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Português especial ENEM

Especial enem portugues

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Atividades Literatura

  c4 • H13, c5 • H16 e c6 • H19 

  1  Leia com atenção os textos:

Texto 1

A um poeta

Tu, que dormes, espírito sereno,

Posto à sombra dos cedros seculares,

Como um levita à sombra dos altares,

Longe da luta e do fragor terreno,

Acorda! É tempo! O sol, já alto e pleno,

Afugentou as larvas tumulares...

Para surgir do seio desses mares,

Um mundo novo espera só um aceno...

Escuta! É a grande voz das multidões!

São teus irmãos, que se erguem! São canções...

Mas de guerra... e são vozes de rebate!

Ergue-te, pois, soldado do Futuro,

E dos raios de luz do sonho puro,

Sonhador, faze espada de combate!

(Antero de Quental. Sonetos. Lisboa: Imprensa Nacional, 1994.)

Texto 2

A um poeta

Longe do estéril turbilhão da rua,

Beneditino escreve! No aconchego

Do claustro, na paciência e no sossego,

Trabalha e teima, e lima, e sofre, e sua!

Mas que na forma se disfarce o emprego

Do esforço; e a trama viva se construa

De tal modo que a imagem fique nua,

Rica, mas sóbria como um templo grego.

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Não se mostre na fábrica o suplício

Do mestre. E, natural, o efeito agrade

Sem lembrar os andaimes do edifício:

Porque a Beleza, gêmea da Verdade,

Arte pura, inimiga do artifício,

É a força e a graça na simplicidade.

(Olavo Bilac. Obra reunida. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996.)

a) Justifique as escolhas dos títulos dos textos.

Espera-se que o aluno perceba que o eu lírico de cada soneto apresenta a sua concep-

ção do fazer literário. Trata-se, nos dois textos, de uma espécie de “profissão de fé” dos

poetas.

b) Sabendo-se que Bilac e Antero de Quental viveram na mesma época histórica, é possível afirmar que há semelhanças, quan-to ao estilo, entre seus textos?

Sim; essas semelhanças são a clássica estrutura de soneto (forma fixa) e a linguagem culta.

c) Quanto ao assunto, qual é a diferença entre os dois textos?

No texto 1, o poeta é exortado a reparar no povo, a refletir sobre o cotidiano, a fim

de fazer seu poema; no texto 2, ele é exortado a ficar longe das questões mundanas,

longe das possíveis crises sociais ou morais de sua época, enclausurado.

d) Quais funções da linguagem estão presentes em ambos os textos?

Metalinguagem e poética.

  c1 • H4 e c8 • H27 

2 Leia os textos:

Texto 1

INTER TESTA LIDERANÇA DO MILAN

Num torneio acirrado, o Milan testa hoje sua força diante da arquirrival Inter, que está em quarto lugar — só três pontos separam os dois times. O clássico será às 17h30 (com ESPN e ESPN HD). Ontem, Juventus e Roma empataram em 1 a 1.

(Folha de S. Paulo, 14/11/2010.)

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Texto 2

Na 2a. semana, festival traz mais sete peças

DE RIBEIRÃO PRETO

Depois de uma semana com sucesso de público, que lotou praças e teatros, o 1o. Festival de Teatro de Ribeirão Preto entra em seus últimos dias de espetáculos.

Na quarta-feira, último dia do evento, acontece um fórum de políticas teatrais.

[...]

Já o Teatro Municipal traz “Vestido de Noiva”, um clássico do dramaturgo Nelson Rodrigues. A peça é para maiores de 14 anos.

(Folha de S. Paulo, 14/11/2010.)

Texto 3

Ensaio: caçada a Monteiro Lobato

A releitura de “Caçadas de Pedrinho” e de outros clássicos de Monteiro Lobato, avaliados como “racistas” em recente po-lêmica na Folha, revela uma prosa anterior aos ditames poli-ticamente corretos. Expressões em desuso, ainda que eivadas de racismo, não impedem a construção de um mundo ficcional complexo e rico.

(Folha de S. Paulo, 14/11/2010.)

a) Repare que, na mesma edição, o jornal Folha de S. Paulo em-pregou a palavra clássico em diferentes textos. O sentido da palavra é o mesmo em todos os textos?

Não. Professor: O aluno deverá concluir que o termo clássico foi empregado com o

sentido de exemplar, consagrado, tradicional. No texto 1, ele significa “jogo entre dois

times importantes”; no texto 2 e no texto 3, “obra muito conhecida, consagrada”.

b) Em que outra situação, diferente das vistas nos textos lidos, o termo clássico pode ser empregado?

O termo pode ser empregado em referência a autores e artistas da época renascentista

(séculos XV-XVI): “Michelangelo é clássico”; “Camões é clássico”; “Shakespeare é clássico”.

  c6 • H19 

  3  No Dicionário escolar da Língua Portuguesa, da ABL (Academia Brasileira de Letras), lemos:

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literatura [...] s.f. (Lit.) 1. Arte que tem sua expressão na linguagem oral e, mais frequentemente, na escrita [...]. 2. Teoria e estudo das manifestações literárias [...]. 3. Todo o conjunto das obras literárias de um país, de uma língua, de uma época [...]

(São Paulo: Nacional, 2008.)

Os verbetes são um gênero textual. Sabe-se que descrever uma lin-guagem por meio dela própria, como faz o verbete lido, constitui uma das funções da linguagem. Qual é essa função?

a) poética

b) metalinguística

c) referencial

d) fática

e) imperativa

  c6 • H18 

4O teste da rosa

Digamos que você tem uma rosa. Uma só. Antes que eu continue, ela me interrompe: de que cor? Pensei na rosa, mas não pensei na cor. Cor-de-rosa, digo. Ela faz uma carinha de quem não aprova. Rosa cor-de-rosa, que falta de imaginação! Branca, me corrijo. Branca, não, ela corta. Vermelha. Tá bem. Uma rosa vermelha. Vermelhinha? Sim, vermelhíssima. Da cor do sangue vivo.

Digamos que você tem uma rosa, recomeço. É a única que existe no mundo. A última? Não interessa. No caso é a única. E é sua. Digamos que você quer dar essa rosa a alguém. E se eu não quiser dar? Aí a história acaba. Conti-nuo? Continua. Você tem que dar essa rosa a alguém. Uma pessoa só? Sim, uma só. Fui dar corda, a menina não para de falar. Verdadeira matraca. Já quer saber por que tem de dar a rosa. Se é dela e é única, não vai dar a ninguém. Vai vender.

Mas a história é assim: é a única, a última rosa do mundo. E você tem que passar pra frente. Se não der, ela explode e queima a sua mão. Carinha de nojo, ela resmunga: rosa que explode e pega fogo, essa não. Finjo que não ouço e vou adiante. Você vai entregar essa rosa a quem mais a merece. A faladeira quer saber se a rosa é bonita. Lindíssima, já disse. Fresquinha. A última e mais bela rosa do mundo. Não, não pode guardar. Nem pode vender.

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Novas tentativas de sair do script, mas eu fecho todas as portas. Não pode mudar. Não interessa quem inventou. É o teste da rosa. Existe desde o princípio do mundo, digo convicto. E cale a boca, por favor. Mais um minuto e a rosa estoura na sua mão. Não é bomba, mas estoura. História inventada é assim. Rosa estoura e pronto. Você tem que dar a rosa pra alguém que a merece. A pessoa que você mais ama. Dona do seu coração. Vale, vale tudo. Gente grande, ou criança. Quem você quiser. Não, não podem ser duas pessoas. Mesmo casadas, morando na mesma casa, não pode. Também não vale. Pétala por pétala, não. É a rosa inteira, perfumada. Uma beleza. Já disse que é a mais bonita do mundo. Nunca mais vai existir outra igual. E depressa, senão explode. Na sua mão, não no vaso. Fresquinha, com gotas de orvalho que brilham como pequenos sóis. Vamos logo, quem? A quem você dá essa rosa? Ela sorri, zombeteira e me faz a pergunta fatal: você está crente que eu dou pra você, não está?

(Otto Lara Resende. Bom dia para nascer. São Paulo: Cia. das Letras, 1993.)

A partir da leitura da crônica “O teste da rosa”, podemos inferir que:

a) as pessoas que conversam são duas crianças.

b) um adulto e uma criança interagem verbalmente.

c) trata-se de uma fábula; por isso, a rosa, a criança e o adulto interagem verbalmente.

d) um adulto e uma rosa conversam.

e) a narrativa é toda contada por uma criança.

Textos para as questões 5 e 6:

Texto 1

[...] Habilidade ou disposição dirigida para a execução de uma finalidade prática ou teórica, realizada de forma conscien-te, controlada e racional [...]; ofício, profissão [...]; forma de agir, maneira, jeito [...].

(Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.)

Texto 2

No passado, entretanto, a obra-prima era aquela que coroava o aprendizado de um ofício, que testemunhava a competência de seu autor. [...] a obra-prima, no passado, era julgada a partir de critérios precisos de fabricação por artesãos que domina-vam perfeitamente as técnicas necessárias.

(Jorge Coli. O que é arte. 10. ed. São Paulo: Brasiliense, 1989.)

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Texto 3

[...] é a obra de arte, sistema de signos dotado de coerência estrutural e de originalidade.

(Haroldo de Campos. Metalinguagem & outras metas. 4. ed. São Paulo: Perspectiva, 1992.)

  c7 • H22 

  5  Quais palavras dos textos 2 e 3 podem ser consideradas equivalen-tes, quanto ao sentido, à palavra execução, presente no texto 1?

a) fabricação (texto 2) e coerência (texto 3)

b) ofício (texto 2) e coerência (texto 3)

c) coroava (texto 2) e originalidade (texto 3)

d) competência (texto 2) e originalidade (texto 3)

e) técnicas (texto 2) e estrutural (texto 3)

  c6 • H18 e c7 • H22 

  6  Sabe-se que o termo arte, no cotidiano, tem também o significado de “travessura”, quando aplicado a certo tipo de ação de crianças e jovens. Em qual ou quais dos três textos encontramos uma de-finição que se aproxima desse sentido?

a) texto 1

b) texto 2

c) texto 3

d) textos 2 e 3

e) nenhum deles

Texto para as questões 7, 8 e 9:

EMÍLIA – E os nossos parentes quando nos obrigam a seguir uma carreira para a qual não temos inclinação alguma, dizem que o tempo acostumar-nos-á.

CARLOS – O tempo acostumar! Eis aí por que vemos entre nós tantos absurdos e disparates. Este tem jeito para sapatei-ro: pois vá estudar medicina... Excelente médico! Aquele tem inclinação para cômico: pois não senhor, será político... Ora, ainda isso vá. Estoutro só tem jeito para caiador ou borrador: nada, é ofício que não presta... Seja diplomata, que borra tudo quanto faz. Aqueloutro chama-lhe toda a propensão para a ladroeira; manda o bom senso que se corrija o sujeitinho, mas

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Professor: Vale lembrar que o “ofício” do artista inclui também a originalidade.

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Professor: Aproveite o momento para aprofundar o debate a respeito da função da arte e de como os alunos a enxergam.

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isso não se faz; seja tesoureiro de repartição fiscal, e lá se vão os cofres da nação à garra... Essoutro tem uma grande carga de preguiça e indolência e só serviria para leigo de convento, no entanto vemos o bom do mandrião empregado público, comendo com as mãos encruzadas sobre a pança o pingue ordenado da nação.

EMÍLIA – Tens muita razão; assim é.

CARLOS – Este nasceu para poeta ou escritor, com uma ima-ginação fogosa e independente, capaz de grandes cousas, mas não pode seguir a sua inclinação, porque poetas e escritores morrem de miséria, no Brasil... E assim o obriga a necessidade a ser o mais somenos amanuense em uma repartição pública e a copiar cinco horas por dia os mais soníferos papéis. O que acontece? Em breve matam-lhe a inteligência e fazem do ho-mem pensante máquina estúpida, e assim se gasta uma vida? É preciso, é já tempo que alguém olhe para isso, e alguém que possa.

(Martins Pena. Comédias de Martins Pena. Ediouro. Edição crítica por Darcy Damasceno.)

  c6 • H18 

  7  Na obra de que o texto faz parte, o jovem Carlos é obrigado a ir para um seminário, por imposição de Ambrósio, um falastrão casado com sua tia. Às voltas com a necessidade de sair do lugar em que está confinado, para poder ficar com sua amada Emília, Carlos se envolve em muitas situações inesperadas.

Quando Emília, no trecho lido, diz “assim é”, a que ela estaria se referindo?

a) À falta de vocação religiosa mencionada por Carlos.

b) Aos médicos que também fazem humor.

c) Ao absurdo de muitas escolhas profissionais.

d) À necessidade de combater a ladroeira (corrupção).

e) À falta de vocação para o serviço público.

  c6 • H18 

8 Com base apenas no trecho lido, é possível identificar o gênero literário dessa obra de Martins Pena? Assinale a alternativa que apresenta esse gênero:

a) conto

b) poesia épica

c) texto teatral

d) romance

e) crônica

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  c5 • H15 e H17 

  9  A partir da leitura do trecho, pertencente a uma obra filiada ao nosso Romantismo (século XIX), podemos concluir que a fala de Carlos:

a) reflete um dilema típico da elite brasileira da época, apenas.

b) expõe, com humor, a rotina dos jovens que querem seguir a carreira religiosa.

c) denota um conflito — a carreira ou o amor? — que se estende até os nossos dias.

d) revela a cultura da imposição da vontade da família sobre o futuro dos jovens.

e) mostra a rebeldia típica dos heróis românticos, como em José de Alencar, por exemplo.

  c5 • H17 e c6 • H18 

 10  Leia com atenção o seguinte trecho do romance Vidas secas:

[...] Devia ser ignorância da mulher, provavelmente devia ser ignorância da mulher. Até estranhara as contas dela. Enfim, como não sabia ler (um bruto, sim senhor), acreditara na sua velha. Mas pedia desculpa e jurava não cair noutra.

O amo abrandou, e Fabiano saiu de costas, o chapéu var-rendo o tijolo. Na porta, virando-se, enganchou as rosetas das esporas, afastou-se tropeçando, os sapatões de couro cru ba-tendo no chão como cascos.

Foi até a esquina, parou, tomou fôlego. Não deviam tratá-lo assim. Dirigiu-se ao quadro lentamente. Diante da bodega de seu Inácio virou o rosto e fez uma curva larga. Depois que acon-tecera aquela miséria, temia passar ali. Sentou-se numa calçada, tirou do bolso o dinheiro, examinou-o, procurando adivinhar quanto lhe tinham furtado. Não podia dizer em voz alta que aquilo era um furto, mas era. Tomavam-lhe o gado quase de gra-ça e ainda inventavam juro. Que juro! O que havia era safadeza.

(Graciliano Ramos. Vidas secas. Rio de Janeiro: Record, 1984.)

Depois da conversa com seu patrão a respeito do pagamento que re-cebeu, “Fabiano saiu de costas, o chapéu varrendo tijolo”. O que esse comportamento da personagem indica?

a) subserviência e vergonha

b) falta de alimento e doença

c) sujeira e ressentimento

d) cansaço e raiva

e) falta de sorte e fome

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  c1 • H3 e c4 • H12 

 11  Imagem 1

D. Pedro II, o Magnânimo (1864), de Vítor Meireles. Museu de Arte de São Paulo, SP.

Imagem 2

Pedro II, imperador brasileiro.

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As imagens 1 e 2 retratam o mesmo personagem: o imperador

brasileiro Pedro II. Ambas são obras de arte e sobre elas é correto

afirmar:

a) A imagem 2 é plágio da primeira.

b) A imagem 1 é caricatura de Pedro.

c) A imagem 2 é uma caricatura do imperador.

d) A imagem 2 é uma fotografia de Pedro.

e) A imagem 2 satiriza Pedro, retratado na imagem 1.

  c4 • H12 e c5 • H16 

 12 

XXXVI

E há poetas que são artistas

E trabalham nos seus versos

Como um carpinteiro nas tábuas!...

Que triste não saber florir!

Ter que pôr verso sobre verso, como quem constrói um muro

E ver se está bem, e tirar se não está!...

Quando a única casa artística é a Terra toda

Que varia e está sempre bem e é sempre a mesma.

Penso nisto, não como quem pensa, mas como quem respira,

E olho para as flores e sorrio...

Não sei se elas me compreendem

Nem se eu as compreendo a elas,

Mas sei que a verdade está nelas e em mim

E na nossa comum divindade

De nos deixarmos ir e viver pela Terra

E levar ao colo pelas Estações contentes

E deixar que o vento cante para adormecermos

E não termos sonhos no nosso sono.

(Alberto Caeiro. O guardador de rebanhos.

Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986.)

