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USO DO MODELO RUSLE COM ENFOQUE NO FATOR PERDAS DE SOLO E MANEJO PARA ÁREAS DE REFLORESTAMENTO DE PINUS Ângela Grando [email protected] Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC Camila Belleza Maciel [email protected] Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC Cláudia Weber Corseuil – [email protected] Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC Marciano Maccarini [email protected] Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC Masato Kobiyama [email protected] Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC Rafael Augusto dos Reis Higashi – [email protected] Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL Ulysses Ribas Junior e Reinaldo Langa – [email protected] Battistella Florestas RESUMO Este estudo teve como objetivo estimar as perdas de solo em áreas de reflorestamento de Pinus taeda e, conseqüentemente, recomendar corretas práticas de manejo. Foram realizados ensaios com parcelas, quantificando a perda de solo por meio de amostras de sedimentos obtidos em campo, semanalmente durante um ano. Para isto, utilizou-se o modelo RUSLE, que engloba fatores naturais e antrópicos. Dos fatores utilizados, somente o fator manejo do solo foi controlado por meio do experimento, utilizando escarificador e plantio direto. ABSTRACT This study aimed to estimate the Soil loss in areas of reforestation of Pinus taeda and, therefore, recommend proper management practices. Test were conducted with plots, quantifying the loss of soil through samples obtained from sediments in the field, every week during one year. For this, using the RUSLE model, which includes natural and antrhropic factors. Within the factors used, only the factor soil management was controlled, by means of experiment, using scarifier and tillage. keywords: Soil loss, soil management; RUSLE.

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USO DO MODELO RUSLE COM ENFOQUE NO FATOR PERDAS DE SOLO E MANEJO PARA ÁREAS DE REFLORESTAMENTO DE PINUS

Ângela Grando – [email protected] Federal de Santa Catarina – UFSC

Camila Belleza Maciel – [email protected] Federal de Santa Catarina – UFSC

Cláudia Weber Corseuil – [email protected] Federal de Santa Catarina – UFSC

Marciano Maccarini – [email protected] Federal de Santa Catarina – UFSC

Masato Kobiyama – [email protected] Federal de Santa Catarina – UFSC

Rafael Augusto dos Reis Higashi – [email protected] do Sul de Santa Catarina – UNISUL

Ulysses Ribas Junior e Reinaldo Langa – [email protected] Florestas

RESUMO

Este estudo teve como objetivo estimar as perdas de solo em áreas de reflorestamento

de Pinus taeda e, conseqüentemente, recomendar corretas práticas de manejo. Foram

realizados ensaios com parcelas, quantificando a perda de solo por meio de amostras

de sedimentos obtidos em campo, semanalmente durante um ano. Para isto, utilizou-se

o modelo RUSLE, que engloba fatores naturais e antrópicos. Dos fatores utilizados,

somente o fator manejo do solo foi controlado por meio do experimento, utilizando

escarificador e plantio direto.

ABSTRACT

This study aimed to estimate the Soil loss in areas of reforestation of Pinus taeda and,

therefore, recommend proper management practices. Test were conducted with plots,

quantifying the loss of soil through samples obtained from sediments in the field, every

week during one year. For this, using the RUSLE model, which includes natural and

antrhropic factors. Within the factors used, only the factor soil management was

controlled, by means of experiment, using scarifier and tillage.

keywords: Soil loss, soil management; RUSLE.

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INTRODUÇÃO

A intervenção humana, por meio de atividades agroflorestais em áreas com grande

declividade e o desmatamento de encostas e margens de rios, propicia a redução da

infiltração de água no solo e, por conseguinte o aumento do fluxo superficial. Esses

fatores acabam favorecendo a instalação de processos de erosão do solo que

desestabilizam encostas e confere maior carga sedimentar ao fluxo de água no canal.

A água escoada torna-se um dos principais agentes responsáveis pelos processos de

erosão, incluindo o destacamento, o transporte e a deposição das partículas de solo.

A deterioração da qualidade da água dos rios vincula-se ao desequilíbrio no aporte de

sedimentos finos nos canais, produzindo turbidez. A carga suspensa é constituída de

partículas de silte e argila, que se conservam suspensas até a velocidade do fluxo

decrescer, depositando-se ao longo do rio.

