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ESPAÇO SOCIALISTA Organização Marxista Revolucionária Contribuição: R$ 1,00 N° 77 - Abril de 2015 GREVES PELO PAÍS ENFRENTAM A AUSTERIDADE DOS GOVERNOS É POSSÍVEL ACABAR COM A CORRUPÇÃO NO CAPITALISMO? CONSTRUINDO O COLETIVO PRIMAVERA SOCIALISTA TODOS OS DIAS NA LUTA CONTRA O CAPITALISMO CONJUNTURA NACIONAL EDUCAÇÃO FEDERAL PROFESSORES JUVENTUDE PETROBRÁS, EMPREITEIRAS, PARTIDOS... OS CORTES DE VERBAS E AS CONDIÇÕES DE TRABALHO MILITARIZAÇÃO DA INTERNET E A REPRESSÃO PELA REDE MUNDIAL DE COMPUTADORES VIGILÂNCIA NA INTERNET Nem com esses Nem com esses Lutar por direitos!

ESPAÇOSOCIALISTAespacosocialista.org/portal/wp-content/uploads/2015/04/jornal-77.pdf · suas ideias machistas, racistas e LGBTfóbicas, pegam carona nesse movimento. A SAÍDA SÓ

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ESPAÇOSOCIALISTAOrganização Marxista Revolucionária

Contribuição: R$ 1,00N° 77 - Abril de 2015

GREVES PELO PAÍS ENFRENTAM AAUSTERIDADE DOS GOVERNOS

É POSSÍVEL ACABAR COM A CORRUPÇÃO NO

CAPITALISMO?

CONSTRUINDO O COLETIVO PRIMAVERA

SOCIALISTA

TODOS OS DIAS NA LUTA CONTRA OCAPITALISMO

CONJUNTURA NACIONAL

EDUCAÇÃO FEDERAL

PROFESSORES

JUVENTUDE

PETROBRÁS, EMPREITEIRAS, PARTIDOS...

OS CORTES DE VERBAS E AS CONDIÇÕES DE

TRABALHO

MILITARIZAÇÃO DA INTERNET E A REPRESSÃO

PELA REDE MUNDIAL DE COMPUTADORES

VIGILÂNCIA NA INTERNET

Nem com esses

Nem com esses

Lutar por direitos!

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O ponto de partida para entender aatual situação política no Brasil é aeconomia. O PIB (Produto InternoBruto, a soma de todos os produtos eserviços realizados no país ao longo doano) de 2014 ficou estagnado, comcrescimento de 0,1% (segundo dadosatualizados do IBGE, disponíveistambém em www.folha.uol). A média docrescimento do PIB no primeiro mandatode Dilma, de 2011 a 2014, foi de 2,2%,isto é, o pior resultado de todos ospresidentes desde Collor entre 1990-92,que foi de –1,29% (globo.com). A quedado crescimento é inaceitável numaeconomia capitalista, pois o capital sópode existir se conseguir se reproduzirde maneira ampliada, como mais capital,mais valia ou lucro. O dinheiro precisagerar mais dinheiro, através da exploraçãodo trabalho para produção e circulaçãode mercadorias. A ausência decrescimento é sinônimo de crise.

O modelo de crescimento adotadodesde a crise mundial deflagrada em2008, no final do segundo mandato deLula e ao longo do primeiro governoDilma, esteve baseado no aumento doconsumo interno, através doendividamento. Uma parcela dostrabalhadores e a “classe média”tomaram dinheiro emprestado nosbancos para comprar casas, carros,eletrodomésticos e isso manteve ocrescimento da economia por algumtempo. A porcentagem do crédito emrelação ao PIB chegou a 58% em 2014(dados do Banco Central). Em 2003, essaporcentagem era de 24,7%(exame.abril.com.br). Desde o anopassado, esse modelo não está maisfuncionando, pois existe um limite alémdo qual não é mais possível seguir seendividando. É esse cenário que produza instabilidade e o acirramento da lutade classes que estamos vivendo e cujatendência é que se aprofunde.

NÃO EXISTE GOLPE EM ANDAMENTOA queda no crescimento afeta todas

as classes sociais, mas de maneirasdiferentes. A alta burguesia, os bancos,o agronegócio, as empreiteiras, as

montadoras e grandes empresastransnacionais, que controlam os partidose o Estado, impuseram ao governoDilma, ainda nas eleições de 2014, operfil do mandato seguinte: a entrega dosministérios diretamente a cada fração daburguesia (Joaquim Levy, do Bradesco,no Ministério da Fazenda, Kátia Abreu,do latifúndio, no Ministério daAgricultura, e assim por diante) e umpacote de ajuste contra os trabalhadores,como condição para apoiar o governo.

O PT se comprometeu a aplicaresse programa dos grandes capitalistas eé por isso que permanece como governo.Afirmamos categoricamente que nãoexiste um processo de golpe emandamento contra o PT. A ameaça degolpe é o pretexto para uma chantagemdo PT contra a oposição de esquerda,exigindo que se coloque em defesa dogoverno.

O processo de impeachmenttambém não está colocado, é um pretextode uma parcela da burguesia parapressionar o governo a ser mais obedienteaos interesses dos grandes capitalistas ebusca desgastar o PT para as eleiçõesde 2018. Os principais porta-vozes docapitalismo mundial, as revistas “TheEconomist” e “Forbes”, publicarammatérias em que se colocam contra oimpeachment de Dilma ou o considerampouco provável (verwww.economist.com e www.forbes.com).Os motivos para manter o governo sãojustamente a necessidade de aplicar osataques sobre os trabalhadores, com osquais o PT já está comprometido.

Quem ceder a essa chantagem do PTpara defender Dilma estará compactuandocom os ataques desse governo aostrabalhadores, o pacote de Joaquim Levy,os cortes nas pensões, no PIS eseguro desemprego, aanunciada votação do PL4330 que pode generalizar aterceirização e a precarizaçãodas relações de trabalho, asprivatizações, o sucateamento dosserviços públicos, a entrega de maisde 40% para o pagamento da dívida

pública, a inflação, o desemprego, etc. Épreciso reafirmarmos a necessidade deconstruir uma oposição de esquerda aogoverno e ao PT, a partir das lutasconcretas, contra a política econômica dogoverno e do capital.

CONTRA A FALSA POLARIZAÇÃO PT XPSDB

Somos contra qualquer defesa dogoverno do PT nesse momento (seriaoutro o caso se houvesse um processoreal de golpe) e, ao mesmo tempo,denunciamos a falsa polarização entre obloco do PT e o da oposição patronalliderada pelo PSDB. Ambos os partidosestão comprometidos com o programade a justes exigido pelos grandescapitalistas. Para que a economia continuefuncionando, do ponto de vista deles, épreciso rebaixar os custos, ou seja,arrochar os salários e rebaixar ascondições de trabalho. Contam tambémcom mais ajuda do governo, na formade empréstimos às empresas, subsídiose isenções fiscais, por isso o governotira dinheiro dos serviços que interessamaos trabalhadores, a saúde, a Educação,o transporte público, etc. Essas medidasde “austeridade” (e de generosidadeextrema para os grandes capitalistas) sãoparte do programa da classe empresarialcontra os trabalhadores, no Brasil e nomundo. Como disse um dos dirigentesda União Europeia: “Os governos podemir e vir, mas os programas continuam aser necessários” (www.publico.pt). Ouseja, qualquer que seja o governo noBrasil, do PT, PMDB ou PSDB, oprograma será o mesmo.

