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OGI M Educando em A revista Educando em Mogi é um projeto da Prefeitura de Mogi das Cruzes por meio da Secretaria de Educação Outubro/ 2015 - Ano XIV 71 9 771981 314004 1 7 0 0 0 ISSN 1981314-7 Faça sua parte! Caminhe conosco pelo futuro da água

Educando - sme.pmmc.com.br · diferença entre um futuro seco e so-frido e um futuro regado pela nossa abençoada água, sem abrirmos mão, no entanto, dos cuidados e do uso ... conforto

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OGIMEducando

emA revista Educando em Mogié um projeto da Prefeitura de Mogi das Cruzes por meio daSecretaria de Educação

Outubro/ 2015 - Ano XIV

71N º

9 771981 314004 17000

ISSN

1981314-7

Faça sua parte!Caminhe conoscopelo futuro da água

Expediente

Editorial

Conselho EditorialEulália Anjos SiqueiraMaria Estela Ribeiro FernandesMarilda Aparecida Tavares Romeiro Safiti

Coordenação EditorialBernadete Tedeschi Vitta Ribeiro

Jornalista ResponsávelKelli Correa Brito - MTB 40.010

Projeto Gráfico e Diagramação Eduardo Leite

FotosArquivo das Escolas MunicipaisNey Sarmento (CCS)

ImagensThinkstock

Nossa CapaCEIM Profª Haydée Brasil de CarvalhoFoto de Guilherme Berti (CCS)

Colaboraram nesta EdiçãoAna Lúcia Navajas

Andrea Carvalho Almeida AndradeAngélica Lucas BezerraCláudia Aparecida Franco da SilvaDaniel Pereira AlbernazEquipe Escolar da EM Profª Sônia Brasil de Siqueira AndreucciFabiana Gomes Liobino SampaioIsabela Djanina BarbedoJosé Luiz FurtadoKelli Correa BritoLuciana Monteiro SantosMárcia dos S. Vitoriano de AguiarMeire Falque dos Santos OliveiraMichelle de Moraes MartinsNádia Espíndola FernandesNoeli Aparecida de SouzaRaelen Brandino GonçalvesRita de Cássia de Souza SilvaStela Dalva SorgonSueli Santos Souza Rodrigues

CTP, Impressão e AcabamentoGráfica AltecAv. Conceição, 2275Vila Paiva - São Paulo/SPTel.: (11) 2631.8517 / 2631.8518www.graficaaltec.com.br

A Revista Educando em Mogi nº 71 é uma

publicação da Secretaria de Educação de Mogi

das Cruzes, por meio da Coordenadoria de

Comunicação Social, e não se responsabiliza

por conceitos emitidos em artigos assinados.

Secretaria de EducaçãoCoordenadoria de Comunicação Social

Av. Ver. Narciso Yague Guimarães, 277Centro Cívico - Mogi das Cruzes - SPCEP: 08790-900Tel.: (11) 4798.5011 / [email protected]

www.mogidascruzes.sp.gov.br

Tiragem4.000 exemplares

Aqueles que viam a água como um recurso natural infinito foram surpreendidos no início deste ano com os reflexos de uma grave seca, que há muitos anos não atingia a Região Sudeste. Com um cenário não muito positivo pela frente, é preciso rever os hábitos e adotar ações para que a água seja usada de modo racional e econômico. É o futuro de todos que está em nossas mãos.

É com alegria que apresentamos os trabalhos realizados em diversas escolas municipais; sabemos que em toda a rede municipal, os mais de 42 mil alunos aprenderam como preservar a água para que ela não nos falte. Temos ainda, para reforçar o aprendizado das escolas, os artigos do engenhei-ro Daniel Pereira Albernaz e de José Luiz Furtado, diretor comercial do Semae – Serviço Municipal de Águas e Esgoto de Mogi das Cruzes.

Esperamos que a revista Educando em Mogi traga novas ideias para que a tarefa de cuidar da água continue ultrapassando os muros da escola e chegando até a comunidade, para que todos abracem esta tão importante causa. Vemos que os índices de economia estão caindo e por isso, é importante resgatarmos este trabalho e demonstrar a todos como é imprescindível aprender que a água é um recurso finito e que seu futuro dependerá de nossas ações de hoje.

Aprendendo a cuidar da água desde cedo

Água: ações primordiais para um futuro sem sede4

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Eu consumo, tu consomes, ele consome: vamos economizar?

Projeto Água e Energia Elétrica

Projeto Meio Ambiente: o futuro em nossas mãos

Alunos do Parque Olímpico praticam lições de economia de água em casa

Água...que falta faz!

A essência da vida!

Projeto Água

Alunos criam e refletemsobre o uso racional da água

Ação Social:Dia Mundial da Água

Dengue: conscientização eprevenção na Educação Infantil

Índice

O desafio da conscientização do uso racional da água

Escolas municipais de Mogi superam a meta e reduzem em 32,75% o consumo de água

Meu sonho para o Rio Tietê

Recursos Hídricos:conhecer, compreender e conservar

Carta do ano de 2070

Nestes últimos meses, esta-mos vendo e ouvindo em todos os meios de comuni-

cação, exaustivamente, recomenda-ções e dicas para a economia da água que recebemos em nossas casas. São conselhos úteis e práticos, exemplos de integrantes da comunidade que, assim nos parece, estão preocupa-dos com o destino das cidades e dos cidadãos se a nossa indispensável água passar a não chegar mais em nossas torneiras.

Hoje estamos todos experimentan-do uma realidade que, até o momen-to, era enfrentada somente por aquela parcela da população que não possuía os benefícios da rede de distribuição de água em sua porta. Estamos todos, sem distinção, sofrendo o castigo da mãe natureza, que nos nega um regi-me de chuvas abundante, como esta-mos acostumados a receber.

Será mesmo que é só isso? Um capricho da mãe natureza? Será que bastam alguns poucos cuidados no uso da nossa tão preciosa água po-tável, para que voltemos a gozar da abundância com a qual estamos acostumados?

Penso que esse é um momento para refletirmos sobre a forma como utilizamos e o quanto desperdiça-mos esse recurso tão importante e vital para o ser humano: a ÁGUA. É tempo de adotarmos, como hábi-to diário, os cuidados na utilização da água que recebemos em nossas casas. E passar a cuidar dela como se amanhã não houvesse mais uma gota disponível. Com muito cuida-do para não haver desperdício de nenhuma forma.

É muito provável que essa escas-sez de chuvas seja passageira e que, num futuro próximo, tudo voltará ao normal. Nossas represas se recupera-rão e a regularidade da água em nos-sas torneiras voltará.

AGUA

Daniel Pereira Albernaz

Mas a experiência e o aprendiza-do que estamos tendo com a falta da água, com a escassez das chuvas e suas consequências, nunca deverão ser esquecidos. Ao contrário, deve-mos mudar definitivamente nossa ati-tude e nossos hábitos e passar a usar a água com muita racionalidade para que nunca mais nos falte novamente.

Alguns estudiosos da ciência do meio ambiente afirmam que os des-matamentos indiscriminados, que ocorrem tanto na Mata Atlântica quanto na Selva Amazônica em quan-tidades alarmantes e que são noticia-das todos os dias, vêm causando uma alteração nos regimes de ventos so-bre o hemisfério sul do nosso plane-ta. Como consequência, as correntes de ar que arrastam as chuvas de um lado para outro estão se modificando e concentrando as nuvens chuvo-sas em outras regiões, prejudicando assim o regime de precipitações tal como conhecemos até hoje. Portanto, é de vital importância que se comba-ta com todos os esforços possíveis o desmatamento ilegal e indiscrimina-

Ações primordiais para um futuro sem sede

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Prefeitura de Mogi das Cruzes Educando em Mogi . nº 71 4

do de nossas matas e floretas, ainda que esse combate contrarie interesses econômicos de alguns ilustres irres-ponsáveis. Do contrário, o preço a se pagar por essa destruição é enorme.

Observamos também a poluição indiscriminada dos nossos rios e cór-regos pelo lançamento de efluentes domésticos e industriais sem nenhum tipo de tratamento, pela ocupação das suas margens e várzeas com a construção de moradias irregulares, onde o lixo e os esgotos gerados são lançados diretamente nos córregos e rios, de uma forma que, na maioria das vezes, impossibilita tecnicamente a sua coleta e tratamento pelas redes de esgotos existentes. São necessá-rias ações para evitar novas invasões ou reverter as situações atuais des-se quadro alarmante, que destrói as margens e várzeas tão importantes para a sobrevivência dos nossos rios. Esse mesmos rios que poderiam ser-vir de fonte de captação e tratamento de suas águas e sua distribuição para consumo humano, hoje são poluídos a tal ponto que inviabiliza a utiliza-ção de suas águas.

Grandes investimentos precisam ser dirigidos também para a con-servação das áreas das represas e o reflorestamento das suas margens, recompondo a mata ciliar e para a conservação e a ampliação dos re-servatórios, resgatando a sua maior capacidade de armazenamento de água, medidas que poderão fazer a diferença entre um futuro seco e so-frido e um futuro regado pela nossa abençoada água, sem abrirmos mão, no entanto, dos cuidados e do uso com racionalidade.

Com relação à perda da água tra-tada nos sistemas públicos de distri-buição, podemos mencionar que, em algumas regiões do nosso Estado, os índices chegam a 60%, o que significa que mais da metade da água potável produzida nas estações de tratamen-to não chegam às torneiras das casas, são perdidas em vazamentos nas re-des públicas e nos roubos e fraudes praticados por alguns consumidores.

Todas as empresas públicas ou órgãos públicos responsáveis pelo saneamento básico e pela produção e distribuição da água devem adotar procedimentos mais severos quanto às perdas físicas de água, os famosos vazamentos.

E, com o apoio da Polícia e amparo da Justiça, combater com firmeza as fraudes e os roubos de água, que hoje são praticados de forma indiscrimi-nada e sem o menor temor de sofrer alguma penalidade legal. É crime! Pura falta de consciência coletiva e devem ser combatidos com rigor.

Como podemos perceber inú-meras providências precisam ser tomadas por todos. Além da nossa contribuição, tratando a água que recebemos com cuidado, respeito e racionalidade, muitas outras ações relativas ao meio ambiente são pri-mordiais para um futuro sem sede.

Esperamos que todos se conscien-tizem da importância da ação de cada um na meta principal que é a conservação e preservação da nossa água de cada dia. Ainda que nos fal-te a energia, a luz, o combustível, o transporte, o calor ou o frio, encon-tramos uma forma de contornar essa falta e continuamos a viver de uma forma mais simples sem tanto luxo, conforto ou mordomias.

Mas se nos faltar a água, com cer-teza nosso destino será o mais peno-so possível, pois dependemos dela para sobreviver.

Daniel Pereira Albernaz é engenheiro ci-vil graduado pela Universidade de Mogi das Cruzes e pós-graduado em Engenharia de Saneamento Básico pela Faculdade de Saú-de Pública da USP.

5nº 71 . Educando em Mogi Prefeitura de Mogi das Cruzes

Sabemos que a água é fundamental para a sustentabilidade da vida no planeta, e, portanto, falar da relevância dos co-nhecimentos hídricos, em suas diver-

sas dimensões, é falar da sobrevivência de nós mesmos, da espécie humana; da conservação e do equilíbrio da biodiversidade, bem como das relações de interdependência dos seres vivos e dos ambientes naturais.

Desde a origem do nosso planeta, houve a combinação dos elementos: hidrogênio e oxigê-nio para originar a molécula tão crucial para a existência da vida humana, a água. Nesta pers-pectiva, Paulo Freire aponta que “[...] o homem existe – existere – no tempo. Está dentro. Está fora. Herda. Incorpora. Modifica. Porque não está preso a um tempo reduzido, a um hoje que o esmaga, emerge dele. Banha-se nele. Tempora-liza-se.” (1967, p. 41).

