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8 ELEMENTOS DE DIREITO INTERNACIONAL AMBIENTAL Elements of International Environmental Law JORGE LUIZ MIALHE 1 Sumário: 1. Introdução. 2. Conceito e princípios. 3. Princípios de Direito Ambiental Internacional. 4. Soberania territorial versus ecossistema glo- bal. 5. Períodos de desenvolvimento do Direito Internacional Ambiental. 6. Rumo à Conferência “Rio + 20”: jurisdições internacionais, sociedade civil e reforma das Nações Unidas. 7. Considerações finais. 8. Referências. Resumo: O presente artigo tem o objetivo didático de apresentar aos alunos de graduação uma síntese dos principais elementos do Direito Internacional Ambiental, sua evolução e perspecti- vas. Palavras-chave: Direito Internacional Ambiental – Fundamentos – Princípios – Desenvolvimento – Rio + 20 Abstract: This article aims to provide teaching to undergraduate stu- dents an overview of the main elements of the International Environmental Law, its evolution and perspectives. Keywords: International Environmental Law - Fundamentals - Prin- ciples - Development - Rio + 20 1. INTRODUÇÃO Normalmente, durante o curso de graduação em Direito, de- vido ao pouco tempo destinado às aulas da disciplina Direito Inter- nacional Público, o aluno não tem a oportunidade de estudar sis- tematicamente os fundamentos do seu ramo mais novo, o Direito 1 Doutor, mestre e bacharel pela USP. Pós-doutorado nas Universidades de Paris e de Limoges (França). Professor da UNESP/Rio Claro, do Programa de Mestrado em Direito da UNIMEP/Piracicaba e supervisor dos Cadernos Jurídicos do UNISAL/Campinas. E-mail: [email protected] CadernoUnisal4.indb 197 16/5/2012 17:42:41

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8ELEMENTOS DE DIREITO INTERNACIONAL

AMBIENTAL

Elements of International Environmental Law

JORGE LUIZ MIALHE1

Sumário: 1. Introdução. 2. Conceito e princípios. 3. Princípios de Direito

Ambiental Internacional. 4. Soberania territorial versus ecossistema glo-

bal. 5. Períodos de desenvolvimento do Direito Internacional Ambiental.

6. Rumo à Conferência “Rio + 20”: jurisdições internacionais, sociedade

civil e reforma das Nações Unidas. 7. Considerações finais. 8. Referências.

Resumo: O presente artigo tem o objetivo didático de apresentar aos alunos de graduação uma síntese dos principais elementos do Direito Internacional Ambiental, sua evolução e perspecti-vas.

Palavras-chave: Direito Internacional Ambiental – Fundamentos – Princípios – Desenvolvimento – Rio + 20

Abstract: This article aims to provide teaching to undergraduate stu-dents an overview of the main elements of the International Environmental Law, its evolution and perspectives.

Keywords: International Environmental Law - Fundamentals - Prin-ciples - Development - Rio + 20

1. INTRODUÇÃO

Normalmente, durante o curso de graduação em Direito, de-vido ao pouco tempo destinado às aulas da disciplina Direito Inter-nacional Público, o aluno não tem a oportunidade de estudar sis-tematicamente os fundamentos do seu ramo mais novo, o Direito

1 Doutor, mestre e bacharel pela USP. Pós-doutorado nas Universidades de Paris e de Limoges (França). Professor da UNESP/Rio Claro, do Programa de Mestrado em Direito da UNIMEP/Piracicaba e supervisor dos Cadernos Jurídicos do UNISAL/Campinas. E-mail: [email protected]

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Internacional Ambiental. Porém, diante da extraordinária importân-cia do estudo das questões ambientais nas esferas nacional e inter-nacional e de seu impacto no mundo jurídico, se faz cada vez mais necessário um esforço no sentido de se discutir os principais ele-mentos do Direito Internacional Ambiental, sua evolução e algumas perspectivas sobre o tema.

Diante da carência de um texto didático introdutório para uma aula de Direito Internacional Ambiental, optou-se pela redação des-te artigo, de poucas páginas, que tenta apresentar os elementos es-senciais deste ramo do Direito Internacional Público aos alunos de graduação.

2. CONCEITO E PRINCÍPIOS

O Direito Internacional Ambiental é o ramo do Direito rela-cionado ao conjunto das normas internacionais, tanto substantivas como procedimentais, vinculadas à proteção do meio ambiente, incluindo-se aí a proteção dos recursos naturais. (BARBOZA, 2003, p. 460).

O Direito Internacional Ambiental, integrado ao Direito Inter-nacional Público, tenta regular as atividades humanas que degradam o meio ambiente ou que são passíveis de atentar contra o meio am-biente. (DINH, p.1221)

Independentemente do critério (econômico ou utilitário), toda forma de vida tem um valor intrínseco. Nesse sentido, o preâmbulo da Carta Mundial da Natureza, adotada pela Resolução da Assem-bleia Geral das Nações Unidas A/RES/37/7 de 28 de Outubro de 1982, afirma que: “toda forma de vida é única e merece ser respeita-da, qualquer que seja a sua utilidade para o homem e, com o fim de reconhecer aos demais seres vivos o seu valor intrínseco, o homem deve guiar-se por um código de ação moral”.

Além disso, conforme lição exarada na sentença de 26 de se-tembro de 1997 da Corte Internacional de Justiça - CIJ, envolvendo a Hungria e a Eslováquia, no caso relativo ao projeto Gabcikovo--Nagymaros, “o meio ambiente não é uma abstração, mas sim o es-

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paço onde vivem os seres humanos que dele dependem para a sua qualidade de vida e saúde, inclusive para as gerações futuras”.

