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I N S T I T U TO SUPER IOR DE C I ÊNC I AS EMPRESAR I A I S E DO TUR I SMO
ENOTURISMO :
FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
Tur ismo e Desenvo lv imento de Negócios
Mestrado
Or ientadores: Professor Doutor Eugénio dos Santos
Mar ine Alves de Almeida Lopes
PORTO2014
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
i
Agradecimentos
Neste espaço pretendo agradecer a todas as pessoas que ao longo do meu Mestrado
em Turismo e Desenvolvimento de Negócios me ajudaram, direta ou indiretamente, a
cumprir os meus objetivos e a realizar mais esta etapa da minha formação académica.
Desta forma, deixo apenas algumas palavras, mas um sentido e profundo sentimento de
reconhecido agradecimento.
Ao coordenador de Mestrado Professor Doutor Luís Ferreira, pela oportunidade
que me deu em escolher um tema que me era importante e pela contribuição ao
enriquecimento da minha formação académica e científica.
Ao meu orientador Professor Doutor Eugénio dos Santos pelo aconselhamento e
contribuição ao melhoramento deste projeto.
À Professora Lídia Aguiar, expresso o meu profundo agradecimento pela
orientação e apoio ao longo deste período e sobretudo pela dedicação aos alunos.
À Equipa da Comissão Vitivinícola do Dão, pela atenção e dispor que sempre
demonstraram, bem como às adegas pela informação que disponibilizaram.
A realização deste projeto não teria sido possível sem o apoio dos meus amigos e
colegas, por isso agradeço particularmente à Fátima que sempre me incentivou até nos
momentos de maior aflição e um especial obrigada à Diana pela sua dedicação e apoio
neste projeto.
Ao meu marido um especial agradecimento pelo apoio, pelas palavras de
incentivo, pela confiança e força transmitida em todos os momentos.
À minha tia Luísa pela sua paciência e dedicação.
Aos meus Pais, ao meu Irmão e Tios um enorme obrigada por acreditarem sempre
em mim e naquilo que faço e por todos os ensinamentos de vida. Espero que esta etapa,
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
ii
que agora termina, possa, de alguma forma, retribuir e compensar todo o carinho, apoio
e dedicação que, constantemente, me oferecem. A eles, dedico todo este trabalho.
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
iii
Resumo
O presente projeto denominado: “Enoturismo: Fator de Desenvolvimento da
Região do Dão?” realizou-se no âmbito do mestrado em Turismo e Desenvolvimento de
Negócios. O tema base desta investigação é o enoturismo enquanto elemento suscetível
de dinamizar a Região Demarcada do Dão.
O setor do turismo em Portugal é responsável pela geração de importantes receitas
e pela criação de um número considerável de postos de trabalho. No entanto, existem
regiões do país onde a dependência no setor é mais evidente. O setor do turismo assume-
se, deste modo, como um fator impulsionador do desenvolvimento socioeconómico.
A pesquisa incidiu no desenvolvimento do Enoturismo na Região do Dão.
Analisou-se igualmente o desenvolvimento do Enoturismo em termos europeus, tendo
em conta a sua manifestação mais expressiva: as Rotas do Vinho.
O enoturismo, enquanto produto turístico, não deve restringir-se à existência de
unidades vitivinícolas com capacidade para receber visitas. Efetivamente, o produto
enoturismo será tanto mais rentável, quanto melhor se valorizar, proteger e promover os
recursos da região vitivinícola, integrados num “mix” de serviços e equipamentos. A
organização e qualificação da oferta existente faculta a possibilidade de captar, em cada
local, um maior número de clientes, aproveitando a dinâmica do setor do turismo
enquanto setor que origina um fluxo de visitantes no território, podendo adquirir os
produtos junto dos produtores, aumentando assim o impacto direto e o volume de
negócios de cada agente económico.
Palavras-chave: Vitivinicultura, Enoturistas, Enoturismo, desenvolvimento local.
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
iv
Abstract
This project called: "Wine tourism factor of development of the Dão region" was
held under the master's degree in Tourism and Business Development. The basic theme
of this research is the wine tourism as susceptible element to boost the demarcated region
of Dão.
The tourism sector in Portugal is responsible for generating significant revenue
and the creation of a considerable number of jobs. However, there are regions of the
country where dependence is most evident in the sector. The tourism sector is assumed,
therefore, as a factor of socio-economic development lever.
The research focused on the development of wine tourism in the Dão region. Also
analyzed the development of wine tourism in European terms, taking into account its most
significant manifestation: the Wine Routes.
The wine tourism as a tourism product, should not be limited to the existence of
wine units with capacity to receive visitors. Indeed, the wine tourism product will be
much more profitable, the better to appreciate, protect and promote the resources of the
wine region, an integrated mix of services and equipment. The organization and
categorization of the supply, provides the ability to capture, at each location, a larger
number of customers, taking advantage of the dynamics of the tourism sector which
originates as a flow of visitors to the area sector, and you can purchase products directly
from producers together thus increasing the direct impact and the turnover of each
economic agent.
Key Words: Viticulture, Wine turists, Wine Tourism and local development.
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
v
Índice Agradecimentos ................................................................................................................. i
Resumo ............................................................................................................................ iii
Abstract ............................................................................................................................ iv
Indice de Figuras ............................................................................................................ vii
Indice de Tabelas ........................................................................................................... viii
Lista de Siglas .................................................................................................................. ix
Capítulo I – Introdução, Motivações, Objetivos, Metodologia e Estrutura do projeto. ... 1
1.1 Introdução .......................................................................................................... 1
1.2 Motivações, Objetivos e Justificação da Pesquisa ............................................. 2
1.2.1 Motivações e Justificação da Pesquisa ....................................................... 2
1.2.2 Objetivos ..................................................................................................... 2
1.3 Metodologia ....................................................................................................... 4
1.4 Estrutura do Projeto ........................................................................................... 6
Capítulo II – Revisão de Literatura .................................................................................. 7
2.1 O Enoturismo ..................................................................................................... 8
2.1.1 Definição .................................................................................................... 8
2.1.2 As vantagens para os profissionais dos vinhos ........................................... 9
2.1.3 Enoturismo e Turismo de Educação ......................................................... 11
2.2 O Enoturista ..................................................................................................... 13
2.2.1 Perfil do Enoturista ................................................................................... 14
2.2.2 Motivações dos Enoturistas ...................................................................... 17
2.3 Destinos de Enoturismo ................................................................................... 19
2.3.1 Os requisitos para um destino de Enoturismo .......................................... 19
2.3.2 Os principais destinos de Enoturismo no mundo ..................................... 21
Capítulo III – Região do Dão – Caso de Estudo ............................................................ 22
3.1 A história da vitivinicultura ............................................................................. 22
3.1.1 A vitivinicultura na região do Dão. .......................................................... 25
3.2 A região demarcada do Dão ............................................................................. 26
3.2.1 Caracterização da região ........................................................................... 26
3.2.2 As castas utilizadas na região do Dão ...................................................... 28
3.2.3 O clima da região do Dão ......................................................................... 34
3.2.4 Geologia e solos ....................................................................................... 35
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
vi
3.2.5 Condução da vinha ................................................................................... 36
3.3 As adegas e quintas da região do Dão : potencial de criação de um destino de
enoturismo .................................................................................................................. 38
Capítulo IV – Benchmarking ...................................................................................... 45
4.1 Estudo de casos ................................................................................................ 45
4.1.1 Bordéus ..................................................................................................... 47
4.1.2 Toscana ..................................................................................................... 55
4.1.3 Rioja ......................................................................................................... 61
4.2 Estudo comparativo ......................................................................................... 66
Capítulo V – Proposta de desenvolvimento de Enoturismo para a Região do Dão .... 69
5.1 Proposta de desenvolvimento ............................................................................... 69
5.1.1 Estrutura da proposta ...................................................................................... 69
5.2 Análise dos objetivos ............................................................................................ 70
5.3 Revisão da literatura ............................................................................................. 70
5.4 Estudos de caso ..................................................................................................... 71
5.5 Pontos Fortes e Oportunidades da região do Dão para o Enoturismo. ................. 72
5.5.1 Pontes Fortes .................................................................................................. 72
5.5.2 Oportunidades ................................................................................................ 74
5.6 Planos de ações ..................................................................................................... 75
Capítulo VI – Limitações ao estudo, propostas para investigações futuras e conclusão.
.................................................................................................................................... 79
6.1 Limitações ao estudo ............................................................................................ 79
6.2 Propostas para investigações futuras .................................................................... 79
6.3 Conclusão .............................................................................................................. 80
Bibliografia ..................................................................................................................... 82
Anexos ............................................................................................................................ 84
Anexo A ...................................................................................................................... 84
Anexo B ...................................................................................................................... 86
Anexo C ...................................................................................................................... 91
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
vii
Indice de Figuras
Figura 1: Estrutura do projeto ........................................................................................... 6
Figura 2: Casta Touriga-Nacional .................................................................................. 30
Figura 3: Casta Alfrocheiro ............................................................................................ 30
Figura 4: Casta Tinta Roriz ............................................................................................ 31
Figura 5: Casta Jaen ........................................................................................................ 31
Figura 6: Casta Tinta Pinheira ........................................................................................ 31
Figura 7: Casta Encruzado .............................................................................................. 32
Figura 8: Casta Malvasia Fina ........................................................................................ 32
Figura 9 : Casta Bical ..................................................................................................... 33
Figura 10: Casta Cercial ................................................................................................. 33
Figura 11 : Mapa da rota dos Vinhos do Dão ................................................................. 40
Figura 12: Mapa da região Vitivinícola de Bordéus ...................................................... 51
Figura 13 : Mapa da região vitivinícola de Bordéus com os tipos de vinhos produzidos
........................................................................................................................................ 52
Figura 14: Mapa das zonas de produção do Chianti. ...................................................... 60
Figura 15: Mapa da região vitícola da Toscana .............................................................. 61
Figura 16 : Mapa da região de origem qualificada Rioja ............................................... 66
Figura 17 : Estrutura da proposta ................................................................................... 69
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
viii
Indice de Tabelas
Tabela 1: Descrição das castas utilizadas na região do Dão........................................... 30
Tabela 2: Produção Vinícola por Região ........................................................................ 34
Tabela 3 : Caracterização das Quintas pertencendo a Rota dos Vinhos do Dão ............ 41
Tabela 4 : Caracterização das adegas cooperativas pertencendo a rota dos vinhos do Dão
........................................................................................................................................ 43
Tabela 5 : Caracterização das Quintas que têm interesse no desenvolvimento da Rota do
vinho Dão ....................................................................................................................... 44
Tabela 6 : Características da oferta enoturística das adegas. .......................................... 53
Tabela 7 : Caracterização da oferta enoturistica das adegas .......................................... 59
Tabela 8: Caracterização da oferta enoturística das adegas. .......................................... 65
Tabela 9 : Comparação da oferta enoturística das regiões vitivinícolas......................... 67
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
ix
Lista de Siglas
BIVB – Bureau Interprofessionnel des Vins de Bourgogne
BTSA – Brevet de Technicien Supérieur Agricole
CVRD – Comissão Vitivinícola Regional do Dão
DOC – Denominação de Origem Controlada
DOCG – Denominação de Origem Controlada e Garantida
DOP – Denominação de origem Protegida
IDI – Investigação, Desenvolvimento e Inovação
INE – Instituto Nacional de Estatística
IVV – Instituto da Vinha e do Vinho
TIES – The Internacional Ecoturism Society
UNESCO – United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization
VIP – Very Important Person
VQPRD – Vinho de Qualidade Produzido em Região Determinada
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
1
Capítulo I – Introdução, Motivações, Objetivos, Metodologia e
Estrutura do projeto.
1.1 Introdução
O enoturismo, ou turismo associado aos vinhos, encontra-se numa fase de grande
expansão. A notoriedade dos vinhos portugueses, tal como a sua variedade, explica-se em
grande parte pela diversidade de recursos que caracteriza a região do Dão: as paisagens
vitícolas são a tradução estética e característica que faz parte do património turístico do
país. Constatou-se ainda que quer o vinho, quer a gastronomia, sempre constituíram uma
forte motivação na visita de um destino turístico.
Segundo um estudo feito pelo INE, um dos principais fatores de atração turística
da região de Viseu, é o vinho e a gastronomia. O setor do turismo assume uma posição
de destaque na estratégia de desenvolvimento da sub-região, tendo como suporte a
valorização dos recursos territoriais específicos com maior potencial de atração turística.
Os elementos culturais e paisagísticos, os produtos artesanais, a gastronomia e os recursos
termais, entre outros, contribuem diretamente para o desenvolvimento da economia local,
constituindo-se ainda como fatores de identidade territorial. Em Portugal, um visitante
sobre três, aponta espontaneamente o vinho e a gastronomia como motivação para a
escolha de um destino. O turismo do vinho raramente é uma atividade isolada. É exercida
normalmente em conjunto com o turismo rural, ecoturismo e por vezes também com o
turismo de aventura.
O vinho corresponde a uma cultura milenar que integra várias dimensões do
património: património paisagístico, monumental, histórico e gastronómico.
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
2
1.2 Motivações, Objetivos e Justificação da Pesquisa
1.2.1 Motivações e Justificação da Pesquisa
A minha ligação a enologia começou desde criança já que o meu pai é enólogo na
região de Jurançon (França). Isso levou-me a frequentar o curso de BTSA (Brevet de
Technicien Superieur Agricole) Technico-commercial Boissons, Vins et Spiritueux na
escola vitícola de Montagne Saint-Emilion em Bordéus (França). Obtive também uma
licenciatura em Managment Realtions Clients durante a qual tive a oportunidade de
estagiar 4 meses na União das Adegas Cooperativas da região do Dão, seguindo-se mais
2 meses na Adega Cooperativa de Silgueiros (Viseu).
Atualmente a viver no Sátão (distrito de Viseu) e a trabalhar na cidade numa
empresa ligada aos vinhos, tinha necessariamente que escolher um projeto onde me viria
a sentir realizada.
Conhecendo minimamente a região do Dão, entendeu-se que se poderia com este
projeto mostrar a importância do enoturismo dando um contributo para o
desenvolvimento desta antiga região, mas simultaneamente rica em património cultural e
natural.
1.2.2 Objetivos
O objetivo geral deste projeto consiste em chamar a atenção para a importância
do enoturismo e da atividade vitivinícola para a região do Dão, capaz de dinamizar a
mesma através de uma oferta turística inovadora, que a projete a nível nacional e
internacional. Ainda neste contexto, face à abrangência territorial e á riqueza patrimonial
que se pretende associar a este projeto, temos como objetivo final do mesmo o
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
3
desenvolvimento da atividade enoturistica fazendo uma proposta de desenvolvimento do
enoturismo na região do Dão.
Assim, será necessário trabalhar um conjunto de objetivos específicos:
1. O primeiro objetivo específico passa pelo desenvolvimento da atividade
vitivinícola na região, onde observaremos de muito perto sobretudo nas Adegas
Cooperativas e Quintas Vinícolas. Dai apresentaremos as castas utilizadas na região do
Dão, a caracterização do clima da mesma, a geologia e solos onde estão plantadas as
vinhas e a condução destas últimas.
2. O desenvolvimento do enoturismo da região do Dão, onde se apresentarão os
principais atrativos turísticos dos quais dispõem as Adegas e as Quintas Vinícolas.
3. Posteriormente e como terceiro objetivo específico, pretende-se dar um
contributo na reformulação da Rota dos Vinhos do Dão para que ela tenha uma fruição
turística mais atrativa incluindo-se o património material e imaterial da região que ela
atravessa.
4. Paralelamente, pretende-se proporcionar o desenvolvimento do turismo no
meio rural, com uma oferta viável, que vise a intervenção e revitalização local e regional,
através da criação de infraestruturas indispensáveis á industria turística, bem como o
fomento e a conservação das tradições de cada local.
Este conjunto de objetivos que sustentam o desenvolvimento do projeto deverão
contribuir para alcançar o desenvolvimento do enoturismo na região do Dão.
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
4
1.3 Metodologia
Segundo Pizam (1994), a investigação em turismo destina-se a fornecer
informações que possam ajudar os gestores a tomarem decisões, seguindo um caráter de
objetividade, reprodutibilidade e sistematização.
Após a identificação e formulação do problema, esta investigação assentou
sobretudo em quatro momentos.
Um primeiro correspondente à pesquisa bibliográfica, feita de forma a conhecer
melhor a problemática. Um segundo momento que diz respeito à identificação e análise
de estudos de caso, para encontrar elos de ligação entre os produtos. Depois, num terceiro
momento, a identificação e estudo de modelos já existentes para sustentar o que ia sendo
estudado e afirmado na bibliografia analisada. Por fim, um quarto momento, que resulta
na construção da proposta de desenvolvimento de enoturismo para a Região do Dão.
No processo relativo aos tipos de pesquisa utilizados neste projeto, foram utilizados
dois modos de proceder: a pesquisa bibliográfica (pesquisa exploratória) e a análise de
modelos existentes e estudos de caso (pesquisa descritiva).
A pesquisa exploratória (ou pesquisa bibliográfica) serve para o investigador se
familiarizar com o objeto de estudo, permitindo assim tomar conhecimento das ideias e
estudos já existentes sobre o tema, buscando sempre autores mais reputados.
Formulação do problema
Portanto, a partir da pesquisa exploratória realizada no início desta investigação,
poderemos formular algumas hipóteses que se pretendem testar em relação à nossa
pergunta chave: “Enoturismo Fator de Desenvolvimento da Região do Dão?”
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
5
- Quanto maior for o conhecimento sobre vinhos, maior o interesse por atividades ligadas
à sua produção e menor atenção por outras atividades turísticas complementares.
- As atividades vitivinícolas são um dos fatores de atracão no concelho de Viseu.
- Os eventos a volta do vinho poderão contribuir para um maior número de entradas
turísticas na região e, por conseguinte, como potenciador de desenvolvimento regional.
Dentro deste contexto será necessário ter em atenção as necessidades do mercado
a serem satisfeitas, tornando-se fundamental que se perceba os diferentes tipos de
enoturistas que pode receber a região. Estes muitas vezes procuram provas de vinhos ou
atividades relacionadas com esse produto. Esses fatores podem variar em termos de
necessidades de um turista para o outro.
