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Estado e Desenvolvimento Econômico no Brasil Contemporâneo DAESHR005- 13SB/DBESHR005- 13SB/NAESHR005- 13SB (4-0-4) Professor Dr. Demétrio G. C. de Toledo – BRI [email protected] UFABC – 2017.II (Ano 2 do Golpe) Aula 6 3ª-feira, 20 de junho

Estado e Desenvolvimento Econômico no Brasil Contemporâneo · 7 • A política de Osvaldo Aranha foi uma nova rodada de ajuste cambial e financiamento do déficit público sem

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Estado e Desenvolvimento Econômico

no Brasil ContemporâneoDAESHR005- 13SB/DBESHR005- 13SB/NAESHR005- 13SB

(4-0-4)

Professor Dr. Demétrio G. C. de Toledo – BRI

[email protected]

UFABC – 2017.II

(Ano 2 do Golpe)

Aula 6

3ª-feira, 20

de junho

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Blog da disciplina:

https://edebcufabc.wordpress.com/

No blog você encontrará todos os materiais do curso:

• Programa

• Textos obrigatórios e complementares

• ppt das aulas

• Links para sites, blogs, vídeos, podcasts, artigos e outros materiais de interesse

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Para falar com o professor:

• São Bernardo, sala 322, Bloco Delta, 3as-feiras, 19-20h, e 5as-feiras, das 15-16h (é só chegar)

• Atendimentos fora desses horários, combinar por email com oprofessor: [email protected]

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Módulo I:

Aula 7 (5a-feira, 22 de junho): 2º Governo Getúlio Vargas (II)

Texto obrigatório:

FONSECA, P. C. D. (2010) “Nem Ortodoxia, nem populismo: o segundo governo Vargas e a economia brasileira”, p. 19-58.

Texto complementar:

DRAIBE, Sônia (2004) “Cap. 4: Considerações finais: crise do Estado na etapa final de industrialização”, p. 223-241.

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2º Governo

Getúlio Vargas,

1951-1954 (II)

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• No início de 1953, o país se encontrava com a inflação altae com falta de divisas e, para “ajudar”, o presidenteEisenhower, republicano, foi eleito em 1952 nos EUA(combate ao comunismo, ou seja, investimentos na Europae no Japão e fim da cooperação tecnológica/creditíciapara a periferia).

• O país consegue US$ 300 milhões do Eximbank, mas vê aCMBEU ser extinta em contrapartida.

• Getúlio, para enfrentar as amplas pressões, faz umareforma ministerial, coloca Jango no Ministério do Trabalhoe Osvaldo Aranha (udenista) para a Fazenda.

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• A política de Osvaldo Aranha foi uma nova rodada de

ajuste cambial e financiamento do déficit público sem

emissão monetária e expansão do crédito.

• O governo criará o sistema de taxas múltiplas de

câmbio (lei nº 1807) com o objetivo de estimular as

exportações e desestimular as importações não

essenciais.

• Em outubro de 1953 o governo cria a Instrução nº 7 da

SUMOC para atacar o problema cambial e o fiscal – as

principais mudanças foram:

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• Para as exportações:

– O restabelecimento do monopólio cambial do BB.

– A extinção do controle quantitativo de importaçõese dos leilões de câmbio.

– Exportações com bonificações sobre a taxa oficial,que era de Cr$ 18,36 (+ Cr$ 5 para o café e + Cr$10 demais).

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• Para as importações:

– Taxa oficial sem sobretaxa para importaçõesespeciais como trigo, ou papel de imprensa.

– Taxa oficial acrescida de sobretaxas fixas paragovernos e petróleo.

– Taxa oficial + sobretaxas variáveis em leilões paraas demais importações.

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• Para as importações:

– Nos leilões, por sua vez, as importações eramclassificadas em 5 categorias, e a oferta de câmbioera alocada pelas autoridades monetárias deacordo com elas, sendo que para as categorias I, II eIII se alocava 80% das cambiais.

