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PGMEC PROGRAMA FRANCISCO EDUARDO MOURÃO SABOYA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ESCOLA DE ENGENHARIA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Dissertação de Mestrado Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas Coladas Submetidas ao Cisalhamento KENJI RAMOS OSANAI NOVEMBRO DE 2011

Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

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Page 1: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

PGMEC

PROGRAMA FRANCISCO EDUARDO MOURÃO SABOYA DE

PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

ESCOLA DE ENGENHARIA

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

Dissertação de Mestrado

Efeito da Temperatura e da Geometria na

Resistência de Juntas Coladas Submetidas ao

Cisalhamento

KENJI RAMOS OSANAI

NOVEMBRO DE 2011

Page 2: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

KENJI RAMOS OSANAI

Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas Coladas Submetidas ao Cisalhamento

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa Francisco Eduardo Mourão Saboya

de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica

da UFF como parte dos requisitos para a

obtenção do t ítulo de Mestre em Ciências em

Engenharia Mecânica

Orientador: João Marciano Laredo dos Reis (PGMEC/UFF )

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

NITERÓI, 25 DE NOVEMBRO DE 2011

Page 3: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas Coladas Submetidas ao Cisalhamento

Esta Dissertação é parte dos pré-requisitos para a obtenção do título de

MESTRE EM ENGENHARIA MECÂNICA

Área de concentração: Materiais Compósitos

Aprovada em sua forma final pela Banca Examinadora formada pelos professores:

Prof. João Marciano Laredo dos Reis (Ph.D.)

Universidade Federal Fluminense

(Orientador)

Prof. Heraldo silva da Costa Mattos(Ds.C.)

Universidade Federal Fluminense

Prof. Thiago Gamboa Ritto(Ds.C.)

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Page 4: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

Aos Meus Pais

Page 5: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

Agradecimentos

Agradeço aos meus pais, primeiramente, por fazerem sempre seu melhor para que

eu pudesse me desenvolver pessoalmente e profissionalmente da melhor maneira possível,

participando e dando apoio nos momentos importantes da minha vida.

Ao meu orientador João Marciano Laredo dos Reis , pelo apoio, instrução

e colaboração durante todo o processo para a realização deste trabalho.

Page 6: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

RESUMO

O propósito deste trabalho é estudar alguns dos fatores que afetam a resistência ao

cisalhamento de Single Lap Joints (SLJ). Baseado nas condições de trabalho para diferentes

aplicações, ensaios foram realizados para determinar a influência da geometria e da

temperatura na resistência de uma SLJ com carga de cisalhamento. O adesivo utilizado para

a confecção das juntas adesivadas foi o ARC 858, as temperaturas ensaiadas foram de 21°C

a 70°C e as geometrias testadas foram a junta padrão de acordo com a norma, com overlap

de 12,5mm e largura de 25mm, com incrementos de 50% em seu overlap e sua largura.Os

resultados encontrados mostram que a resistência das juntas coladas diminuiu com o

aumento da temperatura. As maiores perdas de resistência ao cisalhamento foram na faixa

de 30°C a 50°C.As juntas coladas com maior largura apresentaram menor perda de

resistência com o aumento de temperatura do que as juntas com maior overlap, para uma

mesma área, e além disso,o cálculo da resistência de juntas pela equação do fator de forma

apresenta maiores erros para maiores temperaturas.

Page 7: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

ABSTRACT

The purpose of this work is to study the factors that affect the shear strength of

Single Lap Joints (SLJ). Based on work conditions for different applications, tests were

made in order to define the influence of geometry and temperature on the strength of SLJ

under shear load. The adhesive used to manufacture the joints was the epoxy adhesive

ARC858, it was tested under temperatures ranging from 21°C to 70°C and the geometries

tested were according to the standard test method. Also, increases of 50% of the overlap

length and width were applied. Results showedthat joints resistance decreased with

temperature increase. The major shear strength loss occurred ranging 30°C to 50°C.

Bonded joints with increased width showed less shear strength loss than joints with

increased overlap, for the same area. Besides, the calculation of the joint strength by the

shape factor equation showed a higher error for higher temperatures.

Page 8: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

SUMÁRIO

Capítulo 1: Introdução ......................................................................................................... 1

Capítulo 2: Revisão Bibliográfica ....................................................................................... 5

2.1. Adesivos Estruturais .................................................................................................... 5

2.1.1. Histórico ................................................................................................................ 5

2.1.2. Características ....................................................................................................... 6

2.1.3. Classificação de adesivos estruturais .................................................................... 7

2.1.4. Adesivos epóxi .................................................................................................... 10

2.2. Adesão ....................................................................................................................... 11

2.2.1. Adesão e interface ............................................................................................... 11

2.2.2. Teorias de adesão ................................................................................................ 11

2.2.2.1.Interdifusão ................................................................................................... 12

2.2.2.2. Atração Eletrostática.................................................................................... 12

2.2.2.3. Ligação química .......................................................................................... 13

2.2.2.4. Adesão mecânica ......................................................................................... 13

2.2.3. Ângulo de contato ............................................................................................... 14

2.3 Modelos Analíticos ................................................................................................... 20

2.3.1. Modelos para o cálculo de tensões cisalhantes em juntas adesivadas................. 21

2.3.2. Modelos Clássicos ............................................................................................... 22

Page 9: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

2.3.2.1. Análise simples de modelo linear elástico ................................................... 23

2.3.2.2. Análise de Volkersen ................................................................................... 24

2.3.2.3. Análise de Goland e Reissner ...................................................................... 26

2.3.2.4. Análise de Hart-Smith ................................................................................. 32

2.3.3. Limitações das análises clássicas ........................................................................ 33

2.4. Fatores que Influenciam na Resistência de Juntas Coladas ....................................... 34

2.4.1. Características mecânicas do adesivo e do substrato e geometria da junta ......... 35

2.4.1.1. Espessura do adesivo ................................................................................... 35

2.4.1.2. Fator de forma de juntas simples ................................................................. 37

2.4.1.3. Filete de acabamento ................................................................................... 38

2.4.2. Tratamento superficial......................................................................................... 40

2.4.3. Condições ambientais .......................................................................................... 42

2.4.3.1. Temperatura ................................................................................................. 42

2.4.3.2. Umidade ...................................................................................................... 43

Capítulo 3: Materiais e Método......................................................................................... 44

3.1 Geometria do Corpo de Prova .................................................................................. 45

3.2. Propriedades dos Materiais ........................................................................................ 46

3.3. Confecção dos Corpos de Prova ................................................................................ 48

3.4 Ensaios Experimentais .............................................................................................. 50

Page 10: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

Capítulo 5: Resultados e Discussão ................................................................................... 53

Capítulo 6: Conclusão ........................................................................................................ 57

Capítulo 7: Sugestões para Trabalhos Futuros ............................................................... 59

Referências Bibliográficas ................................................................................................. 60

Page 11: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

Lista de Figuras

Figura 1 – Diferença entre rugosidade e porosidade ............................................................ 13

Figura 2 – Equilíbrio de forças na interface de um liquido/sólido balanceado .................... 14

Figura 3 – Esquema da suposição do modelo linear elástico ............................................... 23

Figura 4 - Esquema da suposição do modelo de Volkersen ................................................. 24

Figura 5 – Análise diferencial do modelo de Volkersen ...................................................... 25

Figura 6 – Distribuição de tensão cisalhante ao londo do substrato ..................................... 25

Figura 7 - Esquema da suposição do modelo de Goland e Reissner .................................... 27

Figura 8 – Distribuição de tensões de acordo com o modelo de Goland e Reissner ............ 30

Figura 9 – Limitações dos modelos clássicos para análise de tensões ................................. 34

Figura 10 – Carga de ruptura de juntas coladas em função da espessura do adesivo .......... 36

Figura 11 – Corpo de prova sem filete de acabamento ........................................................ 38

Figura 12 – Tipos de filetes de acabamento ......................................................................... 39

Figura 13 – Carga de ruptura em função do tipo de ranhura no substrato ........................... 41

Figura 14 –Curva de tração de aços dúcteis (a) e frágeis (b) submetidos à temperatura ..... 42

Figura 15 – Geometria dos corpos de prova ......................................................................... 45

Figura 16 – Grupos de geometria estudados ........................................................................ 46

Figura 16 – Matriz e endurecedor do adesivo ARC 858 ...................................................... 47

Figura 17 – Jateamento dos substratos ................................................................................. 48

Page 12: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

Figura 18 – Gabarito para alinhamento dos corpos de prova ............................................... 49

Figura 19 – Câmara termostatica acoplada à máquina de ensaios universal ........................ 51

Figura 20 – Ensaios esperados (a) e ensaios não considerados (b) ...................................... 52

Figura 21 – Força de ruptura em função da temperatura e valor esperado para a força de

ruptura de acordo com o cálculo pelo fator de forma (F*) ................................................... 55