A partir da leitura do poema, pode-se afirmar que:

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I. O poeta deve amar a natureza mas não a si mesmo, para en-

tender a Terra.

II. Os poetas, em geral, devem compreender a relação entre o

homem e a natureza.

III. A poesia deve ser resultado não de reflexão, mas de vivência

natural.

Estão corretas as afirmações:

a) apenas I.

b) I e II.

c) I e III.

d) II e III.

e) todas.

  c5 • H15 

 13  ILUMINISMO – movimento de ideias desenvolvido essencial-

mente no século 18. [...] Tratava-se de um verdadeiro recense-

amento cultural. Finalmente, não parece haver dúvida de que

as ideias iluministas tenham influenciado muitas das posições

assumidas pelos revolucionários franceses de 1789. [...] Às vés-

peras da revolução francesa, o homem do século 18, individua-

lista e burguês, concilia a razão com o desejo de ser útil e pro-

gressista.

(Antônio Carlos Amaral Azevedo. Dicionário de nomes, termos

e conceitos históricos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990.)

I. É claro, no verbete, que as ideias dos burgueses cristãos influencia-ram a revolução.

II. O texto separa, nitidamente, o “homem individualista” do “ho-mem burguês”.

III. A razão e o desejo de ser útil, segundo o texto, são elementos compatíveis.

Estão corretas as afirmações:

a) apenas I.

b) apenas I e II.

c) apenas III.

d) apenas II.

e) nenhuma.

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Texto para as questões 14 e 15:

Na saga de Portugal, mito e história se mesclam de forma quase indissolúvel. A ancestral tradição céltico-druídica, o pa-ganismo germânico, o misticismo islâmico, as lendas da cava-laria de Carlos Magno, as antigas profecias bíblicas, as fábulas milenaristas, os Templários e sua busca do Santo Graal, o espí-rito das cruzadas: todos esses ingredientes se mesclaram para fundir a nacionalidade lusitana e modelar seu projeto utópico de conquistar o mundo pela navegação dos mares. A origem etimológica de “Porto Cale” é nebulosa, mas a palavra talvez signifique “Porto da Gália” (ou Porto da França). Para o genial escritor irlandês James Joyce, o país que exportou o modelo europeu para o resto do planeta deveria se chamar “Portocall” — o Porto do Chamamento, cujo sinal seria prontamente aten-dido pelas demais nações da velha Europa.

(Eduardo Bueno. A viagem do descobrimento. Rio de Janeiro: Objetiva, 1998.)

  c6 • H18 e c7 • H23 

 14  No texto do jornalista e pesquisador Eduardo Bueno, três épocas da história do homem são consideradas. Quais são essas épocas e as referências a elas no texto?

a) Idade Média – Carlos Magno / Iluminismo – projeto de con-quista do mundo / Antiguidade – navegantes portugueses conquistadores

b) Antiguidade – céltico-druídica e islâmica / Idade Média – cruza-das / Renascimento – navegantes portugueses conquistadores

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c) Antiguidade – templários / Idade Média – cruzadas / Iluminis-mo – projeto de conquista do mundo

d) Renascimento – antigas profecias bíblicas / Era Contemporânea – busca do Santo Graal / Antiguidade – misticismo islâmico

e) Renascimento – lendas de cavalaria / Era Contemporânea – James Joyce / Iluminismo – céltico-druídica

  c8 • H27 

 15  A afirmação, feita no texto, de que a origem da palavra Porto Calle, da qual resultou Portugal, é “nebulosa”, nos leva a entender que tal origem é:

a) esbranquiçada.

b) imprecisa.

c) mentirosa.

d) mítica.

e) política.

  c6 • H18 

 16  Leia o texto, da poetisa Martha Medeiros:

acho que não sou daqui

paro em sinal vermelho

observo os prazos de validade

bato na porta antes de entrar

sei ler, escrever

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digo obrigado, com licença

telefono se digo que vou ligar

renovo o passaporte

não engano no troco

até aí tudo bem

mas não sou daqui

também

porque não gosto de samba

de carnaval, de chimarrão

prefiro tênis ao futebol

não sou querida, me atrevo

a cometer duas vezes o mesmo erro

não sou de turma

a cerveja me enjoa

prefiro o inverno

e não me entrego

sem recibo

(Martha Medeiros. Poesia reunida. Porto Alegre: L&PM, 1999.)

O eu lírico apresenta uma lista de atitudes e gostos que o distinguem da maioria das pessoas. Qual verso comprova o sentimento de não integração do eu lírico?

a) até aí tudo bem

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b) porque não gosto de samba

c) acho que não sou daqui

d) não engano no troco

e) a cerveja me enjoa

  c4 • H12 

 17   

Magali e Mônica de Rosa e Azul, 1989acrílica sobre tela, 115 X 95 cm

Rosa e Azul, 1881Auguste Renoir (1841-1919)óleo sobre tela, 119 X 74 cmMasp - Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, São Paulo, Brasil

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Para realizar seu desenho, Mauricio de Sousa baseou-se em uma obra conhecida, Rosa e Azul, de Auguste Renoir. A partir desse diálogo, po-demos concluir que uma obra de arte:

a) é sempre produzida a partir de outra, original.

b) pode ser vítima de plágio.

c) só permite recriações bem-humoradas.

d) só pode ser compreendida a partir de outra.

e) pode estimular a criação de outra obra de arte. Professor: Vale a pena estimular os alunos a debater a respeito da função da arte. Uma obra de arte pode mudar a vida de uma pessoa?

Textos para as questões de 18 a 20:

Texto 1

Sete anos de pastor Jacó servia Labão, pai de Raquel, serrana bela, Mas não servia ao pai, servia a ela, E a ela só por prêmio pretendia.

Os dias, na esperança de um só dia, Passava, contentando-se com vê-la; Porém o pai usando de cautela,

Em lugar de Raquel lhe dava Lia.

Vendo o triste pastor que com enganos

Lhe fora assim negada a sua pastora,

Como se a não tivera merecida,

Começa de servir outros sete anos,

Dizendo: — Mais servira, se não fora

Para tão longo amor tão curta a vida

(Luís de Camões. Rimas. In: Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1988.)

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Texto 2

Não obstante, achei que Capitu estava um tanto impacien-te por descer. Concordava em ficar, mas ia falando do pai e de minha mãe, da falta de notícias nossas, disto e daquilo, a ponto que nos arrufamos um pouco. Perguntei-lhe se já estava aborrecida de mim.

— Eu?

— Parece.

— Você há de ser sempre criança, disse ela fechando-me a cara entre as mãos e chegando muito os olhos aos meus. Então eu esperei tantos anos para aborrecer-me em sete dias? Não, Bentinho; digo isto porque é realmente assim, creio que eles podem estar desejosos de ver-nos e imaginar alguma doença, e, confesso, pela minha parte, que queria ver papai.

— Pois vamos amanhã.

— Não; há de ser com tempo encoberto, redarguiu rindo.

Peguei-lhe no riso e na palavra, mas a impaciência con-tinuou, e descemos com sol. A alegria com que pôs o seu chapéu de casada, e o ar de casada com que me deu a mão para entrar e sair do carro, e o braço para andar na rua, tudo me mostrou que a causa da impaciência de Capitu eram os sinais exteriores do novo estado. Não lhe bastava ser casada entre quatro paredes e algumas árvores; precisava do resto do mundo também.

(Machado de Assis. Dom Casmurro. In: Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1979.)

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  c4 • H13 e c5 • H15 

 18  Sabe-se que o período renascentista valorizou o antropocentris-

mo e a razão. No texto 1, contudo, vemos que o soneto camo-

niano (século XVI) parte de uma crença cristã, presente na Bíblia.

Assinale a alternativa que melhor esclarece a aparente contradição.

a) O Velho Testamento é tema que ajudou a instalar o estilo re-

nascentista, nos séculos XV e XVI.

b) Apesar da fonte religiosa, o assunto é lírico-amoroso, marca típica do Renascimento.

c) Independentemente da fonte, o assunto é tratado de forma humanizada, expondo o dilema do homem universal.

d) O século XVI, em Portugal, é sabidamente teocentrista, uma vez que lá predominou o sebastianismo.

e) Teocentrismo e antropocentrismo nunca se opuseram no Re-nascimento.

  c4 • H13 

 19 Na última frase do texto 2, Bento faz um comentário a respeito do comportamento de Capitu. Pelo trecho todo, é possível crer que o narrador se deu por satisfeito diante das respostas de sua esposa? Por quê?

Resposta esperada: Bento não parece satisfeito, uma vez que em “precisava do resto do

mundo” se mostra irônico, dando a entender que a esposa tinha necessidade de expor sua

nova condição social, após o casamento.

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  c5 • H16 e H17 

 20 Os dois textos foram produzidos em épocas e locais diferentes. Contudo, o tema parece aproximá-los. Assinale a alternativa que indica o que têm em comum.

a) Tanto Lia quanto Capitu foram figuras renegadas pelos seus amantes.

b) O ciúme é o tema comum a ambos os textos.

c) A espera pela união aproxima um texto do outro.

d) Jacó e Bentinho sofreram com a morte de suas esposas.

e) Em ambos os casos os casamentos duraram sete anos e foram malsucedidos.

Texto para as questões 21 e 22:

O operário em construção

E o Diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe num momento

de tempo todos os reinos do mundo. E disse-lhe o Diabo: — Dar-te-ei

todo este poder e a sua glória, porque a mim me foi entregue e dou-o

a quem quero; portanto, se tu me adorares, tudo será teu. E Jesus, res-

pondendo, disse-lhe: — Vai-te, Satanás; porque está escrito: adorarás

o Senhor teu Deus e só a Ele servirás.

Lucas, Cap. V, vs. 5-8.

Era ele que erguia casas

Onde antes só havia chão.

Como um pássaro sem asas

Ele subia com as casas

Que lhe brotavam da mão.

Mas tudo desconhecia

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Page 21: Especial enem portugues

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De sua grande missão:

Não sabia, por exemplo

Que a casa de um homem é um templo

Um templo sem religião

Como tampouco sabia

Que a casa que ele fazia

Sendo a sua liberdade

Era a sua escravidão.

De fato, como podia

Um operário em construção

Compreender por que um tijolo

Valia mais do que um pão?

Tijolos ele empilhava

Com pá, cimento e esquadria

Quanto ao pão, ele o comia...

Mas fosse comer tijolo!

E assim o operário ia

Com suor e com cimento

Erguendo uma casa aqui

Adiante um apartamento

[...]

Mas ele desconhecia

Esse fato extraordinário:

Que o operário faz a coisa

E a coisa faz o operário.

De forma que, certo dia

À mesa, ao cortar o pão

O operário foi tomado

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De uma súbita emoção

Ao constatar assombrado

Que tudo naquela mesa

— Garrafa, prato, facão —

Era ele quem os fazia

Ele, um humilde operário,

Um operário em construção.

Olhou em torno: gamela

Banco, enxerga, caldeirão

Vidro, parede, janela

Casa, cidade, nação!

Tudo, tudo o que existia

Era ele quem o fazia

Ele, um humilde operário

Um operário que sabia

Exercer a profissão. [...]

(Vinícius de Morais. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986.)

  c5 • H15 e H17 

 21  um dos pilares do pensamento socialista era a denúncia da aliena-ção produzida pelo trabalho no modo de produção capitalista. De acordo com esse pensamento, quem vende sua força de trabalho acaba por perder a noção da realidade e de si mesmo. No poema, qual verso melhor registra o instante em que o operário toma consciência de sua importância social?

a) “Era a sua escravidão.”

b) “Mas ele desconhecia”

c) “Ao constatar assombrado”

d) “Ele, um humilde operário,”

e) “Como um pássaro sem asas”

  c5 • H17 

22 Ao final da leitura do poema, concluímos que, ao longo dos ver-sos, há mais do que prédios ou casas em “construção”. Afinal, o que também se constrói no poema?

a) oração e insubordinação

b) identidade e arte

c) rebeldia e fé

d) sedução e socialismo

e) arte e riqueza

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X

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Page 23: Especial enem portugues

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  c4 • H12 e c7 • H22 

 23

Saudade (1899), de Almeida Júnior.

Minha musa é a lembrança

Dos sonhos em que eu vivi,

É de uns lábios a esperança

E a saudade que eu nutri!

É a crença que alentei,

As luas belas que amei,

E os olhos por quem morri!

(Álvares de Azevedo. Minha musa. Lira dos vinte anos. In: Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000.)

A tela de Almeida Júnior e os versos de Álvares de Azevedo têm em comum:

a) o caráter místico.

b) o apelo sensual.

c) a tristeza.

d) a morbidez.

e) a valorização da vida rústica.

ALM

EID

A Jú

NIO

R. S

Au

DA

De,

189

9.

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  c5 • H15 e c6 • H18 

24 Leia o poema, de Carlos Drummond de Andrade:

O medo

“Porque há para todos nós um problema sério...

Este problema é o do medo.”

(Antônio Cândido, Plataforma de uma geração)

Em verdade temos medo.

Nascemos escuro.

As existências são poucas:

Carteiro, ditador, soldado.

Nosso destino, incompleto.

E fomos educados para o medo.

Cheiramos flores de medo.

Vestimos panos de medo.

De medo, vermelhos rios

vadeamos.

Somos apenas uns homens

e a natureza traiu-nos.

Há as árvores, as fábricas,

doenças galopantes, fomes.

Refugiamo-nos no amor,

este célebre sentimento,

e o amor faltou: chovia,

ventava, fazia frio em São Paulo.

Fazia frio em São Paulo...

Nevava.

O medo, com sua capa,

nos dissimula e nos berça.

Fiquei com medo de ti,

meu companheiro moreno.

De nós, de vós: e de tudo.

Estou com medo da honra.

[...]

(Carlos Drummond de Andrade. Nova reunião. Rio de Janeiro: José Olympio, 1987.)

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25

O poema “O medo” foi produzido e publicado no contexto da Segunda Guerra Mundial. Que saída (definitiva ou não) o eu lírico vislumbra para o medo, sentimento que é o tema do poema?

a) as árvores d) o destino

b) o amor e) as flores

c) a neve

  c4 • H12 e c7 • H22 

 25 Texto 1

Texto 2

Hino à razão

Razão, irmã do Amor e da Justiça,

Mais uma vez escuta a minha prece.

É a voz dum coração que te apetece,

Duma alma, livre, só a ti submissa.

Por ti é que a poeira movediça

De astros e sóis e mundos permanece;

E é por ti que a virtude prevalece,

E a flor do heroísmo medra e viça.

Por ti, na arena trágica, as nações

Buscam a liberdade, entre clarões;

E os que olham o futuro e cismam, mudos,

Por ti, podem sofrer e não se abatem,

Mãe de filhos robustos, que combatem

Tendo o teu nome escrito em seus escudos!

(Antero de Quental. Sonetos. Imprensa Nacional: Lisboa, 1994.)

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LAER

TE

(Laerte. Folha de S. Paulo, 2006.)

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Page 26: Especial enem portugues

26

Antero de Quental, citado no texto 1 e autor do texto 2, é considerado o iniciador do movimento realista luso.

a) Em que medida, o soneto “Hino à razão” mostra oposição ao estilo romântico?

O aluno deverá perceber que homenagear a razão significa distanciar-se do sonho e

do sentimentalismo, elementos característicos do Romantismo. O trecho “podem so-

frer e não se abatem” é demonstrativo desse distanciamento.

b) Em que consiste o humor na tira do cartunista Laerte?

A professora, autoritária, não se comportou de acordo com o que o poema que expõe

a seus alunos defende, usando não a razão, mas a força, a imposição para conduzir sua

aula.

Textos para as questões 26, 27 e 28:

Texto 1

A Carolina

Querida, ao pé do leito derradeiro

Em que descansas dessa longa vida,

Aqui venho e virei, pobre querida,

Trazer-te o coração do companheiro.

Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro

Que, a despeito de toda a humana lida,

Fez a nossa existência apetecida

E num recanto pôs um mundo inteiro.

Trago-te flores, — restos arrancados

Da terra que nos viu passar unidos

E ora mortos nos deixa e separados.

Que eu, se tenho nos olhos malferidos

Pensamentos de vida formulados,

são pensamentos idos e vividos.

(Machado de Assis. In: Toda poesia de Machado de Assis. São Paulo: Record, 2008.)

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Page 27: Especial enem portugues

27

Texto 2

Alma minha gentil, que te partiste

Tão cedo desta vida, descontente,

Repousa lá no Céu eternamente

E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,

Memória desta vida se consente,

Não te esqueças daquele amor ardente

Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te

Algua cousa a dor que me ficou

Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,

Que tão cedo de cá me leve a ver-te,

Quão cedo de meus olhos te levou.

(Luís de Camões. Rimas. In: Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1988.)

