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Ensino de conteúdos: Uma proposta de ensino de Biologia no contexto escolar contemporâneo_Oliveira_et_al_2009_txt

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Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR

Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT

I Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia – 2009 ISBN: 978-85-7014-048-7

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Ensino de conteúdos: Uma proposta de ensino de Biologia no contexto escolar

contemporâneo

Vera Lucia Bahl de Oliveira

Tânia Aparecida da Silva Klein

Odila Mary Elisabeth Pegoraro

Resumo

O presente estudo faz uma análise dos fatores que interferem no nível de interesse dos alunos para a aprendizagem de Ciências. Faz referência ao comportamento do aluno diante do trabalho do professor. Após levantamento de dados propõe algumas sugestões à melhoria do ensino dessa disciplina.

Palavras-chave: Saber Docente; Conteúdos; Ensino; Aprendizagem

Abstract

Teaching content: a proposal for teaching of Biology in school context

contemporary

This paper analyses the factors that interfere in the students’ interest level in the Science learning process. It deals with the student’s behavior towards the work of the teacher. It also points out, after the gathering and analysis of data, some suggestions for the teaching improvement of this discipline.

Keywords: Teacher’s Knowledge; Contents; Teaching; Learning

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Introdução

O presente estudo faz uma análise dos fatores que interferem no processo ensino-

aprendizagem para que este possa contemplar todas as capacidades do aluno. Ensinar e formar

crianças, adolescentes e jovens, parece hoje ser um dos maiores desafios de toda ação humana.

Frente ao contexto atual, onde os problemas político-sociais se aliam à vertiginosa evolução

científica e tecnológica, onde a informação parece não ter limites em sua construção, o ser

professor implica em muito mais que dominar determinado conteúdo para ensinar. O

conhecimento produzido aumentou a uma velocidade tão rápida que é impossível estar

atualizado principalmente no que diz respeito ao avanço biotecnológico.

A finalidade da escola tem tomado outra direção. Para Carvalho (2000), hoje o papel da

escola é dotar as pessoas de condições teóricas e práticas para que elas utilizem, transformem e

compreendam o mundo da forma mais responsável possível. É importante a participação dos

professores em um modelo curricular, sem que deixem essa tarefa apenas para especialistas ou

se baseiem somente nos livros textos, pois a delimitação e seqüência dos conteúdos é tarefa

chave para o ensino.

Neste trabalho procurou-se verificar até que ponto o tipo de trabalho do professor tem

influenciado no interesse dos alunos com a intenção de descobrir uma forma de tornar o ensino

de Ciências Biológicas mais atraente e, portanto, mais eficiente.

Método do Arco

Na primeira etapa do trabalho foi realizada uma investigação qualitativa usando a

metodologia da problematização denominada por Charles Maguerez por “Método do Arco”.

Assim, a investigação no presente trabalho pautou-se na seqüência dos passos desta

metodologia:

1. Observação da realidade

Ocorrida durante o tempo em que acompanhamos os estagiários da disciplina de

Metodologia e Prática de Ensino nos colégios estaduais em que trabalhavam. Foi aplicado um

questionário com o objetivo de diagnosticar os problemas enfrentados pelos professores e

educandos de Ciências de escolas públicas de Londrina – Pr, que permitiu traçar o perfil e

identificar as necessidades das partes envolvidas. Também foram selecionados 05 (cinco)

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professores que foram acompanhados em suas aulas durante o ano letivo. Estas aulas foram

gravadas e analisadas pelos docentes. Verificou-se como acontece a interação professor-aluno e a

dimensão em que são tratados os conteúdos de Ciências em sala de aula.

2. O Problema

Diante das observações realizadas destacamos para o nosso estudo o seguinte problema:

“Os conteúdos atualmente ministrados preparam o aluno para as exigências da sociedade

contemporânea? Estes estão sendo trabalhados nas dimensões conceituais, procedimentais e

atitudinais”?

3. Pontos-chave do problema

Analisando o problema, com base em nossa experiência, verificou-se algumas possíveis

causas e determinantes de sua ocorrência como: formação pedagógica do professor e suas

experiências vividas, planejamento, orientação e controle dos conteúdos mais significativos,

incorporação dos conteúdos ensinados ao conjunto de conhecimentos previamente existentes na

estrutura mental do aluno, interesse pelo poder formador e investigador próprios do ensino de

Ciências Biológicas e relação pessoal do professor com a matéria que ensina e com seu aluno.

