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1 engenharia alternativa

engenharia alternativa - cpra.pr.gov.br · O bambu traz muitos ensinamentos aos povos que, tradicionalmente, o utilizam. É possivel aprender ao observar sua flexibilidade e capacidade

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Uso sustentável do bambu:construindo a bambucilga

Cátia HermesEduardo Javier Marone

Fabiana Teixeira Hoinacki Luã Carlos Colaço

Valcir Inácio Wilhelm

Curitiba, 2018

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GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁGovernadoraCida BorghettiSecretário de Estado da Agricultura e AbastecimentoGeorge HiraiwaSEAB – Diretoria GeralFrancisco Carlos SimioniCENTRO PARANAENSE DE REFERÊNCIA EM AGROECOLOGIA – CPRA

Diretor Presidente –Hamilton de Jesus Borges de OliveiraDiretor Adjunto – Márcio Miranda

Produção Gráfica e impressão com recursos do Fundo Paraná Programa Paraná Mais Orgânico (P+O) – Núcleo CPRA

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Sumário 1. INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72. CONHECENDO O BAMBU . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82.1 CARACTERIZAÇÃO DE ESPÉCIES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92.1.1. ENTOUCEIRANTES/ALASTRANTES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92.1.2. MANEJO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92.1.3. CORTE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122.1.4. TRATAMENTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122.1.5. MULTIPLICAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133. SOLO CIMENTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144. SUINOCULTURA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 154.1 ORIGEM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 154.2. RAÇAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155. BAMBUCILGA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 195.1. RELAÇÃO DE MATERIAIS: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 195.2. RELAÇÃO DE FERRAMENTAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 206. MONTAGEM DA ESTRUTURA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 217. RESULTADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 368. REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

O bambu traz muitos ensinamentos aos povos que, tradicionalmente, o utilizam. É possivel aprender ao

observar sua flexibilidade e capacidade de curvar-se sem se quebrar. Porém, a analogia que mais impressiona

como reflexão são os “nós” e “entre-nós” que ajudam a compor a planta e garantem sua resistência. Esta é a

grande mensagem que o bambu nos transmite: trabalhar mais por “nós” e “entre-nós” e menos pelo “eu”.

Dedicamos este trabalho a todos os agricultores, técnicos e pessoas que compartilharam sua presença e conhecimento nas oficinas que realizamos. Sobretudo, enaltecemos o bambu, essa fantástica dádiva da natureza.

Julio Carlos Bittencourt Veiga Silva

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1. introduçãoAs observações a campo da equipe de técnicos do núcleo do Programa Paraná Mais Orgânico (P+O), situado no Centro Paranaense de Referência em Agroecologia (CPRA), deram origem ao planejamento e implantação de uma estrutura ou abrigo denominada “BAMBUCILGA”. As ações observadas são descritas no “Caderno de Sugestões: Criação de Suínos em Cama Sobreposta”, cujos detalhes podem ser consultados na cartilha que propõe esta prática – que está disponível no site do CPRA.

A “bambucilga” é uma instalação, pocilga ou chiqueiro para suínos, construída essencialmente com bambu, solo cimento e outros materiais reciclados. Esta estrutura foi pensada tendo como foco a agricultura familiar, cuja propriedade, mesmo com limitação de espaço e de recursos financeiros, muitas vezes tem por hábito a criação de suínos para subsistência, ou seja, para o consumo próprio.

As técnicas utilizadas foram as de bioconstrução, que priorizam a utilização de materiais ecológicos e diminuem o impacto ambiental. Para isso, há uma adaptação de técnicas da arquitetura ancestral – algumas com séculos de existência –, quem tem como principal característica a utilização de materiais locais, reduzindo custos com fabricação e transporte. Assim, são construídas habitações com menor custo e que oferecem um excelente conforto térmico [1](SOARES, 2007).

Neste contexto, o bambu se encaixa perfeitamente devido à grande variabilidade de gêneros e espécies; à fácil aquisição; e à sua versatilidade, podendo ser aproveitado desde a alimentação até a construção. Outro fator relevante é seu rápido crescimento e lignificação, que lhe atribui maior resistência a partir do terceiro ano após o plantio. [2] (ALMEIDA, 2006).

No Brasil, o bambu ainda é pouco explorado. Entretanto, com a redução dos recursos naturais disponíveis, o alto custo dos materiais de construção convencionais e o desenvolvimento d e n o v a s t e c n o l o g i a s q u e prezam pela qualidade de vida da população e preservação do meio ambiente, o uso de materiais alternativos como o bambu está sendo cada vez mais incentivado, principalmente em construções. [3](RIVERO, 2003; OLIVEIRA, 2011). Assim, as observações realizadas pelo núcleo P+O emergem de um olhar atento à filosofia a g r o e c o l ó g i c a , b u s c a n d o uma agricultura sustentável, complementada pela questão ambiental e social na construção de processos de desenvolvimento rural.

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Os bambus pertencem à família Graminae, assim como os capins, e à subfamília Bambusoideae – em alguns casos tratados como pertencentes à família Bambusaceae. São aproximadamente 50 gêneros e mais de 1.300 espécies, com maior ocorrência nas zonas quentes e com chuvas abundantes das regiões tropicais e subtropicais. No Brasil, predominam as seguintes espécies: Bambusa vulgaris, Bambusa vulgaris var.vittata, Bambusa tuldoides, Dendrocalamus asper e algumas espécies do gênero Phyllostachys. Já no Paraná, estão mais presentes as espécies do gênero Guadua, principalmente nas margens do rio Paraná e seus afluentes. Nesta região, o CPRA coletou sementes e mudas da espécie Guadua chacoaensis, conhecida na região como Taquaruçu. O objetivo foi preservar e multiplicar esta espécie nativa, que é considerada uma das melhores opções para construções.