No mundo, os estudos sobre erosão foram iniciados no setor agrícola, criando o

modelo Universal Soil Loss Equation (USLE) (Wischmeier & Smith, 1978) que

considera influências da chuva, tipo de solo, relevo, cobertura e conservação.

A USLE, por se tratar de um modelo empírico ela envolve além dos erros amostrais

erros de modelo devido à simplificação da formulação e dos efeitos de variáveis não

mensuradas. Até hoje poucos trabalhos vêm sendo feitos com os modelos USLE e

RUSLE para áreas florestais (Dissemeyer & Foster, 1985; Kitahara et al., 2000). No

entanto, considerando que a maioria das cabeceiras de quaisquer bacias está coberta

com florestas ou áreas de reflorestamento e grande parte delas é de captação de água

para consumo, portanto, é muito útil realizar estudos sobre erosão nas áreas florestais

com os USLE e/ou RUSLE.

Assim, as perdas do solo em áreas com diferentes manejos para o plantio de Pinus

taeda, com enfoque no fator manejo, foram estimadas por meio do método de parcelas

no município de Rio Negrinho/SC, onde uma rede de bacias-escola vem sendo

implantada (Kobiyama et al., 2009).

MATERIAIS E MÉTODOS

Área de Estudo

Os experimentos foram instalados na Fazenda Rio Feio, pertencente à empresa

Battistella Florestal, situada no município de Rio Negrinho-SC. O município se localiza

no planalto norte Catarinense e faz parte da Bacia do Rio Iguaçu. Tendo sua altitude

média de 792 m, o município encontra-se sob influência do clima Mesotérmico,

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subtropical úmido, com verões frescos, sem estação seca e com geadas severas

freqüentes. Segundo Kobiyama et al. (2004), a temperatura média anual na região é de

18,3 ºC e a precipitação média anual é de 1.572 mm. O substrato do município de Rio

Negrinho é formado por rochas sedimentares pertencentes aos Grupos Itararé e Guatá,

do Super Grupo Tubarão (Bortolozzi & Silva, 1987). Segundo o mapa de solos da

EMBRAPA (2004) para o Estado de Santa Catarina, em escala 1:250.000, o solo na

fazenda Rio Feio caracteriza-se como Cambissolo Álico Tb A moderado (Ca9), textura

argilosa, fase floresta subtropical perenifólia, relevo suave ondulado e ondulado. A área

experimental é composta por quatro parcelas situadas entre as latitudes 26°30’17”S e

26°30’24”S e as longitudes 49°30’49”W e 49°31’00”W, ilustrados na Figura 1.

Figura 1 - Área de estudo

Com base nos tipos de manejo de solo e declividade de relevo, as parcelas foram

nomeadas como descrito na Tabela 1.

Tabela 1 - Identificação das parcelasParcelas Manejo Declividade

R1-20 Escarificador 20%R2-20 Escarificador 20%

PD1-20 Plantio direto 20%PD2-20 Plantio direto 20%

Os dois tipos de manejo adotados compõe: preparo do solo utilizando-se um trator de

esteira com garfo frontal e escarificador traseiro para a remoção do material vegetal

depositado sobre o solo e preparo para o plantio direto sobre os restos vegetais da

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floresta que sofreu corte raso, retirando apenas os galhos maiores. As linhas de plantio

distam entre si 2,5 m e a área de cada parcela foi determinada abrangendo duas linhas

com 5 m de largura e 15 m de comprimento totalizando área de 75 m2 (Figura 2).

Figura 2 - Esquema do experimento

Para a instalação das parcelas e a delimitação da área de coleta foram utilizadas

tábuas de madeira com 20,0 cm de largura e 2,5 cm de espessura. Esta delimitação

evitou a entrada e a saída de água do escoamento das precipitações para o interior

das parcelas. Na parte inferior das mesmas, foi instalado um sistema de calha de zinco

trapezoidal, para a coleta do material erodido. Este sistema conduz água e sedimentos

para dois tambores, com capacidade de armazenamento de 200 litros cada. Os

tambores e a calha foram cobertos com chapas de madeira e na seqüência, foram

plantadas as mudas de Pinus taeda (Figura 3).

