31
1 Anne Karoline Paiva, MSc. Aline Corado Gomes, PhD João Felipe Mota, PhD EDULCORANTES, OUTROS SUBSTITUTOS DO AÇÚCAR E MICROBIOTA INTESTINAL

EDULCORANTES, OUTROS SUBSTITUTOS DO AÇÚCAR E …

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: EDULCORANTES, OUTROS SUBSTITUTOS DO AÇÚCAR E …

1

Anne Karoline Paiva, MSc.

Aline Corado Gomes, PhD

João Felipe Mota, PhD

EDULCORANTES, OUTROS SUBSTITUTOS DO AÇÚCAR E MICROBIOTA INTESTINAL

Page 2: EDULCORANTES, OUTROS SUBSTITUTOS DO AÇÚCAR E …

2

A Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (SBAN), fundada em 31 de julho de 1985, é uma associação civil de cunho científico, multiprofissional, sem fins lucrativos. Realiza periodicamente reuniões científicas e publica a revista científica Nutrire, objetivando a aproximação entre os especialistas brasileiros, membros ou não da Sociedade, e o intercâmbio de informações científicas entre os mesmos. Mantém intercâmbio com associações científicas nacionais, bem como com especialistas e associações congêneres de países estrangeiros. Nesse sentido é Adhering Body da International Union of Nutritional Sciences - IUNS desde 1997 e Affiliate Membership da American Society for Nutrition - ASN a partir de 2015. MISSÃO Estimular e divulgar conhecimentos no campo da Alimentação e Nutrição, estabelecer Declaração de Posicionamento, Documentos Técnicos e informar a população sobre assuntos relacionados a essas áreas. SOBRE ESTE DOCUMENTO TÉCNICO O material “Edulcorantes, Outros Substitutos do Açúcar e Microbiota Intestinal” tem o objetivo de reunir as principais referências bibliográficas sobre o assunto. Dra. Olga Amancio Presidente

Page 3: EDULCORANTES, OUTROS SUBSTITUTOS DO AÇÚCAR E …

3

Diretoria da SBAN 2019-2021 Profa. Dra. Olga Maria Silverio Amancio

PRESIDENTE Nutricionista. Professora Sênior do Departamento de Pediatria da Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo. Assessora da ANVISA - Área de Alimentos, Codex Alimentarius.

Prof. Dr. Helio Vannucchi

1º VICE-PRESIDENTE Médico - Vice Presidente Professor Titular Sênior do Departamento de Clínica Médica, Divisão de Nutrologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Doutorado na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Pós doutorado pela Universidade da Califórnia, Berkeley.

Prof. Dr. Jorge Mancini Filho

2º VICE PRESIDENTE Farmacêutico-bioquímico. Professor Titular Sênior do Departamento de Alimentos e Nutrição Experimental da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo e Pós doutorado na Universidade da Califórnia- Davis- USA e no Karlsruher Institut for Technologie- Alemanha. Vogal da Área de Agroalimentação do CYTED (Ciência y Tecnologia para o Desenvolvimento).

Dra. Márcia O. Terra

SECRETÁRIA-GERAL Nutricionista. Especialista em Nutrição Clínica pelo Hospital das Clínicas - USP, em Administração de Empresas com Aprofundamento em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas, em Ciências do Consumo Aplicadas pela Escola Superior de Propaganda e Marketing, membro da Academy of Nutrition and Dietetics.

MS. Sueli Longo

1ª SECRETÁRIA Nutricionista. Especialista em Nutrição e Esporte (ASBRAN/CFN), Mestre em comunicação social (UMESP). Sócia-proprietária do Instituto de Nutrição Harmonie. Autora do livro Manual de Nutrição para o Exercício Físico (Atheneu) e Serie SBAN: Nutrição do exercício físico ao esporte (Manole).

Dra. Rosana Farah Simony Lamigueiro Toimil

2ª SECRETÁRIA Nutricionista, Professora Adjunta do Curso de Nutrição da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Doutora em Ciências Médicas pela Universidade Federal de São Paulo / Escola Paulista de Medicina.

MS. Marisa Lipi

1ª TESOUREIRA Nutricionista e Administradora de Empresas. Professora titular da Universidade Metodista de São Paulo e Sócia Administradora da Mel Eventos Empresariais. Mestre em Nutrição pela Universidade de São Paulo, especialista em Gestão de Negócios em Serviços de Alimentação pelo SENAC-SP.

Dra. Patricia Ruffo

2ª TESOUREIRA Nutricionista Gerente Científico Abbott Nutrition. Pós Graduada em Nutrição Infantil pela Faculdade de Medicina da Universidade São Paulo.

Page 4: EDULCORANTES, OUTROS SUBSTITUTOS DO AÇÚCAR E …

4

SUMÁRIO

Fatores que Alteram a Composição da Microbiota Intestinal 5

Edulcorantes: Composição e Metabolismo 9

Sacarina 10

Aspartame 10

Acessulfame-K 10

Sucralose 11

Poliois 11

Estévia 12

Ciclamato 12

Taumatina 12

Outros substitutos do açúcar: Composição e Metabolismo 15

Tagatose 15

Alulose 16

Edulcorantes e outros substitutos do açúcar, Microbiota Intestinal e Metabolismo 17

Conclusão 22

Referências 23

Page 5: EDULCORANTES, OUTROS SUBSTITUTOS DO AÇÚCAR E …

5

1. FATORES QUE ALTERAM A COMPOSIÇÃO DA MICROBIOTA INTESTINAL

Estima-se que o número de bactérias e células humanas em nosso corpo seja semelhante, e que o volume

relevante para alta densidade de bactérias seja proveniente do cólon intestinal [1]. A microbiota

intestinal é formada principalmente por bactérias, mas também inclui Archea, vírus, fungos e

protozoários [2], que juntos codificam aproximadamente 100 vezes mais genes que o próprio genoma

humano. Esses micro-organismos habitam todas as mucosas do hospedeiro, apresentando-se em maior

quantidade no trato gastrointestinal [3].

A microbiota intestinal é composta por 500 a 1000 espécies de bactérias, que em sua maioria são

anaeróbias e pertencem principalmente a dois filos, Firmicutes e Bacteroidetes. Em menor quantidade

temos bactérias pertencentes aos filos Proteobacteria, Verrumicrobia, Actinobacteria, Fusobactérias e

Cyanobacteria [4]. A espécie dominante que coloniza o estômago é o Helicobacter pylori, que quando

habita o estômago como comensal, possibilita a presença de outros gêneros como Streptococcus (mais

dominante), Prevotella, Veillonella e Rothia. Entretanto, ao adquirir um fenótipo patogênico, o H. pylory

inibe a presença desses outros gêneros, causando assim prejuízos a saúde de seu hospedeiro [5]. No

intestino grosso encontra-se mais de 70% de todos os microrganismos do corpo, os quais estão

associados à saúde ou doença [6].

A quantidade de bactérias no trato gastrointestinal aumenta do sentido proximal ao distal. Dessa forma,

o estômago contém cerca de 101 células microbianas por grama de conteúdo luminal, o duodeno contém

aproximadamente de 103, o jejuno 104, o íleo 107 [7] e o cólon 1011 células microbianas [1]. Além disso,

a diversidade de bactérias é maior no lúmen e menor no interior da camada de muco intestinal, onde

habitam principalmente as Proteobacterias e Akkermansia muciniphila [8].

Essa quantidade de bactérias presente no trato gastrointestinal é responsável por uma diversificada

atividade bioquímica e metabólica que interage com a fisiologia do hospedeiro. A partir dessa interação,

esses micro-organismos podem facilitar o metabolismo de polissacarídeos não digeríveis, produzir

vitaminas essenciais, além de serem necessários para o desenvolvimento e diferenciação do epitélio

intestinal e do sistema imunológico do hospedeiro [9]. Dessa forma, a microbiota intestinal pode ser

considerada um órgão complementar do corpo humano [10].

Alguns fatores podem alterar a composição da microbiota intestinal e colaborar com o desenvolvimento

de distúrbios metabólicos. Após o nascimento, o intestino humano é rapidamente colonizado por micro-

organismos, entretanto, essa colonização é influenciada pela idade gestacional, tipo de parto, leite

materno versus fórmula infantil, higiene e uso de antibióticos [11, 12]. Apesar de ser estabelecido que o

intestino é colonizado por bactérias imediatamente após o nascimento, pode ser que o intestino da

criança seja colonizado ainda dentro do útero [13]. Os mecanismos pelos quais as bactérias do intestino

humano podem alcançar a placenta ainda não estão bem estabelecidos. Existe a hipótese de que essas

bactérias sejam translocadas com auxílio das células dendríticas que penetram no lúmen intestinal e as

transportam pela corrente sanguínea [14].

Page 6: EDULCORANTES, OUTROS SUBSTITUTOS DO AÇÚCAR E …

6

O mecônio é constituído principalmente por Escherichia-Shigella, Enterococcus, Leuconostoc,

Lactococcus e Streptococcus [15], mas esse perfil pode ser modificado de acordo com o tipo de parto. O

intestino de bebês nascidos de parto normal é inicialmente colonizado por organismos da vagina

materna, como as espécies pertencentes aos gêneros Lactobacillus e Prevotella [16]. Por outro lado

aqueles nascidos por cesariana possuem o intestino colonizado principalmente pela microbiota da pele,

com predominância de Streptococcus, Corynebacterium e Propionibacterium [13].

Apesar dos recém-nascidos por parto normal apresentarem uma microbiota intestinal colonizada

basicamente por Bifidobacterium e Lactobacillus, algumas diferenças serão observadas caso a

alimentação não seja baseada no aleitamento materno [17]. A microbiota intestinal considerada normal

no recém-nascido mantém o funcionamento do tecido linfático associado ao intestino ou GALT (do inglês

gut-associated lymphoid tissue) e estimula a resposta imunológica inata. Em contrapartida, a microbiota

alterada devido ao consumo de fórmula infantil apresenta predominância de Enterococcus,

enterobactérias, Bacteroides, Clostridium, e Streptococcus, o que pode resultar em doenças pediátricas

por causa da baixa imunidade [18].

Nos primeiros meses de vida, a microbiota intestinal se apresenta instável e com baixa diversidade, mas

até os três anos de idade, a criança apresenta uma microbiota com similaridade de 40 a 60% com o

indivíduo adulto [19]. Sendo assim, os três primeiros anos de vida representam um período de

estabelecimento da microbiota intestinal, que é fundamental para a manutenção da saúde e para o

desenvolvimento neuropsicomotor [20, 21], de modo que sua alteração nessa fase pode afetar a saúde

do hospedeiro na vida adulta, bem como se associar ao desenvolvimento da obesidade [21, 22].

A variação na composição da microbiota intestinal em pessoas de diferentes regiões geográficas também

parece estar associada aos padrões alimentares. Crianças africanas que viviam na zona rural

apresentavam maior quantidade de Prevotella, em decorrência do consumo de uma dieta mais rica em

frutas e hortaliças, enquanto que crianças da Europa com o consumo de uma dieta padrão ocidental, rica

em proteína animal e açúcar e pobre em fibras, apresentavam maior quantidade de Bacteroides [23].

