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ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO E MODELAGEM Adriano dos Guimarães de Carvalho TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA CIVIL. Aprovada por: _______________________________________________ Prof. Eduardo de Moraes Rego Fairbairn, Dr. Ing. _______________________________________________ Prof. Romildo Dias Tolêdo Filho, D. Sc. _______________________________________________ Eng. Civil Walton Pacelli de Andrade _______________________________________________ Prof. José Luis Drummond Alves, D. Sc. RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL ABRIL DE 2002

ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

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Page 1: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS:

EXPERIMENTAÇÃO E MODELAGEM

Adriano dos Guimarães de Carvalho

TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS

PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE

EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA CIVIL.

Aprovada por:

_______________________________________________

Prof. Eduardo de Moraes Rego Fairbairn, Dr. Ing.

_______________________________________________

Prof. Romildo Dias Tolêdo Filho, D. Sc.

_______________________________________________

Eng. Civil Walton Pacelli de Andrade

_______________________________________________

Prof. José Luis Drummond Alves, D. Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

ABRIL DE 2002

Page 2: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

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CARVALHO, ADRIANO DOS GUIMARÃES

Energia de Ativação dos Concretos:

Experimentação e Modelagem [Rio de

Janeiro] 2002

VIII, 134 p. 29,7 cm (COPPE-UFRJ,

M. Sc., Engenharia Civil, 2001) Tese -

Universidade Federal do Rio de Janeiro,

COPPE

1. Energia de Ativação

I. COPPE-UFRJ II. Título (série)

Page 3: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

iii

Dedicatória:

Esta tese de mestrado é dedicada à minha avó Sra. Cirilina Guimarães de

Souza, que em muito vem contribuindo para a minha formação como ser humano. É

alguém que tem trabalhado muito, sempre de forma correta e honesta. Ela é

surpreendente e admirável, e deve servir de modelo para todas as suas gerações

subseqüentes.

Page 4: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

iv

Agradecimentos:

Quero agradecer ao meu pai, professor Mauro Franco de Carvalho, e a

minha mãe, professora Eimar Guimarães de Carvalho, por tudo o que eles tem feito em

meu benefício, e também por ter me possibilitado esta oportunidade de aperfeiçoamento

profissional.

Agradeço também aos meus orientadores pela paciência e por acreditarem

no meu trabalho. Ao doutorando da COPPE Marcos M. Silvoso, pela inestimável ajuda

na elaboração das análises numéricas e todos os companheiros do Laboratório de

Estruturas.

E finalmente gostaria de oferecer a minha gratidão a todos as pessoas do

laboratório de Furnas S/A de Goiânia que contribuíram para o meu trabalho, além da

fábrica de cimento Tocantins S/A.

Obrigado.

Page 5: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

v

Resumo da Tese apresentada à COPPE-UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M. Sc.)

ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMETAÇÃO E

MODELAGEM

Adriano dos Guimarães de Carvalho

Abril / 2002

Orientadores: Eduardo de Moraes Rego Fairbairn Romildo Dias Tolêdo Filho

Programa: Engenharia Civil

Este trabalho visa a determinação da energia de ativação (Ea) de alguns tipos

de concretos, parâmetro que corresponde à sensibilidade da reação de hidratação à

temperatura. A determinação é realizada através de testes isotermos de resistência à

compressão (ASTM C 1074/93) e de testes de elevação adiabática da temperatura. A

partir dos resultados obtidos são realizadas simulações no modelo numérico

desenvolvido no Laboratório de Estruturas da UFRJ/COPPE. O modelo é baseado em

acoplamentos termo-químico-mecânicos desenvolvido por ULM e COUSSY. Dentro do

quadro desta teoria o concreto é considerado como um meio poroso, quimicamente

reativo, exotérmico e termo-ativado. Pode-se então descrever fenômenos físicos com

um bom grau de precisão, sendo possível a determinação dos campos transientes

térmicos e de hidratação e as tensões transientes de origem térmica.

Page 6: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

vi

Abstract of Thesis presented to COPPE-UFRJ as a partial of the requirements for the

degree of Master of Science (M. Sc.)

ATIVATION ENERGY OF CONCRETES: EXPERIMENTATION AND MODELING

Adriano dos Guimarães de Carvalho

April / 2002

Advisors: Eduardo de Moraes Rego Fairbairn Romildo Dias Tolêdo Filho

Department: Civil Engineering

This work aims to the experimental determination of the activation energy (Ea) about

some types of concretes. This parameter, fundamental for modeling the behavior of

concrete at early ages, corresponds to the sensibility of the hydration reactions to the

temperature. The experimental procedures used in the present thesis are: a) isothermal

tests for the evaluation of the compressive strength; b) adiabatic tests. The experimental

parameters were used as input to the numerical model develop at the Structural Lab. at

COPPE. The model is based on the thermo-chemo-mechanical couplings theory

developed by ULM and COUSSY. Within the framework of this theory concrete is

considered as a porous media, chemically reactive, exothermic and thermal activated. It

is than possible to simulate physical phenomena such as the determination of the

thermal and hydration fields and the thermal transients stresses.

Page 7: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

vii

Í N D I C E

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO.............................................................................1

1.1 IMPORTÂNCIA E OBJETIVOS DO TRABALHO .............................................1

1.2 ORGANIZAÇÃO DA TESE ................................................................................3

CAPÍTULO 2 – HIDRATAÇÃO DO CIMENTO PORTLAND............4

2.1 O CIMENTO ANIDRO ................................................................................4

2.2 PROCESSO DE HIDRATAÇÃO DO CIMENTO PORTLAND .....................7

2.2.1 ASPECTOS QUÍMICOS DA HIDRATAÇÃO .............................................9

2.2.1.1 HIDRATAÇÃO DOS SILICATOS (C3S e βC2S) ...........................................10

2.2.1.2 HIDRATAÇÃO DOS ALUMINATOS (C3A e C4AF) ...............................11

2.2.2 ASPECTOS FÍSICOS DA HIDRATAÇÃO: PEGA E ENDURECIMENTO....12

2.2.2.1 A ANTE PEGA ..........................................................................................12

2.2.2.2 A PEGA ......................................................................................................13

Page 8: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

viii

2.2.2.3 O APÓS PEGA ..........................................................................................14

2.3 PARÂMETROS QUE AFETAM A HIDRATAÇÃO ...............................14

2.3.1 CIMENTO ......................................................................................................14

2.3.2 TEMPERATURA ..........................................................................................16

2.3.3 PRESENÇA DE ADITIVOS QUÍMICOS .......................................................17

2.3.4 PRESENÇA DE ADITIVOS MINERAIS .......................................................19

2.3.4.1 SÍLICA ATIVA ..........................................................................................19

2.3.4.2 ESCÓRIA GRANULADA DE ALTO FORNO ...........................................22

2.4 O GRAU DE HIDRATAÇÃO ..................................................................28

CAPÍTULO 3 – MODELAGEM DO PROCESSO DE HIDRATAÇÃO .......34

3.1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................34

3.2 MODELO DE ULM E COUSSY ..................................................................35

3.2.1 CINÉTICA DA HIDRATAÇÃO )(ξξ•

.......................................................37

3.2.2 DETERMINAÇÃO DA CINÉTICA DA HIDRATAÇÃO ξξ −)(~A .............40

3.2.2.1 DETERMINAÇÃO DA CINÉTICA DA HIDRATAÇÃO ATRAVÉS DE

ENSAIOS DE ELEVAÇÃO ADIABÁTICA DE TEMPERATURA ...................40

Page 9: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

ix

3.2.2.2 DETERMINAÇÃO DA CINÉTICA DA HIDRATAÇÃO ATRAVES

DE ENSAIOS DE RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO ...........................................42

CAPÍTULO 4 – ENERGIA DE ATIVAÇÃO .......................................................45

4.1 DISCUSSÃO.............................................................................................................45

CAPÍTULO 5 – MATERIAIS E MÉTODOS EXPERIMENTAIS ...................51

5.1 CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS .......................................................51

5.1.1 CIMENTOS ......................................................................................................51

5.1.2 ADITIVOS ......................................................................................................55

5.1.2.1 ADITIVO QUÍMICO ..............................................................................56

5.1.2.2 ADITIVO MINERAL ..............................................................................56

5.1.3 AGREGADOS ..........................................................................................57

5.1.3.1 AGREGADO MIÚDO ..............................................................................57

5.1.3.2 AGREGADO GRAÚDO ..............................................................................59

5.1.4 ÁGUA ..................................................................................................................60

5.2 MÉTODOS EXPERIMENTAIS ..................................................................61

5.2.1 DOSAGEM DOS CONCRETOS ..................................................................61

Page 10: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

x

5.2.2 PROGRAMA EXPERIMENTAL E PRODUÇÃO DOS CONCRETOS .......63

5.2.3 ENSAIOS ......................................................................................................65

5.2.3.1 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO .......................................................65

5.2.3.2 ELEVAÇÃO ADIABÁTICA DE TEMPERATURA ...............................66

5.2.3.3 ENERGIA DE ATIVAÇÃO (Ea) (ASTM C 1074/93) .......70

CAPÍTULO 6 – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS .......73

6.1 ENSAIOS DE RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO EM CONCRETO PENEIRADO

PARA DIVERSAS TEMPERATURAS DE CURA ISOTÉRMICAS (ζc) ...................73

6.2 ENSAIOS DE RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO EM CONCRETO (ζc) .......82

6.3 ENSAIOS DE ELEVAÇÃO ADIABÁTICA DE TEMPERATURA ...................83

6.4 ENERGIA DE ATIVAÇÃO (Ea) ...........................................84

6.4.1 CONCRETO DE RESISTÊNCIA NORMAL COM CP II F (CRN1) .......85

6.4.2 CONCRETO DE RESISTÊNCIA NORMAL COM CP III AF (CRN2) .......87

6.4.3 CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO COM CP II F (CAD) ...................90

6.4.4 CONCRETO COMPACTADO COM ROLO COM CP III AF (CCR) .......92

6.4.5 RESUMO DOS RESULTADOS E COMENTÁRIOS ...............................95

Page 11: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

xi

CAPÍTULO 7 – VERIFICAÇÃO DOS VALORES DA Ea, PELA APLICAÇÃO À

TEORIA DE ULM E COUSSY ..............................................................................97

7.1 DETERMINAÇÃO DA AFINIDADE NORMALIZADA ...............................98

7.2 SIMULAÇÃO DO ENSAIO DE ELEVAÇÃO ADIABÁTICA DE

TEMPERATURA: ESTUDO PARAMÉTRICO DE Ea .........................................106

CAPÍTULO 8 – CONCLUSÕES E SUGESTÕES .........................................113

APÊNDICE A - TERMODINÂMICA QUÍMICA E A LEI DE ARRHENIUS

...........................................................................................................................115

A.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................115

A.2 CINÉTICA QUÍMICA ........................................................................................115

A.3 A EQUAÇÃO DE ARRHENIUS ................................................................118

APÊNDICE B – CURVAS DA AFINIDADE NORMALIZADA Ã(ξ) OBTIDAS A

PARTIR DOS ENSAIOS DE RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO .................120

B.1 MISTURA CRN1 ........................................................................................120

B.2 MISTURA CRN2 ........................................................................................121

B.3 MISTURA CAD ........................................................................................122

Page 12: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

xii

B.4 MISTURA CCR ........................................................................................124

REFERÊNCIAS ....................................................................................................125

Page 13: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

1

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

1.1 IMPORTÂNCIA E OBJETIVOS DO TRABALHO

O fenômeno da hidratação do cimento tem sido exaustivamente pesquisado

nos últimos anos. A hidratação é uma reação exotérmica, e o calor por ela gerado

promove uma elevação de temperatura na massa de concreto, podendo provocar o

aparecimento de tensões térmicas que podem causar a fissuração da estrutura quando do

seu resfriamento.

Problemas relativos ao desenvolvimento dos campos térmicos são comuns

em estruturas massivas, mas hoje, com o desenvolvimento da tecnologia do concreto

(concretos com alto consumo de cimento, e mais recentemente concreto de alto

desempenho), qualquer estrutura pode apresentar problemas de fissuração a poucas

idades. Pode-se reduzir este risco de fissuração pela substituição do cimento por

materiais de baixo calor de hidratação (cimentos de baixo calor de hidratação que

contenham escória, cinza volante, etc), pela mudança no procedimento de construção

(redução da espessura das camadas e diminuição no ritmo de construção), pelo

resfriamento do concreto, pela mudança das fôrmas, etc.

Nos últimos anos, têm sido desenvolvidos modelos que podem ser

implementados em sistemas computacionais permitindo a simulação do comportamento

do concreto a poucas idades. Dentre eles, destacamos aquele desenvolvido por ULM e

COUSSY (1995) no LCPC de Paris. Este modelo tem sido aplicado na UFRJ/COPPE

por FERREIRA (1998) e por SILVOSO (1999), com a implementação de códigos

computacionais tridimensionais, com simulação de geometria variável, etc. O modelo

de ULM e COUSSY, também conhecido como modelo de acoplamentos termo-

químico-mecânicos, considera o concreto como um meio poroso (poros capilares e

nanoporos) quimicamente reativo, exotérmico e termo-ativado. A implementação

computacional do mesmo permite a simulação do comportamento do concreto a poucas

Page 14: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

2

idades com a determinação dos campos transientes térmicos e de hidratação, e por

conseqüência, os campos transientes de tensões de origem térmica (resfriamento) e

química (retração autógena).

O modelo de ULM e COUSSY utiliza uma variação da lei de ARRHENIUS

das reações químicas (ver apêndice A), para quantificar a cinética da reação (ver

descrição detalhada no capítulo 3).

( )

−=

RTE

Adtd aexp~ ξξ (1.1)

Esta equação indica que a evolução da reação dtd /ξ , onde ξ é o grau de

hidratação (variando de zero a um) é função da afinidade normalizada ( )ξA~ (ver

capítulo 3) que é multiplicada à exponencial de RTEa /− , sendo aE a energia de

ativação, R a constante universal dos gases e T a temperatura absoluta.

A energia de ativação (Ea) é um parâmetro que mede a sensibilidade de uma

reação à temperatura. Estudos recentes têm mostrado que Ea é característica própria de

cada mistura de concreto, e depende de alguns fatores que modificam a hidratação do

cimento, tais como: cimento (composição química, massa, finura), a/mc, aditivos

químicos, adições minerais, etc (PINTO, 1997). A determinação da Ea pode ser feita

tanto através de uma mistura de concreto, quanto pela argamassa que representa aquela

mistura. Os resultados obtidos pelos dois processos são equivalentes (ASTM C

1074/93).

Visto a importância do parâmetro Ea para os modelos que visam simular a

evolução da hidratação dentro de um quadro teórico mais aprofundado, considerando os

acoplamentos termo-químico-mecânicos, temos como objetivo da presente tese a

determinação experimental da energia de ativação para concretos com diferentes

composições.

Assim sendo, foram realizados no laboratório de Furnas Centrais Elétricas

S/A (Goiânia), diversos ensaios visando a determinação deste parâmetro através do

método da ASTM C 1074/93. Foram também realizados ensaios de elevação adiabática

que, conjuntamente com a simulação computacional, serviram para aferir e avaliar os

procedimentos experimentais e numéricos que constam da presente pesquisa. A

organização do estudo realizado é mostrada no próximo item.

Page 15: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

3

1.2 ORGANIZAÇÃO DA TESE

O capítulo 1 apresenta uma introdução dos assuntos que serão abordados

neste estudo. O capítulo 2 apresenta uma revisão bibliográfica sobre a hidratação dos

materiais a base de cimento. O capítulo 3 mostra um modelo numérico que visa

representar a hidratação do cimento Portland (teoria de ULM e COUSSY, 1995). O

capítulo 4 apresenta a energia de ativação, descreve alguns modelos que são utilizados

para sua determinação e por fim apresenta o método da ASTM C 1074/93. No capítulo

5 descreve-se os materiais e métodos experimentais utilizados neste estudo. No capítulo

6 são descritos os resultados obtidos pelos ensaios de resistência à compressão, elevação

adiabática de temperatura e valores encontrados para a energia de ativação. O capítulo 7

traz uma aplicação dos resultados encontrados à teoria de ULM e COUSSY. No

capítulo 8 temos as conclusões e sugestões. O apêndice A descreve um breve resumo da

termodinâmica química e a lei de ARRHENIUS, e o apêndice B traz as curvas de

afinidade normalizada encontradas a partir dos ensaios de resistência à compressão.

Page 16: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

4

CAPÍTULO 2

HIDRATAÇÃO DO CIMENTO PORTLAND

2.1 O CIMENTO ANIDRO

O cimento Portland é um aglomerante hidráulico produzido pela moagem do

clínquer. A matéria-prima para a sua produção é composta principalmente de óxido de

cálcio e sílica em proporções adequadas. Fontes comuns de óxido de cálcio são pedra

calcária, giz e mármore. Argilas e xistos argilosos são fontes preferidas de sílica. As

argilas também possuem alumina (Al2O3), e freqüentemente óxidos de ferro (Fe2O3) e

álcalis.

Com o objetivo de facilitar a formação dos compostos do clínquer de

cimento Portland, a mistura das matérias-primas deve estar bem homogeneizada antes

do tratamento térmico. Assim sendo, estes materiais devem ser submetidos a uma série

de operações de britagem, moagem e mistura. Estes materiais são geralmente moídos

em um moinho de bolas ou de rolo, até obterem-se partículas menores que 75 µm.

Os compostos que formam o clínquer são nódulos de 5 a 25 mm de

diâmetro. A partir daí, o clínquer é moído em partículas inferiores a 75 µm.

Aproximadamente 5% de gipsita ou sulfato de cálcio são adicionados durante a moagem

do clínquer, com o intuito de controlar as reações iniciais de pega do cimento.

Uma nomenclatura particular à comunidade ligada ao cimento expressa os

óxidos e compostos do clínquer, através das seguintes abreviações:

Page 17: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

5

Tabela 2.1 - Simbologia dos óxidos e compostos do cimento

Visto que a reatividade dos compostos do cimento com a água varia

consideravelmente, é possível modificar as características de desenvolvimento de

resistência, e por conseqüência o desenvolvimento de calor de hidratação, alterando-se

as quantidades destes compostos (figuras 2.1 e 2.2). Assim sendo, podem-se produzir

cimentos com características diferentes, como os de alta resistência inicial, de baixo

calor de hidratação, alta resistência a sulfatos, etc. Os mais utilizados são mostrados na

tabela 2.2.

Figura 2.1 – Influência do tipo de cimento na resistência (METHA E MONTEIRO,

1994)

Óxidos Abreviação Compostos Abreviação CaO C 3CaO.SiO2 C3S SiO2 S 2CaO.SiO2 βC2S Al2O3 A 3CaO.Al2O3 C3A Fe2O3 F 4CaO.Al2O3.Fe2O3 C4AF MgO M 4CaO.3Al2O3.SiO3 C4A3S SO4 S 3CaO.2SiO2.3H2O C3S2H3 H2O H CaSO4.2H2O C S H2

Page 18: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

6

Figura 2.2 – Influência do tipo de cimento no calor de hidratação (METHA E

MONTEIRO, 1994)

Tabela 2.2 – Tipos de cimentos utilizados no Brasil

Usualmente o teor dos compostos do cimento é dado a partir da análise dos

óxidos, utilizando-se uma série de equações que foram desenvolvidas por BOGUE

(citado por HEWLETT, 1998). Estas equações são usadas para se estimar a composição

potencial do cimento. São aplicáveis aos cimentos Portland desde que a relação de

óxido de alumínio e óxido de ferro seja maior que 0.64; caso esta relação não seja válida

uma outra série de equações deve ser utilizada (HEWLETT, 1998). As equações de

BOGUE admitem que todas as reações químicas ocorridas na formação do clínquer

Denominação Abreviação Norma Portland comum CP I NBR 5732

Portland composto com escória CP II - E -- Portland composto com pozolana CP II - Z NBR 11578

Portland composto com filler CP II - F -- Portland de alto forno CP III NBR 5735 Portland pozolânico CP IV NBR 5736

Portland resistente a sulfatos CP II - Z RS NBR 5737 Portland de alta resistência inicial CP V - ARI NBR 5733

Page 19: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

7

estejam completas, e que se pode ignorar a presença de impurezas tais como MgO e

álcalis.

2.2 PROCESSO DE HIDRATAÇÃO DO CIMENTO PORTLAND

A hidratação do cimento Portland pode ser analisada como a soma de todas

as reações dos compostos individuais do cimento, sendo que estas reações ocorrem

simultaneamente, proporcionando assim uma sobreposição e interação entre cada uma

delas. A figura 2.3 mostra, esquematicamente, a resposta global das reações químicas

que envolvem a hidratação do cimento.

Figura 2.3 – Representação esquemática da evolução do calor de hidratação (PINTO,

1997)

Na figura 2.3 o primeiro pico possui uma curta duração, e ocorre assim que a

água é adicionada na mistura. Uma grande quantidade de calor é liberada. Os produtos

desta hidratação formam uma barreira ao redor das partículas de C3S e C3A.

A seguir ocorre um período de pouca atividade química (período de

dormência) onde acontece a dissolução do C3S com formação de CSH. Os produtos

formados neste período são em pequena quantidade devido à membrana ao redor das

partículas do C3S. A existência deste período permite a mistura, o lançamento e o seu

adensamento, antes que comece o endurecimento. À medida que a concentração dos

compostos aumenta, o período de dormência termina e começam a se formar os

primeiros hidratos, e por conseqüência a microestrutura da mistura.

Page 20: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

8

O segundo pico é observado pela hidratação do C3S e do C3A. A influência

do C3A depende da quantidade de gipsita na mistura. Ao se aproximar deste ponto, a

mistura perde plasticidade, até tornar-se não-trabalhável. No terceiro pico a etringita

torna-se instável devido à alta concentração de sulfatos e aluminatos, e se converte em

monosulfato. A figura 2.4 apresenta um esquema da hidratação do cimento.

Figura 2.4 – Representação esquemática da hidratação do cimento (PINTO, 1997)

A reação de hidratação é exotérmica, ou seja, libera calor. Cada componente

do cimento gera diferentes taxas de evolução de calor. O calor total acumulado segue

aproximadamente o processo global da hidratação, podendo ser influenciado por alguns

fatores, especialmente pela finura e composição do cimento. Em geral, para uma dada

idade de hidratação, o calor total gerado pela hidratação é menor em cimentos de baixo

calor de hidratação (CP III – AF), e maiores em cimentos de alta resistência inicial (CP

V – ARI). O calor de hidratação gerado na completa hidratação de um cimento é

aproximadamente uma função aditiva dos calores gerados na hidratação dos compostos

individuais do cimento. A tabela 2.3 apresenta a quantidade de calor desenvolvida pelos

principais compostos do cimento Portland.

