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ANÁLISE E DIMENSIONAMENTO DE UM SISTEMA MECÂNICO PARA TRANSMISSÃO DE ENERGIA DAS ONDAS OCEÂNICAS Michel Besso Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Daniel Onofre de Almeida Cruz Orientador: Eliab Ricarte Beserra Rio de Janeiro Setembro de 2017

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ANÁLISE E DIMENSIONAMENTO DE UM SISTEMA MECÂNICO PARA

TRANSMISSÃO DE ENERGIA DAS ONDAS OCEÂNICAS

Michel Besso

Projeto de Graduação apresentado ao Curso

de Engenharia Mecânica da Escola

Politécnica, Universidade Federal do Rio

de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de

Engenheiro.

Orientador: Daniel Onofre de Almeida Cruz

Orientador: Eliab Ricarte Beserra

Rio de Janeiro

Setembro de 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

DEM/POLITÉCNICA/UFRJ

ANÁLISE E DIMENSIONAMENTO DE UM SISTEMA MECÂNICO PARA

TRANSMISSÃO DE ENERGIA DAS ONDAS OCEÂNICAS

Michel Besso

PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO DE

ENGENHARIA MECÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRA MECÂNICA.

Aprovado por:

________________________________________

Prof. Daniel Onofre de Almeida Cruz, Ph.D.

________________________________________

Prof. Eliab Ricarte Beserra, D.Sc.

________________________________________

Prof.ª Lavinia Maria Sanabio Alves Borges, D.Sc.

________________________________________

Prof. Luiz Antonio Vaz, D.Sc.

Rio de Janeiro

Setembro de 2017

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BESSO, Michel

Análise e Dimensionamento de um sistema mecânico

para transmissão de energia das ondas oceânicas - Rio

de Janeiro:

UFRJ / Escola Politécnica, 2017.

IX, 75 p.: il.; 29,7 cm.

Orientadores: Daniel Onofre de Almeida Cruz / Eliab

Ricarte Beserra

Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica /

Curso de Engenharia Mecânica, 2017.

Referências bibliográficas: p. 62-64.

1. Eixo. 2. Engrenagens. 3. Mancais. 4. Proteção.

5. Sistema de Travamento. I. Onofre de Almeida Cruz,

Daniel. II. Universidade Federal do Riode Janeiro,

Escola Politécnica, Engenharia Mecânica. III.

Análise e Dimensionamento de um sistema mecânico

para transmissão de energia das ondas oceânicas.

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“A menos que modifiquemos a nossa maneira de pensar, não seremos capazes de

resolver os problemas causados pela forma como nos acostumamos a ver o mundo.”

Albert Einstein

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente, aos meus pais, Albert e Stela, que sempre me apoiaram e me

deram suporte mesmo nos momentos mais difíceis dessa trajetória no curso de

Engenharia Mecânica. Eles não mediram esforços para me ajudar. Agradeço também ao

meu irmão Arthur, que sempre esteve ao meu lado, me dando apoio e me ensinando

quando necessário.

Gostaria de agradecer também aos meus avós paternos, Elie e Louise, que formaram essa

família e agora tem o orgulho de ver o último de seus cinco netos se formando

engenheiro. Eles também me deram o suporte necessário para que eu chegasse aqui,

sempre me cobrando e me orientando com sua sabedoria. Agradeço também aos meus

avós maternos (in memoriam), que, onde quer que estejam, sei que estão olhando por

mim.

Agradeço também aos meus colegas de faculdade, Lui Duran, Filipe Younes e André

Falcão. Certamente, foram muito importantes nessa árdua trajetória, tanto nos momentos

de descontração, quanto nos momentos de seriedade. Sem eles certamente seria muito

mais difícil. Um agradecimento mais que especial também ao meu grande amigo da

faculdade e fora dela, Diego Totti, com quem sempre pude contar em momentos bons e

ruins.

Um agradecimento também especial aos meus amigos do colégio, Bruno Noleto, José

Megale, Bruno Valério, André Castilho, Tiago Castilho, Diego Machado, Vitor Oliveira,

Octávio Macieira, Wagner Calvelli, Lucas Miranda, Rafael Drummond e Leonardo

Bessa. Eles sempre me apoiaram e me deram o suporte que eu precisava para chegar até

aqui.

Agradeço também aos meus amigos do intercâmbio, Leticia Nogueira, Caio Kaviski,

Franklin Chao, João Andriguetto, Douglas Fernandes e João Lobe. Sem eles, minha

experiência fora do meu país não seria a mesma, o que me deu muita força para eu voltar

e terminar a graduação. Agradeço ainda aos meus amigos da comunidade judaica, Luiz

Baratz, Samuel Gabbay, Germano Viegas, Rodrigo Abadi, Deborah Dzialoschinsky e

Beatriz Dzialoschinsky, com quem sempre pude contar em momentos de dificuldade.

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Um agradecimento especial aos colegas engenheiros recém formados Lucas Amorim e

Lucas Begni e também aos colegas do curso de Engenharia Mecânica Felipe Lemos e

Pedro Truppel, que me orientaram na formulação e no desenvolvimento deste projeto.

Agradeço aos meus orientadores Daniel Onofre e Eliab Ricarte Beserra, e ao professor

Luiz Vaz, por toda ajuda, suporte e orientação para a elaboração deste projeto.

Agradeço a todos professores e funcionários do Departamento de Engenharia Mecânica,

bem como de toda a Escola Politécnica que de alguma forma contribuíram para minha

formação como engenheiro.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.

ANÁLISE E DIMENSIONAMENTO DE UM SISTEMA MECÂNICO PARA

TRANSMISSÃO DE ENERGIA DAS ONDAS OCEÂNICAS

Michel Besso

Setembro/2017

Orientador: Daniel Onofre de Almeida Cruz

Orientador: Eliab Ricarte Beserra

Curso: Engenharia Mecânica

A energia das ondas é uma ótima alternativa energética no contexto das fontes renováveis

de energia. Em especial no Brasil, que possui uma costa bastante extensa e com uma boa

incidência de ondas, é importante explorar mais essa opção energética que o país possui.

Dessa forma, este projeto final de graduação tem como intuito realizar o

dimensionamento de um sistema capaz de transmitir energia gerada pelas ondas do

oceano em uma estrutura nearshore. Neste projeto foi estudado tanto o dimensionamento

do eixo, sua geometria e também o material utilizado para a estrutura do mesmo. Ainda

foram estudados neste projeto como se dá a movimentação deste eixo, assim como seu

sistema de travamento e revestimento.

Palavras-chave: Dimensionamento, Geometria, Material, Flambagem, Engrenagens,

Mancais, Energia das Ondas

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Mechanical Engineer.

ANALYSIS AND DIMENSIONING OF A MECHANICAL SYSTEM FOR

TRANSMISSION OF OCEAN WAVES ENERGY

Michel Besso

September/2017

Advisor: Daniel Onofre de Almeida Cruz

Advisor: Eliab Ricarte Beserra

Course: Mechanical Engineering

Wave energy is a great energy alternative in the context of renewable energy sources.

Especially in Brazil, which has a very extensive coastline and a good wave incidence, it

is important to explore this energy option that the country has. In this way, this

undergraduate project aims to carry out the dimensioning of a system capable of

transmitting energy generated by ocean waves in a nearshore structure. In this project it

is studied both the dimensioning of the axis, its geometry and also the material used for

its structure. It is also studied in this project how this axis moves, as well as its locking

and coating system.

Keywords: Dimensioning, Geometry, Material, Bending, Gears, Bearings, Wave

Energy

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Lista de Figuras

Figura 1 – Esquema do Flutuador .................................................................................... 4

Figura 2 - Estimativa anual global da média de energia das ondas em kW/m no período

de 10 anos ........................................................................................................................ 5

Figura 3 – Localização de conversores de energia de onda ............................................. 6

Figura 4 - Classificação do conversor de energia das ondas de acordo com o tamanho:

(a) absorvedor de ponto OPT, (b) atenuador Pelamis e (c) terminador Dragon Wave .... 7

Figura 6 – Power Buoy .................................................................................................... 9

Figura 8 – Tubo Quadrado ............................................................................................. 10

Figura 9 – Perfil estrutural I ........................................................................................... 11

Figura 10 – Conjunto Pinhão-Cremalheira .................................................................... 13

Figura 11 – Mancal de Deslizamento ............................................................................ 14

Figura 12 - Mancal de Rolamento ................................................................................. 14

Figura 13 – Tubo Redondo com dimensões .................................................................. 18

Figura 14 – Barra de Seção Transversal Quadrada Maciça com dimensões ................. 19

Figura 15 – Tubo Quadrado com dimensões ................................................................. 20

Figura 16 – Perfil I com dimensões ............................................................................... 21

Figura 17 – Constante C para a condição de contorno da carga crítica de flambagem . 24

Figura 18 – Componentes da Engrenagem .................................................................... 26

Figura 19 – Tabela AGMA para encontrar o fator de forma J....................................... 28

Figura 20 – Módulos mais utilizados ............................................................................. 29

Figura 21 – Localização do Porto de Pecém .................................................................. 34

Figura 22 – Esquema do eixo......................................................................................... 35

Figura 23 – Diagrama de Corpo Livre do Eixo ............................................................. 38

Figura 24 – Diagrama de esforços no eixo .................................................................... 43

Figura 25 – Diagrama de Esforços Cortantes[kN] ......................................................... 44

Figura 26 – Diagrama de Momento Fletor[kNm] .......................................................... 44

Figura 27 – Flecha ......................................................................................................... 45

Figura 28 – Catálogo de Tubos Quadrados Vallourec [19] ........................................... 49

Figura 29 – Rotina de Cálculo para Tubo Quadrado ..................................................... 50

Figura 30 – Tubo quadrado escolhido ........................................................................... 50

Figura 31 - Catálogo de aço em barras Paulisteel [20] .................................................. 51

Figura 32 – Rotina de cálculo para barra quadrada maciça ........................................... 52

Figura 33 – Barra Quadrada Maciça Escolhida ............................................................. 52

Figura 34 – Dimensionamento da engrenagem para os módulos 8, 10 e 12 ................. 54

Figura 35 - Rotina de cálculo para barra quadrada maciça após usinagem ................... 55

Figura 36 – Catálogo de Geradores Síncronos WEG [21] ............................................. 56

Figura 37 – Gerador WEG escolhido............................................................................. 57

Figura 38 - Diagrama com esforços nos mancais .......................................................... 58

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SUMÁRIO

1. Introdução ................................................................................................................. 1

1.1. Motivação .......................................................................................................... 2

1.2. Objetivo ............................................................................................................. 3

2. Revisões .................................................................................................................... 5

2.1. Sobre Energia das Ondas................................................................................... 5

2.1.1. Tecnologia de Conversão da Energia das Ondas ....................................... 5

2.1.2. Power Buoy ................................................................................................ 9

2.2. Para o dimensionamento do sistema ................................................................. 9

2.2.1. U-Joint........................................................................................................ 9

2.2.2. Tubo Quadrado ........................................................................................ 10

2.2.3. Perfil I ...................................................................................................... 11

2.2.4. Materiais Compósitos .............................................................................. 12

2.2.5. Sistema Pinhão-Cremalheira .................................................................... 12

2.2.6. Mancais de Deslizamento ........................................................................ 13

2.2.7. Mancais de Rolamento ............................................................................. 14

3. Metodologia ............................................................................................................ 15

3.1. Dimensionamento do Eixo .............................................................................. 15

3.1.1. Análise de Esforços.................................................................................. 15

3.1.2. Geometria ................................................................................................. 17

3.1.3. Material .................................................................................................... 22

3.1.4. Análise de Flambagem ............................................................................. 23

3.2. Transmissão de Movimento do Eixo ............................................................... 25

3.2.1. Dimensionamento das Engrenagens ........................................................ 25

3.2.2. Potência Gerada pelas Engrenagens ........................................................ 30

3.3. Dimensionamento dos mancais ....................................................................... 32

4. Estudo de Caso ....................................................................................................... 33

4.1. Local de Instalação .......................................................................................... 33

4.2. Rótula .............................................................................................................. 34

4.3. Estrutura do Eixo ............................................................................................. 35

4.3.1. Geometria Escolhida ................................................................................ 35

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4.3.2. Esforços Aplicados .................................................................................. 37

4.3.3. Escolha do Material ................................................................................. 39

4.4. Dados do Flutuador ......................................................................................... 40

4.5. Dados das Engrenagens e do Motor ................................................................ 41

4.6. Mancais ........................................................................................................... 42

5. Análise dos Resultados ........................................................................................... 43

5.1. Esforços no Eixo ............................................................................................. 43

5.2. Flambagem ...................................................................................................... 48

5.3. Engrenagens .................................................................................................... 53

5.4. Reavaliação do Eixo Após Usinagem ............................................................. 55

5.5. Potência Transmitida ao Motor ....................................................................... 56

5.6. Dimensionamento dos Mancais ...................................................................... 58

5.7. Sistema de Travamento ................................................................................... 60

6. Considerações Finais .............................................................................................. 61

6.1. Trabalhos Futuros ............................................................................................ 61

7. Referências Bibliográficas ...................................................................................... 62

8. Anexos .................................................................................................................... 65

8.1. Desenho Técnico ............................................................................................. 65

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1. Introdução

O aquecimento global é um dos desafios mais sérios que a sociedade enfrenta hoje.