Page 13: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

Lista de Tabelas

Tabela 1 – Histórico do desenvolvimento adesivos ............................................................... 6

Tabela 2 – Principais características das famílias de adesivos ............................................... 9

Tabela 3 – Característica dos modelos para cálculo de tensões em juntas adesivadas ........ 21

Tabela 4 – Redução de tensão percentual para diferentes filetes de acabamento ................ 40

Tabela 5 – Propriedades do substrato ................................................................................... 46

Tabela 6 – Propriedades do adesivo ARC 858 ..................................................................... 48

Tabela 7 – Tempo de cura do adesivo ARC 858 .................................................................. 50

Tabela 8 – Força de ruptura e desvio padrão para cada subgrupo ensaiado ......................... 53

Tabela 9 – Comparação entre a carga de ruptura calculada pelo fator de forma e a carga de

ruptura real ............................................................................................................................ 56

Page 14: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

Lista de Símbolos

o (γ) –Energia superficial livre

o (U) – Energiainterna

o (H) – Entalpia

o (G) – Energialivre de Gibbs

o Sub-índice ―LV‖ – Interface líquido/vapor

o Sub-índice ―SL‖ – Interface sólido/líquido

o Sub-índice ―SV‖ – Interface sólido/vapor

o - Variação da energia livre superficial de Gibbs

o - Variação de área

o – Trabalho termodinâmico de adesão

o – Ângulo de contato entre fases para análise de molhabilidade

o - Rugosidade da superfície

o b – Largura da junta colada;

o – Tensão de cisalhamento;

o c – Metade to comprimento de overlap da junta colada;

o D´– Rigidez ao dobramento do substrato;

o E – Módulo de Young;

o G – Módulo de cisalhamento;

o k – Fator do momento fletor;

o k´ – Fator de força transversa;

o l – Comprimento de overlap da junta colada;

o M – Momento fletor;

Page 15: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

o – Carga aplicada na junta por unidade de largura;

o P – Carga aplicada na junta;

o x – Coordenada longitudinal;

o t – Espessura;

o Sub-índice ―a‖ – Camada adesiva;

o Sub-índice ―t‖ – Substrato superior (top);

o Sub-índice ―b‖ – Substrato inferior (bottom);

o – Coeficiente de Poisson do aderente

o – Módulo de Young

o - Força de ruptura de acordo com cálculo pelo fator de forma

o Sub índice ―Ref‖ – Referência ASTM D 1002

o Sub índice ―Ensaios‖ – referência aos resultados dos ensaios experimentais

o W – Largura da área colada

o L – Overlap da área colada

o A – Área da junta colada

o - Tensão de cisalhamento

o - Tensão de descascamento

o - Tensão normal ao longo do adesivo

Page 16: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

1

Capítulo 1

Introdução

Quase todas as estruturas requerem que seus componentes sejam conectados. A

maneira mais eficiente de conectar estruturas é com juntas de cisalhamento, que podem ser

coladas com adesivos ou mecanicamente aparafusadas (Mathews, 1999). No projeto de

juntas adesivadas para estruturas, resistência, rigidez e durabilidade são consideradas as

propriedades mais importantes. Atualmente, as juntas coladas são amplamente utilizadas

em diversas áreas da indústria. Vantagens como resistência, versatilidade, peso reduzido,

alta resistência à corrosão, aliadas à não necessidade de processos de usinagem ou

alterações metalúrgicas, fazem com que esta técnicas ganhe uma grande importância no

design e manutenção de equipamentos.

As juntas coladas oferecem muitas vantagens em comparação aos métodos clássicos

de fixação, como soldagem, rebitagem e aparafusamento. Elas oferecem grande resistência

à fatiga, e como conseqüência, os custos de manutenção são significantemente reduzidos

Page 17: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

2

(Abdel Wahab et al., 2002). A grande redução de peso alcançada com o uso dos adesivos é

uma outras grande vantagem, especialmente para estruturas que requerem baixo peso

próprio. Na união de materiais compósitos, a colagem com adesivos é a técnica mais

apropriada. Quase todos os materiais ou composições de materiais podem ser fixadas em

uma grande variedade de tamanhos, formas e espessuras (Paul et al., 1997). Para a maior

parte dos adesivos, as temperaturas de cura são baixas, poucas vezes excedendo 180°C.

Uma quantidade considerável de adesivos apresenta cura a temperatura ambiente, ou um

pouco acima, e atingem resistências adequadas para diversas aplicações. Assim, materiais

finos e delicados como lâminas podem ser unidos entre si ou a materiais de maior

espessura. Materiais sensíveis à temperatura podem ser unidos sem risco de dano e não

zonas termicamente afetadas não existem nesse tipo de união. Na união de materiais

dissimilares, os adesivos conferem uma união que tolera maiores tensões ou contrações e

expansões (Paul et al., 1997).

Assim, as vantagens no uso de métodos de fixação por adesivos em relação aos

outros métodos podem ser resumidos, de acordo com Abdel Wahab et al., 2002. Heslehurst,

1999, Loh et al. 2002 e Paul et al., 1997, como: (a) Poucos componentes na junta. A união

por colagem pode simplificar o processo de união, aumentar a produção e qualidade e

reduzir o custo de produção; (b) a transferência total do carregamento pode ser obtida

imediatamente; (c) a junta é resistente à fatiga; (d) o adesivo sela a junta; (e) uma conexão

mais rígida é obtida; (f) a conexão tem baixo peso; (g) contornos suaves; (h) o adesivo

promove resistência à corrosão entre os substratos; e (i) não gera concentradores de tensão.

As maiores desvantagens da colagem com adesivos de acordo com AbdelWahab et

al., 2002. Ansarifar et al. (2001) Heslehurst, 1999, Loh et al. 2002,Knox e Cowling (2000)

Page 18: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

3

e Paul et al., 1997) são: (a) Não existe um adesivo universal. A seleção do adesivo mais

adequado é geralmente complicada pela vasta variedade de opções disponíveis; (b) Maior

parte dos adesivos industriais não é estável acima de 180°C. As reações de oxidação são

aceleradas, termoplásticos podem amolecer e derreter e termofixos podem se decompor.

Enquanto alguns adesivos podem ser usados acima de 260°C, elevadas temperaturas são

geralmente preocupantes; (c) adesivos de alta resistência são geralmente frágeis (baixa

resistência ao impacto). A dureza de um adesivo pode decrescer consideravelmente em

situações de carga de impacto. Adesivos com boa tenacidade geralmente sofrem com o

fenômeno da fluência. Alguns se tornam frágeis a baixas temperaturas; (d) A durabilidade e

a vida útil das conexões são de difícil previsão; (e) A preparação e a limpeza da superfície,

a preparação do adesivo, e a cura podem ser críticos se resultados consistentes são

esperados. Alguns adesivos são sensíveis à presença de gorduras, óleos e umidade nas

superfícies a serem coladas. A rugosidade da superfície e características de molhabilidade

devem ser controladas; (f) a junta não pode ser desmontada com rapidez. Os tempos de

montagem das juntas podem ser maiores para métodos alternativos, dependendo do

mecanismo de cura. Temperaturas elevadas podem ser necessárias, assim como ferramentas

específicas; (g) o design da junta tem uma limitação de espessura; (h) apenas esforço

cisalhante é aceitável; (i) É difícil determinar a qualidade de uma junta adesivada por

métodos não destrutivos, entretanto, algumas técnicas com bons resultados tem sido

desenvolvidas; (j) Muitos adesivos estruturais se deterioram em certas condições de

operação. O adesivo pode sofre a ação do ambiente. Ambientes agressivos incluem luz

violeta, ozônio, chuva ácida (baixo PH), umidade e meios salinos. Assim, a durabilidade e a

confiabilidade de uma junta em um longo tempo de serviço deve ser cuidadosamente

Page 19: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

4

analisada. A determinação da força de adesão e da durabilidade ainda são, geralmente,

empíricas; (k) alguns adesivos contém, ou geram durante a cura, substâncias químicas

nocivas; e (l) tensões residuais térmicas podem ser induzidas.

O objetivo deste trabalho é apresentar um estudo sobre a influência de diversos

fatores da confecção de juntas adesivadas em sua resistência ao cisalhamento, focando no

efeito da temperatura na resistência mecânica, e verificar a aplicação de relações do fator de

forma de juntas adesivadas para diferentes temperaturas. Os ensaios de tração foram

realizados em uma câmara termostática ligada à uma máquina de ensaios universal. Os

resultados desse trabalho ajudarão a definir aplicações e o comportamento do adesivo

estudado.

Page 20: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

5

Capítulo 2

Revisão Bibliográfica

2.1. AdesivosEstruturais

2.1.1. Histórico

O estudo e desenvolvimento de novos adesivos baseados em resinas sintéticas e

outros materiais com melhores propriedades e maior reprodutibilidade, promovem, em

larga escala, a utilização de adesivos, o que levou ao aparecimento da ciência dos Adesivos.

