40
espaço solidario Obra Diocesana de Promoção Social Ano VII . n.º28 . Trimestral . Setembro 2012 pessoas a sentirem pessoas CUSTO: 0,01€

espaço solidario - odps.org.pt · amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo, enquanto sinais que manifes-tam a pessoa. No silêncio, falam a ale-gria, as preocupações… É

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: espaço solidario - odps.org.pt · amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo, enquanto sinais que manifes-tam a pessoa. No silêncio, falam a ale-gria, as preocupações… É

espaçosolidarioObra Diocesana de Promoção SocialAno VII . n.º28 . Trimestral . Setembro 2012

pessoas a sentirem pessoas

CU

STO

: 0,0

1€

Page 2: espaço solidario - odps.org.pt · amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo, enquanto sinais que manifes-tam a pessoa. No silêncio, falam a ale-gria, as preocupações… É

Obra em 3D

dignidade,determinaçãoe dinamismo

Obra Diocesana de Promoção Social2

Page 3: espaço solidario - odps.org.pt · amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo, enquanto sinais que manifes-tam a pessoa. No silêncio, falam a ale-gria, as preocupações… É

Ficha Técnica

Administração: Américo Ribeiro, Helena Costa Almeida, Rui Cunha, Manuel Amial e Pedro PimentaDirecção/Redacção: Manuel Pereira AmialPropriedade/Editor: Obra Diocesana de Promoção SocialColaboradores: A. Pronzato, Américo Ribeiro, Ângelo Santos, António Coutinho, Aurora Rouxinol, Bernardino Chamusca, Chefe Hélio Loureiro, Confhic, Cónego Rui Osório, D. João Lavrador, D. João Miranda, D. Manuel Clemente, D. Manuel Martins, D. Pio Alves, Diana Cancela, Elvira Almeida, Emanuel Cunha, Filipa Martins, Frei Bernardo Domingues, João Alves Dias, João Pratas, Luísa Preto, Manuel Amial, Manuel Tavares, Manuela Botelho, Margarida Aguiar, Maria Amélia Rhotes, Maria Albina Padrão, Maria Anjos Pacheco, Maria Barroso Soares, Dra., Maria Isabel Cristina Vieira, Maria Lurdes Regedor, Maria Teresa Carvalho Lobão, Maria Teresa Souza-Cardoso, Monsenhor Victor Feytor Pinto, Mónica Taipa Carvalho, Padre Dr. Américo Aguiar, Padre Jardim Moreira, Padre José Maia, Padre Lino Maia, Padre Mário Salgueirinho, Paulo Lapa, Pedro Pimenta, Pedro Rhotes, Professor Daniel Serrão, Professor Eugénio da Fonseca, Professor Francisco Carvalho Guerra, Ricardo Azevedo, Rosa Maria Seabra, Rute Monteiro e Susana Carvalho. Gráfica - Lusoimpress, Artes Graficas, Lda.; www.lusoimpress.comPeriodicidade (2008): Trimestral; Tiragem 4.000 ex.; NIPC: 500849404; Depósito legal: 237275/06; Marca nacional: 398706; Registo ICS: 124901; Sócio AIC: 262; Sócio APDSI: 1000005; Postos de Difusão Porto: Casa Diocesana de Vilar; Edições Salesianas, Fundação Voz Portucalense, Livraria Fátima, Paulinas Multimédia, Ermesinde-Casa da JuventudeSede: Serviços Centrais da ODPS, R. D. Manuel II, 14, 4050-372 PORTO

Contactos: URL Geral: www.odps.org.pt; Mail: [email protected]; Telef. 223 393 040/ Fax. 222 086 555

04 - Editorial Manuel Amial

05 - Mensagem do Bispo do Porto Sua Revª. D. Manuel Clemente

06 - Serviço e Afectos Américo Ribeiro

08 - Silêncio e Palavra Confhic

09 - Envelhecer Sonhando Padre Lino Maia

10 - A Ecologia da Afectividade Professor Daniel Serrão

12 - Me Despertas para uma Vida Mais!... Confhic

13 - O Rosto da Humanidade D. Pio Alves - Bispo Auxiliar do Porto

14 - Discernir os Sinais do Tempo – Uma proposta à ODPS Professor Eugénio da Fonseca – Presidente Caritas Portugal

16 - Pensamento, Razão e Coração Professor João Alves Dias

17 - Padre José Maia

18 - Peregrinação ao Santuário de Fátima João Pratas/Mónica Taipa de Carvalho

19 - Esperança Renascida Cónego Rui Osório

20 - Aspectos Negativos do Nosso Tempo Frei Bernardo Domingues, O.P.

24 - Férias com Obra – Páscoa 2012 João Pratas/Mónica Taipa de Carvalho

28 - Caminhando Maria Teresa Souza-Cardoso

31 - Louvor e Reconhecimento Conselho de Administração

32 - A acção Faz a Obra Emanuel Cunha

34 - Dia do Idoso João Pratas/Mónica Taipa de Carvalho

37 - Centro Social do Lagarteiro Luísa Preto

38 - Mensagens do Espaço Solidário

39 - Amigos em crescendo!

Sumário

3Ano VII . n.º28 . Trimestral . Setembro 2012

Page 4: espaço solidario - odps.org.pt · amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo, enquanto sinais que manifes-tam a pessoa. No silêncio, falam a ale-gria, as preocupações… É

EditorialO povo saiu à rua no passado dia 15 de Setembro, de forma massiva, indig-

nado com as últimas medidas anunciadas pelo Governo, que penalizam de forma

brutal a classe trabalhadora e ultrapassam o limite aceitável para os sacrifícios.

Sem se ver uma luz ao fundo do tunel, sem uma ideia motivadora para os

têm vindo a dar o resultado esperado e têm contribuido para aumentar ainda mais

o fosso do desemprego e o empobrecimento dos cidadadãos, especialmente os

de menores recursos.

Precisamos urgentemente de medidas que visem o desenvolvimento, que

valorizem o trabalho e a produção, que criem emprego e que retirem o país de uma

miséria anunciada.

Nós que vivemos no seio da sociedade, que conhecemos as suas neces-

sidades mais básicas e que sentimos que as instituições estão a esgotar as suas

capacidades de resposta a cada vez mais pedidos de ajuda, sentimos que a paci-

ência do povo está a esgotar-se.

Que se tirem as necessárias conclusões antes que seja tarde, que a paz

social volte à nossa vida coletiva, que se acenda nas pessoas a luz da esperança e

que se tomem medidas motivadoras, exemplares, justas e equitativas que galvani-

zem os cidadadãos deste País para um objetivo claro de defesa de Portugal e dos

Portugueses!

Manuel Amial

Os sacrifícios estão a sofucar a sociedade

portuguesa!

Obra Diocesana de Promoção Social4

Page 5: espaço solidario - odps.org.pt · amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo, enquanto sinais que manifes-tam a pessoa. No silêncio, falam a ale-gria, as preocupações… É

Com Setembro voltam as actividades nor-

mais, no ritmo geral da sociedade.

Também assim na nossa Obra Diocesa-

na, tão presente que está na cidade e na vida de

muitos dos seus habitantes, de todas as idades e

condições, com especial atenção a quem mais dela

precisa: e são tantos!

Para o “Espaço Solidário”, seguem dois votos,

ligados ao seu bonito nome:

Que seja “Espaço”, isto é, ocasião literá-

ria de encontro vivo, testemunhos concretos,

mensagens mobilizadoras. Precisamos muito

de “espaços” onde nos revejamos no melhor

que transportamos, de ideal cristão e vontade

de servir!

Um “espaço” assim, aberto em cada número da publi-

cação, é muito estimulante para todos os membros e amigos

da Obra Diocesana de Promoção Social.

Depois, que seja “Solidário”, como sempre procura ser.

podemos viver sozinhos e só em conjunto poderemos

prosseguir.

Assim é sempre e muito particularmente ago-

ra, nas presentes condições sociais.

+ Manuel Clemente

Mensagem D. Manuel ClementeBispo do Porto

Ano VII . n.º28 . Trimestral . Setembro 2012 5

Page 6: espaço solidario - odps.org.pt · amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo, enquanto sinais que manifes-tam a pessoa. No silêncio, falam a ale-gria, as preocupações… É

Serviço e afectos

Américo RibeiroPresidente do Conselho de Administração da ODPS

Serviço e afectos, na minha

perspectiva, constituem uma dupla in-

dissociável, integrando-se de modo

transversal e completando-se recipro-

camente.

O serviço, isto é, a acção de

-

-

Pensando na nossa instituição,

Obra Diocesana de Promoção Social,

o sector do serviço inscreve uma enor-

que o caracterizam e lhe colocam a

-

-

ram a proposição do bem-estar, onde

se interligam e interagem várias par-

tes, nas quais estão os colaboradores

e as diferentes posições, que ocupam

-

tes. Estes recebem o serviço e, quase

que involuntariamente, destacam-no

pelo campo dos afectos;

, entendendo esta como

o conjunto dos seus aspectos valora-

tivos,

presentes num determi-

nado momento,

Então, ambas as partes são

contagiadas pela afectividade, saindo

Na afectividade envolve-se a so-

lidariedade e na solidariedade envolve-

-se a afectividade. A mente funciona

-

do diversos aspectos e processos inter-

-relacionados; existe uma visível relação

de interdependência entre processos

cognitivos e processos emocionais.

É muito importante pensarmos

nesta matéria

progressivamente,

correcta e sadia de vida pessoal e

de conhecimento social e hu-

mano

que tudo consegue, que tudo supera,

sabendo que a nossa sobrevivência

psicológica se fundamenta nas relações

interpessoais.

Nesta conjuntura, todos os

-

con-

tribuindo para esse valor qualitativo gru-

Momento do Presidente

Quanto mais afectividade for atribuída à a

maior será o índice de c

Obra Diocesana de Promoção Social6

Page 7: espaço solidario - odps.org.pt · amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo, enquanto sinais que manifes-tam a pessoa. No silêncio, falam a ale-gria, as preocupações… É

pal ou colectivo, que se deseja alcançar

e sustentar. Esta visão -

-

mas sim prescreve progresso,

desenvolve. A experiência, aliada à von-

-

cação de afectos e estes, por sua vez,

actuam como factores motivacionais.

Os afectos, tais como o cari-

-

-

-

-

-

Estou certo de que todos os

colaboradores/trabalhadores enten-

dem bem esta máxima, se situam em

sintonia com ela e que tudo fazem para

a conquistar e perpetuar. É assim que

pensam e actuam as pessoas de bem!

Por outro lado, -

-

dão-nos quadro sublime de afectos e

-

ção, o quanto são importantes.

-

ção: determinado benfeitor, -

pelo serviço que

presta à comunidade e demonstrar que

tal não lhe passa despercebido, pois

acompanha de perto o seu percurso,

-

Serviço e afectos fazem -

servi-

ço e afectos

serviço e afectos -

-

e do coração!

à actividade ou actividades,

e contentamento, de alegria, que provoca.