Durante a vida adulta, a alimentação continua sendo importante na determinação da composição e

diversidade da microbiota intestinal [24]. Uma dieta rica em frutas, hortaliças e fibras está associada à

maior diversidade e abundância de microrganismos que metabolizam carboidratos, como Ruminococcus

bromii, Roseburia e Eubacterium rectale [25]. Em contrapartida, o consumo de uma dieta à base de

produtos de origem animal resulta em aumento de microrganismos bile tolerantes como Alistipes sp.,

Bacteroides sp. E Bilophila [26]. O consumo de bebidas alcoólicas também está associado a alterações na

microbiota intestinal e pode contribuir com estresse oxidativo e a hiperpermeabilidade intestinal [27].

Além da dieta, a prática de atividade física também apresenta efeitos sobre a composição da microbiota

intestinal, aumentando a diversidade e melhorando o perfil de bactérias [28]. Indivíduos com maior nível

de atividade física apresentaram melhor razão entre Firmicutes e Bacteroidetes quando comparados ao

grupo controle [29]. Os efeitos da combinação entre treinamento físico e dieta sobre a microbiota

Page 7: EDULCORANTES, OUTROS SUBSTITUTOS DO AÇÚCAR E …

7

intestinal foi avaliada em estudo experimental, evidenciando que camundongos que realizaram exercício

físico e alimentação controlada apresentaram modificações nas proporções de Bacteroidetes e

Firmicutes quando comparados aos grupos que receberam alimentação ad libitum e não fizeram

exercício [30]. Sendo assim, ao se investigar a composição da microbiota intestinal deve-se avaliar além

do tipo de dieta o nível de atividade física habitual, de modo a controlar essas variáveis que influenciam

diretamente na composição da microbiota.

Com o envelhecimento ocorre maior variação interindividual [31] e uma redução na diversidade de

bactérias na microbiota intestinal [32]. Um estudo realizado com indivíduos com mais de 100 anos de

idade observou um aumento na quantidade de bactérias anaeróbias facultativas, tais como

Proteobacteria e Bacilli, e uma redução de Faecalibacterium prauznitzii, Clostridium cluster XIVa,

Bacteroides, Bifidobacterium e Enterobacteriaceae [33]. A relevância das mudanças observadas durante

o envelhecimento ainda é totalmente incompreendida, assim são necessários estudos que investiguem

se a alteração do padrão alimentar de idosos pode alterar a microbiota intestinal de forma benéfica para

a saúde.

O uso de antibióticos também modifica a composição da microbiota intestinal a curto e longo prazo,

resultando em redução da diversidade. A utilização de antibióticos pode interromper a capacidade de

exclusão competitiva das bactérias intestinais, resultando na proliferação de microrganismos

patogênicos. Isso ocorre devido à redução da interação entre as bactérias intestinais, o que resulta no

aumento da produção de ácido siálico, que promove o crescimento de patógenos como Salmonella

typhimurium e Clostridium difficile [34]. A utilização de antibiótico de amplo espectro mesmo que por

curto período de tempo (sete dias) pode resultar numa redução de diversidade de Bacteroides por até

dois anos [35]. Um estudo recente observou que o uso de ciprofloxacina e beta-lactâmicos por sete dias

resultou numa redução de 25% da diversidade da microbiota intestinal e aumentou a razão entre

Firmicutes e Bacteroidetes [36]. Estudos de coorte demonstraram que o uso de antibióticos apresenta

associação positiva com doenças inflamatórias intestinais, mesmo que o medicamento tivesse sido

utilizado há cinco anos, e maior risco quando a exposição era a diferentes tipos de antibióticos [37, 38].

Além dos fatores que por vezes podem ser controlados, existem outros fatores que se distanciam ainda

mais do nosso controle. A alteração da microbiota intestinal também pode ocorrer pelo estresse

emocional/ social, bem como pela poluição. É relativamente comum que indivíduos submetidos ao

estresse também sofram com sintomas de diarreia ou constipação, tema cada vez mais investigado a

partir do eixo intestino-cérebro [39]. A microbiota intestinal pode afetar circuitos neurais e o

comportamento relacionado à resposta ao estresse, bem como o estresse pode afetar a composição da

microbiota intestinal [40]. Dados experimentais demonstraram que a exposição a um estressor social

afetou significativamente populações bacterianas no intestino, reduzindo a quantidade de Bacteroides e

aumentando a de Clostridium [41]. Além disso, o estresse também foi associado com o aumento das

concentrações de citocinas pró-inflamatórias em decorrência de alterações induzidas na espécie

Enterococcus faecalis, e nos gêneros Pseudobutyrivibrio e Dorea [41].

Page 8: EDULCORANTES, OUTROS SUBSTITUTOS DO AÇÚCAR E …

8

Por outro lado, a exposição a poluição proveniente de queimadas ou combustível à base de petróleo de

veículos resultou na redução da diversidade bacteriana intestinal, bem como na alteração do perfil da

mesma, incluindo mudança na razão entre os filos Firmicutes: Bacteroidetes [42]. A inalação desses

poluentes altera a integridade da mucosa intestinal com redução da mucina e proteínas de junções

intercelulares (do inglês tight junctions), resultando no aumento de marcadores de resposta inflamatória

[42].

Como podemos observar, inúmeros fatores afetam a composição da microbiota intestinal (Figura 1).

Acima foram destacados alguns, no entanto, outros ainda estão sendo estudados, como é o caso do ciclo

menstrual. Dessa forma, temos desde fatores de estilo de vida modificáveis ou não modificáveis até

fatores inerentes às condições de vida e/ou nível educacional. Recentemente, alguns estudos começaram

a relatar que os edulcorantes influenciam na composição da microbiota intestinal. Todavia, os achados

são incertos, visto que a maior parte são provenientes de estudos experimentais, os quais variam de

acordo com o tipo de edulcorante, dosagem, além da influência dos fatores discutidos anteriormente,

que na maioria das vezes não são controlados. Dessa forma, faremos uma breve introdução sobre os

diferentes tipos de edulcorantes aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e

discutiremos os resultados dos estudos desenvolvidos até o momento sobre a influência desses produtos

na microbiota intestinal.

Figura 1. Fatores envolvidos com a composição da microbiota intestinal.

Page 9: EDULCORANTES, OUTROS SUBSTITUTOS DO AÇÚCAR E …

9

2. EDULCORANTES: COMPOSIÇÃO E METABOLISMO

Os edulcorantes apresentam por finalidade conferir sabor doce sem agregar calorias às preparações ou

alimentos, e popularmente são conhecidos como adoçantes. Essas substâncias podem ser divididas em

1- adoçantes de mesa, produtos formulados para utilização em alimentos ou bebidas em substituição ao

açúcar (sacarose), ou 2- adoçantes dietéticos, produtos formulados para utilização em dietas com

restrição de sacarose, frutose e glicose, atendendo as necessidades de pessoas com restrição desses

carboidratos [43, 44]. Cabe ressaltar ainda que existe a divisão de acordo com o fornecimento de energia

em 1- nutritivos ou calóricos (poliois) e 2- não-nutritivos ou não-calóricos (sacarina, ciclamato,

aspartame, acessulfame K, sucralose, glicosideos de esteviol, neotame e taumatina), os quais podem ser

subdivididos em artificiais ou naturais e a base de extratos de vegetais [45].

Os edulcorantes são conhecidos por serem pelo menos 30 a 13.000 vezes mais doces em comparação ao

açúcar [46]. De acordo com as diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes [47], apesar dos

edulcorantes não serem essenciais ao tratamento da doença, eles podem favorecer o convívio social e a

flexibilidade do plano alimentar. Além disso, os edulcorantes não nutritivos podem reduzir calorias e

carboidratos na refeição ou dieta [47]. A utilização dos edulcorantes para auxílio na perda de massa

corporal é benéfica, todavia quando a ingestão compensatória de calorias não acontece [48]. No Brasil,

de acordo com a ANVISA, os edulcorantes sacarina, ciclamato, aspartame, estévia, acessulfame-K,

sucralose, neotame, taumatina e os classificados como poliois (sorbitol, manitol, isomaltitol, maltitol,

xilitol, eritritol e lactitol) são aprovados para o consumo [45]. Os limites máximos para o seu consumo

são estabelecidos pelo Comitê Conjunto de Especialistas FAO/OMS sobre Aditivos Alimentares (Joint

FAO/WHO Expert Committee on Food Additives – JECFA) [49, 50] e podem ser observados na tabela 1.

Para os poliois, o JECFA estabeleceu uma ingestão diária aceitável (IDA) “não especificada”, ou seja, sem

limite de uso. IDA “não especificada” é a categoria mais segura que o JECFA pode atribuir a um

ingrediente alimentício. Muitos países que não têm agências próprias para analisar a segurança de

aditivos alimentícios adotam as decisões do JECFA.

Tabela 1. Ingestão diária aceitável e características dos edulcorantes.

Edulcorante Ingestão diária máxima

aceitável (mg/ kg de massa

corporal/ dia)*

Pode ser aquecido? Poder adoçante

versus sacarose

Acessulfame-K 15 Sim 200 vezes

Aspartame 50 Não 200 vezes

Ciclamato 11 Sim 30 vezes

Estévia 4 Sim 200 a 400 vezes

Sacarina 15 Sim 200 a 700 vezes

Sucralose 15 Sim 600 vezes

Neotame 0,3 Sim 7.000 a 13.000 vezes

*Fonte: Comitê Conjunto de Especialistas FAO/OMS sobre Aditivos Alimentares (JEFCA/FAO/WHO).

Page 10: EDULCORANTES, OUTROS SUBSTITUTOS DO AÇÚCAR E …

10

2.1 SACARINA

A sacarina é um edulcorante não calórico, 200 a 700 vezes mais doce que o açúcar, sendo comumente

utilizada em refrigerantes, compotas, frutas enlatadas, doces, molho para salada, coberturas para

sobremesas e chiclete, além de ser usado como adoçante de mesa. Por não ser metabolizado no trato

gastrointestinal, a sacarina não afeta as concentrações séricas de insulina [51]. Aproximadamente 85 a

95% da sacarina é absorvida e rapidamente excretada inalterada na urina, assim, apenas uma pequena

quantidade será excretada pelo intestino sem ser metabolizada[52].

A ingestão dietética adequada de sacarina é de 15 mg/ kg de massa corporal/ dia [49], e apesar de sua

segurança ter sido questionada no passado, análises e estudos aleatórios retrospectivos de casos

controle randomizados não mostraram nenhuma associação ou relação de causa e efeito entre seu

consumo e a presença de tumores benignos ou malignos em humanos. Presume-se que nos roedores,

onde o câncer só foi observado na bexiga de ratos macho que ingeriram uma quantidade muito elevada

de sacarina ao longo da vida deveu-se a variações na toxigenética e toxicodinâmica em relação aos

humanos. Assim, apesar de ter sido suspensa sua autorização de uso em 1977, a Food and Drug

Administration (FDA) permitiu novamente seu consumo por crianças e adultos, incluindo mulheres

grávidas e pacientes com diabetes quando a quantidade consumida respeita o limite de ingestão [48, 53].

