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ESTUDO COMPARATIVO ENTRE AS TECNOLOGIAS
CONSTRUTIVAS DE PRÉ-LAJE E PISO ELEVADO EM ÁREAS
EXTERNAS: ESTUDO DE CASO EM EMPREENDIMENTO DE
EDIFICAÇÕES MISTO
Rafaella Braga Moritz
Projeto de Graduação apresentado ao
curso de Engenharia Civil da Escola
Politécnica, Universidade Federal do
Rio de Janeiro, com parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de
Engenheiro.
Orientador: Jorge dos Santos
Rio de Janeiro
Fevereiro de 2018
ii
ESTUDO COMPARATIVO ENTRE AS TECNOLOGIAS
CONSTRUTIVAS DE PRÉ-LAJE E PISO ELEVADO EM ÁREAS
EXTERNAS: ESTUDO DE CASO EM EMPREENDIMENTO DE
EDIFICAÇÕES MISTO
Rafaella Braga Moritz
Projeto de Graduação apresentado ao
curso de Engenharia Civil da Escola
Politécnica, Universidade Federal do
Rio de Janeiro, com parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de
Engenheiro.
Orientador: Jorge dos Santos
Rio de Janeiro
Fevereiro de 2018
iii
ESTUDO COMPARATIVO ENTRE AS TECNOLOGIAS CONSTRUTIVAS
DE PRÉ-LAJE E PISO ELEVADO EM ÁREAS EXTERNAS: ESTUDO DE CASO
EM EMPREENDIMENTO DE EDIFICAÇÕES MISTO
Rafaella Braga Moritz
PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE
ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL
DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A
OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.
Examinado por:
_________________________________
Prof. Jorge dos Santos, D.Sc.,
Orientador
_________________________________
Prof. Ana Catarina Evangelista, D.Sc..
_________________________________
Prof. Sandra Oda, D.Sc
_________________________________
Prof. Wilson Wanderley da Silva, D.Sc.
Rio de Janeiro
Fevereiro de 2018
iv
Moritz, Rafaella Braga
Estudo Comparativo entre as Tecnologias Construtivas de Pré-
Laje e Piso Elevado em Áreas Externas: Estudo de Caso em
Empreendimento de Edificações Misto / Rafaella Braga
Moritz: – Rio de Janeiro: UFRJ/Escola Politécnica, 2018.
xii, 75 p.: 29,7 cm.
Orientador: Jorge dos Santos
Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica /
Curso de Engenharia Civil, 2018.
Referências Bibliográficas: p. 81-84
1. Introdução 2. Pré-laje em Edificações 3. Piso Elevado
Em Edificações 4. Estudo de Caso 5. Conclusão
I. Santos, Jorge; II. Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III.
Título
v
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço ao meus pais Claudete Moritz e Marcelo Moritz, pelo amor
incondicional e, por sempre acreditarem em mim, me darem força e nunca me deixarem
desistir dos meus sonhos. E principalmente pela paciência durante todos esses anos.
Agradeço aos meus irmãos Pammela e Bernardo por sempre estarem ao meu lado, me
apoiando e torcendo por mim.
Agradeço ao todos os meus amigos, por estarem sempre presentes me divertindo e
lembrando com quem posso contar.
Aos amigos que fiz durantes os anos de UFRJ, agradeço e desejo muito sucesso, sem
eles não seria possível. Obrigada pelo companheirismo, pela motivação, pelas noites
viradas de estudo, pela de dedicação e pelos momentos de diversão.
Agradeço a professora Sandra Oda, pela paciência, ensinamento durante as aulas e
apoio durante as dúvidas e incertezas da graduação. Agradeço ainda por ser minha amiga,
nunca medir esforços para ajudar os alunos e me ensinar a verdade significado da palavra
empatia.
Agradeço ao meu orientador, a quem admiro muito, Jorge dos Santos, pelos conselhos
acadêmicos e profissionais, pela paciência, total apoio, dedicação e importância que
atribuiu ao meu trabalho.
Agradeço imensamente aos engenheiros: Eduardo Gustavo, Ivair Barroso, Vinicius
Sellos e Bianca Figueiredo, que tive a sorte de ter como gestores nos últimos anos da
graduação e a quem devo grande parte do que sei e sou profissionalmente. Serei sempre
grata por todo conhecimento e experiência compartilhados, paciência, dedicação e
principalmente por sempre acreditarem em meu potencial.
Não menos importante, aos meus amigos do Onda Carioca e do Soho Residence, por
me ensinarem todos os dias, pela paciência com as minhas curiosidades, por sorrirem
comigo, pelos momentos de diversão e por me darem força para sempre buscar melhorar.
vi
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica - UFRJ como parte dos
requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.
ESTUDO COMPARATIVO ENTRE AS TECNOLOGIAS CONSTRUTIVAS
DE PRÉ-LAJE E PISO ELEVADO EM ÁREAS EXTERNAS: ESTUDO DE CASO
EM EMPREENDIMENTO DE EDIFICAÇÕES MISTO
Rafaella Braga Moritz
Fevereiro de 2018
Orientador: Jorge dos Santos
Curso: Engenharia Civil
O objetivo deste trabalho é apresentar e realizar uma análise comparativa entre duas
tecnologias construtivas quando aplicada a áreas externas de edificações: a tecnologia de
pré-laje e a tecnologia de piso-elevado. O trabalho desenvolve uma abordagem conceitual
das duas tecnologias e apresenta um estudo de caso com a aplicação do sistema de pré-laje
e a simulação de como seria caso fosse aplicado o sistema de piso elevado. De forma a
apresentar de maneira clara as vantagens e as desvantagens da utilização das duas
diferentes tipologias. Para pôr fim identificar qual tecnologia pode contribuir para gerar
uma maior eficácia na construção das áreas externas das edificações,
Palavras-chave: Construção Civil, Edificações, Técnicas Construtivas, Pré-laje, Piso
elevado, Piso elevado externo.
vii
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Engineer
COMPARATIVE STUDY BETWEEN THE CONSTRUCTIVE
TECHNOLOGIES OF PREFABRICATED SLABS AND RAISED ACCESS
FLOOR IN EXTERNAL AREAS: CASE STUDY IN MIXED BUILDING
Rafaella Braga Moritz
February/2018
Advisor: Jorge dos Santos
Course: Civil Engineering
The aim of this study is to present and conduct a comparative analysis between two
constructive technologies when applied to external areas of buildings: prefabricated slabs
technology and raised access floor technology. The study develops a conceptual approach
of these two technologies and present a case study with the application of the prefabricated
slabs system and the simulation of how it would be if the raised floor system was applied.
In order to present clearly the advantages and disadvantages of using these two different
typologies. In order to identify which technology could contribute better to an efficient
construction of buildings external areas.
Keywords: Civil Construction, Construction Techniques, Prefabricated Slabs, Raised
Access Floor
viii
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 1
1.1 A IMPORTÂNCIA DO TEMA 1
1.2 OBJETIVO 1
1.3 JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO TEMA 2
1.4 METODOLOGIA 2
1.5 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA 3
2 PRÉ-LAJE EM EDIFICAÇÕES 4
2.1 DEFINIÇÃO 4
2.2 ASPECTOS HISTÓRICOS 5
2.3 PRINCIPAIS TIPOLOGIAS 7 2.3.1 Pré-laje Convencional (Vigota T) 8
2.3.2 Pré-laje em Painel Treliçado 9
2.3.3 Pré-laje em Painel Protendido 11
2.3.4 Pré-Laje Completamente Pré-Moldada 11
2.4 MATERIAIS 12 2.4.1 Concreto 12
2.4.2 Aço 13
2.4.3 Enchimento 16
2.5 EQUIPAMENTOS E ETAPAS DA MONTAGEM 18
2.6 TÉCNICAS CONSTRUTIVAS 20
2.7 VANTAGENS E DESVANTAGENS 24 2.7.1 Vantagens 24
2.7.2 Desvantagens 25
3 PISO ELEVADO EM EDIFICAÇÕES 27
3.1 DEFINIÇÃO 27
3.2 ASPECTOS HISTÓRICOS 27
3.3 PRINCIPAIS TIPOLOGIAS 29 3.3.1 Piso Elevado Interno 29
3.3.2 Piso Elevado Externo 31
3.4 MATERIAIS E COMPONENTES 33 3.4.1 Placas 33
3.4.2 Apoios ou Suportes 37
3.5 EQUIPAMENTOS E ETAPAS DA MONTAGEM 39
3.6 TÉCNICAS CONSTRUTIVAS 41
3.7 VANTAGENS E DESVANTAGENS 45 3.7.1 Vantagens 45
3.7.2 Desvantagens 46
4 ESTUDO DE CASO 47
4.1 DESCRIÇÃO DO EMPREENDIMENTO 47
ix
4.2 CONSIDERAÇÕES DA APLICAÇÃO DO MÉTODO CONSTRUTIVO CONVENCIONAL NO
EMPREENDIMENTO 49
4.3 JUSTICATIVA E ESTUDO DE VIABILIDADE DO MÉTODO CONSTRUTIVO ESCOLHIDO 51
4.4 DESCRIÇÃO DO MÉTODO UTILIZADO NA OBRA 53
4.5 CONSIDERAÇÕES DA APLICAÇÃO DO MÉTODO CONSTRUTIVO DE PISO ELEVADO NO
EMPREENDIMENTO 61
4.6 SÍNTESE DAS VANTAGENS E DESVANTAGENS ENTRE OS DOIS MÉTODOS
CONSTRUTIVOS 64 4.6.1 Tempo de execução 64
4.6.2 Facilidade de Execução 65
4.6.3 Segurança na Execução 65
4.6.4 Gerenciamento dos sistemas 65
4.6.5 Custo da implantação 66
4.6.6 Manutenção 66
4.6.7 Meio ambiente e Sustentabilidade 67
4.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE O ESTUDO DE CASO 68
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 70
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 72
x
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - SISTEMA COIGNET 5 FIGURA 2 - LAJE PRÉ-FABRICADA COM VIGAS DE CONCRETO 6 FIGURA 3 - PRÉ-LAJE DE VIGAS COM ARMADURA TRELIÇADA 7 FIGURA 4 - EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS CONSTRUTIVOS DE LAJES 7 FIGURA 5 - TIPOS DE SEÇÃO DE VIGOTAS DE CONCRETO 8 FIGURA 6 - VIGOTA TRELIÇADA E VIGOTA "T" FONTE 9 FIGURA 7 - A) MINIPAINEL TRELIÇADO COM ARMAÇÃO SIMPLES E DUPLA; B) PAINEL
TRELIÇADO 10 FIGURA 8 - LAJE TRELIÇADA COMO ARMADURA COMPLEMENTAR E CORRUGADOS PARA
PASSAGENS DAS INSTALAÇÕES 10 FIGURA 9 - PAINÉIS EM CONCRETO PROTENDIDO 11 FIGURA 10 - LAJES PRÉ-MOLDADAS ALVEOLARES 12 FIGURA 11- VISTA FRONTAL DA ARMAÇÃO TRELIÇADA 16 FIGURA 12 - REPRESENTAÇÃO ISOMÉTRICA DE ARMADURA TRELIÇADA 16 FIGURA 13 - TIPOS DE ENCHIMENTO: A) CERÂMICO; B) EPS (ISOPOR) E C) CONCRETO
CELULAR FONTE: 17 FIGURA 14 - AUTOGRUAS E GRUA DE TORRES 19 FIGURA 15 - GRUA DE PÓRTICO 20 FIGURA 16 - REGRA DO "UM OU DOIS HOMENS" PARA TRANSPORTE DE VIGOTAS 21 FIGURA 17 - MONTAGEM DE LAJES EM VIGOTAS 22 FIGURA 18 - ARMAÇÃO EM PRÉ-LAJE 23 FIGURA 19 – APLICAÇÃO DA CAPA DE CONCRETO 24 FIGURA 20 - RUÍNAS DO PISO ELEVADO POR PILARETES DA TERMA ROMANA DA CIDADE
DE BATH 28 FIGURA 21 - COBERTURA DE PISO ELEVADO COM APOIOS FIXOS EM BLOCOS CER. 28 FIGURA 22 - PISO ELEVADO EM ÁREA INTERNA. 30 FIGURA 23 - PISO ELEVADO EXTERNO COM PASSAGEM DE TUBULAÇÃO 32 FIGURA 24 - PISO ELEVADO EXTERNO COM JARDIM SUSPENSO AUTO IRRIGÁVEL 32 FIGURA 25 - DETALHE CAMADAS ECO JARDINS 33 FIGURA 26 - PLACA DE AÇO PREENCHIDA COM CONCRETO CELULAR 34 FIGURA 27 - PISO MONOLÍTICO 34 FIGURA 28 - PLACAS EM POLIPROPILENO 35 FIGURA 29 - PLACAS DE PISO ELEVADO EM CONCRETO 35 FIGURA 30 - PISO ELEVADO EM GRANITO 36 FIGURA 31 - PISO ELEVADO EM MADEIRA 36 FIGURA 32- SUPORTES REGULÁVEIS E NÃO REGULÁVEIS 38 FIGURA 33 – EQUIPAMENTOS DE MONTAGEM 39 FIGURA 34 - MONTAGEM DOS APOIOS 42 FIGURA 35- INSTALAÇÃO DO SUPORTE CENTRAL 42 FIGURA 36 - POSICIONAMENTO DA PLACA 43 FIGURA 37 - POSICIONAMENTO DOS SUPORTES DE PERIFERIA 43 FIGURA 38 - VERIFICAÇÃO DE NÍVEL COM RÉGUA DE ALUMÍNIO 44 FIGURA 39 - MAQUETE DO PUC DO EMPREENDIMENTO X 48 FIGURA 40 - REPRESENTAÇÃO DOS DIFERENTES NÍVEIS 48 FIGURA 41 - MODELO 3D DA INSTALAÇÃO DE LAJES CONVENCIONAS NO
EMPREENDIMENTO. 50 FIGURA 42 - PROJETO DE CARGAS APLICADAS SOBRE A PRÉ-LAJE 51 FIGURA 43 - GRUA USADA NO EMPREENDIMENTO X 54 FIGURA 44 - ARMAZENAMENTO DOS PAINÉIS 54 FIGURA 45 - TRANSFERÊNCIA DO RALO ATRAVÉS DO TUBO DE PVC 55 FIGURA 46 - TUBOS DE PVC APARENTE, ANTES DA CONCRETAGEM DA PRÉ-LAJE 55 FIGURA 47 - IMPERMEABILIZAÇÃO POR MANTA ASFÁLTICA 56 FIGURA 48 - NÍVEL A LASER APLICADO A ÁREAS EXTERNAS 56 FIGURA 49 - IMPLANTAÇÃO DAS INSTALAÇÕES 57 FIGURA 50 - RECORTES NA ALVENARIA PARA PASSAGEM DAS TUBULAÇÕES 57 FIGURA 51 - ELEVAÇÃO DA ALVENARIA 58 FIGURA 52 - COLOCAÇÃO DOS PAINÉIS 58
xi
FIGURA 53- ARMAÇÃO COMPLEMENTAR DA PRÉ-LAJE 59 FIGURA 54 - PRÉ-LAJE APÓS A CONCRETAGEM. 60 FIGURA 55 - PROCEDIMENTOS DA PRÉ-LAJE 60 FIGURA 56 - PRÉ-LAJE FINALIZADA. FONTE 61 FIGURA 57 - PROJETO DE PISO ELEVADO DESENVOLVIDO 62 FIGURA 58 - ESQUEMA DE PISO ELEVADO PARA JARDINS 63
xii
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - MATERIAIS COMPLEMENTARES DA PRÉ-LAJE. 52 TABELA 2 - COMPARATIVO ENTRE AS VANTAGENS E DESVANTAGENS DO SISTEMA 69
1
1 INTRODUÇÃO
1.1 A IMPORTÂNCIA DO TEMA
Atualmente o cenário da construção civil no Brasil apresenta uma vigorosa competição,
muito devido a situação econômica do país. As empresas construtoras vêm sendo obrigadas
a apresentarem empreendimentos únicos, com projetos cada vez mais competitivos, ricos
em detalhes arquitetônicos e paisagismos que possam atrair um maior potencial de clientes.
