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Estratregia Europa 2020

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2020

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    COMISSO EUROPEIA

    Bruxelas, 3.3.2010 COM(2010) 2020 final

    COMUNICAO DA COMISSO

    EUROPA 2020

    Estratgia para um crescimento inteligente, sustentvel e inclusivo

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    Prefcio

    2010 deve marcar um novo recomeo. O meu desejo que a Europa saia fortalecida da crise econmica e financeira.

    A realidade econmica est a evoluir mais rapidamente do que a realidade poltica, como ficou patente com o impacto mundial da crise financeira. Temos de reconhecer que a crescente interdependncia econmica exige uma resposta mais determinada e coerente a nvel poltico.

    Nos ltimos dois anos, milhes de pessoas perderam o seu emprego. Ser necessrio suportar durante muitos anos o peso da dvida gerada pela crise, da qual resultaram novas presses sobre a nossa coeso social. A crise veio, por outro lado, revelar algumas verdades fundamentais sobre os desafios com que a economia europeia est confrontada. Entretanto, a economia global continua a avanar e a resposta que a Europa vier a dar ser determinante para o nosso futuro.

    A crise constituiu o sinal de alarme. Mantermo-nos numa lgica de continuidade condenar-nos-ia a um declnio gradual e a ocupar um lugar de segundo plano na nova ordem global. Chegou o momento da verdade para a Europa. Temos de dar provas de audcia e ambio.

    A nossa prioridade imediata assegurar uma sada com xito da crise. Iremos atravessar um perodo difcil durante ainda algum tempo, mas l chegaremos. Realizaram-se j progressos significativos na resoluo do problema dos bancos insolventes, na introduo de medidas correctivas nos mercados financeiros e no reconhecimento da necessidade de uma forte coordenao das polticas na rea do euro.

    Para construirmos um futuro sustentvel, devemos, no entanto, ultrapassar uma mera viso de curto prazo. A Europa tem de regressar ao bom caminho e manter o rumo. este justamente o objectivo da estratgia Europa 2020: criar mais emprego e assegurar melhores condies de vida. Esta estratgia demonstra a capacidade da Europa para gerar um crescimento inteligente, sustentvel e inclusivo, para encontrar os meios para criar novos postos de trabalho e para propor um rumo claro s nossas sociedades.

    Os lderes europeus partilham uma mesma anlise sobre os ensinamentos que devem ser tirados da crise. Partilhamos tambm o mesmo sentido de urgncia relativamente aos desafios que nos esperam. Teremos agora de, em conjunto, passar aco. A Europa dispe de muitos trunfos. Dispomos de uma mo-de-obra com talento e

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    de uma poderosa base industrial e tecnolgica. Dispomos de um mercado interno e de uma moeda nica que nos ajudaram a resistir aos piores efeitos da crise. Dispomos de uma economia social de mercado que j deu as suas provas. Devemos ter confiana na nossa capacidade para estabelecermos uma agenda ambiciosa e, em seguida, para unirmos os nossos esforos para a concretizar.

    A Comisso prope cinco objectivos quantificveis para a UE no horizonte de 2020 que iro enquadrar o processo e que devero ser traduzidos em objectivos nacionais: emprego, investigao e inovao, alteraes climticas e energia, educao e luta contra a pobreza. Estes objectivos marcam o rumo que deveremos seguir e constituem a referncia que nos permitir avaliar os progressos alcanados.

    Embora ambiciosos, estes objectivos esto ao nosso alcance. So apoiados por propostas concretas destinadas a assegurar a sua realizao. As iniciativas emblemticas apresentadas nesta comunicao revelam a contribuio decisiva que pode ser dada pela UE. Dispomos de instrumentos poderosos para definir a nova governao econmica, apoiada pelo mercado interno e pelo oramento, pela nossa poltica comercial e de relaes econmicas externas e pelas regras e o apoio da Unio Econmica e Monetria.

    O nosso xito depender de um verdadeiro empenhamento por parte dos lderes europeus e das instituies europeias. A nossa nova agenda exige uma resposta europeia coordenada, em concertao com os parceiros sociais e a sociedade civil. Se agirmos em conjunto, poderemos reagir e sair fortalecidos da crise. Temos ao nosso dispor os novos instrumentos ao servio de uma nova ambio. Chegou o momento de passarmos aco.

    Jos Manuel BARROSO

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    NDICE

    Resumoe ..................................................................................................................................... 5

    1. Um perodo de transformao...................................................................................... 8

    2. Crescimento inteligente, sustentvel e inclusivo ....................................................... 12

    3. Elementos em falta e estrangulamentos ..................................................................... 23

    4. Sada da crise: primeiros passos para 2020................................................................ 28

    5. Obter resultados: uma governao mais forte............................................................ 31

    6. Decises do Conselho Europeu.................................................................................. 34

    Anexos .................................................................................................................................... 36

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    ESTRATGIA EUROPA 2020 RESUMO

    A Europa est a atravessar um perodo de transformao. A crise anulou anos de progresso econmico e social e exps as fragilidades estruturais da economia europeia. Entretanto, o mundo est a evoluir rapidamente e os desafios de longo prazo - globalizao, presso sobre os recursos, envelhecimento da populao - tornam-se mais prementes. Chegou o momento de a UE tomar o futuro nas suas mos.

    Para ter xito, a Europa deve actuar colectivamente, enquanto Unio. Precisamos de uma estratgia que nos ajude a sair mais fortes da crise e que transforme a UE numa economia inteligente, sustentvel e inclusiva, que proporcione nveis elevados de emprego, de produtividade e de coeso social. A Europa 2020 representa uma viso da economia social de mercado para a Europa do sculo XXI.

    A estratgia Europa 2020 estabelece trs prioridades que se reforam mutuamente:

    Crescimento inteligente: desenvolver uma economia baseada no conhecimento e na inovao.

    Crescimento sustentvel: promover uma economia mais eficiente em termos de utilizao dos recursos, mais ecolgica e mais competitiva.

    Crescimento inclusivo: fomentar uma economia com nveis elevados de emprego que assegura a coeso social e territorial.

    A UE tem de definir o que pretende para 2020. Nesta perspectiva, a Comisso prope os seguintes grandes objectivos para a UE:

    75 % da populao de idade compreendida entre 20 e 64 anos deve estar empregada. 3 % do PIB da UE deve ser investido em I&D. os objectivos em matria de clima/energia 20/20/20 devem ser cumpridos (incluindo

    uma subida para 30 % do objectivo para a reduo das emisses, se as condies o permitirem).

    A taxa de abandono escolar precoce deve ser inferior a 10 % e pelo menos 40 % da gerao mais jovem deve dispor de um diploma de ensino superior.

    20 milhes de pessoas devem deixar de estar sujeitas ao risco de pobreza.

    Estes objectivos esto interligados e so determinantes para o nosso xito global. Para assegurar que cada Estado-Membro adapta a estratgia Europa 2020 sua situao especfica, a Comisso prope que os objectivos da UE sejam traduzidos em objectivos e trajectrias nacionais.

    Estes objectivos so representativos das trs prioridades constitudas pelo crescimento inteligente, sustentvel e inclusivo, mas no so exaustivos na medida em que a sua prossecuo implicar um vasto leque de aces a nvel nacional, da UE e internacional. A Comisso apresenta sete iniciativas emblemticas que visam estimular os progressos no mbito de cada tema prioritrio:

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    Uma Unio da inovao para melhorar as condies gerais e o acesso ao financiamento para a investigao e inovao, para assegurar que as ideias inovadoras so transformadas em produtos e servios que criam crescimento e postos de trabalho.

    Juventude em movimento para melhorar os resultados dos sistemas de ensino e facilitar a entrada dos jovens no mercado de trabalho.

    Agenda digital para a Europa para acelerar a implantao da Internet de alta velocidade e para que as famlias e as empresas possam tirar partido de um mercado nico digital.

    Uma Europa eficiente em termos de recursos destinada a contribuir para dissociar o crescimento econmico da utilizao dos recursos, assegurar a transio para uma economia hipocarbnica, aumentar a utilizao das fontes de energia renovveis, modernizar o nosso sector dos transportes e promover a eficincia energtica.

    Uma poltica industrial para a era de globalizao para melhorar o ambiente empresarial, especialmente para as PME, e para apoiar o desenvolvimento de uma base industrial forte e sustentvel, susceptvel de enfrentar a concorrncia mundial.

    Agenda para novas qualificaes e novos empregos para modernizar os mercados de trabalho e capacitar as pessoas desenvolvendo as suas qualificaes ao longo da vida, com vista a aumentar a participao no mercado de trabalho e a estabelecer uma melhor correspondncia entre a oferta e a procura de mo-de-obra, nomeadamente atravs de uma maior mobilidade dos trabalhadores.

    Plataforma europeia contra a pobreza para que a coeso social e territorial permita assegurar uma ampla distribuio dos benefcios do crescimento e do emprego e para que as pessoas em situao de pobreza e de excluso social possam viver dignamente e participar activamente na sociedade.

    Estas sete iniciativas emblemticas vincularo simultaneamente a UE e os Estados-Membros. Os instrumentos a nvel da UE, nomeadamente o mercado nico, os mecanismos financeiros e os instrumentos de poltica externa, sero plenamente mobilizados para eliminar os estrangulamentos e alcanar os objectivos da estratgia Europa 2020. Para a Comisso, a prioridade imediata reside na identificao das aces necessrias para definir uma estratgia credvel de sada da crise, prosseguir a reforma do sistema financeiro, assegurar a consolidao oramental necessria para um crescimento a longo prazo e reforar a coordenao no mbito da Unio Econmica e Monetria.

    Para obter resultados, ser necessria uma governao econmica reforada. A estratgia Europa 2020 assentar em dois pilares: a abordagem temtica acima descrita, que combina as prioridades com os grandes objectivos; e relatrios por pas, que ajudam os Estados-Membros a definirem as suas estratgias de retorno a um crescimento e finanas pblicas sustentveis. Sero adoptadas a nvel da UE orientaes integradas que abrangero as prioridades e objectivos da UE. Por outro lado, sero dirigidas aos Estados-Membros recomendaes especficas e, em caso de resposta inadequada, podero ser emitidas advertncias. Os relatrios da estratgia Europa 2020 e as avaliaes do Pacto de Estabilidade e Crescimento sero elaborados em simultneo, apesar de continuarem a ser instrumentos distintos, e assegurar-se- a integridade do Pacto.

