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D. Eleitoral Dr. Rodrigo Souza Data: 08/07/10. CÓD: TRE0807-I Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br 1/73 INTRODUÇÃO A democracia no Brasil é conceituada como semidireta, considerando a possibilidade do cidadão participar da formação da vontade política nacional, seja através de seus representantes eleitos, seja diretamente. Tal afirmação pode ser retirada da análise do art. 1º §único da Constituição Federal: Parágrafo único - Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. Nesse sentido, o direito eleitoral é o ramo do Direito Público composto por um conjunto de normas destinadas a regular os deveres dos cidadãos em suas relações políticas com o Estado. O foco principal do estudo do direito eleitoral recai sobre os direitos políticos. Tais direitos estão disciplinados nos art. 14 a 16 da Constituição Federal1. Os direitos políticos podem ser classificados em positivos ou negativos, conforme tradicional divisão nos apresentada por José Afonso da Silva: Direitos Políticos Positivos São as normas que asseguram a participação no processo político. Garantem a participação do povo na gestão e controle da coisa pública, seja pelo direito de participação popular: através da iniciativa legislativa popular, o direito de propor a ação popular e o direito de organizar e participar de partidos políticos, seja através das várias modalidades de direito de sufrágio: direito de voto nas eleições, direito de elegibilidade (de ser votado), direito de voto nos plebiscitos e referendos. Os direitos políticos positivos podem ser divididos na capacidade eleitoral ativa (direito de votar) ou capacidade eleitoral passiva (direito de ser votado). Direitos Políticos Negativos Tratam-se das normas constitucionais restritivas e impeditivas do direito do cidadão de participar do processo político e nos órgãos governamentais, privando o cidadão do direito de eleger e ser eleito, de exercer atividade político partidária ou de exercer função pública. _____________________________________________________________________________ __ O capítulo IV da Constituição Federal (arts. 14 a 16) trata dos direitos políticos, que nada mais são do que o conjunto de normas reguladoras do exercício da soberania popular. Dentre tais normas despontam aquelas destinadas ao efetivo exercício dos direitos políticos e as que, por razões de ordem pública, de forma permanente ou 1 Conforme lembra Pedro Henrique Távora Neles, citando, José Afonso da Silva, “embora a Constituição conceba os direitos políticos, em sentido estrito, o conceito é mais amplo, indo além do direito de sufrágio para alcançar o direito de propor ação popular e o direito de organizar e participar de partidos políticos.

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INTRODUÇÃO A democracia no Brasil é conceituada como semidireta, considerando a possibilidade do cidadão participar da formação da vontade política nacional, seja através de seus representantes eleitos, seja diretamente. Tal afirmação pode ser retirada da análise do art. 1º §único da Constituição Federal:

Parágrafo único - Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Nesse sentido, o direito eleitoral é o ramo do Direito Público composto por um conjunto de normas destinadas a regular os deveres dos cidadãos em suas relações políticas com o Estado. O foco principal do estudo do direito eleitoral recai sobre os direitos políticos. Tais direitos estão disciplinados nos art. 14 a 16 da Constituição Federal1. Os direitos políticos podem ser classificados em positivos ou negativos, conforme tradicional divisão nos apresentada por José Afonso da Silva:

• Direitos Políticos Positivos

São as normas que asseguram a participação no processo político. Garantem a participação do povo na gestão e controle da coisa pública, seja pelo direito de participação popular: através da iniciativa legislativa popular, o direito de propor a ação popular e o direito de organizar e participar de partidos políticos, seja através das várias modalidades de direito de sufrágio: direito de voto nas eleições, direito de elegibilidade (de ser votado), direito de voto nos plebiscitos e referendos.

Os direitos políticos positivos podem ser divididos na capacidade eleitoral ativa (direito de votar) ou capacidade eleitoral passiva (direito de ser votado).

• Direitos Políticos Negativos

Tratam-se das normas constitucionais restritivas e impeditivas do direito do cidadão de participar do processo político e nos órgãos governamentais, privando o cidadão do direito de eleger e ser eleito, de exercer atividade político partidária ou de exercer função pública.

_______________________________________________________________________________

O capítulo IV da Constituição Federal (arts. 14 a 16) trata dos direitos políticos, que nada mais são do que o conjunto de normas reguladoras do exercício da soberania popular. Dentre tais normas despontam aquelas destinadas ao efetivo exercício dos direitos políticos e as que, por razões de ordem pública, de forma permanente ou

1 Conforme lembra Pedro Henrique Távora Neles, citando, José Afonso da Silva, “embora a Constituição conceba os direitos políticos, em sentido estrito, o conceito é mais amplo, indo além do direito de sufrágio para alcançar o direito de propor ação popular e o direito de organizar e participar de partidos políticos.

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temporária, restringem o exercício desses mesmos direitos, razão de ser da dicotomia entre direitos políticos positivos e direitos políticos negativos.

Dispõe o art. 14 da Constituição Federal:

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:

I – plebiscito;

II – referendo;

III – iniciativa popular.

(...)

Nas palavras de José Afonso a Silva, “as instituições fundamentais dos direitos políticos que configuram o direito eleitoral”, ou seja, são instituições fundamentais do direito eleitoral: 1) o sufrágio (ativo e passivo); 2) os sistemas eleitorais; e 3) os procedimentos eleitorais. Também se concebe formas especiais de exercício da soberania popular, mediante consultas (voto) ou iniciativa direta da população, capazes de interferir no labor legislativo, quais sejam: a) o plebiscito; b) o referendo; e c) a iniciativa popular. Em se tratando de consulta mediante voto, convém lembrar que impera o princípio do sufrágio universal.

Como ferramenta básica do exercício da soberania popular desponta o “sufrágio universal”, daí sobrevindo o “direito de sufrágio”. A palavra sufrágio, que deriva do latim suffragium, de sufragari (favorecer, interceder, aprovar por votos), no sentido do direito público exprime, como destaca De Plácido e Silva, a manifestação da vontade de um povo, para escolha de seus dirigentes, por meio do voto. Já na observação de José Afonso da Silva ao citar Carlos S. Fayt, “trata-se de um direito público subjetivo de natureza política, que tem o cidadão de eleger, ser eleito e de participar da organização e da atividade do poder estatal”.

A representação política, na definição de Bobbio significa um mecanismo político particular para a realização de uma relação de controle (regular) entre governados e governantes. Contempla-se a idéia de que um único indivíduo não pode exercer pessoalmente o poder, podendo fazê-lo em nome da coletividade ou universalidade que representa. A Representação política pode definir-se então como uma representação eletiva. Não é suficiente porém um tipo qualquer de eleições. Trata-se de eleições competitivas e que ofereçam um mínimo de garantias de liberdade para expressão do sufrágio.

AQUISIÇÃO DA CIDADANIA (a) Alistamento Eleitoral e Voto

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O alistamento eleitoral, para a maioria da doutrina configura-se como a primeira fase do processo eleitoral. É a formalização da aquisição de direitos políticos pelo nacional. Com o alistamento eleitoral o cidadão adquire a capacidade eleitoral ativa (direito de votar)

De acordo com a Constituição Federal, que o alistamento e o voto são obrigatórios para os maiores de 18 anos. Obviamente, não para todos. No art. 14 §1º, II, a Constituição Federal dispõe acerca da facultatividade do alistamento e do voto:

• Maiores de 70 anos

• Analfabetos

• Maiores de 16 anos e maiores de 18 anos

A Resolução 21538/2003 dispõe no art. 80 §6º que existe a dispensa de apresentação de justificativa para os acima mencionados, salvo quando maiores de 80 anos. Todavia, o TSE decidiu no Acórdão 649 afastar a expressão “ maiores de 80 anos”. O que nos parece o mais lógico, ou seja, um idoso com 71 anos, alistado, que não votar, não precisaria justificar. Agora, uma pessoa com 82 anos que não comparecesse para justificar a ausência do voto, poderia ter o cancelamento da inscrição como eleitor.2

Deve-se destacar que para os acima estabelecidos, caso sejam alistados perante a Justiça Eleitoral, permanecerá facultativo o voto. No que diz respeito aos analfabetos é correto afirmar que esses possuem capacidade eleitoral ativa, não possuem, entretanto, capacidade eleitoral passiva.

O alistamento eleitoral é vedado para os estrangeiros e para os conscritos3, que são os militares durante o serviço militar obrigatório. Também é vedado o alistamento eleitoral dos menores de 16 anos. Entretanto, o menor com quinze anos poderá alistar-se como eleitor, desde que complete 16 anos até o dia da eleição.

O Código Eleitoral dispõe que não podem ser eleitores aqueles que não saibam exprirmir-se na língua nacional. (Art. 5, II, CE/65)

Analisando-se, ainda, a situação do conscrito, o TSE apreciando a Consulta nº 9.881/90 entendeu que “o eleitor inscrito, ao ser incorporado para a prestação do serviço militar obrigatório, deve ter sua inscrição mantida, porém ficará impedido de votar”, fundamentando a v. decisão com o art. 6º, inciso II, alínea ‘c’ do CE – Resolução 15.072, de 28.2.89.

Em seu artigo 6.º, o Código Eleitoral (Lei n. 4.737/65) também faculta o alistamento do inválido e dos que se encontram fora do país. Faculta, ainda, o voto dos enfermos, dos que se encontram fora de seu domicílio e dos servidores públicos em serviço que os impeça de votar.

2 Desde que deixasse de votar e justificar por três eleições consecutivas.

3 Conscrição é o alistamento das pessoas nascidas em determinadas épocas , que, estando aptas para o serviço militar, a ele são obrigadas (Pinto Ferreira, Curso de Direito Constitucional, p. 168)

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O eleitor obrigado a votar, que se encontra no exterior no dia da votação, tem o prazo de 30 dias contados de seu ingresso no país para justificar sua falta perante o juiz de sua zona eleitoral. No caso de estar no país, o eleitor, que tinha obrigação de votar e não o fez, tem o prazo de 60 dias para justificar sua ausência.

Sobre o prazo máximo para o requerimento de alistamento deve-se analisar o art. 91 da Lei 9504/97: “nenhum requerimento de alistamento eleitoral ou transferência de domicílio eleitoral será recebido dentro dos cento e cinqüenta dias anteriores à eleição”. Desse modo o prazo máximo para os nacionais efetivarem o alistamento eleitoral é o 151º dia anterior à eleição.

Nos arts. 71 a 81 O Código Eleitoral elenca as hipóteses de cancelamento e exclusão do alistamento eleitoral. Segundo Pinto Ferreira: “O Cancelamento se realiza quando a inscrição de que se trata deixa de existir, como nas hipóteses de pluralidade de inscrições, quando elas são canceladas, ou na de transferência do eleitor para outra zona ou circunscrição . A exclusão é feita contra o próprio eleitor, que deixa de ser eleitor, até que cesse o motivo da exclusão, quando poderá novamente pleitear e requerer a sua inscrição.”

Para Djalma Pinto: “O cancelamento é a retirada do nome do cidadao do rol dos eleitores. Exclusão, por sua vez, é o processo através do qual se realiza o cancelamento da inscrição.” Durante o processo e até a exclusão pode o eleitor votar validamente (art. 72). Saliente-se que a ocorrência de exclusão ou cancelamento não prejudica a aplicação das sanções penais correspondentes.

As causas de cancelamento da inscrição eleitoral (o alistamento eleitoral é uma das condições de elegibilidade) estão explicitadas no artigo 71 do Código Eleitoral. São elas:

I – infração do artigo 5.º do Código Eleitoral, que veda o alistamento como eleitores dos que não saibam exprimir-se na língua nacional (conceito que não restringe o alistamento e o voto dos deficientes que têm capacidade de expressar sua vontade) ou que estejam privados dos seus direitos políticos;

II – infração do artigo 42 do Código Eleitoral, que veda o alistamento dos que estão privados temporária ou definitivamente dos direitos políticos;

III – a suspensão ou perda dos direitos políticos;

IV – a pluralidade de inscrições;

V – o falecimento do eleitor, devendo o cartório de registro civil, até o dia 15 de cada mês, enviar ao Juiz eleitoral a comunicação dos óbitos dos cidadãos alistados;

VI – deixar de votar em três eleições consecutivas.

Nesse último caso será cancelada a inscrição do eleitor que se abstiver de votar em três eleições consecutivas, salvo se houver apresentado justificativa para a falta ou efetuado o pagamento da multa, ficando excluídos do cancelamento os eleitores que, por prerrogativa constitucional, não estejam obrigados ao exercício do voto.

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JURISPRUDÊNCIA DO TSE SOBRE ALISTAMENTO !

Alistamento eleitoral. Exigências. São aplicáveis aos indígenas integrados, reconhecidos no pleno exercício dos direitos civis, nos termos da legislação especial (Estatuto do Índio), as exigências impostas para o alistamento eleitoral, inclusive de comprovação de quitação do serviço militar ou de cumprimento de prestação alternativa.. (Res. no 20.806, de 15.5.2001, rel. Garcia Vieira.)

.(...) Cabimento de recurso contra decisão de juiz eleitoral. Arts. 29, II, a, e 80 do Código Eleitoral. Recurso provido. I . Ao delegado de partido é facultado recorrer não só da sentença de exclusão, mas ainda da que mantém a inscrição eleitoral (art. 80 c.c. o art. 29, II, a, do Código Eleitoral). II . O Ministério Público Eleitoral é parte legítima para interpor o recurso de que trata o art. 80 do Código Eleitoral (Ag no 4.459/SP, rel. Min. Luiz Carlos Madeira, DJ de 21.6.2004). (...). (Ac. no 21.644, de 2.9.2004, rel. Min. Peçanha Martins.)

Alistamento eleitoral. Impossibilidade de ser efetuado por aqueles que prestam o serviço militar obrigatório. Manutenção do impedimento ao exercício do voto pelos conscritos anteriormente alistados perante a Justiça Eleitoral, durante o período da conscrição.. (Res. no 20.165, de 7.4.98, rel. Min. Nilson Naves.)

Alistamento eleitoral. Militares. Obrigatoriedade. CF, art. 14 § 2o. O alistamento eleitoral é obrigatório para os militares, exceto os conscritos, enquanto durar o serviço militar obrigatório.. (Res. no 15.945, de 16.11.89, rel. Min. Octávio Gallotti.)

.1. Eleitor. Serviço militar obrigatório. 2. Entendimento da expressão .conscrito. no art. 14, § 2o da CF. 3. Aluno de órgão de formação da reserva. Integração no conceito de serviço militar obrigatório. Proibição de votação, ainda que anteriormente alistado. 4. Situação especial prevista na Lei no 5.292. Médicos, dentistas, farmacêuticos e veterinários. Condição de serviço militar obrigatório. 5. Serviço militar em prorrogação ao tempo de soldado engajado. Implicação do art. 14, § 2o da CF.. NE: .(...) Nessa

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situação, estão abrangidos pela proibição do art. 14, § 2o da CF, isto é, não podem se alistar. (...). (Res. no 15.850, de 3.11.89, rel. Min. Roberto Rosas.)

.(...) 2. Alistamento. Policiais militares. CF, art.14, § 2o. Os policiais

militares, em qualquer nível de carreira são alistáveis, tendo em vista a inexistência de vedação legal.. (Res. no 15.099, de 9.3.89, rel. Min. Villas Boas.)

(b) Domicílio eleitoral. Conceito, transferência e prazos.

O conceito de domicílio eleitoral não se confunde com o de domicilio civil. Nesse sentido, dispõe o artigo 42 do Código Eleitoral: “caso o alistando tenha mais de uma residência, qualquer uma delas será considerada como domicílio eleitoral..” Assim dispõe a jurisprudência do TSE:

“Domicílio eleitoral. O domicílio eleitoral não se confunde, necessariamente, com o domicílio civil. A circunstância de o eleitor residir em determinado município não constitui obstáculo a que se candidate em outra localidade onde é inscrito e com a qual mantém vínculos (negócios, propriedades, atividades políticas).” ( Ac. n° 18.124, de 16.11.2000, rel. Min. Garcia Vieira, red. designado Min. Fernando Neves.)

“(...). 1. O TSE, na interpretação dos arts. 42 e 55 do CE, tem liberalizado a caracterização do domicílio para fim eleitoral e possibilitado a transferência – ainda quando o eleitor não mantenha residência civil na circunscrição – à vista de diferentes vínculos com o município (histórico e precedentes). (...)” NE : Histórico da exigência de prazo mínimo de domicílio eleitoral na circunscrição. ( Ac. n° 18.803, de 11.9.2001, rel. Min. Sepúlveda Pertence.)

Com relação ao conceito de domicílio eleitoral para fins de pretensão aos cargos eletivos, a Lei 9504/97 em seu artigo 9º assevera que os candidatos devem possuir domicílio eleitoral na circunscrição em que pretendem concorrer pelo prazo mínimo de um ano antes da eleição. Desse modo, um governador deverá possuir domicílio eleitoral no Estado, pelo prazo mínimo de um ano. Por outro lado o prefeito, deverá possuir domicílio no respectivo município pelo prazo de um ano.

Importante observar que, conforme entende o TSE, o detentor de mandato eletivo que transferiu seu domicílio eleitoral para outra unidade da Federação pode ser

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candidato para o mesmo cargo pelo seu novo domicílio. A transferência do domicílio eleitoral, nesse caso, não irá acarretar a perda do mandato.

A transferência do domicílio eleitoral deverá ser requerida ao juiz do novo domicílio, antes dos 150 dias anteriores à eleição. Registre-se, desde logo, que o eleitor não é obrigado a transferir o domicílio eleitoral. Entretanto, caso o eleitor não compareça para votar, deverá justificar sua ausência no prazo de 60 dias contados da eleição.

Os requisitos para transferência estão previstos no art. 55 do Código Eleitoral e atualizados pela Resolução 21538/03 do TSE:

1. Residência mínima de três meses no novo domicílio, declarada pelo eleitor sob as penas da lei.

2. Decurso de um ano do alistamento ou da última transferência.

3. Requerimento até o 151º dia anterior à eleição.

4. Quitação com as obrigações eleitorais

O eleitor que teve indeferido o requerimento de transferência poderá recorrer ao Tribunal Regional Eleitoral no prazo de 3 dias. No caso de deferimento, os delegados de partidos poderão recorrer no prazo de 10 dias ao Tribunal Regional Eleitoral.

No caso de remoção de servidor público ou militar, os requisitos 1 e 2 são dispensados. Essa regra aplicar-se-á aos membros da família.

Outro ponto a ser destacado é a possibilidade de recursos no processo de transferência do domicílio eleitoral. O eleitor que teve indeferido o requerimento de transferência poderá recorrer ao Tribunal Regional Eleitoral no prazo de 5 dias. No caso de deferimento, os delegados de partidos poderão recorrer no prazo de 10 dias ao Tribunal Regional Eleitoral. Esse Tribunal irá julgar os recursos no prazo de cinco dias. (Resolução 21538/2003)

JURISPRUDÊNCIA DO TSE SOBRE DOMICÍLIO ELEITORAL:

“Consulta. Prefeito municipal. Outro município. Eleição. Período subseqüente. Afastamento. Município desmembrado. Burla à regra da reeleição. Impossibilidade. Domicílio eleitoral. Inscrição eleitoral. Transferência. Esposa. Mesmo cargo. Cargo diverso. (...) 3. Prefeito em exercício pode transferir o seu domicílio eleitoral para outra comarca. As eventuais conseqüências que esse ato possa acarretar não são examinadas pela Justiça Eleitoral. (...)”

( Res. n° 21.297, de 12.11.2002, rel. Min. Fernando Neves.)

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(c) Perda ou Suspensão dos direitos políticos

O art. 15 da Constituição Federal dispõe que os direitos políticos não podem ser cassados. O cidadão pode, excepcionalmente, ser privado definitivamente de seus direitos políticos – ocorre através da perda dos direitos políticos. Pode ocorrer, excepcionalmente, a privação temporária dos direitos políticos do cidadão – o que ocorre através da suspensão dos direitos políticos.