Os elementos que compõem o meio ambiente estão previstos no Princípio nº 2 da Declaração de Estocolmo de 1972:

“Os recursos naturais da Terra, inclusos o ar, a água, o solo, a flora e a fauna, especialmente as amostras representativas dos ecossistemas naturais, devem ser preservados em benefício das gerações presente e futura, mediante uma cuidadosa pla-nificação ou regulamentação, segundo seja mais convenien-te.” (grifei)

Além disso, ao nível convencional, o artigo 2.10. da Convenção de Lugano de 1993, sobre responsabilidade civil por danos resul-tantes de atividades perigosas para o meio ambiente, assinada pelos países-membros do Conselho da Europa3, acrescenta:

“O meio ambiente compreende os recursos naturais abióticos e bióticos tais como o ar, a água, o solo, a fauna e a flora e a interação entre os mesmos fatores; os bens que compõem a

2 Disponível em: <http://www.icj-cij.org/docket/files/92/7376.pdf > Acesso em 20/05/2010.

3 O Conselho da Europa, com sede em Estrasburgo, foi criado em 1949, no final da II Guerra Mundial com o intuito de promover a defesa dos Direitos Humanos e concluir acordos em escala europeia para alcançar uma harmonização das práticas sociais e jurídicas em território europeu. Portanto, não se confunde como Conselho Europeu, órgão político da União Europeia, criado pelo Tratado de Roma de 1954. Hoje, o Conselho da Europa é a maior e mais antiga organização intergovernamental com caráter político integrando 46 países, incluindo todos os Estados-membros da União Europeia e 21 países da Europa Central e Oriental. Para além dos Estados signatários acima referidos, foram aceites pelo Conselho da Europa como Estados Observadores os Estados Unidos da América, o Canadá, a Santa Sé, o Japão e o México. Estes Estados têm observadores que podem assistir às reuniões destes dois órgãos bem como às reuniões dos grupos e nas demais conferências. Existe ainda o estatuto de Estado convidado que é atribuído a Estados que, tenham manifestado a sua vontade de vir a fazer parte da organização, mas cuja adesão ainda está em fase de estudo. Os órgãos constitutivos do Conselho da Europa são: o Comitê de Ministros, a Assembleia Parlamentar e o Secretariado-Geral. Dentro da organização têm ainda poderes outras instituições que atuam em áreas específicas e cujas decisões têm caráter vinculativo para os Estados signatários: o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem e o Congresso dos Poderes Locais e Regionais. Fonte: <http://www.dgpj.mj.pt/sections/relacoes-internacionais/copy_of_anexos/o-que-e-o-conselho-da4586/>. Acesso em: 1 mar. 2011.

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herança cultural e os aspectos característicos da paisagem.” (grifei)

Esses bens merecem ser protegidos, pois, segundo o preâmbu-lo da Convenção para a proteção do patrimônio mundial e cultural da UNESCO, de 1972, “determinados bens do patrimônio cultural e natural são detentores de excepcional interesse, que exige sua pre-servação como elemento do patrimônio de toda humanidade”.

O meio ambiente e a cultura foram, em muitos casos, valoriza-dos por seu caráter único e excepcional. Porém, após a concepção da ideia de imaterialidade do patrimônio, houve o reconhecimento de que uma paisagem não é apenas um conjunto de árvores, monta-nhas e riachos, mas sim uma apropriação humana dessa materialida-de. Dessa forma, integram o patrimônio cultural não apenas os bens materiais, mas, também, os conhecimentos tradicionais de certas et-nias e comunidades que são os bens imateriais.! (FUNARI E PELEGRINI, 2009, p.25)

4 Por exemplo, os conhecimentos fitoterápicos ancestrais de certas tribos, receitas de medicamentos naturais e técnicas no preparo de alimentos típicos. Na visão de ARAÚJO et al. (2006, p. 12) “entende-se por conhecimentos tradicionais todas as formas de expressões, práticas, costumes, crenças e conhecimentos produzidos ao longo dos anos, passados de geração em geração, por uma determinada comunidade. São formas de desenho, celebrações, rituais e métodos para produção de alimentos, pratos e medicamentos a partir de recursos naturais. Nos conhecimentos tradicionais encontram-se aquelas criações tradicionais e naturais ligadas aos recursos genéticos, ao folclore e artesanato. Segundo SANTILLI, as medidas norteadoras desse regime devem reconhecer a titularidade coletiva, por se reportar às identidades e referências culturais coletivas, sendo que tal coletividade pode se referir a um único grupo ou a várias comunidades, até mesmo geograficamente distantes uma da outra, incluindo também as gerações anteriores. A legitimidade e reconhecimento dos conhecimentos tradicionais devem ainda, ser estruturadas a partir dos critérios internos desses povos. A enorme sociodiversidade brasileira impede a adoção de uma norma homogênea ou critério único de representação, afinal são centenas de povos tradicionais, com enormes diferenças étnicas e culturais vivendo em distintos ecossistemas. (SANTILLI, 2007). É consenso que a criação de mecanismos para evitar a apropriação indevida dos conhecimentos tradicionais seja institucionalizada e posta em prática. Tais mecanismos além de oferecer uma proteção a esse patrimônio popular permitem aos interessados que acessem de forma respeitosa tais recursos, sem infringir os direitos das comunidades e agredir o meio ambiente”. Disponível em: < http://www.agora.unimontes.br/MATERIAIS/Cartilha/cartilha_conhecimentos.pdf>. Acesso em: 11 mar. 2011.

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Todavia, a preservação desse patrimônio só é possível em tem-pos de paz. Como bem afirmou a União Internacional para a Conser-vação da Natureza, na sua 15ª Assembleia Geral realizada em 1987, “a paz é uma condição indispensável para a conservação da nature-za”. (LAVIEILLE, 2004, p.17)

Da mesma forma, a conservação do meio ambiente contribui para a manutenção da paz graças a utilização sustentável dos recur-sos naturais. Nesse sentido, o Princípio nº 25 da Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, de 1992, reafir-ma: “A paz, o desenvolvimento e a proteção ambiental são interde-pendentes e indivisíveis”.