Para proteger a saúde e o bem-estar econômico das gerações atuais e futuras, os gases de

efeito estufa devem ser evitados.

Nas últimas três décadas, muitos esforços foram feitos para possibilitar o

desenvolvimento da geração de energia solar e eólica. No entanto, há uma outra fonte de

energia que possui alto potencial, que agora gera o interesse da comunidade científica

internacional. Esta é a energia das ondas.

Diferente do que se pode imaginar, a energia das ondas não é uma fonte nova de

energia. Ela foi discutida por séculos, mas até os dias atuais pouco recurso financeiro foi

investido na sua geração e no seu desenvolvimento. Os primeiros indícios da energia das

ondas foram encontrados na China, no século XIII, onde as ondas eram utilizadas para

mover moinhos. Entretanto, a primeira patente só foi obtida em 1799 por Girard na

França [1].

Novos investimentos e esforços foram direcionados em busca de fontes de energia

alternativas para garantir futuras demandas de crescimento. A energia das ondas é uma

das alternativas possíveis para a matriz de energia. Na evolução dinâmica das energias

renováveis, a indústria de energia das ondas provavelmente surgirá no futuro próximo.

Os dispositivos de energia dos oceanos podem ser offshore, nearshore e offshore. Em

geral, os sistemas offshore e near shore possuem maior potencial energético de ondas.

No entanto, os dispositivos onshore têm manutenção e instalação mais fáceis e não

requerem cabos de transmissão elétrica subaquática. O regime de onda de baixa potência

de dispositivos onshore é parcialmente compensado em locais de "hot spot" onde as

concentrações de energia natural são encontradas. [2]

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1.1. Motivação

O potencial da energia das ondas é significativo e mais confiável que outros recursos

como energia solar e eólica devido a sua densidade superior (2 a 3 kW/m² contra 0.4 a

0.6 kW/m² da eólica e 0.1 a 0.2 kW/m² da solar) [1]. Outras vantagens da utilização da

energia das ondas são citadas abaixo:

Ondas podem viajar grandes distâncias com baixa perda de energia;

Possui uma boa relação do recurso com a sua demanda, já que 37% da

população mundial vive a 90km da costa;

Baixa interferência ambiental;

Conversores de energia são capazes de gerar potência até 90% do tempo

(contra 20 a 30% para dispositivos de energia solar e eólica);

Sua disponibilidade é bem vasta, pois pode se instalar tanto em regiões

offshore como near shore e na própria costa (onshore).

No entanto alguns desafios com relação à energia das ondas ainda devem ser

superados. Um destes desafios está na transmissão da energia captada pelas ondas em

sistemas offshore. Nessa transmissão há uma perda significativa de energia, portanto,

em muitos casos, é preferível a utilização de um sistema localizado mais perto da

costa, na intenção de minimizar esta perda.

Outro desafio relacionado à energia das ondas está na oscilação da altura e

período das ondas, o que gera instabilidade na geração, desfavorecendo a conversão

da energia captada para energia elétrica. Assim, faz-se necessário um sistema de

compensação do movimento das ondas, para que possa transformar essa oscilação em

um movimento regular capaz de gerar energia elétrica.

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1.2. Objetivo

O presente trabalho tem por objetivo dimensionar um eixo capaz de transmitir a

energia gerada pelas ondas do oceano captada por um flutuador numa estrutura

nearshore. Para esse dimensionamento, serão definidos a geometria, o material e as

dimensões do eixo.

Este eixo deve resistir aos esforços submetidos em uma região near shore, como vento

e oscilação das ondas. Ele deve ser dimensionado de forma a resistir a esses esforços e

também deve ser evitada a flambagem. Para tal, deve-se respeitar os parâmetros de

segurança que serão explicados na metodologia do presente trabalho.

Após concluído o dimensionamento do eixo, iremos analisar o sistema de

engrenagens que será utilizado para efetuar a movimentação do eixo e a transmissão de

energia do mesmo. Essa transmissão deve ser feita de forma que minimize as perdas de

energia que podem ocorrer na movimentação vertical do eixo. Será escolhido um motor

que transformará esta energia gerada pela movimentação do eixo e consequentemente

das engrenagens em energia elétrica.

Ainda, devem ser escolhidos elementos mecânicos que sejam capazes de restringir

alguns movimentos indesejáveis, como a movimentação horizontal do eixo.

O presente trabalho faz parte de um projeto que está sendo desenvolvido por uma

equipe, liderada por Eliab Ricarte Beserra, no PPE (Programa de Planejamento

Energético) da COPPE/ UFRJ. A ideia do projeto é desenvolver um flutuador do tipo

point absorber, que captará energia das ondas oceânicas, que em seguida será transmitida

através de um eixo para a casa de máquinas, onde será projetado um sistema de

engrenagens que transmitirá esta energia para um motor.

O projeto como um todo contém uma estrutura para fixação no solo oceânico, uma

estrutura treliçada para suporte, abas que concentrarão a energia das ondas na direção no

flutuador, além do flutuador e finalmente um sistema para transmissão da energia

absorvida pelo flutuador. Este último será o foco deste trabalho. O esquema do sistema

completo, com o foco na região que este projeto se concentrará pode ser observado

abaixo:

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Figura 1 – Esquema do Flutuador

Este trabalho tem como objetivo analisar e dimensionar os elementos que serão

utilizados na movimentação e na transmissão de energia que será captada pelo flutuador.

Estes elementos são:

Uma rótula que restringe a movimentação do eixo apenas na horizontal

Um eixo, que posteriormente será usinado para a formação de uma

cremalheira

Um sistema de engrenagens acopladas ao eixo, que transmitirão a energia

absorvida pelo mesmo

Um conjunto de mancais, para evitar o desgaste por atrito do eixo com a casa

de máquinas

Um motor que irá transmitir a energia captada pelas engrenagens

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2. Revisões

2.1. Sobre Energia das Ondas

2.1.1. Tecnologia de Conversão da Energia das Ondas

A energia das ondas está tendo cada vez mais interesse e apoio como um recurso

renovável promissor para substituir parte do suprimento de energia, embora ainda seja

mais recente em comparação com outras tecnologias renováveis. Abaixo, podemos

observar a estimativa anual da média de energia das ondas no mundo nos próximos 10

anos. [1]

Figura 2 - Estimativa anual global da média de energia das ondas em kW/m no período de 10 anos

Ao longo dos últimos anos, diversos dispositivos de conversão de energia das ondas

foram desenvolvidos. Atualmente, existem mais de mil protótipos de conversores [2]

deste tipo de energia, e os mesmos podem ser classificados de acordo com três

características: localidade, tamanho e princípio de atuação.

A classificação segundo a localidade do dispositivo é função da distância dele em

relação à costa. Abaixo, podemos ver um esquema das diferentes localizações em relação

à costa.

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Figura 3 – Localização de conversores de energia de onda

Dispositivos onshore são localizados na costa maritma, e são colocados na superfície

do mar. A sua principal vantagem competitiva é a facilidade de manutenção e instalação,

pois o local é mais acessível. Estes dispositivos onshore também não necessitam de cabos

submarinos para transportar a energia gerada para a rede. No entanto, nessa localidade, a

energia gerada pelas ondas é baixa, o que acaba não sendo tão vantajoso para a construção

de conversores.

Dispositivos nearshore são instalados a algumas centenas de metros da costa maritma,

em uma profundidade de 10 a 25 metros. Estes dispositivos podem tanto estar fixados no

solo oceânico, como estar flutuando na superfície marinha. Possuem a vantagem de

captar energia potencial da oscilação de ondas, energia cinética, devido ao moviemnto

horizontal das ondas nesta localidade. Como não estão localizados tão longe da costa, a

perda causada pela transmissão da energia gerada não é tão significativa como no caso

dos dispositivos offshore.

Dispositivos offshore estão localizados em águas profundas (acima de 40m de

profundidade), longe da costa, e podem ser construídos tanto como flutuadores na

superfície marinha, como estruturas submersas ancorados no solo oceânico. A sua

principal vantagem em relação aos outros dispositvos é a alta potência gerada nessa

localidade, devido a grandes oscilações das ondas. No entanto, devido ao fato de estar

em mar aberto, há menor confiança na instalação destes dispositvos, além da manutenção

ser mais complicada nessa região.

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A classificação de acordo com o tamanho do dispositivo também tem relação com as

caracterísitcas de direção das ondas. Abaixo estão os três tipos de conversores de energia

de acordo com a classificação de seu tamanho.

Figura 4 - Classificação do conversor de energia das ondas de acordo com o tamanho: (a) absorvedor

de ponto OPT, (b) atenuador Pelamis e (c) terminador Dragon Wave

O Absorvedor de Ponto é um dispositivo pequeno se comparado ao comprimento ao

comprimento de onda. Este tipo de conversor capta energia em todas as direções através

de seus movimentos. O dispositivo de absorvedor de ponto gera energia elétrica através

da conversão de movimentos para cima e para baixo das ondas em movimentos rotativos

ou oscilatórios.

O Atenuador Pelamis é um tipo de conversor composto por uma série de seções

cilíndricas unidas entre si por articulações flexíveis, que permitem que essas seções

rotacionem em relação umas as outras. São estruturas longas se comparadas ao

comprimento de onda, e são posicionadas paralelamente à direção da onda.

Terminadores Dragon Wave são similares aos Atenuadores, pois também possuem

estruturas longas. No entanto, estes dispositivos são posicionados perpendicularmente à

direção predominante de onda.

Os dispositivos de conversão de energia ainda podem ser classificados em relação ao

seu princípio de atuação. Abaixo seguem os diferentes tipos de conversores de energia

das ondas segundo essa classificação.

Um dos princípios de atuação dos dispositivos de conversão de energia das ondas é

o diferencial de pressão. Dispositivos que atuam dessa forma podem ser subdivididos em

Arquimedes Effect Converters e Oscillating Water Column (OWC). O primeiro é um

ponto absorvedor submerso, normalmente localizado na região nearshore, fixo no solo

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oceânico. Sua atuação consiste em usar a diferença de pressão gerada entre as cristas e

cavas de onda. Quando a crista de onda está acima do dispositivo, esta pressão comprime

o ar que está dentro, e o move para baixo. Caso a cava esteja acima do dispositivo, a

pressão é reduzida e o dispositivo sobe.

