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1 Escola: Colégio Estadual Princesa Izabel NRE: Cascavel Nome do Professor: Marisa Aparecida Ventura Orientadora IES: Ruth Ceccon Barreiros Nível de Ensino: Médio Unidade Didática: O conto como incentivo à leitura Disciplina: Língua Portuguesa Conteúdo Estruturante: O discurso como prática social Conteúdo Básico: Leitura Conteúdo Específico: O conto como incentivo à leitura Por que o ato de ler nem sempre parece significativo e interessante? Como mudar isso? Um pouco sobre leitura... O ser humano insere-se no processo de leitura e no ato de aprender a ler desde os primeiros contatos com o mundo quando começa a compreender e a atribuir sentido a tudo e a todos que estejam ao seu redor. Ninguém ensina. Este aprendizado desenvolve-se espontâneo e naturalmente. Para Martins (1994, p. 1) A ideia de leitura, geralmente é restrita à palavra escrita, ao livro, ao jornal, etc. segundo a autora, “lêem-se palavras e nada mais, diz o senso comum. As ciganas, no entanto dizem ler a mão humana, e os críticos afirmam ler um filme. Porém, a realidade é que quando se escapa dos limites do texto escrito, o homem não deixa necessariamente de ler. Lê o mapa astral, o teatro, a vida - forma a sua compreensão de realidade”. Neste sentido, Bordini (1985), citada por Frantz (2001, p. 18), explica que “ler é conhecer, mas conhecer-se; é integrar e integrar-se em novos universos de sentidos; é abrir e ampliar perspectivas pessoais; é descobrir e atualizar potencialidades”. A leitura abre horizontes, faz a diferença, propicia uma dimensão do social, do homem e do mundo, resgata o ser humano do mundo da alienação. Oportuniza ao indivíduo o direito a fazer opção, a posicionar-se consciente e criticamente diante da realidade. Não podemos deixar de lembrar que no contexto contemporâneo, a leitura é fator imprescindível para que o cidadão possa exercer com consciência e liberdade a cidadania. Para que possa estar apto para atuações sociais, políticas e

Escola: Colégio Estadual Princesa Izabel · a primavera chegará e, como sempre, mais uma vez... Eu não a verei!” Podemos ... pode também ser encontrado em forma de letra de

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Escola: Colégio Estadual Princesa Izabel NRE: CascavelNome do Professor: Marisa Aparecida VenturaOrientadora IES: Ruth Ceccon BarreirosNível de Ensino: MédioUnidade Didática: O conto como incentivo à leituraDisciplina: Língua PortuguesaConteúdo Estruturante: O discurso como prática socialConteúdo Básico: LeituraConteúdo Específico: O conto como incentivo à leitura

Por que o ato de ler nem sempre parece significativo e interessante? Como mudar isso?

Um pouco sobre leitura...

O ser humano insere-se no processo de leitura e no ato de aprender a ler

desde os primeiros contatos com o mundo quando começa a compreender e a

atribuir sentido a tudo e a todos que estejam ao seu redor. Ninguém ensina. Este

aprendizado desenvolve-se espontâneo e naturalmente.

Para Martins (1994, p. 1) A ideia de leitura, geralmente é restrita à palavra

escrita, ao livro, ao jornal, etc. segundo a autora, “lêem-se palavras e nada mais, diz

o senso comum. As ciganas, no entanto dizem ler a mão humana, e os críticos

afirmam ler um filme. Porém, a realidade é que quando se escapa dos limites do

texto escrito, o homem não deixa necessariamente de ler. Lê o mapa astral, o teatro,

a vida - forma a sua compreensão de realidade”.

Neste sentido, Bordini (1985), citada por Frantz (2001, p. 18), explica que

“ler é conhecer, mas conhecer-se; é integrar e integrar-se em novos universos de

sentidos; é abrir e ampliar perspectivas pessoais; é descobrir e atualizar

potencialidades”.

A leitura abre horizontes, faz a diferença, propicia uma dimensão do

social, do homem e do mundo, resgata o ser humano do mundo da alienação.

Oportuniza ao indivíduo o direito a fazer opção, a posicionar-se consciente e

criticamente diante da realidade.

Não podemos deixar de lembrar que no contexto contemporâneo, a leitura

é fator imprescindível para que o cidadão possa exercer com consciência e

liberdade a cidadania. Para que possa estar apto para atuações sociais, políticas e

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culturais. E, ainda, interferir com autonomia, intencionalidade e decisão na

transformação da sociedade em que vive. Agindo no universo, fazendo a diferença,

sendo o sujeito e não o objeto da própria história!

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) fazem uma abordagem

abrangente, ampla e profunda de leitura como prática social. Segundo os PCN, “A

leitura é o processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e

interpretação do texto, a partir de seus objetivos, de seu conhecimento sobre o

assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a linguagem, etc”. (PCN, 1998, p.

69).

As Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa para os Anos Finais do

Ensino Fundamental e Ensino Médio do Estado do Paraná (DCE), abordam o ato de

ler como estabelecedor de relações dialógicas, de interação, de construção de

sentidos, sendo, portanto, indispensável para qualquer cidadão, uma vez que,

oportuniza diversas possibilidades de perceber e analisar o mundo, bem como, de

identificar o outro. “Nestas diretrizes, entende-se a prática de leitura, como um ato

dialógico, interlocutivo” (DCE/SEED/ Língua Portuguesa, 2008, p. 35).

Você sabe o que são e para que servem os Parâmetros Curriculares e as Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa?

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) são documentos do MEC,

os quais servem de norte para o ensino de todas as disciplinas em todo o Território

Nacional. As Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa (DCE) é um documento

do Estado do Paraná que estabelece um norte para o ensino de Língua Portuguesa

para os anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio do Estado do Paraná.

OBS: aqui no Estado do Paraná, existem as Diretrizes Curriculares para

as demais disciplinas também.

Agora é a sua vez...

Para você, o que é leitura?

Qual a contribuição que a leitura pode oferecer para a tua formação

enquanto aluno e também como cidadão inserido no atual contexto em que

vivemos?

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Você gosta de ler o quê? Gosta de ler literatura? Afinal, o que é literatura?

Você conhece a diferença entre texto literário e não-literário?

Tente descobrir esta diferença lendo os exemplos, abaixo:

“Sou cego desde o dia em que nasci.”

“Em breve, a primavera chegará e, como sempre, mais

uma vez... Eu não a verei!”

Compare os dois exemplos, “Sou cego desde o dia em que nasci.” E “Em

breve, a primavera chegará e, como sempre, mais uma vez... Eu não a verei!”.

Embora, ambos tratem do mesmo assunto, que diferença é possível observar? Por

que então, um pode ser considerado literário e o outro não?

No primeiro exemplo, “Sou cego desde o dia em que nasci.” Dizemos que

é não-literário, pois nele, o autor, utilizando uma linguagem referencial, informa um

fato real, de maneira objetiva, atingindo a razão. Já no segundo exemplo, “Em breve,

a primavera chegará e, como sempre, mais uma vez... Eu não a verei!” Podemos

dizer que é literário, pois o autor, embora informe um fato real, o faz de maneira

subjetiva, utilizando criatividade, linguagem poética, originalidade, atingindo a

emoção.

Os textos literários “aliam à informação o prazer do jogo, envolvem razão e

emoções numa atividade integrativa, conquistando o leitor por inteiro e não apenas

em sua esfera cognitiva” (BORDINI, 1985 apud FRANTZ, 2001, p. 33).

A literatura é importante?

Marque com um (x) as afirmações abaixo que sejam verdadeiras, depois conclua!

( ) Os textos literários diferenciam-se dos demais pelo seu conteúdo, por

possuírem preocupação estética, criatividade e originalidade.

( ) O texto literário, além de nos proporcionar prazer estético, é essencialmente

útil, uma vez que, transforma objetivamente o modo de ser e de viver das

pessoas.

( ) Pode-se afirmar que a literatura é importante por ser uma expressão do ser

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humano e da vida e, por retratar também épocas e idéias.

( ) Embora a literatura deva ser considerada como um fim em si mesma, ela nos

possibilita ampliar nosso conhecimento de mundo, do ser humano, bem

como, nossa formação cultural.

( ) O texto literário aprimora a nossa habilidade de perceber a realidade e de

atribuir sentido ao mundo e a nós mesmos.

Agora que você já fez algumas reflexões sobre o que é literatura,

responda: qual a importância da literatura na vida das pessoas?

Socialize a resposta com seus colegas de sala de aula.

Para adquirir proficiência leitora é preciso conhecer como realizamos

nossas leituras. Para que você possa se conhecer melhor como leitor, responda:

1) Você gosta de ler? Justifique.

2) As atividades desenvolvidas após a leitura, na escola, proporcionam que você

realize leitura compreensiva do texto? Comente.

3) Você consegue localizar as informações explícitas e implícitas no texto por

meio dos exercícios sugeridos pelo professor? Fale sobre isso.

4) A leitura realizada, em sala de aula, possibilita a você emitir opiniões a

respeito do que lê? Por quê?

5) As atividades de leitura, na escola, propiciam uma compreensão ampla e

profunda do texto, dando condições para que você possa posicionar-se

criticamente diante do texto lido? Comente.

Segundo Aguiar e Bordini “O ato de ler, é, portanto, duplamente

gratificante. No contato com o conhecido, fornece a facilidade da acomodação, a

possibilidade de o sujeito encontra-se no texto. Na experiência com o desconhecido,

surge a descoberta de modos alternativos de ser e de viver”. (AGUIAR e BORDINI,

1993, p. 26).