7Ano VII . n.º28 . Trimestral . Setembro 2012

Page 8: espaço solidario - odps.org.pt · amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo, enquanto sinais que manifes-tam a pessoa. No silêncio, falam a ale-gria, as preocupações… É

CONFHICCongregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras Imaculada Conceição

Silêncio e palavra: caminho de evangelização

Silêncio e palavra são dois

momentos da comunicação que se

devem equilibrar, alternar e integrar

entre si, para se obter um diálogo au-

têntico e uma união profunda entre as

pessoas. Quando palavra e silêncio se

excluem mutuamente, a comunicação

deteriora-se ou cria um clima de indi-

ferença; quando, porém, se integram

reciprocamente, a comunicação ga-

O silêncio é parte integrante da

comunicação e, sem ele, não há pala-

vras densas de conteúdo. No silêncio,

escutamo-nos e conhecemo-nos me-

lhor a nós mesmos.

-

cam os momentos mais autênticos

da comunicação entre aqueles que se

amam: o gesto, a expressão do rosto,

o corpo, enquanto sinais que manifes-

tam a pessoa. No silêncio, falam a ale-

gria, as preocupações…

É necessário criar um ambien-

te propício, quase uma espécie de

«ecossistema», capaz de equilibrar si-

lêncio, palavra, imagens e sons.

O silêncio é precioso para

favorecer o necessário discernimen-

to entre os inúmeros estímulos e as

muitas respostas que recebemos, jus-

verdadeiramente importantes.

Quem sou eu? Que posso saber? Que devo fazer? Que posso esperar?

Fala-se e escreve-se muito sobre o ministério da escuta. De facto, esta

é a grande procura das pessoas: encontrar alguém que acolha, escute e…em

tom menor.

Estamos cansados do ruído e da futilidade das palavras.

Escutar e dizer, silenciar e falar é particularmente importante para os

evangelizadores que o nosso tempo precisa.

grandioso património do silêncio é um dos grandes contributos que a experiên-

cia religiosa poderá oferecer à cultura de hoje.

A arte do silêncio é uma aprendizagem de primeira necessidade. Místi-

cos e pensadores provocam-nos com poucas palavras:

Àquele que conhece Deus faltam-lhe as palavras. ( Rumi- persa do sec..XIII)

Não é bastante ter ouvidos para ouvir…é preciso também que haja silên-

cio dentro da alma. (A.Caeiro)

O silêncio é o único amigo que não nos atraiçoa. (Confucio)

Na sua contínua busca de caminhos novos para uma evangelização re-

novada, quis o Papa, sábio e vigilante aos tempos e aos seus sinais, questionar-

-nos para o retorno da pedagogia sempre nova da Palavra.

silêncios de Deus e de Jesus. Basta recordar o grande silêncio de Jesus, diante

da pergunta de Pilatos: O que é a verdade?

Parafraseando Rubem Alves: Para mim Deus é isto:

-

Obra Diocesana de Promoção Social8

Page 9: espaço solidario - odps.org.pt · amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo, enquanto sinais que manifes-tam a pessoa. No silêncio, falam a ale-gria, as preocupações… É

Envelhecer Sonhando

dos avós que vêem nascer e crescer um

neto: repentinamente as suas experiên-

cias são potencializadas, os afectos re-

nascidos, os espaços redimensionados,

os projectos de vida retomados e os so-

nhos alimentados com novos cambian-

porém, quando esses idosos, depois,

se vêem coagidos a procurar um novo

lar que lhes é absolutamente estranho e

que, enquanto casa de idosos, é perma-

nente evocação da sua decrepitude. È a

frustração de quem muito deu e por tro-

ca recebeu a “carta de despedimento”

porque já não fazia falta, foi “descartado”

e não mereceu ser “reciclado”. Doravan-

te, para esses idosos não sobra mais

tempo para o sonho ou para o gosto de

viver.

Dizem alguns estudos que os

residentes em lares de idosos são mais

propensos para a tristeza, para o desâ-

nimo, para o desinteresse pela vida ou

-

te a dureza da solidão num turbilhão de

“muita” gente. E alguns, em alguma vez,

já pensaram que melhor seria a sua sorte

se mais breves fossem os seus dias.

Nesses estudos, com conclu-

sões nem sempre ajustadas e numa lei-

tura apressada, conclui-se que os lares

são um mal, quando, efectivamente, mal

será fazer dos lares a solução para fugir

a soluções que, por acomodação, não

se quer procurar. Eles são um serviço

quando outros serviços não são pos-

síveis ou as circunstâncias os aconse-

lham.

Ninguém ousa duvidar: o ideal

seria que os idosos pudessem manter-

-se com gosto naquilo que com gosto

a companhia daqueles que geraram, sa-

boreando afectos a que se devotaram,

apreciando frutos das causas a que se

dedicaram, calcorreando caminhos que

abriram, alimentando relações que de-

senvolveram.

Ter um idoso em casa era uma preciosi-

dade. Era o apreço pelos idosos, pelas

suas experiências, pela sua serenidade,

pela inestimável capacidade de transmi-

tir valores que constituíam o fabuloso pa-

trimónio imaterial de uma comunidade.

Alguns poderão pensar que es-

ses eram os idos tempos da sociedade

patriarcal e que os tempos de hoje são

tempos de desenfreada correria e de

implacável concorrência. É evidente que

os tempos avançam e não recuam e a

realidade de hoje não é a realidade de

ontem.

-

-

-

Padre Lino Maia

E enquanto há tempo para o

sonho, para a fruição e para a partilha

é bom, agradável e salutar viver. E por

isso, é tarefa de todos fazer da vida o

gosto de viver.

Algumas experiências vêm sen-

do desenvolvidas.

E uma boa proposta a aprofun-

dar poderá ser a de mobilizar voluntários,

também jovens, que dêem tempo aos

idosos. Nas suas casas ou nos centros

e lares. É importante a dádiva de tempo

para fazer companhia: não são raros os

carecidos de quem seja eco da sua voz.

-

-

Para que eles possam perpetuar de uma

forma ágil conhecimentos adquiridos,

experiências vividas, pensamentos ali-

mentados. E para que possam entrar

neste fabuloso mundo da comunicação:

com outros idosos, com outras institui-

ções, com o mundo que também é seu

e que ajudaram a construir. A dádiva de

tempo, também dos jovens, aliada a pro-

gramas elaborados e apoiados, poderia

fazer verdadeiros milagres.

9Ano VII . n.º28 . Trimestral . Setembro 2012

Page 10: espaço solidario - odps.org.pt · amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo, enquanto sinais que manifes-tam a pessoa. No silêncio, falam a ale-gria, as preocupações… É

A Ecologia da Afectividade

Professor Daniel Serrão

1. Não quero ser pretensio-

so mas a palavra ecologia, vem da

raiz grega oikos

casa, morada, habitação.

Então o nosso tema para este

artigo é este: onde mora a afectivi-

dade? Onde a poderemos encontrar

para a reconhecer e estudar (logos)?

A afectividade humana sus-

cita nos tempos modernos o maior

interesse porque neurobiologistas

de topo, como Damásio, dedicam ao

estudo e investigação dos afectos a

máxima atenção.

Porquê?

Porque pensam que a maior

parte das nossas decisões é condi-

cionada pela avaliação afectiva das

percepções e pelas emoções que

dessa avaliação nascem na consci-

ência perceptiva.. A inteligência emo-

cional, como se chama a este 34xer-

cício mental, e, então, usada para

decidir em muitas situações da nossa

vida diária e, por isso, pode escapar

ao controle da parte do cérebro pela

qual se exerce o pensamento crítico

racional e as decisões são quase só

condicionadas pelos afectos.

Têm alguma razão os neuro-

cientistas e reconhecer-lha decorre

de análises empíricas que até são

simples se estamos atentos.

Por exemplo, quando nos co-

movemos e ajudamos o jovem senta-

do na rua, a quem foram amputados

os braços, a nossa decisão é essen-

cialmente afectiva e não gastamos

tempo a raciocinar sobre o que esta-

mos a ver. Decidimos imediatamente,

pelo movimento interior afectivo que

o que estamos a ver logo nos pro-

voca. Como o samaritano que viu o

almocreve ferido e caído na beira da

estrada e logo o socorreu. Os que

passaram antes usaram o raciocínio

-

cionalmente a afectividade, se é que a

chegaram a sentir em si.

Então o primeiro lugar ou a

primeira morada da afectividade é o

cérebro do Homem pois é nele que

se forma a resposta afectiva às cir-

cunstâncias que nos envolvem. Parti-

cularmente as que se relacionam com

a vida humana; mas também com as

que estão ligadas à vida animal e ve-

getal.

2. Mas a afectividade é, tam-

bém, um elemento importante do

viver social, num aspecto ao qual o

Papa Bento XVI chamou de Ecologia

e saber o

Neste campo todos temos bons ecologistas

Obra Diocesana de Promoção Social10

Page 11: espaço solidario - odps.org.pt · amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo, enquanto sinais que manifes-tam a pessoa. No silêncio, falam a ale-gria, as preocupações… É

humana. A insistência na ecologia

protectora da natureza e dos seres

vivos animais e vegetais parece que

relegou para segundo plano a eco-

logia dos seres humanos como tais

e como membros vivos do sistema

natural. Também os seres vivos hu-

manos têm de ser protegidos do que

pode ameaçar a sua sobrevivência

e bem-estar, como o abortamento e

a eutanásia. A vida humana é tanto

ou mais sagrada que a vida animal

e vegetal. Desviamos o traçado de

uma autoestrada para não perturbar

o local onde uma estirpe de aves faz

-

lhos e não ajudamos a mulher que vai

abortar porque não tem meios para

“crime” contra a ecologia humana, da

qual se excluiu a afectividade.

A afectividde social também

tem de ter o seu lugar, a sua ecologia.

A palavra de ordem para o exercício

desta afectividade social foi dita por

Cristo: amai-vos uns aos outros como

Eu vos amei. A nós cabe-nos fazer

desta palavra uma regra social por via

da prática de uma afectividade cons-

tante dada aos outros, estejam eles

perto ou longe de nós.

3. Organizações de apoio

social como a ODPS, que além de

apoiar também promove, são uma

expressão perfeita de uma ecologia

da afectividade, porque no seu tra-

balho, esforçado e diário, são oikos,

são lugar, onde a afectividade está

bem instalada e pode ser sempre en-

contrada. Cada presença, cada ges-

to, cada serviço que acontece nesta

grande instituição, a Obra Diocesana

de Promoção Social que o Porto bem

conhece e respeita e que se dirige

aos que vivem nos vários equipamen-

tos sociais camarários, tem a marca

serena dos que a dirigem e pela ale-

gria dos que distribuem benefícios

com sorrisos, e prestam apoios físi-

cos com carinho. E pela forma como

é respeitada a autonomia dos idosos,

dando-lhes informações com afectivi-

dade, na qual não cabe nem a arro-

gância nem o descuido.