Em colagem, a primeira resina a ser usada foi a de fenolformaldeído, sobretudo para a

execução das juntas de madeira. Mas a descoberta de adesivos de borracha sintética (tabela

1), e seu avanço, estiveram na necessidade de adesivos mais apropriados para a colagem de

metais. (Shields, 1971. Esteves, 1990)

Page 21: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

6

ANO ADESIVO

1910 Fenol-Formaldeído

1930 Uréia-Formaldeído

1940

Nitrilo-Fenólico

Vinilo-Fenólico

Acrílico

Poliuretana

1950

Epóxi

Cianoacrilatos

Anaeróbicos

1960

Poliamida

Polibenzimidazol

Poliquinoxalina

1970 Segunda geração de acrílicos

Tabela 1 – Histórico do desenvolvimento adesivos

O que tornou possível o desenvolvimento de adesivos mais resistentes, mais

duradouros e versáteis na colagem de superfícies, que antes, seriam impossíveis de colar,

foi o aparecimento de resinas sintéticas. Com o desenvolver tecnológico dos adesivos, é

necessário também um desenvolvimento nos equipamentos, métodos de cálculo de

resistência e técnicas de colagem, dada sua importância na união de juntas em diversas

aplicações.

2.1.2. Características

Os adesivos utilizados em projetos mecânicos são por natureza materiais

poliméricos. Um polímero é uma cadeia longa de átomos ligados entre si por ligações

covalentes. A produção de um polímero acontece através de um processo designado

Page 22: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

7

polimerização, no qual as moléculas do monômero reagem quimicamente para formar

cadeias lineares ou uma rede tridimensional de cadeias de polímeros. A principal

característica destas cadeias destas cadeias é a ligação química ser forte e direcional ao

longo das cadeias, sendo estas ligadas lateralmente pelas fracas ligações de Van Der-Waals,

ou ocasionalmente por ligações de hidrogênio.Se o polímero é formado por um monômero

apenas, a molécula resultante é designada por homopolímero. A utilização de diferentes

monômeros na formação de moléculas se traduz normalmente pelo alcance de melhores

propriedades, sendo estes polímeros chamados de copolímeros. No caso de polímeros de

adição ou nos casos em que é usado um simples monômero, o prefixo ―Poli‖ é acrescentado

ao nome do monômero. Por exemplo, o etileno polimeriza para gerar o Polietileno e o

estireno para gerar o Poliestireno.

Os adesivos sintéticos resultam então das reações de polimerização entre monômeros, que

dependendo da sua estrutura, reatividade e proporção na mistura, originam polímeros de

cadeias macromoleculares lineares ou em rede tridimensional.

2.1.3. Classificação de adesivos estruturais

Nestas reações intervêm ainda outros componentes, denominados agentes de cura

(ou endurecedores), os catalisadores e os solventes que, após a reação da cura, tornam o

sistema bastante complexo. Ainda é possível, para os mesmo parâmetros anteriores, variar

as condições de temperatura, pressão e tempo de cura, o que leva à obtenção de estruturas

diferentes e que, consequentemente, apresentam propriedades distintas. Assim, é possível

obter uma grande variedade de estruturas sendo muito difícil uma classificação que inclua

Page 23: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

8

todos os tipos de adesivos. Os adesivos são então geralmente, classificados por sua origem,

estrutura molecular, composição química, modo de apresentação e de aplicação, condições

de cura, estabilidade e como estruturais ou não estruturais.

Podemos classificar os adesivos segundo as três famílias dos materiais poliméricos:

-Resinas termoplásticas: acrílicas, celulósicas, vinílicas, poliamidas, etc.

-Resinas termoendurecíveis: fenólicas, epóxi, poliéster, poliamida, etc.

-Elastômeros: poliuretanos, nitrílos, policloroprenos, silicones, etc.

Existem ainda cinco grandes famílias de adesivos estruturais, sendo elas os anaeróbicos,

acrílicos, epóxi, cianocrilatos e poliuretanos. A tabela a seguir apresenta as principais

características de cada um.

Page 24: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

9

Tipo de

Adesivo

Constituint

es

Endurecime

nto

CaracterísticasFuncionaisP

ositivas

CaracterísticasFuncionaisN

egativas

Aplicaçõ

es

Epóxi

Resina e

Endurecedo

r

Dependendo

do

endurecedor,

solidifica

com rapidez

à temperatura

ambiente

Resistência à condições

atmosféricas

Resistência a deformação

plástica

Resistência ao choque

Rigidez

Industria

aeroespac

ial

Anaeróbic

os

Resina

acrílica

Solidifica

espontaneam

ente na

ausência de

ar

Maior controle da força de

ligação

As peças necessitam de

manutenção

Travame

nto de

roscas de

porcas e

outras

peças

Acrílicos

Reativos

Dois

elementos

(enchimento

e iniciador

de

endurecime

nto)

Endurecimen

to a frio

Resistência à condições

atmosféricas

Resistência a temperaturas

elevadas

Resistência ao choque

Deve-se aplicar os dois

elementos separadamente

Automaç

ão (união

de peças

de

plástico,

etc)

Cianoacril

atos

Tipo

especial de

adesivo

acrílico

Endurecem

com grande

rapidez na

presença de

umidade

Resistência ao choque

Fácil Manipulação no estado

líquido

Ruim para o preenchimento

de lacunas

Pouca resistência ao calor

Comportamento ruim em

ambientes umidos devido à

rapidez do endurecimento

Industria

eletrônica

, Áreas

médicas

Adesivos

de

poliuretano

Um

elemento

Endurecem

pela absorção

de umidade,

processo

acelerado

pela adição

de calor

Flexíveis e elásticos após a

cura

Resistentes ao choque

Podem ser diluídos para

aplicação em grandes

superfícies

Comportamento ruim em

ambientes úmidos devido à

rapidez do endurecimento

Automaç

ão

(fixações

em geral)

Adesivos

de

Poliuretan

o

Dois

elementos

Endurecem

rapidamente

na ausência

de umidade

ou calor

Boa resistência ao choque

Flexíveis e elásticos

-------

Automaç

ão

(painéis

de

comando

)

Colas

reativas a

quente

-------

Comportame

nto idêntico

ao das colas

convencionai

s aplicadas a

quente, e que

por vezes

reagem com

a umidade,

endurecendo

Estáveis a altas temperaturas

(180°C)

Grande força de coesão

Ligeiramente tóxicos

Móveis,

peças de

automóve

is, etc

Tabela 2 – Principais características das famílias de adesivos

Page 25: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

10

2.1.4. Adesivos epóxi

Estes adesivos são os mais utilizados na colagem de metais, devido à sua alta

resistência mecânica e fácil aplicação. Apresentam também a maior diversidade de

aplicações, podendo ser utilizado em diversos tipos de material.

Esse tipo de adesivo apresenta como principais vantagens:

boa resistência mecânica;

boas propriedades elétricas e de resistência térmica;

excelente dureza e resistência químicas

ótima adesão a metais;

possibilidade de cura rápida ou lenta em diversas faixas de temperatura;

baixo grau de encolhimento durante a cura e boas propriedades de molhabilidade

sobre o aderente (grau de espalhamento do adesivo).

Os adesivos epóxi são comercializados sob a forma de um só componente ou de vários

componentes (dois geralmente):

Um componente: resina e endurecedor no mesmo componente. Apresenta-se em

líquido, gel, barra, filme e pastilha. Nesses adesivos deve ser realizada cura em

temperaturas a partir de 120°C. Esses adesivos apresentam melhores propriedades e

maior durabilidade quando comparados aos de dois ou mais componentes.

Dois ou mais componentes: o endurecedor deve ser adicionado. Apresenta-se em

pasta,gel e líquido. A cura pode ser realizada a baixas temperaturas. As

propriedades desse tipo de adesivo dependem do tipo de endurecedor utilizado.

O processo de colagem com adesivos epóxi dispensa a aplicação de pressão, sendo

necessário somente o posicionamento da peça.

Page 26: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

11

2.2. Adesão

2.2.1. Adesão e interface

O termo adesão é geralmente usado para se referir à adesão entre substâncias, sendo

portanto uma manifestação de forças atrativas entre os átomos e/ou superfícies.

As moléculas na superfície de um líquido ou de um sólido são influenciadas por forças

moleculares desbalanceadas, e portanto, possuem energia adicional em contraste com as

moléculas no interior do líquido ou sólido. Esta energia livre adicional localizada na

superfície, ou na interface entre duas fases condensadas, é conhecida como energia

interfacial. Importantes aplicações tecnológicas dos materiais requerem que os mesmos

sejam aderentes a outras substâncias e tem influência preponderante em muitas aplicações

práticas, como adesão e molhamento de sólidos por líquidos.