Por meio da leitura é possível informar-se a respeito do que está

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acontecendo no contexto real, é possível conhecer um determinado assunto, instruir-

se, adquirir e construir conhecimento, ou ainda, como entretenimento, por meio do

texto ficcional, no qual a realidade é transposta para o plano do imaginário, onde

tudo se torna possível... Daí a ficção ser tão interessante! Tome-se como exemplo

as novelas! Muitas vezes o telespectador se vê na “pele” da personagem. Outras

vezes a identificação é tão grande com a personagem da história que ele acaba

tendo a impressão de estar vivenciando a trama. Ou ainda, o enredo assemelha-se

de tal forma aos fatos da vida deste telespectador que este tem a possibilidade de

analisar de outra maneira algo que realmente lhe aconteceu. Por isso...

A ficção nos encanta e nos fascina. Possibilita-nos vivenciarmos

experiências sem o risco da aventura real. Propicia-nos também a oportunidade de

interpretar ou ver de outra forma eventos que aconteceram ou poderiam acontecer

em nossa vida, em nosso dia-a-dia, isso porque através da ficção a realidade é

transposta para o mundo da imaginação e, sendo assim, possibilita-nos vermos

nosso mundo e nossa vida refletidos nela.

Nesta unidade didática, vamos conhecer o gênero textual: conto, e,

saber um pouco destas histórias ficcionais.

Gêneros textuais são textos presentes no nosso cotidiano, por exemplo: piada

é um gênero textual, Histórias em Quadrinhos é outro. Dizemos que cada um destes

textos é um gênero porque eles possuem características próprias. A piada é uma

narrativa curta, com narrador, personagem, enredo, tempo e espaço, assim como

um conto. A diferença entre conto e piada está no seu desfecho, isto é, ao final da

história o leitor/ouvinte da piada é sempre surpreendido, pois ele pensa que a

história vai terminar de um jeito e ela termina de outro. Isto faz com o texto fique

engraçado ou risível, ou seja, que faz rir.

Para começar...

Você sabe o que é um conto?

Conto é um texto narrativo curto, o qual apresenta uma só trama com

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poucos personagens, sendo um só o personagem principal e é em torno deste

personagem que giram todos os acontecimentos. Possui os mesmos elementos do

romance, mas diferencia-se deste pelo tamanho e também por ter característica

estrutural própria. Todo conto precisa de conflito, início, meio e fim. É um gênero

textual que normalmente aparece em prosa, mas algumas vezes podem aparecer

narrativas breves em versos, construídas com a estrutura de um poema. O conto

pode também ser encontrado em forma de letra de música. É comum encontrarmos

letras de música, no repertório da música sertaneja, as quais são compostas como

contos. O conto contemporâneo apresenta diferentes formas no que se refere à:

diversidade temática, linguagem, perspectiva diante da realidade e estilo.

O que você sabe sobre o extraordinário contista Machado de Assis?

Machado de Assis escreveu cerca de 200 contos. Transitou do conto

tradicional ao conto moderno. Usou de diversidade (temática variada) em seus

contos e foi nos contos que Machado encontrou condições de representar a arte e o

artista na sociedade. Sua obra divide-se em duas fases: a primeira, conhecida como

fase de amadurecimento ou Romântica, onde encontramos os livros: “Contos

Fluminenses e Histórias da Meia-Noite” e a segunda, conhecida como fase de

maturidade ou Realista, onde são encontrados: Papéis Avulsos, História sem Data,

Várias Histórias e Relíquias da Casa Velha. Tendo em vista que em 2008,

comemorou-se o centenário da morte de Machado de Assis e que este foi sem

dúvida, e ainda continua sendo, um dos mais excepcionais contistas da Língua

Portuguesa, uma vez que sua obra é considerada universal, perene, pois a análise

da alma humana feita por ele nestas, pode referir-se a qualquer época e povo. E,

ainda, para desconstruir a idéia de que ler um texto literário é difícil e complexo

(principalmente os de Machado de Assis!), vamos, nesta unidade didática, ler alguns

contos deste ícone da Literatura Brasileira: A parasita azul, A carteira, Pai contra

mãe, entre outros... Disponíveis em: http://www.dominiopublico.gov.br >acesso em

27 de out. de 2008.

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Antes, porém... Vamos conhecer um pouco mais sobre este escritor.

Pesquise mais sobre:

- Machado de Assis

E também...

- Características da escola literária da qual ele pertenceu.

Agora sim...

Vamos à leitura de um conto deste renomado escritor...

Neste primeiro momento, vamos conhecer e curtir uma linda história de

amor! Para isso, vamos acessar o site: http://www.dominiopublico.gov.br (acesso em

27 de out. de 2008) e fazer a leitura do conto “A parasita azul”, de Machado de

Assis. Este é um conto que pertence à fase Romântica ou de amadurecimento, onde

o autor ainda deixa transparecer marcas, características do Romantismo.

Após a leitura do conto “A parasita azul”, vamos conhecer outro conto de

Machado de Assis, “A carteira”, disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br

(acesso em 27 de out. de 2008). Este é um conto que pertence à fase Realista ou de

maturidade na qual Machado apresenta-se realmente engajado aos ideais do

Realismo e deixa transparecer, deixa fluir as marcas, as características realistas.