Neste campo todos temos de

ser bons ecologistas e saber onde

encontrar a afectividade.

r onde encontrar a afectividade.

s de ser

11Ano VII . n.º28 . Trimestral . Setembro 2012

Page 12: espaço solidario - odps.org.pt · amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo, enquanto sinais que manifes-tam a pessoa. No silêncio, falam a ale-gria, as preocupações… É

CONFHICCongregação das Irmãs FranciscanasHospitaleiras Imaculada Conceição

Me despertas para uma vida mais!

Dou-te graças Senhor

Porque me despertas para uma vida +!

+ + simples,

+ sóbria ,+ coerente.

Graças ao teu Espírito

Tenho razões para me abrir

À conversão e à abertura

A horizontes novos

Cuja novidade és tu mesmo.

Graças, porque me dás razões

Para vencer a tentação da rotina,

Do isolamento e da omissão.

Tu és ó Deus a minha retaguarda

Me corriges como um pai

E me queres como uma mãe!

Sinto-te a meu lado,

Nas minhas dores e medos

E isto me basta!

Graças Senhor pelos amigos que me dás,

Amigos seguros que me escutam

da compreensão recíproca.

Faz da vida uma obra de arte.

Cultiva a paz

Vive com audácia

Cuida a vida,

a tua vida e a vida de quantos cruzam teu caminho .

Vive com paixão

Fala com serenidade

E deixa o impossível para Mim!.

Obra Diocesana de Promoção Social12

Page 13: espaço solidario - odps.org.pt · amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo, enquanto sinais que manifes-tam a pessoa. No silêncio, falam a ale-gria, as preocupações… É

D. Pio AlvesBispo Auxiliar do Porto

Num tempo em que vai fazendo caminho a expressão

rosto” pedem-me para falar do . São muitas as expres-

sões, acumuladas ao longo dos tempos, que põem de manifesto a importância,

a centralidade, do rosto, da cara nas relações entre as pessoas: “ter cara”, “dar a

cara”, “boa cara” …

De tal modo

isto é assim que, fora as situações esporádicas trabalhadas, não é fácil esconder,

no dia-a-dia da vida, o que enche ou perturba ou esvazia a nossa interioridade. Por

isso, a solução mais segura para “ter boa cara” é estar preenchido: de bondade,

de beleza, de perdão, de compreensão, em suma, de virtude cristã e, portanto,

humana. A “boa cara” por mais que se pinte não se inventa: em última instância, ou

se é ou não se tem!

cuidar da cara, Os

outros, por mais compreensivos que devam ser, à partida, não têm culpa das su-

postas razões do nosso mau humor. E, se têm, não será por aí que os vamos curar.

como são, em geral, os utentes das instituições de apoio social, as pessoas an-

seiam descobrir nos outros razões ou, pelo menos, sinais para a esperança.

Recordo umas palavras do Santo Padre Bento XVI no recente Encontro

Mundial das Famílias, em Milão: -

. Esta ir-

radiação passa pelo nosso rosto e chega às pessoas, uma a uma e, pela sua soma,

à Humanidade. É o caminho inverso da Sociedade sem rosto (das sociedades sem

-

alismo, o salve-se quem puder.

Convencidos da importância da qualidade do rosto, da imagem, não nos

resta verdadeira alternativa que não seja a da permanente reconstrução pessoal. E,

para um crente cristão, a referência mais acabada e, ao mesmo tempo, mais à mão

é Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem.

E, para os nossos iguais, nós somos o Seu rosto.

Convencidos da importância da qualidade do rosto, da imagem, não nos resta verdadeira alternativa que não seja a da permanente reconstrução pessoal.

O Rosto da Humanidade

13Ano VII . n.º28 . Trimestral . Setembro 2012

Page 14: espaço solidario - odps.org.pt · amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo, enquanto sinais que manifes-tam a pessoa. No silêncio, falam a ale-gria, as preocupações… É

Discernir os Sinais dos Tempos – uma proposta à ODPS

Professor Eugénio da Fonseca

O tempo é um dos parado-

xos da atual civilização. Há gente que

gasta todo o tempo de que dispõe –

e mais se houvesse – para conseguir

condições de bem-estar e nem sem-

pre chega a ter tempo para usufruir

delas. Também é frequente encontrar

quem nunca tenha tempo para seja o

que for por estar demasiado centrado

sem si. A propósito destes sempre

indisponíveis até se costuma dizer:

“Quando for precisa a colaboração

de alguém, procure-se quem já tem

muitas ocupações, pois quem não as

tem é por falta de tempo”.

Não é esta a desculpa dos

muitos e muitas que, como assalaria-

dos ou graciosamente, estão sempre

prontos a responder aos contínuos

-

cados à Obra Diocesana de Promo-

ção Social do Porto (ODPS), sendo

o maior de todos a conjugação das

respostas a dar-lhes com o tempo

disponível. Quando a coesão social

está mais enfraquecida, como é a si-

tuação atual da sociedade portugue-

-

rem a forma de pressão, dado que as

ações a realizar se apresentam como

necessidades urgentes.

Mesmo que determinadas ne-

cessidades exijam reações rápidas,

é necessário acautelar alguma pon-

deração sobre as medidas a tomar

para que as “receitas aplicadas resul-

não agravem a enfermidade”. Uma

instituição como a ODPS não pode

dispensar-se de cuidar de tempos de

pena de perder a sua identidade, au-

-

de económica. Estes riscos são reais

e não se podem considerar “males

menores”, tendo em contam que se

possa pensar ser mais grave uma

postura de indiferença perante pro-

blemas sociais que estão a gerar in-

justiças e sofrimentos. Para se evitar

este tipo de questões ou irreparáveis

precipitações não se deve menospre-

lançados à instituição. A falta de tem-

po não deverá se óbice, porque até

há meios tecnológicos que permitem

colocar as pessoas, mesmo à distân-

cia, a dialogar.

pode concluir-se que a instituição não

reúne condições para aceitar alguns

-

gos que lhe são apresentados. Bas-

ta que a ação a desenvolver ponha

em causa a preservação dos valores

identitários da instituição, levando-a a

desviar-se da sua matriz fundacional.

Para a ODPS, assim como para todas

as outras suas congéneres, o respei-

to pela dignidade de cada pessoa

tem que ser um dos valores matri-

ciais irrenunciáveis. No cumprimento

incondicional deste princípio está a

valorização de todas as componen-

tes humanas, sociais e espirituais que

concorrem para a promoção de cada

pessoa, de modo a que se sinta, de

fato, respeitada como tal. Foi muito

inteligente a ideia de colocar na de-

signação desta instituição a referên-

cia à promoção social, não deixando,

assim, qualquer margem para dúvi-

das, sobre a sua matriz fundamental.

Uma IPSS católica deve estar permanentemente a

pois Deus não é um ser distante que s a nível da sua consciência e cultura, m

Obra Diocesana de Promoção Social14

Page 15: espaço solidario - odps.org.pt · amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo, enquanto sinais que manifes-tam a pessoa. No silêncio, falam a ale-gria, as preocupações… É

Para que os princípios estruturantes

de cada instituição não possam ser

beliscados, é fundamental defender a

autonomia. Esta defesa nada tem que

ver com o fechamento sobre si mes-

ma, como há instituições que teimam

em estar, mas numa total abertura a

ação em rede, numa estreita coopera-

ção com todas as entidades sem sub-

serviências de qualquer ordem. Outro

dos aspetos que impõe ponderação

é saber se está reunido o mínimo de

condições para que seja alcançada al-

-

tísticos ou propagandísticos, mas para

que sejam encontradas soluções con-

sistentes e não paliativas para o que se

quer resolver. Também porque se deve

cuidar da utilização racional dos dife-

rentes meios de que dispõem as IPSS.

Daqui para a frente esta é uma das per-

tinentes preocupações. Não é que se

cimeira dos critérios sempre que está

em causa a pessoa humana e a defe-

sa dos seus mais elementares direitos.

Sempre que tal acontece, confunde-se

racionalidade económica e sustentabi-

Sem dúvida que não se pode descui-

dar a devida gestão dos bens - tanto

mais que eles não são património dos

dirigentes - na assunção de novos

compromissos, porque se não corre-

-se o risco, por um lado, de criar fal-

sas expetativas aos destinatários das

respostas sociais criadas, proporcio-

nando condições de bem – estar que

poderão durar pouco; por outro, de

colocar em perigo a continuidade das

ações já em curso. A sustentabilidade

-

tes da ODPS sabem bem o que isso é.

O tempo para uma instituição

como a ODPS não pode ser apenas,

como era para a civilização grega, uma

“sucessão de momentos” sem lhes dar

tempo está habitado por Deus e cada

momento é uma revelação nova dessa

presença”, no pensar de teólogo espa-

nhol Jesús Espeja. Uma IPSS católica

deve estar permanentemente atenta

aos “sinais dos tempos”, pois Deus

não é um ser distante que se revela

no âmago dos seres humanos a nível

da sua consciência e cultura, median-

te as pessoas e acontecimentos. Esta

descoberta exige discernimento dos

diferentes sinais feito a partir do co-

nhecimento do que vai acontecendo. A

partir de encontros periódicos com a

participação de todos os colabores e,

se possível mesmo com os destinatá-

rios e suas famílias, é o melhor cami-

-

nimento.

A celebração dos 50 anos do

Concílio Vaticano II poderá ser uma ex-

celente motivação para prosseguir este

caminho e conhecer melhor o pensa-

mento social da Igreja, imprescindível

para que seja realizada, em cada tem-

po, a sua missão pastoral de levar o

anúncio da Boa Nova a toda a gente,

em particular aos mais pobres dos po-

bres.

e atenta aos “sinais dos tempos”,

e se revela no âmago dos seres humanos a, mediante as pessoas e acontecimentos.

15Ano VII . n.º28 . Trimestral . Setembro 2012

Page 16: espaço solidario - odps.org.pt · amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo, enquanto sinais que manifes-tam a pessoa. No silêncio, falam a ale-gria, as preocupações… É

Pensamento, Razão e Coração

“Sempre que um homem sonha

o mundo pula e avança como bola colo-

rida nas mãos de uma criança”. (António

Gedeão)

A Obra Diocesana nasceu no

coração de um bispo que muito se pre-

ocupava com os mais desfavorecidos.

Ainda ressoavam as palavras do bom

Papa João na abertura do Concílio Va-

ticano II: “A Igreja (…) abre a fonte da

homens, iluminados pela luz de Cristo,

compreender bem aquilo que eles são

na realidade;

estende ainda a toda a parte a plenitude

da caridade cristã, que é o melhor auxílio

para eliminar as sementes da discórdia.”

E que ganhariam corpo na Gaudium et

Spes: “As alegrias e as esperanças, as

tristezas e as angústias dos homens de

hoje, sobretudo dos pobres e de todos

aqueles que sofrem, são também as

alegrias e as esperanças, as tristezas e

as angústias dos discípulos de Cristo.