C5 • H16

26 Os sonetos pertencem, respectivamente, ao Realismo e ao Re-nascimento. Embora distantes trezentos anos um do outro, eles permitem estabelecer algumas aproximações. Qual alternativa melhor expõe tais semelhanças?

a) versos brancos e platonismo amoroso

b) forma fixa e caráter lírico

c) forma fixa e caráter satírico

d) linguagem coloquial e teor lírico

e) versos livres e saudosismo

C6 • H18 e C7 • H22

27 No texto 1, o eu lírico busca um alívio para a ausência física da amada, aproximando-se do túmulo em que ela se encontra. No texto 2, qual recurso busca o eu lírico para se reaproximar de sua musa?

a) Valoriza a tristeza.

b) Pede a Deus que a traga de volta.

c) Deseja a própria morte.

d) Pede à amada que volte.

e) Deseja a solidão.

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  c5 • H16 e c7 • H22 

28 Os dois poemas apresentam eufemismos para a ideia de morte, falecimento ou túmulo. Quais termos correspondem a essa figura de linguagem no soneto de Machado de Assis e no de Camões, respectivamente?

a) “afeto verdadeiro” e “amor ardente”

b) “descansas” e “alma minha gentil”

c) “restos arrancados” e “descontente”

d) “ora mortos” e “sempre triste”

e) “leito derradeiro” e “repousa”

Veja uma foto do Monumento às bandeiras, de Victor Brecheret, e leia dois textos que dão explicações sobre a obra. A seguir responda às questões 29 e 30.

Monumento às Bandeiras — uma das maiores esculturas do mundo e considerada um marco da cidade, a obra do escultor Victor Brecheret é uma homenagem aos bandeirantes paulistas que estenderam as fronteiras brasileiras e desbravaram os ser-tões nos séculos 17 e 18. A obra foi inaugurada no dia 25 de janeiro de 1953 como parte das comemorações do 399o. aniver-sário de São Paulo

(http://www.saopaulo.sp.gov.br/conhecasp/ turismo_monumentos_bandeiras)

Autoria: Victor Brecheret (n. Itália, 1894 - São Paulo-SP, 1955)

Dimensões: peça — granito 5,15 x 8,30 x 39,31 m

Data de instalação: 1953

Localização: praça Armando de Salles Oliveira (Ibirapuera)

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FOTO

TECA

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  c4 • H12 

 29 Com base na imagem mostrada na foto e nos textos lidos, pode-mos afirmar que a obra Monumento às bandeiras:

a) tem caráter político e homenageia a cidade de São Paulo.

b) tem caráter histórico e também estético.

c) apresenta uma visão crítica da colonização, expressa pela pos-tura dos animais.

d) com os cavalos à frente, é uma nítida homenagem ao homem do campo.

e) tem conotação histórica e religiosa.

  c4 • H13 

 30 O título da obra de Brecheret, Monumento às bandeiras, faz pen-sar em bandeiras de pano, simbolizando algum país ou alguma organização, civil ou militar. Esse tipo de bandeira, no entanto, não é visto na obra. Isso acontece porque:

a) as bandeiras são o manto dos cavaleiros que aparecem à frente.

b) o termo bandeiras é uma referência aos bandeirantes do Bra-sil colonial.

c) o termo bandeiras é uma metáfora para a cavalaria que exis-tiu no Brasil imperial.

d) o termo bandeiras é uma referência à comunidade indígena, representada ao fundo, na escultura.

e) o monumento é uma homenagem aos desbravadores espa-nhóis da época do Império no Brasil.

Texto para as questões 31 e 32:

ENCONTRA DOIS HOMENS CARREGANDO UM DEFUN-TO NUMA REDE,

AOS GRITOS DE: “Ó IRMÃOS DAS ALMAS! IRMÃOS DAS ALMAS!

NÃO FUI EU QUE MATEI NÃO!”

— A quem estais carregando,

irmãos das almas,

embrulhado nessa rede?

dizei que eu saiba.

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Page 30: Especial enem portugues

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— A um defunto de nada,

irmão das almas,

que há muitas horas viaja

à sua morada.

— E sabeis quem era ele,

irmãos das almas,

sabeis como ele se chama

ou se chamava?

— Severino Lavrador,

irmão das almas,

Severino Lavrador,

mas já não lavra.

— E de onde que o estais trazendo,

irmãos das almas,

onde foi que começou

vossa jornada?

— Onde a Caatinga é mais seca,

irmão das almas,

onde uma terra que não dá

nem planta brava.

— E foi morrida essa morte,

irmãos das almas,

essa foi morte morrida

ou foi matada?

— Até que não foi morrida,

irmão das almas,

esta foi morte matada,

numa emboscada.

(João Cabral de Melo Neto. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.)

  c5 • H15 

 31  O texto é um trecho de Morte e vida severina, de 1956, auto de Natal em que é contada a história de Severino, um retirante que parte do sertão de Pernambuco para Recife, em busca de uma situação melhor para viver. No caminho, o sertanejo vai encon-trando outros tantos Severinos e tomando conhecimento de suas vidas sofridas.

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31

Em qual verso é possível notar que o poeta faz referência ao sertão do Nordeste?

a) “Onde a Caatinga é mais seca,”

b) “embrulhado nessa rede?”

c) “Até que não foi morrida,”

d) “irmãos das almas”

e) “que há muitas horas viaja”

  c8 • H25 

 32 No contexto do poema, qual é o sentido da expressão “morte morrida”?

a) assassinato

b) acidente

c) morte natural

d) suicídio

e) loucura

  c6 • H18 

 33 Leia:

Morrer não é problema. O terrível é quando a morte te faz contar dez, nove, oito, sete, seis, cinco, as doenças sem cura, os aviões que têm as turbinas quebradas, quatro, três, dois, cair, cair, cair, até atingir o mar e explodir, foi isso o que fiz com Ezequiel. Errei, a vida inteira tinha sido assim, errar, lar-gar coisas pela metade, fazer malfeito, errar. Nunca consegui aprender matemática. Nem química. Nunca entendi as palavras que eles usam nos jornais. Viviam desenhando orelhas de bur-ro nas capas dos meus cadernos [...].

(Patrícia Melo. O matador. Rio de Janeiro: Rocco, 2009.)

No romance o matador, do qual faz parte o texto lido, o narrador, Máiquel, torna-se matador de aluguel. Com base nesse fato, in-dique o sentido da enumeração, no trecho reproduzido quando o narrador afirma que o terrível de morrer é quando a morte “te faz contar dez, nove, oito, sete, seis, cinco”.

a) criação de expectativa quanto ao que pode vir a acontecer

b) oportunidade de eliminar o medo

c) perspectiva de não errar

d) vontade de morrer

e) possibilidade de aprender mais

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  c6 • H18 

 34 No poema a seguir é relatada uma conversa entre duas moças, que falam sobre o casamento de uma delas.

O bom marido

Nunca vou esquecer a palavra ingrediente

no plural.

À tarde, Arabela conversava

com Teresa, na sala de visitas.

Passei perto, ouvi:

— Custódio tem todos os ingredientes

para ser bom marido.

Se me pedir a mão, papai não nega.

— Quais são os ingredientes?

a outra lhe pergunta.

Arabela sorri, sem responder.

Guardo a palavra com cuidado,

corro ao dicionário:

continua o mistério.

(Carlos Drummond de Andrade. In: Nova reunião. Rio de Janeiro: José Olympio, 1987.)

O “mistério” a que se refere o eu lírico, no poema, diz respeito a:

a) quem seria o marido.

b) aceitação ou não, pelo pai de Arabela, do pedido de casamento.

c) o que significa “bom”, no título.

d) o significado de “ingredientes”.

e) quando Custódio pedirá a mão da moça.

  c4 • H12 

 35 No livro A arte secreta de Michelangelo (São Paulo: ARX Editora, 2004), Gilson Barreto e Marcelo Oliveira, seus autores, afirmam que, no quadro reproduzido a seguir, o manto de Deus é referên-cia ao cérebro humano. Segundo eles, traços como esses consti-tuem verdadeiras aulas de anatomia, encontradas também em outras pinturas de Michelangelo.

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Com base na informação anterior e também em seus conhecimentos sobre o período renascentista (época de que data o trabalho do artista), indique a alternativa que expressa um dos possíveis sentidos para a inclusão desse “cérebro” na obra Dia da criação.

a) valorização da razão e do antropocentrismo

b) destaque para a vitória do teocentrismo

c) homenagem ao manto papal

d) reprodução de uma cena de batalha

e) necessidade de cobrir o nu

  c5 • H15 

 36Vagabundo

Eat, drink and love; what can

the rest avail us?...

(Byron)

Eu durmo e vivo ao sol como um cigano,

Fumando meu cigarro vaporoso;

Nas noites de verão namoro estrelas;

Sou pobre, sou mendigo e sou ditoso!

Ando roto, sem bolsos, nem dinheiro,

Mas tenho na viola uma riqueza:

Canto à lua de noite serenatas,

E quem vive de amor não tem pobreza.

CAPE

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ISTI

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ICA

NO,

RO

MA

.

Dia da criação, de Michelangelo Buonarotti.

X

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Page 34: Especial enem portugues

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[...]

Tenho por meu palácio as longas ruas;

Passeio a gosto e durmo sem temores;

Quando bebo, sou rei como um poeta,

E o vinho faz sonhar com os amores.

O degrau das igrejas é meu trono

Minha pátria é o vento que respiro

[...]

[...]

Ora, se por aí alguma bela

Bem doirada e amante da preguiça

Quiser a nívea mão unir à minha,

Há de achar-me na Sé, domingo, à Missa.

(Álvares de Azevedo. Lira dos vinte anos. São Paulo: FTD, 1994.)

O poema “Vagabundo”, romântico, descreve a vida do eu lírico. Apesar de não ter emprego nem dinheiro, o eu lírico que nele se expressa parece viver feliz. Explique o conceito de felicidade adotado no poema.

Resposta esperada: No contexto dos anos 50 do século XIX e da influência da poesia ingle-

sa sobre a poesia brasileira, o eu lírico valoriza acima de tudo sentir-se livre, poder sonhar e

poder fugir à realidade opressora por meio do descompromisso com o trabalho, do cigar-

ro, da bebida e do exercício amoroso.

  c5 • H16 

 37  Leia o poema, de Augusto dos Anjos:

O deus-verme

Fator universal do transformismo,

Filho da teleológica matéria,

Na superabundância ou na miséria,

Verme — é o seu nome de batismo.

Jamais emprega o acérrimo exorcismo

Em sua diária ocupação funérea,

E vive em contubérnio com a bactéria,

Livre das roupas do antropomorfismo.

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Almoça a podridão das drupas agras,

Janta hidrópicos, rói vísceras magras

E dos defuntos novos incha a mão...

Ah! Para ele é que a carne podre fica,

E no inventário da matéria rica

Cabe aos seus filhos a maior porção!

(Augusto dos Anjos. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1995.)

A poesia de Augusto dos Anjos (1884-1914), identificada como pré-modernista, revela influência de outros estilos como, o Naturalismo e o Simbolismo. Identifique, nas alternativas abaixo, o verso que melhor representa cada uma dessas escolas.

a) Ah! Para ele é que a carne podre fica / Filho da teleológica matéria

b) Verme — é o seu nome de batismo / Almoça a podridão das drupas agras

c) E dos defuntos novos incha a mão... / Ah! Para ele é que a carne fica

d) Almoça a podridão das drupas agras / Verme — é o seu nome de batismo

e) Livre das roupas do antropomorfismo / E dos defuntos novos incha a mão

  c6 • H18 

 38  Leia o soneto a seguir, do poeta baiano Pedro Kilkerry (1885-1917).

Cetáceo

Fuma. É cobre o zênite. E, chagosos no flanco,

Fuga e pó, são corcéis de anca na atropelada.

E tesos no horizonte, a muda cavalgada.

Coalha bebendo o azul um largo voo branco.

Quando e quando esbagoa ao longe uma enfiada

De barcos em betume indo as proas de arranco.

Perto uma janga embala um marujo no banco

Brunindo ao sol brunida a pele atijolada.

Tine em cobre o zênite e o vento arqueja e o oceano

Longo enfoca-se a vez e vez e arrufa,

Como se a asa que o roce ao côncavo de um pano.

E na verde ironia ondulosa de espelho

Úmida raiva iriando a pedraria. Bufa

O cetáceo a escorrer d’água ou do sol vermelho.(In: Augusto de Campos. ReVisão de Kilkerry. São Paulo: Brasiliense, 1985.)

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uma das marcas do estilo simbolista de Kilkerry é a sonoridade, aliada à musicalidade, nos versos. Assinale a alternativa que apresenta essa característica.

a) Fuma. É cobre o zênite. E, chagosos no flanco / Perto de uma janga embala um marujo no banco

b) Coalha bebendo o azul num largo voo branco / E na verde ironia ondulosa de espelho

c) Como se a asa que o roce ao côncavo de um pano / úmida raiva iriando a pedraria. Bufa

d) Quando e quando esbagoa ao longe uma enfiada / Brunindo ao sol brunida a pele atijolada

e) Fuga e pó, são corcéis de anca na atropelada / Tine em cobre o zênite e o vento arqueja e o oceano

  c5 • H15 e H16 

 39 O uso da descrição, a erudição e a subjetividade são marcas da produção de poetas como Mário Pederneiras e Alphonsus de Gui-maraens. Essas características podem ser encontradas, de manei-ra marcante, no:

a) Parnasianismo

b) Modernismo

c) Pré-Modernismo

d) Simbolismo

e) Expressionismo

Texto para as questões 40, 41 e 42:

A quinta história

Esta história poderia chamar-se “As Estátuas”. Outro nome

possível é “O Assassinato”. E também “Como Matar Baratas”.

Farei então pelo menos três histórias, verdadeiras porque ne-

nhuma delas mente a outra. Embora uma única, seriam mil e

uma, se mil e uma noites me dessem.

A primeira, “Como Matar Baratas”, começa assim: quei-

xei-me de baratas. Uma senhora ouviu-me a queixa. Deu-

me a receita de como matá-las. Que misturasse em par-

tes iguais açúcar, farinha e gesso. A farinha e o açúcar as

atrairiam, o gesso esturricaria o de-dentro delas. Assim fiz.

Morreram.

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Professor: Na alternativa d, chame a atenção dos alunos para a sonoridade produzida pelo uso de nasais, como /an/, /in/, /en/, conhecida como assonância; e para a aliteração no verso 11, provocada pela repetição do som /s/ – “se a asa roce”.

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A outra história é a primeira mesmo e chama-se “O Assas-

sinato”. Começa assim: queixei-me de baratas. Uma senho-

ra ouviu-me. Segue-se a receita. E então entra o assassinato.

A verdade é que só em abstrato me havia queixado de ba-

ratas, que nem minhas eram: pertenciam ao andar térreo e

escalavam os canos do edifício até o nosso lar. Só na hora de

preparar a mistura é que elas se tornaram minhas também.

Em nosso nome, então, comecei a medir e pesar ingredientes

numa concentração um pouco mais intensa. [...]

A terceira história que ora se inicia é a das “Estátuas”.

Começa dizendo que eu me queixara de baratas. Depois

vem a mesma senhora. Vai indo até o ponto em que, de ma-

drugada, acordo e ainda sonolenta atravesso a cozinha.

Mais sonolenta que eu está a área na sua perspectiva de

ladrilhos. E na escuridão da aurora, um arroxeado que dis-

tancia tudo, distingo a meus pés sombras e brancuras: deze-

nas de estátuas se espalham rígidas. As baratas que haviam

endurecido de dentro para fora. [...] Da história anterior

canta o galo.

A quarta narrativa inaugura nova era no lar. Começa como

se sabe: queixei-me de baratas. Vai até o momento em que

vejo os monumentos de gesso. Mortas, sim. [...] Eu iria então

renovar todas as noites o açúcar letal? como quem já não dor-

me sem a avidez de um rito. [...] Áspero instante de escolha

entre dois caminhos que, pensava eu, se dizem adeus, e certa

de que qualquer escolha seria a do sacrifício: eu ou minha

alma. Escolhi. E hoje ostento secretamente no coração uma

placa de virtude: “Esta casa foi dedetizada”.

A quinta história chama-se “Leibnitz e a Transcendência

do Amor na Polinésia”. Começa assim: queixei-me de baratas.