2.2 ASPARTAME

O aspartame é o éster metílico dos aminoácidos ácido aspártico e fenilalanina, sendo 200 vezes mais

doce que a sacarose, fornecendo 4 kcal/ g [54]. O aspartame é utilizado como edulcorante em muitos

produtos como gomas de mascar, refrigerante diet, iogurte, chá e café, sendo sua ingestão diária

aceitável de 50 mg/ kg de massa corporal/ dia [49]. Diferentemente da sacarose, o consumo do

aspartame não resulta em declínio na atividade de parte do hipotálamo, e também não estimula a

liberação de insulina pelo pâncreas [55]. No trato gastrointestinal, esse edulcorante é totalmente

metabolizado em fenilalanina, ácido aspártico e metanol, não devendo ser utilizado por indivíduos com

fenilcetonúria [54]. Em sequência, o metanol será metabolizado no fígado, enquanto o ácido aspártico e

fenilalanina serão utilizados na síntese proteica e metabolismo [52]. Dessa forma, o aspartame e seus

metabólitos não chegam ao cólon e provavelmente não interagem com a microbiota intestinal [56].

2.3 ACESSULFAME-K

É um edulcorante não calórico, estável ao calor, cerca de 200 vezes mais doce que a sacarose. Esse

edulcorante sintético é geralmente encontrado em produtos alimentícios e em combinação com outros

edulcorantes artificiais, como aspartame e sucralose, o que contribui para um perfil de sabor ideal. A

ingestão diária recomendada de acessulfame-K é de 15 mg/ kg de massa corporal/ dia [49]. O

Page 11: EDULCORANTES, OUTROS SUBSTITUTOS DO AÇÚCAR E …

11

acessulfame-K é excretado pelos rins [57] e um dos subprodutos da sua degradação no organismo é a

acetoacetamida, tóxica em altas doses. No entanto, a quantidade de acessulfame-K usada para adoçar

uma bebida é muito pequena, não representando um risco à segurança [58]. Em termos práticos, para

uma pessoa com 80 kg de massa corporal, o limite máximo aceitável seria de 8 litros de um refrigerante

zero. O acessulfame-K não é metabolizado, sendo absorvido no intestino e rapidamente excretado

inalterado na urina [52]. Assim, o acessulfame-K não permanece no intestino e por isso possui pouco

contato com a microbiota intestinal.

2.4 SUCRALOSE

A sucralose é um edulcorante sintético organoclorado cuja potência de doçura é de aproximadamente

385 a 650 vezes maior que a sacarose [59-61]. Entretanto, sua doçura depende tanto da concentração

no produto final, quanto das propriedades de alimentos e bebidas nos quais é utilizada [62, 63]. Este

edulcorante é aprovado para o uso global em alimentos e bebidas, sendo sua ingestão diária

recomendada de 15 mg por kg de massa corporal por dia. A sucralose é amplamente utilizada por não

afetar os níveis de glicose no sangue [49, 64]. A sucralose não traz consequências indesejadas para

indivíduos saudáveis, incluindo gestantes, nutrizes, crianças, idosos e também indivíduos que

apresentem condições médicas, incluindo diabetes mellitus [65, 66]. Embora a maior parte da sucralose

consumida não seja absorvida, ela também não é hidrolisada, sendo excretada inalterada principalmente

pelas fezes [52].

2.5 POLIOIS

Os poliois são um grupo específico de edulcorantes naturais encontrados em certas frutas, hortaliças e

cogumelos. Esses edulcorantes são caracterizados como álcoois de açúcar formados por meio da

hidrogenação catalítica de carboidratos e apresentam poder de doçura de 25 a 100% maior que a

sacarose [67]. Como exemplos de poliois temos o maltitol, manitol, sorbitol, eritriol, isomaltitol, lactiol,

xilitol e hidrolisados de amido hidrogenado, os quais oferecem poucas calorias por grama, não promovem

cáries dentárias e não estão associados a uma resposta elevada de glicose no sangue [68, 69].

Esses edulcorantes naturais não apresentam um limite de ingestão diária aceitável, sendo considerados

como geralmente reconhecido como seguro (do inglês generally recognized as safe - “GRAS”). Quando

consumidos em elevada quantidade e frequência, os poliois podem desencadear sintomas

gastrointestinais como flatulência, inchaço, desconforto abdominal, além de efeitos laxativos

principalmente em pessoas com síndrome do intestino irritável [67]. Normalmente, esses sintomas são

observados quando os poliois são ingeridos em combinação com outros carboidratos [67-69].

Page 12: EDULCORANTES, OUTROS SUBSTITUTOS DO AÇÚCAR E …

12

2.6 ESTÉVIA

A estévia é um edulcorante natural extraído de uma pequena planta conhecida como Stevia rebaudiana.

Outras espécies desta planta também podem conter vários compostos com alto potencial adoçante,

porém a S. rebaudiana é a que apresenta maior poder adoçante. Os glicosídeos são o grupo de

edulcorantes encontrados na planta, sendo que suas folhas contêm 0,3% de dulcosídeo, 0,6% de

rebaudiosídeo C, 3,8% de rebaudiosídeo A e 9,1% de esteviosídeo [70, 71].

O edulcorante estévia não contém calorias e apresenta poder adoçante de 200 a 400 vezes maior que a

sacarose. As evidências científicas acerca do tema, até o momento mostram que os glicosídeos de

esteviol não afetam os níveis de glicose sanguínea e não apresentam efeitos neurológicos ou renais [71,

72]. Desta forma, seu consumo é seguro e aprovado pelo FDA [49]. Órgãos reguladores da Europa e

Estados Unidos recomendam o limite de consumo para a estévia de 4 mg por kg de peso corporal [49,

73]. Os glicosídeos de esteviol, incluindo o esteviosídeo e o rebaudiosídeo A, passam intactos pelo trato

gastrointestinal superior e são hidrolisados em esteviol no cólon. No cólon, as bactérias intestinais

removem a glicose presa à estrutura do esteviol e a utiliza como substrato, não ocorrendo absorção desse

açúcar. A parte posterior de esteviol que permanece após a remoção da glicose é absorvida praticamente

intacta no cólon, conjugada com o ácido glucorônico no fígado e excretado principalmente na urina [52,

74]. Embora a microbiota intestinal atue ativamente nos glicosídeos de esteviol, o consumo em níveis

comparáveis à IDA mostram que os glicosídeos de esteviol não afetam o microbioma intestinal [74].

2.8 CICLAMATO

O ciclamato de sódio foi descoberto no ano de 1937 e entrou no mercado dos Estados Unidos após sua

aprovação pelo FDA em 1951. Em 1969 foi banido depois de controversos estudos que associaram seu

consumo com o aparecimento de câncer de bexiga em ratos [75]. No entanto, a metodologia destes

estudos foi bastante criticada e, por isso, o ciclamato foi readmitido no mercado após reavaliação de

órgãos de segurança internacionais, como Comitê de Avaliação do Câncer, FDA e OMS [76]. Atualmente,

o ciclamato de sódio é comercializado em aproximadamente 50 países e para melhorar sua palatabilidade

mistura-se frequentemente à sacarina [77]. A ingestão aceitável de ciclamato de sódio é de 11 mg por kg

de peso corporal [49, 78].

2.9 TAUMATINA

A taumatina é um edulcorante natural caracterizado como uma mistura de compostos proteicos

extraídos da planta Thaumatococcus daniellii e é o exemplo mais difundido de proteína adoçante. Ela não

contém calorias, apresenta boa estabilidade ao calor e poder adoçante de 2000 a 3000 vezes maior que

a sacarose, embora tenha um resíduo alcaçuz. Por este motivo, a taumatina é usada em combinação com

Page 13: EDULCORANTES, OUTROS SUBSTITUTOS DO AÇÚCAR E …

13

outros substitutos de açúcares [79, 80]. A ingestão diária recomendada de taumatina ainda não é

completamente estabelecida, porém esse edulcorante é considerado seguro, também classificado como

GRAS [81].

Os possíveis efeitos dos edulcorantes sobre o desenvolvimento de cânceres já foram descartados pelo

Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos [82]. O Instituto Nacional de Câncer (INCA) do Brasil, de

forma mais cautelosa, descreve que mesmo sem comprovações em humanos, o uso de aspartame,

ciclamato de sódio e sacarina sódica deve ser evitado, visto que estudos experimentais revelam um

potencial risco para desenvolvimento de câncer de bexiga [83]. Todavia, inúmeros estudos demonstram

que os edulcorantes, quando utilizados nas doses recomendadas, não apresentam associação com o

desenvolvimento de canceres [84-87].

Por outro lado, a relação entre o uso de edulcorantes com apetite, adiposidade e controle glicêmico ainda

é controversa. Em um estudo clínico controlado foi observado que o consumo de refeições acrescidas de

edulcorantes do tipo estévia e aspartame, mesmo com menor quantidade de calorias, não promoveram

compensação do déficit energético durante o dia, apresentando nível de saciedade semelhante ao

consumo de uma refeição rica em sacarose e de maior teor calórico [88]. Além disso, os indivíduos que

consumiram a refeição com estévia apresentaram menor concentração de glicose pós-prandial em

comparação à refeição com sacarose, e menor concentração de insulina pós-prandial em comparação às

refeições com aspartame e sacarose [88]. Recentemente, em outro ensaio clínico randomizado e

controlado foram testados por 12 semanas quatro diferentes tipos de edulcorantes (aspartame, sacarina,

sucralose ou estévia) oferecidos por meio de bebida (<5 kcal/d) e comparados com a sacarose (400-560

kcal/d) [89]. O estudo mostrou que o consumo de sacarose e sacarina aumentou significativamente a

massa corporal em comparação com aspartame, estévia e sucralose. Além disso, a alteração na massa

corporal a partir do consumo de sucralose foi significativamente menor em comparação com os demais

edulcorantes, o que pode estar relacionado à redução da ingestão energética e da frequência alimentar

quando comparado aos indivíduos que consumiram sacarose [89].