Análise de estudos de casos (Pesquisa descritiva)
Numa primeira fase, procede-se a caracterização da região do Dão a nível
geográfico e climático. Depois um levantamento exaustivo de adegas e quintas de modo
a perceber-se os recursos e atividades ligadas ao enoturismo.
Num segundo momento, estudar-se-á o que se pratica em outros países em termos
de produtos e serviços enoturísticos, em geral.
Construção da proposta de desenvolvimento de enoturismo para a região do
Dão
Após toda a análise, depois de relacionar os modelos existentes e associá-los com
todos os elementos analisados no decorrer de toda a pesquisa efetuada, será proposto um
modelo de desenvolvimento de enoturismo para a Região viseense.
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
6
Proceder-se-á ao levantamento dos pontos fortes e oportunidades da atividade na
região.
1.4 Estrutura do Projeto
Este trabalho está dividido em 6 capítulos como é possível observar no esquema
seguinte.
Figura 1: Estrutura do projeto
Fonte : O autor
Um primeiro Capítulo onde é feita uma introdução ao tema em estudo e analisada
a metodologia seguida durante toda a investigação. Neste capítulo também são expressas
as motivações que me levaram a estudar este tema e os objetivos a alcançar com este
estudo.
Num segundo Capítulo é dado início ao estudo do setor do enoturismo, das suas
mais recentes tendências, bem como os principais requisitos para um bom destino. Inicia-
se com a definição e continuamos com uma análise às vantagens apontadas para os
profissionais dos vinhos. Também é estudado o enoturista com o seu perfil e motivações.
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
7
No terceiro Capítulo é feito um estudo de caso sobre a Região do Dão, tendo como
principal objetivo a caracterização da sua oferta enoturística.
No quarto Capítulo é possível encontrar a análise de 3 modelos existentes e
respetivos estudos de caso, que no presente projeto contribuirão para comparação com a
Região do Dão.
Relativamente ao quinto Capítulo, é feita a junção de todas as variáveis estudadas,
na revisão da literatura e na análise aos modelos existentes apresentados, para que daí
possa resultar uma proposta de desenvolvimento do enoturismo na Região do Dão.
O sexto e último Capítulo é constituído pelas conclusões que foram permitidas
tirar desta investigação bem como as recomendações que possam ser feitas acerca do
projeto.
Capítulo II – Revisão de Literatura
O enoturismo ou turismo associado aos vinhos encontra-se numa fase de grande
expansão. A notoriedade dos vinhos portugueses tal como a sua diversidade explica-se
em grande parte pela variedade do local: as paisagens vitícolas são a tradução estética e
característica que faz parte do património turístico do país. Depois sabemos que o vinho
e a gastronomia sempre constituíram uma forte motivação na visita de um destino.
Segundo um estudo feito pelo INE, um dos principais fatores de atração turística da
região de Viseu é o vinho e a gastronomia.
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
8
2.1 O Enoturismo
2.1.1 Definição
«Enoturismo é composto por deslocações realizadas pela motivação de
visitar e conhecer adegas, caves e regiões vitivinícolas, considerado como uma
ferramenta de marketing e um meio para promover o desenvolvimento do destino,
representando uma oportunidade para realizar vendas à porta e proceder a
iniciativas de marketing direto para as unidades do sector vitivinícola» (Getz,
2000 : 3)
A Dão Sul, sociedade vitivinícola da região do Dão, onde está situada a cidade
de Viseu, define o enoturismo como:
a deslocação de pessoas, que têm interesse na cultura vínica,
realizando experiências vínicas, tornando-se assim, uma importante
ferramenta de Marketing, para a construção de uma imagem positiva dos
vinhos da região. Assim no enoturismo poderemos encontrar atividades
como: provas de vinhos, visita a produtores, combinação de gastronomia e
vinhos, desfrutar da paisagem, a experiência paralela de atividades
culturais, naturais e sociais associadas às regiões vitivinícolas. (Carvalho,
2007: 23)
O enoturismo é uma área de grande crescimento dentro do turismo, mesmo sendo
um sector relativamente jovem, tem grandes possibilidades de crescimento, que permitirá
segundo Hall e Macionis (2000), a longo e médio prazo, ter sustentabilidade e
rentabilidade. As razões da expansão dessa área é o crescimento global do interesse pelo
vinho, as estratégias regionais para organizar e promover o enoturismo, a abertura dos
produtores de vinhos a visitantes e o desenvolvimento de estruturas nas regiões vitícolas:
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
9
hotéis, restaurantes, festas, eventos e serviços de animação. A gastronomia também tem
tido tendência a ser caracterizada como elemento de convivialidade.
Assim podemos dizer que o enoturismo é um importante produto turístico, que
permite realçar as potencialidades de algumas regiões vitivinícolas e salientar a oferta
turística e patrimonial da região. Embora não haja muitos estudos sobre a região do Dão,
há muitos estudos e investigações sobre enoturismo. Além disso Portugal é um país rico
em regiões vitivinícolas e com fortes tradições de consumo de vinho. O turismo de
Portugal comprova essa afirmação com um estudo onde apresentam o enoturismo como
um dos 10 produtos estratégicos para o desenvolvimento do turismo em Portugal
(Turismo de Portugal, 2006).
2.1.2 As vantagens para os profissionais dos vinhos
É interessante analisarmos a produção de vinho no mundo, para salientar a
importância que o turismo do vinho está a ter em Portugal. De facto, segundo um estudo
da organização internacional da vinha e do vinho (2013), a Europa é o maior produtor de
vinho do mundo no top 10 dos maiores produtores de vinhos em 2012. Encontramos a
França em primeiro lugar com 45 milhões de hectolitros, a Itália em segundo lugar com
42,6 milhões de hectolitros e depois encontramos em décimo lugar Portugal com 5,9
milhões de hectolitros. O enoturismo pode ser então um elemento de turismo muito
benéfico para aumentar as exportações de vinhos do país. O turismo do vinho pode
também favorecer a educação dos consumidores (ensinar-lhes a reconhecer algumas
características dos vinhos…) e fidelizá-los, o que contribuirá para uma boa imagem das
regiões e das adegas.
Isso permite-nos perceber que o desenvolvimento do turismo do vinho resulta de
um aumento do interesse sobre o vinho, manifestado no florescimento de quintas
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
10
particulares, na atenção dos media e na curiosidade do consumidor em conhecer a origem
e o produtor, assim como a possibilidade de adquirir raridades a preços acessíveis. Não
menos importante, é o facto das regiões vitivinícolas serem lugares aprazíveis: as vinhas
compõem paisagens esteticamente agradáveis e o clima característico destas regiões é,
também, durante a maior parte do ano, bastante ameno. Para além disso, há que
acrescentar a necessidade de comunhão com a natureza por parte da sociedade urbana.
É necessário também perceber as vantagens que tem o enoturismo para os
profissionais do vinho. Efetivamente, não só é importante pelas vendas que proporciona,
como também por constituir um apoio à sensibilização dos consumidores para o produto
vinho. Como dissemos anteriormente, o vinho é comercializado internacionalmente,
portanto o enoturismo também permite a promoção de uma marca. Tem capacidade de
desempenhar um papel significativo no desenvolvimento regional, sobretudo nas zonas
rurais, através da sua contribuição económica, social e ambiental. O benefício do
enoturismo para os produtores, associações de viticultores e todos os profissionais do
vinho, é o aumento das margens de vendas, com a eliminação gradual da intermediação
existente no meio, através de uma venda cada vez mais direta (Carvalho, 2007). É de
notar que geralmente apenas um em cada dez clientes não compra nada à adega.
Esta forma de turismo trás vantagens porque permite divulgar novos produtos,
diversificar a gama de produtos e leva a novas oportunidades de negócio. O turismo do
vinho também permite aos profissionais testar os seus produtos, de forma a avaliar o
feedback dos visitantes e perceber se corresponde as expectativas dos consumidores.
Permite também educar o consumidor através destas atividades de marketing sensorial.
Por fim essas atividades cada vez mais desenvolvidas nas regiões vitivinícolas permitem
uma sazonalidade equilibrada. Pois o enoturismo pode ser feito a qualquer altura do ano.
Não é muito condicionado pela meteorologia, porque as atividades tanto podem ser
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
11
desenvolvidas no interior como no exterior (Barroco Novais & Antunes). Nota-se
portanto que o enoturismo pode trazer vantagens para muitas adegas e caves, em especial
às de pequena dimensão. No entanto para outras, poderá ser um negócio secundário, um
mero canal promocional ou ainda uma forma de ensinar, educar os enoturistas a provar o
vinho. Para certos estabelecimentos também pode proporcionar o aumento de novos
potenciais consumidores e o alargamento a novos segmentos de mercado.
Mas o enoturismo não é só dedicado aos turistas, as populações locais também
podem participar. O que se revela interessante, porque pode permitir às adegas fazer
novas parcerias com os restaurantes locais e alojamentos, por exemplo. Por outro lado, o
enoturismo pode trazer muitas vantagens para as regiões ou a comunidade local. As
principais vantagens são o aumento do número de visitantes e a sua contribuição para a
economia local, sendo de realçar que muitos retornaram aos locais, tornando-os de eleição
nas suas escolhas pessoais. Aqui também destacamos de novo o problema da
sazonalidade que é ultrapassado nas zonas onde se pratica o enoturismo, sendo o processo
de viticultura repartido por todo o ano. O turismo do vinho também pode ter vantagens
sociais, na criação de emprego, de eventos para residentes e visitantes, na criação e
melhoramento de novas infraestruturas, contribuindo para o desenvolvimento das regiões.
No entanto, para alguns autores, o enoturismo pode proporcionar alguns impactos
negativos para os residentes e para a região vitivinícola como, a degradação ambiental,
poluição, o aumento dos custos de financiamento, a formação dos recursos humanos, o
aumento do tráfego automóvel… (Barroco Novais & Antunes).
2.1.3 Enoturismo e Turismo de Educação
O enoturismo também envolve uma vertente muito interessante que é a educação.
Sem a educação muitos problemas podem surgir numa comunidade ou num país. Segundo
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
12
um estudo feito por Indira De Sousa & Toscana (2005), a educação tem como objetivo
guiar o homem no seu desenvolvimento, dotando-o de conhecimentos gerais sobre o
mundo e a sociedade, com capacidade de julgar as mudanças que ocorrem neste mundo.
Este mesmo estudo conclui que a educação quando bem empregada para a sociedade
resulta em cidadãos com a liberdade de criticar, bem como entender os factos, estando
estes ligados à situação social com objetivo de ajudar a sociedade. Turismo e educação
estabelecem um diálogo contínuo, tendo como base a interdisciplinaridade como processo
de integração e compromisso dos educadores num trabalho conjunto em busca de um
conhecimento global. O enoturismo é uma ferramenta para educar os enoturistas sobre o
que é o vinho, como se prova, quais as suas características… O turismo de educação e de
aprendizagem não tem fim. As férias educativas para turistas cada vez mais ativos,
constituem uma tendência que se acentua ao passar dos anos e que oferece a possibilidade
para a indústria do turismo, permitindo aos destinos explorar diferentemente as suas
instalações. É um nicho promissor que deixa lugar à inovação e à criatividade. Segundo
a comissão canadiana do turismo, o turismo de aprendizagem caracteriza-se com a
combinação de educação, interação, estimulação, procura de autenticidade e de
experiência. Portanto a educação tem uma importância relevante para o turismo do vinho
e a formação dos trabalhadores não deve ser colocada de parte para poderem dar a
conhecer aos visitantes os vinhos e todas as suas componentes.
Nas definições até aqui apresentadas não se fala do tempo de estadia dos visitantes do
enoturismo, efetivamente é normalmente uma atividade desenvolvida em poucos dias.
Mas ainda falta considerar os outros elementos que compõem o sistema do enoturismo,
designadamente, incorporar a vertente da oferta no seu conceito. Na base do
desenvolvimento do enoturismo destacam-se três elementos: os consumidores, os
destinos e os fornecedores.
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
13
Esta configuração do sistema do enoturismo reconhece-se na definição sugerida por
(Getz, 2000 : 3): «Wine tourism is travel related to the appeal of wineries and wine
country, a form of niche marketing and destination development, and an opportunity for
direct sales and marketing on the part of the wine industry».
2.2 O Enoturista
Os turistas de vinho são os que atribuem um valor especial às deslocações aos
territórios onde se produz o vinho. São os que não querem somente degustar os vinhos
mas também conhecer a história das suas vinhas, a cultura da terra e das gentes que a
habitam. O turista atual revela uma apetência crescente por produtos com dimensão
cultural, com destaque para a riqueza patrimonial, arquitetónica e humana dos destinos
que seleciona para os seus tempos de lazer, a par de uma crescente consciencialização
para as questões ecológicas e de preservação do meio ambiente. Segundo Costa (2003),
é de considerar também o número de vezes que as pessoas tiram férias por ano. Cada vez
mais se opta pelo gozo de férias repartidas e distribuídas ao longo do ano. O que permite
ao setor prolongar o ciclo de vida dos seus produtos e portanto equilibrar a sazonalidade.
Os principais desafios da indústria do turismo é compreenderem o turista, as suas
características, necessidades e comportamentos. As adegas e profissionais de vinhos
devem perceber os consumidores, o que eles desejam, quais os benefícios que eles
procuram para depois adaptarem os seus produtos ao público-alvo. Têm portanto de
pensar na segmentação, que vai representar a adaptação e o esforço marketing feito para
responder às necessidades do consumidor. Segundo Kotler citado por Costa (2003), o
facto de segmentar os mercados também pode permitir baixar os custos e aumentar a
eficiência das atividades promocionais.
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
14
2.2.1 Perfil do Enoturista
Distinguem-se quatro tipos de turistas segundo Hall & al. (2000). Primeiro os
profissionais, depois os amantes de vinhos, a seguir os interessados em vinhos e por fim
os turistas curiosos. Segundo um estudo feito pela Vinitur (2009), os consumidores
ocasionais caracterizam-se pelo facto do enoturismo ser uma das componentes de oferta
do destino. Têm um interesse superficial pelo vinho, valorizam aspetos complementares
(arquitetura, o património…), onde uma visita vínica é um atração frequentemente
inserida em touring cultural. O Touring Cultural e Paisagístico é um produto que tem
como motivação principal: descobrir, conhecer e explorar os atrativos de uma região. As
atividades englobam percursos em tours, rotas ou circuitos de diferente duração e
extensão, em viagens independentes e organizadas (Turismo de Portugal, 2006). Este tipo
de consumidores procura ou compra normalmente em visitas de curta duração, inseridos
em grupos mistos. Querem provas de vinhos fáceis, um acolhimento não técnico mas
informador e contextualizado. O desafio para o produtor é portanto de cativar, fidelizar e
promover a marca do vinho frente a este segmento de mercado. São pessoas que se situam
numa faixa etária jovem, entre 25 e 35 anos.
Os consumidores interessados são pessoas situadas entre 40 e 50 anos, para quem
o enoturismo é uma componente muito relevante na oferta do destino. A decisão de viajar
passa pelo enoturismo, podendo ser essa a primeira razão. Têm interesse evidente em
aprofundar o conhecimento pelo vinho ainda que numa base pouco técnica e segundo
eles, uma ou mais visitas vínicas são componentes importantes num programa de lazer
ou corporativo. Este nicho de consumidores, compra ou procura visitas privadas e
completas, provas de vinhos de gamas médias e alta, em local específico. Desejam um
acolhimento personalizado de acordo com certos objetivos. Gostam dos cursos de provas
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
15
ou outras atividades com vinhos. Os desafios dos produtores para este tipo de consumidor
é emocioná-los e fidelizá-los à marca.
Para os consumidores dedicados, de uma faixa etária entre 50 e 60 anos, o
enoturismo é a razão de ser da viagem ao destino, têm grande expectativa mesmo sendo
a viagem cuidadosamente planeada, estudam, conhecem previamente vinhos, produtores,
enólogos, são importantes consumidores de vinhos e procuram conhecer aspectos
particulares e técnicos dos vinhos. Estes consumidores procuram e compram visitas
técnicas, guiadas por enólogos, produtores ou altos responsáveis de empresas. Querem
provas de vinhos de gamas superiores, provas especiais (vinhos em pré-lançamento ou
anos muito especiais e com edições limitadas). Desejam conhecer tendências,
particularidades, potencial de envelhecimento, mistura de castas… Com esses
consumidores, os produtores devem estar muito atentos e procurar estabelecer um
relacionamento duradouro e fidelizado.
Encontramos também os profissionais, pessoas peritas em vinhos e na cultura de
vinhos, de 30 a 45 anos de idade, com capacidade de analisar com o responsável da adega
ou o enólogo as virtudes ou defeitos de um vinho.
Todos estes consumidores têm requisitos perante os produtores de vinho e o
destino a visitar. Procuram serviços com atendimento adequado como, sinalização,
estacionamento, limpeza e cortesia. Gostam também de encontrar no final da visita, lojas
com vinhos e outros produtos próprios ou da região como acessórios de vinhos, livros,
brochuras, artesanato entre outros no sentido em que os produtores têm que ter atitudes
de responsabilidade ambiental e social. Também apreciam a possibilidade de fazer
refeições, eventos culturais por exemplo música e pintura.
Sobre o destino a visitar também têm algumas exigências, os consumidores
ocasionais procuram sítios com programas com gastronomia, enoturismo com animação,
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
16
festas e eventos culturais onde o vinho e a comida são elementos lúdicos. Os
consumidores interessados procuram destinos com programas com gastronomia
qualificada, o enoturismo como componente importante de um programa associado ao
incentivo (golfe, bem-estar…). Escolhem destinos com festas e eventos, onde o vinho e
a comida são objetos de tratamento de nível profissional. Por fim, os consumidores
dedicados procuram destinos onde existem programas com gastronomia qualificada, onde
o enoturismo e os vinhos tenham reconhecimento e notoriedade, onde as festas e eventos,
o vinho e a comida são objeto de tratamento profissional. Portanto todos eles procuram
uma região rica em elementos associados à cultura vínica: museus, artes, monumentos,
literatura… O destino tem de valorizar a paisagem, natural e humanizada, os meios de
transporte devem ser diversificados (barcos, comboios históricos, helicópteros, etc.),
também tem de englobar a sustentabilidade ambiental e social, enotecas e locais de
referenciação enoturística, sinalização e meios de informação.