Registre-se que o art. 15 da Constituição Federal não dispõe quais seriam as causas de perda ou suspensão. Adoto, portanto, abstraindo-se posições doutrinárias divergentes, o posicionamento dado pela Resolução 21538/03 do Tribunal Superior Eleitoral:4

Art. 15 I – Perda

Art. 15 II ao V – Suspensão dos direitos políticos

Saliente-se que vige o princípio da plenitude de gozo dos direitos políticos positivos, sendo certo que a Constituição veda a cassação dos direitos políticos. Contudo, admite – nos termos do art. 15 – a perda e a suspensão. Portanto, se frise que nas hipóteses de perda e suspensão dos direitos políticos, estas devem ser interpretadas restritivamente como ocorre com todas as normas que importam em limitação a algum direito fundamental

No caso dos direitos políticos suspensos, uma vez cessados os motivos que geraram a suspensão dos direitos políticos (incapacidade civil ou condenação criminal), dar-se- á sua reaquisição integral. Já na hipótese dos direitos políticos perdidos: cancelamento da naturalização – apenas por ação rescisória, uma vez readquirida deverá proceder a novo alistamento eleitoral para reaver seus direitos políticos.

JURISPRUDÊNCIA DO TSE SOBRE SUSPENSÃO DE DIREITOS POLÍTICOS:

Recurso ordinário. Registro. Candidatura. Matéria. Constitucional. Recepção. Recurso especial. Condenação. Ação Cível. Improbidade administrativa. Suspensão. Direitos políticos. Inelegibilidade. Arts. 15, V, e 37, § 4º, da CF/88. Improcedência.

1) Primeiramente, a norma constitucional que cuida da suspensão dos direitos políticos tornou-se aplicável com a entrada em vigor da Lei nº 8.429/92 e concretizou, em seu art. 12, o comando constitucional que estabelece as sanções aplicáveis de acordo com o grau de ofensa à probidade administrativa. No caso dos autos não há sequer capitulação legal da improbidade administrativa

4 Posicionamento também adotado por Antônio Carlos Martins Soares. Direito Eleitoral. Questões controvertidas. P. 196. 2006

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alegada, de modo a aferir qual o prazo de inelegibilidade, caso fosse esta à hipótese.

2) Demais disso, as sanções decorrentes de ato de improbidade administrativa, aplicadas por meio da ação civil, não têm natureza penal, e a suspensão dos direitos políticos depende de aplicação expressa e motivada por parte do juízo competente, estando condicionada sua efetividade ao trânsito em julgado da sentença condenatória, consoante previsão legal expressa no art. 20 da Lei nº 8.429/92. Na situação delineada não há referência expressa à suspensão dos direitos políticos do candidato.

3) Recurso conhecido e provido para o fim do deferimento do registro.

( Acórdão 811, de 25.11.2004, rel. Min. Caputo Bastos.)

Agravo de Instrumento - Ação de impugnação de mandato eletivo -Art. 14, § 9º da Constituição Federal - Rejeição de contas - Improbidade administrativa - Art. 15, inciso V da Carta Magna - Suspensão de direitos políticos - Art. 20 da Lei nº 8.429/92 - Fraude.

1. A rejeição de contas não implica, por si só, improbidade administrativa, sendo necessária decisão judicial que assente responsabilidade por danos ao erário.

2. A suspensão dos direitos políticos só se efetiva com o trânsito em julgado da sentença condenatória, nos termos do art. 20 da Lei nº 8.429/92.

3. A fraude que pode ensejar ação de impugnação de mandato é aquela que tem reflexos na votação ou na apuração de votos.

4. Agravo a que se nega provimento.

( Acórdão 3009, de 09.10.2001, rel. Min. Fernando Neves)

DO SUFRÁGIO UNIVERSAL

(a) Voto Universal, direto e secreto

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O artigo 14 da Constituição Federal explicita que no Brasil a soberania popular é exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos (democracia indireta), e, nos termos da lei, mediante iniciativa popular, referendo e plebiscito, instrumentos da democracia direta (também denominada participativa). A esse exercício misto da soberania popular, eleição direta dos parlamentares e dos chefes do executivo – democracia indireta ou representativa - e iniciativa popular, plebiscito e referendo – democracia participativa -, dá-se o nome de democracia semidireta.

A democracia indireta, como vimos, é representativa. Conforme nos ensina o grande mestre Kildare Gonçalves “o fundamento jurídico da representação política é o procedimento eleitoral que vem definido na Constituição e nas Leis”.

Excepcionalmente, poderemos ter eleições indiretas no Brasil, conforme previsto no art. 81 §1º da Constituição Federal. Tal fato ocorrerá no caso de vacância dos cargos de Presidente e Vice nos dois últimos anos do mandato. Nesse caso, deverá ser realizada uma nova eleição pelo Congresso Nacional no prazo de 30 dias da última vaga. O eleito somente completará o mandato.

Nesse contexto, cabe trazer jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral acerca desse tema:

AGRAVO REGIMENTAL. MANDADO DE SEGURANÇA. Liminar. Pressupostos. Ausência. Indeferimento. Vacância. Arts. 80 e 81 da CF. Inaplicabilidade.

Aplica-se o art. 224 do CE quando a anulação superar 50% dos votos.

A decisão fundada no art. 41-A da Lei nº 9.504/97 há de ser executada imediatamente.

A eleição indireta prevista nos arts. 80 e 81 da Constituição Federal pressupõe a vacância por causa não eleitoral.

Concessão de liminar em mandado de segurança requer demonstração, desde logo, da presença do direito líquido e certo a ser amparado pela medida.

O provimento do agravo regimental pressupõe o afastamento de todos os fundamentos da decisão impugnada.

MS-3427 – Relator: HUMBERTO GOMES DE BARROS. 09/03/2006

Questão interessante reside em sabe se essa regra será aplicada no caso de vacância dos cargos de Gov / vice e Prefeito e Vice ? A jurisprudência do TSE admite, por analogia, que, havendo vacância dos cargos de prefeito e vice-prefeito, nos dois últimos anos do mandato, há de ser realizada a eleição indireta, como recomenda o art.

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81 §1º da Constituição Federal. (Ag nº 2133/SP, rel. Ministro Garcia Vieira, DJ de 4.8.2000)

No que diz respeito à diferença entre sufrágio e voto. Aquele representa o direito de participar do processo político e o voto seria um dos modos de externar esse direito. O sufrágio é universal na medida que a possibilidade de participar do processo político é conferida aos cidadãos, sem que haja restrições de cunho intelectual ou econômico. Desse modo:

Sufrágio Universal – ocorre quando não há discriminação para seu exercício em função do grau de instrução, do patrimônio e do sexo, como no caso do Brasil.

Sufrágio Restrito – ao contrário, somente é exercido por indivíduos que possuam determinada qualificação econômica ou de capacidades especiais, sendo discriminatório. Pode ser censitário (restrito a indivíduos que apresentem determinada qualificação econômica, como o pagamento de imposto, renda mínima etc.) ou capacitário (baseado em capacitação intelectual, como exigir determinado grau de instrução)

• SISTEMAS ELEITORAIS

Sistema eleitoral na concepção de José Afonso da Silva é o conjunto de técnicas e procedimentos que se empregam na realização das eleições, destinados a organizar a representação do povo no território nacional. Nossa Carta Política adotou, para as eleições à Câmara dos Deputados e Casas Legislativas dos Estados, Distrito Federal e Municípios, o sistema proporcional.

Sistema Proporcional:

O sistema proporcional é o que prevê a “representação proporcional” do eleitorado, ou seja, a distribuição proporcional, em determinado território, das variadas correntes ideológicas, com ênfase à igualdade do voto.

O art. 45 da Constituição Federal define a adoção do sistema proporcional para a Câmara dos Deputados, dispondo que ela compõe-se de “representantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcional”, em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal. O número de representantes, proporcionalmente à população, é definido por lei complementar (LC 78, de 30.12.93). Quanto aos Estados e Municípios, a disciplina está nos arts. 27 e 29, incs. I e IV da Constituição Federal.

O sistema proporcional demanda aplicação de regras disciplinadoras da efetivação da representação, regras estas previstas nos arts. 106 a 113 do Código Eleitoral e art. 5º da Lei 9.504, de 30.09.1997 (Lei Eleitoral). Insta verificar, portanto, o significado de “votos válidos”, “quociente eleitoral”, “quociente partidário” e “distribuição dos restos”,

a) votos válidos: nas eleições proporcionais contam-se como válidos apenas os votos dados a candidatos regularmente inscritos e às legendas partidárias. Por exclusão, não são computados o voto branco e o voto nulo;

b) quociente eleitoral: calcula-se o quociente eleitoral através da divisão do número de votos válidos pelo número de lugares a preencher na Casa

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Legislativa (exceto Senado), desprezando-se a fração igual ou inferior a meio, bem assim arredondando-se para um (1) a fração superior a meio (1/2);

c) quociente partidário: calcula-se o número de lugares que cabe ao partido dividindo-se o número de votos obtidos para a legenda pelo quociente eleitoral, desprezando-se a fração;

d) distribuição dos restos: no caso de sobra de lugares a preencher na Casa Legislativa, adota-se o método da maior média para definir qual partido terá direito ao preenchimento dos lugares vagos. É a disciplina contida no art. 109 do Código Eleitoral.

Vejamos um exemplo hipotético de cálculo do quociente eleitoral e distribuição das vagas:

Em uma eleição municipal, o número total de votos válidos foi 25.320, sendo 15 o número de vagas a se preencher na Câmara Municipal. Assim, teremos o seguinte cálculo:

25.320 / 15 = 1.688 Quociente eleitoral (QE) = 1.688

Uma vez obtido o QE, passa-se à distribuição das vagas a serem preenchidas.

Na primeira fase, a distribuição das vagas é feita através do quociente partidário (QP), que é a divisão do número de votos válidos de um partido pelo quociente eleitoral. Supondo que 3 partidos (PX, PY e PW) tenham alcançado o quociente eleitoral, com a seguinte votação:

PX 10.200 votos

PY 6.300 votos

PW 5.250 votos

Teremos então a seguinte distribuição de vagas:

PX 10.200 / 1.688 = 6

PY 6.300 / 1.688 = 3

PW 5.250 / 1.688 = 3

Assim, 12 vagas foram distribuídas através do QP.

Pelo sistema de médias serão distribuídas as vagas restantes (não preenchidas pelo QP), dividindo-se o total de votos válidos de cada partido pelo número de vagas já preenchidas mais 1. O partido que obtiver a maior média ficará com a vaga. O cálculo se repetirá para a distribuição de cada um dos lugares restantes. Neste exemplo serão 3 rodadas de cálculos.

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Assim teremos:

PX 10.200 / (6+1) = 1.457

PY 6.300 / (3+1) = 1.575

PW 5.250 / (3+1) = 1.312 A primeira vaga fica com o PY

PX 10.200 / (6+1) = 1.457

PY 6.300 / (4+1) = 1.260

PW 5.250 / (3+1) = 1.312 A segunda vaga fica com o PX

PX 10.200 / (7+1) = 1.275

PY 6.300 / (4+1) = 1.260

PW 5.250 / (3+1) = 1.312 A terceira vaga fica com o PW

OBS. O preenchimento das vagas com que cada partido ou coligação for contemplado obedecerá à ordem de votação recebida por seus candidatos. Sistema Majoritário:

O sistema majoritário contempla a “representação por maioria”, ou seja, considera-se representante eleito, em determinado território ou circunscrição, aquele que obtiver a maioria absoluta ou relativa dos votos.

Como estatuído na Constituição Federal (arts. 77, 28 e 29), vigora no Brasil o sistema majoritário por maioria absoluta e por maioria relativa. Para os cargos do Poder Executivo, nas três esferas (Presidente da República e Vice, Governador e Vice e Prefeito e Vice), adota-se o sistema majoritário por maioria absoluta, com possibilidade de realização de dois turnos nos casos previstos. Registre-se que o sistema por maioria absoluta, no caso de prefeito e vice, aplica-se somente quando o município tiver mais de duzentos mil eleitores. O sistema majoritário por maioria simples será aplicado nas eleições para o cargo de Senador da República e para Prefeito e Vice, quando o município tiver menos de duzentos mil eleitores.

(b) Nacionalidade e Cidadania. Direitos Políticos. Cargos privativos de brasileiro nato.

A nacionalidade representa um requisito para a aquisição da cidadania, haja vista que só podem alistar-se como eleitores os brasileiros. A Constituição proíbe o alistamento eleitoral dos estrangeiros.5

Podemos conceituar nacionalidade como o vínculo jurídico político que liga um indivíduo a um Estado. Adquiri-se a nacionalidade através de dois critérios: jus solis e jus sangüinis. Pelo primeiro critério, leva-se em conta o território do Estado e nascimento da pessoa. Já o segundo, o indivíduo adquire a nacionalidade em razão de

5 É possível o alistamento eleitoral dos portugueses equiparados. A esses são assegurados os mesmos direitos conferidos a um brasileiro naturalizado.

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sua filiação, de seus laços e sangue. No Brasil adota-se o critério territorial para definição da nacionalidade. O conceito de estrangeiro é correlato ao de nacional: é estrangeiro todo aquele que não possua nacionalidade brasileira.

De acordo com a Constituição Federal são brasileiros natos (art. 12, I):

� a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;

� b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;

� c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãebrasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira;

Registre-se alteração efetivada pela Emenda Constitucional 54/07, a qual restabeleceu a possibilidade do registro de brasileiros nascidos no estrangeiro, mesmo que os pais não estejam a serviço do Brasil. A opção é a declaração unilateral da vontade de conservar a nacionalidade; e esta terá efeitos retroativos, ao ser praticada.

De acordo com a Constituição Federal, são privativos de brasileiros natos os seguintes cargos:

CF / 88 art. 12 . . . §3º

I - de Presidente e Vice-Presidente da República;

II - de Presidente da Câmara dos Deputados;

III - de Presidente do Senado Federal;

IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;

V - da carreira diplomática;

VI - de oficial das Forças Armadas;

VII - de Ministro de Estado da Defesa.

(c) Plebiscito e referendo. Iniciativa Popular Os principais institutos da democracia direta (participativa) no Brasil são a iniciativa popular, o referendo popular e o plebiscito6.

6 Lei 9709/98 Art. 2º. Plebiscito e referendo são consultas formuladas ao povo para que delibere sobre matéria de acentuada relevância, de natureza constitucional, legislativa ou administrativa. (...) §1º. O plebiscito é convocado com anterioridade a ato legislativo ou administrativo, cabendo ao povo, pelo voto, aprovar ou denegar o que lhe tenha sido submetido.. § 2º. O referendo é convocado com posterioridade a ato legislativo ou administrativo, cumprindo ao povo a respectiva ratificação ou rejeição.

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A iniciativa popular configura-se como a possibilidade de início do processo legislativo pelo povo, desde que atendidos os requisitos previstos no art. 61 §2º de nossa Constituição:

CF – 88

Art. 61§ 2º - A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.

O referendo é a forma de manifestação popular pela qual o eleitor aprova ou rejeita uma atitude governamental já manifestada (exemplo: quando uma emenda constitucional ou um projeto de lei aprovado pelo Poder Legislativo é submetido à aprovação ou rejeição dos cidadãos antes de entrar em vigor).

O plebiscito é a consulta popular prévia pela qual os cidadãos decidem ou demonstram sua posição sobre determinadas questões. A convocação de plebiscitos é de competência exclusiva do Congresso Nacional quando a questão for de interesse nacional.

A autorização e a convocação do referendo popular e do plebiscito são da competência exclusiva do Congresso Nacional, nos termos do artigo 49, inciso XV, da Constituição Federal, combinado com a Lei n. 9.709/98 (em especial os artigos 2.º e 3.º).

DA ORGANIZAÇÃO DO ELEITORADO

As circunscrições eleitorais são unidades criadas para organizar territorialmente o eleitorado, considerada a espécie de eleição. Nos termos do art. 86 do Código Eleitoral, a circunscrição será:

- nas eleições presidenciais: o País;

- nas eleições federais e estaduais:o Estado; e

- nas eleições municipais: o Município.

As Zonas eleitorais são unidades territoriais municipais, de natureza administrativa e jurisdicional. São criadas para controle de alistamento/transferência eleitoral e recepção de registros de candidaturas, bem assim para definição de competência jurisdicional, cuja titularidade cabe ao Juiz de Direito na função de Juiz Eleitoral (arts. 23, inciso VIII; 30, inciso VI; 32 a 34 e 35 inciso X, todos do Código Eleitoral).

As Seções eleitorais são unidades de agrupamento de eleitores inscritos(alistados) em determinada Zona Eleitoral, criadas para facilitar o exercício do voto segundo o domicílio eleitoral(definição de locais de votação/proximidade do domicílio do eleitor/bairro), bem como para a racionalização do escrutínio (arts. 117, 118 e 119 e s.s. do Código Eleitoral).

(a) Seções, zonas e circunscrições eleitorais

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Os Estados serão divididos em zonas eleitorais pelo Tribunal Regional Eleitoral. Essa divisão, assim como a criação de novas zonas eleitorais deverão ser aprovadas pelo Tribunal Superior Eleitoral. (23 VIII CE/65).

As zonas eleitorais representam a área de atuação do juiz eleitoral. Em cada zona eleitoral haverá um juiz eleitoral, esse juiz eleitoral exercerá as funções eleitorais, cumulativamente com as funções da Justiça Comum. As atribuições dos Juízes Eleitorais estão previstas no art. 35 do Código Eleitoral. Dentre elas, cabe ao juiz eleitoral dividir a respectiva zona eleitoral em seções eleitorais.

Cada seção eleitoral corresponderá a uma mesa receptora de votos (art. 119 do CE/65). Os membros das mesas receptoras de votos serão designados pelo Juiz Eleitoral.

(b) Fraude no alistamento eleitoral e revisão do eleitorado O Código Eleitoral dispõe no art. 289 que constitui crime inscrever-se fraudulentamente eleitor. Durante o processo eleitoral, a maioria dos crimes eleitorais são praticados no processo de alistamento e transferência de domicílio eleitoral.

Revisão do Eleitorado

Quando houver denúncia fundamentada de fraude no alistamento junto a uma zona ou Município, o Tribunal Regional Eleitoral, observadas as regras determinadas pelo Tribunal Superior Eleitoral, poderá determinar correição e, provada a fraude em proporção comprometedora, ordenará a revisão do eleitorado com o cancelamento dos títulos que não foram apresentados à revisão (§ 4.º do artigo 71 do Código Eleitoral).

O Tribunal Superior Eleitoral determinará de ofício a revisão sempre que o total de transferências ocorridas no ano em curso for 10% superior ao do ano anterior, quando o eleitorado for superior ao dobro da população entre 10 e 15 anos somada à de idade superior a 70 anos do território daquele Município, ou ainda, na hipótese de o eleitorado ser superior a 65% da população projetada pelo IBGE para aquele ano (artigo 92 da Lei n. 9.504/97 e artigo 58 da Resolução n. 21538/2003 do Tribunal Superior Eleitoral).

Por fim, registre-se que o não comparecimento na revisão do eleitorado irá acarretar o cancelamento da inscrição e a exclusão do eleitor.

(c) Votação. Voto Eletrônico. Mesas Receptoras. Fiscalização

Atualmente, em nosso sistema eleitoral, a regra é a aplicação do sistema eletrônico de votação A exceção é o sistema manual de votação.

LEI 9504/97 Art. 59. A votação e a totalização dos votos serão feitas por sistema eletrônico, podendo o Tribunal Superior Eleitoral autorizar, em caráter

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excepcional, a aplicação das regras fixadas nos arts. 83 a 89.

Nas seções em que for adotado o sistema eletrônico somente poderão votar os eleitores que estiverem com o nome na respectiva folha de votação. Não há, portanto, a possibilidade do voto em trânsito.

Conforme citamos, cada seção eleitoral corresponderá a uma mesa receptora. Os membros das mesas receptoras serão nomeados sessenta dias antes da eleição em audiência pública anunciada com pelo menos cinco dias de antecedência.. A lei das Eleições prevê a possibilidade de impugnação dessa designação:

LEI 9504/97 - Art. 63. Qualquer partido pode reclamar ao Juiz Eleitoral, no prazo de cinco dias, da nomeação da Mesa Receptora, devendo a decisão ser proferida em 48 horas.

§ 1º Da decisão do Juiz Eleitoral caberá recurso para o Tribunal Regional, interposto dentro de três dias, devendo ser resolvido em igual prazo.

