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UNIVERSIDADE MOGI DA CRUZES LAÉRCIO TADEU DA SILVA BROCOS ENSINO DE BIOTECNOLOGIA: PROPOSTA DE ATIVIDADES PARA A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS EJA Mogi das Cruzes, SP 2010

ENSINO DE BIOTECNOLOGIA: PROPOSTA DE ATIVIDADES …livros01.livrosgratis.com.br/cp131750.pdf · ensino/aprendizagem sobre Biotecnologia, elaborado com base na teoria Construtivista

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  • UNIVERSIDADE MOGI DA CRUZES LARCIO TADEU DA SILVA BROCOS

    ENSINO DE BIOTECNOLOGIA: PROPOSTA DE ATIVIDADES PARA A EDUCAO DE JOVENS E ADULTOS

    EJA

    Mogi das Cruzes, SP 2010

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  • UNIVERSIDADE MOGI DA CRUZES LARCIO TADEU DA SILVA BROCOS

    ENSINO DE BIOTECNOLOGIA: PROPOSTA DE ATIVIDADES PARA A EDUCAO DE JOVENS E ADULTOS

    EJA Dissertao apresentada ao programa de Ps- graduao da Universidade de Mogi das Cruzes, como parte dos requisitos para a obteno do Ttulo de Mestre em biotecnologia. rea de concentrao: Biotecnologia aplicada a recursos naturais e agronegcios.

    Orientador: Prof. Dr.Moacir Wuo

    Mogi das Cruzes, SP 2010

  • DEDICATRIA

    Dedico esse trabalho aos meus familiares:

    A minha me Suzana e ao meu pai Manuel, pelo apoio e palavras

    confortadoras nos momentos difceis.

    A minha esposa Maria, pela cumplicidade compreenso e

    dedicao.

    A todos que de alguma forma contriburam para a concluso

    desse trabalho.

  • No possvel refazer este pas, democratiz-lo, humaniz-lo, torn-lo srio,

    com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho,

    inviabilizando o amor. Se a educao sozinha no transformar a sociedade, sem ela

    tampouco a sociedade muda.

    (Paulo Freire)

  • AGRADECIMENTOS

    A Deus, por tudo que tem me proporcionado ao longo da vida.

    Ao Dr. Moacir Wuo, pela amizade, pacincia, apoio e incentivo nos

    momentos difceis.

    Aos Drs. Wellington Arajo e Wagner Wuo, pelas valiosas orientaes.

    Aos discentes e docentes participantes desta pesquisa.

    Ao diretor Raimundo da unidade escolar MR, pela forma como nos recebeu,

    sempre muito simptico e amigo, o que tornou nosso trabalho muito agradvel.

    Ao George Everton, pela amizade apoio que nos dispensou.

    Ao filho Larcio Junior, pelo apoio nos momentos difceis.

    Aos colegas Claudia, Josimar e Marcos da turma do Mestrado, pelo

    companheirismo e apoio.

  • RESUMO

    Esta pesquisa teve como objetivos, avaliar a eficincia de um mtodo de ensino/aprendizagem sobre Biotecnologia, elaborado com base na teoria Construtivista da aprendizagem Significativa, e compar-lo com o mtodo tradicional de Ensino/Aprendizagem. As unidades didticas elaboradas foram: Divises celulares; Cromossomos; Estrutura do DNA; Sntese de protenas; Plantas transgnicas e Fermentao, tendo sido desenvolvida de acordo com as orientaes dos, PCN,das OCNEM para o ensino de Biologia e suas Tecnologias e da Proposta Curricular de Biologia da Secretaria de Educao do Estado de So Paulo. Participaram como voluntrios, 40 alunos das 3 sries do perodo noturno do curso de Educao de Jovens e Adultos, de duas Escolas da rede Estadual de Educao na Zona de Leste de So Paulo, subdivididos em dois grupos. As escolas foram identificadas pelas siglas MR, na qual as atividades foram aplicadas e LL, a qual foi considerada como grupo referencial. As avaliaes foram feitas por meio de questionrios Pr e Ps-teste identificadas pelos nmeros 1 para o Pr-teste e 2 para o Ps-teste, respectivamente MR1; MR2 e LL1 ; LL2. Os questionrios, compostos de 23 questes abertas e 20 fechadas, buscaram analisar conhecimentos e fontes de informaes sobre: DNA, Bactrias, Fungos, Biotecnologia e Transgnicos. O projeto foi submetido e aprovado pelo Comit de tica em Pesquisas com Seres Humanos - Processo CEP 01/2008 CAAE 0001.0.237.000-08 e sua aplicao autorizada pela Diretoria de Ensino Leste 2 e pelas Direes das Escolas. Utilizou-se o teste estatstico do Qui-Quadrado para anlises da significncia entre as diferenas das frequncias das respostas considerando p0,05. Resultados dos pr-testes mostraram inconsistncias e ausncias de conhecimentos sobre os temas em ambos os grupos sem diferenas estatisticamente significativas. Resultados dos ps-testes mostraram ganhos de conhecimentos no Grupo MR2 quando comparado com o Grupo LL2 e com os resultados dos Pr-testes. Destacaram as variaes de acertos nos temas Cromossomos - MR2 com 46,2% enquanto que LL2 permaneceu inalterado; Estrutura da Molcula de DNA, MR2 50%; Transgnicos MR1 e LL1 com 52% e 57%, MR2 88,2%, e LL2 31%. Ocorrncia da Molcula de DNA, MR2 com 46,1% e LL2 25%. Funes das Protenas, MR1 e LL1 no apresentaram respostas corretas, MR2 apresentou 42,8% de acertos e LL2 permaneceu inalterado. Os grupos indicaram como a principal fonte de informaes sobre o DNA, A Escola nas Aulas de Biologia, MR2 76,1% e LL2 41,7%.Os resultados evidenciaram que a Proposta promoveu ganhos de conhecimentos no grupo MR2, possibilitou acesso a informaes, anlises e interpretaes. Entretanto, no possvel considerar plena consolidao de conhecimentos nesse grupo devido a ausncias de conhecimentos iniciais, histricos de descontinuidades educacional nessa modalidade, estrutura pedaggica e de apoio da unidade escolar e o tempo reduzido para a aplicao das atividades.

    Palavras-chave: Biologia, Construtivismo, Parmetros Curriculares, Cromossomos, DNA.

  • ABSTRACT

    This research had as objective to develop, to apply and to evaluate a set of Activities for Teaching of biotechnology in the educational modality teaching of young and adults - EJA.The proposal, consisting of theoretic practices activities addressing the following topics: Divisions cellular; Chromosomes ;ADN Structure; Protein synthesis ;Transgenic plants and Fermentation. Developed in concordance with orientation of PCN, OCNEM, for the teaching of biology and its Technologies and Proposed Course of Biology Education Department of the State of Sao Paulo. Participated as volunteers, 40 students from the third grade of the nocturnal period of the course of Young Education of e Adult, two Schools of the State net of Education in the Zone of East of So Paulo, subdivided in two groups. The schools were identified by the Abbreviations MR, where activities were implemented and LL, which was considered as reference group. The evaluations were conducted through questionnaires Pre and Pos test, identified by numbers 1 to Pre-test and 2 for the post-test, respectively MR1, MR2 and LL1, LL2. The questionnaires, composites of 23 open questions and 20 closed ones, had searched to analyze knowledge and sources of information on: DNA, bacteria, fungi, Biotechnology and GM. The project was approved by the Ethics in Human Research -Case CEP 01/2008 CAAE 0001.0.237.000-08 and its application approved by the Board of Education and the East 2 Directions Schools. was used the statistical test of chi square for analysis of significance between the differences of frequencies of responses considering p0,05.Results of pre-tests showed inconsistencies and absence of knowledge, related to the themes in both groups, no statistically significant differences. Results of Post-tests showed gains in knowledge in Group MR2 when compared with Group LL2 and the results of pre-tests. Highlighted the successes on themes Chromosomes - MR2 with 46,2% while the LL2 remained unchanged; Structure of the ADN molecule, MR2 50%; Transgenic MR1 and LL1 with 52% and 57%,MR2 88.2% and 31% LL2. Occurrence of the ADN molecule,MR2 with 46,1% e LL2 25% .Function of Proteins, LL1 and MR1 did not show correct answers, MR2 showed 42.8% of correct answers and LL2 remained unchanged. The groups cited as the main source of information about the ADN. The results showed to proposal The results showed to proposal promoted gains knowledge in the group MR2, allowed access to information, analysis and interpretation. But not be regarded consolidation of knowledge in this group, because the initial absence of knowledge historical discontinuities educational This type structure and pedagogical support from the school and the time available for the implementation of activities.

    Keywords: Biology, Constructivism, Parameters Curricular, Chromosomes, DNA.

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1. Distribuio dos participantes da Escola MR, segundo faixas etrias e sexo, no Pr-teste. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    42

    Tabela 2. Distribuio dos participantes da Escola LL, segundo faixas etrias e sexo, no pr-teste. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    42

    Tabela 3. J ouviram falar em cromossomos? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

    Tabela 4. Conhecimentos sobre cromossomos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

    Tabela 5. Fontes de informaes sobre DNA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

    Tabela 6. Indicaes sobre conhecimentos do DNA. . . . . . . . . . . . . . . . . 55

    Tabela 7. Conhecimentos sobre a estrutura da molcula de DNA. . . . . . . . .

    56

    Tabela 8. Conhecimentos sobre as funes do DNA? . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

    Tabela 9. Conhecimentos sobre a ocorrncia da molcula DNA. . . . . . . . . . 59

    Tabela 10. Indicao sobre o conhecimento do teste de paternidade

    utilizando DNA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    61

    Tabela 11. Como feito o teste de paternidade usando DNA? . . . . . . . . . . . . 62

    Tabela 12. Mutao gnica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64

    Tabela 13. Conseqncias da mutao gnica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

    Tabela 14. DNA protenas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

    Tabela 15. Sntese de protenas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67

    Tabela 16. Funes das protenas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69

    Tabela 17. Exemplos das funes das protenas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70

    Tabela 18. Conhecimentos sobre as bactrias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71

    Tabela 19. Importncia das bactrias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72

    Tabela 20. Indicaes sobre o consumo de alimento produzido por bactrias 74

    Tabela 21. Produo de alimentos por bactrias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75

    Tabela 22. Conhecimentos sobre fungos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76

  • Tabela 23. Indicaes de alimentos produzido por Fungos . . . . . . . . . . . . . . .

    Tabela 24. Exemplos de alimentos produzidos por fungos. . . . . . . . . . . . . . . .

