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Escrito em:27/3/2009 A COBRA MORTA E O ASSIM CHAMADO PAU

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Escrito em:27/3/2009

A COBRA MORTA E O ASSIM CHAMADO PAU

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Eu sou daqueles que matam a cobra e mostram o assim chamado pau. Ontem, depois que falei da minha coleção de primeiras edições, que inclui várias de Eça de Queiroz, fiquei pensando: eles não vão acreditar! Alguém vai dizer assim: “lá vem o Aguinaldo contando lorota de novo!”

Daí que hoje me dei ao trabalho de fazer algumas fotos com as primeiras edições de Eça que já estão na minha casa aqui em Lisboa. Não trouxe todas, porque, como vocês sabem, só viajo com bagagem de mão, e já não

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tenho mais idade pra carregar peso. Mas na próxima vinda trago o resto.

E quando será essa próxima vinda? Em junho! Logo depois da master class. Quero passar aqui o meu aniversário em companhia daquele amigo finlandês, o Grump Koivisto... Mas com todo respeito.

Mas só virei se o Tadeu estiver tinindo. Pois, embora não tenha falado nada aqui (pra evitar os comentários de alegria de alguns maldosos), depois que viajei ele teve um ataque de depressão e adoeceu outra vez! Mas, tratado a pão-de-ló pelas minhas auxiliares Inês e Dida, e pelo Moderador Imoderado, já ficou bom e está belo e pimpão de novo.

Assim minha atual “saison” lisboeta já está quase terminando. Sábado que vem viajo, e chego ao Rio de Janeiro ainda a tempo de ir comer um churrasco lá na Pampa Grill com uns amigos.

Como diria Giovanni Improtta: me aguardem-me!

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TRAGAM AS VILAS DE VOLTA

d:

Pois é, tenho ouvido comentários sobre a falta de uma boa vilã, neste momento, na televisão brasileira. Pra matar saudades da minha última postei o vídeo que me foi enviado por Sofia Cerveira, apresentadora do programa "Episódio Especial" aqui na SIC. Com vocês, a bela e malígna SÍLVIA!

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UMA NOITE PRA FICAR NA MINHA HISTÓRIA!

Foi uma semana cheia: de trabalho, de tensão, de estresse generalizado... E finalmente de muita alegria. Mas, se eu tinha alguma dúvida sobre o fato de os portugueses, por conta do meu trabalho, serem sempre muito carinhosos comigo, ela foi superada na noite de quarta-feira, no Bar Belém Café, durante o lançamento aqui em Lisboa de “98 Tiros de Audiência”.

Posso dizer que foi uma das noites mais memoráveis de toda a minha vida.

Desde que cheguei às 20h40m, e vi lá a reportagem de todos os canais de tevê à minha espera, e mais o pessoal dos jornais e das revistas... E a decoração, com fotos minhas e da capa do livro, além de vídeos que passavam em dezenas

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de telões lembrando minhas obras televisivas... Até o instante em que dei a última entrevista (ao radialista Luís Caetano, da Antena 3), sentado num banco à beira do Rio Tejo, tendo diante de mim a paisagem espampanante dessa cidade tão linda, pra mim foi tudo emoção pura.

Coube a Teresa Loureiro, em nome da editora, falar primeiro de mim... E depois ao novelista luso-brasileiro Rui Vilhena apresentar o livro. Rui, amigo, gentil e cavalheiro, fez elogios que eu não merecia.

A seguir começou a sessão de autógrafos, alegrada logo de saída pela presença de Guto Lisboa, e por dois queridos amigos do nosso comentarista Moacir Jardim, que foram lá representá-lo e me ajudaram a esquentar as turbinas.

Se eu tinha bebido alguma coisa? Não quereeedos, preferi tomar um Lexotan básico...

E o efeito foi divino!

Pois o sossega-leão me fez ficar ali, na maior calma, ocupadíssimo, mas ao mesmo tempo observando com atenção o que se passava em torno, que é pra poder me lembrar sempre no futuro.

Foi tudo tão perfeito que, dessa vez, não cometi nenhuma das gafes habituais dessas ocasiões festivas... A não ser uma: ao autografar o livro do romancista e roteirista José Pinto Carneiro, em vez de “Lisboa” antes da data eu escrevi: “Rio de Janeiro”... O que não foi tão grave.

Foi uma grande festa, à qual não faltaram estrelas, que fizeram a festa particular da mídia. Saí de lá aos 35 minutos de quinta-feira, depois de um último bate-papo

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com Célia Caeiro (que cuidou da minha divulgação e foi brilhante) e com o ator Paulo Rocha (um dos galãs da televisão portuguesa; caso eu venha a escrever uma novela em Portugal, será o protagonista).

Cheguei em casa pouco depois de 1h, postei as fotos e aquele pequeno comentário, depois fui pra cama... Dormi o sono dos justos...

E, depois de enfrentar mais um dia de entrevistas, agora estou aqui, tentando dividir com vocês este momento único. Ainda tenho vários compromissos relacionados com o lançamento, mas o principal já foi feito. E assim, depois de pedir meu visto de residência no dia 3, no dia 4 pego o avião da TAP e volto pro Rio de Janeiro.

(E agora vamos às fotos (feitas por Rita Correia): na primeira com Nuno Melo; na segunda com a bela Sofia Cerveira e o ator Paulo Rocha; e na terceira, Teresa Loureiro me apresenta enquanto Rui Vilhena se concentra para apresentar o livro)

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Uma questão de respeito

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(Pedro, um dos nossos comentaristas mais fiéis, escreveu nos comentários do Blogão um texto que me pareceu muito atual e pertinente... Motivo pelo qual o reproduzo abaixo.)

Fiquei muito feliz em ver que o lançamento do livro em Lisboa foi um sucesso. Ao contrário do Aguinaldo, não duvidei disso um só momento!

Mas gostaria de fazer algumas ressalvas em relação ao clima de predileção por Portugal que vem tomando conta do Aguinaldo. Concordo plenamente com o João Sequeira de Sousa quando ele fala desse desdém que a imprensa brasileira, no mais das vezes, tem pelo Aguinaldo por algum motivo.

Vou ser bem claro. Esse “algum motivo” nada mais é do que a velha e abominável inveja. Inveja pelo posto que o Aguinaldo ocupa, inveja pela sua ascensão vertiginosa, pelo seu sucesso entre o público e etc.. Vou citar uma vez mais aquela frase famosa de Tom Jobim que já deu as caras muitas vezes por aqui em comentários: “No Brasil, fazer sucesso é pecado mortal!”

Mas não podemos tomar o todo pela parte. Essa gente que maldiz o Aguinaldo é uma parcela ínfima da população brasileira, que é muito maior do que algumas dúzias de profissionais despeitados da imprensa. O Brasil não é apenas essas pessoas! O Brasil é muito maior do que essas pessoas.

O Brasil é aquela senhorinha analfabeta que tem nas novelas a sua única diversão, o seu único meio de obter cultura. O Brasil é aquela empregada doméstica que depois de se matar o dia todo trabalhando numa casa de família, se recolhe no seu quartinho minúsculo para ter na luz da sua televisão pequena a única luz no fim do seu túnel, o seu único momento de alegria diário.

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O Brasil são os milhões de espectadores, de várias classes sociais, de todos os sexos, etnias e idades que, ao longo das últimas décadas, deram às novelas do Aguinaldo as audiências recordistas que elas tiveram.

O Brasil ajudou o Aguinaldo a ser o que é hoje. E se hoje o Aguinaldo tem o reconhecimento que tem em Portugal, deve isso não apenas ao seu grande talento, mas também às oportunidades que ele obteve no seu país natal.

Eu tenho certeza, Aguinaldo, que no fundo você sabe disso tudo. E que esse ressentimento seu, que é mais do que justificável, não é maior do que o seu amor e a sua gratidão pelo nosso país. A imprensa, Aguinaldo, não é a voz do Brasil. O Brasil é muito maior do que a sua imprensa, como já disse. A verdadeira voz do Brasil é silenciosa, mas, ao menos em relação à aprovação do seu trabalho, é bastante audível, seja nos números recordistas das suas novelas, seja nos comentários cheios de elogios que são escritos de todo o coração por todos os comentaristas brasileiros do seu blog!

O Brasil ama você, Aguinaldo! E você, diga o que disser, também ama o Brasil! Pois sei que mesmo quando essas palavras não estão na sua boca, elas estão no seu coração.

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Escrito em:18/3/2009

FESTA DE ARROMBA À BEIRA DO TEJO!

Nem nos meus melhores sonhos eu podia imaginar que o lançamento de “98 Tiros de Audiência” aqui em Lisboa fizesse tanto sucesso. Num super-bar à beira do Rio Tejo, gente a sair pelo ladrão – atores, diretores, roteiristas, escritores, a mídia inteira, um clima evidente de festa da semana...

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Fiquei emocionadíssimo. Ainda mais porque o primeiro autógrafo que dei foi pra ninguém menos que o nosso Guto Lisboa!

Estou cansado, mas muito orgulhoso de tudo. Agora vou dormir, mas amanhã dou mais detalhes, prometo.

Pena que as fotos, que alguém tirou pra mim, não ficaram boas. Que falta me faz o Grump Koivisto! Mesmo assim deu pra aproveitar algumas, vejam abaixo.

