi-lizar as ineficientes. “As corre-gedorias têm de funcionaradequadamente e não trans-ferir problemas para o Conse-lho”, reclama. O ministro lem-bra que a Constituição nãopermite ao magistrado morarem jurisdição fora da comar-ca. “O juiz tem de ser um cida-dão que a população sabeque está lá, no qual possaconfiar. Ele sabe, quando fazo concurso, que nem semprevai morar na capital. Sabe quevai enfrentar sacrifícios. Temde estar preparado”, lembra.

O CNJ atualmente apura aconduta de magistrados acu-sados de venda de sentençaspara beneficiar a chamada“máfia dos caça-níqueis” naárea da TRF-2. Em dezembro,o CNJ entrou na apuração demais dois casos graves: cor-rupção na cúpula do TJ do Es-pírito Santo, mesma circuns-tância que envolveu juízes doEstado do Amazonas, entreeles, dois desembargadores,quatro magistrados e quatroservidores do Tribunal de Jus-tiça. Acusação: favorecimen-tos para uma quadrilha quedesviava recursos do erário efraudava licitações.

Criado em 2005, o CNJtem por função fiscalizar con-dutas de juízes e atividadesdos cartórios em todo o Bra-sil, fazer o planejamento dosgastos do Judiciário, estabe-lecer políticas para melhoriasde serviços prestados e ace-lerar a tramitação dos pro-cessos. Tenta combater o fan-tasma da lentidão que ator-menta a Justiça brasileira. Cál-culos feitos até 2007 revelamque tramitam no País 68,2 mi-lhões de processos, dos quaismais da metade não recebedecisão no mesmo ano emque ingressam na máquina ju-dicial. Deste acervo impressio-nante, cerca de 26 milhões,correspondentes a 38% do to-tal, estão em São Paulo, 21 mi-lhões deles somente no Tribu-nal de Justiça. Ou seja: a Jus-tiça acaba custando caro aoscofres públicos, apesar damarcha-lenta. (PS) B

Arnaldo Madeira (PSDB-SP)reage. “O governo propõe gastos,o Congresso aceita e promoveuma farra fiscal de gastança”, re-vela. Outro deputado, MaurícioRands (PT-PE) também critica,dizendo que “há um excesso deprédios para tribunais superio-res”. O presidente nacional daOrdem dos Advogados do Brasil,Cezar Brito, engrossa o coro dosdescontentes: “É preciso que oJudiciário mude o critério deconstrução de suas obras, tor-nando-as menos suntuosas.”

Enquanto a crise econômicaestende tentáculos pelo planeta,uma fila de projetos que preten-de a criação de novos cargoscongestiona a pauta da Câmara.Só o Executivo conseguiu em2008 a criação de 70 mil cargosnovos. Mas, outros 51 projetosestão na pauta, pretendendo acriação de mais 37 mil cargos.Se, hipoteticamente, todos es-ses projetos fossem aprovados,os gastos com a administraçãopública subiriam em mais de R$1,3 bilhão. Destes, R$ 514,5 mi-lhões para o Judiciário e uma fa-tia um pouco maior para o Exe-cutivo: R$ 795,6 milhões. O Judi-ciário está pouco discreto nessafila: 28 dos 51 projetos foramapresentados com o objetivo decriar 17 mil novos empregos noExecutivo. Mas o Judiciário con-corre com 23 projetos, nos quaishá previsão para a criação de20 mil novos cargos.

Entre os projetos do Judiciárioestão a criação de cargos comis-sionados nos TRTs e um especí-fico do STJ, pleiteando a criaçãode 8,8 mil cargos efetivos e outros6 mil comissionados na área daJustiça Federal. O STJ esclare-ceu que esses cargos são parafunções relacionados ao Conse-lho da Justiça Federal.

No caso do TST, autor de 21projetos, a explicação é queserão criadas cinco mil novasvagas em TRTs, entre eles osde São Paulo e Goiás. Algunsdesses projetos para preenchi-mento de vagas por determina-ção do Conselho Superior daJustiça do Trabalho, que tam-bém já foram aprovados peloConselho Nacional de Justiça,segundo o TST, tramitam háoito anos. Alguns tribunais nãopreenchem novos cargos há15 anos, devendo-se levar emconsideração, ainda, a instala-ção de novas varas da Justiçado Trabalho em vários tribu-nais regionais.

A máquina do funcionalismofederal consome, atualmente,75,5% dos gastos com paga-mento de servidores. O Judiciá-rio entra com 16% e o Legislati-vo com 4,3%. Mais 4,2% sãodestinados para o Fundo Cons-titucional, ou seja, uma contri-buição patronal especial para aseguridade do servidor públicoda União. A lei orçamentáriapara 2009 prevê a criação deum número maior de cargos noJudiciário (18.411). O Executivofica em segundo lugar (15.075)e o Legislativo em terceiro(180), num total de 33.666.

Fardo de irregularidadesA

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TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO20 FEVEREIRO DE 2009

ADVOCACIA-2

o contrário do pen-samento de algunscolegas, entendoque a Carteira dePrevidência dos

Advogados do Estado de SãoPaulo, única no Brasil, foi umaconquista e precisa ser preser-vada, custe o que custar. Poisos advogados paulistas não sesubmeterão a mais um golpe doEstado, que foi o único protago-nista do desequilíbrio econômi-co-financeiro da nossa Cartei-ra. É bom que colegas desconhe-cedores dos problemas enfren-tados pela Carteira não fiquemse aproveitando da situação, nabusca de dividendos políticosclassistas ou outros que o va-lham. A Carteira de Previdêncianão vai migrar para a OABPrev,como querem alguns, e tampou-co será extinta, pois estamos lu-tando e vamos até o fim na de-fesa da nossa Carteira. Aliás, elanão pertence somente aos advo-gados, mas às viúvas, aos filhos,aos netos. Portanto, é de sumaimportância que seja adequadae preservada até o último bene-ficiário receber o que tem pordireito. E, para isso, tomamosas providências cabíveis, máxi-me quando ajuizamos a açãoem nome da Fadesp (Federaçãodas Associações dos Advogadosdo Estado de São Paulo), vez quea OAB, o IASP e a AASP nãotomaram as providências que sefaziam necessárias e indispen-sáveis para a manutenção da

Carteira de Previdência dos Advogadosdeve ser adequada e não extinta

RAIMUNDO HERMES BARBOSA* Carteira. Noutra frente, oficia-mos, por duas vezes, ao senhorsuperintendente do Ipesp solici-tando-lhe que suspenda novasinscrições até a solução do pro-blema, e somente obtivemos êxi-to quando da reunião com o se-nhor secretário da Fazenda es-tadual, que determinou fos-sem incontinente suspensas asnovas inscrições. Pois bem, agi-mos de acordo com os interes-ses dos advogados paulistas, es-pecialmente os ipespianos. Aação civil pública, ajuizada pelaFadesp, que tramita perante a8ª Vara da Fazenda Pública,está para ser julgada e visa, es-pecialmente, o seguinte: a) de-clarar a São Paulo Previdência,criada pela Lei 1.010/2007, su-cessora do Ipesp e o Estado deSão Paulo responsável subsidi-ário e solidário em relação àCarteira de Previdência dosAdvogados; b) obter a certeza deque, com a tese do direito con-sumerista, já acatada pelo Mi-nistério Público, estamos no ca-minho certo em defesa dos ad-vogados paulistas. Acho bomque os não especialistas em Pre-vidência procurem outros mo-tes de campanha e não venhamdar palpite no trabalho que estásendo realizado, com coragem,em defesa da nossa Carteira.Cumpre, ainda, dizer que aochegarmos à presidência do Con-selho da Carteira encontramosum patrimônio financeiro deR$520.000.000,00. Convenha-mos, muito dinheiro, sendo essemontante resultante do acúmu-lo (desde sua criação, no ano de

