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UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Fisioterapia Marcelo César Nonato da Silveira EFEITO AGUDO DA MANIPULAÇÃO LOMBO-SACRA SOBRE A ESTABILOMETRIA: ESTUDO ALEATORIZADO CONTROLADO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium de Lins Lins - SP LINS SP 2018

EFEITO AGUDO DA MANIPULAÇÃO LOMBO-SACRA SOBRE A ... · De acordo com Neumann (2011) o esqueleto é dividido em esqueleto apendicular que consiste nos ossos das extremidades incluindo

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    UNISALESIANO

    Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

    Curso de Fisioterapia

    Marcelo César Nonato da Silveira

    EFEITO AGUDO DA MANIPULAÇÃO LOMBO-SACRA

    SOBRE A ESTABILOMETRIA: ESTUDO

    ALEATORIZADO CONTROLADO

    Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium de Lins

    Lins - SP

    LINS – SP

    2018

  • 1

    MARCELO CÉSAR NONATO DA SILVEIRA

    EFEITO AGUDO DA MANIPULAÇÃO LOMBO-SACRA SOBRE A

    ESTABILOMETRIA: ESTUDO ALEATORIZADO CONTROLADO

    Trabalho de conclusão de curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – campus Lins/SP, como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Fisioterapia, sob a Orientação do Prof. Esp. Jonathan Daniel Telles e orientação técnica da Profª Ma. Jovira Maria Sarraceni.

    LINS – SP 2018

  • 2

    Silveira, Marcelo Cesar Nonato

    O Efeito Agudo da Manipulação Lombo-sacra sobre a Estabilometria em Indivíduos Saudáveis / Marcelo Cesar Nonato da Silveira. – – Lins, 2017.

    76p. il. 31cm.

    Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UniSALESIANO, Lins-SP, para graduação em Fisioterapia, 2018.

    Orientadores: Jonathan Daniel Telles; Jovira Maria Sarraceni.

    1.Manipulação. 2.Lombo-Sacra. 3.Estabilometria.. I Título.

    CDU 615.8

    S589e

  • 3

    MARCELO CÉSAR NONATO DA SILVEIRA

    EFEITO AGUDO DA MANIPULAÇÃO LOMBO-SACRA SOBRE A

    ESTABILOMETRIA: ESTUDO ALEATORIZADO CONTROLADO

    Trabalho de Conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário Católico

    Salesiano Auxilium, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em

    Fisioterapia.

    Aprovado em: __/__/___

    Banca Examinadora:

    Professor Orientador: Jonathan Daniel Telles

    Titulação: Especialista em Treinamento Personalizado e Musculação-Unisalesiano.

    Assinatura: _________________________________

    1º Professor (a): ___________________________________________________

    Titulação: _______________________________________________________

    Assinatura: _________________________________

    2º Professor (a): ___________________________________________________

    Titulação: _______________________________________________________

    Assinatura: _________________________________

  • 4

    AGRADECIMENTOS

    Agradeço a Deus, aos meus pais, Moacyr Silveira e Silvia Silveira, aos meus

    avós, à minha namorada, Fernanda Bassi Gonçalves, e a todos os professores que

    fizeram parte da minha formação, em especial meu orientador e amigo, Jonathan

    Telles e a professora Jovira.

  • 5

    RESUMO

    Estudos recentes apontam os inúmeros benefícios terapêuticos adquiridos a partir de técnicas manipulativas como restauração da amplitude, mobilidade articular, flexibilidade muscular, melhor relação agonista e antagonista, e analgesia. Acredita-se que, através da manipulação lombo sacra e da articulação sacro-ilíaca, seja possível melhorar o tônus muscular da cadeia posterior dos membros inferiores, resultando assim, em uma melhor condição estática na posição ereta e, consequentemente, uma melhora da distribuição da pressão plantar, equilíbrio postural e da estabilometria de um indivíduo. A estabilometria, por sua vez, é um exame realizado através de baropodometria que mensura a oscilação do equilíbrio estático nos sentidos ântero-posterior e lateral. O presente estudo teve por objetivo avaliar o efeito agudo da manipulação lombo sacra sobre a estabilometria avaliada em baropodometria em indivíduos saudáveis. Para realização do trabalho foram recrutados 20 indivíduos do sexo feminino, com média de idade entre 19 e 28 anos, que após estarem enquadrados no âmbito da pesquisa e tendo assinado o termo de consentimento livre e esclarecido foram alocados de forma randomizada em 02 grupos, sendo 10 voluntárias para o grupo manipulação (GM) onde receberam manipulação lombo sacra e 10 voluntárias para o grupo sham (GS) que receberam uma manobra sem finalidade terapêutica. Ambos os grupos passaram por avaliação de estabilometria, através de baropodometria pré e pós intervenção. As avaliações e intervenções fisioterapêuticas foram realizadas nas dependências da clínica de fisioterapia do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO de Lins-SP. Através dos resultados obtidos pode-se concluir que não houve diferença estatisticamente significante na análise baropodometria pré e pós intervenção. Palavras-chave: Manipulação. Lombo sacra. Estabilometria.

  • 6

    ABSTRACT

    Recent studies point to the innumerable therapeutic benefits gained from manipulative techniques such as amplitude restoration, joint mobility, muscle flexibility, better agonist and antagonist relationship, and analgesia. It is believed that, by manipulating the lumbar sac and the sacroiliac joint, it is possible to improve the muscle tone of the posterior chain of the lower limbs, resulting in, a better static condition in the erect position and consequently an improvement in the distribution of plantar pressure, balance and the stabilometry of an individual. Stabilometry, on the other hand, is an examination performed through baropodometry that measures the oscillation of the static balance in the anteroposterior and lateral directions. The present study aimed to evaluate the acute effect of manipulation of the lumbar sacra on the stabilometry evaluated in baropodometry in healthy individuals. In order to carry out the study, 20 female subjects, with a mean age of between 19 and 28 years old, were recruited who, after being enrolled in the scope of the research, signed a free informed consent form in two groups, 10 volunteers for the manipulation group (GM) where they received manipulation of the lumbar sacra and 10 volunteers for the sham group (GS) who received a non-therapeutic maneuver. Both groups underwent stabilometry evaluation through pre and post intervention baropodometry. Physical therapy evaluations and interventions were performed in the physiotherapy clinic of the Centro Universitário Salesiano Auxiliário Catholic - UNISALESIANO de Lins-SP. Through the obtained results it can be concluded that there was no statistically significant difference in the pre and post intervention baropodometry analysis.

    Keywords: Manipulation; Sacral loin; Stabilometry.

