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ESPECIAL PORTO DE AVEIRO – 2010

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Especial sobre o Porto de Aveiro, publicado pelo “Diário de Aveiro” a 8 de Março de 2010. Visite-nos em www.portodeaveiro.pt, www.youtube.com/portodeaveiro , http://arquivodoportodeaveiro.org, http://www.portodeaveiro.pt/portofolio/, http://www.portodeaveiro.pt/navegantes2005/

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� A movimentação de cargas noporto de Aveiro sofreu, em 2009,uma quebra de 13,21 por cento,com mais de três milhões de tone-ladas de cargas movimentadas.

A curva descendente é explica-da por dois factores: crise e greveda estiva. José Luís Cacho, presi-dente da Administração do portode Aveiro salientou, em entrevis-ta (ver páginas 6, 8 e 10), que o pri-meiro trimestre de 2009 foi “ca-tastrófico para o porto”, com que-bras registadas na ordem dos 20/30 por cento e que foram motiva-das, justifica, pela crise.

Após o primeiro “embate”, oporto começou a reagir e a movi-mentação de cargas tendeu a nor-malizar-se. Julho foi, em 2009, re-giste-se o paradigma, “o melhormês de sempre” do porto de Avei-ro, o que, segundo José Luís Ca-cho, apontava “bons indicadorespara o fecho do ano”. Contudo, emAgosto, o porto de Aveiro viu-se abraços com uma greve dos esti-vadores, cujo “fantasma” aindaperdura, uma vez que a questãoainda não foi solucionada e umnovo cenário de greve ameaça onormal funcionamento do porto.

Pese embora seja um assunto aser resolvido entre sindicatos eentidades privadas a operar noporto de Aveiro, a greve condicio-nou o crescimento do porto em2009. O presidente da APA dizque “se não tivesse sido o impactoda greve”, o porto estaria positivoem 2009, apesar da crise.

Três milhõesde toneladasEm 2009, o porto de Aveiro movi-mentou cerca de três milhões de

toneladas de cargas, envolvendo848 navios. Os granéis sólidos foi osector que mais cargas movimen-tou, com 1,4 milhões de toneladas,o que corresponde a um cresci-mento de 4,31 por cento face a 2008,a par dos granéis líquidos que re-gistaram mais oito por cento decargas (cerca de 679 mil toneladasem 2009, que comparam com as629 mil toneladas em 2008).

As quebras registaram-se nosrestantes tipos de cargas, desig-nadamente carga geral fracciona-da (-38,7 por cento) e carga geralcontentorizada (-71,57 por cento).l

38 DE MARÇO DE 2010 SEGUNDA-FEIRAWWW.DIARIOAVEIRO.PT

FICHA TÉCNICA

Director Adriano Callé LucasDirector adjunto executivoIvan SilvaTextos Margarida Malaquias e Ana Sofia PinheiroFotografias Paulo Ramos e Eduardo PinaPaginação Isabel AntunesCoordenador da Publicidade Ivo Almeida

RedacçãoAv. Dr. Lourenço Peixinho, n.º 15-5.º A3800-801 Aveiro.E-mail: [email protected]

TELEFONESRedacção: 234000031Publicidade Geral: 234000030FAXESRedacção: 234000032Publicidade Geral: 234000033

CONCESSIONÁRIO DA EXPLORAÇÃODiário de Aveiro, Lda.com sede na Av. Dr. Lourenço Peixinho,n.º 15-1.ºG 3800-801 Aveiro, matriculada na Cons. R. Com. de Aveiro sob o n.º 1731Capital Social: 5.000,00 eurosContribuinte: 501547606.

COMPOSIÇÃO E IMPRESSÃOFIG Indústrias Gráficas, SA Tels.: 239499922 / 239499935(239499936, após 18h30)

O ANO de 2010 que estamos aviver vai assumir uma impor-tante condição ao nível da vidado Porto de Aveiro e por inerên-cia de condição física, social eeconómica, do Município deÍlhavo e da Região de Aveiro

Esse facto reside na activaçãoda 3.a fase da Via de Cintura Por-tuária (basicamente localizadada Avenida dos Bacalhoeiros) e na Ligação Ferroviária do Linha doNorte ao Porto de Aveiro, nomeadamente ao seu Terminal Norte,entre outros factos relevantes.

Estas novas infraestruturas que resultam de grandes investi-mentos da APA, da REFER, do Governo e da União Europeia, aosquais a Câmara Municipal de Ílhavo também deu o seu contribu-to, marcam o fim de um longo processo de grandes investimentosque dão condições ao Porto de Aveiro para seguir agora de formabem preparada, à conquista de investimentos privados que renta-bilizem o investimento público realizado.

A experiência adquirida, a intensidade da vida e da actividade daComunidade Portuária de Aveiro, as ligações às zonas próximas deEspanha, a potenciação das características únicas do Porto de Avei-ro, o dinamismo económica da Região, são armas importantes quetemos em mãos para realizarmos com sucesso a luta pelo cresci-mento e pelo desenvolvimento do nosso Porto.

É no entanto igualmente importante que 2010 seja também o anodo início da obra de “Reconfiguração da Barra do Porto de Aveiro”,numa aposta em conquistar Navios de maior dimensão e novastipologias de carga.

Em 2010, o Polis da Ria de Aveiro vai levar ao terreno as suas pri-meiras obras e a Empresa Pascoal & Filhos vai colocar em operaçãoa nova vida do Lugre Santa Maria Manuela, dimensões diferentese igualmente importantes para o Porto, a Região de Aveiro e o Mu-nicípio de Ílhavo.

O Município de Ílhavo e a Região de Aveiro acompanham em par-ceria activa o crescimento do seu Porto, sendo este um tempo, maisimportante do que nunca, de mobilizar os investidores privados pa-ra procederem à criação de mais emprego e mais riqueza, rentabili-zando o investimento público e os seus próprios investimentos.

Sabemos todos e sentimos bem todos os dias que os tempos quevivemos em Portugal e no Mundo, não são de feição ao crescimentoeconómico, mas também temos como seguro que “parar é morrer” eque a resposta que temos para dar é com mais investimento que criee aproveite novas oportunidades de crescimento económico.

É nesse trabalho que a Câmara Municipal de Ílhavo e a Comu-nidade Intermunicipal da Região de Aveiro vão estar todos os dias,em parceria com quem queira seguir em frente, e na certeza quecom essa atitude estamos a acompanhar bem as Empresas e osCidadãos do Município e da Região.

Seguimos Juntos nesta viagem com a certeza que temos umporto seguro.

Porto de Aveiro- Instrumento

de Investimento

� JOSÉAGOSTINHORIBAU ESTEVES� Presidente daCâmara Municipal de Ílhavo� Presidente do ConselhoExecutivo da Região de Aveiro

OPINIÃO

Porto de Aveiro cai 13% namovimentação portuária2009 não foi um ano fácil para o porto de Aveiro, já que em termosde movimentação portuária registou uma quebra de 13 por cento

PORTO DE AVEIRO registou perda de 13 por cento nas cargas movimentadas

4 8 DE MARÇO DE 2010 SEGUNDA-FEIRAWWW.DIARIOAVEIRO.PT

� Com base nos indicadoresmais recentes, que se reportamao exercício de 2008, o porto deAveiro obteve um volume de ne-gócios superior a 13 milhões deeuros, o que representa um cres-cimento de 12,4 por cento face aoano anterior.

De facto, os números do rela-tório de contas evidenciam que,em 2008, a Administração doPorto de Aveiro obteve um vol-ume de negócios de 13.052 mileuros, que comparam com os11.583 mil euros em 2007. Umaevolução que, quanto à adminis-tração portuária, “decorre davariação positiva no resultadooperacional”, que cresce 61,47por cento.

Uma evolução que reflecte umaumento de 869 mil euros relati-vamente ao ano anterior e que “éo reflexo do crescimento dosproveitos operacionais em 14,82por cento, que é mais significati-vo que o aumento dos custosoperacionais, que foi de 6,99 porcento”.