Na primeira, eu dando autógrafos a dois fãs lisboetas, na segunda, o ator Nuno Mello, o Portuga de “Senhora do Destino”, aguardando na fila junto com a bela Sofia Cerveira, da SIC, e na terceira, eu e Nuno, com uma legião de fotógrafos como pano de fundo.

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"98 TIROS', EM BREVE, NOS CINEMAS!

Vejam só o e-mail que acabei de receber do meu querido parceiro pra toda vida Wolf Maya:

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“Meu amado, muita merda no lançamento hoje de 98 Tiros de Audiência. O livro é o máximo e vai fazer enorme sucesso aí em Portugal. Lembre-se que temos um compromisso de filmá-lo, hein? Não esqueci. Beijo, Wolf”. Agora me respondam: eu tenho ou não tenho razões pra ser feliz?

Tenho sim!

Ainda mais porque tão carinhosos quanto o Wolf foram vocês, meus queridos comentaristas do blog, que passaram o dia todo a me mandar mensagens de incentivo!

Alguém disse isso e eu confirmo embaixo: durante o lançamento não vou me sentir sozinho, pois terei todos vocês em espírito ao meu lado, me dando a maior força!

Obrigado gente, e não se preocupem, assim que chegar em casa eu entro aqui no blogão e conto tudo!

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BELAS IMAGENS DE LISBOA

Com a jornalista Luísa Oliveira, da revista "Visão", num dos meus locais preferidos para almoçar em Lisboa: a esplanada do Teatro São Carlos. Durante a entrevista, que sai nesta quinta-feira,

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ficamos a flanar durante muito tempo pela cidade, refazendo alguns dos meus percursos prediletos. _________________________________________________________________________

ALGUÉM AÍ PRECISA DE UMA LAVADEIRA?

Nunca trabalhei tanto. Dou duas entrevistas por dia para promover o lançamento de 98 TIROS DE AUDIÊNCIA em Portugal; supervisiono a novela de um novo autor a pedido da Rede Globo; escrevo, junto com minha parceira Maria Elisa Berredo, a sinopse e o primeiro episódio de CINQUENTINHA; preparo o segundo tratamento de ROQUE SANTEIRO – o filme; leio o romance “Aparição”, de Vergílio Ferreira, pra falar sobre ele num programa da televisão portuguesa... E ainda preparo meu jantar e lavo minhas meias e cuecas aqui em Lisboa. Tudo isso enquanto dou os últimos shots de vitamina C na gripe e tento fazer uma dieta. Não é trabalho demais para uma criatura de 65 anos?

Claro que não! É o trabalho, o exercício intelectual constante, que me mantém firme, de pé, e alerta contra todos os tipos de predadores. Porque estes nunca deixam de aparecer no nosso caminho sob os mais diferentes disfarces; e saber identificá-los e chutá-los pra longe com a maior frieza possível é uma verdadeira arte. Eu, graças a meu bom Deus, tenho um feeling perfeito pra isso. De vez em quando um lobo vigarista me aparece sob a pele de um pobre cordeiro... Mas não me engana por muito tempo. Não foi o caso, é claro, do Grump Koivisto, um bom rapaz finlandês, que infelizmente tinha compromissos inadiáveis no seu país de origem e foi embora. Mas onde é que eu quero chegar, afinal, com essa conversa de cerca-Lourenço? A lugar nenhum é claro, só queria dar notícias a vocês e, de tanto me ocupar com todas essas coisas, me descobri sem assunto.

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Mas não fiquem chateados por causa disso. Amanhã, depois do lançamento do livro, eu entro aqui quase em tempo real, cheio de fofocas e fotos. Aguardem, portanto... E se distraiam com as fotos aí embaixo. Na primeira, eu respondendo a vocês no Chat dos Insones de ontem à noite. Na segunda,Tadeu, as unhas crispadas de ódio, ao perceber lá no Rio que eu ia viajar de novo. Atenção pra lâmpada Gallé sobre a minha mesa de trabalho: não é o máximo?

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QUEM MATOU CLODOVIL HERNANDEZ?

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(Oswaldo Montenegro e Chico Buarque: porque um é "mala sem alça" e o outro não é "mala sem rodinhas"?)

Josephine Guidon, uma das nossas comentaristas mais queridas, pede que me estenda sobre uma observação que fiz a respeito da morte de Clodovil Hernandez. Em resposta a um comentário de João Sequeira de Sousa eu escrevi o seguinte: PRA MIM O QUE MATOU CLODOVIL FOI ESSE TIPO DE COISA: A VIDA INTEIRA ELE TEVE QUE AGUENTAR OS DEBIQUES DA IMPRENSA, QUE

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NUNCA, MAS NUNCA MESMO O CONSIDEROU UMA PESSOA SÉRIA. O CARA ENFRENTOU MAIS DE CINQUENTA ANOS DE IRONIAS, PIADAS, COMENTÁRIOS SACANAS... E POR MAIS FORTE QUE ALGUÉM SEJA - E ELE ERA - MAIS CEDO OU MAIS TARDE ACABA POR NÃO SUPORTAR. Sim, eu poderia me estender a respeito e falar sobre isso a que chamo (e Josephine também) de ASSASSINATO CULTURAL. Mas não preciso fazê-lo. Pois a própria Josephine, em quatro comentários arrasadoramente lúcidos, dissecou o assunto tão bem que achei melhor reproduzir o que ela disse, embora nem sempre concorde com ela. LEIAM E COMENTEM: Aguinaldésimo querido, gostaria muito que você falasse aqui, com mais profundidade, desta sua teoria segundo a qual a mídia passou a vida toda de Clodovil a ridicularizá-lo com o objetivo de diminuí-lo, e que isso – esse tratamento injusto – é que acabou por matá-lo. Isso é o que se chama de ASSASSINATO CULTURAL, não é? E às vezes também tentam fazer o mesmo com você – ou não? No mais profundo disso tudo não estaria o preconceito pelo fato de vocês serem pobres de berço e homossexuais assumidos? Acho que este é um assunto que dá pano pras mangas, muita discussão mesmo. A mídia usa sempre a mesma arma quando quer derrubar alguém: a ironia, o debique, o pouco caso. Lembro de uma história que não tinha nada a ver com homossexualismo, mas com ascendência social: o daquele cantor/compositor Oswaldo Montenegro. Faz alguns anos lia-se diariamente alguém a escrever nos jornais e revistas o quanto ele era chato. O processo de desconstrução em relação ao rapaz foi o mesmo aplicado a Clodovil. E teve tanto êxito que ele foi obrigado a sumir por uns tempos, e só apareceu de novo há pouco. É um tema pra ferver Aguinaldésimo, fala sobre ele sim.

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Aliás, embora não adiante, porque ela passa por cima da mídia feito uma jamanta, fazem a mesma coisa com a Madona. Quantas vezes, quando a Diva lança um novo disco, a gente não lê os críticos especializados aqui no Brasil dizendo que ela já era? E aí o disco estoura no mundo inteiro e eles se recolhem à sua insignificância.

O que me leva a uma outra observação: por que a mídia implica com algumas pessoas e com outras jamais? Por exemplo: aqui no Brasil os colunistas dizem que Oswaldo Montenegro é um chato. Mas caem de quatro diante dos olhos azuis de Chico Buarque, e este, aqui pra nós... é um mala sem alças nem rodinhas!

Eu acho que o modo como a mídia escolhe os seus objetos de implicância não é aleatório Aguinaldésimo, e tem a ver com berço. Por exemplo: as pessoas saídas das classes menos privilegiadas, os pobres e lumpens (lembram dessa palavra queridos, das aulas de ciências sociais? Nem sei se ainda a usam) são sempre os preferencialmente atacados. Já os de berço, os de nome, os filhos de papais forrados, estes contam com o beneplácito de todos. Ou seja: trata-se do mais puro e direto preconceito de classe!

Claro, alguém vai argumentar que nesse caso Lula nunca teria o seu saco tão repuxado pela mídia, pois saiu do nada. Mas eu também tenho uma teoria para isso: Lula é a catarse!

Assim como os alemães dão dinheiro pro terceiro mundo por uma questão de má consciência, os mídias brasileiros são bonzinhos com Lula, porque assim não precisam ser bonzinhos com mais ninguém que tenha saído das classes

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menos privilegiadas e ouse um vôo mais alto!

Essa é a minha teoria Aguinaldissíssimo, talvez você não concorde com ela, mas acho que deveria assim mesmo comentá-la. Beijos. Assinado: Josephine Guidon.

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MADONA: UMA "VELHA RIDÍCULA"?

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Catharina França, brasileira que se apresenta na Europa como “atriz e modelo”, está vivendo seu momento de glória na Inglaterra. Não por alguma coisa de produtiva que fez; mas por ser ex-namorada do “ator e modelo” Jesus Luz e ter sido preterida por ele em favor de uma senhora de 51 anos chamada Louise Ciccone, e conhecida como... Madona!

Vejam o que Catharina falou para um daqueles tablóides ingleses sensacionalistas:

"Acho que a idade faz diferença e fica ridículo para ela. É como se a minha mãe tivesse um namorado da minha idade, ou até a minha avó. Acho muito estranho", declarou França. E acrescentou: "ela é uma velha ridícula".