Finalmente, o meio ambiente é um fator de desenvolvimento. Porém, conforme o Princípio nº 4 da mesma Declaração do Rio, “para se alcançar um desenvolvimento sustentável, a proteção ambiental deve constituir parte integrante do processo de desenvolvimento e não pode ser considerada isoladamente deste”.

Além disso, para “alcançar um desenvolvimento sustentável” é necessária, entre outros elementos, a aplicação dos princípios de Direito Ambiental.

3. PRINCÍPIOS DE DIREITO AMBIENTAL INTERNACIONAL

Conforme a lição de PAULO AFFONSO LEME MACHADO (2011, p.61-118), os princípios gerais “que estão formando e orientando a imple-mentação do Direito Ambiental” são:

a) O princípio do meio ambiente equilibrado;

b) O princípio do direito à sadia qualidade de vida;

c) O princípio do acesso equitativo aos recursos naturais, in-clusive das futuras gerações;

d) Princípios usuário-pagador e poluidor-pagador;

e) O princípio da precaução;

f) O princípio da prevenção;

g) O princípio da reparação

h) O princípio da informação;

i) O princípio da participação;

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j) Princípio da obrigatoriedade da intervenção do poder pú-blico.

A articulação e a integração destes princípios podem implicar na constituição de práticas consuetudinárias, “quando não se trans-formarem em normas jurídicas oriundas de convenções”" internacio-nais a serem aplicadas, inclusive, pela Corte Internacional de Justiça - CIJ, como previsto no artigo 38, letra “c”, do Estatuto da CIJ (ECIJ), incorporado à Carta das Nações Unidas, de acordo com o seu artigo 92.#

4. SOBERANIA TERRITORIAL VERSUS ECOSSISTEMA GLOBAL

Todo o espaço terrestre é compartilhado entre Estados sobera-nos que pretendem exercer sobre seu território competências ple-nas e exclusivas. Tal princípio foi objeto da Declaração da Assembleia Geral das Nações Unidas de 14 de dezembro de 1962$, reafirmado no Princípio 21 da Declaração de Estocolmo sobre o Ambiente Hu-mano (1972) e no Princípio 2 da Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1992).

Todavia essa partilha dos recursos naturais entre Estados não é absoluta. Os espaços internacionais (as águas internacionais, o solo e o subsolo marinho, o espaço aéreo internacional), não são susce-tíveis de apropriação nacional e devem ser partilhados e utilizados de forma racional e equilibrada, respeitando a “proporcionalidade exigida pelo Direito Internacional”.%

Além disso, os Estados têm o dever de:

5 MAURICE KANTO apud Paulo AFFONSO LEME MACHADO (2011, p.61).6 Artigo 38. do ECIJ: “1. A Corte, cuja função é decidir de acordo com o direito

internacional as controvérsias que lhe forem submetidas, aplicará: (...) c) os princípios gerais de direito reconhecidos pelas Nações civilizadas”. Art. 92 da Carta da ONU: “A Corte Internacional de Justiça será o principal órgão judiciário das Nações Unidas. Funcionará de acordo com o Estatuto anexo, que é baseado no Estatuto da Corte Permanente de Justiça Internacional e faz parte integrante da presente Carta”.

7 Resolução 1803 (XVII) de Assembleia Geral, de 14 de dezembro de 1962, com o título de “Soberania permanente sobre os recursos naturais”. Disponível em:

< http://www.mp.ma.gov.br/site/centrosapoio/DirHumanos/resol1803.htm>. Acesso em: 9 jul. 2011.

8 Sentença da CIJ no caso relativo ao projeto Gabcikovo-Nagymaros (§85.3)

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! evitar causar danos ao meio ambiente além das suas frontei-ras nacionais; de prestar assistência ecológica (Princípio 18 da Declaração do Rio Janeiro de 1992)&;

! não discriminação e de igualdade de tratamento das vítimas de poluição transfronteiriça (Artigo 32 da Convenção de Nova York de 1997);

! encorajar a exploração ecologicamente racional dos recur-sos naturais;

! de fomentar a redução e a eliminação dos modos de pro-dução e de consumo que atentem contra o meio ambiente (Princípio 8 da Declaração do Rio de Janeiro de 1992);

! aplicar as melhores tecnologias ambientais disponíveis nos processos produtivos;

! de realizar a avaliação das atividades que possam causar efei-tos nocivos sobre o meio ambiente transfronteiriço (Preâm-bulo da Convenção de Espoo de 1991);

! promover a notificação prévia e a troca de informações rele-vantes sobre atividades potencialmente causadoras de consi-derável impacto transfronteiriço negativo sobre o meio am-biente (Princípio 19 da Declaração do Rio Janeiro de 1992);

! estabelecer a notificação imediata de situações críticas (Prin-cípio 18 da Declaração do Rio Janeiro de 1992);

! de empreender a cooperação trasfronteiriça no caso de aci-dentes industriais (Convenção de Helsinki de 1992);

! assumir a responsabilidade por danos causados ao meio am-biente (Artigo 4º da Convenção de Bamako de 1991).

A evolução do Direito Internacional Ambiental ocorreu em fa-ses diversas da história das relações internacionais e do Direito In-ternacional dos Espaços, tendo em vista a relação do território com

9 A Resolução 43/131, de 8 de dezembro de 1988, da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre assistência humanitária às vítimas de catástrofes naturais e de outras situações de urgência da mesma ordem, trata da proximidade existente entre a assistência ecológica e a assistência humanitária. Disponível em: <http://www.un.org/french/documents/view_doc.asp?symbol=A/RES/43/131&Lang=F>. Acesso em: 20 mai. 2011.