    O Conselho Europeu dever assumir plenamente a nova estratgia, de que ser o elemento central. A Comisso ir acompanhar os progressos relativamente aos objectivos, facilitar a interaco poltica e apresentar as propostas necessrias para orientar a aco e fazer avanar as iniciativas emblemticas da UE. O Parlamento Europeu ser uma fora de mobilizao dos

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    cidados e actuar como co-legislador nas principais iniciativas. Esta abordagem de parceria deve ser alargada aos comits da UE, aos parlamentos nacionais e s autoridades nacionais, locais e regionais, aos parceiros sociais e partes interessadas e sociedade civil, de forma a assegurar a participao de todos na concretizao desta viso.

    A Comisso prope que - em Maro - o Conselho Europeu d o seu acordo sobre a abordagem global da estratgia e os grandes objectivos da UE, e - em Junho - aprove os parmetros pormenorizados da estratgia, incluindo as orientaes integradas e os objectivos nacionais. A Comisso aguarda igualmente com interesse os pontos de vista do Parlamento Europeu para que a estratgia Europa 2020 seja um xito e espera poder contar com o seu apoio.

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    1. UM PERODO DE TRANSFORMAO

    A crise anulou os progressos recentes A recente crise econmica no tem precedentes para a nossa gerao. Os progressos graduais do crescimento econmico e da criao de emprego verificados durante a ltima dcada foram anulados - o nosso PIB desceu 4 % em 2009, a nossa produo industrial regressou ao nvel dos anos 90 e o desemprego afecta agora 23 milhes de pessoas - ou seja, 10 % da nossa populao activa. A crise foi um tremendo choque para milhes de cidados e exps algumas fraquezas estruturais da nossa economia.

    Devido crise, tornou-se muito mais difcil garantir o crescimento econmico futuro. A situao ainda frgil do nosso sistema financeiro est a atrasar a recuperao, dado que as empresas e as famlias tm dificuldades em contrair emprstimos, gastar e investir. As nossas finanas pblicas foram seriamente afectadas, atingindo os dfices em mdia 7 % do PIB e os nveis da dvida mais de 80 %. Deste modo, vinte anos de consolidao oramental foram perdidos em apenas dois anos de crise. O nosso potencial de crescimento foi reduzido para metade durante a crise. Muitos projectos de investimento, talentos e ideias arriscam-se a ser desperdiados devido incerteza, reduzida dinmica da procura e falta de financiamento.

    Ficaram patentes as fragilidades estruturais da Europa Embora a sada da crise seja o desafio imediato, o maior desafio evitar o reflexo de tentar regressar situao anterior crise. Mesmo antes da crise, havia muitas reas em que, relativamente ao resto do mundo, a Europa no estava a progredir com a rapidez suficiente:

    A taxa de crescimento mdia da Europa tem sido estruturalmente inferior dos nossos principais parceiros econmicos, em grande medida devido ao agravamento do diferencial de produtividade que se acentuou durante a ltima dcada. Uma boa parte deste fenmeno deve-se s diferenas entre as estruturas empresariais, conjugadas com nveis inferiores de investimento em I&D e inovao, a uma utilizao insuficiente das tecnologias da informao e comunicao, relutncia de certos sectores das nossas sociedades em aderir inovao, aos obstculos ao acesso aos mercados e a um ambiente empresarial menos dinmico.

    Apesar dos progressos, as taxas de emprego da Europa - em mdia, 69 % para a faixa etria dos 20-64 anos - so ainda significativamente inferiores s de outras regies do mundo. S 63 % das mulheres trabalham, contra 76 % dos homens. S 46 % dos trabalhadores idosos (55-64 anos) esto empregados, contra mais de 62 % nos EUA e no Japo. Alm disso, em mdia, o nmero de horas de trabalho dos europeus inferior em 10 % ao dos americanos ou japoneses.

    O envelhecimento da populao est a acelerar. Com a passagem reforma da gerao dos baby-boomers a populao activa da UE comear a diminuir a partir de 2013/2014. O nmero de pessoas com mais de 60 anos est a aumentar duas vezes mais rapidamente do que at 2007 - cerca de dois milhes por ano, contra um milho anteriormente. A combinao de uma menor populao activa com uma maior percentagem de reformados exercer uma presso adicional sobre os nossos sistemas de segurana social.

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    Os desafios globais tornam-se mais prementes Enquanto a Europa tem de abordar as suas prprias fragilidades estruturais, o mundo est a evoluir rapidamente e ser muito diferente no final da prxima dcada:

    As nossas economias esto cada vez mais interligadas. A Europa continuar a beneficiar do facto de ser uma das economias mais abertas do mundo mas a concorrncia das economias desenvolvidas e emergentes est a intensificar-se. Pases como a China ou a ndia esto a investir fortemente em investigao e tecnologia, para que as suas indstrias possam ascender na cadeia de valor e dar o salto para a economia mundial. Este factor exerce presso sobre a competitividade de alguns sectores da nossa economia, mas cada ameaa constitui igualmente uma oportunidade. medida que estes pases se desenvolvem, abrir-se-o novos mercados para muitas empresas europeias.

    O sistema financeiro global ainda no est consolidado. A disponibilidade de crdito fcil, a viso de curto prazo e a assuno de riscos excessivos nos mercados financeiros de todo o mundo alimentaram os comportamentos especulativos que originam um crescimento baseado em bolhas e graves desequilbrios. A Europa est empenhada em encontrar solues globais com vista a criar um sistema financeiro eficiente e sustentvel.

    Os desafios em termos de clima e de recursos requerem uma aco enrgica. A forte dependncia dos combustveis fsseis, nomeadamente do petrleo, e uma utilizao ineficiente das matrias-primas expuseram os nossos consumidores e empresas a choques de preos prejudiciais e onerosos, que ameaam a nossa segurana econmica e contribuem para as alteraes climticas. O aumento da populao mundial, de 6 para 9 mil milhes de pessoas, ir intensificar a concorrncia mundial em relao aos recursos naturais e exercer presses sobre o ambiente. A UE deve continuar a sensibilizar outras regies do mundo para a necessidade de se encontrar uma soluo global para o problema das alteraes climticas, ao mesmo tempo que aplicamos a estratgia por ns definida para as alteraes climticas e a energia em todo o territrio da Unio.

    A Europa tem de agir para evitar o declnio Podem retirar-se vrios ensinamentos desta crise:

    As 27 economias da UE so altamente interdependentes: a crise realou as estreitas relaes que existem entre as nossas economias nacionais, com repercusses recprocas, em especial na rea do euro. Como os eventos recentes demonstraram, as reformas de um pas, ou a sua ausncia, afectam o desempenho de todos os outros; alm disso, em resultado da crise e das importantes restries que afectam as despesas pblicas, tornou-se mais difcil para alguns Estados-Membros assegurar o financiamento suficiente das infra-estruturas de base de que necessitam em reas como os transportes e a energia, no s para assegurar o desenvolvimento das suas prprias economias, mas tambm para as ajudar a participar plenamente no mercado interno.

    A coordenao no mbito da UE funciona: a resposta crise demonstrou que se actuarmos em conjunto somos claramente mais eficazes. Provmos isso ao agir em conjunto para estabilizar o sistema bancrio e atravs da adopo de um Plano de Relanamento da Economia Europeia. Num mundo globalizado, nenhum pas pode resolver eficazmente os problemas agindo de forma isolada;

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    A UE representa um valor acrescentado no contexto mundial. A UE s poder influenciar as decises polticas globais se actuar em conjunto. Para termos uma representao externa mais forte teremos necessariamente de reforar a nossa coordenao interna.

    A crise no se limitou a um golpe isolado que nos permita retomar a vida normal. Enquanto os desafios que a Unio enfrenta so maiores do que antes da recesso, a nossa margem de manobra limitada. Alm disso, o resto do mundo no est parado. O papel reforado do G20 demonstrou o aumento do poder econmico e poltico dos pases emergentes.

    A Europa est perante um dilema difcil mas estimulante: ou enfrentamos colectivamente o desafio imediato do relanamento e os desafios a longo prazo - globalizao, presso sobre os recursos, envelhecimento da populao - para compensar as perdas recentes, recuperar a competitividade, estimular a produtividade e colocar a UE numa trajectria ascendente de prosperidade (recuperao forte) ou

    continuamos a realizar as reformas a um ritmo lento e de forma algo descoordenada e arriscamo-nos a sofrer uma perda permanente de riqueza e a ter uma taxa de crescimento lenta (recuperao lenta), o que possivelmente provocar nveis elevados de desemprego, perturbaes sociais e um declnio relativo no contexto mundial (dcada perdida).

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    Trs cenrios para a Europa em 2020 Cenrio 1: Recuperao sustentvel

    A Europa pode retomar plenamente a

    trajectria de crescimento anterior

    e aumentar o seu potencial para mais

    longe

    Cenrio 2: Recuperao lenta

    A Europa sofre uma perda permanente de riqueza e recomea

    a crescer a partir desta base inferior

    Cenrio 3: Dcada perdida

    A Europa sofre uma perda permanente de riqueza e do potencial de crescimento futuro

    A Europa pode ter xito A Europa dispe de inmeros trunfos: podemos contar com o talento e a criatividade dos nossos povos, com uma base industrial slida, um sector dos servios muito dinmico, um sector agrcola dinmico e de grande qualidade, uma forte tradio martima, o nosso mercado nico e a nossa moeda comum, o nosso estatuto de maior bloco comercial do mundo e principal destino do investimento directo estrangeiro. Mas podemos igualmente contar com a fora dos nossos valores, as instituies democrticas, a nossa preocupao com a coeso econmica, social e territorial e a solidariedade, o nosso respeito pelo ambiente, a nossa diversidade cultural e o respeito pela igualdade de gnero - s para referir alguns aspectos. Muitos dos nossos Estados-Membros esto entre as economias mais inovadoras e desenvolvidas do mundo. Mas, o que ser determinante para o xito da Europa a sua capacidade de agir colectivamente, enquanto Unio.

    No passado, quando confrontada com eventos importantes, a UE e os seus Estados-Membros souberam estar altura dos desafios. Nos anos 90, a Europa lanou o maior mercado nico do mundo, apoiado por uma moeda comum. H apenas alguns anos, assistimos ao fim da diviso da

    Trajectria de crescimento antes da crise

    Nvel de produo

    anos

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    Europa com a adeso dos novos Estados-Membros Unio, enquanto outros Estados iniciavam o percurso de adeso ou de estabelecimento de uma relao mais estreita connosco. Nos ltimos dois anos, as aces comuns adoptadas no auge da crise atravs do Plano de Relanamento da Economia Europeia ajudaram a impedir o colapso econmico, enquanto os nossos sistemas de segurana social protegeram as pessoas de condies de vida ainda mais difceis.

    A Europa tem capacidade para agir em tempos de crise e para proceder s necessrias adaptaes econmicas e sociais. Hoje, os europeus encontram-se de novo num perodo de transformao para fazer face ao impacto da crise, s fragilidades estruturais da Europa e intensificao dos desafios globais.

