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ESTUDO DA INFLUÊNCIA DO TEOR DE FINOS NO COMPORTAMENTO DE UM REJEITO DE MINÉRIO DE FERRO A PARTIR DE ENSAIOS EDOMÉTRICOS Camilla Guberman Cordeiro Silva Rio de Janeiro Setembro de 2017 Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientadores: Leonardo De Bona Becker Ana Cláudia de Mattos Telles

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ESTUDO DA INFLUÊNCIA DO TEOR DE FINOS NO COMPORTAMENTO DE UM

REJEITO DE MINÉRIO DE FERRO A PARTIR DE ENSAIOS EDOMÉTRICOS

Camilla Guberman Cordeiro Silva

Rio de Janeiro

Setembro de 2017

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade

Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de Engenheiro.

Orientadores: Leonardo De Bona Becker

Ana Cláudia de Mattos Telles

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Silva, Camilla Guberman Cordeiro

Estudo da influência do teor de finos no comportamento

de um rejeito de minério de ferro a partir de ensaios

edométricos / Camilla Guberman Cordeiro Silva. - Rio de

Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2017.

XII, 69 p.: il.; 29,7 cm.

Orientadores: Leonardo De Bona Becker

Ana Cláudia de Mattos Telles

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso

de Engenharia Civil, 2017.

Referências Bibliográficas: p. 54-56.

1. Rejeito de minério de ferro. 2. Ensaio edométrico. 3.

Compressibilidade. 4. Permeabilidade. 5. Tailings. I. Becker,

Leonardo De Bona et al. II. Universidade Federal do Rio de

Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III.

Título.

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DEDICATÓRIA

Ao meu avô Alberto Guberman (in memoriam) pelo

exemplo de pessoa, caráter e engenheiro civil.

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v

AGRADECIMENTOS

A Deus, que me abençoou ao longo desses anos com provisão, proteção e amor.

A Ele que foi meu guia quando eu não sabia que direção tomar, que foi meu escudo me

protegendo onde quer que eu pisava e que foi meu consolo nos momentos difíceis.

À minha família, sem os quais eu não conseguia chegar onde cheguei. Queria

agradecer à minha avó Laurice por tudo. Pelo seu simples gesto de preparar minha

comida para semana, pelas palavras de sabedoria quando me via estudar e por me

esperar ansiosamente nos finais semana. À minha tia Lienne, que sempre me amou

sem esperar nada em troca. Que deu tudo de si para que eu estivesse realizando esse

sonho. Que chorou comigo, me abraçou e me deu carinho sempre que precisei.

Palavras nunca serão suficientes para te agradecer. À minha mãe Lucienne, que sempre

confiou mais em mim do que eu mesma. Que me amou ainda que a quilômetros de

distância e que sempre torceu pelo meu sucesso. Ao meu irmão Davi, que sempre foi

meu maior fã e que, com seu humor e carinho, tornou essa jornada mais tranquila para

mim. À minha prima Juliana que foi minha melhor amiga, companheira de apartamento,

minha irmã e minha fonte de risos diária. Eu te amo tanto que não sei nem explicar.

Vocês são a minha base. Eu os amo demais.

Ao meu amor Philipe, que me deu mais do que eu precisava. Obrigada por ter

colhido minhas lágrimas ao longo desses anos e por ser sempre o primeiro a querer

comemorar minhas vitórias. Sem você eu não conseguiria chegar aqui. Te amo.

Aos meus tios Sérgio e Adriana e aos meus sogros Pedro e Graça, por terem me

fornecido abrigo e carinho ao longo desses anos. Aos meus primos Yasmine, Diogo,

Gabriel e ao meu cunhado Hugo, que foram meus irmãos ao dividirem comigo suas

televisões, computadores e por me emprestarem seus pais por um tempo. Vocês fazem

parte dessa vitória.

Ao meu tio Jorge Alberto que me aconselhou, direcionou e me deu dicas que vão

além da engenharia civil. Obrigada por tudo.

Ao meu orientador Leonardo Becker, que despertou em mim paixão pela

geotecnia e a vontade de aprender mais. Obrigada pela confiança, paciência, apoio e

por todo o conhecimento passado não só com esse trabalho, mas ao longo de toda a

faculdade.

À minha amiga, orientadora de projeto final, companheira, psicóloga e

professora, Aninha. Obrigada por ter me ajudado tanto ao longo da faculdade. Obrigada

pelas aulas particulares, pelos chocolates, pelos risos, por me acolher em sua casa na

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vi

reta final desse projeto. Obrigada por ter esse enorme coração. Sem você, esse trabalho

não existiria.

A todos os meus amigos que cultivei ao longo dessa faculdade. Anita, Giulia,

Sophia, Luiza, Letícia, Lais, Madrid, Thallys e Matheus. Obrigada por tornarem os dias

de prova menos estressantes, por dividirem comigo materiais e sempre me ajudarem

quando tive dificuldade. Eu amo vocês.

À minha amiga Luma especialmente, que me acolheu primeiramente em seu

coração e depois em seu apartamento. Obrigada por ter feito da Gávea minha segunda

casa, por ter estudado comigo até altas horas da madrugada, por ter dividido comigo as

pizzas e barras de chocolate nas vésperas de prova. Te amo, amiga.

Aos meus amigos do George March. Obrigada por terem me permitido entrar

nessa família. Agradeço a compreensão de todos ao longo desses anos quando eu dizia

que precisava estudar e me fazia ausente nos churrascos. Vocês moram no meu

coração.

Aos meus amigos mais chegados que irmãos da Igreja Um Encontro Diferente.

Agradeço por terem estado ao meu lado quando precisei de um ombro amigo e por

compartilharem comigo a fé quando me faltou. Sou grata por tudo que vocês fizeram

por mim.

Aos alunos de iniciação científica Isabelle Quirino, Matias Rodrigues, Alex Ishida,

Marcos de Carvalho e Thainá Pölzl por me ajudarem na realização dos ensaios e por

terem alegrado meus dias nesses últimos meses.

Aos técnicos de laboratório Serginho e Luizão que, tanto me ajudaram na

realização dos ensaios de adensamento e caracterização.

Aos meus amigos da Expansão General Osório, que me ajudaram a crescer

profissionalmente. Agradeço toda a paciência e por me permitirem fazer parte dessa

obra. Tenho muito orgulho do nosso trabalho e da estação que ajudamos a construir.

Agradeço especialmente à minha chefe Olímpia, pela confiança e amizade durante esse

período. Você se tornou um exemplo para mim.

Ao grupo de caronas de Niterói. Sem vocês eu, literalmente, não conseguiria

chegar até aqui. Obrigada pelas companhias nos trânsitos da Ponte e por fazerem um

esforço maior para me buscar ou me deixar mais perto de casa.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte

dos requisitos necessários para obtenção do grau de Engenheiro Civil.

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DO TEOR DE FINOS NO COMPORTAMENTO DE UM

REJEITO DE MINÉRIO DE FERRO A PARTIR DE ENSAIOS EDOMÉTRICOS

Camilla Guberman Cordeiro Silva

Setembro/2017

Orientadores: Leonardo De Bona Becker

Ana Cláudia de Mattos Telles

Curso: Engenharia Civil

Este trabalho apresenta um estudo em que foi realizada uma série de ensaios

de laboratório com o objetivo de entender melhor o comportamento de um rejeito de

minério de ferro. Através da caracterização granulométrica, o material foi classificado

como um rejeito areno-siltoso.

Através de ensaios realizados por outros autores, foi observado que um dos

fatores que possui influência sobre o fenômeno da liquefação estática é a composição

granulométrica do material, em especial seu teor de finos (FC).

Sendo assim, foram realizados ensaios de adensamento unidimensional

variando a porcentagem de finos, ensaios para determinação do índice de vazios

máximo e mínimo e uma estimativa do coeficiente de permeabilidade do material através

dos ensaios edométricos. Os resultados foram comparados com diversos materiais na

literatura e também com outros rejeitos provenientes da mesma área estudada.

Palavras-chave: Rejeito de minério de ferro, Ensaio edométrico, Compressibilidade,

Permeabilidade, Tailings

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the

requeriments for the degree of Engineer.

STUDY OF THE INFLUENCE OF FINE CONTENT IN THE BEHAVIOR OF AN IRON

TAILING FROM OEDOMETER TESTS

Camilla Guberman Cordeiro Silva

September/2017

Advisors: Leonardo De Bona Becker

Ana Cláudia de Mattos Telles

Course: Civil Engineering

This work presents a study which were done many laboratory tests to understand

better the behaviour of an iron tailing. Through the granulometric characterization, the

material was rated as a sand-silt tailing.

Through the tests done by others it was observed that one of the reasons which

affects that phenomenon of the static liquefaction in the granulometric composition of the

material, especially its fine contents (FC).

Therefore, one dimensional tests were made changing the fine content, test for

the determination of maximum and minimum index density, and an estimation of the

permeability coefficient of the material through the oedometer tests. The results were

compared with a plenty of other studies of different works and also with other tailings

coming from the same area studied.

Key words: Iron tailings, Oedometer test, Compressibility, Permeability

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO -------------------------------------------------------------------------------------- 1

1.1. Motivação -------------------------------------------------------------------------------------- 2

1.2. Objetivos --------------------------------------------------------------------------------------- 3

1.3. Organização do Trabalho ------------------------------------------------------------------ 3

2. BARRAGENS DE REJEITO --------------------------------------------------------------------- 5

2.1. Método Construtivo de Montante --------------------------------------------------------- 5

3. INFLUÊNCIA DO TEOR DE FINOS EM MATERIAIS GRANULARES ---------------- 8

3.1. Índices de Vazios Máximo e Mínimo -------------------------------------------------- 11

3.2. Adensamento Unidimensional----------------------------------------------------------- 12

3.3. Compressão Unidimensional das Areias --------------------------------------------- 13

3.4. Parâmetros de Compressibilidade de rejeitos --------------------------------------- 14

3.5. Parâmetros de Condutividade Hidráulica de Rejeitos ----------------------------- 16

4. APRESENTAÇÃO DA ÁREA E MATERIAL DE ESTUDO ----------------------------- 18

4.1. Área de Estudo ----------------------------------------------------------------------------- 18

4.2. Amostragem e material estudado ------------------------------------------------------ 20

5. METODOLOGIA UTILIZADA ------------------------------------------------------------------ 23

5.1. Preparo das Misturas ---------------------------------------------------------------------- 23

5.2. Ensaios de Caracterização -------------------------------------------------------------- 24

5.3. Ensaios para Determinação dos Índices de Vazios Máximos e Mínimos: ---- 25

5.3.1. Índice de Vazios Mínimo ------------------------------------------------------------ 27

5.3.2. Índice de Vazios Máximo ----------------------------------------------------------- 29

5.4. Ensaio de Adensamento Unidimensional --------------------------------------------- 31

5.4.1. Moldagem dos Corpos de Prova ------------------------------------------------- 33

5.4.2. Execução do Ensaio ----------------------------------------------------------------- 37

5.4.3. Estimativa do Coeficiente de Permeabilidade --------------------------------- 38

5.5. Quebra de Grãos --------------------------------------------------------------------------- 38

6. RESULTADOS E ANÁLISES ------------------------------------------------------------------ 41

6.1. Ensaios de Caracterização -------------------------------------------------------------- 41

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6.1.1. Análise Granulométrica ------------------------------------------------------------- 41

6.1.2. Densidade Relativa dos Sólidos -------------------------------------------------- 42

6.1.3. Índices de Vazios Máximo e Mínimo --------------------------------------------- 43

6.2. Ensaios de Adensamento ---------------------------------------------------------------- 44

6.2.1. Fase 1 ----------------------------------------------------------------------------------- 46

6.2.2. Fase 2 ----------------------------------------------------------------------------------- 47

Moldagem ------------------------------------------------------------------------------------------ 47

Compressibilidade ------------------------------------------------------------------------------- 47

Estimativa do Coeficiente de Permeabilidade --------------------------------------------- 49

