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BELÉM PARÁ 2010 Relatório Técnico 2008 - 2009 Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Florestais Não-Madeireiros no Estado do Pará

Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

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Page 1: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

BELÉM – PARÁ 2010

2008 - 2009

Instituto de Desenvolvimento Econômico Social e Ambiental do Pará

Relatório Técnico

2008 - 2009

Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Florestais Não-Madeireiros no Estado do Pará

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Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Florestais Não-Madeireiros no Estado do Pará

RELATÓRIO TÉCNICO

2008-2009

BELÉM – PARÁ

2010

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Governo do Estado do Pará

Ana Júlia de Vasconcelos Carepa

Governadora

Odair Santos Corrêa

Vice-Governador

Edilson Rodrigues de Sousa

Secretário de Estado de Governo

Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará

José Raimundo Barreto Trindade

Presidente Diretoria de Pesquisa e Estudos Ambientais

Jonas Bastos da Veiga Diretor

Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação

Marli Maria de Mattos Coordenadora

Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos

Florestais Não-madeireiros no Estado do Pará

Equipe Técnica Marli Maria de Mattos

Francisco de Assis Costa Sílvio Brienza Júnior

Jorge Alberto Gazel Yared Maricélia Gonçalves Barbosa

José de Alencar Costa Ellen Claudine Cardoso Castro

Daniela Monteiro da Cruz Nelma Santos Amorim dos Santos

Rafael da Silva Moraes Tânia de Sousa Leite

Antônio Marcos da Silva Pereira

Page 4: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Florestais Não-Madeireiros no Estado do Pará

RELATÓRIO TÉCNICO

2008-2009

Equipe da pesquisa

Marli Maria de Mattos Agrônoma, MSc - Idesp

Maricélia Gonçalves Barbosa Eng. Florestal, mestranda

José de Alencar Costa Desenvolvedor de Software

Ellen Claudine Cardoso Castro Economista, mestranda

Daniela Monteiro da Cruz Bióloga

Nelma Santos Amorim dos Santos Eng. Agrônoma

Rafael da Silva Moraes Técnico Agropecuária Tânia de Sousa Leite

Técnica Florestal Antônio Marcos Silva Pereira

Técnico Agropecuária

BELÉM – PARÁ

2010

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Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará

José Raimundo Barreto Trindade Presidente

Diretoria de Administração, Planejamento e Finanças Fernando Jorge Azevedo

Diretor Diretoria de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural

Cassiano Figueiredo Ribeiro Diretor

Diretoria de Pesquisa e Estudos Ambientais Jonas Bastos da Veiga

Diretor Diretoria de Estatística, Tecnologia e Gestão da Informação

Tarcísio Alves Ribeiro Diretor

Apoio Técnico

Francisco Assis Costa Economista, PhD - UFPA/NAEA

Sílvio Brienza Júnior Eng. Florestal, PhD - Embrapa Amazônia Oriental

Apoio Financeiro

Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará

Jorge Alberto Gazel Yared Diretor

Colaboradores

Silvia Ferreira Nunes Economista, MSc - Idesp

Cassiano Figueiredo Ribeiro Economista MSc - Idesp

Maria Glaucia Pacheco Moreira Estatística - Idesp

Lívia Maria de Araújo Cavalcanti Economista - Idesp

José Ferreira da Rocha Téc. Processamento Dados - Idesp

__________________________________________________________________ MATTOS, Marli Maria de (Coord.).

Estudo das cadeias de comercialização de produtos florestais não-madeireiros no Estado do Pará: relatório técnico 2008-2009.-Belém: Idesp, 2010.

305 p.

1.Cadeias de comercialização.2.Produtos florestais não-madeireiros.3.Contas sociais ascendentes.4.Economia regional.I.Região de Integração.II.Pará (Estado).III.Titulo.

CDD: 381.098115

__________________________________________________________________

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APRESENTAÇÃO

O Estado do Pará necessita de modelos de desenvolvimento com base em

atividades econômicas produtivas que gerem renda às populações locais, que agreguem

valor aos produtos, que evitem o desmatamento, que dinamizem as economias regionais e

que reduzam as desigualdades entre regiões. Em atendimento às demandas da política

estadual do desenvolvimento do extrativismo, capitaneada pelo Ideflor, o Idesp apresenta

este relatório contendo os primeiros resultados do Estudo das Cadeias de Comercialização

de Produtos Florestais Não-Madeireiros no Estado do Pará, para as regiões de integração do

Tocantins e do Baixo Amazonas. Os pesquisadores realizam entrevistas com diferentes

agentes mercantis, como produtores, intermediários, empresas beneficiadoras,

comerciantes, associações e cooperativas registrando dados sobre a comercialização dos

PFNM.

A importância deste trabalho é que revela a economia dos produtos da nossa

flora, alguns bem conhecidos e outros ainda invisíveis nas estatísticas oficiais. São produtos

Alimentícios (açaí, cacau, cajuaçú, cupuaçu, castanha-do-brasil, buriti, bacaba, taperebá,

bacuri, muruci, uxi, urucum e palmito); Derivado Animal (mel de abelha com e sem ferrão);

Fármacos e Cosméticos (andiroba, assacu, carapanaúba, mururé, pata de vaca, quinarana,

ipê roxo, sacaca, copaíba, cumarú, óleo de piquiá, murumuru, barbatimão, verônica, unha de

gato, leite de amapá, leite de sucuúba, pau doce); Derivados da madeira (carvão, resina de

breu); Artesanatos e Utensílios (brinquedos de miriti, objetos artesanais e utensílios feitos

com sementes, frutos, cascas, fibras, talas, e diversos outros materiais).

A metodologia adotada permite calcular o valor bruto da produção (VBP), a

agregação de valor (VAB), a margem de comercialização (mark-up), a renda bruta total

gerada (RBT=VBP + VAB), a estrutura de quantidade comercializada, o destino da produção,

a formação do preço de cada produto ao longo da cadeia, o preço praticado e a importância

dos agentes mercantis ou setores envolvidos nas escalas local, estadual e nacional. Estas

informações subsidiarão as políticas voltadas ao fortalecimento das cadeias, à diminuição de

desigualdades entre os agentes envolvidos, a valoração e o beneficiamento para aumentar a

rentabilidade dos produtos, como por exemplo, a ação recém definida pelo Conselho

Estadual de Extrativismo que é lançar o plano safra do extrativismo para o Estado do Pará.

Desta forma o estudo contribuirá para uma melhor gestão da produção pelas populações

locais e iniciativa pública e privada.

Marli Maria de Mattos (coordenadora do estudo)

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Regiões de integração onde já ocorreu coleta de dados sobre as cadeias de comercialização dos produtos florestais não-madeireiros, conforme destaque em vermelho. ........ 31

Figura 2. Municípios pertencentes à região de integração Tocantins ..................................... 33

Figura 3. Delimitação do município de Cametá (linha vermelha) e a localização de pontos georeferenciados dos agentes mercantis entrevistados em diversas regiões do município (pontos numerados). ................................................................................................................ 35

Figura 4. Pontos georeferenciados dos agentes mercantis entrevistados na área urbana de Cametá (pontos numerados). ................................................................................................... 35

Figura 5. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização do açaí identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual e Nacional. ................................................................................................................. 41

Figura 6. Principal fluxo de comercialização do açaí, da produção local (dez municípios da região do Tocantins), passando pelo varejo rural, pelo setor da indústria de beneficiamento em outras regiões do Pará, pelo varejo urbano nacional até chegar aos consumidores finais. ..................................... 42

Figura 7. Preço médio de açaí (R$ correntes/kg de fruto in natura) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. ...................................................................................... 44

Figura 8. Formação de preço do açaí ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada. ..................................................................... 45

Figura 9. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização do açaí, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará. ........... 46

Figura 10. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização do açaí, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). .......... 48

Figura 11. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg in natura, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (mark-up) da cadeia de comercialização do açaí, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ................................................... 48

Figura 12. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do açaí considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ........................................................................... 50

Figura 13. Destino do volume (%) de açaí identificado na região de Integração do Tocantins, para atender as demandas de consumo local, estadual e nacional. ....................................... 51

Figura 14. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização do cacau identificado em dez municípios da Região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual e Nacional. ................................................................................................................. 58

Figura 15. Variação de preço do cacau no mercado internacional, com base na Bolsa de Nova York, 2008. ................................................................................................................................ 59

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Figura 16. Preço médio do cacau (R$ correntes/kg de amêndoas secas) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. ............................................................... 60

Figura 17. Formação de preço do cacau ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada. ....................................... 61

Figura 18. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização do cacau, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará. ....... 62

Figura 19. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização do cacau, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ....... 63

Figura 20. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg in natura, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização do cacau, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ................................................... 63

Figura 21. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do cacau considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ........................................................................... 65

Figura 22. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização do palmito identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual e Nacional. .................................................................................................. 69

Figura 24. Preço médio de palmito (R$ correntes/kg in natura), praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. ...................................................................................... 70

Figura 24. Formação de preço do palmito ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada. ....................................... 71

Figura 25. Valor Bruto da Produção (VBPα) gerado na comercialização do palmito, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará. ........... 72

Figura 26. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização do palmito, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ..... 73

Figura 27. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg in natura) e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização do palmito, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ............................................. 73

Figura 28. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do palmito considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ........................................................................... 74

Figura 29. Estrutura (%) da quantidade em termos percentuais (%), da comercialização de Carvão identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual. .................................................................................................................... 77

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Figura 30. Preço médio de carvão (R$ correntes/kg) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. ....................................................................................................... 78

Figura 31. Formação de preço do carvão ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada. ....................................... 79

Figura 32. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização do carvão, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará. ......................................................................................................................... 80

Figura 33. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização de carvão, em 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. .. 81

Figura 34. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização de carvão, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ....................................................................................... 81

Figura 35. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do carvão considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ........................................................................... 82

Figura 36. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização do cupuaçu identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual e Nacional. .................................................................................................. 87

Figura 37. Preço médio de cupuaçu (R$ correntes/kg de polpa), praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. ...................................................................................... 88

Figura 38. Formação de preço do cupuaçu ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada. ....................................... 89

Figura 39. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização do cupuaçu, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará. ......................................................................................................................... 90

Figura 40. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização do cupuaçu, em 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. ..................................................................................................................................... 91

Figura 41. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg polpa, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização do cupuaçu, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ........................................................................... 91

Figura 42. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do cupuaçu considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ........................................................................... 93

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Figura 43. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização da castanha do brasil identificada em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual e Nacional. ....................................................................................... 96

Figura 44. Preço médio da castanha do brasil (R$ correntes/kg amêndoa seca), praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. ............................................................... 97

Figura 45. Formação de preço da castanha do brasil ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada. ....................................... 98

Figura 46. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização da castanha do brasil, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará. ....................................................................................................... 98

Figura 47. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização da castanha do brasil, em 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. ....................................................................................................... 99

Figura 48. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg amêndoa, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização da castanha do brasil, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). .......................... 100

Figura 49. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização da castanha do brasil considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ......................................................................... 101

Figura 50. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização do buriti identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual. ................................................................................................................................. 104

Figura 51. Preço médio de buriti (R$ correntes/kg de polpa) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. ................................................................................................ 105

Figura 52. Formação de preço do buriti ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada. ......................................................... 106

Figura 53. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização do buriti, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará. ..... 107

Figura 54. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VTB) em R$, gerado na comercialização do buriti, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ...... 107

Figura 55. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg polpa, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização do buriti, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ......................................................................... 108

Figura 56. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do buriti considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ......................................................................... 109

Page 11: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

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Figura 57. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização da bacaba identificada em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual e Nacional. ................................................................................................ 112