Os OWCs são comumente localizados na costa ou na região near shore, baseado ainda

no pincípio de diferencial de pressão. Este tipo de conversor utiliza uma câmara semi-

submersa aberta no fundo, o movimento alternativo das ondas aumenta e diminui o nível

de água nessa posição, movendo o volume interno de ar. Esse fluxo de ar aciona uma

turbina que sempre gira na mesma direção.

Outro princípio de atuação que pode ser utilizado por conversores de energia é o de

uma estrutura flutuante, que se baseia em um corpo que flutua de acordo com as ondas.

O movimento oscilatório pode ser vertical, horizontal, ou uma combinação deles. Esse

movimento pode ser induzido por uma movimentação entre o corpo flutuante e uma

referência externa fixa, ou dois ou mais corpos.

Temos também o princípio de dispositivos de sobreposição (overtopping devices),

nos quais as ondas afetam a estrutura, causando aumento de energia potencial, cinética

ou ambas. Este tipo de dispositivo força a passagem de água por cima da estrutura

(reservatório acima do nível do mar) e então devolve a água para o mar através de

turbinas.

Por fim, temos conversores que se baseiam no princípio de atuação de impacto. Esses

dispositvos de impacto são estruturas articuladas posicionadas de forma perpendicular à

direção das ondas. O defletor do dispositivo se movimenta para frente e para trás, com o

impacto das ondas.

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2.1.2. Power Buoy

É um mecanismo com uma boia, que oscila em torno de um único mastro (pilar)

fixado no fundo do mar. A partir do movimento relativo causado pelas cristas e vales das

ondas, é usado para acionar geradores eletromecânicos ou conversores de energia

hidráulica.

Uma estação de energia Power Buoy tem um perfil de superfície baixo, sendo pouco

visível a partir da costa. Além disso, são projetadas para serem escaláveis, já que são

estruturas esbeltas, propriedade muito importante quando se projeta uma fazenda ou sítio

de energia das ondas.

Figura 5 – Power Buoy

2.2. Para o dimensionamento do sistema

2.2.1. U-Joint

Uma junta universal é capaz de transferir o movimento em outra direção sem

modificar o sentido de giro ao longo do seu eixo. Uma junta universal é a junção de

acoplamento de um determinado eixo que é capaz de transferir o movimento em outra

direção sem modificar o sentido de giro ao longo do seu eixo, em qualquer direção.

São muitas as aplicações mecânicas que requerem uma saída da unidade inclinada a

partir de uma fonte de acionamento horizontalmente orientada. Também conhecida como

acopladores universais, junta de Cardan, ou junta em “U”, estas juntas permitem que um

eixo de acionamento de duas peças sejam capazes de girar em qualquer direção e uma

ampla gama de valores de deflexão sem perder o potencial da unidade original. [3]

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2.2.2. Tubo Quadrado

Tubos quadrados são estruturas com seção transversal quadrada e interior vazado.

Sua aplicação é bastante vasta principalmente na formação de estruturas metálicas. É

utilizado em diferentes indústrias, como na elétrica na construção de torres de

transmissão, no setor petrolífero na formação de estruturas como esteiras e plataformas,

ainda é utilizado na construção civil na fabricação de tetos e escadas. [4]

Os tubos quadrados mais comumente encontrados comercialmente são de aço, mas

também é possível encontrar tubos de alumínio, ferro e outros materiais. A seção

transversal quadrada do tubo favorece a sua aplicação em situações de carregamento em

múltiplas direções, pois o tubo possui geometria uniforme ao longo de dois eixos, tendo

assim características de resistência uniformes. Assim, são bastante utilizados como

colunas. Os tubos quadrados também possuem alta resistência à torção.

As superfícies quadradas do tubo facilitam a construção e são preferidas

esteticamente em estruturas expostas. Os tubos quadrados também podem ser usados

como vigas, por terem maior resistência à torção e a esforços axiais que a viga I, por

exemplo.

Figura 6 – Tubo Quadrado

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2.2.3. Perfil I

O perfil (ou viga) I é uma viga com seção transversal em formato de I, também

conhecido como viga H ou viga W. Os elementos horizontais do perfil I são conhecidos

como flanges, enquanto o elemento vertical é conhecido como alma. Perfis I em geral

são laminados em aço carbono e têm vasta aplicação na construção civil, devido à alta

capacidade de carga que conseguem suportar. [5]

A alma do perfil I resiste a forças de cisalhamento, enquanto as flanges resistem

ao momento fletor ao qual a viga está submetida. A geometria da viga I é uma forma

muito eficiente para suportar tanto cargas de cisalhamento quanto de flexão no plano da

alma da viga. Por outro lado, a seção transversal da viga tem uma capacidade reduzida

de suportar esforços na direção transversal, além de ser ineficiente para suportar esforços

de torção.

As vigas I são formadas comumente de aço laminado, porém também há algumas

vigas formadas de alumínio e outros materiais. São muito utilizadas na área de construção

civil no suporte de estruturas de diferentes edificações como prédios, casas, pontes e

viadutos. Também são bastante utilizadas na indústria em geral, como no suporte de

máquinas, construção de galpões, plataformas marítimas, pontes rolantes e refinarias.

Figura 7 – Perfil estrutural I

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2.2.4. Materiais Compósitos

Compósitos são originados da combinação de materiais com propriedades químicas

e físicas distintas, formando um composto com características superiores às obtidas

isoladamente. Esse tipo de material possui propriedades que podem ser mais vantajosas

para determinadas aplicações.

Seus diferenciais em relação aos materiais convencionais são:

Resistência à corrosão química e por intempéries

Durabilidade e baixo custo de manutenção

Baixa condutividade elétrica e resistência a impacto

Leveza e versatilidade estrutural

Os compósitos poliméricos, que são mais utilizados, são formados por resinas.

Existem diferentes tipos de resina, as quais atendem diferentes aplicações. A resina de

poliéster apresenta o melhor custo benefício, possui excelente resistência mecânica e

protege contra a corrosão. Ela é utilizada para condições menos críticas (-20°C a 100°C).

Já a resina estervinílica oferece maior resistência química em ambientes mais agressivos,

além de possuir excelentes propriedades mecânicas. É utilizada também de -20°C a

100°C. Por fim, temos a resina fenólica, que é mais indicada para caso de altas

temperaturas e incêndios, pois provoca pouca fumaça e tem baixa emissão de gases

tóxicos. [6]

2.2.5. Sistema Pinhão-Cremalheira

A cremalheira é uma peça mecânica que consiste em um trilho ou barra dentada que,

com o acoplamento de uma engrenagem (pinhão), transforma um movimento reto em um

movimento circular ou de rotação, ou vice-versa. Para ocorrer esse movimento da

cremalheira, é necessário o acoplamento de uma engrenagem à um sistema motor. Essa

engrenagem se encaixa em uma cremalheira de mesmo passo, que está fixada a um

dispositivo que necessite dessa movimentação. [7]

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Os dentes do pinhão podem ser tanto retos como helicoidais. Os dentes retos são mais

apropriados para os casos de transmissão entre eixos paralelos, enquanto os dentes

helicoidais são recomendados nos casos onde há cargas e velocidades elevadas [8]. A

figura abaixo mostra o conjunto pinhão-cremalheira.

Figura 8 – Conjunto Pinhão-Cremalheira

2.2.6. Mancais de Deslizamento

Geralmente, os mancais de deslizamento são constituídos de uma bucha fixada num

suporte. Esses mancais são usados em máquinas pesadas ou em equipamentos de baixa

rotação, porque a baixa velocidade evita superaquecimento dos componentes expostos

ao atrito. O uso de buchas e de lubrificantes permite reduzir esse atrito e melhorar a

rotação do eixo. [9]

As buchas são, em geral, corpos cilíndricos ocos que envolvem os eixos, permitindo-

lhes uma melhor rotação. São feitas de materiais macios, como o bronze e ligas de metais

leves.

A principal função dos mancais de deslizamento, existentes em máquinas e

equipamentos, é servir de apoio e guia para os eixos girantes. Os mancais de

deslizamento são elementos de máquinas sujeitos às forças de atrito.

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Figura 9 – Mancal de Deslizamento

2.2.7. Mancais de Rolamento

São aqueles que comportam esferas ou rolos nos quais o eixo se apoia. Quando o eixo

gira, as esferas ou rolos também giram confinados dentro do mancal. Este tipo de mancal

é utilizado quando é necessário maior velocidade e menor atrito. [10]

Quando o eixo gira dentro do furo é produzido o atrito denominado de

escorregamento. Para reduzir esse atrito utiliza-se o rolamento: que é um elemento de

máquina que permite o movimento relativo controlado entre duas ou mais partes. Eles

limitam as perdas de energia produzidas pelo atrito.

O mancal de rolamento é constituído de dois anéis concêntricos e entre esse anéis são

colocados elementos rolantes como esferas, roletes e agulhas.

Figura 10 - Mancal de Rolamento

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3. Metodologia

Para a análise do eixo transmissor de energia do flutuador para a caixa de máquinas,

vamos seguir a metodologia descrita no livro Elementos de Máquinas de Shigley [11].

Primeiramente, analisaremos os esforços aplicados no eixo. Assim, teremos os diagramas

de esforços, e em seguida prosseguimos para calcular as dimensões mínimas do elemento

que será utilizado. Após a análise de esforços, será feita a análise de flambagem do eixo

utilizado, que nos dará mais informações sobre as dimensões do elemento que devem ser

utilizadas.

Após essas análises, serão feitas diferentes hipóteses para a geometria do eixo. Essa

geometria deve atender aos requisitos do problema. Para cada geometria proposta,

consultamos os catálogos de produtos existentes, para com isso encontrar um eixo

disponível no mercado que atenda as exigências do problema. Assim, podemos

dimensionar um eixo para o modelo proposto.

Ainda será analisada a questão do material de fabricação do eixo escolhido. Assim

como na questão geométrica, forma propostas diferentes hipóteses para a utilização de

material e, após análise das propriedades de cada um, será escolhido o material mais

adequado ao projeto.

Depois de definir o dimensionamento do eixo, seguimos com a questão de

transmissão de movimento do mesmo. Para tal, será utilizado um sistema de pinhão-

cremalheira, com engrenagens acopladas ao eixo, transmitindo a energia gerada pelo

movimento do eixo para um motor.

3.1. Dimensionamento do Eixo

3.1.1. Análise de Esforços

Para a análise de esforços em um eixo, devemos inicialmente observar e definir sob

quais esforços o eixo está submetido. Após essa definição inicial, é feito o diagrama de

esforços no eixo, incluindo todas as forças e momentos aplicados no eixo. A partir do

diagrama de esforços, podemos traçar o diagrama de momento fletor (DMF) e o diagrama

de esforços cortantes (DQ). A seção crítica do eixo será aquela onde há maior momento

fletor.

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Após a definição dos diagramas de Momento Fletor e de Esforços Cortantes,

podemos determinar algumas tensões sob as quais o eixo está submetido.

A tensão devido ao momento fletor (σM) é dada pela equação a seguir:

𝜎𝑀 =𝑀𝑚á𝑥𝑐

𝐼 (3.1)

onde Mmáx é o Momento Fletor máximo, obtido através do diagrama de Momento Fletor,

c é a distância da linha de centro do eixo até a sua extremidade, e I é o momento de

inércia de área da seção transversal do eixo.

A tensão devido aos esforços axiais (σA) é obtida através da seguinte equação:

𝜎𝐴 =𝐹𝐴

𝐴 (3.2)

onde FA é o esforço axial máximo e A é a área da seção transversal do eixo.

A tensão de cisalhamento (τxy) é dada pela seguinte equação:

𝜏𝑥𝑦 =4𝑄𝑚á𝑥

𝐴(3.3)

onde Qmáx é o esforço cortante máximo, obtido através do diagrama de esforços cortantes

e A é a área da seção transversal do eixo.