Por exemplo, nas áreas externas, como térreo, coberturas e terraços são apresentados
cada vez mais detalhes construtivos como piscinas, fontes, jardins suspensos, lagos,
quadras esportivas entre outros. Necessitando inúmeras instalações, com as hidráulicas e
elétricas, para manter seu funcionamento e nem sempre as apresentando no mesmo nível.
Com isso é necessário que as empresas consigam aplicar tecnologias que aumentem a
eficiência econômica e o desempenho de seus imóveis apresentando melhores condições
para a continuação de seus negócios.
1.2 OBJETIVO
O objetivo deste trabalho é apresentar uma análise comparativa entre dois métodos
construtivos, a pré-laje e o piso elevado quando aplicados a ambientes externos de
edificações. Apresenta-se as principais características junto com as vantagens e as
desvantagens dos dois sistemas, com um estudo de caso em edificação mista, buscando
definir a melhor metodologia a ser aplicada em áreas externas.
2
1.3 JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO TEMA
Na competição acirrada que o mercado da construção civil se encontra, as empresas
construtoras se vêm obrigadas a cada vez mais apresentarem produtos diferenciados e com
as maiores vantagens para seus clientes. Normalmente essa diferenciação é claramente
notada nas áreas externas onde é possível a incorporação de diversos detalhes paisagísticos
que deixam o empreendimento mais atrativos e oferecem uma melhor qualidade de vida
aos usuários.
Enquanto isso, a modernização e industrialização da construção civil está cada dia mais
presentes. Com diferentes tecnologias sendo desenvolvidas a cada momento surge a
necessidade de identificar quais podem realmente agregar melhorias quando aplicadas a
construção.
Com isso, torna-se relevante analisar e comparar as tecnologias existentes e disponível
no mercado, que possam apresentar vantagens para uma melhor qualidade da construção
do empreendimento. Trazendo vantagens não só para o agora, mas também para toda a vida
útil do empreendimento.
1.4 METODOLOGIA
A metodologia aplicada a essa pesquisa, busca proporcionar ao leitor maior
familiaridade com o tema, assim foi desenvolvido em duas etapas: fundamentação teórica
e análise prática.
A fundamentação teórica do tema, foi realizada por procedimentos técnicos, como
pesquisas bibliográficas e documentais. As pesquisas bibliográficas foram desenvolvidas
com base em trabalhos acadêmicos, livros e artigos científicos, e as documentais, em
relatórios de empresas, tabelas e cartilhas (GIL, 2008).
3
A análise prática foi através de um estudo de caso, descrevendo a obra de edificação
mista estudada, a metodologia aplicada e a simulação de outras metodologias. As
informações foram obtidas pela observação das atividades realizadas na construção,
entrevistas aos funcionários e coleta de dados da empresa.
1.5 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA
O trabalho foi estruturado em cinco capítulos:
O primeiro capítulo é a introdução do tema proposto, sendo apresentadas a importância
do tema, o objetivo, a justificativa da escolha, a metodologia aplicada e a estrutura, com
descrição breve do que contém em cada capítulo.
O segundo capítulo apresenta os conceitos do primeiro sistema em estudo: o sistema
de pré-laje. São abordados aspectos como: sua definição, seus aspectos históricos, as
principais tipologias utilizadas, os materiais constituintes, os equipamentos utilizados para
sua montagem, as principais técnicas construtivas e suas vantagens e desvantagens.
O terceiro capítulo apresenta conceitos sobre o segundo sistema em estudo: o sistema
de piso elevado. São abordados aspectos como: sua definição, seus aspectos históricos, as
principais tipologias utilizadas, os materiais constituintes, os equipamentos utilizados para
sua montagem, as principais técnicas construtivas e suas vantagens e desvantagens.
O quarto capítulo apresenta o estudo de caso, descrevendo o empreendimento estudado,
justificando a escolha do método construtivo, detalhando o método construtivo utilizado e
simulando a utilização do método alternativo. O capitulo ainda apresenta uma síntese das
vantagens e desvantagens dos métodos avaliados e as considerações finais sobre o estudo
de caso.
No quinto capítulo são feitas as considerações finais e as conclusões do trabalho. Ao
final, são apresentadas as referências bibliográficas.
4
2 PRÉ-LAJE EM EDIFICAÇÕES
2.1 DEFINIÇÃO
Segundo a NBR 9062 define-se estrutura pré-moldada como “um elemento pré-
moldado, executado industrialmente, mesmo em instalações temporárias em canteiros de
obra, sob condições rigorosas de controle de qualidade”.
Ainda conforme a norma, fica definido que as regras e os processos de cálculo para
estruturas pré-moldadas serão aplicados da mesma forma que em estruturas moldadas no
local, conforme a NBR 6118.
A NBR 14859-1 define pré-laje como: “elemento estrutural plano, constituído por
elementos pré-fabricados, estruturais e inertes de enchimento e/ou de forma permanente,
armaduras e concreto complementar de obra, podendo ser maciço, ou nervurado em seção
“T”, capaz de vencer vão e suportar carregamento conforme especificado em projeto.”
Assim, Nakamura (2009) completa essa definição afirmando que as pré-lajes de
concreto são: “...painéis monolíticos criados pela combinação de características da pré-
fabricação, como velocidade de execução e maior controle tecnológico, com a flexibilidade
do sistema moldado "in loco".” Sendo constituída por parte pré-moldada completada com
concreto adicionado no canteiro, visando racionalizar o processo da construção.
Em resumo pode-se afirmar que as pré-lajes são constituídas por vigotas ou vigas de
concreto e blocos de enchimento. O produto dos dois materiais montados de modo
intercalado e unidos com uma camada de concreto formam a laje.
5
2.2 ASPECTOS HISTÓRICOS
Vencer vãos e suportar cargas sempre foi um dos maiores desafios na história da
construção. No início utilizava-se materiais naturais como madeira e pedra. Os arcos de
pedra foram uma evolução importante, muito utilizados no império Romano, permitiam
vencer maiores vãos tornado os espaços internos mais amplos. Essas construções foram
difundidas até meados do século XIX.
Na segunda metade do século XIX surgiu na França por François Coignet (1812 -1895)
um trabalho sobre o concreto armado, com destaque para as lajes nervuradas e armadas
com barras de aço com seção transversal circular, figura 1 (DROPPA, 1999).
Figura 1 - Sistema Coignet. Fonte: Mattos, 1991.
Baseado no sistema francês, os alemães desenvolveram o sistema de lajes pré-
moldadas, composto por vigotas pré-moldadas de concreto armado, blocos de alvenaria
como elementos de enchimento e pela capa argamassa de cimento e areia (DROPPA,
1999).
Segundo Gaspar (1997), as lajes pré-moldadas foram idealizadas visando a redução do
consumo de concreto, madeira para fôrmas e mão de obra, assim como aumentar a
praticidade do sistema construtivo.
Estas lajes são compostas por vigas pré-fabricadas de concreto armado, entre as quais
se apoiam elementos de material leve, como visto na figura 2. Sobre esse aplica-se a
6
camada de concreto de modo a cobri-los completamente (CHAVES, 1979). Embora com
considerável redução de custos, tempo e mão de obra, a utilização do sistema fica limitado,
atendendo apenas a pequenos vãos e cargas acidentais. Situação que é justificada pela falta
de estribos nas vigas pré-moldadas e ao fato do tipo de superfície ser lisa, o que dificulta a
aderência do concreto.
Figura 2 - Laje pré-fabricada com vigas de concreto. Fonte: Di Pietro, 1993
Segundo Muniz (1991), o desenvolvimento e a utilização em massa do sistema de lajes
pré-moldadas aconteceram no período após a Segunda Guerra Mundial, devido à escassez
da mão de obra nos países europeus e a necessidade da construção em larga escala.
Buscando a superações dos limites referidos anteriormente, surgiu um novo sistema de
lajes nervuradas pré-fabricadas, figura 3, onde as vigas são compostas de armaduras em
forma de treliça espacial solidarizada a uma placa de concreto de seção retangular em sua
base. As diagonais das treliças conseguem resistir aos esforços cortantes e colaborar de
maneira eficiente na aderência da cobertura de concreto com a viga, garantido uma
estrutura monolítica (GASPAR, 1997).
7
Figura 3 - Pré-laje de vigas com armadura treliçada. Fonte: Gaspar, 1997
Ao longo do século XX, os processos e métodos construtivos sofreram
desenvolvimento constante, analisados por aspectos de racionalização e desempenho.
Assim como outros elementos construtivos, as lajes também passaram por este processo, o
desenvolvimento desse está demostrado na figura 4. (SILVA et al, 2002)
Figura 4 - Evolução dos sistemas construtivos de lajes Fonte: Caixeta, 1998
2.3 PRINCIPAIS TIPOLOGIAS
Atualmente, diversas tipologias de pré-laje estão sendo utilizadas no mercado.
Nesse trabalho são discutidos os principais tipos de pré-laje, buscando compreender a
vantagem e a desvantagem do uso de cada um deles. As tipologias mais comuns são:
a) Pré-laje Convencional com Vigota T
b) Pré-laje em painel treliçado
c) Pré-laje em painel protendido ou armado
8
d) Pré-laje completamente pré-moldada
2.3.1 Pré-laje Convencional (Vigota T)
A definição apresentada por Di Pietro (1993) demonstra que a laje pré-moldada
com vigotas de concreto armado funciona de maneira unidirecional, sendo assim,
equivalente a lajes tradicionais maciça ou nervurada, porém armada em uma única direção.
A pré-laje com vigotas convencionais apresenta trilho maciço com seção
transversal do tipo “T” invertido, sua armadura longitudinal consiste em barras de aço
dispostas longitudinalmente. Utilizam material de enchimento, porém as vigotas são mais
robustas e pesadas. Essas pré-lajes vencem vãos de até 5m entre os apoios
(AXIONCONSTRUÇÃO, 2012).