O s vá r i o s t i p o s d e b a m b u compreendem desde espécies de pequeno porte, utilizadas principalmente em ornamentação, até espécies com pequeno a médio diâmetro de colmo, utilizadas na confecção de móveis, artesanato e construções. Além disso, ainda existem as espécies de grande diâmetro e altura de colmos, utilizadas em construções, produção de brotos e indústria de laminados [4] (SILVA; LIMA; OLIVEIRA, 2011).

2. CONHECENDO O BAMBU

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2. CONHECENDO O BAMBUO bambu é uma gramínea que apresenta uma grande variedade de espécies, dist intas uma das outras. Porém, todas são compostas basicamente por duas partes principais: a subterrânea, constituída de rizomas e raízes; e a parte aérea, composta pelo colmo, galhos e folhas. É no rizoma que ocorre a propagação vegetativa e

2.1 CARACTERIZAÇÃO DE ESPÉCIES

2.1.1. Entouceirantes/Alastrantesna raiz a absorção dos nutrientes.Os r izomas podem ter um crescimento em moita chamado de entouceirante ou simpodial; ou então em bosque, este chamado de alastrante ou monopodial. Existe ainda um terceiro meio de propagação ou crescimento: o semi-entouceirante ou anfipodial (Figura 1).

Figura 1. Exemplo de crescimento dos brotos de bambu.Fonte: Adaptado P+O/CPRA (2017)

2.1.2. Manejo

O bambu é uma planta muito rústica e com grande velocidade de crescimento. Entretanto, os primeiros cortes são de extrema importância e só devem ser feitos após os colmos estarem maduros. O amadurecimento significa que os colmos alcançaram uma maior rigidez e uma menor circulação de água dentro destes. Este processo leva em média 7 a 10 anos em regiões de clima frio, enquanto onde predomina o clima quente, ocorre em torno de 5 anos. Algumas formas de identificar o bambu maduro são pela grande

presença de fungos, musgos e líquens presos a ele; pelo som, o que é mais difícil; ou ainda pela posição das varas na própria touceira (Imagem 1). As varas mais velhas situam-se no centro da moita e, por isto, estas devem ser as primeiras colhidas (Figura 2). O som emitido quando se bate em uma vara madura é comparável ao som que é emitido quando se bate em um cano de PVC que não possui água dentro. Porém, quando a vara de bambu é jovem, o som emitido é semelhante a um cano de PVC cheio de água.

Figura 1

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varas maduras

varas jovens

Imagem 1. Identificação visual da idade aproximada de colmos de bambus.Fonte: P+O/CPRA (2017)

Figura 2. Sentido do crescimento da moita de bambu.Fonte: P+O/CPRA

Figura 2

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Outro cuidado muito importante que se deve observar é a época de colheita das varas. Neste sentido, a observação das estações do ano e das fases da lua é fundamental (Figura 3). O momento mais adequado para o corte de colmos no Paraná são os meses em que o metabolismo da planta é menos ativo: maio; junho; julho; e agosto - meses sem “r”.

Neste período, a seiva tende a se concentrar mais nas raízes – disponibilizando assim menos amido na região do colmo, o que desfavorece o ataque de insetos. A ocorrência do caruncho (Dinoderus minutus) nos colmos, por exemplo, é um dos principais problemas para a durabilidade do bambu. Assim, se a colheita for feita nos meses

certos, o ataque dessa praga será amenizado. Além disso, o corte feito na época errada também tende a prejudicar o desenvolvimento dos brotos ou danificá-los se estiverem no período inicial de crescimento.Outro detalhe importante é observar a fase em que se encontra a lua. Apesar deste procedimento ainda ser questionado por parte do meio científico, o fato é que, em relação à infestação de caruncho, observamos resultados melhores com o corte na fase da lua quarto minguante.

Este também é um conhecimento t r a d i c i o n a l u t i l i z a d o p e l o s agricultores não somente para o corte do bambu, mas também para as podas de frutíferas e o corte de madeira, conforme a sua utilização.

No auge da lua nova, o fluxo de seiva está

concentrado nas raízes.

Na minguante, o fluxo de seiva

está descendente, direcionando para as

raízes.

Na crescente, o fluxo da seiva está em ascendente, em direção aos ramos,

folhas, florese frutos.

No auge da lua cheia, a seiva é

máxima na parte áerea da planta.

Figura 3. Como as fases da lua influenciam a circulação de seiva no bambu.Fonte: Adaptado P+O/CPRA (2017)

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errado

certo

2.1.3. Corte

Para a colheita ser feita de forma que não prejudique o bambuzal, é necessário que a vara seja cortada com serrote, serrinha de cortar ferro ou motosserra. O ponto de corte deve ser acima do primeiro nó, a partir do nível do solo. Deve-se evitar a formação do “copo”, local sujeito ao acumulo água, que, por sua vez, favorece o apodrecimento dos rizomas e raízes da planta (Imagem 2).

2.1.4. Tratamento

O tratamento do bambu não é fundamental para aumento da sua durabilidade quando se praticam todos os cuidados de manejo citados acima, entretanto, ele contribui para aumentar sua vida útil. Quando se fala em tratamento do bambu, a ideia é reduzir a quantidade de amido (açúcar) existente na seiva que circula na vara. O amido, afinal, atrai o caruncho e pode, portanto, reduzir a vida útil do bambu.

Para a realização deste tratamento, podem-se utilizar diferentes métodos, tais como imersão; secagem; cozimento; vaporização; fumigação; ou flambagem (Imagem 3). Os procedimentos podem ser feitos por meio de métodos naturais ou com produtos químicos. Todos eles têm o objetivo de aumentar a durabilidade dos colmos de bambu.

imersão

imersãoCozimento

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flambagemsecagem

2.1.5. Multiplicação

A propagação do bambu através da produção de mudas por sementes é bem difícil de realizar, visto que a floração e formação de sementes é um fenômeno muito raro. A forma mais utilizada é a propagação vegetativa, na qual são utilizadas as partes aéreas, como o colmo e ramos laterais, ou a parte subterrânea, que são os rizomas (Imagem 4).