    77

    79

    Tabela 25. Indicaes de conhecimentos sobre a biotecnologia. . . . . . . . . . . 80

    Tabela 26. Aplicaes da Biotecnologia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83

    Tabela 27. Indicaes sobre o ensino de biotecnologia nas Escolas. . . . . . 85

    Tabela 28. Ligaes entre a Biotecnologia e a biologia. . . . . . . . . . . . . . . . . 87

    Tabela 29. A Biotecnologia pode facilitar a vida dos seres humanos. . . . . . . . 89

    Tabela 30. Indicaes sobre transgnicos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91

    Tabela 31. Conhecimentos sobre transgnicos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93

    Tabela 32. Exemplos de transgnicos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94

    Tabela 33. Exemplos de transgnicos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95

    Tabela 34. Voc sabe como so produzidos os transgnicos? . . . . . . . . . . . 96

    Tabela 35. Voc j consumiu algum produto transgnico? . . . . . . . . . . . . . . . . 98

  • LISTA DE ILUSTRAES

    Quadro 1. Designao para Pr e Ps Testes.

    Quadro 2. Atividades desenvolvidas na Proposta de Ensino.

    Quadro 3. Dimenses, variveis e tipos de questes do questionrio.

    Quadro 4. Padro de respostas utilizadas como critrios para avaliao das

    respostas apresentadas s questes abertas.

    .

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    BT Bacillus thuringiensis

    DNA cido Desoxirribonuclico

    EJA Ensino de Jovens e Adultos

    EIBE The European Initiative for Biotechnology Education

    LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional

    MEC Ministrio da Educao e Cultura

    OCNEM Orientaes Curriculares Nacionais

    OGM Organismos Geneticamente Modificados

    PCN Parmetros Curriculares Nacionais

    RNA cido Ribonucleico

  • SUMRIO

    1 INTRODUO............................................................................................. 14

    1.1 A Lei de Diretrizes e Bases e o Ensino de Biologia e suas novas tecnologias........................................................................................................

    24

    1.2 A Proposta Curricular do Estado de So Paulo........................................ 28

    1.3 Aprendizagens Construtivista..................................................................... 30

    1.4 Educao de Jovens e Adultos no Brasil (EJA)........................................ 34

    1.5 Ensino de Biotecnologia............................................................................ 37

    2 OBJETIVOS GERAIS................................................................................... 40

    2.1 Objetivos Especficos................................................................................. 40

    3 MTODO....................................................................................................... 41

    a) Participantes................................................................................................. 41

    b) Atividades de Ensino.................................................................................... 43

    c) Instrumento de avaliao Pr e Ps-Teste................................................ 44

    d) Procedimentos para a aplicao das atividades Pr e Ps- teste............... 45

    e) Plano de Anlise dos Resultados................................................................. 46

    4 RESULTADOS E DISCUSSO..................................................................... 51

    5 CONCLUSES E SUGESTES................................................................... 102

    REFERNCIAS................................................................................................ 105

    APNDICES..................................................................................................... 110

    ANEXOS........................................................................................................... 197

  • 14

    1 INTRODUO

    A Biotecnologia pode ser entendida como um conjunto de tcnicas de

    manipulao ou uso de seres vivos, ou parte destes para solucionar problemas,

    desenvolver produtos novos e teis, privilegiando finalidades econmicas. No se

    trata de uma revoluo, uma vez que a utilizao de plantas, animais e

    microrganismos para a produo de alimentos ocorrem desde as antigas civilizaes

    h mais de 10.000 anos. No entanto as tcnicas envolvendo a utilizao de clulas e

    molculas, desenvolvidas a partir da dcada de 1960, a Biotecnologia Moderna,

    permitiram a compreenso de processos moleculares fundamentais e alteraes no

    patrimnio gentico e, por conseguinte, manipulaes direcionadas e especficas

    para modificaes desejadas, que at ento ocorriam empiricamente (SILVEIRA,

    BORGES, BUAINAIN, 2005; KEUZER & MASSEY, 2002).

    A utilizao de tcnicas anteriores ao advento da Biotecnologia Moderna,

    com extensivo uso de microrganismos, ainda constituem processos com viabilidades

    econmicas, teis e essenciais s sociedades. Esses processos no se limitam a

    produo de alimentos tradicionalmente conhecidos como, po, queijo, iogurte e

    vinho, mas tambm a produo de antibiticos, vitaminas, enzimas, vacinas,

    controle de pragas, fixao de nitrognio, tratamento de resduos, entre outros.

    Os termos Biotecnologia Clssica e Biotecnologia Moderna, sem cair num

    reducionismo exagerado, so utilizados como indicadores de processos com

    tecnologia de DNA e sem tecnologia de DNA, embora continuem utilizando

    plantas, animais e microrganismos com propsitos utilitaristas e econmicos. A

    diferena reside na complexidade da tcnica, ou conjunto de tcnicas empregadas.

    Como adverte Kreuser & Massey (2002), existem Biotecnologias, ou seja,

  • 15

    tecnologias diversas que utilizam as especificidades das interaes moleculares e

    dos organismos envolvidos.

    Aquarone, Borzani, Schmidell & Lima, (2001), Azevedo, Barros & Serafini,

    (2002) mencionam que a Biotecnologia Clssica caracterizada pela utilizao de

    microrganismos para a fermentao de substncias vegetais e animais para o

    consumo humano, entre elas os antibiticos, o lcool combustvel, o vinho, a

    cerveja, o po, bem como a produo de sementes melhoradas. Utilizao esta

    experimentada desde a antiguidade por antigas civilizaes. Entretanto estas

    civilizaes no possuam o conhecimento dos agentes responsveis pelos

    processos de fermentao ou da hereditariedade, esses conhecimentos s foram

    obtidos a partir do trabalho de Louis Pasteur, onde ele demonstrou que os

    microrganismos so os responsveis pelo processo de fermentao, e de Mendel,

    com a demonstrao das Leis da Herana.

    A Biotecnologia Moderna caracteriza-se pela utilizao de tcnicas

    envolvendo manipulao de DNA, possibilitando a retirada ou insero de genes de

    interesse no genoma de organismos-alvo, modificando-os ou conferindo-lhes novas

    caractersticas. A Biotecnologia Moderna tem sido amplamente utilizada com

    sucesso em vrios segmentos econmicos, entre eles, a agricultura, minerao,

    pecuria, sade e indstria.

    Na agricultura alguns exemplos podem ser destacados. Entre eles: o

    controle biolgico de pragas com a utilizao de fungos, bactrias ou vrus, assim

    como o melhoramento gentico de sementes com a produo de sementes

    resistentes a pragas, fatores ambientais e com finalidades de otimizao da

    produtividade (AZEVEDO, et al, 2002 ; MOTA,CAMPOS & ARAJO, 2003)

  • 16

    Na rea da sade as tcnicas da Biotecnologia tm propiciado o

    desenvolvimento de vacinas mais eficazes e seguras com extrema importncia para

    a Sade Pblica. Recentemente a chamada vacina de DNA, em fase de

    experimentao e testes clnicos, poder, num futuro prximo, tornar-se um aliado

    importante no combate a diversas patologias, entre elas alguns tipos de cncer

    (RODRIGUES, et al, 2004).

    A expanso industrial vem se valendo de contribuies significativas da

    Biotecnologia e suas aplicaes. No cenrio brasileiro, podemos encontrar diversos

    exemplos, como: a produo de etanol a partir da cana-de-acar, com a co-

    gerao de energia eltrica produzida a partir do bagao, e o uso da biomassa em

    indstrias de papel e celulose a partir de cascas e resduos de rvores

    (GOLDEMBERG & LUCON, 2007).

    A Biotecnologia contempornea conta com tecnologia de ponta, e engloba

    diversos segmentos econmicos. Todavia, para que se atingisse este estgio os

    avanos relacionados s cincias biolgicas foram fundamentais, desde a

    descoberta da clula em um pedao de cortia por Robert Hook em 1665; a

    construo de um microscpio com capacidade de ampliao em cerca de 270

    vezes; a teoria de que todos os organismos vivos so constitudos por clulas,

    proposta por Matthias Shleiden e Theodore Schwann, at as leis da hereditariedade

    proposta por Mendel no sculo XIX atravs do cruzamento de ervilhas com

    diferentes cores de flores (COSTA, BOREM, 2003 & CARVALHO, 2003).

    No sculo XX pode ser citada a descoberta da penicilina a partir do fungo

    Penicillium notatum por Alexander Fleming, assim como a possibilidade e produo

    de vrios antibiticos, o modelo da dupla hlice da molecula de DNA, proposta em

    1953 por Watson e Crick, com a demonstrao das duas fitas pareadas e

  • 17

    complementares com as sequncias de nucleotdeos (BRUCE, JOHNSON, LEWIS &

    MARTINRAFF, 2006).

    Em 1958 Francis Crick descreveu o processo de expresso gnica, no qual

    se postulou a transferncia de informaes do DNA para outra molcula o acido

    ribonuclico RNA. O modelo estrutural da molcula de DNA desencadeou novos

    experimentos, entre eles, a sntese enzimtica de DNA in vitro1 proposta por

    Kornberg em 1956; a identificao do RNA mensageiro; o modelo de regulao de

    expresso dos genes proposto por Jacob e Monod, e o desenvolvimento das

    tcnicas de sequenciamento de genes a partir dos anos 1970 proposta por Arber

    (GIRELLO, KUHN 2007 & SILVA, 2000).

    Na dcada de 1990 a clonagem da ovelha Dolly constituiu fato que colocou a

    Biotecnologia em destaque, demonstrando que clulas adultas podem ser

    reprogramadas, passando a produzir novamente clulas-tronco (VARELA, 2004).

    Bandeira, Gomes & Abath (2006), Ojopi (2004), inferem que o sculo XXI

    ficar marcado para a humanidade com extraordinrio feito da Biotecnologia o

    sequenciamento do genoma humano desencadeando uma gama de possibilidades

    e aplicaes futuras nas mais diversas reas das atividades humanas. Entre elas,

    pode-se destacar: a medicina, com inmeras possibilidades previsveis, como o

    mapeamento gentico de patologias, que podero ser descobertas desde a

    fecundao, assim como a construo de banco de dados em busca de terapias

    personalizadas a parir do genoma dos pacientes.

    A Biotecnologia deixa de ser apenas uma cincia, tornando-se um negcio

    altamente lucrativo e promissor. Estudos apontam que no ano 2.000 a Biotecnologia

    movimentou cerca de US$ 200 bilhes s nos EUA. Enquanto que o Brasil da

    1 in vitro . Que ocorre fora do organismo; diz-se das experincias de laboratrio feitas em frascos ou tubos de ensaios (POLISUK e GOLDFELD,1998).

  • 18

    dcada de 70 no figurava as estatsticas de produo mundial de soja, passando,

    atualmente, a ser o segundo maior produtor do mundo a partir do desenvolvimento e

    emprego da Biotecnologia associada s tcnicas de melhoramento gentico

    tradicionais para a produo de gros resistentes a pragas e a fitopatgenos

    (COSTA, BOREM & CARVALHO, 2003).

    Segundo Carmo (2006), o advento das tcnicas do DNA recombinante

    possibilitou modificaes nos genomas de vegetais, animais e microrganismos, com

    a finalidade de expressarem caractersticas de interesse. Ao longo do processo de

    evoluo da Biotecnologia algumas tcnicas foram desenvolvidas, com o objetivo da

    insero de genes exgenos no genoma de organismos alvo.

