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Universidade Federal de Alfenas Unifal-MG Engenharia Química Campus Poços de Caldas Ana Gabriele Pereira Nunes ESTUDO DA PRECIPITAÇÃO DE ELEMENTOS DE TRANSIÇÃO ATRAVÉS DA ADIÇÃO DE BORO PARA MELHORAR A CONDUTIVIDADE ELÉTRICA DE LIGAS DE ALUMÍNIO Poços de Caldas - MG 2014

ESTUDO DA PRECIPITAÇÃO DE ELEMENTOS DE ......mecanismos detalhados das reações entre o boro e os metais de transição no estado líquido do alumínio. Além disso, a natureza

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Page 1: ESTUDO DA PRECIPITAÇÃO DE ELEMENTOS DE ......mecanismos detalhados das reações entre o boro e os metais de transição no estado líquido do alumínio. Além disso, a natureza

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Universidade Federal de Alfenas – Unifal-MG

Engenharia Química

Campus Poços de Caldas

Ana Gabriele Pereira Nunes

ESTUDO DA PRECIPITAÇÃO DE ELEMENTOS DE

TRANSIÇÃO ATRAVÉS DA ADIÇÃO DE BORO PARA

MELHORAR A CONDUTIVIDADE ELÉTRICA DE LIGAS

DE ALUMÍNIO

Poços de Caldas - MG

2014

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Ana Gabriele Pereira Nunes

ESTUDO DA PRECIPITAÇÃO DE ELEMENTOS DE

TRANSIÇÃO ATRAVÉS DA ADIÇÃO DE BORO PARA

MELHORAR A CONDUTIVIDADE ELÉTRICA DE LIGAS

DE ALUMÍNIO

ORIENTADORA: PROF. DRA. MARILSA APARECIDA MOTA

Poços de Caldas - MG

2014

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado à unidade curricular de

TCC 2 da Universidade Federal de

Alfenas – Campus Poços de Caldas,

como parte dos requisitos para a

conclusão do curso de Engenharia

Química.

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FICHA CATALOGRÁFICA

N972e Nunes, Ana Gabriele Pereira . Estudo da precipitação de elementos de transição através da adição de boro para melhorar a

condutividade elétrica de ligas de alumínio./ Ana Gabriele Pereira Nunes;

Orientação de Marilsa Aparecida Mota . Poços de Caldas: 2014. 25 fls.: il.; 30 cm.

Inclui bibliografias: fls. 24-25

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Química) –

Universidade Federal de Alfenas– Campus de Poços de Caldas, MG.

1. Alumínio. 2. Condutividade Elétrica. 3. Adição de Boro. I . Mota, Marilsa

Aparecida. (orient.).

II. Universidade Federal de Alfenas - Unifal. III. Título.

CDD 620.11

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RESUMO

O alumínio líquido faz parte de uma gama de produtos que a Alcoa Alumínio

SA oferece ao mercado, ele é retirado das cubas eletrolíticas e colocado em cadinhos,

em seguida são transportados em caminhões. Um dos principais clientes da unidade de

Poços de Caldas – MG é uma empresa fornecedora de materiais elétricos, como cabos

de alumínio para transmissão e distribuição de energia. Nesse caso, o alumínio líquido

recebido deve ter a menor resistividade elétrica possível. No entanto, o metal produzido

apresenta naturalmente elementos de transição, os principais são: titânio, vanádio,

cromo, zircônio, responsáveis por afetar o fluxo de elétrons presentes no banho,

tornando o produto mais resistente à eletricidade. Como resposta a este problema,

adiciona-se boro, por meio de uma liga padrão Al-4B (% - peso), ao alumínio líquido,

pois este reage com os elementos de transição solúveis e forma compostos insolúveis,

precipitando e obtendo desta forma, maior condutividade elétrica. O mecanismo pelo

qual o boro forma compostos com os metais de transição, impurezas do alumínio

líquido, não é bem compreendido. O objetivo deste trabalho foi o de avaliar a melhor

composição estequiométrica para a liga que corresponda a uma condutividade elétrica

superior. Foram realizadas medidas da composição de amostras do material antes, no

instante inicial e após certo intervalo de tempo do momento da adição de diferentes

concentrações da liga padrão. Também realizou-se medidas da condutividade das

amostras no momento da entrega do alumínio líquido ao cliente, decorrido o tempo de

transporte, correspondente ao intervalo da adição. Os resultados obtidos possibilitaram

avaliar a melhor composição estequiométrica para a liga na obtenção do alumínio

líquido comercial, que a partir das condições trabalhadas, foi o teste com adição de duas

barras de alumínio-boro, pois permitiu concentrações aceitáveis dos elementos de transição

e bons resultados de condutividade elétrica.

Palavras-chave: condutividade elétrica, adição de boro, liga padrão, alumínio.

