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Pesquisa mostra quais são as principais formas de seleção dos diretores no país e revela a falta de critérios para orientar esse processo UMA PUBLICAÇÃO Como escolher um bom gestor escolar

Entrevista com Heloísa Luck - Gestão Escolar: Tempo e qualidade

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Entrevista com Heloísa Luck sobre gestão escolar

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  • Pesquisa mostra quais so as principais formas de seleo dos diretores no pas e revela a falta de critrios para orientar esse processo

    uma publicao

    Como escolher um bom gestorescolar

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    A eleio direta o processo mais usa-do para preencher as vagas de dire-tor nas redes estaduais de ensino. Ela a nica forma de seleo em seis estados e, em outros dez, aparece combinada com outras metodologias, como certificao e indicao por instncias locais. Essa ltima, por sua vez, a segunda mais comum e aparece sozinha, como modo exclusivo de ascenso ao cargo em quatro unidades da federao.

    Contudo, seja qual for a forma de aces-so, um fator est presente em todos os estados: no h critrios claros para esco-lher o gestor da escola que , em ltima instncia, quem responde pelo desempe-nho e pela aprendizagem dos alunos nem para orient-lo em seu trabalho.

    objetivo de identificar a percepo dos prprios gestores sobre o processo de acesso funo. A iniciativa contou com o apoio do Conselho Nacional de Secre-trios de Educao (Consed), do Ita BBA, do Instituto Unibanco, da Fundao Ita Social e da Fundao SM.

    pluralidade de processos ajuda a enriquecer a seleoPara fazer uma boa escolha, preciso utilizar variados mecanismos capazes de detectar as diversas competncias do can-didato para exercer as funes de gestor escolar. Por isso, o fato de haver combi-naes de modalidades, presente em v-rias redes, um fator positivo, afirma Helosa (veja o infogrfico ao lado). Se uma prova de concurso ou certificao detec-ta os conhecimentos tericos e pedaggi-cos, a entrevista, por sua vez, capaz de revelar habilidades para se comunicar e estabelecer relacionamentos pessoais imprescindveis para quem vai ocupar um lugar de liderana. A maioria dos diretores participantes dos grupos focais se mostrou satisfeita com a forma pela qual ascendeu ao cargo, independente-mente de qual seja ela.

    Para garantir a (boa) escolha de um diretor

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    Pesquisa revela que a eleio a prtica mais comum nos estados brasileiros para a seleo do diretor escolar, mas faltam critrios que orientem esse processo

    VernICA FrAIDenrAICH

    Essas so algumas das concluses da pesquisa Prticas de Seleo e Capacitao de Diretores Escolares, encomendada pela Fundao Victor Civita (FVC) a He-losa Lck, diretora do Centro de Desen-volvimento Humano Aplicado (Cedhap), em Curitiba. Realizado entre maio e no-vembro de 2010, o estudo mapeou as diversas maneiras como as redes decidem quem vai gerir suas escolas. O levanta-mento foi realizado em duas etapas. Na primeira, quantitativa, foram enviados questionrios s 27 Secretarias de Educa-o dos estados e das capitais e foram obtidas respostas de 24 e 11, respectiva-mente. J na segunda fase, a pesquisado-ra realizou 14 grupos focais, que reuniram 107 diretores e trs vice-diretores, com o

    O acesso ao cargo no BrasilAs modalidades de seleo de diretores em cada estado

    Indicao

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  • ApresentAo

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    Alm da eleio e da indicao, o estudo mostrou que a certificao e o concurso pblico tambm esto presentes no cenrio nacional, sendo esse ltimo realizado somente no estado de So Pau-lo (leia as vantagens e desvantagens de cada modalidade na tabela da pgina ao lado). Vitor Henrique Paro, professor da Facul-dade de Educao da Universidade de So Paulo (USP), destaca que a eleio permi-te eleger um profissional articulado aos interesses da escola. O mtodo de escolha condiciona, em certa medida, o compro-misso do futuro gestor com os servidores e usurios da instituio, afirma ele.

    Porm o mapeamento observou que a eleio, apesar de ser um avano por aten-der aos interesses da comunidade escolar, no tem levado ao passo seguinte, espera-do em um processo democrtico e parti-cipativo, que manter todos mobilizados

    As vantagens e desvantagens das prticas mais comuns de seleo Entenda como funcionam as principais modalidades de escolha do diretor no pas

    A Secretaria de Educao designa os diretores para as escolas da rede, muitas vezes, segundo critrios poltico-partidrios. Nos locais que usam outras modalidades, esta s utilizada em caso de vacncia do cargo.

    O diretor eleito de forma democrtica pela comunidade escolar. Caracteriza-se pela alternncia do poder.

    Aplicao de prova formulada por especialistas com base em uma lista de temas e no perfil de desempenho esperado. Atualmente realizado apenas no estado de So Paulo.

    Exame realizado para avaliar as competncias dos candidatos aps a formao. Funciona como uma etapa auxiliar da seleo, sendo sempre realizada de forma combinada com outras modalidades.

    Podem ser usados critrios tcnicos para a escolha do diretor, levando em considerao o perfil do candidato, as demandas da escola e as competncias queo gestor precisa ter.

    Comprometimento do diretor com a comunidade que o elegeu e com os resultados de suas aes. Espera-se que haja a maior participao de todos alunos, funcionrios e familiares na gesto da escola.

