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EQUILÍBRIO ENTRE CONHECIMENTO, BOM SENSO e OBJETIVIDADE A chave para direcionar a tomada de decisões na produção de suínos! GLAUBER MACHADO VII Congresso Internacional de Suinocultura Pork Expo 2014 28/10/14

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EQUILÍBRIO ENTRE CONHECIMENTO,

BOM SENSO e OBJETIVIDADE

A chave para direcionar a tomada de decisões na produção de suínos!

GLAUBER MACHADOVII Congresso Internacional de Suinocultura

Pork Expo 201428/10/14

Lição de Equilíbrio entre Bom Senso, Conhecimento e Objetividade

Prof. José Maria Lamas da Silva

• O Comum é comuníssimo. O raro é raríssimo!• Pior do que não saber é fingir que sabe!• Você é tão bom quanto as decisões que toma!• Ninguém pode percorrer esse caminho por você.

Você tem que percorrer por si mesmo.

Janeiro de 1988

Aos novos profissionais!

Os novosprofissionais

• Acesso exponencial a informação, mas nãonecessariamente ao conhecimento.

– Vulnerável à perda de foco e concentração;

– Maior ansiedade;

– Risco de superficialização do conhecimento(amplitude contrastando com embasamento);

– Necessidade de concentrar no básico: fundamentos e raciocínio lógico;

– Estimular bom senso e conhecimento.

Saber é um processo, e não um produto.

O que mudou e o que não mudou ?

EQUILÍBRIO ENTRE CONHECIMENTO,

BOM SENSO e OBJETIVIDADE

A chave para direcionar a tomada de decisões na produção de suínos!

O Profissional especialista em suínos deve estar capacitado

no conhecimento técnico, na arte de lidar com pessoas, na

política de combinar sua ética profissional com a

compensação financeira pelo seu trabalho e na rápida

adaptabilidade ao constante ambiente de mudanças a que

está sujeito.

B. Straw(1997)

A complexidade da nossa profissão

"Dificilmente encontramos pessoas de bom senso, a não ser aqueles que concordam conosco”

La Rochefoucauld

Bom Senso: matéria-prima das melhores decisões

Senso Comum

Bom Senso

Senso Crítico

Postura passiva, adaptação ao meio.Ausência de reflexão e questionamentoImpregnado por crenças e paradigmas

O Bom Senso está situado no meio do caminho entre o senso comum e o

senso crítico, que é a base de todo o conhecimento acadêmico e científico.

Reflexão intensaQuebra de paradigmasAvanço do conhecimento

Bom Senso: aplicando ao nossocontexto da produção de suínos!

• Capacidade de distinguir juízos verdadeiros dos falsos;

• Posição reflexiva frente a problemas.

• Capacidade para propor questionamentos lógicos.

• Princípio de autoconsciência.

• Sinônimo de prudência e sensatez.

• Método cartesiano de uso da razão:– 1) Duvidar com fundamento, aceitando sem questionamentos

somente aquilo que for realmente evidente;

– 2) Dividir os problemas em partes para melhor analisá-los;

– 3) Começar pelo mais simples para alcançar o mais complexo;

– 4) Sempre revisar com cuidado as conclusões obtidas.

1. Redução de mão-de-obra de forma irresponsável e abrupta;– Eliminação de rotinas essenciais de limpeza;

– Eliminação (sem avaliação econômica) de manejos essenciais emleitões recém-nascidos;

– Toque em 100% das porcas;

2. Subserviência a conceitos desenvolvidos e (nem sempre) aplicados em outros países;

3. Foco excessivo em índices em detrimento de outros, sem a devida avaliação de impacto técnico-econômico;

4. Estagnação na interação entre ambiência x genética x nutrição;

5. Improvisação na definição de projetos e equipamentos;

Bom Senso: exemplos práticos (da falta)!

1. Redução de mão-de-obra de forma irresponsável e abrupta;– Eliminação de rotinas essenciais de limpeza;

– Eliminação (sem avaliação econômica) de manejos essenciais emleitões recém-nascidos;

– Toque em 100% das porcas;

2. Subserviência a conceitos desenvolvidos e (nem sempre) aplicados em outros países;

3. Foco excessivo em índices em detrimento de outros, sem a devida avaliação de impacto técnico-econômico;

4. Estagnação na interação entre ambiência x genética x nutrição;

5. Improvisação na definição de projetos e equipamentos;

Bom Senso: exemplos práticos (da falta)!