No que se refere aos resultadoslíquidos, a APA obteve, em 2008,221 mil euros de lucros, que con-trapõem com os 104 mil euros al-cançados em 2007, o que corres-ponde a um crescimento de 112,5por cento neste indicador.

Em 2008, a Administração do

Porto de Aveiro era responsávelpor 120 trabalhadores, menosdois do que em 2007.

Investimentosexecutados em 2008De acordo com os dados do rela-tório de contas de 2008, “o mon-tante de investimento executadoascendeu a 4,1 milhões de euros,sendo que 3,7 milhões de euroscorresponderam à execução deinvestimentos estruturais e 0,4milhões de euros à execução deinvestimentos funcionais”.

Entre os principais projectosde investimento estruturais rea-lizados em 2008 está a execuçãodo processo de expropriações, noâmbito da terceira fase da Via de

Cintura Portuária, que ascendeua 2,9 milhões de euros.

A execução da dragagem deestabilização do canal de nave-gação adjacente ao Terminal deGranéis Líquidos, Porto de Pescado Largo e Estaleiros Navais, nomontante de 0,9 milhões de eu-ros foi outro dos investimentosexecutados.

A APA conclui que “do custode investimento realizado em2008, 2.372 mil euros foi financia-do por fundos PIDDAC, 690 mileuros por fundos comunitários e1.041 mil euros por fundos daAPA”.l

Porto de Aveiro factura13 milhões de eurosO porto de Aveiro obteve, em 2008, um volumede negócios superior a 13 milhões de eurose um resultado líquido de 221 mil euros

NÚMEROS

13.052mil euros de volumede negócios

-510mil euros de resultadosoperacionais

221mil euros de resultado líquido

120trabalhadores

4,1milhões de euros de inves-timento executado em 2008

2,9milhões de euros foraminvestidos no processo deexpropriações

61,47%foi o crescimento do resul-tado operacional

EM 2008, A ADMINISTRAÇÃODO PORTO DE AVEIRO OBTEVEUM VOLUME DE NEGÓCIOS DE13.052 MIL EUROS, QUE COMPARAMCOM OS 11.583 MIL EUROS EM 2007

APA releva um crescimento no volume de negócios em 2008

58 DE MARÇO DE 2010 SEGUNDA-FEIRAWWW.DIARIOAVEIRO.PT

� O Porto da Figueira da Foz re-gistou, em 2009, um crescimentode 2,38 por cento no total de mer-cadorias movimentadas. De acor-do com informação disponibili-zada no site www.portodeavei-ro.pt, trata-se de um crescimen-to assinalável, atendendo ao fac-to de se ter verificado em ano deplena crise internacional, com oconsequente refluxo na movi-mentação de mercadorias anível mundial.

De destacar que 2009 foi o me-lhor ano de sempre em arqueaçãobruta, com um crescimento de0,66 por cento em relação a 2008.O Porto da Figueira da Foz, agorasob a tutela da APFF (Administra-

ção do Porto da Figueira da Foz),registou um crescimento de 3,07por cento nos Granéis Sólidos e de4,96 por cento na Carga Geral.

Relativamente às quantidadesmovimentadas, em 2009 regis-tou-se um aumento de 42,17 porcento no vidro para reciclagem,passando a constituir 20,06 porcento do movimento total de mer-cadorias. Nas madeiras há a assi-nalar um acréscimo de 36,83 porcento (10,60 por cento do movi-mento total de mercadorias); apasta química de madeira bran-queada subiu 12,40 por cento emrelação ao ano 2008, valendo ago-ra 33,52 por cento do movimentototal de mercadorias.

Meta: 1,8 milhõesde toneladas em 2015Em 2015, o Porto da Figueira da Fozprevê movimentar 1,8 milhões detoneladas, fruto da requalificação

das infra-estruturas portuárias eacessibilidades marítimas. A ex-pectativa foi divulgada pela secre-tária de Estado dos Transportes.“Acreditamos ser possível até 2015

passar dos cerca de milhão eduzentas mil toneladas por anoactuais para um milhão e oitocen-tas”, refere Ana Paula Vitorino.

A divulgação das metas para

2015 foi feita pela governante,aquando da cerimónia de apre-sentação pública da nova admi-nistração do Porto da Figueira daFoz (APFF), em Fevereiro de 2009.

Um dos investimentos no porto,o prolongamento do molhe Norte,estimado em 13 milhões de euros,tinha, na altura, conclusão previstapara o presente mês. A reabilitaçãodos molhes Sul e de guiamento doporto ficou concluída no Verão de2008, representando um investi-mento de cerca de 6,5 milhões deeuros. A intervenção no Porto daFigueira inclui ainda um milhão deeuros para obras de dragagem docanal navegável e para o prolonga-mento do terminal de granéis.l

Porto da Figueira da Foz fecha 2009com resultados positivosNo ano transacto, o Porto da Figueira da Foz alcançou o record em termosde arqueação bruta, para além de ter conseguido crescer em vários parâmetros

PORTO DA Figueira da Foz atingiu um crescimento de 2,38 por cento em 2009

6 8 DE MARÇO DE 2010 SEGUNDA-FEIRAWWW.DIARIOAVEIRO.PT

A ligação ferroviária vai finalmen-te estar operacional em Março. É a expectativa. A obra ficou con-cluída dentro do prazo previstopara a sua conclusão – Dezembrode 2009. A informação que temosda Rerfer é que, nos meses deJaneiro e Fevereiro, ia fazer-se tes-tes de carga (feitos pelo Laborató-rio Nacional de Engenharia Civil- LNEC), ensaios, fazer algumasafinações da própria obra parapoder ser licenciada na entidadepública competente – o IMTT –para depois poder entrar em iní-cio de exploração. O início de ex-ploração, como referi, está previs-to para Março. É o que temos nanossa calendarização.

É a concretização de um “sonho”?É a concretização de um processoque teve muitos volte-faces, difí-cil, mas que finalmente está com-pleto. Naturalmente sinto-mesatisfeito e contente por ter conse-guido concretizar esta obra.

Olhando para trás, quais foram ospontos críticos deste projecto?Teve vários volte-faces, desde aquestão da SIMRia, às questõescom a Câmara Municipal de Avei-ro (na altura com o Dr. AlbertoSouto), bem como as polémicaslevantadas em torno deste pro-cesso, mas penso que, com algumespírito de luta, conseguiu-se

concretizar. É um projecto estra-tégico e fundamental para o futu-ro do porto.

Quais são as expectativas agorapara a sua fase de exploração?Dentro do modelo de viabilidadeque temos definido, os estudosque temos feito e os contactos quetemos com os carregadores e ope-radores, estimamos que cerca de15 a 20 por cento das cargas quehoje se fazem no porto de Aveiro

possam ser transferidas para omodo ferroviário.

Granéis sólidos?Granéis sólidos, carga geral, gra-néis líquidos. Estimamos quecerca de 600 mil toneladas, o quesignifica que as cargas de cerca de30 mil camiões por ano que hojecirculam na A25 poderão vir a serfeitas via ligação ferroviária. É umimpacto significativo e espera-mos iniciar a fazer um comboiodiário. O objectivo é atingir umcomboio diário no primeiro ano eque chegando às 600 mil tonela-das significa dois a três comboiospor dia circulem no ramal. Para-

lelamente, há todo um projecto dedesenvolvimento de novas car-gas para o porto de Aveiro, novascargas essas no âmbito da cargageral, dos granéis sólidos e líqui-dos que virão da região espanho-la de Castela e Leão.

Com o alargamento do hinterland.Exacto e também novas cargasque hoje não fazemos no porto deAveiro e que é o novo projecto fu-turo do porto de Aveiro que é pas-sar o porto a fazer carga contento-rizada.

Quando acha que irão ter o pri-meiro comboio a passar?

