80
ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO 3 DOPADO COM ÍONS TRIVALENTES OPTICAMENTE ATIVOS, PARA APLICAÇÃO EM DOSIMETRIA DAS RADIAÇÕES GAMA E UV Vitor Hugo de Oliveira Dissertação de mestrado apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia das Radiações, Minerais e Materiais, como requisito parcial à obtenção do grau de mestre. 2011

ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

  • Upload
    haduong

  • View
    214

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO3

DOPADO COM ÍONS TRIVALENTES OPTICAMENTE

ATIVOS, PARA APLICAÇÃO EM DOSIMETRIA DAS

RADIAÇÕES GAMA E UV

Vitor Hugo de Oliveira

Dissertação de mestrado apresentada ao Curso de Pós-Graduação em

Ciência e Tecnologia das Radiações, Minerais e Materiais, como

requisito parcial à obtenção do grau de mestre.

2011

Page 2: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

ii

Comissão Nacional de Energia Nuclear

CENTRO DE DESENVOLVIMENTO DA TECNOLOGIA NUCLEAR

Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia das Radiações, Minerais e Materiais

ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO3 DOPADO COM ÍONS

TRIVALENTES OPTICAMENTE ATIVOS, PARA APLICAÇÃO EM DOSIMETRIA

DAS RADIAÇÕES GAMA E UV

Vitor Hugo de Oliveira

Dissertação de mestrado apresentada ao Curso

de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia

das Radiações, Minerais e Materiais, como

requisito parcial à obtenção do grau de mestre.

Área de concentração: Ciência e Tecnologia dos Materiais

Orientador: Dr. Luiz Oliveira de Faria

Co-Orientador: Dr. Wilmar Barbosa Ferraz

Belo Horizonte - MG

2011

Page 3: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

iii

Page 4: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

iv

Agradecimento

A Deus.

A meu orientador Dr. Luiz Faria, pelo conhecimento transmitido, paciência e amizade

durante os trabalhos desenvolvidos.

A família pelo apoio e incentivo nas horas decisivas.

A prof. Edna Carla pela confiança e amizade.

A todos os amigos da turma de mestrado de 2009.

Ao Dr. Wilmar Barbosa por também me proporcionar a realização deste trabalho.

Ao CDTN pela infra-estrutura, a todos da secretaria de pós-graduação e aos membros do

colegiado.

Aos professores da pós-graduação pelos ensinamentos, em especial à professora Dr.

Adelina Pinheiros.

A todos do prédio 7, em especial à Adriana, Sirlaine, Rafael Witter, Ana Maria, Suely,

Lameiras, Otávio, Classídia, Adalberto, Danielle e Natália, pela amizade e incentivo.

Ao pessoal do laboratório de Calibração de Dosimetros, em especial ao Carlos Manuel,

Flávio Alves, Ronaldo Bittar e Anníbal Neto, pelo apoio durante o trabalho.

A todos do laboratório de difração de raios X, em especial ao Zilmar pela ajuda nas

análises.

À FAPEMIG pelo auxílio financeiro ao projeto.

Ao CNPq pela bolsa de mestrado, concedida durante o período de trabalho.

Page 5: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

v

Resumo

Monocristais de LaAlO3 crescidos pelo método hidrotérmico e dopados com íons

trivalentes opticamente ativos foram investigados para propósitos de dosimetria

termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. Foram

crescidos quatro tipos de cristais com dopagens únicas, ou seja La0,99AlO3:Ce0,01,

La0,95:AlO3:Ce0,05, La0,99AlO3:Eu0,01 e La0,99AlO3:Bi0,01 e ainda um cristal co-dopado com

La0,94AlO3:Ce0,05-Dy0,01. As amostras de La0,99AlO3:Eu0,01 apresentaram uma boa resposta

termoluminescente para radiação gama, com resposta linear no intervalo de dose estudado

(0,1 a 10 mGy). A sensibilidade TL foi um pouco menor que a do TLD-100, dosímetro

termoluminescente comercial mais utilizado no mundo. As curvas de emissão possuem dois

picos centrados em 160°C e 189 °C, respectivamente. Na investigação com campos de

radiação ultravioleta, os cristais co-dopados La0,94AlO3:Ce0,05-Dy0,01 apresentaram uma

excelente sensibilidade termoluminescente. A relação entre a resposta TL versus irradiância

espectral mostrou ser linear no intervalo de 0,042 a 147,60 mJ.cm-2

. Dos quatro picos de

emissão identificados, o que possui emissão em 151,8°C pode ser sensitizado com exposições

superiores a 146,8 mJ.cm-2

, aumentando a sua intensidade em aproximadamente 19 vezes. No

aparato experimental utilizado, uma exposição do LaAlO3 à lâmpada UV de apenas 8 watts,

durante cinco segundos, fornece o mesmo sinal TL emitido por um TLD-100 irradiado com

10 mGy de radiação gama. A investigação sobre a fotoluminescência revelou que os cristais

de La0,99AlO3:Eu0,01 apresentam picos de emissão em 594,0 e 620,3 nm, quando excitados

com um laser de 405 nm. O estudo demonstrou que estes picos são provavelmente devidos à

radiofotoluminescência induzida por radiação UV.

Page 6: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

vi

Abstract

LaAlO3 crystals grown by the hydrothermal method and doped with trivalent optically

active ions were investigated for thermoluminescent (TL) and photoluminescent (PL)

dosimetry purposes, when exposed to gamma and ultraviolet fields. Four series of doped

crystals were grown doped with La0,99AlO3:Ce0,01, La0,95:AlO3:Ce0,05, La0,99AlO3:Eu0,01 e

La0,99AlO3:Bi0,01, respectively, and also one co-doped with La0,94AlO3:Ce0,05-Dy0,01. Samples

of La0,99AlO3:Eu0,01 show good TL responses for gamma radiation fields, with linear behavior

for doses ranging from 0.1 to 10.0 mGy. Their TL sensitivity is a bit lower than that of TLD-

100, the most used commercial TL dosimeter in the world. The emission curves have two

individual peaks centered at 160°C and 189 °C, respectively. In the investigation about UV

radiation fields, the La0,94AlO3:Ce0,05-Dy0,01 co-doped crystals presented an excellent TL

sensitivity. The TL output has a linear behavior for spectral irradiances ranging from 0.042 a

147.60 mJ.cm-2

. Among the four identified glow peaks, the one at 151.8°C can be sensitized

for exposures higher than 146.8 mJ.cm-2

, increasing its intensity by near 19 times. In the

experimental setup utilized in this work, exposing LaAlO3 crystals to an 8 watts UV lamp for

five seconds, gives TL output equivalent to that of TLD-100 exposed to 10 mGy of gamma

dose. The investigation about the photoluminescence revealed that the La0,99AlO3:Eu0,01

crystals have emission peaks at 594.0 and 620.3 nm when excited with a 405 nm laser light.

The study has demonstrated that these peaks are probably due to the radio-photoluminescence

induced by UV radiation.

Page 7: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

vii

Lista de Figura

Figura 2.1 - Esquema de aprisionamento de elétrons, através do diagrama de bandas de

energia. _____________________________________________________________ 6

Figura 2.2 – Esquema de armadilhas TL, OSL e PL, através do diagrama de bandas de

energia. _____________________________________________________________ 8

Figura 2.3–(A) Curva TL para alumina dopada com carbono e o TLD-100. (B) Curva

de emissão OSL da alumina dopada com carbono. ___________________________ 9

Figura 2.4 - Alguns tipos de detectores de radiação. _________________________ 12

Figura 2.5 - Linearidade dosimétrica de três materiais. A é o ajuste para o pico TL em

100 °C do SiO3, B é o ajuste para o pico 5 do TLD-100 (LiF:Mg,Ti) e o C é ajuste do

TLD-400 (CaF2:Mn) (McKeever S. W. S., 1995). ___________________________ 16

Figura 2.6 - Curva TL do G2O3:Eu para exposição à radiação UV em 302 nm (Su C.

S., 1996). ___________________________________________________________ 21

Figura 2.7 - Mostra a curva TL do ZrO2:Cu para exposição a radiação UV em 260 nm

(Rivera T., 2007). ____________________________________________________ 22

Figura 2.8 - Estrutura cristalina da perovskita. ______________________________ 24

Figura 2.9 - Ilustração do método hidrotermal para crescimento de cristais. _______ 25

Figura 3.1 - Porta-amostras de PVC, com tampa de acrílico (PMMA), e a seta em

vermelho indica os cadinhos de alumínio acomodados em suas posições de irradiação.

__________________________________________________________________ 29

Figura 3.2 – Balança de precisão, marca Precisa – XR 25S. Utilizada para pesagem

das amostras. ________________________________________________________ 30

Figura 3.3 - Irradiador gama com fonte 137-Cs. Marca Buchler. _______________ 31

Figura 3.4 – Esquema do setup de irradiação UV. ___________________________ 32

Page 8: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

viii

Figura 3.5 - leitora TL HarshawTLD-3500. ________________________________ 33

Figura 3.6 - Parâmetros de geração da curva (TTP). _________________________ 34

Figura 3.7 - Curva TL gerada no programa WinREMSTM

da leitora. ____________ 35

Figura 3.8 – Sistema de luminescência opticamente estimulado (OSL). __________ 36

Figura 3.9 – Gráfico de emissão OSL da alumina na fase alfa. _________________ 37

Figura 4.1 - Curvas TL do aluminato de lantânio com diferentes dopantes, expostos à

10,0 mGy de radiação gama. ___________________________________________ 39

Figura 4.2 - Comparação do dosímetro TLD-100 com o aluminato de lantânio dopado

com európio, ambos irradiados com 10,0 mGy. _____________________________ 40

Figura 4.3 - Curvas TL com variação na taxa de aquecimento, para dose de 10 mGy. 41

Figura 4.4 - Curvas de emissão TL experimental e dos picos individuais, obtidos após

deconvolução, do LaAlO3:Eu exposto a radiação gama (10 mGy). _____________ 43

Figura 4.5 - Curvas TL do LaAlO3:Ce3+

,Dy3+

irradiados com 0,1 a 10mGy. ______ 44

Figura 4.6 - Linearidade do LaAlO3:Eu para doses de 0,1 a 10 mGy de radiação gama.

__________________________________________________________________ 45

Figura 4.7 - Curvas do cristal LaAlO3 dopado com 1 e 5% ce3+

, e co-dopado com 5%

ce3+

, 1% dy3+

. Exposto a 147,6 mJ.cm-2

de radiação UV. _____________________ 47

Figura 4.8 - Deconvolução do LaAlO3:Ce,Dy antes da sensitização. ____________ 49

Figura 4.9 - Deconvolução do LaAlO3:Ce,Dy depois da sensitização. ___________ 50

Figura 4.10 - Gráfico semi log 10 da linearidade do LaAlO3:Ce,Dy pós sensitização

para doses de 0,04 a 738 mJ.cm-2

. _______________________________________ 51

Figura 4.11 - Espectro OSL do LaAlO3:Eu. Fotoestimulado com laser 405 nm, o insert

mostra uma ampliação na região dos picos. ________________________________ 55

Page 9: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

ix

Figura 4.12 – Gráfico da intensidade luminescente versus tempo de excitação com

laser de 405 nm. As intensidades foram medidas simultaneamente em dois canais,

centrados em 594,0 e 620,3 nm, com largura espectral de 3,0 nm em cada canal. __ 56

Figura 4.13 – Detalhe do gráfico da figura 4.11, mostrando o decaimento dos picos

centrados em 594,0 e 620,3nm após o Laser ter sido desligado. ________________ 56

Page 10: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

x

Lista de Tabela

Tabela 2.1 - Sensibilidade relativa de alguns materiais TL para radiação gama. ____ 15

Tabela 2.2 - Principais materiais comercialmente disponíveis para dosimetria das

radiações X e gama. __________________________________________________ 19

Tabela 2.3 - Irradiância mínima e máxima dos materiais Al2O3:C, ZrO2:Cu, G2O3:Eu

expostos à radiação UV. _______________________________________________ 20

Tabela 2.4 - Aplicações de materiais com estrutura perovskita. ________________ 23

Tabela 2.5 - mostra a distribuição eletrônica dos íons terras rara: cério, disprósio e

európio. ____________________________________________________________ 27

Tabela 3.1 – Concentrações de dopantes investigados neste trabalho. ____________ 28

Tabela 4.1 – Valores de temperatura, intensidade e largura dos picos de emissão,

obtidos após deconvolução da curva TL do LaAlO3:Eu. ______________________ 44

Tabela 4.2 - Dados de linearidade do cristal LaAlO3:Eu. ______________________ 46

Tabela 4.3 – Carga elétrica do LaAlO3 dopado com Ce (1%), Ce (5%) e co-dopado

com Ce (5%), Dy (1%). _______________________________________________ 48

Tabela 4.4 – Valores de temperatura, intensidade e coeficiente de determinação, r2, do

