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Priscilla Bacalhau , que no dia 13 de novembro de 2020 falou no Seminário do Escritório de Evidências sobre Gestão Escolar (voltaremos a esse seminário em outro Boletim), fez um excelente artigo para a plataforma Nexo Políticas Públicas sobre Avaliação de Impacto Experimental . Alguns pesquisadores que ouvimos nos seminários fizeram uso dessa estratégia, entre eles Guilherme Lichand , que em 29 de janeiro falou sobre os efeitos das intervenções informacionais nos resultados educacionais. Muitos dos termos que ele usou são explicados didaticamente no artigo de Priscilla, nos ajudando a compreender aspectos mais técnicos da pesquisa econométrica em educação. O artigo vale a pena também por esclarecer a importância das avaliações de impacto experimentais para o teste de novas políticas públicas, antes de serem implementadas em larga escala. O que há de novo ANO II - EDIÇÃO 23 MARÇO DE 2021 BOLETIM EDUCAÇÃO EM EVIDÊNCIAS 1 ARTIGO SOBRE AVALIAÇÃO DE IMPACTO EXPERIMENTAL SEMINÁRIO DE 12/03 NESTA EDIÇÃO EVIDÊNCIAS EM DEBATE: CLAUDIA COSTIN SOBRE FORMAÇÃO DOCENTE VERA PLACCO, VERA LÚCIA T. DE SOUZA E LAURINDA R. DE ALMEIDA O(A) COORDENADOR(A) PEDAGÓGICO(A) E FORMAÇÃO DOCENTE Foto de fauxels no Pexels

EM EVIDÊNCIAS BOLETIM EDUCAÇÃO...Empresas – FGV RJ. Sua extensa carreira e os sucessos acumulados a gabaritam como uma das principais conhecedoras da educação brasileira. Foi,

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Priscilla Bacalhau, que no dia 13 de novembro de 2020 falou noSeminário do Escritório de Evidências sobre Gestão Escolar(voltaremos a esse seminário em outro Boletim), fez um excelenteartigo para a plataforma Nexo Políticas Públicas sobre Avaliação deImpacto Experimental. Alguns pesquisadores que ouvimos nos seminários fizeram uso dessaestratégia, entre eles Guilherme Lichand, que em 29 de janeiro falousobre os efeitos das intervenções informacionais nos resultadoseducacionais. Muitos dos termos que ele usou são explicadosdidaticamente no artigo de Priscilla, nos ajudando a compreenderaspectos mais técnicos da pesquisa econométrica em educação. O artigo vale a pena também por esclarecer a importância dasavaliações de impacto experimentais para o teste de novas políticaspúblicas, antes de serem implementadas em larga escala.

O que há de novo

A N O I I - E D I Ç Ã O 2 3 M A R Ç O D E 2 0 2 1

BOLETIM EDUCAÇÃOEM EVIDÊNCIAS

1

ARTIGO SOBRE AVALIAÇÃO DE IMPACTOEXPERIMENTAL SEMINÁRIO DE 12/03

N E S T A E D I Ç Ã O

EVIDÊNCIAS EMDEBATE: CLAUDIA COSTINSOBRE FORMAÇÃODOCENTE

VERA PLACCO, VERALÚCIA T. DE SOUZA ELAURINDA R. DEALMEIDA O(A)COORDENADOR(A)PEDAGÓGICO(A) EFORMAÇÃO DOCENTE

Foto de fauxels no Pexels

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Quais são as funções do(a) CPe os desafios queencontra paradesempenhá-las?

Como o contextoatualcomplexifica suaatuação?