Justamente por assim viver e atentar-se para os crescentes índices populacionais, viabilizar elementos fortalecedores para o pensar e o pen-sar bem está associado à ideia de formar um ser humano que tenha a capacidade de refletir sobre a complexidade dos fenômenos naturais e so-ciais do planeta e, com isso, compreender e atuar mais responsavelmente.

Eu consumo, Tu consomes, Ele consome:Vamos economizar?

Isabela Djanina Barbedo

A presença ou ausência da água resulta em novas histórias, culturas e também novos hábi-tos. Esse fator extingue ou dá vida às espécies, determina o futuro de gerações. Prova disso são as antigas civilizações que se fundaram às margens de abundantes rios. O Egito, como uma das civilizações orientais mais antigas, desenvolveu-se às margens do rio Nilo e por meio dele se beneficiou em virtude do volume de água, resultantes das enchentes. Mesopotâ-mia em grego significa “entre rios”, sendo eles, neste caso, os rios Tigres e Eufrates.

Para Aranha: “[...] embora as enchentes não fossem tão fecundas como as do Nilo, exigiam da mesma forma, um trabalho intenso e coletivo” (2006, p. 47).

Enquanto uns se dedicavam aos engenho-sos sistemas de irrigação, outros construíam diques para o aproveitamento da irrigação na-tural. Os Incas se destacavam pelo sistema de engenharia hidráulica e, consequentemente, a produção agrícola.

Porém, diante da escassez da água, paira-mos sob o trecho de uma memorável canção de Sá e Guarabira: “O sertão vai virar mar, dá no coração o medo que algum dia o mar também vire sertão”.

6 Educando em Mogi . nº 71 Prefeitura de Mogi das Cruzes

Sobre isso, consta um relevante dado no Parâmetro Curricular Nacional (PCN) – Meio Ambiente e Saúde:

“[...] a exploração dos recursos naturais pas-sou a ser feita de forma demasiadamente inten-sa. [...] De onde se retirava uma árvore, agora retiram-se centenas. Onde moravam algumas famílias, consumindo alguma água e produ-zindo poucos detritos, agora moram milhões de famílias, exigindo imensos mananciais e geran-do milhares de toneladas de lixo por dia. Essas diferenças são determinantes para a degradação do meio onde se insere o homem.” (2001, p.19).

Por assim vivermos, nós professores, de-vemos buscar iniciativas educacionais para

o consumo sustentável, que podem se realizar interdisciplinarmente no currículo proposto para a educação infantil e ensino fundamental. Tratado como tema transversal de ensino, abor-dado de maneira holística, o meio ambiente en-globa o consumo sustentável, como prática de uma postura cidadã.

Com o intuito de compreender como os alu-nos interpretam e ressignificam as informações compartilhadas e, consequentemente, como as materializam em suas práticas cotidianas, for-mulei uma sequência didática voltada para tur-ma que leciono, o 5º ano A, e assim a dividi em três diferentes momentos. Inicialmente estabe-lecemos uma roda de conversa a fim de compi-lar tudo aquilo que faz parte do conhecimento prévio dos alunos.

7 Prefeitura de Mogi das Cruzes nº 71 . Educando em Mogi

Depois assistimos a um documentário so-bre o surgimento do planeta, no qual mostra-va nitidamente o surgimento da vida na Terra. Paralelo a essa apreciação e troca de diálogo, assistimos a "Carta do ano de 2070", extraída da revista biográfica "Crônica de los tiempos". Foi uma experiência muito positiva, uma vez que os alunos fitavam sua atenção a cada verso proclamado. Ao findar da experiência vista, os alunos calcularam suas idades, reportando-se ao ano de 2070 e escreveram uma carta pessoal, dizendo como imaginavam a Terra neste ano, levando em consideração todas as causas e efei-tos que poderemos enfrentar.

Como segundo momento, assistimos a co-merciais espalhados por todo o mundo, aler-tando sobre o uso consciente da água, para que os alunos compreendessem a proporção de tal fenômeno, dentre eles "A natureza está morta".

Ao final das duas primeiras etapas, elabora-mos um cartaz expositivo com os braços de to-dos os alunos da sala, com a seguinte frase: “Sal-var o planeta está em nossas mãos”. O impacto

foi tão grande que partiu dos alunos contagiar as pessoas ao nosso redor, uma vez que o Dia Mundial da Água se aproximava e muitos não tomariam conhecimento desta data.

Eis que um dos alunos, o Fabrício, teve a ideia de sairmos às ruas e informarmos os mo-radores. Solicitei aos alunos que confeccionas-sem cinco panfletos informativos, contendo dados com bases reais e significativas, por eles já consolidados. Totalizamos 160 panfletos. A originalidade dispensou qualquer tipo de de-sign gráfico. O resultado fora surpreendente.

Saímos pelas ruas do bairro de Nova Jun-diapeba, concentrando-nos no entorno de nos-sa escola, o CEMPRE Profª Lourdes Lopes Ro-meiro Iannuzzi. Entregamos os panfletos e ao mesmo tempo reforçávamos as informações que ali constavam. O interessante de toda esta experiência foi que eu, como professora, bem como os cuidadores que nos acompanharam, permanecemos em segundo plano, pois todo o convencimento partia voluntariamente dos próprios alunos.

8 Educando em Mogi . nº 71 Prefeitura de Mogi das Cruzes

Isabela Djanina Barbedo é graduada em Pedagogia e pós-graduada em Educação em Música. Atualmente é professora de Ensino Fun-damental I no CEMPRE Profª Lourdes Lopes Ro-meiro Iannuzzi e na EM Benedito Ferreira Lopes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação e da Pedagogia. 3ª Ed. São Paulo: Moderna, 2006.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: meio ambiente e saúde. 3ª Ed. Brasília: MEC, 2001.

FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. São Paulo: Paz e Ter-ra, 1967.

Dados coletados pelos alunos do 5º ano A, do CEMPRE Profª Lourdes Lo-pes Romeiro Iannuzzi.

LINKS ELETRÔNICOS:

Carta do ano de 2070: https:// youtu.be/ wTUghgk3t-4

Comercial “A natureza está morta”: https:// youtu.be/ 7jrR3F9Vf9E

Utilizamos a aula de Língua Portuguesa para registramos este dia, em forma de um diário pessoal. Neste momento, pude ver mais uma vez o quanto foi significativo esse aprendizado. Os olhares brilhavam. Os sorrisos estampavam seus rostos. A alegria era memorável ao ideali-zarem o dia 25 de março de 2015.

Nos registros, Marcos Vinícius expressou--se da seguinte maneira: "Encontrei com uma mulher que disse que ela economiza água, mas não adianta só ela economizar. O que ela disse é verdade, todos nós temos que econo-mizar". De modo similar Gabriel também se manifestou, dizendo que "A água que nós temos é muito valiosa para mim, por isso eu economizo o quanto posso. O que estamos fazendo é para cuidar de nossa cidade. Preci-samos de colaborações". Natália por sua vez, disse "Tomara que nossa atitude ajude as pes-soas que foram paradas por nós".

De todos os presentes depoimentos, há um em especial, direcionado a você leitor. Segun-do Rafael, "Eu sei que você é ocupado, mas nos ajude, é pelo seu próprio bem. Seu e de milha-res de pessoas. Não é só você que está econo-mizando. Eu tomo banho rápido e se você fizer isso também, pode ser que a gente saia dessa crise hídrica. Obrigada por ter lido”.

Os saberes socialmente construídos na co-munidade a qual o aluno pertence, juntamen-te com os saberes que a escola transmite, sem-pre serão significativos.

O desafio consiste em compreender a realidade vivenciando-a para que, assim, haja transforma-ções efetivas, que nos atinjam por inteiros, mente, corpo e coração, para que “tomem forma”, “te-nham voz”, “sejam as moléculas que movam os moinhos e encharquem o chão”, assim como pro-feriu o cantor Guilherme Arantes.

“Caro leitor,você que não recebeu o

nosso panfleto ensinando sobre como economizar a

nossa preciosa água, penseque, se não economizar,

um dia ela pode faltare você não quer isso!

Então, ajude também asalvar o nosso planeta.”

Otávio, 10 anos.

9 Prefeitura de Mogi das Cruzes nº 71 . Educando em Mogi

Atualmente, as discussões sobre o modo de vida que levamos e o quanto somos responsáveis pela aceleração do desequilíbrio da

natureza mundialmente estão cada vez mais efervescentes. Um dos grandes desafios do século XXI é estabelecer as responsabilidades compartilhadas entre os membros da comuni-dade, que estão intimamente interligados, para a diminuição dos impactos no meio ambiente.

Essas motivações impulsionaram o nosso olhar em busca de soluções, muitas vezes pe-quenas pelo tamanho do problema, porém ex-tremamente necessárias para a transformação de ações cotidianas de desperdício em hábitos permanentes de cuidados e preservação da natureza na construção de um futuro susten-tável para todos.

A educação, nesse sentido, tem a respon-sabilidade de assumir a etapa de formação do sujeito institucionalmente, promovendo a formação de valores, atitudes e comportamen-tos a favor do meio ambiente e da construção do pensamento investigativo, pois o aluno é curioso e o seu interesse instiga a observação, a experimentação, a formulação de ideias e, assim, enriquece sua compreensão sobre a vida, o modo de funcionamento da natureza e das relações com o ecossistema existente.

Projeto

Nádia Espíndola Fernandes

Nesse contexto, visualizamos a impor-tância de formar um sujeito para gerar mu-danças comportamentais e sociais na busca de soluções de problemas e a liderança em projetos ambientais para o bem comum, por meio do respeito mútuo e diálogos com di-versas culturas, conquistando um novo con-ceito de sustentabilidade.

A Escola Municipal Profª Ivete Chuery Vieira Torquato Vicco desenvolveu em anos anteriores projetos relacionados com a cons-cientização e a preservação da natureza, en-fatizando principalmente a alimentação sau-dável. No ano de 2014, no projeto titulado “A Natureza em nossas mãos e cuidados...”, as ações estavam direcionadas para a implanta-ção da Horta Escolar na unidade.

Em virtude da crise hídrica vivenciada neste momento na região sudeste e, princi-palmente, por estarmos localizado em uma área de mananciais e de rios e afluentes im-portantes para a cidade de São Paulo, neste ano as ações contemplam o tema “Água e Energia Elétrica”.

A temática “Água e Energia Elétrica” ar-ticula três projetos. Primeiro, motivado pela solicitação da SME/DEPED, para a elabora-ção de um Plano de Ação Emergencial para a redução do consumo de água perante à crise

Água e Energia Elétrica

10 Educando em Mogi . nº 71 Prefeitura de Mogi das Cruzes

hídrica vivenciado em território nacional. Se-gundo, motivado pelo convite a participar do Programa da EDP Bandeirantes “Boa Energia nas Escolas”, que sensibiliza e oferece ferra-mentas pedagógicas e práticas para a redu-ção do consumo de água e energia elétrica no âmbito residencial e escolar. E, o terceiro, a continuidade do projeto de alimentação sau-dável “Horta Escolar”. Este projeto ganhou visibilidade na mídia impressa com a matéria “Aquele chocolate... virou salada!”, registran-do ações da escola, na edição de fevereiro de 2015, da Revista Nova Escola.

Trabalhar a temática “Água e Energia Elé-trica” visa a conscientizar os alunos e comu-nidade sobre a importância do uso adequado e racional dos recursos naturais e as relações da água com o desenvolvimento da vida dos seres humanos, o fornecimento da energia elétrica e a produção de alimentos saudáveis; entre outros motivos que incitaram a nossa preocupação em conservar esse recurso finito.

Para isso, as ações decorreram ao longo do ano com o objetivo de conscientizar a comunida-de escolar e local sobre as possibilidades de pre-servação e cuidados no armazenamento da água sem gerar focos de doenças ou de fazer uso da energia elétrica, privando os alunos, funcioná-rios e familiares de viverem confortavelmente.