(…) Por esse motivo, a Igreja sente-se

real e intimamente ligada ao género hu-

mano e à sua história”.

D. Florentino sabia que podia

contar com os novos padres saídos do

Seminário onde, imbuídos pela espiritu-

alidade de Charles de Foucauld, se ti-

nham aberto à pastoral sócio-caritativa

junto dos pobres do bairro da Sé.

Sabia que podia contar com

o entusiasmo e competência de mui-

tos leigos dos Cursos de Cristandade,

conscientes do seu .

Sabia que podia contar com o

saber do Instituto de Serviço Social que

desejava realizar trabalho social em fa-

vor do homem integral como agente da

sua promoção pessoal e comunitária.

Sabia que podia contar com o

humanismo cristão do presidente da

Câmara, Dr. Nuno Pinheiro Torres, que

era apoiado pelo diretor dos serviços

culturais e centrais da Câmara, Dr. Car-

los Lobo, e pelo empenho apostólico da

vereadora da ação social, D. Maria José

Novais.

, que favorece a cria-

tividade do pensamento divergente,

levou D. Florentino a aventurar-se por

novos caminhos pastorais.

, que possibilita a aná-

lise do pensamento convergente, ilumi-

nou-o na procura dos meios necessá-

rios à concretização do seu sonho.

O coração animou-o e deu-lhe

forças para vencer resistências e con-

gregar boas vontades. Esta matriz foi

assimilada, desde o início, por quantos

nela colaboraram seja como voluntários

ou funcionários:

Ao ver o entusiasmo com que,

-

sidente do Conselho de Administração

apresentou a maqueta da desejada Re-

ao

ler no “Espaço Solidário” as muitas rea-

lizações da Obra; ao sentir o empenho

dos seus funcionários e Amigos, con-

que revela a Igreja como sacramento do

Deus-Amor, o “Abbá de Jesus”.

-

tas originais perante novas e impre-

visíveis situações, enquanto a razão a

ajuda a adequar as atitudes às exigên-

dos projetos, na gestão e utilização dos

bens disponíveis. Mas é o coração que

humaniza as relações de convivência e

faz do cliente um irmão ou seja um “alter

Christus”.

-

Professor João Alves Dias

Obra Diocesana de Promoção Social16

Page 17: espaço solidario - odps.org.pt · amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo, enquanto sinais que manifes-tam a pessoa. No silêncio, falam a ale-gria, as preocupações… É

Conflitualidade e Discernimento

Se há coisa que todos sabemos, por experiência própria, é que não é nada

fácil conviver em comunidades plurais, democráticas, abertas à diferença de opini-

nossa própria família, na empresa/instituição em que trabalhamos, na cidade ou no

país onde exercemos a nossa cidadania!

sempre que falta a capacidade e a inteligência de discernir, em cada momento, as

Por isso, uma boa forma de discernimento em relação a sintomas ou já ex-

das suas verdadeiras “motivações” para depois, com recurso a uma apurada inte-

ligência emocional e a uma imensa abertura de mente e coração, procurar, através

de um diálogo ativo, transformar em oportunidades o que, numa primeira análise,

de agressiva e muitas vezes indutora de comportamentos violentos, nas palavras e

destaque na forma como se pode abordar a homogeneidade e a heterogeneidade,

a crítica que destrói e a crítica que faz crescer, como fatores a ter em consideração

no justo equilíbrio das relações entre diferentes modos de pensar e agir!

Todos sabemos, por experiência, que muitas vezes é preferível “dar um

uma “paz podre” que só enfraquece toda e qualquer relação interpessoal, aconteça

ela a que níveis acontecer!

deverá ser a ponderação do que melhor possa interpretar o “bem comum”. Toda a

fracos, sem lhes garantir o direito de legítima defesa, perde a sua legitimidade ética,

por mais justa e socialmente argumentativa que possa parecer a sua razão de ser!

É sobejamente conhecida a expressão que aqui se reproduz:

-

so” ao cofre da gestão de recursos humanos onde muitas vezes se encontram

soluções inimagináveis para problemas aparentemente insolúveis!

Padre José Maia

“nunca a razão da força se poderá sobrepor à força da razão”

17Ano VII . n.º28 . Trimestral . Setembro 2012

Page 18: espaço solidario - odps.org.pt · amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo, enquanto sinais que manifes-tam a pessoa. No silêncio, falam a ale-gria, as preocupações… É

Cerca de 100 idosos da Obra Diocesana de Promoção Social viveram o

passado dia 13 de Setembro de uma forma muito especial. Nesse dia realizaram

uma peregrinação ao Santuário de Fátima para assistir às cerimónias religiosas.

A Missa da Peregrinação Aniversária foi presidida por Sua Excelência

Reverendíssima D. Pio Alves, Bispo Auxiliar da Diocese do Porto.

Ao longo das celebrações, D. Pio Alves reforçou a necessidade de os cris-

tãos se comprometerem com a prática efetiva da solidariedade.

-

-

-

necessitados deve passar das palavras ao atos, sugerindo uma maior atenção às

-

João Miguel PratasDirector do Economato, Logística e ManutençãoNutricionista

Mónica Taipa de CarvalhoDirectora dos Recursos Humanos e JurídicosAdvogada

Peregrinação ao Santuário de Fátimano dia-a-dia responde, com obras, à

fome, à sede, ao frio”, por via do tra-

D. Pio Alves lamentou a po-

breza mas realçou que é ainda mais

“lamentável” a existência de pesso-

as e organismos que “sub-repticia-

mente” vivem “à custa da pobreza

alheia”, dado que “a dádiva verda-

deira nunca pode ser nem parecer

negócio”.

este dia com muita alegria e devoção.

Depois da celebração eucarística, se-

guiu-se um almoço-convívio e um agra-

dável passeio pelos locais mais emble-

Obra Diocesana de Promoção Social18

Page 19: espaço solidario - odps.org.pt · amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo, enquanto sinais que manifes-tam a pessoa. No silêncio, falam a ale-gria, as preocupações… É

Já não vale a pena pormos o ramo num lado e vendermos o vinho no

outro. Sabemos muito bem que é grave a crise económica, mais dura ainda pela

incompetência dos políticos, e de todos e de cada um de nós, para a resolver.

-

A raiz do problema, se calhar, é mais funda do que a simples mudança do

sistema político. De pouco valerá a mudança das normas ou a alternância demo-

crática dos responsáveis políticos, por muito legitimados que estejam ou assim se

julguem até para não cumprir o que tanto prometeram nas campanhas eleitorais.

Deve ser preciso muito mais e bem mais a fundo, como concordam alguns

analistas que não se limitam a ver tudo apenas pelo lado político. Sugerem uma

reforma mais radical, ou seja, a mudança das pessoas.

Na verdade, enquanto não chegarmos à mudança da nossa mentalidade

e ao modo como vemos e valorizamos a vida, tendo em conta as relações com

os outros, então não sairemos tão cedo, se é que alguma vez somos capazes de

sair, da crise, cuja solução, como desejamos, tarda cada dia que passa e mais

nos sentimos incapazes de a resolver.

Essa mudança, que me parece mais estrutural do que conjuntural, pode

parecer a muitos demasiado ingénua, por mais bem intencionada que seja, e, por

isso, a julguem condenada ao fracasso.

Não penso assim. Sei que precisamos de leis justas e de governantes

sabemos todos. O que talvez nos custe saber é que o problema maior está no

coração de cada pessoa.

humana, lugar privilegiado onde se escuta a lei do amor, como Deus a quer e os

homens e as mulheres tanto precisam.

Deu-me para sonhar naquela

mudança estrutural de que andamos

todos carecidos nesta crise que nos

desalenta e põe tantos dos nossos

irmãos e das nossas irmãs à procura

da sopa dos pobres nas instituições

caritativas da Igreja.

Deus queira que ainda não

estejamos junto ao portal do inferno

-

denação fatal: “Deixai toda a esperan-

ça, ó vós que entrais”.

Com a mudança de menta-

lidades e com os laços de solidarie-

dade, na justiça e na paz, para tecer

com os outros redes de estima mútua,

é possível que encontremos razões

para manter a esperança, sem perda

do sentido crítico das realidades, por

mais duras que sejam e que precisa-

mos de inverter, em nome da defesa

intransigente da dignidade de cada

pessoa, aberta aos outros com leal-

dade e cuidados solidários de sama-

ritanos que não passam adiante sem

socorrer os feridos caídos nas valetas

da vida.

Esperança renascida

Cónego Rui OsórioJornalista e pároco da Foz do Douro

Não sou adivinho para imaginar

que acabaríamos com tanto mal-estar se mudássemos o sistema político. Talvez.

19Ano VII . n.º28 . Trimestral . Setembro 2012

Page 20: espaço solidario - odps.org.pt · amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo, enquanto sinais que manifes-tam a pessoa. No silêncio, falam a ale-gria, as preocupações… É

Frei Bernardo Domingues

Aspectos Negativos do nosso tempo

Muito rapidamente pretendemos

enumerar alguns aspectos marcadamen-

te negativos, em forma de diagnóstico

provisório, sobre a fenomenologia mais

saliente deste tempo:

-

mente, na segunda década, no dealbar

de um novo milénio, com promessas,

ameaças e riscos. Alguns receios estão

baseados em hipóteses e mitos, tradicio-

nalmente ligados à viragem milenar. De

facto o tempo é neutro na medida das

realidades criadas; são as pessoas que

podem orientar, melhor ou pior, o possível

futuro a viver pela qualidade de vida pre-

sente e pelos projectos viáveis e assumi-

dos a curto, médio e longo prazo, pessoal

e colectivamente.

Sem pretender inventariar ou fa-

zer balanços sobre toda a problemática

da pós-modernidade, indicaremos alguns

dos aspectos que os analistas apontam

como suporte dalguns mitos e falácias

que nos envolvem:

-

fundamentais e fundamentadas

como suporte duma coerente escala de

valores orientadores da vida pessoal e so-

cial;

e morais realistas, correctamente

estruturadas, com objectividade e estabi-

lidade, capazes de darem sentido e co-

erência aos comportamentos pessoais e

sociais;

no domínio gnoseológico, sem cla-

ros critérios de verdade, de erro e de cer-

teza;

-

para informar e formar

a consciência ética, pessoal e social, de

modo a poder assumir, lucidamente, a

corresponsabilidade complementar de

todos os componentes das comunidades

humanas;

que vem da fome, das guerras, do

racismo, dos totalitarismos, da opressão

e exclusão social, traduzido em aborto,

eutanásia e genocídio.

As pessoas, em geral, sofrem

dum real vazio ético e asfalta de sentido,

mesmo que desfrutem de real poder ma-

-

so.

As situações de frustração são

frequentes, necessitando de apoio social

e psiquiátrico sistemático, par aguentar o

peso da solidão e o medo da vida a viver.

