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EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA: UM ESTUDO SOBRE OS SABERES DOCENTES Denilson Santos de Azevedo Kalina Ligia Ferreira Fernandes Resumo O artigo faz uma análise dos saberes apresentados por docentes dos anos iniciais do ensino fundamental em relação ao ensino sobre o meio ambiente, de uma escola estadual situada num município da Zona da Mata do Estado de Minas Gerais, com forte tradição agrícola, sobretudo na produção cafeeira e potencial vocação turística. Partindo do pressuposto que os saberes presentes na prática docente são plurais, o artigo procurou identificar suas concepções acerca do meio ambiente, dos problemas ambientais e da educação ambiental; como elas vêm tratando destes temas em sala de aula, junto aos seus estudantes; se e quais atividades vêm sendo desenvolvidas sobre estas questões; e qual tem sido o seu envolvimento em atividades de educação ambiental na Escola. A escolha pelo estudo dos saberes apresentados pelas professoras das séries iniciais ocorreu pelo fato delas lecionarem diferentes conteúdos disciplinares numa mesma turma e de considerar que as crianças dessa faixa etária estão mais receptivas para aprender novos hábitos e valores condizentes com a atual realidade ambiental. Abstract e article makes an analysis of knowledge provided by teachers of the initial years of elementary school in the perspective of the education about the environment, from a state school located in a town of Zona da Mata of Minas Gerais State, with strong agricultural tradition, especially Professor adjunto III do Departamento de Educação da Universidade Fe- deral de Viçosa. Doutor em Educação pela Universidade de São Paulo. E-mail: [email protected] Pedagoga pela UFV. E-mail: [email protected] Educ. foco, Juiz de Fora, v. 14, n. 2, p. 95-119, set 2009/fev 2010

Educação ambiEntal na Escola um sobrE os sabErEs - ufjf.br · 97 Educação ambiEntal na Escola: um Estudo sobrEhumano e, portanto, aí ele pode ser construído, transformado e

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Educação ambiEntal na Escola: um Estudo sobrE os sabErEs docEntEs

Denilson Santos de Azevedo�

Kalina Ligia Ferreira Fernandes��

ResumoO artigo faz uma análise dos saberes apresentados por docentes dos anos iniciais do ensino fundamental em relação ao ensino sobre o meio ambiente, de uma escola estadual situada num município da Zona da Mata do Estado de Minas Gerais, com forte tradição agrícola, sobretudo na produção cafeeira e potencial vocação turística. Partindo do pressuposto que os saberes presentes na prática docente são plurais, o artigo procurou identificar suas concepções acerca do meio ambiente, dos problemas ambientais e da educação ambiental; como elas vêm tratando destes temas em sala de aula, junto aos seus estudantes; se e quais atividades vêm sendo desenvolvidas sobre estas questões; e qual tem sido o seu envolvimento em atividades de educação ambiental na Escola. A escolha pelo estudo dos saberes apresentados pelas professoras das séries iniciais ocorreu pelo fato delas lecionarem diferentes conteúdos disciplinares numa mesma turma e de considerar que as crianças dessa faixa etária estão mais receptivas para aprender novos hábitos e valores condizentes com a atual realidade ambiental.

AbstractThe article makes an analysis of knowledge provided by teachers of the initial years of elementary school in the perspective of the education about the environment, from a state school located in a town of Zona da Mata of Minas Gerais State, with strong agricultural tradition, especially

� Professor adjunto III do Departamento de Educação da Universidade Fe-deral de Viçosa. Doutor em Educação pela Universidade de São Paulo. E-mail: [email protected]

�� Pedagoga pela UFV. E-mail: [email protected]

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in coffee production and potential for tourist vocation. Build on the assumption that the present knowledges in teaching practice are plural, the article sought to identify their conceptions of environment, of environmental problems and of environmental education; how they are talking about these themes in the classroom, with their students; if and what activities are being developed on these questions; and what has been his involvement in activities of environmental education in School. The choice for the study of knowledges presented by the teachers of the initial series occurred because they teach different disciplinary matters in the same class and they consider that children in this age are more receptive to learn new habits and values combined with the current environment reality.

Introdução

O artigo faz uma análise dos saberes apresentados por do-centes dos anos iniciais do ensino fundamental de uma escola esta-dual situada num município da Zona da Mata do Estado de Minas Gerais, em relação aos problemas ambientais e à educação ambien-tal, como elas vêm tratando do tema em sala de aula e quais ações vêm sendo tomadas sobre estas questões em termos de planejamento escolar. A opção pelo estudo dos saberes apresentados pelas profes-soras das séries iniciais ocorreu pelo fato delas lecionarem diferentes conteúdos disciplinares numa mesma turma e de considerar que as crianças dessa faixa etária têm mais facilidade para apreender novos hábitos e valores condizentes com a realidade ambiental.

Partindo das considerações de Tardif (2000, p. 33-34), ao identificar e definir os saberes presentes na prática docente como plu-rais, por serem provenientes da formação profissional (o conjunto de saberes transmitidos pelas instituições de formação de professores), dos saberes disciplinares (que correspondem aos diversos campos de conhecimento e aos valores advindos da tradição cultural), curricu-lares (programas escolares) e experienciais (do trabalho cotidiano), percebe-se que essa multiplicidade de saberes exige do professor capa-cidade de dominá-los, integrá-los e mobilizá-los, enquanto condição fundamental para o exercício de sua atividade no ambiente escolar.

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A escola é historicamente o espaço de sociabilidade do saber humano e, portanto, aí ele pode ser construído, transformado e trans-mitido com e na ação humana. Tal ação é que possibilita ao docente, de modo sistemático, difundir uma pluralidade de saberes e que, potencial-mente, demanda a participação consciente de cada um dos sujeitos que vivenciam esse processo. Pressupõe, assim, uma ação articulada entre os sujeitos que agem e pensam, num espaço e num tempo, estabelecendo um significado de homem, de cultura e de ambiente.

Nesse processo, surge a possibilidade de construção e trans-missão de um saber interdisciplinar na prática docente, que pode contribuir imediatamente para a criação de uma nova ética, de uma nova sociedade, ecologicamente mais equilibrada e socialmente jus-ta, que possa permitir mais liberdade ao ser humano e maior sus-tentabilidade ambiental. No caso dos saberes escolares relacionados ao trabalho docente com questões de educação ambiental, devem enfatizar conteúdos que destaquem o caráter humano e ambiental. Humano, quando se referem às condições da existência humana, que são a própria vida, a natalidade e a mortalidade, a diversidade e o planeta Terra. Ambiental, quando são concebidos numa abor-dagem que ressalta o meio que é físico, no espaço onde se dadas relações entre os seres humanos e/ou os não humanos.

