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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS EMPRESARIAIS E DO TURISMO ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO Turismo e Desenvolvimento de Negócios Mestrado Orientadores: Professor Doutor Eugénio dos Santos Marine Alves de Almeida Lopes PORTO 2014

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I N S T I T U TO SUPER IOR DE C I ÊNC I AS EMPRESAR I A I S E DO TUR I SMO

ENOTURISMO :

FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO

Tur ismo e Desenvo lv imento de Negócios

Mestrado

Or ientadores: Professor Doutor Eugénio dos Santos

Mar ine Alves de Almeida Lopes

PORTO2014

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ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO

i

Agradecimentos

Neste espaço pretendo agradecer a todas as pessoas que ao longo do meu Mestrado

em Turismo e Desenvolvimento de Negócios me ajudaram, direta ou indiretamente, a

cumprir os meus objetivos e a realizar mais esta etapa da minha formação académica.

Desta forma, deixo apenas algumas palavras, mas um sentido e profundo sentimento de

reconhecido agradecimento.

Ao coordenador de Mestrado Professor Doutor Luís Ferreira, pela oportunidade

que me deu em escolher um tema que me era importante e pela contribuição ao

enriquecimento da minha formação académica e científica.

Ao meu orientador Professor Doutor Eugénio dos Santos pelo aconselhamento e

contribuição ao melhoramento deste projeto.

À Professora Lídia Aguiar, expresso o meu profundo agradecimento pela

orientação e apoio ao longo deste período e sobretudo pela dedicação aos alunos.

À Equipa da Comissão Vitivinícola do Dão, pela atenção e dispor que sempre

demonstraram, bem como às adegas pela informação que disponibilizaram.

A realização deste projeto não teria sido possível sem o apoio dos meus amigos e

colegas, por isso agradeço particularmente à Fátima que sempre me incentivou até nos

momentos de maior aflição e um especial obrigada à Diana pela sua dedicação e apoio

neste projeto.

Ao meu marido um especial agradecimento pelo apoio, pelas palavras de

incentivo, pela confiança e força transmitida em todos os momentos.

À minha tia Luísa pela sua paciência e dedicação.

Aos meus Pais, ao meu Irmão e Tios um enorme obrigada por acreditarem sempre

em mim e naquilo que faço e por todos os ensinamentos de vida. Espero que esta etapa,

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ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO

ii

que agora termina, possa, de alguma forma, retribuir e compensar todo o carinho, apoio

e dedicação que, constantemente, me oferecem. A eles, dedico todo este trabalho.

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ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO

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Resumo

O presente projeto denominado: “Enoturismo: Fator de Desenvolvimento da

Região do Dão?” realizou-se no âmbito do mestrado em Turismo e Desenvolvimento de

Negócios. O tema base desta investigação é o enoturismo enquanto elemento suscetível

de dinamizar a Região Demarcada do Dão.

O setor do turismo em Portugal é responsável pela geração de importantes receitas

e pela criação de um número considerável de postos de trabalho. No entanto, existem

regiões do país onde a dependência no setor é mais evidente. O setor do turismo assume-

se, deste modo, como um fator impulsionador do desenvolvimento socioeconómico.

A pesquisa incidiu no desenvolvimento do Enoturismo na Região do Dão.

Analisou-se igualmente o desenvolvimento do Enoturismo em termos europeus, tendo

em conta a sua manifestação mais expressiva: as Rotas do Vinho.

O enoturismo, enquanto produto turístico, não deve restringir-se à existência de

unidades vitivinícolas com capacidade para receber visitas. Efetivamente, o produto

enoturismo será tanto mais rentável, quanto melhor se valorizar, proteger e promover os

recursos da região vitivinícola, integrados num “mix” de serviços e equipamentos. A

organização e qualificação da oferta existente faculta a possibilidade de captar, em cada

local, um maior número de clientes, aproveitando a dinâmica do setor do turismo

enquanto setor que origina um fluxo de visitantes no território, podendo adquirir os

produtos junto dos produtores, aumentando assim o impacto direto e o volume de

negócios de cada agente económico.

Palavras-chave: Vitivinicultura, Enoturistas, Enoturismo, desenvolvimento local.

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ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO

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Abstract

This project called: "Wine tourism factor of development of the Dão region" was

held under the master's degree in Tourism and Business Development. The basic theme

of this research is the wine tourism as susceptible element to boost the demarcated region

of Dão.

The tourism sector in Portugal is responsible for generating significant revenue

and the creation of a considerable number of jobs. However, there are regions of the

country where dependence is most evident in the sector. The tourism sector is assumed,

therefore, as a factor of socio-economic development lever.

The research focused on the development of wine tourism in the Dão region. Also

analyzed the development of wine tourism in European terms, taking into account its most

significant manifestation: the Wine Routes.

The wine tourism as a tourism product, should not be limited to the existence of

wine units with capacity to receive visitors. Indeed, the wine tourism product will be

much more profitable, the better to appreciate, protect and promote the resources of the

wine region, an integrated mix of services and equipment. The organization and

categorization of the supply, provides the ability to capture, at each location, a larger

number of customers, taking advantage of the dynamics of the tourism sector which

originates as a flow of visitors to the area sector, and you can purchase products directly

from producers together thus increasing the direct impact and the turnover of each

economic agent.

Key Words: Viticulture, Wine turists, Wine Tourism and local development.

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ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO

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Índice Agradecimentos ................................................................................................................. i

Resumo ............................................................................................................................ iii

Abstract ............................................................................................................................ iv

Indice de Figuras ............................................................................................................ vii

Indice de Tabelas ........................................................................................................... viii

Lista de Siglas .................................................................................................................. ix

Capítulo I – Introdução, Motivações, Objetivos, Metodologia e Estrutura do projeto. ... 1

1.1 Introdução .......................................................................................................... 1

1.2 Motivações, Objetivos e Justificação da Pesquisa ............................................. 2

1.2.1 Motivações e Justificação da Pesquisa ....................................................... 2

1.2.2 Objetivos ..................................................................................................... 2

1.3 Metodologia ....................................................................................................... 4

1.4 Estrutura do Projeto ........................................................................................... 6

Capítulo II – Revisão de Literatura .................................................................................. 7

2.1 O Enoturismo ..................................................................................................... 8

2.1.1 Definição .................................................................................................... 8

2.1.2 As vantagens para os profissionais dos vinhos ........................................... 9

2.1.3 Enoturismo e Turismo de Educação ......................................................... 11

2.2 O Enoturista ..................................................................................................... 13

2.2.1 Perfil do Enoturista ................................................................................... 14

2.2.2 Motivações dos Enoturistas ...................................................................... 17

2.3 Destinos de Enoturismo ................................................................................... 19

2.3.1 Os requisitos para um destino de Enoturismo .......................................... 19

2.3.2 Os principais destinos de Enoturismo no mundo ..................................... 21

Capítulo III – Região do Dão – Caso de Estudo ............................................................ 22

3.1 A história da vitivinicultura ............................................................................. 22

3.1.1 A vitivinicultura na região do Dão. .......................................................... 25

3.2 A região demarcada do Dão ............................................................................. 26

3.2.1 Caracterização da região ........................................................................... 26

3.2.2 As castas utilizadas na região do Dão ...................................................... 28

3.2.3 O clima da região do Dão ......................................................................... 34

3.2.4 Geologia e solos ....................................................................................... 35

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ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO

vi

3.2.5 Condução da vinha ................................................................................... 36

3.3 As adegas e quintas da região do Dão : potencial de criação de um destino de

enoturismo .................................................................................................................. 38

Capítulo IV – Benchmarking ...................................................................................... 45

4.1 Estudo de casos ................................................................................................ 45

4.1.1 Bordéus ..................................................................................................... 47

4.1.2 Toscana ..................................................................................................... 55

4.1.3 Rioja ......................................................................................................... 61

4.2 Estudo comparativo ......................................................................................... 66

Capítulo V – Proposta de desenvolvimento de Enoturismo para a Região do Dão .... 69

5.1 Proposta de desenvolvimento ............................................................................... 69

5.1.1 Estrutura da proposta ...................................................................................... 69

5.2 Análise dos objetivos ............................................................................................ 70

5.3 Revisão da literatura ............................................................................................. 70

5.4 Estudos de caso ..................................................................................................... 71

5.5 Pontos Fortes e Oportunidades da região do Dão para o Enoturismo. ................. 72

5.5.1 Pontes Fortes .................................................................................................. 72

5.5.2 Oportunidades ................................................................................................ 74

5.6 Planos de ações ..................................................................................................... 75

Capítulo VI – Limitações ao estudo, propostas para investigações futuras e conclusão.

.................................................................................................................................... 79

6.1 Limitações ao estudo ............................................................................................ 79

6.2 Propostas para investigações futuras .................................................................... 79

6.3 Conclusão .............................................................................................................. 80

Bibliografia ..................................................................................................................... 82

Anexos ............................................................................................................................ 84

Anexo A ...................................................................................................................... 84

Anexo B ...................................................................................................................... 86

Anexo C ...................................................................................................................... 91

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ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO

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Indice de Figuras

Figura 1: Estrutura do projeto ........................................................................................... 6

Figura 2: Casta Touriga-Nacional .................................................................................. 30

Figura 3: Casta Alfrocheiro ............................................................................................ 30

Figura 4: Casta Tinta Roriz ............................................................................................ 31

Figura 5: Casta Jaen ........................................................................................................ 31

Figura 6: Casta Tinta Pinheira ........................................................................................ 31

Figura 7: Casta Encruzado .............................................................................................. 32

Figura 8: Casta Malvasia Fina ........................................................................................ 32

Figura 9 : Casta Bical ..................................................................................................... 33

Figura 10: Casta Cercial ................................................................................................. 33

Figura 11 : Mapa da rota dos Vinhos do Dão ................................................................. 40

Figura 12: Mapa da região Vitivinícola de Bordéus ...................................................... 51

Figura 13 : Mapa da região vitivinícola de Bordéus com os tipos de vinhos produzidos

........................................................................................................................................ 52

Figura 14: Mapa das zonas de produção do Chianti. ...................................................... 60

Figura 15: Mapa da região vitícola da Toscana .............................................................. 61

Figura 16 : Mapa da região de origem qualificada Rioja ............................................... 66

Figura 17 : Estrutura da proposta ................................................................................... 69

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ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO

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Indice de Tabelas

Tabela 1: Descrição das castas utilizadas na região do Dão........................................... 30

Tabela 2: Produção Vinícola por Região ........................................................................ 34

Tabela 3 : Caracterização das Quintas pertencendo a Rota dos Vinhos do Dão ............ 41

Tabela 4 : Caracterização das adegas cooperativas pertencendo a rota dos vinhos do Dão

........................................................................................................................................ 43

Tabela 5 : Caracterização das Quintas que têm interesse no desenvolvimento da Rota do

vinho Dão ....................................................................................................................... 44

Tabela 6 : Características da oferta enoturística das adegas. .......................................... 53

Tabela 7 : Caracterização da oferta enoturistica das adegas .......................................... 59

Tabela 8: Caracterização da oferta enoturística das adegas. .......................................... 65

Tabela 9 : Comparação da oferta enoturística das regiões vitivinícolas......................... 67

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ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO

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Lista de Siglas

BIVB – Bureau Interprofessionnel des Vins de Bourgogne

BTSA – Brevet de Technicien Supérieur Agricole

CVRD – Comissão Vitivinícola Regional do Dão

DOC – Denominação de Origem Controlada

DOCG – Denominação de Origem Controlada e Garantida

DOP – Denominação de origem Protegida

IDI – Investigação, Desenvolvimento e Inovação

INE – Instituto Nacional de Estatística

IVV – Instituto da Vinha e do Vinho

TIES – The Internacional Ecoturism Society

UNESCO – United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization

VIP – Very Important Person

VQPRD – Vinho de Qualidade Produzido em Região Determinada

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ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO

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Capítulo I – Introdução, Motivações, Objetivos, Metodologia e

Estrutura do projeto.

1.1 Introdução

O enoturismo, ou turismo associado aos vinhos, encontra-se numa fase de grande

expansão. A notoriedade dos vinhos portugueses, tal como a sua variedade, explica-se em

grande parte pela diversidade de recursos que caracteriza a região do Dão: as paisagens

vitícolas são a tradução estética e característica que faz parte do património turístico do

país. Constatou-se ainda que quer o vinho, quer a gastronomia, sempre constituíram uma

forte motivação na visita de um destino turístico.

Segundo um estudo feito pelo INE, um dos principais fatores de atração turística

da região de Viseu, é o vinho e a gastronomia. O setor do turismo assume uma posição

de destaque na estratégia de desenvolvimento da sub-região, tendo como suporte a

valorização dos recursos territoriais específicos com maior potencial de atração turística.

Os elementos culturais e paisagísticos, os produtos artesanais, a gastronomia e os recursos

termais, entre outros, contribuem diretamente para o desenvolvimento da economia local,

constituindo-se ainda como fatores de identidade territorial. Em Portugal, um visitante

sobre três, aponta espontaneamente o vinho e a gastronomia como motivação para a

escolha de um destino. O turismo do vinho raramente é uma atividade isolada. É exercida

normalmente em conjunto com o turismo rural, ecoturismo e por vezes também com o

turismo de aventura.

O vinho corresponde a uma cultura milenar que integra várias dimensões do

património: património paisagístico, monumental, histórico e gastronómico.

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ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO

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1.2 Motivações, Objetivos e Justificação da Pesquisa

1.2.1 Motivações e Justificação da Pesquisa

A minha ligação a enologia começou desde criança já que o meu pai é enólogo na

região de Jurançon (França). Isso levou-me a frequentar o curso de BTSA (Brevet de

Technicien Superieur Agricole) Technico-commercial Boissons, Vins et Spiritueux na

escola vitícola de Montagne Saint-Emilion em Bordéus (França). Obtive também uma

licenciatura em Managment Realtions Clients durante a qual tive a oportunidade de

estagiar 4 meses na União das Adegas Cooperativas da região do Dão, seguindo-se mais

2 meses na Adega Cooperativa de Silgueiros (Viseu).

Atualmente a viver no Sátão (distrito de Viseu) e a trabalhar na cidade numa

empresa ligada aos vinhos, tinha necessariamente que escolher um projeto onde me viria

a sentir realizada.

Conhecendo minimamente a região do Dão, entendeu-se que se poderia com este

projeto mostrar a importância do enoturismo dando um contributo para o

desenvolvimento desta antiga região, mas simultaneamente rica em património cultural e

natural.

1.2.2 Objetivos

O objetivo geral deste projeto consiste em chamar a atenção para a importância

do enoturismo e da atividade vitivinícola para a região do Dão, capaz de dinamizar a

mesma através de uma oferta turística inovadora, que a projete a nível nacional e

internacional. Ainda neste contexto, face à abrangência territorial e á riqueza patrimonial

que se pretende associar a este projeto, temos como objetivo final do mesmo o

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ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO

3

desenvolvimento da atividade enoturistica fazendo uma proposta de desenvolvimento do

enoturismo na região do Dão.

Assim, será necessário trabalhar um conjunto de objetivos específicos:

1. O primeiro objetivo específico passa pelo desenvolvimento da atividade

vitivinícola na região, onde observaremos de muito perto sobretudo nas Adegas

Cooperativas e Quintas Vinícolas. Dai apresentaremos as castas utilizadas na região do

Dão, a caracterização do clima da mesma, a geologia e solos onde estão plantadas as

vinhas e a condução destas últimas.

2. O desenvolvimento do enoturismo da região do Dão, onde se apresentarão os

principais atrativos turísticos dos quais dispõem as Adegas e as Quintas Vinícolas.

3. Posteriormente e como terceiro objetivo específico, pretende-se dar um

contributo na reformulação da Rota dos Vinhos do Dão para que ela tenha uma fruição

turística mais atrativa incluindo-se o património material e imaterial da região que ela

atravessa.

4. Paralelamente, pretende-se proporcionar o desenvolvimento do turismo no

meio rural, com uma oferta viável, que vise a intervenção e revitalização local e regional,

através da criação de infraestruturas indispensáveis á industria turística, bem como o

fomento e a conservação das tradições de cada local.

Este conjunto de objetivos que sustentam o desenvolvimento do projeto deverão

contribuir para alcançar o desenvolvimento do enoturismo na região do Dão.

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ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO

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1.3 Metodologia

Segundo Pizam (1994), a investigação em turismo destina-se a fornecer

informações que possam ajudar os gestores a tomarem decisões, seguindo um caráter de

objetividade, reprodutibilidade e sistematização.

Após a identificação e formulação do problema, esta investigação assentou

sobretudo em quatro momentos.

Um primeiro correspondente à pesquisa bibliográfica, feita de forma a conhecer

melhor a problemática. Um segundo momento que diz respeito à identificação e análise

de estudos de caso, para encontrar elos de ligação entre os produtos. Depois, num terceiro

momento, a identificação e estudo de modelos já existentes para sustentar o que ia sendo

estudado e afirmado na bibliografia analisada. Por fim, um quarto momento, que resulta

na construção da proposta de desenvolvimento de enoturismo para a Região do Dão.

No processo relativo aos tipos de pesquisa utilizados neste projeto, foram utilizados

dois modos de proceder: a pesquisa bibliográfica (pesquisa exploratória) e a análise de

modelos existentes e estudos de caso (pesquisa descritiva).

A pesquisa exploratória (ou pesquisa bibliográfica) serve para o investigador se

familiarizar com o objeto de estudo, permitindo assim tomar conhecimento das ideias e

estudos já existentes sobre o tema, buscando sempre autores mais reputados.

Formulação do problema

Portanto, a partir da pesquisa exploratória realizada no início desta investigação,

poderemos formular algumas hipóteses que se pretendem testar em relação à nossa

pergunta chave: “Enoturismo Fator de Desenvolvimento da Região do Dão?”

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ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO

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- Quanto maior for o conhecimento sobre vinhos, maior o interesse por atividades ligadas

à sua produção e menor atenção por outras atividades turísticas complementares.

- As atividades vitivinícolas são um dos fatores de atracão no concelho de Viseu.

- Os eventos a volta do vinho poderão contribuir para um maior número de entradas

turísticas na região e, por conseguinte, como potenciador de desenvolvimento regional.

