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9/24/2018 1 ESPECTROSCOPIA DE EMISSÃO ATÔMICA Prof. Harley P. Martins Filho Linhas espectrais de emissão Massas gasosas de átomos podem ser termicamente excitadas (com chama, plasma acoplado indutivamente, faísca ou arco voltaico), ficando seus átomos excitados eletronicamente em vários níveis quantizados (dependendo da temperatura da chama). Os átomos decaem de energia para várias possibilidades de níveis inferiores, emitindo fótons com frequência correspondente à variação de energia sofrida pelo átomo (condição de frequência de Bohr). Como não há variações simultâneas de outros tipos de energia, frequências emitidas são muito bem definidas, mas a mistura de frequências diferentes emitidas pelos vários átomos forma um feixe de luz policromática. Após passagem por um monocromador, a luz emitida é decomposta em linhas muito estreitas ( 0,01 nm). Padrão de linhas é único para cada elemento identificação de elementos em uma amostra. Intensidade da linha depende da quantidade de átomos quantificação do elemento na amostra.

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9/24/2018

1

ESPECTROSCOPIA DE

EMISSÃO ATÔMICA

Prof. Harley P. Martins Filho

• Linhas espectrais de emissão

Massas gasosas de átomos podem ser termicamente excitadas

(com chama, plasma acoplado indutivamente, faísca ou arco

voltaico), ficando seus átomos excitados eletronicamente em

vários níveis quantizados (dependendo da temperatura da chama).

Os átomos decaem de energia para várias possibilidades de

níveis inferiores, emitindo fótons com frequência correspondente

à variação de energia sofrida pelo átomo (condição de frequência

de Bohr). Como não há variações simultâneas de outros tipos de

energia, frequências emitidas são muito bem definidas, mas a

mistura de frequências diferentes emitidas pelos vários átomos

forma um feixe de luz policromática.

Após passagem por um monocromador, a luz emitida é

decomposta em linhas muito estreitas ( 0,01 nm).

Padrão de linhas é único para cada elemento identificação de

elementos em uma amostra.

Intensidade da linha depende da quantidade de átomos

quantificação do elemento na amostra.

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2

Espectro de linhas de uma lâmpada de hidrogênio:

• Teste de chama em bico de Bunsen

Lítio:

Linhas que compõem a chama

de lítio:

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3

• Espectrômetro de chama

Amostra em solução é aspirada

para uma chama onde o solvente

evapora, o sólido resultante vaporiza-

se e suas moléculas quebram-se em

átomos. Este são excitados

eletronicamente e emitem radiação

ao retornarem a estados menos

excitados.

Gases combustíveis para a chama:

hidrogênio ou acetileno.

Gases oxidantes para a chama:

óxido nitroso, oxigênio ou ar.

Temperatura típica de chama:

3000 K.

• Espectrômetro de plasma acoplado indutivamente

Fonte de plasma de alta temperatura (7000 a 10000 K)

Amostra da solução em

spray com gas argônio é

conduzida através do tubo de

quartzo interno.

Gás argônio injetado

tangencialmente em torno do

tubo interno passa por dentro

de uma bobina ligada a um

gerador de radiofrequência

que provoca uma corrente

oscilante na bobina.

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4

A corrente provoca um campo magnético oscilante dentro da

tocha de plasma.

Íons e elétrons do argônio injetado movimentam-se

desencontradamente entre os átomos (que não sofrem efeito do

campo), provocando colisões que excitam energeticamente a massa

gasosa mais ainda.

Amostra em spray passa através do plasma de argônio terminando

como átomos excitados eletronicamente que emitem.

• Interpretação por modelos quânticos

Lâmpada de hidrogênio: descarga elétrica em amostra a baixa

pressão quebra moléculas de H2 em átomos e excita estes para

níveis excitados variados.

Balmer (1885): comprimento de onda das linhas espectrais na

região do visível ajusta-se à expressão:

n = 3, 4, 5, ...

Lyman descobriu uma série similar na região do ultravioleta

(faixa ampla de ṽ) e Paschen e Brackett séries similares na região

do infravermelho (faixas estreitas de ṽ).

42

2

n

nB

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5

Rydberg (1890): inverter a expressão de Balmer, exprimindo-a em

termos de número de onda:

Para representação de todas as séries, generalizar o primeiro termo

na forma

RH = 109677 cm-1 (constante de Rydberg)

com n1 = 1 (Lyman), 2 (Balmer), 3 (Paschen) etc. e, em todos os

casos, n2 = n1 +1, n1 +2, ...

