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Onze governadores renunciam na Argentina "Sftf. AV. Mal. Câmara. 221-M^ ^MP^^tlRíf ^^^'"^ ¦ PÁGINA 8 Libr&ry o Dirctor-Kesponsávcl Paulo Germano de Magalhães —\70Frelo Tiroteios e explosão matam sete irlandeses mWkmtW^>tK^Íh JlIPÜK^ i ¦¦¦¦:¦¦'¦¦¦ ^tSmWmm¦^^^^5:.ií<: E j__JIÉéh^ lil- W PI ^BKfe I" IIi ,£ k' K ¦ ¦pis'1H¦»»¦-'' ÉÉÉliIP BÉéIImBíéíN* mUmmmÊÈ Kl ¦IrWPlIB SII ¦A ¦HIHH9HHIfflM >-a ¦¦tegwjáBMBrotei' ^^pp^lBS^MBHlKfa*' > 0^¦^v PlBH Si |i¦ my ¦¦¦¦ "i ,¦ kmkW&À&&f * & ¦MUIUU»BKH §$Mw Si^^BbB^ yMmmWmmã _IImliilllllaK < i IR *v 111 ímíüi. ' llfl|B|£Lj.^lIIKl L ^^BB^' - -*?• ; fl niaB f-IIIB^^S^iilIB^^^i^^BI B^üü^lm '«^|^ii«^mm *¦ Rifla HPIPB lWÊ^ÊEMmmmW£t^rnM^ ^ -f *1BFlSlb 9|HppI:: - ¦ *^fB BT - '¦•• %Bp•'¦ B BB??* -'•"• OS PASTORES IMPRESSIONAM 0 Bros// tem uma dos melhores criações de cães pastores. A afirmação é da juiz alemão Herman Martin, que iniciou ontem o julgamento da expôs/- ção patrocinada pela Polícia Militar e pela Brasil Kennel Club, no Invemada de Olaria (Página 6) Onda de violência causou sete mortes na Irlanda do Norte, apesar da trégua de quatro dias determinada pela ala radical do IRA. Uma bomba, colocada em um restaurante, tirou a vida de quatro fre- gueses e deixou vários outros feridos. Ra- jada de metralhadora abateu soldado bri- tânico e a Policia matou um terrorista, ao surpreendê-lo colocando um. bomba em uma loja. Outro cadáver, não identi- ficado, apareceu em. Londonderry. 0 Pri- meiro-Ministro Faulkner promete mudar o Parlamento para.fortalecer o governo e diminuir os conflitos (Página 7) Assassinado líder sírio 0 General Mohammed Amran, ex-chefe militar da Síria e líder dos baatistas, foi assassinado ontem em Tripoli onde vivia exilado. Em Telavive, o, Ministro da De-, fesa Moshe Dayan advertiu os governos libanês e sírio que suas tropas estão em estado de alerta permanente nas fron- teiras para garantir Israel (Página 7) Paternalismo é mal de prisões 0 paternalismo com que ainda são tra- tados os presos é o grande problema do sistema penal da Guanabara. As oficinas, que poderiam conüibuifrpara formação profissional do,detento e reduzir as des- pesas para sua manutenção (Cr$ 3 mil por ano"), estáo semiparalisadas por fal- xa absoluta de recursos (Página 6). Vasco joga sem temer Botafogo Hoje é dia de Maracanã superlotado. Vasco e Botafogo jogam pelo Campeona- lo Carioca e nenhum dos dois quer per- der. Paralelamente, o., duelo Tim 'x Zizi- nho. Ontem, Fittipaldi brilhou na África do Sul, mesmo sem ganhar: foi segundo. E América e Olaria ficaram no empate em jogo realizado ontem (Páginas 14 e 16) A partir do dia 10 D.E. também em th 1 DIRMX)R MXJNÔMICO Game logo após o café Técnicos dos Ministérios da Fazenda e da Agricul- tura informaram que as ex- portações de carne bovina resfriada, congelada e industrializada deverão atingir, este ano, 160 mil toneladas, produzindo re- caitd cambial aproximada a 200 milhões dc dólares, o que possivelmente colo- cirá o produto 110 segundo lugar na pauta brasileira de vench" ao mercado ex-.. terno, superado apenas, pdo café. Para evitar que o comércio exterior possa preiudicar o abastecimen- to interno, aqueles Minis- térios elaboraram plano que estabelece quotas par., as empresas exportadoras do RS e do Brasil Central. Nosso Volks na Alemanha Será lançado este ano na Alemanha o modelo brasi- leiro do Volkswagen 1600 que -— segundo a revista Stem apresenta uma li- nha mais perfeita que o 1600 produzido em Wolfs- burgo. 