As ações estão voltadas para a mudança de hábitos na escola e em casa, tendo como pon-to de partida estes ambientes para ampliar gradativamente para o bairro Jardim Ivete. Reconhecendo assim, a importância social e econômica destas ações para a região do Alto Tietê, principalmente para a cidade de Mogi das Cruzes, por suas características naturais.

O município de Mogi das Cruzes é uma re-ferência na produção de verduras, legumes, frutas e produtos naturais. Hoje, a cidade é a maior produtora nacional de caqui e de nêspe-ra. Além de ter destaque na produção de ate-móia, cogumelo e, também, a segunda maior produtora de flores do país.

Ou seja, uma região de belezas naturais e ambientais que merecem cuidados e preserva-ção, como a Mata Atlântica presente nas serras do Itapeti e do Mar e ao longo do Rio Tietê, que compõem um cenário único de fauna e flora em suas relações ambientais.

Reconhecer, valorizar e preservar as pe-culiaridades ambientais da cidade com ati-tudes e hábitos sustentáveis presentes no cotidiano da escola fomenta uma postura ecocidadã para superar os problemas do uso irracional da água e da energia elétrica e transforma essa reação em cadeia em qua-lidade de vida.

11 Prefeitura de Mogi das Cruzes nº 71 . Educando em Mogi

MARÇO

Visita ao Caminhão da EDP Bandeirante: Programa "Boa Energia nas Escolas"Dia D - Ação sobre a DengueCombate aos focos do mosquito na escolaHora do Planeta: 15 minutos de conscientiza-

ção sem energia elétrica Palestra aos Pais: “A importância da água em

nosso dia”, em parceria com o SEMAE

ABRIL

Palestra e oficina aos alunos: "Água", por Stela Dalva Sorgon, da Escola Ambiental

Leitura do livro "Clique", de Ziraldo

MAIO

Jogo de Trilha: Água e Energia ElétricaGincana da Água: Experimentos em circuito

JUNHO

Receita CulináriaPaisagens Sonoras: ÁguaObras de Arte: Água

AGOSTO

Sarau:“A água em nossas vidas”, por meio de mú-

sica, jogral, poesia e teatro

SETEMBRO

Festa Cultural:“Os retratos da água nas regiões do Brasil”,

apresentação de dança e música para os pais

OUTUBRO

Brincadeiras com água

NOVEMBRO

Encerramento do Projeto com a apresenta-ção musical de um artista mogiano com mú-sica da temática.

AÇÕES COLETIVAS

As ações foram desenvolvidas considerando os eixos das áreas de conhecimento das Matrizes Curriculares, levando em conta o Currículo Uni-ficado das turmas do infantil III ao 5º ano. Além disso, foram realizadas ações coletivas mensal-mente envolvendo pais e comunidade.

12 Educando em Mogi . nº 71 Prefeitura de Mogi das Cruzes

Nádia Espíndola Fernandes é graduada em Letras com habilitação em Língua Inglesa e Pedagogia (UMC), pós-graduada em Gestão Educacional (UMC) e Gestão Pública (FAEP/UMC). Atualmente é diretora da EM Profª Ivete Chuery Vieira Torquato Vicco.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Diretrizes Curriculares Municipais para a Educação da Infância

Matrizes Curriculares Municipais para a Educação Básica

Unidades Didáticas Municipais

“Mogi das Cruzes e os Objetivos do Milênio: Compro-metimento e Avanços”, Educando em Mogi, nº 66, dezem-bro de 2013.

SITES:

http://www.mogidascruzes.sp.gov.br/

http://www.boaenergianasescolas.com.br

http://gestaoescolar.abril.com.br/aprendizagem/projeto--escola-sustentavel-544933.shtml

super.abril.com.br/crise-agua

PARCERIAS

EDP BANDEIRANTES (SME/DEPED)Programa “Boa Energia nas Escolas”Período: de março a outubro de 2015Ações: Formação de educadores; visita de alunos ao caminhão do programa; acompanhamento de ações e evolução das turmas participantes e fe-chamento das atividades com a apresentação do plano de ação desenvolvido.

FATEC (SME/DEPED): “Horta Escolar”Período: de abril a dezembro de 2015Ações: Ampliação da horta escolar; preparação de canteiros; plantio com todas as turmas; ins-trumentalização da escola para o desenvolvi-mento autônomo da horta; acompanhamento do desenvolvimento das culturas com estagiário se-manal; práticas e vivências em sala de aula; for-mação de educadores e comunidade e uso dos produtos naturais na merenda escolar.

SEMAE – ÁGUAPeríodo: 31 de março de 2015Ações: Palestra aos pais: "Água: redução e uso racional do recurso".

ESCOLA AMBIENTAL Período: 24 de abril de 2015Ações: Palestra/Oficina para os 205 alunos: "Água: redução e uso racional do recurso"; en-trega de kits cedidos pelo Semae para os alunos.

FIESPPeríodo: abril de 2015Ações: Recebimento de doação de 50 conjuntos com 4 redutores de torneiras.

COLETA DE ÓLEO DE COZINHAPeríodo: a partir de maio de 2015Ações: Palestra aos alunos; material informativo aos pais em parceria com empresa Ramos & Pro-jetos para que a escola seja um ponto de coleta de óleo.

VIGILÂNCIA SANITÁRIA: COMBATE À DENGUEPeríodo: maio de 2015

13 Prefeitura de Mogi das Cruzes nº 71 . Educando em Mogi

Neste ano, a Escola Municipal Anto-nio Nacif Salemi dá mais um pas-so em direção ao desenvolvimen-to da cidadania do nosso aluno,

da nossa aluna. Mais um passo, porque no ano de 2014, após já ter consolidado o seu projeto de leitura “Histórias que me contaram, histórias que me encantaram”, as professoras aceitaram iniciar um novo projeto batizado com o nome de “Meio Ambiente: O Futuro em Nossas Mãos”.

A ideia inicial era esta: a necessidade de tra-balharmos as questões ambientais, em sala de aula, o que ultrapassa abraçar ou não mais uma bandeira – ela traz em seu bojo o desenvolvi-mento da tão ambicionada “cidadania planetá-ria”, já tão decantada por Edgar Morin, em sua obra “Os sete saberes necessários à educação do futuro”, mas até hoje, ainda, não conquistada por nossa sociedade.

Prova disto: basta observamos nossa cidade com paredes pichadas, papéis jogados em nossos rios e córregos, a nossa Serra do Itapety sendo devastada e, claro, para nos aproximarmos do problema que mais nos afeta, no momento, o des-perdício no consumo de água, por parte da nossa população. Ou seja, estamos longe, ainda, infeliz-mente, de termos em nós este sentimento profun-do de pertença à cidade, ao País, ao Planeta...

Projeto Meio Ambiente

Ana Lúcia Navajas Andrea Carvalho Almeida Andrade

Por isso, “Meio Ambiente: O Futuro em Nossas Mãos” é, ao mesmo tempo, um projeto desafiador e audacioso. Muito mais que de-senvolvermos sequências didáticas, com olhos direcionados a um produto final, preocupa-mo-nos em assegurar que as nossas crianças, futuro da nossa Cidade, aprendam a conviver num mundo, onde todos os recursos naturais são de todos, de todas, para o bem estar co-munitário e, não apenas, para acumularmos riquezas particulares.

Vale destacar, nesta perspectiva, que as se-quências didáticas ultrapassam os limites dos conceitos, para alcançarem objetivos relaciona-dos à capacidade de inserção social, responsa-bilidade, autonomia, capacidade de diálogo, de olhar as problemáticas enfrentadas pelas pesso-as que dividem conosco a mesma casa chamada CIDADE, ou se pensarmos na nossa condição terrena: TERRA; ou seja, as sequências didáticas que supõem a organização de atividades indi-viduais, coletivas e em grupos, devem garantir, também, a aprendizagem dos conteúdos atitudi-nais e procedimentais. Daí, neste ano, diante da crise hídrica, que estamos presenciando e viven-ciando, decidimos focar nossas discussões nos bens naturais comuns e, em especial, em torno da problemática da falta de água.

O futuroem nossas mãos

14 Educando em Mogi . nº 71 Prefeitura de Mogi das Cruzes

A água é um bem precioso e pertence a TO-DOS e TODAS, não há alguns! Este slogan as nossas crianças da Educação Infantil e do 1º ano já estão “encarnando”, no sentido de dar forma e vida através de suas atitudes diárias na esco-la, graças à organização de sequências didáticas, como as planejadas pelas professoras Ana Lúcia Navajas e Janete Baghoss, responsáveis pelos alunos do Infantil IV A, B e C, a fim de implantar o nosso projeto, do qual faremos uma síntese nas próximas linhas.

O “Projeto Meio Ambiente: O futuro em nos-sas mãos” tem dentre os seus objetivos:

a) valorizar a vida em sua diversidade e a preservação dos ambientes e culturas;

b) estabelecer relações entre características e comportamentos dos seres vivos e condições do ambiente em que vivem, valorizando a diversi-dade da vida e da cultura;

c) participar ativa e construtivamente da vida social e local, sabendo que nossas atitudes têm reflexos planetários;

d) ampliar os conhecimentos a respeito do mundo natural;

e) estabelecer relações entre o ambiente e as formas de vida a partir das transformações de-correntes da ação humana e dos fenômenos da natureza;

f) desenvolver atitudes de respeito e preser-vação da vida, bem como atitudes relacionadas à saúde;

g) conhecer as relações entre os seres huma-nos e a natureza e as formas de utilização dos recursos naturais;

h) compreender o ciclo vital como caracterís-tica comum a todos os seres vivos;

i) desenvolver atitudes responsáveis de cui-dado consigo próprio e com o ambiente em que vive.

15 Prefeitura de Mogi das Cruzes nº 71 . Educando em Mogi

Para alcançar estes objetivos, as professoras estão trabalhando conteúdos conceituais, proce-dimentais e atitudinais, tais como: uso racional da água, preservação das fontes e vegetação ci-liar, preservação dos recursos naturais, plantio e cuidado com as plantas, horta coletiva, ativida-des coletivas e individuais de preservação do pa-trimônio público, observação da paisagem local, dentre outros correlatos às questões ambientais.

No entanto, as atividades permanentes estão voltadas para as questões afetas ao uso da água, daí a importância de abordarmos os conteúdos nas suas três dimensões:

conceituais: por todos eles necessitarem de uma base teórica, que estimula a curiosidade de aprender novos conceitos e possibilita desenvol-ver o raciocínio, a dedução, a memória; assegu-rando pressupostos para construirmos novos conhecimentos e/ou ampliarmos/questionarmos os já construídos. Por meio dos conceitos, o ser humano aumenta sua capacidade de compreen-der o mundo que o rodeia;

procedimentais: uma vez que tudo o que aprendemos deve nos possibilitar um jeito novo de interagir com mundo, com os nossos pares, depois de aprendermos os conceitos é necessário colocá-los em prática – aprendemos que água é um bem precioso, é preciso utilizá-la com racio-nalidade para não nos faltar ou faltar aos nossos “familiares”, nesta casa chamada TERRA;

atitudinais: são aqueles conteúdos que per-passam a tríade sociedade-indivíduo-socieda-de, ou seja, ao utilizarmos com racionalidade a água estamos zelando/cuidando de um bem natural que não é meu, mas de todos e isto se configura num valor: cuidar daquilo que é co-letivo supõe noção de respeito, solidariedade, compreensão de que as demais pessoas mere-cem ter acesso e garantias que as tornem mais felizes, assim como “eu” indivíduo. Os conte-údos atitudinais possibilitam ao aluno se posi-cionar perante o aprendido, apresentando uma postura diferente após as vivências e experiên-cias escolares.

No entanto, para trabalharmos os conteú-dos nestas três dimensões, faz-se necessário a adoção de uma metodologia adequada a cada tipo de comportamento que desejamos plas-mar. Não basta a professora propor atividades escritas, apenas, que enfatizem os conceitos se as crianças não vivenciarem situações concretas de uso racional da água.