Com a leitura do conto “A carteira”, vamos aprender a refinar a leitura

destas narrativas e perceber com mais atenção os principais elementos deste

gênero textual: narrador, personagens, enredo, espaço e tempo. Este aprendizado

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possibilita-nos curtir mais e melhor estas histórias ficcionais. Antes, porém...

Todos em círculo, enquanto uma música toca, passa-se de mão em mão uma

caixinha, quando a música pára, o aluno que estiver com a caixa na mão, abre-á e

pega um papelzinho lá de dentro. Lê (silenciosamente) a palavra ali escrita e o seu

significado. O aluno sorteado após a leitura silenciosa deve indagar os colegas para

saber se eles conhecem o significado da palavra lida. Após a participação dos

demais, o aluno que estiver de posse da informação deve ler o significado para

todos. A brincadeira segue até que todos os papeizinhos sejam retirados da caixa.

Ativando conhecimentos prévios...

“Vamos conhecer melhor o conto de Machado de Assis intitulado ”A carteira”.

*Em sua opinião, o enredo deste conto vai girar em torno de quê?

*Vamos ler este conto para descobrirmos tudo isso e muito mais...

A carteira

Machado de Assis

... De repente, Honório olhou para o chão e viu uma carteira. Abaixar-se,

apanhá-la e guardá-la foi obra de alguns instantes. Ninguém o viu, salvo um homem

que estava à porta de uma loja, e que, sem o conhecer, lhe disse rindo:

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- Olhe, se não dá por ela; perdia-a de uma vez.

- É verdade, concordou Honório envergonhado.

Para avaliar a oportunidade desta carteira, é preciso saber que Honório

tem de pagar amanhã uma dívida, quatrocentos e tantos mil-réis, e a carteira trazia o

bojo recheado. A dívida não parece grande para um homem da posição de Honório,

que advoga; mas todas as quantias são grandes ou pequenas, segundo as

circunstâncias, e elas não podiam ser piores. Gastos de família excessivos, a

princípio por servir a parentes, e depois por agradar à mulher, que vivia aborrecida

da solidão; baile daqui, jantar dali, chapéu. Leques, tanta coisa mais, que não havia

remédio senão ir descontando o futuro. Endividou-se. Começou pelas contas de loja

e armazéns; passou aos empréstimos, duzentos a um, trezentos a outro, quinhentos

a outro, e tudo a crescer, e os bailes a darem-se, e os jantares a comerem-se, um

turbilhão perpétuo, uma voragem.

- Tu agora vai bem, não? Dizia-lhe ultimamente o Gustavo C..., advogado

e familiar da casa.

- Agora vou, mentiu Honório.

A verdade é que ia mal. Poucas causas, de pequena monta, e

constituintes remissos; por desgraça perdera ultimamente um processo, em que

fundara grandes esperanças. Não só recebeu pouco, mas até parece que lhe tirou

alguma coisa à reputação jurídica; em todo caso, andavam mofinas nos jornais.

D. Amélia não sabia nada; ele não contava nada à mulher, bons ou maus

negócios. Não contava nada a ninguém. Fingia-se tão alegre como se nadasse em

um mar de prosperidade. Quando o Gustavo, que ia todas as noites à casa dele,

dizia uma ou duas pilhérias, ele respondia com três ou quatro; e depois ia ouvir os

trechos de música alemã que D. Amélia tocava muito bem ao piano, e que o

Gustavo escutava com indizível prazer, ou jogavam cartas, ou simplesmente

falavam de política.

Um dia, a mulher foi achá-lo dando muito beijos à filha, criança de quatro

anos, e viu-lhe os olhos molhados; ficou espantada, e perguntou-lhe o que era.

- Nada, nada.

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Compreende-se que era o modelo do futuro e o horror da miséria. Mas as

esperanças voltavam com facilidade. A idéia de que os dias melhores tinham de vir

dava-lhe conforto para a luta. Estava com trinta e quatro anos, era o princípio da

carreira; todos os princípios são difíceis. E toca a trabalhar, a esperar, a gastar, pedir

fiado ou emprestado, para pagar mal, e a más horas.

A dívida urgente de hoje são uns malditos quatrocentos e tantos mil-réis

de carros. Nunca demorou tanto a conta, nem ela cresceu tanto, como agora; e, a

rigor, o credor não lhe punha a faca aos peitos; mas disse-lhe hoje uma palavra

azeda, com um gesto mau, e Honório quer pagar-lhe hoje mesmo. Eram cinco horas

da tarde. Tinha-se lembrado de ir a um agiota, mas voltou sem ousar pedir nada. Ao

enfiar pela Rua da Assembléia é que viu a carteira no chão, apanhou-a, meteu no

bolso, e foi andando.