    Neste contexto, deveremos assegurar que a nossa sada da crise corresponde entrada numa nova economia. Se pretendemos que a nossa gerao e as geraes futuras continuem a desfrutar de uma vida saudvel e de elevada qualidade, sustentada pelo modelo social nico da Europa, temos de agir agora. necessrio definir uma estratgia para transformar a UE numa economia inteligente, sustentvel e inclusiva, que permita atingir nveis elevados de emprego, de produtividade e de coeso social. Esta a estratgia Europa 2020. Trata-se de uma agenda para todos os Estados-Membros, tendo em conta as diferentes necessidades, os diferentes pontos de partida e especificidades nacionais, a fim de promover o crescimento de todos.

    2. CRESCIMENTO INTELIGENTE, SUSTENTVEL E INCLUSIVO

    O que pretendemos para a Europa em 2020?

    No cerne da estratgia Europa 2020 devem estar trs prioridades1:

    Crescimento inteligente - desenvolver uma economia baseada no conhecimento e na inovao.

    Crescimento sustentvel - promover uma economia mais eficiente em termos de recursos, mais ecolgica e mais competitiva.

    Crescimento inclusivo - favorecer uma economia com nveis elevados de emprego que assegura a coeso econmica, social e territorial.

    Estas trs prioridades reforam-se mutuamente e proporcionam uma viso da economia social de mercado da Europa para o sculo XXI.

    Para guiar os nossos esforos e orientar os progressos a realizar existe um grande consenso sobre a necessidade de a UE estabelecer em conjunto um determinado nmero de grandes objectivos para 2020. Estes objectivos devem ser representativos deste tema, o crescimento inteligente, sustentvel e inclusivo. Devem ser mensurveis, capazes de reflectir a diversidade de situaes nos Estados-Membros e baseados em dados suficientemente fiveis para uma anlise comparativa. Nesta base, foram seleccionados os objectivos seguintes, cuja realizao ser determinante para o nosso xito em 2020:

    1 Estes temas foram acolhidos favoravelmente no mbito da consulta pblica lanada pela Comisso. Para

    consulta das posies expressas, ver http://ec.europa.eu/eu2020/index_en.htm .

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    A taxa de emprego da populao com idade entre 20 e 64 anos deve aumentar para, pelo menos, 75 %, contra os actuais 69 %, nomeadamente atravs de uma maior participao das mulheres e dos trabalhadores idosos, bem como de uma melhor integrao dos migrantes na populao activa;

    A UE tem actualmente como objectivo investir 3 % do PIB em I&D. Este objectivo teve o mrito de chamar a ateno para a necessidade de os sectores pblico e privado investirem em I&D, embora se refira aos meios e no aos resultados. obviamente necessrio melhorar as condies que regem a I&D privada na UE e muitas das medidas propostas na presente estratgia visam isso mesmo. igualmente claro que, se a I&D e a inovao fossem abordadas em conjunto, obteramos uma gama de despesas mais ampla, que seria mais relevante para as actividades empresariais e para os factores determinantes da produtividade. A Comisso prope a manuteno do objectivo de 3 % e ir simultaneamente desenvolver um indicador que reflicta a intensidade da I&D e inovao;

    Reduzir as emisses de gases com efeito de estufa em pelo menos 20 % relativamente aos nveis de 1990, ou em 30 %, se estiverem reunidas as condies necessrias2; aumentar para 20 % a quota de energias renovveis no nosso consumo final energtico e aumentar em 20 % a eficincia energtica;

    Quanto ao sucesso escolar, um objectivo que visa reduzir a taxa de abandono escolar precoce para 10 %, contra os 15 % actuais, e aumentar a percentagem da populao com idade entre 30 e 34 anos que completou o ensino superior de 31 % para, pelo menos, 40 % em 2020;

    O nmero de europeus que vivem abaixo dos limiares de pobreza nacionais deve ser reduzido em 25 %, retirando da pobreza 20 milhes de pessoas3.

    Estes objectivos esto interligados. Por exemplo, a melhoria dos nveis de habilitaes contribuir para a empregabilidade e o aumento das taxas de emprego contribuir para reduzir a pobreza. Uma maior capacidade de investigao e desenvolvimento e de inovao em todos os sectores da economia, combinada com uma utilizao mais eficiente dos recursos, melhorar a competitividade e promover a criao de emprego. O investimento em tecnologias mais limpas e com baixo teor de carbono ser favorvel para o ambiente, contribuir para combater as alteraes climticas e criar novas oportunidades comerciais e novos postos de trabalho. A prossecuo destes objectivos deve mobilizar o nosso esforo colectivo. Para que se atinjam os resultados subjacentes a estes objectivos, ser necessria uma liderana forte, um firme empenhamento e um mecanismo de execuo eficaz, que permitam mudar as atitudes e prticas na UE.

    Estes objectivos so representativos e no exaustivos, expressando a viso global da Comisso sobre a evoluo desejada de certos parmetros essenciais da UE em 2020. No representam uma soluo nica aplicvel a todos. Cada Estado-Membro diferente e, com 27 Estados-Membros, a

    2 O Conselho Europeu de 10 e 11 de Dezembro de 2009 concluiu que, como parte de um acordo global e

    abrangente para o perodo ps-2012, a UE reitera a sua oferta condicional de atingir, at 2020, uma reduo de 30 % em relao aos nveis registados em 1990, desde que outros pases desenvolvidos se comprometam a atingir uma reduo comparvel das suas emisses e que os pases em desenvolvimento para ela contribuam tambm de forma adequada, de acordo com as suas responsabilidades e capacidades.

    3 O limiar nacional de pobreza definido como 60 % do rendimento disponvel mediano em cada Estado-Membro.

  • PT 14 PT

    UE caracteriza-se por uma maior diversidade do que h uma dcada. Apesar das disparidades de desenvolvimento e nveis de vida, a Comisso considera que os objectivos propostos so relevantes para todos os Estados-Membros, tanto os antigos como os novos. O investimento na investigao e desenvolvimento, bem como na inovao, na educao e em tecnologias eficientes em termos de recursos beneficiar tanto os sectores tradicionais e as zonas rurais como as economias altamente qualificadas e baseadas nos servios. Reforar igualmente a coeso econmica, social e territorial. Para assegurar que cada Estado-Membro adapta a estratgia Europa 2020 sua situao especfica, a Comisso prope que os objectivos da UE sejam traduzidos em objectivos e trajectrias nacionais, por forma a reflectir a situao actual de cada Estado-Membro e o respectivo nvel de ambio no contexto do esforo global da UE para atingir estes objectivos. Para alm dos esforos dos Estados-Membros, a Comisso propor um ambicioso conjunto de aces a nvel da UE, concebido para colocar a UE numa nova trajectria de crescimento mais sustentvel. Esta combinao dos esforos nacionais e da UE dever permitir que se reforcem mutuamente.

    Crescimento inteligente - uma economia baseada no conhecimento e na inovao Um crescimento inteligente significa reforar o conhecimento e a inovao, enquanto factores determinantes do nosso crescimento futuro. Para tal necessrio melhorar a qualidade do nosso ensino, reforar o desempenho da nossa investigao, promover a inovao e a transferncia de conhecimentos em toda a Unio, tirar plenamente partido das tecnologias da informao e da comunicao e assegurar a transformao das ideias inovadoras em novos produtos e servios que criam crescimento e emprego de qualidade e que ajudam a enfrentar os desafios societais que se colocam a nvel europeu e mundial. Contudo, para termos xito, tudo isto dever ser conjugado com o empreendedorismo e o apoio financeiro, tendo em conta as necessidades dos utilizadores e as oportunidades do mercado.

    A Europa tem de actuar nas seguintes reas:

    Inovao: a despesa em I&D na Europa inferior a 2 %, contra 2,6 % nos EUA e 3,4 % no Japo, sobretudo devido a nveis inferiores de investimento privado. Mas no se deve ter unicamente em conta os valores absolutos gastos em I&D - a Europa precisa de se centrar no impacto e na composio da despesa na investigao e de melhorar as condies de I&D no sector privado na UE. Metade do diferencial em relao aos EUA pode ser explicado por uma menor percentagem de empresas de alta tecnologia.

    Educao, formao e aprendizagem ao longo da vida: um quarto dos estudantes tem dificuldades de leitura e um em cada sete jovens abandona precocemente a escola e a formao. Cerca de 50 % atingem um nvel de qualificaes mdio mas, frequentemente, estas no correspondem s necessidades do mercado de trabalho. Menos de uma em cada trs pessoas com idade entre 25 e 34 anos tem um diploma universitrio, em comparao com 40 % nos EUA e mais de 50 % no Japo. Um em cada sete jovens abandona precocemente a escola e um em cada quatro tem dificuldades de leitura. De acordo com o ndice de Xangai, s duas universidades europeias esto entre as 20 melhores do mundo.

    Sociedade digital: o mercado mundial das tecnologias da informao e comunicao ascende a dois bilies de EUR mas as empresas europeias s representam um quarto deste total. A Europa est igualmente a ficar para trs na Internet de alta velocidade, o que afecta a sua capacidade para inovar, nomeadamente nas zonas rurais, bem como no que diz respeito difuso de conhecimentos em linha e comercializao em linha de bens e servios.

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    Agir no mbito desta prioridade permitir libertar o potencial de inovao da Europa, melhorando o aproveitamento escolar e a qualidade e resultados das instituies de ensino tirando partido das vantagens econmicas e sociais da era digital. Estas polticas devem ser prosseguidas a nvel regional, nacional e da UE.

    Iniciativa emblemtica: Uma Unio da inovao

    O objectivo desta iniciativa reorientar a poltica de I&D e inovao para os desafios que a nossa sociedade enfrenta, tais como as alteraes climticas, a eficincia energtica e em matria de utilizao de recursos, a sade e a evoluo demogrfica. H que reforar cada elo da cadeia de inovao, desde a investigao fundamental at comercializao.