Há alguma expectativa, estamosa falar com os operadores. Pôruma infra-estrutura destas emexploração também não é fácil. Épreciso recursos humanos, é pre-ciso formação, depois é precisoque os comboios venham cá. Osoperadores ferroviários estãoatentos a esse processo, a CP Car-ga está já a preparar uma políticacomercial para explorar a linha apartir do porto de Aveiro. A Ta-kargo também, da qual temos ainformação de que há um con-junto de cargas que estão a pensarfazer aqui. A Takargo, hoje, já estáa fazer cargas para o porto deAveiro usando a plataforma de

Cacia. Há um conjunto de cargasem que estão a usar a plataformae Cacia e que depois são transferi-das pelo modo rodoviário para oporto de Aveiro, que, com o ramala funcionar, deixam de parar emCacia e vêm directamente para oporto de Aveiro. Por isso é queestimamos que, com o início daexploração, algumas cargas pos-sam ser feitas logo no imediato,utilizando o ramal.

Utilizar um comboio por dia pa-rece pouco ou é um número ra-zoável?Um comboio por dia significa600 toneladas de carga.

Com este movimento vai aumen-tar exponencialmente a movimen-tação de carga no porto?O potencial do comboio é atraircargas novas ao porto e, natural-mente, vai trazer algum impactono número final do porto, porquetorna-se sustentável e competiti-vo, porque os custos das cargasferroviárias, das mercadorias, émuito mais baixo do que o custorodoviário para distâncias supe-riores a 100 quilómetros. Portan-to, há todo um conjunto de cargasque se façam para distâncias su-periores a 100 quilómetros, quenaturalmente hoje não vêm por-que não é competitivo.

JOSÉ LUÍS CACHOPRESIDENTE DA ADMINISTRAÇÃO DO PORTO DE AVEIRO

“[Ligação ferroviária] É um projectoestratégico para o futuro do porto”Em entrevista ao Diário deAveiro, José Luís Cachoassume que 2009 foi um anodifícil para o porto, que perdeu13 por cento na movimentaçãode cargas e que a ligaçãoferroviária, que entra emfuncionamento este mês, éestratégica para o futuro do porto

“O OBJECTIVOÉ ATINGIR UMCOMBOIO DIÁRIONO PRIMEIRO ANODE ACTIVIDADE” “O PROJECTO futuro do porto de Aveiro é passar a fazer carga contentorizada”

As ligações com as empresas edemais entidades privadas paraa exploração da linha ferroviáriatêm sido profícuas?Temos uma ligação muito fortecom as empresas. Criámos a co-munidade portuária e a nossa es-tratégia foi trazer as empresasque utilizam o porto para dentroda comunidade portuária. É umaestratégia importante, sentimosque é importante para a econo-mia e para as empresas estaremperto da autoridade portuária eperto do porto.

E em relação, concretamente, àligação ferroviária?Sei que tem havido contactoscom carregadores e os própriosoperadores ferroviários. Isso éum trabalho que tem sido desen-volvido pelos operadores ferro-viários e pelas empresas de esti-va e sei que eles estão atentos aessas novas oportunidades e jáestão a trabalhar na perspectiva

de, rapidamente, tirarem poten-cial e acrescentar algum valor àssuas empresas com a ligação fer-roviária.

Os objectivos definidos de aumen-tar consideravelmente a movimen-tação de cargas do porto de Aveirosão exequíveis?Os prognósticos de crescimentodo porto são exequíveis. O porto,naturalmente, vai crescer inde-pendentemente da questão dacrise, porque com o conjunto deinfra-estruturas que temos vin-do a fazer e com as novas cargasque estamos a captar para o por-to, naturalmente, que vamoscrescer. Naturalmente que se talse verificasse num cenário decrescimento da economia, cresce-ríamos mais; num cenário de cri-se, vamos crescer menos, mas va-mos crescer.

Face ao actual momento econó-mico,este investimento da ligaçãoferroviária foi concretizado em ple-no contra-ciclo e estará operacio-nal numa altura em que se apontapara um clima de retoma. É umsinal positivo?Dizem os bons gestores e econo-mistas que os investimentos de-vem ser feitos em contra-ciclo. Éuma oportunidade. Temos de vernos momentos de contra-ciclo,oportunidades para fazer os in-vestimentos certos e, se calhar,esses momentos de contra-ciclosão as oportunidades certas paraos investimentos. O país vive

uma situação muito difícil e nóssentimos um pouco. Como senti-mos a economia, sentimos asempresas, sentimos que as coi-sas não estão fáceis e que as difi-culdades vão continuar por maistempo do que esperamos. Esta-mos a acompanhar. Somos par-ceiros das empresas e todos jun-tos penso que estamos a procurarsoluções para ultrapassar esta fa-se. Procuramos ajudar as empre-sas a criar soluções para ultrapas-sar as dificuldades e este é, se ca-lhar, mais um meio que as podeajudar, a reduzir custos nas em-presas que é que as empresas pre-cisam, é de reduzir custos, torná-

las mais competitivas e estamosdisponíveis para as ajudar nesseprocesso.

Quando é que a linha estará a fun-cionar em velocidade cruzeiro?A linha, a partir do momentoem que entre em exploração,entra em velocidade cruzeiro.Acredito é que é um projectoque vai ter sempre uma curvacrescente de crescimento. Essavelocidade cruzeiro estará asso-ciada ao próprio crescimento doporto.

Mas as expectativas são elevadas?

São, que consigamos, atendendoao potencial que tem todo o nos-so hinterland e todas as empre-sas que estão à nossa volta, acre-dito que vai ter um grande de-senvolvimento nos próximosanos.

E a ligação com Espanha é es-sencial.É fundamental. Aliás, o potencialdeste ramal estará na captação denovas cargas no hinterland es-panhol.

O investimento inicial previsto de84 milhões de euros foi o realiza-do ou a obra sofreu algum conjun-to de obras a mais que o encare-ceram? Qual o custo final da obra?Não tenho essa informação, masdo que é do meu conhecimento,dentro da obra, é que esta estádentro do estabelecido, quer emtermos de custos quer em termosde data. A Refer está de parabénspelo trabalho que desenvolveu.Esta é uma obra exemplar e felici-to a Refer pelo trabalho que feznesta obra.

A par desta obra houve outras,nomeadamente a Via de CinturaPortuária. Já estão concluídas?A obra teve ali um pequeno pro-blema, que teve a ver com um pro-cesso de terrenos, de expropria-ções, no fecho, junto à A25. Deresto, a obra está dentro da calen-darização prevista. Houve uns pe-quenos atrasos, que teve a ver comuns processos de requalificaçãourbana, na parte urbana da Ave-nida dos Bacalhoeiros. É uma obradifícil, que teve que compatibilizarum conjunto de interesses urba-nos com os interesses portuários.Não foi uma obra fácil. Lembre-seque temos ali um corredor muitoestreito, onde teve que passar ocomboio, uma nova via em perfilde auto-estrada e um pequeno ar-ruamento urbano para servir as

casas que estão na Avenida dosBacalhoeiros. É uma obra muitodifícil, do ponto de vista da enge-nharia e tem ali uns pequenosatrasos, mas penso que no próxi-mo mês [Março] estará concluída.

Haverá um acto inaugural…Haverá, mas é algo que terá a verdirectamente com a tutela e va-mos ver se durante o mês de Mar-ço será possível efectivarmos ainauguração da obra. Contudo, aobra entra em operação em Mar-ço e a inauguração será uma ques-tão de agenda e disponibilidade datutela.

