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Egiptologia em Portugal

Autor(es): Araújo, Luís Manuel

Publicado por: Instituto Oriental da Universidade de Lisboa

URLpersistente: URI:http://hdl.handle.net/10316.2/24197

Accessed : 13-Jun-2020 21:34:10

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EGIPTOLOGIA EM PORTUGAL

Por LUÍS MANUEL DE ARAÚJOProfessor da Faculdade de Letras

da Universidade de Lisboa (Instituto Oriental)

O nascimento da Egiptologia em Portugal (ou pelo menos da egiptomania) data da época da expansão portuguesa para o Oriente, nos séculos XVI e XVII. Em 1522, após uma difícil viagem iniciada em Goa, António Tenreiro chegou ao Cairo, onde observou múmias e viu as pirâmides, publicando mais tarde um relatório sobre 0 longo périplo feito onde refere a sua curta jornada nilótica (1550). Deve também ser mencionado o texto do franciscano Frei Gaspar de São Bernardino, que aproveitou a sua viagem terrestre da índia para Lisboa pela Mesopotâmia, em 1606, para evocar os faraós e as pirâ- mides, sem no entanto ter estado no Egipto.

Mais conhecido é o escritor Eça de Queirós que visitou o Egipto a fim participar na inauguração do Canal de Suez (1869) e redigiu umas notas de viagem publicadas apenas 26 anos depois da sua morte. O jovem viajante visitou as célebres pirâmides de Guiza, a vasta necrópole de Sakara, Heliópolis e o sítio da antiga Mênfis, tendo deixado ainda no seu texto referências a diversos locais histó- ricos do Egipto faraónico onde não esteve, mas acerca dos quais se documentou na bibliografia a que então teve acesso. A verdade é que Eça de Queirós ficou apaixonado pelo Egipto, e tal impressão dura- doura ficou patenteada em várias das suas obras.

Os antecedentes remotos da egiptologia de timbre académico podem ser achados no trabalho de António Enes (que viria a ser comissário régio em Moçambique, em finais do século XIX), o qual

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1 - Obelisco da Praça dos Restauradores, Lisboa (1886)

defendeu uma tese no Curso Superior de Letras, em 1868, intitulada A Philosophia Religiosa do Egypto. A civilização egípcia era pois abor- dada (desconhecendo-se embora o grau da sua acuidade) naquela instituição que foi antecessora da Faculdade de Letras da Uni- versidade de Lisboa. Nas Conferências do Casino (1871), onde Eça e outros vultos do nascente realismo participaram, Adolfo Coelho fez uma intervenção sobre «A Questão do Ensino», dizendo, como ilus- tração de uma pedagogia anacrónica, que um certo professor tinha aberto no Curso Superior de Letras um curso sobre o antigo Egipto sem no entanto nunca ter visitado o Egipto e sem ter estudado a escrita hieroglífica.

Em finais do século XIX e princípios do século XX o interesse pelas imagens de inspiração egípcia ou, ao menos, pelas formas egipcizantes foi ganhando mais admiradores e cultores. Um exemplo desse interesse pode ser patenteado com a opção tomada em 1877

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pela forma dada ao monumento que pretendia comemorar a restau- ração da independência nacional: 0 obelisco que desde 1886 se ergue na lisboeta Praça dos Restauradores. Mas já antes, em meados do século XIX, um obelisco foi erguido no Passeio Público (antepas- sado da Avenida da Liberdade), logo seguido por um outro inaugurado no Buçaco em 1875 para celebrar a vitória ali obtida sobre as tropas napoleónicas (1810).

Em finais do século XIX o Museu de Guiza, antecessor do actual Museu Egípcio do Cairo, ofereceu à Sociedade de Geografia de Lisboa cerca de uma centena de antiguidades egípcias descobertas no «segundo esconderijo» de Deir el-Bahari, em Tebas Ocidental, uma generosa doação de que beneficiaram várias instituições euro- peias e dos Estados Unidos. O interessante acervo egiptológico espe- raria no entanto quase um século para ser estudado e publicado. Data porém do século XVIII a entrada de um sarcófago egípcio, e a res- pectiva múmia, em Portugal, que esteve no palácio do marquês de Angeja para depois ser vendido em 1840 ao 2S duque de Palmeia, D. Domingos de Sousa Holstein Beck, que na altura reunia uma colec- ção egípcia de vulto, actividade que foi prosseguida pela ilustre família Palmeia até meados do século XX.

Os antecedentes no século XX

O século XX abriu com uma interessante novidade, a edição por- tuguesa de uma obra clássica de Georg Ebers (apresentado como Jorge Ebers), pela Companhia Nacional Editora: O Egipto, Lisboa, 1901. A tradução esteve a cargo de Oliveira Martins, a quem Eça de Queirós enviara de Paris uma fotografia da múmia de Ramsés II (des- coberta com outros corpos de ilustres faraós num túmulo colectivo de Deir el-Bahari em 1871), e as ilustrações foram feitas pelo pintor Casanova, «mestre de Sua Majestade», que integrara a comitiva da rainha D. Amélia durante uma viagem ao Egipto em 1903.

De facto, a rainha D. Amélia, esposa de D. Carlos, visitou o Egipto acompanhada pelos seus dois filhos (D. Luís Filipe e D. Manuel, futuro rei de Portugal) e por uma pequena comitiva, e lá obteve perto de duzentas antiguidades, aparentemente oferecidas pelo quediva Abbas II Hilmi, embora a rainha possa ter também adquirido alguns objectos por iniciativa própria. Esses objectos, depois confis- cados com a implantação da República em 1910, encontram-se hoje no Museu Nacional de Arqueologia depois de terem estado no Museu Nacional de Arte Antiga e nos palácios da Ajuda e das Necessidades.

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O eminente arqueólogo José Leite de Vasconcelos, fundador e primeiro director do Museu Nacional de Arqueologia, obteve cerca de oitenta peças em Alexandria, no Cairo e em Lucsor, aproveitando a sua participação num congresso de Arqueologia organizado no Egipto em 1909. A família dos duques de Palmeia, famosa em Portugal pelo amor à arte e pelo seu mecenato cultural, foi adquirindo ao longo de vários anos algumas antiguidades egípcias, que foram mais tarde doadas ao Museu Nacional de Arqueologia.

Um antecedente deveras aliciante marcou a segunda metade do século XX: a boa reconstituição do túmulo da rainha Nefertari feita na Fundação Calouste Gulbenkian em 1979, e que também esteve no Porto, sempre com uma considerável afluência de público. A iniciativa foi acompanhada por uma conferência sobre Ramsés II, a cargo da egiptóloga francesa Christiane Desroches-Noblecourt, que regressaria em 1990 para um novo ciclo de conferências que despertou gene- ralizado interesse.

Um facto marcante para os estudos egiptológicos foi a assinatura do acordo cultural luso-egípcio em Maio de 1983, que previa a con- cessão de bolsas de estudo pelo Governo egípcio a licenciados portu- gueses que desejassem prosseguir estudos de pós-graduação no Egipto. No ano lectivo de 1984-1985 concretizou-se o projecto, com a partida de quatro bolseiros portugueses para o Cairo, dois deles para trabalhos de investigação na área da Egiptologia, tendo apenas um deles concluído o estágio, no meio de muitas dificuldades a que por vezes não faltou algum dramatismo. Para superar várias situações penosas valeu o inexcedível apoio da embaixada de Portugal no Cairo, sendo na altura embaixador o Dr. José de Mattos-Parreira, beneficiando os bolseiros de substancial auxílio, quer institucional quer particular, de todos os funcionários da embaixada.

Atendendo às grandes dificuldades sentidas pelo primeiro grupo de bolseiros no Cairo a experiência jamais se voltou a repetir. Deixa- ram de ir estudantes portugueses para o Egipto continuando no entanto alguns bolseiros egípcios a frequentar as universidades portu- guesas com notórias vantagens a nível de instalação e de aquisição de conhecimentos. Mas enfim, goradas as iniciais intenções de um frutuoso intercâmbio cultural com mútuas vantagens, ficou a semente para que um dos estudantes portugueses na Universidade do Cairo pudesse desenvolver a sua actividade em Portugal tanto a nível académico como a nível museológico.

Foi também ao abrigo do acordo cultural que em meados de1983 vieram ao nosso país dois especialistas do Museu Egípcio do Cairo, para analisar as múmias egípcias que cá existem: observaram

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os venerandos despojos humanos guardados no Museu Nacional de Arqueologia e a maltratada múmia que jaz num desconjuntado sar- cófago na Associação Portuguesa de Arqueólogos, mas da sua pre- sença não ficou qualquer relatório do trabalho efectuado. Partiram certamente mais bronzeados e agradecidos pelo simpático e cordial acolhimento que tiveram, mas de tal iniciativa não resultou, que se saiba, qualquer útil e palpável conclusão.

A nível de antecedentes nos estudos egiptológicos deverá ser mencionado o curso livre de Egípcio dado por Valdez dos Santos na Universidade do Porto, no ano lectivo de 1958-1959. Dessa actividade resultaria a publicação, em 1961, de uma brochura intitulada Intro- dução ao Camito-Semítico. Notas sobre as escritas hieroglífica e cuneiforme, numa edição do Centro de Estudos Humanísticos, anexo à Universidade do Porto. Este activo e empenhado esforço de divul- gação não teve porém continuidade, e só passados trinta anos é que podemos falar de actividades divulgadoras em conferências, colóquios ou em acções de formação para professores do ensino básico e do ensino secundário de que são exemplo as que têm sido conduzidas pelo Dr. José das Candeias Sales, da Universidade Aberta, com o apoio da Associação de Professores de História.

Mas a séria e esforçada divulgação da temática ligada ao antigo Egipto foi sempre acompanhada por situações anómalas que se detectam em publicações diversas e mesmo em conferências, como a que foi feita em Fevereiro de 1991 por Paulo Guilherme de Eça Leal na Missão de Macau em Lisboa, dedicada ao «Dilúvio de Quéops», no seguimento de outra feita na Fundação Calouste Gulbenkian (?!) numa organização do Acarte, e onde se pretendia divulgar «novas e importantes descobertas sobre a grande pirâmide». O mesmo orador voltou a insistir no tresloucado tema na Sociedade de Geografia de Lisboa, metido um tanto à força na secção de Ordenamento do Terri- tório, e depois até foi à televisão...

Mas onde menos se espera também surgem manifestações de uma persistente visão esotérica da ciência egiptológica: um estudo da colecção egípcia do Museu Nacional de Arqueologia esboçado em1984 por uma arqueóloga continha estranhas interpretações das peças do acervo e sobre as suas origens, e nas V Jornadas Arqueo- lógicas levadas a efeito pela Associação dos Arqueólogos Portugue- ses em Maio de 1993 duas damas arqueólogas insistiram, durante o debate que se seguiu à apresentação de uma comunicação sobre um sarcófago e a respectiva múmia (acima referidos), em interpretações abusivas e de timbre esoterizante.

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Egiptologia universitária

Pode dizer-se que a Egiptologia como disciplina académica, inte- grada nos estudos de Historia e Cultura Pré-Clássica, nasceu em 1986, com a fundação do Instituto Oriental da Universidade de Lisboa (Faculdade de Letras), sob a direcção do Professor Doutor José Nunes Carreira, tendo recebido definitivamente as suas instalações em 1990.

O primeiro Instituto Oriental que funcionou na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (criada em 1978), estava vocacionado para estudos de orientalismo, com especial ênfase nos estudos árabes e islâmicos, alcançando também as culturas do Extremo Oriente. O seu director foi o Professor Doutor António Dias Farinha, que exerceu o cargo desde a sua fundação em 1979 até 1988. Nessa altura existia o Instituto de História Antiga e Judaica, dirigido pelo Professor Doutor António Augusto Tavares, que a partir de então se veio a juntar ao Instituto Oriental num único organismo, tal como hoje ainda existe.

A Faculdade de Letras de Lisboa beneficiou da colaboração do egiptólogo Josep Padró, professor da Universidade de Barcelona, e a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas contou com a dignificante presença de Pascal Vernus, reputado professor na École des Hautes Études (Paris). Os dois egiptólogos participaram nos cursos de mes- trado promovidos pelas respectivas Faculdades, fizeram várias confe- rências e orientaram teses de temática egiptológica.

Na Faculdade de Letras de Lisboa, no curso de mestrado em História e Cultura Pré-Clássica, contam-se já quatro teses apresen- tadas neste âmbito:

- Cidália Medeiros: «A ideia de História na arte egípcia».- Maria João de Sousa Machado: «Reflexos divinos no compor-

tamento humano: Análise da fertilidade no Egipto».- Maria João Seguro: «A afirmação do faraonato no Império Mé-

dio: a arte e a literatura».- Rogério Ferreira de Sousa: «O coração e o homem no antigo

Egipto: contributos para a compreensão de uma psicologia antiga».