Para medir a modificação superficial ocorrida em materiais, alguns parâmetros são

utilizados na caracterização, como por exemplo, o ângulo de contato, a força de adesão e

estimativas de energia livre de superfície (Neto, 2006).

2.2.2. Teorias de adesão

Existem modelos que tentam descrever o mecanismo de adesão considerando-se a

microestrutura dos materiais envolvidos nesse processo. Os principais são apresentados a

seguir.

Page 27: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

12

2.2.2.1.Interdifusão

A ligação entre duas superfícies pode ser formada por interdifusão de átomos ou

moléculas que ocorre na interface. A adesão de adesivos, nesse caso, dependerá do

entrelaçamento molecular, do número de moléculas envolvidas e da resistência da ligação

molecular. A interdifusão pode ser promovida pela presença de solventes e a quantidade de

difusão dependerá da conformação molecular dos constituintes envolvidos e da facilidade

de movimento molecular.

Na adesão de substratos metálicos, a interdifusão é também necessária para que

ocorra uma reação apropriada entre os elementos de cada constituinte. Entretanto, a

interdifusão pode não ser sempre benéfica porque os compostos não desejáveis podem ser

formados, particularmente quando filmes óxidos, presentes na superfície, se degradam em

situações onde o material é submetido à alta temperatura ou pressão, que ocorrem em

processos no estado sólido.

2.2.2.2. Atração Eletrostática

A diferença de carga eletrostática entre os constituintes na interface pode contribuir

para a adesão, devido à força de atração entre essas cargas. A resistência da interface

dependerá da densidade da carga. Embora esta atração possa não ter uma contribuição

significativa à resistência da interface, pode ser importante quando a superfície de uma

fibra é tratada como agente de ligação.

Page 28: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

13

2.2.2.3. Ligação química

A teoria de ligação química é a mais antiga e a mais conhecida de todas as teorias de

adesão. A resistência adesiva dependerá do número e tipo de ligações, cuja formação é por

meio de reações químicas termicamente ativadas.

2.2.2.4. Adesão mecânica

A ligação mecânica envolve o ancoramento mecânico na interface. A resistência

desse tipo de interface normalmente não é de grandemagnitude quando submetida a esforço

de tensão transversal, a menos que haja grande número de reentrâncias, na forma de

microporosidade, na superfície do reforço, como exemplificado na figura 1.

Figura 1 – Diferença entre rugosidade e porosidade

Portanto, a resistência ao cisalhamento dependerá da maneira significante do grau

de rugosidade do reforço.

Em todas as teorias e fenômenos relacionados à adesão entre duas superfícies, a

energia superficial livre (γ) tem papel preponderante. Essa energia superficial pode ser

definida por outras funções termodinâmicas em termo de energia propriamente dita (U),

entalpia (H) ou da energia livre de Gibbs (G), dependendo das condições de contorno para a

Page 29: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

14

qual é definida. A equação 1 define que a energia superficial livre é representada pelas

derivadas parciais destas grandezas em relação à área envolvida.

(

)

(

)

(

)

(1)

2.2.3. Ângulo de contato

Quando um líquido é sobreposto em uma superfície sólida, podem ocorrer 2

fenômenos, o líquido se espalha na superfície ou tende a formar uma gota esférica. O

ângulo formado entre o líquido e o sólido, considerando essas duas situações opostas, vai

indicar o grau de interação entre os 2 materiais, e a magnitude desse ângulo vai depender

do tipo de líquido e do tipo de substrato sólido. Além disso, o líquido apresenta uma

pressão de vapor, com a qual a superfície sólida estará em equilíbrio. O equilíbrio de forças

na interface líquido/sólido é balanceado conforme mostra a figura 2.

Figura 2 – Equilíbrio de forças na interface de um líquido/sólido balanceado

Page 30: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

15

Estas forças tendem a minimizar a área superficial do líquido, pela formação de uma

gota, ou tendem a se espalhar na superfície sólida, aumentando assim a extensão do contato

interfacial. Este balanço de forças é caracterizado como sendo a molhabilidade de um

sólido por um líquido, geralmente expressa pelo ângulo de contato que se forma entre o

líquido e o sólido.

A energia superficial é uma manifestação direta das forças intermoleculares. As

moléculas na superfície de um líquido ou de um sólido são influenciadas por forças

moleculares não equilibradas e, portanto, possuem energia adicional, contrariamente às

moléculas localizadas no interior do líquido ou do sólido. Em líquidos, a energia superficial

se manifesta como uma força interna que tende a reduzir a área superficial a um mínimo. A

superfície de um sólido, de maneira similar à superfície de um líquido, possui energia livre

adicional. Entretanto, devido à ausência de mobilidade molecular na superfície de sólidos,

esta energia livre não édiretamente observada, mas deve ser medida por métodos indiretos.

O critério para molhabilidade implica em que o ângulo de contato (θ) seja menor

que 90°. A tensão superficial de líquidos pode ser facilmente obtida, entretanto a tensão

superficial de sólidos é de difícil determinação. Sendo assim, as medidas de tensão

superficial sólido/líquido ( ) podem ser efetuadas com utilização de líquidos que tenham

tensão superficial ( ) conhecida. A tensão superficial ( ⁄ ) é associada a cada unidade

de área superficial. A energia livre superficial ( ) é relacionada ao trabalho necessário

para aumentar a área de uma superfície (

), sendo normalmente utilizada em

cálculos termodinâmicos. Termodinamicamente, a adesão é definida pela mudança de

energia livre quando dois materiais entram em contato, ou seja, é a mudança de energia

livre superficial ( ), acompanhada de um pequeno deslocamento do líquido sobre o

Page 31: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

16

substrato. Portanto, se a superfície líquida for deformada ligeiramente, a área da interface

sólido/líquido aumentará de , conforme mostra a figura 3.

Figura 3 – Deformação da superfície líquida

A variação de energia livre superficial de Gibbs( ), relacionada ao trabalho

necessário para aumentar a área de uma superfície, é obtida pela equação 2.

(2)

A figura 3 mostra que:

(3)

Chegando assim a

( ) ( ) (4)

Page 32: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

17

Em equilíbrio (configuração estável em relação à variação da área interface

sólido/líquido), para uma mudança infinitesimal na área da gota, obtém-se:

(5)

Ou

( ) ( ) (6)

Desprezando os diferenciais de segunda ordem, de pequena magnitude, obtém-se a

equação 7, conhecida como equação de Young.

(7)

Onde é a energia livre interfacial sólido/líquido, é a energia livre interfacial

sólido/vapor, é a energia livre interfacial líquido vapor, e é o ângulo formado entre o

sólido e o líquido.

Em virtude da atração existente entre as moléculas de duas fases em contato entre si,

no caso sólido/líquido, é necessário realizar um trabalho para separá-las. Este trabalho

referente à área unitária é denominado trabalho de adesão. À temperatura e pressão

constantes, o trabalho de adesão para separar as fases sólido/líquido, é dado por

Page 33: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

18

(8)

Onde é a quantidade de trabalho termodinâmico de adesão.

Considerando o conceito de para uma determinada condição de adesão, devem

ser consideradas as hipóteses de separação ideal na interface e se o sistema está sob

condição isotérmica. Combinando as equações 7 e 8,pode-se obter uma nova relação para

definir o trabalho de adesão:

( ) (9)

Esta relação é de grande utilidade pois relaciona duas grandezas mensuráveis com

relativa facilidade de precisão. Dessa forma, pode-se obter entre o sólido e o líquido se

a tensão superficial do líquido e o ângulo de contato forem conhecidos. A equação ainda

mostra que para , obtemos e o trabalho de adesão é , isto é, o

ângulo de contato é igual a zero quando o trabalho de adesão sólido-líquido iguala ou

supera o trabalho de coesão do líquido. Em outras palavras, o líquido se espalha na

superfície sólida, quando as forças de atração sólido-líquido igualam ou superam as forças

de atração líquido-líquido. Para , temos que e . Este é o caso

limite para o qual não há adesão entre as duas fases. Portanto, quanto maior o valor de

melhor a adesão. Os valores de para polímeros sólidos são menores que e

muito menores que a energia coesiva de ruptura, a , medida

mecanicamente.

Page 34: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

19

As relações anteriores somente são válidas considerando uma superfície idealmente

plana e lisa. A topografia de superfície, levando-se em consideração a rugosidade,

efetivamente determina a área de contato real na interface sólido-líquido. Esta rugosidade

(r) de superfície pode ser definida por

(10)

Sendo e os ângulos de contato para superfícies lisa e rugosa, respectivamente.

A rugosidade de uma superfície rugosa é a razão da área de superfície real pela área planar

aparente. Substituindo a equação 10 nas equações de Young-Dupré, obtém-se:

( ) ( ) (11)

( ) ( ) (12)

( ) ( )( ) (13)

Conforme mostra a equação 13, o trabalho de adesão pode apresentar um

incremento se ocorrer aumento da rugosidade da superfície e da energia superficial do

sólido.

