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FEUP Fonte: Wix.com AMB103: Ana Bebiana Reis Gouveia, n.º 100511003 Ana Isabel Correia da Silva, n.º 100511056 Daniel Ribeiro Ferraz, n.º 100511035 João Pedro Polónia da Silva Carvalho, n.º 100511032 Miriam Nayelli Hernández de Sousa, n.º 100511022 Nuno Miguel Leite Amorim Ramos, n.º 100511040 Pedro Miguel Cardoso Queirós, n.º 100511028 Porto, 21 de Outubro de 2010 FLUXOS DE RESÍDUOS MESTRADO INTEGRADO EM ENGENHARIA DO AMBIENTE ANO LECTIVO 2010/2011 1.º SEMESTRE Monitor: Gustavo Pizarro Supervisor: Eng.ª Joana Dias COMO SE GEREM OS FLUXOS DE RESÍDUOS?

ESTRADO INTEGRADO EM ENGENHARIA DO AMBIENTEprojfeup/cd_2010_11/files/AMB103_relatorio.pdf · nas ruas, o que era bastante prejudicial para a sua saúde e o ambiente. O primeiro

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2010/2011 FEUP – FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO

FEUP

Fonte: Wix.com

AMB103: Ana Bebiana Reis Gouveia, n.º 100511003

Ana Isabel Correia da Silva, n.º 100511056

Daniel Ribeiro Ferraz, n.º 100511035

João Pedro Polónia da Silva Carvalho, n.º 100511032

Miriam Nayelli Hernández de Sousa, n.º 100511022

Nuno Miguel Leite Amorim Ramos, n.º 100511040

Pedro Miguel Cardoso Queirós, n.º 100511028

Porto, 21 de Outubro de 2010

FLUXOS DE RESÍDUOS

MESTRADO INTEGRADO EM ENGENHARIA DO AMBIENTE

ANO LECTIVO 2010/2011

1.º SEMESTRE

Monitor: Gustavo Pizarro

Supervisor: Eng.ª Joana Dias

COMO SE GEREM OS FLUXOS DE RESÍDUOS?

2010/2011 FEUP – FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO

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RESUMO

Toda a actividade humana conduz à produção de fluxos de resíduos, que terão

que ser tratados de forma adequada, como por exemplo as pilhas e acumuladores, os

óleos lubrificantes usados e outros fluxos de resíduos específicos. Entre eles encontram-

se os pneus usados.

A mobilidade terrestre, actualmente, é cada vez maior e, como tal, ocorre uma

maior produção de resíduos resultantes dessa actividade, entre os quais os pneus. A sua

gestão torna-se, pois, essencial para garantir que não se acumulem em aterros, com os

consequentes impactos ambientais, nem ocorra a sua combustão sem o respectivo

aproveitamento energético.

A legislação nacional que regulamenta a gestão deste tipo de resíduos é o DL

111/2001 de 6 de Abril, que tem o intuito de proteger o meio ambiente da poluição

causada pelo abandono dos pneus usados e economizar a energia e matéria-prima

necessárias para a sua produção.

Os métodos de valorização e gestão de pneus compreendem as seguintes

alternativas: recauchutagem, valorização energética, reciclagem e reaproveitamento, que

são levadas a cabo por entidades gestoras devidamente autorizadas. A sua análise

constitui um dos objectivos deste relatório.

Privilegiou-se o cruzamento de fontes de informação como método de

abordagem do tema. A obtenção de informação sobre fluxos de resíduos consistiu na

consulta de bibliografia especializada acerca de tratamento de resíduos sólidos e na

recolha de informação em websites de empresas e entidades relacionadas com o

encaminhamento e tratamento de resíduos de pneus. O enquadramento legal dessa

actividade foi referenciado através da consulta da legislação em vigor em Portugal. Para

a obtenção da lista dos operadores da zona norte responsáveis pelo transporte e

tratamento de pneus foi consultada a lista SILOGR.

Na legislação destaca-se a existência de preocupações governamentais com a

questão em debate. Conclui-se que, de modo a tornar o sistema mais eficiente, foram

criadas entidades incumbidas da sua gestão. Delas se destaca a ValorPneu, entidade

pública que gere uma rede de operadores, públicos e privados, cuja principal

responsabilidade é a recolha, a triagem e o tratamento dos pneus usados. Salienta-se o

empreendedorismo de operadores empresariais privados com papel de destaque, em

2010/2011 FEUP – FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO

ii

concreto no domínio do reaproveitamento dos pneus usados em sectores de ponta, como

o das obras públicas ou a construção urbana.

Através deste trabalho parece possível observar que Portugal se encontra na

vanguarda da gestão do fluxo de resíduos, se atendermos à existência de inúmeras

empresas que oferecem soluções integradas para a gestão dos pneumáticos,

contribuindo para a diminuição do número de pneus usados e a preservação dos

ecossistemas. Este parece ser um sector em que a iniciativa pública e a privada se

conjugam de forma articulada, com resultados positivos, em simultâneo em termos de

optimização de recursos e de preservação ambiental.

2010/2011 FEUP – FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO

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ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 2

2. HISTÓRIA DA GESTÃO DE RESÍDUOS .............................................................................................. 3

3. FLUXOS DE RESÍDUOS ................................................................................................................. 4

3.1. Pilhas e acumuladores usados ...................................................................................... 4

3.2. Óleos lubrificantes usados ............................................................................................ 4

3.3. REEE-Resíduos de equipamentos eléctricos e electrónicos .......................................... 4

3.4. Outros fluxos de resíduos específicos ........................................................................... 4

4. ORGANIZAÇÃO DO SECTOR DOS RESÍDUOS EM PORTUGAL ................................................................. 5

5. PNEUS USADOS ......................................................................................................................... 5

5.1. Regulamentação ............................................................................................................ 5

5.2. Considerações gerais ..................................................................................................... 6

5.3. Problemas gerados pelo armazenamento/aterro......................................................... 8

5.4. Gestão de Pneus Usados ............................................................................................... 9

5.5. Valorização / Gestão ................................................................................................... 10

5.6. Operadores licenciados da zona norte de Portugal .................................................... 14

6. CONCLUSÃO ............................................................................................................................ 17

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................... 18

8. ANEXOS ................................................................................................................................. 20

2010/2011 FEUP – FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO

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1. INTRODUÇÃO

No âmbito da unidade curricular Projecto FEUP do 1.º ano do curso de Mestrado

Integrado em Engenharia do Ambiente da Faculdade de Engenharia da Universidade do

Porto, foi proposta a realização de um relatório que elucidasse acerca da correcta gestão

dos resíduos de pneus, desde as principais técnicas utilizadas na sua gestão em Portugal,

à identificação dos principais destinos destes resíduos na zona norte do país.