Entretanto, a efetivação dessa prática pedagógica de cunho humano e ambiental, que pode potencializar uma mudança indivi-dual e social a partir da educação ambiental reside nesta relação social e envolve as motivações e as crenças dos professores e de seus alunos. Além da história de vida docente, seu interesse e experiência no ma-gistério, a existência de um trabalho em educação ambiental na escola está associada a vários outros fatores, como a prática de gestão demo-crática, que possibilita a discussão e a elaboração coletiva do projeto pedagógico da instituição e de um planejamento e ação pedagógica específicos em cada turma, a existência de um currículo que contem-ple a interdisciplinaridade e a transversalidade de temas, a coesão do corpo docente, o envolvimento dos estudantes nas atividades proje-tadas e a articulação da instituição escolar com a comunidade, que se constituem como elementos importantes para a boa consecução desse ensino num ambiente seguro, limpo e saudável.

Ao considerar a escola como o locus privilegiado para es-tabelecer conexões e informações, como uma das possibilidades para criar condições e alternativas que estimulem os alunos a te-rem concepções e posturas cidadãs e, principalmente, para forjar

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hábitos mais conscientes e condizentes com nossa nova realidade ambiental, é que procuramos investigar e analisar, a partir dos de-poimentos, as percepções e a forma de atuação dos professores em sala de aula, para evidenciar seus saberes em relação ao meio ambiente e à educação ambiental.

Com o intuito de preservar as fontes, não será mencio-nado nem o nome da Escola nem do município onde se realizou a pesquisa. A escolha da Escola se deveu ao fato da mesma ser a mais central e importante do município que, por sua vez, abriga em seu território umas das últimas reservas de Mata Atlântica do Estado de Minas Gerais, com nascentes e cachoeiras, fauna e flora diversificadas, que fazem parte do “Parque Estadual da Serra do Brigadeiro”, que se estende por outras sete cidades da região da Zona da Mata mineira.

A população do município está em torno de 19.000 (de-zenove mil) habitantes, sendo que a maioria vive na zona rural. A economia é de base agrícola, tendo destaque a produção e torrefação do café. Na época da colheita toda cidade se mobiliza, fazendo com que a renda da agricultura seja relativamente partilhada. O turismo também vem paulatinamente se desenvolvendo, e essas atividades têm gerado impactos diretos no meio ambiente.

Tomando por base esses dados de realidade, foi feita uma investigação por meio de um questionário aplicado a todas as 18 professoras que trabalham na Escola, e foi realizada uma entrevista, mais detalhada, com 5 delas, para identificar seus saberes, como vêm tratando em sala de aula e quais ações pedagógicas vêm sendo adotadas na escola ou na sociedade em relação às questões do meio ambiente e da educação ambiental.

A importância desta análise encontra-se na crescente rele-vância social da discussão a respeito da sustentabilidade do meio ambiente e da educação ambiental como um meio de conten-ção e reversão dos diferentes cenários de poluição e degradação da natureza, que atingem não apenas as grandes metrópoles, mas acarretam danos, de modo variado, em pequenas comunidades ou municípios. Daí a necessidade de mapear como essa problemática veio emergindo globalmente, se legitimando e se estruturando nos programas curriculares nacionais, e como aparece em termos de proposta de conteúdo escolar numa unidade de ensino, a partir dos saberes docentes que lhes dão sentido e significância.

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Emergênciadosmovimentosambientalistaseinstituiçãodaeducaçãoambiental

Ao longo de séculos, a humanidade desvendou, conheceu, do-minou e modificou a natureza para melhor aproveitá-la. Estabeleceu novos valores, e, por conseguinte, novas necessidades foram surgindo e com elas novas técnicas e tecnologias para supri-las, muitas delas advin-das da artificialização, do consumo e da produção exacerbada.

As transformações em curso, estimuladas pelo progresso científico e tecnológico das mais diversas formas de produção e ex-ploração, nas últimas décadas, têm gerado efeitos nocivos à nature-za, que colocam em risco a sustentabilidade e o futuro do planeta.

Do ponto de vista histórico, pode-se afirmar que a proble-mática e a preocupação ambiental não é recente. Entretanto, tal manifestação só ocorreu de forma ativa nos meios acadêmicos, cien-tíficos e políticos, dentre outros, no final do séc. XX. Até a década de 1960, as manifestações em defesa do meio ambiente eram tidas como desordeiras. No início dos anos de 1970, o ambientalismo passou a ter maior repercussão e passou a ser considerado enquanto movimento social. No final de 1980 e meados de 1990, as manifes-tações ambientalistas intensificaram-se, ultrapassando fronteiras e ganhando legitimidade mundial.

O agravamento da crise ambiental foi despertando essa consciência sem fronteiras. Foi nesse contexto que os movimentos ambientalistas mobilizaram a comunidade internacional, realizando diversos encontros, onde a principal preocupação era a degradação do meio ambiente. Tais movimentos contribuíram para pautar o debate em diversos eventos que tem a Conferência da ONU (Orga-nização das Nações Unidas) sobre o Ambiente Humano, realizada em Estocolmo, na Suécia, em junho de 1972, como marco para o surgimento de políticas de gerenciamento ambiental e de reconheci-mento da educação ambiental como um componente fundamental para reversão deste quadro.

A Declaração de Estocolmo, por meio da Resolução 96, instituiu o PNUMA (Programas das Nações Unidas para o Meio Ambiente), o Plano de Ação Mundial para Educação Ambiental e o Programa Internacional de Educação Ambiental (PIEA), nos quais foram formulados princípios e orientações da Educação Ambiental em âmbito internacional.

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Outra reunião importante foi a I Conferência Internacio-nal sobre Educação Ambiental, realizada em Tbilisi, na Geórgia, promovida pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura)-PNUMA no ano de 1977. Nesta Conferência foi produzida a Declaração sobre Educação Ambien-tal. Decorridos 10 anos, a UNESCO e o PNUMA promoveram a II Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, em Moscou, que reafirmou os objetivos e princípios orientadores pro-postos em 1977, como alicerces para o desenvolvimento da Educa-ção Ambiental em todos os níveis, dentro e fora do sistema escolar. Especialistas da Conferência de Moscou concluíram que:

[...] os objetivos da Educação Ambiental não podem ser definidos sem que se levem em conta as realidades sociais, econômicas e ecológicas de cada sociedade e os objetivos da Educação Ambiental para o seu desenvolvimento; deve-se considerar que alguns objetivos da Educação Ambiental são comuns à comunidade internacional (MEC, 1998, p. 34).