Com relação à fiscalização perante as mesas receptoras, os partidos e as coligações poderão credenciar delegados de partidos e fiscais, vejamos:

LEI 9504/97 - Art. 65. A escolha de fiscais e delegados, pelos partidos ou coligações, não poderá recair em menor de dezoito anos ou em quem, por nomeação do Juiz Eleitoral, já faça parte de Mesa Receptora.

§ 1º O fiscal poderá ser nomeado para fiscalizar mais de uma Seção Eleitoral, no mesmo local de votação.

§ 2º As credenciais de fiscais e delegados serão expedidas, exclusivamente, pelos partidos ou coligações.

§ 3º Para efeito do disposto no parágrafo anterior, o presidente do partido ou o representante da coligação deverá registrar na Justiça Eleitoral o nome das pessoas autorizadas a expedir as credenciais dos fiscais e delegados.

DA JUSTIÇA ELEITORAL

(a) Jurisdição e competência. Peculiaridades da Justiça Eleitoral. Consultas, instruções, administração e contencioso.

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A Constituição Federal de 1988 determina que a organização e a competência dos órgãos da Justiça Eleitoral devem ser reguladas em lei complementar (art. 121). Todavia, não houve edição de Lei Complementar, restando as normas da própria Carta Magna e a recepção do Código Eleitoral (Lei 4.737/65). Desse modo qualquer alteração no Código Eleitoral, nessa matéria, deverá ser realizada através de lei complementar.

Considerando-se a ausência de edição da Lei Complementar exigida na Carta Magna (art. 121-CF), o que demandou a recepção das normas do Código Eleitoral e legislação extravagante, a competência dos órgãos da Justiça Eleitoral é determinada pelo Código Eleitoral.

A composição das duas espécies de órgãos colegiados com jurisdição eleitoral é híbrida, já que são formados por juizes de outros tribunais, de integrantes da classe dos advogados e de cidadãos comuns sem formação jurídica(no caso das Juntas Eleitorais).

Os integrantes dos tribunais eleitorais, salvo motivo justificado, servem (mandato legal) por dois(2) anos, no mínimo, permitida uma recondução, devendo os substitutos serem escolhidos na mesma ocasião, mediante o mesmo processo de escolha e com igualdade numérica de cada categoria.

Para cada membro efetivo haverá um substituto que será escolhido na mesma ocasião e pelo mesmo processo. Sobre esse tema, assim pensa o Tribunal Superior Eleitoral:

“Consulta. TRE/TO. Juízes eleitorais. Inexistência de previsão legal determinando vinculação entre juiz substituto e juiz titular no caso de afastamento do ocupante do cargo efetivo. Em face do estabelecido no art. 7o da Res.-TSE no 20.958/2001, nos afastamentos ou impedimentos de qualquer dos juízes titulares de determinada classe, a substituição cabe ao juiz substituto mais antigo, dentro da mesma classe, não ocorrendo vinculação do substituto ao titular.”

(Res. no 21.761, de 13.5.2004, rel. Min. Ellen Gracie.)

Conforme nos ensina o grande mestre Tito Costa: “Além de suas atribuições judicantes, a Justiça Eleitoral, por meio do Tribunal Superior Eleitoral, possui competência normativa ou regulamentar e, até mesmo, de certa forma, legislativa, resultante da competência privativa desse órgão para expedir instruções que julgar convenientes à execução do Código Eleitoral.”

Também ao responder às consultas que lhe sejam dirigidas, sobre matéria eleitoral, em tese, a Justiça Eleitoral está exercendo atividade normativa e regulamentar, completada pela competência, que lhe advém da lei, para elaborar seu próprio regimento interno.

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O Código Eleitoral, em seu art. 23, XII, dispõe que cabe ao Tribunal Superior Eleitoral:

CE/ 65 XII - responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas em tese por autoridade com jurisdição, federal ou ]órgão nacional de partido político;

As respostas a tais consultas têm caráter normativo na Justiça Eleitoral, delas não cabendo recurso.Conforme defende Roberto Rosas, a força normativa do posicionamento dos tribunais eleitorais, quando respondem as consultas, resulta de uma postura de coerência, pois não teria sentido uma resposta num determinado sentido que viesse a ser alterada pelo próprio tribunal quando se lhe apresentarem questões idênticas.

A competência da Justiça Eleitoral cessa com a expedição do diploma aos eleitos. A partir daí, qualquer questão relativa ao exercício do mandato tem seu deslinde confiado à Justiça comum, exceto, na Constituição Federal de 1988, a ação de impugnação de mandato eletivo, prevista no art. 14 §§ 10 e 11.7

As competências do Tribunal Superior Eleitoral estão disciplinadas nos artigos 22 e 23 do Código Eleitoral. Sendo que cabe tecer algumas palavras sobre algumas. Vejamos:

� Conflitos de Jurisdição – O TSE irá julgar conflito de jurisdição entre TREs ou entre juízes eleitorais de Estados diferentes. Ao TRE cabe julgar os conflitos entre juízes eleitorais do mesmo Estado.

� Ação Rescisória – Em matéria eleitoral a ação rescisória somente é cabível contra acórdão do Tribunal Superior Eleitoral, conforme se depreende da leitura do art. 22, I , j do Código Eleitoral. Deve-se destacar, também, que a ação rescisória não tem efeito suspensivo. Somente possibilitará o exercício do mandato após a decisão final da ação rescisória. O STF, na Adin 1459-5, suspendeu a eficácia da parte final do dispositivo em comento.

O prazo para a ação rescisória no direito eleitoral é de 120 dias. A ação será julgada pelo próprio TSE. O Código de Processo Civil aplica-se subsidiariamente à ação rescisória. (art. 485 CPC)

E assim pensa o TSE sobre a ação rescisória:

“Ação rescisória. Cabimento. Justiça Eleitoral. Art. 22, inciso I, alínea j, do Código Eleitoral. Decisões. Tribunal Superior Eleitoral. Interpretação restritiva. Constitucionalidade. Art. 101, § 3o, e, da Lei Complementar no 35/79. Não-aplicação. 1. A ação rescisória somente é admitida neste Tribunal

7 Há a possibilidade do Recurso contra a diplomação, o qual está previsto no art. 262 do Código Eleitoral. Tanto a ação de impugnação de mandato eletivo, quanto o Recurso contra a diplomação têm como marco inicial a data da diplomação.

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Superior contra decisões de seus julgados (CF, arts. 102, I, j, e 105, I, e). Interpretação restritiva que não contraria o texto constitucional. Precedente: Acórdão no 106. 2. O art. 101, § 3o, e, da Lei Complementar no 35/79 (Lei Orgânica da Magistratura) diz respeito à competência das seções existentes nos tribunais de justiça para exame de ações rescisórias, o que não se aplica à Justiça Eleitoral, que segue a regra específica do art. 22, I, j, do Código Eleitoral. (...)”

(Ac. no 4.627, de 6.5.2004, rel. Min. Fernando Neves.)

“Agravo regimental contra decisão que negou seguimento a ação rescisória. A ação rescisória prevista no art. 22, j, do Código Eleitoral, somente é cabível para desconstituir decisão do TSE que resulte em declaração de inelegibilidade. Agravo a que se nega provimento.”

(Ac. no 164, de 13.5.2004, rel. Min. Ellen Gracie.)

Compete ao Tribunal Superior

Pro

cessar

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lgar origi

nar

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ente

o registro e a cassação de registro de partidos políticos, dos seus diretórios nacionais e de candidatos à Presidência e vice-presidência da República os conflitos de jurisdição entre Tribunais Regionais e juizes eleitorais de Estados diferentes a suspeição ou impedimento aos seus membros, ao Procurador Geral e aos funcionários da sua Secretaria os crimes eleitorais e os comuns que lhes forem conexos cometidos pelos seus próprios juizes e pelos juizes dos Tribunais Regionais o habeas corpus em matéria eleitoral, relativos a atos do Presidente da República, dos Ministros de Estado e dos Tribunais Regionais; ou, ainda, o habeas corpus, quando houver perigo de se consumar a violência antes que o juiz competente possa prover sobre a impetração as reclamações relativas a obrigações impostas por lei aos partidos políticos, quanto à sua contabilidade e à apuração da origem dos seus recursos as impugnações á apuração do resultado geral, proclamação dos eleitos e expedição de diploma na eleição de Presidente e Vice-Presidente da República os pedidos de desaforamento dos feitos não decididos nos Tribunais Regionais dentro de trinta dias da conclusão ao relator, formulados por partido, candidato, Ministério Público ou parte legitimamente interessada

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as reclamações contra os seus próprios juizes que, no prazo de trinta dias a contar da conclusão, não houverem julgado os feitos a eles distribuídos a ação rescisória, nos casos de inelegibilidade, desde que intentada dentro de cento e vinte dias de decisão irrecorrível, possibilitando-se o exercício do mandato eletivo até o seu trânsito em julgado julgar os recursos interpostos das decisões dos Tribunais Regionais nos termos do Art. 276 inclusive os que versarem matéria administrativa

Com

pete priva

tiva

men

te, a

o Tribunal Superio

r

elaborar o seu regimento interno (eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com observância das normas de processo e das garantias, processuais das partes, dispondo sobre competência e funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos) organizar a sua Secretaria (e serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem vinculados, velando pelo exercício da atividade correicional respectiva) e a Corregedoria Geral, propondo ao Congresso Nacional a criação ou extinção dos cargos administrativos e a fixação dos respectivos vencimentos, provendo-os na forma da lei conceder aos seus membros licença e férias assim como afastamento do exercício dos cargos efetivos aprovar o afastamento do exercício dos cargos efetivos dos juizes dos Tribunais Regionais Eleitorais propor a criação de Tribunal Regional na sede de qualquer dos Territórios propor ao Poder Legislativo o aumento do número dos juizes de qualquer Tribunal Eleitoral, indicando a forma desse aumento (ausência de previsão de aumento do número de membros dos TRE’s, porquanto não se refere à composição mínima) fixar as datas para as eleições de Presidente e Vice-Presidente da República, senadores e deputados federais, quando não o tiverem sido por lei (fixadas pela constituição e pela lei 9.504/97) aprovar a divisão dos Estados em zonas eleitorais ou a criação de novas zonas expedir as instruções que julgar convenientes à execução deste Código fixar a diária do Corregedor Geral, dos Corregedores Regionais e auxiliares em diligência fora da sede enviar ao Presidente da República a lista tríplice organizada pelos Tribunais de Justiça nos termos do ar. 25 (escolha dos membros dos TRE’S) responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas em tese por autoridade com jurisdição, federal ou ]órgão nacional de partido político autorizar a contagem dos votos pelas mesas receptoras nos Estados em que essa providência for solicitada pelo Tribunal Regional respectivo; requisitar a força federal necessária ao cumprimento da lei, de suas próprias (independente de intermediação do presidente do STF)

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decisões ou das decisões dos Tribunais Regionais que o solicitarem, e para garantir a votação e a apuração organizar e divulgar a Súmula de sua jurisprudência requisitar funcionários da União e do Distrito Federal quando o exigir o acúmulo ocasional do serviço de sua Secretaria publicar um boletim eleitoral tomar quaisquer outras providências que julgar convenientes à execução da legislação eleitoral

Com

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Pro

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Ger

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istério Público

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al

assistir às sessões do Tribunal Superior e tomar parte nas discussões exercer a ação pública e promovê-la até final, em todos os feitos de competência originária do Tribunal oficiar em todos os recursos encaminhados ao Tribunal manifestar-se, por escrito ou oralmente, em todos os assuntos submetidos à deliberação do Tribunal, quando solicitada sua audiência por qualquer dos juizes, ou por iniciativa sua, se entender necessário defender a jurisdição do Tribunal

representar ao Tribunal sobre a fiel observância das leis eleitorais, especialmente quanto à sua aplicação uniforme em todo o País requisitar diligências, certidões e esclarecimentos necessários ao desempenho de suas atribuições expedir instruções aos órgãos do Ministério Público junto aos Tribunais Regionais acompanhar, quando solicitado, o Corregedor Geral, pessoalmente ou por intermédio de Procurador que designe, nas diligências a serem realizadas

Compete aos Tribunais Regionais Eleitorais

Com

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cias

originárias do TRE,pro

cess

ar e julg

ar o registro e o cancelamento do registro dos diretórios estaduais e

municipais de partidos políticos, bem como de candidatos a Governador, Vice-Governadores, e membro do Congresso Nacional e das Assembléias Legislativas; os conflitos de jurisdição entre juizes eleitorais do respectivo Estado; a suspeição ou impedimentos aos seus membros ao Procurador Regional e aos funcionários da sua Secretaria assim como aos juizes e escrivães eleitorais;

os crimes eleitorais cometidos pelos juizes eleitorais;

o habeas corpus ou mandado de segurança, em matéria eleitoral, contra ato de autoridades que respondam perante os Tribunais de Justiça por crime de responsabilidade e, em grau de recurso, os denegados ou concedidos pelos juizes eleitorais; ou, ainda, o habeas corpus quando houver perigo de se consumar a violência antes que o juiz competente possa prover sobre a impetração;

as reclamações relativas a obrigações impostas por lei aos partidos políticos, quanto a sua contabilidade e à apuração da origem dos seus recursos;

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os pedidos de desaforamento dos feitos não decididos pelos juizes eleitorais em trinta dias da sua conclusão para julgamento, formulados por partido candidato Ministério Público ou parte legitimamente interessada sem prejuízo das sanções decorrentes do excesso de prazo.8 julgar os recursos interpostos: dos atos e das decisões proferidas pelos juizes e juntas eleitorais. das decisões dos juizes eleitorais que concederem ou denegarem habeas corpus ou mandado de segurança.

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Compete aos Tribunais Regionais Eleitorais, privativamente

Com

petên

cias

priva

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s dos

TREs

elaborar o seu regimento interno;

organizar a sua Secretaria e a Corregedoria Regional provendo-lhes os cargos na forma da lei, e propor ao Congresso Nacional, por intermédio do Tribunal Superior a criação ou supressão de cargos e a fixação dos respectivos vencimentos;

conceder aos seus membros e aos juizes eleitorais licença e férias, assim como afastamento do exercício dos cargos efetivos submetendo, quanto aqueles, a decisão à aprovação do Tribunal Superior Eleitoral;

fixar a data das eleições de Governador e Vice-Governador, deputados estaduais, prefeitos, vice-prefeitos , vereadores e juizes de paz, quando não determinada por disposição constitucional ou legal;

constituir as juntas eleitorais e designar a respectiva sede e jurisdição;

indicar ao tribunal Superior as zonas eleitorais ou seções em que a contagem dos votos deva ser feita pela mesa receptora;

apurar com os resultados parciais enviados pelas juntas eleitorais, os resultados finais das eleições de Governador e Vice-Governador de membros do Congresso Nacional e expedir os respectivos diplomas, remetendo dentro do prazo de 10 (dez) dias após a diplomação, ao Tribunal Superior, cópia das atas de seus trabalhos;

responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas, em tese, por autoridade pública ou partido político;

dividir a respectiva circunscrição em zonas eleitorais, submetendo essa divisão, assim como a criação de novas zonas, à aprovação do Tribunal Superior;

aprovar a designação do Ofício de Justiça que deva responder pela escrivania eleitoral durante o biênio;

requisitar a força necessária ao cumprimento de suas decisões solicitar ao Tribunal Superior a requisição de força federal;

autorizar, no Distrito Federal e nas capitais dos Estados, ao seu presidente e, no interior, aos juizes eleitorais, a requisição de funcionários federais, estaduais ou municipais para auxiliarem os escrivães eleitorais, quando o exigir o acúmulo ocasional do serviço;

requisitar funcionários da União e, ainda, no Distrito Federal e em cada Estado ou Território, funcionários dos respectivos quadros administrativos, no caso de acúmulo ocasional de serviço de suas Secretarias;

aplicar as penas disciplinares de advertência e de suspensão até 30 (trinta) dias aos juizes eleitorais;

comprir e fazer cumprir as decisões e instruções do Tribunal Superior;

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determinar, em caso de urgência, providências para a execução da lei na respectiva circunscrição;

organizar o fichário dos eleitores do Estado.

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Compete aos Juízes Eleitorais

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pete ao

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izes

Eleitor

ais

cumprir e fazer cumprir as decisões e determinações do Tribunal Superior e do Regional processar e julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhe forem conexos, ressalvada a competência originária do Tribunal Superior e dos Tribunais Regionais decidir habeas corpus e mandado de segurança, em matéria eleitoral, desde que essa competência não esteja atribuída privativamente a instância superior fazer as diligências que julgar necessárias a ordem e presteza do serviço eleitoral tomar conhecimento das reclamações que lhe forem feitas verbalmente ou por escrito, reduzindo-as a termo, e determinando as providências que cada caso exigir indicar, para aprovação do Tribunal Regional, a serventia de justiça que deve ter o anexo da escrivania eleitoral dirigir os processos eleitorais e determinar a inscrição e a exclusão de eleitores expedir títulos eleitorais e conceder transferência de eleitor dividir a zona em seções eleitorais XI mandar organizar, em ordem alfabética, relação dos eleitores de cada seção, para remessa a mesa receptora, juntamente com a pasta das folhas individuais de votação ordenar o registro e cassação do registro dos candidatos aos cargos eletivos municiais e comunicá-los ao Tribunal Regional designar, até 60 (sessenta) dias antes das eleições os locais das seções nomear, 60 (sessenta) dias antes da eleição, em audiência pública anunciada com pelo menos 5 (cinco) dias de antecedência, os membros das mesas receptoras; (vedada a nomeação de presidente e mesários menores de 18 anos) instruir os membros das mesas receptoras sobre as suas funções; providenciar para a solução das ocorrências para a solução das ocorrências que se verificarem nas mesas receptoras tomar todas as providências ao seu alcance para evitar os atos viciosos das eleições XVIII -fornecer aos que não votaram por motivo justificado e aos não alistados, por dispensados do alistamento, um certificado que os isente das sanções legais

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comunicar, até às 12 horas do dia seguinte a realização da eleição, ao Tribunal Regional e aos delegados de partidos credenciados, o número de eleitores que votarem em cada uma das seções da zona sob sua jurisdição, bem como o total de votantes da zona

Com

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Junta

Eleitor

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I - apurar, no prazo de 10 (dez) dias, as eleições realizadas nas zonas eleitorais sob a sua jurisdição II - resolver as impugnações e demais incidentes verificados durante os trabalhos da contagem e da apuração III - expedir os boletins de apuração mencionados no Art. 178 IV - expedir diploma aos eleitos para cargos municipais

(b) Juntas, Juízes e Tribunais Regionais Eleitorais. Tribunal Superior Eleitoral

CF – ART. 118 - São órgãos da Justiça Eleitoral:

I - o Tribunal Superior Eleitoral; II - os Tribunais Regionais Eleitorais; III - os Juízes Eleitorais; IV - as Juntas Eleitorais.

Art. 119 - O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no mínimo, de sete membros, escolhidos:

I - mediante eleição, pelo voto secreto: a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal; b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça; II - por nomeação do Presidente da República, dois juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal. Parágrafo único - O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça.

Art. 120 - Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na capital de cada Estado e no Distrito Federal.

§ 1º - Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão:

I - mediante eleição, pelo voto secreto: a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça;

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b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça; II - de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo Tribunal Regional Federal respectivo; III - por nomeação, pelo Presidente da República, de dois juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça. § 2º - O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os desembargadores.

A competência da Justiça Eleitoral não foi apresentada pela Constituição Federal; porém, o Código Eleitoral foi recepcionado pelo texto constitucional. A Justiça Eleitoral tem como órgãos:

• Juízes Eleitorais e Juntas Eleitorais (primeiro grau);

• Tribunais Regionais Eleitorais (segundo grau);

• Tribunal Superior Eleitoral (terceiro grau).

a) Tribunal Superior Eleitoral

O Tribunal Superior Eleitoral é o órgão máximo da Justiça Eleitoral, com sede no Distrito Federal. É composto por sete ministros, sendo três do Supremo Tribunal Federal, dois do Superior Tribunal de Justiça e dois advogados, escolhidos pelo Presidente da República, indicados pelo próprio Supremo Tribunal Federal.

b) Tribunais Regionais Eleitorais

Cada Tribunal Regional Eleitoral é composto por sete juízes, sendo dois desembargadores do Tribunal de Justiça, dois juízes estaduais, um juiz federal9 e dois advogados nomeados pelo Presidente da República e indicados pelo Tribunal de Justiça.

c) Juízes Eleitorais

Os juízes eleitorais são juízes de direito estaduais que exercem jurisdição nas zonas eleitorais. Têm competência eleitoral, civil e penal, além do encargo administrativo.10

d) Juntas Eleitorais 9 O membro da Justiça Federal que integra o Tribunal Regional Eleitoral será um Juiz Federal do TRF, quando o Estado for sede do TRF. 10

É possível que o exercício das funções eleitorais seja atribuído a Juiz de Direito, mesmo que não vitalício.