Devido à crescente preocupação por parte da sociedade, relativamente ao

impacto ambiental, foi necessária a adopção de diversas técnicas de controlo e

consequente diminuição dos resíduos urbanos. Como tal, ocorreu um grande

desenvolvimento a nível das tecnologias de valorização e gestão de pneus usados, tendo

sido por essa razão, criado um fluxo específico para estes resíduos.

A gestão de resíduos traduz-se “num conjunto de intervenções prioritárias ao

nível da cadeia produtiva, nomeadamente na prevenção da sua produção e perigosidade,

bem como acções que promovam o crescimento das quantidades de resíduos

recuperadas para valorização, com consequente decréscimo das quantidades a

encaminhar para eliminação” (IGA, 2005) e como tal, depreende-se que o fluxo de

pneus usados requer cuidados anexos, isto porque podem originar problemas ambientais

graves, como também pôr em risco a saúde pública, através do abandono em terrenos

pouco apropriados (aterros) ou incineração a céu aberto sem aproveitamento de energia.

Irá ser feita uma abordagem a alguns tópicos principais, iniciando-se na

caracterização dos fluxos de resíduos em que serão especificados os mais variados tipos

existentes, seguindo-se a organização do sector de resíduos na região norte de Portugal e

por fim, os sistemas de recolha, tratamento e destino final dos pneus usados.

2010/2011 FEUP – FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO

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2. HISTÓRIA DA GESTÃO DE RESÍDUOS

De modo a poder ter uma ampla perspectiva sobre os actuais processos de

remoção tem de se contar como estes foram evoluindo ao longo dos tempos.

Antigamente as pessoas limitavam-se a descarregar os resíduos urbanos directamente

nas ruas, o que era bastante prejudicial para a sua saúde e o ambiente. O primeiro

sistema de recolha em Lisboa surgiu no final da Idade Média (séc. XV), porém consistia

meramente na passagem de uma carroça onde as pessoas despejavam os seus detritos. O

rei D. João III procurou implementar medidas de limpeza mais assíduas, mas este

sistema foi um fracasso devido à parca adesão por parte da população.

No começo do século XVII, visando reforçar o orçamento dos serviços de

remoção, foi lançado um imposto sobre as actividades que se sabia produzirem mais

resíduos, o “real da carne”. No entanto, foi devido às acções do Marquês de Pombal,

após o terramoto que abalou Lisboa em 1755, que os serviços de limpeza da cidade

passaram a ser custeados através de uma taxa, cujo pagamento era feita por casas de

pasto, bebidas e estalagens.

Com o crescente desenvolvimento a nível da tecnologia foram sendo realizadas

grandes melhorias na eficiência dos sistemas de recolha e transporte dos resíduos

sólidos urbanos. Este sistema cada vez mais eficaz permitiu a existência de diferentes

tipos de remoção e processos de remoção, facilitando o reaproveitamento dos mais

variados resíduos urbanos. No entanto, foi devido ao número elevado de fluxos de outro

tipo de resíduos que estes passaram a ser sujeitos a um tratamento diferenciado. Estes

resíduos podem ter como particularidade as suas dimensões, a sua perigosidade e, na

maior parte dos casos, encontram-se abrangidos em legislação específica (Levy e

Cabeças, 2006).

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3. FLUXOS DE RESÍDUOS

Segundo o Decreto-Lei (DL) n.º 178/2006 de 5 de Setembro, é definido na

alínea m) do seu artigo 3.º que fluxo de resíduos é “o tipo de produto componente de

uma categoria de resíduos transversal a todas as origens, nomeadamente embalagens,

electrodomésticos, pilhas, acumuladores, pneus ou solventes”. Existem diversos tipos de

fluxos de resíduos, entre os quais:

3.1. Pilhas e acumuladores usados

Estes resíduos são classificados como resíduos perigosos, pois porque na sua

constituição existem vários ácidos e metais que são prejudiciais e letais para o meio

ambiente, e como tal, devem ser colocados nos pilhões dispostos junto dos Ecopontos e

em diversos locais, como supermercados, escolas, lojas, etc. Depois de recolhidos, são

enviados para uma entidade gestora especializada na sua administração, que irá garantir

a respectiva reciclagem e/ou valorização energética. Destes processos pode-se

aproveitar materiais como o manganês, zinco, aço e carbono, sendo usados em

processos produtivos (VA, 2010).

3.2. Óleos lubrificantes usados

Os óleos usados contêm substâncias tóxicas, como também compostos

mutagénicos e carcinogénicos que têm efeitos nocivos na saúde pública. Estes óleos

contaminam os cursos de água. Portanto, para a gestão deste fluxo de resíduos, deverá

ser estudada a viabilidade técnica, económica, financeira e ambiental da criação de

unidades de regeneração de óleos usados (Levy e Cabeças, 2006).

3.3. REEE-Resíduos de equipamentos eléctricos e electrónicos

De acordo com a legislação em vigor, os distribuidores são responsáveis por

assegurar gratuitamente a recolha de REEE, sem encargos para o detentor. Depois de

recolhidos, os produtores/comerciantes têm a obrigação de organizar o seu

armazenamento até que os retomem para reciclagem e/ou destino final adequado, de

forma a reduzir a quantidade e o carácter nocivo de resíduos a eliminar (VA, 2010).

3.4. Outros fluxos de resíduos específicos

Veículos em fim de vida, Embalagens de produtos fitofarmacêuticos, Baterias,

Madeiras, “Monstros” (resíduos volumosos e pesados que não oferecem condições de

fácil manuseamento), Óleos vegetais alimentares usados, Resíduos de construção e

demolição, Resíduos hospitalares, Resíduos orgânicos de origem vegetal, Subprodutos

animais, Sucata e por fim, o fluxo de pneus que irá se explorado com maior

profundidade ao longo deste documento (VA, 2010).