Note-se que estas quatro teses versando sobre o antigo Egipto se integram num total de nove teses já apresentadas com sucesso no mestrado em História e Cultura Pré-Clássica (a que se juntam mais três já oficialmente entregues e a aguardar marcação de data para a

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sua defesa). Quanto à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas foram apresentadas duas teses de temática egípcia:

- José das Candeias Sales: «A ideologia real acádica e egíp- cia».

- Elsa Cristina Rego: «Mesas de oferenda do Império Médio».

Para além dos estudos mais avançados a nível de mestrado, onde o antigo Egipto é estudado com mais profundidade (mas que de modo algum pode conferir o grau de «mestre em Egiptologia»), é nos cursos de licenciatura em História que o Egipto surge contemplado numa cadeira do 1.s ano de temática pré-clássica cuja designação varia de escola para escola: assim ocorre na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e na Faculdade de Ciências Sociais e Huma- nas da Universidade Nova de Lisboa, Universidade Aberta, Univer- sidade Autónoma, Universidade Lusíada e Faculdade de Letras do Porto, a que se juntam as escolas onde a civilização egípcia é, por uma questão de programação, tratada de forma mais concisa, como na Universidade de Coimbra, na Universidade de Évora e na Univer- sidade Portucalense, no Porto.

Mas o antigo Egipto é igualmente abordado noutras disciplinas, como, para citar apenas exemplos dos últimos três anos na Faculdade de Letras de Lisboa, a História da Arte das Civilizações Pré-Clássicas (cadeira obrigatória da variante de História de Arte), Introdução à Egiptologia e Literatura Sapiencial Egípcia (cadeiras opcionais sempre com um significativo número de alunos inscritos). Assinale-se a pro- pósito o vivo interesse que despertou o curso livre de Iniciação à Escrita Hieroglífica oferecido pelo Instituto Oriental da Faculdade de Letras de Lisboa no ano lectivo de 1989-1990 (com 118 pessoas inicialmente inscritas) e que depois em anos alternados funcionou, até 1994, como curso livre de Língua e Cultura do Antigo Egipto (Projecto que se pensa continuar).

Publicam-se as revistas Hathor. Estudos de Egiptologia (desde 1989, com quatro números editados), cuja redacção foi recentemente remodelada com a inclusão de alunos que ainda frequentam o mes- trado da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, e Cadmo, revista do Instituto Oriental da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (desde 1991, e já com nove números saídos, três dos quais duplos), a qual sempre incluiu, entre outros, artigos sobre o antigo Egipto. Também as revistas Clio, do Centro de História da Univer- sidade de Lisboa, e Discursos, do Centro de Estudos Históricos Inter- disciplinares da Universidade Aberta, entre outras, têm publicado arti-

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gos de temática egiptológica, embora em geral os seus leitores se circunscrevam aos meios académicos. Sublinhe-se ainda que todas elas inserem amiúde recensões críticas sobre obras dedicadas ao antigo Egipto.

É também graças à dinamização de docentes universitários que se têm efectivado em Portugal exposições e conferências de temática egiptológica, por vezes com a presença de especialistas estrangeiros: logo em Fevereiro de 1990, para assinalar condignamente a instala- ção do Instituto Oriental da Faculdade de Letras de Lisboa, foi orga- nizado um ciclo de conferências com os docentes do próprio Instituto e com a participação do egiptólogo Josep Padró, o qual voltou nos anos seguintes a intervir por mais três vezes em sessões às quais não faltou um interessado público.

2 - Abertura do Instituto Oriental da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa 1990

A Faculdade de Ciências Sociais e Humanas levou a efeito durante duas semanas, em Março de 1998, um curso livre de Introdu- ção à Arqueologia Egípcia, com a Dr.a Ana Tavares, do University College de Londres, um exemplo de outros estudantes portugueses que no estrangeiro (sobretudo Londres, Paris e Barcelona) procuraram continuar os seus estudos mais avançados de Egiptologia que em Portugal não poderiam fazer de forma tão especializada. Foi ainda na

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mesma Faculdade que teve lugar, em Maio de 1999, 0 colóquio sobre «Mythologias: Os usos da linguagem na Antiguidade», no qual parti- ciparam os egiptólogos Pascal Vernus e Maria Helena Trindade Lopes.

Os exemplos acima mencionados procuram ilustrar outras inicia- tivas que nos anos mais recentes têm sido efectivadas no nosso país- assim aconteceu com conferências onde o antigo Egipto foi tema (ou então um dos temas abordados em reuniões de âmbito mais alar- gado da área de estudos pré-clássicos), organizadas pela Universi- dade Portucalense, Universidade Autónoma, Universidade Aberta e Faculdade de Letras do Porto.

Registe-se, enfim, que a esmagadora maioria dos livros e artigos que abordam total ou parcialmente o antigo Egipto se fica a dever ao labor de docentes universitários da área da Antiguidade Pré-Clássica (veja-se em anexo a lista dos trabalhos de autores portugueses sobre temática egiptológica publicados no último decénio do século XX).

Egiptologia museológica e coleccionismo

Existe também uma Egiptologia museológica em Portugal, que conta actualmente com mais de mil objectos evocativos do antigo Egipto, conservados em algumas colecções públicas e privadas, umas visitáveis e outras não.

É sem dúvida em Lisboa que se encontram as mais significativas e mais atraentes colecções egípcias de Portugal, nomeadamente a colecção do Museu Calouste Gulbenkian, bem conhecida do ponto de vista internacional e mencionada por John Baines e Jaromír Málek no Atlas of Ancient Egypt (Oxford, 1981), a colecção da Sociedade de Geografia de Lisboa, que consiste num fragmento de uma estátua do Império Antigo, 88 estatuetas funerárias (chauabtis), cinco sarcófagos e três coberturas internas de múmia, todas da XXI dinastia (encontra- das no «segundo esconderijo» de Deir el-Bahari e doadas pelo Go- verno egípcio em 1893), e a do Museu Nacional de Arqueologia, a maior de todas, com cerca de 560 objectos egípcios (do período pré- -histórico até ao Egipto Copta), dos quais 309 fazem parte, desde 1993, de uma exposição permanente, e que estão publicados no catá- logo do Museu. Espera-se em breve poder editar o segundo volume do catálogo, previsto desde o início do projecto, mas que dificuldades de ordem económica fizeram adiar. Ele conterá as peças que se guar- dam nas reservas do Museu. Deve-se também mencionar, integrada nas actividades da egiptologia museológica em Portugal, a participa- ção do Museu Nacional de Arqueologia no Projecto Champollion,

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financiado pela Comissão Europeia, sob a direcção de Dirk van der Pias (Universidade de Utrecht, CCER), dando a conhecer de uma forma mais ampla à comunidade científica um acervo egípcio que era praticamente desconhecido. E também é justo salientar que o próprio Museu Nacional de Arqueologia tem fomentado a organização de conferências de temática egiptológica, o que já ocorreu com a pre- sença do autor deste artigo (sobre as pirâmides do Império Antigo), de Alain Zivie, em Junho de 1994 (sobre as escavações no Bubas- teion de Sakara, onde também participou Ana Tavares) de Svetlana Hodjach, em Março de 1998 (sobre a colecção egípcia do Museu Puchkin de Moscovo) e, mais recentemente, de Antonio Loprieno, em Novembro de 2000 (acerca da concepção egípcia de história).

Na cidade do Porto encontram-se colecções egípcias no Museu de História Natural da Faculdade de Ciências do Porto e no Museu Nacional Soares dos Reis. A colecção da Faculdade de Ciências do Porto foi oferecida a Portugal em 1926, pelo Museu de Berlim, por troca com centenas de peças da Assíria e Babilónia, que haviam sido confiscadas pelo Governo português em 1916, durante a Primeira Guerra Mundial, num dos navios alemães que na altura se tinham refugiado no porto de Lisboa. Trata-se de uma interessante e bem diversificada colecção, com cerca de cem peças, cuja publicação está agora numa fase de preparação, mas que só será possível efectivar quando for obtido o indispensável apoio para custear a edição. Quanto aos oito objectos do Museu Nacional Soares dos Reis, pertencem na verdade à Câmara Municipal do Porto desde meados do século XIX, que os comprou à família Allen (uma das peças, um escaravelho do coração com o capítulo 30 do «Livro dos Mortos» gravado na base, encontra-se hoje no Museu Romântico do Porto, situado na Quinta da Macieirinha), estando o acervo já estudado e publicado.

Em Canelas, na margem sul do rio Douro, situa-se o belo Solar Condes de Resende, onde funciona a Casa Municipal de Cultura de Vila Nova de Gaia, que possui uma pequena colecção de vinte objectos (também já estudados e publicados), dos quais se realça o bom estado de conservação de uma estatueta funerária de madeira da XVIII dinastia com uma versão do capítulo 6 do «Livro dos Mor- tos», datada do reinado de Amen-hotep III (antiga colecção Marciano Azuaga).

Existem em Portugal outras pequenas e médias colecções de antiguidades egípcias, infelizmente quase desconhecidas, nomeada- mente a do Museu da Farmácia, em Lisboa, que metodicamente foi adquirindo alguns objectos evocativos da preparação e conservação de unguentos, como paletas, vasos, taças, pequenos boiões, unguen-

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3 - Museu da Farmácia: alguns objectos do acervo egípcio

tários, etc. (e que agora já está com oitenta peças, ainda em fase de estudo), a do Museu Condes de Castro Guimarães, Cascais (onde sobressaem alguns escaravelhos), a do Museu do Caramulo (com pequenas peças de bronze e colares), as quais se encontram numa fase de publicação, e a do Museu-Biblioteca de Vila Viçosa, já publi- cada (colecção do rei D. Luís com dois vasos de vísceras inscritos e amuletos).

Em Lisboa podemos encontrar as pequenas colecções privadas de Sam Levy (cujo objecto principal é um escaravelho do coração com o capítulo 30 do «Livro dos Mortos», recentemente publicado), Assis Ferreira (sobretudo estatuetas funerárias), Luís Teixeira da Mota (modesta, embora possua um raro vaso de vísceras de madeira com uma inscrição hieroglífica), Miguel Barbosa (a maior colecção privada portuguesa, com algumas peças greco-romanas de terracota, amule- tos, fragmentos de tecidos coptas e estatuetas funerárias de faiança) e a de Fernando Freitas Simões (com dois belos colares, amuletos obejctos de bronze e estatuetas funerárias), todas elas já estudadas e publicadas.

A estes acervos devemos juntar, apesar do seu aspecto singelo, as pequenas colecções com apenas dois objectos do Museu Arqueo- lógico do Carmo, em Lisboa (uma múmia tardia em estado deplorável

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e um sarcófago bastante danificado), da Biblioteca Nacional de Lisboa (uma estatueta funerária e uma pequena peça de bronze de Osíris), bem como as pequenas colecções privadas de Amaral Cabral (duas estatuetas funerárias da XXI dinastia) de Sá-Nogueira (duas peças de bronze) e ainda a de Luís de Araújo (uma estatueta funerária da Época Baixa e um escaravelho, doadas por Sam Levy).

Finalmente, em Braga encontram-se duas peças no Museu Nogueira da Silva, da Universidade do Minho (um amuleto e uma estatueta funerária), merecendo ainda ser sublinhada a alta qualidade de uma estátua egípcia de basalto, representando um leão deitado, de uma época tardia (certamente da XXX dinastia), oferecida ao Museu Nacional de Arte Antiga por Calouste Gulbenkian.

Como conclusão, podemos verificar que existem mais de mil objectos egípcios em Portugal, a maior parte dos quais já publicados. Cerca de trezentos estão neste momento em fase de estudo ou de preparação para exposição (veja-se em anexo a lista actualizada dos objectos egípcios existentes em Portugal).

Bibliografia e divulgação editorial

Pode-se considerar relativamente abundante a bibliografia de temática egiptológica existente em Portugal, com a particularidade, que é muito grato registar, do aparecimento nos últimos anos de várias obras de autores portugueses inteiramente dedicadas ao antigo Egipto, cujos ritmos de difusão entre o público, materializados na venda de exemplares, têm sido compensadores - não tanto em rela- ção a direitos de autor, que no nosso país têm reduzida expressão, mas sobretudo pela aliciante verificação da existência de um interesse evidente por parte do público. Assim se explica que um pequeno livro sobre as pirâmides do Império Antigo esteja esgotado (está já em preparação uma segunda edição revista e aumentada) e que o útil e pesado catálogo das Antiguidades Egípcias do Museu Nacional de Arqueologia seja das obras mais vendidas entre as diversas edições do Instituto Português de Museus, prevendo-se que num futuro próxi- mo venha também ela a ficar esgotada.