Como visto anteriormente, os enoturistas tendem a ser cada vez mais jovens.
Segundo o estudo feito pelo Turismo de Portugal (2011), o perfil básico dos
consumidores, de viagens de gastronomia e vinhos são adultos entre 35 e 60 anos com
elevado poder de compra. São maioritariamente homens de elevado nível sociocultural.
Informam-se através de clubes sociais de vinhos e gastronomia, ou através de imprensa
especializada como a internet. São turistas que costumam comprar em sites especializados
através da internet ou em agências de viagens especializadas. Podem viajar todo o ano
mas com maior frequência na primavera e outono. Neste estudo, definem a estadia entre
3 e 7 dias para este tipo de consumidores, onde efetivamente não praticam só enoturismo,
mas também turismo cultural, religioso ou de desporto. Podem ser consideradas duas
vertentes relativamente ao modo de tirar as férias: uma vez por ano para este tipo de
destino ou para clientes mais entusiastas podem viajar de 3 a 5 vezes por ano. Muitas
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
17
vezes são casais ou grupos reduzidos que compram este tipo de serviços. É de salientar
que Portugal é reconhecido como destino de vinho e gastronomia, mesmo sendo o seu
posicionamento mais débil que o da França ou Itália, líderes do mercado.
2.2.2 Motivações dos Enoturistas
As principais motivações dos turistas de vinhos são usufruir de produtos
tradicionais e conhecer o património enológico e gastronómico. Procuram também
provar, conhecer e reconhecer o vinho, querem aprender sobre os vinhos e suas ligações
à comida, estão motivados pelos trabalhos da vinha (vindima, trabalhos em verde,
poda…). Mas não são só motivações ligadas aos vinhos, também ao património, à cultura,
arquitetura e arte. Querem conhecer aspetos ambientais e ecológicos da produção de
vinho. Desfrutar de um certo estilo de vida, bem-estar e elegância. Muitas vezes as
motivações dos turistas de vinho podem ser segmentadas, a Vinitur segmenta as
motivações dos enoturistas da seguinte maneira: pelos níveis etários,
nacionalidade/origem, objetivos da visita ou tipo de interesses pelos vinhos. O enoturista
é definido pela Vinitur como o colecionador de destinos. Segundo Costa (2003), os
consumidores portugueses são essencialmente indivíduos com idades entre os 35 e 40
anos. Os homens costumam consumir vinho tinto e às refeições, já as mulheres preferem
os vinhos brancos e o seu consumo está normalmente associado a épocas festivas.
Conhecer o perfil do consumidor português de vinhos é extremamente importante,
na medida em que o consumidor de vinho é, mais do que qualquer outra pessoa, um
potencial consumidor da experiência turística ligada ao vinho, pelo que, no contexto do
presente trabalho, seja oportuno e pertinente aqui apresentar o seu perfil. O perfil do
consumidor português de vinho foi estudado e definido num estudo realizado pela
Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verde (2003),
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
18
Apresentaremos algumas conclusões do estudo:
- O número médio de garrafas compradas por mês pelo agregado familiar é de 9. Na
região Norte, a média de garrafas compradas é superior às outras regiões. Os indivíduos
com idade acima dos 65 anos compram em média mais garrafas que as outras faixas
etárias. A decisão de compra de vinho é marcadamente masculina (84%). No caso dos
indivíduos solteiros a decisão é predominantemente do pai, enquanto nos casados é o
cônjuge que toma a decisão. Os jovens e estudantes são compradores pouco ativos.
- Em relação ao preço, o valor que os inquiridos estão dispostos a dar por garrafa, está
dependente da ocasião, local e categoria do vinho. As ocasiões mais importantes para
oferecer vinho são jantares em casa de amigos, o Natal e a Páscoa, sobretudo para vinhos
específicos como o Vinho do Porto e o Espumante.
- Verifica-se que o termo VQPRD (Vinho de Qualidade Produzido em Região
Demarcada) é aquele que é mais associado a vinho de qualidade, apesar de variar de
acordo com o rendimento, habilitações literárias e género. O local de compra preferido é
o hipermercado, seguindo-se a compra direta no produtor. Em último aparece a Internet
e o clube de vinhos.
- O local de maior consumo em média é a casa. Nos indivíduos com menos de 24 anos e
solteiros, o restaurante aparece em primeiro lugar. A semana e o fim-de-semana são as
principais ocasiões de consumo dos indivíduos do sexo masculino, enquanto nos
indivíduos do sexo feminino são essencialmente as ocasiões especiais.
- As fontes de informação mais utilizadas dividem-se em dois conjuntos: primeiro,
informação obtida através de conhecimento pessoal e do conselho amigo ou familiar;
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
19
segundo, a informação no local de venda através do rótulo, contrarótulo e prateleira no
local de venda.
- No que respeita à preferência por região/tipo de vinho, destaca-se em primeiro lugar o
Alentejo, em tinto e branco. Em relação ao vinho tinto, segue-se o Douro, em terceiro o
Dão e em quarto a Bairrada, com valores idênticos entre vinho tinto e branco. Os vinhos
verdes aparecem em segundo lugar nos vinhos brancos.
Todavia, têm surgido críticas na região vitivinícola e à qualidade restritiva da lista
de motivações. Por um lado, muitas atrações ligadas ao vinho podem ser encontrados em
ambientes urbanos (por exemplo museus, caves, exposições, festivais). Por outro lado,
haverá visitantes cuja motivação primária não tenha a ver com o vinho em si (por exemplo
quando o maior interesse esteja na paisagem física e cultural, na comida, ou no estilo de
vida associado), e mesmo os que tenham, pode variar quanto ao grau de interesse e
conhecimento sobre o vinho.
2.3 Destinos de Enoturismo
2.3.1 Os requisitos para um destino de Enoturismo
É relevante perceber quais são os requisitos básicos para se considerar um Destino de
enoturismo. Primeiro é necessário que a região tenha uma certa abundância e variedade
de vinhos e de gastronomia regional, diversidade de empresas com produtos associados
à gastronomia e vinhos, instalações de produção organizadas e adaptadas às visitas
turísticas, existência de restaurantes, pontos de provas ou de mostras, sinalização turística
adequada, oferta de alojamento variado e de qualidade, recursos humanos especializado.
As adegas de um Destino de Enoturismo devem situar-se próximas dos núcleos
urbanos. O destino de turismo vitivinícola ideal é segundo o turismo de Portugal aquele
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
20
que englobe a gastronomia, vinhos e alojamentos (Turismo de Portugal, 2011). As adegas
que pretendem fazer enoturismo têm de oferecer aos seus visitantes, visitas guiadas,
provas de vinhos, menus de degustação (isso pode ser feito por pacotes, em que cada
visitante escolhe o seu pacote de produtos), lojas de vinhos, experiências vínicas.
Segundo a estação do ano as atividades poderão ser diferentes e poderão ser também
efetuados dentro da adega. A adega ideal para o enoturismo também deve oferecer uma
facilidade de idiomas e uma flexibilidade de horários. Todos os produtores que oferecem
enoturismo devem diferenciar-se para poderem captar o maior número de visitante
possível. Esta diferenciação pode ser no estilo de vinho e de castas utilizadas, no
segmento-alvo, no tipo de visitas (com audiofones, visita – aula, visitas com provas…),
no tipo de prova (provas comentadas, provas didáticas), no tipo de instalações vínicas
(cave subterrânea, adega moderna…), nas instalações complementares (museus,
património histórico, jardins, casa…), nos meios de transportes utilizados (jipe, trator,…).
Segundo um estudo feito pelo Turismo de Portugal (2006), a região centro de Portugal
dispõe de diversas oportunidades para o enoturismo porque tem uma cozinha regional
sedutora, uma oferta turística diversificada, alternativas como o turismo de sol e praia, o
turismo religioso, cultural, de aventura, de desporto…Definem a região com segura,
tendo um povo hospitaleiro e um clima muito agradável.
Porém, o enoturismo na região do centro também apresenta alguns problemas como,
a pouca flexibilidade de horários das adegas, a falta de visão das mesmas por causa da
escassez de sinalização, a falta de transportes públicos e a distância entre elas e a falta de
promoção. É portanto interessante pensar num projeto inovador para a região vitivinícola
do Dão considerando os aspetos acima apresentados. Sobretudo que apesar de dispor de
muitas vantagens para o desenvolvimento do enoturismo, uma vez que esta atividade é
pouco utilizada no negócio.
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
21
2.3.2 Os principais destinos de Enoturismo no mundo
Segundo a revista americana Forbes, foram eleitos como os 10 melhores destinos
enoturístico no mundo em 2014:
- Castello Banfi, Toscana (Itália).
- Montes, Colchagua Valley (Chile)
- Ken Forrester, Stellenbosch (Africa do Sul)
- Fournier, Mendoza (Argentina)
- Leeuwin Estate, Margaret River (Austrália).
- Felton Road, Central Otago (Nova Zelândia)
- Bodegas Ysios, Rioja (Espanha)
- Quinta do Portal, Douro (Portugal)
- Château Lynch-Bages, Bordéus (França)
- Peter Jakob Oestrich, Rhein/Mosel (Alemanha)
Segundo um estudo feito por Atout France (2010), as adegas em França
acolheram, entre 2008 e 2010, cerca de 12 milhões de visitantes. Noutros países, como a
Nova Zelândia, África do Sul ou Argentina, o enoturismo foi também objeto de grandes
investimentos na criação de infraestruturas turísticas diretamente ligadas ao setor
vinícola, como salas de prova, rotas de vinho, infraestruturas complementares, assim
como na oferta de restauração e golfe, no sentido de poder contribuir para atrair um
número crescente de turistas. Também em Itália, a região da Toscânia associou a sua
promoção turística à produção e promoção de vinhos de qualidade reconhecida,
reforçando a imagem da região como um destino de excelência em termos de combinação
de beleza natural, história, cultura, gastronomia e vinhos.
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
22
Capítulo III – Região do Dão – Caso de Estudo
3.1 A história da vitivinicultura
A origem dos vinhos em Portugal parece remontar há cerca de 2000 anos A.C. A
romanização da Península veio determinar a consolidação da produção do vinho em
Portugal já que o desenvolvimento de Roma fazia disparar o consumo, exigindo uma
produção cada vez maior a que as vinhas locais não davam resposta (Pinto Campos,
2012). Cabia, assim, às colónias, satisfazer a procura e garantir que o vinho corria, farto,
em todo o império romano. A grande expansão do Cristianismo, nos séculos VI e VII
seria decisiva para alargar os horizontes do vinho, conferindo-lhe um valor simbólico de
extrema importância, e alargando o seu alcance e o seu consumo. Entre os séculos VIII e
XII, época marcada pela influência árabe e por uma cultura que proibia terminantemente
o consumo de bebidas fermentadas, a cultura da vinha e a produção de vinho mantiveram-
se, curiosamente, beneficiando do espírito benevolente e protetor com que os árabes
encararam os agricultores. A importância que o vinho assumiu nas cerimónias religiosas
favoreceu a cultura da vinha e o vinho. Lentamente, os vinhos de Portugal foram
ganhando notoriedade, e na segunda metade do século XIV a produção de vinho conheceu
uma fase de grande desenvolvimento e exportação.
Segundo Pinto Campos (2012), os séculos XV e XVI marcaram uma evolução
decisiva na história do vinho. Transportado nas caravelas essencialmente como lastro, os
vinhos licorosos foram envelhecendo dentro das barricas espalhadas pelos porões das
galés, onde o tempo, o calor e o balanço do mar fizeram um pequeno milagre, oferecendo
no regresso, um vinho de qualidade ímpar, considerado precioso e vendido a peso de ouro.
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
23
Em 1703, com o acordo de regulamentação das trocas comerciais entre Portugal e
Inglaterra, estabelecido no Tratado de Methuen, a exportação do vinho português conhece
uma nova fase de expansão. Como em tantos outros aspetos da vida nacional, o Marquês
de Pombal exerceu uma forte influência no setor da vitivinicultura, tendo estabelecido
uma série de medidas protecionistas visando em particular a região do Alto Douro e o
afamado Vinho do Porto.
O século XIX marca um período negro para a vitivinicultura em Portugal.
Inicialmente pela devastação provocada pela doença do oídio, a que se lhe seguiu a praga
de filoxera, inicialmente surgida na região do Douro em 1856, onde rapidamente se
espalhou a todo o país, devastando a maior parte das regiões vinícolas (Labruyère & al.
2006). Vencida esta ameaça, a produção de vinhos portugueses inicia a sua recuperação
e regressam à ribalta na grande Exposição de Londres de 1874.
Segundo o IVV (2014), no início do século XX inicia-se o processo de
regulamentação oficial de várias outras denominações de origem portuguesa. Madeira,
Moscatel de Setúbal, Carcavelos, Dão, Colares e Vinho Verde vão assim juntar-se ao
Vinho do Porto e aos vinhos de mesa do Douro. Com o Estado Novo (1926-1974), é
criada a Federação dos Vinicultores do Centro e Sul de Portugal (1933) que tem como
principal papel contribuir para a regularização do mercado. Sucedeu-lhe em 1937 a Junta
Nacional do Vinho, organismo de âmbito mais alargado e com uma forte componente
cooperativista, cuja intervenção considerava o equilíbrio entre a oferta e o escoamento, a
evolução das produções e o armazenamento de excedentes em anos de grande produção,
de forma a garantir a compensação dos anos de escassez.
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
24
Em 1986, a Junta Nacional dos Vinhos é substituída pelo Instituto da Vinha e do
Vinho, organismo adaptado às estruturas impostas pela nova política de mercado
decorrente da adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia.
O conceito de “Denominação de Origem” é então harmonizado com a legislação
comunitária, e é regulamentado o “Vinho Regional” que são os vinhos de mesa com
indicação geográfica. São então constituídas as Comissões Vitivinícolas Regionais
(associações de direito privado e de caráter interprofissional, regidas por estatutos) que
desempenham um papel fundamental no incremento e desenvolvimento da qualidade e
prestígio dos vinhos portugueses. Porque, assumem a responsabilidade pela defesa das
Denominações de Origem e das Indicações Geográficas, aplicam e vigiam o cumprimento
da regulamentação existente. (Pinto Campos 2012).
Estão atualmente reconhecidas e protegidas 31 Denominações de Origem e 12
Indicações Geográficas em Portugal. Os apoios da Europa foram essenciais para a
viabilização de inúmeras vinhas e adegas modernas que impulsionaram a atividade
vitivinícola.
Portugal possui ainda diversas cooperativas e algumas empresas de sucesso. Mas nas
últimas décadas assistiu-se ao crescimento de um grande número de produtores
independentes, alguns dos quais anteriormente entregavam as suas uvas nas cooperativas
e que entretanto se equiparam para produzir seus próprios vinhos. Hoje, Portugal possui
uma seleção de bons vinhos para oferecer ao mundo como nunca antes teve.
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
25
3.1.1 A vitivinicultura na região do Dão.
A presença da vinha e a produção de vinho na região do Dão é uma atividade
milenar. Os vestígios existentes, como as lagaretas, testemunham dessa antiguidade
((Loureiro, 1997) citado por (Piedade Baeta Caetano, 2009)). A forte implantação de
ordens religiosas, teve um papel fundamental no desenvolvimento vitícola, pois os
monges, pondo em prática todos os conhecimentos da época, difundiam a cultura da vinha
e a correta produção do vinho. Segundo a mesma autora, terá sido na 2ª metade do século
XIX que a atividade vitícola atingiu a máxima expressão. Para tal contribuíram os preços
atrativos do vinho oferecidos por comerciantes estrangeiros, com especial relevância para
os franceses. Esta situação resultou dos danos causados por doenças e pragas da videira
que dizimaram quase totalmente as vinhas europeias e que só mais tarde apareceram em
Portugal. Surgiram a filoxera e o míldio, provenientes da América. Entraram em Portugal
pelo Douro alastrando-se mais tarde ao Dão onde causaram graves problemas (Piedade
Baeta Caetano, 2009). Foi após este período de crise que Portugal foi dividido em 17
regiões vitícolas, onde se inclui a região do Dão. Mais tarde, pelo Decreto de 11 de Julho
de 1912, estabeleceu-se a demarcação definitiva da região, que ainda hoje se encontra em
vigor. Para melhor diferenciação da Região Demarcada do Dão, surge o novo estatuto
legal pelo Decreto-lei nº 376/93 de 5 de Novembro, que a individualizou em 7 sub-
regiões:
• A sub-região do Alva da qual fazem parte os concelhos de Oliveira do Hospital e Tábua;
• A sub-região de Besteiros constituída pelos concelhos de Mortágua, Santa Comba Dão
e Tondela;
• A sub-região de Castendo, constituída pelo concelho de Penalva do Castelo e pelas
freguesias de Rio de Moinhos e Silvã de Cima, do concelho do Sátão;
• A sub-região da Serra da Estrela da qual fazem parte os concelhos de Gouveia e Seia;
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
26
• A sub-região de Silgueiros constituída pelas freguesias de Fragosela, Povolide, São João
de Lourosa, Santos Evos e Silgueiros, do concelho de Viseu;
• A sub-região de Terras de Azurara constituída pelo concelho de Mangualde;
• A sub-região de Terras de Senhorim da qual fazem parte os concelhos de Carregal do
Sal e Nelas.
3.2 A região demarcada do Dão
3.2.1 Caracterização da região
A região demarcada do Dão, situa-se na região Centro de Portugal e abrange 16
concelhos dos distritos de Viseu, Guarda e Coimbra e das comunidades intermunicipais
de Viseu Dão Lafões, Beiras e Serra da Estrela e da região de Coimbra (ver figura nº2)
Figura 2 :Mapa da região Vitivinícola do Dão
Fonte : http://alemdovinho.com
Com uma área total de cerca de 3900 Km², esta região com denominação de
origem controlada é limitada a norte pela DOC Távora Varosa, a Este pela DOC Beira
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
27
Interior e a Oeste pela DOC Bairrada e pela indicação de proveniência regulamentada de
Lafões. O concelho que apresenta o maior número de habitantes é Viseu, concentrando
cerca de 32% da população residente no território do Dão, seguindo-se Tondela com
9,4%. Regulamentada e delimitada desde 1908, é, segundo a CVRD, a região mais antiga
de Portugal no que diz respeito aos vinhos de mesa. Estende-se por uma área de
aproximadamente 376,000 hectares de terra e apresenta cerca de 20,000 hectares de vinha,
sendo destes 15534 hectares são de vinha apta à produção de vinho com direito a
atribuição de Denominação de Origem. Estende-se ao longo dos municípios de Arganil,
Oliveira do Hospital, Tábua, (distrito de Coimbra) Aguiar da Beira, Fornos de Algodres,
Gouveia, Seia (distrito da Guarda), Carregal do Sal, Mangualde, Mortágua, Nelas,
Penalva do Castelo, Santa Comba Dão, Sátão, Tondela e Viseu (distrito de Viseu).