A moça é essa da foto aí embaixo... E o rapaz está embaixo dela.

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Catharina, que namorou Luz por 18 meses -- começando em 2006 --, afirmou que ficou "chocada" quando soube do romance entre seu ex e Madonna:

"Não acreditei quando ouvi isso" – ela afirmou, e prosseguiu:

"Eu acho que ela tem um complexo de idade. Ela acha que ainda é jovem, não consegue aceitar a idade que tem. Não me lembro dele [Jesus] falar sobre ela ou ouvir sua música. Madonna é famosa, mas é de uma geração diferente".

A “modelo e atriz” de 18 anos disse ainda que ela e Luz continuam amigos, e acha que Madonna está com o modelo para "chamar a atenção e fazer ciúmes em alguém - "talvez seu ex-marido [Guy Ritchie] ou outra pessoa".

Catharina, coitadinha, comete dois erros crassos: primeiro, achar que seus prosaicos 18 aninhos podem ser páreo para os 50 (com cara de 40) de uma mulher poderosa feito Madona. E segundo, usar o truque baixo do “sou jovem e ela é velha” pra se valorizar numa relação amorosa.

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Não que eu acredite nessa balela segundo a qual o amor não tem idade. Mas quando se tem cinqüenta anos, uma fortuna avaliada em 1 bilhão de dólares e se é nada menos que um dos ícones do século XX dispostos a atravessar na proa da fama boa parte do XXI, como é o caso de Madona...

Aí o amor não tem idade MERMO, Chatarina quereeeda, e ridículo é o seu Jesus achar que vai permanecer por muito tempo na cama com Madona.

Nem o Guy Richtie, que já era famoso, tinha uma carreira estabelecida e algum prestígio, conseguiu... Portanto, relaxe, continue com a sua carreira de "atriz e modelo" (um prêmio pra quem descobrir o que ela fez até agora), e fique a esperar que o seu Jesus seja devidamente chutado pela outra e volte pra você, se é que, quando isso acontecer, terá sobrado alguma coisa nele que valha a pena.

Pois Madona pode ser velha... Mas é vivíssima!

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Madona (acima) e Jesus, seu atual objeto do desejo. Até quando?

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Escrito em:14/3/2009

TCHAU CLÔ, A GENTE SE VÊ NA ESQUINA!

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Dessa vez foram vocês que me furaram. Entro no blogão depois de um dia intenso e leio os comentários sobre a morte de um dos homens mais interessantes que conheci: Clodovil Hernandez. Estou chocado. Não sei o que dizer. Por coincidência, meu próximo post, que eu pretendia publicar amanhã, era justamente sobre esse tema – a morte, que, embora a ignoremos, está sempre a nos espreitar.

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Não vou agora dizer o quanto Clodovil foi importante só porque ele morreu. Mas ele foi sim. De um modo muito especial. Subverteu costumes, aparências, convenções... Foi um mulato muito do desabusado... Viu seu talento se esgotar, mas nem por isso deixou de ditar modas... E no fim da vida renasceu ao ser eleito um dos três deputados federais mais votados por São Paulo. Sim, Clodovil era uma figura sem a qual a segunda metade do nosso século XX não teria sido a mesma. Era um filósofo desses de cabeceira, um costureiro, um encrenqueiro e um entertainer. Tinha muitas virtudes, sem dúvida. Mas a maior de todas era que nunca levava desaforo pra casa. Vou acender umas velas para iluminar sua última caminhada.

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FESTA DE ARROMBA EM LISBOA!

O convite acima, para o lançamento de "98 Tiros de Audiência" aqui em Lisboa, é dirigido a todos os leitores do blogão. Basta imprimir, levar consigo e mostrar na porta pra entrar na festa. Será uma hora de bar libre e depois... O Céu é o limite. Mas aí já não estarei presente, virei pra minha caminha... Só.

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GRIPE MAIS FILHA DE UMA ÉGUA!

Nas fotos: acima, eu descendo as escadinhas de São Mamede. A cara, apesar dos esforços de Madame Lancôme, ainda tá meio sambada, não tá não? E abaixo, flanando pela Baixa, com o Elevador de Santa Justa, uma das jóias de Lisboa, ao fundo. As fotos, como sempre, foram feitas por Grump, o pitbull finlandês.

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É gente: está difícil.

A gripe começou a ir embora, mas sem a menor pressa. O terçol é que já cantou pra subir, com a ajuda de Clorocil, um colírio que alguém recomendou aqui e eu tratei de usar.

Mas não é fácil comprar remédio em Portugal.

Primeiro porque os farmacêuticos - como a maioria das pessoas - se perdem nos “mas, porém, contudo, todavia” e não conseguem dar um fecho ao que estão querendo

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dizer. Os debates na tevê, ao vivo e a cores, e as conversas telefônicas são o maior exemplo disso.

E segundo porque existem regras que são fielmente seguidas. No Brasil farmácias e botequins devem ser muito lucrativos, pois dividem entre si cada esquina das cidades. Aqui não: toda farmácia tem que servir a uma percentagem de moradores do entorno.

Ou seja: você não pode simplesmente instalar sua farmácia onde lhe apetece, mas sim, onde ela é necessária. E nisso os portugueses fazem todo sentido.

Viagra? Só sob prescrição médica. Xenical também. Antibiótico idem, e apenas na dose necessária. Tudo o que estiver exposto atrás do balcão da farmácia só é vendido com receita. Até um nebulizador, que tentei comprar na ânsia de desobstruir as vias respiratórias: o aparelho estava do lado de fora, mas o líquido ficava do lado de dentro do balcão e, portanto, sem receita médica nada feito.

Mas não se pode dizer que os portugueses estejam errados e nós sejamos os certos. Lembro de um amigo meu, alcoólatra, que tinha crises de gota cada vez que bebia. Pra curá-las o mais rapidamente possível, foi aumentando as doses de anti-inflamatório...

Até descobrir uma injeção que se aplica em cavalos lesionados no Jockey. Pra ele foi um santo remédio. Tomava uma injeção daquelas e ficava bom da crise de gota em menos de meia hora. Comprava a injeção em

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certos veterinários, e depois pedia nas farmácias que alguém lhe aplicasse. O risco era alto, mas ele nunca ouviu um “não”.

Um cavalo pesa 500 quilos, nosso amigo 90. Portanto, o que ele tomava era uma dose de remédio que se podia dizer “cavalar”... E que um dia fez seu coração explodir como uma bola de soprar. Ele tinha 54 anos quando isso aconteceu, e eu não considero que esta seja uma história triste... É apenas exemplar.

Ou seja, as farmácias aí no Brasil são uma verdadeira zona, e os portugueses é que estão certos quando impõem uma certa ordem por aqui.

Mas o que eu queria dizer é que: com gripe ou sem gripe, com remédio ou sem remédio, tenho que seguir minha rotina. E isso inclui, por exemplo, dar uma rasante numa livraria da Praça do Rossio, às 9 horas da manhã!

Ao sair, carregando a habitual sacola cheia de livros que não sei se vou ler ou não – talvez não viva o bastante pra isso -, encontro o amigo José Pinto Carneiro, ex-aluno (brilhante) da minha master class aqui em Lisboa, e roteirista do seriado juvenil Morangos com Açúcar, a Malhação local. Conversamos um pouco ali, no maior frio, eu com minha voz horrorosa de constipado. E só depois que nos despedimos e fui embora é que me lembrei: devia ter dito a ele o quanto gostei de seu último livro, que se chama

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“Todas se Apaixonam por Mim” (Guerra

e Paz, Editores), e eu recomendo à turma portuguesa aqui do blog.

No mesmo dia dou duas entrevistas – e ao ar livre, nos mirantes do Castelo e da Graça. Mais vento frio. Cacarejo feito uma galinha histérica diante de repórteres e fotógrafos e, claro, no final do dia estou sem fala. Trato de dormir sentado, pra ver se a tosse da madrugada não me vem... Mas quem disse que consigo enganar a safada? Ela chega, eu levanto e fico meia hora a tossir pela casa afora, tentando arrancar das minhas entranhas a mãe de todas as catarras, mas consigo expectorar apenas uma tímida gosma.

Eca!

Gripe (ou constipação), vocês sabem, não é doença: é incômodo. E não há nada na minha puta vida pra me deixar mais mal humorado que uma delas, Acordo às 7 horas de um sábado luminoso, com a voz menos horrorosa e sem sinal de tosse ou de terçol. Tomo um belo café da manhã; depois banho, massagens, perfumes, cremes pro corpo todo... E então me olho no espelho e constato: se botar um pozinho aqui, um lápis de cor ali e uma sombra acolá vou parecer sexy, gostosão e lindíssimo de novo. É o que faço: apelo pra Madame Lancôme e ela, como sempre acontece, não me decepciona. Já devidamente “rebocado”, faço a pergunta de sempre ao espelho:

“Existe alguém mais belo do que eu?”

E ele dá a resposta habitual:

“Talvez o Karl Lagerfeld... Mas eu não tenho certeza”.

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De qualquer modo o Karl pode, aquele alemão felá da mãe pode tudo!

Agora, quanto a mim...

