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JV – O que motivou você a escolher Engenharia como carreira, especificamente, a área de Civil e Ambiental? Francine – Comecei a pensar em Engenharia no 2º colegial. Eu sempre gostei mais de Exatas e, desde o início do colégio, minha intenção era prestar alguma coisa nessa área. No 2º ano cheguei a pensar em Engenharia Física, mas desisti. Eu estudava na Escola Técnica Federal e no 3º ano fiz curso técnico de Gestão Ambiental na Etesp [Escola Técnica Estadual de São Paulo]. Foi assim que acabei chegando à Engenharia Ambiental. Em 2009, além da Fuvest, você prestou quais vestibulares? Unicamp e Unesp. Na Unesp foi para Engenharia Ambiental. Passei nas três. Você entrou na Poli na área que reúne os cursos de Engenharia Civil e Engenharia Ambiental. Qual deles você vai seguir? Quando prestei, queria Ambiental. Agora eu penso também em Civil. Mas estou na dúvida, ainda não escolhi. Vou conhecer melhor para escolher. As duas engenharias têm pontos em comum? O 1º e o 2º ano são iguais. Na Poli, Engenharia Ambiental é muito voltada para Engenharia Sanitária e sua base é bastante de Civil. Você terminou o Ensino Médio em 2007. Prestou vestibular direto? Sim. Prestei só para a Poli. Fui para a 2ª fase. No final, minha classificação era 1 092ª. Já estava no cursinho quando saiu a última lista da Fuvest 2008 e eles pararam no 1 072º. Como você conheceu o Etapa? No colégio. Muita gente da Federal acaba vindo para o Etapa. Vários amigos meus fizeram o cursinho. Sempre que tinha simulado aberto, eu vinha fazer. Como estava seu ânimo ao entrar no cursinho? No começo eu ainda estava na expectativa das últimas listas, pensando que talvez desse para ser chamada. Quando saiu a última lista e não passei, fiquei triste. Também fiquei motivada a estudar bem mais. “Se foi quase, fazendo cursinho tenho muito mais condição de passar.” Você conseguiu manter essa motivação ao longo de todo o ano? O ano inteiro eu mantive ritmo igual de estudo. Foi difícil. Há algumas épocas em que você se cansa muito e tem de dar uma relaxada. Só que eu não parava para não deixar acumular matéria. Como era seu método de estudo? Até o meio do ano eu ficava estudando no cursinho, todo dia, até as 6 horas da tarde. No segundo semestre, ia às vezes para o Centro Cultural, um lugar tranquilo para estudar. Em média, quantas horas você estudava por dia? Três, quatro horas, por aí. E nos fins de semana? Eu fazia reforço no sábado de manhã e estudava também à tarde. Quando tinha simulado na sexta-feira eu estudava a matéria desse dia no fim de semana. No domingo eu pegava um pouco mais leve para aguentar a semana inteira. Às vezes estudava umas três horas. Isso foi mais depois da metade do ano. Você estudava sempre a matéria do dia? Estudava a matéria do dia sempre que dava. Tentava não deixar a matéria de uma semana passar para a semana seguinte. Tinha muito medo de acumular. Em quais matérias você tinha mais dificuldade? Em Química, minha base era muito fraca. No outro ano fui mal em Química na 2ª fase. Em Geografia também, só acertei três questões na 1ª fase. No meu colégio, Geografia era mais voltada para Geopolítica e eu não vi muita coisa que cai no vestibular. Tive de correr atrás disso. Química, eu aprendi no cursinho. Quando comecei a aprender, passei a gostar. Em quais matérias você tinha uma base mais forte? Matemática e Física. Em Português sempre fui bem também, sempre escrevi, sempre gostei, sempre achei tranquilo. Você fez RPE. Como ele ajudou? A aula do reforço é muito mais para fazer exercícios, treinar para ver em que você tem

Em quais matérias você tinha mais - ETAPA Muita gente da Federal acaba ... Quando tinha simulado na sexta ... Antes, talvez, mas não sei. Tem muita coisa que só na palestra você

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Page 1: Em quais matérias você tinha mais - ETAPA Muita gente da Federal acaba ... Quando tinha simulado na sexta ... Antes, talvez, mas não sei. Tem muita coisa que só na palestra você

JV – O que motivou você a escolherEngenharia como carreira, especificamente,a área de Civil e Ambiental?

