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    CALIBRAO DO NDICE DE CONFORTO TRMICO TEMPERATURAEQUIVALENTE FISIOLGICA (PET) PARA ESPAOS ABERTOS DO

    MUNICPIO DE BELO HORIZONTE - MG

    Simone Queiroz da Silveira Hirashima (1), Eleonora Sad de Assis (2), Daniele GomesFerreira (3)

    (1) M.Sc., Mestrado em Ambiente Construdo e Patrimnio Sustentvel, [email protected](2) D.Sc., Professora do Departamento de Tecnologia da Arquitetura e do Urbanismo, [email protected](3) M.Sc., Mestrado em Ambiente Construdo e Patrimnio Sustentvel, [email protected] Federal de Minas Gerais, Departamento de Tecnologia da Arquitetura e do Urbanismo,

    Laboratrio de Conforto e Eficincia Energtica, Rua Paraba, 697, sala 124, Belo Horizonte MG, 30130-140, Tel.: (31) 3409-8825

    RESUMO

    O presente estudo teve como objetivo a proposio de procedimentos para medio de variveismicroclimticas urbanas, coleta de variveis individuais e subjetivas e tratamento dos dados obtidos, comvistas calibrao do ndice Temperatura Equivalente Fisiolgica (PET), para espaos abertos do municpiode Belo Horizonte/MG. O mtodo geral utilizado para o desenvolvimento deste estudo foi o mtodo indutivoexperimental. As campanhas de coletas de dados, realizadas durante os anos de 2009 e 2010, abrangeram asvariaes dirias e sazonais das condies climticas locais. Como resultados, foram delimitados intervalos

    do ndice Trmico PET para diferentes graus de percepo trmica para Belo Horizonte. Os procedimentosadotados apontam a possibilidade da sua aplicao a outros casos a fim de se obter a calibrao deste ndiceconsiderando os aspectos fsicos e fisiolgicos, alm dos fatores adaptativos que influenciam no balanotrmico do corpo humano.

    Palavras-chave: temperatura equivalente fisiolgica (PET), ndice de conforto trmico, clima urbano.

    ABSTRACT

    This study aimed to propose procedures for measuring urban microclimatic variables, collecting individualand subjective variables and treating data, in order to calibrate the Physiological Equivalent Temperature(PET) index, for open spaces in the city of Belo Horizonte MG. The general method used for thedevelopment of this study was the experimental inductive method. The campaigns of data collection, that

    took place during the years 2009 and 2010, embraced daily and seasonal variations of local climateconditions. As a result, ranges of the PET index were delimitated for different grades of thermal perceptionto Belo Horizonte. The adopted procedures point out the possibility of its application to other cases in orderto obtain the calibration of this index considering the physical and physiological aspects, in addition to theadaptive factors that influence the thermal balance of the human body.

    Keywords: physiological equivalent temperature (PET), thermal comfort index, urban climate.

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    1. INTRODUOEstudos demonstram que as alteraes climticas provocadas pelo processo de urbanizao das cidadesinfluenciam no conforto trmico de seus habitantes. A quantificao das sensaes trmicas dos indivduospode ser obtida por meio da utilizao dos ndices de conforto, os quais devem ser calibrados para cadapopulao e locais especficos a fim de se determinar as condies climticas confortveis. Neste estudo,optou-se pela utilizao do ndice Temperatura Equivalente Fisiolgica (PET), baseado em um modelo de

    balano termofisiolgico, que vem sendo amplamente adotado nas avaliaes referentes ao conforto trmicoem ambientes externos.O ndice PET, desenvolvido a partir do Modelo de Balano Energtico de Munique para Indivduos -

    Munich Energy-balance Model for Individuals (MEMI), foi introduzido por Hppe e Mayer, em 1987(MAYER; HPPE, 1987 apudHPPE, 1999). Hppe (1999) o define como a temperatura fisiolgica emqualquer lugar considerado, seja ambiente externo ou interno, que equivalente temperatura do ar na qual,em um tpico cenrio de ambiente interno, o balano trmico do corpo humano (metabolismo de 80W devidoa atividade fsica leve adicionado ao metabolismo basal, resistncia trmica da roupa 0,9clo) mantido comas temperaturas do centro do corpo e da pele iguais quelas existentes sob as condies que esto sendoavaliadas. Originalmente o PET no apresenta faixas de referncia para a sua interpretao, uma vez que suaproposta que a avaliao seja feita em relao ao ambiente de referncia (PRATA et al., 2008).