Dentro deste contexto será necessário ter em atenção as necessidades do mercado

a serem satisfeitas, tornando-se fundamental que se perceba os diferentes tipos de

enoturistas que pode receber a região. Estes muitas vezes procuram provas de vinhos ou

atividades relacionadas com esse produto. Esses fatores podem variar em termos de

necessidades de um turista para o outro.

Análise de estudos de casos (Pesquisa descritiva)

Numa primeira fase, procede-se a caracterização da região do Dão a nível

geográfico e climático. Depois um levantamento exaustivo de adegas e quintas de modo

a perceber-se os recursos e atividades ligadas ao enoturismo.

Num segundo momento, estudar-se-á o que se pratica em outros países em termos

de produtos e serviços enoturísticos, em geral.

Construção da proposta de desenvolvimento de enoturismo para a região do

Dão

Após toda a análise, depois de relacionar os modelos existentes e associá-los com

todos os elementos analisados no decorrer de toda a pesquisa efetuada, será proposto um

modelo de desenvolvimento de enoturismo para a Região viseense.

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ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO

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Proceder-se-á ao levantamento dos pontos fortes e oportunidades da atividade na

região.

1.4 Estrutura do Projeto

Este trabalho está dividido em 6 capítulos como é possível observar no esquema

seguinte.

Figura 1: Estrutura do projeto

Fonte : O autor

Um primeiro Capítulo onde é feita uma introdução ao tema em estudo e analisada

a metodologia seguida durante toda a investigação. Neste capítulo também são expressas

as motivações que me levaram a estudar este tema e os objetivos a alcançar com este

estudo.

Num segundo Capítulo é dado início ao estudo do setor do enoturismo, das suas

mais recentes tendências, bem como os principais requisitos para um bom destino. Inicia-

se com a definição e continuamos com uma análise às vantagens apontadas para os

profissionais dos vinhos. Também é estudado o enoturista com o seu perfil e motivações.

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ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO

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No terceiro Capítulo é feito um estudo de caso sobre a Região do Dão, tendo como

principal objetivo a caracterização da sua oferta enoturística.

No quarto Capítulo é possível encontrar a análise de 3 modelos existentes e

respetivos estudos de caso, que no presente projeto contribuirão para comparação com a

Região do Dão.

Relativamente ao quinto Capítulo, é feita a junção de todas as variáveis estudadas,

na revisão da literatura e na análise aos modelos existentes apresentados, para que daí

possa resultar uma proposta de desenvolvimento do enoturismo na Região do Dão.

O sexto e último Capítulo é constituído pelas conclusões que foram permitidas

tirar desta investigação bem como as recomendações que possam ser feitas acerca do

projeto.

Capítulo II – Revisão de Literatura

O enoturismo ou turismo associado aos vinhos encontra-se numa fase de grande

expansão. A notoriedade dos vinhos portugueses tal como a sua diversidade explica-se

em grande parte pela variedade do local: as paisagens vitícolas são a tradução estética e

característica que faz parte do património turístico do país. Depois sabemos que o vinho

e a gastronomia sempre constituíram uma forte motivação na visita de um destino.

Segundo um estudo feito pelo INE, um dos principais fatores de atração turística da

região de Viseu é o vinho e a gastronomia.

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ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO

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2.1 O Enoturismo

2.1.1 Definição

«Enoturismo é composto por deslocações realizadas pela motivação de

visitar e conhecer adegas, caves e regiões vitivinícolas, considerado como uma

ferramenta de marketing e um meio para promover o desenvolvimento do destino,

representando uma oportunidade para realizar vendas à porta e proceder a

iniciativas de marketing direto para as unidades do sector vitivinícola» (Getz,

2000 : 3)

A Dão Sul, sociedade vitivinícola da região do Dão, onde está situada a cidade

de Viseu, define o enoturismo como:

a deslocação de pessoas, que têm interesse na cultura vínica,

realizando experiências vínicas, tornando-se assim, uma importante

ferramenta de Marketing, para a construção de uma imagem positiva dos

vinhos da região. Assim no enoturismo poderemos encontrar atividades

como: provas de vinhos, visita a produtores, combinação de gastronomia e

vinhos, desfrutar da paisagem, a experiência paralela de atividades

culturais, naturais e sociais associadas às regiões vitivinícolas. (Carvalho,

2007: 23)

O enoturismo é uma área de grande crescimento dentro do turismo, mesmo sendo

um sector relativamente jovem, tem grandes possibilidades de crescimento, que permitirá

segundo Hall e Macionis (2000), a longo e médio prazo, ter sustentabilidade e

rentabilidade. As razões da expansão dessa área é o crescimento global do interesse pelo

vinho, as estratégias regionais para organizar e promover o enoturismo, a abertura dos

produtores de vinhos a visitantes e o desenvolvimento de estruturas nas regiões vitícolas:

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ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO

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hotéis, restaurantes, festas, eventos e serviços de animação. A gastronomia também tem

tido tendência a ser caracterizada como elemento de convivialidade.

Assim podemos dizer que o enoturismo é um importante produto turístico, que

permite realçar as potencialidades de algumas regiões vitivinícolas e salientar a oferta

turística e patrimonial da região. Embora não haja muitos estudos sobre a região do Dão,

há muitos estudos e investigações sobre enoturismo. Além disso Portugal é um país rico

em regiões vitivinícolas e com fortes tradições de consumo de vinho. O turismo de

Portugal comprova essa afirmação com um estudo onde apresentam o enoturismo como

um dos 10 produtos estratégicos para o desenvolvimento do turismo em Portugal

(Turismo de Portugal, 2006).

2.1.2 As vantagens para os profissionais dos vinhos

É interessante analisarmos a produção de vinho no mundo, para salientar a

importância que o turismo do vinho está a ter em Portugal. De facto, segundo um estudo

da organização internacional da vinha e do vinho (2013), a Europa é o maior produtor de

vinho do mundo no top 10 dos maiores produtores de vinhos em 2012. Encontramos a

França em primeiro lugar com 45 milhões de hectolitros, a Itália em segundo lugar com

42,6 milhões de hectolitros e depois encontramos em décimo lugar Portugal com 5,9

milhões de hectolitros. O enoturismo pode ser então um elemento de turismo muito

benéfico para aumentar as exportações de vinhos do país. O turismo do vinho pode

também favorecer a educação dos consumidores (ensinar-lhes a reconhecer algumas

características dos vinhos…) e fidelizá-los, o que contribuirá para uma boa imagem das

regiões e das adegas.

Isso permite-nos perceber que o desenvolvimento do turismo do vinho resulta de

um aumento do interesse sobre o vinho, manifestado no florescimento de quintas

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particulares, na atenção dos media e na curiosidade do consumidor em conhecer a origem

e o produtor, assim como a possibilidade de adquirir raridades a preços acessíveis. Não

menos importante, é o facto das regiões vitivinícolas serem lugares aprazíveis: as vinhas

compõem paisagens esteticamente agradáveis e o clima característico destas regiões é,

também, durante a maior parte do ano, bastante ameno. Para além disso, há que

acrescentar a necessidade de comunhão com a natureza por parte da sociedade urbana.

É necessário também perceber as vantagens que tem o enoturismo para os

profissionais do vinho. Efetivamente, não só é importante pelas vendas que proporciona,

como também por constituir um apoio à sensibilização dos consumidores para o produto

vinho. Como dissemos anteriormente, o vinho é comercializado internacionalmente,

portanto o enoturismo também permite a promoção de uma marca. Tem capacidade de

desempenhar um papel significativo no desenvolvimento regional, sobretudo nas zonas

rurais, através da sua contribuição económica, social e ambiental. O benefício do

enoturismo para os produtores, associações de viticultores e todos os profissionais do

vinho, é o aumento das margens de vendas, com a eliminação gradual da intermediação

existente no meio, através de uma venda cada vez mais direta (Carvalho, 2007). É de

notar que geralmente apenas um em cada dez clientes não compra nada à adega.

Esta forma de turismo trás vantagens porque permite divulgar novos produtos,

diversificar a gama de produtos e leva a novas oportunidades de negócio. O turismo do

vinho também permite aos profissionais testar os seus produtos, de forma a avaliar o

feedback dos visitantes e perceber se corresponde as expectativas dos consumidores.

Permite também educar o consumidor através destas atividades de marketing sensorial.

Por fim essas atividades cada vez mais desenvolvidas nas regiões vitivinícolas permitem

uma sazonalidade equilibrada. Pois o enoturismo pode ser feito a qualquer altura do ano.

Não é muito condicionado pela meteorologia, porque as atividades tanto podem ser

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desenvolvidas no interior como no exterior (Barroco Novais & Antunes). Nota-se

portanto que o enoturismo pode trazer vantagens para muitas adegas e caves, em especial

às de pequena dimensão. No entanto para outras, poderá ser um negócio secundário, um

mero canal promocional ou ainda uma forma de ensinar, educar os enoturistas a provar o

vinho. Para certos estabelecimentos também pode proporcionar o aumento de novos

potenciais consumidores e o alargamento a novos segmentos de mercado.

Mas o enoturismo não é só dedicado aos turistas, as populações locais também

podem participar. O que se revela interessante, porque pode permitir às adegas fazer

novas parcerias com os restaurantes locais e alojamentos, por exemplo. Por outro lado, o

enoturismo pode trazer muitas vantagens para as regiões ou a comunidade local. As

principais vantagens são o aumento do número de visitantes e a sua contribuição para a

economia local, sendo de realçar que muitos retornaram aos locais, tornando-os de eleição

nas suas escolhas pessoais. Aqui também destacamos de novo o problema da

sazonalidade que é ultrapassado nas zonas onde se pratica o enoturismo, sendo o processo

de viticultura repartido por todo o ano. O turismo do vinho também pode ter vantagens

sociais, na criação de emprego, de eventos para residentes e visitantes, na criação e

melhoramento de novas infraestruturas, contribuindo para o desenvolvimento das regiões.

No entanto, para alguns autores, o enoturismo pode proporcionar alguns impactos

negativos para os residentes e para a região vitivinícola como, a degradação ambiental,

poluição, o aumento dos custos de financiamento, a formação dos recursos humanos, o

aumento do tráfego automóvel… (Barroco Novais & Antunes).

2.1.3 Enoturismo e Turismo de Educação

O enoturismo também envolve uma vertente muito interessante que é a educação.

Sem a educação muitos problemas podem surgir numa comunidade ou num país. Segundo

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um estudo feito por Indira De Sousa & Toscana (2005), a educação tem como objetivo

guiar o homem no seu desenvolvimento, dotando-o de conhecimentos gerais sobre o

mundo e a sociedade, com capacidade de julgar as mudanças que ocorrem neste mundo.

Este mesmo estudo conclui que a educação quando bem empregada para a sociedade

resulta em cidadãos com a liberdade de criticar, bem como entender os factos, estando

estes ligados à situação social com objetivo de ajudar a sociedade. Turismo e educação

estabelecem um diálogo contínuo, tendo como base a interdisciplinaridade como processo

de integração e compromisso dos educadores num trabalho conjunto em busca de um

conhecimento global. O enoturismo é uma ferramenta para educar os enoturistas sobre o

que é o vinho, como se prova, quais as suas características… O turismo de educação e de

aprendizagem não tem fim. As férias educativas para turistas cada vez mais ativos,

constituem uma tendência que se acentua ao passar dos anos e que oferece a possibilidade

para a indústria do turismo, permitindo aos destinos explorar diferentemente as suas

instalações. É um nicho promissor que deixa lugar à inovação e à criatividade. Segundo

a comissão canadiana do turismo, o turismo de aprendizagem caracteriza-se com a

combinação de educação, interação, estimulação, procura de autenticidade e de

experiência. Portanto a educação tem uma importância relevante para o turismo do vinho

e a formação dos trabalhadores não deve ser colocada de parte para poderem dar a

conhecer aos visitantes os vinhos e todas as suas componentes.

Nas definições até aqui apresentadas não se fala do tempo de estadia dos visitantes do

enoturismo, efetivamente é normalmente uma atividade desenvolvida em poucos dias.

Mas ainda falta considerar os outros elementos que compõem o sistema do enoturismo,

designadamente, incorporar a vertente da oferta no seu conceito. Na base do

desenvolvimento do enoturismo destacam-se três elementos: os consumidores, os

destinos e os fornecedores.

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Esta configuração do sistema do enoturismo reconhece-se na definição sugerida por

(Getz, 2000 : 3): «Wine tourism is travel related to the appeal of wineries and wine

country, a form of niche marketing and destination development, and an opportunity for

direct sales and marketing on the part of the wine industry».

2.2 O Enoturista

Os turistas de vinho são os que atribuem um valor especial às deslocações aos

territórios onde se produz o vinho. São os que não querem somente degustar os vinhos

mas também conhecer a história das suas vinhas, a cultura da terra e das gentes que a

habitam. O turista atual revela uma apetência crescente por produtos com dimensão

cultural, com destaque para a riqueza patrimonial, arquitetónica e humana dos destinos

que seleciona para os seus tempos de lazer, a par de uma crescente consciencialização

para as questões ecológicas e de preservação do meio ambiente. Segundo Costa (2003),

é de considerar também o número de vezes que as pessoas tiram férias por ano. Cada vez

mais se opta pelo gozo de férias repartidas e distribuídas ao longo do ano. O que permite

ao setor prolongar o ciclo de vida dos seus produtos e portanto equilibrar a sazonalidade.

Os principais desafios da indústria do turismo é compreenderem o turista, as suas

características, necessidades e comportamentos. As adegas e profissionais de vinhos

devem perceber os consumidores, o que eles desejam, quais os benefícios que eles

procuram para depois adaptarem os seus produtos ao público-alvo. Têm portanto de

pensar na segmentação, que vai representar a adaptação e o esforço marketing feito para

responder às necessidades do consumidor. Segundo Kotler citado por Costa (2003), o

facto de segmentar os mercados também pode permitir baixar os custos e aumentar a

eficiência das atividades promocionais.

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2.2.1 Perfil do Enoturista

Distinguem-se quatro tipos de turistas segundo Hall & al. (2000). Primeiro os

profissionais, depois os amantes de vinhos, a seguir os interessados em vinhos e por fim

os turistas curiosos. Segundo um estudo feito pela Vinitur (2009), os consumidores

ocasionais caracterizam-se pelo facto do enoturismo ser uma das componentes de oferta

do destino. Têm um interesse superficial pelo vinho, valorizam aspetos complementares

(arquitetura, o património…), onde uma visita vínica é um atração frequentemente

inserida em touring cultural. O Touring Cultural e Paisagístico é um produto que tem

como motivação principal: descobrir, conhecer e explorar os atrativos de uma região. As

atividades englobam percursos em tours, rotas ou circuitos de diferente duração e

extensão, em viagens independentes e organizadas (Turismo de Portugal, 2006). Este tipo

de consumidores procura ou compra normalmente em visitas de curta duração, inseridos

em grupos mistos. Querem provas de vinhos fáceis, um acolhimento não técnico mas

informador e contextualizado. O desafio para o produtor é portanto de cativar, fidelizar e

promover a marca do vinho frente a este segmento de mercado. São pessoas que se situam

numa faixa etária jovem, entre 25 e 35 anos.

Os consumidores interessados são pessoas situadas entre 40 e 50 anos, para quem

o enoturismo é uma componente muito relevante na oferta do destino. A decisão de viajar

passa pelo enoturismo, podendo ser essa a primeira razão. Têm interesse evidente em

aprofundar o conhecimento pelo vinho ainda que numa base pouco técnica e segundo

eles, uma ou mais visitas vínicas são componentes importantes num programa de lazer

ou corporativo. Este nicho de consumidores, compra ou procura visitas privadas e

completas, provas de vinhos de gamas médias e alta, em local específico. Desejam um

acolhimento personalizado de acordo com certos objetivos. Gostam dos cursos de provas

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ou outras atividades com vinhos. Os desafios dos produtores para este tipo de consumidor

é emocioná-los e fidelizá-los à marca.

Para os consumidores dedicados, de uma faixa etária entre 50 e 60 anos, o

enoturismo é a razão de ser da viagem ao destino, têm grande expectativa mesmo sendo

a viagem cuidadosamente planeada, estudam, conhecem previamente vinhos, produtores,

enólogos, são importantes consumidores de vinhos e procuram conhecer aspectos

particulares e técnicos dos vinhos. Estes consumidores procuram e compram visitas

técnicas, guiadas por enólogos, produtores ou altos responsáveis de empresas. Querem

provas de vinhos de gamas superiores, provas especiais (vinhos em pré-lançamento ou

anos muito especiais e com edições limitadas). Desejam conhecer tendências,

particularidades, potencial de envelhecimento, mistura de castas… Com esses

consumidores, os produtores devem estar muito atentos e procurar estabelecer um

relacionamento duradouro e fidelizado.

Encontramos também os profissionais, pessoas peritas em vinhos e na cultura de

vinhos, de 30 a 45 anos de idade, com capacidade de analisar com o responsável da adega

ou o enólogo as virtudes ou defeitos de um vinho.

Todos estes consumidores têm requisitos perante os produtores de vinho e o

destino a visitar. Procuram serviços com atendimento adequado como, sinalização,

estacionamento, limpeza e cortesia. Gostam também de encontrar no final da visita, lojas

com vinhos e outros produtos próprios ou da região como acessórios de vinhos, livros,

brochuras, artesanato entre outros no sentido em que os produtores têm que ter atitudes

de responsabilidade ambiental e social. Também apreciam a possibilidade de fazer

refeições, eventos culturais por exemplo música e pintura.

Sobre o destino a visitar também têm algumas exigências, os consumidores

ocasionais procuram sítios com programas com gastronomia, enoturismo com animação,

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festas e eventos culturais onde o vinho e a comida são elementos lúdicos. Os

consumidores interessados procuram destinos com programas com gastronomia

qualificada, o enoturismo como componente importante de um programa associado ao

incentivo (golfe, bem-estar…). Escolhem destinos com festas e eventos, onde o vinho e

a comida são objetos de tratamento de nível profissional. Por fim, os consumidores

dedicados procuram destinos onde existem programas com gastronomia qualificada, onde

o enoturismo e os vinhos tenham reconhecimento e notoriedade, onde as festas e eventos,

o vinho e a comida são objeto de tratamento profissional. Portanto todos eles procuram

uma região rica em elementos associados à cultura vínica: museus, artes, monumentos,

literatura… O destino tem de valorizar a paisagem, natural e humanizada, os meios de

transporte devem ser diversificados (barcos, comboios históricos, helicópteros, etc.),

também tem de englobar a sustentabilidade ambiental e social, enotecas e locais de

referenciação enoturística, sinalização e meios de informação.