    A Biotecnologia Moderna, com o advento das tcnicas do DNA

    recombinante, propiciou a otimizao do melhoramento gentico fato esse que

    viabilizou a utilizao de plantas cultivadas, animais domsticos e microrganismos

    teis, como os envolvidos na produo de antibiticos, vitaminas, enzimas e outros

    produtos. Estas tcnicas contribuem de forma significativa para melhoramento

    gentico de plantas, visando produo de alimentos, fibras e leos, assim como a

    fabricao de frmacos. Tais tcnicas possibilitam o isolamento de um gene de um

    determinado organismo, e a sua transferncia para outro organismo resultando em

    um individuo geneticamente igual ao utilizado para receber a molcula de DNA,

    porem acrescidos de uma nova caracterstica gentica. O inicio da produo de

    plantas transgnicas teve seu inicio na China no incio da dcada de 1990, os

    Estados Unidos, passaram a utilizar as plantas transgnicas partir de 1994, com um

    tomate altamente resistente ao armazenamento, (AZEVEDO, FUNGARO & VIEIRA

    2000).

  • 19

    Monqueiro (2005) inferi que um dos critrios fundamentais na definio de

    organismos transgnicos a estabilidade do gene integrado. Ou seja, os OGMs

    tambm devem ser capazes de multiplicar e transmitir para seus descendentes, o

    material gentico modificado.

    A manipulao gentica de plantas no constitui fato novo, a literatura relata

    que h muito o homem manipula geneticamente plantas, onde os cruzamentos eram

    controlados, com objetivos de produzir plantas superiores. Esses mtodos ocorrem

    desde o incio da agricultura h cerca de dez mil anos populaes humanas j

    utilizam empiricamente mtodos de melhoramento gentico que imitam os processos

    da evoluo natural. O melhoramento de gros como: trigo, cevada, ervilha e

    lentilhas, ocorrem desde sete mil anos a.C.. (AZEVEDO, FUNGARO, VIEIRA 2000 &

    NODARI, 2003).

    Os OGMS dividem opinies, so indiscutveis os benefcios produzidos por

    tcnicas de DNA recombinante aplicados ao melhoramento gentico de plantas,

    como exemplos, pode-se citar: o milho que teve em seu genoma o gene de uma

    bactria, o Bacillus thuringiensis ou Bt, trata-se um gene resistente a insetos; a soja

    transgnica com um gene resistente ao glifosato, princpio ativo do herbicida

    Roundup esta soja teve adicionado ao seu genoma por meio de tcnicas de

    engenharia gentica, um gene exogeno proveniente de uma bactria do solo do

    gnero Agrobacterium, que confere resistncia ao glifosato, (AZEVEDO, FUNGARO

    & VIEIRA 2000).

    Com relao ao herbicida glifosato, Meneses (2004); Coutinho & Mazo

    (2005) destacam que este herbicida amplamente utilizado onde o controle total da

    vegetao se faz necessrio. O glifosato promove alterao em diferentes processos

    bioqumicos vitais nas plantas, entre os quais esto a biosntese de aminocidos,

  • 20

    protenas e cidos nucleicos. O herbicida absorvido pelo tecido vivo e

    transportado, via floema, atravs da planta para razes e rizomas, atuando na

    inibio enzimtica dos vegetais, atravs da enzima 5-aminoetanolpirocatequina-3-

    fosfato sintase (Epsilo), que responsvel pela sntese dos aminocidos

    aromticos essenciais (fenilalanina, tirosina e triptofano), os quais so precursores

    de outros produtos como vitamina K, cidos benzoicos, lignina e alcaloides. Os

    vegetais tratados com glifosato morrem lentamente, em um perodo que pode variar

    de alguns dias ou semanas, e devido ao transporte por todo o sistema, nenhuma

    parte da planta sobrevive.

    Azevedo, Fungaro & Vieira (2000), relatam que no h registros

    relacionados a problemas de resistncia decorrente de Bt em plantas desde a

    introduo desses mtodos de controle de pragas. O milho geneticamente

    modificado, hoje cultivado em escala comercial, e como vantagens apresentam a

    reduo de insumos (inseticidas) a serem utilizados pelo agricultor, com

    consequentes vantagens para os consumidores e tambm para o ambiente. Alguns

    problemas levantados, como: o surgimento de insetos resistentes toxina ou a

    possvel eliminao de insetos teis pela disperso do plen de milho, so

    contornveis.

    Em contrapartida, Nodari (2003), destaca que alguns riscos dos alimentos

    transgnicos para a sade esto sendo levantados e questionados. Entre eles o

    aumento de alergias, resistncia aos antibiticos, aumento das substncias txicas e

    dos resduos nos alimentos. Nodari, (2003), ainda destaca, que nos ltimos 20

    anos, surgiram mais de 30 doenas na espcie humana (AIDS, ebola e hepatites,

    entre outras). Assim como, tambm o ressurgimento de doenas como a

    tuberculose, malria, clera e difteria, com grau bem mais elevado de agressividade

  • 21

    por parte dos microrganismos patognicos. Concomitantemente, houve um

    decrscimo na eficincia dos antibiticos. Na dcada de 40, um antibitico tinha uma

    vida til de 15 anos.

    Segundo Almeida & Mattos (2005), mais de duzentos conceituados

    cientistas assinaram um documento direcionado aos governos do mundo, pedindo a

    retirada dos alimentos geneticamente modificados do mercado, por entenderem que

    os testes de segurana aplicado a esses alimentos, so testes de equivalncia

    substancial. Este tipo de analise somente detecta a presena de algumas toxinas e

    alguns alergnicos conhecidos, a produo de novas toxinas e alergnicos no so

    consideradas.

    Almeida & Mattos (2005) ainda destacam a existncia de casos graves

    relacionados ao consumo de produtos transgnicos estima-se que tenham

    ocorrido pelo menos 80 mortes, e 5.000 pessoas tenham adquirido a sndrome

    eosinofilia-mialgia sndrome sistmica complexa com componentes inflamatrios e

    auto-imunes que afetam a pele, fscia, msculo, nervos, vasos sanguneos, pulmes

    e corao, como consequncia da ingesto de triptofano transgnicos. Esse

    suplemento alimentar era produzido por bactria geneticamente modificada pela

    empresa Showa Denko K. K, que pagou mais de US$ 2 bilhes em indenizaes.

    Esses fatos no foram suficientes para sensibilizar as autoridades reguladoras norte-

    americanas a mudar seu critrio de segurana, mantendo o da equivalncia

    substancial.

    Concordamos com Azevedo, Fungaro & Vieira (2000) que o posicionamento

    contrrio ou favorvel em relao aos OGMS seria insensato seria o mesmo que

    posicionar-se contra a indstria farmacutica e promover o banimento dos frmacos

    por existirem medicamentos teis, e outros que so prejudiciais ou causam efeitos

  • 22

    colaterais em algumas pessoas ou ser contra a indstria automobilstica e lutar por

    sua extino, pois os automveis causam acidentes e aumentam a poluio.

    Os transgnicos dividem opinies em todo o mundo em pases com um

    alto ndice de desenvolvimento humano, cidados so estimulados a participar e

    emitir suas opinies a respeito de assuntos que, direta ou indiretamente, iro afetar

    suas vidas. Porm em pases com baixo ndice de desenvolvimento humano ocorre

    o fator inversamente proporcional. fundamental que haja mudana nesse quadro a

    tal ponto que, as populaes possam efetivamente exercer a cidadania em sua

    plenitude, participando e fazendo valer seus interesses e opinies com relao a

    assuntos relacionados ao seu cotidiano.

    O pleno domnio da cincia e suas benesses, atualmente esto

    concentrados em uma parcela nfima da sociedade. A mudana nesse quadro ser

    possvel, ao passo que se desenvolvam programas educacionais direcionados

    alfabetizao cientifica, em escolas publicas e privadas, tendo a sua implantao j

    nos ciclos iniciais, com aulas que no sejam exclusivamente tericas e expositivas,

    mas que valorizem as aulas prtico/experimentais.

    De acordo com Hamburger (2007), existem programas educacionais nos

    EUA, direcionados para os ciclos educacionais iniciais, onde crianas com

    aproximadamente seis anos de idade j podem acompanhar aulas baseadas na

    observao e experimentao. Nos EUA estes programas denominados Inquiry

    Based Science Education, so aplicados com sucesso em varias cidades.

    Vamos mencionar o caso da Biotecnologia que tem sido exaustivamente

    veiculada nos meios de comunicao de uma forma geral. Temas como a produo

    de alimentos geneticamente modificados, a clonagem de animais a partir da ovelha

    Dolly, o sequenciamento do genoma humano, entre outros. Embora tais fatos e

  • 23

    notcias tenham se tornado lugar comum no cotidiano das pessoas, os benefcios e

    a compreenso de tais tecnologias so distribudos de maneira desigual na

    populao. O desenvolvimento cientfico-tecnolgico tornou-se um fato determinante

    para o bem estar social, a tal ponto que a distino entre povo rico e pobre feita

    pela capacidade de produzir ou no o conhecimento cientifico. A mudana nesse

    quadro somente ser possvel, medida que o conhecimento e a compreenso da

    cincia e suas tecnologias, sejam algo acessvel desde os primeiros estgios

    educacionais. necessrio tambm que informaes cientficas corretas e

    acessveis no se restrinjam a grupos privilegiados (SILVA, 2000).

    Segundo Harms (2002), a Biotecnologia possui ao menos duas questes

    ambivalentes, sendo uma ligada aos conhecimentos cientficos e a outra diz respeito

    responsabilidade social envolvendo questes ticas. Essa ambivalncia deve ser

    inserida nos contextos dos processos educacionais nas escolas, uma vez que os

    conhecimentos cientficos sobre as bases e os procedimentos tcnicos, devem

    fornecer subsdios para que os alunos sejam qualificados e capazes de justificar e

    tomar decises ou de se posicionarem de maneira racional e sensata diante dos

    possveis riscos no desenvolvimento e no emprego da Biotecnologia.

    Nos pargrafos que se seguem, sero abordados os temas: Lei de Diretrizes

    e Bases e o Ensino de Biologia e as suas novas tecnologias e a elaborao dos

    documentos curriculares norteadores do sistema educacional brasileiro. Dentre eles

    os Parmetros Curriculares Nacionais, Orientaes Curriculares e a Proposta

    Curricular para o ensino de biologia do estado de So Paulo.

  • 24

    1.1A Lei de Diretrizes e Bases e o Ensino de Biologia e Suas Novas

    Tecnologias

    Em 1996 foi aprovada a nova Lei de diretrizes e Bases da Educao

    Nacional LDB, Lei n 9.394/1996. Esta lei, em seu artigo 26, estabelece uma base

    Nacional Comum para os currculos do Ensino Fundamental e Mdio, na qual

    permita a compreenso do ambiente, das cincias e suas tecnologias, o pleno

    domnio da escrita, da leitura, do clculo, como tambm a formao do cidado e

    conhecimentos sobre a organizao social e do sistema poltico.