    Em 1996, porm, Matzarakis e Mayer (apudMATZARAKIS et al., 1999) relacionaram intervalos do

    PMV (Predicted Mean Vote Voto Mdio Estimado), para percepo trmica, e o grau de estressefisiolgico para os seres humanos (FANGER, 1972; MAYER, 1993 apud MATZARAKIS et al., 1999) aosintervalos de PET correspondentes (Tabela 1), que somente so vlidos para os valores adotados de produointerna de calor e resistncia trmica da vestimenta (MATZARAKIS et al., 1999).

    Tabela 1 - Intervalos do ndice trmico PET para diferentes graus de percepo trmica dos seres humanos, considerando produointerna de calor de 80W e resistncia trmica da vestimenta 0,9clo (de acordo com JENDRITZKY et. al., 1990 apud

    MATZARAKIS; MAYER; 1997)

    PMV PET (C) Percepo trmica Grau de estresse fisiolgico

    Abaixo de -3,5 Abaixo de 4 Muito frio Extremo estresse de frio

    -3.5 a -2.5 4 - 8 Frio Forte estresse de frio

    -2.5 a -1.5 8 - 13 Pouco frio Moderado estresse de frio-1.5 a -0.5 13 - 18 Ligeiramente frio Leve estresse de frio

    -0.5 a 0.5 18 - 23 Confortvel No h estresse trmico

    0.5 a 1.5 23 - 29 Ligeiramente calor Leve estresse de calor

    1.5 a 2.5 29 - 35 Pouco calor Moderado estresse de calor

    2.5 a 3.5 35 - 41 Calor Forte estresse de calor

    Acima de 3.5 Acima de 41 Muito calor Extremo estresse de calor

    Fonte: Adaptada pelas autoras a partir da Tabela 1, apresentada em MATZARAKIS et.al., 1999, p. 77.

    No cenrio nacional, Monteiro (2008) apresenta a calibrao do PET para So Paulo, a qual foi

    realizada por meio de mtodo iterativo, atravs da variao dos limites de cada faixa interpretativa visandomaximizar a correlao entre os valores fornecidos por essas e os valores das respostas subjetivas desensao trmica.

    Tabela 2 - Calibrao proposta para o ndice PET para a cidade de So Paulo (SP)

    Sensao trmica PET (C)

    Muito calor Acima de 43

    Calor 31 - 43

    Pouco calor 26 - 31

    Neutra 18 - 26

    Pouco frio 12 - 18

    Frio 4 - 12

    Muito frio Abaixo de 4Fonte: MONTEIRO, 2008.

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    Apesar de grande parte dos estudos de conforto trmico em ambientes abertos utilizarem modelospuramente fisiolgicos para calcular a sensao trmica dos indivduos, Nikolopoulou, Lykoudis e Kikira(2004), afirmam que os levantamentos de campo revelam que a abordagem puramente fisiolgica insuficiente para caracterizar as condies de conforto trmico no exterior, ao passo que a questo daadaptao torna-se cada vez mais importante (NIKOLOPOULOU et al., 2004).

    Nikolopoulou et al. (1999 apud NIKOLOPOULOU, 2004), definem o termo adaptao como adiminuio gradual da resposta do organismo exposio repetida a um estmulo, envolvendo todas as aes

    que os tornam mais adequados para sobreviver em tal ambiente. No contexto de conforto trmico, isso podeenvolver todos os processos que as pessoas atravessam para melhorar o ajuste entre o ambiente e as suasnecessidades, dividindo a oportunidade adaptativa em trs diferentes categorias: adaptao fsica, fisiolgicae psicolgica.