Para a análise de tensões no eixo, utilizaremos o método de Von Mises, conforme

explicado no livro Elementos de Máquinas de Shigley [11], na página 241. Este método

consiste na combinação das tensões normais e cisalhantes, de acordo com a equação

abaixo:

𝜎𝑉𝑀 = √𝜎𝑥2 − 𝜎𝑥𝜎𝑦 + 𝜎𝑦

2 + 3𝜏𝑥𝑦2 (3.4)

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onde σx é a combinação de tensões na direção x, σy é a combinação de tensões na direção

y e τxy é a tensão de cisalhamento.

Com isso, temos a tensão de Von Mises (σVM), e podemos compará-la com a

tensão máxima de escoamento do material (σe). Essa comparação depende do Fator de

Segurança (FS) que será utilizado no projeto, resultando na seguinte inequação:

𝜎𝑉𝑀 <𝜎𝑒

𝐹𝑆 (3.5)

A tensão combinada de Von Mises (σVM) dependerá das tensões σM, σA e τxy, que por

sua vez dependem da geometria de eixo escolhida e dos diagramas de esforços.

3.1.2. Geometria

Para a escolha do eixo foram feitas quatro hipóteses iniciais. A primeira seria a

escolha de um tubo, pela baixa densidade, demandaria menor esforço para transportar o

material, além de se encontrar mais facilmente no mercado. O grande empecilho em

relação ao tubo seria o acoplamento de um sistema pinhão-cremalheira, que fica

dificultado pelo fato do tubo ter formato circular. A segunda hipótese adotada foi a de

uma barra quadrada maciça, que apesar de ser mais densa, e consequentemente mais

pesada que o tubo, facilita o acoplamento do sistema pinhão-cremalheira. A terceira

hipótese proposta foi usar um tubo quadrado (ou barra quadrada vazada), que une as

vantagens geométricas da barra quadrada com as vantagens de densidade do tubo. Uma

última hipótese sugerida foi a de um perfil I, que permite o acoplamento das rodas

dentadas e tem uma densidade semelhante à do tubo quadrado.

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Podemos desde já definir as características da seção transversal para cada hipótese de

geometria de eixo proposta.

a) Para o Tubo Circular:

Figura 11 – Tubo Redondo com dimensões

Momento de Inércia de área da seção transversal do tubo redondo:

𝐼𝑇𝐶 =𝜋

64(𝐷4 − 𝑑4) (3.6)

Área da seção transversal do tubo redondo:

𝐴𝑇𝐶 =𝜋

4(𝐷2 − 𝑑2) (3.7)

onde D é o diâmetro externo do tubo e d é o diâmetro interno do tubo.

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b) Para a Barra Maciça de Seção Quadrada:

Figura 12 – Barra de Seção Transversal Quadrada Maciça com dimensões

Momento de Inércia de área da seção transversal da barra quadrada maciça:

𝐼𝐵𝑄 =𝑏4

12(3.8)

Área da seção transversal da barra quadrada maciça:

𝐴𝐵𝑄 = 𝑏2 (3.9)

onde b é o lado da barra.

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c) Para o Tubo Quadrado:

Figura 13 – Tubo Quadrado com dimensões

Momento de Inércia de área da seção transversal do tubo quadrado:

𝐼𝑇𝑄 =𝑏4 − (𝑏 − 2𝑡)4

12 (3.10)

Área da seção transversal do tubo quadrado:

𝐴𝑇𝑄 = 4𝑡(𝑏 − 𝑡) (3.11)

onde b é o lado do tubo e t é a espessura do tubo.

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d) Para o Perfil I:

Figura 14 – Perfil I com dimensões

Momento de Inércia de área da seção transversal do Perfil I:

𝐼𝑃𝐼 =𝐺𝐻3 − 𝑔ℎ3

12(3.12)

Área da seção transversal do Perfil I:

𝐴𝑃𝐼 = 𝐺𝐻 − 𝑔ℎ (3.13)

onde G, H, g e h são as dimensões explicitadas na figura acima.

Assim, a tensão combinada de Von Mises (σVM) só pode ser calculada quando

dimensionado o eixo. Já a tensão de escoamento (σE) depende do material utilizado no

projeto, e o Fator de Segurança (FS) depende dos requisitos básicos de segurança do

projeto. Desse modo, é possível limitar as dimensões do eixo após determinada sua

geometria, o material e os requisitos de segurança, de acordo com a inequação:

𝜎𝑉𝑀 <𝜎𝑒

𝐹𝑆(3.14)

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3.1.3. Material

Para a escolha do material, utilizamos três hipóteses iniciais. A primeira hipótese foi

a mais convencional, de usar aço como material do eixo. O aço tem a vantagem de ser

mais facilmente encontrado comercialmente, mais barato e também mais resistente. Além

disso, o aço também possui alto módulo de elasticidade, o que aumenta sua resistência à

flambagem. No entanto, o mesmo possui alta densidade, o que poderia comprometer o

rendimento energético do eixo, fazendo um contra peso alto em relação à estrutura.

A segunda hipótese foi de se usar alumínio ao invés do aço. Assim como o aço, o

Alumínio também é facilmente encontrado comercialmente, e possui a vantagem

competitiva em relação ao aço de ser menos denso, o que favorece o rendimento

energético. Entretanto, o alumínio possui menor módulo de elasticidade que o aço, o que

comprometeria a resistência à flambagem do eixo.

Uma terceira hipótese sugerida foi a de se utilizar material compósito. O material

compósito possui a vantagem competitiva de ser mais leve, e é feito sob medida de acordo

com o projeto. Desse modo, não existe um catálogo comercial para materiais compósitos,

como ocorre com o aço e o alumínio. As propriedades mecânicas do material compósito

variam de acordo com o tipo de resina utilizado.

Dentre os materiais compósitos estudados, o mais indicado para uso nesse projeto

seria o de resina éster-vinílica, pois o ambiente está sujeito ao impacto de ondas, força

do vento e corrosão, e este tipo de resina é mais resistente a estas condições.

I. Aço (C1020)

Tensão de escoamento (σe): 350 MPa

Módulo de elasticidade de Young (E): 209 GPa

Densidade (ρ): 7860 kg/m³

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II. Alumínio

Tensão de escoamento (σe): 12.7 MPa [12]

Módulo de elasticidade de Young (E): 75 GPa [12]

Densidade (ρ): 2700 kg/m³ [12]

III. Material Compósito (Com Matriz de Resina Éster-Vinílica)

Tensão de escoamento (σe): 82.7 MPa [13]

Módulo de elasticidade de Young (E): 4.07Gpa [13]

Densidade (ρ): 1140 kg/m³ [13]

3.1.4. Análise de Flambagem

A análise de flambagem consiste em comparar a carga atuante sobre o elemento

estrutural com a carga crítica, definida com base nas características do eixo. Essa análise

é feita para garantir que a coluna não seja curta, nem esbelta, e para que os esforços aos

quais o eixo está submetido resistam à flambagem.

No cálculo de flambagem, obteremos a carga crítica. De acordo com Shigley [11],

esse valor será determinado escrevendo a equação de deflexão para a coluna, resultando

em uma equação diferencial que, a partir da condição de contorno do eixo, chegamos ao

valor da carga máxima para o eixo.

A condição de contorno das extremidades do eixo acima mencionada é representada

pela constante C, na figura abaixo. Este fator é muito importante para que o

dimensionamento seja condizente com o eixo utilizado. Dessa forma, temos as seguintes

opções para o cálculo da flambagem:

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Figura 15 – Constante C para a condição de contorno da carga crítica de flambagem

Para analisar a esbeltez de uma coluna, utilizamos as fórmulas a seguir:

𝐾 = √𝐼

𝐴 (3.15)

𝜆 =𝐿

𝐾(3.16)

onde K é o raio de giração do eixo (em m), I é o momento de inércia de área da seção

transversal do eixo (em m4), A é a área da seção transversal do eixo (em m²), L é o

comprimento do eixo (em m) e λ é o índice de esbeltez do eixo analisado.

Após o cálculo do índice de esbeltez (λ), é feita a verificação da Força Crítica de

Flambagem, a partir da fórmula de Euler:

𝐹𝑐𝑟𝑖𝑡 =𝐶𝜋2𝐸𝐴

(𝐿𝐾⁄ )

2 (3.17)

Onde C é a constante para a condição de contorno do eixo, E é o módulo de

elasticidade do material, A é a área da seção transversal do eixo, L é o comprimento do

eixo e K é o raio de giração do eixo.

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Depois de feito o cálculo da carga crítica (Fcrit), a mesma é comparada com a

carga exercida sobre o eixo (F). Utilizamos aqui também um fator de segurança (FS), que

depende do material escolhido para o eixo. Desse modo, temos a seguinte inequação :

𝐹 <𝐹𝑐𝑟𝑖𝑡

𝐹𝑆(3.18)

Caso a carga crítica de flambagem não for suficientemente grande, devemos

alterar os parâmetros de geometria do eixo, para que não haja flambagem. Desse modo,

é possível criar uma planilha em Excel para fazer uma rotina de cálculos, alterando os

parâmetros geométricos do eixo até que o mesmo atenda os critérios de flambagem.

3.2. Transmissão de Movimento do Eixo

Para a movimentação do eixo, e consequentemente a sua transmissão de energia para

a casa de máquinas, é necessário um sistema de engrenagens capaz de fazer a transmissão

do movimento gerado pelas ondas para um motor que estará situado na casa de máquinas

na parte superior do eixo.

Primeiramente será necessário fazer o dimensionamento das engrenagens, e depois

será comparado o torque exigido pelo motor com o torque que o sistema de engrenagens

será capaz de fazer. O torque do motor é adquirido através do catálogo do mesmo

enquanto o torque gerado pelo sistema de engrenagens será obtido por meio dos cálculos

que serão explicitados a seguir.

3.2.1. Dimensionamento das Engrenagens

Para o dimensionamento das engrenagens, será utilizado o método de flexão de

Lewis, descrito em Shigley [11]. Por meio deste método, conseguimos definir as

dimensões dos componentes das engrenagens tanto do pinhão como da coroa. Abaixo

podemos ver uma figura explicitando os componentes de uma engrenagem:

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Figura 16 – Componentes da Engrenagem

As primeiras informações que buscamos em uma engrenagem são o seu passo (p), o seu

módulo (m), o seu diâmetro primitivo (dp) e o número de dentes (z). Essas informações

são relacionadas de acordo com as equações abaixo:

𝑑𝑝 = 𝑚𝑧 (3.19)

𝑝 =𝜋𝑑𝑝

𝑧= 𝜋𝑚 (3.20)

Como a engrenagem faz parte de um sistema pinhão-cremalheira, a principal tensão

a qual ela está submetida é a tensão de flexão. Portanto, temos a seguinte equação para o

cálculo dessa tensão:

𝜎 =𝑀𝑐

𝐼(3.21)

Para engrenagens de dentes retos, que é o caso que será trabalhado no presente

projeto, a equação acima pode ser manipulada a fim de colocar os elementos em função

dos parâmetros da engrenagem que são possíveis de obter. Desse modo, a equação acima

será transformada em:

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𝜎 = 𝐹𝑡

𝐾𝑣𝐹𝑚𝐽(3.22)

onde Ft é a força tangencial sobre o dente, Kv é o fator dinâmico, F é a largura do

dente, m é o módulo da engrenagem, J é o fator de forma e σ é a tensão atuante na raiz

do dente.

A força tangencial (Ft) pode ser calculada de duas formas mais convencionais. A

primeira seria através da potência e da velocidade as quais a engrenagem está submetida,

resultando na seguinte equação:

𝐹𝑡 =𝑃𝑜𝑡

𝑣(3.23)

onde Pot é a Potência e v é a velocidade.

A segunda forma de calcular a força tangencial que atua sobre o dente da engrenagem

é através da 2ª lei de Newton, caso haja informações sobre a massa e a aceleração do

objeto que está acoplado à engrenagem.

𝐹𝑡 = 𝑀𝑎 (3.24)

onde M é a massa total do objeto e a é a aceleração do objeto.