Exemplo: linha de menor número de onda da série de Lyman

(primeira linha)

2

2

2

1

11~

nnRH

1-

22cm 82258

4

3109677

2

1

1

1~

HR

2222

1

2

11

4

1441

1~1

nR

nBnBH

Resultados da resolução da equação de Schrödinger para um átomo

hidrogenóide de carga nuclear Z:

Energia do átomo: com n = 1, 2, 3, ...

222

0

2

42

32 n

eZEn

Calculando o número de onda de uma transição

entre dois níveis do átomo de Hidrogênio (Z = 1),

com números quânticos n1 e n2:

Forma idêntica à equação de Rydberg.

Combinando as equações:

2

2

2

1

22

0

2

4 11

32

~

nnhc

e

hc

E

hc

eRH 22

0

2

4

32

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Para outros átomos hidrogenóides:

Transição entre dois níveis:

Exemplo: para o He+, Z = 2 transições eletrônicas do íon gerariam

séries análogas às do átomo de hidrogênio, mas com número de onda

quatro vezes maiores.

Hatomo RZR 2 onde

2

2

2

1

11~

nnRatomo

22

2

222

0

2

42

32 n

R

n

RZ

hcn

eZ

hc

E atomoHn

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• Energias de ionização

Energia de ionização é a energia mínima necessária para remover

um elétron do átomo a partir de um determinado estado.

Estado inicial na ionização é caracterizado por um dado valor de

n. Estado final corresponde a considerar n = .

Exemplo: Para a ionização do hidrogênio a partir do estado

fundamental,

222)Joules(

n

hcR

n

hcRhcRI atomoatomoatomo

n

eV) 60,13( 101808,21

109677109979,21062608,6 18

2

1034

JI

Medida espectroscópica de I:

Para uma série qualquer com estado final das transições n1,

hc

I

nR

n

R

nR

nnR

n

atomo

atomoatomo

atomo

1

2

2

2

1

2

2

2

2

2

1

1

1

11~

Relação linear ṽ (1/n22). Grafica-se ṽ contra (1/n2

2), supondo-

se n2 para a primeira linha como 2 (Lyman), 3 (Balmer) etc e

verifica-se qual gráfico é mais linear. Identifica-se então a série e

determina-se I pelo coeficiente linear da regressão. A própria

identidade do hidrogenóide (identificada por Z) aparecerá no

coeficiente angular –Ratomo.

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Exemplo: uma série do espectro de emissão do átomo de hidrogênio

tem linhas com número de onda 82259, 97492, 102824, 105292,

106632 e 107440 cm-1. Determinar a energia de ionização do

hidrogênio a partir do estado de mais baixa energia correspondente a

esta série.

Teste com primeiro valor de n2 = 2 (Lyman):

Testes com valores iniciais de n2 = 3, 4

etc dão “retas mais curvadas”.

Regressão: y = 109679x + 109679

I/hc = 109679 cm-1

Coeficientes angular e linear ficaram

iguais neste caso porque n1 (que

influencia o coef. linear) é igual a 1.

• Outros hidrogenóides: série de Pickering do He+

Em 1896, E. C. Pickering descobriu linhas adicionais à série de

Balmer do hidrogênio no espectro da estrela quente Zeta Puppis,

acreditando que eram devidas a transições envolvendo números

quânticos meio-inteiros.

454 nm 541 nm 1012 nm

Hidrogênio

Na verdade a série é devida à presença de He+ na estrela e envolve

transições para um estado de chegada alto. Descubra qual é este

estado pelos métodos descritos acima.

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• Regras de seleção

Elétron faz transição entre dois orbitais caracterizados não só

pelo número quântico principal n mas também pelos números l e

ml, o número l definindo o momento angular orbital do elétron.

O fóton tem um momento angular spin correspondente a s = 1 e

portanto quando é absorvido ou emitido em uma troca energética, é

necessário que o sistema varie seu momento angular de modo a que

se conserve o momento angular total na troca.