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As juntas eleitorais são presididas por um Juiz de Direito (seja ou não Juiz Eleitoral) e compostas por dois ou quatro cidadãos de notória idoneidade. À junta eleitoral compete apurar as eleições, resolver as impugnações e incidentes verificados durante a apuração de votos, expedir os boletins respectivos e o diploma aos eleitos para cargos municipais.

Os membros das Juntas Eleitorais serão nomeados pelo Presidente do Tribunal Regional, após aprovação do pleno do Tribunal.

(c) Recursos Eleitorais. No processo eleitoral, assim como no processo comum, as decisões judiciais podem ser impugnadas no todo ou em parte por recurso ou outros meios, como a ação rescisória, o habeas corpus, o mandado de segurança e a reclamação.

O direito recursal eleitoral tem prazos exíguos para o interessado recorrer. Há recursos que devem ser interpostos imediatamente. Tratando-se de direito de resposta, por exemplo, podemos citar o disposto no art. 58 §5º da Lei 9504/97:

§ 5º Da decisão sobre o exercício do direito de resposta cabe recurso às instâncias superiores, em vinte e quatro horas da data de sua publicação em cartório ou sessão, assegurado ao recorrido oferecer contra-razões em igual prazo, a contar da sua notificação.

A contagem do prazo para recorrer, no processo eleitoral, irá obedecer ao que dispõe a legislação eleitoral, que não segue necessariamente as mesmas disposições que regem o processo civil, onde se exclui o dia do começo e inclui o do final, nunca podendo ter início, reinício ou fim em dia em que não haja expediente forense. Nesse sentido cabe transcrever o disposto no art. 16 da Lei das Inelegibilidades:

Art. 16. Os prazos a que se referem os arts. 3o e seguintes desta Lei Complementar são peremptórios e contínuos e correm em Secretaria ou Cartório e, a partir da data do encerramento do prazo para registro de candidatos, não se suspendem aos sábados, domingos e feriados.

O art. 258 do Código eleitoral dispõe que não havendo previsão de prazo para recorrer, considera-se como de três dias.

Outro ponto importante a ser analisado diz respeito à preclusão no direito eleitoral, nesse sentido o art. 259 do Código Eleitoral:

Art. 259. São preclusivos os prazos para interposição de recurso, salvo quando neste se discutir matéria constitucional.

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Parágrafo único. O recurso em que se discutir matéria constitucional não poderá ser interposto fora do prazo. Perdido o prazo numa fase própria, só em outra que se apresentar poderá ser interposto.

Percebe-se, pois, que o recurso no direito eleitoral, em que se discuta matéria constitucional, possa ser interposto fora do prazo. Na verdade, tal matéria poderá ser alegada em outro momento processual adequado.

No que diz respeito aos efeitos dos recursos eleitorais, assim dispõe o art. 257 do Código Eleitoral:

Art. 257. Os recursos eleitorais não terão efeito suspensivo. Parágrafo único. A execução de qualquer acórdão será feita imediatamente, através de comunicação por ofício, telegrama, ou, em casos especiais, a critério do presidente do Tribunal, através de cópia do acórdão.

Portanto, como regra, os recursos eleitorais não têm efeito suspensivo, ressalvada a apelação criminal e o recurso do candidato que teve decretada sua inelegibilidade. Nesse último caso aplica-se o art. 15 da Lei Complementar 64/90:

Art. 15. Transitada em julgado a decisão que declarar a inelegibilidade do candidato, ser-lhe-á negado registro, ou cancelado, se já tiver sido feito, ou declarado nulo o diploma, se já expedido.

Outro recurso que tem efeito suspensivo é apelação criminal (362 CE) no caso de condenação por crime eleitoral.

Organização Recursal A organização recursal da Justiça Eleitoral está prevista na Constituição Federal nos artigos 121 §3º e 121 §4º. Conforme dispõe o art. 121 §3º da Constituição Federal:

CF – ART. 121 § 3º - São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior Eleitoral, salvo as que contrariarem esta Constituição e as denegatórias de habeas corpus ou mandado de segurança.

No caso de decisão que contrariar a Constituição Federal caberá recurso extraordinário ao Supremo Tribunal Federal, no prazo de 3 dias, conforme previsto na Súmula 728 do Supremo Tribunal Federal.

Registre-se que o Supremo Tribunal Federal não faz parte da Justiça Eleitoral, ainda que julgue os recursos interpostos contra as decisões do Tribunal Superior Eleitoral.

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Tratando-se de decisão denegatória de HC ou MS caberá recurso ordinário ao Supremo Tribunal Federal também no prazo de três dias. Sobre o mandado de segurança em matéria eleitoral cabe transcrever algumas ementas do TSE, vejamos:

“Mandado de segurança. Decisão interlocutória. Cabimento. (...) 1. É admissível a impetração de mandado de segurança contra decisão interlocutória em ação de impugnação de mandato eletivo. (...)” (Ac. no 20.724, de 12.12.2002, rel. Min. Fernando Neves.) “Mandado de segurança. Atos de membros de Tribunal Regional Eleitoral. Indeferimento liminar. Ausência de competência. Tribunal Superior. Súmula no 267 do Supremo Tribunal Federal. Aplicação. 1. Esta Corte Superior não tem competência para julgamento de mandado de segurança contra os atos de membros de Tribunal Regional Eleitoral. 2. O mandamus não é cabível contra ato judicial passível de recurso, nos termos da Súmula no 267 do egrégio Supremo Tribunal Federal, não se prestando, portanto, para atacar liminar concedida por Tribunal Regional. Agravo regimental a que nega provimento.” (Ac. no 3.159, de 5.2.2004, rel. Min. Fernando Neves.)

No caso de decisão de Tribunais eleitorais tratando-se de HC ou MS, somente caberá recurso quando a decisão for denegatória. Ao passo que das decisões dos juízes eleitorais caberá recurso quando a decisão for denegatória ou concessiva. Somente cabe recurso ordinário ao Supremo Tribunal Federal contra decisão do Tribunal Superior Eleitoral que, em processo de sua competência originária, denegar habeas corpus ou mandado de segurança, mas não contra as denegatórias de habeas data ou mandato de injunção, contra as quais poderá caber, se for o caso, apenas o recurso extraordinário. Analisaremos agora as hipóteses constitucionais de recurso das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais para o Tribunal Superior Eleitoral:

CF – ART. 121 § 4º - Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somente caberá recurso quando:

I - forem proferidas contra disposição expressa desta Constituição ou de lei;

II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais Tribunais Eleitorais;

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III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais;

IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais ou estaduais;

V - denegarem habeas corpus, mandado de segurança, habeas data ou mandado de injunção.

No caso dos incisos I e II o recurso cabível é o Recurso Especial. Nos incisos III , IV e V o Recurso cabível é o Ordinário. Portanto, das decisões do TRE que forem contrárias a Constituição Federal cabe recurso Especial ao TSE. Ok ? No âmbito da Justiça Eleitoral, que é especial, em nenhuma hipótese cabe recurso contra decisão de Tribunal Regional Eleitoral para o Supremo Tribunal Federal, mesmo quando haja matéria constitucional, porque os tribunais eleitorais não são órgãos de instância final, mas apenas intermediária entre o Tribunal Superior Eleitoral e os juízes e juntas eleitorais.

Assim, contra decisão de Tribunal Regional Eleitoral são admitidos os seguintes recursos:

� Embargos de declaração � Agravo Regimental � Agravo de Instrumento � Recurso Ordinário � Recurso Especial

Sobre os embargos de declaração, assim dispõe o art. 275 do Código Eleitoral:

CE – 65 - Art. 275. São admissíveis embargos de declaração: I - quando há no acórdão obscuridade, dúvida ou contradição; II - quando fôr omitido ponto sôbre que devia pronunciar-se o Tribunal. § 1º Os embargos serão opostos dentro em 3 (três) dias da data da publicação do acórdão, em petição dirigida ao relator, na qual será indicado o ponto obscuro, duvidoso, contraditório ou omisso. § 2º O relator porá os embargos em mesa para julgamento, na primeira sessão seguinte proferindo o seu voto. § 3º Vencido o relator, outro será designado para lavrar o acórdão. § 4º Os embargos de declaração suspendem o prazo para a interposição de outros recursos, salvo se manifestamente protelatórios e assim declarados na decisão que os rejeitar.

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Acórdãos-TSE nºs 12.071, de 8.8.94, e 714, de 11.5.99: a hipótese é de interrupção. O procedimento dos embargos declaratórios no processo eleitoral difere em parte do processo civil, vez que será designado outro relator para lavrar o acórdão, quando vencido o originário.

Tabela - Comparação Justiça

Comum Direito Eleitoral

Recurso Extraordinário

15 dias 3 dias

Embargos Declaração 5 dias 3 dias Agravo 10 dias 3 dias

Ação Rescisória 2 anos 120 dias Apelação criminal 15 dias 10 dias

JURISPRUDÊNCIA DO TSE – RECURSOS ELEITORAIS

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO No 6.501/SP RELATOR: MINISTRO CARLOS AYRES BRITTO EMENTA: Embargos de declaração, recebidos como agravo regimental. Precedentes. Agravo de instrumento. Eleições 2004. Medida cautelar. Efeito suspensivo. Recurso eleitoral. Procedência. Ação de impugnação de registro. Inelegibilidade. Art. 15 da LC no 64/90. Incidência. Necessidade de trânsito em julgado. Fundamentos não infirmados. Embargos de declaração opostos contra decisão monocrática do relator devem ser recebidos como agravo regimental. Conforme estabelece o art. 15 da LC no 64/90, o exercício do mandato eletivo fica assegurado, enquanto não se der o trânsito em julgado da decisão que declara a inelegibilidade. Precedentes do TSE. Decisão agravada que se mantém pelos seus próprios fundamentos. Agravo regimental a que se nega provimento.

REspe no 19.983/SP, rel. Min. Fernando Neves, sessão de 27.8.2002. Ementa: “Registro de candidatura. Condição de elegibilidade. Filiação partidária. Recurso especial. Cabimento. Ofensa ao art. 5o, LV, da Constituição Federal. Alegação não examinada pela Corte Regional. Falta de

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prequestionamento. Reexame de matéria fática. Impossibilidade. 1. O recurso cabível contra decisão que versa sobre condição de elegibilidade é o especial, enquanto o que cuida de inelegibilidade é o ordinário. 2. O recurso especial não se presta para reabrir discussão acerca da prova e dos fatos. Sua finalidade é verificar se questão federal foi decidida pela Corte Regional contra expressa disposição da Constituição da República ou de lei, ou se aquela decisão divergiu de julgado de outro Tribunal Eleitoral. Recurso especial não conhecido.” Grifei.

(d) Ação de Impugnação de mandato eletivo A AIME não possui natureza penal, mas sim natureza civil-eleitoral, tendo como finalidade a perda do mandato ilegítimo, pois tem o efeito de cassar o mandato e anular os votos recebidos pelo ex-candidato eleito. Trata-se de uma ação de conhecimento constitutiva negativa, haja vista que a aspiração com a sua propositura é que o juiz, dando-lhe provimento, desconstitua uma relação jurídica, extinguindo um estado jurídico indevidamente criado, com a determinação da cassação do mandato político conferido ao candidato eleito impropriamente.

No campo constitucional está prevista no art. 14, § 10, da Carta Magna, que dispõe: “O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico11, corrupção ou fraude.”

Ainda na Carta Magna, o § 11 do art. 14 dispõe que a ação tramitará em segredo de justiça e, se temerária ou de manifesta ma-fé, responderá o autor na forma da lei. O ajuizamento da AIME independe de sentença anterior em investigação judicial, ou mesmo de sua proposição. Não serve ao fim de se obter recontagem de votos, nem para abolir os prazos de preclusão e os sistemas de recursos estabelecidos na legislação eleitoral.

O significado das expressões abuso de poder econômico, corrupção e fraude não é tão restrito quanto o significado que possuem referentes à tipicidade do Direito Penal, ficando a critério do juiz, diante do sistema da livre convicção motivada, analisar cada caso.

Segundo o entendimento dominante na doutrina e jurisprudência, podem propor a AIME :

� Ministério Público � Partidos políticos � Coligações

11 Registre-se que para a configuração do abuso de poder econômico exige-se a demonstração da potencialidade do fato narrado em influenciar no resultado do pleito.

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� Candidatos A Carta Magna nao prevê qual o rito a ser seguido na AIME. Atualmente, contudo, o TSE editou resolução fixando o procedimento do art. 3º da LC 64/90 (rito da impugnação de registro) aplicando-se as normas do CPC apenas em carater subsidiário. A justificativa por tal opção foi a celeridade exigida pelo processo eleitoral, que guarda suas peculiaridades, respeitadas, porém, as garantias do contraditório e da ampla defesa. (Resolução 21635/2004).

Julgada procedente e cassado o mandato eletivo, com o trânsito em julgado da decisao, será diplomado e empossado o segundo colocado ( eleições majoritárias ou o suplente (eleições proporcionais). O TSE vem decidindo reiteradamente que, mesmo se o candidato cassado tiver obtido mais de 50% dos votos, não se aplicará o art. 224 do Código Eleitoral, ou seja, não haverá renovação das eleições.

Outro ponto importante a ser destacado é contaminação do mandato do vice, no caso de procedência da AIME. O Entendimento do TSE é que a cassação do mandato eletivo quando fundamentada na inelegibilidade decorrente de abuso de poder econômico, corrupção ou fraude atingirá, necessariamente, como demonstrado, o seu vice na chapa, seu litisconorte passivo necessário na ação de impugnação de mandato eletivo. No entanto, a regra inserta no art. 18 da LC nº 64/90, que estabelece a intangibilidade da declaração de inelegibilidade, não se aplica aos diplomados, eis que restrita à situação de candidatos.

JURISPRUDÊNCIA DO TSE – AIME

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO. CONDUTA VEDADA (ART. 73, VI, B, DA LEI Nº 9.504/97). REEXAME DE PROVA. IMPOSSIBILIDADE. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NÃO CONFIGURADA. FUNDAMENTOS NÃO INFIRMADOS. SEGUIMENTO NEGADO. AGRAVO REGIMENTAL. DESPROVIDO. - Tendo o Tribunal Regional afirmado, depois de detida análise do conjunto fático-probatório, que não houve a publicidade institucional, para se chegar a conclusão diversa, é necessário incursão na prova, o que é vedado na via especial. - Na ação de impugnação de mandato eletivo (art. 14, § 10, da CF), aprecia-se abuso do poder econômico, corrupção ou fraude. A prática de conduta vedada será apurada na representação, a qual, como firmado por esta Corte, deve ser proposta até a data da eleição (REspe nº 25.935/SC). - Agravo regimental desprovido. (AG 6522/07 – 09-08-07)

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INELEGIBILIDADE

(a) Inelegibilidades constitucionais e infraconstitucionais As normas gerais sobre inelegibilidades estão previstas no corpo do texto constitucional, mais especificamente do parágrafo quarto ao nono do artigo quatorze. As causas de inelegibilidade, dessa feita, de acordo com o mandamento constitucional, só podem estar previstas na própria Constituição ou na Lei Complementar 64/90, a chamada lei das inelegibilidades, tal diploma legal regulamentou o parágrafo nono da Constituição da República.

Inicialmente, cabe conceituar institutos primordiais para o estudo de inelegibilidades. Um dos institutos que mais geram confusão ao estudante de direito eleitoral é o que trata das condições de elegibilidade, ou seja, ser inelegível é não possuir uma das condições genéricas de elegibilidade? Não, definitivamente não há que se confundir inelegibilidade e condições de elegibilidade.

As condições de elegibilidade representam requisitos indispensáveis para àqueles que pretendem concorrer aos pleitos que se apresentam, tais condições estão previstas no art. 14 §3º da Constituição Federal. Por outro lado, as inelegibilidades representam, conforme aduz José Afonso da Silva, revela impedimento à capacidade eleitoral passiva (direito de ser votado), seria, portanto, um impedimento à elegibilidade. Para o mesmo autor, elegibilidade consiste no direito de postular, através das eleições, o exercício dos mandatos eletivos no executivo e no legislativo.

Pelo que foi dito acima, podemos concluir ser possível um cidadão possuir todas as condições de elegibilidade, mas, ainda assim, ser inelegível, por exemplo, o filho do prefeito que exerce o segundo mandato consecutivo na mesma circunscrição é inelegível para o cargo de prefeito naquele município, ainda que haja a renúncia, percebemos, pois, que mesmo que o filho do atual prefeito cumpra os requisitos de elegibilidade previstos na Constituição Federal, ainda assim será inelegível.

Iremos nos aprofundar, à frente, na discussão acerca das inelegibilidades dos parentes do chefe do executivo, sobretudo, sobre a questão de mandatos consecutivos na mesma circunscrição.

Outro ponto que merece uma atenção especial do candidato funda-se na questão do alfabetismo como condição imprópria de elegibilidade, conforme leciona o eminente professor Adriano Soares da Costa. Assim sendo, ainda que ser alfabetizado não esteja previsto expressamente como condição de elegibilidade configura-se como tal, sem sombra de dúvida.

Por agora, importa dividir e conceituar as espécies de inelegibilidades existentes em nosso sistema jurídico pátrio. Um primeiro critério divide as inelegibilidades em absolutas ou relativas, àquelas proíbem a candidatura a qualquer cargo eletivo, enquanto as últimas aplicam-se somente a certos pleitos.

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A inelegibilidade absoluta está prevista, taxativamente, na Constituição Federal, quando dispõe em seu artigo 14§4º serem inelegíveis absolutamente os analfabetos e os inalistáveis. No que tange aos analfabetos não há ressalva a ser feita, não podem, em hipótese alguma lançar seus nomes como candidatos às eleições. Entretanto, com relação aos inalistáveis, cabe lançar algumas palavras sobre a inelegibilidade dos conscritos, na medida que esta só persiste enquanto estiverem vinculados ao serviço militar obrigatório. A meu ver, portanto, a inelegibilidade do conscrito só é absoluta enquanto no período de conscrição, visto que ao passar por essa etapa o militar se torna plenamente elegível, conforme dispõe o parágrafo oitavo do artigo quatorze da CRFB. Registre-se, ademais, que o §único do artigo 5º do código eleitoral, ao dispor que “os militares são alistáveis desde que oficiais, aspirantes a oficiais, guardas-marinha...” não foi recepcionado pela nossa carta magna, considerando, conforme já comentado, que o alistamento eleitoral é vedado apenas para os conscritos durante o período de serviço militar obrigatório. Os militares, salvo os conscritos, podem candidatar-se a quaisquer cargos eletivos, porém, considerando serem impedidos enquanto na ativa de filiação partidária, são dispensados do prazo mínimo de filiação partidária para a candidatura aos cargos eletivos. De acordo com posição já firmada no Tribunal Superior Eleitoral, para o militar basta o registro da candidatura, devendo o militar, nesta data, afastar-se do exercício do cargo. Esse afastamento será definitivo para os militares que contam com menos de dez anos de serviço; para aqueles que possuem mais de dez anos, ao registrar a candidatura deverão ser agregado à autoridade superior, e, sendo eleito, passará para a inatividade no ato da diplomação. As inelegibilidades relativas estão previstas na Constituição Federal ou na lei complementar 64/90, vejamos um exemplo de inelegibilidade relativa:

Norma, Governadora em um Estado, exercendo o seu segundo mandato eletivo, quer saber se ela renunciando ao cargo até seis meses antes do pleito, se seria possível a sua candidatura ao cargo de Presidente da República? O que você responderia ?

