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RETS jan/fev/mar 2011 1

editorial

Ano 3 - nº 09- jan/fev/mar 2011

A Revista RETS é uma publicação trimestral editadapela Secretaria Executiva da Rede Internacional deEducação de Técnicos em Saúde.E-mail: [email protected]

Conselho EditorialConselho EditorialConselho EditorialConselho EditorialConselho EditorialAna Maria Almeida (ESTeSL – Portugal)Carlos Einisman (AATMN – Argentina)Isabel Duré (MS-Argentina)Julio Portal (Fatesa/ISCM-H – Cuba)Olinda Yaringaño Quispe (MS – Peru)

Jorna l i smoJorna l i smoJorna l i smoJorna l i smoJorna l i smoEditora: Ana Beatriz de Noronha - MTB25014/RJEstagiária: Samantha Chuva

PPPPProdução gráficarodução gráficarodução gráficarodução gráficarodução gráficaDesigner: Zé Luiz FonsecaDiagramador: Marcelo Paixão

TTTTTr a d u ç ã or a d u ç ã or a d u ç ã or a d u ç ã or a d u ç ã o‘Espaço sem fronteiras’ (Jean-Pierre Barakat)

TTTTTiragemi ragemi ragemi ragemi ragem2 mil exemplares

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nte

SECRETSECRETSECRETSECRETSECRETARIA EXECUTIVARIA EXECUTIVARIA EXECUTIVARIA EXECUTIVARIA EXECUTIVA DA DA DA DA DA RETSA RETSA RETSA RETSA RETSEscola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio

D i r e t o r aD i r e t o r aD i r e t o r aD i r e t o r aD i r e t o r aIsabel Brasil

Coordenadora de Cooperação InternacionalCoordenadora de Cooperação InternacionalCoordenadora de Cooperação InternacionalCoordenadora de Cooperação InternacionalCoordenadora de Cooperação InternacionalAnamaria D’Andrea Corbo

Equipe da Coordenação de Cooperação InternacionalEquipe da Coordenação de Cooperação InternacionalEquipe da Coordenação de Cooperação InternacionalEquipe da Coordenação de Cooperação InternacionalEquipe da Coordenação de Cooperação InternacionalAna Beatriz de NoronhaAnakeila StaufferKelly Robert

EndereçoEndereçoEndereçoEndereçoEndereçoEscola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, sala 303Av. Brasil, 4365 - Manguinhos - Rio de Janeiro - RJ - 21040-360.Telefone: 55(21)3865-9730 - E-mail: [email protected]

A p o i oA p o i oA p o i oA p o i oA p o i oTC41 - Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde/Ministério da Saúde do Brasil e Opas/Brasil

Em sua nona edição, a Revista RETS traz, de forma bastante resumida, o relató-rio da Comissão Independente sobre a Educação dos Profissionais de Saúde para oSéculo 21, divulgado em novembro de 2010 na revista Lancet. O documento, quemarca o centenário de publicação do Relatório Flexner, reúne, da mesma forma queeste fez no início do século passado, uma análise da situação e várias propostas demudanças para a educação dos profissionais de saúde.

A idéia do relatório é que, apesar de ter sido fundamental no seu tempo, o modelode educação médica proposto por Flexner, já não atende as necessidades da saúde naatualidade e que é preciso se pensar num modelo de formação em saúde maisadequado ao novo século. Uma entrevista com um dos presidentes da Comissão, oex-ministro da Saúde do México e atual decano da Escola de Saúde Pública daUniversidade de Harvard, Julio Frenk, completa a matéria e pode acrescentar algunselementos à discussão.

É importante ressaltar que a divulgação do relatório não significa concordânciaplena ou apoio irrestrito às propostas apresentadas pelos membros da Comissão,mas simplesmente o compromisso de trazer para o âmbito da Rede discussões per-tinentes ao seu campo de atuação. Nosso intuito é difundir a existência do docu-mento, a fim de estimular a reflexão e o debate sobre as inúmeras questões aborda-das e conceitos utilizados. Nossa proposta é abrir um espaço para todos que deseja-rem se manifestar, seja por meio do site, seja nas próximas edições da revista.

Neste número da RETS, você também vai encontrar: uma matéria sobre o Se-gundo Fórum Global de Recursos Humanos para a Saúde, realizado em janeiro, emBangkok, Tailândia, com a íntegra da declaração final do evento; e a última parte dasérie que reuniu algumas das discussões realizadas no Fórum Virtual sobre Técnicos

de Saúde, que ocorreu em maio do anopassado e cujo relatório final tambémfoi divulgado recentemente pela Ali-ança Global para a Força de Trabalhoem Saúde (GHWA, do inglês GlobalHealth Workforce Alliance).

Completando a publicação, umanotícia sobre Curso de Especializa-ção em Educação Profissional emSaúde para os Palop, cuja primeiraetapa presencial foi realizada naGuiné-Bissau, de 23 de fevereiro a 4de março. O curso é uma das ativi-dades previstas no Plano de Traba-lho da Rede de Escolas Técnicas deSaúde da Comunidade dos Países deLíngua Portuguesa (RETS-CPLP),uma das sub-redes da RETS.

Boa leitura!

Secretaria Executiva da RETS

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Saúde no Século 21:novos desafios devemdefinir os rumos da formação

tuições legalmente autorizadas. “Em-bora essa definição não inclua a maio-ria dos técnicos, auxiliares e agentes co-munitários, bem como novas categori-as profissionais ou especialidades, e queo estudo tenha incidido principalmen-te sobre as escolas de medicina, enfer-magem, obstetrícia e de saúde públi-ca, nossas análises e recomendações sãodirigidas a todos os trabalhadores dasaúde, sujeitos a processos educativosque visam desenvolver conhecimentos,habilidades e valores que possam me-lhorar a saúde das populações”, garan-tem os autores do relatório – ‘Healthprofessionals for a new century:transforming education to strengthenhealth systems in a interdependentworld’ –, publicado em novembro de2010 pela revista científica Lancet.

Para estimular uma profunda refle-xão sobre as propostas apresentadaspela Comissão, especialmente daque-las que podem incidir mais especifica-mente sobre a educação dos trabalha-dores técnicos da saúde, a revista RETSpreparou um resumo com os principaispontos do relatório, além de realizaruma pequena entrevista com um dosco-presidentes da Comissão, o mexica-no Julio Frenk (ver box na página 6).

“Nosso papel, como SecretariaTécnica da Rede, é divulgar odocumento, a fim de instigar avaliaçõescríticas sobre os fundamentos e asdiretrizes que ele apresenta, bem comofomentar futuras discussões sobre algunstemas polêmicos que ele aborda. Nessesentido, nossa intenção é convidarespecialistas da área para debater essasquestões nas próximas edições darevista”, ressalta a coordenadora daRETS, Anamaria Corbo.

A publicação dos relatórios FleFleFleFleFlexnerxnerxnerxnerxner, WWWWWelch-Relch-Relch-Relch-Relch-Roseoseoseoseose e GoldmarkGoldmarkGoldmarkGoldmarkGoldmark,respectivamente em 1910, 1915 e 1923, exerceu forte influência sobre aeducação dos profissionais de saúde nos Estados Unidos e, posteriormente,

nos demais países do mundo. Baseados em estudos da situação naquela época, os trêsdocumentos recomendavam importantes reformas educativas, cujo objetivo eraintegrar modernas ciências médicas nos currículos, e promover reformas institucionaisque, entre muitas outras coisas, possibilitaram o fortalecimento do elo entre a educaçãoe a pesquisa.

Hoje, ninguém duvida que as propostas trazidas pelos três relatórios contribuíramsignificativamente para o estabelecimento do paradigma que norteou a formação emsaúde e mudou radicalmente o panorama da saúde mundial durante o Século 20 eque ainda está vigente na maioria dos países e das instituições de ensino em saúde.

Foi, no entanto, a certeza de esse modelo já não atende mais as necessidadesglobais do setor que levou à formação de uma Comissão IndependenteComissão IndependenteComissão IndependenteComissão IndependenteComissão Independente encarregadade sugerir alterações de rumo capazes de adequar a formação dos profissionais desaúde ao cenário da saúde no Século 21.

A pesquisa, segundo a Comissão, foi centrada principalmente nos trabalhadores desaúde que concluíram a educação de nível superior em universidades ou outras insti-

A Comissão sobre a Educação dos Profissionais de Saúde para o Século 21* foicriada em janeiro 2010, em comemoração ao centenário do relatório Flexner, de1910, que acabou moldando a educação médica em todo o mundo. A iniciativa foiliderada pelos médicos e professores Julio Frenk, da Escola de Saúde Pública deHarvard, em Boston-EUA, e Lincoln Chen, do China Medical Board, em Cambridge-EUA, e contou com a participaçãp de mais 18 profissionais e acadêmicos de váriospaóses**. A idéia era adotar uma perspectiva global de promoção da saúde,recomendando inovações educacionais e institucionais voltadas para a formação deuma nova geração de profissionais melhor equipados para lidar com os desafiospresentes e futuros na área.

* Education of Health Professionals for the 21st Century: a Global Independent Commission(http://www.globalcommehp.com)** Zulfiqar A Bhutta (Aga Khan University, Pakistan); Jordan Cohen (George WashingtonUniversity, USA); Nigel Crisp (House of Lords, London, UK); Tim Evans (WHO, Geneva,Switzerland); Harvey Fineberg (Institute of Medicine, Washington, DC, USA); Patricia Garcia(Cayetano Heredia University, Lima, Peru); Richard Horton (The Lancet, London, UK); Yang Ke(Peking University Health Science Center, Beijing, China); Patrick Kelley (Institute of Medicine,Washington, DC, USA); Barry Kistnasamy (National Institute for Occupational Health,Johannesburg, South Africa); Afaf Meleis (University of Pennsylvania School of Nursing,Philadelphia, PA, USA)David Naylor (University of Toronto, Toronto, ON, Canada); Ariel Pablos-Mendez (RockefellerFoundation, New York, NY, USA); Srinath Reddy (Public Health Foundation of India, NewDelhi, India); Susan Scrimshaw (Sage Colleges, Albany, NY, USA); Jaime Sepulveda (Bill &Melinda Gates Foundation, Seattle, WA, USA); David Serwadda (Makerere University School ofPublic Health, Kampala, Uganda); Huda Zurayk (American University of Beirut, Beirut, Lebanon)

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Modelo antigo já não

funciona mais

Na área da saúde, grandes lacunas edesigualdades gritantes persistem emtodo o mundo e uma grande proporçãodos 7 bilhões de habitantes do planetaainda estão presos a condições de saúdedo século anterior. Os ganhos em saúdeforam anulados pelo colapso da esperan-ça média de vida em alguns países, po-

pulações pobres nos países em desenvol-vimento continuam a padecer de infec-ções comuns e desnutrição, enfrentandoainda riscos de saúde relacionados à ma-ternidade, que já não afetam as popula-ções mais abastadas. “Para aqueles dei-xados para trás, os avanços espetacularesna saúde em todo o mundo são um indí-cio do nosso fracasso coletivo para garan-tir a distribuição equitativa do progressoda saúde. Ao mesmo tempo, a segurança

da saúde no mundo está sendo desafiadapor novas ameaças infecciosas,ambientais e comportamentais, sobre-postas a rápidas transições demográficase epidemiológicas”, alertam os pesqui-sadores, lembrando que tudo isso repre-senta grandes desafios para os sistemasnacionais, que se tornam cada vez maiscomplexos e onerosos, além de impornovas exigências para os trabalhadoresda saúde.

cluiu que a qualidade dos cursos de en-fermagem existentes era baixa. Tal con-clusão resultou no financiamento pelaFundação Rockefeller de uma experi-ência no ensino de enfermagem, dandoorigem a Yale School of Nursing, pri-meira escola autônoma de enfermagemcom o seu próprio reitor, corpo docente,

orçamento e certificação. A forma-ção, de base teórica, era base-

ada em um plano edu-cacional em vez de res-ponder apenas às ne-cessidades dos serviços.

FFFFFontes:ontes:ontes:ontes:ontes:• O Relatório Flexner: parao bem e para o mal(Fernando Luiz Pagliosa eMarco Aurélio Da Ros,Revista Brasileira deEducação Médica 32 (4) :492–499; 2008).

• Memória histórica daFaculdade de Saúde Públicada Universidade de São Paulo- 1918 – 1945 (Nelly MartinsFerreira Candeias, Rev. Saúde

Pública vol.18 no.special issue São PauloDec. 1984).

• History and Contribuitions of the YaleSchool of Nursing (http://www.med.yale.edu/library/nursing/historical/images/goldmarkreport.html)

_________________________________________________________________________________Imagens: Relatório Goldmark, disponívelem: http://www.med.yale.edu/library/nursing/historical/images/goldmarkreport.html

Relatório Flexner

O estudo ‘Medical Education in the United States and Canada - A Report tothe Carnegie Foundation for the Advancement of Teaching’, conhecido comoRelatório Flexner, defendeu as ciências modernas como fundamentais para o ensinomédico e sugeriu que a formação desses profissionais se desse em duas fases distintase sucessivas: dois anos de ciências biomédicas básicas, nas universidades, seguidosde dois anos de treinamento clínico, realizados em hospitais e centros médicosacadêmicos. Quanto à pesquisa, o relatório advogava que ela não deveria ser vistacomo um fim em si mesmo, mas como um instrumento para o melhor atendimentoao paciente e para a formação clínica.Flexner também sugeriu que aeducação assumisse ummodelo acadêmico, o queabriu perspectivas para acriação dos então inovadorescentros médicos acadêmicos.Em 1912, Flexner estendeuseu estudo sobre educaçãomédica a um grupo de paíseseuropeus. De lá para cá, emboratenha sido amplamente adotadopelo mundo, o modelo Flexneracabou por se tornar umparadigma para a formação emsaúde, com poucas adaptações aosdiversos contextos sociais.