Cada vez há mais formas de marginali-

dade e de evasão, recorrendo a todo o

tipo de drogas e contraindo e difundindo

doenças mortais. É frequente e denso o

sentimento de abandono e solidão, pro-

vocando situações de medo ou revolta,

que inibem uma correcta forma de pen-

samento e coordenação de sentimentos e

relacionamento recíproco, a começar pela

fundamental instituição familiar.

O pessimismo, a falta de autocon-

enfrentar o futuro, tendem a desencadear

o recurso ao hedonismo, ao consumismo

sistemático e aos prazeres imediatos e

fortes. Efectivamente alimenta-se e de-

senvolve-se o relativismo total, sem prin-

cípios metafísicos e éticos consistentes

e coerentes. Torna-se corrente a atitude

uma antropologia materialista e desgar-

rada.

E, como é sabido, só haverá au-

têntico progresso e integrado desenvolvi-

mento humano na medida em que cada

pessoa for efectivamente reconhecida,

estimada, estimulada e aceite na respec-

tiva diferença em que todos assumem os

respectivos papeis, funções e estatutos

sociais. Na realidade todos somos generi-

camente semelhantes e pessoalmente di-

ferentes nos modos de ser, pensar, sentir

e reagir aos problemas envolventes com

que nos confrontamos.

Torna-se pois, urgente recolher,

séria e consistente documentação sobre

a antropologia libertada e libertadora, pela

aplicação numa praxis coerente entre

pensar, programar, discernir, ponderar,

decidir e agir correctamente, de modo

consistente.

A liberdade, enquanto capaci-

dade actual, objectiva e subjectiva de se

autodeterminar, exige ponderada e fun-

damentada capacidade de discernir, ver,

ponderar, decidir e agir bem e a tempo e

horas. É preciso que a todos seja propor-

cionada a situação avaliativa e cautelosa

Vazio ético e alternativa possível

Obra Diocesana de Promoção Social20

Page 21: espaço solidario - odps.org.pt · amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo, enquanto sinais que manifes-tam a pessoa. No silêncio, falam a ale-gria, as preocupações… É

fazer agulha para servir os outros como

eles precisarem e nós formos capazes.

Na sociedade e nos grupos inter-

médios, é urgente que todos tenham voz,

vez e capacidade de emitir opinião fun-

damentada. A participação na promoção

do Bem Comum, exige que se viva, pelo

menos, o espírito de fraternidade afectiva

A política e a dinâmica actual ten-

dem a valorizar e a apreciar desmedida-

mente o que é “pequeno”, “leve”, “provi-

sório” e “descomprometido”, perdendo

de vista as grandes questões: quem sou?

donde venho? para onde vou? como ser

com, por e para os outros de modo cor-

recto?

-

de, no pragmatismo e até no provisório,

trivial, inútil, fútil e permissivo, no “tanto

vale” ou “como lhe apetecer”, sem objec-

tivo interesse pelo “porquê” das opções

que deveriam resultar do ver, discernir,

horas. É que a nossa vocação fundamen-

tal é de felicidade, de desvendar enigmas

e confrontar-se com os “mistérios” que

-

a “chave” do possível dês velamento ou

“aleteia”.

As conquistas tecnológicas e as

nos domínios da informática e da biologia,

fornecem informações de quase impossí-

vel avaliação crítica e selectiva, porque se

torna impossível a síntese e a referência

a uma escala de valores: a informação é

superior a nossa capacidade assimilativa

mesmas.

O ambiente social estimula o ma-

terialismo do lucro fácil e o hedonismo

permissivo de experimentar e desfrutar

tudo e já, sem medir as consequências

para si e para os outros, a médio e lon-

go prazo, em estilo de aventura inconse-

quente.

O relativismo moral é evidente: o

único absoluto tornou-se o relativo, a pura

subjectividade, o imediatismo e o consu-

mismo: ter tudo, o melhor e já, como se

fosse uma inevitável epidemia. Olha-se

para o que parece interessante e menos

o “porquê” e o “para quê”.

O indiferentismo penetra por toda

a parte, e aceita-se o abuso das drogas,

leves e pesadas, a marginalidade e o “vi-

ver de noite” e evadir-se de dia. Desta

posição resvala-se para o pragmatismo e

o relativismo insensato, evitando os com-

promissos, rejeitam-se normas e obriga-

ções estáveis.

A neutralidade apresenta-se até

como uma conduta moral inteligente e

indulgente, levando à abstenção de emitir

juízos e convicções fundamentadas em

valores objectivos. Deixa-se a cada um

as suas opiniões e opções, independen-

temente dos “porquês” das escolhas. A

cultura ambiental resvala para a “moral”

de: sem gorduras, sem calorias, sem co-

lesterol, sem açúcar… por causa de uma

certa concepção estética. A nova utopia

tornou-se uma apatia, sem transcendên-

cia, pouca solidariedade, fuga à dor, muito

enjoada e adiada, tentando fugir à respon-

sabilidade.

Com efeito, a população

mundial aproxima-se rapidamente dos

seis mil milhões de pessoas e de modo

desequilibrado entre continentes desen-

volvidos e os em eventual processo de

desenvolvimento. Por isso mesmo quase

um bilião de pessoas é considerada gente

pobre, estando em expansão, visto que

aumenta anualmente em cerca de vinte

e cinco milhões. Na distribuição da geo-

mais de metade dos pobres. Mas, com

o movimento de deslocamento massivo

para as cidades, a pobreza urbana tende-

rá a aumentar e a sua forma é efectiva-

mente mais agressiva. Mais ainda: cons-

tata-se que uns noventa e cinco milhões

de crianças, com menos de quinze anos,

estão submetidas a duro trabalho manual

para sobreviverem e auxiliarem a minorar

a pobreza da própria família. E número

idêntico de crianças desfavorecidas so-

brevivem, vegetam como “crianças de

rua”, sem eira nem beira, nem família, nem

referências familiares, afectivas ou éticas.

As estatísticas indicam que mais

de cento e vinte e cinco milhões estão de-

sempregados e outros tantos em subem-

prego. Entre nós, o desemprego, símbolo

da falência da política social, já anda pelos

dez ou onze por cento.

a pobreza aumenta, a

marginalidade, a violência e a droga são

21Ano VII . n.º28 . Trimestral . Setembro 2012

Page 22: espaço solidario - odps.org.pt · amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo, enquanto sinais que manifes-tam a pessoa. No silêncio, falam a ale-gria, as preocupações… É

fruto da exclusão social. Nisto tudo o ca-

pitalismo selvagem concorre para a desu-

manização do relacionamento humano e

impede a auto-actualização integrada e

sadia.

e

sem referências tornou-se um modo de

A situação que estamos a passar

ou a sofrer, segundo alguns analistas, é

fruto do pós-modernismo, do pós-indus-

trial, uma certa retoma do positivismo

balofo e num contexto de queda dos re-

gimes totalitários.

A ciência, a técnica e a arte ec-

lética desenvolvem-se num contexto he-

donista, materialista e permissivo. Sem

valores e códigos de referências bem

requintadas de prazer. A vida parece ter

profundidade e estabilidade dos prazeres

sensoriais e narcísicos.

entra na dinâmi-

ca hedonista de gastar e consumir, como

se fosse a nova expressão de liberdade. O

-

ção da liberdade e do apetecer.

Esta atitude adormece a inteligên-

cia crítica, mata a metafísica e desagua

no nada, no vazio, do ingénuo relativismo

ético que indevidamente se denomina to-

lerância e ética dos consensos, ou seja, a

consumação da incoerência como norma

de vida.

A pessoa só se realiza se for des-

perta para a totalidade de ser animal ra-

cional, social, ético e estético, capaz de

descobrir os porquês da vida, ou seja,

como ser capaz de verdade, liberdade e

sentido.

A pessoa normal e sadia busca a

verdade objectiva da lógica e vive a liber-

dade responsável, recorrendo a critérios

razoáveis e testados com garantia de ver-

dade. Na experiência da vida pode depa-

rar com o imprevisto, hesitar, enganar-se e

até desorientar-se provisoriamente.

Mas é pois uma situação provisó-

ria, visto que a necessidade de certezas

fundamentadas, é uma exigência ética

constante que brota do mais fundo da es-

trutura humana, sempre inquieta na busca

das origens, do destino e os “porquês” da

vida.

Presentemente sofre-se uma si-

tuação de desorientação, refugiando-se

ilusoriamente nas várias formas de drogas

químicas, psíquicas e sensoriais.

É urgente encaminhar a inteligên-

cia para o desenvolvimento integral do ser

e da vida humana para, com certeza e ri-

nos caminhos da vida.

É urgente decifrar a verdade do

próprio ser pessoal, a autenticidade da

realidade envolvente e a coerência nas

circunstâncias. Só assim nos vamos tor-

nando livres e felizes, com atitude realis-

violência, às cadeias e ao policiamento

repressivo.

pragmatismo tende a tornar-se pois, uma

-

zir ao mínimo, a angustiante neurose de

vazio intelectual, moral e estético. É que

a verdade ontológica, lógica e moral, é

substituída pela perspectiva utilitária, os

valores tornam-se mutáveis combinações

com os possíveis, relativos e provisórios

consensos democráticos, cuja funda-

mentação são as opiniões circunstanciais,

conduzidas pela publicidade massiva e a

manipulação insistente e depuradora. A

permissividade, o hedonismo, o consu-

mismo, a frivolidade, a marginalização

dos mais frágeis e o vazio moral resultam,

nada.

Não vemos hipótese dum huma-

nismo sadio, coerente e promotor de vida

realista da transcendência, com efeitos

ordenadores na imanência pessoal e so-

cial, enquanto objectivamente fundamen-

ta a verdade, o sentido e a vida democrá-

tica. Todos devem ter voz e vez, liberdade

e a possível responsabilidade e com reais

-

nhamentos sociais e políticos, na prática

da solidariedade, própria das sociedades

abertas e consistentes porque conduzi-

das com referências a valores estáveis: a

verdade, a justiça e o amor. Nela propor-

ciona-se a cada um o que for conveniente

e possível para se realizar e deve exigir-se

a participação no Bem Comum, segundo

as capacidades de cada um. Ninguém

deve ser preferido ou preterido, ultrapas-

sa-se o inútil e fútil e desenvolve-se a soli-

dariedade festiva.

Obra Diocesana de Promoção Social22

Page 23: espaço solidario - odps.org.pt · amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo, enquanto sinais que manifes-tam a pessoa. No silêncio, falam a ale-gria, as preocupações… É

pelo menos, interrogante.

Depois de mais de trinta décadas

de mudança de regime, as promessas

estão por cumprir em muitas das suas

perspectivas.

