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ESTRUTURAS DE ESTRUTURAS DE PAVIMENTOS DE EDIFÍCIOS PAVIMENTOS DE EDIFÍCIOS ANTIGOS ANTIGOS CONSTRUÇÃO TRADICIONAL Licenciatura em Arquitectura IST António Moret Rodrigues

ESTRUTURAS DE PAVIMENTOS DE EDIFÍCIOS … · PAVIMENTOS DE MADEIRA I. z. ESTRUTURA RESISTENTE Ao conjunto de vigas que constituem o pavimento denomina-se . vigamento. Este vigamento,

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ESTRUTURAS DE ESTRUTURAS DE PAVIMENTOS DE EDIFÍCIOS PAVIMENTOS DE EDIFÍCIOS

ANTIGOSANTIGOSCONSTRUÇÃO TRADICIONAL

Licenciatura em ArquitecturaIST

António Moret Rodrigues

PAVIMENTOS PAVIMENTOS Os PAVIMENTOS dum edifício desempenham simultaneamente duas funções:Compartimentação horizontal entre pisos do edifício. Quando executados num material não combustível têm também uma função de compartimentação corta-fogo, para limitar a propagação do incêndio em altura.

Suporte das cargas que sobre ele se exercem, quer permanentes (peso próprio dos elementos constituintes) quer variáveis (sobrecargas de utilização).

Tradicionalmente os pavimentos eram de madeira. Este material foi progressivamente substituído pelo aço e pelo betão, quer em pavimentos mistos, junto com madeira ou cerâmico, quer maciços (no caso do betão).

PAVIMENTOS DE MADEIRA IPAVIMENTOS DE MADEIRA IESTRUTURA RESISTENTE

Ao conjunto de vigas que constituem o pavimento denomina-se vigamento. Este vigamento, conveniente nivelado na parte superior, designa-se por simples no caso de estruturas de madeira.

A madeira de pinho era a mais utilizada.

Por causa da humidade, as vigas dos pavimentos do rés-do-chão não devem ficar em contacto com o terreno. O vão entre este e o vigamento é a caixa de ar, e a sua ventilação obtém-se por meio de furos abertos nas paredes - ventiladores ou respiradouros.

PAVIMENTOS DE MADEIRA IIPAVIMENTOS DE MADEIRA IIASSENTAMENTO

Por razões de economia, o vigamento, sobre o qual assentava o sobrado, devia colocado no sentido mais curto.

As vigas apoiavam nas paredes exteriores e paredes interiores resistentes.

Quando vigas de espaços diferentes assentam numa mesma parede podem desencontrar as suas extremidades.

PAVIMENTOS DE MADEIRA IIIPAVIMENTOS DE MADEIRA IIIAPOIOS NAS PAREDES

As vigas podiam assentar simplesmente sobre as paredes ou sobre frechais estendidos sobre as paredes.

No caso de paredes exteriores, os frechais ficavam encostados ao paramento interior destas.

Os frechais podiam apoiar aindasobre um taco de madeira queera assente depois de regularizarsuperiormente a parede.

As vigas deviam encastrar nasparedes 0.20 a 0.25m (entrega).

Entrega

PAVIMENTOS DE MADEIRA IVPAVIMENTOS DE MADEIRA IVAPOIOS NAS PAREDES

Outras formas de apoio em paredes exclusivamente de alvenaria, podiam ser as que se mostram:

Em A, o frechal a é assente na parede, ficando encastrado até meia largura, e fixo por meio de ferrolhos.

Em B, o frechal apoia-se emcachorros de cantariaconvenientemente distanciados.

PAVIMENTOS DE MADEIRA VPAVIMENTOS DE MADEIRA VTRAVAMENTOS

O travamento do edifício era feito colocando nos topos de algumas das vigas dos pavimentos os ferrolhos, que tinham no extremo um olhal para permitir a introdução duma cavilha.

Ferrolho de Chaveta (A)

Ferrolho de Esquadro (B)

PAVIMENTOS DE MADEIRA VIPAVIMENTOS DE MADEIRA VIEMENDAS DE VIGAS

Só em caso de absoluta necessidade se podiam realizar emendas nas vigas. As emendas deviam ser realizadas sobre os apoios intermédiosde acordo um dos tipos mostrados.

Emenda sobre apoiointermédio

PAVIMENTOS DE MADEIRA VIIPAVIMENTOS DE MADEIRA VIIINTERRUPÇÃO DE VIGAS

Quando era necessário interromper as vigas principais(υ) (devido a escada, chaminé, etc.), colocava-se uma viga (c) – a cadeia – para apoio das vigas interrompidas.