Tinha programado ficar de molho em casa durante o fim de semana, porém não resisto. Lisboa me espera! Daqui a pouco estarei flanando em suas ruas, becos, praças, largos, escadinhas e ladeiras de novo.

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BELAS IMAGENS DE LISBOA

O cidadão, lisboeta típico, toma sua sopa de feijão com legumes na Ginja da Praça do Rossio, a que eu frequento. (foto de "Grump" Koivisto)

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Escrito em:8/3/2009

SÓ AGUINALDÃO DÁ AULA GRÁTIS!

Nas fotos: acima, diante do Hotel Quinta das Lágrimas, eu encostado no carrinho que aluguei pra viajar. Era, deixa ver se me lembro: um puma, uma onça, uma pantera, um tigre... Não, um Jaguar. E abaixo, SURPRISE!, Bruno, eu e João Sequeira depois do famoso almoço em Coimbra ao qual Claudinha Barreiro não pode ir. As fotos foram feitas pelo Grump, um rapaz finlandês que saiu chutando todo mundo e agora se transformou no meu mais recente amigo da infância.

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Alguém aí me pediu notícias da master class. Como justamente eu tinha falado sobre ela hoje num e-mail endereçado ao pessoal da Barroso Pires, que são os organizadores, com a devida autorização deles trato agora de aqui publicá-lo:

Jackie quereeeda, Desculpa se demorei a responder. Mas é que tenho que pensar um pouco antes de resolver qualquer assunto. Cada decisão para mim é um verdadeiro CATAPLUM!: uma coisa que não pode ter mais retorno.

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Não acho que tenhamos que aumentar a carga horária da master class, vai ficar pesado. Depois de três horas, mesmo com direito a coffee break e lanche cinco estrelas, a turma começa a ficar desatenta. Assim, três semanas está bom, de segunda a sexta. Pode começar o SHUASHUASHUASHUÁ na mídia. Penso que devemos enfatizar o seguinte: vou dar o curso de graça porque me preocupa muito a carência de novos autores de telenovelas, e eu quero contribuir para que eles surjam. Aqui estou vivendo um ligeiro inferno astral. Peguei uma gripe, ou constipação como eles dizem, que não foi embora mesmo depois de uma semana e alguns litros de vitamina C. E ontem me apareceu uma coisa que não me vinha desde o tempo em que eu era o bebê de Rosemary, aliás, de dona Maria do Carmo: um terçol!

Logo numa criatura de olhos lindíssimos como eu: PODE?!... Estou usando óculos escuros maiores que os da nossa querida Bibi Ferreira... Um motorneiro aqui do bonde 28 me disse que o melhor remédio pra terçolho (como eles dizem) é “mijo de canário”. Mas eu, pra não parecer maldoso, não me atrevi a perguntar se ele estava se referindo à ave canora, ou a algum cidadão nascido nas Ilhas Canárias... Enquanto isso vou me preparando para o lançamento de “98 Tiros de Audiência” cá em Lisboa, mais precisamente dia 25 de março no BBC. Já tenho um monte de entrevistas agendadas, o bochicho vai começar daqui a pouco, e já estou naquela paranóia de que “não vai aparecer ninguém, carago!”

Mas no fim, como sempre acontece na minha puta vida, depois de tanto estresse tudo dá certo e eu constato, mais uma vez, que o mundo tem sido maravilhoso comigo. Voltando à master class: por favor, me mantenha informado. Vai ser chiquésimo fazer a maquilagem e botar o pretinho básico no meu escritório no Centro Empresarial Mário Henrique Simonsen... E depois, cercado de assessosres e seguranças, caminhar alguns metros até uma das salas de reuniões do mesmo Centro Empresarial, do qual sou co-proprietário (junto com a TIM, o Bradesco e outros mais...), pra dar minha aula!

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Só espero não me distrair no caminho com os sapos que, à noite, ficam espalhafatosamente a trepar uns com os outros nos lagos. Sodomia zoófila? Não pode!

Este e-mail ficou tão legalzinho que vou ter que lhe perguntar: depois que você ler, posso publicar no blog?

Beijos do Aguinaldo. ____________________________________

NO AR, 16 CAMPEÕES DE AUDIÊNCIA!

Descobri uma pérola que agora vou dividir com vocês: a lista das 15 novelas de maior audiência desde que o Ibope passou a fazer as tais pesquisas diárias. Aí vai:

“Roque Santeiro” (1985) 67 pontos. “Tieta” (1989) 63. "O Salvador da Patria" (1989) 62. “Renascer” (1993) 60. “Rainha da Sucata” (1990) 59. “Pedra sobre Pedra” (1992) 57. “Fera Ferida” (1993) 56. “Vale Tudo” (1988) 56. “O Rei do Gado” (1996) 52. “De Corpo e Alma” (1992) 52. “Senhora do Destino” (2004) 50. “A Próxima Vítima” (1995) 50. “América” (2005) 49. “A Indomada” (1997) 48. “O Dono do Mundo” (1996) 47.

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BELAS IMAGENS DE LISBOA

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A vizinha fofoqueira.

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A senhora e a calçola.

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A solidão da viuva.

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Um bonitão flanando na Baixa...

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QUEM ESCREVE A NOVELA DO BLOGÃO?

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(Lara, o maridão e os filhos, Bruno Fracchia e dona Zumilde, a mãe dele, e João Sequeira com sua camisa do F.C. Porto: eu sou todos eles?)

Durante um almoço com amigos aqui em Lisboa falou-se de novelas primeiro, e depois se chegou ao blogão. Todos concordaram: “o maior sucesso”! E também foram unânimes em elogiar a alto nível dos comentaristas - “coisa nunca vista até então num blog tupiniquim”. Foi aí que um brasileiro, ex-jornalista, hoje homem de tevê, não resistiu e soltou sua farpa: “Também, com o próprio Aguinaldo a escrever os comentários todos...”

Não entendi, pedi que se explicasse melhor, e ele assim o fez:

“Vai me dizer que aquelas pessoas existem mesmo?”

Quem, por exemplo? - eu insisti. E ele respondeu:

“Lara Romero, João Sequeira, Bruno Fracchia e Josephine Guidon, pra citar apenas quatro. Por mais que você disfarce dá pra reconhecer nos textos deles o seu estilo!”

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Já me acusaram de muita coisa: nunca ter sido repórter ou jornalista, jamais ter escrito uma linha das minhas novelas, ter plagiado todas as minhas tramas ou encomendado a terceiros os textos dos meus livros... Mas essa acusação era nova: o sujeito estava dizendo que aqui no blogão sou eu quem escreve tudo!

Reagi indignado. Disse que até fotos já tinha publicado da Lara e do João, por exemplo, mas ele reagiu com desdém a isso:

“Na certa contratou alguns modelos que se fizeram passar por eles...”

Apresentei outros argumentos, o tal rebateu todos, a conversa evoluiu para um bate-boca... Quase nos atracamos. Exigi que me pedisse desculpas, ele disse que não o faria, e assim o almoço acabou mal: levantei da mesa a meio do arroz de pombo. Fui pra casa putíssimo. Mas lá, já deitado na minha chaise longue, e depois de ter tomado um calmante, lembrei de um romance de Mário Vargas Llosa chamado “Tia Júlia e o Escrevinhador”, e pensei: “E se fosse verdade? Se fosse eu o autor de todos os comentários postados no blogão?”

Fiquei a imaginar a cena: Lara pergunta, João responde, Guidon replica, Cláudia Barreiro argumenta, Meire insulta, Mourão comenta... Luiz Carlos, Pedro, Rodrigo Lima, Bruno Fracchia, Fernando Damázio, Davi Vallerio, Marcão Bittencourt, Isadora, WVigh, Silvestre, Alexandre Pereira, Fátima, Moacir Jardim, Guto Colunga, Cile_it, Goiano,

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Tsunami, Letícia, Agenor, Bruno Joel, Dio Adhelino, Henrique Hetero... Por aí vai. E eu, debruçado dia e noite sobre o teclado, a digitar, vomitar, regurgitar, obrar textos “pessoais” desses personagens todos, a inventar detalhes de suas vidas, a tentar ser fiel aos seus respectivos estilos, a seguir o raciocínio de cada um sem perder jamais o fio...

Seria uma tarefa hercúlea. Um negócio pra doido.

Será que eu conseguiria? Eu ou qualquer outro: se conseguisse faria o blog perfeito; um espaço onde centenas de opiniões, mesmo as mais divergentes, se encaixariam umas nas outras pra formar um único, harmônico e amplíssimo texto.

Claro que isso resultaria em perda de tempo... E, no meu caso, de dinheiro. Mas daria a quem o fizesse muito prazer e muito orgulho. O problema é que, mesmo sem chegar a tais extremos, já tenho um blog quase perfeito. E pra isso tenho apenas que deixar vocês à vontade pra serem originais e criativos. Um dos argumentos usados pelo tal durante o nosso arranca-rabo: “Como é que você explica que no seu blog não entrem freaks nem aloprados?” (Até entram alguns, pensei. Mas achei melhor não nomeá-los). Nesse instante ele recebeu apoio o de um outro comensal, que arrematou:

“Realmente, aquele pessoal que escreve no teu blog é articulado demais... E todo aqui mundo sabe que na internet isso é raro”.

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Raríssimo sim: mas se a turma do shuashuashuashuashuá passa ao largo do blogão sou eu o culpado?