Francine – Comecei a pensar em Engenhariano 2º colegial. Eu sempre gostei mais deExatas e, desde o início do colégio, minhaintenção era prestar alguma coisa nessa área.No 2º ano cheguei a pensar em EngenhariaFísica, mas desisti. Eu estudava na EscolaTécnica Federal e no 3º ano fiz curso técnicode Gestão Ambiental na Etesp [Escola TécnicaEstadual de São Paulo]. Foi assim que acabeichegando à Engenharia Ambiental.

Em 2009, além da Fuvest, você prestouquais vestibulares?

Unicamp e Unesp. Na Unesp foi paraEngenharia Ambiental. Passei nas três.

Você entrou na Poli na área que reúne oscursos de Engenharia Civil e EngenhariaAmbiental. Qual deles você vai seguir?

Quando prestei, queria Ambiental. Agora eupenso também em Civil. Mas estou nadúvida, ainda não escolhi. Vou conhecermelhor para escolher.

As duas engenharias têm pontos em comum?

O 1º e o 2º ano são iguais. Na Poli, EngenhariaAmbiental é muito voltada para EngenhariaSanitária e sua base é bastante de Civil.

Você terminou o Ensino Médio em 2007.Prestou vestibular direto?

Sim. Prestei só para a Poli. Fui para a 2ª fase.No final, minha classificação era 1 092ª. Jáestava no cursinho quando saiu a última listada Fuvest 2008 e eles pararam no 1 072º.

Como você conheceu o Etapa?

No colégio. Muita gente da Federal acabavindo para o Etapa. Vários amigos meusfizeram o cursinho. Sempre que tinhasimulado aberto, eu vinha fazer.

Como estava seu ânimo ao entrar nocursinho?

No começo eu ainda estava na expectativadas últimas listas, pensando que talvez dessepara ser chamada. Quando saiu a última listae não passei, fiquei triste. Também fiqueimotivada a estudar bem mais. “Se foi quase,fazendo cursinho tenho muito mais condiçãode passar.”

Você conseguiu manter essa motivação aolongo de todo o ano?

O ano inteiro eu mantive ritmo igual deestudo. Foi difícil. Há algumas épocas emque você se cansa muito e tem de dar umarelaxada. Só que eu não parava para nãodeixar acumular matéria.

Como era seu método de estudo?

Até o meio do ano eu ficava estudando nocursinho, todo dia, até as 6 horas da tarde.No segundo semestre, ia às vezes para oCentro Cultural, um lugar tranquilo para estudar.

Em média, quantas horas você estudavapor dia?

Três, quatro horas, por aí.

E nos fins de semana?

Eu fazia reforço no sábado de manhã eestudava também à tarde. Quando tinhasimulado na sexta-feira eu estudava a matériadesse dia no fim de semana. No domingo eupegava um pouco mais leve para aguentar asemana inteira. Às vezes estudava umas trêshoras. Isso foi mais depois da metade do ano.

Você estudava sempre a matéria do dia?

Estudava a matéria do dia sempre que dava.Tentava não deixar a matéria de uma semanapassar para a semana seguinte. Tinha muitomedo de acumular.

Em quais matérias você tinha maisdificuldade?

Em Química, minha base era muito fraca. Nooutro ano fui mal em Química na 2ª fase.Em Geografia também, só acertei trêsquestões na 1ª fase. No meu colégio,Geografia era mais voltada para Geopolítica eeu não vi muita coisa que cai no vestibular.Tive de correr atrás disso. Química, euaprendi no cursinho. Quando comecei aaprender, passei a gostar.

Em quais matérias você tinha uma basemais forte?

Matemática e Física. Em Português sempre fuibem também, sempre escrevi, sempre gostei,sempre achei tranquilo.

Você fez RPE. Como ele ajudou?