Page 35: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

20

2.3 Modelos Analíticos

Para prever a resistência de uma junta de adesivada, são necessários dois

parâmetros, a distribuição de tensões no corpo e um critério de falha adequado. A

distribuição de tensões pode ser obtida através do método de elementos finitos (FEA) ou

modelos analíticos. Para geometrias complexas, o método de elementos finitos é mais

adequado. Porém, para aplicações do dia a dia e respostas mais simples e rápidas, modelos

analíticos são mais adequados.

Da Silva et al. (2008a e 2008b) analisou em um de seus trabalhos os diferentes

modelos existentes na literatura, assim como as condições de aplicação de cada um deles,

as situações onde são mais apropriados, suas vantagens e limitações. A tabela 3 mostra,

para cada modelo, as suposições feitas, os tipos de tensão e o tipo de solução.

Page 36: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

21

Tabela 3 – Característica dos modelos para cálculo de tensões em juntas adesivadas

2.3.1. Modelos para o cálculo de tensões cisalhantes em juntas adesivadas

A revisão na literatura feita por Da Silva et al. (2008a e 2008b) mostrou que quase

todos os modelos analíticos existentes para juntas de cisalhamento simples são

bidimensionais. Essa simplificação se torna geralmente suficiente já que os esforços na

direção da largura são consideravelmente menores que os esforços na direção do overlap.

A maior parte das análises são lineares elásticas para o substrato e o adesivo, já que

a inclusão de um termo não linear, proveniente do material utilizado, torna a solução muito

complexa. Quando se aumenta o grau de complexidade e o número de componentes de

Page 37: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

22

tensões, um problema que seria resolvido analiticamente passa a ter que ser resolvido

numericamente.

2.3.2. Modelos Clássicos

Para os modelos apresentados, serão utilizadas as seguintes notações:

o b – largura da junta colada;

o – Tensão de cisalhamento;

o c – metade to comprimento de overlap da junta colada;

o D´– rigidez ao dobramento do substrato;

o E – Módulo de Young;

o G – Módulo de cisalhamento;

o k – fator do momento fletor;

o k´ – fator de força transversa;

o l – comprimento de overlap da junta colada;

o M – Momento fletor;

o – Carga aplicada na junta por unidade de largura;

o P – Carga aplicada na junta;

o x – coordenada longitudinal;

o t – espessura;

o Sub-índice ―a‖ – camada adesiva;

o Sub-índice ―t‖ – substrato superior (top);

o Sub-índice ―b‖ – substrato inferior (bottom);

o – coeficiente de Poisson do aderente

Page 38: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

23

o – Módulo de Young

2.3.2.1. Análise simples de modelo linear elástico

Figura 3 – Esquema da suposição do modelo linear elástico

Na forma de análise mais simples da tensão de cisalhamento em juntas de

cisalhamento simples, é considerada uma deformação por cisalhamento constante ao longo

do overlap do adesivo e o substrato rígido. A tensão de cisalhamento ao longo do adesivo é

dada por

(14)

Onde é a carga aplicada à junta, é a largura da junta e é o comprimento do

overlap.

O valor da tensão de cisalhamento encontrado pode ser interpretado como a tensão

média atuante no adesivo. Essa análise não é muito realista devido a diversas

Page 39: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

24

simplificações, mas mesmo assim é a base para a determinação de valores de resistência em

ensaios de normas ISO e ASTM.

2.3.2.2. Análise de Volkersen

A análise de Volkersen introduziu o conceito de cisalhamento diferencial,

assumindo que o adesivo se deforma apenas por cisalhamento, mas o substrato pode se

deformar pela tensão gerada pela carga P (figura 4), por ser considerado elástico e não

rígido. A diferença de tensão no substrato entre os pontos A e B, sendo a tensão máxima

em A e nula em B, e a continuidade entre o substrato e o adesivo, resultam em uma tensão

de cisalhamento não uniforme ao longo do overlap figura 5. A tensão de cisalhamento

então deixa de ser considerada uniforme ao longo do adesivo e passa a ser máxima nos

extremos do adesivo e mínima no meio. A figura 6 mostra esse comportamento para um

substrato de liga de alumínio e adesivo epóxi.

Figura 4 - Esquema da suposição do modelo de Volkersen

Page 40: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

25

Figura 5 – Análise diferencial do modelo de Volkersen

Figura 6 – Distribuição de tensão cisalhante ao londo do substrato

Ten

são

de

cisa

lham

ento

(M

Pa)

Overlap (mm)

Page 41: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

26

E a distribuição da tensão cisalhante é dada por

( )

(

)

(

)

( )

(

)

(15)

Onde

( ) (16)

(17)

(18)

(19)

Este modelo, entretanto, não leva em consideração o momento gerado pela

excentricidade da carga P, sendo um fator bastante relevante em juntas simples.

2.3.2.3. Análise de Goland e Reissner

O carregamento excêntrico gera então um momento (M) e um esforço transversal

(V) na junta, juntamente ao esforço cisalhante por unidade de largura ( ) já mencionado

Page 42: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

27

(figura 7). Este momento faz a junta girar, alterando a direção do carregamento e tender

para um carregamento alinhado. Com essa rotação, o momento tende a diminuir e dar lugar

a um problema geométrico não linear onde os efeitos da deformação do substrato devem ser

levados em consideração.

Figura 7 - Esquema da suposição do modelo de Goland e Reissner

Goland e Reissner foram os primeiros a considerar os efeitos desse carregamento

excêntrico, usando os termos fator de momento (k) e fator de força transversal (k’) para o

cálculo do momento e da força transversal nos pontos extremos do adesivo em relação ao

overlap, de acordo com as equações:

(20)

(21)

Page 43: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

28

Onde t representa a espessura do adesivo, onde e c a metade do

comprimento do overlap. Os valores de k e k’ se aproximam de 1, quanto menor for a

deformação sofrida pelos substratos. Quando a junta se deforma, rotacionando devido ao

esforço do carregamento excêntrico, k e k’ diminuem, e consequentemente, o momento e a

carga transversal diminuem. A análise de Goland e Reissner levou em consideração o efeito

das grandes deflexões dos substratos, porém assumiu que os mesmos eram integrais, com

uma camada infinitesimalmente fina de adesivo. A expressão desse fator de momento é

dada por

( )

( ) √ ( ) (22)

Onde

√ ( )

(23)

O modelo anterior calcula o esforço apenas nos pontos extremos do adesivo.

Desenvolvendo ainda mais o modelo, Goland e Reissner calcularam as tensões de

descascamento e cisalhantes na camada de adesivo, resolvendo um problema plano de

tensões. Ao invés de resolver um problema geométrico não linear devido ao carregamento

excêntrico, eles resolveram um problema linear com o carregamento aplicado nos pontos

Page 44: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

29

extremos do adesivo, evitando assim um problema de solução mais complexa. Dois casos

foram considerados para isto. No primeiro caso, o adesivo foi considerado relativamente

inflexível e a região do overlap foi tratada como apenas um corpo deformado com as

mesmas propriedades do substrato. No segundo caso o adesivo foi considerado flexível e a

flexibilidade da junta devido à camada de adesivo. Neste caso, considerou-se uma dobra

cilíndrica do substrato e sua deformação devida apenas à tensão normal . Como resultado

da curvatra do substrato, uma tensão transversal normal (tensão de descascamento) será

induzida ao longo do adesivo. Este caso é aplicável à maioria das situações que utilizam

substratos metálicos, se obedecerem as seguintes condições:

(24)

(25)

Onde é o módulo de cisalhamento do substrato, o módulo de cisalhamento do

adesivo e o módulo de Young. Satisfazendo essas condições, as deformações

transversais e cisalhantes do substrato podem ser negligenciadas por serem muito menores

que as da camada de adesivo. A figura 8 mostra a distribuição de tensão de descascamento

e cisalhante ao longo do overlap de acordo com a equação de Goland e Reissner para o

segundo caso, em um substrato de alumínio e adesivo epóxi. Pode-se observar que a

distribuição de tensão de cisalhamento para este modelo é semelhante ao modelo de

Volkersen, porém apresentando maior módulo nos extremos do adesivo.