Figura 3 – Experimento final das parcelas

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Aplicação do Modelo RUSLE

Para predizer as perdas de solo sob as condições de manejo avaliadas, utilizou-se o

modelo RUSLE, Equação (1). Esse modelo engloba fatores naturais, caracterizando o

potencial natural de erosão (PNE), e fatores antrópicos (uso do solo e fator manejo),

além da perda de solo anual, representada por (A) em t·ha-1·ano-1.

A = P∙N∙E∙C∙P (1)

Os valores para o fator uso do solo (C) foram constantes, pois a área de estudo possui

a mesma cobertura vegetal, fase inicial de crescimento. Já o fator manejo do solo (P),

será obtido com base nos outros parâmetros. O PNE, proposto por Wischmeier & Smith

(1978), é determinado conforme a Equação (2):

PNE = R∙K∙LS (2)

onde: R é a erosividade da chuva em MJ·mm·ha-1·h-1·ano-1; K é a erodibilidade em

t·h·MJ-1·mm-1; LS é o fator topográfico (adimensional).

Foram utilizados dados de isoerosividade anual da chuva do município de Rio

Negrinho, obtidos por Checchia et al. (2006), onde foram utilizados dados

pluviométricos diários de 1994 até 2005 e a erosividade anual foi determinada através

da soma do coeficiente EI30, calculado para cada evento erosivo de chuva (Bertoni &

Lombardi Neto, 1999). Para a obtenção dos valores da erodibilidade do solo, foi

utilizado o método proposto por Wischmeier et al. (1971) que tem como base os

parâmetros textura, estrutura, classes de permeabilidade e porcentagem de matéria

orgânica. Amostras de solo, contendo 500 gramas cada, coletadas de acordo com a

declividade e manejo da área de estudo foram encaminhadas ao Laboratório de

Análises de Solo da CIDASC (Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de

Santa Catarina), onde o teor de matéria orgânica, porcentagem de areia e silte e o tipo

de solo foram determinados. As classes da estrutura do solo foram conhecidas por

meio das estabelecidas pelo IBGE (2005). Para a obtenção das classes de

permeabilidade, relacionou-se a porcentagem de silte com areia conforme SCS (1977).

Assim, utiliza-se a Equação (3) proposta por Wischmeier et al. (1971) para calcular K.

( )( ) ( ) ( )100

35,2225,312101,21317,0 414,1 −+−+−⋅=− cbaMK (3)

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onde: M é o fator textura; a é o teor de matéria orgânica em %; b é a estrutura do solo;

c é a permeabilidade do perfil de solo. O fator da textura é definido por s a quantidade

de silte em %; af de areia fina em %; e ar de argila em % calculado na Equação (4).

)100()( arafsM −⋅+= (4)

A topografia é considerado por meio do fator topográfico LS (Length-Steepness), L é o

comprimento do relevo (m) e S é o gradiente de declividade (%), segue a Equação (5).

( )21385,097,036,1 SSSLLS ⋅+⋅+⋅

= (5)

Estimativa da Perda de Solo

A coleta de água e sedimentos foi realizada semanalmente no período de março de

2007 até março de 2008. O material retido nos tambores foi homogeneizado, para na

seqüência, serem coletadas as amostras de cada parcela.

A perda de solo total foi estimada com base em análises laboratoriais de quantidade de

sedimento e água (Figura 4). Com o volume de água medido nos tambores e a

quantidade de sedimento produzido em mg/L foi possível quantificar a perda de solo

em toneladas.

A área das parcelas foi transformada de metros quadrados para hectare e o período de

coletas semanais para ano, quantificando a perda de solo em cada manejo.

Figura 4 – Análise laboratorial de quantidade de sedimento

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Estimativa da Perda de Solo

Os valores de perda de solo foram quantificados com base na média de perdas nas

parcelas mostrados na Tabela 2.