– Para cada categoria foram fixados valores mínimos,que cresciam conforme a não essencialidade dobem importado.

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• Essas taxas múltiplas permitiram desvalorizar ocâmbio, substituir o controle de importações para darequilíbrio à balança comercial e manter uma políticade importação seletiva.

• Além disso, o ágio dos leilões permitiu ao Estado sefinanciar reduzindo a necessidade de financiamentoinflacionário.

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• Mesmo com uma política macroeconômica ortodoxa,

em 1953 o governo não reduziu os gastos públicos:

aumentou os gastos com obras públicas

(infraestrutura, BNDE, Petrobras, Eletrobrás) e deu

abono ao funcionalismo público.

• A Eletrobrás foi um caso à parte, financiada pelo

Fundo Federal da Eletrificação, formado por impostos

sobre energia elétrica.

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• Apesar do crescimento industrial a agricultura teve um

resultado pífio por conta da seca no NE e o PIB cresceu

pouco.

• Além disso, a inflação deu um salto, indo de 12% para

20,5% naquele ano, seja por conta do déficit público,

seja por conta da elevação dos custos, representada

pelo preço maior dos importados.

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• Em 1953, as perspectivas eram mais favoráveis: o

Brasil teve um superávit comercial de US$ 400 mi,

resultado da queda das importações.

• As maiores dificuldades, no entanto, eram:

– A queda do preço do café por conta do boicote doproduto pelos norte-americanos.

– O aumento do salário mínimo – Osvaldo Aranhapropondo 33% e Jango e G.V. propondo 100%.

• Por conta disso, a inflação se tornou um problema ao

longo do período.

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• Aumento dos salários e mobilização dostrabalhadores desagrada setores das classes médias,exército, oligarquias e burguesia;

• UDN tenta golpe.

• Morte de acompanhante de Carlos Lacerda.

• Generais exigem renúncia.

• Suicídio de Getúlio Vargas.

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“(...) Boa parte das polêmicas e embates sobre o SGVremontam a sua época; em certo sentido, a literaturanão foge das controvérsias que dividiram os próprioscoevos. Em linhas gerais, podem ser delineadasquatro correntes.” (Fonseca 2010: 20)

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“A primeira defende que o governo era populista,rótulo que vai desde a consideração de que erademagogo e irresponsável até abranger a denúncia deseu nacionalismo como xenofobia de matizesquerdista.” (Fonseca 2010: 20-21)

“A segunda corrente, expressa por Skidmore, entendeque o governo se divide em duas fases: iniciaortodoxo e posteriormente dá uma “viradanacionalista”, mudando radicalmente, pelo que nelese pode notar uma ambivalência”. (Fonseca 2010: 21)

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“Já uma terceira propõe que o governo eraconservador e ortodoxo, seja com base na políticaeconômica, como Lessa e Fiori e, também, Vianna,seja com base em sua composição e diretrizes nocampo político, como D’Araújo”. (Fonseca 2010: 21)

“Uma quarta corrente, à qual nos perfilhamos,defende que se pode detectar no período a existênciade um projeto de longo prazo cujo epicentro era aindustrialização acelerada e a modernização do setorprimário – em linhas gerais o que se convencionoudenominar de Nacional-Desenvolvimentismo”.(Fonseca 2010: 21)

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“(...) Periodização proposta (...). No início do governohouve certo predomínio da busca da estabilidade;seguiu-se-lhe um período de “randomização”, o qualse caracteriza por políticas alternadas e simultâneasde contração e expansão da demanda; finalmente,nos últimos meses de governo, detecta-se apreponderância desta última, com abandono docombate à inflação como prioridade. O”. (Fonseca2010: 22)

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“(...) Parte da crítica a ser elaborada aos autores antesmencionados advém de certa confusão sobre aabrangência da expressão “política econômica”.Tradicionalmente e de forma genérica estacompreende toda ação do Estado no campoeconômico. Em tempos mais recentes, eprincipalmente pelo mainstream econômico, seu usorestringiu-se a políticas de estabilização”. (Fonseca2010: 22-23)