  • 7

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1: Ramificações nervosas da articulação sacro-ilíaca .................................... 13

    Figura 2: Curvaturas da coluna vertebral .................................................................. 14

    Figura 3: Disco intervertebral .................................................................................... 14

    Figura 4: Ligamentos da coluna vertebral ................................................................. 16

    Figura 5: Características das vertebras lombares ..................................................... 17

    Figura 6: Sacro vista anterior e posterior .................................................................. 18

    Figura 7: Músculos que atuam na mobilidade e estabilidade lombar ........................ 19

    Figura 8: Comportamento do disco intervertebral nos movimentos de flexão e

    extensão .................................................................................................................... 20

    Figura 9: Ritmo lombo-pélvico ................................................................................... 21

    Figura 10: Pelve e articulação sacro-ilíaca ................................................................ 22

    Figura 11: Movimentos de nutação e contranutação ................................................. 23

    Figura 12: Avaliação postural clássica ...................................................................... 27

    Figura 13: Tipos de pé causativos ............................................................................. 28

    Figura 14: Relação entre alterações ortodônticas com a postura ............................. 28

    Figura 15: Baropodômetro......................................................................................... 30

    Figura 16: Baropodometria – cores correspondentes com as regiões de pressão.... 31

    Figura 17: Estabilometria. ......................................................................................... 32

    Figura 18: Avaliação estabilometria em baropodometria .......................................... 35

    Figura 19: Manipulação lombo-sacra ........................................................................ 36

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1: Características demográficas e Idade da casuística da pesquisa. ......... 37

    Tabela 2: Resultados da média e desvio padrão do comprimento da estabilometria

    realizada através da baropodometria computadorizada pré e pós intervenção das

    voluntárias do grupo manipulação e do grupo sham e o valor p. ............................. 38

    Tabela 3: Resultados da média e desvio padrão da área da estabilometria realizada

    através da baropodometria computadorizada pré e pós intervenção das voluntárias

    do grupo manipulação e do grupo sham e o valor p. ............................................... 38

  • 8

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    GE – Grupo Experimento

    GC – Grupo Controle

    GM – Grupo Manipulação

    GS – Grupo Sham

    GP – Grupo Placebo

    DP – Desvio Padrão

    SPSS - Statistical Package for the Social Sciences (Pacote Estatístico para as

    Ciências Sociais)

  • 9

    SUMÁRIO

    INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 10

    1 CONCEITOS PRELIMINARES .............................................................................. 12

    1.1 Anatomia Lombo-Sacra ................................................................................... 12

    1.1.1 Músculos que atuam na região lombo-sacra ............................................. 18

    1.2 Biomecânica Lombo- sacra ............................................................................. 19

    1.3 Manipulação .................................................................................................... 24

    1.4. Equilíbrio Postural ........................................................................................... 26

    1.5 Baropodometria ............................................................................................... 29

    1.6 Estabilometria .................................................................................................. 31

    2 O EXPERIMENTO ................................................................................................. 32

    2.1 Recursos metodológicos .................................................................................. 32

    2.1.1 Condições ambientais ............................................................................... 33

    2.1.2 Participantes ............................................................................................. 33

    2.2 Material e métodos .......................................................................................... 34

    2.2.1 Avaliação estabilometria ........................................................................... 34

    2.2.2 Procedimentos .......................................................................................... 35

    2.2.3 Análise estatística ..................................................................................... 37

    2.3 Resultados ....................................................................................................... 37

    2.4 Discussão ........................................................................................................ 39

    2.5 Conclusão ........................................................................................................ 40

    REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 41

    APÊNDICE ................................................................................................................ 45

    Apêndice A ............................................................................................................ 45

    ANEXO ...................................................................................................................... 48

    Anexo A ................................................................................................................. 48

  • 10

    INTRODUÇÃO

    A postura é a capacidade de um individuo de se sustentar em determinada

    posição, ou seja, manter um alinhamento corporal projetando o centro da gravidade

    na base da sustentação.

    Na fisioterapia a avaliação postural é amplamente utilizada, auxiliando na

    prescrição de condutas terapêuticas, bem como no entendimento de muitas

    disfunções (IUNES et al., 2005).

    Uma boa postura é a condição onde a musculatura e todas as estruturas

    esqueléticas estão em equilíbrio, uma condição postural adequada esta associada a

    prevenção de lesões, deformações e disfunções (IUNES et al., 2005).

    Bricot (2010) relata os captores posturais: olho, boca e os pés como

    responsáveis pela manutenção da postura ereta em um indivíduo. Dessa forma,

    alguma alteração dos captores posturais pode levar a consequente alteração da

    postura.

    Na grande maioria das vezes o método de avaliação postural mais utilizado

    na pratica terapêutica é a avaliação visual dos aspectos anterior, posterior e lateral

    onde observa-se assimetrias de estruturas anatômicas, porém outros recursos

    também podem ser utilizados como inclinometro, radiografias, câmeras e softwares,

    entre outros. A estabilometria é uma ferramenta de avaliação padrão ouro, que

    possibilita avaliar através das oscilações posturais na posição postural, isso ocorre

    através de uma plataforma de força chamada Baropodometro que detecta e

    quantifica os deslocamentos do centro de pressão nas direções laterais e antero

    posterior, inúmeras formas e variações podem ser encontradas na aplicação do

    teste, levando em consideração o objetivo de cada profissional (BASTOS; LIMA;

    OLIVEIRA, 2005).

    Acredita-se que uma alteração do tônus muscular dos músculos inervados

    pelo plexo lombo-sacral pode levar a consequentes alterações do centro de

    gravidade, da distribuição da pressão plantar e da postura estática em um individuo.

    Através da técnica manipulativa aplicada na região sacro-ilíaca e transição lombo-

    sacra seria possível que essa musculatura do plexo lombo-sacral apresentasse

    melhora do seu tônus flexibilidade levando assim a uma melhor condição funcional

    dessas estruturas (ZATARIN; BORTOLAZZO, 2012).

  • 11

    Através da manipulação sacro-ilíaca é possível alterar em curto prazo o tônus

    muscular, além de melhorar o desempenho muscular. Isso ocorre devido a um

    mecanismo neural, ou seja, uma diminuição do motoneuronio (ORAKIFAR et al.,

    2012).

    As técnicas de manipulação utilizadas em algumas modalidades terapêuticas

    têm por objetivo restaurar a melhor condição funcional e amplitude de uma

    articulação que se apresenta em disfunção, ainda, outros efeitos benéficos

    importantes são observados após a aplicação dessa técnica, como analgesia em

    pacientes que apresentam um quadro álgico, relaxamento muscular e uma melhor

    harmonia entre os agonistas e antagonistas. O tratamento através da manipulação

    consiste em um impulso de baixa amplitude e alta velocidade, aplicado no sentido da

    restrição pelo fisioterapeuta, isso gera o estiramento da cápsula articular podendo

    causar um estalido, consequentemente elimina as aderências articulares,

    restaurando a função e a amplitude articular (ZATARIN; BORTOLAZO, 2012).

    O presente estudo é um projeto de pesquisa, elaborado como parte dos

    requisitos para conclusão do curso de Fisioterapia do Centro Universitário Católico

    Salesiano Auxilium, tendo como intuito pesquisar se a manipulação da região lombo-

    sacra irá influenciar sobre a estabilometria e a hipótese adveio das técnicas

    manipulativas serem muito utilizadas dentro da fisioterapia para restauração dos

    movimentos e amplitude articular, ainda, outros efeitos são encontrados

    posteriormente a aplicação da manipulação, como melhora da relação entre

    músculos agonistas e antagonistas, melhora da força muscular, analgesia e quando

    aplicada a manipulação na região lombo-sacra é encontrado também uma melhora

    da flexibilidade dos músculos da cadeia posterior que são inervados pelo plexo

    lombossacral, estes fatores estão diretamente ligados à estabilidade postural e ao

    equilíbrio e distribuição da pressão plantar, que podem ser melhorados a partir da

    técnica manipulativa global dessas estruturas (ZATARIN; BORTALAZZO, 2012).

    Assim, o objetivo é analisar e verificar a influência da manipulação lombo-sacra

    sobre a estabilometria em indivíduos saudáveis.

  • 12

    1 CONCEITOS PRELIMINARES

    1.1 Anatomia Lombo-Sacra

    De acordo com Neumann (2011) o esqueleto é dividido em esqueleto

    apendicular que consiste nos ossos das extremidades incluindo escápula e pelve, e

    esqueleto axial, formado pelo crânio, coluna vertebral, costelas e esterno.