Outra constatação desse encontro foi que a crise ambiental aumentara entre as duas conferências, sendo proposto ao PIEA a “Estratégia Internacional de Ação em Matéria de Educação Am-biental para o decênio 90” (MEC, 1998, p. 34).

A Conferência sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento – a ECO-92, foi o maior evento promovido pela ONU. Realizada no Rio de Janeiro, em julho de 1992, contou com a participação de cerca de 170 países, 102 chefes de estado e milhares de cidadãos, entre ambientalistas, estudiosos e pertencentes a diversos movimen-tos sociais, nos quais foram delineadas alternativas para articular as dimensões planetárias da educação ambiental.

Deste evento resultou a elaboração de três documentos que até hoje estão entre as principais referências para a prática da edu-cação ambiental, que são: a Agenda 21, cujo capítulo “Promoção de Ensino, da Conscientização e o Tratamento” contém um con-junto de propostas e recomendações de Tbilisi, reforçando ainda a urgência em envolver todos os setores da sociedade por meio da educação formal e informal; a “Carta Brasileira para a Educação Ambiental”, produzida no workshop coordenado pelo MEC, que destacou a necessidade de um compromisso real do poder público federal, estadual e municipal para se cumprir a legislação brasileira

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visando à introdução da educação ambiental em todos os níveis de ensino, e propôs também a participação da(s) comunidade(s) direta ou indiretamente envolvida(s) e das instituições de ensino superior; e o “Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global”, resultante da Jornada de Educação Ambiental, que estabeleceu princípios, um plano de ação para educadores ambientais, organizações não-governamen-tais, comunicadores, cientistas, governos e empresas e ideias para captar recursos para viabilizar a prática e fortalecer uma rede de Educação Ambiental (MEC, 1998, p. 54).

Conforme consta da Agenda 21, a comunidade global é um re-flexo das tendências e escolhas feitas nas comunidades locais do mundo.

Em um sistema de relações complexas, pequenas ações lo-cais têm impactos globais em larga escala. Os problemas ambientais não podem ser resolvidos por programas globais, porque nós não vivemos ‘globalmente’, e ninguém investe recursos para alcançar objetivos que não estão diretamente ligados às necessidades locais, nem tornam a vida das pesso-as mais sustentável (Agenda 21, 1995, p. 28).

Desse modo, percebe-se que, no último quartel do século XX, a partir das conferências e encontros sobre os problemas am-bientais no mundo, surgiram várias recomendações de como dimi-nuir o impacto causado pelo crescimento econômico e do consumo, e dessa forma preservar de uma maneira mais eficaz o meio ambien-te. Dentre elas, ganha destaque a educação ambiental, cuja política de ensino no Brasil será analisada a seguir.

Histórico da Legislação e da Educação AmbientalnoBrasil

A história da educação ambiental no Brasil tem sua gênese no movimento ambientalista da década de 1970, que aconteceu em várias partes do mundo. Os primeiros esforços de reconhecer a educação am-biental enquanto tarefa de ensino formal começaram a ocorrer na déca-da de 1980. As poucas iniciativas ficaram no âmbito dos movimentos sociais, e da iniciativa individual de educadores e militantes.

Foi nesse período que se criaram as bases legais para o ‘ca-samento’ entre a educação e a defesa do meio ambiente, com a Lei

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nº 6.938, editada em agosto de 1981, que dispôs sobre a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, assim como estabeleceu a obrigatoriedade da educação ambiental em todos os níveis de ensino. Tal prerroga-tiva foi reafirmada pela Constituição Federal de 1988, que destinou um capítulo ao tema meio ambiente.

Além desses avanços legais, foi relevante para o Brasil sediar a ECO-92, no Rio de Janeiro, que se constituiu num mar-co para a tomada de consciência ecológica, como já foi men-cionado anteriormente. No âmbito da educação ambiental, o ano de 1997 também ganhou importância, com o lançamento dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), que inseriram no currículo escolar o conteúdo sobre meio ambiente como um tema transversal.

A educação ambiental ganhou ainda maior respaldo legal, com a promulgação da Lei Federal nº 9.795, de 27 de abril de 1999, que instituiu uma Política Nacional de Educação Ambiental, e do decreto 4.282, de 25 de junho de 2002, que criou o Órgão Gestor, para coordenar essa política, e o Comitê Assessor, constituído por representantes dos setores públicos e privados e por representantes de diversas organizações da sociedade civil.

Se verificamos, ao longo das últimas décadas, avanços sig-nificativos em relação à legislação ambiental e à conscientização pre-servacionista, por meio da educação, também constatamos que esses movimentos e ações não estão sendo suficientes para fazer frente à de-gradação ambiental em curso, visto que a abrangência do dano e dos desequilíbrios ambientais são bem superiores à nossa capacidade social de controle. Nesse prisma, a educação ambiental, como tema trans-versal no currículo das escolas, proposta como prática pedagógica nos PCNs, pode ser uma mediação importante para contribuir na reversão desse quadro de degradação e desequilíbrio do meio ambiente.

OsPCNseaeducaçãoambientalcomotematransversal

Ao longo desse processo de emergência da questão do meio ambiente, em termos de pauta social, por parte de movimentos da so-ciedade civil organizada, e de sua institucionalização, no que tange à regulamentação legal voltada para a preservação e a educação ambien-tal, uma das mais significativas ações pedagógicas voltadas, sobretudo,

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para o âmbito local, está proposta na edição dos PCNs, relacionada com os temas transversais, que, além de tratarem do meio ambien-te, abordam outras temáticas relevantes para a formação do cidadão, como a ética, saúde, pluralidade cultural e orientação sexual.

O volume nove dos PCNs, denominado Meio Ambiente e Saú-de, explicita a importância da temática ambiental e ressalta a necessidade do professor conhecer o assunto e buscar com seus alunos informações em publicações ou com especialistas. Conforme consta deste volume, a principal função do trabalho escolar com o tema meio ambiente é:

contribuir para a formação de cidadãos conscientes, aptos para decidirem e atuarem na realidade sócio-ambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem-estar de cada um e da sociedade local e global. Para isso é necessário que, mais do que informações e conceitos, a escola se proponha a trabalhar com atitudes, com formação de valores, com o ensino e a apren-dizagem de habilidades e procedimentos. E esse é um grande desafio para a educação (PCN, 2000, p. 29).

Tal desafio implica no ensinamento escolar cotidiano de comportamentos “ambientalmente corretos”, que envolvem “gestos de solidariedade, hábitos de higiene pessoal e dos diversos ambien-tes” (idem, ibidem) a partir da inserção de temas de caráter ambien-tal, que devem ser tratados nas diferentes áreas de conhecimento do currículo escolar, com o intuito de perpassar toda a prática edu-cativa, de modo a criar uma visão global e abrangente da questão ambiental.