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SUMÁRIO

1 Introdução.................................................................................................................6

2 Revisão Bibliográfica ..............................................................................................7

2.1 O Alumínio ........................................................................................................7

2.2.1 Ligas de Alumínio........................................................................................7

2.2 Mercado da indústria de Alumínio ....................................................................9

2.3 Boro como agente precipitante dos elementos de transição presentes no metal

líquido ..............................................................................................................10

2.3.1 Cinética de reação .....................................................................................11

3 Metodologia ..........................................................................................................16

4 Resultados e Discussão..........................................................................................19

5 Conclusão...............................................................................................................24

6 Sugestões para trabalhos futuros............................................................................25

7 Referências Bibliográficas ....................................................................................26

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1. Introdução

O alumínio é um metal amplamente utilizado nos mais diversos setores

industriais, suas propriedades são ótimas em uma série de aplicações. Para a indústria

elétrica se torna atraente por possuir boa condutividade elétrica, resistência mecânica e

leveza como características excelentes na transmissão de energia elétrica (ANDRADE

et. all., 2001). No entanto, este metal pode ser utilizado como um condutor elétrico se o

nível de impurezas estiver controlado, em particular, a concentração de metais de

transição: Ti, Zr, V e Cr, com efeito minimizado quando estão em forma combinada.

Comercialmente, o tratamento com boro tem sido usado para remover os

elementos de metais de transição da massa líquida através da formação/precipitação de

boretos. Este processo é realizado através da adição de ligas de alumínio-boro. O

principal uso das ligas alumínio-boro é para melhorar a condutividade elétrica e também

são utilizadas para refinar grãos de ligas de alumínio (KHALIQ et. all., 2011).

Apesar do tratamento com boro ser amplamente utilizado na indústria, não há

mecanismos detalhados das reações entre o boro e os metais de transição no estado

líquido do alumínio. Além disso, a natureza exata dos boretos, sua morfologia e

composição devem ser analisadas para obter uma completa compreensão do mecanismo

de formação de boretos, bem como, estudo termodinâmico e cinético (STROUP, 1965).

Considerando as condições reais em que ocorre a formação de boretos dos

metais de transição, o objetivo principal do presente trabalho é estudar os aspectos

ligados ao processo e a caracterização do alumínio líquido.

Tal objetivo será alcançado a partir da execução das seguintes tarefas:

a. Adição de quatro diferentes quantidades da liga padrão ao alumínio líquido;

b. Retirada de amostras em três etapas do processo (antes, logo após e decorrido

um certo período da adição de boro);

c. Análise da composição e das medidas da condutividade elétrica dessas amostras;

d. Avaliação do efeito da condução do produto ao seu destino, como agitação

natural do transporte e diminuição da temperatura neste período, uma vez que o

alumínio sai do processo com uma temperatura de 900 ºC e inicia seu destino

com 800 ºC.

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2. Revisão bibliográfica

2.1 O Alumínio

A bauxita é o minério fundamental na produção do alumínio. No processo

Bayer, a matéria prima bauxita é processada para se extrair a alumina, através do uso de

solução com soda cáustica, removem-se os sólidos gerados e que não possuem valor

para o processo. Depois de purificada, a solução segue para a etapa de precipitação da

alumina, com a aplicação de altas temperaturas o hidróxido de alumínio é calcinado,

dando origem à formação de óxido de alumínio.

O óxido de alumínio é diluído num banho eletrolítico fundido a 950 ºC dentro

das cubas eletrolíticas, o alumínio metálico líquido é depositado no fundo da cuba e

periodicamente retirado em cadinhos, este produto apresenta 99,5% de alumínio e

algumas impurezas tais como ferro, silício, titânio, zircônio, cromo e vanádio (SINGER,

1986).

O alumínio é um metal que possui grande importância industrial devido as suas

propriedades favoráveis a uma gama de aplicações, dentre as principais propriedades

estão a baixa densidade 2,70 g/cm³ proporcionando leveza; resistência a corrosão, o

alumínio líquido quando é exposto à atmosfera, forma-se imediatamente uma fina e

invisível camada de óxido, a qual protege o metal; a resistência mecânica, o metal

comercialmente puro tem uma resistência à tração de aproximadamente 90 MPa, a qual

pode ser aumentada por meio de pequenas adições de outros metais como elementos de

liga; condutibilidade elétrica, o alumínio puro possui resistividade de 0,00000263

ohm/cm³ e condutividade elétrica de 62% IACS (International Annealed Copper

Standard), a qual agregada à sua baixa densidade constitui um condutor de alumínio que

pode conduzir tanta corrente quanto um condutor de cobre que é duas vezes mais

pesado e proporcionalmente mais caro; condutibilidade térmica que proporciona

transferência de energia no aquecimento e no resfriamento; não toxicidade; anti-

magnetismo; dentre outras (ABAL, 2007).