    Garantia de seleo dos melhores candidatos, dando credibilidade aos escolhidos. Possibilidade de continuidade no cargo, independentemente de mudanas de governo.

    Permite avaliar o conhecimento e as habilidades dos candidatos com critrios rigorosos.

    Como no existem critrios claros, geralmente a indicao carrega uma forte conotao poltica, o que faz com que o gestor seja visto como um apadrinhado, dificultando sua aceitao pela equipe escolar e a comunidade.

    Risco de reproduo dos vcios do processo politico-eleitoral, como a troca de votos por favores e campanhas de baixo nvel, o que gera um clima desfavorvel ao propsito da escola que o ensino e a aprendizagem dos alunos.

    Como o aprovado escolhe onde quer trabalhar de acordo com a nota de classificao, h o risco de ele no ter o perfil adequado s demandas da escola nem ser aceito pela comunidade. E mais dificil retir-lo, j que entra por concurso.

    Diferentemente do concurso, essas avaliaes no geram o direito de assumir o cargo, apenas credenciam os mais aptos. A falta de transparncia pode marcar o processo, visto que os gabaritos e as questes da prova no so divulgados.

    Participaram da pesquisaem torno da aprendizagem dos alunos. Alguns entrevistados disseram que, em muitos casos, o perodo da campanha marcado pela reproduo de prticas que ocorrem no mbito poltico-partidrio, como postura inadequada de candidatos e a troca de votos por favores.

    Formao oferecida no atende s necessidades do dia a dia Independentemente da forma de chegar ao cargo, a pesquisa mostra que no exis-tem critrios definidos para o acompanha-mento da gesto escolar. Embora 19 dos 24 estados e sete das 11 capitais tenham informado que possuem padres para a seleo de diretores, ao enumer-los a maioria aponta apenas pr-requisitos funcionais, como tempo de servio, quali-ficao profissional e experincia docente. Poucos se referem s competncias de

    desempenho do profissional, que incluem conhecimentos pedaggicos e capacidade de gerir pessoas. Os especialistas consul-tados sugerem cinco critrios bsicos nos quais as secretarias poderiam se basear (leia a reportagem da pgina 6).

    Um dos grandes problemas apontados o abandono percebido pelos gestores depois que assumem o posto. As Secreta-rias de Educao at oferecem cursos de formao, mas os contedos trabalhados do pouca nfase discusso de proble-mas reais, troca de experincias e bus-ca de solues conjuntas limitando-se, muitas vezes, comunicao de normas e exigncia de procedimentos burocr-ticos (leia mais na reportagem da pgina 10). A falta de acompanhamento um dos motivos que fazem com que poucos educadores queiram assumir o posto. Nesta edio especial, voc vai conhecer as outras causas da baixa atratividade da funo e saber como reverter essa situao (leia a reportagem na pgina 14).

    Uma vez no cargo, os diretores ficam em mdia dois ou trs anos frente de uma escola e, dependendo da rede, po-dem ser reeleitos (veja o mapa ao lado). Para Helosa Lck, o diretor deve ficar no cargo enquanto contribuir para a me-lhoria do ensino (leia mais na entrevista da pgina 18).

    secretarias estaduais de educao

    Durao do mandato por eleio Quantos anos um diretor fica, em mdia, diretor

    Indicao

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    QUER SABER MAIS?ContatosHelosa Lck, [email protected] Henrique Paro, [email protected] www.fvc.org.br/estudos, a ntegra da pesquisa Prticas de Seleo e Capacitao de Diretores Escolares.

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    Sem resposta

    2 anos

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    No participou

  • PADRES DE COMPETNCIA

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    Aexistncia de padres de competn-cia considerada uma condio bsica para orientar e definir a seleo dos diretores escolares. A maioria das Secretarias de Educao que responderam pesquisa 19 das 24 estaduais e sete das 11 capitais afirma ter esses padres. Po-rm, ao analisar a lista fornecida por elas, os pesquisadores perceberam se tratar de pr-requisitos, como tempo de servio, qualificao profissional e experincia docente que no garantem o domnio das habilidades exigidas para o cargo.

    Helosa Lck, coordenadora do estudo, explica a diferena: Os requisitos tm a ver com o currculo do educador, coisas que ele tenha feito e experincias vividas. J as competncias esto relacionadas ao que ele vai ser capaz de realizar como responsvel pela escola. Ter foco no pe-daggico, saber trabalhar em equipe, comunicar-se com eficincia, identificar a necessidade de transformaes e esti-mular a promoo da aprendizagem dos profissionais que trabalham com ele so exemplos de competncias que podem nortear a escolha do diretor.

    Contudo, devido s diferentes formas de acesso ao cargo existentes no Brasil, nem sempre levando em considerao essas competncias, o melhor que as Secre-tarias de Educao tm a fazer oferecer aos diretores escolares a oportunidade de adquiri-las durante o exerccio da funo. como tirar a carteira de habilitao para dirigir, mas no saber fazer todas as manobras necessrias para estacionar o

    critrios para uma formao eficaz

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    Conhea os principais aspectos que podem ser levados em considerao na hora de selecionar e orientar os gestores

    VERNICA FRAIDENRAICh

    carro. O fato de ter a carteira no significa que a pessoa tenha, pelo menos no incio, capacidade para conduzir um veculo, compara Gomersinda Adam Morgade, assessora do Ncleo de Soluo de Gesto de Pessoas, da Fundao Lus Eduardo Magalhes (Flem), em Salvador.