Page 21: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

9

Tabela 2.3 – Entalpia da hidratação dos minerais do clínquer do cimento (PINTO, 1997)

Fase inicial Produto

da reação

Entalpia da

hidratação completa

(kJ/mol)

C3S + (H) C-S-H + CH 118

βC2S + (H) C-S-H + CH 45

C3A + (CH + H) C4AH19 314

C3A + (H) C3AH6 245

C3A + (CSH2 + H) C4A S H12 (monossulfato) 309

C3A + (C S H2 + H) C6A S 3H32 (etringita) 452

C4AF + (CH + H) C3(A,F)H6 203

2.2.1 ASPECTOS QUÍMICOS DA HIDRATAÇÃO

A seguir apresenta-se uma revisão dos aspectos químicos da hidratação do

cimento Portland, tendo sido utilizada principalmente a referência METHA e

MONTEIRO (1994).

Com a introdução da água, os componentes do cimento começam a se

hidratar. Os produtos formados em sua maioria são os silicatos de cálcio hidratado

(CSH), que por sua vez começam a formar uma matriz coesiva ou um esqueleto

microestrutural. O desenvolvimento dessa microestrutura ocorre pelo aumento

progressivo do número de hidratos formados dentro do esqueleto poroso. A medida em

que se desenvolvem mais CSH a mistura ganha resistência.

Imediatamente após a introdução da água na mistura de cimento, um

pequeno período de intensa atividade química ocorre. Esta atividade química

corresponde à dissolução dos íons, reação da água com o C3A, formando semi-hidratos

cristalinos do tipo C3AH6, C4AH9 e C2AH8 e etringita. Após este período ocorre o

período de dormência ou de indução, caracterizado por uma curta ausência de atividade

química. Forma-se uma camada protetora ao redor da superfície das partículas de

cimento, sendo que a mistura se mantém plástica.

Sendo o C3S, βC2S, C3A e C4AF os componentes mais importantes do

cimento, apresenta-se a seguir os aspectos particulares de hidratação dos silicatos e

aluminatos.

Page 22: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

10

2.2.1.1 HIDRATAÇÃO DOS SILICATOS (C3S e βC2S)

Ao entrarem em contato com a água, o C3S e o βC2S produzem silicatos de

cálcio hidratado (CSH), com estruturas similares, mas com variações significativas

quanto à relação cálcio/sílica e ao teor de água quimicamente combinada. Tendo em

vista que é a estrutura do composto que irá determinar a sua propriedade, as variações

entre os teores de cálcio/sílica e de água, terão pequeno efeito sobre as características

físicas do C3S e o βC2S.

A estrutura do CSH é pouco cristalina e forma um sólido poroso. A

composição química dessa estrutura é variável, e depende de fatores tais como a

relação água/cimento, temperatura e idade de hidratação. Para a hidratação completa

dos silicatos, a composição aproximada do produto correspondente é o C3S2H3.

As reações estequiométricas para a hidratação completa dos silicatos

presentes em uma pasta de cimento podem ser representadas como:

2C3S + 6H C3S2H3 + 3CH

2βC2S + 4H C3S2H3 + CH

Cálculos estequiométricos concluem que a hidratação do C3S produz 61%

de C3S2H3 e 39% de hidróxido de cálcio, enquanto que a hidratação do βC2S gera 82%

de C3S2H3 e 18% de hidróxido de cálcio. Tendo em vista os resultados obtidos na

tabela 2.3, pode-se observar que o βC2S desenvolve uma menor taxa de evolução de

calor, além disso sabe-se que o βC2S promove ganhos de resistência a longo prazo. Com

relação à durabilidade, cimentos com menores quantidades de hidróxido de cálcio são

mais resistentes a ambientes com águas ácidas e sulfáticas, portanto cimentos Portland

com maiores teores de βC2S serão mais duráveis. A hidratação completa do C3S e do

βC2S exige 24 e 21% de água, respectivamente. Através de dados de calor de hidratação

que foram vistos anteriormente (tabela 2.3), pode-se concluir que o C3S se hidrata a uma

velocidade maior que o βC2S.

Page 23: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

11

2.2.1.2 HIDRATAÇÃO DOS ALUMINATOS (C3A e C4AF)

A reação do C3A com água é imediata. Rapidamente ocorre a formação de

hidratos cristalinos, tais como C3AH6, C4AH9 e C2AH8. Ocorre ainda a liberação de uma

grande quantidade de calor. Esta reação instantânea causa perda de trabalhabilidade da

mistura, tornando-a imprópria para uso. Para retardar este efeito de perda de

plasticidade da mistura, adiciona-se pequena quantidade de gipsita.

Os produtos formados pela hidratação do C3A e do C4AF são

estruturalmente semelhantes, portanto as discussões aqui apresentadas são válidas para

ambos os compostos. Em geral a reatividade do C4AF é mais lenta que a do C3A, mas

ela cresce com aumento do teor de alumina e diminuição de temperatura resultante da

exotermia da reação de hidratação.

A gipsita reage com o C3A formando um mineral chamado etringita

(C6A S 3H32). A etringita cristaliza-se como pequenas agulhas prismáticas na superfície

do C3A, formando assim uma barreira, reduzindo a velocidade de hidratação do

aluminato tricálcico. Mais tarde ela se transforma em monosulfoaluminato de cálcio

hidratado (monosulfato). Este último possui a forma de placas hexagonais delgadas. As

reações químicas relativas a estas reações são:

[AlO4]- + 3[SO4]-2 + 6[Ca]+2 + aq. C6A S 3H32 (etringita)

[AlO4]- + [SO4]-2 + 4[Ca]+2 + aq. C4A S H18 (monosulfato)

Normalmente a etringita é o primeiro hidrato a se cristalizar, devido à

elevada relação sulfato/aluminato no início da hidratação. Pode-se dizer que a etringita

contribui para o enrijecimento, para a pega e desenvolvimento da resistência inicial.

Quando a concentração de sulfatos na mistura diminui e ocorre um aumento

do teor de aluminatos devido à renovação da hidratação do C3A e do C4AF, a etringita

torna-se instável e é gradativamente convertida em monosulfato, que é o produto final

da hidratação destes compostos. A reação química destes compostos é dada abaixo:

C6A S 3H32 + 2 C3A C4A S H18

Page 24: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

12

2.2.2 ASPECTOS FÍSICOS DA HIDRATAÇÃO: PEGA E ENDURECIMENTO

Do ponto de vista físico, o processo de endurecimento da pasta de cimento

pode ser expresso, simplificadamente, por três períodos: a ante-pega, a pega e o após

pega. O quadro 2.1 mostra as características da evolução do concreto.

Quadro 2.1 – Evolução do concreto (FAIRBAIRN, 1999)

2.2.2.1 A ANTE-PEGA

Neste momento, a mistura é constituída por um líquido visco-plástico (pasta

de cimento) que evolui com o tempo. No início a pasta de cimento apresenta-se sob a

forma de uma suspensão concentrada (água, cimento, aditivos, etc), que pouco a pouco

vai formando uma estrutura rígida, dando lugar no momento da pega a um esqueleto

rígido.

Durante a ante-pega, acontece o fenômeno denominado de retração Le

Chatelier, que se deve ao fato de o volume de hidratos formados ser inferior à soma dos

volumes iniciais de cimento anidro e de água. A contração se reduz à medida que

começa a se formar o esqueleto rígido que se opõe a esta retração.

A duração do período de ante-pega, além das características do cimento,

podem influenciar o processo de formação do esqueleto rígido, e por conseqüência as

suas propriedades mecânicas e sua durabilidade.

Page 25: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

13

2.2.2.2 A PEGA

Habitualmente, quando se fala em pega de uma pasta de cimento, distingue-

se começo da pega de fim da pega, o que significa que a pega tem uma certa duração. O

início e o fim da pega são padronizados através do ensaio com a agulha de Vicat. A

capacidade desta agulha de penetrar numa argamassa determina nominalmente o

começo e o fim da pega. Fisicamente, a pega representa a passagem da pasta de cimento

de uma suspensão a um esqueleto rígido. O começo da solidificação é dito início de

pega, e marca o ponto no tempo em que a pasta de cimento se torna não trabalhável.

A teoria de percolação descreve este processo (ACKER, 1988). Inicialmente

ocorre de forma aleatória e isolada a formação de uma ligação mecânica entre dois

grãos no volume. Depois ocorre a formação de subconjuntos contínuos de grãos ligados

mecanicamente (amas), e por último a formação do primeiro caminho contínuo de grãos

ligados mecanicamente que ligam faces opostas do volume.

Figura 2.5 – Representação esquemática da teoria da percolação (ACKER, 1988)

Este momento exato é denominado limiar de percolação, e corresponde

exatamente à passagem do estado plástico ao estado sólido. A partir do limiar de

percolação, passam a existir propriedades tais como o módulo de elasticidade,

resistência à compressão, coeficiente de Poisson, etc, que são parâmetros característicos

de sólidos (figura 2.5). A partir deste ponto (limiar de percolação), o esqueleto formado

pode apresentar fissuração.

A estrutura do esqueleto rígido (rede porosa: poros capilares e nanoporos),

no momento da pega, e o tempo da pega da pasta de cimento, serão bastante

influenciados por: (i) o período da ante-pega (floculação, segregação, exsudação); (ii)

Page 26: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

14

relação água/cimento; (iii) temperatura; (iv) natureza e finura do cimento; (v) adições

minerais; (vi) aditivos químicos.

2.2.2.3 O APÓS – PEGA

Durante o período de após-pega, a evolução das propriedades mecânicas da

mistura está intimamente ligado ao desenvolvimento do esqueleto poroso da pasta de

cimento endurecida, resultado do prosseguimento da hidratação do cimento ou dos

aditivos minerais. Além da evolução das propriedades mecânicas, durante o período de

após-pega, se produzem outros fenômenos como a retração autógena (química) e a

retração de secagem que dependerão também da estrutura do meio poroso.

No momento da pega, temos uma porosidade inicial ( P0 ) constituída

essencialmente de capilares que será preenchida durante a fase de após-pega pelos

hidratos formados durante esta fase. A porosidade final ( Pj ) da pasta endurecida, será

então função dos hidratos formados durante o após-pega e das condições nas quais eles

serão formados (temperatura, confinamento, etc.), e também do tipo, da reologia e da

porosidade destes hidratos.

2.3 PARÂMETROS QUE AFETAM A HIDRATAÇÃO

A hidratação é influenciada por fatores tais como a natureza do clínquer

(composição do cimento e finura), quantidade de cimento, relação água/cimento, a

temperatura e a presença de aditivos.

2.3.1 CIMENTO

O desenvolvimento da resistência de uma pasta de cimento, pode ser

facilmente modificada, através de uma simples alteração nos seus constituintes. A

quantidade de C3S varia em diferentes tipos de cimento. Cimentos com altos teores de

C3S e C3A terão alta resistência inicial. Um alto teor de βC2S, irá promover uma baixa

resistência inicial, alta resistência a longo prazo e ainda baixa liberação de calor. A

figura 2.6 mostra que diferentes tipos de cimento, implicam em diferentes velocidades

de hidratação.

Page 27: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

15

Figura 2.6 – Efeito do tipo de cimento na resistência à penetração (PINTO, 1997)

Além da composição, as taxas de desenvolvimento de resistência e de

liberação de calor podem ser influenciadas pela relação água/cimento e também através

da finura do cimento (figura 2.7). Um aumento da finura (área específica) do cimento

irá acelerar as reações de hidratação e, portanto, acelera o desenvolvimento de

resistência e desprendimento de calor.

Figura 2.7 – Efeito da finura do cimento na hidratação (PINTO, 1997)

Page 28: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

16

Como a hidratação é um fenômeno de superfície é esperada uma aceleração,

pois teremos uma maior quantidade de cimento em contato com a água, e

conseqüentemente uma maior liberação de calor (figura 2.8).

Figura 2.8 – Efeito da área específica na evolução do calor do C3S (PINTO, 1997)

2.3.2 TEMPERATURA

A elevação da temperatura de cura da mistura, proporcionará um aumento na

velocidade das reações de hidratação, aumentando sua resistência inicial. Todavia, se a

temperatura inicial for muito alta a resistência a longo prazo será prejudicada. Isto se

deve ao fato de que uma hidratação inicial muito rápida aparentemente forma produtos

com uma estrutura fisicamente mais pobre, provavelmente mais porosa, de modo que

uma fração dos poros permanecerá sempre não preenchida (AÏTCIN, 1998).

A temperatura à qual ocorre a hidratação influencia bastante a velocidade de

desprendimento de calor da reação (figura 2.9). Se as condições de contorno do sólido

na qual se processa a hidratação não forem adiabáticas, pode-se dizer que a quantidade

total de calor de hidratação não é a grandeza mais importante, mas sim, a velocidade

com que esse calor é gerado. A mesma quantidade de calor, produzida em período

longo, pode ser dissipado, por convecção ou condução, em maior quantidade com uma

elevação final de temperatura do sólido conseqüentemente menor.

Page 29: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

17

Deve-se ressaltar, que a temperatura dos materiais empregados na elaboração

de uma mistura a base de cimento Portland, também pode influenciar na velocidade de

formação dos produtos de hidratação, e por conseqüência nas suas características finais.

Figura 2.9 – Influência da temperatura na evolução de calor do cimento Portland

(PINTO, 1997)

2.3.3 PRESENÇA DE ADITIVOS QUÍMICOS

Aditivos químicos são desenvolvidos para mudar algumas características,

tais como o tempo de pega, a trabalhabilidade, a resistência, etc.

Os superplastificantes são aditivos que promovem uma alta redução da água

de mistura, e podem apresentar um retardo nas primeiras idades do processo de

hidratação. São polímeros orgânicos hidrossolúveis obtidos sinteticamente, usando um

processo complexo de polimerização para a obtenção de moléculas longas de elevada

massa molecular e, portanto, relativamente caros. Possuem baixo teor de impurezas, de

modo que, mesmo em elevadas dosagens, não apresentam efeitos colaterais prejudiciais.

O principal efeito das moléculas longas é o de se enrolarem em volta das

partículas de cimento, conferindo-lhes uma carga altamente negativa de modo que elas

passam a se repelir. Isso resulta uma defloculação e dispersão das partículas de cimento.

Esta dispersão pode ser observada na figura 2.10.

Page 30: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

18

Figura 2.10 – Micrografia de partículas de cimento defloculadas em uma suspensão. A

primeira sem aditivo, a segunda com aditivo superplastificante (METHA e

MONTEIRO, 1994)

Após este período inicial, devido à ótima dispersão das partículas de

cimento, teremos uma aceleração da taxa de hidratação.

O melhoramento resultante da trabalhabilidade pode ser aproveitado de dois

modos: produzindo-se misturas com alta trabalhabilidade ou com resistência muito alta.

Com uma mesma relação água/cimento e mesmo teor de água na mistura, o efeito

dispersante dos superplastificantes aumenta a trabalhabilidade, tipicamente, aumentando

o abatimento de 75 para 200 mm, permanecendo a mistura coesiva. Como resultado, a

mistura pode ser lançada com pouco ou nenhum adensamento, e não é passível de

exsudação ou segregação excessivas. Conseqüentemente, teremos uma mistura fluida,

útil para lançamento em peças com armadura densa ou regiões inacessíveis. O segundo

uso de superplastificante é para a obtenção de misturas com trabalhabilidade normal

mas com uma resistência extremamente alta, devido a uma substancial redução na

relação água/cimento. Com a utilização destes aditivos podemos obter uma redução de

água da ordem de 25 a 35% sem redução de consistência.

Outros aditivos que podem ser empregados são os modificadores de pega.

Têm como objetivo principal controlar os tempos de início e fim de pega. Promovem

uma ação mais intensa sobre a dissolução dos constituintes anidros, e uma pequena

ação sobre a cristalização dos compostos hidratados (JOISEL, 1973). A pasta de

cimento é constituída de ânions (silicatos e aluminatos) e cátions (cálcio). O aditivo

acelerador promove a dissolução dos cátions e ânions do cimento . Com uma grande

quantidade de ânions na mistura, o acelerador promove a dissolução dos íons que têm

Page 31: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

19

menor velocidade de dissolução durante o período inicial (os silicatos), e assim acelera a

hidratação. Um retardador impede a dissolução dos cátions, e ânions do cimento,

retardando o processo de hidratação.

2.3.4 PRESENÇA DE ADIÇÕES MINERAIS

A introdução de aditivos minerais, pode proporcionar benefícios que incluem

melhora da resistência e da impermeabilidade por refinamento dos poros e,

conseqüentemente, um aumento da durabilidade. As adições minerais mais comumente

utilizadas são a cinza-volante, cinza de casca de arroz, a sílica ativa e a escória

granulada de alto forno. A seguir, descreve-se o efeito dos aditivos utilizados neste

estudo, que são a sílica ativa e a escória granulada de alto forno, na hidratação.

2.3.4.1 SÍLICA ATIVA

A sílica ativa é um subproduto resultante de fornos a arco de indução das

indústrias de silício metálico e ligas de ferro-silício. A redução de quartzo a silício em

altas temperaturas (2000 ºC) produz vapor silício, que se oxida e condensa em zonas de

temperaturas mais baixas, formando assim minúsculas partículas esféricas.

Trata-se de um material muito fino, área específica da ordem de 20000

m2/kg. Por ser um material muito fino, existem problemas referentes ao seu manuseio.

Assim sendo, a sílica ativa é transportada de duas maneiras, uma na forma densificada,

ou ainda na forma de pasta.

A sílica pode ser adicionada no concreto como um material que faz uma

substituição parcial do cimento ou como material cimentante adicional, mantendo-se a

quantidade de cimento.

A hidratação do C3S é responsável pelas primeiras características de

solidificação de uma mistura de cimento. A presença de sílica ativa provoca uma

aceleração da hidratação do C3S. Os estudos realizados por STEIN e STEVELS (1964),

indicam que quanto mais fina a sílica ativa e quanto mais sílica for acrescida à mistura,

mais rápida será a hidratação do C3S, e por conseqüência, maior calor de hidratação será

liberado.

Do ponto de vista microscópico, WU e YOUNG (1984), concluíram que

devido à grande diferença nas superfícies específicas entre a sílica e o cimento Portland,

Page 32: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

20

o grão de C3S fica envolvido por uma grande quantidade de partículas de sílica,

formando uma camada ao redor destes grãos. Após o contato com a água, os íons Ca+2 e

OH-, gerados durante a dissolução do C3S, precisam penetrar através desta camada de

sílica ao redor dos mesmos, porém os íons reagem com a sílica e formam CSH. Como

conseqüência, o acréscimo de íons Ca+2 e OH- na solução é retardada.

Nas primeiras idades, os CSH são formados numa quantidade maior na

superfície da sílica ativa do que na superfície do C3S . Posteriormente ocorre um longo

período de contato entre a água e a superfície do C3S, implicando num acréscimo na

dissolução do mesmo. Quanto mais sílica for adicionada à mistura mais rápida será a

aceleração na hidratação do C3S.

A sílica ativa possui efeito pozolânico, ou seja, participa diretamente na

formação de CSH. Materiais pozolânicos são aqueles que não possuem nenhum efeito

cimentício sozinhos, mas finamente moídos e acrescentados em uma mistura, reagem

quimicamente com o hidróxido de cálcio (CH), e formam compostos com propriedades

desejáveis. Assim sendo, sua presença irá reduzir consideravelmente a quantidade de

CH na mistura, transformando-o em CSH, melhorando a sua performance.

Nas primeiras idades, o calor de hidratação é mais influenciado pela

aceleração da hidratação do cimento do que pela reação pozolânica. A figura 2.11

mostra alguns resultados experimentais. A relação água/material cimentício é de 0.6

para todas as misturas.

Figura 2.11 – Calor total gerado para pastas de cimento com vários teores de sílica ativa

(PINTO, 1997)

Page 33: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

21

Pode-se observar que quanto maior a porcentagem de substituição do

cimento por sílica, maior será o calor total gerado (CHENG-YI e FELDMAN, 1985).

Porém MELAND (1983), realizou ensaios para a determinação das curvas de

calor, com relação água/material cimentício de 0.5 em três níveis de substituição de

cimento por sílica ativa, 0, 10 e 20% (figura 2.12).

Figura 2.12 – Taxa de calor para várias misturas cimento-sílica ativa (PINTO, 1997)

Até 50 horas o calor total liberado pelas misturas sem adição, e com 10% de

substituição, é praticamente o mesmo. Com a substituição de 20% do cimento por sílica,

ocorre uma queda no calor total liberado.

Diferentes quantidades de sílica ativa com áreas específicas variadas podem

ter comportamentos diferentes no desenvolvimento das curvas de calor do cimento,

portanto este efeito precisa ser melhor investigado.

Misturas que possuem esta adição, parecem não ser tão sensitivas à

temperatura em relação àquelas sem adição. A FIP COMMISSION ON CONCRETE

(1998), sugere um acréscimo de 10% no valor da energia de ativação quando 10% de

sílica ativa for adicionada à mistura.

Os efeitos combinados da sílica ativa e superplastificante, no fenômeno de

hidratação, não são independentes. A figura 2.13 mostra que misturas com ambas as

adições, possuem uma redução no período de dormência em relação a uma mistura que

possui somente superplastificante.

Page 34: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

22

Figura 2.13 – Taxa de calor liberado para várias misturas de cimento-sílica ativa e

superplastificante (PINTO, 1997)

As figuras 2.12 e 2.13 sugerem que, para a evolução do calor desenvolvido

na reação de hidratação, ocorre uma interação entre o superplastificante e a sílica ativa.

Estas interações promovem uma aceleração do desenvolvimento de calor e também uma

pequena redução no calor total gerado (figura 2.13). Sugere-se que se desenvolva

pesquisas como vários teores de sílica e superplastificante, para que se possam definir

de maneira precisa estas interações.

2.3.4.2 ESCÓRIA GRANULADA DE ALTO FORNO

A escória é um sub-produto da produção de ferro-gusa, que consiste na

transformação do óxido de ferro do minério em ferro metálico, por uma reação de

redução com carvão, em alto forno, a uma temperatura de 1400 oC. A cinza do carvão e

as impurezas são escorificadas por calcário e dolomito introduzidos no processo como

fundentes.

Um resfriamento lento da escória leva à formação de uma estrutura sólida

estável, composta de silicatos de Ca-Al-Mg, e especialmente melilita, que é uma

solução sólida de gelenita (C2AS), akermanita (C3MS2) e mervinita (C3MS2). Estas

escórias cristalizadas possuem propriedades mecânicas similares ao basalto e são

utilizadas como agregados miúdo e graúdo.

Page 35: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

23

Quando resfriada bruscamente, finamente dividida e em mistura com a água,

também desenvolve resistência mecânica, mas para ser aplicada na prática é necessário

que se utilizem ativantes que acelerem as reações de hidratação, como o cimento

Portland. A escória é denominada aglomerante hidráulico potencial, porque endurece

mesmo não moída.

