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Elementos de Betão Estrutural Submetidos a Cargas de Impacto Francisco Duarte Serra de Santos Mendes Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Civil Orientadores Professor João Carlos de Oliveira Fernandes de Almeida Professor Luís Manuel Coelho Guerreiro Júri Presidente: Professor José Joaquim Costa Branco de Oliveira Pedro Orientador: Professor João Carlos de Oliveira Fernandes de Almeida Vogal: Professor Rui Vaz Rodrigues Outubro 2016 Aplicação ao Projecto de Guardas de Segurança em Estruturas Rodoviárias

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Elementos de Betão Estrutural Submetidos a Cargas de

Impacto

Francisco Duarte Serra de Santos Mendes

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Civil

Orientadores

Professor João Carlos de Oliveira Fernandes de Almeida

Professor Luís Manuel Coelho Guerreiro

Júri

Presidente: Professor José Joaquim Costa Branco de Oliveira Pedro

Orientador: Professor João Carlos de Oliveira Fernandes de Almeida

Vogal: Professor Rui Vaz Rodrigues

Outubro 2016

Aplicação ao Projecto de Guardas de Segurança em Estruturas

Rodoviárias

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Em memória do meu Pai e do meu Avô

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Resumo

O estudo do comportamento estrutural das barreiras de segurança de betão armado quando sujeitas

ao impacto de veículos é essencial para um correcto dimensionamento destas. Porém, grande parte

dos trabalhos disponíveis limitam-se apenas a ensaios à escala real. Pretende-se assim, com esta

dissertação, estudar o comportamento estrutural de uma barreira de segurança actuada por uma força

de impacto através da modelação num programa de cálculo automático. Através das simulações

pretende-se perceber a influência de variáveis como o intervalo de tempo em que é atingido o pico da

força de impacto e do factor dinâmico nos danos e na resposta do sistema barreira de segurança-

tabuleiro.

As simulações permitiram concluir que tanto a definição do intervalo de tempo em que é atingido o pico

da força de impacto como também a consideração do factor dinâmico na relação constitutiva dos

materiais são preponderantes na extensão dos danos como na resposta do sistema. Verificou-se que

quanto maior a taxa de carregamento dinâmico, maior o nível de danos na barreira de segurança e na

extensão de danos ao tabuleiro. Relativamente ao factor dinâmico, a sua consideração na relação

constitutiva dos materiais leva a um menor nível de danos tanto na barreira de segurança como no

tabuleiro.

Por último, foi realizada uma análise de Estado Limite Serviço e de Estado Limite Último para uma

força de impacto 3,75 vezes superior à gerada através de um embate de um veículo ligeiro com o

intuito de abranger e quantificar os intervalos a que estes estados se encontram associados.

Palavras-chave

Impacto Dinâmico

Barreira de Segurança de Betão Armado

Danos Estruturais

EN 1317

Factor Dinâmico

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Abstract

The study of the structural behaviour of concrete safety barriers subjected to vehicle impact is essential

for its correct design. However, most of the work done focus on full-scale tests. This dissertation intends

to study the structural behaviour of a concrete safety barrier subjected to an impact load by the means

of a numerical non-linear analysis. With the simulations it is pretended to understand the influence of

the time the impact force peak is achieved and of the dynamic increasing factor in the structural damage

and response of the system.

From the simulations it was possible to conclude that the correct definition of these two variables is

crucial for a realistic damage extension and system behaviour. A higher loading rate not only leads to

bigger damages on the barrier but also wider damages on the deck. Still, the inclusion of the dynamic

increasing factor in the materials constitutive relationships reduces the structural damage in both

elements.

Lastly, a Service Limit State and Ultimate Limit State analysis was made for an impact force 3.75 higher

than the average impact force of a car.

Keywords

Dynamic Impact

Concrete Safety Barrier

Structural Damage

EN 1317

Dynamic Increasing Factor

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Agradecimentos

Todo o meu percurso académico, que culmina na conclusão desta dissertação, não seja possível sem

o contributo de algumas pessoas às quais gostaria de agradecer.

Aos professores João Almeida e Luís Guerreiro pela orientação sábia ao longo de todo o processo,

como também por toda a confiança depositada no meu trabalho.

À minha mãe por o ter tornado possível.

Aos meus avós por todo o carinho.

À minha namorada por todo o apoio e compreensão.

Aos meus amigos pela presença constante.

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Índice

Resumo .................................................................................................................................................... i

Abstract .................................................................................................................................................. iii

Agradecimentos ...................................................................................................................................... v

Índice ..................................................................................................................................................... vii

Lista de Figuras ....................................................................................................................................... ix

Lista de Tabelas ..................................................................................................................................... xii

Lista de Símbolos ..................................................................................................................................xiv

1. Capítulo 1 ........................................................................................................................................ 1

1.1 Enquadramento ...................................................................................................................... 2

1.2 Objectivos do Trabalho ........................................................................................................... 2

1.3 Estrutura do Trabalho ............................................................................................................. 2

2. Capítulo 2 ........................................................................................................................................ 3

2.1 Introdução ............................................................................................................................... 4

2.2 Resposta Local ao Impacto em Estruturas de Betão Armado ................................................. 5

2.3 Resposta Global ao Impacto em Estruturas de Betão Armado .............................................. 7

2.4 Impacto em Sistemas de Segurança Rodoviária ................................................................... 10

3. Capítulo 3 ...................................................................................................................................... 13

3.1 Regulamentação Europeia .................................................................................................... 14

3.1.1 Descrição da EN 1317.................................................................................................... 14

3.1.2 Análise da Parte 1 da EN 1317 ...................................................................................... 14

3.1.3 Análise da Parte 2 da EN 1317 ...................................................................................... 17

4. Capítulo 4 ...................................................................................................................................... 23

4.1 Vector de Forças ................................................................................................................... 24

4.1.1 Modelação da Força de Impacto no ABAQUS ............................................................... 27

4.2 Modelação do Aço ................................................................................................................ 29

4.2.1 Modelação do Aço no ABAQUS .................................................................................... 30

4.3 Modelação do Betão ............................................................................................................. 31

4.3.1 Model Code 2010 .......................................................................................................... 32

4.3.2 Formulação de Krätzig e Pölling .................................................................................... 34

4.3.3 Formulação de Birtel e Mark ........................................................................................ 36

4.3.4 Modelo Constitutivo Adoptado .................................................................................... 39

4.3.5 Taxa de Deformação ..................................................................................................... 41

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4.4 Modelação da Barreira de Segurança e Tabuleiro ................................................................ 46

4.4.1 Descrição do Sistema .................................................................................................... 46

4.4.2 Condições de Fronteira ................................................................................................. 47

4.4.3 Malha e Elementos Finitos ............................................................................................ 48

4.4.4 Considerações Numéricas ............................................................................................. 50

5. Capítulo 5 ...................................................................................................................................... 51

5.1 Taxa de Carregamento Dinâmico .......................................................................................... 52

5.1.1 Deslocamento Vertical .................................................................................................. 53

5.1.2 Extensões Totais Máximas Principais no Betão ............................................................ 55

5.1.3 Extensões Totais Máximas Principais no Aço ................................................................ 59

5.2 Efeito do Factor Dinâmico ..................................................................................................... 61

5.2.1 Deslocamento Vertical .................................................................................................. 61

5.2.2 Danos no Tabuleiro ....................................................................................................... 62

5.3 Análise Estado Limite Serviço e Estado Limite Último .......................................................... 64

5.3.1 Barreira de Segurança ................................................................................................... 66

5.3.2 Tabuleiro ....................................................................................................................... 69

5.3.3 Estado Limite Serviço e Estado Limite Último............................................................... 72

6. Capítulo 6 ...................................................................................................................................... 74

6.1 Síntese das Principais Conclusões ......................................................................................... 75

6.1.1 Taxa de Carregamento Dinâmico .................................................................................. 75

6.1.2 Efeito do Factor Dinâmico ............................................................................................. 75

6.1.3 Análise Estado Limite Serviço e Estado Limite Último .................................................. 76

6.2 Desenvolvimentos Futuros ................................................................................................... 76

Referências ............................................................................................................................................ 77

Anexo A ................................................................................................................................................. 82

Anexo B ................................................................................................................................................. 86

Anexo C ................................................................................................................................................. 92

Anexo D ................................................................................................................................................. 96

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Lista de Figuras

Figura 2.1 – Barreira de segurança dos tipos F, New Jersey, Paramento constante e Vertical,

respectivamente (unidades em mm). .................................................................................................... 11

Figura 3.1 –Convenção de sistema de eixos positivo adoptado e localização dos acelerómetros. ..... 16

Figura 3.2 – Largura útil (W) (EN 1317-2 [49], 2010) ........................................................................... 19

Figura 3.3 – Conjunto de tolerâncias combinadas (Type equation here.EN 1317-2 [49], 2010). .......... 22

Figura 4.1 – Colisão veículo-barreira ( Jiang, Grzebieta & Zhao [57], 2004) ....................................... 25

Figura 4.2 – Simplificação do sistema de colisão de veículo-barreira (Jiang, Grzebieta & Zhao [57],

2004) ..................................................................................................................................................... 26

Figura 4.3 – Representação da relação constitutiva do aço (EN 1992-1-1 [62], 2004) ....................... 29

Figura 4.4 – Relação constitutiva simplificada do aço (Model Code 2010 [63], 2010) ......................... 30

Figura 4.5 – Modelação da relação constitutiva do aço A500 NRSD. .................................................. 31

Figura 4.6 – Relação constitutiva do betão para compressão uniaxial adoptada pelo Model Code

2010 ( Adaptado de Model Code 2010 [63], 2010) ............................................................................... 32

Figura 4.7 – Relação constitutiva do betão para tracção uniaxial adoptada pelo Model Code 2010

(Adaptado de Model Code 2010 [63], 2010) ......................................................................................... 33

Figura 4.8 – Relação Abertura de Fenda-Tracção adoptada pelo Model Code 2010 (Model Code

2010 [63], 2010) .................................................................................................................................... 33

Figura 4.9 – Relação constitutiva do betão para compressão uniaxial adoptada por Krätzig e Pölling

(Adaptado de Krätzig e Pölling [64], 2004) ........................................................................................... 34

Figura 4.10 - Relação constitutiva do betão para trcção uniaxial adoptada por Krätzig e Pölling

(Adaptado de Krätzig e Pölling [64], 2004) ........................................................................................... 36

Figura 4.11 – Relação constitutiva do betão para compressão uniaxial adoptada por Birtel e Mark

(Birtel e Mark [68], 2006) ....................................................................................................................... 37

Figura 4.12 - Relação constitutiva do betão para tracção uniaxial adoptada por Birtel e Mark (Birtel e

Mark [68], 2006) .................................................................................................................................... 38

Figura 4.13 – Relação constitutiva do betão para compressão uniaxial adoptada .............................. 40

Figura 4.14 – Relação constitutiva do betão para tracção uniaxial adoptada ...................................... 40

Figura 4.15 – Relação entre taxa de deformação e respectivo factor dinâmico para o betão C30/37

sob compressão (Adapatado de Guner e Vecchio [74], 2011) ............................................................. 41

Figura 4.16 – Relação entre taxa de deformação e respectivo factor dinâmico para aço A400 sob

tracção (Adaptado de Guner e Vecchio [74], 2011) ............................................................................. 42

Figura 4.17 – Comparação entre relações constitutivas para compressão uniaxial sem e com

afectação de factor dinâmico. ............................................................................................................... 44

Figura 4.18 – Comparação entre relações constitutivas para tracção uniaxial sem e com afectação de

factor dinâmico ...................................................................................................................................... 44

Figura 4.19 – Comparação entre relações constitutivas para o aço A500 NRSD com e sem afectação

de factor dinâmico ................................................................................................................................. 45

Figura 4.20 – Corte representativo do tabuleiro e barreira de segurança (AUTOCAD) ....................... 46

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x

Figura 4.21 – Pormenorização de armaduras do tabuleiro e da barreira de segurança ...................... 47

Figura 4.22 – Localização das faces criadas por redução do modelo de análise (ABAQUS) ............. 47

Figura 4.23 – Encastramentos considerados por razões de simetria e simplificação do sistema

(ABAQUS) ............................................................................................................................................. 48

Figura 4.24 – Malha de elementos finitos utilizada nas análises a realizar e localização dos

refinamentos locais considerados (ABAQUS) ...................................................................................... 49

Figura 4.25 – Elemento Finito C3D8R utilizado na modelação do betão em ABAQUS ....................... 49

Figura 4.26 – Elemento Finito B31 utilizado na modelação do aço em ABAQUS ............................... 50

Figura 5.1 – Evolução do valor de força de impacto para os quatro casos em análise ....................... 52

Figura 5.2 – Localização do alinhamento considerado na análise dos deslocamentos verticais e

extensões totais principais máximas e mínimas (ABAQUS) ................................................................ 53

Figura 5.3 – Valores de deslocamento vertical para os quatro casos em estudo e para o instante final

de cada uma das simulações................................................................................................................ 54

Figura 5.4 – Deslocamento vertical do nó extremo para os quatro casos estudados e ao longo do

tempo de simulação de cada um dos casos ......................................................................................... 54

Figura 5.5 – Mapas de extensões totais principais máximas referente ao caso 1 para o instante

temporal final da simulação (ABAQUS) ................................................................................................ 56

Figura 5.6 - Mapas de extensões totais principais mínimas referente ao caso 1 para o instante

temporal final da simulação (ABAQUS) ................................................................................................ 57

Figura 5.7 – Valores de extensão total principal máxima ao longo do alinhamento considerado para

os quatro casos em estudo e para o instante final de cada simulação ................................................ 58

Figura 5.8 - Valores de extensão total principal mínima ao longo do alinhamento considerado para os

quatro casos em estudo e para o instante final de cada simulação ..................................................... 58

Figura 5.9 – Mapa de extensões totais principais máximas no aço referente ao caso 1 para o instante

temporal final da simulação (ABAQUS [69]) ......................................................................................... 59

Figura 5.10 – Mapa de extensões totais principais máximas no aço referente ao caso 2 para o

instante temporal final da simulação (ABAQUS [69]) ........................................................................... 60

Figura 5.11 – Comparação entre valores de deslocamento vertical decorrentes do caso 1 com e sem

consideração do factor dinâmico, ao longo do alinhamento considerado e para o instante temporal

final da simulação ................................................................................................................................. 61

Figura 5.12 – Evolução do deslocamento vertical nó extremo ao longo do tempo para o caso 1 com e

sem consideração do factor dinâmico .................................................................................................. 62

Figura 5.13 – Valores de extensão total principal máxima no betão, decorrentes do caso 1 com e sem

consideração do factor dinâmico e ao longo do alinhamento considerado para o instante temporal

final da simulação ................................................................................................................................. 63

Figura 5.14 – Valores de extensão total principal máxima na armadura, decorrentes do caso 1 com e

sem consideração do factor dinâmico e ao longo do alinhamento considerado para o instante

temporal final da simulação .................................................................................................................. 64

Figura 5.15 – Evolução da força de impacto considerada ao longo do tempo de simulação .............. 65

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xi

Figura 5.16 – Localização dos alinhamentos considerados na análise das extensões totais principais

máximas e mínimas no betão do tabuleiro e da barreira de segurança (ABAQUS [69]) ..................... 66

Figura 5.17 – Localização das armaduras consideradas na análise das extensões totais principais

máximas do tabuleiro e da barreira de segurança (ABAQUS [69]) ...................................................... 66

Figura 5.18 – Evolução das extensões totais principais máximas no betão da barreira de segurança

ao longo do tempo para o alinhamento considerado ............................................................................ 67

Figura 5.19 – Evolução das extensões totais principais mínimas no betão da barreira de segurança

ao longo do tempo para o alinhamento considerado ............................................................................ 67

Figura 5.20 – Evolução das extensões totais principais máximas na armadura 1 da barreira de

segurança ao longo do tempo .............................................................................................................. 68

Figura 5.21 – Evolução das extensões totais principais máximas na armadura 2 da barreira de

segurança ao longo do tempo .............................................................................................................. 69

Figura 5.22 – Evolução das extensões totais principais máximas no betão do tabuleiro ao longo do

tempo e para o alinhamento considerado ............................................................................................. 70

Figura 5.23 – Evolução das extensões totais principais mínimas do betão do tabuleiro ao longo do

tempo e para o alinhamento considerado ............................................................................................. 70

Figura 5.24 – Evolução das extensões totais principais máximas na armadura do tabuleiro ao longo

do tempo ............................................................................................................................................... 71

Figura 5.25 – Duração do estado limite serviço e estado limite último e respectiva força de impacto

máxima .................................................................................................................................................. 73

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xii

Lista de Tabelas

Tabela 3.1 – Características dos veículos de teste (EN 1317-1 [48], 2010) ....................................... 15

Tabela 3.2 – Ensaios de colisão ( EN 1317-2 [49], 2010) .................................................................... 18

Tabela 3.3 – Níveis de contenção (EN 1317-2 [49] , 2010) .................................................................. 18

Tabela 3.4 – Níveis de gravidade de colisão (EN 1317-2 [49], 2010) .................................................. 19

Tabela 3.5 – Classes de níveis de largura útil (EN 1317-2 [49], 2010) ................................................ 19

Tabela 3.6 – Critérios de aceitação de ensaios de colisão (EN 1317-2 [49], 2010)............................. 20

Tabela 4.1 – Características do ensaio existente com o veículo escolhido (Grzebieta, Zou, Corben,

Judd, Kulgren, Tingval & Powell [61], 2002) e as exigidas pelo ensaio de contenção TB 11 (EN 1317-

2 [49], 2010) .......................................................................................................................................... 27

Tabela 4.2 - Valores de força de impacto de pico, de ângulo de dano e de profundidade máxima de

esmagamento retirados do ensaio (Grzebieta, Zou, Corben, Judd, Kulgren, Tingval & Powell [61],

2002) e calculados pela metodologia apresentada (Jiang, Grzebieta & Zhao [57], 2004) ................... 28

Tabela 4.3 – Características mecânicas do aço A5000 NRSD ............................................................ 30

Tabela 4.4 – Valores das características mecânicas da classe de betão C35/45 (EN 1992-1-1 [62],

2004) ..................................................................................................................................................... 39

Tabela 4.5 - Valores das características mecânicas da classe de betão C35/45 afectados do factor

dinâmico ................................................................................................................................................ 43

Tabela 4.6 - Valores das características mecânicas do aço A500 NRSD afectados pelo factor

dinâmico ................................................................................................................................................ 45

Tabela 4.7 - Total do número de elementos finitos, número de nós e número de graus de liberdade

do sistema ............................................................................................................................................. 50

Tabela 5.1 – Critérios limite de extensão para o betão e aço associados ao Estado Limite Serviço e

Estado Limite Último ............................................................................................................................. 65

Tabela 5.2 – Valores de força de impacto e respectivos instantes temporais que limitam a duração do

regime elástico e elasto-plástico do betão e das armaduras analisadas da barreira de segurança .... 69

Tabela 5.3 – Valores de força de impact e respectivos instantes temporais que limitam a duração do

regime elástico e elasto-plástico do betão e das armaduras do tabuleiro analisadas ......................... 71

Tabela 5.4 – Valores de força de impacto que limitam a resposta do betão e das armaduras

analisadas ao estado limite serviço ...................................................................................................... 72

Tabela 5.5 – Valores de força de impacto que limitam a resposta do betão e das armaduras

analisadas ao estado limite último ........................................................................................................ 73

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xiv

Lista de Símbolos

Maiúsculas Latinas

𝐴 – Área de contacto veículo-barreira de segurança

𝐵 – Metade da largura do veículo

𝐶 – Profundidade de esmagamento

𝐶𝑚𝑎𝑥 – Profundidade máxima de esmagamento

𝐷 – Deslocamento lateral da barreira de segurança

𝐸 – Módulo de elasticidade

𝐸𝑐𝑚 – Módulo de elasticidade médio do betão

𝐸𝑐1 – Módulo secante de elasticidade

𝐸𝑐𝑖 – Módulo tangente de elasticidade

𝐹 – Força de impacto

𝐹𝑙𝑎𝑡 – Força de impacto lateral

𝐹𝑁𝑃 – Força de impacto de pico

𝐺𝐹 – Energia de fractura

𝐺𝑐𝑙 – Energia de esmagamento

𝑀 – Massa do veículo

𝑈𝑧 – Deslocamento vertical

𝑉 – Velocidade instantânea do veículo

𝑊 – Largura útil

Minúsculas Latinas

�̂� – Componente limite de aceleração

�̅� – Componente instantânea de aceleração

𝑎𝑙𝑎𝑡 – Aceleração lateral

𝑑𝑐 – Parâmetro de dano do betão sujeito a compressão uniaxial

𝑑𝑡 – Parâmetro de dano do betão sujeito a tracção uniaxial

𝑓 – Força de impacto por unidade de área

𝑓𝑐 – Tensão de pico do betão sujeito a compressão uniaxial

𝑓𝑐𝑡 – Tensão de pico do betão sujeito a tracção uniaxial

𝑓𝑐𝑚 – Tensão de compressão média

𝑓𝑐𝑡𝑚 – Tensão de tracção média

𝑓𝑐𝑘 – Tensão característica de compressão do betão para provete cilíndrico

𝑓𝑐,𝑖𝑚𝑝,𝑘 – Tensão característica dinâmica de pico para compressão uniaxial

𝑓𝑦 – Tensão de cedência do aço

𝑓𝑢 – Tensão de rotura do aço

𝑔𝑡∗ - Energia de fractura específica

𝑙𝑒𝑞 – Comprimento característico entre pontos de integração

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xv

𝑝 – Carregamento num determinado instante 𝑡 para a posição (𝑥, 𝑦, 𝑧)

𝑤 – Largura de fenda

𝑤𝑐 – Largura de fenda crítica

𝑤0 – Largura de esmagamento frontal

Minúsculas Gregas

𝛽 – Ângulo de dano

𝛾𝑐 – Variável de calibração da curva de amolecimento para o betão sujeito a compressão uniaxial

𝛿 – Intervalo de tempo

𝜑𝑖 – Função de interpolação para carregamento unitário associada ao grau de liberdade 𝑖

휀𝑐1 – Extensão de cedência do betão sujeito a compressão uniaxial

휀𝑐𝑢 – Extensão de rotura do betão sujeito a compressão uniaxial

휀𝑡 – Extensão de cedência do betão sujeito a tracção uniaxial

휀𝑐𝑖𝑛 – Extensão inelástica do betão sujeito a compressão uniaxial

휀𝑐𝑝𝑙

– Extensão plástica do betão sujeito a compressão uniaxial

휀𝑡𝑐𝑘 – Extensão inelástica do betão sujeito a tracção uniaxial

휀�̇� – Taxa de deformação dinâmica do betão sujeito a compressão

휀�̇�0 – Taxa de deformação estática do betão sujeito a compressão

휀�̇� – Taxa de deformação dinâmica do betão sujeito a tracção

휀�̇�0 – Taxa de deformação estática do betão sujeito a tracção

휀𝑐,𝑖𝑚𝑝 – Extensão dinâmica associada à tensão de esmagamento e de fendilhação

휀𝑢 – Extensão de rotura do aço

휀𝑠 – Extensão de cedência do aço

𝜃 – Ângulo de impacto

𝜎𝑐 – Tensão de cedência

𝜎𝑢 – Tensão de rotura

𝜈 – Coeficiente de Poisson

𝜌 – Peso volúmico

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xvi

Lista de Acrónimos

ACE – Army Corps of Engineers

NDRC – National Defence Research Committee

BRL – Ballistic Research Laboratory

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1. Capítulo 1 Introdução

Neste capítulo apresenta-se o enquadramento do tema da dissertação, definem-se os objectivos do

trabalho e descreve-se a sua estruturação.