    Por sua vez, a coluna vertebral possui função de fornecer estabilidade,

    proteção a medula espinhal e raízes nervosas, sendo considerado o eixo do corpo,

    devendo ser rígida o suficiente para gerar estabilidade e manter uma postura, e ao

    mesmo tempo, ser flexível permitindo movimentos e se adaptando a posições

    (KAPANDJI, 2000; NEUMANN, 2011).

    Dangelo Fattini (2005) relata que a principal função da coluna vertebral é

    sustentar o peso do corpo e transmitir essas cargas pela articulação sacro-ilíaca,

    pelve e extremidades distais inferiores, por conta disso cada parte da coluna, cada

    subdivisão representa características especificas que são chamadas de

    características regionais locais.

    Na transição da extremidade distal do esqueleto axial para o esqueleto

    apendicular inferior estão localizadas as articulações sacro-ilíacas que possuem

    características anatômicas particulares, necessárias para proporcionar as suas

    funções especificas, além de importante papel na estabilidade e transferência de

    cargas potentes entre a coluna, membros inferiores e o solo, essas articulações

    possuem a capacidade de transmitirem impulsos dolorosos ao sistema nervoso por

    possuírem inervação sensitiva, porém, é incerto afirmar o local dessa inervação com

    precisão, tal condição pode estar relacionada a essa estrutura e ser a fonte da dor

    em 30% dos indivíduos com dores lombares (NEUMANN, 2011).

    Freitas (2010) relata que a cintura pélvica como uma estrutura de transição

    complexa é responsável pela transmissão de forças entre a coluna e os seguimentos

    distais inferiores, dessa forma entende-se que existe uma interligação entre

    estruturas ascendentes e descendentes capazes de alterar a biomecânica e função

    corporal.

    De acordo com Hall (2005) a coluna é a ligação mecânica entre os

    extremidades superiores e inferiores, o que torna essa estrutura um componente de

    extrema importância funcional e grande complexidade.

  • 13

    Freitas (2012) descreve que toda a articulação sacro-ilíaca é rica em

    nociceptores, terminações proprioceptivas e nervos apesar de não ser possível

    precisar exatamente qual é a altura das raízes nervosas, acredita-se que todos os

    nervos localizados entre l4 e s2 estão presentes na articulação sacro-ilíaca (figura

    1), tais condições reforçam a importância dessa estrutura na manutenção do

    equilíbrio corporal.

    Figura 1: Ramificações nervosas da articulação sacro-ilíaca.

    Fonte: Moore; Dalley, 2001.

    A coluna vertebral consiste em um conjunto de vertebras que possuem 33

    segmentos ósseos na maioria dos indivíduos e são subdivididos em cinco regiões,

    sendo 7 segmentos cervicais, 12 segmentos torácicos, 5 segmentos lombares, 5

    sacrais e 4 coccígeas (HALL, 2005).

    Na coluna também se observa em sua extensão curvaturas no plano sagital,

    conhecidas como lordose que apresenta uma convexidade anterior e cifose que

    apresenta uma concavidade anterior e essas curvaturas (figura 2) são encontradas

    em regiões especificas, sendo que a região cervical e lombar possui lordose,

    enquanto a região torácica e sacrococcígea apresenta uma cifose (NEUMANN,

    2011).

  • 14

    De acordo com Neumann (2011), inicialmente a coluna vertebral possui

    apenas uma curvatura primária, chamada de cifose embriogênica, que no decorrer

    da maturação do indivíduo através das tensões musculares, movimentos e busca de

    novas posturas, as curvaturas secundárias, chamadas lordoses, são formadas.

    Figura 2: Curvaturas da coluna vertebral.

    Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f8/Illu_vertebral_column.jpg. Acesso em 20/10/2018.

    As vertebras cervicais, torácicas e lombares possuem entre elas uma

    estrutura denominada disco intervertebral (figura 3) formada por duas partes em sua

    periferia, os anéis fibrosos e em seu interior um material gelatinoso chamado núcleo

    pulposo (KAPANDJI , 2000).

    Figura 3: Disco intervertebral.

  • 15

    Fonte: http://blog.brasilacademico.com/2011/06/biomaterial-pode-regenerar-coluna.html. Acesso em 20/10/2018.

    Os anéis fibrosos são constituídos principalmente por colágeno do tipo um e

    dois que garante resistência e flexibilidade a essa estrutura, enquanto no interior do

    disco o núcleo pulposo é formado por uma quantidade pequena de colágeno tipo

    um, contendo em sua composição uma grande quantidade de água (NEUMANN,

    2011).

    Neumann (2011) relata o disco intervertebral como importante estabilizador

    da coluna vertebral, além de absorverem choques, transmitem cargas e também

    diminuem a força de compressão entre os corpos vertebrais.

    Segundo Moore; Dalley (2001), os discos intervertebrais possui a importante

    função entre os corpos vertebrais proporcionando fixações resistentes entre eles.

    Um grande conjunto de ligamentos (figura 4) também é responsável pela

    estabilidade da coluna vertebral, além de limitarem movimentos e proporcionarem a

    manutenção das curvaturas, fatores estes que levam a proteção da medula e nervos

    preservando e garantindo a integridade e funcionalidade dessas estruturas, dentre

    esses ligamentos encontra-se ligamentos longitudinal anterior fixado no occipto, que

    passa anteriormente aos corpos vertebrais e sacro, ficando suas fibras mais internas

    e se conectam aos discos intervertebrais, ligamento longitudinal posterior que possui

    fixação proximal na segunda vertebra cervical e se liga em todas as vertebras

    posteriormente, e sacro, localizado no interior do canal vertebral a frente da medula,

    e suas fibras mais profundas se fundem aos discos intervertebrais, ligamento inter

    espinhoso localizado entre os processos espinhos que também se encontra os

    ligamentos supraespinhais e tem a função de evitar a separação entre eles,

    ligamento amarelo com inserção proximal na parte anterior da lamina e inserção

  • 16

    distal na parte posterior da lamina da vertebra inferior, é uma estrutura rica em

    tecido conjuntivo elástico, com mais o menos 80% de elastina e 20% de colágeno,

    essa capacidade elástica é de grande importância tanto do ponto de vista funcional

    como estrutural (NEUMANN, 2011).

    Figura 4: Ligamentos da coluna vertebral.

    Fonte:https://www.google.com.br/search?q=ligamentos+da+coluna+vertebral&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwj9_L7r0JveAhVHE5AKHRhVCh0Q_AUIDigB&biw=1366&bih=626#imgdii=C5tco_IFLo6KsM:&imgrc=GIBFfIafeQKjYM:. Acesso em 20/10/2018.

    Em cada região vertebral acima descrita, é possível observar características

    morfológicas especificas de cada região, essas características estão associadas a

    movimentos e funções impostas, no caso das vertebras lombares possuem corpos

    maiores, pois servem de suporte para toda carga sobreposta a ela, seus forames

    vertebrais possuem formato triangular, suas laminas e pedículos são curtos, seus

    processos espinhosos estão posicionados horizontalmente a junção de cada lamina.

    Outra característica é a orientação das facetas articulares posteromedial (MOORE;

    DALLEY, 2001).

  • 17

    De acordo com Neumann (2011) apesar de possuírem características

    especificas (figura 5) relacionadas à sua localidade e função, as vertebras que estão

    localizadas nas regiões de transição entre uma região e outra da coluna apresentam

    características mistas, ou seja, possuem aspectos e características das vertebras

    sequente superior e inferior.

    Figura 5: Características das vertebras lombares.