    Por isso, o acompanhamento do tra-balho dos gestores essencial para que as redes de ensino saibam quais so e onde esto as maiores dificuldades da gesto e, assim, utilizar esses dados no delineamen-to de programas de formao (leia a re-portagem da pgina 10). Ao mesmo tem-po, a diversidade de conhecimentos exis-tente num grupo permite que cada um aprenda com as experincias e competn-cias dos outros, afirma Marialice de Car-valho Senna, tambm da Flem.

    No Brasil, algumas Secretarias de Edu-cao j comeam a definir critrios como o caso do Acre, da Bahia, de So Paulo, do Tocantins e das cidades de Cam-po Grande e Salvador. Especialistas so a favor de que cada sistema tenha os pr-prios padres, que podem, inclusive, cons-tar como exigncia, juntamente com os pr-requisitos, nos processos de seleo.

    Com base nos dados da pesquisa con-duzida pela FVC e em entrevistas com especialistas, selecionamos as cinco com-petncias bsicas para uma gesto eficaz, que voc ler a seguir. Saiba tambm co-mo as Secretarias de Educao podem acompanhar o trabalho dos diretores pa-ra melhor planejar a formao continu-ada e a superviso do ensino.

    COMPETNCIAS DE RESULTADOAbrangem processos e prticas de gesto voltados para assegurar

    a melhoria dos resultados de desempenho da escola, tais como: n Definir junto com todos os segmentos que atuam na escola os padres de desempenho de qualidade e cuidar para que sejam atingidos. n Analisar comparativamente os indicadores dos ltimos anos, identificando os avanos e os pontos em que necessria maior concentrao de esforos.n Promover e orientar a aplicao sistemtica de mecanismos de acompanhamento da aprendizagemde modo a identificar as reas que exigem ateno.n Comparar os indicadores de rendimento da escola com as referncias no mbito nacional (como o ndice de Desenvolvimento da Educao Bsica e a Prova Brasil), estadual e local e prever avanos. n Promover na escola o compromisso de prestao de contas aos pais e comunidade sobre os resultados de aprendizagem.

    COMPETNCIAS DE PLANEJAMENTOSo as habilidades necessrias para elaborar

    um diagnstico da situao real da escola e planejar aes que possibilitem o alcance dos resultados:n Conhecer o contexto social e cultural do pas, do estado, do municpio e da comunidade.n Ajudar na compreenso da importncia das avaliaes externas. n Definir metas, estratgias e aes, mediante a articulao de todos os recursos disponveis. n Elaborar planos de ao orientados para atingir os resultados educacionais pretendidos. n Analisar os resultados da escola considerando as diferentes variveis para implementar os planos de ao. n Utilizar os resultados das avaliaes

    15 2

    O que a Secretaria de Educao pode fazern Divulgar os ndices de desempenho da escola.n Ajudar a equipe gestora na anlise dos dados.n Orientar na elaborao de uma agenda de trabalho para a escola com foco na melhoria dos resultados e no uso dos indicadores.

    O que a Secretaria de Educao pode fazern Ampliar os conhecimentos dos gestores sobre as polticas pblicas.n Ajudar na compreenso da importncia da ficha de matrcula como um instrumento para conhecer a comunidade.n Promover discusses sobre o contexto social e cultural no entorno.n Orientar na definio de prioridades e no estabelecimento de metas a curto, mdio e longo prazos.

    externas para repensar as condies de ensino previstas no projeto poltico-pedaggico (PPP).

    FOntES cOnSultadaS: Helosa Lck, do Centro de Desenvolvimento Humano Aplicado (Cedhap) em Curitiba, PR, Maura Barbosa, consultora da revista NOVA ESCOLA GESTO ESCOLAR, SP, Gisela Wajskop e Maria Cristina Nogueira Bareli, do Instituto Singularidades, em So Paulo, SP, e Rosa Hashimoto, consultora em Educao, em Salvador, BA.

    Pr-requisitos para ser diretorAs exigncias das redes estaduais de ensino para os candidatos ao cargo*

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    curso de licenciatura

    Experinciadocente

    curso de Pedagogia

    administraoEscolar ou

    curso de Gesto

    Membro efetivo do

    servio pblico*Do total de 24 respostas.

  • 8COMPETNCIAS DE LIDERANAEnvolvem capacidades de liderar as equipes

    para o trabalho conjunto e estimular o desenvolvimento profissional e a responsabilidade de todos pelos resultados da escola. Para alcanar esses objetivos, preciso saber: n Comunicar-se eficazmente com a comunidade interna e externa.n Planejar aes e envolver as pessoas na sua realizao. n Negociar, promover mediaes e resolver conflitos. n Manter as expectativas elevadas e ter uma orientao proativa. n Promover o desenvolvimento de lideranas em seus grupos. n Estabelecer redes de relacionamento e intercmbio profissional e institucional.n Lidar com a diversidade de professores, funcionrios, alunos, pais e comunidade.n Conviver com as resistncias a mudanas.