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1.1 Enquadramento

O estudo do impacto em estruturas de betão armado é alvo de investigação desde o século XX. Os

primeiros trabalhos sobre este tema tinham como foco a área militar, alargando-se mais tarde a

estruturas de elevado risco como reactores nucleares. Porém, com o aumento da capacidade de

cálculo numérico foi possível estender a análise numérica de problemas de impacto a áreas de menor

relevância para a época. Desta forma, estruturas como os sistemas de retenção rodoviária, começaram

a ser alvo de estudos com o objectivo de melhorar a sua resposta a impactos de veículos.

Esta dissertação tem assim por objectivo aprofundar o estudo da influência de certas variáveis no

comportamento e resposta de uma barreira de segurança de betão armado.

1.2 Objectivos do Trabalho

Tendo em conta os estudos realizados anteriormente, propõe-se neste trabalho proceder à modelação

e simulação de um impacto dinâmico causado por um veículo numa barreira de segurança. O objectivo

da simulação prende-se com o estudo de variáveis como o valor da força de impacto, taxa de

crescimento da força de impacto e factor dinâmico no comportamento e resposta da estrutura.

1.3 Estrutura do Trabalho

O trabalho encontra-se organizado em seis capítulos.

No Capítulo 1 faz-se o enquadramento, fixam-se os objectivos e apresenta-se a estruturação da

dissertação.

No Capítulo 2 é feito um resumo dos trabalhos mais relevantes no estudo e compreensão de

fenómenos de impacto em estruturas de betão armado, quer em termos de resposta global como local.

No Capítulo 3 é introduzida e descrita a regulamentação existente a nível europeu no que concerne a

sistemas de retenção de veículos. São enunciados os critérios que regem a definição dos vários níveis

de retenção de barreiras de segurança.

No Capítulo 4 é explicado todo o processo de modelação do problema que se pretende estudar. É

assim abordada a modelação da força de impacto, do betão, do aço e do sistema barreira de

segurança-tabuleiro. São ainda apresentadas algumas considerações numéricas essenciais à

compreensão das simulações realizadas.

No Capítulo 5 são apresentados os resultados das simulações realizadas e feitas as respectivas

interpretações. Numa primeira fase é estudado a influência de diferentes taxas de crescimento da força

de impacto nos danos do sistema barreira de segurança-tabuleiro. Numa segunda fase é analisada a

consideração do factor dinâmico nas relações constitutivas do aço e do betão. Por último é feito um

enquadramento da resposta do sistema barreira de segurança-tabuleiro relativamente ao Estado Limite

Serviço e Estado Limite Último.

No Capítulo 6 resumem-se as principais conclusões retiradas e sugerem-se aspectos importantes a

serem abordados em trabalhos futuros.

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2. Capítulo 2 Revisão da Literatura

No presente capítulo resume-se o trabalho que se considera mais relevante relativamente ao estudo

e compreensão dos efeitos de carregamentos de impacto em estruturas de betão armado.

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2.1 Introdução

A análise do fenómeno de impacto de um corpo contra outro tem sido, ao longo dos tempos, alvo do

interesse de muitos investigadores. Os primeiros estudos focavam-se na avaliação da penetração de

um projéctil num meio semi-infinito. Porém, este tipo de abordagem tornou-se insuficiente com o

advento de estruturas de betão armado e com a necessidade de dimensioná-las para resistir a cargas

de impacto.

Os primeiros estudos contemporâneos acerca do efeito de forças de impacto em estruturas de betão

armado tiveram por objectivo aplicações militares. Muito do trabalho realizado durante e após a

Segunda Guerra Mundial teve por objectivo a construção de estruturas de betão armado impenetráveis

a armas balísticas, como também resistentes a acções de explosão. No entanto, foi com o

desenvolvimento da indústria nuclear que o problema tomou outra relevância. Dado o elevado nível de

catástrofe associado a estragos estruturais em reactores nucleares, verificou-se ser de extrema

importância a correcta concepção de estruturas resistentes a vários níveis de impacto: desde acidentes

de aviação até rebentamento de condutas. Desta forma, a indústria nuclear acabou por ser a grande

impulsionadora deste tipo de avaliação, levando por vezes ao desenvolvimento de metodologias que

permitissem uma análise mais sistemática. Com o surgimento de ferramentas computacionais que

permitem uma análise numérica menos morosa, a preocupação com este tema extendeu-se a outras

áreas de aplicação, tais como barreiras de segurança, estruturas marítimas ou mesmo complexos

industriais sujeitos a possíveis impactos acidentais. Estas ferramentas permitiram contornar os longos

e pouco generalizáveis ensaios de laboratório.

O impacto de projécteis é geralmente classificado segundo duas categorias: Hard Impact e Soft Impact.

Os impactos Hard caracterizam-se apenas pela deformação do elemento de betão armado, face à

praticamente nula deformação do projéctil. Já no impacto Soft, observa-se não só a deformação do

elemento de betão armado como também do projéctil. Consoante a natureza do impacto em questão,

o elemento atingido reagirá estruturalmente de formas diferentes:

• Numa situação de Hard Impact, os danos desenvolvem-se sobretudo localmente, dissipando

grande parte da energia do impacto apenas na vizinhança da zona de impacto. Já o projéctil não

apresenta deformação significativa;

• Numa situação de Soft Impact, o elemento que sofre o impacto é afectado globalmente por

este, observando-se não só a deformação de todo o elemento estrutural, como também do projéctil;

• Em situações de impacto intermédias, e consoante a resistência inerente ao elemento que

sofre o impacto, este poderá responder estruturalmente de forma a que se observem tanto danos locais

como globais.

Nos capítulos seguintes apresenta-se um resumo dos avanços alcançados por parte de investigadores

no entendimento da resposta local e global de estruturas de betão armado ao impacto.

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2.2 Resposta Local ao Impacto em Estruturas de Betão

Armado

Tal como mencionado anteriormente, grande parte da investigação realizada sobre a resposta local de

estruturas de betão armado ao impacto foi desenvolvida com base essencialmente experimental.

Grande número de experiências focaram-se em perceber os efeitos de variáveis como a massa,

velocidade, forma e deformabilidade do projéctil nos danos locais em elementos planos de betão

armado. Os primeiros ensaios, anteriores à Segunda Guerra Mundial e realizados por Robins [1],

Ponselet (1830) e Resel (1895), concentravam-se em modelar aspectos como a profundidade de

penetração do projéctil em função da sua massa, velocidade e resistência do meio semi-infinito. O

trabalho de Benjamin Robins [1], baseado no estudo da trajectória de projécteis, é reconhecido hoje

em dia por muitos engenheiros como o início da aerodinâmica. Já os trabalhos de Ponselet e Resel

centraram-se no desenvolvimento dos estudos iniciados por Robins e Euler, através de novas

considerações acerca da força de resistência à penetração de um projéctil.

Em 1910, os estudos de Petry levaram ao desenvolvimento de uma fórmula pela qual era possível

prever o nível de penetração, de um impacto do tipo Hard, de um projéctil num elemento semi-infinito

de betão. Esta fórmula foi posteriormente melhorada através do trabalho de Amirikian [2] e Kennedy

[3], tendo o primeiro demonstrado a importância da qualidade do betão utilizado, no nível de penetração

do projectíl, e o segundo, o papel fulcral na avaliação da espessura de fragmentação do betão.

Surgiram assim, devido aos estudos levados a cabo por estes investigadores, as fórmulas de Petry

modificadas. Através do contributo da investigação militar, surgiram também outras formulações para

o cálculo do nível de penetração de um projéctil, nomeadamente as fórmulas da Army Corps of

Engineers (ACE), da National Defence Research Committeee (NDRC), de Amman-Whitney e da

Ballistic Research Laboratory (BRL). De todas estas, a expressão proposta pela NDRC revelou-se ser

a mais indicada para o dimensionamento de estruturas nucleares até à década de 1970, dado basear-

se na teoria do fenómeno de impacto físico e, por isto, extrapolável a áreas que não a militar.

Ainda na década de 1970, o trabalho de investigadores como Degen [4], Chang [5], Hughes [6] e Haldar

[7], [8] foi de extrema importância no desenvolvimento de critérios de dimensionamento para reactores

nucleares sujeitos a cargas de impacto.

Os avanços tecnológicos e o aparecimento de métodos numéricos, tais como os métodos de elementos

finitos e de elementos discretos, levaram à generalização deste tipo de análise a outras áreas. Um dos

primeiros trabalhos realizados com recurso a metodologias de elementos finitos foi feito por Rebora et

al. [9]. Este consistiu na simulação do impacto de um avião contra a superfície de uma estrutura de

betão de protecção de um reactor nuclear. A modelação do betão armado foi realizada através de um

elemento finito isoparamétrico tridimensional constituido por 20 nós, elemento esse regido pela relação

constitutiva de Saugy [10] quando submetido à compressão e baseado no critério de rotura

desenvolvido por Zimmerman et al. [11]. Já a armadura foi modelada com recurso a um elemento de

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barra unidimensional de 3 nós, sendo também possível ser simulada através de um elemento

membrana bidimensional.

Através do modelo foram obtidas a distribuição de fissuração e comportamento global do elemento de

casca ao impacto. Foram também relatados alguns problemas de convergência numérica devido às

elevadas deformações do elemento de casca em redor da zona de aplicação da força.

Já Attalla e Nowotny [12], levaram a cabo a modelação de um impacto de um míssil cónico num

elemento esférico de betão armado. O míssil foi considerado indeformável ao impacto quando

comparado com a deformabilidade do elemento de betão. Foi adoptada uma relação constitutiva

hidroestática para o betão, baseada numa relação directa entre pressão e densidade. Os resultados

obtidos em termos do nível de penetração foram comparados com os obtidos através da aplicação da

fórmula BRL, tendo-se verificado um boa concordância.

Em 1978, Gupta e Seaman [13] estudaram o impacto em pequenos elementos de parede de betão

armado e desenvolveram uma relação constitutiva característica de betão compactado, o denominado

modelo CAP. No seu estudo foram definidas duas superfícies de rotura, uma usando dados estáticos

e outra dinâmicos. Feitas duas análises bidimensionais de diferenças finitas nos modelos de teste,

Gupta e Seaman [13] concluiram que a análise que fazia uso de dados estáticos descrevia mais

fielmente o padrão de danos. Por outro lado, a análise baseada em dados dinâmicos revelou-se mais

precisa na obtenção da profundidade de penetração do míssil. Mais tarde, em 1989, o modelo CAP

sofreu modificações por parte de Adamik e Matejovic [14] de maneira a incluir efeitos de nível de

deformação do betão sob tensão. Esta afinação do modelo levou, naturalmente, à obtenção de

melhores resultados.

Brown et al. [15], através do uso do software SARCASTIC, realizou uma análise axisimétrica através

de uma integração explícita com recurso à formulação de diferenças finitas onde modelou o colapso

local de um elemento de betão armado devido a um impacto. Foi proposto um modelo constitutitvo

tendo em conta o comportamento dinâmico do betão, onde este era tido como isotrópico e linear

elástico até à sua tensão de rotura. Os autores, embora sabendo que as assumpções feitas não se

encontravam correctas, justificaram estas com o facto de a resposta do betão na maioria de problemas

de impacto ser governada pela rotura à tracção. No entanto, após compararem os resultados obtidos

através do modelo com dados experimentais de painéis de betão armado sujeitos a forças de impacto,

verificaram que os padrões de fendilhação eram diferentes. Esta discrepância foi justificada com a não

consideração de plasticidade do betão antes de atingida a tensão de rotura.

Agardh e Laine [16], tirando partido dos desenvolvimentos em termos de capacidade de

processamento numérica, fizeram uso de um modelo não-linear tridimensional na modelação de um

impacto de um projéctil numa laje de betão armado com 60 cm de espessura, tendo em conta a

fragmentação causada pelo impacto. Já Teng et al. [17], adoptaram a mesma metodologia utilizada

por Agardh e Laine [16], mas considerando o betão armado como um único material homogéneo e

simplificando a malha de elementos finitos. Conseguiram, assim, modelar com sucesso o impacto de

um projéctil cónico numa laje de betão armado.

O facto do uso de metodologias de elementos finitos e de diferenças finitas na análise de fenómenos

de impacto caracterizados por elevadas taxas de deformação não ter em conta a possível

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fragmentação observada experimentalmente do elemento atingido, leva a que este tipo de análise seja

ainda usada com alguma precaução por parte de investigadores. Desta forma, procurou-se

desenvolver métodos alternativos de análise de situações de impacto que permitissem ultrapassar este

tipo de limitações. Surgiu assim o método de elementos discretos (DEM).

Sawamoto et al. [18] implementaram o método de elementos discretos na modelação local do impacto.

A modelação do elemento de betão armado foi idealizado através da consideração de elementos

circulares rígidos interligados através de molas e amortecedores não-lineares.

As molas e amortecedores foram assim modeladas de forma a representar a relação constitutiva e

critério de rotura do betão. Esta modelação de um paínel de betão armado revelou-se frutífera na

correcta simulação dos danos causados por um impacto, nomeadamente da fragmentação do betão.

Riera e Iturrioz [19], ainda no mesmo ano, desenvolveram uma representação de um meio de betão

formado pelo arranjo de massas nodais interligadas por elementos unidimensionais sem massa. Foram

desenvolvidas novas relações constitutivas para o betão que tivessem em conta a dissipação de

energia associada a processos de fragmentação, tais como recuperação de energia associada a

deformações elásticas durante a descarga.

Por último, em 1998, Magnier e Donzé [20] tiraram partido da modelação em elementos discretos de

uma viga de betão armado formada por elementos circulares bidimensionais, com o objectivo de

estudar o impacto nesta de um míssil rígido e de cabeça esférica. Os resultados analíticos obtidos

foram comparados com fórmulas empíricas anteriormente desenvolvidas, tendo-se observado uma

boa correlação.

Hoje em dia, embora os sucessivos avanços computacionais permitam análises precisas dos danos

locais causados por situações de impacto, as formulações empíricas continuam a ser preferidas face

à sua fácil e rápida aplicação quando comparadas com os processos morosos e complexos associados

a metodologias numéricas.

2.3 Resposta Global ao Impacto em Estruturas de Betão

Armado

O volume de investigação realizado até à data sobre a resposta global ao impacto em estruturas de

betão armado é significativamente menor do que a realizada sobre a resposta local. Isto deve-se ao

facto de serem áreas como a militar e nuclear as principais interessadas no estudo do impacto de alta

velocidade de projécteis considerados rígidos em estruturas de betão armado, cujas consequências

são sobretudo a nível local. O facto de fenómenos de impacto neste tipo de estruturas serem de baixa

probabilidade, levou a que fosse aceitável um certo nível de perfuração e de danos superfíciais,

reduzindo assim a necessidade de dissipação de energia de impacto globalmente pela estrutura. Por

estas razões, muitos dos investigadores consideraram que a resposta global de estruturas a

fenómenos de impacto era de pouca importância e poderia ser ignorada (Haldar, [8]).

Contudo, devido à crescente preocupação com carregamentos acidentais associados a explosões,

tornou-se premente a investigação do comportamento global de estruturas quando actuadas por este

tipo de cargas. Apresentam-se aqui os principais avanços feitos em relação à resposta e dano globais

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de estruturas de betão armado quando actuadas por cargas de impacto. Deverá salientar-se que

grande parte da investigação feita neste campo tem por base o estudo do efeito de cargas de impacto

em vigas de betão armado, dado que este tipo de comportamento é característico de estruturas menos

esbeltas. Omite-se, assim, os estudos que envolvem elementos de betão armado de reduzida

espessura.

Os primeiros estudos realizados com o objectivo de melhor perceber a resposta global de estruturas

de betão armado a cargas de impacto focavam-se em compreender a influência de certos parâmentros

na resistência destas e não tanto em compreender o comportamento global. A influência do nível de

armadura, quer em questões de quantidade como de qualidade, foi avaliada durante bastante tempo.

Os primeiros trabalhos desenvolvidos neste sentido foram realizados por Mavis e Richards [21] e por

Mavis e Greaves [22]. Em 1940, Mylrea [23] realizou um dos primeiros conjuntos de testes em vigas

de betão armado sujeitas ao impacto causado pela queda livre de um peso. A taxa de armadura

longitudinal variava entre vigas, não apresentado estas qualquer tipo de armadura transversal. Embora

todas as vigas tenham apresentado fendilhação associada a esforço transverso, Mylrea [23] concluiu

que a resistência ao impacto de vigas de betão armado era considerável mesmo para taxas de

armadura longitudinal reduzida, dado que nenhuma das vigas colapsou. Importa notar que o nível de

desempenho exigido na década de 50 se encontra bastante desfazado do exigido hoje em dia.

Com o aumento da exigência em termos do comportamento de estruturas de betão armado a cargas

de impacto, surgiram trabalhos mais clarificantes nesta área. Em 1962, Feldman et al. [24] levaram a

cabo um extensivo plano experimental com o intuito de investigar a resposta de vigas a este tipo de

carregamento. Os ensaios consistiram no teste de 43 vigas de betão armado caracterizadas por uma

mesma secção transversal rectangular e por dois comprimentos distintos. A taxa de armadura

longitudinal e transversal variou entre os vários espécimens, como também a localização do

carregamento: em 10 das 43 vigas o carregamento, materializado por um macaco hidráulico, foi

aplicado a meio vão enquanto que nas restantes foi aplicado em dois pontos distintos ao longo do

comprimento destas. A tensão de rotura do betão e do aço utilizado nas armaduras foi mantida

constante. Em termos teóricos, Feldman et al. [24] assumiram que todas as vigas vibravam com base

na mesma configuração parabólica, sendo assim apenas necessário a coordenada longitudinal desta

para conhecer a deformada. Este pressuposto, suportado por observações anteriores, permitiu reduzir

o sistema a um único grau de liberdade. Um dos principais objectivos dos trabalhos era a determinação

da relação entre a força da mola e a deflecção do sistema equivalente considerado, relação essa

denominada por Resistência-Deformação Dinâmica Equivalente. A forma como Feldman et al. [24]

abordou a questão, assumindo um sistema equivalente de apenas um grau de liberdade, foi largamente

aceite pela comunidade científica sendo mesmo recomendada pelo Comité Euro-International du Béton

(CEB) em 1988. No seu relatório, o CEB categorizou o problema de impacto em Soft e Hard, sugerindo

a adopção de um sistema de um ou dois graus de liberdade caracterizado por uma ou duas molas,

respectivamente.

Bischoff et al. [25] conduziu um simples teste de penetração de maneira a montar uma relação força-

deformação da zona de contacto do impacto, usando posteriormente a informação obtida para prever

a força de contacto de um objecto em queda livre num elemento sólido materializado por blocos de

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agregado de betão e poliestireno. O modelo teórico utilizado era constituído apenas por uma mola

dado que a estrutura sob análise era passível de ser considerada indeformável. No entanto, tendo em

conta a simplicidade teórica adoptada, conseguiu estimar-se com razoável precisão forças de contacto

associadas a impactos de baixa velocidade (< 10 𝑚 𝑠⁄ ).

A utilização de sistemas de um grau de liberdade na análise de situações de impacto não ficou por

aqui, tendo ainda sido desenvolvidas metodologias analíticas mais abrangentes. Em 1993,

Krauthammer et al. [26], [27] conceberam uma via analítica e numérica para o cálculo da resposta de

vigas de betão armado sob condições de carga impulsivas uniformemente distribuidas. O conceito

aplicado baseou-se na teoria de vigas de Timoshenko, que relaciona o momento flector e o esforço

transverso numa determinada secção com o deslocamento transverso do plano médio e com a rotação

da secção. No seu estudo, Krauthammer et al. [26], [27] derivaram as relações analíticas de momento

flector e esforço transverso, usando a experiência adquirida no seu trabalho anterior (Krauthammer et

al. [28]) e baseando-se na teoria Compression Field por Mitchell e Collins [29]. Foi utilizado um conjunto

de pressupostos de histerese semelhantes aos usados em Krauthammer et al. [30] de forma a ter em

conta ciclos de carga-descarga. Posteriormente, fizeram uso da metodologia de diferenças finitas para

avaliar as derivadas de tempo do deslocamento transversal e da rotação da secção, como também

das derivadas espaciais de momento flector e esforço transverso. O histórico da resposta da viga ao

carregamento foi assim obtida numericamente através de um procedimento de diferenças finitas.

Deverá ser salientado o facto de, métodos analíticos semelhantes aos mencionados anteriormente,

possuírem algumas limitações na sua aplicabilidade. Por um lado, dado que muitos deles foram

concebidos sobretudo para carregamentos impulsivos cujo histórico temporal é conhecido, a sua

aplicação a carregamentos de impacto requer a estimação deste histórico. Mesmo quando utilizado o

método criado pelo CEB (1988), continua a ser desafiante a modelação do peso de colisão e do

desenvolvimento da força de contacto ao longo do tempo. Por outro lado, grande parte destas

concepções analíticas possuem restrições relativamente ao tipo de problemas nas quais poderão ser

utilizadas para obter soluções. Serve de exemplo o facto de o modelo de um grau de liberdade poder

apenas ser aplicado a estruturas simples que possuem um padrão de deformação passível de ser

convertido num sistema de liberdade unitária. A existência de carregamentos assimétricos impulsivos

é também um exemplo de limitação, dado que situações deste tipo poderão despoletar vários modos

de deformação. De igual forma, metodologias como a proposta por Krauthammer et al. [26], [27] e que

se baseiam em equações de movimento, estão totalmente restritas a certos tipos de carregamento.

Por tudo isto, os métodos numéricos foram-se sobrepondo aos analíticos dada a sua ampla

aplicabilidade.

Embora o surgimento de capacidade tecnológica tenha levado à criação de novas possibilidades de

análise, a modelação de forças de impacto continua a ser um problema. Alguns investigadores

tentaram desenvolver relações que permitissem estimar a força de impacto causada por um

determinado tipo de impacto. Um dos primeiros estudos visando esta matéria deve-se a Riera [31].

Neste estudo, foi definida a força de impacto gerada pela colisão de um avião numa superfície rígida

para mais tarde ser transformada num impulso a aplicar na modelação numérica. Miyamoto et al. [32],

por sua vez, desenvolveu um software de elementos finitos dedicado à avaliação de lajes de betão

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armado sujeitas a cargas impulsivas, tendo a força de impacto sido também transformada num

carregamento impulsivo a ser introduzido no modelo de forma a simular a colisão.

É importante referir que, embora as ferramentas existentes permitam um abranjente leque de técnicas

de modelação, oferecem um tipo de análise a problemas dinâmicos relativamente superficial. Dada a

elevada complexidade mecânica associada a um material como o betão armado, a comunidade

científica uniu esforços no sentido de aprofundar conhecimentos e desenvolver técnicas de modelação

que permitissem representar correctamente a resposta de estruturas de betão armado ao impacto.

Apenas mais recentemente foram feitos alguns progressos neste campo, nomeadamente na

compreensão da importância do efeito de esforço transverso no comportamento global de uma

estrutura de betão armado sujeita a um impacto. Um dos principais investigadores a produzir estudos

esclarecidos sobre este tema foi Frank J. Vecchio.

Em 1986, Vecchio e Collins [33] propuseram um modelo analítico, nomeado de Modified Compression

Field Theory, capaz de prevêr a resposta em termos de deformação de elementos de betão armado

sujeitos a esforços transversos e normais no plano. Neste novo modelo, o betão fendilhado foi tratado

como um material com novas características tensão-deformação. Através do teste de 30 painéis de

betão armado foi possível perceber que o betão fendilhado, quando sujeito a elevadas deformações

na direcção normal à direcção de compressão, é menos resistente do que quando sujeito a

compressão num teste cilíndrico standardizado. Adicionalmente, verificou-se a existência significativa

de tensões entre as superfícies das fendas mesmo para elevados valores de deformação.