    A nvel da UE, a Comisso vai trabalhar no sentido de:

    Concluir o Espao Europeu da Investigao, para desenvolver uma agenda de investigao estratgica centrada em desafios como a segurana energtica, os transportes, as alteraes climticas e a utilizao eficaz dos recursos, a sade e o envelhecimento da populao, os mtodos de produo ecolgicos e a gesto dos solos, visando ainda o reforo da programao conjunta com os Estados-Membros e as regies;

    Melhorar as condies gerais para que as empresas inovem (ou seja, criar a patente nica da UE e um tribunal especializado em matria de patentes, modernizar o regime dos direitos de autor e das marcas registadas, melhorar o acesso das PME proteco da propriedade intelectual, acelerar a criao das normas de interoperabilidade; melhorar acesso ao capital e utilizar plenamente as polticas de estmulo procura, por exemplo atravs da contratao pblica e da regulamentao inteligente);

    Lanar as parcerias europeias de inovao entre o nvel da UE e o nvel nacional, por forma a acelerar o desenvolvimento e aplicao das tecnologias necessrias para responder aos desafios identificados. A primeira parceria incluir os seguintes temas: construir a bioeconomia at 2020, tecnologias facilitadoras essenciais para o futuro industrial da Europa e tecnologias que permitam s pessoas idosas viver autonomamente e ser socialmente activas;

    Reforar e desenvolver o papel dos instrumentos da UE de apoio inovao (por exemplo, fundos estruturais, fundos de desenvolvimento rural, Programa-Quadro de I&D, PIC e Plano SET), nomeadamente atravs de uma maior cooperao com o BEI e da racionalizao dos procedimentos administrativos com vista a facilitar o acesso ao financiamento, em especial para as PME, e para criar incentivos inovadores relativamente ao mercado do carbono, nomeadamente para as empresas pioneiras;

    Promover parcerias do conhecimento e reforar a articulao entre o sistema educativo, as empresas e a investigao e inovao, nomeadamente atravs do IET, e promover o empreendedorismo atravs do apoio s Jovens Empresas Inovadoras.

    A nvel nacional, os Estados-Membros devem: Reformar os sistemas nacionais (e regionais) de I&D e inovao para promover a excelncia e a especializao

    inteligente, reforar a cooperao entre as universidades, a investigao e as empresas, recorrer a programas conjuntos e estimular a cooperao transfronteiras em reas em que a UE proporciona valor acrescentado, adaptando os procedimentos nacionais de financiamento em conformidade, com vista a assegurar a difuso da tecnologia em todo o territrio da UE;

    Assegurar um nmero suficiente de licenciados em cincias, matemtica e engenharia e orientar os currculos escolares para a criatividade, a inovao e o empreendedorismo;

    Dar prioridade s despesas no conhecimento, nomeadamente atravs de incentivos fiscais e outros instrumentos financeiros, com vista a promover o aumento do investimento privado em I&D.

    [A]

  • PT 16 PT

    Iniciativa emblemtica: Juventude em movimento

    O objectivo desta iniciativa melhorar o desempenho e a capacidade de atraco internacional das instituies de ensino superior europeias, melhorar a qualidade global de todos os nveis de ensino e formao na UE, combinando excelncia e equidade, atravs da promoo da mobilidade dos estudantes e formandos, e melhorar a situao de emprego dos jovens.

    A nvel da UE, a Comisso vai trabalhar no sentido de:

    Integrar e melhorar os programas de mobilidade para universitrios e investigadores da UE (tais como os programas Erasmus, Erasmus Mundus, Tempus e Marie Curie) e assegurar a sua ligao aos programas e recursos nacionais;

    Acelerar a execuo da agenda de modernizao do ensino superior (currculos, governao e financiamento) nomeadamente mediante o estabelecimento de padres de referncia para o desempenho das universidades e para os resultados acadmicos num contexto global;

    Explorar formas de promover o empreendedorismo atravs de programas de mobilidade para jovens profissionais;

    Promover o reconhecimento da aprendizagem no formal e informal;

    Lanar um enquadramento para o emprego dos jovens que estabelea polticas destinadas a reduzir as taxas de desemprego dos jovens: pretende-se promover, em conjunto com os Estados-Membros e os parceiros sociais, a entrada dos jovens no mercado de trabalho atravs da aprendizagem profissional, estgios ou outras experincias laborais, incluindo um sistema (O teu primeiro emprego EURES) destinado a melhorar as oportunidades de emprego para os jovens mediante a promoo da mobilidade na UE.

    A nvel nacional, os Estados-Membros devem:

    Assegurar a realizao de investimentos eficientes nos sistemas educativos e de formao a todos os nveis (do ensino pr-escolar ao ensino superior);

    Melhorar os resultados escolares, relativamente a cada ciclo (pr-escolar, primrio, secundrio, profissional e superior) atravs de uma abordagem integrada, que abranja as competncias-chave e vise a reduo do abandono escolar precoce;

    Aumentar a abertura e a relevncia dos sistemas de ensino mediante a criao de quadros nacionais de qualificaes e orientando melhor a aprendizagem para as necessidades do mercado de trabalho;

    Facilitar a entrada dos jovens no mercado de trabalho atravs de uma aco integrada que abranja, nomeadamente, os servios de orientao e aconselhamento e a aprendizagem.

    Iniciativa emblemtica: Agenda digital para a europa

    O objectivo desta iniciativa retirar benefcios econmicos e sociais sustentveis do mercado nico digital baseado na Internet rpida e ultra rpida e na interoperabilidade, contribuindo para os objectivos de acesso banda larga para todos at 2013 e de acesso Internet a velocidades muito mais altas, superiores a 30 Mbps, at 2020, assegurando que 50 % ou mais das famlias europeias podem dispor de ligaes Internet superiores a 100 Mbps.

    A nvel da UE, a Comisso vai trabalhar no sentido de:

    Criar um quadro jurdico estvel que estimule os investimentos numa infra-estrutura aberta e concorrencial de acesso Internet de alta velocidade e nos servios conexos;

    Desenvolver uma poltica do espectro eficiente;

    Facilitar a utilizao dos fundos estruturais da UE na prossecuo desta agenda;

  • PT 17 PT

    Criar um verdadeiro mercado nico de contedos e servios em linha (por exemplo, servios Web seguros e mercados de contedos digitais transfronteiras a nvel da UE, que ofeream nveis elevados de confiana e segurana, um quadro normativo equilibrado com regimes jurdicos claros, que promova as licenas multiterritoriais, a proteco e remunerao adequada dos titulares dos direitos e o apoio activo digitalizao do rico patrimnio cultural europeu, e que possa influenciar a governao global da Internet;

    Reformar os fundos de investigao e inovao e aumentar os apoios no domnio das TIC, com vista a reforar a capacidade tecnolgica da Europa em domnios estratgicos essenciais e criar condies para que as PME de elevado potencial de crescimento conquistem os mercados emergentes e estimular a inovao no domnio das TIC em todos os sectores econmicos;

    Promover o acesso e a adopo da Internet por todos os cidados europeus, nomeadamente atravs de aces de apoio literacia digital e acessibilidade.

    A nvel nacional, os Estados-Membros devem:

    Elaborar estratgias operacionais para a Internet de alta velocidade e direccionar o financiamento pblico, incluindo os fundos estruturais, para reas no completamente cobertas pelo investimento privado;

    Estabelecer um quadro jurdico de coordenao das obras pblicas para reduzir os custos de implantao das redes;

    Promover a criao e utilizao de servios em linha acessveis e modernos (por exemplo, a administrao pblica em linha, os servios de sade em linha, a casa inteligente, as competncias digitais e a segurana).

    Crescimento sustentvel - promover uma economia mais eficaz em termos de recursos, mais ecolgica e mais competitiva

    Um crescimento sustentvel significa construir uma economia sustentvel, competitiva e em que os recursos sejam utilizados de forma eficiente, explorando a liderana da Europa na corrida ao desenvolvimento de novos processos e tecnologias, incluindo as tecnologias verdes, acelerando a implantao das redes inteligentes que recorrem s TIC, explorando redes escala da UE e reforando as vantagens competitivas das nossas empresas, em especial a nvel industrial e das PME, bem como atravs da prestao de assistncia aos consumidores em matria de utilizao eficiente dos recursos. Esta abordagem ajudar a UE a prosperar num mundo hipocarbnico e de recursos limitados, impedindo ao mesmo tempo a degradao ambiental, a perda de biodiversidade e uma utilizao insustentvel dos recursos. Apoiar igualmente a coeso econmica, social e territorial.

    A Europa tem de actuar nas seguintes reas:

    Competitividade: a UE prosperou graas ao comrcio, exportando para todo o mundo e importando tanto matrias-primas como produtos acabados. Confrontados com uma intensa presso sobre os mercados de exportao e sobre um nmero crescente de matrias-primas, temos de melhorar a nossa competitividade em relao aos nossos principais parceiros comerciais atravs do aumento da produtividade. Temos de abordar a questo da competitividade relativa na rea do euro e no contexto mais alargado da UE no seu conjunto. A UE foi claramente pioneira das solues verdes, mas este avano est a ser disputado pelos seus principais concorrentes, nomeadamente a China e a Amrica do Norte. A UE deve manter a liderana no mercado das tecnologias ecolgicas como meio de assegurar a eficincia da utilizao dos recursos em todos os sectores da economia, ao mesmo tempo que elimina os estrangulamentos nas principais infra-estruturas de rede, reforando assim a nossa competitividade industrial.

  • PT 18 PT

    Luta contra as alteraes climticas: para alcanar os nossos objectivos em matria de clima na prxima dcada teremos de reduzir as emisses de forma significativamente mais rpida do que na dcada anterior e explorar plenamente o potencial das novas tecnologias como a captura e armazenamento do carbono. A melhoria da eficincia da utilizao dos recursos ter um efeito significativo na reduo das emisses, permitir realizar poupanas e estimular o crescimento econmico. Todos os sectores da economia esto implicados e no apenas aqueles que produzem mais emisses. Devemos igualmente reforar a capacidade de resistncia das nossas economias aos riscos climticos e a nossa capacidade de preveno e resposta s catstrofes.

    Energia limpa e eficiente: a realizao dos nossos objectivos energticos poder resultar numa poupana de 60 mil milhes de EUR em importaes de petrleo e gs no horizonte de 2020. No se trata apenas de economias financeiras, mas sobretudo de uma questo de segurana energtica. Novos progressos na integrao do mercado europeu da energia podem contribuir para um aumento suplementar do PIB entre 0,6 % e 0,8 %. Cumprir o objectivo da UE de 20 % de fontes de energia renovveis pode potencialmente criar mais de 600 000 postos de trabalho na UE. Se tivermos tambm em conta o objectivo de mais 20 % de eficincia energtica, esto em jogo mais de um milho de novos postos de trabalho.

    Para agir nesta rea ser necessrio respeitar os nossos compromissos em matria de reduo de emisses por forma a maximizar os benefcios e a minimizar os custos, nomeadamente atravs da disseminao de solues tecnologicamente inovadoras. Alm disso, devemos procurar dissociar o crescimento e o consumo de energia, criando uma economia mais eficiente em termos de utilizao dos recursos, o que no s dar Europa uma vantagem concorrencial, como tambm diminuir sua dependncia das fontes externas de matrias-primas e bens de base.