2.1.1Ligas de Alumínio

O alumínio fundido consegue dissolver outros metais. Após o resfriamento,

alguns dos constituintes da liga podem ser retidos em solução sólida, o que torna a

estrutura atômica do metal mais rígida. O alumínio sólido em elevadas temperaturas

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pode reter uma vasta quantidade de elementos de liga em solução sólida, durante o

resfriamento o excesso dos elementos na solução favorece a formação de precipitados,

os quais são constituídos de partículas duras de compostos intermetálicos (ABAL,

2007).

As ligas de alumínio são muito utilizadas devido ao fato deste alumínio

combinar com a maior parte dos elementos de liga, formando ligas com características

tecnológicas convencionadas de acordo com a aplicação do produto final. Assim, essas

ligas proporcionam à indústria a possibilidade de obter produtos cada vez mais

qualificados, com propriedades adequadas tais como resistência mecânica,

condutividade elétrica, resistência à corrosão, ductilidade, conformabilidade, dentre

outras.

As ligas de alumínio possuem entre 99,0% e 99,5% de alumínio, sendo o

restante, principalmente, ferro e silício e elementos de transição. A obtenção de um

metal mais puro (até 99,99%) também pode ser alcançada; no entanto, o custo é

superior. Estas ligas mais puras são feitas para aplicações que necessitam de alta

condutividade elétrica e elevada resistência à corrosão.

Para expressar a composição química do alumínio e suas ligas, a norma ABNT

NBR 6834 expressa a composição em porcentagem, e está baseada no sistema de

classificação de densidade nominal das ligas trabalháveis de alumínio e no sistema de

classificação das ligas de fundição e de alumínio primário em lingotes para refusão

(ABNT, 2007).

A série 1XXX identifica o alumínio comercialmente puro que é caracterizado

pelas elevadas condutividades térmica e elétrica e pela baixa resistência mecânica, em

diferentes graus de pureza, desde 99,00 % até 99,99 %,

Nesta série, o segundo dígito informa as alterações dos limites de impurezas ou

elementos de liga. Se o segundo dígito na qualificação for 0, isso expressa que o

alumínio é não ligado e apresenta impurezas em seus limites naturais. Os números de 1

a 9 divulgam que houve controle especial de um ou mais elementos de liga ou

impurezas (ABAL, 2008).

A Liga 1350 tem grande aplicação quando se deseja alta condutividade elétrica,

alta resistência à corrosão, boa conformabilidade, boa soldabilidade e boa resposta a

anodização. No entanto, esta liga possui baixa resistência mecânica, e não é indicada

para usinagem e nem é tratável termicamente.

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As principais aplicações da Liga 1350 compreendem condutores elétricos,

indústrias química e alimentícia, e trocadores de calor (ALCOA, 2010). A Tabela 2.1

abaixo fornece a classificação desta liga.

Tabela 2.1 – Classificação da Liga de Alumínio 1350 – Teores dados em % - peso

(ABAL, 2008).

Outros

Designação S Fe Mn Mg Cr N Zr Ti Ga V Variações Cada Total Al

1350 0,10 0,40 0,01 - 0,01 - 0,05 - 0,03 - 0,05 B

0,02 V+Ti 0,03 0,10 99,50

2.2 Mercado da indústria de alumínio

Os principais produtos comercializados são: aluminas calcinadas, hidratos,

alumínio líquido, tarugos, lingotes e laminados. Desta forma, a indústria de alumínio

consegue atender inúmeros setores como: aeroespacial, embalagens, construção civil,

petróleo e gás, máquinas e equipamentos, indústria elétrica, bens de consumo, químicos,

transportes, dentre outros.

Na indústria elétrica o alumínio possui diversas aplicações, como, por exemplo,

as placas e as chapas que compõem itens como transformadores, antenas, cabos e

barramentos.

É por meio de fios e cabos de alumínio que é transportada energia elétrica por

todo o país. O alumínio é um excelente metal para isso, já que ele une propriedades

como boa condutividade elétrica com extrema leveza. Estas características

proporcionam uma maior capacidade de transmissão de energia, resistência a altas

temperaturas sem perda de propriedades físicas e muita economia na montagem,

manuseio e manutenção dos sistemas. O metal que apresenta tantos benefícios para este

setor, e ainda possui baixo custo comparado a outros metais, e também configuração

inovadora e agradável, além de anodização e pintura, é considerado um excelente

material para aplicação nas linhas subterrâneas e aéreas, de transmissão,

subtransmissão, distribuição e também em cabos para-raios que protegem os diferentes

sistemas e estruturas (ANDRADE et. all., 2001).