LaAlO3:Ce,Dy antes e depois da sensitização. ______________________________ 50

Tabela 4.5 - Faixa de detecção do LaAlO3:Ce,Dy comparando-o com o G2O3:Eu, o

Al2O3:C e o ZrO2:Cu. _________________________________________________ 52

Tabela 4.6 - Fading do LaAlO3:Ce, Dy exposto a radiação UV com 147,6 mJ.cm-2

irradiância. _________________________________________________________ 53

Page 11: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

ix

Lista de Siglas

CDTN _________________________

CCD ___________________________

CR ____________________________

ICNIRP ________________________

IGIC ___________________________

INIRC _________________________

IOE ____________________________

IRPA __________________________

OSL ___________________________

PL _____________________________

PMT ___________________________

RPL ___________________________

TC ____________________________

TL ____________________________

TLD ___________________________

TTP ___________________________

UV ____________________________

Centro de Desenvolvimento da Tecnologia

Nuclear

Dispositivo de Carga Acoplado

Radiografia Computadorizada

Comissão Internacional de Proteção à

Radiação Não Ionizante

Instituto de Química Geral e Inorgânica

Comitê Internacional de Radiação Não

Ionizante

Indivíduo Ocupacionalmente Exposto

Associação Internacional de Proteção

Radiológica

Luminescência Opticamente Estimulada

Fotoluminescência

Tubo Fotomultiplicador

Radio-Fotoluminescência

Tomografia Computadorizada

Termoluminescência

Dosímetro Termoluminescente

Perfil Tempo Temperatura

Ultravioleta

Page 12: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

x

Sumário

Agradecimento _______________________________________________________ iv

Resumo _____________________________________________________________ v

Abstract _____________________________________________________________ vi

Lista de Figura ______________________________________________________ vii

Lista de Tabela _______________________________________________________ x

Lista de Siglas _______________________________________________________ ix

Sumário ____________________________________________________________ x

1 Introdução ______________________________________________________ 1

2 Revisão da Literatura _____________________________________________ 4

2.1 Fenômeno da Luminescência ________________________________________ 4

2.1.1 Processo de transferência energética ________________________________________ 5

2.1.2 Modelos teóricos da termoluminescência ___________________________________ 10

2.2 Sistemas de Detecção e Dosimetria ___________________________________ 12

2.2.1 Aplicações ___________________________________________________________ 13

2.2.2 Sensibilidade à radiação ________________________________________________ 15

2.2.3 Resposta de dose ______________________________________________________ 16

2.2.4 Desvanecimento ______________________________________________________ 17

2.2.5 Tratamento térmico ____________________________________________________ 17

2.3 Materiais Dosimétricos ____________________________________________ 18

2.3.1 Materiais termoluminescentes para dosimetria gama e X _______________________ 18

2.3.2 Materiais termoluminescentes para dosimetria UV ____________________________ 20

2.4 Estrutura Cristalina ______________________________________________ 22

2.4.1 Perovskita ___________________________________________________________ 23

2.4.2 Crescimento cristalino pelo método hidrotermal ______________________________ 25

2.4.3 Dopagem com íons de terras raras _________________________________________ 26

3 Metodologia ____________________________________________________ 28

3.1 Materiais ________________________________________________________ 28

3.2 Equipamentos de Irradiação Gama e UV _____________________________ 30

3.2.1 Irradiador gama _______________________________________________________ 30

Page 13: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

xi

3.2.2 Sistema de irradiação UV _______________________________________________ 31

3.3 Técnicas de Caracterização de Luminescência Estimulada _______________ 32

3.3.1 Medidas de termoluminescência __________________________________________ 32

3.3.2 Sistema de leitura opticamente estimulada __________________________________ 35

4 Resultados e Discussão ___________________________________________ 38

4.1 Investigação da Resposta TL para Radiação Gama _____________________ 38

4.2 Investigação da Resposta TL para Radiação UV _______________________ 46

4.3 Investigação da Fotoluminescência __________________________________ 53

5 Conclusão ______________________________________________________ 58

Referências Bibliográficas ____________________________________________ 59

Apêndice – A _______________________________________________________ 64

Apêndice - B ________________________________________________________ 67

Page 14: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

1

1 Introdução

O fenômeno de luminescência dos materiais tem despertado interesse da humanidade por

vários anos e, no passado, já foi associado a elementos mágicos do mundo sobrenatural e

ligado a mitos e lendas. Em 1663, Robert Boyle, através da observação de luz emitida por um

diamante quando aquecido no escuro, notificou essa observação a Royal Society em Londres

(Boyle R, 1664). A partir daí, vários cientistas passaram a investigar estas propriedades,

alguns de renome como Daniels F. (Daniels F., 1953) e McKeever S. W. S. (McKeever S. W.

S., 1985).

A luminescência emitida por alguns materiais quando expostos à radiação é normalmente

dividida em duas classes, de acordo com o tempo decorrido entre a irradiação e a posterior

emissão de luz. Quando a emissão é quase instantânea o fenômeno é chamado de

fluorescência. Materiais com esta propriedade são largamente utilizados na formação de

imagens instantâneas na área de radiodiagnóstico médico e radiografia industrial. Como

exemplo pode-se citar a técnica de fluoroscopia. Quando a emissão de luz acontece em

intervalos de tempos maiores, variando de 1s até alguns anos, o fenômeno é conhecido como

fosforescência. Normalmente, nestes casos, a emissão tem que ser induzida pelo fornecimento

de energia ao material, seja, por exemplo, através de calor (termoluminescência) ou luz

(luminescência opticamente estimulada) (McKeever S. W. S., 1985).

Com a descoberta dos raios X em 1895 por Wilhelm Conrad Roentgen, as radiografias e os

instrumentos de medição da radiação foram sendo desenvolvidos através dos anos,

proporcionando uma serie de equipamentos para a geração de imagens de alta qualidade na

medicina e na indústria, com diminuição simultânea das doses de radiação para profissionais e

pacientes. Associado a estes novos equipamentos está o desenvolvimento de novos materiais

que apresentam maior sensibilidade à radiação ionizante. Neste contexto, grandes avanços

têm sido efetuados na dosimetria das radiações e também na área de radiografia digital, onde

os materiais fluorescentes e fosforescentes, dispositivos de carga acoplada (CCD) e

tomografia computadorizada (TC) são atualmente utilizados (Faria, et al., 2006).

Materiais fosforescentes são largamente utilizados em dosimetria de radiações ionizantes,

tanto para monitoração de doses individuais quanto de níveis de radiação ambiental. Através

da interação da radiação ionizante com os elétrons da banda de valência da rede cristalina, os

Page 15: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

2

mesmos são aprisionados em níveis de energia na banda proibida, que está situada entre a

banda de condução e a banda de valência, sendo liberados posteriormente com o fornecimento

de energia. Ao serem liberados, emitem luz visível e retornam à banda de valência do cristal.

A luz emitida é proporcional à quantidade de radiação que incidiu no cristal, podendo a

informação ser guardada por longos períodos de tempo variando de segundos a anos

(McKeever S. W. S., 1985).

O fenômeno de termoluminescência aplicado à detecção de radiação ionizante foi

investigado sistematicamente, pela primeira vez, em 1953 por Daniels (Daniels F., 1953).

Desde então, materiais como a alumina (Al2O3) (Reik J. K., 1957) e o fluoreto de lítio (LiF)

(CAMERON J. R., 1961) passaram a ser também investigados. No mesmo período foram

estudadas as propriedades do fluoreto de cálcio dopado com manganês (CaF2:Mn)

(GINTHER R. J., 1957), entre outros.

Nos cristais que apresentam propriedades termoluminescentes (TL) ou de luminescência

opticamente estimulada (OSL), a influência do tipo e quantidade de dopantes em um mesmo

composto é de fundamental importância na resposta do dosímetro, determinando, por

exemplo, para qual tipo de radiação ele será mais sensível e também para qual energia desta

mesma radiação ele apresentará maior sensibilidade, menor grau de desvanecimento (fading)

e boa reprodutibilidade de resultados.

O desenvolvimento de novos materiais luminescentes com alta performance encontra

grande respaldo na larga gama de aplicações em uma série de dispositivos tecnológicos

existentes hoje em dia. São utilizados tanto para a área de saúde, através de equipamentos de

radiodiagnóstico e medição de doses de radiação, quanto para outras áreas tais como o

controle de bagagens em aeroportos e radiografia industrial. Neste sentido, os cristais LaAlO3

dopados com terras raras se apresentam como bons candidatos para uma investigação

sistemática das propriedades termoluminescentes (TL) e de luminescência opticamente

estimulado (OSL), tendo em vista que um material com estrutura cristalina semelhante, o -

Al2O3:C (alumina alfa dopada com carbono), possuem uma excelente resposta TL, estando

entre os matérias mais sensíveis à radiação ionizante utilizados em dosimetria

termoluminescente (TL) e luminescência opticamente estimulada (OSL).

Os principais objetivos deste trabalho de pesquisa são os de inicialmente investigar se os

cristais de LaAlO3 dopados com terras raras possuem alguma sensibilidade fotoluminescente e

Page 16: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

3

termoluminescente para radiações UV e gama. Foram investigados inicialmente os dopantes

Dy3+

e Ce3+

e posteriormente os dopantes Eu3+

e Bi3+

. Após uma análise sobre uma gama de

concentrações destes co-dopantes, os cristais que apresentarem melhor resposta TL e OSL

foram objetos de uma investigação mais profunda. foi então realizado um estudo de cada

material que apresentar sensibilidade, determinando-se suas possíveis aplicações. Para fazer

essa investigação, o IGIC – Moscou, instituição parceira do CDTN na pesquisa de novos

materiais, produziu os cristais LaAlO3 dopado com íons trivalentes opticamente ativos, pelo

metodo hidrotermal.

Resumindo, neste trabalho iremos investigar, em principio, cristais LaAlO3:Ce3+

para

dosimetria de raios X e gama e o cristal co-dopado de LaAlO3:Dy3+

, Ce3+

para dosimetria UV.

No capitulo 2 será realizada uma revisão da literatura. O capitulo 3 será dedicado à

descrição da metodologia e aparato experimental utilizados no trabalho. O capitulo 4

apresentará os resultados para campos de radiação gama, seguido dos resultados para radiação

ultravioleta. No apêndice A é apresentado o artigo publicado pelo periódico Radiation

Measurements com os resultados para dosimetria UV e no apêndice B temos a difração de

raios X do LaAlO3:Ce3+

.

Page 17: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

4

2 Revisão da Literatura

Neste capitulo será feita uma revisão da literatura sobre as principais propriedades que um

material deve possuir para ser utilizado como dosímetro. Os principais tópicos abordados

neste capitulo serão o fenômeno da luminescência, sistemas de detecção e dosimetria e a

estrutura cristalina. Estes temas serão importantes para a discussão dos resultados, tais como

sensibilidade com a radiação, fading, resposta de dose, dopagem com íons terras raras, entre

outros. Serão ainda mostrados os principais avanços no desenvolvimento de novos materiais

usados em dosimetria gama e UV.

2.1 Fenômeno da Luminescência

O desenvolvimento de materiais termoluminescentes e fotoluminescentes para fins de

dosimetria é uma ciência muito complexa. Envolve a produção de materiais cristalinos e a

transferência de cargas e energia entre os defeitos de sua rede. A intensidade de emissão TL e

OSL depende da quantidade de fótons ou partículas que interagem com o cristal induzindo o

aprisionamento de cargas nas armadilhas eletrônicas. Também depende da quantidade e tipo

de defeitos existentes na rede cristalina. O principal tipo de defeito associado à emissão

luminescente é o dopante, normalmente um átomo aceitador de elétrons (íons), que cria níveis

de energia em uma região localizada entre a banda de valência e a banda de condução do

cristal.

O processo físico de armazenamento da informação sobre a radiação a qual o material foi

exposto é o mesmo, tanto para os materiais termoluminescentes quanto para os

fotoluminescentes. Entretanto, para se obter a luz visível emitida proporcional a esta radiação,

utiliza-se radiação eletromagnética para materiais OSL e calor para materiais TL.

O material OSL é excitado com uma fonte de luz de comprimento de onda definido,

normalmente um laser. Instantaneamente, é emitida uma luz visível, com comprimentos de

onda normalmente diferente dos de excitação. Um dos métodos utilizados para avaliar a dose

de radiação recebida é registrando-se a luz emitida em um determinado comprimento de onda,

durante intervalo de tempo em que a luz de excitação estiver ligada. Plotando-se este valor em

Page 18: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

5

função do tempo, a área sob a curva será proporcional à dose. A técnica de Luminescência

Opticamente Estimulada (OSL) foi sugerida pela primeira vez, para uso em dosimetria das

radiações ionizantes por Antonov-Romanovskii et al (1956) e posteriormente utilizada neste

contexto por Braünlich et al e Sanborn e Beard (1967).

Desde estes desenvolvimentos pioneiros, o uso da OSL em dosimetria não foi muito

investigada, principalmente devido à ausência de bons materiais luminescentes que

apresentassem uma alta sensibilidade à radiação e, simultaneamente, uma alta eficiência de

estimulação óptica. MgS, CaS, SrS e SrSe dopados com diferentes elementos terras raras tais

como o Ce, Sm e Eu estão entre os primeiros fósforos sugeridos para a dosimetria OSL.

Atualmente, o material mais utilizado é o α-Al2O3:C, que apresenta sensibilidade à

radiação comparável aos melhores dosímetros termoluminescentes, necessitando entretanto de

melhorias quanto à indução de sinal espúrio por exposição à luz visível e também com relação

à perda de sinal OSL com o tempo (fading). Posteriormente ao uso em dosimetria, os

materiais fotoluminescentes foram largamente utilizados em datação arqueológica e geológica

e, mais recentemente, em formação de imagem radiográfica digital. Esta ultima aplicação já

está disponível no mercado com o nome de CR (da tradução do inglês de “Radiografia

Computadorizada”), e vem rapidamente substituindo as tradicionais películas radiográficas,

aumentando assim o interesse mundial por materiais fotoluminescentes cada vez mais

sensíveis aos raios X (Faria, et al., 2006).

2.1.1 Processo de transferência energética

O texto a seguir tem como referências bibliográficas (McKeever S. W. S., 1985) (Kittel C.,

2006)

Tanto a termoluminescência quanto a fotoluminescência se baseiam em um processo

composto por dois estágios com níveis de energia diferentes, sendo que no primeiro, o

material está em seu estado de equilíbrio, quando os elétrons estão ligados aos átomos com

energia estável. No segundo, a radiação interage com a rede cristalina e excita os elétrons das

camadas mais externas (banda de valência). Os elétrons excitados são ejetados da banda de

valência para a (banda de condução). Entre a banda de valência (BV) e a banda de condução

Page 19: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

6

(BC) existe uma região de níveis de energia proibidos conhecido como banda proibida (BP).

Os elétrons ao voltarem para seu estado de estabilidade energética terão que liberar a energia

que ganharam ao serem excitados. Essa energia liberada será na forma de luz visível

(fluorescência). Entretanto no caminho de volta da banda de condução para a banda de

valência, alguns elétrons (em torno de 10%) podem ser capturados por átomos dopantes, que

geram níveis de energia de ligação na faixa da banda proibida. Posteriormente, estes elétrons

aprisionados em armadilhas podem ser liberados através do fornecimento de alguma energia

extra. Esta energia normalmente é fornecida através de calor (TL) ou luz (OSL), conforme

diagrama esquemático da Fig. 2,1.

Figura 2.1 - Esquema de aprisionamento de elétrons, através do diagrama de bandas de energia (Silva, 2008).

A figura 2.1 mostra o elétron sendo excitado para a banda de condução. Ao voltar, o

elétron fica preso em uma armadilha. Para sair dessa armadilha o elétron tem que ganhar

energia que pode ser na forma de atrito (triboluminescência), de luz (luminescência

opticamente estimulado) ou térmica (termoluminescência).

Após os elétrons saírem da armadilha, por TL ou OSL, estes voltam à banda de valência,

isto é, são capturados pelos íons originados durante a ionização. Neste processo, emitem

fótons com energia na faixa visível (fosforescência), em uma quantidade proporcional à

Page 20: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

7

radiação incidente no material. Desta forma, a medição da luz emitida pode ser associada à

dose de radiação incidente no cristal. A liberação da energia vem da recombinação elétron-

buraco ou vacância-interstício. Em ambos os casos o elétron deixa o estado de instabilidade

para retornar ao estado de estabilidade. Dessa forma o material pode ser reutilizável várias

vezes sem que haja perda de sensibilidade TL ou OSL. A recombinação mais simples de

entender é aquela mostrada na da figura 2, onde o elétron retorna da banda de condução para a

banda de valência através da desexcitação. Após o processo de leitura do material TL ou OSL

é necessário que haja um tratamento térmico ou luminoso para que um maior número de

defeitos, isto é, um maior número de átomos aceitadores de elétrons, fique disponível para o

próximo processo de irradiação. Esse tratamento varia com o tipo de material utilizado.