Como visto anteriormente, os enoturistas tendem a ser cada vez mais jovens.

Segundo o estudo feito pelo Turismo de Portugal (2011), o perfil básico dos

consumidores, de viagens de gastronomia e vinhos são adultos entre 35 e 60 anos com

elevado poder de compra. São maioritariamente homens de elevado nível sociocultural.

Informam-se através de clubes sociais de vinhos e gastronomia, ou através de imprensa

especializada como a internet. São turistas que costumam comprar em sites especializados

através da internet ou em agências de viagens especializadas. Podem viajar todo o ano

mas com maior frequência na primavera e outono. Neste estudo, definem a estadia entre

3 e 7 dias para este tipo de consumidores, onde efetivamente não praticam só enoturismo,

mas também turismo cultural, religioso ou de desporto. Podem ser consideradas duas

vertentes relativamente ao modo de tirar as férias: uma vez por ano para este tipo de

destino ou para clientes mais entusiastas podem viajar de 3 a 5 vezes por ano. Muitas

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vezes são casais ou grupos reduzidos que compram este tipo de serviços. É de salientar

que Portugal é reconhecido como destino de vinho e gastronomia, mesmo sendo o seu

posicionamento mais débil que o da França ou Itália, líderes do mercado.

2.2.2 Motivações dos Enoturistas

As principais motivações dos turistas de vinhos são usufruir de produtos

tradicionais e conhecer o património enológico e gastronómico. Procuram também

provar, conhecer e reconhecer o vinho, querem aprender sobre os vinhos e suas ligações

à comida, estão motivados pelos trabalhos da vinha (vindima, trabalhos em verde,

poda…). Mas não são só motivações ligadas aos vinhos, também ao património, à cultura,

arquitetura e arte. Querem conhecer aspetos ambientais e ecológicos da produção de

vinho. Desfrutar de um certo estilo de vida, bem-estar e elegância. Muitas vezes as

motivações dos turistas de vinho podem ser segmentadas, a Vinitur segmenta as

motivações dos enoturistas da seguinte maneira: pelos níveis etários,

nacionalidade/origem, objetivos da visita ou tipo de interesses pelos vinhos. O enoturista

é definido pela Vinitur como o colecionador de destinos. Segundo Costa (2003), os

consumidores portugueses são essencialmente indivíduos com idades entre os 35 e 40

anos. Os homens costumam consumir vinho tinto e às refeições, já as mulheres preferem

os vinhos brancos e o seu consumo está normalmente associado a épocas festivas.

Conhecer o perfil do consumidor português de vinhos é extremamente importante,

na medida em que o consumidor de vinho é, mais do que qualquer outra pessoa, um

potencial consumidor da experiência turística ligada ao vinho, pelo que, no contexto do

presente trabalho, seja oportuno e pertinente aqui apresentar o seu perfil. O perfil do

consumidor português de vinho foi estudado e definido num estudo realizado pela

Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verde (2003),

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Apresentaremos algumas conclusões do estudo:

- O número médio de garrafas compradas por mês pelo agregado familiar é de 9. Na

região Norte, a média de garrafas compradas é superior às outras regiões. Os indivíduos

com idade acima dos 65 anos compram em média mais garrafas que as outras faixas

etárias. A decisão de compra de vinho é marcadamente masculina (84%). No caso dos

indivíduos solteiros a decisão é predominantemente do pai, enquanto nos casados é o

cônjuge que toma a decisão. Os jovens e estudantes são compradores pouco ativos.

- Em relação ao preço, o valor que os inquiridos estão dispostos a dar por garrafa, está

dependente da ocasião, local e categoria do vinho. As ocasiões mais importantes para

oferecer vinho são jantares em casa de amigos, o Natal e a Páscoa, sobretudo para vinhos

específicos como o Vinho do Porto e o Espumante.

- Verifica-se que o termo VQPRD (Vinho de Qualidade Produzido em Região

Demarcada) é aquele que é mais associado a vinho de qualidade, apesar de variar de

acordo com o rendimento, habilitações literárias e género. O local de compra preferido é

o hipermercado, seguindo-se a compra direta no produtor. Em último aparece a Internet

e o clube de vinhos.

- O local de maior consumo em média é a casa. Nos indivíduos com menos de 24 anos e

solteiros, o restaurante aparece em primeiro lugar. A semana e o fim-de-semana são as

principais ocasiões de consumo dos indivíduos do sexo masculino, enquanto nos

indivíduos do sexo feminino são essencialmente as ocasiões especiais.

- As fontes de informação mais utilizadas dividem-se em dois conjuntos: primeiro,

informação obtida através de conhecimento pessoal e do conselho amigo ou familiar;

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segundo, a informação no local de venda através do rótulo, contrarótulo e prateleira no

local de venda.

- No que respeita à preferência por região/tipo de vinho, destaca-se em primeiro lugar o

Alentejo, em tinto e branco. Em relação ao vinho tinto, segue-se o Douro, em terceiro o

Dão e em quarto a Bairrada, com valores idênticos entre vinho tinto e branco. Os vinhos

verdes aparecem em segundo lugar nos vinhos brancos.

Todavia, têm surgido críticas na região vitivinícola e à qualidade restritiva da lista

de motivações. Por um lado, muitas atrações ligadas ao vinho podem ser encontrados em

ambientes urbanos (por exemplo museus, caves, exposições, festivais). Por outro lado,

haverá visitantes cuja motivação primária não tenha a ver com o vinho em si (por exemplo

quando o maior interesse esteja na paisagem física e cultural, na comida, ou no estilo de

vida associado), e mesmo os que tenham, pode variar quanto ao grau de interesse e

conhecimento sobre o vinho.

2.3 Destinos de Enoturismo

2.3.1 Os requisitos para um destino de Enoturismo

É relevante perceber quais são os requisitos básicos para se considerar um Destino de

enoturismo. Primeiro é necessário que a região tenha uma certa abundância e variedade

de vinhos e de gastronomia regional, diversidade de empresas com produtos associados

à gastronomia e vinhos, instalações de produção organizadas e adaptadas às visitas

turísticas, existência de restaurantes, pontos de provas ou de mostras, sinalização turística

adequada, oferta de alojamento variado e de qualidade, recursos humanos especializado.

As adegas de um Destino de Enoturismo devem situar-se próximas dos núcleos

urbanos. O destino de turismo vitivinícola ideal é segundo o turismo de Portugal aquele

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que englobe a gastronomia, vinhos e alojamentos (Turismo de Portugal, 2011). As adegas

que pretendem fazer enoturismo têm de oferecer aos seus visitantes, visitas guiadas,

provas de vinhos, menus de degustação (isso pode ser feito por pacotes, em que cada

visitante escolhe o seu pacote de produtos), lojas de vinhos, experiências vínicas.

Segundo a estação do ano as atividades poderão ser diferentes e poderão ser também

efetuados dentro da adega. A adega ideal para o enoturismo também deve oferecer uma

facilidade de idiomas e uma flexibilidade de horários. Todos os produtores que oferecem

enoturismo devem diferenciar-se para poderem captar o maior número de visitante

possível. Esta diferenciação pode ser no estilo de vinho e de castas utilizadas, no

segmento-alvo, no tipo de visitas (com audiofones, visita – aula, visitas com provas…),

no tipo de prova (provas comentadas, provas didáticas), no tipo de instalações vínicas

(cave subterrânea, adega moderna…), nas instalações complementares (museus,

património histórico, jardins, casa…), nos meios de transportes utilizados (jipe, trator,…).

Segundo um estudo feito pelo Turismo de Portugal (2006), a região centro de Portugal

dispõe de diversas oportunidades para o enoturismo porque tem uma cozinha regional

sedutora, uma oferta turística diversificada, alternativas como o turismo de sol e praia, o

turismo religioso, cultural, de aventura, de desporto…Definem a região com segura,

tendo um povo hospitaleiro e um clima muito agradável.

Porém, o enoturismo na região do centro também apresenta alguns problemas como,

a pouca flexibilidade de horários das adegas, a falta de visão das mesmas por causa da

escassez de sinalização, a falta de transportes públicos e a distância entre elas e a falta de

promoção. É portanto interessante pensar num projeto inovador para a região vitivinícola

do Dão considerando os aspetos acima apresentados. Sobretudo que apesar de dispor de

muitas vantagens para o desenvolvimento do enoturismo, uma vez que esta atividade é

pouco utilizada no negócio.

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2.3.2 Os principais destinos de Enoturismo no mundo

Segundo a revista americana Forbes, foram eleitos como os 10 melhores destinos

enoturístico no mundo em 2014:

- Castello Banfi, Toscana (Itália).

- Montes, Colchagua Valley (Chile)

- Ken Forrester, Stellenbosch (Africa do Sul)

- Fournier, Mendoza (Argentina)

- Leeuwin Estate, Margaret River (Austrália).

- Felton Road, Central Otago (Nova Zelândia)

- Bodegas Ysios, Rioja (Espanha)

- Quinta do Portal, Douro (Portugal)

- Château Lynch-Bages, Bordéus (França)

- Peter Jakob Oestrich, Rhein/Mosel (Alemanha)

Segundo um estudo feito por Atout France (2010), as adegas em França

acolheram, entre 2008 e 2010, cerca de 12 milhões de visitantes. Noutros países, como a

Nova Zelândia, África do Sul ou Argentina, o enoturismo foi também objeto de grandes

investimentos na criação de infraestruturas turísticas diretamente ligadas ao setor

vinícola, como salas de prova, rotas de vinho, infraestruturas complementares, assim

como na oferta de restauração e golfe, no sentido de poder contribuir para atrair um

número crescente de turistas. Também em Itália, a região da Toscânia associou a sua

promoção turística à produção e promoção de vinhos de qualidade reconhecida,

reforçando a imagem da região como um destino de excelência em termos de combinação

de beleza natural, história, cultura, gastronomia e vinhos.

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Capítulo III – Região do Dão – Caso de Estudo

3.1 A história da vitivinicultura

A origem dos vinhos em Portugal parece remontar há cerca de 2000 anos A.C. A

romanização da Península veio determinar a consolidação da produção do vinho em

Portugal já que o desenvolvimento de Roma fazia disparar o consumo, exigindo uma

produção cada vez maior a que as vinhas locais não davam resposta (Pinto Campos,

2012). Cabia, assim, às colónias, satisfazer a procura e garantir que o vinho corria, farto,

em todo o império romano. A grande expansão do Cristianismo, nos séculos VI e VII

seria decisiva para alargar os horizontes do vinho, conferindo-lhe um valor simbólico de

extrema importância, e alargando o seu alcance e o seu consumo. Entre os séculos VIII e

XII, época marcada pela influência árabe e por uma cultura que proibia terminantemente

o consumo de bebidas fermentadas, a cultura da vinha e a produção de vinho mantiveram-

se, curiosamente, beneficiando do espírito benevolente e protetor com que os árabes

encararam os agricultores. A importância que o vinho assumiu nas cerimónias religiosas

favoreceu a cultura da vinha e o vinho. Lentamente, os vinhos de Portugal foram

ganhando notoriedade, e na segunda metade do século XIV a produção de vinho conheceu

uma fase de grande desenvolvimento e exportação.

Segundo Pinto Campos (2012), os séculos XV e XVI marcaram uma evolução

decisiva na história do vinho. Transportado nas caravelas essencialmente como lastro, os

vinhos licorosos foram envelhecendo dentro das barricas espalhadas pelos porões das

galés, onde o tempo, o calor e o balanço do mar fizeram um pequeno milagre, oferecendo

no regresso, um vinho de qualidade ímpar, considerado precioso e vendido a peso de ouro.

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Em 1703, com o acordo de regulamentação das trocas comerciais entre Portugal e

Inglaterra, estabelecido no Tratado de Methuen, a exportação do vinho português conhece

uma nova fase de expansão. Como em tantos outros aspetos da vida nacional, o Marquês

de Pombal exerceu uma forte influência no setor da vitivinicultura, tendo estabelecido

uma série de medidas protecionistas visando em particular a região do Alto Douro e o

afamado Vinho do Porto.

O século XIX marca um período negro para a vitivinicultura em Portugal.

Inicialmente pela devastação provocada pela doença do oídio, a que se lhe seguiu a praga

de filoxera, inicialmente surgida na região do Douro em 1856, onde rapidamente se

espalhou a todo o país, devastando a maior parte das regiões vinícolas (Labruyère & al.

2006). Vencida esta ameaça, a produção de vinhos portugueses inicia a sua recuperação

e regressam à ribalta na grande Exposição de Londres de 1874.

Segundo o IVV (2014), no início do século XX inicia-se o processo de

regulamentação oficial de várias outras denominações de origem portuguesa. Madeira,

Moscatel de Setúbal, Carcavelos, Dão, Colares e Vinho Verde vão assim juntar-se ao

Vinho do Porto e aos vinhos de mesa do Douro. Com o Estado Novo (1926-1974), é

criada a Federação dos Vinicultores do Centro e Sul de Portugal (1933) que tem como

principal papel contribuir para a regularização do mercado. Sucedeu-lhe em 1937 a Junta

Nacional do Vinho, organismo de âmbito mais alargado e com uma forte componente

cooperativista, cuja intervenção considerava o equilíbrio entre a oferta e o escoamento, a

evolução das produções e o armazenamento de excedentes em anos de grande produção,

de forma a garantir a compensação dos anos de escassez.

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Em 1986, a Junta Nacional dos Vinhos é substituída pelo Instituto da Vinha e do

Vinho, organismo adaptado às estruturas impostas pela nova política de mercado

decorrente da adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia.

O conceito de “Denominação de Origem” é então harmonizado com a legislação

comunitária, e é regulamentado o “Vinho Regional” que são os vinhos de mesa com

indicação geográfica. São então constituídas as Comissões Vitivinícolas Regionais

(associações de direito privado e de caráter interprofissional, regidas por estatutos) que

desempenham um papel fundamental no incremento e desenvolvimento da qualidade e

prestígio dos vinhos portugueses. Porque, assumem a responsabilidade pela defesa das

Denominações de Origem e das Indicações Geográficas, aplicam e vigiam o cumprimento

da regulamentação existente. (Pinto Campos 2012).

Estão atualmente reconhecidas e protegidas 31 Denominações de Origem e 12

Indicações Geográficas em Portugal. Os apoios da Europa foram essenciais para a

viabilização de inúmeras vinhas e adegas modernas que impulsionaram a atividade

vitivinícola.

Portugal possui ainda diversas cooperativas e algumas empresas de sucesso. Mas nas

últimas décadas assistiu-se ao crescimento de um grande número de produtores

independentes, alguns dos quais anteriormente entregavam as suas uvas nas cooperativas

e que entretanto se equiparam para produzir seus próprios vinhos. Hoje, Portugal possui

uma seleção de bons vinhos para oferecer ao mundo como nunca antes teve.

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ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO

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3.1.1 A vitivinicultura na região do Dão.

A presença da vinha e a produção de vinho na região do Dão é uma atividade

milenar. Os vestígios existentes, como as lagaretas, testemunham dessa antiguidade

((Loureiro, 1997) citado por (Piedade Baeta Caetano, 2009)). A forte implantação de

ordens religiosas, teve um papel fundamental no desenvolvimento vitícola, pois os

monges, pondo em prática todos os conhecimentos da época, difundiam a cultura da vinha

e a correta produção do vinho. Segundo a mesma autora, terá sido na 2ª metade do século

XIX que a atividade vitícola atingiu a máxima expressão. Para tal contribuíram os preços

atrativos do vinho oferecidos por comerciantes estrangeiros, com especial relevância para

os franceses. Esta situação resultou dos danos causados por doenças e pragas da videira

que dizimaram quase totalmente as vinhas europeias e que só mais tarde apareceram em

Portugal. Surgiram a filoxera e o míldio, provenientes da América. Entraram em Portugal

pelo Douro alastrando-se mais tarde ao Dão onde causaram graves problemas (Piedade

Baeta Caetano, 2009). Foi após este período de crise que Portugal foi dividido em 17

regiões vitícolas, onde se inclui a região do Dão. Mais tarde, pelo Decreto de 11 de Julho

de 1912, estabeleceu-se a demarcação definitiva da região, que ainda hoje se encontra em

vigor. Para melhor diferenciação da Região Demarcada do Dão, surge o novo estatuto

legal pelo Decreto-lei nº 376/93 de 5 de Novembro, que a individualizou em 7 sub-

regiões:

• A sub-região do Alva da qual fazem parte os concelhos de Oliveira do Hospital e Tábua;

• A sub-região de Besteiros constituída pelos concelhos de Mortágua, Santa Comba Dão

e Tondela;

• A sub-região de Castendo, constituída pelo concelho de Penalva do Castelo e pelas

freguesias de Rio de Moinhos e Silvã de Cima, do concelho do Sátão;

• A sub-região da Serra da Estrela da qual fazem parte os concelhos de Gouveia e Seia;

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• A sub-região de Silgueiros constituída pelas freguesias de Fragosela, Povolide, São João

de Lourosa, Santos Evos e Silgueiros, do concelho de Viseu;

• A sub-região de Terras de Azurara constituída pelo concelho de Mangualde;

• A sub-região de Terras de Senhorim da qual fazem parte os concelhos de Carregal do

Sal e Nelas.