Apesar da situação política, commanifestações contra o governo e

NEM IMPEACHMENT, NEM GOLPE, NEM PT. CONTRA

OS ATAQUES AOS DIREITOS: UNIDADE DA CLASSE

TRABALHADORA

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ameaças de impeachment sendoveiculadas, escândalos de corrupção,descontentamento geral da população,queda brutal da popularidade de Dilmae da aprovação do governo,desaprovação também do Congresso,partidos em geral e várias instituições,etc., entendemos que não está colocadauma crise da dominação burguesa. Ouseja , as instituições continuamfuncionando, o Estado continuaaprovando leis e medidas contra ostrabalhadores, a repressão às lutascontinua operante, a polícia e o judiciáriocontinuam atacando as greves e lutas dostrabalhadores, etc. No dia a dia, areprodução do capital, a ditadura dospatrões sobre os trabalhadores nos locaisde trabalho, não está ameaçada. O graude descontentamento já é muito grande,mas ainda não é suficiente para levar amobilizações capazes de ameaçar acontinuidade do sistema. Ainda temosque trabalhar para isso.

COMBATER AS IDEIASCONSERVADORAS

Parte dessa batalha deve ser travadatambém na luta contra as ideiasconservadoras e reacionárias. Essas ideiasse espalham especialmente a partir dachamada “classe media”, a pequenaburguesia, pequenos empresários,comerciantes, profissionais liberais,funcionários públicos e assalariados dealta renda, maioria dos que estiveram nasruas contra o governo no dia 15 de março.É essa camada social que enfrenta oendividamento, a diminuição de sua rendae, na sua extrema ignorância e cegueiraindividualista, culpa os pobres e o PT pelasua situação. Não querem percebe que ogrosso da riqueza do país é desviado parao pagamento da dívida pública (45% doorçamento da União executado em 2014),

Fora PSDB e seu Bloco,defensores do impeachment, forafascistas e mídia golpista!

Fora todos os exploradores!Unidade da classe trabalhadora!

Por um plano econômico dostrabalhadores!

Salario mínimo do DIEESE!

Contra a inf laçãocongelamento de preços e abrir asplanilhas das empresas!

Contra os cortes nas pensões eseguro desemprego!

Direitos trabalhistas paratodos, contra a terceirização econtra o PL 4330!

Redução da jornada semredução do salário, até que hajaemprego para todos!

Confisco do dinheiro dossonegadores na Suíça! Taxaçãodas grandes fortunas!

Prisão de todos os corruptos ecorruptores!

Não pagamento da dívida euso desse dinheiro para atender asnecessidades dos trabalhadores emsaúde, Educação, transporte, etc.

Por um fórum de lutasantigovernista e antiburocrático!

Construir a Greve Geral!

Derrubar Dilma e qualquergoverno burguês por meio da lutados trabalhadores!

Por um governo revolucionáriodos trabalhadores baseado emsuas organizações de luta!

que vai cevar os bancos e especuladores,enquanto que a assistência social, ou seja,as bolsas, ficou com apenas 3,08% (dadosda Auditoria Cidadã da Dívida ).

São os bancos que estãoempobrecendo o país, mas culpam ospobres. Para essa camada social, na suaversão da realidade, o PT é um partidode corruptos que se mantém no poderaliciando os pobres com bolsas. Por isso,insiste que é preciso remover o PT e todotipo de ajuda aos pobres. Por isso tambémentende que é preciso se manifestarcontra a corrupção, e contra todo tipo de“esquerdismo”, que identifica com oassistencialismo, a ajuda aos pobres eminorias, cotas, etc. Esse é o pensamentoda maioria dos manifestantes do dia 15. Eentre eles, já há uma minoria que defendeideias de ultradireita e fascistas, como adefesa do golpe militar, da pena de morte,da redução da maioridade penal, doseparatismo das regiões mais ricas, etc. Eas seitas religiosas fundamentalistas, comsuas ideias machistas, racistas eLGBTfóbicas, pegam carona nessemovimento.

A SAÍDA SÓ PODE SER DADA PELALUTA DOS TRABALHADORES

Contra as ideias conservadoras, épreciso construir uma alternativa a partirda luta dos trabalhadores. A classetrabalhadora também se coloca em lutano cenário de crise econômica, tentandodefender seus salários e condições devida contra a inflação e os ataques dosgovernos. Várias greves estão emandamento no momento em queescrevemos este texto, como professoresda rede estadual em São Paulo, Pará, SantaCatarina, entre outros e no dia 26/03houve o Dia Nacional deLuta pelaEducação. Os garis conseguiram uma

vitória econômica e lutam peloabono dos dias parados no Rio, eestão em greve no ABC e mais de100 cidades do estado.

Metalúrgicos da Volks/ABC e GM/SJC reverteram as demissões, assimcomo funcionários da Sabesp. Assimcomo essas categorias, somente pormeio da mobilização o conjunto daclasse conseguirá barrar os ataquesdos patrões e do governo e as ideiasreacionárias que se espalham. É

preciso unificar as lutas das diversascategorias e construir um programae organismos unitários dostrabalhadores.

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Não há quem não veja compreocupação as medidas decontingenciamento de verbas adotadaspelo governo do PT nesse ano, sob abatuta de Joaquim Levy. Versado emeconomia neoliberal na Universidade deChicago e experimentado na prática porsuas atuações no FMI, BID e Bradesco,agora intenta aplicar sua “receita” liberalao Estado brasileiro.

Todos nós já sabemos, através dosnoticiários, TV ou jornais, que serãorealizados cortes em vários programassociais e serviços públicos. E muita gentejá tem sentido na pele essa política deretração da participação do Estado emimportantes programas sociais e serviçospúblicos essenciais. Por exemplo, os quedependem do FIES para estudar estãoangustiados com grandes incertezasnesse início de ano.

O Ministério da Educação deveráser o mais afetado e poderá receber 7bilhões a menos esse ano (http://bit.ly/1xlxBZ1). Chega a parecer piada ouprovocação que Dilma tenha mudado oslogan de seu governo para “PátriaEducadora”.

A Educação pública federal(universidades e institutos tecnológicos)e, consequentemente, os milhares dealunos, professores e servidores técnico-administrativos também já estão sentindoo sabor amargo do neoliberalismo deLevy.

Várias universidades já se encontramem dificuldades. Vejamos algunsexemplos: Na UFRJ o Sindicato dos TécnicosAdministrativos chegou a declarar quea universidade pode entrar em grevegeral, pois simplesmente não hácondições nenhuma de iniciar as aulas! Na UFABC a verba de custeio foireduzida pela metade no ano de 2015e pode trazer vários problemas àcomunidade acadêmica como prédiosmal mantidos, falta de equipamentos,

de condições de trabalho e muitosoutros problemas. A UFMG divulgou, no dia05 de Março, que terá R$ 30

milhões a menos esse ano para arcarcom suas despesas. Na UFAL mais de mil estudantesjá estão convivendo com atrasos nasbolsas e incertezas quanto a assistênciaestudantil para esse ano. O auxílio transporte e moradia deestudantes da UFCG estão atrasados ecinco obras importantes foram adiadasna universidade.

Essas situações se repetem emuniversidades por todo país: Brasília,Bahia, Goiás, Sergipe, Ceará, etc.

Os Institutos Federais de Ensinotambém sofrem com a falta de verba.Atraso e suspensão de bolsas, reduçãode verbas para viagens e assistênciaestudantil são alguns dos problemasenfrentados atualmente. E a tendência éque esse ano fique ainda pior.

Some-se a isso a precariedade dosnovos campi que estão sendoinaugurados sem a mínima estrutura ecom grande número de professoressubstitutos, que exercem a atividadedocente de maneira ainda maisprecarizada. Tudo isso em nome de umaexpansão irresponsável que visa apenassatisfazer interesses políticos locais. Naatual conjuntura, de contingenciamentode verbas, torna-se ainda mais dramáticaa situação dos IF’s espalhados pelo Brasil.