6.2.3. Quebra de Grãos --------------------------------------------------------------------- 50

7. CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA PRÓXIMAS PESQUISAS ------------------ 52

7.1. Conclusões ---------------------------------------------------------------------------------- 52

7.2. Sugestões para Próximas Pesquisas ------------------------------------------------- 53

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS --------------------------------------------------------- 54

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 – Composição das exportações brasileiras de bens minerais primários em

2014 (DNPM, 2015) ...................................................................................................... 1

Figura 2.1 – Seção de alteamento para montante ........................................................ 6

Figura 2.2 – Método de descarga em linha (RIBEIRO, 2000) ....................................... 6

Figura 3.1 – Exemplos de microestrutura de solos granulares com o mesmo índice de

vazios e com diferentes teores de finos. Contatos primários entre (a) grãos grossos e

(b) grãos finos (adaptado de THEVANAYAGAM et al., 2002) ....................................... 9

Figura 3.2 – (a) Partículas no estado flutuante (b) Partículas no estado não flutuante

(FRAGASZY et al, 1992). ........................................................................................... 10

Figura 3.3 – Relação entre os índices de vazios máximos e mínimos com o teor de finos

de misturas granulares (adaptado de YANG et al, 2006) ............................................ 11

Figura 3.4 – (a) Compressão unidimensional de misturas de silte e areias; (b) variação

do índice de compressão CC com o teor de silte (CARRERA et al., 2011) .................. 12

Figura 3.5 – Compressão unidimensional da areia nos estados fofo e denso (ATKINSON

E BRANSBY, 1978). ................................................................................................... 13

Figura 3.6 – Resultados de ensaios de compressão unidimensional para diferentes

misturas, variando o índice de vazios inicial (CARRERA, A., 2011) ............................ 14

Figura 3.7 – Resultados de ensaio de adensamento unidimensional (Adaptado de HU et

al., 2017). .................................................................................................................... 15

Figura 3.8 – (a) Condutividade hidráulica para diferentes teores de finos e (b) efeito do

teor de finos no coeficiente de adensamento .............................................................. 17

Figura 3.9 – Condutividade hidráulica variando teor de finos para diferentes índices de

vazios ......................................................................................................................... 17

Figura 4.1 – Complexo de Mineração de Germano (GOOGLE EARTH, acesso em 23 de

agosto de 2017) .......................................................................................................... 18

Figura 4.2 – Barragem do Fundão e seus Diques em 2012 (REZENDE, 2013) .......... 19

Figura 4.3 – Locais de retirada das amostras a barragem (FLÓREZ, 2015) ............... 20

Figura 4.4 – Coleta de amostras de rejeito da praia da Barragem (FLÓREZ, 2015) ... 21

Figura 4.5 – Rejeito seco, separado e guardado em sacos plásticos (5kg) (FLÓREZ,

2015) .......................................................................................................................... 21

Figura 4.6 – Fotografias do rejeito inalterado, obtidas pela MEV (FLÓREZ, 2015). .... 22

Figura 5.1 – Rejeito após separação na peneira nº 200: a) fração fina e b) fração grossa

................................................................................................................................... 23

Figura 5.2 – Quarteamento do material....................................................................... 24

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Figura 5.3 – As fases no solo separadas em volume (PINTO, 2006) .......................... 26

Figura 5.4 – Conjunto utilizado no ensaio para determinação do índice de vazios mínimo

................................................................................................................................... 27

Figura 5.5 – Molde rasado para obtenção do índice de vazios mínimo ....................... 28

Figura 5.6 – Ensaio para determinação do índice de vazios máximo .......................... 29

Figura 5.7 – Anéis utilizados na realização do ensaio para determinação do índice de

vazios ......................................................................................................................... 30

Figura 5.8 – Prensa de adensamento – Laboratório Fernando Emmanuel Barata ...... 32

Figura 5.9 – Prensas de adensamento – Laboratório de Geotecnia Professor Jacques

Medina ........................................................................................................................ 32

Figura 5.10 – Moldagem do corpo de prova por pluviação .......................................... 34

Figura 5.11 – Nivelamento do rejeito no anel .............................................................. 35

Figura 5.12 – Retirada do material excedente sobre a pedra porosa .......................... 35

Figura 5.13 – Posicionamento da pedra porosa saturada que será utilizada na prensa

................................................................................................................................... 36

Figura 5.14 – Câmara de adensamento com o anel posicionado ................................ 36

Figura 5.15 – Prensa de adensamento com o rejeito inundado com água destilada ... 37

Figura 5.16 – Retirada do material do anel ................................................................. 39

Figura 5.17 – Definição de quebra relativa (adaptado de HARDIN, 1985 em COOP et

al., 2004) ..................................................................................................................... 40

Figura 6.1 – Curva granulométrica do rejeito natural homogeneizado ........................ 41

Figura 6.2 – Curvas granulométricas das frações fina e grossa do rejeito estudado ... 42

Figura 6.3 – Relações entre os índices de vazios máximo e mínimo e o teor de finos 44

Figura 6.4 – Gráfico índice de vazios versus logaritmo do tempo: FC=20%, estágio de

200kPa ....................................................................................................................... 45

Figura 6.5 – Gráfico de índice de vazios versus raiz do tempo: FC=20%, estágio de 200

kPa ............................................................................................................................. 45

Figura 6.6 – Curvas de adensamento unidimensional do rejeito estudado para duas

diferentes compacidades ............................................................................................ 46

Figura 6.7 – Curvas de adensamento unidimensional das diferentes amostras .......... 48

Figura 6.8 – Relação entre o índice de compressão e o teor de finos do rejeito estudado

................................................................................................................................... 49

Figura 6.9 – Relação entre o índice de vazios e o coeficiente de permeabilidade

estimado através dos ensaios edométricos para o rejeito original............................... 50

Figura 6.10 – Curvas granulométricas obtidas por peneiramento antes e após o

adensamento .............................................................................................................. 51

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1.1 – Produção mineral brasileira e mundial em 2013 (IBRAM – 2014) ---------- 1

Tabela 4.1 – Caracterização física, química e mineralógica do rejeito inalterado e após

o envelhecimento (adaptado FLÓREZ, 2015). -------------------------------------------------- 21

Tabela 5.1 – Classificação das areias segundo a compacidade (PINTO, 2006) ------- 27

Tabela 5.2 – Dimensões do anel utilizado no ensaio para determinação do índice de

vazios máximo ------------------------------------------------------------------------------------------ 29

Tabela 5.3 – Dimensões do segundo anel utilizado para determinação do índice de

vazios máximo ------------------------------------------------------------------------------------------ 30

Tabela 5.4 – Resultados obtidos para o índice de vazios máximo com diferentes anéis

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 31

Tabela 5.5 – Dimensões dos anéis utilizados nos ensaios de adensamento------------ 33

Tabela 6.1 – Resultado da análise granulométrica do rejeito original, com defloculante

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 41

Tabela 6.2 – Resultado da análise granulométrica das frações fina e grossa----------- 42

Tabela 6.3 – Densidade relativa dos grãos para as frações fina e grossa do rejeito -- 42

Tabela 6.4 – Densidade relativa dos sólidos para as misturas com diferentes FC ----- 43

Tabela 6.5 – Resultados dos índices de vazios máximo e mínimo para diferentes teores

de finos --------------------------------------------------------------------------------------------------- 43

Tabela 6.6 – Compacidade relativa, índice de compressão, e índice de descompressão

dos corpos de prova ensaiados na fase 1 -------------------------------------------------------- 47

Tabela 6.7 – Índices de vazios de moldagem e compacidade relativa dos corpos de

prova para cada teor de finos ----------------------------------------------------------------------- 47

Tabela 6.8 – Índices de compressão e de descompressão para diferentes teores de finos

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 48

Tabela 6.9 – Resultado do peneiramento realizado antes do adensamento do corpo de

prova ------------------------------------------------------------------------------------------------------ 50

Tabela 6.10 – Resultado do peneiramento realizado após o adensamento do corpo de

prova ------------------------------------------------------------------------------------------------------ 51

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1. INTRODUÇÃO

A mineração é uma das áreas da economia que ajuda no desenvolvimento do

país. A demanda global é crescente por metais que servem como matéria prima,

maquinários ou bens de consumo. Os minérios e outras substâncias minerais são

matérias primas para quase tudo que nos cerca, desde os objetos mais simples até os

que exigem a mais alta tecnologia. Desta forma, a atividade mineradora vem crescendo

e com ela, a geração de resíduos, também chamados de rejeitos (tailings).

Segundo IBRAM (2016), no ano de 2016 o Brasil exportou cerca de 400 milhões

de toneladas de minério, sendo 95% deste valor representado pelo minério de ferro. Em

2013, a produção de minério de ferro no Brasil representava quase 14% da produção

mundial (Tabela 1.1). De acordo com DNPM (2015), as exportações do setor mineral

em 2014 representaram 19,4% das exportações nacionais. A Figura 1.1 mostra a

composição das exportações brasileiras de bens minerais primários em 2014.

Tabela 1.1 – Produção mineral brasileira e mundial em 2013 (IBRAM – 2014)

Produto Mundo Brasil % Brasil-Mundo

Minério de Ferro 2.950.000 410.000 13,89%

Aço 1.490.060 34.178 2,29%

Bauxita 259.000 34.200 13,20%

Alumínio 47.300 1.330 2,80%

Cobre 17.900 480 2,68%

Zinco 13.500 285 2,11%

Níquel 2.490 149 5,98%

Ouro* 2.770 t 75 t 2,70%

*Ouro unidade em toneladas Valores em dólar

Figura 1.1 – Composição das exportações brasileiras de bens minerais primários em 2014 (DNPM, 2015)

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2

Rejeito é todo e qualquer material não aproveitável economicamente, gerado

durante o processo de beneficiamento de minérios (ABNT, 2016). Estes necessitam de

atenção especial quanto ao seu armazenamento, por questões ambientais, e são

descartados sob a forma sólida ou de polpa (lama). No Brasil, os rejeitos são geralmente

lançados em forma de polpa, ou seja, mistura sólido-água, em reservatórios de diques

ou barragens alteadas com os próprios resíduos como material de construção.

As barragens e os diques podem estar sujeitas à erosão, instabilidade de

taludes e ao fenômeno de liquefação uma vez que o rejeito arenoso, depositado

hidraulicamente na zona de alteamento, apresenta-se nas condições saturada e fofa.

Desta forma, é necessário conhecer algumas propriedades desses rejeitos de forma a

garantir a estabilidade da barragem durante a execução do projeto e após o

encerramento de suas atividades.

Neste trabalho serão estudados os impactos provenientes da variação do teor

de finos em rejeitos de minério de ferro no coeficiente de adensamento, na

condutividade hidráulica, e no índice de vazios. Este estudo terá como base a realização

de ensaios de adensamento unidimensional, de caracterização e ensaios para

determinação do índice de vazios máximo e mínimo em amostras com diferentes teores

de finos de uma mistura areia-silte proveniente de um rejeito de minério de ferro.

1.1. MOTIVAÇÃO

Devido a grandes problemas com a estabilidade de barragens de rejeitos, os

métodos construtivos e o processo de deposição têm sido muito estudados. No Brasil,

o processo de deposição hidráulica tem sido frequentemente adotado pelas

mineradoras. Esse método consiste em uma mistura de água e sólidos e é transportada

por meio de tubulações, por gravidade ou bombeamento. Além disso, tem como

característica resultar em materiais saturados com elevados índices de vazios. Sob esta

configuração e quando submetido a um carregamento não drenado, este material pode

estar sujeito ao fenômeno da liquefação estática.

Um dos fatores que possui influência sobre este fenômeno é a composição

granulométrica do material, em especial seu teor de finos (FC). O comportamento

quanto à liquefação estática de um material puramente arenoso difere do

comportamento de misturas areia-silte para um mesmo índice de vazios.

THEVANAYGAM et al (2002) pontuam que dois materiais com o mesmo índice

de vazios, porém com diferentes teores de finos, podem ter as tensões na massa de

solo suportadas primariamente pelos contatos entre os grãos grossos ou pelos contatos

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3

entre os grãos finos. Os autores encontraram resultados em que, para um mesmo índice

de vazios, o potencial de liquefação de um silte-arenoso aumenta com o aumento do

teor de finos devido à redução dos contatos entre os grãos grossos.