Relatório Welch-Rose

Em 1914, o Conselho Geral da Educação, nos Estados Unidos, propôs àsautoridades do país a criação de Centros para preparo do pessoal destinado aoensino, pesquisa e prestação de serviços em Saúde Pública. Um grupo de trabalhocom representantes das áreas da Educação, Medicina e Saúde Pública recomendoua criação, em âmbito universitário, de Faculdades de Higiene e Saúde Públicanaquele país. De acordo com esses especialistas, essas faculdades deveriam manterestreita relação com as Faculdades de Medicina. Os critérios para estruturação dasEscolas de Saúde Pública nos Estados Unidos e em outros países acabaram sendodefinidos por William Henry Welch, famoso bacteriologista da época, e por WickliffeRose, então Presidente da Junta Internacional de Saúde da Fundação Rockefeller.

Relatório Goldmark

Em 1920 a Fundação Rockefeller financiou uma Comissão para o Estudo doEnsino da Enfermagem nos Estados Unidos. O estudo, publicado em 1923, con-

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De acordo com o documento divulgado pela Comissão, para que os sistemas desaúde, tanto dos países desenvolvidos quanto dos mais pobres, consigam vencer osdesafios presentes e futuros, é preciso que, entre outras coisas, sejam inseridas pro-fundas mudanças na formação em saúde. Atualmente, segundo os pesquisadoresenvolvidos no trabalho, o que se vê são currículos fragmentados, desatualizados eestáticos que resultam, na maioria das vezes, na formação de trabalhadores focadosnas técnicas, sem um entendimento contextual mais amplo, incapazes de trabalharbem em equipe e de atender as necessidades dos indivíduos, da população e dospróprios sistemas nacionais de saúde.

O que é preciso mudar? Ao longo do texto, os especialistas analisam aspectosatuais da questão, traçam cenários futuros para a saúde no mundo e sugerem, tantono que se refere ao processo educacional quanto aos aspectos estruturais dasinstituições de ensino, uma série de reformas que, segundo eles, apesar de estaremfocadas nas necessidades locais, não perdem de vista o contexto global.

Conforme os membros da Comissão, nesse momento, em que se comemora ocentenário das importantes reformas no campo da formação em saúde inauguradaspelo Relatório Flexner, as novas reformas propostas só serão possíveis com aparticipação de todos – profissionais de saúde e educação, estudantes, associaçõesprofissionais, governos, organizações governamentais e não governamentais, agênciasinternacionais, entre outros – e com o aprofundamento dos debates sobre a questão.“A reforma deve começar com uma mudança na mentalidade que reconhece os desafiose procura resolvê-los. Não é diferente de um século atrás. A reforma educacional é umprocesso longo e difícil, que exige liderança e requer mudanças de perspectivas, deestilos de trabalho e de boas relações entre todos os envolvidos. Pedimos, portanto, atodos para abraçar o imperativo da reforma através do diálogo, do intercâmbio aberto,da discussão e do debate sobre essas recomendações”, enfatizaram na época dapublicação do relatório.

Para realizar a tarefa proposta, a Comissão buscou trabalhar dentro de uma visãoglobal, uma perspectiva multiprofissional e uma abordagem sistêmica. Nesse sentido,considerou fundamental a conexão entre os sistemas de educação e saúde e a visãodas pessoas no centro dos processos de produção e condução das necessidades edemandas de ambos os sistemas. Sem ignorar as mediações do mercado de trabalho,cabe aos serviços educacionais proverem os serviços de saúde com uma força detrabalho bem formada. Para que isso ocorra, é necessário que as instituições de ensinodesenvolvam novas estratégias pedagógicas e institucionais.

Outro aspecto considerado básico pelos pesquisadores é a compreensão de que aSaúde tem a ver com as pessoas e que, a despeito da superfície brilhante da tecnologiamoderna, o espaço central de cada sistema de saúde é marcado pelo encontro únicoentre um conjunto de pessoas que precisam de serviços e outras habilitadas a prestaro serviço necessário. Eles lembram que essa relação de confiança só é possível devidoa uma mistura especial de competência técnica e orientação para o serviço, dirigidopelo compromisso ético e pela responsabilidade social, que constitui a essência dotrabalho dos profissionais de saúde. “O desenvolvimento dessa mistura requer umlongo período de educação e um investimento substancial, tanto do aluno quanto dasociedade. Através de uma cadeia de eventos que fluem do aprendizado efetivo a

serviços de alta qualidade para melho-rar a saúde, a educação profissional re-presenta uma contribuição essencialpara o bem-estar dos indivíduos, das fa-mílias e das comunidades”, enfatiza odocumento.

“O contexto, o conteúdo e as condi-ções do esforço social de educar profissio-nais de saúde competentes, atenciosos ecomprometidos estão mudando rapida-mente no tempo e no espaço”, afirma otexto, explicando que a surpreendenteduplicação da expectativa de vida du-rante o Século 20 foi atribuída àsmelhorias das condições de vida e aosavanços nos conhecimentos e que provasabundantes sugerem que uma boa saúdeé, pelo menos parcialmente, baseada noconhecimento e socialmente construída.Isso significa que o conhecimento cien-tífico não só produz novas tecnologias,mas também habilita as pessoas a adota-rem estilos mais saudáveis de vida, amelhorarem seu comportamento de bus-ca de cuidados e a se tornarem cidadãosmais conscientes de seus direitos e maisatentos aos determinantes econdicionantes da saúde. Além disso, oconhecimento traduzido em evidênciapode orientar a prática e a formulação depolíticas para os setores.

Os sistemas de saúde são institui-ções diferenciadas e socialmente orien-tadas para a melhoria da saúde da popu-lação e dos determinantes sociais de saú-de, nos quais os profissionais desempe-nham o papel de mediador da aplicaçãode conhecimentos para melhorar a saú-de. Além de serem responsáveis pelaprestação de cuidados, eles ainda exer-cem a função de comunicadores e edu-cadores, membros da equipe, gerentes,líderes e elaboradores de políticas. “Elessão a face humana dos sistemas de saú-de”, afirmam os membros da Comissão.

“A reforma deve começar com uma mudança na mentalidade

que reconhece os desafios e procura resolvê-los. Não é

diferente de um século atrás. A reforma educacional é um

processo longo e difícil, que exige liderança e requer

mudanças de perspectivas, de estilos de trabalho e de boas

relações entre todos os envolvidos.

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Os dados utilizados pela Comissãoforam coletados a partir de uma revisãode trabalhos publicados – estimativasquantitativas e estudos qualitativos decaso, entre outros –, complementada porconsultas com especialistas da área ejovens profissionais. Foram pesquisadostodos os artigos indexados no PubMed eMedline que tivessem relevância para aeducação superior em medicina,enfermagem e saúde pública. Os dadossobre instituições de ensino degraduação em Medicina foramcompilados de duas grandes Bases –Fundação para o Avanço da Educação eda Pesquisa Médica Internacional(Faimer) – e Avicena, atualizados comdados regionais e nacionais maisrecentes. No caso da saúde pública,foram utilizados dados oriundos dewebsites das associações regionais, masno caso da obstetrícia não foramencontrados dados internacionais. Porconta da definição ambígua, asestimativas sobre as instituições desaúde pública e enfermagem sãoincompletas.

O número de graduados nas carreirasde medicina, obstetrícia e enfermagemfoi conseguido em relatórios diretos ou,na falta desses, em estimativas a partirde outros documentos. Segundo aComissão, não foi possível estimar onúmero de diplomados em saúdepública por causa da falta de dados e deuma definição única. As estimativasreferentes ao financiamento foramcalculadas por meio de micro e macroabordagens. No caso da educaçãomédica e da enfermagem o custo totalfoi calculado multiplicando-se o custounitário de graduação pelo número dediplomados. Os resultados obtidos foramcomparados com o percentual dosrecursos destinados à educação superiornessas áreas. Apesar de não ser precisa,essa convergência foi capaz de forneceralguma garantia da ordem de grandezadas estimativas.

Uma visão abrangente daquestão

No mundo contemporâneo, como ex-plica o relatório, todos os povos e paísesse encontram num espaço global de saú-de cada vez mais interdependente. Osdesafios para a educação dos profissionais

de saúde acabam refletindo essa interdependência, embora cada país tenha que resol-ver seus próprios problemas relacionados à força de trabalho para o setor. Hoje, muitosprofissionais de saúde circulam através das fronteiras nacionais, e, embora ainda exis-tam fronteiras políticas e certificações profissionais de âmbito nacional, esse fluxointernacional de trabalhadores, pacientes e serviços de saúde tende a crescer sensivel-mente, afetando, de alguma maneira, os processos formativos e as formas de trabalho.Cada vez mais, os trabalhadores da saúde são chamados a assumir responsabilidades efunções que vão além das tarefas puramente técnicas: o trabalho em equipe, o compor-tamento ético, a análise crítica, a pesquisa científica, a capacidade de lidar com aincerteza e de antecipar e planejar o futuro, e, principalmente, a liderança em sistemasde saúde eficazes.

Para a Comissão, assim como as reformas no início do século 20 avançaram combase na teoria dos germes e no estabelecimento das ciências médicas modernas, areforma proposta considera que o futuro será moldado pela necessidade de ajustamentodas habilidades profissionais para cenários específicos, num contexto de inimaginávelpoder dos fluxos globais de informação e conhecimento. Nesse sentido, o objetivo dospesquisadores é incentivar todos os profissionais de saúde, independentemente da suanacionalidade e especialidade, a participarem de um movimento cujo objetivo final égarantir a cobertura universal e a equidade em saúde nos âmbitos nacional e global.

Ao elaborar seu estudo e suas propostas, a Comissão identificou três dimensõesfundamentais da educação: o desenho institucional (que define a estrutura e as fun-ções do sistema de ensino), o desenho instrucional (que incide sobre os processos), e osresultados educativos. “Os aspectos referentes aos desenhos institucional e instrucionaljá estavam presentes nos relatórios do início do século, os quais procuraram respostasnão só para ‘o quê’ e ‘como’ ensinar, mas também sobre ‘onde’ se ensina, isto é, sobre otipo de organização que deve realizar os programas de instrução”, conta, ressaltando ofato de que o relatório atual vai além e também considera as instituições de ensino nãoapenas como organizações individuais, mas também como parte de um conjuntointerdependente de organizações que implementam as diversas funções de um siste-ma educacional.

De acordo com os pesquisadores, com base no funcionamento de um sistema desaúde, é possível definir quatro funções essenciais para os sistemas de ensino: (1) agestão e governança, que abrange, entre outras coisas, instrumentos como normas epolíticas e a avaliação do desempenho para fornecer orientações estratégicas para osvários componentes do sistema educacional; (2) o financiamento, que se refere ao totalde recursos – públicos e privados – destinados às instituições de ensino, bem como asregras que determinam o fluxo desses recursos para as organizações educacionais; (3) ageração de recursos, especialmente a formação docente; e (4) a prestação de serviços,que se refere à entrega efetiva do serviço educativo.

Segundo o relatório, para exercerem um efeito positivo sobre o funcionamento dossistemas de saúde e, consequentemente, sobre a saúde dos usuários desses sistemas, asinstituições formadoras devem ser projetadas para gerar um eficiente processo de ins-trução. Nesse sentido, eles destacam que devem ser observados os quatro ‘C’s: (1) oscritérios de admissão, (2) as competências, definidas no processo de elaboração dagrade curricular; (3) os canais de instrução, representado pelo conjunto de métodos emeios de ensino, e (4) os itinerários formativos, do inglês ‘career pathway’.

No espaço educativo, esse movimento considera que todas as reformas propostassejam guiadas por duas idéias básicas: a aprendizagem transformadora e ainterdependência na educação.

A noção de aprendizagem transformadora, deriva do trabalho de vários teóricos daeducação, dentre os quais Paulo Freire e Jack Mezirow, e é considerada pela Comissãocomo um nível mais elevado de um processo de aprendizagem que passa de informati-vo para formativo e, finalmente, transformador. Enquanto a aprendizagem informativaestá relacionada à aquisição de conhecimentos e competências e seu objetivo é produ-zir especialistas e a aprendizagem formativa visa socializar os alunos em torno devalores, formando profissionais, a aprendizagem transformadora trata do desenvolvi-mento de atributos de liderança, resultando na formação de agentes de mudança. A

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idéia é que a educação eficaz deve consi-derar os três níveis de aprendizagem.

A interdependência, elemento chaveem uma abordagem sistêmica, enfatizaas formas de interação entre os inúmerose distintos componentes e, no caso daeducação, deve ser considerada em trêsaspectos: do isolamento à harmonizaçãocom o sistema de saúde, das instituiçõesautônomas às redes mundiais, aliançase consórcios, e, finalmente, da prática

de gerar e controlar internamente todosrecursos institucionais necessários aoaproveitamento dos fluxos globais deconteúdo educacional, materiaispedagógicos e inovações.

Saúde e educação precisam

trabalhar em conjunto

Para a Comissão, em uma abordagemsistêmica, não se pode ignorar que, no

mundo atual, há cada vez maisinterdependência internacional noscampos da saúde e da educação. Mas issonão é tudo. Também é fundamental quese considere a interdependência entre ossetores da saúde e da educação nos diversospaíses e se busque o equilíbrio entre eles,sem esquecer que cada país tem suaprópria história e que a herança do passadoinfluência o presente e o futuro.

Para tentar ampliar as discus-sões sobre as propostas apre-sentadas no relatório da Co-

missão sobre a Educação dos Pro-fissionais de Saúde para o Século21, a revista RETS convidou o co-presidente da Comissão, JulioFrenk, para uma pequena entre-vista. O pedido foi prontamenteaceito, possibilitando que nossosleitores compartilhem um poucomais do pensamento de uma figu-ra internacionalmente reconheci-da na área da saúde global. Com apalavra, o médico e professor mexicano Julio José Frenk Mora, deca-no da Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard (EUA)desde 1º de janeiro de 2009, e que foi, entre muitas outras coisas,ministro da Saúde do México, de 2000 a 2006.