Ligação Viga/Cadeiac

c

Exemplo de cadeia para evitar o apoio das vigas sobre os vãos, que eram zonas das paredes menos resistentes.

c

c

PAVIMENTOS DE MADEIRA VIIIPAVIMENTOS DE MADEIRA VIIIDIMENSIONAMENTO

As vigas não deviam ter dimensões abaixo de 0.08×0.16m, nem a flecha máxima ser superior a 1/250do vão.

Os vãos tinham comovalor corrente 4m, e oespaçamento entre eixosde vigas 0.40m.

Para vãos maiores, que podiam atingir 6m, ou afastamentos maiores entre vigas, que podiam ir até0.60m, as secções eram maiores. Para 6 m de vão, o que era raro, aplicavam-se vigas de 0.12 ×0.20m.

≈ 0.04m≈ 0.40m ≈ 0.40m

≈ 0.10× 0.18m

PAVIMENTOS DE MADEIRA IXPAVIMENTOS DE MADEIRA IXTARUGAMENTO

Em grandes vãos, para evitar a flexão das vigas no plano paralelo ao soalho realizava-se o seu tarugamento.

Para vãos maiores que 6m era necessário recorrer a pavimentos compostos.

PAVIMENTOS COMPOSTOS IPAVIMENTOS COMPOSTOS IPAVIMENTOS MISTOS DE MADEIRA

Eram constituídos por pranchões 22x8cm, designados por vigas secundárias (vs), dispostas na direcção do maior vão e tomando apoio nas vigas mestras(principais), (vm),de ferro ou betão armado, dispostas na direcção do vão menor.

PAVIMENTOS COMPOSTOS IIPAVIMENTOS COMPOSTOS IISOLUÇÕES COM VIGAS METÁLICAS

Nas soluções com vigas metálicas estas eram normalmente perfis I, sobre as quais as vigas de madeira apoiavam através de ligeiros entalhes.

Para evitar perda de pé-direito, a viga secundária de madeira podia inserir-se no banzo da viga metálica mestra.

PAVIMENTOS COMPOSTOS IIIPAVIMENTOS COMPOSTOS IIISOLUÇÕES COM VIGAS METÁLICAS

No caso da viga metálica ser maior do que a de madeira, a ligação podia fazer-se por meio de:

Calços de madeirainseridos dentro da viga mestra I.

Cantoneiras de abas diferentes que se ligam à alma do I e nas quais se vão apoiar as vigas de madeira.

Viga secundáriaViga mestra

PAVIMENTOS COMPOSTOS IVPAVIMENTOS COMPOSTOS IVSOLUÇÕES COM VIGAS DE BETÃO ARMADO

Com o aparecimento do betão armado, passaram-se a utilizar, em lugar de vigas metálicas, vigas mestras de betão, com forma própria para receber as vigas secundárias .

Viga secundáriade madeira

Viga mestrade betão

PAVIMENTOS COMPOSTOS VPAVIMENTOS COMPOSTOS VPAVIMENTOS MISTOS METÁLICOS

São constituídos por vigotas metálicasligadas por uma abobadilha de tijolo.

A distância entre vigotas está compreendida entre 0,70 e 1,00 m e a flecha f deve ser aproximadamente igual a 1/8 do vão.

O vão deve oscilar entre 3 e 5 metros.

PAVIMENTOS COMPOSTOS VIPAVIMENTOS COMPOSTOS VIPAVIMENTOS MISTOS METÁLICOS

Para grandes superfícies poderá ser necessário prever um certo número de elementos principais sobre os quais se irão apoiar as vigotas sendo as vigas principais suportadas por pilares.

PAVIMENTOS COMPOSTOS VIIPAVIMENTOS COMPOSTOS VIIPAVIMENTOS MISTOS METÁLICOS

Podem também não existir pilares mas sim vigas principais, secundárias e vigotas, ou conjugar as duas hipótese, etc.

PAVIMENTOS COMPOSTOS VIIIPAVIMENTOS COMPOSTOS VIIIPAVIMENTOS MISTOS METÁLICOS

Relativamente à ligação lateral do pavimento, ela poderá ser feita, no caso de paredes de grande espessura, simplesmente por encastramento das abobadilhas na parede, que deverá resistir à impulsão, ou então, a partir de um perfil I ou U.