De modo a entender melhor a influência do teor de finos nas propriedades de

um rejeito granular, principalmente no que concerne à sua compressibilidade, será

realizada uma revisão bibliográfica no assunto, em conjunto com ensaios de laboratório

e uma comparação entre os resultados obtidos por esta autora com os observados em

outros trabalhos. Este estudo terá como base a realização de ensaios de adensamento

unidimensional, de caracterização e ensaios para determinação do índice de vazios

máximo e mínimo em amostras com diferentes teores de finos de uma mistura areia-

silte proveniente de um rejeito de minério de ferro.

1.2. OBJETIVOS

Para um mesmo índice de vazios, conforme há um aumento na quantidade de

finos da mistura, menor é o número de contatos entre os grãos grossos e que, ao

alcançar uma determinada porcentagem de finos, há uma mudança nos contatos

primários entre os grãos, que deixam de ser entres os grãos grossos e passam a ser

entre os grãos finos.

Este trabalho tem como objetivo estudar os efeitos provenientes do teor de finos

na compressibilidade e nos índices de vazios máximo e mínimo de um rejeito de minério

de ferro. Além disso, buscou-se determinar o teor de finos limite (FCth) a partir do

comportamento reverso esperado para as curvas de adensamento unidimensional. Para

o estudo, foi feita a separação e mistura das frações e com estas amostram foram

realizados ensaios de laboratório que permitam obter os parâmetros de

compressibilidade para o material. Para esta pesquisa será utilizado o rejeito granular

de mineração de ferro da praia de uma barragem localizada no Quadrilátero Ferrífero

em Minas Gerais.

1.3. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Este trabalho foi organizado em 8 capítulos, estruturados da seguinte forma:

O capítulo 1 é a introdução do trabalho no qual são apresentados a motivação

e os objetivos.

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A revisão bibliográfica foi dividida em dois capítulos. No capítulo 2 são

apresentados aspectos relevantes sobre barragens de rejeito e o método construtivo da

barragem estudada neste trabalho. O capítulo 3 é destinado à apresentação de alguns

fatores que são influenciados pela variação do teor de finos.

No capítulo 4 são apresentados o material e a área estudada bem como os

resultados de caracterização obtidos em estudos anteriores para o mesmo rejeito.

No capítulo 5 é exposta toda a metodologia utilizada nos ensaios realizados.

No capítulo 6 encontram-se os resultados obtidos em todos os ensaios

realizados no material estudado bem como análises e discussões pertinentes.

O capítulo 7 apresenta as conclusões do trabalho e sugestões de ensaios e

estudos futuros relacionados ao rejeito estudado.

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2. BARRAGENS DE REJEITO

Uma barragem de rejeito é uma estrutura que tem por objetivo armazenar

resíduos produzidos pelo beneficiamento de minérios. O rejeito é um material sem valor

econômico, mas que necessita de uma atenção quanto ao seu devido armazenamento.

Segundo ESPÓSITO (1995), as barragens de rejeito são diferentes das demais

barragens. Em geral, são de pequeno porte, com altura de 80 a 100 metros e são

consideradas particulares por serem construídas em etapas, com alteamentos

sucessivos, e ao longo do tempo.

As etapas de uma barragem de rejeito consistem em construção, enchimento,

operação e descomissionamento. Para garantir a segurança da estrutura, é necessário

compreender o desempenho da barragem ao longo de toda a sua vida útil, ou seja, é

preciso conhecer a forma de disposição do rejeito bem como o monitoramento do

mesmo no decorrer dos anos. É necessário, assim, não só um projeto para o estágio de

operação da mina, mas também para seu fechamento. ESPÓSITO (2000) pontua que

o monitoramento de barragens de rejeito deve ser feito no início da construção, seguindo

por toda a sua vida útil e também realizado por um certo período após sua desativação.

2.1. MÉTODO CONSTRUTIVO DE MONTANTE

Os rejeitos provenientes do processo de beneficiamento do minério bruto não

apresentam valor econômico, mas são materiais de interesse para as mineradoras uma

vez que necessitam de um armazenamento adequado. Desta forma, empresas do setor

de mineração buscam alternativas mais econômicas e de fácil execução, mas que

também proporcionem segurança e minimizem os impactos ambientais.

A construção da barragem de rejeito é de responsabilidade da própria

mineradora. A disposição de rejeitos em sistemas de barragens em que o rejeito é

utilizado como próprio material de construção da barragem é uma opção mais

econômica e muito utilizada pelas mineradoras.

Existem três métodos construtivos de barragens de rejeitos: método de

montante, de jusante e o de linha de centro. O método de jusante consiste em

alteamentos sucessivos para o sentido de jusante do dique de partida. No método de

linha de centro, o rejeito é lançado perifericamente à montante, formando uma praia. Os

eixos da crista do dique de partida e da barragem após o alteamento são, praticamente,

coincidentes. Dentre esses métodos, o montante é o mais econômico e foi utilizado para

construção da barragem do rejeito em estudo.

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O método construtivo de montante (Figura 2.1) segue então as seguintes

etapas: inicialmente é construído um dique de partida, normalmente utilizando material

argiloso ou compactado, construído concomitantemente à drenagem interna da

barragem. Em seguida, o rejeito é lançado por canhões (spigots) em direção à montante

do dique, conforme Figura 2.2. Desta maneira, forma-se uma praia de disposição de

rejeitos que terá tanto função de fundação, como de fornecimento do material

construtivo para os próximos diques. A barragem vai sendo alteada, assim, até atingir a

altura máxima especificada em projeto.

Figura 2.1 – Seção de alteamento para montante

Figura 2.2 – Método de descarga em linha (RIBEIRO, 2000)

Durante o processo de beneficiamento de minérios, os rejeitos são produzidos

em forma de polpa, que é transportada por via hidráulica (transporte e deposição com

auxílio de água) por ser o meio mais econômico (ESPÓSITO, 2000). Este processo de

deposição pode gerar materiais saturados, com elevados índices de vazios. Desta

forma, caso este rejeito seja sujeito a um carregamento não drenado, pode haver o

desencadeamento do fenômeno de liquefação estática.

Apesar de muito utilizado, o método de alteamento para montante possui a

desvantagem de apresentar um baixo controle construtivo. Os diques alteados são

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construídos sobre camadas fofas de rejeitos, condições desfavoráveis para

carregamentos sísmicos. Além disso, segundo REZENDE (2013), há uma dificuldade

de implantação de um sistema de drenagem interna que possa controlar o nível d’água

dentro da barragem, dificultando a prevenção contra estabilidade e piping.

Embora o método apresente desvantagens significativas, esta técnica ainda é

viável sob alguns aspectos que devem ser levados em consideração durante e após a

construção. Segundo RIBEIRO (2000), o controle geotécnico associado a um processo

controlado de deposição durante a fase de construção da barragem pode reduzir os

fatores que venham a interferir no desempenho e segurança da estrutura. Deste modo,

os métodos de controle de campo juntamente com análises de laboratório contribuem

efetivamente na qualidade técnica de aterro hidráulico.

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3. INFLUÊNCIA DO TEOR DE FINOS EM MATERIAIS

GRANULARES

Barragens de rejeitos são estruturas que estão sujeitas ao fenômeno de

liquefação. Segundo POULOS et al. (1985), a liquefação é um fenômeno em que a

resistência ao cisalhamento do solo vai a zero quando submetida a carga monotônica,

cíclica ou dinâmica a volume constante. Quando os rejeitos arenosos se encontram

saturados, não compactados e sob carregamentos não drenados, estão sujeitos ao

fenômeno de liquefação.

Sob este aspecto, THEVANAYGAM et al. (2002) analisam o comportamento

não drenado e potencial de colapso de misturas granulares, que variam desde areias

limpas a siltes. Sabe-se que a tensão efetiva é a tensão transmitida pelo esqueleto

sólido do solo. Quando este esqueleto tem sua configuração alterada através da

diminuição ou aumento do contato entre os grãos, o comportamento mecânico deste

solo sofre interferência.

Segundo THEVANAYGAM et al. (2002), as tensões na massa de solo podem

ser suportadas primariamente pelos contatos entre os grãos grossos ou pelos contatos

entre os grãos finos. Os autores pontuam que, para um mesmo índice de vazios,

conforme há um aumento na quantidade de finos do material, menor é o número de

contatos entre os grãos grosseiros e que, ao alcançar uma determinada porcentagem

de finos não plásticos, há uma mudança nos contatos primários entre os grãos, que

deixam de ser entre os grãos grossos e passam a ser entre os grãos finos. Essa

porcentagem de finos é denominada de porcentagem de finos limite (FCth).

A Figura 3.1 apresenta duas diferentes microestruturas em que um solo

granular misto, com o mesmo índice de vazios e com diferentes teores de finos (FC),

pode-se encontrar. THEVANAYGAM et al. (2002) mostram que:

• Quando FC<FCth: grãos grosseiros têm função primária na resistência ao

cisalhamento dos solos (Figura 3.1a);

• Quando FC>FCth, grãos finos têm função primária na resistência ao

cisalhamento dos solos. Neste caso, não há contato dos grãos grossos entre si

(Figura 3.1b).

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Figura 3.1 – Exemplos de microestrutura de solos granulares com o mesmo índice de vazios e com diferentes teores de finos. Contatos primários entre (a) grãos grossos e (b) grãos finos (adaptado

de THEVANAYAGAM et al., 2002)

THEVANAYGAM et al. (2002) pontuam ainda que o índice de vazios não seria

um índice representativo para caracterizar a resposta mecânica de misturas granulares,

uma vez que, para um mesmo índice de vazios, o comportamento seria diferente devido

à diferença na contribuição de cada fração do solo. Em geral, os índices de vazios entre

os grãos grossos e os grãos finos apresentam-se como índices mais representativos

que o índice de vazios global.

𝑒𝑐 =

𝑒 + 𝑓𝑐

1 − 𝑓𝑐

Equação 3.1

𝑒𝑓 =𝑒

𝑓𝑐 Equação 3.2

Sendo:

fc = teor de finos não plástico;

ec = índice de vazios entre os grãos grossos;

ef = índice de vazios entre os grãos finos;

e = índice de vazios global.

Segundo FRAGASZY et al (1992), partículas em condição flutuante são

aquelas que estão completamente circundadas por partículas de diâmetro menores

(denominadas como “matriz” (Figura 3.1b). Deste modo, pode ocorrer a remoção das

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partículas nessa condição e a amostra pode ser representada sem prejuízo na análise

por uma amostra formada somente pela matriz.

SOUZA (2015), estudou a influência da presença de partículas grandes na

resistência de amostras heterogêneas, através de ensaios de cisalhamento direto com

material granular cujas partículas apresentavam diâmetros significativamente distintos.

Para analisar tal influência, foram realizados ensaios em amostras compostas por

esferas de aço-cromo de 4,0 mm de diâmetro, representando as partículas de maior

diâmetro, e por uma areia uniforme composta de partículas com diâmetros de 0,25 mm

a 0,42 mm, representando a matriz.

FRAGASZY et al (1992), propõem que partículas grandes flutuando em uma

matriz de partículas pequenas não afetam significantemente as características de

resistência e deformação da mistura. Logo, um protótipo contendo partículas maiores

pode ser representada por uma amostra contendo apenas partículas pequenas e uma

densidade igual à do far field matrix. Essa densidade é diferente daquela encontrada no

near-field matrix, uma vez que a presença de partículas grandes torna essa parcela mais

compacta que a porção distante da matriz. A Figura 3.2 apresenta a configuração

proposta por FRAGASZY et al, (1992), mostrando a região distante e próxima dos grãos

grossos, far field matrix e near-field matrix, respectivamente.

Figura 3.2 – (a) Partículas no estado flutuante (b) Partículas no estado não flutuante (FRAGASZY et al, 1992).