Secção de colmo com raiz

Secções de colmo sem raiz

Secções de colmos sem raiz plantados em vasos

Secções de colmos sem raiz plantados em sulcos.

A principal vantagem da propagação vegetativa é a possibilidade de obter clones com uniformidade genética fenotípica, ou seja, exatamente igual à touceira mãe. Em contrapartida, a possibilidade de propagação através de sementes é muito interessante, pois traz a variabilidade genética tão importante sob o ponto de vista da biodiversidade e estabilidade de ecossistemas.

folha nó

internódio

colmo

gema

rama

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O solo utilizado para a confecção da mistura solo cimento foi com a porcentagem de 67% de areia e 33% de argila, ou seja, 2:1 arenosa (Figura 4). Para chegar a esta porcentagem, foi realizado um teste utilizando-se uma garrafa pet preenchida com terra de barranco – já que, normalmente, o teor de argila é maior –, seca e triturada, até 1/3 do volume e depois completada com água até 2/3 do volume. Caso não se tenha este tipo de solo disponível, deve-se retirar solo de outra área a partir de uns 50

3. SOLO CIMENTO

cm de profundidade, pois a camada mais superficial costuma ter maior quantidade de matéria orgânica em decomposição – serapilheira, raízes, restos de animais e plantas – e esse material pode influenciar negativamente na qualidade do solo cimento. Em seguida, deve-se agitar bem a garrafa e deixar decantar. As frações de água, argila e areia devem ficar bem separadas. Assim, é possível visualizar a porcentagem de cada componente da amostra.

O solo cimento confeccionado para esta construção foi de 3 medidas de solo, 2 areia e 1 medida de cimento (traço 3:2:1).

Figura 4. Processo de determinação das porções de areia e argila.Fonte: Chácara Boa Vista (2009) (a), P+O/CPRA (2017) (b).

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4. SUINOCULTURA

Os suínos domésticos (Sus domesticus) apareceram na terra há mais de 40 milhões de anos, já sua domesticação foi realizada pelos chineses há mais de 10.000 anos em aldeias do leste da Turquia. O arqueólogo americano M. Rosemberg descobriu que os primeiros homens de aldeias fixas tinham como principal fonte de alimento os suínos, e não cereais como a cevada e o trigo, como se imaginava anteriormente [5]. Os porcos foram trazidos ao Brasil por Martim Afonso de Sousa em 1532 eram provenientes de cruzamentos entre as raças portuguesas, não havendo preocupação alguma com a seleção de raças. Mas, com o passar do tempo, os criadores brasileiros passaram a desenvolver raças próprias [6].No Paraná, até a década de 60 os suínos eram criados soltos em potreiros e alimentados com restos

de alimentos; ou em roças de milho cultivadas especificamente para esse fim. O transporte até os abatedouros consistia no tropeirismo de porcos conduzidos por tocadores experientes, os chamados “porcadeiros” [7]. A suinocultura industrial de hoje começou a se desenhar com as técnicas da modernização agrícola e de infraestrutura de transporte do governo militar, que baratearam o custo da ração e viabilizaram o modelo intensivo de produção animal conhecido hoje [8][9][10]. Entretanto, a agricultura familiar ainda conserva práticas antigas de criação de suínos para subsistência, que nem sempre cumprem com os requisitos de garantia das leis de bem estar animal e práticas adequadas de conservação de solo e água.

4.2. RAÇAS

4.1 origem

As raças e os cruzamentos utilizados pela agricultura familiar são variados, sem predomínio de uma específica. Segundo o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social – IPARDES [11], o efetivo do rebanho

Tabela 1. Efetivo do rebanho suíno total de acordo com as microrregiões da região metropolitana de Curitiba

suíno na região metropolitana chega a 153.031 mil cabeças (Tabela 1).

Fonte: IPARDES (2016)

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Fonte: P+O (2017)

Fonte: Banco de Imagens Embrapa (2017)

Fonte: Gestão no Campo (2011)

Na agricultura familiar, é comum o produtor ter na propriedade algumas destas raças, ou suas cruzas, para subsistência. Porém, as raças mais encontradas são as crioulas, com predominância do “tipo banha”. Dentre elas, estão as raças Piau, Canastra, Canastrão, Caruncho, Nilo, Macau, Sorocaba, Moura, Pirapitinga, Junqueira e Pereira [12].

O nome da raça se deve à pelagem cor bege com manchas pretas e marrons, já que “Piau” em tupi-guarani significa “malhado” ou “pintado”; As orelhas têm tamanho médio e o focinho é semi-retilíneo. A carcaça tem grande deposição de gordura, com mais de 4 cm de espessura. Possui aptidão tanto para banha como para carne. [14].

Raça Moura

Raça Landrace

Raça Piau

Esta raça é fonte de pesquisa da Embrapa Suínos e Aves, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que incentivam e fomentam a preservação do seu material genético no Brasil e no estado do Paraná. Esta raça, cuja aptidão é para carne, possui boa habilidade materna e não é exigente com a alimentação. Além disso, é muito adaptada às regiões sul do Brasil, onde o frio é intenso [13].

O suíno da raça Landrace é um dos mais produzidos no Brasil, os animais adultos podem chegar a pesar entre 200 e 300 quilos. Eles atingem a idade ideal para o abate por volta dos 6 a 7 meses de vida, com aproximadamente 80 quilos. As fêmeas da raça têm grande capacidade reprodutiva e são amplamente utilizadas como matrizes [11].

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Raça Canastrão

Raça Duroc

Raça Large White

Possui corpo, orelhas e cabeça grandes, bastante papada e membros compridos e fortes. A pelagem pode ser preta ou vermelha e o couro grosso e pregueado com cerdas duras e ralas. Muito tardio, fica pronto para abate apenas no segundo ano. As fêmeas são prolíficas e boas mães. Possui aptidão para produção de banha [14].