Como surgiu a ideia de formar a Comissão e qual foi o critério utilizadopara a escolha dos 20 membros?O principal critério utilizado foi garantir a inserção de líderes de diversas origensdisciplinares, afiliação institucional e regiões do mundo que pudessem trabalharjuntos para articular uma nova visão e recomendar ações renovadas para que a educa-ção profissional em saúde satisfizesse as exigências dos sistemas de saúde em ummundo interdependente.

“A comissão destacou a necessidade

de adaptar objetivos baseados na

competência, ao invés de adotar

modelos de outros contextos que

podem não ser relevantes para

garantir a eficácia local”

Qual tem sido a repercussão dotrabalho, desde a publicação do re-latório da Comissão Lancet emnovembro de 2010?A publicação do relatório catalisou osprofissionais de saúde em vários paísespara analisar como eles poderiam come-çar a implementar as principais reco-mendações da Comissão. O relatório jáfoi apresentado em reuniões e conferên-cias na OMS; na Câmara dos Lordes –Reino Unido, na Tailândia e no Vietnã.São previstas para os próximos mesesapresentações no Banco Mundial, noLíbano, Paquistão e Peru.No Vietnã, por exemplo, o relatório daComissão foi apresentado em um semi-nário organizado pelo Ministério da Saú-de para um grupo de cerca de 40 líderesde escolas de saúde, medicina, enferma-gem e saúde pública. Os participantesreconheceram que o envolvimento demultiprofissionais no trabalho em equi-pe está em sincronia com a evolução dosistema nacional de saúde e concorda-ram que o momento era bom para consi-derar uma reforma da educação profissi-onal em saúde no país.Para facilitar a sua divulgação, o relatóriojá foi traduzido para o vietnamita. Nospróximos meses sairão versões em espa-nhol, chinês e alemão e também já estáprevista a tradução para outros idiomas.

Hoje, a migração de trabalhadoresda saúde já é considerada uma dascausas da crise da força de trabalhono setor em vários países. No rela-tório, a comissão reconhece queuma maior uniformidade entre ospaíses, no que se refere à padroni-zação dos princípios e acreditaçãoda formação pode agravar aindamais a situação, facilitando a migra-

ENTREVISTA - JULIO FRENK

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Para tentar entender a complexarelação que existe entre os dois sistemas,a Comissão montou um quadro, no quala população serve de base para ambosos sistemas. Nesse sentido, ospesquisadores partem do princípio quepessoas têm necessidades que setransformam em demandas para osserviços de saúde e educação. Os serviçosde saúde, por sua vez, são responsáveis

por suprir a demanda de profissionaisqualificados para os serviços de saúde.Nessa cadeia, eles consideram que apopulação, portanto, não ésimplesmente uma usuária dossistemas, mas uma co-produtora dosmesmos.

Nesse quadro, os membros daComissão identificam duas áreascríticas de junção entre os sistemas de

educação e saúde. A primeira seria omercado de trabalho, que administra oajuste ou o desajuste entre a oferta e ademanda de trabalhadores da saúde. Asegunda é a própria população que,especialmente nos países mais pobres,tem baixa capacidade para traduzir suasnecessidades de saúde e educação emdemandas efetivas para os respectivosserviços.

ção de profissionais dos países maispobres para os mais ricos? Qual se-ria a melhor forma de minimizar essaconsequência indesejada de um pro-cesso que visa melhorar a formaçãoem saúde?Embora a Comissão tenha reconhecido aimportância de uma maior uniformida-de na formação e acreditação, elaenfatizou o papel crítico da educaçãobaseada em competências ancorada noscontextos locais.Os padrões educacionais locais são mui-tas vezes motivados pelo desejo de seenquadrar em estruturas implantadas emoutro lugar. Embora a busca de prestígioe alcance de elevados padrões globais se-jam importantes, as consequências da“adoção no atacado” são competênciasinadequadas, investimentos ineficazes naeducação profissional e perda de gradua-dos do país por conta da migração inter-nacional.Reconhecendo a limitação inerente àsnormas educacionais como a única refe-rência de educação de alta qualidade, acomissão destacou a importância de cur-rículos baseados nas competências e nanecessidade de adaptar objetivos tam-bém baseados na competência, ao in-vés de adotar modelos de outros con-textos que podem não ser relevantespara garantir a eficácia local devido àenorme diversidade de sistemas de saú-de e educacionais.

No que diz respeito ao sistemaacadêmico, a comissão identificoua questão do compartilhamento deconhecimentos como um dos de-safios a serem vencidos. Como am-pliar o acesso de estudantes daárea da saúde, especialmente osde países mais pobres, ao conhe-

cimento gerado nos países maisricos, se grande parte dos periódi-cos científicos ainda têm acessorestrito?As avançadas tecnologias de comunica-ção e de informação (TI) estão assumin-do um papel cada vez mais importantena educação de nível superior, ao revolu-cionar o acesso, a compilação e o fluxode informação e conhecimento. Muitasinovações foram lançadas – download deinformações, simulação de aprendiza-gem, ensino interativo, educação a dis-tância, avaliações e testes. O desafio éampliar o acesso a essas novastecnologias.Igualmente importante é a criação denovas redes de conhecimento e práticas,aumentando o número de estudantes ejovens profissionais de países desenvol-vidos e em desenvolvimento que se des-locam em ambos os sentidos porquemuitos problemas aparentemente locaissão gerados ou têm consequências emnível global. Assim, a perspectiva glo-bal melhora a compreensão das causas esoluções para os problemas locais. Acompreensão da diversidade global me-lhora a capacidade de adaptação localem razão de uma aprendizagem mútua.

A RETS que engloba a RETS-CPLP(uma das redes de cooperaçãotécnica citada no relatório) se en-quadra na ideia de que as institui-ções formadoras não podem maisexistir isoladamente e que o tra-balho cooperativo é fundamentalpara a difusão do conhecimento.A cooperação entre países e ins-tituições é fundamental, mas tam-bém traz alguns riscos. Como evi-tar que essa forma de trabalhartambém acabe acarretando certo

aculturamento nos países maispobres com a reprodução de mo-delos inadequados às realidadesnacionais?A Comissão sublinhou a importânciacrucial da educação baseada em compe-tências para minimizar o risco deaculturação e de reprodução de modelosinadequados para a realidade nacional.Em uma abordagem baseada na compe-tência, os atributos obrigatórios de umprofissional devem indicar o contexto emque ele ou ela atua. Os papéis a seremdesempenhados e as competências a se-rem alcançadas devem refletir os desafi-os a serem abordados, os recursos dispo-níveis, e os instrumentos diagnósticos eterapêuticos à disposição do profissional.

Em que medida as mudanças pro-postas, com base na observaçãode alguns cursos da área da saú-de, especialmente medicina e en-fermagem, poderiam ser incorpo-radas na formação de outros tra-balhadores do setor, incluindoaqueles que não trabalham dire-tamente na área de assistência àsaúde e dos chamados profissio-nais de nível médio?As alterações propostas não se limitamàs profissões principais da saúde – me-dicina, enfermagem e saúde pública –,mas englobam também outros profissio-nais e trabalhadores da saúde. Na verda-de, a Comissão sublinhou a importân-cia das reformas instrucionais orienta-das pela competência que promovem aeducação interprofissional etransprofissional que melhoram as rela-ções colaborativas e não hierárquicas.Essa abordagem promove equipes efica-zes capazes de responder às rápidasmudanças das condições locais.

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RETS jan/fev/mar 201188 RETS jan/fev/mar 2011

Em circunstâncias ótimas, segundo a Comissão, deveria haver um equilíbrioentre as necessidades da população, a demanda do sistema de saúde por profissionaisqualificados e o fornecimento dos mesmos pelo sistema educacional. As instituiçõeseducacionais geralmente definem quantos e que tipos de profissionais devem serformados e o ideal, conforme o relatório, era que isso fosse feito em resposta a sinaisdo mercado de trabalho gerado pelas instituições de saúde, as quais, por sua vez,deveriam responder corretamente às necessidades da população.

A realidade, no entanto, não é essa e o mercado de trabalho para os profissionaisde saúde acaba sendo caracterizado por múltiplos desequilíbrios: suboferta, desem-prego ou subemprego quantitativo (menos tempo de trabalho) ou qualitativo (uso detrabalhadores superqualificados para a função assumida). Para que essesdesequilíbrios sejam minimizados, é necessário, de acordo com a Comissão, que osistema educativo responda aos requisitos do sistema de saúde, sem se colocar, noentanto, numa posição subordinada a ele. “Nós vemos as instituições de ensinocomo fundamentais para transformar os sistemas de saúde”, ressalta o texto, lem-brando que as pesquisas na área da educação são primordiais para gerar evidênciassobre as deficiências do sistema de saúde, e sobre potenciais soluções para os proble-mas. “Através de sua função educativa, essas instituições podem formar profissionaiscapazes de implementar mudanças nas organizações em que trabalham”, acrescen-tam os pesquisadores.

Além das ligações por meio do mercado de trabalho, a educação e a saúde compar-tilham o que pode ser cha-mado de um subsistemaconjunto: o da educaçãoprofissional. Ainda que emalguns países a formaçãodos profissionais de saúdeesteja a cargo do Ministé-rio da Saúde e em outrosela esteja sob a jurisdição do Ministério da Educação, o subsistema de educaçãoprofissional da saúde tem uma dinâmica própria, resultante de sua localização nainterseção de dois grandes sistemas sociais. Fora isso, ainda é preciso lembrar que osserviços de saúde também funcionam como espaços educativos para os trabalhado-res da área.

Para a Comissão, a ligação entre os sistemas de educação e de saúde tambémdeve considerar que a forma de a saúde se organizar acaba definindo os conhecimen-tos e habilidades que os trabalhadores devem ter e que, além das questões técnicas,há sempre fortes influências da dimensão política. Os profissionais de saúde nãoagem sozinhos, eles geralmente se reúnem em grupos de interesses. Os governos, porsua vez, costumam influenciar a oferta de profissionais de saúde em resposta a umadada situação política, mais do que à suposta racionalidade do mercado ou à realida-de epidemiológica do país. Voltando ainda à questão da globalização, o relatóriolembra que o mercado de trabalho dos profissionais de saúde não está restrito ao seupaís, ele é um mercado global no qual a migração de profissionais com credenciaisreconhecidas internacionalmente é crescente.

Um pouco do contexto

No que se refere à força de trabalho em saúde, tanto os países pobres quanto osricos enfrentam escassez de efetivos, desequilíbrios nas capacidades de atuação e mádistribuição de profissionais, além de enfrentar problemas para estabelecer mudan-ças na formação desse contingente. E se as reformas são difíceis nos países ricos, elasse tornam especialmente desafiadoras nos países mais pobres, muitos dos quais vêmtentando expandir os serviços essenciais de atenção, por meio do emprego de agentesde saúde comunitária. Além disso, ao buscar atingir metas de saúde, muitos paísespobres acabam canalizando fundos recebidos de doadores internacionais para aimplementação de iniciativas focadas em enfermidades específicas.Consequentemente, em muitos países, a educação de nível superior, considerada

cara e, muitas vezes irrelevante, estáausente da agenda política, sendo atro-pelada por projetos emergenciais.

Para a Comissão, as profundas defi-ciências institucionais e instrucionaisnas escolas de saúde contribuem sensi-velmente para a escassez, osdesequilíbrios e a má distribuição dosprofissionais do setor, tanto no interiordos países quanto entre eles.

Segundo o relatório, existem em todoo mundo 2.420 escolas de medicina, 467escolas e departamentos de saúdepública, e um número indeterminado deescolas de nível superior de enfermagemque formam anualmente mais de ummilhão desses profissionais. E se onúmero de instituições é pequeno paraas demandas globais do setor, existeainda outro problema: sua mádistribuição no âmbito dos países e do

mundo. Enquanto quatropaíses – China, Índia,Brasil e EUA – têm cadaum mais de 150 escolasmédicas, 36 países nãotêm escolas médicasalguma. Na Áfricasubsaariana, 26 países têm

apenas uma ou até mesmo nenhuma demedicina.

No aspecto financeiro, o total dasdespesas globais para a educação deprofissionais de saúde é de cerca de 100bilhões de dólares por ano, novamentecom grandes disparidades entre ospaíses. De acordo com os pesquisadores,se considerarmos que a saúde é um setorde mão-de-obra intensiva, essemontante, inferior a 2% dos gastos comsaúde em todo o mundo, é ínfimo.

As conclusões do estudo

Hoje, as instituições formadorasnão estão alinhadas nem com a cargade doenças nem com as exigências dossistemas nacionais de saúde. Além dis-so, o déficit quantitativo dessas insti-tuições acaba impulsionando o cresci-mento vertiginoso das escolas particu-lares, cujo fim é meramente lucrativo ecuja qualidade da formação nem sem-pre está sujeita a processos deacreditação e certificação, praticados deforma desigual em todo o mundo.

O investimento em pesquisa e de-senvolvimento para inovações educaci-onais também não é suficiente para

“Nós vemos as instituições de ensino

como fundamentais para

transformar os sistemas de saúde”

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construir uma base sólida de conheci-mentos para a educação. E a maioria dasinstituições não está preparada para ex-plorar o poder das redes e daconectividade para o fortalecimentomútuo. Ainda há grande dificuldadepara lidar com novos contextos locais,sem ignorar o poder dos fluxostransnacionais de informação, conhe-cimentos e recursos.