Existe uma grande variedade de seções de vigotas de concreto pré-moldado, como
pode ser visto na figura 5 de Di Pietro (1993), mas sua seção típica é sempre em forma de
"T" invertido. Para garantir a perfeita união entre a vigota e o concreto adicionado em obra.
Figura 5 - Tipos de seção de vigotas de concreto. Fonte: Di Pietro, 1993
São indicadas para obras comerciais e residenciais, que demandem pequenos vãos
e, baixas sobrecargas por sua limitação na quantidade de armadura positiva. O fator
econômico, normalmente preponderante, por ser esse tipo de laje considerada de menor
custo. Também são versáteis ao manuseio, porém mais pesadas individualmente
(AXIONCONSTRUÇOES, 2012).
9
A vigota simples pode ser em concreto armado ou em concreto protendido sendo a
diferenciação entre elas no tipo de armação, demostradas na figura 6. A armação na vigota
de concreto armado é passiva enquanto na vigota de concreto protendido a armadura é
ativa.
Figura 6 - Vigota Treliçada e Vigota "T" Fonte: AXIONCONSTRUÇÃO, 2012
Outro tipo de vigota, conhecido como vigota treliçada, trata-se de uma vigota com
armadura treliçada eletrossoldada entre si formando uma treliça, capaz de alojar quando
necessário armação passiva inferir de tração.
As vantagens da pré-laje com a vigota treliçada em relação à anterior está na
capacidade de vencer maiores vãos com maior capacidade de carga, podendo assim vencer
vãos de até 12 metros. Isso ocorre porque as treliças podem ter suas alturas variadas em
função dessas imposições. Além disso, as treliças colaboram eficazmente na união entre a
vigota e o concreto adicionado em obra, aumentando sua capacidade de resistência ao
cisalhamento (DI PIETRO, 1993).
2.3.2 Pré-laje em Painel Treliçado
A pré-laje em Painel Treliçado trata-se de uma extensão a vigota treliçada
apresentada anteriormente. Sendo constituído por placas de concreto associadas a armação
de treliçada, podendo essa armação ser simples ou dupla.
10
A NBR 14859-1 ainda classifica os painéis em duas classes, os minipainéis
treliçados quando a largura da peça estiver até 400 mm e os painéis treliçadas quando a
largura ultrapassar 400mm. As duas classes estão representadas na na figura 7.
Figura 7 - a) Minipainel treliçado com armação simples e dupla;
b) Painel Treliçado. Fonte: NBR 14859-1, 2016
Segundo Nakamura (2009), as pré-lajes de painel treliçado recebem armadura
interior e apresentam superfície rugosa garantindo total aderência na concretagem,
podendo incorporar nichos para passagens de dutos e tubulações de acordo com o projeto,
como na figura 8. E na fase de montagem funcionam como fôrma para o capeamento de
consolidação da estrutura. Apesar de já receberem a armadura interior, muitas vezes é
necessária a inclusão de armadura complementar “in loco” após a montagem preliminar,
antes da concretagem.
Figura 8 - Laje treliçada como armadura complementar e corrugados para passagens das
instalações Fonte: Rocha, 2015
11
2.3.3 Pré-laje em Painel Protendido
O sistema de pré-lajes em Painel Protendido é bem similar ao painel anterior, como
pode ser visto pela figura 9, diferenciado principalmente pelo o uso do aço protendido
como armação, eliminando a armadura complementar presente no caso anterior.
Segundo Nakamura (2009), esse tipo de pré-laje é produzido em pistas de
protensão com largura modular e comprimento determinado pela necessidade do projetista.
Podendo ser usada para vãos de até 7,0m. Contam com a face inferior acabada, não
necessitando de acabamento final. Já a face superior é rugosa para garantir a aderência do
painel com capa de concreto aplicada na obra.
Figura 9 - Painéis em concreto protendido. Fonte: Silva, 2011
2.3.4 Pré-Laje Completamente Pré-Moldada
As pré-lajes completamente pré-moldadas são peças onde todo o elemento
estrutural é confeccionado na indústria e colocado posteriormente na obra. As duas
tipologias mais utilizadas no mercado atualmente são:
a) Lajes Alveolares
As pré-lajes alveolares são produzidas em concreto protendido, possuem seção
transversal com alvéolos longitudinais e altura constante. Os alvéolos permitem uma
considerável redução do peso estrutural da peça. São produzidas em pistas metálicas, e
12
possuem face superior lisa, eliminando a necessidade de revestimento. Um exemplo dessa
tipologia pode ser visto na figura 10 (BRUMATTI, 2008).
Figura 10 - Lajes Pré-Moldadas Alveolares. Fonte: Valente, 2016
b) Lajes Lisas e Maciças
As pré-lajes lisas e maciças possuem vãos de no máximo 8,0 metros de
comprimento e 2,5 metros de largura, sua espessura pode variar entre 10 cm e 12 cm.
Normalmente tem como objetivo vencer apenas vãos, portanto são feitas para resistirem
com apenas as malhas de tela soldada e reforços pontuais nos ganchos de içamento para
movimentação e montagem das mesmas no seu destino final. (BRUMATTI, 2008)
2.4 MATERIAIS
2.4.1 Concreto
O uso do concreto na pré-laje ocorre em duas fases diferentes, a primeira durante a
fase de fabricação da peça, e a segunda na fase “in loco”, com a aplicação da capa de
concreto, também chamado de concreto complementar, para a finalização e unificação da
peça.
A NBR 14859-1 (2016), especifica que: “o concreto que compõe as vigotas,
minipainéis e painéis pré-fabricados deve atender as especiações das ABNT NBR 6118,
13
ABNT NBR 8953 e ABNT NBR 12655. A resistência característica à compressão deve ser
a especificada no projeto estrutural, sendo exigida no mínimo classe C20.
Segundo Rocha (2015), as peças pré-moldados devem apresentar um traço que seja
equivalente ao traço do elemento que se pretende substituir. Sendo assim, em peças com
armações muito densas é importante manter um concreto mais fluído, já nas bases da pré-
lajes onde as placas de concreto têm pouca espessura é importante que o concreto não tenha
agregados com elevadas dimensões, para que não sejam criadas zonas de fratura na peça,
uma vez que a mesma possui poucos centímetros de espessuras.
Nakao et al (2015) alerta sobre o possível descaso dos fabricantes com a resistência
do concreto nas peças pré-moldadas, afirmando que o concreto na peça possui pouca
importância na resistência final da laje. Todavia, o concreto da peça serve não só para
proteger a armadura, mas também de elo de ligação entre as zonas tracionadas e
comprimidas. No caso de lajes submetidas a momentos negativos, essa região estará
submetida diretamente aos esforços de compressão e, portanto, a qualidade do concreto
tem muita influência na resistência da laje. Além da rigidez da nervura formada pela capa
de concreto e o pré-moldado, dependem da aderência e da qualidade dos mesmos, o que
influi diretamente na deformabilidade e na resistência final da laje. De toda a forma, as
condições de durabilidade devem ser respeitadas, sugere-se então que os mesmos critérios
de cobrimento e de qualidade com concreto complementar devem ser aplicados na
fabricação da parte pré-moldada.
2.4.2 Aço
Nas estruturas de concreto, o aço tem a função de resistir aos esforços de tração
sofrido pela peça estrutural, chamamos essa função de armação. A armação utilizada nos
elementos pré-moldados é praticamente a mesma das estruturas de concreto moldados “in
14
loco”. A produção em série e as facilidades de execução em local adequado possibilitam
uma maior chance de viabilizar o emprego de equipamentos que aumentem a produtividade
dos trabalhos de armação.
No caso de estruturas em concreto armado, El Debs (2000) explica que os
equipamentos se destinam à execução de corte e dobra de fios, barras e telas, à retificação
de fios, e a viabilidade da aplicação de solda para facilitar a armação e fixar os enxertos
metálicos.
Em elementos menores, a armação é feita em bancadas com auxílio de gabaritos,
sendo posteriormente colocada nas fôrmas, deve-se seguir as orientações em relação ao
armazenamento e manuseio das armações concluídas, para o ajuste ideal na fôrma. No caso
de elementos maiores, devido ao peso e ao manuseio da armação, a montagem é feita na
própria fôrma ou junto a ela (EL DEBS 2000).
Ainda segundo El Debs (2000), nas estruturas em armadura protendidas, a protensão
é tradicional com pré-tração da armadura. Utiliza-se pistas de protensão de 60 a 200 m de
comprimento, com blocos de reação independentes ou com a própria forma como estrutura
de reação. Nas pistas é mais comum o emprego de cabos retos, nessas situações pode se
reduzir a força de protensão nas proximidades do apoio.
O uso da pós-tração normalmente é restrito a peças de grandes dimensões, como, por
exemplo, em vigas de pontes. A pós-tração também é utilizada para unificar segmentos
pré-moldados, antes ou depois da montagem, ou para fazer a ligação entre os elementos no
local de utilização (EL DEBS 2000).
Além das armaduras presentes na peças pré-moldadas ainda temos as armaduras
complementares que são aquelas colocadas na laje durante a etapa de montagem da mesma
“in loco”. Segundo Pereira (2002), essas armaduras são divididas em:
15
a) Armadura Longitudinal: é a armação que complementa a armadura da treliça, ou
seja, quando a peça não for capaz de incorporar toda a armadura adicional
(armadura passiva inferior de tração). Essa armadura é disposta sobre a peça de
pré-moldada.
b) Armadura Transversal: é a armação das nervuras de travamento e tem função de
combater a formação de fissuras e dar maior estabilidade ao pavimento.
c) Armadura de Distribuição: é a armação colocada na parte inferior da capa de
concreto, usualmente é composta por tela eletrossoldada. Tem função de
combater a fissuração do concreto lançado na obra, distribuir os esforços
aplicados entre as nervuras e impedir a flexão da mesa. Além disso, permite um
melhor travamento da estrutura da laje, combatendo também o cisalhamento
entre abas e almas de vigotas.
d) Armadura Negativa: é a armação colocada na parte superior da capa de concreto
sendo responsável por combater os esforços devido aos momentos negativos na
ligação da laje com a estrutura, atuando também no controle da fissuração.
Tem-se ainda a armadura treliçada, que é a armadura de aço pronta, pré-fabricada,
em forma de estrutura espacial prismática, regida pela NBR 14859-3 (2016), definida como
uma armação constituída por dois fios de aço paralelos na base e um fio de aço no topo,
interligados por eletro fusão aos dois fios de aço diagonais, com espaçamento regular,
como representado nas figuras 11 e 12.
16
Figura 11- Vista frontal da armação treliçada Fonte: NBR 14859-3, 2016
Figura 12 - Representação isométrica de armadura treliçada Fonte: NBR 14859-3, 2016
2.4.3 Enchimento
Com a função de reduzir o volume de concreto e o peso próprio da laje, surgem os
elementos de enchimento, componentes pré-fabricados com materiais inertes diversos,
sendo maciços ou vazados, intercalados entre as nervuras das pré-lajes.
Segundo a NBR 14859 (2016), os elementos de enchimento são: “componentes pré-
fabricados com a função de reduzir o volume de concreto, o peso próprio da laje e servir
como fôrma para o concreto complementar.” Além disso, devem ter as dimensões
17
padronizadas, compostos por material leve, suficientemente rígido, que não produzam dano
a armadura ou ao concreto.
Oliveira (2010) afirma que os materiais mais utilizados para enchimentos em pré-
lajes são: blocos cerâmicos, blocos de concreto, blocos de concreto celular e blocos de EPS
(isopor). O EPS e o concreto celular, por serem materiais mais leves, tem a vantagem de
possuir um peso próprio menor e poderem ser recortados em diversas dimensões, trazendo
para a estrutura final menos peso, mais flexibilidade e menor volume de concreto. A Figura
13 mostra alguns exemplos de enchimento.
Figura 13 - Tipos de enchimento: a) cerâmico; b) EPS (isopor) e c) concreto celular
Fonte: Oliveira, 2010.
Ainda conforme a NBR 14859 (2016), os elementos inertes de enchimento devem
sempre estar acompanhados por especificação e identificação dos lotes emitidas pelo
fabricante, onde devem estar identificadas suas dimensões nesta ordem: altura, largura e
comprimento. Assim, os elementos de enchimento devem ser controlados através do lote
de fabricação, quanto às suas dimensões e resistência característica à carga mínima de
ruptura mecânica. Em todas as obras, os elementos devem ser submetidos à inspeção geral
pelo comprador ou seu representante, para verificação de suas características, conforme
documentação fornecida pelo fabricante e análise visual das peças.