As raças mais utilizadas pela suinocultura comercial são as raças “tipo carne” Landrace, Large White, Duroc, Pietrain, Hampshire e seus cruzamentos [11].

A raça Large White possui um bom ganho de peso diário e um bom rendimento de carcaça. Os animais são caracterizados por sua pelagem branca e pelo porte grande. De origem

Os animais da raça Duroc são conhecidos pelo alto ganho de peso diário. A partir dos 12 meses de vida, os machos podem chegar a pesar 270 quilos, enquanto as fêmeas atingem 225 quilos. Os produtores investem nessa raça principalmente para a produção de banha e toucinho. Os animais são ágeis, flexíveis, fortes e caracterizados pela pelagem avermelhada. Eles também são muito rústicos e aceitam bem vários tipos de alimentação [11].

inglesa, a raça também é conhecida pela capacidade reprodutiva e muito utilizada como matriz. É comum o cruzamento dos machos da raça com as fêmeas Landrace para produção industrial [11].

Fonte: Stravaganza (2017)

Fonte: Gestão no Campo (2011)

Fonte: Granja São Roque (2018)

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Raça Pietrain

Raça Hampshire

A raça de origem Belga é destinada para a produção de carne e toucinho. Caracterizada por sua pelagem branca com manchas pretas, apresenta temperamento tranquilo e boa prolificidade. Em comparação com as raças Landrace e Duroc, a Pietrain apresenta o melhor rendimento de carcaça [11].

A partir dos 12 meses de idade, os suínos Hampshire podem pesar de 200 a 300 quilos. Esses animais apresentam uma mescla de pelagem curta e preta com uma faixa de pelos brancos na altura dos membros superiores. A carcaça é considerada rústica e de boa qualidade para a produção de carne fresca. Com relação à prolificidade (fecundidade), as fêmeas são capazes de gerar, em média, 9 leitões por prenhes [11].

Fonte: Gestão no Campo (2011)

Fonte: iFarmers.it (2014)

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5. BAMBUCILGA5. BAMBUCILGA

A “BAMBUCILGA” é um ambiente, instalação, pocilga ou chiqueiro para suínos, construída essencialmente com bambu, solo cimento e outros materiais reciclados. Outra característica importante é o piso onde os animais permanecem em forma de fosso preenchido com cepilho ou maravalha, palhas secas, casca de arroz ou outros materiais absorventes que lhes proporcionem maior conforto e bem-estar.

Imagem5. BambucilgaFonte: P+O/CPRA

5.1. RELAÇÃO DE MATERIAIS:

A relação de materiais descritos abaixo se refere à Bambucilga no tamanho 2 m x 3 m (6 m²), construída na sede do CPRA e tendo por princípio reciclar o que havia disponível na propriedade. O fosso mede 2 m largura x 2 m comprimento e 0,50 m de profundidade. A área de alimentação mede 2 m de largura e 1 m de comprimento.

MATERIAIS RECICLADOS

MATERIAIS NOVOS

• 06 telhas de polipropileno, translúcidas incolores, tamanho 1,00 x 1,70 m;

• 01 telha de polipropileno, translúcida incolor, tamanho 4,60 m de comprimento x 1,15 m da largura;

• 06 toras ou vigas de 1,00 m de comprimento x 18 cm de diâmetro, para apoiar os pés-direitos de bambu;

• 70 tijolos maciços medindo 25 cm x 10 cm x 06 cm;

• Pedras ou resto de alvenaria para preenchimento.

• 18 telhas de fibra vegetal, tamanho 0,40 x 1,60 m;

• 2,5 m³ de terra com 67% de teor de argila (consultar técnica para determinar o teor de argila na pág. 5);

• 01m³ de areia;• 01 m³ de brita nº 1;• 01 bóia de 1/2 ou 3/4”;• Canos e conexões de PVC

para rede hidráulica, conforme a necessidade de cada instalação.

• 04 sacos de cimento de 50kg;• 02 rolos ou 500 g de fio torcido

de Poliamida, com espessura 210/072 e 210/096;

• 16 m lineares de ferro de construção de 8 mm;

• 76 parafusos (hastes) de telha de 20 ou 25 cm x 6 mm, com arruelas e porcas, para fixação do telhado;

• 76 arruelas de borracha para telha;

• 76 calços para telha plástica ondulada;

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PEÇAS DE BAMBU

• 02 varas para pé direito medindo 2,80 m de comprimento x

11 cm de diâmetro• 02 varas para pé direito medindo

2,60 m de comprimento x 9 cm de diâmetro• 02 varas para pé direito medindo

2,40 m de comprimento x 8 cm de diâmetro• 02 caibros medindo 4,45 m de

comprimento x 9 cm de diâmetro• 02 vigas medindo 2,80 m de

comprimento x 9 cm de diâmetro• 10 ripas medindo 4,60 m de

comprimento x 5,5 cm de diâmetro• 01 ripa medindo 4,45 m de

comprimento x 5,5 cm de diâmetro• 02 peças medindo 1,17 m x 3 cm

e 2 peças medindo 1,00 m x 3 cm para composição do suporte para as telhas do telhado menor (“mãos francesas”)

• 02 peças medindo 2,80 m x 3 cm para suporte do comedouro (“mãos francesas”)

• 02 “mãos francesas” para suporte do comedouro

• Peças de tamanhos variados para francesas

• 04 varas para sustentação das paredes anterior e posterior

• 16 Parafusos de fenda com rosca inteira com suas respectivas porcas e arruelas (fixação da telha/aba frontal;

• 4 peças de barra rosqueada 5/16” galvanizada, com 1,0m de comprimento;

• 34 porcas sextavadas 5/16”, galvanizadas;

• 34 arruelas lisas 5/16”, galvanizadas.

medindo 2,82 m x 7 cm• 04 ripas para ajuste no

alinhamento das paredes anterior e posterior (lascas de bambu) medindo 2,82 x 0,05m

• 04 varas para sustentação das paredes laterais medindo 3,05 x 0,07m

• 04 ripas para ajuste no alinhamento das paredes laterais (lascas de bambu) medindo 3,05 x 0,05m

• Em média, utilizou-se 200 peças de bambu medindo 1,20 x

6 cm para fechar o perímetro da estrutura.