Segundo SOUZA (2015), essa diferença de compacidade se dá pois, quando

partículas maiores são adicionadas à matriz, o volume ocupado é maior que a soma dos

volumes individuais das partículas pequenas, uma vez que a partícula grande ocupa um

espaço contínuo e as partículas pequenas possuem vazios entre elas. A acomodação

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de uma partícula grande causa uma densidade maior nas vizinhanças da mesma que

das partículas distantes.

3.1. ÍNDICES DE VAZIOS MÁXIMO E MÍNIMO

Segundo THEVANAYAGAM et al. (2002), para um mesmo índice de vazios e

tensão confinante, o potencial de liquefação de uma areia pura aumenta com o aumento

do teor de finos (FC) devido a uma redução no contato intergranular entre os grãos

grossos.

Diversos autores (THEVANAYAGAM et al., 2002, FOURIE &

PAPAGEORGIOU, 2001, YANG et al., 2006, BANDINI & SATHISKUMAR, 2009,

BELKHATIR et al., 2013) realizaram ensaios para determinar as relações entre os

índices de vazios máximo e mínimo com o teor de finos (não plástico) de misturas

granulares. Foi observado um comportamento semelhante nos resultados encontrados

pelos autores, em que o índice de vazios máximo apresenta uma diminuição inicial com

o aumento do teor de finos, até um valor de mínimo, e posterior crescimento até alcançar

seu valor máximo, que ocorre quando FC=100%. O índice de vazios mínimo, no entanto,

apesar de possuir comportamento análogo, apresenta uma menor variação nos seus

valores para todo o intervalo de FC.

A Figura 3.3.reproduz os resultados apresentados por YANG et al (2006), ao

realizarem ensaios em misturas de areia com finos não plásticos. Observa-se que,

enquanto o emáx varia de 0,7 a 1,4, no intervalo de FC entre 0 e 90%, o emín varia apenas

entre cerca de 0,4 e 0,7.

Figura 3.3 – Relação entre os índices de vazios máximos e mínimos com o teor de finos de misturas granulares (adaptado de YANG et al, 2006)

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3.2. ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL

Alguns autores (THEVANAYAGAM et al., 2002, CARRERA et al., 2011), ao

variar as porcentagens da fração de finos não plásticos e da fração grossa em ensaios

realizados, observaram um comportamento reverso nas misturas de areia e silte.

A Figura 3.4 (a) mostra o resultado de ensaios de compressão edométrica

realizados em diferentes misturas, variando-se o teor de finos de cada uma. Pode-se

observar que, a curva se posiciona mais abaixo conforme se aumenta o teor de finos da

mistura, até que, para determinado valor de FC, o comportamento reverte e as curvas

começam a subir. O teor de finos correspondente a essa mudança de comportamento

é chamado por CARRERA et al. (2011) como TFC (Transitional Fine Content) e por

THEVANAYAGAM et al. (2002) como FCth (Threshold Fine Grains Content), conforme

apresentado no início deste capítulo.

Nota-se na Figura 3.4 (b) que o valor do índice de compressão CC vai

diminuindo com o aumento da porcentagem de silte presente, mas que esse

comportamento se inverte para um teor de silte de 50% e 70%.

Segundo LADE et al. (2011), há uma certa divergência de opiniões sobre a

influência do teor de finos no fenômeno da liquefação. Eles pontuam que a causa para

essa divergência de conclusões é devido aos diferentes métodos de deposição, tensão

confinante, teor de silte, graduação do silte, entre outras.

Figura 3.4 – (a) Compressão unidimensional de misturas de silte e areias; (b) variação do índice de compressão CC com o teor de silte (CARRERA et al., 2011)

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3.3. COMPRESSÃO UNIDIMENSIONAL DAS AREIAS

O material estudado neste trabalho é um rejeito com granulometria de areia

fina siltosa. Para maior compreensão sobre o comportamento deste rejeito,

considerações relativas aos solos arenosos, quando adensados, foram levadas em

consideração.

A Figura 3.5 apresenta os resultados de ensaios de compressão unidimensional para areias nos estados incialmente fofo e compacto.

Figura 3.5 – Compressão unidimensional da areia nos estados fofo e denso (ATKINSON E BRANSBY, 1978).

As curvas D1E1B1 e D2E2B2 representam respectivamente as curvas de

compressão das areias inicialmente fofas e densas. Quando submetidas a uma

compressão unidimensional, geralmente, as areias em estado fofo deformam-se mais

do que as em estado mais compacto, porém a deformação de ambas ainda é

relativamente baixa.

O resultado do ensaio apresentado na Figura 3.5 mostra que, sob baixas

tensões, as curvas possuem pequenas inclinações e se aproximam da reta de

compressão virgem (reta AB) com o aumento das tensões. A posição relativa dessas

curvas depende das densidades relativas, graduação da areia e do formato dos grãos.

Observa-se ainda que, para valores da tensão vertical efetiva até 700kPa, as duas

amostras se comportam como pré-adensadas. Ou seja, a compacidade das areias não

p’ (kNm-2) – escala log

Vo

lum

e e

sp

ecíf

ico

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é um fator significativo para determinar a variação volumétrica (ATKINSON E

BRANSBY, 1978).

3.4. PARÂMETROS DE COMPRESSIBILIDADE DE REJEITOS

Segundo HU et al (2017), os rejeitos finos apresentam sempre maior

compressibilidade do que os rejeitos grosseiros. Para diferentes tipos de rejeitos, a

compressibilidade não é apenas relacionada ao tamanho do grão e ao tipo de mina,

mas também depende da tecnologia de mineração, método de deposição, composição

mineralógica, etc.

Os rejeitos granulares, constituídos de partículas de granulometria de areias

finas a médias, não plásticas, possuem alta permeabilidade e resistência ao

cisalhamento e baixa compressibilidade. Já as lamas, constituídas por partículas de

granulometria de siltes e argilas, possuem difícil sedimentação e alta compressibilidade

(ARAUJO, 2006).

CARRERA et al. (2011) realizaram ensaios de compressão unidimensional em

um rejeito silto-arenoso, proveniente da barragem de Stava, na Itália. Os ensaios foram

realizados em amostras com diferentes teores de finos. Através dos resultados

apresentados na Figura 3.6, é possível identificar uma linha tracejada presente nas

curvas. Tal linha representa uma reta normal de compressão unidimensional para cada

mistura. Comparando os resultados, pode-se observar que com o aumento do teor de

silte e o valor de Cc diminui, conforme mostrado no item 3.2.

Figura 3.6 – Resultados de ensaios de compressão unidimensional para diferentes misturas, variando o índice de vazios inicial (CARRERA, A., 2011)

30% areia – 70% silte

100% areia 100% silte

50% areia – 50% silte

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HU et al (2016) analisaram resultados de ensaios de compressão

unidimensional para quatro tipos de rejeitos afim de verificar suas propriedades. Foram

analisados rejeitos de ferro, cobre, ouro, carvão e petróleo (Figura 3.7).

Figura 3.7 – Resultados de ensaio de adensamento unidimensional (Adaptado de HU et al., 2017).

De acordo com os resultados de Cc, os rejeitos de ferro de granulometria grossa

possuem compressibilidade moderada e os de granulometria fina possuem alta

compressibilidade. Comparando todos os resultados de Cc, pode-se observar que os

rejeitos de petróleo e de carvão são mais compressíveis frente aos outros metais e que,

para o mesmo tipo de rejeito, os de granulometria fina são sempre mais compressíveis

que os de granulometria grosseira.

ARAUJO (2006) realizou um estudo em uma barragem de contenção de

rejeitos de mineração de Ferro da Cia. Vale do Rio Doce - CVRD, no município de

Ouro Preto, MG. Para a determinação das características de compressibilidade,

foram realizados ensaios de adensamento unidimensional. Os índices de

compressão (Cc) tiveram resultados variando de 0,22 a 0,36. Foram realizados

Tensão vertical, p (kPa)

Índic

e d

e v

azi

os,

e

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também ensaios de adensamento no overflow (material ciclonado de fração fina) para

determinação do coeficiente de adensamento, relacionado à velocidade com que o

material adensa, importante não só para prever as massas específicas atingidas com o

tempo, como também a velocidade com que os excessos de poropressão gerados

durante o carregamento gradual da zona saturada da barragem são dissipados. Durante

a realização do ensaio de adensamento verificou-se, inicialmente, uma diminuição

acentuada do índice de vazios sem incremento de pressão. Isso é consequência de

se ter moldado o corpo de prova numa condição de vazios máximo, o que produz

uma estrutura instável dos grãos. Os valores de coeficientes de adensamento

resultaram próximo a 1 ∙ 10−2 𝑐𝑚2

𝑠⁄ para índice de vazios próximo a 0,6, e próximo

à metade desse valor para índices de vazios entre 0,5 e 0,55, correspondentes a

tensões efetivas elevadas.

3.5. PARÂMETROS DE CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA DE REJEITOS

Barragens de rejeito construídas pelo método de montante são estruturas

sujeitas à erosão, liquefação e instabilidade de taludes. Um aspecto importante que

deve ser levado em consideração é o efeito do gradiente de permeabilidade gerado

durante a construção da barragem de rejeito. Segundo CAVALCANTE (2000), durante

o alteamento da barragem, a porosidade das camadas já lançadas sofrem uma

alteração, que consequentemente afeta sua permeabilidade.

CAVALCANTE (2000) realizou um estudo em que a condutividade hidráulica

no estágio subsequente do alteamento é função das características da praia de rejeito,

da distância do ponto de lançamento à praia, da condutividade hidráulica inicial e da

porosidade inicial medidas no primeiro estágio do alteamento.

A condutividade hidráulica ou coeficiente de permeabilidade, k, é a capacidade

de transmissão de água em um determinado meio. Essa capacidade é dependente tanto

do meio quanto do fluido que o atravessa.

A condutividade hidráulica de barragens alteadas com rejeito sofre influência

das características do fluido percolante, características geotécnicas dos rejeitos e do

processo construtivo. Entre as características geotécnicas dos rejeitos, os fatores que

mais influenciam a condutividade hidráulica dos rejeitos são: granulometria, composição

mineralógica, arranjo das partículas, densidade e grau de saturação (CAVALCANTE,

2000).

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O comportamento hidráulico do rejeito pode ser influenciado pelo formato dos

grãos uma vez que grãos arredondados tendem a apresentar vazios maiores e uma

consequente condutividade hidráulica alta. Já os grãos angulares apresentam uma

configuração com vazios menores, já que o encaixe entre os grãos é permitido.

BANDINI et al. (2009) realizaram ensaios para determinação da condutividade

hidráulica em misturas areno siltosas variando o teor de finos.

(a) (b)

Figura 3.8 – (a) Condutividade hidráulica para diferentes teores de finos e (b) efeito do teor de finos no coeficiente de adensamento

Na Figura 3.8 pode-se observar que um aumento no teor de silte de 0 a 25%

provoca reduções de duas ordens de grandeza na permeabilidade e, por consequência,

no coeficiente de adensamento.

Figura 3.9 – Condutividade hidráulica variando teor de finos para diferentes índices de vazios

Na Figura 3.9 pode-se observar que o valor da condutividade hidráulica das

areias limpas (0% de silte) é pouco influenciado pelo índice de vazios. Para areias com

25% de silte, o índice de vazios pode afetar a permeabilidade (menos de uma ordem de

grandeza).

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4. APRESENTAÇÃO DA ÁREA E MATERIAL DE ESTUDO

4.1. ÁREA DE ESTUDO

O material utilizado nesta pesquisa consiste em rejeitos de minério de ferro que

pertenciam à Barragem do Fundão, propriedade da Samarco Mineração S.A, coletado

em 2013. Esta barragem sofreu rompimento no dia 5 de novembro de 2015. A área

estudada localiza-se na unidade industrial de Germano, entre os municípios de Mariana

e Ouro Preto, em Minas Gerais.

Na unidade de Germano, o minério bruto (ROM – Run of Mine) proveniente da

extração da mina segue para o processo de beneficiamento, cujo produto concentrado

em forma de polpa é bombeado via mineroduto para a usina de pelotização situada em

Ubu, no estado do Espírito Santo (REZENDE, 2013).

A Figura 4.1 apresenta uma foto aérea do dia 7 de maio de 2013 do Complexo

de Mineração de Germano.