Nesta dimensão da concretude é que os alu-nos se aproximam das atitudes, daí propormos aos alunos regarem as plantas com regadores, tomarem água em sala de aula servidos pelas professoras, não brincarem com as válvulas hidras, limparem os calçados após saírem do parque para diminuir a areia trazida para den-tro do prédio escolar e, assim, reduzir a neces-sidade de lavar o espaço, dentre outras ações.

16 Educando em Mogi . nº 71 Prefeitura de Mogi das Cruzes

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Morin, Edgar - Os sete Saberes Necessários à Educação do Futuro 3a. ed. - São Paulo - Cortez; Bra-sília, DF: UNESCO, 2001

BRASIL. MEC/SEF. Parâmetros Curriculares Na-cionais: 1ª a 4ª série – Introdução. Brasília: MEC/SEF, 1997, v. 1.

Andrea Carvalho Almeida Andrade é diretora da EM An-tonio Nacif Salemi, mestre em Educação e Administração Escolar, pela Universidade São Marcos com especializa-ções em Alfabetização (Centro Universitário de Itajubá), Gestão dos Processos Educacionais (Universidade Braz Cubas) e Direito Educacional (Centro Universitário Claretia-no). Possui licenciatura em Letras e Pedagogia pela Univer-sidade Braz Cubas.

Ana Lúcia Navajas é professora de Educação Infantil na EM Antonio Nacif Salemi por 30 anos, licenciada em Edu-cação Artística e Pedagogia e pós-graduada em Direito Educacional.

O desenvolvimento de cada ação acima citada supõe, ainda, o compromisso de cada funcioná-rio; afinal de que adiantaria “falarmos” para as crianças o porquê de tomarem água nos copi-nhos, em sala de aula, se vissem os funcionários com as torneiras abertas ou mangueiras esgui-chando água para limpeza do refeitório ou pátio. As crianças, em nossa escola, já sabem que para limparmos as salas de aula, estamos utilizando água coletada em dias de chuva. Não podemos nos esquecer de que o exemplo para as crianças faz toda a diferença!

Sabemos, ainda, que os conteúdos relaciona-dos ao meio ambiente, já fazem parte do Currí-culo Nacional, ou seja, independente ou não do desejo de cada equipe escolar em abordar tais problemáticas, elas devem permear, preferencial-mente, de forma interdisciplinar, toda a organiza-ção curricular assumida pela escola. Daí fazermos a opção por abordá-lo através de projetos.

O projeto deve ser visto pelas equipes escola-res como um recurso indispensável para dar vida ao conteúdo e torná-lo mais atraente aos alunos, de modo particular, para os pequeninos da Edu-cação Infantil, uma vez que sua organização par-te dos saberes já construídos pelos alunos, pelas alunas e respeitam o que desejam aprofundar em cada momento. Na implantação de um projeto, a atividade cognitiva do aprendente é fundamen-tal para nortear o que será aprofundado.

A execução de um projeto supõe, ainda, a mo-bilidade das crianças, a interação entre elas, a

apresentação e/ou investigação de um determi-nado assunto, de formas diferentes, o que muda o papel do professor: este passa a ser um “inter-ventor”, aquela pessoa que irá propor questões provocativas e instigantes e não mais um “da-dor de aula” e, pensando em meio ambiente, há muitas questões instigantes em nossa sociedade/comunidade que merecem ser pensadas e por que não propô-las às nossas crianças?

17 Prefeitura de Mogi das Cruzes nº 71 . Educando em Mogi

18 Educando em Mogi . nº 71 Prefeitura de Mogi das Cruzes

O desafio da conscientização do uso racional

da água

José Luiz Furtado

Houve um tempo em que se pensava que a água do

planeta nunca se esgotaria. Porém, nos últimos anos, esse

pensamento vem mudando e a preocupação com a

disponibilidade de água no mundo está aumentando

significativamente.

Embora tenhamos no Brasil as maio-res reservas de água por unidade territorial do planeta, de acordo com o site Brasil Escola, é preciso

destacar que tais reservas estão desigualmente distribuídas no espaço geográfico brasileiro. Além disso, questões demográficas influen-ciam na gestão dos recursos hídricos, pois a maior concentração de água no País encontra--se na região Norte, porém a concentração po-pulacional está nas regiões Sudeste e Nordes-te, respectivamente.

O panorama descrito acima contribui para o agravamento do problema, uma vez que os al-tos custos de transporte e os impactos naturais que podem comprometer as reservas de água existentes tornam inviável a exploração de re-cursos hídricos da Amazônia, local com maior reserva de água disponível.

19 Prefeitura de Mogi das Cruzes nº 71 . Educando em Mogi

Nesse cenário, o Estado de São Paulo, o mais populoso do Brasil, passa por um mo-mento crítico desde o ano passado, onde a oferta de água nos reservatórios atingiu ní-veis preocupantes e poucas vezes vistos na história da região. É a maior crise hídrica dos últimos 80 anos. Poderíamos apontar diver-sos fatores que contribuem para o aumento da crise: nos três primeiros meses de 2014, choveu menos da metade do esperado para o período, a distribuição geográfica desigual, o crescimento desordenado da população, o mau uso dos recursos existentes e a poluição dos rios e lagos.

Ressalta-se que, somente na cidade de São Paulo, o número de habitantes saltou de 4,8 mi-lhões de pessoas em 1960 para 11,8 milhões em 2013, sem contar as outras cidades da Região Metropolitana do Estado. Somam-se a isso, as-pectos culturais enraizados nas pessoas, pois certamente, ainda há aqueles que acreditam que a água é um bem infinito, haja vista que ainda flagramos pessoas lavando calçadas e veículos com água potável tratada. Lamenta-velmente, algumas pessoas ainda não entende-ram o tamanho da crise.

Vale lembrar, ainda, que a falta de água não afeta somente a disponibilidade de água trata-da nas residências. As indústrias e a agricultu-ra são os setores que mais poderão sofrer com o problema, o que pode acarretar impactos na economia como um todo – lembrando que a maior parte das indústrias do país está justa-mente na região Sudeste.

Além disso, cabe a ressalva de que o princi-pal modal energético do país é o hidrelétrico, que possui como ponto negativo justamente a dependência em relação à disponibilidade, de modo que uma seca extrema pode levar o País a um novo racionamento de energia.

O município de Mogi das Cruzes, por meio do Serviço Municipal de Águas e Esgoto - SE-MAE em conjunto com a Prefeitura Municipal, vem adotando medidas para garantir o abasteci-mento à população em meio à crise hídrica que assola o Estado. Dentre as ações propostas está a criação do Gabinete de Crise com a incumbência de mapear, aglutinar dados, avaliar, organizar e propor medidas que visem economizar e usar racionalmente a água. O Gabinete elaborou um Plano de Contingência com uma série de ações voltadas ao uso racional, entre outras medidas que já estão sendo adotadas a fim de minimizar os efeitos da crise no município.

A autarquia vem enfrentando, ao longo dos últimos anos, o desafio de gerenciar esse recur-so escasso, investindo em novas tecnologias, renovação de frotas e equipamentos que dão maior agilidade na resolução de problemas co-tidianos como vazamentos de água, por exem-plo. O SEMAE produz 65% da água consumida pelos mogianos, a partir da captação na Estação Pedra de Afiar, no Cocuera. A água é bombea-da para duas estações de tratamento – Centro e Leste – e de lá enviada para os bairros. Já a região de Braz Cubas é atendida pelo reserva-tório Santa Tereza, que recebe água da Sabesp, comprada pelo SEMAE, num total de 35%.

20 Educando em Mogi . nº 71 Prefeitura de Mogi das Cruzes

O combate ao desperdício é a maior priori-dade dessa gestão, que tem compromisso com a redução de perdas de água tratada, causadas por vazamentos e ligações clandestinas. Nesse sentido, intensificamos a fiscalização de frau-des nos hidrômetros e ligações clandestinas; promovemos, em parceria com o Ministério Público, um plano para substituição de hidrô-metros com mais de 5 anos de uso, responsá-veis por, aproximadamente, 30% das perdas comerciais do SEMAE e iniciamos a Setoriza-ção do Sistema de Abastecimento no Distrito de Braz Cubas, que consiste na subdivisão da rede de distribuição em sistemas menores, o que agilizará as manutenções e facilitará o combate às perdas.

Além de ações de combate ao desperdício, o SEMAE vem incentivando a utilização da água de reúso, como forma de diminuição do consu-mo de água das redes de abastecimento e prio-rização da água potável para consumo huma-no. A água de reúso é resultante do processo de tratamento do esgoto. A Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de César de Souza produz cer-ca de 110 litros por segundo, que é devolvido ao rio Tietê.

Apesar de não ser potável, ela possui óti-ma qualidade e não tem detritos, podendo ser utilizada para diversas finalidades, exce-to para o consumo humano, uma vez que não tem flúor e outros elementos que asseguram sua pureza. A própria autarquia já utiliza a água de reúso em serviços, como a desobs-trução de redes de esgoto.

Já a Secretaria Municipal de Serviços Urba-nos usa o material para limpeza urbana, irri-gação paisagística, desobstrução de galerias pluviais e perfurações de solo. Para divulgar os benefícios da utilização da água de reúso e para quais atividades ela é recomendada, o SEMAE elaborou um material informativo, que já pode ser retirado por empresas, escolas, creches e en-tidades interessadas.

O maior desafio, porém, está na conscientiza-ção da população para o uso racional da água. Como mencionamos acima, ainda nos depara-mos com situações onde as pessoas usam água potável e tratada para lavagem de calçadas, quintais e carros com utilização de mangueiras. Na tentativa de promover a conscientização, a autarquia desenvolveu o programa “Conhecer para Economizar”, que visa levar à população informações sobre como usar a água de forma consciente, econômica e como calcular o con-sumo médio dentro da residência. Em apenas seis meses de programa, mais de 100 palestras foram realizadas em escolas e empresas.

Uma parceria muito positiva entre o SEMAE e Secretaria de Educação também colabora para as ações de conscientização. O objetivo é que os estudantes incorporem a mensagem de economia e uso consciente da água e sejam agentes multiplicadores de novos hábitos de consumo, levando-os, sobretudo para a famí-lia. Dessa iniciativa, surgiu o jogo educativo “Amigos da Água”, que leva a criança a apren-der sobre consumo, economia, desperdício e tratamento de água.

21 Prefeitura de Mogi das Cruzes nº 71 . Educando em Mogi

Os professores receberam o jogo e passaram por uma capacitação para que a aplicação do jogo nas atividades fosse a melhor possível, de forma interativa e divertida, reforçando os conceitos sobre o consumo racional da água. O jogo está sendo empregado nas atividades es-colares com alunos do 2º ao 5º ano (7 a 10 anos de idade). Já para as crianças do Infantil III ao 1º ano (3 a 6 anos de idade), estão sendo uti-lizados quebra-cabeça e adesivos. O material reforça o conteúdo de ciências naturais, entre outras disciplinas.

Como visto, há o compromisso do município na promoção da conscientização sobre o uso racional da água, reconhecendo que há uma necessidade urgente de a população adotar há-bitos que desenvolvam um consumo racional e consciente. Atitudes como lavar calçadas, quin-tais e carros com o uso de mangueiras devem ser evitados, substituindo por outras formas de fazer, com vassouras e panos úmidos. Rotineira-mente, os cidadãos devem reduzir o tempo do banho e diminuir o volume de água usado em tarefas como lavagem de louças e de roupas.

Assim, com pequenas atitudes e mudanças de hábitos simples, estaremos todos colaboran-do para a minimização dos efeitos da escassez de água, um bem finito e indispensável para a sobrevivência da nossa espécie. E, como diria o ditado: Sabendo usar, não vai faltar!

José Luiz Furtado é Diretor Comercial do Serviço Municipal de Águas e Esgoto de Mogi das Cruzes - SEMAE, especialista em Gestão Pública Municipal e Gestão de Cidades.

Kelli Correa Brito é jornalista da Secretaria de Educação.