0 modelo foi desen- volvido pelo -atua) presi- dente da Volkswagen In- ternacional. R u cl o f Lei- dirige quando este ainda dirigia a empresa 110 Bra- sil. De Colônia, na Alemã- nha. o nosso correspònden- te Altair Carlos Pimpão analisa a atual situação da Volkswaffen e as perspec- tivas de Rudolf Leiding na direção da empresa que es- renovando investimen- tos em nosso País, cons- traindo novas instalações. Export é sucesso Seis mil expositores se candidataram às mil vagas da Feira Brasileira de Ex- portação (Brasil Export 72) a ser realizada de 4 a 15 de setembro no Parque Anhembi, em São Paulo. Ao visitar ontem as obras da Feira, o Governador Laudo Natel afirmou, no Palácio das Convenções, que "o empreendimento abrirá as portas dc novos mercados íh- exportação e ampliará as vendas dos produtos brasileiros no ex- íerior". Cerca de 100 tipos de produtos principalmen- íe manufaturados e semi- manufaturados, serão na feira mostrados pelos Mi- nistérios da Fazenda e da Indústria e do Comércio. da Manhã nio de JaJielro, GB, domingo, 5, iriunda-felr», {-3-19:2 Ano LXXI N.« 24,200 AOS DOMINGOS anexo Ficção científica, um gênero no seu momento Aguinaldo Silva, dos jovens o mais laureado dos escritores bra- sileiros, inicia uma série de co- laborações para o Anexo, afir- mando que "vários enganos pre- cisam ser evitados quando se fa- Ia em ficção científica". Diz- Aguinaldo: "Encontrando no ci- nema seu maior aliado, a FC po- de ter muito bem atingido seu momento supremo, nos últimos tempos, com o filme 2CS1 Uma Odisséia no Espaço, no qual o talento de Kubrick uniu ao de um dos maiores escritores de ficção científica, Arthur Clark (um bom romance publicado no Brasil: A Cidade das Estrelas). Aqui, o gênero, novíssimo, é praticado pelo cinema novo K'í-x»:'.y*;.»:.»J!.ÃíSíxíí? iiíxmWiiWííi™»:»:; filiiilllll lllllil ... - i ^ "t ,^^^m--¦•,... ......¦....•,-.;¦¦¦ -.•:•.¦*•;¦.¦ - .-.'-'-y..y.-mm^mfmm.';•.. <*'••y-s4Jj$*WisãSxvmA JÊLvl^mmmW&ImWmk :k* * ^ '9¦fckt Clarice e o objeto gritante Eu escrevo para entender me- lhor o mundo. E acho que escre- vendo a gente entende mais um pouquinho do que não escreven- do. É uma lucidez meio nebulo- sa, porque a gente não tem di- reito consciência dela. Essas são confissões de Clarice Lispector, autora de Objeto Gritante, 13.° livro, a Germana rie Lamare. AMÉRICA LATINA m.-d "¦'m Éirfiími ' >3ÍIB"* O novo confronto en- tre Executivo e Legis- lativo, com a guerra de declarações entre Allende e Fontealba, não deverá, contudo, ultrapassar os limites do quadro institucio- nal. Os adversários, p o r é m, continuam adestrando as forças. A greve gerai de terça c quarta-feira últimas rc- presentou para a Repú- blica Argentina uma perda de 77 milhões de dólares. Isso poderia ex- plicar por que a Junta Militar, com Lanusse fo- ra, não usou medidas de {'orça para' detê-la. A vitória do Movimi- ento al Socialismo nas eleições universitárias venezuelanas muda profundamente a vi- da estudantil do pais. E Caldera parece ter aniquilado o aparato logístico da insurrei- ção na Universidade. IBELAl O novo ensino A meta da reforma, segundo os meios oficiais, c o ensino objeti- vo. Mero jogo de palavras? O cer- to é que amanhã todas as cri- ancas da rede oficial da Guana- bara estarão submetidas a uma reforma muito criticada, que _ poucos sabiam do que se tratava, e que foi dividida cm dois ciclos. Bela Shop inova hoje, com gravatas no feminino, túnicas, saia para toda hora, acrílicos novos, coisas da índia e também comunicação social para todos os nossos leitores. il KW. Suspeito de seqüestro está preso 3 anos *-PAGINA 5