Resposta: A essa indagação você poderia responder que norma só é inelegível para o cargo de governador no Estado dela, trata-se, pois de inelegibilidade relativa. Para outros cargos Norma poderá candidatar-se, porém, além de cumprir outras condições, deverá renunciar até seis meses antes da eleição.

Na questão acima, Norma poderia ser candidata ao cargo de Presidente da República, bastando que renuncie ao cargo de governador até seis meses antes do pleito. Podemos evidenciar, na própria Constituição Federal, algumas hipóteses de inelegibilidades relativas, a primeira delas prevista no art. 14 §5º da Constituição Federal, vejamos:

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CF - Art. 14. §5º - O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subseqüente.

O dispositivo constitucional acima foi inserido pela emenda constitucional nº 16/97, muito discutida à época da promulgação, permitiu em nosso ordenamento jurídico que uma mesma pessoa exercesse, na mesma circunscrição, a chefia do executivo por duas vezes consecutivas. O Tribunal Superior Eleitoral por diversas vezes vem sendo compelido a manifestar-se acerca de questionamentos que versam sobre reeleições, podemos resumir os principais posicionamentos de nossa corte superior eleitoral acerca deste tema:

• O titular da chefia do executivo por duas vezes consecutivas na mesma circunscrição, não poderá concorrer ao cargo de titular, muito menos ao de vice-chefe do executivo.

Exemplo Caio, Prefeito eleito (2000) e reeleito (2004) no município de Niterói, nas próximas eleições (2008) não poderá concorrer ao cargo de Prefeito em Niterói, assim como não poderá ao cargo de vice-prefeito, pois o vice é um eventual prefeito.

Nosso Tribunal Superior proíbe que uma mesma pessoa exerça o cargo por três vezes consecutivas na mesma circunscrição. E os parentes ? No exemplo acima o filho de Caio poderia se candidatar a prefeito de Niterói ? E a vice ? Não, o exercício de três mandatos na chefia do executivo, repita-se, em uma mesma circunscrição, por pessoas integrantes de uma mesma família é vedado pelo Tribunal Superior Eleitoral. No caso em tela, os parentes até o 2º grau de Caio, afim ou consangüíneos, assim como o cônjuge, não podem se candidatar ao cargo de Prefeito, muito menos ao de vice, naquela circunscrição. E o filho de caio poderia ser candidato a vereador ? Sim, desde que houvesse a renúncia de Caio até seis meses antes da eleição. Cabe transcrever entendimento recente do Tribunal Superior Eleitoral, acerca da reeleição:.

Inelegibilidade. Prefeito reeleito. Candidatura. Município diverso. Caracterização. Terceiro mandato. A partir do julgamento do Recurso Especial no 32.507/AL, em 17.12.2008, o Tribunal Superior Eleitoral deu nova interpretação ao § 5o do art. 14

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da Constituição Federal, passando a entender que, no Brasil, qualquer chefe de Poder Executivo – presidente da República, governador de estado e prefeito de município – somente pode exercer dois mandatos consecutivos nesse cargo. Assim, concluiu que não é possível o exercício de terceiro mandato subsequente para o cargo de prefeito, ainda que em município diverso. A faculdade de transferência de domicílio eleitoral não pode ser utilizada para fraudar a vedação contida no § 5º do art. 14 da Constituição Federal, de forma a permitir que prefeitos concorram sucessivamente e ilimitadamente ao mesmo cargo em diferentes municípios, criando a figura do “prefeito profissional”. Embora não haja ilicitude formal no ato de transferência do domicílio eleitoral, tal faculdade não pode ser utilizada para burlar a vedação constitucional. A fraude à lei constitui justamente a utilização de expedientes aparentemente lícitos para frustrar a aplicação da lei. A nova interpretação do § 5o do art. 14 da Constituição Federal adotada pelo TSE no julgamento dos recursos especiais nos 32.507/AL e 32.539/AL em 2008 é a que deve prevalecer, tendo em vista a observância ao princípio republicano, fundado nas ideias de eletividade, temporariedade e responsabilidade dos governantes. O primado da ideia republicana – cujo fundamento ético-político repousa no exercício do regime democrático e no postulado da igualdade – rejeita qualquer prática que possa monopolizar o acesso aos mandatos eletivos e patrimonializar o poder governamental, comprometendo, desse modo, a legitimidade do processo eleitoral. A mudança de entendimento jurisprudencial não implica ofensa a direito subjetivo da parte ante a ausência de violação aos princípios da segurança jurídica e da irretroatividade de lei. A mutabilidade é própria do entendimento jurisprudencial, o que não implica, por si só, violação a direitos e garantias consagrados pelo ordenamento jurídico. Nesse entendimento, o Tribunal, por maioria, desproveu os agravos regimentais. Agravos Regimentais no Recurso Especial Eleitoral no 41.980-06/RJ, rel. Min. Aldir Passarinho Junior, em 27.5.2010.

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De acordo com o TSE, o art. 14 §5º, da Constituição, na redação da Emenda Constitucional nº 16/97, é norma que prevê hipótese de elegibilidade do presidente da República, dos governadores de estado e do Distrito Federal e dos prefeitos, bem como dos que os hajam sucedido ou substituído no curso dos mandatos, para um único período subseqüente; a natureza de regra de elegibilidade não se modifica pelo fato de dispor que a reeleição é para um único período subseqüente. O mesmo dispositivo, por via de compreensão, assegura, também aos vices a elegibilidade aos mesmos cargos, para um único período subseqüente. Entretanto, ouso discordar do posicionamento exarado por nosso egrégio TSE no que tange a impossibilidade do exercício de três mandatos consecutivos como vice-chefe do executivo. É sabido que ao interprete da constituição é vedado interpretar restritivamente a aplicação dos direitos políticos. Sendo assim, cabe analisar a hipótese do vice-chefe ao exercer durante dois mandatos consecutivos tal cargo, em momento alguma exerceu efetivamente o cargo de titular. A meu ver, visto que a Constituição dispõe que a reeleição por uma vez só é permitida para quem substituiu ou sucedeu no curso do mandato. Acredito ser possível, nesse caso, a reeleição por mais uma vez, ou seja, ainda por dois períodos subseqüentes. Caso interessante ocorreu em um município do norte do país, no qual a prefeita mantinha uma relação homoafetiva, e após está exercendo o seu segundo mandato consecutivo, sua companheira teve o pedido de registro de candidatura à prefeitura indeferido, sob o argumento que consubstanciar-se-ia um terceiro mandato na chefia do executivo por membros de uma mesma família o que é vedado pela Carta Magna. Nas eleições de 2006 duas situações merecem algumas reflexões pormenorizadas de nossa parte, a primeira relaciona-se a possibilidade, ou não, de candidatura do casal garotinho ao governo do Estado do Rio de Janeiro, a segunda trata-se da possibilidade, ou não, da candidatura à reeleição do governador de São Paulo Geraldo Alckmin.

(b) Condições de Elegibilidade

São condições de elegibilidade (capacidade eleitoral passiva), na forma da lei:

• nacionalidade brasileira (observada a questão da reciprocidade quanto aos portugueses e que apenas alguns cargos são privativos de brasileiros natos);

• pleno exercício dos direitos políticos (veremos oportunamente as inelegibilidades);

• alistamento eleitoral (só pode ser votado quem pode votar, embora nem todos que votam podem ser votados – como o analfabeto e o menor de 18 e maior de 16 anos);

• domicílio eleitoral na circunscrição (pelo prazo que a lei ordinária federal fixar; hoje é de um ano antes do pleito, nos termos do artigo 9.º da Lei n. 9.504/97);

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• a filiação partidária (pelo menos um ano antes das eleições, nos termos do artigo 18 da Lei n. 9.096/95 e artigo 9.º da Lei n. 9.504/97);

• a idade mínima de 35 anos para Presidente da República, Vice-Presidente da República e Senador; a idade mínima de 30 anos para Governador e Vice-Governador; a idade mínima de 21 anos para Deputado (Federal, Distrital ou Estadual), Prefeito, Vice-Prefeito e Juiz de Paz (mandato de quatro anos – artigo 98, inciso II, da Constituição Federal); a idade mínima de 18 anos para Vereador.

(c) Registro de candidaturas.Impugnação. Legitimidade. Em nosso sistema eleitoral, a escolha em convenção partidária é indispensável para o registro da candidatura. Tais convenções configuram-se como reuniões partidárias nas quais são homologados os nomes dos pré-candidatos.

De acordo com a legislação em vigor, a realização das convenções partidárias é permitida entre os dias 10 a 30 de junho do ano eleitoral. Os partidos políticos poderão utilizar prédios públicos, responsabilizando-se por eventuais danos.

Assim dispõe a lei 9504/97 acerca das convenções partidárias:

Art. 7º. As normas para a escolha e substituição dos candidatos e para a formação de coligações serão estabelecidas no estatuto do partido, observadas as disposições desta Lei.

§ 1º Em caso de omissão do estatuto, caberá ao órgão de direção nacional do partido estabelecer as normas a que se refere este artigo, publicando-as no Diário Oficial da União até cento e oitenta dias antes das eleições.

§ 2º Se a convenção partidária de nível inferior se opuser, na deliberação sobre coligações, às diretrizes legitimamente estabelecidas pela convenção nacional, os órgãos superiores do partido poderão, nos termos do respectivo estatuto, anular a deliberação e os atos dela decorrentes.

§ 3º Se, da anulação de que trata o parágrafo anterior, surgir necessidade de registro de novos candidatos, observar-se-ão, para os respectivos requerimentos, os prazos constantes dos §§ 1º e 3º do art. 13.

Cabe aqui, analisar também o disposto no art. 8 §1º da Lei 9504/97, vejamos:

§ 1º Aos detentores de mandato de Deputado Federal, Estadual ou Distrital, ou de Vereador, e aos que tenham exercido esses cargos em qualquer período da legislatura que estiver em curso, é

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assegurado o registro de candidatura para o mesmo cargo pelo partido a que estejam filiados.

Percebe-se da leitura do dispositivo acima que o legislador ordinário, quando da edição da Lei 9504/97, criou a chamada “candidatura nata”. Vedando, pois, o partido vetar o candidato que no curso de seu mandato representativo não tenha agido conforme as diretrizes partidárias.

O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADIN-2530-9, entendeu que a candidatura nata afronta o princípio da igualdade, inserto no art. 5º da Constituição Federal. Desse modo, a candidatura nata não subsiste no processo eleitoral pátrio, todos os candidatos devem passar pelo crivo da convenção partidária. A eficácia desse dispositivo foi suspensa, em sede cautelar.

� Onde são registrados os candidatos?

A competência para processar e julgar o pedido de registro depende do tipo de eleição. Nas eleições municipais o registro é processado pelo juiz eleitoral titular da zona eleitoral. Nas eleições federais e estaduais o registro dos candidatos é atribuição do Tribunal Regional Eleitoral. Tratando-se de eleição presidencial o registro cabe ao Tribunal Superior Eleitoral.

Registre-se que a competência para o julgamento das ações de argüições de inelegibilidade corresponderá à competência para o registro das candidaturas.

� Quando?

De acordo com a Lei 9504/97, o pedido de registro poderá ser apresentado até às dezenove horas do dia 05 de julho do ano eleitoral. (art. 11)

O candidato escolhido em convenção partidária que não tiver o seu pedido de registro efetivado pelo partido poderá fazê-lo nas 48 h seguintes, vejamos:

LEI 9504/97 §4º Na hipótese de o partido ou coligação não requerer o registro de seus candidatos, estes poderão fazê-lo perante a Justiça Eleitoral nas quarenta e oito horas seguintes ao encerramento do prazo previsto no caput deste artigo.

Nesse contexto, cabe tecer algumas palavras sobre as implicações no processo eleitoral, da data do pedido de registro. Vejamos:

LEI 9504/97

Art. 41-A. Ressalvado o disposto no art. 26 e seus incisos, constitui captação de sufrágio, vedada por esta Lei, o candidato doar, oferecer, prometer, ou entregar, ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública, desde o registro da candidatura até o dia da eleição, inclusive, sob pena de multa de mil a cinqüenta mil Ufir, e cassação do registro ou do diploma,

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observado o procedimento previsto no art. 22 da Lei Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990.

No entendimento do Tribunal Superior Eleitoral configuram captação de sufrágio quaisquer das condutas acima mencionadas realizadas a partir do pedido de registro da candidatura.

Outro ponto importante a ser destacado diz respeito a partir de que data pode ser instaurada a investigação judicial eleitoral prevista na Lei Complementar 64/90? Seria a partir do pedido de registro?

A maioria da doutrina, acertadamente, dispõe ser a data do deferimento o marco inicial para a instauração de investigação judicial eleitoral.

� Quantos candidatos?

Cada partido poderá registrar candidatos para as eleições proporcionais (Deputado e Vereador) até 150% do número de lugares a preencher. As coligações podem registrar candidatos até o dobro dos lugares a preencher.

Nas unidades da Federação em que a população elege até vinte Deputados Federais, cada partido poderá registrar candidatos a Deputado Federal e Estadual (ou Distrital) até o dobro das vagas a preencher; havendo coligação, esses números podem ser acrescidos de até mais 50%.

Cada partido ou coligação deverá reservar o mínimo de 30% e o máximo de 70% para candidaturas de cada sexo.

Cada candidato poderá indicar, além do seu nome completo, até três variações pelas quais é mais conhecido. Não havendo preferência entre os candidatos que pretendem o registro da mesma variação nominal (§ 1.º do artigo 12 da Lei n. 9.504/97), defere-se o pedido do primeiro que o tenha requerido (Súmula n. 4 do Tribunal Superior Eleitoral).

Nos termos do artigo 13 da Lei n. 9.504/97, o partido ou coligação poderá substituir o candidato que for declarado inelegível, renunciar ou falecer após o encerramento do prazo para registro. O pedido de substituição deve ser formalizado até dez dias após o fato que lhe deu origem, sendo que, nas eleições proporcionais, deve ser apresentado até sessenta dias antes do pleito.

� Todas as condições de elegibilidade devem estar cumpridas na data do registro?

O domicílio eleitoral e a filiação partidária são analisados no momento do registro da candidatura, porém, terão como referência a data da eleição.

LEI 9504/97 Art 9º. Para concorrer às eleições, o candidato deverá possuir domicílio eleitoral na respectiva circunscrição pelo prazo de, pelo menos, um ano antes do pleito e estar com a filiação deferida pelo partido no mesmo prazo.

Parágrafo único. Havendo fusão ou incorporação de partidos após o prazo estipulado no caput, será considerada, para efeito de filiação partidária, a data de filiação do candidato ao partido de origem.

A idade mínima tem como referência a data da posse. Nesse sentido,

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“Registro. Recurso especial. Condição de elegibilidade. Candidato a deputado estadual com idade inferior ao exigido pelo art. 14, § 3o, VI, c, da Constituição Federal, porém emancipado. Impossibilidade. Recurso não conhecido.” NE: “(...) o candidato deve apresentar a idade mínima exigida na Constituição Federal na data da posse dos eleitos, nos termos do art. 11, § 2o, da Lei no 9.504/97 (Consulta no 554, de 9.12.99, relator Ministro Edson Vidigal), e não na ocasião de eventual exercício do mandato como suplente”. (Ac. no 20.059, de 3.9.2002, rel. Min. Fernando Neves.)

� Impugnação ao registro da candidatura

De acordo com o artigo 97 do Código Eleitoral, protocolado o pedido de registro, a Justiça Eleitoral providenciará a imediata expedição de edital, o qual será publicado na imprensa oficial (na capital) ou afixado no Cartório Eleitoral (no interior).

Da publicidade do pedido de registro começa a correr o prazo de 5 dias para a impugnação (artigo 3.º da Lei Complementar n. 64/90), que será apresentada ao juiz ou tribunal competente para o registro e terá por base fatos verificados até aquele momento, e que poderá ser formalizada pelo Ministério Público, partidos, coligações e candidatos já indicados nas convenções. Caso não atue como parte, o Ministério Público participará do processo na condição de fiscal da lei.

Não poderá impugnar o pedido de registro o membro do Ministério Público que nos dois anos anteriores à impugnação tenha disputado cargo eletivo, integrado Diretório de Partido ou exercido atividade político-partidária. A regra do artigo 3.º, § 2º, da Lei Complementar n. 64/90, que previa o prazo de quatro anos, foi derrogada pelo artigo 80 da Lei Complementar n. 75/93.

O impugnante, desde logo, deve especificar suas provas e arrolar até seis testemunhas. O prazo para contestar é de sete dias, contados da notificação do candidato, partido ou coligação.

Superada a fase instrutória, será aberto o prazo comum de cinco dias para as partes apresentarem suas alegações finais e para o Ministério Público apresentar o seu parecer. Em seguida, os autos seguem para o juiz ou para o tribunal decidir, em três dias. O prazo para recurso será de três dias. As contra-razões também devem ser protocoladas em três dias, contados do protocolo da petição do recurso.

O recurso contra a decisão do juiz eleitoral é o inominado previsto no artigo 265 do Código Eleitoral, admitindo inclusive a retratação (artigo 267, § 7.º). Contra a decisão do Tribunal Regional Eleitoral, o recurso é denominado ordinário, nos termos dos incisos III e IV do § 4.º do artigo 121 da Constituição Federal combinados com os artigos 276, incisos I e II, e 277 do Código Eleitoral. Pode ser cabível mandado de segurança contra decisão originária do Tribunal Superior Eleitoral, desde que não haja recurso previsto.

Os prazos correm em cartório (independentemente de intimação), são peremptórios, contínuos e não se suspendem aos sábados, domingos e feriados, nos termos do artigo 16 da Lei Complementar n. 64/90.

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Nos termos da Súmula n. 10 do Tribunal Superior Eleitoral, caso a sentença seja entregue em cartório antes dos três dias disponibilizados para o juiz decidir e não haja intimação pessoal do interessado, o prazo para o recurso (três dias) contra decisão só começa a correr do termo final daquele tríduo. Vejamos a questão do 22º concurso para o Ministério Público Federal:

(MPF – 22º - Q85) Nas eleições municipais de 2004, o juiz eleitoral recebeu do cartório ação de impugnação de registro de candidatura no dia 02/08/2004, segunda-feira, tendo o magistrado devolvido os autos, com sentença julgando procedente a impugnação, no dia 04/08/2004, quarta-feira. Diante de tal situação, indaga-se: quando ocorreu o termo final do prazo para a interposição de recurso para o Tribunal Regional Eleitoral?

(a) 07 de agosto de 2004 (sábado) (b) 08 de agosto de 2004 (domingo) (c) 09 de agosto de 2004(segunda) (d) No 3º dia da publicação da sentença por edital,

em cartório.

Gabarito – Letra B – Aplica-se a súmula 10 do TSE A declaração de inelegibilidade do candidato a chefe do Poder Executivo não afeta o candidato a vice, e a declaração de inelegibilidade do vice não afeta o candidato à chefia do Executivo, nos termos do artigo 18 da Lei das Inelegibilidades (Lei Complementar n. 64/90).

De acordo com a Súmula n. 11 do Tribunal Superior Eleitoral, “no processo de registro de candidato, o partido que não o impugnou não tem legitimidade para recorrer da sentença que o deferiu, salvo se se cuidar de matéria constitucional”.

� Legitimados para propor a ação de impugnação ao registro?

São legitimados:

� Partido Político

� Coligações

� Ministério Público

� Candidatos

Conforme salienta Antônio Carlos Martins Soares, é irrelevante o deferimento do registro da candidatura para que seja recebida a impugnação oferecida por candidato. (na verdade pré-candidato). Considerando-se que antes do deferimento não há que se falar em candidato.

Outro ponto interessante diz respeito à possibilidade de um candidato a deputado impugnar o registro de um candidato a presidente da república? A meu ver só estariam legitimados os candidatos ao mesmo cargo. Entretanto, para o eminente professor Joel J. Cândido um candidato a deputado estadual pode impugnar o pedido

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de registro de um candidato a senador, este pode faze-lo em relação a um candidato a governador ou a deputado federal e assim reciprocamente.