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a soberania “como concentração de poder, no plano interno, e como divisão de poder no plano internacional”. (CASELLA, 2009, p. xv)

5. PERÍODOS DE DESENVOLVIMENTO DO DIREITO INTERNACIONAL AMBIENTAL

A história do Direito Internacional Ambiental pode ser dividida em pelo menos quatro períodos distintos.

1O PERÍODO: A PROTEÇÃO DOS RECURSOS INDIVIDUAIS E DO MEIO AMBIENTE POR VIA ARBITRAL (1893-1945)

Esse período começa discutindo questões sobre proteção dos recursos utilizados pela indústria pesqueira, compartilhados ou situ-ados fora da jurisdição dos Estados, que se instrumentam com trata-dos sobre a matéria e termina com a criação das Nações Unidas em 1945. Caracteriza-se pela consciência de que o desenvolvimento e a industrialização podem comprometer importantes recursos natu-rais, como a fauna e a flora, e buscam-se instrumentos jurídicos para induzir os Estados a limitar o seu desenvolvimento industrial e a exploração de certos recursos naturais. (BARBOZA, 2003, p.460)

Todavia, os recursos naturais eram tratados pelos Estados de forma individual, sem levar em conta as suas relações com o meio no qual estivavam inseridos e tampouco havia a concepção de patri-mônio ou interesse comum da humanidade, já que os recursos que se encontravam nos espaços comuns eram considerados como res

nullius e sujeitos, em princípio, a apropriação ilimitada por qual-quer indivíduo. (BARBOZA, 2003, p. 461)

Nessa fase da evolução do “proto” Direito Internacional Am-biental, a natureza era concebida antes de tudo como um conjunto de recursos naturais úteis ao homem que deveria geri-los com o ob-jetivo econômico de evitar o esgotamento de determinados bens. O papel dos ecossistemas, a longo prazo, era totalmente desconhecido e a sua proteção estava subordinada à utilidade econômica a curto prazo. (LAVIEILLE, 2004, p. 25)

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Um dos fatos emblemáticos deste período foi Caso das focas do mar de Behring (Fur Seal Arbitration10 - EUA versus Reino Uni-do, 1893). No período entre 1886 e 1893 ocorreu uma controvérsia entre o Reino Unido e os Estados Unidos envolvendo a pesca de focas de pele no mar de Behring. Os estadunidenses, após terem comprado o Alasca dos russos em 1867, constataram que os pesca-dores ingleses e canadenses praticavam uma feroz concorrência à Companhia Americana do Alasca, detentora do monopólio de pesca naquelas águas. Nesse sentido, proibiram a presença de barcos pes-queiros de outras nações na região, sob a alegação de que o mar de Behring era um mar territorial.

Em seguida, a prisão de alguns pescadores ingleses gerou pro-testos veementes por parte do governo britânico e a adoção de di-versas ações diplomáticas, até que os Estados Unidos propuseram submeter a controvérsia a um tribunal internacional de arbitragem. Reunido em Paris, este tribunal arbitral decidiu, em 15 de agosto de 1893, rejeitar a tese defendida pelos EUA no sentido de que, ao pre-servar a foca de pele além do seu mar territorial, os estadunidenses estavam agindo quase como “administradores fiduciários” (trustee) de toda a humanidade. Em sentido contrário, a posição britânica defendia o argumento de que qualquer bem ou recurso presente em alto mar poderia ser desfrutado livremente por qualquer Estado.

Ao encerrar a controvérsia, o tribunal arbitral aplicou a noção segundo a qual o alto mar seria uma res communis omnium, um bem que pode ser livremente usufruído. Porém, o mesmo tribunal expressou sua preocupação acerca da prática de overfishing e re-conheceu a necessidade de adoção de medidas capazes de coibir a destruição progressiva das focas de pele, determinando que as em-presas dedicadas a essa atividade deveriam aceitar, entre outras nor-mas, a interdição de determinados aparelhos, a demarcação de uma zona de proteção e o limite do tempo da estação de pesca. (CASSESE, 2004, p. 222)

O objetivo da decisão, portanto, era “impedir a extinção da es-pécie, não pela ideia da preservação do equilíbrio ecológico, mas em função de uma regulamentação do mercado internacional das peles de luxo”. (SOARES, 2003, p. 43)

10 Disponível em: <http://www.archive.org/stream/fursealabitrati11arbigoog#page/n7/mode/1up> Acesso em: 20 mai. 2011.

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No início do século XX, foram celebradas as duas primeiras convenções internacionais multilaterais sobre a proteção de certas espécies da fauna selvagem que traduzem, ainda, a visão utilitarista da época.

A primeira convenção, relativa à fauna selvagem africana, que jamais entrou em vigor e, a segunda, a convenção para a proteção das aves insetívoras úteis à agricultura, assinada em Paris em 1902, teve melhor sorte. (BEURIER, 2010, p. 38)

O mesmo utilitarismo caracterizou dois tratados relativos à pre-servação e à proteção das focas de pele. A primeira, concluída em 7 de fevereiro de 1911, entre os EUA e o Reino Unido e, a segunda, com o mesmo objeto, assinada em 7 de julho de 1911, associando estes dois países ao Japão e à Rússia. As técnicas de proteção utiliza-das já eram avançadas: foram estabelecidos contingentes nacionais para a apreensão e o controle do comércio internacional de objetos provenientes da caça das focas de pele. (BEURIER, 2010, p. 38)

Entre os primeiros tratados internacionais que podem ser con-siderados como destinados à proteção do meio ambiente, ainda que de forma parcial, destaca-se aquele celebrado entre os EUA e o Reino Unido sobre a proteção das águas fronteiriças contra a poluição con-cernentes aos EUA e Canadá, quando este ainda estava sob domínio britânico11, assinado em 1909.12 Esse tratado instituiu uma comis-são que desempenhou um papel importante no monitoramento das questões sobre poluição, não somente nas águas transfronteiriças, mas, também, sobre a qualidade do ar. (BEURIER, 2010, p. 38)