Para estimular o aprendizado de valores e atitudes “ambien-talmente corretos” dos alunos, tanto a escola como os professores devem buscar constantemente informações a respeito da realidade local, por ser um universo mais próximo, conhecido e, por isso mes-mo, mais suscetível de ser um campo de aplicação de conhecimento. A necessidade de aquisição de saberes e informações sobre o tema meio ambiente não significa dizer

que os professores deverão ‘saber tudo’ para que possam desenvolver um trabalho junto dos alunos, mas sim que de-verão se dispor a aprender sobre o assunto e, mais do que isso, transmitir aos seus alunos a noção de que o processo de construção e de produção do conhecimento é constante (PCN, 2000, p. 47).

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Assim, os conhecimentos devem estar relacionados com os aspectos da vida cotidiana, visando proporcionar novos saberes para enfrentar os desafios dessa temática emergente do campo es-colar. Conforme define Reigota (2002, p. 58), o papel da educação ambiental enquanto um tema transversal parte de “uma proposta filosófica e pedagógica que considera a escola um centro de ques-tionamentos e produção de alternativas sociais, políticas e culturais mais sintonizadas com o seu tempo”.

Nesse sentido, acredita-se que a educação ambiental é uma proposta na qual é possível vivenciar o diálogo na busca da com-preensão de como ocorrem as interações nos diversos ambientes com que temos contato. Tal fato ocorre no momento em que os sujeitos envolvidos problematizam situações vividas no cotidiano com o objetivo de compreendê-las na sua complexidade, ressigni-ficando sua ação.

Daí a importância em analisar como vêm sendo tratadas as questões ambientais na Escola, saber de que forma os professores veem os problemas ambientais não só no contexto local como glo-bal, e investigar quais têm sido as atividades de educação ambiental desenvolvidas por eles.

A Escola e seus sujeitos sociais: procedimentos deinvestigação

O Estabelecimento em que se realizou a pesquisa é uma escola estadual tradicional do município selecionado, situada no centro da cidade e que atende em dois turnos, em 2008, a 322 alunos das quatro séries iniciais do ensino fundamental, que em sua maioria provêm da periferia. Sua escolha deveu-se ao fato de atender somente às séries iniciais do ensino fundamental, e por entendermos que as crianças dessa faixa etária têm mais facilidade para apreender novos hábitos e desenvolver comportamentos mais condizentes com a nova realidade local e global em relação à ques-tão do meio ambiente.

A Escola é pequena, mas muito bem organizada e limpa, tendo uma boa estrutura física em comparação com a maioria das escolas públicas: é toda murada; com corredores compridos e estrei-tos, que levam às salas de aula. Possui um pátio espaçoso com palco para apresentações; uma biblioteca precária (com poucos livros), a

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secretaria, a sala da diretora, da supervisora e a sala dos professores; refeitório, cantina, um banheiro masculino e um feminino para os alunos e um banheiro para professores. As salas de aula são amplas, porém precisando de reformas, e todas com carteiras alinhadas em fileiras e nenhum estímulo visual.

O universo de investigação compõe-se de 18 professoras que, em sua maioria, já lecionam há muitos anos, aparentando ter entre 40 e 60 anos de idade, e sempre que podem comentam que estão ansiosas para se aposentar, demonstrando de forma clara o cansaço e a desmotivação com o seu ofício.

Para a coleta de dados foram utilizados dois instrumentos de pesquisa: o primeiro foi um questionário com respostas fechadas, aplicado a todas as professoras da Escola, no qual se buscou aferir informações dos seus saberes sobre meio ambiente e educação am-biental, em termos de nível de conhecimento, grau de interesse e envolvimento. Tais questões visaram entender como o pesquisado vê e em que contexto ele se situa para reagir a esse tema, por meio de indicadores de quantidade.

O segundo instrumento de pesquisa foi uma entrevista estruturada com questões abertas para as 5 professoras que se dis-ponibilizaram a gravar um depoimento. Tais entrevistas tiveram o propósito de diagnosticar os saberes docentes sobre a proble-mática ambiental e a educação ambiental. A opção pela entrevista gravada justifica-se pelo fato de colocar pesquisador/pesquisado frente à realidade, oferecendo mais liberdade ao informante para expressar e justificar suas concepções, apresentando dados de ca-ráter qualitativo.

Para manter o sigilo das pesquisadas, elas foram chamadas de informantes e numeradas, no questionário, de informante 01 a informante 18, e na entrevista, de entrevistada 01 a 05, já que as mesmas foram selecionadas conforme sua disponibilidade, para identificar seus saberes, como vêm tratando em sala de aula e quais ações pedagógicas vêm sendo adotadas na escola ou na sociedade em relação às questões do meio ambiente.

Saberesdocentessobremeioambiente

Ao analisar os saberes docentes sobre a questão ambiental, será possível entender os possíveis caminhos de sua prática social e

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pedagógica, e conhecer as concepções que possuem e como agem em relação aos problemas ambientais, no contexto local e escolar. É nesse contexto que a Educação Ambiental ensinada na escola cons-titui-se como uma possibilidade de contribuir para uma educação de qualidade, garantindo o respeito à vida e a todos os cidadãos que partilham dessa realidade que se vive hoje.

Nas palavras de Reigota (2002, p. 82), a partir da educação ambiental, “a escola, os conteúdos, e o papel do professor e dos alunos são colocados em uma nova situação, não apenas relacionada com o conhecimento, mas sim com o uso que fazemos dele e a sua importância para a nossa participação política cotidiana”. O espaço escolar pode oferecer, aos sujeitos envolvidos no fazer pedagógico diário, a interlocução com os pressupostos da educação ambiental, como forma de contribuir para a reflexão do modo de vida na socie-dade contemporânea.

Como o tema meio ambiente é bastante amplo e está associado a diferentes aspectos, foram realizadas duas perguntas com o propósito de compreender como os 5 educadores entre-vistados o concebem. Na questão “o que você entende por meio ambiente?”, apesar das diferenças entre as respostas, um aspecto comum nos depoimentos é a associação do meio ambiente com natureza física, ao relacioná-lo com tudo o que “nos rodeia, nos cerca e nos envolve”. As respostas demonstraram fortes indica-ções de uma concepção que Reigota (2002, p. 74) chama de “na-turalista”, isto é, que abarca, sobretudo, os elementos abióticos (ar, solo, água, entre outros) e bióticos (animais, plantas). O ser humano e tudo o que ele produz (a chamada segunda natureza) foram considerados, em menor grau, como partes integrantes do meio ambiente.