O fator dinâmico da engrenagem (Kv) depende da velocidade e do método de

fabricação dos dentes da engrenagens. No caso do presente projeto, será utilizada uma

engrenagem de dentes fresados, tendo assim a seguinte equação para o fator dinâmico:

𝐾𝑣 =50

50 + √200 ∗ 𝑣(3.25)

onde v é a velocidade.

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O fator de forma (J) é um valor tabelado e será obtido por meio do cruzamento de

informações do número de dentes do pinhão e da engrenagem acoplada. Essa tabela muda

para diferentes ângulos de pressão (θ). No caso mais comum (θ=20°), temos a tabela

abaixo:

Figura 17 – Tabela AGMA para encontrar o fator de forma J

Caso o número de dentes da engrenagem acoplada não esteja na tabela acima, deve ser

feita uma interpolação para encontrar o seu fator de forma (J).

A tensão atuante na raiz do dente (tensão admissível para a engrenagem) pode ser

calculada através das informações do material da engrenagem e do fator de segurança do

projeto, como na fórmula abaixo:

𝜎 =𝜎𝑒

𝐹𝑆(3.26)

onde σe é a tensão de escoamento do material e FS é o fator de segurança do projeto.

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Ainda, para o módulo (m) da engrenagem, temos alguns módulos que são mais

comumente utilizados, de acordo com a tabela abaixo, retirada do Shigley [11]:

Figura 18 – Módulos mais utilizados

Fazemos então uma interpolação dos módulos mais utilizados segundo a tabela

acima (preferidos), e analisamos qual melhor se adapta ao projeto.

Assim, temos todas as informações da equação (3.22), menos a largura dos dentes

(F). Escrevemos então a equação (3.22) em função da largura do dente:

𝐹 =𝐹𝑡

𝜎𝐾𝑣𝑚𝐽(3.26)

O critério utilizado para avaliar se a largura do dente da engrenagem está dentro dos

parâmetros de segurança do projeto consiste em comparar a largura do dente com o passo

da engrenagem (p). A largura do dente não deve ser maior que 5 vezes o passo da

engrenagem nem menor que 3 vezes o passo da mesma. Temos então:

3𝑝 < 𝐹 < 5𝑝 (3.27)

Após esse dimensionamento da engrenagem, devemos retroceder aos cálculos de

dimensionamento do eixo, pois o mesmo será usinado para a formação da cremalheira.

A espessura do eixo que será usinada para a formação da cremalheira é a soma do adendo

com o dedendo da engrenagem (Figura 17).

Temos que o tamanho do adendo é igual ao módulo da engrenagem, e o dedendo é

1.25 vezes o módulo da engrenagem. Assim, a espessura usinada do eixo para a

fabricação da cremalheira é de 2.25 vezes o módulo (m) da engrenagem.

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3.2.2. Potência Gerada pelas Engrenagens

A transmissão de energia entre as engrenagens é feita respeitando a conservação de

velocidade linear entre as mesmas. Ou seja, a velocidade linear com que a cremalheira

faz o seu movimento de subida é a mesma velocidade linear com a qual o pinhão vai

girar, e por sua vez essa velocidade também será a mesma com a qual a engrenagem

acoplada irá girar.

A velocidade linear nas engrenagens tem relação com o seu raio e com a velocidade

angular, de acordo com a equação a seguir:

𝑣 = 𝜔𝑟 (3.28)

onde ω é a velocidade angular (em rad/s) e r é o raio (em m).

Com a conservação da velocidade linear nas engrenagens, temos:

𝜔1𝑟1 = 𝜔2𝑟2 (3.29)

onde ω1 é a velocidade angular da engrenagem 1, r1 é o raio da engrenagem 1, ω2 é

a velocidade angular da engrenagem 2, r2 é o raio da engrenagem 2.

A razão entre os raios de duas engrenagens que estão em contato é chamada razão de

transmissão, representada pela letra i. Duas engrenagens em contato, além de terem a

mesma velocidade linear, devem ter o mesmo módulo. Assim, podemos observar que:

𝑖1−2 =𝑟2

𝑟1=

𝑧2

𝑧1

(3.30)

onde i1-2 é a razão de transmissão entre as engrenagens 1 e 2, r1 é o raio da

engrenagem 1, r2 é o raio da engrenagem 2, z1 é o número de dentes da engrenagem 1 e

z2 é o número de dentes da engrenagem 2.

A potência nas engrenagens depende do torque e da velocidade angular, como

descrito na seguinte equação:

𝑃𝑜𝑡 = 𝑄𝜔 (3.31)

onde Pot é a potência, Q é o torque da engrenagem e ω é a velocidade angular.

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A transmissão de potência entre duas engrenagens depende das perdas ocorridas

nessa transmissão, representadas pelo rendimento (η). Temos assim:

𝑃𝑜𝑡2 =𝑃𝑜𝑡1

𝜂1−2

(3.32)

onde Pot1 é a potência da engrenagem 1, Pot2 é a potência da engrenagem 2 e η1-2 é

o rendimento da transmissão entre as engrenagens 1 e 2.

Assim, é possível chegar na potência do motor, e comparar com a encontrada no

catálogo.

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3.3. Dimensionamento dos mancais

Para fazer o dimensionamento dos mancais presentes no projeto, é necessário

primeiramente analisar os esforços atuantes no eixo. Com o diagrama de corpo livre, feito

para o dimensionamento do eixo, é possível definir os esforços que atuam nos mancais,

por meio do somatório de forças e momentos, que devem ser iguais a zero.

Σ𝐹𝑥 = 0 (3.33)

Σ𝑀 = 0 (3.34)

Desse modo, é possível definir as reações nos mancais.

O dimensionamento dos mancais é feito a partir de 2 parâmetros que são calculados

de acordo com as condições de projeto. Os parâmetros são o coeficiente de atrito (f) e o

número de Sommerfeld (S), calculados por meio das equações abaixo:

𝑓 = 2𝜋2𝜇𝑛

𝑃×

𝑟

𝑐(3.35)

𝑆 = (𝑟

𝑐)

2

×𝜇𝑛

𝑃(3.36)

onde μ é a viscosidade dinâmica do fluido (em Ns/m²), n é o número de rotações (em

rps), P é a pressão (em MPa), r é o raio do eixo (em mm) e c é a folga entre o mancal e

o eixo (em mm).

A pressão é calculada de acordo com a força a qual cada mancal está submetido. Esta

força é calculada por meio do diagrama de corpo livre dos esforços no eixo. Ficamos

então com a seguinte equação para o cálculo da pressão:

𝑃 =𝐹

2𝑟𝐿(3.37)

onde F (em N) é o esforço ao qual o mancal está submetido e L é o comprimento do

mancal (em mm).

O número de rotações (n) é definido de acordo com o projeto, e a viscosidade

dinâmica (μ) depende do líquido que será utilizado. A folga entre o mancal e o eixo (c)

será definida de acordo com o material que será utilizado.

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4. Estudo de Caso

4.1. Local de Instalação

Grande parte dos conversores de energia desenvolvidos até os dias de hoje são

planejados para sua instalação em profundidades inferiores a 90 metros. Dispositivos de

conversão de energia das ondas localizados em grandes profundidades possuem um

problema logístico de instalação e de manutenção. Apesar destes dispositivos terem um

maior potencial energético, pelo fato de haver menos contato da onda com o leito

marinho, essa energia gerada a mais não é aproveitada, já que ultrapassa a capacidade

dos mecanismos de extração.

Outro ponto que é importante ressaltar com relação à localização do conversor de

energia das ondas é a transmissão de energia para a costa. Essa transmissão é feita por

meio de cabos submarinos, portanto é mais vantajoso um local de instalação mais

próximo à costa possível. Ainda, essa proximidade da costa facilita a manutenção de

partes mecânicas do sistema de captação de energia, como selos, válvulas e engrenagens.

Desse modo, o sistema conversor de energia deve estar localizado na região

Nearshore, próximo à costa em águas rasas ou médias. O sítio escolhido foi a região do

porto offshore do Pecém no Ceará, onde registros de ondas de 6 anos foram catalogados

e trabalhados por Ricarte [14] para caracterização do estado de mar da região. A

batimetria do litoral cearense apresenta inclinação suave, dessa forma águas profundas

só são encontradas a muitos quilômetros da costa.

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Figura 19 – Localização do Porto de Pecém

4.2. Rótula

O flutuador está localizado na região Nearshore, portanto está sujeito a esforços de

diferentes direções, como a atuação do vento e das ondas. Para simplificar o modelo

proposto, e converter todos os esforços em apenas uma direção (vertical), utilizamos uma

rótula, que permitirá maior liberdade à base do eixo, e concentrará os esforços na direção

vertical.

Para a escolha da rótula mais adequada para esse modelo, foi feita a análise de

diferentes tipos de rótula, observando os graus de liberdade permitidos por cada rótula.

Ao final dessa análise, constatou-se que a rótula mais adequada para o modelo proposto

seria a U-Joint, ou rótula universal, citada na seção 2.4.

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4.3. Estrutura do Eixo

O eixo deve ligar o flutuador à casa de máquinas, transmitindo a energia gerada pelas

ondas, concentrada no flutuador. Na base do eixo, estará situada a rótula que concentra

o movimento do eixo apenas na direção vertical. O eixo está apoiado na rótula, e tem

outros dois mancais de apoio na parte superior, onde está situada a casa de máquinas.

O comprimento total do eixo é de L = 12m, desde sua base até o topo. O eixo estará

apoiado em sua parte superior por dois mancais, situados na base e no teto da casa de

máquinas, com uma distância de 2m entre si (altura da casa de máquinas). Está prevista

ainda uma folga acima da casa de máquinas de 0.5m, que permitirá a movimentação do

eixo para cima. O esquema está mostrado abaixo:

Figura 20 – Esquema do eixo

4.3.1. Geometria Escolhida

A geometria de eixo escolhida para este projeto deve atender a alguns requisitos,

citados abaixo:

Facilidade para acoplamento de um sistema pinhão-cremalheira

Baixa densidade

Maior resistência a esforços axiais

Possibilidade de usinar uma cremalheira no eixo

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A primeira hipótese proposta, de se utilizar um tubo redondo, não atende ao primeiro

requisito, pois a superfície do tubo redondo dificulta o acoplamento de uma cremalheira.

Para resolver essa questão geométrica, seria necessário utilizar uma placa acoplada ao

tubo, o que demandaria maior uso de material, aumentando o peso da estrutura.

Como a geometria circular não favorece esse projeto, seguimos com uma segunda

hipótese com geometria quadrada, propondo a utilização de uma barra quadrada maciça.

Esta proposição atende ao primeiro, ao terceiro e ao quarto requisito, porém a barra

maciça tem alta densidade, o que aumenta o peso do eixo e compromete a locomoção e

instalação do mesmo.

Para solucionar o problema da geometria da barra maciça, foi proposta uma terceira

hipótese, de um tubo quadrado, que nada mais é que uma barra vazada. Isso diminui a

densidade do eixo, além de ter os benefícios geométricos da barra maciça de facilidade

para o acoplamento da cremalheira no eixo, e tem boa resistência a esforços axiais. Um

problema que pode não ser atendido pelo tubo é a possibilidade de usinar a sua superfície,

no caso do dente da cremalheira ser maior que a sua espessura.

Ainda foi sugerida uma quarta hipótese, de uma geometria bastante utilizada em

projetos de estruturas, que seria utilizar uma viga I. A grande questão em relação a esta

geometria é que a sua aplicação é mais indicada para suportar esforços de flexão, na

direção transversal da viga. Esforços axiais em uma viga I podem comprometer a

estrutura, que não foi projetada para suportar esse tipo de esforço.