Na década de 1930, foi assinada a Convenção de Londres de 1933, relativa à conservação da fauna e da flora em estado natural. Aplicava-se apenas à África, na sua maior parte colonizada e excluía da sua aplicação os territórios dos países colonizadores signatários. A convenção previa a criação de parques nacionais, de proteção es-trita de um certo número de espécies da fauna selvagem e medidas de controle sobre a exportação de objetos provenientes de troféus de caça.13 (BEURIER, 2010, p. 38)

11 Somente com o Estatuto de Westminster, de 1931, foi concedia plena autonomia ao Canadá.

12 Ainda em vigor e que foi ampliado na década de 1970.13 Essa convenção foi substituída pela Convenção de Argel, de 1968, chamada

Convenção africana para a conservação da natureza e dos recursos naturais

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Outro acontecimento relevante neste primeiro período foi o Caso da Fundição Trail (EUA versus Canadá, 1941) que envolveu a discussão sobre um dano transfronteiriço causado em New Port (Es-tado de Washington) pelas partículas sólidas e pelos gases sulfurosos expelidos por uma fundição localizada na cidade de Trail (Colúmbia Britânica). Os árbitros decidiram que “nenhum Estado tem o direito de usar seu território ou de permitir seu uso, de tal maneira que emanações provoquem um prejuízo no território de outro Estado ou às propriedades e pessoas que nele se encontrem”. (SOARES, 2003, p. 698)

No pós-guerra, com a criação da Organização das Nações Uni-das e do direito onusiano, passa-se ao segundo período na evolução do Direito Internacional Ambiental.

2º PERÍODO: A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE (1945-1972)

Inicia-se a defesa do meio ambiente global e regional com a criação da ONU e de suas agências especializadas14, não obstante a ausência de menções específicas na Carta de São Francisco (1945). Pela primeira vez, as preocupações ambientais incluem as atividades “ultraperigosas”, vale dizer, aquelas que oferecem uma probabilida-de de produzir danos catastróficos ao meio ambiente como a indús-tria nuclear, espacial e de transporte de petróleo. (BARBOZA, 2003, p. 462)

A partir do final de década de 1950, a legislação sobre a prote-ção do patrimônio foi ampliada: incluiu, além da cultura, a nature-za.15

Nesse período, foram concluídos os primeiros acordos inter-nacionais multilaterais em matéria de proteção do meio ambiente.

! Washington, 1946 – Convenção internacional para a regula-mentação da caça à baleia;

que, por seu turno, foi substituída pela atual Convenção de Maputo, de 2003. (BEURIER, 2010, p. 38)

14 Particularmente com a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), criado em 1972.

15 PEDRO PAULO FUNARI e SANDRA C. A. PELEGRINI. Patrimônio Histórico e Cultural. 2ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2009, p. 23.

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! Londres, 1954 – Convenção internacional para a prevenção da poluição das águas do mar por hidrocarbonetos (OIL-POL);

! Washington, 1957 – Convenção para a proteção das focas do Pacífico Norte;

! Washington, 1959 – Tratado da Antártida;

! Moscou, 1963 – Tratado de proibição de ensaios de armas nucleares na atmosfera, no espaço extra-atmosférico e su-baquático;

! Londres, Moscou e Washington, 1963 – Tratado sobre prin-cípios reguladores das atividades dos Estados na exploração e uso do espaço cósmico, inclusive a Lua e demais corpos celestes.

3º PERÍODO: O MEIO AMBIENTE EM RELAÇÃO AO DESENVOLVIMENTO HUMANO (1972-1992)

Esse período estende-se da Conferência de Estocolmo de 1972, que irá “selar a maturidade do Direito Internacio-nal do Meio Ambiente”16 até a Conferência do Rio de Janeiro de 1992. São adotados múltiplos instrumentos regionais e globais como resposta aos angustiantes problemas ambien-tais.

Foi criada a Comissão Mundial de Meio Ambiente e De-senvolvimento, estabelecida pela Assembleia Geral da ONU em 1983, também conhecida como Comissão Brundtland, em homenagem à sua presidenta, ex-primeira ministra da Noruega, GRO HARLEM BRUNDTLAND.

O informe da Comissão Bruntland, denominado Nosso futuro

comum, significou uma mudança notável na cosmovisão ambiental, a partir da dissolução da concepção de mundo dividido em compar-timentos segundo as jurisdições nacionais. Publicado em 1987, o in-forme definiu o termo desenvolvimento sustentável e propôs, entre outras medidas, um programa para alcançá-lo. Foi criado um fundo,

16 SOARES, 2003, p. 54.

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denominado GEF – Global Environmental Facility – para financiar projetos em benefício do meio ambiente, e o Conselho de Segu-rança chegou a afirmar que “questões ecológicas podiam constituir ameaças à paz e segurança internacionais”. (BARBOZA, 2003, p. 463)

O relatório identificou os problemas ambientais mais impor-tantes que ameaçam e entravam o desenvolvimento de inúmeros pa-íses (crescimento demográfico desordenado, esgotamento do solo, desflorestamento, destruição das espécies, modificação da estrutura química da atmosfera, etc.). Assevera, ainda, que a proteção do meio ambiente deve ser uma prioridade internacional que implica numa vasta redistribuição de recursos financeiros, científicos e tecnológi-cos.