Entrevista, CL Esconde O Objeto Gritante

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Entrevista, CL Esconde O Objeto Gritante

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Page 1: Entrevista, CL Esconde O Objeto Gritante

Onze governadores renunciam na Argentina"Sftf.

AV. Mal. Câmara. 221-M^^MP^^tlRíf ^^^'"^ ¦ PÁGINA 8

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Dirctor-KesponsávclPaulo Germano de Magalhães

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OS PASTORESIMPRESSIONAM

0 Bros// tem uma dos melhores criações de cães

pastores. A afirmação é da juiz alemão HermanMartin, que iniciou ontem o julgamento da expôs/-ção patrocinada pela Polícia Militar e pela BrasilKennel Club, no Invemada de Olaria (Página 6)

Onda de violência causou sete mortes naIrlanda do Norte, apesar da trégua dequatro dias determinada pela ala radicaldo IRA. Uma bomba, colocada em umrestaurante, tirou a vida de quatro fre-gueses e deixou vários outros feridos. Ra-jada de metralhadora abateu soldado bri-tânico e a Policia matou um terrorista,ao surpreendê-lo colocando um. bombaem uma loja. Outro cadáver, não identi-ficado, apareceu em. Londonderry. 0 Pri-meiro-Ministro Faulkner promete mudaro Parlamento para.fortalecer o governoe diminuir os conflitos (Página 7)

Assassinadolíder sírio

0 General Mohammed Amran, ex-chefemilitar da Síria e líder dos baatistas, foiassassinado ontem em Tripoli onde viviaexilado. Em Telavive, o, Ministro da De-,fesa Moshe Dayan advertiu os governoslibanês e sírio que suas tropas estão emestado de alerta permanente nas fron-teiras para garantir Israel (Página 7)

Paternalismo émal de prisões

0 paternalismo com que ainda são tra-tados os presos é o grande problema dosistema penal da Guanabara. As oficinas,que poderiam conüibuifrpara formaçãoprofissional do,detento e reduzir as des-pesas para sua manutenção (Cr$ 3 milpor ano"), estáo semiparalisadas por fal-xa absoluta de recursos (Página 6).

Vasco joga semtemer Botafogo

Hoje é dia de Maracanã superlotado.Vasco e Botafogo jogam pelo Campeona-lo Carioca e nenhum dos dois quer per-der. Paralelamente, o., duelo Tim 'x Zizi-nho. Ontem, Fittipaldi brilhou na Áfricado Sul, mesmo sem ganhar: foi segundo.E América e Olaria ficaram no empateem jogo realizado ontem (Páginas 14 e 16)

A partirdo

dia 10

D.E.também em

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DIRMX)R MXJNÔMICO

Game logoapós o café

Técnicos dos Ministériosda Fazenda e da Agricul-tura informaram que as ex-portações de carne bovina— resfriada, congelada eindustrializada — deverãoatingir, este ano, 160 miltoneladas, produzindo re-caitd cambial aproximadaa 200 milhões dc dólares,o que possivelmente colo-cirá o produto 110 segundolugar na pauta brasileirade vench" ao mercado ex-..terno, superado apenas,pdo café. Para evitar queo comércio exterior possapreiudicar o abastecimen-to interno, aqueles Minis-térios elaboraram planoque estabelece quotas par.,as empresas exportadorasdo RS e do Brasil Central.