Independentemente do sucesso alcançado por parte da Modified Compression Field Theory em

traduzir o comportamento de betão armado fendilhado quando sujeito a compressão, a experiência

revelou alguns erros de precisão em certas situações específicas. A simplificação admitida por parte

deste modelo de que a direcção média das extensões se mantém coincidente com a direcção média

das tensões veio a verificar-se, com base nos testes levados a cabo inicialmente, ser falsa. Observou-

se que a tendência era a de, no momento da primeira fissura, uma variação do ângulo da direcção

principal de extensão enquanto que a direcção principal de tensão se mantinha a mesma. Desta forma,

Vecchio [34] desenvolveu em 2000 o Disturbed Stress Field Model , colmatando assim as lacunas

presentes no Modified Stress Field Model. Todavia, é importante sublinhar que o Modified Compression

Field Theory permanece uma modelação sólida na maioria dos casos práticos, proporcionando

resultados suficientemente precisos.

2.4 Impacto em Sistemas de Segurança Rodoviária

As barreiras de segurança de betão armado foram pela primeira vez usadas em 1940 na Califórnia,

nos Estados Unidos da América. No entanto, na altura do seu desenvolvimento, nenhum tipo de teste

de impacto foi levado a cabo no seu desenvolvimento, tendo estas evoluído empiricamente com base

nas observações pós-acidente. Com o aumento de tráfego e de velocidade permitida, o estado da

Califórnia [35] decidiu em 1955 executar um total de cinco testes de impacto à escala real. Este estudo,

o segundo relatório desenvolvido pelo estado da Califórnia desde 1953 relativo a sistemas de retenção

rodoviária, teve como intuito investigar a performance de barreiras de segurança de betão armado

quando sujeitas a impactos de veículos a alta velocidade. Com base nos resultados obtidos dos testes

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de impacto levados a cabo, foi possível tecer algumas directrizes quanto à forma das barreiras de

segurança com o objectivo de as tornar mais eficazes. Desde então, muitos testes de impacto à escala

real a barreiras de segurança de betão foram levados a cabo. Estes testes experimentais comprovaram

a eficácia de alguns tipos de barreira ao impacto, tais como as barreiras de segurança do tipo New

Jersey e com perfil e paramento constante. Grande parte dos testes de impacto à escala real

desenvolvidos ao longo dos tempos foram desenvolvidos pelo Texas Transportation Institute. Já na

Europa foram desenvolvidas, nos anos 70, diversos tipos de barreiras de segurança de betão armado.

De entre as desenvolvidas destacam-se a alemã DAV, a belga Trief, a francesa Sabla e ainda as

italianas Sergad e Vianini. Porém, dado o seu fraco desempenho, foi também adoptado nos países

europeus o tipo de barreira de segurança New Jersey.

A facilidade de análise desencadeada pela evolução tecnológica permitiu direccionar o estudo

numérico de fenómenos de impacto para áreas menos prementes. Desta forma, áreas como a

segurança rodoviária começaram a ser alvo de um desenvolvimento mais criterioso e sustentado

cientificamente.

Em 1990, Mack e Sicking [36] usaram o software HVOSM [37] para examinar a colisão de um veículo

contra uma barreira de segurança de betão. O estudo tinha por objectivo identificar a causa do

capotamento de veículos devido ao embate em barreiras de segurança, determinar a extensão e

severidade do impacto de veículos contra barreiras de segurança de betão armado e identificar

potenciais soluções a implementar para evitar o capotamento. Foram testados três tipos de barreiras

de segurança de betão armado: barreira tipo F, barreira com paramento constante e barreira vertical.

A partir dos ensaios concluiu-se que a barreira que apresentava melhor desempenho de retenção era

a barreira vertical, sendo aquela que no entanto conduzia a maiores valores de desaceleração. Já a

barreira tipo F não apresentava valores tão altos de desaceleração, mas o seu desempenho em termos

de retenção não era tão eficaz.

FIGURA 2.1 – BARREIRA DE SEGURANÇA DOS TIPOS F, NEW JERSEY, PARAMENTO CONSTANTE E VERTICAL,

RESPECTIVAMENTE (UNIDADES EM MM).

Beason [38] , em 1989, recorreu ao mesmo software com o intuito de desenvolver uma barreira de

segurança de betão com perfil de paramento constante que verificasse os critérios de aceitação do

NCHRP Report 230 [39] e para ser aplicada em situações idênticas às da barreira do tipo New Jersey.

O objectivo de Beason com a criação de uma nova barreira de segurança de betão armado de

inclinação constante era o de ser possível colocar novas camadas de pavimento sem afectar o

desempenho das barreiras de segurança e sem ser necessário recolocá-las.

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No entanto, a partir da década de 90, surgiram novos programas de cálculo numérico como o DYNA3D

[40] e o MADYMO [41] que vieram substituir os programas existentes [42]–[44].

De salientar que toda a investigação realizada ao longo dos tempos, tanto referente a testes à escala

real como modelação numérica, permitiu o desenvolvimento de normas que regem a concepção,

desempenho e instalação de sistemas de retenção rodoviários.

Os primeiros documentos normativos referentes a disposições e critérios a respeitar na concepção e

dimensionamento de barreiras de segurança a nível nacional foram o Caderno de Encargos Tipo [45]

e as Normas de Traçado da Ex-Junta Autónoma das Estradas. Relativamente ao primeiro, este faz

referência à qualidade dos materiais de construção, elementos constituintes, características e

dimensões de guardas de segurança rígidas, estando estas sujeitas às directivas do Conselho de 28

de Março de 1983 (83/189/CEE) [46]. Já as Normas de Traçado da Ex-JAE, revistas em 2010 pelo

Instituto de Infra-Estruturas Rodoviárias [47], apenas estabelecem o critério para a verificação da

necessidade de colocação de guardas de segurança.

Por último, a nível europeu, encontra-se em vigor a norma EN 1317 [48]–[55] . É importante referir que

até ao momento, apenas as cinco primeiras partes da norma anterior se encontram em vigor em

Portugal. Já relativamente à parte 7 [54] este ainda se encontra em fase de pré-norma, enquanto que

o subcapítulo 8 [55] serve apenas com o efeito de especificação técnica. No capítulo seguinte é

analisada a regulamentação presente nos subcapítulos 1 [48] e 2 [49] da norma EN 1317, visto serem

estes sobre os quais se desenvolverá o trabalho apresentado nos restantes capítulos do presente

estudo.

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13

3. Capítulo 3 Regulamentação

No presente capítulo é analisada a normalização europeia existente referente a sistemas de retenção

rodoviários materializados em betão armado.

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14

3.1 Regulamentação Europeia

Actualmente, o documento em vigor que estipula as normas e critérios a adoptar no dimensionamento

de barreiras de segurança é a norma europeia EN 1317 [48]–[55], criada pelo European Committee for

Standardization. O documento foi estabelecido como norma europeia em 1998 e define tanto os

critérios de teste como os processos de certificação de sistemas de retenção rodoviários. Em 2002, o

Instituto Português da Qualidade emitiu a versão portuguesa das cinco primeiras partes da EN 1317,

estando os seis restantes capítulos apenas disponíveis em versões inglesa, francesa e alemã. No

entanto, por ausência de laboratórios com capacidade de execução dos ensaios indicados pela EN

1317 ou por desconhecimento, grande parte dos sistemas de retenção rodoviários desenvolvidos

seguem as regras especificadas nas normas de traçado da antiga Junta Autónoma das Estradas e

pelo Caderno de Encargos Tipo.

3.1.1 Descrição da EN 1317

A EN 1317 encontra-se dividida em oito partes, da qual apenas os dois primeiros possuem versão

portuguesa. De salientar também que a 5ª, 6ª, 7ª e 8ª partes não possuem versão final:

EN 1317 – Parte 1 (1998): Terminologia e critérios gerais dos métodos de ensaios de colisão;

EN 1317 – Parte 2 (1998): Classes de desempenho, critérios de aceitação do ensaio de colisão e

métodos de ensaio para barreiras de segurança;

EN 1317 – Parte 3 (2000): Classes de desempenho, critérios de aceitação e métodos dos ensaios de

colisão para atenuadores de colisão;

EN 1317 – Parte 4 (2001): Classes de desempenho, critérios de aceitação e métodos dos ensaios de

colisão para terminais e transição das barreiras de segurança;

prEN 1317 – Parte 5 (2001): Requisitos do produto e avaliação da conformidade para sistemas de

retenção de veículos;

prEN 1317 – Parte 6 (1998): Sistemas de barreiras de segurança para peões.

prEN 1317 – Parte 7 (2012): Classes de desempenho, critérios de aceitação para ensaios e

metodologias de teste para barreiras de segurança terminais.

prEN 1317 – Parte 8 (2012): Barreiras de segurança rodoviárias que reduzem a severidade do impacto

de motociclistas com as barreiras de segurança.

3.1.2 Análise da Parte 1 da EN 1317

A primeira parte da EN 1317 introduz a terminologia utilizada nos critérios de avaliação do

comportamento dos sistemas de retenção rodoviários, bem como a metodologia de medição desses

mesmos critérios. É também neste capítulo que são indicadas as características dos veículos sob

condições de ensaio e do próprio local de teste.

3.1.2.1 Características dos Veículos de Teste

A parte 1 da norma EN 1317 apresenta as características físicas que os veículos de teste devem

respeitar. Na Tabela 3.1 resumem-se as especificações destes.

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TABELA 3.1 – CARACTERÍSTICAS DOS VEÍCULOS DE TESTE (EN 1317-1 [48], 2010)

Massa (kg)

Massa Total 900 1 300 1 500 10 000 13 000 16 000 30 000 38 000

± 40 ± 65 ± 75 ± 300 ± 400 ± 500 ± 900 ± 1 100

Massa

Inércia a

825 1 300 1 500 10 000 13 000 16 000 30 000 38 000

± 40 ± 65 ± 75 ± 300 ± 400 ± 500 ± 900 ± 1 100

Balastro

Máximo b 100 160 180 - - - - -

Dimensões (m)

Largura do

eixo 1,35 1,40 1,50 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00

Raio do Pneu - - - 0,46 0,52 0,52 0,55 0,55

Distância entre

Eixos - - - 4,60 6,50 5,90 6,70 11,25

Localização do Centro de Massa c, d (m)

Distância

Longitudinal

desde o Eixo

Frontal (CGX)

0,90 1,10 1,24 2,70 3,80 3,10 4,14 6,20

Distância

Lateral desde

linha central

do Veículo

(CGY)

± 0,07 ± 0,07 ± 0,08 ± 0,10 ± 0,10 ± 0,10 ± 0,10 ± 0,10

Altura acima do pavimento (CGZ)

Centro de

Massa (±

10%)

0,49 0,53 0,53 - - - - -

Carga (+ 15%,

- 5%) - - - 1,50 1,40 1,60 1,90 1,90

Tipo de

Veículo Carro Carro Carro

HGV

Rígido Autocarro

HGV

Rígido

HGV

Rígido

HGV

Articulado

Número de

Eixos e 1S + 1 1S + 1 1S + 1 1S + 1 1S + 1 1S + 1/2 2S + 2 1S + 3/4

a Inclui carga HGV (Heavy Goods Vehicle)

b Inclui peso de aparelhos de medição e gravação

c O centro de massa do veículo deverá ser calculado antes da instalação do ATD (Anthropomorphic Test

Device)

d O centro de massa de um veículo de dois eixos deve ser determinado em conformidade com a ISO 10392

e S – Eixo de direcção

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16

3.1.2.2 Medição do Índice de Severidade de Aceleração

A Severidade de Aceleração, usualmente designado pelo acrónimo ASI, é um parâmetro de medição

que permite avaliar a severidade do impacto nos passageiros dos veículos, em especial dos

passageiros de veículos ligeiros envolvidos no embate. Este parâmetro permite avaliar a importância

das acelerações a que os passageiros estão sujeitos no instante do impacto.

O índice de severidade de aceleração é calculado, em relação a um qualquer ponto do veículo, através

da seguinte expressão:

𝐴𝑆𝐼 (𝑡) = √(�̅�𝑥

�̂�𝑥)2 + (

�̅�𝑦

�̂�𝑦)2 + (

�̅�𝑧

�̂�𝑧)2 (1)

Onde �̂�𝑥 , �̂�𝑦 e �̂�𝑧 representam os valores limite para as componentes de aceleração segundo o

sistema de eixos representado na Figura 3.1, cuja origem se encontra localizada no centro de massa

do veículo.

FIGURA 3.1 –CONVENÇÃO DE SISTEMA DE EIXOS POSITIVO ADOPTADO E LOCALIZAÇÃO DOS ACELERÓMETROS.

Já �̅�𝑥, �̅�𝑦 e �̅�𝑧 representam as componentes de aceleração medidas a partir de um ponto pertencente

ao veículo durante um intervalo de tempo 𝛿 = 50 × 10−3 segundos coincidente com o instante de

maiores forças de impacto. Tem-se, desta forma, que as variáveis de aceleração poderão ser

matematicamente expressas da seguinte maneira:

�̅�𝑥 =

1

𝛿∫ 𝑎𝑥 𝑑𝑡

1+𝛿

𝑡

(2)

�̅�𝑦 =

1

𝛿∫ 𝑎𝑦 𝑑𝑡

1+𝛿

𝑡

(3)

�̅�𝑧 =

1

𝛿∫ 𝑎𝑧 𝑑𝑡

1+𝛿

𝑡

(4)

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Numa situação em que os passageiros possuam os cintos de segurança colocados, os valores de

aceleração limite são:

�̂�𝑥 = 12𝑔 (5)

�̂�𝑦 = 9𝑔 (6)

�̂�𝑧 = 10𝑔 (7)

Onde 𝑔 representa a aceleração da gravidade, que se admite possuir o valor de 9,81 𝑚𝑠−2.

Naturalmente que o valor de ASI a considerar na análise da gravidade de impacto será o maior valor

verificado durante a colisão.

3.1.2.3 Medição da Velocidade Teórica de Colisão da Cabeça e Desaceleração da

Cabeça Após-Colisão.

O índice de Medição da Velocidade Teórica de Colisão da Cabeça (THIV) reflecte a velocidade relativa

a que a cabeça dos passageiros poderá embater com o interior do veículo no momento do impacto.

Já a Desaceleração da Cabeça Após-Colisão (PHD), tal como o nome indica, avalia a desaceleração

sofrida pela cabeça dos ocupantes desde o instante do impacto até à imobilização do veículo. Esta

desaceleração é a mesma sofrida pelo veículo.

Os procedimentos necessários para o cálculo destes dois índices são apresentados nesta parte do

documento. Pela extensão e pouca relevância que assumem na análise que se pretende realizar, não

são aqui expostos.

3.1.3 Análise da Parte 2 da EN 1317

O segundo capítulo faz referência às diferentes classes de desempenho para as barreiras de

segurança, indicando os respectivos critérios de aceitação e metodologias de ensaio.

3.1.3.1 Classes de Desempenho

Classes de Ensaio de Colisão de Veículos

A avaliação feita pela norma europeia no que toca à sua classe de desempenho foca-se em dois

aspectos fulcrais do comportamento de barreiras de segurança:

Capacidade de retenção do veículo;

Variação de energia cinética.

Pretende-se, desta forma, dimensionar barreiras de segurança que por um lado garantam a contenção

de veículos pesados e que por outro evitem níveis de desaceleração ao impacto de veículos ligeiros

que causem lesões graves aos seus ocupantes.

A EN 1317 avalia as barreiras de segurança em vários níveis de contenção, que se encontram

individualmente associados a tipos de ensaio que indicam os critérios de ensaio da colisão do veículo.

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Os níveis de contenção extendem-se entre um grau de baixa contenção (T1), em que o ensaio envolve

um veículo ligeiro, até a um elevado grau de contenção (H4b), associado a veículos pesados.

Apresenta-se na Tabela 3.2, cada um dos ensaios de colisão e respectivos critérios que o caracterizam.

TABELA 3.2 – ENSAIOS DE COLISÃO ( EN 1317-2 [49], 2010)

Ensaio

Velocidade

de Colisão

(𝑲𝒎 𝒉)⁄

Ângulo de

Colisão em

graus (º)

Massa Total do

Veículo (kg) Tipo de Veículo

TB11 100 20 900 Automóvel

TB21

TB22

TB31

TB32

80

80

80

110

8

15

20

20

1300

1300

1500

1500

Automóvel

Automóvel

Automóvel

Automóvel

TB41

TB42

TB51

TB61

TB71

TB81

70

70

70

80

65

65

8

15

20

20

20

20

10000

10000

13000

16000

30000

38000

Veículo Pesado Rígido

Veículo Pesado Rígido

Autocarro

Veículo Pesado Rígido

Veículo Pesado Rígido

Veículo Pesado Articulado

Níveis de Contenção

Na Tabela 3.3 encontram-se referidos os diferentes níveis de contenção juntamente com o tipo de

ensaio de aceitação a verificar.

TABELA 3.3 – NÍVEIS DE CONTENÇÃO (EN 1317-2 [49] , 2010)

Níveis de Contenção Ensaio de Aceitação

Contenção num ângulo fechado

T1

T2

T3

TB21

TB22

TB41 e TB21

Contenção normal

N1

N2

TB31

TB32 e TB11

Contenção mais elevada

H1

H2

H3

TB42 e TB11

TB51 e TB11

TB61 e TB11

Contenção muito elevada

H4a

H4b

TB71 e TB11

TB81 e TB11

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Gravidade de Colisão

Já a severidade de colisão é categorizada em dois níveis, em função da quantificação de três

parâmetros: ASI, THIV e PHD, tal como indica a Tabela 3.4.

TABELA 3.4 – NÍVEIS DE GRAVIDADE DE COLISÃO (EN 1317-2 [49], 2010)

Nível de Gravidade de Colisão Valores de índice

A 𝐴𝑆𝐼 ≤ 1,0 e

𝑇𝐻𝐼𝑉 ≤ 33 𝐾𝑚/ℎ

𝑃𝐻𝐷 ≤ 20𝑔 B 𝐴𝑆𝐼 ≤ 1,4

Deformação do Sistema de Restrição

Torna-se também importante controlar a deformação do sistema de retenção sujeito a impacto. Com

este propósito, a norma europeia classifica em vários níveis a largura útil. Entende-se por largura útil

a distãncia entre o lado virado para o trânsito antes da colisão do sistema de segurança rodoviário e a

posição dinâmica lateral máxima de qualquer parte importante do sistema, tal como se apresenta

esquematicamente na Figura 3.2 pela letra W. Já a Tabela 3.5 lista as classes de níveis de largura útil

e os respectivos limites associadas a cada uma destas.

FIGURA 3.2 – LARGURA ÚTIL (W) (EN 1317-2 [49], 2010)

TABELA 3.5 – CLASSES DE NÍVEIS DE LARGURA ÚTIL (EN 1317-2 [49], 2010)

Classes de Níveis de Largura Útil Níveis de Largura Útil (m)

W1

W2

W3

W4

W5

W6

W7

W8

𝑊 ≤ 0,6

𝑊 ≤ 0,8

𝑊 ≤ 1,0

𝑊 ≤ 1,3

𝑊 ≤ 1,7

𝑊 ≤ 2,1

𝑊 ≤ 2,5

𝑊 ≤ 3,5

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3.1.3.2 Critérios de Aceitação do Ensaio de Colisão

Tem-se assim que, efectuado o ensaio da barreira de segurança, este enquadrar-se-à num dos níveis

de contenção apresentados anteriormente consoante este preencha os níveis dos parâmetros

referidos na Tabela 3.6. De salientar que qualquer colisão que aconteça após o fim do primeiro impacto

do veículo com a barreia de segurança não deve ser tida em consideração quer no desempenho quer

na aceitação da mesma.

TABELA 3.6 – CRITÉRIOS DE ACEITAÇÃO DE ENSAIOS DE COLISÃO (EN 1317-2 [49], 2010)

Nível de

Contenção

Parâmetros

Comportamento

da Barreira de

Segurança e do

Veículo

Nível de

Gravidade de

Colisão ASI-

THIV (PHD)

Deformação do

Veículo (VCDI)

Deformação da

Barreira de

Segurança

T1

T2

T3

TB 21

TB 22

TB 41 + TB 21

TB 21

TB22

TB 21

TB 21

TB 22

TB 21

TB 21

TB 22

TB 41

N1

N2

TB 31

TB 32 + TB 11

TB 31

TB 32 + TB 11 a

TB 31

TB 32 + TB 11

TB 31

TB 32

H1

H2

H3

TB 42 + TB 11

TB 51 + TB 11

TB 61 + TB 11

TB 11

TB 11

TB 11

TB 11

TB 11

TB 11

TB 42

TB 51

TB 61

H4a

H4b

TB 71 + TB 11

TB 81 + TB 11

TB 11

TB 11

TB 11

TB 11

TB 71

TB 81

a O nível de gravidade é determinado pelo resultado mais alto dos dois ensaios, ambos os resultados

podem ser incluídos no relatório especificado na EN 1317-1.

3.1.3.3 Métodos de Ensaio

Local de Ensaio

A EN 1317 refere também as condições em que os ensaios deverão ser executados no que diz respeito

à configuração do local de ensaio. Este deverá apresentar uma inclinação plana não superior a 2,5 %

e sem a presença de água acumulada, gelo ou neve aquando da realização do mesmo. Deverá

apresentar uma extensão suficiente, de forma a que o veículo de ensaio consiga atingir de forma

controlada e estável a velocidade exigida pelo ensaio.

A área pavimentada não deverá exceder os 40 metros de comprimento antes do ponto de colisão

esperado e os 15 metros para lá deste, de forma a ser possível avaliar o comportamento do veículo

após o impacto.

É ainda feita referência à presença de poeiras no pavimento, com o objectivo de que a presença destas

seja evitada de maneira a proporcionar a clareza dos registos fotográficos. Deverá também ser evitada

a presença de objectos que possam tornar-se obstáculos à saída do veículo de teste e que possa

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causar a deformação adicional deste que evite a medição precisa do índice de deformação da cabina

do veículo.

Veículos de Ensaio

Relativamente aos veículos de teste utilizados, estes deverão ser representativos da actual frota

europeia, cujas características e dimensões deverão verificar as especificadas pela EN 1317-1 [48].

Os pneus deverão apresentar a pressão indicada pelo fabricante e o seu estado de conservação

deverá permitir a emissão de um certificado de autorização para andar na via pública, tal como a

suspensão, o alinhamento das rodas e a carroçaria. De forma a facilitar a análise do ensaio, o veículo

deverá possuir referências de medição nas suas superfícies exteriores.

De sublinhar que enquanto o veículo se encontrar na zona que circunscreve o impacto, denominada

usualmente por “caixa teórica”, a sua suspensão e direcção não deverão estar bloqueados.

Barreira de Segurança

As especificações de concepção da barreira de segurança deverão estar incluídas no relatório de

ensaio de forma a ser possível verificar se o sistema concebido se encontra em condições de ensaio.

Esta deverá apresentar uma extensão que permita analisar o desempenho total característico do

sistema. O ponto de colisão deverá ser aquele que provoque as condições de impacto mais

desfavoráveis para a barreira de segurança.

Procedimento de Registo de Dados do Ensaio

O registo de dados de ensaio deverá estar dividido em três fases:

Dados antes do ensaio: registo fotográfico do interior e exterior do veículo e da barreira;

Dados do ensaio: velocidade de impacto; ângulo de colisão; acelerações lineares e velocidade

angulares; deflexão dinâmica e largura útil; registos fotográficos do comportamento do veículo

e da barreira;

Dados após ensaio: danos e deformação do veículo de ensaio; danos provocados na barreira

de segurança; registos fotográficos.