22 Educando em Mogi . nº 71 Prefeitura de Mogi das Cruzes

Com um trabalho importante de conscientização dos alunos e da comunidade e ações efetivas para o uso racional da água nos prédios

escolares, as escolas municipais de Mogi das Cruzes superaram a meta de 30% de economia estabelecida pelo Plano de Contingência de Água. Em maio deste ano, as unidades reduzi-ram em 32,75% o consumo de água em relação ao mesmo período de 2014. As atividades de-senvolvidas pelas equipes e alunos estão mu-dando o paradigma de consumo, não só neste período de crise, mas para as próximas gera-ções. Em maio de 2014, o consumo de água era de 13.566 m3 e neste ano, ficou em 9.122 m3.

O consumo das unidades escolares tem sido acompanhado pelo SEMAE e pela Secretaria de Educação. Um relatório mensal é encami-nhado para as escolas. O trabalho desenvolvi-do pela Secretaria de Educação teve início em fevereiro com o envio de orientações para as escolas. Foram propostas mudanças nas ativi-dades de limpeza e manutenção das escolas, como a troca de torneiras e vasos sanitários que estivessem com vazamentos, reúso da água da cozinha, diminuição do volume de água em tarefas como a lavagem de louças, uso de balde e vassoura no lugar de manguei-ra, instalação de reguladores de vazão nas ins-talações hidráulicas, entre outras ações.

Escolas municipais de Mogi superam a metae reduzem em 32,75%o consumo de água

MUDANÇA DE HÁBITOCOMEÇA NA SALA DE AULA

O diferencial para que as escolas munici-pais superassem a meta está nas atividades em sala de aula, com a elaboração de sequên-cias didáticas e planos de ação sobre o assun-to. Para complementar este trabalho, no final de maio as escolas municipais receberam o jogo educativo "Amigos da Água", desenvol-vido pelo SEMAE em parceria com a Secreta-ria de Educação.

O material contribui para que os alunos incorporem a mensagem de economia e uso consciente da água. É composto por tabuleiro, cinco personagens (Flúor, Sulfato, Walter, Clo-ro e Gota), conjunto de cartas, dados e estre-las, e leva a criança a aprender sobre consumo, economia, desperdício e tratamento de água. O material reforça o conteúdo de ciências na-turais, entre outras disciplinas.

Kelli Correa Brito

CAMPANHA

Aprendendo a cuidar da água desde

cedo

Michelle de Moraes Martins

Como todos sabem, estamos passan-do por uma crise de abastecimento de água. Pensando nisso, resolvemos trabalhar dobrado com nossos alunos

durante a Semana da Água. Sendo assim, no perío-do de permanência das crianças no Centro de Edu-cação Infantil Municipal Profª Haydée Brasil de Carvalho, no Jardim Maricá, executamos algumas atividades relacionadas ao tema e enviamos outras como “tarefa” para serem feitas em casa juntamen-te com os pais e familiares. Então, todos os dias da Semana da Água, as crianças levaram “lição de casa” para trazer no dia seguinte.

A intenção dessas atividades extras foi desper-tar nos alunos o uso consciente da água desde cedo. E, também, para que houvesse uma parti-cipação maior entre aluno/escola/família. A ideia de envolver os pais nas atividades teve como objetivo promover a interação das crianças com os familiares, disseminando assim a conscienti-zação do uso racional da água não somente entre os pequenos, mas também, entre os adultos com quem convivem.

Para que o projeto tivesse mais ênfase, criou-se a pasta “Vai e Volta”. Nela, eram colocadas as ati-vidades que as crianças deveriam fazer em casa e trazer no dia seguinte. Além de organizar melhor as atividades, desenvolveu-se o senso de responsa-bilidade nos alunos pelo fato deles terem que cui-dar da pasta com as atividades dentro.

Michelle de Moraes Martins é graduada em Pe-dagogia (Uninter). Foi auxiliar de desenvolvimento infantil no CEIM Profª Haydée Brasil de Carvalho e atualmente é professora de ensino fundamental na EM Profª Wanda de Almeida Trandafilov.

Aproveitou-se o ensejo para trabalhar atividades relacionadas ao combate do mosquito da dengue, assunto também de suma importância e que está relacionado com a água. E com isso, espera-se que cada vez mais cada um faça a sua parte, pensando não somente em si, mas também nas próximas ge-rações e no futuro do planeta.

23 Prefeitura de Mogi das Cruzes nº 71 . Educando em Mogi

Luciana Monteiro SantosNoeli Aparecida de SouzaRita de Cássia de Souza Silva

Água...que falta faz!

O tema Água atualmente é assunto de preocupação e discussões em ní-vel mundial, pela sua importância e pelo fato de ser um recurso natural

que corre o risco de se esgotar. Praticamente to-das as atividades do nosso cotidiano envolvem a água, como a higiene pessoal e do ambiente em que vivemos e a preparação de grande parte dos alimentos.

Precisamos da água para o cultivo dos ali-mentos, para a produção do gado, enfim para tudo. Assim, é impossível imaginar o planeta sem água.

Atualmente, a escassez de água já é um proble-ma mundial, devido a fatores que têm relação di-reta com a ação do ser humano no meio ambiente: desperdício, poluição, mudanças climáticas, tudo isso interfere no ciclo da água, fazendo com que diversos países já sofram as consequências de for-ma bem grave.

Conforme mencionado por Jacobi 1999/2003:

A educação ambiental, nas suas diversas possibilidades, abre um estimulante espaço para repensar práticas sociais e o papel dos pro-fessores como mediadores e transmissores de um conhecimento necessário para que os alu-nos adquiram uma base adequada de compre-ensão essencial do meio ambiente global e local, da interdependência dos problemas e soluções e da importância da responsabilidade de cada um para construir uma sociedade planetária mais equitativa e ambientalmente sustentável.

Se cada um fizer sua parte por meio de ações simples, podemos ter certeza da possibilidade de mudança no planeta! Por isso, precisamos começar a refletir cada vez mais cedo, sobre a importância da água e as formas de utilizá-la de modo mais racional.

24 Educando em Mogi . nº 71 Prefeitura de Mogi das Cruzes

Luciana Monteiro Santos é professora de Educação Infantil, com graduação em Pedagogia e Gestão Esco-lar. Atualmente leciona no CEMPRE Drª Ruth Cardoso.

Noeli Aparecida de Souza é professora de Educa-ção Infantil, pós-graduada em Psicopedagogia. Atual-mente leciona no CEMPRE Drª Ruth Cardoso.

Rita de Cássia de Souza Silva é professora de Edu-cação Infantil, pós-graduada em Psicomotricidade e Gestão Escolar. Atualmente leciona no CEMPRE Drª Ruth Cardoso.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

JACOBI, P. Cidade e meio ambiente. São Paulo: Annablume, 1999

Matrizes Curriculares Municipais de Língua Portuguesa, Matemática e Ciências Naturais e Sociais

LINKS ELETRÔNICOS:

http://www.youtube.com/watch?v=ftk5snmrkts

http://www.youtube.com/watch?v=--2ialz8lt8

https://www.youtube.com/watch?v=slfpr8igqey

http://www.youtube.com/watch?v=Mcbxrdz3cz0

PLANO DE AÇÃO

AONDE CHEGAR:Na conscientização dos alunos sobre o uso cor-

reto da água e na compreensão de que a água é condição essencial de vida de todos os seres vivos.

COMO CHEGAR:Por meio de rodas de conversas, músicas, fil-

mes, atividades em sala, pinturas, leituras, histó-rias em quadrinhos e jogos.

DISCIPLINAS ENVOLVIDAS:Língua Portuguesa, Ciências Naturais e Sociais

e Matemática.

DESENVOLVIMENTO:Primeiramente, fizemos uma roda de conversa

sobre o tema água. Em seguida, assistimos ao fil-

me da Turma da Mônica “Um Plano Pra Salvar o Planeta”. Neste dia, também realizamos uma pin-tura no desenho que representava a Terra.

No decorrer da semana, aprendemos as mú-sicas “Água”, da Turminha do Tio Marcelo, e “Economizar Água”, da Turma da Mônica. As-sistimos também ao desenho “A Gota Borralhei-ra”, da Sabesp.

PÚBLICO-ALVO:Alunos do Infantil III e IV, com idade entre 4 e

6 anos

AVALIAÇÃO:A avaliação foi feita por meio da observação das

mudanças no comportamento dos alunos com re-lação ao uso consciente da água.

25 Prefeitura de Mogi das Cruzes nº 71 . Educando em Mogi

Estas são as frases mais ouvidas no Centro de Educação Infantil Municipal Richer Romano Neto, no Jardim Esplanada. É gratificante saber que nossos pequenos,

desde a mais tenra idade já possuem a consciência de que precisamos economizar água. Sabem que o nosso planeta está passando por um momento crí-tico e que TODOS nós devemos fazer a nossa parte.

Pensando nisso, nossa escola tem trabalhado, desde 2013, o projeto “Sustentabilidade e Cuidados com o Meio Ambiente”, visando a conscientizar nossos alunos da importância do tema. Lembrando sempre que “a criança é um sujeito social e históri-co que está inserido em uma sociedade na qual par-tilha de uma determinada cultura. É profundamen-te marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas também contribui com ele” (BRASIL, 1994). É este conceito que almejamos passar para os nossos alunos, tornando-os multiplicadores desses novos hábitos tão importantes.

Desde o começo, o projeto foi muito bem acei-to, tanto pelos alunos, como pelos funcionários e pais. Mensalmente é desenvolvido o Plano de Ação com o tema que se pretende trabalhar: Água; Energia Elétrica; Reciclagem; Cuidados com o Meio Ambiente; Lixo; Separação correta do lixo seco e úmido; Desperdício; Respeito com as plantas e animais; e tudo o que diz respeito so-

Márcia dos S. Vitoriano de Aguiar

bre os cuidados com o nosso planeta. Uma vez por semana os alunos do Infantil II, III e IV, se-paradamente, recebem orientações por meio de atividades lúdicas, vídeos, confecções de cartazes e murais, leitura de histórias infantis, conversa de roda e atividades com pinturas.

O trabalho conta sempre com a ajuda e cola-boração da nossa diretora e demais educadoras, que desenvolvem durante toda a semana o tema da aula com os alunos. Iniciamos nosso projeto em março e estendemos o tema "Água" também para abril, pois este é um tema gerador que ofere-ce muitas possibilidades de atividades.

Com este artigo, esperamos compartilhar ati-tudes e ações possíveis, práticas de fácil compre-ensão não só para nossos alunos, como para toda a comunidade, pois é sabido que as práticas pe-dagógicas vão muito além dos muros escolares e é isto mesmo que pretendemos como educado-ras: fazer dos nossos pequeninos multiplicadores conscientes dos valores e ideias de preservação do meio ambiente como um todo e dando ênfase neste momento com atitudes para valorização da nossa fonte de vida: a ÁGUA!

A seguir, apresento nosso Plano de Ação e um recorte dos trabalhos realizados pelo CEIM Richer Romanto Neto sobre o tema: "Projeto Água - A Es-sência da Vida".

A essência da vida!

TIA, NÃO PODE DEIXAR A TORNEIRA

ABERTA, NÃO É MESMO?!

A ÁGUA DO MUNDO ESTÁ ACABANDO!

26 Educando em Mogi . nº 71 Prefeitura de Mogi das Cruzes

JUSTIFICATIVAComo educadoras, devemos contribuir para for-

mação de uma geração consciente em relação ao seu papel como cidadão voltado para uma valori-zação ética, social econômica e ambiental, além de pensar em uma escola que promova esse aprendi-zado, a fim de se ensinar a importância de atitudes de preservação para que as gerações futuras não sofram coma falta de água em nosso planeta.