    QUER SABER MAIS?ContatosGomersinda Adam Morgade, [email protected] de Carvalho Senna, [email protected] www.abr.io/livro-dimensoesdagestao/, o livro Dimenses da Gesto Escolar e Suas Competncias, de Helosa Lck

    PADRES DE COMPETNCIA

    O que a Secretaria de Educao pode fazern Abrir espao para que os diretores possam expor suas aes e seus desafios.n Aprofundar os conhecimentos do diretor sobre a gesto escolar para compreender a importncia de garantir as condies de ensino e de como o aluno aprende.n Estabelecer objetivos com relao s reunies de pais para compartilhar os projetos da escola.n Ajudar a definir as prioridades e o estabelecimento de metas a curto, mdio e longo prazos.

    COMPETNCIAS PEDAGGICASSo as habilidades para acompanhar os processos

    de ensino e aprendizagem a fim de estabelecer metas e estratgias e implementar propostas educacionais que assegurem o sucesso escolar dos alunos: n Assegurar o espao de formao no contexto de trabalho.n Promover a elaborao e a atualizao do PPP.n Estimular e orientar a promoo da aprendizagem profissional do grupo, pela ref lexo, com base em sua atuao. n Observar objetivamente o desempenho, dar feedback e identificar a necessidade de melhorias educacionais. n Estar atento a tudo que diz respeito s condies dos processos de ensino e de aprendizagem dos alunos.n Identificar as limitaes e as dificuldades de seus profissionais e buscar ajuda para que possam atuar de forma eficaz.

    COMPETNCIAS ADMINISTRATIVASAsseguram a realizao de uma administrao eficiente,

    desde a aplicao de recursos financeiros at o funcionamento adequado das instalaes, de modo a tornar o ambiente de aprendizagem seguro e eficaz. So necessrios conhecimentos para:n Manejar e controlar o oramento, os recursos financeiros, os materiais e o patrimnio escolar.n Analisar, interpretar e descrever os dados educacionais que favoream a tomada de decises. n Usar tecnologias na melhoria de processos de gesto. n Integrar polticas educacionais nacionais, estaduais e locais nos planos educacionais da escola.n Realizar reunies regulares com a equipe para analisar o andamento do trabalho da unidade escolar.

    4 53

    O que a Secretaria de Educao pode fazern Ampliar o conhecimento dos diretores sobre legislao, uso de recursos e prestao de contas. n Acompanhar a implementao de polticas pblicas. n Apoiar e incrementar o desenvolvimento do PPP. n Contribuir com a formao das equipes gestoras.

    O que a Secretaria de Educao pode fazern Oferecer formao em gesto de equipe.n Criar momentos de troca de experincias entre os gestores com foco no relacionamento pessoal dentro da escola.n Disponibilizar condies para a aproximao da escola e da comunidade com apoio para a realizao de eventos.n Orientar o desenvolvimento de viso estratgica e de conjunto no encaminhamento das problemticas escolares.

  • formao

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    orientaes sobre como analisar as vari-veis que impactam no resultado de um indicador de desempenho, as melhores maneiras de planejar estratgias para cor-rigir as deficincias apontadas e formas diferenciadas de a escola se aproximar da comunidade. O essencial, contudo,

    Investimentos existem. Nada menos do que 23 das 24 secretarias estaduais de Educao que responderam pesquisa da Fundao Victor Civita (FVC) declararam ter oferecido programas de formao para os diretores escolares nos ltimos cinco anos. Eles so ministrados das mais diver-sas formas: com profissionais internos da Secretaria de Educao ou instituies contratadas especificamente para essa finalidade (veja infogrfico da pgina ao la-do). Em mdia, o Brasil gasta anualmente cerca de 1.810 reais por gestor em cursos, oficinas, seminrios, palestras e iniciativas semelhantes para que eles aprimorem seus conhecimentos e trabalhem com mais segurana (veja grfico abaixo). O problema, no entanto, no a ausncia de oferta, mas o tipo de formao colocada disposio dos gestores.

    Contedo no atende s demandas do dia a dia

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    Embora as secretarias invistam em formao, os programas oferecidos no ajudam os diretores a enfrentar os desafios cotidianos do cargo

    DaGmar SErPa

    O estudo mostra que os contedos tra-tados nos encontros oferecidos ou so muito tericos e pouco teis para ajudar a enfrentar as demandas do dia a dia, ou excessivamente tcnicos, no contextu-alizando os problemas de gesto. Falta espao para a promoo de debates e para a troca de experincias e ref lexes sobre a prtica da gesto (leia o quadro na pgina 12).

    Para dar maior segurana ao diretor, alguns estados oferecem uma capacitao inicial que o ajude a ter uma viso geral do conjunto da escola, do seu papel de lder e dos novos desafios que ir assumir. No Amazonas, onde a seleo feita por indicao, os candidatos precisam ter uma ps-graduao ou participar do Programa de Capacitao a Distncia para Gestores Escolares (Progesto), oferecido pela Se-cretaria de Educao, em parceria com o Conselho Nacional de Secretrios de Educao (Consed). O curso dura cerca de 300 horas e feito predominantemente a distncia. J no Mato Grosso do Sul, onde os diretores so escolhidos por eleio, os interessados fazem uma capacitao prvia de 40 horas e passam por prova de conhecimentos. S pode pleitear o cargo quem tiver pelo menos 50% de apro-veitamento, explica Vera Lcia Campos Ferreira, da Superintendncia de Polticas para Educao da Secretaria Estadual de Educao do Mato Grosso do Sul.