Precisões e Limites de Desvio de Velocidades de Colisão e de Ângulos de Aproximação

A velocidade de impacto do veículo de teste deverá ser medida a não mais de 6 metros de distância

do ponto de colisão. A precisão total da medição deverá situar-se dentro dos ±1%. Já o desvio limite

no que toca à velocidade de colisão nunca deverá ser negativo e caso seja positivo, não ser superior

a +7%.

Já relativamente à medição do ângulo de colisão, ângulo este medido entre a direcção longitudinal da

barreira de segurança e a direcção de aproximação do veículo a esta, também não deverá ser medido

a mais de 6 metros e a sua precisão deverá estar compreendida entre −1° e +1.5°, para uma precisão

de ±0.5°.

A Figura 3.3 resume o conjunto de tolerâncias combinadas para a velocidade e ângulo de colisão.

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22

FIGURA 3.3 – CONJUNTO DE TOLERÂNCIAS COMBINADAS (TYPE EQUATION HERE.EN 1317-2 [49], 2010).

Instrumentos do Veículo

Em termos de instrumentação de medição, um ensaio exige a existência de:

Três transdutores de aceleração linear, mutuamente ortogonais, alinhados com o eixo do

veículo (longitudinal, transversal e vertical);

Um transdutor de velocidade angular para registar a velocidade das guinadas;

Cobertura Fotográfica

A reportagem fotográfica deverá ser suficientemente extensa e nítida de forma a que o comportamento

da barreira de segurança e do veículo de teste seja perceptível durante e após a colisão. As câmaras

utilizadas deverão ser de alta velocidade e operadas a uma velocidade mínima de 200 imagens por

segundo.

Relatório de Ensaio

O relatório do ensaio deverá ser executado segundo as indicações da EN 1317-1 [48].

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23

4. Capítulo 4 Modelação

No presente capítulo apresentam-se as relações constitutivas consideradas de betão e de aço.

Indicam-se também considerações numéricas essenciais à compreensão das simulações a realizar no

programa de cálculo automático ABAQUS.

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24

4.1 Vector de Forças

O vector de forças tem a função de representar o carregamento a que determinada estrutura se

encontra sujeita. No presente caso, dado que se trata de um problema dinâmico, o vector de forças é

função do tempo. Quer isto dizer que o vector de forças, para dois instante diferentes, não será

necessariamente igual. Cada componente do vector de forças está associado a um determinado grau

de liberdade considerado para discretizar o comportamento dinâmico da estrutura. Cada componente

representa assim a força a actuar, num determinado instante temporal, nesse grau de liberdade. Estas

componentes, designadas habitualmente por forças nodais, são calculadas com base em

considerações de equilíbrio: são definidas como um conjunto de cargas concentradas nos nós de

discretização da estrutura e que são estaticamente equivalentes ao carregamento exterior aplicado.

Um dos métodos de cálculo das forças nodais, para uma estrutura sujeita a um carregamento exterior

distribuído, faz uso do princípio dos deslocamentos virtuais. O procedimento, designado por Vector de

Forças Consistente, assemelha-se ao utilizado na avaliação da matriz de massa consistente, dado que

as forças nodais são calculadas recorrendo ao uso de funções de interpolação e à formulação do

método dos elementos finitos. Consequentemente, tem-se que a obtenção da força nodal associada

ao grau de liberdade i é dada pela seguinte expressão:

𝑝𝑖(𝑡) = ∫ 𝑝(𝑥, 𝑦, 𝑧, 𝑡)𝜑𝑖(𝑥, 𝑦, 𝑧)𝑑𝑉

𝑉

(8)

Em que p representa o carregamento num determinado instante t para a posição (x,y,z) e 𝜑𝑖 a função

de interpolação associada à aplicação de uma carga unitária segundo o grau de liberdade i. De

sublinhar que, de maneira a que o vector de forças obtido seja de facto consistente, é imperativo que

as funções de interpolação 𝜑𝑖 sejam as mesmas que foram utilizadas no cálculo da matriz de rigidez.

Esta formulação é praticável quando o problema em questão possui alguma simplicidade geométrica

e de carregamento. Porém, quando se tratam de problemas mais complexos, torna-se necessário

recorrer a ferramentas computacionais com capacidade de adaptação e que consigam gerar resultados

suficientemente precisos.

Tendo em conta que a análise tem como intuito um correcto dimensionamento da barreira de

segurança de forma a que esta consiga reter um veículo perante o impacto nesta, o vector de forças

será constituido pela força aplicada pelo veículo durante o impacto. É assim exigido que a barreira de

segurança permita dissipar a energia cinética transmitida através do impacto do veículo, respeitando

certos critérios necessários à viabilização desta. Existem três factores que influenciam a quantidade

de energia transmitida à barreira pelo impacto: a massa do veículo, a velocidade instantânea do veículo

no momento do impacto e o ângulo de embate. A definição destes parâmetros é feita de acordo com

a norma EN 1317, na qual são estipuladas as classes de desempenho consoante as condições de

teste especificadas.

Pretende-se assim, fazer uso de considerações simples que permitam o cálculo da força de impacto

de um veículo numa barreira de segurança de betão. Em 1970, Olson et al [56] desenvolveram duas

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equações, através da análise de reportagens fotográficas de alta velocidade de impactos de veículos

em barreiras de segurança, que permitiam calcular os valores médios da desaceleração do veículo (9)

e da força de impacto (10).

𝑎𝑙𝑎𝑡 =

𝑉2𝑠𝑖𝑛2𝜃

2[𝐴𝐿 sin 𝜃 − 𝐵(1 − cos 𝜃) + 𝐷]

(9)

𝐹𝑙𝑎𝑡 = 𝑀𝑎𝑙𝑎𝑡 =

𝑀 × 𝑉2𝑠𝑖𝑛2𝜃

2[𝐴𝐿 sin 𝜃 − 𝐵(1 − cos 𝜃) + 𝐷]

(10)

Onde 𝜃 é o ângulo de impacto em graus, 𝐴𝐿 a distância da frente do veículo ao centro de massa deste

e metros, 𝐵 metade da largura do veículo em metros, 𝐷 o deslocamento lateral da barreira em metros,

M a massa do veículo em quilogramas e 𝑉 a velocidade de impacto em metros por segundo. Algumas

das variáveis necessárias ao cálculo das equações anteriores encontram-se ilustradas na Figura 4.1.

FIGURA 4.1 – COLISÃO VEÍCULO-BARREIRA ( JIANG, GRZEBIETA & ZHAO [57], 2004)

Porém, tal como referido anteriormente, estas equações permitem calcular os valores médios da

desaceleração lateral e da força de impacto. Numa análise de dimensionamento de uma barreira de

segurança é mais relevante conhecer o valor de pico da força de impacto gerada pelo embate do

veículo na barreira.

Jiang, Grzebieta e Zhao [57], desenvolveram uma metodologia simples, com base nos trabalhos de

Olson e Hirsch, para a estimativa da força de impacto de um veículo numa barreira de segurança de

betão. Este artigo refere que para o cálculo da força de impacto máxima aplicada à barreira, apenas é

preciso ter em consideração a fase compreendida entre o instante de contacto do veículo com a

barreira e o instante em que ocorre a deformação frontal máxima do veículo. É também referido que,

para ângulos de embate superiores a dez graus, não ocorre elevação do veículo em relação à barreira

de segurança devido à subida da roda do veículo da superfície menos inclinada da barreira. Desta

forma, é possível analisar simplificadamente o problema do impacto do veículo numa barreira de

segurança de betão do tipo New Jersey como o impacto de um veículo contra uma parede vertical de

betão segundo um determinado ângulo θ. A disposição do sistema de análise considerado é

apresentado na Figura 4.2.

𝜃

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26

FIGURA 4.2 – SIMPLIFICAÇÃO DO SISTEMA DE COLISÃO DE VEÍCULO-BARREIRA (JIANG, GRZEBIETA & ZHAO [57],

2004)

A determinação da força máxima de impacto causada pelo embate do veículo na barreira envolve a

estimativa do perfil de esmagamento do veículo. Tal como ilustrado na Figura 4.2, a zona danificada

pelo embate, representada pela cor preta, toma genericamente uma forma triangular. A determinação

desta forma triangular envolve o cálculo do ângulo de dano β e da profundidade máxima de

esmagamento 𝐶𝑚𝑎𝑥. Através da recolha e análise dos 60 testes de embate existentes até à data da

realização do paper, os autores concluíram que é possível expressar uma relação linear entre o ângulo

de impacto θ e o ângulo de dano β da seguinte forma, com os ângulos em radianos:

𝛽 =

𝜃 − 9,177

0,723

(11)

A estimativa do ângulo de dano β através da equação anterior permite a definição analítica da

profundidade de esmagamento 𝐶 para uma largura frontal de esmagamento 𝑤 por:

𝐶 = 𝐶𝑚𝑎𝑥 − 𝑤 tan 𝛽⁄ (12)

A introdução desta expressão na equação que define a energia cinética associada ao trabalho

desenvolvido pelo processo de esmagamento do veículo e tendo em conta que:

𝑤0 = 𝐶𝑚𝑎𝑥 tan 𝛽 (13)

É possível, através de alguma manipulação algébrica, chegar à seguinte expressão para a definição

da profundidade máxima de esmagamento:

𝐶𝑚𝑎𝑥 = √(3𝑀(𝑉 sin 𝜃)2

𝐵 tan 𝛽−

2𝐴3

𝐵3)

3

−𝐴

𝐵

(14)

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27

Onde 𝑀 representa a massa do veículo em quilogramas e 𝑉 a velocidade de impacto do veículo. Os

coeficientes 𝐴 e 𝐵 podem ser calculados, segundo o trabalho de Campbell [58], através de:

𝐴 =

𝑀𝑏0𝑏1

𝑊

(15)

𝐵 =

𝑀𝑏1𝑏1

𝑊

(16)

Onde 𝑊 é a largura útil do veículo. Já o coeficiente 𝑏0 é usualmente considerado igual a 2,2 𝑚/𝑠 [59],

[60]. Já 𝑏1 pode ser definido com base numa colisão frontal com uma barreira rígida dado que:

𝑏1 =

𝑉 − 𝑏0

𝐶

(17)

Os autores chegaram assim, através de relações que se omitem deste documento, à equação (18)

para o cálculo do valor da força de impacto de pico:

𝐹𝑁𝑝 =

𝐶𝑚𝑎𝑥

cos 𝛽(𝐴 + 𝐵

𝐶𝑚𝑎𝑥 sin 𝛽

2)

(18)

No presente trabalho são ainda apresentados os dados experimentais existentes de colisões de

veículos contra barreiras de segurança de betão, dados estes que são comparados com valores

calculados através da metodologia apresentada pelos autores. É importante referir que os valores de

força de impacto de pico relativas aos ensaios experimentais existentes e aos obtidos pela metodologia

têm em conta as perdas de energia associadas ao processo de deformação do veículo.

4.1.1 Modelação da Força de Impacto no ABAQUS

Para a presente análise foi adoptado como veículo de impacto o Toyota Echo do ano 2000, cujo valor

de força de impacto de pico é indicado tanto para a metodologia desenvolvida por Jiang, Grzebieta e

Zhao [57] como também o obtido através de ensaio de embate à escala real [61]. A escolha dos

valores de força de impacto de pico associados a este veículo é justificada pela inclusão das suas

características de ensaio exigidas pelo ensaio de contenção TB 11 definidas na parte 2 da EN 1317

[49]. As características do ensaio são apresentadas na Tabela 4.1.

TABELA 4.1 – CARACTERÍSTICAS DO ENSAIO EXISTENTE COM O VEÍCULO ESCOLHIDO (GRZEBIETA, ZOU,

CORBEN, JUDD, KULGREN, TINGVAL & POWELL [61], 2002) E AS EXIGIDAS PELO ENSAIO DE CONTENÇÃO TB 11

(EN 1317-2 [49], 2010)

Ensaio Toyota Echo 2000 TB 11

Massa [kg] 1244 900

Ângulo de Impacto [ᵒ] 20 20

Velocidade de Impacto [m/s] 110 100

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28

Na Tabela 4.2 são indicados os valores de força de impacto de pico, de ângulo de dano e de

profundidade máxima de esmagamento retirados do teste de colisão [61] e obtidos através da

metodologia atrás descrita.

TABELA 4.2 - VALORES DE FORÇA DE IMPACTO DE PICO, DE ÂNGULO DE DANO E DE PROFUNDIDADE MÁXIMA DE

ESMAGAMENTO RETIRADOS DO ENSAIO (GRZEBIETA, ZOU, CORBEN, JUDD, KULGREN, TINGVAL & POWELL [61],

2002) E CALCULADOS PELA METODOLOGIA APRESENTADA (JIANG, GRZEBIETA & ZHAO [57], 2004)

Ensaio Toyota Echo 2000 [] Metodologia []

Ângulo de Dano β [ᵒ] 17,7 15,0

Máxima Profundidade De

Esmagamento 𝑪𝒎𝒂𝒙 [m] 1,10 1,234

Força de Impacto de Pico

𝑭𝑵𝑷 [kN] 213,3 201,3

Importa referir que a metodologia associada ao cálculo do valor da força de impacto de pico já tem em

conta a perda de energia relacionada com a deformação do veículo de embate.

Tendo em conta a existência do valor exacto de força de impacto de pico, obtido experimentalmente,

foi este o usado na análise de impacto realizada no programa ABAQUS.

O fenómeno de colisão de um veículo com uma barreira de segurança pode ser dividido em duas fases.

Uma primeira compreendida entre o momento em que o veículo entra em contacto com a barreira e o

momento em que a superfície de contacto entre a barreira e veículo é máxima. É no final desta primeira

fase que ocorre o pico da força de impacto, segundo indicam os resultados experimentais existentes

de testes de impacto. Já a segunda tem início no final da primeira fase e tem o seu término no momento

em que deixa de existir contacto entre o veículo e a barreira. Desta forma, tem-se que a primeira fase

é caracterizada por um aumento da superfície de contacto entre os dois corpos de zero até ao valor

máximo de área de contacto, enquanto que a segunda é caracterizada por um decréscimo a partir do

valor máximo de área de contacto até zero. Porém, o programa ABAQUS possui as suas limitações e

não permite reproduzir de forma directa esta variação progressiva da área de contacto. Foi, assim,

necessário repartir o fenómeno de impacto em dez partições temporais distintas. As primeiras cinco

inserem-se na primeira das duas fases de impacto anteriormente descritas e as restantes na segunda

fase. As primeiras cinco pressupõem um aumento tanto da área de aplicação da carga de impacto

como também da carga distribuida associada ao impacto. Por outro lado, as restantes partições

pertencentes à segunda fase são caracterizadas tanto por uma diminuição da área de contacto como

da carga distribuida. No Anexo B apresenta-se a tabela que define as partições temporais

consideradas apenas para a primeira fase e respectivas áreas de contacto e cargas distribuidas. O

facto de apenas se apresentar os valores que caracterizam a primeira fase de processo de impacto

deve-se ao facto da segunda fase ser simétrica à primeira em termos de valores de força de impacto

e de área de contacto. Torna-se necessário referir, nesta fase, que a duração temporal do fenómeno

de impacto de um veículo com uma barreira de segurança, leia-se a soma da duração das duas fases

anteriormente referidas, tem a duração de 0,4 segundos. Este valor foi definido com base na análise

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29

das durações do fenómeno de impacto dos ensaios considerados e reunidos em Jiang, Grzebieta e

Zhao [57].

4.2 Modelação do Aço

O aço apresenta uma resposta elástica linear quando submetido a tensões inferiores à sua tensão de

cedência, sendo a sua rigidez assim caracterizada matematicamente pelo módulo de Young. A zona

de comportamento elástico é caracterizada por uma recuperação total das deformações após

descarregamento. Quando sujeito a maiores deformações, especificamente deformações associadas

a tensões que ultrapassem a sua tensão de cedência, este deixa de se comportar linearmente,

começando a apresentar um processo de endurecimento que leva ao aparecimento de uma

componente de deformação plástica irreversível. Este endurecimento reflecte-se no aumento da sua

tensão de cedência quando submentido a carregamentos subsequentemente maiores. A Figura 4.3

introduz uma representação esquemática da relação constitutiva do aço indicada pela norma EN 1992-

1-1 [62].

FIGURA 4.3 – REPRESENTAÇÃO DA RELAÇÃO CONSTITUTIVA DO AÇO (EN 1992-1-1 [62], 2004)

Na figura atrás, 𝜎𝑐 e 휀𝑐 representam, respectivamente, a tensão e extensão de cedência, enquanto que

, 𝜎𝑢 e 휀𝑢 a tensão e extensão última. Este comportamento pode ser simplificado sem grande perda de

generalizade através da assunção de um comportamento linear composto por duas fases: uma

primeira elástica e uma segunda elástico-plástica. Apresenta-se de seguida, na Figura 4.4, a

represenção gráfica da relação tensão-deformação simplificada admitida pelo Model Code 2010 [63]:

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30

FIGURA 4.4 – RELAÇÃO CONSTITUTIVA SIMPLIFICADA DO AÇO (MODEL CODE 2010 [63], 2010)

4.2.1 Modelação do Aço no ABAQUS

O aço adoptado na análise é o A500 NRSD. Indica-se abaixo, na Tabela 4.3, os valores essenciais à

sua caracterização mecânica:

TABELA 4.3 – CARACTERÍSTICAS MECÂNICAS DO AÇO A5000 NRSD

𝑓𝑦 (𝑀𝑃𝑎) 500

휀𝑠 0,0024

𝑓𝑢 (𝑀𝑃𝑎) 550

휀𝑢 0,076

𝜈 0,3

𝐸𝑠 (𝐺𝑃𝑎) 210

𝜌 (𝑘𝑔

𝑚3)

8050

A modelação mecânica do aço pelo programa ABAQUS é feita com base na relação tensão-extensão

simplificada atrás descrita, o que leva à representação gráfica presente na Figura 4.5.

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31

FIGURA 4.5 – MODELAÇÃO DA RELAÇÃO CONSTITUTIVA DO AÇO A500 NRSD.

4.3 Modelação do Betão

A importância do dimensionamento de estruturas de betão armado para resistirem a impactos é cada

vez mais premente, quer estejamos a falar de barreiras de segurança ou de reactores nucleares.

Embora existam inúmeras metodologias disponíveis com o objectivo de modelar este tipo de acções

sobre o betão armado, muitas delas pecam pela sua difícil aplicabilidade ou, por outro lado, insuficiente

precisão. Esta deficiente capacidade de reprodução do comportamento do betão armado a

carregamentos dinâmicos deve-se, sobretudo, à grande dificuldade de modelação dos mecanismos de

resistência por esforço transverso, dado ser este factor aquele que, frequentemente, governa o

comportamento do betão a este tipo de acções [33]. Algumas metodologias existentes oferecem

formulações relativamente simples e facilmente aplicáveis. No entanto, a sua simplicidade conduz

geralmente a resultados pouco precisos. De forma a ultrapassar as limitações associadas a metologias

simplistas, é usual recorrer-se a métodos de modelação numérica, tais como o método de elementos

finitos, de forma a ser possível a análise de estruturas geometricamente complexas com o grau

precisão exigido. Porém, estas poderão tornar-se morosas e necessitarem de uma elevada capacidade

de armazenamento. Desta forma, pretende-se utilizar uma metodologia que permita uma análise não-

linear do comportamento do betão armado ao impacto, sem que esta peque por simplista e não se

torne exaustivamente complexa em termos numéricos.

O betão, como material heterogéneo e de coesão friccional que é, possui um comportamento não-

linear inelástico bastante complexo quando sujeito a estados de tensão multi-axiais. O uso do betão

em estruturas mais exigentes como reactores nucleares, barragens e estruturas offshore reclamaram

um maior aprofundamento do comportamento deste material a diferentes tipos de impacto com

incidência fora do regime elástico.

A aferição da relação constitutiva do betão é feita com recurso a dados experimentais. Estes dados

experimentais são analisados e usados para propôr expressões analíticas que se ajustem aos dados

e consigam assim descrever o comportamento do material. Porém, a obtenção dos dados

0

100

200

300

400

500

600

0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08

σ(M

Pa)

ε

Relação Tensão-Deformação do Aço

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32

experimentais não é uma tarefa fácil, existindo pouca informação concreta e fiável para situações de

carregamento simples como o do ensaio uniaxial.

4.3.1 Model Code 2010

A formulação mais amplamente utilizada é a actualmente proposta no Model Code 2010 [63]. Este

indica as expressões analíticas que regem o comportamento do betão para carregamentos de curta

duração tanto para estados de compressão como de tensão. Relativamente ao estado de compressão,

a relação tensão-deformação é dada pela seguinte expressão:

𝜎𝑐

𝑓𝑐𝑚

= − (𝑘. 𝜂 − 𝜂2

1 + (𝑘 − 2). 𝜂) , 𝑝𝑎𝑟𝑎 |휀𝑐| < |휀𝑐,𝑙𝑖𝑚|

(19)

Onde

𝜂 = 휀𝑐 휀𝑐1⁄ (20)

𝑘 = 𝐸𝑐𝑖 𝐸𝑐1⁄ (21)

A variável 휀𝑐1 representa a extensão associada ao pico de compressão, 𝐸𝑐1 indica o módulo secante

dado pela origem e pelo pico de compressão da relação constitutiva, e 𝑘 é usualmente referido como

o número de plasticidade.

A representação gráfica associada à expressão analítica é apresentada de seguida na Figura 4.6.

FIGURA 4.6 – RELAÇÃO CONSTITUTIVA DO BETÃO PARA COMPRESSÃO UNIAXIAL ADOPTADA PELO MODEL CODE

2010 ( ADAPTADO DE MODEL CODE 2010 [63], 2010)

Já no que toca ao comportamento do betão para estados de tracção, a seguinte formulação de

carácter bi-linear é a apresentada pelo Model Code 2010 [63].

𝜎𝑐𝑡 = 𝐸𝑐𝑖 × 휀𝑐𝑡 , 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝜎𝑐𝑡 ≤ 0,9 × 𝑓𝑐𝑡𝑚 (22)

𝜎𝑐𝑡 = 𝑓𝑐𝑡𝑚. (1 − 0,1 ×

0,00015 − 휀𝑐𝑡

0,00015 − 0,9 × 𝑓𝑐𝑡𝑚 𝐸𝑐𝑖⁄) , 𝑝𝑎𝑟𝑎 0,9 × 𝑓𝑐𝑡𝑚 < 𝜎𝑐𝑡 < 𝑓𝑐𝑡𝑚

(23)

Extensão no Betão 𝜺𝒄 < 𝟎

Tensão no

Betão 𝝈𝒄 < 𝟎

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33

Onde 𝐸𝑐𝑖 representa o módulo tangente de elasticidade e 휀𝑐𝑡 a extensão associada à tracção de pico

𝑓𝑐𝑡𝑚. A representação gráfica associada à formulação atrás introduzida apresenta-se na Figura 4.7.

FIGURA 4.7 – RELAÇÃO CONSTITUTIVA DO BETÃO PARA TRACÇÃO UNIAXIAL ADOPTADA PELO MODEL CODE

2010 (ADAPTADO DE MODEL CODE 2010 [63], 2010)

De salientar que o Model Code 2010 [63] não incorpora directamente o conceito de “strain softening”

na sua conceptualização da relação constitutiva para o estado de tracção. Este introduz apenas uma

relação entre abertura de fenda e tensão para valores de extensão superiores a 0,15‰. Esta relação

é apresentada na Figura 4.8.