2010/2011 FEUP – FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO

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4. ORGANIZAÇÃO DO SECTOR DOS RESÍDUOS EM PORTUGAL

A organização do sector de gestão de resíduos urbanos em Portugal está ligada

ao municipalismo, pela sua proximidade à precaução com a saúde pública. As

exigências da comunidade e a necessidade de grandes investimentos em infra-estruturas

de razoável dimensão, como por exemplo os aterros e as centrais de valorização

energética, levaram ao surgimento de um modelo organizacional que veio ultrapassar as

capacidades de cada município.

No início dos anos 90, surgiram os primeiros sistemas plurimunicipais que

operavam a gestão de resíduos urbanos em alta, procurando as vantagens de economias

de escala em termos de investimento em infra-estruturas, custos de operação e

resultados em matéria de recuperação e reciclagem de materiais. Nessa altura, assistiu-

se à implementação, na generalidade dos municípios, da recolha selectiva de resíduos e

a construção de novas infra-estruturas de tratamento e destino final, procedendo-se ao

encerramento das lixeiras onde cada município, isoladamente, depositava os resíduos

urbanos sem qualquer supervisão. (INE, 2010)

No final dos anos 90 todo o país estava coberto por sistemas desta natureza que,

em muitos casos, envolvia mais do que um município e ostentava uma repartição de

responsabilidades na gestão adequada dos resíduos urbanos.

O grande desafio do sector é a adopção de medidas que visem a redução da

geração de resíduos e a consequente reposição dos níveis de reciclagem e de

valorização, o que traz vantagens económicas evidentes.

Actualmente existem diversas entidades responsáveis pela gestão e organização

de sistemas orientados para a recuperação selectiva e reciclagem dos diversos fluxos

específicos, sendo que o sector continua a tentar reduzir as quantidades de resíduos

depositados em aterros, aumentar a valorização dos resíduos produzidos, aumentando

assim a sua vida útil (INE, 2010).

5. PNEUS USADOS

5.1. Regulamentação

Com vista a promover uma gestão de resíduos mais eficaz e tendo em conta que

a protecção do ambiente é uma preocupação actual, tem sido publicada diversa

legislação que regulamenta a gestão e valorização de resíduos.

No caso específico da gestão e valorização de pneus usados, atente-se, em

especial, ao DL nº 111/2001 de 6 de Abril. Este decreto-lei determina que “uma política

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integrada de gestão de resíduos assenta prioritariamente na prevenção da sua produção e

da sua perigosidade, bem como na maximização das quantidades recuperadas para

valorização, tendo em vista a minimização dos resíduos a encaminhar para eliminação”.

Decreta, ainda, que a combustão de pneus sem recuperação energética, a

deposição em aterro e a gestão desses resíduos por entidades não autorizadas se

encontram proibidas.

Segundo o artigo 1º, do referido DL, que determina as normas aplicáveis à

gestão de pneus usados, os objectivos de gestão são a prevenção da produção de

resíduos, a reciclagem, recauchutagem e valorização. Entende-se, pois, por valorização

a “operação que visa a utilização de pneus usados para outros fins que não os iniciais,

nomeadamente a reciclagem de pneus, a valorização energética, bem como a sua

utilização em trabalhos de construção civil e obras públicas, a sua utilização como

protecção de embarcações, molhes marítimos ou fluviais e no revestimento dos suportes

dos separadores de vias de circulação automóvel”.

A legislação visa, assim, o controlo da gestão de resíduos, em específico os

pneus usados, de forma a reduzir a quantidade de resíduos a eliminar e proporcionar

uma melhoria do desempenho ambiental.

5.2. Considerações gerais

O ciclo de vida (figura 1) de determinado material compreende normalmente

cinco fases: inicia-se como matéria-prima em que recorremos à recolha dos materiais

que darão origem ao que desejamos produzir. Seguidamente dá-se a produção desse

determinado material, originando neste caso, o pneu. O produto é disponibilizado em

mercado para quem queira ter acesso ao mesmo, sendo que esta etapa designa-se por

comercialização. Após a compra há o consumo, que quando chega ao ponto de desgaste

é gerido como resíduo.

Figura 1 - Ciclo de Vida

Fonte: Nódesign

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Um pneumático, ou mais conhecido pelo seu nome comum, pneu, é uma estrutura

composta por vários tipos de materiais, nomeadamente, 50% de borracha, 25% de fibras

têxteis e 25% de fibras de aço, que quando reciclado e/ou reutilizado pode ser aplicado

em pavimentação de estradas, pisos de parques infantis, campos de futebol sintéticos,

entre muitos outros.

Segundo o Artigo 2.º, do DL n.º 111/2001, de 6 de Abril, os pneus usados são

“…quaisquer pneus de que o respectivo detentor se desfaça ou tenha intenção ou

obrigação de se desfazer…”. Tomemos, então atenção a dois tipos de pneus de

borracha, os maciços e os pneus com ar, sendo que estes últimos são produzidos em

maior quantidade. Geralmente são de cor negra isto porque, durante a produção, é

adicionado negro de fumo à composição da borracha o que os torna mais resistentes ao

desgaste, tendo em conta que os pneus têm uma durabilidade de aproximadamente 25

mil a 70 mil quilómetros dependendo dos cuidados do condutor.

Desde 2003 que é obrigatória a reciclagem dos pneus usados, algo que deverá

ser garantido pelos seus produtores, desde a sua recolha e transporte, à sua gestão.

Segundo o Artigo 4.º, n.º 2, alínea a), do DL n.º 111/2001, deverá ser acautelada pelos

produtores “ …a recolha de pneus usados numa proporção de, pelo menos, 95 % dos

pneus usados anualmente gerados”, como também, segundo o Artigo 6.º, n.º 1 deste

mesmo DL, “O produtor […] é responsável pela recolha, transporte e destino final

adequado dos pneus usados, devendo esta responsabilidade ser transferida para uma

entidade gestora, …”.