Assim assevera Emerson Garcia “A lei 9504´97, ao falar em candidato, pretendeu a norma referir-se àqueles que concorreriam às eleições caso tivessem seu registro de candidato deferido.” De acordo com Joel J Cândido a única exceção em que seria possível a candidato (já com candidatura deferida) impugnar terceiros seria no caso de pedido de registro tardio, por substituição. Nesse caso o impugnante já seria candidato. Registre-se que enquanto não transitada em julgado a decisão sobre a ação de impugnação de registro (no caso de procedência) o candidato poderá permanecer no cargo. Os recursos desse candidato terão efeito suspensivo.

Importante observar também que o partido político coligado a outro não poderá impugnar, isoladamente, registro de candidaturas Considerando que perante a Justiça Eleitoral a coligação funciona como um partido, quem deve impugnar é coligação através de seu representante ou delegados.

� Existe a necessidade de representação por advogado para a AIRC?

Levando-se em conta tratar-se de processo de julgamento de jurisdição contenciosa, onde se opera a coisa julgada., torna-se indispensável que a ação de impugnação seja ajuizada através de advogado habilitado. Registre-se que existe doutrina em sentido diverso. Todavia, a majoritária assevera a obrigatoriedade da representação por advogado.

� Efeitos da Procedência da AIRC ?

Na AIRC a decisão tem natureza declaratória negativa, haja vista que impede o deferimento do registro da candidatura. Os efeitos dessa ação só se darão efetivamente após o trânsito em julgado da decisão que cancelar ou negar o registro.

� Rejeição de Contas e Inelegibilidade

Assim dispõe a Lei das Inelegibilidades em seu artigo 1º, I, g

g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se a questão houver sido ou estiver sendo submetida à apreciação do Poder Judiciário, para as eleições que se realizarem nos 5 (cinco) anos seguintes, contados a partir da data da decisão;

O dispositivo acima está intimamente ligado ao teor da Súmula 1 do Tribunal Superior Eleitoral, vejamos:

Súmula TSE 01 - Proposta a ação para desconstituir a decisão que rejeitou as contas, anteriormente à impugnação, fica suspensa a inelegibilidade (Lei Complementar nº 64/90, art. 1º, I, g).

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Ocorre que o Tribunal Superior Eleitoral, recentemente entendeu que para se aplicar a Súmula no 1 do TSE, é mister que tenha sido concedida eficácia à ação proposta contra a decisão que rejeitou as contas, por meio de tutela antecipada (RO 912).

Desse modo, não basta a simples propositura da ação para a desconstituição perante o poder judiciário.

Nesse sentido, no RO no 912/RR, sessão de 24.8.2006, rel. o e. Min. Cesar Rocha, este Tribunal assentou:

Recurso ordinário. Eleição 2006. Impugnação. Candidato. Deputado estadual. Rejeição de contas. Ação anulatória. Burla. Inaplicabilidade do Enunciado no 1 da súmula do TSE. Recurso desprovido. A análise da idoneidade da ação anulatória é complementar e integrativa à aplicação da ressalva contida no Enunciado no 1 da súmula do TSE, pois a Justiça Eleitoral tem o poder-dever de velar pela aplicação dos preceitos constitucionais de proteção à probidade administrativa e à moralidade para o exercício do mandato (art. 14, § 9o, CF/88).

Cabe asseverar de outra parte, que o TSE entende que “Compete ao Tribunal de Contas da União examinar as contas relativas à aplicação de recursos federais recebidos por prefeituras municipais em razão de convênios” (Recurso Ordinário nº 681, rel. Min. Fernando Neves, de 16.9.2003).

ABUSO DE PODER NO PROCESSO ELEITORAL

(a) Abuso do Poder Econômico, Político e dos Meios de Comunicação Social. Representação à Justiça Eleitoral

� Conceito de Abuso de Poder Econômico

Haverá abuso do poder econômico sempre que os recursos financeiros, materiais ou humanos significarem desequilíbrio na obtenção de votos, mormente quando se considera a apartação social existente no Brasil, circunstância que fragiliza a consciência do eleitorado.12

O abuso de poder econômico pode ocorrer em diferentes ocasiões do processo eleitoral. Poderíamos exemplificar três momentos principais:

• Na convenção partidária

• Na propaganda eleitoral

12

Direito Eleitoral. Teoria e Prática. Armando Antonio Sobreiro Neto.

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• Na votação

� Abuso de Poder Político

No que diz respeito ao abuso de poder político, é correto afirmar que este se relaciona com os detentores de funções públicas, os quais deviam agir de acordo com o princípio da legalidade.

Podemos citar algumas formas de abuso de poder político durante o processo eleitoral, vejamos:

� Uso de servidores públicos em campanhas eleitorais

� Uso de bens públicos em campanhas eleitorais

� Uso de verbas públicas

Nesse sentido, importante analisar o disposto no art. 74 da lei 9504/97:

Art. 74. Configura abuso de autoridade, para os fins do disposto no art. 22 da Lei Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990, a infringência do disposto no § 1º do art. 37 da Constituição Federal, ficando o responsável, se candidato, sujeito ao cancelamento do registro de sua candidatura.

No processo eleitoral deve existir a lisura entre aqueles que pretendem a investidura nos cargos políticos. Nesse sentido, o legislador infraconstitucional estabeleceu procedimento tendente a apurar a interferência do poder econômico nos pleitos eleitorais.

Lei Complementar 64/90 - Art. 19. As transgressões pertinentes a origem de valores pecuniários, abuso do poder econômico ou político, em detrimento da liberdade de voto, serão apuradas mediante investigações jurisdicionais realizadas pelo Corregedor-Geral e Corregedores Regionais Eleitorais.

A apuração da interferência do poder econômico nas eleições se dará através das investigações judiciais eleitorais, tema recorrente em provas de direito eleitoral.

Registre-se, desde logo, que Para procedência da AIJE, é necessária a demonstração da potencialidade para influir no resultado do pleito, em decorrência do abuso praticado; ou, simplesmente, potencialidade em prejudicar a lisura do certame. Nesse sentido, o Acórdão nº 692/2004 do Tribunal Superior Eleitoral, “para que se julgue procedente representação baseada no caput do art. 22 da Lei Complementar 64/90, é necessário que os atos ou fatos narrados tenham potencialidade para influir no resultado do pleito”.

Considerando o objetivo desse trabalho iremos colacionar as principais características dessa ação, ou melhor, representação tendente a equacionar as condições de captação de votos entre os candidatos. Vejamos:

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� Legitimidade para a AIJE?

Assim dispõe o art. 22 da LC 64/90:

Art. 22. Qualquer partido político, coligação, candidato ou Ministério Público Eleitoral poderá representar à Justiça Eleitoral, diretamente ao Corregedor-Geral ou Regional, relatando fatos e indicando provas, indícios e circunstâncias e pedir abertura de investigação judicial para apurar uso indevido, desvio ou abuso do poder econômico ou do poder de autoridade, ou utilização indevida de veículos ou meios de comunicação social, em benefício de candidato ou de partido político, obedecido o seguinte rito:

Percebe-se, pois, que o eleitor, assim como na ação de impugnação ao registro, não detém legitimidade para iniciar tal procedimento judicial.

� A partir de quando e até quando?

As investigações judiciais poderão ser instauradas do deferimento do registro até a data da diplomação. Sendo esse o entendimento majoritário da doutrina e a posição do Tribunal Superior Eleitoral.

� Prazo final para a instauração de investigação judicial eleitoral

Considerando que a lei complementar 64/90 foi omissa nesse ponto, coube a doutrina e a jurisprudência determinar o prazo máximo para que a investigação judicial eleitoral fosse instaurada.

Atualmente, a maioria dos doutrinadores assevera que a diplomação constitui o termo final para a instauração de investigação judicial eleitoral. Registre-se que tal ponto foi objeto de prova no 22º concurso para o Ministério Público Federal:

(MPF – 22º - Q84) Em sede investigação judicial eleitoral:

I. O abuso do poder econômico, quanto a fatos ocorridos anteriormente à fase do registro, deve ser apurado na ação de impugnação de registro de candidaturas (AIRC), sob pena de preclusão, sendo, por outro lado, apurado por meio de investigação judicial eleitoral (IJE) em relação aos ocorridos posteriormente àquela fase.

II. O termo final para o ajuizamento da investigação judicial eleitoral é o da data da eleição, inclusive.

III. A decisão julgando procedente IJE ajuizada com o fito de apurar a utilização indevida de meios de comunicação social em benefício de candidato não necessita de trânsito em julgado para a sua execução.

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IV. Não tendo havido, ainda, o julgamento de investigação judicial eleitoral ajuizada , em face de candidato, para apurar abuso do poder econômico quando já transcorridos os prazos para a interposição de recurso contra a expedição do diploma (RCED) e o ajuizamento de ação de impugnação de mandato eletivo (AIME), deve ela, por flagrante perda de objeto, ser julgada extinta, sem julgamento do mérito.

Das assertivas acima:

a. Todos

b. I e II

c. II e III

d. Todos Incorretos (gabarito)

Ocorre que em 2006 o Tribunal Superior Eleitoral, no RESPE 25966 passou a entender que se os fatos ocorreram antes da eleição, a investigação judicial eleitoral somente poderia ser instaurada até o dia da eleição. Vejamos:

RESPE-25966 - RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL. AUSÊNCIA DE LEGITIMIDADE DA PARTE AUTORA. FATOS ACONTECIDOS ANTES DAS ELEIÇÕES. AÇÃO INTENTADA UM MÊS APÓS O PLEITO.

1. Ausente a legitimidade da parte autora para promover ação de investigação judicial eleitoral, em período posterior às eleições (trinta e um dias após), visando a apurar fatos públicos e notórios (publicidade institucional dita ilegal feita em jornais de grande circulação) que ocorreram em momentos anteriores ao pleito.

2. A estabilidade do processo eleitoral deve ser assegurada quando não há denúncia maculadora do pleito apresentada tempestivamente.

3. A AIJE deve ser proposta até o dia das eleições quando visa a apurar fatos ocorridos antes do pleito.

4. Recurso provido para acolher a preliminar de ausência de legitimidade para agir, em razão do decurso do tempo, extinguindo-se o processo sem julgamento de mérito.

Desse modo, atualmente , caso os fatos sejam conhecidos antes da eleição a investigação judicial eleitoral somente poderá ser instaurada até o dia da eleição. Permanecendo o dia da diplomação como prazo fatal, caso o conhecimento do abuso ocorra após a eleição.

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Importa dizer também, que a representação do art. 22 não se confunde com aquelas a que se refere o art. 96 da lei 9504/97, cuja apuração não induz inelegibilidade, mas aplicação de multa. Registre-se, ainda que haja posições minoritárias em contrário, que o art. 96 §5º não se trata de caso de inelegibilidade, mesmo cassando o registro de candidatura.

� Efeitos da procedência da AIJE.

LC 64/90 – ART. 22

XIV – julgada procedente a representação, o Tribunal declarará a inelegibilidade do representado e de quantos hajam contribuído para a prática do ato, cominando-lhes sanção de inelegibilidade para as eleições a se realizarem nos 3 (três) anos subseqüentes à eleição em que se verificou, além da cassação do registro do candidato diretamente beneficiado pela interferência do poder econômico e pelo desvio ou abuso do poder de autoridade, determinando a remessa dos autos ao Ministério Público Eleitoral, para instauração de processo disciplinar, se for o caso, e processo-crime, ordenando quaisquer outras providências que a espécie comportar;

XV – se a representação for julgada procedente após a eleição do candidato, serão remetidas cópias de todo o processo ao Ministério Público Eleitoral, para os fins previstos no art. 14, §§ 10 e 11, da Constituição Federal, e art. 262, inciso IV, do Código Eleitoral.

Conforme dispõe o art. 22, XIV supracolacionado, ocorrendo a procedência antes da eleição, há que se cassar o registro dos candidato envolvidos. Entretanto, haja vista o teor do art. 15 da LC 64/90 somente após o trânsito em julgado é que o candidato será impedido de participar do pleito.

Cabe, nesse ponto, analisar importante jurisprudência do TSE:

RO-795 Eleições 2002. Investigação judicial. Art. 22 da Lei Complementar nº 64/90. Decisão regional. Improcedência. Recurso ordinário. Perda de objeto. Ação. Decurso. Prazo. Três anos. Sanção. Inelegibilidade. Providência. Remessa. Cópias. Ministério Público. Fins. Art. 22, XV, da LC nº 64/90. Prejudicada. Precedentes.

1. Decorridos mais de três anos das eleições, o recurso ordinário interposto em investigação judicial está prejudicado pela perda superveniente de objeto, uma vez que o termo inicial para a aplicação da sanção de inelegibilidade de que cuida

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o inciso XIV do art. 22 da Lei Complementar nº 64/90 é a data do pleito.

2. De igual modo, há perda superveniente de objeto e, via de conseqüência, está prejudicada a providência de remessa de cópia do processo ao Ministério Público Eleitoral, para os fins indicados no inciso XV do art. 22 do referido diploma legal.

Recurso ordinário que se julga prejudicado.

Ro – 725 Eleições 2002. Investigação judicial. Art. 22 da Lei Complementar nº 64/90. Abuso de poder. Utilização indevida dos meios de comunicação social. Jornal. Suplementos. Matérias. Publicidade Institucional. Entrevista. Governador.

1. Não cabe à Justiça Eleitoral julgar eventual prática de ato de improbidade administrativa, o que deve ser apurado por intermédio de ação própria. Precedente: Acórdão nº 612.

2. Tratando-se de fato ocorrido na imprensa escrita, tem-se que o seu alcance é inegavelmente menor em relação a um fato sucedido em outros veículos de comunicação social, como o rádio e a televisão, em face da própria característica do veículo impresso de comunicação, cujo acesso à informação tem relação direta ao interesse do eleitor.

3. Na investigação judicial, é fundamental se perquirir se o fato apurado tem a potencialidade para desequilibrar a disputa do pleito, requisito essencial para a configuração dos ilícitos a que se refere o art. 22 da Lei de Inelegibilidades.

Recurso ordinário a que se nega provimento.

RESPE-12106

1. INVESTIGACAO JUDICIAL POR ABUSO DE PODER ECONOMICO: COMPETENCIA DO JUIZ ELEITORAL PARA JULGAMENTO DO FEITO NAS ELEICOES MUNICIPAIS (LC 64/90, ART. 22 E 24).

2. PROVA EMPRESTADA. RECURSO CONTRA A EXPEDICAO DE DIPLOMA EM CUJO JULGAMENTO APROVEITOU O REGIONAL PROVA PRODUZIDA EM INVESTIGACAO JUDICIAL EM QUE O RECORRIDO NAO FORA PARTE. OFENSA AO DEVIDO PROCESSO LEGAL ASSEGURADO SUBSTANTIVAMENTE NA CONSTITUICAO COM OS CONSECTARIOS

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FORMAIS MINIMOS DA AMPLA DEFESA E DO CONTRADITORIO.

3. RECURSO ESPECIAL; PREQUESTIONAMENTO. NAO CONDIZ COM A NATUREZA INTRINSECAMENTE CELERE DO PROCESSO ELEITORAL, E MUITO MENOS COM SEU PROPOSITO CONSTITUCIONAL SUBSTANTIVO, QUE SE ACOLHA, SEM TEMPEROS, O RIGOROSO CANONE PROCESSUAL DAS OUTRAS JURISDICOES.

3.1. A OFENSA AO DEVIDO PROCESSO LEGAL MEDIANTE USO DE PROVA EMPRESTADA (TOPICO 2 "SUPRA") SO SURGIU QUANDO DO JULGAMENTO ORIGINARIO DE RECURSO CONTRA A EXPEDICAO DE DIPLOMA, DONDE, MAIS DO QUE INEXIGIVEL, NA VERDADE IMPOSSIVEL QUALQUER PREQUESTIONAMENTO POR PARTE DO CANDIDATO RECORRIDO.

4. RECURSOS ESPECIAIS DA PROCURADORIA REGIONAL ELEITORAL E DE CHARLES COZZOLINO NAO CONHECIDOS. RECURSO ESPECIAL DE LUIZ NOLIN PROVIDO PARCIALMENTE PARA AFASTAR A DECLARACAO DE SUA INELEGIBILIDADE.

Ocorrendo a procedência após a eleição, será cominada a sanção de inelegibilidade por três anos a contar da eleição. Entretanto, para que haja a perda do mandato se faz necessária ação de impugnação de mandato eletivo ou o recurso contra a diplomação.

(b) Recurso contra a diplomação. Ação de Impugnação de Mandato Eletivo

� Do Recurso contra a diplomação

O diploma, instrumento certificador do resultado das urnas, poderá ser atacado no prazo de três dias através do recurso contra a diplomação nas hipóteses previstas no art. 262 do CE. Vejamos:

Art. 262. O recurso contra expedição de diploma caberá somente nos seguintes casos:

I - inelegibilidade ou incompatibilidade de candidato;

II - errônea interpretação da lei quanto à aplicação do sistema de representação proporcional;

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III - erro de direito ou de fato na apuração final, quanto à determinação do quociente eleitoral ou partidário, contagem de votos e classificação de candidato, ou a sua contemplação sob determinada legenda;

IV - concessão ou denegação do diploma em manifesta contradição com a prova dos autos, nas hipóteses do art. 222 desta Lei, e do art. 41-A da Lei no 9.504, de 30 de setembro de 1997.13

O recurso contra a diplomação de candidato eleito não impede sua posse e o exercício regular do mandato. Haja vista que enquanto o Tribunal Superior Eleitoral não julgar o recurso apresentado, o diplomado exercerá o mandato em toda a sua plenitude, tal como determina o art. 216 do Código Eleitoral.

� Inelegibilidade decorrente da procedência da AIME

Somente haverá decretação de inelegibilidade cominada na procedência da AIME, caso essa seja decorrente de representação prevista no art. 22 da LC 64/90. Nesse mesmo sentido Tito Costa

� DA AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO

De acordo com o disposto no art. 14 §10 da Constituição Federal, o mandato eletivo poderá ser impugnado no prazo de quinze dias contados da data da diplomação. Diversamente do recurso contra a diplomação, a AIME não exige prova pré-constituída, mas ao menos indícios razoáveis de provas do alegado, a fim de que a ação seja recebida.

O mandato eletivo poderá ser impugnado nos casos de abuso de poder econômico, corrupção ou fraude. Cabe dizer que, conforme entendimento do Tribunal Superior Eleitoral, a fraude que pode ensejar ação de impugnação de mandato eletivo é aquela que tem reflexos na votação ou na apuração de votos (Acórdão 3009 Relator. Fernando Neves)

Com relação ao procedimento a ser adotado na ação de impugnação de mandato eletivo, considerando que tal matéria não foi regulamentada, aplica-se o entendimento do TSE, ou seja, a AIME seguirá o rito estabelecido para a ação de impugnação ao registro da candidatura.

Resolução21634 – Relator : Fernando Neves

O rito ordinário que deve ser observado na tramitação da ação de impugnação de mandato eletivo, ate a sentença, é o da Lei Complementar 64/90, não o do Código de Processo Civil, cujas disposições são aplicáveis apenas subsidiariamente.

13

Redação dada pela Lei n 9.840, de 28.09.99.

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Podem propor essa ação os partidos políticos, as coligações, os candidatos e o Ministério Público Eleitoral. Alguns autores admitem o eleitor como legitimado para propor essa ação.14 De acordo com o TSE, o julgamento caberá ao órgão responsável pela diplomação dos eleitos. Entretanto, nas eleições municipais tal entendimento não prevalece, haja vista que os diplomas na eleições municipais serão expedidos pela junta eleitoral e o registro das candidaturas será processado pelo juiz eleitoral. Desse modo, acredito que o correto seria atribuir ao órgão responsável pelo registro da candidatura, o julgamento da ação de impugnação de mandato eletivo.

Recurso especial. Ação de impugnação de mandato eletivo. Art. 14, § 10, da Constituição Federal. Divulgação de pesquisa eleitoral sem registro. Abuso do poder econômico, corrupção ou fraude. Nãoocorr ência. Aplicação da multa prevista no art. 33, § 3o, da Lei no 9.504/97. Impossibilidade. Recurso conhecido e provido. 1. A ação de impugnação de mandato eletivo se destina unicamente à apuração de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude. 2. Eventual divulgação de pesquisa sem registro, com violação do art. 33 da Lei no 9.504/97, deve ser apurada e punida por meio da representação prevista no art. 96 da Lei no 9.504/97.. (Ac. no 21.291, de 19.8.2003, rel. Min. Fernando Neves.)