O AJUSTE FISCAL DO GOVERNO É OCORTE DE VERBAS PARA OS SERVIÇOS

PÚBLICOSIsso tudo não é por acaso. Em 2015,

47% do Orçamento da União serádestinado para juros e amortizações dadívida pública (http://bit.ly/1bDrXYA),enquanto que a Educação terá apenas3,18% e a saúde, 3,98% (http://bit.ly/1D8j7hI). É roubo e espoliaçãodeclarados. Após 12 anos de governo doPT reafirmamos o que já dizíamos: umgoverno que se preocupa com osbanqueiros e grandes empresários, masnada com os trabalhadores e a população.

Para exemplificar um pouco mais: a áreade Ciência e Tecnologia receberá apenas0,43% do Orçamento da União. Que“Pátria Educadora” é essa que não investena pesquisa para solucionar os diversosproblemas que afligem a sociedade?Para os funcionários dessas instituições,a realidade não é diferente. A políticado governo federal, como afirmou oMinistro do Planejamento NelsonBarbosa na reunião com o funcionalismopúblico federal no dia 20 de março, é decongelar o salário dos SPFs e diminuircada vez mais a participação destes noorçamento. Isso explica o avançoabsurdo das terceirizações. Na UFABC,por exemplo, há cerca de 500funcionários terceirizados que poderiamser técnico-administrativos concursados.Muitos deles têm seus direitostrabalhistas cerceados cotidianamente,com falta de condições, saláriosatrasados, etc. Na saúde, o SUS tem 1milhão de funcionários em todo o Brasilmas, 70% deles são terceirizados! (http://bit.ly/1ngX6ph)

O RESULTADO É A INTENSIFICAÇÃODO TRABALHO E A PRECARIZAÇÃO DO

ENSINOEntão, as condições de trabalho já

estão difíceis em muitos locais comcondições insalubres, equipamentos semconserto e falta de produtos básicos epiorarão cada vez mais. Nessascondições, a estrutura administrativa ehierárquica do Estado, que começa nogoverno federal chega até asuniversidades e institutos através dasreitorias, dos coordenadores e,finalmente, das chefias pressionam ostécnico-administrativos e docentes quefaçam o seu trabalho sem as condiçõesnecessárias e com baixos salários.

O assédio moral, portanto, aumentanesse contexto em que o funcionário épressionado pelas chefias e por todaestrutura da administração. Aofuncionário é imputada a culpa dosresultados não atingidos, o que agravaainda mais as condições desses

OS CORTES NA EDUCAÇÃO, AS

CONDIÇÕES DE TRABALHO ENOSSA RESISTÊNCIA

SILAS SILVA E ZILAS NOGUEIRA

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profissionais. Caso semelhante jáacontece, em muito maior grau, com osprofessores de todo o país: enquanto aEducação padece com verbas cada vezmenores e com as péssimas condiçõespara os profissionais da área, com salassuperlotadas e falta de recursos básicos,a mídia e o governo culpabilizam aquelesque justamente mais sofrem com essascondições: os professores.

Alguns ainda entendem que essa faltade verbas para Educação, que se refletiunas universidades e institutos, é apenasuma situação temporária. Acreditam nasdeclarações dos representantes dogoverno de que todo esse problema éculpa do Congresso, que se atrasou paraaprovar o Orçamento da União. Será?

Com três meses de atraso a leiorçamentária anual (LOA) foi aprovadano Congresso. E a previsão de corte nosgastos públicos é de R$ 80 bilhões! Esse“arrocho” será necessário, segundo apresidente, para cumprir o superávitprimário, dinheiro usado pelo governopara pagar juros da dívida pública.Recursos que vão, portanto, para grandesbancos nacionais e internacionais.

Interessante notar que essa mesmaLOA, que vai retirar dinheiro de serviçospúblicos essencias como Educação,saúde, transporte, etc. garante umaumento do Fundo Partidário (dinheiropúblico para os partidos políticos) de R$289 milhões para R$ 867 milhões!

Ao olharmos para estados emunicípios perceberemos que a realidadeé a mesma. Corte nos gastos públicosque afetam diretamente a Educação.

O governo Alckmin em São Paulodemitiu mais de 20 mil professores elotou as salas de aula: há salas com 80alunos em escolas sem as mínimas

condições de trabalho.Em Alagoas o governador do

PMDB, Renan Filho, cortou em 50% dajá minguada verba anual da UniversidadeEstadual. Deixa a instituição que abrigacentenas de professores e milhares dealunos sem condições mínimas parafuncionar. O orçamento da UNEALjá era insuficiente para pagar até ascontas básicas como luz e água e agoraa situação chega a ser desesperadora.Será quase impossível manter 32 cursose 5 campi com 50% a menos de umorçamento que já pífio. Além disso ogovernador alagoano ainda demitiu todosos funcionários terceirizadosresponsáveis pela segurança das escolase retirou o transporte de estudantes.

Nas cidades a realidade não édiferente. Em escolas municipais de SãoBernardo do Campo, SP, a Secretaria deEducação substituiu refeições completasnas escolas por pão com salsicha sob ajustificativa de mudança para prevenir aobesidade infantil! Em Maceió o atualprefeito barrou os aumentos regularesrecebidos pelos professores efuncionários ligados a rede municipal deEducação, atrasou o décimo terceiro ese recusa negociar com a categoria.

A NECESSIDADE É DE ORGANIZAÇÃO EDE LUTA DE TRABALHADORES E

ESTUDANTESA saída para essa situação (a qual

acreditamos que vai se agravar) não é outrasenão a luta! Os trabalhadores eestudantes têm como única força a suaorganização. Por isso, participar das lutas,das greves, das mobilizações, dos atos eorganizações na universidade, na escola,na fábrica é a única forma de reverteresse quadro e fazer com que os governos,

Segundo algumas pesquisas oproblema que mais levou pessoas paraas ruas no dia 15 de março foi acorrupção. Indignados (nesse aspectocom razão) jogavam (nesse aspecto semrazão) toda a culpa pela corrupção queassola o país nas costas de Dilma e dogoverno do PT. Nenhuma faixa associavaa corrupção no Estado brasileiro ao PP(partido com maioria dos investigadospela “Operação Lava Jato”), ao PMDB

ou ao PSDB, envolvidos nosescândalos das privatizações ou nostrens e metrôs de São Paulo.

Na quarta, dia 18 de março,procurando responder “às vozes dasruas”, Dilma apresentou algumaspropostas que, supostamente, acabariamcom a corrupção. Muitas dessas novasmedidas são para penalizar servidorespúblicos como se fossem os responsáveispela corrupção no aparelho estatal quando

sabemos que a maioria dos problemasestão nos cargos comissionados ou nasindicações políticas.

Junto com essas medidas veio aregulação da “lei anticorrupção”, queestava parada desde janeiro de 2014. A“novidade” é a multa às empresas que

É POSSÍVEL ACABAR COM ACORRUPÇÃO NO CAPITALISMO?

os banqueiros e empresários paguem poruma crise que eles mesmos criaram.

Essa será uma batalha inglória einfrutífera se não compreendermos queessa situação é resultado da própriaordem sociometabólica do capital. “Lutade classes” não é uma invenção dacabeça de alguns mi litantes queescrevem para esse jornal, mas umarealidade. Os 47% do Orçamento daUnião destinados a uns poucosbanqueiros enquanto que 3 ,18%destinados à Educação são simplesmenteeventualidades? Compreender isso éfundamental para termos ciência de quesomos parte de uma classe: a classe detrabalhadores, que são cotidianamenteespoliados em favor da classe dominante,dos grandes capitalistas.

Somente nossa organização podecolocar em cheque essa estrutura emudar radicalmente a sociedade. Énecessário retomar o controle daprodução para que esta esteja submetidaàs verdadeiras necessidades humanas enão aos imperativos dos lucroscapitalistas. Nesse sentido, a classetrabalhadora precisa enfrentar os desafiose impor uma ofensiva socialista quetenha como objetivo a superação docapital e, consequentemente, de todasas suas desumanidades.

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varia de 0,1 a 20% do faturamento. Mas,claro, se a empresa cooperar (com achamada leniência) repondo o que foidesviado, as punições administrativaspodem ser atenuadas e as empresascontinuarão a contratar com o Estado.