(Clarice Lispector. Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.)

  c5 • H16 e c6 • H18 

 40 Em “A quinta história”, é possível identificar outro gênero, além daquele que estrutura toda a narrativa, o conto. Identifique esse gênero nas alternativas abaixo.

a) epistolar

b) receita

c) notícia

d) resenha

e) crônica

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  c6 • H18 e H19 

 41  O texto de Clarice Lispector apresenta uma sequência de diferentes modos de contar um fato. Esse processo é conhecido como me-talinguagem. Confira, nas alternativas abaixo, aquela que melhor ilustra essa definição.

a) Que misturasse em partes iguais açúcar, farinha e gesso.

b) Depois vem a mesma senhora.

c) [...] comecei a medir e pesar ingredientes [...]

d) A verdade é que só em abstrato me havia queixado de baratas [...]

e) Farei então pelo menos três histórias [...]

  c4 • H12 e c5 • H16 

42 Considerando a maneira como o texto se encerra, é possível infe-rir várias possibilidades de continuidade, como se o tema “matar baratas” fosse uma fonte para outras histórias. Partindo dessa observação e da reflexão suscitada pelo conto, qual seria a função do escritor?

Resposta pessoal. Professor: É conveniente conversar com os alunos sobre as diversas fun-

ções da literatura (catártica, hedonista, etc.) e depois colher a impressão deles.

  c6 • H18 

 43  Leia o seguinte trecho do romance Budapeste, de Chico Buarque:

[...] No princípio ela até gostou, ficou lisonjeada quando eu lhe disse que estava escrevendo um livro nela. Depois deu pra ter ciúme, deu pra me recusar seu corpo, disse que eu só a pro-

curava a fim de escrever nela, e o livro ia pelo sétimo capítulo

quando ela me abandonou. Sem ela, perdi o fio do novelo,

voltei ao prefácio, meu conhecimento da língua regrediu, pen-

sei até em largar tudo e ir embora para Hamburgo. Passava

os dias catatônico diante de uma folha de papel em branco,

eu tinha me viciado em Teresa. Experimentei escrever algu-

ma coisa em mim mesmo, mas não era tão bom, então fui a

XProfessor: Vale a pena sugerir a leitura integral do texto, assim como assis-tir integralmente ao filme Corra, Lola, corra, de Tom Tykwer.

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Copacabana procurar as putas. Pagava para escrever nelas, e

talvez lhes pagasse além do devido, pois elas simulavam orgas-

mos que me roubavam toda a concentração. [...]

(Chico Buarque. Budapeste. São Paulo: Cia. das Letras, 2004.)

De modo inusitado, a narrativa relata a tentativa, feita pelo persona-gem-narrador, de produzir um livro escrevendo no corpo de uma mu-lher. Se mulheres podem equivaler a folhas de papel, o ato de escrever equivaleria a quê?

a) fotografar

b) despir

c) amar

d) odiar

e) plantar

O texto que segue é de Mário Faustino, poeta que viveu de 1930 a 1962. Leia-o e responda às questões 44 e 45.

Soneto antigo

Esse estoque de amor que acumulei

Ninguém veio comprar a preço justo.

Preparei meu castelo para um rei

Que mal me olhou, passando, e a quanto custo.

Meu tesouro amoroso há muito as traças

Comeram, secundadas por ladrões.

A luz abandonou as ondas lassas

De refletir um sol que só se põe

Sozinho. Agora vou por meus infernos

Sem fantasma buscar entre fantasmas.

E marcho contra o vento, sobre eternos

Desertos sem retorno, onde olharás

Mas sem o ver, estrela cega, o rastro

Que até aqui deixei, seguindo um astro.

(In: Benedito Nunes, org. Os melhores poemas de Mário Faustino. São Paulo: Global. p. 44.)

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  c6 • H18 

44 A presença, no poema, de expressões como “fantasmas”, “traças comeram”, “ladrões” e “desertos sem retorno” nos levam a infe-rir que o tema do poema é:

a) paixão. d) morte.

b) arte. e) a própria poesia.

c) solidão.

  c6 • H18 

 45 Na terceira estrofe do poema, o eu lírico afirma: “Agora vou por meus infernos”. Contudo, em outro momento, ele se refere a um lugar diferente, de sentido oposto a “inferno”. Que expressão re-presenta a oposição a “infernos”?

a) “vento”

b) “Desertos”

c) “castelo”

d) “sol que só se põe”

e) “entre fantasmas”

O soneto seguinte é de Gregório de Matos, poeta que viveu de 1633 a 1696. Leia-o e responda às questões 46 e 47.

ACHANDO-SE UM BRAÇO PERDIDO DO MENINO DEUS DE N. S. DAS MARAVILHAS, QUE DESTACARAM INFIÉIS NA SÉ DA BAHIA

Soneto

O todo sem a parte não é todo;

A parte sem o todo não é parte;

Mas se a parte o faz todo, sendo parte,

Não se diga que é parte, sendo todo.

Em todo o sacramento está Deus todo,

E todo assiste inteiro em qualquer parte,

E feito em partes todo em toda a parte,

Em qualquer parte sempre fica todo.

O braço de Jesus não seja parte,

Pois que feito Jesus em partes todo,

Assiste cada parte em sua parte.

Não se sabendo parte deste todo,

Um braço que lhe acharam, sendo parte,

Nos diz as partes todas deste todo.

(Gregório de Matos. Poemas escolhidos. São Paulo: Cultrix, 1976.)

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  c7 • H24 

 46 Leia com atenção as afirmações abaixo:

I. O soneto valoriza cada parte do corpo inteiro de Cristo.

II. O poeta considera sagrado apenas o corpo inteiro e não as partes.

III. O texto é satírico e humaniza a figura divina de Cristo.

Assinale a alternativa correta a respeito das afirmações:

a) apenas I está correta.

b) apenas II está correta.

c) todas estão corretas.

d) apenas I e II estão corretas.

e) apenas III está correta.

  c5 • H16 e H17 

 47  A discussão a respeito da relação entre “todo” e “parte” feita no poema é motivada por um ato praticado por “infiéis”. Qual con-clusão sobre essa relação é apresentada no final do poema? Que versos melhor correspondem a essa conclusão?

Resposta esperada: Por ser uma representação divina, um braço arrancado do corpo não

pode ser considerado “parte”, e sim “todo”; pelo seu valor místico, a peça, embora sendo

uma parte, contém tudo o que há na representação inteira. Dois versos expressam essa

ideia: “Não se diga que é parte, sendo todo” e “O braço de Jesus não seja parte”.

Leia o poema a seguir, de Gonçalves Dias (1823-1864), e depois res-ponda às questões 48 e 49.

A minha Musa

Minha Musa não é como ninfa

Que se eleva das águas — gentil —

Co’um sorriso nos lábios mimosos,

Com requebros, com ar senhoril.

Nem lhe pousa nas faces redondas

Dos fagueiros anelos a cor;

Nesta terra não tem uma esp’rança,

Nesta terra não tem um amor.

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Como fada de meigos encantos,

Não habita um palácio encantado,

Quer em meio de matas sombrias,

Quer à beira do mar levantado.

Não tem ela uma senda florida,

De perfumes, de flores bem cheia,

Onde vague com passos incertos,

Quando o céu de luzeiros se arreia.

Não é como a de Horácio a minha Musa;

Nos soberbos alpendres dos Senhores

Não é que ela reside;

Ao banquete do grande em lauta mesa,

Onde gira o falerno em taças d’oiro,

Não é que ela preside.

Ela ama a solidão, ama o silêncio,

Ama o prado florido, a selva umbrosa

E da rola o carpir.

Ela ama a viração da tarde amena,

O sussurro das águas, os acentos

De profundo sentir.

[...]

(Gonçalves Dias. Poesia e prosa completas.

Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1998.)

  c5 • H16 

48 O poema tem um caráter descritivo e compara duas musas. Nessa

comparação, pode-se identificar a postura romântica de aproxi-

mar a literatura da vida burguesa vigente. Assinale a alternativa

cujo verso denuncia essa postura:

a) Co’um sorriso nos lábios mimosos

b) Ela ama a solidão, ama o silêncio

c) Não habita um palácio encantado

d) Nesta terra não tem um amor

e) Não tem ela uma senda florida

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43

  c4 • H12 

 49 Na comparação entre as figuras femininas, qual é a razão da pre-ferência do eu lírico pela sua musa?

a) A primeira musa pertence ao mundo do sonho, enquanto a outra está morta.

b) A primeira musa é a de “Horácio”, uma “ninfa”, enquanto a outra vive nos campos.

c) A musa do eu lírico tem sentimento, enquanto a outra é dis-tante e idealizada.

d) A musa descartada é figura triste, gosta da natureza, enquan-to a musa do eu lírico é uma ninfa.

e) A musa do eu lirico é simples e gosta de palácios e banquetes, enquanto a outra prefere os sons da natureza.

Leia os versos a seguir, de Severino Gonçalves de Oliveira (1908-1953), também conhecido como Cirilo, autor de literatura de cordel, e a letra de uma canção de Chico Buarque e depois responda às questões de 50 a 52.

A vitória do príncipe Roldão no Reino do Pensamento

Neste livro que se vê

Um drama misterioso

Do rei mais criativo

Hospitaleiro e bondoso

Pai de dois filhos solteiros

Um justo outro orgulhoso

Esse rei era viúvo

Mas vivia alegremente

Um dia, pela manhã,

Sem esperar, de repente

Deu-lhe uma dor de cabeça,

Cegou instantaneamente

[...]

Roldão, o filho mais moço,

Também disse nessa hora:

— Eu amanhã vou seguir

Por este mundão afora...

Vou arrumar um remédio

Pra ver se meu pai melhora

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[...]

A voz disse pra Roldão:

— Esse remédio é custoso

Ao mesmo tempo era fácil

Se existisse um corajoso

Que se atrevesse a ir buscá-lo

No Reino Misterioso

Existe lá nesse reino

Um papagaio excelente

Todo meio-dia chora

Como quem uma dor sente

A lágrima desse louro

Cura um cego de repente

[...]

(Literatura de cordel. São Paulo: Luzeiro,1993. Col. Luzeiro.)

Paratodos

O meu pai era paulista

Meu avô, pernambucano

O meu bisavô, mineiro

Meu tataravô, baiano

Meu maestro soberano

Foi Antonio Brasileiro

Foi Antonio Brasileiro

Quem soprou esta toada

Que cobri de redondilhas

Pra seguir minha jornada

E com a vista enevoada

Ver o inferno e maravilhas

Nessas tortuosas trilhas

A viola me redime

Creia, ilustre cavalheiro

Contra fel, moléstia, crime

Use Dorival Caymmi

Vá de Jackson do Pandeiro

Vi cidades, vi dinheiro

Bandoleiros, vi hospícios

Moças feito passarinho

Avoando de edifícios

Fume Ari, cheire Vinícius

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Beba Nelson Cavaquinho

Para um coração mesquinho

Contra a solidão agreste

Luiz Gonzaga é tiro certo

Pixinguinha é inconteste

Tome Noel, Cartola, Orestes

Caetano e João Gilberto

Viva Erasmo, Ben, Roberto

Gil e Hermeto, palmas para

Todos os instrumentistas

Salve Edu, Bituca, Nara

Gal, Bethania, Rita, Clara

Evoé, jovens à vista

O meu pai era paulista

Meu avô, pernambucano

O meu bisavô, mineiro

Meu tataravô, baiano

Vou na estrada há muitos anos

Sou um artista brasileiro

(Paratodos. Chico Buarque. Sony/BMG, 1993.)

  c5 • H15 

 50 Mesmo sabendo que o texto de Severino (Cirilo) foi produzido no século XX, percebemos estreita ligação com o estilo trovadoresco, reinante na Península Ibérica na Alta Idade Média. Qual das alter-nativas abaixo contempla essa ligação?

a) sátira, uso de redondilha e crítica social

b) caráter narrativo, uso de redondilha e misticismo

c) medida nova, teocentrismo e caráter narrativo

d) crítica social, teocentrismo e medida nova

e) lirismo sensual, verso livre e misticismo

  c4 • H14 

 51  Os versos de Cirilo e de Chico Buarque apresentam a mesma estru-tura poética. Além dessa característica, há outra que os aproxima — o caráter aventureiro das narrativas. Identifique a alternativa cujos versos justificam essa informação.

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a) Sem esperar, de repente / Meu avô, pernambucano

b) Mas vivia alegremente / Vi cidades, vi dinheiro

c) Pai de dois filhos solteiros / Contra a solidão agreste

d) Por este mundão afora... / Pra seguir minha jornada

e) Roldão, o filho mais moço / Vou na estrada há muitos anos

  c4 • H12 e c5 • H17 

 52  No texto de Chico Buarque, que papel cumprem os artistas citados?

Resposta esperada: Os artistas seriam uma espécie de remédio para o cotidiano e alimento

necessário à vida.

Os versos a seguir, de autoria de Manoel de Barros, fazem parte da obra o livro das ignorãças. Leia-os e depois responda às ques-tões 53 e 54.

Para apalpar as intimidades do mundo é preciso saber:

a) Que o esplendor da manhã não se abre com faca

b) O modo como as violetas preparam o dia para morrer

c) Por que é que as borboletas de tarjas vermelhas têm devoção

[por túmulos

d) Se o homem que toca de tarde sua existência num fagote, tem

[salvação

e) Que um rio que flui entre dois jacintos carrega mais ternura

[que um rio que flui entre dois lagartos

f) Como pegar na voz de um peixe

g) Qual o lado da noite que umedece primeiro

Etc.

etc.

etc.

Desaprender oito horas por dia ensina os princípios.(Manoel de Barros. O livro da ignorãças. Rio de Janeiro: Record, 1993.)

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47

C5 • H16 e H17

53 O eu lírico apresenta uma pequena lista do que é preciso saber e, ao final, afirma o que é necessário “desaprender” para conhecer os princípios. De acordo com o poema, de qual “desaprendizado” o eu lírico poderia estar tratando?

a) esquecer as teorias matemáticas

b) negar a vida no que ela tem de previsível

c) desaprender a justiça dos homens

d) esquecer as convenções religiosas

e) abolir as leis da física

C4 • H12

54 O poema de Manoel de Barros é um convite à reflexão e à cria-tividade. Que significados podem ser depreendidos da expressão “apalpar as intimidades do mundo”?

Resposta pessoal.

Texto para as questões 55 e 56:

XX

O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia.

Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha

[aldeia.

Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.

O Tejo tem grandes navios

E navega nele ainda,

Para aqueles que veem em tudo o que lá não está,

A memória das naus.

O Tejo desce de Espanha

E o Tejo entra no mar em Portugal.

Toda a gente sabe isso.

Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia

E para onde ele vai

E donde ele vem.

E por isso, porque pertence a menos gente,

É mais livre e maior o rio da minha aldeia.

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Professor: Sugerimos propor aos alunos dar continuidade à lista do poeta.

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Pelo Tejo vai-se para o mundo

Para além do Tejo há a América

E a fortuna daqueles que a encontram.

Ninguém nunca pensou no que há para além

Do rio da minha aldeia.

O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.

Quem está ao pé dele está só ao pé dele.

(Alberto Caeiro. O guardador de rebanhos. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986.)

  c6 • H18 

 55 No poema, o eu lírico reconhece a beleza e a importância do Tejo. Contudo, ele afirma preferir o rio de sua aldeia. Por que ele tem essa preferência?

a) Pela beleza do rio da aldeia.

b) O Tejo vem da Espanha e o rio da aldeia é português.

c) O rio da aldeia está próximo dele, enquanto o Tejo está longe.

d) O rio da aldeia vai para a América.

e) O Tejo não o faz pensar em nada, ao contrário do rio da aldeia.

  c7 • H23 e H24 

 56 A leitura da primeira estrofe do poema pode, inicialmente, causar estranheza. Contudo, a presença de uma conjunção adversativa (mas) na estrofe ajuda a entender a comparação entre o rio Tejo e o rio da aldeia do poeta. Que sentido o emprego dessa conjun-ção confere à comparação entre os dois rios?

a) Os dois rios formam um único na imaginação do poeta.

b) O rio da aldeia se sobrepõe ao Tejo.

c) A importância do rio da aldeia é minimizada.

d) O Tejo é descrito como um rio histórico.

e) Nenhum dos dois rios é importante para o poeta.

Textos para as questões 57, 58 e 59:

Texto 1

Quem vê, Senhora, claro e manifesto

O lindo ser de vossos olhos belos,

Se não perder a vista só com vê-los,

Já não paga o que deve a vosso gesto.

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49

Este me parecia preço honesto;

Mas eu, por de vantagem merecê-los,

Dei mais a vida e alma por querê-los.

Donde já me não fica mais de resto.

Assim que a vida e alma e esperança,

E tudo quanto tenho, tudo é vosso,

E o proveito disso eu só o levo.

Porque é tamanha bem-aventurança

O dar-vos quanto tenho e quanto posso,

Que quanto mais vos pago, mais vos devo.

(Luís de Camões. “Rimas”. In: Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1988.)