Com o intuito de aprofundar um pouco mais a concep-ção que as professoras têm do meio ambiente, foi proposta em outra questão uma série de itens, solicitando que assinalassem aqueles que fazem parte do meio ambiente. As respostas apresen-tadas no gráfico a seguir corroboram o que foi afirmado ante-riormente, uma vez que os elementos ligados mais diretamente à natureza tiveram maior indicação (59%), enquanto os itens que se referem ao ambiente construído pelo homem (fazendas, sítios, prédios, estradas, fábricas, casas, praças, parques) tiveram menor votação.

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Além da dificuldade em reconhecer o ambiente constru-ído como parte do meio, outro aspecto relevante apresentado no Gráfico 1 (página que segue) refere-se ao baixo percentual de res-postas (11%) que identificam o ser humano como parte do am-biente, o que aponta para uma visão dicotomizada entre o homem e o ambiente.

Essa percepção também é reafirmada na questão em que as informantes assinalaram, dentre as opções apresentadas, aquelas que consideravam como problemas ambientais mais prementes, tanto ao nível local como global, cujos percentuais encontram-se no Quadro 1, apresentado na página a seguir. Dois aspectos fundamentais aparecem nos índices. O primeiro evidencia a asso-ciação que as informantes fazem entre problemas ambientais e a natureza física, dada a maior incidência de respostas que assinala essa relação.

Em segundo lugar, percebe-se que o homem aparece como o grande responsável pelos problemas ambientais. Aqui também aparece claramente a separação entre homem e natureza. Além do ser humano não ser indicado como componente essencial do meio ambiente, ele é apontado como o principal causador dos problemas ambientais.

Gráfico1: Elementos que fazem parte do Meio Ambiente.

Fonte: Professoras que responderam ao questionário. MG, 2008.

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Quadro1: Problemas Ambientais Listados.

ProblemasAmbientais NºdeCitações Índice=100Pobreza 8 44,4%Assoreamento dos rios 17 94,4%Desmatamento, queimadas 18 100%Aquecimento global 15 83,3%Buzina 5 27,8%Poluição visual e sonora 10 55,5%Desertificação 10 55,5%Muros pichados (faixas e cartazes) 6 33,3%Fumaças diversas (veículos, chaminés de casas, indústrias). 16 88,8%

Extinção de espécies animais e vegetais 18 100,0%

Riqueza concentrada 7 38,9%

Crescimento populacional 11 61,1%

Falta de água tratada 15 83,3%

Poeira 12 66,7%

Trânsito 7 38,9%

Lixo a céu aberto 18 100,0%

Esgoto a céu aberto 18 100,0%

Poluição das águas 18 100,%

Enchentes e enxurradas 6 33,3%

Destruição da camada de ozônio 11 61,1%Fonte: Professoras que responderam ao questionário. MG, 2008.

Os dados assinalados pelas professoras reforçam a tese de que prevalece uma concepção naturalista de meio ambiente. Os itens que receberam maior indicação foram: lixo e esgoto a céu aber-to, extinção das espécies animais e vegetais, desmatamento, quei-madas, poluição das águas, assoreamento dos rios, fumaça, entre outros. Os itens menos indicados foram justamente aqueles ligados à sociedade e ao meio ambiente construído: pobreza, riqueza con-centrada, trânsito, crescimento populacional. Os itens relativos aos muros pichados e ruídos sonoros (buzina) não tiveram indicações expressivas talvez por serem praticados eventualmente ou por não serem associados aos problemas ambientais.

Nas entrevistas, procurou-se aprofundar a percepção que as docentes têm da problemática ambiental que as envolve. Numa per-

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gunta foi solicitado às professoras que elas indicassem os problemas mais preocupantes do município. Seguem algumas respostas:

Os maiores problemas são a poluição das águas, os esgotos a céu aberto e o lixo, principalmente na zona rural. [...] Desmatamentos sem controle para plantação de café e pasto pra gado. [...] Eu diria que é a retirada das matas ciliares, a queimada, falta de saneamento básico. [...] A poluição do Rio Turvão, a poluição do ar [...].

Os problemas ambientais do município mais citados pelas professoras foram a poluição das águas dos rios, os desmatamentos, queimadas, os esgotos e o lixo, e estão muito relacionadas com a ação humana. Nesse sentido, em outra questão, procurou-se saber das professoras quem são, segundo elas, os principais responsáveis pelos problemas ambientais do município. Eis trechos dos princi-pais depoimentos:

Eu acho que todos nós somos responsáveis, porque se cada um de nós fizer a sua parte, não teria tantos problemas am-bientais como nós temos aqui. [...] Todas as pessoas que de alguma forma tenham atitudes que agridem a nature-za, empresas, autoridades, falta de recursos. [...] Todos nós somos responsáveis, pois, em função do capitalismo, atro-cidades vêm sendo cometidas numa busca desenfreada do consumismo. [...] A principal responsável acho que é nossa administração municipal, porque não faz nem um tipo de trabalho para a conscientização da população em relação, por exemplo, ao lixo da cidade, têm que começar por algum lugar, e o lixo é uma das possibilidades onde a população pode começar agir diretamente como na separação dele. Depois partimos para outras necessidades urgentes.

Ao citar “todos nós”, algumas das depoentes deixam de

olhar para os processos reais da comunidade e do entorno sócio-ambiental. Essa indicação é citada por meio de uma expressão am-pla, indicando um sujeito anônimo, não especificando quem são os atores sociais que mais geram problemas ambientais. Outras justificativas atribuídas, como a falta de recursos, empresas e as autoridades, evidenciam que todos implicitamente somos respon-sáveis pelo surgimento dos problemas ambientais, independente da atuação na natureza.

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Interessedocenteeníveldeconhecimentosobreomeioambiente

Numa outra questão, perguntou-se sobre o grau de interesse que os docentes têm em relação ao tema Meio Ambiente, apresentan-do quatro alternativas: “Muito Interessado”, “Interessado”, “Mais ou Menos Interessado” e “Indiferente”. O resultado encontra-se abaixo:

Quadro2: Grau de interesse sobre o Meio Ambiente.

Graudeinteresse NºdeCitações Índice=100Muito interessado 8 44,5%Interessado 8 44,5%Mais ou menos interessado 2 11,0%Indiferente 0 0%Total 18 100%

Fonte: Professoras que responderam ao questionário. MG, 2008.

Conforme se observa no quadro 2, o percentual das que manifestaram interesse (“muito interessado” e “interessado”) che-ga a 89,0%. Esse resultado, entretanto, não é proporcional ao que as mesmas dizem quanto ao seu nível de conhecimento e preparo para ministrar o assunto em aula, e a constatação da ausência de projetos específicos na área. Há um distanciamento entre a consci-ência que afirmam possuírem e o domínio do conhecimento sobre o tema.