De volta ao calmante e à chaise longue: depois de pensar melhor sobre a insistência do tal em negar a existência de vocês todos concluí que, no fundo, em vez de insultar ele me prestara uma homenagem. Pois achou que os textos aqui publicados só podiam ser da minha lavra por causa da altíssima qualidade.

Ou seja, ele me elogiou: mas são vocês que devem se considerar elogiados.

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(Eu a conversar com Tim Lopes e duas "focas" na rua Irineu Marinho, em frente ao jornal O Globo (1976); a entrevistar a escritora israelense Yael Dayan, filha de Moshe Dayan (1962); e na redação de O Globo, na mesa em que sentei durante oito anos, em plena hora do pega-pra-capar (1975). "Mas ele foi jornalista?"

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Escrito em:4/3/2009

PAULO FRANCIS E A AREIA MIJADA

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"BETTY A FEIA": COISA MAIS SEM GRAÇA!

Nove e meia da manhã: dia nublado, 10 graus de temperatura, e o movimento de turistas, subindo em

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direção ao Castelo, já começa na minha rua (vejam a foto acima). Ontem à noite vi mais três episódios de “Betty a Feia” - primeira temporada. Por enquanto estou achando uó do cororocó: sem graça! Aquele recurso da vilã misteriosa, coberta de véus e sempre na penumbra, é tão antiga... Mas vou até o fim, pra depois engatar com a quarta temporada de “Nip Tuck”. Ruy Vilhena adora. Eu encaro com certo enfado, mas não posso deixar de ver, pois faz parte do meu trabalho. Antes de dormir ainda li uma entrevista feita por Philip Roth com a romancista irlandesa Edna O’Brien. Tudo isso depois de um almoço no Gambrinus regado a Herdade das Servas tinto, e um vinho do Porto no Solar do dito cujo, enquanto esperava Moacir Jardim, que não me encontrou, pois chegou com uma hora de atraso (boa viagem de volta à Alemanha, quereeedo). Vida intensíssima!

Agora vou sair pra cuidar da papelada do meu visto de residência permanente... Porque é isso mesmo, estou pensando seriamente em vir morar em Lisboa pra sempre. Mas não se desesperem, pois o Blogão do Aguinaldão, sempre morrendo de tanto charme, continuará a pleno. _________________________________________________________________

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Telefonemas do Brasil me dão ciência do acontecimento que foi o segundo dia de SENHORA DO DESTINO: a TV Globo juntou o segundo e o terceiro capítulos num só, mas sem cortar quase nada. Resultado: uma hora e 25 minutos de novela, e 22 pontos de média. Se eu disser que não fiquei feliz com este resultado serei hipócrita. Não só gostei, como fiz questão de festejar com meus amigos. Pois SENHORA DO DESTINO pra mim não é apenas uma novela. É um álbum de memórias: da época em que ela se passa e dos dias em que a escrevi, disposto a recuperar meu lugar de destaque no mundo das telenovelas. É claro que não fiz tudo sozinho; nem pretendo diminuir a importância dos que me acompanharam naquela jornada. Vejam a foto que ilustra esse texto: ela foi tirada no nosso almoço de comemoração depois que terminamos a novela. Nela estão em torno de mim, pela ordem, a partir da esquerda: Filipe Miguez, Maria Elisa Berredo, Glória Barreto e Nelson Nadotti, meus fantásticos colaboradores, sem os quais SENHORA não teria sido a mesma, nem sua feitura tão prazerosa. Foi uma longa e maravilhosa viagem durante a qual, juntos, aprendemos todos mais um pouco. E percebemos que, se

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continuarmos a nos esforçar assim, talvez daqui a duzentos anos aprendamos escrever novelas. Mas não vou ficar aqui a falar do leite belamente derramado. SENHORA DO DESTINO é passado; e todos nós, que trabalhamos nela, ainda temos muito futuro pela frente. Portanto, se ainda comentar sobre a novela aqui no blogão, não será pra me vangloriar de nada. Só queria aproveitar pra responder a algumas perguntas muito pertinentes enviadas pela nossa quereeeda Lara Romero, e relacionadas com SENHORA. Aí vai:

P. Voce se arrependeu de ter escrito a orelha (ou terá sido o prefácio?) daquele livro sobre Che Guevara que te levou a prisão? R. (Lara está se referindo à minha prisão, em 1969, reproduzida literalmente nas cenas da prisão de Maria do Carmo jovem). Foi o prefácio quereeeeda. Nunca me arrependi, pois tenho essa falha de caráter – nunca me arrependo de nada. Mas minha opinião sobre Che Guevara mudou muito desde então, e hoje eu posso dizer sem pestanejar que, em matéria de trapalhão, Didi Mocó sempre foi mais eficiente que ele. P. O que voce escreveu que iritou tanto assim os milicos?

R. O texto era só puxação de saco do Che. Mas acho que os milicos ficaram irritados mesmo foi com o título do prefácio, que era: “a guerrilha não acabou.”. Como diria Meire Siqueira: “não mesmo Aguinaldete? Me engana que eu gosto...”

P. No primeiro capítulo apareceu rapidamente a figura do saudoso Paulo Francis. Tenho uma relação de amor e ódio com essa figura. Menina precoce, já aos 12 anos lia os artigos dele (meu pai tinha assinatura dos jornais todos) e alternava admiração (que texto divino, inteligente, divertido, genial) com raiva (mas quem ele pensa que é? Porco machista preconceituoso!). Voce o conheceu? Trabalhou com ele? Que opinas?

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R. Paulo Francis foi a criatura mais esnobe que já conheci. Mas ele tinha esse direito, pois era um intelectual de verdade, desses que leram tudo e tudo sabem. Só que era muito feio, o que talvez tenha influenciado o seu caráter. Era, como você mesma deduziu nos seus doze anos, machista e preconceituoso. Já falei aqui do apelido terrível que ele tascou em Jayme Maurício, o crítico de artes plásticas do Correio da Manhã, e uma espécie de bichinha peniqueira de dona Niomar Moniz Sodré, a dona do jornal: “areia mijada!” A coitada do Jayme Maurício nunca se refez inteiramente depois de ser chamada assim por ele. Mas quer saber? Machista e preconceituoso ou não, a verdade é que não dava pra deixar de ler os brilhantes textos de Francis. Eu disse que o conheci, mas na verdade nos falamos poucas vezes. Numa delas ele era o editor da revista Civilização Brasileira, publicada pela editora do mesmo nome. Eu mandei um conto pra lá e dias depois, ao cruzar com Francis, perguntei se o tinha lido. Ele disse que lera sim, e que tinha gostado muito. Ao que eu, todo prosa, perguntei: “Então vai publicá-lo?”

Ele respondeu que não, e eu caí na armadilha ao questioná-lo de novo: “Por quê?”

A resposta de Paulo Francis:

“Porque só publicamos pessoas de nível”. Foi quase a mesma coisa que me chamar de “areia mijada”. Mas me recuperei do trauma a ponto de chorar de tristeza no dia em que ele morreu... Pois achei que o Brasil ficou mais pobre.

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Paulo Francisco: feio, mas cultíssimo.

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Escrito em:1/3/2009

"SENHORA" DÁ VINTE PONTOS NA ESTRÉIA!

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ECOS DE UM JANTAR

Na foto abaixo, Ruy Vilhena, novelista de maior sucesso da televisão portuguesa, Joana Jorge, sua colaboradora imprescindível, e eu, após um jantar na noite de Lisboa. O tema da conversa foi só um: novelas e mais novelas. Ruy e Joana escreveram na quarta-feira o último capítulo de "Olhos nos Olhos", que está em cartaz na TVI.

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Estou a sete mil quilômetros de distância, mas continuo de olho na minha cria. Sabem qual foi a audiência de SENHORA DO DESTINO na estréia? Vinte pontos, com picos de 24! Não sei de nenhuma novela, nos últimos cinco anos, que tenha dando tanto logo na estréia. Mas calma gente, não vamos soltar rojões, ainda é cedo. Melhor esperar pra ver o que acontece nos próximos dias.

Ah, e aproveito pra consertar um erro: eu disse que o Marcelo Camacho, autor da entrevista abaixo, estava na revista Veja. Mas ele já saiu de lá há tempos, e agora é o chefe de redação da revista QUEM! Desculpa Marcelo, falha minha.

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ESPECTADOR É SENHOR DO MEU DESTINO!