Apontaria alguns dos problemas

Mediocridade generalizada

como modo de estar na vida social e, es-

pecialmente, mas não só, no funcionalis-

mo estatal, tentando sacar o máximo de

proventos com o mínimo de esforço, com

frequentes “baixas” mentirosas e fugindo

aos impostos, sobrecarregando injusta-

mente os cidadãos honestos.

tendo o País

vivido mais duma década com saldo bio-

lógico negativo, visto que o número de

-

com a média de três seria possível renovar

a comunidade.

com

frequentes separações, divórcios e se-

gundas núpcias, de que resulta o fenó-

e respectivas funestas consequências

meio-irmãos e respectivo contexto familiar

uma autêntica família porque estão com

os “namorados” da mãe ou do pai.

nome-

adamente nos domínios do ensino em

que frequentemente prevalece a mediocri-

dade e incompetência docente e por bai-

xa motivação dos discentes, envolvidos

protegido pelas “falsas notas” distribuídas

pelo Ministério.

envolvendo roubo, vio-

lência, abuso de drogas pesadas e a mor-

te violenta, mesmo entre familiares e em

aceleração.

-

faltando habitação adequada, em-

prego, assistência social e sanitária com

aumenta a falta de respeito pela liberda-

de e diferença recíprocas. A vida torna-se

agressiva, sofre-se de insegurança afec-

tiva e social e vivemos envolvidos pelo

medo.

-

sobre os processos

de desenvolver a comunidade nacional

com tensões entre tradição e inovação,

caindo-se no espontaneísmo, nomeada-

mente nos domínios da educação em que

parece que se vive uma crise mortal.

Nota-se recuo nas convicções

-

rios, designadamente na fenomenologia

a emergência de seitas agressivas e ex-

ploradoras da ignorância e insegurança

popular.

A alternativa saudável deveria

induzir uma ética e esperança funda-

mentadas na esclarecida aceitação do

Transcendente. Efectivamente a clarivi-

dente decisão racional exigiria que fosse

ultrapassado o difundido imanentismo an-

tropológico de Nietzsche, assim como o

fatalismo de Shopenhauer.

Precisamos de sensata imagina-

ção criadora e o exercício efectivo do livre

arbítrio para esclarecidamente ver, enten-

der, discernir, ponderar, escolher, optar e

ser coerente e persistente nos modos de

viver segundo a recta razão, aberta ao ab-

soluto e criticamente avaliativa do relativo,

de modo a bem distinguir o que é evidente

e urgente, o que é da ordem do opinável,

de modo a descobrir e estabelecer uma

escala de valores promotora da feliz rea-

lização das pessoas de modo solidário e

complementar.

Havia que:

Descobrir que a autêntica auto-

-realização exige uma perspectiva de eter-

nidade na vivência dos valores culturais,

A consciência do permanente es-

coamento do tempo deve despertar-nos

a solidariedade atenta e persistente, evi-

tando a marginalização.

Há que descobrir a ligação entre

tradição e projecto e a fundamentação e

ordem dos valores, orientadores da vida

pessoal e social.

A relação entre direitos e deveres,

e a respectiva ordenação, deve partir do

conceito e exercício da liberdade e da

responsabilidade, fundamentadas numa

-

tica e ética que inclui o conhecimento do

“porquê” e o “para quê” da vida e respec-

tivas consequências para a vida a viver

solidariamente.

23Ano VII . n.º28 . Trimestral . Setembro 2012

Page 24: espaço solidario - odps.org.pt · amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo, enquanto sinais que manifes-tam a pessoa. No silêncio, falam a ale-gria, as preocupações… É

Pelo terceiro ano, a Obra Diocesana de Promoção Social promoveu, em

parceria com a Múltipla Escolha, a atividade “Férias com Obra”. Foi um mês muito

-

dãos bem formados e conscienciosos.

Mais uma vez este sucesso só foi possível devido ao enorme empenho e

experiência de toda a equipa envolvida – monitores, educadoras de infância e aju-

dantes de ação educativa.

Este campo de férias contou com a presença de cerca de 1000 crianças,

João Miguel PratasDirector do Economato, Logística e ManutençãoNutricionista

Mónica Taipa de CarvalhoDirectora dos Recursos Humanos e JurídicosAdvogada

Férias com Obra 2012que iniciaram o seu período de férias

com uma divertida e salutar camarada-

gem, repleta de animação e exercício

físico.

Ao longo do mês de Julho, as

iniciativas foram imensas. As compo-

nentes lúdicas, recreativas e desporti-

vas conjugaram-se em dias que incluí-

Obra Diocesana de Promoção Social24

Page 25: espaço solidario - odps.org.pt · amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo, enquanto sinais que manifes-tam a pessoa. No silêncio, falam a ale-gria, as preocupações… É

ram, entre outros:

em comprimento, estafetas.

futebol de praia.

frisbee.

slide, zarabatana e tiro com arco.

dança.

novas e inovadoras atividades desporti-

25Ano VII . n.º28 . Trimestral . Setembro 2012

Page 26: espaço solidario - odps.org.pt · amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo, enquanto sinais que manifes-tam a pessoa. No silêncio, falam a ale-gria, as preocupações… É

Para as crianças da creche, as atividades foram devidamente adaptadas à sua faixa etária, merecendo destaque as

seguintes:

As Férias com Obra proporcionaram a estas crianças dias plenos de contacto com a natureza, com muito convívio e

alegria.

Obra Diocesana de Promoção Social26

Page 27: espaço solidario - odps.org.pt · amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo, enquanto sinais que manifes-tam a pessoa. No silêncio, falam a ale-gria, as preocupações… É

-

Fábio Rodrigues (9 anos)

...............-

-

Érica Teixeira (4 anos)

-

João Maria Vasconcelos (10 anos)

...............-

Luana Pinto (6 anos)

-

Constança Figueiredo (8 anos)

...............

-

Luís Miguel Costa (5 anos)

Depoimentos

27Ano VII . n.º28 . Trimestral . Setembro 2012

Page 28: espaço solidario - odps.org.pt · amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo, enquanto sinais que manifes-tam a pessoa. No silêncio, falam a ale-gria, as preocupações… É

Maria Teresa de Souza-CardosoEducadora de Infância

CaminhandoO Ano da Fé

-

O seu logótipo apresenta uma barca, “a imagem da Igreja”, cujo mastro é uma

cruz com as velas enfunadas e o trigrama IHS, símbolo do nome de Jesus.

O Santo Padre, Bento XVI, convida toda a humanidade “para uma autêntica

e renovada conversão ao Senhor, único Salvador do mundo, para que todos possam

redescobrir o caminho da fé para fazer brilhar, com evidência sempre maior, a alegria

e o renovado entusiasmo do encontro com Cristo. Teremos oportunidade de confes-

sar a fé no Senhor Ressuscitado nas nossas catedrais e nas igrejas do mundo inteiro,

nas nossas casas e no meio das nossas famílias, para que cada um sinta fortemente

a exigência de conhecer melhor e de transmitir às gerações futuras a fé de sempre”.

Como nos refere o presidente

do Conselho Pontifício para a Nova Evangelização o Arcebispo D. Rino Fisichella “ a

crise de fé é expressão dramática de uma crise antropológica que deixou o homem

entregue a si mesmo. O Ano da Fé quer ser um caminho que a comunidade cristã

oferece aos que vivem com nostalgia de Deus e com o desejo de O encontrar de

novo. Sente necessidade vital

delas porque procura coerência e lealdade”.

No mundo imbuído pela cultura pós-moderna, os cristãos terão oportunida-

No mundo actual, onde grassa o desemprego e escasseiam os recursos

para uma vida digna, nota-se claramente a crescente crise da família. Muitos casa-

situações frequentes quando Deus e a fé não existem no seio das famílias. A crise

-

A OBRA DIOCESANA DE PROMOÇÃO SOCIAL com plena consciên-

cia destes factos e da importância que o seu papel representa, junto das famí-

lias, das crianças, dos idosos e da comunidade em geral, apresenta para este

ano lectivo de 2012/2013, para o Ano da Fé, como seu Projecto Educativo:

Atenta a que na sociedade actual não é permitido ter tempo, verdadeiro

tempo livre, para parar, para pensar, para meditar, acredita que é cada vez mais

importante dar tempo ao tempo, reiniciando toda uma aprendizagem de valores,

Obra Diocesana de Promoção Social28

Page 29: espaço solidario - odps.org.pt · amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo, enquanto sinais que manifes-tam a pessoa. No silêncio, falam a ale-gria, as preocupações… É

de valores verdadeiros e bem desenvolvidos, que os conduzam à vivencia de uma

cidadania plena, para a consciencialização da relação recíproca entre direitos e

deveres. Este conjunto de valores, não sendo inatos, são antes adquiridos propor-

cionando o desenvolvimento ético e moral das crianças que interiorizam de forma

clara, as noções de certo e errado, de bem e de mal.

-

-

-

-

-

-

E nada mais oportuno do que

ter a enquadrar todo este projecto, que

é de importância fundamental, pois

constitui o primeiro passo para uma ca-

minhada enquadrada pela família e pela

comunidade, o Ano da Fé.

Testemunhos da vida dos Santos,

particularmente dos Santos portugueses,

autênticas escolas de verdadeiros valo-

res e testemunhas de fé inabalável, serão

apresentados, pois são verdadeiras pon-

tes entre os homens e Deus. E ainda há

bem pouco tempo a Igreja passou a con-

tar com mais um Santo, Nuno Alvares Pe-

reira, canonizado pelo Santo Padre Bento

XVI, como que

pela fé consagrou a sua vida a Cristo,

tudo distribuindo pelos pobres para viver

em simplicidade evangélica, aguardando

a chegada do Senhor.

29Ano VII . n.º28 . Trimestral . Setembro 2012

Page 30: espaço solidario - odps.org.pt · amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo, enquanto sinais que manifes-tam a pessoa. No silêncio, falam a ale-gria, as preocupações… É

Cada uma das vidas concretas dos nossos Santos mostra a vitória de Deus,

que a todos oferece a Santidade.

Serão também de realçar as inúmeras relações entre Fé e Arte, a que o

mundo contemporâneo é tão sensível – está já anunciada a edição de um CD de

Joao Gil e Luis Represas, “ Missa brevis” com textos em latim, iniciativa musical que

marcará também o nosso Ano da Fé.

Será também um instrumento precioso o “Compendio do Catecismo da

tornando o Catecismo mais acessível para todos, que será devidamente partilhado

com as famílias, “Sendo a primeira vivência comunitária que geralmente temos,

a família pode e deve ser também a primeira experiência eclesial, ou ‘ Igreja do-

méstica’, porque nela cada membro, a seu modo, exerce o sacerdócio baptismal,

contribuindo para fazer da família uma comunidade de graça e de oração, escola

-

pendio, 350). A família é, sem dúvida, o primeiro lugar onde se vê e se ensina a fé,

a responsabilidade e o amor para com os outros.

Responsáveis pela educação das crianças, pais e educadores deverão

desde cedo realizar um conjunto de actividades que promovam o conceito de fé,

de paz e de amor junto dos mais pequenos.

-

-

, tendo em

vista a sua plena inserção na sociedade como ser autónomo e solidário.

O católico tocado pela fé é uma das provas e evidências mais fortes da

existência de Deus, vivendo a sua fé com toda a sua alma, com todo o seu coração,

com todo o seu entendimento.