Segundo o relatório, para os países ri-cos, o desafio é formar profissionais de saú-de preparados para resolver os problemasatuais e antecipar os problemas emergen-tes, bem como lutar com as persistentesdesigualdades internas no setor. Para ospaíses pobres, o desafio mais urgente é re-solver uma agenda de saúde inconclusa,que causa lacunas inaceitáveis no setor,sem esquecer as ameaças emergentes. Naopinião dos pesquisadores, o desafio co-mum é entender que os problemas locaissão partes de um continuum global, marca-do tanto pela desigualdade, que ameaça acoesão social, quanto pela diversidade, quecria novas oportunidades para o aprendi-zado compartilhado.

As reformas propostas

“Saúde é sobre pessoas”, reitera orelatório, para justificar que todo processoformativo na área deve objetivar amelhoria dos sistemas de atenção, a fimde que eles atendam as necessidades dapopulação de forma equitativa eeficiente. Para tanto, a Comissão advogaque as reformas instrucionais devemabranger desde a admissão até aformatura, incluindo:

• A adoção de currículos baseados emcompetências, capazes de mudarrapidamente a fim de atender asnecessidades dos sistemas de saúde,em vez de serem definidos por meiode planos de cursos estáticos. Ascompetências devem ser adaptadasaos contextos locais e determinadaspelos interesses nacionais, semdesconsiderar os conhecimentos eexperiências globais. Em princípio,devem ser consideradas prioritárias ascompetências necessárias para se lidarcom os desafios do século 21 comunsa todos os países, por exemplo, aresposta às ameaças para a segurançada saúde global ou a gestão de sistemasde saúde mais complexos.

• A promoção da educação interprofissional e transprofissional, a fim de reduzir ocorporativismo profissional e, simultaneamente, reforçar as relações de colaboraçãonão-hierárquica em equipes eficazes. Juntamente com habilidades técnicasespecíficas, a educação interprofissional deve focar competências transversaisgenéricas, tais como habilidades analíticas (pelo uso tanto das evidências quantoda reflexão ética na tomada das decisões), liderança e gerenciamento (para omanuseio eficiente de recursos escassos, em condições de incerteza), e habilidadesde comunicação (para mobilização de todos os interessados, incluindo os pacientese a população).

• A exploração do potencial da TI para a aprendizagem. As instituições formado-ras precisam fazer as adaptações necessárias ao aproveitamento de novas formasde aprendizagem transformadora possibilitadas pela revolução de TI. Elas de-vem ir além das tarefas tradicionais de transmissão de informações, assumindo opapel mais desafiador de desenvolver competências de acesso, discriminação,produção e uso do conhecimento disponível. “Mais do que nunca, essas institui-ções têm o dever de ensinar os estudantes a pensar de forma criativa para dominargrandes fluxos de informação na busca por soluções”, enfatiza o documento.

• A adaptação de recursos globais para solucionar desafios locais, por meio docompartilhamento de experiências, currículo, corpo docente, materiais didáticos e,até mesmo, do programas de intercâmbio estudantil.

• O fortalecimento dos recursos educacionais, incluindo os professores, os con-teúdos programáticos, o material didático e a infraestrutura. Em muitos paíseshá déficits severos que exigem a mobilização de recursos financeiros e didáti-cos, incluindo o acesso aberto a periódicos e materiais educativos, mais investi-mentos na formação de educadores, planos de carreira estáveis e gratificantes,remuneração adequada dos professores e incentivos por bom desempenho.

• A promoção de um novo profissionalismo, que usa as competências como critérioobjetivo para a classificação dos profissionais da saúde, transformando as atuaiscorporações. Um conjunto de atitudes comuns, valores e comportamentos devemser desenvolvido como base para a formação de uma nova geração de profissionaisque, além de desempenharem suas funções técnicas, assumam ativamente seupapel de agentes de mudanças, gestores competentes dos recursos, e promotores depolíticas baseadas em evidências.

No caso das reformas institucionais, é essencial que elas sejam realizadas comoparte de um esforço nacional de planejamento conjunto entre os setores da Saúde eda Educação, num processo que deve envolver a todos os interessados na busca dofortalecimento mútuo, e da promoção da cultura da investigação crítica e daargumentação pública. Nesse sentido, a Comissão propõe:

• A criação de mecanismos de planejamento conjunto em cada país, que permi-tam reunir as principais partes interessadas – os Ministérios da Saúde e daEducação, as associações profissionais e a comunidade acadêmica, entre outros– a fim de superar a fragmentação por meio da avaliação das condições nacio-nais, da definição de prioridades, da formulação de políticas, do controle dasmudanças, e da harmonização da oferta e da demanda de profissionais de saúdepara atender as necessidades da população. Para os membros da Comissão, esseprocesso de planejamento deve dar uma atenção especial às questões geográfi-cas e de gênero. Uma vez que a proporção de mulheres na força de trabalho emsaúde vem aumentando, é necessário que sejam criadas condições adequadasde trabalho para elas. Com relação à distribuição geográfica, a ênfase deve sercolocada no recrutamento de estudantes de áreas marginalizadas, oferecendoincentivos financeiros e possibilidades de carreira para os prestadores de servi-ço nessas, além de utilizar o potencial das TIs para reduzir o isolamento dessestrabalhadores.

• A expansão de centros acadêmicos para sistemas acadêmicos, que atuem deforma mais colaborativa e responsável na questão da educação continuada.

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• A articulação, por meio de redes, alianças e consórcios, entre instituições deensino em todo o mundo e com todos os demais atores aliados, como governos,organizações da sociedade civil, empresas e meios de comunicação. Em vista daescassez de professores e outros recursos, é pouco provável que os países em de-senvolvimento sejam capazes de formar por conta própria o conjunto completo deprofissionais de saúde do qual necessita. Portanto, o estabelecimento regional eglobal de consórcios deve ser concebido como parte do desenho institucional noséculo 21, aproveitando-se das tecnologias da informação e comunicação. Nessesentido, o relatório ressalta que tal medida é necessária para a superação dasatuais limitações das instituições e para a ampliação dos recursos existentes. Otexto também enfatiza que essas relações devem fugir da idéia do paternalismoe ser baseadas nos princípios da não-exploração e da partilha equitativa, a fim degerar responsabilidade e benefícios mútuos.

• A naturalização de uma cultura de investigação crítica como uma função cen-tral das universidades e outras instituições formadoras, que é fundamental paramobilizar os conhecimentos científicos, a deliberação ética e o debate público, afim de gerar uma transformação social esclarecida.

O caminho para a implantação das propostas

Os pesquisadores reconhecem a dificuldade de se colocar em curso as 10 propos-tas apresentadas – seis relacionadas a mudanças no processo educativo e quatrorelacionadas a mudanças institucionais. “A busca por essas reformas vai encontrarmuitas barreiras e requer mobilização, financiamento, políticas e incentivos”, di-zem os pesquisadores, ao apresentar algumas medidas de curto, médio e longo prazoque podem criar um ambiente propício às reformas específicas.

Mobilizar as liderançasMobilizar as liderançasMobilizar as liderançasMobilizar as liderançasMobilizar as liderançasUma força de trabalho de saúde competente e esclarecida é fundamental para a

consecução das agendas nacionais e global de desenvolvimento econômico e segu-rança humana. E se as lideranças em educação certamente devem vir da comunidadeacadêmica e profissional, elas também necessitam de apoio das lideranças políticasem outros setores do governo e da sociedade, quando as decisões que afetam a alocaçãode recursos para a saúde precisam ser tomadas. Partindo do princípio de que a parti-cipação maciça de lideranças nos níveis local, nacional e global será essencial paradinamizar as reformas instrucionais e institucionais propostas, a Comissão propõealgumas recomendações.

• As lideranças filantrópicas – Fundações Rockefeller e Carnegie, entre ou-tras – foram essenciais na implantação das reformas do século 20 e podem terimportante papel na reforma atual. Essas fundações têm capacidade paracatalisar recursos e agilidade para provocar uma nova onda de reformas noséculo 21.• As cúpulas ministeriais das duas principais agências da ONU nas áreas daEducação – Unesco – e da Saúde – OMS – poderiam reunir ministros das duasáreas para compartilhar perspectivas e desenvolver modalidades para umamaior coordenação intersetorial, além de promover, no âmbito dos países,consultas às partes interessadas como um componente chave dos mecanis-mos de planejamento conjunto.• A criação de fóruns nacionais para a educação dos profissionais da saúdedeve ser testada em países interessados, como uma forma de reunir lídereseducacionais do meio acadêmico, associações profissionais e governos, a fimde compartilhar pontos de vista sobre os ítens da reforma.• A cúpula acadêmica pode ser considerada para angariar o apoio da direçãogeral das instituições na reforma de escolas e departamentos responsáveispela educação de profissionais de saúde.

Reforçar os investimentosReforçar os investimentosReforçar os investimentosReforçar os investimentosReforçar os investimentosEm comparação com a despesa total com saúde, estimado em 5,5 trilhões de

dólares para o mundo, os níveis de investimento na educação dos trabalhadores do

setor são escassos. Para um sistema quedepende diretamente dos recursos hu-manos e do conhecimento, o investimen-to de menos de 2% de seu faturamentototal no desenvolvimento dos seus mem-bros mais qualificados não é apenas in-suficiente, mas extremamente impru-dente, porque coloca os restantes 98%dos gastos em risco. De acordo com orelatório, o subfinanciamento é uma dascausas flagrantes das deficiências deensino que afetam negativamente o de-sempenho dos sistemas de saúde.

Com base nessas questões, a Comis-são sugere que todos os países e agênci-as devem dobrar os seus investimentosna formação profissional ao longo dospróximos cinco anos, como uma medidaindispensável para a implantação de sis-temas de saúde efetivos e sustentáveis.Os pesquisadores, no entanto, lembramque não se trata apenas de pedir maisverbas para a educação na saúde, mastambém de identificar desperdícios eineficiências no uso dos recursos exis-tentes.

• O financiamento público énotadamente a mais importantefonte de financiamento susten-tável em todos os países, pobresou ricos. Por essa razão, esses in-vestimentos devem ser alocadosno desenvolvimento de um con-junto de competências adequa-do aos contextos nacionais. “De-vido a sua importância, todo es-forço deve ser feito para aumen-tar não só o nível, mas também aeficácia do financiamento públi-co”, ressalta o relatório, defen-dendo ainda o ponto de vista deque os subsídios públicos devemser repassados às instituições,com base no seu desempenho eem avaliações prévias.• O financiamento dos doadoresinternacionais para a formaçãoem saúde nos países em desen-volvimento deve aumentar, deforma a se constituir numa partesignificativa da assistência aodesenvolvimento. Depois de dé-cadas de atenção quase exclusi-va para a educação básica, as no-vas realidades demográficas, so-ciais e econômicas tornam im-perativo o ensino secundário epós-secundário em países de bai-

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xa renda. “A negligência por par-te dos doadores tem sido míope,não levando em conta a capaci-dade humana que é necessáriapara manter os sistemas de saú-de eficazes e sustentáveis”, diz otexto, lembrando que é precisose ter em conta que quanto maiscarente é o sistema, maior é aimportância da formação profis-sional de qualidade.• O financiamento privado, ne-cessário porque geralmente asfontes públicas não conseguempreencher todas as lacunas, deveser aceito no âmbito de um con-junto claro de regras básicas quegerem retornos efetivos para a saú-de. A comissão alerta para o fatode que, dada a escassez global deprofissionais de saúde, o financi-amento privado vem aumentan-do na forma de um crescimentosignificativo de escolas de medi-cina e enfermagem para exporta-ção. Nesse sentido, segundo o re-latório, corre-se o risco de um pro-cesso de ‘des-Flexnerização’desregulada e não credenciada,bem como do surgimento de es-colas de baixa qualidade, o queexige maior transparência e super-visão, tanto em nível nacionalquanto mundial.

Alinhar a acreditaçãoAlinhar a acreditaçãoAlinhar a acreditaçãoAlinhar a acreditaçãoAlinhar a acreditaçãoPara a Comissão, todos os países de-

vem avançar progressivamente no sen-tido de alinhar os processos decredenciamento, licenciamento ecertificação, com os objetivos de saúde,por meio do trabalho conjunto das par-tes envolvidas na fixação dos critériosque regem os devidos processos. Na opi-nião dos pesquisadores, o envolvimentode Governo, entidades profissionais eacadêmicas e da comunidade é essenci-al. A acreditação deverá ser baseada tan-to em critérios instrucionais quantoinstitucionais. Os processos nacionaisavançarão na medida em que diferentesfatores forem incorporados.

• Progressivamente, os sistemasnacionais de acreditação devemestabelecer critérios para avalia-ção, definir parâmetros de saída,e desenhar o quadro de compe-

tências dos diplomados, de forma a atender às necessidades de saúde dasociedade.• A cooperação global, promovida pelos organismos competentes, incluindo aOMS, a Unesco e outros, deve contribuir para o estabelecimento de normasque podem funcionar como bens públicos globais, ajudar os países no desen-volvimento de capacidades locais para adaptação e implementação, facilitaro intercâmbio de informações e promover a responsabilidade compartilhadapara o credenciamento, conforme exigido pelo imperativo de proteger os paci-entes e a população em face de uma força de trabalho global móvel.

Reforçar a aprendizagem globalReforçar a aprendizagem globalReforçar a aprendizagem globalReforçar a aprendizagem globalReforçar a aprendizagem globalDe acordo com a pesquisa realizada, os sistemas de aprendizagem na educação

profissional são fracos e subfinanciados. Os dispêndios de pesquisa e desenvolvimen-to nesse domínio são muito escassos e geralmente financiados de forma fragmenta-da. A inovação, no entanto, não pode ocorrer na ausência de pesquisa e desenvolvi-mento. Há um século, em um momento crucial, algumas fundações mais esclarecidasapoiaram a inovação na educação dos profissionais de saúde e os benefícios dessesinvestimentos foram muito grandes. Hoje, segundo o relatório, mais uma vez é preci-so retomar esse apoio para que haja possibilidade de superação dos desafios do novoséculo. Para os membros da Comissão, há, na área da formação de profissionais desaúde, três questões nas quais a geração de conhecimentos é fundamental:

• A definição, reunião, análise e divulgação de parâmetros para a educaçãodos profissionais de saúde;• A avaliação de toda ação realizada. O que funcionou? O que não funcionou?Por que funcionou, ou não? Todo o esforço de reforma, desde a fase de concep-ção à execução, deve ser avaliado, para que se possa gerar uma base de conhe-cimentos sobre as melhores práticas. Tal medida, segundo o relatório, poderepresentar um substancial avanço para os países mais pobres no que dizrespeito à adaptação das inovações;• A pesquisa em educação de profissionais da saúde deve ser ampliada paraque o campo possa construir continuamente o conhecimento necessário aoseu aperfeiçoamento.