Figura 58. Preço médio da bacaba (R$ correntes/kg de polpa) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. ................................................................................................ 113

Figura 59. Formação de preço da bacaba ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada. ..................................... 114

Figura 60. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização da bacaba, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará. ....................................................................................................................... 114

Figura 61. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização da bacaba, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008)..... 115

Figura 62. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização da bacaba, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ..................................................................................... 116

Figura 63. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização da bacaba considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ......................................................................... 117

Figura 64. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização do mel identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual. ................................................................................................................................. 119

Figura 65. Preço médio do mel (R$ correntes/kg in natura) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. ................................................................................................ 120

Figura 66. Formação de preço do mel ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada. ................................................................... 121

Figura 67. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização do mel, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará. ......... 121

Figura 68. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização do mel, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ........ 122

Figura 69. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização do mel, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). .......................................................................................... 122

Figura 70. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do mel considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). .......................................................................................... 123

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6

Figura 71. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização do artesanato de miriti identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual e Nacional. ..................................................................................... 126

Figura 72. Preço médio do artesanato de miriti (R$ correntes/braça) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. ............................................................. 127

Figura 73. Formação de preço do artesanato de miriti ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada. ..................................... 128

Figura 74. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização do artesanato de miriti, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará. ..................................................................................................... 129

Figura 75. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização do artesanato de miriti, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ........................................................................................................... 129

Figura 76. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/braça, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização do artesanato de miriti, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ................................................. 130

Figura 77. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do artesanato de miriti considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). .................................................................... 131

Figura 78. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização do murumuru identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual e Nacional. ................................................................................................ 134

Figura 79. Preço médio do murumuru (R$ correntes/kg semente) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. .................................................................................... 135

Figura 80. Formação de preço do murumuru ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada. ..................................... 136

Figura 81. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização do murumuru, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará. ....................................................................................................................... 137

Figura 82. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização do murumuru, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). . 138

Figura 83. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg semente, e a margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização do murumuru, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). .................................................................... 138

Page 13: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

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Figura 84. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do murumuru considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ......................................................................... 139

Figura 85. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização de andiroba identificada em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual. .................................................................................................................. 141

Figura 86. Preço médio da andiroba (R$ correntes/l óleo) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. ................................................................................................ 142

Figura 87. Formação de preço da andiroba ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada. ..................................... 143

Figura 88. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização da andiroba, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará. ....................................................................................................................... 144

Figura 89. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização da andiroba, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). . 144

Figura 90. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/l óleo, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização da andiroba, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ......................................................................... 145

Figura 91. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização da andiroba considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ......................................................................... 146

Figura 92. Formação de preço da copaíba ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada. ..................................... 149

Figura 93. Preço médio da copaíba (R$ correntes/l de óleo) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. ................................................................................................ 149

Figura 94. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização da copaíba, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará. ....................................................................................................................... 150

Figura 95. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização da copaíba, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). .. 151

Figura 96. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/l óleo, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização da copaíba, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ......................................................................... 151

Figura 97. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização da copaíba considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ......................................................................... 152

Page 14: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

8

Figura 98. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização dos leites (amapá, sucuúba e jatobá) identificados em dez municípios da região do Tocantins (Local), Estado do Pará. .......................................................................................................... 153

Figura 99. Preço médio dos leites (amapá, sucuúba e jatobá) (R$ correntes/l de leite) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. ...................................... 154

Figura 100. Formação de preço dos leites (amapá, sucuúba e jatobá) ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada. .... 154

Figura 101. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização dos leites (amapá, sucuúba e jatobá), pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará. .............................................................................. 155

Figura 102. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização dos leites (amapá, sucuúba e jatobá), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). .......................................................................................... 156

Figura 103. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/l leite, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização dos leites (amapá, sucuúba e jatobá), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ....................... 156

Figura 104. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização dos leites (amapá, sucuúba e jatobá) considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ................................................. 157

Figura 105. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização do taperebá identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual. .................................................................................................................. 158

Figura 106. Preço médio do taperebá (R$ correntes/kg polpa) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. ................................................................................................ 159

Figura 107. Formação de preço do taperebá ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada. ..................................... 160

Figura 108. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização do taperebá, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará. ....................................................................................................................... 160

Figura 109. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização do taperebá, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). 161

Figura 110. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg polpa, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização do taperebá, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). .................................................................... 162

Page 15: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

9

Figura 111. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do taperebá considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ......................................................................... 162

Figura 112. Formação de preço de breu branco ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada. ..................................... 164

Figura 113. Preço médio de breu branco (R$ correntes/kg resina) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. .................................................................................... 164

Figura 114. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização de breu branco, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará. ..................................................................................................... 165

Figura 115. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização de breu branco, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ............................................................................................................................ 166

Figura 116. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg resina, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização de breu branco, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ..................................... 166

Figura 117. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do breu branco considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ......................................................................... 167

Figura 118. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização do urucum identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual. .................................................................................................................. 168

Figura 119. Formação de preço de urucum ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada. ..................................... 169

Figura 120. Preço médio de urucum (R$ correntes/l de concentrado) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. ............................................................. 169

Figura 121. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização de urucum, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará. ....................................................................................................................... 170

Figura 122. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização de urucum, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ... 171

Figura 123. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/l concentrado, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização de urucum, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ........................................... 171

Page 16: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

10

Figura 124. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do urucum considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ......................................................................... 172

Figura 125. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização de bacuri identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual. ................................................................................................................................. 173

Figura 126. Preço médio de bacuri (R$ correntes/kg polpa) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. ................................................................................................ 174

Figura 127. Formação de preço do bacuri ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada. ..................................... 175

Figura 128. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização de bacuri, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará. ....................................................................................................................... 175

Figura 129. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização de bacuri, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ..... 176

Figura 130. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg polpa, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização de bacuri, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ......................................................................... 177

Figura 131. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do bacuri considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ......................................................................... 177

Figura 132. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização da semente de cupuaçu identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual. ....................................................................................................... 178

Figura 133. Preço médio da semente de cupuaçu (R$ correntes/kg semente) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. ............................................................. 179

Figura 134. Formação de preço da semente de cupuaçu ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada. .... 180

Figura 135. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização da semente de cupuaçu, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará. ..................................................................................................... 180

Figura 136. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização da semente de cupuaçu, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ........................................................................................................... 181

Figura 137. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg polpa, e a Margem de Comercialização

Page 17: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

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(%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização da semente de cupuaçu, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ................................................. 182

Figura 138. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização da semente de cupuaçu considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ................................................. 182

Figura 139. Formação de preço do cumarú ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada. ..................................... 183

Figura 140. Preço médio do cumarú (R$ correntes/kg semente) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. .................................................................................... 184

Figura 141. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização do cumarú, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará. ....................................................................................................................... 185

Figura 142. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização do cumarú, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ... 186

Figura 143. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg de semente, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização do cumarú, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ........................................... 186

Figura 144. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do cumarú considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ......................................................................... 187

Figura 145. Formação de preço das plantas medicinais (barbatimão, pau doce, unha de gato e verônica) ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada. ..................................................................................... 188

Figura 146. Preço médio das plantas medicinais (barbatimão, pau doce, unha de gato e verônica) (R$ correntes/kg partes da planta) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará. ....................................................................................................................... 189

Figura 147. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização das plantas medicinais (barbatimão, pau doce, unha de gato e verônica), pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará. .......................... 190

Figura 148. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização das plantas medicinais (barbatimão, pau doce, unha de gato e verônica), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ..................................... 190

Figura 149. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg partes da planta, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização das plantas medicinais (barbatimão, pau doce, unha de gato e verônica), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ..................................................................................... 191

Page 18: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

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Figura 150. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização das plantas medicinais (barbatimão, pau doce, unha de gato e verônica) considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008). ............................................................................................................................ 191

FIGURA 151. Municípios pertencentes a Região de Integração Baixo Amazonas ................. 230

Figura 152. Preço médio de castanha do brasil (R$ correntes/kg amêndoa seca) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará. .................................................. 236

Figura 153. Variação de preço do cacau no mercado internacional, com base na Bolsa de Nova York, 2008. ..................................................................................................................... 240

Figura 154. Preço médio do cacau (R$ correntes/kg amêndoas secas) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará. .................................................. 241

Figura 155. Preço médio do açaí (R$ correntes/kg de frutos in natura) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará. .................................................. 244

Figura 156. Preço médio do cupuaçu (R$ correntes/kg de polpa) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará. ......................................................................... 247

Figura 157. Preço médio de bacaba (R$ correntes/kg de polpa) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará. ......................................................................... 250

Figura 158. Preço médio de cajuaçu (R$ correntes/kg de fruto in natura) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará. .................................................. 252

Figura 159. Preço médio de taperebá (R$ correntes/kg de polpa) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará. ......................................................................... 254

Figura 160. Preço médio de muruci (R$ correntes/kg de polpa) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará. ......................................................................... 257

Figura 161. Preço médio de uxi (R$ correntes/kg de polpa) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará. ..................................................................................... 260

Figura 162. Preço médio de mel (R$ correntes/kg in natura) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará. ..................................................................................... 262

Figura 163. Preço médio de breu branco (R$ correntes/kg de resina) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará. .................................................. 265

Page 19: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

13

Figura 164. Preço médio de ipê roxo (R$ correntes/kg de casca) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará. ......................................................................... 267

Figura 165. Preço médio de andiroba (R$ correntes/litro de óleo) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará. ......................................................................... 269

Figura 166. Preço médio de copaíba (R$ correntes/litro de óleo) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará. ......................................................................... 271

Figura 168. Preço médio de leites de amapá e sucuúba (R$ correntes/litro de leite) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará. .................................................. 273

Figura 169. Preço médio de plantas medicinais (assacu, barbatimão, carapanauba, mururé, pata de vaca, quinarana, sacaca, sucuúba, unha de gato e verônica), (R$ correntes/kg de partes da planta) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará. ................................................................................................................................... 275

Figura 170. Preço médio de utensílios artesanais (abano, cesta, peneira, paneiro, vassoura e tipiti), (R$ correntes/unidade) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará. ................................................................................................................................... 277

FIGURA 171. Municípios pertencentes a Região de Integração Rio Caeté ............................ 283

FIGURA 172. Municípios pertencentes à Região de Integração Rio Capim ........................... 286

FIGURA 173. Municípios pertencentes a Região de Integração Guamá ................................ 289

FIGURA 174. Municípios pertencentes a Região de Integração Tapajós ............................... 292

Page 20: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Número de municípios estudados, por região de integração................................. 31

TABELA 2 Produtos florestais não-madeireiros identificados na região do tocantins, com quantidade e valor pago à produção local, de acordo com a amostragem realizada em campo (Idesp). ................................................................................................................................................ 37

TABELA 3 - Preço médio praticado (R$/und) na comercialização de utensílios, como tipiti, paneiro e cuia, no ano de 2008, em dez municípios da região do Tocantins, estado do Pará. ............................................................................................................................................................ 198

TABELA 4 - Valor bruto da produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização de utensílios (tipiti, cuia, paneiro de decoração e paneiro embalagem), pela ótica da oferta; valor transacionado efetivo (VTE) ≈ valor adicionado bruto (VAB) e a renda bruta total (RBT) pela ótica da demanda, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, estado do Pará. ................................................................................................................................ 199

TABELA 5. Demanda final (local, estadual e nacional), em R$ e %, dos produtos florestais não-madeireiros identificados nos dez municípios da região de integração do Tocantins, PA, em 2008 (Idesp). .............................................................................................................................. 206