Não se deve confundir a sua atividade hidráulica com a das pozolanas.

Enquanto a pozolana consome cal para formar compostos hidráulicos, a escória é capaz

de desenvolver estes compostos, desempenhando a cal o papel de acelerador destas

reações. A escória em água endurece e libera cal, podendo o pH atingir o valor 11, de

modo análogo ao cimento Portland; deve-se lembrar que esta analogia é qualitativa mas

não quantitativa.

Outros compostos hidráulicos que podem ser utilizados para se ativar a

escória são os hidróxidos de sódio e de potássio, carbonato de sódio, cloreto de cálcio e

sulfato de sódio, em geral adicionados em pequena quantidade. Essas substâncias têm

pouco interesse, pois causam eflorescência, promovem corrosão metálica e reduzem a

resistência mecânica da mistura escória-cimento Portland.

A composição química é muito importante na determinação das propriedades

hidráulicas da escória, pois ela determina a sua basicidade e estrutura cristalina.

O resfriamento brusco é conseguido industrialmente através de lançamentos

de jato de água ou ar sob pressão sobre a escória fundida. Este processo provoca a

formação de grãos vítreos de até 4 mm de diâmetro, que após a moagem são reduzidos a

grãos menores que 45 µm. A fase vítrea permite alta reatividade química, pois tem uma

estrutura bastante desordenada. Partículas menores que 10 µm contribuem para as

resistências iniciais do concreto até 28 dias e partículas entre 10 e 45 µm contribuem

para as resistências a longo prazo.

É sabido que o excessivo calor de hidratação, principalmente nas primeiras

idades de maturação do cimento Portland, pode afetar a durabilidade a longo termo. É

importante assegurar que a evolução de calor seja controlada, permitindo assim que a

mistura desenvolva uma microestrutura densa, homogênea e livre de fissuras. A

incorporação de escória, promove um benefício mais significativo para a durabilidade

do que para a resistência.

Através da análise de resultados de ensaios realizados na Universidade de

Sheffield, Inglaterra (figura 2.14), podemos verificar a eficiência da escória de alto

Page 36: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

24

forno e do superplastificante na redução do calor de hidratação. Fazendo-se uma

manipulação da finura da escória de alto forno, podemos aumentar a sua capacidade de

redução do pico de calor (figura 2.15).

Figura 2.14 – Influência da escória e do superplastificante na evolução do calor de

hidratação do concreto (SWAMY e BARBOSA, 1997)

Figura 2.15 – Influência da finura da escória com superplastificante na evolução do

calor de hidratação do concreto (SWAMY e BARBOSA, 1997)

Page 37: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

25

Das análises dos resultados dos gráficos das figuras 2.14 e 2.15, podemos

concluir que:

• superplastificantes com retardadores de pega podem estender o pico do tempo da

evolução do calor de hidratação por um fator de quase dois;

• a substituição parcial do cimento por 50% de escória com um fator a/mc de 0.4,

por outro lado reduziu o pico de calor em 60%;

• a utilização combinada de escórias e superplastificantes podem retardar o pico

de calor num mesmo fator do primeiro caso acima supracitado;

• com uma cuidadosa seleção do superplastificante, do nível de substituição do

cimento e da relação a/mc, o retardo no tempo de pega e a evolução do calor de

hidratação, podem ser controlados.

Segundo SWAMY e BARBOSA (1997), a hidratação inicial da escória de

alto forno é lenta porque depende da decomposição da fase vítrea pelos íons de

hidroxila liberados durante a hidratação do cimento Portland em idades mais avançadas.

Assim, tem-se no geral, uma redução e também um retardo no pico de temperatura do

concreto devido à hidratação do cimento Portland.

Como a mistura de cimento Portland e escória contêm mais sílica do que

cimento Portland puro, o resultado da hidratação é uma maior quantidade de CSH.

Assim a microestrutura da pasta resultante é mais densa.

A liberação progressiva dos álcalis pela escória, juntamente com a

formação do hidróxido de cálcio pelo cimento Portland, implica numa reação

continuada da escória por longo tempo, e conseqüentemente, num aumento da

resistência a longo prazo.

Escórias com grãos mais finos resultam numa maior evolução da resistência

a longo prazo. Alguns resultados comparativos são mostrados na figura 2.16.

Page 38: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

26

Figura 2.16 – Influência da finura da escória no desenvolvimento da resistência do

concreto (taxa de substituição de 50%) (SWAMY e BARBOSA, 1997)

A cura úmida prolongada (maior que sete dias) em misturas com escória é

muito importante, pois a hidratação inicial lenta resulta num sistema de poros capilares

que permite a perda de água em condições de secagem. Caso isso ocorra , a hidratação

não irá continuar. Assim uma cura úmida longa, implicará num maior desenvolvimento

de resistência a longo prazo (figura 2.17), além de resultar também numa estrutura

porosa mais fechada, o que proporcionará uma maior resistência a ataques ácidos.

Page 39: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

27

Figura 2.17 – Influência das condições de cura no desenvolvimento da resistência de

concretos com escória (SWAMY e BARBOSA, 1997)

A adição de escória de alto forno ao cimento Portland pode conferir

benefícios significativos na qualidade e durabilidade. Entretanto, a incorporação sem

critérios deste material pode alterar a capacidade de contribuir para uma melhor

performance da mistura, mas através de processos criteriosos de dosagem, execução e

cura podemos obter propriedades desejáveis que são vistos a seguir.

Assim sendo, a escória granulada de alto forno proporcionará obtenção

de misturas com as seguintes características: (i) baixo calor de hidratação; (ii) maiores

tempos de pega; (iii) menores taxas de retração na mistura plástica; (iv) formação de

uma maior quantidade de CSH; (v) maior resistência a longo prazo; (vi) menor

quantidade de poros; (vii) maior resistência a ataques de sulfatos e cloretos; (viii)

menores taxas de segregação e exsudação; (xix) maior durabilidade.

Por fim, vale a pena ressaltar que existem escórias com alto teor de alumina

(Al2O3) que são mais reativas, portanto se o objetivo da adição da escória na mistura de

cimento Portland é para redução do calor total gerado deve-se evitar este tipo de

material.

Page 40: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

28

2.4 O GRAU DE HIDRATAÇÃO

A noção de grau de hidratação (ξ ), concerne uma medida de avançamento

da reação entre a água e o cimento, constituindo um parâmetro objetivo permitindo se

caracterizar a maturidade do concreto. Quando ξ possui valor zero implica que ainda

não aconteceu o início da hidratação, e ao atingir o valor unitário indica que o processo

de hidratação está finalizado.

Do ponto de vista teórico, não é possível descrever completamente todo o

processo de hidratação do cimento por meio de um único grau de hidratação,

considerando as numerosas reações que ocorrem simultaneamente. Estudos realizados

por BYFORS (1980), mostram que existem diferenças na hidratação dos diversos

compostos do cimento em função do tempo (ver figura 2.18). Do ponto de vista prático,

no entanto, a determinação de um grau global de hidratação para todas as reações é

suficientemente significativo no caso do concreto. O grau global de hidratação apresenta

uma boa correlação com a evolução das características mecânicas do material, porque as

reações do βC2S e do C3S, dão os mesmos produtos de hidratação consumindo

aproximadamente a mesma quantidade de água e são aqueles que participam mais para

o aumento da resistência do material (BYFORS, 1980). A figura 2.19 apresenta a

evolução da resistência dos diversos compostos do cimento Portland com o tempo.

Figura 2.18 - Evolução da hidratação dos diferentes componentes do clínquer em função

do tempo (BYFORS, 1980)

Page 41: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

29

Figura 2.19 - Evolução das resistências dos diferentes produtos de hidratação do

cimento (BYFORS, 1980)

No que diz respeito à determinação do grau de hidratação, BYFORS (1980)

propôs a seguinte relação:

, [0,1]

Quantidade de cimento hidratadoQuantidade total de cimento

ξ ξ= ∈ (2.1)

A quantidade de cimento hidratado é uma grandeza difícil de ser

caracterizada. Entretanto, é possível, por meio de uma análise de raios X, a

determinação da quantidade de cimento não hidratado, porque o clínquer tem uma

estrutura cristalina. Assim sendo, em um tempo qualquer, pode-se escrever o grau de

hidratação da forma seguinte:

1 , [0,1]

Quantidade de cimento não hidratadoQuantidade total de cimento

ξ ξ= − ∈ (2.2)

Outra maneira de se obter diretamente o grau de hidratação é conhecendo-se

a quantidade de água ligada no tempo t:

Page 42: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

30

( ) , [0,1] ( )

n

n

W tQuantidade de água ligada no tempo tQuantidade de água ligada no tempo t = W t

ξ ξ= = ∈∞ = ∞

(2.3)

Tecnicamente, é impossível extrair de um corpo de prova apenas esta água

ligada. Esta quantidade (água ligada) é então assimilada, geralmente, à quantidade de

água não-evaporável. Esta última pode ser extraída quando o corpo de prova é

submetido a uma análise termogravimétrica por aquecimento entre 105 e 1050 oC. A

análise termogravimétrica consiste em pesar continuamente um corpo de prova

submetido a uma temperatura crescente, geralmente linear, programada em função do

tempo. Isto permite que seja seguida a evolução de sua massa sob atmosfera controlada.

As diferentes variações de massa que se produzem durante a experiência são assim

afetadas às diversas reações que se produzem no corpo de prova permitindo o acesso às

quantidades de água ligadas sob suas diferentes formas (ver tabela 2.4).

Tabela 2.4 - Análise termogravimétrica

Intervalos de T (oC) Produto em decomposição

... 105 água evaporável

105 - 380 água dos hidratos de silicatos e de aluminatos

380 - 600 água da cal hidratada

600 - 750 descarbonatação da calcita (forma mais

estável dos carbonatos de cálcio)

750 - 1050 produtos secundários da hidratação

Fonte: COPELAND, 1960

Na equação 2.3, W tn ( )= ∞ representa a quantidade de água ligada para a

hidratação total do cimento. Um valor aproximado para W tn ( )= ∞ , proposto por

LAPLANTE (1993), é:

W t Quantidade total de cimenton ( ) .= ∞ = ⋅0 25 (2.4)

COPELAND et al. (1960), mostraram que o grau de hidratação de uma pasta

de cimento, obtido por meio de técnicas diretas e por análise termogravimétrica,

apresenta uma boa correlação (figura 2.20).

Page 43: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

31

Figura 2.20 - Comparação entre o grau de hidratação medido por meio de uma

análise de raios X e pela quantidade de água ligada (COPELAND et al, 1960)

Outra forma de se obter o grau de hidratação é a partir do calor gerado pelas

reações de hidratação. Como as reações de hidratação do cimento são fortemente

exotérmicas, o calor gerado torna-se um parâmetro significativo para descrever a

evolução do grau de hidratação. A seguinte expressão pode ser proposta:

( ) , [0,1] ( )

Quantidade de calor gerado no tempo t Q tQuantidade de calor gerado no tempo t = Q t

ξ ξ= = ∈∞ = ∞

(2.5)

Numerosos ensaios mostram que existe uma relação entre resistência à

compressão e o grau de hidratação. Essa relação é não-linear no começo da hidratação,

mas se torna logo linear (BYFORS, 1980). Resultados obtidos por BYFORS (1980),

utilizando corpos de prova de concreto para diferentes fatores água/cimento, mostram

um trecho inicial sem resistência, seguido por um pequeno trecho não-linear e então

pelo trecho linear (figura 2.21).

Page 44: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

32

Figura 2.21 - Relação entre a resistência à compressão do concreto para diferentes

relações a/c e o grau de hidratação para o concreto jovem (BYFORS, 1980).

Um dos fatores que mais afeta a evolução da resistência é a temperatura,

principalmente nas idades jovens. De uma maneira geral se constata que quanto mais

alta é a temperatura de cura, maior é a resistência inicial do concreto. Isto se dá por

causa da aceleração da reação de hidratação, que é termicamente ativada. A resistência a

longo prazo, no entanto, é menor que a do concreto curado a temperaturas mais baixas.

Resultados experimentais obtidos por TORRENTI (1992) mostram a evolução das

resistências em função do grau de hidratação. Ele observou uma relação linear entre a

resistência à compressão e o grau de hidratação, sendo que a mesma depende da

temperatura (figura 2.22a). Ele achou, no entanto, que a evolução das resistências

relativas ( )(∞cc ζζ ) em função do grau de hidratação não é dependente da temperatura

(figura 2.22b).

Page 45: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

33

Figura 2.22 - a) Evolução das resistências em função do grau de hidratação para

diferentes temperaturas. b) evolução das resistências relativas ( )(∞cc ζζ em função do

grau de hidratação para diferentes temperaturas (TORRENTI, 1992).

Page 46: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

34

CAPÍTULO 3

MODELAGEM DO PROCESSO DE HIDRATAÇÃO

3.1 INTRODUÇÃO

Dentre os diversos modelos que têm sido propostos para representar o

processo de hidratação, destacamos aquele de ULM e COUSSY (1995) também

conhecido como modelo dos acoplamentos termo-químico-mecânicos. Este modelo

considera o concreto como um meio poroso quimicamente reativo. A fase fluida é

formada por água livre, e o esqueleto, de cimento anidro e hidratos. Com o passar do

tempo a água reage com o cimento, reduzindo-se assim a massa de água livre e

aumentando a quantidade de hidratos. O modelo de ULM e COUSSY considera a

energia de ativação constante, contrariamente a outras formulações que consideram este

parâmetro como variável (MAEKAWA et al., 1999, D’ALOIA e CHANVILLARD,

1998 e BENAMEUR et al., 2000).

O modelo de ULM e COUSSY baseia-se na termodinâmica dos meios

porosos, conduzindo à dedução de equações constitutivas que compreendem os diversos

acoplamentos termo-químico-mecânicos. A implementação computacional desta teoria

foi realizada no Programa de Engenharia Civil da UFRJ/COPPE, inicialmente por

FERREIRA (1998), consistindo em um programa de elementos finitos 2D onde, no

módulo TH são calculados os campos térmicos e de hidratação, e no módulo M é

resolvido o problema mecânico utilizando os resultados transientes obtidos no módulo

TH. A implementação 3D com considerações de geometria variável e otimização da

fase construtiva com consideração da fluência, vem sendo realizada por SILVOSO

(1999).

Page 47: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

35

No item a seguir será apresentado o modelo de ULM e COUSSY, indicando

o procedimento para a obtenção dos resultados experimentais (fenomenológicos) e sua

correlação com os parâmetros necessários à utilização da teoria (FAIRBAIRN, 1999).

3.2 MODELO DE ULM E COUSSY

Dada uma massa de concreto, como um radier massivo, uma barragem, uma

estrutura de concreto de alto desempenho com uma forte componente de retração

autógena, ou qualquer outra aplicação de material cimentíceo em que os efeitos da

hidratação sejam importantes, devemos inicialmente calcular a evolução do campo de

hidratação (e de temperatura porque a hidratação é termo-ativada) já que a evolução de

todas as outras propriedades estarão relacionadas à evolução da hidratação. O problema

a ser resolvido pode ser expresso pela equação de evolução dos campos térmicos em um

dado volume. Desta forma, a equação do calor no tempo, considerando-se o

acoplamento termo-químico (geração de calor de hidratação com termo-ativação)

seguindo o quadro teórico de acoplamentos termo-químicos pode ser colocada sob a

forma:

TkmLQTC m2∇++= &&

ε (3.1)

Onde TkQTC 2∇+=&ε , é a equação standard de evolução dos campos

térmicos, sendo:

εC calor específico a deformação constante para o concreto;

Q fluxo de calor originário de alguma fonte de calor;

k condutividade térmica;

T temperatura;

mLm & corresponde ao acoplamento termo-químico e representa a geração de calor

pela reação de hidratação (exotermia);

mL calor latente de hidratação, positivo devido à natureza exotérmica da reação de

hidratação;

m& velocidade da reação representada pela velocidade com que a massa de

esqueleto aumenta (derivada de m em relação ao tempo).

Page 48: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

36

O grau de hidratação (ver item 2.4 desta tese), que é uma medida do avanço

da reação de hidratação, pode ser considerado como uma normalização da variável m,

isto é, a variação da massa do esqueleto:

( )∞

=m

tmξ (3.2)

onde:

∞m é o valor alcançado por ( )tm no tempo t = ∞ (quando a hidratação está

completa).

Visto que:

dtdm

dtdm ξ

∞= (3.3)

podemos reescrever a equação 3.1 como:

TkLQTC 2∇++= ξε&& (3.4)

onde: mLmL ∞= .

A equação 3.4 permite então que seja calculado o campo de temperaturas

considerando-se a geração de calor de hidratação dada pelo termo ξ&L . É importante

notar que a velocidade da reação de hidratação dada por ξ& depende do estado em que se

encontra a reação de hidratação, ou seja, devemos escrever, formalmente, ( )ξξ& . Visto

que a reação de hidratação é termo-ativada, o estado em que se encontra a reação de

hidratação dependerá da evolução do campo de temperaturas.

A solução numérica da equação 3.4 implica então em que seja calculado o

campo das hidratações ξ para todos os passos de tempo em que será calculado o campo

de temperaturas T , ou seja, para que a equação 3.4 seja resolvida é preciso que ( )ξξ&

(ou seja, a cinética da hidratação) possa ser determinada para cada passo de tempo.

Page 49: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

37

3.2.1 CINÉTICA DA HIDRATAÇÃO ( )ξξ&

Ao considerarmos a cinética da hidratação (ou seja, a velocidade com que a

reação se processa), podemos encarar um ensaio de elevação adiabática da temperatura

como correspondendo a “fotografias” da evolução da reação química. Visto que a

reação é termo-ativada, é razoável que curvas de elevação adiabática correspondentes a

diversas temperaturas iniciais dos corpos de prova tenham a forma similar às curvas

mostradas na figura 3.1.

Figura 3.1 - Elevação adiabática para diversas temperaturas iniciais (MAEKAWA et al,

1999)

Convém também lembrar que o fenômeno da hidratação é dependente da

evolução da camada de hidratados que, com o seu crescimento progressivo (figura 3.2),

impede cada vez mais que a água penetre através dos nanoporos para combinar-se com

o cimento anidro e formando assim novos hidratos.

Figura 3.2 – Evolução da reação de hidratação (FAIRBAIRN, 1999)

Page 50: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

38

Com base nos conceitos expressos acima, ULM e COUSSY (1995)

propuseram a equação abaixo para a evolução química baseada na lei de ARRHENIUS

(citado por ATKINS, 1998) (detalhes da lei de ARRHENIUS são apresentados no

apêndice A)

( ) ( )

−=

RTE

mAmdt

dm aexp1η

(3.5)

onde:

dtdm indica a variação da massa do esqueleto (hidratos CSH) no tempo,

parâmetro que correspondente à cinética (velocidade) da reação de hidratação que pode

ser colocada simplificadamente como: água + cimento hidratos;

η corresponde a alguma medida de viscosidade.

Esta viscosidade η sugere o fato de que o fenômeno que é mostrado na

figura 3.2 é um fenômeno que, com o passar do tempo, é cada vez mais comandado pela

difusão da água na rede porosa dos nano-hidratos que se forma em torno dos grãos de

cimento anidro. Neste caso, visto que esta viscosidade aumenta com a evolução da

reação química, é razoável que se coloque ( )mηη = , sendo m a quantidade de

esqueleto já formado, ou ainda, ( )ξηη = , sendo 10 ≤≤ ξ o grau de hidratação já

definido anteriormente. Lembramos que um sistema simples de amortecedor, como

mostrado na figura 3.3, responde a uma tensão constante através da relação constitutiva

( )σηε 1=dtd indicando a analogia que pode ser feita entre velocidade de deformação

e velocidade de formação de massa ( ( )Adtdm η1= - sendo a tensão σ e a afinidade

química A as “forças” no sentido termodinâmico da palavra).

Figura 3.3 - amortecedor simples (FAIRBAIRN, 1999)

Page 51: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

39

Ainda na equação 3.5, A é a afinidade química, que é o parâmetro que indica

a propensão que os reagentes têm de combinarem-se quimicamente (analogamente, na

figura 3.3, a tensão σ). Já que esta propensão deve variar com a evolução da reação,

também é razoável que se coloque ( )mAA = ou ainda ( )ξAA = . Ea é a energia de

ativação, considerada constante, R é a constante universal dos gases e T é a temperatura

em Kelvin. Valores típicos e discussões sobre Ea, são apresentados no capítulo 4.

Leis de evolução baseadas na lei de ARRHENIUS são universalmente

utilizadas, correspondendo a boas correlações com dados experimentais.

Fazendo a mudança da variável m para ξ, usando a equação 3.3, a relação

cinética 3.5 pode ser reescrita como:

( )

−=

RTE

Adtd aexp~ ξξ (3.6)

sendo a afinidade normalizada ( )ξA~ correspondente a:

( ) ( )( ) ( )( )ξηξξ ⋅= ∞mmAA /~ (3.7)

A afinidade normalizada é um parâmetro que engloba os efeitos físicos

correspondentes ao aumento da massa de hidratos, difusão, viscosidade e à afinidade

química propriamente dita. A afinidade normalizada é também a propriedade do

concreto que independe da temperatura, sendo o termo da equação 3.6 responsável pela

termo-ativação a exponencial de RTEa . Neste modelo a energia de ativação (Ea) é

considerada constante ao longo do tempo.

Assim, se for possível conhecer uma curva ( ) ξξ −A~ , será possível resolver

a equação 3.4 desde que, para cada passo de tempo calculam-se além das temperaturas

T os graus de hidratação ξ , o que é desejável, já que para a solução do problema

mecânico (ou termo-mecânico) os parâmetros característicos de diversos fenômenos,

como evolução da resistência, módulo de elasticidade, retração autógena e fluência

serão correlacionados ao grau de hidratação.

Os valores de Ã(ξ), que são uma medida intrínseca da cinética da reação,

podem ser obtidos experimentalmente, seja através de ensaios adiabáticos, seja através

Page 52: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

40

de ensaios de compressão uniaxial realizados em diversas idades, como mostraremos a

seguir.

3.2.2 DETERMINAÇÃO DA CINÉTICA DA HIDRATAÇÃO ( ) ξξ −A~

A função ( )ξA~ é determinante na modelagem da hidratação e

conseqüentemente na determinação de seus efeitos como deformações, resistência e

geração de calor. Para sua determinação experimental, é necessário medir não só o

histórico da temperatura T(t), como também o histórico do grau de hidratação ξ(t), isto é

medir a massa de água não evaporável a cada instante.

Alternativamente, o grau de hidratação pode ser determinado explorando as

equações constitutivas correspondentes aos acoplamentos termo-químico-mecânicos

dentro do quadro teórico definido por ULM e COUSSY (1995).