Em 2018 foi publicado um consenso sobre o uso de edulcorantes de baixa ou sem caloria como

substitutos para açúcares e adoçadores calóricos. Fizeram parte desse consenso pesquisadores da área

de alimentos, nutrição, dietética, endocrinologia, atividade física, pediatria, enfermagem, toxicologia e

saúde pública [90]. As conclusões do consenso foram que 1- os edulcorantes são amplamente avaliados

e sua segurança foi revisada e confirmada por órgãos reguladores de todo o mundo, como a Organização

Mundial de Saúde, a FDA dos EUA e a European Food Safety Authority; 2- a educação dos consumidores

sobre o uso de produtos contendo edulcorantes deve ser fortalecida, baseando-se em evidências

científicas e processos regulatórios mais robustos; 3- o uso de edulcorantes em programas de redução

de massa corporal que envolvam a substituição de adoçadores calóricos por edulcorantes de baixa ou

sem caloria, no contexto de planos alimentares estruturados, pode favorecer a redução sustentável de

massa corporal. Além disso, seu uso em programas de controle do diabetes pode contribuir para melhor

controle glicêmico, embora com resultados modestos. Os edulcorantes de baixa ou sem caloria fornecem

benefícios à saúde bucal quando usados no lugar de açúcares livres; 4- os alimentos e bebidas com

edulcorantes de baixa ou sem caloria podem ser incluídos nos planos alimentares como opções

Page 14: EDULCORANTES, OUTROS SUBSTITUTOS DO AÇÚCAR E …

14

alternativas aos produtos adoçados com açúcares; 5- a educação continuada dos profissionais de saúde

é necessária, pois eles são fontes importantes de informações sobre questões relacionadas à alimentação

e saúde, tanto para a população em geral quanto para pacientes [90]. Todavia, a influência do uso dos

edulcorantes sobre o desenvolvimento das doenças crônicas não transmissíveis voltou a ganhar destaque

e uma possível relação com a microbiota intestinal seria o novo foco. Sendo assim, é necessário discutir

a respeito dessa temática questionada frequentemente entre leigos e especialistas na área.

Page 15: EDULCORANTES, OUTROS SUBSTITUTOS DO AÇÚCAR E …

15

3. OUTROS SUBSTITUTOS DE AÇÚCAR: COMPOSIÇÃO E METABOLISMO

Alguns açúcares raros são doces, difíceis de metabolizar e por isso possuem potencial de servir como

adoçantes de baixa energia, também denominados como outros substitutos de açúcar. Dentre esses,

vamos destacar dois deles, a tagatose e a alulose.

3.1 TAGATOSE

A D-tagatose é um isômero de frutose, classificado como um açúcar raro, produzido por meio da

isomerização de G-galactose com hidróxidos metálicos como catalisadores químicos. Essa substância

também pode ser encontrada em quantidades vestigiais nos alimentos como leite em pó, cacau, queijo,

iogurte e alguns outros lácteos [91, 92]. Com poder adoçante cerca de 90% maior que a sacarose e com

sabor semelhante, a tagatose é reconhecida pelo FDA e pela União Europeia como GRAS, um produto

seguro para ser usado em alimentos e bebidas, sem grandes restrições [93].

A ANVISA classifica a tagatose como “novo ingrediente”. Segundo o Guia para Comprovação da

Segurança de Alimentos e Ingredientes Gerência de Produtos Especiais Gerência Geral de Alimentos,

publicado em fevereiro de 2013 [94], a definição de um produto como novo alimento ou ingrediente

deve, inicialmente, passar por uma avaliação de possibilidade de enquadramento nesses itens, em

consonância com o disposto na legislação sanitária vigente. As definições de alimento contemplam

“todas as substâncias ou misturas de substâncias destinadas à ingestão por humanos, que tenham como

objetivo fornecer nutrientes ou outras substâncias necessárias para a formação, manutenção e

desenvolvimento normais do organismo, independente do seu grau de processamento e de sua forma de

apresentação”. Por outro lado, os ingredientes são definidos como “substâncias utilizadas no preparo ou

na fabricação de alimentos, e que estão presentes no produto final em sua forma original ou modificada”.

O JECFA avaliou a segurança da tagatose em junho de 2004, afirmando que não há necessidade de uma

IDA limitada de tagatose. O JECFA, portanto, estabeleceu uma IDA de “não especificado”, a categoria

mais segura na qual a JECFA pode colocar um ingrediente alimentar.

Sabe-se que aproximadamente 20% da tagatose ingerida é absorvida no intestino delgado, metabolizada

no fígado e excretada na urina. O restante é fermentado pelas bactérias intestinais produzindo ácidos

graxos de cadeia curta – AGCC [95]. Os AGCC são metabólitos produzidos pela fermentação bacteriana

da fibra alimentar no trato gastrointestinal e não apenas regulam a atividade microbiana no intestino,

como também estão associados com a homeostase da glicose, imunomodulação, regulação do apetite e

obesidade [96]. O consumo de tagatose vem sendo associado com propriedades nutracêuticas, como

diminuição da glicemia, colesterol total e aumento do HDL-c, gerando assim grande interesse na

comunidade científica. Todavia, o consumo de altas doses de tagatose está relacionado com distúrbios

gastrointestinais [93, 97]. O limite máximo para ausência de efeito adverso foi fixado em 45g por dia, ou

0,75g por kg de massa corporal por dia, de acordo com a Organização Mundial de Saúde [98].

Page 16: EDULCORANTES, OUTROS SUBSTITUTOS DO AÇÚCAR E …

16

3.2 ALULOSE

A d-alulose, também conhecida como d-psciose, é um epímero da d-frutose, monossacarídeo com seis

átomos de carbono que possui 70% da doçura da sacarose. Devido a alta solubilidade, esse

monossacarídeo é utilizado como aditivo no processamento de alimentos [99]. A d-alulose é um dos

açúcares raros encontrados em pequenas quantidades nas frutas, podendo também ser produzida a

partir da frutose. Embora a d-alulose tenha existido por muito tempo, o FDA a reconheceu oficialmente

em 2014, quando foi classificado como GRAS [99].

A D-alulose é parcialmente absorvida no trato digestivo e excretado na urina e nas fezes. Em humanos, a

D-alulose não é metabolizada em energia e a pequena porção que atinge o intestino grosso parece não

sofrer fermentação [100]. Todavia, esses resultados ainda são conflitantes podendo variar de acordo com

os métodos e doses de administração. Em estado de saúde adequado, a D-psicose poderia ser levemente

fermentada no intestino grosso quando consumida diariamente na dosagem de 10 g de d-psicose [3%]

em uma dieta contendo 300 gramas de carboidratos por dia [100].

Uma revisão narrativa pontuou potenciais benefícios da d-alulose na obesidade e no diabetes melittus

tipo 2, destacando os possíveis efeitos anti-hiperlipidêmico, anti-inflamatório, bem como melhorias na

resistência à insulina e tolerância à glicose [99]. Ensaios clínicos controlados têm demonstrado um

potencial efeito da administração de 5 g de D-alulose sobre a melhora da resistência insulínica [101] e

aumento na oxidação de gordura [102].

Page 17: EDULCORANTES, OUTROS SUBSTITUTOS DO AÇÚCAR E …

17

4. EDULCORANTES, OUTROS SUBSTITUTOS DO AÇÚCAR, MICROBIOTA INTESTINAL E

METABOLISMO

O consumo de edulcorantes tem aumentado significativamente em todo o mundo devido a procura por

alimentos com menor conteúdo de calorias e aos inúmeros estudos que demonstram o aumento do risco

de doenças associadas ao maior consumo de açúcares simples [103, 104]. Alguns estudos, a maioria

experimentais, têm relatado uma possível relação entre o consumo de edulcorantes com alterações na

microbiota intestinal, positivas ou negativas, as quais parecem ser dependentes do tipo e dosagem de

cada tipo de edulcorante utilizado.

A problemática em relação ao uso dos edulcorantes e mudanças na microbiota intestinal ganhou força

quando um estudo publicado no ano de 2014 descreveu uma série de observações concluindo que o

consumo de edulcorantes poderia induzir intolerância à glicose via modificações na microbiota intestinal

[105]. Ao oferecer para camundongos alguns tipos de edulcorantes, como sacarina, sucralose e

aspartame, foi observado que essas substâncias poderiam interagir diretamente com a comunidade

microbiana do intestino grosso, provocando mudanças na população bacteriana e levando a alterações

metabólicas [105]. É importante destacar que a ingestão alimentar e de água foram estimadas em apenas

quatro dos 20 camundongos por grupo e por apenas três dias de 11 semanas de estudo. Apesar de

ausência significativa, influenciada pelo tamanho da amostra, notou-se que a ingestão de água foi maior

nos grupos que receberam edulcorante, o que pode representar um consumo acima da ingestão diária

aceitável, visto que o edulcorante foi administrado juntamente com a água. Por outro lado, o consumo

de ração caiu 50% em apenas 72 horas em alguns grupos que receberam edulcorante. A ração contém

fibras, proteínas, gorduras, carboidratos fermentáveis e uma série de outros componentes que poderiam

afetar a microbiota intestinal e o índice glicêmico. Essas mudanças drásticas na dieta podem resultar em

mudanças tanto metabólicas quanto na microbiota. Na análise dos dados com humanos realizada nesse

mesmo estudo, a alimentação e outros fatores que também influenciam a microbiota intestinal não

foram considerados. Além disso, os resultados na resposta glicêmica e na microbiota intestinal dos

respondedores ao consumo de edulcorantes (quatro dentre sete indivíduos) foram específicas a ingestão

de sacarina, não podendo ser extrapolados para os demais edulcorantes [105].

Em sequência, o mesmo grupo de pesquisadores ofereceu 120 mg/dia de sacarina sódica por sete dias a

5 homens e 2 mulheres saudáveis, os quais normalmente não consumiam edulcorantes ou alimentos

contendo-os. Após esse tempo de exposição, foi observado que quatro indivíduos apresentaram

mudanças na composição da microbiota intestinal e aumentaram o risco de diabetes, porém não foi

elucidado se a disbiose teve papel causal no desenvolvimento da intolerância à glicose [106].

Os prováveis mecanismos que explicam o maior risco de desenvolvimento de diabetes mellitus com o

consumo de sacarina seriam 1- aumento no metabolismo do ascorbato e aldarato, os quais se relacionam

com deficiência de receptores de leptina, um hormônio que desempenha importante papel na regulação

da ingestão alimentar e do gasto energético; 2- maior biossíntese de polissacarídeos por meio da

gliconeogênese hepática, causando hiperglicemia e 3- maior degradação de glicanos, que resulta em

Page 18: EDULCORANTES, OUTROS SUBSTITUTOS DO AÇÚCAR E …

18

maior concentração de ácidos graxos de cadeia curta nas fezes, característica principal de aumento na

absorção de energia pelas bactérias [107-109].