O processo de recombinação é probabilístico. Para que se torne viável é necessário que a

energia vibracional da rede (gerada por energia externa) seja maior que a energia de ativação.

A equação 2.1 mostra a probabilidade da ocorrência do evento.

𝑝(𝑇) = 𝑠 𝑇 𝑒(−𝐸 𝑘𝑇 ) (2.1)

Nesta equação p(T) é a probabilidade de ocorrência do evento, s(T) é o fator de freqüência

relacionado com o módulo vibratório da rede cristalina, E é a energia de ativação, k é a

constante de Boltzmann e T é a temperatura. Portanto, com aumento da temperatura haverá

maior probabilidade dos elétrons ganharem energia suficiente para escapar da armadilha.

Uma consideração importante sobre a dosimetria por luminescência opticamente

estimulada (OSL) é que, muitas vezes o fenômeno OSL é confundido com os fenômenos de

radiofotoluminescencia (RPL) ou a fotoluminescência (PL). Neste sentido é interessante

observar que, enquanto a OSL é devido a dopantes presentes em uma estrutura cristalina, a

fotoluminescência (PL) é obtida de maneira similar, porém o sinal é oriundo de defeitos

intrínsecos da rede, como por exemplo, ausência de um íon negativo. A PL normalmente não

depende de irradiação da amostra. Dentro de um defeito, um elétron capturado pode ter níveis

de energia aos quais ele pode ser excitado. Ao relaxar para o estado fundamental, ele emite

luz. Por outro lado, existem materiais aonde a própria radiação ionizante induz defeitos. O

número de defeitos radio-induzidos é normalmente proporcional a dose de radiação. A

luminescência obtida através de excitação de elétron dentro destes defeitos é chamada de

RPL. O diagrama esquemático da figura 2.2 mostra os defeitos TL, OSL e PL.

Page 21: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

8

Figura 2.2 – Esquema de armadilhas TL, OSL e PL, através do diagrama de bandas de energia (Boetter-

Jensen L., 2003).

Os materiais TL e OSL apresentam uma curva típica de emissão de luz quando estão sendo

aquecidos (ver figura 2.3). Normalmente são utilizados gráficos de intensidade TL em função

de temperatura (TL x Temp.) e intensidade OSL em função do comprimento de onda de

emissão (OSL x λ). A figura 2.3-(A) mostra uma curva TL da alumina dopada com carbono

(Al2O3:C) que é um material de grande semelhança estrutural com o LaAlO3:Ce. Para efeito

de comparação é apresentada também uma curva de emissão TL do TLD-100, dosímetro TL

mais utilizado em todo o mundo. A figura 2.3-(B) mostra a curva de emissão OSL para o

Al2O3:C (Kittel C., 2006). Os máximos de emissão luminescente ocorrem em T = 400 K e λ =

420 nm para TL e OSL, respectivamente.

Page 22: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

9

Figura 2.3–(A) Curva TL para alumina dopada com carbono e o TLD-100 (McKeever S. W. S., 1995). (B)

Curva de emissão OSL da alumina dopada com carbono (Boetter-Jensen L., 2003).

Uma propriedade importante dos materiais fosforescentes para a dosimetria é a

conservação do sinal com o tempo. Este sinal representa a energia armazenada em defeitos na

rede cristalina, que podem ser extrínsecos ou intrínsecos.

Defeitos intrínsecos ou térmicos são gerados quando há ausência de íons negativos,

positivos e intersticiais. Ocorre devido ao aumento da temperatura na rede cristalina. Pode

aumentar ou diminuir com o tempo, em virtude dos processos de leitura e tratamento térmicos

pré e pós-irradiação.

Defeitos extrínsecos ou substitutivos são gerados quando se introduz um íon estranho à

rede, conhecido como dopante. Se o íon for positivo e os níveis de energia estiverem na banda

proibida, será formada uma armadilha para elétrons. Já quando o íon for negativo e os níveis

de energia estiverem na banda proibida, será formado um buraco para elétrons.

Page 23: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

10

2.1.2 Modelos teóricos da termoluminescência

O texto a reproduzir traz os modelos matemáticos para a técnica TL, tendo como referencia

bibliográfica (RANDALL J. T., 1945) (GARLICK G. F. J., 1948) (McKeever S. W. S., 1995).

Os estudos dos materiais Luminescentes tiveram seus maiores avanços por volta de 1930,

quando Urbach, apresentou o método para calcular a energia de liberação do elétron que se

encontra preso a armadilha, como visto na equação 2.2

𝐸 =𝑇𝑚

500 (2.2)

Nesta equação Tm é a temperatura do pico em K.

Mais tarde, por volta de 1945, Randall e Wilkins descreveram um modelo simples para o

fenômeno da termoluminescência (RANDALL J. T., 1945). Nesse modelo a liberação de

carga se dá através do deslocamento das cargas entre as bandas e o centro de recombinação.

Para um processo de primeira ordem, a razão de esvaziamento dessas armadilhas é

proporcional ao número de elétrons armazenados. Para n elétrons num dado instante t

teremos,

𝑑𝑛

𝑑𝑡= −𝑛𝑝 = −𝑛𝑠𝑒 −𝐸

𝑘𝑇 (2.3)

onde p é probabilidade de ocorrência (equação 2.1).

No processo de liberação, os elétrons podem retornar à armadilha ou cair em outra. No

nosso caso, consideramos que todos os elétrons após saírem das armadilhas irão

imediatamente para os centros de recombinação. A probabilidade de liberação de elétrons

deve ser proporcional à intensidade luminosa I, que é proporcional à taxa de recombinação.

Sendo assim a intensidade será descrita como

𝐼 = −𝑐𝑑𝑛

𝑑𝑡= 𝑐𝑛𝑠𝑒 −𝐸

𝑘𝑇 (2.4)

onde c é a constante relacionada à eficiência termoluminescente. Quando o material é

submetido a variação de temperatura (T0 – T), em determinado intervalo de tempo a relação

será

Page 24: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

11

𝛽 =𝑑𝑇

𝑑𝑡 (2.5)

onde β é denominado de razão de aquecimento. Relacionando a equação 2.3 e substituindo dt

por 𝑑𝑇

𝛽 e integrando com relação à temperatura, temos

𝑛 𝐸,𝑇 = 𝑛 𝐸, 0 𝑒 −

𝑠

𝛽𝑒

−𝐸𝑘𝑇 𝑇

𝑇0𝑑𝑇 (2.6)

Substituindo n na equação 2.4 por n (E,T) da equação 2.6 temos a formula geral de

intensidade

𝐼 𝐸,𝑇 = 𝑛 𝐸, 0 𝑠𝑒 −𝐸𝑘𝑇 𝑒

− 𝑠

𝛽𝑒

−𝐸𝑘𝑇

𝑑𝑇𝑇

𝑇0 (2.7)

Na equação 2.7 temos duas funções que expressam o comportamento da curva TL, sendo

que a primeira função define a porção ascendente da curva e a segunda o declínio da curva.

Essa foi a situação considerada por Randall e Wilkins para o calculo teórico da curva de

emissão TL produzida pela armadilha.

Outros modelos foram descritos após o modelo de Randall e Wilkins (1945). Em 1948

Garlick e Gibson descreveram um modelo no qual a probabilidade de recaptura dos elétrons

pelas armadilhas não é desprezível, como no modelo anterior, considerando-se que a

probabilidade de recaptura é igual à probabilidade dos elétrons irem para o centro de

recombinação (GARLICK G. F. J., 1948). A equação 2.8 mostra esta expressão de

intensidade TL como

𝐼 𝑇 =𝑛02

𝑁𝑠𝑒 −𝐸

𝐾𝑇 1 +𝑛0

𝑁

𝑠

𝑞𝑒 −𝐸

𝐾𝑇 𝑑𝑇𝑇

𝑇0 −2

(2.8)

Um modelo mais recente é o modelo cinético de ordem geral, proposto em 1964 por May e

Partridge. A partir das equações de intensidade 2.7 e 2.8 eles propuseram uma expressão

empírica apresentada na relação abaixo

𝐼 = 𝑛𝑏𝑠′𝑒 −𝐸𝐾𝑇 (2.9)

Page 25: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

12

onde s’ tem a dimensão m3(b-1)

seg-1

e b é definido como parâmetro de ordem geral e é o que

define a ordem da cinética. Sendo b≠1 e integrando a equação 2.9 (sendo 𝐼 = −𝑑𝑛

𝑑𝑡) temos

𝑛 = 𝑛0 1 + 𝑏 − 1 𝑠′′

𝑞 𝑒 −𝐸

𝐾𝑇 𝑑𝑇𝑇

𝑇0

1

−𝑏+1 (2.10)

onde fizemos 𝑠′′ = 𝑠′𝑛0 𝑏−1

. Substituindo 2.10 em 2.9 temos (McKeever S. W. S., 1995)

𝐼 = 𝑛0𝑠′′𝑒 −𝐸

𝐾𝑇 1 + 𝑏 − 1 𝑠′′

𝑞 𝑒 −𝐸

𝐾𝑇 𝑑𝑇𝑇

𝑇0 −

1

𝑏−1 (2.11)

2.2 Sistemas de Detecção e Dosimetria

Ao longo dos últimos 60 anos, os materiais luminescentes por suas propriedades foram

ganhando aplicações distintas. Uma delas é na detecção das radiações, sendo que os materiais

fosforescentes apresentaram aptidão para dosimetria das radiações pelas suas características

físicas. A principal característica que os tornaram uma opção para a dosimetria foi o

armazenamento de informação relativa à dose de radiação recebida pelo sistema de

armadilhas, com possibilidade de leitura posterior. Outras propriedades também são

importantes tais como a sensibilidade com a radiação, linearidade de resposta, fading, entre

outras. Existem várias propriedades nos materiais que podem ser utilizados para a detecção

das radiações como é mostrado na figura 2.4.

Figura 2.4 - Alguns tipos de detectores de radiação.

Elétrico

Gás

Câmara de Ionização

Contador Proporcional

Geiger-Müller

Materiais

Semicondutores

Detector do estado Sólido

Óptico

Emulsão Fotográfica

Filme

Luminescente

Materiais

Fosforecentes

Dosímetro Termoluminescente

Dosímetro OSL

Dosímetro RPL

Materiais Cintiladores

Detectores de

Cintilação

Page 26: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

13

Cada tipo de detector pode ser utilizado para dosimetria, sendo que cada tipo vai se

enquadrar em aplicações diferentes por suas características físicas e o sistema eletrônico

associado. Aqueles à base de gás geralmente são utilizados como dosímetro de área medindo

o nível de radiação ambiental, principalmente em áreas controladas, como por exemplo, a

caneta dosimétrica (câmara de ionização). Aqueles de emulsão fotográfica e

termoluminescentes são muito utilizados em controle de radiação em indivíduos

ocupacionalmente expostos (IOE) à radiação ionizante (dosimetria individual).

2.2.1 Aplicações

Como foi citado acima existem vários tipos de detectores e varias aplicações distintas.

Como neste trabalho estamos investigando materiais com propriedades TL e OSL, vamos nos

limitar a apresentar as aplicações desses materiais.

Dosimetria pessoal

A relevância da dosimetria pessoal é a de monitorar as doses de radiação recebidas por

pessoas que estão direta ou indiretamente expostas à radiação. Exemplos são trabalhadores

que exercem atividades profissionais em clinicas radiológicas, serviços de radioproteção e

instalações nucleares. É preciso salientar que segundo a norma CNEN-NN-3.01 os individuos

ocupacionalmente expostos (IOE) devem ser monitorados principalmente nas áreas

controladas, aonde o risco de exposição é maior. É necessário que seja feita a leitura periódica

dos dosimetros, para assegurar que os limites de dose não extrapolem as normas, que

atualmente é de 20 mSv/ano (CNEN-NN-3.01, 2005).

Dosimetria clínica

Com o avanço no desenvolvimento dos dosimetros termoluminescente (TLDs), houve uma

diminuição considerável no tamanho do elemento sensor. Por exemplo, o TLD100 é

comercializado em chips de 3x3x1 mm. Com isso, foi possível utilizá-los durante o

tratamento em radioterapia. Com dosímetros menores é possível introduzi-los em aberturas ou

gurada-los perto ao corpo, próximo ao corpo, antes do paciente ser exposto, para assegurar

Page 27: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

14

que a região foi exposta a dose desejada. Há duas áreas para o uso da dosimetria clinica: o

radiodiagnostico e a radioterapia.

Dosimetria ambiental

A dosimetria ambiental vem se tornando um campo importante por dois motivos: o

aumento na produção de radionuclídeos, por intervenção humana na atmosfera terrestre, e

com a degradação progressiva da camada de ozônio que diminui a proteção contra a radiação

solar.

O aumento na produção de radionuclídeos se deve principalmente à corrida por tecnologia

bélica nuclear, que teve inicio em 1945, com o primeiro teste de bomba nuclear nos EUA.

Recentemente houve uma grande liberação dos radionuclídeos: Iodo – 131, Césios – 134 e

Césio - 137 no acidente nuclear ocorrido nas usinas nucleares do Japão. Causando o aumento

do background de radiação gama.

O aumento do background de radiação UV tem relação com a degradação da camada de

ozônio, que diminui a barreira contra a radiação solar incidente nas pessoas, a principal

preocupação é o aumento da exposição UV. Por isso é de extrema urgência desenvolver

materiais que possam monitorar as alterações nos índices de exposição da população à

exposição UV.

No Brasil ainda não há normas especificas sobre limites de exposição UV, para indivíduos

ocupacionalmente expostos (IOE). Entretanto já existem recomendações internacionais sobre

o assunto. E alguns países possuem normas para o controle de níveis de exposição como a

Austrália. Em 1977 foi criado o Comitê Internacional de Radiação Não Ionizante (INIRC),

ligado a Associação Internacional de Proteção Radiológica (IRPA). Já em 1992 o INIRC se

desligou do IRPA, criando um comitê cientifico independente conhecido como Comissão

Internacional de Proteção a Radiação Não Ionizante (ICNIRP). Com objetivo de elaborar

recomendações e guias para exposição às radiações não ionizantes e estimar riscos à saúde

(Okuno E., 2005). Uma das recomendações do ICNIRP é que, na região dos olhos, a radiação

UV com espectro entre 180 a 400 nm não exceda 30 J.m-2

(Sliney D., 2005).