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“Mas estas, a rigor, são apenas parte da políticaeconômica, pois compreendem basicamente aspolíticas monetárias, cambiais e fiscais (em algunscasos também a salarial, quando adotada com opropósito de estabilizador), as quais serão aquidenominadas de políticas instrumentais, pois sevoltam basicamente ao enfrentamento dos dilemas daconjuntura, contexto em que não se pode ignorar aestabilidade como variável relevante, e possuem umalógica própria segundo determinados cânonesassentados pela “sabedoria econômica convencional”,para usar a expressão de Castro e Souza”. (Fonseca2010: 22-23)

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“Mas a ação do Estado no campo econômico a elastranscende, pois este também propõe e executamedidas de maior envergadura, estruturais einstitucionais, com alcance de longo prazo e capazesde abrir novos caminhos e alternativas: leis, códigos,empresas estatais, órgãos, conselhos, tratadosinternacionais e projetos de impacto são açõesgovernamentais que transcendem às políticasinstrumentais, mas nem por isso podem sernegligenciadas pela ‘História Econômica’”. (Fonseca2010: 23)

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“As políticas instrumentais muitas vezes são utilizadascomo meio cujo fim é a própria estabilização; podematé colaborar para efetivação de projetos de maiorenvergadura, mas nem sempre e, não raro, podem atéafigurarem-se como contraditórias a eles. (...) Apercepção de projetos de longo prazo, por parte doanalista preocupado em captar o sentido e intençõesda ação governamental, torna-se mais viável ao seincorporar este outro conjunto de variáveis”.(Fonseca 2010: 23)

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“Hipóteses de trabalho sobre o SGV”. (Fonseca 2010: 23):

“(1) trata-se de governo afinado com o que se convencionoudenominar de Nacional-Desenvolvimentismo, esteentendido mais precisamente como um projeto de longoprazo centrado na industrialização e na modernização dosetor primário, implementado com auxílio de medidasgovernamentais voltadas a incentivar a substituição deimportações e a diversificação da produção primária, comprioridade ao mercado interno. O projeto, tal como seentende, não excluía o capital estrangeiro nem os setoresagrários; estes, inclusive, embora divididos, mais o apoiaramdo que lhe fizeram oposição, embora se registremresistências entre os segmentos ligados à exportação;”(Fonseca 2010: 23)

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“Hipóteses de trabalho sobre o SGV”. (Fonseca 2010: 23):

“(2) não há incompatibilidade em um governo afinado como Nacional-Desenvolvimentismo, em certas conjunturas ediante de certas circunstâncias, optar por políticas deestabilização austeras ou contracionistas. Esta asserção porcerto é mais polêmica e menos afinada com o senso comum,mas vincula-se ao entendimento de que as políticasinstrumentais são limitadas tanto para detectar projetos delongo prazo como para denunciar suas possíveis incoerênciasou inexistência.” (Fonseca 2010: 23)

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“(...) Começou no Governo Dutra uma administraçãopolítica dos problemas cambiais que vigoraria até ogoverno Jânio Quadros, no início dos anos 60: emsubstituição aos mecanismos “normais” de mercado,passaram a se estabelecer, através de diferentesinstrumentos, prioridades a determinadas importações,ao privilegiarem-se produtos classificados como‘essenciais’”. (Fonseca 2010: 25)

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“Durante a campanha eleitoral, como candidato, Vargasdefendera exaustivamente a necessidade de crescimentoacelerado. Este adviria tanto de investimentos privados,voltados à modernização do setor primário e aoaprofundamento da industrialização – a qual deveriaavançar dos bens de consumo para os bens de capital –,quanto de investimentos públicos em infraestrutura,como transportes, comunicações e energia”. (Fonseca2010: 26)