Esses pontos, se modificados, podem resultar na solução do problema por que são, no momento,

por nós considerados os mais centrais. O grau de conhecimento do professor, ou seja, o nível do

saber docente implica no agir corretamente e é o elemento vital para a qualidade do processo

ensino-aprendizagem. Sabe-se que quanto mais o professor busca o que precisa para

desempenhar suas ações, maior será a possibilidade de acerto.

4. Teorização

Segundo Alves (2004), é necessário tratar a formação de professores de forma complexa, já

que esta acontece em vários espaços e tempos, como o espaço acadêmico, a prática cotidiana, a

ação governamental e a prática política coletiva. Considerando tal complexidade em que se dá,

desta forma, a formação dos profissionais da área da educação, é preciso visualizar uma

intervenção também complexa, num âmbito que possa apresentar soluções das questões que

permeiam o dia-a-dia do professor. Para a autora, na prática educativa é que se produz os

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conhecimentos válidos e insubstituíveis sobre a reflexão da própria prática, o que exige um

crescente e permanente diálogo entre a formação inicial e a continuada do professor.

A pesquisa dos profissionais da educação sobre a sua prática filia-se em diversas tradições

intelectuais, profissionais e acadêmicas (Ponte, 2004). Uma delas é o movimento em torno do

professor pesquisador (Stenhouse, 1975), que centra as atenções do professor individual e não

em uma equipe. Já a pesquisa-ação, tem seu tema central a justiça e mudança social e a tradição

do profissional reflexivo (Schön, 1983) centra a pesquisa na reflexão individual e coletiva sobre a

prática docente. Este torna-se um ponto crucial quando verificamos que há uma dissociação entre

a formação e a prática cotidiana do professor, pois os saberes que são mobilizados na prática

passam a integrar a identidade do professor, constituindo um elemento norteador das decisões e

posturas em sala de aula. A importância atribuída aos conteúdos de ensino e à aprendizagem, é

talvez, uma das novidades que mais chama a atenção nas propostas curriculares porque, embora

os conteúdos tenham desempenhado sempre um papel decisivo nos programas oficiais e nos

programas dos professores, surge uma série de reflexões a se considerar, já que não podemos

minimizar a importância de organizar e selecionar o que ensinar em sala de aula, assim como, não

exceder no peso dado aos conteúdos escolares. Um dos problemas mais conflituosos da história

do pensamento educativo é definir o que seja conteúdo de ensino.

Para Sacristán (2002), o próprio conceito de conteúdos do currículo já é por si mesmo

interpretável, sobretudo, porque responder à pergunta do que é conteúdo, deve tratar da função

que queremos para a escola, e o que esta cumpra em relação aos indivíduos, à cultura herdada, à

sociedade na qual estamos e à qual aspiramos conseguir. Já Zabala (2002) afirma que aquilo que

aprendemos será mais útil na medida em que possamos utilizá-lo em situações nem sempre

previsíveis. Além dos conteúdos conceituais (saber sobre), o currículo contém os conteúdos

procedimentais (saber fazer) e os conteúdos atitudinais (“ser”). Esta é a proposta dos Parâmetros

Curriculares do Ensino Médio (PCNEM, Brasil, 2001), documento do Ministério da Educação e do

Desporto, que sugere a reforma educacional no Brasil.

Para esta pesquisa procuramos verificar em que níveis de conteúdos o professor atua na

sua aula: Conceitual, Procedimental e Atitudinal. Ainda, se há uma reflexão de valores em sala de

aula, se o professor procura identificar o grau de interesse dos alunos pelas suas aulas e se o

conteúdo abordado está relacionado com o cotidiano do aluno.

5. Resultados

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O ensino de Ciências deverá dar ao aluno condições para que ele descubra as “verdades” e

as aplique no seu cotidiano. Assim,após a análise dos dados, obtidos durante a pesquisa, como

resultados temos:

Quanto ao aluno. Observou-se que os alunos são na maioria apáticos durante as situações vividas

em sala de aula. Manifestaram no instrumento de pesquisa que gostariam participar de mais

aulas práticas, mais trabalhos em grupo, ter acesso a maior diversidade de materiais didáticos que

ilustrassem suas aulas. A maioria diz que seu professor costuma utilizar nas aulas apenas o livro, o

quadro de giz e que as aulas são quase sempre expositivas. Acham que os professores não sabem

das dificuldades que os alunos sentem para aprender Ciências e apontam como dificuldades

:aulas expositivas, indisciplina na sala de aula, professor diante do aluno e sem muita paciência

para explicar de novo algo não compreendido; não discutem assuntos de interesse dos alunos,

entre outros.