PAVIMENTOS COMPOSTOS IXPAVIMENTOS COMPOSTOS IXPAVIMENTOS MISTOS METÁLICOS

Devia-se fazer o travamento entre as vigotas através de varões metálicos com os extremos roscados e munidos de porca e contra-porca e cujo efeito é semelhante ao dos tarugos nos pavimentos de madeira.

Os travamentos devem ser colocados de modo que, em planta, fiquem desencontrados, sendo a distância entre eles variável entre 1,5 a 2 m.

PAVIMENTOS COMPOSTOS XPAVIMENTOS COMPOSTOS XPAVIMENTOS MISTOS METÁLICOS

No caso de haver vigas secundárias, a ligação entre estas e as vigotas poderá ser feita por apoio das vigotasno banzo das vigas.

Viga principal

Pilar

Vigotas

PAVIMENTOS COMPOSTOS XIPAVIMENTOS COMPOSTOS XIPAVIMENTOS MISTOS METÁLICOS

A disposição anterior tinha os inconvenientes de roubar muita altura e de mostrar um grande vazio até às abobadilhas.

Para evitar estes convenientes podia fazer-se uma ligação lateral, de modo que o banzo da vigota ficasse no plano do banzo superior da viga.

PAVIMENTOS COMPOSTOS XIIPAVIMENTOS COMPOSTOS XIIPAVIMENTOS MACIÇOS DE BETÃO ARMADO

O aparecimento do betão armado permitiu realizar pavimentos em laje maciça armada num sentido ou nos dois sentidos conforme as dimensões do vão a cobrir.

Não se aconselhava o emprego destas lajes em vãos superiores a 3 ou 4 metros, sendo preferível para maiores dimensões recorrer ao emprego de lajesnervuradas.

PAVIMENTOS COMPOSTOS XIIIPAVIMENTOS COMPOSTOS XIIIPAVIMENTOS MISTOS DE TIJOLO ARMADO

Podia-se empregar o tijolo vulgar de 2 ou de 4 furos, assentando-os sobre uma cofragem contínua, ligando os topos com argamassa e deixando entre estas fiadas de tijolo um intervalo onde se coloca a armadura necessária e que se enche, depois, de betão de composição normal.

Cofragem Armadura

Betão Tijolo

PAVIMENTOS COMPOSTOS XIVPAVIMENTOS COMPOSTOS XIVPAVIMENTOS MISTOS DE TIJOLO ARMADO

Outra forma de construir consiste em enfiar num varão de ferro um número de tijolos cujo comprimento total perfaça a menor dimensão (que deve ser a direcção de colocação) da dependência a pavimentar.

PAVIMENTOS COMPOSTOS XVPAVIMENTOS COMPOSTOS XVPAVIMENTOS MISTOS DE TIJOLO ARMADO

Podiam também ser utilizados tijolos especiais:

que dispensavam a execução de cofragemcontínua;

que apresentavam ranhuras próprias para inserir o varão da armadura.

PAVIMENTOS COMPOSTOS XVIPAVIMENTOS COMPOSTOS XVIPAVIMENTOS MISTOS DE TIJOLO ARMADO

Com os elementos anteriores construíam-se vigotas em tijolo, que originaram as vigotas actuais, em betão.

Estas vigotas eram colocadas lado a lado,com o varão para baixo, estabelecendocontinuidade na face do tecto.

PAVIMENTOS COMPOSTOS XVIIPAVIMENTOS COMPOSTOS XVIIPAVIMENTOS MISTOS DE TIJOLO ARMADO

Apesar destes pavimentos serem do tipo “simplesmente apoiado”, podiam também ser utilizados em situações de continuidade sobre os apoios: bandas maciças e armadura para absorver os momentos negativos.

PAVIMENTOS COMPOSTOS XVIIIPAVIMENTOS COMPOSTOS XVIIIPAVIMENTOS MISTOS DE TIJOLO ARMADO

A capacidade de absorverem momentos negativos por colocação de armadura superior conduz a que estes pavimentos pudessem ser utilizados em consolas de pequeno vão.

PAVIMENTOS COMPOSTOS XIXPAVIMENTOS COMPOSTOS XIXPAVIMENTOS NERVURADOS COM BLOCOS OCOS

São formados por uma laje nervurada com asnervuras à distância máxima de 0,70 metros, sendo o intervalo entre elas preenchido por blocos leves de cofragem.

Conseguem-se fazer tectos absolutamente lisos.