Links:Links:Links:Links:Links:Health professionals for a new century: transforming

education to strengthen health systems in aninterdependent world (The Lancet, Volume 376, Issue9756, Pages 1923 - 1958, 4 December 2010 - PublishedOnline: 29 November 2010 - http://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736%2810%2961854-5/fulltext)

Coment: Education of health professionals for the 21st century: a globalindependent Commission: (The Lancet, Volume 375, Issue 9721, Pages 1137 -1138, 3 April 2010 - http://www.lancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736%2810%2960450-3)

Coment: A new epoch for health professionals’ education (Richard Horton.The Lancet, Volume 376, Issue 9756, Pages 1875 - 1877, 4 December 2010 -http://www.lancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(10)62008-9)

Coment: Health professionals for the 21st century: a students’ view (Florian LStigler, Robbert J Duvivier, Margot Weggemans e Helmut JF Salzer. The Lancet,Volume 376, Issue 9756, Pages 1877 - 1878, 4 December 2010 - http://www.lancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(10)61968-X)

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fórum

Em 2010, para estimular o debate sobre diversas questões que afetam a forma-ção e o trabalho dos técnicos em saúde – mid-level health workers, comodefine a Organização Mundial da Saúde (OMS) – a Aliança Global para a

Força de Trabalho em Saúde (GHWA, do inglês Global Health Workforce Alliance)realizou, de 4 a 18 de maio, um fórum on-line sobre tema. Durante nove dias, osparticipantes inscritos receberam um texto de referência e sugestões de leituras. Aofim de cada dia de discussão, um especialista resumia as contribuições enviadas eapresentava suas conclusões sobre o assunto.

Esta matéria encerra uma série, iniciada na Revista RETS nº 7 (set/2010), cujoobjetivo foi trazer para o âmbito da Rede as discussões realizadas no Fórum. Todomaterial divulgado pela GHWA durante e após o evento está disponível na página daRETS (http://www.rets.epsjv.fiocruz.br), em: ‘Biblioteca’> ‘Eventos’> ‘Mid-LevelHealth Workers (Online Forum)’.

Qualidade do trabalho é fundamental

No quinto dia do Fórum, mediado por Francis Kamwendo, da Universidade deMalawi, a discussão foi sobre a qualidade dos cuidados prestados pelos trabalhadoresde nível médio. Qual a importância dessa avaliação e que critérios devem ser utiliza-dos para se avaliar o trabalho desses profissionais? A qualidade do serviço do técnicodeve ser a mesma do profissional de nível superior?

Todos os participantes concordaram que o acompanhamento e a avaliação dotrabalho desenvolvido pelos técnicos em saúde são fundamentais e que, dependendodos critérios adotados, é possível avaliar a atuação desses trabalhadores da mesmaforma que se avalia o trabalho dos profissionais de nível superior. Nesse sentido, ascolaborações enviadas para o Fórum, ressaltam, por exemplo, o caso dos trabalhado-res que atuam diretamente na prestação de cuidados de saúde. Tanto faz se ele é umtécnico de nível médio ou um médico, o importante é que cada um, no âmbito de suaatuação, deve garantir o cuidado necessário, no momento exato e na medida danecessidade de todos os que procuram os serviços. Nesse sentido, a qualidade dotrabalho deve ser a mesma, ainda que o escopo desse trabalho seja diferente. “Sei queem alguns casos a alternativa [para a população] é serviço nenhum, mas seria politi-camente impossível – e até antiético – planejar serviços de qualidade mais baixa,oferecidos por quadros de profissionais de pior qualidade”, destacou Alfonso Tavares,de Angola.

Para Marco Gomes, da África do Sul, qualquer avaliação da performance dostécnicos em saúde deve considerar três elementos: a estrutura, que se refere às con-dições de trabalho; o processo, que considera a interação entre os trabalhadores eentre eles e os usuários dos serviços; e os resultados do trabalho, medidos por meio deindicadores de saúde e índice de satisfação dos usuários do sistema, entre outros.

Em sua conclusão, Francis Kamwendo, ressaltou a necessidade de países e insti-tuições ampliarem as pesquisas sobre a qualidade dos cuidados prestados pelos pro-fissionais de nível técnico.

Quando as exigências para a formação podem resultar em elitismo

O objetivo do sexto dia de discussões foi tentar traçar um breve panorama dascondições de formação dos quadros técnicos. Qual o nível de escolaridade prévia e a

Fórum GHWA:

O técnico em saúde (parte final)

duração dos cursos de formação de téc-nicos em saúde, que variam muito depaís para país? Quais as consequênciasque as exigências cada vez mais eleva-das para o ingresso nos cursos podem tersobre candidatos oriundos de camadasmais desfavorecidas da população bemcomo para o próprio sistema de saúde?Será que as instituições de formação téc-nica em saúde se preparam adequada-mente para receber alunos vindos de áre-as e regiões em que o ensino básico nemsempre tem a qualidade desejada?

De acordo com George Pariyo(GHWA), mediador do dia, uma dasgrandes preocupações manifestadas foisobre o risco de que a necessidade e apremência de formar um grande núme-ro de trabalhadores de saúde acabem

Documento busca dar

visibilidade aos trabalhadores

técnicos da saúde

Em janeiro de 2011, durante oSegundo Fórum Global sobre RecursosHumanos em Saúde (ver página 17), aGHWA divulgou o relatório final sobreas discussões realizadas em maio de2010, entitulado ‘Trabalhadores denível médio: um recurso bastantepromissor para alcançar se alcanças asmetas de saúde dos Objetivos deDesenvolvimento do Milênio’. Odocumento, publicado apenas eminglês, está disponível no site daAliança (http://www.who.int/workforcealliance), em: ‘Knowledge centre’ >‘Knowledge themes’ > ‘Other themes’> ‘Mid-Level health workers’

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processos formativos estão, muitas ve-zes, centrados na mera transmissão deconhecimentos teóricos e descolados darealidade que o profissional irá encon-trar no seu cotidiano de trabalho. Elestambém ressaltaram que o conteúdo doscursos pode variar, desde que permitamque, em cada uma das diferentes áreasde atuação desses trabalhadores, elespossam saber exatamente o que fazer,no momento certo e na medida exata doque as pessoas necessitam.

Será que o conhecimentoprático que esses técnicosadquirem é suficiente para oseu bom desempenhoprofissional?

Cecilia Acosta e Felisa Fogiel, doInstituto Superior de Tecnicaturas parala Salud, órgão de formação do Ministé-rio de Saúde da Cidade de Buenos Aires,são enfáticas quanto à resposta a essapergunta – Não – e as razões são muitas.“Historicamente, por conta das regrasda divisão do trabalho, o que regia a açãodos técnicos era o conhecimento práti-co, uma vez que a eles estava destinadoapenas o espaço do trabalho prático.Nesse contexto, é pertinente considerarque uma formação de Técnico Superiorem Saúde permite que eles alcancemníveis mais elevados de desenvolvimen-to, comprometimento e participação,para melhorar a qualidade da sua atua-ção”, explica Felisa.

“Além do conhecimento prático, os téc-nicos devem ter uma visão global do pro-cesso de trabalho e da política de saúdepara que possam antecipar problemas, pro-por soluções e melhorias, e agir com res-ponsabilidade e autonomia diante de si-tuações inesperadas. Para isso, é necessá-rio que eles compreendam os fundamen-tos científicos e tecnológicos que susten-tam o processo de trabalho em saúde e osdeterminantes sócio-políticos do quadroepidemiológico do seu país, além de te-rem conhecimento para interpretar a reali-dade em que vivem, contribuindo paramudanças que possam melhorar a quali-dade de vida da população”, acrescenta.

Esse modelo permite o ingresso na eta-pa formativa I (formação inicial) de to-dos os trabalhadores já inseridos no SUS,independentemente da escolaridade,mas condiciona a obtenção do certifica-do final de técnico à conclusão do ensi-no médio”, explica.

O que ensinar e de que maneiraformar os trabalhadores

técnicos em saúde?

As discussões do sétimo dia foramsobre o conteúdo e a abordagem utiliza-dos na formação dos técnicos em saúde.Nesse sentido, três grandes temas sur-giram: os critérios e mecanismos para aidentificação dos conhecimentos e ha-bilidades que cada profissional deveadquirir em seu processo formativo; anecessidade de a formação reunir conhe-cimentos teóricos, mas também práti-cos; e a questão da avaliação dessaaprendizagem. Um dos pontos destaca-dos é que em algumas situações os cur-sos de formação são criados para legiti-mar e complementar um conhecimentoadquirido na prática, possibilitando alegalização da atuação de quadros que,ao longo do tempo, emergiram nainformalidade.

Para os participantes do Fórum, umdos grandes problemas atuais é que os

Proposta de formação do Agente Comunitário de Saúde – ACS HabilitaçãoProfissional Técnica (Brasil, Ministério da Saúde, 2004). Disponível no site daRETS, em: Biblioteca > Livros

resultando numa formação de má quali-dade. “Isso é frequentemente citadopelas associações profissionais comouma das razões pelas quais eles se opõema uma redução dos requisitos de entradanos cursos”, ressalta.

Por outro lado, segundo ele, muitosconcordam que, se os países não adota-rem algumas medidas mais flexíveis ouafirmativas quanto aos critérios de in-gresso nos cursos de formação técnicaem saúde, há o risco de que apenas osalunos de “boas escolas”, geralmentelocalizadas nas regiões urbanas e maisricas, consigam acesso aos cursos, o quetende a aumentar os problemas de faltade trabalhadores em áreas remotas oumais carentes.

Essa preocupação parece ser compar-tilhada pela diretora Nacional de Capi-tal Humano e Saúde Ocupacional doMinistério de Saúde da Nação Argenti-na, Isabel Duré. Segundo ela, em seupaís o ingresso em uma tecnicatura (cur-so técnico) superior, exige a conclusãoda escola média (12 anos de ensino for-mal), o que, no seu entendimento, pare-ce adequado para a maioria das forma-ções nos grandes centros urbanos. Ela,no entanto, acredita que isso pode umpouco diferente no caso de algumas for-mações. “Para os agentes sanitários, porexemplo, esse requisito de ingresso podeser mais elevado do que o necessário.Esses auxiliares muitas vezes desempe-nham tarefas em lugares com problemasde acessibilidade e, em alguns casos, issopode dificultar o interesse de aspirantesà formação”, explica, lembrando queexistem ainda alguns perfis nos quais épossível se pensar em outros requisitosde ingresso, sem que isso represente per-da da qualidade da formação.

Nesse aspecto, uma iniciativa bas-tante positiva, na opinião da coordena-dora da RETS, Anamaria Corbo, é a deformação dos Agentes Comunitários deSaúde, no Brasil. “Alguns desses agen-tes não tinham escolaridade exigidapara a certificação técnica no país.Numa ação conjunta dos Ministériosda Saúde e da Educação, foi então con-cebida uma proposta na qual a cargahorária de 1200h é dividida em três eta-pas formativas consecutivas, possibili-tando que a qualificação profissionalocorra de forma concomitante àescolarização gradativa do trabalhador.

“Sei que em alguns casos a

alternativa [para a

população] é serviço

nenhum, mas seria

politicamente impossível –

e até antiético – planejar

serviços de qualidade mais

baixa, oferecidos por

quadros de profissionais de

pior qualidade”

Alfonso Tavares – Angola

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“Embora existam opiniões diferentes sobre isso, há uma tensão entre teoria eprática, e os argumentos ideológicos para a incorporação da teoria na formação técnicapodem ser muito diferentes. Os mais tecnicistas defendem a necessidade de os técni-cos incorporarem a teoria necessária à interpretação das novas tecnologias biomédicas,sem dar muita importância aos conteúdos que podem ajudar o técnico a se considerarcomo membro da equipe de saúde e a compreender o contexto em que se desenvolvemsuas práticas. No outro extremo, estão aqueles que acabam dando mais peso à forma-ção geral, muitas vezes sem levar em conta as especificidades da formação a partir daspráticas no âmbito do sistema de saúde”, complementa Cecilia.

Gestão do trabalho técnico na

saúde: um tema que merece

reflexão

Coordenado por Willy McCourt, doInstituto de Desenvolvimento de Polí-ticas e Gestão, da Universidade deManchester, Reino Unido, o oitavo diado Fórum abordou questões referentes

Uma nova abordagem para a formação de

técnicos de nível médio no campo da saúde*

De forma simplificada, pode ser entendidacomo o aprimoramento das habilidades econhecimentos teóricos, técnicos eoperacionais necessários à execução defunções específicas no mercado de trabalho,que ocorre de forma complementar àeducação formal, por meio de processoseducativos desenvolvidos em escolas,sindicatos, empresas, associações, nos níveisbásico, médio ou superior. Entretanto,segundo o Dicionário da EducaçãoProfissional em Saúde (EPSJV, 2009), a‘qualificação’, deve ser entendidasimultaneamente como resultado e processo,expressando as qualidades e credenciais queos indivíduos adquirem num processosocialmente construído e que não pode serreduzida à mera escolarização alcançada ouaos treinamentos realizados em serviço.