    Iniciativa emblemtica: Uma Europa eficiente em termos de recursos

    O objectivo desta iniciativa apoiar a transio para uma economia hipocarbnica que utiliza de forma eficiente todos os recursos. O objectivo consiste em dissociar o nosso crescimento econmico da utilizao de recursos e de energia, reduzir as emisses de CO2, aumentar competitividade e promover uma maior segurana energtica.

    A nvel da UE, a Comisso vai trabalhar no sentido de:

    Mobilizar os instrumentos financeiros da UE (por exemplo, o fundo de desenvolvimento rural, os fundos estruturais, o Programa-Quadro de I&D, as RTE e o BEI) como elementos de uma estratgia de financiamento coerente, que associa o financiamento da UE com o financiamento nacional pblico e privado;

    Reforar um quadro para a utilizao dos instrumentos baseados no mercado (por exemplo comrcio de licenas de emisso, reforma da tributao da energia, enquadramento em matria de auxlios estatais, promoo de um maior recurso aos contratos pblicos ecolgicos);

  • PT 19 PT

    Apresentar propostas para modernizar e reduzir as emisses de carbono do sector dos transportes, contribuindo assim para o aumento da competitividade. Tal objectivo pode ser prosseguido atravs de uma combinao de medidas relativas s infra-estruturas, por exemplo, a rpida implantao das infra-estruturas da rede de abastecimento de veculos elctricos, a gesto inteligente do trfego e a melhoria dos sistemas logsticos, com vista reduo das emisses de CO2 dos transportes rodovirios e dos sectores da aviao e dos transportes martimos, incluindo o lanamento de uma importante iniciativa europeia relativa ao automvel verde, que ajudar a promover novas tecnologias neste domnio, incluindo os automveis elctricos e hbridos, apoiando a investigao, a criao de normas comuns e o desenvolvimento das infra-estruturas necessrias;

    Acelerar a execuo dos projectos estratgicos com elevado valor acrescentado europeu para eliminar os principais estrangulamentos, em especial nos troos transfronteiras e ns intermodais (cidades, portos e plataformas logsticas);

    Concluir o mercado interno da energia e aplicar o Plano para as Tecnologias Energticas Estratgicas (Plano SET), promovendo as fontes de energia renovveis no mercado nico, constituir outra prioridade;

    Apresentar uma iniciativa de modernizao das redes europeias, incluindo as redes transeuropeias de energia, com vista a criar uma super-rede europeia, redes inteligentes e interligaes, em especial no que se refere s fontes de energia renovveis (com apoio dos fundos estruturais e do BEI). Tal inclui a promoo de projectos de infra-estruturas de importncia estratgica para a UE nas regies do Bltico e dos Balcs e nas regies mediterrnica e euro-asitica;

    Adoptar e executar um Plano de Aco revisto sobre a Eficincia Energtica e lanar um importante programa relativo eficincia na utilizao dos recursos (em apoio das PME e das famlias) com recurso aos fundos estruturais e a outros fundos, para mobilizar novos financiamentos atravs de modelos existentes que j demonstraram a sua eficcia no domnio dos investimentos inovadores; este plano dever promover a alterao dos padres do consumo e da produo;

    Definir uma viso das mudanas estruturais e tecnolgicas necessrias para assegurar a transio para uma economia hipocarbnica, eficiente na utilizao dos recursos e com capacidade de adaptao s alteraes climticas at 2050, que permitir UE alcanar os seus objectivos em matria de reduo de emisses e de biodiversidade; isto inclui a capacidade de preveno e de resposta s catstrofes e aproveitar contribuies das polticas de coeso, agrcola, de desenvolvimento rural e martima na sua resposta s alteraes climticas, em especial atravs de medidas de adaptao baseadas numa utilizao mais eficiente dos recursos, o que contribuir igualmente para melhorar a segurana alimentar global.

    A nvel nacional, os Estados-Membros devem:

    Abandonar gradualmente as subvenes prejudiciais de um ponto de vista ecolgico, limitando as excepes s pessoas com necessidades sociais;

    Utilizar instrumentos baseados no mercado, tais como incentivos fiscais e contratos pblicos, para adaptar os mtodos de produo e de consumo;

    Desenvolver infra-estruturas de transportes e energia inteligentes, modernizadas e totalmente interligadas e utilizar plenamente as TIC;

    Assegurar uma realizao coordenada dos projectos de infra-estrutura, no mbito da rede central da UE, dando uma contribuio essencial para a eficcia do sistema global de transportes da UE;

    Centrar-se na dimenso urbana dos transportes, responsvel por uma parte significativa do congestionamento e das emisses;

    Utilizar a regulamentao, normas de desempenho ambiental dos edifcios e instrumentos baseados no mercado, tais como a tributao, as subvenes e os contratos pblicos, para reduzir o consumo de energia e de recursos, e utilizar os fundos estruturais para investir na eficincia energtica dos edifcios pblicos e na melhoria de eficincia da reciclagem;

    Incentivar a utilizao de instrumentos de poupana de energia que possam aumentar a eficincia nos sectores com uma utilizao intensiva de energia, tais como os baseados nas TIC.

  • PT 20 PT

    Iniciativa emblemtica: Uma poltica industrial para a era da globalizao

    A indstria, em especial as PME, foi duramente atingida pela crise econmica e todos os sectores esto a enfrentar os desafios da globalizao e a adaptar os seus mtodos de produo e os seus produtos a uma economia hipocarbnica. O impacto destes desafios varia de sector para sector, podendo alguns ter de se reinventar, enquanto para outros estes desafios representam novas oportunidades comerciais. A Comisso vai trabalhar em estreita colaborao com as partes interessadas dos diferentes sectores (empresas, sindicatos, universidades, ONG e organizaes de consumidores) no sentido de elaborar um quadro para uma poltica industrial moderna, com vista a apoiar o empreendedorismo, guiar e ajudar a indstria a tornar-se apta para responder a estes desafios, promover a competitividade dos sectores europeus primrio, secundrio e tercirio e para os ajudar a tirar partido das oportunidades abertas pela globalizao e pela economia verde. Este quadro abordar todos os elementos de uma cadeia de valor cada vez mais internacional, desde o acesso s matrias-primas at ao servio de ps-venda.

    A nvel da UE, a Comisso vai trabalhar no sentido de:

    Estabelecer uma poltica industrial que promova as melhores condies para manter e desenvolver na Europa uma base industrial slida competitiva e diversificada, bem como que apoie o processo de adaptao da indstria transformadora necessidade de uma maior eficincia energtica e na utilizao dos recursos;

    Desenvolver uma abordagem horizontal relativamente poltica industrial que combine diferentes instrumentos de poltica (por exemplo, regulamentao inteligente, regras modernas em matria de contratos pblicos e auxlios estatais e normalizao);

    Melhorar o ambiente empresarial, nomeadamente para as PME, incluindo atravs da reduo dos custos de transaco na Europa, da promoo de aglomerados de empresas e da melhoria do acesso ao financiamento a um custo acessvel;

    Promover a reestruturao de sectores em dificuldade, redireccionando-os para actividades orientadas para o futuro, nomeadamente atravs da rpida reafectao das qualificaes a sectores e mercados emergentes de elevado crescimento e do apoio do regime de auxlios estatais da UE e/ou do Fundo de ajustamento globalizao;

    Promover tecnologias e mtodos de produo que reduzam a utilizao de recursos naturais e aumentar o investimento no patrimnio natural da UE;

    Encorajar a internacionalizao das PME;

    Assegurar que as redes de transportes e logsticas permitem s empresas de toda a Unio o acesso efectivo ao mercado nico e aos mercados internacionais;

    Desenvolver uma poltica espacial eficaz que disponibilize os dispositivos necessrios para enfrentar alguns dos principais desafios globais e, em especial, concretizar os sistemas Galileu e GMES;

    Reforar a competitividade do sector europeu do turismo;

    Rever a regulamentao para apoiar a transio dos sectores tercirio e secundrio para uma maior eficincia na utilizao dos recursos, incluindo uma reciclagem mais eficaz; melhorar o processo de normalizao europeu para que as normas europeias e internacionais estimulem a competitividade a longo prazo da indstria europeia. Tal incluir a promoo da comercializao e a adopo de tecnologias facilitadoras essenciais;

    Renovar a estratgia da UE para promover a responsabilidade social das empresas enquanto elemento-chave da confiana a longo prazo dos trabalhadores e dos consumidores.

    A nvel nacional, os Estados-Membros devem:

    Melhorar o ambiente empresarial, nomeadamente para as PME inovadoras, em especial atravs de contratos pblicos para apoiar os incentivos inovao;

    Melhorar as condies para assegurar o respeito da propriedade intelectual;

    Reduzir a carga administrativa que recai nas empresas e melhorar a qualidade da legislao comercial;

  • PT 21 PT

    Trabalhar em estreita colaborao com as partes interessadas dos diferentes sectores (empresas, sindicatos, universidades, ONG, organizaes de consumidores) para identificar estrangulamentos e desenvolver uma anlise partilhada sobre a forma de manter uma forte base industrial e de conhecimentos e colocar a UE numa posio de liderana do desenvolvimento sustentvel global.

    Crescimento inclusivo - uma economia com elevadas taxas de emprego que assegura a coeso econmica, social e territorial.

    Um crescimento inclusivo tem como corolrio capacitar as pessoas atravs de taxas elevadas de emprego, investir nas qualificaes, lutar contra a pobreza e modernizar os mercados de trabalho e os sistemas de formao e de proteco social, para ajudar as pessoas a antecipar e a gerir a mudana, e construir uma sociedade coesa. igualmente essencial garantir que os benefcios do crescimento econmico beneficiem todas as regies da Unio, incluindo as regies ultraperifricas, reforando desta forma a coeso territorial. necessrio assegurar o acesso e a igualdade de oportunidades para todos ao longo da vida. A Europa tem utilizar plenamente o potencial da sua mo-de-obra para enfrentar os desafios do envelhecimento da populao e da intensificao da concorrncia global. Ser necessrio definir polticas que promovam a igualdade de gnero, a fim de melhorar as taxas de participao no mercado de trabalho, reforando assim o crescimento e a coeso social.

    A Europa tem de actuar nas seguintes reas:

    Emprego: devido evoluo demogrfica, a nossa populao activa est prestes a comear a diminuir. Actualmente, s dois teros da nossa populao em idade activa esto empregados, contra mais de 70 % nos EUA e no Japo. As taxas de emprego das mulheres e dos trabalhadores idosos so particularmente baixas. Os jovens foram gravemente atingidos pela crise, registando uma taxa de desemprego superior a 21 %. Existe um forte risco de que as pessoas afastadas ou mal integradas no mundo do trabalho venham a perder terreno no mercado laboral;

    Qualificaes: embora cerca de 80 milhes de pessoas tenham apenas qualificaes baixas ou bsicas, a aprendizagem ao longo da vida beneficia sobretudo as mais qualificadas. At 2020, sero criados 16 milhes de postos de trabalho que exigem qualificaes elevadas, enquanto a procura de trabalhadores pouco qualificados ir diminuir em 12 milhes. Devido ao prolongamento da vida activa, ser igualmente necessrio adquirir e desenvolver novas competncias ao longo da vida;

    Luta contra a pobreza: antes da crise, 80 milhes de pessoas, das quais 19 milhes de crianas viviam em risco de pobreza. Por outro lado, 8 % das pessoas com um emprego no ganham o suficiente para ultrapassar o limiar da pobreza. Os desempregados so particularmente vulnerveis.