1959) em quase 60 anos de exis-tência. Pois bem, em apenascinco anos dobramos o patrimô-nio financeiro da Carteira enossa última aplicação foi noimporte de R$ 1.060.000.000,00.Dessa forma, posso afirmar queestamos trabalhando, e muito,em favor dos advogados. Poroutro lado, esperamos sensibili-zar o governo no sentido dereadequar a Carteira para queos 37.000 advogados e seus fa-miliares não sejam prejudicadosno momento em que mais ne-cessitam. Para isso, iremos bus-car nova fonte de custeio daCarteira. O certo é que os advo-gados não podem sofrer umcalote, vale dizer: contribuirdurante anos e não alcançarema tão almejada aposentadoria.Isso não aceitamos, vamos lu-tar incessantemente até o fimpara fazer valer o direito dos ad-vogados ipespianos. O último cál-culo atuarial, ainda não finaliza-do em definitivo, apresentou umdéficit da Carteira, num períodode 40 anos, de aproximadamen-te R$ 12.000.000,00. Ora, exis-

tem formas de resolver essa per-lenga. Basta que haja boa von-tade do governo estadual e che-garemos a um acordo para de-finir nova fonte de receita. O quenão se pode aceitar é o advoga-do ser surrupiado no seu direi-to. É bom que se diga que o ad-vogado presta serviços de ordempública e é a única profissão,com todo o respeito pelas demais,que tem previsão constitucional.Essa proposta de criação de umConselho não passa de balela,até porque conselho já existe eestá em pleno funcionamento.Destarte, recomendo àquelesque desejarem tecer considera-ções a respeito da Carteira dePrevidência dos Advogados doEstado de São Paulo que procu-rem se informar, para não caí-rem no ridículo de apresentarpropostas estapafúrdias. Esta-mos trabalhando em favor dosadvogados faz muito tempo, já

exercemos os mais significativose honrosos cargos dentro dosquadros da Ordem dos Advoga-dos do Brasil, secional de SãoPaulo, por isso estamos bem àvontade para travar mais essaluta. Meus colegas, o que nós pre-cisamos é estar unidos em defe-sa da nossa Carteira de Previ-dência, pois, certamente, juntossairemos vitoriosos nessa luta desalvação da aposentadoria dosadvogados. Aguardem, em bre-ve estaremos fazendo uma con-vocação a fim de discutir e apro-fundar nossa estratégia de lutapara o fim colimado, qual seja:perenizar a Carteira de Previdên-cia dos Advogados. Venham co-nosco, precisamos nos unir esalvar a nossa Carteira. B

A

*Presidente da Carteira de Previdên-cia dos Advogados, conselheiro fe-deral da OAB-SP e presidente daFadesp (Federação das Associa-ções dos Advogados).

Segunda Turma do STJmanteve decisão do TJ-RJ

determinando o pagamento dehonorários advocatícios, a títulode reembolso de despesas, aLuiz Paulo de Barrros. A açãofoi movida contra Vitor Ricciullide Alencar, a Rio Urbe e a Mi-rak Engenharia Ltda., sob ale-gação de irregularidades noseditais de licitação de concor-rências públicas para obras deurbanização e infraestrutura noRio de Janeiro.

A Turma rejeitou o agravoregimental interposto por VitorRicciulli que contestava a deci-são do TJ-RJ determinando o

Reembolso de despesaspagamento. A Rio Urbe, apóster o pedido de liminar rejeita-do, comunicou ao juízo que ha-via anulado a licitação. A açãofoi extinta sem apreciação domérito, e sem ônus processual.

Barros apelou alegando queo objeto da ação não se referiaapenas ao ato administrativo,mas à reparação de danos cau-sados ao patrimônio público e àmoralidade administrativa. O TJentendeu que o autor da açãofazia jus aos honorários advoca-tícios e determinou o reembolsodas despesas. Vitor Ricciulli re-correu ao STJ, sem sucesso.(RESP 905740) B

A

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TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO 21FEVEREIRO DE 2009

Gente DO DIREITO

Rider Nogueira de Brito,meio século naJustiça do Trabalho

O filho do poeta Saladinode Brito, em Óbidos, no Pará,pensava em ser agrônomo ouengenheiro. Não imaginavanem trabalhar na Imprensa,embora o pai tenha sido ofundador do jornal “O Amazô-nico”. Mas, o destino mudou avida do garoto Rider Nogueirade Brito. Depois de ter com-pletado o “científico”, foiaprovado em um concursopara auxiliar judiciário, oequivalente hoje a técnicojudiciário de nível médio, paratrabalhar no TRT da 8ª Região(Pará e Amapá). Em funçãodisso, decidiu estudar Direitona Universidade Federal doPará e no primeiro concursopara juiz do Trabalho logoapós a formatura, em 1966, foiaprovado em primeiro lugar.

A carreira começava a serdelineada. Foi presidente davara do Trabalho de Santarém,atuou no primeiro grau durante17anos, foi juiz togado do TRT

e, paralelamente, coordenavao primeiro curso de formação eaperfeiçoamento de magistra-dos no Pará e Amapá eocupava a cadeira de Direitodo Trabalho e Processual doTrabalho na União das Esco-las Superiores do Pará. Foinomeado ministro do TST em1995 e, entre 2004 e 2007,ocupou a Corregedoria-Geralda Justiça do Trabalho e avice-presidência do TST. Em2007, assumiu a presidênciado Tribunal Superior doTrabalho. No dia 12 de janeirodeste ano o marido de ElbaMaria Sousa de Brito e pai deRider Filho, Cássio, Ivana eAna Andréia completou 50anos de trabalho no Judiciário.

Quando não está voltadopara as intrincadas polêmicastrabalhistas, é possível encon-trá-lo pescando nos rios daregião da Amazônia (cominformações de Carmem Feijó,do TST) B

Pela primeira vez umamulher vai presidir, a partirdeste mês, o Tribunal deJustiça de Alagoas. Terraconsiderada “de cabra macho”,a eleição, por aclamação, dadesembargadora sertaneja (elapassou a infância e a adoles-cência no sertão alagoano),como é chamada, ElisabethCarvalho Nascimento paradirigir a Corte no biênio 2009/2010 não deixa de ser umasurpresa. Ela tem 57 anos(nasceu dia 26 de março de1951) e vai suceder o desem-bargador José Fernandes deHollanda Ferreira.

Elisabeth nasceu emDelmiro Gouveia e graduou-seem Direito pela UniversidadeFederal de Alagoas(Ufal).Ingressou na Magistratura em1982, sendo nomeada juíza

Ana Paula JardimÉ a nova sócia do escri-tório Daniel Advogados.

Aristóteles AthenienseO ex-vice presidente daOAB-MG é o novo mem-bro da Academia Minei-

ra de Letras.

Giancarlo Matarazzo......René Guilherme daSilva Medrado, RicardoSimões Russo e ThaisGalo tornaram-se sócios

do Pinheiro Neto Advogados.

Guilherme ArrudaPassou a integrar o escri-tório Bastos-Tigre, Coe-lho da Rocha e Lopes.

Luiz Cláudio Veiga BragaFoi nomeado desem-bargador do TJ-GO.

Luiz Flávio Borges D’UrsoO presidente da OAB-SP foi agraciado com amedalha “Professor San

Tiago Dantas”.

Júlio Vieira BaptistaProcurador de Justiça,foi empossado comodesembargador do TJ-

MG.

Luiz Ribeiro SallesPassou a integrar o escri-tório Barretto Ferreira, Ku-jawski, Brecher e Gonçal-

ves.

Luiz ZveiterO desembargador res-ponderá pela presidên-cia do TJ do Rio Janei-

ro no biênio 2009/2010.

Marcelo GilioliÉ o novo gerente sênior deAssuntos Legais da Pfizer.Trabalhou na Kibon, Weth,

Novartis, Nestlé e Monsanto.

Paulo Maria Teles AntunesÉ o novo presidente doTJ-GO para 2009/2010.

Rafael Godeiro SobrinhoO desembargador res-ponderá pela presidên-cia do TJ-RN no biênio

2009/2010. B

substituta na comarca de SãoBrás. Em 1983, passou aacumular com a comarca deTraipu. Antes de chegar à Corteestadual, passou pelas comar-cas de Anadia, Penedo e SãoMiguel dos Campos. Em 1993,foi promovida por merecimentoà juíza de 3ª entrância, sendoremovida para a capital. Foi aprimeira juíza convocada doTJ-AL a compor o Pleno doTribunal Regional Eleitoral(TRE). Em setembro de 2002,foi eleita, pelo critério demerecimento, a primeira mulhera integrar o Colégio de desem-bargadores do TJ. Ela, que édesembargadora há seis anos,também é escritora e poetisa,tendo lançado os livros Antolo-gia dos Poetas Alagoanos(publicado em 1974, pelo DAC)e Da Cor do Passado. B

Elisabeth Carvalho Nascimento,a primeira mulher a presidir o

Tribunal de Justiça de Alagoas

Internet Internet

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TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO22 FEVEREIRO DE 2009

L E G I S L A Ç Ã OL E G I S L A Ç Ã OL E G I S L A Ç Ã OL E G I S L A Ç Ã OL E G I S L A Ç Ã O

Advogado em São Paulo e diretorda Editora Juarez de Oliveira Ltda..

E-mail: [email protected].

JUAREZ DE OLIVEIRA

ACIDENTES. PREVENÇÃO — De-creto n° 6.577 de 25/9/2008(“DOU” de 26/9/2008), dánova redação ao inciso III doartigo 5º do Decreto n° 6.042,de 12/2/2007, que disciplina aaplicação, acompanhamentoe avaliação do Fator Aciden-tário de Prevenção (FAP) e doNexo Técnico Epidemiológico.

ACORDO ORTOGRÁFICO — De-creto n° 6.586 de 29/9/2008(“DOU” de 30/9/2008), dispõesobre a implementação doAcordo Ortográfico da LínguaPortuguesa.

Decreto n° 6.585 de 29/9/2008 (“DOU” de 30/9/2008),dispõe sobre a execução do2° Protocolo Modificativo aoAcordo Ortográfico da LínguaPortuguesa, assinado em SãoTomé, em 25/7/2004.