Os novos e sofisticados modelos, para que sejam operacionais, devem prever

a determinação de parâmetros, de preferência sem demandar novos ensaios que

introduziriam um elevado grau de complexidade para sua utilização. No caso do modelo

de ULM e COUSSY, procura-se, através de ensaios de elevação adiabática de

temperatura e/ou de uma série de ensaios isotérmicos de aumento da resistência com o

tempo, determinar os parâmetros necessários à execução das análises.

3.2.2.1 DETERMINAÇÃO DA CINÉTICA DA HIDRATAÇÃO ATRAVÉS DE ENSAIOS DE ELEVAÇÃO ADIABÁTICA DA TEMPERATURA

Utilizando a equação 3.4 em condições adiabáticas, isto é Q = 0 (indicando

que – por definição – uma evolução adiabática não permite troca de calor), e

02 =∇ T (já que não existirão variações espaciais de temperatura no teste adiabático),

podemos escrever:

••

= ξε LTCad

. (3.8)

Integrando 3.8 e fazendo ( ) 00 ==tξ (o que indica que o tempo zero

corresponde a hidratação zero) e ( ) adad TtT 00 == (que indica que a temperatura do

Page 53: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

41

tempo zero corresponde à temperatura inicial do ensaio), determina-se uma relação

entre ( )tT ad e ( )tξ :

( )∫∫ =−⇒=•• t

adadt ad

tLTTdLdTC0

0

.

0

)(C )()( ξττξττ εε

( )L

CTtTt adad εξ )()( 0−=

(3.9)

Considerando (aproximadamente) que a reação de hidratação estará

finalizada (i.e., 1=ξ ), quando o ensaio de elevação adiabática indicar que a

temperatura adiabática atingiu um valor assintótico adT∞ , podemos obter a partir da

equação 3.9:

[ ]adad TTCL

0−= ∞ε

(3.10)

A equação 3.10 permite que se conheça o valor de L a partir das

temperaturas inicial e final de um ensaio adiabático, já que o valor do calor específico é

conhecido a partir de ensaio padrão.

Operando as expressões 3.9 e 3.10 chega-se à equação que determina o

histórico do grau de hidratação a partir dos valores de )(tT ad .

adad

adad

TTTtT

t0

0)()(

−−

=∞

ξ

(3.11)

A expressão 3.11 permite que se conheça o grau de hidratação para qualquer

tempo a partir dos resultados de um ensaio adiabático. Agora trata-se de calcular ( )ξA~ .

Para tal a equação 3.6 é invertida obtendo-se:

( )

=

RTE

dtdA aexp~ ξξ (3.12)

Page 54: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

42

Derivando 3.11 e substituindo dtdξ assim obtido em 3.12 resulta uma

expressão em função do tempo t para ( )tA~ :

ε

=−

= )t(RTEaad

)t(RTEaad

ad0

ad

adad

expdt

)t(dTL

Cexp

dt)t(dT

TT1)t(A~

(3.13)

Assim sendo, para um determinado tempo t , utilizando-se as expressões

3.11 e 3.12 pode-se calcular o grau de hidratação e a afinidade normalizada )(~ tA (que

pode ser escrita como Ã(ξ)) a partir dos valores de adT , ou seja, dos valores obtidos em

ensaios de elevação adiabática da temperatura.

3.2.2.2 DETERMINAÇÃO DA CINÉTICA DA HIDRATAÇÃO ATRAVÉS DE

ENSAIOS DE RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO

Uma outra maneira de se determinar o grau de hidratação do material é a

partir de sua resistência à compressão. Através de estudos realizados por TORRENTI

(1992), LAPLANTE (1993) e BYFORS (1980), podemos escrever:

)()( tt ξζζ ∞= (3.14)

onde:

ζ(t) resistência em um tempo t;

ζ∞ resistência do material quando a reação de hidratação se completa;

ξ(t) grau de hidratação em um tempo t.

Tendo em vista que ξ(0)=0 e ξ(∞)=1, esta relação linear pode ser reescrita

como:

0

000 )()(

)0()0()()(

ζζζζ

ξξξζζ

ξξζζ

−−

=⇔−−

=−−

∞∞

∞ tt

tt

(3.15)

onde:

ζ0 (≤0) valor de referência para ξ = 0, que considera uma relação linear entre a

resistência à compressão normalizada e o grau de hidratação, e onde o limiar da

Page 55: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

43

solidificação ξ0 representa o início do aparecimento de resistência do material (definido

anteriormente como o limiar de percolação) (figura 3.4).

Figura 3.4 – Representação esquemática do limiar de solidificação

ζ0 considera uma relação linear entre a resistência à compressão normalizada

e o grau de hidratação (DE SCHUTTER e TAERWE, 1996). Segundo TORRENTI

(1992), HAMFLER (1988) e HORDEN (1986), antes de uma mistura de cimento atingir

determinado valor do grau de hidratação, dito ξ0, não ocorre desenvolvimento de

resistência. Esta suposição é sustentada através de resultados experimentais por eles

obtidos, e por considerações teóricas baseadas na teoria da percolação. O valor de ξ0 é

obtido pela intersecção do ajuste linear realizado na curva de resistência normalizada

pelo grau de hidratação, com o eixo das abscissas. Os valores comumente encontrados

na literatura são apresentados na tabela 3.1.

Tabela 3.1 – Valore de ξ0 obtidos na literatura

Autor ξ0

MAATJES et al. (1989) 0.22

HORDEN et al. (1986) 0.60

VAN BREUGEL (1991) 0.17

TORRENTI (1992) ± 0.10

ROSTÁSY et al. (1993) 0.17

HAMFLER (1988) 0.15 a 0.17

TAPLIN (1991) 0.2 a 0.4

Page 56: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

44

A diferença nos valores listados anteriormente se dá principalmente devido a

diferenças nas composições dos concretos estudados. Segundo DE SCHUTTER e

TAERWE (1996), o parâmetro que mostra ter a maior influência na determinação de ξ0,

parece ser o fator a/mc. A intersecção do ajuste linear da figura 3.4 com o eixo das

ordenadas )/)t(( ∞ζζ , dá o valor de )/( 0 ∞ζζ utilizado para se determinar o grau de

hidratação (equação 3.15) e a afinidade normalizada (equação 3.16). Desta maneira,

podemos determinar o histórico do grau de hidratação a partir de resultados de uma

curva de evolução de resistência.

Substituindo 3.15 em 3.6 e operando, obtemos:

−=

∞ RTE

dttdtA aexp)(1))((~

0

ζζζ

ξ (3.16)

onde:

T temperatura absoluta de referência.

Da análise do modelo proposto podemos verificar que o parâmetro energia

de ativação (Ea), intervem em diversas equações que regem a evolução da reação de

hidratação. Sendo assim, no capítulo que se segue serão apresentados com mais

profundidade alguns aspectos deste parâmetro.

Page 57: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

45

CAPÍTULO 4

ENERGIA DE ATIVAÇÃO

4.1 DISCUSSÃO

Segundo ATKINS (1998), a energia de ativação provém da idéia de que as

moléculas devem possuir uma quantidade mínima de energia cinética para reagir. Esta

energia é aquela necessária para transformar os reagentes em produtos. Nas reações do

tipo exotérmicas (caso da hidratação do cimento), os reagentes estão em um estado de

energia maior do que o estado dos produtos (figura 4.1). Assim sendo, a energia de

ativação é a diferença entre a energia necessária para ativar a reação e o nível de energia

dos reagentes, sendo que o calor total gerado na reação é a diferença entre o nível de

energia dos reagentes e o nível de energia dos produtos.

Figura 4.1 – Perfil de energia durante as reações (BROWN et al., 1991)

A energia é transferida através das colisões entre as moléculas. O fator de

freqüência traduz o número de colisões e a probabilidade de que elas possuam uma

orientação favorável para que ocorra a reação, com átomos convenientemente

Page 58: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

46

posicionados para formar novas ligações (BROWN et al., 1991). Com temperaturas

mais altas, teremos um número maior de moléculas com um mínimo de energia cinética

para reagir.

A sensibilidade térmica de uma reação é indicada pela energia de ativação.

Maiores valores de Ea indicam a necessidade de uma quantidade de energia maior para

iniciar a reação, implicando assim que esta reação será mais vulnerável à influência da

temperatura.

Segundo COURTAULT e BRIAND (1960) e PAULINI (1988), o conceito

de reação química ativada não é muito fácil de ser entendido dentro da química dos

aglomerantes, em virtude do caráter espontâneo das reações de hidratação do cimento.

Ainda assim, esse conceito mostra-se apropriado para o entendimento da influência da

temperatura na hidratação, e conveniente para a determinação da maturidade das

argamassas e concretos.

Em função do elevado grau de complexidade das reações de hidratação do

cimento, a energia de ativação é determinada a partir de uma função que relaciona a

modificação de uma propriedade particular ao longo do tempo, a uma determinada

temperatura. Uma dessas propriedades pode ser a liberação de calor de hidratação ou o

grau de hidratação.

Grande parte dos trabalhos publicados, comprovam que a energia de

ativação, Ea, da hidratação do cimento Portland pode ser determinada a partir das

curvas relativas entre o progresso da hidratação e o calor de hidratação liberado a uma

dada temperatura (REGOURD et al., 1980).

Na hidratação do cimento Portland estão envolvidas uma série de reações

correlacionadas, e assim poderá ser utilizado o conceito de energia de ativação aparente.

Trata-se de um valor médio da energia de ativação devido às várias reações que ocorrem

simultaneamente.

Segundo diversos autores, dentre os quais JAWED et al. (1983), D’ALOIA e

CHANVILLARD (1998) e BENAMEUR et al. (2000), a energia de ativação não é

constante em todos os estágios da hidratação. Esta teoria é bastante questionada, pois a

energia de ativação é um parâmetro de ARRHENIUS considerada constante (ATKINS,

1998).

Pesquisadores têm estudado a energia de ativação das reações de hidratação

em vários estágios. JAWED et al. (1983), encontraram valores de 40 kJ/mol para a

energia de ativação durante os primeiros estágios da hidratação, e 20 kJ/mol para o

Page 59: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

47

período de difusão controlada. De acordo com estes estudiosos, em geral tem-se que a

energia de ativação para o período de difusão controlada é duas vezes menor que no

período de intensas reações químicas (início da hidratação).

D’ALOIA e CHANVILLARD (1998), utilizando ensaios calorimétricos,

encontraram valores da ordem de 38.6 kJ/mol para cimento Portland tipo I (CP I) para

teores do grau de hidratação menores que 40%. Fora dessa amplitude, o valor de Ea não

poderia ser considerado constante. BENAMEUR, et al. (2000), estabeleceram que a

energia de ativação é mais ou menos constante numa amplitude do grau de hidratação

entre 5 e 50%.

Baseados em estudos utilizando-se diferentes tipos de cimentos Portland,

GAUTHIER e REGOURD (1982) concluem que Ea pode ser tomada como constante

durante a hidratação do concreto. Os valores encontrados pelos mesmos variam de 42 a

47 kJ/mol (dependendo do tipo de cimento). BYE (1983), encontrou valores de Ea

numa amplitude de 40 a 50 kJ/mol para o cimento Portland.

Com o passar dos anos alguns modelos foram desenvolvidos com o intuito

de se encontrar o valor da energia de ativação. FREIESLEBEN e PEDERSEN (1985),

propuseram que Ea depende da temperatura de cura, sendo encontrado de acordo com a

seguinte equação:

Cº 20Tpara J/mol, 33500)(;º 20Tpara J/mol, )20(147033500)(

c

c

≥=

<−+=c

cc

TEaCTTEa

(4.1)

onde:

Tc temperatura em ºC.

Segundo KJELLSEN e DETWILER (1993), Ea varia de acordo com a

temperatura de cura e do grau de hidratação:

RTT

dtddtd

TEar

rT

T

11

ln

),(−− −

=

ξ

ξ

ξ

(4.2)

Page 60: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

48

onde:

ξ grau de hidratação;

T temperatura do concreto (K);

Tr temperatura de referência (K);

R constante universal dos gases (8.314 J/mol.K).

KIM et al., propõe que Ea varia segundo o tempo, grau de hidratação e

temperatura de cura, através de uma função não linear dada por:

)exp(0 t EaEa α−= (4.3)

onde:

Eao = 42830-43 Tc (J/mol);

α = 0.00017 Tc (constante);

Tc temperatura em ºC;

t tempo (s).

A determinação da energia de ativação pode ser feita tanto por testes

mecânicos, como por testes calorimétricos. Os resultados obtidos dos testes mecânicos

são interessantes na medida em que eles tornam possível calcular o valor de Ea através

de testes de natureza bem conhecida.

Podemos determinar Ea através de testes de resistência à compressão

(ASTM C 1074/93), utilizando-se a teoria de ULM e COUSSY (para temperaturas de

cura diferentes), ou ainda segundo pesquisadores que consideram Ea variável, através

de testes de calor em condições adiabáticas (D’ALOIA e CHANVILLARD, 1998) ou

isotérmicas (BENAMEUR et al., 2000). Estes últimos dois métodos citados são

similares, diferenciando apenas na maneira de se encontrar as curvas de grau de

hidratação no tempo, para diferentes temperaturas de cura. Um utiliza testes adiabáticos

e o outro testes isotérmicos.

O método que será utilizado neste estudo é o da ASTM C 1074/93, cuja

descrição detalhada dos procedimentos experimentais é dada no capítulo 5. O método

da ASTM parte da lei de ARRHENIUS em sua forma mais simples, que pode ser

escrita como (ver em detalhe no apêndice A):

Page 61: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

49

RTEa

T tATk−

= exp)()( (4.4)

Aplicando-se o logaritmo natural em ambos os lados da equação 4.4 temos:

=

−RTEa

T tATk exp)(ln)](ln[ (4.5)

Aplicando as propriedades dos logaritmos, teremos:

[ ]RTEatATk T −= )(ln)](ln[ (4.6)

Ordenando a equação 4.6 de modo a ajustar uma equação linear baxy += ,

encontraremos:

[ ])(ln1.)](ln[ tATR

EaTk T+

−= (4.7)

De acordo com a equação 4.7, um gráfico de [ ])(ln Tk por T/1 resultará em

uma reta cuja inclinação é REa /− . Sendo R a constante universal dos gases (8.314

J/mol.K) e T a temperatura constante de cura dos corpos de prova que serão ensaiados

à compressão, pode-se determinar a energia de ativação, se considerarmos que a taxa de

evolução química da reação de hidratação do concreto corresponde a:

−∞

=)()(

)()(t

tdtdTk TT

T

ζζζ (4.8)

onde:

ζT(t) é a resistência no tempo t para uma cura isotérmica à temperatura T;

ζT(∞) é a resistência em um tempo infinito, ou seja, com a hidratação terminada,

para uma cura isotérmica à temperatura T.

Assim sendo, o procedimento da ASTM constitui-se em:

Page 62: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

50

1) Determinar )(∞Tζ fazendo uma regressão linear dos valores de )(/1 tTζ

(ordenadas) e t/1 (abscissas), para os quatro últimos valores experimentais de )(tTζ ;

2) Determinar )(Tk para as diversas temperaturas T de uma isoterma, para os

quais os ensaios foram realizados. Para tal calculam-se os valores de

)]()(/[)()( tttA TTTT ζζζ −∞= para as diversas temperaturas T de cura e para os

quatro primeiros ensaios realizados. Considerando )(tAT linear em t , o valor de

dttAdTk T /)]([)( = dada pela equação 4.8 será o coeficiente angular das retas ajustadas

aos quatro valores experimentais de )(tAT ;

3) Determinar REa / . Para tal, seguindo a equação 4.7, calculam-se os valores de

)](ln[ Tk que são correlacionados aos valores de T/1 através de uma regressão linear.

O coeficiente angular da reta ajustada será o valor de REa / .

No capítulo 5 serão apresentados detalhadamente os procedimentos

experimentais do método da ASTM C 1074/93 e no capítulo 6 o memorial de cálculo e

os resultados obtidos.

Page 63: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

51

CAPÍTULO 5

MATERIAIS E MÉTODOS EXPERIMENTAIS

O trabalho experimental desta tese foi integralmente realizado em Furnas –

Laboratório de Concreto do Centro Tecnológico de Engenharia Civil, do Departamento

de Apoio e Controle Técnico – DCT.T, localizado em Goiânia, com a colaboração de

seus técnicos e engenheiros. Todos os materiais empregados neste estudo e

equipamentos, foram fornecidos por Furnas, exceto o cimento que foi comprado da

fábrica de Cimento Tocantins S/A.

5.1 CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS 5.1.1 CIMENTOS

Dois tipos de cimento foram utilizados neste estudo: o CP II F – 32 e o CP

III AF – 32. O CPII F – 32 foi fabricado pela Cimento Tocantins S/A em dois lotes,

sendo o primeiro usado na produção do concreto de resistência normal (CRN1) e o

material do segundo lote na produção do concreto de alto desempenho (CAD). A

cimento Tocantins S/A também fabricou o CP III AF – 32, utilizado na produção do

concreto de resistência normal com escória (CRN2) e do concreto compactado com rolo

(CCR).

O teor de escória granulada de alto forno do CP III AF –32 foi determinado

através de ensaios nas amostras de clínquer e de escória utilizados na fabricação do

cimento. Essas amostras foram fornecidas pelo fabricante ao laboratório de furnas que

por sua vez determinou o teor de escória do cimento utilizado que foi de 45 %.

Com o objetivo de se determinarem as propriedades químicas, físicas e

mecânicas, coletaram-se as amostras dos cimentos utilizados segundo NBR 5741. A

determinação dos óxidos presentes foi realizada através do espectrofotômetro de

absorção atômica (figura 5.1), segundo o procedimento de ensaio 1.02.69 de Furnas

S/A, e os resultados encontrados são apresentados na tabela 5.1.

Page 64: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

52

Tabela 5.1 – Composição química dos cimentos

CP II F-32 (% em massa) Composição Química Métodos de

análise Lote 1 Lote 2

CP III AF-32 (% em

massa) Perda ao fogo PF NBR 5743 5.73 5.34 3.08

Dióxido de silício SiO2* PE 1.02.69 25.81 25.20 17.25

Óxido de alumínio Al2O3* PE 1.02.69 3.59 4.97 7.56

Óxido de ferro Fe2O3* PE 1.02.69 2.94 2.75 1.26 Óxido de cálcio

total CaO* PE 1.02.69 59.21 58.79 50.21

Óxido de magnésio MgO* PE 1.02.69 4.18 4.47 6.34 Anidrido sulfúrico SO3* PE 1.02.69 3.11 3.13 2.08

Óxido de sódio Na2O NBR 5747 0.24 0.21 0.20

Óxido de potássio K2O NBR 5747 0.81 0.80 0.66

Óxido de sódio Na2O (solúvel)

ASTM C-114 0.14 0.13 0.09

Óxido de potássio K2O (solúvel)

ASTM C-114 0.74 0.80 0.4

Resíduo Insolúvel RI NBR 5744 1.13 1.89 0.37 Cal livre CaO livre* PE 1.02.69 1.79 0.82 0.63

Sulfato de cálcio CaSO3 NBR 5747 5.29 5.32 3.54 Escória de alto forno -- -- -- 45

Equivalente alcalino em Na2O (0.658xK2O%+Na2O%) -- 0.63 0.74 0.64

* - Procedimento de ensaio 1.02.69 de Furnas S/A cimento Portland –

Análise química por espectrofotometria de absorção atômica – Técnica da solubilização

ácida.

Figura 5.1 – Espectrofotômetro de absorção atômica

Page 65: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

53

Observando os dois lotes do cimento CP II F – 32, pode-se concluir que eles

apresentarão características similares, tendo em vista que ambos possuem praticamente

as mesmas quantidades dos principais óxidos. A maior diferença pode ser observada no

óxido de alumínio, onde o valor máximo observado foi de 1.38 %. Portanto, em termos

de reatividade química serão praticamente idênticos. Analisando-se os resultados físicos

dos mesmos (tabela 5.2), verifica-se que o primeiro lote é mais fino, e assim sendo, terá

menores tempos de pega, o que implicará em desenvolvimento de resistência mais

rápido, porém em contra partida, possuirá um taxa de calor gerado maior.

O cimento com escória granulada de alto forno (CP III AF - 32), é um

cimento com reações de hidratação mais lentas. É de se esperar tempos de pega maiores

e desenvolvimento de resistência à compressão a longo prazo. Entretanto na tabela 5.1,

verifica-se um alto teor de óxido de alumínio (alumina). Escórias com alto teor de

alumina (Al2O3) são altamente reativas, principalmente nas primeiras idades, devido à

rápida formação de cristais de aluminato hidratado. Se jogarmos os valores dos óxidos

encontrados no diagrama ternário, podemos verificar que o cimento com escória está

localizado em uma faixa bem próxima a dos demais cimentos, e portanto, eles

apresentarão comportamentos parecidos (figura 5.2).

Figura 5.2 – Representação esquemática do digrama ternário

Page 66: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

54

Na figura 5.2 o teor de SiO2 é dado pelas linhas horizontais, o de Al2O3 pelas

linhas inclinadas à esquerda e o teor de CaO pelas linhas inclinadas à direita.

As características físicas dos cimentos utilizados são apresentadas na tabela

5.2. A área específica (finura Blaine) foi determinada segundo a NBR NM 23, e o

aparelho de Blaine é mostrado na figura 5.3. Os aparelhos para a determinação da água

de consistência normal da pasta de cimento (NBR 11580/91) e tempos de pega (NBR

11581/91) são apresentados na figura 5.4. O índice de finura dos cimentos por

peneiramento foi realizado segundo NBR 11579 e NBR 9202, o aparelho é mostrado na

figura 5.5. O cimento CP III AF por apresentar maior finura apresentou menores tempos

de pega (tabela 5.2).

Tabela 5.2 – Características físicas dos cimentos

Resultados CP II F Ensaios

Lote 1 Lote 2 CP III AF

Massa específica (kg/m3) 3001 3006 2930

Área específica Blaine (m2/kg) - 302 407

Água de consistência normal (pasta)(%) 25.60 26.60 26.00 3 dias 21.80 19.40 16.80 7 dias 26.10 24.00 23.10 Resistência à

Compressão (MPa) 28 dias 30.60 32.50 33.80 Início 02:20 03:50 01:50 Tempo de Pega

(h:min.) Fim 04:10 06:30 02:40 75 (#200) 2.70 9.00 3.60 Índice de Finura (seco)

(% retida em µm) 45 (#325) 7.20 17.20 14.90

Figura 5.3 – Aparelho de Blaine

Page 67: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

55

Figura 5.4 – Á esquerda temos o aparelho para a determinação da pasta de consistência

normal e à direita o aparelho para a determinação do tempo de pega

Figura 5.5 – Aparelho para a determinação de resíduo na peneira 200 e 325

5.1.2 ADITIVOS

Utilizou-se um aditivo químico superplastificante e um aditivo mineral para

redução de poros na mistura do CAD, com o objetivo de se atingir o nível de resistência

desejado. As características dos mesmos, serão vistas a seguir.