    Portanto, a calibrao dos ndices requer a considerao no somente dos aspectos fsicos efisiolgicos que interferem no balano trmico do corpo humano, mas tambm dos fatores adaptativos,utilizados pela populao local para se ajustar s condies climticas especficas, justificando assim anecessidade da realizao dos levantamentos de campo para coleta dos dados subjetivos que, posteriormente,devero ser relacionados aos valores objetivos dos ndices.

    O presente estudo foi conduzido no municpio de Belo Horizonte/MG, cujo clima, consideradogenericamente como tropical de altitude, marcado por invernos secos e veres midos com temperaturamdia anual de 21C, e temperatura mdia do ms mais frio de 13,1C. A mdia anual da umidade relativa de 72,2%. A direo predominante do vento leste e a velocidade mdia de 1,4 m/s.

    2. OBJETIVOEste estudo objetivou a proposio de uma metodologia para obteno em campo das variveis envolvidasno processo de avaliao trmica dos ambientes externos e a definio de procedimentos para a calibrao dondice PET para espaos abertos do municpio de Belo Horizonte/MG.

    3. METODOLOGIAPode-se dividir a metodologia empregada em trs etapas: etapa preparatria, na qual foram desenvolvidosos procedimentos para coleta de dados e organizados os levantamentos de campo; etapa de coleta de dados,

    na qual se procedeu coleta de dados representativos das quatro estaes do ano, e etapa de tratamento dosdados coletados, durante a qual os dados foram processados e analisados (HIRASHIMA, 2010).

    A Etapa Preparatria iniciou-se com o processo de definio da amostra, o qual considerou apopulao adulta (de 20 a 59 anos) e residente ininterruptamente h mais de um ano no municpio. A seleodas reas de estudo considerou caractersticas contrastantes da morfologia urbana com relao arborizao,ao fator de viso do cu, altura dos edifcios, ao tipo de cobertura do solo e presena de fontes de gua,com vistas obteno de maior variabilidade nos valores de PET. Outro aspecto considerado na definiodas reas de estudo foi o intenso fluxo de pessoas para viabilizar a aplicao de grande nmero dequestionrios. Diante destas caractersticas, optou-se pela realizao das campanhas nas Praas da Liberdadee Sete de Setembro (Figuras 1 e 2).

    1 1.1Figura 1 Praa da Liberdade: rea menos verticalizada, commuita rea verde, com maior fator de viso do cu, com solo

    permevel - em grande parte sem pavimentao e com muitasfontes de gua (HIRASHIMA, 2010).

    Figura 2 Praa Sete de Setembro: rea muito verticalizada, compoucas rvores, com menor fator de viso do cu, com solo menos

    permevel quase todo pavimentado e sem fontes de gua(HIRASHIMA, 2010).

    Nesta etapa tambm foram definidas as variveis a serem coletadas, ou seja, aquelas que direta ouindiretamente, influenciam no balano trmico do corpo humano: variveis microclimticas (temperatura do

    ar, umidade do ar, velocidade do vento, temperatura de globo e temperatura radiante mdia), variveisindividuais (idade, sexo, altura, peso, taxa metablica e isolamento trmico da vestimenta e localizao doentrevistado no sol ou sombra) e variveis subjetivas (percepo, avaliao e preferncia de sensaes

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    trmicas). Alm das variveis foram coletados alguns dados-controle, os quais se relacionam aos aspectosfsicos, psicolgicos e culturais que podem influenciar nas respostas dos indivduos (local de moradia,ingesto de alimentos ou bebidas anteriormente entrevista, entendimento do questionrio, dentre outros). Aelaborao dos questionrios considerou a norma internacional ISO 10551 (1995), a qual estabelece asescalas de julgamento subjetivo de ambientes do ponto de vista trmico. Utilizaram-se trs questionriosdistintos que, ao serem aplicados por dupla de entrevistadores, tornaram a coleta de dados mais eficiente. Oprimeiro deles contm perguntas eliminatrias, o segundo, a coleta das variveis individuais e subjetivas e o