Das hipóteses propostas anteriormente, as duas que melhor se adequam ao presente

projeto são do tubo quadrado e da barra quadrada maciça, pois estas geometrias atendem

aos requisitos supracitados. Assim, temos as informações de área da seção transversal e

momento de inércia de área da seção transversal abaixo:

Para o tubo quadrado:

𝐴𝑇𝑄 = 4𝑡(𝑏 − 𝑡) (4.1)

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𝐼𝑇𝑄 =𝑏4 − (𝑏 − 2𝑡)4

12 (4.2)

onde b é o lado do tubo e t é a espessura do tubo.

Para a barra quadrada maciça:

𝐴𝐵𝑄 = 𝑏2 (4.3)

𝐼𝐵𝑄 =𝑏4

12(4.4)

Onde b é o lado da barra (em mm).

4.3.2. Esforços Aplicados

Primeiramente, iremos analisar as tensões atuantes no eixo de transmissão. Temos a

força F que o flutuador aplica sobre o eixo. Devido à presença da rótula, essa força se

concentra apenas no esforço vertical, comprimindo o eixo. Pela 3ª lei de Newton, haverá

uma força f no topo do eixo, com sentido oposto à força F na base do eixo, e vamos

dimensionar para o pior caso, onde ambas forças (F e f) têm a mesma intensidade.

Além das forças verticais, o eixo sofre a atuação da força externa do vento,

representada pela carga horizontal distribuída q ao longo de todo o eixo. Essa carga

distribuída pode ser calculada a partir de valores adquiridos em estudos feitos

anteriormente sobre a força do vento no local de instalação da estrutura. O diagrama de

corpo livre (D.C.L.) do eixo estudado ficará da seguinte forma:

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Figura 21 – Diagrama de Corpo Livre do Eixo

Obtemos a força F a partir de NETO [15], onde é calculada a força que o oscilador

exerce sobre o eixo. Temos assim:

𝐹 = 790 𝑘𝑁 (4.5)

Como a força f é uma reação à F, temos que sua intensidade será a mesma que a

calculada acima, então:

𝑓 = 790 𝑘𝑁 (4.6)

A partir de AMORIM [16], temos que a força pontual do vento no local de

instalação da estrutura é de 3971,5 N. A carga q será calculada a partir desse valor,

dividindo essa força pontual pelo comprimento L do eixo (12m). Assim, temos:

𝑞 =3971,5 𝑁

12𝑚= 0,3𝑘𝑁/𝑚 (4.7)

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4.3.3. Escolha do Material

Para realizar a escolha do material do qual o eixo será composto, foram analisadas as

3 hipóteses iniciais, expostas no item 3.1.3 deste trabalho. Para efetuar essa escolha, o

material deve possuir características que favoreçam sua instalação e não comprometam

a transmissão de energia feito pelo eixo. Desse modo, idealmente o material não deve ser

muito pesado.

Ainda, faz-se necessário que o material suporte os esforços aos quais está

submetido. Para resistir aos esforços axiais e evitar a flambagem do eixo, o material deve

ter em suas propriedades alto módulo de elasticidade, de acordo com a equação (3.17),

para assim ter maior carga crítica de flambagem.

Outro requisito importante de ressaltar para a escolha do material é a sua

disponibilidade comercial e econômica. É preferível que o material não seja fabricado à

demanda, pois isso aumentaria os custos de fabricação do material. Assim, o uso de

materiais convencionais como aço e alumínio é mais favorável para o projeto.

Um fator importante para a escolha do material é a questão do módulo de

elasticidade de Young (E). Foram feitas hipóteses com os 3 materiais diferentes para

analisar a flambagem do eixo, e o material mais indicado deve ter maior módulo de

elasticidade, para que o eixo não seja muito robusto.

Considerando os requisitos citados acima, aos quais o material deve atender, foi

escolhido o aço C1020 como material para a composição do eixo, pois apesar de ser mais

denso que o alumínio e o material compósito, o aço compensa em seu alto módulo de

elasticidade e em sua vasta disponibilidade comercial.

Para este material, é recomendado um Fator de Segurança de 3, de acordo com

Shigley [11]. Assim, temos as propriedades do aço já citadas na seção 3.1.3:

𝐹𝑆 = 3 (4.8)

𝜎𝑒 = 350 𝑀𝑃𝑎 (4.9)

𝐸 = 209 𝐺𝑃𝑎 (4.10)

𝜌 = 7860 𝑘𝑔/𝑚³ (4.11)

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4.4. Dados do Flutuador

O flutuador que capta a energia das ondas foi testado experimentalmente em uma

escala de 1:40, no trabalho de D’EGMONT [17], e de acordo com os testes feitos, o

mesmo transmite uma potência para o eixo, na escala real, de:

𝑃𝑜𝑡 = 23.79 𝑘𝑊 (4.12)

Outros testes foram feitos para medir a velocidade e a aceleração com que o flutuador

se movimenta. Estes testes foram feitos no Porto de Pecém, e os dados obtidos para o

modelo são os seguintes:

𝑣𝑚𝑜𝑑𝑒𝑙𝑜 = 0.0545 𝑚/𝑠 (4.13)

𝑎𝑚𝑜𝑑𝑒𝑙𝑜 = 0.3 𝑚/𝑠² (4.14)

Para a conversão dos dados acima para a escala real, usamos as equações a seguir:

𝑣𝑟𝑒𝑎𝑙 = √15𝑣𝑚𝑜𝑑𝑒𝑙𝑜 (4.15)

𝑎𝑟𝑒𝑎𝑙 = 𝑎𝑚𝑜𝑑𝑒𝑙𝑜 (4.16)

Assim, temos a velocidade e a aceleração real do flutuador neste projeto.

𝑣𝑟𝑒𝑎𝑙 = 0.211 𝑚/𝑠 (4.17)

𝑎𝑟𝑒𝑎𝑙 = 0.3 𝑚/𝑠² (4.18)

Temos também a massa do flutuador, de acordo com KAHN [18], a massa total do

flutuador seria de 18kg, e ainda teríamos que considerar uma massa adicional de 80%.

Desse modo, a massa total do flutuador é de:

𝑀 = 32.4 𝑘𝑔 (4.19)

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4.5. Dados das Engrenagens e do Motor

Será utilizado neste projeto um sistema pinhão-cremalheira para a transmissão de

movimento do eixo. A cremalheira será feita por meio da usinagem do eixo previamente

dimensionado. A razão de transmissão entre as engrenagens deve ser tal que aumente o

giro da engrenagem acoplada, pois há a necessidade de aumentar a rotação, para que a

segunda engrenagem seja compatível com o motor que será escolhido. Usaremos para

este projeto uma razão de 1:3. Assim:

𝑖1−2 =1

3(4.20)

Iremos considerar também uma perda na transmissão de 1% entre a cremalheira e o

pinhão e uma perda também de 1% na transmissão entre as engrenagens. Assim, ambos

rendimentos são de 99%.

Deve ser escolhido também o Fator de Segurança que será utilizado no projeto das

engrenagens, assim como seu material e o método de fabricação dos dentes da mesma.

A fabricação escolhida será o fresamento, por se tratar do método mais comum de

fabricação de dentes de engrenagens. O Fator de Segurança escolhido para o projeto será

o mesmo utilizado no projeto do eixo (FS = 3). O material utilizado deve ter um limite

de escoamento superior ao do material do eixo, pois a engrenagem trabalha de forma

mais crítica que o eixo, devido à espessura dos seus dentes. Foi escolhido então como

material da engrenagem o aço SAE 1050 CD (σe = 580 MPa).

Para a escolha do motor, foi analisado o catálogo da WEG.

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4.6. Mancais

Para a escolha do tipo de mancal que será utilizado no projeto, é necessário analisar

quais movimentos esses mancais devem restringir, assim como onde estarão localizados

estes mancais.

Como explicado na seção 4.3, serão utilizados 4 mancais, dois na parte inferior da

casa de máquinas e dois na parte superior. Estes mancais devem manter o eixo em um

movimento restritamente vertical, e são posicionados de forma a evitar que o eixo se

movimente na direção horizontal.

Desse modo, o mancal mais recomendado para o presente projeto seria um mancal

de deslizamento (ou bucha) de bronze, que foi apresentado na seção 2.9 deste trabalho.

Para a lubrificação dos mancais do projeto, será utilizado óleo SAE grau 20, que

tem uma viscosidade dinâmica de:

𝜇 = 0.04 𝑁𝑠/𝑚² (4.21)

Será utilizada para os mancais uma rotação de 100 rpm (ou 1.67 rps), e uma relação

entre a folga entre o eixo e o mancal de 0.15%, de acordo com a equação abaixo:

𝐷𝐵 − 𝐷

𝐷= 0.0015 (4.22)

onde DB é o diâmetro da bucha e D é o diâmetro do eixo.

Assim, é possível calcular a folga c:

𝑐 =𝐷𝐵 − 𝐷

2(4.23)

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5. Análise dos Resultados

5.1. Esforços no Eixo

Após determinadas as forças atuantes no eixo, montamos o diagrama de esforços,

como mostrado abaixo:

Figura 22 – Diagrama de esforços no eixo

A partir do diagrama de esforços (acima), montamos os diagramas de Cortante

(Q), Momento Fletor (M) e esforços Normais (V), encontrando assim, a seção crítica do

eixo (ponto de maior momento fletor).

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Figura 23 – Diagrama de Esforços Cortantes[kN]

Figura 24 – Diagrama de Momento Fletor[kNm]

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Figura 25 – Flecha

Após análise dos diagramas acima, temos os seguintes valores:

|𝑄𝑚á𝑥| = 1.5 𝑘𝑁 (5.1)

|𝑀𝑚á𝑥| = 2.5 𝑘𝑁𝑚 (5.2)

𝐹𝐴 = 790 𝑘𝑁 (5.3)

Temos assim:

𝜎𝑀 =2.5 × 103𝑐

𝐼(5.4)

𝜎𝐹 =790 × 103

𝐴(5.5)

𝜏𝑥𝑦 =4 × 1.5 × 103

𝐴(5.6)

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No caso estudado, temos um eixo de grande comprimento, e para este tipo de eixo

não se aplica o método de Von Mises. Ainda, a tensão de cisalhamento no eixo pode ser

desconsiderada, assim como não temos tensões na direção do eixo x. Desse modo, a

tensão resultante se concentrará apenas no eixo y, o que resulta na seguinte inequação:

𝜎𝑦 <𝜎𝑒

𝐹𝑆(5.7)

Agora, os cálculos de tensões serão feitos para as duas hipóteses de geometria

escolhidas (na seção 4.3.1) para o eixo:

a) Hipótese 1: Tubo quadrado

𝜎𝑀 =2.5 × 103 𝑏

2⁄

[𝑏4 − (𝑏 − 2𝑡)4

12 ](5.8)

𝜎𝐹 =790 × 103

4𝑡(𝑏 − 𝑡)(5.9)

Temos ainda que a resultante de tensões no eixo y corresponde à soma das tensões

apresentadas acima, como mostra a equação abaixo:

𝜎𝑦 = 𝜎𝑀 + 𝜎𝐹 = 2.5 × 103 𝑏

2⁄

[𝑏4 − (𝑏 − 2𝑡)4

12 ]+

790 × 103

4𝑡(𝑏 − 𝑡)(5.10)

Podemos supor também que a espessura t corresponde a 6% da dimensão do lado

b do tubo quadrado. Temos então que:

𝑡 = 0.06𝑏 (5.11)

Assim, conseguimos o valor de σy em função de b apenas, com a equação

abaixo:

𝜎𝑦 = [15 × 103𝑏

𝑏4 − (𝑏 − 0.12𝑏)4] +

197.5 × 103

0.06𝑏(0.94𝑏) (5.12)

𝜎𝑦 = 103 (15

0.4003𝑏3+

197.5

0.0564𝑏2) (5.13)

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Da equação (5.7), usando as informações de material contidas na seção 4.3.3 (aço

C1020 Fator de Segurança igual a 3), temos:

103 (15

0.4003𝑏3+

197.5

0.0564𝑏2) <

350 × 106

3(5.14)

Fazendo cálculos e simplificações temos a seguinte inequação de 3º grau:

350000𝑏3 − 10505𝑏 − 112 > 0 (5.15)

Resolvendo a inequação acima, temos que b > 0.178m, ou então

𝑏 > 178𝑚𝑚 (5.16)

b) Hipótese 2: Barra quadrada maciça

𝜎𝑀 =2.5 × 103 𝑏

2⁄

𝑏4

12

(5.17)

𝜎𝐹 =790 × 103

𝑏2(5.18)

Temos ainda que a resultante de tensões no eixo y corresponde à soma das tensões

apresentadas acima, como mostra a equação abaixo:

𝜎𝑦 = 𝜎𝑀 + 𝜎𝐹 = 15 × 103

𝑏3+

790 × 103

𝑏2(5.19)

Como feito na hipótese anterior, usamos o Fator de Segurança (FS) e o limite de

escoamento (σe) para o aço C1020. Temos assim a seguinte inequação:

103 (15

𝑏3+

790

𝑏2) <

350 × 106

3(5.20)

Fazendo cálculos e simplificações temos a seguinte inequação de 3º grau:

350000𝑏3 − 2370𝑏 − 45 > 0 (5.21)

Resolvendo a inequação acima, temos que b > 0.0905m, ou então

𝑏 > 90.5𝑚𝑚 (5.22)

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5.2. Flambagem

Para efetuar a análise de flambagem, utilizamos o método explicitado na seção 3.1.4.

