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36 empreendedor | Agosto 2014 PANORAMA Ajuda profissional por Mariana Rosa [email protected] O Brasil é hoje um dos principais polos de atuação de empresas juniores (EJs) no mundo, e já supera o número de iniciativas do tipo na Europa, continente que foi ber- ço do MEJ (Movimento Empresa Júnior), fundado em 1967 em Paris, e conta com 240 empresas confederadas. Os pequenos e microempreendedores correspondem, res- pectivamente, a 10% e 68% do público que procura as empresas juniores no País, se- gundo levantamento da Brasil Júnior (Con- federação Brasileira de Empresas Juniores). Embora menos representativas, com fatia de 1% na demanda, as grandes empresas também têm buscado a opção. De acordo com o presidente da confederação, Ryoichi Penna, a procura se deve à oferta de serviços Empresas juniores são uma ótima opção de serviços de qualidade e baixo custo para MPEs, e ajudam na formação prática de empreendedores, gestores e profissionais das mais variadas áreas A Empresa Júnior PUC-Rio, que tem como maior demanda a construção de marca, desenvolveu a identidade visual da confeitaria Arte Conventual

Esag Jr na Revista Empreendedor

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Matéria na edição de agosto de 2014 da Revista Empreendedor sobre empresas juniores com informações da Esag Jr, empresa júnior de consultoria em Administração da Udesc Esag

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Ajuda profissional

por Mariana [email protected]

O Brasil é hoje um dos principais polos de atuação de empresas juniores (EJs) no mundo, e já supera o número de iniciativas do tipo na Europa, continente que foi ber-ço do MEJ (Movimento Empresa Júnior), fundado em 1967 em Paris, e conta com 240 empresas confederadas. Os pequenos e microempreendedores correspondem, res-pectivamente, a 10% e 68% do público que procura as empresas juniores no País, se-gundo levantamento da Brasil Júnior (Con-federação Brasileira de Empresas Juniores). Embora menos representativas, com fatia de 1% na demanda, as grandes empresas também têm buscado a opção. De acordo com o presidente da confederação, Ryoichi Penna, a procura se deve à oferta de serviços

Empresas juniores são uma ótima opção de serviços de qualidade e baixo custo para MPEs, e ajudam na formação prática de empreendedores, gestores e profissionais das mais variadas áreas

A Empresa Júnior PUC-Rio, que tem como maior demanda a construção de marca, desenvolveu a identidade visual da confeitaria Arte Conventual

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que as grandes consultorias não cobrem e, também, à aproximação com o público que integra as equipes, visto como mão de obra qualificada para futuras contratações.

A Empresa Júnior PUC-Rio, por exem-plo, teve 19 clientes de grande porte desde 2001, quando realizaram uma pesquisa de mercado para a instalação da rede mexica-na Domino’s no Rio de Janeiro. Nos últi-mos dois anos, também foram prestados serviços como mapeamento de processos, manual de competências, identidade visual, produção de peças e hotsite para Ambev, Petrobrás, Merk Group, Souza Cruz e Gru-po Trigo. Para o presidente, Luiz Henrique Resende, um dos motivos pela procura é o renome da instituição de ensino e a confian-ça conquistada ao longo do tempo da EJ no mercado, que foi fundada em 1995 e soma mais de 700 trabalhos em diversas áreas.

A equipe conta atualmente com cerca de 30 alunos de sete cursos diferentes que se dedicam a projetos de finanças, processos, marketing, web, design e audiovisual.

Apesar de ter o preço um pouco mais elevado em comparação a outras EJs, por remunerar os alunos, a alternativa ainda compensa em relação ao mercado tradicio-nal segundo Resende. No caso da formata-ção de plano de negócios, que é o trabalho mais feito, o custo varia entre R$ 7 mil e R$ 20 mil de acordo com o porte do empreen-dimento. A maior demanda da equipe hoje, no entanto, é para construção de marca. O serviço foi aprovado pelos sócios da padaria e confeitaria portuguesa Arte Conventual, no Rio de Janeiro. “Ajudaram a criar a mar-ca desde o zero. Obviamente, eles têm uma fatia no sucesso do negócio. Repassamos a proposta e eles compreenderam”, afirma o

273 EJs atuando no País confederadas à Brasil Júnior, estimativa de 600 a 1000 no total

R$ 9,3 milhões de faturamento

Principais áreas de atuação:

Administração e Engenharias

FONTE: CENSO & IDENTIDADE 2013, BRASIL JÚNIOR.