Os estudantes universitários têm à sua disposição uma variada panóplia de títulos de desigual interesse mas que, ao menos em teo- ria, podem mais criteriosamente escolher, não caindo no logro que sofrem muitos leitores que, atraídos por capas vistosas e títulos delei- tosos, adquirem obras de baixa qualidade. Editores apressados e ávidos em lançar cá para fora novos títulos (e tratando-se do Egipto a

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venda está em grande medida assegurada) acabam por descurar os importantes aspectos ligados à escolha do tradutor e do revisor, dispensando, em geral, a revisão científica do texto traduzido. E então é o que se vê, infelizmente, nas montras, onde apelativas capas e sonoros títulos escondem traduções desleixadas e revisões displi- centes, não sendo de modo algum exagerado afirmar que em certos casos os leitores são vítimas de uma criminosa incompetência edito- rial - tratando-se de cultura e da formação intelectual das pessoas é mesmo grave o que por vezes acontece. Por outro lado, também se lamenta a presença de algumas versões deploráveis, quando não mesmo deprimentes, sobretudo de origem brasileira, que, em geral, utilizam um português bizarro para adaptar algumas palavras e ex- pressões egípcias, para já não falar de um aspecto que as pessoas que apreciam os textos sobre o antigo Egipto detectam com justifi- cada desorientação, angústia, frustração e perplexidade: a maneira como os nomes dos mesmos reis, deuses ou lugares aparecem escri- tos de forma diferente variando de editora para editora.

Infelizmente, algumas obras originais importantes inglesas e fran- cesas de temática egiptológica traduzidas para português estão esgo- tadas e apenas se podem encontrar em algumas bibliotecas. Mesmo assim, sobretudo a partir de 1990, todos os anos aparecem livros e artigos de autores portugueses sobre o Egipto faraónico, seja de uma forma directa seja a propósito do estudo mais alargado da história e cultura pré-clássica. Existem vários livros e artigos sobre religião, his- tória, arte, cultura, organização sacerdotal e alguns outros aspectos da civilização egípcia. Actualmente, muitos editores ocupam-se da tra- dução de originais franceses e ingleses, raramente alemães ou italia- nos, com uma grande difusão quer nos meios académicos quer entreo público em geral, e é desejável que aquilo que algumas editoras já fazem se possa estender a todas elas: contactar alguém ligado aos estudos egiptológicos (e felizmente existem agora algumas dezenas de pessoas capazes de o fazer) para levar a cabo uma necessária revi- são científica.

Curiosa e sintomaticamente, a tardia chegada dos estudos egip- tológicos aos meios universitários contrasta com o vivo e reconhecido interesse que desde há muito se detecta no público em geral pelos temas relacionados com o antigo Egipto, como bem o demonstra não só a abundância de títulos saídos das nossas editoras mas ainda a atracção suscitada por filmes e documentários sobre o tema. E não será até descabido sublinhar que as obras de temática egiptológica destinadas a um público infanto-juvenil têm vindo a assumir nos últi- mos anos uma bem interessante e crescente preponderância. Veja-se,

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entre as várias séries e documentários nos canais de televisão, os desenhos animados com personagens «egípcias» e os livros para crianças sobre o antigo Egipto: um sintomático exemplo poderá ser dado com o volume da muito diversificada colecção «Uma Aventura», da Editorial Caminho, no título justamente dedicado ao Egipto bem elaborado por Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada (e sempre foram 50000 exemplares!).

Felizmente que a par da divulgação editorial ocorrem acções complementares que muito contribuem para uma maior e melhor difu- são do antigo Egipto: conferências feitas em escolas do ensino básico para desde cedo despertar nos jovens 0 interesse pela matéria, expo- sições como a que o pintor Carlos Possolo levou a efeito na galeria dos CTT, exibindo magníficas telas de temática egípcia, ou ainda exposições de fotografia tendo por tema 0 Egipto de hoje e o Egipto de sempre, como a de Rui Pedro Tremoceiro, organizada pela Câmara Municipal de Castro Verde (Setembro-Outubro de 2000).

Altamente meritórias são iniciativas como a que o Serviço Edu- cativo do Museu Calouste Gulbenkian organizou em Maio de 2000, intitulada «No Egipto com os cinco sentidos», com grande empenha- mento da Dr.a Deolinda Cerqueira e dos alunos da Escola B2 Pedro d’Orey da Cunha, na Damaia, no âmbito do programa «O Museu vai à Escola, a Escola vai ao Museu». A um outro nível, mas também de grande importância, são as acções de formação, já antes referidas, levadas a cabo por José das Candeias Sales sobre «As artes e as técnicas no antigo Egipto» e que, para além de Lisboa, visou uma salutar actividade de descentralização indo até Faro, Queluz, Barreiro, Coimbra, Aveiro e outras zonas, e que também irá conduzir, em Abril de 2001, uma visita de estudo ao Egipto promovida pela Associação de Professores de História. Trata-se, afinal, de uma actividade comum no estrangeiro, com visitas ao Egipto guiadas por egiptólogos do próprio país, mas que entre nós só agora começa a dar os primeiros passos: assim ocorreu já com uma visita ao país do Nilo organizada pelo Museu Nacional de Arqueologia e que contou com alguns estu- dantes do mestrado de História e Cultura Pré-Clássica da Faculdade de Letras de Lisboa e com membros da Associação de Amizade Portugal-Egipto (Abril de 2000).

É difícil fazer qualquer previsão quanto ao futuro da Egiptologia em Portugal, tal como já foi bem sublinhado num texto mais reduzido

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apresentado durante o VIII Congresso Internacional de Egiptologia que teve lugar no Cairo de 28 de Março a 3 de Abril de 2000. Mesmo assim, podem-se enumerar algumas realidades:

Não existem oficialmente lugares para conservadores das colec- ções egípcias, nem privadas nem públicas. Nos quadros do Museu Nacional de Arqueologia, que expõe mais de trezentas peças na sua bem arranjada e renovada sala de antiguidades egípcias, não está previsto um lugar de guia, e no famoso Museu Calouste Gulbenkian, com apenas quarenta peças expostas, não se justifica, aparente- mente, um posto específico de conservador nem um guia especia- lizado para a sua pequena colecção egípcia. O mesmo se passa no Museu de História Natural da Faculdade de Ciências do Porto, apesar da qualidade da maior parte das suas cem peças, e que luta com evidentes dificuldades económicas não só para poder dar ao acervo exposto uma apresentação museológica mais condigna com a sua valia mas também para editar o respectivo catálogo.

É em Lisboa, nomeadamente na Faculdade de Letras da Univer- sidade de Lisboa, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e ainda noutra instituição pedagógica também importante, a Universidade Aberta, tal como em algumas universidades privadas (de uma forma mais directa a Universidade Autónoma de Lisboa e a Universidade Lusíada), que se encontram os postos de ensino de História Antiga ou de História Pré-Clássica, englobando nos seus planos de estudo a história e a cultura do antigo Egipto. O mesmo se passa no Porto, em cuja Faculdade de Letras o antigo Egipto merece relevo no programa da cadeira de Civilizações Pré-Clássicas. A um outro nível, integrada em disciplinas de designação genérica e com maior abrangência histórica, a civilização egípcia é abordada de forma mais escassa: é o caso das universidades de Coimbra e de Évora e da Universidade Portucalense, no Porto.

Pode dizer-se, de uma forma bem realista, que nesta altura não existem condições objectivas e práticas para organizar e concretizar, em Portugal, cursos de mestrado ou de doutoramento em Egiptologia ou em Estudos Egiptológicos. É certo que alguns mestrandos ultimam agora as suas teses, estando também em preparação três teses de doutoramento que têm por tema o antigo Egipto. Contudo, não se trata de teses para obtenção de virtuais diplomas académicos de «mestre em Egiptologia» ou de «doutor em Egiptologia», porque do ponto de vista estritamente legal tais designações não existem, eis tudo. Na verdade, e legalmente, apenas estão previstos os graus de mestre ou de doutor em História Antiga, História Pré-Clássica ou História das Civilizações Pré-Clássicas.

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Assim em Portugal resta, aos muitos interessados pela apaixo- nante ciência que é a Egiptologia, a difusão da mesma através de coloquios e conferências, com especialistas estrangeiros convidados, sobretudo de língua francesa e inglesa; guiando visitas a museus com colecções egípcias ou exposições de temática total ou parcialmente egiptológica (caso recente de uma exposição sobre «A Escrita», na Fundação Portuguesa das Comunicações); ou com a publicação de textos de divulgação para o grande público ou dos seus trabalhos de investigação para meios mais restritos, sejam eles do domínio da pesquisa museológica ou em resultado das descobertas em escava- ções no Egipto, como neste momento ocorre a norte do local da antiga Mênfis com uma equipa constituída por pessoas da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa - embora neste caso seja de tomar as devidas precauções com os habituais exageros da imprensa portuguesa, em geral sempre descon- certante e ridícula a falar de «arqueólogos» portugueses no Egipto, dando um toque parangonal e espectacular a tudo o que diga respeito à civilização faraónica (e aquilo que no estrangeiro se assume com reservada naturalidade e com modéstia científica surgiu numa revista como «a primeira expedição arqueológica portuguesa ao Egipto», na tentativa de desvendar «os segredos do Palácio de Apriés»!).

Além de se desejar o maior sucesso para o empreendimento, o que urge fazer é continuar, de um modo sério e seguro, a promover acções de divulgação, a enriquecer as bibliotecas universitárias e até de escolas do ensino básico e do secundário com obras de temática egiptológica (sopesando naturalmente os vários títulos em função do nível etário dos alunos) e a organizar encontros a nível de conferên- cias ou mesas-redondas. Uma vez mais deve-se apelar à Fundação Calouste Gulbenkian para, com a habitual generosidade, dispensar a sua preciosa ajuda para a organização de conferências, de exposi- ções e outras acções proveitosas como a aquisição de bibliografia. Também a Associação de Amizade Portugal-Egipto poderá contribuir para uma mais vasta difusão da actualidade egiptológica, tal como a Associação Portuguesa de Orientalismo, recentemente criada e para a qual se prevê uma significativa lista de aderentes.

Seria bastante positivo que se desenvolvessem os apoios oficiais para aquisição de bibliografia especializada, a fim de minimizar as desvantagens que temos em relação aos estudantes de língua fran- cesa, inglesa ou alemã, bem como em relação aos estudantes de Egiptologia de Espanha ou de Itália. As editoras portuguesas conti- nuarão, sem dúvida, a publicar traduções de originais estrangeiros de temática egiptológica, mas há que estar em permanente aviso contra

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as aberrações editoriais e a displicência por vezes insultuosa de tra- dutores e revisores. Com paciência e perseverança, numa atitude fir- me de denúncia das arbitrariedades, dos desleixos e desvarios perpe- trados por uma certa voracidade editorial, é preciso continuar com uma política de esclarecimento pedagógico junto da imprensa (falada e escrita) e das editoras, aconselhando as formas correctas na apre- sentação dos temas egípcios em Portugal.

Finalmente, podemos razoavelmente esperar o crescimento signi- ficativo do número dos egiptólogos em Portugal. De facto, os quatro nomes portugueses publicados na lista da Associação Internacional de Egiptólogos, são afinal nesta altura doze ou quinze (alguns dos quais participam regularmente em encontros internacionais de Egipto- logia, como o último, realizado no Cairo). Este número de interessa- dos no estudo do antigo Egipto deve multiplicar-se nos próximos anos, congregando pessoas ligadas sobretudo aos meios universitá- rios, embora fosse bastante desejável alargar o leque a outras áreas. Registe-se ainda que o autor do presente artigo faz parte do CIPEG (Comité Internacional para a Egiptologia), um organismo do ICOM (Conselho Internacional dos Museus) que reúne investigadores que estudam colecções egípcias ou que têm actividade normal em mu- seus com colecções egípcias, como directores ou conservadores.

4- Museu Nacional de Arqueologia: udjat, 0 olho de Hórus

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Neste momento encontram-se em preparação três teses de doutoramento que têm por tema o antigo Egipto: urna é a de José das Candeias Sales, pela Universidade Aberta; outra é a de Maria João Machado, pela Universidade de Lisboa; e uma outra está a ser preparada por Rogério Ferreira de Sousa, pela Universidade do Porto. Este facto é, só por si, um bom augúrio para os tempos vindouros e um estímulo para os que desejarem levar mais longe o seu aliciante mas difícil percurso de investigação egiptológica - mesmo que se comece muito cedo, como o André, um rapaz de apenas 11 anos de idade, mas que um dia destes apareceu no Museu Nacional de Arqueologia dizendo que queria ser egiptólogo, ali vendo, deslum- brado, e com o futuro nos olhos, as peças da colecção egípcia, até chegar junto do sarcófago de Pabasa, sacerdote do deus Min. Olha- ram-se os dois, e os três que éramos testemunhámos o inefável mo- mento em que o destino de uma criança se decide, na arreigada esperança de que o sonho se possa concretizar.