Se um fóton é absorvido por um átomo de hidrogênio, este

deve aumentar seu momento angular de modo correspondente (s

p, p d etc mas não s d ou p f)

Cálculo do momento de transição para transições eletrônicas

atômicas:

dzyx iffi ) ou ,(*

Exemplo: integral para a componente z do momento. Transição entre

orbitais ni, li, ml,i e nf, lf, ml,f ( = Rn,lYl,ml):

Exprimindo z em termos de coordenadas esféricas: z = rcos. As

funções R são funções apenas de r e as funções Y são funções apenas

de e .

Variável r não muda com aplicação de qualquer operação de simetria

do grupo pontual esférico K (para qualquer átomo) funções de onda

Rn,l são base para a representação totalmente simétrica, assim como o

termo r3 Integral em r não zera em nenhum caso não há regra de

seleção para o número quântico n, que não está relacionado com

momento angular.

ddrdsenrYRzYRiliiiflfff mllnmllnfiz

2

,,

*

,,, ,,

ddsenYYdrRrRiliflfiiff mlmllnlnfiz ,, ,

0

2

0

*

,,0

3

,, cos

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Podemos agora usar a propriedade de integrais com produtos

triplos de harmônicos esféricos:

ddsenYYY lll m

l

m

l

m

l ),(),(),( *

0

2

0

Esta integral se anula, a não ser que ml’’ = ml’ + ml e l’’, l’ e l

formem um triângulo.

Para a integral em e , consideramos que

cos = (4/3)1/2Y1,0.

ddsenYYYdrRrRiliflfiiff mlmllnlnfiz ,, ,

0

10

2

0

*

,,0

3

,

2/1

,3

4

No caso, l’ = 1 lf = li 1 e ml’ = 0 ml,f = ml,i.

Para os operadores x e y, substituições convenientes podem ser

feitas por Y11 e Y1

-1 . Regras de seleção completas:

l = 1 ml = 0, 1

Exemplo: a partir de um orbital 4d (l = 2) um elétron pode ir para

qualquer orbital np (com a restrição ml = 0, 1) ou para qualquer

orbital nf .

l’’ = 1, l’ = 3 e l = 1

Integral se anula l’’ = 2, l’ = 1 e l = 1

Integral não se anula

l’’ = 2, l’ = 3 e l = 4

Integral não se anula

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Diagrama de Grotrian: representação gráfica das energias dos

estados e das transições entre eles.

Para o átomo de hidrogênio:

• Átomos polieletrônicos

Quando um átomo complexo de número atômico Z absorve

energia térmica, o elétron mais exterior (ou um deles) promove-se

a orbitais superiores. Absorção de energia suficiente para

promoção de dois elétrons leva sempre à ionização do átomo. O

elétron excitado sofre a ação de uma carga nuclear um pouco

superior a 1e, pois os Z – 1 elétrons restantes blindam quase toda a

carga nuclear. A energia do elétron excitado pode ser aproximada

como hidrogenóide com energias um pouco mais baixas.

é o defeito quântico, que deve ser determinado empiricamente.

2

n

hcRE H

n

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Em estados mais excitados, o defeito quântico tende a zero

estados Rydberg do átomo. Neste caso, pode-se interpretar as

frequências de transição através da mesma equação do átomo de

hidrogênio, com uma constante R a ser determinada empiricamente.

Se a energia do estado de chegada nas transições (em cm-1) é Echegada,

Esta equação é válida mesmo que o estado de chegada não seja um

estado Rydberg. A energia de ionização corresponde ao negativo de

Echegada e portanto a equação pode ser expressa formalmente como

Pode-se determinar a energia de ionização do estado de chegada

analisando-se números de onda de uma série de linhas que têm em

comum este estado de chegada. Número quântico n correspondente a

uma linha é o do orbital em que o elétron está no estado de partida.

chegadaEn

R

2

~

hc

I

nR

2

1~

Diagrama de Grotrian do sódio, supondo que transições sigam

mesmas regras de seleção do hidrogênio, aplicadas ao elétron que

varia de orbital:

1s2 2s2 2p6 ns 1s2 2s2 2p6 np 1s2 2s2 2p6 nd

6s

5s

4s

3s

6p

5p

4p

3p

6d

5d

4d

3d

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Espectro de emissão na região do visível, com intensificação

artificial das linhas fracas:

Nas linhas mais fortes, é possível a identificação de séries:

Série “principal”: 1s2 2s2 2p6 np 1s2 2s2 2p6 3s

Série “sharp”: 1s2 2s2 2p6 ns 1s2 2s2 2p6 3p

Série “diffuse”: 1s2 2s2 2p6 nd 1s2 2s2 2p6 3p

Série “fundamental”: 1s2 2s2 2p6 nf 1s2 2s2 2p6 3d

Mesmas séries aparecem também nos outros metais alcalinos

• Desdobramentos de energia em configurações

Energia de elétrons em uma configuração pode variar segundo a

orientação relativa dos respectivos momentos angulares. Um

elétron com l = 2 e outro com l = 1 podem ter seus momentos

angulares orientados relativamente dos seguintes modos:

O vetor vermelho indica a resultante do momento angular.