Page 45: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

30

Figura 8 – Distribuição de tensões de acordo com o modelo de Goland e Reissner

A tensão cisalhante definida pela solução de Goland e Reissner para a situação

descrita é

{

( )

((

)(

))

(

)

( )} (26)

Onde

(27)

( )

( ) √ ( ) (28)

Ten

são

(M

Pa)

Overlap (mm)

Tensão de descascamento

Tensão de cisalhamento

Page 46: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

31

√ ( )

(29)

E a expressão da tensão de descascamento é dada por:

*(

( ) ( )) (

) (

) (

( ) ( )) (

) (

)+ (30)

Onde

(31)

(32)

√ ( )

(33)

( ) ( ) ( ) ( ) (34)

( ) ( ) ( ) ( ) (35)

Page 47: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

32

( ( ) ( ) (36)

2.3.2.4. Análise de Hart-Smith

A análise de Hart-Smith se assemelha a de Goland e Reissner, levando em

consideração o efeito das grandes deflexões. Porém, considerou as deformações individuais

dos dois substratos no overlap, não negligenciando assim a espessura do adesivo.O modelo

de Hart-Smith apresenta o fator de momento da seguinte forma

(

)

( )

(37)

Onde

(38)

Oplinger apresentou uma análise mais detalhada partindo do modelo de Hart-Smith,

levando em consideração o efeito das grandes deflexões dentro e fora do adesivo e as

deformações do substrato, encontrando resultados similares para maiores espessuras de

adesivo e resultados bastante diferentes para espessuras mais finas de adesivo.

Zhao desenvolveu uma forma mais simples para o fator de momento que apresenta boa

precisão para substratos duros e espessos, que é dada por

Page 48: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

33

(39)

2.3.3. Limitações das análises clássicas

Os trabalhos desenvolvidos principalmente por Volkersen e Goland e Reissner nas

equações clássicas trouxeram um grande avanço na análise de tensões de juntas adesivadas.

Entretanto, este trabalho apresenta algumas limitações, por exemplo:

(1) Não levam em consideração as variações de tensão do adesivo na direção da

espessura do mesmo, especialmente as tensões na interface adesivo/substrato, que

são importantes na análise de falhas que ocorrem nas proximidades da interface.

(2) Os picos de tensão ocorrem nos extremos do overlap, fato que viola a condição de

ausência de tensões nesses pontos, como mostra a figura 9. Essas análises então

tendem a fornecer uma tensão muito maior que a real, sendo assim muito

conservativas.

(3) Por último, os substratos são considerados vigas esbeltas, ignorando as tensões

cisalhantes no adesivo e as deformações normais. O cisalhamento dos substratos é

particularmente importante em substratos de dúcteis, como materiais compósitos.

Page 49: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

34

Figura 9 – Limitações dos modelos clássicos para análise de tensões

2.4. Fatores que Influenciam na Resistência de Juntas Coladas

A definição da resistência de uma junta colada é ainda um tema controverso por

envolver diversos fatores difíceis de quantificar e de atribuir sua influência para cada

situação de adesivo e substrato, como a rugosidade, propriedades do adesivo e do substrato

e fatores ambientais. O cálculo da durabilidade também é um desafio no projeto de juntas

coladas.

Monteiro (1995) esquematizou os fatores que influenciam na resistência de juntas

coladas da seguinte maneira:

Características mecânicas dos substratos: Módulo de elasticidade, coeficiente de

Poisson, tensão de escoamento e tensão de ruptura;

Tensão cisalhante nula

Tensão de cisalhamento no adesivo

Análises Clássicas

(Volkersen e Goland e Reissner)

Tensão de cisalhamento no adesivo

Análise que leva em consideração a tensão

de cisalhamento nula nos extremos do

adesivo

Page 50: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

35

Geometria da junta: Forma da junta, espessura do adesivo, espessura dos substratos

e overlap;

Características mecânicas do adesivo: Módulo de elasticidade, Coeficiente de

Poisson, tensão de ruptura ao cisalhamento e tensão de ruptura à tração;

Tratamento superficial: Rugosidade das superfícies, Desengorduramento das

superfícies e Eliminação de óxidos;

Condições ambientais: Temperatura, Umidade relativa, Agentes químicos e

radiação;

Solicitações externas: Forças, Deslocamentos, Rotações e Momento.

Os principais fatores serão discutidos a seguir.

2.4.1. Características mecânicas do adesivo e do substrato e geometria da junta

A influência das características mecânicas do adesivo e do substrato e da geometria

da junta foram amplamente discutidos por diversos autores, através de modelos analíticos,

MEF (Método de Elementos Finitos) e ensaios mecânicos. Alguns dos fatores apresentados

e de maior relevância serão discutidos a seguir.

2.4.1.1. Espessura do adesivo

A espessura da camada adesiva é uma importante característica das juntas de

cisalhamento. O seu efeito é ainda mais acentuado na colagem com adesivos de alta

performance. (Monteiro, 1995)

Page 51: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

36

Analisando a fórmula de Volkersen (15) ou as fórmulas derivadas desta, podemos

observar que um aumento na espessura da camada adesiva provoca uma diminuição das

tensões máximas de cisalhamento.

Essa observação nos leva a concluir que camadas muito finas de adesivos podem

enfraquecer uma junta colada. Porém, para aumentos consideráveis da espessura da camada

adesiva ocorre uma diminuição na resistência da junta. Esse fato pode ser explicado pelo

modelo de Goland e Reissner e a introdução da tensão de descascamento nos modelos,

tensão esta gerada pelo momento proveniente da distância entre os substratos. Com o

aumento da espessura da camada adesiva, aumenta-se a tensão de descascamento. Esse

comportamento pode ser esquematizado de acordo com a Fig.10.

Figura 10 – Carga de ruptura de juntas coladas em função da espessura do adesivo

Da Silva (2009) pesquisou em seu trabalho os efeitos do material, geometria,

tratamento superficial e condições ambientais na resistência de juntas coladas. Para

Page 52: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

37

quantificar a influência de cada fator foi utilizada a matriz de Taguchi com 18 ensaios, onde

cada ensaio foi repetido três vezes. A influência da espessura na resistência das juntas de

cisalhamento em relação aos outros fatores foi de 18.9% e concluiu-se que um aumento na

camada adesiva apresentou um decréscimo na resistência ao cisalhamento. Outros autores

comoTaub et al. (2006), Pereira et al. (2009), Kim et al. (2005) e Ramazan et

al.(2007)também realizaram esses ensaios com resultados semelhantes. Estudos realizados

com MEF (Método de Elementos Finitos)por Li et al. (1999) e Ramazan et al.(2007)

também chegaram às mesmas conclusões.

2.4.1.2. Fator de forma de juntas simples

Da Silva (2010a) estudou a influência do fator de forma na resistência de juntas de

cisalhamento e de carregamento combinado, chegando a uma forma simplificada para o

cálculo da resistência de juntas a partir de uma junta de referência. Seu trabalho concluiu,

através de ensaios experimentais, que para uma mesma área colada, juntas submetidas à

carga de cisalhamento com maior overlap resistem menos que juntas com maior largura,

sendo assim preferível que a maior dimensão de uma junta colada seja aquela ortogonal à

direção da solicitação mecânica. O cálculo da tensão a partir de um referencial, é dado por

( √

√ )

(40)

Page 53: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

38

Onde , e são a largura, overlap e a força de ruptura do corpo de prova

de referência, respectivamente. , e são a largura, overlap e a força de ruptura de um

corpo de prova com outras dimensões.

2.4.1.3. Filete de acabamento

O filete de acabamento é a porção de adesivo que é comprimido para fora da área

colada nos extremos da junta, quando os substratos são unidos. O filete de acabamento está

sempre presente em uma junta colada, mas é usualmente negligenciada na análise de

tensões de juntas adesivadas. Como já é conhecido, a presença do filete de acabamento

reduz o pico de tensões e assim aumenta a resistência de uma junta. Entretanto, essa

diminuição do pico de tensão não depende apenas da presença de um filete de acabamento,

mas também de sua forma e tamanho

.

Figura 11 – Corpo de prova sem filete de acabamento

Page 54: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

39

Lang et al. (1998) estudou o efeito de diferentes geometrias e tamanhos de filetes de

acabamento através de MEF, comparando suas tensões máximas com as tensões máximas

de uma junta sem o filete de acabamento (figura 11). Os tipos de filetes estudados foram:

Figura 12 – Tipos de filetes de acabamento

Page 55: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

40

O percentual de redução entre as tensões máximas nas juntas adesivadas, obtidos

por Lang et al. (1998) para cada tipo de filete, quando comparadas com a junta sem filete

de acabamento(tabela 4) mostram uma forte redução nas tensões máximas cisalhantes

( ), tensões ao longo do adesivo ( ) e principalmente nas tensões de

descascamento( ), com a utilização de filetes.