APÊNDICES

Colecções egípcias em Portugal (Novembro de 2000)

Museu Nacional de Arqueologia, Lisboa: 584 objectos (309 expostos) Sociedade de Geografia de Lisboa: 97 objectos Museu da Faculdade de Ciências do Porto: 103 objectos Museu Calouste Gulbenkian, Lisboa: 49 objectos (40 expostos)Museu da Farmácia, Lisboa: 80 objectosCasa Municipal de Cultura de Vila Nova de Gaia (Solar Condes de

Resende), Canelas: 20 objectos Museu do Caramulo: 8 objectos Museu Nacional Soares dos Reis, Porto: 8 objectos Museu Condes de Castro Guimarães, Cascais: 6 objectos Palácio-Museu de Vila Viçosa: 8 objectos Biblioteca Nacional de Lisboa: 2 objectos Museu Arqueológico do Carmo, Lisboa: 2 objectos Museu Nogueira da Silva, Braga (Universidade do Minho): 2 objectos Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa: 1 objecto Colecção Miguel Barbosa: 47 objectos Colecção Sam Levy: 28 objectos Colecção Fernando Freitas Simões: 20 objectos Colecção Assis Ferreira: 18 objectos

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Colecção Luís Teixeira da Mota: 6 objectos Colecção Amaral Cabral: 2 objectos Colecção Sá-Nogueira: 2 objectos Colecção Luís de Araújo: 2 objectos

Trabalhos de autores portugueses sobre temática egiptológica publicados no último decénio do século XX

1991

de ARAÚJO, Luís Manuel, «Epigrafia da Colecção de Antiguidades Egípcias do Museu Nacional de Arqueologia», em Actas das IV Jornadas Arqueológicas, Associação dos Arqueólogos Portugueses, Lisboa, 1991, pp. 381-393 (il.).

Apresentação e tradução dos textos hieroglíficos que figuram nos fragmentos arquitectónicos e nos relevos da colecção egípcia do Museu Nacional de Arqueologia em Lisboa: os fragmentos de Amenemhat, Amen-nakht e Ipi, e os relevos de Hesemtjet e Ramsés II, entre outros.

de ARAÚJO, Luís Manuel, «De Charuhen a Kadech: relações do Egipto do Império Novo e a Ásia», em Cadmo, 1, Instituto Oriental da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Edições Cosmos, Lisboa, 1991, pp. 119-143 (il.).

Estudo das relações entre 0 Egipto do Império Novo e a Ásia (os impérios de Mitanni e Hatti, a Babilónia cassita e 0 Corredor sírio-palestiniano), sublinhando duas fases distintas: 0 movimento expansionista tutméssida e 0 movimento contencionista ramséssida. Conclui-se que a ideia de um «império asiático egípcio» não deve ser tomado muito à letra.

de ARAÚJO, Luís Manuel, «Mestrado em História e Cultura Pré-Clássica», em Cadmo, 1, Instituto Oriental da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Edições Cosmos, Lisboa, 1991, pp. 170-175.

Notícia sobre a criação de um curso de mestrado em História e Cultura Pré- Clássica na Faculdade de Letras de Lisboa prioritariamente consagrado às áreas de história, cultura e línguas (egípcio, acádio, hebraico e ugarítico), com enumeração das disciplinas obrigatórias e facultativas e os respectivos docentes.

de ARAÚJO, Luís Manuel, «O “Dilúvio de Quéops” e torturas piramidais», em Cadmo, 1, Instituto Oriental da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Edições Cosmos, Lisboa, 1991, pp. 179-183.

Relato de uma insólita conferência proferida na Missão de Macau em Lisboa por um egiptómano que, na sequência de uma anterior dada na Fundação Calouste Gulbenkian, pretendia «explicar» a construção da Grande Pirâmide de Guiza através de elucubrações esotéricas.

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de ARAÚJO, Luís Manuel, «Conferência do Comité Internacional para a Egipto- logia. Moscovo, 8-11 de Julho do 1991», em Cadmo, 1, Instituto Oriental da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Edições Cosmos, Lisboa, 1991, pp. 230-232.

Notícia sobre a Conferência do Comité Internacional para a Egiptologia (CIPEG) que teve lugar em Moscovo (8 a 11 de Julho de 1991), com uma lista dos participantes e comunicações apresentadas.

de ARAÚJO, Luís Manuel, «Colecções egípcias em Portugal», em Cadmo, 1, Instituto Oriental da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Edições Cosmos, Lisboa, 1991, pp. 237-239.

O artigo enumera as colecções egípcias públicas e privadas existentes em Portugal, assinalando as que foram já objecto de estudo e as que se encontram ainda em fase de estudo e de preparação para serem expostas.

de ARAÚJO, Luís Manuel, «Dois chauabtis numa colecção privada portuguesa», em Hathor: Estudos de Egiptologia, 3, Edições Cosmos, Lisboa, 1991, pp 15-23 (il.).

Apresentação e descrição de duas estatuetas funerárias egípcias de faiança da colecção Amaral Cabral que exibem os nomes de damas da região tebana: Gautsechenu e Meritamon (XXI dinastia, Dier el־Bahari).

de ARAÚJO, Luís Manuel, «Das Pirâmides do Egipto ao “Dilúvio de Quéops”», em Hathor: Estudos de Egiptologia, 3, Edições Cosmos, Lisboa, 1991, pp. 103- -115.

Relato e comentários acerca de uma insólita conferência proferida na Missão de Macau em Lisboa por um egiptómano delirante (cfr. de ARAÚJO, Luís Manuel, «O “Dilúvio de Quéops” e torturas piramidais», em Cadmo, 1, 1991 pp 179- -183).

de ARAÚJO, Luís Manuel, «Josep Padró: vai bem a Egiptologia na Catalunha», em Hathor: Estudos de Egiptologia, 3, Edições Cosmos, Lisboa, 1991, pp 119- 126.

Apresentação biobibliográfica do egiptólogo catalão Josep Padró como intro- dução a uma entrevista que lhe foi feita (em francês).

de ARAÚJO, Luís Manuel, «Uma lição do curso de História: As Pirâmides do Império Antigo», em Hathor: Estudos de Egiptologia, 3, Edições Cosmos, Lisboa 1991, pp. 129-143.

Texto de uma lição prática do curso de História para provas de aptidão peda- gógica e capacidade científica na Faculdade de Letras de Lisboa.

ASSAM, Maria Helena, Arte Egípcia, Colecção Calouste Gulbenkian, Museu Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1991 = Fundação Calouste Gulbenkian (20 x 24 cm: 117 pp., il.).

Este catálogo descreve as 36 peças expostas na secção egípcia do Museu Calouste Gulbenkian em Lisboa. Inclui uma breve introdução bem como uma

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sucinta historia do acervo de antiguidades egípcias reunido por Calouste Gulbenkian. As referências bibliográficas e um quadro numérico de concordância apresentam-se no final da obra. As traduções dos textos hieroglíficos de algu- mas das peças estão incompletas e por vezes estão incorrectas. A reprodução a cores de todas as peças é excelente.

CARREIRA, José Nunes, «Hermopolitan traditions in Philo Byblius’Phoenician History», em Cadmo, 1, Instituto Oriental da Faculdade de Letras da Univer־ sidade de Lisboa, Edições Cosmos, Lisboa, 1991, pp. 31-44.

O autor procura detectar as tradições da cosmogonia hermopolitana (Ogdóade, vento cósmico, colina primordial, ovo primordial, o deus Tot como revelador das concepções cosmogónicas) na obra de Filón de Biblos/Sanchuniaton, a Historia Fenicia.

CARREIRA, José Nunes, «VI Congresso Internacional de Egiptologia. Turim, 1-8 de Setembro de 1991», em Cadmo, 1, Instituto Oriental da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Edições Cosmos, Lisboa, 1991, pp. 232-236.

Notícia sobre o VI Congresso Internacional de Egiptologia realizado em Turim (1־ 8 de Setembro de 1991), salientando algumas das cerca de três centenas de comunicações apresentadas.

DIAS, Geraldo Coelho, «Os “Povos do Mar” e a “Idade Obscura” no Médio Oriente Antigo», em Cadmo, 1, Instituto Oriental da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Edições Cosmos, Lisboa, 1991), pp. 145-153.

O autor retoma os conceitos de «Povos do Mar» e de «Idade Obscura» demonstrando pelo estudo dos textos egípcios que sustentam os contornos tradicionais deste fenómeno que ele se apresenta ainda pouco claro.

SALES, José das Candeias, «O mito egípcio da destruição da humanidade: sentido e significado da clemência divina de Ré», em Hathor: Estudos de Egiptologia, 3, Edições Cosmos, Lisboa, 1991, pp. 31-61 (il.).

Na sua análise detalhada do mito da destruição da humanidade 0 autor sublinha o papel das divindades intervenientes, especialmente o deus criador Ré e a deusa Hathor, a sanguinária executante da destruição que 0 deus solar depois irá interromper.

SALES, José das Candeias, «A religião egípcia - 1: As divindades», em Histó- ria, 138, Publicações Projornal, Lisboa, Março 1991, pp. 24-47 (il.).

Primeiro de uma série de quinze artigos distribuídos por vários números da revista onde, durante cerca de dois anos, o autor apresentou as divindades egípcias dos primeiros tempos; as divindades protectoras da monarquia e do Egipto; divindades da criação, fertilidade e nascimento; divindades funerárias, humanos deificados; animais divinizados e sagrados.

SALES, José das Candeias, «A religião egípcia - 2: As divindades», em Histó- ria, 139, Publicações Projornal, Lisboa, Abril 1991, pp. 28-61 (il.).

Continuação do artigo anterior oferecendo mais algumas dezenas de divindades egípcias.

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SALES, José das Candeias, «A religião egipcia — 3: As divindades״, em Histó- ría, 140, Publicações Projornal, Lisboa, Maio 1991, pp. 72-87 (il.).

Continuação do artigo anterior, oferecendo mais algumas dezenas de divindades egípcias.

SALES, José das Candeias, «A religião egípcia — 4: As divindades», em Histó- ria, 145, Publicações Projornal, Lisboa, Outubro 1991, pp. 52-65 (il.).

Continuação do artigo anterior.

SALES, José das Candeias, «A religião egípcia - 5: As divindades», em His- tória, 146, Publicações Projornal, Lisboa, Novembro 1991, pp. 84-93 (il.).

Continuação do artigo anterior.

SALES, José das Candeias, «A religião egípcia — 6: As divindades», em His- tória, 147, Publicações Projornal, Lisboa, Dezembro 1991, pp. 34-53 (il.).

Continuação do artigo anterior.

O Livro dos Mortos do Antigo Egipto, tradução de TRINDADE LOPES, Maria Helena, Assírio & Alvim, Lisboa, 1991 (16 x 23 cm; 295 pp., il.).

Tradução portuguesa do «Livro dos Mortos», a partir da versão francesa de Paul Barguet, Le Livre des Morts des Anciens Égyptiens (LAPO, 1, 1968). O livra começa por um prefácio e por uma introdução (pp. 8-12) e divide-se em cinco partes: a viagem em direcção à necrópole (pp. 13-38); a saída à luz do dia como regeneração (pp. 39-90); a saída à luz do dia como transfiguração (pp. 91- -166); o mundo subterrâneo (pp. 167-237); e os capítulos adicionais (pp. 239- -288). Segue-se uma longa lista das fontes consultadas (mas por Allen, embora a versão seguida seja a de Barguet) e de abreviaturas que no entanto não vêm citadas no texto (pp. 289-295).

TRINDADE LOPES, Maria Helena e Cristina REGO, «As operações militares de Tutmósis III; expressão de uma época», em Hathor: Estudos de Egiptologia, 3 Edições Cosmos, Lisboa, 1991, pp. 71-92.

As autoras analisam a época expansionista de Tutmés III assim como a orga- nização do exército egípcio do Império Novo empenhado no Corredor sírio- palestiniano, salientando como conclusão a emergência de um novo tipo de rei e uma nova imagem de império.

1992

de ARAÚJO, Luís Manuel, Egipto: As Pirâmides do império Antigo, Edições Colibri, Lisboa, 1992 = Temas de Egiptologia, 1 (15 x 23 cm; 192 pp., il.).