    A aco no mbito desta prioridade exigir a modernizao e reforo das polticas de emprego, educao e formao e dos sistemas de proteco social, mediante a subida das taxas de participao no mercado de trabalho e da reduo do desemprego estrutural, bem como do aumento da responsabilidade social das empresas no mbito da comunidade empresarial. Neste contexto, o acesso a estruturas de acolhimento de crianas e de cuidados para outros dependentes ser fundamental. Importa igualmente aplicar os princpios da flexigurana e facultar s pessoas a aquisio de novas qualificaes para que possam adaptar-se s novas condies e eventuais mudanas de carreira. O combate pobreza e excluso social e a reduo das desigualdades em

  • PT 22 PT

    matria de sade, por forma a assegurar que o crescimento a todos beneficie, exigir igualmente um esforo significativo. Ser tambm importante termos capacidade para promover um envelhecimento saudvel e activo da populao, para assegurar a coeso social e uma maior produtividade.

    Iniciativa emblemtica: Agenda para novas qualificaes e novos empregos

    O objectivo desta iniciativa criar as condies para a modernizao dos mercados de trabalho com vista a aumentar os nveis de emprego e assegurar a sustentabilidade dos nossos modelos sociais. Para o efeito, necessrio capacitar as pessoas, facultando-lhes a aquisio de novas qualificaes que permitam mo-de-obra de hoje e do futuro adaptar-se s novas condies e eventuais mudanas de carreira, reduzir o desemprego e aumentar a produtividade do trabalho.

    A nvel da UE, a Comisso vai trabalhar no sentido de::

    Definir e aplicar, em conjunto com os parceiros sociais europeus, a segunda fase da agenda da flexigurana, para identificar formas de assegurar uma melhor gesto das transies econmicas, combater o desemprego e aumentar as taxas de actividade;

    Adaptar, segundo os princpios da regulamentao inteligente, o quadro legislativo evoluo dos modelos de trabalho (por exemplo, quanto ao tempo de trabalho ou ao destacamento de trabalhadores) e aos novos riscos para a sade e segurana no trabalho;

    Facilitar e promover a mobilidade da mo-de-obra no quadro da UE e melhorar a correspondncia entre a oferta e a procura do factor trabalho, com o apoio financeiro adequado dos fundos estruturais, nomeadamente do Fundo Social Europeu (FSE), e promover uma poltica global de migrao da mo-de-obra virada para o futuro que permita dar uma resposta flexvel s prioridades e necessidades dos mercados de trabalho;

    Reforar a capacidade dos parceiros sociais para aproveitar plenamente as potencialidades do dilogo social a todos os nveis (UE, nacional/regional, sectorial, empresa) para resolver problemas e promover uma cooperao reforada entre as instituies do mercado de trabalho, incluindo os servios pblicos de emprego dos Estados-Membros;

    Dar um forte impulso ao quadro estratgico para a cooperao nos domnios da educao e formao, associando todas as partes interessadas. Tal dever, nomeadamente, resultar na aplicao de princpios de aprendizagem ao longo da vida (em colaborao com os Estados-Membros, os parceiros sociais e os peritos), nomeadamente atravs de percursos de aprendizagem flexveis entre os diferentes sectores e nveis do ensino e da formao e mediante o reforo do carcter atractivo do ensino e da formao profissional. Os parceiros sociais devem ser consultados a nvel europeu com vista ao desenvolvimento de uma iniciativa prpria nesta rea;

    Assegurar que as competncias necessrias para participar na formao contnua e no mercado de trabalho so adquiridas e reconhecidas no ensino geral, profissional e superior e na formao para adultos e desenvolver uma ferramenta comum lingustica e operacional para a educao/formao e o mundo do trabalho: o Quadro Europeu de Qualificaes, Competncias e Profisses (ESCO).

    A nvel nacional, os Estados-Membros devem:

    Pr em prtica os respectivos percursos nacionais para a flexigurana, conforme aprovados pelo Conselho Europeu, reduzir a segmentao do mercado de trabalho e facilitar as transies bem como a conciliao da vida profissional e familiar;

    Analisar e acompanhar regularmente a eficincia dos sistemas fiscais e de prestaes sociais, por forma a assegurar que o trabalho seja compensador, dando especial ateno aos trabalhadores pouco qualificados, abolindo simultaneamente as medidas que desencorajam a actividade por conta prpria;

    Promover novas formas de conciliao da vida profissional e familiar, as polticas de envelhecimento activo e a igualdade de gnero;

    Promover e acompanhar a aplicao eficaz dos resultados do dilogo social;

  • PT 23 PT

    Dar um forte impulso aplicao do Quadro Europeu de Qualificaes, atravs da aplicao dos quadros nacionais de qualificaes;

    Assegurar que as competncias necessrias para a participao na formao contnua e no mercado de trabalho so adquiridas e reconhecidas no ensino geral, profissional e superior e na formao de adultos, incluindo a aprendizagem no formal e informal;

    Desenvolver parcerias entre os mundos da educao/formao e do trabalho, em especial mediante o envolvimento dos parceiros sociais no planeamento do ensino e da formao.

    Iniciativa emblemtica: Plataforma europeia contra a pobreza

    O objectivo desta iniciativa assegurar a coeso econmica, social e territorial, aproveitando o facto de estar a decorrer o Ano Europeu de Combate Pobreza e Excluso Social, por forma a sensibilizar o pblico e reconhecer os direitos fundamentais das pessoas em situao de pobreza e excluso social, permitindo-lhes viver dignamente e ter um papel activo na sociedade.

    A nvel da UE, a Comisso vai trabalhar no sentido de:

    Transformar o mtodo aberto de coordenao a nvel da excluso social e da proteco social numa plataforma de cooperao, avaliao pelos pares e troca de boas prticas e num instrumento de promoo do empenhamento dos actores pblicos e privados na reduo da excluso social, e tomar as medidas concretas, nomeadamente atravs do apoio especfico do FSE;

    Conceber e executar programas de promoo da inovao social destinados s camadas mais vulnerveis, em especial propondo s comunidades desfavorecidas solues inovadoras em matria de educao, formao e oportunidades de emprego para combater a discriminao (por exemplo, dos deficientes) e desenvolver uma nova agenda de integrao dos migrantes que lhes permita aproveitar o plenamente o seu potencial;

    Realizar uma avaliao da adequao e sustentabilidade dos sistemas de proteco social e de penses e identificar vias que permitam assegurar um melhor acesso aos sistemas de sade.

    A nvel nacional, os Estados-Membros devem:

    Promover a responsabilidade partilhada, colectiva e individual, na luta contra a pobreza e a excluso social;

    Definir e aplicar medidas adaptadas s caractersticas especficas dos grupos de risco (famlias monoparentais, mulheres idosas, minorias, ciganos, pessoas com deficincia e sem-abrigo);

    Mobilizar plenamente os seus sistemas de segurana social e de penses para assegurar os apoios adequados ao rendimento e o acesso aos cuidados de sade.

    3. ELEMENTOS EM FALTA E ESTRANGULAMENTOS

    necessrio mobilizar todas as polticas, instrumentos e legislao, bem como os instrumentos financeiros da UE, para prosseguir os objectivos da estratgia. A Comisso pretende reforar as principais polticas e instrumentos, tais como o mercado nico, o oramento e a agenda econmica externa da UE, para os pr ao servio dos objectivos da estratgia Europa 2020. As propostas operacionais que asseguram a sua contribuio plena para a estratgia fazem parte integrante da Europa 2020.

    3.1. Um mercado nico para o sculo XXI

    Um mercado nico mais slido, mais aprofundado e alargado, vital para gerar crescimento e criar emprego. Contudo, as tendncias actuais parecem apontar para sinais de cansao e desencanto em relao participao no mercado nico. A crise reavivou as tentaes de nacionalismo econmico.

  • PT 24 PT

    A vigilncia da Comisso e o sentido de responsabilidade partilhada entre os Estados-Membros permitiram evitar que se resvalasse para a desintegrao. Contudo, necessrio um novo impulso - um compromisso poltico genuno - para relanar o mercado nico, atravs de uma rpida adopo das iniciativas mencionadas em seguida. Tal compromisso poltico exige um conjunto de medidas destinadas a suprir as lacunas do mercado nico.

    Todos os dias, as empresas e os cidados so confrontados com o facto de continuarem a registar-se estrangulamentos que afectam a actividade transfronteiras, apesar da existncia jurdica do mercado nico. Apercebem-se de que as redes no esto suficientemente interligadas e que a aplicao das regras do mercado nico continua a ser desigual. Frequentemente, as empresas e os cidados ainda continuam a ter de fazer face a 27 ordens jurdicas diferentes para realizar uma nica transaco. Enquanto as nossas empresas ainda continuam a confrontar-se com a realidade quotidiana da fragmentao e das diferenas entre as normas, os seus concorrentes da China, dos EUA ou do Japo podem tirar plenamente partido dos seus vastos mercados internos.

    O mercado nico foi concebido antes da chegada da Internet, antes de as tecnologias da informao e comunicao se terem convertido nos principais motores do crescimento e antes de os servios passarem a ter um peso preponderante na economia europeia. A emergncia dos novos servios (por exemplo, nos domnios dos contedos e meios de comunicao social, da sade e dos contadores inteligentes de energia) apresenta um grande potencial, mas a Europa s conseguir explor-lo se ultrapassar a fragmentao que bloqueia actualmente o fluxo de contedos em linha e o acesso dos consumidores e empresas.

    Para alinhar o mercado nico com os objectivos da estratgia Europa 2020 h que dispor de mercados que funcionem bem em que a concorrncia e o acesso dos consumidores estimulam o crescimento e a inovao. H que criar um mercado nico aberto dos servios, com base na Directiva Servios, assegurando simultaneamente a qualidade dos servios prestados aos consumidores. A aplicao integral da Directiva Servios poder intensificar o comrcio de servios em 45 % e o investimento directo estrangeiro em 25 %, proporcionando um aumento do PIB entre 0,5 % e 1,5 %.