-

-

Obra Diocesana de Promoção Social30

Page 31: espaço solidario - odps.org.pt · amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo, enquanto sinais que manifes-tam a pessoa. No silêncio, falam a ale-gria, as preocupações… É

À

Direcção da Obra Diocesana

testemunho do esmero e dedicação inexcedível, na prestação de serviços que a Obra Diocesana, neste caso do Centro Social

Rainha D. Leonor, com a notável orientação da Dra. Isabel Cristina, soube prestar durante os últimos anos a minha Mãe, hoje

com 90 anos, portadora da doença de Alzheimer e agora acamada desde o início do ano.

Vivi no Porto, com meus Pais, desde 1949 e desde 1953 em Lordelo. Hoje, habito em Paço de Arcos, e ia ver minha

Mãe todos os meses durante os dias que me era possível.

ao que se passa à sua volta. Cá, tenho a garantia de uma assistência de toda a espécie, que em casa, no Porto, era impossível

de conseguir, mesmo com a assistência que a Obra Diocesana proporcionava e um sistema que consegui montar à volta de

minha Mãe.

Ainda são só passados quinze dias e já tenho saudades de quem ia a nossa casa dar o apoio, que minha Mãe carecia.

Não vou nomear, especialmente ninguém da Obra, com receio de falhar alguém, o que seria imperdoável, mas posso dizer que

todas as meninas, directa ou indirectamente, o senhor enfermeiro e o Mário (que me é fácil na medida em que são os únicos

de que

minha Mãe foi alvo em todo o tempo que dependeu da Obra.

É pela existência de um Instituição como esta, já tão rara nos tempos que passam, que nos permite acreditar que ainda

vale a pena viver no País que somos.

Bem haja à Obra Diocesana de Promoção Social, Centro Social Rainha D. Leonor, quem lá trabalha e à Doutora Isabel

Cristina que sempre tão bem nos atendeu.

Reconhecido, respeitosamente

Exmo. Senhor

JOÃO CABRERA

Bom dia!

Em resposta ao email recebido, Quinta-feira, 12 de Julho, e dirigido à Direcção da Obra Diocesana de Promoção So-

cial, em meu nome, como Presidente do Conselho de Administração (CA), e em nome dos outros elementos que o compõem,

o nosso obrigado pelas palavras proferidas. Elas traduzem reconhecimento e elogio ao serviço prestado à sua mãe, Exma.

Senhora D. Filomena Cabrera.

inculcamos nos nossos Colaboradores.

A qualidade que queremos evidenciar, pelas práticas efectivadas, envolve os principais substratos a uma dinâmica

vocacionada para proporcionar o bem-estar, nos diferentes aspectos, dos clientes que nos procuram.

Ficamos felizes pelo Exmo. Senhor João Cabrera ter encontrado a solução mais adequada e desejada ao caso de sua

Exma. mãe e formulamos votos para que continue a encarar a provação com realismo, conformismo e esperança.

Aceite com amizade, os nossos cordiais e respeitosos cumprimentos

Louvor e Reconhecimento

Conselho de Administração

31Ano VII . n.º28 . Trimestral . Setembro 2012

Page 32: espaço solidario - odps.org.pt · amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo, enquanto sinais que manifes-tam a pessoa. No silêncio, falam a ale-gria, as preocupações… É

Emanuel CunhaCoodenador do Centro Social São João de Deus

A acção faz a obra

Valorizando todo o trabalho

desenvolvido, desde o nascimen-

Infância do Centro Social de São

clientes, Sérgio Manuel Ferreira da

-

Prontamente, a Educadora de

Infância transmitiu ao Coordenador de

Centro a admirável disponibilidade des-

te Pai para uma iniciativa, que poderia

ajudar a melhorar o aspecto exterior

do Centro, bastante deteriorado e com

sinais evidentes dos problemas passa-

dos durante os anos de existência do

Bairro de São João de Deus, como os

todo o Centro.

A exposição foi reencaminhada,

no imediato, para o Director de Econo-

mato, Logística e Manutenção da Obra

Diocesana, que a apresentou superior-

mente, junto do Conselho de Administra-

ção. Este órgão recebeu com exaltação

e entusiasmo a pretensão apresentada

sobre a proposta dos trabalhos voluntá-

rios de remodelação exterior do Centro

Social de São João de Deus.

O Conselho de Administração,

bastante satisfeito e encantado, per-

mitiu ainda a disponibilização de tudo

o que fosse necessário para que esta

remodelação se concretizasse, de for-

ma a valorizar e optimizar o voluntariado

Obra Diocesana de Promoção Social32

Page 33: espaço solidario - odps.org.pt · amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo, enquanto sinais que manifes-tam a pessoa. No silêncio, falam a ale-gria, as preocupações… É

humano manifestado.

As capacidades de mobilização

acrescentar ofertas, tais como tintas,

materiais adstritos à pintura, disponibili-

zação temporária gratuita de andaimes,

máquina de pressão para lavagem de

pelo Núcleo da G.N.R. do Carmo).

Ainda mais importante, este En-

carregado de Educação conseguiu sen-

sibilizar e mobilizar outras pessoas, bem

como amigos, que abraçaram esta ad-

mirável actividade com responsabilida-

de e, sem comprometimento monetário,

efectivaram o desejado, convergindo

esforços e vontades num envolvimento

cooperativo.

Sérgio Manuel Ferreira da

-

ra, Carlos Manuel Rodrigues Rocha

foram

os voluntários, que estiveram presentes,

praticamente todos os dias, conseguin-

do em muito pouco tempo devolver ao

Centro um novo aspecto, alargado aos

-

ram questão de intervir para que toda a

zona envolvente do Centro possa ser um

complemento à remodelação efectuada.

A oportunidade e a determina-

ção dos voluntários permitem retirar

a de ensinar

-

-

-

Da mesma forma e evocando os

valores da Obra Diocesana de Promo-

ção Social, diariamente presentes nos

doze Centros, assistiu-se durante esta

remodelação à evidencia-

da por todos os elementos partícipes,

que quiseram contribuir com -

nhamento e , as-

sumindo o de renovar

um espaço, onde a de

cada interveniente contribuiu para a Ino-

. A execução do trabalho, tão im-

portante e bem elaborado aludiu Qua-

lidade e todas as pessoas, que directa

ou mesmo indirectamente e de forma

concorreram para que

o Centro Social de São João de Deus

apresente hoje uma nova Identidade.

Neste momento os trabalhos

encontram-se em fase de conclusão e o

Porém, o Centro Social de São

João de Deus agradecerá, diariamen-

dos seus colaboradores, sabendo e

, que existem muitas

descobertas a serem feitas e, principal-

mente muitos objectivos, que queremos

cumprir e superar, sabendo que depois

deste grande passo, nos sentimos com

o dever e ainda com muito mais ener-

gia para todas e quaisquer acções que

possamos levar a efeito. MÃOS – À –

OBRA!

33Ano VII . n.º28 . Trimestral . Setembro 2012

Page 34: espaço solidario - odps.org.pt · amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo, enquanto sinais que manifes-tam a pessoa. No silêncio, falam a ale-gria, as preocupações… É

Dia do Idoso

No dia 1 de Outubro comemora-

-se o Dia Internacional do Idoso. Naque-

la que é já uma tradição assumida pelo

Conselho de Administração, neste dia

toda a Obra se reúne para homenagear

os mais idosos. Como já vem sendo há-

bito, Sua Excelência Reverendíssima D.

Manuel Clemente, Bispo do Porto, pre-

sidiu a uma Eucaristia na Sé Catedral da

nossa cidade, que se encontrava reple-

ta de utentes dos Centros Sociais da Instituição, bem como dos colaboradores que

diariamente zelam pelo seu bem-estar.

Os cânticos da celebração foram entoados pelo Grupo Coral da Obra Dio-

cesana, constituído por sessenta seniores da Instituição e dirigido pelo Senhor Diá-

cono Freitas Soares.

Numa cerimónia pautada pela devoção a Santa Teresinha do Menino Jesus,

concelebraram os Cónegos Amadeu Ferreira da Silva e Fernando Milheiro Leite, o

Monsenhor Virgílio Resende, o Frei César Pereira Pinto e o Padre Artur Jorge Soares.

Após a celebração, foi possível testemunhar a satisfação no rosto dos mais

de 400 idosos, que entretanto se dirigiram aos respectivos Centros Sociais para

João Miguel PratasDirector do Economato, Logística e ManutençãoNutricionista

Mónica Taipa de CarvalhoDirectora dos Recursos Humanos e JurídicosAdvogada

Obra Diocesana de Promoção Social34

Page 35: espaço solidario - odps.org.pt · amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo, enquanto sinais que manifes-tam a pessoa. No silêncio, falam a ale-gria, as preocupações… É

usufruírem de um almoço-convívio.

D. Manuel Clemente e os restantes convidados almoçaram no Centro Social

de Rainha D. Leonor, que, este ano, foi escolhido para acolher o nosso Patrono.

O almoço, que decorreu sempre num clima de alegria e partilha, iniciou-

-se com a leitura de uma oração dedicada aos idosos. Uma intervenção musical a

cargo das crianças da sala dos 5 anos permitiu valorizar e apreciar o convívio inter-

-geracional.

Neste momento, o Diácono Freitas Soares foi homenageado pelo Conselho

de Administração através da oferta de uma imagem de Nossa Senhora em cristal

– ex-libris da Instituição – num gesto de reconhecimento por toda a dedicação,

gratuidade e empenho demonstrado na

preparação do Grupo Coral.

Na sua intervenção, o Presi-

dente do Conselho de Administração,

Senhor Américo Ribeiro, enalteceu a

vivacidade daqueles para quem a Obra

Diocesana é a razão da sua existência

e agradeceu a presença de D. Manuel

Clemente.

Este convívio terminou com

35Ano VII . n.º28 . Trimestral . Setembro 2012

Page 36: espaço solidario - odps.org.pt · amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo, enquanto sinais que manifes-tam a pessoa. No silêncio, falam a ale-gria, as preocupações… É

outros dois momentos marcantes – a

oferta de uma lembrança elaborada pe-

los idosos ao Senhor Bispo do Porto e

a declamação do poema “Velhinhos”.

Esta poesia foi escrita propositadamen-

te para este dia pelo Senhor Fernando

Campos de Castro, amigo da Instituição

de Rainha D. Leonor.