O autor procura analisar a construção e 0 significado das pirâmides construídas durante 0 Império Antigo. O livro divide-se em duas partes: a primeira trata da piramidologia e da piramidomania, e a segunda estuda as pirâmides como casas

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de eternidade. As construções funerárias dos faraós começam por ser apreciadas como símbolos e emblemas do Egipto antigo. O autor analisa critica- mente diversos manuais escolares utilizados pelos alunos do 7- ano do ensino básico e várias obras sobre o antigo Egipto de cariz infanto-juvenil (pp. 13-42). Em seguida as pirâmides são apresentadas como casas de eternidade dos reis, antecedidas pelas mastabas de tijolo da Época Arcaica ou Tinita: a Ml dinastia (complexo funerário de Djoser em Sakara), a IV dinastia (das pirâmides de Seneferu aos túmulos de Guiza), a V dinastia (os complexos funerários e os complexos solares) e a VI dinastia (a lenta decadência do poder faraónico) (pp. 43-97). Finalmente a conclusão (pp. 109-110), os apêndices (pp. 111-162) e a bibliografia (pp. 163-178).

de ARAÚJO, Luís Manuel, «Aspectos do roteiro queirosiano no Egipto: Eça de Queirós na mastaba de Ti», em Cadmo, 2, Instituto Oriental da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Edições Cosmos, Lisboa, 1992, pp. 101-116 (il.).

O artigo descreve a visita de Eça de Queirós à mastaba do alto funcionário Ti, em Sakara, durante a viagem do escritor ao Egipto em 1869. Comenta-se a análise errada de Eça, que confunde o túmulo de Ti com o «templo de Será- pis», apresentam-se planos da mastaba e algumas imagens dos baixos-relevos murais acompanhados por extractos do texto de Eça.

de ARAÚJO, Luís Manuel, «Os estudos pré-clássicos em Portugal», em Cadmo, 2, Instituto Oriental da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Edições Cosmos, Lisboa, 1992, pp. 135-144.

Breve noticia sobre a situação dos estudos pré-clássicos em Portugal, subli- nhando a actividade do Instituto Oriental da Faculdade de Letras de Lisboa neste ámbito.

de ARAÚJO, Luís Manuel, «Colecções egípcias da ex־União Soviética», em Cadmo, 2, Instituto Oriental da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Edições Cosmos, Lisboa, 1992, pp. 197-209 (il.).

O artigo descreve as colecções egípcias da antiga União Soviética, aproveitando a participação do autor na Conferência do Comité Internacional para a Egip- tologia (CIPEG) que teve lugar em Moscovo (8 a 11 de Julho de 1991).

de ARAÚJO, Luís Manuel, «Historiografia e sedimentação do poder no Egipto faraónico», em A Construção Social do Passado, Actas do Encontro de 27 e 28 de Novembro de 1987, Fundação Calouste Gulbenkian, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, Associação de Professores de História, Lisboa, 1992, pp. 61-78.

O autor analisa as relações entre os textos historiográficos e a intenção de reforçar 0 poder faraónico. Esta relação é objecto de estudo, sendo apreciados os elementos que remontam ao III milénio, à XII dinastia (a época da maet sublimada) até ao Império Novo.

CARAMELO, Francisco, «A prática da respiga no Próximo Oriente Antigo: em torno de um conceito de justiça social», em Hathor: Estudos de Egiptologia, 4, Edições Cosmos, Lisboa, 1992, pp. 37-44.

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LUÍS MANUEL DE ARAÚJO

O artigo procura explicar a prática da respiga no Próximo Oriente Antigo, incluin- do o Egipto faraónico, como um meio de conseguir a justiça social e como protecção das camadas mais pobres e humildes da sociedade.

CARREIRA, José Nunes, Introdução à História e Cultura Pré-Clássica. Guia de Estudo, Publicações Europa-América, Lisboa, 1992 = Biblioteca Universitária 64 (14 x 21 cm; 159 pp.).

Após uma introdução 0 autor evoca os primeiros passos da arqueologia oriental e os trabalhos de descoberta das línguas antigas. O livro, concebido como um elemento de apoio para os alunos universitários (e também útil para 0 público em geral), está organizado em sete capítulos, com 0 primeiro a apresentar os horizontes, os protagonistas e a cronologia das civilizações pré-clássicas, bem como as fontes para o seu estudo. O capítulo seguinte oferece um texto e abun- dante bibliografia para as viagens e a arqueologia do Próximo Oriente, dos peregrinos e viajantes europeus às expedições científicas dos séculos XVIII e XIX. Os quatro capítulos que se seguem constituem o núcleo fundamental da obra, com os Egípcios (capítulo III), os Sumérios (capítulo IV), os Babilónios e os Assírios (capítulo V) e Israel (capítulo VI). Para cada um 0 autor fornece uma vasta lista bibliográfica que contempla a história, a sociedade, a religião, a literatura e a arte dos povos mencionados. O último capítulo (VII) mostra alguns quadros sinópticos sobre 0 tema tratado.

CARREIRA, José Nunes, «Sabedoria evangélica no Antigo Egipto», em Cadmo, 2, Instituto Oriental da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Edições Cosmos, Lisboa, 1992, pp. 61-75.

Baseando-se em vários textos literários, o autor analisa a perspectiva de pro- moção social dos humildes no Egipto antigo tal como vem enunciada nos textos sapienciais do Império Médio, e estabelece comparações com a Bíblia.

RAMOS, José Augusto, «As aporias do número na representação egípcia de Deus como abertura hermenêutica», em Estudos em Homenagem a Jorge Borges de Macedo, Instituto Nacional de Investigação Científica, Lisboa, 1992 pp. 59-72.

O autor estuda as possibilidades de sistematizar a representação do divino na religião do antigo Egipto, interrogando-se a propósito: a concepção de Deus entre os Egípcios deve ser vista como politeísta, henoteísta ou monoteísta?

SALES, José das Candeias, «O nome pessoal na civilização do Antigo Egipto. Registo memorial na temporalidade», em A Construção Social do Passado, Actas do Encontro de 27 e 28 de Novembro de 1987, Fundação Calouste Gulbenkian, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, Associação de Professores de História, Lisboa, 1992, pp. 79-92.

O autor classifica os nomes egípcios como formas da personalidade (os nomes de substituição ou nomes funcionais), como reflexos da personalidade (os nomes verdadeiros ou nomes secretos), como suportes da manutenção ou alteração de posição social (os nomes institucionais ou nomes políticos) e como traços de união com 0 transcendente (os nomes místicos ou nomes teológicos).

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EGIPTOLOGIA EM PORTUGAL

SALES, José das Candeias, «A religião egípcia - 7: As divindades», em História, 148, Publicações Projornal, Lisboa, Janeiro 1992, pp. 62-89 (il.).

Continuação de um artigo anterior apresentando as divindades egípcias.

SALES, José das Candeias, «A religião egípcia - 8: As divindades», em História, 149, Publicações Projornal, Lisboa, Fevereiro 1992, pp. 82-96 (il.).

Continuação do artigo anterior.

SALES, José das Candeias, «A religião egípcia - 9: As divindades», em História, 150, Publicações Projornal, Lisboa, Março 1992, pp. 68-89 (il.).

Continuação do artigo anterior.

SALES, José das Candeias, «A religião egípcia - 10: As divindades», em Histó- ria, 151, Publicações Projornal, Lisboa, Abril 1992, pp. 70-89 (il.).

Continuação do artigo anterior.

SALES, José das Candeias, «A religião egípcia - 11: As divindades», em His- tória, 152, Publicações Projornal, Lisboa, Maio 1992, pp. 40-55 (il.).

Continuação do artigo anterior.

SALES, José das Candeias, «A religião egípcia - 12: As divindades», em His- tória, 153, Publicações Projornal, Lisboa, Junho 1992, pp. 66-85 (il.).

Continuação do artigo anterior.

SALES, José das Candeias, «A religião egípcia - 13: As divindades», em História, 154, Publicações Projornal, Lisboa, Julho 1992, pp. 16-29 (il.).

Continuação do artigo anterior.

SALES, José das Candeias, «A religião egípcia - 14: As divindades», em História, 156, Publicações Projornal, Lisboa, Setembro 1992, pp. 68-89 (il.).

Continuação do artigo anterior.

SALES, José das Candeias, «A religião egípcia: Conclusão», em História, 157, Publicações Projornal, Lisboa, Outubro 1992, pp. 86-96 (il.).

Conclusão da série de artigos sobre a religião egípcia que vinha sendo publi- cada desde Março de 1991.

TRINDADE LOPES, Maria Helena e Luís Manuel de ARAÚJO, «A colecção egípcia do rei D. Luís», em Hathor: Estudos de Egiptologia, 4, Edições Cosmos, Lisboa, 1992, pp. 17-28 (il).

O artigo descreve as oito peças desta pequena colecção egípcia adquirida pelo rei D. Luís (1861-1889), cujas mais importantes são dois vasos de vísceras do sacerdote Hahat, com inscrição hieroglífica. O acervo encontra-se no Museu de Vila Viçosa (castelo).

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LUÍS MANUEL DE ARAÚJO

de ARAÚJO, Luís Manuel, Antiguidades Egípcias, I volume, Museu Nacional de Arqueologia, Lisboa, 1993 = Secretaria de Estado da Cultura, Instituto Português de Museus (24 x 31 cm; 402 pp., il.).

Catálogo referente às cerca de trezentas antiguidades egípcias expostas no Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa. Depois de uma introdução (pp. 27־ 63), com uma síntese da história do Egipto faraónico, incluindo um quadro cronológico (pp. 27-38: «Uma civilização de três mil anos»), e da apresentação genérica da arte (pp. 3 9 4 6 ־ : «Uma arte para a eternidade»), segue-se a disper- são dos objectos do País do Nilo por todo 0 mundo (pp. 47-54: «As colecções de antiguidades egípcias») e a organização da colecção de antiguidades egíp- cias do Museu Nacional de Arqueologia (pp. 55-63). Depois vem a descrição de todos os objectos expostos, começando por um udjat profiláctico como ex-libris da colecção (pp. 70-73); a Pré-história do Egipto (pp. 75-94); os recipientes de pedra (pp. 95-116); os objectos da vida quotidiana (pp. 117-136); epigrafia e lítica funerária (pp. 137-166); estatuária e fragmentos diversos (pp. 167-186); estatuetas funerárias (pp. 187-228), estatuetas votivas e de servos (pp. 229-244); amuletos (pp. 245-270); escaravelhos (pp. 271-288); a mumificação (pp. 289- 3 2 2 ־ ) ; cones funerários (pp. 323-336); objectos de bronze (pp. 337-362); 0 Egipto Greco-romano (pp. 363-390) e 0 Egipto copta (pp. 391-402).

de ARAÚJO, Luís Manuel, «Cones funerários da colecção de antiguidades egípcias do Museu Nacional de Arqueologia», em Cadmo, 3, Instituto Oriental da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Edições Cosmos, Lisboa, 1993, pp. 49-60 (il.).

O artigo descreve os cinco cones funerários de terracota da colecção de antigui- dades egípcias do Museu Nacional de Arqueologia, com os nomes de Meri (dois exemplares), Djeserka(réseneb), Amenemheb, da XVIII dinastia, e Pabasa, da XXVI dinastia.

de ARAÚJO, Luís Manuel, «Eduard Toda, pioneiro da egiptologia espanhola», em Cadmo, 3, Instituto Oriental da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Edições Cosmos, Lisboa, 1993, pp. 106-115 (il.).

Biografia do erudito catalão Eduard Toda, diplomata espanhol e egiptólogo do século XIX, com a indicação das mais importantes obras que publicou, nomea- damente a que evoca a descoberta do túmulo de Sennedjem em Tebas. O artigo inclui uma apreciação da reedição da obra de Eduard Toda UAntic Egipte (1891), com a sua documentação manuscrita estudada por Trinitat Montero Blanco sob a orientação de Josep Padró, e do volume fac-similado Son Notém en Tebas (ambos na colecção «Orientalia Barcinonensia»).

de ARAÚJO, Luís Manuel, «Abertura da exposição de antiguidades egípcias do Museu Nacional de Arqueologia», em Cadmo, 3, Instituto Oriental da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Edições Cosmos, Lisboa, 1993, pp. 177- .(.il) ־179

Breve notícia sobre a inauguração pública da exposição permanente de antigui- dades egípcias do Museu Nacional de Arqueologia, em Dezembro de 1993,

1993

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EGIPTOLOGIA EM PORTUGAL

depois de sete anos de estudo e de preparação. Foram seleccionadas cerca de trezentas peças, num percurso que vai desde a Pré-História ao Egipto Copta.