Assim, para determinar a carga crítica de flambagem, é necessário definirmos os

parâmetros da equação (3.17).

De acordo com a Figura 13, temos que a condição C = 2. Da equação (4.10), temos

que módulo de elasticidade de Young E = 209GPa. Temos também da seção 4.3 que o

comprimento do eixo L = 9.5 m. Como feito na seção anterior, a análise de Flambagem

será efetuada para as duas hipóteses de geometria: A do tubo quadrado e da barra

quadrada maciça.

Em ambos casos, foram analisados os catálogos existentes e, com a ajuda de uma

planilha Excel foram determinadas as dimensões do eixo para cada geometria,

comparando a carga crítica com a força F (790kN) exercida sobre o eixo, como

explicitado pela inequação (3.18).

790 × 103 <𝐹𝑐𝑟𝑖𝑡

3.0(5.23)

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Agora iremos fazer a análise para as duas hipóteses de geometria :

a) Tubo quadrado

Para o tubo quadrado, temos 2 parâmetros de entrada, o lado b do tubo e a

espessura t do tubo. Foram analisados todos os tubos com lado b > 178mm, de

acordo com o limite imposto pela análise de esforços no eixo. Abaixo está o

catálogo da Vallourec [19], que foi usado como base para a escolha do tubo para

este projeto.

Figura 26 – Catálogo de Tubos Quadrados Vallourec [19]

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Fazendo algumas iterações com uma rotina de cálculos montada em uma planilha

Excel, como mostrado abaixo, chegamos nos valores de lado e espessura do tubo:

Figura 27 – Rotina de Cálculo para Tubo Quadrado

Temos então :

𝑏 = 220𝑚𝑚 (5.24)

𝑡 = 10𝑚𝑚 (5.25)

Figura 28 – Tubo quadrado escolhido

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b) Barra quadrada maciça

No caso da utilização de uma barra quadrada maciça, temos apenas o parâmetro

de entrada do lado da barra b. Da seção anterior, temos um limite inferior para essa

dimensão, devido à análise de esforços, assim b > 90.5mm. Abaixo temos o catálogo

de barras de aço da Paulisteel [20], que foi utilizado como base para este projeto:

Figura 29 - Catálogo de aço em barras Paulisteel [20]

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Após algumas iterações, com a rotina de cálculo no Excel mostrada abaixo,

chegamos no valor do lado b da barra.

Figura 30 – Rotina de cálculo para barra quadrada maciça

Como o catálogo da Paulisteel [20] nos dá as dimensões em polegadas, foi feita a

conversão de polegadas para milímetros (1 pol = 25.4mm). A dimensão que melhor

atende os requisitos de flambagem foi a de 6 ½ polegadas, como mostrado na figura

abaixo :

Figura 31 – Barra Quadrada Maciça Escolhida

Desse modo, para a barra quadrada maciça, temos:

𝑏 = 165,1𝑚𝑚 (5.26)

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5.3. Engrenagens

Os cálculo para o dimensionamento da engrenagem foram descritos na seção 3.2 e

serão usados os dados do flutuador e das engrenagens para tal dimensionamento. O

objetivo é encontrar os valores da equação (3.26).

Para o cálculo da força tangencial, temos as informações de potência do flutuador e

velocidade. Assim, conseguimos calcular a força tangencial de acordo com a equação

(3.23):

𝐹𝑡 =23.79 × 103

0.221= 112.7 𝑘𝑁 (5.27)

Para o fator dinâmico da engrenagem (Kv), temos, da equação (3.25):

𝐾𝑣 =50

50 + √200 × 0.221= 0.885 (5.28)

Como considerado na seção 4.5, a tensão de escoamento da engrenagem é de 580

MPa e o Fator de Segurança utilizado para o projeto é FS = 3. Assim, temos (da equação

3.26) que a tensão admissível para a engrenagem é de:

𝜎 =580

3= 193 𝑀𝑃𝑎 (5.29)

O valor do fator de forma da engrenagem (J) é obtido através da relação entre o

número de dentes das engrenagens que estão em contato. Como já observado na seção

4.5, a relação entre o número de dentes das duas engrenagens é de 1:3. Assim, foi

escolhido para o projeto os seguintes números de dentes:

𝑧1 = 60 𝑑𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 (5.30)

𝑧2 = 20 𝑑𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 (5.31)

Temos então o valor do fator de forma (J), a partir da tabela AGMA (Figura 18),

fazendo uma interpolação entre os valores (17 e 25) do número de dentes da engrenagem

acoplada.

𝐽 = 0.4225 (5.32)

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Assim, podemos fazer uma suposição com três módulos para as engrenagens

diferentes, e então observamos qual melhor se encaixa aos critérios do projeto

estabelecidos na seção 3.2.1. Consideramos os módulos 8, 10 e 12, como é possível

observar na imagem abaixo:

Figura 32 – Dimensionamento da engrenagem para os módulos 8, 10 e 12

Podemos concluir da imagem acima que o modulo que mais se adequa ao projeto é o

de 12 mm, pois a largura do dente (F) deve estar entre 3 e 5 vezes o passo (p) da

engrenagem. Temos então :

𝑚 = 12 𝑚𝑚 (5.33)

𝐹 = 130 𝑚𝑚 (5.34)

Agora podemos calcular o diâmetro primitivo das engrenagens, de acordo com a

equação (3.19).

𝑑𝑝1 = 12 × 60 = 720 𝑚𝑚 (5.35)

𝑑𝑝2 = 12 × 20 = 240 𝑚𝑚 (5.36)

Analisando ambos diâmetros e os comparando com as dimensões da casa de

máquinas, percebe-se que o dimensionamento das engrenagens está adequado para o

projeto, pois a casa de máquinas tem 2 metros de altura, o que é superior ao diâmetro

primitivo da maior engrenagem (720 mm).

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5.4. Reavaliação do Eixo Após Usinagem

Com o valor do módulo já calculado, é possível determinar a espessura que será

usinada do eixo para a formação da cremalheira. Temos da seção 3.2.1. que a espessura

de usinagem deve ser igual ou superior a 2.25 vezes o módulo, ou seja, 27 mm.

Desse modo, a utilização de um tubo quadrado fica inviabilizada, sobrando somente

a opção da barra maciça, pois não existem tubos quadrados fabricados com espessuras

maiores que 16 mm, vide catálogo da Vallourec (Figura 26).

Assim, resta apenas a opção da Barra Quadrada Maciça. Devemos então refazer

os cálculos de dimensionamento do eixo e de flambagem para a seção transversal do

eixo onde o mesmo será usinado para a formação da cremalheira. Para esta seção

transversal crítica, temos:

𝐼𝐵𝑄′ =𝑏(𝑏 − 0.027)3

12(5.37)

onde IBQ’ é o momento de inércia da seção transversal da barra maciça após

usinagem e b é o lado da barra.

𝐴𝐵𝑄′ = 𝑏(𝑏 − 0.027) (5.38)

onde ABQ’ é a área da seção transversal da barra maciça após usinagem e b é o

lado da barra.

Como os critérios de flambagem são mais críticos que a análise de esforços no eixo,

caso a seção transversal resista à flambagem, certamente ela irá resistir às cargas de

flexão e axiais aplicadas ao eixo. Desse modo, fazendo novas iterações no Excel,

usando os dados do catálogo da Paulisteel [20] (Figura 29) para os novos valores de

área e momento de inércia da seção transversal do eixo, temos:

Figura 33 - Rotina de cálculo para barra quadrada maciça após usinagem

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56

A barra maciça escolhida após a usinagem terá o lado de 7 ½ polegadas, ou então

190.5 mm, com seu lado usinado para a formação da cremalheira igual a 163.5 mm.

5.5. Potência Transmitida ao Motor

A potência transmitida ao motor será calculada com o intuito de selecionar o motor que

será utilizado no projeto. Será utilizado o catálogo da WEG [21], indicado abaixo, como

base para seleção do motor do projeto.

Figura 34 – Catálogo de Geradores Síncronos WEG [21]

Para o cálculo da potência que será transmitida ao motor, iremos utilizar a equação

(3.32). Assumindo uma eficiência de 99% entre o eixo e a engrenagem, e com a potência

do flutuador já calculada em [17], temos que a potência na engrenagem 1 é de:

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𝑃𝑜𝑡1 = 23.79 × 0.99 = 23.55 𝑘𝑊 (5.39)

Para a potência na segunda engrenagem, assumimos também uma eficiência na

transmissão de 99%, tendo assim:

𝑃𝑜𝑡2 = 23.55 × 0.99 = 23.32 𝑘𝑊 (5.40)

Desse modo, é possível calcular a potência que será transmitida ao motor, assumindo

agora um rendimento do motor de 70%, temos então:

𝑃𝑜𝑡𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟 = 23.32 × 0.7 = 16.32 𝑘𝑊 (5.41)

Assim, o motor utilizado será escolhido com base no catálogo da WEG, como na

figura abaixo:

Figura 35 – Gerador WEG escolhido

Temos então o Motor escolhido modelo WEG GTA161AIHH.

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58

5.6. Dimensionamento dos Mancais

O dimensionamento dos mancais depende incialmente da definição dos esforços

aplicados nesses mancais. Isto é feito a partir do diagrama de corpo livre do eixo, que é

mostrado abaixo:

Figura 36 - Diagrama com esforços nos mancais

De acordo com o Diagrama de Esforços Cortantes, mostrado anteirormente na figura

25, os esforços nos mancais serão:

𝑅𝐴 = 2.2 𝑘𝑁 (5.42)

𝑅𝐵 = 0.9 𝑘𝑁 (5.43)

Como temos um eixo quadrado, ao invés de utilizarmos o diâmetro do eixo para o

dimensionamento do mancal, será utilizado seu lado, que já foi calculado anteriormente,

e temos o valor de 190.5 mm. E para o raio utilizaremos a metade deste lado (95.25 mm)

Desse modo, podemos calcular o diâmetro da bucha e a folga do mancal.

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𝐷𝐵 − 190.5

190.5= 0.0015 (5.44)

𝐷𝐵 = 190.78 𝑚𝑚 (5.45)

𝑐 =190.78 − 190.5

2= 0.14 𝑚𝑚 (5.46)

Podemos calcular também a pressão no mancal, assumindo que o comprimento do

mancal será igual ao lado do eixo, para que o mancal não seja nem longo nem curto.