As três palestrantes são doutoras em educação: psicologia da educação, pelaPUC-SP. Vera Maria Nigro de Souza Placco (esq.) é docente e pesquisadora na Pós-Graduação em Educação da mesma universidade, em Psicologia da Educação e Formação de Formadores, e líder do grupo de pesquisa CEPId - Contexto Escolar, Processos Identitários de Professores e Alunos da Educação Básica.Vera Lucia Trevisan de Souza (centro) é docente e pesquisadora da Pós-Graduação em Psicologia da PUC - Campinas e líder do grupo de pesquisa "Processos de constituição do sujeito em práticas educativas. Laurinda Ramalho de Almeida é docente e pesquisadora da Pós-Graduação em Educação: Psicologia da Educação e Educação e Formação de Formadoresda PUC-SP e vice-líder do grupo de pesquisa "Bases da Psicologia para a Educação.

No seminário vamos refletir sobre a identidade do(a) Coordenador(a) Pedagógico(a) no Brasil, focalizando as especificidades de sua função, suas condições de trabalho e de formação, apontando, principalmente, os desafios que enfrentava e enfrenta para o desempenho de suas funções articuladora, formadora e transformadora, com destaque à formação de professores. Ainda, pretendemos problematizar a complexificação de seus desafios frente ao isolamento social, à volta à escola e ao ensino remoto, que exigem novas práticas e posturas.

Agenda dos SemináriosASSISTA NO CANAL DO YOUTUBE DO CENTRO DE MÍDIAS DE SÃO PAULO

DIA 12/03 ÀS 14H - VERA PLACCO, VERA LÚCIA TREVISAN E LAURINDAR. DE ALMEIDAO(A) COORDENADOR(A) PEDAGÓGICO(A) E A FORMAÇÃO DEPROFESSORES(AS): INTENÇÕES, TENSÕES E CONTRADIÇÕES

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O tema da formação de professores(as) écentral na reflexão sobre a políticaeducacional. Não por acaso ele apareceneste boletim como tema do próximoseminário, associado ao debate sobre opapel da coordenação pedagógica, e nocomentário que faremos aqui sobre oseminário de Claudia Costin, ocorrido nodia 18 de novembro passado. RaquelTeixeira, Coordenadora da Efape, foi aapresentadora e debatedora na ocasião,trazendo também sua experiência para odebateCláudia Costin atualmente é diretora doCentro de Excelência e Inovação emPolíticas Educacionais, da EscolaBrasileira de Administração Pública e deEmpresas – FGV RJ.Sua extensa carreira e os sucessosacumulados a gabaritam como uma dasprincipais conhecedoras da educaçãobrasileira. Foi, entre 2009 e 2014,Secretária Municipal de Educação do Riode Janeiro, período em que o IDEB domunicípio aumentou em 22%.Quando comentamos um seminário, nãoconseguimos, é claro, reproduzir ariqueza da reflexão em poucas páginas,por isso a recomendação é sempre amesma: assistam Claudia Costin emnosso canal do Youtube. A abordagemque ela faz da formação docente éapaixonada, defendendo a necessidadede profunda inovação, que seja pautadapelas evidências de estudos e práticas desistemas de ensino bem-sucedidos nomundo. Por sua atuação diversa comogestora e pesquisadora no campo daeducação, ela traz para o debateinúmeras informações concretas sobreessas experiências.

O que é tão ou mais importante, debatea formação docente a partir de umaperspectiva ampla, que busca sínteses econsensos que nos ajudem a refletirsobre como construir a educação dosnossos sonhos.Claudia inicia a reflexão pelo Objetivo deEducação entre os Objetivos deDesenvolvimento Sustentável – o ODS 4. A Agenda para o DesenvolvimentoSutentável, composta de 17 objetivos, foiproposta pela ONU em 2015 para orientara ação de seus países membros em várioscampos de políticas públicas até 2030O ODS 4 propõe “assegurar a educaçãoinclusiva, equitativa e de qualidade, epromover oportunidades deaprendizagem ao longo da vida paratodos”.Constrasta a essa meta à realidadeeducacional brasileira, que vai muito malnos dois quesitos: qualidade e equidade.Se educação de qualidade significa bonsresultados de aprendizagem, o Brasil estáentre os 9 piores países, de 70, naavaliação de matemática de alunos de 15anos feita pelo Programa Internacionalde Avaliação de Alunos (Pisa) em 2019.Mas talvez o elemento mais preocupanteseja a falta de equidade no acesso àeducação de qualidade: apenas 64% dosalunos concluem o Ensino Médio com 19anos. Mesmo considerando os efeitos dadesigualdade social brasileira naeducação, e o ciclo vicioso que se cria – adesigualdade educacional reforçandoainda mais a desigualdade social –,Costin aponta que há países desiguaissocialmente como o Brasil que estãosendo capazes de criar um círculovirtuoso rumo à equidade educacional.