Portanto, como podemos ver, a gestão dos pneus está completamente

regulamentada de forma a haver um bom aproveitamento do material, que já não é

necessário, para algo que possa ser reutilizado.

Para que haja uma boa gestão dos resíduos urbanos, é necessário haver uma

classificação dos mesmos. Como tal e segundo o DL n.º 178/2006, de 5 de Setembro, os

resíduos devem ser classificados pela LER (Lista Europeia dos Resíduos), publicada na

Portaria n.º 209/2004, de 3 de Março, aprovada pela Decisão da Comissão

2000/532/CE, de 3 de Maio. Esta lista é uma organização dos resíduos, sendo estes

definidos por um código de 6 dígitos, em que os dois primeiros são os números dos

capítulos e os últimos quatro, os números dos subcapítulos.

Portanto, os pneus usados são classificados como resíduos não perigosos e

pertencentes ao capítulo 16, nomeadamente, resíduos não especificados em outros

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capítulos da lista, e ao subcapítulo 01, designadamente, veículos em fim de vida de

diferentes meios de transporte (incluindo máquinas todo o terreno) e resíduos do

desmantelamento de veículos em fim de vida e da manutenção de veículos, logo o seu

número é o 16 01 03, sendo o 03, o seu número único. No entanto, quando não são

removidos previamente dos Veículos em Fim de Vida, podem fazer parte desse fluxo,

sendo integrados na classificação 16 01 04 (APA, 2006).

5.3. Problemas gerados pelo armazenamento/aterro

A gestão dos RSU deve ser correctamente organizada para que não surjam

problemas prejudiciais ao ambiente.

Segundo o artigo de Isabel Rocha na Revista AEP Ambiente, o novo regime

jurídico a que fica sujeita a gestão dos pneus usados aprovado pelo DL n.º 111/2001, de

6 de Abril, emprega uma hierarquia na gestão dos pneus usados, concedendo prioridade

à prevenção de produção deste tipo de resíduos, ou seja, é promovida a recauchutagem,

o desenvolvimento de sistemas de reciclagem e outras formas de valorização de pneus

usados. Também é proibida a combustão sem recuperação energética, bem como a

deposição final em aterro, isto porque muitos problemas podem surgir da adopção

destas medidas de gestão (Isabel Rocha, 2001) como incêndios, que poderão destruir a

réstia de fauna e flora do meio. Outra das consequências é a formação de poças de água

dentro dos pneus, que poderá consequentemente atrair mosquitos, como também levar à

proliferação de roedores. Existem ainda outras consequências da má gestão dos RSU,

sendo estas:

A ocupação de um grande volume do aterro, sendo difícil a compactação

deste resíduo;

A instabilidade física do aterro, isto porque alguns tipos de pneus

demoram mais tempo a decompor-se e resistem à compactação;

Desperdício de matéria-prima que não é reutilizada;

O impacte visual negativo; (Levy e Cabeças 2006, p. 98)

Portanto, a melhor forma de prevenir este tipo de complicações é evitar a

utilização de aterros o máximo possível, para que também não haja contaminação dos

solos e consequentemente dos ecossistemas.

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PU (Pneus Usados) PR (Pneus Recauchutados) PURC (Pneus Usados Recolhidos) PUR (Pneus Usados Recauchutáveis) PUNR (Pneus Usados Não Recauchutáveis) PFV (Pneus em Fim de Vida)

Figura 2 - Modelo de Funcionamento de SGPN

5.4. Gestão de Pneus Usados

O Sistema

Integrado de Gestão de

Pneus Usados (SGPU)

(figura 2), define-se como

sendo um sistema

articulado de processos e

responsabilidades que

procura encaminhar os

pneus em fim de vida,

eliminando a deposição e

promovendo a recolha,

separação, retoma e

valorização. O SGPU é financiado através da cobrança de um Ecovalor aquando da

venda de um pneu (novo ou usado) (VP, 2002).

A Valorpneu, uma entidade encarregue da gestão de resíduos de pneus a nível

nacional, recorre ao Ecovalor como uma forma de financiar um sistema que se inicia na

recolha (disponibilizando espaços próprios para armazenamento temporário dos pneus

usados), seguido do transporte (entre os operadores de recolha e os valorizadores),

finalizando na valorização (consistindo na reutilização, recauchutagem, reciclagem e

valorização energética).

A Valorpneu estabeleceu uma rede de recolha à qual pertencem de momento 40

Pontos de Recolha no Continente, 8 Pontos de Recolha na Região Autónoma dos

Açores e 1 Ponto de Recolha na Região Autónoma da Madeira. Nos Pontos de Recolha

são aceites pneus usados a custo zero, livres de encargos para os seus detentores.

Contudo, os pneus têm de respeitar um conjunto de normas que ditam que os pneus

usados não podem apresentar quaisquer contaminações, ou seja, deve ser apresentada

toda a documentação necessária (Guia de Acompanhamento de Resíduos – GAR,

fotocópia do cartão de contribuinte e ficha de caracterização de origens do pneu) e cabe

aos detentores a responsabilidade dos meios de descarga dos pneus.

A rede de transporte da Valorpneu consiste actualmente em 23 empresas

transportadoras responsáveis pelo transporte dos pneus usados desde os Pontos de

Recolha até aos Valorizadores, sendo que 21 operam em Portugal Continental, 1 na

Fonte: Valor Pneu

2010/2011 FEUP – FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO

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Região Autónoma dos Açores e 1 na Região Autónoma da Madeira. Na seguinte tabela

(tabela 1) vão ser postas em destaque algumas das empresas que constituem a rede de

transportadores da Valorpneu:

Tabela 1 - Rede de Transporte da Valorpneu

Operadores de Transporte Localidade

Ave - Gestão Ambiental e Valorização Energética, S.A. Montijo

Benta & Benta , Lda. Póvoa do Varzim

Centro de Reciclagem de Palmela, S.A. Palmela

Constantino Fernandes Oliveira & Filhos, S.A. Pedroso

Ecomais - Recolha e Valorização de Resíduos, Lda. Leiria

Globalroda, Lda. Sangalhos

Jocate - Transportes e Equipamento, Lda Seixal

Manuel Morgado, Lda. Abrantes

Metais Jaime Dias, Lda. Trofa

Mirapapel - Comércio de Papel Velho e Cartão, Lda. Mirandela

Fonte: Valor Pneu, 2010

5.5. Valorização / Gestão

5.5.1. Recauchutagem

Por definição, a recauchutagem é um processo que transforma pneus usados

(carcaças) que não apresentem danos estruturais, em pneus capazes de serem

reutilizados, através da deposição de uma nova camada externa.