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2.3 Boro como agente precipitante dos elementos de transição presentes no metal

líquido

As indústrias fornecedoras de fios e cabos de alumínio e outros materiais

elétricos necessitam receber a matéria-prima com a menor quantidade de impurezas

capazes de diminuir a condutividade elétrica (COOPER, 1996).

O alumínio líquido apresenta na sua composição final alguns elementos de

transição, os principais são: zircônio, titânio, vanádio e cromo. Estes compostos podem

interferir negativamente na qualidade do produto, principalmente quando este é

destinado à produção de cabos elétricos. Os elementos de transição, considerados

impurezas advêm do próprio processo de produção do alumínio, mais especificamente

das matérias-primas alumina e briquete. O briquete é composto por coque e piche e é

adicionado para formação do anodo na cuba eletrolítica, com isso o processo deve ser

bem controlado para que o produto chegue ao destino respeitando as exigências dos

clientes.

Segundo (COOPER,1996), quanto mais puro o metal, melhores as condições de

condutividade elétrica.

Tabela 2.2 – Resistividade elétrica do Al em função do teor de solutos (COOPER,

1996).

Elementos Máxima Solubilidade

em Al (% m/m)

Média do aumento na resistividade por % m/m µ.Ohm.cm

Em solução Fora da solução

Titânio 1 2,88 0,12

Zircônio 0,28 1,74 0,044

Vanádio 0,5 3,58 0,28

Cromo 0,77 4 0,18

Adota-se como solução para melhorar a condutividade elétrica a prática da

adição de boro no alumínio fundido. Esta técnica proporciona a formação de compostos

insolúveis à medida que os elementos de transição solúveis vão reagindo com o boro,

permitindo desta forma posterior precipitação dos boretos.

Antes da adição do boro, a presença dos metais de transição em solução dá

origem à condutividade elétrica relativamente baixa, em uma escala atômica (no estado

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sólido), pode-se dizer que o titânio e vanádio “esticam ou puxam” os átomos de

alumínio e tornam o fluxo de elétrons mais complicado, reduzindo assim a

condutividade elétrica. Depois da adição, os metais de transição se combinam para

formar compostos intermetálicos, deixando de “esticar” os átomos de alumínio do ponto

de vista atômico, com isso há um aumento da condutividade (COOPER et. all., 1997).

A quantidade a ser adicionada depende da quantidade de metais de transição

presentes na carga de alumínio. Segundo a literatura (COOPER, 2000), é possível

executar o cálculo estequiométrico para determinar a quantidade teórica para

precipitação dos elementos em função de seus teores iniciais, conforme a equação:

%B =

(2.1)

A condutividade melhora em cerca de 60% já nos estágios iniciais. No entanto,

encontra-se também na literatura recomendação de um excesso de 50 - 75% acima da

exigência teórica, o que produz um excesso de boro a fim de garantir que todos os

metais de transição sejam removidos. Os níveis de adição de boro típicos estão no

intervalo de 0,01-0,015%.

2.3.1 Cinética de reação

O estudo da cinética de reação é uma área da química que analisa a velocidade

das reações e os fatores que a influencia tais como: temperatura, concentração dos

reagentes, superfície de contato, etc.

A reação de boro com os elementos de transição segue o seguinte modelo

cinético:

(2.2)

K=f(T, Ea, ) (2.3)

Onde:

= Concentração final dos reagentes;

= Concentração inicial dos reagentes;

K = Constante de velocidade;

T = Temperatura;

Ea = Energia de ativação;

t = tempo.

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Desta forma, tem-se uma diminuição na concentração dos elementos de

transição em relação ao tempo. Como a constante de velocidade depende também da

concentração dos reagentes, para uma maior eficácia de precipitação é apropriado que a

quantidade de boro a ser adicionada seja calculada a partir do valor estequiométrico.

Segundo KHALIQ (2011), onde se tem a comparação de variação de concentração de

dois elementos de transição o Vanádio e o Titânio em função do tempo, as

concentrações diminuem de forma mais acelerada quando o boro adicionado ao sistema

está em excesso (Figura 2.1).

Figura 2.1: Comparação do decaimento de Ti e V para adição acima e abaixo da

quantidade estequiométrica (KHALIQ et. all., 2011).

Segundo (KHALIQ et. all., 2011), os cálculos de equilíbrio para os sistemas Al-

M-B devem ser realizados na faixa de 675 – 900ºC e com 75% de excesso de boro.

A Tabela 2.3 apresenta as fases sólidas estáveis a partir de diferentes diagramas

de fases do sistema de ligas.

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Tabela 2.3 – Fases sólidas estáveis e previsíveis a partir de diferentes diagramas de

fases (KHALIQ et. all., 2011).