Os principais eventos ocorridos e os instrumentos jurídicos aprovados nesse período foram:

! Estocolmo, 1972 - Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano;

! Nova York, 1977 – Conferência das Nações Unidas sobre De-sertificação;

! Camberra, 1980 – Convenção sobre Conservação dos Recur-sos Vivos Marinhos Antárticos;

! Montego Bay, 1982 – Convenção sobre Direito do Mar (prin-cipalmente em sua parte XII sobre a proteção e a preserva-ção do meio marinho);

! Montreal, 1990 – Protocolo sobre substâncias que destroem a Camada de Ozônio;

! Madri, 1991 – Protocolo ao Tratado da Antártida sobre Pro-teção ao Meio Ambiente (com destaque para os seus cinco Anexos);

! Rio de Janeiro, 1992 – Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, com a aprovação da De-claração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvol-vimento, da Agenda 21 e da Convenção sobre Diversidade Biológica e da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança de Clima.

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Na Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e De-senvolvimento destacam-se os artigos 3 e 4: o princípio da equida-de entre as gerações e o estabelecimento da indivisibilidade entre desenvolvimento e proteção do meio ambiente, de tal forma que o desenvolvimento está condicionado à proteção do meio ambiente.

4º PERÍODO: A PROTEÇÃO SISTÊMICA DO AMBIENTE HUMANO (A PARTIR DE 1992)

Esse período caracteriza-se pela busca da integração das pre-ocupações ambientais com os temas de direito e política interna-cionais, em todas as atividades humanas. Nesse sentido, devem ser mencionados os seguintes tratados e conferências:

! Protocolo de Quioto (assinado em 1997, em vigor a partir de 2005) à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mu-dança de Clima (1992).

O artigo 4º do Protocolo prevê que “as partes deverão ter em conta, na medida do possível, as considerações relativas às mudanças climáticas em suas políticas e medidas sociais, econômicas e ambien-tais pertinentes”. O Protocolo compromete a uma série de nações industrializadas (Anexo B do Protocolo) a reduzir suas emissões em 5,2% - em relação aos níveis de 1990 – para o período de 2008-2012. Estabelece três “mecanismos de flexibilidade” que permitem aos pa-íses signatários cumprir com as exigências de redução de emissões, fora de seus territórios. Dois desses mecanismos correspondem so-mente a países do Anexo B: a Implementação Conjunta (Joint Imple-

mention) e o Comércio de Emissões (Emission Trading); o terceiro, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo-MDL (Clean Development

Mechanism), permite atividades entre o Norte e o Sul, com o objeti-vo de apoiar o desenvolvimento sustentável.17

O MDL permite que os projetos de redução de emissões nos países em desenvolvimento recebam o Certificado de Redução de Emissões (RCE), cada um equivalente a uma tonelada de CO². Esses RCEs podem ser negociados e vendidos, e usados pelos países in-dustrializados para alcançarem uma parte das suas metas de redução de emissões previstas no Protocolo de Quioto.

17 Fonte: <http://www.greenpeace.org.br/clima/pdf/protocolo_kyoto.pdf>. Acesso em: 26 jul. 2011.

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O mecanismo estimula o desenvolvimento sustentável e a redu-ção de emissões, ao mesmo tempo que oferece aos países industria-lizados alguma flexibilidade na forma como estes atingirão os seus objetivos de limitação de emissões.

O MDL é a principal fonte de renda para o Fundo de Adaptação da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança de Clima, que foi criado para financiar projetos de adaptação e programas em países em desenvolvimento que são particularmente vulneráveis aos efeitos adversos da mudança climática e que ratificaram o Protocolo de Quioto. O Fundo de Adaptação é financiado por um imposto de 2% sobre as RCEs emitidas pelo MDL.18

! Convenção sobre Direito do Mar relativo à conservação e manejo de populações de peixes altamente migratórios (Nova York, 1995).

! Convenção sobre o direito dos usos dos cursos de águas internacionais para fins distintos da navegação (Nova York, 1997).

! Convenção de Aarhus sobre o acesso à informação e a par-ticipação do público no processo de tomada de decisões e o acesso à justiça no tocante aos temas ambientais (1998).

! Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança da Convenção sobre Diversidade Biológica (2000).

! Acordo-Quadro sobre Meio Ambiente do Mercosul (2001).

! Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persis-tentes – POPS (2001).

! Conferência e Declaração de Johannesburg (2002).

Nessa Conferência de Johannesburg, pretendia-se alcançar o que foi definido como metas importantes na Conferência do Rio, em 1992 e avaliar a implantação da Agenda 21, considerando as fontes de financiamento. O principal documento aprovado na Conferên-cia foi o Plano de Implementação, no qual foram reafirmados os compromissos com o desenvolvimento sustentável e de construção

18 Fonte: <http://cdm.unfccc.int/about/index.html>. Acesso em: 26 jul. 2011

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de uma sociedade global humanitária e solidária, inclusive com os pequenos países insulares!" e os países africanos. (SILVA, 2010, p. 41)

Porém, esta Conferência foi marcada mais pelo simbolismo que pelos resultados práticos.20 Nesse caso, vale lembrar as palavras de JOSÉ ORTEGA Y GASSET: “Sólo debe ser lo que puede ser, y solo puede ser lo que se mueve dentro de las condiciones de lo que es”. (ORTEGA Y GASSET, 2010, p. 87)

6. RUMO À CONFERÊNCIA “RIO + 20”: JURISDIÇÕES INTERNACIONAIS, SOCIEDADE CIVIL E REFORMA DAS NAÇÕES UNIDAS

Durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92), o então presidente da Corte Internacio-nal de Justiça - CIJ, principal órgão judiciário das Nações Unidas, sir Robert Yewdall Jennings, assinalou o interesse daquele tribunal no desenvolvimento do Direito Internacional do Meio Ambiente. Re-forçando essa posição, o capítulo 39, parágrafo 10, da Agenda 21 estimula os Estados a submeterem à CIJ seus conflitos em matéria ambiental. Atualmente, estão em vigor mais de trinta convenções internacionais multilaterais sobre meio ambiente que, certamente, incitam os Estados a buscar esse meio de solução de controvérsias internacionais. Nesse sentido, em julho de 1993, a CIJ estabeleceu uma câmara especial com sete juízes para julgar casos específicos relacionados ao meio ambiente. (BEURIER, 2010, p. 91)