Durante os primeiros minutos, Honório não pensou em nada; foi andando,

andando, até o Largo da Carioca. No Largo parou alguns instantes, enfiou depois

pela Rua da Carioca, mas voltou logo, e entrou na Rua Uruguaiana. Sem saber

como, achou-se daí a pouco no Largo de S. Francisco de Paula; e ainda, sem saber

como, entrou em um Café. Pediu alguma coisa e encostou-se à parede, olhando

para fora. Tinha medo de abrir a carteira; podia não achar nada, apenas papéis e

sem valor para ele. Ao mesmo tempo, e esta era a causa principal das reflexões, a

consciência perguntava-lhe se podia utilizar-se do dinheiro que achasse. Não lhe

perguntava com o ar de quem não sabe, mas antes com uma expressão irônica e de

censura. Podia lançar Mão do dinheiro, e ir pagar com ele a dívida? Eis o ponto. A

consciência acabou por lhe dizer que não podia que devia levar a carteira à polícia,

ou anunciá-la; mas tão depressa acabava de lhe dizer isto, vinham os apuros da

ocasião, e puxavam por ele, e convidavam-no a ir pagar a cocheira. Chegavam

mesmo a dizer-lhe que, se fosse ele que a tivesse perdido, ninguém iria entregar-

lha, insinuação que lhe deu ânimo.

Tudo isso antes de abrir a carteira. Tirou-a do bolso, finalmente, mas com

medo, quase às escondidas; abriu-a e ficou trêmulo. Tinha dinheiro, muito dinheiro;

não contou, mas viu duas notas de duzentos mil-réis, algumas de cinqüenta e vinte;

calculou uns setecentos mil-réis ou mais; quando menos seiscentos. Era a dívida

paga; eram menos algumas despesas urgentes. Honório teve tentações de fechar os

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olhos, correr à cocheira, pagar, e, depois de paga a dívida, adeus; reconciliar-se-ia

consigo. Fechou a carteira, e com medo de a perder, tornou a guardá-la.

Mas daí a pouco tirou-a outra vez, e abriu-a com vontade de contar o

dinheiro. Contar para quê? Era dele? Afinal venceu-se e contou: eram setecentos e

trinta mil-réis. Honório teve um calafrio. Ninguém viu, ninguém soube; podia ser um

lance da fortuna, a sua boa sorte, um anjo... Honório teve pena de não crer em

anjos... Mas por que não havia de crer neles? E volta ao dinheiro, olhava, passava-o

pelas mãos; depois, resolvia o contrário, não usar do achado, restituí-lo. Restituí-lo a

quem? Tratou de ver se havia na carteira algum sinal.

“Se houver um nome, uma indagação qualquer, não posso utilizar-me do

dinheiro”, pensou ele.

Esquadrinhou os bolsos da carteira. Achou cartas, que não abriu,

bilhetinhos dobrados, que não leu, e por fim um cartão de visita; leu o nome; era do

Gustavo. Mas então, a carteira?... Examinou-a por fora, e pareceu-lhe efetivamente

do amigo. Voltou ao interior; achou mais dois cartões, mais três, mais cinco. Não

havia duvidar; era dele.

A descoberta entristeceu-o. Não podia ficar com o dinheiro, sem praticar

um ato ilícito, e, naquele caso, doloroso ao seu coração, porque era em dano de um

amigo. Todo o castelo levantado esboroou-se como se fosse de cartas. Bebeu a

última gota de café, sem reparar que estava frio. Saiu, e só então reparou que era

quase noite. Caminhou para casa. Parece que a necessidade ainda lhe deu uns dois

empurrões, ma sele resistiu.

“Paciência, disse ele consigo; verei amanhã o que posso fazer”.

Chegando a casa, já ali achou o Gustavo, um pouco preocupado, e a

própria D. Amélia parecia também. Entrou rindo, e perguntou ao amigo se lhe faltava

alguma coisa.

- Nada.

- Nada?

- Por quê?

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- Mete a mão no bolso; não te falta nada?

- Falta-me a carteira, disse o Gustavo sem meter a mão no bolso. Sabes

se alguém a achou?

- Achei-a eu, disse Honório entregando-lha.

Gustavo pegou dela precipitadamente, e olhou desconfiado para o

amigo. Este olhar foi para Honório como um golpe de estilete; depois de tanta luta

com a necessidade, era um triste prêmio. Sorriu amargamente; e, como o outro lhe

perguntasse onde a achara, deu-lhe as explicações precisas.

- Mas conheceste-a?

- Não; achei os teus bilhetes de visita.

Honório deu duas voltas, e foi mudar de toilette para jantar. Então

Gustavo sacou novamente a carteira, abriu-a, foi a um dos bolsos, tirou um dos

bilhetinhos, que o outro não quis abrir nem ler, e estendeu-o a D. Amélia, que,

ansiosa e trêmula, rasgou-o em trinta mil pedaços: era um bilhetinho de amor.

Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br (acesso em 27 de out. de 2008)

Agora é hora de conhecermos um pouco mais e melhor os elementos do gênero textual “conto”.

Então vamos aos elementos que nos interessam!

Narrador: Quem conta a história.