AONDE CHEGAR?- Na valorização e reconhecimento da importância

da água para a vida de todos os seres do planeta;- Proporcionar o conhecimento e a conscientiza-

ção dos alunos a partir da educação infantil acerca da construção de atitudes e hábitos que contribuam para conter o desperdício e promova a preservação deste bem essencial para a vida de todos os seres, que agora sabemos que pode se findar;

- Sensibilizar de forma lúdica sobre o uso susten-tável deste recurso natural, apresentando alternati-vas e soluções para esta questão;

- Reconhecer atitudes inadequadas no dia a dia para com o uso da água;

- No entendimento sobre o ciclo da água, dentro da faixa etária de cada turma;

- Conscientizar sobre a importância do não des-perdício da água e o impacto desta ação no meio ambiente, tornando-os agentes multiplicadores.

COMO CHEGAR?- Pinturas e desenhos;- Confecção de painéis, murais, livrinhos, máscaras;- Roda de conversa;

- Literatura infantil sobre o tema;- Vídeos e uso de multimídias em geral que demons-

tram os cuidados com a água e o meio ambiente;- Painel de fotos que relatam a mudança de hábi-

tos em prol da economia de água dentro da escola por funcionários e alunos;

O QUE FAZER PARA CHEGAR?As atividades são programadas semanalmen-

te, já com a grade horária destinada a este proje-to indicando o tempo previsto para sua aplicação, preparo e seleção do material, como: diferentes gêneros de textos, desenhos para colorir, recortes, colagem, uso de mídias, rádio, vídeos; enfim, tudo relacionado ao tema.

AO CHEGAR SE FAZ NECESSÁRIO SABER SE:- Os alunos formam opiniões sobre o tema de-

senvolvido;- Mostra-se um possível agente multiplicador na

valorização e reconhecimento da importância da água para a vida de todos os seres do planeta;

- Há conscientização sobre a importância do não desperdício da água e o impacto desta ação no meio ambiente;

- Há participação em situação de roda de conversa;- Participam com relatos e acontecimentos, man-

tendo o encadeamento dos fatos.

Vale a pena lembrar que “[...] a avaliação é um im-portante instrumento pedagógico onde podemos visuali-zar os pontos positivos e negativos do trabalho realiza-do, a fim de acompanhar e redirecionar novas ações. [...] (RCNEI, 1998).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BRASIL, MEC, COEDI: Política Nacional de Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF/DPEF/COEDI, 1994.

Brasil. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil / Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998. 3v.: il.

LINKS ELETRÔNICOS:

http://pt.slideshare.net/adilsonmottam/projeto-gua-educao-infantil

htpp://www.youtube.com/watch?v=RpuWT8fBxS

https://www.youtube.com/watch?v=g-KwQhbx0gA

htpp://www.youtube.com/watch?v=SlfpR8IgQeY

Márcia dos S. Vitoriano de Aguiar é auxiliar de desenvolvimento infantil do CEIM Richer Romano Neto.

PLANO DE AÇÃO

27 Prefeitura de Mogi das Cruzes nº 71 . Educando em Mogi

A Escola Municipal Dr. Luiz Beraldo de Miranda, no bairro do Parque Olímpico, iniciou o trabalho sobre a questão da água em 2014 e tem

dado continuidade às ações neste ano. Desde o primeiro dia de aula, há atividades sobre o uso racional da água para a conscientização dos alu-nos e da comunidade.

Um dos desafios propostos pelos professores aos estudantes foi registrar como as lições de economia de água aprendidas na escola estavam refletindo no dia-a-dia de suas casas. O material foi apresentado para toda a escola, servindo de exemplo para outras turmas.

As imagens registram os alunos escovando os dentes com a torneira fechada e reutilizando a água da chuva e da máquina de lavar. “Aprendi que ao escovar os dentes, devo manter a torneira

Alunos do Parque Olímpico praticam lições de economia de água em casa

Kelli Correa Brito

fechada. Ensinei todos da minha família, inclusi-ve meu irmão mais novo”, contou Gustavo Mar-tins de Siqueira Schimidt.

“Em minha casa, coletamos água da chuva e depois usamos para jogar nos banheiros”, disse Pedro Henrique Silva do Carmo. “Toda minha fa-mília reutiliza a água da máquina de lavar para limpar e lavar o quintal”, completou Alanis de Oliveira Pimenta. Os alunos foram orientados pela professora Paula Fernanda Correa do Prado.

“Nosso objetivo é incentivar o consumo racio-nal de água, promovendo mudanças de hábitos coletivos, além de fomentar iniciativas de econo-mia nas famílias e comunidade escolar, que pos-teriormente serão divulgadas em redes sociais e podem ser replicadas por outras pessoas”, expli-cou a coordenadora pedagógica Samira Garcia Zaidan Carvalho.

28 Educando em Mogi . nº 71 Prefeitura de Mogi das Cruzes

Kelli Correa Brito é jornalista da Secretaria de Educação.

TELEJORNAL SOBRE A ÁGUA

As ações do projeto em prol do uso racional da água resultaram em um telejornal produzido por alunos da unidade escolar, o Telejornal LBM News, elaborado por alunos do 1º ao 5º ano do ensino fundamental.

O projeto foi desenvolvido nas salas de aula e na sala de informática durante a formação básica e nas oficinas com as professoras de arte e edu-cação física. O tema foi debatido em sala de aula e na sequência, os alunod fizeram uma pesquisa para a gravação de um vídeo sobre o assunto es-colhido pela turma, semelhante a uma matéria de telejornal. Os vídeos foram editados e apresenta-dos no telejornal para todos os alunos da escola.

O material está disponível na página da unida-de escolar na rede social para divulgação junto à comunidade escolar, que também pode apresen-tar vídeos sobre medidas de economia de água feitas em casa.

29 Prefeitura de Mogi das Cruzes nº 71 . Educando em Mogi

Em março deste ano, a Escola Municipal Profª Sônia Brasil de Si-queira Andreucci, no bairro do Jardim Margarida, começou o Projeto Água. Realizamos diversas atividades visando a instruir nossos alunos para um uso correto e a redução do desperdício

de água. Uma delas foi um concurso com o tema “Economia de água”, que incentivou a união de pais e filhos para o desenvolvimento da proposta. Os melhores alunos (um do período da manhã e outro da tarde) foram premia-dos. Além disso, o assunto foi muito trabalhado em classe desde o início das aulas, inclusive com o estudo de um livro. O próprio painel de boas-vindas já introduzia a principal crise atual do país: a falta d’água.

Durante a reunião dos pais, realizada no dia 24 de fevereiro, um momento importante de união dos pais e escola, foi apresentado o vídeo “Carta do ano de 2070” e fizemos uma reflexão mais adulta sobre o problema. Pretendemos continuar o projeto, mostrando cada vez mais aos alunos e pais a importân-cia de se preservar este bem natural, que infelizmente, não é infinito. Foram colocadas também fotos dos trabalhos nas paredes da escola para que os pais e alunos pudessem apreciar e aprender mais com o nosso projeto. Agradece-mos a todos que participaram e continuarão participando do projeto e como sempre desejamos que cada vez mais pessoas colaborem na diminuição do desperdício de água.

Projeto Água

Equipe Escolar da Escola MunicipalProfª Sônia Brasil de Siqueira Andreucci

Você Sabia?

A água é o solvente mais utilizado no mundo, estando presente em diversas atividades industriais, domésticas e científicas.

Cerca de 75% do corpo humano é composto por água.

Cerca de 70% da água existente na Terra é salgada (encontrada nos oceanos).

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Ao iniciar o ano letivo, o trabalho começou por uma sondagem das informações que os alunos já possuíam. Percebemos que eles conheciam e identificavam apenas situações básicas do uso da água, que sofreriam impacto com a falta deste recurso como

para beber, higiene pessoal e limpeza doméstica. Situações mais próximas à realidade deles.

Durante as discussões iniciais, os principais conceitos foram escritos no quadro à medida que a roda de conversa acontecia e os alunos se familiariza-vam com o tema. Foi então que assistimos ao vídeo “Carta do ano de 2070” referente à falta de água, que trata de forma mais aprofundada do problema em questão. Os alunos perceberam que a falta de água é um problema muito mais sério do que se pensa.

Viram que com a falta de água, não teríamos os rios, que a seca ocasionaria em grandes extensões de desertos. Não haveria plantações, animais e peixes, alimentos mais prementes à subsistência humana. A comida seria sintética, as pessoas sofreriam de insuficiência renal. A expectativa de vida seria de apenas 35 anos no máximo. As indústrias de bens de consumo perderiam es-paço para as indústrias de dessalinização da água. As pessoas teriam direito a beber apenas meio copo de água e a água seria o produto mais vendido e consumido. Foram imagens marcantes.

Alunos criame refletemsobreo usoracionalda água

Meire Falque dos Santos OliveiraSueli Santos Souza Rodrigues

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Em seguida, para consolidar o conhecimento, a turma se apoiou em anotações durante a exposição do vídeo e fizeram uma história em quadrinhos como forma de re-gistro. Em um segundo momento, revisitamos o conteú-do já visto e aprofundamos ainda mais o conhecimento.

Discutimos mais uma vez sobre a falta de água abor-dando, então, o reaproveitamento da água. Começou uma nova sondagem para analisar como era feito o reúso em suas casas. Surgiu um novo problema: o mau acondi-cionamento da água. Observei que muitos reutilizavam, mas não existia a preocupação com a água parada. Mais um problema surgiu então, a proliferação da Dengue.

Para concluir as análises, as crianças aliaram o conhe-cimento teórico de panfletos, jornais, livros e revistas à experiência de quem vive no cenário do mau acondicio-namento da água. Utilizamos os materiais da caixa do La-boratório de Ciências, que foram apresentados à turma. Discutimos mais uma vez sobre as causas e consequên-cias destes problemas.

A professora programou uma saída a campo com os alunos pela própria escola e os orientou sobre um rela-tório que precisaria ser elaborado por cada um deles. O material deveria conter informações sobre os possíveis focos do mosquito da Dengue nas partes internas (pátio, jardim e quadra) e externas da escola, além do gramado.

No retorno à sala, os alunos foram avisados de que teriam que orientar suas famílias a realizarem o mesmo trabalho em suas casas com o objetivo de repassar medi-das de prevenção a fim de proteger a comunidade local. Assim, as crianças saíram preparadas para coletar os da-dos de que precisariam utilizar depois e puderam ver, na prática, como funcionam os trabalhos do Núcleo de Con-trole e Prevenção à Dengue, fazendo com que finalmente se apropriassem desse conteúdo.

No momento de encerrar os trabalhos, os alunos foram desafiados pela professora Sueli Santos Souza Rodrigues a elaborarem um projeto de coleta e armazenamento de água de forma segura para minimizar os efeitos de conta-minação pelo Aedes Aegypti.

Primeiramente, a professora relembrou como é o ciclo das chuvas por meio de ilustração e explanação. Instigou-os a pensar que a natureza é tão sábia que a mesma água que os dinossauros bebiam está entre nós até hoje por causa deste ciclo inteligente das chuvas. Juntos refletiram também sobre o impacto que a má con-servação do ambiente tem sobre este ciclo e, consequen-temente, sobre a vida humana. O desafio consistia em formar grupos com cinco crianças para discutirem sobre um projeto de um equipamento de captação de águas da chuva e/ou reúso doméstico.

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Mas não poderiam simplesmente fazê-lo. Deveriam imaginar que o grupo era uma empresa, por isso uma das etapas consistia em nomeá-la, assim como o projeto. Isso contribuiu para que eles tivessem uma melhor noção do que realmente é o trabalho em grupo e de que sozinhos pouco conseguimos mudar nesta questão, precisamos nos unir e fazer a diferença, de fato.

A segunda etapa do desafio foi criar maquetes de acor-do com os projetos das crianças. Foi distribuído mate-riais, como papéis coloridos de diferentes texturas, cola, tesoura. Apesar de serem materiais simples, as crianças realizaram um ótimo trabalho, dando vida aos seus pro-jetos. Foi uma atividade muito significativa, pois além de enriquecer as reflexões sobre a questão da água, puderam perceber que são capazes de realizar lindos trabalhos e de ir além do apreciar, podem criar e refletir. Dessa forma, eles puderam colocar em prática todos os conhecimentos adquiridos sobre o tema.