Evidências educacionais em debateA FORMAÇÃO DOCENTE SOB O OLHAR DE CLAUDIA COSTIN

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Recentemente, Costin investigou quais ascaracterísticas comuns a redes de ensinoque avançaram no IDEB de maneiracontínua, chegando à síntese abaixo.Notem como a formação docente é umdos elementos de um conjunto demedidas.

Voltando aos ODS, não basta qualidadesem equidade, que do ponto de vista daatuação do(a) professor(a) exige motivaralunos e alunas que não estãomotivados, justamente aqueles combaixo desempenho. A principalcompetência do(a) professor(a) égarantir a aprendizagem de todos – esteé o ponto central do argumento deClaudia Costin. E essa tarefa de envolvere engajar principalmente essesestudantes e garantir que aprendam émuito complexa, exige uma formaçãoque os professores brasileiros

não têm recebido, nem na graduação,nem na formação em exercício.Em relação à formação inicial, Costinobserva que os currículos dasuniversidades são excessivamenteteóricos, e divorciados da preparaçãopara uma profissão. Em sua opinião, osantigos cursos de magistério de ensinomédio eram muito mais conectados coma prática. O problema não reside no fatode essa formação ter sido levada ao nívelsuperior, decisão acertada em suaavaliação, e sim na maneira como seconstruíram tais cursos. Secompararmos, a formação médica, deresponsabilidade das universidades, éaltamente profissionalizante, fazendouso da residência médica. Na Finlândiaos docentes de educação básica passampor um mestrado profissional,estreitamente conectado com o “chão daescola”, antes de lecionarem. No Chile,que não por acaso tem bom desempenhona educação básica, também éfortemente profissionalizante a formaçãode professores, que desde o primeiro anoda universidade já atuam em escolaspúblicas em atividades com níveiscrescentes de responsabilidade.Medidas de aproximação da formaçãoinicial com as escolas públicas deeducação básica já estão ocorrendo nasnossas redes. Raquel Teixeira comentaque a Seduc SP está buscando parceriascom as universidades paulistas visandoaprimorar o estágio supervisionado naslicenciaturas e nos cursos de pedagogia.Para Claudia, a necessidade urgente deaprimorar a formação docente não podeesperar essa profunda transformação daestrutura atual em que se dá

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Fonte: Apresentação de Claudia Costin

MELHORIA CONTÍNUA DEAPRENDIZAGEM

Estabelecer resultados claros aserem alcançados: Altasexpectativas, para todos.Ter um currículo claro e atuarem rede.Formação continuada deprofessores conectada com ocurrículo e com resultados deavaliações.

Monitorar continuamente aaprendizagem e dar devolutivaspara todos na rede.Criar um sistema de recuperaçãode aprendizagem (atençãoespecial aos mais velhos e aosnão alfabetizados).

Construir ações afirmativas(mais para quem tem menos).Trabalho colaborativo dentro decada escola e entre escolas.