E também, como era de se esperar,não foi estabelecido nada de concretopara agilizar os processos contra os queocupam cargos políticos (como perda demandato, etc), esses sim, os grandesarticuladores da corrupção nos órgãospúblicos.

Até os coniventes membros doJudiciário e da Procuradoria criticam asmedidas.

Na apresentação das medidas oministro da Justiça, Eduardo Cardozo,cinicamente, disse que “é preciso investigare punir corruptos e corruptores, de forma rápidae efetiva”. Perguntamos: é possível que oEstado capitalista tome medidas que defato acabem com a corrupção?

CORRUPÇÃO E CAPITALISMOQuem é minimamente informado

sabe que corrupção não se restringe aoBrasil e muito menos aos políticos eàqueles que contratam com as empresase órgãos estatais.

Dos partidos burgueses não escapaum, dos que compõem a base governistaem Brasília (Mensalão, Petrolão e tantosoutros), passando pelos Estados (comoo PSDB e a roubalheira no Metro eCPTM em São Paulo) chegando até osmunicípios (fiscais do ISS em São Paulo),todos esses partidos estão envolvidos emvários escândalos pelo país afora.

Estados Unidos, países da Europa,Japão, China, Paraguai, Venezuela,Vaticano e um longo etcetera sempreaparecem no noticiário com o mesmoproblema. E são envolvidos políticos,empresários, empresas, membros do altoescalão das forças armadas, policiais civise militares, padres, pastores, etc.

E não é só com os que ocupamcargos políticos. Até na escolha da sededa Copa do mundo e das

Olimpíadas, quando deveria imperar oespirito esportivo, a corrupção corresolta com todo tipo de gente e em todosos países.

Como parte da campanha que amídia burguesa faz contra tudo que épúblico, poupam as empresas privadas,mas sabemos que aí a corrupção tambémé algo comum e corriqueiro. Nosdepartamentos de compras das empresastêm as famosas “caixinhas, presentinhosou bolas” para fechar as compras.Também encontramos a corrupção naslojas, padarias, empresas, etc. quando nãosão expedidas notas fiscais.

Como se vê, a corrupção não é sóbrasileira, nem só de políticos e, muitomenos, só ocorre nos espaços públicos.Assim, corrupção é de uma sociedade(mundial) em que a disputa e aconcorrência mediam as relações e porconsequência opõem interessesparticulares aos interesses públicos ecoletivos.

CORRUPTOS JÁ NASCEM CORRUPTOS?Muitos tentam explicar a corrupção

como se fosse algo próprio da naturezahumana, de uma maldade natural doshomens (Hobbes). Outros somam a essaexpl icação a lgo próprio do povobrasileiro.

Para os marxistas, os homens nãonascem corruptos (nem racistas, nemcapitalistas, etc.) ou com aptidões naturaispara a corrupção. Pelo contrário, é uma“educação” recebida da própria lógica defuncionamento da sociedade do capital, émais um dos mecanismos utilizados paragarantir a reprodução do capital. Não épor acaso que a corrupção ocorreexatamente nos espaços mercantis, ondese realiza a mais-valia, ou seja, quando ocapitalista vai vender a mercadoria.

A existência de leis (em algunslugares mais severas que em outros)

contra a corrupção não visaacabar com ela, mas estabelecerregras e l imites para suaocorrência, que sem controlelevaria ao caos a competiçãoburguesa. Então, não nosiludamos de que a legislação,nos marcos da sociedade

burguesa, vai acabar com acorrupção.

O CAPITAL TEM ÉTICA?Escândalo atrás de escândalo tem

provocado diversos tipos de reações,

especialmente, em um momento de cortede verbas públicas. Fica nas pessoas asensação de que se esse dinheiro fosseinvestido na Educação, saúde, etc.poderiam melhorar. E como é muitodinheiro, de fato algumas coisaspoderiam melhorar mesmo.

Mas, as propostas para soluçãodesse grave problema que é a corrupção,devido ao nível de consciência social,recaem somente contra os governantes(e seus partidos) de plantão. O sensocomum das pessoas propõe acabar comos partidos (PT, PSDB, PMDB, etc), oimpeachment da Dilma, a volta daditadura e tantas outras engenhosidades.Propostas que encontram ecoprincipalmente nos setores maisreacionários.

Alguns, por oportunismo, como adireita que defende a volta dos milicos.Outros, por ingenuidade, acreditam quemudando as pessoas que ocupam cargospolíticos ou do alto escalão vamosacabar com a corrupção.

Nós dizemos que não. A corrupçãoé própria do capitalismo e de sociedadesem que há desigualdade e, portanto,competição.

Os capitalistas, apesar de possuíremmuitos interesses comuns, quando estãono mercado opõem-se uns aos outros.Buscam melhores condições paravenderem os seus produtos com umaacirrada competição com os demaiscapitalistas (no mesmo ramo e em ramosdistintos), cada um utilizando os maissórdidos instrumentos: aumento do nívelde extração da mais-valia, sonegaçãofiscal e, claro, a corrupção.

Os cartéis (quando empresascombinam praticar preços acima domercado), por exemplo, é um mecanismode “burlar” a lei do valor, de praticarpreços (não entraremos aqui na formade transformação do valor em preço)com taxas de lucros acima da média,mesmo em um ambiente com níveis detecnologia equivalentes.

A corrupção é, portanto, umprocesso social construído na sociedadecapitalista, no qual os corruptos ecorruptores “são empurrados” para aprática de corrupção como forma deviabilizar os seus negócios. É ummecanismo da lógica privada do capitalem seus negócios com a sociedade.Objetivamente há uma impossibilidadede ser de outra forma.

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Subjetivamente também podemosacrescentar outro elemento que é o fatode que os capitalistas, personificação docapital, não possuem nenhum nível éticoem seus negócios. Como diz o ditadopopular, é cobra engolindo cobra.

Então, a ética que regula as relaçõesentre os capitalis tas permiteperfeitamente que em seus negócios seutilize os mais variados artifícios legais,ilegais, morais ou imorais para “ganhar”o mercado.

O capital procura tão somentelucro. Vender órgãos humanos se resultarem lucro, haverá quem venda; se traficardrogas der lucro (e é um dos negóciosmais lucrativos do planeta) haverá quemtraficará, isto é, são atividades ilegais, masque nas leis do capital (concorrência,oferta e procura, etc.) vigem em suaplenitude. Um sistema social que tolerae convive com práticas como essas podefalar em ética?

A corrupção é inerente ao capital,de modo que lutar contra a corrupção enão lutar pelo fim do capitalismo é nãodesejar o seu fim definitivo.

MAIS-VALIA: A CORRUPÇÃOLEGALIZADA

Construindo uma prática de críticaradical ao capital não podemos semearilusões de que seja possível acabar com

a corrupção em uma sociedade em quevigem as leis capitalistas. O controle queo Estado realiza sobre a corrupção nãoé ditado por leis e nem repressão judicial, etc., mas pelas leis que movem aconstituição do valor das mercadorias eas consequências que derivam dessarelação.

A riqueza, concentrada nas mãos depoucos, exatamente dos muitosenvolvidos em caso de corrupção, éoriunda da exploração do trabalho alheio.O que é a mais-valia senão o roubo deuma parte da jornada de trabalho alheia?É essa mesma dominação do capitalsobre o trabalho que permite que aburguesia viva assim como parasita.

Para os analistas e juristas burguesesa apropriação do tempo de trabalhoalheio (a mais-valia) não constitui algoreprovável porque há previsão legal,com se uma lei pudesse acabar com todainjustiça que esse ato carrega, ou seja, éuma corrupção legalizada.

MEDIDAS CONTRA A CORRUPÇÃOA convicção de que a sociedade sob

a hegemonia do capital não pode acabarcom a corrupção não nos leva a ter umapostura de abstenção em relação aoproblema, pelo contrário, cabe-nosdemonstrar as propostas que temos.