3.2 A região demarcada do Dão

3.2.1 Caracterização da região

A região demarcada do Dão, situa-se na região Centro de Portugal e abrange 16

concelhos dos distritos de Viseu, Guarda e Coimbra e das comunidades intermunicipais

de Viseu Dão Lafões, Beiras e Serra da Estrela e da região de Coimbra (ver figura nº2)

Figura 2 :Mapa da região Vitivinícola do Dão

Fonte : http://alemdovinho.com

Com uma área total de cerca de 3900 Km², esta região com denominação de

origem controlada é limitada a norte pela DOC Távora Varosa, a Este pela DOC Beira

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Interior e a Oeste pela DOC Bairrada e pela indicação de proveniência regulamentada de

Lafões. O concelho que apresenta o maior número de habitantes é Viseu, concentrando

cerca de 32% da população residente no território do Dão, seguindo-se Tondela com

9,4%. Regulamentada e delimitada desde 1908, é, segundo a CVRD, a região mais antiga

de Portugal no que diz respeito aos vinhos de mesa. Estende-se por uma área de

aproximadamente 376,000 hectares de terra e apresenta cerca de 20,000 hectares de vinha,

sendo destes 15534 hectares são de vinha apta à produção de vinho com direito a

atribuição de Denominação de Origem. Estende-se ao longo dos municípios de Arganil,

Oliveira do Hospital, Tábua, (distrito de Coimbra) Aguiar da Beira, Fornos de Algodres,

Gouveia, Seia (distrito da Guarda), Carregal do Sal, Mangualde, Mortágua, Nelas,

Penalva do Castelo, Santa Comba Dão, Sátão, Tondela e Viseu (distrito de Viseu).

Segundo o decreto de lei n°376/93 (ver o anexo B) produz-se na região em anos

normais, cerca de 450,000 hectolitros de vinho. Encontram-se em grandes quantidades os

vinhos Tintos, Brancos e Rosados, os espumantes são mais escassos. É a região conhecida

como o berço da Touriga-Nacional, apresenta vinhas dispersas e descontínuas, divididas

em múltiplas parcelas. É uma região rodeada de montanhas, assente em solos graníticos

pouco ricos, e prolonga-se por vinhedos até aos 1000 metros de altitude na zona da serra

da Estrela e a 200 metros nas áreas mais baixas, sendo que é entre os 400 e 500 metros

que a vinha vegeta em maior quantidade e com as melhores condições para a atribuição

da denominação de origem controlada Dão (Comissão Vitivinicola Regional do Dão,

2014).

A denominação “Dão” é uma Denominação de Origem Protegida (DOP). Todos

os vinhos tintos, brancos, rosados e espumantes produzidos na região vitivinícola,

tradicionalmente designada por região demarcada do Dão, podem usufruir deste nome

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desde que cumpram os requisitos estabelecidos neste estatuto e na demais legislação

aplicável. Acresce que nos vinhos brancos e tintos de DOP Dão, cuja produção,

elaboração e engarrafamento satisfaçam os requisitos específicos, a denominação Dão

poderá ser utilizada em associação com a menção “Nobre”. Para isso terão de obedecer a

algumas exigências, como por exemplo, serem inscritos em registos específicos, indicar

na rotulagem o ano e a colheita e serem acondicionados de acordo com as normas

constantes do regulamento interno.

3.2.2 As castas utilizadas na região do Dão

Segundo o decreto de lei n°376/93, algumas castas devem obrigatoriamente

figurar no encepamento das vinhas da região do Dão. Neste caso as castas tintas

recomendadas são: Alfrocheiro Preto, Alvarelhão, Aragonez (chamada também Tinta-

Roriz), Bastardo, Jaen, Rufete (Tinta Pinheira), Tinto-Cão, Touriga-Nacional,

Trincadeira (Tinta Amarela). Porém, as castas tintas autorizadas são: Água-Santa, Baga,

Camarate, Campanário, Cornifesto Tinto, Malvasia Preto, Marufo, Monvedro, Periquita,

Tinta Carvalha, Touriga-Brasileira e Tourigo.

No que diz respeito às castas brancas, as recomendadas são: o Barcelo, Bical

(Borrado das Moscas), Cercial, Encruzado, Malvasia-Fina, Rabo-de-ovelha, Terrantez,

Uva Cão e Verdelho.

As castas brancas autorizadas na região são: Arinto-do-Douro, Assaraky, Dona-

Branca, Esgana-Cão, Fernão Pires, Jampal, Luzidio, Malvasia Fina Roxa, Malvasia Rei,

Siria, Tamarez e Verdial. São também consideradas como autorizadas na elaboração dos

vinhos DOC Dão as seguintes castas, desde que não ultrapassem 40% do conjunto:

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- Tintas: Alicante Bouschet (chamada também Tinta Fina), Cabernet-Sauvignon e Pinot-

Noir.

- Brancas: Alicante Branco, Pinot-Blanc e Semillon.

Na elaboração dos vinhos tintos e brancos a comercializar com a denominação de

origem “Dão”, associada a menção “Nobre”, só poderão ser utilizadas as seguintes castas

recomendadas:

- Castas tintas: Touriga-Nacional num mínimo de 15%, Alfrocheiro preto, Aragonez

(Tinta-Roriz), Jaen e Rufete, no conjunto ou em separado até 85%.

- Castas Brancas: Encruzado num mínimo de 15%, Bical, Cercial, Malvasia-Fina e

Verdelho, no conjunto ou em separado até 85%.

Vários estudos revelam que as castas mais características da região do Dão são

Touriga-Nacional, Alfrocheiro, Tinta-Roriz, Rufete e Jaen. Destaca-se que terá sido no

Dão, na aldeia de Tourigo, que nasceu a Touriga-Nacional, aquela que é por muitos

considerada como a rainha das castas portuguesas. Relativamente às castas brancas,

predominam a Bical, Encruzado, Cercial e Malvasia Fina.

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Tabela 1: Descrição das castas utilizadas na região do Dão

Figura 2: Casta Touriga-

Nacional

Fonte:http://winesofportug

al.info

Inicialmente cultivada na região do Dão, a Touriga-Nacional,

rapidamente foi expandida à zona do Douro para ser utilizada na

produção de vinho do Porto. É uma casta de pouca produção: possui

cachos abundantes, mas pequenos. Os bagos têm uma elevada

concentração de açúcar, cor e aromas. Os vinhos produzidos ou

misturados com esta casta são bastante equilibrados, alcoólicos e

com boa capacidade de envelhecimento.

Figura 3: Casta

Alfrocheiro

Fonte:

http://winesofportugal.info

É na região do Dão que a casta Alfrocheiro tem maior expressão. A

casta Alfrocheiro é bastante fértil, daí a necessidade de controlar a

sua produção, para que os bagos não percam qualidades, como a cor.

É também importante controlar a vindima desta casta, pois apresenta

uma maturação precoce e é bastante suscetível a doenças,

nomeadamente à podridão. Esta casta produz vinhos de cor muito

intensa e com aromas que recordam flores silvestres, amoras

maduras e especiarias.

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Figura 4: Casta Tinta

Roriz

Fonte :

http://winesofportugal.info

A Tinta Roriz é uma das castas mais conhecidas da Península

Ibérica. Originária de Espanha, onde toma o nome de

"Tempranillo", é também conhecida por Aragonês. É uma casta

muito adaptável a diferentes climas e solos. As condições ideais são

solos arenosos e argilo-calcários em climas quentes e secos, para

que a produção seja menor e os bagos mais concentrados. Esta casta

origina vinhos de elevado teor alcoólico, de baixa acidez e indicados

para envelhecer, sendo muito resistentes à oxidação.

Figura 5: Casta Jaen

Fonte:

http://winesofportugal.info

A casta Jaen é uma casta muito comum no Dão e pensa-se que terá

sido trazida para a região através dos peregrinos que rumavam a

Santiago de Compostela. A Jaen além de produzir generosamente é

também uma casta de maturação precoce. É bastante sensível ao

míldio e à podridão. Os vinhos produzidos a partir da casta Jaen são

essencialmente caracterizados pela sua cor intensa, baixa acidez e

aromas intensos a frutos vermelhos.

Figura 6: Casta Tinta

Pinheira

Fonte :

http://winesofportugal.info

A casta Rufete, também conhecida por Tinta Pinheira, é

essencialmente cultivada nas regiões do Douro e do Dão. É uma

casta produtiva e os seus cachos e bagos são de tamanho médio. É

particularmente sensível ao oídio e ao míldio. Esta casta raramente

produz vinhos de elevada qualidade, no entanto, se atingir o tempo

de maturação ideal (sensivelmente no fim de Outubro) consegue

produzir vinhos encorpados, aromáticos e capazes de permanecer

muitos anos em garrafa.

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Figura 7: Casta

Encruzado

Fonte :http://winesofportu

gal.info

O cultivo da casta Encruzado é praticamente exclusivo da zona do

Dão, sendo provavelmente a melhor casta branca plantada na região.

É utilizada na produção da maioria dos vinhos brancos. Esta tem

uma boa produção e é bastante equilibrada em açúcar e acidez. É

muito sensível à podridão e a condições climatéricas desfavoráveis

(chuva e vento).Os vinhos compostos por esta casta são muito

aromáticos e de sabor acentuado.

Figura 8: Casta Malvasia

Fina

Fonte :

http://www.infovini.com/

A Malvasia Fina é uma casta que encontra no Dão condições

climáticas que lhe permitem expressar todas as suas potencialidades,

sendo por isso a mais cultivada na região. O seu cacho é médio e

frouxo e os bagos são pequenos, heterogéneos e com epiderme verde

amarelada com média pruína. Possibilita a obtenção de vinhos de

cor citrina, com aromas intensos, apesar de simples, dominados

pelas tonalidades florais, com acidez equilibrada e um final

elegante, ainda que de média persistência.

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Figura 9 : Casta Bical

Fonte :

http://www.infovini.com/

A casta Bical é típica da zona da Bairrada e do Dão (onde se

denomina “Borrado das Moscas”, devido às pequenas manchas

castanhas que surgem nos bagos maduros). Esta casta é de

maturação precoce, por isso os seus bagos conservam bastante

acidez. É muito resistente à podridão, contudo particularmente

sensível ao oídio. Os vinhos produzidos com esta casta são muito

aromáticos, frescos e bem estruturados. Na Bairrada a casta Bical é

muito utilizada na produção de espumante.

Figura 10: Casta Cercial

Fonte :

http://www.infovini.com/

A casta Cercial é cultivada em diferentes regiões vitícolas. De

acordo com a região pode adotar diferentes grafias e apresentar

características ligeiramente diferentes. As principais características

das variedades da Cercial são a elevada produção e boa acidez. Esta

casta produz o famoso vinho generoso Sercial da Madeira, um vinho

seco que depois de envelhecer adquire características excecionais.

Os vinhos monovarietais desta casta são geralmente um pouco

desequilibrados, por isso é costume lotar a Cercial com outras

castas.

Fonte : O Autor

Segundo o IVV, houve em 2012 um aumento de 17% da produção na região do

Dão. Como podemos ver na figura seguinte. O aumento da produção leva então a um

aumento do consumo de vinhos e produtos a volta do vinho tanto tangíveis como

intangíveis (vinho, gourmet e enoturismo).

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ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO

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Tabela 2: Produção Vinícola por Região

Fonte: http://winesofportugal.info/

3.2.3 O clima da região do Dão

A Região do Dão é caracterizada pelas variações micro climáticas, às quais está

exposta devido às características do seu relevo. A bordadura orográfica atenua as

influências climáticas exteriores à região. O clima é temperado. É quente e seco no Verão,

em Julho e Agosto, as temperaturas médias mensais oscilam entre os 18 e os 20ºC,

podendo as máximas chegar aos 28-30ºC. É nestes meses que as precipitações são raras,

sendo em média menos de 20 mm. No Inverno, a precipitação é elevada, fazendo-se sentir

uma acentuada descida da temperatura, que no mês de Dezembro e Janeiro atinge o seu

valor mais baixo, com médias de 2ºC, nas zonas de Viseu e Serra da Estrela, e de 3ºC no

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resto da região (Piedade Baeta Caetano, 2009). As variações micro climáticas existentes,

são de grande importância para a cultura da vinha e para a qualidade do vinho (Loureiro

& Cardoso, 1993). Segundo os mesmos autores é possível distinguir seis “tipos de clima”

super-húmido, determinados pela influência das serras do Caramulo e da Estrela, quinze

“tipos de clima “húmido e um “tipo de clima” sub-húmido, numa pequena zona do limite

nordeste da região, junto a Penalva do Castelo e Fornos de Algodres. Segundo Loureiro

& Cardoso (1993), a pluviosidade e as disponibilidades de água no solo, são

determinantes para a qualidade e diferenciação do vinho, principalmente do tinto, sendo

melhores os que são produzidos em zonas em que a precipitação média anual é de 1100

a 1400 mm/ano, podendo, no caso do vinho branco, ser produzido em zonas com maior

precipitação, na ordem dos 1600 mm/ano. Além da pluviosidade, também a temperatura

e a luminosidade são determinantes, daí ter em conta a exposição a que as vinhas estão

sujeitas.

3.2.4 Geologia e solos

A maior parte da Região do Dão pertence ao chamado Maciço Antigo Ibérico e

apesar de ser uma região muito homogénea, não deixam de estar presentes, para além das

rochas plutónicas, as metamórficas e as sedimentares. Cerca de 70 % da região é

constituída por rochas plutónicas, principalmente no interior da bordadura orográfica, e

20 a 25 %, por xistos argilosos. A maior parte do solo é de origem granítica, sendo este

granito grosseiro, vulgarmente designado por dente de cavalo. São solos de texturado

franco ou franco-arenosa, com elevada percentagem de elementos grosseiros, e com boa

drenagem. Estes são solos com grande afinidade para a vinha em que sua baixa fertilidade

é essencial para a qualidade dos vinhos especialmente dos tintos (Loureiro & Cardoso,

1993). Os solos xistosos são mais profundos, compactos e argilosos, com maior

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capacidade de retenção de água e mais férteis, no entanto, o facto de se localizarem em

zonas periféricas, não permite avaliar se a qualidade dos vinhos se deve ao solo ou ao

clima.

3.2.5 Condução da vinha

As vinhas do Dão, capazes de originar os vinhos que notabilizaram a região, são

conduzidas em manchas contínuas aramadas. As videiras são conduzidas, de um modo

geral, em forma de cone invertido, a cerca de 60-70 cm acima do solo. A altura do tronco

e o comprimento dos braços é, ainda hoje, muito variável, até dentro da mesma vinha.

A forma de condução das videiras está muito condicionada aos seus hábitos de

frutificação, não sendo fácil afirmar se foram as castas existentes na região que

determinaram o tipo de poda que tradicionalmente se pratica ou, pelo contrário, se houve

uma seleção de castas no sentido de permitir a generalização de um tipo único de poda.

O certo é que a maioria das castas tradicionais da região frutifica melhor no terço médio

das varas, implicando uma poda longa, em vara de 6 a 8 olhos, para que a produção de

uvas seja satisfatória. Nesta forma de condução, são deixadas varas em número variável,

consoante o vigor das cepas. Este sistema de condução tem o inconveniente de provocar

a elevação continuada das unidades de frutificação, em consequência de uma poda

baseada nas varas e na sua empa acima do terceiro olho.

Como já foi referido, uma poda longa implica a operação complementar da empa,

com o objetivo de assegurar o equilíbrio vegetativo da cepa. Nas vinhas não aramadas,

a empa é feita recorrendo a tutores mortos, geralmente ramos de pinheiro, cuja curvatura

natural os torna especialmente adequados à função.

Há algumas décadas atrás, as vinhas começaram a ser aramadas com o intuito de

uniformizar as plantações e facilitar, consequentemente, a mecanização das operações

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culturais (Labruyère, Shirmer, & Spur, 2006). Os compassos de plantação aumentaram,

passando a variar entre 1,20 m e 2 m na distância entre linhas e 1 m e 1,20 m de distância

entre cepas. Este sistema de condução das videiras passou a condicionar o seu

desenvolvimento vegetativo num plano ao longo das filas, isto é, a vegetação começou

a ser embardada.

Nestas vinhas, a armação é constituída, essencialmente, por esteios de granito ou

ardósia, os chamados peirões, e por duas fiadas de arame colocadas a 0,60-0,70 m e

1,10-1,30 m do solo, que sustentam a vegetação (Gomes Marques Perreira, 2010).

As videiras são geralmente podadas à vara, como no caso anterior, e a empa, em vez

de se fazer recorrendo a um tutor, faz-se à volta do primeiro ou segundo arames,

consoante a altura a que se encontram as varas.

A introdução dos tratores com rodado largo, essencialmente a partir da década de 60,

veio obrigar a que o compasso entre linhas fosse mais uma vez aumentado nas vinhas

do Dão, passando-se para 2,30, 2,50 e, mesmo, para 3 metros. Este alargamento do

compasso, ao possibilitar a explosão do vigor das cepas, refletiu-se numa maior

dificuldade de condução, agravando as condições de maturação das uvas. Com efeito, a

altura de armação destas vinhas manteve-se na maioria dos casos, enquanto o número

de varas e de olhos por vara teve de ser aumentado para assegurar o equilíbrio da planta.

Embora a descrição das formas de condução das videiras permita compreender, até

certo ponto, a paisagem vitícola do Dão e os aspetos essenciais de duas das práticas

culturais mais importantes – a poda e a empa, não permite transmitir a riqueza

etnográfica que a atividade vitícola assume na região, justificando-se uma referência a

alguns aspetos particulares das práticas culturais efetuadas anualmente nas vinhas.

A poda na região do Dão sempre se fez, a exemplo do que acontece noutras regiões,

após a queda da folha, no período de repouso vegetativo das videiras. Tradicionalmente,

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é nos meses de Dezembro, Janeiro e, mais raramente, Fevereiro que se veem os

podadores das vinhas. Atualmente, porém, há uma tendência para ser antecipada, em

virtude da escassez de mão-de-obra e da existência de vinhas de maior dimensão.

As vides de poda eram, tradicionalmente, recolhidas e atadas em feixes, utilizando-

se para acender as lareiras ou fazer as braseiras onde, nas noites frias de Inverno, se

assavam as chouriças embrulhadas em folha de couve. Hoje em dia, devido à falta de

mão-de-obra, aos encargos que envolve a sua apanha e, também, devido aos

aquecedores elétricos ou a gás, são queimadas na própria vinha, em grandes fogueiras,

devolvendo ao solo grande parte dos seus constituintes minerais e lançando para a

atmosfera o seu fumo esbranquiçado, que confere à paisagem um aspeto típico e um

aroma peculiar.