Este processo contribui para a protecção do meio ambiente, ao diminuir a

quantidade petróleo usado em termos de material de fabrico. Em concreto, a produção

de um pneu recauchutado necessita menos 70 a 100 litros de petróleo em comparação

com um pneu novo.

Apenas na Europa, isto pode ser traduzido, anualmente, em:

Economia de cerca de 1.000.000 toneladas de petróleo;

Economia de aproximadamente 645.000 toneladas de matérias-primas (VP,

2002);

Em simultâneo, a recauchutagem, enquanto processo que garante a extensão do

ciclo de vida de um pneu, contribui para a diminuição de deposição de carcaças e da

necessidade da sua eliminação, com ganhos ecológicos e económicos.

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A logística do processo implica circuitos empresariais que incluem várias fases:

1. Recolha de pneus para recauchutagem: aquando da entrega de pneus, novos ou

recauchutados, aos revendedores/agentes ou aos grandes frotistas com os quais o

recauchutador tem acordos contratualizados, estes entregam os pneus usados em

sua posse, com potencial para serem recauchutados;

2. Avaliação e selecção do produto: uma vez na unidade de recauchutagem, os

pneus são submetidos a exames de avaliação da condição da carcaça, de forma a

determinar-se quais os que podem ser aproveitados para recauchutar;

3. Eliminação/ devolução de carcaças não recauchutáveis: os pneus rejeitados são

devolvidos aos seus proprietários, ou encaminhados para os pontos de recolha.

Essas carcaças poderão ser posteriormente submetidas a outros formas de

valorização/ aproveitamento.

Taxas de aproveitamento:

A taxa de rejeição no exame de avaliação da carcaça é variável conforme o tipo

de pneu e oscila aproximadamente entre os 40 a 50% nos pneus ligeiros e os 20 a 30%

nos pneus pesados. A própria taxa de recauchutagem é, à partida, diferente: a de

pesados é efectuada em cerca de 80% dos pneus usados, enquanto no caso dos pneus de

ligeiros esta percentagem é consideravelmente mais baixa. Segundo informações

fornecidas pelos recauchutadores, isso deve-se ao facto de o mercado não absorver tão

facilmente este produto (VP, 2002).

5.5.2. Valorização Energética

Os pneus usados podem ser utilizados como combustível complementar ou

alternativo para o fabrico de cimento ou para a produção de electricidade e vapor em

unidades de co-geração, devido ao seu elevado poder calorífico, o qual ronda os 5.700

kcal/kg, pouco inferior ao do carvão que é de 6.800 kcal/kg.

A utilização de pneus usados como combustível alternativo permite ainda a

redução de emissões por combustão da biomassa, face à utilização de combustíveis

fósseis, devido à componente de borracha natural existente nos pneus (VP, 2002).

5.5.3. Reciclagem

Os recicladores utilizam os pneus usados como matéria-prima, interessando-lhes

fundamentalmente a borracha vulcanizada. Entre os produtos finais que o utilizam como

matéria-prima contam-se têxteis, aço e granulado de borracha com diferentes

2010/2011 FEUP – FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO

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granulometrias. Este é vendido para diversas aplicações, tais como: pavimentos

desportivos, recintos diversos, parques infantis, isolamentos térmicos, Betume

Modificado com Borracha (BMB), etc.(VP, 2002).

Dois dos processos mais conhecidos de reciclagem de pneus usados são:

Processo mecânico: Consiste na trituração mecânica dos pneus. A borracha é

fragmentada numa série de trituradoras e moinhos, sendo o aço retirado através de

separação magnética e o têxtil separado por diferença de densidade. No final do

processo, o granulado de borracha é dividido em várias gamas, consoante a sua

granulometria, através de crivos com diferentes dimensões de malha.

Processo criogénico: Neste processo é utilizado azoto líquido para congelar a

borracha à temperatura aproximada de -160ºC, num túnel criogénico, o que permite a

fragmentação da borracha e a produção de granulado de borracha fino. O pneu sofre

uma primeira trituração mecânica, sendo em seguida os seus fragmentos transportados

para o túnel criogénico, onde a temperatura de entrada do azoto é de aproximadamente

-192ºC e a temperatura de saída da borracha é cerca de -80ºC. Após a passagem pelo

túnel criogénico e pelos martelos pneumáticos, o aço e o têxtil do pneu são separados da

borracha através de separação magnética e por aspiração, respectivamente (VP, 2002).

Em relação aos produtos finais obtidos, o aço é vendido a empresas que

processam metais para reciclagem. O têxtil, que até há pouco tempo era depositado em

aterro controlado, é actualmente passível de valorização energética, enquanto o

granulado de borracha é usado, por exemplo, no fabrico de pavimentos desportivos,

nomeadamente para campos de futebol, pistas de tartan, recintos desportivos diversos e

parques infantis, para além de produtos para isolamentos térmicos (VP, 2002).

5.5.4. Reaproveitamento

Existe uma grande variedade de aplicações para valorizar pneus usados,

nomeadamente ao nível da reutilização de pneus inteiros. Beneficiando da resistência

estrutural dos pneus usados inteiros, estes podem ser utilizados como elementos de

protecção de molhes marítimos, de barcos, em aterros, e em obras de engenharia civil,

como muros de retenção ou na construção de túneis, para evitar o contacto directo entre

as rochas desprendidas dos maciços e a laje superior do túnel. Esta solução foi usada

por exemplo, em alguns túneis da Região Autónoma da Madeira.

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13

Os pneus usados podem igualmente ser utilizados em pisos permeáveis para

estradas, bem como em camadas drenantes na construção de plataformas ou armazéns,

evitando a necessidade de uma bacia de retenção externa.