O Moderador, cuja função é não apenas vigiar os excessos aqui no blogão, mas também ponderar contra os meus rompantes, acha que eu não devia mais dizer que SENHORA DO DESTINO é a novela de maior audiência do milênio:

“Quando diz isso você parece arrogante” – ele argumenta. Mas eu não acho que seja arrogante ao dizer que SENHORA DO DESTINO é a novela de maior audiência dos últimos onze anos. Trata-se de um fato, e de extrema relevância, que não pode deixar de ser lembrado. Para que vocês tenham uma idéia: SENHORA DO DESTINO teve 50.4 pontos de média de audiência. A novela atual está nos 34.4; e, a não ser que passe a dar 55 de média diária daqui pra frente, dificilmente atingirá aquele número. Se eu fingisse que não dou importância a esse fato seria muito hipócrita. Pra mim ele é motivo de grande orgulho. Mas aí alguém me pergunta: será que SENHORA DO DESTINO vai repetir o mesmo êxito no Vale a Pena Ver de Novo? E eu respondo:

“Não tenho a menor idéia”. Pois o telespectador é senhor dos seus próprios desígnios, e é quem realmente manda na audiência. De qualquer modo, a estréia da campeã de audiência esta semana no Vale a Pena Ver de Novo merece, do autor que deu tudo de si para escrevê-la, esse post comemorativo que vocês lerão aí embaixo. _______________________________

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Fui lá nos meus arquivos implacáveis e achei a melhor

das muitas entrevistas que dei no final de SENHORA DO

DESTINO: ao jornalista MARCELO CAMACHO, então

do site NoMínimo hoje na revista Veja. Agora que a

novela estréia no Vale a Pena Ver de Novo, peço licença

ao jornalista para republicar a entrevista aqui. Alguns

assuntos, como você perceberão, hoje parecem datados.

Mas no geral a entrevista permanece inteira, por isso...

Sigam adiante, pois Vale a Pena Ler de Novo.

Em rota de fuga após seqüestrar o bebê de Isabel, a vilã Nazaré prepara-se para a maldade das maldades: jogar-se para a morte do alto da cachoeira de Paulo Afonso, no Rio

São Francisco. Com o bebê no colo, naturalmente. Isabel - a filha postiça de Nazaré, também seqüestrada quando era bebê - implora para que ela não cometa essa loucura. E reconhece que Nazaré lhe deu, sim, amor de mãe. Comovida, a malvada entrega o bebê a Isabel e se atira do penhasco. Taí o que os 45

milhões de brasileiros que acompanham, hipnotizados, a novela ‘Senhora do Destino’ tanto queriam saber - como será

a punição da pior vilã televisiva dos últimos tempos.

‘São seqüências muito difíceis’, diz Aguinaldo Silva, o autor da trama. ‘Depois disso, eu ainda havia imaginado uma cena, quilômetros adiante, na beira do Rio São Francisco, em que o telespectador veria os sapatos vermelhos de Nazaré sobre uma

pedra e pegadas feminina na lama’, conta ele. A idéia de sugerir que a bandidona não morreu foi abandonada. ‘Minha

inspiração para fazer a Nazaré sempre foi o gato Tom, do desenho ‘Tom & Jerry’. Ele sempre se dá mal, mas está

sempre pronto para outra. Não dava, porém, para deixar a Nazaré viva. O público não toleraria tal impunidade’,

continua Aguinaldo.

‘Senhora do Destino’, que chega ao fim no dia 11 de março, é a novela das oito de maior audiência da Rede Globo nos

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últimos dez anos. Tanto sucesso faz do pernambucano Aguinaldo Silva, 60 anos, o mais importante autor de novelas da atualidade. Homossexual assumido, ex-preso político, ex-militante gay, ele se declara um morador do Rio de Janeiro acuado pelo medo da violência. Trancado em sua mansão de dois andares num condomínio de luxo na Barra da Tijuca, de onde raramente sai, Aguinaldo surpreende quem conhece seu passado de esquerda. ‘Falta um Carlos Lacerda hoje em dia. Falta alguém que diga: ‘Não pode isso, isso e isso’. Por força das circunstâncias, fica até parecendo que virei conservador. Pago meus impostos e cumpro todas as leis. Por que é que vou

compactuar com quem não faz o mesmo? Sou uma pessoa séria, não um conservador’, diz.

Na tarde da última segunda-feira, poucas horas depois de botar o ponto final em ‘Senhora do Destino’, Aguinaldo Silva

recebeu NoMínimo para a seguinte entrevista.

Quem é, hoje, o melhor autor de novelas da Globo? Você?

Essa é uma pergunta terrível. Porque se eu disser que não estou, neste momento, preocupado em ser o melhor, estarei sendo

hipócrita. Quando resolvi escrever ‘Senhora do Destino’, queria algo que me deixasse feliz. Ou seja, uma ótima novela, um

trabalho que apresentasse inovações do ponto de vista de roteiro e de estilo. E foi o que consegui fazer. Não diria que sou o melhor

autor, eu estou o melhor autor. É claro que o próximo pode se sair bem melhor que eu, mas, neste momento, essa é, sim, a melhor

novela dos últimos dez anos.

Que inovações de roteiro ‘Senhora do Destino’ apresentou?

As outras novelas têm um começo emocionante, depois toda uma trajetória em velocidade de cruzeiro, e, nas últimas três semanas,

voltam a ser emocionantes. Essa novela foi emocionante do começo ao fim. Aconteceram várias novelas dentro de ‘Senhora do Destino’. Pensei em cada capítulo da trama como se fosse o

penúltimo, que é sempre mais emocionante que o último. Isso só aconteceu porque me preparei muito antes de começar a escrever.

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Só a primeira temporada de ‘Os Sopranos’, eu vi mais de 20 vezes. Acho aquilo perfeito, genial, redondo, completo. É uma

lição de roteiro, de contemporaneidade, de como se pode tratar de qualquer assunto na TV. Também vi muitos filmes, li muitos

livros. Foi uma preparação intensa.

Os autores de novela não costumam fazer essa preparação?

Não. Eu mesmo não fazia. Nós, os autores mais antigos, os chamados dinossauros, criamos uma coisa que chamamos de estilo, mas que, na verdade, são vários truques e muletas que

usamos para contar sempre a mesma história, apenas com algumas variações. A verdade é essa. Lá vem a novela do

Aguinaldo Silva, a do Benedito Ruy Barbosa, a do Gilberto Braga. Você reconhece na hora, porque os truques são sempre os mesmos. Eu fazia isso, mas era algo que, nos últimos tempos, me deixava profundamente insatisfeito. Eu ligava o piloto automático e fazia a mesma porcaria de sempre. Já tinha até pensado em parar

de escrever novelas por causa disso... Para fazer ‘Senhora do Destino’, precisei rever as minhas técnicas de fazer televisão. E

tratei de esquecer todas elas. Tudo que pudesse lembrar uma novela de Aguinaldo Silva, eu descartava imediatamente.

Por exemplo?

O realismo mágico, que era uma característica minha, foi totalmente descartado. Eu costumava reunir todos os personagens numa única cidadezinha, mas isso acabou. Também evitei certos

vícios de linguagem meus, como alguns cortes de cenas, encadeamentos de seqüências. Por fim, tentei não fazer um roteiro

de novela, mas um roteiro mais cinematográfico, na medida do possível. Acho que funcionou.

Esse vai ser o seu estilo a partir de agora?

Não sei como vai ser minha próxima novela. Mas posso afirmar que o realismo mágico é uma coisa totalmente superada. Outro

dia, peguei na estante o ‘Cem Anos de Solidão’, do Gabriel García Márquez, que eu li em 1970. Na época, achei uma obra-

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prima. Pois agora, mais de 30 anos depois, comecei a reler o livro e achei tudo um saco, uma coisa falsa, idiota, infantil. O realismo

mágico está ultrapassado. A realidade já ficou tão intensa, tão avassaladora, que ela mesma se tornou mágica. Viver a vida real é

que é mágico.

Em 1987, na época em que escrevia ‘O Outro’, você freqüentava um forró em São Conrado para ouvir o que as empregadas domésticas e os operários da construção civil

falavam sobre a novela. Eram essas as opiniões que lhe interessavam. Você ainda faz isso?

Faço. Nunca deixei de manter contato com o público que realmente me interessa, que é esse público apaixonado por novela.

Hoje, porém, como o Rio de Janeiro virou uma Bagdá, eu me tranquei dentro de casa. Fiz um QG para mim. Se alguém tentar

entrar aqui, o sistema de segurança é tão eficiente que, em instantes, chega todo o exército de Israel na minha porta. Mas tem um supermercado aqui do lado, com uma entrada exclusiva para o

condomínio. Então, vou lá todos os dias, inclusive para fazer compras. Os empacotadores e as caixas sempre me param, falam da novela, fazem comentários. Sou a figura mais conhecida de lá.

É para essas pessoas que você escreve suas novelas?

É, é para o brasileiro. As pessoas das classes mais favorecidas conseguem manter um certo distanciamento diante da novela. Já

as pessoas das classes menos favorecidas se entregam totalmente. Acontece com elas o que acontece comigo na hora de escrever. Eu me entrego. Para mim, o mundo real passa a ser a novela. E para parte do público também. Hoje, a minha empregada, que é

pentecostal, falou assim do Naldo (o prefeito corrupto vivido por Eduardo Moscovis em ‘Senhora do Destino’): ‘Seu Aguinaldo,

aquele Naldo é um filho da puta!’ E ela é pentecostal! O envolvimento é muito grande.

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(Eu e Tadeu, bancando os esnobes, no dia em que a novela deu picos de 60 pontos pela primeira vez)

Quem é o brasileiro, na sua opinião?

O brasileiro é essa criatura média, são esses 45 milhões de pessoas que assistem à novela todo dia. O brasileiro é a Maria do Carmo (personagem de Suzana Vieira em ‘Senhora do Destino’).