Para atender a demanda na área deformação dos trabalhadores de nível médioda saúde é necessário trabalhar comconceitos que envolvem tanto o processoformal de educação dos técnicos em saúdequanto à qualificação profissional que nãoexige necessariamente uma escolaridadeprévia.

Ao se refletir sobre o processo formal deescolarização, um dos princípios norteadores do Projeto Político Pedagógico da EscolaPolitécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) é a politecnia,compreendida como um princípio pedagógico que une a teoria e a prática, a escolae o trabalho e que permite aos alunos compreender a realidade, assimilar oconhecimento científico e contribuir ativamente para a construção de uma sociedademais justa. Além disso, ela dialoga com as circunstâncias sociais existentes paramostrar que a aquisição, pela classe trabalhadora, dos saberes elaborados pelahumanidade serve de instrumento para a luta contra a exploração do trabalho e adominação. A qualificação profissionalqualificação profissionalqualificação profissionalqualificação profissionalqualificação profissional pautada na Politecnia, portanto, visa àemancipação dos sujeitos e à transformação social.

Por outro lado, a TTTTTeoria do Capital Humanoeoria do Capital Humanoeoria do Capital Humanoeoria do Capital Humanoeoria do Capital Humano considera que a educação éresponsável, no âmbito coletivo, pelo desenvolvimento dos países e, no planoindividual, pela condição de ser ‘empregável’, ignorando, no entanto, o fato de que ascondições econômicas, sociais e políticas influenciam diretamente no índice deescolaridade e nas possibilidades de emprego da população.

Essas ideias norteiam a práxis político-pedagógica da EPSJV, a qual assume,com autonomia, a responsabilidade de desenvolver seu próprio processo educativo,

Formulada por Theodore W. Schultz, professor do departamento de economia daUniversidade de Chigago, em meados dos anos 1950, essa teoria busca explicar deque forma o fator humano pode afetar a produtividade econômica. Nesse sentido,afirma que o trabalho humano, quando qualificado pela educação, é fundamentalpara o crescimento da produtividade econômica, e, consequentemente, do lucro docapital. Na Educação, essa teoria acaba gerando uma concepção tecnicista doensino e da organização da educação, passando a disseminar uma ideia de que aeducação é o pressuposto do desenvolvimento econômico, bem como dodesenvolvimento do indivíduo. O conceito de capital humano desloca para o âmbitoindividual inúmeros problemas de origem social, além de fazer da educação um‘valor econômico’ e legitimar a ideia de que os investimentos em educação adotemcritérios do investimento capitalista. Em 1968, Schultz recebeu o prêmio Nobelde Economia pelo desenvolvimento dessa teoria.

explicitando sua identidade e revelando seuscompromissos com a sociedade através daexposição dos pressupostos filosóficos,sociológicos, epistemológicos e didático-metodológicos da instituição, nummovimento que nunca é determinado de umavez por todas, mas que exige um processo de(re) criação permanente.

Essa dinâmica implica rupturas e perío-dos de instabilidade, um ‘se aventurar e correrriscos’ que não depende apenas das vontadesindividuais, mas que segue um tempoinstitucional, político, de sedimentar novasideias e de desconstruir ideias já sedimentadas.Dessa forma, o projeto político pedagógi-projeto político pedagógi-projeto político pedagógi-projeto político pedagógi-projeto político pedagógi-co (PPP)co (PPP)co (PPP)co (PPP)co (PPP) construído cotidianamente propor-ciona um espaço de reflexão crítica sobre acidadania, exercida no âmbito da instituiçãoeducacional. Além disso, o debate coletivo levaeducadores e educandos a pensarem sobre oprojeto político de uma sociedade na qual sepretende estabelecer uma nova cultura capazde fundamentar a própria criação de uma Es-

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cola pública – assim denominada por ter comopressuposto a aceitação da diversidade e, por-tanto, a vivência de resistências, de negocia-ções e de embates.

Para que esse processo coletivo seconstitua, há que se cuidar do processo deaprendizagem. Para tanto, o educador deveadotar um ambiente de ‘zonas de construção’,nas quais há o cultivo do diálogo com odiscente, induzindo novos modos deobservação e de construção de categorias, alémde incentivar as interações entre osestudantes. Isso permite que todos participemdo processo de construção do conhecimento,tornando possível a superação do domínioexclusivo da ‘técnica’ e proporcionando umaexperiência da dimensão histórico-culturalque é parte inerente à constituição do sujeito.

Nesse contexto, uma especial atençãodeve ser dada à linguagem e aos materiaisde ensino utilizados na formação de técni-cos em saúde, levando em consideração osvalores que esses materiais podem transmi-tir quando reduzem o ensino ao ‘saber fa-zer’, desconsiderando a formação do traba-lhador enquanto ser histórico-social, insti-tuído e instituinte de uma cultura. É ne-cessário entender a linguagem como ummaterial cultural e ideológico, cujo senti-do é construído em meio ao confronto e aodiálogo. Diante desses materiais, o educa-dor precisa adotar a perspectiva de um in-telectual que, de acordo com a concepçãode Gramsci, se institui como uma lideran-ça que não se exime de articular o seu co-nhecimento com a dimensão política deseu trabalho.

Por fim, há a pesquisa, que, como princípio educativo, deve articular a produçãodo conhecimento a um projeto político-pedagógico e a uma concepção de educaçãoque pode expressar a luta entre projetos distintos de sociedade.

O questionamento é a referência para a formação do sujeito, de ser capaz de,tomando consciência crítica, formular e executar projeto próprio de vida no contextohistórico. Um dos sentidos mais fortes da educação é precisamente a passagem deobjeto para sujeito. A pesquisa através do questionamento reconstrutivo pode ser oinstrumento para a cidadania, a emancipação e também o espaço didático cotidianopara o professor e o estudante. Como atitude cotidiana, está na vida e constitui aforma de passar por ela criticamente, sendo capaz de ler a realidade de modoquestionador e de reconstruí-la como sujeito político.

Todos esses aspectos compõem o cenário atual de desafios para a gestão daeducação e do trabalho em saúde, aos quais se acrescentam as questões relativas àformação dos trabalhadores para as diversas áreas que conformam a complexidadedo processo de trabalho em saúde. Historicamente dividido e hierarquizado, esseprocesso é integrado por postos de trabalho de nível médio e elementar que cumpremfunções complementares ou de apoio aos profissionais de nível superior, reproduzindoa divisão social do trabalho. Essa divisão se expressa por atribuições,responsabilidades e remunerações diferenciadas, que correspondem a níveis deescolaridade e tempo de formação, valor social do diploma, remuneração e prestígiosocial distintos.

Numa perspectiva crítica, compreendemos que, em busca de uma atenção àsaúde que responda aos princípios da universalidade, da equidade e da integralidadecomo direitos da população, os sistemas de saúde têm no campo da educaçãoprofissional uma fronteira importante a ser implementada como política públicapermanente e intersetorial, para a sua efetiva realização como projeto de sociedade.

* Este texto é uma compilação de seis artigos escritos por professores/pesquisadores daEPSJV/Fiocruz: (1) As diferentes concepções da educação de técnicos em saúde (IsabelBrasil); (2) Políticas de Saúde Pública: desafios para a educação de técnicos em saúde(Márcia Valéria Morosini); O projeto político e pedagógico (PPP) das instituições deformação de técnicos em saúde (Anakeila Stauffer); (4) A pesquisa como princípio doprocesso educativo (Maurício Monken); (5) Linguagem e material didático na educaçãoem saúde (Anakeila Stauffer); (6) Trabalho, ciência e cultura na educação dos técnicos emsaúde (Marco Antonio Santos); e (7) Teorias de aprendizagem na educação em saúde(Luis Saléh). Os artigos estão disponíveis na página da RETS (http://www.rets.epsjv.fiocruz.br), em: ‘Biblioteca’> ‘Eventos’> ‘Mid-Level Health Workers(Online Forum)’.

ao recrutamento, à gestão do trabalhodos técnicos em saúde e à progressão decarreiras.

De acordo com McCourt, apesar deos participantes terem destacado aspec-tos distintos do problema, foi possívelidentificar um certo padrão nas contri-buições enviadas. Segundo ele, houveuma concordância de que, acima de

tudo, é preciso formar uma imagem cla-ra dos conhecimentos e habilidades ne-cessárias a cada uma das inúmeras pro-fissões técnicas existentes. Na questãodo recrutamento de profissionais, a idéiacentral é que haja um equilíbrio, comoportunidades de ascenção para os quejá atuam no sistema e que muitas vezestêm conhecimentos fundamente práti-

cos, e de ingresso para os que vêm defora, oriundos do ensino formal.

Também foram discutidas: a utili-zação de processos seletivos que garan-tam a contratação de técnicos realmen-te adequados ao trabalho a ser realiza-do; a criação e aperfeiçoamento de me-canismos de gestão que consigam lidarcom a diversidade desses quadros, bem

Documento que define a missão, os objetivos e as metas de uma instituição de ensino, bem como os meios a serem empregados paraconquistá-los. É um projeto, na medida em que reúne, entre outras coisas, propostas de ação a serem executadas e prazos de execução.É político, se considerarmos que a escola é um espaço de formação de sujeitos que atuarão individual e coletivamente, definindo osrumos a serem tomados pela sociedade. É pedagógico porque define e organiza o processo de ensino e aprendizagem. O PPP indica adireção a ser seguida por todos os envolvidos no processo educativo, constituindo-se como uma poderosa ferramenta de planejamento,tomada de decisão e avaliação do trabalho realizado.

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como monitorar o trabalho desses técni-cos; o apoio ao desenvolvimento profis-sional; e a implantação de vias adequa-das de progressão de carreira.

Para Isabel Duré e AlejandroValitutti, também Direção Nacional deCapital Humano e Saúde Ocupacionaldo Ministério de Saúde da Argentina,um dos grandes problemas na definiçãodo perfil das profissões técnicas e dasformas de avaliar o desempenho dessestrabalhadores é a homologação dediferentes formações existentes nocampo com funções superpostas. “Istose deve geralmente à falta de umanormativa unificada e à própriadinâmica dos campos educativo elaboral. Nosso ponto de vista é quedevem ser definidos previamente osperfis de trabalho e aperfeiçoados osexames de idoneidade profissionalespecíficos para cada um desses perfis”,diz Valitutti.

No caso das carreira técnicas, elesconcordam que elas devem ser pensadasde acordo com as necessidades eparticularidades locais, e que devem serhierarquizadas e tratadas no âmbitoespecífico das carreiras sanitárias e nãonos escalões gerais.

No último dia, foco nalegislação

No nono e último dia do Fórum, ocoordenador Andrew Brown, professorassistente da Universidade deCamberra, Austrália, lembrou que, adespeito de os técnicos em saúde seremconsiderados fundamentais para ossistemas nacionais de atenção, ainda nãoexistem, em muitos países, mecanismosde regulação e acreditação específicospara a formação e atuação desses

trabalhadores, de forma a garantir a‘qualidade’ dos cuidados prestados.

No que diz respeito à legislação, elaexiste para definir qual o âmbito daspráticas dos quadros específicos e anecessidade do registro profissional. Afalta de uma legislação específica tornaos trabalhadores mais vulneráveis edesvaloriza as profissões, deixando, poroutro lado, a população desprotegida daprática insegura.

A acreditação, por sua vez, refere-seà avaliação da qualidade de umindivíduo ou de uma organização por um

organismo externo e devidamentecredenciado para isso. No campo dasaúde, a acreditação dos indivíduos égeralmente realizada pelos conselhos eassociações profissionais, criados paragarantir a qualidade do profissional eproteger o público da má prática.

Segundo ele, especialmente emambientes com poucos recursos, essasquestões acabam sendo as últimas aserem consideradas ou, por vezes, sãocompletamente negligenciadas. Emmuitos países, que contam comlegislação em nível local ou regional,além das de âmbito nacional, essequadro fica ainda mais complexo.

No caso da Argentina, como explicaCecilia Acosta, cada jurisdição conta

com normativa própia, além das leisnacionais que regulam o exercícioprofessional de algumas formações.No caso da ordenação do trabalho dostécnicos de saúde, a lei mais antiga aqual se pode fazer referência data de1967 (Ley 17.132), que relacionaalgumas profissões como ‘auxiliaresda medicina’. “A avaliação dos cursosnão universitários é jurisdicional, mashoje já existe um processo devalidação nacional dos títulos, quepermita o fluxo de graduados, combase em documentos produzidos pelaComissão Interministerial de Saúde-Educação, constituída em 2002”,complementa.

Segundo Alejandro Valitutti, cabea essa comissão esboçar documentosque definem perfis por funções, ativi-dades e critérios de desempenho, en-tre outras coisas, além de estabelecerbases curriculares definidas a partir deblocos de conteúdos gerais e específi-cos, número de horas de formação prá-tica, bem como requisitos deacreditação para as instituições de for-mação. “Num segundo momento, es-ses documentos são analisados pelos

Conselhos Federais de Saúde e deEducação e convertidos em normaspara o estabelecimento de programasde formação”, explica.

Entre os participantes do Fórumhouve praticamente um consenso deque os quadros técnicos devem estarsujeitos ao registro profissional e queesse registro deve ser periodicamenterevalidado, por meio de demonstraçãode prática corrente ou de provas deeducação continuada. Também houveforte concordância quanto ao fato deque as entidades de regulação devemter recursos e mecanismos necessáriospara exercer sua autoridade regulado-ra nos casos de descumprimento dasnormas estabelecidas.