TABELA 6 - Valor adicionado bruto - VAB (local, estadual e nacional), em R$, dos produtos florestais não-madeireiros identificados nos dez municípios da região de integração do Tocantins, PA, em 2008 (Idesp). .................................................................................................... 207

TABELA 7 - Valor agregado bruto (R$) na esfera local, estadual e nacional dos produtos florestais não-madeireiros identificados na região do Tocantins, em 2008, organizados em cinco categorias (alimentícias, derivado da madeira, artesanato, derivado animal e fitoterápicos/cosméticos). ............................................................................................................. 208

TABELA 8 - Renda bruta total (R$) na esfera local, estadual e nacional dos produtos florestais não-madeireiros identificados na região do Tocantins, em 2008, organizados em três categorias relativas com escalas de valor do RBT (acima de R$600mil, entre R$100 a 599mil e abaixo de R$100 mil). ...................................................................................................................... 210

TABELA 09 - Variáveis econômicas dos produtos florestais não-madeireiros identificados na região do Tocantins, compostas pelo valor bruto da produção alfa local (VBPα), a margem de lucro (mark-up), o valor bruto da produção (VBP), o valor agregado bruto e a renda bruta total (R$) nas esferas local, estadual e nacional, em 2008. ....................................................... 212

TABELA 10 - Produtos florestais não-madeireiros identificados na região do baixo amazonas, com quantidade e valor pago à produção local, de acordo com a amostragem realizada em campo (Idesp). ................................................................................................................................. 233

TABELA 11. Valor agregado bruto (R$) na esfera local, estadual e nacional dos produtos florestais não-madeireiros identificados em seis municípios da região do Baixo Amazonas, em 2009, organizados em cinco categorias (alimentícias, derivado animal, fitoterápicos/cosméticos, artesanato e derivado da madeira). ................................................ 279

TABELA 12. Variáveis econômicas dos produtos florestais não-madeireiros identificados em seis municípios da região do Baixo Amazonas, compostas pelo valor pago ao produtor (amostra), valor bruto da produção alfa local (VBPα), a diferença (%) da amostra para o

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estimado, a margem de lucro (mark-up), o valor bruto da produção (VBP), o valor agregado bruto e a renda bruta total (R$) nas esferas local, estadual e nacional, em 2009. ................ 282

TABELA 13. Variáveis econômicas dos produtos florestais não-madeireiros identificados na região do Tocantins (2008) e do Baixo Amazonas (2009), compostas pelo valor bruto da produção alfa local (VBPα), o valor bruto da produção (VBP), o valor agregado bruto e a renda bruta total (rbt) gerada e circulada, em R$ correntes. ................................................... 298

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS............................................................................................................ 01

LISTA DE TABELAS............................................................................................................ 14

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 19

2 OBJETIVOS ........................................................................................................................................ 21

2.1. GERAL ....................................................................................................................................................... 21

2.2. ESPECÍFICOS................................................................................................................................................ 21

3 METODOLOGIA ............................................................................................................................... 22

4 ATIVIDADES REALIZADAS .............................................................................................................. 30

5 RESULTADOS .................................................................................................................................... 33

5.1. REGIÃO DE INTEGRAÇÃO TOCANTINS ................................................................................................................ 33

5.1.1. CARACTERIZAÇÃO ..................................................................................................................................... 33

5.1.2. ANÁLISES DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO DOS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO-MADEIREIROS IDENTIFICADOS NA REGIÃO

DE INTEGRAÇÃO DO TOCANTINS ............................................................................................................................. 34

5.1.2.1 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO AÇAÍ ....................................................................................................... 38

5.1.2.2 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO CACAU .................................................................................................... 56

5.1.2.3 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO PALMITO .................................................................................................. 67

5.1.2.4 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DE CARVÃO ................................................................................................... 76

5.1.2.5 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO CUPUAÇU ................................................................................................. 84

5.1.2.6 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DA CASTANHA DO BRASIL ................................................................................. 94

5.1.2.7 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO BURITI .................................................................................................... 103

5.1.2.8 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DA BACABA .................................................................................................. 109

5.1.2.9 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO MEL ....................................................................................................... 118

5.1.2.10 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO ARTESANATO DE MIRITI ........................................................................... 125

5.1.2.11 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO MURUMURU.......................................................................................... 132

5.1.2.12 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DA ANDIROBA ............................................................................................. 140

5.1.2.13 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DA COPAÍBA ............................................................................................... 147

5.1.2.14 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DOS LEITES (AMAPÁ, SUCUÚBA E JATOBÁ) ......................................................... 152

5.1.2.15 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO TAPEREBÁ ............................................................................................. 157

5.1.2.16 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO BREU BRANCO........................................................................................ 162

5.1.2.17 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DE URUCUM ............................................................................................... 167

5.1.2.18 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DE BACURI ................................................................................................. 172

5.1.2.19 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DA SEMENTE DE CUPUAÇU ............................................................................. 177

Page 23: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

17

5.1.2.20 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO CUMARÚ ............................................................................................... 182

5.1.2.21 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DAS PLANTAS MEDICINAIS (BARBATIMÃO, PAU DOCE, UNHA DE GATO E VERÔNICA) .... 187

5.1.2.22 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DE CORATÁ ................................................................................................ 192

5.1.2.23 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO INAJÁ ................................................................................................... 194

5.1.2.24 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DE UTENSÍLIOS (paneiro, tipiti e cuia) ......................................................... 197

5.1.2.25 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DE GUARUMÃ ............................................................................................. 199

5.1.2.26 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DOS CIPÓS ................................................................................................. 201

5.1.3. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO DE ARTESANATOS NA REGIÃO DO BAIXO TOCANTINS .... 203

5.1.4. ANÁLISES AGRUPADAS DE TODOS OS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO-MADEIREIROS IDENTIFICADOS NOS MUNICÍPIOS

VISITADOS DA REGIÃO DO TOCANTINS .................................................................................................................... 204

5.1.5. PROBLEMAS E POTENCIALIDADES IDENTIFICADOS NOS MUNICÍPIOS VISITADOS DA REGIÃO DO TOCANTINS................... 213

5.1.2.6. CONSIDERAÇÕES FINAIS DA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO TOCANTINS ..................................................................... 225

5.2 REGIÃO DE INTEGRAÇÃO BAIXO AMAZONAS ...................................................................................................... 230

5.2.1 CARACTERIZAÇÃO ..................................................................................................................................... 230

5.2.2 ANÁLISES DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO DOS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO-MADEIREIROS IDENTIFICADOS EM SEIS

MUNICÍPIOS DA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO DO BAIXO AMAZONAS .................................................................................. 232

5.2.2.1 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DA CASTANHA DO BRASIL ................................................................................ 234

5.2.2.2 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO CACAU .................................................................................................... 239

5.2.2.3 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO AÇAÍ ...................................................................................................... 243

5.2.2.4 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO CUPUAÇU ................................................................................................ 245

5.2.2.5 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DA BACABA .................................................................................................. 248

5.2.2.6 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO CAJUAÇU ................................................................................................. 251

5.2.2.7 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO TAPEREBÁ ................................................................................................ 253

5.2.2.8 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO MURUCI .................................................................................................. 256

5.2.2.9 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO UXI ........................................................................................................ 258

5.2.2.10 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO MEL ..................................................................................................... 260

5.2.2.11 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO BREU BRANCO ........................................................................................ 264

5.2.2.12 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DA CASCA DO IPÊ ROXO ................................................................................. 266

5.2.2.13 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DA ANDIROBA ............................................................................................. 268

5.2.2.14 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DA COPAÍBA ................................................................................................ 270

5.2.2.15 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DOS LEITES (amapá e sucuúba) ................................................................... 272

5.2.2.16 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DAS PLANTAS MEDICINAIS (assacu, barbatimão, carapanauba, mururé, pata de vaca, quinarana, sacaca, sucuúba, unha de gato e verônica) ........................................................................ 274

5.2.2.17 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DE UTENSÍLIOS ARTESANAIS ............................................................................ 276

5.2.3. ANÁLISES AGRUPADAS DE TODOS OS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO-MADEIREIROS IDENTIFICADOS NOS SEIS MUNICÍPIOS

VISITADOS DA REGIÃO DO BAIXO AMAZONAS .......................................................................................................... 278

5.3 REGIÃO DE INTEGRAÇÃO RIO CAETÉ ................................................................................................................. 283

5.3.1 CARACTERIZAÇÃO ...................................................................................................................................... 283

5.2.2 ANÁLISES DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO DOS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO-MADEIREIROS IDENTIFICADOS EM NOVE

MUNICÍPIOS DA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO DO RIO CAETÉ............................................................................................. 284

Page 24: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

18

5.4 REGIÃO DE INTEGRAÇÃO RIO CAPIM................................................................................................................. 286

5.4.1 CARACTERIZAÇÃO ...................................................................................................................................... 286

5.3.2 ANÁLISES DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO DOS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO-MADEIREIROS IDENTIFICADOS EM NOVE

MUNICÍPIOS DA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO DO RIO CAPIM ............................................................................................ 287

5.5 REGIÃO DE INTEGRAÇÃO GUAMÁ .................................................................................................................... 289

5.5.1 CARACTERIZAÇÃO ...................................................................................................................................... 289

5.5.2 ANÁLISES DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO DOS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO-MADEIREIROS IDENTIFICADOS EM DEZOITO

MUNICÍPIOS DA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO DO GUAMÁ ................................................................................................ 290

5.6 REGIÃO DE INTEGRAÇÃO TAPAJÓS ................................................................................................................... 292

5.6.1 CARACTERIZAÇÃO ...................................................................................................................................... 292

5.5.2 ANÁLISES DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO DOS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO-MADEIREIROS IDENTIFICADOS EM UM

MUNICÍPIO DA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO DO TAPAJÓS ................................................................................................ 293

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................. 296

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................. 300

Page 25: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

19

1 INTRODUÇÃO

O crescimento das atividades produtivas, econômicas e principalmente o

aumento da densidade demográfica em escala mundial, resultou em um forte avanço sobre

os recursos naturais, dentre eles as florestas primárias, culminando em altos índices de

desmatamento. Dentro deste contexto a Região Amazônica vem alcançando destaque, ao

longo dos anos, no cenário mundial explicitando a necessidade da conservação de sua

megadiversidade e, mais recentemente, pelo papel que desempenha e pelos riscos

assumidos com o quadro de mudanças globais (IPCC, 2007).

Diante da ênfase dada às questões ambientais na Região Amazônica, o Pará é um

dos estados que margeia os dois primeiros lugares no ranking do desmatamento na região,

com uma área desmatada de 281.369 km², cerca de 19,72% do seu território. Quando

relacionado com o desmatamento da Amazônia Legal, o estado contribui com 40,7% do total

da região (INPE, 2009). Em resposta a esse cenário, o governo estadual assumiu o

compromisso com um novo modelo de desenvolvimento baseado na sustentabilidade,

apresentando políticas para o desenvolvimento e valorização do extrativismo, incentivo ao

surgimento de novos empreendedores florestais e de produtos sustentáveis (IDEFLOR,

2008).

Em meados de 2008 o IDESP inicia o estudo de comercialização de PFNM em

função de uma demanda do IDEFLOR voltada para os produtos do extrativismo. O estudo

tem como base a metodologia das contas ascendentes, desenvolvida pelo grupo de pesquisa

do NAEA e, de uma dissertação de mestrado do NEAF executada em alguns municípios do

nordeste paraense, em parceria entre a Embrapa Amazônia Oriental e o NAEA, voltada para

PFNM provenientes de florestas secundárias.