FIGURA 4.8 – RELAÇÃO ABERTURA DE FENDA-TRACÇÃO ADOPTADA PELO MODEL CODE 2010 (MODEL CODE

2010 [63], 2010)

Esta relação necessita da definição da energia de fractura 𝐺𝐹 de forma a que seja possível definir os

valores notórios de abertura de fenda. A energia de fractura é passível de ser calculada, segundo o

Model Code 2010 [63], através da seguinte expressão:

Extensão no Betão 𝜺𝒄𝒕[‰]

Tensão no

Betão 𝝈𝒄𝒕 ≥ 𝟎

Abertura de fenda 𝒘

Tensão no

Betão 𝝈𝒄𝒕 ≥ 𝟎

𝑮𝑭 - Área abaixo de

relação tensão-

abertura de fenda

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34

𝐺𝐹 = 73 × 𝑓𝑐𝑚0,18

(24)

Onde 𝑓𝑐𝑚 [MPa] indica a tensão de compressão média do tipo de betão em questão.

4.3.2 Formulação de Krätzig e Pölling

Em 2004, Wilfried B. Krätzig e Rainer Pölling [64], introduziram uma forma de definir uma relação

constitutiva do betão armado mais completa através de um número reduzido de parâmetros. Para a

situação de compressão, ilustrada na Figura 4.9, Krätzig e Pölling [64] decompõem a relação

constitutiva em três regiões diferentes:

FIGURA 4.9 – RELAÇÃO CONSTITUTIVA DO BETÃO PARA COMPRESSÃO UNIAXIAL ADOPTADA POR KRÄTZIG E

PÖLLING (ADAPTADO DE KRÄTZIG E PÖLLING [64], 2004)

• Região 1 - Região Elástica: Para valores de extensão inferiores ao valor de extensão de

cedência, é assumido um comportamento elástico linear regido pelo módulo de Young e pelo

coeficiente de Poisson. O valor de tensão de cedência é tido como um terço do valor de tensão de pico

da relação constitutiva.

• Região 2 - Região de Endurecimento: Este intervalo da relação constitutiva, compreendido

entre o ponto de tensão de cedência e o da tensão de pico, é caracterizado por um crescimento não

linear onde se verifica um decréscimo do módulo de rigidez tangencial do seu valor inicial até zero. A

formulação analítica que materializa numericamente este comportamento é dado por:

𝜎𝑐 (휀𝑐) =𝐸𝑐𝑖

휀𝑐

𝑓𝑐+ (

휀𝑐

휀𝑐1)

2

1 − (𝐸𝑐𝑖휀𝑐1

𝑓𝑐− 2) (

휀𝑐

휀𝑐1)

𝑓𝑐

(25)

O módulo 𝐸𝑐𝑖 encontra-se associado ao módulo de elasticidade do betão aos 28 dias, sendo no entanto

possível de se considerar o módulo secante de elasticade de forma a que seja garantida a coincidência

entre as duas diferentes regiões. O seu cálculo é introduzido por Krätzig e Pölling [64] da seguinte

forma:

Energia de Esmagamento

localizada 𝒈𝒄𝒍∗

Energia

de Esmagamento difusa

𝒈𝒄𝒖 Região 3 Região 2 Região

1

1

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35

𝐸𝑐𝑖 =

1

2𝐸𝑐

(𝑓𝑐

휀𝑐1

)2

−𝑓𝑐

휀𝑐1

+3

2𝐸𝑐

(26)

• Região 3 - Região de Amolecimento: Após atingido o valor de pico da relação constitutiva,

dá-se início a uma região onde o comportamento do betão é caracterizado pela redução da tensão

com o acréscimo de deformação. Esta região é caracterizada pelo surgimento de danos estruturais no

elemento, levando à diminuição da rigidez deste. A região de amolecimento é, segundo os autores,

controlada pela energia de fractura e pelo comprimento característico da malha de elementos finitos

𝑙𝑒𝑞. O uso da energia de fractura como parâmetro de ajuste da região de amolecimento é amplamente

aceite em situações de fendas de tracção mas foi apenas transposto em casos de compressão por

Feenstra [65]. De forma a distinguir a energia de fractura associada a casos de tensão (𝐺𝐹) de casos

de compressão, esta energia é designada por energia de esmagamento e é indicada analiticamente

por 𝐺𝑐𝑙. Tem-se assim que a evolução da tensão na região é dada pela seguinte expressão:

𝜎𝑐(휀𝑐) = −

1

2 + 𝛾𝑐𝑓𝑐휀𝑐1

2𝑓𝑐+ 𝛾𝑐휀𝑐 +

𝛾𝑐

2휀𝑐1× 휀𝑐

2

, 𝑐𝑜𝑚 𝛾𝑐 > 0 (27)

A variável 𝛾𝑐 é o único parâmentro que controla a área debaixo da curva de tensão-deformação na

zona de amolecimento. Esta variável é passível de ser calculada através de:

𝛾𝑐 =

𝜋2𝑓𝑐휀𝑐1

2 [𝐺𝑐𝑙

𝑙𝑒𝑞−

12

𝑓𝑐 (휀𝑐1(1 − 𝑏) + 𝑏𝑓𝑐

𝐸𝑐)]

2 (28)

휀𝑝𝑙 = 𝑏 × 휀𝑖𝑛 (29)

É relevante referir que a expressão apenas é válida em casos em que as variáveis conduzam a valores

positivos dentro dos parênteses rectos. Situações que não esta, conduzem a problemas de

instabilidade e consequente não convergência da solução. De forma a evitar tais problemas numéricos,

a malha de elementos finitos deverá respeitar a seguinte condição de dimensão:

𝑙𝑒𝑞 ≤

𝐺𝑐𝑙

𝑓𝑐 (휀𝑐1(1 − 𝑏) + 𝑏𝑓𝑐

𝐸𝑐)

(30)

Ainda relativamente à energia de esmagamento 𝐺𝑐𝑙, o pouco suporte experimental para a definição do

seu valor deve-se a Vonk [66]. Devido a este facto, a calibração do valor de 𝐺𝑐𝑙 é geralmente feita

através do ajuste da curva de tensão-deformação aos valores experimentais, quando existentes.

Em relação à formulação da relação constitutiva adoptada por Krätzig e Pölling [64] para a situação de

tensão, esta apresenta-se esquematizada na Figura 4.10 e encontra-se dividida em duas regiões de

carácter diferente:

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36

FIGURA 4.10 - RELAÇÃO CONSTITUTIVA DO BETÃO PARA TRCÇÃO UNIAXIAL ADOPTADA POR KRÄTZIG E PÖLLING

(ADAPTADO DE KRÄTZIG E PÖLLING [64], 2004)

• Região 1 - Região Elástica: Para valores inferiores ao da extensão associada ao surgimento

da primeira fenda, o comportamento é assumido linear.

• Região 2 - Região de Amolecimento: Região caracterizada por uma redução progressiva da

tensão com o aumento da extensão no elemento. Com base na literatura existente, a curva de tensão-

deformação nesta região assume uma forma linear ou exponencial. Krätzig e Pölling [64], no seu

trabalho, utilizam a seguinte formulação analítica:

𝜎𝑐(휀𝑐) = 𝑓𝑐𝑡 × 𝑒( 𝑡− 𝑐)/𝛾𝑡 (31)

Em que 𝛾𝑡 controla mais uma vez a área por debaixo da região 2 da curva dado que se encontra

relacionada com a energia de fractura específica 𝑔𝑡∗. Esta energia de fractura específica não é mais do

que a energia de fractura 𝐺𝐹 por unidade de volume. O parâmetro 𝛾𝑡 é calculado através de:

𝛾𝑡 =

𝐺𝐹

𝑙𝑒𝑞𝑓𝑐𝑡

−1

2

𝑓𝑐𝑡

𝐸𝑐

(32)

Tem-se novamente que, de forma a evitar problemas de instabilidade, Bažant e Oh [67] recomendam

não violar a seguinte condição:

𝑙𝑒𝑞 ≤

𝐺𝐹𝐸𝑐

𝑓𝑐𝑡2

(33)

Importa referir que, na ausência de dados experimentais que possibilitem a definição do valor da

energia de fractura, esta poderá ser calculada com base na expressão (24) indica anteriormente e

presente no Model Code 2010 [63].

4.3.3 Formulação de Birtel e Mark

Birtel e Mark [68], em 2006, apresentaram uma formulação constitutiva dirrecionada ao modelo de

betão do programa ABAQUS denominado Concrete Damaged Plasticity [69] . Esta formulação não só

Região 2 Região

1 Área correspondente à

Energia de Volume de

Fractura específica 𝒈𝒕∗

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37

tem em conta a influência da geometria do elemento testado [70], [71] como permite definir os danos

associados à plastificação do elemento.

A relação tensão-deformação para a situação de compressão consiste também em três regiões

distintas, tal como se descreve de seguida e se apresenta na Figura 4.11.

FIGURA 4.11 – RELAÇÃO CONSTITUTIVA DO BETÃO PARA COMPRESSÃO UNIAXIAL ADOPTADA POR BIRTEL E

MARK (BIRTEL E MARK [68], 2006)

• Região 1 - Região Elástica: Caracterizado pelo módulo de elasticidade e que se desenvolve

até à quebra do comportamento linear, mais precisamente a 40% do valor de tensão de pico (𝑓𝑐𝑚).

𝜎𝑐 = 𝐸𝑐휀𝑐 (34)

• Região 2 - Região de Endurecimento: Nesta região, compreendida entre a tensão de

cedência e de pico, a relação tensão-deformação assume um cariz não linear.

𝜎𝑐 =

𝐸𝑐𝑖휀𝑐

𝑓𝑐𝑚− (휀𝑐 휀𝑐1⁄ )2

1 + (𝐸𝑐𝑖휀𝑐1

𝑓𝑐𝑚− 2)

휀𝑐

휀𝑐1

𝑓𝑐𝑚

(35)

• Região 3 - Região de Amolecimento: Caracterizada por uma diminuição da tensão com o

aumento da extensão.

𝜎𝑐 = (

2 + 𝛾𝑐𝑓𝑐𝑚휀𝑐1

2𝑓𝑐𝑚

− 𝛾𝑐휀𝑐 +휀𝑐

2𝛾𝑐

2휀𝑐1

)

−1

(36)

𝛾𝑐 =

𝜋2𝑓𝑐𝑚휀𝑐

2 [𝐺𝑐𝑙

𝑙𝑒𝑞− 0,5𝑓𝑐𝑚 (휀𝑐(1 − 𝑏) + 𝑏

𝑓𝑐𝑚

𝐸𝑐)]

2 (37)

𝑏 =

휀𝑐𝑝𝑙

휀𝑐𝑖𝑛

(38)

Carregamento

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38

Para a situação de tracção, esquematizada na Figura 4.12, o comportamento é dividido em duas

relações distintas:

FIGURA 4.12 - RELAÇÃO CONSTITUTIVA DO BETÃO PARA TRACÇÃO UNIAXIAL ADOPTADA POR BIRTEL E MARK

(BIRTEL E MARK [68], 2006)

• Região 1 - Região Elástica: Desenvolve até ao valor de tensão 𝑓𝑐𝑡, associado à ocorrência

da primeira fenda no elemento.

• Região 2 - Região de Amolecimento: Decréscimo exponencial de tensão com o aumento da

deformação do elemento. A relação entre o valor de tensão de pico 𝑓𝑐𝑡 e o valor de tensão associado

a um valor de abertura de fenda compreendido entre zero e o valor de abertura crítico 𝑤𝑐 poderá ser

calculado através da expressão abaixo:

𝜎𝑡(𝑤)

𝑓𝑐𝑡

= [1 + (𝑐1𝑤 𝑤𝑐⁄ )3]𝑒−𝑐2

𝑤𝑤𝑐 −

𝑤

𝑤𝑐

(1 + 𝑐13)𝑒−𝑐2

(39)

Já o valor de abertura de fenda crítico 𝑤𝑐 pode ser calculado, de acordo com [72], por:

𝑤𝑐 = 5,14 𝐺𝐹 𝑓𝑐𝑡⁄ (40)

Em que 𝐺𝐹 representa a energia necessária para que a abertura de fenda crítica se desenvolva. Tal

como indicado atrás, o Model Code 2010 [63] indica a expressão (24) para o cálculo desta.

Torna-se importante referir, dado que a relação constitutiva para situações de tensão uniaxial é

geralmente apresentada graficamente por uma relação tensão-extensão, que um valor de extensão

situado após a ocorrência da primeira fenda é composto pelo valor de extensão de rotura somado da

extensão da própria fenda:

휀 = 휀𝑡 + 𝑤 𝑙𝑒𝑞⁄ (41)

Relativamente ao progressivo decréscimo de rigidez do elemento que ocorre tanto em situações de

compressão e tensão uniaxial devido a processos de plastificação do material estes podem ser

materializados numericamente por:

𝒇𝒄𝒕

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39

𝑑𝑐 = 1 − 𝑒(−𝑎𝑐 𝑐𝑖𝑛) (42)

𝑑𝑡 = 1 − 𝑒(−𝑎𝑡 𝑡𝑐𝑘)

(43)

Onde 𝑎𝑐 e 𝑎𝑡 são parâmetros de ajuste da curva aos dados experimentais. Este conceito é de extrema

importância em análises que envolvem ciclos de carga-descarga.

4.3.4 Modelo Constitutivo Adoptado

Tendo em vista o tipo de análise a realizar, foram adoptados os modelos de relação constitutiva

apresentado pelo Model Code 2010 [63] para situação de compressão uniaxial e uma adaptação do

apresentado por Krätzig e Pölling [64] e Birtel e Mark [68] para a situação de tensão uniaxial.

Relativamente ao modelo de curva de tensão-deformação para a situação de compressão, a escolha

pela formulação introduzida pelo Model Code 2010 [63] é justificada pela facilidade numérica que esta

concede sem, no entanto, pecar por simplista na descrição do comportamento real do betão. Salienta-

se também que o facto da não existência de dados experimentais relativos à curva de tensão-extensão

do betão sob compressão uniaxial terem impossibilitado a adopção dos modelos apresentados por

Krätzig e Pölling [64] e Birtel e Mark [68]. Sem informação experimental torna-se inviável a calibração

dos parâmetros de ajuste da curva.

Desta forma, e com base na expressão (19) e nos valores das características mecânicas associadas

à classe de betão C35/45 que se apresentam na Tabela 4.4 e se encontram referenciadas em [62],

apresenta-se na Figura 4.13 a curva de tensão-extensão para a situação de compressão uniaxial.

TABELA 4.4 – VALORES DAS CARACTERÍSTICAS MECÂNICAS DA CLASSE DE BETÃO C35/45 (EN 1992-1-1 [62],

2004)

𝑓𝑐𝑘 (𝑀𝑃𝑎) 35

𝑓𝑐𝑚 (𝑀𝑃𝑎) 43

𝑓𝑐𝑡𝑚 (𝑀𝑃𝑎) 3,2

𝐸𝑐𝑚 (𝐺𝑃𝑎) 34

휀𝑐 (‰) 2,2

휀𝑐𝑢 (‰) 3,5

휀𝑡 (‰) 0,09

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40

FIGURA 4.13 – RELAÇÃO CONSTITUTIVA DO BETÃO PARA COMPRESSÃO UNIAXIAL ADOPTADA

No que toca ao modelo de relação constitutiva para a situação de tensão uniaxial, foi adoptado uma

configuração exponencial pós pico idêntica às apresentadas por Krätzig e Pölling [64] e Birtel e Mark

[68]. A relação tensão-extensão possui assim duas regiões diferentes: uma primeira de carácter linear

até ser atingido a extensão crítica e uma segunda com decréscimo exponencial a tender para valores

nulos de tensão a cerca de 8 a 10 vezes a extensão crítica. Apresenta-se na Figura 4.14 a configuração

da relação para o betão de classe C35/45.

FIGURA 4.14 – RELAÇÃO CONSTITUTIVA DO BETÃO PARA TRACÇÃO UNIAXIAL ADOPTADA

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

0 0,0005 0,001 0,0015 0,002 0,0025 0,003 0,0035 0,004

σ[M

Pa]

ε

Relação Tensão-Extensão para Compressão Uniaxial

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

0 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,001 0,0012 0,0014 0,0016

σ[M

Pa]

ε

Relação Tensão-Extensão para Tensão Uniaxial

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41

4.3.5 Taxa de Deformação

Quando sujeitos a níveis da velocidade de deformação elevados, o betão e o aço exibem um aumento

da sua rigidez. Este acréscimo de rigidez é considerado através de um factor de incremento dinâmico,

que representa a razão entre a rigidez dinâmica e a rigidez estática. Observou-se experimentalmente

que quanto mais rápida for a variação de deformação, maior o aumento de rigidez tanto do betão como

do aço. De forma a ser possível calcular os valores dos factores de incremento dinâmico, é necessário

conhecer de taxa de deformação imposta por um impacto de um veículo numa barreira de segurança

de betão armado. Estima-se que o impacto de um veículo num elemento não excede uma taxa de

deformação da ordem dos 10 𝑠−1 [73].

Existem inúmeros estudos que suportam a definição desde factor em função da variação temporal da

deformação. As figuras

Figura 4.15 e Figura 4.16, presentes no trabalho de Guner e Vechhio [74] introduzem várias relações

entre o factor dinâmico e a taxa de deformação para o betão sob compressão e para o aço sob tracção,

respectivamente.

Figura 4.15 – Relação entre taxa de deformação e respectivo factor dinâmico para o betão C30/37 sob

compressão (Adapatado de Guner e Vecchio [74], 2011)

Taxa de Deformação (𝒔−𝟏)

Factor Dinâmico

Compressão de Pico

(𝒇′𝒄) 𝒇𝒄𝒎 = 𝟑𝟎 𝑴𝑷𝒂

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42

FIGURA 4.16 – RELAÇÃO ENTRE TAXA DE DEFORMAÇÃO E RESPECTIVO FACTOR DINÂMICO PARA AÇO A400 SOB

TRACÇÃO (ADAPTADO DE GUNER E VECCHIO [74], 2011)

Acima são apresentadas várias relações desenvolvidas que relacionam taxa de deformabilidade com

o factor de incremento dinâmico a considerar, tanto para o betão como para o aço. No caso do betão,

as relações apresentadas dizem respeito aos factores de incremento dinâmico a aplicar à tensão de

pico à compressão. Já relativamente ao aço, apresentam-se as relações obtidas empiricamente para

o acréscimo de tensão de cedência do aço. O facto de apenas se apresentarem as relações relativas

a tensões de cedência e não de rotura deve-se ao facto de as últimas não revelarem grandes

diferenças entre os vários ensaios experimentais apresentados.

No presente trabalho, foi considerado a definição proposta pelo Model Code 2010 [63] para o betão

dado ser a mais recentemente desenvolvida e amplamente aceite. Tem-se, desta forma, que para o

betão sujeito à acção dinâmica que se propõem simular neste trabalho e para a situação de

compressão, a força de pico característica do betão é dada por:

𝑓𝑐,𝑖𝑚𝑝,𝑘 𝑓𝑐𝑚⁄ = (휀�̇� 휀�̇�0⁄ )0,014 (44)

Em que 𝑓𝑐,𝑖𝑚𝑝,𝑘 representa a compressão característica de pico para a situação de impacto, 𝑓𝑐𝑚 a

compressão média de pico para a situação estática, 휀�̇� a taxa de deformação para a situação de

impacto e 휀�̇�0 a taxa de deformação estática, cujo valor é de 휀�̇�0 = 30 × 10−6 𝑠−1. De salientar que esta

expressão é válida para valores de taxa de deformação iguais ou inferiores a 30 𝑠−1, enquadrando-se

assim no tipo de impacto que se pretende modelar.

Relativamente à situação de tracção do betão, a seguinte expressão de cálculo da tracção de impacto

de pico é apresentada:

𝑓𝑐𝑡,𝑖𝑚𝑝,𝑘 𝑓𝑐𝑡𝑚 = (휀�̇� 휀�̇�0⁄ )0,018⁄ (45)

Onde 𝑓𝑐𝑡,𝑖𝑚𝑝,𝑘 indica a tracção característica de pico para a situação de impacto, 𝑓𝑐𝑡𝑚 a tracção média

de pico para a situação estática, 휀�̇� a taxa de deformação para a situação de impacto e 휀�̇�0 a taxa de

Taxa de Deformação (𝒔−𝟏)

Factor Dinâmico

Tracção de Pico

(𝒇𝒚)

𝒇𝒚 = 𝟒𝟎𝟎 𝑴𝑷𝒂

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43

deformação estática, cujo valor é de 휀�̇�0 = 1 × 10−6𝑠−1. Esta expressão é aplicável para valores de taxa

de deformação iguais ou inferiores a 10 𝑠−1, sendo assim aplicável à presente situação.

O Model Code 2010 [63] indica ainda, tanto para o caso de compressão como de tracção, um aumento

da extensão de pico para fenómenos de carregamento dinâmico. Este aumento é materializado pela

seguinte expressão:

휀𝑐,𝑖𝑚𝑝 휀𝑐⁄ = (휀�̇� 휀�̇�0⁄ )0,02 (46)

Onde 휀𝑐1,𝑖𝑚𝑝 e 휀𝑐1 representam as extensões de pico, respectivamente para a situação dinâmica e

estática. A variável 휀�̇� refere-se à taxa de deformação dinâmico e 휀�̇�0 à taxa de deformação estático,

tomando a segunda os valores de 30 × 10−6 𝑠−1 e 1 × 10−6𝑠−1, respectivamente para compressão e

tracção.

Por último, o Model Code 2010 [63] aborda também a influência da taxa de deformação no módulo de

elasticidade do betão, introduzindo a seguinte relação:

𝐸𝑐,𝑖𝑚𝑝 𝐸𝑐𝑖⁄ = (휀�̇� 휀�̇�0⁄ )0,026 (47)

Onde 𝐸𝑐,𝑖𝑚𝑝 e 𝐸𝑐𝑖 representam os módulos de elasticidade para o caso dinâmico e estático,

respectivamente. As restantes variáveis assumem o mesmo papel que na equação (57) e 휀�̇�0 toma os

mesmos valores definidos nesta equação para casos de compressão ou tracção.

Apresenta-se assim, na Tabela 4.5, o resumo das variáveis necessárias à caracterização do betão

afectadas pelo factor dinâmico.

TABELA 4.5 - VALORES DAS CARACTERÍSTICAS MECÂNICAS DA CLASSE DE BETÃO C35/45 AFECTADOS DO

FACTOR DINÂMICO

Betão C35/45 sob Compressão Uniaxial

𝒇𝒄 [MPa] 47.7

𝜺𝒄 0.0026

𝑬𝒄 [MPa] 42434

Betão C35/45 sob Tracção Uniaxial

𝒇𝒄𝒕 [MPa] 3.8

𝜺𝒄𝒕 0.00011

𝑬𝒄 [MPa] 44620

As figuras Figura 4.17 e Figura 4.18 ilustram as relações constitutivas do betão para a situação de

compressão e tracção uniaxial já afectadas pelo factor dinâmico em comparação com as relações

constitutivas para situações de carregamento estático. Estas curvas foram obtidas com base nos

valores apresentados na Tabela 4.5 e através da aplicação da formulação apresentada no Model Code

2010 [63] e introduzida pela equação (19).

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44

FIGURA 4.17 – COMPARAÇÃO ENTRE RELAÇÕES CONSTITUTIVAS PARA COMPRESSÃO UNIAXIAL SEM E COM

AFECTAÇÃO DE FACTOR DINÂMICO.