Às vezes, ele pode ser uma das personagens, neste caso, chama-se

narrador-personagem e a história é narrada em primeira pessoa do singular ou

plural: eu/nós. O ponto de vista narrativo (ou foco narrativo) é interno, expressa uma

visão subjetiva e parcial. A história é contada pelo olhar de uma das personagens

que presenciou ou viveu os fatos.

O narrador pode ser também uma terceira pessoa, um observador “de

fora” (narrador-observador) que narra os fatos sem necessariamente conhecer o

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pensamento e o passado das personagens. Neste caso, a história é narrada em

terceira pessoa: ele/ela; eles/elas e o ponto de vista narrativo é externo,

expressando uma visão incompleta.

A história pode ainda ser contada por um narrador-onisciente, como é o

caso do conto que lemos: “A carteira”. Este narrador tudo ouve, tudo vê, tudo sabe.

“Entra” no mundo interior das personagens. Narra os fatos mostrando o que pensam

e sentem estas personagens. Expressa uma visão global. História narrada em

terceira pessoa do singular ou do plural (no entanto, às vezes, o narrador participa

em 1ª pessoa). Ponto de vista narrativo onisciente. Veja por exemplo, este

fragmento do conto lido: “A descoberta entristeceu-o. Não podia ficar com o dinheiro,

sem praticar um ato ilícito, e, naquele caso, doloroso ao seu coração, por que era

em dano de um amigo”.

São inúmeras as possibilidades de narrar uma história.

Importante: não confunda o narrador da história (quem conta) e o autor

(quem escreve).

Personagens: Seres (humanos ou não) que vivenciam os acontecimentos narrados.

Cada personagem tem um papel diferente na narração. Por isso, personagem

principal, secundário...

No conto lido, quem é o personagem principal e os

secundários?

Se você respondeu que o personagem principal é Honório e

secundários são: Gustavo, Dona Amélia, o homem à porta e a criança

de quatro anos. Parabéns você ACERTOU!!!

Enredo: Ação, movimento. O desenrolar dos fatos constitui o enredo. O que move o

enredo, geralmente é um fato que instaura o problema dentro do estado de

“normalidade”. A partir daí cria-se a expectativa e espera-se o desfecho. No conto

que lemos, o incidente que move, que precipita, que dá rumo às ações, aos fatos é a

carteira achada na rua com o dinheiro que ela continha e com o qual Honório

resolveria parte de suas dívidas. Cria-se a expectativa das novas ações, fatos, do

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que é que vai acontecer. Veja este fragmento, por exemplo... “Tinha medo de abrir a

carteira: podia não achar nada, apenas papéis e sem valor para ele. Ao mesmo

tempo, e esta era a causa principal das reflexões, a consciência perguntava-lhe se

podia utilizar-se do dinheiro que achasse.”

Cria-se a expectativa. E agora? O que é que ele vai decidir? O que é que

ele vai fazer?

Espaço: Cenário onde as ações acontecem. O narrador pode enfatizar mais o

espaço físico (litoral, por exemplo), ou o espaço social (enredo ambientado em

espaço pobre ou rico, metrópole, ou vila...) ou ainda, o espaço psicológico, que é o

caso do conto de Machado de Assis, “A carteira”, no qual a ação se desenvolve na

consciência do personagem Honório, uma vez que, este vivencia em seu interior os

efeitos dos acontecimentos, ou seja, o drama em decidir o que faria com a carteira

achada.

Por isso pode-se dizer que o espaço deste conto é psicológico.

Percebemos que a cabeça de Honório “ferve”, ao caminhar pelas ruas, o dilema

interior que ele vivencia consigo mesmo, diante da possibilidade de abrir a carteira,

encontrar o dinheiro e livrar-se da dívida, mas isso seria correto?

Tempo: Duração. Os fatos podem ser narrados de maneira mais ou menos rápida;

em ordem cronológica ou não; abrangendo curtos ou longos períodos; situados em

diferentes épocas. O tempo pode ser físico (duas horas, um dia, quatro semanas...)

e psicológico (percebido subjetivamente).

No conto lido, por meio deste fragmento “... Honório tem de pagar

amanhã uma dívida...” percebe-se que este começa no presente: hoje e, para

mostrar a importância da carteira encontrada por Honório, o narrador retorna ao

passado (dos fatos que vão do momento em que o Honório encontra a carteira) e

volta para o momento presente (desfecho).

Assim é possível afirmar que o tempo de duração do conto que lemos é

de forma mais ou menos rápida. Para Honório, no entanto, devido à pressão da

dívida e do que decidir em relação à carteira encontrada, o tempo é percebido de

maneira bastante subjetiva.

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Esta análise possibilita-nos uma interação com o texto, dando-nos

condições de realizar uma leitura compreensiva.

Então, agora...