    Contudo, cursos com carga horria to reduzida no so suficientes para uma boa formao. O diretor tem de saber gerir tudo, de gente, merenda e dinheiro

    Capacitaes para diretoresDas 23 secretarias que declararam oferecer programas de formao:

    18 usam profissionais internos

    14 recorrem a instituies pblicas de ensino superior

    4 convocam instituies

    particulares de ensino superior

    9 utilizam profissionais externos

    parte pedaggica. Ele necessitaria de formao regular no contexto de trabalho de pelo menos um ano, afirma Tereza Perez, diretora executiva da Comunidade Educativa Cedac. uma funo comple-xa, que lida com muita gente e envolve aes diversas. Logo, requer uma boa pre-

    parao, acrescenta Tereza. Nesse sentido, mais importante do que a capacitao inicial a formao em servio, que deve ser oferecida pelas secretarias de Educao de forma frequente e focada nas mais variadas temticas que envolvem a gesto. Ele pode abranger, entre outros assuntos,

    Quanto se investe em formaoMdia nacional e por regio de quanto se gasta por ano em capacitao por diretor

    Por regio

    Sul

    1.810 reais

    1.776 reais

    2.812 reais

    576 reais

    1.456 reais

    2.429 reais

    Sudeste

    Centro-Oeste

    Nordeste

    Norte

    Mdia nacional

  • formao

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    poder compartilhar experincias para conhecer como outros gestores solucio-naram problemas semelhantes. At mes-mo reunies para discutir orientaes tcnicas como a divulgao de normas e procedimentos e o estudo de uma nova legislao, que tendem a ser vistos como pouco relevantes e meramente burocr-ticas tm sua importncia. Qualquer encontro das secretarias com os gestores pode se tornar um momento de formao. O importante que os contedos sejam trabalhados com foco na promoo da qualidade da Educao, afirma a peda-goga Roberta Panico, coordenadora da Comunidade Educativa Cedac e consul-tura pedaggica da revista NOVA ESCO-LA GESTO ESCOLAR.

    Boas ideiasConhea algumas sugestes para tornar os encontros com os diretores mais produtivos e eficazes.n Promover a troca de exPerincias Fica mais fcil resolver qualquer problema da escola quando se sabe como outros diretores enfrentaram e superaram situaes semelhantes. Agrega muito compartilhar informaes e experincias com os colegas, afirma Nonato Assis de Miranda, diretor desde 2003 da EE Raul Cortez, em So Paulo. n refletir sobre a funo A formao deve ajudar o diretor a se perceber enquanto agente de transformao da escola. O mais importante incentiv-los a refletir sobre o seu papel, defende Darci Dias de Oliveira, do Departamento de Gesto Escolar da Secretaria de Estado de Educao do Amazonas. n focar a melhoria do ensino Qualquer ao do diretor mesmo as voltadas para a resoluo dos problemas mais simples deve ter como objetivo maior melhorar o aprendizado dos alunos. At quando resolve a questo do abastecimento irregular de papel higinico no banheiro, o gestor deve ter em mente que o espao bem organizado e em condies de uso reflete o respeito que a escola tem com os alunos, fazendo-os se sentir acolhidos em um ambiente que favorece o aprendizado, observa Tereza Perez, do Cedac. n incorPorar contedos Pragmticos Embora os cursos sirvam para dar embasamento terico a qualquer ao, possvel torn-los mais proveitosos ao incluir no currculo discusses sobre algumas ferramentas, como estatstica para a avaliao de resultados e at tcnicas de comunicao pessoal e institucional. Sempre com base em problemas reais e mostrando ao gestor o alcance da ao para os processos de ensino e aprendizagem. O diretor tem de saber articular as diversas posies dentro da escola, observa Ilona Becskehzy, diretora executiva da Fundao Lemann.

    Ter uma estrutura de formao conti-nuada ajuda a estabelecer uma relao de parceria entre os gestores e a secreta-ria. Consequentemente, os diretores se sentiro amparados e com respaldo para as tomadas de decises e a rede tende a crescer como um todo.

    QUER SABER MAIS?ContatosDarci Dias de Oliveira,[email protected] Ilona Becskehzy, [email protected] Nonato Assis de Miranda, [email protected] Roberta Panico, [email protected] Tereza Perez, [email protected] Vera Lcia Campos Ferreira, [email protected]

    Campees de carga horriaOs estados que oferecem mais de 360 horas por ano de formao para seus diretores*

    SP

    552 h

    /ano

    526 h

    /ano

    400 h

    /ano

    385 h

    /ano

    360 h

    /ano

    PR MA e RO

    TO CE e PA

    * Tempo equivalente durao de uma especializao.

  • AtrAtividAde

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    Poucos querem se sentar na cadeira do gestor

    Desejo De fazer maisFui eleita pela primeira vez em 1995. Era professora de Matemtica e Fsica desde 1984 e o diretor da poca sugeriu que eu me candidatasse. Ganhei duas

    eleies seguidas e, aps ser adjunta por um mandato, voltei direo. Gosto do cargo porque nele possvel fazer mais pela Educao. Meu trabalho abrange no s os alunos mas tambm os professores e a comunidade. Isso motivador, mesmo que a funo exija dedicao integral. Conto com o apoio da Secretaria sempre. Se surge dvida, consulto. Agora, com 61 anos, vou me aposentar. Soube que h pelo menos trs interessados em me substituir.