8 8 DE MARÇO DE 2010 SEGUNDA-FEIRAWWW.DIARIOAVEIRO.PT

JOSÉ LUÍS CACHO espera lançar, este ano, o concurso para o concurso para o melhoramento da acessibilidade marítima

O POTENCIALDO COMBOIO ÉATRAIR CARGASNOVAS AO PORTODE AVEIRO

DENTRO DO MODELO DE VIABILIDADEDEFINIDO, ESTIMA-SE QUE CERCA DE15 A 20% DAS CARGAS QUE HOJE SE FAZEMNO PORTO DE AVEIRO POSSAM SERTRANSFERIDAS PARA O MODO FERROVIÁRIO

10 8 DE MARÇO DE 2010 SEGUNDA-FEIRAWWW.DIARIOAVEIRO.PT

Como correu o último ano em ter-mos de movimentação de carga?2009 foi um ano muito difícil parao porto de Aveiro. Não me lembrode um ano tão difícil para o portode Aveiro quanto 2009, por váriosmotivos. Primeiro começou coma crise. O primeiro trimestre foicatastrófico para o porto e é ummau sinal, porque é o pulsar danossa economia e nesse pulsar vi-mos as empresas exportadoras,com as cargas de exportação a cairdrasticamente, bem como, natu-ralmente, as de importação. E osresultados do primeiro trimestreforam preocupantes. Lembro-meque chegámos ao primeiro tri-mestre e estávamos com decrésci-mo de cargas na ordem dos 20 a 30por cento. Depois começámos arecuperar, ao longo do ano, e che-gámos a Julho com o melhor mêsde sempre do porto de Aveiro. Oparadigma das coisas, Julho foi omelhor mês de sempre do portode Aveiro, em termos de movi-mentação mensal, o que apontavabons indicadores para o fecho doano. Mas, de repente, tivemos umproblema grave que ainda nãoestá resolvido, que foi a questão dagreve da estiva. O porto esteve emgreve durante o mês de Agosto, oque, naturalmente, teve um im-pacto muito negativo no porto e,em consequência disso, teve im-pactos não só nesse mês, mas quese repercutiram e se continuam arepercutir no movimento do por-to. É um problema que, infeliz-mente para nós, não está resolvi-

do. Por tudo isto, foi um ano difícil.O porto deve perder este ano cercade 13 por cento em relação ao anopassado, o que é um número sig-nificativo, mas acredito que se nãotivesse sido o impacto da greveque estaríamos positivos, apesardo efeito da crise. É um problemaque está a afectar o porto e que ain-da não está resolvido, mas acredi-to que da parte do sindicato dostrabalhadores e da parte das em-presas – é um problema que en-volve as entidades privadas queoperam no porto, não temos in-tervenção directa neste processo –estão a fazer um esforço no senti-do de resolver a questão de umaforma definitiva.

Acha que tal vai acontecer embreve?Espero que em 2010 este proble-ma fique definitivamente resolvi-do para bem de todos, da econo-mia, do porto, de todos. 2009 foi oano também que arrancámoscom a gestão do porto da Figueirada Foz. Foi um ano muito difícilpara quem trabalha na APA. Sãoos problemas estruturais de umaempresa que está a crescer e éuma situação normal, mas durapara quem cá está.

Acredita que este ano essa curvadescendente vai ser invertida?Não sei. Acredito que vamos recu-perar em relação a 2009. Esta situ-ação da estiva preocupa-me, por-que o problema não está resolvidode uma forma sustentada e sem

isso é difícil fazer cenários. Sãofactores que não controlamos.

E ter um cenário de greve em 2010...Seria catastrófico para o porto. Es-pero que o sindicato e as empre-sas de estiva cheguem a um en-tendimento e que as coisas se re-solvam de uma forma sustentadapara bem de todos.

2009 foi o primeiro ano de activida-de do porto da Figueira da Foz,geri-do pelo porto de Aveiro. De acordocom dados disponibilizados no site,este porto bateu recordes de movi-mentação (+2,38 por cento).Sim, na Figueira as coisas corre-ram de uma forma tranquila. Es-tamos a melhorar e a fazer gran-des investimentos na Figueira. Es-tamos a melhorar os processos demovimentação, os equipamentos,estamos também a fazer grandesinvestimentos na melhoria daacessibilidade marítima, que erauma fragilidade muito grandedaquele porto e as coisas estão acorrer bem. O porto cresceu, den-tro daquilo que estava nas nossasexpectativas. Mesmo apesar dacrise, a nossa expectativa era cres-cer já em 2009, o que aconteceu,batemos um recorde de movi-mentação na Figueira. Natural-mente estamos satisfeitos e pensoque vai continuar a crescer.

É um bom augúrio para o futuro?Vai continuar a crescer. Os nossosobjectivos na Figueira são um mil-hão e oitocentas mil toneladas em2015. Estamos a caminhar nessesentido. Vamos ver se consegui-mos atingir esse objectivo. Doponto de vista de estrutura de ges-tão, este ano as coisas correramem linha com o que estava previs-to no nosso modelo de viabilidadeque estabelecemos para a Figueira.

Há projectos futurospara a Figueira?Há bons investi-mentos previs-tos. Estamos, emparceria comaCâmara da Fi-gueira, a estu-dar a requali-ficação de to-da a frenteribeiri-n h a ,

estamos a procurar captar para aárea portuária novos investimen-tos e novas empresas. Estamos afazer o mesmo que aqui em Avei-ro, naturalmente que numa escaladiferente, mas estamos a traba-lhar, potenciando ao máximo asnossas infra-estruturas.

E quanto ao porto de Aveiro, aca-baram-se os investimentos?Os investimentos nos portos nun-ca acabam. As infra-estruturasportuárias exigem permanente-mente grandes investimentos. Sãocíclicos. Este é um ciclo de um novoinvestimento, é um projecto de ex-pansão e agora vamos fazer inves-timentos de reabilitação, de me-

lhorias. O próximo investimento afazer é no desenvolvimento daPlataforma de Logística associadaao projecto de movimentação decontentores. Esses são os próxi-mos investimentos que vamosfazer nos próximos dois/três anos,a par da acessibilidade marítima,que é uma obra que temos previstopara este ano e que contamos pô-laa concurso este ano. Estamos a tra-balhar nisso para fechar todo esteciclo de investimentos do Plano deExpansão do porto de Aveiro.

O que vai implicar esse projectoda acessibilidade marítima?Vai implicar o prolongamento domolhe Norte em cerca de 200 me-

tros. Já teve uma declaração doestudo de impacte ambientalfavorável. Estamos a ultimar unspequenos acertos com o Minis-tério do Ambiente, para articularo cumprimento e as obrigaçõesrelativamente à declaração de im-pacte ambiental para ver se con-seguimos lançar rapidamente oconcurso para executar a obra.

Que estará pronto, segundo essecaderno?...Em 2011/2012. É uma obra que de-morará cerca de ano e meio a con-cretizar e que vai ser importantepara melhorar a segurança da na-vegabilidade e a estabilização dabarra.

José Luís Cacho, presidente daAPA, assumiu que “o primeirotrimestre [2009] foi catastróficopara o porto de Aveiro”

“2009 foi um ano muito difícilpara o porto de Aveiro”

12 8 DE MARÇO DE 2010 SEGUNDA-FEIRAWWW.DIARIOAVEIRO.PT

TRABALHADORES

1500numa média de 83 trabalhadores/mês

EMPRESAS

200nas várias compo-

nentes da cons-

trução da Ligação

Ferroviária ao

Porto de Aveiro

ACIDENTES

2com participação à Autoridade para as

Condições do Trabalho, que resultaram em

dois feridos sem gravidade.

COMPARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIAFundo FEDER - Fundo Europeu de Desenvolvimento

Regional� Ramal de Ligação Ferroviária ao Porto de Aveiro

1ª e 2ª fases

Valor Candidatura: 31.022.594 €

Comparticipação: 65%� Terminal Multimodal de CaciaValor Candidatura: 12.500.000,00 €

Comparticipação: 65%

INVESTIMENTO

72,7milhões de euros repartido por três componentes:� Plataforma Multimodal de Cacia� Ramal do Porto de Aveiro� Sinalização, Telecomunicações, Convel e RádioSolo-

Comboio (empreitadas comuns à Plataforma Multimodal

de Cacia e ao Ramal do Porto de Aveiro).

N.º TOTAL DE HORAS TRABALHADAS

844 049 horas

FONTE: REFER

138 DE MARÇO DE 2010 SEGUNDA-FEIRAWWW.DIARIOAVEIRO.PT

PLATAFORMA MULTIMODAL DE CACIAA Plataforma Multimodal de Cacia, inaugurada a 20 de Fevereiro de 2009,

com oito linhas, das quais, três electrificadas, funciona como interface

entre o Ramal Ferroviário de Ligação ao Porto de Aveiro e a Linha do Norte.