    Segundo Viana & Unuberaum (2004), embora a LDB tenha passado por um

    perodo de oito anos em tramitao no Congresso Brasileiro, aps a promulgao da

    Constituio Federal de 1988, alguns direitos relacionados educao foram

    assegurados. Dentre eles a educao para a faixa de zero a seis anos, o acesso e

    permanncia do trabalhador na escola, o aperfeioamento profissional continuado, e

    a oferta de educao escolar regular para jovens e adultos a Educao de Jovens

    e Adultos (EJA). O artigo 37 da LDB estabelece que a Educao de Jovens e

    Adultos (EJA), dever ser voltada para aqueles que no tiveram acesso ou

    apresentem histrico de descontinuidade dos estudos no ensino fundamental e no

    ensino mdio. Alm da gratuidade, tambm devem ser observadas e consideradas

    as caractersticas do alunado, seus interesses, condies de vida e de trabalho.

    Na dcada de 1990, em meio ao perodo de reformas da educao no

    Brasil, ocorreram alguns movimentos com a participao de docentes e profissionais

    ligados educao, visando melhoria do ensino. Esse fato contribuiu

    significativamente para que o Ministrio da Educao e Cultura o (MEC), elaborasse

    um programa de universalizao da educao, resultando na elaborao de um

  • 25

    documento com contedos e prticas a serem utilizados em sala de aula - os

    Parmetros Curriculares Nacionais - PCN (BRAGA, 2004)

    Os Parmetros Curriculares Nacionais so um conjunto de documentos

    norteadores no sistema educacional, tem como funo garantir a coerncia das

    polticas pblicas que visam qualidade no ensino. Os PCN constituem uma

    proposta flexvel, no caracteriza um modelo curricular homogneo nem impositivo,

    ao mesmo tempo em que alerta s diversidades culturais brasileiras, assim como a

    autonomia de professores e equipes pedaggicas. A elaborao dos Parmetros

    Curriculares Nacionais se deu a partir dos estudos de propostas curriculares de

    Estados e Municpios da Federao, e tambm, a partir de experincias e currculos

    de outros pases. O MEC viabilizou tais estudos por meio de suas delegacias,

    promovendo diversos encontros regionais dos quais participaram professores,

    tcnicos, representantes de Conselhos Estaduais de Educao, e de entidades

    ligadas educao (BRASIL, 1998).

    Esse conjunto de documentos apresenta o perfil da educao brasileira,

    orientaes para cada rea do conhecimento, discutem o histrico escolar e as

    principais questes voltadas cidadania. As reas apresentadas so: Lngua

    Portuguesa, Matemtica, Cincias Naturais, Historia, Geografia, Artes e Educao

    Fsica. Tambm compem os PCN, os Temas Transversais que propem

    discusses sobre questes sociais importantes para a cidadania tais como:

    orientao sexual; pluralidade e cultura; tica; sade e meio ambientes (BRASIL,

    1998).

    Em 2006 o MEC publicou as Orientaes Curriculares Nacionais para o

    Ensino Mdio (OCNEM) seguindo os mesmos moldes dos PCN. Dentre os objetivos

    dos OCNEM destacam-se: a promoo do dilogo e a reflexo sobre a prtica

  • 26

    docente, com propsitos de preparar o jovem para a complexidade social e para

    uma aprendizagem autnoma e continuada ao longo da vida. Neste sentido o ensino

    de Biologia deve ter como metas a formao de um indivduo com slido

    conhecimento e com raciocnio crtico, para que saiba opinar sobre questes

    polmicas, que possam, direta ou indiretamente, interferir em sua condio de vida.

    Essas questes cotidianas devem ser tratadas no processo de ensino, visando

    diminuir a distncia da realidade que, por muitas vezes, no permite que

    populao perceba o vnculo estreito existente entre o que estudado na disciplina

    Biologia e o cotidiano (BRASIL, 2006).

    As OCNEM ainda apontam que o grande desafio do professor, possibilitar

    ao aluno o desenvolvimento de habilidades necessrias para a compreenso do

    papel do homem na natureza. Para enfrentar esses desafios, o ensino de Biologia

    deveria se pautar pela alfabetizao cientfica, com aquisio de um vocabulrio

    bsico de conceitos cientficos e a compreenso da natureza do mtodo cientfico e

    dos impactos da cincia e suas tecnologias sobre os indivduos e as sociedades.

    Para tanto, fundamental que o professor seja capacitado, recebendo as

    orientaes e condies necessrias para que haja uma mudana na forma de

    ensinar Biologia, de maneira a organizar suas prticas pedaggicas de acordo com

    as concepes para o ensino da Biologia, tendo apresentada nos PCN e nas

    OCNEM (BRASIL, 2006).

    Nas OCNEM para a rea das Cincias da Natureza, Matemtica e suas

    Tecnologias, na qual est includa a Biologia, h referncia explicita sobre os

    fundamentos bsicos da investigao cientfica, assim como o reconhecimento da

    cincia como uma atividade humana em constante transformao, fruto da

    conjuno de fatores histricos, sociais, polticos, econmicos, culturais,

    religiosos e tecnolgicos, e, portanto, no neutra; compreender e interpretar

  • 27

    os impactos do desenvolvimento cientifico e tecnolgico na sociedade e no

    ambiente... sob a tica das cincias, mais especificamente da Biologia, para

    que, simultaneamente, (o educando) adquira uma viso crtica que lhe

    permita tomar decises usando sua instruo nessa rea do conhecimento

    (BRASIL, 2006, p.20).

    A nfase dada nos PCN e nas OCNEM ao ensino das cincias e suas

    novas tecnologias, pode ser considerada um avano, face importncia em

    despertar nas novas geraes, no s o interesse pela cincia e pelo

    desenvolvimento de capacidades para compreender e analisar os bens gerados por

    elas, deixando de ser uma aprendizagem ou conhecimento meramente virtual ou

    propedutica.

    Entretanto para que isso ocorra, o processo ensino aprendizagem deve

    envolver a parceria entre professores e alunos, com a adoo de estratgias de

    ensino que privilegiem a experimentao. Devem ser abolidos experimentos cujos

    resultados so previamente conhecidos, pois os mesmos no condizem com

    necessidades do ensino atual. As atividades experimentais devem partir de um

    problema, de uma questo a ser respondida, cabendo ao professor orientar os

    alunos na busca por respostas. As questes propostas devem propiciar

    oportunidades para que os alunos elaborem hipteses, testem-nas, organizem os

    resultados obtidos, reflitam sobre o significado dos resultados esperados, e,

    sobretudo dos resultados inesperados, e usem as concluses para a construo do

    conceito pretendido. Alguns experimentos simples, que podem ser realizados em

    casa, ou na escola a utilizao de materiais do dia-a-dia, levam a importantes

    descobertas, contribuindo como um todo para um aprendizado significativo (BRASIL,

    2006).

  • 28

    1.2 A Proposta Curricular do Estado de So Paulo

    A Secretaria da Educao do Estado de So Paulo implantou em 2008 a

    Proposta Curricular de Ensino nas Escolas da Rede Estadual de Educao, em

    todos os nveis de ensino e em todas as reas. Dentre os objetivos dessa Proposta

    Curricular podem ser citados:

    a) promover uma aprendizagem ativa por meio de atividades significativas, que

    avancem para alm da memorizao de receitas prontas.

    b) valorizar situaes de aprendizagem que faam sentido para os alunos.

    c) possibilitar a compreenso de noticias relacionada a terminologias

    cientficas, relacionadas a gros transgnicos, clulas tronco entre outras.

    d) viabilizar a utilizao desse currculo, como forma de padronizar o trabalho

    pedaggico realizado nas escolas da Rede Estadual do Estado de So

    Paulo.

    A partir da anlise da Proposta Curricular da Secretaria da Educao do

    estado de So Paulo, podem ser evidenciados os seguintes aspectos:

    abordagem das principais caractersticas da sociedade do conhecimento,

    assim como das presses contemporneas exercida sobre os jovens.

    prope princpios orientadores para a prtica educativa, priorizando

    sobretudo a leitura e escrita a articulao de competncias disciplinares.

    apresenta um documento direcionado aos dirigentes e gestores educacionais,

    cuja finalidade apoiar o gestor na implementao da Proposta Curricular

    nas escolas publicas da Rede Estadual do estado de So Paulo.

  • 29

    apresenta um conjunto de documentos dirigidos aos professores, organizados

    por reas, onde so apresentados situaes de aprendizagem, com o

    propsito de orientao do trabalho docente.

    apresenta as competncias como referencial, com a finalidade de articular as

    atividades escolares direcionadas ao que se espera que os alunos aprendam

    ao longo dos anos.

    Outro aspecto a ser destacado, a diviso em reas, a saber: Cincias da

    Natureza suas Tecnologias, biologia, Qumica, Fsica e Matemtica; Cincias

    Humanas e suas Tecnologias Histria, Geografia, Filosofia, Sociologia e

    Psicologia; Linguagens, Cdigos e suas Tecnologias Lngua Portuguesa, Lngua

    Estrangeira Moderna, Arte e Educao Fsica.

    Segundo a Proposta Curricular do Estado de So Paulo, um currculo

    voltado para o conceito de competncias, contribui para que escola e docentes

    indiquem o que os alunos aprendero. A Proposta Curricular do Estado de So

    Paulo enfatiza tambm, necessidade da articulao da educao com o mundo do

    trabalho, reforando a necessidade da alfabetizao tecnolgica bsica, no sentido

    de preparar os alunos para a insero num mundo em que a tecnologia est cada

    vez mais presente na vida das pessoas, e tambm da compreenso dos

    fundamentos cientficos e tecnolgicos da produo de bens e servios necessrios

    para a vida.

    Portanto a Proposta Curricular do Estado de So Paulo salienta, sobretudo,

    a importncia da linguagem no desenvolvimento dos discentes, ancorada em

    habilidades e competncias, e em contedos articulados com o mundo do trabalho.

    Nos itens a seguir, abordaremos as teorias de aprendizagens, com enfoque

    na teoria Cognitiva da Aprendizagem Significativa de David Ausubel. Assim como, a

  • 30

    modalidade educacional Ensino de Jovens e Adultos (EJA), nicho educacional alvo

    do presente trabalho.

    1.3 Aprendizagem Construtivista

    Aprender segundo o dicionrio Aurlio significa, ato de aprender; tomar

    conhecimento de; tornar-se capaz de algo graas ao estudo, observao,

    experincia etc.; tomar conhecimento de algo rete-lo na memria graas ao estudo,

    observao, ou experincia (FERREIRA, 2006, p.132). A aprendizagem como

    processo cognitivo, segundo Huffman (2003, p.197), pode ser definida; como uma

    mudana permanente no comportamento resultante da prtica ou da experincia

    vivida.