18
2.5 EQUIPAMENTOS E ETAPAS DA MONTAGEM
O planejamento prévio à montagem das peças pré-moldadas no local de uso
definitivo é fator preponderante, que tem influência direta na qualidade e eficiência da
execução da obra. Assim, Yagizi (2008) descreve os aspectos relacionados a esse
planejamento:
a) Sequência de fabricação e envio das peças para o canteiro: as peças devem seguir
programação pré-estabelecida pela obra; as peças devem estar posicionadas nas
carretas de acordo com a sua utilização, buscando a redução dos movimentos
necessários para o içamento e a fixação “in loco”, evitando danos às peças.
b) Localização dos equipamentos de transporte vertical: fatores como comprimento
da lança, o ponto mais distante do carregamento e descarregamento, e a capacidade
do equipamento devem ser levados em consideração.
c) Métodos e sequência de montagem: é importante que a liberação das peças na
estrutura cumpra os tempos mínimos recomendados para que o material sofra as
deformações. Também deve-se tomar precauções com a preservação da
estabilidade da estrutura, ou seja, a fixação dos elementos deve ser homogênea.
d) Métodos de fixação: além das fixações definitivas, deve se discutir a necessidade
de fixações temporárias, como calços de apoio. As fixações devem estar contidas
em projeto e padronizadas, para assim estar acessíveis aos trabalhadores.
e) Armazenamento: o método mais indicado é a montagem Just in time onde as peças
são içadas diretamente para o seu local definitivo, sem armazená-las no canteiro.
19
Caso não seja possível, deve se analisar alguns pontos da área de estocagem, como:
se o terreno ou laje suportam o peso das peças, a posição de estocagem das peças,
e a necessidade de proteção das peças as causas naturais como chuva, poeira e
outros.
Ao tratar de elementos pré-moldados, os equipamentos de montagem apresentam
papel fundamental na construção, sendo a escolha do modelo adequado de suma
importância para o maior aproveitamento da racionalização do serviço. De acordo com El
Debs (2000), quanto ao tipo de equipamento utilizado na montagem dos elementos pré-
moldados, os mesmos podem se dividir em:
a) Uso Comum: Autogruas ou Grua de Torres.
Figura 14 - Autogruas E Grua de Torres. Fonte: El Debs, 2000
As Autogruas apresentam como principal característica sua grande mobilidade,
constituindo-se num dos principais equipamentos utilizados hoje em dia. A restrição a seu
uso se limita a caso de edifícios altos, onde normalmente se opta pelo uso de gruas de torre,
que podem ser fixas ou móveis. As diferenças podem ser observadas pela figura 14.
20
b) Uso Restrito: Grua de Pórtico ou Guindaste Derrick
Figura 15 - Grua de pórtico. Fonte: El Debs ,2000.
As gruas de pórtico, com exemplo demostrada pela figura 15, são pórtico rolante de
grandes dimensões que passa por fora e por cima da construção a ser montada. Já os
derricks são equipamentos de grande capacidade de carga, mas de pequena mobilidade,
tendo seu emprego indicado para casos muito específicos
Ainda segundo El Debs (2000) os fatores que influenciam na escolha adequada do
equipamento e da sua capacidade são os seguintes:
a) Pesos, dimensões e raios de levantamentos das peças;
b) Número de levantamentos a serem feitos e a frequência das operações;
c) Mobilidade requerida, condições de campo e espaço disponível;
d) Necessidade de transportar os elementos levantados;
e) Necessidade de manter os elementos suspensos no ar por longos períodos;
f) Condições topográficas de acesso;
g) Disponibilidade e custo do equipamento
2.6 TÉCNICAS CONSTRUTIVAS
Di Pietro (1993) define simplicidade construtiva como uma das principais
características da pré-laje. No entanto, alguns cuidados são necessários quanto o transporte
21
e montagem do conjunto afim de permitir a compatibilização com as instalações
complementares, a garantia da segurança e eficiência construtiva do sistema.
Em relação ao transporte das peças pré-moldadas de grandes dimensões deve-se
priorizar a locação direta “in loco” pelos equipamentos citados no item 2.5. No caso do
transporte de vigotas e painéis treliçados, ainda segundo Di Pietro (1993) deve se seguir a
regra do "um ou dois homens", ilustrada na figura 16, para evitar trincas, fissuras, ou
mesmo a sua ruína.
Figura 16 - Regra do "um ou dois homens" para transporte de vigotas Fonte: Di Pietro,
1993.
Após a conclusão das alvenarias ou formas de estruturas, pode-se dar início a
montagem das lajes. É fundamental que o fabricante forneça, junto com as peças da pré-
laje, projeto com detalhamento da colocação das peças, da armadura complementar, do
escoramento e da aplicação de contra flechas caso necessárias, além de recomendação para
a execução ideal do serviço (DI PIETRO, 1993).
Caso seja especificado no projeto do fabricante, deve se realizar o perfeito
escoramento das peças antes da sua montagem. Após esse, inicia-se a montagem das peças
segundo as instruções de montagem e marcação das peças fornecidas pelo fabricante,
segundo a NBR 14859 (2016) especifica.
22
No caso das pré-laje com vigotas faz se o uso do material de enchimento em cada
extremidade, para espaçá-las corretamente, como na demostrado na figura 17, verifica-se
também o esquadro com as paredes ou vigas em que estarão apoiadas. Inicia-se a montagem
apoiando a primeira carreira do material de enchimento de um lado sobre a parede ou viga,
e do outro sobre a primeira vigota. Sendo esse o modo mais econômico da produção, pois
o material de enchimento é tradicionalmente menos custoso que as vigotas. Em seguida,
são colocadas as peças restantes, evitando qualquer tipo de folga entre elas (DI PIETRO,
1993).
Figura 17 - Montagem de Lajes em vigotas Fonte: Di Pietro, 1993
Em outros tipos de pré-laje, como as em painéis, deve-se apoiá-los uns ao lado do
outro, sem a necessidade do espaço para o enchimento, e evitando a folga entre eles.
Depois da montagem se inicia a fase de complementação da pré-laje, é recomendado
que durante essa fase não se pise diretamente sobre as peças, e sim através de tabuas de
madeira. Na fase de complementação são implantadas: a armadura complementar, as
instalações elétricas e hidro sanitárias, e a capa de concreto. (DI PIETRO, 1993)
O primeiro passo é a colocação da armadura complementar, que deve ser claramente
demostrada em projeto fornecido pelo fabricante. As armaduras de distribuição são
assentadas diretamente sobre a laje, já as armaduras negativas devem ser distribuídas sobre
23
o engaste e permanecer numa posição alta, a 1 cm da face superior da capa de concreto. Os
ferros negativos normalmente são amarrados na armadura de distribuição, para facilitar a
armação. Nesses casos, deve-se considerar a resistência da laje parcialmente
comprometida. O esquema de armação está ilustrado na figura 18 (DI PIETRO, 1993).
Figura 18 - Armação em pré-laje Fonte: Di Pietro, 1993
Seguindo com as instalações, as recomendações para a elétrica é que os eletrodutos
sejam colocados sobre a armadura de distribuição, evitando o cruzamento entre as
tubulações, afim de que não tenha aumento da espessura do capeamento. As caixas de
passagem devem ser embutidas na laje, antes da concretagem, fixando-as em tábuas e
preenchidas com serragem, evitando o escape da capa. Para os elementos hidro sanitários,
há similaridade no processo, diferenciando-se em prever os furos nas peças de enchimento
e reforçando-os com ferros de 6,3mm (DI PIETRO, 1993).
Ao finalizar a montagem das peças e a complementação posicionada, realiza-se a
concretagem da capa, ilustrada pela figura 19. Segundo Di Pietro (1993), as seguintes
realizações devem ser seguidas:
a. O nivelamento dos bordos laterais da laje e o escoramento são verificados;
24
b. Molha-se abundantemente toda a laje, antes do lançamento do concreto,
proporcionando um total saturamento das peças de enchimento;
c. Observa-se as recomendações quanto ao traço e quantidade de água para o
amassamento. Lembrando que o concreto da capa não poderá ter resistência inferior
a 15 MPa.
d. Durante o período de cura do concreto, deve-se manter úmido o capeamento
durante os sete primeiros dias, possibilitando maior hidratação do cimento e maior
resistência.
e. A retirada do escoramento e desforma, caso exista, só é permitida após 15 dias da
concretagem.
Figura 19 – Aplicação da Capa de Concreto Fonte: Di Pietro, 1993
2.7 VANTAGENS E DESVANTAGENS
O sistema de pré-laje apresenta diversas vantagens e desvantagens em relação ao
sistema tradicional. Existe uma variação entre as características de cada tipologia de pré-
laje conforme apresentado nesse trabalho, com isso de maneira generalista as principais
diferenças para o sistema executado tradicionalmente nas obras serão discutidas a seguir.
2.7.1 Vantagens
Como todas as estruturas pré-moldadas a principal vantagem da pré-laje é a
racionalização do trabalho devido a modernização dos processos. Visto isso, tem-se como
25
primeiro ponto a economia no uso dos materiais. Entre esses se pode citar a minimização
do uso das fôrmas e diminuição das perdas do concreto.
Além dessa economia, o sistema ainda apresenta um ganho considerável de tempo
na obra. Com uma maior rapidez na montagem da laje há uma redução considerável do
ciclo de cada pavimento tornando a conclusão da estrutura mais rápida.
A pré-laje tem um método executivo simples no canteiro, o que permite a diminuição
da mão de obra, proporcionando aos funcionários maior estabilidade e diminuindo os
trabalhos rudes e penosos presentes no sistema tradicional. Dessa forma, diminuindo os
acidentes de trabalho e aumentando a segurança do canteiro (VARGAS, 2008).
Segundo Vargas (2008) pode-se ainda ser apresentado como vantagem, o fato das
pré-lajes serem produzidas em fábricas com controles, processos eficientes e racionais, e
automação, permitindo a criação de um produto com maior garantia de qualidade que
atenda às necessidades dos clientes.
Vargas (2008) cita também como vantagens: a adaptabilidade do sistema, o que
possibilita uma maior compatibilidade com projetos e melhorias durante a vida de
construção; e a menor agressividade ao meio ambiente com menor gasto de energia,
materiais, menor poluição e barulho.
2.7.2 Desvantagens
Segundo El Debs (2000), as desvantagens da utilização de sistemas pré-moldados
são basicamente os decorrentes da colocação dos elementos nos locais definitivos e a
necessidade de prover a ligação entre eles. As desvantagens estão relacionadas aos custos
e limitações de transporte e de montagem das peças.
Deve se avaliar as condições topográfica do terreno, o seu acesso e a distância entre
o fornecedor mais próximo, sendo esse de suma importância em relação ao custo para
26
implantação do sistema. Esses custos também são impactados pela escolha do
equipamento, apresentados no item 2.5, e da logística de armazenamento mais adequados
para o tipo de construção realizado.
Outra desvantagem do sistema é a falta de controle de qualidade realizada por certos
fabricantes. Nakamura (2009) diz que:
“Pelo fato do processo de produção das pré-lajes
ser bastante simples, principalmente quando não requer
protensão, um problema corrente é a prática de
fabricantes de artefatos ou construtores, que produzem
lajes com pouco investimento e nem sempre atentam
para detalhes importantes como a necessidade de um
projeto estrutural, controle da qualidade e
acompanhamento de um responsável técnico
qualificado.”
Sendo assim é de suma importância um acompanhamento dos construtores em
relação as qualificações dos fornecedores, para terem uma base crítica com vistas a uma
análise custo-benefício segura (NAKAMURA, 2009).
Em resumo, a avaliação das vantagens e desvantagens do uso do sistema de pré-lajes
deve ser avaliado sobre a integração entre projeto, produção, transporte e montagem no
canteiro.
27
3 PISO ELEVADO EM EDIFICAÇÕES
3.1 DEFINIÇÃO
A tecnologia de piso elevado consiste em um sistema composto por placas apoiadas
por suportes telescópicos que têm como objetivo a criação de um vão, entre o contra piso
e o piso acabado.
O sistema de piso elevado foi normatizado pela NBR 11802 - Pisos Elevados. Segundo
essa, os pisos elevados podem apresentar dois tipos de estruturas: as contraventadas e as
com placas autotravantes. As estruturas autotravantes apresentam a união de placas
autotravantes com os suportes telescópios, sendo esses capazes de resistir às cargas
horizontais e verticais. Já nas estruturas contraventadas existe a necessidade das placas se
apoiarem tanto nas longarinas como nos apoios telescópicos.
Como será demostrado ao longo desse capitulo, o sistema pode ser utilizado tanto em
áreas externas como internas, com diferentes funcionalidades e aplicações para cada caso.
3.2 ASPECTOS HISTÓRICOS
Segundo Bernardes (2009), o conceito de sistemas de piso elevado é bastante antigo.
Sua primeira aplicação foi realizada na antiga cidade inglesa de Bath, durante o império
Romano, aonde os chamados West baths e East baths possuíam ambientes cujo
aquecimento era proporcionado por insuflamento do ar aquecido sob uma camada de piso
elevado. Essas placas eram suspensas através de lajotas empilhadas, com na figura 20.
28
Figura 20 - Ruínas do piso elevado por pilaretes da terma romana da cidade de Bath
Fonte: Bernardes, 2009
Os pisos elevados, ou como eram conhecidos, pisos com sistema de nivelamento, é um
método substituto as antigas placas flutuantes sobre berços de material granular, e tem
como vantagem a diminuição da sobre carga sobre as lajes (GOMES, 1968).