Texto 2

Olhos verdes

São uns olhos verdes, verdes,

Uns olhos de verde-mar,

Quando o tempo vai bonança;

Uns olhos cor de esperança,

Uns olhos por que morri;

Que ai de mim!

Nem já sei qual fiquei sendo

Depois que os vi!

Como duas esmeraldas,

Iguais na forma e na cor,

Têm luz mais branda e mais forte,

Diz uma — vida, outra — morte;

Uma — loucura, outra — amor.

Mas ai de mim!

Nem já sei qual fiquei sendo

Depois que os vi!

São verdes da cor do prado,

Exprimem qualquer paixão,

Tão facilmente se inflamam,

Tão meigamente derramam

Fogo e luz do coração

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50

Mas ai de mim!

Nem já sei qual fiquei sendo

depois que os vi!

[...]

(Gonçalves Dias. Poesia e prosa completas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1998.)

  c6 • H19 e c7 • H23 

 57  Nos dois poemas, de caráter lírico, a construção do conflito — a

busca da mulher amada — se sustenta em uma contradição.

Identifique, entre os itens abaixo, o verso que expõe essa contra-

dição em cada um dos textos.

a) texto 1: O lindo ser de vossos olhos belos; texto 2: uns olhos

de verde-mar

b) texto 1: Se não perder a vista só com vê-los; texto 2: Como

duas esmeraldas

c) texto 1: O dar-vos quanto tenho e quanto posso; texto 2: Diz

uma — vida, outra — morte

d) texto 1: Que quanto mais vos pago, mais vos devo; texto 2:

uma — loucura, outra — amor

e) texto 1: E tudo quanto tenho, tudo é vosso; texto 2: Fogo e luz

do coração

  c7 • H22 

 58 Os dois textos desenvolvem o mesmo tema: os olhos da amada. Apesar de um ter sido produzido no período renascentista e o outro no romântico, é possível encontrar identidade nos dois poe- mas quanto ao estado emocional do eu lírico diante do objeto de desejo? Justifique.

Resposta esperada: Nos dois casos, há certa irracionalidade, perto do desespero, pois a

amada parece não corresponder aos desejos deles, como comprovam os seguintes versos:

(texto 1): “Que quanto mais vos pago, mais vos devo”; (texto 2): “Nem já sei qual fiquei sen-

do / depois que os vi!”.

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  c4 • H13 

 59 Na última estrofe do texto 1, o conflito do eu lírico é explicitado por meio de um paradoxo. Identifique o trecho correspondente a essa figura e explique o significado que ela apresenta no poema.

O paradoxo aparece no trecho “quanto mais vos pago, mais vos devo”. Os verbos pagar e

dever não estão empregados em seus sentidos denotativos, ou seja, literais, pois o eu lírico

refere-se ao ato de entregar-se e percebe que quer entregar-se cada vez mais.

O soneto a seguir é de Cláudio Manuel da Costa, poeta que viveu no século XVIII. Leia-o e depois responda às questões 60 e 61.

Se sou pobre pastor, se não governo

Reinos, nações, províncias, mundo, e gentes;

Se em frio, calma, e chuvas inclementes

Passo o verão, outono, estio, inverno;

Nem por isso trocara o abrigo terno

Desta choça, em que vivo, coas enchentes

Dessa grande fortuna: assaz presentes

Tenho as paixões desse tormento eterno.

Adorar as traições, amar o engano,

Ouvir dos lastimosos o gemido,

Passar aflito o dia, o mês, e o ano;

Seja embora prazer; que a meu ouvido

Soa melhor a voz do desengano,

Que da torpe lisonja o infame ruído.

(Péricles Eugênio da Silva Ramos, org. Poemas de Cláudio Manuel da Costa. São Paulo: Cultrix, 1976.)

  c6 • H18 

 60 O Arcadismo, movimento literário do século XVIII, representa um apelo à simplicidade e à valorização da natureza. No poema lido, essas características aparecem no verso:

a) “Tenho as paixões desse tormento eterno.”

b) “Adorar as traições, amar o engano,”

c) “Passar aflito o dia, o mês, e o ano;”

d) “Se sou pobre pastor, se não governo”

e) “Ouvir dos lastimosos o gemido,“

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52

  c4 • H12 e c5 • H15 

 61  No soneto, o eu lírico opõe duas concepções de vida. Quais são essas concepções? Justifique a escolha que o eu lírico faz por uma delas.

Resposta esperada: As duas concepções são: vida campestre (idealização de uma vida

simples e feliz no campo, a aurea mediocritas) e a rotina urbana (“torpe lisonja”, “grande

fortuna”). O poeta-pastor opta pela primeira, pois almeja uma vida simples e natural no

campo, longe dos centros urbanos.

Veja as imagens a seguir e depois responda às questões 62 e 63:

Professor: Converse com os alunos sobre a noção de qualidade de vida, um tema

recorrente hoje. É suficiente mudar de lugar para melhorar as condições de vida?

3 de maio de 1808 (1814), de Francisco de Goya.

(Laerte. Folha de S. Paulo, 17/12/2010.)

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Page 53: Especial enem portugues

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  c5 • H16 

 62 A tira de Laerte faz uma citação do quadro de Goya. Que elemento do quadro corresponde aos pincéis dos artistas desenhados na tira?

a) as mãos das pessoas cobrindo o rosto

b) os chapéus dos soldados

c) o sangue, no chão, à esquerda

d) os fuzis dos soldados

e) as espadas na cintura dos soldados

  c6 • H18 

 63 No quadro de Goya destaca-se a morte, representada também pelo sangue de um dos fuzilados, no chão. Na tira, como a situa-ção de morte por execução está representada?

a) pelas telas dos pintores, em tom avermelhado

b) pelos respingos de tinta na parede

c) pela venda nos olhos do modelo

d) pela ausência de expressão no rosto dos pintores

e) pela expressão de desespero do modelo

Texto para as questões 64, 65 e 66:

A lagartixa

A lagartixa ao sol ardente vive,

E fazendo verão o corpo espicha:

O clarão dos teus olhos me dá vida,

Tu és o sol e eu sou a lagartixa.

Amo-te como o vinho e como o sono,

Tu és meu copo e amoroso leito...

Mas teu néctar de amor jamais se esgota,

Travesseiro não há como teu peito.

Posso agora viver: para coroas

Não preciso no prado colher flores;

Engrinaldo melhor a minha fronte

Nas rosas mais gentis de teus amores.

Vale todo um harém a minha bela,

Em fazer-me ditoso ela capricha;

Vivo ao sol de seus olhos namorados,

Como ao sol de verão a lagartixa.

(Álvares de Azevedo. Lira dos vinte anos. In: Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000.)

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  c4 •H13 e c5 •H16 

 64 Nos versos, o eu lírico fala da importância da amada na sua vida. Qual efeito ele obtém ao comparar-se com uma lagartixa?

a) Ridicularizar o pequeno animal.

b) Enaltecer seu amor.

c) Maldizer a sorte.

d) Satirizar o sentimentalismo.

e) Valorizar as paixões.

  c6 • H18 

 65 Logo na primeira estrofe do poema, há duas comparações implí-citas, ou seja, nas quais o elemento comparativo está ausente. Que nome se dá a essa figura de linguagem?

a) metonímia d) paradoxo

b) metáfora e) personificação

c) antítese

  c5 • H16 

 66 Apesar do caráter irônico, o poema é uma produção filiada ao Romantismo, movimento literário da primeira metade do século XIX, o Romantismo. Em qual alternativa o verso reproduzido con-tém elementos característicos desse movimento?

a) “E fazendo verão o corpo espicha:”

b) “Nas rosas mais gentis de teus amores.”

c) “A lagartixa ao sol ardente vive,”

d) “Não preciso no prado colher flores;”

e) “Como ao sol de verão a lagartixa.”

Texto para as questões 67 e 68:

Educação

Durante algum tempo tentou ensiná-lo a fazer pipi no lugar

certo. Esfregava-lhe o nariz na poça amarela, batia com jornal

e, duas vezes ao dia, o levava a passear. Mas o homem relu-

tava em aprender. E o cachorro não teve outro remédio senão

mantê-lo para sempre trancado no banheiro.

(Marina Colasanti. Zooilógico — Minicontos fantásticos. Rio de Janeiro: Nórdica, 1985.)

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  c6 • H18 

 67  A leitura do texto “Educação” produz estranheza, advinda da possibilidade do descompromisso com a racionalidade, por tratar-se de texto literário. O que, na trama lida, produz essa estranheza?

a) Bater com jornal.

b) Inversão do ponto de vista a respeito da relação homem- animal.

c) O pipi não é feito no lugar certo.

d) O texto induz o leitor a achar que o cachorro é desobediente.

e) O homem precisou prender o cão no banheiro para sempre.

  c6 • H18 

 68 O subtítulo do livro de Marina Colasanti, do qual foi retirado o texto lido é: Minicontos fantásticos. Que elemento presente no texto leva o leitor a considerá-lo, de fato, um pequeno conto?

a) a estrutura, em versos, de uma só estrofe

b) o caráter lírico, assim como de um autorrelato

c) o conflito

d) um fato cotidiano narrado com humor

e) narrativa em 3a. pessoa contendo crítica social

Textos para as questões 69, 70 e 71:

Texto 1

Ode ao burguês

Eu insulto o burguês! O burguês-níquel,

o burguês-burguês!

A digestão benfeita de São Paulo!

O homem-curva! o homem-nádegas!

O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,

é sempre um cauteloso pouco-a-pouco!

Eu insulto as aristocracias cautelosas!

Os barões lampiões! os condes Joões! os duques zurros!

que vivem dentro de muros sem pulos;

e gemem sangues de alguns mil-réis fracos

para dizerem que as filhas da senhora falam o francês

e tocam os “Printemps” com as unhas!

Eu insulto o burguês-funesto!

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O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições!

Fora os que algarismam os amanhãs!

Olha a vida dos nossos setembros!

Fará Sol? Choverá? Arlequinal!

Mas à chuva dos rosais

o êxtase fará sempre Sol!

Morte à gordura!

Morte às adiposidades cerebrais!

Morte ao burguês-mensal!

ao burguês-cinema! ao burguês-tílburi!

Padaria Suissa! Morte viva ao Adriano!

“— Ai, filha, que te darei pelos teus anos?

— Um colar... — Conto e quinhentos!!!

Mas nós morremos de fome!”

Come! Come-te a ti mesmo, oh gelatina pasma!

Oh! purée de batatas morais!

Oh! cabelos nas ventas! oh! carecas!

Ódio aos temperamentos regulares!

Ódio aos relógios musculares! Morte à infâmia!

Ódio à soma! Ódio aos secos e molhados!

Ódio aos sem desfalecimentos nem arrependimentos,

sempiternamente as mesmices convencionais!

De mãos nas costas! Marco eu o compasso! Eia!

Dois a dois! Primeira posição! Marcha!

Todos para a Central do meu rancor inebriante

Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio!

Morte ao burguês de giolhos,

cheirando religião e que não crê em Deus!

Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico!

Ódio fundamento, sem perdão!

Fora! Fu! Fora o bom burgês!...

(Mário de Andrade. Poesias completas. São Paulo: Círculo do Livro, 1982.)

Texto 2

Burguesinha

Vai no cabeleireiro

No esteticista

Malha o dia inteiro

Pinta de artista

Saca dinheiro

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Vai de motorista

Com seu carro esporte

Vai zoar na pista

Final de semana

Na casa de praia

Só gastando grana

Na maior gandaia

Vai pra balada

Dança bate estaca

Com a sua tribo

Até de madrugada

Burguesinha, burguesinha

Burguesinha, burguesinha

Burguesinha

Só no filé

Burguesinha, burguesinha

Burguesinha, burguesinha

Burguesinha

Tem o que quer

Burguesinha, burguesinha

Burguesinha, burguesinha

Burguesinha

Do croissant

Burguesinha, burguesinha

Burguesinha, burguesinha

Burguesinha

Suquinho de maçã

(Seu Jorge, Moura e Serrinha.In: América Brasil. EMI, 2007.)

  c4 • H12 e H13 

 69 O texto 1 foi escrito na década de 20 do século passado, e o outro, “Burguesinha”, é do século XXI. Em que consiste o diálogo que os textos mantêm entre si?

a) No assunto, que é o mesmo: casarões e carros.

b) No ódio ao burguês, que prevalece em ambos.

c) Na valorização da absorção da cultura estrangeira, presente em ambos.

d) No tema, que é a xenofobia.

e) Na ridicularização da figura do(a) burguês (burguesa). X

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  c6 • H18 

 70  No texto 1, o verso “Morte às adiposidades cerebrais!” pode ser entendido como:

a) conclamação ao combate à ignorância da burguesia.

b) ironia em relação aos burgueses obesos.

c) campanha pela erradicação da cegueira entre os burgueses.

d) sátira à calvície da classe burguesa.

e) ordem para o assassinato da cultura burguesa.

  c5 • H15 

 71  Que visão da classe burguesa é expressa no poema de Mário de Andrade e na música “Burguesinha”, cantada por Seu Jorge? Há semelhanças entra as maneiras como essa classe social é vista nas duas produções?

Resposta esperada: A classe burguesa, em ambas as produções, é vista como objeto de

crítica e escárnio, o que se nota em trechos como “Eu insulto o burguês!”, “Morte à gordura!”

(texto 1) e “Só gastando grana”, “Tem o que quer” (texto 2).

X

Professor: Vale a pena conversar com os alunos a respeito do que se considera cultura bur-

guesa ou ser burguês.

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Gramática

  c7 • H23 

 72  Como ensinar por meio da pesquisa

Importante ferramenta didática para todas as disciplinas, a pesquisa precisa ser mais bem usada em aula. Ao planejá -la e executá -la adequadamente, você possibilita que as crianças e os jovens aprendam os conteúdos do currículo, enquanto se tornam estudantes autônomos. Ensinar os alunos a estudar para que se saiam bem em toda a Educação Básica, no Ensino Superior e por toda a vida é, sem dúvida, uma das grandes res-ponsabilidades da escola. Poucas atividades atendem tão bem a essa demanda como a pesquisa — que tem como procedi-mentos básicos ler para estudar e ler para escrever. Realizada com acompanhamento e numa escala progressiva de dificulda-de, ela desenvolve as habilidades de localizar, selecionar e usar informações, essenciais para aprender com independência. “A criança transforma conhecimentos já disponíveis na socie-dade em algo novo para ela”, explica Pedro Demo, da Uni-versidade de Brasília (UnB). Ninguém chega à escola sabendo pesquisar e também não aprende a fazer isso num passe de mágica, assim que é alfabetizado — apesar de muitos professo-res simplesmente passarem a tarefa sem antes ensinar a realizá - la. Essa é uma competência que se desenvolve com a prática e com direcionamento. “A investigação na escola está intima-mente ligada à orientação. Se até mesmo um doutorando tem um orientador, por que as crianças da Educação Básica dariam conta do trabalho sozinhas?”, questiona Bernadete Campello, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e autora de obras sobre o assunto. [...]

(Anderson Moço. Nova Escola, no. 237 nov. 2010. Editora Abril.)

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O uso do termo você no primeiro parágrafo indica que o texto é diri-gido a um leitor específico?

a) Sim; o suposto leitor seria um professor, uma professora ou um estudante interessados no assunto pesquisar.

b) Não; o leitor seria toda e qualquer pessoa, alfabetizada ou não.

c) Sim, pois apenas estudantes do ensino médio poderiam se interessar pelo tema.

d) Não, pois está claro que você se refere ao professor Pedro Demo, da unB.

e) Sim; o leitor seriam professores assinantes da revista, alunos da unB e universitários em geral.

  c6 • H18 

 73  Leia o texto:

Hubble detecta nascimento de estrelas em galáxias envelhecidas

Fusão com galáxias menores rejuvenesce as antigas galáxias

elípticas

Cientistas costumavam acreditar que galáxias elípticas eram relíquias antigas, onde o auge do surgimento de novas estrelas teria ficado bilhões de anos no passado.

Mas novas observações do Telescópio Espacial Hubble es-tão ajudando a mostrar que as galáxias elípticas ainda têm al-gum vigor juvenil, graças ao contato com galáxias menores.

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Imagens do núcleo da galáxia NGC 4150, feitas na faixa do

ultravioleta próximo, revelam fiapos de poeira e gás e aglome-

rados de jovens estrelas azuis, com bem menos de um bilhão

de anos de idade. A evidência indica que o nascimento de es-

trelas foi desencadeado pela fusão com uma galáxia anã.

(O Estado de S. Paulo, 18/11/2010. http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,hubbledetecta-nascimento -de -estrelas -em -galaxias -envelhecidas,641805,0.htm.)