    Sob a tica behaviorista ou Comportamentalista, a aprendizagem pode ser

    alcanada pela memorizao ou repetio de uma atividade. Assim, a aprendizagem

    resume-se num processo de memorizao mecnica de fatos com pouca nfase

    sobre a interpretao de significados. Conhecimentos cientficos podem dessa

    maneira, ser entendidos como absolutos, os alunos vistos como receptores passivos

    e a aprendizagem resumida na produo de conhecimentos de fatos destituda de

    capacidade analtica e crtica de resolver problemas, assim como de clarificar ou

    reconstruir conceitos inadequados. A aprendizagem mecnica de fatos isolados

    tambm reduz a capacidade dos alunos de conectar ou contextualizar conceitos,

    resultando em dificuldades para assimilar ou ainda organizar novos conhecimentos

    em suas estruturas cognitivas (ALVAREZ e RISKO, 2007).

    Segundo Municio e Crespo (1998), o ensino das cincias tem se

    caracterizado pela transmisso e explicao verbal de conceitos e de teorias sobre

  • 31

    os fenmenos naturais, desconsiderando a prpria evoluo e construo dos

    conhecimentos cientficos, sedimentando os entendimentos sobre uma cincia

    acabada. Dessa maneira impossibilitam a aquisio de uma aprendizagem flexvel

    e contextualizada que permita o desenvolvimento de habilidades e conhecimentos

    futuros.

    Para o ensino da Biologia e suas novas tecnologias, como propem e

    recomendam os PCN e as OCNEM, deve ser considerada, em primeiro lugar, a

    natureza multidisciplinar que representa o termo novas tecnologias, no qual a

    Biotecnologia est inserida. A Biotecnologia Clssica, embora exista desde as

    antigas civilizaes, pode ser considerada como nova tecnologia face ao

    aprimoramento dos procedimentos, as aplicaes e a importncia scio-econmica

    associada Biotecnologia Moderna, com as tcnicas de manipulao do DNA,

    somente possveis com o desenvolvimento tcnico-cientfico de vrias reas do

    conhecimento, evidenciam o carter de tecnologia atual e multidisciplinar.

    A natureza multidisciplinar da Biotecnologia exige, portanto, a construo de

    conhecimentos inter-relacionados das vrias reas do conhecimento, assim como a

    interao com fatores scio-cognitivos do dia-a-dia; do meio no qual os alunos

    esto inseridos. Essas consideraes devem conduzir a um entendimento da

    Biotecnologia como um processo que, segundo Woolfolk (2.000), permite ao

    indivduo a aquisio e aplicao de conhecimentos, habilidades e conceitos em

    situaes diversas, assim como ser capaz de explicar, encontrar evidncias e

    exemplificar. A aquisio de entendimentos permite ao indivduo dotar de

    significados um conceito, um material ou uma informao e traduzir esse significado

    com suas prprias palavras (MUNICIO & CRESPO, 1998).

  • 32

    Esse processo de aquisio de entendimentos exige procedimentos

    adequados e devidamente estruturados para que se alcance a aprendizagem

    significativa proposta na teoria construtivista formulada por Ausubel (AUSUBEL,

    NOVAK & HANESIAN, 1978), assim como a construo de esquemas ou mapas

    conceituais propostos na teoria do construtivismo humano de Novak (MINTZES,

    WANDERSEE & NOVAK, 2005).

    Segundo Dias, Soares & Souza (2004), para Ausubel, "a aprendizagem

    significativa ocorre com a interao entre os conhecimentos pr existentes na

    estrutura cognitiva do aprendiz e os novos conceitos a serem aprendidos. A

    aprendizagem ser significativa quando o contedo a ser aprendido fizer algum

    sentido para o aluno. Se o novo contedo no ligar-se a algo j conhecido, ocorre o

    que Ausubel descreveu como aprendizagem mecnica. Ou seja, isto ocorre quando

    as novas informaes so aprendidas sem interao com os conceitos relevantes

    existentes na estrutura cognitiva do aprendiz. Desse modo, o aprendiz decora

    frmulas e contedos que so na maioria das vezes completamente esquecidas logo

    aps as avaliaes. O processo de construo do conhecimento se d de maneira

    individualizada e correlacionada com a aprendizagem prvia que o sujeito carrega

    em seu repertrio cognitivo. Torna-se claro que a utilizao das experincias

    trazidas pelos estudantes de extrema relevncia para que a ancoragem de

    contedos novos ocorra de forma efetiva e duradoura, consistindo, assim, em

    aprendizagem significativa.

    Clebsch & Mors, (2004) acrescentam que os mapas conceituais constituem

    importantes recursos instrumentais para a construo do conhecimento pretendido.

    Os mapas conceituais so representaes grficas semelhantes a diagramas,

  • 33

    indicando e ligando conceitos associados a palavras e explicaes de fenmenos,

    fatos e processos.

    Os procedimentos de ensino com objetivos de produzir uma aprendizagem

    construtivista devem atender a determinadas condies conforme apresentadas na

    Figura 1 a seguir. Ver quadro

    Figura 1 Condies e requisitos para produzir aprendizagem construtivista (adaptado de

    MUNICIO e CRESPO, 1998).

    O Construtivismo tem sua origem a partir da sntese feita por Kant, entre duas

    filosofias opostas, o Racionalismo e o Empirismo. De acordo com o Racionalismo, o

    conhecimento est na razo bastando apenas ser explicado, enquanto que para o

    Empirismo o conhecimento vem de fora do objeto, pela experincia. Kant criou o

    Interacionismo, sob a tica de que o conhecimento no s vem do objeto, e nem to

    pouco s da razo, mas sim pela interao entre sujeito e objeto (MATUI, 1995).

  • 34

    1.4 Educao de Jovens e Adultos no Brasil (EJA)

    A Educao de Jovens e Adultos no Brasil (EJA), no se trata de um

    programa indito. H algumas dcadas, vrios programas educacionais brasileiros

    tm sido criados para este segmento da populao. Esta modalidade educacional

    de extrema importncia, pois favorece a incluso social, econmica e poltica de

    indivduos que no tiveram acesso ou no concluram o ensino fundamental ou

    mdio na idade regular. Naiff (2008) corrobora, e menciona os jesutas como

    pioneiros dos programas de ensino voltados para a Educao de Jovens Adultos no

    Brasil.

    A Educao de Jovens e Adultos no Brasil vem aumentando

    gradativamente. Milhares de pessoas tm retomado os estudos antes interrompidos.

    Esses cidados e cidads apresentam um perfil bastante heterogneo, sendo

    composta por jovens, pais, ou mes de famlia, que encontram na escola a

    oportunidade de crescimento pessoal, ampliao dos seus conhecimentos, busca

    por novas oportunidades no mercado de trabalho ou simplesmente aumento na

    capacidade em prestar auxilio aos estudos de seus filhos. Em face de tais

    interesses, necessrio que as instituies educacionais de uma forma geral,

    estejam em sintonia com essa realidade e unam esforos na busca por alternativas

    didticas e metodolgicas de aprendizagem que atendam aos anseios desta

    clientela, a fim de norte-la na busca de seus objetivos (KURZAWA, 2002).

    Os PCN e as OCNEM sugerem que o ensino das cincias e suas

    tecnologias direcionadas a modalidade educacional EJA, seja organizado de

    maneira a respeitar algumas peculiaridades, dentre as quais podem ser destacadas

    a heterogeneidade das salas, compostas por grupos de alunos de diversas faixas

  • 35

    etrias, as diferenas culturais, as formaes anteriores e os valores sociais j

    estabelecidos, assim como suas experincias de vida. Os PCN e OCNEM tambm

    propem que os mtodos de ensino empregados fundamentem-se na aprendizagem

    significativa, e no na aprendizagem realizada exclusivamente por memorizao

    (BRASIL, 2006).

    A proposio do ensino das cincias e das novas tecnologias como eixo

    temtico de ensino explicitado nos PCN e as OCNEM, deve dar nfase nas relaes

    entre as atividades humanas e os usos dos recursos naturais, assim como a busca

    de explicaes racionais para tais atividades. Nessas relaes destacam eventos e

    avanos tais como, a construo de maquinrio, como a mquina a vapor, o

    conhecimento da eletricidade possibilitando a construo das mquinas eltricas, os

    paradigmas fsicos da mecnica quntica e da relatividade e a revoluo eletrnica.

    Na Biologia a nfase recai sobre os conhecimentos relacionados ao DNA, com

    possibilidades de utilizao de uma srie de novas tecnologias como a terapia

    gnica, a introduo de genes em produtos alimentares, a seleo de caractersticas

    genticas em embries, entre outros, alm da promoo de profundas mudanas

    sociais e econmicas assim como nos padres ticos da sociedade (BRASIL, 2006).

    Os PCN e as OCNEM, portanto, sinalizam para a importncia em identificar

    as relaes entre o conhecimento cientfico, a produo de tecnologia, condies de

    vida no mundo contemporneo e, sobretudo, a compreenso da tecnologia como um

    meio para suprir as necessidades humanas. Os riscos e benefcios das prticas

    cientfico-tecnolgicas devem ser abordados e discutidos com os alunos da EJA,

    para que estes possam, com fundamentao e entendimento, opinar e se posicionar

    conscientemente sobre a utilizao de tecnologias.

  • 36

    Em algumas circunstncias, depara-se com questes atreladas ao progresso

    cientfico no qual o podemos no significa automaticamente que devemos. Como

    exemplo a utilizao de energia nuclear, cuja utilizao requer limites como a no

    proliferao de armas nucleares. A acelerao do conhecimento cientfico e a

    utilizao das novas tecnologias ocorrem em um contexto geral de enfraquecimento

    das instituies tradicionais como a famlia, a religio, e as comunidades. A

    necessidade de se adequar ao momento histrico atual e a conscientizao do

    indivduo em relao ao determinismo cultural de seus valores so fatores que

    contribuem para aumentar o interesse e a necessidade de uma reflexo tica

    consciente, sem extremismos, que envolva racionalmente as questes de usos de

    tecnologias (MALAJOVICH, 2004).

    A Declarao sobre a Cincia e o Uso do Conhecimento Cientfico de

    ICSU/UNESCO (1999) recomenda que a tica e a responsabilidade da cincia seja

    parte integral da educao e do treinamento de todo cientista. Tambm ressalta a

    importncia de inculcar nos estudantes uma atitude positiva como conhecimento,

    vigilncia e reflexo frente aos dilemas ticos que possam encontrar em sua vida

    profissional. Jovens cientistas devem ser encorajados a respeitar e aderir aos

    princpios ticos bsicos e s responsabilidades da cincia. Existe um espao dentro

    do contexto das disciplinas cientficas ministradas no Ensino Fundamental e Mdio

    como a Fsica, a Qumica e a Biologia que deve ser utilizado para discutir a

    importncia de uma descoberta cientfica e as possveis modificaes sociais no seu

    entorno. As aulas de cincias devem contribuir para a formao de cidados

    informados e responsveis (MALAJOVICH, 2004 & MENEGOTTO, 2007).