Segundo o decreto de lei n°376/93 (ver o anexo B) produz-se na região em anos
normais, cerca de 450,000 hectolitros de vinho. Encontram-se em grandes quantidades os
vinhos Tintos, Brancos e Rosados, os espumantes são mais escassos. É a região conhecida
como o berço da Touriga-Nacional, apresenta vinhas dispersas e descontínuas, divididas
em múltiplas parcelas. É uma região rodeada de montanhas, assente em solos graníticos
pouco ricos, e prolonga-se por vinhedos até aos 1000 metros de altitude na zona da serra
da Estrela e a 200 metros nas áreas mais baixas, sendo que é entre os 400 e 500 metros
que a vinha vegeta em maior quantidade e com as melhores condições para a atribuição
da denominação de origem controlada Dão (Comissão Vitivinicola Regional do Dão,
2014).
A denominação “Dão” é uma Denominação de Origem Protegida (DOP). Todos
os vinhos tintos, brancos, rosados e espumantes produzidos na região vitivinícola,
tradicionalmente designada por região demarcada do Dão, podem usufruir deste nome
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
28
desde que cumpram os requisitos estabelecidos neste estatuto e na demais legislação
aplicável. Acresce que nos vinhos brancos e tintos de DOP Dão, cuja produção,
elaboração e engarrafamento satisfaçam os requisitos específicos, a denominação Dão
poderá ser utilizada em associação com a menção “Nobre”. Para isso terão de obedecer a
algumas exigências, como por exemplo, serem inscritos em registos específicos, indicar
na rotulagem o ano e a colheita e serem acondicionados de acordo com as normas
constantes do regulamento interno.
3.2.2 As castas utilizadas na região do Dão
Segundo o decreto de lei n°376/93, algumas castas devem obrigatoriamente
figurar no encepamento das vinhas da região do Dão. Neste caso as castas tintas
recomendadas são: Alfrocheiro Preto, Alvarelhão, Aragonez (chamada também Tinta-
Roriz), Bastardo, Jaen, Rufete (Tinta Pinheira), Tinto-Cão, Touriga-Nacional,
Trincadeira (Tinta Amarela). Porém, as castas tintas autorizadas são: Água-Santa, Baga,
Camarate, Campanário, Cornifesto Tinto, Malvasia Preto, Marufo, Monvedro, Periquita,
Tinta Carvalha, Touriga-Brasileira e Tourigo.
No que diz respeito às castas brancas, as recomendadas são: o Barcelo, Bical
(Borrado das Moscas), Cercial, Encruzado, Malvasia-Fina, Rabo-de-ovelha, Terrantez,
Uva Cão e Verdelho.
As castas brancas autorizadas na região são: Arinto-do-Douro, Assaraky, Dona-
Branca, Esgana-Cão, Fernão Pires, Jampal, Luzidio, Malvasia Fina Roxa, Malvasia Rei,
Siria, Tamarez e Verdial. São também consideradas como autorizadas na elaboração dos
vinhos DOC Dão as seguintes castas, desde que não ultrapassem 40% do conjunto:
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
29
- Tintas: Alicante Bouschet (chamada também Tinta Fina), Cabernet-Sauvignon e Pinot-
Noir.
- Brancas: Alicante Branco, Pinot-Blanc e Semillon.
Na elaboração dos vinhos tintos e brancos a comercializar com a denominação de
origem “Dão”, associada a menção “Nobre”, só poderão ser utilizadas as seguintes castas
recomendadas:
- Castas tintas: Touriga-Nacional num mínimo de 15%, Alfrocheiro preto, Aragonez
(Tinta-Roriz), Jaen e Rufete, no conjunto ou em separado até 85%.
- Castas Brancas: Encruzado num mínimo de 15%, Bical, Cercial, Malvasia-Fina e
Verdelho, no conjunto ou em separado até 85%.
Vários estudos revelam que as castas mais características da região do Dão são
Touriga-Nacional, Alfrocheiro, Tinta-Roriz, Rufete e Jaen. Destaca-se que terá sido no
Dão, na aldeia de Tourigo, que nasceu a Touriga-Nacional, aquela que é por muitos
considerada como a rainha das castas portuguesas. Relativamente às castas brancas,
predominam a Bical, Encruzado, Cercial e Malvasia Fina.
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
30
Tabela 1: Descrição das castas utilizadas na região do Dão
Figura 2: Casta Touriga-
Nacional
Fonte:http://winesofportug
al.info
Inicialmente cultivada na região do Dão, a Touriga-Nacional,
rapidamente foi expandida à zona do Douro para ser utilizada na
produção de vinho do Porto. É uma casta de pouca produção: possui
cachos abundantes, mas pequenos. Os bagos têm uma elevada
concentração de açúcar, cor e aromas. Os vinhos produzidos ou
misturados com esta casta são bastante equilibrados, alcoólicos e
com boa capacidade de envelhecimento.
Figura 3: Casta
Alfrocheiro
Fonte:
http://winesofportugal.info
É na região do Dão que a casta Alfrocheiro tem maior expressão. A
casta Alfrocheiro é bastante fértil, daí a necessidade de controlar a
sua produção, para que os bagos não percam qualidades, como a cor.
É também importante controlar a vindima desta casta, pois apresenta
uma maturação precoce e é bastante suscetível a doenças,
nomeadamente à podridão. Esta casta produz vinhos de cor muito
intensa e com aromas que recordam flores silvestres, amoras
maduras e especiarias.
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
31
Figura 4: Casta Tinta
Roriz
Fonte :
http://winesofportugal.info
A Tinta Roriz é uma das castas mais conhecidas da Península
Ibérica. Originária de Espanha, onde toma o nome de
"Tempranillo", é também conhecida por Aragonês. É uma casta
muito adaptável a diferentes climas e solos. As condições ideais são
solos arenosos e argilo-calcários em climas quentes e secos, para
que a produção seja menor e os bagos mais concentrados. Esta casta
origina vinhos de elevado teor alcoólico, de baixa acidez e indicados
para envelhecer, sendo muito resistentes à oxidação.
Figura 5: Casta Jaen
Fonte:
http://winesofportugal.info
A casta Jaen é uma casta muito comum no Dão e pensa-se que terá
sido trazida para a região através dos peregrinos que rumavam a
Santiago de Compostela. A Jaen além de produzir generosamente é
também uma casta de maturação precoce. É bastante sensível ao
míldio e à podridão. Os vinhos produzidos a partir da casta Jaen são
essencialmente caracterizados pela sua cor intensa, baixa acidez e
aromas intensos a frutos vermelhos.
Figura 6: Casta Tinta
Pinheira
Fonte :
http://winesofportugal.info
A casta Rufete, também conhecida por Tinta Pinheira, é
essencialmente cultivada nas regiões do Douro e do Dão. É uma
casta produtiva e os seus cachos e bagos são de tamanho médio. É
particularmente sensível ao oídio e ao míldio. Esta casta raramente
produz vinhos de elevada qualidade, no entanto, se atingir o tempo
de maturação ideal (sensivelmente no fim de Outubro) consegue
produzir vinhos encorpados, aromáticos e capazes de permanecer
muitos anos em garrafa.
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
32
Figura 7: Casta
Encruzado
Fonte :http://winesofportu
gal.info
O cultivo da casta Encruzado é praticamente exclusivo da zona do
Dão, sendo provavelmente a melhor casta branca plantada na região.
É utilizada na produção da maioria dos vinhos brancos. Esta tem
uma boa produção e é bastante equilibrada em açúcar e acidez. É
muito sensível à podridão e a condições climatéricas desfavoráveis
(chuva e vento).Os vinhos compostos por esta casta são muito
aromáticos e de sabor acentuado.
Figura 8: Casta Malvasia
Fina
Fonte :
http://www.infovini.com/
A Malvasia Fina é uma casta que encontra no Dão condições
climáticas que lhe permitem expressar todas as suas potencialidades,
sendo por isso a mais cultivada na região. O seu cacho é médio e
frouxo e os bagos são pequenos, heterogéneos e com epiderme verde
amarelada com média pruína. Possibilita a obtenção de vinhos de
cor citrina, com aromas intensos, apesar de simples, dominados
pelas tonalidades florais, com acidez equilibrada e um final
elegante, ainda que de média persistência.
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
33
Figura 9 : Casta Bical
Fonte :
http://www.infovini.com/
A casta Bical é típica da zona da Bairrada e do Dão (onde se
denomina “Borrado das Moscas”, devido às pequenas manchas
castanhas que surgem nos bagos maduros). Esta casta é de
maturação precoce, por isso os seus bagos conservam bastante
acidez. É muito resistente à podridão, contudo particularmente
sensível ao oídio. Os vinhos produzidos com esta casta são muito
aromáticos, frescos e bem estruturados. Na Bairrada a casta Bical é
muito utilizada na produção de espumante.
Figura 10: Casta Cercial
Fonte :
http://www.infovini.com/
A casta Cercial é cultivada em diferentes regiões vitícolas. De
acordo com a região pode adotar diferentes grafias e apresentar
características ligeiramente diferentes. As principais características
das variedades da Cercial são a elevada produção e boa acidez. Esta
casta produz o famoso vinho generoso Sercial da Madeira, um vinho
seco que depois de envelhecer adquire características excecionais.
Os vinhos monovarietais desta casta são geralmente um pouco
desequilibrados, por isso é costume lotar a Cercial com outras
castas.
Fonte : O Autor
Segundo o IVV, houve em 2012 um aumento de 17% da produção na região do
Dão. Como podemos ver na figura seguinte. O aumento da produção leva então a um
aumento do consumo de vinhos e produtos a volta do vinho tanto tangíveis como
intangíveis (vinho, gourmet e enoturismo).
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
34
Tabela 2: Produção Vinícola por Região
Fonte: http://winesofportugal.info/
3.2.3 O clima da região do Dão
A Região do Dão é caracterizada pelas variações micro climáticas, às quais está
exposta devido às características do seu relevo. A bordadura orográfica atenua as
influências climáticas exteriores à região. O clima é temperado. É quente e seco no Verão,
em Julho e Agosto, as temperaturas médias mensais oscilam entre os 18 e os 20ºC,
podendo as máximas chegar aos 28-30ºC. É nestes meses que as precipitações são raras,
sendo em média menos de 20 mm. No Inverno, a precipitação é elevada, fazendo-se sentir
uma acentuada descida da temperatura, que no mês de Dezembro e Janeiro atinge o seu
valor mais baixo, com médias de 2ºC, nas zonas de Viseu e Serra da Estrela, e de 3ºC no
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
35
resto da região (Piedade Baeta Caetano, 2009). As variações micro climáticas existentes,
são de grande importância para a cultura da vinha e para a qualidade do vinho (Loureiro
& Cardoso, 1993). Segundo os mesmos autores é possível distinguir seis “tipos de clima”
super-húmido, determinados pela influência das serras do Caramulo e da Estrela, quinze
“tipos de clima “húmido e um “tipo de clima” sub-húmido, numa pequena zona do limite
nordeste da região, junto a Penalva do Castelo e Fornos de Algodres. Segundo Loureiro
& Cardoso (1993), a pluviosidade e as disponibilidades de água no solo, são
determinantes para a qualidade e diferenciação do vinho, principalmente do tinto, sendo
melhores os que são produzidos em zonas em que a precipitação média anual é de 1100
a 1400 mm/ano, podendo, no caso do vinho branco, ser produzido em zonas com maior
precipitação, na ordem dos 1600 mm/ano. Além da pluviosidade, também a temperatura
e a luminosidade são determinantes, daí ter em conta a exposição a que as vinhas estão
sujeitas.
3.2.4 Geologia e solos
A maior parte da Região do Dão pertence ao chamado Maciço Antigo Ibérico e
apesar de ser uma região muito homogénea, não deixam de estar presentes, para além das
rochas plutónicas, as metamórficas e as sedimentares. Cerca de 70 % da região é
constituída por rochas plutónicas, principalmente no interior da bordadura orográfica, e
20 a 25 %, por xistos argilosos. A maior parte do solo é de origem granítica, sendo este
granito grosseiro, vulgarmente designado por dente de cavalo. São solos de texturado
franco ou franco-arenosa, com elevada percentagem de elementos grosseiros, e com boa
drenagem. Estes são solos com grande afinidade para a vinha em que sua baixa fertilidade
é essencial para a qualidade dos vinhos especialmente dos tintos (Loureiro & Cardoso,
1993). Os solos xistosos são mais profundos, compactos e argilosos, com maior
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
36
capacidade de retenção de água e mais férteis, no entanto, o facto de se localizarem em
zonas periféricas, não permite avaliar se a qualidade dos vinhos se deve ao solo ou ao
clima.
3.2.5 Condução da vinha
As vinhas do Dão, capazes de originar os vinhos que notabilizaram a região, são
conduzidas em manchas contínuas aramadas. As videiras são conduzidas, de um modo
geral, em forma de cone invertido, a cerca de 60-70 cm acima do solo. A altura do tronco
e o comprimento dos braços é, ainda hoje, muito variável, até dentro da mesma vinha.
A forma de condução das videiras está muito condicionada aos seus hábitos de
frutificação, não sendo fácil afirmar se foram as castas existentes na região que
determinaram o tipo de poda que tradicionalmente se pratica ou, pelo contrário, se houve
uma seleção de castas no sentido de permitir a generalização de um tipo único de poda.
O certo é que a maioria das castas tradicionais da região frutifica melhor no terço médio
das varas, implicando uma poda longa, em vara de 6 a 8 olhos, para que a produção de
uvas seja satisfatória. Nesta forma de condução, são deixadas varas em número variável,
consoante o vigor das cepas. Este sistema de condução tem o inconveniente de provocar
a elevação continuada das unidades de frutificação, em consequência de uma poda
baseada nas varas e na sua empa acima do terceiro olho.
Como já foi referido, uma poda longa implica a operação complementar da empa,
com o objetivo de assegurar o equilíbrio vegetativo da cepa. Nas vinhas não aramadas,
a empa é feita recorrendo a tutores mortos, geralmente ramos de pinheiro, cuja curvatura
natural os torna especialmente adequados à função.
Há algumas décadas atrás, as vinhas começaram a ser aramadas com o intuito de
uniformizar as plantações e facilitar, consequentemente, a mecanização das operações
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
37
culturais (Labruyère, Shirmer, & Spur, 2006). Os compassos de plantação aumentaram,
passando a variar entre 1,20 m e 2 m na distância entre linhas e 1 m e 1,20 m de distância
entre cepas. Este sistema de condução das videiras passou a condicionar o seu
desenvolvimento vegetativo num plano ao longo das filas, isto é, a vegetação começou
a ser embardada.
Nestas vinhas, a armação é constituída, essencialmente, por esteios de granito ou
ardósia, os chamados peirões, e por duas fiadas de arame colocadas a 0,60-0,70 m e
1,10-1,30 m do solo, que sustentam a vegetação (Gomes Marques Perreira, 2010).
As videiras são geralmente podadas à vara, como no caso anterior, e a empa, em vez
de se fazer recorrendo a um tutor, faz-se à volta do primeiro ou segundo arames,
consoante a altura a que se encontram as varas.
A introdução dos tratores com rodado largo, essencialmente a partir da década de 60,
veio obrigar a que o compasso entre linhas fosse mais uma vez aumentado nas vinhas
do Dão, passando-se para 2,30, 2,50 e, mesmo, para 3 metros. Este alargamento do
compasso, ao possibilitar a explosão do vigor das cepas, refletiu-se numa maior
dificuldade de condução, agravando as condições de maturação das uvas. Com efeito, a
altura de armação destas vinhas manteve-se na maioria dos casos, enquanto o número
de varas e de olhos por vara teve de ser aumentado para assegurar o equilíbrio da planta.
Embora a descrição das formas de condução das videiras permita compreender, até
certo ponto, a paisagem vitícola do Dão e os aspetos essenciais de duas das práticas
culturais mais importantes – a poda e a empa, não permite transmitir a riqueza
etnográfica que a atividade vitícola assume na região, justificando-se uma referência a
alguns aspetos particulares das práticas culturais efetuadas anualmente nas vinhas.
A poda na região do Dão sempre se fez, a exemplo do que acontece noutras regiões,
após a queda da folha, no período de repouso vegetativo das videiras. Tradicionalmente,
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
38
é nos meses de Dezembro, Janeiro e, mais raramente, Fevereiro que se veem os
podadores das vinhas. Atualmente, porém, há uma tendência para ser antecipada, em
virtude da escassez de mão-de-obra e da existência de vinhas de maior dimensão.
As vides de poda eram, tradicionalmente, recolhidas e atadas em feixes, utilizando-
se para acender as lareiras ou fazer as braseiras onde, nas noites frias de Inverno, se
assavam as chouriças embrulhadas em folha de couve. Hoje em dia, devido à falta de
mão-de-obra, aos encargos que envolve a sua apanha e, também, devido aos
aquecedores elétricos ou a gás, são queimadas na própria vinha, em grandes fogueiras,
devolvendo ao solo grande parte dos seus constituintes minerais e lançando para a
atmosfera o seu fumo esbranquiçado, que confere à paisagem um aspeto típico e um
aroma peculiar.
3.3 As adegas e quintas da região do Dão : potencial de criação de um
destino de enoturismo
Na região do Dão 116 estruturas (adegas e quintas) estão associadas à comissão
vitivinícola da mesma região. A CVRD é a entidade que representa os interesses dos
agentes económicos envolvidos na produção e comercialização dos vinhos que possuem
a Denominação de Origem Controlada (DOC) Dão. Compete a este organismo garantir a
sua genuinidade e qualidade, pelo que os submete a uma rigorosa coordenação e controlo.