3.3 As adegas e quintas da região do Dão : potencial de criação de um

destino de enoturismo

Na região do Dão 116 estruturas (adegas e quintas) estão associadas à comissão

vitivinícola da mesma região. A CVRD é a entidade que representa os interesses dos

agentes económicos envolvidos na produção e comercialização dos vinhos que possuem

a Denominação de Origem Controlada (DOC) Dão. Compete a este organismo garantir a

sua genuinidade e qualidade, pelo que os submete a uma rigorosa coordenação e controlo.

Estas atividades abarcam todo o circuito de produção e comercialização dos vinhos, com

presença exclusiva dos Agentes de Verificação Técnica do Organismo em todas as

operações. Simultaneamente, a C.V.R. do Dão apresenta funções de certificação e

autenticação dos vinhos, através da atribuição de Selos de Garantia, sendo responsável

pela sua promoção.

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As rotas dos vinhos em Portugal apresentam-se como instrumentos de promoção do

turismo vitivinícola, permitindo o contacto estreito com a paisagem e o mundo rural,

contribuindo mesmo para a preservação do património paisagístico e arquitetónico. Com

efeito, as rotas temáticas, como é o caso das rotas dos vinhos, tornaram-se ferramentas

importantes, por um lado, para o desenvolvimento de novos produtos turísticos e

diversificação da oferta e, por outro, como forma de promoção de determinado local e/ou

regiões.

A Rota do vinho do Dão está em funcionamento desde 1998. Foi criada pela comissão

vitivinícola da região do Dão. Segundo Barroco Novais & Antunes a Rota do vinho do

Dão começou com 17 aderentes, verificando-se que em 2008 já contava com 35 aderentes.

Sabemos hoje, segundo um estudo feito pela comissão vitivinícola da região do Dão sobre

a estruturação e gestão da rota do Vinho do Dão, que 32% dos associados da comissão

tem interesse no desenvolvimento da Rota do Vinho Dão (Comissão Vitivinícola

Regional do Dão, 2014).

A Rota dos vinhos do Dão é constituída por 3 itinerários:

- O primeiro itinerário engloba as localidades de Cabanas de Viriato, Carregal do Sal,

Mortágua, Santa Comba Dão, Tondela e Viseu. Onde se podem visitar as adegas como a

Quinta da Turquide, Quinta do Giestal, Quinta do Perdigão, Quintas do Carvalhais,

Quinta dos Roques, Sociedade Agrícola Boas Quintas, Sociedade Agrícola Castro Pena

Alba, Sociedade Agro-pecuária de Darei e a União das adegas cooperativas da região do

Dão.

- O segundo itinerário passa pelas localidades de Cabanas de Viriato, Carregal do Sal,

Lourosa, Nelas, Santar, Tábua e Viseu. Neste itinerário podem se visitar as adegas de Vila

Nova de Tazém, a Cooperativa Agrícola de Nelas, a Quinta da Alameda, a Quinta da

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ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO

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Bica, a Quinta da Espinhosa, a Quinta de Cabriz, a Quinta da Pellada, a Quinta do Santo

António do Serrado, a Quinta do Cerrado e a Sociedade Agrícola de Santar.

- O terceiro itinerário envolve as localidades de Cepões, Mangualde, Penalva do Castelo,

Sátão e Viseu. Podem se visitar neste itinerário as Adegas de Penalva do Castelo,

Mangualde, a Casa da Ínsua, a Quinta da Boavista e a Quinta da Taboadela.

Podemos ver os diferentes itinerários na figura 11.

Figura 11 : Mapa da rota dos Vinhos do Dão

Fonte : infovini

No âmbito de analisar o potencial enoturístico da região, caracterizamos as adegas

e quintas acima citadas para definir a oferta enoturística que possui a Região do Dão.

Caracterizámos também algumas adegas que responderam que tinham interesse no

desenvolvimento da Rota do Vinho do Dão. (Anexo C)

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ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO

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Na tabela seguinte caracterizamos as quintas já pertencentes a Rota de Vinhos do

Dão. Procedeu-se a um levantamento dos recursos de cada uma e também a análise de

prática ou não do enoturismo.

Tabela 3 : Caracterização das Quintas pertencendo a Rota dos Vinhos do Dão

Quintas Concelho Principais Atrativos Prática de Enoturismo

Quinta do

Perdigão Viseu

Mais premiada do Dão,

nacional e

internacionalmente

desde 1999. 7 hectares

de vinha em produção

biológica certificada.

- Provas de vinhos.

- Visita a adega.

Quinta da

Boavista

Penalva do

Castelo

Área total de 8 hectares.

Enquadramento

paisagístico em

ambiente preservado e

natural. Casa com

dimensão e qualidade.

Boa localização, uma

curta distância aos

pontos de interesse.

- Atividades relacionadas com o

maneio dos cavalos e a produção

vitivinícola.

- Alojamento.

- Organização de provas de vinhos

convencionais ou com

harmonização gastronómica.

- Refeições para grupos.

Quinta da

Pellada Seia

Quinta com 60 hectares

de vinha.

- Prova de vinhos e visita as

quintas.

Quinta dos

Roques Mangualde

Dispõe de 40 hectares

de vinha. Quinta

considerada como um

dos líderes da região.

Paisagens e proximidade

de monumentos

históricos.

- Jantares vínicos.

- Provas didáticas.

- Passeios pelas vinhas e pinhais.

- Pisa das uvas em ambientes

festivos.

Quinta dos

Carvalhais

Fornos de

Algodres

Exploração agrícola de

27,8 hectares que

conjuga agricultura e

turismo. Utilização de

energias renováveis no

empreendimento.

- Alojamentos confortavelmente

equipados.

- Piscina.

- Passeios pedestres.

- Passeios a bicicleta.

- Passeios de Burro.

- Espaço museológico.

- Participação nas atividades

agrícolas.

- Mini-Rotas (Queijo da Serra da

Estrela, do azeite, dos vinhos).

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Quinta da

Turquide Silgueiros

8 hectares de vinha.

Premiada nos vários

concursos promovidos

pela CVRD. Adesão a

Rota em curso.

- Jantares vínicos.

- Festa da vindima.

Quinta da Bica Seia

Propriedade agrícola de

100 hectares.

Património histórico.

- Turismo de habitação.

- Provas de vinhos.

- Visita a adega.

- Passeio na quinta (pedestre ou de

bicicleta).

- Refeições (piquenique, …)

Quinta de Cabriz Carregal do

Sal

38 Hectares de vinha.

Vasto complexo

vitivinícola que conjuga

os vinhos e o

enoturismo.

- Restaurante.

- Wine bar.

- Visitas guiadas.

- Provas e cursos de vinhos.

- Eventos culturais e sociais.

- Loja de vinhos.

Quinta do

Cerrado

Carregal do

Sal

Localização privilegiada

entre a serra do

Caramulo e a serra da

estrela. Paisagem

granítica típica da

região. Cerca de 30

hectares de vinha.

- Prova de vinhos.

- Visita guiada a adega.

Quinta da

Espinhosa Gouveia

Salão de provas,

garrafeira, salão de

troféus, ótimas vistas,

piscinas e localização.

- Eventos particulares e

empresariais.

Casa de Santar Nelas

A casa com jardins de

estilo francês do século

19. Adega e loja.

- Visitas guiadas.

- Loja gourmet

Fonte : o autor

Com a tabela acima apresentada, podemos ver que as adegas pertencendo a Rota

dos Vinhos Dão, já praticam algumas atividades de enoturismo (visitas as adegas, provas

de vinhos, restauração, passeios nas quintas…). Algumas tem um património de

importante potencial para o desenvolvimento desta atividade turística.

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Na próxima tabela, caracterizaram-se as adegas cooperativas pertencendo a Rota

dos vinhos, afim de perceber quais são os atrativos de que dispõe para oferecer as

melhores condições para a pratica de enoturismo.

Tabela 4 : Caracterização das adegas cooperativas pertencendo a rota dos vinhos do Dão

Adega Concelho Principais Atrativos Prática enoturismo

Adega

cooperativa de

Penalva do

Castelo

Penalva do

Castelo Centro de vinificação.

- Provas de vinhos.

- Visita a adega.

Adega

cooperativa de

Vila nova de

Tazém

Vila Nova

de Tazém

Centro de vinificação.

Loja de vinhos.

- Provas de vinhos.

-Visita a adega.

União das

Adegas

Cooperativas da

região do Dão

Viseu Centro de vinificação.

Loja de vinhos. - Provas de vinhos.

Adega

cooperativa de

Nelas

Nelas Centro de vinificação.

Adega

cooperativa de

Mangualde

Mangualde

Centro de vinificação,

centro interpretativo da

vinha e do vinho,

garrafeira, sala de

cascos, espaços para

organização de diversos

tipos de eventos, loja de

vinhos.

- Visitas as vinhas.

- Provas de vinhos.

- Loja de vinhos.

Fonte : o autor

Percebemos com esta tabela que as atividades propostas pelas adegas cooperativas

são pouco variadas. Limitam-se a oferecer provas de vinhos e visitas as instalações.

A próxima tabela mostra o levantamento dos recursos e o desenvolvimento do

enoturismo nas quintas que responderam positivamente ao inquérito proposto pela

Comissão Vitivinícola Regional do Dão sobre o interesse das mesmas em desenvolver a

Rota dos vinhos do Dão.

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Tabela 5 : Caracterização das Quintas que têm interesse no desenvolvimento da Rota do vinho Dão

Adega Concelho Principais Atrativos Prática de enoturismo

Casa da Insua Penalva do

Castelo

Existência de um hotel

de charme e de espaços

museológicos. Possui 30

hectares de vinha.

- Visita guiada a quinta.

- Visita do Núcleo museológico.

- Casamentos, reuniões, torneios

de golfe, workshops.

Quinta das

Marias

Carregal do

Sal

Instalações modernas

(particularmente a

adega).

- Visita a adega.

- Prova de vinhos.

Quinta de Lemos Viseu Quinta com 25 hectares

de vinha.

- Provas.

- Jantares vínicos.

Julia Kemper

Wine, S.A Mangualde

Agricultura sustentada e

biológica. Adega

centenária em granito.

- Visitas a adega.

- Prova de vinhos.

Quinta Mendes

Pereira Viseu Jardins a volta da adega.

- Prova de vinhos.

Chão de São

Francisco Viseu

Presença de um antigo

solar dos Viscondes de

Treixedo com jardins do

estilo barroco.

- Participação as vindima.

- Provas.

Fonte : o autor

Nas tabelas acima apresentadas é feito um levantamento dos recursos de cada

Quinta ou Adega Cooperativa. Algumas Quintas que responderam ao inquérito da

Comissão vitivinícola Regional do Dão, já são aderentes à rota. As outras não são, de

momento, aderentes. Candidataram-se, então, para fazer parte dos itinerários. Para isso

só tinham de reunir as condições mínimas para a receção dos enoturistas (adegas, salas

de provas…). A maior parte das Adegas e Quintas já pratica o enoturismo mas muitas

vezes de forma superficial (somente com provas e visitas guiadas).

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ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO

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Com efeito, a região, para além dos excelentes vinhos tem um conjunto de

recursos naturais e culturais que lhe confere um potencial turístico. Segundo a Comissão

Vitivinicola Regional do Dão (2014), a região encontra-se bem posicionada para atrair

visitantes, em especial portugueses, devido à sua riqueza arquitetónica, paisagística e

cultural, onde se destaca a monumentalidade de Viseu “Capital do Vinho do Dão”, sem

esquecer as potencialidades dos municípios que integram a Região Demarcada dos

Vinhos do Dão. De fato quando os turistas percorrem os itinerários propostos pela Rota

do Vinho do Dão, percorrem localidades com um património histórico muito interessante,

como por exemplo, Cabanas de Viriato que é uma Vila serrana com casas velhas, podem

também visitar Carregal do Sal, situada entre a Serra da Estrela e a Serra do Caramulo.

Aqui desfrutam de monumentos pré-históricos e casas do século XVII e XVIII. Podem

passar por outras vilas (Sátão, Penalva do Castelo, Mangualde) e aproveitar de

monumentos como as igrejas matrizes, solares barrocos e dólmenes.

Capítulo IV – Benchmarking

Neste capítulo serão estudados 3 casos de enoturismo no mundo. As três regiões

vitivinícolas selecionadas são Bordéus, a Rioja e Florença, com a região da Toscana. Este

estudo é feito com o objetivo de identificar boas práticas de enoturismo nessas regiões,

onde o mesmo já é desenvolvido e praticado para aplicá-las na região do Dão.

4.1 Estudo de casos

As “Capitais de grandes vinhedos” são 10 grandes metrópoles que tem em comum

uma qualidade económica e cultural maior: os seus vinhedos de renome internacional. A

rede de “Capitais de Grandes Vinhedo” tem como objetivo, reunir estas últimas, criar

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entre elas relações privilegiadas, favorecer as trocas e desenvolver programas de

cooperação. As 10 cidades membros da rede são Bilbao (com os vinhedos da Rioja),

Bordéus, Cape Town (com os vinhedos de Cape Winelands), Christchurch ( vinhedos de

South Island), Florença, Mayence ( com os vinhedos de Rheinhessen), Mendoza, Porto,

San Francisco (com os vinhedos da Napa Valley), Valparaiso (com os vinhedos de

Casablanca Valley). Foram selecionados os destinos vitivinícolas os mais originais e mais

inovadores em matéria de acolhimento dos visitantes, por um júri de peritos

internacionais (Best of Wine Tourism, 2014).

Neste capítulo selecionaram-se 3 destas cidades, Bordéus, Florença e Bilbao, com os

seus respetivos vinhedos no âmbito de estudar a oferta enoturística destas regiões.

Sobre cada região elabora-se a respetiva descrição e caracterização e em seguida um

quadro recapitulativo destes destinos vitivinícolas selecionados como os melhores em

2014. Cada um destes destinos foi analisados de forma a comprovar a sua

correspondência aos critérios criados pelos júris. Estes critérios que abrangem a oferta

enoturística são os seguintes:

- Arquitetura e paisagens.

- Arte e Cultura.

- Descoberta e inovação.

- Alojamentos.

- Serviços enoturísticos.

- Valorização enoturística de práticas ambientais.

- Restauração

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4.1.1 Bordéus

Bordéus é a capital do Sudoeste da França, bordada pelo oceano atlântico, foi

inserida na lista do património mundial da Unesco em 2007. O centro histórico da cidade

oferece uma beleza deslumbrante e uma unidade de estilo arquitetónico, com praças

encantadoras, parques, museus e locais de elevada absorção cultural. Largamente aberta

ao oceano atlântico, esta cidade está na encruzilhada de Paris e de Espanha e beneficia de

um clima oceânico ameno com a influência da corrente do golfo. É o ponto focal da

gastronomia e do shopping, com uma cozinha refinada a cada esquina convidando os

turistas a parar e experimentar. Podem também desfrutar lojas de marcas internacionais

célebres situadas nas ruas pedoneiras. Bordéus é também a região vitivinícola mais

famosa de França, beneficia de uma notoriedade espontânea.

Efetivamente segundo um inquérito feito pelo BIVB (bureau interprofessionel des

vins de Bourgongne), 84% das pessoas entrevistadas respondem primeiro Bordéus

quando lhes é perguntado quais as regiões produtoras de vinhos na França.

Com 63 DOC (denominação de origem controlada) e 11 000 Châteaux, a Gironde

está em grande parte coberta de vinha.

Nas paisagens laminadas do Médoc, Libournais e Entre-Deux-Mers, o vinho é um

elemento familiar. Saint-Estèphe, Saint-Emilion, Pomerol, Pessac-Léognan e Sauternes

são locais mágicos e encantadores bem como as denominações de renome. O termo

«Château» utilizado na região é específico, devido ao facto das grandes quintas vitícolas

possuírem o seu próprio castelo, por exemplo Château Margaux, Lynch Bages, Lafitte,

Pichon Longueville, Yquem, (monumentos históricos datados do século XII) e muitos

mais que embelezem a região com a sua sumptuosa arquitetura. Algumas destas

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propriedades são responsáveis pelas visitas de muitos turistas (Great Wine Capitals,

2014).

Mas Bordéus como capital do departamento da Gironde, possui 180 km de praias,

milhares de hectares de florestas, centenas de trilhos e um parque natural regional: Parque

Natural Régional des Landes de Gascogne.

De Norte a sul, podem ser descobertos vários pontos a visitar como o estuário da

Gironde, o farol de Cordouan, a região do Médoc, as estações balneares, a bassia de

Arcachon o Cap Ferret, os centros de ostracultura, a casa natural para os pássaros, Blaye

na margem direita da Gironde (na lista do património mundial da Unesco desde 2008),

Saint-Emilion, uma cidade medieval situada no cimo de uma colina com vista sobre os

vinhedos mais famosos (também inscrita no património mundial da Unesco).

Bordéus é um destino familiar, que propõe variadas e inesquecíveis atividades

para todas as idades com uma vasta gama de desportos, atividades de lazer e novas

descobertas (zoo, fazendas pedagógicas e de descoberta, aulas de cozinha para crianças,

visitas aos museus e cruzeiros fluviais). Pode ser escolhida para turismo de negócios, com

numerosos espaços prestigiados e vários centros de congressos.

Graças aos seus vinhos e cozinha, Bordéus é a capital do bom gosto em França, e

também a maior região vitivinícola DOC em França. O vinhedo de Bordéus é constituído

por 117,200 hectares cultivados e uma produção de 5 a 6 milhões de hectolitros anuais, o

que corresponde a mais de 800 milhões de garrafas cujos 87% são vinhos tintos, 11%

vinhos brancos secos e 2% vinhos brancos doces. O número de pessoas envolvidas na

produção do vinho aumenta todos os anos, para além de 50 adegas cooperativas e cerca

de 11,000 propriedades, existem outros tipos de indústria de vinhos de Bordéus, cerca de

400 empresas de comércio e 100 corretoras. Cerca de 70% do vinho de Bordéus é vendido

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no mercado nacional e o resto é exportado (Vin Vignes, 2014). Todos os vinhos

produzidos nesta região partilham um estilo comum. Mais do que um sabor, há um caráter

que se exprime nestes vinhos através do equilíbrio de concentração e de potência com

fineza e elegância. Este estilo é o resultado de fatores naturais tais como o terroir, o clima

e a intervenção humana, com assemblagem das castas ao terroir. Cada um destes

elementos exprime-se com a sua própria personalidade, dando origem aos vinhos de

Bordéus.