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“As dificuldades da conjuntura, entretanto, limitavamsua execução e impunham cautela. A rigor, deparava-se com o clássico dilema entre estabilização versuscrescimento: crescer envolvia mais importações deinsumos e de bens de capital, além de mais gastospúblicos e consumo doméstico, os quais aguçariam osproblemas do balanço de pagamentos e da inflação”.(Fonseca 2010: 26-27)

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“Que caminho seguir não dependia apenas devontade política: caso a opção fosse pelocrescimento, teria provavelmente voo curto: ainflação corroía as finanças estatais, osinvestimentos privados e os salários – variáveisindispensáveis para um crescimento sustentado –, aomesmo tempo em que a substituição de importaçõespara novos segmentos exigia a curto prazoimportação de outros bens, o que tornava cada vezmais difícil a substituição e repunha,contraditoriamente, o estrangulamento externo”.(Fonseca 2010: 26)

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“A saída encontrada foi diminuir o ritmo docrescimento a curto prazo, a permitir a leiturasegundo a qual, na percepção da equipe econômica,liderada pelo Ministro da Fazenda Horácio Lafer,tratava-se de problema conjuntural”. (Fonseca 2010:27)

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“(...) O ideário desenvolvimentista predominava nogoverno como um todo e principalmente em Vargas, cujodiscurso, desde a década de 1930, ‘mostra a tentativa deconciliar o crescimento com o equilíbrio das finanças’.

“Assim, por estranho que possa parecer para quemingenuamente quer ver na política um exercício de lógicaaristotélica, no primeiro ano de governo registra-seclaramente a coexistência de um discursodesenvolvimentista com outro cujo epicentro era aestabilização”. (Fonseca 2010: 28)

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“Essa tentativa de estabilização durou até meados de1952. Como um dos primeiros sinais de seuafrouxamento registra-se a expansão do crédito porparte do Banco do Brasil, cujo presidente, RicardoJafet, tradicionalmente apresentava perfilfrancamente desenvolvimentista”. (Fonseca 2010: 29)

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“Pode-se afirmar, cum grano salis, que a consequênciamais impactante dessa política econômica não se deu nasvariáveis econômicas da conjuntura – apesar da exitosainterrupção da trajetória ascendente da inflação, a qualse logrou estabilizar em torno de 12% –, mas nahistoriografia sobre o período. A dificuldade quanto aoentendimento de que um governo consideradoNacional-Desenvolvimentista, em determinadaconjuntura e dentro de certas circunstâncias, possa ouseja forçado a executar políticas de estabilização decunho contracionista, levou às interpretações maissurpreendentes e desencontradas, marcadas por visõesradicalmente opostas”. (Fonseca 2010: 29-30)

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“É interessante notar que ora se considerava o proletariadosujeito da história e classe responsável pelo papel históricoda transformação, ora fraco, sem consciência política emanipulável por líderes populistas, o que legitimava anecessidade de uma vanguarda esclarecida. Esta versãocrítica a governos como de Vargas e Goulart, no casobrasileiro, logo extrapolou os livros e debates acadêmicos eencontrou campo ainda mais fértil na mídia e na políticaoficial: políticos conservadores, principalmente após 1964,passaram a adotar a qualificação de ‘populismo’ paradesignar tudo aquilo a que se opunham e cujo golpemilitar viera debelar: o nacionalismo, a legislaçãotrabalhista, as reformas de base, os sindicatos e asmobilizações urbanas e rurais”. (Fonseca 2010: 30)

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“É fenômeno intrigante como essa adjetivaçãocomoveu personagens de matizes ideológicosdiferentes e antagônicos, cada um dela fazendo o usoque lhe aprazia. O sentido do “uso” variava entre umcaso e outro, mas não o imaginário sobre a‘manipulação’: a ignorância e a parca consciênciapolítica das massas caíam como uma luva paraexplicar tanto sua predisposição para apoiar políticosburgueses como para justificar o golpe militar. Osdois extremos do campo político, portanto, lançarammão do ‘imaginário do populismo’ como forma desintetizar as dificuldades e, no limite, a inviabilidadeda democracia em países como o Brasil.”. (Fonseca2010: 31)