    PAlmirA Alves AlencAr clAudino, diretora da EE Maria Constana Barros Machado, em Campo Grande, MS

    Porta-voz Da escolaEm 2000, comecei a dar aula de Arte aqui e j no ano seguinte me candidatei direo. Minha chapa foi a quinta a se inscrever no pleito, que foi bem

    disputado. Nossa escola era tida como problemtica. Havia histrico de violncia, no tinha projeto poltico-pedaggico, as cadeiras estavam quebradas e os computadores envelheciam no almoxarifado. O que me moveu foi o desafio de dar voz s necessidades da comunidade. Gosto de reivindicar e atingir objetivos. Hoje somos referncia e ganhamos at um prmio de gesto. Nossas decises so compartilhadas com a coletividade.

    luciA mAriA oliveirA de melo, diretora da EE Serafim da Silva Salgado, em Rio Branco, AC

    vocao Para lDerAdoro interagir com as pessoas e tenho perfil de liderana, que julgo ser essencial para exercer essa funo. Sou diretora desta escola desde 2003

    primeiro fui nomeada, depois eleita e j tinha experincia como vice em outras unidades. No comeo, a infraestrutura era precria. Ento, fui buscar apoio na Secretaria. Ousada eu sou. Acho que o diretor tem de ir luta e fazer a diferena. Fico satisfeita em ver crianas felizes com o conforto das salas de aula climatizadas. Estou colhendo o que plantei. Hoje h grande procura por vagas. Alm de boa infra, temos qualidade de ensino.

    JorginA BArros, diretora da EE General Gurjo, em Belm, PA

    mais interesseacenar com melhores salrios um dos fatores para chamar a ateno para o cargo, mas no o nico. outras medidas podem surtir efeito: n oferecer formAo Um programa de formao em servio em que a discusso dos problemas reais da escola a tnica dos encontros d segurana e respaldo s decises do gestor. Poucas redes oferecem acompanhamento, por isso quem se arrisca na funo descobre somente na prtica como deve agir, diz Wanda engel, doutora em educao e superintendente-executiva do instituto Unibanco. n dAr AutonomiA criar mecanismos para ampliar o poder do cargo, acompanhados de outros para avaliar o desempenho da escola e cobrar resultados, d liberdade de deciso e coloca mais responsabilidade no exerccio da funo. No mbito financeiro, j existe alguma autonomia, mas em outras reas os avanos so tmidos. Uma das reclamaes dos gestores no poder afastar funcionrios incompetentes, observa Gisela Wajskop. se por um lado no h como demitir o pessoal concursado desmotivado, por outro existem formas de oferecer capacitao ao gestor para que ele faa a formao da equipe e envolva todos no projeto da escola. n definir AtriBuies Um profissional s eficiente e criativo quando sabe o que precisa fazer. renato casagrande, pr-reitor de graduao da Universidade Positivo, em curitiba, sugere a criao de um manual de atribuies a fimde deixar claros os deveres e as responsabilidades do diretor.n APostAr nA meritocrAciA ter uma poltica que coloca lado a lado metas de aprendizagem paraas escolas e recompensas para as unidades e os profissionais que nela trabalham um fator de motivao para quem apresenta bons resultados. essa uma medida que pode atrair mais candidatos e tambm levar a uma maior agilidade na execuo de aes eficazes, diz Wanda engel.

    Quem quer ser diretor de escola? Em certos estados brasileiros, a resposta a essa pergunta desanimadora: a mdia registrada de um ou dois candidatos por pleito (veja grfico abaixo). Indo mais a fundo nos dados da pesquisa da Fundao Victor Civita, nota-se que em muitas uni-dades no h ningum na disputa, como ocorreu em 22% das escolas baianas e em 14% das piauienses nas ltimas eleies. Mesmo no Distrito Federal, onde a mdia de trs candidatos por votao, 10% das escolas tambm tiveram procura zero.

    A concluso do estudo no poderia ser outra: o cargo no atrativo. A causa est no elevado nus, com uma recompensa considerada inadequada. Os diretores reclamam que a gratificao financeira pequena diante da dedicao que o tra-balho exige e do nvel de estresse que pro-voca. Quem est na funo cobrado pela soluo de diversos problemas e nem

    excesso deresponsabilidade e baixa remunerao so alguns dos fatores que afugentam potenciais candidatos ao cargo de gestor

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    sempre tem formao e autonomia para super-los. Nas redes que promovem a eleio para diretor, a chance de enfrentar um processo eleitoral desgastante outro fator que afugenta os candidatos.

    Por outro lado, a pesquisa detectou que em trs das 16 unidades federativas que promovem eleies para diretor h uma mdia boa de quatro candidatos por vaga. So elas: Acre, Mato Grosso do Sul e Par. Os motivos nem sempre so ligados estrutura para exercer a funo (leia depoi-mentos ao lado). Um o prestgio do cargo: O trabalho bem feito reconhecido pela comunidade, analisa Maria Luiza Farias Carvalho, coordenadora da Secretaria de Estado de Educao do Par.