5.1.2.1 ADITIVO QUÍMICO

O aditivo químico utilizado na produção do CAD foi um superplastificante a

base de melamina sulfonada, fabricado pela Sika Indústria e Comércio Ltda. As

características dos superplastificantes fornecidas pelo fabricante encontram-se na tabela

5.3.

Page 68: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

56

Tabela 5.3 - Característica do superplastificante

Especificações Sikament 300 Melamina - Sulfonada

Densidade (g/cm3) 1.23 pH 8 a 10

Teor de Sólidos (%) 35 a 40 Ponto de ebulição até 100 °C

Viscosidade 30 a 50 cPs Solubilidade em água Parcial

Fonte: Sika

5.1.2.2 ADITIVO MINERAL

O aditivo mineral utilizado foi a sílica ativa em pó, densificada, fabricado

pela Silmix. As características físicas e químicas, fornecidas pelo fabricante, são

apresentadas nas Tabelas 5.4 e 5.5.

Tabela 5.4 – Características físicas da sílica ativa

Propriedades físicas Resultados Massa Específica (kg/m3) 2220

Superfície Específica (m2/kg) 20000 Diâmetro Médio (µm) 0.20

Fonte: Silmix

Tabela 5.5 – Características químicas da sílica ativa

Composição química Resultados (%) Óxido de silício (SiO2) 91

Óxido de alumínio (Al2O3) 0.10

Óxido de ferro (Fe2O3) 0.70 Óxido de cálcio (CaO) 1.10 Óxido de magnésio (MgO) 1.50 Óxido de sódio (Na2O) 0.39

Óxido de potássio (K2O) 0.44

Óxido de fósforo (P2O5) 0.10 C (total) 0.50 Perda ao fogo 1.50 Total 97.33

Fonte: Silmix

Page 69: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

57

5.1.3 AGREGADOS

Os agregados utilizados neste estudo são provenientes de rochas graníticas

de elevada dureza. A seguir temos as suas características.

5.1.3.1 AGREGADO MIÚDO

Dois tipos de agregados miúdos foram utilizados. Uma areia artificial não

lavada usada na produção do CCR e uma areia artificial lavada usada nas demais

misturas (CRN1, CRN2 e CAD). Ambas as areias provêm da moagem de uma rocha

granítica, sendo que a areia lavada é obtida através da lavagem na peneira #100 para a

retirada dos finos. A granulometria foi obtida através do peneirador elétrico (figura 5.6)

segundo a NBR 7217. As demais características são apresentadas na tabela 5.6.

Figura 5.6 - Peneirador elétrico com as peneiras normais

Page 70: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

58

Tabela 5.6 – Características da areia artificial

Ensaios Granulometria

Areia não lavada Areia lavada Peneiras mm Massa

retida (g) % retida

indiv. % retida acumul.

Massa retida (g)

% retida indiv.

% retida acumul.

Normas

4.8 3.80 0.70 1 4.50 0.60 1 2.4 124.85 20.30 21 156.20 22 23 1.2 120.20 19.50 40 168 23.70 46 0.6 101 16.50 57 137.10 19.30 66 0.3 83 13.50 70 112.60 15.90 82 0.15 64.60 10.50 81 81.80 11.50 93

Fundo 118.10 19 100 48 6.60 100 Massa total (g) 615.70 708.20

NBR 7217

M. Finura 2.70 3.11 NBR 7217Massa Específica 2680 kg/m3 2700 kg/m3 NBR 9776

Massa unitária 1680 kg/m3 1700 kg/m3 NBR 7251Teor de argila 0.11 % 0.00 % NBR 7218Impurezas orgânicas + clara + clara NBR 7220

Material pulverulento 11.84 % 1.59 % NBR 7219

Absorção de Água 0.20 (SSS) % 0.30 (SSS) % NBR NM

30

Devido à retirada dos finos da areia lavada, elevou-se o seu módulo de

finura. Grandes quantidades de argilas e materiais friáveis podem afetar a

trabalhabilidade e a resistência à abrasão. Misturas realizadas com a areia não lavada

possuirão maior trabalhabilidade, mas exigirão maiores quantidades de água. Estudos

recentes do uso de areia artificial vêm sendo realizada no laboratório de Furnas.

5.1.3.2 AGREGADO GRAÚDO

Os agregados graúdos utilizados são resistentes e provenientes de rocha

granítica. Possuem partículas equidimensionais arredondadas, têm baixa porosidade e

absorção de água, e não reagem com os álcalis do cimento Portland (rocha granítica).

Utilizaram-se duas britas com diâmetros máximos de 25 e 50 mm, e o aparelho

Page 71: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

59

empregado para se determinar a granulometria é mostrado na figura 5.7, sendo que estes

materiais possuem as características descritas a seguir na tabela 5.7.

Figura 5.7 - Peneirador elétrico com as peneiras normais

Tabela 5.7 – Características do agregado graúdo

Ensaios Granulometria

φ 25 mm φ 50 mm Peneiras

(mm) Massa retida

(g)

% retida indiv.

% retida acumul.

Massa retida (g)

% retida indiv.

% retida acumul.

Normas

50 -- -- -- 520 1.70 2 38 -- -- -- 13190 44.70 46 32 -- -- -- 8670 29.40 76

25.4 360 0.80 0 5495 18.60 94 19 2680 29.20 30 1170 4.00 98 9.5 6160 67.00 97 250 0.90 99 6.3 230 2.50 99 0.0 0.00 99 4.8 10 0.10 99 35 0.10 99

Fundo 70 0.50 100 150 0.50 100 Massa total (g) 9165 9165

NBR 7217

Dmáx* 25 mm 50 mm NBR 7217Módulo de finura 7.27 8.44 NBR 7217Massa unitária solto 1460 kg/m3 1360 kg/m3 NBR 7251

Massa Específica 2710 kg/m3 2710 kg/m3 NBR 9937Índice de forma 2.30 2.30 NBR 7809Material pulverulento 0.48 % 0.21 % NBR 7219

Absorção de Água 0.33 (SSS) % 0.22 (SSS) % NBR 9937* Dmáx – diâmetro máximo característico (mm)

Page 72: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

60

O granito de 50 mm foi empregado na elaboração do CCR, e o de 25 mm utilizado nas

demais misturas (CRN1, CRN2 e CAD).

5.1.4 ÁGUA

A água utilizada em toda a fase experimental foi proveniente da rede de

abastecimento da cidade de Goiânia.

5.2 MÉTODOS EXPERIMENTAIS

O programa experimental foi elaborado visando a determinação do

parâmetro energia de ativação (Ea), dos seguintes concretos peneirados: (i) concreto de

resistência normal com CP II F – 32 (lote 1) (CRN1); (ii) concreto de resistência

normal com CP III AF – 32 (CRN2); (iii) concreto de alto desempenho com CP II F –

32 (lote 2) (CAD); (iv) concreto compactado com rolo com CP III AF – 32 (CCR). O

método utilizado para se determinar Ea foi o da ASTM C 1074/93, com a aplicação dos

resultados encontrados ao modelo numérico implementado no Laboratório de Estruturas

do Programa de Engenharia Civil (COPPE/UFRJ), por FERREIRA (1998) e SILVOSO

(1999).

Realizaram-se ensaios em amostras de concreto e em concreto peneirado

(peneira 4.8 mm). Este último foi utilizado pela ASTM C 1074/93 para se determinar

Ea.

5.2.1 DOSAGEM DOS CONCRETOS

O método de dosagem dos concretos, foi desenvolvido pelo laboratório de

concreto de Furnas em Goiânia, através de pesquisas anteriores (ROY W. CARLSON

(1975), FURNAS (2000) e ANDRADE (1997)). Este método visa a obtenção de

concretos que satisfaçam as exigências de projeto, tais como: resistência à compressão

(fck), dimensão máxima característica do agregado graúdo, relação a/mc máxima,

consistência e ar incorporado.

O concreto de resistência normal com CP II F – 32 (lote 1) é designado por

CRN1 e o concreto de resistência normal com escória, realizado com CP III AF – 32,

Page 73: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

61

por (CRN2). Ambos foram dosados com areia artificial lavada na peneira #100, brita 25

mm, e atingiram resistências à compressão aos 28 dias, da ordem de 30 MPa. O

concreto compactado com rolo, realizado com CP III AF – 32, designado por (CCR), foi

dosado com areia artificial não lavada, 60 % de brita 25 mm e 40 % de brita 50 mm.

Apresentou resistência à compressão aos 90 dias em torno de 7 MPa. Por último, o

concreto de alto desempenho, com CP II F – 32 (lote 2) (CAD), dosado com areia

artificial lavada na peneira #100 e brita 25 mm, atingiu resistência à compressão aos 28

dias na faixa de 60 MPa. Os traços dos concretos analisados estam apresentados na

tabela 5.11.

Tabela 5.11 – Dosagem dos concretos estudados para 1 m3 de concreto.

Misturas Traço em massa

Cimento: areia:brita25:brita50

Cimento (kg/m3)

Água (l)

Areia (kg/m3)

Brita 25 (kg/m3)

Brita 50 (kg/m3)

Sílica ativa

(kg/m3)

SP* (kg/m3)

CRN1 1 : 2.2 : 2.9 350 184 795 1023 -- -- -- CRN2 1 : 2.0 : 2.9 352 183 711 1049 -- -- -- CAD 1 : 1.08 : 1.7 506 166 595.4 971 -- 44 6.60 CCR 1 : 12.4 : 7.4 : 4.9 90 133 1119 666 444 -- --

* - SP a quantidade total de superplastificante é de 0.5% de volume de sólidos da massa de aglomerante (cimento + sílica ativa)

As características dos concretos analisados neste estudo e encontradas

durante a dosagem são dados nas tabelas 5.12 e 5.13.

Tabela 5.12 – Características dos concretos estudados

Temperatura (°C) * Misturas

Ambiente Concreto

Massa unitária Kg/m3

Ar aprisionado

(%)

Abatimento (mm)

Cannon Time

(segundos)

CRN1 21.50 24.10 2400 1.80 110 -- CRN2 22 23.10 2392 1.30 160 -- CAD 22 22.60 2430 2.20 120 -- CCR 23 22.75 2435 -- -- 28

* - A temperatura ambiente corresponde a da sala de dosagem (22 ± 2 °C )

O ajuste da quantidade de água (consistência) do CCR, é realizado através

do Cannon Time. Este procedimento mede o tempo necessário para que a mistura de

CCR adquira determinada consistência, em uma mesa vibratória. Um recipiente de 9.2

litros é totalmente preenchido com a mistura e colocado em uma mesa vibratória. O

Page 74: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

62

período decorrido entre o acionamento da mesa e a formação de uma película de

argamassa nas bordas do recipiente é chamado Cannon Time (figura 5.9).

As propriedades relativas ao volume de pasta e de argamassa dos concretos

analisados, são apresentadas na tabela 5.13. Pode-se observar que as misturas CRN1 e

CRN2 possuem praticamente as mesmas porcentagens de pasta e argamassa.

Tabela 5.13 – Volume de pasta e argamassa dos concretos estudados

Misturas Volume de

pasta (% do total)

Volume de argamassa

(% do total) CRN1 31.96 61.62 CRN2 32.01 58.54 CAD 36.99 59.04 CCR 16.37 58.12

Observando-se as tabelas 5.11 e 5.13, pode-se verificar que as misturas

CRN1 e CRN2 possuem praticamente as mesmas quantidades de aglomerante, pasta e

argamassa. Tendo em vista estas características, é de se esperar que apresentem as

mesmas propriedades. Todavia, surgirão algumas diferenças, devido à finura dos

cimentos utilizados em cada mistura e a presença de escória no CRN2.

5.2.2 PROGRAMA EXPERIMENTAL E PRODUÇÃO DOS CONCRETOS

Os corpos de prova de concreto peneirado (φ 50 x 100 mm) das misturas

(CRN1, CRN2, CAD e CCR), serão utilizados para se determinar a energia de ativação.

Eles serão submersos em três tanques com temperatura controlada, onde as temperaturas

dos tanques 1 e 2 serão respectivamente de 22 e 33 °C. A temperatura do tanque 3

dependerá da mistura analisada. Para o CRN1 será de 65 °C, para o CRN2 de 60 °C,

para o CAD de 75 °C e para o CCR de 40 °C. As máximas temperaturas dos tanques,

foram estimadas a partir da máxima temperatura atingida pelo concreto no ensaio de

elevação adiabática de temperatura, quando o mesmo ainda estava em andamento, visto

que era necessário se adiantar o máximo possível os trabalhos.

Os concretos foram produzidos utilizando-se uma betoneira de eixo

inclinado e tambor giratório. A seqüência da produção foi a seguinte:

Page 75: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

63

a) Imprimação da betoneira com uma argamassa de traço 1:2:3, a/c=0.65.

Após a imprimação, deixa-se o material excedente cair livremente, quando a betoneira

estiver com a abertura para baixo e em movimento;

b) Lançamento dos componentes secos na betoneira: agregado graúdo,

agregado miúdo e material cimentante. Os componentes eram misturados por 1 minuto

para homogeneização. Quando da utilização da sílica ativa, esta era previamente

adicionada ao cimento;

c) Adição de metade da água à mistura seca seguida de 1 minuto de

processamento;

d) Quando utilizado, adição do superplastificante ao restante da água e

lançamento gradual na betoneira. Após toda a adição dos componentes na betoneira, a

mistura era processada por cerca de 5 minutos até a completa homogeneização;

e) Peneiramento de parte do concreto na peneira de 4.8 mm, para a

moldagem dos corpos de prova de φ 50 x 100 mm, segundo NBR NM 36.

O abatimento de tronco de cone foi obtido através da NBR NM 67 (figura 5.8), ou para

o CCR o ensaio que mede a sua consistência (trabalhabilidade) é o Cannon Time (figura

5.9). O teor de ar e a massa específica da amostra fresca, foram determinados de acordo

com NBR 9833 (figura 5.10).

Figuras 5.8 e 5.9 – Ensaios de abatimento do tronco de cone (esquerda) e Cannon time

(direita)

Page 76: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

64

Figura 5.10 – Aparelho para a determinação da massa específica e teor de ar

A compactação dos concretos foi executada com o auxílio de vibradores

externos (mesa vibratória para o CCR) e vibradores internos (vibradores elétricos). O

adensamento dos corpos de prova cilíndricos de φ 150 x 300 mm de concreto, foi

realizado em 4 camadas e cobertos por uma manta úmida por um período de 24 horas.

Após as 24 horas iniciais, eles foram desmoldados e transferidos para uma câmara

úmida com 99 % de umidade e temperatura de 22 °C. Em suas respectivas datas de

ensaio de compressão (3, 7, 28 e/ou 91) foram retirados da câmara úmida e capeados

com enxofre (os corpos de prova de CAD foram retificados), e levados à prensa.

Os corpos de prova de φ 50 x 100 mm (concreto peneirado), foram

adensados por meio de golpes suaves nas laterais dos moldes (exceto para o CCR), em

três camadas, e imediatamente submersos em seus respectivos tanques. Nestes corpos

de prova os moldes foram retirados uma hora antes da primeira série de compressão

(ASTM C 1074/93), capeados ou retificados (CAD) e conduzidos à prensa.

5.2.3 ENSAIOS

Os ensaios realizados foram de resistência à compressão em corpos de prova

de φ 50 x 100 mm, para a determinação de Ea, compressão de corpos de prova de 150 x

300 mm e ensaios de elevação adiabática de temperatura.

Page 77: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

65

5.2.3.1 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO

Os problemas causados pelas superfícies irregulares e não planas dos topos

dos corpos de prova, como transmissão não uniforme da tensão de compressão, pontos

de maior concentração de tensão na superfície das amostras, linha de ruptura irregular e

ruptura antecipada são bem conhecidos. Portanto, foram utilizados dois processos para a

obtenção de superfícies planas e paralelas entre si que evitassem tais problemas.

Os corpos de prova do CAD, foram retificados no topo e base. Este processo

foi realizado em um torno mecânico. A primeira face a ser retificada tomava como

referência o eixo longitudinal da amostra, centralizada pelo ajuste das castanhas da

placa do torno. A outra face era retificada invertendo o corpo de prova e usando a face

inicial como guia, encostada na placa de castanhas. Para verificação das dimensões

geométricas, após os corpos de prova serem retificados, a inclinação relativa topo/base

era medida em quatro direções radiais, defasadas de 45º, numa mesa niveladora com

relógio comparador (precisão de 10-4 pol.), para comparação com a inclinação máxima

de 0,06º (ISRM, 1979). Os demais corpos de prova foram capeados com enxofre, de

maneira que suas faces opostas ficassem paralelas.

Os ensaios de compressão foram realizados segundo as normas NBR 7215 e

NBR 5739. As características das prensas utilizadas nos ensaios de compressão de φ 50

x 100 mm e φ 150 x 300 m são, respectivamente: (i) uma EMIC, com carregamentos

dos tipos de tração e compressão, acionamento eletromecânico e capacidade de 30000

kgf (figura 5.11); (ii) uma máquina AMSLER com carregamento de compressão,

acionamento hidráulico e capacidade de 300000 kgf (figura 5.12).

Figuras 5.11 e 5.12 – Prensas para a determinação da resistência à compressão

Page 78: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

66

5.2.3.2 ELEVAÇÃO ADIABÁTICA DE TEMPERATURA

O valor da evolução do calor gerado no concreto, medido a partir de um

calorímetro de indução, não pode ser diretamente aplicado a análises térmicas de

concreto, sem antes se fazerem as devidas correções por se tratar de um ensaio

isotérmico. Todavia, os ensaios de elevação adiabática de temperatura oferecem de

maneira concisa a real evolução de calor do material analisado. A evolução da elevação

adiabática da temperatura permite que sejam determinados parâmetros de entrada em

modelos de simulação da hidratação e cálculos das tensões térmicas.

O calorímetro adiabático é um aparelho capaz de medir a elevação da

temperatura, reduzindo-se ao mínimo as trocas de calor com o meio ao seu redor. Para

que haja precisão nas medições, é necessário que um volume de concreto não menor

que 180 litros, seja colocado em um ambiente especial, onde não ocorra troca de calor

entre o meio ambiente e o corpo de prova de concreto. Este ambiente (sala) é

programado para ter a mesma temperatura inicial do concreto, e à medida que se

processam as reações de hidratação, a temperatura da sala cresce de acordo com a

temperatura do corpo de prova (ANDRADE, 1997). O calorímetro deverá se aquecer na

mesma quantidade e velocidade do concreto, de maneira a não haver trocas entre eles. A

seguir, temos as características do calorímetro do laboratório de FURNAS, onde foram

realizados os ensaios: (i) a ante-sala foi construída com dupla parede de alvenaria, com

uma camada de lã de rocha entre as mesmas, sendo que o teto e o piso possuem

concretos de baixa difusividade térmica; (ii) o calorímetro foi construído dentro da ante-

sala, sendo todo revestido com madeira encaixada do tipo macho e fêmea, em duas

camadas intercaladas com manta de lã de rocha de 10 cm de espessura; (iii) as portas,

tanto da sala quanto do calorímetro, são do tipo frigorífico.

A figura 5.13 mostra a ante-sala onde se encontra o calorímetro. À direita,

onde está a interrupção do desenho fica a sala de controle.

Page 79: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

67

Figura 5.13 – Representação esquemática do calorímetro adiabático de furnas

O resfriamento da ante-sala é feito a partir de dois conjuntos frigoríficos

(parecido com um aparelho de ar condicionado), capazes de baixar a temperatura da

ante-sala a até 4 °C. O aquecimento da mesma se dá por resistências elétricas de 750

watts cada uma. Dentro do calorímetro também existe uma resistência do tipo aberta de

mesma potência. Estes equipamentos permitem que se controle a temperatura numa

faixa de 5 a 70 °C. Com o intuito de se manter uniforme a temperatura do calorímetro,

foram instadas hélices, tanto no calorímetro como na ante-sala. Os termômetros

empregados no controle da temperatura devem ter resolução de 0.1 °C. São utilizados

termômetros de resistência elétrica de fio de platina (resolução de 0.001 °C) e

termômetros de resistência elétrica de fio de cobre, tipo Carlson (resolução de 0.05 °C).

O controle do ensaio é feito automaticamente pelos termômetros de platina. Eles

funcionam aos pares, sendo um colocado no centro do corpo de prova e o outro no

calorímetro. Dois outros termômetros controlam a temperatura entre a ante-sala e o

calorímetro. Os termômetros do centro do corpo de prova são colocados em tubos de

ferro galvanizado, cheios de óleo para melhorar a condução.

A moldagem do corpo de prova deve seguir os critérios da NBR 12819

(figuras 5.14 e 5.15). Imediatamente após a moldagem, deve-se colocar o molde dentro

do calorímetro (figura 5.16), que já se encontra na temperatura do concreto fresco, e a

partir daí, procede-se o ajuste inicial manual das temperaturas entre o corpo de prova, o

calorímetro e a ante-sala, de modo a se obter o equilíbrio térmico.

Page 80: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

68

Figuras 5.14 e 5.15 – Moldagem do corpo de prova de elevação adiabática

Figura 5.16 – Corpo de prova dentro do calorímetro

A seguir, um equipamento de controle automático de temperatura mede

periodicamente a temperatura do corpo de prova e controla, dentro de certa precisão, à

temperatura entre o calorímetro e o corpo de prova (figura 5.17).

Page 81: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

69

Figura 5.17 – Controle automático da temperatura do calorímetro

A medição de temperatura deve ser realizada em intervalos de uma hora,

durante as primeiras 24 horas, e em intervalos de três horas até o final do ensaio. Deve-

se conduzir o ensaio, até que a temperatura do corpo de prova fique estabilizada por 48

horas.

5.2.3.3 ENERGIA DE ATIVAÇÃO (Ea) (ASTM C 1074/93)

Este método, cujos princípios teóricos foram apresentados no capítulo 4,

consiste basicamente em se determinar à resistência à compressão de corpos de prova

de φ 50 x 100 mm de concreto peneirado (curados de maneira isotérmica), em idades

que são previamente determinadas de acordo com o tempo de fim de pega. A seguir os

resultados dos ensaios de compressão são utilizados para a determinação do valor da

energia de ativação, seguindo-se as equações 4.4 a 4.8.

Os materiais e equipamentos a serem aplicados na dosagem devem ser

colocados na sala com temperatura controlada 24 horas antes de serem utilizados.

Primeiro deve-se dosar uma mistura de concreto segundo NBR 12821. Determina-se o

abatimento através da NBR 7223, o conteúdo de ar de acordo com NBR NM 47 da

amostra fresca e a massa específica. Prepara-se três tanques com água e com controle

rigoroso de temperatura. O primeiro tanque possui a temperatura inicial no momento da

dosagem do concreto. O segundo possui a máxima temperatura do concreto estimada a

partir do ensaio de elevação adiabática de temperatura. O terceiro tanque apresenta a

média entre o primeiro e o segundo tanques.