Nosso Volksna AlemanhaSerá lançado este ano naAlemanha o modelo brasi-leiro do Volkswagen 1600que -— segundo a revistaStem — apresenta uma li-nha mais perfeita que o1600 produzido em Wolfs-burgo. 0 modelo foi desen-volvido pelo -atua) presi-dente da Volkswagen In-ternacional. R u cl o f Lei-dirige quando este aindadirigia a empresa 110 Bra-sil. De Colônia, na Alemã-nha. o nosso correspònden-te Altair Carlos Pimpãoanalisa a atual situação daVolkswaffen e as perspec-tivas de Rudolf Leiding nadireção da empresa que es-tá renovando investimen-tos em nosso País, cons-traindo novas instalações.

Export jáé sucesso

Seis mil expositores já secandidataram às mil vagasda Feira Brasileira de Ex-portação (Brasil Export72) a ser realizada de 4 a15 de setembro no ParqueAnhembi, em São Paulo.Ao visitar ontem as obrasda Feira, o GovernadorLaudo Natel afirmou, noPalácio das Convenções,que "o empreendimentoabrirá as portas dc novosmercados íh- exportação eampliará • as vendas dosprodutos brasileiros no ex-íerior". Cerca de 100 tiposde produtos principalmen-íe manufaturados e semi-manufaturados, serão nafeira mostrados pelos Mi-nistérios da Fazenda e daIndústria e do Comércio.

da Manhã nio de JaJielro, GB,domingo, 5, •

iriunda-felr», {-3-19:2Ano LXXI

N.« 24,200

AOS DOMINGOS

anexoFicção científica, um

gênero no seu momentoAguinaldo Silva, dos jovens omais laureado dos escritores bra-sileiros, inicia uma série de co-laborações para o Anexo, afir-mando que "vários enganos pre-cisam ser evitados quando se fa-Ia em ficção científica". Diz-Aguinaldo: "Encontrando no ci-nema seu maior aliado, a FC po-de ter muito bem atingido seumomento supremo, nos últimostempos, com o filme 2CS1 —Uma Odisséia no Espaço, no qualo talento de Kubrick sé uniu aode um dos maiores escritores deficção científica, Arthur Clark(um bom romance publicado noBrasil: A Cidade das Estrelas).Aqui, o gênero, novíssimo, já épraticado pelo cinema novo

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Eu escrevo para entender me-lhor o mundo. E acho que escre-vendo a gente entende mais umpouquinho do que não escreven-do. É uma lucidez meio nebulo-sa, porque a gente não tem di-reito consciência dela. Essas sãoconfissões de Clarice Lispector,autora de Objeto Gritante, 13.°livro, a Germana rie Lamare.

AMÉRICA LATINA

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Éirfiími

' >3ÍI�B"*

O novo confronto en-tre Executivo e Legis-lativo, com a guerrade declarações entreAllende e Fontealba,não deverá, contudo,ultrapassar os limitesdo quadro institucio-nal. Os adversários,p o r é m, continuamadestrando as forças.

A greve gerai de terça cquarta-feira últimas rc-presentou para a Repú-blica Argentina umaperda de 77 milhões dedólares. Isso poderia ex-plicar por que a JuntaMilitar, com Lanusse fo-ra, não usou medidas de{'orça para' detê-la.

A vitória do Movimi-ento al Socialismo naseleições universitáriasvenezuelanas mudaprofundamente a vi-da estudantil do pais.E Caldera parece teraniquilado o aparatologístico da insurrei-ção na Universidade.

IBELAlO novo ensinoA meta da reforma, segundo osmeios oficiais, c o ensino objeti-vo. Mero jogo de palavras? O cer-to é que já amanhã todas as cri-ancas da rede oficial da Guana-bara estarão submetidas a umareforma muito criticada, que _poucos sabiam do que se tratava,e que foi dividida cm dois ciclos.

Bela Shop inova hoje, com gravatas no feminino, túnicas,saia para toda hora, acrílicos novos, coisas da índia etambém comunicação social para todos os nossos leitores.

il KW.

