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ESCOLAS DE DIREITO ROMANO 476 d.C. - Queda do Império Romano Ocidente > Germanicos < Direito costumeiro Visigodos = Península Ibérica e sudoeste da Gália Burgúndios = Sudeste Gallia (França) Ostrogodos e Lombardos = Itália Francos = França e Renania Sistemas jurídicos vigentes: *Direito Romano Bizantino *Direito canônico *Direitos germânicos Características: 1

Escolas de Direito Romano

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Page 1: Escolas de Direito Romano

ESCOLAS DE DIREITO ROMANO

476 d.C. - Queda do Império Romano Ocidente > Germanicos < Direito costumeiro Visigodos = Península Ibérica e sudoeste da GáliaBurgúndios = Sudeste Gallia (França)Ostrogodos e Lombardos = ItáliaFrancos = França e Renania

Sistemas jurídicos vigentes:*Direito Romano Bizantino*Direito canônico*Direitos germânicos

Características: 1. Particularismo e pluralismo do direito2. Coexistência de populações autóctones – população romana 4. Qual o direito a ser aplicado? O direito germânico ou o romano?

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5. Aplicação do princípio da personalidade do direito.

Compilação D. Romano:1. Edito de Teodorico – Ostrogodos2. Lex romana Burgundionum3. Lex romana Visigothorum (506 d.C.) > Breviário de Alarico (extratos das leis romanas do Código Teodosiano, Institutitionesde Gaio e Sententia de Paulo) – Adotado no Império Franco; Região dos Burgundios; na Espanha em vigor até VII; foi substituído pelo Liber iudiciorum até XII d.C. Direito Romano no século X é desconhecido na Europa Ocidental

Seculos XII-XIII:Enfraquecimento do feudalismo – fortalecimento do poder real – sistemas jurídicos próprios de cada território.

Fenômeno da recepção do DR na vida jurídica europeia (sec. VI-XX)Recepção do Direito Romano: “penetração das ideias, princípios e instituições, do espírito do

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Ius Romanum na vida jurídica Europeia” (Cruz, S., 1984).

*O fenômeno da penetração cultural: “trata-se da admissão voluntária das partes essenciais ou principais de um ordenamento jurídico estranho, extinto, por um povo, sem que este tenha sido dominado ou submetido por aquele povo a quem de alguma forma pertence tal ordenamento” (Cruz, S., 1984).

Recepção do Direito romano na Europa ocorre concomitantemente com a o ensino do

Direito nas Universidades: na medida em que as universidades se propagam pelo mundo o estudo e o ensino do Direito romano se desenvolvem até o século XIX. Renascimento intelectual geral: do

pensamento filosófico, da literatura latina. Renascimento urbano, do comércio etc. O DR é a razão escrita, a revelação jurídica,

razão jurídica, a última palavra em questões de direito. É direito supletivo ou

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subsidiário em várias partes do Continente.

O Corpus Iuris Civilis é a bíblia jurídica. O DR é ciência do direito – cientificado

pelos doutores das universidades; se sobrepõe aos direitos particulares.

Caracteristicas do Direito Romano e do seu estudo na Europa.1. Direito elaborada nas universidades a partir do sec. XI2. A ciência do direito, baseada no DR é elaborada nas Universidades, independente dos direitos vigentes. * direito escrito, teórico e erudito.* comum a todos os mestres;* mais completo que os direitos particulares;* mais evoluído;* direito supletivo* direito racional > do sistema irracional para um sistema racional de direito (evolução da prova: as provas irracionais, que reclamam a intervenção da autoridade divina - ordálios, julgamentos de Deus, juramentos - são

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substituídas por meios racionais de prova – inquérito, testemunhos, documentos escritos).