Questão interessante diz respeito a possibilidade de interposição de ação de impugnação de mandato eletivo contra os suplentes partidários. Vejamos o posicionamento do TSE:

Impugnação de mandato. Suplente. Embora não seja titular de mandato, o suplente encontra-se titulado a substituir ou suceder quem o é. A ação de impugnação de mandato poderá, logicamente, referir-se, também, ao como tal diplomado.. (Ac. no 1.130, de 15.12.98, rel. Min. Eduardo Ribeiro.)

Insta analisar outros julgados:

.(...) Ação de impugnação de mandato eletivo julgada improcedente. Inexistência de obstáculo à condenação criminal. 2. A circunstância de ter sido julgada improcedente ação de impugnação de mandato eletivo acerca dos mesmos fatos, não constitui obstáculo à condenação criminal, desde que fundada no que apurado no curso da instrução

14

Para Antônio Sobrereiro Neto, em se tratando de ação constitucional, somente se a própria Constituição houvesse limitado a legitimação ativa poder-se-ia cogitar de restrição dos eleitores para propor essa ação.

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do processo crime.. (Ac. no 2.577, de 1o.3.2001, rel. Min. Fernando Neves.)

.(...) Ação de impugnação de mandato eletivo. Alegações de ilegitimidade ativa e irregularidade de representação da coligação que propôs a ação. Rejeição. (...) 1. As coligações partidárias têm legitimidade para a propositura de ação de impugnação de mandato eletivo, conforme pacífica jurisprudência desta Corte (Acórdão no 19.663). (...). (Ac. no 4.410, de 16.9.2003, rel. Min. Fernando Neves.)

Recurso especial. Ação de impugnação de mandato eletivo. Art. 14, § 10, da Constituição Federal. Divulgação de pesquisa eleitoral sem registro. Abuso do poder econômico, corrupção ou fraude. Nãoocorrência. Aplicação da multa prevista no art. 33, § 3o, da Lei no 9.504/97. Impossibilidade. Recurso conhecido e provido. 1. A ação de impugnação de mandato eletivo se destina unicamente à apuração de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude. 2. Eventual divulgação de pesquisa sem registro, com violação do art. 33 da Lei no 9.504/97, deve ser apurada e punida por meio da representação prevista no art. 96 da Lei no 9.504/97.. (Ac. no 21.291, de 19.8.2003, rel. Min. Fernando Neves.)

.(...) Ação de impugnação de mandato eletivo. Art. 14, § 9o, da Constituição Federal. (...) 3. A fraude que pode ensejar ação de impugnação de mandato é aquela que tem reflexos na votação ou na apuração de votos. 4. (...). (Ac. no 3.009, de 9.10.2001, rel. Min. Fernando Neves.)

.(...) II . Já assentou esta Corte que, em se tratando de ação de investigação judicial eleitoral, recurso contra expedição de diploma e ação de impugnação de mandato eletivo, quando fundadas as ações nos mesmos fatos, a procedência ou improcedência de uma não é oponível à admissibilidade da outra a título de coisa julgada. Precedentes.. (Ac. no 21.229, de 16.9.2003, rel. Min. Peçanha Martins.)

(...) Ação de impugnação de mandato eletivo julgada improcedente. Inexistência de obstáculo à condenação criminal. 2. A circunstância de ter sido julgada improcedente ação de impugnação de mandato eletivo acerca dos mesmos fatos, não

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constitui obstáculo à condenação criminal, desde que fundada no que apurado no curso da instrução do processo crime.. (Ac. no 2.577, de 1o.3.2001, rel. Min. Fernando Neves.)

(...) Ação de impugnação de mandato eletivo. Alegações de ilegitimidade ativa e irregularidade de representação da coligação que propôs a ação. Rejeição. (...) 1. As coligações partidárias têm legitimidade para a propositura de ação de impugnação de mandato eletivo, conforme pacífica jurisprudência desta Corte (Acórdão no 19.663). (...). (Ac. no 4.410, de 16.9.2003, rel. Min. Fernando Neves.)

.(...) Ação de impugnação de mandato. Legitimidade ativa. (...) I . Na ausência de regramento próprio, esta Corte assentou que, tratando-se de ação de impugnação de mandato eletivo, são .legitimadas para a causa as figuras elencadas no art. 22 da Lei de Inelegibilidade. (Ag no 1.863-SE, rel. Min. Nelson Jobim, DJ 7.4.2000). (...). (Ac. no 21.218, de 26.8.2003, rel. Min. Peçanha Martins.)

RECONSIDERAÇÃO. PROVA PRÉ-CONSTITUÍDA. RECURSO CONTRA EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA (RCEd). POSSIBILIDADE. LIMITAÇÃO. NECESSIDADE DE COLHEITA EM AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL (AIJE). ART. 19, LEI Nº 64/90. 1. Este Tribunal fixou a possibilidade de se valer o recorrente, no RCEd, de provas pré-constituídas em outro feito, ainda que sobre ele não haja pronunciamento definitivo. 2. Para instruir o Recurso Contra Expedição de Diploma, no qual se persiga a declaração de inelegibilidade, a prova deve advir de Ação de Investigação Judicial Eleitoral (art. 19 da LC nº 64/90), e não de representações eleitorais. Precedentes. 3. Agravo regimental não provido.

(c) Condutas vedadas aos agentes públicos nas campanhas eleitorais. Captação de Sufrágio

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A Lei das Eleições a partir do artigo 73, dispõe acerca das condutas vedadas aos agentes públicos durante o processo eleitoral, sempre objetivando a lisura do pleito e a igualdade entre os concorrentes.

Nesse sentido, há que se mencionar que ocorrida qualquer uma das práticas tipificadas como proibidas, incidirão as respectivas sanções, independentemente de se caracterizar o desequilibro da disputa e sem que haja a necessidade do trânsito em julgado da decisão.

Registre-se o teor do Acórdão nº 20353/2003 do Tribunal Superior Eleitoral:

“não consiste em nova hipotese de inelegibilidade a previsão no indigitado art. 73 §5º, da Lei 9504/97, da pena de cassação do diploma, que representou tao-somente o atendimento, pelo legisladoro, de um anseio da sociedade de ver diligentemente punidos os candidatos beneficiados pelas condutas ilícitas desse artigo.”

Não há que se confundir o abuso de poder apurado nos termos da Lei de Inelegibilidade, com as condutas vedadas previstas na Lei das Eleições. Assim, a decisão que tenha por objeto a declaração de inelegibilidade, no regime da Lei de Inelegibilidades, só surte efeitos após seu trânsito em julgado, conforme previsto no art. 15. Desse modo, caso a causa seja julgada após as eleições, o que o mais provável, os autos serão remetidos ao Ministério Público Eleitoral para a propositura de Recurso contra a diplomação ou Ação de Impugnação de Mandato Eletivo, a fim de que sejam cassados os diplomas ou os mandatos dos candidatos beneficiados pelas condutas abusivas e também para que seja declarada a inelegibilidade do candidato beneficiado e de quantos hajam contribuído para a prática do ato, para as eleições que se realizarem nos três anos à eleição em que se verificou o abuso.

Do outro lado, a Lei das Eleições, sanciona as condutas vedadas com multa, perda do registro ou do diploma, conforme a gravidade da conduta, a ser apurada através de procedimento do art. 96 da mesma lei, que tem natureza sumária, sendo possível a execução imediata da decisão judicial, independentemente da propositura de Recurso de Diplomação ou Ação de Impugnação de Mandato Eletivo, mesmo se a representação for julgada após as eleições.

� Quais seriam as condutas vedadas ?

LEI 9504-97 - Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as seguintes condutas tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais:

I - ceder ou usar, em benefício de candidato, partido político ou coligação, bens móveis ou imóveis pertencentes à administração direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito

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Federal, dos Territórios e dos Municípios, ressalvada a realização de convenção partidária;

Verificar a exceção prevista no parágrafo segundo desse mesmo artigo, o qual dispõe que essa vedação não se aplica ao uso, em campanha, de transporte oficial pelo Presidente da República, desde que obedecido o disposto no art. 76. Esse artigo por sua vez determina que haja o ressarcimento das despesas com uso de transporte oficial do Presidente da república.

II - usar materiais ou serviços, custeados pelos Governos ou Casas Legislativas, que excedam as prerrogativas consignadas nos regimentos e normas dos órgãos que integram;

III - ceder servidor público ou empregado da administração direta ou indireta federal, estadual ou municipal do Poder Executivo, ou usar de seus serviços, para comitês de campanha eleitoral de candidato, partido político ou coligação, durante o horário de expediente normal, salvo se o servidor ou empregado estiver licenciado;

IV - fazer ou permitir uso promocional em favor de candidato, partido político ou coligação, de distribuição gratuita de bens e serviços de caráter social custeados ou subvencionados pelo Poder Público;

V - nomear, contratar ou de qualquer forma admitir, demitir sem justa causa, suprimir ou readaptar vantagens ou por outros meios dificultar ou impedir o exercício funcional e, ainda, ex officio, remover, transferir ou exonerar servidor público, na circunscrição do pleito, nos três meses que o antecedem e até a posse dos eleitos, sob pena de nulidade de pleno direito, ressalvados:

a) a nomeação ou exoneração de cargos em comissão e designação ou dispensa de funções de confiança;

b) a nomeação para cargos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos Tribunais ou Conselhos de Contas e dos órgãos da Presidência da República;

c) a nomeação dos aprovados em concursos públicos homologados até o início daquele prazo;

d) a nomeação ou contratação necessária à instalação ou ao funcionamento inadiável de serviços públicos essenciais, com prévia e expressa autorização do Chefe do Poder Executivo;

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e) a transferência ou remoção ex officio de militares, policiais civis e de agentes penitenciários;

VI - nos três meses que antecedem o pleito:

a) realizar transferência voluntária de recursos da União aos Estados e Municípios, e dos Estados aos Municípios, sob pena de nulidade de pleno direito, ressalvados os recursos destinados a cumprir obrigação formal preexistente para execução de obra ou serviço em andamento e com cronograma prefixado, e os destinados a atender situações de emergência e de calamidade pública;

b) com exceção da propaganda de produtos e serviços que tenham concorrência no mercado, autorizar publicidade institucional dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos federais, estaduais ou municipais, ou das respectivas entidades da administração indireta, salvo em caso de grave e urgente necessidade pública, assim reconhecida pela Justiça Eleitoral;

c) fazer pronunciamento em cadeia de rádio e televisão, fora do horário eleitoral gratuito, salvo quando, a critério da Justiça Eleitoral, tratar-se de matéria urgente, relevante e característica das funções de governo;

VII - realizar, em ano de eleição, antes do prazo fixado no inciso anterior, despesas com publicidade dos órgãos públicos federais, estaduais ou municipais, ou das respectivas entidades da administração indireta, que excedam a média dos gastos nos três últimos anos que antecedem o pleito ou do último ano imediatamente anterior à eleição.

VIII - fazer, na circunscrição do pleito, revisão geral da remuneração dos servidores públicos que exceda a recomposição da perda de seu poder aquisitivo ao longo do ano da eleição, a partir do início do prazo estabelecido no art. 7º desta Lei e até a posse dos eleitos.

§ 1º Reputa-se agente público, para os efeitos deste artigo, quem exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nos órgãos ou entidades da administração pública direta, indireta, ou fundacional.

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§ 2º A vedação do inciso I do caput não se aplica ao uso, em campanha, de transporte oficial pelo Presidente da República, obedecido o disposto no art. 76, nem ao uso, em campanha, pelos candidatos a reeleição de Presidente e Vice-Presidente da República, Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal, Prefeito e Vice-Prefeito, de suas residências oficiais para realização de contatos, encontros e reuniões pertinentes à própria campanha, desde que não tenham caráter de ato público.

§ 3º As vedações do inciso VI do caput, alíneas b e c, aplicam-se apenas aos agentes públicos das esferas administrativas cujos cargos estejam em disputa na eleição.

§ 4º O descumprimento do disposto neste artigo acarretará a suspensão imediata da conduta vedada, quando for o caso, e sujeitará os responsáveis a multa no valor de cinco a cem mil UFIR.

§ 5º Nos casos de descumprimento do disposto nos incisos I, II, III, IV e VI do caput, sem prejuízo do disposto no parágrafo anterior, o candidato beneficiado, agente público ou não, ficará sujeito à cassação do registro ou do diploma.

Assim sendo, mesmo que haja a procedência da representação após a eleição. Nesse caso o efeito será imediato.

§ 6º As multas de que trata este artigo serão duplicadas a cada reincidência.

§ 7º As condutas enumeradas no caput caracterizam, ainda, atos de improbidade administrativa, a que se refere o art. 11, inciso I, da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, e sujeitam-se às disposições daquele diploma legal, em especial às cominações do art. 12, inciso III.

§ 8º Aplicam-se as sanções do § 4º aos agentes públicos responsáveis pelas condutas vedadas e aos partidos, coligações e candidatos que delas se beneficiarem.

§ 9º Na distribuição dos recursos do Fundo Partidário (Lei nº 9.096, de 19 de setembro de 1995) oriundos da aplicação do disposto no § 4º, deverão ser excluídos os partidos beneficiados pelos atos que originaram as multas.

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§ 10. No ano em que se realizar eleição, fica proibida a distribuição gratuita de bens, valores ou benefícios por parte da Administração Pública, exceto nos casos de calamidade pública, de estado de emergência ou de programas sociais autorizados em lei e já em execução orçamentária no exercício anterior, casos em que o Ministério Público poderá promover o acompanhamento de sua execução financeira e administrativa.15

Art. 74. Configura abuso de autoridade, para os fins do disposto no art. 22 da Lei Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990, a infringência do disposto no § 1º do art. 37 da Constituição Federal, ficando o responsável, se candidato, sujeito ao cancelamento do registro de sua candidatura.

A Constituição Federal, em seu artigo 37 §1º , dispõe acerca da propaganda oficial de atos, programas, serviços, obras e campanhas dos órgãos governamentais, que deverão ter caráter informativo e educativo. Nesse caso, aplica-se o princípio da impessoalidade, visando a resguardar os cofres públicos dos gastos com publicidade ilícita, incluindo-se as que possuírem contornos eleitorais.

Art. 75. Nos três meses que antecederem as eleições, na realização de inaugurações é vedada a contratação de shows artísticos pagos com recursos públicos.

Art. 76. O ressarcimento das despesas com o uso de transporte oficial pelo Presidente da República e sua comitiva em campanha eleitoral será de responsabilidade do partido político ou coligação a que esteja vinculado.

§ 1º O ressarcimento de que trata este artigo terá por base o tipo de transporte usado e a respectiva tarifa de mercado cobrada no trecho correspondente, ressalvado o uso do avião presidencial, cujo ressarcimento corresponderá ao aluguel de uma aeronave de propulsão a jato do tipo táxi aéreo.

§ 2º No prazo de dez dias úteis da realização do pleito, em primeiro turno, ou segundo, se houver, o órgão competente de controle interno procederá ex officio à cobrança dos valores devidos nos termos dos parágrafos anteriores.

§ 3º A falta do ressarcimento, no prazo estipulado, implicará a comunicação do fato ao Ministério Público Eleitoral, pelo órgão de controle interno.

15

Acrescentado pela Lei nº 11.300, de 10.05.06.

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§ 4º Recebida a denúncia do Ministério Público, a Justiça Eleitoral apreciará o feito no prazo de trinta dias, aplicando aos infratores pena de multa correspondente ao dobro das despesas, duplicada a cada reiteração de conduta.

Art. 77. É proibido aos candidatos a cargos do Poder Executivo participar, nos três meses que precedem o pleito, de inaugurações de obras públicas.

Parágrafo único. A inobservância do disposto neste artigo sujeita o infrator à cassação do registro.

Art. 78. A aplicação das sanções cominadas no art. 73, §§ 4º e 5º, dar-se-á sem prejuízo de outras de caráter constitucional, administrativo ou disciplinar fixadas pelas demais leis vigentes.

A Lei Eleitoral prevê, também, hipóteses de cancelamento e cassação do registro. Ocorrerá o cancelamento do registro até a data da eleição, em caso do candidato ser expulso do partido, após regular procedimento (onde deve se garantir a ampla defesa), segundo a previsão do estatuto do partido político. O cancelamento do registro será decretado pela Justiça Eleitoral, por solicitação do partido político. Já a cassação do registro configura-se em uma penalidade aplicada nas seguintes hipóteses previstas em lei:

(1) quando o candidato, agente público ou não, pratica ou se beneficia de certos atos;

(2) quando o candidato à reeleição a cargos do Poder Executivo participa de inaugurações de obras públicas nos três meses que antecedem as eleições, (art. 77 da LE);

(3) quando o candidato doar, oferecer, prometer ou entregar ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública, desde o dia do registro da candidatura até o dia da eleição, inclusive. (art.41A da LE)

O artigo 73 da LE apresenta as demais hipóteses em que o candidato fica sujeito à cassação:

(4) ceder ou usar, em benefício de candidato, partido político ou coligação, bens móveis ou imóveis pertencentes à Administração direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, ressalvada a realização de convenção partidária;

(5) usar materiais ou serviços, custeados pelos Governos ou Casas Legislativas, que excedam a prerrogativa consignada nos respectivos regimentos e normas dos órgãos que integram;

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(6) ceder servidor público ou empregado da Administração direta ou indireta federal, estadual ou municipal do Poder Executivo ou usar de seus serviços para comitês de coligação, durante o horário de expediente normal, salvo se o servidor ou empregado estiver licenciado;

(7) fazer ou permitir o uso promocional em favor de candidato, partido político ou coligação, de distribuição gratuita de bens e serviços de caráter social. custeados ou subvencionados pelo Poder Público;

(8) realizar transferência voluntária de recursos da União ns Estados e Municípios, e dos Estados aos Municípios, sob pena de nulidade de pleno direito, ressalvados os recursos destinados a cumprir obrigação formal preexistente para execução de obra ou serviço em andamento e com cronograma prefixado, e os destinados a atender situações de emergência e de calamidade pública;

(9) com exceção da propaganda de produtos e serviços que tenham concorrência no mercado, autorizar publicidade institucional dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos federais, estaduais ou municipais, ou das respectivas entidades da Administração indireta, salvo em caso de grave e urgente necessidade pública, assim reconhecida pela Justiça Eleitoral;

(10) fazer pronunciamento em cadeia de rádio e televisão, fora do horário eleitoral gratuito, salvo quando, a critério da Justiça Eleitoral, tratar-se de matéria urgente, relevante e característica das funções de governo.

Perante a legislação eleitoral, reputa-se agente público quem exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo. emprego ou função nos órgãos ou entidades da administração pública direta, indireta ou fundacional. (§1º, art.73 LE)

CRIMES ELEITORAIS

� Crimes Eleitorais. Jurisdição e competência

Os crimes eleitorais estão previstos em capítulo próprio do código eleitoral. Entretanto, iremos encontrar alguns tipos penais eleitorais nas chamadas “leis penais eleitorais extravagantes”. No Código Eleitoral estão previstos nos arts. 289 até o 354.

No que diz respeito à competência para julgamento dos crimes eleitorais, faz-se necessário, inicialmente, determinar a natureza de tais crimes. Nesse sentido, os crimes eleitorais, pela maioria da doutrina, e no entendimento do Supremo Tribunal Federal são considerados crimes comuns.

Alguns entendem que os crimes eleitorais seriam crimes especiais, cabendo somente aos órgãos da Justiça Eleitoral o seu julgamento. Defendem que os crimes eleitorais praticados pelos detentores de mandatos eletivos devem ser julgados

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pelos órgãos responsáveis pelo registro das candidaturas. Segundo entendimento de Fávila Ribeiro, os crimes eleitorais compõem subdivisão dos crimes políticos. Para ele os crimes políticos estariam divididos em crimes eleitorais e crimes militares.

Conforme já mencionamos esse não é o entendimento que prevalece, a expressão crimes comuns abrange todos os crimes que não sejam crimes de responsabilidade.

� Natureza e tipicidade dos crimes eleitorais. Bem Jurídico protegido. Código Eleitoral e legislação esparsa.