Os prejuízos causados pelas mudanças na microbiota intestinal em decorrência do uso da sacarina ainda

são incertos. Em estudos experimentais, a sacarina apresentou tanto alterações positivas quanto

negativas na abundância de mais de 40 unidades operacionais taxonômicas (OTUs), como por exemplo,

aumento de cepas de Lactobacillus – alteração positiva e de Escherichia coli – associada a infecções

(negativa), principalmente infecção do trato urinário em mulheres [110, 111], além de mudanças em

Ruminococcus, Adlercreutzia, Roseburia e Turicibacter, cepas associadas à inflamação [112]. O primeiro

relato de um possível efeito positivo e prebiótico do consumo de sacarina sódica foi em um estudo

publicado no ano de 2014 [110]. Nesse estudo, a sacarina foi oferecida juntamente com outro

edulcorante, a neohesperidina dihidrocalcona, e promoveu aumento na abundância de Lactobacillus no

intestino de porcos. Os Lactobacillus têm sido associados com promoção da saúde por estimular a

imunidade do hospedeiro, respostas anti-inflamatórias, além de serem protetores da mucosa intestinal

contra a invasão de patógenos [110]. Entretanto, não se sabe se esse efeito prebiótico deveu-se ao uso

de sacarina ou da neohesperidina dihidrocalcona, derivada do Citrus Aurantium L., ou pela sinergia entre

os dois edulcorantes.

Analisando estudos clínicos mais antigos, o consumo de aspartame (400 a 590 mg) não foi associado a

mudanças da microbiota intestinal [113, 114]. Todavia, um estudo publicado no ano de 2014 demonstrou

que o consumo de 60 mg de aspartame por litro de água em camundongos aumentou a quantidade de

bactérias pertencentes à família Enterobacteriaceae e de Clostridium leptum. Este último associado a

microbiota intestinal de indivíduos que apresentam obesidade [115].

Alterações no gênero Clostridium também foram associadas ao consumo de sucralose. Uebanso e

colaboradores (2017) trataram camundongos com os edulcorantes sucralose e acessulfame-K por oito

semanas [116]. As dosagens utilizadas foram de 1,5 e 15 mg / kg de massa corporal /dia de sucralose e

15 mg/ kg de massa corporal /dia de acessulfame-K. Nesse estudo, a ingestão calórica e de água com

edulcorante foram muito semelhantes ao do grupo controle. As ingestões de sucralose,

independentemente da dose, e de acessulfame-K não aumentaram consumo alimentar, massa corporal,

adiposidade ou o peso do fígado. Todavia, o consumo de sucralose reduziu a quantidade relativa de

Clostridium cluster XIVa nas fezes. O Clostridium cluster XIVa é considerado um produtor de butirato, mas

também promove maior produção de ácidos biliares secundários [117], os quais aumentam o estado

inflamatório e as chances de desenvolvimento de câncer [118].

Além disso, o consumo dos edulcorantes sucralose, estévia e acessulfame-K apresentaram atividade

bacteriostática para o crescimento de espécies de E. coli em ensaio in vitro [119]. A espécie E. coli K-12

foi mais sensível a adição de sucralose e acessulfame-K enquanto a E. coli HB101 foi mais sensível à

estévia. Em ensaio in vivo, com camundongos, o consumo de sucralose reduziu o ganho de massa

corporal e aumentou a abundância de bactérias do filo Firmicutes e do gênero Bifidobacterium. Todavia,

em um contexto de dieta hiperlipídica, a sucralose não promoveu efeitos adicionais na microbiota

intestinal [119]. Os resultados parecem ser contraditórios principalmente com o uso de doses supra

Page 19: EDULCORANTES, OUTROS SUBSTITUTOS DO AÇÚCAR E …

19

fisiológicas. Em outro ensaio experimental com ratos utilizando o edulcorante à base de sucralose

demonstrou após 12 semanas diminuição no número total de bactérias aeróbias e anaeróbias, como as

pertencentes aos gêneros Bifidobacterium, Lactobacillus e Bacteroides. Todavia, uma redução acentuada

na quantidade dessas bactérias também foi observada no grupo controle, tratado somente com água,

após a décima terceira semana [120]. Os autores não discutem tal achado, sendo assim necessário novos

estudos com dosagens fisiológicas.

No caso do acessulfame-K, também em estudo experimental, seu consumo foi associado a mudanças na

microbiota intestinal [121]. Deve-se ressaltar que a dosagem administrada foi 2,5 vezes superior a IDA, o

que compromete a interpretação dados. O consumo de 37,5 mg de acessulfame-K/ kg de massa corporal/

dia aumentou as populações de Anaerostipes – associada à obesidade e Sutterella – associada a doenças

como autismo, Síndrome de Down e doenças inflamatórias intestinais em camundongos machos. Em

fêmeas, ocorreu a redução da população de Lactobacillus e Clostridium. Outras limitações discutidas

pelos autores foram a falta de controle da ingestão alimentar e o tamanho amostral, concluindo que mais

estudos são necessários para investigar os possíveis efeitos desse edulcorante sobre a microbiota

intestinal [121].

É importante ressaltar que a diminuição de algumas populações específicas de Lactobacillus não é

esperada em um estado de eubiose, microbiota equilibrada. Isso porque, grande parte das cepas deste

gênero possuem alta tolerância ao pH ácido e a sais biliares, além de propriedades como a produção

ácido láctico e bacteriocinas, conferindo atividade antimicrobiana, e expressão de proteínas de junção,

fatores importantes que aumentam a resistência do intestino à colonização de bactérias com maior

potencial patogênico e reduzem a permeabilidade intestinal [122]. Com a redução de Lactobacillus e o

aumento da permeabilidade intestinal podem ocorrer alterações metabólicas relacionadas à resistência

à insulina, acúmulo de gordura corporal e aumento da ingestão alimentar [24, 123].

Em um ensaio clínico transversal com limitado tamanho amostral (n=31), o perfil da microbiota intestinal

e a função gênica prevista de consumidores de acessulfame-K (1,7 a 33,2 mg/dia) e aspartame (5,3 a 112

mg/ dia) foram semelhantes ao de não consumidores. No entanto, a diversidade bacteriana foi diferente

entre os grupos [124]. A baixa diversidade bacteriana é considerada um marcador de disbiose,

apresentando correlação com algumas doenças [125]. Os autores sugerem que novos estudos

controlados sobre os efeitos na microbiota intestinal sejam conduzidos.

Com relação aos edulcorantes naturais, a estévia é capaz de alterar a microbiota intestinal dependente

do glicosídeo. Por exemplo, o esteviosídeo inibe fracamente as bactérias anaeróbias, enquanto o

rebaudiosídeo inibe fracamente as bactérias aeróbias, em particular os coliformes [126]. A estévia

contém inulina e frutanos, dois ingredientes considerados funcionais e que podem apresentar efeitos

positivos na microbiota intestinal. Neste sentido, os frutanos podem melhorar o crescimento de cepas

específicas de bactérias pertencentes aos gêneros Bifidobacterium e Lactobacillus, os quais são

importantes para as funções intestinais [127] (Figura 2).

Page 20: EDULCORANTES, OUTROS SUBSTITUTOS DO AÇÚCAR E …

20

Ao analisarmos os efeitos dos edulcorantes nutritivos, eles também podem resultar em modificações

importantes na microbiota intestinal, podendo até serem considerados prebióticos [104]. O eritriol, por

ser rapidamente absorvido no intestino delgado, não afeta a glicemia, as concentrações de insulina e

nem a microbiota intestinal [128, 129]. No entanto, o isomaltitol pode apresentar propriedades

prebióticas e seu consumo foi associado com o aumento de bifidobactérias capazes de aumentar a

concentração de butirato e diminuir a enzima beta-glicosidase bacteriana, que tem como função

principal, a liberação de glicose [130]. Baixas doses de lactitol podem aumentar as bifidobactérias e as

concentrações de ácidos propiônico e butírico, sendo assim também considerado um prebiótico [131]. O

xilitol é capaz de modificar a microbiota intestinal de camundongos, aumentar a produção de butirato e

ainda apresentar efeito protetor contra infecção por Clostridium difficile, que pode causar diarreia grave.

Mudanças semelhantes são observadas em humanos [132-134] (Figura 2). Ainda não há evidências

suficientes para determinar os efeitos específicos de maltitol, sorbitol e manitol sobre a microbiota

intestinal de animais e humanos [104].

Figura 2. Possíveis efeitos dos edulcorantes naturais sobre a microbiota intestinal e desfechos

metabólicos.

Page 21: EDULCORANTES, OUTROS SUBSTITUTOS DO AÇÚCAR E …

21

A D-tagatose também parece apresentar propriedades prebióticas. Em estudo com porcos foi observado

que uma dieta composta por 10 ou 20% de tagatose promoveram aumento na concentração de AGCC

[135]. Um aumento nas concentrações de AGCC também foi observado em modelo in vitro simulando o

intestino grosso e em homens suplementados com 12,5 gramas de tagatose. Além disso, os autores

observaram aumento na quantidade de lactobacilos fecais e aumento na frequência de evacuação [136].

Em camundongos tratados com dieta hiperlipídica, o acréscimo de 5% de D-alulose promoveu redução

significativa no ganho de massa corporal, tecido adiposo, esteatose hepática, bem como na concentração

de proteínas inflamatórias [137]. Além disso, os autores avaliaram a interação desses achados com a

microbiota intestinal, identificando aumento relativo na abundância de Lactobacillus e Coprococcus na

microbiota intestinal [137]. Em outro estudo experimental do mesmo grupo de pesquisa, a adição de 5%

de D-alulose na dieta hiperlipídica reduziu as concentrações de colesterol, triglicerídeos, resistina,

lepitina e aumentou o gasto de energia de maneira mais efetiva que o eritritol [138]. Ao analisar a

microbiota intestinal, o grupo que consumiu de D-alulose aumentou a abundância do gênero

Lactobacillus, Coprococcus e Coprobacillus, e reduziu o de Turicibacter, Clostridiaceae, Dorea e

Erysipelotrichaceae. Além disso, os animais apresentaram uma diversidade alfa maior tanto na riqueza e

uniformidade do Chao 1 e maior diversidade beta comparado ao grupo de dieta hiperlipídica sem

tratamento [138].

Glicosídeos de estévia e os poliois lactitol, isomaltitol e xilitol são considerados edulcorantes naturais e

podem apresentar propriedades prebióticas e benéficas à microbiota intestinal e ao organismo como um

todo. O consumo de estévia pode melhorar o crescimento de Bifidobacterium e Lactobacillus,

importantes para as funções intestinais. Os poliois lactitol e isomaltitol estão relacionados ao aumento

de Bifidobacterium e o lactiol ainda apresenta relação com a diminuição do gênero Clostridium. Já o

consumo de xilitol está relacionado com a diminuição de infecções por Clostridium difficile, diminuindo

assim também a ocorrência de diarreias infecciosas. Todas essas modificações na microbiota intestinal

podem levar a um aumento das concentrações de butirato e propionato séricos, diminuindo assim as

concentrações de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) nas fezes. Esses AGCC possuem propriedades

anti-inflamatórias, reduzem a permeabilidade intestinal e modulam a resposta imunológica, contribuindo

com melhor resposta da insulina, bem como com controle da ingestão alimentar. Desta forma, quando

consumidos em quantidades seguras, os edulcorantes naturais podem auxiliar na melhora da saúde como

um todo.