Os cálculos para o dimensionamento dos mancais serão divididos na parte superior e

inferior do eixo.

a) Para os mancais superiores:

A pressão nesses mancais será de:

𝑃 =0.9 × 103

190.5 × 190.78= 24.8 𝑘𝑃𝑎 (5.47)

Como já temos os parâmetros μ, n, r e c calculados anteriormente, podemos

finalmente calcular o coeficiente de atrito (f) e o número de Sommerfeld (S).

𝑓 = 2𝜋20.04 × 1.67

24.8 × 103×

95.25

0.14= 0.036 (5.48)

𝑆 = (95.25

0.14)

2 0.04 × 1.67

24.8 × 103= 1.25 (5.49)

b) Para os mancais inferiores:

Analogamente, podemos calcular a pressão:

𝑃 =2.2 × 103

190.5 × 190.78= 60.5 𝑘𝑃𝑎 (5.50)

Assim, calculamos agora para os mancais inferiores o coeficiente de atrito (f) e o

número de Sommerfeld (S).

𝑓 = 2𝜋20.04 × 1.67

60.5 × 103×

95.25

0.14= 0.015 (5.51)

𝑆 = (95.25

0.14)

2 0.04 × 1.67

60.5 × 103= 0.511 (5.52)

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60

5.7. Sistema de Travamento

Para o sistema de travamento funcionar, o peso do conjunto do eixo com o flutuador

não deve exceder a força de PTO aplicada no flutuador (790 kN). Dessa forma, temos

que a massa total do sistema eixo-flutuador deve ser minimizada para possibilitar o

funcionamento do conversor de energia.

A massa do eixo será calculada a partir da densidade do material (aço) e do volume

do eixo total. É importante ressaltar que parte do eixo será usinado, resultando em

diminuição da massa. O volume do eixo será calculado da seguinte forma:

𝑉𝑒𝑖𝑥𝑜 = 𝑉𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 − 𝑉𝑢𝑠𝑖𝑛𝑎𝑑𝑜 (5.53)

𝑉𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = (0.1905)2 × 12 = 0.435 𝑚3 (5.54)

O volume usinado será metade da altura multiplicado por 2.25 vezes o módulo,

multiplicado pelo lado inicial do eixo, como na equação abaixo:

𝑉𝑢𝑠𝑖𝑛𝑎𝑑𝑜 =12

2(2.25 × 0.012)0.1905 = 0.0316 𝑚3 (5.55)

𝑉𝑒𝑖𝑥𝑜 = 0.403 𝑚3 (5.56)

Assim, podemos calcular a massa do eixo, sabendo que a densidade ρ = 7860 kg/m³.

Temos assim:

𝑀𝑒𝑖𝑥𝑜 = 7860 × 0.403 = 3170.8 𝑘𝑔 (5.57)

Somando essa massa à massa do flutuador (calculada na seção 4.4) de 32.4 kg, temos

uma massa total do projeto de:

𝑀𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 3203.2 𝑘𝑔 (5.58)

Temos então que o peso do conjunto eixo + flutuador será de 31,4 kN, o que é inferior

à força exercida pelo sistema PTO (790 kN).

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61

6. Considerações Finais

No presente projeto foi realizado o dimensionamento de um eixo e de um conjunto

de 2 engrenagens que serão responsáveis pela transmissão da energia das ondas oceânicas

captada por um flutuador. O dimensionamento deste eixo resultou em uma barra de aço

quadrada maciça de 190.5 mm de lado, que será usinada em um de seus lados para a

formação da cremalheira. O dimensionamento das engrenagens resultou em uma

engrenagem de dentes retos acoplada ao eixo de 720 mm de diâmetro primitivo e 60

dentes, e uma segunda engrenagem de dentes retos de 240 mm de diâmetro primitivo e

20 dentes.

A parte mais desafiadora do projeto foi o dimensionamento do eixo, que, por se tratar

de uma estrutura grande (12 m de comprimento), a mesma deve ser robusta o suficiente

para resistir a esforços de flambagem. Desse modo, foi escolhido um eixo mais pesado,

o que dificulta em parte o seu transporte e a sua instalação.

6.1. Trabalhos Futuros

Para projetos futuros, alguns pontos podem ser aperfeiçoados, como a análise de

fadiga no eixo, devido a cargas dinâmicas. A análise de fadiga também poderia ser feita

nas engrenagens, dimensionando as mesmas para cargas dinâmicas. Ainda pode ser feito

também um dimensionamento da rótula para a carga aplicada.

Outro ponto que pode ser adicionado em projetos futuros é a questão do sistema de

travamento da engrenagem. Faz-se necessário um modelo para que a engrenagem gire

em apenas uma direção, e não tenha perda de energia ao descer. Assim, deve ser projetado

um sistema semelhante a uma embreagem, que permita que as engrenagens girem apenas

quando o eixo estiver fazendo movimento de subida.

Ainda, pode ser adicionado um revestimento para o eixo, para que o mesmo resista à

corrosão, já que ele estará localizado numa região nearshore, sujeito a esforços do vento

e ao choque das ondas do mar.

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7. Referências Bibliográficas

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KORTABARRIA, I. (2013). Review of wave energy technologies and the necessary

power-equipment. Renewable and Sustainable Energy Reviews, 27, 413–434.

Disponível em: <http://doi.org/10.1016/j.rser.2013.07.009>. Acesso em: 13.07.2017.

[2] PELC, ROBINFUJITA, ROD M. Renewable energy from the ocean. Marine Policy,

v. 26, n. 6, p. 471-479, 2002.

[3] O que é uma junta universal | Mecânica Industrial. Disponível em:

<https://www.mecanicaindustrial.com.br/277-o-que-e-uma-junta-universal/>. Acesso

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METÁLICA - Met@lica. Wwwo.metalica.com.br. Disponível em:

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quadrado>. Acesso em: 19.06.2017.

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<http://cogumelo.com.br/compositos>. Acesso em: 29.06.2017.

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sistema cremalheira-pinhão de dentes retos. Augusto Guzzo Revista Acadêmica, v. 1,

n. 12, p. 127-139, 2013. Disponível em:

<http://www.fics.edu.br/index.php/augusto_guzzo/article/view/193/285>. Acesso em:

17.07.2017.

[8] Vista do Dimensionamento do sistema cremalheira-pinhão de dentes retos.

Fics.edu.br. Disponível em:

<http://www.fics.edu.br/index.php/augusto_guzzo/article/view/193/285>. Acesso em:

18.07.2017.

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63

[9] FONSECA, ROGÉRIO. Mancais de Deslizamentos - mancais. Ebah.com.br.

Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAABY-MAF/mancais-

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[10] SILVA, D.A.C. e SANTOS, É.B. Conceitos essenciais sobre mancais de

rolamento e de deslizamento. Disponível em:

<http://fatecgarca.edu.br/revista/Volume2/Artigo_8_Volume_2.pdf>. Acesso em:

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[11] BUDYNAS R.G., NISBETT J.K., Elementos de Máquinas de Shigley, AMGH

Editora LTDA, 2011. P194-207.

[12] ABAL - Associação Brasileira do Alumínio. ABAL - Associação Brasileira do

Alumínio. Disponível em: <http://abal.org.br/aluminio/caracteristicas-quimicas-e-

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[13] ALVES, I.G. , Análise do Comportamento Mecânico de Anéis Compósitos

Íntegros ou com Defeitos Submetidos a Ensaio de Tração, Rio de Janeiro: Dissertação

de Mestrado, COPPE, UFRJ, 2006. Disponível em: < http://www.coppe.ufrj.br/pt-

br/pesquisa/teses-e-dissertacoes-por-programas>. Acesso em 18.06.2017

[14] RICARTE, Eliab. Tese de Doutorado - Avaliacao de sitios para o aproveitamento

dos recursos energeticos das ondas do mar. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE

JANEIRO, 2007. Disponivel em:

[http://www.oceanica.ufrj.br/intranet/teses/2007_doutorado_eliab_ricarte_beserra.pdf]

[15] NETO, S.A., Análise, Seleção e Dimensionamento de Sistema Mecânico para

Transmissão de Potência em um Conversor de Energia de Ondas Oceânicas, Rio de

Janeiro: Projeto Final de Graduação, EP, UFRJ, 2017. Disponível em:

<http://monografias.poli.ufrj.br/>. Acesso em 11.05.2017

[16] GOMES, L.A.P. , Análise de Flambagem de uma Estrutura Nearshore para

extração de energia das ondas oceânicas, Rio de Janeiro: Projeto Final de Graduação,

EP, UFRJ, 2017. Disponível em: <http://monografias.poli.ufrj.br/>. Acesso em

11.05.2017

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64

[17] D’EGMONT, L.B.F., Avaliação de um dispositivo conversor de energia de ondas

do mar e o papel das patentes nos projetos de engenharia, Rio de Janeiro: Projeto Final

de Graduação, EP, UFRJ, 2017. Disponível em: <http://monografias.poli.ufrj.br/>.

Acesso em 15.07.2017

[18] KAHN, B.M. , Estudo Hidrodinâmico da Geometria de um Flutuador para um

Dispositivo Conversor de Energia das Onda, Rio de Janeiro: Projeto Final de

Graduação, EP, UFRJ, 2017. Disponível em: <http://monografias.poli.ufrj.br/>. Acesso

em 11.05.2017

[19] Catálogos. Vallourec.com. Disponível em:

<http://www.vallourec.com/COUNTRIES/BRAZIL/PT/Media/catalogues/Paginas/defa

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[20] Paulisteel. Paulisteel.com.br. Disponível em:

<http://www.paulisteel.com.br/site/downloads.asp>. Acesso em: 18.06.2017.

[21] Central de Downloads - Media Center - Brasil - WEG. Old.weg.net. Disponível

em: <http://old.weg.net/br/Media-Center/Central-de-Downloads>. Acesso em:

24.06.2017.

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8. Anexos

8.1. Desenho Técnico

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DANIEL ONOFRE DE ALMEIDA CRUZ

COTAS EM MMESCALA 1:150

A301

ANALISE E DIMENSIONAMENTO DE UM SISTEMA MECANICO PARA TRANSMISSÃO DE ENERGIA DAS ONDAS

TITULO:

PROJETO FINAL

REVISÃO 3DATA: 30/08/2017

UFRJ - DEM

MICHEL BESSOALUNO:

ELIAB RICARTE BESERRA

ORIENTADOR

12000

2000

9500

8000

C

2000

190,50

190,50

3880

880

DETALHE CESCALA 1 : 75

A A

B B

C C

D D

E E

F F

8

8

7

7

6

6

5

5

4

4

3

3

2

2

1

1

FOLHA 1 DE 3

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130

200

720

A A

B B

C C

D D

E E

F F

8

8

7

7

6

6

5

5

4

4

3

3

2

2

1

1

COTAS EM MMFOLHA 2 DE 3ESCALA 1:150

A301

ANALISE E DIMENSIONAMENTO DE UM SISTEMA MECANICO PARA TRANSMISSÃO DE ENERGIA DAS ONDAS

TITULO:

PROJETO FINAL

REVISÃO 3DATA: 30/08/2017

UFRJ - DEM

MICHEL BESSOALUNO:

ELIAB RICARTE BESERRA

ORIENTADOR

DANIEL ONOFRE DE ALMEIDA CRUZ

Produit d'éducation SOLIDWORKS – A titre éducatif uniquement.

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130

10

0

240

A A

B B

C C

D D

E E

F F

8

8

7

7

6

6

5

5

4

4

3

3

2

2

1

1

COTAS EM MMFOLHA 3 DE 3ESCALA 1:5

A301

ANALISE E DIMENSIONAMENTO DE UM SISTEMA MECANICO PARA TRANSMISSÃO DE ENERGIA DAS ONDAS

TITULO:

PROJETO FINAL

REVISÃO 3DATA: 30/08/2017

UFRJ - DEM

MICHEL BESSOALUNO:

ELIAB RICARTE BESERRA

ORIENTADOR

DANIEL ONOFRE DE ALMEIDA CRUZ

Produit d'éducation SOLIDWORKS – A titre éducatif uniquement.