    terceiro, dados possveis de serem coletados por meio da observao, como a atividade fsica, o sexo, avestimenta, a localizao ao sol ou sombra dos entrevistados, dentre outros.Os questionrios vlidos,aqueles no eliminados no primeiro questionrio e, portanto, considerados na pesquisa, abrangeramindivduos aclimatados s condies climticas dos ambientes externos no momento da entrevista e que noapresentassem problemas de sade ou nenhuma das vrias situaes previamente estabelecidas quealterassem a percepo de sensaes trmicas no momento das entrevistas. Esta etapa tambm incluiu a fasede confeco e de aferio de instrumentao, como o caso, respectivamente, do termmetro de globocinza de dimetro de 40mm, confeccionado com bolas de tenis de mesa, e do abrigo meteorolgico, feito depeas de PVC, os quais foram detalhados na parte 2 deste mesmo artigo. A escolha dos instrumentos demedio de dados climticos, bem como os procedimentos para sua obteno observaram as recomendaesda norma ISO 7726 (1998). Anteriormente realizao dos levantamentos de campo todos os instrumentosde medio utilizados foram calibrados e/ou aferidos, assim como os questionrios e os procedimentos geraisde coleta de dados foram testados por meio de pr-testes realizados em campo. Os levantamentos de campo,bem como as pesquisas exploratrias, foram precedidas de treinamento da equipe.

    A Etapa de Coleta de Dados, objetivando a abrangncia de grande parte das variaes climticas locaise buscando registrar a maior amplitude trmica anual possvel, ocorreu em dias representativos de cada umadas quatro estaes, durante os anos de 2009 e 2010, conforme apresentado na Tabela 3. No perodocorrespondente ao inverno foram realizadas duas campanhas, pois esta estao foi atpica em Belo Horizonteno ano de 2009, com registros de temperatura acima do esperado para o perodo. No ano de 2010, por suavez, a campanha foi realizada durante a manh, pois neste perodo que so registradas as menorestemperaturas.

    Tabela 3 - Perodo de realizao das campanhas

    Campanha Praa da Liberdade Praa Sete de Setembro Estao doanoDia

    Quest.vlidos

    Horrio das entrevistas DiaQuest.vlidos

    Horrio dasentrevistas

    Campanha 1 22/04/09 110 14h s 17h 23/04/2009 114 14h s 16:30h Outono

    Campanha 2 22/07/09 117 14h s 16:35h 21/07/2009 115 14h s 17h Inverno

    Campanha 3 15/10/09 126 13:30h s 17h 14/10/2009 120 13:30h s 17:30h Primavera

    Campanha 4 28/01/10 126 13h s 18h 29/01/2010 116 13h s 18h Vero

    Campanha 5 07/07/10 103 6:50h s 12:30h 08/07/2010 135 6:50h s 11h Inverno

    Em cada uma das praas, foram selecionados dois pontos de medio distintos, um ao sol e outro sombra, e os questionrios foram aplicados nas proximidades desses pontos. Os instrumentos de medio

    (termohigrmetro, termmetros de globo e anemmetro) foram montados em trips, a 1,1m de altura, 30minutos antes do incio dos levantamentos, tempo necessrio para a estabilizao das medidas dostermmetros de globo. Os dados foram registrados a cada 5 minutos.

    A Etapa de Tratamento dos Dados Coletados iniciou-se com o clculo do PET por meio da utilizaode um programa computacional desenvolvido na Universidade de Freiburg, verso de J. HOLST (2007). Otratamento estatstico dos dados foi realizado em duas etapas distintas: anlise descritiva e regresso logsticaordinal. Optou-se pela utilizao desse tipo de regresso uma vez que as respostas subjetivas de sensaotrmica, que possui relao no linear com as variveis que a influenciam, so categorizadas e possuemordenao, apresentando, tambm, uma escala intrnseca cuja neutralidade percebida pelos entrevistadosque tendem, em suas respostas, inconscientemente, a no se distanciarem muito desta neutralidade. Utilizou-se o Modelo de Odds Proporcionais (MOP), no qual so considerados (k-1) pontos de corte das categoriassendo que o j-simo (j=1,...,k-1) ponto de corte baseado na comparao de probabilidades acumuladas(ABREU et. al., 2009). A indicao de uso deste modelo, conforme Abreu et. al. (2009), quando a varivelresposta original contnua e, posteriormente, agrupada e a suposio de chances proporcionais vlida.