Ainda com o propósito de aprofundar mais a discussão e esclarecer importantes dados entre a teoria e a prática, na entrevista foi feita a pergunta Qual a importância que você confere ao tema?

[...] Olha eu acho que é muito importante, porque a pre-servação do meio ambiente é preservar a nossa vida, porque se você está preservando você também está adquirindo bons hábitos de higiene, a questão do ar, das águas, se você tra-balha a questão do meio ambiente, você está trabalhando tudo, pra sua pessoa (Informante 01). [...] Confiro muita importância, pois a educação ambiental é o tema do futuro da Terra. Faltando consciência ambiental, senso comum de conservação e aproveitamento, a trajetória do meio ambien-te estará fadada ao fim (Informante 02).

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[...] Importantíssimo, visto que, o meio é o nosso habitat e a forma com que este vem sendo tratado é muito preo-cupante (Informante 03). [...] Para mim o tema é muito importante, afinal, disso depende toda nossa vida, o futuro da natureza, das modificações, alterações (Informante 04). [...] De acordo com a atual situação ambiental do planeta é extremamente importante abordar esses assuntos para ten-tar garantir a preservação da vida (Informante 05).

As respostas deram ênfase aos aspectos de conservação, pre-servação do meio ambiente e da vida, cuidado e respeito com a natureza ou algum elemento específico, não só do ambiente natural, mas também do ambiente humano, o que, segundo Reigota (2002), aponta para uma concepção antropocêntrica de meio ambiente, isto é, utilitária, na qual sua preservação é vista como condição neces-sária para a sobrevivência e manutenção da espécie, apresentando uma representação de cunho conservacionista.

Se o tema desperta interesse e é considerado relevante para as professoras, isto não significa dizer que o ensino sobre o assunto seja simples, uma vez que a educação ambiental, assim como qual-quer outra atividade pedagógica, exige certo nível de conhecimento acumulado. Daí, a questão feita a todas as professoras pesquisadas sobre seu nível de informação, de conhecimento sistematizado a res-peito do conteúdo sobre educação ambiental.

Na questão, foram dadas quatro alternativas sobre o grau de informação: “nenhuma”, “pouca”, “razoável” e “boa”. A opção “razoável” foi a que obteve a maior indicação (67%), seguida das “bem informadas”, com 22%. Relativamente baixo é o índice das que se consideram pouco informadas (12%). O item nenhuma in-formação, não foi assinalado.

Entretanto, em outra questão, apresentou-se um quadro com alguns dos documentos mais importantes, para subsidiar o en-sino sobre meio ambiente. Solicitou-se às professoras que assinalas-sem o seu grau de conhecimento sobre alguns documentos listados, com as seguintes alternativas: “Não conheço,” “Conheço” e “Co-nheço e uso com frequência”.

O saber sobre educação ambiental e, principalmente, o uso dos materiais elencados, que podem ser considerados básicos para nortear uma proposta curricular sobre meio ambiente de uma esco-la, não atingiram números expressivos, em termos de conhecimen-tos apresentados pelo corpo docente.

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Sobre o livro dos PCNs, de Meio Ambiente e Saúde, 16 dos 18 docentes (89,6%) disseram conhecer, mas apenas 3 (16,8%) afir-maram fazer uso com frequência. Já sobre a Lei 9.795/99, que insti-tuiu a obrigatoriedade da Educação Ambiental em todos os níveis da educação brasileira, 11 docentes (61,6%) afirmaram desconhecê-la, os demais a conhecem, mas apenas 2 (11,2%) a utilizam frequente-mente. Já a Agenda 21, que traz orientações sobre desenvolvimento sustentável, 83,2% afirmou desconhecer, 16,8% disse conhecer e ninguém a utiliza. Quase o mesmo resultado foi obtido em relação à Carta da Terra e aos outros documentos assinados nas conferências de Estocolmo, Belgrado, Tbilisi, que são desconhecidos para 89,6% dos docentes, e somente 11,2% afirmou apenas conhecê-los.

Embora o conhecimento desse conjunto de documentos não signifique que o trabalho sobre educação ambiental seja bem realizado na escola, o emprego de alguns deles são fundamentais para o desenvolvimento de ações pedagógicas com esse teor. Com o propósito de aprofundar um pouco mais essa questão, na entrevista se perguntou qual o grau de conhecimento que o docente tem sobre o tema meio ambiente. Eis as respostas:

[...] Mínimo, o senso comum que a maioria dos leigos possui (Informante 01). [...] Penso que o conhecimento que tenho é razoável, embora necessite de mais para poder trabalhar em sala de aula (Informante 02). [...] Um conhecimento básico buscado em livros, revistas. Mas que poderia ser mais apro-fundado (Informante 03). [...] Tenho um pouco de conhe-cimento, embora precise estudar mais sobre o assunto (In-formante 04). [...] Fiz um curso de Saneamento e Educação Ambiental há uns dois anos atrás, deu pra aprender alguma coisa e também gosto de ler sobre o assunto em revistas, jor-nais, vejo programas, etc. (Informante 05).

Os depoimentos coletados apontam os limites da ação edu-cativa para o trabalho com a temática ambiental, uma vez que se considera essencial que as professoras tenham conhecimentos sobre o assunto, sejam eles provenientes de seus saberes de formação ini-cial ou de formação continuada.

Ao se questionar sobre os cursos de aperfeiçoamento ou de capacitação referentes aos assuntos dessa natureza, verificou-se que 13 das 18 docentes (72%) assinalaram a opção nunca ter participado de

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cursos na área ambiental, enquanto das 5 que responderam afirma-tivamente, apenas 3 informaram os cursos que fizeram: “Reciclagem de lixo e água e Saneamento e Educação Ambiental”. E nenhuma delas mencionou onde esses cursos foram ofertados. Esses dados evi-denciam que os cursos de formação de professores na área ambiental ainda não são suficientes para atender essa demanda emergente.

Se não houve até o momento um trabalho de orientação pedagógica sobre a educação ambiental, tampouco se identificam projetos com esse conteúdo desenvolvidos pela Escola, apenas ações individuais de algumas professoras e iniciativas isoladas de agentes externos, como fica evidenciado na resposta dos entrevis-tados à pergunta sobre que projetos de educação ambiental a esco-la desenvolve ou desenvolveu:

Não lembro de nenhum projeto que a escola tenha de-senvolvido, lembro de um projeto feito ano passado por uma estagiária da UFV, que todas as turmas do horário da tarde participou, mas foi só [...] (Informante 01). A nossa prática do dia a dia, ela acaba praticamente fazen-do com que pequenos projetos acontecem, mas muito individualizados. Um projeto maior em nível de escola ainda não aconteceu (Informante 02) [...]. Não. Só sei que todos abordam a problemática do lixo [...] (Infor-mante 03). Projetos grandes a escola ainda não fez, o que acontece em nossa escola é a conscientização diária por parte do professores [...] (Informante 04). Ano passado uma estagiária da Universidade, realizou um projeto de Educação Ambiental aqui na escola, mas tirando esse não lembro um em que a escola realmente tenha realiza-do (Informante 05).