• Peças medindo 1,20 x 6 cm para a porta

• 04 Ripas de bambu para a porta medindo 68 cm de comprimento x 5 cm de largura.

• 01 eixo de bambu inteiro para a porta medindo 1,4 m

• 02 colmos de bambu com apenas uma das pontas do colmo abertos para encaixe do eixo, medindo 35 cm de comprimento;

• Lascas de bambu para armação do fosso;

•ambus com entrenó longo, parede grossa (espessura de 1 a 1,5 cm), para fazer tabiques ou cavilhas, bitola 6 e 8 mm.

5.2 RELAÇÃO DE FERRAMENTAS eEQUIPAMENTOS UTILIZADOS

• Escadas de 3,5m e andaimes (ou 4 tambores de 200 l com tábuas);

• Cavadeiras (“polaca”) ou trado; • Pás;• Enxadas;• Colher de pedreiro;• Serrote; • Serrinha de cortar ferro; • Serra manual ou circular;

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• Furadeira 500 W, ou mais, com broca de 8mm e 30 cm de comprimento; broca de 6mm e 10mm de comprimento normal;

• Moto-serra; • Facão;• Machadinha; • Chave de boca 5/16”; chave de

boca;• Alicate; • Grosa;• Torquez;• Canivetes ou facas para fazer

tabiques; • Marreta de madeira; • Trena de 50 m; • Trena de 3 m; • Linha de pedreiro; • Mangueira transparente de água

para nivelamento da estrutura.

6. MONTAGEM DA ESTRUTURA

Imagem 6. Fosso, área de alimentação e escavação para fixação dos apoios dos “pés direitos”.Fonte: P+O/CPRA (2018)

área de alimentação fosso

Fixação apoios “pés direitos”

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Imagem 7. Chanfro de apoio para os “pés direitos”.Fonte: P+O/CPRA (2018)

Imagem 8. Montagem do conjunto “pé direito”/caibroFonte: P+O/CPRA (2018)

O local a se instalar a Bambucilga deve ser em área bem drenada, não sujeita ao encharcamento ou alagamento, e com sombreamento médio.

Feita a escolha do local, demarca-se a área de 3 m x 2 m e escava-se o fosso com a medida de 2 m largura x 2 m comprimento e 0,5 m de profundidade. Em seguida, escavam-se buracos medindo 0,3 m x 0,3 m x 0,5 m para a fixação dos apoios para os “pés direitos”. Estes buracos devem ficar a 0,2 m de distância da borda do fosso e de 1 m de distância entre eles (Imagem 6).Após a fixação dos apoios para os “pés direitos”, chanfram-se estes ao meio a uma profundidade de 25 cm (Imagem 7). A distância entre a base do chanfro e a base do piso deve ser de 25 cm. Prestar atenção para o alinhamento correto dos apoios, tanto na largura como no comprimento.

A montagem dos “pés direitos” deve ser realizada à parte, pois primeiro deve-se fixar estes aos caibros e só depois se fixam eles aos seus apoios (Imagem 9). Deve-se cortar a extremidade superior do “pé direito” no formato de “boca de peixe” para facilitar o encaixe e fixação no caibro. O bambu é fixado, passando-se o parafuso com um gancho por dentro do “pé direito”, que é preso a outro parafuso transversal. Este parafuso que passa pelo interior do “pé direito” irá atravessar a linha do caibro, na qual será fixado. Os parafusos para realizar esta tarefa são parafusos (hastes) de telha de 6 mm, com arruelas e porcas (Imagem 8).

passo 1

23

A montagem do conjunto “pés direitos” e caibros está representada na imagem a seguir (Imagem 9). Prestar atenção na medida das distâncias entre um apoio de “pé direito” e outro, esta deve ser tomada como base para a fixação dos “pés direitos” aos caibros.

Imagem 9. Fixação dos “pés direitos” junto ao caibro.Fonte: P+O/CPRA (2018)

passo 2

passo 3O passo seguinte é a fixação da estrutura montada aos seus apoios. Para isso. utilizamos barra rosqueada 5/16”, porcas sextavadas 5/16” e arruelas lisas 5/16”, metais preferencialmente galvanizadas. Cada “pé direito” deve ser fixado com dois parafusos. Neste momento, também é necessário estabilizar a estrutura “pé direito”/caibro com “mãos francesas” (Imagem 10).

Imagem 10. Fixação dos “pés direitos” em seus respectivos apoios.Fonte: P+O/CPRA (2018)

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Imagem 11. Fixação das vigas nos caibros Fonte: P+O/CPRA (2018)

passo 4

passo 5

As próximas peças a serem fixadas na construção são as vigas, uma na frente e outra no fundo da estrutura pela parte interna. Estas deverão ser fixadas aos “pés direito” com tabiques de bambu de 8 mm ou barra rosqueada, arruela e porcas 5/16”, e amarradas com fio torcido de poliamida, com espessura 210/096 (Imagem 11). Não esquecer de estabilizar a estrutura “pé direito”/viga com “mãos francesas”.

A próxima etapa é a instalação das ripas para a o apoio das telhas. No caso da construção realizada no CPRA, foram utilizadas 10 ripas com distâncias de 45 cm entre elas. A distância entre as ripas vai depender do tamanho das telhas que o produtor tiver disponível para sua construção e das instruções do fabricante das telhas. Foi adicionada uma ripa no sentido dos caibros,

disposta ao centro da construção para sustentação das ripas do telhado. Esta deve ser fixada às vigas e às ripas do telhado com tabique de bambu e amarrada com fio torcido de poliamida, espessura 210/096. Todas as ripas devem ser fixadas aos caibros com tabiques de bambu de 6 mm e amarradas com fio torcido de poliamida, espessura 210/096. É importante deixar um beiral de 1,0 m para cada lado da estrutura (Imagem 12).