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Efeito órbita-órbita: Quando o giro dos elétrons ocorre na

mesma direção (momento resultante grande) elétrons podem se

manter sempre afastados energia de repulsão mais baixa.

Quando o giro ocorre em sentidos opostos (momento resultante

pequeno) elétrons aproximam-se em certos pontos do caminho

energia de repulsão mais alta. O momento angular resultante pode

ser usado para classificar estados de energia diferentes.

A análise da correlação de spins também revela que diferentes

composições de momentos angulares spin dentro de uma

configuração eletrônica levam a energias diferentes.

desdobramento de energias de uma configuração aparecerá

de uma análise conjunta do efeito órbita-órbita e da correlação se

spins.

A composição de momentos angulares

É possível mostrar que a combinação de dois ou mais momentos

angulares em um sistema quântico qualquer é quantizada segundo

Jz M

JJ

J

J2/1))1(( J = Sequência de números separados

por unidade.

MJ = J, J – 1, ..., -J

As combinações podem ser de momentos orbital-orbital, spin-spin ou

orbital-spin. Para um caso concreto, descobre-se os possíveis valores

de J através de uma análise dos possíveis valores de MJ, já que as

componentes z dos vetores têm direção definida. A componente z

resultante dos vetores terá valor

2,1,

2,1,2,1,

onde

)(

jjJ

Jjjjjz

mmM

Mmmmm

J

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Exemplo: dois elétrons com l1 = 1 e l2 = 2. Determinação indireta dos

valores de L (no quântico do momento angular orbital total) por

inspeção dos valores de ML possíveis.

Valores possíveis de ML

ml,2

ml,1

2 1 0 -1 -2

1 3 2 1 0 -1

0 2 1 0 -1 -2

-1 1 0 -1 -2 -3

ML 3 2 1 0 -1 -2 -3

no de vezes 1 2 3 3 3 2 1

Maior valor de ML é 3 Um dos valores possíveis de L é 3, já que

máximo valor de ML é L. Para este valor, devem aparecer na tabela

todos os valores de ML correspondentes (3, 2, 1, 0, -1, -2 e -3).

Retirando este conjunto de valores da tabela:

ML 2 1 0 -1 -2

no de vezes 1 2 2 2 1

Maior valor de ML que sobrou é 2 L = 2. retirando-se da tabela o

conjunto de valores correspondentes de ML (2, 1, 0, -1 e -2), temos:

ML 1 0 -1

no de vezes 1 1 1

Possibilidade que resta para L: 1

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Neste exemplo, L = 3, 2, 1. Há três estados de energia diferente para a

configuração p1 d1. Degenerescência de cada estado: 2L + 1.

Regra geral: J = j1 + j2, j1 + j2 – 1, ..., j1 – j2 (1)

(série de Clebsch – Gordan)

ji é um número quântico de momento angular do elétron i (orbital ou

spin)

Exemplo: l1 = 1 e l2 = 2 L = 3, 2, 1

Combinação de mais de dois momentos: aplica-se a regra geral a dois

momentos, combina-se cada resultado com mais um momento e assim

por diante.

Exemplo: l1 = 1 e l2 = 2 e l3 = 3

Combinação de l1 e l2: L = 3, 2, 1

Combinação de L = 3 com l3: L = 6, 5, 4, 3, 2, 1, 0

Combinação de L = 2 com l3: L = 5, 4, 3, 2, 1

Combinação de L = 1 com l3: L = 4, 3, 2

Sete diferentes energias para a configuração (L = 6, 5, 4, 3, 2, 1,

0). Há 13 estados com L = 6, 211 estados com L = 5, 39 estados

com L = 4, 37 estados com L = 3, 35 estados com L = 2, 23

estados com L = 1 e 1 estado com L = 0.

