5
Edifícios Roberto Loeb Associados . Jundiaí, SP Arquitetura industrial: detalhes do projeto Edição 179 - Fevereiro/2009 SLIDE SHOW O arquiteto Roberto Loeb faz parte da geração de arquitetos brasileiros que conseguiram trazer os projetos industriais de volta aos escritórios de arquitetura. Seu projeto da fábrica da Natura em Cajamar, SP, de 1996, marca a paisagem e confirma a retomada de uma abordagem arquitetônica de qualidade no setor. Além dele, o arquiteto Sidônio Porto, com as fábricas da Brastemp e da Gessy Lever, ambas projetos de 1989, já demonstrava um crescente apuro estético e preocupação com a implantação, com os decorrentes cuidados com a ventilação, insolação e conforto térmico do usuário, temas óbvios em arquitetura, mas esquecidos por grande parte dos projetos industriais das décadas de setenta e oitenta. A experiência de Porto culminou no projeto da fábrica de

Edifícios Industriais

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Neste documento ha alguns edificios industriais

Citation preview

EdifciosRoberto Loeb Associados . Jundia, SPArquitetura industrial: detalhes do projetoEdio 179-Fevereiro/2009

SLIDE SHOWO arquiteto Roberto Loeb faz parte da gerao de arquitetos brasileiros que conseguiram trazer os projetos industriais de volta aos escritrios de arquitetura. Seu projeto da fbrica da Natura em Cajamar, SP, de 1996, marca a paisagem e confirma a retomada de uma abordagem arquitetnica de qualidade no setor. Alm dele, o arquiteto Sidnio Porto, com as fbricas da Brastemp e da Gessy Lever, ambas projetos de 1989, j demonstrava um crescente apuro esttico e preocupao com a implantao, com os decorrentes cuidados com a ventilao, insolao e conforto trmico do usurio, temas bvios em arquitetura, mas esquecidos por grande parte dos projetos industriais das dcadas de setenta e oitenta. A experincia de Porto culminou no projeto da fbrica de componentes eletrnicos Flextronics, perto de Sorocaba, SP, em 2000, e agora na sede admiministrativa da Petrobrs, em Vitria, rica em conceitos contemporaneos de sustentabilidade. A mesma Petrobrs que em 2004 escolheu o projeto do arquiteto Siegbert Zanettini para seu novo centro de pesquisas, na Ilha do Fundo, Rio de Janeiro.Nas quase duas dcadas anteriores, principalmente depois de 1973, fim do chamado milagre econmico, enquanto o mundo estava discutindo os rumos da arquitetura, o Brasil em plena ditadura ainda agarrava-se a glria de seu movimento moderno e evitava a crtica e a discusso. A anlise desse perodo daria um livro, tamanhas as conjeturas, mas resumidamente, nessa poca predominou um iderio confuso e sem objetivo, que trouxe de volta ao desenho da arquitetura a materialidade da fachada, na imagem de paredes autoportantes, que negava at a tecnologia que permitiu a execuo dos vos livres. Se a arquitetura residencial, pblica e comercial esqueceu-se de importantes conquistas, que dir a industrial, ironicamente muito mais interessada na funo que na forma. As fbricas passaram a ser montadas com base no trip custo, rapidez e funcionalidade, e o gerente de produo passou a ser o novo arquiteto, que montava suas caixas com peas pr-moldadas, sistema construtivo ao seu dispor.J a partir dos anos 90, assim como nos edifcios comerciais e institucionais, o desenho da indstria tambm passa a reforar a imagem corporativa da empresa, impulsionado por novos materiais, sistemas, e a viso de oferecer tambm ao trabalhador da industria conforto e bem estar. Essa correo de curso natural de nossa arquitetura, interrompida no passado, se deve a um contexto econmico, poltico e cultural que arejou tanto a cabea dos arquitetos como a dos clientes. A arquitetura comeou a buscar idias propriamente contemporneas, ainda que inicialmente baseadas na reanlise de conceitos modernistas. No entanto foi alm, e hoje procura desvincular-se de dogmas, principalmente com o uso consciente dos materiais e tecnologias, no como um manifesto em si, mas como uma ferramenta na obteno de projetos melhores. Talvez a arquitetura industrial possa agora dar continuidade a experiencias de um passado de ouro, quando na dcada de cinquenta, grandes arquitetos como Rino Levi, e o Complexo Tecelagem Parahyba, em So Jos dos Campos, SP, de 1953, e Oscar Niemeyer com a fbrica da Duchen de 1950, em Guarulhos, SP, e a Ericsson, em 1954, emprestaram ao desenho das fbricas, o pensar arquitetnico.SUPER INSTALAES