Page 28: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

15

2.2.2 Sensibilidade à radiação

Uma das mais importantes propriedades de um material para ser um potencial dosímetro é

a sensibilidade à radiação, principalmente quando se trabalha em monitoração de áreas com

doses baixas de radiação. A tabela 2.1 mostra a sensibilidade para alguns materiais TL.

Tabela 2.1 - Sensibilidade relativa de alguns materiais TL para radiação gama.

Material TL

(Procedência)

Peso

(mg) Sensibilidade TL relativa

Pico de temperatura

de emissão do pico principal

(°C)

LiF TLD – 700 24 1,00 225

LiF:Mg,Cu,P

(Hashaw-Bicron) 41 18,1 250

LiF:Mg,Cu,P

(TLD-100H) 41,5 41,5 230

Al2O3:C

(Akselrod M.S., 1990) 66 64,3 200

Al2O3:C

(Paiva C. C., 2010) 24,6 45,0 230

Como é possível observar na tabela, a alumina dopada com carbono é um dos materiais

mais sensíveis para dosimetria de radiação gama. A alumina vem sendo de grande interesse

em pesquisas recentes pela sua alta sensibilidade tanto na técnica TL quanto na OSL, maior

que a sensibilidade do LiF:Mg,Cu,P (TLD-100) um dos dosímetros mais utilizado

comercialmente no mundo. Essa alta sensibilidade da alumina alfa dopada com carbono

motiva a investigação de materiais cristalinos com estrutura semelhante, como LaAlO3, para

fins de dosimetria.

Page 29: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

16

2.2.3 Resposta de dose

A resposta de dose F(D) é definida como a dependência da intensidade do sinal TL medido

com a dose absorvida da radiação pelo material. O ideal para um dosímetro seria que a

intensidade variasse de forma linear com a dose absorvida em uma ampla faixa. Entretanto a

maioria dos dosímetros apresenta um comportamento diferente. Geralmente, os dosímetros

apresentam comportamento linear em uma determinada faixa, entre o limiar inferior de

detecção (LLD) e a faixa de saturação. Um comportamento que pode ser observado em

determinados dosímetros é a sublinearidade e/ou supralinearidade.

Figura 2.5 - Linearidade dosimétrica de três materiais. A é o ajuste para o pico TL em 100 °C do SiO3, B é o

ajuste para o pico 5 do TLD-100 (LiF:Mg,Ti) e o C é ajuste do TLD-400 (CaF2:Mn) (McKeever S. W. S., 1995).

Na figura 2.5, como exemplo, são apresentadas a linearidade dosimetrica de três materiais:

o SiO3 (A), LiF:Mg,Ti (B) e o CaF2:Mn (C). No ajuste A o SiO3 apresenta uma linearidade

em toda a faixa mensurável. O LiF:Mg,Ti, representado na reta B, mostra os três

comportamentos: apresenta uma linearidade no inicio da reta, depois apresenta um

comportamento supralinear e finalmente fica sublinear. No ajuste C o CaF2:Mn apresenta

inicialmente uma supralinearidade, ficando posteriormente sublinear até o final da faixa.

Page 30: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

17

2.2.4 Desvanecimento

O desvanecimento de um sinal TL, conhecido como fading, é o termo utilizado para a

diminuição e/ou perda do sinal com o passar do tempo. A perda de intensidade do sinal pode

ter varias causas, sendo que a principal é devida à temperatura, ou seja a probabilidade de

escape de um elétron de sua armadilha ser diferente de zero, mesmo em temperatura

ambiente.

Para se determinar a constante de tempo para a liberação por indução térmica da carga

capturada na armadilha, aplica-se a equação 2.8

𝜏𝑓 = 𝑝−1 = 𝑠−1𝑒 𝐸 𝑘𝑇 (2.12)

Onde τf são os parâmetros que determinam a taxa de decaimento térmico, E é a energia de

ativação, s é fator de frequência, T é a temperatura.

𝜏1 2 = 𝑙𝑛 2 𝜏𝑓 (2.13)

τ1/2 é o tempo de meia vida do material. (McKeever S. W. S., 1985)

2.2.5 Tratamento térmico

O tratamento térmico é essencial para o uso dos dosímetros TL, pois com o tratamento

adequado o dosímetro poderá ser reutilizado varias vezes. Cada material possui um tipo de

tratamento específico. No processo do tratamento térmico ocorre um reequilíbrio eletrônico

no material, esvaziando-se as armadilhas que ficaram com elétrons presos após a leitura.

Após o tratamento térmico, conhecido também como anneling (recozimento), o material

pode ser reutilizado. Um mesmo material TL pode utilizar diferentes tipos de tratamento

térmico. O número de reutilizações varia de um material para outro e depende do tipo de

tratamento. Em alguns casos, o próprio processo de leitura é utilizado como anneling.

Entretanto ao realizar um tratamento que não é compatível com o material, esse pode vir a

apresentar alterações que impedirão o seu uso, como a degradação das armadilhas. Exemplos

de tratamento térmico são o do LiF:Mg,Ti, que é aquecido por uma hora a 400 °C e duas

Page 31: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

18

horas a 100 °C nos materiais pré-irradiados e um tratamento de 15 minutos a 100 °C pós-

irradiados. Outro exemplo é o ZrO2:Cu, cujo tratamento térmico é de 10 minutos a 300 °C.

(Horowitz, 1984)

2.3 Materiais Dosimétricos

Nas ultimas décadas vêm surgindo grandes esforços para as investigações de novos

materiais com potencial dosimétrico. Os materiais mais investigados possuem aplicação na

detecção de radiação gama e X, muito utilizado em hospitais, indústrias e instalações

radiativas. Entretanto, com uma nova visão do homem para o meio ambiente, aumenta a

preocupação com as interferências humanas na natureza. Uma das principais preocupações é a

degradação da camada de ozônio (O3), levando a um aumento de exposição das pessoas à

níveis perigosos de radiação UV. Nestes níveis, existe a possibilidade do aparecimento de

efeitos nocivos, como o câncer de pele, eritemas e inflamações de membrana dos olhos (Blum

H. F., 1959). Em função destas conseqüências existe um aumento crescente do

desenvolvimento de novos detectores de radiação UV no sentido de se prevenir a população

dos seus efeitos deletérios.

2.3.1 Materiais termoluminescentes para dosimetria gama e X

Atualmente materiais TL e OSL são estudados sistematicamente e muitos materiais já são

aplicados nas áreas de dosimetria individual, ambiental, clínica e de altas doses. A busca por

materiais com melhores qualidades, tais como baixo limiar inferior de detecção (LLD) e

maior faixa de detecção, tem alimentado a busca por novos materiais dosimétricos, como

óxidos, fluoretos, sulfatos, entre outros.

Page 32: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

19

Tabela 2.2 - Principais materiais comercialmente disponíveis para dosimetria das radiações X e gama.

Materiais Nomenclatura Faixa de

Utilização

Fading

Termico

Dependência

energética /

30keV

Sensibilidade

Relativa

Aplicação

Dosimétrica

LiF: Ti, Mg TLD-100 0,1mGy –

10Gy 5-10% por ano 1,3 1

Saúde e física

médica

LiF:Mg,Ti

(isótopo 6Li)

TLD-600 10μGy – 10Gy - - - Gama e beta

LiF:Mg,Cu,P

(isótopo 6Li)

TLD-600H 1μGy – 10Gy - - - Gama e beta

LiF:Mg,Cu,P TLD-100H 1μGy – 10Gy 3% por ano - -

Ambiental,

pessoal e de

extremidade

CaF2: Dy TLD-200 1,0μGy –

10Gy

16% em 2

semanas 15,6 16 Ambiental

Al2O3:C TLD-500 2,0μGy – 1Gy 3% ao ano 4,5 5 Ambiental

CaF2:Mn TLD-400 0,1μGy –

100Gy

15% em 3

meses - -

Ambiental e

altas doses

Li2B4O7:Mn TLD-800 0,5μGy –

105Gy

- - - Altas faixas de

dose

CaSO4:Dy TLD-900 1μGy – 100Gy - - - Ambiental

Na tabela 2.2 são apresentados nove materiais dosimétricos e algumas de suas

propriedades, sendo que seis deles são fluoretos, dois óxidos e um sulfato. O TLD-100, o

dosímetro comercialmente mais utilizado no mundo, tem a menor faixa de utilização que vai

de 0,1mGy a 10,0 Gy. Entretanto essa faixa se enquadra muito bem na área da saúde, onde as

doses recebidas não ultrapassam 1 Gy. O TLD-400 e TLD-900 são os que possuem a maior

faixa de utilização em relação aos outros materiais da tabela. Isso permite que eles sejam

utilizados em dosimetria ambiental diária, pois além de detectar níveis de radiação baixos, em

caso de acidente ele informará a dose certa, não entrando na faixa de saturação, definindo

assim o nível de risco do acidente.

Entre os fluoretos se destaca o LiF:Mg,Ti (TLD-100), por ser o dosímetro mais utilizado

comercialmente em industrias, hospitais e em outras aplicações. Uma das razões é o fato de

sua densidade ser próxima a do tecido humano. Com o passar do tempo, novos materiais mais

sensíveis da família do LiF foram sendo desenvolvidos, para aplicações diferentes (ver tabela

2.2).

Os óxidos são exemplos de materiais que estão sendo muito investigados para dosimetria.

Um dos materiais que se destaca é o oxido de alumina dopada com carbono. Estudos

realizados pelo nosso grupo na produção e caracterização dosimétrica, da alumina (Paiva C.

Page 33: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

20

C., 2010) mostram que esse material possui um enorme potencial em dosimetria, sendo que

um dos fatores é a alta sensibilidade do material a radiação gama e X.

Outro grupo de materiais estudado para dosimetria gama e X é o dos sulfatos. O principal

material do grupo é o sulfato de cálcio dopado com disprósio (CaSO4:Dy), pois apresenta

temperatura do pico principal de emissão em torno de 220 °C, contra a temperatura de 70 °C

do similar dopado com manganês (CaSO4:Mn). Esta diferença é fundamental no que se refere

ao desvanecimento do sinal por excitação eletrônica à temperatura ambiente (Horowitz.,

2001).

2.3.2 Materiais termoluminescentes para dosimetria UV

Com a degradação progressiva da camada de ozônio há uma preocupação no aumento de

exposição à radiação UV à qual as pessoas são submetidas todos dos dias. Sabendo-se que a

radiação UV é nociva, podendo ser cancerígena, a investigação de novos materiais com alta

sensibilidade à radiação UV vem despertando o interesse de vários grupos de pesquisa.

Exemplos de materiais estudados para dosimetria UV são Al2O3:C, ZrO2:Cu e G2O3:Eu. Os

materiais podem ser utilizados numa faixa de exposição entre 0,39 mJ/cm2 a 2500,0 mJ/cm

2

conforme tabela 2.3.

Tabela 2.3 - Irradiância mínima e máxima dos materiais Al2O3:C, ZrO2:Cu, G2O3:Eu expostos à radiação UV.

Materiais Imin

(mJ/cm2)

Imax

(mJ/cm2)

G2O3:Eu 0,80 15,0

Al2O3:C 0,39 50,0

ZrO2:Cu 10,00 2500,0

Nesta tabela é feita uma comparação entre materiais TL expostos à mesma dose de radiação

UV, medido a 254 nm. Pode-se observar que o G2O3:Eu é o que tem o limite inferior de

detecção. Por outro lado, o ZrO2:Cu é o que apresenta o limite superior de detecção.

Page 34: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

21

Na figura 2.6 é apresentada a curva TL do G2O3:Eu. Ela possui três regiões de emissão, nas

temperaturas de 50 °C, 130 °C e 345 °C, respectivamente. O pico TL que apresenta maior

estabilidade é o pico de maior temperatura (345 °C) (Murillo A. G., 2010).

Figura 2.6 - Curva TL do G2O3:Eu para exposição à radiação UV em 302 nm (Su C. S., 1996).

Na figura 2.7 é mostrada a curva TL característica do ZrO2:Cu. A grande largura do pico

TL junto à assimetria indica que provavelmente o cristal possui mais de um pico, sendo que o

maior está a uma temperatura de aproximadamente 205 °C. Aparentemente este pico é o que

possui maior estabilidade em relação aos outros. A curva foi obtida com uma taxa de

aquecimento de 10 °C/s, com temperatura máxima de 350 °C. O tratamento térmico pré-

irradiação utilizado foi de 300 °C por 10 minutos.

Page 35: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

22

Figura 2.7 - Mostra a curva TL do ZrO2:Cu para exposição a radiação UV em 260 nm (Rivera T., 2007).

O oxido de alumina (Al2O3) apresenta diversos tipos de configurações estruturais fazendo

com que tenha varias aplicações. O tipo de alumina mais interessante para fenômenos

luminescentes é a alumina dopada com carbono na fase alfa (α-Al2O3:C), tanto para radiação

gama e X, quanto para dosimetria de radiação UV. (Pagonis V., 2008)

2.4 Estrutura Cristalina

O fenômeno da fosforescência ocorre devido à estrutura cristalina. Para que ele ocorra é

necessário que o material apresente defeitos em sua estrutura, que irão proporcionar uma

região de níveis de energia permitidos para os elétrons, antes vazia.

A estrutura cristalina é determinante para qual aplicação o material poderá ser aplicado.

No caso do nosso cristal, que possui a estrutura perovskita, o material pode ser aplicado em

diversas áreas além da dosimétrica, como é mostrado na tabela 2.4.

Page 36: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

23

2.4.1 Perovskita

Como é possível ver na tabela 2.4 os materiais com estrutura perovskita possuem varias

aplicações, sendo que a maioria esta relacionada às suas propriedades elétricas. Chamamos

atenção para o YAlO3, pela semelhança com o LaAlO3, e por ambos apresentarem

propriedades ópticas.

Outra característica do material utilizado neste trabalho são os dopantes que foram

introduzidos na estrutura. Os dopantes fornecem propriedades especificas ao material que o

torna fosforescentes.

Tabela 2.4 - Aplicações de materiais com estrutura perovskita.

Aplicações Óxidos

Capacitor multicamadas BaTiO3

Transdutor piezoelétrico Pb(Zr, Ti)O3

Termistor P.T.C. BaTiO3 dopado

Modulador eletro-óptico (Pb, La)(Zr, Ti)O3

Interruptor LiNbO3

Supercondutor Ba(Pb, Bi)O3

Laser YAlO3

Ferromagneto (Ca, La)MnO3

Gerador de segundo harmônico KNbO3

Eletrodo refratário LaCoO3

Memória de bolha magnética GdFeO3

Ressonador dielétrico BaZrO3

A estrutura perovskita é representada por uma fórmula geral do tipo ABO3, em que A são

íons maiores que ocupam espaço dos vértices do cubo, podendo ser metais alcalinos, alcalinos

terrosos ou outros íons grandes como o La e o Pb. Os íons B são íons menores e ocupam

posições octaedrais no centro do cubo, formados por metais de transição e pós-transição como

o Ni e Al. Nesta formula, O refere-se a átomos de oxigênio, que ocupam os vértices do cubo

conforme mostrado na figura 2.8.