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• Classificação de estados de energia de configurações eletrônicas

Para átomos leves, efeito orbita-órbita e correlação de spins são

mais importantes que a interação spin-órbita (a ser estudada mais

tarde) acoplamento de Russel-Saunders (acoplamento L-S).

Momento angular orbital

L = (L(L + 1))1/2ℏ, onde os valores de L são dados pela série de

Clebsch-Gordan.

Nomenclatura de estados segundo valor de L:

Exemplo: configuração np1n’d1 l1 = 1 e l2 = 2 L = 3, 2, 1

(estados F, D e P três energias diferentes para a configuração)

L 0 1 2 3 4 ...

letra S P D F G ...

Momento angular spin

S = (S(S + 1))1/2ℏ, onde os valores de S são dados pela série de

Clebsch-Gordan.

Caracteriza-se estados segundo o valor da multiplicidade 2S + 1

Exemplo: configuração np n’d s1 = s2 = 1/2 S = 1, 0

2S + 1 = 3, 1 (duas energias diferentes para a mesma

configuração)

Segundo a análise da correlação de spins, estados com maior

momento spin resultante (multiplicidade mais alta) têm energia mais

baixa.

Multiplicidade 1 2 3 4 ...

nome Singleto Dupleto Tripleto Quarteto ...

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Termos de uma configuração

Cada valor de L associado a uma multiplicidade resulta em um

estado de energia possível para a configuração, representado pelo

termo 2S+1L.

Exemplo: configuração np n’d termos 1P, 3P, 1D, 3D, 1F e 3F (seis

estados de energia diferente)

Regras de Hund

1. Dada uma certa configuração, termo de multiplicidade mais alta é o

de energia mais baixa.

2. Dada uma certa multiplicidade, termo de maior momento angular

orbital é o de energia mais baixa.

Exemplo: configuração np n’d termo de mais baixa energia: 3F.

Ordenamento estimado dos outros termos: 3D, 3P, 1F, 1D, 1P

• Tipos de configurações em átomos polieletrônicos

I- Configurações de subcamada fechada:

Série de Clebsch-Gordan foi desenvolvida considerando que

valores dos ml dos elétrons fossem independentes, o que não é o

caso aqui.

Única possibilidade de ML: 0 L = 0

Única possibilidade de MS: 0 S = 0

Em configurações que incluem subcamadas fechadas, elétrons

destas últimas não contribuem para a determinação dos termos.

Único termo: 1S

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II- Camada(s) de valência parcialmente preenchida(s)

II-a. Elétrons não-equivalentes (n ou l, ou ambos, diferentes)

Série de Clebsch-Gordan é válida para o cálculo de L e S e todas as

combinações de valores de L e S em termos são possíveis.

Exemplo: configuração excitada do carbono 1s22s22p3d

Elétrons de subcamada aberta (com n diferente): l1 = 1, l2 = 2, s1

= 1/2 e s2 = 1/2 termos 3F, 3D, 3P, 1F, 1D, 1P

II-b. Elétrons equivalentes

Valores de ml e ms não são independentes para mais de um elétron.

Verificar as possibilidades de ML e MS conjuntamente para

determinar valores possíveis combinados de L e S.

Exemplo: estado fundamental do carbono (1s22s22p2) verificar

possibilidades apenas para os elétrons p (camada aberta).

1 -1 ↿ ↿ 1

2 0 ↿ ↿ 1

3 1 ↿ ↿ 1

4 -1 ↿ ⇂ 0

5 0 ↿ ⇂ 0

6 1 ↿ ⇂ 0

7 -1 ⇂ ↿ 0

8 0 ⇂ ↿ 0

9 1 ⇂ ↿ 0

10 -1 ⇂ ⇂ -1

11 0 ⇂ ⇂ -1

12 1 ⇂ ⇂ -1

13 -2 ↿⇂ 0

14 0 ↿⇂ 0

15 2 ↿⇂ 0

ml

ML -1 0 1 MS Possibilidades de L:

ML máximo = 2 L = 2.

Retirando da tabela um conjunto

de ML (2, 1, 0, -1, -2), sobram 3

conjuntos (1, 0, -1) e um ML = 0

L = 1 e 0 também são possíveis.

Possibilidades de S:

MS máximo =1 S = 1. Na tabela

há três conjuntos de MS (1, 0, -1).