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    Utilizou-se o programa computacional SPSS para a realizao do tratamento estatstico utilizandoregresso logstica ordinal, no qual foram considerados, como varivel dependente, a resposta subjetiva desensao trmica, e como varivel independente, os valores de PET calculados para cada indivduo. Dessaforma, foi possvel gerar valores de pontos de corte (cut points) e do coeficiente de regresso () que,posteriormente, foram inseridos em uma planilha de trabalho denominada Logit Post Estimation edesenvolvida por Cheng e Long (2000) para uso no programa MS-Excel, a qual estima as probabilidadesde resposta em cada uma das categorias de sensao trmica em funo dos valores de PET, permitindo,

    assim, a gerao, no MS-Excel, das curvas resultantes da anlise.

    4. ANLISE DE RESULTADOSDurante as cinco campanhas realizadas foram aplicados 1.182 questionrios vlidos, sendo 582 destesrealizados na Praa da Liberdade e 600 na Praa Sete de Setembro. Considerando que a amostrarecomendada para a populao de Belo Horizonte, calculada por amostragem aleatria para populao nafaixa etria de 20 a 59 anos, de 800, para um erro amostral de 10% (HIRASHIMA, 2010) e que o nmerode questionrios aplicados nas cinco campanhas foi superior a este nmero, temos que o erro amostral desseestudo foi inferior a 10%.

    Embora ambas as praas se localizem na rea central de Belo Horizonte, esses locais so frequentadospor pessoas residentes em todas as regies do municpio, conforme pode ser constatado na distribuio de

    frequncia por reas administrativas regionais da cidade, referentes ao local de moradia dos entrevistados. Aboa distribuio espacial do local de moradia dos entrevistados no municpio garantiu a representatividade dacalibrao do ndice para o municpio como um todo.

    A seguir so apresentados os resultados. Inicialmente realizou-se uma anlise descritiva dos dadosmicroclimticos coletados (temperatura do ar, umidade relativa, velocidade do vento e nebulosidade), devariveis calculadas (temperatura radiante mdia e PET) alm da percepo de sensao trmica dosentrevistados para cada praa onde foram realizadas as campanhas, varivel subjetiva. Em seguida apresenta-se a calibrao do ndice PET para espaos abertos em Belo Horizonte.

    4.1. Anlise descritiva de dados microclimticos e variveis subjetivasAs Figuras 3 a 6 apresentam a srie de dados microclimticos medidos (temperatura do ar e umidade

    relativa) e calculados (temperatura radiante mdia) a cada 5 minutos durante as cinco campanhas. A larguradas faixas representativas de cada uma das campanhas corresponde ao perodo das medies, apresentado naTabela 3.

    Com relao temperatura do ar (Figuras 3 e 4), nota-se que em ambas as praas os menores registrosreferem-se quinta campanha, que corresponde ao perodo de inverno do ano de 2010. Como mencionadono item Metodologia deste trabalho, a Campanha 2 tambm ocorreu no inverno, em 2009, contudo possvel observar que os dados de temperatura na Praa da Liberdade foram superiores aos registrados naCampanha 1, que corresponde ao outono (2009), justificando a repetio do trabalho de campo no ano de2010. Quanto aos valores mnimos e mximos registrados em todas as campanhas, tem-se que, sombra,estes corresponderam a 15C e 31C, respectivamente, enquanto que ao sol o valor mnimo foi o mesmocoletado sombra e o mximo foi de 32,1C. A mdia dos valores coletados para todo o perodo foi 25,2Cna sombra e 26,4C ao sol.

    Quanto aos valores de umidade relativa (Figuras 3 e 4), os menores registros ocorreram no sol, naPraa da Liberdade, nas campanhas de inverno (C2 e C5). Na Praa Sete de Setembro os valores mais baixosforam coletados no outono. No conjunto de dados, o valor mdio de umidade relativa foi superior a 50%,enquanto que o valor mximo foi de 71,5%, abaixo da mdia anual normal para a cidade de Belo Horizonte.