“Além do conhecimento prático, os

técnicos devem ter uma visão global do

processo de trabalho e da política de

saúde para que possam antecipar

problemas, propor soluções e melhorias,

e agir com responsabilidade e autonomia

diante de situações inesperadas”.Felisa Fogiel – Argentina

“Nosso ponto de vista é que devem ser

definidos previamente os perfis de trabalho

e aperfeiçoados os exames de idoneidade

profissional específicos para cada um

desses perfis”Alejandro Valitutti – Argentina

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Segundo fórum global sobre Recursos Humanos para a saúde

De Kampala a Bangkok: analisando o progresso...Relatório aponta os avanços conquistados nos últimos três anos

muito pouco se sabe sobre os padrões mi-gratórios desses profissionais.• Na maioria dos países houve aumentodos quadros de nível superior. Tambémhouve aumento de ofertas formativas nasáreas de saúde comunitária, medicina eenfermagem. Houve alteração no currícu-lo de 70% dos trabalhadores de saúde des-ses países.• Trinta e dois países relataram terimplementado essas estratégias de atra-

ção e retenção da força de trabalho em áreas mais carentes.• Trinta e nove países têm recebido apoio de doadores paraimplementar alguns ou todos os seus planos de RHS.De acordo com a GHWA, a publicação desse primeiro rela-

tório representa um marco importante, pois, além dos dadosretratarem a situação atual, acabam se constituindo comoalicerces de análises futuras sobre o impacto das políticas deRHS na melhoria das condições de saúde das populações.

“O relatório mostra que a Declaração de Kampala e a Agen-da para a Ação Global permanecem válidos e relevantes paraas necessidades dos países em seus esforços para melhorar osrecursos humanos para a saúde. As seis estratégias recomenda-das pela Agenda estão fornecendo orientações pertinentes eúteis sobre as ações necessárias para melhorar a situação dosprofissionais de saúde. Vários países relatam um bom progres-so em todos ou na maioria dos indicadores e também mostramque no caminho para melhorar os resultados globais de resul-tados de saúde em consonância com as metas previstas nosObjetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM)”, diz o textode apresentação da publicação.

‘Progress report on the Kampala Declaration and Agenda forGlobal Action’. Disponível no site da GHWA (http://www.who.int/workforcealliance)

O Primeiro Fórum Global

sobre Recursos Humanospara a Saúde (RHS), realizado em

Kampala, Uganda, em março de 2008, re-sultou na elaboração de dois importantesdocumentos – a Declaração de Kampala ea Agenda para a Ação Global, por meio dosquais os signatários se comprometiam ainvestir no desenvolvimento de recursoshumanos para o setor.

A responsabilidade de monitorar o pro-gresso na execução da agenda global, particularmente nos pa-íses em que a situação já se mostrava crítica, coube à AliançaGlobal para a Força de Trabalho em Saúde (GHWA, do inglêsGlobal Health Workforce Alliance). Durante o Segundo FórumGlobal, realizado em Bangkok, Tailândia, em janeiro desteano, a GHWA lançou um relatório sobre o progresso realizadopelos 57 países em que a situação dos recursos humanos emsaúde é considerada crítica.

Os dados para o relatório foram coletados por meio de umquestionário enviado, em julho de 2010, para o Ministério deSaúde de cada um desses países. A expectativa era avaliar o

desenvolvimento das estratégias de ação propostas na AgendaGlobal. Em paralelo, foram selecionados alguns exemplos deações exitosas neste campo, a fim de adicionar, segundo o rela-tório, uma dimensão qualitativa ao processo.

Com base nas respostas enviadas por 51 dos 57 países con-sultados (89%), a Aliança concluiu, entre outras coisas, que:

• Apesar de a maioria dos países terem desenvolvido umPlano Nacional de Recursos Humanos, ainda há dificulda-des para se traçar estimativas de custo e orçamentos quedeem suporte ao desenvolvimento das ações previstas. Umadas justificativas para esse descompasso é que vários des-ses Planos somente foram estabelecidos recentemente.• Menos da metade dos entrevistados relataram contar comum mecanismo de compartilhamento de dados que facilitea elaboração de políticas e a tomada de decisão nessa área.• Os países afirmaram ter estatísticas para quadros de ní-vel superior, mas faltam informações sobre os Agentes Co-munitários de Saúde (ACS). Cerca de metade dos paísesrelataram ter atualizado suas estatísticas de HRH uma ouduas vezes nos últimos dois anos. Há dados sobre o númerode trabalhadores e sobre a distribuição dos mesmos, mas

Imagine...

A  GHWA lançou, du-rante a cerimônia de aber-tura do Segundo FórumMundial sobre RecursosHumanos para a Saúde, aanimação ‘Imagine...’, quedestaca as principais ques-tões referentes à crise dos

profissionais da saúde. Contada através das vozes de homens,mulheres e crianças da comunidade a história oferece umamensagem simples, mas irresistível: ‘um trabalhador de saú-de para todos, em toda parte’. Disponível no canal YoutubeAliança: http://www.youtube.com/user/ghwavideos

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.... renovando os compromissosDeclaração final do Segundo Fórum Global sobre

Recursos Humanos para a Saúde – Bangkok, 27-29 de janeiro de 2011

O Segundo Fórum Global sobre Recursos Humanos para a Saúde(HRH) em Bangkok analisou os progressos alcançados e renovouo compromisso de fortalecimento da força global de trabalho em

saúde, reafirmando que uma força de trabalho em saúde sólida é o ele-mento central dos sistemas de saúde em todos os países, e é fundamentalpara alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) e aCobertura Universal de Saúde, com a visão de que:

TTTTTodas as pessoas, em todos os lugares, devem ter acesso a umodas as pessoas, em todos os lugares, devem ter acesso a umodas as pessoas, em todos os lugares, devem ter acesso a umodas as pessoas, em todos os lugares, devem ter acesso a umodas as pessoas, em todos os lugares, devem ter acesso a umtrabalhador da saúde qualificado, motivado e apoiado dentro detrabalhador da saúde qualificado, motivado e apoiado dentro detrabalhador da saúde qualificado, motivado e apoiado dentro detrabalhador da saúde qualificado, motivado e apoiado dentro detrabalhador da saúde qualificado, motivado e apoiado dentro de

um sistema de saúde sólido.um sistema de saúde sólido.um sistema de saúde sólido.um sistema de saúde sólido.um sistema de saúde sólido.

Avanços fundamentais no desenvolvimento dos profissionais de saúdeocorreram nos últimos três anos desde o primeiro Forum Global em Kampala.A adoção, em 2010, do Código Global de Práticas da OMS sobre orecrutamento internacional de Pessoal de Saúde (o Código) foi uma grandeconquista.

As ações da Cúpula de Alto Nível das Nações Unidas de 2010 sobre osODM, o lançamento da Estratégia Global para a Saúde da Mulher e daCriança, a Estratégia Global de Saúde da União Europeia, a Cúpula daUnião Africana e outros eventos deram um novo ímpeto ao desenvolvimentode profissionais da saúde.

A Estratégia Global para a Saúde da Mulher e da Criança afirma que umnúmero adicional de 2,6 a 3,5 milhões de trabalhadores da saúdecontribuiriam de forma significativa nos países de renda mais baixa para oalcance dos ODM 4 e 5. Os requisitos para se conseguir a cobertura universalde saúde em uma ampla gama de países seriam maiores. O relatório deprogresso sobre a Declaração de Kampala e a Agenda para a Ação Globaldemonstra alguns avanços, bem como desafios que exigem maior atenção,nos países mais afetados pela crise da força de trabalho em saúde. As próximassessões da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre HIV/AIDS e DoençasNão-Transmissíveis oferecerão novas oportunidades para destacar o papelfundamental dos trabalhadores da saúde.

Os participantes do Segundo Fórum Global reiteram os princípios daDeclaração de Kampala e o Código como instrumentos de alinhamento eresponsabilização em nível global, regional, nacional e local, e convocamtodos os atores a acelerarem a implementação de uma forma abrangente.

As grandes lacunas que devem ser abordadas

Oferta de trabalhadores da saúde: Oferta de trabalhadores da saúde: Oferta de trabalhadores da saúde: Oferta de trabalhadores da saúde: Oferta de trabalhadores da saúde: Em muitos países, particularmen-te na África e situações de emergência complexas ao redor do mundo, acapacidade de educação e formação deve aumentar para atender à demandacrescente de profissionais de saúde. Embora a oferta não seja uma restriçãoem todos os lugares, os países com escassez são incentivados a explorar todaa gama de políticas públicas, incluindo a colaboração interpaíses, que influ-enciam o suprimento e a demanda de força de trabalho, melhoram a forma-

ção pré-serviço, através da adoçãodas melhores práticas emergentes,e asseguram o acesso equitativo dospobres e marginalizados a serviçosde qualidade.

Informações confiáveis e atua-Informações confiáveis e atua-Informações confiáveis e atua-Informações confiáveis e atua-Informações confiáveis e atua-lizadaslizadaslizadaslizadaslizadas: Há necessidade de umaforte capacidade nacional em todosos países de coletar, comparar, ana-lisar e compartilhar dados regular-mente para informar a formulaçãode políticas, o planejamento e a ges-tão. Serão necessários novos pontosde referência, além de maior quan-tidade de médicos, enfermeiros eparteiras. Atenção deve ser dada aaspectos como distribuição geográ-fica, retenção, equilíbrio de gêne-ro, normas mínimas, quadros decompetências, refletindo a compo-sição diversificada de trabalhadoresda saúde.

Mais atenção aos pré-requisitos para o sucesso

LiderançaLiderançaLiderançaLiderançaLiderança: A liderança de todos osatores estatais e não estatais em ní-vel global, regional, nacional e lo-cal, é necessária para focar a ação nosetor da saúde. Uma resposta de“todo o governo” é essencial para ga-rantir políticas coerentes em todosos setores. A capacidade de plane-jar e gerenciar os profissionais desaúde deve ser fortalecida, confor-me a relevância do contexto local.

Colaboração e responsabilizaçãoColaboração e responsabilizaçãoColaboração e responsabilizaçãoColaboração e responsabilizaçãoColaboração e responsabilizaçãomútua:mútua:mútua:mútua:mútua: Os mecanismos nacionais decoordenação da força de trabalho emsaúde devem ser estabelecidos parafomentar as sinergias entre os ato-res. Esses mecanismos, como aabordagem de Coordenação e Fa-cilitação Nacional, devem ser base-ados em estruturas e processos

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existentes e promover comunidadesde propósito inclusivas nas quais asmelhores práticas são compartilhadas.Será importante vincular os planos eorçamentos de RHS às estratégias,políticas e planos nacionais de saú-de. Ao mesmo tempo, há necessida-de de apoio e responsabilização mú-tuos entre os diferentes atores e en-tre os elaboradores de políticas, osprestadores de serviços e as pessoas.

Distribuição e retençãoDistribuição e retençãoDistribuição e retençãoDistribuição e retençãoDistribuição e retenção: Políti-cas e estratégias adequadas devemser adotadas para atrair e reter tra-balhadores da saúde nas zonas ru-rais e outras zonas mal servidas, comuma mistura adequada de habilida-des, incluindo agentes comunitári-os e profissionais de nível médio.Conforme relevância do contexto dopaís, as estratégias podem incluir aadaptação da educação na práticaem áreas rurais, incentivos financei-ros e não financeiros, regulamenta-ção, apoio pessoal e profissional, de-senvolvimento de carreira, melhoriasna infraestrutura rural e parceriasentre os setores público e privado.

Desempenho e qualidadeDesempenho e qualidadeDesempenho e qualidadeDesempenho e qualidadeDesempenho e qualidade: A qua-lidade dos serviços deve melhoraratravés do credenciamento e de acor-do com as normas nacionais adequa-das para as instituições de ensino eos trabalhadores da saúde individu-ais, tanto no setor público como noprivado. Desempenho e produtivida-de também serão fortalecidos pormeio da criação de equipes coesas deassistência interdisciplinar com umasupervisão eficaz; de currículos ba-seados em competências, fortalecidosatravés da formação em serviço; dadisponibilidade de ambientes favo-ráveis à prática, incluindo uma remu-neração justa, incentivos adequados,acesso aos recursos necessários e pre-venção de riscos profissionais; e depráticas de gestão favoráveis.

Regulamentação eficaz eRegulamentação eficaz eRegulamentação eficaz eRegulamentação eficaz eRegulamentação eficaz eoperanteoperanteoperanteoperanteoperante: A regulamentação ade-quada e flexível, responsiva a umambiente político em evolução eadaptada ao contexto nacional dosistema de saúde, garantirá a quali-

dade e a segurança da atenção. Osdesafios específicos das migraçõesinternacionais devem ser abordados,estabelecendo-se mecanismos deregulação, governança e informaçãonecessários, de acordo com as dis-posições do Código.

Investir para obter resultados

Um nível adequado de financia-mento para o desenvolvimento da for-ça de trabalho em saúde deve ser as-segurado através de uma combinaçãode recursos domésticos e internacio-nais. As contribuições externas devemser adicionais e complementares parao financiamento nacional. Precisa-sede uma ação coordenada dos parcei-ros de desenvolvimento, das iniciati-vas globais de saúde e das agências in-ternacionais, no intuito de providen-ciar um apoio previsível, em longo pra-zo e flexível, alinhado com as priori-dades do país e os planos nacionais desaúde. Isto deverá permitir o investi-mento em educação pré-serviço, remu-neração e melhoria das condições detrabalho dos profissionais da saúde.

As políticas macroeconômicas quelimitam os investimentos nos traba-lhadores da saúde deveriam ser abor-dadas. O impacto dos investimentospoderia ser maximizado através doapoio aos esforços nacionais para es-tabelecer mecanismos sólidos de fi-nanciamento da saúde para a cober-tura universal. Isto deverá incluir vín-culos mais estreitos entre alocação enecessidades de recursos, e o apoio àprestação de serviços baseados na co-munidade como componente chavedo sistema de saúde. Melhores meca-nismos de gestão financeira promo-verão a responsabilização e melhora-rão a equidade e a eficiência.

O fórum analisou os progressos ehouve troca de experiências.Ele reno-vou o compromisso com a Declaração deKampala e a Agenda para a Ação Global.