Contudo, de uma forma geral, os Estados permanecem ainda muito reticentes em resolver, pela via contenciosa, os seus litígios em matéria ambiental. Isso não impediu que a câmara especial da CIJ afirmasse alguns princípios fundamentais de Direito Internacio-nal do Meio Ambiente. Por exemplo, no seu parecer consultivo so-bre a licitude dos ensaios nucleares franceses no Atol de Mururoa21, e, sobretudo, na sentença sobre o caso Gabcikovo-Nagymaros, de

19 Por exemplo, Tuvalu.20 O mesmo pode ser dito sobre a COP 15, a Cúpula de Copenhague de 2010,

que deveria ter aprofundado a implementação do Protocolo de Quioto. Para maiores detalhes sobre este tema, consultar a revista Política Externa, v.18, nº 4, mar/mai 2010, editada pela Paz e Terra, com uma série de artigos sobre o clima pós-Copenhague.

21 Disponível em: <http://www.icjcij.org/docket/files/97/13324.pdf#view=FitH&pagemode=none&se

arch=%22polynesie%22>. Acesso em: 11 mar. 2011.

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25 de setembro de 1997, a CIJ consagrou alguns fundamentos do Direito Internacional do Meio Ambiente.22

Em 2006, a Argentina promoveu uma ação contra o Uruguai a propósito da construção, por este último, de uma fábrica de papel e celulose (papelera) instalada às margens do rio Uruguai com o intuito de obrigá-lo a tomar as medidas necessárias para preservar o meio aquático, impedir a poluição, proteger a biodiversidade e os

De acordo com a France Presse, em 29 de outubro de 2005, “a França fez 41 testes nucleares atmosféricos sobre os atóis de Mururoa e Fangataufa entre 1966 e 1974, seguidos de 134 testes subterrâneos nos mesmos locais entre 1975 e 1991. Outros oito foram realizados entre 1995 e 1996”. Fonte: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u89077.shtml>. Acesso em: 11 abr. 2011.

Finalmente, em 2008, noticiou o jornal The Guardian, o governo francês concordou em pagar uma indenização às vítimas da radiação dos testes nucleares: “the French defence minister finally broke the taboo, saying a law would be introduced in January to compensate those suffering illnesses among the 150,000 army and civilians who worked on the tests in Algeria and French-owned Polynesian atolls. Hervé Morin said France would draw up a list of health problems that could be linked to radiation exposure over the course of 210 tests from 1960 to 1996. He admitted that France lagged behind countries such as the US in failing to acknowledge long-term health effects, saying: “Today, we must recognize these victims.” “We were guinea pigs who have had no proper medical support,” said Michel Verger, president of the veterans pressure group, Aven. The group, which has about 3,000 members, surveyed more than 1,000 veterans and found 35% had one or two cancers and one in five were infertile. Verger said veterans suffered a range of illnesses, including cancers of the blood and cardiovascular problems, and their children and grandchildren were also suffering health complications” (…) “During the tests at Mururoa in French Polynesia in the late 1960’s, one veteran described how he was stationed in shorts and T-shirts on a boat only about 15 miles from the explosion before sailing immediately to the area of the vast mushroom cloud to examine the damage. Jacques Chirac caused controversy when he resumed tests around atolls in French Polynesia in the south Pacific shortly after being elected president in 1995. In 2006 a French medical research body found nuclear testing had caused an increase in cancer on the nearest inhabited islands. In recent years several court cases have been brought by nuclear test veterans suffering health problems who complained the state had denied them disability pensions”. Disponível em: <http://www.guardian.co.uk/world/2008/nov/27/france-nuclear-tests-illness>. Acesso em: 11 mar. 2011.

The government said yesterday it would no longer appeal when courts ruled against the state in these cases.

22 Disponível em: <http://www.icj-cij.org/docket/files/92/7375.pdf#view=FitH&pagemode=none&se

arch=%22Gabcikovo-Nagymaros%22>. Acesso em: 11 mar. 2011.

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peixes e de realizar um estudo de impacto ambiental que pudesse causar dano transfronteiriço.23

Em 2008, o Equador acionou a Colômbia por esta ter espalhado herbicidas tóxicos na sua fronteira e sobre o seu território visando a destruição de plantações de coca e, de acordo com o governo equa-toriano, atentando contra a saúde humana e o meio ambiente da-quele país.24 Ainda assim, nestes casos, as questões ambientais man-têm-se marginais se comparadas àquelas concernentes ao Direito Internacional Geral e ao Direito dos Tratados. (BEURIER, 2010, p. 91)

Após 20 anos da realização da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Rio-92), é evidente que os avanços verificados em matéria de participação das ONGs nos fóruns internacionais estão longe de atingir o seu objetivo inicial. Assim, buscando justamente fortalecer a aplicação do Direito Inter-nacional Ambiental e com objetivo de ampliar a governança inter-nacional ambiental, surgiu o projeto de criação de uma Organiza-ção Mundial do Meio Ambiente defendida, em 2010, pelo diretor executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

Essa ideia foi sustentada originalmente por ONGs durante a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvol-vimento (Rio-92) e retomada, em 2002, na Conferência de Johannes-burgo, onde os chefes de Estado e de governos participantes solici-taram a implementação das recomendações adotadas em Cartagena, por ocasião da sétima sessão extraordinária do PNUMA, em fevereiro de 2002, relativas ao fortalecimento deste órgão subsidiário das Na-ções Unidas, criado em 1972. Em 2003, por iniciativa da França, um grupo de trabalho constituído por 26 países sugeriu a transformação da PNUMA na OME - Organisation Mondiale de l´Environnement.25 (LAVIEILLE, 2011, p. 1)

Em 2009, o PNUMA constituiu um Grupo Consultivo encarre-gado de apresentar uma série de opções para melhorar a governan-ça ambiental. Os delegados desse grupo consultivo, oriundos de 58

23 Disponível em: <http://www.icjcij.org/docket/files/135/15877.pdf#view=FitH&pagemode=none&search=%22Argentine%22>. Acesso em: 11 mar. 2011.