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“O ‘imaginário do populismo’, em ambos os casos,revela seu elitismo ao assumir-se como a razãoesclarecida – à qual, no debate acadêmico,acrescenta-se ainda a gravidade de desqualificar oobjeto da pesquisa, primeiro passo para negligenciarsua complexidade e induzir a resultados que, a rigor,são os próprios pré-supostos e pré-conceitos doinvestigador”. (Fonseca 2010: 31)

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“É com este entendimento que se pode lançar luz aalgumas hipóteses sobre a crise do SGV. Este jácomeça com a inconformidade e a radicalização daUDN desde as eleições, ao reclamar judicialmente umsegundo turno sob o pretexto de que a vitória deVargas com 48,7% dos votos não atingira a maioriaabsoluta, exigência ao arrepio das normas legais. Estapostura perpassa por todo o período governamental eacirra-se com a campanha da PETROBRAS, com a“greve dos 300 mil” e com o “manifesto dos coronéis”,que precipita a demissão de João Goulart do Ministériodo Trabalho e deságua no atentado da Rua Toneleros eno suicídio de Vargas”. (Fonseca 2010: 39)

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“Em uma conjuntura de forte radicalização comoesta, torna-se difícil encontrar uma lógica abstrata nacondução da política econômica, como se ospolicymakers pudessem, sem restrições, fazer usodos instrumentais de política econômica da maneiraque lhes aprouvesse. Sua racionalidade é permeadapor variáveis extraeconômicas, as quais ajudam commais pertinência detectar o sentido das decisõesgovernamentais. Daí a hipótese de trabalho, antesmencionada, sem a qual o “imaginário do populismo”parece até possuir certo sentido como interpretação.”.(Fonseca 2010: 39)

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“A política econômica não se explica por si só:embora lhe seja inerente uma lógica instrumental,esta, ao contrário do que pensamos os economistasmajoritariamente, subordina-se a decisões e aescolhas não decorrentes da simples opçãoideológica do governo – v. g., se desenvolvimentistaou ortodoxo – nem, muito menos, de sua escolharacional por um modelo teórico, a ponto de poder ser“cobrado” por sua coerência formal. Esta é uma dasrazões que restringem as possibilidades dedetectarem-se projetos de longo prazo, como oNacional-Desenvolvimentismo, através de políticasinstrumentais”. (Fonseca 2010: 39-40)

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“(...) Como sustentar, num quadro destes, o‘imaginário do populismo’? Como associá-lo ao“populismo econômico”, cujo fundamento é anegativa de opção pela estabilidade e pelo combate àinflação, quando justamente isto é o que foi feito?Deve-se ter presente que o abandono gradual destaprioridade, a qual se pode visualizar a partir demeados de 1952, não pode apagar nem negligenciara opção da fase inicial – a qual é oposta à‘demagogia’ e à ‘irresponsabilidade’ associadas peloreferido modelo ao ‘populismo econômico’”.(Fonseca 2010: 40)

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“E, no caso, a política econômica executada não foifortuita nem errática: tratou-se de uma escolhacircundada politicamente, tanto em sua adoçãocomo em seu afrouxamento, e não decorreu de umatributo constitutivo (‘ser ou não ser’ populista) nemde um ato volitivo ou ‘comportamento exógeno’ dosgovernantes e dos policymakers que ocorressem àmargem do quadro maior de crise em que mergulhavacada vez mais o governo”. (Fonseca 2010: 40)

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“Cabe, finalmente, assinalar que esse reconhecimentonão foi apenas formal ou retórico – uma das tesesmais caras ao ‘imaginário do populismo’ é a denúnciada contradição entre o discurso e a prática de seusgovernantes. (...) Não se trata de simples‘conservadorismo’, ‘ausência de compromissos’, ou‘ambiguidade’; se é preciso um rótulo-síntese,parece-nos o mais apropriado ser realismo oupragmatismo, pois a decisão revela que o governobuscava o que seria o pré-requisito mais básico paraquem assume: poder governar”. (Fonseca 2010: 40)