Em 2009 o governo federal formaliza o Plano Nacional de Promoção das Cadeias

de Produtos da Sociobiodiversidade (PNPSB), que seleciona dez produtos chave em função

do papel na economia e do envolvimento de famílias em todo o Brasil, com ações integradas

para a promoção e fortalecimento das cadeias, iniciado em 2007 pelos Ministérios do Meio

Ambiente - MMA, do Desenvolvimento Agrário - MDA, e do Desenvolvimento Social e

Combate a Fome – MDS (PNPSB, 2009). Quatro destas cadeias prioritárias ocorrem no Pará

(açaí, castanha-do-brasil, andiroba e copaíba). De forma concomitante, em 2008, o Ideflor

Page 26: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

20

passa a ser um dos interlocutores pelo Pará junto ao PNPSB, com apoio de outros órgãos do

Estado, de organizações de produtores e extrativistas, assim como da sociedade civil.

Considerando a pressão sofrida e a importância das nossas florestas no cenário

nacional, o Estado do Pará necessita de modelos de desenvolvimento com atividades

econômicas produtivas que evitem o desmatamento. O manejo de recursos florestais, dadas

às características e potencialidades da região, se coloca como um dos principais caminhos

para se alcançar um desenvolvimento com bases sustentáveis.

Diversos estudos realizados nos últimos 10 anos (MONTEIRO, 2003; COULY,

2004; MEDINA e FERREIRA, 2004; SHANLEY & MEDINA, 2005; CASTRO, 2006; GOMES, 2007;

DÜRR & COSTA, 2008) apontam o potencial econômico dos Produtos Florestais Não-

Madeireiros, além da sua grande relevância sócio-cultural. O manejo de PFNM, conduzido de

maneira racional, além de tornar as florestas rentáveis, mantém sua estrutura e

biodiversidade praticamente inalteradas (MACHADO, 2008).

Um estudo desenvolvido por Menezes, Homma & Santana (2001), dentro de um

assentamento agroextrativista no município de Nova Ipixuna-PA, identificou que a produção

agrícola e extrativa é muito superior a que vem sendo estimada ou conhecida pelas

estatísticas oficiais de produção. Esses produtos acabam compondo a renda familiar de

forma indireta através do consumo familiar, troca e/ou até mesmo de venda esporádica.

No nordeste paraense, um estudo das cadeias de comercialização de PFNM1,

desenvolvido em três municípios, detectou a circulação aproximada de 4 milhões de reais,

para o ano de 2005, identificando a importância da vegetação secundária como reserva de

valor e como agente dinamizador da renda rural e dos setores econômicos associados como

atacadistas, varejistas e agroindústrias (GOMES, 2007).

Poucos são os estudos desenvolvidos para entender a estrutura das cadeias de

comercialização dos PFNM, as relações estabelecidas entre os agentes mercantis e sua

respectiva participação na composição do valor dos produtos, e que apontem os principais

gargalos para o desenvolvimento desta economia. Esse tipo de estudo permite entender

como o produtor participa no processo mercantil, e quais possibilidades existem para que o

mesmo atue mais eficientemente nas respectivas cadeias de comercialização. Este viés

metodológico é utilizado para formulação de estratégias de comercialização que aumentem

1 Produtos estudados: açaí, bacuri, buriti, mel, unha-de-gato, verônica, copaíba, andiroba, sucuuba, lenha,

carvão e estaca.

Page 27: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

21

o resultado econômico e a eficiência reprodutiva dos estabelecimentos familiares

(INHETVIN, 1998).

Diante do exposto, o Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos

Florestais Não-Madeireiros no Pará se propõe a identificar e caracterizar as cadeias de

comercialização de produtos florestais não madeireiros em municípios do Estado, descrever

e quantificar como se dá a participação dos diferentes setores da cadeia na economia

regional e seus transbordamentos para o Estado e fora dele, além de testar uma

metodologia de coleta de dados que viabilize informações mais precisas desses produtos,

que apresentam papel importante para a renda de milhares de famílias, que contribuem

para a manutenção da floresta em pé e que contribuem de maneira considerável para ao PIB

do Estado.

Este método se mostra rápido na coleta de dados em campo, mas requer uma

base técnica cientifica densa para as análises das matrizes, com resultados que permitem

identificar possibilidades produtivas locais e regionais, gargalos tecnológicos, necessidades

de investimentos, regularização e especialização dos agentes locais/regionais, além de

apontar novos produtos que não constam das estatísticas oficiais, ou que são subestimados.

2 OBJETIVOS

2.1. GERAL

Identificar o papel dos Produtos Florestais Não Madeireiros (PFNM) na

economia do Estado do Pará.

2.2. ESPECÍFICOS

Identificar e analisar as cadeias de comercialização de produtos florestais não

madeireiros em municípios do Estado do Pará, buscando fatores críticos de

comercialização (manejo, transporte, beneficiamento).

Quantificar a Renda Bruta (Valor Bruto da Produção - VBP) e o Valor Agregado

Bruto (VAB) gerado na comercialização dos produtos identificados.

Produzir documentos técnicos, socializar resultados e subsidiar políticas

públicas.

Page 28: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

22

3 METODOLOGIA

A metodologia utilizada neste estudo foi desenvolvida pelo Grupo de Trabalho

“Agricultura e Desenvolvimento Sustentável”, coordenado pelo professor Francisco de Assis

Costa2. Em princípio foi desenvolvida, no contexto de cooperação com o Serviço Alemão de

Cooperação Técnica e Social – DED, para descrever e analisar estruturas de comercialização

e cadeias produtivas dos principais produtos da agricultura familiar em vários municípios.

Com a contínua utilização da metodologia foi possível aprimorá-la, evoluindo as descrições e

análises que geram estruturas de dados que permitem construir Contas Sociais de base

agrária para uma região inteira (COSTA, 2002, 2006, 2008, 2009; COSTA; INHERTVIN, 2007;

DURR; COSTA, 2008; BECKER; COSTA; COSTA, 2009). Esta metodologia permite descrever

trajetórias de agregação, tanto em função de um espaço geográfico limitado (município,

região, território, etc.), quanto em decorrência das estruturas da produção: formas de

produção, tipos de atividades, níveis tecnológicos, sistemas de produção, entre outros.

As etapas adotadas desde a identificação até as analises das cadeias de

comercialização consistem em uma série de atividades descritas a seguir.

Articulação prévia feita em Belém ou na chegada a cada um dos dez municípios

visitados junto a informantes chaves da Emater, Sindicato dos Trabalhadores Rurais,

Secretaria de Agricultura, Cooperativas, Associações, Feiras, Mercados locais, entre outros,

sobre os produtos florestais não madeireiros existentes no município e os comerciantes e/ou

produtores sugeridos para serem entrevistados.

Coleta de dados junto aos agentes mercantis com aplicação de questionário

(Anexo I). Nesta etapa de campo buscam-se os principais compradores de cada produto, que

geralmente representam certos gargalos na cadeia, em seguida buscam-se os elos para trás

e para frente na cadeia, compondo uma amostragem auto-gerada (CABRAL, 2000), até

chegar à produção local de um lado e ao último que vende para o consumidor final no outro

extremo da cadeia (DÜRR; COSTA, 2008).

2 Economista, Mestre em Desenvolvimento Agrícola pelo CPDA da Universidade Federal do Rio de Janeiro,

Doutor em Economia pela Frei Universität Berlin (Alemanha). Professor e Pesquisador do Núcleo de Altos Estudos da Amazônia (NAEA) da Universidade Federal do Pará.

Page 29: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

23

A padronização dos dados coletados em cada entrevista é necessária para que as

unidades de quantidade (medida usada, se em kg, litro, feixe, entre outros) e de preço

praticado sejam uniformizados conforme cada produto.

Construção e alimentação de bancos de dados: Qualitativos (Access),

Quantitativos (Banco de dados em Access para o Programa Netz), de Imagens fotográficas e

das Localizações dos agentes entrevistados com pontos georeferenciados (Excel e software

de geoespacialização).

Análise de dados por produtos ou conjunto de produtos utilizando o Programa

Netz que gera as Matrizes Insumo-Produto, que identificam as compras e vendas dos setores

da produção primária e intermediaria (indústria, atacado e varejo) entre si, e as vendas para

a demanda final local, estadual ou nacional. Para este estudo o sistema local equivale ao

recorte dos dez municípios estudados da região de integração do Tocantins, o sistema

estadual aos demais municípios do Estado do Pará e o sistema nacional ao que está fora do

Estado do Pará (outros estados e países).

Com base nos dados analisados da amostragem realizada (preço praticado e

quantidade transacionada), determinam-se as estruturas em termos percentuais relativos da

quantidade circulante ao longo de cada uma das cadeias de comercialização, por produto.

Com isso é possível compreender os fluxos existentes das relações entre agentes/setores e

seu papel relativo ao longo da cadeia em função dos volumes transacionados.

Calcula-se a matriz contendo os preços praticados ou implícitos (em Reais por

unidade do produto) e a matriz contendo a lógica estrutural da formação de preço de cada

produto agregado ou não ao longo da cadeia, da produção até o consumo final. Na matriz de

formação de preço para todos os produtos investigados, considera-se o valor unitário R$1,00

na produção local (ou seja, o equivalente a 100% da produção) e com base na matriz de

estrutura de valor, o preço aumenta ou diminui de acordo com a lógica adotada e

identificada nos processos de intermediação do produto.

Para fazer a extrapolação da amostra coletada em campo para o universo, usou-

se a metodologia do curso de capacitação para analises das contas sociais alfa (COSTA,

2006), com indexadores que foram construídos usando-se as séries históricas municipais da

Produção Agrícola Municipal (PAM), da Produção Extrativista Municipal (PEVS) e Pesquisa

Pecuária Municipal (PPM), com os dados do Censo de 2006 do IBGE (2009). Os Indexadores

de Quantidade são os números índices do total das quantidades de cada produto v

Page 30: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

24

identificado nos municípios estudados s, para o ano a, tendo 2006 como ano base. Os

Indexadores de Preço são os números índices do preço médio de cada produto v identificado

nos municípios estudados s, para o ano a, tendo 2006 como ano base. Os indexadores de

quantidade e de preço são assim construídos:

=

e

=

Para cada um dos nove produtos identificados em campo e que possuem séries

do IBGE foram calculados indexadores específicos para: Açaí, Cacau, Palmito, Carvão,

Cupuaçu, Castanha do Brasil, Fibra de Buriti e Artesanato de miriti, Mel e Urucum. Para

quatro alimentícios foi calculado indexador usando a categoria do IBGE “Outros

Alimentícios”, no caso para Buriti Fruto, Bacaba, Taperebá e Bacuri. Para cinco oleaginosas

foi calculado indexador usando a categoria do IBGE Outras Oleaginosas, como Murumuru,

Andiroba, Copaíba, Inajá e Cumarú. E para o Breu Branco usou-se o indexador Borracha.

Para quatorze produtos identificados em campo, porém que não são levantados

pelo IBGE (Cipós, Leite do Amapá, Leite de Sucuuba, Leite de Jatobá, Barbatimão, Pau Doce,

Unha de Gato, Verônica, Guarumã, Semente de cupuaçu, Coratá, Cuia, Tipiti e Paneiro), foi

utilizado indexador “geral” pela evolução do conjunto de produtos identificados nos

municípios estudados.

A matriz permite calcular o Valor Bruto da Produção (VBP), o Valor

Transacionado Bruto (VTB), o Valor Transacionado Efetivo (VTE), a margem bruta de

comercialização (mark-up, que é a relação entre o VTB e o valor dos insumos), o grau de

monopsônio e grau de monopólio para cada produto investigado. Ou seja, podem ser feitas

as analises do papel de cada produto não-madeireiro na economia local, estadual e fora do

estado.