    A Tabela 4 apresenta os valores mnimo, mximo e a mdia da velocidade do vento para cadacampanha. O valor mnimo registrado para ambas as praas foi de 0 m/s. Na Praa da Liberdade a velocidademxima foi de 3,8 m/s, registrada na campanha realizada no inverno de 2010, enquanto na Praa Sete deSetembro a mxima foi de 4,4 m/s medido no outono. Os valores mximos e as mdias nas Campanhas 1 a 4foram maiores na Praa Sete de Setembro.

    Quanto nebulosidade, os dados referem-se aos registros da estao meteorolgica principal de BeloHorizonte, operada pelo 5 Distrito de Meteorologia do Instituto Nacional de Meteorologia (5DISME/INMET). Nas Campanhas de 1 a 4, os registros foram realizados s 15h (18 UTC), considerando ohorrio local sem correo para o horrio de vero. Na Campanha 5, os dados utilizados corresponderam s9h (12 UTC). Nota-se que na campanha de inverno de 2010 (C5) a nebulosidade foi igual a zero, o que

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    representa bem a condio de cu claro nesta poca do ano em Belo Horizonte. Os maiores ndices denebulosidade para ambas as praas, por sua vez, foram registrados na campanha realizada na primavera (C3).

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    Campanhas

    VariveisClimticas

    Ta (C) - no sol

    Ta (C) - na sombra

    UR (%) - no sol

    UR (%) - na sombra

    Figura 3 - Srie de dados medidos de Temperatura do Ar (Ta) eUmidade Relativa (UR) para todas as campanhas na Praa da

    Liberdade

    Figura 4 - Srie de dados medidos de Temperatura do Ar (Ta) eUmidade Relativa (UR) para todas as campanhas na Praa Sete de

    Setembro

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    Tmrt (C) - no sol

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    Campanhas

    Tmrt(C)

    Tmrt (C) - no sol

    Tmrt (C) - na sombra

    Figura 5 - Srie de dados calculados de Temperatura radiantemdia (Tmrt) para todas as campanhas na Praa da Liberdade

    Figura 6 - Srie de dados calculados de Temperatura radiantemdia (Tmrt) para todas as campanhas na Praa Sete de Setembro

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    Campanhas

    PET

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    PET(C) nosol

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    Campanhas

    PET

    (C)

    PET(C) nosol

    PET(C) nasombra

    C1 C2 C3 C4 C5

    Figura 7 - Grfico de disperso dos valores calculados detemperatura equivalente fisiolgica (C) para todas as campanhas

    na Praa da Liberdade

    Figura 8 - Grfico de disperso dos valores calculados detemperatura equivalente fisiolgica (C) para todas as campanhas

    na Praa Sete de Setembro

    Com relao temperatura radiante mdia (Figuras 5 e 6), os menores valores foram estimados noinverno (C5), na sombra. Nota-se que os valores calculados para o ponto localizado na sombra apresentammenor variabilidade e menor disperso que os valores dessa varivel estimados no sol. Essa grandevariabilidade e disperso dos dados no sol so previsveis, uma vez que os parmetros temperatura do ar e deglobo, utilizados no clculo da temperatura radiante mdia juntamente com os valores de velocidade do ar,

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    foram tambm mais variveis e mais dispersos quando medidos no sol (HIRASHIMA, 2010). A mdia deTmrt para todas as campanhas foi de 36,5C no sol e 27,4C na sombra.