Page 37: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

24

A estrutura da perovskita pode ser constituída por varias formas distintas tais como os

zirconatos (SrZrO3), titanatos (PbTiO3), aluminatos (LaAlO3), entre outros. Podem ter

formulas estequiométricas A3+

B3+

O3, como em LaAlO3, ou A2+

B4+

O3, como em PbZrO3. A

figura 2.8 mostra o esquema da distribuição dos íons na estrutura cristalina.

Figura 2.8 - Estrutura cristalina da perovskita.

Para se formar uma estrutura perovskita é necessária que ela cumpra dois pré-requisitos, o

primeiro pré-requisito é que a ligação BO6 seja estável e o segundo é que o cátion A tenha o

tamanho certo para ocupar os espaços intersticiais formado pelos octaedros. Para que seja

formada a estrutura da perovskita é necessário que o material apresente um fator de tolerância

(t) ≈ 1, descrito pela seguinte equação:

𝑡 =1

2

𝑟𝐴+𝑟𝑂

𝑟𝐵+𝑟𝑂 (2.14)

onde rA, rB, rO são os raios iônicos do cátions A, B e O3, respectivamente. Para que os átomos

da estrutura de célula unitária do tipo B estejam em contato entre si, t tem que ser igual a 1.

Page 38: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

25

2.4.2 Crescimento cristalino pelo método hidrotermal

O crescimento cristalino pelo método hidrotermal vem tendo bastante destaque no cenário

de produção de cristais. A nomenclatura foi utilizada pela primeira vez por Roderick

Murchison, geólogo britânico. É uma reação heterogênea, em presença de mineralizador ou

solvente aquoso, que irá dissolver e recristalizar materiais que, em condições normais de

síntese, são insolúveis. Uma definição dada por Byrappa ao termo hidrotermal é “qualquer

reação química heterogênea em um sistema fechado na presença de um solvente e uma

pressão maior que 1 atm”.

Uma das principais vantagens do uso do método de crescimento hidrotermal é o fato de ser

viável obter quase 100% de eficiência, na conversão do material precursor. Uma outra

vantagem é a possibilidade de variar parâmetros como temperatura, concentração de solvente

e a adição ou remoção de aditivos. A figura 2.9 ilustra o método hidrotermal para crescimento

de cristais.

Figura 2.9 - Ilustração do método hidrotermal para crescimento de cristais.

Basicamente o esquema funciona com um reator de aço inox, com revestimento polimérico

interno, circundado por um forno no exterior. Na cápsula interna, o polímero utilizado

Page 39: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

26

normalmente é o politetrafluoretilino (PTFE) e possui a função de proteger o reator contra

ataques químicos produzidos pela reação. Na parte superior existe um suporte para entrada do

termopar e ao lado, uma válvula de alívio com um manômetro para controle da pressão

(Bryrappa K., 2003).

2.4.3 Dopagem com íons de terras raras

A utilização de dopagem é empregada quando se quer acrescentar alguma propriedade

importante em algum material. O exemplo mais comum é encontrado na metalurgia, na

alteração das propriedades do ferro. Por exemplo, para se aumentar a dureza é usado a

dopagem de carbono. Os íons de terras raras são amplamente utilizados em equipamentos

eletrônicos por suas propriedades ópticas. É por causa dessas propriedades é que foram

escolhidos os dopantes Ce3+

, Eu3+

, Dy3+

, além do Bi3+

, que não é um íon de terra rara.

No caso dos lantanídeos Ce3+

, Eu3+

e Dy3+

ocorre um fenômeno conhecido como

“contração lantanídea” nos íons com subcamadas 4fn incompletas. Ao se aumentar a carga do

átomo, há um aumento da carga nuclear efetiva. Sendo assim ao aumentar o número de

elétrons na configuração, o núcleo aumenta a força de atração para os elétrons, resultando na

contração nuclear. Os elétrons das subcamadas 4fn também são blindados pelos orbitais 5d e

5p, fazendo com que eles sofram pouca interação com forças externas, o que acaba

favorecendo a ocorrência de interações discretas na camada 4fn.

Além dos níveis discretos da camada 4f, bandas de maior energia estão presentes no

átomo. A presença delas é atribuída a dois processos. O primeiro é através da excitação de

algum elétron da camada 4f para uma camada mais externa 5d. O outro processo ocorre com a

captura de um elétron externo, gerando uma banda de transferência de carga. Contamos com

os dois processos em nosso estudo, pois ao irradiarmos o material, seja com radiação gama ou

UV, esperamos que a camada mais externa como a 5d sirva como armadilha. A tabela 2.3

mostra a distribuição dos orbitais eletrônicos do cério, disprósio e európio.

Page 40: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

27

Tabela 2.5 - mostra a distribuição eletrônica dos íons terras rara: cério, disprósio e európio.

Cério 1s2

2s2

2p6 3s

2 3p

6 4s

2 3d

10 4p

6 5s

2 4d

10 5p

6 6s

1 4f

1 5d

1

Disprósio 1s2

2s2

2p6 3s

2 3p

6 4s

2 3d

10 4p

6 5s

2 4d

10 5p

6 6s

2 4f

10

Európio 1s2

2s2

2p6 3s

2 3p

6 4s

2 3d

10 4p

6 5s

2 4d

10 5p

6 6s

2 4f

7

Os íons de terras raras são utilizados como dopantes em diversos materiais, para fins de

melhorar as propriedades luminescentes dos mesmos. Na dosimetria os íons entram na

estrutura gerando níveis de energia em regiões que não havia, servindo como armadilha de

elétrons. Alguns materiais dosimétricos que foram dopados com íons de terras raras são os

K2YF5 (Faria L. O., 2004), K2GdF5 (Huynh K. H., 2010), CaSO4 (Salah N., 2006), CaF2 , e o

LiF.

No apêndice B está uma analise de difração, colocamos uma comparação entre a difração

do LaAlO3:Ce e do Al2O3:C – alfa.

Page 41: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

28

3 Metodologia

3.1 Materiais

Os materiais estudados neste trabalho foram os monocristais de LaAlO3 com diferentes

níveis de dopagens com íons trivalentes opticamente ativos de Ce, Dy, Eu e Bi. Todos os

dopantes são elementos de terras raras trivalentes opticamente ativos. A relação entre o cristal

LaAlO3 e os dopantes selecionados para o estudo TL resultaram em cinco materiais distintos

sendo eles: 1 - La0,99AlO3:Ce0,01, 2 - La0,95:AlO3:Ce0,05, 3 - La0,94AlO3:Ce0,05-Dy0,01, 4 -

La0,99AlO3:Eu0,01, 5 - La0,99AlO3:Bi0,01. Estes materiais foram produzidos no Kurnakov

Institute of General and Inorganic Chemistry (IGIC) Moscou – Rússia, Instituição parceira do

CDTN no desenvolvimento de novos materiais sensores de radiação. A tabela 3.1 mostra de

forma simplificada as cinco concentrações diferentes investigadas no trabalho.

Tabela 3.1 – Concentrações de dopantes investigados neste trabalho.

Material

(LaAlO3) Ce

3+ Dy

3+ Eu

3+ Bi

3+

1 1 % - - -

2 5 % - - -

3 5 % 1 % - -

4 - - 1 % -

5 - - - 1 %

A investigação das propriedades TL destes materiais foi feita no CDTN que conta com

uma boa infra-estrutura tecnológica, para o desenvolvimento do trabalho, tais como

irradiadores gama, lab. de calibração de dosímetros, lab. de análise térmica, lab. de

espectrofotometria, etc.

Em uma preparação inicial, as amostras, em forma de pó, foram pesadas e separadas em

quantidades que variaram de 15 mg a 20 mg. Estas quantidades pré-determinadas foram

Page 42: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

29

postas em cadinhos de alumínio, pesando 11 mg cada, fabricados pela TA Instruments,

normalmente utilizados para medidas de calorimetria por varredura diferencial. Estes por sua

vez foram colocados em um porta-amostras de PVC com tampa de acrílico com espessura de

3 mm, quando irradiados, para assegurar o equilíbrio eletrônico nas irradiações com raios

gama. A figura 3.1 mostra o porta-amostras utilizado nas irradiações gama e UV.

Figura 3.1 - Porta-amostras de PVC, com tampa de acrílico (PMMA), e a seta em vermelho indica os

cadinhos de alumínio acomodados em suas posições de irradiação.

A figura 3.1 mostra o porta-amostras utilizado para a irradiação gama e UV. Nos cadinhos

algumas das unidades contém cristais de LaAlO3 que foram estudados neste trabalho. Os

Page 43: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

30

materiais foram pesados em uma balança de precisão, marca, Precisa modelo XR 25S que

possui uma resolução de 0,01 mg. A figura 3.2 mostra a foto da balança.

Figura 3.2 – Balança de precisão, marca Precisa – XR 25S. Utilizada para pesagem das amostras.

Antes de cada leitura, as amostras foram pesadas com o objetivo de realizar uma

normalização pela massa, na forma de TL/mg (intensidade TL (nC)/ peso (mg)).

3.2 Equipamentos de Irradiação Gama e UV

3.2.1 Irradiador gama

Foi utilizado o irradiador gama com feixe colimado utilizando uma fonte de 137-Cs,

fabricada pela Buchler. Este dispositivo está localizado no Laboratório de Calibração de

Dosímetros no Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear e é utilizado para aferição

de monitores de radiação diversos. As amostras foram posicionadas a 1 metro da fonte,

Page 44: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

31

considerando-se a distáncia fonte-interior do porta-amostras. A figura 3.3 mostra o irradiador

gama utilizado.

Figura 3.3 - Irradiador gama com fonte 137-Cs. Marca Buchler.

3.2.2 Sistema de irradiação UV

As irradiações com UV foram feitas em um Setup de irradiação montado no laboratório de

materiais do CDTN. Foram utilizadas 2 lâmpadas comerciais de 8 W, com certificado de

calibração da Philips. A irradiação espectral na superfície da lâmpada foi de 2.98 J.cm-2

,

medida com um radiômetro UVX 100 E – 22476, com certificado de calibração, usando um

sensor para 254 nm. A menor distancia entre a amostra e superfície da lâmpada é de 8 cm, no

ponto central do setup. Nesta condição, 1 hora de exposição, a essa distância, equivale a uma

irradiância espectral na amostra teste no valor de 147,6 mJ.cm-2

. A figura 3.4 mostra o

esquema do setup de irradiação UV.

Page 45: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

32

Figura 3.4 – Esquema do setup de irradiação UV.

3.3 Técnicas de Caracterização de Luminescência

Estimulada

Após a irradiação a leitura dos dados era realizada em uma leitora HarshawTLD-3500,

para análises TL, ou no Sistema Monoscan Ocean Optics USB2000, para análises de

fotoluminescência.

3.3.1 Medidas de termoluminescência

O processamento de leitura termoluminescente das amostras irradiadas foi realizado em

um equipamento leitor Harshaw-Bicron modelo 3500, atualmente produzido pela Thermo

Electron Corporation (figura 3.5). Neste equipamento, a amostra é aquecida a uma taxa

constante e o sinal TL é integrado.

No aquecimento o material é colocado sobre uma chapa metálica, que é aquecida pela

passagem da corrente elétrica. Em equipamentos mais modernos o aquecimento é feito pelo

fluxo de gás (nitrogênio) controlado. Quando o material é aquecido, emite luz que é detectada

por um tubo fotomultiplicador (PMT), transformando o sinal luminoso em carga elétrica.

Page 46: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

33

Através da aplicação de uma alta voltagem elétrica, normalmente de 500 a 1.100 V, os

elétrons arrancados inicialmente do cristal cintilante. São acelerados seqüencialmente em

direção a placas metálicas, gerando cada vez mais elétrons. Estes são acelerados novamente

até que uma carga elétrica total mensurável seja obtida nos pólos de saída do tubo

fotomultiplicador (PMT).

Figura 3.5 - leitora TL HarshawTLD-3500.

A imagem da figura 3.5 mostra a leitora com a gaveta de amostras aberta. A amostra é

colocada na placa metálica entre o fio vermelho e amarelo, onde é aquecida. A temperatura

máxima de aquecimento é 600 °C. Um fluxo de gás nitrogênio é feito passar pela amostra

durante o aquecimento para diminuir o efeito de triboluminescência.

O software do equipamento é o WinREMSTM

. Nele são selecionados os parâmetros de

leitura desejados para cada material como temperatura máxima, taxa de aquecimento, entre

outros. Esse ajuste é realizado no TTP (sigla em inglês de time temperature profile, i. e., perfil

tempo/temperatura) (figura 3.6). De acordo com os parâmetros escolhidos é feita uma corrida

gerando uma curva TL (figura 3.7). A figura abaixo mostra um das configurações

experimentadas para o aluminato de lantânio (LaAlO3).

Page 47: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

34

Figura 3.6 - Parâmetros de geração da curva (TTP).

O perfil tempo/temperatura mostrado na figura 3.6 possui vários parâmetros. O primeiro

parâmetro é a escolha dos canais em regions: neste parâmetro é escolhida a região de interesse

na formação da curva. O valor selecionado é recomendado pela fabricante. Outro parâmetro é

o adquirir (acquire), onde é escolhida a temperatura máxima, taxa de aquecimento e o tempo

de aquisição da curva. Estes são os parâmetros mais importantes para a investigação deste

trabalho.

Page 48: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

35

Figura 3.7 - Curva TL gerada no programa WinREMSTM

da leitora.

A figura 3.7 mostra uma curva TL do LiF: Ti, Mg (TLD-100), calibrado nessa leitora.

Na figura 3.7, o eixo y à esquerda, é a intensidade de corrente elétrica (nano Ampere)

gerada no tubo fotomultiplicador (PMT). Do lado oposto há outro eixo y, que representa a

temperatura em graus Celsius. Na figura também mostra a rampa de aquecimento que, nesse

caso, começa em 49 °C chegando à temperatura máxima de 300 °C.

3.3.2 Sistema de leitura opticamente estimulada

Diferente da TL, onde o estímulo se dá com calor, na medida de fotoluminescência o

estímulo do material é feito através de ondas eletromagnéticas. No caso especifico deste

trabalho, o material foi excitado com um laser azul de 405 nm. A figura 3.8 mostra como

fizemos as medidas OSL.

Page 49: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

36

Figura 3.8 – Sistema de luminescência opticamente estimulado (OSL).

As leituras de fotoluminescência foram feitas após excitação da amostra com um laser azul

com comprimento de onda de 405 nm. O sinal luminescente foi captado por um

espectrômetro da Ocean Optics USB2000, que detecta a luz emitida pela amostra de 200 a

900 nm.