Estas atividades abarcam todo o circuito de produção e comercialização dos vinhos, com
presença exclusiva dos Agentes de Verificação Técnica do Organismo em todas as
operações. Simultaneamente, a C.V.R. do Dão apresenta funções de certificação e
autenticação dos vinhos, através da atribuição de Selos de Garantia, sendo responsável
pela sua promoção.
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
39
As rotas dos vinhos em Portugal apresentam-se como instrumentos de promoção do
turismo vitivinícola, permitindo o contacto estreito com a paisagem e o mundo rural,
contribuindo mesmo para a preservação do património paisagístico e arquitetónico. Com
efeito, as rotas temáticas, como é o caso das rotas dos vinhos, tornaram-se ferramentas
importantes, por um lado, para o desenvolvimento de novos produtos turísticos e
diversificação da oferta e, por outro, como forma de promoção de determinado local e/ou
regiões.
A Rota do vinho do Dão está em funcionamento desde 1998. Foi criada pela comissão
vitivinícola da região do Dão. Segundo Barroco Novais & Antunes a Rota do vinho do
Dão começou com 17 aderentes, verificando-se que em 2008 já contava com 35 aderentes.
Sabemos hoje, segundo um estudo feito pela comissão vitivinícola da região do Dão sobre
a estruturação e gestão da rota do Vinho do Dão, que 32% dos associados da comissão
tem interesse no desenvolvimento da Rota do Vinho Dão (Comissão Vitivinícola
Regional do Dão, 2014).
A Rota dos vinhos do Dão é constituída por 3 itinerários:
- O primeiro itinerário engloba as localidades de Cabanas de Viriato, Carregal do Sal,
Mortágua, Santa Comba Dão, Tondela e Viseu. Onde se podem visitar as adegas como a
Quinta da Turquide, Quinta do Giestal, Quinta do Perdigão, Quintas do Carvalhais,
Quinta dos Roques, Sociedade Agrícola Boas Quintas, Sociedade Agrícola Castro Pena
Alba, Sociedade Agro-pecuária de Darei e a União das adegas cooperativas da região do
Dão.
- O segundo itinerário passa pelas localidades de Cabanas de Viriato, Carregal do Sal,
Lourosa, Nelas, Santar, Tábua e Viseu. Neste itinerário podem se visitar as adegas de Vila
Nova de Tazém, a Cooperativa Agrícola de Nelas, a Quinta da Alameda, a Quinta da
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
40
Bica, a Quinta da Espinhosa, a Quinta de Cabriz, a Quinta da Pellada, a Quinta do Santo
António do Serrado, a Quinta do Cerrado e a Sociedade Agrícola de Santar.
- O terceiro itinerário envolve as localidades de Cepões, Mangualde, Penalva do Castelo,
Sátão e Viseu. Podem se visitar neste itinerário as Adegas de Penalva do Castelo,
Mangualde, a Casa da Ínsua, a Quinta da Boavista e a Quinta da Taboadela.
Podemos ver os diferentes itinerários na figura 11.
Figura 11 : Mapa da rota dos Vinhos do Dão
Fonte : infovini
No âmbito de analisar o potencial enoturístico da região, caracterizamos as adegas
e quintas acima citadas para definir a oferta enoturística que possui a Região do Dão.
Caracterizámos também algumas adegas que responderam que tinham interesse no
desenvolvimento da Rota do Vinho do Dão. (Anexo C)
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
41
Na tabela seguinte caracterizamos as quintas já pertencentes a Rota de Vinhos do
Dão. Procedeu-se a um levantamento dos recursos de cada uma e também a análise de
prática ou não do enoturismo.
Tabela 3 : Caracterização das Quintas pertencendo a Rota dos Vinhos do Dão
Quintas Concelho Principais Atrativos Prática de Enoturismo
Quinta do
Perdigão Viseu
Mais premiada do Dão,
nacional e
internacionalmente
desde 1999. 7 hectares
de vinha em produção
biológica certificada.
- Provas de vinhos.
- Visita a adega.
Quinta da
Boavista
Penalva do
Castelo
Área total de 8 hectares.
Enquadramento
paisagístico em
ambiente preservado e
natural. Casa com
dimensão e qualidade.
Boa localização, uma
curta distância aos
pontos de interesse.
- Atividades relacionadas com o
maneio dos cavalos e a produção
vitivinícola.
- Alojamento.
- Organização de provas de vinhos
convencionais ou com
harmonização gastronómica.
- Refeições para grupos.
Quinta da
Pellada Seia
Quinta com 60 hectares
de vinha.
- Prova de vinhos e visita as
quintas.
Quinta dos
Roques Mangualde
Dispõe de 40 hectares
de vinha. Quinta
considerada como um
dos líderes da região.
Paisagens e proximidade
de monumentos
históricos.
- Jantares vínicos.
- Provas didáticas.
- Passeios pelas vinhas e pinhais.
- Pisa das uvas em ambientes
festivos.
Quinta dos
Carvalhais
Fornos de
Algodres
Exploração agrícola de
27,8 hectares que
conjuga agricultura e
turismo. Utilização de
energias renováveis no
empreendimento.
- Alojamentos confortavelmente
equipados.
- Piscina.
- Passeios pedestres.
- Passeios a bicicleta.
- Passeios de Burro.
- Espaço museológico.
- Participação nas atividades
agrícolas.
- Mini-Rotas (Queijo da Serra da
Estrela, do azeite, dos vinhos).
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
42
Quinta da
Turquide Silgueiros
8 hectares de vinha.
Premiada nos vários
concursos promovidos
pela CVRD. Adesão a
Rota em curso.
- Jantares vínicos.
- Festa da vindima.
Quinta da Bica Seia
Propriedade agrícola de
100 hectares.
Património histórico.
- Turismo de habitação.
- Provas de vinhos.
- Visita a adega.
- Passeio na quinta (pedestre ou de
bicicleta).
- Refeições (piquenique, …)
Quinta de Cabriz Carregal do
Sal
38 Hectares de vinha.
Vasto complexo
vitivinícola que conjuga
os vinhos e o
enoturismo.
- Restaurante.
- Wine bar.
- Visitas guiadas.
- Provas e cursos de vinhos.
- Eventos culturais e sociais.
- Loja de vinhos.
Quinta do
Cerrado
Carregal do
Sal
Localização privilegiada
entre a serra do
Caramulo e a serra da
estrela. Paisagem
granítica típica da
região. Cerca de 30
hectares de vinha.
- Prova de vinhos.
- Visita guiada a adega.
Quinta da
Espinhosa Gouveia
Salão de provas,
garrafeira, salão de
troféus, ótimas vistas,
piscinas e localização.
- Eventos particulares e
empresariais.
Casa de Santar Nelas
A casa com jardins de
estilo francês do século
19. Adega e loja.
- Visitas guiadas.
- Loja gourmet
Fonte : o autor
Com a tabela acima apresentada, podemos ver que as adegas pertencendo a Rota
dos Vinhos Dão, já praticam algumas atividades de enoturismo (visitas as adegas, provas
de vinhos, restauração, passeios nas quintas…). Algumas tem um património de
importante potencial para o desenvolvimento desta atividade turística.
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
43
Na próxima tabela, caracterizaram-se as adegas cooperativas pertencendo a Rota
dos vinhos, afim de perceber quais são os atrativos de que dispõe para oferecer as
melhores condições para a pratica de enoturismo.
Tabela 4 : Caracterização das adegas cooperativas pertencendo a rota dos vinhos do Dão
Adega Concelho Principais Atrativos Prática enoturismo
Adega
cooperativa de
Penalva do
Castelo
Penalva do
Castelo Centro de vinificação.
- Provas de vinhos.
- Visita a adega.
Adega
cooperativa de
Vila nova de
Tazém
Vila Nova
de Tazém
Centro de vinificação.
Loja de vinhos.
- Provas de vinhos.
-Visita a adega.
União das
Adegas
Cooperativas da
região do Dão
Viseu Centro de vinificação.
Loja de vinhos. - Provas de vinhos.
Adega
cooperativa de
Nelas
Nelas Centro de vinificação.
Adega
cooperativa de
Mangualde
Mangualde
Centro de vinificação,
centro interpretativo da
vinha e do vinho,
garrafeira, sala de
cascos, espaços para
organização de diversos
tipos de eventos, loja de
vinhos.
- Visitas as vinhas.
- Provas de vinhos.
- Loja de vinhos.
Fonte : o autor
Percebemos com esta tabela que as atividades propostas pelas adegas cooperativas
são pouco variadas. Limitam-se a oferecer provas de vinhos e visitas as instalações.
A próxima tabela mostra o levantamento dos recursos e o desenvolvimento do
enoturismo nas quintas que responderam positivamente ao inquérito proposto pela
Comissão Vitivinícola Regional do Dão sobre o interesse das mesmas em desenvolver a
Rota dos vinhos do Dão.
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
44
Tabela 5 : Caracterização das Quintas que têm interesse no desenvolvimento da Rota do vinho Dão
Adega Concelho Principais Atrativos Prática de enoturismo
Casa da Insua Penalva do
Castelo
Existência de um hotel
de charme e de espaços
museológicos. Possui 30
hectares de vinha.
- Visita guiada a quinta.
- Visita do Núcleo museológico.
- Casamentos, reuniões, torneios
de golfe, workshops.
Quinta das
Marias
Carregal do
Sal
Instalações modernas
(particularmente a
adega).
- Visita a adega.
- Prova de vinhos.
Quinta de Lemos Viseu Quinta com 25 hectares
de vinha.
- Provas.
- Jantares vínicos.
Julia Kemper
Wine, S.A Mangualde
Agricultura sustentada e
biológica. Adega
centenária em granito.
- Visitas a adega.
- Prova de vinhos.
Quinta Mendes
Pereira Viseu Jardins a volta da adega.
- Prova de vinhos.
Chão de São
Francisco Viseu
Presença de um antigo
solar dos Viscondes de
Treixedo com jardins do
estilo barroco.
- Participação as vindima.
- Provas.
Fonte : o autor
Nas tabelas acima apresentadas é feito um levantamento dos recursos de cada
Quinta ou Adega Cooperativa. Algumas Quintas que responderam ao inquérito da
Comissão vitivinícola Regional do Dão, já são aderentes à rota. As outras não são, de
momento, aderentes. Candidataram-se, então, para fazer parte dos itinerários. Para isso
só tinham de reunir as condições mínimas para a receção dos enoturistas (adegas, salas
de provas…). A maior parte das Adegas e Quintas já pratica o enoturismo mas muitas
vezes de forma superficial (somente com provas e visitas guiadas).
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
45
Com efeito, a região, para além dos excelentes vinhos tem um conjunto de
recursos naturais e culturais que lhe confere um potencial turístico. Segundo a Comissão
Vitivinicola Regional do Dão (2014), a região encontra-se bem posicionada para atrair
visitantes, em especial portugueses, devido à sua riqueza arquitetónica, paisagística e
cultural, onde se destaca a monumentalidade de Viseu “Capital do Vinho do Dão”, sem
esquecer as potencialidades dos municípios que integram a Região Demarcada dos
Vinhos do Dão. De fato quando os turistas percorrem os itinerários propostos pela Rota
do Vinho do Dão, percorrem localidades com um património histórico muito interessante,
como por exemplo, Cabanas de Viriato que é uma Vila serrana com casas velhas, podem
também visitar Carregal do Sal, situada entre a Serra da Estrela e a Serra do Caramulo.
Aqui desfrutam de monumentos pré-históricos e casas do século XVII e XVIII. Podem
passar por outras vilas (Sátão, Penalva do Castelo, Mangualde) e aproveitar de
monumentos como as igrejas matrizes, solares barrocos e dólmenes.
Capítulo IV – Benchmarking
Neste capítulo serão estudados 3 casos de enoturismo no mundo. As três regiões
vitivinícolas selecionadas são Bordéus, a Rioja e Florença, com a região da Toscana. Este
estudo é feito com o objetivo de identificar boas práticas de enoturismo nessas regiões,
onde o mesmo já é desenvolvido e praticado para aplicá-las na região do Dão.
4.1 Estudo de casos
As “Capitais de grandes vinhedos” são 10 grandes metrópoles que tem em comum
uma qualidade económica e cultural maior: os seus vinhedos de renome internacional. A
rede de “Capitais de Grandes Vinhedo” tem como objetivo, reunir estas últimas, criar
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
46
entre elas relações privilegiadas, favorecer as trocas e desenvolver programas de
cooperação. As 10 cidades membros da rede são Bilbao (com os vinhedos da Rioja),
Bordéus, Cape Town (com os vinhedos de Cape Winelands), Christchurch ( vinhedos de
South Island), Florença, Mayence ( com os vinhedos de Rheinhessen), Mendoza, Porto,
San Francisco (com os vinhedos da Napa Valley), Valparaiso (com os vinhedos de
Casablanca Valley). Foram selecionados os destinos vitivinícolas os mais originais e mais
inovadores em matéria de acolhimento dos visitantes, por um júri de peritos
internacionais (Best of Wine Tourism, 2014).
Neste capítulo selecionaram-se 3 destas cidades, Bordéus, Florença e Bilbao, com os
seus respetivos vinhedos no âmbito de estudar a oferta enoturística destas regiões.
Sobre cada região elabora-se a respetiva descrição e caracterização e em seguida um
quadro recapitulativo destes destinos vitivinícolas selecionados como os melhores em
2014. Cada um destes destinos foi analisados de forma a comprovar a sua
correspondência aos critérios criados pelos júris. Estes critérios que abrangem a oferta
enoturística são os seguintes:
- Arquitetura e paisagens.
- Arte e Cultura.
- Descoberta e inovação.
- Alojamentos.
- Serviços enoturísticos.
- Valorização enoturística de práticas ambientais.
- Restauração
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
47
4.1.1 Bordéus
Bordéus é a capital do Sudoeste da França, bordada pelo oceano atlântico, foi
inserida na lista do património mundial da Unesco em 2007. O centro histórico da cidade
oferece uma beleza deslumbrante e uma unidade de estilo arquitetónico, com praças
encantadoras, parques, museus e locais de elevada absorção cultural. Largamente aberta
ao oceano atlântico, esta cidade está na encruzilhada de Paris e de Espanha e beneficia de
um clima oceânico ameno com a influência da corrente do golfo. É o ponto focal da
gastronomia e do shopping, com uma cozinha refinada a cada esquina convidando os
turistas a parar e experimentar. Podem também desfrutar lojas de marcas internacionais
célebres situadas nas ruas pedoneiras. Bordéus é também a região vitivinícola mais
famosa de França, beneficia de uma notoriedade espontânea.
Efetivamente segundo um inquérito feito pelo BIVB (bureau interprofessionel des
vins de Bourgongne), 84% das pessoas entrevistadas respondem primeiro Bordéus
quando lhes é perguntado quais as regiões produtoras de vinhos na França.
Com 63 DOC (denominação de origem controlada) e 11 000 Châteaux, a Gironde
está em grande parte coberta de vinha.
Nas paisagens laminadas do Médoc, Libournais e Entre-Deux-Mers, o vinho é um
elemento familiar. Saint-Estèphe, Saint-Emilion, Pomerol, Pessac-Léognan e Sauternes
são locais mágicos e encantadores bem como as denominações de renome. O termo
«Château» utilizado na região é específico, devido ao facto das grandes quintas vitícolas
possuírem o seu próprio castelo, por exemplo Château Margaux, Lynch Bages, Lafitte,
Pichon Longueville, Yquem, (monumentos históricos datados do século XII) e muitos
mais que embelezem a região com a sua sumptuosa arquitetura. Algumas destas
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
48
propriedades são responsáveis pelas visitas de muitos turistas (Great Wine Capitals,
2014).
Mas Bordéus como capital do departamento da Gironde, possui 180 km de praias,
milhares de hectares de florestas, centenas de trilhos e um parque natural regional: Parque
Natural Régional des Landes de Gascogne.
De Norte a sul, podem ser descobertos vários pontos a visitar como o estuário da
Gironde, o farol de Cordouan, a região do Médoc, as estações balneares, a bassia de
Arcachon o Cap Ferret, os centros de ostracultura, a casa natural para os pássaros, Blaye
na margem direita da Gironde (na lista do património mundial da Unesco desde 2008),
Saint-Emilion, uma cidade medieval situada no cimo de uma colina com vista sobre os
vinhedos mais famosos (também inscrita no património mundial da Unesco).
Bordéus é um destino familiar, que propõe variadas e inesquecíveis atividades
para todas as idades com uma vasta gama de desportos, atividades de lazer e novas
descobertas (zoo, fazendas pedagógicas e de descoberta, aulas de cozinha para crianças,
visitas aos museus e cruzeiros fluviais). Pode ser escolhida para turismo de negócios, com
numerosos espaços prestigiados e vários centros de congressos.
Graças aos seus vinhos e cozinha, Bordéus é a capital do bom gosto em França, e
também a maior região vitivinícola DOC em França. O vinhedo de Bordéus é constituído
por 117,200 hectares cultivados e uma produção de 5 a 6 milhões de hectolitros anuais, o
que corresponde a mais de 800 milhões de garrafas cujos 87% são vinhos tintos, 11%
vinhos brancos secos e 2% vinhos brancos doces. O número de pessoas envolvidas na
produção do vinho aumenta todos os anos, para além de 50 adegas cooperativas e cerca
de 11,000 propriedades, existem outros tipos de indústria de vinhos de Bordéus, cerca de
400 empresas de comércio e 100 corretoras. Cerca de 70% do vinho de Bordéus é vendido
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
49
no mercado nacional e o resto é exportado (Vin Vignes, 2014). Todos os vinhos
produzidos nesta região partilham um estilo comum. Mais do que um sabor, há um caráter
que se exprime nestes vinhos através do equilíbrio de concentração e de potência com
fineza e elegância. Este estilo é o resultado de fatores naturais tais como o terroir, o clima
e a intervenção humana, com assemblagem das castas ao terroir. Cada um destes
elementos exprime-se com a sua própria personalidade, dando origem aos vinhos de
Bordéus.