  • 37

    1.5 Ensino de Biotecnologia

    As sociedades ao longo dos tempos atravessam perodos constantes de

    mutao em todos os seus segmentos. Dentre eles, o poltico, o tecnolgico,

    cientfico e cultural, com reflexos diretos na educao. Em face dessas mudanas,

    as instituies de ensino contemporneas tm a necessidade de se adequarem a

    essa nova realidade, tornando-se mais atrativas para os jovens e disponibilizando

    um currculo que atenda os interesses relacionados com as suas aspiraes.

    Com relao a essa abordagem, Loreto & Sepel (2003), relatam que a

    temtica envolvendo as Biotecnologias recorrente desde a dcada de 1960 o

    tema est diretamente relacionado com a vida das pessoas. Debates ocorrem

    frequentemente com temas relacionados s Biotecnologias, entre eles: transgnicos,

    clonagem, clulas tronco, teste de paternidade com a utilizao de DNA. Portanto a

    escola contempornea deve se adequar e programar e efetivamente inserir em seu

    currculo esses novos saberes.

    Um programa de ensino de Biotecnologia foi implantado em pases da

    Europa. Este programa intitulado EIBE - Lhe European Initiative for Biotechnology

    Education, teve inicio em 1991 trata-se de uma rede multidisciplinar, que conta

    com o apoio de pesquisadores europeus na rea da Biotecnologia. O programa

    desenvolvido em vrios centros, em 17 pases e visa desenvolver habilidades,

    promover a conscientizao e estimular o debate pblico (EIBE, 2009).

    No Brasil no h registros, de programas similares direcionados a esta

    temtica. Com este trabalho, pretendemos contribuir para alavancar o ensino de

    Biotecnologia no nvel mdio, em escolas pblicas do Estado de So Paulo. Como j

    mencionado, o ensino de temas contemporneos relacionados s cincias e suas

  • 38

    tecnologias eminentemente necessrio para capacitar cidados e cidads para

    efetivamente se engajarem em discusses relacionadas a temas contemporneos.

    Nos pargrafos que se seguem, faremos uma breve abordagem sobre os

    bastidores da pesquisa, assim como de algumas dificuldades encontradas para a

    sua efetiva implantao.

    A Proposta Curricular do Estado de So Paulo, os Parmetros Curriculares

    Nacionais e as Orientaes Curriculares Nacionais para o Ensino mdio, enfatizam a

    importncia da abordagem de temas relacionados s Biotecnologias, como

    demonstrado na figura 2.

    2 SRIE

    Tecnologias de manipulao do DNA: a receita da vida e seu cdigo

    Subitens Contedos gerais Contedos especficos

    3 Bimestre DNA:a receita da vida e seu cdigo

    O DNA em ao: estrutura e atuao

    Estrutura qumica do DNA

    Modelo de duplicao do DNA: a histria da descoberta do modelo RNA: a traduo da mensagem

    Cdigo gentico e fabricao de protenas

    4 Bimestre Biotecnologia

    Tecnologias de Manipulao do

    DNA

    Principais tecnologias utilizadas na transferncia de DNA,(enzimas de restrio,

    vetores e clonagem molecular)

    Engenharia gentica e produtos geneticamente modificados ( alimentos, produtos farmacuticos, hormnios, vacinas e medicamentos)

    Riscos e benefcios de produtos geneticamente modificados no mercado,(a legislao brasileira)

    Figura 2. Grade Curricular Ensino Mdio 2 Serie

  • 39

    Em consonncia com os documentos oficiais, alguns temas foram

    selecionados para a aplicao do Programa Ensino de Biotecnologia. As atividades

    selecionadas visaram aproximar os alunos ao contexto da Biotecnologia. Para tanto,

    foi imprescindvel que temas bsicos relacionados Biologia como: divises

    celulares; estrutura dos cromossomos; estrutura do DNA e sntese de protenas

    fossem desenvolvidos. Em outro momento, temas como plantas transgnicas,

    fermentao, e Biotecnologia encerraram o ciclo de atividades aplicadas.

    As atividades foram nas unidades escolares, foram aplicadas em duas

    semanas, posteriormente um questionrio Ps-teste foi aplicado, e os dados obtidos

    foram analisados qualitativamente e quantitativamente. A anlise dos dados

    possibilitou efetivamente avaliar se o grupo submetido ao Programa Ensino de

    Biotecnologia apresentou ganho de aprendizagem com relao aos temas

    desenvolvidos.

  • 40

    2 OBJETIVOS GERAIS

    Esta pesquisa teve como objetivos avaliar a eficincia de um Programa de

    ensino sobre Biotecnologia para o curso de Educao de Jovens e Adultos- EJA,

    elaborado com base na teoria Construtivista da Aprendizagem Significativa e

    compar-la com o mtodo tradicional de Ensino/Aprendizagem.

    2.1 Objetivos Especficos

    a) Selecionar e implementar atividades terico-prticas sobre biotecnologia,

    seguindo as orientaes das proposta de ensino da Secretaria de Educao

    do Estado de So Paulo;

    b) Elaborar questionrios de avaliao pr e ps-teste;

    c) Aplicar as atividades em escola pblica no curso EJA;

    d) Avaliar os ganhos de aprendizagem dos alunos submetidos Proposta de

    Ensino de Biotecnologia;

    e) Comparar os resultados entre os alunos que participaram da Proposta de

    Ensino em Biotecnologia com os alunos que seguiram o ensino tradicional.

  • 41

    3 MTODO

    a) Participantes

    Participaram desta pesquisa, como voluntrios, dois grupos de alunos das

    3 sries do perodo noturno do curso de Educao de Jovens e Adultos - EJA, de

    Escolas da rede Estadual de Educao do Estado de So Paulo. Uma das escolas,

    identificada pela sigla MR, localiza-se na Regio Leste do Municpio de So Paulo e

    a outra, identificada com a sigla LL, localiza-se no Municpio de Po, Regio Leste

    da Grande So Paulo. Ambas so consideradas de periferia urbana e inseridas em

    comunidades de baixo poder aquisitivo.

    Na escola MR foi aplicado o mtodo denominado Programa de Ensino de

    Biotecnologia, enquanto na unidade escolar LL os alunos prosseguiram com o

    mtodo de aulas tradicionais. Nos grupos de alunos de ambas as escolas foram

    aplicados Pr-Teste e Ps-Teste, tendo sido utilizado os nmero 1 e 2 para essas

    designaes conforme o quadro abaixo.

    Escolas Pr-Teste Ps-Teste

    Com Aplicao das Atividades

    MR1 MR2

    Sem Aplicao das Atividades

    LL1 LL2

    Quadro 1 Designao para Pr e Ps Testes.

    As tabelas 1 e 2 apresentam a distribuio dos alunos participantes das

    duas Escolas, segundo as faixas etrias e sexo.

  • 42

    Tabela 1. Distribuio dos participantes da Escola MR1 segundo faixas etrias sexo

    Faixas Etrias

    Sexo Totais

    Masculino Feminino

    F % F % F %

    18 a 25 5 83,3 4 30,8 9 47,4

    26 a 30 0 0 2 15,4 2 10,4

    31 a 35 0 0 1 7,7 1 5,3

    36 e mais 1 16,7 6 46,1 7 36,9

    Totais 6 100 13 100 19 100

    Como mostrado na Tabela 1, a distribuio dos participantes da escola

    MR1, segundo faixas etrias e sexo, no Pr-Teste, dentre todos os participantes

    nove (47,4%) esto contidos na faixa etria 18 a 25 anos, dois (10,5%) 26 a 30

    anos, cinco (5,3%) 31 a 35 anos e sete (36,9%) na faixa de 36 anos e mais. O sexo

    feminino aparece com 13 (68,4%) participantes, seguido do sexo masculino com

    seis (31,6%) participantes.

    Tabela 2. Distribuio dos participantes da Escola LL1, segundo faixas etrias e sexo

    Faixas Etrias

    Sexo Totais

    Masculino Feminino

    F % F % F %

    18 a 25 7 87,5 5 38,5 12 57,1

    26 a 30 1 12,5 2 15,4 3 14,3

    31 a 35 0 0 3 23,1 3 14,3

    36 e mais 0 0 3 23,1 3 14,3

    Totais 8 100 13 100 21 100

    Como mostrado na Tabela 2, a distribuio dos participantes da Escola LL1

    segundo faixas etrias e sexo, dentre todos os participantes, 12 (57,%) esto

    contidos nas faixas etria 18 a 25 anos, trs (14,3%) nas faixas etrias 26 a 30 anos,

    trs (14,3%) na faixa etria 31 a 35 anos e trs (14,3%) na faixa 36 anos e mais.

  • 43

    Neste grupo observou-se que 13 (61,9%) dos participantes so do sexo feminino

    enquanto que oito (38,8%) so do sexo masculino.

    A anlise dos grupos MR1 e LL1, segundo a distribuio das faixas etrias,

    e sexo, demonstrou a heterogeneidade dos grupos, onde observou-se que os

    participantes do sexo feminino so predominantemente superiores em relao aos

    participantes do sexo masculino. Esse fator foi observado em ambos os grupos.

    Observou-se tambm o predomnio dos participantes contidos na faixa etria 18 a 25

    anos em ambos os grupos.

    b) Atividades

    As atividades propostas envolveram fundamentos de Biologia Celular e

    Gentica, com o intuito de fornecer inicialmente subsdios para a compreenso de

    processos relacionados com as Biotecnologias. A necessidade desses fundamentos

    justifica-se pelo fato dos alunos do EJA no apresentar um histrico de continuidade

    de formao, como citado no 1 pargrafo da pagina 32.

    Atividades Objetivos Terico/Prtica

    Divises celulares

    Reconhecer a importncia das divises celulares para os seres pluricelulares.

    Simulaes de mitose e meiose.

    Cromossomos

    Descrever as atividades dos cito geneticistas,

    Organizao de caritipo

    Estrutura do DNA

    Reconhecer a importncia e associ-los hereditariedade de e transmisso de informao gentica.

    Extrao de DNA, e identificao atravs do DNA.

    Sntese de protenas

    Reconhecer como ocorre a sntese de protenas, atravs do RNA.

    Simulao da sntese de protenas com clipes

  • 44

    coloridos

    Plantas transgnicas

    Descrever o processo de manipulao gentica para obteno de alimentos transgnicos ou geneticamente modificados

    Seminrios e debate sobre o tema.

    Fermentao

    Demonstrar a utilizao da biotecnologia clssica em processos fermentativos

    Discutir e repassar ao aluno conhecimentos bsicos sobre a tecnologia das fermentaes.

    Atividade pratica relacionada a produo de pes .

    Quadro 2 Atividades desenvolvidas na proposta de ensino

    Os roteiros/protocolos das atividades so apresentados no Anexo B.

    c) Instrumento de avaliao Pr e Ps-Teste

    Foi elaborado um questionrio para avaliao Pr e Ps-Teste contendo 23

    (vinte e trs) questes abertas e 20(vinte) fechadas. As dimenses buscaram avaliar

    conhecimentos e fontes de informaes sobre DNA, bactrias, fungos Biotecnologia

    e transgnicos. O Quadro 3 apresenta um resumo do questionrio com as

    dimenses, variveis e tipos de questes.