Sobram seis valores 0 S = 0

também é possível.

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20

ML MS

1 -1 1

2 0 1

3 1 1

4 -1 0

5 0 0

6 1 0

7 -1 0

8 0 0

9 1 0

10 -1 -1

11 0 -1

12 1 -1

13 -2 0

14 0 0

15 2 0

Para cada termo possível, cada valor de ML

correspondente ao L do termo deve aparecer na

tabela associado a um dos valores de Ms

correspondentes ao S do termo.

Valores de ML 2 e -2 só ocorrem associados a

MS = 0 L = 2 só pode estar associado a S = 0

termo 1D (possibilidades 13, 14, 15 mais 4 e

6 (ou 7 e 9)).

Valores de ML 1, 0 e -1 aparecem associados

a MS 1, 0 e -1 termo 3P (possibilidades 1, 2,

3 mais 7, 8, 9 mais10, 11, 12 (ou 4, 5, 6))

Sobra a possibilidade 5 (ou 8) S = 0 e L =

0 termo 1S.

Termos 3P, 1D e 1S (em ordem estimada de

energia)

II-c. – Subcamada quase preenchida

Valores possíveis de ML e MS correspondem aos que se obtém

considerando-se apenas um elétron na mesma subcamada L e

S correspondem aos l e s deste único elétron.

Exemplo: 2p5 L = 1 e S = 1/2 Único termo: 2P

Na verdade, uma subcamada que acomode n elétrons, com m

elétrons, gerará os mesmos termos que a mesma subcamada com

apenas n - m elétrons.

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21

III. Múltiplas camadas abertas

Acha-se os termos para um conjunto de elétrons e outro para o

outro conjunto. Depois combina-se cada termo de um conjunto com

os do outro, de acordo com a série de Clebsch-Gordan.

Exemplo: configuração excitada do oxigênio 1s22s22p33p1

Para o elétron 3p: 2P

Para os elétrons 2p (equivalentes): 2P, 2D e 4S

Combinações de termos:

2P (L = 1, S = ½) com 2P (L = 1, S = ½) L = 2, 1, 0 e S = 1, 0

termos 3D, 3P, 3S, 1D, 1P e 1S.

2P com 2D L = 3, 2, 1 e S = 1, 0 termos 3F, 3D, 3P, 1F, 1D

e 1P.

2P com 4S (S = 3/2) L = 1 e S = 2, 1 termos 5P e 3P.

5P, 3F, 3D(2), 3P(3), 3S, 1F, 1D(2), 1P(2) e 1S

• Regras de seleção

Conservação do momento angular durante uma transição impõe

que:

S = 0, L = 1 e L = 0, se l = 1

Elétron que sofre a transição deve variar seu momento angular

orbital, o que não implica necessariamente que o momento angular

total (definido pelo termo) deva variar.

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22

Exemplo: Sódio.

1s2 2s2 2p6 ns (2S) 1s2 2s2 2p6 np (2P) 1s2 2s2 2p6 nd (2D)

6s

5s

4s

3s

6p

5p

4p

3p

6d

5d

4d

3d

Só pode haver transições entre colunas vizinhas. Não há caso de

transição permitida com L = 0

Exemplo: Hélio.

Todas as configurações excitadas correspondem ao caso de

elétrons não-equivalentes. Há sempre um tripleto e um singleto

para cada valor possível de L. Transições só acontecem entre

termos singleto e entre termos tripleto.

Há apenas uma série

correspondente à principal

dos metais alcalinos (em

ultravioleta), mas as outras

séries aparecem duplicadas.

Achava-se que existiam

dois tipos de hélio, o

parahélio (termos singleto)

e o ortohélio (termos

tripleto).

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Séries:

Sharp (1)

Sharp (3)

Diffuse (1)

Diffuse (3)

Exemplo: Carbono

3P

1D

1S

Configuração

fundamental

1s22s22p2

Configuração

excitada

1s22s22p13p1

3D 3S 3P 1D

1S 1P

1S 1P 1D 1F 3S 3P 3D 3F

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24

Transições entre colunas vizinhas são permitidas, pois implicam

em L = 1 para uma mesma multiplicidade.

Algumas transições dentro da mesma coluna são também

permitidas. Transição 1P (1s22s22p13p1 ) 1P (1s22s22p13s1 ) é

permitida pois corresponde a L = 0 e l = -1. O mesmo é válido

para a transição entre os termos tripletos destas mesmas

configurações. Já a transição 1S (1s22s22p13p1 ) 1S (1s22s22p2) é

proibida, pois L = 0 e l = 0.