O sistema de piso elevado aplicado em áreas externas teve suas primeiras aplicações
na década de 1950, sendo na sua versão inicial compostas por placas de revestimento de
piso elevado apoiadas em argamassa disposta diretamente sobre a camada de proteção de
impermeabilização formado um espaço entrepiso. Em 1990, iniciou-se o uso de peças pré-
fabricadas e blocos cerâmicos como apoio, ilustrado na figura 21, substituindo a antiga
argamassa (BERNARDES, 2009).
Figura 21 - Cobertura de piso elevado com apoios fixos em blocos cerâmicos.
Fonte: Lopes, 1994
29
Atualmente, o sistema é composto por apoios telescópios, facilitando o nivelamento e
sua durabilidade. É normalmente utilizado em passeios do nível térreo dos
empreendimentos e em áreas de deck de piscina. Todavia, com a consolidação e evolução
dessa tecnologia nos últimos anos e diante de suas múltiplas vantagens, hoje sua utilização
alcança um número maior de situações, tais como sacadas, bases de jardim e playgrounds,
proteção de instalações em áreas técnicas, lajes de sombreamento entre outras (JUNIOR,
2012).
O sistema de piso elevado interno também teve suas primeiras aplicações na década de
50, porém com o desenvolvimento da informática e a necessidade de uma maior
infraestrutura de cabeamentos teve sua utilização mais acelerada nos últimos anos.
Atualmente é uma solução recorrente nos ambientes corporativos, responsável por facilitar
ás instalações técnicas nos espaços sob o revestimento, proporcionar maior rapidez e
facilidade na manutenção dessas, e garantir o aproveitamento dos espaços que estão em
obsolescência, dando flexibilidade aos usuários para alteração dos layouts das áreas quando
necessário (CORSINI, 2012)
3.3 PRINCIPAIS TIPOLOGIAS
3.3.1 Piso Elevado Interno
Uma forma simples de entender a utilização do piso elevado em áreas internas seria
compará-lo com o forro. A função é praticamente a mesma, criar um vão entre a laje e o
ambiente propriamente dito. Enquanto o forro é utilizado para criar um vão abaixo da laje,
o piso elevado faz o mesmo criando um vão acima da laje.
Sendo assim, segundo Corsini (2012), o piso elevado tornou-se uma solução muito
utilizada nos ambientes corporativos. O sistema facilita a instalação e manutenção das
30
instalações técnicas e saídas de ar-condicionado, além de proporcionar uma montagem
mais rápida e flexível, e alterações de layout de acordo com a preferência do usuário.
Figura 22 - Piso elevado em área interna. Fonte: RESMASTER, 2018
Os pisos elevados em ambientes internos com placas removíveis, como na figura 22
podem receber diversos tipos de acabamentos também removíveis de materiais como
madeira, porcelanato, carpete, vinílico, granito, mármore ou laminado melamínico. Porém
ainda existem os pisos cujas placas são configuradas pelo próprio material de acabamento,
como porcelanato, granito ou ardósia. Esses dão maior liberdade ao usuário em caso de
mudança do layout (CORSINI, 2012).
A principal vantagem do sistema de piso elevado em relação ao sistema de pisos
convencionais é a ausência do uso de argamassas de assentamento e rejuntamento para
montagem das peças, assim sua aplicação pode encurtar consideravelmente o prazo da
finalização da obra, e torná-la mais limpa, organizada e sustentável (KENZIL, 2015).
Outra vantagem do piso elevado está na contribuição para o isolamento acústico,
impedindo a propagação de sons de passos aos pavimentos inferiores, além da proteção
contra a ação do fogo. Entretanto, deve se atentar para os requisitos mínimos das
31
edificações como altura mínima do pé direito e capacidade da estrutura de resistir aos
esforços devido ao peso do conjunto (KNAUF, 2008).
3.3.2 Piso Elevado Externo
O sistema de piso elevado em áreas externas tem diversas aplicações e
consequentemente funcionamentos diferentes conforme sua aplicação. Entretanto, sempre
se mantêm o mesmo conceito, de se criar um vão entre a laje e o piso acabado.
Bernardes (2009) define o sistema de piso elevado externo como: “... um revestimento
de superfícies externas, cujos componentes (placas e suportes) podem se movimentar sem
que haja restrição impostas pelas demais camadas que compõem uma vedação horizonta
externa: isolamento térmico, proteção mecânica, impermeabilização e laje.
Ainda segundo Bernardes (2009), as placas de revestimento utilizadas nos pisos
elevados devem apresentar resistência mecânica superior as demais aplicações como
revestimento de piso. Devido a elevada resistência mecânica acaba direcionando o uso de
pisos elevados a locais de pequenas solicitações e com trânsito exclusivo de pessoas.
Cada vez mais novas tecnologias têm sido estudadas permitindo ampliar a aplicação do
sistema em áreas externas. Os usos atuais são inúmeros, podemos citar a elevação da cota
de passeios por motivos paisagísticos e o uso em escadas ou bordas de piscinas permitindo
instalações subterrâneas com fácil acesso a manutenção, como ilustrado na figura 23
(KENZIL, 2015).
32
Figura 23 - Piso Elevado Externo com Passagem de Tubulação
Fonte: RESMASTER, 2018
Além dessas utilizações, na maioria das vezes o sistema de piso elevado é utilizado em
áreas de circulação. Nesses casos, o piso elevado se destina a captação e detenção das águas
pluviais. É instalado em laje impermeabilizada sobre os apoios telescópicos, e o vão
formado funciona como reservatório. O piso drena as áreas onde há circulação, evitando
o acúmulo de água e a criação de poças, esse volume de água pode ser destinado à
alimentação de jardins suspensos, promovendo uma construção mais sustentável, sistema
ilustrado na figura 24 (KENZIL, 2015).
Figura 24 - Piso Elevado Externo com Jardim Suspenso Auto Irrigável
Fonte: RESMASTER, 2018
33
Nos jardins suspensos auto irrigáveis, figura 25, o sistema funciona como um lençol
freático sobre a laje, também podendo ser aplicado como telhado verde, entretanto sem a
necessidade da restrição ao uso de vegetação rasteira, permitindo o plantio de arbustos e
arvores de grande porte (REMASTER, 2018).
Figura 25 - Detalhe camadas Eco Jardins. Fonte: RESMASTER, 2018
3.4 MATERIAIS E COMPONENTES
3.4.1 Placas
As placas ou painéis do piso elevado têm como principais funções: a formação de uma
superfície de circulação segura, o aumento do valor estético do ambiente e, nos casos
externos, o auxílio na proteção mecânica da impermeabilização e do sombrear das lajes
(BERNARDES, 2009).
Atualmente a indústria oferece diversas tipologias de placas para piso elevado. Todos
têm idêntica função e seguem os mesmos princípios; a diferença está na modulação, na
capacidade de carga concentrada ou distribuída e nas possibilidades de regulagem.
O sistema mais tradicional, com maior aceitação no mercado para uso em ambientes
internos é o composto por placas de aço preenchidas como concreto celular, figura 26.
34
Com massa por metro quadrado variando de 30 kg a 45 kg, conforme tipologia da placa.
Em geral apresenta modulação de 60x60 cm, e apoios de aço galvanizado (SILVA, 2016).
Figura 26 - Placa de Aço Preenchida com Concreto Celular. Fonte: AECWEB, 2017.
Outra opção para áreas internas é o piso monolítico, é especialmente indicado para
áreas que exijam maior resistência a carga e não exijam constante mudanças de layouts. O
painel monolítico é moldado in loco a partir de fôrmas de PVC preenchidos por massa
mineral autonivelante, como na figura 27 (CORBIOLI, 2002).
Figura 27 - Piso monolítico Fonte: AECWEB, 2017.
Muito utilizadas também são as placas termoplásticas em policarbonato ou
polipropileno, fabricadas com material auto extinguível, que não emite gases tóxicos.
Apresenta como principais vantagens a leveza, chegando a ter massa de aproximadamente
8kg/m² e sua modulação variável, maleável e que facilita os recortes. As placas podem
35
receber praticamente todo o tipo de acabamento, sendo utilizadas tanto nas áreas externas
como internas. (CORBIOLI, 2002) Na figura 28 podemos ver um exemplo desse tipo de
placa.
Figura 28 - Placas em Polipropileno Fonte: RESMASTER, 2018
Nas áreas externas, são aplicadas constantemente as placas em concreto, vistas na
figura 29. Essas são regidas por uma norma especifica, a NBR 15805 – Pisos elevados de
placas de concreto. São feitas de concreto, podendo apresentar armadura em aço
dependendo da sua espessura. Assim como os pisos intertravados, podem ser fabricadas
com várias tonalidades, com agregados especiais capazes de incrementar sua aparência
(BERNARDES, 2009).
Figura 29 - Placas de Piso Elevado em Concreto. Fonte: Bernardes, 2009.
36
Placas em granito, mármore e ardósia também são bastante utilizados tanto nas áreas
internas como externas, figura 30. A grande vantagem do sistema está na sua resistência,
durabilidade e por já ser o próprio revestimento do piso. Normalmente tem modulação de
50x50cm ou 60x60cm (LEVITARE, 2017).
Figura 30 - Piso elevado em Granito. Fonte: AECWEB, 2017
Ainda existem placas de piso elevadas feitas de madeira, que eram bastante utilizadas
no início da aplicação dessa tecnologia. Entretanto, atualmente, o uso dessas tipologias não
vem tendo uma atuação expressiva no mercado. Normalmente as réguas são apoiadas em
peças de plástico ou metálicas e em seguida nas placas como na figura 31.
Figura 31 - Piso Elevado em Madeira. Fonte: AECWEB, 2017
37
Existem diversas opções de acabamento para as placas de pisos elevados, que inclusive
podem sair da fábrica inclusos ou não dependendo da opção do cliente. Nos espaços
internos normalmente são aplicados materiais como porcelanato, madeira, vinílico, carpete,
laminado melamínico, granito e mármore. Já nas áreas externas os acabamentos mais
utilizados são granitos, mármores e pisos emborrachados. A definição do tipo mais
adequado deve passar por aspectos funcionais, técnicos e estéticos (SILVA, 2016).
3.4.2 Apoios ou Suportes
Segundo Bernardes (2009), os apoios ou suportes tem como principais
responsabilidades: dar sustentação e estabilidade à superfície de circulação; garantir o
espaçamento entre as placas; regular o nível da superfície; corrigir variações de cota e de
inclinação do substrato; e distribuir tensão sobre o substrato.
Os suportes podem ser reguláveis ou não reguláveis, como na figura 32, e são acoplados
na parte inferior da placa do sistema de piso elevado, podendo estar centralizado ou nas
extremidades dessa. São peças reforçadas, pois absorvem a carga do local onde foram
instaladas.
A NBR 11802 (1991) exige que o suporte possua tratamento anticorrosivo e que tenha
pelo menos 60cm² de área. E no caso dos apoios telescópicos, reguláveis, devem apresentar
mecanismo de ajuste composto por haste rosqueada, porca e suporte de apoio.
38
Figura 32- Suportes Reguláveis e Não Reguláveis. Fonte: RESMASTER, 2018
Existem diversos tipos de suportes de sistema de piso elevados, antigamente
destacavam-se os pilaretes de concreto, blocos de alvenaria e apoios metálicos. Atualmente
os apoios mais utilizados são os pré-fabricados sintéticos. Existem no mercado um grande
número de modelos de suporte feitos de diversos tipos de polímeros, como por exemplo,
polipropileno, polietileno, policarbonato, poliestireno expandido e PVC (BERNADES,
2009).
Os suportes fixos são normalmente utilizados para pequenas elevações e nas áreas
internas. Entretanto nas áreas externas, são mais utilizados os suportes reguláveis, podendo
elevar em até 2,00 metros a placa de piso (REMASTER, 2018).
Os fabricantes têm como maior desafio, a busca da otimização do custo da
implementação do sistema de pisos elevado, adotando placas cujas medidas proporcionem
um menor número de suportes, sem resultar em elevações nas solicitações à flexão nas
placas, o que acarretaria o aumento no custo de fabricação para o aumento da sua
resistência mecânica (BERNARDES, 2009).
39
3.5 EQUIPAMENTOS E ETAPAS DA MONTAGEM
A instalação do piso elevado no local de aplicação é simples e não demanda a utilização
de equipamentos de grande porte. Sendo assim, Barros (2017) apresenta como os principais
materiais e ferramentas necessários para a instalação: ventosas, martelo de borracha,
espátula de metal ou plástico, nível laser, trena, estilete, serra tico-tico, serra mármore, arco
de serra, serra copo, furadeira profissional, parafusadeira, linha de bater nível com pó,
mangueira de nível e régua de alumínio. Alguns desses itens estão presentes na figura 33,
podendo ser utilizados ou não dependendo do tipo de piso e ambiente que está sendo
aplicado.
Figura 33 – Equipamentos de Montagem. Fonte: Barros, 2017.