Tabela 2 – Média das perdas de solo por período

Coletas Manejo com Escarificador

Manejo com Plantio Direto

(Dias) R 20 (t/ha) PD 20 (t/ha)7 0.028280 0.013240

15 0.025484 0.00289922 0.002038 0.00875131 0.000730 0.00065144 0.007395 0.00646450 0.024041 0.00459764 0.026151 0.00625871 0.014088 0.00142378 0.000616 0.00128485 0.000000 0.000000124 0.000000 0.000000138 0.008888 0.005423144 0.000000 0.000000173 0.008310 0.004670191 0.000001 0.000011198 0.000897 0.002623212 0.000000 0.000000225 0.003079 0.000713240 0.009813 0.029785255 0.000393 0.000493264 0.000102 0.000444284 0.000278 0.000620309 0.007366 0.000963324 0.000038 0.000425343 0.008748 0.000922358 0.001557 0.000983

A Figura 5 ilustra a variação das médias entre os manejos em estudo e mostra a

tendência dos dois para o período de um ano. Da figura 5, também é possível obter as

oscilações maiores para manejo com escarificador em relação ao plantio direto.

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Variação da Perda de Solo entre os Manejos

0

0,005

0,01

0,015

0,02

0,025

0,03

0,035

7 22 44 64 78 124

144

191

212

240

264

309

343

Tempo de Coleta (dias)

Perd

a de

Sol

o (t/

ha)

R 20-Escarificador

PD 20-PlantioDireto

Linha deTendência R 20

Linha deTendência PD 20

Figura 5 – Variação entre as perdas de solo para os manejos

Observando a figura acima, pode-se concluir que as maiores perdas ocorrem nos

períodos iniciais após o preparo do solo e tendem a estabilizarem-se ao longo do

tempo. Quantificando as perdas, obteve-se a perda anual correspondente para cada

parcela, como mostrado na Tabela 3.

Tabela 3 - Perda de solo anual

Manejo Declividade (%) Perda de solo anual A(t·ha-1·ano-1)

Escarificador (R-20) 20 0,17830Plantio direto (PD-20) 20 0,09364

Observando a Tabela 3, nota-se que para a mesma declividade, as perdas maiores

ocorreram nas parcelas que utilizam manejo com Escarificador.

Fatores do Modelo RUSLE

A partir dos mapas de isoerosividade mensais gerados por Checchia et al. (2005), o

presente trabalho gerou os valores de erosividade da chuva para a área de estudo.

Com os dados da Tabela 4, obtem-se um valor de erosividade anual, isto é, 6970

MJ·mm·ha-1·h-1·ano-1. A tabela mostra que nos meses de abril, maio e agosto ocorrem

reduções nos índices de erosividade, devido aos baixos índices pluviométricos.

Os valores de M da Equação (4) resultam das análises da granulometria da Tabela 5.

O teor de matéria orgânica foi analisado e está expresso em porcentagem como a. As

amostras coletadas em campo apresentaram-se sob a forma granular, segundo a

classificação do IBGE (2005). Desta forma, o valor de b é 3. Pela classificação

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ARS/USDA (1994), a permeabilidade foi determinada relacionando-a com a textura do

solo, ou seja, a partir da porcentagem de silte e areia, obtendo assim, o valor de c da

Tabela 5. Usando a Equação (3) com os dados de M, a, b e c, o valor de K para cada

parcela foi determinado como mostrado na Tabela 5.

Tabela 4 - Erosividade média mensal na área de estudo

Mês Erosividade média(MJ·mm·ha-1·h-1·mês-1)

Janeiro 1140Fevereiro 905

Março 510Abril 229Maio 183Junho 375Julho 522

Agosto 242Setembro 656Outubro 889

Novembro 545Dezembro 774

Tabela 5 – Características do soloAmostras R-10 R-20 PD-20

Areia grossa (%) 4,90 3,50 4,40Areia fina (%) 32,70 32,00 45,70

Silte (%) 38,40 46,50 23,90Argila (%) 24,00 18,00 26,00

M 5403,6 6437,0 5150,4a (%) 6,8 >10,0 3,6

Estrutura do solo Granular grosseiraB 3 3 3

Permeabilidade Muito lenta Lenta Muito lentaC 6 5 6

K (t·h·MJ-1·mm-1) 0,133 0,094 0,147

Da Tabela 5 é possível observar que a maior erodibilidade ocorreu nas parcelas com

plantio direto. Isto se deve às características do solo, que apresenta porcentagens mais

elevadas de areia e menores teores de matéria orgânica, em relação às demais.