CARREIRA, José Nunes, «Dilúvio e destruição da humanidade. Actualidade de um antimito», em Cadmo, 3, Instituto Oriental da Faculdade de Letras da Univer- sidade de Lisboa, Edições Cosmos, Lisboa, 1993, pp. 7-20.

O autor compara os antimitos das civilizações pré-clássicas de Israel, da Meso- potâmia e do Egipto a propósito dos dilúvios como forma utilizada pelos deuses para destruir os seres humanos, concluindo que a preservação da humanidade e do mundo é um tema muito actual. Assim 0 demonstrou 0 grande encontro internacional do Rio de Janeiro: Eco 92.

CARREIRA, José Nunes, História antes de Heródoto. Historiografia e Ideia de História na Antiguidade Oriental, Edições Cosmos, Lisboa, 1993 = Orientalia Lusitana, 1 (16 x 23,5 cm; 256 pp.).

A obra começa com uma introdução onde 0 autor justifica a escolha do tema e faz uma comparação entre a historiografia dos Gregos e outros textos historio- gráficos redigidos muito antes: os da Mesopotâmia, do Egipto, dos Hititas e de Israel (pp. 11-30). Com os Sumérios começa a história e a historiografia, desen- volvida pelos Semitas da Mesopotâmia, nomeadamente os Babilónios e os Assí- rios (pp. 31-53). A produção historiográfica dos Egípcios, caracterizada pela visão dogmática do faraó, permite ao autor analisar a temática a partir das autobiografias dos funcionários, aqui vistas como fonte de dados históricos. Um desenvolvimento justificado é concedido à historiografia do Império Novo, subli- nhando o exemplo bem conhecido da batalha de Kadech (pp. 95-125). Depois da historiografia dos Hititas (pp.. 127-169) e da de Israel (pp. 171-236), a obra vai terminar com um epílogo (pp. 237-248) e índice analítico (pp. 249-255).

SALES, José das Candeias, «Mênfis, a cidade do “Muro Branco”: centro do mundo teológico do Egipto antigo», em A Cidade, Actas das Jornadas Inter e Pluridisciplinares, I, Universidade Aberta, Lisboa, 1993, pp. 27-46 (il.).

SALES, José das Candeias, «A civilização egípcia nos novos programas e nos novos manuais de História do 7- ano de escolaridade», em O Ensino da Hisl· ória, 12/13/14/15 (II série), I vol., Associação de Professores de História, Lisboa, 1990-1993, pp. 519-546.

O autor desenvolve vários comentários a propósito do novo programa da disci- plina de História dada no 7- ano de escolaridade (39 ciclo do ensino básico). O artigo baseia-se nas secções consagradas ao Egipto faraónico em doze manuais compulsados, os quais são objecto de uma profunda análise crítica.

TAVARES, António Augusto, «História da Antiguidade: As Civilizações Pré-Clás- sicas nos ensinos superior e básico», em O Ensino da História, 12/13/14/15 (II série), I vol., Associação de Professores de História, Lisboa, 1990-1993, pp. 53- -62.

O artigo apresenta uma reflexão de cunho muito pessoal sobre os estudos de História da Antiguidade nas Universidades portuguesas públicas e privadas e analisa a parte correspondente às civilizações pré-clássicas do programa da disciplina de História do 7- ano de escolaridade (3S ciclo do ensino básico).

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LUÍS MANUEL DE ARAÚJO

de ARAÚJO, Luís Manuel, «Paletas egípcias do Museu Nacional de Arqueo- logia», em O Arqueólogo Portugués, 11/12, Museu Nacional de Arqueologia, Lisboa, 1993-1994, pp. 391-402 (il.).

O artigo descreve as nove paletas egipcias pré-dinásticas do Museu Nacional de Arqueologia características das culturas de Badari e Nagada, feitas de xisto, ardósia e anfibolito, com formas geométricas e animalistas, das quais seis se encontram expostas.

de ARAÚJO, Luís Manuel, «Os nomes egipcios», em O Casapiano, 407, Lisboa, 1994, p. 5.

Breve texto de divulgação sobre as particularidades do nome do antigo Egipto, quer o nome real integrado na sua complexa titulatura e os nomes em geral. Alguns dos nomes mencionados estão presentes em objectos egipcios existen- tes em colecções portuguesas.

de ARAÚJO, Luís Manuel, «Os nomes egipcios e os dos outros», em O Casa- piano, 408, Lisboa, 1994, p. 8.

Continuação do tema do artigo anterior consagrado ao nome no antigo Egipto, com novos exemplos sobre a composição de diferentes nomes e titulaturas faraónicas (exemplos de Tutankhamon e de Ramsés II), fazendo uma compa- ração com formas onomásticas bíblicas, romanas, muçulmanas e de tempos modernos.

de ARAÚJO, Luís Manuel, «Um esboceto egipcizante do arquitecto António do Couto», em O Casapiano, 411, Lisboa, 1994, p. 10 (il.).

Descrição de um pequeno edifício funerário de um cemitério de Lisboa conce- bido pelo arquitecto António do Couto e construído no início do século XX, com uma decoração que imita alguns elementos decorativos dos santuários e tem- pios do Egipto antigo.

de ARAÚJO, Luís Manuel, «Eça na mastaba de Ti», em Queirosiana, 5/6, Estu- dos sobre Eça de Queirós e a sua Geração, Associação dos Amigos de Eça de Queirós, Tormes, Baião, 1994, pp. 125-143 (il.).

O texto, que evoca a viagem de Eça de Queirós no Egipto (1869), foi apre- sentado durante o 2Q Encontro Internacional de Queirosianos, e descreve a visita que o escritor fez à mastaba do alto funcionário Ti, em Sakara. Nele se comenta e corrige algumas análises erradas, nomeadamente a identificação do túmulo de Ti com o «templo de Serápis», mostrando planos da mastaba e imagens dos baixos-relevos acompanhadas por extractos do texto de Eça.

CARREIRA, José Nunes, Mito, Mundo e Monoteísmo, Publicações Europa-Amé- rica, Mem Martins, 1994 = Biblioteca Universtária, 67 (14 x 21 cm; 212 pp.).

O volume começa com um capítulo a propósito do caos na Mesopotâmia, no Egipto e em Israel (pp. 9-27), e prossegue com um tema presente nas civiliza- ções pré-clássicas: o dilúvio e a destruição da humanidade (pp. 29-56). São

1994

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EGIPTOLOGIA EM PORTUGAL

analisados o mito, o antimito e a ecologia (pp. 57-72), seguindo-se um capítulo dedicado ao homem com a antropologia do Antigo Testamento (pp. 73-86), a cultura e o progresso, estabelecendo uma aproximação entre as tradições fenícias e as visões do Génesis (pp. 87-104). As miragens de eternidade apre- sentam Guilgamés e a sua aspiração à imortalidade, os mitos de ascensão (Etana e Adapa), a bíblica árvore da vida, e as soluções concebidas pelos antigos Egípcios para obter a vida eterna (pp. 105-130). Vem depois Deus entre sexo e sabedoria (pp. 131-146), continuando com a emergência do deus trans- cendente no Egipto (pp. 147-176), e com lavé: da monolatria ao monoteísmo (pp. 177-206). A obra fecha com os índices (pp. 207-212).

CARREIRA, José Nunes, Filosofia antes dos Gregos, Publicações Europa- América, Mem Martins, 1994 = Biblioteca Universitária, 71 (14 x 21 cm; 282 pp.).

O autor consagrou a introdução às expressões do conhecimento, da sabedoria e suas formas, baseando-se nas Instruções egípcias do III e II milénios a. C., bem como nos ensaios filosófico-teológicos da Mesopotâmia sumero-acádica e na sabedoria da Bíblia (pp. 11-34). O autor analisa também as teorias do conheci- mento e os limites do saber, sublinhando, entre outros aspectos, o conhecimento e a lógica do antigo Egipto (pp. 35-38), o ser e 0 tempo (pp. 54-71), a natureza e a cultura (pp. 72-94), evocando «os primeiros moralistas da humanidade» (pp. 95-121). A filosofia moral do Império Novo é estudada a partir das Instruções de Ani e de Amenemope (pp. 122-157). Um capítulo é dedicado à teorização da moral a partir do conceito de maet (pp. 158-183), e depois os ensaios de teo- diceia (pp. 184-201), e a filosofia da condição humana: Job entre os filósofos (pp. 202-324). Algumas observações teóricas sobre a teopolitologia egípcia e o papel do faraó como garante da maet (pp. 235-255) e sobre a filosofia política na Mesopotâmia e em Israel (pp. 256-274) completam 0 volume, que vai rematar com os índices (pp. 275-282).

1995

de ARAÚJO, Luís Manuel, Estudos sobre Erotismo no Antigo Egipto, Edições Colibri, Lisboa, 1995 = Temas Pré-Clássicos, 2 (15,5 x 23 cm; 349 pp., il.).

O autor reuniu neste livro diversos textos sobre 0 erotismo no antigo Egipto, com uma introdução (pp. 13-29) e seis capítulos. O primeiro aborda 0 erotismo dos deuses criadores como Atum, Ré, Khnum e Amon (pp. 31-68), 0 segundo capítulo apresenta 0 erotismo profiláctico que pode ser detectado em objectos ligados aos cuidados de beleza e nalgumas imagens funerárias (pp. 69-98), o terceiro descreve e analisa vários motivos erotizantes e porno-concupiscentes (pp. 99-114), o quarto faz uma apreciação do corpo humano tal como era visto pelos antigos Egípcios (pp. 145-196), o quinto regista a presença dos signos fálicos na escrita hieroglífica (pp. 197-223) e 0 último capítulo procura divulgar os objectos de temática erotizante presentes em colecções egípcias de Portugal (pp. 225-243). A obra termina com os apêndices (pp. 245-300), a bibliografia (pp. 301-327) e um índice final (329-349).

de ARAÚJO, Luís Manuel, O núcleo egípcio da colecção Marciano Azuaga, Casa Municipal de Cultura/Solar Condes de Resende, Vila Nova de Gaia, 1995

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LUÍS MANUEL DE ARAÚJO

= Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, Sector de Acção Cultural (21 x 29,5 cm; 30 pp., il.).

Descrição dos vinte objectos egípcios da antiga colecção Marciano Azuaga (Casa Municipal de Cultura de Gaia/Solar Condes de Resende), cuja peça mais notável é uma estatueta funerária de madeira de Minemai, com uma inscrição hieroglífica (uma versão do capítulo 6 do «Livro dos Mortos»),

de ARAÚJO, Luís Manuel, «Colecção Bustorff Silva: Núcleo Egípcio», em Um Gosto Privado, Um Olhar Público, Museu Nacional de Arqueologia, Instituto Português de Museus, Lisboa, 1995, pp. 58-62 (il.).

Descrição dos seis objectos egípcios da colecção Bustorff Silva (integrada na colecção egípcia do Museu Nacional de Arqueologia desde 1993), cujas peças mais notáveis são uma estatueta funerária de faiança com uma inscrição hie- roglífica (capítulo 6 do «Livro dos Mortos») e um escaravelho de jaspe com uma gravação na base.

de ARAÚJO, Luís Manuel, «Colecção Barros e Sá: Núcleo Egípcio», em Um Gosto Privado, Um Olhar Público, Museu Nacional de Arqueologia, Instituto Português de Museus, Lisboa, 1995, pp. 154-176 (il.).

Descrição dos oitenta objectos egípcios da colecção Barros e Sá (integrada na colecção egípcia do Museu Nacional de Arqueologia desde 1987), cujas peças mais notáveis são uma pulseira de faiança policroma, uma estatueta de Osíris de bronze e algumas moedas de bronze da dinastia ptolemaica.

de ARAÚJO, Luís Manuel, «Os gansos do Antigo Egipto», em Revista da Casa Pia de Lisboa, 15, Lisboa, 1995, pp. 56-60 (il.).

O artigo evoca os gansos do Egipto antigo, salientando a sua importância como alimento muito apreciado pelos humanos mas também como uma oferenda aos deuses e aos mortos.

de ARAÚJO, Luís Manuel, «A colecção egípcia do Museu Nacional Soares dos Reis», em Museu, 3, Círculo Dr. José de Figueiredo, Museu Nacional Soares dos Reis, Porto, 1995, pp. 7-20 (il.).

Descrição dos oito objectos da colecção egípcia do Museu Nacional de Soares dos Reis, Porto, cujas peças mais notáveis são um escaravelho do coração de basalto com uma inscrição hieroglífica na base (capítulo 30 do «Livro dos Mortos») e uma estatueta funerária de faiança de Djedhor com 0 capítulo 6 do «Livro dos Mortos».

de ARAÚJO, Luís Manuel, «De novo (e sempre) 0 Egipto: novas descobertas no país do Nilo», em Almadan, 4, Centro de Arqueologia de Almada, Almada, 1995, pp. 170-172 (il.).