A borracha dos pneus usados pode ainda ser utilizada para a manufactura de

solas de sapato, tiras para serem usadas em estofos de sofás, circunferências de borracha

para redes de pesca de arrasto, gamelas, etc. Estas últimas aplicações limitam-se, no

entanto, apenas aos pneus usados antigos, sem aço.

Os produtos resultantes da reciclagem e do reaproveitamento têm, pois, valor

económico activo, podendo possuir vários fins, como por exemplo:

Indústria de calçado;

Indústria da borracha;

Misturas betuminosas;

Pavimentos desportivos;

Relva sintética;

Complexos equestres;

Jardinagem;

Base para pavimentos sintéticos;

Construção civil;

Substituição de materiais convencionais em parques infantis (Biosafe, 1997).

Um dos produtos resultantes do processo criogénico é o Betume Modificado

com Borracha (BMB), que permite melhorar as características do betão, sendo possível

a incorporação de elevada percentagem de BMB nas misturas betuminosas (8 a 10%).

Esta utilização permitiu a reutilização, até Abril de 2010, de aproximadamente

1.400.000 pneus (Recipav, 1999).

O BMB garante uma óptima resistência à propagação de fendas, dada a sua

grande flexibilidade e revela-se excelente para a impermeabilização de plataformas e

consequente selagem de fissuras (Recipav, 1999). Entre as vantagens do uso de BMB

destacam-se a elevada incorporação de borracha (22%); uma acentuada resistência à

fadiga (10 vezes superior a um betão convencional); a resistência às deformações

permanentes e uma redução significativa do ruído provocado pelo tráfego (de 5/6 dBA

em relação aos pavimentos tradicionais).

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14

Com a sua utilização os custos de construção apresentam-se similares, mas há

uma redução muito importante nos custos de manutenção. As suas características

técnicas apresentam-se de acordo com a norma ASTM D 6114, estando a qualidade

técnica comprovada do BMB através de ensaios realizados no LNEC e nas

Universidades do Minho, Coimbra e Madrid (Recipav, 1999).

5.6. Operadores licenciados da zona norte de Portugal

Segundo o Decreto-Lei nº 111/2001, artigo 6.º, n.º 2, de 6 de Abril - Ministério

do Ambiente e Ordenamento do Território -, a responsabilidade da gestão dos resíduos,

pneus usados, por parte do produtor, só termina quando este mesmo, os submete a uma

entidade gestora devidamente autorizada para a valorização dos pneus, sendo que, esta

deverá ser uma empresa sem fins lucrativos. A dita entidade gestora poderá ser

composta por distribuidores, recicladores, recauchutadores e/ou outros operadores da

gestão dos pneus usados. Portanto, e como é referido no Decreto-Lei nº111/2001, artigo

7º, a responsabilidade pela gestão dos resíduos deve ser transferida para uma entidade

gestora do sistema integrado.

Entenda-se por sistema integrado, todo o “conjunto articulado de

responsabilidades e processos, com vista a promover a recolha de RSU, a sua triagem e

reciclagem, em circuito fechado” (Levy e Cabeças, 2006).

Segundo o artigo 7.º, n.º 5 do Decreto-Lei n.º 111/2001, a entidade gestora do

sistema integrado deve agregar as seguintes competências:

a) “Organizar a rede de recolha e transporte dos pneus usados, efectuando os

necessários contratos com distribuidores, sistemas municipais e multimunicipais

de gestão de resíduos sólidos urbanos ou seus concessionários ou outros

operadores, a quem deverá prestar as correspondentes contrapartidas financeiras;

b) Decidir sobre o destino a dar a cada lote de pneus usados, respeitando a

hierarquia dos princípios de gestão e tendo em conta os objectivos fixados no

artigo 4.º do citado Decreto-Lei.

c) Estabelecer contratos com os recauchutadores, recicladores e outros

valorizadores para regular as receitas ou encargos determinados pelos

respectivos destinos dados aos pneus. A transferência de responsabilidade de

cada produtor para a entidade gestora é objecto de contrato escrito, com a

duração mínima de cinco anos.” (DL n.º 111/2001, artigo 7.º, 2001)

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15

Figura 3 - Destinos dos RSU

Actualmente, subsiste uma vastidão de operadores licenciados (Anexo 1) que

gerem os fluxos de resíduos de pneus, sendo a ValorPneu – Sociedade de Gestão de

Pneus Lda. a entidade gestora responsável pela coordenação destes operadores a nível

nacional, tendo por objectivo a organização e gestão do sistema de recolha e destino

final de pneus usados. Na zona norte do país podem ser encontrados vários, sendo que

um deles é a Recauchutagem Nortenha, S.A. no Porto. Esta empresa, oferece soluções

integradas para a gestão do pneu, contribuindo para a redução da quantidade de pneus

usados que integram o fluxo de resíduos de forma a promover a preservação dos

recursos naturais através de diversos processos de valorização material e energética. A

Recauchutagem Nortenha intervém deste modo activamente em todas as fases do ciclo

de vida do pneu, transformando e criando recursos através de actividades de reciclagem

e valorização.

A ValorPneu tem vindo a recolher ao longo de seis anos, mais de 6 milhões de

toneladas de resíduos, cujo destino foi maioritariamente a reciclagem. Isto levou a que a

quantidade de pneus valorizados ultrapassasse a quantidade de pneus produzidos, nos

últimos dois anos. (INE, 2010)

Segundo o website da empresa Benta

& Benta, Lda. sediada na Póvoa de Varzim,

os resíduos tratados pela mesma empresa têm

diversos destinos possíveis, como é

visualizado na imagem retirada no portal da

empresa nortenha (figura 3).

Nesta empresa os resíduos podem ter

diferentes destinos, sendo estes, o

armazenamento, seguido da recolha, da

triagem, valorização, reutilização, destruição

confidencial e por fim, transporte.

A empresa ValorMinho, sediada em Valença informa no seu site que o destino

dos resíduos. Segundo o portal da empresa, uma vez colocados nos respectivos

contentores do Ecoponto, os resíduos são recolhidos, em camiões próprios, e são

levados para uma Estação de Triagem onde são submetidos a uma escolha mais

cuidadosa, de modo a dividi-los em diferentes categorias. Todos os resíduos que não

podem ser separados ou aproveitados, têm como destino final o Aterro controlado.