Imagem 11. Fixação das ripas nos caibros e visualização do beiral.Fonte: P+O/CPRA (2018)

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disposta ao centro da construção para sustentação das ripas do telhado. Esta deve ser fixada às vigas e às ripas do telhado com tabique de bambu e amarrada com fio torcido de poliamida, espessura 210/096. Todas as ripas devem ser fixadas aos caibros com tabiques de bambu de 6 mm e amarradas com fio torcido de poliamida, espessura 210/096. É importante deixar um beiral de 1,0 m para cada lado da estrutura (Imagem 12).

passo 6

Algumas vezes é necessário realizar adaptações como um suporte para regular a altura do telhado.

O próximo passo é a colocação das telhas. Para a sua fixação nas ripas foram utilizados parafusos (hastes) de telha, bitola 6 mm, calços plásticos para telha ondulada, arruelas de borracha para vedação, arruelas de metal e porcas. Para permitir a fixação da telha, é necessário curvar a base da haste para que este abrace a ripa/bambu (Imagem 14).

Imagem 14. Fixação das telhas, por meio das hastes, nas ripas.Fonte: P+O/CPRA (2018)

Imagem 14. Armação com lascas de bambu para sustentação do solo cimento.Fonte: P+O/CPRA (2018)

Com o telhado pronto, é possível iniciar o revestimento do fosso e a construção das paredes sem precisar interromper a obra por ocasião de chuva.

O fundo e as paredes do fosso devem ser cobertos por solo cimento. Para garantir a fixação deste às paredes, uma trama de lascas de bambu deve ser encaixada por dentro do fosso (Imagem 15).

passo 7

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Imagem 16. Dosagem e mistura do solo cimento.Fonte: P+O/CPRA (2018)

Para construção destas estruturas, é possível a utilização de diversos materiais para amarração entre as lascas de bambu, por exemplo: pregos com diâmetros pequenos, arame ou barbante. Vale lembrar que se a lasca de bambu rachar não há problema, pois essa estrutura servirá apenas para que o solo cimento se fixe melhor nas paredes e no fundo.

A confecção do solo cimento foi realizada com solo de barranco: 3 partes de solo, 2 partes de areia e 1 de cimento (3:2:1), além de água. Todos estes produtos foram misturados em uma caixa de madeira (Imagem 16).

Para a escolha do solo mais adequado

para a confecção do solo cimento consultar o item 3 desta cartilha.

A confecção do solo cimento foi realizada com solo de barranco: 3 partes de solo, 2 partes de areia e 1 de cimento (3:2:1), além de água. Todos estes produtos foram misturados em

É muito importante umedecer o solo cimento por alguns dias

durante o período de “cura”, após a sua implantação na

construção, para evitar rachaduras.

A cobertura do fundo e das paredes com a massa pronta foi feita com as mãos, pois a consistência do solo cimento não era adequada ao uso de ferramentas. Houve uma tentativa de utilização de uma caixaria para molde, que se tornou desnecessária e que pela consistência plástica da massa, dificultou o trabalho. Mesmo assim, esta foi mantida com a função de molde para a borda superior do

fosso (Imagem 17). Também foi confeccionado um molde de madeira no perímetro externo da construção, com aproximadamente 10 cm de altura, cuja linha limite foi os apoios dos “pés direitos”. A medida entre a borda do fosso e a borda externa da construção foi de 30 cm de distância e 10 cm de altura (Imagem 18). Estes dois moldes devem estar nivelados em suas partes superiores.

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Imagem 17. Armação de madeira para moldar a borda do fosso.Fonte: P+O/CPRA (2018)

Imagem 18. Armação de madeira do fosso, perímetro externo e preenchimento com pedras irregulares e britadas.Fonte: P+O/CPRA (2018)

Imagem 19. Preenchimento da borda e do fosso com pedras e solo cimento.Fonte: P+O/CPRA (2018)

Este espaço foi preenchido com aproximadamente 5 cm de pedras e, em seguida, foi aplicada uma camada de aproximadamente 5 cm de solo cimento (Imagem 19). A

área de alimentação NÃO deve ser coberta com solo cimento, mas com concreto. Isso se deve ao fato de ser um local sujeito à permanecer mais tempo úmido, pela presença do cocho de água e por ação da corrosão provocada pelo sal mineral que deve ser fornecido ao animal.

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Imagem 20. Área do fosso com solo cimento e área de alimentação de concretoFonte: P+O/CPRA (2018)

A área de alimentação foi coberta por concreto traço 3:2:1, ou seja 3 medidas de areia, 2 medidas de brita e 1 medida de cimento. É muito importante que esta área permaneça com uma declividade de, pelo menos, 2% para escorrimento de qualquer resíduo líquido (Imagem 20).

passo 8

passo 9

O passo seguinte foi a confecção de uma mureta junto à borda do perímetro externo da construção – apenas na área do fosso, não é necessária na área de alimentação. Para tal, foram utilizados 70 tijolos maciços medindo 25 x 10 x 6 cm e o solo cimento (Imagem 20 e 21).

A construção do bebedouro foi realizada na sequência. Para tal, foi confeccionada uma caixaria (forma) em madeira com as medidas conforme a figura 5. A posição correta do bebedouro está conforme a imagem 22, com a parte menor posicionada dentro da construção. A altura da parte interna é de aproximadamente 15 cm e da parte externa é de 35 cm. A parte externa do bebedouro deve ser coberta com uma tampa para evitar entrada de sujeira e o acesso de mosquitos e outros insetos.