    Tabela 4 - Valores mnimo, mximo e mdia da velocidade do vento e nebulosidade para cada campanha

    Campanha

    Praa da Liberdade Praa Sete de Setembro

    Velocidade do vento (m/s) Nebulosidade

    (dcimos de cu)

    Velocidade do vento (m/s) Nebulosidade

    (dcimos de cu)Mnimo Mximo Mdia Mnimo Mximo Mdia

    Campanha 1 0,0 3,1 0,6 3 0,0 4,4 1,2 7

    Campanha 2 0,0 2,6 0,6 5 0,0 3,5 1,2 6

    Campanha 3 0,0 2,2 0,2 8 0,0 3,0 0,7 8

    Campanha 4 0,0 3,0 0,4 5 0,0 3,2 0,9 6

    Campanha 5 0,0 3,8 0,8 0 0,0 2,5 0,8 0

    As Figuras 7 e 8 apresentam a disperso dos valores calculados de temperatura equivalente fisiolgica(PET) para todas as campanhas. Nota-se que na Campanha 5 concentram-se os menores valores de PET,entre 12 e 25C. Contudo, a maior parte deles so superiores a 15C. Nas Campanhas 1 a 4 os valores

    calculados de PET esto concentrados entre 20 e 35C. Do ponto de vista do planejamento urbano, umaconstatao interessante foi o fato de que, em ambas as reas estudadas e em todas as estaes do ano, alocalizao dos entrevistados durante a entrevista foi mais frequente na sombra. Estar sombra pode ser umaao de conforto adaptativo frequentemente utilizada para minimizar as influncias das altas temperaturasradiantes mdias encontradas ao sol e que aumentam significativamente os valores de PET. Essa constataopode vir a confirmar a importncia de proporcionar sombreamento nos espaos abertos em climas tropicais(HIRASHIMA, 2010). O fato de as pessoas estarem predominantemente sombra, mesmo durante aCampanha 5, a qual apresentou os menores valores de temperatura do ar, justifica a faixa relativamentepequena encontrada para o PET (de 12 a 41C). Os valores discrepantes de PET, prximos aos 35C e 40C,referem-se principalmente a indivduos ao sol. Esse resultado coerente com os apresentados para asvariveis climticas, uma vez que, nas situaes em que as medies foram realizadas ao sol, os valoresobtidos eram superiores aos medidos na sombra, repercutindo tambm em valores mais elevados do ndicePET para pessoas localizadas ao sol durante as entrevistas.

    Na anlise de variveis subjetivas, as Figuras 9 e 10 mostram a percepo de sensao trmica dosentrevistados quando estes eram perguntados sobre como se sentiam no momento da entrevista. Para todas asestaes do ano predomina a resposta para a categoria bem. Na Campanha 4, realizada no vero, h grandeocorrncia de respostas em que o entrevistado se sente com pouco calor, com calor e com muito calor.No inverno (C5), as categorias pouco frio e com frio tm maior representatividade.

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    Campanha

    Porcentagem(%)

    Muito Frio

    Com Frio

    Pouco Frio

    Bem

    Pouco Calor

    Com Calor

    Muito Calor

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    80

    C1 C2 C3 C4 C5

    Campanha

    Porcentagem(%)

    Muito Frio

    Com Frio

    Pouco Frio

    Bem

    Pouco Calor

    Com Calor

    Muito Calor

    Figura 9 - Porcentagem de resposta dos entrevistados sobre apercepo de sensao trmica para todas as campanhas na Praa da

    Liberdade

    Figura 10 - Porcentagem de resposta dos entrevistados sobre apercepo de sensao trmica para todas as campanhas na Praa

    Sete de Setembro

    Aps o tratamento de dados microclimticos e dos resultados obtidos na aplicao de questionrios foipossvel calibrar o ndice PET para espaos abertos na cidade de Belo Horizonte, como demonstra o item a

    seguir.

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    4.2. Calibrao do ndice PET para Belo HorizonteA Figura 11 apresenta o resultado da regresso logstica ordinal obtida a partir dos dados coletados emcampo, ou seja, para uma amplitude de PET de 12 a 41C, para todo o perodo em que as mediesocorreram. As faixas de percepo trmica so delimitadas pelo cruzamento das curvas correspondentes aoincio e ao final de cada um dos intervalos, respectivamente, associados aos valores de PET no eixo X.Assim foi possvel inferir as faixas de calibrao do ndice PET para espaos abertos de Belo Horizonte,

    apresentados na Tabela 5.