Fonte: Empresa Benta & Benta, Lda., 2010

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16

Quanto aos resíduos separados, estes são enviados para as Unidades de Reciclagem

onde são então aproveitados para produzir novos materiais, contribuindo assim para o

zelo do ambiente e da natureza (ValorMinho, 2010).

2010/2011 FEUP – FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO

17

6. CONCLUSÃO

Desde a invenção do pneu, nos finais do séc. XIX, este tem vindo a ganhar uma

enorme importância na sociedade. No entanto, o seu uso extensivo deu origem a um

grande acumular de resíduos que, como forma de gestão recorreu-se a aterros e

incineração sem valorização energética, provocando um impacto ambiental negativo.

De forma a dar solução aos problemas que advieram da gestão incorrecta dos

pneus, foram estabelecidos Decretos-Lei, nomeadamente, DL n.º 111/2001, de 6 de

Abril e o DL n.º 178/2006, de 5 de Setembro, que promoveram, respectivamente, os

princípios e normas fundamentais de gestão de pneus e o regime geral da gestão de

resíduos. O SGPU – Sistema Integrado de Gestão de Pneus Usados, surge com o intuito

de fazer cumprir a legislação que entrou em vigor, visto que se visa encaminhar os

pneus em fim de vida, no decorrer do ciclo de recolha, separação, retoma e valorização.

De modo, a tornar o sistema mais eficiente foram criadas entidades que ficam

incumbidas somente de parte do processo. Por esta razão foi criada a ValorPneu que é

constituída por uma rede de entidades públicas e privadas, cuja principal

responsabilidade é a recolha, a triagem e o tratamento dos pneus usados. A partir da

ValorPneu os pneus são encaminhados para entidades gestoras, entre as quais se

encontram a ValorMinho e a Recauchutagem Nortenha S.A., responsáveis pela prática

de diversos métodos de gestão, nomeadamente, a recauchutagem, a valorização

energética, a reciclagem e/ou o reaproveitamento.

Em suma, através deste trabalho foi possível observar que Portugal se encontra

na vanguarda da gestão do fluxo de resíduos, visto que existem inúmeras empresas que

oferecem soluções integradas para a gestão dos pneumáticos, contribuindo para a

diminuição do número de pneus usados e a preservação dos ecossistemas.

2010/2011 FEUP – FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO

18

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Agencia Portuguesa do Ambiente – Gestão de Residuos. 2010.

http://www.apambiente.pt/silogr/pages/principal.aspx (acedido em 5 Outubro,

2010).

Agencia Portuguesa do Ambiente - Sistema de Informação do Licenciamento de

Operações de Gestão de Resíduos (SILOGR).2010.

http://www.apambiente.pt/politicasambiente/Residuos/gestaoresiduos/SILOGR/

Paginas/default.aspx (acedido em Outubro 06, 2010)

Biosafe. 1997. Produtos. www.biosafe.pt (acedido em 10 Outubro, 2010)

Decreto-Lei n.º 178/2006 - Aprova o regime geral da gestão de resíduos. 2006.

http://siddamb.apambiente.pt/publico/. (acedido em 29 Setembro, 2010)

Decreto-Lei nº 111/2001 - Ministério do Ambiente e Ordenamento do Território.

2010. http://dre.pt/pdf1s/2001/04/082A00/20462050.pdf (acedido em 5 Outubro,

2010).

IGAOT (Inspecção-Geral do Ambiente e do Ordenamento do Território). 2005.

Relatório de Actividades-Pneus Usados. (369). www.igaot.pt/ (acedido em 2

Outubro, 2010).

INE (Instituto Nacional de Estatística). 2010. Destaque – Informação

Comunicação Social. (04) (August) www.ine.pt (acedido em 13 Outubro, 2010)

LER (Lista Europeia dos Resíduos). 2006. Agência Portuguesa do Ambiente.

www.apambiente.pt/.../Residuos/gestaoresiduos/classresiduos/.../LER.pdf.

(acedido em 1 Outubro, 2010)

Levy, João de Quinhones, and Artur Cabeças. 2006. Resíduos Urbanos Sólidos:

Princípios e Processos. AEPSA (Associação das Empresas Portuguesas para o

Sector do Ambiente)

LNB Recicla. 2010. A nossa actividade.

http://www.lnbrecicla.com/index.php?option=com_content&task=view&id=14

&Itemid=40 (acedido em 6 Outubro, 2010).

Recipav. 1999. Documentação. www.recipav.pt (acedido em 1 Outubro, 2010)

2010/2011 FEUP – FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO

19

Rocha, Isabel. 2001. AEP Ambiente (Associação Empresarial de Portugal-

Ambiente). Legislação. (55) (Julho). http://www.aeportugal.pt/. (acedido em 1

Outubro, 2010)

VA (Valor Ambiente). 2010. Gestão e Administração de Resíduos da Madeira,

S.A. http://www.valorambiente.pt/. (acedido em 7 Outubro, 2010)

ValorMinho. 2010. Manual de Recolha Selectiva.

http://www.valorminho.pt/paraondevao.htm (acedido em 5 Outubro, 2010).

VP (ValorPneu). 2002. Produtores e Recauchutadores. www.valorpneu.pt.

(acedido em 6 Outubro 2010)

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20

8. ANEXOS

ANEXO 1 – OPERADORES LICENCIADOS PARA A GESTÃO DE RESÍDUOS NA ZONA

NORTE

ALTAÍDE

ALUMÍNIOS,LDA.

Quintela BRAGA

ARMANDO DOS

ANJOS CORREIA

TRINDADE

Lugar de Fenais BRAGANÇA

BENTA & BENTA,

LDA.

Parque Industrial de Laúndos, Lotes 6 e

7.

PORTO

BRACICLA-

Unipessoal, Lda

Rua da Poça da Bácora BRAGA

Bragalux, Montagens

Eléctricas, S.A.