Também temos a certeza,

exatamente pela convicção de quecorrupção e capitalismo são irmãossiameses, que essas propostas não serãoadmitidas pela burguesia porquesignificaria colocar a corda no própriopescoço. Somente aos trabalhadoresinteressa de fato a luta e uma sociedadesem corrupção, pois é uma forma de sereapropiar (em serviços públicos, porexemplo) de uma parte da mais-valia.

Assim, a luta de trabalhadores contraa corrupção deve ser independente daburguesia e de seu aparato judicial,incapazes de levar às ultimasconsequências essa luta. Essas propostastêm o caráter de ruptura e contribuempara que os trabalhadores desenvolvama experiência com os governos e aburguesia.

Ø Estatização, sem indenização esob controle dos trabalhadores dequalquer empresa (e seus dirigentes)envolvida em corrupção;

Ø Imediata perda de mandato doscargos públicos para envolvidos emcorrupção;

Ø Prisão e confisco de bens doscorruptos e corruptores;

Ø Fim da terceirização nos órgãospúblicos, que as obras e serviçossejam realizadas pelos própriostrabalhadores e trabalhadoras.

Hoje no Brasil são inúmeras asgreves que resultam de duas razões aonosso ver: 1) o ajuste fiscal, com suasdecorrências e a defesa da carreiradocente. Já havíamos alertado sobre essaprimeira razão na edição anterior de –76 - Ajuste fiscal: efeitos na EducaçãoPública e na profissão docente – e queisso poderia ocorrer, como de fatoocorreu no caso do Paraná e vemocorrendo em vários estados emunicípios, com destaque para SãoPaulo, Pará, Curitiba e João Pessoa mas,é bem provável que estejam ocorrendomobilizações em municípios médios ede pequena população. 2) estamossentindo também a partir de nossaexperiência prática na greve dosprofessores paulistas, o profundosucateamento das escolas e aintensificação do trabalho do professor.

Os cortes e contingenciamentos de

verbas para Educação Pública dosgovernos estaduais de todo o paíschegam a aproximadamente 30% de seusorçamentos. O mesmo ocorre com osmunicípios. A “Pátria Educadora” dogoverno federal cortou R$ 7 bilhões doMinistério da Educação. Frisamos queesses cortes e contingenciamentos dosgovernos ocorrem independe da legendapartidária – PT, PC do B, PMDB, PSDB,PSB, etc. Nesse sentido, é evidente queessas greves são uma reação à políticade ajuste fiscal brasileira, mas tambémpela defesa da carreira docente.

Os governos municipais, estaduaise federal estão desde 2008, a partir dasconsequências da crise capitalista,priorizando os interesses capitalistas dasempresas, bancos, empreitei ras,agronegócio, dentre outros, bem comoagindo para que os impactos dessa crisesobre os trabalhadores fossem, de certo

modo, encobertos para que estes nãoquestionassem ou não se colocassemcontra a ordem capitalista.

Os interesses capitalistas passaramentão a receber inúmeros incentivosfiscais e financeiros. Aliás, as medidasneoliberais ou anticrise capitalistacumprem bem o papel de resguardar essesinteresses. Os governos diminuem asverbas para os serviços sociais essenciaispara atender aos interesses capitalistas.

OS PROFESSORES DO ENSINO PÚBLICO ENFRENTAM AAUSTERIDADE DOS GOVERNOS

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Além disso tudo temos a dívidapública brasileira que abocanhará 47%do PIB nacional. E é claro que os estadose municípios não estão descoladosdesses problemas. Nesse momento, aadoção do ajuste fiscal, visa garantir arolagem dessa dívida.

Com isso, para os trabalhadores deum modo geral sobrou o desemprego,ataque aos seus direitos históricos econgelamento de seus salários.

É preciso ser feito esse recortehistórico, para entendermos asconsequências disso no funcionalismopúblico e, no nosso caso, como isso vemimpactando as redes públicas de ensinoa partir dos anos 1990.

ATACAR A CARREIRA DOCENTE PARAQUE SOBRE MAIS DINHEIRO PARA O

EMPRESARIADOA partir dos anos 1990, e

aprofundado nos anos 2000, os governosde um modo em geral passaram a adotaruma série de medidas junto aofuncionalismo público, que causaramgrande impacto em suas carreiras e aomesmo tempo possibilitou umadiminuição muito grande, por parte dosgovernos, de gastos com despesa depessoal.

No caso dos professores – mas nãoapenas estes –, a política de bônus/méritoentra em cena, individualizando a questãosalarial e, com isso, a perda da isonomiasalarial, de reajustes lineares a quem estavana ativa, e mais tarde, a retirada da paridadesalarial entre ativos e inativos. Comoconsequência disso, os professores daativa estão com uma defasagem salarialde cerca de 75%, se comparados comoutras categorias, seja da iniciativa privadaou também do funcionalismo público.

Também vimos o surgimento doscontratos temporários. Nesse caso, paracitar alguns exemplos, em São Paulo osprofessores categoria “O”, no Paraná,professores PSS, e em Alagoas, oprofessor monitor.

A centralização do currículo pormeio do apostilamento retirou aautonomia didática, e com isso, a perdade cátedra do professor. Com essacentralização vem o monitoramentopolítico do trabalho do professor, a partirde sistemas eletrônicos informatizados,como: a Secretaria Escolar Digital, narede estadual de ensino público doestado de SP; o Sistema de Gestão

Pedagógica, no município de SP; oSistema de Monitoramento de Conteúdo,na rede pública estadual do Pernambuco,entre outros.

Ataque às aposentadorias, comdescontos de licenças médicas do tempode serviço e ameaças de recálculo pramenos dos vencimentos daaposentadoria são medidas que já vêmocorrendo na rede pública de São Paulo.

Além disso, há uma tentativa detransformar direitos históricos adquiridosem subsídios, neste caso, quinquênios esexta-parte. Tentou-se isso no Paraná,onde os professores reagiram com umagreve de mais 30 dias, e no município deSão Paulo também aventou-se isso.

Verificamos que com isso a carreiradocente foi sendo constantementeatacada nas últimas três décadas. E comisso, houve uma economia muito grandecom a folha salarial dos professores,sobrando mais dinheiro para atender àsdemandas dos interesses capitalistas.

É evidente que esse processo deataques se deu de modo desigual nasredes públicas de ensino. No entanto, ofato de que hoje há um pacto entre todosos governos de indistintas legendaspartidárias em torno desse projeto, fazcom que essa ofensiva atinja todas asredes municipais e estaduais.

É por isso que presenciamos hojeno Brasil inúmeras lutas de professoresdas redes públicas contra o ajuste fiscal,e pela defesa da carreira docente. Sãogreves duras, porque enfrentam um pactogovernamental, mas que vêm ganhandoforça com a ousadia e coragem dosprofessores, bem como o apoio de paise alunos.

A BUROCRACIA GOVERNISTA E DEMAISCENTRAIS PELEGAS TÊM CULPA NO

CARTÓRIOA partir dos anos 90, a burocracia

governista petista e cutista se afastou dateoria e dos referenciais de esquerda.Silenciaram-se ou calaram-se diante daofensiva neoliberal, e buscaram seadaptar à ordem capitalista. Isso seagravou com a chegada destes a postosde governo, sobretudo, ao governofederal a partir de 2002.

Com isso, deixaram de impulsionara luta política contra os ataques dosgovernos, passando a defender, emalguns casos, a política de bônus/mérito.Exemplo disso é a meta 7,36 do novo

PNE – Plano Nacional de Educação –,que permite avançar e aprofundar ameritocracia no ensino público brasileiro.

Além disso, compactuam com apolítica de ajuste fiscal adotada nesse país.