    Fonte: http://www.semiologiaortopedica.com.br/2016/05/lombalgia-lbp-low-back-pain.html. Acesso em 20/10/2018.

    De acordo com Neumann (2011), o sacro possui um formato triangular, com

    importante função de transmissão de cargas entre coluna e pelve, possui cinco

    vertebras unidas por um tecido cartilaginoso na infância, que ao atingir a fase adulta

    se fundem tornando-se um único osso.

    Em uma vista anterior observa-se uma superfície mais lisa e côncava

    enquanto posteriormente o sacro (figura 6) apresenta uma curvatura convexa e sua

    superfície acidentada, quando observada a face lateral é mais alargada, pois a

    mesma se estreita cada vez mais em direção ao sentido caudal até se tornar uma

    pequena borda (DANGELO FATTINI, 2005).

    Dangelo Fattini (2005) relata o cóccix como uma estrutura formada pela

    junção de três ou quatro peças coccígeas que forma uma estrutura óssea irregular.

  • 18

    Figura 6: Sacro vista anterior e posterior.

    Fonte: https://anatomiaui1.wordpress.com/page/2/. Acesso em 20/10/2018.

    1.1.1 Músculos que atuam na região lombo-sacra

    Os músculos por todo corpo possuem funções muito importantes

    possibilitando movimentos, locomoção, respiração, entre outros, mas também possui

    importante função estabilizadora, a função de um músculo especifica pode ser

    diferente em cada situação, no caso da coluna vertebral é importante levar em

    consideração algumas questões como função, carga, mecânica, gravidade, e se

    esse músculo está ativo de forma unilateral ou bilateral (NEUMANN, 2011).

    Um grande conjunto de músculos atua na região lombo–sacra (figura 7), estes

    possuem as funções de proteger as raízes nervosas e a medula espinhal, permitem

    e controlam movimentos, e estabilizam essa região, dentre esses, encontram-se os

    paravertebrais lombares formados por três músculos, sendo estes: espinhal lombar,

    ilíocostal lombar, longuíssimo do tórax, quadrado lombar, multifidios, transverso do

    abdômen, oblíquo interno e externo, entre outros (DANGELO, FATTINI, 2005).

    Apesar da importância de outras estruturas como os ligamentos e tecidos

    conjuntivos somente os músculos são capazes de se ajustar com sincronismo frente

    a condições impostas por forças externas, dessa forma o bom equilíbrio e controle

    muscular estão associados a uma boa estabilidade do tronco (NEUMANN, 2011).

    Dentre os músculos que atuam na coluna fornecendo suporte para

    estabilidade em condições estáticas e dinâmicas, e possibilitando a mobilidade

  • 19

    dessas estruturas, os músculos são divididos em camadas de acordo com a sua

    profundidade são considerados como superficiais, intermediárias e profundas

    (DANGELO, FATTINI, 2005).

    De acordo com Neumann (2011) a ação de um músculo ou grupo muscular

    depende da sua ativação unilateral ou bilateral, bem como a função e postura

    imposta em determinada situação.

    Os principais músculos que atuam na estabilidade extrínseca do tronco

    denominado de extrínsecos primários são os paravertebrais, transverso do abdome,

    quadrado lombar, obliquo externo e interno, reto do abdome, e os músculos do

    quadril que conectam as regiões lombo-sacra com as extremidades inferiores do

    corpo, enquanto os intrínsecos encontrasse o transverso espinhal semiespinhais,

    multiferos, segmentar curto, e rotadores (NEUMANN, 2011).

    Figura 7: Músculos que atuam na mobilidade e estabilidade lombar.

    Fonte: https://sites.google.com/site/jcptagd1518/m2-em/organizacao-e-caracterizacao-dosmusculos-do-tronco. Acesso em 20/10/2018.

    1.2 Biomecânica Lombo- sacra

    A coluna lombar é capaz de se movimentar em três planos sendo sagital,

    horizontal, frontal. No plano sagital realiza movimentos de flexão e extensão, no

  • 20

    plano horizontal movimento de rotação axial, e no plano frontal realiza flexão lateral

    (HALL, 2005).

    Neumann (2011) relata que a coluna lombar é capaz de realizar a flexão em

    40 a 50 graus de amplitude enquanto na extensão apenas 15 a 20 graus são

    observados, totalizando uma amplitude de 50 a 70 graus no plano sagital.

    Durante o movimento de flexão, a vertebra superior desliza anterior

    diminuindo a espessura do disco intervertebral anterior, aumentando

    consequentemente sua espessura posterior, o núcleo pulposo desloca para trás

    aumentando a pressão nos anéis fibrosos posteriores, quando realizado uma

    extensão da região lombar o mecanismo inverso ocorre com as vertebras e com o

    disco intervertebral, à vertebra superior se inclina para trás, a espessura do disco

    intervertebral reduz posteriormente, e aumenta anteriormente o núcleo pulposo

    desloca anterior aumentando a pressão dos anéis fibrosos anterior (KAPANDJI,

    2000).

    Durante a extensão lombar observa-se também alterações no espessamento

    do disco intervertebral (figura 8), porém isso ocorre de maneira inversa na flexão, já

    na extensão o núcleo pulposo, tende a deslocar anteriormente e o disco

    intervertebral (figura 8) reduz sua espessura posterior, aumentando sua espessura

    anterior quando comparada a posição neutra apresenta uma redução de 11% no

    diâmetro dos forames intervertebrais (NEUMANN, 2011).

    Figura 8: Comportamento do disco intervertebral nos movimentos de flexão e

    extensão.

    Fonte: Neumann, 2011.

  • 21

    De acordo com Neumann (2011), uma cinemática em conjunto entre a coluna

    lombar e o quadril é denominada de ritmo lombo-pélvico (figura 9) e essa associação

    entre as articulações possui papel muito importante nas mecânicas de flexão e

    extensão, durante a flexão um indivíduo saudável, com a mobilidade preservada,

    realiza 40 graus de flexão lombar, e os outros 70 graus é realizado pelo quadril, ou

    seja, a pelve sobre os fêmures, isso ocorre quase que simultaneamente, enquanto

    que o rítmico lombo-pélvico utilizado na extensão do tronco leva-se em consideração

    o indivíduo partindo de uma posição de flexão, e é dividido em fases, sendo iniciada

    com a extensão dos quadris, seguida pela extensão da coluna lombar. Dessa forma,

    entende-se que uma alteração em qualquer uma das estruturas responsáveis por

    essa mecânica resulta em inúmeros desarranjos corporais ascendentes e

    descendentes, primários e secundários.

    Figura 9: Ritmo lombo-pélvico.

    Fonte: http://resumofisioterapia.blogspot.com/2017/12/. e http://danielsimonn.com.br/recomen dados/avaliacao-funcional-biomecanica/coluna-lombar.pdf. Acesso em 20/10/2018.

    A flexão lateral ou inflexão lateral, movimento que ocorre no plano frontal

    realiza cerca de 20 graus de amplitude para cada lado e o movimento é limitado

    pelos ligamentos contralateral, sendo que o núcleo pulposo se deforma adaptando-

  • 22

    se ao movimento deslocando para o lado da convexidade (KAPANDJI, 2000;

    NEUMANN, 2011).

    Neumann (2011) relata que no plano horizontal ocorre a rotação axial, porém

    apenas 5 a 7 de graus de amplitude ocorrem nesse movimento ao longo da região

    lombar, a baixa amplitude de movimento se dá pela orientação das articulações

    apofisárias contralateral que se comprimem bloqueando qualquer movimento

    adicional, essa resistência estrutural a rotação axial gera junto com os multifidios e

    articulações sacro-ilíacas estabilidade por toda a extremidade distal.