Page 22: EDULCORANTES, OUTROS SUBSTITUTOS DO AÇÚCAR E …

22

5. CONCLUSÃO

A interação entre os edulcorantes, outros substitutos do açúcar e a microbiota intestinal precisa ser mais

bem estudada, visto que a maioria dos estudos são experimentais ou transversais. A condução de ensaios

clínicos randomizados e controlados nessa área é fundamental para comprovação dos efeitos benéficos

ou negativos, os quais parecem ser dependentes do tipo e dose do edulcorante utilizado. A extrapolação

dos efeitos desses produtos na microbiota intestinal para todo e qualquer adoçante não é apropriada,

visto que possuem estrutura química e metabolismo diferentes. Além disso, é necessário um controle

dos fatores que afetam a microbiota intestinal como os destacados no tópico fatores que alteram a

composição da microbiota intestinal. Dessa forma, generalizações não podem ser realizadas, nem tão

pouco, desconsiderar outros possíveis fatores que influenciam no crescimento ou na inibição de

determinada bactéria. Inúmeros estudos têm demonstrado que dependendo da composição da

microbiota, aquela formada por anos, as respostas metabólicas podem ser completamente diferentes

[74, 139, 140]. Além disso, a presença de determinada bactéria, mesmo que associada a um determinado

fator de risco, não significa que seja ruim, cada bactéria apresenta um papel importante na homeostase

metabólica. Passa-se a tornar um problema quando ocorre um supercrescimento bacteriano específico.

Dessa forma, cabe ressaltar a nossa velha e famosa lei do equilíbrio, o excesso pode fazer mal, e a falta

também pode ser um sinal de risco. Por último, não podemos esquecer de que os edulcorantes e outros

substitutos do açúcar podem ser ferramentas úteis no manejo do diabetes e na ingestão calórica

excessiva.

Page 23: EDULCORANTES, OUTROS SUBSTITUTOS DO AÇÚCAR E …

23

REFERÊNCIAS

[1] Sender R, Fuchs S, Milo R. Revised estimates for the number of human and bacteria cells in the

body. PLoS Biol 2016;14:e1002533.

[2] Sommer F, Backhed F. The gut microbiota--masters of host development and physiology. Nat Rev

Microbiol 2013;11:227-38.

[3] Ley RE, Turnbaugh PJ, Klein S, Gordon JI. Microbial ecology: human gut microbes associated with

obesity. Nature 2006;444:1022-3.

[4] Qin J, Li R, Raes J, Arumugam M, Burgdorf KS, Manichanh C, et al. A human gut microbial gene

catalogue established by metagenomic sequencing. Nature 2010;464:59-65.

[5] Andersson AF, Lindberg M, Jakobsson H, Backhed F, Nyren P, Engstrand L. Comparative analysis of

human gut microbiota by barcoded pyrosequencing. PLoS One 2008;3:e2836.

[6] Jandhyala SM, Talukdar R, Subramanyam C, Vuyyuru H, Sasikala M, Nageshwar Reddy D. Role of the

normal gut microbiota. World J Gastroenterol 2015;21:8787-803.

[7] Sekirov I, Russell SL, Antunes LC, Finlay BB. Gut microbiota in health and disease. Physiol Rev

2010;90:859-904.

[8] Swidsinski A, Loening-Baucke V, Lochs H, Hale LP. Spatial organization of bacterial flora in normal

and inflamed intestine: a fluorescence in situ hybridization study in mice. World J Gastroenterol

2005;11:1131-40.

[9] Smith K, McCoy KD, Macpherson AJ. Use of axenic animals in studying the adaptation of mammals

to their commensal intestinal microbiota. Semin Immunol 2007;19:59-69.

[10] Gill SR, Pop M, Deboy RT, Eckburg PB, Turnbaugh PJ, Samuel BS, et al. Metagenomic analysis of the

human distal gut microbiome. Science 2006;312:1355-9.

[11] Adlerberth I, Wold AE. Establishment of the gut microbiota in Western infants. Acta Paediatr

2009;98:229-38.

[12] Marques TM, Wall R, Ross RP, Fitzgerald GF, Ryan CA, Stanton C. Programming infant gut

microbiota: influence of dietary and environmental factors. Curr Opin Biotechnol 2010;21:149-56.

[13] Dominguez-Bello MG, Costello EK, Contreras M, Magris M, Hidalgo G, Fierer N, et al. Delivery mode

shapes the acquisition and structure of the initial microbiota across multiple body habitats in newborns.

Proc Natl Acad Sci U S A 2010;107:11971-5.

[14] Rescigno M, Urbano M, Valzasina B, Francolini M, Rotta G, Bonasio R, et al. Dendritic cells express

tight junction proteins and penetrate gut epithelial monolayers to sample bacteria. Nat Immunol

2001;2:361-7.

[15] Gosalbes MJ, Llop S, Valles Y, Moya A, Ballester F, Francino MP. Meconium microbiota types

dominated by lactic acid or enteric bacteria are differentially associated with maternal eczema and

respiratory problems in infants. Clin Exp Allergy 2013;43:198-211.

[16] Mackie RI, Sghir A, Gaskins HR. Developmental microbial ecology of the neonatal gastrointestinal

tract. Am J Clin Nutr 1999;69:1035S-45S.

[17] Stewart CJ, Ajami NJ, O'Brien JL, Hutchinson DS, Smith DP, Wong MC, et al. Temporal development

of the gut microbiome in early childhood from the TEDDY study. Nature 2018;562:583-8.

Page 24: EDULCORANTES, OUTROS SUBSTITUTOS DO AÇÚCAR E …

24

[18] Sherman MP, Zaghouani H, Niklas V. Gut microbiota, the immune system, and diet influence the

neonatal gut-brain axis. Pediatr Res 2015;77:127-35.

[19] Yatsunenko T, Rey FE, Manary MJ, Trehan I, Dominguez-Bello MG, Contreras M, et al. Human gut

microbiome viewed across age and geography. Nature 2012;486:222-7.

[20] Borre YE, Moloney RD, Clarke G, Dinan TG, Cryan JF. The impact of microbiota on brain and

behavior: mechanisms & therapeutic potential. Adv Exp Med Biol 2014;817:373-403.

[21] Derrien M, Alvarez AS, de Vos WM. The Gut Microbiota in the First Decade of Life. Trends Microbiol

2019;27:997-1010.

[22] Stanislawski MA, Dabelea D, Wagner BD, Iszatt N, Dahl C, Sontag MK, et al. Gut Microbiota in the

First 2 Years of Life and the Association with Body Mass Index at Age 12 in a Norwegian Birth Cohort.

mBio 2018;9:e01751-18.

[23] De Filippo C, Cavalieri D, Di Paola M, Ramazzotti M, Poullet JB, Massart S, et al. Impact of diet in

shaping gut microbiota revealed by a comparative study in children from Europe and rural Africa. Proc

Natl Acad Sci U S A 2010;107:14691-6.

[24] Gomes AC, Hoffmann C, Mota JF. The human gut microbiota: Metabolism and perspective in

obesity. Gut Microbes 2018;9:308-25.

[25] Walker AW, Ince J, Duncan SH, Webster LM, Holtrop G, Ze X, et al. Dominant and diet-responsive

groups of bacteria within the human colonic microbiota. Isme J 2011;5:220-30.

[26] David LA, Maurice CF, Carmody RN, Gootenberg DB, Button JE, Wolfe BE, et al. Diet rapidly and

reproducibly alters the human gut microbiome. Nature 2014;505:559-63.

[27] Engen PA, Green SJ, Voigt RM, Forsyth CB, Keshavarzian A. The Gastrointestinal Microbiome:

Alcohol Effects on the Composition of Intestinal Microbiota. Alcohol Res 2015;37:223-36.

[28] Bermon S, Petriz B, Kajeniene A, Prestes J, Castell L, Franco OL. The microbiota: an exercise

immunology perspective. Exerc Immunol Rev 2015;21:70-9.

[29] Clarke SF, Murphy EF, O'Sullivan O, Lucey AJ, Humphreys M, Hogan A, et al. Exercise and associated

dietary extremes impact on gut microbial diversity. Gut 2014;63:1913-20.

[30] Queipo-Ortuno MI, Seoane LM, Murri M, Pardo M, Gomez-Zumaquero JM, Cardona F, et al. Gut

microbiota composition in male rat models under different nutritional status and physical activity and

its association with serum leptin and ghrelin levels. PLoS One 2013;8:e65465.

[31] Claesson MJ, Jeffery IB, Conde S, Power SE, O'Connor EM, Cusack S, et al. Gut microbiota

composition correlates with diet and health in the elderly. Nature 2012;488:178-84.

[32] Biagi E, Nylund L, Candela M, Ostan R, Bucci L, Pini E, et al. Through ageing, and beyond: gut

microbiota and inflammatory status in seniors and centenarians. PLoS One 2010;5:e10667.

[33] Drago L, Toscano M, Rodighiero V, De Vecchi E, Mogna G. Cultivable and pyrosequenced fecal

microflora in centenarians and young subjects. J Clin Gastroenterol 2012;46 Suppl:S81-4.

[34] Ng KM, Ferreyra JA, Higginbottom SK, Lynch JB, Kashyap PC, Gopinath S, et al. Microbiota-liberated

host sugars facilitate post-antibiotic expansion of enteric pathogens. Nature 2013;502:96-9.

[35] Jernberg C, Lofmark S, Edlund C, Jansson JK. Long-term ecological impacts of antibiotic

administration on the human intestinal microbiota. Isme J 2007;1:56-66.

[36] Panda S, El khader I, Casellas F, Lopez Vivancos J, Garcia Cors M, Santiago A, et al. Short-term effect

of antibiotics on human gut microbiota. PLoS One 2014;9:e95476.

Page 25: EDULCORANTES, OUTROS SUBSTITUTOS DO AÇÚCAR E …

25

[37] Shaw SY, Blanchard JF, Bernstein CN. Association between the use of antibiotics and new diagnoses

of Crohn's disease and ulcerative colitis. Am J Gastroenterol 2011;106:2133-42.

[38] Kronman MP, Zaoutis TE, Haynes K, Feng R, Coffin SE. Antibiotic exposure and IBD development

among children: a population-based cohort study. Pediatrics 2012;130:e794-803.

[39] Cryan JF, O'Riordan KJ, Cowan CSM, Sandhu KV, Bastiaanssen TFS, Boehme M, et al. The

Microbiota-Gut-Brain Axis. Physiol Rev 2019;99:1877-2013.

[40] Wang H-X, Wang Y-P. Gut Microbiota-brain Axis. Chin Med J (Engl) 2016;129:2373-80.

[41] Bailey MT, Dowd SE, Galley JD, Hufnagle AR, Allen RG, Lyte M. Exposure to a social stressor alters

the structure of the intestinal microbiota: implications for stressor-induced immunomodulation. Brain

Behav Immun 2011;25:397-407.