Decreto n° 6.584 de 29/9/2008 (“DOU” de 30/9/2008),promulga o Protocolo Modifi-cativo ao Acordo Ortográficoda Língua Portuguesa, assi-nado em Praia, em 17/7/1998.

Decreto n° 6.583 de 29/9/2008 (“DOU’ de 30/9/2008),promulga o Acordo Ortográficoda Língua Portuguesa, assina-do em Lisboa, em 16/12/1990.

ACORDOS/CONVENÇÕES/TRATA-DOS — Decreto n° 6.579 de 25/9/2008 (“DOU” de 26/9/2008), dis-

põe sobre a execução do 60°Protocolo Adicional ao Acordo deComplementação Econômica n°18, entre os governos da Repúbli-ca Argentina, da República Fede-rativa do Brasil, da República doParaguai e da República Orientaldo Uruguai, Estados-partes doMercosul, de 12/5/2008.

ADMINISTRAÇÃO FEDERAL — De-creto n° 6.574 de 19/9/2008(“DOU” de 22/9/2008), altera oDecreto n° 6.386, de 29/2/2008,que regulamenta o artigo 45 daLei n° 8.112, de 11/12/1990, edispõe sobre o processamentodas consignações em folha depagamento no âmbito do Siste-ma Integrado de Administraçãode Recursos Humanos (Siape).

Lei n° 11.786, de 25/9/2008(“DOU” de 26/9/2008), autorizaa União a participar em Fundode Garantia para a ConstruçãoNaval (Fgcn) para a formaçãode seu patrimônio; altera asLeis n°s 9.365, de 16/12/1996,5.662, de 21/6/1971, 9.019, de30/3/1995, 11.529, de 22/10/2007, 6.704, de 26/10/1979, e9.818, de 23/8/1999; e dá ou-tras providências.

Decreto n° 6.580 de 25/9/2008 (“DOU” de 26/9/2008), dánova redação ao parágrafo úni-co do artigo 3º do Decreto n°4.081, de 11/1/2002, para ex-cluir a representação da Contro-

ladoria Geral da União na Co-missão de Ética dos AgentesPúblicos da presidência e vice-presidência da República (Cepr).

Decreto n° 6.576 de 25/9/2008 (“DOU” de 26/9/2008), al-tera a tabela “a” do Anexo III aoDecreto n° 71.733, de 18/1/1973, que regulamenta a Lei nº5.809, de 10/10/1972, que dis-põe sobre a retribuição e direi-tos do pessoal civil e militar emserviço da União no exterior.

Decreto n° 6.589 de 1/10/2008 (“DOU” de 1/10/2008, edi-ção extra), altera a alínea “b” doinciso I do artigo 9º e os AnexosVII, VIII, IX e X do Decreto n°6.439, de 22/4/2008, que dispõesobre a programação orçamen-tária e financeira e estabelece ocronograma mensal de desem-bolso do Poder Executivo parao exercício de 2008.

Decreto n° 6.593 de 2/10/

2008 (“DOU” de 3/10/2008), re-gulamenta o artigo 11 da Lei n°8.112, de 11/12/1990, quanto àisenção de pagamento de taxade inscrição em concursos pú-blicos realizados no âmbito doPoder Executivo Federal.

Decreto n° 6.601 de 10/10/2008 (“DOU” de 13/10/2008),dispõe sobre a gestão do PlanoPlurianual 2008-2011 e de seusprogramas.

Decreto n° 6.604 de 14/10/2008 (“DOU” de 15/10/2008), dánova redação ao item 6 do arti-go 21 do regulamento para asPolícias Militares e Corpos deBombeiros Militares (R-200),aprovado pelo Decreto n°88.777, de 30/9/1983.

CINEMA E VÍDEO — Decreto n°

6.590 de 1/10/2008 (“DOU”de 2/10/2008), dispõe sobreo procedimento administrati-vo para aplicação de penali-dades por infrações cometi-das nas atividades cinemato-gráfica e videofonográfica eem outras atividades a elasvinculadas, e dá outras provi-dências.

CÓDIGO DE DEFESA DO CONSU-MIDOR — Lei n° 11.785, de 22/9/2008 (“DOU’ de 23/9/2008),altera o § 3º do artigo 54 daLei nº 8.078, de 11/9/1990(Código de Defesa do Consu-midor – CDC), para definir ta-manho mínimo da fonte emcontratos de adesão.

CONSÓRCIO — Lei n° 11.795,de 8/10/2008 (“DOU” de 9/10/2008), dispõe sobre o Siste-ma de Consórcio.

EMPRESAS EXPORTADORAS —Decreto n° 6.581 de 26/9/2008 (“DOU” de 29/9/2008),dá nova redação a dispositi-vos do Decreto n° 5.789, de25/5/2006, que relaciona osbens de capital amparadospelo Regime Especial deAquisição de Bens de Capi-tal para Empresas Exporta-doras (Recap), e dá outrasprovidências.

ESTÁGIO DE ESTUDANTES — CLT— Lei n° 11.788, de 25/9/2008 (“DOU” de 26/9/2008),dispõe sobre o estágio de es-tudantes; altera a redação doartigo 428 da Consolidaçãodas Leis do Trabalho (CLT),aprovada pelo Decreto-Lei nº5.452, de 1/5/1943, e a Lei n°9.394, de 20/12/1996; revogaas Leis n°s 6.494, de 7 /12/1977, e 8.859, de 23/3/1994, oparágrafo único do artigo 82da Lei n° 9.394, de 20/12/1996, e o artigo 6º da MedidaProvisória no 2.164-41, de 24/8/2001; e dá outras providên-cias.

EX P O R T A Ç Ã O — Le i n°11.793, de 6/10/2008 (“DOU”de 7/10/2008), dispõe sobrea prestação de auxílio finan-ceiro pela União aos Esta-dos, ao Distr i to Federal eaos municípios, no exercí-cio de 2008, com o objetivode fomentar as exportaçõesdo País. B

AGRICULTURA FAMILIAR —Decreto n° 6.597 de 6/10/2008 (“DOU” de 7/10/2008),dispõe sobre a concessãode bônus e rebates sobreos financiamentos de cus-teio e investimento, contra-tados ao amparo do Pro-grama Nacional de Fortale-cimento da Agricultura Fa-miliar (Pronaf) em municípi-os do Mato Grosso do Sul,cujos contratantes foramafetados pelas medidas decontenção da febre aftosa.

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TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO 23FEVEREIRO DE 2009

IN MEMORIAM

advogado José de

Castro Bigi, 79 anos,

ex-presidente da se-

ção de São Paulo

da Ordem dos Ad-

vogados do Brasil (OAB-SP), da

Associação dos Advogados de São

Paulo (AASP) e da Caixa de As-

sistência dos Advogados (Caasp)

morreu na madrugada de 15 de

janeiro. O presidente da OAB-SP,

Luiz Flávio Borges D’Urso, decre-

tou luto oficial por três dias.

Bigi, especialista em Direito

de Família e professor de Direi-

to Civil, graduou-se pela Facul-

dade de Direito da Universida-

de de São Paulo, turma de 1952.

Foi presidente da OAB-SP por

duas gestões: 1981/1983 e 1990/

1991. Ocupou diversos cargos

na diretoria e nas comissões. O

José de Castro Bigi

último deles foi o de presidente

da Comissão de Direito Interna-

cional (2001/2003).

Para D’Urso, poucas lideran-

ças fizeram tanto pela classe

como Bigi. “Entre seus feitos,

destacaria a criação da Comis-

são de Direitos Humanos, que

O

Milton Rondas,jornalista.

teve papel de destaque na luta

pela redemocratização do País

e contra os desmandos do regi-

me de exceção”, afirmou.

Segundo D’Urso, Bigi era

uma liderança de visão. “Assim

como no seu tempo tinha claro

que a principal luta da Advoca-

cia era política, uma vez que

cidadãos estavam sendo alija-

dos de seus direitos e garantias

constitucionais e as instituições

subvertidas, sabia que hoje

uma das frentes de luta da Ad-

vocacia mais importantes é a

garantia das prerrogativas pro-

fissionais de forma a assegurar

o direito de defesa para todos.”

Homem de grande cultura,

dizia que tinha sido atraído para

a Advocacia pela influência que

os bacharéis em Direito tiveram

na Literatura brasileira. Era fã

de Saramago, Eça de Queiroz e

Machado de Assis. Puccini era

seu compositor favorito.

Bigi também foi conselheiro

e presidente (1972/1973) da

Associação dos Advogados de

São Paulo; presidente da Caasp

e juiz do Tribunal Regional Elei-

toral de São Paulo.

Em setembro do ano passado,

foi homenageado pela AASP pela

contribuição à Advocacia pau-

lista e pelos relevantes serviços

prestados à classe. Na ocasião, re-

cebeu do então presidente, Mar-

cio Kayatt, placa com a inscrição:

“Ao presidente José de Castro Bigi,

o nosso eterno reconhecimento

por sua brilhante gestão à frente

da Associação dos Advogados de

São Paulo e por sua incessante

luta em prol do advogado mili-

tante, sempre manifestada ao

longo de sua vida.” O encontro

reuniu diretores e ex-presidentes

da entidade, além de amigos.