Figura 4.1 – Complexo de Mineração de Germano (GOOGLE EARTH, acesso em 23 de agosto de 2017)

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Na etapa de beneficiamento do minério são gerados dois tipos principais de

rejeitos: o rejeito fino, conhecido como lama; e o rejeito arenoso.

Para o armazenamento desses rejeitos, a unidade de Germano possuía três

diferentes barragens: a Barragem de Germano, responsável pelo armazenamento da

lama; do Fundão, responsável pelo armazenamento da lama e rejeito arenoso; e de

Santarém que era responsável pelo armazenamento da água utilizada no processo

(TELLES, 2017).

O material estudado neste trabalho é o rejeito arenoso armazenado na Barragem

do Fundão. No layout inicial desta barragem, a areia e a lama seriam separadas

fisicamente através do Dique 2. No reservatório do Dique 1, seria disposto o rejeito

arenoso e no Dique 2 o rejeito em forma de lama. A Figura 4.2 apresenta uma foto aérea

em que se pode observar a Barragem do Fundão em 2012, ambos os diques e os

rejeitos finos e arenosos.

Figura 4.2 – Barragem do Fundão e seus Diques em 2012 (REZENDE, 2013)

O Dique 1 (dique de partida) foi construído em aterro homogêneo de solo

saprolítico compactado. Essa estrutura de partida para o empilhamento de rejeitos

granulares possuía 30 metros de altura. Sua crista foi posicionada na elevação de

830,0m com 8m de largura e aproximadamente 260m de extensão. Os taludes de

montante e o de jusante do dique possuíam respectivamente inclinação igual a 1:1,5

Dique 1 Dique 2

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(V:H) e 1:2 (V:H). No talude a jusante, a largura da berma é igual a 5m e a altura do

banco igual a 10m. (FLÓREZ, 2015).

4.2. AMOSTRAGEM E MATERIAL ESTUDADO

A amostragem foi realizada por membros da própria mineradora, em 2013,

durante a tese de FLÓREZ (2015). O material retirado foi transportado, e armazenado

no laboratório de Geotecnia da COPPE/UFRJ. A Figura 4.3 mostra os locais de retirada

do rejeito estudado neste trabalho.

Pontua-se que o rejeito utilizado neste trabalho foi o mesmo utilizado por

FLÓREZ (2015), e é dado pela mistura homogeneizada dos rejeitos de coloração cinza

e vermelha, provenientes do Concentrador I (na obreira esquerda) e do Concentrador II

(na ombreira direita), apresentados na Figura 4.4 segundo metodologia apresentada

pela autora citada. A Figura 4.5 apresenta o material coletado guardado em sacolas no

laboratório de Geotecnia da COPPE/UFRJ.

Dessa forma, o material já foi caracterizado física, química e

mineralogicamente, através de ensaios de granulometria, massa específica dos grãos,

análise química, microscopia eletrônica de varredura (MEV), e análises de difração de

raios-X (DRX).

Figura 4.3 – Locais de retirada das amostras a barragem (FLÓREZ, 2015)

Áreas de coleta de amostras

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Figura 4.4 – Coleta de amostras de rejeito da praia da Barragem (FLÓREZ, 2015)

Figura 4.5 – Rejeito seco, separado e guardado em sacos plásticos (5kg) (FLÓREZ, 2015)

Os resultados encontrados por FLÓREZ (2015) dos ensaios para o rejeito na

condição inalterada são encontrados na Tabela 4.1.

Tabela 4.1 – Caracterização física, química e mineralógica do rejeito inalterado e após o envelhecimento (adaptado FLÓREZ, 2015).

Ensaio Rejeito original

Ca

racte

rizaçã

o

Fís

ica

Gra

nu

lom

etr

ia (

%) Argila 1

Silte 29

Areia fina 60

Areia média 10

Areia fina grossa

0

Gs 2,85 ± 0,06

Qu

ímic

a

Fe (%) 9,66 ± 2,21

SiO2 (%) 85,77 ± 3,29

Al2O3 (%) 0,06 ± 0,05

Microscopia - MEV Partículas de ferro e sílica

Min

era

lógic

a

Difração de Raio X Quartzo,

hematita e goethita

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Na caracterização mineralógica do rejeito foram identificados quartzo e os

minerais de ferro hematita e goethita. A Figura 4.6 apresenta o resultado da microscopia

eletrônica de varredura (MEV) realizada no material, aonde identificam-se os grãos de

quartzo, que correspondem às partículas escuras, e os óxidos de ferro, correspondentes

às partículas brancas (FLÓREZ, 2015).

Figura 4.6 – Fotografias do rejeito inalterado, obtidas pela MEV (FLÓREZ, 2015).

500 µm 100 µm

50 µm 10 µm

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5. METODOLOGIA UTILIZADA

Para análise da influência do teor de finos no comportamento do rejeito de

minério de ferro estudado foram realizados ensaios no rejeito original e ensaios em

diferentes misturas realizadas com o próprio material do rejeito. As misturas foram

preparadas de forma a cada uma possuir um determinado teor de finos (FC), isto é,

foram preparadas misturas com FC = 0, 20, 35 (rejeito natural), 50, 60 e 100%. Os

ensaios realizados consistiram na caracterização do material (análise granulométrica,

determinação de índice de vazios máximo e mínimo, e determinação da massa

específica dos sólidos) e em ensaios de adensamento unidimensional.

As metodologias utilizadas no preparo das misturas e nos ensaios serão

apresentadas nos itens a seguir. Todos os ensaios foram realizados no Laboratório de

Mecânica dos Solos Fernando Emmanuel Barata, na Escola Politécnica da UFRJ, e no

Laboratório de Geotecnia Professor Jacques Medina, situado na COPPE/UFRJ.

5.1. PREPARO DAS MISTURAS

Para o preparo das misturas com diferentes teores de finos o rejeito foi seco

em estufa, destorroado e peneirado na peneira 200. A parcela que ficou retida compõe

a fração grossa do rejeito, e a parcela passante compõe a fração fina do material (Figura

5.1). Cada parcela foi então quarteada e as porções menores foram misturadas e

homogeneizadas de forma a se obter materiais com os teores de finos desejados.

Assim, uma mistura com FC=60%, por exemplo, possui 60% de seu peso total

correspondente à fração do rejeito que passou na peneira 200, e os outros 40% são da

fração retida nessa peneira.

Figura 5.1 – Rejeito após separação na peneira nº 200: a) fração fina e b) fração grossa

a

b

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5.2. ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO

Para a caracterização do rejeito foram feitos ensaios de peneiramento e

sedimentação, com defloculante, ensaios para determinação do peso específico dos

sólidos, e ensaios para determinação dos índices de vazios máximo e mínimo. Não

foram realizados ensaios de limites de Atterberg uma vez que, através do manuseio do

material, é possível perceber que o rejeito não apresenta plasticidade. Todos os ensaios

foram realizados no rejeito original e nas frações fina e grossa obtidas após a separação

na peneira 200.

Os ensaios foram realizados com base nas normas abaixo:

• Peneiramento e sedimentação: NBR 7181:2016 (ABNT, 2016b);

• Determinação da massa específica dos sólidos: NBR 6458:2016 (ABNT,

2016a)

• Determinação do índice de vazios mínimo: ASTM-D4253-00 – Standard

Test Methods for Maximum Index Density and Unit Weight of Soils Using

a Vibratory Table (ASTM, 2000a)

Antes do início dos ensaios cada mistura foi seca em estufa, destorroada, e

quarteada conforme Figura 5.2.

Figura 5.2 – Quarteamento do material

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Para analisar a influência da porcentagem de finos no comportamento de um

rejeito é necessário conhecer o índice de vazios dos corpos de prova ensaiados e, desta

forma, é necessário também conhecer a densidade real dos grãos. (Gs). Sendo Gs

função das densidades dos grãos minerais constituintes e dos procedimentos de

extração e processamento do minério, seu valor varia com o teor de finos da mistura.

Isto ocorre porque a fração grossa do rejeito é constituída principalmente pelo mineral

quartzo, e a fração fina pelos óxidos de ferro cujas densidades são superiores à da

sílica. Deste modo, foram realizados três ensaios para a determinação do Gs:

• O primeiro ensaio foi realizado no rejeito original (FC=35%);

• O segundo ensaio foi realizado somente com a parcela fina, passante na

peneira nº 200;

• O terceiro ensaio foi realizado somente com a parcela grosseira, retida

na peneira nº 200.

O Gs da mistura a partir das frações de finos foi então calculado por

𝐺𝑠,𝑚𝑖𝑠𝑡𝑢𝑟𝑎 =

𝐹𝐶

100∙ 𝐺𝑠,𝑓𝑖𝑛𝑜𝑠 + (1 −

𝐹𝐶

100) ∙ 𝐺𝑠,𝑔𝑟𝑜𝑠𝑠𝑜𝑠

Equação 5.1

sendo

FC = fração fina da mistura (passante na peneira nº 200);

Gs,mistura = densidade dos sólidos da mistura;

Gs,finos = densidade real dos sólidos da fração fina do rejeito;

Gs,grossos = densidade real dos sólidos da fração grossa do rejeito.

5.3. ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DOS ÍNDICES DE VAZIOS

MÁXIMOS E MÍNIMOS:

O solo é um material composto por partículas sólidas, ar, e água (Figura 5.3),

sendo o seu comportamento dependente da quantidade relativa de cada uma dessas

três fases. As proporções entre as fases podem ainda se alterar devido ao

comportamento mecânico do solo quando submetido a variações no estado de tensões

efetivas.

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Figura 5.3 – As fases no solo separadas em volume (PINTO, 2006)

O índice de vazios é definido como a relação entre o volume de vazios (Vv),

representado pelo conjunto ar+água, e o volume das partículas sólidas (Vs).

O comportamento mecânico de um solo arenoso varia com o seu estado de

compacidade. Através dos índices de vazios máximo e mínimo é possível verificar seu

estado mais fofo e mais compacto possível, respectivamente. Esses índices são obtidos

através dos ensaios que serão descritos nos itens seguintes. A compacidade de uma

areia é dada pela compacidade relativa (CR)

𝐶𝑅 = 𝑒𝑚á𝑥 − 𝑒

𝑒𝑚á𝑥 − 𝑒𝑚í𝑛 Equação 5.3

onde

e = índice de vazios que o material se encontra;

emáx = índice de vazios máximo obtido em laboratório;

emín = índice de vazios mínimo obtido em laboratório.

A Tabela 5.1 fornece uma terminologia proposta por Terzaghi para a

classificação de areias de acordo com a sua compacidade relativa. Para um mesmo

volume de solo, quanto menor o índice de vazios, mais partículas sólidas estarão

presentes no conjunto, tornando a amostra mais compacta. De forma geral, as areias

compactas apresentam maior resistência e menor deformabilidade. Estas

características dependem também de fatores como distribuição granulométrica e o

formato dos grãos. Contudo, a compacidade mostra-se um fator importante.

𝑒 =

𝑉𝑣

𝑉𝑠

Equação 5.2

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Tabela 5.1 – Classificação das areias segundo a compacidade (PINTO, 2006)

Classificação CR

Areia fofa Abaixo de 0,33

Areia de compacidade média Entre 0,33 e 0,66

Areia compacta Acima de 0,66

5.3.1. ÍNDICE DE VAZIOS MÍNIMO

Para a determinação do índice de vazios mínimo, foi adotada uma das

metodologias propostas pela norma ASTM-D4253-00 - Standard Test Methods for

Maximin Index Density and Unit Weight of Soils Using a Vibratory Table (ASTM, 2000a).

Cabe ressaltar que a norma estabelece a determinação do índice de vazios

mínimo de solos não coesivos, que contenham até 15% de partículas passantes na

peneira nº 200. Segundo REZENDE (2003), entretanto, para o caso de rejeitos de

minério de ferro, a fração fina corresponde basicamente às partículas de ferro, isentas

de características coesivas. Sendo assim, seria possível adotar os procedimentos

sugeridos pela norma ASTM, ainda que o percentual de finos do rejeito analisado seja

maior que 15%.