FIGURA 4.18 – COMPARAÇÃO ENTRE RELAÇÕES CONSTITUTIVAS PARA TRACÇÃO UNIAXIAL SEM E COM

AFECTAÇÃO DE FACTOR DINÂMICO

Já para o aço, a consideração do factor dinâmico para as armaduras foi feita com base no trabalho

desenvolvido por L. Javier Malvar e John E. Crawford [75], dado o documento [76] para o qual o Model

Code 2010 [63] remete não apresentar informação conclusiva. Neste trabalho, o factor dinâmico a

aplicar à tensão de cedência e de rotura do aço é dado pela seguinte expressão:

𝐹𝑎𝑐𝑡𝑜𝑟 𝐷𝑖𝑛â𝑚𝑖𝑐𝑜 = (

휀�̇�

10−4)

𝛼

(48)

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

0 0,001 0,002 0,003 0,004

σ[M

Pa]

ε

Relações Constitutivas para Betão sob Compressão Uniaxial sem e com Factor Dinâmico

RelaçãoConstitutiva s/FactorDinâmico

RelaçãoConstitutiva c/FactorDinâmico

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

0 0,0005 0,001 0,0015 0,002 0,0025 0,003 0,0035

σ[M

Pa]

ε

Relações Constitutivas para o Betão sob Tracção Uniaxial sem e com Factor Dinâmico

RelaçãoConstitutivas/ FactorDinâmico

RelaçãoConstitutivac/ FactorDinâmico

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45

Onde 𝛼 é dado, respectivamente para a tensão de cedência e para a tensão de rotura, por:

𝛼𝑓𝑦 = 0,074 − 0,040 ×

𝑓𝑦

60

(49)

𝛼𝑓𝑢 = 0,019 − 0,009 ×

𝑓𝑦

60

(50)

A variável 휀̇ representa a taxa de deformação do aço, enquanto que 𝑓𝑦 está associada a tensão de

cedência do aço em questão. A Tabela 4.6 sumariza as variáveis essenciais à caracterização do

comportamento do aço sob a acção dinâmico, enquanto que a Figura 4.19 ilustra as representações

do comportamento para o caso dinâmico e para o caso estático.

TABELA 4.6 - VALORES DAS CARACTERÍSTICAS MECÂNICAS DO AÇO A500 NRSD AFECTADOS PELO FACTOR

DINÂMICO

Aço A500 NRSD

𝒇𝒚 [MPa] 543

𝒇𝒖 [MPa] 597

FIGURA 4.19 – COMPARAÇÃO ENTRE RELAÇÕES CONSTITUTIVAS PARA O AÇO A500 NRSD COM E SEM

AFECTAÇÃO DE FACTOR DINÂMICO

0

100

200

300

400

500

600

700

0 0,02 0,04 0,06 0,08

σ(M

Pa)

ε

Relações Constitutivas para o Aço com e sem Factor Dinâmico

RelaçãoConstitutivasem DIF

RelaçãoConstitutivacom DIF

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46

Chama-se a atenção para o facto de se ter aplicado à tensão de rotura o mesmo factor dinâmico

calculado para a tensão de cedência. Isto deve-se ao facto de não se atingirem, através da simulação,

valores de extensão de rotura no aço e, por isto, não se conhecer o nível de taxa de deformação. A

taxa de deformação utilizada no cálculo do factor dinâmico a aplicar à tensão de rotura foi, assim, a

que se verifica para a extensão de cedência. O cálculo do 𝛼 foi feito através da mesma expressão que

a usada na tensão de cedência, dado que para o valor de taxa de deformação utilizado, a expressão

do 𝛼 referente à tensão de rotura conduzia a um valor menor de tensão que no caso estático.

4.4 Modelação da Barreira de Segurança e Tabuleiro

Neste capítulo pretende-se descrever a barreira de segurança considerada em termos de geometria,

disposição de armaduras e ligação ao tabuleiro. Esta análise é essencial a uma correcta modelação

do sistema no programa ABAQUS no que toca ao seu comportamento e condições de fronteira.

Descreve-se também a malha utilizada e o tipo de elementos finitos utilizados.

4.4.1 Descrição do Sistema

Pretende-se modelar uma secção de um viaduto no programa ABAQUS de forma a simular o impacto

de um veículo na barreira de segurança e analisar os efeitos estruturais que desta situação advêm. Na

Figura 4.20 encontra-se representado um corte referente ao perfil da zona em consola do tabuleiro e

barreira de segurança do viaduto que serve de base à análise em questão.

FIGURA 4.20 – CORTE REPRESENTATIVO DO TABULEIRO E BARREIRA DE SEGURANÇA (AUTOCAD)

Tanto o tabuleiro como a barreira de segurança foram modelados com betão C35/45. A barreira de

segurança utilizada é do tipo New Jersey. Optou-se por simplificar o modelo reduzindo a sua secção

apenas a metade visto que se pretende localizar e estudar os danos na barreira de segurança e na

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47

metade do tabuleiro onde esta se localiza. A Figura 4.21 apresenta a pormenorização de armaduras

do tabuleiro do viaduto e da barreira de segurança.

FIGURA 4.21 – PORMENORIZAÇÃO DE ARMADURAS DO TABULEIRO E DA BARREIRA DE SEGURANÇA

É importante referir, tal como é evidente pela observação da pormenorização de armaduras acima,

que a barreira de segurança se encontra monoliticamente ligada à laje em consola do tabuleiro.

Tendo em conta que se tem como objectivo estudar o comportamente da barreira de segurança devido

ao impacto de um veículo, apenas se justificou modelar a zona em consola do tabuleiro. Relativamente

ao comprimento do segmento a considerar, decidiu-se por um comprimento de 12 metros.

4.4.2 Condições de Fronteira

Relativamente às condições de fronteira adoptadas no modelo, apenas foi preciso ter em consideração

as faces criadas devido à simplificação geométrica do modelo. Estas duas faces, localizadas na ligação

à viga do tabuleiro, encontram-se identificadas na

Figura 4.22.

T

Figura 4.22 – Localização das faces criadas por redução do modelo de análise (ABAQUS)

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48

Foi admitido o encastramento destas duas faces na zona de ligação, simulando-se assim um

comportamento do modelo à acção dinâmica bastante próximo do real. A Figura 4.23 ilustra as

condições de fronteira consideradas nas duas faces descritas.

FIGURA 4.23 – ENCASTRAMENTOS CONSIDERADOS POR RAZÕES DE SIMETRIA E SIMPLIFICAÇÃO DO SISTEMA

(ABAQUS)

4.4.3 Malha e Elementos Finitos

Dado a elevada variação local de tensões e extensões associada a fenómenos dinâmicos, a dimensão

da malha de elementos finitos toma um papel muito relevante na qualidade dos resultados obtidos.

Desta forma, foi necessário adoptar uma discretização bastante fina de forma a possibilitar a precisão

necessária aos resultados a analisar. Foi assim adoptada uma malha geral de elementos cúbicos com

100 milímetros de lado. Porém, devido a problemas de compatibilidade da dimensão da malha geral

com as dimensões das partições de área de carregamento consideradas e a dimensões da barreira de

segurança que necessitavam uma malha mais fina, foi necessário refinar a malha em determinadas

dimensões do modelo. A espessura da barreira foi uma das dimensões que exigiu um refinamento da

malha, de modo a introduzir um maior número de pontos de integração e consequentemente uma

maior precisão nos resultados a obter. Definiu-se, assim, uma dimensão dos elementos finitos de 50

milímetros ao longo da espessura da barreira de segurança. Pela mesma razão, foi definida uma

dimensão dos elementos finitos também de 50 milímetros na face interior vertical da barreira ao longo

da sua menor dimensão. Já na zona da barreira onde se dá a aplicação da força de impacto a malha

foi também refinada nas duas direcções complanares a estas para uma dimensão de 50 milímetros.

Por último, por motivos de regularidade da malha, a parcela do tabuleiro que se encontra adjacente a

extensão de refinamento da malha na barreira de segurança, foi também refinada na sua direcção

longitudinal para 50 milímetros. Na Figura 4.24 encontram-se discriminadas a dimensão da malha de

elementos finitos para cada uma das arestas do modelo.

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49

FIGURA 4.24 – MALHA DE ELEMENTOS FINITOS UTILIZADA NAS ANÁLISES A REALIZAR E LOCALIZAÇÃO DOS

REFINAMENTOS LOCAIS CONSIDERADOS (ABAQUS)

Tem-se assim que as dimensões indicadas a vermelho na figura anterior representam as dimensões

onde foi refinada a malha para 50 milímetros, possuindo as restantes um dimensão de 100 milímetros.

Relativamente às armaduras, estas foram divididas em segmentos de 100 milímetros.

No que diz respeito ao tipo de elementos finitos utilizados na criação da malha, foram utilizados os

elementos C3D8R e B31 na malha de betão e na discretização das armaduras, respectivamente. O

primeiro é um elemento contínuo (C), tridimensional (3D), com oito nós (8) e com integração reduzida

(R). A Figura 4.25 representa uma esquematização do elemento C3D8R.

FIGURA 4.25 – ELEMENTO FINITO C3D8R UTILIZADO NA MODELAÇÃO DO BETÃO EM ABAQUS

A grande particularidade deste elemento está relacionada com a metodologia de integração utilizada,

que é realizada exclusivamente para um nó localizado no centro geométrico do elemento. Esta

característica, denominada usualmente por integração reduzida, permite poupar bastante tempo de

cálculo quando comparada com as comuns integrações quadráticas de Gauss. Porém, de forma a que

a implementação deste tipo de elemento na construção da malha conduza a resultados realistas, é

necessário que a malha seja suficientemente fina. Quanto a graus de liberdade por nó, este elemento

possui apenas três graus de liberdade de translacção por cada nó. Já no caso das armaduras, foi

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utilizado o elemento B31. Este elemento de dois nós do tipo viga (B), tridimensional (3) e com uma

integração de primeira ordem (1). A Figura 4.26 ilustra o elemento em questão.

FIGURA 4.26 – ELEMENTO FINITO B31 UTILIZADO NA MODELAÇÃO DO AÇO EM ABAQUS

Por último, a tabela Tabela 4.7 faz o resumo dos totais do número de elementos e graus de liberdade

respectivos para a malha e elementos utilizados.

TABELA 4.7 - TOTAL DO NÚMERO DE ELEMENTOS FINITOS, NÚMERO DE NÓS E NÚMERO DE GRAUS DE LIBERDADE

DO SISTEMA

Total

Número de Elementos 52201

Número de Nós 98559

Número de Variáveis 239583

4.4.4 Considerações Numéricas

Dado o cariz dinâmico associado ao problema que se pretende estudar, foi escolhido como programa

de cálculo automático o ABAQUS [69]. Este permite ao utilizador realizar uma análise dinâmica

recorrendo a duas técnicas de integração distintas: integração implícita e integração explícita. A

integração implícita, fornecida pelo ABAQUS/Standard, é executada através do uso de operadores

implícitos na integração da equação do movimento. Já a integração explícita, presente no

ABAQUS/Explicit, faz uso do operador de diferença central. Tendo em conta que a segunda não exige

a inversão de matrizes na sua resolução, optou-se por uma análise dinâmica explícita por questões de

dimensão do problema e o curto período de acção desta.

É, porém, importante salientar a maior instabilidade de soluções obtidas através de integrações

explícitas. Dado que neste tipo de integração o cálculo da velocidade e deslocamente é feito admitindo

como valor de aceleração o obtido no passo anterior, torna-se relevante a dimensão do incremento

temporal a usar ao longo da integração. Desta forma, foi admitido um incremento máximo de tempo

para a análise de 0,01 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜𝑠, face aos 0,2 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜𝑠 de duração da simulação e tendo em conta

as considerações apresentadas sobre estabilidade númerica no manual do ABAQUS [69].

Por último, salienta-se o facto de se ter mantido como valores de amortecimento viscoso os valores

admitidos por defeito pelo ABAQUS para o betão e de se ter considerada o aço envolvido pelo betão

e aderente a este.

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51

5. Capítulo 5 Resultados e Análise de Resultados

No presente capítulo apresentam-se os resultados referentes à análise da taxa de carregamento

dinâmico, consideração do factor dinâmico e análise de Estado Limite Serviço e Estado Limite Último.

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52

5.1 Taxa de Carregamento Dinâmico

Dada a escassa informação disponível em termos de evolução da força de impacto ao longo do

processo de colisão de um veículo com uma barreira de segurança, este capítulo surge com o objectivo

de avaliar os efeitos que diferentes considerações de modelação da carga de impacto no ABAQUS

têm ao nível do comportamento mecânico do sistema. Desta forma, pretende-se simular diferentes

evoluções da carga de impacto de forma a perceber a influência que factores como o nível de taxa de

carregamento têm na resposta do sistema. Foram assim definidas quatro situações distintas de

evolução da carga de impacto.

Os três primeiros casos têm um carácter dinâmico, dado que o pico da força de impacto é atingido

dentro da primeira fase do processo de colisão, cuja duração temporal é de 0,2 segundos. O quarto

caso têm carácter estático, dado que se pretende simular a aplicação estática da força de impacto de

pico. Desta forma tem-se que as forças de impacto de pico são atingidas em 0,01, 0,085, 0,2 e 1

segundos para os casos 1, 2, 3 e 4, respectivamente. A Figura 5.1 apresenta a evolução da força de

impacto em função do tempo para as várias situações analisadas.

FIGURA 5.1 – EVOLUÇÃO DO VALOR DE FORÇA DE IMPACTO PARA OS QUATRO CASOS EM ANÁLISE

Os respectivos valores de carga distribuida e de área de carregamento para cada um dos quatro casos

estudados são apresentados no Anexo B.

Todas as representações gráficas de extensões totais principais máximas analisadas de seguida são

referentes ao alinhamento apresentado na Figura 5.2. Já as que dizem respeito a extensões totais

principais mínimas são referentes a um alinhamento presente no mesmo plano vertical que o

alinhamento anterior mas localizado na superfície inferior do tabuleiro.

0

50000

100000

150000

200000

250000

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1

F [N

]

t [s]

Evolução da Força de Impacto

Caso 1

Caso 2

Caso 3

Caso 4

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53

FIGURA 5.2 – LOCALIZAÇÃO DO ALINHAMENTO CONSIDERADO NA ANÁLISE DOS DESLOCAMENTOS VERTICAIS E

EXTENSÕES TOTAIS PRINCIPAIS MÁXIMAS E MÍNIMAS (ABAQUS)

5.1.1 Deslocamento Vertical

Na presente secção é analisada a influência da taxa de evolução da carga no deslocamento vertical

da estrutura. A Figura 5.3 reúne os resultados referentes ao deslocamento vertical ao longo do

alinhamento considerado para os quatro casos analisados. Importante refeir que os valores de

deslocamento vertical são os obtidos para o instante final de cada uma das simulações. Tem-se assim

que para os casos 1, 2 e 3, os deslocamentos verticais são os calculados para instante temporal 𝑡 =

0,2 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜𝑠, enquanto que para o caso 4 são referentes ao instante temporal 𝑡 = 1 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜𝑠.

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54

FIGURA 5.3 – VALORES DE DESLOCAMENTO VERTICAL PARA OS QUATRO CASOS EM ESTUDO E PARA O INSTANTE

FINAL DE CADA UMA DAS SIMULAÇÕES

Da análise dos resultados obtidos pelo ABAQUS, é evidente a influência que a taxa de carregamento

tem no deslocamento vertical. Caso comparemos os casos 1 e 4, em que o primeiro representa uma

elevada taxa de carregamento e o segundo uma aplicação estática da carga, conclui-se que o efeito

dinâmico leva a um aumento de 1124,9 % . Comparativamente com o caso 3, observou-se um

crescimento de 50,2 e 242,2 % na extremidade do alinhamento para os casos 2 e 1, respectivamente.

A Figura 5.4 descreve a evolução do deslocamento vertical para o nó extremo do alinhamento ao longo

do tempo. Os três primeiros casos têm a duração de 0,2 segundos, enquanto que o quarto caso tem a

duração de 1 segundo de forma a que seja possível simular uma aplicação estática do carregamento.

FIGURA 5.4 – DESLOCAMENTO VERTICAL DO NÓ EXTREMO PARA OS QUATRO CASOS ESTUDADOS E AO LONGO

DO TEMPO DE SIMULAÇÃO DE CADA UM DOS CASOS

Os três casos de aplicação dinâmica do carregamento apresentam oscilações no crescimento do

deslocamento vertical para o ponto considerado. Isto deve-se ao facto de se terrem considerado cinco

-18

-16

-14

-12

-10

-8

-6

-4

-2

0

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3

Uz

[mm

]

x [m]

Deslocamento Vertical

Caso 1

Caso 2

Caso 3

Caso 4

-18

-16

-14

-12

-10

-8

-6

-4

-2

0

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1

Uz

[mm

]

t [s]

Deslocamento Vertical no Nó Extremo

Caso 1

Caso 2

Caso 3

Caso 4

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áreas de carregamento diferentes de forma a simular o crescimento da área de contacto entre o veículo

e a barreira de segurança durante o impacto. Desta forma, os decréscimos de deslocamento vertical

verificados nestes três casos ao longo do tempo são justificados pela aumento instantâneo da área de

carregamento. Esta situação leva a que existam, de facto, situações de descarga-carga no histórico

temporal de carregamento. No entanto, esta inevitabilidade de modelação não afecta os resultados

finais.

5.1.2 Extensões Totais Máximas Principais no Betão

De seguida apresentam-se na Figura 5.5 os mapas de extensões totais principais máxima e mínima

das simulações realizadas em ABAQUS para o caso 4. A análise das extensões totais principais

permite perceber a dimensão de danos devidos ao impacto. Posto isto, limitou-se o mapa de extensões

principais máximas na sua escala a 휀𝑐𝑡 = 0,00009, dado ser este o valor associado à ocorrência de

fendas no betão sob tracção uniaxial. Já relativamente ao mapa de extensões principais mínimas, a

sua escala foi limitada a 휀𝑐 = −0,0022 visto ser este o valor de extensão associado ao início do

esmagamento do betão sob compressão. O mapas de extensões totais principais máxima e mínima

relativos aos três restantes casos são apresentados no Anexo B.

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56

FIGURA 5.5 – MAPAS DE EXTENSÕES TOTAIS PRINCIPAIS MÁXIMAS REFERENTE AO CASO 1 PARA O INSTANTE

TEMPORAL FINAL DA SIMULAÇÃO (ABAQUS)

Através do mapas de extensão obtidos através das simulações realizadas em ABAQUS é possível

perceber que a taxa de variação do carregamento é um factor com grande influência na análise não

linear de um estrutura. Observa-se que existe um aumento considerável dos danos à medida que a

força de impacto de pico é atingida num menor intervalo temporal, demonstrando assim a amplificação

que o carácter dinâmico tem nos danos estruturais de uma estrutura. Desta forma, é perceptível que o

caso 1 é aquele que apresenta maiores danos tanto ao nível da barreira de segurança como do

tabuleiro. Já o caso 2 apresenta danos consideráveis tanto na barreira como no tabuleiro, mas de

menor extensão que no caso 1.

O caso 3, embora não apresente uma grande extensão de danos da barreira de segurança, apresenta-

os na superfície superior do tabuleiro. Embora nesta situação a fendilhação na barreira de segurança

seja muito reduzida, esta apresenta danos na face vertical que faz a ligação ao tabuleiro.

Por último, o caso 4 encontra-se ainda em resposta elástica, pelo que não possui qualquer tipo de

dano ao nível do betão.

Procedeu-se, de seguida, à análise das extensões totais principais mínimas. A Figura 5.6 apresenta

os respectivos mapas de extensões para o caso 1.

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57

FIGURA 5.6 - MAPAS DE EXTENSÕES TOTAIS PRINCIPAIS MÍNIMAS REFERENTE AO CASO 1 PARA O INSTANTE

TEMPORAL FINAL DA SIMULAÇÃO (ABAQUS)

Através da análise dos mapas de extensões principais mínimas, é automaticamente perceptível que

apenas o caso 1 apresenta danos por esmagamento do betão, de pequena extensão e localizados no

tardoz da barreira de segurança. Tem-se assim que, para todos os casos ponderados, o dano existente

na barreira de segurança e no tabuleiro são essencialmente devidos a tensões de tracção no betão.

Foi ainda comparada a evolução das extensões ao longo do viaduto. As figuras Figura 5.7 e Figura 5.8

fazem a comparação dos valores de extensões totais principais máximas e mínimas, respectivamente

para o alinhamento superior e inferior do tabuleiro, ao longo do tabuleiro para os quatro casos em

estudo. De salientar que na Figura 5.7, referente aos valores de extensão principal máxima, o eixo das

ordenadas possui uma escala logarítmica para permitir uma melhor visualização dos dados.

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58

FIGURA 5.7 – VALORES DE EXTENSÃO TOTAL PRINCIPAL MÁXIMA AO LONGO DO ALINHAMENTO CONSIDERADO

PARA OS QUATRO CASOS EM ESTUDO E PARA O INSTANTE FINAL DE CADA SIMULAÇÃO

Tal como perceptível através dos mapas de extensões anteriormente apresentados, o caso 1 é aquele

que apresenta a propagação de danos a zonas mais afastadas da barreira de segurança, iniciando-se

a fendilhação a 1,8 metros da barreira. Para os casos 2 e 3, esta apenas se inicia a 1,6 e 0,3 metros

da barreira, respectivamente. Já o caso 4, não apresenta qualquer tipo de danos. Conclui-se que à

medida que o pico de carga de impacto é atingido cada vez mais cedo, os danos extendem-se a zonas

cada vez mais afastadas da barreira. Este facto deve-se à rapidez com que o pico da força é atingido,

levando a que os elementos de betão mais próximos não tenham capacidade de absorver a taxa de

deformação imposta pelo carregamento e a onda de choque provocada por este se extenda a

elementos mais distantes.

FIGURA 5.8 - VALORES DE EXTENSÃO TOTAL PRINCIPAL MÍNIMA AO LONGO DO ALINHAMENTO CONSIDERADO

PARA OS QUATRO CASOS EM ESTUDO E PARA O INSTANTE FINAL DE CADA SIMULAÇÃO

0,000010

0,000100

0,001000

0,010000

0,100000

1,000000

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0

ε c

x [m]

Extensão Total Principal Máxima ao longo do Alinhamento Caso 1

Caso 2

Caso 3

Caso 4

Extensão deFendilhação

-2,50E-03

-2,00E-03

-1,50E-03

-1,00E-03

-5,00E-04

0,00E+00

0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00

ε ct

x [m]

Extensão Total Principal Mínima ao longo do alinhamento

Caso 1

Caso 2

Caso 3

Caso 4

Extensão deEsmagamento

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59

Tal como ilustrado na

Figura 5.8, todos os casos apresentam extensões de encurtamento inferiores à extensão de

esmagamento em todo o alinhamento. Significa isto que o betão da superfície inferior do tabuleiro ao

longo do alinhamento considerado não se encontra fracturado por esmagamento.

5.1.3 Extensões Totais Máximas Principais no Aço

Neste secção pretende-se analisar a resposta das armaduras aos três casos de carregamento

considerados, mais especificamente perceber se existem armaduras em fase de cedência. Tendo em

conta a relação constitutiva apresentada anteriormente sabe-se que armaduras com valores de

extensão total principal máxima igual ou superior a 휀𝑐𝑡 = 0,0024 se encontram necessariamente em

regime elasto-plástico. Por isto, foram retirados os valores de extensão total principal máxima a que as

armaduras do elemento se encontram sujeitas para o final da fase de impacto, mais especificamente

para 𝑡 = 0,2 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜𝑠.

A Figura 5.9 apresenta o mapa das extensões totais principais máximas presentes na armadura para

o caso 1.

FIGURA 5.9 – MAPA DE EXTENSÕES TOTAIS PRINCIPAIS MÁXIMAS NO AÇO REFERENTE AO CASO 1 PARA O

INSTANTE TEMPORAL FINAL DA SIMULAÇÃO (ABAQUS [69])

O caso 1 é o que apresenta maiores valores de extensões totais principais máximas nas armaduras,

dado que é este que é caracterizado por uma maior amplificação dinâmica da estrutura dada o curto

período de tempo em que é atingida a força de impacto de pico. No entanto, mesmo esta situação não

apresenta praticamente nenhuma armadura em fase de cedência. Apenas para dois segmentos de

armadura localizados abaixo da barreira de segurança se verificou uma extensão total principal máxima

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superior a 휀𝑠 = 0,0024. Tendo em conta este facto, omitem-se os mapas de extensões totais principais

máximas para os restantes casos dado que a totalidade das suas armaduras se encontram em regime

elástico.