A leitura apenas do título do texto não permite concluir que Hubble é o nome de um telescópio. Somente com conhecimento prévio o lei-tor associaria o instrumento (telescópio) ao seu nome. Esse processo configura uma:

a) antítese. d) alegoria.

b) metonímia. e) ironia.

c) paradoxo.

  c4 • H12 e c6 • H18 

 74  Leia a charge:

(Laerte. Folha de S. Paulo, 18/11/2010.)

LAER

TE

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Que elemento do desenho é responsável pelo humor na charge?

a) máscara

b) rastro do arado

c) linguagem do personagem

d) trajes

e) homem flechado, ao fundo

Texto para as questões 75 e 76:

João Grande sentou para espiar, Pedro Bala se afastou com o Professor para um canto. Queria combinar uma maneira de roubar a imagem de Ogum da polícia. Discutiram parte da noi-te e já eram onze horas quando Pedro Bala, antes de sair, falou para todos os Capitães da areia:

— Minha gente, eu vou fazer um troço difícil. Se eu não aparecer até de manhã, vocês fica sabendo que eu tou na polí-cia e não demoro a tá no reformatório, até fugir. Ou até vocês me tirar de lá...

( Jorge Amado. Capitães da areia. São Paulo: Cia. das Letras, 2008.)

O livro Capitães da areia, de autoria de Jorge Amado, foi publica-do em 1937 e trata da vida de menores abandonados, em Salvador, Bahia. Pedro Bala é um dos líderes do grupo.

No episódio narrado, uma imagem de Ogum, divindade cultuada em rituais religiosos afro -brasileiros, está em poder da polícia. Pelas leis brasileiras da época retratada na obra, manifestações religiosas que não fossem ligadas à Igreja Católica eram proibidas.

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  c8 • H25 e H26 

 75  No trecho, para obter o efeito da verossimilhança, o autor utili-zou, na fala de Pedro Bala:

a) a linguagem típica do nordestino.

b) o jeito de falar de quem busca esconder alguma coisa.

c) o jeito de falar típico de quem tem pouca idade.

d) uma linguagem diferente da norma -padrão.

e) uma linguagem bem mais coloquial, diferente da do narrador.

  c8 • H27 

 76  No trecho, há uma expressão ambígua, ou seja, que pode ter mais de um sentido. Assinale a alternativa que apresenta a ex-pressão e também a solução para a ambiguidade, no contexto da narrativa.

a) “a imagem de Ogum da polícia” / a imagem de Ogum que estava em poder da polícia

b) “com o Professor para um canto” / com o Professor para uma música

c) “Discutiram parte da noite” / Debateram em nome da noite

d) “uma maneira de roubar” / um jeito de furtar

e) “vocês fica sabendo” / todos fiquem conhecendo

Texto para as questões 77, 78 e 79:

O teste da rosa

Digamos que você tem uma rosa. Uma só. Antes que eu con-tinue, ela me interrompe: de que cor? Pensei na rosa, mas não

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pensei na cor. Cor -de -rosa, digo. Ela faz uma carinha de quem não aprova. Rosa cor -de -rosa, que falta de imaginação! Branca, me cor-rijo. Branca, não, ela corta. Vermelha. Tá bem. Uma rosa vermelha. Vermelhinha? Sim, vermelhíssima. Da cor do sangue vivo.

Digamos que você tem uma rosa, recomeço. É a única que existe no mundo. A última? Não interessa. No caso é a única. E é sua. Digamos que você quer dar essa rosa a alguém. E se eu não quiser dar? Aí a história acaba. Continuo? Continua. Você tem que dar essa rosa a alguém. Uma pessoa só? Sim, uma só. Fui dar corda, a menina não para de falar. Verdadeira matraca. Já quer saber por que tem de dar a rosa. Se é dela e é única, não vai dar a ninguém. Vai vender.

Mas a história é assim: é a única, a última rosa do mundo. E você tem que passar pra frente. Se não der, ela explode e queima a sua mão. Carinha de nojo, ela resmunga: rosa que explode e pega fogo, essa não. Finjo que não ouço e vou adiante. Você vai entregar essa rosa a quem mais a merece. A faladeira quer saber se a rosa é bonita. Lindíssima, já disse. Fresquinha. A última e mais bela rosa do mundo. Não, não pode guardar. Nem pode vender.

Novas tentativas de sair do script, mas eu fecho todas as portas. Não pode mudar. Não interessa quem inventou. É o teste da rosa. Existe desde o princípio do mundo, digo convic-to. E cale a boca, por favor. Mais um minuto e a rosa estoura na sua mão. Não é bomba, mas estoura. História inventada é assim. Rosa estoura e pronto. Você tem que dar a rosa pra alguém que a merece. A pessoa que você mais ama. Dona do seu coração. Vale, vale tudo. Gente grande, ou criança. Quem você quiser. Não, não podem ser duas pessoas. Mesmo casa-das, morando na mesma casa, não pode. Também não vale. Pétala por pétala, não. É a rosa inteira, perfumada. Uma be-

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leza. Já disse que é a mais bonita do mundo. Nunca mais vai existir outra igual. E depressa, senão explode. Na sua mão, não no vaso. Fresquinha, com gotas de orvalho que brilham como pequenos sóis. Vamos logo, quem? A quem você dá essa rosa? Ela sorri, zombeteira e me faz a pergunta fatal: você está crente que eu dou pra você, não está?

(Otto Lara Resende. Bom dia para nascer. São Paulo: Cia. das Letras, 1993.)

  c7 • H24 

 77  Na narrativa lida, é possível identificar os interlocutores? Como?

O adulto, pela linguagem e pela maturidade das ideias que apresenta como narrador. Seu

interlocutor é uma menina, como se depreende do comportamento que apresenta e do

modo como o narrador se refere a ela.

c8 • H27 

 78  No texto de Otto Lara Resende, os termos matraca e zombeteira podem ser substituídos por quais outros, sem perda de sentido?

a) tagarela e autoritária

b) papagaio e piadista

c) tagarela e piadista

d) rádio e nervosinha

e) megafone e delicadinha

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  c8 • H27 

 79  As palavras corda, nojo e fresquinha, empregadas na crônica de Otto Lara Resende, obedecem à mesma regra de acentuação?

a) Sim, pois todas são proparoxítonas.

b) Não; uma delas é paroxítona e as demais são oxítonas.

c) Não; uma delas é paroxítona e as demais são proparoxítonas.

d) Sim, pois as três são oxítonas.

e) Sim, porque todas são paroxítonas.

  c4 • H12 e c6 • H18 

80 O cartunista procurou, no cartum abaixo, produzir humor por meio da metalinguagem. O cartum mostra uma situação atípica para um vampiro: ver -se em um espelho.

(Adão. Folha de S. Paulo, 11/8/2010.)

AD

ãO

ITu

RRu

SGA

RAI

Os termos cartum e obcecado, na fala do desenhista, poderiam ser substituídos, respectivamente, por:

a) arte e obstinado d) desenho e vampirescob) cartão e apaixonado e) piada e difamadoc) tirinha e enganado

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Texto para as questões 81 e 82:

EDIT

ORA

TRê

S

(IstoÉ, 23/9/2009.)

  c7 • H21 e H24 

 81  Qual é a função da linguagem relacionada ao objetivo de que a revista seja lida ou comprada? Que expressão corresponde a essa função?

a) fática / “alimentos que despertam o desejo”

b) referencial / “segundo médicos e nutricionistas”

c) emotiva / “aumentam a fertilidade”

d) conativa / “conheça esse cardápio do prazer”

e) poética / “dieta da sexualidade”

  c7 • H21 e H24 

82 A capa da revista associou termos como orgasmo, fertilidade e desejo à figura da fruta. Qual efeito de sentido o autor da capa buscou obter com essa associação?

a) Juntar o apetite sexual ao principal elemento que o brasileiro consome: maçãs.

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b) Estimular a curiosidade sobre um tema tradicionalmente trata-

do como tabu.

c) Desmitificar a ideia de que a vida sexual pode fazer uma pes-

soa emagrecer.

d) Sugerir que a maçã tem efeito afrodisíaco e, com isso, vender

mais revistas.

e) Ridicularizar o mito do “pecado original”.

C8 • H27

83 Atenção para as afirmações:

1. Pedro e Lúcia são crianças. Os dois estão em livros de Monteiro

Lobato.

2. Personagens de Monteiro Lobato, Pedro e Lúcia são crianças.

3. Crianças espertas, Pedro e Lúcia podem ser vistos em livros de Mon-

teiro Lobato.

Em qual dos três itens está explícita a informação sobre o caráter lite-

rário, ou seja, fictício, de Pedro e Lúcia? Por quê?

a) No item 1, pois nele há o nome Monteiro Lobato, no final.

b) No item 2, em razão de o termo personagens ser associado a

Pedro e Lúcia.

c) No item 3, apenas, pois nele fica claro que o público -alvo é o

infantojuvenil.

d) No item 1, pois a palavra livro só pode indicar “ficção”.

e) No item 2, uma vez que a referência é “crianças”.

Texto para as questões 84 e 85.

Torcida propõe jogo contra atletas do Guarani

Descontente com a performance do time no início do Cam-

peonato Paulista, a torcida do Guarani se manifestou e pediu

um desafio contra a equipe profissional. Os bugrinos preten-

dem organizar uma partida entre torcedores e jogadores.

A ideia surgiu em 2006, quando o Guarani estava para ser

rebaixado no Paulista. Na ocasião, os torcedores compare-

ceram ao Estádio Brinco de Ouro de chuteiras e uniformes,

mas o jogo não aconteceu. Com dois jogos e duas derrotas,

um fã decidiu repetir esse desafio, e está recrutando atletas

pela Internet.

X

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Os torcedores também fizeram algumas exigências para

essa partida. A primeira é a de que a torcida usará o uniforme

do time, pois os jogadores não o merecem. A segunda é que,

em caso de algum destaque, o torcedor será contratado para

jogar o Paulista. A terceira é que, se o time da torcida vencer,

serão eles que irão enfrentar o Noroeste na quinta -feira. A úl-

tima exigência é a presença do treinador Roberval Davino, do

diretor de futebol José Carlos Hernandes e também de muitos

atletas do grupo.

O treinador Roberval Davino ainda não se pronunciou

sobre o assunto, mas o diretor de futebol saiu em sua defesa.

“Eu respeito a opinião da torcida, mas ainda é cedo para

fazer qualquer análise. Nós da diretoria temos que ter os

pés no chão, equilíbrio e muita calma”, afirmou José Carlos

Hernandes.

(http://esportes.terra.com.br/futebol/estaduais2008/interna/

0,,OI2261365 -EI10799,00.html. Acesso em 22/1/2008.)

  c8 • H27 

84 O termo bugrino é próprio da informalidade. No próprio texto, há

dois sinônimos próprios da norma culta para o termo. Quais são

eles?

a) fã e torcedor

b) uniforme e fã

c) diretor e torcedor

d) Guarani e treinador

e) atletas e torcedor

  c6 • H18 e c7 • H23 

85 Considerando a estrutura do texto, seu conteúdo e o suporte em

que foi veiculado, o leitor sabe que está diante de:

a) uma crônica literária.

b) uma resenha.

c) uma notícia.

d) um relato pessoal.

e) um editorial.

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Texto para as questões 86 e 87:

(IstoÉ, 1/12/2010.)

  c8 • H27 

86 Na manchete estampada na capa da revista, qual é o valor se-mântico da oração subordinada?

a) concessão

b) proporção

c) comparação

d) restrição

e) conformidade

EDIT

ORA

TRê

S

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  c7 • H23 e H24 

87 A capa da revista, de uma edição de dezembro de 2010, faz re-ferência a uma situação vivida em muitas das grandes cidades brasileiras. Com que evento específico a montagem feita com a imagem da estátua do Cristo Redentor, na capa da revista, tem relação?

a) Lançamento do filme Tropa de elite 2.

b) Necessidade de segurança para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

c) Avanço do crime organizado em templos religiosos.

d) Campanha eleitoral, destacando a insegurança da população.

e) Ocupação dos morros cariocas pelas forças policiais (incluindo o Bope) na guerra contra os traficantes.

Texto para as questões 88, 89 e 90:

DF tem a maior expectativa de vida, com média de 75, 79 anos

Pesquisa do IBGE coloca o Distrito Federal na frente entre as

unidades da Federação onde as pessoas vivem mais: média de 75,79

anos. Segundo especialista, se o estudo fosse dividido por cidade,

haveria discrepância na capital

Basta um passeio pelas praças do Cruzeiro ou uma visi-ta ao Parque da Cidade no fim do dia para se dar conta do crescimento da população idosa no Distrito Federal. Prova do envelhecimento dos moradores da capital é a mais recen-te pesquisa sobre expectativa de vida realizada pelo Institu-to Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada na quarta -feira. De acordo com o estudo, no Plano Piloto e nas regiões administrativas, as pessoas chegaram, em 2009, em média, aos 75,79 anos. Com o resultado, o DF se mantém pelo 10o. ano consecutivo na liderança do ranking das uni-dades da federação onde as pessoas vivem mais. A média nacional é de 73,17 anos.

O pesquisador do IBGE Gabriel Borges acredita que o bom desempenho do DF está diretamente ligado à situação econô-mica dos trabalhadores. “Os fatores socioeconômicos estão en-volvidos com a esperança de vida da população. Assim como as baixas taxas de mortalidade infantil, que são indicadores de que a expectativa de vida será maior. De uma maneira geral, nos estados onde há uma incidência maior de mortes entre crianças, há também menor esperança de longevidade”, anali-sou Gabriel.

Ele ainda ressalta outros aspectos que influenciam na lon-gevidade da população de um determinado lugar. Para ele,

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quando o poder público investe em educação, saneamento básico e trabalho, a tendência é de longevidade. Talvez essa seja a explicação para que os idosos de locais como Brasília, Rio Grande do Sul e Santa Catarina estejam num patamar bem à frente do que aqueles que residem nas regiões do Norte e do Nordeste.

EM ASCENSÃO

Evolução da expectativa de vida no DF

nos últimos 18 anos

1991 – 68,64 2001 – 73,90

1992 – 69,25 2002 – 74,15

1993 – 69,84 2003 – 74,40

1994 – 70,43 2004 – 74,64

1995 – 71,00 2005 – 74,87

1996 – 71,56 2006 – 75,11

1997 – 72,10 2007 – 75,34

1998 – 72,63 2008 – 75,57

1999 – 73,15 2009 – 75,79

2000 – 73,64

(Saulo Araújo. http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2010/12/03/interna_cidadesdf,225940/df -tem -a -maior - expectativa -de -vida -com -media -de -75 -79 -anos.shtml)

  c8 • H27 

88 A frase que inicia o primeiro parágrafo do texto pode, opcional-mente, ser pontuada de outra maneira. Qual é a alternativa em que essa outra pontuação aparece?

a) Basta um passeio pelas praças do Cruzeiro ou uma visita ao Parque da Cidade, no fim do dia, para se dar conta do cresci-mento da população idosa no Distrito Federal.

b) Basta um passeio pelas praças do Cruzeiro ou uma visita ao Parque da Cidade no fim do dia para se dar conta: do cresci-mento da população idosa no Distrito Federal.

c) Basta um passeio pelas praças do Cruzeiro, ou, uma visita ao Parque da Cidade no fim do dia para se dar conta do cresci-mento da população idosa no Distrito Federal.

d) Basta um passeio, pelas praças do Cruzeiro ou, uma visita ao Parque da Cidade no fim do dia para se dar conta do cresci-mento da população idosa no Distrito Federal.

e) Basta um passeio pelas praças do Cruzeiro ou uma visita ao Parque da Cidade no fim do dia para se dar conta do cresci-mento da população, idosa, no Distrito Federal.

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Page 73: Especial enem portugues

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  c7 • H24 

89 De acordo com o texto, uma das causas para o crescimento da expectativa de vida no Distrito Federal é:

a) O Brasil tornou -se a 4a. economia mundial, no início do século XXI.

b) A produção agrícola aumentou, fazendo cair o preço dos ali-mentos.

c) A situação econômica dos trabalhadores melhorou.

d) Houve aumento do número de casas com água tratada e en-canada.

e) A taxa da mortalidade infantil é crescente.

  c1 • H3 e c6 • H18 

90 A sequência dos números relativos aos últimos nove anos do sé-culo XX e dos primeiros nove anos do século XXI indica que o crescimento da expectativa de vida nesses períodos:

a) foi maior no século XX do que no XXI.

b) foi igual nos dois períodos.

c) foi maior no período do século XXI.

d) foi de 48 décimos entre o último ano do século XX e o primeiro ano do XXI.

e) foi de 73,90 no ano da primeira eleição de Luiz Inácio Lula da Silva.

  c7 • H23 e H24 

 91  Leia esta capa de livro:

CóCE

GA

S ED

ITO

RA

X

X

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Page 74: Especial enem portugues

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O enunciado “frases soltas que deveriam ser presas”, que aparece como subtítulo na capa do livro, tem mais de um sentido. Qual alter-nativa explicita melhor um dos sentidos desse subtítulo?

a) As frases são engraçadas, mas proibidas para menores de idade.

b) O conteúdo do livro é constituído por charadas.

c) O livro é constituído por frases de pessoas procuradas pela Justiça.

d) As frases do livro são bem -humoradas e divertidas.

e) O conteúdo do livro é ofensivo.

  c1 • H3 e c6 • H18 

 92 Leia esta capa de revista:

ABR

IL IM

AG

EM

(Veja, 3/3/1971.)