É aquela senhora que trabalha, que é matriarca, que controla a família inteira, que é autoritária, mas que, ao mesmo tempo, tem um coração de ouro, cuida dos filhos, ajuda os vizinhos. É uma

pessoa que é solidária, que rala, que é extrovertida, que quer agradar o outro. Esse é o brasileiro. Seguramente, o brasileiro não era o Paulo Francis, que era europeu, e também não é o Arnaldo

Jabor, que é árabe.

Você acredita que o melhor do Brasil é mesmo o brasileiro, como diz a campanha do governo federal?

Acho que vale a pena acreditar nisso, já que a gente não tem outra saída, senão ser brasileiro. O que não adianta é ter esse espírito

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altamente negativo que muitas pessoas têm, no sentido de reclamar que aqui é o fim do mundo, que aqui é uma droga. Ora,

vá fazer alguma coisa, em vez de ficar se lamentando.

O Brasil tem jeito?

Estava lendo uma matéria da ‘Veja’ sobre como a mudança do sistema educacional transformou a Coréia do Sul. Acho que esse é o único jeito para qualquer país, a educação. O brasileiro tem

um espírito de competitividade muito alto, mas é algo inteiramente voltado para coisas inúteis. Até o surfista brasileiro preso com drogas na Indonésia era o melhor rapaz do mundo! Se

a gente conseguisse canalizar essa competitividade para a educação, como os coreanos fizeram, seria uma coisa fantástica.

Mas não, o brasileiro comemora o fato de o casamento do Ronaldo no castelo de Chantilly ter sido o mais caro de todos os tempos... Isso interessa a quem? E nem casamento foi! A única

bênção que eles receberam foi a da mídia.

Esse tipo de Brasil que adora celebridades não lhe interessa?

Não mesmo. E, na verdade, esse tipo de Brasil é imposto às pessoas. E aí, a gente entra num assunto muito delicado, que é a responsabilidade da mídia. Existe uma preocupação, cada vez

maior, de transformar certos assuntos e eventos em acontecimentos quando, na verdade, não são nada de mais. Só

que, ao público, não resta nada a fazer, a não ser aceitar isso como fato consumado. Se você lê em todas as revistas que o camarote da Brahma é o grande acontecimento do carnaval carioca, você

acaba acreditando nisso. Não tem saída.

Você já foi ao camarote da Brahma? Gostaria de ir?

Não. E vou responder isso de uma maneira bem clara: respeito é bom e eu gosto. Portanto, façam-me um favor, não me convidem.

No seu livro de memórias ‘Lábios que Beijei’, de 1992, você descreve sua vida no submundo da Lapa, no Rio de Janeiro, no final dos anos 60 e início dos 70, época em que conviveu

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com travestis, cafetões e todo tipo de malandro. Em certo trecho, você diz: ‘É notória, para quem me conhece, a minha resistência a eventuais ligações com pessoas da classe média,

todas tão iguais em seus tediosos desejos e interesses’. Por que esse sentimento?

O meu pai era frentista de posto de gasolina e minha mãe, dona-de-casa. Minha família era muito pobre. Mesmo assim, meu pai fez uma coisa estranhíssima: gastou todo o dinheiro que tinha para me matricular em colégios caros, tanto em Carpina (no

interior de Pernambuco onde nasci), quanto em Recife, onde nós fomos morar quando eu era adolescente. Só que, aos 14 anos, tive

que trabalhar. Meu pai avisou que, dali em diante, eu é que pagaria o meu colégio. Fui trabalhar como datilógrafo numa

agência de navegação e, depois, num cartório. Nunca parei de trabalhar. Então, sempre tive a noção de que sou working class.

Mas agora você é da classe média...

Mas nunca perdi aquela noção. Embora eu tenha todo um aparato de classe média, acabo me identificando mais com as pessoas da classe trabalhadora do que com as da classe média. Talvez seja

uma limitação minha, mas acho essas pessoas muito mais interessantes. Acho que os grandes dramas da existência

acontecem nos subúrbios, na working class. Nelson Rodrigues, aliás, já mostrou isso de maneira genial.

Você não se sente um ‘traidor’ da classe trabalhadora? Não vive em conflito?

Não, porque nunca ganhei dinheiro do governo. Na época da ditadura, passei 70 dias preso na Ilha das Flores, por ter escrito o prefácio dos ‘Diários de Che Guevara’. Também fui processado duas vezes pelo Ministério da Justiça, por delito de opinião, já

que eu era jornalista. Mesmo com tudo isso, eu ficaria profundamente ofendido se alguém me sugerisse pedir uma

dessas pensões especiais que o governo dá para quem foi preso político durante a ditadura. O que eu fiz na época, o que eu

pensava na época, não tem preço. Não quero esse dinheiro, seria

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uma desonestidade querer. Todo o dinheiro que ganhei foi com o meu trabalho, foi por merecimento. Então, não vivo conflito

nenhum por ter ganho esse dinheiro.

É verdade que você ganha 2 milhões de dólares - entre salário, luvas e merchandising - para escrever uma novela?

Não vou falar em números porque acho de mau gosto. Mas é claro que, em termos de Brasil, um autor de novelas ganha imoralmente bem. Não há a menor dúvida. Por outro lado, são pouquíssimas as pessoas que escrevem novela das oito, esse produto avassalador, que atinge 45 milhões de pessoas e que sustenta o maior canal de televisão do país. Então, é preciso ver também o que esse trabalho

rende para a emissora. Nessa comparação, o autor de novelas ganha pouco. É isso: o salário é imoral, mas, ao mesmo tempo,

não é tão justo quanto deveria ser.

Como você gasta o seu dinheiro?

Evidentemente, eu penso no futuro. Embora, aos 63 anos, o meu futuro seja cada vez mais curto. Mas não quero ter que viver da minha aposentadoria de jornalista, que é de 493 reais. Foi feito

um cálculo errado e eu, que sempre paguei as maiores contribuições, recebo apenas isso. Não que eu precise desse

dinheiro, mas é uma questão de justiça. Não penso apenas em mim. Na novela, o personagem Seu Jacques (Flávio Migliaccio)

enfrenta esse mesmo problema da aposentadoria com cálculo errado. O Seu Jacques sou eu - e um monte de outros brasileiros

na mesma situação.

Mas, além de guardar, você também gasta, não?

Gasto com obras de arte. Sou apaixonado por art nouveau e art deco, gosto de tudo que vai de 1870 a 1930. Tenho cerca de 100 peças. Minhas preferidas são as esculturas e as porcelanas. Sou

viciado em leilões, aqui e no exterior. Vou sempre. Minha intenção é, um dia, comprar uma das poucas casas no estilo art

nouveau que ainda existem no Rio de Janeiro, reformar, e tornar minha coleção acessível ao público.

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Qual a obra de arte mais cara que você já comprou?

Teve um leilão em que disputei uma escultura do ‘Beijo’, de Rodin. Cheguei a oferecer 300 mil reais, mas não consegui levar.

A peça mais cara que tenho em casa é a escultura de uma valquíria, em bronze e marfim, de uma artista chamada Colinet,

que custou 180 mil reais. Comprei essa peça em novembro do ano passado, em um leilão, em São Paulo. Praticamente não saio de casa, mas tenho um museu aqui dentro. Sou capaz de ficar horas

observando minhas obras de arte.

Você também tem um apartamento em Paris, não? Na Place de Fürstenberg, que é um endereço muito elegante...

É um apartamento modesto, mínimo, não é nenhuma cobertura. Quase todos os autores de novela têm apartamento em Nova

York. Prefiro Paris. Gosto muito de viajar.

Você viaja de primeira classe?

Ai, é chato falar disso. Bom, o meu contrato com a Globo inclui passagens aéreas e essas passagens são, sim, de primeira classe.

Quantos livros você escreveu?

Tenho treze livros publicados, mas acho que só quatro ou cinco realmente deviam ter sido publicados. O resto, não. De todos, o

que mais vendeu foi ‘O Homem que Comprou o Rio’, com 12 mil exemplares.

Um autor que mobiliza 45 milhões de pessoas em torno de uma novela não deveria ser também um best-seller nas

livrarias?

Meus livros fazem com que os leitores os leiam de uma sentada só, não dá para parar de ler. Mas não têm muita profundidade.

Esse é um defeito do jornalista que eu era quando os escrevi. Se bem que acho que o grande problema da literatura brasileira, hoje,

é o excesso de profundidade. Todos os livros têm subtextos interessantíssimos a oferecer. Ficou tudo muito cifrado. O

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Bernardo Carvalho, por exemplo, faz uma literatura de intenções. É uma intenção debaixo de outra intenção, debaixo de outra

intenção. E você tem que descobri-las, senão não é inteligente. Ora, bolas! É por isso que ninguém lê. As pessoas lêem o Paulo Coelho, mas o Paulo Coelho não é exatamente o João Gilberto

Noll, que é um autor de que gosto muito.

Quando lançou seu primeiro livro, aos 16 anos, você se candidatou a uma vaga na Academia Brasileira de Letras. Por

quê?

Minha candidatura foi fruto de uma aposta. Justino Martins, editor da revista ‘Manchete’, queria que eu me candidatasse. Eu

disse que o faria se ele conseguisse um fardão para me fotografar vestido com ele. E não é que ele conseguiu? Tive que cumprir

minha parte da aposta. Me candidatei e deu a maior confusão, foi um escândalo. A Academia teve que anular aquela eleição e abrir

novas inscrições. Aí, não me candidatei mais, claro. Mas saí vestido de fardão, numa página inteira da ‘Manchete’, como o

Justino queria.