    0,0

    0,1

    0,2

    0,3

    0,4

    0,5

    0,6

    0,7

    0,8

    11 13 14 16 17 19 20 22 24 25 27 28 30 32 33 35 36 38 39 41

    PET (C)

    Probabilid

    adeP

    redita

    Muito Calor

    Com Calor

    Pouco Calor

    Bem

    Pouco Frio

    Com Frio

    Figura 11 - Calibrao do ndice PET para espaos abertos do municpio de Belo Horizonte,

    obtido por meio de regresso logstica ordinal

    Tabela 5 - Intervalos do ndice Trmico PET para diferentes graus de percepo trmica encontrados para Belo Horizonte

    Percepo Trmica PET (oC)Com frio Abaixo de 12,0

    Com pouco frio 12,0 a 15,5

    Confortvel 15,5 a 30,5

    Com pouco calor 30,5 a 31,0

    Com calor 31,0 a 35,5

    Com muito calor Acima de 35,5

    O menor valor calculado para o PET foi de 12C, o que delimitou o limite superior da faixa depercepo trmica de frio. Valores inferiores a este no foram obtidos, no sendo possvel assimdeterminar a faixa de muito frio. A faixa pouco frio apresentou um intervalo de cerca de 3oC, que podeser considerado pequeno principalmente se comparado faixa confortvel, cuja amplitude foi de 15oC. Afaixa de pouco calor, por sua vez, abrange um intervalo de temperatura de apenas 0,5oC e deve-se atentarque esta diferena pode corresponder a erros de estimativa de dados climticos. Na faixa de calor oslimites superiores e inferiores tiveram uma variao de 4,5oC e a faixa de muito calor teve seu limiteinferior igual 35,5oC. Com base na amostragem realizada pode-se concluir que as pessoas se sentemconfortveis com relao s condies climticas durante praticamente todo o ano em Belo Horizonte.

    5. CONSIDERAES FINAISO presente estudo teve como objetivo apresentar uma metodologia de calibrao do ndice PET para espaosabertos considerando o municpio de Belo Horizonte/MG. Os resultados obtidos demonstram que osprocedimentos adotados so satisfatrios e apontam a possibilidade da sua aplicao a outros casos, com osdevidos ajustes na metodologia s peculiaridades de cada local, a fim de se obter a calibrao deste ndice

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    considerando os aspectos fsicos e fisiolgicos, alm dos fatores adaptativos que influenciam no balanotrmico do corpo humano.

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    PRATA, A.; MONTEIRO, L. M.; FROTA, A. Ensaio de eroso em tnel de vento e aplicao do ndice PET para a avaliao doconforto do pedestre. In: CLIV08 - 1er Congreso Latinoamericano de Ingeniera del Viento, 2008, Montevideo. 1er

    Congreso Latinoamericano de Ingeniera del Viento. Montevideo: Universidad de la Repblica / Asociacin Latinoamericanade Ingeniera del Viento, 2008.

    Physiological Equivalent Temperature (clculo baseado no MEMI): software. Verso desenvolvida por HOLST, J. Freiburg: Albert-Ludwigs-Universitt Freiburg, 2007.

    AGRADECIMENTOSAs autoras agradecem aos parceiros do projeto de cooperao bilateral entre Brasil e Alemanha, Edital CNPq04/2007 (Clima Urbano, Planejamento Urbano e Mudanas Climticas), cujas entidades integrantes so aUniversidade Federal da Bahia (UFBA), a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Universidadede Kassel (Alemanha) e a Universidade de Freiburg (Alemanha); ao Programa Coimbra Group ScholarshipProgramme for Young Professors and Researchers from Latin American Universities; agncia FAPEMIGpelo apoio ao Programa de Bolsa ao Servidor Pblico Estadual e ao Instituto Estadual do PatrimnioHistrico e Artstico de Minas Gerais (IEPHA/MG) por autorizar a participao da servidora Daniele GomesFerreira nesta pesquisa; aos estudantes e a todos aqueles que, voluntariamente, participaram doslevantamentos de campo e de outras etapas do desenvolvimento deste trabalho.