    As articulações sacro-ilíacas (figura 10), localizadas entre o sacro e o ilíaco

    encontram-se em uma região de transição entre a extremidade caudal e o esqueleto

    apendicular inferior, essas articulações possuem características únicas que estão

    relacionadas à função que a mesma desempenha, trata-se de uma articulação

    rígida, cuja principal função é gerar estabilidade, garantindo assim uma melhor

    transição entre forças que atuam entre a coluna vertebral e as estruturas inferiores

    (NEUMANN, 2011).

    Figura 10: Pelve e articulação sacro-ilíaca.

    Fonte: http://blogpilates.com.br/disfuncao-sacroiliaca/. Acesso em 20/10/2018.

    Segundo Neumann (2011), assim como a região lombo-sacra as articulações

    sacro-ilíacas possuem um grande conjunto de ligamentos, juntamente com a fáscia

  • 23

    toracolombar que possibilitam a essa estrutura uma grande estabilidade, porém

    embora descrita como uma estrutura rígida com papel importante de gerar

    estabilidade, alguns movimentos translacionais acontecem na articulação sacro-

    ilíaca, esses movimentos são pequenos, e não muito bem definidos, acredita-se que

    esses movimentos ocorram em conjunto com a compressão das cartilagens

    articulares, e o mínimo movimento entre as superfícies articulares, esses ocorrem no

    plano sagital, em torno de um eixo médio- lateral.

    Em relação aos movimentos descritos na articulação sacro-ilíaca existe uma

    grande controvérsia entre os autores, talvez porque estes ocorram de forma variável

    entre cada pessoa ou circunstância, e de acordo com a teoria clássica os

    movimentos são descritos como nutação e contranutação (figura 11) (KAPANDJI ,

    2000).

    No movimento de flexão lombar, o sacro realiza nutação, esse mecanismo faz

    com que a espinha ilíaca póstero superior se eleve, quando ocorre a extensão

    lombar o mecanismo ocorre inversamente (FREITAS, 2012).

    Figura 11: Movimentos de nutação e contranutação.

    Fonte: Freitas, 2012.

  • 24

    De acordo com Freitas (2012) nos dias atuais é praticamente um senso

    comum para os pesquisadores em concordarem que a articulação sacro-ilíaca

    possui sim a capacidade de realizar movimentos de pequenas amplitudes.

    Apesar de pequenos, os movimentos que ocorrem nas articulações sacro-

    ilíacas, desempenham importante papel na diminuição do estresse que ocorre

    dentro do anel pélvico, a diminuição do estresse é muito importante em algumas

    condições como corrida e deambulação (NEUMANN, 2011).

    1.3 Manipulação

    De acordo com Freitas (2012) técnicas manipulativas são relatadas antes de

    Hipócrates nos primeiros atos medicinais.

    De acordo com Orakifar et al. (2012) a manipulação é uma técnica terapêutica

    cuja aplicabilidade consiste em um movimento passivo que move as estruturas de

    uma articulação, além da sua faixa fisiológica.

    As técnicas de manipulação utilizadas em algumas modalidades terapêuticas

    têm por objetivo restaurar a melhor condição funcional e amplitude de uma

    articulação que se apresenta em disfunção, entretanto, outros efeitos benéficos

    importantes são observados após a aplicação dessa técnica, como analgesia em

    pacientes que apresentam um quadro álgico, relaxamento muscular e uma melhor

    harmonia entre os agonistas e antagonistas (ZATARIN; BORTOLAZO, 2012).

    De acordo com Zatarin e Bortolazzo (2012) quando encontra-se em

    disfunção, as articulações sinoviais podem apresentar redução de amplitude de

    movimento, quando baseado nos valores fisiológicos normais de amplitude dessas

    articulações, essas restrições de amplitude consequente das disfunções estruturais

    podem ser restauradas através da manipulação.

    A manipulação vertebral é uma modalidade terapêutica utilizada por

    fisioterapeutas de algumas especialidades como osteopatia e quiropraxia que

    possibilita através de uma conduta conservadora, restaurar disfunções estruturais,

    melhorando assim a função das estruturas comprometidas e sintomas decorrentes

    dessas disfunções (GÓIS; MACHADO; ROCHA, 2006).

    Machado e Bittencourt (2011) descrevem a osteopatia como uma ciência que

    utiliza de técnicas manipulativas associadas à biomecânica que são aplicadas em

  • 25

    estruturas como articulações, músculos, vísceras, fáscias e sistema nervoso,

    visando a restauração funcional.

    A osteopatia é uma técnica desenvolvida por Andrew Taylor Still em 1874

    Freitas (2012).

    O tratamento através da manipulação consiste em um impulso de baixa

    amplitude e alta velocidade, aplicado no sentido da restrição pelo fisioterapeuta, isso

    gera o estiramento da capsula articular podendo causar um estalido,

    consequentemente elimina as aderências articulares, restaurando a função e a

    amplitude articular (ZATARIN; BORTOLAZO, 2012).

    Durante manipulação o fisioterapeuta é quem controla a direção, amplitude e

    velocidade do impulso ao aplicar a manipulação, sem exceder o limite anatômico

    das estruturas manipuladas (BORTOLAZZO, 2014).

    Zatarin e Bortolazzo (2012) relatam que a técnica manipulativa aplicada na

    região sacro-ilíaca e transição lombo-sacra possam apresentar melhoras da

    flexibilidade da musculatura inervada pelo plexo sacral.

    Estudos tem mostrado que o tratamento com manipulação na articulação

    sacro-ilíaca, apresentou melhora do tônus muscular da musculatura paravertebral,

    quando aplicada em pacientes com dores no joelho verificou uma diminuição da

    inibição do quadríceps, por uma ligação neural acredita-se que através da

    manipulação sacro-ilíaca e da transição lombo-sacra é possível melhorar a

    instabilidade articular do tornozelo e esta condição esta associada à inervação dos

    músculos responsáveis pela mobilidade desta articulação estar localizados a altura

    da quinta vertebra lombar (BORTOLAZZO, 2014).

    De acordo com Orakifar et al. (2012), através da manipulação sacro-ilíaca é

    possível alterar a curto prazo o tônus muscular, além de melhorar o desempenho

    muscular, isso ocorre devido a um mecanismo neural, ou seja, uma diminuição do

    motoneuronio.

    Através do estímulo na capsula articular e uma resposta neurológica

    decorrentes da manipulação é possível conseguir um melhor controle dos músculos

    inervados pelo metâmero, correspondente a altura da manipulação (BORTOLAZZO,

    2014).

    Bankoff (2005) descreve que as mudanças ocorridas no sistema tônico-

    postural, possam estar associados aos olhos e aos pés. Com um trabalho de

    reprogramação destes captores sensitivos utilizando técnicas de manipulação

  • 26

    corporal é possível reestabelecer o equilíbrio corporal global dos sistemas

    neuromuscular, e assim, melhorar a postura corporal.

    1.4. Equilíbrio Postural

    Ao estudar postura consequentemente estudamos o equilíbrio postural, uma

    vez que um é dependente do outro (BANKOFF, 2005).

    A postura é a capacidade de um indivíduo de se sustentar em determinada

    posição, ou seja, manter um alinhamento corporal projetando o centro da gravidade

    na base da sustentação. Na fisioterapia a avaliação postural é amplamente utilizada,

    auxiliando na prescrição de condutas terapêuticas, bem como no entendimento de

    muitas disfunções (IUNES et al., 2005).