Para a realização do ensaio foram utilizados o rejeito seco e destorroado, um

cilindro Proctor Normal, com colar, uma mesa vibratória, e um peso de

aproximadamente 1,8 kg (Figura 5.4). De modo a conferir se o rejeito estava seco, foi

necessário medir a umidade. O valor encontrado foi de aproximadamente 0,04%,

configurando assim, um material seco.

Figura 5.4 – Conjunto utilizado no ensaio para determinação do índice de vazios mínimo

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O ensaio consistia em preencher o cilindro com o material do rejeito até uma

altura superior à metade do colar, com o auxílio de um funil, de forma a minimizar a

segregação dos grãos. Em seguida o peso era colocado sobre o rejeito, de forma a

auxiliar na compactação do material ao ser submetido à vibração. O conjunto era então

posicionado sobre a mesa vibratória e submetido a uma vibração sob frequência de 60

Hz, durante 10 minutos. Ao final, o colar do cilindro era retirado e o molde era rasado

com o auxílio de uma régua de aço, eliminando o excesso do material, como mostra a

Figura 5.5. O rejeito era então transferido integralmente para um novo recipiente, onde

era pesado, visando obter sua massa seca que, relacionada com o volume do molde,

resultava na máxima massa específica seca.

Figura 5.5 – Molde rasado para obtenção do índice de vazios mínimo

Para a determinação do valor do índice de vazios mínimo, seguiu-se a

sequência de cálculos descrita abaixo:

𝑒𝑚í𝑛 = (

𝜌𝑠

𝜌𝑑,𝑚á𝑥) − 1

Equação 5.4

𝜌𝑑,𝑚á𝑥 = 𝑚𝑠

𝑉𝑡 Equação 5.5

sendo

emín = Índice de vazios mínimo do material;

𝜌𝑠 = massa específica dos sólidos (conforme metodologia proposta no item 5.2);

𝜌𝑑,𝑚á𝑥 = massa específica seca máxima (g/cm³); determinada no ensaio;

𝑚𝑠 = massa seca do rejeito (g);

𝑉𝑡 = Volume do cilindro de Proctor Normal (cm³).

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5.3.2. ÍNDICE DE VAZIOS MÁXIMO

Inicialmente, para a determinação do índice de vazios máximo, foram

realizados os três métodos propostos pela norma ASTM-D4254 - Standard Test

Methods for Minimum Index Density and Unit Weight os Soils Using a Vibratory Table

(ASTM, 2000b). Os resultados obtidos, no entanto, encontravam-se muito abaixo do

esperado para o rejeito original bem como para as misturas, de acordo com a literatura.

Desta forma, outros métodos foram testados, e a metodologia adotada, que resultou em

um maior índice de vazios, será descrita a seguir.

O ensaio para determinação do índice de vazios máximo consistiu então em,

com o auxílio de uma colher, depositar o material seco cuidadosamente dentro de um

anel de aço. A altura de queda entre o material da colher e a camada de rejeito já

depositada deveria ser mínima, e a deposição era feita de forma lenta, conforme a

Figura 5.6.

Figura 5.6 – Ensaio para determinação do índice de vazios máximo

As dimensões do anel utilizado encontram-se descriminadas na Tabela 5.2.

Tabela 5.2 – Dimensões do anel utilizado no ensaio para determinação do índice de vazios máximo

Diâmetro externo (De) 5,35 cm

Espessura 1,30 cm

Diâmetro interno (Di) 5,09 cm

Altura (h) 2,04 cm

Volume (V) 41,51 cm³

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Para a determinação do valor do índice de vazios máximo, seguiu-se a

sequência de cálculos descrita abaixo:

𝑒𝑚á𝑥 = (

𝜌𝑠

𝜌𝑑,𝑚í𝑛) − 1

Equação 5.6

𝜌𝑑,𝑚í𝑛 = 𝑚𝑠

𝑉𝑡 Equação 5.7

sendo

emáx = Índice de vazios máximo;

𝜌𝑠 = massa específica dos grãos (conforme metodologia proposta no item 5.2);

𝜌𝑑,𝑚í𝑛 = massa específica seca mínima (g/cm³); determinada no ensaio;

𝑚𝑠 = massa seca do rejeito (g);

𝑉𝑡 = Volume do anel (cm³).

É interessante pontuar que a autora realizou este ensaio de forma similar,

porém com um anel de maiores dimensões, e encontrou resultados muito abaixo do

esperado pela literatura e dos resultados já obtidos anteriormente por esta autora. As

dimensões deste anel estão apresentadas na Tabela 5.3. A Figura 5.7 apresenta ambos

os anéis utilizados, para comparação.

Tabela 5.3 – Dimensões do segundo anel utilizado para determinação do índice de vazios máximo

Diâmetro externo (De) 6,64 cm

Espessura 0,17 cm

Diâmetro interno (Di) 6,30 cm

Altura (h) 2,56 cm

Volume (V) 79,80 cm³

Figura 5.7 – Anéis utilizados na realização do ensaio para determinação do índice de vazios

De=6,64cm De=5,35cm

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O ensaio realizado com a mistura de FC=60% pode ser utilizado como

exemplo. Este mesmo ensaio foi realizado com os dois anéis e a autora obteve

resultados muito distintos. O ensaio foi repetido seis vezes para cada anel e os

resultados obtidos encontram-se na Tabela 5.4.

Tabela 5.4 – Resultados obtidos para o índice de vazios máximo com diferentes anéis

Índice de Vazios Máximo

Anel Menor Anel Maior

1,06 0,97

1,05 0,98

1,05 0,97

1,06 0,98

1,07 0,98

1,06 0,97

Como pode ser observado, para o anel menor, o maior índice de vazios

encontrado foi igual a 1,07, enquanto que, para o anel maior, este valor não ultrapassa

0,98. Sendo assim, conclui-se que a dimensão do anel interfere no valor determinado

para o índice de vazios máximo, uma vez que esta foi a única variável modificada entre

ambos os ensaios.

5.4. ENSAIO DE ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL

Os ensaios edométricos foram divididos em duas fases, totalizando sete

ensaios realizados. A primeira fase consistiu em 2 ensaios, realizados em corpos de

prova moldados com o material do rejeito original e com diferentes índices de vazios

iniciais (0,70 e 0,80). Segundo REZENDE (2013), o índice de vazios médio de campo

para a região da praia de rejeitos igual a 0,88. Os ensaios da segunda fase foram

realizados nas misturas preparadas com o material do rejeito considerando os diferentes

teores de finos (FC = 0, 20, 50, 60 e 100%), segundo metodologia descrita no item 5.1,

e em corpos de prova moldados com o mesmo índice de vazios (0,85±0,01).

Todos os corpos de prova foram carregados em estágios, até alcançar uma

tensão efetiva vertical igual a 800 kPa, quando passaram a ser descarregados.

Os ensaios foram realizados no Laboratório de Mecânica dos Solos Professor

Fernando Emmanuel Barata, na Universidade Federal do Rio de Janeiro, e no

Laboratório de Geotecnia Professor Jacques Medina, situado na COPPE/UFRJ. Todos

eles foram realizados de acordo com a norma brasileira NBR 12007 (ABNT, 1990). A

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Figura 5.8 e Figura 5.9 apresentam imagens das prensas utilizadas nos ensaios, durante

a realização dos mesmos.

Figura 5.8 – Prensa de adensamento – Laboratório Fernando Emmanuel Barata

Figura 5.9 – Prensas de adensamento – Laboratório de Geotecnia Professor Jacques Medina

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Como os materiais granulares são muito menos compressíveis do que os

materiais argilosos, verificou-se se a deformação do conjunto (célula de adensamento,

anel de aço, e pedra porosa) poderia ser significativa e influenciar no valor calculado do

índice de vazios do rejeito. Desta forma, foi realizado um ensaio de adensamento

apenas no conjunto, isto é, sem corpo de prova,

As deformações foram obtidas até o carregamento de 400 kPa e comparadas

com as deformações dos ensaios realizados com as misturas. Verificou-se que a

influência dessa compressibilidade no valor do índice de vazios não era superior a 0,01.

Dessa forma, considerou-se que a compressibilidade do conjunto poderia ser

desprezada.

5.4.1. MOLDAGEM DOS CORPOS DE PROVA

A moldagem dos corpos de prova da presente pesquisa foi realizada pluviando

o material no interior de um anel de aço biselado, próprio do ensaio de adensamento.

Os ensaios da primeira e da segunda fase foram realizados em anéis com dimensões

distintas, especificadas na tabela abaixo. A mudança nas dimensões dos anéis se deu

pela realização de ensaios em células de adensamento diferentes.

Tabela 5.5 – Dimensões dos anéis utilizados nos ensaios de adensamento

Primeira fase Segunda fase

Diâmetro externo (De) 5,35 cm 7,39 cm

Espessura 1,30 cm 1,11cm

Diâmetro interno (Di) 5,09 cm 7,16 cm

Altura (h) 2,04 cm 2,03 cm

Volume (V) 41,51 cm³ 81,78 cm³

A moldagem iniciava com o posicionamento do anel de aço sobre um papel

filtro, que por sua vez era colocado em cima de uma pedra porosa seca, e o conjunto

era pesado. A pluviação era então feita utilizando um funil de vidro, diretamente no

interior do anel, conforme apresentado na Figura 5.10. De forma a alcançar o índice de

vazios requerido, variava-se a altura de queda do material, e alguns corpos de prova

tiveram ainda que ser levemente compactados em camadas, utilizando apenas o top

cap para auxiliar.

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Figura 5.10 – Moldagem do corpo de prova por pluviação

Após a pluviação o corpo de prova era rasado, e o material excedente era

retirado de cima da pedra porosa com o auxílio de um pincel (Figura 5.11 e Figura 5.12).

O conjunto era novamente pesado, e o peso seco do material (Ps) era dado pela

diferença entre ambas as pesagens.

O índice de vazios era então calculado pela Equação 5.8.

𝑒 = (𝐺𝑆 ∙ 𝛾𝑤

𝛾𝑑) − 1 Equação 5.8

𝛾𝑑 =

𝑃𝑆

𝑉𝑇

Equação 5.9

Sendo:

GS = densidade real dos sólidos (calculada para cada mistura, conforme metodologia

explicada no item 5.2)

𝛾𝑤 = peso específico da água (9,81 kN/m³);

𝛾𝑑 = peso específico seco;

PS = Peso seco;

VT = Volume total.

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Figura 5.11 – Nivelamento do rejeito no anel

Figura 5.12 – Retirada do material excedente sobre a pedra porosa

Após alcançado o índice de vazios desejado, a pedra porosa utilizada na

moldagem era substituída por uma pedra porosa previamente saturada. Com cautela,

colocava-se a pedra porosa que seria utilizada na prensa sobre o anel e girava-se o

conjunto de modo a preservar o índice de vazios desejado, conforme ilustrado na Figura

5.13. Esse conjunto era então posto na câmara de adensamento, conforme a Figura

5.14 e depois colocado na prensa (Figura 5.15), inundado com água destilada, e deixado

saturando por pelo menos 24 horas, sob uma carga de assentamento de 5 kPa (para as

amostras com e=0,70 e e=0,80) e 6,25 kPa (para as amostras com e=0,85). As pedras

porosas utilizadas na prensa foram previamente fervidas e mantidas imersas em água

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até o instante de entrar em contato com o corpo de prova, de modo a garantir que

somente o rejeito fosse saturado durante as 24 horas.

Figura 5.13 – Posicionamento da pedra porosa saturada que será utilizada na prensa

Figura 5.14 – Câmara de adensamento com o anel posicionado

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Figura 5.15 – Prensa de adensamento com o rejeito inundado com água destilada

5.4.2. EXECUÇÃO DO ENSAIO

Após o período determinado para a saturação do corpo de prova (mínimo de

24 horas), realizaram-se 7 estágios de carregamento de 12,5kPa; 25kPa; 50kPa;

100kPa; 200kPa; 400kPa e 800kPa. Em cada estágio foram feitas leituras da altura do

corpo de prova no extensômetro, com resolução de 0,01mm, imediatamente antes do

carregamento e nos intervalos de tempo de 0,1min; 0,25min; 0,5min; 1min; 2min; 4min;

8min; 15min; 30min; 1hora; 2horas; 4horas; 8horas; 24horas contados a partir do

instante de aplicação do incremento de carga. Os ensaios com granulometria original e

índice de vazios de moldagem igual a 0,70, e a mistura com FC=20% foram realizados

com intervalos de 48 horas entre os estágios de carregamento.