“O crime eleitoral, conquanto seja também da categoria de crime político, restringe-se às infrações penalmente sancionadas e que dizem respeito, especificamente, às várias e diversas fases da formação do eleitorado e do processo eleitoral, incluindo-se neste, claro, as eleições” (Tito Costa).

Os bens jurídicos tutelados pelo direito penal eleitoral são a liberdade de exercício dos direitos políticos e autenticidade das eleições. A objetividade jurídica, em se tratando de crimes eleitorais, está expressa no interesse público de proteger a liberdade e a legitimidade do sufrágio, o exercício em suma dos direitos políticos, de modo a que os pleitos eleitorais sejam realizados dentro da mais completa regularidade e lisura (SUZANA DE CAMARGO GOMES).

Importante mencionar que não existe previsão de qualquer tipo penal eleitoral na modalidade culposa, mas apenas dolosa.

No crime comum conexo com crime eleitoral verifica-se a competência da Justiça Eleitoral. Já no crime doloso contra a vida conexo com crime eleitoral, existem dois entendimentos:

a) Cisão do processo – crime doloso contra a vida será de competência do Tribunal do Júri e o crime eleitoral, da Justiça Eleitoral (posicionamento majoritário) b) Competência única da justiça eleitoral.

As regras gerais do Código Penal (parte geral) são aplicadas subsidiariamente aos fatos incriminados no Código Eleitoral e nas Leis Eleitorais extravagantes, como dispõe o artigo 287 do C.E., mesmo tendo este usado a expressão ”nesta lei”16.

No Código Eleitoral há três regras gerais em matéria criminal:

1ª - art. 283 - quanto ao conceito de funcionário da Justiça Eleitoral e funcionário público, inclusive por equiparação;

2ª - arts. 284, 285 e 286 - quanto às penas e sua aplicação17; e

16

Art. 287. Aplicam-se aos fatos incriminados nesta Lei as regras gerais do Código Penal. 17

De acordo com o art. 284 do C.E., sempre que não for indicado o grau mínimo de apenamento, a pena mínima privativa de liberdade será: se detenção = 15 dias; se reclusão = 1 ano. - Na pena de multa, por se tratar de lei especial, devem ser aplicadas as disposições do Código Eleitoral, não as da parte geral do Código Penal.

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3ª - art. 288 - quanto aos crimes eleitorais cometidos por meio da imprensa18, rádio e televisão.

A maioria dos crimes eleitorais são considerados de menor potencial ofensivo. Alguns delitos eleitorais, inclusive, são punidos exclusivamente com pena de multa.

Deve-se atentar, também, o disposto no art. 336, parágrafo único do Código Eleitoral, o qual dispõe a penalidade de suspensão das atividades eleitorais como pena principal, vejamos:

Art. 336. Na sentença que julgar ação penal pela infração de qualquer dos artigos. 322, 323, 324, 325, 326,328, 329, 331, 332, 333, 334 e 335, deve o juiz verificar, de acôrdo com o seu livre convencionamento, se diretório local do partido, por qualquer dos seus membros, concorreu para a prática de delito, ou dela se beneficiou conscientemente.

Parágrafo único. Nesse caso, imporá o juiz ao diretório responsável pena de suspensão de sua atividade eleitoral por prazo de 6 a 12 meses, agravada até o dôbro nas reincidências.

Percebe-se que o Código Eleitoral já previa a responsabilidade da pessoa jurídica. De qualquer forma, conformes no ensina o eminente professor Marcos Ramayana, “a admissão da regra da responsabilidade penal dos partidos políticos tornou-se de rarefeita sustentação, especialmente diante do disposto no artigo 90 §1º, da Lei 9504/97.” Vejamos:

LEI 9504 – Art. 90 § 1º Para os efeitos desta Lei, respondem penalmente pelos partidos e coligações os seus representantes legais.

Ação penal. Propositura. Processo e julgamento. Recursos.

O Código Eleitoral tem um capitulo destinado às disposições penais, contendo matéria de direito substantivo, quando define os delitos de natureza eleitoral e se refere ás penas a eles correspondentes, assim como matéria de direito adjetivo, ao tratar do processo das infrações. Em relação a este, determina que se aplique como lei subsidiária ou supletiva o CPP.

Habeas corpus. Trancamento. Ação penal. Inexistência. Ofensa. Coisa julgada. Independência. Esferas cível-eleitoral e criminal. Apuração.

18

Única exceção à regra, embora não prevista no Código Eleitoral, nos crimes cometidos pela imprensa(jornais e periódicos), aplica-se a Lei de Imprensa para definição da competência do Juízo Eleitoral, na hipótese de jornal ou periódico que tenha distribuição em mais de um município, ou seja, será competente o Juízo Eleitoral onde funcionar a “oficina de impressão”, não o Juízo do lugar onde foi a vítima atingida pela ofensa, conforme posição jurisprudencial dominante.

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Igualdade. Fatos: ação de investigação judicial eleitoral e ação penal. CE, art. 299. Existência. Justa causa. Prosseguimento. Denúncia. Descrição. Crime em tese. Não prospera a argumentação de ofensa à coisa julgada sob a alegação de que os fatos narrados na denúncia já foram apurados em ação de investigação judicial eleitoral. As esferas de responsabilização cível-eleitoral e criminal são independentes e os mesmos fatos que não foram hábeis a demonstrar abuso em sede de investigação judicial eleitoral, podem vir a configurar crime eleitoral. A jurisprudência do TSE é pacífica no sentido de que a possibilidade de trancamento da ação penal, na via estreita do habeas corpus, só é possível em situações de evidente falta de justa causa, consubstanciada na ausência de suporte probatório mínimo de autoria de materialidade, extinção da punibilidade ou atipicidade manifesta do fato, de modo que não se tranca a ação penal quando a conduta narrada na denúncia configura, em tese, crime. Nesse entendimento, o Tribunal denegou a ordem. Unânime.

Habeas Corpus no 535/RO, rel. Min. Cesar Asfor Rocha, em 13.9.2006.

Ação Penal. Corrupção eleitoral. Art. 299 do Código Eleitoral. Admissibilidade. Representação. Captação ilícita de sufrágio. Improcedência. Trânsito em julgado. Irrelevância. A absolvição na representação por captação ilícita de sufrágio, na esfera cível-eleitoral, ainda que acobertada pelo manto da coisa julgada, não obsta a persecutio criminis pela prática do tipo penal descrito no art. 299 do Código Eleitoral. Nesse entendimento, o Tribunal negou provimento ao agravo regimental. Unânime. Agravo Regimental no Agravo de Instrumento no 6.553/SP, rel. Min. Cezar Peluso, em 27.11.2007.

� Polícia Judiciária Eleitoral

Os crimes eleitorais são contra o interesse da União, cabendo à Polícia Federal, subordinada ao Ministério da Justiça, prevenir e reprimir essas infrações.

A Polícia Federal atua como polícia judiciária da União, sendo por esta organizada e mantida, cabendo-lhe atuar na investigação e apuração de crime eleitoral.

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Apesar da divergência anterior quanto à exclusividade da atuação da PF em matéria eleitoral, ficou decidido que onde não houver órgão da Polícia Federal, a polícia civil agirá de ofício, já que as infrações são ação penal pública, ou por requisição da Justiça Eleitoral, do Ministério Público Eleitoral, ou por solicitação da própria Polícia Federal, instaurando inquéritos policiais ou praticar atos investigatórios referentes a crimes de competência da Justiça Eleitoral. Joel Cândido discorda que a PF possa requisitar inquéritos à Polícia Civil, por esta instituição não estar subordinada àquela.

Assim, não se há de falar em violação ao Princípio da Exclusividade da Polícia Federal como polícia judiciária da União. Há delegação tácita de atribuições desta para atuação daquela, por incidência do art. 4º, do CPP.

Considerando que os crimes eleitorais são de ação penal pública (art. 355), CE, serão eles investigados por inquérito policial instaurado de ofício, aplicando-se todos os expedientes tradicionais de investigação criminal (aplicação subsidiária do CPP determinada pelo art. 364 do CE).

� Processo Penal Eleitoral

Não existe, em nossa legislação, um código de processo penal eleitoral. No CE encontram-se normas mais ou menos vagas sobre o processo das infrações criminais (arts. 355-364).

Na Lei das Inelegibilidades, o art. 22 contém regras específicas de investigação judicial para apuração de fatos, em campanhas eleitorais ou mesmo fora delas, em matéria de abuso ou desvio do poder econômico ou de autoridade, assim como pela utilização indevida de meios de comunicação social, em benefício de candidato ou partido político. Porém, nada muito específico, devendo, no processo e julgamento dos crimes eleitorais e nos crimes comuns que lhes sejam conexos, aplicar-se, subsidiariamente, regras do CPP (art.364, CE).

É desnecessário mencionar que todas aquelas regras fundamentais de garantias processual, previstas na CF, aplicam-se ao processo civil-eleitoral e ao penal-eleitoral, como por exemplo, algumas das que estão contidas no art. 5º e 93, de nossa Lei Maior.

Atualmente o Tribunal Superior Eleitoral não possui competência criminal originária, haja vista que o previsto no art. 22, I, d, do Código Eleitoral não foi recepcionado.

� Ação Penal Pública

A ação penal é sempre pública no Direito Eleitoral, não estando, em nenhuma hipótese, condicionada à representação do ofendido.

No entanto, inerte o ministério Público, ou a autoridade policial, a comunicação do interessado a que alude o art. 356 do CE será o ponto inicial da deflagração do procedimento indispensável à apuração do delito. Também aqui, e como exceção, aplicar-se-á o princípio geral do CP que estabelece a possibilidade de intentar-se ação privada, nos crimes de ação publica, se o MP não oferecer denúncia no prazo legal.

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Quando a comunicação prevista no art. 356 do CE for verbal, mandará a autoridade judicial reduzi-la a termo, assinado pelo apresentante e por duas testemunhas, e a remeterá ao órgão do MP local, para as providências legais necessárias. Caso este órgão não apresente denúncia no prazo legal, a autoridade judiciária representará contra ele, sem prejuízo de apuração da responsabilidade penal. Neste caso, o juiz solicitará ao Procurador Regional a designação de outro promotor que, no mesmo prazo, oferecerá denúncia. Ressalte-se que qualquer eleitor poderá provocar a representação, caso o juiz não a faça.

Se a ação penal for de competência originária dos Tribunais eleitorais, além do procedimento do CE será aplicado, segundo entendimento do TSE, o rito da Lei nº 8.038/90, aplicável aos Tribunais Regionais pelo disposto na Lei nº 8.658/93.

� Processo dos crimes eleitorais

Rito processual penal eleitoral O rito processual penal eleitoral é disciplinado pelos arts. 357 a 363 do Código Eleitoral, com aplicação subsidiária do Código de Processo Penal (art. 364), podendo ser assim resumido:

1. Oferecimento da denúncia – 10 dias. A denúncia deve contar a exposição do fato criminoso com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identifica-lo, a classificação do crime, além do rol de testemunhas, podendo o MP arrolar de 5 a 8 testemunhas. Conforme o art. 358, a denúncia será rejeitada quando: a) o fato narrado evidentemente não constituir crime; b) já estiver extinta a punibilidade, pela prescrição ou outra causa; ou c) faltar alguma condição para a ação penal, como a legitimidade da parte; em redação idêntica à do art. 43, do CPP.

2. Recebimento da denúncia, designação de interrogatório e citação – A Lei n. 10.732, de 05 de setembro de 2003, alterou o art. 359 do CE, passando a estabelecer a necessidade de depoimento pessoal do acusado, o qual era dispensado. Agora, recebida a denúncia, o juiz designará dia e hora para o depoimento pessoal do acusado, ordenando a citação deste e a notificação do Ministério Público. Assemelhou-se o processo à sistemática do CPP. 3. Defesa prévia - A Lei n. 10.732/2003 também alterou o parágrafo único do art. 359 do CE, passando a estabelecer que, uma vez citado, o réu ou seu defensor terá o prazo de 10 (dez) dias para oferecer alegações escritas e arrolar testemunhas. Entenda-se por “alegações escritas” a “defesa prévia”

4. Instrução – Todos os princípios que regem a instrução criminal comum se aplicam à eleitoral, já que o Código Eleitoral não dispôs de modo diverso. Por isso, os Título de VII a XI do Código de Processo Penal incidem aqui sem reservas. Assim, nos moldes do art. 360 do CE, o juiz ouvirá as testemunhas da acusação e da defesa e determinará as diligências requeridas pelas partes.

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OBS: Embora o art. 360 dê a entender que só o MP pode pedir diligências, a defesa também poderá faze-lo, sob pena de afronta ao princípio constitucional do contraditório e da ampla defesa (art. 5º, LV).

5. Alegações finais – Encerrada a colheita da prova, o juiz abrirá o prazo de 5 dias para as partes apresentarem alegações finais (art. 360, CE).

6. Sentença – 10 dias – art. 361. Decorrido o prazo das alegações, os autos serão conclusos ao juiz em 48 horas, para que, em 10 dias, profira sentença, contra a qual caberá recurso para o TRE, no prazo de 10 dias (art. 362). 7. Execução – Transitando em julgado a sentença condenatória, os autos baixarão à instância inferior para execução (art. 363, CE), que será feita em 5 dias, contados da data da vista do MP, a este cabendo promovê-la.

OBS.1: Se a ação penal for de competência originária dos Tribunais eleitorais, além do procedimento do CE será aplicado, segundo entendimento do TSE, o rito da Lei nº 8.038/90, aplicável aos Tribunais Regionais pelo disposto na Lei nº 8.658/93.

OBS.2: No caso de crime eleitoral que possua pena privativa de liberdade máxima de 2 anos, será o mesmo apreciado normalmente pela Justiça Eleitoral, garantindo-se ao acusado, porém, a aplicação dos institutos despenalizadores dos Juizados compatíveis com seu crime. É o que se dessume dos julgados abaixo do TSE: “É possível, para as infrações penais eleitorais cuja pena não seja superior a dois anos, a adoção da transação e da suspensão condicional do processo, salvo para os crimes que contam com um sistema punitivo especial, entre eles aqueles a cuja pena privativa de liberdade se cumula a cassação do registro se o responsável for candidato, a exemplo do tipificado no art. 334 do Código Eleitoral” (Ministro NELSON JOBIM, presidente – Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO, relator, 7.11.02).” “Habeas corpus. Concurso de crimes. Arts. 299 e 312 do Código Eleitoral. Penas individuais que possibilitam a proposta do art. 89 da Lei nº 9.099/95. Soma aritmética. Inviabilidade. Concessão do sursis processual. Possibilidade. Inteligência do art. 119 do Código Penal”( Ministro SEPÚLVEDA PERTENCE, presidente em exercício – Ministro LUIZ CARLOS MADEIRA, relator, 15.08.02)”

� Aplicação da Lei 9099/95

Para Joel J. Cândido, dos institutos da Lei dos Juizados Criminais, só a suspensão condicional do processo se aplica ao Direito Eleitoral, não se cogitando da incidência da composição civil, da transação e da representação.

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Tito Costa afirma que o sursis processual não implica na inelegibilidade de candidato a cargo eletivo, como se dá na suspensão condicional da pena. Isto porque, ela pode ocorrer enquanto houver apenas uma denúncia formal oferecida pelo Ministério Público contra o cidadão, mas não uma condenação. Pois é certo que, apenas uma condenação transitada em julgado, trás como conseqüência a suspensão dos direitos políticos, enquanto durarem os efeitos da condenação. E com ela, a inevitável inexigibilidade (art.15, III, CF).

� Resolução 23222/2010

O Tribunal Superior Eleitoral regulamentou a apuração pré-processual dos crimes eleitorais através da Res. 23222/2010/2006, abaixo transcrita:.

RESOLUÇÃO Nº 23.222

INSTRUÇÃO Nº 452-55.2010.6.00.0000 – CLASSE 19 – BRASÍLIA – DISTRITO FEDERAL.

Dispõe sobre a apuração de crimes eleitorais.

O Tribunal Superior Eleitoral, usando das atribuições que lhe conferem o artigo 23, inciso IX, do Código Eleitoral e o artigo 105 da Lei

nº 9.504, de 30 de setembro de 1997, resolve expedir a seguinte instrução:

CAPÍTULO I

DA POLÍCIA JUDICIÁRIA ELEITORAL

Art. 1º O Departamento de Polícia Federal ficará à disposição da Justiça Eleitoral sempre que houver eleições, gerais ou parciais, em qualquer parte do Território Nacional (Decreto-Lei nº 1.064/68, art. 2º e Resolução-TSE nº 11.218/82).

Art. 2º A Polícia Federal exercerá, com prioridade sobre suas atribuições regulares, a função de polícia judiciária em matéria eleitoral, limitada às instruções e requisições do Tribunal Superior Eleitoral, dos Tribunais Regionais ou dos Juízes Eleitorais (Resolução-TSE nº 8.906/70 e Lei nº 9.504/97, art. 94, § 3º).

Parágrafo único. Quando no local da infração não existirem órgãos da Polícia Federal, a Polícia Estadual terá atuação supletiva

(Resolução-TSE nº 11.494/82 e Acórdãos nos 16.048, de 16 de março de 2000 e 439, de 15 de maio de 2003).

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CAPÍTULO II

DA NOTÍCIA-CRIME ELEITORAL

Art. 3º Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal eleitoral em que caiba ação pública deverá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la ao Juiz Eleitoral local (Código Eleitoral, art. 356 e Código de Processo Penal, art. 5º, § 3º).

Art. 4º Recebida a notícia-crime, o Juiz Eleitoral a encaminhará ao Ministério Público ou, quando necessário, à polícia judiciária eleitoral, com requisição para instauração de inquérito policial (Código de Processo Penal, art. 356, § 1º).

Art. 5º Verificada a incompetência do juízo, a autoridade judicial a declarará nos autos e os encaminhará ao juízo competente (Código de Processo Penal, art. 78, IV).

Art. 6º Quando tiver conhecimento da prática da infração penal eleitoral, a autoridade policial deverá informar imediatamente o Juiz Eleitoral competente (Resolução-TSE nº 11.218/82).

Parágrafo único. Se necessário, a autoridade policial adotará as medidas acautelatórias previstas no artigo 6º do Código de Processo Penal (Resolução-TSE nº 11.218/82).

Art. 7º As autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito pela prática de infração eleitoral, comunicando o fato ao juiz eleitoral competente em até 24 horas (Resolução-TSE nº 11.218/82).

Parágrafo único. Quando a infração for de menor potencial ofensivo, a autoridade policial elaborará termo circunstanciado de ocorrência e providenciará o encaminhamento ao Juiz Eleitoral competente (Resolução-TSE nº 11.218/82).

CAPÍTULO III

DO INQUÉRITO POLICIAL ELEITORAL

Art. 8º O inquérito policial eleitoral somente será instaurado mediante requisição do Ministério Público ou da Justiça Eleitoral, salvo a hipótese de prisão em flagrante, quando o inquérito será instaurado independentemente de requisição (Resoluções-TSE nos 8.906/70 e 11.494/82 e Acórdão nº 439, de 15 de maio de 2003).

Art. 9º O inquérito policial eleitoral será concluído em até 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante ou preventivamente, contado o prazo a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou em até 30 dias, quando estiver solto (Acórdão nº 330, de 10 de agosto de 1999 e Código de Processo Penal, art. 10, § 3º).

§ 1º A autoridade policial fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará os autos ao Juiz Eleitoral competente (Código de Processo Penal, art. 10, § 1º).

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§ 2º No relatório, poderá a autoridade policial indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas (Código de Processo Penal, art. 10, § 2º).

§ 3º Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao Juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo Juiz (Código de Processo Penal, art. 10, § 3º).

Art. 10. O Ministério Público poderá requerer novas diligências, desde que necessárias ao oferecimento da denúncia (Acórdão nº 330, de 10 de agosto de 1999).

Art. 11. Quando o inquérito for arquivado por falta de base para o oferecimento da denúncia, a autoridade policial poderá proceder a nova investigação se de outras provas tiver notícia, desde que haja nova requisição, nos termos dos artigos 4º e 6º desta resolução.

Art. 12. Aplica-se subsidiariamente ao inquérito policial eleitoral o disposto no Código de Processo Penal (Resolução-TSE

nº 11.218/82).

Art. 13. Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 4 de março de 2010.

ARNALDO VERSIANI – RELATOR