RAMAL DE LIGAÇÃO FERROVIÁRIAAO PORTO DE AVEIROO Ramal de Ligação Ferroviária ao Porto

de Aveiro tem uma extensão de 9 km,

em via única não electrificada (carga

máxima por eixo de 25 toneladas e

velocidade de projecto de 60 km/h).

3.ª FASEEsta última empreitada foi consignada ao consócio Ferrovias e

Construções, SA / Somafel – Engenharia e Obras Ferroviárias, SA em

Agosto de 2009.

1.ª FASEA empreitada “Ligação Ferroviária ao Porto de Aveiro� entre o km 0,000 e o Viaduto de Acesso à Ponte da Gafanha” foi adju-

dicada à empresa SOMAGUE Engenharia S.A, em Setembro de 2007.

Esta fase contemplou a construção da plataforma ferroviária até à Ponte

da Gafanha (km 6,500), constituída essencialmente por viadutos e pontes

em betão armado.

2.ª FASEEsta intervenção foi consignada à empresa Obrecol – Obras e Construções, SA em Fevereiro de 2008.

Esta fase visou dar continuidade ao traçado da infra-estrutura ferroviária, desde o viaduto de acesso à Ponte

da Gafanha (exclusive) até ao Porto de Aveiro e compreendeu os seguintes trabalhos:� Construção da plataforma de suporte da via- férrea entre o km 6,500 e o km 8,800 (entrada no Porto de

Aveiro) para circulação de composição de mercadorias;� Construção das plataformas dos feixes ferroviários no interior do Porto de Aveiro, com o objectivo de

servir os terminais específicos do sector comercial aí existente;� Construção de uma via de cintura portuária (rodoviária), com uma extensão aproximada de 3.710 metros.

� Até à recente conclusão dasobras, o Porto de Aveiro era a úni-ca das cinco principais infra-es-truturas portuárias portuguesasque não estava ligada à rede ferro-viária nacional. “Com a concreti-zação desta ligação, a rede ferrovi-ária nacional passará a servir ascinco principais unidades do sis-tema portuário nacional (Leixões,Aveiro, Lisboa, Setúbal e Sines)”,salienta Pedro Cota, director deconstrução da Refer.

Finalizada dentro dos prazosestabelecidos, a obra da ligação fer-roviária ao Porto de Aveiro impli-cou um custo total de 72,7 milhõesde euros. Segundo Pedro Cota, aobra “visou ligar a Linha do Norteao Porto de Aveiro através da cons-trução de uma plataforma ferrovi-ária, em grande parte da sua exten-são, por questões técnicas e am-bientais, assente em obras de arte eviadutos de betão armado”.

Nove quilómetros de via-férreaNesse âmbito, foram instaladosnove quilómetros de via-férrea en-tre a saída do Terminal de Cacia e aentrada no Porto de Aveiro, bemcomo um feixe de cinco linhasdentro do Porto de Aveiro com cer-ca de seis quilómetros. Além disso,para repor as acessibilidades afec-tadas pela construção do ramal fo-ram construídos 3,7 quilómetrosde vias rodoviárias.

Até ao fecho da edição deste su-plemento, nem a Administração

do Porto de Aveiro (APA), nem aRefer anunciaram a data da inau-guração da ligação ferroviária, no

entanto, a gestora da Rede Ferro-viária Nacional adianta que o even-to vai realiza-se ainda em Março,

sendo que o programa está a serarticulado com a APA. O funcio-namento da nova via-férrea emvelocidade de cruzeiro dependerá“da evolução da economia nacio-nal e internacional”, considera Pe-dro Cota.

Plataforma atlântica para os movimentos internacionaisO responsável não tem dúvidasde que este é um projecto estraté-gico não só para a Refer e para oPorto de Aveiro, como tambémpara o país, “que se pretende afir-mar como uma plataforma atlân-tica para os movimentos interna-cionais no mercado ibérico e euro-peu”. Segundo o dirigente, a “fer-rovia desempenha um papel cen-tral nesta prioridade do Governo,estando a Refer a promover liga-ções ferroviárias às plataformaslogísticas da rede nacional, aosportos, aos aeroportos, às frontei-ras e demais geradores/atractores

de carga, como forma de incre-mentar o transporte ferroviáriode mercadorias”.

Tal como referido por PedroCota, “trata-se de um investimen-to prioritário nos termos das Ori-entações Estratégicas para o SectorFerroviário, aprovadas pelo Go-verno em 2006, e concebido numaperspectiva multimodal, que irácontribuir para o incremento dotransporte ferroviário de merca-dorias e para a expansão e melho-ria da competitividade do Porto deAveiro”. O director de construçãoda Refer realça a importância dasnovas acessibilidades para a eco-nomia regional e nacional, consti-tuindo “a resposta a uma aspira-ção acalentada há muito pelos res-ponsáveis portuários, autoridadeslocais e empresas da região”.

“Aumento daintermodalidade”Para a Refer, o estabelecimento da

ligação por caminho-de-ferro aoPorto de Aveiro permite contribu-ir, “decisivamente, para a oferta deserviços de excelência de trans-porte e logística, através do au-mento da intermodalidade”, refe-re Pedro Cota, destacando as van-tagens ambientais do transporteferroviário, em detrimento do trá-fego rodoviário pesado.

Por outro lado, o director deconstrução da Refer realça as opor-tunidades de desenvolvimento quea nova linha de comboios poderáproporcionar, nomeadamente, pe-lo facto de criar “novas possibilida-des de aproveitamento das econo-mias de escala e de vizinhança,quer a nível nacional, quer a nívelinternacional, garantindo o escoa-mento transversal de mercadoriasde e para Espanha, e para o resto daEuropa”.

O responsável conta que apesardas dificuldades de percurso, oprojecto, “pelos objectivos estraté-gicos que lhe estão subjacentes,nunca esteve em causa”. Ao longodo processo de construção, os pon-tos críticos da obra prenderam-se,sobretudo, com questões relacio-nadas com a estabilização do tra-çado, geometria da via, aspectosgeológicos e geotécnicos, condicio-nantes ambientais e a proximida-dedo interceptor da SIMRia.

Outras obrasem cursoPara além de um significativo con-junto de obras de supressão depassagens de nível por todo o país,a Refer tem em curso um vastoprograma de investimentos, entreos quais, a modernização da Linhado Norte, a remodelação do troçoCaíde-Marco (Linha do Douro), aquadruplicação do troço Contu-mil-Ermesinde (Linha do Minho),a modernização dos troços CasteloBranco-Covilhã e Covilhã-Guar-da (Linha da Beira Baixa), a moder-nização do troço Bombel e Vidigal-Évora (Linha do Alentejo e de Évo-ra), a remodelação da Estação deSetúbal, a construção das Varian-tes de Alcácer (Linha de Sul) e daTrofa (Linha do Minho), a quadru-plicação do troço Barcarena-Ca-cém (Linha de Sintra), a moderni-zação da Linha de Cascais e a cons-trução do Sistema de Mobilidadedo Metro do Mondego.l

14 8 DE MARÇO DE 2010 SEGUNDA-FEIRAWWW.DIARIOAVEIRO.PT

Ligação ferroviáriaé “um investimento prioritário”Dentro das Orientações Estratégicas para o Sector Ferroviário, o acessopor caminho-de-ferro ao Porto de Aveiro era fundamental, refere Pedro Cota

Refer gereconstrução e modernizaçãoda ferrovia

� A Refer – Rede FerroviáriaNacional, E. P. E., na tutelados Ministérios das Finan-ças e das Obras Públicas,Transportes e Comunica-ções – Secretaria de Estadodos Transportes, foi criadaem 1997, consistindo o seuprincipal objectivo na pres-tação do serviço público degestão da infra-estruturaintegrante da rede ferroviá-ria nacional, incluindo aconstrução e modernizaçãoda referida infra-estrutura. Nos pressupostos da inde-pendência da gestão dasempresas de TransporteFerroviário, a Refer articula-se com o Instituto da Mo-bilidade e dos TransportesTerrestres, com o Gabinetede Investigação e Segurançae de Acidentes Ferroviários ecom os diferentes oper-adores de transporte de pas-sageiros e de mercadorias.