Quanto ao professor. Os professores, em grande número, reclamaram do desinteresse dos alunos

pelos conteúdos de Ciências; indisciplina na aula, não trazem o livro para acompanhar a aula,

fazem tarefas de outras matérias em aula, falam palavrões, atendem celular na aula ou ficam

ouvindo música nos Mp3,4 qualquer coisa assim.

6. Reflexões e Conclusões

Valorizar o cotidiano tem sido tema de muitas discussões no âmbito do ensino de Ciências.

Técnicas e recursos didáticos vinculados aos conteúdos a serem trabalhados nas dimensões:

conceitual, procedimental e atitudinal aliados às experiências pessoais dos alunos poderiam

despertar maior interesse, pela aprendizagem além de ser necessário adotar estratégias nas quais

o aluno possa ser agente na construção do conhecimento.

Aqui, entra em jogo, para as ações do dia a dia da sala de aula, o saber e o saber fazer dos

professores iniciando pela seleção de conteúdos e sua abordagem em sala de aula. O saber dos

professores é o saber deles, e está relacionado com a pessoa e a identidade deles, com a sua

experiência de vida e com a sua história profissional com as suas relações com os alunos em sala

de aula e com os outros atores escolares na escola, etc. Por serem, a maioria das aulas expositivas

e, considerando a formação do professor e as suas dificuldades diante do seu trabalho verifica-se

que o ensino de Ciências ainda continua não estabelecendo condições ideais de aprendizado para

orientar o aluno na redescoberta do conhecimento e na aplicação no seu cotidiano.

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O ensino necessita fazer com que o aluno questione, responda, observe, explore e

relacione os fatos para que ele se torne um ser ativo e reflexivo. O levantamento e a reflexão de

como estão acontecendo as aulas no ensino básico poderão contribuir para modificar a forma de

ensinar os conteúdos.

Se o desempenho do professor está ligado à sua formação e as condições da escola é

preciso que se busque alternativas para a melhoria da ação pedagógica. Em função dos resultados

obtidos conclui-se que existe uma grande distância entre a teorização e o que é feito na prática.

Como nas épocas anteriores o ensino continua teórico, livresco e memorístico. Mesmo os

professores que apresentam interessados em implementar novas propostas de ensino, passam

por dificuldades. Estes muitas vezes são impedidos de realizar satisfatoriamente seu trabalho

devido as condições de trabalho apresentado pelo sistema público de ensino, ou seja: número

alto de aulas atribuído ao professor na semana,muitas vezes distribuídas em diferentes

colégios,classes numerosas, poucas aulas para cada série, por semana.

Questionando os professores pudemos conhecer suas dificuldades e inquietações e

verificar as limitações para o desenvolvimento de uma ação docente mais eficiente.Reafirma-se a

distância entre o que se pretende fazer e o que realmente se faz. Todos concordam que é preciso

buscar meios para transformar essa realidade. A reflexão sobre a formação de professores dos

futuros professores de Ciências Biológicas e a realidade das aulas nos colégios estaduais poderá

contribuir para modificações a ação prática do professor, assim como afirma Giroux (1997, p.136)

“a ação do professor, nesta perspectiva, deve ser vista como política e cultural, em que o

professor é o intelectual que se transforma e transforma seus alunos”.

Referências

Alves, N. Imagens de professores e redes cotidianas de conhecimentos. Educar. 2004, 24, 19-36.

BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes curriculares nacionais para o ensino médio. Parecer

CEB 15/98. 01/06/98. Brasília, 1998.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica Parâmetros

curriculares nacionais mais para o ensino médio: ciências da natureza, matemática e suas

tecnologias. Brasília, 2002.

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Giroux, H. Os professores como intelectuais. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

Hagemeyer, R. C. C. Dilemas e desafios da função docente na sociedade atual: os sentidos da

mudança. Educar. 2004, 24, 67-85.

Ponte, J. P. da. Pesquisar para compreender e transformar a nossa própria prática. Educar. 2004,

24, 37-66.

SACRISTÁN, J.G. Comprender e transformar o ensino. Porto Alegre: Artes Médicas, 2002.

Schön, D. A. The reflective practioner: how professionals think in action. Andershot Hants:

Avebury, 1983.

Stenhouse, L. An introduction to curriculum research and development. London: Heineman

Educational, 1975.

Zabala, a. A prática do professor. Porto Alegre: Artes Médicas, 2003.

a Professoras de Metodologia e Prática de Ensino de Ciências Biológicas. Departamento de

Biologia Geral, Universidade Estadual de Londrina, PR. [email protected]