    Dimenses Variveis Questes

    Abertas Fechadas

    Identificao Idade Sexo e Turma.

    1,2,3

    Conhecimentos e Fontes de Informaes sobre DNA

    Composio qumica da molcula, teste de paternidade, mutao gnica, sntese de protenas

    5,9,10,11,1315,17,19.

    4,6,7,8,12,14,16,18.

    Conhecimentos sobre Bactrias

    Importncia para os seres humanos e produo de alimentos

    20, 21,23. 22

    Conhecimentos sobre Fungos

    Importncia para os seres humanos e produo de alimentos

    24,26. 25

  • 45

    Conhecimentos sobre a Biotecnologia

    Importncia para os seres humanos, relaes com a biologia, aplicaes, Ensino e opinies.

    28,29,30,32,34,36.

    31, 33,35.

    Conhecimentos sobre transgnicos

    Informaes, produtos, aplicaes e opinies.

    38,39,42,43. 37,40,41.

    Quadro 3 Resumo do questionrio com as dimenses, variveis e tipos de questes.

    d) Procedimentos para Aplicao das Atividades e do Pr e Ps-Teste

    O projeto foi submetido apreciao do Comit de tica em Pesquisas com

    Seres Humanos da Universidade de Mogi das Cruzes, onde aps anlise, obteve

    parecer favorvel para sua execuo Processo CEP 01/2008 CAAE

    0001.0.237.000-08.

    Posteriormente foi solicitado Diretoria de Ensino Leste 2, autorizao para

    a aplicao do questionrio Pr-Teste concomitantemente com as atividades de

    Ensino de Biotecnologia na Modalidade Educacional Ensino de Jovens e Adultos

    (EJA), em Unidades Escolares da regio.

    A fase incipiente do projeto contou com a aplicao de um programa piloto

    da proposta em uma escola que no participaria da pesquisa, para ajustes das

    atividades didtico/pedaggicas. Tambm foi aplicado o Pr-Teste com a finalidade

    de verificar o nvel de conhecimento dos discentes, assim como de possveis

    dvidas sobre a organizao das questes e o tempo necessrio para respond-las.

    Foram selecionadas duas escolas pblicas da Rede Estadual do Estado de

    So Paulo, onde foi realizado contato prvio com diretores e docentes, com a

    finalidade de inteir-los sobre o projeto de pesquisa, assim como discutir a efetiva

    aplicao durante o perodo de aulas regulares.

  • 46

    O passo seguinte foi efetuar contato prvio com os discentes voluntrios,

    com a finalidade de orient-los sobre o projeto de pesquisa, assim como inform-los

    sobre o carter facultativo de participao dos mesmos assim como da

    manuteno de anonimato dos participantes. Disponibilizamos endereo, telefones

    do Comit de tica em Pesquisa com Seres Humanos na UMC, da Secretria do

    Curso de Ps-Graduao em Biotecnologia, nome e o telefone do Professor

    Orientador da pesquisa.

    e) Plano de Anlises dos Resultados

    As respostas dadas s questes fechadas foram tabuladas e suas

    frequncias expressas em porcentagens. As respostas dadas s questes abertas

    foram analisadas e classificadas como Certas, parcialmente ou erradas de acordo

    com o padro/critrio mostrado no quadro 4.

    As questes sobre os conhecimentos foram precedidas de filtro Sim ou No,

    de maneira que os voluntrios inicialmente se posicionassem sobre os

    conhecimentos ou no em dado assunto para, em seguida, explicitar seus

    conhecimentos.

    2. O que Voc sabe sobre Cromossomos?

    As respostas foram consideradas corretas quando atendiam a seguinte definio: So longas sequncias de DNA.

    As respostas foram consideradas parcialmente corretas quando atendiam o seguinte conceito Os cromossomos so DNA.

    As respostas foram consideradas erradas quando no atendiam esses conceitos.

    6. Explique como formada a molcula de DNA!

    As respostas foram consideradas corretas quando atendiam a seguinte definio: A molcula de DNA formada por cadeias de polinucleotdios, que so compostos por:ribose; fosfato e base nitrogenada ligados por pontes de hidrognio.

  • 47

    As respostas foram consideradas parcialmente corretas quando atendiam o seguinte conceito: A molcula de DNA formada por acar e fosfato.

    As respostas foram consideradas erradas quando no se aproximavam dos conceitos acima.

    7. Quais as funes do DNA?

    As respostas foram consideradas corretas quando atendiam a seguinte definio: O DNA o responsvel pela transmisso das caractersticas hereditrias (cor dos olhos, pele, cabelo, entre os seres vivos.

    As respostas foram consideradas parcialmente corretas quando atendiam o seguinte conceito: O DNA o responsvel pela transmisso das caractersticas.

    As respostas foram consideradas erradas quando no se aproximavam dos conceitos acima.

    8.Onde podemos encontrar o DNA?

    As respostas foram consideradas corretas quando atendiam a seguinte definio: O DNA pode ser encontrado em todos os organismos vivos.

    As respostas foram consideradas parcialmente corretas quando atendiam o seguinte conceito: Nos seres humanos

    As respostas foram consideradas erradas quando no se aproximavam dos conceitos acima.

    10. Como feito o teste de paternidade utilizando o DNA?

    As respostas foram consideradas corretas quando atendiam a seguinte definio: Comparando o material gentico do suposto pai e com o material gentico do beb em questo.

    As respostas foram consideradas parcialmente corretas quando atendiam o seguinte conceito: Comparando o sangue.

    As respostas foram consideradas erradas quando no se aproximavam dos conceitos acima.

    12. Quais as consequncias da mutao gnica?

    As respostas foram consideradas corretas quando atendiam a seguinte definio: Algumas Mutaes podem causar patologias outras podem ser benficas.

    As respostas foram consideradas parcialmente corretas quando atendiam o seguinte conceito: Sndrome de Down.

    As respostas foram consideradas erradas quando no se aproximavam dos conceitos acima.

    14. Como as protenas so produzidas nas clulas?

    As respostas foram consideradas corretas quando atendiam a seguinte definio: Os ribossomos so responsveis pela sntese de protenas, nesse processo esto envolvidos os RNAs: mensageiros; Transportador e ribossmico.

    As respostas foram consideradas parcialmente corretas quando atendiam o seguinte conceito: Atravs do DNA.

  • 48

    As respostas foram consideradas erradas quando no se aproximavam dos conceitos acima.

    16. Exemplos de protenas!

    As respostas foram consideradas corretas quando atendiam a seguinte definio: Estrutural, enzimtica, hormonal, defesa, transporte e coagulao sangunea.

    As respostas foram consideradas parcialmente corretas quando atendiam o seguinte conceito: Estrutural.

    As respostas foram consideradas erradas quando no se aproximavam dos conceitos acima.

    17. O que voc sabe sobre bactrias?

    As respostas foram consideradas corretas quando atendiam a seguinte definio: As bactrias so microrganismos unicelulares, procariontes, e algumas causam doenas.

    As respostas foram consideradas parcialmente corretas quando atendiam o seguinte conceito: Causam doenas.

    As respostas foram consideradas erradas quando no se aproximavam dos conceitos acima.

    18. Qual a importncia das Bactrias para os seres humanos?

    As respostas foram consideradas corretas quando atendiam a seguinte definio: As bactrias atuam como recicladoras da matria orgnica so utilizadas na indstria na produo de alimentos.

    As respostas foram consideradas parcialmente corretas quando atendiam o seguinte conceito: Causam doenas.

    As respostas foram consideradas erradas quando no se aproximavam dos conceitos acima.

    20. Exemplos de produtos produzidos por bactrias!

    As respostas foram consideradas corretas quando atendiam a seguinte definio: Queijos, coalhadas, vacinas, iogurtes etc..

    As respostas foram consideradas parcialmente corretas quando atendiam o seguinte conceito: Iogurtes

    As respostas foram consideradas erradas quando no se aproximavam dos conceitos acima.

    21. O que voc sabe sobre fungos?

    As respostas foram consideradas corretas quando atendiam a seguinte definio: So organismos hetertrofos eucariontes uni ou pluricelulares.

    As respostas foram consideradas parcialmente corretas quando atendiam o seguinte conceito: Causam doenas

    As respostas foram consideradas erradas quando no se aproximavam dos conceitos acima.

    23. Indicaes de alimentos produzidos por fungos!

  • 49

    As respostas foram consideradas corretas quando atendiam a seguinte definio: Pes, queijos, vinhos.

    As respostas foram consideradas parcialmente corretas quando atendiam o seguinte conceito: Queijos.

    As respostas foram consideradas erradas quando no se aproximavam dos conceitos acima.

    24. Para voc, o que biotecnologia?

    As respostas foram consideradas corretas quando atendiam a seguinte definio: a utilizao de organismos vivos ou componentes inorgnicos para a produo de bens de consumo.

    As respostas foram consideradas parcialmente corretas quando atendiam o seguinte conceito: So alimentos transgnicos.

    As respostas foram consideradas erradas quando no se aproximavam dos conceitos acima.

    27. Voc poderia dar alguns exemplos da aplicao da Biotecnologia?

    As respostas foram consideradas corretas quando atendiam a seguinte definio: Produo de etanol, pes, queijos, cervejas, vacinas de DNA.

    As respostas foram consideradas parcialmente corretas quando atendiam o seguinte conceito: Produo de Pes.

    As respostas foram consideradas erradas quando no se aproximavam dos conceitos acima.

    35. Para voc o que so transgnicos?

    As respostas foram consideradas corretas quando atendiam a seguinte definio: So organismos que tiveram inserido em seu genoma algum gene de outro organismo diferente de sua filogenia.

    As respostas foram consideradas parcialmente corretas quando atendiam o seguinte conceito: So OGM.

    As respostas foram consideradas erradas quando no se aproximavam dos conceitos acima.

    Quadro 4 Padro de respostas utilizadas como critrios para avaliao das respostas apresentadas s questes abertas.

    Os resultados das anlises das respostas dadas s questes abertas

    tambm foram computados e suas frequncias expressas em porcentagens.

    Quando o participante no apresentou resposta, deixando o espao em branco, foi

    indicado como NR No Respondeu. Utilizou-se o teste estatstico do Qui-

  • 50

    Quadrado (para anlises das diferenas entre as frequncias das respostas,

    considerando p < 0,05 para significncia.

  • 51

    4 RESULTADOS E DISCUSSO

    Os resultados foram organizados e demonstram as respostas apresentadas

    pelos alunos no Pr-teste e Ps-teste, comparando as duas Escolas de acordo com

    as designaes indicadas no Mtodo - MR1 Pr-teste na Escola com aplicao

    das atividades LL1 Pr-teste na Escola sem aplicao das atividades MR2

    Ps-teste na Escola com aplicao das atividades e LL2 Ps-teste, na Escola sem a

    aplicao das atividades.

    Com relao ao tema cromossomos, foi solicitado aos participantes, que

    respondessem a seguinte pergunta: voc j ouviu falar sobre cromossomos?