Sistemas de ligas

Possíveis fases sólidas estáveis

Estequiometria B 75% excesso B

Al-B AlB2 AlB12

Al-Ti-B TiB2* TiB2, AlB2

Al-Zr-B ZrB2* ZrB2, AlB2

Al-V-B VB2(s), Al7V(s) VB2(s), AlB2

Al-Cr-B CrB2(s) CrB2(s), AlB2

*pequena solubilidade de Al

Observa-se na Tabela 2.3, solubilidade limitada de Al em (Zr, Ti)B2, quando

não há excesso de boro.

As Figuras 2.2 e 2.3 apresentam a concentração de boretos em ppm em função

da temperatura com boro com excesso e a comparação da eficiência da remoção de

impurezas do elementos cromo e vanádio.

Figura 2.2: Concentração em ppm dos compostos Al-Ti-V-Zr-Cr – B a partir da adição

do boro com 75% de excesso (KHALIQ et. all., 2011).

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Figura 2.3: Comparação da concentração de soluto (ppm) dos elementos cromo e

vanádio com e sem excesso de boro em função da temperatura (KHALIQ et. all., 2011).

A partir dos dados expressos nas Figuras 2.2 e 2.3 e Tabela 2.3 pode-se

depreender que a ordem de reação decrescente do boro é Ti, Zr, V, Al e Cr.

O Cr apresenta dificuldade de ser removido por meio do tratamento com boro,

porém não se compreende o mecanismo. No entanto, o fica menos estável com

baixa temperatura.

Em termos de condutividade e precipitação dos boretos, a Figura 2.4 mostra o

aumento da condutividade elétrica com o tempo e com a taxa de precipitação dos

boretos, nas condições de temperatura constante e excesso de 50% de boro (SETZER &

BOONE, 1992).

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Figura 2.4: Porcentagem de melhoria na condutividade elétrica por tempo após adição

de boro em excesso.

Fica claro, a partir da Figura 2.4 que a maior mudança na condutividade ocorre

nos primeiros minutos após a adição de Al-4B (% - peso), independente do tipo de

boreto. Depois disso, o aumento da condutividade está relacionado com a velocidade de

precipitação das partículas de boretos. A melhoria na condutividade após o começo da

precipitação é de 70 % nos primeiros dois minutos, embora apenas 10% das partículas

estejam precipitadas nesta fase.

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3. Metodologia

Considerações Iniciais

O procedimento para o desenvolvimento deste trabalho consistiu primeiramente

em analisar o alumínio líquido quanto às suas impurezas, seguido da adição de

diferentes proporções da ante liga alumínio-boro, através de medidas estequiométricas

anteriores e posteriores a esta adição, considerando as variáveis do processo como

temperatura e tempo. Em etapa seguinte o material foi caracterizado em relação à sua

condutividade e amostras foram selecionadas para análise metalográfica.

Materiais e métodos

As composições foram preparadas adicionando-se à liga padrão alumínio-boro

ao alumínio líquido contido em cadinhos. A liga padrão Al-4B (% - peso) encontrava-se

na forma de barras sólidas (Fig. 3.1-a) com peso médio de 3,5 Kg.

Foi realizada em três etapas a análise da composição dos elementos de liga, a

fim de avaliar a precipitação das impurezas, em particular do titânio, zircônio e vanádio.

Analisou-se dez amostras para quatro quantidades diferentes de adição da liga

alumínio-boro. As amostras foram nomeadas de Al por ser alumínio, seguida de um número

que representa a quantidade de barras, de 1 a 4, de uma letra para identificar o material

antes e após a adição de boro. A letra A foi utilizada para classificar amostras antes da

adição, a letra D para amostras logo após a adição, e a letra P para o caso das amostras

quando decorrido certo tempo da adição (especificamente, quando chegava ao cliente).

Ainda faz parte da nomenclatura adotada o número referente à amostra.

As análises da composição dos elementos presentes foram feitas com

espectrofotômetro de emissão ótica (Thermo Scientific Arc/Spark) em amostras

desbastadas em torno mecânico. A Figura 3.2 mostra o equipamento e a forma da

amostra analisada. Esta foi colocada em suporte, e uma das suas superfícies foi, então,

submetida a uma espécie de “tiro”, uma centelha que provoca a vaporização, excitação

de átomos, produzindo um espectro característico dos elementos presente no material.

Os comprimentos de onda emitidos, próprio de um determinado elemento, são

separados e detectados, e a sua intensidade quantificada em razão da concentração na

amostra e da espécie química responsável pela emissão. Esse procedimento foi realizado

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em mais de uma região da superfície de determinada amostra.

Considerou-se durante o experimento, o modo como o cadinho foi alimentado

com o metal líquido e a origem do metal. Para os experimentos com uma, três e quatro

barras, com alumínio proveniente, na sua totalidade, dos fornos de fundição, a adição no

cadinho foi realizada somente por ponte rolante. Nos ensaios efetuados com duas barras, as

amostras do alumínio comercial foram provenientes em minoria dos fornos e em maior

parte das cubas eletrolíticas, a adição foi executada tanto por ponte rolante quanto por

veículo. Anotou-se também o horário que se teve início o preenchimento do cadinho com

metal.