BUSCAR APOIO DE ALUNOS, PAIS ETRABALHADORES DE OUTRAS

CATEGORIASDados os limites colocados pela

burocracia governista e demais centraispelegas, precisamos enquanto campoantigovernista e anticapitalista – CSP-CONLUTAS, UNIDOS PARA LUTARe INTERSINDICAIS – nos postarenquanto alternativa de luta. Nessesentido, a diferenciação com o campogovernista em assembleias e atos é muitoimportante para que os trabalhadoresidentifiquem uma alternativa de luta.

Nos locais onde estiveremocorrendo greves e lutas, temos queantever os golpes da burocracia e buscarparticipar em comandos de negociaçãonas assembleias.

Também devemos dialogar com apopulação trabalhadora, para que assumao controle social da Educação Pública eparticipar no Conselho de Escola e APM,avançando na luta em conjunto com osprofessores pela defesa da EducaçãoPública.

Um fato novo é o apoio que essagreve têm na sociedade. Em muitasescolas os alunos, por iniciativa própria,têm realizado atos e manifestações desolidariedade aos professores,reconhecendo que essa luta é tambémpara mudar a situação das escolas, nasquais são eles uma das maiores vítimas.

Por i sso que na greve dosprofessores paulistas temos buscadoampliar o apoio de pais e alunos à luta,bem como a participação nos atosregionais e na assembleia geral dosprofessores.

Outra batalha que pode fazer agreve ser vitoriosa é a realização decampanhas junto a outras categoriasprofissionais (metalúrgicos, construçãocivil, etc) para realização de atividades,como a paralisação da produção e/ouatos, de apoio aos professores em greve.

Nesse sentido, é urgente umaPlenária Nacional da Educação comsindicatos de luta, oposições e ativistasde esquerda para que se unifique essaslutas e construamos a greve geralnacional da Educação.

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UMA NOVA FORÇA DA JUVENTUDE SE CONSTRÓI:CONSTRUINDO O COLETIVO PRIMAVERA SOCIALISTA!

Há algum tempo o Espaço Socialistavem contribuindo para fortalecer a lutada juventude reforçando, especialmente,a luta dxs jovens que estiveram atentxse se mobilizam desde as Jornadas dejunho de 2013.

Embora essas manifestações tenhamsido importantes, apresentaram pautasconfusas e, em muitos momentos, poucocompreendidas pela maioria. E, ao mesmotempo em que estimularam muita energia,também resultaram em pouco organizaçãoe pouca luta cotidiana da juventude nosseus locais de trabalho e de estudo.

Com isso entendendemos que maisdo que participar de manifestações e atos,a juventude precisa construir o seucaminho, problematizar suas ações,compreender quais os interesses, de fato,estão em jogo nos momentos deenfrentamento e o que irá defender parafortalecer os interesses da classe socialque faz parte.

Para isso, é fundamental aorganização da juventude. É preciso,cada vez mais, construirmos diálogos,repensar conjuntamente a realidade quevivemos e o que sofremos e, a partirdisso, construirmos espaços coletivoscom as pessoas que somam forças e quese mostram dispostas a fazer umenfrentamento real pela transformaçãodessa sociedade.

Estudos, debates, análises críticas eprogramáticas testadas na prática diáriacontribuem para que a juventude daclasse trabalhadora possa defender comtodo o seu vigor, nos momentos de luta,um projeto de sociedade que promovade fato a igualdade social, ou seja, umasociedade socialista!

Assim, depois de organizar

atividades temáticas e de formaçãopolítica, promover ações nas escolas,universidades e ações conjuntas ecotidianas com os movimentos sociais(luta contra o aumento da tarifa, porexemplo), nós construímos a I Vivênciada Juventude tanto em São Paulo comoem Maceió.

Com isso, buscamos consolidar ocomprometimento real de jovens quedesenvolveram a compreensão políticada necessidade de sua atuação aliado àpercepção de que, além de tudo estarerrado nessa sociedade, é necessárioconstruirmos caminhos que levem à lutapela superação da desigualdade entre aspessoas e pelo fim da sociedade declasses!

A CONSOLIDAÇÃO DESSA LUTATambém após um período de

debates, experiências práticas e coletivasrealizamos, em 14 de março último, a IPlenária Nacional do Coletivo eavançamos no perfil político de umajuventude combativa!

Foram necessários amplos e aindainsuficientes debates sobre acompreensão política e as tarefas doColetivo. Com a importante diversidadede ideias e as contradições apresentadasnas reflexões, consolidamos um acúmuloque subsidia uma atuação em que buscamudanças reais e efetivas de nossarealidade. Também indicamos que apenasuma plenária não esgota as pautas ediretrizes para o Coletivo, afinal acompreensão política da atual conjunturae do momento histórico das lutas requermuitos estudos, debates e açõescotidianas, as quais perseguiremosconstantemente em nossa vida militante.

Colocou-se ainda comoum ponto de destaque apreocupação com a formaçãoteórica e política constante noColetivo, que buscará estudare se preparar para intervençõesqualificadas no movimentosocial.

Nesse período realizamosvárias atividades e estudos, nosquais indicamos análi ses,críticas e caminhos paraavançarmos na luta. Frente a

essa realidade, nos definimos comoanticapitalistas, pois compreendemos queesse sistema só fortalece um pequenogrupo de empresários, expropria a nossaforça de trabalho e que, além dessainjustiça, utiliza várias estratégias para segarantir influente e se manterpredominante buscando naturalizar essadesigualdade. Assim têm em suas mãosa mídia, a religião, o sistema jurídico, apolícia e o exército, garantindo ainda arepressão contra quem luta.

Assim, buscamos a alternativa deconstruir uma sociedade em que ademocracia de fato exista, onde toda aclasse trabalhadora que produz toda ariqueza possa decidir sobre o queproduzir, quanto, como e sobre adistribuição para que o ser humano e orestante da natureza possam serrespeitados acima de tudo, ou seja, umasociedade sem exploração e humana. Porisso nos definimos como anticapitalistas.

Daí deriva a importância de sermosantigovernistas, pois, os governosburgueses têm reforçado e intensificadoa exploração para manter o lucro, comono Brasil. E daí também o fato de nãoacreditarmos no sistema de democraciaburguês (Câmara, Senado, etc.) que criame aprovam leis que favorecem e reforçamesse sistema de exploração e dedominação. E daí a busca pela lutainternacionalista e pela união da classetrabalhadora no mundo contra oimperialismo e pela revolução mundial!

Optamos em construir um tipo demilitância no dia a dia e em todos osespaços onde estamos para contribuirmoscom o desenvolvimento da consciênciade classe entre a juventude e xstrabalhadorxs, contra todas as formas deexploração e opressão.

Nesse sentido, buscamos rompercom todas as formas de preconceito eressaltamos a luta contra o machismo,racismo, LGBTfobia e os demaispreconceitos com os diversos grupossociais oprimidos.

A FORÇA PARA TRANSFORMARCom tudo isso, a construção desse

Coletivo expressa a necessidade dofortalecimento da unidade de juvens etrabalhadorxs nas lutas nos locais deDesenho feito por um jovem do Coletivo Primavera Socialista

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MILITARIZAÇÃO DA INTERNET, VIGILÂNCIA E AORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA REPRESSÃO

O movimento socialista mundialaprendeu muito com seus clássicos aolongo da história, mas também deuprosseguimento ao entendimento dasociedade capitalis ta e de suacomplexificação. O conceito de criseestrutural do capital, inaugurado porIstván Meszáros, tem grande destaquena medida em que identifica umamudança de qualidade nas já antigascrises periódicas do capitalismo, que pósdécada de 70 têm como resultado umperíodo de crises no qual a tendênciageral é de queda da taxa de lucro. A criseestrutural do capital extrapola o campo

THAIS MENEZES

econômico, se transforma em uma crisede natureza societal e se concretiza nacrise ambiental, energética, alimentar,cultural, ideológica e política.