Podem acontecer transições entre termos de uma mesma

configuração: 3P (1s22s12p3 ) 3D (1s22s12p3 ) . L = 1.

• Acoplamento spin-órbita

O movimento orbital do elétron em torno do núcleo ocasiona um

movimento orbital aparente do núcleo em torno do elétron, o que

gera um campo magnético na posição do elétron. O campo é

proporcional ao momento orbital do elétron l e à carga do núcleo

B Zel.

O elétron tem um momento magnético devido a seu momento

angular spin. O momento magnético é proporcional ao momento

spin, mas com sentido inverso: -s

l

B Círculo contínuo: movimento

orbital do elétron.

Círculo pontilhado: movimento

aparente do núcleo.

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25

A energia do elétron depende da orientação de seu momento

spin no campo magnético. Expressão clássica para a energia de

interação magnética:

entre e B > 90 cos < 0 E > 0

entre e B < 90 cos > 0 E < 0

Bμ E

B (l)

s

j

O momento angular total j pode ser

usado para classificar a energia dos

estados: j maior, energia mais alta.

O momento angular total j do elétron é quantizado em

com o número quântico j sendo calculado pela série de Clebsch-

Gordan:

j = l + s, l + s -1, ..., l - s

Exemplo: elétron do hidrogênio no orbital 2p tem l = 1 e s = ½ j

= 3/2 e 1/2. Há dois níveis de energia para o elétron. Já no orbital

1s, j = 1/2 e a energia não é desdobrada.

j 3/2

1/2

1/2

Primeira linha da série de

Lyman se desdobra em duas:

82258,9191 e 82259,2850 cm-1.

Separação: 0,3659 cm-1.

2p

1s

2/1

1 jjj

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Para um átomo polieletrônico, uma configuração eletrônica pode

gerar vários termos de energia diferente. Acoplamento spin-órbita

só é significativo quando se considera o momento orbital total e o

momento spin total Cada termo vai se desdobrar em níveis com

energia diferente. Para um dado termo, o momento angular total é

quantizado em (J(J + 1))1/2ℏ, com o número quântico J sendo

calculado pela série de Clebsch-Gordan. Valor de J é colocado

como um subscrito ao símbolo do termo.

Exemplo: níveis dos termos da configuração fundamental

do carbono.

1D (L = 2, S = 0) J = 2 Nível 1D2

1S (L = 0, S = 0) J = 0 Nível 1S0

3P (L = 1, S = 1) J = 2, 1, 0 Níveis 3P2, 3P1,

3P0

Para o cálculo da energia de interação magnética, operador da

interação é colocado como uma perturbação no hamiltoniano do

sistema cujas funções de onda correspondem a momentos angulares

definidos. Expressão clássica para a energia de interação magnética:

Se o campo magnético B for provocado pelo momento orbital total

dos elétrons, é proporcional a L e à carga nuclear Ze. Se o momento

magnético for o correspondente ao spin total dos elétrons, é

proporcional a -S e então

Queremos um operador quântico para esta quantidade. É mais

conveniente considerar que J = L + S e então JJ = (L + S)(L + S) =

LL + SS + 2LS LS = ½(J2 - L2 - S2). O operador

correspondente se obtém trocando-se os quadrados dos momentos por

seus operadores quânticos:

Bμ E

LS ZeE

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Segundo a teoria da perturbação, a energia de interação é dada pelo

valor esperado do termo de perturbação do hamiltoniano. Se a

função de onda de um nível é J,L,S,

dddZe

dZedEE

SLJSLJSLJSLJSLJSLJ

SLJSLJSLJSLJSLJSLJ

,,

*

,,,,

*

,,,,

*

,,

,,

*

,,,,,,

*

,,,,

ˆˆˆ2

1

)ˆˆˆ(2

222

222

SLJ

SLJ

Cada uma das integrais resultantes dá o valor esperado do

quadrado de um momento angular:

2

,, )}1()1()1({2

1 SSLLJJZeE SLJ

)ˆˆˆ(2

1ˆˆ ˆ 222SLJSL ZeZeE

Dividindo a equação por hc para obtermos os termos de correção

de energia em cm-1:

onde A = Zeℏ2/hc. Existe um valor de A para cada termo.