A temperatura foi medida em graus Celsius com termopar manual, tipo K, que

entra em contato direto com o material. Para o controle da quantidade de alumínio

líquido foi utilizada uma balança específica para a sua pesagem, a qual fornece o

resultado em quilogramas. Nesta etapa amostras foram retiradas da parte superior do

cadinho para analises da composição dos elementos.

A partir deste momento o material segue transportado e o horário da chegado ao

destino, foi registrado, bem como a temperatura. No momento da entrega do material,

decorrido certo período, novas amostras são analisadas quanto a sua composição

química e a sua condutividade elétrica medida, em temperatura ambiente, com uso do

aparelho SIGMASCOPE SMP10 que expressa a condutividade elétrica em porcentagem

de IACS (International Annealed Copper Standard %).

Amostras também foram submetidas à análise por microscopia ótica com o

objetivo de avaliar a microestrutura. O preparo para a análise metalográfica consistiu

em cortar amostras com auxílio de disco de corte em cortadeira Fortel ou manualmente

com arco de serra. Na sequência as amostras foram embutidas a quente em resina

sintética (baquelite), sob pressão de 150 kgf/cm2, foram lixadas com abrasivos à base de

SiC de granulometrias 600, 800, 1200 e 4000, sucessivamente, tendo como lubrificante

a água. Em seguida, foi feito o polimento em panos com pasta de alumina 3 m e 1 m.

Deste modo, a superfície das amostras ficaram planas o suficiente para análise

metalográfica, e a sua observação foi realizada em microscópio ótico de luz refletida.

Em alguns casos, foi necessário a revelação da microestrutura com ataques químicos, a

partir de uma solução de ácido fluorídrico em água destilada.

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Figura 3.1: (a) Barra de alumínio-boro; (b) Cadinho alimentado com o metal

líquido por ponte rolante.

Figura 3.2: (a) Espectrofotômetro de Emissão Ótica; (b) Amostra após análise da

composição.

a b

a b

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4. Resultados e Discussão

De acordo com os dados analisados para o primeiro teste, o peso de uma barra

de alumínio-boro variou de 3,34 a 3,49 Kg e o peso do metal presente no cadinho foi de

4760 a 6890 Kg.

Nos ensaios efetuados no segundo teste, as duas barras de alumínio-boro

utilizadas tiveram seu peso variado entre 6,31 a 6,99 Kg, enquanto que o peso do metal

esteve entre os valores de 4843 a 6490 Kg.

Para os experimentos realizados no terceiro e quarto teste, o peso variou para

três barras entre 9,66 a 10,48 Kg e para quatro barras entre 13,10 a 13,98 Kg. Já o peso

dos cadinhos foi de 4095 a 6385 Kg e 4466 a 6376 Kg respectivamente para três e

quatro barras.

A ponte levou cerca de 4 minutos para fazer adição completa do metal no

cadinho, enquanto que o veículo preenchia o cadinho com metal em um tempo médio de

1,5 minutos, com uma pressão bem maior. O metal proveniente do forno é metal

refundido, já o metal das cubas é metal primário.

A Tabela 4.1 apresenta típica análise da composição química dos elementos do

alumínio líquido comercial produzido.

Tabela 4.1 – Resultados analíticos do alumínio líquido produzido.

Al % Si % Fe Cu % Mn %

Mg %

Cr % Ga % B % Zr % Zn % V % Ti% O.T.

%

99,85 0,050 0,060 0,000 0,002 0,001 0,002 0,011 0,002 0,005 0,006 0,005 0,003 0,000

No presente trabalho os elementos monitorados foram especificamente titânio,

vanádio, cromo, zircônio e boro.

Os valores médios obtidos das dez análises de composição dos elementos nas

diferentes situações, antes, logo após a adição da liga e no momento que chega ao

cliente, estão descritos nas Tabelas 4.2 a 4.5.

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Tabela 4.2 - Teores dos elementos (% em peso) para uma barra da liga Al-4B (%-peso).

Amostras Cr % Ti % V % Zr % B %

Al1A 0,0030±0,0001 0,0021±0,0007 0,0036±0,0001 0,0040±0,0001 0,0035±0,0004

Al1D 0,0002±0,0001 0,0015±0,0008 0,0044±0,0009 0,0006±0,0003 0,0045±0,0002

Al1P 0,0002±0,0001 0,0008±0,0004 0,0021±0,0004 0,0003±0,0002 0,0018±0,0002

Tabela 4.3 - Teores dos elementos (% em peso) para duas barras da liga Al-4B (%-peso).