A máxima “Socialismo ou Barbárie”se torna cada vez mais assertiva. Aopasso que a classe trabalhadora e suasorganizações não avançam na velocidadenecessária para responder às urgênciasda humanidade, a barbárie avança. Níveisde exploração, violência e controleinimagináveis e uma situação permanentee mundializada de sofrimento é o que ocapitalismo reserva para a classetrabalhadora.

Com o avanço dastelecomunicações, a complexificação ea difusão da internet a luta contra abarbárie capitalista ganham tanto maisfacilidades quanto como obstáculos.

Já é batido dizer que com a internettemos maior informação. E quando seressalta o ponto negativo disso semprese fala da “baixa qualidade” e da falta deprocedência de toda informaçãodisponível na rede. Mas, ignora-se o quede pior nos trouxe a era da internet: avigilância.

O funcionamento da sociedadecapitalista em si, com uma imensa

trabalho, de estudos, nas greves e nasruas para enfrentar a burguesia ebuscarmos colocar no horizonte anecessidade de construção da sociedadesocialista.

O Coletivo expressa a necessidadede ruptura com o senso comum, com oconsumismo imposto e que se choca comos nossos baixos salários e com odesemprego crescente. Expressa a nossa

Nas ú ltimas semanas temoscontribuído para o fortalecimento daGreve dos Professores do Estado de SãoPaulo por melhores condições detrabalho. Por um lado, o GovernadorGeraldo Alckmin deslegitime a a luta dosprofessores, dizendo que não está tendogreve e que essa novela todo ano serepete. Por outro lado, o que temsurpreendido nessa greve é o movimentodos estudantes secundaristas. Muitosalunos têm acompanhado o Comando deGreve e se mobilizado pelas suaspróprias reivindicações, apoiado a luta ejuntado mais pessoas em favor da greve.

A Educação pública sofre a cada diacom o enorme sucateamento e descaso.E os problemas estruturais da Educaçãono Brasil demonstram o quanto a lógicacapitalista tem sido imposta nas escolas.Estamos numa escola em que é impostaa progressão continuada que precisa deum tipo de aula e de um Caderno doAluno (apostilas didáticas com conteúdolimitado e igual para todas as pessoas),que não consideram o nível de

disposição de utilizar o nosso tempo livrecom algo que nos fortalece e a negaçãoem enfraquecer nossas forças rodandonos shoppings das cidades ou vivendosomente de entretenimento.

Saímos das chamas de nossoindividualismo, rompemos os padrõesimpostos por essa sociedade desigual e,tortos e despojados pelas ruas, nascemoscomo Coletivo Primavera Socialista!

conhecimento e sequer preparam para otal mundo do trabalho - além de nãohaver material para todos. Em que asavaliações são distantes da realidade dealunos e professores. Onde a arquiteturaprisional, as câmeras, a ronda escolar,heranças da Ditadura Militar, pressionamalunos e e professores. Além daprecarização e intensificação do trabalhodo professor, que precisa ter muitasaulas por salário, do autoritarismo dasdireções que busca abafar a voz dealunos e professores.

E se não bastasse tudo isso, desde ofim do ano, o Governo do Estado, PSDB,tem cortado verbas destinadas a limpeza,materiais e pequenas obras. É mais do quenítido que em meio a crises econômicasos primeiros gastos a serem cortados sãoaqueles que envolvem a classetrabalhadora. como Educação, saúde,transporte ou lazer. Se já não temosinvestimento suficiente nessas áreas paratermos serviços dignos, os cortes têmconsequências árduas para nós.

As escolas são obrigadas a reafirmam

os discursos neoliberais na busca deparcerias com empresas privadas, quedirecionam para a privatização do ensinopúblico em benefício das escolasparticulares e empresas. Isso explica, emparte, o controle que o Estado vemexercendo sobre professores, alunos ecomunidade para que não discutam eentendam a destruição das escolas e afalta de diálogo com os professores.Afinal, mantê-la como um “depósito”para conter os problemas sociais e retirardas ruas crianças e adolescentes é anecessidade do sistema capitalista nessemomento e sob o domínio do Estado.

É assim, motivos para lutar nãofaltam e é por isso que a Greve tambémensina. Professores dando o exemplo naluta e deixando esse legado para osalunos, que sentem cotidianamente napele também a exploração e a opressãoque o capital nos causa.

Todo apoio à greve dos professoresdesde a sala de aula até a participaçãono Comando de Greve e nasAssembleias Estaduais, juntos na luta!

FORTALECENDO A GREVE DOS PROFESSORES

DESDE A SALA DE AULA

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quantidade de produtos disponíveis emmuitas de suas formas, tende a seestender cada vez mais pelos espaçosvirtuais (aplicativos de solicitação deserviços, produtos, propaganda, etc.).Mas, sobretudo, a luta pela manutençãode poder pela burguesia tende tambéma ocupar o espaço da internet com maiorintensidade.

Da mesma forma que vemos osespaços públicos cada vez maismilitarizados e vigiados, seria de umaestupidez sem tamanho que a burguesiadeixasse o cyberterreno ser utilizado deforma livre. O mundo virtual, comoextensão do mundo físico é expressãotambém material deste e por isso nãoficará livre da dominação burguesa.

A MILITARIZAÇÃO DA INTERNET. PARAQUE PROIBIR, SE É MELHOR

CONTROLAR?Sim, uma rede entre governos e

corporações espiona hoje tudo o quefazemos.

No passado se a espionagem era feitade forma direcionada (gruposespecíficos, potencialmente “perigosos”)e somente praticada por alguns países,como os EUA, Inglaterra e Rússia, hojea situação mudou. A tecnologia temavançado tão rapidamente que ficourelativamente barato para os governosinvestirem na monitoração e noarmazenamento de informação emmassa. Precisando de alguma açãoespecífica sobre um grupo específico,basta recorrer aos dossiês que estãosendo acumulados, fi ltrá-los e osgovernos conseguem as informações deque precisam[1].

Como extensão do mundo físico, ainternet nunca deixou e nunca deixaráde expressar a indignação dos

trabalhadores com o rebaixamento dascondições de vida e o endurecimentodos governos, cada vez mais necessáriosem escala mundial na fase atual docapitalismo. Nos últimos vinte anos, ainternet tem se tornado de certa formaum pesadelo para os poderosos. Em2008, no Cairo, um ato em defesa dagreve dos trabalhadores da indústriatêxtil de Mahalla al-Kobra, organizadopelo Facebook, surpreendeu o governoMubarak e como resultado gerou omonitoramento, a perseguição, a prisãoe até a tortura dos administradores dapágina April 6 Youh Movement. Omanual “Como protestar de formainteligente”, distribuído no início domovimento que derrubou Mubarak,recomendava que não fossem usados oTwitter nem o Facebook para organizariniciativas contra o governo. Logo depois,foram cortadas a internet e o serviço detelefonia móvel para tentar conter asmobilizações.

Não é, portanto, à toa que o governonorte-americano patrocina iniciativasdentro do universo hacker e nelas seinfiltra. Jacob Appelbaum relata aparticipação do Comando de Sistema deGuerra Navais e Especiais, um braçocivil da Marinha norte-americana, noCollegiate Cyber Defense Competition,campeonato universitário de ciberdefesados Estados Unidos, que envolveestratégias de hacking ofensivo edefensivo. Isso sem entrar no debate dosórgãos internacionais de espionagem.

REDES SOCIAIS: OS CLIENTES SÃOOS GOVERNOS E AS EMPRESAS; O

PRODUTO É VOCÊ!A militarização é de grande interesse

dos governos e corporações e invadetambém nossa vida privada, vigiando asnossas conversas com amigos, família epessoas às quais somos intimamenteligados, como diz Julian Assange: “écomo ter um soldado embaixo da cama”.

Em vez de se proibir a l ivremanifestação dos trabalhadores pelainternet, basta para os governosincentivar o uso das redes e monitorá-

lo, de forma que nunca se percamas rédeas.