Após o término dos estágios de 800 kPa efetuaram-se então os

descarregamentos para 200kPa, 50kPa e 5kPa.

Os ensaios foram realizados em um laboratório sem incidência de raios solares,

e com temperatura controlada de 24°C.

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5.4.3. ESTIMATIVA DO COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE

O coeficiente de permeabilidade de um solo pode ser obtido através de

métodos diretos ou indiretos. Neste trabalho o coeficiente de permeabilidade foi

estimado pelo método indireto, através de resultados de ensaios de adensamento.

Assim, a permeabilidade é calculada a partir da definição do coeficiente de

adensamento, que é determinado no ensaio (Equação 5.10)

k = cv av γw

1 + e Equação 5.10

onde cv é o coeficiente de adensamento, av é o coeficiente de compressibilidade, w é o

peso específico da água, e e é o índice de vazios no início do estágio de carregamento.

O coeficiente de compressibilidade, av, é definido por

𝑎𝑣 ≅

∆𝑒

∆𝜎′

Equação 5.11

sendo e e ’ as variações de índice de vazios e de tensões efetivas verticais durante

o estágio de carregamento.

Como o coeficiente de permeabilidade dos solos é referido considerando a

temperatura da água a 20°C, o valor do coeficiente de permeabilidade obtido nos

ensaios foi corrigido dada a temperatura em que ele foi realizado (24°C). A correção é

feita a partir da relação entre a viscosidade da água em ambas as temperaturas, através

da equação

k20 = 𝜇𝑇

𝜇20∙ 𝑘𝑇 Equação 5.12

onde k20 e kT são, respectivamente, o coeficiente de permeabilidade do solo, a água, na

temperatura de 20°C e na temperatura do ensaio, e 20 e T são os valores da

viscosidade da água nas temperaturas de 20°C e de ensaio, respectivamente.

5.5. QUEBRA DE GRÃOS

Com o objetivo de analisar uma possível quebra de grãos, foi realizado o

peneiramento do corpo de prova com teor de finos igual a 20% antes e após o ensaio

de adensamento.

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39

O peneiramento é realizado de forma a passar a amostra por toda a série de

peneiras entre as de nº 20 e 200, no agitador, por 15 minutos. Cada peneira é pesada

imediatamente antes, e logo após de ser colocada no agitador, de modo a se obter o

peso do material retido em cada uma.

Após a realização do ensaio de adensamento, todo o rejeito contido no anel da

célula foi retirado com o auxílio de uma espátula. Para que todo o material fosse de fato

retirado do conjunto, foi necessária a utilização de um pisete com água destilada (Figura

5.16). O material foi então deixado secando ao ar por aproximadamente 120 horas, e

em seguida deixado por mais 48 horas em estufa antes de se realizar novamente o

peneiramento.

Figura 5.16 – Retirada do material do anel

COOP et al. (2004) apresentam uma metodologia desenvolvida por HARDIN

(1985) para quantificar a porcentagem de quebra de grãos através do cálculo das áreas

formadas pelas curvas granulométricas do solo, antes e depois do material ser

submetido a uma tensão de compressão.

A área hachurada na Figura 5.17 representa, segundo os autores, a quebra

total de grãos e, a partir dela, pode-se calcular o índice que quantifica essa quebra

(Equação 5.13).

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40

Po

rce

nta

gem

pas

san

te (

%)

Granulometria inicial

Após ensaio

Diâmetro dos grãos (mm)

Quebra total, Bt = Área BCDB (região hachurada)Potencial de quebra, Bp = Área BCABQuebra relativa, Br = Bt/Bp

Figura 5.17 – Definição de quebra relativa (adaptado de HARDIN, 1985 em COOP et al., 2004)

𝐵𝑟 =

𝐵𝑡

𝐵𝑝

Equação 5.13

sendo

𝐵𝑟= Quebra relativa

𝐵𝑡= Quebra total

𝐵𝑝= Potencial de quebra

Para os cálculos, apenas as frações granulométricas com diâmetro maior ou

igual a 0,074 mm são consideradas, de modo que não é necessário realizar a

sedimentação para obter a curva granulométrica abaixo da peneira de nº 200.

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41

6. RESULTADOS E ANÁLISES

6.1. ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO

Para a caracterização do rejeito natural homogeneizado e das frações foram

feitos ensaios de peneiramento e sedimentação, com defloculante, ensaios para

determinação do peso específico dos sólidos, e ensaios para determinação dos índices

de vazios máximo e mínimo.

6.1.1. ANÁLISE GRANULOMÉTRICA

A Figura 6.1 apresenta a curva granulométrica para o rejeito natural

homogeneizado. Observa-se que ele é constituído de 31% de silte e 69% de areia,

sendo classificado como um material areno-siltoso. A partir da curva, foi obtido o teor de

finos (FC), valores de D50 e o coeficiente de não uniformidade (CNU) e coeficiente de

curvatura (CC). A Tabela 6.1 apresenta o resultado da análise granulométrica do rejeito

original

Figura 6.1 – Curva granulométrica do rejeito natural homogeneizado

Tabela 6.1 – Resultado da análise granulométrica do rejeito original, com defloculante

Material Rejeito original

Areia (%) 68,6%

Silte (%) 31,4%

FC (%) – Peneiramento com defloculante 38

FC (%) – Peneiramento sem defloculante 35

D50 (mm) 0,09

CC 1,12

CNU 3,45

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0,001 0,01 0,1 1 10 100

Po

rce

nta

ge

m q

ue

Pa

ss

a

Diâmetro dos Grãos (mm)

Curva Granulométrica

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Po

rce

nta

ge

m R

eti

da

PEDREGULHOAREIA

SILTEGROSSAMÉDIAFINA

ABNT

PENEIRAS: 200 100 60 40 2030 10 8 4 3/8 3/4 1 1 1/2

ARGILA

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A Figura 6.2 apresenta a curva granulométrica para as frações fina e grossa e

a Tabela 6.2 exibe os resultados da análise granulométrica das frações fina e grossa.

Figura 6.2 – Curvas granulométricas das frações fina e grossa do rejeito estudado

Tabela 6.2 – Resultado da análise granulométrica das frações fina e grossa

Propriedade Fração Fina Fração Grossa

D50 (mm) 0,04 0,13

CC 1,02 0,81

CNU 2,45 1,75

6.1.2. DENSIDADE RELATIVA DOS SÓLIDOS

A densidade relativa dos sólidos (Gs) determinada para o rejeito original foi igual

a 2,80. Os resultados determinados nos ensaios considerando apenas as frações

grossa e fina do rejeito, isto é, as frações retida e passante na peneira 200, encontram-

se na Tabela 6.3.

Tabela 6.3 – Densidade relativa dos grãos para as frações fina e grossa do rejeito

Fração GS

Grossa 2,69

Fina 3,13

Observa-se que, como era esperado, a fração fina apresentou um valor de Gs

consideravelmente superior à fração grossa, devido à maior presença dos óxidos de

ferro nessa fração.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0,001 0,01 0,1 1

Po

rcen

tag

em

qu

e p

assa

Diâmetro dos grãos (mm)

Fração grossa

Fração fina

#200

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Para as demais misturas, com diferentes teores de finos, a determinação do

valor de Gs seguiu a metodologia apresentada no item 5.2. Os valores obtidos

encontram-se na Tabela 6.4. O resultado da fração grosseira indica a provável presença

de uma pequena quantidade de óxido, tendo em vista que a densidade relativa do

quartzo é 2,65.

Tabela 6.4 – Densidade relativa dos sólidos para as misturas com diferentes FC

FC (%) GS

0 2,69

20 2,78

50 2,91

60 2,95

100 3,13

6.1.3. ÍNDICES DE VAZIOS MÁXIMO E MÍNIMO

Os valores dos índices de vazios máximo e mínimo do rejeito original e das

misturas, determinados segundo metodologia apresentada no capítulo 5, encontram-se

apresentados na Tabela 6.5.

Tabela 6.5 – Resultados dos índices de vazios máximo e mínimo para diferentes teores de finos

FC (%) e(máx) e(mín)

0 0,95 0,62

20 0,88 0,53

35 0,97 0,59

50 1,03 0,55

60 1,07 0,58

100 1,28 0,66

Os valores determinados para o rejeito original (FC=35%) estão próximos dos

valores obtidos por REZENDE (2013), que encontrou emáx=1,04 e emín=0,53, em ensaios

realizados com amostras de rejeito oriundas da mesma barragem.

A partir dos valores encontrados foi traçado o gráfico apresentado na Figura

6.3, que apresenta as relações entre os índices de vazios máximo e mínimo e o teor de

finos dos materiais. Nota-se que inicialmente o índice de vazios máximo decresce com

o aumento do teor de finos, até alcançar seu menor valor para FC em torno de 20%. Em

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seguida o comportamento se inverte, a curva começa a subir, e o maior valor de emáx é

alcançado para FC=100%.

A curva que apresenta a relação com o índice de vazios mínimo, no entanto,

não se mostrou muito sensível à variação do teor de finos, tendo apresentado valores

entre 0,53 e 0,66 para todo o intervalo de FC.

Comportamentos similares foram encontrados por diversos autores na

literatura (BELKHATIR et al., 2013, BANDINI & SATHISKUMAR, 2009,

THEVANAYAGAM et al., 2002, FOURIE & PAPAGEORGIOU, 2001), como apresentado

anteriormente no item 3.1.

Figura 6.3 – Relações entre os índices de vazios máximo e mínimo e o teor de finos

6.2. ENSAIOS DE ADENSAMENTO

Para todos os estágios de carregamento e descarregamento foram traçados os

gráficos de índice de vazios versus logaritmo do tempo e índice de vazios versus raiz

quadrada do tempo. A curva do gráfico e x logt se apresentou na grande maioria dos

estágios como uma reta sem tendência à estabilização, e a curva do gráfico e x √t

apresentou uma significativa compressão inicial para todos os estágios de

carregamento. A Figura 6.4 e Figura 6.5 exibem um exemplo do comportamento

descrito, apresentando os resultados do estágio de 200 kPa, realizado no corpo de

prova com teor de finos de 20%, para um tempo de adensamento igual a 48 horas.

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

1,20

1,40

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Índic

e d

e v

azio

s

FC

e(máx)

e(mín)

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Ressalta-se que as variações de índices de vazios são muito pequenas em valores

absolutos, para todas as tensões e porcentagens de finos.

Figura 6.4 – Gráfico índice de vazios versus logaritmo do tempo: FC=20%, estágio de 200kPa

Figura 6.5 – Gráfico de índice de vazios versus raiz do tempo: FC=20%, estágio de 200 kPa

0,817

0,818

0,819

0,820

0,821

0,822

0,823

0,824

0,1 1 10 100 1000 10000

Índ

ice

de

va

zio

s

Tempo (min)

0,817

0,819

0,821

0,823

0,825

0,827

0,829

0,831

0 10 20 30 40 50 60

Índ

ice

de

va

zio

s

Raiz do tempo (√min)

48h

48h

Compressão inicial presente

em todos os estágios

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6.2.1. FASE 1

As curvas de compressibilidade resultantes dos ensaios edométricos da fase 1

estão apresentadas na Figura 6.6. Esta fase consistiu em 2 ensaios, realizados em

corpos de prova moldados com o material do rejeito original, e com diferentes índices

de vazios iniciais (0,70 e 0,80). Para cada ensaio foi determinado o valor do índice de

compressão (Cc) considerando o intervalo de tensões efetivas verticais entre 100 e 800

kPa, e o índice de descompressão (Cs) considerando o intervalo de 800 a 50 kPa para

o rejeito com emold=0,80, e 800 a 100 kPa para emold=0,70.