A aula do reforço é muito mais para fazerexercícios, treinar para ver em que você tem

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dificuldade. Tem muito exercício escrito eisso ajuda para a 2ª fase, você fica com umpreparo melhor.

Você ia ao Plantão de Dúvidas?

Às vezes eu ia, mas procurava mais osamigos. Fui algumas vezes em Matemáticae Física. Redação, levei algumas. Usavabastante a internet para resolver os problemas.

Como era seu treino para Redação?

Redação é uma matéria que muita gentedespreza e que foi importante para mediferenciar na Fuvest. Tirei uma nota alta. Nocursinho, fazia as redações do reforço e asdos simulados.

Quais eram os seus resultados nossimulados?

A maioria, um pouco mais da metade, eraC mais. Tirava alguns B, alguns A em Redaçãoe em Matemática. Nos simulados da Fuvest,só no último tirei A. Deu um ânimo. Noreforço, acho que nunca tirei A, tirei um B só.C menos, um – e foi em Redação, uma dasprimeiras que fiz.

Você leu os livros indicados pela Fuvest epela Unicamp? Assistiu às palestras sobre eles?

Eu já tinha lido no ano anterior. No anopassado, reli uns três, dos quais já não melembrava direito. Mas assisti a todas aspalestras, que são muito importantes. Nelas,os professores explicam as obras, ensinam.Na prova de Português da 2ª fase, uma dasquestões eu lembrava do professor falandoexatamente o que caiu. Valeu muito a pena.

Você recomenda ler os livros antes oudepois das palestras?

Antes, talvez, mas não sei. Tem muita coisaque só na palestra você percebe. Por issoalguns livros, pode ser melhor até ler oureler depois.

Nas férias, o que você fez?

Se estudei, foi muito pouco. Eu aproveiteipara descansar mesmo.

Você abriu mão de alguma atividade parase preparar para os vestibulares?Acabei parando tudo. Eu sempre fiz teatro,parei. Deixei de sair à noite, saí poucasvezes. Não dava, senão no outro dia nãoconseguiria estudar direito.

Você prestou USP, Unicamp e Unesp. Asua preferência era a Poli mesmo?

Sempre foi. Antes de escolher o que eu queriafazer, queria estudar na USP. Era o sonhodesde o colégio. Tanto que quando termineio Ensino Médio só prestei Poli.

Sua maior preocupação era com a 1ª oucom a 2ª fase da Fuvest?

Com a 1ª. Eu queria ir bem na 1ª fase para teruma tranquilidade maior na 2ª. No outro anoeu tinha ficado três pontos acima do corte.Na 2ª fase eu fui na média, nem malnem bem.

Quantos pontos você fez na 1ª fase daFuvest 2009?

Com o Enem e o bônus de escola públicafiquei com 88 pontos. A nota de corte deEngenharia foi 65. Eu estava bem acima. Fuimais tranquila para a 2ª fase.

Por matéria, qual foi a pontuação?

Gabaritei Física, Português e Inglês. Do restonão lembro direito.

Para a 2ª fase você mudou alguma coisa noseu método de estudo?Mudei. Só estudei as matérias da 2ª fase daFuvest. A 1ª fase me deu mais confiança.Como tinha ido bem e achava que tinha maischance de passar na Poli, concentrei o estudonas matérias da Fuvest.

Mesmo assim você foi aprovada naUnicamp e na Unesp.

Na Unicamp, todas as matérias entram na2ª fase. Todo mundo que presta Engenhariavai bem em Exatas. O diferencial é nas outrasmatérias. E eu fui bem em algumas de Humanas.

Quais foram suas notas na 2ª fase da Fuvest?

Fiz 31 pontos em Português, 31 emMatemática, 35 em Química e 37 em Física.

Como você avalia esse desempenho?

Em Português, uma nota bem alta. E fiqueimuito feliz com a nota de Química, porqueno outro ano tinha tirado 22. Feliz mesmo,até porque fui muito bem em Química nasduas fases.

Na escala de zero a 1 000, qual foi suapontuação?

Fiquei com 939,6 pontos.

E a classificação?

1º lugar. Também fui a 1ª colocada naUnicamp e 4ª na Unesp.