    Uma boa postura é a condição onde a musculatura e todas as estruturas

    esqueléticas estão em equilíbrio, uma condição postural adequada esta associada a

    prevenção de lesões, deformações e disfunções (IUNES et al., 2005).

    Bricot (2010) relata que apenas 10% da população apresentam uma postura

    correta, e descreve algumas estruturas como responsáveis pela manutenção

    postural chamados de captores posturais, dentre eles olho, boca e os pés como

    responsáveis pela manutenção da postura ereta em um individuo, dessa maneira

    alguma alteração dos captores posturais poderiam levar a consequente alteração da

    postura.

    Uma postura adequada às estruturas musculoesqueléticas está em

    homeostase, e tal condição é importante por preservar as estruturas corporais

    protegendo de lesões e deformidades (IUNES et al., 2005).

    As avaliações posturais (figura 12) são de grande uso e importância na

    fisioterapia, pois permite ao profissional estabelecer informações para elaborar uma

    conduta de tratamento, e dados para estimar a evolução do quadro do paciente.

    Inúmeros métodos existentes permitem este tipo de analise, como inclinometro,

    análise de radiografias e vídeos, porém o mais utilizado pelos profissionais é modelo

    clássico onde observa-se de forma visual os aspectos ântero- posterior e lateral do

    avaliado, observando assimetrias a partir de regiões anatômicas como ombros,

    mamilos, clavícula, cinturas, espinhas ilíacas, joelhos e pés, para facilitar a analise

    um equipamento contendo linhas quadriculadas pode estar posicionado atrás do

    paciente permitindo uma melhor visualização.

  • 27

    Figura 12: Avaliação postural clássica.

    Fonte: http://athlon-esportes.com/servicos/avaliacoes-fisicas/avaliacao-postural/. Acesso em

    20/10/2018.

    Freitas (2012) relata que uma alteração ou disfunção dos pés causará uma

    alteração ascendente capaz de alterar o comportamento corporal, da mesma forma

    um desarranjo de estruturas superiores, também, podem implicar na distribuição de

    pressão entre os pés e o solo.

    De acordo com Zatarin e Bortolazzo (2012) uma alteração do tônus muscular

    dos músculos da cadeia posterior dos membros inferiores poderia levar a uma

    alteração da distribuição de pressão plantar e do centro de gravidade, gerando

    assim desarranjos posturais.

    Peres; Risso; Oliveira (2011) alegam que as alterações estruturais das

    articulações sacro-ilíacas, possam estar relacionadas a alterações da pressão

    plantar no retropé, consequentemente essas alterações levariam a alterações do

    individuo no seu equilíbrio estático.

    Os pés juntamente com os olhos são estruturas indispensáveis no controle

    postural, quando refere-se a alterações do captor podal essas podem ocorrer de

    diversas maneiras de acordo com a ordem do problema, os pés podem ser

    causativos (figura 13) quando o pé é o mecanismo causador da disfunção levando

    ao desequilíbrio postural por uma condição ascendente, normalmente encontrados

    em alterações congênitas, como pé cavo, valgo, assimétrico e adaptativo, quando o

  • 28

    pé se adapta a uma desordem descendente, consequente de um desequilíbrio

    postural primário, misto quando estão presentes os fatores causativos e adaptativos.

    Diante disso, entende-se que ao estudar alterações posturais é necessário estudar

    também os pés (BRICOT, 2010).

    Figura 13: Tipos de pé causativos.

    Fonte: http://zozu.site/hashtag/prostetictetech. Acesso em 20/10/2018.

    Matos (2013) descreve o pé como uma estrutura de extrema importância para

    o equilíbrio postural, por possuírem uma grande quantidade de terminações

    proprioceptivas, alterações podais podem levar a inúmeras disfunções posturais

    ascendentes, da mesma forma pode se adaptar a alterações já existentes em outras

    estruturas, cerca de 80% das pessoas apresentam problemas nos pés, muitas

    dessas disfunções quando avaliadas e tratadas adequadamente podem ser

    corrigidas.

    Martins (2010) descreve os sistemas visuais, vestibular e podal como um

    conjunto responsável por reger o controle postural.

    Bricot (2010) relata que a má oclusão, desalinhamento dos dentes, ou uma

    relação incorreta entre os dentes das duas arcadas dentais como condição capaz de

    influenciar na postura (figura 14).

    Figura 14: Relação entre alterações ortodônticas com a postura.

  • 29

    Fonte: Bricot, 2010.

    O controle postural atua em constante mudança adaptando-se a todo o

    momento, as respostas posturais ocorrem de acordo coma necessidade do

    indivíduo, ou alterações por ele sofridas, o controle postural esta baseado nos

    estímulos aferentes e eferentes, dessa maneira uma alteração dessas duas vias

    poderiam levar a desarranjos posturais (BANKOFF, 2005).

    Dangelo Fattini, (2005) relata que a articulação intervertebral fornece rigidez e

    flexibilidade na coluna, condição essa muito importante para o suporte de carga,

    movimentação do tronco e ajuste de posição, esses fatores, também, são muito

    importantes para manutenção do bom equilíbrio e postura.

    1.5 Baropodometria

    O Baropodômetro (figura 15) surgiu com objetivo de ajudar pessoas com

    alterações podais, oferecendo um recurso que possibilita o biofeedback, este

    equipamento possibilita ao paciente informações audiovisuais, permitindo que o

    mesmo possa obter um melhor controle na correção do apoio correto dos pés ao

    solo, melhorando assim a capacidade proprioceptiva, além disso, possibilita

    armazenar dados utilizados para estimar a evolução do paciente (SCREMIM, 2012).

  • 30

    A baropodometria é um recurso informatizado, utilizado como uma ferramenta

    de avaliação que permite avaliar a pressão do pé do indivíduo ao solo em situações

    estáticas e dinâmicas (FORTALEZA et al., 2011).

    O baropodômetro contém sensores capazes de mensurar a pressão dos pés

    sobre o solo e pode ser utilizado para avaliação de possíveis disfunções e

    alterações, ou como biofeedback no tratamento e reabilitações (SCREMIM, 2012).

    Figura 15: Baropodômetro.

    Fonte: http://www.corporepx.com.br/cursos/curso-de-baropodometria-5.aspx. Acesso em 20/10/2018.

    Scremim (2012) relata que áreas de maior e menor pressão são projetadas

    em cores, dispostas correspondentes à pressão aplicada em cada região,

    possibilitando a melhor visualização desses pontos, consequentemente uma melhor

    compreensão dos resultados nos casos de avalição, enquanto nos casos de

    tratamento serve como um feedback para o paciente.

    Através da baropodometria é possível realizar algumas análises do paciente

    em posição ortostática por meio de sensores encontrados na superfície da

    plataforma sendo também possível realizar um exame dos pés, possibilitando uma

    análise quantitativa dos pontos de maiores pressões plantar (figura 16), bem como é

  • 31

    possível analisar a estabilometria que avalia o equilíbrio corporal do indivíduo em

    condição estática (FREITAS, 2012).

    Por se tratar de um recurso novo e custoso, a baropodometria ainda não é

    muito usada nas pesquisas que avaliam o equilíbrio postural (FREITAS, 2012).

    Figura 16: Baropodometria – cores correspondentes com as regiões de pressão.

    Fonte: Autores, 2018.

    1.6 Estabilometria

    Recentemente a estabilometria (figura 17) tem sido uma ferramenta muito

    utilizada na pratica clinica por oferecer informações importantes referentes ao

    equilíbrio postural, através dela é possível mensurar por meio de uma plataforma de

    força as oscilações da postura nos aspectos laterais e ântero- posterior (MARTINS,

    2010).