Meire Falque dos Santos Oliveira é professora de ensino fun-damental I da EM Profª Florisa Faustino Pinto. Formada em Pe-dagogia, Matemática e Ciências Físicas Biológicas.

Sueli Santos Souza Rodrigues é professora de ensino funda-mental I da EM Profª Florisa Faustino Pinto. Graduada em Peda-gogia e pós-graduação em Educação em Música.

SEQUÊNCIA DIDÁTICA

OBJETIVOS:- A falta de água;- A reutilização da água;- O mau condicionamento da água;- Pesquisa de campo;- Coleta de dados;- Elaboração de relatório.

CONTEÚDO:- Meio ambiente;- Benefícios e possíveis malefícios da água;- Identificar os focos de Dengue;- Prevenção da Dengue;- Protótipo de um equipamento.

PÚBLICO-ALVO:- EM Profª Florisa Faustino Pinto: 4º Ano A e B- EM Prof. Dermeval Arouca: 2º Ano C

TEMPO ESTIMADO:- Oito aulas

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Pensando em como podemos ajudar nosso planeta, nosso país, nosso município e nosso distrito, visando sempre focar na educação desde os primeiros anos de vida da criança para que os adultos do futuro se tornem cidadãos melhores em nossa sociedade, o Cen-tro Infantil Criança Esperança – CICE, entidade mantenedora da Creche Sueli Pereira

dos Santos, localizada em Sabaúna, realizou no dia 22 de março, uma ação social em nosso Distri-to. Durante a semana, as crianças da creche confeccionaram cartazes e gotinhas para serem leva-dos pela principal rua de Sabaúna para conscientizarmos as pessoas sobre o uso racional da água.

Aproveitamos também para conscientizar as pessoas sobre a dengue, pois devido à falta de água, muitas pessoas estão armazenando a água da chuva em casa, o que demanda vários cuida-dos, pois o mosquito Aedes Aegypti procura locais com água limpa para botar seus ovos. Portan-to, é necessário cuidado redobrado neste armazenamento.

Por meio de estudos realizados com as crianças, descobrimos que basta uma tampinha de gar-rafa jogada no quintal ou na rua para que se acumule água da chuva e o mosquito da dengue já deposite seus ovos.

Neste dia, as funcionárias, pais e alunos da creche foram para a rua principal de Sabaúna e paramos carros, pessoas, ciclistas e motociclistas. Por aproximadamente três horas, distribuímos gotinhas com frases de conscientização, além de folders explicativos sobre a dengue e também material do Semae sobre o uso racional da água.

Enfim, foi um trabalho muito gratificante, pois muitas pessoas elogiaram a iniciativa do CICE e temos a certeza de que a partir de então, muitos estão colaborando para a economia de água e limpando seus quintais, evitando a proliferação da dengue.

Dia Mundial da Água

Cláudia Aparecida Franco da Silva

Cláudia Aparecida Franco da Silva é diretora da Creche Sueli Pereira dos Santos.

Ação Social

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Para discutir a temática da dengue a fim de conscientizar as crianças so-bre as formas de prevenção da doen-ça, os alunos do infantil III da Escola

Municipal José Alves dos Santos, em Jundiape-ba, por meio de uma sequência didática inter-disciplinar, participaram de rodas de conversa, leitura dos materiais “Todos contra a dengue” (Dpaschoal) e “Turma da Mônica: Vamos com-bater a dengue” (Maurício de Sousa), realiza-ram atividades com a escrita da palavra den-gue em forma de quebra-cabeça, identificaram cenas em atividades que poderiam ocasionar a proliferação do mosquito e receberam um livro informativo sobre as formas de prevenção, sin-tomas e tratamento com atividades recreativas, distribuído de forma gratuita pela Dpaschoal.

DENGUE

Raelen Brandino Gonçalves

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

MOGI DAS CRUZES, Secretaria Municipal de Educação. Ma-trizes curriculares municipais para a educação básica 9 anos – Ciências naturais e sociais. Secretaria Municipal de Educação. Mogi das Cruzes: SME, 2010.

SOUSA, Maurício de. Turma da Mônica: Vamos combater a dengue. São Paulo: Maurício de Sousa, 2010.

LUZ, Brasilio Carlos Zolga Machado da. Todos contra a den-gue. 6ª ed. São Paulo: Fundação Educar Dpaschoal, 2010.

Raelen Brandino Gonçalves é graduada em Pedagogia e História e especialista em Educação Inclusiva e Deficiên-cia Mental (PUC/SP); Psicopedagogia Clínica e Institucional e Alfabetização (UNICID); Didática, Dinâmica e Gestão do Ensino Superior (UMC); e Ética, Valores e Cidadania na Es-cola (USP). Atualmente é professora de educação infantil em escolas municipais de Mogi das Cruzes e São Paulo.

Conscientização e prevenção na Educação Infantil

Após as leituras e roda de conversa, as crian-ças caminharam ao redor da escola identifi-cando locais que, se descobertos, poderiam ser um foco de contaminação, assim como locais ou objetos que poderiam conter água parada. Como culminância da sequência, as crianças confeccionaram uma viseira com o mosquito transmissor “Aedes aegypti” e levaram o livro para casa.

Trabalhar esta temática é essencial para ga-rantir medidas de prevenção, pois esta ainda é a melhor forma de evitar a proliferação do mosquito. É necessário manter a caixa d’água fechada, não deixar água parada em objetos como pneus, calhas, telhas, garrafas, copos plásticos, bacias e vasos de planta. A atitude de cada um faz a diferença na vida de muitos.

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CAMPANHA

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Nosso projeto surgiu diante da problemática sobre a crise hídrica que estamos vivendo e a necessidade de economizar água, um recurso que está, paulatinamente, escasse-

ando em nossa região.No trabalho com o 4º ano F da Escola Municipal Ve-

readora Astréa Barral Nébias, em Nova Jundiapeba, co-meçou o questionamento sobre o ciclo da água, de onde este recurso vem e para onde vai. Durante uma roda de conversa, pudemos obter as mais diversas respostas, que nortearam o nosso trabalho.

Quando começaram os primeiros indícios de falta de água em nossa região e com a necessidade constante de economizar a água, procuramos entender um pouco mais sobre a água em seu ambiente primário: a natureza. Em fun-ção disso, começamos a estudar o rio Tietê e sua influência em nossa região, mais especificamente, em nossa cidade.

Diante de um trabalho conjunto entre a sala de aula e sala de informática, as crianças tiveram a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre o percurso do Rio Tie-tê, desde sua nascente até onde desagua. Aproveitando ainda para aprofundar o estudo sobre o ciclo da água, pesquisamos o curso do rio Tietê.

O sonho de todo o rio é desaguar no mar e com o Tietê não é diferente. Mas ao contrário dos outros rios que de-saguam no mar, o Tietê não consegue vencer a Serra do Mar, cortando então toda a Região Metropolitana de São Paulo até chegar a seu destino. Segundo dados do De-partamento de Água e Energia Elétrica do Estado de São Paulo - DAEE, o rio percorre quase 1.100 quilômetros até desaguar no rio Paraná, que por sua vez, desagua no mar.

Meusonhopara o

Rio TietêFabiana Gomes Liobino Sampaio

O fato do rio atravessar toda a Região Me-tropolitana gerou bastante curiosidade entre a turma e levou a outros questionamentos sobre a água que consumimos.

Chegamos à conclusão de que a água que utili-zamos vem de uma estação de tratamento de água e esgoto. Os alunos questionaram o porquê do rio estar tão poluído e, de comum acordo, decidimos focar nosso trabalho na poluição do rio Tietê.

Para isso, utilizamos textos do livro do proje-to Ler e Escrever, nos quais os alunos puderam ter um contato maior com o destino dos resí-duos sólidos e como eles podem ser descarta-dos. Por meio da leitura dos textos, discutimos a questão da poluição e fomos tomando posição acerca de atitudes mais reflexivas em relação ao descarte dos resíduos.

Paralelamente, nas aulas de informática, as crianças viram vídeos de documentários sobre o rio Tietê, os impactos e sua importância na vida dos moradores das cidades por onde ele passa. Em decorrência do desenvolvimento do assunto,

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foram utilizados jogos educativos para promo-ver a ampliação de novos conhecimentos e tor-nar o conteúdo significativo.

A turma gostou, particularmente, da imagem do rio Tietê, vista pelo Google Earth, onde visu-alizaram toda a extensão do rio, desde sua nas-cente na cidade de Salesópolis até seu ponto de desague no rio Paraná. Enquanto viam as ima-gens, falamos sobre as características do rio e as “desventuras” vividas em seu percurso.

Em roda de conversa, os alunos frisaram a fra-se: “O sonho de todo rio é desaguar no mar”, en-tão lançamos a proposta para que sonhassem pelo rio. O tema gerador foi: “O meu sonho para o Rio Tietê”. De acordo com essa proposta, os alunos fizeram uma produção textual, em que foi a vez de cada criança sonhar uma nova história para o rio. Os alunos também tiveram a oportunidade de desenhar o rio Tietê da forma que idealizaram.

Um dos pontos cruciais do projeto foi a apre-sentação de slides de fotos da nascente, onde pu-deram constatar a diferença entre os diferentes

Fabiana Gomes Liobino Sampaio é gradu-ada em Pedagogia pela Universidade Braz Cubas e pós-graduada em Educação Espe-cial pela Universidade Claretiano.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

h t t p : / / w w w. d a e e . s p . g o v. b r / i n d e x . p h p ? o p t i o n = c o m _content&id=793:historico-do-rio-tiete&Itemid=53

Ritos, rios e ruas - https://www.youtube.com/watch?v=cj6k75IR4l0

http://www.senado.gov.br/noticias/Jornal/emdiscussao/codigo-flo-restal/areas-de-preservacao-permanente.aspx%20https://www.youtube.com/watch?v=n3wZxYgRyWQ#t=127

http://www.daee.sp.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=585:parque-nascentes-do-tiete&catid=48:noticias&Itemid=53

pontos do rio e o quanto ele está degradado depois de sair de sua nascente até quando passa por nossa cidade, onde encontra-se poluído.

Por fim, os alunos fizeram um livro com as principais características e mudanças do rio em três estágios: Alto Tietê, Médio Tietê e Baixo Tietê até realizar seu sonho.

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A Escola Ambiental de Mogi das Cruzes, vinculada à Secreta-ria Municipal de Educação de Mogi das Cruzes, como espaço

destinado ao desenvolvimento e aprimora-mento profissional de educadores mogianos e atendendo a Lei 9.433/97 da Política Na-cional de Recursos Hídricos, tem como um dos seus eixos orientadores o tema “Água e Energia”. Nesta concepção de que a água é um recurso limitado, dotado de valor eco-nômico e necessário ao desenvolvimento de um país, a escola tem como proposta central oferecer cursos, palestras, oficinas, estudo de campo, apoio ao desenvolvimento de ati-vidades pedagógicas e subsídios à transpo-sição didática do tema.

Atende também o que descreve a Decla-ração Universal dos Direitos da Água, re-digida pela ONU em 1992, entendendo que a água faz parte do patrimônio do planeta. Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão é plenamente responsável aos olhos de todos. E assim, como citado na “Carta da Terra”, é preciso administrar o uso de recursos reno-váveis como água, solo, produtos florestais e vida marinha de forma que não excedam às taxas de regeneração e que protejam a saúde dos ecossistemas.