LIGAÇÃO ferroviária ao Porto de Aveiro deverá ser inaugurada ainda este mês

16 8 DE MARÇO DE 2010 SEGUNDA-FEIRAWWW.DIARIOAVEIRO.PT

� “A já concluída ligação ferroviá-ria permitirá desencravar o Portode Aveiro de uma importância his-tórica regional, para uma dimen-são nacional e Ibérica”, salienta Ro-cha Soares, presidente do Conse-lho de Administração da CP Car-ga, um dos operadores da novainfra-estrutura portuária.

Na média/longa distância con-tinental, a ferrovia possibilitará,em fluxos de maior massificaçãologística, “uma redução de custoentre os 20 e os 30 por cento”, frisaRocha Soares.

A CP Carga SA considera im-perativa, no seu plano estratégico,a sua presença nos fluxos opera-dos nos portos nacionais com li-gação ferroviária destes às princi-pais zonas económicas e à matrizindustrial da Península Ibérica.

Com o redesenho das acessibi-lidades ao Porto de Aveiro, e ten-do em conta as característicasdeste e sua localização, a CP Cargaestá “particularmente empenha-da, conjuntamente com a APA

(Administração do Porto de Avei-ro), com a qual tem já firmado umprotocolo de cooperação, em de-senvolver soluções logísticas es-pecialmente dirigidas interna-mente à grande Lisboa e ao Sul dopaís e, sobretudo, a afirmação da-quela infra-estrutura portuária

como solução de entrada e saídade fluxos operados num eixotransversal Ibérico (Aveiro/Sala-manca/Valadolid/Madrid) pela in-tegração do transporte ferroviário”.

Quatro a seiscomboios por diaPara 2011, a CP Carga SA prevê umritmo de actividade na ordem dosquatro a seis comboios por dia, emfluxos de logística mais massifica-da como contentores, materiais de

construção, matérias-primas eprodutos da fileira florestal. As ex-pectativas são feitas numa pers-pectiva conservadora e em resul-tado dos contactos que a CP Cargatem estabelecido com clientes di-rectos e com potenciais parceiros.

Segundo o presidente do Conse-

lho de Administração da CP Car-ga, “a evolução da actividade deve-rá situar-se entre cinco a dez porcento ao ano, nos primeiros cincoanos, e outro ritmo de crescimentoserá função do grau de competiti-vidade do Porto de Aveiro e dassoluções logísticas instrumentaisa ele dirigidas”.

Caso se confirmem os níveis deactividade esperados para 2011, aligação ferroviária ao Porto deAveiro representará para a CP

Carga SA ganhos em volume denegócio entre seis e nove por cen-to. Em termos de eficácia ambien-tal, na qual o transporte ferroviá-rio tem uma vantagem de cincopara um, será gerada uma pou-pança entre os 10.500.000 euros eos 15.750.000 euros naquele ano,segundo indicadores considera-dos pela UIC (União Internacionaldos Caminhos de Ferro).

Capacidade inesgotávelRocha Soares considera a capaci-dade do Porto de Aveiro “tendenci-almente inesgotável”, visto o lay-out ferroviário interno ser “um ca-so exemplar de modelação”. Con-tudo, o desafio do crescimento, con-tinua o responsável, é “uma res-ponsabilidade multi-dirigida aoconjunto dos intervenientes nassoluções logísticas”, designada-mente, a autoridade portuária, aRefer, os operadores ferroviários, oregulador, os operadores portuá-rios e os operadores logísticos.

A cooperação será, desta forma,

uma palavra de ordem para quehaja uma convergência de dife-rentes interesses, que segundo Ro-cha Soares, “será o instrumentoessencial à implementação de so-luções multimodais competitivase que são imperativas do cresci-mento da actividade”. Nesse senti-do, a CP Carga está “completa-mente disponível” para a coopera-ção, sendo esta “um dos seus prin-cipais instrumentos estratégicos”,sublinha o responsável.

Tal como refere Rocha Soares, “oProjecto Portugal Logístico assen-ta, essencialmente, no aumento dacompetitividade do sector portuá-rio e do sector ferroviário, que é,simultaneamente, função da mo-dernização das infra-estruturas eda implementação de soluções lo-gísticas continentais, que, combase na multimodalidade maríti-mo-ferroviária, se traduz em gan-hos económicos para os clientes deambos, e por aí a afirmação de Por-tugal como país exportador de lo-gística”.l

Ferrovia permitirá “redução de custoentre os 20 e os 30 por cento”Segundo Rocha Soares, “o Projecto Portugal Logístico assenta, essencialmente,no aumento da competitividade do sector portuário e do sector ferroviário” CP Carga

opera notransporte demercadorias

� A CP Carga – Logística eTransportes Ferroviários deMercadorias S.A., constituídaem 13 de Julho de 2009 e tendocomo accionista único a CPComboios de Portugal E.P.E,desenvolve a sua actividade notransporte de mercadorias porvia ferroviária, quer emPortugal, quer no estrangeiro.

De acordo com informaçãopresente no site http://www.cpcarga.pt, a CP Carga S.A. élíder no mercado nacional,assegurando as mais competi-tivas soluções de integração dotransporte ferroviário nasmais variadas cadeias logísti-cas da Península Ibérica.

A empresa tem como mis-são satisfazer as necessida-des de transporte nacional einternacional de mercadoriasdos seus clientes, fazendo-ocom padrões de elevadodesempenho, qualidade esegurança.

A CP Carga desenvolve asua actividade em torno dealguns valores fundamentais:segurança (baixa sinistralida-de e aumento da segurançapessoal), qualidade (pontua-lidade, frequência e higiene),ambiente (meio de transportepouco poluente), serviço (acti-vidade orientada e direccio-nada para o cliente), profissio-nalismo (espírito de equipa erigor), ética (verdade, honesti-dade e transparência) e inicia-tiva (inovação e dinamismo).

Tal como referido emhttp://www.cpcarga.pt, cadacomboio de mercadoriasreduz, em média, a circulaçãode 20 camiões TIR de longocurso (carga máxima: 25 tone-ladas) nas estradas portugue-sas (para um comboio-padrãode 500 Ton. Líq.), diminuindoas emissões de CO2 - porqueutiliza energia eléctrica - ocongestionamento, as proba-bilidades de ocorrência de aci-dentes e muitos outros custosambientais.

CONTUDO, O DESAFIO DO CRESCIMENTO,CONTINUA O RESPONSÁVEL, É “UMARESPONSABILIDADE MULTI-DIRIGIDAAO CONJUNTO DOS INTERVENIENTESNAS SOLUÇÕES LOGÍSTICAS”

EM TERMOS de eficácia ambiental, o transporte ferroviário tem uma vantagem de cinco para um

18 8 DE MARÇO DE 2010 SEGUNDA-FEIRAWWW.DIARIOAVEIRO.PT

ZONAS PORTUÁRIAS

� PORTO DE PESCA COSTEIRAEste sector oferece um conjunto de infra-estruturas dedicadas à descarga, armazenagem e com-ercialização de pescado para os comerciantes locais. A lota e a fábrica de gelo encontram-se con-cessionadas à empresa Docapesca, Portos e Lotas, S.A..O porto de Abrigo para a Pequena Pesca detém a capacidade para 136 embarcações, dispõe de 1edifício de apoio e 72 armazéns de aprestos para os comerciantes locais de pescado.

� PORTO DE PESCA DO LARGOEste terminal serve os armadores de pesca do largo e as indústrias de processamento do pesca-do instaladas na Gafanha da Nazaré e detém 17 pontes-cais com fundos de aproximadamente -7metros (Z.H.). Este sector inclui um Terminal Especializado de Descarga de Pescado com 160 me-tros de comprimento, totalmente equipado com as infra-estruturas necessárias ao funcionamentode uma unidade desta natureza.