Page 82: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

70

Todas as operações de dosagem devem ser realizadas dentro de uma sala

com temperatura controlada a 22 ºC. A amostra de concreto é então peneirada na

peneira 4,8 mm segundo NBR NM 36. A argamassa resultante (concreto peneirado), é

colocada em moldes de φ 50 x 100 mm, sendo que ao todo haverá 18 moldes divididos

em três porção. Moldam-se os cilindros de acordo com o método de teste NBR 7215, e

cautelosamente submergiu-se cada porção dentro de seus respectivos recipientes com

água sob temperatura controlada. Os moldes são submersos com uma placa rígida sobre

seu topo para se evitar a lavagem da argamassa.

Para cada amostra removem-se os moldes e retornam-se as amostras para

seus respectivos recipientes com água uma hora antes da primeira série de testes de

compressão (retiram-se somente as amostras que serão ensaiadas naquele momento).

Ainda para cada porção, determina-se a respectiva resistência média à compressão de

três cilindros de acordo com o método de teste NBR 7215 na idade em que a resistência

do concreto peneirado atingir aproximadamente 4 MPa. Executam-se testes

subseqüentes nas três amostras de cada porção em idades que são aproximadamente

duas vezes a idade dos testes anteriores. Por exemplo, se a idade do primeiro teste de

compressão foi de doze horas, então os testes subseqüentes devem ser executados a 1, 2,

4, 8, 16 e 32 dias. Devem-se monitorar as temperaturas dos recipientes com água,

mantendo-as o mais constante possível.

Utilizando-se dos dados de resistência-idade para as últimas quatro idades de

teste, desenha-se o gráfico do inverso da resistência média (1/MPa) de cada porção ao

longo do eixo das ordenadas, e o inverso da idade (1/dias) no eixo das abscissas. Faz-se

um ajuste linear entre os dados, e determina-se a sua intersecção com o eixo das

ordenadas. O inverso desta intersecção é o limite de resistência chamado de )(∞Tζ 1.

Repete-se este procedimento para cada temperatura de cura.

Agora para cada temperatura de cura, utilizam-se os dados de resistência-

idade para as quatro primeiras idades de teste, e o parâmetro )(∞Tζ , encontrado

anteriormente, para calcular o valor da constante )(tAT para cada resistência, onde

)(tAT será dado por:

1 Nesta tese, com o fim de unificarmos a nomenclatura não usaremos a terminologia da ASTM.

Assim sendo, as correspondências são: )(∞→ TSu ζ ; )(tS Tζ→ ; )(tAA T→ ; )(Tkk → .

Page 83: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

71

)()()()(

tttA TT

TT

ζζζ

−∞=

(5.1) onde: )(tAT multiplicador da exponencial de ARRHENIUS; )(tTζ resistência à compressão no tempo t ; )(∞Tζ limite de resistência.

Sendo assim, determina-se o valor do parâmetro AT(t) para cada idade de

resistência e para cada temperatura de cura. Desenha-se o gráfico dos valores de AT(t)

versus idade (a idade é relativa ao valor de resistência utilizado). Faz-se um ajuste linear

entre os pontos, para cada temperatura de cura, e encontram-se as inclinações destes

ajustes. Estas inclinações são chamadas de valores de )(Tk , que são usados para

calcular a energia de ativação.

Calcula-se o logaritmo natural dos valores de )(Tk , e também se determina

a temperatura absoluta (em Kelvin) dos recipientes de água em que os corpos de prova

ficaram submersos. Desenha-se o gráfico do logarítmico natural dos valores de k em

função do inverso da temperatura absoluta dos recipientes. Determina-se o melhor

ajuste linear através dos três pontos. O negativo da inclinação da reta é o valor da

energia de ativação dividida pela constante universal dos gases, REa / .

Nesta tese encontraremos o valor de Ea através da ASTM C 1074/93, e

iremos aplicá-la no modelo de ULM e COUSSY para análise dos resultados.

Page 84: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

72

CAPÍTULO 6

APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Nos itens 6.1, 6.2 e 6.3 que se seguem, são apresentados ,respectivamente, os

resultados correspondentes aos ensaios de resistência à compressão, de elevação

adiabática de temperatura e os valores encontrados para Ea segundo o método da

ASTM.

6.1 ENSAIOS DE RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO EM CONCRETO

PENEIRADO PARA DIVERSAS TEMPERATURAS DE CURA ISOTÉRMICAS

( Cζ )

Nas figuras 6.1 a 6.16, mostradas a seguir, são apresentados os resultados

dos ensaios de resistência à compressão ( Cζ ), obtidos em corpos de prova de φ 50 x 100

mm de concreto peneirado, com suas respectivas temperaturas de ensaio, para as

misturas CRN1, CRN2, CAD e CCR.

Como observado no capítulo 5, as misturas CRN1 e CRN2 apresentaram

características similares. Ao observarmos as figuras 6.1 e 6.5, temos que para a

temperatura de 22 ºC o CRN2 apresentou um desenvolvimento de resistência mais lento

em relação ao CRN1, sendo que o CRN1 alcançou uma maior resistência aos 28 dias.

Aos 33 ºC (figuras 5.2 e 5.6), a partir de 10 dias houve uma queda no ganho de

resistência do CRN1 em relação ao CRN2. Na temperatura mais elevada (figuras 5.3 e

5.7), houve também uma queda no ganho de resistência do CRN1 em relação ao CRN2.

Assim sendo, observa-se que a mistura CRN1 é mais sensível à influência da

temperatura, principalmente após dez dias.

Page 85: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

73

Figura 6.1 – Concreto peneirado da mistura CRN1 (temperatura 22 °C)

Figura 6.2 - Concreto peneirado da mistura CRN1 (temperatura 33 °C)

0

5

10

15

20

25

30

0 5 10 15 20 25 30 35 40t (dias)

ζc (M

Pa)

22 ºC

0

5

10

15

20

25

30

0 5 10 15 20 25 30 35 40t (dias)

c (M

Pa)

33 ºC

Page 86: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

74

Figura 6.3 - Concreto peneirado da mistura CRN1 (temperatura 65 °C)

A figura a seguir apresenta o resultado comparativo entre as três

temperaturas da mistura CRN1.

Figura 6.4 – Gráfico Cζ x idade do concreto peneirado da mistura CRN1

0

5

10

15

20

25

30

0 5 10 15 20 25 30 35 40t (dias)

c (M

Pa)

65 ºC

0

5

10

15

20

25

30

0 5 10 15 20 25 30 35 40t (dias)

c (M

Pa)

22 ºC 33 ºC 65 ºC

Page 87: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

75

Tabela 6.1 – Desvio padrão da resistência da mistura CRN1

T inicial 22 °C T inicial 33 °C T inicial 65 °C Idade ζc1 ζc2 ζc3 Desvio Idade ζc1 ζc2 ζc3 Desvio Idade ζc1 ζc2 ζc3 Desviodias MPa MPa MPa padrão dias MPa MPa MPa padrão dias MPa MPa MPa padrão1.1 9.1 9.2 ** 0.1 1.0 12.2 12.1 ** 0.1 0.9 13.4 13.2 ** 0.1 2.2 13.6 13.9 14.6 0.5 2.0 15.6 14.7 15.5 0.5 1.8 15.0 16.0 15.5 0.5 4.3 18.5 16.9 17.8 0.8 4.0 18.7 19.4 18.3 0.6 3.7 18.5 17.6 17.7 0.5 8.7 23.5 23.6 24.2 0.4 8.0 22.2 22.9 22.4 0.4 7.3 18.9 18.1 19.6 0.8

17.3 22.8 24.7 24.7 1.1 16.0 22.7 21.4 23.9 1.3 14.7 19.3 19.1 19.2 0.1 34.7 27.2 27.8 28.7 0.8 32.0 25.7 25.3 25.9 0.3 29.3 19.5 19.8 20.7 0.6

Figura 6.5 - Concreto peneirado da mistura CRN2 (temperatura 22 °C)

Figura 6.6 - Concreto peneirado da mistura CRN2 (temperatura 33 °C)

0

5

10

15

20

25

30

0 5 10 15 20 25 30 35 40t (dias)

c (M

Pa)

22 ºC

0

5

10

15

20

25

30

0 5 10 15 20 25 30 35 40t (dias)

c (M

Pa)

33 ºC

Page 88: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

76

Figura 6.7 - Concreto peneirado da mistura CRN2 (temperatura 60 °C)

A figura a seguir apresenta o resultado comparativo entre as três

temperaturas da mistura CRN2.

Figura 6.8 – Gráfico Cζ x idade do concreto peneirado da mistura CRN2

0

5

10

15

20

25

30

0 5 10 15 20 25 30 35 40t (dias)

c (M

Pa)

60 ºC

0

5

10

15

20

25

30

0 5 10 15 20 25 30 35 40t (dias)

c (M

Pa)

22 ºC 33 ºC 60 ºC

Page 89: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

77

Tabela 6.2 – Desvio padrão da resistência da mistura CRN2 T inicial 22 °C T inicial 33 °C T inicial 60 °C

Idade ζc1 ζc2 ζc3 Desvio Idade ζc1 ζc2 ζc3 Desvio Idade ζc1 ζc2 ζc3 Desviodias MPa MPa MPa padrão dias MPa MPa MPa padrão dias MPa MPa MPa padrão0.9 2.4 2.1 ** 0.2 0.2 1.2 0.8 ** 0.3 0.2 3.4 3.3 ** 0.1 1.9 6.8 7.4 ** 0.4 1.4 1.7 1.7 ** 0.0 0.9 11.7 12.2 ** 0.4 4.9 15.9 16.0 ** 0.1 3.0 14.8 14.8 ** 0.0 1.9 15.8 16.3 ** 0.4 9.0 18.6 18.5 18.3 0.2 7.0 20.9 20.3 22.1 0.9 4.9 17.6 18.5 ** 0.6

19.2 22.8 23.6 23.1 0.4 13.1 26.0 25.5 26.1 0.3 8.0 19.9 17.2 17.5 1.5 35.4 24.8 22.6 23.6 1.1 26.2 29.1 27.6 30.2 1.3 15.2 23.2 24.0 24.1 0.5

A seguir temos os resultados dos ensaios de resistência à compressão em

corpos de prova de φ 50 x 100 mm, de concreto peneirado, das misturas de CAD e

CCR.

Nas figuras 6.9 a 6.11 verifica-se que o ganho de resistência do CAD é muito

rápido, em relação às demais misturas de concreto peneirado (CRN1, CRN2 e CCR).

Isto se deve ao fato desta mistura apresentar elevadíssima quantidade de aglomerante. À

medida que a temperatura cresce, tem-se um aumento na taxa de evolução da

resistência. Todavia, para a temperatura de 75 ºC, observa-se que existe uma tendência

de queda de evolução na resistência já a partir de três dias de idade. É de se esperar que

com o aumento da temperatura, ocorra uma queda da resistência a longo prazo.

Figura 6.9 - Concreto peneirado da mistura CAD (temperatura 22 °C)

0

10

20

30

40

50

60

70

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

t (dias)

c (M

Pa)

22 ºC

Page 90: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

78

Figura 6.10 - Concreto peneirado da mistura CAD (temperatura 33 °C)

Figura 6.11 - Concreto peneirado da mistura CAD (temperatura 75 °C)

0

10

20

30

40

50

60

70

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

t (dias)

c (M

Pa)

33 ºC

0

10

20

30

40

50

60

70

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

t (dias)

c (M

Pa)

75 ºC

Page 91: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

79

Figura 6.12 – Gráfico Cζ x idade do concreto peneirado da mistura CAD

Tabela 6.3 – Desvio padrão da resistência da mistura CAD T inicial 22 °C T inicial 33 °C T inicial 75 °C

Idade ζc1 ζc2 ζc3 Desvio Idade ζc1 ζc2 ζc3 Desvio Idade ζc1 ζc2 ζc3 Desviodias MPa MPa MPa padrão dias MPa MPa MPa padrão dias MPa MPa MPa padrão0.6 4.8 4.6 4.7 0.1 0.4 2.8 2.6 2.7 0.1 0.1 3.7 3.9 3.8 0.1 1.3 28.1 27.6 27.7 0.2 0.8 26.2 22.6 22.3 2.2 0.3 15.1 13.7 14.1 0.7 2.5 39.2 41.4 39.4 1.2 1.5 36.4 33.1 36.8 2.0 0.5 26.1 26.6 25.9 0.4 5.0 42.6 41.5 43.0 0.8 3.0 47.9 47.9 49.1 0.7 4.9 17.6 18.5 17.5 0.6

10.0 52.2 48.2 48.9 2.1 6.0 58.4 57.7 55.9 1.3 1.0 36.3 36.6 36.7 0.2 20.0 54.1 62.9 44.8 9.1 12.0 56.5 56.8 59.3 1.5 2.0 38.8 37.6 37.9 0.6

As figuras 6.13 a 6.16 mostram o ganho de resistência ao longo do tempo

para o concreto peneirado da mistura CCR. Pode-se verificar que se trata de uma

mistura muito pobre (com pouquíssimo aglomerante), proporcionando assim uma taxa

de evolução de resistência muito baixa (em relação as misturas CRN1, CRN2 e CAD).

0

10

20

30

40

50

60

70

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

t (dias)

c (M

Pa)

22 ºC 33 ºC 75 ºC

Page 92: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

80

Figura 6.13 - Concreto peneirado da mistura CCR (temperatura 22 °C)

Figura 6.14 - Concreto peneirado da mistura CCR (temperatura 33 °C)

0

1

2

3

4

5

0 25 50 75 100 125 150t (dias)

c (M

Pa)

22 ºC

0

1

2

3

4

5

0 25 50 75 100 125 150t (dias)

c (M

Pa)

33 ºC

Page 93: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

81

Figura 6.15 - Concreto peneirado da mistura CCR (temperatura 40 °C)

Figura 6.16 – Gráfico Cζ x idade do concreto peneirado da mistura CCR

0

1

2

3

4

5

0 25 50 75 100 125 150t (dias)

c (M

Pa)

40 ºC

0

1

2

3

4

5

0 25 50 75 100 125 150t (dias)

c (M

Pa)

22 ºC 33 ºC 40 ºC

Page 94: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

82

Tabela 6.4 – Desvio padrão da resistência da mistura CCR T inicial 22 °C T inicial 33 °C T inicial 40 °C

Idade ζc1 ζc2 Desvio Idade ζc1 ζc2 Desvio Idade ζc1 ζc2 Desvio dias MPa MPa padrão dias MPa MPa padrão dias MPa MPa padrão 8.0 1.5 1.3 0.1 7.0 2.3 2.4 0.1 5.0 2.6 2.4 0.1

16.0 1.5 1.6 0.1 13.0 2.9 2.7 0.1 9.0 2.7 2.4 0.2 33.0 2.8 2.5 0.2 26.0 2.6 3.8 0.8 20.0 2.6 2.8 0.1 64.0 3.3 3.2 0.1 56.0 3.7 3.1 0.4 40.0 3.0 3.2 0.1

128.0 3.3 3.7 0.3 112.0 3.7 4.1 0.3 79.0 3.5 3.6 0.1 8.0 1.5 1.3 0.1 7.0 2.3 2.4 0.1 5.0 2.6 2.4 0.1

6.2 ENSAIOS DE RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO EM CONCRETO ( Cζ )

Os ensaios de compressão em concreto foram realizados em corpos de prova

de φ 150 x 300 mm segundo a NBR 5739. Foram moldados e estocados em uma câmara

úmida com umidade de 99%, temperatura constante de 22 °C e finalmente rompidos em

suas respectivas idades. Os resultados são apresentados na figura 6.17. Todos

apresentaram comportamentos dentro do esperado, com diferenças nas taxas de

evolução de resistência. O CAD por ser um concreto mais rico, obteve maior

resistência, ao contrário do CCR. As misturas CRN1 e CRN2 possuem características

semelhantes, com diferenças nas taxas de evolução de resistência, devido à presença de

escória no CRN2 (evolução mais lenta). No concreto compactado com rolo (CCR),

observa-se uma discrepância dos resultados de resistência entre argamassa e concreto

(figuras 6.16 e 6.17). Por se tratar de uma mistura muito pobre, podemos concluir que a

resistência à compressão do CCR está concentrada nos agregados que formam o

concreto.

Os ensaios em concreto foram realizados para servirem de parâmetro de

controle para os ensaios em concreto peneirado.

Page 95: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

83

Figura 6.17 – Resistência à compressão ( cζ ) dos concretos estudados

Tabela 6.5 – Desvio padrão da resistência das misturas CRN1 CRN2

Idade ζc1 ζc2 Desvio Idade ζc1 ζc2 Desvio dias MPa MPa padrão dias MPa MPa padrão 3.0 17.2 17.9 0.5 7.0 7.7 7.3 0.3 7.0 18.9 19.8 0.6 28.0 27.5 23.8 2.6 28.0 28.9 28.3 0.4 90.0 24.5 30.5 4.2

Tabela 6.6 – Desvio padrão da resistência das misturas CAD CCR

Idade ζc1 ζc2 Desvio Idade ζc1 ζc2 Desvio dias MPa MPa padrão dias MPa MPa padrão 3.0 40.7 40.3 0.3 7.0 4.4 4.1 0.2 7.0 52.5 51.6 0.6 28.0 6.1 7.0 0.6 28.0 62.8 61.2 1.1 82.0 7.7 7.6 0.1

6.3 ENSAIOS DE ELEVAÇÃO ADIABÁTICA DE TEMPERATURA

Os resultados obtidos pelos ensaios de elevação adiabática de temperatura

dos concretos estudados são apresentados na figura 6.18. A quantidade de aglomerante,

de pasta e argamassa para as misturas CRN1 e CRN2, são praticamente idênticos

(tabelas 4.11 e 4.13). Como o CRN2 possui 45% de escória granulada de alto forno, era

de se esperar que ele tivesse uma menor elevação adiabática de temperatura (ou menor

geração de calor). Porém, esse efeito de redução de calor proporcionado pela escória

0

10

20

30

40

50

60

70

0 20 40 60 80 100t (dias)

ζc(t

)

CRN1 CRN2 CAD CCR

Page 96: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

84

não aconteceu provavelmente devido aos seguintes fatores: (i) o cimento CP III AF

empregado nesta mistura é mais fino que o das demais misturas (tabela 4.2); (ii) trata-se

de um cimento com escória de alta reatividade, pois possui uma grande quantidade de

alumina (óxido de alumínio) (tabela 4.1). Na figura 6.18, podemos visualizar que a

escória promoveu uma pequena redução da taxa de calor gerado apenas entre 10 e 180

horas de idade (CRN2 em relação ao CRN1). Ainda na figura 6.18, podemos verificar

que para as misturas CRN1 e CRN2, houve uma inversão na evolução de calor a partir

de 180 horas de idade. A mistura de CAD, com um elevadíssimo teor de aglomerante

(tabela 4.11), obteve uma maior elevação de temperatura, o que era esperado. Já o CCR,

por ser um concreto pobre, obteve uma menor elevação adiabática de temperatura. As

temperaturas iniciais dos ensaios de elevação adiabática são os seguintes: (i) mistura

CRN1 24.1 °C; (ii) mistura CRN2 23.1 °C; (iii) mistura CAD 22.6 °C; (iv)

mistura CCR 22.75 °C. Na figura a seguir, o eixo das abscissas encontra-se em

escala logarítmica para uma melhor interpretação dos resultados.

Figura 6.18 – Elevação adiabática de temperatura das misturas de concreto

6.4 ENERGIA DE ATIVAÇÃO (Ea)

O procedimento da ASTM C 1074/93 cujo embasamento físico e matemático

foi apresentado no capítulo 4 e cujos detalhes experimentais constam no capítulo 5,

consiste basicamente nos seguintes passos:

0

10

20

30

40

50

60

1 10 100 1000Idade (h)

Elev

ação

Adi

abát

ica

Tem

pera

tura

(ºC

)

CRN1 (Ti = 24.1 °C) CRN2 (Ti = 23.1 °C)CAD (Ti = 22.6 °C) CCR (Ti = 22.75 °C)

Page 97: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

85

a) Determinação de )(∞Tζ através da regressão linear realizada sobre os quatro

últimos valores experimentais de )(/1 tTζ e de t/1 :

)(11.

)(1

∞+= TT t

at ζζ

(6.1)

b) Determinação de )(Tk através da regressão linear realizada sobre os quatro

primeiros valores experimentais de )]()(/[)()( tttA TTTT ζζζ −∞= e de t , para os

diversos T de cura isotérmica:

btTktAT += ).()( (6.2)

c) Determinação de REa / através da regressão linear realizada sobre os valores de

)](ln[ Tk e T/1 , para os diversos T de cura isotérmica; REa / sendo o coeficiente

angular da reta:

bTR

EaTk +

−=

1.)](ln[ (6.3)

Nos itens 6.4.1 a 6.4.4 a seguir, este procedimento será aplicado sobre os

diversos concretos analisados dentro do quadro desta tese.

6.4.1 CONCRETO DE RESISTÊNCIA NORMAL COM CP II F (CRN1)

O procedimento de cálculo de REa / são apresentados através da figura

6.19, das tabelas 6.7 e 6.8, da figura 6.20, da tabela 6.9 e da figura 6.21, indicando-se,

finalmente, o valor obtido para REa / .