Para a classificação dos agentes das cadeias de comercialização são utilizadas

categorias com denominações estabelecidas por Costa (2002) e Dürr (2004).

Page 31: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

25

Produção local: produção primária do município ou da região;

Varejo rural local: todos pequenos comerciantes do interior do município que

compram dos produtores, comumente denominados atravessadores rurais;

Indústria de beneficiamento local: unidades de beneficiamento da produção;

Indústria de transformação local: unidades de transformação da produção;

Atacado local: grandes compradores (atacadistas, representantes de empresas)

que normalmente compram do varejo e vendem para o varejo;

Varejo urbano local: todos pequenos comerciantes na cidade (varejistas,

feirantes, feirantes, vendedores ambulantes);

Indústria de beneficiamento estadual: unidades de beneficiamento da produção

estadual;

Indústria de transformação estadual: unidades de transformação da produção

estadual;

Atacado estadual: empresas compradoras da produção do Estado;

Varejo urbano estadual: comércios no estado que vendem para consumidor

estadual;

Indústria de beneficiamento nacional: unidades de beneficiamento da produção

nacional;

Indústria de transformação nacional: unidades de transformação da produção

nacional;

Atacado nacional: empresas compradoras do nível nacional;

Varejo urbano nacional: comércios nacionais que vendem para consumidor

nacional;

Tradicionalmente as Matrizes de Insumo-Produto podem ser lidas e

compreendidas da seguinte maneira em uma tabela: as linhas mostram as informações dos

setores que vendem e as colunas representam os setores que compram. No entanto, como

forma de melhor visualizar cada matriz, a equipe do Idesp envolvida no estudo desenvolveu

um modelo visual de apresentar os mesmos dados, com os fluxos de compra e venda e os

setores responsáveis por cada elo da cadeia. Trata-se da disposição visual dos diversos

agentes mercantis ou setores representados por pequenas caixas retangulares (Produção,

Varejo, Indústria de Beneficiamento, de Transformação, Atacado, Consumidor, etc.) e

Page 32: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

26

espacialmente distribuídos na economia local, estadual ou fora do estado (nacional e

internacional), representados por retângulos maiores em três cores distintas. Foram

adotadas setas em diferentes formatos para a representação dos canais ou fluxos de

comercialização, que iniciam na produção local e finalizam nos consumidores finais.

Para este estudo dos produtos não-madeireiros cada uma das categorias de

agentes mercantis está descrita em função do tipo de produto estudado.

No caso deste estudo em particular, a metodologia foi adequada para a

contabilidade social ascendente que engloba além da produção rural extrativa, as atividades

na indústria e nos serviços urbanos que atuam diretamente nos setores com foco nos

produtos florestais não-madeireiros. Trata-se de um modelo de calculo de renda e do

produto social do extrativismo que permite mensurar variáveis como o Valor Bruto da

Produção do Extrativismo (VBPα), o Valor Agregado Bruto do Extrativismo (VABα) e o Produto

Regional Bruto do Extrativismo (PRBα). De acordo com Considera et al. (1997) o Produto

Regional Bruto (PRB) seria o equivalente regional ao Produto Interno Bruto (PIB) deste setor.

A metodologia produz as matrizes com base nas amostras realizadas em campo

associando as relações intersetoriais, que podem ser expandidas para o universo, com base

em indexadores construídos e atualizados usando os dados do IBGE tanto do Censo

Agropecuário 2006, quanto das séries históricas de cada produto do extrativismo

identificado na Produção Extrativa Vegetal e Silvicultura (PEVS) e, de acordo com o produto,

da Produção Agrícola Municipal (PAM). Tais séries históricas apontam as flutuações ao longo

dos tempos do comportamento de cada produto. Portanto, as analises das cadeias podem

ser feitas com agregações por delimitações geográficas (por município, por região, por

estado), por produtos e por atributos dos diversos setores envolvidos nas cadeias.

De acordo com Costa (2002, 2006 e 2008) o modelo das Contas Sociais

Ascendentes Alfa (CSα), que se baseia nos esquemas da Matriz Insumo-Produto de Leontief

(1983), permite fazer a contabilidade social de uma economia de k produtos e m agentes ou

setores em uma dada unidade geográfica ou político-administrativa. Permitindo quantificar

as formações da renda bruta global (Y) de todos os produtos, ou desagregá-los por produto,

porém identificando as agregações em cada elo da cadeia de comercialização, apontando a

formação da oferta e a geração de renda associada a cada um dos k produtos.

Para a estruturação das contas o modelo opera a partir das inter-relações entre

cinco tipos de matrizes.

Page 33: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

27

1) A matriz das relações intermediárias ou de demanda endógena do sistema

produtivo e/ou extrativo neste caso (Xij).

2) Um vetor-coluna de demanda final ou autônoma (DFi).

3) Um vetor-coluna de Valor Bruto da Produção (Xi)

4) Um vetor-linha do Valor Adicionado (VAj).

5) Um vetor-linha de Renda Bruta (Yj), tal que i = j, representando o número de

setores do sistema produtivo.

No modelo de insumo-produto cada Xij é resultado do produto entre a

quantidade q transacionada entre o agente ou setor i com o agente ou setor j, pelo preço p

praticado na intermediação entre tais agentes, ou seja

(1)

Além disso, ao final cada linha i registra os valores das vendas do agente i para

todos os outros agentes produtivos e para os consumidores finais (DFi = Demanda Final);

cada coluna j registra as compras do setor ou agente j, sendo seu somatório o valor dos

insumos por eles requeridos. Desta forma, é possível calcular os demais elementos do

modelo, pois

(2)

Então,

(3)

(4)

(5)

Page 34: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

28

(6)

Tal que X = Y, sendo X representado pelo Valor Bruto da Produção Total e Y pela

Renda Bruta Total.

O modelo para n agentes em uma economia pode ser igualmente aplicado para

agregados desses agentes por atributos geográficos (regiões) ou estruturais (setores,

arranjos). Existe também a possibilidade de desagregação tanto da Demanda Final (local,

regional e nacional, por exemplo), quanto do Valor Agregado (salários, lucros e renda)

(LEONTIEF, 1983; ISARD, 1960; GUILHOTO et al., 1997; CROCOMO; GUILHOTO, 1998;

HADDAD, 1989).

Neste estudo os setores alfa são identificados em função de cada produto

identificado, tais como os produtores de açaí, ou os apicultores para o mel, ou os produtores

de carvão, ou, se for conveniente, é possível agregá-los em categorias mais amplas como

produtores de plantas medicinais, ou oleaginosas, etc.

Computacionalmente, para cada produto são estabelecidas condições de

equilíbrio, de modo que as quantidades ofertadas e demandas se igualam, em função disso

deve-se checar tal fato no momento das entrevistas junto aos agentes mercantis.

As contas sociais CSα constituem em algoritmo computacional para obtenção dos

valores Xij do modelo de insumo-produto. No sistema de Leontief obtém-se a contabilidade

social de uma determinada economia de k produtos, cujos fluxos são executados por n

agentes, agrupados em m+1 posições no sistema produtivo e de distribuição, em que a

m+1ésima posição é a Demanda Final, a equação

(7)

em que v é o produto, j o setor que o compra e i o setor que o vende.

Considerando os g atributos geográficos e e atributos estruturais, essa equação

(7) seria então o resultado da agregação de um número g.e de sub-matrizes, cada uma delas

composta por

Page 35: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

29

(8)

em que r seria o atributo estrutural (produtor, empresa, cooperativa como

equivalentes ao setor rural) e s o atributo geográfico.

Os elementos das matrizes de totalização para os atributos geográficos seriam

(9)

e, para os atributos estruturais, seriam

(10

)

culminando com uma matriz totalizadora do conjunto, cujos elementos seriam

(11

)

Estas são as equações básicas do modelo empírico CSα. A partir delas, as

grandezas descritas nas equações (9) a (11) podem ser encontradas para cada totalização

parcial por atributos e para o total dos atributos.

Para o levantamento dos dez municípios foram aplicados 497 questionários junto

aos agentes mercantis envolvidos direta ou indiretamente com a comercialização de PFNM.

Com isso, foi possível compor uma base de dados qualitativos disponíveis na plataforma do

Microsoft Office no aplicativo Access 2007, e outra base de dados quantitativos no sistema

Netz3, com circuitos (referente aos produtos) e lançamentos (referente às transações

comerciais realizadas pelos agentes por produtos). Ainda durante a aplicação dos

questionários, foi possível georeferenciar cada agente entrevistado, utilizando o sistema de

posicionamento global (GPS), compondo uma terceira base de dados com as coordenadas

geográficas, que podem ser acrescidas com informações de cada ponto e,

3 Software desenvolvido por Francisco de Assis Costa – NAEA/UFPA.

Page 36: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

30

conseqüentemente, será possível espacializar alguns dados, resultando numa melhor

visualização dos resultados na região do estudo.

O estudo também possui um acervo fotográfico com imagens de produtos,

transações comerciais, diversos agentes mercantis, localidades, entre outras, tiradas durante

a pesquisa nos municípios. Além de uma base de dados descritivos das espécies florestais

identificadas no decorrer do estudo, no aplicativo Access 2007, com 37 introduções,

contemplando nome cientifico, família e nome vulgar da espécie, utilidades e partes

utilizadas da planta, fonte bibliográfica, ilustração da espécie e, algumas observações como

ocorrência, período de floração ou frutificação dependendo da parte utilizada.

As características dos agentes mercantis encontrados em cada cadeia de

comercialização são descritas. São elaborados os fluxos da comercialização para cada

produto estudado e organizados para três dimensões geográficas (Local = com recorte

equivalente aos dez municípios da região do Tocantins; Estadual= demais municípios e

regiões do Estado do Pará e; Fora do Estado = tudo que sai do Pará e é comercializado em

outros estados ou países). São quantificados o volume que cada agente ou setor movimenta

na cadeia e o preço médio praticado pelos setores. Para calcular o valor bruto da produção e

valor agregado bruto, o tratamento dos dados foi realizado com auxílio do sistema NETZ que

gera várias matrizes de produtos baseada na matriz de Leontief, quantificando os volumes

brutos dos produtos.

4 ATIVIDADES REALIZADAS

Durante este período de 20 meses de atuação do projeto (Jul/08 a Fev/10), foi

possível percorrer seis regiões de integração do Estado (Figura 1), comprovando as

especificidades de cada região e a diversidade do nosso Estado.

Page 37: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

31

Figura 1 - Regiões de integração onde já ocorreu coleta de dados sobre as cadeias de comercialização dos produtos florestais não-madeireiros, conforme destaque em vermelho. Fonte: SEIR, 2008. Adaptado por Idesp,2009

Foi possível realizar o levantamento em 48 municípios do Estado, distribuídos

nas respectivas regiões percorridas, conforme tabela abaixo (Tabela 01).

TABELA 1 -Número de municípios estudados, por região de Integração.

Região de Integração Nº de

municípios Total de municípios

levantados

Tocantins 11 10

Guamá 18 18

Rio Caeté 15 10

Rio Capim 16 3

Baixo Amazonas 12 6

Tapajós 6 1

TOTAL 48

Para o levantamento dos 48 municípios foram aplicados, aproximadamente,

1.000 (mil) questionários junto aos agentes mercantis envolvidos direta ou indiretamente

Page 38: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

32

com a comercialização de PFNM. Com isso, foi possível compor uma base de dados

qualitativos disponíveis na plataforma do Microsoft Office no aplicativo Access 2007, e outra

base de dados quantitativos no sistema Netz, que atualmente está com 1387 circuitos

(referentes aos produtos) e mais de 2818 lançamentos (referentes às transações comerciais

realizadas pelos agentes, por produtos). Ainda durante a aplicação dos questionários, foi

possível georeferenciar cada agente entrevistado, utilizando o sistema de posicionamento

global (GPS), compondo uma terceira base de dados com as coordenadas geográficas, que

futuramente serão acrescidas com informações de cada ponto e, conseqüentemente, será

possível espacializar alguns dados, resultando numa melhor visibilidade dos resultados do

estudo.