Breve artigo a propósito de recentes descobertas feitas no Egipto, na região de Sakara e no Vale dos Reis (o túmulo dos filhos de Ramsés II).

de ARAÚJO, Luís Manuel, «Os escribas e 0 ensino no Antigo Egipto», em Re- vista de Ciências Históricas, 10, Universidade Portucalense, Porto, 1995, pp. 79־ -110 (¡I.).

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EGIPTOLOGIA EM PORTUGAL

O artigo divulga um texto utilizado numa conferência universitária sobre os escribas e o sistema de ensino no Egipto antigo, incluindo-se nos apéndices um vocabulário relacionado com a temática.

de ARAÚJO, Luís Manuel, «Nova descoberta no Egipto: a pirâmide de Meri- tites», em O Casapiano, 421, Lisboa, 1995, p. 5.

Breve notícia a propósito da descoberta recente de uma pequena pirâmide em Sakara pertencente a uma dama da casa real chamada Meritites.

de ARAÚJO, Luís Manuel, «O núcleo egípcio da colecção Assis Ferreira», em Cadmo, 4/5, Instituto Oriental da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Edições Colibri, Lisboa, 1994-1995, pp. 75-94 (il.).

Descrição dos doze objectos egípcios da colecção Assis Ferreira, cujas peças mais notáveis são um vaso de alabastro da Época Tinita, duas estatuetas fune- rárias de faiança com inscrições hieroglíficas e uma estatueta de Osiris de bronze.

CARREIRA, José Nunes, «Em busca da vida eterna: frustrações asiáticas e soluções egípcias», em Cadmo, 4/5, Instituto Oriental da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Edições Colibri, Lisboa, 1994-1995, pp. 7-27.

O artigo compara as concepções sumero-acádicas sobre a morte e a imorta- lldade com as concepções egípcias, sublinhando que o Egipto faraónico procla- mou, pela fé, a crença na vida eterna dos seus deuses, dos reis e dos homens justos, eles mesmos transformados em deuses.

CARREIRA, José Nunes, «A religião do antigo Egipto em estudos recentes», em Anais Universitários, 6, Ciências Sociais e Humanas, Universidade da Beira Interior, Covilhã, 1995, pp. 189-215.

O autor analisa a iconografia dos deuses egípcios, a questão de «Deus e os deuses» e 0 problema do «monoteísmo» no Egipto durante a reforma de Akhenaton em Amarna, a partir dos mais recentes estudos sobre 0 tema.

PINHEIRO, Marília Pulquério Futre, «A atracção pelo Egipto na literatura grega», em Humanitas, Miscelânia em Honra da Doutora Maria Helena da Rocha Pereira, vol. 47, 1, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Instituto de Estudos Clássicos, Coimbra, 1995, pp. 441-468 (il.).

O artigo trata da atracção pelo Egipto reflectida na literatura grega, que se pode detectar na historiografia (Heródoto), nas biografias romanceadas (Pseudo- Calístenes) e no romance (Xenofonte de Éfeso com As Efesíacas e Heliodoro com As Etiópicas).

SALES, José das Candeias, A estratificação social do antigo Egipto: Uma socie- dade esclavagista? Contributos para uma reflexão, Associação de Professores de História, Lisboa, 1995 = Cadernos Pedagógico-Didácticos, 1 (15 x 21 cm; 40PP·)■

O autor analisa a controversa questão da existência de escravatura no antigo Egipto a partir de um estudo comparativo de doze manuais de História utilizados

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LUÍS MANUEL DE ARAÚJO

no 7S ano de escolaridade (3s ciclo do ensino básico). O texto procura ainda corrigir os erros de alguns dos autores e as ideias deturpadas que regra geral os professores têm sobre esta matéria.

SALES, José das Candeias, «O Egipto antigo no programa e nos manuais de História da Arte do Ensino Secundário (10a ano)», em O Ensino da História, 1/2, Associação de Professores de História, Lisboa, Fevereiro-Junho 1995, pp. 14-19 (il.).

Comentando dois manuais de estudo, 0 autor procura explicitar e justificar as vantagens de uma correcta utilização dos documentos iconográficos nas aulas de História da Arte (10a ano do ensino secundário), sublinhando as precauções que devem ser tomadas no uso pedagógico das ilustrações.

TAVARES, António Augusto, Civilizações Pré-Ciássicas, Universidade Aberta, Lisboa, 1995 (29,5 x 20,5 cm; 511 pp., il.)

Manual para uso dos alunos do 1a ano da licenciatura em História da Univer- sidade Aberta. A obra divide-se em três partes, a fim de contemplar as socie- dades, culturas e civilizações detentoras de escrita que floresceram no Egipto, na Mesopotâmia e na Palestina (desde 0 final da Pré-História ao século V a. C.). A parte dedicada ao antigo Egipto, como de resto cada uma das partes do volume, começa pela indicação dos condicionalismos geográficos e a apresen- tação dos grandes períodos da história, que permitem depois enquadrar os fenómenos institucionais, económicos, sociais, culturais e civilizacionais.

1996

PRITCHARD, James et José Nunes CARREIRA (dir.), Atlas Bíblico, Edições Zairol, Lisboa, 1996 (37 x 27,5 cm, 428 p., il.)

A obra compõe-se fundamentalmente de duas partes: a tradução portuguesa da versão original inglesa (Atlas of the Bible, 1987), completada pelas contribuições de autores portugueses, docentes do Instituto Oriental da Faculdade de Letras de Lisboa (pp. 194-343). A parte elaborada pelos especialistas portugueses insere vários textos do antigo Egipto, entre os quais A Aventura de Sinuhe (pp. 314-316), os Anais de Tutmés III (pp. 316-318), a Estela de Merenptah ou Estela de Israel (pp. 318-320) e A Desventura de Uenamon (pp. 320-321).

TRINDADE LOPES, Maria Helena, «A problemática da nomeação no antigo Egipto», em Revista da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, 9, Edições Colibri, Lisboa, 1996, pp. 11-15.

O artigo aborda a problemática da nomeação no antigo Egipto.

1997

de ARAÚJO, Luís Manuel, «Meios de comunicação no antigo Egipto», em Anais, lll-IV, Série História, Universidade Autónoma de Lisboa, Lisboa, 1996-1997 pp 39-68 (il.).

88

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EGIPTOLOGIA EM PORTUGAL

O artigo corresponde a uma conferência sobre os meios de comunicação utilizados no Egipto faraónico, com relevo dado às formas de escrita e seus suportes, à simbologia e iconografia, e à comunicação com o Além. Os apên- dices tratam das funções do signo hieroglífico e incluem um vocabulário dos meios de comunicação.

de ARAÚJO, Luís Manuel, «Fotografia e Egiptologia no século XIX», em Cadmo, 6/7, Instituto Oriental da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Edi- ções Colibri, Lisboa, 1996-1997, pp. 92-98.

O texto corresponde a uma comunicação apresentada durante um colóquio sobre a temática organizado na Faculdade de Letras de Lisboa.

CARREIRA, José Nunes, «O rosto feminino do Egipto faraónico», em A Mulher e a Sociedade, Actas dos 3as Cursos Internacionais de Verão, I, Câmara Municipal de Cascais, Cascais, 1997, pp. 43-62.

O artigo debruça-se sobre a mulher e 0 seu útil papel como esposa e como mãe na sociedade egípcia, a partir de alguns exemplos recolhidos nos textos e na arte, sublinhando a importância do casamento e as ligações com o poder.

RAMOS, José Augusto, «A Bíblia e o seu Mundo», em Revista da Faculdade de Letras, 21/22, Lisboa, 1996-1997, pp. 155-196 (il.)

O artigo inclui referências ao Egipto e à presença dos hebreus na região do Delta, ao Êxodo e ao seu contexto histórico, entre outros aspectos.

SALES, José das Candeias, A ideologia real acádica e egípcia. Representações do poder político pré-clássico, Editorial Estampa, Lisboa, 1997 = Nova História, 33 (14 x 20,5 cm; 290 pp., il.).

Este livro pretende ser uma reflexão sobre 0 poder político na civilização egípcia e durante o período acádico da história da Mesopotâmia, e nele se procuram detectar as ideias e as noções principais que sustentaram 0 exercício do poder e a realeza nas duas regiões geográficas mencionadas, sublinhando sobretudo os aspectos simbólicos, ideológicos e de propaganda. Para dar uma visão 0 mais completa possível da ideologia real egípcia o autor procura interpretar diversos textos produzidos durante os vários períodos da história egípcia. A ideologia faraónica é 0 tema do capítulo 2 da II parte (pp. 133-239). A obra termina com uma conclusão (pp. 241-246), um apêndice de textos explicativos das fontes utilizadas para Akkad (pp. 249-266) e para 0 Egipto (pp. 267- 278), e com a bibliografia (pp. 279-290).

SALES, José das Candeias, «Egipto: As origens de um destino», em O Ensino da História, 8/9, Associação de Profesores de História, Lisboa, Junho-Outubro 1997, pp. 55-60.

O artigo relata em detalhe a visita ao Egipto organizada pela Associação de Professores de História (1-8 de Abril de 1997) a qual seguiu o percurso tradicio- nal dos grupos turísticos e que incluiu os templos de Abu Simbel.

TRINDADE LOPES, Maria Helena, «O hieróglifo: da imagem à escrita», em Revista da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, 10, Edições Colibri, Lisboa, 1997, pp. 477-484.

O artigo trata dos hieróglifos como imagens e como signos de escrita.

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LUÍS MANUEL DE ARAÚJO

de ARAÚJO, Luís Manuel, «O núcleo egípcio da colecção de antiguidades da Biblioteca Nacional», em Leituras, 2, Biblioteca Nacional, Lisboa, Outubro 1997־ Abril 1998, pp. 161-167 (il.).

Descrição de dois objectos egípcios da Biblioteca Nacional de Lisboa: uma esta- tueta funerária de faiança e uma estatueta de Osiris de bronze.

MOREIRA, Ana Maria Mendes, «O casamento como fonte de poder no Próximo Oriente Antigo: O equilíbrio egípcio-mitanniano», em Poder e Sociedade, Actas das Jornadas Interdisciplinares, I, Centro de Estudos Históricos Interdiscipli- nares, Universidade Aberta Lisboa, 1988, pp. 79-93.

A autora analisa a instituição do casamento nas civilizações pré-clássicas do Próximo Oriente Antigo enquanto fonte e sustentáculo do poder, tomando como exemplo e como consequência de uma eficaz política de casamentos 0 equilí- brio entre 0 Egipto e 0 Império de Mitanni alcançado no século XV a. C.

SALES, José das Candeias, «Roteiro de visita à secção de Antiguidades Egíp- cias do Museu do Louvre», em O Ensino da História, 12, Associação de Profes- sores de História, Lisboa, Outubro 1998, pp. 19-22.

Apresentação e comentário da colecção egípcia do Museu do Louvre depois da grande renovação operada nas salas das antiguidades egípcias que o autor visitou, com descrição dos objectos mais importantes do acervo.

SALES, José das Candeias, «Os fundamentos do poder faraónico: o caso para- digmático de Ramsés II», em Poder e Sociedade, Actas das Jornadas Inter- disciplinares, I, Centro de Estudos Históricos Interdisciplinares, Universidade Aberta, Lisboa, 1988, pp. 45-77 (il.).

Apoiando-se na análise da titulatura de Ramsés II o autor procura demonstrar a importância da fraseologia protocolar no contexto do poder faraónico, enfati- zando 0 papel de chefe militar invencível do faraó no Império Novo e, no con- texto ramséssida, a divinização do rei.

1998

1999

de ARAÚJO, Luís Manuel, O Clero do Deus Amon no Antigo Egipto, Edições Cosmos, Lisboa, 1999 = Orientalia Lusitana, 2 (15,5 x 23 cm.; 404 pp., il.).

A obra procura apresentar o poderoso clero amoniano de Tebas (Uaset) desde o seu estabelecimento no Império Médio até ao seu apogeu no Império Médio e durante o pontificado tebano da XXI dinastia (1070-945 a. C.), seguindo depois a sua lenta decadência. Após a introdução (pp. 17-33), o autor evoca o seguro e progressivo aumento de poder do clero de Amon ao longo do Império Médio e sobretudo no Império Novo, salientando e analisando as relações com os faraós (pp. 37-105), o pontificado tebano do «Estado divino» de Amon (pp. 109-173), a eficiente hierarquia sacerdotal amoniana (pp. 177-233) e a conclusão (pp. 235- -249). Finalmente vêm os apêndices (pp. 251-342), a bibliografia (pp. 343-371) e os índices (pp. 373-403).