    Especialistas defendem que as Secreta-rias podem tornar o cargo mais atraente (leia o quadro na pgina ao lado). Dar au-tonomia e associ-la a metas claras e aos resultados essencial, diz a doutora em Educao Gisela Wajskop, diretora do Instituto Singularidades, em So Paulo. Foi no que investiu o Acre. O ex-diretor de gesto da Secretaria de Estado de Educao Jean Mauro de Abreu Morais conta que a lei estadual 1.513, de 2003, contribuiu para o aumento da procura. O gestor escolhe os coordenadores de ensino e o administrativo de sua equipe.

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    QUer saBer mais?ContatosGisela Wajskop, [email protected] Jean Mauro de Abreu Morais, [email protected] Luiza Farias Carvalho, [email protected] Renato Casagrande, [email protected] Wanda Engel, [email protected]

    mdia de candidatos a diretor por pleitoem dez das 16 unidades federativas que adotam a prtica da eleio

    Piau e Bahia 1 candidato

    2 candidatos

    3 candidatos

    4 candidatos

    Mato Grosso, Pernambuco e Rio Grande do Norte

    Cear e Distrito Federal

    Acre, Par e Mato Grosso do Sul

  • Seleo pelo mundo

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    No ranking geral de 2009 do Pisa sigla em ingls para Programa In-ternacional de Avaliao de Alunos , a Finlndia, a Frana e o Reino Unido apa-recem na primeira metade da lista. Res-pectivamente, na terceira, na 22 e na 25 posio. O Brasil ficou em 53 lugar, en-tre os 65 pases que participaram do exa-me. Isso faz pensar no que fazer para aprimorar o ensino nas escolas pblicas brasileiras (que concentram 85,4% das matrculas na Educao Bsica no pas) para mudar esse quadro. Alguns especia-listas defendem que pr frente delas bons gestores um bom comeo. O des-preparo de um diretor afeta diretamente a docncia e a aprendizagem de crianas e jovens. difcil melhorar a qualidade do ensino sem a atuao de um lder pedaggico, diz Elvira Souza Lima, pes-quisadora em desenvolvimento humano e consultora em Educao.

    Por aqui, o diretor predominante-mente escolhido por eleio ou por in-dicao (como mostrado no texto da pgina 2). So dois sistemas de seleo que va-lorizam mais o critrio poltico e menos o profissional, opina Marta Luz Sisson de Castro, da Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul (PUC-RS).

    Mais profissional, menos polticoSaiba como os diretores escolares so escolhidos em outros pases especialmente os que tm bom desempenho escolar em avaliaes internacionais

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    CanadAs provncias tm autonomia para criar regras prprias de seleo. Em Ontrio, a mais populosa de todas, a lista de pr-requisitos inclui ter especializao ou mestrado e um curso de capacitao no Principals Qualification Program. Em geral, a seleo mescla entrevista e provas.

    FinlndiaO candidato precisa comprovar experincia como professor, ter especializao em gesto e passar por anlise de currculo e entrevista. Ao assumir, tem orientao permanente do rgo pblico de Educao local, que oferece formao em servio. Pode ficar no cargo at se aposentar.

    inglaterraO pretendente, que precisa cursar um programa de formao de cerca de um ano, passa por entrevista e provas oral e escrita. Os testes variam de acordo com o perfil de gestor que se procura para cada instituio. O candidato pode ter de analisar um projeto institucional ou participar de debate com os concorrentes.

    espanhaOs aspirantes devem ter experincia como professor por cinco anos e apresentar um projeto de gesto para a escola. Quem escolhido passa por formao inicial e s depois nomeado. O mandato de quatro anos e pode ser renovado.

    FranaO nvel equivalente ao nosso Fundamental I escolhe o diretor por entrevista realizada por um comit e precisa ter dois anos de experincia de ensino. J para as escolas de outros segmentos, os candidatos passam por um concurso de duas etapas, com apresentao diante de uma banca e entrevista.

    estados Unidos Cada estado define suas normas, mas a maior parte do pas exige algum tipo de certificao. A permanncia no cargo depende de desempenho e a avaliao dos diretores feita por conselhos de Educao locais, chamados de School Boards.

    Chile Uma comisso qualificadora se forma para definir e anunciar o perfil do profissional desejado para a escola. Os candidatos tm de fazer concurso pblico e apresentar uma proposta de trabalho para a escola. O mandato de cinco anos.

    aUstrlia O departamento de Educao de cada estado ou territrio responsvel pela seleo de seus diretores. Mas o conselho da escola que comanda o processo. O escolhido assina um contrato de trabalho em que so definidas metas para a escola pelas quais ele ser cobrado.

    portUgalOs candidatos devem ter cursado Administrao Escolar e apresentar um plano de ao para determinada escola, pelo qual um deles escolhido, por voto secreto, pela assembleia eleitoral, que rene representantes de toda a comunidade escolar. O mandato de trs anos.

    Coreia do sUlDepois de fazer um curso, o pretendente deve atuar como vice-diretor antes de assumir uma escola. O diretor tem metas objetivas a cumprir e presta contas ao poder pblico. Pode ficar no cargo quatro anos, com direito a um segundo mandato na escola.