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“(...) Serão agora abordadas as principais medidas da‘fase de randomização’ conjuntamente com a tese da‘virada nacionalista’. Pretende-se ponderar que suarelativamente longa duração, de meados de 1952 aoúltimo trimestre de 1953, contrapõe-se claramente àinterpretação segundo a qual tenha havido uma‘virada’ ex abrupto na orientação da políticaeconômica”. (Fonseca 2010: 42-43)

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“Atribui-se a Skidmore, como já se mencionou, a teseda ‘virada’, e merece registro por seu impacto naliteratura, pois serviu de referência a praticamentetodos os trabalhos posteriores. Muitos destescriticaram-no por sua divisão do períodogovernamental dicotomicamente (...)”. (Fonseca 2010:43)

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“(...) O núcleo da argumentação de Skidmore reside nadefesa de que o governo realmente teria começado‘sério’ e disposto a enfrentar os problemas de ‘curtoprazo’, como déficit orçamentário e no balanço depagamentos, escassez de divisas e inflação; todavia, isto sechocava com sua prioridade de ‘longo prazo’: aindustrialização e o desenvolvimento. Vendo aprofundaro estrangulamento externo e diante do insucesso docombate à inflação, e com o aguçamento dos conflitossociais, Vargas em 1953 teria dado uma “viradanacionalista”. (Fonseca 2010: 43)

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“(...) A argumentação desenvolvida nesse trabalho da décadade 1980 [Fonseca 1989] foi retomada e aperfeiçoada empesquisa mais recente, onde procurei dar mais robustez àsteses segundo as quais: (a) a política econômica não forairracional nem ambígua, mediante o recurso analítico dedesvendar seu desfecho e sua racionalidade sob a mediaçãoda correlação das forças políticas, e não em comparação a ummodelo abstrato ou tipo ideal para apontarem o que seria“correto”, como se mostrou na seção anterior; e (b) comotambém já se adiantou, não houve mudança repentina quepudesse denotar ‘virada’, posto que a randomizaçãoperdurou por longos meses, aproximadamente do segundosemestre de 1952 ao final de 1953”. (Fonseca 2010: 43-44)

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“Finalmente, cabe abordar a terceira corrente, a qualadvoga que a política econômica não fora nempopulista nem desenvolvimentista, mas ortodoxa econservadora”. (Fonseca 2010: 50)

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“Como já se mencionou, os trabalhos pioneiros adefender, de uma forma mais acabada, a ortodoxia dapolítica econômica dos anos 1951-1954 foram os deLessa/Fiori e Vianna. Em uma primeira objeção,registra-se que ambos parecem generalizar para todoo período o que teria ocorrido nos primeiros mesesdo governo, quando se pode detectar com maisnitidez a opção pela estabilização”. (Fonseca 2010: 50)

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“(...) Ambos os autores vão além: (a) admitem comopressuposto a incompatibilidade entre política deestabilização e Nacional-Desenvolvimentismo (estedenominado por Lessa/Fiori sintomaticamente de“nacional-populismo”), e assumem que ambos, emqualquer circunstância, são a priori excludentes; e (b)negam a existência de um projeto de industrializaçãopor parte do governo (...)”. (Fonseca 2010: 51)

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“Nas palavras de Bastos: ‘O combate à inflação deveria serrealizado em duas frentes, simultâneas e complementares:ampliar a produção com apoio decidido das políticascambial e de crédito, e assegurar equilíbrio orçamentário’.Estas palavras grifadas remetem justamente ao quecaracteriza a heterodoxia da época na América Latina, qualseja, o pensamento cepalino: não se negava a limine anecessidade de políticas contencionistas (seja, por exemplo,para evitar déficits crônicos no orçamento público e nobalanço de pagamentos, ou para o enfrentamento deprocessos inflacionários), mas buscava-se suacompatibilização com aumento da produção – ou, pelomenos, estabilizar minimizando os prejuízos à produção e aodesenvolvimento”. (Fonseca 2010: 52)