É de suma importância que as etapas de montagem sejam realizadas e acompanhadas
segundo as recomendações técnicas. Com isso, Fornasaro (2006) define as principais
etapas da implantação do sistema como: escolha das placas; alinhamento; saída de borda;
regulagem de altura; ajuste fino e controle de qualidade. (E detalha elas como)
a) Escolha de placas: É a etapa aonde se deve decidir o tipo de placa a ser implantada,
é importante ressaltar que por não ser assentadas, as placas devem apresentar
resistência adequada às cargas pontuais. Nesse caso, as placas já são dimensionadas
40
com espessura suficiente ou apresentam armadura no interior e são vibradas na
fabricação
b) Alinhamento: Etapa de grande importância visto que, um erro no alinhamento das
fiadas e no nivelamento logo no início da execução irá apresentar reflexos em toda
a área de implantação do piso, sendo necessário a verificação com o uso de linhas
e réguas de nível, se a geometria definida anteriormente no projeto está sendo
obedecida e se os suportes estão corretamente posicionados sobre a base. A
regularização do contra piso favorece essa tarefa.
c) Saída da borda: É de extrema importância que ao decorrer da execução, caso
possível, antes de preencher a área central, instale-se as fiadas de borda. As placas
em contato direto com a parede tornam-se melhor referência para a instalações das
demais.
d) Regulagem de altura: Deve se regular a altura das peças, evitando a diferença de
níveis que pode causa acidentes e problemas técnicos. O sistema por rosqueamento
permite uma afiação de até 3 cm para cima ou baixo. Os limites de altura dos
suportes reguláveis são definidos como máxima igual a 2,00m e mínima de 0,07m,
sendo a ultrapassagem desses limites responsável por tornar o sistema instável.
e) Ajuste fino: É feita a verificação da necessidade em cada placa, visando evitar a
amplificação do desalinhamento e o empoçamento de água. Quando o desnível é
milimétrico é possível lançar mão do ajuste fino. Para isso são aplicadas pastilhas
de borracha entre as placas e o apoio no suporte.
f) Controle de qualidade: É recomendável a realização do controle final da qualidade,
mesmo com a verificação de nível sendo realizada a cada placa colocada. Para a
verificação do nivelamento geral deve-se usar a régua de nível, que indicará
41
eventuais diferenças. Quando em operação, é essencial observar que esse tipo de
piso não é adequado para a movimentação de veículos pesados.
3.6 TÉCNICAS CONSTRUTIVAS
A técnicas construtivas utilizadas em sistemas de piso elevado em áreas externas e
internas são semelhantes, se diferenciando em alguns detalhes. Será descrito um estilo de
montagem comum aos dois tipos de áreas.
Para dar início da implantação do sistema de piso elevado deve-se primeiro verificar se
a impermeabilização do local de aplicação está protegida e testada, e se estão livres, limpos
e desimpedidos. Pede-se ainda que os fornecedores apresentem laudo assegurando as
resistências das placas e apoios evitando o uso de material de má qualidade (NBR 11802,
1991).
Recomenda-se que, antes do início da execução do sistema de piso elevado, se faça
uma análise do contra piso da área, que precisa estar totalmente nivelado e regularizado,
não apresentado trincas, ondulações, fragmentações, depressões, resíduos e umidade.
Antes da instalação do piso elevado é necessário que outras etapas da obra já tenham sido
concluídas, incluindo as obras civis, instalações de forro e pintura (REMASTER,2017).
A primeira etapa é a montagem dos suportes, reguláveis ou não, mostradas na figura
34. Existem diversos tipos de suportes no mercado mais normalmente esses são formados
por cinco partes: base, tubo principal, rosca, bucha e suporte central regulável interno ou
externo (REMASTER,2017).
42
A etapa seguinte consiste na instalação das placas, iniciando pela definição de nível,
recomenda-se o uso de nível a laser. A instalação do piso deve, preferencialmente, partir
de um vértice. Verifica-se o início da paginação do piso no projeto de paisagismo.
Transfere-se o nível para este ponto e confere-se com o nível de outros ambientes. E, em
seguida, instala-se os suportes centrais, como na figura 35, para proporcionar apoio durante
a instalações dos suportes periféricos (REMASTER, 2017).
Figura 35- Instalação do Suporte Central. Fonte: RESMASTER, 2017
Figura 34 - Montagem dos apoios. Fonte: RESMASTER, 2017
43
Então, posiciona-se a placa de forma que o vão existente entre o revestimento e o contra
piso permita a passagem de tubulações e instalações de fácil acesso após a conclusão da
obra, como na figura 36 (REMASTER, 2017).
Figura 36 - Posicionamento da Placa. Fonte: RESMASTER, 2017
Segue-se para a aplicação da cola à base do suporte ou diretamente sobre o contra piso,
fixa-se o suporte central a placa de revestimento e em seguinte encaixa-se os suportes de
periferia, demostrado na figura 37 (REMASTER, 2017).
Figura 37 - Posicionamento dos Suportes de Periferia. Fonte: RESMASTER, 2017
Realiza-se: o ajuste fino, de no máximo 2,5 cm para obedecer ao nivelamento do
revestimento, e recortes nos cantos aonde for necessário para o acabamento ideal. Finaliza-
se o serviço com a verificação do nível com o uso de nível a laser e da régua de alumínio,
como na figura 38 (REMASTER, 2017).
44
Figura 38 - Verificação de nível com régua de alumínio Fonte: RESMASTER, 2017
Recomenda-se que, para evitar o encontro com interferências construtivas, como
canaletas, tubulações ou degraus, que dificultam a execução do sistema que, antes do início
da instalação, os responsáveis realizem marcações no contra piso indicando o
posicionamento dos suportes. Sendo possível, a partir dessa informação, que os projetistas
dos elementos de interferência possam modificar suas instalações para que não haja
preocupações futuras (TEIXEIRA, 2015).
Caso exista a necessidade de recortes na instalação das placas do piso elevado, essas
áreas devem ser deixadas para a fase final do procedimento. Devem ser medidas as
distâncias para marcação, e os cortes das placas são feitos com a serra para acabamento de
perímetro. É importante lembrar que a montagem dos filetes de placas e recortes pequenos
deve ser feita com parafuso de rosca soberba (TEIXEIRA, 2015).
Existem diversas outras técnicas construtivas para a instalação do sistema de piso
elevado no mercado, porém a metodologia descrita acima é atualmente a mais utilizada no
Brasil, sendo as outras pouco se diferenciando dessa.
45
3.7 VANTAGENS E DESVANTAGENS
3.7.1 Vantagens
O piso elevado interno apresenta uma quantidade enorme de vantagens, sendo
atualmente demasiadamente utilizado no meio corporativo, em escritórios e
estabelecimentos comerciais. Nos últimos anos vem crescendo o seu uso em áreas externas
aumentando ainda mais as vantagens da utilização desse sistema. Pode-se citar como
principais:
A simplicidade da instalação, depois que o projeto é desenvolvido. Considerando
desníveis, degraus, portas e escadas, o projeto é definido e a instalação do piso elevado
consiste na colocação dos pedestais nos locais corretos e simples encaixe dos pisos nestes
suportes. Sendo assim, é um sistema rápido e que não apresenta riscos para a segurança do
operário (STRUTTURARE,2017).
A mobilidade do sistema, assim como na instalação, a facilidade de movimentação das
peças após a implantação permite o acesso à tubulação ou cabeamento embaixo deles.
Permite um fácil acesso quando há necessidade de manutenção, rápida e sem a necessidade
de danificar o sistema (STRUTTURARE,2017).
A versatilidade e praticidade, com o uso do sistema é possível criar um espaço entre o
contra piso e o piso onde pode-se passar cabeamento e instalações de diversas formas. Com
os cabos fora da visão do usuário, os espaços corporativos podem agradar a alta
rotatividade do mercado de trabalho, com espaços mudando de funções, mesas e aparelhos
ligados em diferentes locais. Favorece ainda as constantes mudanças de layouts das
empresas (STRUTTURARE, 2017).
A diversidade do design, o piso elevado apresenta muitas opções diferentes de
revestimento. Podendo assim ser usado de diferentes formas e em diversos tipos de espaços
(STRUTTURARE,2017).
46
A sustentabilidade do sistema, a tecnologia garante um ambienta mais sustentável pois
além de necessitar um menor gasto de material para sua implantação, gera uma menor
quantidade de entulho nas manutenções corretivas de impermeabilização, inclusive com o
reaproveitamento total do piso, e ainda pode ser utilizado como reservatório de água para
reaproveitamento dessa (KRASUCKI, 2011).
3.7.2 Desvantagens
Segundo Nakamura (2010), a maior desvantagem do sistema de piso elevado é o custo,
cerca de 30% maior do que uma solução de piso convencional, mesmo assim o sistema se
tornou um dos recursos mais valorizados pelas suas inúmeras vantagens.
É preciso um acompanhamento de perto sobre o produto especificado, a entrega e a
montagem, caso contrário pode apresentar problema no piso, podendo deixá-lo torto,
desnivelado e sem o devido apoio, podendo até causar acidentes (NAKAMURA, 2010).
Ainda podemos citar com uma grande desvantagem a desatualização da norma. Há
quase 20 anos sem sofrer modificações, a NBR 11802 - Piso Elevados, se apresenta muito
desatualizada com a atual utilização, dificultando sua aplicação tanto para os fornecedores
quando para os clientes (NAKAMURA, 2010).
Outro problema é que a maioria das empresas terceiriza a mão de obra de execução do
sistema para baixar os custos, muitas vezes utiliza-se mão de obra não especializada para
o serviço, aumentando o risco do produto de se tornar de má qualidade (NAKAMURA,
2010).
47
4 ESTUDO DE CASO
4.1 DESCRIÇÃO DO EMPREENDIMENTO
Buscando comparar as duas metodologias apresentadas durante esse trabalho, realizou-
se um estudo de caso em um empreendimento misto. A empresa responsável não autorizou
a divulgação da identificação do empreendimento. Sendo assim, denominou-se o
empreendimento como empreendimento X, da incorporadora Y, localizado no bairro Barra
da Tijuca, na cidade do Rio de Janeiro.
O terreno plano onde situa-se o empreendimento apresenta geometria retangular, com
dimensões de 127,50m x 107,50m, com aproximadamente 14.000m². A área construída
total do empreendimento é de 91.940,73 m², sendo 50.827,42m² de área privativa.
Sendo o empreendimento misto, apresenta parte residencial e parte comercial. A parte
residencial destinada ao público de médio/alto padrão é composta por 582 apartamentos
divididos entre 6 torres como 18 pavimentos e 1 subsolo. A parte comercial está dividida
em dois andares, contendo 16 salas comerciais e 42 lojas.
As obras foram iniciadas em agosto de 2015, apesar do prazo de 36 meses, está com
HABITE-SE previsto para março de 2018 e entrega para abril de 2018.
O desafio do empreendimento, que será discutindo durante esse capitulo, se deve aos
ricos detalhes construtivos dos projetos de arquitetura e paisagismo, em especial na área
comum externa (PUC), localizada no segundo pavimento com área total de
aproximadamente 6.000 m², parte mostrada pela figura 39.
48
Figura 39 - Maquete do PUC do Empreendimento X. Fonte: Autora,2018
O projeto de paisagismo do empreendimento, seguindo o padrão do público alvo e da
região, contêm diversas áreas com riachos, fontes, jardins, áreas recreativas e quadras.
Apresenta um total de 11 níveis diferentes em um único pavimento, como visto na figura
40 que representa somente uma das áreas a ser analisada. Apresenta ainda uma grande
quantidade de instalações, incomuns a áreas externas situadas em pavimentos elevados.
Sendo assim, foi necessário que a engenharia propusesse soluções para que a implantação
do paisagismo na área fosse possível.
Figura 40 - Representação dos Diferentes Níveis. Fonte: Autora,2018
49
4.2 CONSIDERAÇÕES DA APLICAÇÃO DO MÉTODO
CONSTRUTIVO CONVENCIONAL NO EMPREENDIMENTO
Durante a construção dos vinte pavimentos dos seis blocos foi utilizado a tecnologia
convencional para a elaboração da estrutura. O sistema convencional de laje em concreto
armado é realizado com a utilização de formas de madeira, com a armação em aço,
preenchidas pelo concreto aplicado “in loco”.
O sistema é muito vantajoso ao tratar da aplicação em prédios com pavimentos
repetitivos, com lajes de grandes dimensões e com poucos detalhes, pois é possível o
reaproveitamento das fôrmas e a aplicação sequencial de forma rápida e menos custosa.
Porém quando aplicados a lajes únicas de pequenas dimensões ricas em detalhes, a
tecnologia convencional não apresenta essas vantagens. No caso da obra em estudo no
pavimento PUC, no segundo pavimento, como mostrado anteriormente seria necessária a
implantação de um sistema complexo para poder utilizar o mesmo sistema do resto do
edifício.