Ele tinha verdadeira “paixão”

pelo Corinthians, clube que fre-

quentou durante mais de 40

anos, e onde ia pelos menos

uma vez por semana. Foi dire-

tor-jurídico, candidato a presi-

dente e conselheiro. Bigi deixa

cinco filhas e seis netos. B

advogado criminalista Oto-niel Brandão Ferreira, que

destacou-se nos anos 60 e 70como defensor de presos políti-cos, morreu no dia 7 de janeiro,aos 83 anos. Natural de SantaMaria da Vitória, na Bahia, Bran-dão Ferreira chegou ainda ado-lescente a São Paulo para estu-dar e trabalhar. Em 1959, for-mou-se pela Faculdade de Di-reito da Universidade de SãoPaulo (Largo de São Francis-co). Em 2003 foi homenageadopela Câmara dos Deputados,ao lado de colegas como Mi-guel Reale Jr., Valdir TroncosoPeres, Luiz Olavo Baptista eTércio Lins e Silva. B

Otoniel Brandão Ferreira

O

E...

Faleceram dia 21 de dezembro,em Barra Bonita, aos 77 anos, o ad-vogado Antonio César de Lima; dia24, em São José do Rio Preto, aos78 anos, o advogado João de Azeve-do Barretto Júnior; dia 31, o advoga-do Dante Amorim Matteoni; dia 3 dejaneiro, assassinado, em Guaratin-guetá, o advogado Marcelo PatrícioSilva Moreira, de 38 anos; e o procu-rador aposentado Pedro de Moraes;dia 9, a advogada Adélia Maria Cristó-vão, esposa do desembargador fede-ral Sérgio Nascimento; dia 12, em SãoPaulo, aos 65 anos, o desembarga-dor Henrique Florentino Paes de Bar-ros e Meira de Castro; dia 15, emBrasília, aos 94 anos, o advogadoSebastião Oscar de Castro; dia 18,em São Paulo, aos 73 anos, o advo-gado Antonio José Pereira Leite;dia19, no Rio Grande do Sul, aos 79anos, o desembargador aposentadoAdalberto Libório Barros; dia 20, oadvogado Paulo Cardoso Ferreira daSilva; dia 21, em São Paulo, a advoga-da Rosa Maria Müller da Silva Ópicee o advogado Arlindo Spagnolo; dia24, na Paraíba, assassinado, o ad-vogado Manoel Bezerra de MattosNeto e, em São Paulo, o advogadoDiógenes Gasparini; dia 25, em Be-lém, aos 73 anos, o advogado Alde-baro Cavaleiro de Macedo KlautauFilho, ex-presidente da secional daOAB-PA. B

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TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO24 FEVEREIRO DE 2009

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TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO 25FEVEREIRO DE 2009

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TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO26 FEVEREIRO DE 2009

EMENTAS

Ementas do Tribunal de Ética e Dis-ciplina da OAB-SP.

CASO CONCRETO. CONSULTA QUEENVOLVE CONDUTA ÉTICA DE TERCEIRO,AINDA QUE ADVOGADO NÃO IDENTIFI-CADO. INCOMPETÊNCIA DA TURMADEONTOLÓGICA — Não é da com-petência do TED I emitir pare-cer a respeito de consulta queenvolva caso concreto e exa-me de conduta ético-profissio-nal de terceiro, mesmo que ad-vogado, não identificado naconsulta. A incompetência des-te sodalício é determinada peloartigo 136, parágrafo 3º, I, doRegimento Interno da OAB-SPe Resolução nº 07/95 deste tri-bunal. Precedentes do TED I:proc. E-1.282, E-2.649/02, E-2.616/02, E-2.970/04 e E-2.990/04. Proc. E-3.600/2008,v.u., em 21/8/2008, do parecere ementa do rel. dr. CarlosJosé Santos da Silva, rev. dr.Jairo Haber, presidente dr.Carlos Roberto F. Mateucci.

EXERCÍCIO PROFISSIONAL. INCOM-PATIBILIDADES E IMPEDIMENTOS. EXER-CÍCIO DA ADVOCACIA POR FUNCIONÁ-RIO DA OAB. INTERPRETAÇÃO RES-TRITIVA. CAUTELAS A SEREM ADOTA-DAS — Segundo as regras dahermenêutica, a incompatibili-dade para exercício profissio-nal restringe direito, e deveser interpretada de modo estri-to e não admite aplicação ana-lógica ou extensiva. Os advo-gados funcionários da OABnão estão incompatibilizadose nem impedidos de advogarfora do horário de expediente,em causas particulares, quenada dizem respeito com aOAB. Diante da possibilidadede captação de clientela e an-gariação de causas, é alta-

mente recomendável que os ad-vogados funcionários da OABnão aceitem patrocinar causas,não encaminhem causas paraescritórios e nem indiquem advo-gados para as pessoas que pro-curam a Casa, uma vez que esteprocedimento caracteriza infra-ção ética, ou mesmo desvio fun-cional. Os advogados que pres-tam serviço à OAB e às entida-des a ela vinculadas, a qual-quer título, estão impedidos depatrocinar causas contra as mes-mas e também de advogar nosseus tribunais disciplinares, emrazão da proximidade do podere do tráfico de influências. Proc.E-3.631/2008, v.m., em 21/8/2008, do parecer e ementa dorel. dr. Luiz Antônio Gambelli,com voto convergente do julga-dor dr. José Eduardo Haddad,rev. dr. Benedito Édison Trama,presidente dr. Carlos Roberto F.Mateucci.

CONTRATO DE HONORÁRIOS FIRMA-DO SOB A ÉGIDE DO ESTATUTO ANTERIOR.LEI Nº 4.215/63. VALIDADE PARA AFIXAÇÃO DE HONORÁRIOS E DEMAIS OBRI-GAÇÕES, DESDE QUE FEITO DENTRO DASNORMAS LEGAIS E ÉTICAS — O con-trato de honorários firmado soba égide do estatuto anterior (Leinº 4.215/63), desde que efetiva-do dentro dos preceitos legais,tem validade, pois segundo odisposto no inciso XXXVI do ar-tigo 5º da Constituição Federal“a lei não prejudicará o direitoadquirido, o ato jurídico perfeitoe a coisa julgada”. A fixaçãodos honorários no referido con-trato, porém, tanto sob a égidedo estatuto anterior, como sob oatual (Lei n° 8.906/94), deveobedecer obrigatoriamente osmandamentos éticos, e, no caso,sua fixação em 50% sobre o

proveito econômico a ser obtidopelo cliente, mostra-se imodera-da, e por consequência antiéti-ca, ferindo o inciso III da SeçãoVIII do Código de Ética de 1934e o artigo 36 do Código de Éti-ca de 1995, além de remanso-sa jurisprudência deste TED-I.Precedentes E- 470, E-471, E-1046, E-1784, E-3025 e E-3317. Proc. E-3.635/2008, v.u.,em 21/8/2008, do parecer eementa do rel. dr. GuilhermeFlorindo Figueiredo, rev. dr. Fá-bio Kalil Vilela Leite, presidentedr. Carlos Roberto F. Mateucci.

HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS. CON-TRATO SOB A ÉGIDE DO ANTIGO ESTATU-TO. PROCESSO AINDA NÃO CONCLUÍDO.IRRETROATIVIDADE DA NORMA. PRINCÍ-PIO CONSTITUCIONAL. INEXISTÊNCIA DECLÁUSULA CUMULANDO HONORÁRIACONTRATADA E A SUCUMBENCIAL —Evidencia-se que honorárioscontratados e de sucumbênciasão institutos distintos e inde-pendentes, possuindo cadaqual normas jurídicas e previ-são ético-estatutárias próprias.Naquela a relação jurídica é deDireito privado, entre a parte eseu advogado, e na outra tem-se relação de Direito público,processual, entre a parte su-cumbente e o advogado da par-te adversa, vencedora. A hono-rária sucumbencial à época doantigo estatuto e Código de Éti-ca pertencia à parte vencedorae não ao advogado, diferente-mente de hoje que é reservadaao patrono da causa. Assim, seo contrato foi redigido sob aégide daquela, mesmo que odesfecho da ação ocorra na vi-gência do atual, há de ser res-peitado, conforme preceitoconstitucional inserido no artigo5º, XXXVI, e também o dispostono artigo 6º da Lei de Introdu-ção ao Código Civil, o ato jurí-dico perfeito, como in casu, o di-reito adquirido e a coisa julga-da. Excepciona-se se no con-trato firmado foi expressamente

clausulado a cumulação da ho-norária contratada e a sucum-bencial. Evidencia-se que des-cabe à Ordem dos Advogadosdo Brasil apreciar a validade decontratos de honorários, limitan-do-se a fazê-lo quanto à obser-vância dos preceitos éticos eestatutários que devem balizara conduta dos advogados. Inte-ligência dos artigos 99 do anti-go estatuto, artigos 22 e 23 doatual e artigo 35 do CED alémdos precedentes E- 973, E-1179 e E- 3.635 deste Tribunalde Ética e 43/2003 do Ementá-rio do Conselho Federal. Proc.E-3.636/2008, v.u., em 21/8/2008, do parecer e ementa dorel. dr. Fábio Kalil Vilela Leite,rev. dr. Carlos José Santos daSilva, presidente dr. Carlos Ro-berto F. Mateucci.