O espectrômetro Ocean Optics USB2000 diferencia energia e intensidade de luz emitida

pela amostra, o que não ocorre na leitora TL que só informa a intensidade. Sendo assim é

possível ver a intensidade de luz que ele emite e qual sua freqüência (energia). A figura 3.9

mostra o gráfico de emissão OSL da alumina na fase alfa.

Page 50: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

37

200 300 400 500 600 700 800

100000

150000

200000

250000

300000

-aluminaS

inal

OS

L (

u.a.

)

nm

Figura 3.9 – Gráfico de emissão OSL da alumina na fase alfa.

Na medida de Luminescência opticamente estimulada é gerado um gráfico de intensidade

(eixo Y) por comprimento de onda (eixo X). Como visto na figura 3.9 para a alumina na fase

alfa é possível observar que há dois picos de emissão OSL e uma curva, sendo que

𝜆 =𝐶

𝑓 (3.1)

onde λ é o comprimento de onda, c é a velocidade da luz e f é a freqüência. Para a obtenção

do sinal, entre 200 e 900 nm, um filtro óptico foi utilizado para atenuar a intensidade do lazer.

Para fótons com λ > 450 nm, o filtro deixa passar toda a luz.

Page 51: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

38

4 Resultados e Discussão

Neste capítulo iremos mostrar os resultados obtidos na investigação sobre a luminescência

radio-induzida de cristais de aluminato de lantânio dopados com elementos terras raras. É

importante destacar que inicialmente mostraremos os resultados encontrados para detecção de

radiação gama, no qual os cristais dopados com európio apresentaram bons resultados. Em

seguida abordaremos os resultados obtidos para detecção de radiação UV. Para essa radiação,

os materiais que apresentaram melhor desempenho foram os co-dopados com 5% de cério e

1% de disprósio.

4.1 Investigação da Resposta TL para Radiação Gama

O estudo de materiais termoluminescentes se baseia, principalmente, na análise das curvas

de emissão TL obtidas após a exposição à radiação ionizante. Uma vez determinado que um

certo material é sensível a uma dada qualidade de radiação, é necessário descobrir se este

sinal TL é reprodutível. Neste sentido irradiam-se varias amostras com a mesma dose,

atentando para o fato de que uma curva de emissão TL é normalmente o resultado da soma de

dois ou mais picos individuais. A reprodutibilidade deve ser observável tanto na quantidade

de carga elétrica gerada no PMT quanto na forma geral da curva de emissão. Uma vez que

certo material apresente bom sinal TL e boa reprodutibilidade, há de ser investigada a

linearidade ou não da resposta TL em função da dose de radiação aplicada. Neste trabalho, na

parte relativa à termoluminescência, realizamos estas etapas iniciais de caracterização

dosimétrica para os cristais de LaAlO3 dopados com terras raras. Este será nosso principal

objetivo, visando duas qualidades de radiação: gama e ultravioleta. Existem ainda varias

etapas posteriores a estas, que devem ser realizadas para uma boa caracterização dosimétrica.

Estas etapas posteriores serão objetivo de investigações futuras.

Os materiais que escolhemos para estudo, com fins de dosimetria gama, foram os cristais

de LaAlO3 dopados com 1% em peso de bismuto, 1% de európio, 1% e 5% de cério e os co-

dopados com cério 5% - disprósio 1%. Desses, os que apresentaram maior sensibilidade à

radiação gama foram os dopados com európio. As curvas de emissão TL fornecem os picos de

emissão de cada material sendo que, das cinco curvas obtidas, apenas a do európio apresentou

Page 52: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

39

picos passíveis de estudos, como é possível observar na figura 4.1. Nesta figura, todas as

amostras foram irradiados com 10,0 mGy.

Figura 4.1 - Curvas TL do aluminato de lantânio com diferentes dopantes, expostos à 10,0 mGy de radiação

gama.

Na figura 4.1 é possível observar com facilidade que o único material que apresentou curva

de sensibilidade TL para radiação gama foi o dopado com 1% de európio. Aparentemente a

curva é composta de 1 único pico que teve o ápice da curva em aproximadamente 184 °C. O

material apresentou uma boa sensibilidade. Entretanto, ao compararmos com a curva de um

material já utilizado comercialmente, vemos que há diferenças, como do TLD-100 mostrado

na figura 4.2, onde a curva de emissão do TLD-100 é sobreposta à curva de emissão do

aluminato de lantânio dopado com Eu. Este dosímetro é normalmente utilizado para fins de

dosimetria pessoal.

Page 53: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

40

Figura 4.2 - Comparação do dosímetro TLD-100 com o aluminato de lantânio dopado com európio, ambos

irradiados com 10,0 mGy.

A diferença entre a curva do TLD-100 e a do aluminato de lantânio (LaAlO3) dopado com

európio acontece em vários aspectos. O TLD-100 possui sensibilidade aproximadamente 4

vezes maior que a do LaAlO3:Eu. Comparando-se a carga elétrica fornecida pelo PMT, que

corresponde a área sob a curva de emissão, vemos que elas foram de 155,6 nC e 34,1 nC para

o TLD-100 e LaAlO3:Eu, respectivamente. Além da sensibilidade, outro fator importante é a

temperatura de emissão. O TLD-100 possui seu maior pico a 250 °C, sendo este o seu pico

principal (pico 5). A causa dessa alta temperatura é o fato das armadilhas estarem em um

nível de energia mais fundo na banda proibida, próximo à banda de valência, fazendo com

que, esse pico seja mais estável. Este fato também faz com que o elétron aprisionado tenha

uma menor probabilidade de escapar em temperatura ambiente. Com isso, o seu fading é entre

5 e 10% por ano.

Page 54: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

41

O LaAlO3 dopado com 1% de európio, além de possível material dosimétrico, pode ter

outra aplicação em radiografia digital, devido a sua baixa temperatura de emissão TL. Nesta

aplicação, materiais TL são combinados com matrizes poliméricas hospedeiras, para a

formação de imagem radiológica digital termoluminescente. A maioria dos polímeros

possuem temperatura de degradação abaixo de 200 °C, o que obriga aos materiais sensores

possuírem picos de emissão TL abaixo desta temperatura. Novos estudos serão realizados

para desenvolver um sistema adequado para a utilização desse material em radiografia digital.

Com o objetivo de determinar alguns parâmetros de processamento que serão utilizados no

decorrer deste trabalho fizemos dois ciclos de leitura, um com uma taxa de aquecimento de 20

°C/s e outro com 5 °C/s, ambos com temperatura máxima 330 °C e ciclo de leitura de 26

segundos.

0 50 100 150 200 250 300

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

Taxa de aquecimento de 5 °C/s

Taxa de aquecimento de 20 °C/s

Sin

al T

L (

u.a

)

Temperatura (°C)

Figura 4.3 - Curvas TL com variação na taxa de aquecimento, para dose de 10 mGy.

Na figura 4.3 apresentamos as duas curvas TL para cada taxa de aquecimento investigada,

ambas irradiadas com 10 mGy. Quando submetido a uma taxa de 20 °C/s o material

Page 55: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

42

apresentou um pico TL em 191 °C, enquanto que para a taxa de aquecimento de 5 °C/s, o

material apresentou um pico TL em 169 °C. Vemos então que a temperatura do pico de

emissão TL varia se mudarmos a taxa de aquecimento. De fato, diminuindo ou aumentado a

taxa de aquecimento em 15 °C/s há uma variação de até 22 °C na temperatura de emissão.

Pode-se observar também uma alteração na intensidade do sinal TL: ao aumentarmos a taxa

de aquecimento, o sinal TL aumenta. Estas mudanças na temperatura e intensidade do pico de

emissão termoluminescente, quando se altera a taxa de aquecimento, são características

comuns à grande maioria dos materiais TL já investigados até hoje (McKeever S. W. S.,

1995). Com base nas informações da figura acima, escolhemos os parâmetros temperatura

máxima de TMax.= 330 °C e taxa de aquecimento de β = 15 °C/s, para utilização durante o

restante da investigação.

A curva TL do LaAlO3:Eu é muito semelhante a do Al2O3:C na fase alfa. Ao fazermos as

deconvoluções, vimos que o material sob investigação assim como a alumina alfa possuem

dois picos TL. Uma deconvolução dos picos de emissão foi feita utilizando o programa Peak

Fit®. A figura 4.4-(A) mostra a curva de emissão TL do Al2O3:C – alfa (McKeever S. W. S.,

1995) e a figura 4.4-(B) mostra a deconvolução realizada utilizando a equação gaussiana de

área para uma dose de 10,0 mGy.

Page 56: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

43

50 100 150 200 250

0

1

2

3

4

Experimental

Picos

Soma dos Picos

Sin

al T

L (

u.a

.)

Temperatura (°C)

Figura 4.4 - Curvas de emissão TL experimental e dos picos individuais, obtidos após deconvolução, do

LaAlO3:Eu exposto a radiação gama (10 mGy).

A figura 4.4-(B) mostra a deconvolução do LaAlO3:Eu onde foram encontrados 2 picos,

um menor centrado em 160 °C e outro maior centrado em 189 °C. Para efeito de comparação,

a alumina dopada com carbono na fase alfa também possui 2 picos. No α - Al2O3:C o primeiro

pico emite o sinal TL é centrado em 219 °C e o 2º pico é centrado em 243 °C (Paiva C. C.,

2010). Ainda no α - Al2O3:C, o afastamento entre os picos de emissão é de 23 °C, enquanto

que no LaAlO3:Eu é de 29 °C. A tabela 4.1 apresenta os valores de temperatura, intensidade e

largura dos picos da figura 4.4B, obtidas após a deconvolução com linhas gaussianas

Page 57: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

44

Tabela 4.1 – Valores de temperatura, intensidade e largura dos picos de emissão, obtidos após deconvolução

da curva TL do LaAlO3:Eu.

Picos Temperatura (°C) Intensidade (u.a.) Largura (°C)

P1 160 7608,696 48,53

P2 189 3,037 x 104

49,66

Os dados da figura 4.4 foram obtidos com os parâmetros escolhidos anteriormente, β = 15

°C/s e TMax.= 330 °C. Comparado com a figura 4.3, vemos que a taxa de aquecimento de 15

°C foi uma boa escolha, pois, além da temperatura de emissão em 184 °C ser próxima a da

taxa de 20 °C/s, a intensidade foi maior que as duas curvas apresentadas naquela figura.

Com o objetivo de verificar a linearidade da resposta TL em função da dose aplicada,

irradiamos um lote de amostras com doses entre 0,1 e 10,0 mGy. As respectivas curvas de

emissão TL são apresentadas na figura 4.5

50 100 150 200 250 300

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

Temperatura (°C)

Sin

al T

L (

nC

)

10mGy

3mGy

0,5mGy

0,1mGy

Figura 4.5 - Curvas TL do LaAlO3:Ce3+

,Dy3+

irradiados com 0,1 a 10mGy.

Page 58: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

45

As curvas relativas às doses de 3,0 e 0,5 mGy apresentaram um deslocamento para a

direita, com o pico principal centrado em torno de 200 °C, assim como na curva obtida para a

taxa de aquecimento de 20 °C (ver figura 4.3). Entretanto não houve diminuição na

intensidade do sinal TL. Pelo contrario, se compararmos a figura 4.3, onde o material foi

irradiado com 10 mGy, vemos que a curva de 3,0 mGy possui intensidade maior. Também é

possível observar que, mesmo mantendo a taxa de aquecimento constante, há uma variação na

emissão TL para doses diferentes. Para avaliar o grau de linearidade das respostas, plotamos

os valores de carga elétrica (sinal TL) em função da dose de radiação, como mostrado na

figura 4.6.

0 2 4 6 8 10 12

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Sin

al

TL

(n

C)

Dose (mGy)

Figura 4.6 - Linearidade do LaAlO3:Eu para doses de 0,1 a 10 mGy de radiação gama.

Nesta figura, os resultados obtidos após regressão linear indicam uma TL x Dose,

linearidade do material dopado com 1% de európio para doses de 0,1 a 10 mGy, o coeficiente

de correlação linear para o ajuste é R= 0,9999. Esse resultado indica que o material apresenta

Page 59: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

46

uma relação linear excelente entre a carga induzida na PMT e a dose de radiação gama. A

tabela 4.2 apresenta os valores numéricos que geraram a figura 4.5.

Tabela 4.2 - Dados de linearidade do cristal LaAlO3:Eu.

Dose

(mGy)

Sinal TL

(nC)

0,1 10,5

0,5 11,8

3 17,7

10 34,1

Após o levantamento dos dados de linearidade o material, começou a apresentar perda de

sensibilidade, provavelmente devido ao uso de um tratamento térmico inadequado ou a uma

limitação intrínseca do número de reutilizações. Foram utilizados dois tratamentos térmicos

para tentar solucionar esse problema, entretanto nenhum com sucesso. No primeiro, o

material foi aquecido na própria leitora com taxa de aquecimento de 10 °C/s e temperatura

máxima de 330 °C. Depois foi utilizado um tratamento similar ao da alumina, no qual o

material ficou 1 hora a uma temperatura de 400 °C. Os materiais não responderam

positivamente aos dois tratamentos térmicos utilizados.

4.2 Investigação da Resposta TL para Radiação UV

As amostras escolhidas para o estudo da resposta TL para campos de radiação UV foram

os cristais LaAlO3 dopados com 1% de Ce, 5% de Ce e co-dopados com 5% Ce, 1% Dy.

Todas as amostras foram expostas a doses crescentes de radiação UV. As amostras que não

foram expostas a radiação UV foram as dopadas com európio 1% e o bismuto 1%, pois havia

uma investigação paralela com radiação gama. A faixa de irradiância espectral utilizada neste

estudo variou de 0,042 a 740,0 mJ.cm-2

. Para fins de comparação, a irradiância espectral de

irradiância obtida em nosso setup no ponto de teste das amostras, por um período de 1

Page 60: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

47

segundo, é igual a 0,042 mJ.cm-2

, que corresponde exatamente ao limite inferior de tempo de

exposição possível no equipamento.

50 100 150 200 250 3000

10

20

30

40

50

Ce(5%),Dy(1%) antes da sensitizaçao

Ce(5%),Dy(1%) depois da sensitizaçao

Ce(1%)

Ce(5%)147.6 mJ.cm

-2

LaAlO3

Sin

al T

L (

a.u

.)

Temperatura (°C)

Figura 4.7 - Curvas do cristal LaAlO3 dopado com 1 e 5% ce3+

, e co-dopado com 5% ce3+

, 1% dy3+

. Exposto a

147,6 mJ.cm-2

de radiação UV.

Na figura 4.7 são apresentadas as curvas de emissão TL obtidas para uma dose de 147,6

mJ.cm-2

, para amostras dopadas com Ce (1%), Ce (5%) e co-dopadas com Ce (5%), Dy (1%).