A tarefa agora é impulsionar o ím-peto de Bangkok mundo afora: paraum movimento conjunto, do compro-misso até a ação, para traduzir a reso-lução em resultados e assegurar quetodas as pessoas, sejam elas quem fo-rem e onde quer que vivam, tenhamacesso a um trabalhador da saúde.

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publicações

‘Formação dos TrabalhadoresTécnicos em Saúde no Brasil e

no Mercosul’

Lançado pela Esco-la Politécnica de Saú-de Joaquim Venâncio(EPSJV/Fiocruz) no dia16 de março, o livroapresenta os resultadosde um amplo estudo,cujo objetivo foi inves-

tigar a educação dos trabalhadores téc-nicos em saúde na Argentina, no Bra-sil, no Paraguai e no Uruguai, identi-ficando e analisando a oferta quanti-tativa e qualitativa de educação pro-fissional em saúde nesses países, alémde fazer uma breve reflexão sobre ospossíveis pontos de partida para o pro-cesso de integração em curso noMercosul.

A publicação está disponível nosite da RETS (www.rets.epsjv.fiocruz.br),em: ‘Biblioteca’ < ‘Livros’

Relatório Hifa-pt 2010

Ao completarum ano de existên-cia, com 1023 mem-bros de 21 paísesdo mundo, o Hifa-pt – o fórum de dis-cussão na versão emportuguês do Hifa

2015 –, divulga seu primeiro relató-rio oficial. O documento traz umperfil dos membros do grupo, res-salta as discussões realizadas e iden-tifica tanto os pontos positivos detrabalho realizado quanto os desafi-os que ainda devem ser enfrenta-dos no futuro. Em 2010, além dasdiscussões sobre temas de grandeimportância para os profissionais desaúde, foram divulgados vários cur-sos, conferências e também ofereci-mentos de postos de trabalho econsultorias para os países de lín-gua portuguesa.

Relatório em português: http://c space .epor tuguese .o rg / t ik i -download_file.php?fileId=465

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notícias da rede

De 23 de fevereiro a 4 de março ocorreu, na Guiné Bissau,a primeira etapa presencial do Curso de Especialização emEducação Profissional para os Palop, que reúne 30 alunos decinco países – Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambiquee São Tomé e Príncipe. A iniciativa, voltada para professores edirigentes de instituições públicas de formação de técnicosem saúde, visa contribuir para a estruturação e consolidaçãodessas instituições e, consequentemente, do sistema de saúdedos países.

Solenidade de abertura: PECS-CPLPe trabalho em rede

No evento de abertura do curso, a secretária executiva daRede de Escolas Técnicas de Saúde da Comunidade dos Pa-íses de Língua Portuguesa (RETS-CPLP), Anamaria Corbo,explicou que a atividade, de gran-de importância para os países afri-canos, estava prevista tanto no Pla-no de Trabalho da Rede quanto noPrograma de Ação Multianual doProjeto de Apoio ao Desenvolvi-mento dos Recursos Humanospara a Saúde nos Palop e TimorLeste (PADRHS_Palop e TL), fi-nanciado pela União Europeia. ARETS-CPLP funciona como umadas sub-redes da RETS e foi con-cebida como um dos projetosestruturantes do Plano Estraté-Plano Estraté-Plano Estraté-Plano Estraté-Plano Estraté-gico de Cooperação em Saú-gico de Cooperação em Saú-gico de Cooperação em Saú-gico de Cooperação em Saú-gico de Cooperação em Saú-de da CPLPde da CPLPde da CPLPde da CPLPde da CPLP (Pecs-CPLP).

Em sua fala, o secretário exe-cutivo da CPLP, Domingos SimõesPereira, salientou a visão estraté-gica que o Pecs traz para os paísesda Comunidade, possibilitando a ampliação e qualificaçãodos quadros de saúde e favorecendo a cooperação e a troca deexperiências entre eles, e elogiou o Instituto de Higiene eMedicina Tropical (IHMT), de Portugal, e a FundaçãoOswaldo Cruz (Fiocruz), do Brasil, pela elaboração de umplano que articula conhecimento técnico e ação política.

Por fim, o secretário de Estado da Saúde de Guiné Bissau,Augusto Paulo José da Silva, que representou o ministro daSaúde, destacou os problemas que a África enfrenta na áreados recursos humanos em saúde. Além disso, afirmou que aintegração dos países em rede na busca de soluçõescolaborativas para seus problemas comuns, bem como o tra-

balho no âmbito dos planos nacionais de recursos humanosem saúde são fundamentais para a superação dos desafios e aresolução da crise no setor.

Também participaram da mesa Amabélia Rodrigues, di-retora do Instituto Nacional de Saúde Pública de GuinéBissau (Inasa), inaugurado na véspera, e o responsável peladelegação da União Europeia em Guiné Bissau, PieroValabrega.

Reflexão coletiva sobre problemas comunse atenção aos contextos nacionais

O projeto do curso, aprovado em abril de 2010, duranteuma reunião da RETS-CPLP, na Escola Superior deTecnologias em Saúde de Lisboa (ESTeSL), define uma car-ga horária de 416 horas, dividida em cinco etapas de 15 dias,

de caráter presencial e inten-sivo, a serem realizadas nos pa-íses participantes, intercala-das por seis semanas de dis-persão para a realização de ta-refas e atividades nãopresenciais.

Para a professora e pesqui-sadora da Escola Politécnicade Saúde Joaquim Venâncio(EPSJV/Fiocruz) MarcelaPronko, uma das coordenado-ras do curso, a reunião de alu-nos de várias origens e aitinerância dos encontros per-mitem estreitar laços horizon-tais de cooperação e intercâm-bio não só entre Brasil, Portu-gal e os Palop, mas tambémdesses últimos entre si. “O fato

de as aulas ocorrerem nos diversos países permite que estu-dantes e professores conheçam melhor as diversas realida-des nacionais, propiciando a análise dos problemas comunse o intercâmbio de propostas e perspectivas de resolução”,explica.

Quanto ao conteúdo, estão previstas sete disciplinas decaráter teórico-metodológico mais geral; um seminário deintegração dessas disciplinas, cuja meta é analisar e discutiras políticas públicas de educação e saúde de cada país; eoficinas orientadas para análise e elaboração de Projeto Polí-tico Pedagógico (PPP), currículos e material didático.  Acertificação dos formandos está a cargo da EPSJV.

Guiné Bissau sedia a primeira etapa do curso de Especialização

em Educação Profissional em Saúde para os Palop

Alunos e professores da primeira turma do Curso de

Especialização em Educação Profissional em Saúde

para os Palop (Guiné Bissau, 2011)

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ÁFRICAAngolaEscola Técnica Profissional de Saúde de Luanda(222) 35 78 79 / 222 35 72 04

Escola Técnica Profissional de Saúde de Lubango(923) 53 74 06

Instituto Médio de Saúde de [email protected]

Direção Nacional de Recursos Humanos - Ministérioda Saúde(244) 924 215 344 / (244) 923 489 923

Cabo VerdeUniversidade de Cabo Verde(238) 261 99 04 / (238) 261 26 60

Gabinete de Estudos, Planejamento e Cooperação -Ministério da Saúde(238) 261 0900 / (238) 261 3620

Guiné BissauEscola Nacional de Saúde0021 245 663 98 80 / 0021 245 587 88 64

Direção de Recursos Humanos - Ministério daSaúde Pública(245) 722 3402 / (245) 20-1188

MoçambiqueCentro Regional de Desenvolvimento Sanitário deMaputo - Ministério da Saúde(258) 212 470 543

Direção Nacional de Recursos Humanos - Ministérioda Saúde(258) 21 310429

São Tomé e PríncipeInstituto de Ciências de Saúde Dr. Victor SáMachado212 239 910 536

Representação [email protected]

AMÉRICA CENTRALCosta RicaEscola de Tecnologias em Saúde - Faculdade deMedicina - Universidade de Costa Rica(506) 2511- 4493 / (506) 2225-8322

CubaFaculdade de Tecnologias de Saúde - InstitutoSuperior de Ciências Médicas de La Habana(053-5) 2860389 / (053-7) 6400192

El SalvadorRepresentação OPAS(503) 2298-3491 / (503) 2298-1168 (Fax)

HondurasUniversidade Nacional Autônoma de Honduras(504) 232-2110

MéxicoDepartamento de Enfermagem Clínica IntegralAplicada/Cucs - Universidade de Guadalajara(52-3) 10585200 / (52-3) 10585234

Escola de Enfermagem - Universidade Autônoma dosEstados de Morelos(52 -7) 322 9632 / (52-7) 322 9642

Faculdade de Enfermagem - Universidade Autônomade Tamaulipas - Campus Tampico(834) 31 8 17 00    Ext. 3380

Representação OPAS(52) (55) 5980-0880

PanamáRepresentação OPAS(507)262-0030 / (507)262-4052 (Fax)

AMÉRICA DO SULArgentinaInstituto Superior de Tecnicaturas para a Saúde -Ministério da Saúde da Cidade Autônoma deBuenos Aires(54) 11 4807 3341 / (54) 11 4807 0428

Direção de Capacitação Profissional e Técnica eInvestigação - Governo da Cidade de Buenos Aires(54) 11 48073341

Direção Nacional de Capital Humano e SaúdeOcupacional - Subsecretaria de Políticas, Regulaçãoe Fiscalização - Ministério de Saúde da Nação(54) 11 43799184 / (54) 11 43799185

Direção Provincial de Capacitação para a Saúde -Ministério da Saúde da Província de Buenos Aires0221 483 8858 / 0221 421 0709

Associação de Instrumentadores [email protected]

Associação Argentina de Técnicos em MedicinaNuclear54 1 4863-4449 / 54 1 4865-9774 (Fax)

Revista TecnoSalud54 (011) 4794-8216

Representação OPAS(54-11) 4319-4242 / (54-11) 4319-4201 (Fax)

BolíviaEscola Nacional de Saúde - La Paz(591-2) 2444225 / (591-2) 2440540

Escola Técnica de Saúde Boliviano-Japonesa deCooperação Andina(591-4) 4257501 / (591-4) 4233750 (Fax)

Escola Técnica de Saúde do Chaco Boliviano ‘Tekove Katu’(591) 3 952 2147 / (591) 3 954 6074 (Fax)

Unidade de Recursos Humanos - Ministério daSaúde e dos Esportes(591-2) 248 6654 / (591-2) 2481406

Representação OPAS(591-2) 2412465 / (591-2) 2412598

BrasilRede de Escolas Técnicas do SUS(61) 3315.3394 / (61) 3315.2974

Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio(55) 38659797

Coordenação Geral de Ações Técnicas em Educaçãona Saúde - Secretaria de Gestão do Trabalho e daEducação na Saúde - Ministério da Saúde(61) 3315.2303 / (61) 3315-2425

Representação OPAS55 61 3426 9595 / 55 61 3426 9591

ChileDivisão de Gestão e Desenvolvimento das Pessoas- Ministério da Saúde(56 2) 5740345 / (56 2) 5740608

Representação OPAS(56-2) 4374600 / (56-2) 2649311 (Fax)

ColômbiaAssociação para o Ensino de Técnicas Dentais57 1 310 29 71 /  57 1 313 08 73

Centro de Estudos de Administração de Saúde(57-1) 284-4777 / (57-1) 284-5810

Faculdade de Odontologia - Universidade de Antioquia(57-4) 2196718

Fundação Universitária de San Gil (UniSanGil)(57) (07) 7245757 / (57) (07) 7246565

RELAÇÃO DE INSTITUIÇÕES DA RETSFundação Universitária da Área Andina(57-1) 2497249 / (57-1) 2100330 Ext: 104

Serviço Nacional de Aprendizagem (Sena)(57- 1) 5461500 Ext. 12011

Direção Geral de Análise e Política de RecursosHumanos - Ministério da Proteção Social(57-1) 3305000 / (57-1) 3305050

Representação OPAS(011-57-1) 314-4141

EquadorRepresentação OPAS(593 2) 2460330

ParaguaiCentro Educativo Superior em Saúde (CESYpacaraí) - Faculdade em Ciências da Saúde(595) 513 432029 / (595) 513 432009

Instituto Nacional de Saúde(595 21) 294 482 / (595 21) 283 798

Instituto Técnico Superior do Saber(595 21) 583647

Direção de Institutos Técnicos Superiores -Ministério de Educação e Cultura(595 21) 498 716

Direção Nacional de Recursos Humanos em Saúde -Ministério de Saúde Pública e Bem-estar Social(595) 21 – 204601

Representação OPAS(011-595-21) 450-495

PeruDireção Geral de Gestão do Desenvolvimento deRecursos Humanos - Ministerio da Saúde(51-1) 333-2899 / (51-1)623-0000

Representação OPAS(511) 319 5700 / (511) 437 8289 (Fax)

UruguaiEscola de Tecnologias Médicas - Universidade daRepública(00598-2) 487 1323

Direção Geral de Saúde - Ministério de Saúde Pública(598-2) 400 1002 / (598-2) 4097800

Representação OPAS(5982) 707-3590 / 5982) 707-3530

EUROPAPortugalEscola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa(351) 218 980 400 / (351) 218 980 460 (Fax)

Direção Geral da Saúde - Ministério da Saúde(351) 218 430-500 / (351) 218 430 530 (Fax)

Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT)(351) 213 652 600 / (351) 213 632 105 (Fax)

Escola Superior de Saúde - Cruz Vermelha Portuguesa(351) 213 616 790 / (351) 213 616 799 (Fax)

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DESAÚDE (OMS)Departamento de Recursos Humanos em Saúde41 22 791 2542 / 41 22 791 4747

ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DESAÚDE (OPAS)Unidade de Desenvolvimento de Recursos Humanos(202) 974 3000 / (202) 974 3612

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DESAÚDE PARA A ÁFRICA (AFRO)Divisão de Desenvolvimento de Sistemas eServiços de Saúde(47 241) 39 416 / (47 241) 95 39 511 (Fax)

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