    Helosa Lck, coordenadora da pesquisa encomendada pela FVC, acredita que a tendncia mundial aponta para a profis-sionalizao: O que se percebe ao estu-dar o acesso ao cargo em outros pases que as exigncias tcnicas e a formao esto cada vez mais presentes nos pro-cessos de escolha dos gestores. Para ga-rantir que os mais bem qualificados cheguem l, a Finlndia, por exemplo, permite a candidatura apenas de quem tem especializao em gesto escolar. Na Inglaterra, exige-se uma formao espe-cfica chamada National Professional Qualification Headship. Na Frana, quem escolhido para dirigir uma escola de nvel equivalente ao Fundamental II e ao Ensino Mdio faz uma espcie de imerso: antes de assumir definitivamen-te o cargo, deve ser diretor assistente por dois anos e passar por cursos que alter-nam estgio prtico e teoria fora da es-cola. Leia sobre a seleo em outros pa-ses no infogrfico ao lado.

    Fontes Adrian Ingham (consultor de escolas em Londres), Centro de Informao e Pesquisa do Consulado Geral dos Estados Unidos, Consulado Geral da Repblica da Coreia, Consulado Geral do Chile, Elvira Souza Lima (consultora em Educao), Embaixadas do Canad, da Finlndia e da Frana, Eurydice (rede de informao e anlise sobre a Educao europeia), Helosa Lck (do Centro de Desenvolvimento Humano Aplicado), Marta Luz Sisson de Castro (da Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul), Ministrio de Educao do Chile e Ray Tarleton (diretor regional no National College, instituto formador de gestores na Inglaterra).

  • EntrEvista: hElosa lck

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    Tempo x qualidade

    Helosa Lck, coordenadora da pes-quisa Prticas de Seleo e Capacita-o de Diretores Escolares, afirma que o pouco tempo na funo prejudica a ges-to e ressalta que o essencial o diretor ter o apoio da Secretaria de Educao para atingir os objetivos educacionais.

    Qual a relao entre o tempo no car-go e a qualidade da gesto?HELOSA LCK O problema de ter um mandato curto que quem est no cargo no planeja mudanas profundas, pois sabe que no conseguir concretiz-las, e os professores e funcionrios no se esfor-am para viabilizar as aes propostas, com a certeza de que logo haver outro gestor, com novas ideias e sugestes. A expectativa de permanncia na funo, portanto, d mais credibilidade ao diretor para promover as mudanas necessrias.

    Existe um tempo mnimo para que um diretor realize uma boa gesto?

    HELOSA No. Quando ele competen-te, sabe mobilizar a comunidade em tor-no da promoo dos objetivos educacio-nais e tem interesse em fazer mudanas contnuas. Por isso, no deve haver limi-te para sua permanncia na escola. O diretor deve ficar enquanto estiver con-tribuindo para a melhoria do ensino.

    H como criar avaliaes peridicas para a gesto escolar?HELOSA Os sistemas de ensino podem promover avaliaes de forma processual e associadas a prticas de superviso do trabalho dos diretores e de formao con-tnua para eles. S assim possvel iden-tificar quando algum, apesar do apoio e da orientao, no demonstra condies de melhoria ou no consegue desenvolver as competncias bsicas para a funo.

    Como evitar que algum que est no cargo h muito tempo no se acomo-de nem se sinta dono da escola?

    Fundador: Victor ciVita(1907-1990)

    Presidente: roberto civitaDiretora Executiva: angela Dannemann

    Conselheiros: roberto civita, Giancarlo Francesco civita, Victor civita, roberta anamaria civita,

    Maria antonia Magalhes civita, claudio de Moura castro, Jorge Gerdau Johannpeter, Jos augusto Pinto Moreira,

    Manoel amorim e Marcos Magalhes

    Diretor de Redao: Gabriel Pillar GrossiCoordenadora Pedaggica: regina Scarpa

    Editora: Paola GentileEditora assistente: Vernica Fraidenraich

    Editora de arte: renata BorgesGerente de Projetos: Mauro Morellato

    Analista de Planejamento e Controle Operacional: Ktia Gimenes

    A edio especial PRTICAS DE SElEO E CAPACITAODE DIRETORES uma publicao da rea de Estudos e Pesquisas da Fundao Victor Civita, ([email protected]).

    EDIO ESPECIAL PRTICAS DE SElEO E CAPACITAO DE DIRETORES

    IlusTrao da capa: Bruno algarve

    HELOSA Quando isso acontece, porque h o distanciamento entre as escolas e a Secretaria de Educao. Se h orientao e apoio aos diretores, com base em uma concepo de gesto clara e em critrios de desempenho definidos, no existe o risco de que eles se acomodem ou confun-dam o espao pblico da escola com uma propriedade particular.

    O exerccio da funo de diretor deve ser associado a uma carreira?HELOSA Creio ser possvel combinar a perspectiva da carreira como uma posio funcional sujeita a nveis hierrquicos e promoes com base em mrito e tem-po quela que considera o cargo como um conjunto de competncias desenvol-vidas ao longo da vida profissional pelo gestor. O ideal que ele comece em fun-es de vice ou supervisor pedaggico e, medida que ganhe experincia, assuma posies de maior responsabilidade, como a gesto de escolas de grande porte.

    para a educadora paranaense, o diretor deve ficar no cargo enquanto contribuir para a melhoria do ensino

    vErnica FraiDEnraich Mar

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    Apoiadores

    Processos Grficos: Vitor NogueiraColaboraram nesta edio: Dagmar Serpa (reportagem)

    e Paulo Kaiser (reviso)

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