Nesta região o clima é ameno e temperado devido á latitude e à influência

marítima do oceano atlântico. O “terroir” palavra francesa para designar um território

cujos traços físicos (solos, subsolos, localização, clima, microclima…) contribuem para

a personalidade dos vinhos. Mas o “terroir” é também o resultado da intervenção humana,

nomeadamente na seleção das castas. A região vitivinícola de Bordéus, é a casa mãe de

castas famosas no mundo inteiro, especialmente o Cabernet-Sauvignon, Cabernet-Franc,

Merlot para as castas tintas e o Sauvignon Blanc e Sémillon para as castas brancas.

Minoritariamente também se cultivam outras castas como o Malbec, o Carmenère e o

Petit-Verdot (castas tintas) e o Ugni Blanc, Muscadelle, Colombard para as castas

brancas.

Segundo um artigo sobre o retrato económico da região Aquitaine, esta ultima é a

líder mundial da produção de vinhos de denominação de origem controlada (Comité

Régional de Tourisme d'Aquitaine, 2010).

A região Aquitaine, onde está inserido o vinhedo de Bordéus, graças à sua oferta

turística diversificada, impôs-se como um destino de eleição para os turistas, quinta região

turística no ranking francês. O enoturismo regional constitui uma das primeiras atividades

capaz de regular o fluxo turístico em direção à região. Em 2009, contaram-se 3.3 milhões

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de visitas nos vinhedos da Aquitaine, onde um terço são visitantes locais e o resto são

turistas de todo o mundo (Comité Régional de Tourisme d'Aquitaine, 2010). A visita aos

vinhedos não é a razão principal das visitas turísticas, mas as potencialidades oferecidas

pela presença de um prestigioso “Chateaux”, é uma mais-valia na escolha do destino. O

desenvolvimento do enoturismo constitui um pilar para o desenvolvimento do fluxo

turístico regional.

O enoturismo na França esta em considerável expansão nos últimos anos. Torna-

se uma ferramenta de comunicação e de promoção do vinho associando cultura

gastronomia e património. Bordéus é a única cidade que deu o nome a um vinhedo e à

cor do seu vinho. Cidade inscrita ao património mundial da Unesco. Bordéus aposta nos

aspetos culturais e pedagógicos da experiência a volta do vinho e conta também sobre a

notoriedade regional e sobre o património histórico (Faugère & Bouzdine-Chameeva,

2012).

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Figura 12: Mapa da região Vitivinícola de Bordéus

Fonte : http://www.vignobledebordeaux.fr/

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Figura 13 : Mapa da região vitivinícola de Bordéus com os tipos de vinhos produzidos

Fonte : http://www.vignobledebordeaux.fr/

Em cada um dos territórios vitícolas da Aquitaine, os profissionais do turismo e

do vinho envolveram-se num passo de qualidade. Cada prestatário aderente de “Destino

vinhedo” é um embaixador turístico de escolha para a descoberta de territórios vitícolas

(Best of Wine Tourism, 2014). Cada aderente decidiu respeitar um número de critérios

que define a qualidade do serviço e do acolhimento:

- Respeito das horas e períodos de abertura

- Informação sobre as línguas praticadas nas instalações

- Condições exemplares de visitas, provas, alojamento e restauração

- Disponibilização d’informação turística

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- Acessos facilitados, com existência de parques de estacionamentos.

- Limpeza dos sítios

- Afixação dos preços

- Respeito do meio ambiente

- Controle por organismos independentes

Apresentamos na seguinte tabela a oferta enoturística das adegas vencedoras do

concurso Best of Wine Tourism feito pela Great Wine capitals. Todas estas adegas

sobressaíram graças a oferta notável em termos de serviços, inovações, criatividade e

autenticidade (Best of Wine Tourism, 2014) .

Tabela 6 : Características da oferta enoturística das adegas.

Adega Região

Vitivinícola

Atrações

Turísticas Características

Château de Rouillac Pessac-Léognan Serviços

enoturisticos

- Reuniões de empresas

- Terraços para apreciar vistas

- Instalações hípicas

- Provas

- Visita do vinhedo a cavalo ou em

jipe

Château de la

Dauphine Fronsac

Arquitetura

e paisagens

- Maior propriedade da sub-região

- Rio

- Parc

- Descoberta histórica

Château du Tertre Margaux Alojamento - Visita guiadas

- Vasto espaço paisagístico

Château Gravas Graves-

Sauternes

Arte e

arquitetura

- Manifestações culturais

- Encontros musicais

- Exposições

Château Larose

Trintaudon Haut-Médoc

Praticas

sustentaveis

do

enoturismo

- Certificado ISO 9001 e ISO 14001 e

agricultura razonada

- Visitas e provas

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Château Larivet

Haut Brion Pessac-Léognan

Descoberta

e inovação

- Provas acompanhadas de pratos

- Pique-niques no parque de verão

- Enofolias (1 prova num sitio insólito:

duna na praia, galeria d’arte,

experiência gustativa única.)

Association Route

des vins de

Bordeaux en Graves

et Sauternes

Sauternes Serviços

enoturísticos

- Primeira rota dos vinhos

- Oferta de estadias

- Visitas as adegas

- Descoberta de gastronomia e do

mundo dos vinhos

Château d'Arche Sauternes Descoberta

e inovação

- Vista magnifica

- Visitas da adega

- QR códigos smatphone guia turístico

Château de Ferrand Saint-Emilion Descoberta

e inovação

- Visitantes acolhidos pelos enólogos

- Workshops combinação comida e

vinhos

Château de Pressac Saint-Emilion Arquitetura

e paisagem - Patrimonio historico

Château Fourcas

Hosten Médoc

Arquitetura

e Paisagem

- Parque florido

- Mistura de arquitetura

contemporanea e tradicional

Château Montlau Libournais Arte e

Cultura

- Museu

- Manifestações

- Exposições

Château Vieux

Mougnac Saint-Emilion

Praticas

sustentaveis

do

enoturismo

- Utilização de compostos naturais

- Agricultura biológica

- Visitas guiadas

Médoc Wine Inn

Tour Médoc

Serviço

enoturisticos

- Provas

- Encontros com profissionais dos

vinhos

- Estadias em alojamentos de grande

conforto

Musée du Vin et du

Négoce de Bordeaux Bordeaux

Serviços

enoturisticos

- Historia dos vinhos em Bordéus

- Exposições e provas

Wine Tour Booking Bordeaux Serviços

enoturísticos

- Reserva de provas e visitas

- Estadia segundo as necessidades e

vontades do consumidor

Fonte : o autor

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4.1.2 Toscana

Florença, é um município italiano, capital e a maior cidade da região da Toscana

e da província homónima, com cerca de 371060 habitantes. Estende-se por uma área de

102 km², tendo uma densidade populacional de 3453 hab/km². Situada nas margens do

Arno, Florença é famosa pela sua história, arte, arquitetura, pelo seu património cultural

e sobretudo pela sua importância na Idade Média e no Renascimento. De facto, é

considerada o berço do renascimento italiano e a mais bela cidade do mundo. O centro

histórico de Florença atrai milhões de turistas todos os anos e foi declarado sítio do

património mundial da Unesco em 1982. É também uma cidade muito importante no

mundo da moda, já foi capital da moda e classificada nas cinquenta melhores capitais da

moda do mundo. Além disso Florença é um centro económico, turístico e industrial muito

importante (Great Wine Capitals, 2014). Florença é sem dúvida uma das capitais do

turismo.

É um dos destinos mais procurados dos turistas pelas atrações que oferece. Com

cerca de 5700 estruturas locais no setor do alojamento e mais de 8000 empregados, a

capital da Toscana acolhe cada ano cerca de 4 milhões de visitantes cujos 2.8 milhões são

estrangeiros. Os seus museus e objetos do Renascimento não são as únicas atrações da

cidade, também é escolhida para passar férias pela sua gastronomia e seus vinhos. O

campo florentino é um dos sítios de eleição para os que querem combinar uma visita à

cidade da arte, com excursões no pais e aproveitar os produtos locais e os vinhos. Uma

série de serviços em torno da indústria do turismo, universidades estrangeiras,

organizações profissionais, exposições, mercados, conferências, animações e outras

atividades de lazer, contribuem para a qualidade superior do turismo (Great Wine

Capitals, 2014).

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A viticultura é próspera na Toscana, desde a Idade Média. A região é hoje

conhecida pelos seus vinhos tintos secos e jovens. Florença chama à atenção, pelo

território de “Chianti” (Vins du Monde, 2014). A Toscana é a quinta região vitivinícola

pelo seu tamanho e a quarta pela sua produção com vinhedos repartidos sobre 86,000

hectares cujos 30,000 beneficiam da denominação de origem qualificada.

Nas colinas e campos à volta da cidade, estão alinhadas as videiras para produzir

maioritariamente as uvas Sangiovese que permitem fabricar o vinho “Chianti”, vinho de

aroma frutado e perfumes aromáticos, equilibrados pela acidez e os taninos maduros.

Nesta região de denominação controlada e garantida, também se cultivam outros tipos de

castas como o “Cabernet Sauvignon”, “Canaiolo” (uvas tintas), “Trebbianno” e Malvasia

(uvas brancas). O Trebianno constitui a base de produção dos vinhos brancos na Toscana,

cultivado principalmente pela sua produtividade e suas propriedades que ajudam à

conservação nas zonas quentes. As suas qualidades neutras, fazem com que este vinho

seja maioritariamente utilizado a granel. Pouco a pouco os produtores mostram um

interesse cada vez maior noutras castas como o Chardonnay ou Sauvignon Blanc em

particular nas zonas mais altas onde as uvas amadurecem mal.

Os vinhos mais produzidos nesta região são de longe os Chianti mas um novo

estilo está a aparecer, mais internacional, utilizando castas francesas, o Super Toscans.

Outros vinhos toscanos importantes são o Montalcino, o Montepulciano, Bolgheri,

Carmignano e vinhos da Maremma. A zona chave de produção dos vinhos brancos é San

Gimignano. Com a maior parte das suas paisagens montanhosas, a toscana oferece a

melhor qualidade aos seus vinhos. As colinas fornecem a maior concentração de luz para

um melhor amadurecimento das uvas, os produtores apreciam também a diferença

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importante de temperaturas entre o dia e a noite. O clima sendo mediterrâneo é muito

severo no inverno (Great Wine Capitals, 2014).

A produção de vinho e o comércio marcaram fortemente a economia da cidade no

passado e ainda hoje muitas das mais antigas famílias florentinas estão envolvidas neste

negócio. Visitar as propriedades vitícolas da Toscana significa experimentar totalmente

uma cultura antiga, que deu origem a castelos e vilas de rara beleza artística. O enoturismo

na Toscana não só permite visitar alguns dos "templos mundiais de vinho ", mas também,

e sobretudo, permite visitar instalações em vilas e castelos que até algumas décadas atrás

foram fechadas ao público. Muitas delas ainda são habitadas pelos proprietários das

fazendas, que identificaram no turismo do vinho uma forma inteligente de ter uma relação

direta com seus consumidores e assim beneficiaram de um feedback imediato sobre as

tendências atuais no gosto a nível internacional.

Florença é um centro importante de empregos, atividades artísticas, artesanais e

industriais. Situada ao meio de grandes eixos rodoviários é um centro de gravidade

importante. A agricultura biológica está a ser cada vez mais desenvolvida. Outra das

economias fortes de Florença é o turismo, um setor muito importante para uma das

cidades mais visitadas na Itália e na Europa. Além de ser um destino tradicional para o

turismo cultural, a cidade é um centro cada vez mais inovador com o enoturismo, que

conta na Toscana, perto de 40% do total das presenças a nível nacional. A Itália

desenvolve muito bem o agroturismo desde alguns anos.

Segundo um estudo de Faugère & Bouzdine-Chameeva (2012), os dados oficiais

do ano 2012 situam o número de enoturistas na Itália a 4,6 milhões com um volume de

negócios do setor entre 3 e 5 milhares de euros. A região de Florença, a Toscana, possui

uma rica história vitícola e segue a sua progressão como zona produtora de vinhos de

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grande qualidade dentro das mais dinâmicas e criativas do país. É a região mais visitada

de todas as zonas vitícolas de Itália. Os enoturistas na Toscana compram vinhos, produtos

regionais artesanais e gastronómicos. Segundo Faugère & Bouzdine-Chameeva (2012), o

turismo vitivinícola representa uma fonte de rendimentos muito importante para as

pequenas empresas e as vezes para os territórios. Os atores locais, organizações, clubes,

instituições e outros são relacionados numa extensa rede contento o “Movimento do

Turismo do Vino” e as associações nacionais “Donne Del Vino, Cittá del Vino”, “RTVA

(rotas de vinhos e turismo agrícola) ”. Estas últimas representam uma forma de turismo

alternativo baseado no modelo “território – produção – turismo” (Best of Wine Tourism,

2014). As rotas de vinhos fornecem uma oferta complexa de vinhos integrando atrações

e recursos. Uma participação ativa das comunidades locais e das ajudas públicas e

privadas fortalecem este posicionamento encorajando os processos empresariais e

assegurando as relações entre produtores e consumidores.

Este dispositivo de rotas de vinhos e turismo agrícola na Itália dá muito valor a

dimensão sociocultural no processo de desenvolvimento, pois permitem uma boa

visibilidade das entidades locais do mercado turístico e os viticultores contribuem

finalmente a inovação dos territórios e das comunidades locais. É uma mais-valia para a

promoção do turismo e setor vitivinícola local.

O enoturismo tornou-se um modelo económico inovador onde o conhecimento

dos vinhedos e dos produtores é essencial a promoção do produto. A grande impulsão

dada à economia Italiana permite melhorar a visibilidade dos territórios e o

desenvolvimento de novos empregos. Florença está em primeira posição no TOP 10 dos

destinos enológicos na Europa, segundo Tripadvisor (Faugère & Bouzdine-Chameeva,

2012).

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ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO

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Apresentamos então na seguinte tabela as adegas vencedoras do concurso já

referido afim de perceber quais os recursos que possuem e quais as ofertas que propões

aos seus turistas.

Tabela 7 : Caracterização da oferta enoturistica das adegas

Local

enoturístico

Região

Vitivinícola

Atrações

turísticas Características

Castello di

Gabbiano

Chianti

Clássico Alojamento

- Castelo medieval com quartos

- Apartamentos situados numa quinta

do século 16

Agricola San

Felice

Chianti

Clássico Alojamento

- Hotel equipado de todos os serviços

modernos

- Visitas e provas comentadas.

Castello la Leccia Chianti

Clássico

Arquitetura e

paisagem

- Castelo datando de 1707

- Restauração com materiais

ecológicos

- 12 quartos bem equipados com

atmosfera elegante

Enotria Firenze Restaurantes

- Garrafeira e restaurante no centro

de Florença

- Cozinha de qualidade e tradicional

- Extensa escolha de vinhos na

garrafeira

- Sede da sociedade dos vinhos de

Florença

- Provas de vinhos e eventos a volta

do mesmo.

Tenuta di Poggio

Casciano Chianti

Descoberta e

inovação

- Casa datando do Renascimento

- Escritórios da equipa agrícola de

Ruffino, o departamento

comunicação

- Exposição de impressões ligadas ao

vinho

- Varias visitas propostas ilustrando

as etapas da produção.

- Pontos multimédia

Fonte : o autor

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Figura 14: Mapa das zonas de produção do Chianti.

Fonte : www.vinhoedelicias.com

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ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO

61

Figura 15: Mapa da região vitícola da Toscana

Fonte : www.vinhoedelicias.com

4.1.3 Rioja

Bilbao, no norte de Espanha é um importante centro industrial. É considerado

como um destino turístico procurado graças à sua diversificada gama de sítios culturais,

diversidade geográfica, cozinha com renome a nível mundial e aos seus vinhos da Rioja.

A cidade sofreu importantes alterações, desenvolvendo um modelo urbano que combina

indústria, serviços e tecnologia com a cultura e a arte, sendo um dos exemplos mais

recentes, o museu de Guggenheim. O porto de Bilbao sempre foi um centro importante

nomeadamente no transporte dos vinhos da Rioja para o mundo inteiro. Bilbao é a cidade

mais importante do norte da Espanha situando-se costa da baía de Biscaia.

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A região demarcada da Rioja está situada a cerca de 100 km a sul de Bilbao (Great

Wine Capitals, 2014). É a mais famosa denominação de origem qualificada em Espanha.

O clima, os solos e as características geográficas da região constituem um ambiente ideal

para a produção de vinhos. Esta região situada no vale do Ebro estende-se sobre cerca de

64,000 hectares, com uma produção anual média de 2.7 milhões de hectolitros. Além da

sua popularidade em Espanha, os vinhos da Rioja são vendidos em mais de 100 países do

mundo. As castas tintas cultivadas são maioritariamente o Tempranillo, Garnacha tinta,

Graciamo, Mazuelo e Maturana tinta. As castas brancas são a Viura, malvasia, Grenacha

branca, Maturana branca, Tempranillo branca, Turruntes, Chardonnay, Sauvignon-Blanc

e Verdejo. Tendo em conta que o Chardonnay, Sauvignon-Blanc e Verdejo não podem

ser misturados com as outras castas brancas.

A Rioja situa-se nas quatro províncias da Rioja, Navarra, Pais Basco e Castilla

Leon. Distinguem-se três sub-regiões: Rioja Alta, Rioja Baja e Rioja Alavesa. Os

vinhedos são geralmente plantados nos planaltos situados mais ou menos a 400 m acima

do nível do mar. Variam de uma altitude entre 600 m a oeste, com solos compostos de

argila e calcário e 400 m na Baja, com solos completamente argilosos. Na Rioja Alta, que

cobre a parte oeste da denominação, ao sul da Alava até Burgos o clima é mais frio que

na Rioja Baixa, logo a estação é mais curta. Este facto confere aos vinhos um caráter mais

clássico, mais leve e então mais próximo do modelo francês. Deste lado do vinhedo, a

casta mais cultivada é o Tempranillo e sendo aqui a estação mais curta, esta casta atinge

a maturidade mais rápido, cerca de 2 semanas antes do Granacha, por exemplo. A Rioja

Alavesa encontra-se ao norte do Ebro, na província basca de Alava. Aqui o clima é muito

parecido com o da Rioja Alta ainda que os vinhos sejam mais redondos e mais densos,

embora sempre com fineza. A densidade de vinhas por hectare é mais fraca por causa dos

solos rochosos, o que se torna uma mais-valia e explica as propriedades desses vinhos.