O primeiro motivo para a escolha de não utilizar o sistema convencional de laje foi
a impossibilidade do reaproveitamento das fôrmas de madeiras, pois as lajes da área externa
não seguiriam o mesmo padrão do resto da edificação e só seriam realizadas uma única
vez. As fôrmas teriam que ser criadas especialmente para área do 2 pavimento elevando o
preço da estrutura.
Outro motivo levado em consideração era o tempo necessário para o
desenvolvimento e implantação do projeto. Uma área de 6.000m² com grande quantidade
de detalhes, níveis e curvas, demandaria um projeto de estruturas com elevada
complexidade. Seria necessário um deslocamento de equipe especifica para essa área, tanto
50
no setor de projetos como no campo, desacelerando o processo de implantação das lajes
simples dos pavimentos.
Existia ainda a grande quantidade de tubulação hidráulicas devido as: piscinas,
fontes e riachos, que deveriam passar na região, sendo necessário a criação de um vão entre
piso acabado e laje para a passagem delas. Como o sistema convencional não seria possível
a criação desse vão, pois não haveria espaço suficiente para a retirada das formas após a
concretagem.
Optou-se pela implantação do sistema convencional em retângulos e com poucos
detalhes, como base para laje visto na figura 42, não impedindo o desenvolvimento do resto
da construção. Enquanto os pavimentos eram construídos, desenvolveu-se um estudo de
viabilidade para saber qual o melhor sistema a ser executado para a complementação da
laje, que permitisse alcançar os níveis e as áreas especificadas no projeto de paisagismo.
Figura 41 - Modelo 3D da instalação de lajes convencionas no empreendimento.
Fonte: Autora,2018
51
4.3 JUSTICATIVA E ESTUDO DE VIABILIDADE DO MÉTODO
CONSTRUTIVO ESCOLHIDO
Após a aplicação do método convencional para a criação da laje “base”, a equipe
de obras reunida com a equipe de projetos avaliou as opções viáveis para o alcance dos
diversos níveis encontrados na área e para a passagem das inúmeras tubulações hidráulicas
presentes.
Optou-se pelo uso de lajes pré-fabricadas com painéis treliçados apoiadas em
paredes de alvenaria feitos com blocos de concreto. Com isso foi necessário a autorização
do engenheiro calculista, que desenvolveu um projeto especifico para as cargas referentes
a aplicação do sistema de pré-laje no empreendimento, pois esse acrescentaria uma carga
de peso relevante a estrutura.
O calculista também desenvolveu projeto com as cargas aplicadas à pré-laje. A
maior preocupação em relação a essas cargas se deu por conta dos jardins suspensos e as
plantas de grande porte sobre eles. Os casos mais críticos eram as áreas com enchimento
de 135cm de terra, e os locais de aplicação das palmeiras e arvores, com uma aplicação de
carga pontual de 800 kg e 1000 kg sobre a pré-laje, mostrados na figura 42.
Figura 42 - Projeto de Cargas Aplicadas sobre a Pré-laje. Fonte: Autora, 2018
52
Definiu-se que a área efetiva aonde existiria a necessidade da execução da pré-laje
era de aproximadamente 1.250 m². E que seriam reaproveitados, quando possível, as
empresas fornecedoras de material e serviços que já estavam em atuação na obra.
A única empresa que não estaria atuando na obra seria a empresa responsável pela
fabricação dos painéis da pré-laje. Esta seria responsável também pelo envio das peças e
dos projetos de execução, montagem e armação da pré-laje. O preço para a realização
desses serviços foi fechado pela equipe de contratação por R$ 12.105,58.
Com os projetos de pré-laje realizados pela a empresa de pré-fabricados foi possível
levantar a quantidade dos materiais complementares necessários para instalação do
sistema, que foram fornecidos por empresas que já estavam em atuação na obra. Esses
materiais, sua utilização, quantidades e valores junto com sua aplicação estão resumidos
na tabela 1.
Material Utilização Quant. Valor Unit. Preço Total
Aço Armação Complementar da Pré-
Laje 8.128 kg R$ 5,20 R$ 42.256,60
Concreto Capa de Concreto 125 m³ R$ 415,10 R$ 51.887,50
Alvenaria Paredes de Blocos de Concreto
Para Apoio da Pré-Laje 2086 m² R$ 86,94 R$ 181.356,84
Tabela 1 - Materiais Complementares da Pré-laje. Fonte: Autora, 2018
A empresa que realizou o serviço de montagem da pré-laje, também já estava
atuando na obra, e foi responsável pela aplicação dos materiais listados na tabela 1. O valor
cobrado pela empresa para aplicação dos materiais já estão presentes na tabela. Além desse
valor foi cobrado um valor de R$ 77,50 por m² de montagem dos painéis treliçados das
pré-laje, totalizando R$ 96.875,00.
53
Nessa etapa de viabilidade, considerou-se o final do serviço com a aplicação da
impermeabilização, também realizada por uma empresa já presente na obra. O preço
fechado para a impermeabilização com manta asfáltica dos 1.250m² foi de R$ 78.125,00.
O valor de todos os serviços e materiais para a aplicação do sistema totalizou R$
462.606,52, e estava dentro do orçamento previsto para a execução da área, sendo assim
aprovado pela incorporadora responsável pela execução do prédio.
É importante ressaltar que outro fator importante para a escolha desse método foi a
experiência tanto da incorporadora quanto da equipe de obras presentes com o método
escolhido, facilitando a gerência das atividades e diminuindo os números de treinamentos
necessários.
4.4 DESCRIÇÃO DO MÉTODO UTILIZADO NA OBRA
Após a definição do uso do sistema de pré-laje com painéis treliçados pré-
fabricados, foi realizado o pedido aos fornecedores dos painéis pré-fabricados, das barras
de aço e do concreto, e a contratação da empresa que realizaria o serviço de execução da
alvenaria e montagem da pré-laje.
Para o serviço optou-se para a contratação da umas das seis empresas de execução
de alvenaria já presentes na construção do empreendimento, acelerando os processos
burocráticos e diminuindo os custos do processo. A empresa Z responsável pela fabricação
dos painéis pré-fabricados foi contratada também para a confecção dos projetos de
montagem das peças e da armação da pré-laje. Definiu-se os fornecedores do aço, para
armação, e do concreto, para o lançamento da capa de concreto, como os mesmos já
utilizados na obra.
O pedido dos painéis pré-fabricados e das barras de aço, já cortadas e dobradas, foi
realizado no dia 7 de fevereiro de 2017. Chegando a obra em cinco viagens com entregas
54
finalizadas no dia 8 de março, 30 dias depois do pedido. Tanto os painéis quando as barras
de aço foram içadas, no mesmo dia em que chegaram, por meio do manipulador telescópico
e das gruas já presente na obra, visto na figura 43. Foram armazenadas no espaço onde
futuramente seria a quadra poliesportiva do empreendimento, já no mesmo pavimento da
realização da pré-laje, conforme figura 44.
Figura 43 - Grua usada no Empreendimento X. Fonte: Autora,2018
Figura 44 - Armazenamento dos Painéis. Fonte: Autora, 2018
55
Para dar início do serviço foi necessário a limpeza do local, pois a área servia de
armazenamento de diversos materiais, além de apresentar entulho e restos de materiais da
obra. Depois da limpeza do local foi realizado a furação dos ralos, buscando evitar o
acumulo de água no novo vão criado, chamaremos esses vãos de caixões perdidos. Após a
furação eram instaladas tubulações em PVC para ligar os ralos a superfície. Nas figuras 45
e 46 é possível verificar a transferência do ralo através da tubulação de PVC para parte
superior da pré-laje.
Figura 45 - Transferência do ralo através do tubo de PVC. Fonte: Autora, 2018
Figura 46 - Tubos de PVC aparente, antes da concretagem da pré-laje. Fonte: Autora,
2018
Após esse procedimento, teve início o processo de impermeabilização da área,
realizada com manta asfáltica e a aplicação de proteção mecânica, na área inferior da pré-
laje, verificada na figura 47.
56
Figura 47 - Impermeabilização por manta Asfáltica. Fonte: Autora, 2018
Antes do começo da alvenaria das paredes de apoio foi necessário trazer a marcação
do nível para a parte externa. Usando um aparelho de nível a laser, figura 48, e a mangueira
de nível foi possível transpor os níveis para o lado externo e usando um spray de tinta
vermelha, foram demarcadas as bandeiras de níveis no local.
Figura 48 - Nível a Laser Aplicado a Áreas Externas. Fonte: Mundo do Concreto,2013
Após a finalização dos serviços preliminares para o início do serviço, no dia 13 de
março, a empreiteira responsável pela montagem da pré-laje iniciou o serviço da alvenaria.
As paredes de alvenaria foram realizadas com blocos de concreto de 19 cm e sua locação
estava disposta segundo o projeto de montagem das pré-lajes. A distância entre as paredes
57
deveriam estar entre 0,40m e 1,50m, sendo esses o vão necessário para os painéis serem bi
apoiados futuramente.
Antes do início da elevação das paredes de alvenaria, foram implantadas as
instalações da piscina, dos riachos e das fontes no vão criado entre a pré laje e a laje já
presente, visto na figura 49. Com as instalações posicionadas foi possível prever os locais
onde existia a necessidade da passagem das tubulações pela alvenaria, sendo os recortes na
alvenaria realizados antes do início da elevação, como na figura 50.
Figura 49 - Implantação das Instalações Fonte: Autora,2018
Figura 50 - Recortes na Alvenaria para Passagem das Tubulações. Fonte: Autora,2018
58
Ao término da elevação de todas as paredes de alvenaria, de um mesmo nível, figura
51, iniciou-se a colocação dos painéis treliçados. Os painéis eram numerados e alocados
segundo o projeto do fabricante, ficando bi apoiado nas paredes de alvenaria como vemos
na figura 52.
Figura 51 - Elevação da Alvenaria. Fonte: Autora,2017
Figura 52 - Colocação dos Painéis. Fonte: Autora,2017
59
Após a montagem dos painéis, iniciava-se a etapa de armação da laje. Além da
armação treliçada já presente no painel, era necessária a implantação da armadura
complementar “in-loco” que foi realizada segundo o projeto do fabricante de pré-laje e
visto na figura 53. Essa armadura complementar era composta por armadura transversal,
de distribuição e negativa, presente em três diferentes projetos de armação.
Figura 53- Armação Complementar da Pré-laje. Fonte: Autora,2018
Com a armação finalizada se iniciou o processo de lançamento do concreto da capa.
O serviço foi realizado por bombeamento e vibração do concreto com fck de 30 MPa. O
concreto era bombeado até que a capa de concreto atingisse 9 cm e a estrutura, painel e
armação estivesse completamente preenchida, com estrutura final ficando com 12 cm.
Após o acabamento da superfície do concreto, figura 54, foi necessário à espera do tempo
de cura para a continuação dos procedimentos
60
Figura 54 - Pré-laje após a Concretagem. Fonte: Autora,2018
O processo da pré-laje foi finalizado com a impermeabilização da área realizado
também por manta asfáltica. Nota-se que foi necessário impermeabilizar a área duas vezes,
pois o acumulo de água nos caixões vazios poderiam prejudicar a estrutura.
É importante ressaltar que todo o processo até o início da finalização da
impermeabilização das áreas durou cerca de 3 meses. E foi realizado por partes, sendo
possível enxergar vários procedimentos, sendo realizados ao mesmo tempo como na figura
55.
Figura 55 - Procedimentos da Pré-laje. Fonte: Autora,2018
61
Para a finalização da área foi executado, após a proteção mecânica, o contra piso
com altura de 5 cm, o plantio dos jardins e a colagem das pedras de granito e outros
revestimentos. Os três ultimos serviços foram realizados por empresas diferentes da
empresa Z e também já estavam presentes na obra. Esses processos tiveram duração de
quatro meses até sua finalização, figura 56.
Figura 56 - Pré-laje Finalizada. Fonte: Autora,2018
4.5 CONSIDERAÇÕES DA APLICAÇÃO DO MÉTODO
CONSTRUTIVO DE PISO ELEVADO NO EMPREENDIMENTO
Outro método executivo que poderia ser utilizado na área para a criação dos vãos e
o alcance dos diferentes níveis é o piso elevado externo. Ainda pouco utilizado na cidade
do Rio de Janeiro em áreas de pavimentos elevados, mas já bastante utilizado na cidade de
São Paulo.
Para começar a análise foi necessário o desenvolvimento de um projeto para a área,
com 1.250 m², optou-se pelo uso do sistema com placas em termoplástico e suportes
reguláveis. Parte do projeto está representado pela figura 57.
62
Figura 57 - Projeto de Piso elevado desenvolvido. Fonte: Autora,2018
O projeto foi desenvolvido pela a empresa W, que é uma das fabricantes do sistema
de piso (placas + suportes) no Brasil. A mesma empresa seria a responsável pela
contratação da mão de obra especializada para a execução do sistema, sendo assim uma
única empresa capaz de fornecer o projeto, os materiais e o serviço.