24 Disponível em: <http://www.icj-cij.org/docket/files/138/14469.pdf>. Acesso em: 11 mar. 2011.

25 Organização Mundial do Meio Ambiente.

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países, reuniram-se naquele mesmo ano em Belgrado e, em 2010, em Nairóbi, Espoo e Helsinki. O relatório apresentado pelo Grupo Consultivo ao Conselho de Administração do PNUMA foi discutido no Foro Ministerial Mundial sobre Meio Ambiente, que reuniu 144 ministros em fevereiro de 2011. As recomendações oriundas dessa reunião foram transmitidas ao Comitê Preparatório da Conferência da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Susten-tável (Rio+20) e indicam a necessidade de reforço da governança ambiental e, ao mesmo tempo, “identificam notadamente a criação da OME como opção privilegiada.” (LAVIEILLE, 2011, p. 1)

Tal iniciativa estaria vinculada ao movimento de reforma da Or-ganização das Nações Unidas.26

Atualmente, por um lado, verifica-se que o único pilar ambien-tal de apoio ao desenvolvimento sustentável (PNUMA) não é repre-sentado por uma instituição internacional forte. Por outro lado, o pilar social é representado pela OIT e o pilar econômico, pela OMC. Somente com a criação da OME o desenvolvimento sustentável po-derá repousar de forma equilibrada sobre esses três pilares. (LAVIEIL-LE, 2011, p. 2)

Além da criação da OME, durante a 3ème réunion mondiale

des juristes et des associations de droit de l’environnement, reali-zada em Limoges, em setembro de 2011, juristas de todo o mundo aprovaram a ideia da criação de uma Corte Mundial do Meio Am-biente e da extensão das competências do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (ECOSOC) no Conselho Econômico, So-cial e Ambiental, transformado em órgão representativo das forças vivas da sociedade civil internacional, com a maior participação das ONGs. Tais contribuições serão encaminhadas para as negociações da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Susten-tável, em 2012.

A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sus-tentável (UNCSD), que será realizada em conformidade com a Re-solução 64/236 da Assembleia Geral (A/RES/64/236), irá ocorrer no Brasil de 20 a 22 de junho de 2012 marcando o 20º aniversário da

26 Para maiores detalhes sobre este tema, consultar a revista Política Externa, v.14, nº 2, set/nov. 2005, editada pela Paz e Terra, com uma série de artigos sobre as propostas de reforma da ONU.

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Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvi-mento (UNCED), que ocorreu no Rio de Janeiro em 1992, e o 10º aniversário da Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (WSSD), ocorrida em Johanesburgo em 2002.

O encontro recebeu o nome de Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) e visa a renovar o en-gajamento dos líderes mundiais com o desenvolvimento sustentável do planeta, vinte anos após a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92).

Os dois temas em foco na Conferência serão: a) uma economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza; e b) o quadro institucional para o desenvolvimento sus-tentável.

O objetivo da Conferência é assegurar um comprometimento político renovado para o desenvolvimento sustentável, avaliar o pro-gresso feito até o momento e as lacunas que ainda existem na imple-mentação dos resultados dos principais encontros sobre desenvolvi-mento sustentável, além de abordar os novos desafios emergentes.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Direito Internacional do Meio Ambiente tornou-se um dos ramos mais destacados do Direito Internacional Público. Mesmo classificado por alguns autores como soft norm27, tem alcançado uma repercussão bastante significativa mesmo entre os Estados re-fratários às negociações de convenções internacionais em matéria ambiental.#$

27 Conforme MARCELO VARELLA (2011, p. 82), são aqueles tratados que, “mesmo com o compromisso assumido pelo Estado, não geram obrigações rígidas”. Suas características são: a) redação com “expressões vagas e conceitos imprecisos; b) dirigem-se também a atores não estatais, cuja prática não pode constituir direito costumeiro; c) a implantação das suas disposições é voluntária, não havendo instrumentos jurídicos para forçar essa implantação”. (VARELLA, p. 84)

28 Apesar da oposição do governo Bush ao Protocolo de Quioto, 28 dos 50 Estados norte-americanos e dezenas de empresas multinacionais sediadas nos Estados Unidos adotaram voluntariamente medidas de redução de gases poluentes com o objetivo de combater o aquecimento global. Boa parte dos Estados que lideram a causa ambiental é governada por republicanos moderados, como George Pataki, em Nova York, e Arnold Schwarzenegger, na Califórnia. Fonte:< http://

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O Direito Internacional Ambiental teve o mérito de, em pou-cas décadas, constituir-se num novo ramo do Direito Internacional a partir de normas e princípios novos que, aos pouco, vão interagin-do com os outros ramos do direito e impulsionando o avanço das mentalidades e dos comportamentos dos juristas e dos governos. Nesse sentido, a ideia da criação da Organização Internacional do Meio Ambiente é o reflexo do aprofundamento das discussões sobre a matéria.

No mesmo sentido, a participação da sociedade civil internacio-nal tem sido decisiva para pressionar a inserção de temas ambientais nas várias agendas das organizações internacionais e das conferên-cias internacionais sobre desenvolvimento sustentável, motivando as discussões de temas globais de Direito Ambiental de interesse de todos aqueles comprometidos com a defesa do meio ambiente e, consequentemente, com a melhoria da qualidade de vida no planeta para as presentes e as futuras gerações.

8. REFERÊNCIAS

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