90

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EGIPTOLOGIA EM PORTUGAL

de ARAÚJO, Luís Manuel, «O núcleo egípcio da colecção Luís Teixeira da Mota», em Carlos Alberto Ferreira de Almeida, In Memoriam, I, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 1999, pp. 117-124 (il.).

Descrição dos seis objectos egípcios da colecção Luís Teixeira da Mota, mere- cendo destaque um vaso de vísceras de madeira pintada com inscrição hiero- glífica.

de ARAÚJO, Luís Manuel, «Há 200 anos: A Pedra de Roseta e 0 nascimento da Egiptologia», em Clube do Coleccionador, 1, CTT Correios, Lisboa, Março-Abril- -Maio 1999, pp. 23-25 (il.).

Breve artigo de divulgação para assinalar a passagem do 200a aniversário da descoberta da Pedra de Roseta no decurso da expedição de Bonaparte ao Egipto (1799).

de ARAÚJO, Luís Manuel, «O núcleo egípcio da colecção Miguel Barbosa», em Cadmo, 8/9, Instituto Oriental da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Edições Colibri, Lisboa, 1998-1999, 89-134 (il.).

Descrição dos 47 objectos egípcios da colecção Miguel Barbosa, cujas exem- piares mais notáveis são uma estatueta funerária de faiança pertencente a Isitemkhebi, uma cabeça de falcão de bronze, uma cabeça de Osiris de bronze, um babuíno de Tot de ametista e uma âmbula copta com um texto eulógico de S. Menas.

de ARAÚJO, Luís Manuel, «O núcleo egípcio da colecção Fernando Freitas Simões», em Clio, 4, Centro de História da Universidade de Lisboa, Lisboa,1999, pp. 9-24 (il.).

Descrição dos 20 objectos egípcios da colecção Fernando Freitas Simões, cujas peças mais importantes são uma estatueta funerária de madeira de Hunurai, uma estatueta funerária de faiança de Ptah-hotep (ambas com 0 capítulo 6 do «Livro dos Mortos»), um amuleto de faiança de Chu e um colar de cornalina e turquesa.

de ARAÚJO, Luís Manuel, «A colecção egípcia do Museu Calouste Gulbenkian», em O Casapiano, 463, Lisboa, Setembro 1999, p. 6 (il.).

Artigo de divulgação que publicita e descreve as peças da colecção de antigui- dades egípcias do Museu Calouste Gulbenkian.

de ARAÚJO, Luís Manuel, «As dez melhores peças egípcias do Museu Nacional de Arqueologia», em O Casapiano, 464, Lisboa, Outubro 1999, p. 10 (il.).

Artigo de divulgação que publicita e descreve as dez melhores peças da colec- ção de antiguidades egípcias do Museu Nacional de Arqueologia.

CARREIRA, José Nunes, Cantigas de Amor do Oriente Antigo, Edições Cosmos, Lisboa, 1999 = Orientalia Lusitana, 3 (15,5 x 23 cm; 266 pp.).

Nesta obra o autor oferece um estudo e uma antologia das cantigas de amor da Suméria (as quais inspiraram textos do género produzidos pelas civilizações

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LUÍS MANUEL DE ARAÚJO

semitas da Mesopotámia), de Israel e do Egipto. Os belos poemas egipcios, uma produção típica do Império Novo, nomeadamente da XIX dinastia, são aqui apreciados como expressão de um amor profano, aspecto que em geral é contrário ao dos textos de índole semelhante elaborados por povos contem- porâneos. O capítulo do volume consagrado à poesia lírica egípcia contém a tradução dos poemas com desenvolvidos comentários (pp. 159-196).

SALES, José das Candeias, ,4s Divindades Egípcias. Uma chave para a compreensão do Egipto antigo, Editorial Estampa, Lisboa, 1999 = Nova História 38 (14 x 20,5 cm, 472 pp., il.).

O livro trata da religião egípcia e nomeadamente das suas divindades, vistas e apresentadas como uma chave para a compreensão do antigo Egipto. O pri- meiro capítulo é uma reflexão geral sobre a religião egípcia enquanto sistema de interpretação do cosmos, da ética e estética existenciais. Os sete capítulos seguintes explicitam e distinguem mais de cem divindades do Egipto antigo, e ainda animais sagrados, enriquecidos com mais de quinhentas ilustrações. A partir dos atributos, funções, símbolos, nomes, e representações iconográficas, são caracterizados os deuses e as deusas venerados pelos antigos Egípcios, alguns dos quais continuaram a ser objecto de culto sob 0 Império Romano. A obra começa por uma introdução (pp. 13-17), e continua com uma reflexão sobre a religião egípcia (pp. 19-89), as divindades dos primeiros tempos (pp. 91- 190), as divindades protectoras da monarquia e do Egipto (pp. 191-268), as divindades da criacão, da fertilidade e protectoras do nascimento (pp. 269-337), as divindades funerárias (pp. 339-365), os humanos divinizados e o faraó como deus (pp. 367-382), os animais sagrados e divinizados (pp. 383-404), as divin- dades abstractas e os conceitos divinizados (pp. 405-418). Remata com a conclusão (pp. 419-425), os apêndices (pp. 427-437), a bibliografia (pp. 439-451) e os índices.

TRINDADE LOPES, Maria Helena, «O festival de Opet: reflexos na onomástica egípcia do Império Novo», em Carlos Alberto Ferreira de Almeida, In Memoriam, I, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Porto, 1999, pp. 415-420 (il.).

A autora apresenta uma lista de nomes egípcios, divididos em sete categorias, cuja formação foi influenciada pela «Bela Festa de Opet» celebrada anualmente em Tebas (mas sem mencionar o bem conhecido nome de Amenemope/ Amenemopet claramente típico da época e derivado de tal festa).

TRINDADE LOPES, Maria Helena, «A mulher no Egipto antigo», em Faces de Eva. Estudos sobre a Mulher, 1-2, Edições Colibri, Lisboa, 1999, pp. 121-125 (il.).

Breve texto sobre a mulher no antigo Egipto.

2000

de ARAÚJO, Luís Manuel, «Um escaravelho do coração numa colecção privada portuguesa», em Museu, 9, Círculo Dr. José de Figueiredo, Museu Nacional de Soares dos Reis, Porto, 2000, pp. 7-27 (¡I.).

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EGIPTOLOGIA EM PORTUGAL

Descrição detalhada de um escaravelho do coração de basalto pertencente a uma colecção privada portuguesa (colecção Sam Levy) com a tradução e o comentário do capítulo 30 do «Livro dos Mortos» gravado na base do objecto, e comparação com outros escaravelhos idênticos.

de ARAÚJO, Luís Manuel, «Os túmulos reais de Tãnis», em Clube do Coleccio- nador, 1, CTT Correios, Lisboa, Março-Abril-Maio 2000, pp. 23-25 (il.).

Breve artigo de divulgação para assinalar a passagem do 60s aniversário da descoberta dos túmulos reais de Tãnis por Pierre Montet (1939), com uma descrição sumária dos objectos encontrados.

de ARAÚJO, Luís Manuel, «Museologia egiptológica em Portugal no século XX», em Boletim da Associação Portuguesa de Museologia, 1/2, Lisboa, 2000, pp. 88- -95.

Texto de uma comunicação apresentada no Colóquio da Associação Portuguesa de Museologia (APOM) com um balanço da museologia egiptológica em Portugal. São descritas as principais colecções públicas e privadas portuguesas organizadas durante 0 século XX, salientando-se as que estão abertas ao público.

de ARAÚJO, Luís Manuel, «A escrita das escritas: Introdução», em A Escrita das Escritas, Fundação Portuguesa das Comunicações, ESTAR Editores, Lisboa, 2000, pp. 9-42 (il.).

Álbum temático elaborado com as contribuições de diversos especialistas e publicado como apoio de uma exposição temporária sobre A Escrita (Museu das Comunicações, de Outubro de 2000 a Março de 2001). O artigo introdutório apresenta o circuito expositivo e faz uma descrição genérica sobre as principais escritas evocadas, nomeadamente a escrita egípcia hieroglífica, os suportes e os instrumentos usados pelos escribas. O autor do artigo é também 0 coorde- nador do volume.

de ARAÚJO, Luís Manuel, «As escritas egípcias: eternidade e quotidiano», em A Escrita das Escritas, Fundação Portuguesa das Comunicações, ESTAR Editores, Lisboa, 2000, pp. 59-70 (il.).

Álbum temático elaborado com as contribuições de diversos especialistas e publicado como apoio de uma exposição temporária sobre A Escrita (Museu das Comunicações, de Outubro de 2000 a Março de 2001). O artigo sobre as escri- tas egípcias apresenta sinteticamente a escrita hieroglífica, hierática, demótica e copta com vários exemplos.

de ARAÚJO, Luís Manuel, «A escrita: traços e espaços», em Códice, 6, Funda- ção Portuguesa das Comunicações, Lisboa, 2000, pp. 34-42 (il.).

Artigo de apresentação da exposição organizada pela Fundação Portuguesa das Comunicações dedicada ao tema «A Escrita» (Outubro de 2000 a Março de 2001), com quinze painéis murais de temática egiptológica e doze objectos egípcios expostos (de colecções portuguesas e do Museu do Louvre).

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LUÍS MANUEL DE ARAÚJO

de ARAÚJO, Luís Manuel, «Objectos egípcios em colecções privadas portu- guesas», em Clube do Coleccionador, 3, CTT Correios, Lisboa, Setembro- -Outubro-Novembro 2000, pp. 2-5 (il.).

O autor faz um balanço das colecções privadas egípcias existentes em Portugal, salientando as principais peças de cada um dos acervos apresentados e acentuando as dificuldades próprias do coleccionismo de timbre egiptológico.

de ARAÚJO, Luís Manuel, «A viagem oriental de Eça», em Camões, 9/10, revista de Letras e Culturas Lusófonas, Instituto Camões, Lisboa, Abril-Setembro2000, pp. 6 8 7 4 .(.il) ־

O artigo recorda a viagem oriental de Eça de Queirós feita em 1869 ao Egipto (para a inauguração do canal de Suez), à Síria e Palestina. Referências à esta- dia de Eça no Cairo e visitas aos locais dos arredores evocativos da civilização faraónica.

SALES, José das Candeias, A Arte do Antigo Egipto: Uma arte para a eterni- dade, Universidade Aberta, Lisboa, 2000 = Formação Contínua à Distância (21 x 30 cm; 134 pp., il.).

O volume foi concebido como um manual de formação para os professores de História do 7- ano do ensino básico e de História de Arte do ensino secundário. Após a introdução (pp. 5-8) e uma breve apresentação dos elementos estru- turantes da arte egípcia, com as condições e os recursos naturais bem como a concepção de ser humano e de vida no Além (pp. 9-26), seguem-se a arqui- tectura, no âmbito religioso, civil e militar (pp. 27-50), a escultura, com as fases de elaboração de uma estátua de pedra e o tratamento das estátuas reais, está- tuas privadas e estátuas de metal (pp. 51-70), a pintura, sendo descritos os pigmentos, as composições, as convenções de representação, com especial referência ao interregno amarniano e aos «retratos do Faium» (pp. 71-91), a cerâmica (pp. 93-96), a joalharia (pp. 97-102), 0 mobiliário (pp. 103-108), a tece- lagem e a cestaria (pp. 109-114), 0 vidro (pp. 115-120) e uma conclusão (pp. 121-122). Por fim surgem os anexos (pp. 123-132) e a bibliografia (p. 134).

SALES, José das Candeias, «A iconografia ptolomaica e o conceito de poder real (a função guerreira como referente multissecular)», em Discursos. Língua, Cultura e Sociedade, 2, Universidade Aberta, Lisboa, Abril 2000, pp. 45-70.

O artigo aborda os aspectos característicos da iconografia da dinastia ptole- maica e o conceito de poder real, estabelecendo relações com a função guer- reira enquanto referente multissecular, a qual remontava já a épocas anteriores da história faraónica.

SALES, José das Candeias, «O documento iconográfico na aula de História: virtudes e problemas. O exemplo da arte do antigo Egipto», em O Ensino da História, 18, Associação de Professores de História, Lisboa, Outubro 2000, pp. 25-28.

O autor procura explicar e justificar as vantagens da correcta utilização do documento iconográfico nas aulas de História e de História da Arte do ensino básico e do ensino secundário, sublinhando as precauções que devem ser toma- das na apreciação e apresentação das imagens do antigo Egipto.

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