Geometria do filete

de acabamento (%) (%) (%)

Meio triangular(b) 45 71 28

Inteiro triangular(c) 50 73 31

Meio Redondo (d) 29 33 15

Inteiro Redondo (e) 37 42 20

Inteiro Redondo com

Filete (f) 54 82 36

Oval (g) 49 65 32

Quadrado (a) 37 40 19

Arco (h) 60 87 35

Tabela 4 – Redução de tensão percentual para diferentes filetes de acabamento

2.4.2. Tratamento superficial

A aplicação de diferentes tratamentos superficiais, como jateamento, lixamento,

ranhuras e tratamentos químicos são considerados por alguns autores como fatores

principais na obtenção de juntas adesivadas resistentes. Entretanto, o tema ainda é

controverso e a influência de diferentes tratamentos superficiais na resistência das juntas

Page 56: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

41

tem sido amplamente estudada, não havendo ainda um parâmetro de melhor tratamento

para o alcance de uma maior resistência, mas sim melhores tratamentos para situações

específicas de adesivo e substrato.

Da Silva et al. (2009) estudou a influência de tratamentos químicos e mecânicos na

resistência de juntas com diferentes adesivos através de ensaios experimentais, concluindo

que seus efeitos foram desprezíveis.Já Pereira (2009) realizou ensaios de tração com

adesivos epóxi e diferentes tratamentos superficiais do substrato, concluindo que a

resistência ao cisalhamento dos corpos de prova aumentou com a diminuição da rugosidade

superficial.

Da Silva et al. (2010b) verificou a influência de ranhuras como preparação de

superfícies coladas. Os resultadosobtidos, mostrados na figura 13, mostram uma grande

influência da inclusão de ranhuras na superfície colada, e principalmente da forma de

distribuição das ranhuras.

Figura 13 – Carga de ruptura em função do tipo de ranhura no substrato

Fo

rça

Méd

ia (

N)

Page 57: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

42

2.4.3. Condições ambientais

2.4.3.1. Temperatura

A temperatura de trabalho também é um importante fator no calcula da resistência

de juntas adesivadas. Porém, cálculo da resistência de juntas submetidas a diferentes

temperaturas ainda é difícil, principalmente pela dificuldade em encontrar soluções para a

diversidade de adesivos, substratos e tipos de carregamento existentes.

Figura 14 –Curva de tração de aços dúcteis (a) e frágeis (b) submetidos à temperatura

Da Silva (2007) realizou ensaios mecânicos (figura 14) com adesivos dúcteis (a) e

frágeis (b), encontrando grande variação no comportamento de cada um, para as diferentes

temperaturas testadas.

Ten

são

de

cisa

lham

ento

(M

Pa

) T

ensã

o d

e ci

salh

am

ento

(M

Pa

)

(a)

(b)

Page 58: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

43

2.4.3.2. Umidade

Taub et al. (2006) estudou os efeitos da umidade em juntas coladas com adesivo

epóxi, através de envelhecimento das amostras em meios com umidade controlada,

encontrando perdas relativamente baixas de resistência de 15% com umidade relativa de

85% a temperatura de 63°C.

Entretanto, Monteiro (1995) enfatizou a forte influência da umidade na perda de

resistência de juntas coladas. Kalnins (1997) realizou ensaios com diferentes tratamentos

superficiais, mostrando acentuadas perdas de adesão com o aumento da umidade.

Page 59: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

44

Capítulo 3

Materiais e Método

As juntas de cisalhamento foram confeccionadas com adesivo ARC 858, que é um

adesivo epóxi combinado com partículas de cerâmica em sua composição. A geometria dos

corpos de prova foi definida de acordo com a ASTM 1002D ―Standart Test Method for

Apparent Shear Strength of SLJ Adhesively Bonded Metal Specimens by Tension

Loading‖ e suas recomendações de procedimentos para fabricação.

Page 60: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

45

3.1 Geometria do Corpo de Prova

Figura 15 – Geometria dos corpos de prova

As dimensões do overlapL e da Largura W utilizados para a junta padrão foram de

12.5mm e 25mm, respectivamente. A geometria dos corpos de prova é mostrada na figura

15. A espessura da camada adesiva utilizada foi de 0,4mm. O filete de acabamento

utilizado foi o filete de arco com um raio de aproximadamente 0,2mm.

Incrementos de 50% na largura e 50% no overlap das juntas, de acordo com a junta

padrão (ASTM), foram realizados para verificar a influência do fator de forma com a

variação da temperatura, como mostra a figura 16.

Substrato

Adesivo Calço de

alinhamento

Área na

garra da

máquina

de ensaio

Page 61: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

46

Figura 16 – Grupos de geometria estudados

3.2. Propriedades dos Materiais

O metal utilizado como substrato para a confecção dos corpos de prova foi o aço

1020. A tabela 5 mostra as propriedades desse aço, sendo assim um substrato considerado

dúctil (Bringas, 2002).

Propriedades do aço 1020

tensão de escoamento 193 MPa

tensão de ruptura 331 MPa

alongamento 30%

Tabela 5 – Propriedades do substrato

Page 62: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

47

Figura 16 – Matriz e endurecedor do adesivo ARC 858

O adesivo utilizado foi o ARC 858 (figura 16), que é um adesivo epóxi com

partículas de cerâmica, altamente resistente ao desgaste e à corrosão. A matriz (a) deve ser

misturada com o endurecedor (b) na proporção de 4:1, de acordo com o manual do

fabricante. As propriedades do adesivo após a cura se encontram na tabela a seguir (tabela

6).

Page 63: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

48

Dados técnicos

Densidade após cura -------------------- 1,6g/cc

Resistência à

compressão

ASTM D 695 910 kg/cm²

Resistência à flexão ASTM D 790 620 kg/cm²

Módulo de flexão ASTM D 790 6,9 x kg/cm²

Resistência à tração ASTM D 638 211 kg/cm²

Resistência adesiva ao

cisalhamento

ASTM D 1002 150 kg/cm²

Dureza Rockwell ASTM D 785 R105

Dureza Shore D ASTM D 2240 88

Abrasão TaberH-

18/250 gram/1000 ciclos

ASTM D 4060 71 mg de perda de peso

Temperatura máxima Umidade 100% 70°C

(Dependente do tipo de

serviço)

Umidade 0% 160°C

Tabela 6 – Propriedades do adesivo ARC 858

3.3. Confecção dos Corpos de Prova

Figura 17 – Jateamento dos substratos

Page 64: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

49

As juntas de cisalhamento foram confeccionadas em ambiente de laboratório. Antes

de realizar a colagem dos materiais, a superfície dos substratos foi jateada(figura 17) com

granalhas de aço G25 a uma pressão de 9 bar, em uma máquina de jateamento modelo PP-

80. Cada corpo de prova foi jateado a um ângulo de 45° durante 30 segundos, e limpo com

acetona para retirar resíduos metálicos e gorduras.

Figura 18 – Gabarito para alinhamento dos corpos de prova

Para assegurar um correto alinhamento dos corpos de prova foi utilizado um

gabarito de aço carbono (figura 18), com furações para pinos de acordo com as medidas do

corpo de prova padrão. Packings de 2mm foram usados para garantir a espessura do

adesivo de 0.4mm.

Page 65: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

50

10°C 16°C 25°C 32°C 43°

Sem carga 5h 3h 2h 1h 0,5h

Carga leve 9h 7h 3,5h 2,5h 1,5h

Carga máxima 48h 36h 20h 16h 12h

Propriedades

químicas

máximas

96h 72h 36h 30h 24h

Tabela 7 – Tempo de cura do adesivo ARC 858

Após a colagem dos substratos com o adesivo ARC 858, a cura dos adesivos foi

realizada a temperatura ambiente por um tempo de no mínimo 36 horas, para que atingisse

suas propriedades máximas (tabela 7), de acordo com o manual do fabricante.

3.4 Ensaios Experimentais

Os ensaios de tração foram realizados em uma câmara termostatica TCLC-382P

acoplada a uma máquina de ensaios universal modelo Shimadzu(figura 19) AGX-100 com

uma velocidade de 1.3mm/min.

Page 66: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

51

Figura 19 – Câmara termostatica acoplada à máquina de ensaios universal

As temperatura ensaiadas foram de 21°C, 30°C, 40°C,50°C,60°C e 70°C. O

aquecimento dos corpos de prova foi realizado na câmara termostática. Após atingir a

temperatura especificada para cada corpo de prova, foi realizada a manutenção da

temperatura por mais quatro minutos, para equalização da temperatura no corpo de prova.

Os ensaios forma realizados com cinco corpos de prova por grupo, de acordo com a

recomendação da norma. Cada grupo representa uma situação de trabalho onde a

combinação da geometria, para overlaps de 12.5mm e 18.75mm e para a largura da área

adesivada, com dimensões de 25mm e 37,5mm, com as temperaturas já mencionadas de

21°C, 30°C, 40°C,50°C,60°C e 70°C, gerando assim um total de 3 grupos, sendo o grupo 1

Page 67: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

52

a junta padrão, o grupo 2 a junta com um incremento de 50% no overlap, e o grupo 3, a

junta com incremento de 50% na largura, em relação à junta padrão, 18 subgrupos e 90

corpos de prova.