Como a arquitetura da Mahle foi subdividida em trs anis, as instalaes foram bastante complexas e a maioria delas projetadas de forma aparente, uma deciso conjunta com o projeto de arquitetura.De acordo com a engenheira Juliana Pinha, da J. Pinha engenharia, responsvel pelos projetos, todas as instalaes foram direcionadas a um tnel tcnico, que por meio de ramais abastece anis e mezaninos.O projeto hidrulico determinou que o esgoto sanitrio proveniente dos lavatrios, bacias, mictrios, cozinha industrial e demais pontos de despejo seja direcionado para uma estao de tratamento de esgoto.O efluente tratado acondicionado em reservatrio enterrado de concreto, provido de casa de bombas. Por meio de recalque mecnico, as guas de reuso so direcionadas ao reservatrio elevado. A partir do reservatrio elevado, a distribuio feita por gravidade para os pontos de consumo (descarga de bacias sanitrias, mictrios, fins ornamentais - espelhos de gua e torres de resfriamento).O complexo tambm necessita de guas para resfriamento, principalmente nos laboratrios para testes de motores. As torres operam em circuito fechado e tanto as guas de cascateamento como guas de reposio (perdas por evaporao) sero provenientes de reuso. O sistema de arrefecimento de gua tem dois reservatrios metlicos, instalados em rea externa ao prdio. Os reservatrios tm interligaes que permitem fazer manuteno sem necessidade de interromper a continuidade da operao do laboratrio. Considerando a necessidade legal de proteo ambiental, toda a rea de instalao do sistema de arrefecimento de gua tem bacia de conteno de vazamentos.O sistema de combustveis tem seis tanques principais e mais dois tanques suplementares. Estes tanques suplementares so destinados ao armazenamento de combustveis "muito especiais", disponibilizados poir meio de tubulaes metlicas e tanques intermedirios elevados e localizados em uma plataforma metlica, com altura suficiente, a fim de permitir que recipientes com at 1.000 L de combustvel possam ser ali depositados at com uso de empilhadeira, e dali drenados para os tanques suplementares.As instalaes eltricas contam com uma potncia instalada de 6MVA, de uma cabine de entrada e quatro subestaes locadas prximas aos centros de carga. Para Juliana, no entanto, a maior dificuldade surgiu no projeto da rede de alimentao em mdia tenso, devido tanto a localizao da obra na ala de acesso que interliga duas grandes rodovias, quanto a falta de infra-estrutura local, sendo necessria a implantao de uma nova rede eltrica da CPFL que cruza a Rodovia dos Bandeirantes. O sistema de cabeamento estruturado foi adaptado ao sistema de telefonia IP.

"O desenvolvimento de um projeto de instalaes deste porte, trs consigo algumas dificuldades. necessrio compatibilizarmos todos os projetos e atendermos tambm todas as necessidades dos diferentes laboratrios, casas de mquinas, controle de acessos, data center, dentre outros", explica. Juliana d como exemplo os laboratrios, onde os projetos de instalaes eltricas, hidrulicas e utilidades foram adequados para atenderem as necessidades especficas dos equipamentos. Para tanto foi previamente definida a posio de cada equipamento e o que era necessrio para abastec-lo (gases especiais, energia, gua fria, vcuo, ar comprimido, arrefecimento de motores, arrefecimento de unidades hidrulicas), com todas as particularidades envolvidas.

ESTRUTURAS ESPECIAIS

A estrutura principal do edifcio do Centro Tecnolgico Mahle foi concebida para suprir a arquitetura circular, por meio de vigas radiais pr-moldadas e protendidas com espaamento mdio de 6 m e vos de at 14 m. As lajes so do tipo alveolar montadas no sentido da curvatura dos anis, e o conjunto se apia em pilares moldados no local de forma circular. De acordo com o engenheiro Cesar Pereira Lopes, responsvel pelo desenvolvimento do projeto executivo, os pilares moldados no local atenderam a forma circular prevista no partido arquitetnico e permitiram uma melhor unio com as vigas pr-moldadas, devido a penetrao das armaduras das vigas no interior dos pilares. Quanto as estruturas auxiliares, Lopes destaca a galeria tcnica subterrnea pr-moldada, de 2,5 m de altura e 2 m de largura, que percorre toda extenso do edifcio em um eixo central com interligaes verticais e braos transversais semicirculares. Alm da galeria, uma cmara semi-anecica foi executada para testar os rudos dos motores. Com dimenso de 8 m x 8 m x 6 m, e paredes de 25 cm de espessura moldadas no local, a cmara apia-se sobre 12 amortecedores, e possui freqncia prpria, distanciada das freqncias dos motores para evitar ressonncia e colapso da estrutura. Na linha das estruturas especiais podemos destacar tambm as baseplates, que estruturas mistas de ao e concreto para testes com dinammetros. Estas estruturas se apiam sobre fundao prpria, independentemente do edifcio principal. O conjunto de escadas, reservatrios, edifcios de apoio e plataformas de manobra completam o uso do concreto na fbrica.

As estruturas metlicas foram empregadas nas fundaes e em vigas, que funcionam em conjunto com pilares de concreto. "Tendo em vista o projeto arquitetnico executado em curva, a linha de eixo dos pilares e vigas formam "raios" de um semi circulo com lajes dispostas de tal forma que ficaram com sua planta varivel no sentido do arco", explica o engenheiro Renato Gioielli, do Grupo Dois Engenharia, responsvel pelo projeto da estrutura metlica. A proposta de utilizao de vigas metlicas possibilitou atingir vos de at 13,6 metros com alturas de 70 cm, tornando assim a estrutura leve e esbelta. As vigas tambm possibilitaram a execuo de marquises e brises nas fachadas com 8 metros em balano, dispostos por meio de prticos verticais, de maneira a criar uma estrutura mais leve. Para Renato, o grande desafio do projeto foi adequar a estrutura ao seu formado circular, solucionado por meio da criao de lajes variveis.