    Tendo como alternativas Sim ou No. Os resultados so apresentados na tabela 3.

    Tabela 3. J ouviram falar em cromossomos?

    Indicaes

    Pr Teste Ps Teste

    MR1 LL1 Totais Pr

    Teste MR2 LL2

    Totais Ps

    Teste

    F % F % F % F % F % F %

    Sim 11 57,9 19 90,5 30 75,0 16 94,1 9 56,2 25 75,8

    No 8 42,1 2 9,5 10 25,0 1 5,9 7 43,8 8 24,2

    Totais 19 100 21 100 40 100 17 100 16 100 33 100

    Como mostrado na tabela 3, nas colunas Pr-Teste, dentre todos os

    participantes, 30, (75%) indicaram Sim, enquanto que 10, (25%) dos participantes,

    responderam No. A anlise dos grupos demonstrou que no grupo MR1, 11 (57,9%)

    participantes, responderam Sim, enquanto que oito, (42,1%) dos participantes,

    responderam No. No grupo LL1, 19 (90,5%) dos participantes, indicaram Sim e

    dois, (9,5%) indicaram No. A anlise estatstica entre os grupos MR1 e LL1,

    demonstrou que as diferenas nas frequncias, so estatisticamente significativas,

    (2o, 2c = 7,487 para p 0,05 e gl = 1).

  • 52

    Aps a aplicao do Programa Ensino de Biotecnologia, observou-se o

    seguinte quadro nas colunas Ps-Teste da tabela 3: dentre todos os participantes,

    25, (75,8%) indicaram ter ouvido falar em cromossomos, enquanto que oito (24,2%)

    No. A tabela tambm mostrou que no grupo MR2, 16 (94,1%) dos participantes,

    indicaram Sim, enquanto que um (5,9%) dos participantes, indicou No. No grupo

    LL2, nove (56,2%) dos participantes indicaram Sim, enquanto que sete (43,8%) dos

    participantes indicaram No. A anlise estatstica entre os grupos MR2 e LL2,

    demonstrou que as diferenas nas frequncias so estatisticamente significativas

    (2o39,710 2c = 7,487 para p 0,05 e gl = 1).

    possvel concluir mediante a anlise das respostas que, aps a aplicao

    do programa Ensino de Biotecnologia, o grupo MR2 melhorou seu desempenho

    significativamente, quando comparado com o grupo LL2, aumentando sensivelmente

    o nmero de participantes que reconheceu j ter ouvido falar sobre cromossomos.

    Porm no grupo LL2, ocorreu o inverso, diminuindo o nmero de participantes que

    afirmaram ter ouvido falar sobre os cromossomos. A involuo do grupo LL2 pode

    justificar-se, devido ao elevado nmero de ausncias, variaes e evaso escolar,

    percebido durante a aplicao do projeto.

    Na avaliao dos conhecimentos sobre os cromossomos, foi solicitado aos

    participantes, que respondessem a seguinte pergunta: O que voc sabe sobre

    cromossomos? Tendo como alternativas as seguintes indicaes: Certas,

    Parcialmente Certas e Erradas, os resultados so apresentados na tabela 4

    Tabela 4. Conhecimentos sobre cromossomos.

    Respostas

    Pr-Teste Totais Pr-Teste

    Ps Teste Totais Ps Teste MR1 LL1 MR2 LL2

    F % F % F % F % F % F %

    Certas 0 0,0 0 0,0 0 0,0 6 46,2 0 0,0 6 40,0

    Parcialmente Certas

    0 0,0 0 0,0 0 0,0 4 30,8 0 0,0 4 26,7

  • 53

    Erradas 0 0,0 16 100 16 100 3 23,0 2 100 5 33,3

    Totais 0 0,0 16 100 16 100 13 100 2 100 15 100

    A tabela 4, nas colunas, Pr-Teste, demonstrou que no grupo LL1, foram

    observadas 16 (100%) de respostas Erradas. Os participantes do grupo MR1 no

    expressaram suas representaes a respeito do tema investigado.

    De acordo com a anlise das respostas apresentadas, pode-se concluir que

    os participantes de ambos os grupos no possuem representaes cientificamente

    aceitas sobre o tema.

    Aps a aplicao do Programa Ensino de Biotecnologia, observou-se o

    seguinte quadro nas colunas Ps-Teste da tabela 4: no grupo MR2, seis (42,2%)

    participantes, responderam Certas, quatro (30,8%) dos participantes, responderam

    Parcialmente Certas enquanto outros trs (23,0%) dos participantes, responderam

    Erradas, quatro participantes desse grupo, no responderam e no foram

    contabilizados. No grupo LL2, dois (100%) dos participantes, apresentaram

    respostas Erradas, os demais participantes desse grupo, (16) no responderam a

    questo e no foram contabilizados.

    De acordo com a anlise das respostas, possvel concluir que, aps a

    aplicao do Programa Ensino de Biotecnologia, o grupo MR2 melhorou seu

    desempenho para essa questo, quando comparado com o grupo onde no houve a

    aplicao do programa.

    Na avaliao sobre o tema, DNA, foi solicitado aos participantes que

    respondessem a seguinte pergunta: voc j ouviu falar em DNA? A anlise das

    respostas demonstrou que todos os participantes investigados MR1, MR2, LL1, e

    LL2, indicaram terem ouvido falar em DNA.

  • 54

    A anlise das respostas apresentadas pelos participantes indicou que a

    maioria absoluta em algum momento ouviu falar sobre o DNA. O que de fato era

    esperado, uma vez que a escola, assim como as diversas mdias tem abordado o

    tema recorrentemente.

    Com relao s fontes de informaes sobre o DNA, foi solicitado aos

    participantes, que indicassem as fontes de informaes sobre DNA, tendo como

    alternativas as indicaes: Escola, Aulas de Biologia, Revistas do tipo Veja/Isto

    ,Amigos na Escola, Em Casa, Jornal, TV, Internet ,os resultados esto descritos

    na tabela 5.

    Tabela 5. Fontes de informaes sobre DNA

    Indicaes

    Pr Teste Totais Pr Teste

    Ps Teste Totais Ps Teste MR1 LL1 MR2 LL2

    F % F % F % F % F % F %

    Escola aulas de biologia

    18 72,0 20 71,5 38 71,6 16 76,1 10 41,7 26 59,0

    Superinteressante Galileu

    3 12,0 0 0,0 3 5,6 0 0,0 0 0,0 0 0,0

    Veja/Isto

    3 12,0 0 0,0 3 5,6 0 0,0 0 0,0 0 0,0

    Amigos 2 8,0 2 7,1 4 7,5 1 4,8 1 4,2 2 4,5

    Em casa 0 0,0 2 7,1 2 3,7 0 0,0 4 16,7 4 9,0

    Jornal 0 0,0 1 3,6 1 1,8 0 0,0 1 4,2 1 2,2

    Internet

    0, 0,0 1 3,6 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0

    TV

    0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 2 8,3 2 4,5

    Totais 25 100 28 100 52 100 21 100 24 100 44 100

    Como mostrado na tabela 5, nas colunas Pr-Teste, dentre todos os

    participantes, 38 (71,6%), indicaram como principal fonte de informao a Escola

    aulas de biologia, outras fontes como: revista veja, isto , TV, jornais e internet

    dividiram o restante das indicaes.

    A anlise das indicaes apontou, a Escola nas aulas de Biologia como a

    principal fonte de informaes para determinadas reas do conhecimento humano.

  • 55

    Aps a aplicao do Programa Ensino de observou-se o seguinte quadro

    nas colunas Ps-Teste da tabela 5: dentre todos os participantes, 26, (59,0%)

    indicaram como a principal fonte de informaes sobre o DNA, A Escola, aulas de

    biologia, as demais indicaes dividiram-se entre, revista veja, revista isto , internet

    e jornais.

    possvel concluir mediante a anlise das respostas, que as indicaes do

    questionrio Ps-Teste, corroboraram com as indicaes do Pr-Teste, ratificando a

    indicao Escola nas aulas de Biologia, como a principal fonte de informaes para

    diversas reas do conhecimento humano.

    Com relao ao tema, conhecimento sobre a estrutura da molcula de DNA,

    foi solicitado aos participantes que respondessem a seguinte pergunta: Voc sabe

    como formada a molcula de DNA? Tendo como alternativas, Sim ou No, os

    resultados esto descritos na tabela 6.

    Tabela 6. Indicaes sobre conhecimentos do DNA

    Indicaes

    Pr Teste Ps Teste

    MR1 LL1 Totais MR2 LL2 Totais

    F % F % F % F % F % F %

    Sim 6 31,6 5 23,8 11 27,5 16 94,1 1 6,3 17 51,5

    No 13 68,4 16 76,2 29 72,5 1 5,9 15 93,7 16 48,5

    Totais 19 100 21 100 40 100 17 100,0 16 100 33 100

    Como mostrado na tabela 6, nas colunas Pr-Teste, dentre todos os

    participantes, 11 (27,5%) responderam Sim, enquanto que 29 (72,5%) dos

    participantes, responderam No.

    A anlise dos grupos demonstrou que no grupo MR1, seis (31,6%) dos

    participantes responderam Sim, enquanto que 13 (68,4%) dos participantes,

    responderam No. No grupo LL1, cinco (23,8%) dos participantes, responderam

    Sim, enquanto que 16 (76,2%) dos participantes, responderam No.

  • 56

    possvel inferir mediante a anlise das respostas, que, um percentual

    elevado de participantes matriculados no estagio final do curso Educao de Jovens

    e Adultos - EJA, no dominam os conhecimentos bsicos sobre a estrutura

    molecular dos cidos nucleicos.

    Aps a aplicao do Programa Ensino de Biotecnologia, observou-se o

    seguinte quadro nas colunas Ps-Teste da tabela 6: dentre todos os participantes,

    17 (51,5%) responderam Sim, outros 16 (48,5%) responderam No. A anlise dos

    grupos demonstrou que no grupo MR2, 16 (94,1%) dos participantes responderam

    Sim, e um (5,9%) respondeu No. No grupo LL2, um (6,3%) dos participantes

    respondeu Sim, outros 15 (93,7%) responderam No. A anlise estatstica entre os

    grupos, MR1 e MR2, demonstrou que as diferenas nas frequncias, so

    estatisticamente significativas (2o86,122 2c = 7,487 para p 0,05 e gl = 1).A

    anlise estatstica entre os grupos,MR2 e LL2 demonstrou que as diferenas nas

    frequncias so estatisticamente significativas, (2o156,460 2c = 7,487 para p

    0,05 e gl = 1).

    Os resultados demonstraram que aps aplicao do Programa Ensino de

    Biotecnologia, o grupo MR2, apresentou evoluo significativa.

    Na avaliao das representaes dos participantes relacionadas ao

    conhecimento sobre DNA, foi lhes solicitado que respondessem a seguinte questo:

    como formada a molcula de DNA? Tendo como alternativas as seguintes opes

    de respostas: Certas, Parcialmente Certas e Erradas, os resultados esto