O Eduardo Moscovis, que interpreta o prefeito corrupto Naldo em ‘Senhora do Destino’, teria dito que sua

interpretação é uma ‘homenagem’ ao casal Rosinha e Anthony Garotinho. Você também se inspirou neles?

Minha inspiração foi ‘Macbeth’, de Shakespeare, naturalmente. O Du está fazendo um excelente trabalho na novela, mas eu faço

uma crítica ao que ele disse. Acho que ele diminuiu muito o meu casal. Passou de Shakespeare para Garotinho.

Como morador do Rio de Janeiro, você diria que se tornou um cidadão assustado com a questão da (in)segurança

pública?

Muito assustado. Não dá para brincar com isso. Não dá para tecer teorias sociológicas em torno dessa questão. Não dá para dizer

que as pessoas roubam porque são pobres. Isso é conversa fiada! Vai andar num trem da Central para ver o que os pobres fazem.

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Os pobres ralam! Trabalham feito loucos! E não dá para ficar tecendo teorias sociológicas porque o perigo é real e evidente

demais. Você põe o nariz na rua e leva uma bala perdida. Existe no Rio de Janeiro uma situação de guerra. É preciso agir e,

depois, tecer teorias.

Você tem carro blindado?

Tenho, um Volvo.

Anda com seguranças?

Não.

Onde o Estado falha na questão da segurança?

Todo mundo sabe que eu fui um esquerdista fanático, fui preso, fiz passeata, participei de todos aqueles movimentos. Mas, cada

vez que alguém me faz essa pergunta, eu me lembro de uma figura que, na época, era execrada e odiada pela esquerda, que é o Carlos Lacerda. Acho que falta um Carlos Lacerda hoje em dia. Falta alguém que diga: ‘Não pode isso, isso e isso’. Desde mijar

na rua, avançar o sinal de trânsito, até deixar o morro virar território dos traficantes. Alguém que comece de baixo, das coisas mínimas, até resolver a questão da segurança. É disso que a gente precisa. E quem está aí - prefeito, governadora, juízes - não está

fazendo o suficiente. Vivemos num clima de total anarquia.

Você virou um homem conservador, de direita?

Por força das circunstâncias, fica até parecendo que virei conservador. Sou uma pessoa séria, não um conservador. Pago

meus impostos e cumpro todas as leis. Por que é que vou compactuar com quem não faz o mesmo? Isso não é ser de direita,

isso é ser sério.

O que você achou da eleição do Severino Cavalcanti para a presidência da Câmara dos Deputados?

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Acho que foi uma brincadeira de mau gosto, não foi? Só pode ter sido. Fiquei perplexo! Se bem que o PT, às vezes, merece. É

evidente que o Greenhalgh jamais seria eleito. O Greenhalgh é um esnobe! E aqueles deputados mais modestos, mais humildes, com quem ele nunca falou, jamais votariam nele. Não dá para o PT ser

suicida assim. O Virgílio tinha muito mais chances. E agora o Severino Cavalcanti pode vir a ser, um dia, o presidente do

Brasil! É uma piada com a qual a gente vai ter que conviver.

O Severino Cavalcanti é contra o aborto. Qual é a sua posição?

Acho que tudo tem que ser legalizado. O aborto já existe. Ninguém vai conseguir fazer com que ele não exista. Então, é

importante que ele seja legalizado, que as pessoas possam fazê-lo com garantias. Essas posições que o Severino Cavalcanti defende

não são só absurdas, são irracionais.

Você já declarou que se arrependeu de ter sido militante gay. Por quê?

O ativismo gay, da maneira que foi encaminhado no Brasil, se tornou muito fundamentalista. Para o ativismo, ou você aceita incondicionalmente que os gays existem, e podem se impor a você publicamente, inclusive trocando carícias, ou você está

errado. Eu, quando vejo um casal heterossexual se beijando num restaurante, fico chocado, acho uma coisa horrorosa. Dois

homossexuais que façam a mesma coisa em público também estarão incomodando as pessoas. Mas os ativistas acham que não, eles querem esse direito. É como se todas as pessoas que não são

gays estivessem erradas. É como se o prazer gay fosse melhor que qualquer outro. Não gosto disso.

O Luiz Mott, do Grupo Gay da Bahia, disse, certa vez, que o fato de você ser um militante gay arrependido o desqualifica a

ficar na história da liberação homossexual...

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Mas eu seria a última pessoa do mundo a querer ficar na história da liberação homossexual! Os homossexuais não precisam ser

liberados. Eles são livres, nunca foram algemados ou acorrentados. Isso é uma bobagem! Uma vez, o Luiz Mott falou que eu não contribuía para a causa homossexual porque havia

criado um personagem na novela ‘Suave Veneno’ que era cheio de trejeitos. Agora, ele falou a mesma coisa sobre o Ubiraci (o

carnavalesco vivido por Luiz Henrique Nogueira em ‘Senhora do Destino’). Pois eu pus na novela um homossexual cheio de

trejeitos porque eu sou um homossexual cheio de trejeitos. O personagem existe!

Jennifer e Eleonora, as personagens lésbicas de ‘Senhora do Destino’, darão um beijo na boca?

Elas já deram vários selinhos, dormiram juntas e disseram ‘Eu te amo’. Mas beijo de língua não vai acontecer. O que é que o

brasileiro médio vai pensar vendo duas mulheres dando um beijo de língua na TV? Vai ficar chocado. Eu também não estou

preparado para ver esse beijo.

Algum dia esse beijo vai existir?

‘Senhora do Destino’ já foi até onde se poderia ir nessa questão. Tenho certeza de que nos próximos 150 anos nenhuma outra

novela vai mais longe que isso.

Ser homossexual, hoje, é mais fácil do que na época da sua juventude?

Uma das pessoas mais estranhas que já conheci é a Isabelita dos Patins. E não existe festa no Rio de Janeiro se ela não estiver lá. O ‘Jornal do Brasil’, mesmo sendo o jornal mais conservador do Rio

de Janeiro, publicou uma foto de página inteira do casal André Ramos e Bruno Chateaubriand. O Jean Wyllis, no ‘Big Brother’, tornou-se o queridinho do Brasil. O Calvin Klein vem para cá e fica maravilhado com a maneira liberal como o Brasil lida com esse assunto. Então, não se pode dizer que hoje seja difícil ser

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homossexual. Pelo menos, ninguém mais leva pedrada na rua, como a coitada da Geni.

Você conheceu alguma Geni da vida real que, literalmente, levou pedrada na rua?

Eu já levei pedrada. Foi no Recife, quando eu tinha 14 anos.

Por quê?

Porque era homossexual, as pessoas percebiam, eu tinha trejeitos. Foram adolescentes da minha escola, um pouco mais velhos que eu, que atiraram as pedras. Por puro preconceito. Mas, antes de acontecer uma tragédia maior, o pastor do colégio interferiu e a situação que estava prestes a ficar fora de controle se resolveu.

Você se machucou?

Profundamente.

Sua novela anterior, ‘Porto dos Milagres’, foi ao ar em 2001. Já ‘Senhora do Destino’ estreou em 2004. O que você fez nesse

intervalo de três anos?

Escrevi uma minissérie de dezesseis capítulos que não foi ao ar, e que, provavelmente, nunca será produzida. Porque agora as

minisséries precisam ter 40 capítulos, o que acho um erro. Às 11 e meia da noite, ninguém acompanha uma minissérie desse

tamanho. É muito dinheiro gasto à toa, são minisséries milionárias que não servem para nada.

Você assistiu a algum capítulo de ‘Mad Maria’?

Estou vendo, sim. É uma coisa penosa, porque alguns capítulos vão pro ar às 11 e quarenta e cinco.

Gostou do que viu?

‘Mad Maria’, o livro, tem um defeito básico: por causa de uma deformação de esquerda, ele destrói um personagem que foi

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muito mais fascinante do que o livro dá a entender, que é o Percival Farquar, um homem que foi dono de metade do Brasil.

Para a esquerda, é conveniente dizer que veio um americano para cá fazer da construção da Madeira-Mamoré um genocídio. Mas

isso é muito simplista. No que se refere à minissérie, ela tem uma lentidão... E isso é um problema de direção. Os diretores

brasileiros têm uma tendência a achar que todo trabalho de época precisa ser lento. Sinal de que não viram o filme ‘Gladiador’.

Então, ‘Mad Maria’ é lenta, cheia de uma coisa gestual... Aí, vem o Fagundes e faz uma cara de quem comeu e não gostou que dura cinco minutos na tela! O telespectador não agüenta e vai embora.

É uma pena.

A Globo ficou melhor ou pior depois da saída do Boni?

A Globo, hoje em dia, é muito mais empresa do que na época do Boni. Não porque o Boni tenha saído. A Globo é que se organizou

mais. Mas acho que na época do Boni havia mais espírito de aventura, apostava-se mais na criatividade, as coisas eram menos planejadas. Para mim, era muito estimulante. Sinto falta daquele

espírito."

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(Na sala da Varig, a caminho de Lisboa, um dia depois do final da novela: tim tim!)

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