    A estabilometria é a mensuração da oscilação de equilíbrio estático no plano

    sagital, realizado através do exame de baropodometria (FREITAS, 2012).

  • 32

    Bastos; Lima; Oliveira (2005) descreve a estabilometria como ferramenta de

    avaliação, que possibilita avaliar através das oscilações posturais na posição

    ortostática, o equilíbrio postural, isso ocorre através de uma plataforma de força que

    detecta e quantifica os deslocamentos do centro de pressão nas direções laterais e

    ântero-posterior, sendo encontradas inúmeras formas e variações na aplicação do

    teste, levando em consideração o objetivo de cada profissional.

    Figura 17: Estabilometria.

    Fonte: Bastos, et al., 2005.

    Bankoff (2004) relata que a postura corporal envolve conceito de equilíbrio,

    coordenação neuro-muscular, que é uma condição de grande complexidade e

    dependente das relações entre as vias aferentes e eferentes, além disso alterações

    nos captores posturais como olhos e pés podem levar a alterações do equilíbrio

    postural.

    2 O EXPERIMENTO

    2.1 Recursos metodológicos

  • 33

    Para efetivação do presente estudo, a pesquisa foi encaminhada ao Comitê

    de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos do Centro Universitário Católico

    Salesiano Auxilium de Araçatuba segundo modelo do comitê de ética.

    Para desenvolvimento desta pesquisa foi necessária a autorização de todos

    os sujeitos envolvidos, por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e

    Esclarecido (apêndice A) onde foi esclarecido e detalhado todo o objetivo e a

    metodologia da pesquisa.

    Os voluntários estiveram livres para consultar os pesquisadores em qualquer

    etapa da pesquisa, bem como solicitar sua saída da pesquisa quando desejasse,

    não impedindo que a mesma fosse atendida na clínica de fisioterapia do

    Unisalesiano Lins, quando necessário.

    Cabe esclarecer que os voluntários colaboraram com o desenvolvimento da

    pesquisa científica sem nenhuma remuneração.

    Foram selecionadas voluntárias saudáveis do sexo feminino, estudantes do

    curso de Educação Física e Fisioterapia do Centro Universitário Católico Auxilium de

    Lins através de divulgação em salas de aula pela universidade.

    2.1.1 Condições ambientais

    Após a pesquisa aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Unisalesiano

    Araçatuba sob o número 2.686.136 em 30/05/2018 (anexo A), a intervenção

    propunha a avaliação da estabilometria avaliada em baropodometria antes e após a

    manipulação lombo-sacra. Foram realizados no período vespertino de quatro dias

    das quatorze às dezoito horas na clínica de Fisioterapia do UNISALESIANO de Lins.

    As Avaliações e intervenções foram executadas em ambiente climatizado e

    adequado para melhor análise dos dados, no Centro Universitário Católico Salesiano

    Auxilium – UNISALESIANO de Lins/SP.

    2.1.2 Participantes

    Participaram do estudo 20 voluntárias do sexo feminino, universitárias, na

    faixa etária de 19 a 28 anos, que foram informadas sobre a pesquisa e assinaram o

    termo de consentimento livre e esclarecido.

  • 34

    Após selecionadas e aptas a participar as voluntárias foram randomizados

    através do site http://www.randomization.com onde foram inseridas informações

    relacionadas a amostra como tamanho, número de intervenções e ordem de

    intervenções que cada voluntária receberia, o sigilo de alocação será determinado

    através de envelopes opacos, contendo um papel em seu interior com diferentes

    colorações, os mesmos serão armazenados em local seguro, onde somente o

    pesquisador responsável pela randomização teve acesso, e foram abertos

    imediatamente antes da intervenção.

    2.2 Material e métodos

    a) Plataforma Baropodômetro T.Plate

    b) Notebook Acer Inside Core i7

    c) Maca

    d) Caneta

    e) Envelope opaco selado

    2.2.1 Avaliação estabilometria

    De acordo com Bastos; Lima; Oliveira (2005) a estabilometria é uma

    ferramenta de avaliação que possibilita avaliar, através das oscilações posturais na

    posição ortostática, o equilíbrio postural, isso ocorre através de uma plataforma de

    força que detecta e quantifica os deslocamentos do centro de pressão nas direções

    laterais e ântero-posterior. O teste foi realizado pré e pós-intervenção, através

    plataforma Baropodômetro T. Plate, posicionada a três metros da parede.

    Antes de iniciar o teste cada participante foi instruída a subir na plataforma

    (Figura 18), após estarem em cima da mesma, foi solicitado a cada participante

    antes do teste que a mesma fizesse três agachamentos e três extensões dos dedos

    dos pés para melhor contato dos pés com o baropodômetro, após isso o avaliador

    solicitou que a mesma se posicionasse novamente na plataforma da maneira mais

    confortável possível, solicitando que a participante não tivesse contato verbal ou

    visual com o avaliador sendo assim orientada a contar até cem e fixar um ponto fixo

    de visão, a fim de manter a concentração. Cada participante foi avaliada três vezes

    pré e pós intervenção para que o valor médio fosse obtido.

  • 35

    Figura 18: Avaliação estabilometria em baropodometria.

    Fonte: Autores, 2018.

    2.2.2 Procedimentos

    Selecionadas e aptas a participarem da pesquisa, e após assinarem o termo

    de consentimento livre e esclarecido, as participantes foram alocadas em dois

    grupos sendo: Grupo Manipulação (GM) que receberão a técnica manipulativa e

    Grupo Sham (GS) que não recebeu a técnica manipulativa.

    As participantes foram avaliadas individualmente em baropodômetro na

    plataforma T PLATE. Após ser avaliada, a participante passou para sala onde foi

    realizada a intervenção com o pesquisador, onde este recebeu e abriu o envelope

    que determinou a qual grupo pertencer seria alocada.

  • 36

    As participantes pertencentes ao GM que receberam a técnica manipulativa

    lombo-sacra foram posicionadas em decúbito lateral, com flexão de 90º da coxa e

    flexão da perna suprajacente (o pé da participante permanecerá em contato com a

    região poplítea do membro inferior subjacente). O tronco do voluntário foi

    posicionado em rotação homolateral à articulação sacro-ilíaca a ser manipulada. O

    pesquisador se posicionou a altura da pelve da participante, com uma mão

    estabilizando o tronco da mesma e o outro membro superior posicionado com

    antebraço sobre a crista ilíaca, com o cotovelo na região posterior do sulco sacro. O

    pesquisador posicionou seu joelho na região lateral da perna suprajacente da

    participante, como utilizaram Zatarin e Bortolazzo (2012).

    A manobra (figura 19) consistiu em comprimir a articulação na direção da

    maca para superior e anterior. O impulso de alta velocidade e de curta amplitude foi

    realizado no vetor resultante das três direções descritas anteriormente,

    simultaneamente a um golpe de pedal realizado com o membro inferior do

    pesquisador, no qual foi adotado um critério para que a manipulação fosse validada,

    através do ruído articular ou três tentativas.

    As participantes pertencentes ao GS foram posicionadas, permaneceram em

    decúbito lateral, com flexão de 90º da coxa e flexão da perna suprajacente (o pé da

    participante permanecerá em contato com a região poplítea do membro inferior

    subjacente). O tronco da participante foi posicionado em rotação homolateral à coxa

    em flexão. O pesquisador posicionou à altura da pelve da participante, com uma

    mão estabilizando o tronco do mesmo e o outro membro superior posicionado com

    antebraço sobre a crista ilíaca, com o cotovelo na região posterior do sulco sacro. O

    pesquisador posicionou seu joelho na região lateral da perna suprajacente da

    participante.