Nesta região o clima é ameno e temperado devido á latitude e à influência
marítima do oceano atlântico. O “terroir” palavra francesa para designar um território
cujos traços físicos (solos, subsolos, localização, clima, microclima…) contribuem para
a personalidade dos vinhos. Mas o “terroir” é também o resultado da intervenção humana,
nomeadamente na seleção das castas. A região vitivinícola de Bordéus, é a casa mãe de
castas famosas no mundo inteiro, especialmente o Cabernet-Sauvignon, Cabernet-Franc,
Merlot para as castas tintas e o Sauvignon Blanc e Sémillon para as castas brancas.
Minoritariamente também se cultivam outras castas como o Malbec, o Carmenère e o
Petit-Verdot (castas tintas) e o Ugni Blanc, Muscadelle, Colombard para as castas
brancas.
Segundo um artigo sobre o retrato económico da região Aquitaine, esta ultima é a
líder mundial da produção de vinhos de denominação de origem controlada (Comité
Régional de Tourisme d'Aquitaine, 2010).
A região Aquitaine, onde está inserido o vinhedo de Bordéus, graças à sua oferta
turística diversificada, impôs-se como um destino de eleição para os turistas, quinta região
turística no ranking francês. O enoturismo regional constitui uma das primeiras atividades
capaz de regular o fluxo turístico em direção à região. Em 2009, contaram-se 3.3 milhões
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
50
de visitas nos vinhedos da Aquitaine, onde um terço são visitantes locais e o resto são
turistas de todo o mundo (Comité Régional de Tourisme d'Aquitaine, 2010). A visita aos
vinhedos não é a razão principal das visitas turísticas, mas as potencialidades oferecidas
pela presença de um prestigioso “Chateaux”, é uma mais-valia na escolha do destino. O
desenvolvimento do enoturismo constitui um pilar para o desenvolvimento do fluxo
turístico regional.
O enoturismo na França esta em considerável expansão nos últimos anos. Torna-
se uma ferramenta de comunicação e de promoção do vinho associando cultura
gastronomia e património. Bordéus é a única cidade que deu o nome a um vinhedo e à
cor do seu vinho. Cidade inscrita ao património mundial da Unesco. Bordéus aposta nos
aspetos culturais e pedagógicos da experiência a volta do vinho e conta também sobre a
notoriedade regional e sobre o património histórico (Faugère & Bouzdine-Chameeva,
2012).
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
51
Figura 12: Mapa da região Vitivinícola de Bordéus
Fonte : http://www.vignobledebordeaux.fr/
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
52
Figura 13 : Mapa da região vitivinícola de Bordéus com os tipos de vinhos produzidos
Fonte : http://www.vignobledebordeaux.fr/
Em cada um dos territórios vitícolas da Aquitaine, os profissionais do turismo e
do vinho envolveram-se num passo de qualidade. Cada prestatário aderente de “Destino
vinhedo” é um embaixador turístico de escolha para a descoberta de territórios vitícolas
(Best of Wine Tourism, 2014). Cada aderente decidiu respeitar um número de critérios
que define a qualidade do serviço e do acolhimento:
- Respeito das horas e períodos de abertura
- Informação sobre as línguas praticadas nas instalações
- Condições exemplares de visitas, provas, alojamento e restauração
- Disponibilização d’informação turística
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
53
- Acessos facilitados, com existência de parques de estacionamentos.
- Limpeza dos sítios
- Afixação dos preços
- Respeito do meio ambiente
- Controle por organismos independentes
Apresentamos na seguinte tabela a oferta enoturística das adegas vencedoras do
concurso Best of Wine Tourism feito pela Great Wine capitals. Todas estas adegas
sobressaíram graças a oferta notável em termos de serviços, inovações, criatividade e
autenticidade (Best of Wine Tourism, 2014) .
Tabela 6 : Características da oferta enoturística das adegas.
Adega Região
Vitivinícola
Atrações
Turísticas Características
Château de Rouillac Pessac-Léognan Serviços
enoturisticos
- Reuniões de empresas
- Terraços para apreciar vistas
- Instalações hípicas
- Provas
- Visita do vinhedo a cavalo ou em
jipe
Château de la
Dauphine Fronsac
Arquitetura
e paisagens
- Maior propriedade da sub-região
- Rio
- Parc
- Descoberta histórica
Château du Tertre Margaux Alojamento - Visita guiadas
- Vasto espaço paisagístico
Château Gravas Graves-
Sauternes
Arte e
arquitetura
- Manifestações culturais
- Encontros musicais
- Exposições
Château Larose
Trintaudon Haut-Médoc
Praticas
sustentaveis
do
enoturismo
- Certificado ISO 9001 e ISO 14001 e
agricultura razonada
- Visitas e provas
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
54
Château Larivet
Haut Brion Pessac-Léognan
Descoberta
e inovação
- Provas acompanhadas de pratos
- Pique-niques no parque de verão
- Enofolias (1 prova num sitio insólito:
duna na praia, galeria d’arte,
experiência gustativa única.)
Association Route
des vins de
Bordeaux en Graves
et Sauternes
Sauternes Serviços
enoturísticos
- Primeira rota dos vinhos
- Oferta de estadias
- Visitas as adegas
- Descoberta de gastronomia e do
mundo dos vinhos
Château d'Arche Sauternes Descoberta
e inovação
- Vista magnifica
- Visitas da adega
- QR códigos smatphone guia turístico
Château de Ferrand Saint-Emilion Descoberta
e inovação
- Visitantes acolhidos pelos enólogos
- Workshops combinação comida e
vinhos
Château de Pressac Saint-Emilion Arquitetura
e paisagem - Patrimonio historico
Château Fourcas
Hosten Médoc
Arquitetura
e Paisagem
- Parque florido
- Mistura de arquitetura
contemporanea e tradicional
Château Montlau Libournais Arte e
Cultura
- Museu
- Manifestações
- Exposições
Château Vieux
Mougnac Saint-Emilion
Praticas
sustentaveis
do
enoturismo
- Utilização de compostos naturais
- Agricultura biológica
- Visitas guiadas
Médoc Wine Inn
Tour Médoc
Serviço
enoturisticos
- Provas
- Encontros com profissionais dos
vinhos
- Estadias em alojamentos de grande
conforto
Musée du Vin et du
Négoce de Bordeaux Bordeaux
Serviços
enoturisticos
- Historia dos vinhos em Bordéus
- Exposições e provas
Wine Tour Booking Bordeaux Serviços
enoturísticos
- Reserva de provas e visitas
- Estadia segundo as necessidades e
vontades do consumidor
Fonte : o autor
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
55
4.1.2 Toscana
Florença, é um município italiano, capital e a maior cidade da região da Toscana
e da província homónima, com cerca de 371060 habitantes. Estende-se por uma área de
102 km², tendo uma densidade populacional de 3453 hab/km². Situada nas margens do
Arno, Florença é famosa pela sua história, arte, arquitetura, pelo seu património cultural
e sobretudo pela sua importância na Idade Média e no Renascimento. De facto, é
considerada o berço do renascimento italiano e a mais bela cidade do mundo. O centro
histórico de Florença atrai milhões de turistas todos os anos e foi declarado sítio do
património mundial da Unesco em 1982. É também uma cidade muito importante no
mundo da moda, já foi capital da moda e classificada nas cinquenta melhores capitais da
moda do mundo. Além disso Florença é um centro económico, turístico e industrial muito
importante (Great Wine Capitals, 2014). Florença é sem dúvida uma das capitais do
turismo.
É um dos destinos mais procurados dos turistas pelas atrações que oferece. Com
cerca de 5700 estruturas locais no setor do alojamento e mais de 8000 empregados, a
capital da Toscana acolhe cada ano cerca de 4 milhões de visitantes cujos 2.8 milhões são
estrangeiros. Os seus museus e objetos do Renascimento não são as únicas atrações da
cidade, também é escolhida para passar férias pela sua gastronomia e seus vinhos. O
campo florentino é um dos sítios de eleição para os que querem combinar uma visita à
cidade da arte, com excursões no pais e aproveitar os produtos locais e os vinhos. Uma
série de serviços em torno da indústria do turismo, universidades estrangeiras,
organizações profissionais, exposições, mercados, conferências, animações e outras
atividades de lazer, contribuem para a qualidade superior do turismo (Great Wine
Capitals, 2014).
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
56
A viticultura é próspera na Toscana, desde a Idade Média. A região é hoje
conhecida pelos seus vinhos tintos secos e jovens. Florença chama à atenção, pelo
território de “Chianti” (Vins du Monde, 2014). A Toscana é a quinta região vitivinícola
pelo seu tamanho e a quarta pela sua produção com vinhedos repartidos sobre 86,000
hectares cujos 30,000 beneficiam da denominação de origem qualificada.
Nas colinas e campos à volta da cidade, estão alinhadas as videiras para produzir
maioritariamente as uvas Sangiovese que permitem fabricar o vinho “Chianti”, vinho de
aroma frutado e perfumes aromáticos, equilibrados pela acidez e os taninos maduros.
Nesta região de denominação controlada e garantida, também se cultivam outros tipos de
castas como o “Cabernet Sauvignon”, “Canaiolo” (uvas tintas), “Trebbianno” e Malvasia
(uvas brancas). O Trebianno constitui a base de produção dos vinhos brancos na Toscana,
cultivado principalmente pela sua produtividade e suas propriedades que ajudam à
conservação nas zonas quentes. As suas qualidades neutras, fazem com que este vinho
seja maioritariamente utilizado a granel. Pouco a pouco os produtores mostram um
interesse cada vez maior noutras castas como o Chardonnay ou Sauvignon Blanc em
particular nas zonas mais altas onde as uvas amadurecem mal.
Os vinhos mais produzidos nesta região são de longe os Chianti mas um novo
estilo está a aparecer, mais internacional, utilizando castas francesas, o Super Toscans.
Outros vinhos toscanos importantes são o Montalcino, o Montepulciano, Bolgheri,
Carmignano e vinhos da Maremma. A zona chave de produção dos vinhos brancos é San
Gimignano. Com a maior parte das suas paisagens montanhosas, a toscana oferece a
melhor qualidade aos seus vinhos. As colinas fornecem a maior concentração de luz para
um melhor amadurecimento das uvas, os produtores apreciam também a diferença
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
57
importante de temperaturas entre o dia e a noite. O clima sendo mediterrâneo é muito
severo no inverno (Great Wine Capitals, 2014).
A produção de vinho e o comércio marcaram fortemente a economia da cidade no
passado e ainda hoje muitas das mais antigas famílias florentinas estão envolvidas neste
negócio. Visitar as propriedades vitícolas da Toscana significa experimentar totalmente
uma cultura antiga, que deu origem a castelos e vilas de rara beleza artística. O enoturismo
na Toscana não só permite visitar alguns dos "templos mundiais de vinho ", mas também,
e sobretudo, permite visitar instalações em vilas e castelos que até algumas décadas atrás
foram fechadas ao público. Muitas delas ainda são habitadas pelos proprietários das
fazendas, que identificaram no turismo do vinho uma forma inteligente de ter uma relação
direta com seus consumidores e assim beneficiaram de um feedback imediato sobre as
tendências atuais no gosto a nível internacional.
Florença é um centro importante de empregos, atividades artísticas, artesanais e
industriais. Situada ao meio de grandes eixos rodoviários é um centro de gravidade
importante. A agricultura biológica está a ser cada vez mais desenvolvida. Outra das
economias fortes de Florença é o turismo, um setor muito importante para uma das
cidades mais visitadas na Itália e na Europa. Além de ser um destino tradicional para o
turismo cultural, a cidade é um centro cada vez mais inovador com o enoturismo, que
conta na Toscana, perto de 40% do total das presenças a nível nacional. A Itália
desenvolve muito bem o agroturismo desde alguns anos.
Segundo um estudo de Faugère & Bouzdine-Chameeva (2012), os dados oficiais
do ano 2012 situam o número de enoturistas na Itália a 4,6 milhões com um volume de
negócios do setor entre 3 e 5 milhares de euros. A região de Florença, a Toscana, possui
uma rica história vitícola e segue a sua progressão como zona produtora de vinhos de
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
58
grande qualidade dentro das mais dinâmicas e criativas do país. É a região mais visitada
de todas as zonas vitícolas de Itália. Os enoturistas na Toscana compram vinhos, produtos
regionais artesanais e gastronómicos. Segundo Faugère & Bouzdine-Chameeva (2012), o
turismo vitivinícola representa uma fonte de rendimentos muito importante para as
pequenas empresas e as vezes para os territórios. Os atores locais, organizações, clubes,
instituições e outros são relacionados numa extensa rede contento o “Movimento do
Turismo do Vino” e as associações nacionais “Donne Del Vino, Cittá del Vino”, “RTVA
(rotas de vinhos e turismo agrícola) ”. Estas últimas representam uma forma de turismo
alternativo baseado no modelo “território – produção – turismo” (Best of Wine Tourism,
2014). As rotas de vinhos fornecem uma oferta complexa de vinhos integrando atrações
e recursos. Uma participação ativa das comunidades locais e das ajudas públicas e
privadas fortalecem este posicionamento encorajando os processos empresariais e
assegurando as relações entre produtores e consumidores.
Este dispositivo de rotas de vinhos e turismo agrícola na Itália dá muito valor a
dimensão sociocultural no processo de desenvolvimento, pois permitem uma boa
visibilidade das entidades locais do mercado turístico e os viticultores contribuem
finalmente a inovação dos territórios e das comunidades locais. É uma mais-valia para a
promoção do turismo e setor vitivinícola local.
O enoturismo tornou-se um modelo económico inovador onde o conhecimento
dos vinhedos e dos produtores é essencial a promoção do produto. A grande impulsão
dada à economia Italiana permite melhorar a visibilidade dos territórios e o
desenvolvimento de novos empregos. Florença está em primeira posição no TOP 10 dos
destinos enológicos na Europa, segundo Tripadvisor (Faugère & Bouzdine-Chameeva,
2012).
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
59
Apresentamos então na seguinte tabela as adegas vencedoras do concurso já
referido afim de perceber quais os recursos que possuem e quais as ofertas que propões
aos seus turistas.
Tabela 7 : Caracterização da oferta enoturistica das adegas
Local
enoturístico
Região
Vitivinícola
Atrações
turísticas Características
Castello di
Gabbiano
Chianti
Clássico Alojamento
- Castelo medieval com quartos
- Apartamentos situados numa quinta
do século 16
Agricola San
Felice
Chianti
Clássico Alojamento
- Hotel equipado de todos os serviços
modernos
- Visitas e provas comentadas.
Castello la Leccia Chianti
Clássico
Arquitetura e
paisagem
- Castelo datando de 1707
- Restauração com materiais
ecológicos
- 12 quartos bem equipados com
atmosfera elegante
Enotria Firenze Restaurantes
- Garrafeira e restaurante no centro
de Florença
- Cozinha de qualidade e tradicional
- Extensa escolha de vinhos na
garrafeira
- Sede da sociedade dos vinhos de
Florença
- Provas de vinhos e eventos a volta
do mesmo.
Tenuta di Poggio
Casciano Chianti
Descoberta e
inovação
- Casa datando do Renascimento
- Escritórios da equipa agrícola de
Ruffino, o departamento
comunicação
- Exposição de impressões ligadas ao
vinho
- Varias visitas propostas ilustrando
as etapas da produção.
- Pontos multimédia
Fonte : o autor
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
60
Figura 14: Mapa das zonas de produção do Chianti.
Fonte : www.vinhoedelicias.com
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
61
Figura 15: Mapa da região vitícola da Toscana
Fonte : www.vinhoedelicias.com
4.1.3 Rioja
Bilbao, no norte de Espanha é um importante centro industrial. É considerado
como um destino turístico procurado graças à sua diversificada gama de sítios culturais,
diversidade geográfica, cozinha com renome a nível mundial e aos seus vinhos da Rioja.
A cidade sofreu importantes alterações, desenvolvendo um modelo urbano que combina
indústria, serviços e tecnologia com a cultura e a arte, sendo um dos exemplos mais
recentes, o museu de Guggenheim. O porto de Bilbao sempre foi um centro importante
nomeadamente no transporte dos vinhos da Rioja para o mundo inteiro. Bilbao é a cidade
mais importante do norte da Espanha situando-se costa da baía de Biscaia.
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
62
A região demarcada da Rioja está situada a cerca de 100 km a sul de Bilbao (Great
Wine Capitals, 2014). É a mais famosa denominação de origem qualificada em Espanha.
O clima, os solos e as características geográficas da região constituem um ambiente ideal
para a produção de vinhos. Esta região situada no vale do Ebro estende-se sobre cerca de
64,000 hectares, com uma produção anual média de 2.7 milhões de hectolitros. Além da
sua popularidade em Espanha, os vinhos da Rioja são vendidos em mais de 100 países do
mundo. As castas tintas cultivadas são maioritariamente o Tempranillo, Garnacha tinta,
Graciamo, Mazuelo e Maturana tinta. As castas brancas são a Viura, malvasia, Grenacha
branca, Maturana branca, Tempranillo branca, Turruntes, Chardonnay, Sauvignon-Blanc
e Verdejo. Tendo em conta que o Chardonnay, Sauvignon-Blanc e Verdejo não podem
ser misturados com as outras castas brancas.
A Rioja situa-se nas quatro províncias da Rioja, Navarra, Pais Basco e Castilla
Leon. Distinguem-se três sub-regiões: Rioja Alta, Rioja Baja e Rioja Alavesa. Os
vinhedos são geralmente plantados nos planaltos situados mais ou menos a 400 m acima
do nível do mar. Variam de uma altitude entre 600 m a oeste, com solos compostos de
argila e calcário e 400 m na Baja, com solos completamente argilosos. Na Rioja Alta, que
cobre a parte oeste da denominação, ao sul da Alava até Burgos o clima é mais frio que
na Rioja Baixa, logo a estação é mais curta. Este facto confere aos vinhos um caráter mais
clássico, mais leve e então mais próximo do modelo francês. Deste lado do vinhedo, a
casta mais cultivada é o Tempranillo e sendo aqui a estação mais curta, esta casta atinge
a maturidade mais rápido, cerca de 2 semanas antes do Granacha, por exemplo. A Rioja
Alavesa encontra-se ao norte do Ebro, na província basca de Alava. Aqui o clima é muito
parecido com o da Rioja Alta ainda que os vinhos sejam mais redondos e mais densos,
embora sempre com fineza. A densidade de vinhas por hectare é mais fraca por causa dos
solos rochosos, o que se torna uma mais-valia e explica as propriedades desses vinhos.