[42] Fitch MN, Phillippi D, Zhang Y, Lucero J, Pandey RS, Liu J, et al. Effects of inhaled air pollution on

markers of integrity, inflammation, and microbiota profiles of the intestines in Apolipoprotein E

knockout mice. Environ Res 2019:108913.

[43] Brasil. Ministério da Saúde/Secretaria de Vigilância Sanitária. Portaria no 25, de 04 de abril de

1988. Os produtos a base de edulcorantes, com ou sem adição de açucar passa a denominar-se

"Adoçantes Dietéticos". D.O.U. - Diário Oficial da União: Saude Md; 1998.

[44] Brasil. MS/SVS. Portaria no 38, de 13 de janeiro de 1998. Aprova o Regulamento Técnico referente

a Adoçantes de Mesa, constante do anexo desta Portaria. D.O.U. - Diário Oficial da União 1998: Saude

Md; 1998.

[45] Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução nº 18 de 24 de março de 2008. Dispõe

sobre o “Regulamento Técnico que autoriza o uso de aditivos edulcorante em alimentos, com seus

respectivos limites máximos”. . D.O.U. - Diário Oficial da União; Poder Executivo.2008.

[46] Zygler A, Wasik A, Kot-Wasik A, Namiesnik J. Determination of nine high-intensity sweeteners in

various foods by high-performance liquid chromatography with mass spectrometric detection. Anal

Bioanal Chem 2011;400:2159-72.

[47] SBD. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2017-2018. São Paulo: Clannad; 2018.

[48] Shankar P, Ahuja S, Sriram K. Non-nutritive sweeteners: review and update. Nutrition

2013;29:1293-9.

[49] JEFCA/FAO/WHO. Additional Information about High-Intensity Sweeteners Permitted for Use in

Food in the United States. 2018.

[50] JEFCA/FAO/WHO. Evaluations of the Joint FAO/WHO Expert Committee on Food Additives (JECFA).

2019.

[51] Mukherjee M, Sarkar A. Sugar Content in Artificial Sweetener. Advances in Applied Science

Research 2011;2:407-9.

[52] Magnuson BA, Carakostas MC, Moore NH, Poulos SP, Renwick AG. Biological fate of low-calorie

sweeteners. Nutr Rev 2016;74:670-89.

[53] Touyz LZ. Saccharin deemed "not hazardous" in United States and abroad. Curr Oncol 2011;18:213-

4.

[54] FDA. FDA statement on European aspartame study. CFSAN/Office of Food Additive Safety. 2007.

[55] Smeets PA, de Graaf C, Stafleu A, van Osch MJ, van der Grond J. Functional magnetic resonance

imaging of human hypothalamic responses to sweet taste and calories. Am J Clin Nutr 2005;82:1011-6.

Page 26: EDULCORANTES, OUTROS SUBSTITUTOS DO AÇÚCAR E …

26

[56] EFSA. European Food Safety Authority. Scientific Opinion on the re-evaluation of aspartame (E 951)

as a food additive. EFSA Journal 2013;11:263.

[57] IFICF. International Food Information Council Foundation. Facts about low-calorie sweeteners. .

2014.

[58] Kroger M, Meister K, Kava R. Low-calorie Sweeteners and Other Sugar Substitutes: A Review of the

Safety Issues. Comprehensive Reviews in Food Science and Food Safety 2006;5:35-47.

[59] DuBois GE, Walters DE, Schiffman SS, Warwick ZS, Booth BJ, Pecore SD, et al. Concentration—

response relationships of sweeteners. Sweeteners: American Chemical Society, 1991. p. 261-76.

[60] Schiffman SS, Gatlin CA. Sweeteners: state of knowledge review. Neurosci Biobehav Rev.

1993;17:313-45.

[61] Schiffman SS, Sattely-Miller EA, Bishay IE. Sensory properties of neotame: Comparison with other

sweeteners. Sweetness and Sweeteners: American Chemical Society, 2008. p. 511-29.

[62] WIET SG, BEYTS PK. Sensory characteristics of sucralose and other high intensity sweeteners. J

Food Sci 1992;57:1014-9.

[63] Knight I. The development and applications of sucralose, a new high-intensity sweetener. Can J

Physiol Pharmacol 1994;72:435-9.

[64] Schiffman SS, Rother KI. Sucralose, a synthetic organochlorine sweetener: overview of biological

issues. J Toxicol Environ Health B Crit Rev 2013;16:399-451.

[65] Magnuson BA, Roberts A, Nestmann ER. Critical review of the current literature on the safety of

sucralose. Food Chem Toxicol 2017;106:324-55.

[66] FDA. High-intensity sweeteners. 2015.

[67] Lenhart A, Chey WD. A systematic review of the effects of polyols on gastrointestinal health and

irritable bowel syndrome. Adv Nutr 2017;8:587-96.

[68] Grembecka M. Natural sweeteners in a human diet. Rocz Panstw Zakl Hig 2015;66:195-202.

[69] Grembecka M. Sugar alcohols—their role in the modern world of sweeteners: a review. Eur Food

Res Technol 2015;241:1-14.

[70] Soejima A, Tanabe AS, Takayama I, Kawahara T, Watanabe K, Nakazawa M, et al. Phylogeny and

biogeography of the genus Stevia (Asteraceae: Eupatorieae): an example of diversification in the

Asteraceae in the new world. J Plant Res 2017;130:953-72.

[71] Goyal SK, Samsher, Goyal RK. Stevia (Stevia rebaudiana) a bio-sweetener: a review. Int J Food Sci

Nutr 2010;61:1-10.

[72] Samuel P, Ayoob KT, Magnuson BA, Wolwer-Rieck U, Jeppesen PB, Rogers PJ, et al. Stevia leaf to

Stevia sweetener: Exploring its science, benefits, and future potential. J Nutr 2018;148:1186s-205s.

[73] EFSA. European Food Safety Authority. Scientific opinion on the safety of steviol glycosides for the

proposed uses as a food additive. EFSA Panel of Food Additive and Nutrients Sources added to Food

(ANS). EFSA Journal 2010;8:85.

[74] Lobach AR, Roberts A, Rowland IR. Assessing the in vivo data on low/no-calorie sweeteners and the

gut microbiota. Food Chem Toxicol 2019;124:385-99.

[75] Bopp BA, Sonders RC, Kesterson JW. Toxicological aspects of cyclamate and cyclohexylamine. Crit

Rev Toxicol 1986;16:213-306.

[76] Takayama S, Renwick AG, Johansson SL, Thorgeirsson UP, Tsutsumi M, Dalgard DW, et al. Long-

term toxicity and carcinogenicity study of cyclamate in nonhuman primates. Toxicol Sci 2000;53:33-9.

Page 27: EDULCORANTES, OUTROS SUBSTITUTOS DO AÇÚCAR E …

27

[77] Godshall MA. The expanding world of nutritive and non-nutritive sweeteners. Sugar J 2007;69:9.

[78] Carocho M, Morales P, Ferreira I. Sweeteners as food additives in the XXI century: A review of what

is known, and what is to come. Food Chem Toxicol 2017;107:302-17.

[79] Beauchamp GK. Why do we like sweet taste: A bitter tale? Physiol Behav 2016;164:432-7.

[80] Firsov A, Shaloiko L, Kozlov O, Vinokurov L, Vainstein A, Dolgov S. Purification and characterization

of recombinant supersweet protein thaumatin II from tomato fruit. Protein Expr Purif 2016;123:1-5.

[81] Masuda T. Sweet-tasting protein thaumatin: Physical and chemical properties. In: Merillon J-M,

Ramawat KG, editors. Sweeteners: pharmacology, biotechnology, and applications. Cham: Springer

International Publishing, 2017. p. 1-31.

[82] FDA. Artificial Sweeteners and Cancer, 2016.

[83] INCA. Instituto Nacional de Câncer. Adoçantes artificiais, 2019.

[84] Cancer Council. Cancer myth: Sweeteners and cancer, 2015.

[85] Bosetti C, Gallus S, Talamini R, Montella M, Franceschi S, Negri E, et al. Artificial sweeteners and

the risk of gastric, pancreatic, and endometrial cancers in Italy. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev

2009;18:2235-8.

[86] Marinovich M, Galli CL, Bosetti C, Gallus S, La Vecchia C. Aspartame, low-calorie sweeteners and

disease: regulatory safety and epidemiological issues. Food Chem Toxicol 2013;60:109-15.

[87] Gallus S, Scotti L, Negri E, Talamini R, Franceschi S, Montella M, et al. Artificial sweeteners and

cancer risk in a network of case-control studies. Ann Oncol 2007;18:40-4.

[88] Anton SD, Martin CK, Han H, Coulon S, Cefalu WT, Geiselman P, et al. Effects of stevia, aspartame,

and sucrose on food intake, satiety, and postprandial glucose and insulin levels. Appetite 2010;55:37-

43.

[89] Higgins KA, Mattes RD. A randomized controlled trial contrasting the effects of 4 low-calorie

sweeteners and sucrose on body weight in adults with overweight or obesity. Am J Clin Nutr

2019;109:1288-301.

[90] Serra-Majem L, Raposo A, Aranceta-Bartrina J, Varela-Moreiras G, Logue C, Laviada H, et al. Ibero(-

)American Consensus on Low- and No-Calorie Sweeteners: Safety, Nutritional Aspects and Benefits in

Food and Beverages. Nutrients 2018;10.

[91] Roy S, Chikkerur J, Roy SC, Dhali A, Kolte AP, Sridhar M, et al. Tagatose as a potential nutraceutical:

Production, properties, biological roles, and applications. J Food Sci 2018;83:2699-709.

[92] Kim HJ, Ryu SA, Kim P, Oh DK. A feasible enzymatic process for D-tagatose production by an

immobilized thermostable L-arabinose isomerase in a packed-bed bioreactor. Biotechnol Prog

2003;19:400-4.

[93] Guerrero-Wyss M, Duran Aguero S, Angarita Davila L. D-Tagatose is a promising sweetener to

control glycaemia: A new functional food. Biomed Res Int 2018;2018:8718053.

[94] Brasil. ANVISA. Guia para comprovação da segurança de alimentos e ingredientes. In: 23, editor. 1.

1 ed. Brasil ANVISA. Agencia Nacional de Vigilancia Sanitária, 2019.

[95] Christian M. Vastenavond HB, Soren Juhl Hansen, Rene Soegaard Laursen, James Saunders, Kristian

Eriknauer. Tagatose (D-tagatose) In: O’brien-Nabors L, editor. Alternative sweeteners. 4 ed. New York

CRC Press. Taylor & Francis Group, 2011. p. 197–222.

[96] Chambers ES, Preston T, Frost G, Morrison DJ. Role of gut microbiota-generated short-chain fatty

acids in metabolic and cardiovascular health. Curr Nutr Rep 2018;7:198-206.

Page 28: EDULCORANTES, OUTROS SUBSTITUTOS DO AÇÚCAR E …

28

[97] Donner TW, Wilber JF, Ostrowski D. D-tagatose, a novel hexose: acute effects on carbohydrate

tolerance in subjects with and without type 2 diabetes. Diabetes Obes Metab 1999;1:285-91.