Mesmo no âmbito individual, o trabalho das professoras

com projetos e atividades de educação ambiental ainda é bastante reduzido, pois apenas uma das cinco entrevistadas relatou ter desen-volvido um trabalho sobre reciclagem de lixo. Outras três alegaram “a falta de material e de conhecimento para trabalhar bem o tema, a falta de interesse e também de iniciativa da direção” como ra-zões para a não realização de atividades sobre educação ambiental. Quanto à omissão de ações para o desenvolvimento de projetos, outra docente apontou também a falta de compromisso dos órgãos públicos municipais, dizendo: “uns tempos atrás procurei a direção

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para desenvolvermos um projeto, mas acabei não desenvolvendo porque fui informada na época que no ano seguinte se faria um grande projeto e que este seria a nível municipal. Aconteceu que no ano seguinte não aconteceu.”

Para reversão deste cenário, perguntou-se às professoras para que dissessem o que poderia ser feito para que a educação am-biental se tornasse uma atividade corriqueira na Escola, destacamos algumas respostas obtidas:

Talvez uns cursos, ou alguém de fora que viesse conscientizar os professores a nível geral, chamar a todos para dar informa-ções sobre a realidade [...] (Informante 01). Eu diria que, pes-soas especializadas no assunto deveriam ministrar palestras deveriam ser utilizadas no contexto dos planejamentos e colo-cadas em prática no cotidiano da instituição [...] (Informante 02). Elaborar projetos e palestras para mostrar a importância da Educação Ambiental na escola e na comunidade, mas é preciso que todos se unam para atingir os objetivos, sendo a escola, a comunidade e as autoridades [...] (Informante 04). Os professores têm que ter muito conhecimento sobre o as-sunto e mostrar a importância da temática, bem como se ou-sar colocar projetos em prática [...] (Informante 05).

Outra grande dificuldade de se trabalhar com a temática ambiental está relacionada, segundo 10 das 18 professoras, à falta de material didático, uma vez que a maioria dos livros didáticos tende a fragmentar os problemas, contribuindo para uma formação em que o pensamento integrado e complexo fica restrito a uma intenção e/ou a exemplos e iniciativas que não contemplam as especificidades locais do município. Vale ressaltar, entretanto, que o Ministério da Educação (MEC) disponibiliza materiais aos docentes interessados no assunto.

Dada a complexidade da temática ambiental e as dificulda-des apontadas pelas docentes para ensinar esse conteúdo, pergunta-mos às entrevistadas qual é o seu maior desafio enquanto um poten-cial agente de conscientização ambiental:

Estar bem informado e desenvolver projetos interessantes, que realmente conscientizem e que sejam constantes [...] (In-formante 01). Realizar na prática é o grande desafio, falar é muito fácil, o problema é praticar [...] (Informante 02). Exa-tamente esse o de conscientizar formalmente não somente

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informar ou esclarecer [...] (Informante 03). O maior desafio é conscientizar de forma que a criança passe a mudar suas ati-tudes negativas em relação ao meio ambiente e passe a cobrar dos outros também uma nova postura [...] (Informante 04). Conseguir atingir igualmente a todos e a resistência por parte de alguns devido a conceitos que já vem da educação e são difíceis de serem modificados (Informante 05).

As respostas apresentadas pelas professoras demonstram que os maiores desafios do educador para inserir a educação ambiental em suas respectivas práticas são: a motivação, a participação, a infor-mação e a mudança de conceitos muitas vezes dos próprios docentes e dos alunos, e que essa mudança de concepção constitui-se numa ferramenta imprescindível para modificar o paradigma ambiental da comunidade em geral.

Com o intuito de estabelecer uma possível conexão entre problemática ambiental comunitária e o trabalho a ser desenvolvido na escola, indagou-se às professoras entrevistadas quais seriam os problemas mais emergentes que a educação ambiental deve tratar. Obtiveram-se as seguintes respostas:

Pra melhorar em primeiro lugar não seria só na escola, seria ao nível de município, que nós estamos com uma defasagem muito grande, então eu acho assim: aqui na escola a gente conscientizaria, mas não depende só de nós, depende tam-bém das autoridades para que eles comecem a ter consciência de que tem que mudar também lá fora, que só aqui na escola não adianta [...] (Informante 01). A reciclagem do lixo e a economia da água [...] (Informante 02). Para mim é poluição das águas, destruição, desmatamentos, poluição, queimadas, suas causas e efeitos a curto, médio e longo prazo [...] (In-formante 03). Acredito que a água é um deles e também o desmatamento que provoca modificações no clima, tudo é muito importante [...] (Informante 04). É a preservação de espécies de animais e plantas, da água potável e despoluição do ambiente como um todo [...] (Informante 05).

Os problemas ambientais considerados pelas professoras como mais emergentes são: a poluição dos rios e das nascentes pro-vocadas pelos esgotos e resíduos sólidos (lixo), o desmatamento, a queimada em geral e a constante destruição de fauna e flora. Ou

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seja, entre as docentes mais uma vez predomina uma visão naturalis-ta do meio ambiente, pois, perguntadas quais seriam os problemas mais emergentes que a educação ambiental deveria trabalhar, elas insistiram em citar os problemas causados pelo homem.

Na sequência, procurou-se saber das professoras quais são os principais responsáveis pela solução dos problemas ambientais. A maioria das respostas convergiu no sentido de atribuir a responsa-bilidade à comunidade em geral. As categorias mais citadas foram: “todos nós, pais, alunos, as autoridades e as empresas”. É interessante observar que apenas uma docente inseriu os alunos neste contexto

No intuito de levar as professoras a aprofundar ainda mais o seu diagnóstico sobre a problemática ambiental no município inves-tigado, foram sugeridas algumas possíveis alternativas, para que elas avaliassem as que consideram mais eficazes para enfrentar os proble-mas ambientais locais. Dentre as opções dadas, a educação ambiental foi assinalada por 13 dos 18 professores, o que corresponde a 72,8% dos que responderam ao questionário. A segunda opção mais votada, indicada por 12 docentes (67,2%), acredita na mobilização da socie-dade local, seguida pelo item que propõe políticas públicas de meio ambiente, que obteve 10 votos (56%). Na sequência, foi marcada a opção que sugere a fiscalização e cobrança de multas, com 8 votos (44,8%). Apenas 5 docentes (28%) acreditam na cobrança de um imposto municipal destinado a financiar programas ambientais.