� ZALI - ZONA DE ACTIVIDADES LOGÍSTICAS E INDUSTRIAISO Porto de Aveiro conta com uma área de 130 hectares servida com óptimos acessos terrestres(auto-estrada e linha férrea), situada entre o Terminal Ro-Ro e o Terminal de Granéis Sólidos ondese situa a área da ZALI - Zona de Actividades Logísticas e Industriais.A ZALI será uma plataforma logística portuária intermodal com a missão de facilitar a implantaçãode empresas operadoras do sector logístico e de empresas para as quais o factor de proximidadecom o Porto pressuponha um valor acrescentado à sua cadeia logística. A plataforma dispõe deuma linha de cais de 1080 metros com um calado de 12 metros.

� PLATAFORMA LOGÍSTICA PORTUÁRIA DE AVEIRO - PÓLO DE CACIAInaugurado no passado dia 20 de Fevereiro de 2009, o Pólo de Cacia da Plataforma LogísticaPortuária de Aveiro situa-se a cerca de 9 quilómetros do Porto e inclui uma ligação directa à Linhado Norte (Porto - Lisboa).

� TERMINAL NORTEDispõe de um cais acostável de 900 metros de comprimento e 328 mil metros quadrados de ter-raplenos. A área de armazenagem a coberto é constituída por oito armazéns, sendo dois delespara recepção e armazenagem de cimento a granel, dispondo de uma unidade de ensacamento.Este terminal encontra-se vocacionado para a movimentação de carga geral e granéis sólidostendo como principais mercadorias movimentadas o cimento, cereais, pasta de papel, perfiladosmetálicos, aglomerados de madeira e argilas. Contempla ainda um cais de serviços de 250 met-ros destinado a embarcações de apoio.

� TERMINAL ROLL ON ROLL OFFEste terminal consta de um cais com 450 metros de comprimento, fundos à cota de -12, 00 m(Z.H.), 138 mil metros quadrados de terraplenos devidamente infraestruturados, com áreasdefinidas para parqueamento e (des)embarque.

� TERMINAL DE GRANÉIS LÍQUIDOSTerminal especializado, destina-se exclusivamente ao tráfego de granéis líquidos. Constituído portrês pontes-cais, as instalações desta zona portuária são presentemente exploradas por diversasentidades privadas dedicadas à movimentação e armazenagem de diversas mercadorias: cloretode vinilo, combustíveis, anilinas, MDI, metanol e vinho.

� TERMINAL DE GRANÉIS SÓLIDOSTerminal dedicado à movimentação de granéis sólidos, tendo sido concebido para dar resposta aduas áreas especializadas: granéis agro-alimentares e não alimentares. Apresenta uma área de150 000 m2 com um total de 750 metros de cais e fundos à cota -12 metros. Este terminal apre-senta um elevado potencial de exploração para as indústrias ligadas ao sector alimentar, cerâmicoe de construção.

� TERMINAL SULA exploração comercial da operação neste terminal encontra-se concessionada em regime deserviço público, à empresa Socarpor - Sociedade de Cargas Portuárias (Aveiro), S.A.. Trata-se dainstalação portuária mais próxima da cidade de Aveiro. Dispõe de um cais acostável com 400metros de comprimento, fundos à cota de -7,00 metros (Z.H.) e cerca de 47 mil metros quadradosde terraplenos. A área de armazenagem a coberto é constituída por um telheiro e três armazéns,sendo dois deles para recepção e armazenagem de cimento a granel. Este terminal movimentasobretudo cimento, pescado, cereais, sal, caulino, argilas, perfilados metálicos e pasta de papel.

� A APA (Administração do Portode Aveiro) e a AIDA (AssociaçãoIndustrial do Distrito de Aveiro) sãoas entidades portuguesas que inte-gram o projecto Proposse – Pro-moção do Transporte Marítimo deCurta Distância –, projecto co-fi-nanciado com fundos Feder, noâmbito do Programa de Coopera-ção Transnacional do Espaço Atlân-tico 2007-2013. Tal como referidonosite www.portodeaveiro. pt, trata-se de um projecto de cooperaçãoentre portos europeus do ArcoAtlântico, com vista à promoçãodo transporte marítimo de curtadistância entre as PME fixadasnas suas zonas de influência.

Com duração até ao final de2010, o Proposse tem um custo deinvestimento de 2,1 milhões de eu-ros, financiado em 65 por cento pe-los fundos Feder.

Parceiros envolvidos no projectoEntre os parceiros envolvidos no

projecto, encontra-se os portos deGijón, Le Havre, Poole e Cork, a Câ-mara de Comércio de Oviedo, aAssociação Industrial do Distritode Aveiro e a Marine South East,Lta (entidade de investigação e dedesenvolvimento inglesa na áreado transporte marítimo).

Em Dezembro passado reali-zou-se, no Porto de Aveiro, a tercei-ra reunião de acompanhamentodos parceiros do Proposse, que te-ve como principal objectivo apre-

sentar os resultados da actividadede Identificação dos Serviços deTransporte Marítimo de Curta Dis-tância, bem como os resultadospreliminares de um questionário eentrevistas efectuadas às princi-pais empresas dos hinterland dosportos participantes. Em Portugalesta acção foi desenvolvida pelaUniversidade de Aveiro, em parce-ria com a APA e a AIDA, tendo sidocontactadas cerca de 100 empresasdo tecido industrial da Região Cen-tro de Portugal.

Espaço AtlânticoO Espaço Atlântico é um territóriode cooperação transnacional queinclui todo o território da Irlanda,as regiões atlânticas de Portugal, deEspanha, de França e do ReinoUnido. O principal objectivo dacooperação é o arranque efectivode novas linhas de transporte ma-rítimo de curta distância (Short SeaShipping – SSS) entre os países erespectivas regiões participantes.

A motivação para o lançamentodeste projecto provém da necessi-dade crescente de dar resposta aoaumento do congestionamento dotráfego rodoviário nas vias rodovi-árias do norte da Europa, projec-tando outras alternativas de tran-sporte, designadamente serviçosde transporte marítimo de curtadistância (serviços SSS). Com efei-to, a implementação bem sucedidadestes novos serviços pode tradu-zir-se na efectiva redução de cus-tos, bem como a redução do impac-to ambiental negativo das operaçõ-es de transporte de mercadorias.l

APA é parceira decooperação entreportos europeusPortos europeus do Arco Atlântico unem-se com vistaà promoção do transporte marítimo de curta distânciaentre as PME das respectivas zonas de influência

Tarefas adesenvolverno âmbitodo projecto

� Identificação de serviçosde SSS existentes;� Conhecimento dos fluxosde mercadorias das PME´slocalizadas nos hinterlandsdosportos participantes;� Análise das necessidadesdas PME´s quanto aos ser-viços logísticos comple-mentares;� Concepção de serviçospotências de SSS;� Promoção de aliança comoperadores rodoviários emarítimos;� Desenvolvimento de cam-panhas de divulgação e pu-blicitação das vantagens dotransporte de SSS e resulta-dos do projecto.

Principaisobjectivosdo projectoPropose

� Contribuir para um reforçoda quota de mercado doTransporte Marítimo CurtaDistância em sede das cadeiaslogísticas intra-europeias;� Contribuir para umreforço do porto de Aveiro noSSS/ AEM;� Contribuir para umaumento da competitividadedas PME´s fixadas nas áreasde influência dos portos par-ticipantes;� Contribuir para umaumento da eficiênciaeconómica e ambiental dosistema de transportes e dacompetividade das PME´sfixadas nos áreas de influên-cia dos portos participantes.

20 8 DE MARÇO DE 2010 SEGUNDA-FEIRAWWW.DIARIOAVEIRO.PT

�Repórteres de palmo e meio tes-temunharam, em Janeiro passa-do, a primeira viagem oficial nalinha ferroviária que liga a estru-tura portuária de Aveiro à Pla-taforma Multimodal de Cacia.

Para além do privilégio de rea-lizarem a primeira viagem no no-vo meio de transporte de merca-dorias do porto, aos mini-repór-teres coube a “responsabilidade”de documentar o momento comfotografias que passarão a inte-grar o Arquivo Histórico-Docu-mental da APA (Administraçãodo Porto de Aveiro).