ADVOCACIA. DÚVIDA ACERCA DA IN-COMPATIBILIDADE DO EXERCÍCIO PROFIS-SIONAL COM O CARGO DE CORREGEDORADMINISTRATIVO DE MUNICÍPIO. CASOCONCRETO QUE DIZ RESPEITO A UM TER-CEIRO. AUSÊNCIA DE CONTRADITÓRIO.NÃO-CONHECIMENTO — A TurmaDeontológica não conhece deconsulta que diz respeito aoproceder de terceiros, aindaque advogados, que dela nãosão parte, pois, do contrário,restaria violado o princípio docontraditório. Cabe ao consu-lente, se entender que existeinfração ética, dirigir-se, com asdevidas cautelas, às turmas dis-ciplinares. Inteligência do artigo136, § 3º, inciso I, do RegimentoInterno da secional de São Pau-lo da Ordem dos Advogados doBrasil e da Resolução nº 07/95,da Turma Deontológica. Prece-dentes do TED I: Proc. E-3.409/2007, E-3.057/2004, E- 3.206/2005 e E-3.234/2005. Proc. E-3.648/2008 , v.u., em 21/8/2008,do parecer e ementa do rel. dr.Fábio de Souza Ramacciotti,rev. dr. Benedito Édison Trama,presidente dr. Carlos Roberto F.Mateucci.

PUBLICIDADE. VEÍCULOS DE PUBLI-CIDADE NA ADVOCACIA. DIVULGAÇÃODA ATIVIDADE DO ADVOGADO EM JOR-NAIS, REVISTAS, PERIÓDICOS, LISTAS DETELEFONE E CONGÊNERES, VEÍCULOSLEGALMENTE ADMITIDOS CONSOANTEDISPOSIÇÕES EXPRESSAMENTE PREVIS-TAS NOS ARTIGOS 28 A 34 DO CED EPROVIMENTO N° 94/2000 DO EGRÉGIOCONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOSADVOGADOS DO BRASIL. DIVULGAÇÃOEM PLACAS, OUTDOOR E PAINÉIS DEPROPAGANDA EM CAMPO DE FUTEBOL.IMPOSSIBILIDADE. ARTIGOS 28 A 34DO CED E SISTEMATIZADOS NO PROVI-MENTO N° 94/2000 DO CFOAB –UTILIZAÇÃO DA EXPRESSÃO “ADVOCA-CIA”, AGREGADA AO NOME COMPLETODO PROFISSIONAL E SUA INSCRIÇÃO NAOAB. INEXISTÊNCIA DE INFRAÇÃO ÉTICA.INTERPRETAÇÃO DO ARTIGO 14, PARÁ-GRAFO ÚNICO, DA LEI N° 8.906/94,ARTIGO 29, § 5º, DO CÓDIGO DE ÉTI-CA, ARTIGO 2º, PARÁGRAFO ÚNICO, DOPROVIMENTO N° 112 E PROVIMENTO N°94/2000, AMBOS DO CONSELHO FEDE-RAL DA OAB. A UTILIZAÇÃO DE SÍMBO-LOS COMO “BALANÇA” OU A “DEUSATEMIS”, SE REALIZADA, DEVE EVITAR ACONOTAÇÃO MERCANTILISTA, AS CORESESPALHAFATOSAS, OU DESIGN QUEATENTE CONTRA A SOBRIEDADE DAPROFISSÃO — As normas e prin-cípios norteadores da publici-dade e propaganda dos servi-ços de Advocacia estão conti-dos nos artigos 28 a 34 doCED e sistematizados no Pro-vimento n° 94/2000 do CFOAB.Segundo o disposto no artigo30 do CED, o anúncio sob aforma de placas deve obser-var discrição quanto ao con-teúdo, forma e dimensões,sendo vedada à utilização deoutdoor ou equivalente. O arti-go 6º do Provimento n° 94/2000 de forma expressa es-clarece que não são admiti-dos como veículos de publici-dade da Advocacia: a) rádio etelevisão; b) painéis de propa-ganda, anúncios luminosos equaisquer outros meios depublicidade em vias públicas;c) cartas circulares e panfle-tos distribuídos ao público; ed) oferta de serviços medianteintermediários. A utilização daexpressão “Advocacia”, desdeque seguida do nome com-pleto do advogado e de suainscrição na OAB, não consti-tui infração ética, ficando ape-nas impedida a sua divulga-ção com finalidade mercanti-lista ou para insinuar a existên-cia de sociedade de advoga-dos, quando assim não o for.Proc. E-3.640/2008, v.m., em21/8/2008, do parecer e emen-ta do rel. dr. Fábio GuedesGarcia da Silveira, com votodivergente do julgador dr. Car-los José Santos da Silva,quanto ao uso da expressão“Advocacia”, rev. dr. Luiz Fran-cisco Torquato Avólio, presi-dente em exercício dr. Fábiode Souza Ramacciotti. B

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TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO 27FEVEREIRO DE 2009

TRABALHO

Sétima Turmado TST rejeitouagravo de ins-trumento da Fa-zenda Farroupi-

lha, de Pedra Preta (MT),contra decisão do TRT (23ªRegião), que a condenouao pagamento de verbasrescisórias a um trabalha-dor demitido por embria-gar-se no intervalo do al-moço. A CLT prevê a de-missão por justa causa,mas para a Turma, a em-pregadora não conseguiucomprovar ter havido viola-ção da lei ou divergênciade jurisprudência.

O trabalhador havia sidocontratado em 1994, sendodemitido em 1998. Na Jus-

Embriaguez não provoca justa causatiça do Trabalho ele pediuo pagamento de verbasrescisórias, horas extras eFGTS. A Fazenda Farroupi-lha defendeu-se afirmandoque a demissão por justacausa foi consequencia daembriaguez, e que o em-pregado havia se apresen-tado sem condições físicase psicológicas para o traba-lho. A justa causa foimantida em primeiro graucom base nos depoimentosde testemunhas.

O TRT-MT reformou asentença e reconheceu aembriaguez do empregado,mas observou que ela nãose deu durante o serviço.(AIRR 2158/1998-021-23-00.2) B

A

corregedor-geral da Justi-ça Federal, ministro Hamil-

ton Carvalhido, no exercício dapresidência do STJ, indeferiu li-minar em mandado de segu-rança impetrado por um ex-fun-cionário da Empresa Brasileirade Correios e Telégrafos (ECT),e manteve decisão do ministrodo Controle e da Transparên-cia que o demitiu por justa cau-sa por ato de improbidade.

O funcionário trabalhou du-

Demissão por improbidade

rante 19 anos na ECT. Foi dis-pensado, após auditoria reali-zada por técnicos da Controla-doria Geral da União, que cons-tatou irregularidades na comprade impressoras portáteis paracontas de água e energia elétri-ca. A defesa alegou “incompe-tência da autoridade coatora”.Sustentou, ainda, que o funcio-nário não foi acusado de cor-rupção. Os argumentos não fo-ram aceitos. (MS-14073) B

O

CarteiraA Segunda Turma do TST

manteve sentença que conde-nou as Lojas Americanas S.A. apagar a um empregado indeni-zação de R$ 50 mil por ter feitouma anotação indevida na car-teira de trabalho. O auxiliar deloja foi demitido e surpreendidocom a anotação da justa causana carteira por desfalque finan-

ceiro. Entrou com ação e o juizde primeiro grau descaracteri-zou a justa causa e condenou aempresa a pagar-lhe R$ 50 milde indenização sob o entendi-mento de que a anotação cau-sou-lhe transtornos que o acom-panharão por toda a vida profis-sional. A Americanas apeloualegando que a demissão foipor justo motivo, já que o traba-

lhador teria adulterado docu-mentos da contabilidade daempresa. Os argumentos foramrejeitados. A Americanas recor-reu ao TST, sem sucesso.(AIRR-1281/2005-137-15-40.8).

Ação civilA Segunda Turma do TST

reconheceu a legitimidade da

em atividade. A Afabesp en-trou com ação a fim de que obenefício fosse concedido aostrabalhadores aposentados. Ojuiz de primeiro grau entendeuque a associação não teria le-gitimidade para propor a ação,mas a segunda instância mu-dou a sentença e o processoretornou à primeira instânciaque decidiu que a gratificaçãosemestral tinha a mesma natu-reza salarial do PLR e conce-deu a extensão dos benefíciosaos aposentados. O bancoapelou, sem sucesso.