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Tal como na Rioja Alta, a região é especialista do Tempranillo. Estas duas zonas situadas

em altitude (400 a 500m) e expostas as brisas noturnas frescas do norte, beneficiam de

uma frescura benéfica para a qualidade dos vinhos. Por fim a Rioja baixa, sub-região do

sul este, a mais baixa, desce até 300 m de altitude, é a mais quente, sendo influenciada

pelo mar mediterrâneo e por efeitos continentais que a tornam mais seca. Como as secas

estão em constante aumento nessas regiões, a irrigação é permitida desde 1990. Aqui os

vinhos são mais escuros e possuem mais álcool. Esta região estende-se pela Navarra, por

isso produz vinhos que podem ser engarrafados sob a denominação Navarra ou Rioja. Os

vinhos desta sub-região são dotados de menos acidez e são menos aromáticos portanto

são muitas vezes utilizados em misturas com outros vinhos das outras sub-regiões,

produzindo vinhos mais equilibrados. É o sítio ideal para o Granacha, casta nobre que

traz um caracter mais meridional que o Tempranillo. Esta região vitícola está exposta,

graças ao Ebro, a uma serie de micro climas muitos benéficos para os vinhos.

A região da Rioja é uma das zonas mais desenvolvidas de Espanha conectando o

País Basco a Catalunha. As suas principais indústrias estão relacionadas com produtos

agrícolas: as uvas para os vinhos da Rioja, frutos e legumes para enlatados e a criação

para produção de carne. Outras indústrias importantes incluem, a fabricação de calçado,

moveis e produtos metálicos. A importância dos vinhos da Rioja fez renascer indústrias

ligadas ao vinho: tanoarias, capsularias, artes gráficas para os rótulos e embalagens,

máquinas de engarrafamento e turismo (Great Wine Capitals, 2014).

Está comprovado que o turismo de massa que surgiu em Espanha nos anos 60-70

ajudou a impulsionar a economia do país. Mas os danos ocasionados nas zonas costeiras

e nas paisagens por este turismo de “sol e praia” danificaram a imagem do país. Portanto

as correções feitas, privilegiaram um turismo mais cultural, baseado nas riquezas

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ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO

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históricas e monumentais que a Espanha possui. Também se desenvolveu um turismo

rural, valorizando as paisagens e grandes espaços naturais do país. No ponto de encontro

entre essas duas tendências está o turismo do vinho.

O enoturismo está a ser muito desenvolvido em Espanha e notavelmente na Rioja,

onde se podem encontrar atividades como, visitas às caves (grande vertente pedagógica

e técnica com a degustação), estruturas de acolhimento (clubes VIP, onde estão

reservados quartos e sítios de restauração) para celebração de eventos familiares,

aquisição de vinhos de anos reservados presenteados com um rótulo personalizado, visitas

ao museu do vinho e vinobus. A região da Rioja com as suas mais de 400 adegas oferece

uma grande variedade de estilos arquitetónicos, desde os mais tradicionais até aos mais

modernos e funcionais. Nesta região podem-se praticar várias atividades à volta do vinho,

desportos dentro dos vinhedos, cursos de provas e alojamentos com programas

enoturísticos (Great Wine Capitals, 2014).

O artesanato também tem muito peso porque são realizadas peças a volta dos

vinhos (jarros,…). Esta região tem recursos que valorizam o seu património vitivinícola

como o museu da cultura e do vinho de Bríones ou o centro de interpretação do vinho de

Haro. Foram criadas umas séries de iniciativas para promover o enoturismo, das quais se

destacam a criação de uma plataforma temática para a configuração de pacotes turísticos,

“A pé de vinha”, é um novo conceito de catering, onde profissionais da gastronomia

quiseram reunir o melhor da cozinha com os vinhos da Rioja. A cozinha da região

caracteriza-se por abundantes frutas y verduras, como espargos, alcachofras, pimentos

vermelhões, peras e pêssegos, também carne sobre tudo cordeiro e porco. Também pode

desfrutar de comidas típicas como batatas com chouriço, costeletas de borrego, borrego

assado… (Universidade de Huelva, 2014).

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Na seguinte tabela vamos caracterizar a oferta enoturística com os destinos

escolhidos como melhores pela Great Wine Capitals.

Tabela 8: Caracterização da oferta enoturística das adegas.

Local enoturístico Região Atrações

Turísticas Características

Bodegas Dinastia

Vivanco Rioja Arte e cultura

- Castelo medieval com quartos.

Bodegas Ostatu Rioja

Prática de

enoturismo

sustentável

- Certificado de emissão de carbono

neutro.

- Pioneiros na inovação e práticas

ambientais.

Gourmet

Echapresto

S.L.Venta de

Moncalvillo

Rioja Restaurantes

-Uma estrela no guia Michelin.

- Provas e conferências.

Grupo Empresarial

Criteria - Calado -

S.L

Rioja Cultura e

paisagens

- Adega situada num edifício do

século 14.

- Lugar histórico.

- Eventos e encontros feitos no local.

Hotel Viura Rioja Alojamento

- Hotel 4 estrelas.

- Lugar de descanso, lazer e

gastronomia.

- Localização ideal para percorrer a

Rioja.

Pagos de Leza Rioja Descoberta e

inovação

- Adega onde o visitante se pode

informar sobre o mundo dos vinhos.

- Associação de tradição e inovação.

- Almoços, Jogos a volta da

degustação, concertos, desfiles,

workshops.

- Visitas guiadas com temas.

Pepita Uva Rioja Serviços

enoturisticos

- Serviços ligados ao enoturismo (a

volta do vinho, do artesanato,

passeios).

- Situado numa aldeia medieval.

- Visitas e provas.

Fonte : o autor

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ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO

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Figura 16 : Mapa da região de origem qualificada Rioja

Fonte : www.vinhoedelicias.com

4.2 Estudo comparativo

São muitas as zonas do mundo que encontraram no enoturismo uma forma

interessante de desenvolver o meio rural, estabelecendo um modelo de turismo

sustentável.

Na tabela seguinte reunimos as regiões estudadas nos capítulos anteriores e fizemos

o levantamento dos recursos enoturísticos que cada uma delas tinha, com o objetivo de

comparar a região do Dão e as atividades proposta pela mesma com outras regiões

enoturísticas do mundo.

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ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO

67

Tabela 9 : Comparação da oferta enoturística das regiões vitivinícolas.

Regiões

vitivinicolas

Portugal (Região do

Dão)

França (Região

de Bordeaux)

Espanha (região

da Rioja)

Italia (Região

de florença)

Oferta

enoturistica

- Provas de vinhos - Provas de

vinhos

- Património

histórico

(castelos

medievais,

edifícios do

século 14 )

- Visitas

temáticas nas

adegas

- Visita as adegas - Visitas guiadas

- Restaurantes

com estrelas no

Guia Michelin

- Pontos

multimédia

- Rota dos vinhos

Dão

- Alojamento nas

quintas

- Provas de

vinhos

- Património

histórico com

casas datando

do

renascimento.

- Lojas de vinhos

- Exposições

culturais e à

volta do vinho

- Eventos e

workshops nos

locais

vitivinícolas

- Provas de

vinhos e

eventos a volta

do mesmo

- Alojamento nas

quintas

- Agricultura

biológica

- Visitas guiadas

com temas

- Cozinha de

qualidade e

tradicional

- Participação

aos trabalhos da

vinha

- Museus (sobre

cultura e sobre

vinhos)

- Lojas de

vinhos

-Museus - Plataformas

temáticas

- Alojamento

nas quintas

- Património

histórico

- Desporto nos

vinhedos

- Práticas

ecológicas e

sustentáveis

nas quintas

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ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO

68

Oferta

enoturística

(continuação)

- Acolhimento

pelos

profissionais dos

vinhos

- Turismo rural

(com

alojamento)

- Rotas dos

vinhos

Rota dos vinhos - Artesanato

- Encontros

musicais

- Visitas dos

vinhedos de

forma original

(cavalo, jipe,

pedestre…)

- Instalações

hípicas nas

quintas

- Enofolias

Fonte : o autor

Com esta tabela podemos salientar que nas regiões de Bordéus, Rioja e Toscana,

os turistas vão aos destinos para descobrir os vinhos e vinhedos. Mas também estão

interessados em descobrir a gastronomia e terroir das regiões, o património arquitetural

e cultural (presença dos museus), o património natural (paisagens), e praticar passeios

pedestres o de bicicleta.

Conseguimos também perceber as debilidades que apresenta a região do Dão na

prática do enoturismo. Efetivamente em comparação com as outras regiões, a oferta

enoturistica que propõem o Dão é muito simples (provas de vinhos, alojamentos). A

região já dispõe de uma ferramenta que tem de desenvolver que é a Rota dos vinhos do

Dão. Pois como visto anteriormente são poucas as adegas e quintas aderentes em

comparação com as existentes na região. As outras regiões estudadas, já estão bem

presentes nos meios de comunicação (internet, redes sociais…).

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69

Capítulo V – Proposta de desenvolvimento de Enoturismo para a Região

do Dão

5.1 Proposta de desenvolvimento

5.1.1 Estrutura da proposta

Figura 17 : Estrutura da proposta

Fonte : o autor

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ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO

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5.2 Análise dos objetivos

Ao longo deste projeto estudou-se o enoturismo para perceber se é realmente um

fator de alavanca para a região do Dão. Conseguiu-se entender que este novo conceito

turístico é capaz de dinamizar a região e criar uma internacionalização da mesma.

Verificaram-se alguns dos recursos que possuem as adegas e quintas da região. Assim foi

possível analisar as debilidades da mesma quanto à diversidade e desenvolvimento deste

produto turístico. Com o estudo da Rota, vimos que a região tem potenciais culturais,

patrimoniais, arqueológicos e gastronómicos mas ainda pouco desenvolvidos por causa

da Rota ser mal definida.

5.3 Revisão da literatura

Como resulta da revisão da literatura, o enoturismo é uma atividade económica em

crescimento a nível mundial. Dos resultados da investigação realizada conclui-se que o

Dão dispõe de características para o desenvolvimento do enoturismo e um potencial para

fazer desta atividade um instrumento efetivo de desenvolvimento da região: o produto

vinho, enraizado na tradição e modo de vida na região mas, também, um património

natural, histórico e cultural de características únicas e diferenciadoras. Apesar da

qualidade de alguns equipamentos existentes e do potencial do Dão para o enoturismo,

este constitui, ainda, uma atividade económica embrionária sendo muitos os desafios que

importa ultrapassar.

Efetivamente verificou-se anteriormente que o enoturismo na região do centro

apresenta alguns problemas como, a falta, de flexibilidade de horários das adegas, de

visão das mesmas por causa da sinalização, de transportes públicos e distância entre elas

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71

e ainda a escassez de promoção. Torna-se portanto interessante pensar num projeto

inovador para esta região vitivinícola do Dão considerando os aspetos acima

apresentados.

5.4 Estudos de caso

Na comparação feita acima nesta investigação com outros destinos de enoturismo

como a Itália, França e Espanha confirma-se a importância do enoturismo para o

desenvolvimento regional dos países. Tal importância incide não apenas em termos

estritamente económicos, mas também enquanto fator de valorização territorial. De uma

perspectiva económica, a importância do enoturismo tem como premissa a diversificação

e ampliação da base económica regional, a captação de novos investimentos e a atração

de turistas.

Em termos de valorização territorial é de referir o seu contributo na valorização e

preservação do património histórico e cultural, na criação de emprego, na revitalização

do tecido social de zonas deprimidas, na fixação de populações, na melhoria de infra-

estruturas e serviços, ou na valorização de produtos regionais como a gastronomia e

vinhos.

É de notar que nem tudo o que funciona em outros países ou regiões é ajustável

ao Dão. Cada uma das três regiões visitadas possui condicionantes naturais ou humanas

específicas que não são adaptáveis a qualquer outra região do mundo. Não só pelas formas

de associação e cooperação, como pela oferta cultural forte, pelo clima, pela arquitetura

entre outras muitas variantes que condicionam a escolha de um destino turístico.

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72

O que sim é comum a estas regiões de sucesso é a qualidade de serviço, a distinção

geral da oferta, a consistência de valores em cada produtor, a sustentabilidade e a

racionalidade da oferta (Sociedade Portuguesa de inovação, 2007).

5.5 Pontos Fortes e Oportunidades da região do Dão para o Enoturismo.

5.5.1 Pontes Fortes

Durante toda esta investigação conseguimos perceber quais os pontos fortes e

oportunidades da região do Dão para o Enoturismo.

O primeiro ponto forte, a localização. O território do Dão possui uma localização

privilegiada na região Centro, ocupando uma posição de charneira entre o Centro Litoral

e a Europa (Espanha). As ligações Litoral-Espanha, pelo IP5-A25 e norte sul pelo IP3-

A24 atribuem ao território um posicionamento estratégico e facilitam o estabelecimento

de relações comerciais e financeiras com o exterior.

O segundo ponte forte é a cidade de Viseu. É o centro gravitacional de todo o

território da região do Dão. O território tem acesso nesta cidade a um vasto conjunto de

serviços e infraestruturas. Mas a região também tem proximidade com as cidades do

Porto, Aveiro e Coimbra onde a aposta em IDI é elevada.

Depois destacamos a qualidade de vida e segurança, efetivamente existe um

espirito de comunidade e segurança nesta cidade. Existe também uma rede de vilas e

aldeias no seu raio de influência, que fazem com que seja possível ter um acesso

privilegiado a vários serviços e equipamentos.

Logo, verifica-se como ponto forte da região, a oferta educativa. Os municípios e

a cidade de Viseu apresentam um número significativo de instituições, com oferta em

todos os níveis de ensino. A diversidade de formação profissional, bem como de nível

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superior é uma mais-valia para o território, uma vez que possibilita a formação de técnicos

e garante assim uma qualidade de serviço nos setores estruturantes da base económica

local (Sociedade Portuguesa de inovação, 2007).

Também temos como ponte forte, a diversidade de produtos endógenos de

qualidade como, o vinho do Dão (DOC), a maça Bravo de Esmolfe (DOP), a vitela de

Lafões (IGP) e o cabrito da Gralheira (IGP). Que é um recurso muito atrativo para o

enoturismo.

Por fim salientam-se, os valores patrimoniais e o termalismo. As estâncias termais

existentes na região (São Pedro do Sul e Alcafache), poderão funcionar como

complemento da atividade enoturística, potenciando assim, o desenvolvimento turístico,

atraindo uma larga faixa de visitantes. Realça-se ainda a diversidade do património

arquitetónico tal como a Igreja Matriz de Nelas, sem esquecer também a Igreja Matriz de

Oliveira do Conde, interessante monumento de influência gótica. Em Cabanas de Viriato,

mais uma freguesia de Carregal do Sal, típica vila serrana, pode-se encontrar em

reconstrução o palacete de Aristides De Sousa Mendes, conhecido Cônsul de Portugal em

Bordéus, que, em 1940, concedeu a milhares de pessoas que fugiam ao regime nazi vistos

como autoridade de Portugal. Estando em Tondela é de todo interesse a visita à Igreja do

Carmo, datada do século XVIII.

Na cidade de Viseu, é importante visitar o Museu Grão Vasco, bem como o

edifício da Sé Catedral, que remonta ao século XIII e defronte a Igreja da Misericórdia

com a sua fachada ao estilo rococó. Deambule pelas ruas da parte antiga da cidade,

descubra as Janelas Manuelinas e disfrute das típicas lojas de teto baixo características da

cidade (Sociedade Portuguesa de inovação, 2007).

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74

5.5.2 Oportunidades

Importa também identificar os condicionalismos externos que influenciam

positivamente o desenvolvimento do território, ou seja, as respetivas oportunidades.

Primeiro, as necessidades dos consumidores orientam-se cada vez mais para os

produtos diferenciados e inovadores. A diferenciação e um fator de atratividade para os

consumidores em qualquer setor, desde o turismo ao agroalimentar. O mercado dos

produtos da terra, da agricultura biológica e a investigação ligada a sua valorização

(potenciais utilizações, propriedades medicinais, nutricionismo e alimentos) encontram-

se em desenvolvimento em todo o mundo. No território do Dão, a existência de vários

produtos de qualidade são a prova de que e possível explorar este caminho.

Depois confirma-se um crescimento notável da procura pelo turismo ambiental. E

o enoturismo é um fator decisivo nas deslocações dos visitantes a região do Dão.

Destaca-se também a cooperação transfronteiriça. A proximidade da região a

Espanha, sobretudo com o encurtar da distância-tempo, permite o estabelecimento de

relações de cooperação entre empresas de ambas as regiões. Atualmente, é ainda muito

limitado o intercâmbio entre estas, havendo poucas relações formais estabelecidas. O

Norte de Espanha é encarado principalmente como uma ameaça e não como uma

oportunidade, apesar de constituir um mercado consumidor de considerável dimensão,

face a realidade portuguesa. Para além de empresas, a cooperação pode ser estabelecida

aos mais diferentes níveis como por exemplo a nível do ambiente, energia, comunidades

cientificas e estudantes.

Por fim é de salientar a aposta de algumas instituições nos produtores da região e

no desenvolvimento das cooperações, sem esquecer o potencial das redes sociais.

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ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO

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5.6 Planos de ações

Tendo em conta os dados recolhidos ao longo da presente investigação resulta

possível e, eventualmente, útil, apresentar um conjunto de recomendações relativas ao

desenvolvimento do Dão como destino de enoturismo bem como às áreas e temas de

investigação que parece útil incentivar e apoiar, no futuro.

Num primeiro tempo tem de se aprofundar o conhecimento da oferta atual e potencial.

É indispensável um levantamento, rigoroso e global, da oferta enoturística na região

viseense, seja ao nível da oferta diretamente ligada ao vinho, seja ao nível de outros

produtos turísticos e da oferta complementar. Temos de perceber que balanço fazem dessa

atividade, que sugerem quanto as necessidades futuras, ou, ainda, estudar os impactos do

enoturismo na criação de emprego, de novas atividades ou na venda direta ou “a

posteriori” da visita ao destino de enoturismo.