• O Mais importante é maximizar o número de leitões desmamados/gaiola/ano, e não o númerode desmamados/fêmea/ano!

Bom Senso: exemplos práticos (da falta)!

52%

4%

10%

14%

10%

4%

0%

4%

1% 1% 0%

Alimentação

Veterinário, Medicamentos e Vacinas

Depreciação de instalações eequipamentosMão-de-obra

Custo com aquisição edesenvolvimento de leitoasEletricidade, água, gás e outros

Dejetos

Coberturas

Manutenção e reparos

Transporte para frigorífico e outros

Seguro

R$ 25,00/saco milho;R$ 1.080,00/ton far. soja

Salário: R$ 1.200,00 + 40%1 func/63 mtz

C.A. plantel: 2.61

Fonte: UPL Oeste PR (2013)

Peso venda: 22,5 kg

Preço/kg: R$ 5,08

Preço/leitão: R$ 114,40

Fonte: UPL Oeste PR (2013)

LEFA Custo F+V/leitão Receita/leitão Lucro/leitão Lucro/matriz/ano Lucro/100 mtz/ano

25 R$ 114,14 R$ 114,40 R$ 0,26 R$ 6,50 R$ 650,00

26 R$ 111,45 R$ 114,40 R$ 2,95 R$ 76,70 R$ 7.670,00

27 R$ 108,96 R$ 114,40 R$ 5,44 R$ 146,88 R$ 14.688,00

28 R$ 106,65 R$ 114,40 R$ 7,75 R$ 217,00 R$ 21.700,00

29 R$ 104,50 R$ 114,40 R$ 9,90 R$ 287,10 R$ 28.710,00

30 R$ 102,49 R$ 114,40 R$ 11,91 R$ 357,30 R$ 35.730,00

31 R$ 100,61 R$ 114,40 R$ 13,79 R$ 427,49 R$ 42.749,00

32 R$ 98,85 R$ 114,40 R$ 15,55 R$ 497,60 R$ 49.760,00

33 R$ 97,19 R$ 114,40 R$ 17,21 R$ 567,93 R$ 56.793,00

34 R$ 95,63 R$ 114,40 R$ 18,77 R$ 638,18 R$ 63.818,00

35 R$ 94,16 R$ 114,40 R$ 20,24 R$ 708,40 R$ 70.840,00

Fonte: Bierhals, T. (2014)

R$6,50

R$357,30

R$708,40

R$114,14

R$102,49

R$94,16

R$50,00

R$60,00

R$70,00

R$80,00

R$90,00

R$100,00

R$110,00

R$120,00

R$-

R$100,00

R$200,00

R$300,00

R$400,00

R$500,00

R$600,00

R$700,00

R$800,00

R$900,00

R$1.000,00

25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35

Custo/leitãoLucro/mtz/ano

LEFA

Lucro/matriz/ano Custo/leitão

- R$ 19,98

+ R$ 701,90

+ R$ 701.900,00

Fonte: Bierhals, T. (2014)

R$287,10

R$357,30

R$104,50 R$102,49

R$50,00

R$60,00

R$70,00

R$80,00

R$90,00

R$100,00

R$110,00

R$120,00

R$-

R$100,00

R$200,00

R$300,00

R$400,00

R$500,00

R$600,00

R$700,00

R$800,00

R$900,00

R$1.000,00

25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35

Custo/leitãoLucro/mtz/ano

LEFA

Lucro/matriz/ano Custo/leitão

- R$ 2,01

+ R$ 70,20

+ R$ 70.200,00

Fonte: Bierhals, T. (2014)