Imagem 21. Mureta junto à borda do perímetro externo da construção.Fonte: P+O/CPRA (2018)

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Imagem 22. Posicionamento do bebedouro.Fonte: P+O/CPRA (2018)

Imagem 23. Varas e ripas de sustentação para as paredes e detalhe da furação no pé direito para passagem do vergalhão de ferro.Fonte: P+O/CPRA (2018)

passo 10As paredes foram a etapa seguinte. Para dar sustentação a esta, foram fixadas peças de bambu, horizontalmente, na face externa dos “pés direitos” para servirem de apoio às peças de bambu que formaram as paredes, fixadas na posição vertical. Na parte da frente da estrutura, utilizou-se duas varas de bambu medindo 2,82 m e 7 cm de

diâmetro, aproximadamente. Cada vara distante entre si em 52 cm. Também foi necessária a utilização de duas ripas/lascas de bambu do mesmo comprimento das varas, com 5 cm de largura para melhor alinhamento da parede à estas varas. Nas laterais, foram necessárias duas varas de 3,05m de comprimento e 7 cm de diâmetro (Imagem 23).

varas Ripas

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Imagem 24. Furação e passagem do vergalhão pelas peças da paredeFonte: P+O/CPRA (2018)

Imagem 25. Parede lateral sustentada, sendo cada peça amarrada com barbante, ao suporte horizontalFonte: P+O/CPRA (2018)

passo 11Realizada esta fase, devem-se furar os “pés direitos” com broca número 10 mm na distância média entre as duas varas horizontais de suporte das paredes. Este furo é necessário para introduzir um vergalhão de ferro 8 mm que servirá de guia e suporte para as peças de bambu que comporão as paredes. Cada peça da parede mede 1,20 m de comprimento e 6 cm de diâmetro, aproximadamente. Este vergalhão

deve atravessar por dentro de todas as peças que compõem as paredes, até alcançar o “pé direito” seguinte. Cada peça da parede deve ser furada com broca 10 mm para a passagem do vergalhão. É conveniente posicionar cada peça na ordem que será fixada para encontrar o melhor alinhamento e aprumo e, então, fazer o furo para passagem do vergalhão. Esta tarefa exige duas pessoas (Imagem 24).

Após esta etapa, cada peça da parede deve ser amarrada com barbante espessura 210/072 junto à vara de suporte na parte superior e inferior (Imagem 25)

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Na parede anterior, deve-se atentar para o fato da presença do bebedouro. Neste caso, as peças que compõem a parede devem fazer a divisão entre a parte interna e a externa do bebedouro (Imagem 26). Por isso, as peças de bambu que formarão esta parede devem ser medidas e cortadas individualmente, pois, como varia a altura, os tamanhos serão variáveis.

Imagem 26. Posição da parede em relação ao bebedouro.Fonte: P+O/CPRA (2018)

Imagem 27. Parede da parte de trás com instalação da porta.Fonte: P+O/CPRA (2018)

passo 12O próximo passo é a confecção da parede do fundo, onde também se localizará a porta de entrada e saída da construção. As duas varas de sustentação devem ter medidas de 2,82 m de comprimento e em torno de 7 cm de diâmetro, já as ripas devem ter 2,82 m de comprimento e 5 cm

de largura. Esta etapa da construção segue da mesma forma que na imagem 23. Deve-se deixar um espaço para porta de aproximadamente 68 cm. A medida de um “pé direito” até a vara de suporte da porta é de 1,58 metros e do outro “pé direito” até a porta é de 25 cm (Imagem 27).

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Para a confecção da porta, as peças devem ter o mesmo comprimento e diâmetro que as da parede, além de estarem amarradas em três ripas/lascas horizontais, com 68 cm de comprimento e 5 cm de largura. Para garantir sua estabilidade, deve-se ainda atravessar um vergalhão de 8 mm por dentro das suas peças, assim como foi feito com as

paredes. É importante que a ripa de sustentação da parte superior da porta seja fixada em uma altura imediatamente acima da vara de sustentação superior da parede. O mecanismo utilizado para abrir e fechar a porta é uma peça de bambu mais comprida que as outras, com 1,75 metros, e que deve ser posicionada ao centro da mesma (alavanca de abrir e fechar a porta) (Imagem 28).

Imagem 28. Mecanismo para abrir e fechar a portaFonte: P+O/CPRA (2018)

Por cima da ripa mais alta da porta, deve-se fixar um eixo central que irá girar para abrir e fechá-la. Este eixo central deve ter, aproximadamente, 1,50 m de comprimento e 5 cm de diâmetro. Esta fixação deve ser realizada com três parafusos que devem atravessar o eixo, uma ripa e as peças da porta. Também é importante que o parafuso central seja fixado na vara mais comprida (alavanca de abrir e fechar a porta).Outro ponto importante é que, com o comprimento de 1,50 m, haverá

sobra de uma média de 35 cm de eixo para cada lado da porta. Esta deverá ser encaixada dentro de outra peça de bambu de bitola maior, com comprimento em torno de 40 cm, localizada do lado direito e outra do lado esquerdo da porta. A peça é uma secção de colmo de bambu com uma bainha de entrenó aberta e outra fechada. As pontas do eixo da porta devem encaixar dentro destas secções de forma que a porta articule com facilidade para abrir e fechar, como se fossem dobradiças (Imagem 29).

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Imagem 28. Mecanismo para abrir e fechar a portaFonte: P+O/CPRA (2018)

Imagem 29. Dobradiças” e eixo de movimentação da porta.Fonte: P+O/CPRA (2018)

Imagem 30. Corte da borda do pneu.Fonte: P+O/CPRA (2018)

As duas secções de colmo devem ser amarradas à vara de sustentação superior da parede e à parede para garantir sua estabilidade.

A porta deve abrir para dentro, sendo seu fechamento delimitado pela vara de sustentação da parede da parte de baixo, a batente.

passo 13A t a r e f a s e g u i n t e f o i a f a b r i c a ç ã o d o c o m e d o u r o a u t o m á t i c o , c o n f e c c i o n a d o com os seguintes materiais:

• 01 tonel de metal de 200 litros; • 01 cone metálico. (Recomenda-se o uso de chapa zincada);• 01 pneu usado de caminhão, 215/75 aro 16;• 12 m vergalhão de 8 mm;•Parafusos, arruelas, porcas sextavada e porcas “borboleta”.