Suspeito de seqüestro está preso há 3 anos*-�PAGINA 5

Page 2: Entrevista, CL Esconde O Objeto Gritante

anexoCORREIO DA MANHÃ — Rio de Janeiro, domingo, 5 e 2.a-feira, 6/3/1972

Clarisse Lispectoresconde um objeto gritante

PENSEI

que o Leme ia aca-bar antes que eu chegas—se a casa de ClarisseLispector. Os números

andavam muito altos para o en-dereço escrito no papel. Já es- -tava disposta até a galgar omorro, a pedreira. Sou daque-Ias que ainda acreditam que um /poeta sempre mora debaixo deuma laranjeira ou de um cajá-manga. Clarisse, ao contrário,mora num apartamento formal,como tantos outros em Copaca-bana, onde suas origens só apa-'recém através de uma rede pen-durada numa pequena varanda.

As paredes estão atapeta-das de quadros. Todos bons. Umpainel de Francheschi, da Fio-resta da Tijuca, intitula-se OAçude da Solidão. As vezes, en-tre os móveis há espaços va-zios, como os silêncios nos seuslivros. Uma égua solta corre li-vre por um prado. Também éuma foto entre Scliars e Bono-mis. Descubro num desenho de

A tarde começa a cairdentro da casa e Clarisse, des-calça, começa a andar pela sa-la me mostrando seu objetos

..menos gritantes. Dois santosnuma redoma, algumas conchassob uma mesinha. O retrato dosfilhos quando tinham um ano,ou mesmo meses. —Agentedeve aproveitar muito as cri-ancas quando elas são bebês.Depois dá uma vontade dana-da da gente colocá-los no colo,e aí eles não deixam mais. "Énormal, hoje, que os filhos deClarisse não deixem mais mes-mo. Um está com vinte anos eo outro com dezenove.

— Clarisse, porque vocêescreve?

Engraçado, eu fiz essamesma pergunta a Robbet Gril-let quando ele veio ao Brasil.Me respondeu: "Eu escrevo pa-ra saber porque escrevo." Mi-

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Cheschiatti o segredo de Cia-risse. O seu rosto é linear, maseconômico de linhas, ela não éfeita para rugas, suas maçãssão salientes, como se estives-sem ali justamente para apoiarseus olhos, as vezes tristes, esua testa quase sempre preo-cupada.

AtrasoFui até o Leme atrás de

sua-Felicidade Clandestina, masdevo ter me atrasado um pou-co, porque logo descubro o Ob-jeto Gritante sobre a mesa. Seudécimo terceiro livro.

²�Ele já está pronto, sim,mas acho que só vou editá-lo oano que vem. Sabe, eu estoumuito sensível ultimamente.Tudo o que dizem de mim memagoa. 0 Objeto Gritante é umlivro que deverá ser muito cri-ticado, ele não é conto, nem ro-mance, nem biografia, nemtampouco livro de viagens. E,no momento, não estou discos-fa a ouvir desaforos. Sabe,Objeto Gritante é uma pessoafalando o tempo todo..;

²�Me diz uma coisa Cia-risse, você mudaria uma linhado seu livro por causa dos cri-ticos?

0 pulo vem imediato. Cia-ro que não. Sua resposta é de-cidida, como eu tivesse feitouma pergunta absurda...

²�E então? O que impor-ta o dia que ele vai ser editado?

Clarisse dá de ombros eolha ao seu redor. Parece pen-sar sozinha. Depois me ofereceum cigarro e responde: "É. vo-cê tem razão, eu posso editareste ano mesmo. Mas você sabe,eu sou um pouco supersticio-sa e acho que o número trezeou vai me dar muita sorte ouum azar tremendo."

nha resposta é diferente. Eu es-crevo para entender melhor omundo. E acho que escrevendoa gente entende mais um pou-qui nho do que não escrevendo.E uma lucidez meia nebulosaporque a gente não tem direitoconsciência dela.

²�Você que mergulha tan-to dentro de você quando es-creve, ler tudo depois não lheamedronta?

²�Opa! É por isso que eunão releio livro meu. As vezes,

"E eis que não enten-do o ovo. Só entendoovo quebrado: quebro-ona frigideira. É destemodo indireto que meofereço à existêncía~doovo: meu sacrifício éreduzir-me à minha vi-da pessoal. Fiz do meuprazer e da minha doro meu destino disfarça-do. E ter apenas a pró-pria vida, é para quemjá viu o ovo, um-sacrifí-cio. Como aqueles que,no convento, varrem ochão e lavam a roupa,servindo sem a glóriade fusão maior, meutrabalho é o de viver osmeus prazeres e as mi-nhas dores. É necessá-'rio que eu tenha a mo-déstía de viver."