O estudo também possui um acervo fotográfico com imagens de produtos,

transações comerciais, diversos agentes mercantis, localidades, entre outras, registradas

durante a pesquisa nos 48 municípios. Também em construção uma base de dados

descritivos das espécies florestais identificadas no decorrer do estudo, no aplicativo Access

2007, com 36 entradas, contemplando nome cientifico e vulgar da espécie, locais de

ocorrência, abrangência, utilidades e partes utilizadas da planta, todas com base em

publicações cientificas e/ou herbários visitados da Embrapa Amazônia Oriental e do Museu

Paraense Emílio Goeldi.

Até a presente data foram realizadas 08 viagens para coleta de dados,

totalizando 103 dias em campo.

Page 39: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

33

5 RESULTADOS

5.1. REGIÃO DE INTEGRAÇÃO TOCANTINS

5.1.1. CARACTERIZAÇÃO

A Região de Integração Tocantins abriga um total de 11 municípios (Figura 02),

com uma população de aproximadamente 655.955 hab. A região abriga o porto de Vila do

Conde, o maior do estado. Suas principais cargas são minérios (bauxita), alumínio, óleos

combustíveis e madeira (SEIR,2007). No ano de 2009, até o mês de novembro, o porto teve

uma participação de 80,11% na movimentação de cargas do Estado (CDP, 2010).

Em 2007 o Produto Interno Bruto – PIB da Região do Tocantins somou R$

5.408.071,00mil, ocupando a terceira colocação e participando com um percentual

representativo no estado no valor de 10%, que se deve ao pólo mineral e portuário do

município de Barcarena. As participações dos setores econômicos corresponderam a: 8%

Agropecuário, 50% Indústria e 42% Serviços. Dentro da composição do setor agropecuário a

participação dos produtos de origem extrativista corresponde a 12,7 % (IDESP,2009).

Figura 2 - Municípios pertencentes à região de integração Tocantins

Fonte: SEIR, 2007.

Page 40: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

34

Apesar das grandes mudanças econômicas que alguns municípios da região

sofreram nos últimos anos, em Barcarena, por exemplo, foi instalado o complexo

Albrás/Alunorte, na sua estrutura econômica ainda sobrevive uma cultura tradicional

ribeirinha. É uma região de colonização antiga com forte identidade cultural. Existe na região

extensa área de várzeas propícias à produção do açaí. Em termos de potencialidades

econômicas para a região destaca-se: o extrativismo da madeira; o setor da indústria

moveleira; o setor oleiro-cerâmico; o beneficiamento de fibras vegetais (côco); a fruticultura

do açaí; a cultura da mandioca; e outras culturas permanentes como o dendê, a pimenta-do-

reino e o côco; e o artesanato (SEIR,2007).

a) Características Gerais:

• População Absoluta (IDESP, 2009): 655.955hab.

• Densidade Demográfica (IDESP, 2009): 18,29 hab/km²

• Produto Interno Bruto - PIB 2007 (IDESP, 2009): R$ 5.408.071,00mil

• Índice de Desenvolvimento Humano – IDH (2000): 0,68

• PIB 2007 Per capita (IDESP, 2009): R$ 8.245,00

• Valor Adicionado – Setor Agropecuário (IDESP, 2009): 8 %

• Valor Adicionado – Setor Industrial (IDESP, 2009): 50 %

• Valor Adicionado – Setor Serviços (IDESP, 2009): 42 %

5.1.2. ANÁLISES DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO DOS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO-MADEIREIROS

IDENTIFICADOS NA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO DO TOCANTINS

Dos municípios pertencentes à região, dez foram estudados, a saber:

Abaetetuba, Acará, Baião, Barcarena, Cametá, Igarapé Miri, Limoeiro do Ajuru, Mocajuba,

Moju e Oeiras do Pará. Foram aplicados 397 questionários junto aos agentes mercantis, com

pontos georeferenciados (Figura 3 e 4). Houve necessidade de fechamento de algumas

cadeias em municípios fora da região tocantina, como foram os casos de Castanhal e Belém,

principalmente.

Page 41: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

35

Figura 3 - Delimitação do município de Cametá (linha vermelha) e a localização de pontos georeferenciados dos agentes mercantis entrevistados em diversas regiões do município (pontos numerados).

Figura 4 - Pontos georeferenciados dos agentes mercantis entrevistados na área urbana de Cametá (pontos numerados).

Foram mais de 30 produtos encontrados na amostragem de campo, nos dez

municípios, classificados em Alimentícios (açaí, cacau, cupuaçu, castanha-do-pará, buriti,

Page 42: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

36

bacaba, taperebá, bacuri, urucum e palmito); Derivado Animal (mel de abelha com e sem

ferrão); Fármacos e Cosméticos (andiroba, copaíba, murumuru, barbatimão, verônica, unha

de gato, leite de amapá, leite de sucuúba, pau doce); Derivados da madeira (carvão, resina

de breu); Artesanatos e Utensílios (principalmente brinquedos de miriti - Abaetetuba,

objetos artesanais e utensílios feitos com sementes, frutos, cascas, fibras, talas, e diversos

outros materiais). No caso de artesanato uma única empresa localizada em Cametá

comercializa cerca de uma centena de diferentes produtos vindos da floresta, que passam

por simples etapas de preparo como lavagem, limpeza e secagem, e são exportadas para a

Europa.

Com base na comercialização dos mais de 30 produtos identificados em nossa

amostragem, as produções vendidas e os valores pagos aos produtores da região foram

organizados em ordem decrescente em função do percentual de valor (Tabela 2).

Page 43: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

37

TABELA 2 Produtos florestais não-madeireiros identificados na região do Tocantins, com quantidade e valor pago à produção local, de acordo com a amostragem realizada em campo (Idesp).

Produto Quantidade ValorR$ %Valor

Açaí (kg) 59.116.449,00 44.609.624,65 83,0767%

Cacau (kg) 1.246.845,00 5.682.930,21 10,5833%

Palmito (kg) 834.655,72 1.406.997,35 2,6203%

Castanha do brasil (kg) 680.450,00 734.695,00 1,3682%

Cupuacu (kg) 134.156,01 447.413,71 0,8332%

Carvao (Sc) 91.086,57 349.636,99 0,6511%

Buriti (kg) 173.586,00 178.056,96 0,3316%

Bacaba (kg) 93.438,00 71.107,52 0,1324%

Mel (litro) 3.948,80 53.430,00 0,0995%

Coratá (Un) 62.000,00 31.000,00 0,0577%

Tipiti (Un) 6.436,00 21.020,08 0,0391%

Paneiro (Un) 9.132,00 18.361,60 0,0342%

Paneiro decorativo(Un) 1.500,00 18.361,60 0,0342%

Bacuri (kg) 1.422,00 14.646,00 0,0273%

Murumuru (kg) 9.640,00 11.280,00 0,0210%

Artesanato miriti (Un) 26.500,00 10.107,50 0,0188%

Andiroba (litro) 1.111,00 8.159,00 0,0152%

Copaiba (litro) 253,00 6.250,00 0,0116%

Inajá (kg) 5.200,00 5.040,00 0,0094%

BreuBranco (kg) 1.725,00 4.112,50 0,0077%

Cipós (Rolo) 2.155,00 4.052,50 0,0075%

Leites* 475,50 3.121,50 0,0058%

Cuia (Un) 3.168,00 3.119,04 0,0058%

Tapereba (kg) 2.100,00 2.400,00 0,0045%

Urucum (litro) 470,00 965,00 0,0018%

Plantas Medicinais ** 200,00 600,00 0,0011%

Semente de cupuaçu (kg) 300,00 360,00 0,0007%

Cumarú (kg) 20,00 60,00 0,0001%

Guarumã (Braça) 100,00 12,00 0,00002%

Total 62.508.522,60 53.696.920,70 100% Fonte: IDESP, 2009. Nota: *(amapá, sucuúba e jatobá) e **(barbatimão, pau doce, unha de gato e verônica)

As análises dos principais produtos estão descritas individualmente e, para

alguns produtos, as análises foram agrupadas por categorias, como no caso das plantas

medicinais e de leites. A seguir as principais cadeias de comercialização identificadas nos dez

municípios da região do Baixo Tocantins.

Page 44: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

38

5.1.2.1 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO AÇAÍ

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do açaí

O açaí é o principal produto comercializado na região do Tocantins, tanto em

volume quanto em moeda circulante. Sua produção provém tanto de açaizais nativos quanto

de áreas de manejo ou plantados. A seguir a descrição dos agentes mercantis identificados

na cadeia de comercialização do açaí (Figura 5) considerando a abrangência para o nível

local (os dez municípios), estadual (fora da região do Tocantins) e nacional (outros estados

do Brasil e outros países)

Produção Local: produção primária da agropecuária e extrativista dos dez

municípios da região do Tocantins;

Varejo Rural Local: todos pequenos comerciantes do interior do município que

compram o açaí in natura dos produtores, comumente denominados atravessadores;

Indústria de Beneficiamento Local: empresa que realiza o processamento do

açaí in natura. Existem dois tipos de estrutura de empresa beneficiadora, a composta por

pequenos comerciantes que possuem máquinas despolpadeiras, chamadas de “batedores

de açaí” no qual vendem diretamente a polpa do açaí para os consumidores locais. A

segunda categoria composta por um número reduzido de agroindústrias que realizam a

primeira agregação de valor do açaí in natura, ou seja, a produção de polpa de açaí

pasteurizada e/ou congelada;

Atacado Local: comerciantes (atacadistas ou representantes de empresas) que

compram o fruto in natura em grandes quantidades do varejo rural (e/ou do produtor) e

vendem para agroindústrias estaduais;

Indústria de Beneficiamento Estadual: unidades de beneficiamento da produção

localizadas no Pará, fora da região Tocantina, que apenas beneficia o açaí em polpa

pasteurizada e/ou congelada;

Indústria de Transformação Estadual: unidades de transformação da produção

estadual. São processadoras e beneficiadoras de polpa de açaí e também de geléias,

compotas, outros produtos e, em pequena escala, os blends (açaí misturado com outras

frutas, guaraná, etc.) e para empresa de cosméticos;

Page 45: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

39

Atacado Estadual: empresas (atacadistas, representantes de empresas)

compradoras da produção do Estado diretamente dos produtores regionais;

Varejo Urbano Estadual: são comerciantes varejistas que realizam a venda da

polpa de açaí para consumidor estadual;

Indústria de Beneficiamento Nacional: unidades de beneficiamento situadas

fora do Estado que apenas beneficiam o açaí em polpa pasteurizada e/ou congelada;

Indústria de Transformação Nacional: unidades de beneficiamento situadas fora

do Estado que beneficiam o açaí em blends (lanchonetes, sorveterias, restaurantes entre

outros);

Atacado Nacional: empresas (atacadistas, representantes de empresas)

compradoras no âmbito nacional; e

Varejo Urbano Nacional: comércios varejistas situados fora do Estado que

vendem para o consumidor nacional.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do açaí

A cadeia de comercialização do açaí possui a mais complexa estrutura dentre

todas as identificadas no estudo. Nos dez municípios foram entrevistados 285 agentes

mercantis que atuam, em média, há 11 anos no ramo (variação de 1 a 40 anos). Que

trabalham somente com açaí são 84% e os demais trabalham com outros produtos

(artesanato, bacaba, patauá, andiroba, murumuru, cupuaçu, buriti, cacau, carvão, cipó,

palmito, mel e taperebá). Na descrição da capacidade instalada dos agentes mercantis

entrevistados da região identificou-se que 28% possuem local para armazenagem com

capacidade média de 16m2 (variação de 4 a 144 m2); 37% possuem transporte (87 barcos

com capacidade de 0,5 a 15 toneladas, 5 canoas, 1 caminhonete, 11 motos e 17 bicicletas).