Observa-se no gráfico uma pequena variação entre ambos os índices de

compressão, sendo Cc=0,05 para o rejeito ensaiado com índice de vazios de moldagem

igual a 0,80 e Cc=0,04 para o rejeito moldado com índice de vazios igual a 0,70. Este

resultado é semelhante ao obtido por GUMIERI et al. (1998) ao ensaiar o rejeito de

minério de ferro areno siltoso oriundo da Barragem de Germano, isto é, rejeito

proveniente da mesma indústria mineradora que o rejeito estudado neste trabalho (Cc =

0,04 para índice de vazios de moldagem igual a 0,76).

Não houve variação entre os índices de descompressão dos dois ensaios, sendo

ambos iguais a 0,02. A Tabela 6.6 apresenta um resumo dos resultados obtidos na Fase

1 dos ensaios de adensamento.

Figura 6.6 – Curvas de adensamento unidimensional do rejeito estudado para duas diferentes

compacidades

0,60

0,65

0,70

0,75

0,80

0,85

1 10 100 1000

Índ

ice

de

va

zio

s

Tensão efetiva vertical (kPa)

e=0,7

e=0,8

Cc = 0,05

Cc = 0,04

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Tabela 6.6 – Compacidade relativa, índice de compressão, e índice de descompressão dos corpos de prova ensaiados na fase 1

emoldagem CR (%) Cc Cs

0,70 70 0,046 0,017

0,80 44 0,053 0,020

6.2.2. FASE 2

MOLDAGEM

A segunda fase dos ensaios edométricos foi realizada nas misturas preparadas

com o material do rejeito considerando os diferentes teores de finos (FC = 0, 20, 50, 60

e 100%), em corpos de prova moldados com o mesmo índice de vazios (0,85±0,01). A

Tabela 6.7 apresenta os índices de vazios de moldagem e a compacidade relativa de

cada CP antes do início dos ensaios.

Tabela 6.7 – Índices de vazios de moldagem e compacidade relativa dos corpos de prova para cada teor de finos

FC (%) emoldagem CR (%)

0 0,86 27

20 0,86 5

35 0,85 31

50 0,85 37

60 0,85 45

100 0,84 71

COMPRESSIBILIDADE

As curvas que apresentam a variação do índice de vazios com a variação da

tensão efetiva vertical, durante os ensaios da segunda fase, estão apresentadas na

Figura 6.7. A partir dos resultados foram calculados os valores dos índices de

compressão (Cc) para cada teor de finos, determinados no intervalo entre 100 e 800

kPa, e os valores dos índices de descompressão (Cs), determinados no intervalo entre

800 e 50 kPa. Os valores obtidos para cada mistura estão apresentados na Tabela 6.8.

Não foi possível determinar o teor de finos limite (FCth) esperado através das curvas de

adensamento da Figura 6.7.

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Figura 6.7 – Curvas de adensamento unidimensional das diferentes amostras

Tabela 6.8 – Índices de compressão e de descompressão para diferentes teores de finos

FC (%) Índice de

Compressão (Cc) Índice de

Descompressão (Cs)

0 0,082 0,024

20 0,053 0,022

35 0,055 0,016

50 0,107 0,025

60 0,084 0,021

100 0,093 0,026

A relação entre o índice de compressão e o teor de finos do rejeito estudado

encontra-se apresentada no gráfico da Figura 6.8. Observa-se que o índice decresce no

intervalo de FC entre 0 e 20%, a partir do qual começa a crescer. O teor de finos igual

a 20% aparenta novamente ser um ponto de mínimo do comportamento descrito pelos

resultados dos ensaios, de forma similar aos resultados dos ensaios de índices de

vazios máximo e mínimo. Através desta figura, pode-se observar o comportamento

reverso esperado e a determinação do teor de finos limite (FCth).

Os valores de índice de descompressão, no entanto, não apresentaram

variação significativa com o aumento do teor de finos das misturas.

0,65

0,70

0,75

0,80

0,85

0,90

1 10 100 1000

Índ

ice

de

vazi

os

Tensão efetiva vertical (kPa)

FC = 0%

FC = 20%

FC = 35%

FC = 50%

FC = 60%

FC = 100%

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Figura 6.8 – Relação entre o índice de compressão e o teor de finos do rejeito estudado

ESTIMATIVA DO COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE

A partir dos resultados dos ensaios edométricos tentou-se estimar os valores

dos coeficientes de permeabilidade do rejeito original. A estimativa foi feita através da

determinação do coeficiente de adensamento, pelo método de Taylor, para os estágios

de tensões de 100, 200, 400, e 800 kPa. O valor do coeficiente de permeabilidade em

cada estágio foi em seguida calculado segundo a Equação 5.10, apresentada

anteriormente, e então corrigido para a temperatura de 20°C (Equação 5.12).

Os valores determinados encontram-se no intervalo entre 1,4x10-6 m/s (’v =

800 kPa) e 6,4x10-6 m/s (’v = 100 kPa). Apesar da curva ex√t não ter apresentado o

comportamento previsto pela teoria do adensamento, os resultados obtidos possuem a

mesma ordem de grandeza (10-6 m/s) que os valores obtidos por REZENDE (2013) ao

realizar ensaios para determinação do coeficiente de permeabilidade, em permeâmetro

de carga constante, no material da mesma barragem, com valores de índices de vazios

próximos.

Com os valores determinados foi analisada a relação entre o índice de vazios

e o coeficiente de permeabilidade (em escala logarítmica). Como o índice de vazios

varia durante o estágio de carregamento, utilizou-se o índice de vazios médio entre início

e fim do estágio. A Figura 6.9 apresenta a relação encontrada. Observa-se que ela é

bem ajustada por uma linha reta, resultando em um coeficiente de correlação igual a

0,98. A relação linear entre índice de vazios e logk foi apresentada para diversos outros

solos, com diferentes granulometrias, por LAMBE & WHITMAN (1969).

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

0,10

0,12

0 20 40 60 80 100

Cc

FC(%)

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Figura 6.9 – Relação entre o índice de vazios e o coeficiente de permeabilidade estimado através dos ensaios edométricos para o rejeito original

6.2.3. QUEBRA DE GRÃOS

De modo a analisar a quebra de grãos, foi realizado o peneiramento do

corpo de prova antes e após o ensaio de adensamento com FC=20%. Os resultados

obtidos para o peneiramento realizado estão apresentados nas Tabelas 6.9 e 6.10,

e as curvas granulométricas obtidas encontram-se na Figura 6.10, onde a região

hachurada em vermelho representa a quebra de grãos relativa.

Tabela 6.9 – Resultado do peneiramento realizado antes do adensamento do corpo de prova

Antes do adensamento

Peneiras nº % Passante % Retido

20 100,00 0,00

30 99,92 0,08

40 99,33 0,67

60 94,47 5,53

100 73,34 26,66

200 21,51 78,49

Bpa = 20,5

R² = 0,98

0,75

0,80

0,85

1 10

e

k20 (m/s)10-6 10-5

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Tabela 6.10 – Resultado do peneiramento realizado após o adensamento do corpo de prova

Após o adensamento

Peneiras nº % Passante % Retido

20 100,00 0,00

30 99,94 0,06

40 99,58 0,42

60 95,88 4,12

100 80,19 19,81

200 32,23 67,77

Bpd = 16,6

Figura 6.10 – Curvas granulométricas obtidas por peneiramento antes e após o adensamento

O valor obtido para a quebra relativa (Br) foi calculado a partir da Equação

5.13, sendo igual a 18,7%. Este valor indica que ocorreu quebra de grãos. Conforme

BECKER (2017), análises estatísticas de ensaios de peneiramento em solos

lateríticos com grumos demonstraram que a chance de obter Br>1,1% sem que

tenha ocorrido quebra de grumos é de apenas 2,3%.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0,01 0,1 1

Po

rce

nta

ge

m p

as

sa

da

(%

)

Diâmetro dos grãos (mm)

Antes

Depois

Bt

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7. CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA PRÓXIMAS

PESQUISAS

7.1. CONCLUSÕES

Neste trabalho foi estudada a influência do teor de finos no comportamento de

um rejeito de minério de ferro. Para tal, foram realizados ensaios de compressão

unidimensional, ensaios para determinação dos índices de vazios máximo e mínimo e

uma estimativa do coeficiente de permeabilidade a partir de resultados dos ensaios de

adensamento. Os corpos de prova foram obtidos através de misturas realizadas com as

frações do material retida e passante na peneira nº200.

Através dos ensaios de caracterização, verificou-se que o rejeito estudado é

um material areno-siltoso. A densidade relativa dos sólidos (Gs) do rejeito original foi

igual a 2,80 enquanto para fração grossa e fina foi encontrado os valores de 2,69 e 3,13,

respectivamente. A fração fina apresentou um valor superior ao da fração grossa devido

à maior quantidade de óxidos de ferro presente.

Os valores encontrados para os índices de vazios máximo e mínimo do rejeito

original foram igual a 0,97 e 0,59, respectivamente. Para a fração grossa, foram obtidos

os valores de 0,95 e 0,62 para os índices de vazios máximo e mínimo, respectivamente,

enquanto para a fração fina foram encontrados os valores de 1,28 e 0,66. Foi observado

que o índice de vazios mínimo é pouco sensível à variação de teor de finos. Entretanto,

para o índice de vazios máximo, notou-se uma diminuição deste valor com o aumento

do teor de finos até o FC=20% seguido de uma elevação até alcançar seu valor máximo,

quando FC=100%.

Nos ensaios de adensamento, através dos gráficos índice de vazios versus

logaritmo do tempo e índice de vazios versus raiz quadrada do tempo, dois

comportamentos foram notados. O primeiro se refere à estabilização da compressão

com o tempo. Nos ensaios realizados com intervalos de 48 horas entre os

carregamentos, foram poucos os estágios que apresentaram esta estabilização. Apesar

da curva não apresentar um patamar, variação do índice de vazios entre as leituras de

24h e 48h foi de aproximadamente 0,001. O segundo comportamento notado foi uma

compressão inicial acentuada presente em todos os estágios. Este comportamento não

era esperado para os carregamentos mais altos uma vez que as bolhas de ar já

deveriam ter sido expulsas em estágios iniciais.

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As curvas de índices de vazios versus o logaritmo da tensão efetiva vertical não

apresentam o comportamento reverso esperado, não tendo sido possível determinar o

teor de finos limite deste material.

Foram calculados os valores dos índices de compressão (Cc) e descompressão

(Cs) para todas as amostras. Observou-se que o Cc diminuiu no intervalo de FC entre 0

e 20% e aumentou até atingir FC=100%. De forma similar aos resultados encontrados

nos ensaios de índices de vazios máximo e mínimo, o teor de finos igual a 20%

aparentou novamente ser um ponto de mínimo no comportamento descrito.

Para os valores de índices de descompressão, entretanto, não houve uma

variação significativa com o aumento do teor de finos das misturas.

A partir dos resultados dos ensaios de compressão unidimensional, foi

estimado o valor do coeficiente de permeabilidade do rejeito original. Os valores obtidos

encontraram-se na mesma ordem de grandeza (k=10-6 m/s) que os valores encontrados

por outra autora ao realizar ensaios de permeabilidade no material da mesma barragem.

Para a avaliação do comportamento relacionado à quebra de grãos, foi realizado

o peneiramento do corpo de prova antes e após o ensaio de adensamento com teor de

finos igual a 20%. O valor encontrado para a quebra relativa (Br) foi 18,7%, indicando

que houve quebra de grãos.

7.2. SUGESTÕES PARA PRÓXIMAS PESQUISAS

A autora sugere que sejam realizados, em pesquisas posteriores:

• Ensaios de caracterização para determinação de Gs nas amostras

misturadas,

• Ensaios de permeabilidade em permeâmetro, para todas as amostras,

• Continuação da análise de quebra de grãos em corpos de prova com

outros teores de finos;

• Ensaios de adensamento com tensões efetivas mais elevadas;

• Verificar a influência do FC no valor de Cc, para amostras com mesma

compacidade relativa;

• Repetir o ensaio de adensamento para FC=50%.

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