Ainda com o objetivo de aprofundar a discussão e propiciar maiores esclarecimentos sobre a necessidade de um compromisso com a preservação ambiental, foi feita a seguinte pergunta: Como os educadores e a escola podem contribuir na solução desses problemas? A educação tem um papel nesse sentido?

Podem contribuir na conscientização dos alunos, pais e comunidade, juntamente com trabalhos práticos que evi-denciem a importância da preservação do meio ambiente. A escola não só tem um papel nesse sentido, como tem a obrigação de fazê-lo [...] (Informante 01). Com certeza, a educação tem um papel fundamental nesse processo, mas é preciso que esteja interligada às outros segmentos da socie-dade para que esses possíveis projetos sejam desenvolvidos e se tenha um retorno de todo o trabalho [...] (Informante 02). Sim, é lógico através da conscientização e isso a escola pode fazer, através também de toda sociedade local, prefei-tura, etc. (Informante 03). A escola deve orientar os alunos

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sobre a forma correta de aproveitar o ambiente sem agredi-lo e tentar atingir o maior número possível de segmentos da sociedade (Informante 04). Com certeza, tudo parte da educação e os educandos são os principais agentes para a solução desses problemas (Informante 05).

As respostas dadas pelas professoras indicam que a comuni-dade escolar pode contribuir para a construção de novos valores e atitudes, por meio de informação e conscientização sobre o tema, o que pode ser um ponto de partida para a solução dos problemas am-bientais, sobretudo no que diz respeito à cooperação entre a Escola e a comunidade. Para a resolução dessa questão, assim como de tantos outros problemas sociais, sabe-se que a educação apresenta possibi-lidades, porém tem seus limites, uma vez que ela tem apenas uma função mediadora, devendo estar conectada com outras instituições sociais para que possa dar uma contribuição efetiva no modo de pensar e agir de uma comunidade.

Para efetiva inserção da educação ambiental como ati-vidade pedagógica, as professoras fizeram menção aos seguintes encaminhamentos: vontade política para viabilizar a capacitação das docentes por meio de cursos, da conscientização sobre a im-portância e da execução de projetos pedagógicos interdisciplinares sobre o tema.

Com a formulação desses encaminhamentos, percebe-se que o desconhecimento, a falta de iniciativa e de projetos inter-disciplinares leva a maioria das docentes a trabalhar os conteúdos relacionados com a temática ambiental de forma pouco sistemática e secundária, o que demonstra que a Escola não possui uma pro-posta definida para o desenvolvimento concreto do tema, que não há uma ação institucionalizada do Estabelecimento em demandar do poder público uma orientação e capacitação dos profissionais do ensino para a realização de um trabalho de educação ambiental que envolva toda a comunidade escolar na concepção, no planejamento, na coordenação e na execução dos projetos.

O que se pode concluir diante dos dados é que as docentes possuem consciência da importância e acreditam muito na edu-cação ambiental como a principal alternativa para a preservação do meio e a reversão do quadro de degradação ambiental. No en-tanto, também afirmam não possuírem conhecimentos específicos para trabalhar a temática.

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ConsideraçõesFinais

As respostas obtidas por meio do questionário e da entrevis-ta permitiam tecer algumas considerações sobre os saberes docentes, com relação ao que elas entendem por meio ambiente e educação ambiental. A constituição de tais saberes é resultante das experiên-cias adquiridas nas relações sociais vivenciadas, da formação pro-fissional e dos saberes disciplinares e curriculares das pesquisadas, originando um esboço da consciência coletiva, que é determinado historicamente pelo meio e pelo seu grupo social.

Considerando inicialmente os saberes docentes das educa-doras com relação ao termo meio ambiente, constatou-se que as estas ainda conservam fortes traços e resquícios de uma concepção “naturalista”, no qual o meio ambiente continua sendo entendido como natureza física pura, isto é, como uma totalidade externa e independente do homem e da sociedade. A ausência de uma con-cepção sócio-ambiental limita a análise da problemática ambiental, uma vez que não inclui o ser humano enquanto um componente fundamental do meio ambiente, capaz tanto de destruir como de preservar e transformar seu “habitat” natural e social.

No que se refere aos saberes docentes em relação à proble-mática local/global, também se verificam indícios de uma concepção naturalista, sendo destacados os problemas que fazem parte do seu entorno. No entanto, os problemas sócio-culturais dessa questão não são ressaltados em suas respostas, o que atesta que as docentes não conseguem estabelecer relação entre os fatos ambientais e as ações humanas, o que revela os limites do entendimento a respeito da pro-blemática ambiental com o meio social no qual estão inseridas.

Se as professoras têm consciência sobre a problemática am-biental e a importância de educar para a formação de hábitos ambien-talmente mais condizentes com nossa nova realidade, o mesmo não se pode afirmar a respeito do domínio de conhecimento e de preparo que a maioria afirma ter sobre esse assunto. Nesse sentido, as atividades de educação ambiental desenvolvidas na Escola ocorrem esporadicamente, de forma fragmentada e por iniciativa de algumas professoras. Dentre as razões apontadas para isso está a falta de recursos didáticos, de infor-mação e de cursos de formação continuada sobre o tema.

A escola, vista hoje como mediadora de possibilidades para o enfrentamento das atuais situações que permeiam as ques-tões ambientais, só alcançará êxito se contribuir para a formação

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de cidadãos comprometidos com um desenvolvimento socialmente justo, economicamente viável e ambientalmente sustentável. Neste sentido, precisa ter o senso de responsabilidade e contribuir para o entendimento e a transformação do atual quadro de degradação em que se encontra o ambiente que a circunda e o nosso planeta.

Referências

BRASIL. Ministério da Educação e Cultura/Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: IntroduçãoaosParâmetrosCurricularesNacionais. Brasília, v. 1, 1997.

______. Parâmetros Curriculares Nacionais: Meio ambiente esaúde. Brasília, v. 9, 2000.

______. A Implantação da Educação Ambiental no Brasil.Coordenação de Educação Ambiental. Brasília, 1998.

CONFERÊNCIA das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Agenda21. 2 ed. Brasília: Senado Federal, 1997.

REIGOTA, Marcos. Meioambienteerepresentaçãosocial. São Paulo: Cortez, 2002. (Série Questões de Nossa Época).

TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.

Data de recebimento: fev/2009Data de aceite: jul/2009