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a formação inicial; o processo dealteração dos currículos universitários élento, daí a importância fundamental daformação continuada. Nem tudo estáainda por se fazer. Costin registra osachados de estudos e experiências bemsucedidas de formação docente, que vêmconstruindo consensos recentemente.Entre alguns aspectos que ela destacaestão práticas de formação continuadaem serviço com tutoria e observação desala de aula, como é o caso de Xangai,que tem excelentes resultados deaprendizagem, estudos realizados porBarbara Bruns com apoio do BancoMundial no Ceará, sobre observação douso do tempo em sala de aula – queredundaram em medidas concretas darede de ensino – e o fato de que asescolas de formação de professoresestão fortalecendo a formação em gestãode sala de aula.Nesse contexto, Claudia também registrao importante avanço que significou apublicação, pelo Conselho Nacional deEducação, das Diretrizes CurricularesNacionais e da Base Nacional Comumpara a Formação Continuada deProfessores da Educação Básica(Resolução CNE/CP nº 01/2020). A BNCtraz propostas importantes para aformação inicial, entre elas odesenvolvimento de competênciasdigitais entre docentes, algo cada vezmais fundamental nos dias de hoje.Chegamos aqui ao segundo blocofundamental de argumentos. No iníciodesse texto registramos, como ClaudiaCostin, que a tarefa fundamental dosdocentes, de garantir a aprendizagem detodos, é complexa e exige uma série decompetências que precisam seraprendidas.

As características do mundo de hoje,principalmente referidas à velocidadedas transformações tecnológicas e aomundo do trabalho, traz um outroconjunto de elementos para o debate.

O cenário desenhado pelos quadrosacima dá a noção da enormecomplexidade envolvida na formação deprofessores e professoras para esse novoensino. De um lado, o uso de tecnologiase o ensino híbrido colaboram emdesonerar o professor de tarefas queantes consumiam muito tempo e cujo

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Desafios que o futuro traz para o Brasil

Tendências em Educação no Mundo

Fonte: Apresentação de Claudia Costin

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objetivo era de transmitir conteúdos(aulas gravadas, vídeos, etc.) – esseganho também foi discutido por PauloBlikstein em seu seminário. No entanto,esse movimento precisa acontecerparalelamente a outro, que é oaprofundamento da formação maiscomplexa associada a seu papel central:deixa de ser transmissor de conteúdopara ser assegurador da aprendizagem,que envolve não apenas aprender aensinar os diversos conteúdoscurriculares tradicionais, como os novosconteúdos. Se o mundo do trabalho exigepensamento crítico, pensamentosistêmico, uma capacidade analíticamaior do indivíduo, também o(a) docenteprecisa aprender tais competências paraorientar a aprendizagem delas na sala deaula. Como diz Claudia Costin, ascompetências socioemocionais ganhamimportância, mas é difícil ensinar o quenão desenvolvemos em nós.

7Redação e diagramação: Escritório de Evidências (Maria Elisa Brandt, Vinicius Georges e Guilherme Corte)

Expediente:Coordenação: Marcos Barros (CITEM)

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Caro(a) leitor, Se você gostou particularmente de um seminário, ou leu um artigo que gostaria que fossecomentado no boletim, ou conheceu uma pesquisa que mereça aparecer nos nossos seminários,escreva para nós. Nosso email é [email protected]

Obrigado(a)!Abraços,

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"Não adianta falar de persistência se eudesisto do meu aluno."Raquel Teixeira observa, no contextodesse debate, que a pandemia provocoualgumas mudanças de atitude positivas: oprofessor perdeu o medo da tecnologia,as famílias passaram a dar mais atençãoao estudo dos filhos e valorizar a escola.Acrescenta: precisamos aproveitar essemomento para fortalecer aprofissionalização da carreira docente esua valorização pela sociedade.A necessidade de aumento salarialtambém foi tratada por Claudia Costin; ossalários muito baixos em comparação aprofissões que exigem a mesmaescolaridade é uma das distânciasfundamentais entre o Brasil e os paísescom educação básica de qualidade. Ficaaqui mais um "teaser": vejam no video oque ela fala sobre a imagem socialestigmatizada da docência no Brasil e orisco da vitimização.