X

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Page 75: Especial enem portugues

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A capa da revista Veja apresenta a frase: “ela [a minha professora] é boazinha mas”. Lendo com cuidado, pode -se perceber, por trás do elogio, uma crítica à atuação da professora. Por quê?

a) O desenho da professora sugere um comportamento oposto ao sugerido pela palavra boazinha.

b) A presença da conjunção mas sugere algo que pode contrastar com boazinha.

c) A palavra boazinha, associada ao desenho, torna a frase con-traditória.

d) O uso do diminutivo sugere que a professora não sabe ensinar.

e) A preposição mas torna a frase ambígua: a professora pode não ser “boazinha”.

  c8 • H27 

93 O diminutivo empregado na capa da revista tem sua formação e seu sentido explicitados em qual das alternativas abaixo?

a) uso do prefixo inha / carinhoso

b) uso do prefixo inha / medida

c) presença do sufixo zinha / carinhoso

d) presença do radical zinha / carinhoso

e) uso da desinência nha / medida

Texto para as questões 94 e 95.

Eles não usam black -tie (1981)

Em 22 de fevereiro de 1958 estreava a primeira montagem de

“Eles não usam black -tie” no Teatro de Arena e é surpreendente

como, ao chegar ao cinema 23 anos depois, a história não te-

nha envelhecido nada. Autor do texto, Gianfrancesco Guarnieri,

dava sua chancela à adaptação do cinema -novista Leo Hirszman

ao viver o líder operário Otávio, pai do metalúrgico Tião (Carlos

Alberto Riccelli). [...]

No início da década de 80, época de grande turbulência

social no ABC paulista, Hirszman enxergou nas greves de me-

talúrgicos — de onde despontara como líder sindical o futuro

presidente Lula — o contexto perfeito para reencenar o texto

engajado, mas atento às fraquezas do ser humano.

Seu Otávio, um homem de tradição na militância política, en-

tra em rota de colisão com o filho, cujo pragmatismo diante da

possibilidade de perda do emprego o leva à condição de fura -

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Page 76: Especial enem portugues

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greve. Embora claramente alinhado com o pensamento político de Otávio, o filme procura não vilanizar Tião, mesmo pintando - o como fraco de espírito. Romana, sua mãe, na interpretação internacionalmente aclamada de Fernanda Montenegro (o filme causou sensação e levou o grande prêmio do júri do Festival de Veneza), é o ponto de equilíbrio da trama, e seu olhar compassivo aponta para o real vilão: a tragédia social brasileira. [...]

(Steven J. Schneider. 1001 filmes para ver antes de morrer. Rio de Janeiro: Sextante, 2008.)

  c8 • H27 

94 Na tentativa de traduzir certa intenção do filme, o autor do texto empregou uma palavra nova. Em qual das alternativas abaixo aparece essa palavra?

a) fura -greve

b) vilanizar

c) militância

d) black ‑tie

e) aclamada

  c8 • H25 

95 Com base na construção, no nome da obra em que foi publicado e no assunto de que trata, o texto lido pode ser considerado como representativo do gênero:

a) notícia

b) crônica

c) editorial

d) resumo

e) resenha

Texto para as questões 96 e 97:

Mãe,O chefe da nação morreu e não declararam luto oficial, as

bandeiras não ficaram a meio -pau e os governos estrangeiros não vieram ao funeral.

O chefe da nação morreu e as rádios não mudaram sua programação habitual, continuaram tocando animados bailes de carnaval.

O chefe da nação morreu e os jornais não publicaram sua biografia, não saíram edições extraordinárias e nem escreve-ram editoriais destacando as qualidades do grande homem, grande patriota, grande chefe e amantíssimo pai.

O chefe da nação morreu e as escolas não suspenderam suas aulas, as fábricas não paralisaram suas máquinas e os ban-cos e repartições públicas funcionaram normalmente.

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Page 77: Especial enem portugues

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O chefe da nação morreu e a seleção nacional sequer res-peitou um minuto de silêncio antes da partida sensacional.

O chefe da nação morreu, mas as igrejas não repicaram seus sinos, os padres não vestiram seus paramentos roxos e nenhuma missa foi celebrada em sufrágio de sua alma imortal.

O chefe da nação morreu e deputado algum, vereador ne-nhum pediu que o novo aeroporto, aquela pracinha, o grande estádio de futebol, eternizassem seu nome para todo o sempre.

Perdoai -os não, cacique Apoena. Eles sabem o que fazem.

(Henfil. Cartas da mãe. Porto Alegre: Codecri, 1980.)

  c5 • H15 

96 Sabendo que o texto é da época da ditadura militar (1964 -1985) e com base em seus conhecimentos sobre esse período da histó-ria brasileira, indique quem seria o sujeito do termo não declara‑ram, no primeiro parágrafo.

a) os índios

b) a polícia política de Vargas

c) os representantes do governo militar

d) escolas e jornais

e) deputados e vereadores

  c8 • H25 

97  A repetição da expressão “O chefe da nação morreu” e o tre-cho “Perdoai -os não, cacique Apoena. Eles sabem o que fazem”, aproximam o texto lido de qual tipo de texto?

a) receita

b) relato pessoal

c) texto religioso

d) texto poético

e) biografia

  c8 • H18 

98 Leia o texto:

Inaugurada a UPP dos Macacos

Quase 40 mil pessoas serão beneficiadas

RIO — A mais nova Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) é inaugurada hoje no Morro dos Macacos, em Vila Isabel. Esta é a 13a. UPP, que engloba as comunidades do Pau da Bandei-ra e Parque Vila Isabel, e vai beneficiar 39 mil moradores da comunidade e do entorno. O capitão Felipe Barreto será o responsável pelos 228 policiais que trabalharão na unidade.

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Page 78: Especial enem portugues

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O governador Sérgio Cabral e o secretário de Segurança,

José Mariano Beltrame, estavam no local, assim como os recém -

eleitos senador Lindberg Faria e o deputado estadual Car-

los Minc e autoridades da Polícia Militar. Os traficantes que

dominavam o morro foram expulsos no dia 14 de outubro.

Um ano antes, um helicóptero da polícia foi atingido de-

pois de intenso tiroteio. Com a queda da aeronave, três

policiais morreram.

Na época da ocupação foram necessários 110 homens do

Bope, 40 do Batalhão de Choque e 25 policiais do 3o. BPM

(Meier) e 6o. BPM (Tijuca) para cercar a comunidade.

O Morro São João, no Engenho Novo, é o próximo a re-

ceber o projeto de pacificação, que terá extensão nas comu-

nidades do Quieto e da Matriz. Os morros da Cachoeirinha

e do Encontro, no Lins de Vasconcelos, estão incluídos na

terceira etapa de pacificação, mas ainda não há datas para

a ocupação.

( Jornal do Brasil, 30/11/2010. http://www.jb.com.br/ rio/noticias/2010/11/30/inaugurada -a -upp -dos -macacos/)

O que possibilitou a inauguração da uPP dos Macacos, conforme se

pode depreender da leitura do texto?

a) A eleição de Faria e Minc para o Congresso, em Brasília.

b) A expulsão de criminosos do local.

c) uma decisão do governador Sérgio Cabral e do secretário de

segurança Beltrame.

d) A morte de três policiais.

e) A continuação dos trabalhos já realizados em outros morros.

Texto para as questões 99 e 100:

O assassino era o escriba

Meu professor de análise sintática era o tipo do sujeito

[inexistente.

Um pleonasmo, o principal predicado de sua vida,

regular como um paradigma da 1a. conjugação.

Entre uma oração subordinada e um adjunto adverbial,

ele não tinha dúvidas: sempre achava um jeito

assindético de nos torturar com um aposto.

Casou com uma regência.

Foi infeliz.

Era possessivo como um pronome.

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E ela era bitransitiva.

Tentou ir para os EUA.

Não deu.

Acharam um artigo indefinido na sua bagagem.

A interjeição do bigode declinava partículas expletivas,

conectivos e agentes da passiva o tempo todo.

Um dia, matei -o com um objeto direto na cabeça.

(Caprichos e relaxos. Paulo Leminsky. São Paulo: Brasiliense, 1983.)

  c6 • H18 e c7 • H22 

99 Qual era a principal qualificação do professor, segundo o texto?

a) ser bitransitivo

b) ser viajante

c) ser redundante

d) ser muito velho

e) ser nacionalista

  c6 • H18 e c7 • H22 

 100  Pelos versos, pode -se supor que a relação do eu lírico com a gramática era:

a) leve e engraçada.

b) conflitante.

c) fantástica.

d) pior do que com a língua inglesa.

e) uma aventura.

Textos para as questões 101 e 102:

Texto 1

FERN

AN

DO

GO

NzA

LES

(Fernando Gonzales. Folha de S. Paulo, 30/11/2010.)

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Texto 2

Dos pontos de vista

A mosca, a debater -se: “Não! Deus não existe! Somente o Acaso rege a terrena existência!”A aranha: “Glória a Ti, Divina Providência, que à minha humilde teia essa mosca atraíste!”

(Mário Quintana. Espelho mágico. São Paulo: Globo. © by Elena Quintana.)

  c4 • H12 e c8 • H27 

 101  Considerando -se o sentido que as palavras rede (texto 1) e teia (texto 2) têm nas duas narrativas, que relação elas estabelecem entre si?

a) oposição d) homonímia

b) sinonímia e) coesão

c) coordenação

  c6 • H18 

102  De acordo com os pontos de vista da mosca e da aranha ex-pressos no poema de Mário Quintana, qual teria sido a causa da captura de um inseto pelo outro? Indique a alternativa que apresenta os termos correspondentes a essa “causa”.

a) “terrena” e “humilde” d) “Deus” e “Divina”

b) “somente” e “minha” e) “terrena” e “teia”

c) “acaso” e “Divina Providência”

  c1 • H3 

103  Leia com atenção o gráfico:

(http://www.fapesp.br/indct/graftab/graftab1.htm. Acesso em 20/12/2010.)

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Tendo em vista que, após o fim da ditadura militar (1964 -85), seguiram -se no Brasil os governos de José Sarney, Fernando Collor de Melo, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, podemos concluir que o poder de compra do salário na construção civil:

a) melhorou após o fim da ditadura militar, jamais voltando a patamares anteriores.

b) entre os governos de Sarney e Collor não oscilou.

c) nos últimos anos do período da ditadura militar não oscilou.

d) somente após o fim da ditadura militar diminuiu.

e) durante o governo Lula, oscilou de 200 a 250 pontos.

Texto para as questões 104 e 105:

Conteúdo preconceituoso é o que predomina na internet

Em um mês foram registradas cerca de mil denúncias de crimes

Brasília — Apesar das punições previstas em lei para atitudes preconceituosas, a internet se tornou terreno fértil para que milhares de pessoas divulguem e consumam ma-terial contra negros, judeus, religiosos, homossexuais e até imigrantes. Entre outubro e novembro deste ano, a SaferNet Brasil, associação civil de direito privado com atuação nacio-nal, registrou mais de mil denúncias contra esse tipo de ma-nifestação. Além disso, pelo menos 20 mil sites hospedados no Brasil produzem conteúdo discriminatório.

A maior parte das denúncias é contra manifestações xe-nofóbicas, com 1.042 registros. Em seguida, homofobia (781), racismo (269), crimes neonazistas (220) e intolerância reli-giosa (176). No primeiro semestre de 2010 foram registradas 16.636 denúncias de material discriminatório. Homofobia fi-cou em primeiro lugar nas denúncias (5.937), seguida por xe-nofobia (4.541), crimes neonazistas (3.019), racismo (1.675) e intolerância religiosa (1.464).

( Jornal do Brasil, 21/11/2010. http://www.jb.com.br/ pais/noticias/2010/11/21/conteudo -preconceituoso - e -o -que -predomina -na -internet/)

  c8 • H27 

104  Em relação ao emprego da palavra apesar, logo no início do texto, podemos afirmar:

a) trata -se de uma noção de acréscimo à informação que se-gue: denúncias.

b) é uma ressalva diante das manifestações das vítimas.

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c) trata -se da construção de uma ironia, relativa às questões legais.

d) é uma ressalva que destaca a contradição entre existência de lei e ocorrência de crime.

e) significa introdução de informação que pode não ser verdadeira.

  c8 • H27 

105  Para referir -se a crimes e hostilidades contra imigrantes, judeus e negros, o texto empregou, respectivamente, os termos:

a) antissemitismo – xenofobia – homofobia

b) xenofobia – antissemitismo – racismo

c) neonazismo – antissemitismo – xenofobia

d) xenofobia – neonazismo – racismo

e) racismo – homofobia – xenofobia

  c6 • H18 

106  Leia o poema:

O bom marido

Nunca vou esquecer a palavra ingrediente

no plural.

À tarde, Arabela conversava

com Teresa, na sala de visitas.

Passei perto, ouvi:

— Custódio tem todos os ingredientes

para ser bom marido.

Se me pedir a mão, papai não nega.

— Quais são os ingredientes?

a outra lhe pergunta.

Arabela sorri, sem responder.

Guardo a palavra com cuidado,

corro ao dicionário:

continua o mistério.

(Carlos Drummond de Andrade. Boitempo. Rio de Janeiro: Record. © Graña Drummond_www.carlosdrummond.com.br)

Na segunda estrofe do poema, há um pronome indefinido. Qual é esse pronome e a quem ele se refere?

a) “outra” / Teresa d) “lhe” / papai

b) “outra” / Arabela e) “ao” / livro

c) “lhe” / Custódio

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  c8 • H25 

107    Morrer não é problema. O terrível é quando a morte te faz contar dez, nove, oito, sete, seis, cinco, as doenças sem cura, os aviões que têm as turbinas quebradas, quatro, três, dois, cair, cair, cair, até atingir o mar e explodir, foi isso o que fiz com Ezequiel. Errei, a vida inteira tinha sido assim, errar, lar-gar coisas pela metade, fazer malfeito, errar. Nunca consegui aprender matemática. Nem química. Nunca entendi as pala-vras que eles usam nos jornais. Viviam desenhando orelhas de burro nas capas dos meus cadernos [...].

(Patrícia Melo. O matador. Rio de Janeiro: Rocco, 2009.)

Na linguagem literária empregada por Patrícia Melo no romance o matador há certa oralidade. No trecho reproduzido, do que resulta essa característica da linguagem?

a) da repetição das palavras cair e errar e da enumeração gradativa

b) do uso da expressão orelhas de burro e da presença de ter-mos chulos

c) do uso da 1a. pessoa

d) do apelo lírico e da sensualidade

e) da aproximação de assuntos sem o uso de elementos de co-nexão e interjeições

Texto para as questões 108 e 109:

Língua portuguesa

Última flor do Lácio, inculta e bela,

És, a um tempo, esplendor e sepultura:

Ouro nativo, que na ganga impura

A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo -te assim, desconhecida e obscura.

Tuba de alto clangor, lira singela,

Que tens o trom e o silvo da procela,

E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma

De virgens selvas e de oceano largo!

Amo -te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: “meu filho”,

E em que Camões chorou, no exílio amargo,

O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

(Olavo Bilac. In: Obra reunida.Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997.)

X

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c6 • H20 

108  O soneto de Olavo Bilac, poeta que viveu no século XIX, é ti-picamente parnasiano. O termo Lácio faz referência a Lacium, região da Itália onde teria surgido o idioma lacium, depois cha-mado latim. Pergunta -se: Por que o poeta se refere à língua portuguesa como a última flor do Lácio?