Em relação aos equipamentos 61% possuem (175 despolpadeiras, 71 freezers, 12 filtros, 11

geladeiras, 3 câmaras frias, 2 pasteurizadores, 2 seladores, 2 envasadoras, 1 container, 1

caldeira e 1 balança), 38% não possuem equipamentos e 3% não informaram. A mão de

obra predomina a familiar em 47% dos entrevistados, com equipe até 5 pessoas; dos demais

agentes mercantis 6% pagam diária para 5 pessoas em média, no valor de R$10,00 a

R$30,00; 2% pagam semanalmente para 1 a 3 pessoas, valores entre R$20,00 a R$120,00;

Page 46: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

40

3% pagam em média 6 pessoas por rasa colocada no barco ou caminhão o valor de R$0,30; e

o restante não informou. Em relação ao período de trabalho 70% trabalham o ano todo,

12% somente na safra, e os demais não informaram. Os problemas identificados foram baixa

capacidade de armazenagem e de transporte, falta capital de giro, falta de investimentos

para melhorar a produção e aquisição de equipamentos e falta treinamento para os

batedores de açaí sobre manipulação adequada.

A Figura 5 permite visualizar as proporções da quantidade produzida do açaí que

transitam entre os diferentes setores. Constituindo assim, os canais de distribuição (ou

canais de comercialização) do fruto nos dez municípios estudados. A cadeia de

comercialização do açaí identificada pela pesquisa é complexa e constituída por vários níveis

de intermediários. Conforme Santana (2005) cada conjunto de intermediários que

desempenham algum tipo de atividade relacionada ao escoamento da produção do

produtor até o consumo final é um nível do canal de distribuição.

O principal nível de canal de comercialização do açaí (Figuras 5 e 6) identificado

com as maiores quantidades é a compra do varejo rural de 77% do total da produção local

identificada, que vendem cerca de 60% para o setor da indústria de beneficiamento no

mercado estadual, que são empresas localizadas nos municípios de Castanhal (5 empresas),

Tomé Açu (1) , Santa Bárbara (1), Marituba (1), Benevides (1) e Belém (1) no Estado do Pará,

que vendem na forma de polpa congelada o equivalente a 53% da quantidade para o varejo

urbano nacional, que são lojas especializadas e/ou redes de supermercados que vendem

54% da quantidade produzida na forma de polpa congelada para o consumidor nacional. As

empresas demandantes de açaí produzido nos dez municípios estudados se comportam num

ambiente oligopolista, ou seja, setor caracterizado com pequeno número de empresas

atuando no mercado de compra de insumo (no caso o açaí in natura).

Outro nível de canal importante é composto pela indústria de beneficiamento

local que apresenta duas peculiaridades, i) volume destinado para o beneficiamento em

pequena escala (batedores de açaí) para atender o consumidor local com 24% da produção

identificada e; ii) destinado para a exportação de polpas (as agroindústrias) no âmbito da

indústria de transformação estadual e nacional (fora do estado) comercializando somente

0,2% da produção identificada (Figura 5). Destaca-se a venda direta do produtor de açaí

para o consumidor local comercializando 3% da produção identificada.

Page 47: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

41

Na cadeia do açaí foi identificada a presença da Companhia Nacional de

Abastecimento - CONAB4, que atua no Programa de Aquisição de Alimentos, do Ministério

do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), sendo o intermediador responsável

pelo abastecimento da merenda escolar e entidades sociais no município de Abaetetuba. Foi

classificada como atacadista estadual que comercializou 52 toneladas de açaí para o

consumidor estadual, representando 0,04% do volume da produção identificada.

Figura 5. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização do açaí identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual e Nacional.

4 A CONAB é a empresa oficial do Governo Federal, encarregada de gerir as políticas agrícolas e de

abastecimento, promovendo por meio seguro a comercialização eletrônica de produtos e serviços relacionados às atividades finalísticas e de produtos e insumos para terceiros e, também, presta serviço de armazenagem e de classificação de produtos agrícolas. Atua em todo o território nacional por meio de suas superintendências regionais localizadas nos estados. Disponível em: <www.conab.gov.br/conabweb/> Acesso em: 15 dez. 2009.

Page 48: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

42

Figura 6. Principal fluxo de comercialização do açaí, da produção local (dez municípios da região do Tocantins), passando pelo varejo rural, pelo setor da indústria de beneficiamento em outras regiões do Pará, pelo varejo urbano nacional até chegar aos consumidores finais.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia do

açaí (2008)

Os preços médios do açaí praticados entre os diferentes agentes da cadeia de

comercialização são determinados pela oferta e qualidade do fruto transacionado, conforme

matriz (Figura 7) que contém os preços do kg do açaí fruto praticado pelos setores que

vendem (nas linhas) para os setores que compram (nas colunas). A variação do preço

implícito do açaí fruto praticado pela produção local varia de R$0,48/Kg na venda para o

atacadista local até R$1,49 para os beneficiadores locais. Enquanto que os preços de venda

praticados pelo varejo rural são diversos, destacando: R$1,40/kg para as indústrias de

beneficiamento local, R$0,63/kg para as indústrias de beneficiamento estadual e

R$1,21/kg para os atacadistas estaduais e nacionais que são estabelecidos por meio de

contratos.

Os batedores de açaí locais (ou seja, indústria de beneficiamento de pequena

escala), em sua maioria, praticam preços de venda para o consumidor final local conforme o

rendimento do fruto e a época do ano (safra e entressafra do açaí), em média a R$2,36/kg

(Figura 6). Por outro lado, os preços praticados pelas agroindústrias locais (indústrias de

Page 49: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

43

beneficiamento de maior escala) são determinados pelos contratos de venda. Assim, os

preços implícitos de venda são diversos em diferentes âmbitos como R$1,00/kg para a

indústria de beneficiamento e de transformação estadual; R$3,73/kg para o atacado

estadual e, para a indústria de transformação e varejo urbano nacional foram R$2,63/kg e

R$2,58/kg, respectivamente.

Pode parecer estranho o preço de R$1,00/kg praticado na venda da indústria de

transformação estadual para o consumidor nacional. No entanto, a explicação é que esta

indústria de transformação estadual ainda não foi entrevistada, portanto o preço de venda

real praticado não foi identificado (Figura 6). Desta forma, a metodologia adota o valor de

repasse, ou seja, o mesmo preço praticado na compra. Neste caso, trata-se de uma empresa

de cosmético instalada no Pará, fora da região do Tocantins.

O preço médio adotado pela venda da produção direta a R$0,71/kg para a

indústria de beneficiamento nacional pode ser explicado pela transação de empresas de

beneficiamento do Maranhão, estado vizinho, que compram diretamente o fruto da

produção local tocantina e vendem ao consumidor nacional (maranhense, no caso) ao

preço médio de R$1,44/kg (Figura 7). Outra transação importante é a vinda de

atravessadores do estado do Amapá (atacadista nacional) que compram ao preço médio de

R$1,21/kg de atravessadores locais (varejo rural local), quantidades significativas de açaí

fruto (1.343 ton/ano), levadas por grandes embarcações, que utilizam processo rústico de

armazenagem e refrigeração (cobrem as rasas com lonas e colocam gelo na superfície). Estes

atravessadores vendem, em média, a R$1,45/Kg para batedores do Amapá (indústria de

beneficiamento nacional) que abastecem o consumo do Amapá ao preço médio de

R$1,44/kg (preço de repasse).

Page 50: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

44

Figura 7. Preço médio de açaí (R$ correntes/kg de fruto in natura) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.

d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização do açaí

A partir dos preços implícitos coletados em campo, mais a estrutura de

quantidade comercializada do produto, é possível visualizar a estrutura da cadeia contendo

a formação do preço do açaí, identificando quais setores que incrementam ou reduzem o

preço equivalente desde a primeira transação até o consumidor final. Considera-se R$1,00 o

preço equivalente praticado para a venda da produção local (ou valor equivalente a 100%) e,

em cada transação, os preços são formados em função da lógica transacionada na cadeia de

comercialização do açaí, para mais ou para menos.

No principal nível de canal de comercialização do açaí (Figura 8) identificado pela

compra do varejo rural local na ordem de 0,78 vezes do total do valor médio praticado na

produção local (valor de referencia 1,00), que vende a 0,83 vezes para o setor da indústria

de beneficiamento estadual, que por sua vez revende a 6,63 vezes mais para o varejo

urbano nacional, e este alcança preço 8,93 vezes maior que o praticado na produção local

para o consumidor nacional. O nível de canal composto pela indústria de beneficiamento

local que compra direto da produção local a 1,98 vezes maior e do varejo rural a 1,85 vezes;

vende a preço 1,33 vezes para o setor da indústria de transformação estadual, a 3,42 vezes

para a indústria de transformação nacional, a 4,94 vezes para o atacado estadual e, para o

Page 51: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

45

consumidor local pratica o preço de 3,13 vezes mais que o preço praticado na produção

local. Quando a produção local vende direto para o consumidor local pratica o valor

equivalente a 1,64 vezes maior.

O preço praticado pelo setor do varejo rural local com a indústria de

beneficiamento local é equivalente a 1,85 vezes maior que o preço médio recebido pelos

produtores, com o atacado local é 0,69 vezes menor, com as agroindústrias estaduais é 0,83

vezes menor, com os atacadistas estaduais e nacionais é 1,6 vezes maior para cada um dos

setores (Figura 8). Neste setor do varejo rural encontram-se os agentes comercializando o

fruto somente na forma in natura.

Observa-se por outro lado o comportamento da formação de preço do açaí já

beneficiado em forma de polpa. O preço praticado pela agroindústria local (ou seja,

indústria de beneficiamento local) com as indústrias de transformação nacional é

equivalente a 3,42 vezes o preço médio recebido pelos produtores, com a indústria de

transformação estadual equivale a 1,33 vezes e com o atacado estadual atinge preços 4,94

vezes maior (Figura 8). Tanto o varejo urbano estadual quanto o nacional praticam preços

de venda quase 9 vezes maior que o praticado na primeira etapa da cadeia.

Figura 8. Formação de preço do açaí ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada.

Page 52: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

46

e) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização do açaí

Somando todos os valores recebidos pela venda do açaí por todos os produtores

da região do Tocantins, ou seja, o valor bruto de produção local (VBPα) foi de R$152,7

milhões, do varejo rural local de R$118,5 milhões, da indústria de beneficiamento local de

R$116,3 milhões e do atacado local de R$7,6 milhões, gerando R$395 milhões nas vendas

do açaí na região do Tocantins que representa 22% do total gerado, sob a ótica da oferta

(Figura 9). Em relação aos R$671 milhões gerados na venda do açaí no Estado do Pará (37%

do total gerado) os setores que se destacaram foram o da agroindústria (indústria de

beneficiamento estadual) cujo valor transacionado bruto foi na ordem de R$609,7 milhões

e o do setor do varejo urbano estadual de R$39,3 milhões. No mercado nacional foram

gerados R$756,3 milhões na venda do açaí fora do estado, representando 41% do total

gerado, sendo que o varejo urbano nacional foi o principal setor responsável pelas vendas

com R$739,1 milhões. Portanto, a economia do açaí gerada a partir da região do Tocantins

foi responsável por cerca de R$1,8 bilhões, com um produto regional atingindo diversos

setores que dinamizam a economia regional, estadual e nacional.