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
63
Tal como na Rioja Alta, a região é especialista do Tempranillo. Estas duas zonas situadas
em altitude (400 a 500m) e expostas as brisas noturnas frescas do norte, beneficiam de
uma frescura benéfica para a qualidade dos vinhos. Por fim a Rioja baixa, sub-região do
sul este, a mais baixa, desce até 300 m de altitude, é a mais quente, sendo influenciada
pelo mar mediterrâneo e por efeitos continentais que a tornam mais seca. Como as secas
estão em constante aumento nessas regiões, a irrigação é permitida desde 1990. Aqui os
vinhos são mais escuros e possuem mais álcool. Esta região estende-se pela Navarra, por
isso produz vinhos que podem ser engarrafados sob a denominação Navarra ou Rioja. Os
vinhos desta sub-região são dotados de menos acidez e são menos aromáticos portanto
são muitas vezes utilizados em misturas com outros vinhos das outras sub-regiões,
produzindo vinhos mais equilibrados. É o sítio ideal para o Granacha, casta nobre que
traz um caracter mais meridional que o Tempranillo. Esta região vitícola está exposta,
graças ao Ebro, a uma serie de micro climas muitos benéficos para os vinhos.
A região da Rioja é uma das zonas mais desenvolvidas de Espanha conectando o
País Basco a Catalunha. As suas principais indústrias estão relacionadas com produtos
agrícolas: as uvas para os vinhos da Rioja, frutos e legumes para enlatados e a criação
para produção de carne. Outras indústrias importantes incluem, a fabricação de calçado,
moveis e produtos metálicos. A importância dos vinhos da Rioja fez renascer indústrias
ligadas ao vinho: tanoarias, capsularias, artes gráficas para os rótulos e embalagens,
máquinas de engarrafamento e turismo (Great Wine Capitals, 2014).
Está comprovado que o turismo de massa que surgiu em Espanha nos anos 60-70
ajudou a impulsionar a economia do país. Mas os danos ocasionados nas zonas costeiras
e nas paisagens por este turismo de “sol e praia” danificaram a imagem do país. Portanto
as correções feitas, privilegiaram um turismo mais cultural, baseado nas riquezas
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
64
históricas e monumentais que a Espanha possui. Também se desenvolveu um turismo
rural, valorizando as paisagens e grandes espaços naturais do país. No ponto de encontro
entre essas duas tendências está o turismo do vinho.
O enoturismo está a ser muito desenvolvido em Espanha e notavelmente na Rioja,
onde se podem encontrar atividades como, visitas às caves (grande vertente pedagógica
e técnica com a degustação), estruturas de acolhimento (clubes VIP, onde estão
reservados quartos e sítios de restauração) para celebração de eventos familiares,
aquisição de vinhos de anos reservados presenteados com um rótulo personalizado, visitas
ao museu do vinho e vinobus. A região da Rioja com as suas mais de 400 adegas oferece
uma grande variedade de estilos arquitetónicos, desde os mais tradicionais até aos mais
modernos e funcionais. Nesta região podem-se praticar várias atividades à volta do vinho,
desportos dentro dos vinhedos, cursos de provas e alojamentos com programas
enoturísticos (Great Wine Capitals, 2014).
O artesanato também tem muito peso porque são realizadas peças a volta dos
vinhos (jarros,…). Esta região tem recursos que valorizam o seu património vitivinícola
como o museu da cultura e do vinho de Bríones ou o centro de interpretação do vinho de
Haro. Foram criadas umas séries de iniciativas para promover o enoturismo, das quais se
destacam a criação de uma plataforma temática para a configuração de pacotes turísticos,
“A pé de vinha”, é um novo conceito de catering, onde profissionais da gastronomia
quiseram reunir o melhor da cozinha com os vinhos da Rioja. A cozinha da região
caracteriza-se por abundantes frutas y verduras, como espargos, alcachofras, pimentos
vermelhões, peras e pêssegos, também carne sobre tudo cordeiro e porco. Também pode
desfrutar de comidas típicas como batatas com chouriço, costeletas de borrego, borrego
assado… (Universidade de Huelva, 2014).
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
65
Na seguinte tabela vamos caracterizar a oferta enoturística com os destinos
escolhidos como melhores pela Great Wine Capitals.
Tabela 8: Caracterização da oferta enoturística das adegas.
Local enoturístico Região Atrações
Turísticas Características
Bodegas Dinastia
Vivanco Rioja Arte e cultura
- Castelo medieval com quartos.
Bodegas Ostatu Rioja
Prática de
enoturismo
sustentável
- Certificado de emissão de carbono
neutro.
- Pioneiros na inovação e práticas
ambientais.
Gourmet
Echapresto
S.L.Venta de
Moncalvillo
Rioja Restaurantes
-Uma estrela no guia Michelin.
- Provas e conferências.
Grupo Empresarial
Criteria - Calado -
S.L
Rioja Cultura e
paisagens
- Adega situada num edifício do
século 14.
- Lugar histórico.
- Eventos e encontros feitos no local.
Hotel Viura Rioja Alojamento
- Hotel 4 estrelas.
- Lugar de descanso, lazer e
gastronomia.
- Localização ideal para percorrer a
Rioja.
Pagos de Leza Rioja Descoberta e
inovação
- Adega onde o visitante se pode
informar sobre o mundo dos vinhos.
- Associação de tradição e inovação.
- Almoços, Jogos a volta da
degustação, concertos, desfiles,
workshops.
- Visitas guiadas com temas.
Pepita Uva Rioja Serviços
enoturisticos
- Serviços ligados ao enoturismo (a
volta do vinho, do artesanato,
passeios).
- Situado numa aldeia medieval.
- Visitas e provas.
Fonte : o autor
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
66
Figura 16 : Mapa da região de origem qualificada Rioja
Fonte : www.vinhoedelicias.com
4.2 Estudo comparativo
São muitas as zonas do mundo que encontraram no enoturismo uma forma
interessante de desenvolver o meio rural, estabelecendo um modelo de turismo
sustentável.
Na tabela seguinte reunimos as regiões estudadas nos capítulos anteriores e fizemos
o levantamento dos recursos enoturísticos que cada uma delas tinha, com o objetivo de
comparar a região do Dão e as atividades proposta pela mesma com outras regiões
enoturísticas do mundo.
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
67
Tabela 9 : Comparação da oferta enoturística das regiões vitivinícolas.
Regiões
vitivinicolas
Portugal (Região do
Dão)
França (Região
de Bordeaux)
Espanha (região
da Rioja)
Italia (Região
de florença)
Oferta
enoturistica
- Provas de vinhos - Provas de
vinhos
- Património
histórico
(castelos
medievais,
edifícios do
século 14 )
- Visitas
temáticas nas
adegas
- Visita as adegas - Visitas guiadas
- Restaurantes
com estrelas no
Guia Michelin
- Pontos
multimédia
- Rota dos vinhos
Dão
- Alojamento nas
quintas
- Provas de
vinhos
- Património
histórico com
casas datando
do
renascimento.
- Lojas de vinhos
- Exposições
culturais e à
volta do vinho
- Eventos e
workshops nos
locais
vitivinícolas
- Provas de
vinhos e
eventos a volta
do mesmo
- Alojamento nas
quintas
- Agricultura
biológica
- Visitas guiadas
com temas
- Cozinha de
qualidade e
tradicional
- Participação
aos trabalhos da
vinha
- Museus (sobre
cultura e sobre
vinhos)
- Lojas de
vinhos
-Museus - Plataformas
temáticas
- Alojamento
nas quintas
- Património
histórico
- Desporto nos
vinhedos
- Práticas
ecológicas e
sustentáveis
nas quintas
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
68
Oferta
enoturística
(continuação)
- Acolhimento
pelos
profissionais dos
vinhos
- Turismo rural
(com
alojamento)
- Rotas dos
vinhos
Rota dos vinhos - Artesanato
- Encontros
musicais
- Visitas dos
vinhedos de
forma original
(cavalo, jipe,
pedestre…)
- Instalações
hípicas nas
quintas
- Enofolias
Fonte : o autor
Com esta tabela podemos salientar que nas regiões de Bordéus, Rioja e Toscana,
os turistas vão aos destinos para descobrir os vinhos e vinhedos. Mas também estão
interessados em descobrir a gastronomia e terroir das regiões, o património arquitetural
e cultural (presença dos museus), o património natural (paisagens), e praticar passeios
pedestres o de bicicleta.
Conseguimos também perceber as debilidades que apresenta a região do Dão na
prática do enoturismo. Efetivamente em comparação com as outras regiões, a oferta
enoturistica que propõem o Dão é muito simples (provas de vinhos, alojamentos). A
região já dispõe de uma ferramenta que tem de desenvolver que é a Rota dos vinhos do
Dão. Pois como visto anteriormente são poucas as adegas e quintas aderentes em
comparação com as existentes na região. As outras regiões estudadas, já estão bem
presentes nos meios de comunicação (internet, redes sociais…).
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
69
Capítulo V – Proposta de desenvolvimento de Enoturismo para a Região
do Dão
5.1 Proposta de desenvolvimento
5.1.1 Estrutura da proposta
Figura 17 : Estrutura da proposta
Fonte : o autor
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
70
5.2 Análise dos objetivos
Ao longo deste projeto estudou-se o enoturismo para perceber se é realmente um
fator de alavanca para a região do Dão. Conseguiu-se entender que este novo conceito
turístico é capaz de dinamizar a região e criar uma internacionalização da mesma.
Verificaram-se alguns dos recursos que possuem as adegas e quintas da região. Assim foi
possível analisar as debilidades da mesma quanto à diversidade e desenvolvimento deste
produto turístico. Com o estudo da Rota, vimos que a região tem potenciais culturais,
patrimoniais, arqueológicos e gastronómicos mas ainda pouco desenvolvidos por causa
da Rota ser mal definida.
5.3 Revisão da literatura
Como resulta da revisão da literatura, o enoturismo é uma atividade económica em
crescimento a nível mundial. Dos resultados da investigação realizada conclui-se que o
Dão dispõe de características para o desenvolvimento do enoturismo e um potencial para
fazer desta atividade um instrumento efetivo de desenvolvimento da região: o produto
vinho, enraizado na tradição e modo de vida na região mas, também, um património
natural, histórico e cultural de características únicas e diferenciadoras. Apesar da
qualidade de alguns equipamentos existentes e do potencial do Dão para o enoturismo,
este constitui, ainda, uma atividade económica embrionária sendo muitos os desafios que
importa ultrapassar.
Efetivamente verificou-se anteriormente que o enoturismo na região do centro
apresenta alguns problemas como, a falta, de flexibilidade de horários das adegas, de
visão das mesmas por causa da sinalização, de transportes públicos e distância entre elas
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
71
e ainda a escassez de promoção. Torna-se portanto interessante pensar num projeto
inovador para esta região vitivinícola do Dão considerando os aspetos acima
apresentados.
5.4 Estudos de caso
Na comparação feita acima nesta investigação com outros destinos de enoturismo
como a Itália, França e Espanha confirma-se a importância do enoturismo para o
desenvolvimento regional dos países. Tal importância incide não apenas em termos
estritamente económicos, mas também enquanto fator de valorização territorial. De uma
perspectiva económica, a importância do enoturismo tem como premissa a diversificação
e ampliação da base económica regional, a captação de novos investimentos e a atração
de turistas.
Em termos de valorização territorial é de referir o seu contributo na valorização e
preservação do património histórico e cultural, na criação de emprego, na revitalização
do tecido social de zonas deprimidas, na fixação de populações, na melhoria de infra-
estruturas e serviços, ou na valorização de produtos regionais como a gastronomia e
vinhos.
É de notar que nem tudo o que funciona em outros países ou regiões é ajustável
ao Dão. Cada uma das três regiões visitadas possui condicionantes naturais ou humanas
específicas que não são adaptáveis a qualquer outra região do mundo. Não só pelas formas
de associação e cooperação, como pela oferta cultural forte, pelo clima, pela arquitetura
entre outras muitas variantes que condicionam a escolha de um destino turístico.
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
72
O que sim é comum a estas regiões de sucesso é a qualidade de serviço, a distinção
geral da oferta, a consistência de valores em cada produtor, a sustentabilidade e a
racionalidade da oferta (Sociedade Portuguesa de inovação, 2007).
5.5 Pontos Fortes e Oportunidades da região do Dão para o Enoturismo.
5.5.1 Pontes Fortes
Durante toda esta investigação conseguimos perceber quais os pontos fortes e
oportunidades da região do Dão para o Enoturismo.
O primeiro ponto forte, a localização. O território do Dão possui uma localização
privilegiada na região Centro, ocupando uma posição de charneira entre o Centro Litoral
e a Europa (Espanha). As ligações Litoral-Espanha, pelo IP5-A25 e norte sul pelo IP3-
A24 atribuem ao território um posicionamento estratégico e facilitam o estabelecimento
de relações comerciais e financeiras com o exterior.
O segundo ponte forte é a cidade de Viseu. É o centro gravitacional de todo o
território da região do Dão. O território tem acesso nesta cidade a um vasto conjunto de
serviços e infraestruturas. Mas a região também tem proximidade com as cidades do
Porto, Aveiro e Coimbra onde a aposta em IDI é elevada.
Depois destacamos a qualidade de vida e segurança, efetivamente existe um
espirito de comunidade e segurança nesta cidade. Existe também uma rede de vilas e
aldeias no seu raio de influência, que fazem com que seja possível ter um acesso
privilegiado a vários serviços e equipamentos.
Logo, verifica-se como ponto forte da região, a oferta educativa. Os municípios e
a cidade de Viseu apresentam um número significativo de instituições, com oferta em
todos os níveis de ensino. A diversidade de formação profissional, bem como de nível
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
73
superior é uma mais-valia para o território, uma vez que possibilita a formação de técnicos
e garante assim uma qualidade de serviço nos setores estruturantes da base económica
local (Sociedade Portuguesa de inovação, 2007).
Também temos como ponte forte, a diversidade de produtos endógenos de
qualidade como, o vinho do Dão (DOC), a maça Bravo de Esmolfe (DOP), a vitela de
Lafões (IGP) e o cabrito da Gralheira (IGP). Que é um recurso muito atrativo para o
enoturismo.
Por fim salientam-se, os valores patrimoniais e o termalismo. As estâncias termais
existentes na região (São Pedro do Sul e Alcafache), poderão funcionar como
complemento da atividade enoturística, potenciando assim, o desenvolvimento turístico,
atraindo uma larga faixa de visitantes. Realça-se ainda a diversidade do património
arquitetónico tal como a Igreja Matriz de Nelas, sem esquecer também a Igreja Matriz de
Oliveira do Conde, interessante monumento de influência gótica. Em Cabanas de Viriato,
mais uma freguesia de Carregal do Sal, típica vila serrana, pode-se encontrar em
reconstrução o palacete de Aristides De Sousa Mendes, conhecido Cônsul de Portugal em
Bordéus, que, em 1940, concedeu a milhares de pessoas que fugiam ao regime nazi vistos
como autoridade de Portugal. Estando em Tondela é de todo interesse a visita à Igreja do
Carmo, datada do século XVIII.
Na cidade de Viseu, é importante visitar o Museu Grão Vasco, bem como o
edifício da Sé Catedral, que remonta ao século XIII e defronte a Igreja da Misericórdia
com a sua fachada ao estilo rococó. Deambule pelas ruas da parte antiga da cidade,
descubra as Janelas Manuelinas e disfrute das típicas lojas de teto baixo características da
cidade (Sociedade Portuguesa de inovação, 2007).
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
74
5.5.2 Oportunidades
Importa também identificar os condicionalismos externos que influenciam
positivamente o desenvolvimento do território, ou seja, as respetivas oportunidades.
Primeiro, as necessidades dos consumidores orientam-se cada vez mais para os
produtos diferenciados e inovadores. A diferenciação e um fator de atratividade para os
consumidores em qualquer setor, desde o turismo ao agroalimentar. O mercado dos
produtos da terra, da agricultura biológica e a investigação ligada a sua valorização
(potenciais utilizações, propriedades medicinais, nutricionismo e alimentos) encontram-
se em desenvolvimento em todo o mundo. No território do Dão, a existência de vários
produtos de qualidade são a prova de que e possível explorar este caminho.
Depois confirma-se um crescimento notável da procura pelo turismo ambiental. E
o enoturismo é um fator decisivo nas deslocações dos visitantes a região do Dão.
Destaca-se também a cooperação transfronteiriça. A proximidade da região a
Espanha, sobretudo com o encurtar da distância-tempo, permite o estabelecimento de
relações de cooperação entre empresas de ambas as regiões. Atualmente, é ainda muito
limitado o intercâmbio entre estas, havendo poucas relações formais estabelecidas. O
Norte de Espanha é encarado principalmente como uma ameaça e não como uma
oportunidade, apesar de constituir um mercado consumidor de considerável dimensão,
face a realidade portuguesa. Para além de empresas, a cooperação pode ser estabelecida
aos mais diferentes níveis como por exemplo a nível do ambiente, energia, comunidades
cientificas e estudantes.
Por fim é de salientar a aposta de algumas instituições nos produtores da região e
no desenvolvimento das cooperações, sem esquecer o potencial das redes sociais.
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
75
5.6 Planos de ações
Tendo em conta os dados recolhidos ao longo da presente investigação resulta
possível e, eventualmente, útil, apresentar um conjunto de recomendações relativas ao
desenvolvimento do Dão como destino de enoturismo bem como às áreas e temas de
investigação que parece útil incentivar e apoiar, no futuro.
Num primeiro tempo tem de se aprofundar o conhecimento da oferta atual e potencial.
É indispensável um levantamento, rigoroso e global, da oferta enoturística na região
viseense, seja ao nível da oferta diretamente ligada ao vinho, seja ao nível de outros
produtos turísticos e da oferta complementar. Temos de perceber que balanço fazem dessa
atividade, que sugerem quanto as necessidades futuras, ou, ainda, estudar os impactos do
enoturismo na criação de emprego, de novas atividades ou na venda direta ou “a
posteriori” da visita ao destino de enoturismo.