Tal como se concluiu no capítulo anterior, o aumento do carácter dinâmico da acção leva à solicitação

de elementos do modelo mais afastados do zona de aplicação do carregamento. Este aspecto é

bastante notório se se compararem os mapas de extensões totais principais máximas nas armaduras

para os casos 1 e 2. A Figura 5.10 apresenta o mapa de extensões totais principais máximas para as

armaduras no caso 2.

FIGURA 5.10 – MAPA DE EXTENSÕES TOTAIS PRINCIPAIS MÁXIMAS NO AÇO REFERENTE AO CASO 2 PARA O

INSTANTE TEMPORAL FINAL DA SIMULAÇÃO (ABAQUS [69])

Enquanto que as armaduras mais solicitadas em termos de tensões, no caso 2, se encontram junto da

zona de impacto, no caso 1 existe uma maior percentagem de armaduras solicitadas afastadas da

barreira de segurança.

Chama-se também a atenção para o mapa de extensões totais principais máximas do caso 1, onde é

perfeitamente visível a degradação das tensões na zona do tabuleiro. Esta toma uma forma de leque

junto da zona de impacto, transformando-se, aproximadamente a meio vão do tabuleiro, numa faixa

longitudinal onde as extensões se uniformizam.

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61

5.2 Efeito do Factor Dinâmico

Pretende-se avaliar o efeito da consideração do acréscimo de resistência do betão e do aço que advém

das características dinâmicas da acção em causa, efeito esse introduzido e aprofundado no

subcapítulo Taxa de Deformação do Capítulo 4. Por esta razão, procedeu-se ao confronto dos

resultados de duas modelações idênticas em termos de carregamento, sendo que numa é considerado

o acréscimo de resistência do betão e do aço devido ao nível de taxa de deformação provocado pelo

carregamento. São assim, numa primeira fase, comparados os deslocamentos verticais retirados da

simulação destes modelos. Prossegue-se depois à análise das extensões totais principais máximas ao

longo do tabuleiro com o intuito de perceber a dimensão dos danos. O modelo de base considerado

para fazer o estudo do efeito mecânico da taxa de deformação foi o modelo referente ao caso 1.

5.2.1 Deslocamento Vertical

Neste secção é feita a comparação dos deslocamentos verticais para os dois modelos simulados.

Pretende-se, através desta, perceber como se traduz o efeito que o acréscimo de resistência para o

betão e o aço devido à acção dinâmica, nos deslocamentos da estrutura. Foram assim, em primeiro

lugar, analisados os valores de deslocamento vertical para o mesmo alinhamento apresentado na

Figura 5.2. A Figura 5.11 apresenta os resultados referentes ao deslocamento vertical ao longo do

alinhamento tanto para a situação com e sem consideração do factor dinâmico no comportamento dos

materiais.

FIGURA 5.11 – COMPARAÇÃO ENTRE VALORES DE DESLOCAMENTO VERTICAL DECORRENTES DO CASO 1 COM

E SEM CONSIDERAÇÃO DO FACTOR DINÂMICO, AO LONGO DO ALINHAMENTO CONSIDERADO E PARA O INSTANTE

TEMPORAL FINAL DA SIMULAÇÃO

Tal como esperado, o acréscimo de resistência do betão e do aço traduz-se numa redução dos

deslocamento para o mesmo carregamento. O valor de deslocamento para o ponto mais afastado do

encastramento do modelo, e consequemente aquele que apresenta maior valor de deslocamento

vertical, sofre uma redução de 20,8 % relativamente ao valor obtido para a modelação sem

-18,000

-16,000

-14,000

-12,000

-10,000

-8,000

-6,000

-4,000

-2,000

0,000

0 1 2 3

Uz

[mm

]

x [m]

Deslocamento Vertical ao longo do alinhamento

Sem FactorDinâmico

Com FactorDinâmico

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62

consideração do factor dinâmico. A Figura 5.12 descreve a evolução do valor de deslocamento vertical,

para este mesmo do alinhamento, ao longo dos 0, 2 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜𝑠 que constituem o tempo de modelação

da primeira fase de embate.

FIGURA 5.12 – EVOLUÇÃO DO DESLOCAMENTO VERTICAL NÓ EXTREMO AO LONGO DO TEMPO PARA O CASO 1

COM E SEM CONSIDERAÇÃO DO FACTOR DINÂMICO

Através da representação gráfica é perceptível que ambas as situações apresentam uma evolução

semelhante de deslocamento vertical. Os decréscimos de valor absoluto do valor de deslocamento que

se observam são justificados pelo tipo de modelação adoptado para a representação da acção de

impacto. Tem-se assim que as linhas verticais cinzentas a tracejado localizam os instantes em que se

dão as variações de área admitidas e necessárias a uma boa aproximação da modelação do

carregamento à acção de embate real. Desta forma, como o aumento súbito da área de carregamento

leva a uma redução também súbita do carregamento, verifica-se após estes instantes um decréscimo

temporário do deslocamento vertical.

5.2.2 Danos no Tabuleiro

Foram também analisadas as extensões totais principais máximas no betão e no aço, bem com a sua

evolução e interacção. Esta interpretação tem por intuito identificar os danos estruturais no tabuleiro.

A análise da interacção e transmissão de esforços entre o betão e as armaduras e apresentado no

Anexo C.

Foi assim, analisada a extensão dos danos no betão da superfície superior tabuleiro, segundo o

mesmo alinhamento utilizado na avaliação dos deslocamentos verticais. Para isso foram retirados os

valores de extensão total principal máxima, sabendo que para valores desta extensão superiores a

휀𝑐𝑡 = 0.00009 e a 휀𝑐𝑡 = 0,00011, respectivamente para a situação sem e com a consideração do facto

dinãmico, o betão encontra-se fendilhado. A Figura 5.13 ilustra os valores de extensão total principal

máxima ao longo do alinhamento considerado.O eixo das ordenadas apresenta uma escala logarítmica

por motivos de percepção visual.

-35

-30

-25

-20

-15

-10

-5

0

0 0,05 0,1 0,15 0,2

Uz

[mm

]

t [s]

Deslocamento Vertical no Nó Extremo

Sem FactorDinâmico

Com FactorDinâmico

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63

FIGURA 5.13 – VALORES DE EXTENSÃO TOTAL PRINCIPAL MÁXIMA NO BETÃO, DECORRENTES DO CASO 1 COM E

SEM CONSIDERAÇÃO DO FACTOR DINÂMICO E AO LONGO DO ALINHAMENTO CONSIDERADO PARA O INSTANTE

TEMPORAL FINAL DA SIMULAÇÃO

A primeira conclusão a retirar da observação da Figura 5.13 é o facto de a situação que tem em conta

o factor dinâmico apresentar, em todo o alinhamento, valores de extensão total máxima principal

inferiores à situação que não o considera. Significa isto, que o acréscimo de resistência conferido ao

betão pelo factor dinâmico se traduz em menores extensões no betão. A segunda constatação a retirar

é a de que, para a situação em que é considerado o factor dinâmico, a extensão dos danos ao longo

do tabuleiro é bastante inferior. Enquanto que para o modelo sem consideração do factor dinâmico o

tabuleiro inicia a sua fendilhação a uma distância da barreira de segurança de 2,4 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠, para a

situação onde este se considera a fendilhação apenas se começa a observar para uma distância igual

ou inferior a 1,5 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 da barreira de segurança.

Já relativamente às armaduras, foram também analisadas as extensões totais máximas principais para

a armadura superior do tabuleiro que se encontra no mesmo plano vertical que o alinhamento

considerado na ponderação das mesmas extensões no betão da superfície superior do tabuleiro. A

Figura 5.14 apresenta os resultados retirados do programa ABAQUS.

0,00001

0,0001

0,001

0,01

0,1

1

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3

ε c

x [m]

Extensão Total Principal Máxima no Betão do Tabuleiro ao longo do alinhamento

Sem FactorDinâmico

Com FactorDinâmico

Extensão deFendilhação comFactor Dinâmico

Extensão deFendilhação semFactor Dinâmico

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FIGURA 5.14 – VALORES DE EXTENSÃO TOTAL PRINCIPAL MÁXIMA NA ARMADURA, DECORRENTES DO CASO 1

COM E SEM CONSIDERAÇÃO DO FACTOR DINÂMICO E AO LONGO DO ALINHAMENTO CONSIDERADO PARA O

INSTANTE TEMPORAL FINAL DA SIMULAÇÃO

Constata-se que, apenas para o modelo sem a consideração do factor dinâmico, a armadura entra em

cedência. Para este caso, esta atinge a cedência na zona onde o tabuleiro encontra a barreira de

segurança. Este é a zona em que se dão as maiores extensões devido às elevadas tensões

provenientes da ligação da barreira de segurança ao tabuleiro. Já a situação em que é tido em conta

o acréscimo de resistência dos materiais através da consideração do factor dinâmico, a armadura

encontra-se totalmente em regime elástico. Conclui-se assim que o acréscimo de resistência do aço é

relevante no comportamento da estrutura, observando-se uma redução de 21,7 % do valor de pico da

extensão total principal máxima.

5.3 Análise Estado Limite Serviço e Estado Limite Último

Por último, estudou-se a influência do valor da força de impacto no comportamento do sistema.

Pretende-se assim, identificar os níveis de força para os quais se dá o início da fendilhação, a cedência

das armaduras, a rotura do betão e a rotura das armaduras. A quantificação dos níveis de força para

os quais ocorrem estes fenómenos notáveis do comportamento tanto do betão como do aço são de

extrema importância para o conhecimento do comportamento do modelo.

De forma a enquadrar esta análise na usual metodologia de dimensionamento adoptada pelo

Eurocódigo [77], foram estabelecidos os Estado Limite Serviço e Estado Limite Último no processo de

definição dos limites aceitáveis de comportamento estrutural do modelo. Tem-se assim que o Estado

Limite Serviço é limitado estruturalmente pela fendilhação da barreira de segurança de betão, não

ocorrendo fendilhação no tabuleiro. Já no Estado Limite Último, admite-se a rotura do betão por

esmagamento e a plastificação das armaduras na barreira de segurança, sendo o comportamento no

tabuleiro limitado apenas a fenómenos de fendilhação. A Tabela 5.1 resume a definição dos critérios

limite para os dois estados considerados.

0

0,0005

0,001

0,0015

0,002

0,0025

0,003

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3

ε s

x [m]

Extensão Total Principal Máxima na Armadura ao longo do alinhamento

Sem FactorDinâmico

Com FactorDinâmico

Extensão deCedência

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65

TABELA 5.1 – CRITÉRIOS LIMITE DE EXTENSÃO PARA O BETÃO E AÇO ASSOCIADOS AO ESTADO LIMITE SERVIÇO

E ESTADO LIMITE ÚLTIMO

Barreira de Segurança Tabuleiro

Betão Armadura Betão Armadura

Estado

Limite

Serviço

휀𝑐0 ≤ 휀𝑐 < 휀𝑐𝑢

휀𝑡 ≥ 휀𝑐𝑡 휀𝑠 < 휀𝑐

휀𝑐 < 휀𝑐0

휀𝑡 < 휀𝑐𝑡 휀𝑠 < 휀𝑐

Estado

Limite

Último

휀𝑐 ≥ 휀𝑐𝑢

휀𝑠 > 휀𝑐 휀𝑐0 ≤ 휀𝑐 ≤ 휀𝑐𝑢 휀𝑠 < 휀𝑐

Para este efeito, foi assim considerado como base o caso 2 definido no capítulo Análise da Acção

Dinâmica. Embora não exista informação que suporte a maior aproximação deste caso à situação real

de impacto de um veículo contra uma barreira de segurança de betão em termos de evolução de força

de impacto, este é caracterizado por uma evolução da força de impacto mais moderada que nos casos

1 e 3. Tem-se assim que a força de impacto de pico é atingida a 0,085 dos 0,2 segundos de duração

da simulação. Com o objectivo de possibilitar a identificação de todas as situações estipuladas na

Tabela 5.1, a força de impacto de pico foi aumentada de 213,33 para 800 𝑘𝑁 . Na Figura 5.15

apresenta-se a evolução da força de impacto no intervalo de tempo que contempla a primeira fase do

impacto. No Anexo D apresentam-se os valores de força introduzidos e utilizados na integração do

problema pelo programa ABAQUS.

FIGURA 5.15 – EVOLUÇÃO DA FORÇA DE IMPACTO CONSIDERADA AO LONGO DO TEMPO DE SIMULAÇÃO

Os valores de extensão total máxima e mínima principal analisados dizem respeito aos alinhamentos

ilustrados nas figuras seguintes. A Figura 5.16 identifica os alinhamentos utilizados na recolha dos

valores das extensões para o betão do tabuleiro e na barreira de segurança. De sublinhar que a análise

das extensões totais principais máximas no tabuleiro é feita para o alinhamento localizado na superfície

superior, enquanto que a análise das extensões totais principais mínimas é feita para o alinhamento

localizado na superfície inferior. Isto deve-se ao facto de os esforços de tracção e compressão serem

0

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

800000

900000

0 0,05 0,1 0,15 0,2

F [N

]

t [s]

Evolução da Força de Impacto

Força deImpacto

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66

dominantes na superfície superior e inferior, respectivamente. Já a Figura 5.17 identifica as armaduras

usadas na análise das extensões no aço. Enquanto que a armadura do tabuleiro se encontra

assinalada a cor vermelha, as armaduras 1 e 2 da barreira de segurança encontram-se representadas

a cor laranja e azul, respectivamente.

FIGURA 5.16 – LOCALIZAÇÃO DOS ALINHAMENTOS CONSIDERADOS NA ANÁLISE DAS EXTENSÕES TOTAIS

PRINCIPAIS MÁXIMAS E MÍNIMAS NO BETÃO DO TABULEIRO E DA BARREIRA DE SEGURANÇA (ABAQUS [69])

FIGURA 5.17 – LOCALIZAÇÃO DAS ARMADURAS CONSIDERADAS NA ANÁLISE DAS EXTENSÕES TOTAIS PRINCIPAIS

MÁXIMAS DO TABULEIRO E DA BARREIRA DE SEGURANÇA (ABAQUS [69])

5.3.1 Barreira de Segurança

Apresentam-se nas figuras Figura 5.18 e Figura 5.19, respectivamente a evolução das extensões totais

principais máximas e mínimas do betão da barreira de segurança segundo os alinhamentos indicados

na Figura 5.16. A Figura 5.18 e apresenta escala logarítmica no eixo vertical de forma a facilitar a

visualização.

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67

FIGURA 5.18 – EVOLUÇÃO DAS EXTENSÕES TOTAIS PRINCIPAIS MÁXIMAS NO BETÃO DA BARREIRA DE

SEGURANÇA AO LONGO DO TEMPO PARA O ALINHAMENTO CONSIDERADO

FIGURA 5.19 – EVOLUÇÃO DAS EXTENSÕES TOTAIS PRINCIPAIS MÍNIMAS NO BETÃO DA BARREIRA DE

SEGURANÇA AO LONGO DO TEMPO PARA O ALINHAMENTO CONSIDERADO

1,00E-06

1,00E-05

1,00E-04

1,00E-03

1,00E-02

1,00E-01

1,00E+00

0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00

ε c

d [m]

Evolução das Extensões Totais Principais Máximas no Betão da Barreira de Segurança ao longo do tempo

t = 0,01 s t = 0,02 s t = 0,03 st = 0,04 s t = 0,05 s t = 0,06 st = 0,07 s t = 0,08 s t = 0,09 st = 0,1 s t = 0,11 s t = 0,12 st = 0,13 s t = 0,14 s t = 0,15 st = 0,16 s t = 0,17 s t = 0,18 st = 0,19 s t = 0,2 s Extensão de Fendilhação

-8,00E-02

-6,00E-02

-4,00E-02

-2,00E-02

0,00E+00

0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00

ε ct

d [m]

Evolução das Extensões Totais Principais Mínimas no Betão da Barreira de Segurança ao longo do tempo

t = 0,01 s t = 0,02 s t = 0,03 st = 0,04 s t = 0,05 s t = 0,06 st = 0,07 s t = 0,08 s t = 0,09 st = 0,1 s t = 0,11 s t = 0,12 st = 0,13 s t = 0,14 s t = 0,15 st = 0,16 s t = 0,17 s t = 0,18 st = 0,19 s t = 0,2 s Extensão de Esmagamento

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68

Através da análise dos resultados apresentados anteriormente conclui-se que para o instante 𝑡 =

0,03 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜𝑠 não se verifica a ocorrência de fendilhação devido a tensões de tracção. Já no gráfico

que ilustra as extensões para o mesmo alinhamento mas devidas a tensões de compressão, observa-

se que não se dá esmagamento de betão até ao instante 𝑡 = 0,08 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜𝑠. Significa isto que a

ocorrência de fendilhação e de esmagamento de betão na barreira apenas se sucede para valores

força de impacto superiores a 282,4 e 752,9 𝑘𝑁 , respectivamente. Relativamente aos instante

associado à rotura do betão devido a tensões de compressão, este toma o valor de 𝑡 = 0,09 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜𝑠.

Já o valor de força associados a este instante é de 800,0 𝑘𝑁.

Já a Figura 5.20 e Figura 5.21 fazem referência à evolução das extensões totais principais máximas

ao longo do tempo para as armaduras 1 e 2, respectivamente. Ambas as figuras apresentam escala

logarítmica no eixo vertical para facilidade de visualização.

FIGURA 5.20 – EVOLUÇÃO DAS EXTENSÕES TOTAIS PRINCIPAIS MÁXIMAS NA ARMADURA 1 DA BARREIRA DE

SEGURANÇA AO LONGO DO TEMPO

1,00E-15

1,00E-12

1,00E-09

1,00E-06

1,00E-03

1,00E+00

0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50

ε s

d [m]

Evolução das Extensões Totais Principais Máximas na Armadura 1 da Barreira de Segurança ao longo do tempo

t = 0,01 s t = 0,02 s t = 0,03 st = 0,04 s t = 0,05 s t = 0,06 st = 0,07 s t = 0,08 s t = 0,09 St = 0,1 s t = 0,11 s t = 0,12 st = 0,13 s t = 0,14 s t = 0,15 st = 0,16 s t = 0,17 s t = 0,18 st = 0,19 s t = 0,2 s Extensão de Plastificação

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69

FIGURA 5.21 – EVOLUÇÃO DAS EXTENSÕES TOTAIS PRINCIPAIS MÁXIMAS NA ARMADURA 2 DA BARREIRA DE

SEGURANÇA AO LONGO DO TEMPO

Verifica-se que ambas as armaduras consideradas permanecem inteiramente em regime elástico até

ao instante 𝑡 = 0,08 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜𝑠. Tem-se assim que a menor força possível de aplicar de maneira a que

a armadura permaneça em regime elástico é de 752,9 𝑘𝑁. A informação atrás descrita encontra-se

sumarizada na Tabela 5.2.

TABELA 5.2 – VALORES DE FORÇA DE IMPACTO E RESPECTIVOS INSTANTES TEMPORAIS QUE LIMITAM A

DURAÇÃO DO REGIME ELÁSTICO E ELASTO-PLÁSTICO DO BETÃO E DAS ARMADURAS ANALISADAS DA BARREIRA

DE SEGURANÇA

Duração Regime Elástico Duração Regime Elasto-Plástico

t [s] F [kN] t [s] F [kN]

Betão Tracção 0,03 282,4 - -

Compressão 0,08 752,9 0,09 800

Aço Tracção 0,08 752,9 0,14 800

5.3.2 Tabuleiro

Nas figuras Figura 5.22 e Figura 5.23 apresentam-se, respectivamente, as extensões totais principais

máximas e mínimas para o betão do tabuleiro segundo o alinhamento indicado na Figura 5.16.

1,00E-17

1,00E-14

1,00E-11

1,00E-08

1,00E-05

1,00E-020 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2

ε s

d [m]

Evolução das Extensões Totais Principais Máximas na Armadura 2 da Barreira de Segurança ao longo do tempo

t = 0,01 s t = 0,02 s t = 0,03 st = 0,04 s t = 0,05 s t = 0,06 st = 0,07 s t = 0,08 s t = 0,09 st = 0,1 s t = 0,11 s t = 0,12 st = 0,13 s t = 0,14 s t = 0,15t = 0,16 s t = 0,17 s t = 0,18 st = 0,19 s t = 0,2 s Extensão de Plastificação

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70

FIGURA 5.22 – EVOLUÇÃO DAS EXTENSÕES TOTAIS PRINCIPAIS MÁXIMAS NO BETÃO DO TABULEIRO AO LONGO

DO TEMPO E PARA O ALINHAMENTO CONSIDERADO

FIGURA 5.23 – EVOLUÇÃO DAS EXTENSÕES TOTAIS PRINCIPAIS MÍNIMAS DO BETÃO DO TABULEIRO AO LONGO

DO TEMPO E PARA O ALINHAMENTO CONSIDERADO

1,00E-05

1,00E-04

1,00E-03

1,00E-02

1,00E-01

1,00E+00

0,4 0,9 1,4 1,9 2,4 2,9

ε

x [m]

Evolução das Extensões Totais Principais Máximas para o Betão do Tabuleiro ao longo do tempo

t = 0,01 s t = 0,02 s t = 0,03 st = 0,04 s t = 0,05 s t = 0,06 st = 0,07 s t = 0,08 s t = 0,09 st = 0,1 s t = 0,11 s t = 0,12 st = 0,13 s t = 0,14 s t = 0,15 st = 0,16 s t = 0,17 s t = 0,18 s

-2,00E-01

-1,50E-01

-1,00E-01

-5,00E-02

0,00E+00

5,00E-02

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5

ε

x [m]

Evolução das Extensões Totais Principais Mínimas para o Betão do Tabuleiro ao longo do tempo

t = 0,01 s t = 0,02 s t = 0,03 st = 0,04 s t = 0,05 s t = 0,06 st = 0,07 s t = 0,08 s t = 0,09 st = 0,1 s t = 0,11 s t = 0,12 st = 0,13 t = 0,14 s t = 0,15 st = 0,16 s t = 0,17 s t = 0,18 st = 0,19 s t = 0,2 s Extensão de Esmagamento

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71

Por observação da Figura 5.22 conclui-se que não existe qualquer tipo de fendilhação até ao instante

𝑡 = 0,03 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜𝑠 , inclusivé. No que toca à evolução das extensões totais principais mínimas,

presente na Figura 5.23, o fenómeno de esmagamento não se observa na totalidade do alinhamento

até ao instante 𝑡 = 0,09 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜𝑠, enquanto que a rotura do betão por este efeito apenas se observa

a partir do instante 𝑡 = 0, 1 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜𝑠.

A Figura 5.24 apresenta a evolução das extensões totais principais máximas na armadura do tabuleiro

indicada na Figura 5.17.

FIGURA 5.24 – EVOLUÇÃO DAS EXTENSÕES TOTAIS PRINCIPAIS MÁXIMAS NA ARMADURA DO TABULEIRO AO

LONGO DO TEMPO

A partir da figura anterior é possível observar que a armadura permanece em regime elástico até ao

instante 𝑡 = 0,09 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜𝑠 , inclusivé. Já a rotura da armadura apenas ocorre no instante 𝑡 =

0,17 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜𝑠. A Tabela 5.3 resume os resultados enunciados anteriormente.