[98] Joint FAO/WHO/ECoFA. World Health Organization, Food and Agriculture Organization of the

United Nations. Evaluation of certain food additives and contaminants : Sixty-first report of the Joint

FAO/WHO Expert Committee on Food Additives. Geneva: WHO, 2004.

[99] Hossain A, Yamaguchi F, Matsuo T, Tsukamoto I, Toyoda Y, Ogawa M, et al. Rare sugar d-allulose:

Potential role and therapeutic monitoring in maintaining obesity and type 2 diabetes mellitus.

Pharmacol Therapeutics 2015;155:49-59.

[100] Iida T, Hayashi N, Yamada T, Yoshikawa Y, Miyazato S, Kishimoto Y, et al. Failure of d-psicose

absorbed in the small intestine to metabolize into energy and its low large intestinal fermentability in

humans. Metabolism 2010;59:206-14.

[101] Hayashi N, Iida T, Yamada T, Okuma K, Takehara I, Yamamoto T, et al. Study on the postprandial

blood glucose suppression effect of D-psicose in borderline diabetes and the safety of long-term

ingestion by normal human subjects. Biosci Biotechnol Biochem 2010;74:510-9.

[102] Kimura T, Kanasaki A, Hayashi N, Yamada T, Iida T, Nagata Y, et al. d-Allulose enhances

postprandial fat oxidation in healthy humans. Nutrition.2017;43-44:16-20.

[103] Sylvetsky AC, Rother KI. Trends in the consumption of low-calorie sweeteners. Physiol Behav

2016;164:446-50.

[104] Ruiz-Ojeda FJ, Plaza-Diaz J, Saez-Lara MJ, Gil A. Effects of sweeteners on the gut microbiota: A

review of experimental studies and clinical trials. Adv Nutr 2019;10:S31-S48.

[105] Suez J, Korem T, Zeevi D, Zilberman-Schapira G, Thaiss CA, Maza O, et al. Artificial sweeteners

induce glucose intolerance by altering the gut microbiota. Nature 2014;514:181-6.

[106] Suez J, Korem T, Zilberman-Schapira G, Segal E, Elinav E. Non-caloric artificial sweeteners and the

microbiome: findings and challenges. Gut Microbes 2015;6:149-55.

[107] Connor SC, Hansen MK, Corner A, Smith RF, Ryan TE. Integration of metabolomics and

transcriptomics data to aid biomarker discovery in type 2 diabetes. Mol Biosyst 2010;6:909-21.

[108] Cani PD, Bibiloni R, Knauf C, Waget A, Neyrinck AM, Delzenne NM, et al. Changes in gut

microbiota control metabolic endotoxemia-induced inflammation in high-fat diet-induced obesity and

diabetes in mice. Diabetes 2008;57:1470-81.

[109] Turnbaugh PJ, Ley RE, Mahowald MA, Magrini V, Mardis ER, Gordon JI. An obesity-associated gut

microbiome with increased capacity for energy harvest. Nature.2006;444:1027-31.

[110] Daly K, Darby AC, Hall N, Nau A, Bravo D, Shirazi-Beechey SP. Dietary supplementation with

lactose or artificial sweetener enhances swine gut Lactobacillus population abundance. Br J Nutr

2014;111 Suppl 1:S30-5.

[111] Naim M, Zechman JM, Brand JG, Kare MR, Sandovsky V. Effects of sodium saccharin on the

activity of trypsin, chymotrypsin, and amylase and upon bacteria in small intestinal contents of rats.

Proc Soc Exp Biol Med 1985;178:392-401.

[112] Bian X, Tu P, Chi L, Gao B, Ru H, Lu K. Saccharin induced liver inflammation in mice by altering the

gut microbiota and its metabolic functions. Food Chem Toxicol 2017;107:530-9.

[113] Horwitz DL, McLane M, Kobe P. Response to single dose of aspartame or saccharin by NIDDM

patients. Diabetes Care. 1988;11:230-4.

Page 29: EDULCORANTES, OUTROS SUBSTITUTOS DO AÇÚCAR E …

29

[114] Tordoff MG, Alleva AM. Effect of drinking soda sweetened with aspartame or high-fructose corn

syrup on food intake and body weight. Am J Clin Nutr 1990;51:963-9.

[115] Palmnas MS, Cowan TE, Bomhof MR, Su J, Reimer RA, Vogel HJ, et al. Low-dose aspartame

consumption differentially affects gut microbiota-host metabolic interactions in the diet-induced obese

rat. PLoS One 2014;9:e109841.

[116] Uebanso T, Ohnishi A, Kitayama R, Yoshimoto A, Nakahashi M, Shimohata T, et al. Effects of Low-

Dose Non-Caloric Sweetener Consumption on Gut Microbiota in Mice. Nutrients 2017;9.

[117] Ridlon JM, Kang DJ, Hylemon PB. Bile salt biotransformations by human intestinal bacteria. J Lipid

Res 2006;47:241-59.

[118] Zeng H, Umar S, Rust B, Lazarova D, Bordonaro M. Secondary bile acids and short chain fatty acids

in the colon: A focus on colonic microbiome, cell proliferation, inflammation, and cancer. Int J Mol Sci

2019;20.

[119] Wang QP, Browman D, Herzog H, Neely GG. Non-nutritive sweeteners possess a bacteriostatic

effect and alter gut microbiota in mice. PLoS One 2018;13:e0199080.

[120] Abou-Donia MB, El-Masry EM, Abdel-Rahman AA, McLendon RE, Schiffman SS. Splenda alters gut

microflora and increases intestinal p-glycoprotein and cytochrome p-450 in male rats. J Toxicol Environ

Health A 2008;71:1415-29.

[121] Bian X, Chi L, Gao B, Tu P, Ru H, Lu K. The artificial sweetener acesulfame potassium affects the

gut microbiome and body weight gain in CD-1 mice. PLoS One 2017;12:e0178426.

[122] Lahteinen T, Malinen E, Koort JM, Mertaniemi-Hannus U, Hankimo T, Karikoski N, et al. Probiotic

properties of Lactobacillus isolates originating from porcine intestine and feces. Anaerobe 2010;16:293-

300.

[123] Gomes AC, Bueno AA, de Souza RG, Mota JF. Gut microbiota, probiotics and diabetes. Nutr J

2014;13:60.

[124] Frankenfeld CL, Sikaroodi M, Lamb E, Shoemaker S, Gillevet PM. High-intensity sweetener

consumption and gut microbiome content and predicted gene function in a cross-sectional study of

adults in the United States. Ann Epidemiol 2015;25:736-42.e4.

[125] Valdes AM, Walter J, Segal E, Spector TD. Role of the gut microbiota in nutrition and health. BMJ

2018;361:k2179.

[126] Gardana C, Simonetti P, Canzi E, Zanchi R, Pietta P. Metabolism of stevioside and rebaudioside A

from Stevia rebaudiana extracts by human microflora. J Agric Food Chem 2003;51:6618-22.

[127] Sanches Lopes SM, Francisco MG, Higashi B, de Almeida RTR, Krausova G, Pilau EJ, et al. Chemical

characterization and prebiotic activity of fructo-oligosaccharides from Stevia rebaudiana (Bertoni) roots

and in vitro adventitious root cultures. Carbohydr Polym 2016;152:718-25.

[128] Bornet FR, Blayo A, Dauchy F, Slama G. Gastrointestinal response and plasma and urine

determinations in human subjects given erythritol. Regul Toxicol Pharmacol 1996;24:S296-302.

[129] Ishikawa M, Miyashita M, Kawashima Y, Nakamura T, Saitou N, Modderman J. Effects of oral

administration of erythritol on patients with diabetes. Regul Toxicol Pharmacol 1996;24:S303-8.

[130] Gostner A, Schaffer V, Theis S, Menzel T, Luhrs H, Melcher R, et al. Effects of isomalt consumption

on gastrointestinal and metabolic parameters in healthy volunteers. Br J Nutr 2005;94:575-81.

[131] Finney M, Smullen J, Foster HA, Brokx S, Storey DM. Effects of low doses of lactitol on faecal

microflora, pH, short chain fatty acids and gastrointestinal symptomology. Eur J Nutr 2007;46:307-14.

Page 30: EDULCORANTES, OUTROS SUBSTITUTOS DO AÇÚCAR E …

30

[132] Salminen S, Salminen E, Koivistoinen P, Bridges J, Marks V. Gut microflora interactions with xylitol

in the mouse, rat and man. Food Chem Toxicol 1985;23:985-90.

[133] Naaber P, Mikelsaar RH, Salminen S, Mikelsaar M. Bacterial translocation, intestinal microflora

and morphological changes of intestinal mucosa in experimental models of Clostridium difficile

infection. J Med Microbiol 1998;47:591-8.

[134] Sato T, Kusuhara S, Yokoi W, Ito M, Miyazaki K. Prebiotic potential of L-sorbose and xylitol in

promoting the growth and metabolic activity of specific butyrate-producing bacteria in human fecal

culture. FEMS Microbiol Ecol 2017;93.

[135] Bertelsen H, Jensen BB, Buemann B. D-tagatose--a novel low-calorie bulk sweetener with

prebiotic properties. World Rev Nutr Diet 1999;85:98-109.

[136] Venema K, Vermunt SHF, Brink EJ. D-Tagatose increases butyrate production by the colonic

microbiota in healthy men and women. Microb Ecol Health Dis 2005;17:47-57.

[137] Han Y, Yoon J, Choi MS. Tracing the Anti-Inflammatory Mechanism/Triggers of d-Allulose: A Profile

Study of Microbiome Composition and mRNA Expression in Diet-Induced Obese Mice. Mol Nutr Food

Res 2020;64:e1900982.

[138] Han Y, Park H, Choi BR, Ji Y, Kwon EY, Choi MS. Alteration of microbiome profile by D-Allulose in

amelioration of high-fat-diet-induced obesity in mice. Nutrients 2020;12.

[139] Zeevi D, Korem T, Zmora N, Israeli D, Rothschild D, Weinberger A, et al. Personalized nutrition by

prediction of glycemic responses. Cell 2015;163:1079-94.

[140] Chaput N, Lepage P, Coutzac C, Soularue E, Le Roux K, Monot C, et al. Baseline gut microbiota

predicts clinical response and colitis in metastatic melanoma patients treated with ipilimumab. Ann

Oncol 2017;28:1368-79.

*Imagem da capa: National Cancer Institute by UNSPLASH.

Page 31: EDULCORANTES, OUTROS SUBSTITUTOS DO AÇÚCAR E …

31

Maio, 2020

Série Documentos Técnicos

SBAN – Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição

São Paulo, Brasil.

Maio, 2020

Série Documentos Técnicos

SBAN – Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição

São Paulo, Brasil.

Maio, 2020

Série Documentos Técnicos

SBAN – Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição

São Paulo, Brasil.