Observamos que as amostras dopadas com 1% de Ce e 5% de Ce não apresentaram uma curva

característica, com picos bem definidos e nem propriedades básicas para dosimetria como

linearidade, apesar da alta carga gerada. Na tabela 4.3 apresentamos os valores de carga

elétrica obtidos para estas 3 amostras. Para efeito de comparação, a carga gerada por um

dosímetro TLD-100, irradiados nas mesmas condições, é aproximadamente 150 nC.

Page 61: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

48

Tabela 4.3 – Carga elétrica do LaAlO3 dopado com Ce (1%), Ce (5%) e co-dopado com Ce (5%), Dy (1%).

Dopagem Carga (nC)

Ce (1%) 807,8

Ce (5%) 292,1

Ce (5%), Dy (1%) 1934,3

Por outro lado, a amostra co-dopada com 5% de cério e 1% de Dy apresentou uma curva

TL típica, com picos bem definidos. Utilizamos então esse material para um estudo mais

sistemático da resposta TL.

Para explicar a melhor resposta TL para as amostras co-dopadas do que para as com

dopagem simples, deve-se notar que cristais LaAlO3 dopados com Ce3+

pode não exibir a

luminescência d-f devido ao fato de que níveis 5d do Ce3+

estão dentro da banda de condução.

Devido a isso, o íon Ce3+

pode ser foto-ionizado através de uma excitação 5d e, neste caso,

um elétron é delocalizado na banda de condução. O elétron livre pode então ser aprisionada

em uma armadilha de elétrons, átomo aceitador de elétrons, que pode ser inserido na banda

proibida, como é o caso da amostra co-dopada com íons Dy3+

. Tendo em conta que

LaAlO3:Ce tem uma banda de absorção em 322 nm (Zeng X. H., 2004), esse mecanismo em

principio, poderia explicar por que a adição de íons Dy3+

melhora a resposta TL dos cristais

LaAlO3 dopados com Ce3+

à radiação UV .

Durante o processamento das amostras irradiadas, notamos que, para doses acima de 147,6

mJ.cm-2

, observou-se uma mudança na forma da curva de emissão, com o aumento aparente

de algum pico de baixa temperatura, em torno de 151,8 °C, como mostra a curva indicada por

uma seta na figura 4.7.

As amostras foram então tratadas termicamente e irradiadas outra vez com doses baixas,

menores que 147,6 mJ.cm-2

. Foi observado que a forma das curvas TL permaneceram iguais,

indicando que a dose de 147,6 mJ.cm-2

é uma espécie de limite de sensitização para o pico de

baixa temperatura, em torno de 150 °C.

Para elucidar este processo de sensitização, realizamos uma deconvolução das duas curvas

TL, obtidas antes e depois da sensitização, para dose de 147,6 mJ.cm-2

. Usando o software

Peak Fit® e utilizando linhas gaussianas, obtivemos os mesmos 4 picos TL individuais para as

Page 62: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

49

duas curvas. Foi possível então determinar que o pico que sofreu maior aumento foi o

centrado em 151,8 °C

As figuras 4.8 e 4.9 mostram a deconvolução dos picos antes e depois da sensitização. A

tabela 4.3 apresenta os dados dos ajustes para as duas curvas, incluindo os coeficientes de

determinação, r2, que indicam uma ótima concordância entre a soma dos picos individuais e a

curva experimental. Ainda conforme esta tabela, a sensitização estímulou o pico de 151 °C

aumentando em 11,8 vezes a sua intensidade. Outro ocorrido após a sensitização foi o

deslocamento do pico em 293,5 °C para a esquerda, com seu máximo ocorrendo em 279,5.

Houve ainda uma pequena diminuição na intensidade do sinal TL.

Figura 4.8 - Deconvolução do LaAlO3:Ce,Dy antes da sensitização.

Page 63: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

50

Tabela 4.4 – Valores de temperatura, intensidade e coeficiente de determinação, r2, do LaAlO3:Ce,Dy antes e

depois da sensitização.

Intensidade (a.u.) / Temperatura (°C)

r2

P1 P2 P3 P4

Antas da

sensitização

4.012 x 104

/ 126.4

2.115 x 104

/ 153.7

9.308 x 104

/ 213.7

3.121 x 105

/ 293.5 0,9994

Depois da

sensitização

3.331 x 104

/ 125.4

2.499 x 105

/ 151.8

2.559 x 105

/ 210.7

1.952 x 105

/ 279.5 0,99993

Figura 4.9 - Deconvolução do LaAlO3:Ce,Dy depois da sensitização.

Em prosseguimento à investigação sobre a linearidade, as amostras foram irradiadas em

doses crescentes até o valor de 738 mJ.cm-2

. Na figura 4.10 é apresentado um gráfico

intensidade TL x irradiância espectral, sendo que os valores do sinal TL foram obtidos

integrando-se a área sobre a curva de emissão. Observa-se nesta figura que existe uma relação

Page 64: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

51

linear entre a intensidade TL e o logaritmo da irradiância espectral, no intervalo de 0,6 a 147,6

mJ.cm-2

. Acima desta faixa existe uma saturação da resposta TL. Entretanto, para valores

menores que 1,2 mJ.cm-2

, existe uma correlação linear, como pode ser observado no inset da

figura 4.10.

0,1 1 10 100 10000

50

100

150

200

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4

0

100

200

300

400

500

T

L (

nC

)

Irradiância (mJ.cm-2)

10 mGy Gama

TLD-100

Sin

al T

L (

u.a

.)

Irradiância (mJ/cm2)

Figura 4.10 - Gráfico semi log 10 da linearidade do LaAlO3:Ce,Dy pós sensitização para doses de 0,04 a 738

mJ.cm-2

.

Tendo em conta que a resposta TL pode ser descrita como ITL=a+b.DSI, onde ITL é a

intensidade de saída TL, a e b são constantes e DSI é a irradiância espectral, obtemos a = 50,6

nC e b = 325,9 nC/mJ.cm-2

para este ajuste linear. Notamos que o fator de conversão é muito

alta entre, a energia de radiação UV e a carga induzida no PMT. Para efeito de comparação, o

fator de conversão para a energia da radiação gama, usando TLD-100, é de apenas 69,3 nC /

mGy. Neste contexto, como apontado na figura. 4.10, o sinal TL para o TLD-100, irradiado

com 10 mGy de radiação gama, é semelhante ao do sinal TL do LaAlO3:Ce,Dy exposto a

0,208 mJ.cm-2

de radiação UV, o que corresponde a apenas 5 segundos de irradiação na

lâmpada do nosso sistema.

Outra característica importante a comentar é sobre o limite inferior de detecção.

Observamos que a menor exposição à radiação UV possível em nossa configuração de

Page 65: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

52

irradiação é de 0,042 mJ.cm-2

, que corresponde a um tempo de exposição de 1,0 segundo. Isso

significa que o limite inferior de detecção tem potencial para ser melhorado para valores

menores que 0,042 mJ.cm-2

, uma vez que uma melhor configuração experimental pode ser

desenvolvida, permitindo tempos de exposição mais curtos do que 1,0 segundo, o que é

tecnologicamente bastante plausível.

Tabela 4.5 - Faixa de detecção do LaAlO3:Ce,Dy comparando-o com o G2O3:Eu, o Al2O3:C e o ZrO2:Cu.

Materiais Imin

(mJ/cm2)

Imax

(mJ/cm2)

G2O3:Eu 0,80 15,0

Al2O3:C 0,39 50,0

ZrO2:Cu 10,00 2500,0

LaAlO3:Ce,Dy Pós

sensitização 0,04 147,6

Finalmente, seria interessante comparar a resposta TL dos cristais LaAlO3:Ce,Dy com

outros materiais TL sensíveis à radiação UV. Na Tabela 4.5 apresentamos uma comparação

com outros três óxidos diferentes, cujas faixas de detecção de UV têm sido relatados na

literatura para o mesmo comprimento de onda, ou seja, 254 nm (Chang S. C., 1993) (Pagonis

V., 2008) (Azorin J., 2005) (Rivera T., 2007). Estes dados revelam que, embora a faixa de

detecção do cristal LaAlO3:Ce,Dy seja menor que a do óxido ZrO2, o limite inferior é cerca de

10 vezes maior do que o óxido Al2O3:C. Assim, tendo em conta a possibilidade de melhorar o

limite inferior de detecção e resposta TL semelhante, quando comparado com outros óxidos,

concluímos que a resposta TL do cristal LaAlO3:Ce,Dy para a radiação UV é excelente,

tornando-o um candidato promissor para ser investigado para fins de dosimetria UV.

Depois de estudarmos a linearidade fizemos um estudo de fading do material. A tabela 4.2

mostra os resultados para 48 horas, 1 semana e 2 semanas.

Page 66: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

53

Tabela 4.6 - Fading do LaAlO3:Ce, Dy exposto a radiação UV com 147,6 mJ.cm-2

irradiância.

Amostra

Irradiância

147,6 mJ.cm-2

Tempo após

irradiação

Leitura de

Fading (µC)

(Normalizada

pela massa)

Perda de sinal TL

(%) (em relação a

leitura logo após a

irradiação) Massa

(mg)

Carga

(µC)

3.1 7,41 2,13 48 horas 0,92 56,8

3.2 9,36 2,00 1 semana 0,69 65,5

3.3 8,53 1,67 2 semanas 0,25 85,0

O material já sensitizado foi exposto a 147,6 mJ.cm

-2 e armazenado em local escuro.

Comparando os valores desta tabela com a tabela 2.2, onde estão os valores de fading do

TLD-100, TLD-100H, TLD-200, TLD-500 e TLD-400, vemos que o LaAlO3:Ce,Dy

apresentam uma perda enorme de sinal TL em um curto período de tempo. Um exemplo é o

TLD-200 que entre os demais materiais apresenta maior desvanecimento com 16% em 2

semanas. O fading elevado do LaAlO3 já era esperado de se observar, uma vez que o Al2O3

apresenta valores semelhantes para radiação gama (Paiva C. C., 2010).

Os resultados do LaAlO3:Ce,Dy para radiação UV gerou um artigo que foi submetido no

periódico Radiation Measurements. O artigo está no apêndice A.

4.3 Investigação da Fotoluminescência

Uma vez encerrada a etapa de estudos sobre a termoluminescência dos cristais da série

LaAlO3 com vários dopantes, para campos de radiação gama e ultravioleta, passamos a

investigar a resposta fotoluminescente destas amostras. Nessa fase utilizamos diferentes

configurações de dopantes quais sejam o La0,99AlO3:Ce0,01, o La0,99AlO3:Eu0,01 e o

La0,99AlO3:Bi0,01. Os materiais foram excitados primeiramente com fontes de luz tipo LED

monocromática, da Ocean Optics, nos comprimentos de onda de 385, 470 e 532 nm. Não foi

possível observar nenhum pico luminescentes após excitação com estas fontes, tanto para os

materiais virgens (não irradiados) quanto para irradiação com 75,6 mJ.cm-2

de radiação UV e

10 mGy de radiação gama. Tendo em vista que estas fontes de luz não foram suficientes para

Page 67: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

54

induzir picos luminescentes, trocamos a fonte de luz e passamos a excitar as amostras com um

laser azul de 405 nm.

Dos materiais estudados o que mostrou alguma sensibilidade fotoluminescente foi o

dopado com 1% de európio, conforme mostrado no “inset” da Figura 4.11. Nesta Figura, é

apresentado o espectro de emissão tomado entre 200 e 870 nm da fonte de Laser puro e

também o espectro do La0,99AlO3:Eu0,01 não irradiado junto com a resina Ethelon, utilizada

para vitrificar o material em estudo. Nota-se que esta amostra é quase que completamente

transparente nesta região do espectro, apresentando um ligeiro espalhamento (ruído) entre 200

e 550nm, e também um pequeno pico de emissão luminescente próximo a 810nm.

Por outro lado, no “inset” da Figura 4.11, é possível observar que o La0,99AlO3:Eu0,01

possui dois picos de emissão fotoluminescente, um em 594 nm e outro em 620,3 nm, após

uma exposição de 75,6 mJ.cm-2

no setup UV. As amostras não irradiadas e previamente

tratadas termicamente através de um ciclo de leitura no Leitor TL Harshaw-3500, não

apresentaram estes picos. Este fato indica que os sinais luminescentes que aparecem após a

irradiação UV não são originados pelo fenômeno da Fotoluminescência (PL), uma vez que

este tipo de luminescência geralmente independe se o material foi irradiado ou não. Isto

acontece em virtude da intensidade de emissão ser proporcional ao número de defeitos PL

excitados presentes na amostra, número este que não se altera para diferentes doses de

irradiação. Enfim, os picos luminescentes observados só podem ser devidos à luminescência

opticamente estimulada (OSL) ou à radiofotoluminescencia (RPL). Com o objetivo de

verificar a origem destes dois picos, irradiamos algumas amostras com 75,6 de mJ.cm-2

de

radiação UV e outras com 10 mGy de radiação gama. Programamos o espectrômetro

USB2000 para acompanhar a intensidade luminescente destes dois picos em função do tempo,

durante um pequeno período de excitação com o Laser de 405nm.

Page 68: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

55

Figura 4.11 - Espectro OSL do LaAlO3:Eu. Fotoestimulado com laser 405 nm, o insert mostra uma ampliação

na região dos picos.

As amostras irradiadas com 10,0 mGy de radiação gama não apresentaram os picos de

luminescência observados na Figura 4.10, indicando que o material não possui sensibilidade

para esta qualidade de radiação. Por outro lado, as amostras irradiadas com radiação UV

apresentaram uma intensidade luminosa constante nos dois picos durante o tempo de

excitação com Laser, como pode ser observado na Figura 4.12. A Figura 4.13 apresenta um

“zoom” detalhando o decaimento das intensidades luminescentes logo após o desligamento do

Laser.

Page 69: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

56

0 5 10 15 20 25

80

90

100

110

120

130

Inte

nsid

ade

Lum

ines

cent

e (u

.a.)

Tempo (seg.)

594,0 nm

620,3 nm

Figura 4.12 – Gráfico da intensidade luminescente versus tempo de excitação com laser de 405 nm. As

intensidades foram medidas simultaneamente em dois canais, centrados em 594,0 e 620,3 nm, com largura

espectral de 3,0 nm em cada canal.

16,0 16,5 17,0

80

90

100

110

120

DesligadoLigado

Laser 405nm

Inte

nsid

ade

Lum

ines

cent

e (u

.a.)

Tempo (seg.)

594,0 nm

620,3 nm

Figura 4.13 – Detalhe do gráfico da figura 4.11, mostrando o decaimento dos picos centrados em 594,0 e

620,3nm após o Laser ter sido desligado.