Hoje, toda acomunicação que fazemospor internet ou telefoniacelular é interceptada pororganizações militares de

inteligência. Toda ligação telefônica,mensagem de texto (SMS), todatransferência de dados por conexão éarmazenada. Corporações norte-americanas como o Facebook, porexemplo, alcançaram a capacidade depenetração quase que completa empopulações inteiras de diversos países.O uso das redes sociais é fundamentalpara a formação de imensos dossiêsarmazenados pelos governos com o ajudadas empresas e contra nós, trabalhadores.O Facebook e o Google passam a serbraços auxiliares das agências deespionagem internacionais. Somos comoprodutos na vitrine para as empresas egovernos. Como diz Jacob ApellBaum: arecompensa por fornecer taisinformações são créditos sociais(amizades novas, autoestima, namoros,sexo).

Para auxiliar não só na repressão dosgovernos, mas também na manutençãodos lucros da classe proprietária, oGoogle funciona tambémformidavelmente. É de conhecimento demuitos que o seu uso permite que sejatraçado um perfil do usuário, quepossibilita que identifiquem com quemnos comunicamos, quais nossosinteresses e quais nossas preferênciaspessoais gerais, incluindo posiçõespolíticas, sexualidade, etc. Basta notar queas propagandas ofertadas à você sealteram e aparecem de forma, cada vezmais, precisa e tenta se adequar aosinteresses que manifestamos ao longo donosso constante uso do sistema de busca.Chegamos ao ponto em que a publicidadenão pode mais viver respeitando aprivacidade.

Setores dentro do movimentoCypherpunk[2], que dominam bem esteterreno, já encaram a internet nos diasde hoje como mais perigosa do que comouma chance de libertação. A discussãocolocada é a da existência de uma fusãodas estruturas estatais já existentes coma internet, resultando numa poderosaforma de vigilância para a manutençãodo poder e da criação de novas formasde totalitarismo: “. .. engol indosofregamente todo relacionamentoexpresso ou comunicado, toda página lidana internet, todo e-mail enviado e todopensamento buscado no Google,armazenando esse conhecimento, bilhõesde interceptações por dia, um poderinimaginável, para sempre em enormes

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Este jornal é editado mensalmente sob responsabilidade dacoordenação nacional do Espaço Socialista. Os textos assinadosnão necessariamente expressam a opinião da organização.

depósitos ultrassecretos...” (JulianAssange)

A “GUERRA AO TERROR” E SUAUTILIDADE POLÍTICA

Após o episódio das TorresGêmeas, em 2001, uma série de medidas,já há muito almejadas pelos setores maisinfluentes da burguesia mundial, saemdo papel.

Com a cooperação de grandesempresas, a Agência de SegurançaNacional norte-americana (NSA) seenvolveu em um escândalo ao serdescoberta utilizando-se de vigilância emmassa sem ordem judicial após o 11 deSetembro. A prática transgrediu uma leide 1978, a FISA (Lei de Vigilância paraa Coleta de Inteligência Estrangeira).

O Patriot Act, por exemplo, é umalei norte-americana, promulgada porGeorge W. Bush, em resposta aosataques às Torres Gêmeas, que atua nosentido de “unir as forças da Américapara interceptar e obstruir o terrorismo”.Além disso, existem as Cartas deSegurança Nacional (NSL), cartas queum órgao federal do EUA pode emitirexigindo a entrega de dados. Elas têmsido emitidas em quantidade crescente,nos últimos anos, sobretudo após 2001,para investigar tudo, menos o terrorismo.

Enquanto isso, a repressão cotidiana,as invasões permanentes e o controle degovernos no Oriente Médio, além dogenocídio institucionalizado, seguemsendo políticas permanentes do governodos EUA e que se aprofundam a cadaano. Ataques legais de drones (robôs deguerra, monitorados à distância) já foraminclusive autorizados por Obama, comono escandaloso caso do assassinato domenino Abdulrahman al Awlaki, de 16anos, no Iêmen, filho de Anwar al-Awlaki,membro da Al-Qaeda. A eliminação àdistância se torna uma dura realidade. Ea humanidade segue...

CONHECIMENTO E PROTEÇÃO PARAOS TRABALHADORES, CONTEÚDO

LIVRE E CRIPTOGRAFIAO acesso ao patrimônio cultural,

tecnológico e científico da humanidadeé de suma importância, não só paratermos uma vida menos infeliz ou maisconfortável, mas também para a luta peladerrocada, do que torna nossas vidas tãodesconfortáveis e infelizes, esse sistemade exploração. O combate aocompartilhamento livre de conteúdo

existe já há algum tempo e aparece poraí na tentativa de implantação de leis eno discurso “politicamente correto”antipirataria. Basta lembrar que os EUAse envolveram em uma grande batalhavitoriosa pela aprovação do tratadointernacional chamado SOPA (StopOnline Piracy Act) e que o debate doACTA (Anti-Counterfeiting TradeAgreement) ainda não se fechou naUnião Europeia. Outras ameaças do tipocontinuam a rondar as discussõesinternacionais.

Qualquer tipo de tentativa dostrabalhadores em conhecer os bastidoresda programação e do compartilhamentode informações que não esteja a serviçodo lucro da patronal será condenada ese possível criminalizada. O discursoantipirataria, por exemplo, temaparentemente o objetivo de proteger aindústria cultural. Mas, está muito alémdisso. É centralmente para combater onecessário e tentar nos afastar doconhecimento e da autonomia que ossistemas oferecem como o Peer-to-Peer,por exemplo (sistemas ecompartilhamento descentralizado,como os torrents) e nos afastar da ideiacomunitária que carrega o seu uso edifusão e da ideia de cultura comopatrimônio gratuito da humanidade.

Da mesma forma, a criptografia,proteção das mensagens por cidadãoscomuns, foi atacada na década de 1990,mas conseguiu resistir e hoje é utilizadapor movimentos de hackers pelo mundotodo, inclusive para alcançar edisseminar denúncias de governos eempresas. Como destaque temos o casodo Wikileaks, no projeto Cablegate, quevazou 251.287 comunicadosdiplomáticos provenientes de 274embaixadas dos EUA pelo mundo,causando o endurecimento contra acriptografia, a perseguição, prisão e atétortura dos envolvidos na denúncia.

Um universo paralelo, mas de muitaimportância tanto quanto nosso bom evelho mundo físico sedesenvolve enquantocontinuamos vivendonossas vidas. É um mundocomplexo de vigilânciapermanente que nãopodemos ignorar. Ocapitalismo ainda não foiderrubado, enquanto isso,suas formas de manutenção

se aperfeiçoaram. É preciso termos umaatuação revolucionária à altura dosdesafios de hoje, atualizada, que utilizede toda e qualquer ferramentanecessária.

Falar sobre este tema é uma alertade que é preciso que tomemos partedesses fatos e desse debate. Esse debateinteressa aos hackers, setor policlassistae em sua maioria limitado ao debate daliberdade dentro do capitalismo, masprecisa interessar também aos marxistas.Precisamos apreender o que de melhorexiste da tecnologia e desenvolvertécnicas de sobrevivência que auxiliemno avanço da organização e defesa dostrabalhadores. Fazemos esse chamadoaos camaradas. Avancemos, por todosos campos que pudermos contra aburguesia internacional e suasorganizações, até sua defini tivaderrocada.

[1] Ver “The Spy Files”, denúncia doWikiLeaks de dezembro de 2011 em:(http://eikiLeaks.org/the-spyfiles.html).

[2] Movimento que defende a utilizaçãoda criptografia e de métodos similarespara provocar mudanças sociais epolíticas. Criado no início dos anos 1990,atingiu seu auge durante as“criptoguerras” e após a censura dainternet em 2011, na Primavera Árabe.Um de seus lemas é “privacidade paraos fracos, transparência para ospoderosos”.