Vamos exercitar este aprendizado por meio das atividades a seguir:

1) A partir da leitura do conto “A carteira”, responda às seguintes questões:

a) Quem é o autor deste conto?

b) Como se apresenta o narrador e quais são suas características?

c) Relacione as personagens do conto lido, fale sobre Honório e comente as

características psicológicas de D. Amélia.

d) Identifique o fato que desencadeia o enredo deste conto e diga por que este

evento move toda a história.

e) Lembre-se que o espaço psicológico é um detalhe importante neste texto.

Observe e mencione em que espaços ocorrem as ações deste conto.

f) Como se apresenta o tempo no conto lido? Comente.

g) Ao término da leitura do conto “A carteira” percebe-se que Honório

interpretara a desconfiança do amigo de forma equivocada. Por quê? Qual foi,

na verdade, a desconfiança de Gustavo?

Trazendo o texto para o contexto

1) Em sua opinião, qual seria o principal fator que pode levar alguém a

endividar-se mesmo estando trabalhando?

2) Segundo o texto, “A dívida não parece grande para um homem da posição de

Honório, que advoga...” Por que então, este se encontra em “apuros”

financeiro?

3) “... mas todas as quantias são grandes ou pequenas, segundo as

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circunstâncias”. Comente esta fala do narrador do texto.

4) Administrar com bom senso o que se ganha é importante? Comente.

5) O que você sugeriria a um amigo, caso o visse a endividar-se por conta de

excesso de coisas banais: empréstimo ou outra alternativa? Qual?

6) Você conhece alguém que já passou por uma situação como esta? O que a

pessoa fez para sair das dívidas?

7) Omitir um problema de todos, inclusive da própria família, como fez o

personagem Honório (o qual demonstrava estar bem financeiramente, sem

estar!) é bom ou ruim, no seu ponto de vista? Comente.

8) Você está prestes a escolher uma profissão, como você imagina que seja o

início da vida profissional?

9) Você acha possível manter-se sem dívidas ganhando, apenas, um salário

mínimo?

10)Nos dias de hoje é comum a figura do agiota? O que você pensa de pessoas

que agem desta forma?

11)Comente a atitude final de Honório em relação ao dinheiro encontrado. Caso

você tivesse vivenciando situação semelhante, o que você faria?

12)Diga o que você pensa sobre:

a) lealdade

b) traição

c) amizade

d) casamento

13) Com base no texto, pode-se dizer que Honório é leal? Por quê? E Gustavo?

Comente.

14) Em sua opinião, por que Honório não leu os bilhetinhos que encontrou na

carteira de Gustavo? No lugar dele você teria feito o mesmo? Justifique.

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15) Na contemporaneidade, que modalidades de traição você vê acontecer com

maior frequência?

16) Pense: você já se sentiu traído por alguém? Se quiser conte-nos como foi.

17) A vida já te oportunizou circunstâncias para que você pudesse ser

verdadeiramente leal a alguém, mesmo em situação adversa, como foi o caso

de Honório? Reflita sobre isso e se desejar pode socializar a experiência!

Como você pode perceber a leitura da literatura é importante na nossa vida

porque nos possibilita refletir como fizemos agora, com o conto “A carteira” de

Machado de Assis, sobre coisas que podem acontecer com qualquer um de nós,

pois a literatura é uma expressão do homem, do humano e da vida! E, além

disso, pode também retratar épocas, costumes e contribuir para que ampliemos o

nosso conhecimento e a nossa formação.

Você gosta de filme de suspense? Por quê?

Se você respondeu que é por que ele prende a atenção e não nos deixa

sair da frente da TV ou da Tela de cinema, você acertou. Nas obras literárias não

é diferente. Uma obra interessante nos prende a atenção e, com isso, não vemos

a hora de chegarmos ao fim da história.

O suspense, o mistério é fundamental em qualquer narrativa, pois faz com

que o leitor se prenda no desenrolar do enredo, movido pela curiosidade de saber o

que aconteceu e como será o desfecho. Observe neste conto, como se cria o

mistério e em que momento do texto é possível perceber de que se trata.

Exponha verbalmente para seus colegas.

Neste conto, o diálogo das personagens não é apenas enfeite da estrutura

textual, porém recurso importante, pois ao mesmo tempo em que faz com que a

história avance é o elemento de onde surge a magia e a beleza desta narrativa.

Qualquer gênero textual apresenta sempre uma estrutura textual (elementos

presentes no texto) a qual precisa ser conhecida e identificada pelo leitor para que

este possa realizar uma leitura profunda e proficiente. Então vamos saber um pouco

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mais sobre esta estrutura. As partes negritadas, abaixo, correspondem à estrutura

presente em qualquer gênero textual, inclusive nos contos que são nosso objeto de

estudo aqui.

Conversando sobre os aspectos discursivos e estrutura composicional do texto lido.

Contexto de produção

a) Onde foi produzido?

b) Quem o produziu?

c) Quando?

d) Para quem?

e) Em geral, os textos de Machado de Assis, na época, originalmente eram

publicados e circulavam em que suporte?

f) Em que suporte é possível encontrarmos este gênero (conto) circulando,

hoje?