Parque Industrial de Pitancinhos BRAGA

CÂMARA MUNICIPAL

DE MATOSINHOS

Rua da Mainça (Ecocentro da Mainça) PORTO

CÂMARA MUNICIPAL

DE VALONGO

Rua de Valado (Ecocentro de Valongo) PORTO

CÂNDIDO JOSÉ

RODRIGUES, S.A.

Rua de Louredo, n.º 447. BRAGA

CARLOS FERREIRA

DA SILVA & FILHOS,

LDA.

Travessa do Barroco, nº281 Apartado

410

PORTO

CARMO BENTA -

Centro de Recepção,

Desmantelamento

de Veículos em Fim

de Vida e Gestão de

Resíduos, L

Rua dos Balazeiros, nº280, Lote 4,5 e 6,

lugar de Casal do Monte.

PORTO

CONSTANTINO

FERNANDES

OLIVEIRA & FILHOS,

S.A.

Travessa da Seada, 471 – Apartado 73-

EC Carvalhos

PORTO

DAVID DA SILVA

ROCHA & FILHOS,

Travessa da Conduta de Manariz, s/n PORTO

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21

LDA.

ERNESTO & ALVES -

Industria de

Reciclagem, S.A.

Rua da Indústria, lote 16 PORTO

FERNANDO MANUEL

PINTO-Sucatas,

Unipessoal,Lda.

Via Piaget, n.º 122 e 130, lote 7 PORTO

FLAVIRECICLAGENS-

Comércio e

Reciclagem de

Metais Ferrosos e

Não Ferrosos, Lda.

Zona Industrial de Sabroso de Aguiar-

lote 4

VILA REAL

GINTEGRAL - Gestão

Ambiental S.A.

Rua Central da Ribeira, 570. PORTO

GINTEGRAL II

TRIAGEM, S.A.

Lugar de Sete Caminhos e Chãos. PORTO

GONDOSUCATAS-

Gestão e Valorização

de Resíduos, Lda.

Travessa Dr, Oliveira Lobo, n.º 62 PORTO

J. MOREIRA -

Sociedade de

Cartões e Papéis,

Lda.

S. José, Oleiros, Apartado 14, BRAGA

JESUS PEREIRA &

FILHOS-Transporte

de Resíduos

Industriais, Lda.

Travessa da Pitança, 111 PORTO

JORGE BATISTA -

Reciclagem de

Metais, Lda.

Rua da Cancela Velha, Lote 43. PORTO

JUSTINO DE

ALMEIDA & MIRA,

Lda.

Rua das Flores, 510 PORTO

LUMIRESÍDUOS,LDA. Zona Industrial de Laúndos, Lote 10 PORTO

LYRSA - Reciclagens

Industriais,

Parque Empresarial de Valença, lote 13. VIANA DO CASTELO

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22

Unipessoal, Lda.

MAPELGEX-

Unipessoal, Lda.

Rua da Indústria, Zona Industrial de

Carvalhosa, Lote 12

BRAGA

MÁRCIA E

SILVESTRE-Comércio

de Sucata e

Transportes, Lda

Lugar da Tapada da Salgã PORTO

METAIS JAIME DIAS,

Lda

Rua do Sanguinhal PORTO

MIRAPAPEL -

Comércio de Papel

Velho e Cartão, Lda.

Estrada Nacional n.º15, Lugar de Vale

de Ague.

BRAGANÇA

NOR-GOMPAPEL -

Comércio de

Desperdícios de

Papel, Lda.

Rua Pedro José Ferreira, Lote 5, n.º

329-335, Zona Industrial da Portelinha.

PORTO

NORSIDER -

Comércio de Metal

Ferroso e Não

Ferroso, Lda.

Lugar de Rua do Progresso PORTO

OLISERRA - Comércio

de Lubrificantes, Lda.

Loteamento da Bouça Nova, Lote A15. BRAGA

PALMIRESÍDUOS -

Combustíveis e

Resíduos, Lda.

Zona Industrial de Curvaceira -

Apartado 37

VILA REAL

RECAUCHUTAGEM

NORTENHA, S.A.

Avenida S. Simão PORTO

RECIFE -

Desmontagem de

Veículos, Lda

Loteamento Industrial de Constantim,

Lote 57

VILA REAL

RECIFE -

Desmontagem de

Veículos, Lda

Lugar da Póvoa BRAGA

RESULIMA -

Valorização e

Lugar de Lavadouros (Ecocentro de

Gamil)

BRAGA

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23

Tratamento de

Resíduos Sólidos,

S.A.

RESULIMA -

Valorização e

Tratamento de

Resíduos Sólidos,

S.A.

Vila Fria, Apartado 11 VIANA DO CASTELO

Retalhos de Vida,

Unipessoal, Lda.

Rua do Covelo, n.º119 - Parque

Industrial dos Terços

PORTO

RRI - Recolha de

Resíduos Industriais,

Lda.

Lugar da Bouça, Apartado 65. PORTO

S.B.L. - Comércio de

Componentes Auto,

Lda.

Rua Comendador Rodrigo Leite, 25,

Lugar do Bouro

BRAGA

S.P.R.-Sociedade

Portuguesa de

Resíduos, S.A.

Zona Industrial de Gondim, Travessa do

Solão, n.º 136

PORTO

SCRAPS - Comércio

de Metais, Lda.

Parque Industrial de Adaúfe. BRAGA

SERVCARROS –

Comercialização,

Importação e

Exportação de

Veículos, Lda.

Lugar do Barral BRAGA

SUCABRAGA -

Sucatas, Lda.

Parque de Sucatas da Sobreposta, Lote

n.º 8.

BRAGA

SUCATAS DE RAMIL,

LDA.

Avenida da Seixa, n.º 686. BRAGA

SUCATAS PINTO DE

ANTERO PEREIRA

PACHECO, LDA.

Rua Fonte Bolida, n.º 68 e 78, 4585-000

Rebordosa.

PORTO

TRANSPORTES SOL

POENTE

Zona Industrial do Socorro, lote 55. BRAGA

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VALORMINHO -

Valorização e

Tratamento de

Resíduos Sólidos,

S.A.

Lugar do Arraial

S. Pedro da Torre

4930-527 Valença

Valença