Amostras Cr % Ti % V % Zr % B %

Al2A 0,0090±0,0008 0,0024±0,0003 0,0045±0,0007 0,0039±0,0006 0,0038±0,0007

Al2D 0,0003±0,0001 0,0022±0,0001 0,0040±0,0006 0,0027±0,0003 0,0046±0,0003

Al2P 0,0002±0,0001 0,0003±0,0001 0,0019±0,0006 0,0003±0,0001 0,0022±0,0005

Tabela 4.4 - Teores dos elementos (% em peso) para três barras da liga Al-4B (%-

peso).

Amostras Cr % Ti % V % Zr % B %

Al3A 0,0014±0,0005 0,0021±0,0003 0,0035±0,0008 0,0030±0,0004 0,0013±0,0001

Al3D 0,0006±0,0001 0,0046±0,0009 0,0095±0,0005 0,0019±0,0002 0,0058±0,0002

Al3P 0,0003±0,0001 0,0021±0,0001 0,0052±0,0003 0,0012±0,0007 0,0046±0,0004

Tabela 4.5 - Teores dos elementos (% em peso) para quatro barras da liga Al-4B (%-

peso).

Amostras Cr % Ti % V % Zr % B %

Al4A 0,0008±0,0001 0,0019±0,0008 0,0027±0,0004 0,0027±0,0004 0,0011±0,0001

Al4D 0,0003±0,0001 0,0036±0,0009 0,0085±0,0009 0,0039±0,0008 0,0066±0,0003

Al4P 0,0002±0,0001 0,0011±0,00005 0,0073±0,0005 0,0018±0,0003 0,0059±0,0002

Durante o experimento observou-se que o cromo não estava presente em

algumas amostras analisadas antes da adição, mas após adição ele se fez presente, e

quanto aos demais elementos muitas vezes após a adição a concentração foi maior, o

que indica que estes advêm da placa alumínio-boro, que também contém estas

impurezas.

A partir dos dados acima foi possível calcular a porcentagem teórica de boro a

ser adicionado através da Equação 2.1, com um excesso de 50%. O resultado médio do

teor de boro sugerido em teoria seria de 0,0114 ± 0,0008%.

Nota-se que o valor teórico calculado se aproxima muito do que se fala na

literatura (COOPER, 2000), onde as porcentagens de adição de boro típicas estão no

intervalo de 0,01-0,015%.

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Para o cálculo da porcentagem real de boro adicionado ao metal, efetuou-se

primeiramente o cálculo da quantidade de boro em quilogramas presente na liga Al- 4B

(%-peso) somado com a quantidade de boro presente no metal antes da adição, em

quilogramas. Este valor total de boro foi convertido em porcentagem a partir da

quantidade de metal para cada amostragem. Os valores médios da porcentagem de boro

obtidos e da medida de condutividade elétrica estão expressos na Tabela 4.6.

Tabela 4.6 – Valores médios da porcentagem real do boro adicionado e

condutividade elétrica.

Amostras % Boro Real Condutividade Elétrica %

Al1P 0,0056 ± 0,0004 61,060

Al2P 0,0079 ± 0,0007 61,915

Al3P 0,0093 ± 0,0007 61,905

Al4P 0,0120 ± 0,0009 61,592

O tempo medido em minutos, desde a adição do boro até a chegada ao cliente

variou em ordem crescente de concentração de boro, ou seja, de 52 a 84 minutos para

uma barra, de 53 a 84 minutos para duas barras, de 44 a 73 minutos para três barras e de

42 a 76 minutos para quatro barras. Já a temperatura aferida teve uma queda média

avaliada para os quatro experimentos em torno de 70 ºC, saindo da empresa com uma

temperatura de aproximadamente 800 ºC.

Através da classificação da liga de alumínio 1350 (ABAL, 2008), nota-se que

alguns elementos se encaixam dentro dos padrões para fabricação de materiais elétricos,

mesmo sem adição do boro; porém, para aplicações específicas, o teor deve ser menor

ainda.

Conforme o modelo cinético (KHALIQ et. all., 2011), esperava-se um

decréscimo na concentração dos elementos de transição com o tempo, o que foi visto

em geral, para todas diferentes estequiometrias do boro trabalhadas. Observou-se para

as maiores concentrações da liga adicionada um maior resíduo de boro, indicando que

há um excesso grande de boro sem reagir com os elementos de transição.

A quantidade de boro adicionada encontrou-se, de um modo geral

(especificamente para as três primeiras composições de boros avaliadas), abaixo da

quantidade teórica estequiométrica requerida. Porém, deve-se levar em conta que a

quantidade calculada levaria à precipitação de todo o elemento de transição, sendo que

existe um limite aceitável do teor do mesmo.