CategoriaA Seção Especializada em

Dissídios Coletivos do TST aco-lheu recurso do Sindicato dosOperadores Portuários do Esta-do de São Paulo (Sopesp) e ex-tinguiu o dissídio coletivo ajui-zado pelo sindicato de trabalha-dores rodoviários, consideradoparte ilegítima para representara categoria. (RODC 20080/2003-000-020-00.0). B

ParaplégicoAs empresas Minas da Serra

Geral S.A., Sempre Viva Minera-ção, Construções e TransportesLtda. e Recuperadora SalesGama Ltda. terão de pagar R$200 mil em indenização por da-nos morais, pensão mensal eplano de saúde até o fim da vidapara um empregado de 69 anos,que ficou paraplégico em aci-dente de trabalho, além de cus-tear a readaptação da residênciadele. A decisão é do TRT 3ª Re-

gião (MG) e foi mantida pela Sexta Turma do TST ao julgaragravo de instrumento da Minas da Serra Geral. (AIRR-1009/2005-069-03-40.0)

Associação dos FuncionáriosAposentados do Banespa (Afa-besp) para ajuizar ação na JTem nome dos associados econdenou o Banco do Estadode São Paulo S.A. (Santander-Banespa) a pagar gratificaçãosemestral que, em 1998, foi re-duzida para todos e compen-sada apenas dos empregados

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TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO28 FEVEREIRO DE 2009

TRABALHO

Seção Especi-alizada em Dis-sídios Individu-ais (SDI-1) doTST rejeitou em-

bargos do Banco do Nordes-te do Brasil S.A. (BNB), emanteve decisões anteri-ores da Justiça que consi-deraram sem validade anotificação do advogado doreclamante (sobre o dia ehorário da audiência inau-gural), por meio de ligaçãotelefônica. Para a relatora,ministra Maria de AssisCalsing, o telefonema nãocumpriu a finalidade, poisa parte não compareceu àaudiência.

Com a ausência do tra-balhador, a ação foi arqui-vada. O funcionário recor-reu, e o TRT-SE (20ª Re-gião), constatou que inici-almente a audiência foimarcada para 08/11/2000, depois adiada para22/11/2000, e novamenteconfirmada para 08/11/2000. Desta última vez,comunicada por telefone àsecretária do advogado doautor.

O TRT, ao verificar quehavia uma certidão infor-mando a presença do ex-funcionário na Vara doTrabalho no dia 22/11 nohorário marcado, anulou oarquivamento e determi-nou que fosse feita outranotificação. O BNB apelouao TST, que manteve adecisão do TR. O banco in-terpôs embargos à SDI-1,sem êxito. (E-RR-777898/2001.0) B

Anulada notificação por telefone

AQuarta Turma do TST ne-gou recurso de um advoga-

do do Rio Grande do Sul, quereivindicava honorários de umacliente que durante o processocontratou outro advogado. O juí-zo de primeiro grau havia decla-rado que a ação não era de com-petência da JT. O entendimentofoi confirmado pelo TRT. A Turmaentendeu que a competência erada Justiça Comum.

Os serviços foram contratadospor uma bancária terceirizadaque trabalhou na Caixa Econô-mica do Rio Grande do Sul de1987 a 1994, e demitida, segun-do o advogado, sem justa causa.Alegou que fora destituído no an-damento da reclamação, e solici-tou à JT que reservasse partedos valores que a cliente tivessea receber para os honorários.

A cliente desmentiu a versãodo advogado, afirmando queapenas seguiu orientação daVara do Trabalho de Santa Rosa(RS) no sentido de contratar outroprofissional, já que o registro doadvogado estava suspenso pelaOAB. O advogado contestou, semsucesso. Segundo o relator, mi-nistro Barros Levenhagen, aEmenda 45/2004 que ampliou acompetência da Justiça do Traba-lho, não a estendeu às ações decobrança de honorários advocatí-cios, mesmo diante de acordosem processos trabalhistas. (RR-1001-2006-751-04-00.3) B

Rejeitadacobrança dehonorários

A

Creche ComunitáriaO município do Rio de Janei-

ro foi responsabilizado pelo pa-gamento de verbas trabalhistasa uma empregada da Associa-ção de Moradores do ParqueBela Vista, com a qual mantinhaum convênio para o funciona-mento da Creche ComunitáriaChapéu Mangueira, em regiãocarente. A condenação foi deci-dida pelo TRT da 1ª Região(RJ) que rejeitou agravo do mu-nicípio. (AIRR-1328-2002-014-01-040.5)

GratificaçãoA Terceira Turma do TST re-

conheceu o direito de uma funci-onária da CEF de João Pessoa(PB) de ter incorporado ao salá-rio a gratificação recebida por12 anos de trabalho. Em 2006,a funcionária reclamou na 5ªVara do Trabalho de João Pes-soa que a empresa retirou-lhea gratificação e teve o salárioreduzido em 45%. A CEF con-testou argumentando que osempregados somente têm direi-to a 100% da média das gratifi-cações a partir do 19º ano. Aempregada, recorreu, sem su-cesso. (RR-1180-2006-005-13-40.6)

ImespUm funcionário concursado

da Imprensa Oficial do Estadode São Paulo (Imesp), demitidosem justa causa em janeiro de2003, obteve na JT o direito àreintegração. A Terceira Turmado TST considerou correta a de-cisão do TRT da 2ª Região, quedeclarou nula a demissão, tendoem vista que a dispensa se derapor motivo fútil e de naturezaprivada: o clima gerado apósum relacionamento amorosomal sucedido com uma colegade trabalho. (RR 1076/2003-065-02-00.8)

IndenizaçãoCabe à Justiça comum o jul-

gamento de ação de indeniza-ção por danos morais e materi-ais por falecimento devido aacidente de trabalho. A decisão

é do presidente do STJ, ministroCesar Asfor Rocha, em proces-so no qual uma viúva propôsação contra a Fábrica de Teci-dos Bangu Ltda..(CC 97436)

Banco SantanderA Sexta Turma do TST não

reconheceu o direito a horasextras de um ex-empregado mi-neiro que trabalhou 26 anos noBanco Santander, por entenderque ele desempenhava cargode confiança. A decisão foi to-mada no julgamento do recursodo banco contra decisão doTRT da 3ª Região (MG) queconsiderou o bancário credordas horas extras e baseou-seem informação prestada pelopróprio bancário. (RR 393/2002-020-03-00.0)

Banco Baneb S.A.A Seção Especializada em

Dissídios Individuais (SDI-1) re-formulou decisão da Quinta Tur-ma alegando que o depoimentode três testemunhas, e as fitasde caixa não são provas convin-centes da realização de horasextras por uma funcionária doBanco Baneb S.A. na Bahia. Oprocesso deve voltar à Quinta

GarçomO garçom de uma

pizzaria de Erechim(RS), demitido porjusta causa sob aalegação de não ter denun-ciado o autor de furtos ocorri-dos no caixa do estabeleci-mento, obteve da JT a descarac-terização da justa causa e receberáas verbas rescisórias a que tem direi-to. A Primeira Turma do TST, ao rejei-tar agravo de instrumento da pizzaria,manteve decisão do TRT da 4ª Re-gião que considerou que a omissãonão caracteriza mau procedimentoou incontinência de conduta capa-zes de respaldar a demissão porjusta causa. (AIRR 67503/2002-900-04-00.7)

Turma do TRT para apreciaçãodo recurso de revista. (E-RR-798/2000-193-05-40.8)

Auxílio doençaAtitudes consideradas frau-

dulentas para impedir auxílio-doença acidentário não impe-diram o reconhecimento dodireito à estabilidade de umaex-empregada que desenvol-veu problemas auditivos naSwedish Match do Brasil S.A.,conforme decisão da SeçãoEspecializada em DissídiosIndividuais (SDI-1) do TST. A15ª Vara do Trabalho de Curi-t iba condenou a Swedish apagar o adicional de insalubri-dade e reflexos, corrigidos.(RR-540294/1999.5) B

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TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO 29FEVEREIRO DE 2009

*Advogado em Belo Horizonte (MG)[email protected]

LAZER

Carménère

As regiõesde Médoce Graves,na Fran-ça, foram

grandes produtoras decarménère até o sécu-lo XIX, quando umapraga, a “filoxera”,atacou os vinhedos. Asolução foi dizimá-los,passando a cultivar variaçõesmais resistentes ao parasita.Mas, em 1994, Jean-MichelBoursiquot, um especialistafrancês, a redescobriu no Chile.Ao que tudo indica, havia mu-das de carménère entre as demerlot que foram levadas da

França para o Chile;cultivadas como se fos-sem uma uva só, pro-duziam um fenômenoesdrúxulo, já que a co-lheita da carménère émuito tardia. Mais doque isso, os solos fér-teis da América e o solabundante deramnova expressão à uva,

produzindo vinhos médios ouencorpados, de cor intensa e aro-mas abundantes. Um estupen-do acompanhamento, princi-palmente para as carnes. Em-bora seja comumente identifi-cada com sendo do Chile, já hávinhos argentinos com a uva.