Idade ao desmame 21 dias 24 dias

Dur gest 116 116

IDC 5 5

Dur lac 21 24

Taxa Parto 100% 100%

Dur ciclo 142 145

PFA 2,57 2,52

Desm/parto 12 12

DFA 30,8 30,2 -0,6

Peso desm 6,2 7,0

kg desm/F/A 191 211 20,2

Consumo gest/dia 2,2 2,2

Consumo gest/F/A 656 642

Consumo/dia lact 6,5 6,5

Consumo lac/F/A 351 393

Consumo IDC/dia 3,8 3,8

Consumo IDC/F/A 49 48

Consumo fêmea/ano 1056 1083 27,2

C.A. Plantel 5,52 5,12 -0,4

Na lactação, a

C.A. é de 2,2 a 2,6

Na gestação, a C.A. é de 13,0 a 16,0

Lactação Gestação

C.A. Plantel

Fonte: Granja Guará – AG Agro

Idade ao desmame 21 dias 24 dias

Dur gest 116 116

IDC 5 5

Dur lac 21 24

Taxa Parto 100% 100%

Dur ciclo 142 145

PFA 2,57 2,52

Desm/parto 12 12,5

DFA 30,8 31,5 0,6

Peso desm 6,2 7,0

kg desm/F/A 191 220 29,0

Consumo gest/dia 2,2 2,2

Consumo gest/F/A 656 642

Consumo/dia lact 6,5 6,5

Consumo lac/F/A 351 393

Consumo IDC/dia 3,8 3,8

Consumo IDC/F/A 49 48

Consumo fêmea/ano 1056 1083 27,2

C.A. Plantel 5,52 4,92 -0,6

Custo de Instalação: R$ 4.440,00 por espaço de maternidadeJuros 6% a.a, depreciação em 20 anos

1000 matrizes 10% dur lac

20 gaiolas de maternidadeR$ 90.000,00

R$ 288.642,00 R$ 14.432,00/ano

R$ 1.203,00/mês

PotencialC.A. Plantel: 0,4 a 0,6DFA: 0,5 a 0,7Peso ao desmame: 0,4 a 0,6 kg

Fonte: Bierhals, T. (2014)

Custo de Instalação: R$ 4.440,00 por espaço de maternidade Juros 6% a.a, depreciação em 10 anos

1000 matrizes 10% dur lac

20 gaiolas de maternidadeR$ 90.000,00

R$ 161.176,00 R$ 16.117,60/ano

R$ 1.343,00/mês

PotencialC.A. Plantel: 0,4 a 0,6DFA: 0,5 a 0,7Peso ao desmame: 0,4 a 0,6 kg

Fonte: Bierhals, T. (2014)

Idade ao desmamePeso ao desmame GPD creche GPD recria

<21 (19 d)5,90

0,399 0,555

21-23 (22d)6,03

0,421 0,672

24-28 (25d)6,49

0,461 0,696

>28 (32d)7,38

0,476 0,711

Granja Miunça – 2014

Tabela Taxa de Parto (TP) em função da duração da lactação (DL) e ingestão alimentar

Ingestão Alimentar Diária Média</= 4,2 kg 4,2 – 5,7 kg >/= 5,7 kg

DL (d) n TP (%) n TP (%) n TP (%)8-10 59 78.6 +/- 5.3ab 48 83.7 +/-5.3ab 6 80.0 +/- 16.3

11-13 342 75.6 +/- 2.3ax 491 82.2 +/- 1.7ay 73 86.2 +/- 4.0y

14-16 985 84.9 +/- 1.1b 1548 83.7 +/- 0.9b 547 83.7 +/- 1.6

17-19 438 84.0 +/- 1.8b 1301 84.1 +/- 1.0b 703 82.2 +/- 1.420-22 209 87.4 +/- 2.3b 955 91.3 +/- 0.9c 681 86.9 +/- 1.3

>/=23 35 80.0 +/- 6.8ab 299 93.3 +/- 1.4c 242 89.7 +/- 2.0

a,b Letras diferentes em uma mesma coluna diferem estatisticamente (P< 0.05)

x,y Letras diferentes em uma mesma linha diferem estatisticamente (P< 0.05)

Koketsu et al. 1997

Idade ao desmame e foco no giro da maternidade: mudança de rumos também em outros países

Idade ao desmame e foco no giro da maternidade: mudança de rumos também em outros países

Fonte: Bergstrom et al. (2009)

• O Mais importante é maximizar o número de leitões desmamados/gaiola/ano, e não o númerode desmamados/fêmea/ano!

Bom Senso: exemplos práticos (da falta)!

EQUILÍBRIO ENTRE CONHECIMENTO,

BOM SENSO e OBJETIVIDADE

A chave para direcionar a tomada de decisões na produção de suínos!