Como ficou sabendo de sua aprovação naFuvest?

Vi em casa. Minha família, meus paisestavam lá. Mas eu estava olhando para ocomputador sozinha, esperando sair oresultado, muito nervosa. Embora tivesse idomuito bem na 1ª fase e bem na 2ª fase, fiqueicom medo. Enquanto não vê o seu nome nalista você não acredita. Foi muito bom, muitolegal. Depois fui encontrar os amigos no Etapa.

Ao ver seu nome na lista de aprovados, oque sentiu?

Que valeu a pena. Era um sonho mesmo,sempre quis estudar na USP. Queria muito. Odia em que fui conhecer a Poli, adorei.

Como foi passar a fazer parte do mundoda Poli?

Desde o comecinho eu gostei muito, adorei olugar, as coisas. Alguns amigos meuscontaram que eu tinha passado em 1º lugar evárias pessoas vieram conversar. Todomundo brincava que uma menina loura tinhapassado em 1º lugar.

Que matérias você teve no primeirosemestre?

Sete matérias: Cálculo, Álgebra Linear, Física,Química, Introdução à Engenharia,Geometria Gráfica e Programação.

Qual delas você achou mais complicada?

Álgebra Linear eu acho difícil. Cálculo é bemdifícil também. Mas é delas que eu mais gosto.

Além das aulas, você já tem alguma outraatividade na Poli?Estou entrando para a Atlética. Conheci softbolna USP, achei muito legal e comecei a treinar.Na Poli você tem oportunidade de fazer muitascoisas. Você pode participar dos centrosacadêmicos, do grêmio, dos esportes, do teatro.

Você pretende voltar ao teatro?

Talvez, mas por enquanto não. Nestesegundo semestre eu quero fazer Francês, queposso fazer pela Poli.

Como você avalia sua experiência no anopassado?

Foi bom fazer o cursinho, porque a Poli émuito difícil, muito puxada. Se no anoanterior eu tivesse passado direto, não sei seteria ficado no curso. Acho que não ia terbase para acompanhar, como tenho agora. Ocursinho ajudou bastante mesmo. Nasprimeiras matérias, muita coisa que osprofessores começaram a explicar já tinhavisto algo no cursinho. Você entra com umabase muito boa, não fica perdida. Se tivesseentrado no ano passado eu estaria muitoperdida.

O que é necessário para entrar na Poli?

Muita dedicação, muito esforço e disciplina.

Você continua com a mesma disciplina?

Bem menos. Quando está se preparando parao vestibular você estuda para uma coisaespecífica. Você quer passar. Se não passar,vai ter de estudar o ano inteiro de novo. NaPoli é muito puxado, mas é bem maistranquilo. Você não precisa estudar todos osdias. Não tem aquela pressão, aquele pânicode “ai, se eu não passar...”.

O que você diria a quem vai ler estaentrevista e acha que não está emcondições de ir bem nas provas?

Dá para correr atrás. Com dedicação, se apessoa realmente quer, ela consegue. Todomundo. Não tem segredo. É o quanto você seesforça para isso. Eu até exagerei um pouco,não precisava ter estudado tanto.

O que você diria a quem, no exameanterior, ficou no quase e vai prestarvestibular de novo?

Para não desistir. Quem ficou no quase,como aconteceu comigo, pode até estar umpouco à frente de outras pessoas. Quemquase conseguiu tem de usar isso comomotivação, como estímulo, e continuarcorrendo atrás. Continuar em frente. Não épara desanimar.

Você tem saudade de alguma coisa do anopassado?

Sinto falta dos meus amigos, principalmenteamigos do colégio que fizeram o cursinhocomigo. Eu sinto também falta das aulas,porque na faculdade elas não são iguais às docursinho. Na universidade você não aprendena aula, tem de estudar depois, correr atrás.

O que você tira de lição depois de todaessa experiência tão bem-sucedida?

No cursinho você aprende a ter muitadisciplina, a estudar sozinha, a estudar,porque está fazendo uma coisa que vocêquer. Você não precisa estudar, você querestudar. É diferente.