Regiões não coladas, defeitos pontuais ou mesmo escorregamento das garras

durante o ensaio mecânico são eventos que conduzem a valores de resultados que não

representam o estado real de resistência da junta colada sob estudo. Estes resultados devem

ser, desta forma, excluídos durante o processamento dos dados. Da Silva (2010a)

Dessa forma, foram excluídos os resultados que diferiram significativamente

daquele previsto na literatura vigente. A Figura 20 mostra a situação de ensaio esperado e

uma situação de resultado não considerado.

Figura 20 – Ensaios esperados (a) e ensaios não considerados (b)

Page 68: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

53

Capítulo 5

Resultados e Discussão

A tabela 8 apresenta os resultados referentes à força de ruptura para os 18 grupos

analisados neste trabalho, a força de ruptura e o desvio padrão.

Temperatura

(°C)

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3

Média (kN) Desvio (%) Média (kN) Desvio (%) Média (kN) Desvio (%)

21 2,09 ± 0,10 4,96 3,58± 0,17 4,94 4,05 ± 0,31 7,77

30 1,58 ± 0,23 14,84 3,18± 0,35 10,83 4,06 ± 0,52 12,93

40 0,75 ± 0,12 15,69 2,1± 0,14 6,83 3,45 ± 0,34 9,88

50 0,51 ± 0,13 24,85 1,21± 0,16 12,99 3,55 ± 0,59 16,58

60 0,37 ± 0,05 14,11 0,93 ± 0,12 13,42 3,02 ± 0,18 6,24

70 0,24 ± 0,03 11,81 0,6 ± 0,07 11,23 2,14 ± 0,30 14,42

Tabela 8 – Força de ruptura e desvio padrão para cada subgrupo ensaiado

Page 69: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

54

As falhas encontradas foram predominantemente adesivas em um mesmo substrato.

Em alguns casos, houve falha adesiva com transição entre os substratos. Nesses casos,

foram observadas as maiores forças de ruptura. Como era esperado a medida que a

temperatura de ensaio foi aumentada a força de ruptura diminuiu.

Nas juntas ASTM (Grupo 1) ensaiadas a 30ºC um decréscimo de 24,5% na força de

ruptura foi observado. Para as temperaturas de 40ºC, 50Cº, 60Cº e 70ºC foram observadas

reduções de 65,1%, 75,6%, 82,3% e 88,5%, respectivamente, em relação à junta ASTM à

temperaturade 21ºC. A principal perdade carga de ruptura encontrada, para a junta padrão,

foi entre as temperaturas de 30ºC e 40ºC, com uma perda de 52,5%.

Nas juntas com incremento de 50% no overlap (Grupo 2), foi observado um padrão

de redução semelhante ao grupo 1. Para as temperaturas de 30ºC, 40ºC, 50Cº, 60Cº e 70ºC

foram observadas reduções de 11,1%, 41,3%, 66,2%, 74,0% e 83,2%, respectivamente, em

relação à junta do grupo 2 à temperatura de 21ºC. A principal perda de carga encontrada

para o grupo 2 foi entre as temperaturas de 40ºC e 50ºC, com uma perda de 42,3%.

Nas juntas com incremento de 50% na largura da área colada (Grupo 3), foi

observado um padrão diferente dos anteriores. O grupo 3 apresentou uma perda menor de

resistência com o aumento da temperatura, com uma curva mais plana que as dos grupos 1

e 2. Para as temperaturas de 30ºC, 40ºC, 50Cº, 60Cº e 70ºC foram observadas reduções de

0,2%, 14,8%, 12,3%, 25,4% e 47,1%, respectivamente, em relação à junta do grupo 3 à

temperatura de 21ºC. A principal perda de carga encontrada para o grupo 3 foi entre as

temperaturas de 30ºC e 40ºC, com uma perda de 15,0%.

Page 70: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

55

A figura 21 apresenta o gráfico de comparação da força de ruptura vs. temperatura

para todas as juntas de cisalhamento testadas, além dos valores esperados para a carga de

ruptura de acordo com o modelo do fator de forma (equação 40).

Figura 21 – Força de ruptura em função da temperatura e valor esperado para a

força de ruptura de acordo com o cálculo pelo fator de forma (F*)

A tabela 9 mostra uma comparação entre as cargas de ruptura obtidas e as cargas

esperadas de acordo com a equação 40 da seção 2.4.1.2 para o fator de forma da junta. A

comparação foi realizada sempre em relação ao grupo 1, para as respectivas temperaturas

dos grupos 2 e 3, que tiveram alteração de geometria.

0.00

0.50

1.00

1.50

2.00

2.50

3.00

3.50

4.00

4.50

5.00

20 30 40 50 60 70

Forç

a (

kN)

Temperatura (°C)

Grupo 1

Grupo 2

Grupo 3

F* em relação ao Grupo 2

F* em relação ao Grupo 3

Page 71: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

56

Grupo 2 Grupo 3

Temperatura

(°C)

(kN)

(kN)

Diferença

(%)

(kN)

(kN)

Diferença

(%)

21 2.56 3.58 28,4 3.14 4.05 22,5

30 1.94 3.18 39,1 2.37 4.06 41,6

40 0.92 2.10 56,2 1.13 3.45 67,3

50 0.62 1.21 48,3 0.77 3.55 78,4

60 0.45 0.93 51,2 0.56 3.02 81,6

70 0.29 0.60 51,0 0.36 2.14 83,1

representa a força de ruptura de acordo com o modelo e a força de ruptura dos ensaios

experimentais.

Tabela 9 – Comparação entre a carga de ruptura calculada pelo fator de forma e a

carga de ruptura real

Pode-se observar, de acordo com a figura 21 e a tabela 9, um afastamento com o

aumento da temperatura entre os valores da carga de ruptura de acordo com o fator de

forma e os encontrados nos ensaios. A maior diferença encontrada entre essas cargas para o

grupo 2, foi entre 30°C e 40°C, com um aumento no erro de 43,7%. Para o grupo 3, o maior

aumento no erro foi entre as temperaturas de 20°C e 30°C. O grupo 2 apresentou erro

médio de 45,7% e o grupo 3 62,4%, mostrando uma maior proximidade do grupo 2 para as

diferentes temperaturas em relação ao modelo para cálculo de forças de ruptura a partir do

fator de forma e de uma carga de referência.

Page 72: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

57

Capítulo 6

Conclusão

A partir dos ensaios realizados e seus resultados, é possível chegar a algumas

conclusões quanto ao efeito da temperatura em juntas coladas submetidas a esforço

cisalhante e a aplicação do modelo de cálculo da força de ruptura, a partir do fator de forma

e da resistência de uma junta de referência, em diferentes condições de temperatura.

Como esperado, com o aumento da temperatura, a resistência das juntas diminuiu

para os 3 grupos de geometrias estudados. Os grupos 1 e 2, referentes à junta ASTM e à

junta com aumento de 50% no overlap da área colada, apresentaram perda de resistência

acentuada a partir de 30°C, e a perda de resistência tendeu a se estabilizar após 50°C. Para

as juntas do grupo 3, referentes ao aumento de 50% na largura da área colada, foi observada

uma curva de perda de resistência mais plana, com perdas de resistência mais acentuadas a

partir de 50°C.

Page 73: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

58

A temperatura aumentou os erros dos resultados esperados, de acordo com a

equação para cálculo da resistência a partir do fator de forma e de uma tensão de referência,

em relação aos resultados experimentais. O aumento na largura da área colada (grupo 3)

gerou diferenças entre esses resultados maiores que as apresentadas pelo grupo 2, referente

às juntas com aumento no overlap.

O adesivo ARC 858 não deve ser utilizado, de forma geral, para temperaturas de

trabalho iguais ou superiores a 40°C, pois após essa faixa de temperaturas as perdas de

resistência são superiores a 50%.

O fator de forma mostrou influência também no efeito da temperatura em juntas

coladas. As juntas com maior largura apresentaram menor perda de resistência que as juntas

com maior overlap, para uma mesma área, sendo assim, preferível, juntas com maiores

larguras que juntas com maior overlap, para trabalhos com maiores temperaturas.

A utilização da equação para cálculo da resistência a partir do fator de forma e de

uma tensão de referência para diferentes temperaturas então não é aconselhável, tendo em

vista o aumento dos erros em função da temperatura para os 3 grupos estudados.

Page 74: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

59

Capítulo 7

Sugestões para Trabalhos Futuros

Para trabalhos futuros, são sugeridos os seguintes temas:

Efeito da temperatura na resistência de juntas de cisalhamento para diferentes

espessuras de adesivo;

Efeito da temperatura na resistência de juntas de cisalhamento para diferentes tipos

de adesivo;

Efeito da umidade na resistência de juntas de cisalhamento; e

Efeito da temperatura na resistência de juntas de cisalhamento, para uma maior

variedade de geometrias.

Page 75: Efeito da Temperatura e da Geometria na Resistência de Juntas

60

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