    A manobra sem efeito terapêutico consistiu em manter a participante na

    posição por 15 segundos, como propões alguns autores que utilizaram grupo sham

    para estudos com manipulação (FERNANDEZ-DE-LAS-PENAS et al., 2008; RUIZ-

    SAEZ et al., 2007; VERNON et al., 2005 E ZATARIN; BORTOLAZZO, 2012).

    Após serem submetidas a tais etapas citadas as participantes foram

    novamente avaliadas através do baropodômetro.

    Figura 19: Manipulação lombo-sacra.

  • 37

    Fonte: Autores, 2018.

    2.2.3 Análise estatística

    Foi utilizado o teste de normalidade Shapiro-Wilk onde foi constatado

    normalidade dos dados. Para a análise estatística foi realizado o Teste T de Student

    paramétrico. Foi atribuída a presença de diferença significante (p

  • 38

    Na Tabela 1 foram apresentados os dados calculados em média e desvio

    padrão das variáveis: peso, estatura, idade e IMC do grupo Manipulação e do grupo

    Sham.

    Na Tabela 2 são apresentados os valores da média e desvio-padrão (DP) dos

    resultados do comprimento da estabilometria realizada através da baropodometria

    computadorizada das voluntárias que receberam a manipulação lombo-sacra e das

    voluntárias que receberam a manobra sham. Não foram observadas diferenças

    estatisticamente significantes inter grupo em nenhum dos dois grupos (p ≤ 0,05),

    grupo manipulação (p=0,316) e grupo sham (p=0,148).

    Tabela 2: Resultados da média e desvio padrão do comprimento da estabilometria

    realizada através da baropodometria computadorizada pré e pós intervenção das

    voluntárias do grupo manipulação e do grupo sham e o valor p.

    Estabilometria Comprimento

    Valor pré (mm)

    Valor pós (mm)

    Valor p

    Grupo Manipulação 40,2 ± 3,1 43,1 ± 7,9 0,316 Grupo Sham 45,3 ± 13,1 51,4 ± 15 0,148

    Fonte: autores, 2018.

    Na Tabela 3 são apresentados os valores da média e desvio-padrão (DP) dos

    resultados da área da estabilometria realizada através da baropodometria

    computadorizada das voluntárias que receberam a manipulação lombossacra e das

    voluntárias que receberam a manobra sham. Não foram observadas diferenças

    estatisticamente significantes inter grupo em nenhum dos dois grupos (p ≤ 0,05),

    grupo manipulação (p=0,120) e grupo sham (p=0,097).

    Tabela 3: Resultados da média e desvio padrão da área da estabilometria realizada

    através da baropodometria computadorizada pré e pós intervenção das voluntárias

    do grupo manipulação e do grupo sham e o valor p.

    Estabilometria área Pré (mm²)

    Pós (mm²)

    Valor p

    Grupo Manipulação 12,9 ± 7,4 19 ± 9,2 0,120 Grupo Sham 17,5 ± 11,6 29 ± 21,1 0,097

    Fonte: autores, 2018.

  • 39

    2.4 Discussão

    Estudos têm apontado que as técnicas manipulativas apresentam inúmeros

    benefícios e vantagens no tratamento clínico, através da manipulação podemos

    restaurar a amplitude e mobilidade articular, melhora do tônus e da flexibilidade de

    um músculo ou grupo muscular, e gerar analgesia em algumas situações.

    Zatarin e Bortolazzo (2012) realizaram um estudo referente aos efeitos da

    manipulação sacro-ilíaca e transição lombossacral sobre a flexibilidade da cadeia

    muscular superior, onde participaram 21 mulheres assintomáticas que foram

    divididas por ordem de procura em dois grupos: grupo experimental (GE) e grupo

    controle (GC). As participantes do GE receberam manobra global na pelve enquanto

    o GC não recebeu intervenção pelo mesmo período, permanecendo em decúbito

    dorsal por um minuto. Todas as voluntárias foram avaliadas pré e pós intervenção,

    através do banco de whells de forma bilateral. Os resultados apontados no estudo

    mostram que o GE apresentou melhora significativa quando comparado com GC no

    aumento da flexibilidade do banco de Wells.

    Em um estudo realizado por Bortolazzo (2014) observou o efeito da

    manipulação lombo-sacra sobre os sinais em indivíduos com instabilidade de

    tornozelo em um ensaio clínico randomizado, cego, placebo controlado. Participaram

    deste estudo 20 indivíduos que apresentavam instabilidade na articulação do

    tornozelo, sendo que estes foram alocados de forma randomizada em dois grupos

    de 10 indivíduos; Grupo Experimento (GE), que receberam a manipulação articular

    na articulação sacro-ilíaca e transição lombossacral e Grupo Placebo (GP), que

    recebeu uma manobra sem finalidades e efeitos terapêuticos, foi realizada

    avaliações pré e pós-intervenção através de eletromiografia nos paravertebrais

    lombares bilateral, tibial anterior e fibular longo homolaterais. Os resultados

    encontrados apontaram uma melhora significativa entre GE e GP referente à

    simetria dos paravertebrais.

    Freitas (2012) realizou um estudo descritivo prospectivo através de análise

    quanti-qualitativa, avaliando a influência da manipulação osteopática sacro-ilíaca

    sobre a pressão plantar e oscilações corporais, através do sistema de

    baropodometria e estabilometria. Participaram do estudo 21 indivíduos, cujas

    avaliações demonstravam alterações da articulação sacro-ilíaca, foi realizada uma

    avaliação de estabilometria através de baropodometria, seguido de uma

  • 40

    manipulação corretiva de disfunção do ilíaco, posterior a intervenção os participantes

    foram submetidos a uma nova avaliação de estabilometria e foi observado uma

    melhor significativa dos valores de distribuição da pressão plantar, bem como do

    equilíbrio postural.

    Acreditasse que o presente estudo, quando comparado com os demais

    trabalhos citados, não observou melhora significativa, pois os indivíduos que

    participaram do estudo eram saudáveis, apresentavam valores pré-intervenção

    considerados normais. Outra condição que pode ter influenciado no resultado é que

    os parâmetros avaliados correspondiam apenas ao efeito agudo da manipulação.

    2.5 Conclusão

    Através dos resultados obtidos pode-se concluir que não houve diferença

    estatisticamente significante na análise baropodometria pré e pós-intervenção

    manipulativa da região lombo-sacra ou manobra sham entre os grupos, porém,

    como o estudo avaliou voluntárias saudáveis, sem disfunções, acredita-se que a

    intervenção manipulativa em indivíduos sintomáticos possa acarretar melhora na

    estabilometria. Assim, a intervenção isolada e de forma aguda não é indicada para

    obter melhora na estabilometria analisada através da baropodometria

    computadorizada. Mais estudos devem ser realizados associando intervenções e

    avaliando os efeitos agudo e a longo prazo e em indivíduos sintomáticos.

  • 41

    REFERÊNCIAS

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    articular na sacroilíaca e transição lombossacral sobre os sinais de indivíduos portadores de instabilidade do tornozelo. Orientador: Delaine Rodrigues Bigaton. Tese (doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Odontologia de Piracicaba. Piracicaba, SP: [s.n.], 2014. Disponível em: http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/290681. Acesso em: 21/02/2018.

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  • 45

    APÊNDICE

    Apêndice A

  • 46

  • 47

  • 48

    ANEXO

    Anexo A

  • 49

  • 50

  • 51