    O acesso das PME ao mercado nico deve ser melhorado. O empreendedorismo deve ser desenvolvido atravs de iniciativas concretas, incluindo uma simplificao do direito das sociedades (processos de falncia, estatuto da sociedade privada, etc.), e por iniciativas que permitam aos empresrios reiniciar a actividade aps uma falncia. Deve ser dada aos cidados a possibilidade de participarem plenamente no mercado nico, o que implica aumentar as possibilidades e a confiana na aquisio de bens e servios transfronteiras, principalmente em linha.

    Atravs da execuo da poltica de concorrncia, a Comisso assegurar que o mercado nico continua a ser um mercado aberto, que garante s empresas a igualdade de oportunidades e combate o proteccionismo nacional. Mas a poltica de concorrncia dever dar uma maior contribuio para a prossecuo dos objectivos da estratgia Europa 2020. A poltica de concorrncia assegura que os mercados proporcionam o ambiente adequado para a inovao, por exemplo impedindo o abuso das patentes e direitos de propriedade. A preveno dos abusos de mercado e dos acordos anticoncorrenciais entre empresas refora a confiana e incentiva a inovao. A poltica de auxlios estatais pode contribuir igualmente de forma activa e positiva para os objectivos da estratgia Europa 2020, promovendo e apoiando iniciativas a favor de tecnologias mais inovadoras, eficientes e ecolgicas, facilitando simultaneamente o acesso aos apoios pblicos ao investimento, ao capital de risco e ao financiamento da investigao e desenvolvimento.

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    A Comisso vai propor aces que visam eliminar os estrangulamentos do mercado nico:

    Reforando as estruturas que asseguram a execuo atempada e correcta das medidas do mercado nico, incluindo o regulamento em matria de redes, a Directiva Servios e o pacote legislativo sobre os mercados financeiros e a superviso, aplicando de forma eficaz essas medidas e resolvendo rapidamente os problemas que venham eventualmente a surgir;

    Prosseguindo a agenda para a regulamentao inteligente, incluindo o estudo das possibilidades de uma utilizao mais ampla de regulamentos em vez de directivas, a avaliao ex-post da legislao existente, assegurando o acompanhamento dos mercados, a reduo dos encargos administrativos, a supresso dos obstculos fiscais, a melhoria do ambiente empresarial, em especial para as PME, e o apoio ao empreendedorismo;

    Adaptando a legislao da UE e nacional era digital, a fim de promover a circulao de contedos e assegurar um elevado grau de confiana para os consumidores e as empresas. Tal requer a actualizao das regras relativas responsabilidade, s garantias, entrega dos produtos e resoluo de litgios;

    Tornando mais fcil e menos onerosa para as empresas e os consumidores a celebrao de contratos com parceiros de outros pases da UE, nomeadamente atravs da oferta de solues harmonizadas para contratos celebrados com os consumidores, clusulas contratuais tipo da UE e mediante a realizao de progressos no sentido de um direito europeu dos contratos de carcter opcional;

    Facilitando e tornando menos onerosa para as empresas e os consumidores os procedimentos de execuo de contratos e o reconhecimento de sentenas judiciais e documentos de outros pases da UE.

    3.2. Investir no crescimento: poltica de coeso, mobilizao do oramento da UE e financiamento privado

    A coeso econmica, social e territorial permanecer no cerne da estratgia Europa 2020, por forma a mobilizar todas as energias e capacidades ao servio das prioridades da estratgia. A poltica de coeso e os fundos estruturais j por si importantes constituem mecanismos primordiais para atingir os objectivos prioritrios de um crescimento inteligente, sustentvel e inclusivo a nvel dos Estados-Membros e das regies.

    A crise financeira teve um importante impacto na capacidade de financiamento de projectos de investimento e inovao por parte das empresas e dos governos europeus. Para realizar os objectivos da estratgia Europa 2020, indispensvel um enquadramento regulamentar que torne os mercados financeiros eficazes e seguros. A Europa deve igualmente envidar todos os esforos para mobilizar os seus meios financeiros, explorar novas formas de articulao das finanas pblicas e privadas e criar instrumentos inovadores para financiar os investimentos necessrios, incluindo parcerias pblico-privadas (PPP). O Banco Europeu de Investimento e o Fundo Europeu de Investimento podem contribuir para apoiar um crculo virtuoso em que a inovao e o empreendedorismo podem ser financiados de forma rentvel, desde os investimentos na fase de arranque admisso cotao em bolsa, em conjunto com numerosos instrumentos e sistemas pblicos j existentes a nvel nacional.

    O Quadro Financeiro Plurianual da UE dever de reflectir igualmente as prioridades do crescimento a longo prazo. A Comisso pretende incorporar estas prioridades, uma vez estabelecidas, nas suas

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    propostas relativas ao prximo quadro financeiro plurianual, previsto para o prximo ano. O debate no deve incidir apenas sobre os nveis do financiamento, mas igualmente sobre a forma como os diferentes instrumentos de financiamento, tais como os fundos estruturais, os fundos destinados agricultura e ao desenvolvimento rural, o Programa-Quadro de Investigao e o Programa-Quadro de Competitividade e Inovao (PCI), devem ser concebidos para prosseguir os objectivos da estratgia Europa 2020, maximizando o seu impacto e assegurando a sua eficincia e valor acrescentado da UE. Ser importante encontrar formas de aumentar o impacto do oramento da UE: mesmo que seja diminuto, pode produzir um efeito catalizador importante, se for bem direccionado.

    A fim de desenvolver solues de financiamento inovadoras, que contribuam para a prossecuo dos objectivos da estratgia Europa 2020, a Comisso propor medidas que visam:

    Explorar plenamente as possibilidades de melhorar a eficcia e eficincia do actual oramento da UE, atravs do reforo das prioridades e de um melhor alinhamento da despesa da UE com os objectivos da estratgia Europa 2020, por forma a evitar a fragmentao actual dos instrumentos de financiamento da UE (por exemplo, na I&D e inovao, investimentos em infra-estruturas vitais para as redes transfronteiras de energia e transportes e tecnologias hipocarbnicas). A oportunidade criada pela reviso do Regulamento Financeiro deve ser igualmente explorada a fundo para desenvolver o potencial dos instrumentos financeiros inovadores, assegurando simultaneamente a boa gesto financeira;

    Projectar novos instrumentos de financiamento, sobretudo em colaborao com o BEI/FEI e o sector privado, respondendo a necessidades at agora no satisfeitas das empresas. Como elemento do prximo programa para a investigao e inovao, a Comisso coordenar com o BEI/FEI uma iniciativa que visa angariar os capitais adicionais necessrios para o financiamento das empresas inovadoras e em fase expanso;

    Tornar realidade um mercado europeu de capital de risco mais eficiente, o que permitir facilitar consideravelmente o acesso directo das empresas aos mercados de capitais e explorar incentivos para fundos do sector privado que disponibilizem financiamentos s empresas em fase de arranque e s PME inovadoras.

    3.3. Mobilizar os nossos instrumentos de poltica externa

    O crescimento global abrir novas oportunidades para as empresas exportadoras da Europa e um acesso concorrencial s importaes essenciais. Todos os instrumentos de poltica econmica externa devem ser mobilizados para promover o crescimento da Europa atravs da nossa participao em mercados globais abertos e equitativos. Embora este princpio se aplique dimenso externa das nossas diferentes polticas internas (por exemplo, energia, transportes, agricultura e I&D), assume um significado especial no que se refere ao comrcio e coordenao internacional das polticas macroeconmicas. Uma Europa aberta, a funcionar num enquadramento internacional baseado em regras, constitui a melhor forma de explorar os benefcios da globalizao que iro estimular o crescimento e o emprego. Ao mesmo tempo, a UE deve afirmar-se mais eficazmente na cena mundial, exercendo a sua liderana no processo de definio da futura ordem econmica global no mbito do G20 e afirmando o interesse europeu atravs da mobilizao activa de todos os instrumentos nossa disposio.

    As economias emergentes cujas classes mdias se esto a desenvolver e a importar bens e servios em que a Europa dispe de uma vantagem comparativa sero a fonte de uma parte do crescimento

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    que a Europa precisa de gerar na prxima dcada. Enquanto maior bloco comercial do mundo, a prosperidade da UE depende da sua abertura ao mundo e da sua capacidade para acompanhar de perto a evoluo noutras economias desenvolvidas ou emergentes no sentido de antecipar e adaptar-se s futuras tendncias.

    Outro objectivo-chave deve ser a aco desenvolvida no mbito da OMC e a nvel bilateral, para assegurar um melhor acesso aos mercados para as empresas da UE, incluindo as PME, e a igualdade das condies de concorrncia relativamente os nossos concorrentes externos. Alm disso, devemos recentrar e agilizar os nossos dilogos regulamentares, particularmente em novas reas como o clima e o crescimento verde, sempre que possvel alargando a nossa influncia global mediante a promoo da equivalncia, do reconhecimento mtuo e da convergncia nas principais questes regulamentares, bem como da adopo das nossas regras e normas.

    A estratgia Europa 2020 no apenas relevante no interior da UE, tendo igualmente um potencial considervel para os pases candidatos e vizinhos, que nela podero encontrar um apoio para os seus processos de reforma. O alargamento da rea em que as regras da UE so aplicadas criar novas oportunidades tanto para a UE como para os pases vizinhos.

    Alm disso, um dos objectivos essenciais para os prximos anos ser o estabelecimento de relaes estratgicas com as economias emergentes com vista a debater questes de interesse comum, promover a cooperao a nvel regulamentar e noutros domnios e resolver questes bilaterais. As estruturas em que assentam estas relaes devem ser flexveis e ter um carcter mais poltico do que tcnico.

    Em 2010 a Comisso vai elaborar uma estratgia comercial para a Europa 2020 que incluir:

    a atribuio de prioridade concluso das negociaes comerciais multilaterais e bilaterais em curso, nomeadamente com os parceiros com maior potencial econmico e uma aplicao mais rigorosa dos acordos em vigor, com especial ateno para os obstculos no pautais ao comrcio;

    iniciativas de abertura do comrcio em sectores do futuro, como o dos produtos e tecnologias verdes e dos produtos e servios de alta tecnologia, e no domnio da normalizao internacional, em especial nas reas em crescimento;

    propostas para dilogos estratgicos de alto nvel com parceiros-chave, para debater questes estratgicas que vo desde o acesso ao mercado, o quadro normativo, os desequilbrios globais, a energia e as alteraes climticas e o acesso s matrias-primas at questo da pobreza no mundo, educao e desenvolvimento. A Comisso procurar igualmente reforar o Conselho Econmico Transatlntico com os EUA e o dilogo econmico de alto nvel com a China, bem como aprofundar as suas relaes com o Japo e a Rssia;

    a apresentao de um relatrio anual, a partir de 2011, ao Conselho Europeu da Primavera, consagrado ao comrcio e ao investimento, que identificar meios para melhorar o acesso ao mercado e o quadro regulamentar das empresas da UE.