Depois será importante perceber a diversificação da oferta. Da análise efetuada sobre
a oferta já existente, verifica-se a existência de uma base diversificada de recursos e
atributos que não estão ainda devidamente explorados na ótica do enoturismo. Daí
parecer-nos ser possível e aconselhável a agregação de produtos que utilize esta base
existente, nomeadamente pela oferta de circuitos temáticos que associem o vinho a outros
recursos de interesse turístico. E assim se poderão resolver problemáticas gerais como a
questão dos transportes (os turistas não gostam de conduzir após as provas e estão de
férias, portanto querem relaxar). Seria neste sentido interessante promover parcerias com
as agências de transportes (charrete, autocarros, tuc-tuc) ou outros meios alternativos.
Depois, quanto a presença da “família”, será importante referir que o enoturismo é mais
difícil de praticar com crianças, pelo que se torna necessário proporcionar atividades para
os mais novos. Podem ser, por exemplo, atividades na natureza, desporto ou ainda
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
76
atividades balneares. Também se lhes pode apresentar visitas educativas às adegas.
Igualmente, não deve ser esquecido o público feminino, pois verifica-se que as mulheres
mostram-se cada vez mais interessadas nas estadias enoturísticas. Deve-se então pensar
em produtos para umas “férias entre amigas”.
Num terceiro tempo deverá ser melhorada a oferta de eventos. Os eventos em torno
do vinho são um fator de atração de turistas e projeção da região e dos seus vinhos, pelo
que torna necessário o estudo do impacto dos eventos atualmente realizados, sua
coordenação e melhoria, bem como dos que seria útil desenvolver no futuro. A criação
de um grande evento anual em torno do vinho é potencialmente útil se assente numa
componente cultural ou/e artística, como por exemplo, um concerto de artistas reputados
mundialmente, uma exposição de arte de grande qualidade ou, ainda, semanas temáticas
em torno do vinho, da gastronomia, artesanato e folclore regional. Há também que
promover, de forma continuada e regular, eventos mais pequenos, a nível da região e das
adegas ou quintas para tornar a experiência vivida mais enriquecedora para o
turista/visitante.
A isso teremos de associar um ponto muito importante que é a informação e
mediatização. Pois são facilitadoras da escolha, já que os turistas esperam uma
mediatização das ofertas e um bom guia (guias turísticos, revistas, packs, posto de turismo
ou ainda internet.). A promoção do enoturismo deverá ser feita tanto no mercado interno
como nos mercados externos. Nestes aproveitando a presença da região nas feiras de
turismo mas também nas feiras de vinhos, fazendo promoção nas revistas de vinhos,
turismo. Ainda neste domínio, é aconselhável uma maior utilização das TICs e das Redes
Sociais como os blogues e o twitter. Pelo que sugerimos por exemplo, a criação de um
sítio e de um blog do enoturismo do Dão abrindo espaço à participação de profissionais,
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
77
visitantes e outros interessados no tema e, ao mesmo tempo, servindo de instrumento de
informação e de promoção. Deve ainda ser ponderada a disponibilização de um mapa
interativo para telemóveis com informação sobre o enoturismo. Também necessária a
modernização do link da Rota dos vinhos se possível para uma versão mais atrativa,
interativa e mais completa, possibilitando, por exemplo, a marcação de mesa num
restaurante ou a reserva de quarto num hotel.
Logo, as parcerias poderão ser muito importantes. Isto é, trabalhar com operadores
turísticos nacionais e, sobretudo estrangeiros, para integrarem “pacotes” de enoturismo
no Dão na sua oferta. Trata-se de uma atividade que implica custos, às vezes avultados,
mas onde as sinergias entre as várias entidades, públicas e privadas, podem funcionar
com resultados positivos, aumentando o número de turistas, a duração da estadia e
oferecendo pacotes ao longo do ano, o que pode igualmente contribuir para reduzir a
sazonalidade.
Não podemos esquecer A Rota dos Vinhos. É uma estrutura essencial do enoturismo
pelo que importa estudar o seu papel atual e potencial na atração de turistas, na
coordenação dos seus aderentes, ou na promoção e divulgação da oferta enoturística,
incluindo a combinação dos recursos diretamente relacionados com o vinho e recursos de
âmbito cultural, histórico e patrimonial. A Rota dos Vinhos do Dão tem um potencial que
está longe de aproveitado e um trabalho sistemático de divulgação do seu papel e dos
serviços que presta seria útil. Parece ainda que deveria ser reforçada a sinergia possível
das duas áreas (vinho e turismo) no que se refere aos serviços e informações que presta
aos visitantes. Refazer e reestruturar a Rota parece então imprescindível para o bom
desenvolvimento do enoturismo na região.
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
78
Vimos anteriormente que várias das adegas que integram a Rota têm horários de
funcionamento pouco flexíveis e muitas delas, só aceitam visitas com marcação prévia.
Do mesmo modo, os horários de outros equipamentos (monumentos, lojas) deveria ser
revisto, de forma a que estejam acessíveis o maior tempo possível, incluindo o fim-de-
semana. Por exemplo, escalando o pessoal, para que à hora do almoço não fechem como
acontece em alguns casos.
Outro plano de ação a ter em conta é a melhoria da sinalética existente. Trata-se de
um elemento essencial para a orientação e atração dos visitantes bem como para a imagem
da região, pelo que há que melhorar a sinalética existente.
A simpatia no atendimento dos recursos humanos nos diversos equipamentos deve
ser complementada com os conhecimentos técnicos adequados sobre vinhos, história e
cultura da região. Do mesmo modo, o escasso conhecimento de línguas estrangeira de
muitos dos profissionais do enoturismo é uma lacuna a combater. A comunicação direta
com os visitantes e turistas estrangeiros é crucial para os atrair e orientar pelo que é
aconselhável que o atendimento possa ser feito, pelo menos, em inglês, francês e
espanhol. Nesse sentido recomenda-se a colaboração com os institutos de línguas e
politécnico de Viseu.
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
79
Capítulo VI – Limitações ao estudo, propostas para investigações futuras
e conclusão.
6.1 Limitações ao estudo
Como qualquer investigação, esta também teve limitações. Estas são fruto de fatores
diversos, internos e externos à investigação.
Em primeiro lugar, é ainda reduzida a reflexão e discussão sobre o tema do enoturismo
no Dão, seja a nível académico seja a nível empresarial. São escassos os dados estatísticos
e os documentos que sistematizem informação sobre esta atividade, o que naturalmente
limitou a investigação e reforçou o seu carácter exploratório. Com efeito, a revisão de
bibliografia sobre a região do Dão, apresentou-se difícil por ser reduzida.
Durante a investigação, verificou-se uma série de dificuldade em encontrar casos de
estudo comparáveis com o Dão, na medida em que o enoturismo estabelecido nos outros
países apresentava dimensões muito superiores ao Dão (em termos de abrangência
territorial, em termos qualitativos e ainda em termos de número de aderentes).
Dentro deste contexto, esta investigação apresenta limites inerentes aos fatores
apresentados.
6.2 Propostas para investigações futuras
Parece importante o estudo e análise das formas de gestão seguidas noutros países e
regiões e seus modelos organizativos. Este estudo terá como objetivo não tanto adotar um
modelo específico já que cada região ou país é um caso diferente, mas antes recolher
dados e informações sobre as diferentes experiências e a partir daí, refletir e discutir sobre
as modalidades possíveis, as quais adaptadas à realidade do Dão, possam contribuir para
a definição de um modelo de organização para o enoturismo da região.
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
80
6.3 Conclusão
O enoturismo, enquanto produto turístico, não deve restringir-se apenas à existência
de unidades vitivinícolas com capacidade para receber visitas. Efetivamente, o produto
enoturismo e a sua cadeia de valor, serão tanto mais valorizados e rentáveis, quanto
melhor se valorizar, proteger e promover a paisagem, a cultura e a tradição vinhateira do
território, quanto melhor for a imagem e notoriedade da região vitivinícola e dos seus
atributos diferenciadores, integrados num “mix” de serviços e equipamentos e ainda
quanto melhor esse atributos forem percecionados pelos potenciais visitantes.
O desenvolvimento de um produto turístico, num determinado território, contribui
para o seu desenvolvimento económico e valoriza o património, as populações locais, e
atrai novos públicos. A criação ou desenvolvimento da Rota dos Vinhos pode ser um
mecanismo impulsionador da atividade enoturística da região do Dão, oferecendo aos
turistas, experiências várias, relacionadas com este setor de atividade. Importa, portanto,
reunir todos os recursos e serviços turísticos ligados, direta ou indiretamente, à cultura do
vinho e ao turismo, de forma a construir uma proposta de produto enoturístico integrado
e competitivo.
Observou-se ao longo desta investigação, que a vinha e o vinho constituem um
património importante, representando para Portugal um dos traços fundamentais da sua
identidade cultural. A Região Demarcada do Dão dispõe de características climáticas e
culturais favoráveis ao desenvolvimento desta atividade. O enoturismo, apesar de ainda
se apresentar como atividade emergente, constitui um inovador produto turístico onde a
atividade vitivinícola e o turismo aparecem integrados de modo harmonioso, permitindo
divulgar as potencialidades das regiões vitivinícolas e o seu aproveitamento turístico. Esta
atividade turística, pode contribuir decisivamente para o crescimento do turismo, no
destino através da atração de visitantes com um interesse no vinho, criando desta forma,
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
81
uma nova procura por um país ou região onde a gastronomia e o vinho são elementos
essenciais da imagem dessa mesma região.
Constatou-se, anteriormente, que esta atividade favorece o setor vitivinícola, a região
e a comunidade local. Efetivamente com o enoturismo verifica-se um aumento das vendas
de vinho, uma atração de novos segmentos turísticos, o aumento do número de visitantes
no destino e o desenvolvimento de uma imagem distintiva da região.
É um setor que apresenta várias lacunas, na região do Dão, destacando-se a
insuficiência de infraestruturas, equipamentos e serviços turísticos e a fraca preparação
dos diversos intervenientes. No que diz respeito às Rotas de Vinhos, a ausência de um
padrão e uniformidade em Portugal será o principal defeito, o que não permite ao setor
competir com outras regiões.
Para desenvolver uma atividade enoturística sustentável na região do Dão, dever-se-
á ter em conta aspetos importantes. O primeiro será reunir todos os operadores implicados
(quintas, adegas, meios de alojamento, restauração, associações culturais e desportivas e
a administração pública). Outro aspeto importante, será a colaboração entre iniciativas
privadas e administrativas. Só assim o enoturismo deixará de ser uma simples forma de
turismo associado ao vinho um ponto essencial para a promoção de um território a fim de
o desenvolver e o internacionalizar.
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
82
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ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
84
Anexos
Anexo A
Adega Cooperativa de
Mangualde Quinta do Sobral -
Engarrafamento e
Comercialização de
Vinhos, Lda
Empreendimentos
Turísticos Montebelo - Soc.
de Turismo e Recreio, S.A.
Adega Cooperativa de
São Paio, CRL Quinta dos Garnachos,
Unipessoal, Lda Empresa Vinícola
Vilanovense, Lda Adega Cooperativa de
Silgueiros Quinta dos Penassais
Enoport - Produção de
Bebidas, S.A. Adega Cooperativa de
Vila Nova de Tázem Quinta dos Roques
Falua - Sociedade de
Vinhos Adega de Penalva Quinta Solar do Arcediago Fernando Augusto Aires Agriema, Lda Quintas Aliança - Dão,
sociedade Agrícola, S.A. Ferreira Malaquias, Lda
Alberto António da Rocha
Oliveira Pinto QVE - Sociedade Agrícola
de Silgueiros, SA
Fontes da Cunha
consultadoria Estudos e
Gestão, SA Alberto de Oliveira Pinto
Raquel Camargo Mendes
Ferreira
Goanvi-Central
Engarrafamento de
Bebidas, Lda Alberto Fernando Mouraz
Alexandre Restaurante Martelo
Vinhos Curral da Burra,
Lda
H.J.M.L. - Vinhos e
Consultoria, Lda
Aliança Vinhos de
Portugal SA Rui Reguinga Enologia
Unipessoal Jaime de Almeida Barros,
Lda António Canto Moniz
Unipessoal, Lda Seacampo-Sociedade
Agrícola João Coelho Gouveia
António Henriques de
Almeida e Costa Sociedade Agrícola Boas
Quintas, Lda Jorge Almeida Ferreira dos
Reis António Lopes Ribeiro,
Wines Sociedade Agrícola Casa
Aranda, Lda José Maria da Fonseca -
Vinhos, SA António Pais Sociedade Agrícola de
Santar Juliano Almeida Nunes
Bento Ares do Dão - Sociedade
Vitivinícola Sociedade Agrícola do
Casal de Tonda, S.A. Ladeira da Santa, Lda
Asta Régia - Vinhos de
Portugal, S.A. Sociedade Agrícola do
Castro de Pena Alba, S.A. Maria Rosa Marques
Martins Borges Caminhos Cruzados, Lda Sociedade Agrícola do
Margarido Nuno Miguel Bico
Rodrigues de Matos Carlos Alberto Lucas
Graça Sociedade Agrícola e
Comercial dos Vinhos
Messias, S.A. O Abrigo da Passarela
Carlos Alexandre Godinho
Gomes Sociedade Agrícola
Faldas da Serra Paço de Santar - Vinhos
do Dão, SA Carvalhão Torto -
Sociedade de Vinhos,
Unipessoal, Lda
Goanvi-Central
Engarrafamento de
Bebidas, Lda
Passarela - Sociedade do
Dão, Lda
Casa de Cello - Gestão
Rural, Lda H.J.M.L. - Vinhos e
Consultoria, Lda Pedro Alberto Paraíso de
Almeida
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
85
Casa de Vilar de Ordem,
Lda Jaime de Almeida Barros,
Lda Pedro Gouveia Melo
Borges da Gama Casca Wines - Produção e
Comercialização de
Vinhos, Lda João Coelho Gouveia Peter Viktor Eckert
Caves Alto Viso - Vinícola
do Passadouro, Lda Jorge Almeida Ferreira dos
Reis Quinta da Bica -
Sociedade Agrícola, Lda
Caves Arcos do Rei, Lda José Maria da Fonseca -
Vinhos, SA Quinta da Fata -
Agricultura e Turismo
Caves Avelar, Lda Juliano Almeida Nunes
Bento Quinta da Nespereira -
Sociedade Agrícola, SA
Caves Campelo, S.A. Ladeira da Santa, Lda Quinta da Pellada,
Unipessoal, Lda Caves da Montanha - A.
Henriques, Lda Lusovini - Distribuição, Lda Quinta da Penseira S.A.
Caves do Barrocão, Lda Madre de Água, Lda Quinta da Rebôtea, Lda
Caves do Casalinho, SA Magnum - Carlos Lucas
Vinhos, Lda
Quinta de Lemos -
Produção e Comércio de
Vinhos, S.A.
Caves Alto Viso - Vinícola
do Passadouro, Lda
Caves São João -
Sociedade dos Vinhos
Irmãos Unidos, Lda
Quinta do Escudial Vinhos,
Lda
Caves Arcos do Rei, Lda Caves Vinícolas Martinho
Alves - Produção e
Comércio de Vinhos, S.A.
Quinta do Perdigão
Sociedade Unipessoal Lda
Caves do Solar de São
Domingos, SA Caves Primavera, SA
CESCE - Sociedade
Agrícola - ETCA Chão de São Francisco -
Soc. Vit.e Turismo Rural
Lda.
CM Wines Sociedade
Vinícola, Lda Cruz & Cia, Lda
D.F.J. Vinhos, Lda Dão Sul - Sociedade
Vitivinícola, S.A. Dario Manuel Costa
Pereira Melo
Edivin - vinhos S.A. Empreendimentos
Turísticos Montebelo - Soc.
de Turismo e Recreio, S.A.
Falua - Sociedade de
Vinhos
Enoport - Produção de
Bebidas, S.A. Empresa Vinícola
Vilanovense, Lda Fernando Augusto Aires
Fontes da Cunha
consultadoria Estudos e
Gestão, SA Ferreira Malaquias, Lda
Manuel dos Santos
Campolargo - Cabeça de
Casal da Herança de
Maria Alcide Tavares
Marques
Maria de Lourdes Mendes
Oliva Nunes Albuquerque
Osório
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
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Anexo B
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
87
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88
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89
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
90
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
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Anexo C
Intenção de Candidatura à Rota dos Vinhos do Dão
Identificação
do Produtor
Nome:
Morada:
Freguesia:
Concelho:
Telefone:
Coordenadas GPS:
Website:
Inventariaçã
o da Oferta
Enoturística
Na sua opinião, a sua Quinta / Propriedade tem interesse turístico?
Sim Não
Em caso afirmativo, refira quais os principais atractivos.
______________________________________________________________________________
_
______________________________________________________________________________
_
Entre esses atrativos, quais gostaria de destacar?
______________________________________________________________________________
_
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______________________________________________________________________________
_
Na sua opinião, reúne as condições mínimas para a recepção de enoturistas?
______________________________________________________________________________
_
Quando acolhe enoturistas, onde os recebe:
Adega Sala de Provas Noutro Local
Se indicou outro, refira qual.____________
Na sua Quinta / Propriedade possui uma Loja de Vinhos?
Sim Não
Se já recebe/acolhe habitualmente enoturistas, qual o número e regularidade das suas visitas
ao longo do ano?
______________________________________________________________________________
_
Que referências é que habitualmente dá aos enoturistas para chegarem à sua propriedade /
instalação?
______________________________________________________________________________
_
Que meios de comunicação utiliza para promover o seu projecto de enoturismo?
______________________________________________________________________________
_
Quantos elementos da sua equipa de trabalho estão afectos à área do enoturismo? Refira o seu
contacto.
ENOTURISMO : FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO DO DÃO
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______________________________________________________________________________
Considera a Rota do Vinho do Dão e, em geral o enoturismo, uma oportunidade para
diversificar o seu negócio e aumentar as suas vendas de vinho?
Sim Não
Intenção de
Adesão à Rota
do Vinho do
Dão
Está, em princípio, interessado em aderir a esta iniciativa da Comissão Vitivinícola Regional do
Dão para relançar a Rota do Vinho do Dão?
Sim Não
Data: _ /_ /_
Assinatura: __________________________________________