Viniterra, 2006, 14%de álcool, Mendoza,Argentina (R$ 25,00).Rubi violáceo, comaromas de amoras,

cerejas, ramagens e pó de café.Corpo médio, correto, com boapotencia de fruta, taninos equi-librados, embora sem grandecomplexidade de sabor. Notas degeleia de groselha e chocolate aoleite. Excelente fim de boca.

Santa Helena, Siglo deOro, 2006, 14% de álco-ol, Vale de Colchágua,Chile (R$ 35,00). Rubiescuro, com reflexos vi-oletas, tem aroma fortede groselha e ameixasmaduras, chocolate e tos-

tados. Encorpado, decepcionaum pouco pela baixa estrutu-ra da fruta e pela potencializa-ção do amargor, que é próprioda carménère. Esses vícios, po-rém, anulam-se diante da car-ne, principalmente a mal pas-sada. Boa persistência, aindaque amarga.

Vina Tarapaca, gran re-serva, 2005, 13% de ál-cool, Vale do Maipo,Chile (R$ 68,00). Negroazulado, com perfumede groselha, jabutica-ba, amoras, madeira

crua, pimentões verdes, car-

ne crua e minerais. Encorpa-do, com fruta potente, madei-ra bem posta, dando-lhe boaestrutura, embora sem gran-de complexidade. Ótima per-sistência. Vale cada centavo.

Missiones de Rengo,cuvée, 2006, 14% deálcool, Vale de Rapel,Chile (R$ 98,00). Rubicom algumas notas vi-oletas, tem aroma rico,entre amoras, pimen-tões verdes, capuccinoe rapadura com leite.

Corpo médio, com boa fruta emadeira, estrutura complexa,amargor destacado; notas degroselha e chocolate. Excelen-te retrogosto.

Dicas e curiosidades: nofinal de 2008, a Casa Ferreira,de Portugal, lançou o BarcaVelha, safra 2000. Isso mesmo,oito anos após a colheita. Tra-ta-se de um dos melhores vi-nhos do mundo. Somente sa-fras excepcionais merecem orótulo e a de 2000 é a 16ª;foram elas: 1952, 53, 54, 57,64, 65, 66, 78, 81, 82, 83, 85,91, 95, 99 e 2000. B

CruzadasM. AMY

Horizontais

1-(Dir. Pen.) Dano, prejuízo.

2-(Dir. Proc.) Processo que tivermarcha irregular; (Abrev.) Radi-cal.

3-Pronome da segunda pessoado singular; Valente, esforçado.

4-Ar em Inglês; (Sociol. Polít.) Po-sição social.

5-Sigla de doutor; Sílaba de nor-te; Silvícola do Brasil Central.

6-(Termo Latino) Assim, comoestá; (Dir. Civ.) Garantia ou sinalde contrato, penhor.

7-(Filosof. do Dir.) Referente aorealismo; (Sigla) Nossa Senho-ra.

8-Labaredas.

9-Rio da Suíça; Período de sécu-los muito extensos; (Dir. Marít.)Abreviatura de estibordo.

Verticais

1-(Dir. Pen.) Assassino (pl.).

2-(Dir. Civ.) Aprovar, autorizar.

3-Licença de Operação; (Hist.do Dir.) Licença para exporta-ção.

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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Soluções na página 15

4-A maior de nossas aves; (Dir.Civ.) Terra cercada de água portodos os lados.

5-(Dir. Comer.) Quebra de um em-presário reconhecida em juízo.

6-São e salvo; (Dir. Int. Púb.) Si-gla de Sistema Monetário Euro-peu.

7-Na linguagem jurídica, combi-nar, negociar.

8-Contração da consoante “t”com a vogal “a”; (Dir. Proces.)Custas judiciais.

9-Na linguagem jurídica, aqueleque está discursando.

10-(Dir. Civ.) Aquele que aceitaestranho como filho medianteadoção.

11-Antigo nome de Tóquio; (Dir.Tribut.) Imposto Sobre Serviços(Sigla). B

À Margem da Lei

pergunta básica doadvogado previden-ciarista ao cliente é:“O senhor recolhe aoINSS?”. As respostas

são as mais variadas: uns contri-buem sobre um salário mínimo, ou-tros sobre dois, outros sobre 10 e as-sim por diante, até o limite de 20

A advogadae o recolhimentopara o INSS

RICARDO AUGUSTO YAMASAKI*E SHIZUKO YAMASAKI**

salários.Um dia, sentado na mesade reuniões do escritório, um se-nhor de jeito humilde e vestimen-tas simples, respondeu que semprerecolheu pelo máximo. A advoga-da do escritório no mesmo dia cor-reu ao INSS para verificar o tem-po de contribuição daquele segu-rado e as possibilidades de apo-sentá-lo pelo máximo.

Analisando o caso,o servidordo INSS replicou: “Doutora este

segurado vai se aposentar pelomínimo.”

“Não”, refutou a advogada, elerecolhe pelo máximo.

O funcionário voltou a afir-mar: “Doutora aqui consta que elerecolhe pelo mínimo.”

Acreditando no cliente, a advo-gada voltou com uma dúvida enor-me. Chamou o cliente no escritório enovamente indagou: “O senhor re-colhe ao INSS pelo máximo?”.

“Sim”, respondeu o cliente.A advogada asseverou: “Tem

certeza? Você recolhe pelo máxi-mo?”

“Sim, ‘dotora’, recolho pelo

máximo que posso!” B

*Assessoria de Defesa da Cidada-nia da Secretaria da Justiça.

A**Advogada do Augusto YamasakiAdvogados.

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TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO30 FEVEREIRO DE 2009

Turismo

LAZER

ROTEIROS E INDICAÇÕES DE MARIA MAZZA

Suíça, apesarde ser um paíspequeno se com-parado às gran-des extensões de

terra do Leste (tem 340 qui-lômetros de extensão Les-te-Oeste, por 220 quilôme-tros no sentido Norte-Sul),é um encontro de três cul-turas européias e quatroidiomas. Possui cidadescosmopolitas, como Zuri-que; internacionais, comoGenebra; tradicionais, co-mo Berna; bonitas, comoBasiléia e alpinas, comoLucerna. Todas repletas decharme, cultura, atraçõese surpresas.

Zurique, por exemplo,não reflete a imagem de“cidade de banqueiros”. Épalco de um desfile anual— Street Parade — quereuniu, em 2007, 800 milpessoas ao som de músicaeletrônica; tem catedrais(vale a pena conhecer Gros-smünster, em estilo româ-nico); igrejas (a Fraumüns-ter é famosa pelos vitrais,criados por Marc Chagall);ou a de St. Peterskirche,que abriga o que é consi-derado o maior relógio detorre da Europa, com 8,64metros de diâmetro); ruasde compras (a Bahnhofs-trasse é uma das mais“chiques”); shoppings, comrelojoarias com produtos a

preços “estratosféricos”;confeitarias de primeiromundo (como a Sprüngli).

Genebra surpreende, ape-sar de ser a menor metrópo-le do mundo, com 185 milhabitantes. O lago Gene-bra, as ladeiras da cidadeantiga, as lojas exclusi-vas, os museus (como o daCruz Vermelha e o Inter-nacional da Reforma), eaté a sede européia daONU são marcos que não po-dem ser ignorados; Lucerna,por sua vez, além do famosolago, que ostenta seu nome,é cercada por montanhasque vão de 3 mil a 10 milmetros de altitude (MontePilatus, Monte Rigi, MonteTitlis, etc). É nessa regiãoque se encontra o “badala-do” St.Moritz, consideradoum dos mais famosos resortsdo mundo .

Berna é a capital, funda-da em 1191. Possui 11 fon-tes do século XVI, colori-das e enfeitadas por está-tuas. O cartão postal dacapital é o Zytglogge, umrelógio desenvolvido porKaspar Brunner, em 1530,e que apresenta um “tea-tro” animado que se “apre-senta” a cada hora cheia.Vale a pena conhecer, ain-da, a catedral (Münster), amais alta do país (a torretem mais de 100 metrosde altura e para chegar ao

topo é necessário vencer344 degraus) e as conheci-das “arcadas” (a capitaltem 6 quilômetros de arca-das).

Basiléia e a terceira mai-or cidade suíça. Fica a 85quilômetros de Zurique etem 165 mil habitantes. Éponto de chegada de duasdas maiores empresas aére-as, conhecidas pelas baixastarifas: Ryanair e Easyjet. Acidade que tem o maior nú-mero de museus por habi-tante (são quase 40), des-tacando-se entre eles oKunstmuseum (com obrasde Andy Warhol, Cézanne evan Gogh).

Além das belezas natu-rais, a Suíça é conhecidapor sua gastronomia. A co-mida excede os tradicionaisfondue e raclette, apresen-tando atrações como o “papetvaudois” (repolho servidocom sal-sichões); “capuns”(charutos de repolho); “mine-strone” (sopa de macarrão);batata rosti (raladas); “pi-zokel” (bolinho de farinhade trigo), sem falar nos vi-nhos finos.