De vós nos veio o prazer

do presente que hoje somos

De vós nos vem o saber e o quanto falta aprender

do passado que já fomos

Desse passado que a vida não esquece na distância

Passado que foi meu berço e cama da minha infância

Falai do tempo da guerra, do suor, trabalho e fome

da raiva surda que encerra o fazer nascer da terra

o pão que nunca se come

Falai-me das vossas fugas, da alegria e do desgosto

que foi a mãe dessas rugas cavadas no vosso rosto

onde inventais numa sesta

todo o tempo que vos resta sobre um banco de jardim

Mostrai a quem vos desdenha

a esses montes de ingratos que só amam coisas fúteis

que os velhos não se desprezam

como se fossem farrapos, como se fossem inúteis

Dizei que não vos merece

nem vos prendem ilusões ao País que vos esquece

e que se lembra de vós apenas nas eleições

Sei que viveis de lembranças

e que prezais a verdade

Sei que vos sobram esperanças

pois sois de novo crianças apenas com mais idade

Vós sois o livro, a memória

Vós sois com toda a certeza, o alicerce da história

o mar, a terra, a glória desta Pátria Portuguesa

Por tudo isto vos canto

Por todos vós sou feliz

Por isso vos quero tanto, velhinhos do meu País

Obra Diocesana de Promoção Social36

Page 37: espaço solidario - odps.org.pt · amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo, enquanto sinais que manifes-tam a pessoa. No silêncio, falam a ale-gria, as preocupações… É

Vítor Baía visitou a Obra Diocesana

Luísa Maria Lhano PretoCoordenadora do Centro Social do Lagarteiro

No dia 28 de Setembro, a Obra

Diocesana de Promoção Social, concre-

tamente o seu Centro Social do Lagar-

teiro, recebeu a visita da Fundação Vítor

Baía, na pessoa do seu Presidente, o ex-

-futebolista Vítor Baía.

entrega de um donativo às crianças dos

5 anos e CATL, como incentivo e apoio

ao seu desenvolvimento pessoal e es-

colar. O antigo guarda-redes da Seleção

Portuguesa e do Futebol Clube do Porto

distribuiu 45 conjuntos constituídos por

uma mochila Adidas, vários livros esco-

lares e diverso material didático.

As crianças de todas as respos-

tas sociais – creche, pré-escolar e CATL

– participaram nesta receção com a canção “Os Abraços” e com um pequeno apon-

tamento de dança. Como gesto de agradecimento, todos participaram na realização

de uma tela, que posteriormente oferecerão à Fundação Vítor Baía.

Esta iniciativa veio ao encontro do projeto educativo da Obra Diocesana para

o presente ano letivo, cujo tema é .

É de louvar que, nos tempos que correm, em que o país atravessa bastantes

-

cial com populações carenciadas.

A Obra Diocesana, representada pelo Senhor Américo Ribeiro, Presidente

do Conselho de Administração, retribuiu o gesto com um sincero agradecimento.

Acarinhou esta parceira, que se desenvolve já há vários anos, e abriu portas para a

sua continuação, materializada em iniciativas futuras.

Foi uma tarde diferente, que fez sorrir as nossas crianças. Para a história,

“Vamos jogar futebol para o ringue.” – Verónica

“És o melhor guarda-redes do mundo.” – José Pedro

37Ano VII . n.º28 . Trimestral . Setembro 2012

Page 38: espaço solidario - odps.org.pt · amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo, enquanto sinais que manifes-tam a pessoa. No silêncio, falam a ale-gria, as preocupações… É

espaçosolidariomensagens recebidas sobre o novo

Caríssimos Amigos,

Faço seguir hoje, 23-VII-2012 o cheque da CGD com a minha partilha, um pouquinho mais reduzida por razões que já expus à Exma. Direcção.

Ora colunas acrescidas e vida mais difícil…

Muito agradecida pela Revista Espaço Solidário.

Muito me ajuda na solidão em que vivo.

Minhas saudações para todos.

Desejo tudo de Bom!

Com consideração, meus respeitosos cum-primentos

Exmo. Senhor

AMÉRICO JOAQUIM COSTA RIBEIRO

Presidente do Conselho de Administração da Obra Diocesana de Promoção Social

Tenho a honra de acusar a recepção da car-ta de V.Exa., data de 16 de Julho de 2012, dirigida a Sua Excelência O Presidente da República, enviando o exemplar do nº. 27, ANO VII, da Revista “Espaço Siolidário”, que se agradece.

Cumpre-me informar que o assunto mereceu a melhor atenção.

Com os melhores cumprimentos

Exmo. Senhor

Presidente do Conselho de Administração da Obra Diocesana de Promoção Social

Os melhores cumprimentos.

Quero agradecer a presença da Obra Dioce-sana nas instalações da nossa Paróquia.

foi para nós um elemento muito positivo pela presença das crianças, trabalhadores e familia-res, e pelo sinal de que a Paróquia e a Obra são dois braços de um mesmo serviço è pessoa humana na linha do Evangelho de Jesus.

Nenhum discurso poderia dizer isto melhor do que a vossa presença, que conteve a visita do Bispo D. Pio.

Agradeço ainda a contribuição económica para os serviços pastorais da Paróquia: de Se-

foram… Muito obrigado, estamos dispostos a dar o apoio que precisarem. Disponham.

Exmo. Senhor

Américo Joaquim Costa Ribeiro e Exma. Se-nhora Dra. Mónica Taipa de Carvalho, Dig-níssimos Directores da Obra Diocesana de Promoção Social

ASSUNTO: AGRADECIMENTO.

Digníssimos e Prestigiados Directores,

Venho por este meio, muito reconhecidamen-te, prestar uma grande homenagem, a quem por intuição e por ser seu timbre, faz bem a quem precisa da vossa prestigiada ajuda e solidariedade social.

Agradeço, desde já, todo o apoio que me de-ram no acompanhamento da minha doença e no apoio também ao meu lar familiar.

Também aproveito desde já, para agradecer a todo o pessoal da Obra, que Vexas dirigem muito bem e, em especial ao Senhor Dr. Le-andro, da forma como me recebe e me apoia.

Desde já, mais uma vez, agradeço do fundo do coração, todo o apoio da Nossa Obra Dio-cesana, da qual, o nosso Presidente Américo Ribeiro é o grande obreiro. BEM HAJA!!!

Estou sempre ao dispor da Nossa Obra Dio-cesana para tudo o que for preciso.

BEM HAJAM PELO BEM QUE FAZEM EM PROL DA SOLIDARIEDADE SOCIAL.

Muito Atentamente, apresento os meus cum-primentos

Exmo. Senhor

Américo Joaquim Costa Ribeiro

Presidente do Conselho de Administração da Obra Diocesana de Promoção Social

Encarrega-me o Senhor Primeiro-Ministro de acusar a recepção da carta dessa Instituição, data de 16 de Julho, e de agradecer a V. Exª. A Revista “Espaço Solidário” – Ano VII, nº. 27 da Obra Diocesana de Promoção Social (ODPS), que amavelmente lhe fez chegar e que mereceu a melhor atenção.

Com os melhores cumprimentos

TORNA-TE FELIZ, SERVINDO!

Com um sorriso aberto, acolhedor e discreto para todos e sempre segundo a sua situação.

Pela saudação empática e delicada a todos os que vais encontrando na roda da vida.

Com uma palavra de simpatia para os desola-dos, tristes sós e marginalizados.

-ção para com os que necessitam da ajuda imediata.

Por uma atenção discreta e acolhedora para os desgarrados e descrentes da amizade sincera.

Pela disponibilidade sensata para escutar, ouvir e entender os que não se entendem a si mesmos.

Com um claro gesto de perdão e reconciliação para quem te ofendeu, com ou sem razão.

de tudo e de todos, desespera do Pai.

Desperta a alegria de viver em paz a quem

Ensina a escutar a Deus e os outros pela re-

os que choram e alegrando-te com os alegres.

Exmo. Senhor

Presidente do Conselho de Administração da Obra Diocesana de Promoção Social

Agradeço a gentileza do envio da publicação “Espaço Solidário” – Edição nº. 27 – e venho deste modo felicitar V.Exªs. pelo excelente trabalho desenvolvido.

Aproveito a oportunidade para enviar os meus melhores cumprimentos

Amigo Senhor Américo,

Um abraço grande e continue a dar-se na ela-boração do Espaço Solidário. Vale a pena. Precisamos dele e de toda a imprensa escrita neste mundo virtual.

Há muita gente que gosta de ler e pensar diante do escrito quando revelador de tanta aposta pelos outros.

E os conteúdos são de qualidade e revelam por um lado esforços invisíveis para os man-ter e, por outro. uma resistência e luta cheias de esperança.

Como diz um pensador: “o esforço chama os melhores” e estamos vivendo tempos que pedem este sereno, forte e persistente esfor-ço pelo Bem comum.

Um abraço grande e coragem neste caminho em que estamos todos juntos sabendo e sen-tindo que este é o segredo da fecundidade dos nossos empreendimentos.

Obra Diocesana de Promoção Social38

Page 39: espaço solidario - odps.org.pt · amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo, enquanto sinais que manifes-tam a pessoa. No silêncio, falam a ale-gria, as preocupações… É

Exmo. Senhor

Presidente do Conselho de Administração da Obra Diocesana de Promoção Social

Encarrega-me Sua Excelência o Ministro da Solidariedade e da Segurança Social de acu-sar a recepção da carta datada de 16.07.2012 e agradecer a V.Exª. o envio da Revista “Es-paço Solidário”.

Com os melhores cumprimentos

O Padre Ramiro Ferreira Pinto cumprimenta,

Dá os parabéns pela actuação da Obra Dio-cesana de Promoção Social e junta uma pe-quena ajuda de 50,00 €.

É pouco porque são muitos os pedidos de ajuda.

Respeitosamente

Poucas palavras gastam para dizer tudo:

Não posso mais…!!!

Aceitem, por favor… a pequena partilha com amor.

Toda a minha consideração pela Obra Dioce-sana de Promoção Social.

Agradeço a Revista de Julho.

Fraternalmente,

39Ano VII . n.º28 . Trimestral . Setembro 2012

Amigos em crescendo!

Casa Agrícola António Santos Lopes Herds., Lda. 96,00 €DAMC 120,00 €EMMSB 25,00 €GROSB 25,00 €José Santos e Laura, Lda. 250,00 €Junta de Freguesia de Paranhos 1.000,00 €Maria dos Anjos Pereira Pacheco, Enf.ª 20,00 €

Maria Fátima F D S Proença Padez, Dra. 100,00 €MBA - Marketing e Brindes, Lda. 322,48 €MMSC 150,00 €MTDTM 130,00 €Ramiro Ferreira Pinto, Pe. 50,00 €Rufino Marques Ribeiro 125,00 €

Descrição Contribuição Descrição Contribuição

Liga dos Amigos da Obra Diocesana

Já se fez Amigo da Liga?Contribua com um Donativo

Pode ser Mensal, Anual ou ÚnicoEnvie por cheque à ordem de

OBRA DIOCESANA DE PROMOÇÃO SOCIAL ou através do NIB - 007900002541938010118

Sabia que o seu donativo é dedutível no IRS (Decreto-Lei 442-A/88, art. 56º., nº.2, alínea B e nº. 1 RC (artº. 40º., nº. 3)

Obrigado!

Donativos de 10. Julho a 30. Setembro . 2012

Page 40: espaço solidario - odps.org.pt · amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo, enquanto sinais que manifes-tam a pessoa. No silêncio, falam a ale-gria, as preocupações… É