TABELA 5.3 – VALORES DE FORÇA DE IMPACT E RESPECTIVOS INSTANTES TEMPORAIS QUE LIMITAM A DURAÇÃO

DO REGIME ELÁSTICO E ELASTO-PLÁSTICO DO BETÃO E DAS ARMADURAS DO TABULEIRO ANALISADAS

Duração Regime Elástico Duração Regime Elasto-Plástico

t F t F

Betão Tracção 0,03 282,4 - -

Compressão 0,09 800 0,1 800

Aço Tracção 0,09 800 0,17 800

1,00E-07

1,00E-05

1,00E-03

1,00E-01

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0

ε

x [m]

Evolução das Extensões Totais Principais Máximas na Armadura do Tabuleiro ao longo do tempo

t = 0,01 s t = 0,02 s t = 0,03 st = 0,04 s t = 0,05 s t = 0,06 st = 0,07 s t = 0,08 s t = 0,09 st = 0,1 s t = 0,11 s t = 0,12 st = 0,13 s t = 0,14 s t = 0,15 st = 0,16 s t = 0,17 s t = 0,18 st = 0,19 s t = 0,2 s Extensão de Plastificação

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72

5.3.3 Estado Limite Serviço e Estado Limite Último

Pretende-se identificar as forças de impacto para as quais a estrutura confere as condições indicadas

na Tabela 5.1. Tem-se assim que, relativamente à barreira de segurança de betão, esta poderá conter

fendilhação mas as armaduras deverão permanecer em regime elástico. Já no que toca ao tabuleiro,

este não deverá apresentar fendilhação.

Quanto à barreira de segurança, verificou-se que o maior valor de força aplicável de forma a que o

betão que a constitui não entre em rotura por esforços de compressão é de 752,9 𝑘𝑁. Já o maior valor

de força que é possível de aplicar sem que a armadura entre em plastificação é de 752,9 𝑘𝑁.

Já relativamente ao tabuleiro, até valores de força de 282,4 𝑘𝑁 não existe qualquer tipo de fendilhação

do betão que o constitui.

A Tabela 5.4 resume os valores de força de impacto que cumprem os requisitos estipulados para o

Estado Limite Serviço.

TABELA 5.4 – VALORES DE FORÇA DE IMPACTO QUE LIMITAM A RESPOSTA DO BETÃO E DAS ARMADURAS

ANALISADAS AO ESTADO LIMITE SERVIÇO

Estado Limite Serviço

F [kN]

Barreira de

Segurança

Betão 752,9

Aço 752,9

Tabuleiro Betão 282,4

Conclui-se assim que o maior valor de força de impacto que respeita os limites impostos pelo Estado

Limite Serviço é de 282,4 𝑘𝑁. Para este valor de força de impacto é possível garantir que não existe

rotura do betão nem plastificação de armaduras na barreira de segurança e que não ocorre fendilhação

do betão no tabuleiro. Tem-se assim que é a fendilhação do betão no tabuleiro que limita o Estado

Limite Serviço.

No que toca ao Estado Limite Último, admite-se uma rotura do betão e plastificação das armaduras na

barreira de segurança, enquanto que no tabuleiro apenas se admite fendilhação sem plastificação das

armaduras.

O valor de força de 800 𝑘𝑁 limita a permanência da barreira de segurança em Estado Limite Último,

dado que para valores superiores já se observa a rotura de armaduras. Quanto ao tabuleiro são as

armaduras que condicionam a permanência em Estado Limite Último do tabuleiro. Estas permanecem

em regime elástico até ao instante 𝑡 = 0,09 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜𝑠, inclusivé, ao qual corresponde também uma

força de 800 𝑘𝑁. A Tabela 5.5 reúne os valores de força limite para Estado Limite Último, para cada

material da barreira de segurança e do tabuleiro.

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73

TABELA 5.5 – VALORES DE FORÇA DE IMPACTO QUE LIMITAM A RESPOSTA DO BETÃO E DAS ARMADURAS

ANALISADAS AO ESTADO LIMITE ÚLTIMO

Estado Limite Último

F [kN]

Barreira de

Segurança

Betão -

Aço 800

Tabuleiro Betão 800

Aço 800

Conclui-se assim que o valor de força máxima aplicável de forma a que o sistema permanece em

Estado Limite Último é de 800 𝑘𝑁, associado ao instante temporal 𝑡 = 0,09 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜𝑠.

As análises realizadas permitem, assim, a definição dos valores de força de impacto que limitam o

Estado Limite Serviço e Estado Limite Último. A Figura 5.25 apresenta o diagrama que resume as

conclusões retiradas e os intervalos de força para cada um dos estados definidos.

FIGURA 5.25 – DURAÇÃO DO ESTADO LIMITE SERVIÇO E ESTADO LIMITE ÚLTIMO E RESPECTIVA FORÇA DE

IMPACTO MÁXIMA

0,03; 282353

0,09; 800000

0

100000

200000

300000

400000

500000

600000

700000

800000

900000

0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25

F [N

]

t [s]

Localização do Estado Limite Serviço e Estado Limite Último

Estado Limite Serviço

Estado Limite Último

Pós Estado Limite Último

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Capítulo 6 Conclusões

No presente capítulo apresentam-se as principais conclusões a retirar do estudo realizado, como se sugerem

possíveis aspectos a estudar em trabalhos futuros

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75

5.4 Síntese das Principais Conclusões

Este trabalho foi fulcral para a compreensão da importância das variáveis estudadas no

comportamento e resposta da barreira de segurança de betão armado ao impacto. A sua correcta

definição é essencial na obtenção de resultados realistas dos quais se possam retirar conclusões

acertadas.

5.4.1 Taxa de Carregamento Dinâmico

A análise de diferentes casos de evolução temporal da força de impacto permitiu perceber que a

resposta da estrutura é fortemente influenciada por esta variável. Observou-se que, no geral, o

comportamento desta quer em termos de deslocamento vertical como de danos, é tanto mais ampliada

quanto menor for o intervalo em que é atingida a força de impacto de pico. Através da análise dos

deslocamentos verticais verificou-se que o caso 1 apresenta um aumento percentual relativamente ao

caso 2 e 3 de, respectivamente, 242,2 e 413,9 %. Já o caso 2 apresenta um aumento percentual de

deslocamento vertical em relação ao caso 3 de 50,2 %.

Relativamente à extensão de danos, observa-se claramente um aumento da extensão destes à medida

que a força de impacto de pico é atingida mais cedo na simulação. Significa isto que a definição da

dimensão do intervalo de crescimento da força de impacto até à força de pico é de extrema importância

na previsão dos danos não só na barreira de segurança como também do tabuleiro.

Conclui-se também que, apenas para o caso 1, é atingida a cedência das armaduras. Porém, a

cedência das armaduras apenas se observa para duas das armaduras e num comprimento muito

reduzido, localizado por debaixo da barreira de segurança. Tem-se, desta forma, que a cedência de

armaduras que se verifica não tem influência no comportamento global do sistema.

5.4.2 Efeito do Factor Dinâmico

No que toca ao efeito da consideração do factor dinâmico na relação constitutiva do betão e do aço,

conclui-se que este se reveste de uma importância significativa na resposta do sistema. Relativamente

à análise realizada em termos de deslocamentos verticais, observou-se uma redução de 20,8 % ,para

o nó mais extremo do alinhamento, da situação sem consideração de factor dinâmico para a situação

em que este é tido em conta.

Relativamente à extensão de danos no tabuleiro para o instante temporal final da simulação, observa-

se que esta é menor para a situação em que é considerado o factor dinâmico. Enquanto que no caso

sem intervenção do factor dinâmico a fendilhação se extende até 2,4 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 da barreira de segurança,

no caso com intervenção do factor dinâmico a fendilhação apenas atinge um distância de 1,5 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠

da barreira de segurança. Em relação à armadura considerada na análise, verificou-se que para a

situação sem consideração do factor dinâmico ocorre a cedência de armadura na proximidade da

barreira de segurança, enquanto que para a situação com factor dinâmico a armadura permanece em

regime elástico em toda a sua extensão e para toda a simulação.

Tem-se assim que a consideração do acréscimo de resistência associado à inclusão do factor dinâmico

nas relações constitutivas dos materiais foi fulcral no comportamente do sistema barreira de

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segurança-tabuleiro à acção da mesma força de impacto. Verificou-se uma redução siginificativa de

deslocamentos verticais como também uma limitação do danos do tabuleiro, dado que para a situação

com consideração do factor dinâmico verificou-se a permanência das armaduras em regime elástico.

5.4.3 Análise Estado Limite Serviço e Estado Limite Último

Por último, a análise do nível de força de impacto permitiu conhecer os limites de força associados ao

Estado Limite Serviço e Estado Limite Último definidos para um força de impacto. Nesta análise foi

considerada uma força de impacto com um pico 3,75 vezes superior à considerada no Capítulo 5.1, o

que representa uma força de impacto 3,75 vezes superior à de um veículo ligeiro. O intervalo temporal

de cresimento considerado foi de 0,2 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜𝑠. Chegou-se à conclusão que seria necessária um valor

de força de impacto de 282,4 𝑘𝑁 para serem ultrapassadas as limitações de danos imposta ao Estado

Limite Serviço.

Já relativamente ao Estado Limite Último, este apenas é ultrapassado para o valor da força de pico,

ou seja, 800 𝑘𝑁.

Pretendeu-se assim estudar o comportamento do sistema face a um embate de um veículo de maior

dimensão. Conclui-se, com base nos resultados, que o intervalo de tempo de evolução de força de

impacto é tão ou mais importante que o próprio valor de força de impacto de pico.

5.5 Desenvolvimentos Futuros

Com base nas conclusões retiradas dos resultados obtidos, considera-se relevante aprofundar certos

aspectos ligados à modelação do problema em trabalhos futuros. Desta forma, indicam-se de

seguida os principais pontos a desenvolver:

Acesso a resultados de testes à escala com o intuito de, não só conhecer o valor do intervalo

temporal em que o veículo se encontra em contacto com a barreira de segurança, mas

também de quantificar a evolução nesse mesmo espaço temporal da força de impacto, visto

ser uma das variáveis com mais influência no comportamento mecânico do sistema.

Aprofundamento da análise numérica com o intuito de limitar quanto possível os danos

apenas na barreira de segurança. Estudar soluções de dimensionamento da barreira de

segurança e do tabuleiro de forma a conseguir localizar os danos estruturais.

Desenvolvimento e aferição de modelos simplificados para aplicação e verificação da

segurança em situações de projecto.

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77

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82

Anexo A

Valores referentes à modelação da relação constitutiva

do Betão

No presente anexo apresentam-se as valores referentes à modelação da relação constitutiva do

betão.

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83

Valores referentes à modelação da relação Constitutiva do Betão

σt (MPa) εt εt,el εt,ck

Tracção Uniaxial

0 0 0 0

-3.2 -9.10E-05 -9.10E-05 0.00E+00

-2.63 -0.00015 -7.50E-05 -7.50E-05

-2.23 -0.0002 -6.40E-05 -1.40E-04

-1.89 -0.00025 -5.40E-05 -2.00E-04

-1.6 -0.0003 -4.60E-05 -2.50E-04

-1.35 -0.00035 -3.90E-05 -3.10E-04

-1.14 -0.0004 -3.30E-05 -3.70E-04

-0.97 -0.00045 -2.80E-05 -4.20E-04

-0.82 -0.0005 -2.30E-05 -4.80E-04

-0.59 -0.0006 -1.70E-05 -5.80E-04

-0.5 -0.00065 -1.40E-05 -6.40E-04

-0.42 -0.0007 -1.20E-05 -6.90E-04

-0.36 -0.00075 -1.00E-05 -7.40E-04

-0.3 -0.0008 -8.60E-06 -7.90E-04

-0.26 -0.00085 -7.30E-06 -8.40E-04

-0.22 -0.0009 -6.20E-06 -8.90E-04

-0.18 -0.00095 -5.20E-06 -9.40E-04

-0.13 -0.00105 -3.70E-06 -1.00E-03

-0.15 -0.001 -4.40E-06 -1.00E-03

-0.094 -0.00115 -2.70E-06 -1.10E-03

-0.11 -0.0011 -3.20E-06 -1.10E-03

-0.067 -0.00125 -1.90E-06 -1.20E-03

-0.079 -0.0012 -2.30E-06 -1.20E-03

-0.048 -0.00135 -1.40E-06 -1.30E-03

-0.057 -0.0013 -1.60E-06 -1.30E-03

-0.035 -0.00145 -9.90E-07 -1.40E-03

-0.041 -0.0014 -1.20E-06 -1.40E-03

-0.029 -0.0015 -8.40E-07 -1.50E-03

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84

σc (MPa) εc εc,el εc,in

Compressão Uniaxial

0 0 0 0

3.44 0.0001 9.8E-05 1.6E-06

5.12 0.00015 0.00015 3.6E-06

6.77 0.0002 0.00019 6.5E-06

8.39 0.00025 0.00024 1.0E-05

9.99 0.0003 0.00029 1.5E-05

11.55 0.00035 0.00033 2.0E-05

13.08 0.0004 0.00037 2.6E-05

14.57 0.00045 0.00042 3.4E-05

16.04 0.0005 0.00046 4.2E-05

17.48 0.00055 0.00050 5.1E-05

18.88 0.0006 0.00054 6.1E-05

20.25 0.00065 0.00058 7.1E-05

21.58 0.0007 0.00062 8.3E-05

22.89 0.00075 0.00065 9.6E-05

24.15 0.0008 0.00069 0.00011

25.38 0.00085 0.00073 0.00012

26.58 0.0009 0.00076 0.00014

27.74 0.00095 0.00079 0.00016

28.86 0.001 0.00082 0.00018

29.95 0.00105 0.00086 0.00019

30.99 0.0011 0.00089 0.00021

32.00 0.00115 0.00091 0.00024

32.97 0.0012 0.00094 0.00026

33.90 0.00125 0.00097 0.00028

34.79 0.0013 0.00099 0.00031

35.64 0.00135 0.00102 0.00033

36.44 0.0014 0.00104 0.00036

37.20 0.00145 0.00106 0.00039

37.92 0.0015 0.00108 0.00042

38.60 0.00155 0.00110 0.00045

39.23 0.0016 0.00112 0.00048

39.81 0.00165 0.00114 0.00051

40.35 0.0017 0.00115 0.00055

40.84 0.00175 0.00117 0.00058

41.28 0.0018 0.00118 0.00062

41.68 0.00185 0.00119 0.00066

42.02 0.0019 0.00120 0.00070

42.32 0.00195 0.00121 0.00074

42.56 0.002 0.00122 0.00078

42.75 0.00205 0.00122 0.00083

42.89 0.0021 0.00123 0.00087

42.97 0.00215 0.00123 0.00092

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85

σc (MPa) εc εc,el εc,in

Compressão Uniaxial

43.00 0.0022 0.00123 0.00097

42.97 0.00225 0.00123 0.0010

42.89 0.0023 0.00123 0.0011

42.74 0.00235 0.00122 0.0011

42.54 0.0024 0.00122 0.0012

42.28 0.00245 0.00121 0.0012

41.95 0.0025 0.00120 0.0013

41.56 0.00255 0.00119 0.0014

41.11 0.0026 0.00117 0.0014

40.59 0.00265 0.00116 0.0015

40.01 0.0027 0.00114 0.0016

39.36 0.00275 0.00112 0.0016

38.64 0.0028 0.00110 0.0017

37.85 0.00285 0.00108 0.0018

36.99 0.0029 0.00106 0.0018

36.05 0.00295 0.00103 0.0019

35.04 0.003 0.00100 0.0020

33.96 0.00305 0.00097 0.0021

32.79 0.0031 0.00094 0.0022

31.55 0.00315 0.00090 0.0022

30.23 0.0032 0.00086 0.0023

28.82 0.00325 0.00082 0.0024

27.33 0.0033 0.00078 0.0025

25.75 0.00335 0.00074 0.0026

24.09 0.0034 0.00069 0.0027

22.34 0.00345 0.00064 0.0028

20.49 0.0035 0.00059 0.0029

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86

Anexo B

Valores referentes à análise dos efeitos da acção dinâmica para diferentes intervalos temporais de evolução da força de impacto No presente anexo apresentam-se os valores referentes à evolução da força de impacto, área de

contacto e carga distribuida para os quatro casos considerados ao longo do tempo. São também

apresentados os mapas de extensões totais principais máximas e mínimas do betão para o caso 2, 3

e 4.

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87

Valores de Força de Impacto Total, Área de Contacto e Carga Distribuida para o Caso 1, 2 e 3

Fase Partição Tempo

[s]

A

𝒎𝒎𝟐

Caso 1 Caso 2 Caso 3

F a F b F a F b F a F b

1

1

0

62790

21330 0.34 9695 0.15 0 0

0.001 63990 1.02 19391 0.31 2128 0.034

0.002 106650 1.70 29086 0.46 4245 0.068

0.003 127980 2.04 38782 0.62 6351 0.101

0.004 170640 2.72 48477 0.77 8447 0.135

0.005 191970 3.06 58173 0.93 10532 0.168

0.010 213300 3.40 67868 1.08 20797 0.331

2

0.015

178710 213300 1.19

77564 0.43 30795 0.172

0.020 87259 0.49 40527 0.227

0.025 96955 0.54 49992 0.280

0.030 106650 0.60 59191 0.331

3

0.035

431078 213300 0.49

116345 0.27 68123 0.158

0.040 126041 0.29 76788 0.178

0.045 135736 0.31 85187 0.198

0.050 145432 0.34 93319 0.216

0.055 155127 0.36 101184 0.235

0.060 164823 0.38 108783 0.252

0.065 174518 0.40 116115 0.269

0.070 184214 0.43 123181 0.286

0.075 193909 0.45 129980 0.302

0.080 203605 0.47 136512 0.317

0.085 213300 0.49 142778 0.331

4

0.090

586040 213300 0.36 213300 0.36

148777 0.254

0.095 154509 0.264

0.100 159975 0.273

0.105 165174 0.282

0.110 170107 0.290

0.115 174773 0.298

0.120 179172 0.306

0.125 183305 0.313

0.130 187171 0.319

0.135 190770 0.326

0.140 194103 0.331

5

0.145

644000 213300 0.33 213300 0.33

197169 0.306

0.150 199969 0.311

0.155 202502 0.314

0.160 204768 0.318

0.165 206768 0.321

0.170 208501 0.324

0.175 209967 0.326

0.180 211167 0.328

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88

Fase Partição Tempo

[s] A

[𝑚𝑚2]

Caso 1 Caso 3 Caso 3

F a F b F a F b F a F b

1 5

0.185

644000 213300 0.33 213300 0.33

212100 0.329

0.190 212767 0.330

0.195 213167 0.331

0.200 213300 0.331 a [𝑁]

b [𝑁 𝑚𝑚2⁄ ]

Valores de Força de Impacto Total, Área de Contacto e Carga Distribuida para o Caso 4

Tempo

[s]

Força de

Impacto [N]

A

[𝒎𝒎𝟐]

f

[𝑵 𝒎𝒎𝟐⁄ ]

0 0

644000

0

0.025 5333 0.008

0.050 10665 0.017

0.075 15998 0.025

0.100 21330 0.033

0.125 26663 0.041

0.150 31995 0.050

0.175 37328 0.058

0.200 42660 0.066

0.225 47993 0.075

0.250 53325 0.083

0.275 58658 0.091

0.300 63990 0.099

0.325 69323 0.108

0.350 74655 0.116

0.375 79988 0.124

0.400 85320 0.132

0.425 90653 0.141

0.450 95985 0.149

0.475 101318 0.157

Tempo

[s]

Força de

Impacto [N]

A

[𝒎𝒎𝟐]

f

[𝑵 𝒎𝒎𝟐⁄ ]

0.500 106650

644000

0.166

0.525 111983 0.174

0.550 117315 0.182

0.575 122648 0.190

0.600 127980 0.199

0.625 133313 0.207

0.650 138645 0.215

0.675 143978 0.224

0.700 149310 0.232

0.725 154643 0.240

0.750 159975 0.248

0.775 165308 0.257

0.800 170640 0.265

0.825 175973 0.273

0.850 181305 0.282

0.875 186638 0.290

0.900 191970 0.298

0.925 197303 0.306

0.950 202635 0.315

0.975 207968 0.323

1.000 213300 0.331

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89

Mapas de Extensões Totais Principais Máximas do Betão e para o Caso 2

Mapas de Extensões Totais Principais Mínimas do Betão para o Caso 2

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90

Mapas de Extensões Totais Principais Máximas do Betão para o Caso 3

Mapas de Extensões Totais Principais Mínimas do Betão para o Caso 3

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91

Mapas de Extensões Totais Principais Máximas do Betão para o caso 4

Mapa de Extensões Totais Principais Mínimas do Betão para o caso 4

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92

Anexo C

Valores referentes à análise dos efeitos do factor dinâmico

No presente anexo identifica-se o elemento de betão e de aço para os quais foi verificada a interacção

betão-aço, tal como a os dados da respectiva interacção.

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93

Localização dos elementos considerados na análise de interacção betão-aço

Evolução das Tensões de Von Mises para os dois elementos de betão e aço considerados ao

longo do tempo

0 0,05 0,1 0,15 0,2

0

1

2

3

4

5

6

7

0

100

200

300

400

500

600

0

t [s]

σc

[MP

a]

σs

[MP

a]

Evolução das Tensões de Von Mises para o Elemento Finito de Aço e Betão adjacentes

Tensões no Açosem FactorDinâmico

Tensões no Açocom FactorDinâmico

Tensões noBetão semFactor Dinâmico

Tensão no Betãocom FactorDinâmico

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94

Evolução das Extensões Totais Máximas Principais para o elemento de betão e aço

considerados ao longo do tempo

Valores de Extensão de Fendilhação do elemento de aço considerado e respectivo instante

temporal para a situação sem e com consideração do factor dinâmico

Extensão Fendilhação Betão sem DIF

휀𝑡 0,00009

t [s] 0,0106

Extensão Fendilhação do Betão com

DIF

휀𝑡 0,00011

t [s] 0,0138

0,00E+00

1,00E-03

2,00E-03

3,00E-03

4,00E-03

5,00E-03

6,00E-03

7,00E-03

8,00E-03

9,00E-03

0 0,05 0,1 0,15 0,2

ε

t [s]

Evolução das Extensões Totais Principais Máximas para o Elemento Finito de Aço e Betão adjacentes

Extensões no Betãosem DIF

Extensões no Betãocom DIF

Extensões no Açosem DIF

Extensões no Açocom DIF

Extensão deFendilhação sem DIF

Extensão deFendilhação com DIF

Extensão deCedência

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95

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96

Anexo D

Valores referentes à análise do Nível de Força de Impacto

No presente anexo apresenta a evolução do carregamento considerado em função do tempo para fins

de análise de Estado Limite Serviço e Estado Limite Último.

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97

Valores referentes à evolução da Força de Impacto ao longo do tempo

Fase Partição Tempo

[s] A [𝒎𝒎𝟐] F [𝑵]

F [𝑵 𝒎𝒎𝟐⁄ ]

1

1

0

62790.0

0 0

0.001 9412 0.15

0.002 18824 0.30

0.003 28235 0.45

0.004 37647 0.60

0.005 47059 0.75

0.010 94118 1.50

2

0.015

178710.0

141176 0.79

0.020 188235 1.05

0.025 235294 1.32

0.030 282353 1.58

3

0.035

431077.5

329412 0.76

0.040 376471 0.87

0.045 423529 0.98

0.050 470588 1.09

0.055 517647 1.20

0.060 564706 1.31

0.065 611765 1.42

0.070 658824 1.53

0.075 705882 1.64

0.080 752941 1.75

0.085 800000 1.86

4

0.090

586040.0 800000 1.37

0.095

0.10

0.105

0.110

0.115

0.120

0.125

0.130

0.135

0.140

5

0.145

644000.0 800000 1.24

0.150

0.155

0.160

0.165

0.170

0.175

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Fase Partição Tempo

[s] A [𝒎𝒎𝟐] F [𝑵]

F [𝒌𝑵 𝒎𝒎𝟐⁄ ]

1 5

0.180

644000.0 800000 1.24

0.185

0.190

0.195

0.200