Page 98: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

86

Figura 6.19 – Gráfico )(/1 tTζ x t/1 do CRN1

Tabela 6.7 – Limite de resistência )(∞Tζ do CRN1

)(22 ∞ζ )(33 ∞ζ )(65 ∞ζ

MPa MPa MPa

29,674 26,110 19,960

Tabela 6.8 – Parâmetro )(tAT nas temperaturas de 22, 33 e 65 ºC, da mistura CRN1

C

t )(65 tA

dias

2,04266 0,91

3,23774 1,83

9,73077 3,66

17,2548 7,33

t )(33 tA

dias

0,87709 1,00

1,47259 2,00

2,57194 4,00

6,23327 8,00

t )(22 tA

dias

0,44231 1,08

0,90538 2,16

1,48517 4,33

4,02353 8,66

y = 0.095x + 0.0337R2 = 0.9423 (22 °C)

y = 0.0586x + 0.0383R2 = 0.9293 (33 °C)

y = 0,0198x + 0,0501R2 = 0,9226 (65 °C)

0,03

0,04

0,05

0,06

0,07

0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,301/t (1/dias)

1/ζT (t

) (1/

MPa

)

22 ºC 33 ºC65 ºC ajuste linear (22 °C)ajuste linear (33 °C) ajuste linear (65 °C)

Page 99: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

87

Figura 6.20 – Gráfico de )(tAT x t do CRN1

Tabela 6.9 – Logaritmo dos valores de )(Tk do CRN1

T/1 )](ln[ Tk

(1/K)

0,00339 -0,752685

0,00327 -0,260975

0,00296 0,8943723

y = 0.4711x - 0.1975R2 = 0.9775 (22 °C)

y = 0.7703x - 0.0998R2 = 0.9861 (33 °C)

y = 2.4458x - 0.3288R2 = 0.9851 (65 °C)

0

4

8

12

16

20

0 2 4 6 8 10t (dias)

AT (t

)

22 ºC 33 ºC 65 ºC

ajuste linear (22 °C) ajuste linear (33 °C) ajuste linear (65 °C)

Page 100: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

88

Figura 6.21 – Gráfico )](ln[ Tk x T/1 do CRN1

Os valores de REa / e Ea , para 316.8=R )./( KmolJ , são:

Ea/R = 3802.6 K

Ea = 31.599 kJ/mol

6.4.2 CONCRETO DE RESISTÊNCIA NORMAL COM CP III AF (CRN2)

O procedimento de cálculo de REa / são apresentados através da figura

6.22, das tabelas 6.10 e 6.11, da figura 6.23, da tabela 6.12 e da figura 6.24, indicando-

se, finalmente, o valor obtido para REa / .

y = -3802,6x + 12,149R2 = 0,9997

-1-0,8-0,6-0,4-0,2

00,20,40,60,8

1

0,0029 0,003 0,0031 0,0032 0,0033 0,0034 0,0035

1 / T (1/K)

ln [

k (T

) ]

ajuste linear

Page 101: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

89

Figura 6.22 – Gráfico )(/1 tTζ x t/1 do CRN2

Tabela 6.10 – Limite de resistência )(∞Tζ do CRN2

Tabela 6.11 – Parâmetro )(tAT nas temperaturas de 22, 33 e 60 ºC, da mistura CRN2

)(22 ∞ζ )(33 ∞ζ )(60 ∞ζ

MPa MPa MPa

26,042 32,787 21,834

t )(22 tA

dias

0,09457 0,94

0,37484 1,94

1,58051 4,94

2,43784 8,97

t )(60 tA

dias

0,18124 0,22

1,20902 0,90

2,77487 1,94

4,77001 4,94

t )(33 tA

dias

0,03146 0,24

0,0548 1,38

0,82282 2,99

1,80544 7,02

y = 0,0348x + 0,0458R2 = 0,6833 (60 °C)

y = 0,1237x + 0,0384R2 = 0,9742 (22 °C)

y = 0,1117x + 0,0305R2 = 0,9982 (33 °C)

0,03

0,04

0,05

0,06

0,07

0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60

1/t (1/dias)

1/ζT (t

) (1/

MPa

)

22 ºC 33 ºC 60 ºCajuste linear (60 °C) ajuste linear (22 °C) ajuste linear (33 °C)

Page 102: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

90

Figura 6.23 – Gráfico de )(tAT x t do CRN2

Tabela 6.12 - Logaritmo dos valores de )(Tk do CRN2

T/1

(1/K) )](ln[ Tk

0,00339 -1,208985

0,00327 -1,280854

0,003 -0,064539

Figura 6.24 – Gráfico do )](ln[ Tk x T/1 do CRN2

y = 0.2985x - 0.1305R2 = 0.9785 (22 °C)

y = 0.2778x - 0.1284R2 = 0.97 (33 °C)

y = 0.9375x + 0.3593R2 = 0.9539 (60 °C)

-2

0

2

4

6

0 2 4 6 8 10

t (dias)

AT (t

)

22 ºC 33 ºC 60 ºC

ajuste linear (22 °C) ajuste linear (33 °C) ajuste linear (60 °C)

y = -3222,2x + 9,5249R2 = 0,872

-1,6

-1,4

-1,2

-1

-0,8

-0,6

-0,4

-0,2

00,0029 0,003 0,0031 0,0032 0,0033 0,0034 0,0035

1 / T (1/K)

ln [

k (T

) ]

ajuste linear

Page 103: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

91

Os valores de REa / e Ea , para 316.8=R )./( KmolJ , são:

Ea/R = 3222.2 K

Ea = 26.776 kJ/mol

6.4.3 CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO COM COM CP II F (CAD)

O procedimento de cálculo de REa / são apresentados através da figura

6.25, das tabelas 6.13 e 6.14, da figura 6.26, da tabela 6.15 e da figura 6.27, indicando-

se, finalmente, o valor obtido para REa / .

Figura 6.25 – Gráfico )(/1 tTζ x t/1 do CAD

Tabela 6.13 – Limite de resistência )(∞Tζ do CAD

)(22 ∞ζ )(33 ∞ζ )(75 ∞ζ

MPa MPa MPa

54,348 67,568 44,053

y = 0.0073x + 0.0227R2 = 0.8999 (75 °C)

y = 0.0181x + 0.0184R2 = 0.87 (22 °C)

y = 0.0195x + 0.0148R2 = 0.9769 (33 °C)

0,015

0,020

0,025

0,030

0,035

0,040

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,51/t (1/dias)

1/ζT

(t) (

1/M

Pa)

22 ºC 33 ºC 75 ºC

ajuste linear (75 °C) ajuste linear (22°C) ajuste linear (33 °C)

Page 104: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

92

Tabela 6.14 – Parâmetro )(tAT nas temperaturas de 22, 33 e 75 ºC, da mistura CAD

Figura 6.26 – Gráfico de )(tAT x t do CAD

Tabela 6.15 - Logaritmo dos valores de )(Tk do CAD

T/1

(1/K) )](ln[ Tk

0,00339 -0,27694

0,00327 -0,092225

0,00287 1,7152383

t )(22 tA

dias

0,09577 0,63

1,05103 1,25

2,78788 2,50

3,53611 5,00

t )(75 tA

Dias

0,09305 0,13

0,49419 0,25

1,43819 0,50

4,85846 1,00

t )(33 tA

dias

0,04307 0,38

0,55982 0,75

1,10376 1,50

2,5068 3,00

y = 0.7581x + 0.0908R2 = 0.8679 (22 °C)

y = 0.9119x - 0.229R2 = 0.9949 (33 °C)

y = 5.558x - 0.8913R2 = 0.9782 (75 °C)

-1

0

1

2

3

4

5

0 1 2 3 4 5 6

t (dias)

AT (t

)

22 ºC 33 ºC 75 ºC

ajuste linear (22 °C) ajuste linear (33 °C) ajuste linear (75 °C)

Page 105: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

93

Figura 6.27 – Gráfico do )](ln[ Tk x T/1 do CAD

Os valores de REa / e Ea , para 316.8=R )./( KmolJ , são:

Ea/R = 4036.9 K

Ea = 33.546 kJ/mol

6.4.4 CONCRETO COMPACTADO COM ROLO COM CP III AF (CCR)

O procedimento de cálculo de REa / são apresentados através da figura

6.28, das tabelas 6.16 e 6.17, da figura 6.29, da tabela 6.18 e da figura 6.30, indicando-

se, finalmente, o valor obtido para REa / .

y = -4036,9x + 13,274R2 = 0,9795

-0,5

0

0,5

1

1,5

2

0,0028 0,0029 0,003 0,0031 0,0032 0,0033 0,0034 0,00351 / T (1/K)

ln [

k (T

) ])

ajuste linear

Page 106: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

94

Figura 6.28 – Gráfico )(/1 tTζ x t/1 do CCR

Tabela 6.16 – Limite de resistência )(∞Tζ do CCR

)(22 ∞ζ )(33 ∞ζ )(40 ∞ζ

MPa MPa MPa

4,817 3,883 3,429

Tabela 6.17 – Parâmetro )(tAT nas temperaturas de 22, 33 e 40 ºC, da mistura CCR

t )(22 tA

dias

0,41 8

0,47 16

1,22 33

2,07 64

t )(40 tA

dias

2,69004 5

2,89985 9

3,7019 20

9,41233 40

t )(33 tA

dias

1,53245 7

2,58423 13

4,68182 26

7,03213 56

y = 1.0085x + 0.2916R2 = 0.7978 (40 °C)

y = 6.7582x + 0.2076R2 = 0.9741 (22 °C)

y = 1.3367x + 0.2575R2 = 0.9324 (33 °C)

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12

1/t (1/dias)

1/ζT (t

) (1/

MPa

)

22 ºC 33 ºC 40 ºC

ajuste linear (40 °C) ajuste linear (22 °C) ajuste linear (33 °C)

Page 107: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

95

Figura 6.29 – Gráfico de )(tAT x t do CCR

Tabela 6.18 - Logaritmo dos valores de )(Tk do CCR

T/1

(1/K) )](ln[ Tk

0,00339 -3,4673372

0,00327 -2,2136589

0,00319 -1,6321949

y = 0.0312x + 0.1026R2 = 0.9844 (22 °C)

y = 0.1093x + 1.1709R2 = 0.9618 (33 °C)

y = 0.1955x + 1.06R2 = 0.9238 (40 °C)

0123456789

10

4 14 24 34 44 54 64t (dias)

AT (t

)

22 ºC 33 ºC 40 ºCajuste linear (22 °C) ajuste linear (33 °C) ajuste linear (40 °C)

Page 108: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

96

Figura 6.30 – Gráfico do )](ln[ Tk x T/1 do CCR

Os valores de REa / e Ea , para 316.8=R )./( KmolJ , são:

Ea/R = 9503.1 K

Ea = 78.97 kJ/mol

6.4.5 RESUMO DOS RESULTADOS E COMENTÁRIOS

Os valores de REa / e Ea obtidos são apresentados na tabela 6.19.

Tabela 6.19 – Valores de REa / e Ea dos concretos

REa / Ea

Concreto (K) (kJ/mol)

CRN1 3802.60 31.59

CRN2 3222.20 26.77

CAD 4036.90 33.54

CCR 9503.10 78.97

y = -9503,1x + 28,773R2 = 0,9958

-4

-3,5

-3

-2,5

-2

-1,50,00315 0,0032 0,00325 0,0033 0,00335 0,0034

1 / T (1/K)

ln [

k (T

) ]

ajuste linear

Page 109: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

97

Visto que a energia de ativação é uma medida da sensibilidade de uma

reação à temperatura, podemos verificar que os valores de Ea calculados a partir da

ASTM C 1074/93, mostram que a reação de hidratação das misturas de CCR, CAD e

CRN1, respectivamente, são as mais sensíveis a uma variação de temperatura. Isto pode

ser observado nos ensaios de resistência à compressão destas misturas (figuras 6.4 e

6.12), sendo que para o CRN1, a partir de 5 dias de idade as curvas de resistência (para

temperaturas diferentes), afastam-se uma das outras. Para o CAD esta dispersão das

curvas ocorre mais cedo ainda. A mistura CRN2 possui o menor valor de Ea,

implicando em menor sensibilidade à temperatura, sendo assim, as variações de

temperatura terão um efeito menor no desenvolvimento de resistência. Porém

observando-se os resultados do ensaio de elevação adiabática de temperatura do CRN2,

verifica-se que a escória granulada de alto forno, utilizada na presente aplicação,

praticamente não conseguiu reduzir a taxa de calor gerado da mesma. Assim sendo, o

CRN1 e o CRN2 são misturas de concreto com características mecânicas e térmicas

semelhantes. As figuras 6.16 e 6.18 mostram incoerências com relação à evolução da

hidratação da mistura de CCR. Segundo a curva de elevação adiabática à cinco dias a

hidratação já estaria completa, mas na figura 6.16 nota-se um crescimento da resistência

à compressão além dos dez dias de idade. Portanto, o valor obtido para Ea desta mistura

é suspeito. Mais considerações a este respeito serão realizadas no próximo capítulo.

Page 110: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

98

CAPÍTULO 7

APLICAÇÃO DO MODELO DE ACOPLAMENTO

TERMO-QUÍMICO-MECÂNICO AOS ENSAIOS

REALIZADOS

Os valores obtidos para a energia de ativação e para as resistências com cura

isotérmica pelo método da ASTM C 1074/93, em conjunto com os resultados dos

ensaios de elevação adiabática de temperatura, permitem que sejam aplicados ao

modelo de ULM e COUSSY (1995) para a análise dos resultados obtidos nesta tese.

Devemos lembrar que, dentro do quadro deste modelo, a evolução da reação

de hidratação é representada pela equação:

( )

−=

RTE

Adtd aexp~ ξξ (3.6 bis)

Sendo assim, o conhecimento da afinidade, independente da temperatura,

( )ξA~ e de aE permitem a simulação do fenômeno da hidratação em uma massa de

concreto, conforme descrito no capítulo 3.

Nos itens a seguir serão apresentados aplicações visando a determinação a

determinação da afinidade normalizada e também uma simulação de ensaios adiabáticos

para que se possa ter uma sensibilidade do erro cometido quando a energia de ativação

não é bem avaliada.

Page 111: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

99

7.1 DETERMINAÇÃO DA AFINIDADE NORMALIZADA

Inicialmente, determinam-se as curvas de ( )ξA~ seguindo as equações

descritas no capítulo 3:

( )

=

RTE

dtdA aexp~ ξξ (3.12 bis)

Para tal, utilizam-se os resultados Tad dos ensaios de elevação adiabática e

os valores de Ea encontrados pelo método da ASTM. Os gráficos de ( )ξA~ x ξ para os

diversos concretos ensaiados são mostrados nas figuras 7.1 a 7.4 que se seguem.

Figura 7.1 – Afinidade normalizada do ensaio adiabático do CRN1

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0Grau de hidratação (ξ )

Afi

nida

de n

orm

aliz

ada

(Ã)

CRN1

Page 112: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

100

Figura 7.2 – Afinidade normalizada do ensaio adiabático do CRN2

Figura 7.3 – Afinidade normalizada do ensaio adiabático do CAD

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

Grau de hidratação (ξ )

Afi

nida

de n

orm

aliz

ada

(Ã)

CRN2

0

2

4

6

8

10

12

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0Grau de hidratação (ξ )

Afi

nida

de n

orm

aliz

ada

(Ã)

CAD

Page 113: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

101

Figura 7.4 – Afinidade normalizada do ensaio adiabático do CCR

A afinidade normalizada é uma grandeza que depende de uma expressão

exponencial (como visto no capítulo 3), assim sendo, uma pequena variação no

parâmetro energia de ativação, provoca grande alterações no valor da afinidade. Isto

explica a diferença de oito ordens de grandeza nos valores encontrados para o CCR em

relação ao CRN1.

Conforme foi visto no capítulo 3 a afinidade, que é uma característica

intrínseca da reação, poderia também ser determinada pelos ensaios de cura isoterma

segundo a equação:

−=

∞ RTE

dttdtA aexp)(1))((~

0

ζζζ

ξ (3.16 bis)

Assim sendo, deve-se determinar o valor de 0ζ , visto que, conforme foi

descrito no capítulo 3 (figura 3.4), pode-se considerar a relação entre a resistência

normalizada ∞ζζ /)(tT e o grau de hidratação como linear, tem-se que o valor de

∞ζζ /0 é o coeficiente linear da reta obtida por regressão linear sobre os pontos de ξ x

∞ζζ /)(tT (ver também figura 3.4). Deve ser lembrado que 0ζ terá valor negativo, já

que a hidratação tem início antes do concreto tornar-se um sólido, ou seja, antes de

existir uma propriedade que possa ser considerada como resistência.

0.0E+00

1.0E+08

2.0E+08

3.0E+08

4.0E+08

5.0E+08

6.0E+08

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

Grau de hidratação (ξ)

Afi

nida

de n

orm

aliz

ada

(Ã) .

CCR

Page 114: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

102

Para proceder a regressão, são ainda necessários os valores do grau de

hidratação. Para determiná-los, aplica-se o modelo de ULM e COUSSY para corpos de

prova em condições isotérmicas simulando assim os ensaios realizados. Para tal foi

utilizada a implementação computacional do modelo desenvolvido na COPPE por

SILVOSO (1999). Desta forma, determinam-se para cada tipo de concreto ensaiado e

para cada temperatura de cura os graus de hidratação correspondentes a cada tempo.

Tendo então, para cada tempo os valores ∞ζζ /)(tT e )(tξ , pode-se traçar o gráfico ξ x

∞ζζ /)(tT e assim realizar a regressão para se determinar 0ζ .

Caso não existam informações que permitam tal tipo de determinação de

0ζ , é recomendável que se tomem valores prescritos na literatura, conforme

apresentado no capítulo 3 (tabela 3.1).

As figuras 7.5 a 7.8 que se seguem apresentam os gráficos de ξ x

∞ζζ /)(tT , as regressões realizadas e os valores de 0ξ e 0ζ que são também

sintetizados na tabela 7.1.

Figura 7.5 - Determinação do ζ0 da mistura CRN1

y = 1,7663x - 0,8544R2 = 0,9386

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1

Grau de Hidratação (ξ )

Τt

22 °C 33 °C 65 °C ajuste l inear

Page 115: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

103

Figura 7.6 - Determinação do ζ0 da mistura CRN2

Figura 7.7 - Determinação do ζ0 da mistura CAD

y = 1,4392x - 0,4986R2 = 0,8482

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1

Grau hidratação (ξ )

Τt

22 °C 33 °C 60 °C ajuste linear

y = 1,9308x - 0,9134R2 = 0,8515

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1

Grau hidratação (ξ )

Τt

22 °C 33 °C 75 °C ajuste linear

Page 116: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

104

Figura 7.8 - Determinação do ζ0 da mistura CCR

Tabela 7.1 – Valores de ξ0 e ζ0

Concreto 0ξ 0ζ

CRN1 0.48 -25.35

CRN2 0.34 -16.34

CAD 0.47 -61.70

CCR 0.71 -9.82

Um comentário deve ser feito sobre os valores apresentados na figura 7.8 para

o CCR. A figura indica que valores menores que ∞ζ seriam obtidos com a hidratação

completa, o que seria incoerente. Esta incoerência pode ser observada já nos resultados

experimentais mostrados nas figuras 6.16 e 6.18. Se considerarmos que a curva de

elevação adiabática é semelhante á curva de evolução da hidratação, podemos verificar

na figura 6.18 que com uma idade aproximada de cinco dias a hidratação já estaria

completa. Já a figura 6.16 indica que as resistências ainda têm um importante

crescimento além dos dez dias. A análise destes gráficos levam então à conclusão de

que os resultados experimentais de um dos ensaios apresentaria problemas para o CCR.

O sentimento do autor desta tese é de que os resultados de elevação adiabática

de temperatura estariam corretos, visto a confiabilidade dos resultados experimentais

obtidos nos ensaios adiabáticos realizados no calorímetro de Furnas. Assim sendo,

y = 2,847x - 2,0427R2 = 0,6824

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1

Grau hidratação (ξ)

ζT (t) /

ζoo

22 °C 33 °C 40 °C ajuste linear

Page 117: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

105

poderia ter ocorrido uma contaminação com água dos corpos de prova de CCR

dedicados aos ensaios de compressão com cura isotérmica. Esta contaminação dos

corpos de prova que sofreram cura isotérmica, teria então prolongado artificialmente a

hidratação, o que não ocorreu no ensaio de elevação adiabática de temperatura.

Desta forma, as análises apresentadas para o CCR deverão ser entendidas

com a ressalva acima, não podendo ser conclusivas quanto à aplicação do modelo de

hidratação ao CCR, portanto, existe a necessidade de se refazer os ensaios

experimentais para o CCR.

Agora de posse dos valores de 0ζ , aplicando-se a equação 3.16 podem ser

calculadas as curvas de ξ x )(ξà a partir das resistências isotermas obtidas pelo ensaio

da ASTM. O valor de ∞ζ foi calculado no capítulo 6 (tabelas 6.1, 6.4, 6.7 e 6.10).

Chamamos atenção para o fato de que ao calcularmos os valores de 0ζ já utilizamos

uma informação fornecida pela curva de afinidade obtida pelo ensaio adiabático para a

simulação da evolução da hidratação nos ensaios isotérmicos, o que poderia ser

considerado como retro-alimentação do modelo. Entretanto, tal informação consistiu-se

apenas em dado auxiliar para a determinação do parâmetro 0ζ que poderia ter sido

considerado através de um valor nominal.

Nas figuras 7.9 a 7.12 que se seguem, são apresentadas as curvas de afinidade

normalizada que incluem os resultados obtidos através da análise dos valores de

evolução da resistência juntamente com a de elevação adiabática.

Figura 7.9 – Gráfico de Ã(ξ) x ξ(t) para a mistura CRN1

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0Grau de hidratação (ξ )

Afin

idad

e no

rmal

izad

a (Ã

)

Elevação Resistência 22 °CResistência 33 °C Resistência 65 °C

Page 118: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

106

Figura 7.10 – Gráfico de Ã(ξ) x ξ(t) para a mistura CRN2

Figura 7.11 – Gráfico de Ã(ξ) x ξ(t) para a mistura CAD

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

Grau de hidratação (ξ )

Afin

idad

e no

rmal

izad

a (Ã

)

Elevação Resistência 22 °CResistência 33 °C Resistência 60 °C

0

2

4

6

8

10

12

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0Grau de hidratação (ξ )

Afin

idad

e no

rmal

izad

a (Ã

)

Elevação Resistência 22 °CResistência 33 °C Resistência 75 °C

Page 119: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

107

Figura 7.12 – Gráfico de Ã(ξ) x ξ(t) para a mistura CCR

Com exceção do CCR, os resultados apresentados indicam que os valores da

afinidade normalizada são praticamente os mesmos, independendo do procedimento

experimental utilizado. Tal fato indica que o parâmetro )(ξà corresponde a uma

característica intrínseca da reação de hidratação.

O cálculo das curvas de afinidade em função dos ensaios de resistência à

compressão, são apresentados no apêndice B.

7.2 SIMULAÇÃO DO ENSAIO DE ELEVAÇÃO ADIABÁTICA DE

TEMPERATURA: ESTUDO PARAMÉTRICO DE Ea

As simulações apresentadas a seguir têm como objetivo o estudo paramétrico

da evolução da reação de hidratação, em relação a variações no parâmetro energia de

ativação. Para a realização destas simulações, utilizou-se o código computacional

desenvolvido por SILVOSO (1999), já referenciado no capítulo 3 desta tese.

Os dados do programa computacional são então basicamente: (i) a geometria

do corpo de prova e as condições de contorno (adiabáticas) do problema térmico; (ii) o

calor específico e a condutividade térmica, consideradas como sendo equivalentes aos

valores obtidos para concretos similares analisados por ANDRADE (1997); (iii) a curva

0,0E+00

1,0E+08

2,0E+08

3,0E+08

4,0E+08

5,0E+08

6,0E+08

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

Grau de hidratação (ξ )

Afin

idad

e no

rmal

izad

a (Ã

) .

Elevação Resistência 22 °CResistência 33 °C Resistência 40 °C

Page 120: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

108

Ã(ξ) para o concreto analisado1; (iv) a temperatura inicial de lançamento do concreto;

(v) a energia de ativação Ea.