    Enquanto actor mundial, a UE leva muito a srio as suas responsabilidades internacionais. Estabeleceu uma verdadeira parceria com os pases em desenvolvimento para erradicar a pobreza, promover o crescimento e cumprir os Objectivos de Desenvolvimento do Milnio (ODM). Temos uma relao particularmente prxima com frica e, no futuro, devemos investir mais no

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    desenvolvimento desta parceria. Tudo isto ser concretizado no quadro da aco mais vasta que visa prosseguir e intensificar os esforos em curso para aumentar a ajuda ao desenvolvimento, melhorar a eficincia dos nossos programas de ajuda, nomeadamente atravs de uma diviso eficiente de tarefas com os Estados-Membros, e ter mais em conta os objectivos de desenvolvimento nas outras polticas comunitrias

    4. SADA DA CRISE: PRIMEIROS PASSOS PARA 2020

    Os instrumentos de poltica foram utilizados de forma intensiva e decisiva para lutar contra a crise. A poltica oramental desempenhou, quando possvel, um papel expansionista e anticclico; assistiu-se a uma reduo das taxas de juro para valores mnimos histricos, tendo ao mesmo tempo sido injectado no sector financeiro um volume de liquidez sem precedentes. Os governos proporcionaram um apoio intensivo aos bancos, atravs de garantias e recapitalizaes ou atravs da limpeza dos balanos, mediante a transferncia dos activos depreciados; outros sectores da economia beneficiaram de apoio ao abrigo de um quadro temporrio e excepcional relativo aos auxlios estatais. Todas estas aces foram e continuam a justificar-se, mas no podem revestir-se de um carcter permanente. Os elevados nveis da dvida pblica no podem manter-se indefinidamente. A prossecuo dos objectivos da Europa 2020 deve basear-se numa estratgia de sada credvel, em termos de poltica oramental e monetria, por um lado, e no apoio directo concedido pelos governos a alguns sectores econmicos, em especial o sector financeiro, por outro. A sequncia das diferentes medidas adoptadas para sair da crise importante. Um reforo da coordenao das polticas econmicas, em especial no mbito da rea do euro, dever assegurar uma sada global positiva.

    4.1. Definio de uma estratgia de sada credvel

    Tendo em conta as incertezas que continuam a caracterizar as perspectivas econmicas e as fragilidades do sector financeiro, as polticas de apoio economia devem ser mantidas at que a recuperao esteja plenamente assegurada e a estabilidade financeira restabelecida4. A retirada das medidas temporrias relacionadas com a crise deve ser coordenada e ter em conta os eventuais efeitos negativos indirectos, tanto a nvel dos Estados-Membros, como da interaco entre diferentes instrumentos de poltica. Dever voltar-se ao regime normal em matria de auxlios estatais, a comear pela supresso do quadro temporrio neste domnio. Esta abordagem coordenada deve assentar nos seguintes princpios:

    A retirada do estmulo oramental deve ter incio assim que a recuperao tiver bases slidas. Contudo, o seu calendrio pode diferir de pas para pas, o que implica um elevado grau de coordenao a nvel europeu;

    O apoio de curto prazo ao desemprego s deve comear a ser gradualmente retirado quando a inflexo do crescimento do PIB puder ser considerada duradoura e o emprego, com o habitual desfasamento, tiver recomeado a crescer;

    Os regimes de apoio sectorial devem ser rapidamente suprimidos, uma vez que comportam custos oramentais elevados, pois atingiram presumivelmente em grande medida os seus objectivos e so susceptveis de ter efeitos de distoro no mercado nico;

    4 Concluses do Conselho Europeu de 10 e 11 de Dezembro de 2009.

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    O apoio ao acesso ao financiamento deve manter-se at surgirem sinais claros de que as condies de financiamento das empresas voltaram globalmente normalidade;

    A retirada do apoio ao sector financeiro, a comear pelos regimes de garantias pblicas, depender em geral da situao econmica e, em especial, da estabilidade do sistema financeiro.

    4.2. Reforma do sistema financeiro

    A curto prazo, ser essencial restabelecer um sector financeiro slido, estvel e so que possa financiar a economia real. Para o efeito, ser necessrio assegurar a execuo integral e em tempo oportuno dos compromissos do G20. Em especial, devem ser atingidos os seguintes cinco objectivos:

    Executar as reformas acordadas no domnio da superviso do sector financeiro;

    Colmatar as lacunas regulamentares, promovendo a transparncia, a estabilidade e a responsabilizao, nomeadamente no que se refere aos instrumentos derivados e s infra-estruturas do mercado;

    Completar o reforo das nossas regras prudenciais, contabilsticas e de defesa dos consumidores, sob a forma de um cdigo nico a nvel europeu, que abranja todos os interlocutores e mercados financeiros de forma adequada;

    Reforar a governao das instituies financeiras, de modo a corrigir as fragilidades reveladas pela crise financeira no domnio da identificao e gesto do risco;

    Lanar uma poltica ambiciosa que nos permitir no futuro evitar e, se necessrio, gerir eventuais crises financeiras, devendo tal poltica contar com uma contribuio adequada do sector financeiro, atendendo sua responsabilidade especfica na crise actual .

    4.3. Prossecuo de uma consolidao oramental inteligente tendo em vista o crescimento de longo prazo

    A solidez das finanas pblicas constitui um elemento essencial para o restabelecimento de condies propcias para um crescimento e criao de emprego sustentveis. Temos portanto de definir uma estratgia abrangente de sada da crise, que incluir a retirada gradual dos apoios de curto prazo e a introduo de reformas de mdio e longo prazo que promovam a sustentabilidade das finanas pblicas e reforcem o crescimento potencial.

    O Pacto de Estabilidade e Crescimento proporciona o enquadramento adequado para a execuo de estratgias oramentais de sada da crise e os Estados-Membros esto a incluir essas estratgias nos seus programas de estabilidade e convergncia. Na maior parte dos pases, o incio do processo de consolidao oramental dever normalmente ocorrer em 2011. De uma forma geral, o processo de reduo dos dfices para um nvel inferior a 3 % do PIB dever ser concludo at 2013. Contudo, em alguns pases, a fase de consolidao poder ter de comear antes de 2011, o que pode implicar que a retirada dos apoios temporrios concedidos durante a crise e a consolidao oramental decorram em simultneo.

    O apoio ao crescimento potencial da economia da UE e sustentabilidade dos nossos modelos sociais e a consolidao das finanas pblicas no contexto do Pacto de Estabilidade e Crescimento

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    implica o estabelecimento de prioridades e opes difceis: a coordenao a nvel da UE pode ajudar os Estados-Membros nesta tarefa e contribuir para evitar as repercusses indirectas. Por outro lado, a composio e qualidade da despesa pblica so tambm relevantes: os programas de consolidao oramental devem privilegiar as rubricas que potenciam o crescimento, como a educao e a formao, a I&D e a inovao e o investimento em redes, como por exemplo a Internet de alta velocidade e as interconexes das redes de energia e dos transportes, que correspondem aos domnios temticos essenciais da estratgia da Europa 2020.

    O lado das receitas do oramento tambm pertinente, devendo ser prestada especial ateno qualidade da estrutura das receitas e do sistema fiscal. No caso de ser necessrio aumentar os impostos, dever ser assegurada, sempre que possvel, uma articulao com a necessidade de tornar os sistemas fiscais mais favorveis ao crescimento. Por exemplo, deve ser evitado o aumento dos impostos sobre o rendimento do trabalho, que to pernicioso se revelou no passado para o emprego. Os Estados-Membros devem procurar transferir a carga fiscal do trabalho para os impostos energticos e ambientais, como parte integrante de sistemas fiscais mais verdes.

    A consolidao oramental e a sustentabilidade das finanas pblicas tero de ser acompanhadas por reformas estruturais importantes, em especial dos sistemas de penses, da sade, da proteco social e da educao. A administrao pblica deve aproveitar esta oportunidade para reforar a eficincia e a qualidade dos servios prestados. A poltica em matria de contratos pblicos deve garantir a optimizao da utilizao dos fundos pblicos e o mercado destes contratos deve ser mantido a nvel da UE.

    4.4. Coordenao no mbito da Unio Econmica e Monetria

    A moeda comum actuou como um escudo precioso contra as turbulncias das taxas de cmbio para os Estados-Membros que a adoptaram. Mas a crise revelou igualmente a extenso da interdependncia entre as economias da rea do euro, nomeadamente no domnio financeiro, tornando mais provveis as repercusses transfronteiras. Padres de crescimento divergentes conduziram em alguns casos acumulao de dvidas pblicas insustentveis que, por sua vez, desencadearam tenses para a moeda nica. A crise veio amplificar assim alguns dos desafios com que a rea do euro se confronta, como por exemplo a sustentabilidade das finanas pblicas e o crescimento potencial, mas tambm o papel desestabilizador dos desequilbrios e das divergncias em termos de competitividade.

    Uma resposta eficaz a estes desafios na rea do euro urgente e assume uma importncia fundamental, por forma a garantir a estabilidade e um crescimento sustentvel e criador de emprego. Para o efeito, ser necessria uma coordenao reforada e mais estreita das diferentes polticas, nomeadamente:

    Um enquadramento para uma superviso mais aprofundada e mais ampla dos pases da rea do euro: para alm do reforo da disciplina oramental, os desequilbrios macroeconmicos e a evoluo da competitividade devem ser objecto da superviso econmica, em especial com vista a facilitar o ajustamento orientado pelas polticas.

    Um enquadramento que permita reagir a ameaas iminentes para a estabilidade financeira do conjunto da rea do euro.

    Uma representao externa adequada da rea do euro, a fim de dar uma resposta decidida aos desafios econmicos e financeiros globais.

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    A Comisso apresentar propostas para concretizar estas ideias.

    5. OBTER RESULTADOS: UMA GOVERNAO MAIS FORTE

    Para realizar este conjunto de transformaes, a estratgia Europa 2020 necessitar de uma maior focalizao, de objectivos claros e de parmetros de referncia transparentes para analisar os progressos. Para o efeito, ser necessrio um quadro de governao mais forte que tire partido dos instrumentos existentes para garantir uma execuo atempada e eficaz.

    5.1. Arquitectura proposta para a Europa 2020

    A estratgia deve ser articulada em torno de uma abordagem temtica e de uma superviso dos pases mais estreita. Tal abordagem assenta no reforo dos instrumentos de coordenao j existentes. Mais especificamente:

    Uma abordagem temtica centrada nos temas i