Depois será importante perceber a diversificação da oferta. Da análise efetuada sobre

a oferta já existente, verifica-se a existência de uma base diversificada de recursos e

atributos que não estão ainda devidamente explorados na ótica do enoturismo. Daí

parecer-nos ser possível e aconselhável a agregação de produtos que utilize esta base

existente, nomeadamente pela oferta de circuitos temáticos que associem o vinho a outros

recursos de interesse turístico. E assim se poderão resolver problemáticas gerais como a

questão dos transportes (os turistas não gostam de conduzir após as provas e estão de

férias, portanto querem relaxar). Seria neste sentido interessante promover parcerias com

as agências de transportes (charrete, autocarros, tuc-tuc) ou outros meios alternativos.

Depois, quanto a presença da “família”, será importante referir que o enoturismo é mais

difícil de praticar com crianças, pelo que se torna necessário proporcionar atividades para

os mais novos. Podem ser, por exemplo, atividades na natureza, desporto ou ainda

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ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO

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atividades balneares. Também se lhes pode apresentar visitas educativas às adegas.

Igualmente, não deve ser esquecido o público feminino, pois verifica-se que as mulheres

mostram-se cada vez mais interessadas nas estadias enoturísticas. Deve-se então pensar

em produtos para umas “férias entre amigas”.

Num terceiro tempo deverá ser melhorada a oferta de eventos. Os eventos em torno

do vinho são um fator de atração de turistas e projeção da região e dos seus vinhos, pelo

que torna necessário o estudo do impacto dos eventos atualmente realizados, sua

coordenação e melhoria, bem como dos que seria útil desenvolver no futuro. A criação

de um grande evento anual em torno do vinho é potencialmente útil se assente numa

componente cultural ou/e artística, como por exemplo, um concerto de artistas reputados

mundialmente, uma exposição de arte de grande qualidade ou, ainda, semanas temáticas

em torno do vinho, da gastronomia, artesanato e folclore regional. Há também que

promover, de forma continuada e regular, eventos mais pequenos, a nível da região e das

adegas ou quintas para tornar a experiência vivida mais enriquecedora para o

turista/visitante.

A isso teremos de associar um ponto muito importante que é a informação e

mediatização. Pois são facilitadoras da escolha, já que os turistas esperam uma

mediatização das ofertas e um bom guia (guias turísticos, revistas, packs, posto de turismo

ou ainda internet.). A promoção do enoturismo deverá ser feita tanto no mercado interno

como nos mercados externos. Nestes aproveitando a presença da região nas feiras de

turismo mas também nas feiras de vinhos, fazendo promoção nas revistas de vinhos,

turismo. Ainda neste domínio, é aconselhável uma maior utilização das TICs e das Redes

Sociais como os blogues e o twitter. Pelo que sugerimos por exemplo, a criação de um

sítio e de um blog do enoturismo do Dão abrindo espaço à participação de profissionais,

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ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO

77

visitantes e outros interessados no tema e, ao mesmo tempo, servindo de instrumento de

informação e de promoção. Deve ainda ser ponderada a disponibilização de um mapa

interativo para telemóveis com informação sobre o enoturismo. Também necessária a

modernização do link da Rota dos vinhos se possível para uma versão mais atrativa,

interativa e mais completa, possibilitando, por exemplo, a marcação de mesa num

restaurante ou a reserva de quarto num hotel.

Logo, as parcerias poderão ser muito importantes. Isto é, trabalhar com operadores

turísticos nacionais e, sobretudo estrangeiros, para integrarem “pacotes” de enoturismo

no Dão na sua oferta. Trata-se de uma atividade que implica custos, às vezes avultados,

mas onde as sinergias entre as várias entidades, públicas e privadas, podem funcionar

com resultados positivos, aumentando o número de turistas, a duração da estadia e

oferecendo pacotes ao longo do ano, o que pode igualmente contribuir para reduzir a

sazonalidade.

Não podemos esquecer A Rota dos Vinhos. É uma estrutura essencial do enoturismo

pelo que importa estudar o seu papel atual e potencial na atração de turistas, na

coordenação dos seus aderentes, ou na promoção e divulgação da oferta enoturística,

incluindo a combinação dos recursos diretamente relacionados com o vinho e recursos de

âmbito cultural, histórico e patrimonial. A Rota dos Vinhos do Dão tem um potencial que

está longe de aproveitado e um trabalho sistemático de divulgação do seu papel e dos

serviços que presta seria útil. Parece ainda que deveria ser reforçada a sinergia possível

das duas áreas (vinho e turismo) no que se refere aos serviços e informações que presta

aos visitantes. Refazer e reestruturar a Rota parece então imprescindível para o bom

desenvolvimento do enoturismo na região.

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ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO

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Vimos anteriormente que várias das adegas que integram a Rota têm horários de

funcionamento pouco flexíveis e muitas delas, só aceitam visitas com marcação prévia.

Do mesmo modo, os horários de outros equipamentos (monumentos, lojas) deveria ser

revisto, de forma a que estejam acessíveis o maior tempo possível, incluindo o fim-de-

semana. Por exemplo, escalando o pessoal, para que à hora do almoço não fechem como

acontece em alguns casos.

Outro plano de ação a ter em conta é a melhoria da sinalética existente. Trata-se de

um elemento essencial para a orientação e atração dos visitantes bem como para a imagem

da região, pelo que há que melhorar a sinalética existente.

A simpatia no atendimento dos recursos humanos nos diversos equipamentos deve

ser complementada com os conhecimentos técnicos adequados sobre vinhos, história e

cultura da região. Do mesmo modo, o escasso conhecimento de línguas estrangeira de

muitos dos profissionais do enoturismo é uma lacuna a combater. A comunicação direta

com os visitantes e turistas estrangeiros é crucial para os atrair e orientar pelo que é

aconselhável que o atendimento possa ser feito, pelo menos, em inglês, francês e

espanhol. Nesse sentido recomenda-se a colaboração com os institutos de línguas e

politécnico de Viseu.

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ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO

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Capítulo VI – Limitações ao estudo, propostas para investigações futuras

e conclusão.

6.1 Limitações ao estudo

Como qualquer investigação, esta também teve limitações. Estas são fruto de fatores

diversos, internos e externos à investigação.

Em primeiro lugar, é ainda reduzida a reflexão e discussão sobre o tema do enoturismo

no Dão, seja a nível académico seja a nível empresarial. São escassos os dados estatísticos

e os documentos que sistematizem informação sobre esta atividade, o que naturalmente

limitou a investigação e reforçou o seu carácter exploratório. Com efeito, a revisão de

bibliografia sobre a região do Dão, apresentou-se difícil por ser reduzida.

Durante a investigação, verificou-se uma série de dificuldade em encontrar casos de

estudo comparáveis com o Dão, na medida em que o enoturismo estabelecido nos outros

países apresentava dimensões muito superiores ao Dão (em termos de abrangência

territorial, em termos qualitativos e ainda em termos de número de aderentes).

Dentro deste contexto, esta investigação apresenta limites inerentes aos fatores

apresentados.

6.2 Propostas para investigações futuras

Parece importante o estudo e análise das formas de gestão seguidas noutros países e

regiões e seus modelos organizativos. Este estudo terá como objetivo não tanto adotar um

modelo específico já que cada região ou país é um caso diferente, mas antes recolher

dados e informações sobre as diferentes experiências e a partir daí, refletir e discutir sobre

as modalidades possíveis, as quais adaptadas à realidade do Dão, possam contribuir para

a definição de um modelo de organização para o enoturismo da região.

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ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO

80

6.3 Conclusão

O enoturismo, enquanto produto turístico, não deve restringir-se apenas à existência

de unidades vitivinícolas com capacidade para receber visitas. Efetivamente, o produto

enoturismo e a sua cadeia de valor, serão tanto mais valorizados e rentáveis, quanto

melhor se valorizar, proteger e promover a paisagem, a cultura e a tradição vinhateira do

território, quanto melhor for a imagem e notoriedade da região vitivinícola e dos seus

atributos diferenciadores, integrados num “mix” de serviços e equipamentos e ainda

quanto melhor esse atributos forem percecionados pelos potenciais visitantes.

O desenvolvimento de um produto turístico, num determinado território, contribui

para o seu desenvolvimento económico e valoriza o património, as populações locais, e

atrai novos públicos. A criação ou desenvolvimento da Rota dos Vinhos pode ser um

mecanismo impulsionador da atividade enoturística da região do Dão, oferecendo aos

turistas, experiências várias, relacionadas com este setor de atividade. Importa, portanto,

reunir todos os recursos e serviços turísticos ligados, direta ou indiretamente, à cultura do

vinho e ao turismo, de forma a construir uma proposta de produto enoturístico integrado

e competitivo.

Observou-se ao longo desta investigação, que a vinha e o vinho constituem um

património importante, representando para Portugal um dos traços fundamentais da sua

identidade cultural. A Região Demarcada do Dão dispõe de características climáticas e

culturais favoráveis ao desenvolvimento desta atividade. O enoturismo, apesar de ainda

se apresentar como atividade emergente, constitui um inovador produto turístico onde a

atividade vitivinícola e o turismo aparecem integrados de modo harmonioso, permitindo

divulgar as potencialidades das regiões vitivinícolas e o seu aproveitamento turístico. Esta

atividade turística, pode contribuir decisivamente para o crescimento do turismo, no

destino através da atração de visitantes com um interesse no vinho, criando desta forma,

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ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO

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uma nova procura por um país ou região onde a gastronomia e o vinho são elementos

essenciais da imagem dessa mesma região.

Constatou-se, anteriormente, que esta atividade favorece o setor vitivinícola, a região

e a comunidade local. Efetivamente com o enoturismo verifica-se um aumento das vendas

de vinho, uma atração de novos segmentos turísticos, o aumento do número de visitantes

no destino e o desenvolvimento de uma imagem distintiva da região.

É um setor que apresenta várias lacunas, na região do Dão, destacando-se a

insuficiência de infraestruturas, equipamentos e serviços turísticos e a fraca preparação

dos diversos intervenientes. No que diz respeito às Rotas de Vinhos, a ausência de um

padrão e uniformidade em Portugal será o principal defeito, o que não permite ao setor

competir com outras regiões.

Para desenvolver uma atividade enoturística sustentável na região do Dão, dever-se-

á ter em conta aspetos importantes. O primeiro será reunir todos os operadores implicados

(quintas, adegas, meios de alojamento, restauração, associações culturais e desportivas e

a administração pública). Outro aspeto importante, será a colaboração entre iniciativas

privadas e administrativas. Só assim o enoturismo deixará de ser uma simples forma de

turismo associado ao vinho um ponto essencial para a promoção de um território a fim de

o desenvolver e o internacionalizar.

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ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO

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Anexos

Anexo A

Adega Cooperativa de

Mangualde Quinta do Sobral -

Engarrafamento e

Comercialização de

Vinhos, Lda

Empreendimentos

Turísticos Montebelo - Soc.

de Turismo e Recreio, S.A.

Adega Cooperativa de

São Paio, CRL Quinta dos Garnachos,

Unipessoal, Lda Empresa Vinícola

Vilanovense, Lda Adega Cooperativa de

Silgueiros Quinta dos Penassais

Enoport - Produção de

Bebidas, S.A. Adega Cooperativa de

Vila Nova de Tázem Quinta dos Roques

Falua - Sociedade de

Vinhos Adega de Penalva Quinta Solar do Arcediago Fernando Augusto Aires Agriema, Lda Quintas Aliança - Dão,

sociedade Agrícola, S.A. Ferreira Malaquias, Lda

Alberto António da Rocha

Oliveira Pinto QVE - Sociedade Agrícola

de Silgueiros, SA

Fontes da Cunha

consultadoria Estudos e

Gestão, SA Alberto de Oliveira Pinto

Raquel Camargo Mendes

Ferreira

Goanvi-Central

Engarrafamento de

Bebidas, Lda Alberto Fernando Mouraz

Alexandre Restaurante Martelo

Vinhos Curral da Burra,

Lda

H.J.M.L. - Vinhos e

Consultoria, Lda

Aliança Vinhos de

Portugal SA Rui Reguinga Enologia

Unipessoal Jaime de Almeida Barros,

Lda António Canto Moniz

Unipessoal, Lda Seacampo-Sociedade

Agrícola João Coelho Gouveia

António Henriques de

Almeida e Costa Sociedade Agrícola Boas

Quintas, Lda Jorge Almeida Ferreira dos

Reis António Lopes Ribeiro,

Wines Sociedade Agrícola Casa

Aranda, Lda José Maria da Fonseca -

Vinhos, SA António Pais Sociedade Agrícola de

Santar Juliano Almeida Nunes

Bento Ares do Dão - Sociedade

Vitivinícola Sociedade Agrícola do

Casal de Tonda, S.A. Ladeira da Santa, Lda

Asta Régia - Vinhos de

Portugal, S.A. Sociedade Agrícola do

Castro de Pena Alba, S.A. Maria Rosa Marques

Martins Borges Caminhos Cruzados, Lda Sociedade Agrícola do

Margarido Nuno Miguel Bico

Rodrigues de Matos Carlos Alberto Lucas

Graça Sociedade Agrícola e

Comercial dos Vinhos

Messias, S.A. O Abrigo da Passarela

Carlos Alexandre Godinho

Gomes Sociedade Agrícola

Faldas da Serra Paço de Santar - Vinhos

do Dão, SA Carvalhão Torto -

Sociedade de Vinhos,

Unipessoal, Lda

Goanvi-Central

Engarrafamento de

Bebidas, Lda

Passarela - Sociedade do

Dão, Lda

Casa de Cello - Gestão

Rural, Lda H.J.M.L. - Vinhos e

Consultoria, Lda Pedro Alberto Paraíso de

Almeida

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ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO

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Casa de Vilar de Ordem,

Lda Jaime de Almeida Barros,

Lda Pedro Gouveia Melo

Borges da Gama Casca Wines - Produção e

Comercialização de

Vinhos, Lda João Coelho Gouveia Peter Viktor Eckert

Caves Alto Viso - Vinícola

do Passadouro, Lda Jorge Almeida Ferreira dos

Reis Quinta da Bica -

Sociedade Agrícola, Lda

Caves Arcos do Rei, Lda José Maria da Fonseca -

Vinhos, SA Quinta da Fata -

Agricultura e Turismo

Caves Avelar, Lda Juliano Almeida Nunes

Bento Quinta da Nespereira -

Sociedade Agrícola, SA

Caves Campelo, S.A. Ladeira da Santa, Lda Quinta da Pellada,

Unipessoal, Lda Caves da Montanha - A.

Henriques, Lda Lusovini - Distribuição, Lda Quinta da Penseira S.A.

Caves do Barrocão, Lda Madre de Água, Lda Quinta da Rebôtea, Lda

Caves do Casalinho, SA Magnum - Carlos Lucas

Vinhos, Lda

Quinta de Lemos -

Produção e Comércio de

Vinhos, S.A.

Caves Alto Viso - Vinícola

do Passadouro, Lda

Caves São João -

Sociedade dos Vinhos

Irmãos Unidos, Lda

Quinta do Escudial Vinhos,

Lda

Caves Arcos do Rei, Lda Caves Vinícolas Martinho

Alves - Produção e

Comércio de Vinhos, S.A.

Quinta do Perdigão

Sociedade Unipessoal Lda

Caves do Solar de São

Domingos, SA Caves Primavera, SA

CESCE - Sociedade

Agrícola - ETCA Chão de São Francisco -

Soc. Vit.e Turismo Rural

Lda.

CM Wines Sociedade

Vinícola, Lda Cruz & Cia, Lda

D.F.J. Vinhos, Lda Dão Sul - Sociedade

Vitivinícola, S.A. Dario Manuel Costa

Pereira Melo

Edivin - vinhos S.A. Empreendimentos

Turísticos Montebelo - Soc.

de Turismo e Recreio, S.A.

Falua - Sociedade de

Vinhos

Enoport - Produção de

Bebidas, S.A. Empresa Vinícola

Vilanovense, Lda Fernando Augusto Aires

Fontes da Cunha

consultadoria Estudos e

Gestão, SA Ferreira Malaquias, Lda

Manuel dos Santos

Campolargo - Cabeça de

Casal da Herança de

Maria Alcide Tavares

Marques

Maria de Lourdes Mendes

Oliva Nunes Albuquerque

Osório

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Anexo B

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Anexo C

Intenção de Candidatura à Rota dos Vinhos do Dão

Identificação

do Produtor

Nome:

Morada:

Freguesia:

Concelho:

Telefone:

Coordenadas GPS:

Website:

Inventariaçã

o da Oferta

Enoturística

Na sua opinião, a sua Quinta / Propriedade tem interesse turístico?

Sim Não

Em caso afirmativo, refira quais os principais atractivos.

______________________________________________________________________________

_

______________________________________________________________________________

_

Entre esses atrativos, quais gostaria de destacar?

______________________________________________________________________________

_

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ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO

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______________________________________________________________________________

_

Na sua opinião, reúne as condições mínimas para a recepção de enoturistas?

______________________________________________________________________________

_

Quando acolhe enoturistas, onde os recebe:

Adega Sala de Provas Noutro Local

Se indicou outro, refira qual.____________

Na sua Quinta / Propriedade possui uma Loja de Vinhos?

Sim Não

Se já recebe/acolhe habitualmente enoturistas, qual o número e regularidade das suas visitas

ao longo do ano?

______________________________________________________________________________

_

Que referências é que habitualmente dá aos enoturistas para chegarem à sua propriedade /

instalação?

______________________________________________________________________________

_

Que meios de comunicação utiliza para promover o seu projecto de enoturismo?

______________________________________________________________________________

_

Quantos elementos da sua equipa de trabalho estão afectos à área do enoturismo? Refira o seu

contacto.

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______________________________________________________________________________

Considera a Rota do Vinho do Dão e, em geral o enoturismo, uma oportunidade para

diversificar o seu negócio e aumentar as suas vendas de vinho?

Sim Não

Intenção de

Adesão à Rota

do Vinho do

Dão

Está, em princípio, interessado em aderir a esta iniciativa da Comissão Vitivinícola Regional do

Dão para relançar a Rota do Vinho do Dão?

Sim Não

Data: _ /_ /_

Assinatura: __________________________________________