Recursos Hídricos:

Angélica Lucas BezerraStela Dalva Sorgon

Partindo destes princípios a Escola Am-biental de Mogi das Cruzes colabora com o delineamento de um futuro mais adequado em termos de disponibilidade hídrica. Desde sua inauguração, em 2006, propõe e oferece assessoria a projetos em Educação Ambien-tal, sobretudo com foco no uso responsável da água, sugerindo medidas concretas que atendam aos princípios da parcimônia. Em 2015, implantou um projeto de Combate ao Desperdício de Água em duas unidades escolares com consumo crítico de água, ins-talando dispositivos de redução de vazão de água. Esse consumo está sendo acompa-nhado mês a mês com auxílio da Semae. Ao término, será gerado um gráfico comparativo dos resultados e um relatório que será apre-sentado à Secretaria Municipal de Educação com a possibilidade de ampliação do projeto para toda a rede municipal de ensino.

Neste ano, objetivando aprimorar os co-nhecimentos dos docentes e torná-los execu-tores e multiplicadores das práticas ambien-talmente corretas, a Escola Ambiental oferece ucursos de formação continuada especifica-mente focados nos recursos hídricos. O curso semipresencial, com carga horária de 120 ho-ras, “Recursos Hídricos e Florestas” aborda, em ambiente virtual, as leis que regulam os usos múltiplos da água, propõe atividades de

conhecer, compreender

e conservar

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elaboração de planos de aula a serem traba-lhados com os alunos e promove fóruns de discussões onde os cursistas debatem e ama-durecem seu aprendizado.

Nas aulas presenciais, é feito o estudo de campo na Nascente do Rio Tietê e na Usi-na Parque de Salesópolis, mostrando a ori-gem deste curso d’água fundamental para o abastecimento urbano. A programação inclui também visita à Barragem da Ponte Nova, onde presenciam o impacto causado pela construção da represa, mas, também a realização de compensação e mitigação am-biental no trabalho desenvolvido pela Uni-versidade de Mogi das Cruzes em parceria com o Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE) para o repovoamento da fauna aquática, já que o curso do rio foi interrompido; conhe-cem o laboratório de piscicultura onde é fei-ta a desova, reprodução, manejo de alevinos e soltura dos peixes novamente no rio. Além disso, também conhecem o Radar Meteo-

rológico, responsável pela visualização em tempo real do clima e da movimentação das chuvas, prevenindo enchentes.

Adquirem, desta forma, os subsídios ne-cessários para a promoção da sensibilização, realização de práticas pedagógicas e, no final, a elaboração de um portfólio com todas as atividades desenvolvidas ao longo do curso, consolidando o saber, de forma atualizada.

A Escola Ambiental trabalha também em parceria e de forma consolidada com o Ins-tituto Ecofuturo. Sua equipe oferece vivên-cias no Parque das Neblinas em pleno bioma Mata Atlântica. Os professores participam de formação continuada com sensibilização para a Conservação das Florestas, sobretudo as Matas Ciliares, que protegem os cursos d'água e, neste caso, o Rio Itatinga, que se encontra em vias de ter suas águas límpidas retiradas para abastecimento da Grande São Paulo. Os alunos também são levados pelas trilhas da floresta e sentem-se tocados pela necessidade de contribuir para a proteção de

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nossas águas. Ao final do curso, os professo-res apresentam os trabalhos da pré e pós-vi-sita ao Parque das Neblinas, demonstrando a importância desta modalidade de prática ambiental para os moradores da cidade.

Em 2015, a Escola Ambiental iniciou mais uma importante parceria, desta vez com a Kimberly Clark e Universidade Braz Cubas. A empresa reflorestou 11 hectares de área de uma antiga fazenda desativada no Taboão e recuperou a estrutura da casa sede existen-te, transformando-a no Centro de Referência Socioambiental Mata Atlântica. Lá são de-senvolvidos trabalhos e pesquisas científicas voltados para a conservação deste fragmento de floresta de Mata Atlântica. Também são realizados cursos de monitores ambientais aos graduandos de várias áreas e formação de educadores ambientais, este dirigido aos educadores de Mogi das Cruzes, objetivando formar multiplicadores em práticas e com-portamentos ambientalmente responsáveis. No local, existem nascentes e cursos d'água voltando a ser protegidos pela recomposição da Mata Ciliar original oferecendo abrigo à fauna dispersa na região.

Mogi das Cruzes é um município privile-giado, pois dos seus 721 km² de extensão, 49% é área de manancial e preservação ambiental. Toda a região ao sul da cidade conta com inú-meras nascentes, cursos d'água e afloramen-tos naturais. A Serra do Itapeti forneceu água

para a cidade em seus primórdios. Durante anos, a cidade foi abastecida pela água dos mananciais da Serra. Não havia tratamento com cloro, apenas a decantação natural da água era mais que suficiente para “filtrar” folhas e impurezas. A partir de 1950, o servi-ço de abastecimento tornou-se insuficiente e a água passou a ser captada de reservatórios construídos na cidade. (MANFRÉ, 2012).

A Serra do Mar nos oferece a nascente do rio Tietê. Outros cursos d'água que passam pela região são o rio Paraitinga, rio Itatinga, rio Jundiaí, córrego do Botujuru, rio Negro, entre tantos outros. Na concepção ambien-tal não há como dissociar produção de água e conservação das florestas. São as florestas densas e as matas ciliares, as responsáveis pela existência de nascentes e fontes de água.

O grande ciclo da água passa obrigatoria-mente pela evaporação das águas dos oce-anos, evapotranspiração, condensação em nuvens que se deslocam pela atmosfera em forma de rios voadores e caem de novo em re-giões distantes de sua origem. Ao cair sobre as florestas, as gotas de água da chuva infiltram pelo solo e vão abastecer os lençóis freáticos nas camadas mais superficiais do solo.

Esses mananciais subterrâneos de água ao atingirem pontos rasos afloram à superfície dando origem aos "olhos d'água" ou nascen-tes que, por sua vez, em fluxo contínuo, dão origem aos rios que desembocam no mar

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

A Carta da Terra. Disponível em: http://www.mma.gov.br/estruturas/agenda21/_arquivos/carta_terra.pdf. Aces-so em 05/04/2015

Biblioteca virtual de Direitos Humanos. Disponível em: www.direitoshumanos.usp.br. Acesso em: 05/04/2015

MANFRÉ, G.M.G. Itapeti, a Serra: Alma e Coração de Uma Cidade. In: Maria Santina de Castro Morini e Vitor Fernandes Oliveira de Miranda (organizadores). Serra do Itapeti: Aspectos Históricos, Sociais e Naturalísticos. Bauru, SP: Canal 6, 2012).

LEI Nº 9.433, DE 8 DE JANEIRO DE 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989.

Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Portal. http://www.rbma.org.br/programas/programa_mosaicos_corre-dores_ecologico.asp

Angélica Lucas Bezerra é coordenadora da Escola Ambiental de Mogi das Cruzes, bióloga e pós-graduada em Currículo Escolar.

Stela Dalva Sorgon é bacharel em Ciências Biológicas e pós-gradua-da em Educação Ambiental e Desenvolvimento Sustentável. Atua como formadora na Escola Ambiental de Mogi das Cruzes.

dando continuidade ao processo de ciclagem da água. Sem a cobertura vegetal, a água da chuva que cai no solo nu escorre e não conse-gue infiltrar dando origem a erosão e carrea-mento de terra assoreando os rios.

Essa é a razão de, nas formações ofereci-das pela Escola Ambiental, recursos hídricos e florestas estarem fortemente associados. Este ano, a escola fez a doação de aproxima-damente 300 mudas de árvores nativas de Mata Atlântica tentando contribuir para a

cobertura vegetal em diversas regiões da ci-dade tendo como princípio estimulador: Sem Florestas = Sem Água.

Nos últimos cinco anos, passaram por formação na Escola Ambiental cerca de 300 educadores que, por meio de cursos, pales-tras e vivências voltados especificamente para as questões de conservação dos re-cursos naturais, sobretudo florestas e água, tornaram-se multiplicadores das práticas ambientalmente corretas.

"Ano 2070. Acabo de completar 50 anos, mas a minha aparência é de alguém com 85. Tenho sérios problemas renais porque bebo muito pouca água. Creio que me resta pouco tempo. Hoje sou uma das pessoas mais idosas nesta sociedade.

Recordo quando tinha cinco anos. Tudo era muito diferente. Havia muitas árvores nos parques, as casas tinham bonitos jar-dins e eu podia desfrutar de um banho de chuveiro... Agora usa-mos toalhas de azeite mineral para limpar a pele.

Antes, todas as mulheres mostravam as suas formosas cabeleiras. Agora, devemos raspar a cabeça para mantê-la limpa sem água.

Antes, o meu pai lavava o carro com a água que saía de uma mangueira. Hoje, os meninos não acreditam que a água se utiliza-va dessa forma. Recordo que havia muitos anúncios que diziam CUIDA DA ÁGUA, só que ninguém lhes dava atenção - pensáva-mos que a água jamais podia acabar. Agora, todos os rios, barra-gens, lagoas e mantos aquíferos estão irreversivelmente contami-nados ou esgotados. Antes, a quantidade de água indicada como ideal para beber eram oito copos por dia por pessoa adulta. Hoje só posso beber meio copo. A roupa é descartável, o que aumenta grandemente a quantidade de lixo e tivemos que voltar a usar os poços sépticos (fossas) como no século passado, já que as redes de esgotos não se usam por falta de água.

A aparência da população é horrorosa: corpos desfalecidos, en-rugados pela desidratação, cheios de chagas na pele provocadas pelos raios ultravioletas que já não têm a camada de ozônio que os filtrava na atmosfera. Imensos desertos constituem a paisagem que nos rodeia por todos os lados.

A indústria está paralisada e o desemprego é dramático. As fá-bricas dessalinizadoras são a principal fonte de emprego e pa-gam-nos em água potável os salários.

Carta do ano de 2070 Um exercício de imaginação, que está para além da ficção. Preocupante por vermos que diariamente se desperdiça um recurso tão importante e que não é inesgotável.

Os assaltos por um bidão de água são comuns nas ruas deser-tas. A comida é 80% sintética. Pela ressequidade da pele, uma jovem de 20 anos está como se tivesse 40.

Os cientistas investigam, mas não parece haver solução possí-vel. Não se pode fabricar água, o oxigênio também está degra-dado por falta de árvores e isso ajuda a diminuir o coeficiente intelectual das novas gerações.

Alterou-se também a morfologia dos espermatozóides de mui-tos indivíduos e como consequência há muitos meninos com in-suficiências, mutações e deformações.

O governo cobra-nos pelo ar que respiramos (137 m3 por dia por habitante adulto). As pessoas que não podem pagar são retiradas das "zonas ventiladas". Estas estão dotadas de gigantescos pulmões mecânicos que funcionam à energia solar. Embora não sendo de boa qualidade, pode-se respirar. A idade média é de 35 anos.

Em alguns países existem manchas de vegetação normalmente perto de um rio, que é fortemente vigiado pelo exército. A água tornou-se um tesouro muito cobiçado - mais do que o ouro ou os diamantes. Aqui não há arvores, porque quase nunca chove e quando se registra precipitação, é chuva ácida. As estações do ano têm sido severamente alteradas pelos testes atômicos.

Advertiam-nos que devíamos cuidar do meio ambiente e nin-guém fez caso. Quando a minha filha me pede que lhe fale de quando era jovem, descrevo o bonito que eram os bosques, lhe falo da chuva, das flores, do agradável que era tomar banho e poder pescar nos rios e barragens, beber toda a água que quises-se, o saudável que era a gente, ela pergunta-me: “Papá! Porque se acabou a água?” Então, sinto um nó na garganta; não deixo de me sentir culpado, porque pertenço à geração que foi destruindo o meio ambiente ou simplesmente não levamos em conta tantos avisos. Agora, os nossos filhos pagam um preço alto e, sincera-mente, creio que a vida na terra já não será possível dentro de muito pouco tempo porque a destruição do meio ambiente che-gou a um ponto irreversível.

Como gostaria de voltar atrás e fazer com que toda a huma-nidade compreendesse isto, quando ainda podíamos fazer algo para salvar o nosso planeta Terra!"

Documento extraído da revista biográfica "Crónicas de los Tiempos", de abril de 2002.