(Do conto O Ovo —Livro: Felicidade Clan-destina).

vou lhe confessar uma coisa,nem corrijo as provas. Peço ai-guém pára reler. As coisas umavez feitas não me iiiteressam-mais. Objeto Gritante, porexemplo, não vou nem passara limpo...

²�Quer dizer que vocênão tem aquele prazer de ti-rar um livro antigo da prate-leira, folhear, e depois confes-sar baixinho: "Como é que euconsegui escrever isso tãobem?"

²�Não. Eu nunca acho queeu escrevi bem. As vezes que eume forcei a ler algo meu, tiveuma grande sensação de imper-feição. Tudo ali era muito so-frido, muito conhecido.

Clarisse passeia mais pela"sala. Acende um cigarro:²�Imagine que um repor-

ter veio aqui me entrevistar e,além de dizer que eu estava gor-da, disse que minhas mãos tre-miam. As minhas mãos não tre-mem. Deve ter sido coincidên-cia. Você acha que eu estougorda?

Como toda mulher, Claris-se é vaidosa. E seu próximo re-gime alimentar está na ordemdo dia. Fala dele volta e meia.

Observando²�Onde mesmo eu estava?

Ah, sim, mas tive uma experiên-cia engraçada com a Paixão Se-gundo GH. Tive que reler algunstrechos, por obrigação, porque olivro ia ser dramatizado. E aí,de repente, eu descobri que po-dia aprender algumas coisas comaquele livro...

Neste momento, entretanto,Clarisse descobre que pode des-cobrir, coisas na expressão domeu rosto. E começa a analisarminha expressão:

²�Sabe, você tem uma boaossatura- Ela é muito importan-te para a beleza do rosto.

Antes que eu começasse aser entrevistada (Clarisse temprática do assunto) fiz, rápido, aprimeira pergunta que me pas-sou pela cabeça: �

—Voeê é daquelas escrito-ras que acreditam em inspi-ração?

²�Precisamente. Eu só~é£crevo inspirada. Sai tudo já fei-to- Não sei planejar nada. Meencomendar uma obra. Se eu f i-zer isso, não sai nada certõT

²�Você tem medo de co-meçar um livro. Uma sensação,por exemplo, de quem vai viajar ¦de avião...

Clarisse me olha espantadís-sima. Sua expressão combinariamais com a frase "como é quevocê descobriu?", mas a respos-ta veio pronta e definitiva:

²�Mas eu sempre começotudo como se fosse pelo meio.Deus me livre de começar a es-crever um livro da primeira li-nha. Eu vou juntando notas- Edepois vejo que umas têm cone-xão com as outras, e ai descubroque o livro já está pelo meio...

²�Você era capaz de se de-íinir para mim?

²�Talvez. Sou ignorantedemais para ser uma intelectual.Não sou uma literata. Náo vivono meio dos livros, nem tampou-co de flores e de aves, como meacusam às vezes... Sou uma in.tuitiva, quer dizer, eu sinto maisdo que penso...

Sensação²�Já que você se apoia na

sensibilidade, você já experimen-tou alguma vez alguma droga?

²�Não, nunca fiz esta ex-periência. E, para falar a verda-de, nunca senti necessidade de-la. Acho até que teria medo. Ima-gine, procurar alguma coisa queestimulasse mais ainda as mi-nhas sensações. Acho que eu ex-plodiria...

O quanto e possível alguémcom os olhos amendoados arre

GERMANA DE LAMARE

galá-los, Clarisse os arregalou,exatamente como alguém que jaestivesse sentindo toda a expio-¦ sáo interior.

²�Sabe, sou uma mulhersimples e complexa ao mesmo,tempo. Como toda a mulher, afi-nal de contas. Minha vida é di-rigir a casa, participar da vidados meus filhos, o quanto elespermitem, é claro, porque às ve-zes eles até proíbem participarda vida de meus amigos- Sabe,é uma besteira dizerem que eusou uma mulher solitária. Têma mania de escrever isso a meurespeito. É cretino, mesmo. Eudetesto ficar só. Não gosto nemde ir a cinema sozinha... Porexemplo, quando eu era embai-xatriz, eu vivi na Itália, nos Es-tados-Unidos, na Suíça, no Egi-to. Na Grécia, só de passagem,por meia hora. .. Entre almoçar

e visitar a Acrópole, eu optei pe-los deuses. Não me arrependi.Agora, tenho vontade de recome-çar tudo outra vez. Mas eu nãogostaria de viajar sozinha. Gos-to de repartir minhas emoçõescom outras pessoas. Dividir tudoo que é bom...