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Estudos mostram que o excesso de boro em 50% é mais eficiente para a

formação de boretos e consequente purificação do alumínio, comprovando a

necessidade do uso dessa quantidade do reagente, principalmente, devido a fatores

cinéticos. Na prática observou-se dentre os valores reais de boro adicionado em

porcentagem, que aqueles dentro da faixa teórica almejada correspondem ao

experimento com quatro barras da liga alumínio-boro, com uma média de 0,0120% ±

0,0009. O experimento com três barras também se aproximou bastante deste intervalo,

com uma média de 0,0093% ± 0,0007. Entretanto, para testes realizados com três e

quatro barras de liga alumínio-boro, o resultado, na maioria das vezes, não foi

satisfatório, sendo que muitos elementos como o vanádio, tiveram suas concentrações

aumentadas. Com relação a condutividade, foi notado expressivo, porém discreto,

aumento de uma para duas barras, enquanto que para maiores concentrações de boro

(três e quatro barras) não observou-se significativa alteração.

O fato de o boro estar em excesso, não proporcionou à precipitação de todos os

elementos, no caso da adição de quatro barras, as amostras analisadas na chegada ao

cliente, apresentaram concentrações consideráveis de elementos, especialmente do

vanádio, indicando que o tempo não foi suficiente para a reação de todo elemento, ou

seja, apresenta uma cinética de reação lenta. Espera-se, portanto, que para adição de

boro em excesso, conforme a literatura, haja maior tempo desde adição da liga até o

metal ser utilizado para a fabricação de materiais que conduzem eletricidade, desta

forma, a reação ocorrerá completamente, e se alcançará valores ótimos de condutividade

elétrica. Entretanto, na prática isto não é conveniente, já que este processo tem que ser

realizado no menor tempo possível. Outro fator é a influência da temperatura, durante o

transporte esta diminui. Segundo SETZER & BOONE (1992), em experimento

realizado à temperatura constante e com boro em excesso, a condutividade elétrica tem

relevante acréscimo já nos primeiros minutos de reação, e a precipitação dos boretos

tem aumento significativo até 100 minutos. O que não aconteceu exatamente na prática.

Segundo KHALIQ (2011), os elementos que apresentam melhor reação para

formação de boretos com o boro em excesso é o titânio e o zircônio. Na prática, notou-

se que os melhores resultados de concentração de soluto foram destes elementos. E que

o cromo reage bem a altas temperaturas, mas com temperaturas menores em torno de

730 ºC (temperatura média que chega ao cliente) as concentrações já não sofreram

tantas modificações.

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A partir do exposto, depreendeu-se que dentro das condições trabalhadas a

melhor composição estequiométrica para a liga que correspondeu a uma melhor

condutividade elétrica foi a de duas barras, pois permitiu concentrações aceitáveis dos

elementos de transição, bem como, bons resultados de condutividade elétrica. Contudo,

por questões econômicas, a opção de se utilizar apenas uma barra no processo também é

bastante considerável, já que apresentou resultados próximos ao de duas barras.

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5. Conclusão

Este trabalho avaliou o melhor processo pelo qual o boro forma compostos com

os metais de transição para obtenção de uma condutividade elétrica elevada através de

testes com quatro diferentes concentrações da liga padrão Al-4B (%-peso) adicionadas

no alumínio líquido comercial para produção de materiais que conduzem eletricidade.

O estudo mostrou que somente a maior concentração de boro utilizada (quatro

barras) atingiu o excesso recomendado pela literatura, e que a terceira concentração

(três barras) se aproximou deste valor. Porém, mesmo com o excesso exigido o

experimento não proporcionou à precipitação de todos os elementos, devido à variação

de temperatura no decorrer do processo, mesmo que o tempo limite entre a adição, o

transporte e a entrada no processo de fabricação fosse suficiente para completa reação e

precipitação dos boretos.

Os elementos titânio e zircônio foram os que apresentaram melhor reação com o

boro e, portanto, formação de boretos.

Concluiu-se que a melhor composição estequiométrica para a liga, a partir das

condições trabalhadas, foi a do segundo teste, com adição de duas barras de alumínio-

boro, pois permitiu concentrações aceitáveis dos elementos de transição e bons

resultados de condutividade elétrica. Mas em termos econômicos pode-se fazer adição

de apenas uma barra também, pois a condutividade neste caso teve valor ligeiramente

menor.

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6. Sugestões para trabalhos futuros

Realizar os experimentos em níveis laboratoriais controlados. Uma vez que este

trabalho foi desenvolvido em condições reais de fabricação do produto, não foi

possível monitorar precisamente variáveis importantes, como temperatura.

Trabalhar com diagramas de fases binários das ligas Cr, V, Ti, Zr – Al, para que

as diferentes variantes dos diagramas sejam analisadas criticamente. Continuar

avaliando os ensaios metalográficos para visualização de micorestrutura formada

e análises de Raio-X para identificar as fases presentes.

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7. Referências Bibliográficas

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