Função Social do Gênero

a) Qual é o papel social do emissor?

b) Por que ele foi produzido?

c) A que esfera social pertence este gênero?

Conteúdo Temático

a) Sobre o que fala o texto?

b) Que conhecimentos são necessários para entendê-lo?

Estrutura Composicional

a) Qual aspecto tipológico predominante no texto lido?

“aprender a ler significa aprender a ler o mundo, dar sentido a ele e a nós

próprios” (Martins, 1984, p. 34).

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Conto: “Pai contra mãe”

Fazer a leitura deste conto de Machado de Assis que está disponível em:

http://www.dominiopublico.gov.br >acesso em: 27 out. 2008.

Usando a imaginação e a criatividade...

Produza um final diferente para o conto lido.

Socializando a produção!

Apresente para a classe o desfecho diferente que você produziu para este conto: Pai

contra mãe.

Utilizando somente o grafite, desenhe a personagem, ou a cena que mais

chamou a sua atenção no conto “Pai contra mãe”, de Machado de Assis, e, em

seguida escreva um parágrafo dizendo por que o personagem ou a cena chamou

sua atenção.

Você acha que o conto lido dialoga com um triste fato da história do

Brasil? Qual?

Se você respondeu: a escravidão... ACERTOU!!!

Sabe-se que a escravidão foi um regime de opressão, de servidão e de

obediência forçada, no qual seres humanos viviam em cativeiro e sem liberdade

para pensar ou agir. Obrigados a viverem numa circunstância de dependência, eram

explorados e escravizados em sua força de trabalho. Eram submetidos a situações

humilhantes e condições sub-humanas de vida.

Felizmente, esta é uma página virada em nossa história... Hoje somos

todos livres! Será?

Pense no contexto contemporâneo brasileiro e procure perceber se há

escravidão nos dias de hoje ou se é possível afirmar que no Brasil, atualmente,

nenhum ser humano é submetido a circunstâncias de escravidão. Comente:

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Leitura em ação!

Cada aluno escolherá um dos contos de Machado de Assis que estão

disponíveis em http://www.dominiopublico.gov.br (acesso em: 27 out. 2008), para a

leitura.

Contação de histórias

Após a leitura do conto que você escolheu, é hora de contar para a classe

a história lida!

Na contemporaneidade, como foi dito anteriormente, o conto apresenta-se

de diversas maneiras, assume diferentes formas, em relação ao estilo, à diversidade

temática, à linguagem, à perspectiva diante da realidade. Daí ser possível falar em

conto policial, conto regionalista, conto de ficção científica, conto erótico, conto

fantástico, conto moral, conto de costumes, conto psicológico, conto de atmosfera,

conto epistolar, entre outros.

Vimos também que embora o conto seja um tipo de texto que

normalmente aparece em prosa, algumas vezes é possível ser encontrado em

versos, construídos em forma de poema. Outras vezes também os encontramos na

forma de letra de música, principalmente no repertório da música sertaneja,

mostrando aí os “causos”, bem como, fazendo nestas letras uma abordagem de

elementos que a cultura rural considera relevantes.

Sugestão de atividades complementares...

Pesquisem e tragam para socializar na classe, letras de música que

sejam produzidas como contos. A socialização destas fica a critério de cada um:

contar o enredo; ler para a classe; fazer a troca das letras com os demais colegas,

ou ainda, quem souber pode cantar!

Produção escrita... É com você!

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Produza um conto a partir de um fato significativo e interessante que você

viveu. Importante: não é para você apenas contar uma situação que tenha

vivenciado. Quem vai relatar este fato é um narrador imaginado por você. Este nos

levará pela história. Sendo assim, nós não vamos apenas encontrar um fato vivido

por você, mas um fato possível de ser vivenciado pelas pessoas. Você vai transpor

um fato real para a ficção. Vai produzir um conto!

A partir destas atividades, vocês têm vários critérios para ler com mais

qualidade este gênero textual: conto, e, podem exercitar este conhecimento lendo

outros contos, de outros autores, relacionados aos possíveis gostos de vocês.

Agora, pense e responda!

A leitura pode ser uma atividade interessante e significativa? Comente:

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REFERÊNCIAS

AGUIAR, Vera Teixeira de. BORDINI, Maria da Glória. Literatura: a formação do leitor: 2.ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993.

BORDINI, Maria da Glória. Literatura na escola de 1º e 2°: por um ensino não alienante. In: UFSC, 1985 apud FRANTZ, 2001.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares de Língua Portuguesa: 3º e 4º ciclos. Brasília: MEC, 1998.

FRANTZ, Maria Helena Zancan Frantz. O Ensino da Literatura nas séries iniciais. Ijuí: Unijuí, 2001.

MARTINS, Maria Helena. O que é leitura. 19. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.

PARANÁ. DCE – Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa para a Educação Básica do Estado Paraná, Curitiba: SEED, 2008.

http://www.dominiopublico.gov.br > acesso em: 27 out. 2008.