O tempo para a fabricação e a entrega dos materiais do sistema, junto com o envio
da documentação e instalação da equipe de campo, foi de 20 dias. A equipe, composta por
5 funcionários, com produção de 42m² por dia finalizaria o serviço em 1 mês e 3 semanas.
A aplicação da peça de granito utilizada na área externa seria aplicada diretamente
a placa na fabricação, sendo a mesma utilizada nas outras áreas do PUC, onde não existia
63
a necessidade de elevar o piso. Para evitar o problema com pedras em tonalidades
diferentes, a empresa W ofereceu a opção para que a incorporadora comprasse as peças e
as enviasse para a fábrica deles, para que fosse feita a colagem das peças do mesmo lote
que as outras utilizadas no local.
Com uma grande área sendo coberta por jardins, surgiu a possibilidade da aplicação
do piso elevado com jardins auto irrigáveis. O sistema de jardins auto irrigáveis sobre lajes
permite aproveitar a água das chuvas para irrigação, sem a necessidade de utilizar energia
elétrica, bombas ou qualquer mecanismo automático ou manual. É composto também pelos
suportes e as placas em polipropileno se diferenciando pelo acrescimento dos tubos de
irrigação, demostrado na figura 58.
Figura 58 - Esquema de Piso elevado para Jardins. Fonte: Remastes,2018
Os jardins são montados por cima das placas termoplásticas e a irrigação é feita
através da capilaridade. Permite o plantio de vegetação tanto rasteira como de grande porte,
o que não impediria sua aplicação no local, visto o projeto de plantio do empreendimento
contendo diversas tipologias de vegetação. Contribui ainda para obtenção de certificados e
selos de sustentabilidade, como por exemplo o LEED.
64
O sistema ainda dispõe de um abastecimento de água direto da rede urbana, para
épocas de seca, com utilização de uma bóia, que é acionada apenas quando o reservatório
está praticamente vazio, evitando o desperdiço de agua.
Com a aplicação do sistema de jardins irrigáveis e a placas de granito já coladas em
fabrica, a empresa W informou o preço de R$ 480,00 por m² para a fabricação das peças,
colagem do revestimento e frete, e o preço de R$ 60,00 por m² para o serviço de instalação
na obra, totalizando R$ 675.000,00 para implantar o sistema.
4.6 SÍNTESE DAS VANTAGENS E DESVANTAGENS ENTRE OS
DOIS MÉTODOS CONSTRUTIVOS
Tanto o método construtivo de pré-laje quanto o de piso elevado apresentam
vantagens e desvantagens quando aplicadas em áreas de externas como no caso desse
estudo de caso.
Para dar início é importante ressaltar que nos dois casos existiria a necessidade da
impermeabilização da laje antes do início do serviço e do estudo do engenheiro calculista
sobre a carga aplicada sobre o sistema e pelo sistema escolhido. Então, esses dois fatores
não serão considerados como vantagens nem desvantagens da escolha.
4.6.1 Tempo de execução
Ao analisar o tempo de execução do sistema, claramente o sistema de piso elevado
oferece uma enorme vantagem sobre o uso do sistema de pré-laje. Visto que o processo de
instalação da pré-laje no local durou cerca de 3 meses, isso sem considerar o tempo de
execução do contra piso mais a colagem das peças de granito. Enquanto o piso elevado
teria a previsão para finalizar o serviço já com a peça de granito em 1 mês e 3 semanas.
65
4.6.2 Facilidade de Execução
Em relação a facilidade de execução teremos que analisar dois pontos o primeiro
deles é a vantagem de aproveitar uma empresa já presente na obra, não tendo a necessidade
de contratar uma empresa especializada para a execução, uma vez que o serviço da
instalação da pré-laje é um sistema com vários procedimentos já executados na obra, sendo
mais comum e facilitando o seu gerenciamento e a execução. Porém essa montagem
apresenta muitos processos diferentes e trabalhosos que demandam um esforço muito
maior para serem realizados.
Já o piso elevado, apesar de ter como necessidade a contratação de uma empresa
especializada para a execução do serviço, não apresenta um esforço tão grande para a sua
montagem, visto que ela é simples e menos trabalhosa e com menos procedimentos que a
montagem da pré-laje.
4.6.3 Segurança na Execução
Como a montagem é mais simples e com menos esforço do operador para realizá-
la apresentando um menor risco para a sua segurança, o Piso elevado oferece vantagem em
relação a segurança dos funcionários durante a sua execução.
4.6.4 Gerenciamento dos sistemas
Vale ressaltar também a vantagem em relação ao gerenciamento da produção. No
caso da montagem da pré-laje, a equipe de gerenciamento tem que se preocupar com: o
pedido, logística de entrega, logística de armazenamento, pagamento, qualidade do
produto, de diversos fornecedores diferentes. No caso da obra em estudo, a preocupação
seria com as empresas fornecedora de: aço, concreto, blocos de concreto, fabricação dos
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painéis e a executora do sistema, somando um total de cinco empresas. Enquanto com o sistema
de piso elevado a preocupação de gerenciamento seria apenas de uma empresa.
4.6.5 Custo da implantação
Em relação ao custo, foi definido no item 4.3 que o preço para a execução da pré-
laje seria de R$ 462.606,52 enquanto o preço para a execução do piso elevado definido no
item 4.5 seria de R$ 675.000,00. Para a comparação exata dos preços, é necessário
acrescentar ao preço da pré-laje o custo da colagem das placas de granito. O preço da
argamassa colante ACIII utilizada nos 1.250 m² da obra foi R$ 53.437,50 e das peças de
granito, somente serviço, R$ 42.845,00.
Não será acrescido o valor do contra piso, pois por recomendação dos fornecedores
do piso elevado, é importante a realização do contra piso antes da instalação do sistema
para que o sistema esteja melhor nivelado. Sendo assim consideraremos para efeito de
comparação o mesmo valor de contra piso para as duas metodologias. Apesar do contra
piso do sistema de piso elevado não apresentar a necessidade da mesma espessura utilizada
no sistema de pré-laje.
Com a soma dos valores dos serviços complementares à pré-laje o valor final da
implantação do sistema foi de R$ 558.889,02 (20% menor que o preço do Piso elevado).
Sendo assim, a pré-laje é mais vantajosa economicamente.
4.6.6 Manutenção
Em relação a manutenção, o piso elevado apresenta a sua maior vantagem em
relação ao sistema de pré-laje, pois seu sistema permite a movimentação de sua placa com
muita facilidade, sendo rapidamente realizada a troca, ou o acesso ao vão abaixo do piso.
Essa função é de extrema importância, pois no local em estudo existe a passagem de
67
inúmeras tubulações hidráulicas que podem apresentar problemas e necessidade de
manutenção.
No caso do sistema de pré-laje, caso haja necessidade de acessar ao vão criado
abaixo do sistema, será necessário o recorte da laje com uma futura reposição dessa. Sendo
necessário a execução dos procedimentos novamente com um tempo muito maior que o
sistema anterior.
Ainda podemos acrescentar a esse item, a vantagem do piso elevado com jardins
irrigáveis, onde existirá um grande ganho na manutenção dos jardins, pois diminuiria o
tamanho da equipe necessária para manutenção desse.
4.6.7 Meio ambiente e Sustentabilidade
Em relação a sustentabilidade, o sistema de piso elevado também apresenta grandes
vantagens em relação ao sistema de pré-lajes, a começar pelo material constituinte das
placas de polietileno, que são feitas de material reciclável e podem ser recicladas após o
uso. Além disso, o sistema de jardins auto irrigáveis pode utilizar a própria água da chuva
para a irrigação dos jardins, ajudando no reaproveitamento da água.
O sistema de pré-laje apresenta como desvantagem o grande número de poluentes
envolvidos na fabricação dos seus componentes e a grande quantidade de entulho gerado
tanto pela sua execução quanto na sua manutenção, quando necessária.
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4.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE O ESTUDO DE CASO
A área externa do Empreendimento X apresenta uma execução complexa,
principalmente pelos detalhes de paisagismo com as diversas diferenças de níveis, o que é
comum, visto a região, onde está localizado o empreendimento.
Sem a possibilidade da utilização do sistema de estrutura em concreto armado
tradicional, utilizado nos outros pontos do empreendimento, a equipe responsável optou
pelo uso do sistema de pré-laje em painéis treliçados com apoio em paredes de blocos de
concreto.
Ao escolher o sistema não se levou em consideração os valores para execução do
acabamento do piso, assim a opção pelo sistema de pré-laje se tornou a escolha mais
adequada principalmente pelo custo e pela experiência da equipe a frente da obra.
Ao se considerar os valores de acabamento do piso externo, os valores se
assemelham aos valores do sistema com sua utilização simulada, o de piso elevado externo,
visto que os valores da instalação do sistema já contemplam esses custos.
Na tabela 2 é possível verificar um resumo com as vantagens e desvantagens em
relação a cada item apresentado no item 4.6. De modo que, o item onde a tecnologia
apresenta maiores vantagens sobre a outra está em destaque em verde, e o item onde as
tecnologias se assemelham nas vantagens está em amarelo. A aplicação da pré-laje no local,
mesmo considerando os custos com os acabamentos, apresentou como grande vantagem
em questão do custo, cerca de R$ 95.000,00. Porém, se consideramos a economia que seria
realizada durante os anos, com a manutenção do sistema, e com os jardins irrigáveis esse
valor seria rapidamente superado.
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Pré-Laje Piso elevado
Tempo de Execução
Facilidade de Execução
Segurança na Execução
Gerenciamento do Sistema
Custo da Implementação
Manutenção
Meio Ambiente e Sustentabilidade
Tabela 2 - Comparativo entre as vantagens e desvantagens do sistema
Fonte: Autora, 2018
Ao considerar os outros itens avaliados, o sistema de piso elevado apresenta uma
maior quantidade de vantagens em relação ao sistema aplicado no local, e seria uma escolha
mais adequada.
A maior vantagem que o sistema de piso elevado poderia oferecer é em relação a
manutenção, visto a quantidade de instalações que estão presentes abaixo do sistema
instalado. Para a realização da manutenção após o final da obra existirá uma enorme
dificuldade, pois o sistema não previu visitas para a manutenção dessas instalações.
Em relação a aplicação dos jardins auto irrigáveis, o empreendimento X, devido a
sua localização na região da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, e a quantidade de jardins
presentes no projeto de paisagismo, se apresenta com uma excelente opção, visto que a
chuvas nos locais são recorrentes e o sistema funcionaria praticamente o ano inteiro,
utilizando apenas a água da chuva.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As tecnologias de pré-laje e piso elevado quando aplicada a áreas externas dos
empreendimentos, como térreos, coberturas e terraços, que apresentam um número elevado
de detalhes paisagísticos e arquitetônicos, apresentam características próprias e conseguem
alcançar os objetivos principais, sendo eles a vedação horizontal, o alcance de diferentes
níveis e a alocação dos sistemas prediais.
Atualmente, o uso da tecnologia de pré-laje para os objetivos citados anteriormente,
vem sendo mais utilizada. Isso acontece principalmente pelo fato de ser uma tecnologia já
consolidação no mercado há muitos anos. Além da sua facilidade de execução e do grande
número de empresas oferecendo o serviço no mercado, seu custo inicial traz uma maior
viabilidade financeira que a implantação de outras tecnologias.
Contudo, o uso da tecnologia de piso elevado, já muito aplicada em ambientes
internos, em áreas externas, apresenta-se como uma opção muito promissora. Além da
redução do consumo de recursos ao longo do ciclo de vida do empreendimento, viabiliza a
otimização dos processos de manutenção, impermeabilização e de sistemas prediais que
podem ser alocados entre a laje e o sistema de piso.
O sistema ainda apresenta como grande vantagem, a possibilidade de, quando
aplicado em conjunto com a tecnologia de jardins auto irrigáveis, realizar o aproveitamento
da água da chuva, diminuindo os custos com a manutenção das áreas verdes durante a vida
útil da edificação e tornando-o mais sustentável.
No presente trabalho, o estudo de caso mostrou que a utilização do piso elevado em
áreas como a estudada se apresenta como uma opção mais adequada, pois, apesar do custo
inicial mais elevado, apresenta um maior número de vantagens que a tecnologia de pré-
71
laje, utilizada no empreendimento, principalmente considerando o tempo de execução e a
facilidade da manutenção do sistema e das instalações hidráulicas presentes no local.
Sendo assim, o objetivo do trabalho de apresentar, analisar e comparar as duas
tecnologias, avaliando as vantagens e as desvantagens da aplicação das duas tecnologias
em áreas externa, pode ser considerado como atingido. Contudo, é importante ressaltar,
que o trabalho foi baseado em apenas um estudo de caso dentro da incorporadora Y,
localizada na região sudeste do Brasil, sendo assim podendo apresentar algumas variações,
principalmente em relação aos valores apresentados, quando aplicadas a outras regiões.
Sugere-se para trabalhos futuros, um estudo mais aprofundado sobre as técnicas de
reserva e aproveitamento da água da chuva possam ser aplicadas não somente para a
irrigação dos jardins das áreas externas como para outros serviços do próprio
empreendimento.
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