Os valores de L e S são 15 m e 10% ou 20%, respectivamente. Assim, utilizando a

Equação (5), obtêm-se o valor de LS de 14,75 para declividade 20%.

Por meio da Equação (2), os valores de PNE foram calculados conforme Tabela 6.

O plantio direto apresentou maior PNE em relação à área utilizando escarificador

devido à erodibilidade do solo apresentar-se maior nesta área.

Tabela 6 - Potencial Natural de Erosão para cada parcelaParcelas R-20 PD-20

PNE (t·ha-1·ano-1) 9663,91 15112,70

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Apesar de o PNE estimar as perdas máximas dos solos, ele considera somente os

parâmetros do meio físico, correspondendo às estimativas de perdas de solo em áreas

destituídas de cobertura vegetal e sem qualquer intervenção antrópica. Estes fatores

são determinantes para quantificar as perdas de solo nas condições de campo reais.

Os fatores antrópicos são os fatores de cobertura vegetal (C) e o fator manejo de solos

(P) em unidades adimensionais e decisivos na predição de erosão para diferentes

culturas. Os valores do fator C utilizados neste estudo são para algumas classes de

cobertura vegetal do solo com pouca proteção vegetal. A Tabela 7 demonstra valores

de alguns autores para o fator C.

Tabela 7 - Valores para o fator C cobertura vegetalClasses de cobertura vegetal Fator C

Corte Raso 0,0014 (1)Reflorestamento 0,001(2)

Solo Exposto 1(3)Fonte: (1) KITAHARA et al. (2000) (2) PINTO (1995), (3) RIBEIRO (2000)

Considerando que o corte raso e solo exposto compreendem a mesma situação de

cobertura do solo para o período de estudo, tais valores foram utilizados para estimar o

valor de prática P. Assim, modificando a equação do modelo RUSLE, Equação (1),

obtém-se valores de P para os dois manejos estudados, Equação (6).

( )AP

PNE C=

⋅ (6)

Assim, os valores de P para os dois manejos foram estimados, conforme Tabela 8.

Tabela 8 – Fator de P para cada manejoManejo Fator C Escarificador Plantio direto

P 0,0014 (1) 1,3 x 10-2 4,4 x 10-3

P 0,001 (2) 1,9 x 10-2 6,2 x 10-3

P 1 (3) 1,9 x 10-5 6,2 x 10-6

Fonte: (1) KITAHARA et al. (2000) (2) PINTO (1995), (3) RIBEIRO (2000)

A partir dos valores calculados na Tabela 8 para o fator prática, é possível notar que a

prática com plantio direto, utilizando diferentes valores de cobertura vegetal, quando

comparada com o manejo utilizando escarificador, indica uma redução na perda de

solo, apresentando-se como o melhor manejo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados obtidos neste estudo de perda de solo em área de reflorestamento de

pinus, no município de Rio Negrinho – SC permitem concluir que:

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As parcelas permitiram determinar a produção de sedimentos em áreas de

reflorestamento de pinus com manejos diferentes, apresentando a tendência de

estabilizarem-se ao longo do tempo.

O valor de PNE apresentou maior na área de plantio direto em relação à área utilizando

escarificador devido à erodibilidade do solo apresentar-se maior nesta área.

Adotando-se diferentes valores do fator C, cobertura vegetal, os valores de P, práticas

de manejo, mostraram-se maiores para utilização de escarificador. Assim, foi

determinada que a prática de manejo do solo com plantio direto produz as menores

perdas de solo para as condições de estudo.

Considerando que não se dispõe de um banco de dados de manejo florestal, não é

possível fazer comparações de perdas de solos para mesmo uso. Futuros trabalhos

serão realizados, através do monitoramento das perdas de solo em diferentes períodos

do ciclo de crescimento da vegetação, além de ensaios geotécnicos para determinação

do fator erodibilidade do solo no local de estudo e capacidade de infiltração do mesmo.

AGRADECIMENTOS

O presente trabalho foi financiado parcialmente pelo projeto “Monitoramento e

Modelagem Hidrossedimentológica de Bacias Hidrográficas Rurais na Região Serrana

Catarinense” (MCT/CNPq/CT-Hidro 13/2005).

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