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“Por isso se deve considerar a hipótese de que não háincompatibilidade entre governos tidos comoadeptos do Nacional-Desenvolvimentismo, em certasconjunturas e diante de certas circunstâncias,implementarem políticas de estabilização queimpliquem diminuir o ritmo de crescimento a curtoprazo. Obviamente estes governos não podem nemabolir o ciclo econômico nem desconhecer osproblemas conjunturais e a necessidade de enfrentá-los, com o risco de comprometerem ainda mais oprojeto de desenvolvimento acelerado no longoprazo. Não há como se exigir deles uma politização daeconomia ”. (Fonseca 2010: 53)

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“Em síntese: parece totalmente impróprio pretendercriticar a existência do projeto Nacional-Desenvolvimentista com base na adoção de políticasde estabilização, ortodoxas ou não, por parte dosgovernos, ou denunciá-los como ‘conservadores’ ou‘dúbios’, como se os mesmos devessem ignorar osproblemas macroeconômicos conjunturais em nomede uma coerência abstrata com um modelo ideal decomportamento”. (Fonseca 2010: 40)

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“Faz-se mister ter presente que, do ponto de vistametodológico, Nacional-Desenvolvimentismo epolíticas de estabilização possuem diferentesescopos; como categorias, expressam fenômenos quenão se excluem nem a priori nem historicamente: oprimeiro aponta para um projeto de longo prazo(muito além de um ‘plano de governo’ ou de execuçãode metas planejadas pelos policymakers), enquanto assegundas dizem respeito ao manejo das políticaseconômicas instrumentais (monetárias, cambiais efiscais)”. (Fonseca 2010: 40)

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“(...) Parece indiscutível que desde 1930 o governobrasileiro começou a pôr em prática medidas quenão podem ser atribuídas ao acaso ou a merasreações aos percalços da conjuntura. (...) Essasmedidas não são fragmentárias nem reativas; o eloque as une é apontar para um devir que deveria serconstruído: o desenvolvimento nacional”. (Fonseca2010: 55-56)

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“Tratava-se, portanto, de um projeto dedesenvolvimento capitalista, mas não conservador,posto que visava fundamentalmente àtransformação de marcos estruturais da sociedadebrasileira: de agrária para industrial, de rural paraurbana, de atrasada para desenvolvida, desubordinada internacionalmente para maisautônoma, de exportadora para voltada ao mercadointerno, de altamente especializada no mercadointernacional para diversificada, e, finalmente, derenda concentrada para mais bem distribuída”.(Fonseca 2010: 57)

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“Destarte, negar sua existência ou tratá-lo como meraexpressão do conservadorismo ou do populismomanipulador leva à depreciação de um fenômeno demaior envergadura, dos poucos cujo alcance edesdobramentos acenavam para alternativadiferente da forte concentração de renda e doautoritarismo impregnados na história latino-americana. A aguerrida oposição à época do SGV é amais concreta denúncia histórica de existência.Afinal, contra o que e contra quem exatamente seopunham ferozmente políticos, empresários, clero,civis e militares tão bem representados pela UDN evitoriosos em 1964?”. (Fonseca 2010: 58)

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“Infelizmente esses entenderam com mais precisão osignificado histórico do Nacional-Desenvolvimentismo e do trabalhismo que boa partedos intelectuais que se debruçaram sobre eles comoobjeto de pesquisa e análise”. (Fonseca 2010: 58)

LACROU!

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Para pensar...

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1. Segundo Fonseca (2010), o SGV é ortodoxo, populistaou nacional-desenvolvimentista? Por quê?

2. O que é o “imaginário do populismo”, segundoFonseca (2010)? A quem o “imaginário dopopulismo” serviu, à esquerda ou à direita?