EJs no Brasil

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empreendedor português Luís Santos, que inaugurou o estabelecimento há cerca de dois anos junto aos sócios Rodrigo Castelão, também português, e ao brasileiro Adaílton Fonseca. A equipe da Empresa Júnior PUC-Rio elaborou a identidade visual da marca, as embalagens dos produtos, a pesquisa de mercado e o plano de marketing, que inclui o desenvolvimento do site. Segundo San-tos, independentemente de uma possível economia, o que motivou a preferência pela empresa júnior em relação a outras empre-sas consultadas foi o fato de a equipe ter passado confiança para a execução do que tinham em mente para o negócio.

Da mesma forma, a empreendedora Claudete Felice, proprietária de uma clíni-ca odontológica em São Paulo considerou a FEA Júnior USP, empresa júnior ligada à Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, a melhor opção para melhorar seu negócio. Claudete tinha uma experiência de 10 anos integrando uma franquia e quando decidiu reformular a proposta para um empreendi-mento próprio, teve dificuldade para con-tratar uma consultoria, devido ao porte do

negócio, que não se enquadrava no fatura-mento mínimo requisitado pela maior parte das empresas que prestam o serviço. Com a ajuda da empresa júnior, a empreendedora conseguiu estabelecer seu modelo de negó-cio, o que muitas vezes é um desafio neste segmento. “Falta na área de saúde a noção de gestão, de planos de venda e de modelo de negócio”, afirma Claudete.

ExperiênciaA FEA Júnior é uma das pioneiras no

Brasil com 24 anos no mercado e equipe de 89 alunos. Voltada a pequenos e mé-dios empreendedores, que desejam abrir ou melhorar aspectos do seu negócio, a empresa realiza, em média, 15 projetos de consultoria júnior por ano, com foco em serviços de gestão, plano de marketing e plano de negócios. Há também uma se-gunda área de atuação, de promoção de eventos universitários de empreendedoris-mo e sociais, estes realizados em parceria com ONGs. No ano passado, a empresa registrou um crescimento de 21%. Todo o faturamento é reinvestido na capacitação dos alunos e na empresa, que não possui

Para Luiz Resende, da Empresa Júnior PUC-Rio, um dos motivos pela procura é o renome da instituição de ensino e a confiança conquistada ao longo do tempo da EJ no mercado, com mais de 700 trabalhos

“Foi uma super experiência que o MEJ (Movimento Empresa Júnior) me ajudou a ter. Através da minha experiência na JADE (Confederação Europeia de Empresas Juniores) tive contato com empreendedores da Europa que tinham propostas de negócios inovadores. Agora, trabalho com algo bastante relacionado a isso. Acredito muito no empreendedorismo como projeto de inovação social.”Bruno Byrro, 23 anos, atualmente colaborador do fundo de venture capital Pitanga Invest. Ingressou na FEA Júnior USP no primeiro ano de Economia e participou durante três anos, passando pela vice-presidência e presidência da EJ. Após a experiência, participou da fundação de EJs em outros países por meio do Programa Embaixador, intercâmbio realizado em parceria pela Brasil Júnior e pela JADE que visa à expansão internacional do MEJ.

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fins lucrativos. Para a presidente, Ana Luísa Laginha, que cursa o terceiro ano de Ad-ministração e se dedica à equipe há dois anos, o principal benefício da experiência é o contato direto com o mercado de tra-balho e com os clientes. “Temos liberdade para opinar sobre os rumos que a empresa vai tomar e quais estratégias seguir”, afirma Ana Luísa, ressaltando a autonomia em re-lação aos estágios remunerados.

A independência também é considera-da uma das principais vantagens para Ewer-ton Cardoso, diretor de marketing da Esag Júnior, empresa ligada à Udesc (Universida-de do Estado de Santa Catarina) fundada em 1993 pelos alunos do Centro de Ciên-cias da Administração e Socioeconômicas (Esag). “Muitas vezes, minha função era li-mitada, não havia preocupação com o meu desenvolvimento. Aqui tenho um ambiente de trabalho muito melhor porque atuamos em conjunto para alcançar um propósito comum”, avalia Cardoso que cursa o ter-ceiro ano de Administração de Empresas e passou por três estágios antes de ingressar na equipe. Com mais de 200 projetos rea-lizados, a empresa júnior foi a primeira no Brasil a receber o certificado de qualidade ISO 9001, concedido em 2008, e mantém uma média de 93% de satisfação dos clien-tes nos últimos anos.