A

Preços

A moeda local é o francosuíço, já que o país não ado-tou o euro. O “pacote” co-mercializado pela Cit Via-gens — (0xx11) 3138-3535— inclui passagem aéreaSão Paulo/Genebra/São Pau-lo, com a Swiss Air (ao preçode US$ 1,069.00 por pes-soa, mais taxas de embar-que), com hospedagem ecafé da manhã em hotéis declasse turística, passagemde trem (o roteiro prevê via-gem de trem de Genebra aLucerna, com retorno a Ge-nebra ou Zurique), asssentono Glacier Express Premium(um trem especial que circu-la na região alpina — St. Mo-ritz e Zermatt — e que no tra-jeto passa por 291 pontes e91 túneis,) e seguro viagem,ao preço de 761 euros porpessoa. B

fim das férias de verão noEstado ainda pode ser apro-

veitado a poucos quilômetros daCapital. A exatamente 120 está oHotel Fazendão, um hotel fazen-da incrustrado em uma área de22 alqueires, com a casa grandeem taipa de uma autêntica fa-zenda colonial de café.

O hotel possui 35 suítes, cha-lés e apartamentos conjugados,todos decorados com móveis daépoca, mas com recursos mo-dernos como TV a cabo, telefo-ne, frigobar e ventiladores. Oschalés são mais espaçosos, masficam a 300 metros da sede dafazenda e, além de vista para olago, dispõem de lareira.

O destaque, como é comumnesse tipo de hotel, são as re-feições, variadas e fartas, e

que incluem desde feijoada atéchurrascos e massas. No lazer,atividades como tênis, pesca-ria, futebol, vôlei, rafting, cacho-eira, snooker, pebolim, bingo.Para crianças, passeios à fa-zendinha (criação de vacas,cabras, porcos, coelhos, carnei-ros... e visitas à horta), trilhas,passeios com pôneis, teatro debonecos, etc.

A suíte de casal custa R$240,00, com diária completa(café da manhã, almoço e jan-tar), mais 10% de taxa de hos-pedagem (inclusive sobre oconsumo) e, como cortesia,hospedagem gratuita para umacriança até seis anos. Reservase informações pelos telefones(0xx11) 3663-0464/0768 ou (0xx12) 3972-5079. B

O

Hotel

Fazendão

Divulgação

Divulgação

Suíça, em quatro tempos

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TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO 31FEVEREIRO DE 2009

PAULOBOMFIM

Tia Magdalena édas melhores lem-branças que tragoda infância.

Foi companhei-ra e confidente das travessurasdo menino solitário rodeado degente muito mais velha e dosaltos muros que cercavam acasa dos avós na Vila Buarque.

Colecionamos juntos mar-cas de cigarros que recebíamosdas visitas, e, depois, no po-rão da casa, acabávamos sem-pre fumando toda a coleção.

Essencialmente musical,escrevia bem e tinha o domda sátira. Imitava com muitagraça os outros; e os poemasonde retrata as fraquezas e oridículo de pessoas e situaçõessão peças dignas de serem as-sinadas por um Moacyr Pizaou por Juó Bananere.

Ao lado desse aspecto curi-oso da personalidade, foi du-rante alguns anos a melhoraluna de piano de Marieta Lion.

A peça “Noite de São Pau-lo” de Alfredo Mesquita, en-cenada no Municipal em1936, é o divisor de águas desua vida artística. Desapa-recia nesse momento a pia-nista para surgir em seu lu-gar a grande cantora.

Começou estudando comMademoiselle Bourron, pas-sando a seguir a discípulaquerida de Vera Janacópolus,irmã de Adriana Janacópolusa escultora que fez aquela ca-beça de soldado constitucio-nalista existente no pátio daFaculdade, no Largo de SãoFrancisco.

Iniciava-se a carreira daartista que seria a intérpretepreferida de Villa-Lobos, Ca-margo Guarnieri e Mário deAndrade.

Este último, voltava a con-viver com nossa família depoisdo protesto de meus tios Gui-lherme e Carlos, do primo Car-los Pinto Alves, de Getúlio Pau-

verno e do Itamaraty.Tempos depois, o menino

Fernando aguardava na saca-da de seu apartamento na RuaCândido Gaffrée, na Urca, omomento em que o navio tra-zendo da Inglaterra, móveis,livros, quadros e prataria dotio, entraria na Guanabara.

De longe o vapor vinha seaproximando e meu primo emseu posto de observação infor-mava a família os detalhes dachegada daquela embarcaçãoda Mala Real Inglesa.

Subitamente grita:– Venham ver, o navio está

passando aqui em frente e seunome é Magdalena!

O Magdalena atracou.Grandes caixotes com seunome impresso na madeiraforam descarregando no por-to as lembranças do embai-xador.

Quando o Magdalena, pros-seguindo viagem, atravessanovamente a Baía de Guana-bara para rumar para BuenosAires, ocorre então a coisamais fantástica. Sem maisnem menos, parte-se ao meioe desaparece em poucos mi-nutos!

O mar unira Magdalena aPytiguar. B

TRIBUNA DO DIREITO

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la Santos e colegas da Faculda-de de Direito, no Municipal em22, durante a Semana de ArteModerna.

Paralelamente à música, re-petia-se com tia Magdalena, omesmo drama de desencontrosocorrido com sua tia Alice, meioséculo antes.

Ambas se apaixonaram pordiplomatas que partiram sem asamadas que não tiveram cora-gem de deixar os pais enfermos.

Tia Alice e o embaixadorCarlos Magalhães de Azeredo, etia Magdalena e o embaixadorPytiguar Fleury de Amorim, ir-mão de sua cunhada Yacyra,casada com o poeta CarlosMagalhães Lebeis.

Quando Pytiguar ingressouna carreira diplomática, meuavô Sebastião passava muitomal. O casamento com o jovemdiplomata foi sendo protelado,protelado, e acabou não sain-do nunca.

Na Argentina, em Portugal,em Liverpool e, posteriormen-te, em Londres, Pytiguar espe-rou inutilmente por Magdalena.

Passou a guerra numa Ingla-terra bombardeada, sonhandocom alguém que não chegava.Um dia, em dezembro de 48, ocoração do embaixador nãoresistindo a tanta ansiedade,pára de bater em Londres. Seucorpo embalsamado recebe noRio de Janeiro as honras do go-

Magdalena

LAZER

or que tu teestranhas,

Com medo nas entranhas,Por dúvida que não é.Pois, certezas tens, até?

Alfredo Mariano Filho(Advogado)

Dúvida

Que é que te assaltaQuando tu sentes faltaDo que complete tua emoçãoE que não te pertença com razão? B

P

Poesias

VALE A PENA

Bento DelgadoKardos,diretor dosDepartamentosChinês e deContratos doNoronha Advogados.

Quem se interessar pela Chi-na, não pode deixar de percor-rer a recém-reinaugurada estra-da de ferro Qinghai — 1 TibetRailway, que liga Shanghai aoTibet. O caminho é longo, po-rém fascinante. São mais de4.300 quilômetros em 49 horas.Percorre-se a China inteira, deLeste a Oeste. O destino final éa cidade de Lhasa.

O trem é moderno e oferecedesde cabines de primeiraclasse, executiva até bancosnão reclináveis. Optar pela pri-meira opção não é luxo, atéporque os valores são bastan-te acessíveis. O visual pelasjanelas é incrível! Quando otrem começa a subir o platô doTibet, a paisagem muda com-pletamente e o que se observaé um grande deserto e trechosde neve constante.

O convívio com os costumesdo povo chinês também é umaexperiência à parte. No vagãorestaurante, é possível tomaruma boa Tsingtao — excelentecerveja chinesa — não muitogelada, enquanto se desfrutaum tradicional prato de nood-les. Uma boa pedida é levar umsuprimento de bolachas, docese cup noodles de sua preferên-cia para o caso de não se adap-

tar bem aos pratos locais. E nãose empolgue muito na Tsingtao.Quando o trem vai ganhando al-titude, os efeitos do álcool ficammais fortes no organismo. Fica-se a quatro mil metros de altitu-de por pelo menos mil quilôme-tros de viagem. É a estrada deferro mais alta do mundo! Paraos que sentirem dificuldade narespiração, o trem oferece oxi-gênio.

Uma vez no Tibet, tire umatarde de repouso no hotel, tantopara se recuperar como para seadaptar à altitude. Lá, os paláci-os de Dalai Lama são imperdí-veis, assim como os templos emonastérios centenários. Ogrande destaque fica para o Po-tala Palace, 2 construção im-ponente, milenar, no coração dacidade. Ali, as visitas são todasguiadas. Pode-se alugar um he-adphone para ouvir as explica-ções e significados de cada obje-to, inclusive em Português! B

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TRIBUNA DO DIREITOTRIBUNA DO DIREITO32 FEVEREIRO DE 2009