A.S.A.S (2012) – Arizona, EUA

• Prof. Richard Zinn (Univ. Davis, CA)

• Conhecimento é a área de intersecção entre os domínios independentes da crença e da verdade. Uma busca interminável...

CRENÇA VERDADE

Conhecimento éponto crítico para o equilíbrio!

Auto-investimento na capacitação profissional é pré-requisito para a evolução em nosso segmento.

Jamais desprezar o valor da pesquisa científica!.

• Nada é mais prático do que uma boa teoria!

• Muito que fazemos hoje é fruto dos trabalhos de pesquisa

de alguns anos atrás

Investir nas parcerias com Universidades/Institutos:Reconhecer nossos limites e buscar apoio especializado:

ferramenta de evolução profissional e ética para com o produtor/empresa.

Experimentação x Dados x Conhecimento

• Vantagens e limitações de cada tipo de avaliação

comparativa:– Experimentos controlados em universidades e

instituições de pesquisa;

– Experimentos realizados em condições comerciais de produção;

– Análises retrospectivas de dados;

– Controle Estatístico de Processo (SPC);

– Testemunhos e depoimentos.

Condução correta de “testes” em granjas

Condução correta de “testes” em granjas• Pontos a serem considerados para aumentar a confiabilidade

das informações geradas em experimentos realizados emgranjas comerciais:– Aderir aos princípios da experimentação:

• Unidade Experimental• Coeficiente de Variação• Tamanho da amostra• Repetições• Randomização

– Protocolo simples e rígido– Checagem de consistência de dados– Delineamento adequado! (exemplos)– Eliminação de vícios e viés da equipe envolvida– Análise estatística adequada aos dados e ao delineamento

"O interesse que tenho em acreditar numa coisa não é a prova da existência dessa coisa.” Voltaire

Análise estatística é algo simples e corriqueiro, porém…

• No mundo real, a Estatística pode ser convertida naarte de torturar os números até que eles confessem!

• "Uma resposta aproximada da questão certa é maisvaliosa do que uma resposta certa de um problemaaproximado.” (John Tukey )

• "Algumas pessoas infelizmente usam a estatística comoum bêbado usa um poste: mais pelo apoio do que pelailuminação.”

Critérios em “testes”: tamanho da amostra!

Tab.2 - Média de CV (%) em experimentos

realizados em condiçoes de campo

Parâmetro C.V (%)

Tamanho de Leitegada 24%

Consumo Lactação (kG/dia) 18%

I.D.E (dias) 35%

GPD Creche (g/dia) 8%

Consumo Creche (g/dia) 7%

GPD Terminação 4%

Consumo Terminação 4%

Fonte: Integrall (2014)

Posicionamento e Objetividade• Cuidado com o limite tênue entre ISENÇÃO e OMISSÃO:

– Expectativa de posicionamento responsável– Transformação da realidade– Não deixe o que você não pode controlar interferir com o que

você efetivamente pode fazer

• Confiança é uma das características mais decisivas queinfluenciam o resultadde um trabalho ;

• Confiança excessiva x Arrogância• O “ultracrepidanismo”! (26 anos depois..)

– Quando preço de dizer “Não Sei” é mais alto do que o preço de estar errado (para o indivíduo);

– Quando os incentivos para fingir que sabe são fortes demais;– Quando realmente achamos que sabemos muito, perdemos a

capacidade de continuar aprendendo.

O princípio da Autoridade

• Seja por força da titulação• Seja por força da especialização• Seja por força de marca ou tradição• Seja por força da imposição cultural• Seja por força dos paradigmas

Precisa ser sustentável: Conhecimento & Bom Senso

• Tentação ao Ultracrepidanismo

Considerações Finais

• Aos novos colegas: – Preocupem-se menos com as oportunidades

disponíveis do que com a aquisição das habilidades e do conhecimento necessários para saber tirar proveito de tais oportunidades.

– Na vida profissional, o foco no processo (trabalho/aprendizado) garante muito mais consistência e evolução do que o foco no ego ou no resultado final. Mais do que se preocupar com o ponto de chegada, preocupe-se com a jornada, e aproveite-a ao máximo!

Obrigado!