Page 70: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

57

Finalmente, observando as Figuras 4.12 e 4.13, é possível dizer que os picos luminescentes

em 594,0 e 620,3nm não são devidos à OSL do La0,99AlO3:Eu0,01 uma vez que as suas

intensidades permanecem constantes durante o período de excitação, quando deveriam

apresentar um decaimento característico de materiais OSL, da ordem de 10 a 400 segundos

(Boetter-Jensen L., 2003). Por outro lado, quando observamos as intensidades dos picos após

o desligamento do Laser, observa-se um tempo de decaimento da ordem de 0,3 segundos,

bem compatível com os tempos de materiais RPL (Ihara Y., 2008). Como não dispomos de

equipamentos adequados a uma exploração sistemática do sinal RPL, ao contrário do que

acontece para OSL, podemos então deixar como sugestão que este material seja investigado

no futuro para propósitos de dosimetria RPL.

Page 71: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

58

5 Conclusão

As amostras de LaAlO3 dopadas com Eu (1%) apresentaram uma boa resposta

termoluminescente para radiação gama, com resposta linear no intervalo de dose estudado

(0,1 a 10 mGy). As curvas de emissão possuem dois picos centrados em 160°C e 189 °C,

respectivamente.

Os cristais co-dopados com Ce(5%)-Dy(1%) apresentaram uma excelente sensibilidade

termoluminescente para radiação UV, com linearidade entre 0,042 e 147,60 mJ.cm-2

. Dos

quatro picos de emissão identificados, o que possui emissão em 151,8°C pode ser sensitizado

com exposições superiores a 146,8 mJ.cm-2

, aumentando a sua intensidade em

aproximadamente 19 vezes.

A investigação sobre a fotoluminescência revelou que os cristais dopados com Eu (1%)

apresentam picos de emissão em 594,0 e 620,3 nm, quando excitados com um laser de 405

nm. O estudo demonstrou que estes picos são provavelmente devidos à

radiofotoluminescência dos cristais.

Os resultados desta investigação indicam que os cristais de LaAlO3 co-dopados com 5% de

Ce e 1% de Dy apresentam sensibilidade TL elevada para radiação UV, comparável à

sensibilidade dos melhores dosímetros TL utilizados no mundo, demonstrando ser bons

candidatos para utilização em dosimetria UV.

Page 72: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

59

Referências Bibliográficas

AKSELROD M.S., KORTOV V.S., KRAVETSKY D.J., GOTLIB V.I. Highly Sensitive

Thermoluminescent Anion-Defective Alpha-Al203:C Single Crystal Detectors. Radiation

Protection Dosimetry. 1990, Vol. 32, pp. 15-20.

AZORIN J., RIVERA T., FURETTA C., SANCHEZ-RODRIGUEZ A. Ultraviolet

Induced Thermoluminescence In Gadolinium-Doped Zirconium Oxide Films. Cross-

Disciplinary Applied Research In Materials Science And Technology. 2005, Vol.

480, pp. 145-148.

BLUM H. F. Quantitative Aspects Of Cancer Induction And Growth - As Illustrated In

Carcinogenesis By Ultraviolet Light. American Scientist. 1959, Vol. 47, pp. 250-260.

BOETTER-JENSEN L., MCKEEVER S. W. S., WINTLE A. G. Optically Stimulated

Luminescence Dosimetry. Elsevier, 2003.

BOYLE R. Experiments and Considerations Touching Colours. Royal Society. 1664. p.

604.

BRYRAPPA K., OHACHI T. Cristal Growth Technology. New York: Springer, 2003.

pp. 299-327.

BUTSON E. T., CHEUNG T., YU P. K. N., BUTSON M. J. Measuring Solar UV

Radiation With EBT Radiochromic Film. Physics in Medicine and Biology. 2010, Vol.

55, pp. N487-N493.

CAMERON J. R., KENNEY G., JOHNSON N., DANIELS F. Radiation Dosimeter

Utilizing Thermoluminescence Of Lithium Fluoride. Science. 1961, Vol. 134, pp. 333-&.

CHANG S. C., SU C. S. Influence Of The Sintering Process Of ZrO2 Pellets On

Thermoluminescence Induced By Ultraviolet-Radiation. Radiation Protection

Dosimetry. 1993, Vol. 47, pp. 169-172.

CNEN-NN-3.01. Diretrizes Básicas de Proteção Radiologica. 2005.

Page 73: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

60

Colyott L. E., Akselrod M. S., McKeever S. W. S. Detecting Material Preparation

Method For UV Dosimetry, Involves Heating And Cooling Detecting Material So That

During UVB Exposure, Carriers Released From Deep Traps Are Retrapped In Shallow

Traps Of Material. US6414324-B1 Oklahoma State, 11 de Maio de 1999.

DANIELS F., BOYD C. A., SAUNDERS D. F. Thermoluminescence as a research Tool.

Science. 3040, 1953, Vol. 117, pp. 343-349.

DANIELS F., BOYD C. A., SAUNDERS D. F. Thermoluminescence As A Research

Tool. Science. 1949, Vol. 109, pp. 440-440.

FARIA L. O., CASTRO M. R., ANDRADE M. C. Thermostimulated CaSO4 : Mn

Storage Phosphors Mixed With P(VDF-Trfe)/PMMA Blends Applied To Digital

Radiography. Ieee Transactions on Dielectrics and Electrical Insulation. 2006, Vol.

13, pp. 1183-1188.

FARIA L. O., LO D., KUI H. W., KHAIDUKOV N. M.,NOGUEIRA M. S.

Thermoluminescence Response Of K2YF5:Tb3+

Crystals To Photon Radiation Field.

Radiation Protection Dosimetry. 2004, Vol. 112, pp. 435-438.

FROST P. C., MACK A., LARSON J. H., BRIDGHAM S. D., LAMBERTI G. A.

Environmental Controls Of UV-B Radiation In Forested Streams Of Northern Michigan.

Photochemistry and Photobiology. 2006, Vol. 82, pp. 781-786.

GARLICK G. F. J., GIBSON A. F. The Electron Trap Mechanism Of Luminescence In

Sulphide And Silicate Phosphors. Proceedings Of The Physical Society Of London.

1948, Vol. 60, pp. 574-590.

GINTHER R. J., KIRK R. D. The Thermoluminescence Of Caf2-Mn. Journal Of The

Electrochemical Society. 1957, Vol. 104, pp. 365-369.

HOROWITZ, S. Y. Themoluminescence And Thermoluminescent Dosimetry. Boca

Raton: CRC Press, 1984.

Page 74: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

61

HOROWITZ., Y. S. Theory Of Thermoluminescence Gamma Dose Response: The

Unified Interaction Model. Nuclear Instruments & Methods in Physics Research

Section B-Beam Interactions with Materials and Atoms. 1-2, 2001, Vol. 184, pp. 68-

84.

HRENIAK D., STREK W., DEREN P., BEDNARKIEWICZ A., LUKOWIAK A.

Synthesis And Luminescence Properties Of Eu3+

-Doped LaAlO3 Nanocrystals. Journal

of Alloys and Compounds. 2006, Vol. 408, pp. 828-830.

HUYNH K. H., KHAIDUKOV N. M., MAKHOV V. N. Thermoluminescence Properties

Of Isostructural K(2)Yf(5) And K(2)Gdf(5) Crystals Doped With Tb(3+) In Response To

Alpha, Beta And X-Ray Irradiation. Nuclear Instruments & Methods In Physics

Research Section B-Beam Interactions With Materials And Atoms. 2010, Vol. 268,

pp. 3344-3350.

IHARA Y., KISHI A., KADA W., SATO F., KATO Y., YAMAMOTO T., IIDA T. A

Compact System For Measurement Of Radiophotoluminsecence Of Phophate Glass

Dosimeter. Radiation Measurements. 2008, Vol. 43, pp. 542-545.

ITOH N. Creation Of Lattice-Defects By Electronic Excitation In Alkali-Halides.

Advances In Physics. 1982, Vol. 31, pp. 491-551.

KITTEL C. Introdução a física do estado sólido. Califórnia: LTC, 2006. pp. 139-156.

MARKEY B. G., COLYOTT L. E., MCKEEVER S. W. S. Time-Resolved Optically

Stimulated Luminescence From Alpha-Al2O3-C. Time-Resolved Optically Stimulated

Luminescence From Alpha-Al2O3-C. 1995, Vol. 24, pp. 457-463.

McKeever S. W. S. Thermoluminescence Dosimetry - Deterministic Unpredictability.

Radiation Protection Dosimetry. 1993, Vol. 49, pp. 405-406.

MCKEEVER S. W. S., MOSCOVITCH M., TOWNSEND P. D. Themoluminescence

Dosimetry Materials: Properties and Uses. Ashford: Copyright, 1995.

MILON A., SOTTAS P. E., BULLIARD J. L., VERNEZ D. Effective Exposure To Solar

Uv In Building Workers: Influence Of Local And Individual Factors. Journal of

Exposure Science and Environmental Epidemiology. 2007, Vol. 17, pp. 58-68.

Page 75: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

62

MURILLO A. G., ROMO F. C., HERNÁNDEZ M. G. Synthesis Of Gd2O3:Eu3+

Nanocristallites Emmbeded In SiO2 Using Polyvinylpyrrolidone (Pvp) By Sol-Gel

Process. Revista Mexicana de Física. 2010, Vol. 57, pp. 57-60.

OKUNO E., VILELA M. A. C. Radiação Ultravioleta: Características e Efeitos. São

Paulo: Livraria de Física, 2005. p. 57.

PAGONIS V., CHEN R., LAWLESS J. L. A Quatitative Kinetic Model For Al2O3:C TL

Response To UV-Illumination. Radiation Measurements. 2008, Vol. 43, pp. 175-179.

PAIVA C. C. Síntese E Caracterização De Aluminas Micro E Nanoparticuladas

Dopadas Com Carbono (Al2O3:C) Para Aplicação Em Dosimetria Das Radiações.

Dissertação de mestrado - Dep. Engenharia Nuclear (UFMG). Belo Horizonte, 2010.

RANDALL J. T., WILKINS M. H. F. Phosphorescence And Electron Traps .1. The

Study Of Trap Distributions. Proceedings Of The Royal Society Of London Series A-

Mathematical And Physical Sciences. 1945, Vol. 184, pp. 366-389.

REIKE J. K., DANIELS F. Thermoluminescence Studies of Aluminum Oxide. Journal

of Physical Chemistry. 1957, Vol. 61, pp. 65-74.

RIVERA T., OLVERA L., MARTINEZ A., MOLINA D., AZORIN J., BARRERA M.,

SOTO A. M., SOSA R., FURETTA C. Thermoluminescence Properties Of Copper

Doped Zirconium Oxide For UVR Dosimetry. Radiation Measurements. 2007, Vol. 42,

pp. 665-667.

SALAH N., SAHARE P. D., LOCHAB S. P., KUMAR P. TL And PL Studies On

CaSO4:Dy Nanoparticles. Radiation Measurements. 2006, Vol. 41, pp. 40-47.

SILVA E. C., KHAIDUKOV N. M., NOGUEIRA M. S., FARIA L. O. Investigation Of

The Tl Response Of K2YF5:Dy3+

Crystals To X And Gamma Radiation Fields. Radiation

Measurements. 2007, Vol. 42, pp. 311-315.

Silva, E C. Estudo das Propriedades Termoluminescentes de Cristais de K2YF5 e

K2GdF5 Dopados com Íons Trivalentes Opticamente Ativos para Dosimetria Gama

e de Nêutrons. Dissertação de mestrado - Dep. Engenharia Nuclear (UFMG). Belo

Horizonte, 2008.

Page 76: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

63

SLINEY D., ARON-ROSA D., DELORI F., FANKHAUSER F., LANDRY R.,

MAINSTER M., MARSHALL J., RASSOW B., STUCK B., TROKEL S., WEST T. M.,

WOLFFE M. Adjustment Of Guidelines For Exposure Of The Eye To Optical Radiation

From Ocular Instruments: Statement From A Task Group Of The International

Commission On Non-Ionizing Radiation Protection (ICNIRP). Applied Optics. 2005,

Vol. 44, pp. 2162-2176.

SMETANA F., HAJEK M., BERGMANN R., BRUSI H., FUGGER M., GRATZL W.,

KITZ E., VANA N. A Portable Multi-Purpose OSL Reader For UV Dosimetry At

Workplaces. Radiation Measurements. 2008, Vol. 43, pp. 516-519.

SOUZA S. O., FERRAZ G. M., WATANABE S. Effects Of Mn And Fe Impurities On

The TL And EPR Properties Of Artificial Spodumene Polycrystals Under Irradiation.

Nuclear Instruments & Methods in Physics Research Section B-Beam Interactions

with Materials and Atoms. 2004, Vol. 218, pp. 259-263.

Su C. S., Yeh S. M. UV Attenuation Coefficient In Water Determined By

Thermoluminescence Detector. Radiation Measurements. 1996, Vol. 26, pp. 83-86.

WAN Q., HE Y. P., DAI N., ZOU B. S. Eu3+

-Doped LaPO4 and LaAlO3 Nanosystems

And Their Luminescence Properties. Science in China Series B-Chemistry. 2009, Vol.

52, pp. 1104-1112.

ZENG X. H., ZHANG L. H., ZHAO G. J., XU J., HANG Y., PANG H. Y., JIE M. Y.,

YAN C. F., HE X. M. Crystal Growth And Optical Properties Of LaAlO3 And Ce-Doped

LaAlO3 Single Crystals. Journal of Crystal Growth. 2004, Vol. 271, pp. 319-324.

ZHYDACHEVSKII Y., DURYGIN A., SUCHOCKI A., MATKOVSKII, A. SUGAK

D., BILSKI P., WARCHOL S. Mn-Doped YAlO3 Crystal: A New Potential TLD

Phosphor. Nuclear Instruments & Methods in Physics Research Section B-

Beam Interactions with Materials and Atoms. 2005, Vol. 227, pp. 545-550.

Page 77: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

64

Apêndice – A

Page 78: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

65

Page 79: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

66

Page 80: ESTUDO DA LUMINESCÊNCIA DO MATERIAL LaAlO … · termoluminescente e fotoluminescente, para campos de radiação gama e ultravioleta. ... Comparação do dosímetro TLD-100 com o

67

Apêndice - B

Na figura do apêndice B mostramos o difratograma do aluminato de lantânio dopado com

cério e as aluminas nas fases alfa e gama. Comparando o LaAlO3:Ce com o Al2O3:C – alfa

vemos que há alguns picos em comum.

20 40 60 80

0

5000

10000

15000

20000

25000

Al2O

3:C - Alfa

Inte

nsi

dad

e (

u.a

.)

2

20 40 60 80

0

1000

2000

3000

4000

2

LaAlO3:Ce

Inte

nsi

dad

e (

u.a

.)