O reconhecimento também dá mostras na procura dos clientes pelos serviços da

empresa. “Até 2013, não tínhamos pros-pecção ativa. Este ano, a demanda cresceu 45%”, afirma o presidente da Esag Júnior, Luís Felipe Marconcini. Segundo o estudan-te, que cursa o último ano de Administração de Empresas, os serviços são procurados por uma gama variada, que conta inclusive com grandes marcas da região como o gru-po de comunicação RBS e a rede de con-fecção Hering. A atual gestão pretende, no entanto, focar o atendimento a pequenos empreendedores, clínicas e restaurantes, que são o principal público atualmente. “Notamos uma oportunidade de mercado nestes segmentos que já representam 36% dos projetos que realizamos este ano”, afir-ma Marconcini. Nos últimos quatro anos, a receita da empresa dobrou, chegando, em 2013, ao faturamento de R$ 97,5 mil – valor que é reinvestido na estrutura da empresa e capacitação da equipe, sem remuneração dos membros. O crescimento é resultado de uma série de ações de marketing de-senvolvidas pela equipe nos últimos anos. Visando melhorar ainda mais a visibilida-de no mercado, será fechada, no próximo semestre, uma parceria com a Comunica!, empresa júnior do curso de Jornalismo da UFSC (Universidade Federal de Santa Ca-tarina), que atua desde 2010. A Comunica! fará a assessoria de imprensa em troca do desenvolvimento de um plano de marke-ting pela Esag Júnior.

Entra em votação este mês, na pauta do Senado, o Projeto de Lei 437/2012, que regulamenta a atuação das empresas junio-res. Segundo Ryoichi Penna, o presidente da Brasil Júnior, o objetivo é legitimar a ati-vidade e dar segurança jurídica às EJs. De acordo com o texto do projeto, que já foi aprovado na Comissão de Educação do Se-nado, as EJs terão que se adequar ao con-ceito do MEJ, segundo o qual as empresas devem ser constituídas como associação sem fins lucrativos e reinvestir toda a recei-ta na capacitação dos membros, sem remu-neração individual. Também é estabelecido que o preço cobrado seja de 30% a 50%

menor do que o praticado no mercado.A presidência da Empresa Júnior PUC-

Rio, que não é federada à Brasil Júnior, con-sidera que o não pagamento dos membros vai de encontro ao princípio da empresa de manter um ambiente de trabalho intenso e empresarial. “Os alunos gastam com trans-porte, almoço e jantar, esforços que nossa carga horária exige. Portanto, independen-te do surgimento dessa nova lei, continu-aremos remunerando os membros com uma postura de ajuda de custo e não como ‘salários’”, afirma Luiz Henrique Resende, que considera que a condição tornaria a oportunidade participação na equipe algo

elitista. “Acreditamos que uma burocracia não pode impedir que os alunos inte-ressados tenham acesso à EJ, e que nem deixaremos de ser uma EJ, principalmente porque a prioridade é a proposta e porque estamos aqui.”

Uma vez aprovada, a legislação deve fortalecer o modelo de empresa júnior praticado no Brasil que, nos últimos anos, foi implementado em países como Estados Unidos, Canadá, México, Chile e Peru. A iniciativa integra um programa de coopera-ção entre a Brasil Júnior e a Jade (Confede-ração Europeia de Empresas Juniores) para a expansão internacional do MEJ.

Por dentro da lei

“Além da capacitação técnica, fazer parte da EJ me colocou em contato com questões diárias de uma empresa, exigindo um amadurecimento pessoal muito grande. As principais competências que desenvolvi, ou aperfeiçoei, dentro da Esag Júnior foram trabalho em equipe, liderança, foco em resultados, falar em público, trabalhar sob pressão e, em especial, como trabalhar em um ambiente com pessoas muito diferentes e como coordená-las em direção ao melhor resultado. Estas características fizeram a diferença tanto no processo seletivo quanto no ambiente de trabalho onde estou.”Felipe Telles, 30 anos, atual trainee da Volkswagen Brasil. Ingressou na Esag Júnior quando cursava a quinta fase do curso de Administração de Empresas e fez parte da equipe por dois anos, passando pelos cargos de gestor de projetos e diretor de consultoria.