Trabalho

Tiro logo o pensamento deClarisse da Grécia, porque pres-sinto que ela vai mergulhar poraquelas vielas de Atenas, entu-lhalas de ruínas, e mudo o as-sunto para os problemas da pro-fissão: s

²�Eu não me considerouma profissional. Sou amadora.Não faço contratos nem escre-vo livros ou por encomenda oucom prazo fixo. Nada disso. Es-crevo uma crônica por semanae assim mesmo acho algumasmuito fracas. Sou muito exigen-te comigo mesmo... Sou meiamisteriosa, também. Eu escrevouma coisa e anos depois é quevou vivenciar, realmente, aque-la coisa. Aí já está escrito fazmuito tempo... Não sei expli-car, porque... Você me achahermética? Perto do coraçãoSelvagem, quando foi editadoem 44, foi considerado um li-vro muito hermético. Hoje étexto de escola. Vai ver, aconte-cera a mesma coisa com ObjetoGritante.

A preocupação dc Clarissecom o seu último livro é evi-dente. Ele não sai do seu pen-samento.

— Cada vez que escrevo umlivro acho que ele vai ser o úl*timo. Que eu acabei ali. Masagora já estou com um conto nacabeça... Eu não queria es-crevê-lo, aliás. Por isso contei ahistória para todo mundo queencontrava- Mas assim mesmo,ele não me sai da cabeça. Cha-ma-se Senhora Jorge B. Xavier.Sabe de uma coisa que eu te-nho curiosidade é saber comoos outros escrevem. Simenon,por exemplo me fascina. Ele es-creve com -hora marcada, das 7às 5h, e tem uma produtivida-de espantosa...

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²�Você escreve de manhãou de noite?

— De manhã. Quando euescrevi a Maçã no Escuro, nosEUA, eu só conseguia ter vidasocial se eu escrevesse de ma-nhã. Se não, me dava um mau-humor tremendo. Aqui, agora,eu também escrevo semprecedo.

²�O que você chama cedo?²�Bem, eu acordo às qua-

tro da manhã. Quando estou tra-balhando é ótimo. Aproveito amadrugada para escrever. Masquando eu não estou fazendo na-da me chateio brutalmente. Nãoencontro nada para fazer. E todomundo dorme...

²�Há alguma coisa de quevocê tenha medo? Avião, porexemplo.

²�Não, não tenho medo deavião. Mas há algo que eu tenhomedo. Acho que eu tenho medodo futuro. Sempre tive, realmen-te... Acho que eu vou cortar ocabelo, o que é que você acha?

A noite já vinha descendocompletamente. E as luzes da ca-sa já estavam todas acesas, ilu-minando o retrato pendurado naparede de uma menina de uni-forme de colégio chamada Cia-risse. Me despedi e desci. Láembaixo, por volta das sete, otráfego era intenso, e um objetogritante quase me atropela quan-do atravessei a rua...

O ovo vive foragido porestar sempre adiantadodemais para a sua época— Ovo por enquanto se-rá sempre revolucio-nário. — Ele vive dentroda galinha para que nãoo chamem de branco. Oovo é branco mesmo.Mas não pode ser cha-mado de branco. Nãoporque isso faça mal aele, mas as pessoas quechamam ovo de branco,essas pessoas morrempara a vida. Chamar debranco aquilo que ébranco pode destruir ahumanidade. Uma - vezum homem foi acusadode ser o que ele era, efoi chamado Aquele Ho-mem. A lei geral paracontinuarmos vivos: po-de-se dizer "um rostobonito", mas quem dis-ser "o rosto", morre,por ter esgotado o as-sunto."

(Do conto .0 Ovo, livro:A Felicidade Clandesti-na.)

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