O ESTUDO E O ENSINO DO DIREITO

1.Descoberta do Corpus Iuris Civilis > Pisa sec. XI (littera pisana e littera florentina)

2.Renascimento Direito Romano no Ocidente

3.Do sec. XI até sec. XVIII – hegemonia do ensino do Direito Romano

ESCOLAS DE DIREITOa) Escola dos Glosadores, sec. XII e XIIIb) Escola dos Pós-Glosadores, sec. XIII-XIVc) Escola de Orleães (sec. XIII-XIV)c) Escola Humanista, sec. XVI e XVIII

ESCOLA DOS GLOSADORES – Bolonha XII-XIII - mos italicus

Método: exegético realizado através de glosas: anotações feitas à margem ou entrelinhas dos textos (marginais ou interlineares).

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Interpretação literal minuciosa limitada aos textos. Estudo analítico, exegético, literal. *Interpretação que não atende aos critérios científicos e históricos (atuais)*Interpretação sem a preocupação de adaptar estes textos às realidades sociais da época; interesse prático.2. Fundador: Irnerius 3. Base estudos: Digesto.5. Objetivos:a) Estudar o direito como uma ciência autônoma;b) O estudo deixa de estar conectado ao estudo da retórica, da dialética (trivium).c) Estudo do Direito romano como um sistema jurídico coerente e completo; estudo teórico do direito independente dos direitos vigentes.d) Estudo sistemático e) Exame de uma questão jurídica > questio6. Contribuições: anunciou a Europa a importância do Corpus Iuris; contribuíram para o desenvolvimento de uma ciência do direito, cujo ensino ministrado nas escolas/universidades.7. Principais figuras:

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a) Azo, 1230 ( Summa) : Código e Instituições (1230)b) Acursio, 1182-1260: reuniu todas as glosas anteriores na Glosa ordinária, Magna glosa ou Grande Glosa.

ESCOLA DE ORLEÃES (SEC. XIII)

Universidades da época: Itália, 1182; Pádua, 1222; Nápoles, 1224; Paris, XII; Montpellier, XII; Toulouse, 1228; Orleães, XII; Oxford; Salamanca 1215; Valladolid XIII, Coimbra, 1290.1. Universidade de Orleães < Escola superior

para o clero (eclesiástica).2. Renovação do método dos italianos.3. Critica o método adotado pelos italianos e

a glosa de Acursio.4. Utilizam o método dialético abandonando

a análise puramente textual5. Exerceu forte influencia sobre o direito

costumeiro Frances.6. Jacques de Revigny e Pierre de

Belleperche.

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II ESCOLA DOS PÓS-GLOSADORES – COMENTADORES ou BARTOLISTAS (SEC. XIII-XV)

Perúsia - mos italicus1. Método: dialético ou escolástico, baseado na discussão e no raciocínio lógico. Reação ao método analítico exegético.*Procura estudar os textos romanos no seu conjunto e a retirar destes princípios gerais para aplicar na prática.*Preocupação com o sentido da norma – não apenas com a littera (forma) da norma. Interesse prático 2. Objeto de estudo: Magna Glosa de Acursio3. Figuras: Bártolo de Sassoferrato (1314-1357) – figura proeminente, grande jurista. Escreveu um tratado sobre o regime das cidades. Baldo de Ubaldis (1327-1400).4. Contribuições: procuram atualizar e harmonizar o Direito Romano com o estatutário das cidades da Itália e com o Direito Canônico, criando o ius commune, direito romano comum que se sobrepõe aos direitos

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particulares dos povos românicos (Itália, frança, Portugal, Espanha etc.)*Estabelecem uma unidade espiritual fundando uma ciência jurídica europeia. 5. Crítica: utilização dos textos romanos fora do seu contexto; desconhecimento da literatura latina.

ESCOLA HISTÓRICA OU HUMANISTA, Escola Culta de Bourges ou jurisprudência humanista (SEC. XVI – XVIII) - mos galicus (segundo renascimento do Direito romano).

1. Método: estudo histórico-crítico, sem os acrescentamentos medievais das fontes jurídicas romanas. Dedicam-se a descoberta de manuscritos do Corpus Iuris com fins científicos.* Escola dominada pelo espírito do renascimento.* Utilizam textos históricos e literários romanos para melhor interpretar e, sobretudo, fazem uso de outros idiomas para melhor apreender os textos.