Nos gráficos mostrados nas figuras 7.13 a 7.16 a seguir, são sempre

simulados os ensaios de elevação adiabática de temperatura para três temperaturas

distintas de lançamento, a saber: (i) 10 °C; (ii) a temperatura de lançamento do ensaio

experimental de elevação adiabática de temperatura: 24.10 °C, 23.10 °C, 22.60 °C e

22.75 °C; (iii) 40 °C.

Para cada caso, além do valor de Ea/R encontrada experimentalmente, foram

também usados valores fictícios, iguais a 3000 K e 5000 K, para que se possa ter uma

sensibilidade do erro cometido quando utilizam-se outros valores para a energia de

ativação dentro do quadro do modelo de ULM e COUSSY.

Pode-se verificar nas curvas de elevação adiabática de temperaturas destas

figuras que uma simples redução na temperatura inicial de lançamento, promove um

retardamento significativo na evolução da temperatura de hidratação da mistura. Isto

pode ser observado nas figuras 7.13 a 7.16 entre as curvas b e g.

Figura 7.13 – Curvas de elevação para diversas temperaturas e Ea para o

CRN1

1 Lembramos que a curva )(ξà já depende do valor de Ea.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

0,0 0,1 1,0 10,0Idade (dias)

Ele

vaçã

o ad

iabá

tica

de te

mpe

ratu

ra (

°C )

Ti = 40 ºC Ea/R = 5000 K (a) " = 3802,6 K (b) " = 3000 K (c) a b c

Ea/R = 5000 K " = 3802,6 K curvas coincidentes (d) " = 3000 KO - resultado experimental (e)

Ti = 24,1 ºC

d

e

Ea/R = 3000 K (f) " = 3802,6 K (g) " = 5000 K (h)

f g h

Ti = 10 ºC

Page 121: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

109

Figura 7.14 – Curvas de elevação para diversas temperaturas e Ea para o CRN2

Figura 7.15 – Curvas de elevação para diversas temperaturas e Ea para o CAD

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

0,0 0,1 1,0 10,0Idade (dias)

Ele

vaçã

o ad

iabá

tica

tem

pera

tura

( °C

) Ti = 23,1 ºC

Ti = 40 ºC

Ti = 10 ºC

Ea/R = 5000 K " = 4000 K curvas coincidentes (d) " = 3222.2 KO - resultado experimental (e)

Ea/R = 5000 K (a) " = 4000 K (b) " = 3222.2 K (c)

Ea/R = 3222.2 K (f) " = 4000 K (g) " = 5000 K (h)

a b c

d

e fgh

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

35,00

40,00

45,00

50,00

55,00

60,00

0,0 0,1 1,0 10,0Idade (dias)

Ele

vaçã

o ad

iabá

tica

de te

mpe

ratu

ra (

°C ) Ti = 22.6 ºC

Ti = 40 ºC

Ti = 10 ºC

Ea/R = 5000 K " = 4036.9 K curvas coincidentes (d) " = 3000 KO - resultado experimental (e)

Ea/R = 5000 K (a) " = 4036.9 K (b) " = 3000 K (c)

Ea/R = 3000 K (f) " = 4036.9 K (g) " = 5000 K (h)

a b c de

fg

h

Page 122: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

110

Figura 7.16 – Curvas de elevação para diversas temperaturas e Ea para o CCR

As simulações apresentadas nas figuras 7.13 a 7.16 indicam que:

a) Quando a temperatura inicial da simulação coincide com a temperatura de

lançamento do ensaio, os resultados numérico e experimental são coincidentes,

independentemente do valor utilizado para a energia de ativação;

b) Para temperaturas iniciais diferentes da temperatura de lançamento experimental,

nota-se que energias de ativação maiores conduzem a uma maior sensibilidade da

elevação adiabática à variação na temperatura de lançamento, indicando que um erro na

avaliação da energia de ativação pode conduzir a resultados errôneos na simulação, já

que a termo-ativação da reação não estará bem representada.

0

2

4

6

8

10

12

14

0,0 0,1 1,0 10,0Idade (dias)

Ele

vaçã

o ad

iabá

tica

tem

pera

tura

( °C

) Ti = 22.75 ºC

Ti = 40 ºC

Ti = 10 ºC

Ea/R = 9503.1 K " = 3000 K curvas coincidentes (d) " = 5000 KO - resultado experimental (e)

Ea/R = 9503.1 K (a) " = 5000 K (b) " = 3000 K (c)

Ea/R = 3000 K (f) " = 5000 K (g) " = 9503.1 K (h)

a b cd

e

f g h

Page 123: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

111

CAPÍTULO 8

CONCLUSÕES E SUGESTÕES

A afinidade normalizada Ã(ξ), dentro do quadro do modelo de hidratação de

ULM e COUSSY, é um parâmetro que engloba os efeitos físicos correspondentes ao

aumento da massa de hidratos (difusão, viscosidade) e à afinidade química propriamente

dita. A afinidade normalizada é também a propriedade do concreto que independe da

temperatura fornecendo uma medida da cinética da reação de hidratação. Sendo assim,

utilizando-se o modelo de hidratação de ULM e COUSSY implementado no código

desenvolvido por SILVOSO (1999), pode-se encontrar, a partir de uma curva de

elevação adiabática de temperatura conhecida com temperatura inicial Ti, as demais

curvas de elevação e grau de hidratação para qualquer temperatura inicial Ti. Todavia,

pode-se também fazer a mesma análise com resultados de ensaios de resistência à

compressão, realizados a diferentes temperaturas de cura.

Analisando-se as figuras 7.9 a 7.12, pode-se concluir que os resultados

encontrados de Ea, através da ASTM C 1074/93, para os concretos aqui analisados, ao

serem aplicados à teoria de ULM e COUSSY, fornecem resultados bastante

satisfatórios, já que os pontos obtidos a partir dos ensaios de resistência à compressão

tendem à curva de afinidade obtida por ensaio de elevação adiabática de temperatura.

Os resultados obtidos para CCR indicam que existe a necessidade de se repetir os

ensaios, executando-os com maior precisão para que se possam obter resultados

conclusivos.

Todavia, deve-se ressaltar que existem algumas dificuldades na realização

dos testes de resistência à compressão, tais como controle rigoroso da temperatura dos

tanques e principalmente as idades em que se deve realizar os testes. Assim sendo,

sugere-se que a partir de ULM e COUSSY, determine-se através de ensaios de elevação

adiabática de temperatura com dois históricos de temperaturas diferentes (duas

Page 124: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

112

temperaturas iniciais diferentes), a energia de ativação, visto que este ensaio é mais fácil

de ser realizado e representa fielmente o comportamento térmico do concreto.

O modelo numérico utilizado nesta tese permite simular o fenômeno físico

da hidratação do concreto a partir de parâmetros que podem ser obtidos através de

ensaios convencionais, tais como: calor específico, condutividade térmica, elevação

adiabática de temperatura e resistência à compressão. A partir desses ensaios pode-se

encontrar a energia de ativação, a curva de afinidade normalizada e de grau de

hidratação. Isto permite uma análise mais consistente do endurecimento do concreto,

visto que as propriedades do material são formuladas a partir do grau de hidratação e

não através da temperatura e do tempo. Os resultados obtidos com este modelo

constituem-se nos campos transientes térmicos, de hidratação, e nos campos transientes

de tensões. Assim sendo, pode-se prever o risco de fissuração de origem térmica,

através de um modelo mais realista que prevê a influência da hidratação sobre as

diversas características físicas que dependem da evolução da reação química.

Sugere-se que sejam realizados futuros trabalhos com o intuito de se

determinar Ea a partir de ensaios de elevação adiabática com diferentes históricos de

temperatura, comparando estes resultados com aqueles obtidos pelo método da ASTM

C 1074/93. Sugere-se também que tais ensaios sejam realizados para o CCR a fim de

identificar a exata evolução das características da hidratação para este material.

Finalmente, sugere-se que os modelos que consideram a reação de

hidratação através da lei de ARRHENIUS (como é o caso da grande maioria dos

modelos recentemente desenvolvidos), devem ser extremamente cuidadosos ao prever

valores nominais para a energia de ativação. Assim sendo, dependendo da importância

da obra, este valor deverá ser determinado experimentalmente.

Page 125: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

113

A P Ê N D I C E A

TERMODINÂMICA QUÍMICA E A LEI DE ARRHENIUS

A.1 INTRODUÇÃO

A primeira lei da termodinâmica diz que a energia não pode ser criada ou

destruída. Ela somente pode mudar de forma. Na química, a energia em forma de calor

move de um lugar para outro, ou então fica armazenada entre os constituintes químicos.

Calor é definido como a energia que é transferida, como resultado de uma diferença de

temperatura entre um sistema e o meio que o envolve. É representado pela letra q. Se q

é positivo, dizemos que a reação é endotérmica (ocorre com absorção de calor), em caso

contrário, se q é negativo a reação é exotérmica (ocorre com a liberação de calor). A

energia pode ser cinética , que é a energia que se move em uma reação, e potencial, que

é a energia estacionária.

A energia livre do sistema é representada pela letra G, sendo definida com a

energia de um sistema que não realiza trabalho (com temperatura e pressão constantes).

TSHG −= (A.1)

onde:

G energia livre (as vezes chamada de energia livre de Gibbs);

H entalpia;

T temperatura;

S entropia do sistema.

A.2 CINÉTICA QUÍMICA

É a parte da química que se preocupa com as taxas de reações. O termo taxa

é utilizado para descrever uma alteração em determinada quantidade por unidade de

tempo. Seria, por exemplo, a mudança na concentração de um dos componentes de certa

reação, num período de tempo (mol/segundo). Se X é uma função que determina a

Page 126: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

114

concentração de um reagente em uma reação, e t o tempo, então a taxa de reação para

um pequeno intervalo será dado por:

dtdXreação de Taxa = (A.2)

A taxa de reação a cada ponto de uma curva de concentração por tempo, é

diretamente proporcional à concentração naquele momento. Esta equação resultante,

traduz uma lei experimental que descreve a taxa dessa reação, e é conhecida como lei de

reação. A constante de proporcionalidade que rege esta lei é a taxa constante (k).

As reações podem ser classificadas em termos da sua ordem. A ordem da

reação indica se ela depende de um ou mais reagentes. Por exemplo, uma equação de

ordem um, implica que a reação depende da concentração de somente um reagente; de

ordem dois depende da concentração de dois reagentes e assim sucessivamente. O

expoente que acompanha o reagente na equação da taxa de reação, é que fornece a

ordem da reação. Caso tenhamos vários compostos, a soma de todos os expoentes,

fornece a ordem da reação global. Por exemplo, a decomposição do N2O5 é uma reação

de primeira ordem, pois a taxa de reação depende exclusivamente da concentração do

N2O5.

1

52 ]O[Nkreação de Taxa = (A.3)

onde:

k é a taxa constante, um valor que depende da temperatura;

[N2O5] concentração do reagente.

Esses expoentes são obtidos através de ensaios experimentais realizados em

laboratório.

Existem fatores que determinam a taxa de uma reação, um deles é expresso

pela teoria da colisão. Este modelo assume que a taxa de cada reação depende da

freqüência das colisões entre as partículas envolvidas na reação. Para que as moléculas

reajam entre si, elas precisam: (i) colidirem; (ii) ter certa quantidade de energia; (iii)

possuir determinada geometria.

Page 127: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

115

Para se aumentar a taxa de reação, é necessário que mais moléculas reajam.

Isto é possível alterando-se fatores tais como:

• aumentar a área de superfície (dos sólidos) – isto permitiria mais colisões, e

também cresceria o número de moléculas com a geometria ideal;

• aumentar a temperatura – forneceria mais moléculas com a energia correta para

reagir (energia de ativação);

• aumentar a concentração (para gases e soluções) – permitiria mais colisões e

mais moléculas com a geometria ideal para reagir;

• usar uma catálise – seria uma forma de ajudar as moléculas a obterem a

geometria ideal.

A taxa de reação pode também ser representada por meio de uma equação

geral como descrito a seguir:

...][ b a Bk[A] reação de Taxa = (A.4)

onde:

[A], [B],... concentração dos reagentes;

k é a taxa constante, um valor que depende da temperatura;

a, b, ... são os coeficientes encontrados através de ensaios em laboratório.

Se tivermos uma reação na qual A, B e C são reagentes, então podemos

descrever a ordem da reação com sendo: (i) Taxa de reação = k[A] se a taxa de

reação depender somente da concentração de A, implica que a reação é de primeira

ordem; (ii) Taxa de reação = k[A][B] se a taxa de reação depender da concentração

de A e B, implica que a reação é de segunda ordem; (iii) Taxa de reação = k[A][B][C]

se a taxa de reação depender da concentração de A, B e C, implica que a reação é de

terceira ordem.

Neste dois últimos casos, a ordem da reação é definida com sendo a soma

dos expoentes dos reagentes. Em geral, equações de primeira ordem são mais comuns.

Equações de ordem zero, são aquelas em que a mudança na reação independe da

concentração de qualquer reagente. É possível determinar a ordem de uma reação, e

Page 128: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

116

conseqüentemente sua taxa de reação, usando-se a taxa de informação inicial, na qual

inclui a concentração dos reagentes e a velocidade em que seus produtos são formados.

A.3 A EQUAÇÃO DE ARRHENIUS

Uma maneira quantitativa de se examinar a taxa constante é através de uma

equação empírica denominada de equação de ARRHENIUS, que estabelece:

RT-Ea

A.ek(T) = (A.5)

onde:

k(T) taxa constante;

A constante dada pela geometria (fator pré-exponencial);

Ea energia de ativação;

R constante universal dos gases (8.316 J/mol.K)

T temperatura absoluta (K).

Se tivermos uma geometria simples A será grande. Se Ea for alto, então o

expoente será mais negativo e k(T) decresce. Aumentando-se a temperatura o expoente

diminui e k(T) cresce.

O valor de k(T) não é constante, pois varia de acordo com a temperatura.

Grande parte das moléculas que se envolvem em reações químicas, não reagem o tempo

todo. Elas precisam colidir entre si, mas a velocidade entre elas é muito alta. De fato, é

necessário que elas possuam uma certa energia (velocidade), para que possam romper

uma barreira e reagirem. Esta barreira é dita energia de ativação. Podemos entender que

esta energia é dada pelo calor molecular das moléculas. Esta energia de ativação precisa

ser superada para que aconteça a reação, e a velocidade da reação depende de sua

magnitude. Segundo ARRHENIUS (citado por ATKINS, 1998), LAIDLER e MEISER

(1999), e ainda LEVINE (1995), para todas as reações químicas ordinárias (reações

simples como a do cimento Portland) e a maioria das reações complexas, a energia de

ativação é um parâmetro considerado constante. Sendo assim, ela pode ser obtida

através de uma equação de uma reta na forma da equação de ARRHENIUS. Para as

demais reações complexas, onde a energia de ativação é considerada dependente da

Page 129: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

117

temperatura, deve-se utilizar uma outra equação (não a de ARRHENIUS), para se

determinar Ea (ATKINS, 1998).

O fator pré-exponencial A depende da temperatura, e mede a taxa de

colisões entre as moléculas, e o fator exponencial é a fração das colisões que tem

energia cinética suficiente para levar à reação (energia maior que a energia de ativação).

Assim sendo, o produto de A pelo fator exponencial, dá a taxa de colisões que são bem

sucedidas.

Se for necessário saber a mudança na taxa constante entre duas temperaturas,

conhecendo-se o valor da energia de ativação, e assumindo-se que o fator A é constante

teremos:

= 12

11

1

2

)()( TTR

Ea

eTkTk

(A.6)

onde:

k(T1) e k(T2) taxa constante da reação na temperatura T1 e T2;

Ea energia de ativação;

R constante universal dos gases;

T1 e T2 temperaturas T1 e T2 da reação em Kelvin.

Page 130: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

118

A P Ê N D I C E B

CURVAS DA AFINIDADE NORMALIZADA Ã(ξ) OBTIDAS A PARTIR DOS

ENSAIOS DE RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO

Nas tabelas e gráficos apresentados a seguir encontram-se os valores obtidos

de )(tTζ , )(tξ e ))(( tà ξ para as diversas temperaturas, além das curvas de ))(( tà ξ x

)(tξ realizados nas diversas misturas analisadas. O valor da resistência infinita (ζ∞ ou

ζT(∞)) foram calculados no capítulo 6 e apresentados nas tabelas 6.1, 6.4, 6.7 e 6.10. O

grau de hidratação zero (ξ0) e o valor de resistência zero (ζ0), foram calculados no

capítulo 7 e apresentados na tabela 7.2.

B.1 MISTURA CRN1

A energia de ativação desta mistura é 31599.61 J/mol.

Tabela B.1 – Resistência à compressão CRN1

T inicial 22 ºC T inicial 33 ºC T inicial 65 ºC

T ζT(t) t ζT(t) t ζT(t)

(segundos) (MPa) (segundos) (MPa) (segundos) (MPa)

93312 9.10 86400 12.20 78624 13.40 186624 14.10 172800 15.55 158112 15.25 374112 17.73 345600 18.80 316224 18.10 748224 23.76 691200 22.50 633312 18.86 1497312 24.06 1382400 22.66 1266624 19.20 2994624 27.90 2764800 25.63 2534112 20.00

Page 131: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

119

Tabela B.2 – ξ(t) x Ã[ξ(t)] da mistura CRN1

T inicial 22 ºC T inicial 33 ºC T inicial 65 ºC

ξ(t) Ã[ξ(t)] ξ(t) Ã[ξ(t)] ξ(t) Ã[ξ(t)]0.72 0.38 0.74 0.17 0.74 0.03 0.78 0.14 0.80 0.08 0.79 0.02 0.90 0.12 0.87 0.05 0.80 0.003 0.97 0.003 0.93 0.001 0.81 0.00071.00 0.001 1.00 0.001 0,82 0.0006

Figura B.1 – Curvas de ξ(t) x Ã[ξ(t)] da mistura CRN1

B.2 MISTURA CRN2

A energia de ativação desta mistura é 26776.48 J/mol.

0,0

0,2

0,4

0,6

0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0Grau de hidratação (ξ )

Afin

idad

e no

rmal

izad

a (Ã

)

Resistência 22 °C Resistência 33 °CResistência 65 °C

Page 132: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

120

Tabela B.3 – Resistência à compressão CRN2

T inicial 22 ºC T inicial 33 ºC T inicial 60 ºC

T ζT(t) t ζT(t) t ζT(t)

(segundos) (MPa) (segundos) (MPa) (segundos) (MPa)

81043 2.25 20390 1.00 78019 11.95 167443 7.10 118800 1.70 167443 16.05 426643 15.95 258595 14.80 426643 18.05 774922 18.47 606269 21.10 689386 18.20 1660522 23.17 1134000 25.87 1313971 23.77 3057696 23.67 2264371 28.97 2600986 23.90

Tabela B.4 – ξ(t) x Ã[ξ(t)] da mistura CRN2

T inicial 22 ºC T inicial 33 ºC T inicial 60 ºC

ξ(t) Ã[ξ(t)] ξ(t) Ã[ξ(t)] ξ(t) Ã[ξ(t)]0.48 0.06 0.37 0.10 0.57 0.04 0.65 0.04 0.63 0.07 0.65 0.02 0.70 0.008 0.76 0.01 0.70 0.003 0.80 0.006 0.86 0.008 0.71 0.00020.81 0.0004 0.92 0.002 0.81 0.0001

Figura B.2 – Curvas de ξ(t) x Ã[ξ(t)] da mistura CRN2

B.3 MISTURA CAD

A energia de ativação desta mistura é 33546.64 J/mol.

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

Grau de hidratação (ξ )

Afin

idad

e nor

mal

izad

a (Ã)

Resistência 22 °C Resistência 33 °CResistência 60 °C

Page 133: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

121

Tabela B.5 – Resistência à compressão CAD

T inicial 22 ºC T inicial 33 ºC T inicial 75 ºC

T ζT(t) T ζT(t) t ζT(t)

(segundos) (MPa) (segundos) (MPa) (segundos) (MPa)

54000 4.75 32400 2.79 11232 3.75 108000 27.85 64800 24.25 21600 14.57 216000 40.00 129600 35.45 43200 25.99 432000 42.37 259200 48.30 86400 36.53 864000 49.77 518400 57.33 172800 38.10 1728000 53.93 1036800 57.53 345600 38.33 3456000 67.33 2073600 58.73 -- --

Tabela B.6 – ξ(t) x Ã[ξ(t)] da mistura CAD

T inicial 22 ºC T inicial 33 ºC T inicial 60 ºC

ξ(t) Ã[ξ(t)] ξ(t) Ã[ξ(t)] ξ(t) Ã[ξ(t)]0.69 2.87 0.66 2.72 0.59 0.87 0.79 0.75 0.75 0.71 0.68 0.44 0.80 0.17 0.85 0.40 0.76 0.21 0.86 0.11 0.92 0.14 0.77 0.01 0.89 0.03 0.98 0.004 0.78 0.001 1.00 0.02 1.00 0.003 -- --

Figura B.3 – Curvas de ξ(t) x Ã[ξ(t)] da mistura CAD

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0Grau de hidratação (ξ )

Afin

idad

e no

rmal

izad

a (Ã

)

Resistência 22 °C Resistência 33 °CResistência 75 °C

Page 134: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

122

B.4 MISTURA CCR

A energia de ativação desta mistura é 78970.76 J/mol.

Tabela B.7 – Resistência à compressão CCR

T inicial 22 ºC T inicial 33 ºC T inicial 40 ºC

t ζT(t) t ζT(t) t ζT(t)

(segundos) (MPa) (segundos) (MPa) (segundos) (MPa)

691200 1.40 604800 2.35 432000 2.50 1382400 1.55 1123200 2.80 777600 2.55 2851200 2.65 2246400 3.20 1728000 2.70 5529600 3.25 4838400 3.40 3456000 3.10 11059200 3.50 9676800 3.90 6825600 3.55

Tabela B.8 – ξ(t) x Ã[ξ(t)] da mistura CCR

T inicial 22 ºC T inicial 33 ºC T inicial 40 ºC

ξ(t) Ã[ξ(t)] ξ(t) Ã[ξ(t)] ξ(t) Ã[ξ(t)]0.78 1417317 0.86 1782256 0.84 1483880.85 4891136 0.89 731182 0.85 1618780.89 1463037 0.90 158422 0.86 2374220.91 295274 0.93 212173 0.91 136974

Figura B.4 – Curvas de ξ(t) x Ã[ξ(t)] da mistura CCR

0,0E+00

1,0E+06

2,0E+06

3,0E+06

4,0E+06

5,0E+06

6,0E+06

0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

Grau de hidratação (ξ )

Afin

idad

e no

rmal

izad

a (Ã

)

Resistência 22 °C Resistência 33 °CResistência 40 °C

Page 135: ENERGIA DE ATIVAÇÃO DOS CONCRETOS: EXPERIMENTAÇÃO

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