A primeira etapa a ser seguida é o corte de uma das bordas do pneu para que os animais tenham acesso ao alimento. Este processo foi realizado com facão e um porrete (Imagem 30).

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Imagem 31. Visão de baixo do cone sobre o pneu.Fonte: P+O/CPRA (2018)

Imagem 32. Chapa“L” regulador da altura do fluxo de alimento.Fonte: P+O/CPRA (2018)

Imagem 33. Conformação da armação de metal.Fonte: P+O/CPRA (2018)

Em seguida, um cone de zinco foi confeccionado tendo o cuidado para que o diâmetro da borda inferior fosse maior que o diâmetro do vão (aro) do pneu, isso evita a perda de alimento (Imagem 31).

O próximo passo é a confecção de três chapas de ferro em “L”, que devem ser fixados/parafusados no tonel. Estas devem ser furadas na aba – parte que não está fixa no tonel, para passagem do parafuso que será o regulador da vazão do alimento. Este parafuso deve ser soldado à armação de ferro que envolve o tonel comedouro (Imagem 32). Para subir e descer o tonel é necessário apenas girar o parafuso para o lado desejado.

A armação de ferro ao redor do tonel consiste em: três aros; três hastes verticais; um fundo; dois aros que circundam o tonel; e um, de diâmetro maior, que circunda o pneu. As hastes devem ser soldadas em todos os aros e sua conformação segue como na imagem 33.

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O fundo deve ser confeccionado com duas hastes de ferro que se

cruzam em “X” soldados ao último aro (Imagem 34).

Imagem 34. Conformação das hastes do fundo.Fonte: P+O/CPRA (2018)

Além das hastes longas e principais, ainda é possível soldar outras hastes acessórias junto ao aro que circunda o pneu, que servem de delimitação de espaço no comedouro. Por fim, também é possível soldar ganchos auxiliares no aro intermediário para restringir o acesso dos animais menores para dentro do comedouro.

detalhe dos ganchos auxiliares

comedouro finalizado

hastes acessórias

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7. Resultados

Imagem 35. Estrutura pronta no CPRA Fonte: P+O/CPRA (2018)

Imagem 36. Estrutura pronta em propriedade.Fonte: P+O/CPRA (2018)

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Imagem 37 e 38. Eventos no CPRAFonte: P+O/CPRA (2018)

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8. referências[1]SOARES, A. Soluções Sustentáveis - Construção Natural. Ecocentro IPEC - Instituto de

Permacultura do Cerrado. Pirinópolis: Mais Calango Editora, 2007.

[2]ALMEIDA, Jaime G. de. Rede brasileira do bambu:proposta para a implantação de uma rede brasileira do bambu. I Seminário Nacional do Bambu: Estruturação da Rede de Pesquisa e Desenvolvimento, v. 2, n. 1, p. 9–10, 2006.

[3] OLIVEIRA, A. S. et al. Estudo da cobertura vegetal arbórea em praças urbanas – Cuiabá/Brasil. In: XI Encontro Nacional de Conforto no Ambiente Construído, 2011, Búzios. Anais... Búzios, 2011.

[3] RIVERO, Lourdes A. Laminado colado e contraplacado de bambu. Dissertação. 2003. 99f. (Mestrado em Engenharia Agrícola) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2003.

[4] SILVA, J. C. B. V.; LIMA, N. de; OLIVEIRA, V. M. de; Estufa ecológica uso do bambu em bioconstruções. Curitiba: CPRA, 2011.

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[7] BACH, Arnoldo Monteiro. Porcadeiros. Ponta Grossa-PR: Pallotti, 2009.

[8] BRUM, Argemiro. Petrópolis: Vozes, 1988.

[9] CAMPOS, Margarida Cassia. Modernização da agricultura, expansão da soja no Brasil e as transformações socioespaciais no Paraná. Revista Geografar, Curitiba, v. 6, n. 1, p. 161-191, 2011.

[10] TEIXEIRA, Francisco. Sadia 50 anos: construindo uma história. São Paulo: Prêmio, 1994.

[11] Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social – IPARDES. Disponível em:http://www.ipardes.gov.br/imp/index.php. Acesso em: 23 jan. 2018.

[12] SUCCESSFUL FARMING BRASIL. Disponível em:<http://sfagro.uol.com.br/suinos-conheca-as-principais-racas-que-garantem-o-sucesso-da-suinocultura/>. Acesso em: 23 jan. 2018. Artigo original do site SF Agro | Farming Brasil: http://sfagro.uol.com.br/.

[13] UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA UNIPAMPA. Departamento de Zootecnia. Disciplina de Suinocultura I. Professora Doutora Lilian Ribeiro Kratz. Jul. 2013. Disponível em:<http://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/4753/material/Ra%C3%A7as%20Suinas%20Slaid.pdf>. Acesso em:<23 jan. 2018.

[14] RURAL CENTRO. Disponível em:<http://ruralcentro.uol.com.br/noticias/historia-da-raca-suino-moura-53807>. Acesso em: 29 jan. 2018.

[15] STRAVAGANZA. Disponível em:<https://stravaganzastravaganza.blogspot.com.br/2011/02/criacao-de-suinos-no-brasil-as-racas.html>. Acesso em: 29 jan. 2018.

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O Centro Paranaense de Referência em Agroecologia (CPRA) vpromove e apoia ações de capacitação, pesquisa e ensino em produção orgânica e agroecológica. No município de Pinhais (PR), mantemos uma Fazenda Agroecológica de 147 hectares. Neste espaço, são geradas e validadas referências nas cinco áreas temáticas em que atuamos: Produção Vegetal Integrada; Produção e Bem-estar Animal; Recursos Naturais; Engenharia Alternativa; e Socioeconomia

& Comercialização.

este material faz parte do conjunto de produções do CPRA e seus parceiros, disponíveis em www.cpra.pr.gov.br.

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