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* Procuram reestabelecer o sentido original e o verdadeiro alcance das regras jurídicas romanas no contexto histórico evolutivo do Direito romano.* Procuram fazer uma síntese e reconstruir, teoricamente, o sistema do Direito Romano.* Enfrentamento das interpolações.2. Fundador: Aliciato – Cujácio (Toulouse), 1522-1590 > maior conhecedor do Direito romano de todos os tempos (sabia de memória o Corpus Iuris Civilis).

ESCOLA DO DIREITO NATURAL (sec. XVIII-XIX)

1. Época: dominada pelo espírito cultural do iluminismo.2. Concepção do Direito: o direito é produto da razão humana. Direito natural baseado na razão humana; laico; inerente à própria natureza humana.* Direito comum a todos os povos.* O Direito é produto da razão humana independente de concepções religiosas.* Os reis devem se submeter às leis naturais, fundamentais, universais, imutáveis, que

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derivam da natureza humana (combatem o absolutismo real, fundado na vontade divina). * Direito racionalista.* O Direito Romano deixa de ser a razão escrita do Direito. As legislações nacionais reagem a vigência do Direito Romano.3. Método: racionalista deixa de considerar o Direito romano como a ratio scripta do Direito4. Fundador: Hugo Grócio, “pai do direito natural” (De iure belli ac pacis), 1583-1645.5. Século das luzes (XVIII):* Ideias de soberania da nação (soberania do povo); separação dos poderes; preponderância da lei; legalidade das infrações penais; direitos do homem; direitos naturais e subjetivos inalienáveis; liberalismo; direito do Estado.* Hobbes (De cive); Pufendorf (De iure naturae et gentium); Rousseau; Montesquieu; Domat, que exerce forte influencia sobre os redatores Código civil Frances de 1804; Locke; Beccaria (Dei delitti e delle pene); Revolução Americana; Revolução Francesa.6. Contribuições: favoreceu o movimento codificador.

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7. Alemanha: a recepção tardia do Direito romano (XVI e XVII) salvou os estudos e a vigência do Direito romano provocando um novo renascimento do Direito romano.Código Civil Frances (Napoleônico) de 1804: “ síntese admirável de um manual de Direito Romano” Windscheid

ESCOLA HISTÓRICA-ALEMÃ (sec. XIX)

1. Fundador: F. K. Von Savigny; Puchta; Gustavo Hugo: Escola Histórica contra os defensores da Escola do Direito Natural.2. Concepção do Direito: o Direito não é mero produto da razão, mas a “manifestação da consciência popular”; é produto histórico e não alguma coisa de acidental e de arbitrário. *Direito romano é o direito supletivo das leis e dos costumes territoriais.*Direito romano é ensinado a fim de ser aplicado pelos tribunais.

Com relação ao Direito Romano, a Escola Histórica-Alemã seguiu duas direções científicas opostas:

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a)Histórico-Crítica: *Defendia a necessidade de preparar boas edições de textos jurídicos.* Continuação da Escola Humanista (humanismo jurídico do sec. XVII), do mos gallicus.* Os representantes se dizem historiadores puros ou filólogos do Direito Romano: Mommsen, Karlowa, Gradenwitz, Scialoja, Bonfante etc.

b) Dogmático-pandectística:1. Método: fazem a adaptação científica do ius privatus romano (Pandectae de Justiniano) às complexas e diversas relações privadas modernas: usus modernus Pandectarum ou Pandectística.* Doutrinarismo jurídico.2. Representantes: Windscheid; Ihering3. Contribuições: deu origem ao BGB (Código Civil Alemão) de 1900, que consagra o Direito Romano.

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Codigo Civil Alemão, de 1900: “são as Pandectae de Windscheid transformadas em parágrafos” Gierke.

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