Valor de A diminui conforme grau de excitação da configuração

que gera o termo.

Configuração com subcamada menos que semipreenchida A

é positiva (multipleto regular). Energia do nível aumenta com

valor de J.

Configuração com subcamada mais que semipreenchida A é

negativa (multipleto invertido). Energia do nível diminui com

valor de J.

)}1()1()1({2

1,, SSLLJJAhc

E SLJ

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A constante A contém a carga nuclear Ze e termina sendo

proporcional a Z4 desdobramentos podem ser muito grandes

(103 cm-1) para átomos pesados.

• Regra de seleção para transições entre níveis

J = 0, 1 mas J = 0 ↮ J = 0

6s

5s

4s

3s

6p

5p

4p

3p

6d

5d

4d

3d

Exemplo: Sódio

2S1/2 2P1/2,3/2

2D3/2,5/2

3/2

1/2

3/2

1/2

5/2

3/2

5/2

3/2 1/2

1/2

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Exemplo: linhas do dupleto D do

sódio (1ª linha da série principal) Exemplo: linhas da série diffuse

([Ne]3p1 [Ne]nd1):

5/2

3/2

3/2

1/2

Três linhas próximas

Cálculo da separação entre linhas desdobradas pela interação

spin-órbita:

Termo 2

x cm-1

Termo 1

Nível 2 (J2)

ṽ(J1J2)

Nível 1 (J1)

111222 ,,,,21 )(~SLJSLJ EExJJ

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30

)}1()1({2

1)}1()1({

2

1

)}1()1()1({2

1

)}1()1()1({2

1

)}1()1()1({2

1

)}1()1()1({2

1

)(~)(~

1111122222

1111111

2222222

1111111

2222222

,,,,,,,,

2121

111222111222

JJJJAJJJJA

SSLLJJA

SSLLJJA

SSLLJJA

SSLLJJA

EExEEx

JJJJ

SLJSLJSLJSLJ

Separação entre duas linhas desdobradas:

• Átomos pesados

Interação spin-órbita já é significativa para cada elétron

individualmente. Para cada elétron, usar a série de Clebsch-

Gordan para determinação das possibilidades de momento angular

total:

j = l + s, l + s -1, ..., l - s

A energia do elétron cresce com o valor de j. Se há mais de um

elétron em uma configuração, associando-se um valor de j para

um elétron com um valor de j para o outro elétron obtém-se um

“termo” da configuração esquema de acoplamento jj.

Exemplo: configuração p2 (l = 1 e s = ½ para os dois elétrons)

Para cada elétron, j = 1 + ½, ...,1 – ½= 3/2, 1/2

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Acoplamentos entre os elétrons:

j1 = 3/2 j2 = 3/2 termo (3/2, 3/2) (energia mais alta)

j1 = 3/2 j2 = 1/2 termo (3/2, 1/2)

j1 = 1/2 j2 = 1/2 termo (1/2, 1/2) (energia mais baixa)

No limite de validade deste acoplamento, as interações órbita-órbita

e de correlação de spins entre os elétron são insignificantes e portanto

as diferentes resultantes de momento angular total da configuração

(diferentes J) são degeneradas. Se o átomo não é tão pesado, energia

se desdobra segundo valor de J. Valores de J são dados pela série de

Clebsch-Gordan (com exceções devido ao princípio da exclusão).

Interações elétron-elétron na configuração p2:

Termo (3/2, 3/2) J = 3, 2, 1, 0. Mas os elétrons são

equivalentes no esquema jj (têm o mesmo j) J = 3 e 1 são

proibidos Níveis (3/2, 3/2)2 e (3/2, 3/2)0.

Termo (3/2, 1/2) J = 2, 1 Níveis (3/2, 1/2)2 e (3/2, 1/2)1.

Termo (1/2, 1/2) J = 1, 0. Elétrons também ficam

equivalentes no esquema jj (mesmo j) J = 1 é proibido

Nível (1/2, 1/2)0.

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(3/2, 3/2)2

(3/2, 3/2)0

(3/2, 1/2)2

(3/2, 1/2)1

(1/2, 1/2)0

No diagrama de

correlação vê-se a

correspondência entre

estados dos dois

esquemas de

acoplamento. É comum

se usar a notação do

acoplamento LS mesmo

para átomos pesados.