Das fotos captadas, serão selec-cionadas algumas dezenas paraintegrarem exposição em local adesignar e, provavelmente, emdata coincidente com a inaugura-ção da ligação ferroviária. Esteconjunto de fotos deverá, tam-bém, ficar disponível no site doArquivo Histórico-Documentalda APA e em outros suportes daWeb. A possibilidade de publica-ção de um álbum em suporte depapel será também tida em contapela APA.

Associando-se ao simbolismodeste acto, o presidente do Con-selho de Administração da APA,

José Luís Cacho, integrou o pri-meiro de três percursos, contan-do a segunda viagem com a pre-sença de Rui Paiva, membro doConselho de Administração do

Porto de Aveiro. Para além da cap-tação de imagens, as criançasforam sensibilizadas para a artede fotografar ensinando-se-lhesos princípios básicos de funcio-

namento das máquinas fotográ-ficas digitais, alguns itens da his-tória da fotografia e noções do tra-tamento/manipulação digital dasimagens.

Uma acção de carácterlúdico, formativo e culturalA iniciativa “Mini-Repórteres” foium evento de carácter lúdico/ for-mativo/cultural promovido pela

Administração do Porto de Aveiroao longo de nove meses, que per-mitiu às crianças registar ima-gens ligadas à actividade portuá-ria, tais como as obras da ligaçãoferroviária ao Porto de Aveiro, otrabalho na Navalria, entre outros.

A actividade envolveu pertode trinta crianças e jovens, res-ponsáveis por um espólio queultrapassou os cinco milhares defotografias. Destinada a criançasentre os 8 e os 16 anos, desenro-lou-se em três sessões de campo,sempre aos sábados à tarde. Aprimeira sessão realizou-se a 9de Maio de 2009; a segunda a 27de Junho de 2009; a terceira nopassado dia 23 de Janeiro.

A acção “Mini-Repórteres”,que contou com o apoio da Refer,da Navalria, da Ferrovias e doDiário de Aveiro, teve a coorde-nação de Fausto Correia, fotógra-fo com várias exposições no cur-riculum e especialista na área dotratamento digital de imagem.De registar ainda o apoio da Ca-pitania do Porto de Aveiro, doInstituto de Socorros a Náu-fragos, da Ecoria e do Departa-mento de Pilotagem do Porto deAveiro.l

Mini-repórteres fotografam1.ª viagem oficial no caminho-de-ferroAdministração do Porto de Aveiro deverá, em breve, promover exposiçãocom as melhores fotografias tiradas sob a perspectiva dos mais novos

DAS FOTOS CAPTADAS, serão seleccionadas algumas dezenas para integrarem exposição

SE A BARRAdo Porto de Aveiro secomeçou a consolidar em 1808,ainda nos começos do século XX sehesitava quanto à sua estabilidadee se pensava num grande porto deáguas profundas, entre Leixões eLisboa, localizado no prolonga-mento para sul do Cabo Mondego.Tal não aconteceu, mas felizmenteque se conseguiram consolidar asbarras de Aveiro e do Mondego.São hoje portos de menores capa-cidades mas fundamentais para odesenvolvimento económico dazona centro do País.

As Orientações Estratégicaspara o Sector Marítimo-Portuá-rio, documento elaborado peloGoverno em 2006, definiu, comvista a um reforço da sua compe-titividade, um novo enquadra-mento institucional para o mes-mo que passava, nomeadamente,pela transformação dos portossecundários em unidades empre-

sarias, com autonomia de gestão,numa lógica articulada com osportos principais, retirando-os daárea de administração directa doInstituto Portuário e dos Trans-portes Marítimos. Foi neste con-

texto que, em Novembro de2008, foram criadas as socie-dades anónimas APVC-Administração do Portode Viana do Castelo,S.A. e a APFF - Ad-ministraçãodo Portoda Figueirada Foz, S.A., cu-jas únicas accio-n i s t a ssão res-pectiva-mente a APDL, S.A. e aAPA, S.A..

O objectivo éo de que, os por-tos secundários aoserem complemen-tados com os portosprincipais mais próxi-

mosconstituamum cluster portuário, um na re-gião centro, formado pelos portosde Aveiro e da Figueira da Foz e ooutro, na região norte, formadopelos portos de Leixões e Vianado Castelo, visando, dentro dasua optimização operacional e fi-nanceira, o desenvolvimentodas regiões que servem e ondese inserem.

O cluster portuário da regiãoCentro, integrando os portos deAveiro e da Figueira da Foz, é vitalcomo pólo dinamizador da Re-

gião Centro do País assim comopara a Comunidade Autonó-mica de Castela-Leão que pre-tende ter a sua acessibilidade aoAtlântico totalmente indepen-dente de circulações logísticasatravés das Comunidades Auto-nómicas da Galiza e Astúrias.Relativamente cluster portuáriodo norte, verifica-se que a suaárea de influência tendencial-mente se expande para a Galiza,enquanto não se rasgam novasrodovias no alinhamento dosparalelos mas sem hipóteses fer-roviárias directas, associando-se aos vários portos da Galizacom quem, por outro lado, tem

que com-petir, usando o porto seco de

Orense para se projectar a oeste,para a Europa. O nosso clusterportuário tem o seu eixo logístico,a partir da frente atlântica dosportos de Aveiro e da Figueira daFoz, via Viseu – Guarda – Sala-manca – Valladolid, apoiando-seno porto seco de Salamanca, ser-vindo a zona noroeste de Madride a Europa.

São 2 eixos logísticos a preser-var e a desenvolver, consideran-do-se que qualquer argumento deagregação é contra-natura já que

cada um responde a zonas comperfis geopolíticos e económicosdiferenciados.

São, no entanto, visíveis uns,subliminares outros, os impedi-mentos e atrasos com que esteplano se confronta, em manifes-to prejuízo da estrutura portuá-ria do Distrito de Aveiro, com oseu porto e nó de enlace ferroviá-rio em Cacia, e complementadocom o porto da Figueira da Foz nodistrito de Coimbra. Nomeada-mente com o atraso da definiçãofinal do eixo ferroviário emdirecção a Salamanca. Enquantose discute o “sexo dos anjos” com

as ligações ferroviárias ibéricasde alta velocidade, esquecemos anecessidade vital para a nossa re-gião, uma das mais empreende-doras do todo nacional, de umaligação ferroviária moderna e demédia velocidade ao hinterlanddo nosso poderoso vizinho,Castela-Leão.

Esperamos que todos os acto-res institucionais aveirenses as-sumam, de facto e objectivamen-te, as suas responsabilidades nes-te confronto ainda subliminarmas perigoso para a expansão edesenvolvimento aveirense. Nós,

na FEDRAVE – Fundação para oEstudo e Desenvolvimento daRegião de Aveiro, procuraremosapoiar, a partir das análises exis-tentes – tanto do foro geopolíticocomo do económico-social, osprojectos desenvolvimentistasaveirenses que não pretendemsubalternizar nenhuma outraregião mas pretendem poder de-senvolver-se a um ritmo e modoindependente de interesses ter-ceiros, sobretudo quando sãomanifestamente competitivos eescassamente complementares.Com a necessária autonomia pa-ra escolhermos os projectos declara complementaridade.

22 8 DE MARÇO DE 2010 SEGUNDA-FEIRA

WWW.DIARIOAVEIRO.PT

O Porto de Aveirona encruzilhada de 2010…� ARMANDOTEIXEIRACARNEIRO

� Director do ISCIA

OPINIÃO

“PROCURAREMOS APOIAR, A PARTIR DAS ANÁLISES EXISTENTES, TANTODO FORO GEOPOLÍTICO COMO DO ECONÓMICO-SOCIAL, OS PROJECTOSDESENVOLVIMENTISTAS AVEIRENSES QUE NÃO PRETENDEMSUBALTERNIZAR NENHUMA OUTRA REGIÃO MAS DESENVOLVER-SEA UM RITMO INDEPENDENTE DE INTERESSES TERCEIROS”

O CLUSTERPORTUÁRIO DOCENTRO É VITALNA DINAMIZAÇÃODA REGIÃO