Resposta esperada: O aluno deverá, após pesquisa, responder que o português foi a

última língua que se desenvolveu a partir do lacium/latim, depois do italiano, romeno,

francês e espanhol.

  c5 • H16 

109 Há, no poema, a ocorrência de paradoxos, empregados com o fim de caracterizar o idioma. Qual alternativa inclui apenas expressões que, no poema, correspondem a essa figura de linguagem?

a) “tempo” / “esplendor” e “tuba / lira”

b) “ouro” / “impuro” e “rude” / “doloroso”

c) “flor” e “bela” / “esplendor” e “sepultura”

d) “tuba” e “lira” / “esplendor” e “sepultura”

e) “desconhecida” e “obscura” / “chorou” e “amargo”

  c1 • H3 e c6 • H18 

110  As primeiras políticas públicas nacionais destinadas à instru-

ção dos jovens e adultos foram implementadas a partir de

1947, quando se estruturou o Serviço de Educação de Adul-

tos do Ministério da Educação e teve início a Campanha de

Educação de Adolescentes e Adultos (CEAA). [...] No final dos

anos 50, inúmeras críticas foram dirigidas às campanhas, de-

vido ao caráter superficial do aprendizado, que se efetivava

num curto período de tempo, e à inadequação dos progra-

mas, modelos e materiais pedagógicos, que não considera-

vam as especificidades do adulto e a diversidade regional.

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Evolução do número de analfabetos entre a população de 15 anos ou mais, segundo

os censos demográficos. Brasil, 1920 a 2000.

(Alfabetização de jovens e adultos no Brasil:

lições da prática. Brasília: Unesco, 2008.)

Pode -se dizer que o número de analfabetos, no Brasil:

a) decresceu entre 1930 e 1960.

b) cresceu entre 1990 e 2000.

c) somente cresceu desde o início do censo.

d) manteve -se estável, entre 1980 e 2000.

e) foi quase igual em 1960 e em 2000.

Texto para as questões 111 e 112:

ww

w.T

ROPA

2.CO

M.B

R

Para conter a carnificina em andamento, a Polícia Militar interveio com um helicóptero — que foi simplesmente abatido pelos bandidos. Ao final do conflito, o número oficial era de 21 mortos (entre eles 3 PMs). A comoção foi amplificada pelo fato de que, apenas 15 dias antes, a cidade havia sido esco-lhida como sede dos Jogos Olímpicos de 2016. É como se na cena do filme em que o Bope invade o morro de helicóptero, os bandidos, em vez de fugir, tivessem derrubado a máquina.

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A situação nas favelas cariocas está muito longe da descri-ta pelo filme. Enquanto na ficção, o Bope sobe o morro, ex-pulsa os bandidos e deixa um vácuo de poder ocupado pelas milícias, no mundo real, o batalhão ainda está muito longe de, ao menos, ter livrado as comunidades da violência. O Rio está recheado de zonas de tensão, com traficantes brigando entre si pelo controle do comércio de drogas e enfrentando a concorrência das milícias pelo domínio das vastas áreas da cidade. O tráfico não é um ator coadjuvante no cotidiano: ele ainda é protagonista das suas piores cenas. [...]

(Maurício Svartman. Superinteressante, nov. 2010.)

  c7 • H22 

 111  Segundo o que se conhece da situação social no Rio de Janeiro, o que são as “milícias” a que o texto faz referência?

a) São personagens típicos da ficção, presentes no filme.

b) São grupos de pessoas armadas (militares ou não) que dis-putam com os traficantes o domínio das favelas.

c) É o exército de outras regiões do país que auxiliava o Bope, no passado.

d) São traficantes disfarçados, que usam carros oficiais e têm a imprensa a seu favor.

e) São soldados da guarda oficial dos altos escalões do governo do Estado do Rio de Janeiro.

  c7 • H24 

112   O filme Tropa de elite 2, dirigido por José Padilha, trata da situ-ação de violência e crise social no Rio de Janeiro. Em que trecho o texto lido transmite a ideia de que uma das soluções para a violência na cidade é a atuação do Bope (Batalhão de Operações Especiais)?

a) No 1o. parágrafo, quando relata que um helicóptero da PM foi derrubado por bandidos.

b) No 2o. parágrafo, quando afirma que “o batalhão ainda está muito longe de [...] ter livrado as comunidades da violência”.

c) Quando descreve o número de PMs mortos em conflito.

d) No 2o. parágrafo, quando reconhece que ficção e realidade se igualam.

e) Ao sugerir que o Bope deveria usar helicóptero para comba-ter traficantes.

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Professor: Vale a pena estimular o debate, pelos alunos, a respeito de como lidar com a violência, assim como pedir depoimentos e trabalhos sobre o tema.

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Texto para as questões de 113 a 115:

(Diário de Pernambuco, 24/11/2010.)

  c7 • H21 e H24 

113  O discurso dos textos instrucionais caracteriza -se pela clareza

de linguagem e pelo seu direcionamento a quem lê. O empre-

go das formas verbais no modo imperativo (feche, mantenha,

etc.) evidencia:

a) a busca pela reordenação do cotidiano por meio do humor.

b) a possibilidade de se escolher melhor uso para a água, den-

tro de casa.

c) a crítica àqueles que não usam água encanada.

d) ordens de ação ligadas ao público infantojuvenil.

e) a necessidade de seguir à risca as recomendações. X

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  c7 • H21 e c8 • H26 

114   A ideia veiculada pelo anúncio tem em vista a economia de recur-sos de uso da coletividade. Troque “água” por “energia elétrica” e produza uma mensagem com finalidade semelhante à do anúncio.

Resposta esperada: O aluno deverá empregar verbos no modo imperativo e fazer re-

ferência a diferentes cômodos da casa. Por exemplo: “No quarto: apague a luz quando

sair”; “Na sala: evite deixar aparelhos conectados à tomada”, etc.

Professor: É sempre conveniente insistir no tema da necessidade da economia de água

e energia elétrica. Vale a pena pedir aos alunos depoimentos a respeito desse assunto.

  c1 • H3 e c7 • H22 e H24 

115  Por meio da imagem e do texto da matéria, é possível perceber a recomendação para que se evite determinado comportamen-to. Qual é esse comportamento e qual foi o recurso linguístico empregado para esse fim?

Resposta esperada: O comportamento a ser evitado é o do desperdício de água. O recur-

so empregado é o uso do mesmo modo verbal (imperativo) para dar cada instrução.

  c1 • H3 e c7 • H22 e H24 

116   A Agência de Regulação de Pernambuco (Arpe) autorizou um

reajuste tarifário de 5% em todas as contas de água administra-

das pela Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa).

O aumento começará a ser cobrado, de maneira progressiva, a

partir do dia 23 de dezembro, mas só a partir de janeiro, quando

o reajuste incidirá integralmente nas contas, os consumidores

irão sentir uma alteração mais expressiva nos valores das contas.

A autorização da Arpe é uma resposta ao pedido de rea-

juste feito pela Compesa no último dia 28 de outubro, onde

a concessionária indicava que apenas um aumento de 7,74% conseguiria manter o financeiro da empresa. Este foi o primei-ro reajuste julgado pela agência, pois, até o ano passado, os aumentos nas contas de água eram regidos pelas revisões tari-fárias, quando a Compesa solicitava o percentual de reajuste a partir de estudos de aumento de seus custos operacionais e de investimentos. Esta prática só ocorrerá a cada quatro anos e os aumentos anuais serão realizados por um indicador financeiro.

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Para chegar ao reajuste de 5%, Hélio Lopes Carvalho, diretor de regulação econômico -financeira da Arpe, explicou que o cálculo — que pode ser alterado em novembro de 2011 — foi uma composição entre o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP -M). “Nossas análises técnicas indicaram que o IPCA é o indicador mais adequado para compensar o efeito da inflação nas despesas da Compesa decorrentes de pessoal, serviços de terceiros, produtos químicos e gastos fiscais e o IGP -M se encaixa melhor como indexador para os gastos com energia elétrica da companhia”, afirmou.

(Diário de Pernambuco, 24/11/2010.)

No trecho: “é uma resposta ao pedido de reajuste feito pela Compe-sa no último dia 28 de outubro, onde a concessionária indicava que apenas um aumento de 7,74”, segundo a norma -padrão do nosso idioma, conviria:

a) trocar onde por quando.

b) trocar Compesa por Companhia Pernambucana de Sanea‑mento.

c) escrever a um pedido, em vez de ao pedido.

d) trocar 28 por vinte e oito.

e) em vez de reajuste, grafar aumento.

  c8 • H27 

117  Palavra que estive a pique de crer que era vítima de uma grande ilusão, uma fantasmagoria de alucinado; mas a en-trada repentina de Ezequiel, gritando: — “Mamãe! mamãe! é hora da missa!” restituiu -me à consciência da realidade. Ca-pitu e eu, involuntariamente, olhamos para a fotografia de Escobar, e depois um para o outro. Desta vez a confusão dela fez -se confissão pura. Este era aquele; havia por força alguma fotografia de Escobar pequeno que seria o nosso pequeno Ezequiel. De boca, porém, não confessou nada; repetiu as últimas palavras, puxou o filho e saíram para a missa.

(Machado de Assis. Dom Casmurro. In: Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1979.)

A palavra pequeno aparece duas vezes no trecho reproduzido: “Escobar pequeno” e “pequeno Ezequiel”. Que diferença de sen-tido a palavra pequeno apresenta nas duas ocorrências?

Resposta esperada: “Escobar pequeno” equivale a “Escobar quando era pequeno”, já

que ele, no tempo presente, é um adulto. Já em “pequeno Ezequiel”, a palavra peque-

no, além de ser um tratamento carinhoso, atribui ao garoto uma característica que lhe

é própria, no tempo presente.

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C4 • H12 e C7 • H22

118 Observe a imagem com atenção e leia o texto.

MU

SEU

PA

ULI

STA

DA

UN

IVER

SID

AD

E D

E SÃ

O P

AU

LO

Independência ou morte, de Pedro Américo.

A montaria usada por D. Pedro nem de longe lembra o fogo-

so alazão que, meio século mais tarde, o pintor Pedro Américo

colocaria no quadro “Independência ou morte”, também chama-

do “O grito do Ipiranga”. [...] o padre mineiro Belchior Pinheiro

de Oliveira cita uma “bela besta baia”. Em outras palavras, uma

mula sem nenhum charme, porém forte e confiável. Era essa a

forma correta e segura de subir a serra do Mar naquela época de

caminhos íngremes, enlameados e esburacados. [...]

(Laurentino Gomes.1822. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010.)

Segundo o autor do texto, há diferenças entre a cena que aconteceu no dia 7 de setembro de 1822 e a maneira como a retratou o pintor Pedro Américo. Por que o pintor teria retratado a cena como ela apa-rece na imagem?

a) Para modificar politicamente a cena.

b) Queria ridicularizar o príncipe.

c) Desejava alterar a história de São Paulo.

d) Pretendia enaltecer a figura do príncipe.

e) Queria valorizar hábitos de cavalaria de D. Pedro.

C7 • H21

119 Na tira a seguir, de Adão, podemos observar que em cada qua-drinho há uma relação entre o desenho e o que se lê entre aspas. O humor é obtido:

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AD

ãO

ITu

RRu

SGA

RAI

(Adão. Folha de S. Paulo, 24/8/2010.)

a) pela necessidade de criticar profissões ligadas à arte.

b) pela relação de similaridade entre as profissões das personagens.

c) por meio das expressões faciais.

d) no duplo sentido que os termos entre aspas apresentam.

e) a partir da relação de oposição entre termos estabelecida em

cada quadro.

  c6 • H18 e c7 • H24 

 120M

uLT

ISO

LuTI

ON

(Arquitetura & construção, nov. 2010.)

No anúncio, a palavra marca é empregada duas vezes, com sentidos diferentes. Indique a alternativa que contém os dois sentidos princi-pais da palavra, na ordem em que ela aparece no anúncio.

a) sinal / logomarca d) mancha / etiqueta

b) selo / boxe e) qualidade / mancha

c) sujeira / logomarca

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  c8 • H27 

121   A pluralidade de sentidos que caracteriza certas palavras constitui o fenômeno linguístico denominado:

a) sinonímia d) ironia

b) polissemia e) erudição

c) semântica

  c1 • H3 e c6 • H18 

122

(http://www.fapesp.br/indct/graftab/graftab1.htm)

O gráfico apresenta percentuais de matrículas no ensino médio no país. Pelo que se pode notar:

a) apenas um Estado do Norte do país está registrado individu-almente; os demais estão incluídos em “Outros”.

b) o Estado de Goiás e o Distrito Federal não foram incluídos na pesquisa.

c) em “Outros” estão incluídos os Estados do Norte e do Nor-deste, apenas.

d) o Distrito Federal foi contemplado na pesquisa e registra per-centual igual ao da região Sudeste.

e) individualmente estão registrados três Estados da região Su-deste, cujos percentuais, somados, não representam metade das matrículas.

Texto para as questões 123 e 124:

O medo

“Porque há para todos nós um problema sério...

Este problema é o do medo.”

(Antônio Cândido, Plataforma de uma geração)

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1 Em verdade temos medo. Nascemos escuro. As existências são poucas: Carteiro, ditador, soldado.5 Nosso destino, incompleto.

E fomos educados para o medo. Cheiramos flores de medo. Vestimos panos de medo. De medo, vermelhos rios10 vadeamos.

Somos apenas uns homens e a natureza traiu -nos. Há as árvores, as fábricas, doenças galopantes, fomes.

Refugiamo -nos no amor, este célebre sentimento, e o amor faltou: chovia, ventava, fazia frio em São Paulo.

Fazia frio em São Paulo...20 Nevava. O medo, com sua capa, nos dissimula e nos berça.

Fiquei com medo de ti, meu companheiro moreno, De nós, de vós; e de tudo. Estou com medo da honra. [...]

(Carlos Drummond de Andrade. A rosa do povo. Rio de Janeiro: Record. © Graña Drummond_www.carlosdrummond.com.br.)

C8 • H27

123 Neologismos são palavras novas, criadas para designar ideias ou objetos novos. No poema, que palavra ou expressão consti-tui um neologismo?

a) berça

b) galopantes

c) flores de medo

d) nevava

e) vermelhos rios

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  c5 • H16 

124  No verso 7, “Cheiramos flores de medo”, há ambiguidade, re-sultante da disposição das palavras. Quais são os dois possíveis sentidos do verso?

1. O termo de medo pode ser lido como locução adverbial, situação em que a disposição

das palavras poderia ser modificada para “de medo, cheiramos flores” e indicaria que

o eu lírico sente medo e, por isso, resolve aproximar -se de flores.

2. O termo de medo pode ser lido como locução adjetiva, situação em que “cheiramos flo -

res de medo” pode significar que o eu lírico sente que tudo à sua volta, incluindo a natu -

reza, está tomado pelo medo.

  c6 • H18 e c7 • H21 e H24 

125    Observe esta capa de revista:

EDIT

ORA

GLO

BO

(Época, 14/6/2010.)

Que relação há entre a imagem estampada na capa da revista e o título da reportagem principal anunciada?

a) A imagem retrata uma passagem de tempo: antes e depois do vício do uso de drogas.

b) A imagem mostra o sofrimento da mãe, de um lado, e a fe-licidade da filha, sem drogas, do outro.

c) Na montagem da imagem há duas jovens diferentes: uma que usa drogas e outra saudável.

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d) A pessoa que aparece na foto tem mais idade na metade em que aparece saudável do que na outra metade.

e) A divisão da imagem, feita verticalmente, procura mostrar a divisão de classes sociais.

  c8 • H27 

126  Sobre o processo de criação vocabular denominado sigla afir-

mam os estudiosos Celso Cunha e Lindley Cintra: “Também

moderno — e cada vez mais generalizado — é o processo

de criação vocabular que consiste em reduzir longos títulos a

meras siglas, constituídas das letras iniciais das palavras que

a compõem. Atualmente, instituições de natureza vária —

como organizações internacionais, partidos políticos, servi-

ços públicos, sociedades comerciais, associações operárias,

patronais, estudantis, culturais, recreativas, etc. — são, em

geral, mais conhecidas pelas siglas do que pelas denomina-

ções completas”.

(Nova gramática do português contemporâneo. Rio de Janeiro: Lexicon, 2007.)

Esse fenômeno do idioma é objeto de estudo predominantemente:

a) das classes de palavras.

b) dos processos de formação de palavras.

c) da semântica.

d) da estilística.

e) da análise sintática.

  c8 • H25 

127   É importante não confundir sigla com abreviação. Esta última é

um processo de redução de palavras que consiste na sua dimi-

nuição até limites que não comprometem a sua compreensão.

Muitas vezes, pode surgir da oralidade e da variante coloquial

da língua. Assinale a alternativa em que todas as palavras são

abreviações empregadas no âmbito coloquial.

a) moto (motocicleta), Sampa (São Paulo), foto (fotografia)

b) Floripa (Florianópolis), pneu (pneumático), moto (motocicleta)

c) japa (japonês), Sampa (São Paulo), rebu (rebuliço)

d) portuga (português), ONu (Organização das Nações unidas),

quilo (quilograma)

e) EuA (Estados unidos), fone (telefone), vestiba (exame vestibular)

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