Figura 9. Valor Bruto da Produção (VBP

α), em R$, gerado na comercialização do

açaí, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará.

Page 53: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

47

f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)

gerado na comercialização do açaí e a margem de comercialização de cada setor (Mark-

up)

Ao longo da cadeia de comercialização do açaí da produção local do Tocantins

até a demanda final, o valor de R$989,1 milhões foram adicionados (VAB) ao produto açaí

(Figura 10), correspondendo à margem de agregação ao produto na comercialização ou

mark-up total de 548%.

O mark-up total (no caso, de 548%) é calculado a partir do VAB total (R$989,1

milhões), menos o VBP da produção local (R$152,7 milhões), dividido pelo VBP da produção

local. Essa margem mostra, em termos relativos, o valor adicionado na cadeia toda a partir

da produção primária (Setor α).

Do total do valor adicionado dos dez municípios, o setor com maior participação

foi a indústria de beneficiamento estadual com R$514 milhões, agroindústrias localizadas

em municípios fora da região do Tocantins, que agregam ao produto uma margem de

comercialização (mark-up do setor) de 537% (Figura 11), que está relacionado,

principalmente, ao grande poder de compra deste setor que, adquire o açaí in natura do

sistema local e, vende para fora do estado um produto beneficiado (pasteurizado e

congelado), a preços mais atrativos em relação ao mercado estadual. Ou seja, o mark-up do

setor é o Valor Transacionado Efetivo (VTE), que equivale ao Valor Adicionado (R$

correntes/kg in natura) do setor, dividido pelo Valor Bruto da Produção (VBP), pela ótica da

demanda, representado em termos percentuais (%), que inclui todos os custos da

comercialização e do beneficiamento do produto analisado, que não são captados pela

pesquisa.

Em relação ao sistema local destacam-se as indústrias de beneficiamento

(formadas em sua maioria pelos batedores de açaí) e o varejo rural (os atravessadores) com

valor adicionado de R$44,4 milhões (mark-up de 62%) e R$27,3 milhões (mark-up de 30%),

respectivamente (Figuras 10 e 11). O setor da produção local transaciona o valor efetivo

referente somente ao montante das vendas de R$152,7 milhões do açaí in natura. Na esfera

nacional o setor do varejo urbano foi o que mais agregou valor no montante de R$219,9

milhões, porém com mark-up de apenas 42%. Portanto, do total do valor adicionado ou do

Page 54: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

48

valor transacionado efetivo o sistema estadual participa com mais da metade (54%),

ficando tanto o sistema local quanto o nacional com 23% de participação, respectivamente.

Figura 10. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização do açaí, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

Figura 11. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg in natura, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (mark-up) da cadeia de comercialização do açaí, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

Page 55: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

49

g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização do açaí

A Renda Bruta Total (RBT) gerada na comercialização forma-se a partir da soma

da compra dos insumos (pela ótica da demanda) com o Valor Transacionado Efetivo (VTE),

que equivale ao Valor Adicionado (R$ correntes/kg in natura). Assim, a pesquisa de campo

identificou que a renda bruta total gerada para a comercialização do açaí nos dez municípios

estudados foi de R$1,8 bilhões. O mercado nacional foi responsável por 41% dessa renda

bruta total, seguido pelo estadual com 37% e o local com 22% (Figura 12).

Na região do Tocantins o setor do varejo rural gerou a maior renda bruta na

ordem de R$118,5 milhões, pois comprou de insumos cerca de R$91,2 milhões e agregou

valor na ordem de R$27,3 milhões (Figura 12). A indústria de beneficiamento local foi

responsável pela renda bruta total de R$116,3 milhões, pois comprou de insumo o açaí fruto

in natura por R$71,9 milhões e adicionou o montante de R$44,4 milhões. O setor do

atacado local gerou renda bruta equivalente a R$7,6 milhões, sendo R$3,6 milhões em

insumos e R$4 milhões no valor adicionado.

Na esfera estadual o setor das agroindústrias (indústrias de beneficiamento)

atingiu uma renda bruta total no valor de R$609,7 milhões, dos quais R$95,7 milhões

equivalem à compra dos insumos (açaí in natura) e R$514 milhões ao valor adicionado na

comercialização do açaí em forma de polpa. O setor do varejo urbano estadual gerou renda

bruta equivalente a R$39,3 milhões, sendo R$29,3 milhões na compra de insumos (açaí in

natura) e R$10 milhões adicionados ao produto (Figura 12). Este valor de R$9,8 milhões

adicionados refere-se ao valor de repasse, pois a presente pesquisa não entrevistou o setor

de transformação estadual. O setor que mais comprou insumos da região do Tocantins foi o

varejo urbano nacional no valor de R$519,2 milhões e adicionou mais R$219,9 milhões,

compondo uma renda bruta total deste setor equivalente a R$739 milhões, mostrando que

o açaí já ganhou importância nesse mercado.

Page 56: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

50

Figura 12. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do açaí considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

h) Destino da produção de açaí identificado nos dez municípios estudados da região de

Integração do Tocantins

Do volume total de açaí identificado na região de Integração do Tocantins, 28%

ficam na própria região em função do hábito alimentar da população local (Figura 13), que

predomina a ribeirinha (Abaetetuba 6,8%, Mojú 4,4%, Cametá 5,6%, Barcarena 3,1%, Oeiras

do Pará 2,6%, Mocajuba 2,5%, Igarapé Miri 1,7% e Limoeiro do Ajuru 1%). Destina 10% para

o consumidor de outros municípios do Pará como Ananindeua (0,2%), Belém (7,9%),

Benevides, Castanhal (0,9%), Marituba (0,9%), Santa Bárbara (0,02%) e Tomé-Açu. Exporta

62% para o mercado nacional e internacional, porém o método consegue identificar apenas

alguns estados brasileiros (Amapá 2,4%, Maranhão 0,9%, São Paulo 0,1% e Goiás 0,02%) e 2

países (Japão com 3,6% e Estados Unidos com 0,1%).

Page 57: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

51

Figura 13. Destino do volume (%) de açaí identificado na região de Integração do Tocantins, para atender as demandas de consumo local, estadual e nacional.

i) Informações complementares sobre a comercialização de açaí

Um fato interessante identificado foi a padronização da Feira do Açaí de Cametá

(funcionamento das 7:00h às 11:00h), que difere dos demais municípios, pois possui

supervisores que fiscalizam a disposição do produto para evitar a contaminação, os feirantes

devem obedecer o padrão com disposição dos paneiros sobre bancadas de madeira, uso de

sacos plásticos novos para entrega ao consumidor, além da padronização dos recipientes de

venda para o varejo, fornecidos pela prefeitura. Usam o espaço formado por 35 tabuleiros,

com 70 trabalhadores cadastrados, com capacidade de cada tabuleiro comportar 24 rasas de

14 kg. Eles reclamam da ausência de uma beneficiadora de açaí que poderia gerar emprego

e renda no município.

O Centro Miriti Pousada Escola, de Cametá, é formado por 950 mulheres

organizadas em uma cooperativa, que funciona desde 2004, composta por 41 grupos no

campo e 9 grupos na cidade. Comercializam açaí beneficiado para as empresas Amazonfruit

– Frutas da Amazônia Ltda. (Marca: Amazonfrut) e Bolthouse do Brasil Ind. e Com. de Frutas,

Sucos e Polpas Ltda. (Marca: Bolthouse do Brasil). Utilizam liquidificadores para processar as

polpas de cupuaçu, taperebá e graviola. Trabalham com o cultivo de plantas medicinais,

Page 58: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

52

assistidas por um pesquisador da Embrapa. Tudo que é produzido pela cooperativa também

é comercializado em uma loja chamada “Puçanga”.

O açaí faz parte da dieta alimentar da maioria das famílias de Baião,

principalmente as ribeirinhas, que também vêem no produto, uma fonte de renda. O fruto

que abastece a cidade é oriundo de comunidades e municípios vizinhos como Cametá.

Geralmente o açaí é comercializado no porto da cidade, em pequenas embarcações. O açaí

que chega em Baião é todo encomendado por batedores locais. Durante a comercialização

acontece um rodízio de agentes mercantis (atravessadores/produtores), quando ocorre o

revezamento, cada agente leva seu produto apenas duas vezes por semana e em dias

alternados.

O consumo de açaí no município de Mocajuba é elevado, pois faz parte da dieta

alimentar dos moradores. Existem 68 projetos de plantio de açaí de terra firme no

município. A maioria dos batedores de açaí dispõe de uma infra-estrutura mínima, alguns

locais onde é processado não possuem piso adequado, nem água filtrada. Em outros

estabelecimentos o fruto fica próximo de animais correndo risco de contaminação e

comprometendo a qualidade do produto final. Alguns batedores já solicitaram

financiamento especifico para melhorar a estrutura de seus estabelecimentos, porém

continuam sem resposta.

O açaí que é vendido no município de Oeiras do Pará vem dos ribeirinhos e

abastece o mercado local, mas, às vezes, vai para alguns municípios próximos, como

Curralinho. O açaí faz parte da alimentação diária das famílias, por isso existem muitos

batedores espalhados pela cidade. No período da entressafra o açaí vem de outros

municípios para abastecer a população de Oeiras do Pará, com preço alto, o que reduz o

consumo e os batedores acabam vendendo mais o vinho fino. Faltam orientações, por parte

dos órgãos de assistência, para aumentar a produção de açaí na entressafra com o manejo

dos açaizais. O açaí é incluído na merenda escolar numa iniciativa da prefeitura e do

Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) da Companhia Nacional de Abastecimento -

CONAB.

A produção de açaí de Limoeiro do Ajuru é significativa, chegando a abastecer

outros municípios, principalmente na entressafra. De acordo com relato de alguns

produtores e de uma técnica, a Emater atua no manejo de açaí para que o município

produza bastante açaí na entressafra. A Emater e outros órgãos sempre ministram cursos de

Page 59: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

53

manejo de açaí para as comunidades. Os produtores de açaí entregam sua produção para a

cooperativa Cooper açaí que, por sua vez, manda in natura para Macapá, Belém e outros

municípios do estado.

Os batedores de açaí de Barcarena passaram por qualificações para padronizar

seus pontos de venda e dar qualidade ao produto além de uma melhor higienização durante

o processamento do produto.

Em Igarapé Miri encontramos um grande volume de açaí comercializado no

período da safra e em menor quantidade na entressafra. A comercialização é quase toda

feita para fora do município. O açaí chega diariamente nos portos, em grande quantidade, e

é vendido para várias fábricas como a Castanhal Comércio de Polpas Ltda (Marca: Santa

Helena), em Castanhal, a Cooperativa Agrícola Mista de Tomé- Açu (Marca: CAMTA), em

Tomé-Açu, e outros municípios. No município existem três fábricas de açaí, sendo que só

duas estão funcionando. A produção de açaí está aumentando a cada ano devido o manejo

feito nos açaizais dos produtores. Enquanto em outros municípios a safra do açaí esta

terminando, em Igarapé Miri a produção é grande por causa do manejo feito.

Em visita à fábrica de açaí da Cooperativa Agroindustrial dos Moradores e

Produtores Rurais de Igarapé -Miri (Coopfrut), em 2008, o entrevistado informou que não

estava funcionando. Quando a fábrica funcionou, beneficiava 20% da produção local e

exportava. De acordo com um membro da Coopfrut, a cooperativa foi criada em 2000, com

apoio de organizações não governamentais, do Programa Pobreza e Meio Ambientes

(Poema) e de outros órgãos, servindo por vários anos como termômetro de preço da

comercialização local de açaí. Já tiveram 280 cooperados e, na data da entrevista, tinham

somente 150 atualizados. A capacidade da fábrica era de 120 latas por hora e contava com

túneis de resfriamento com capacidade de 12 toneladas e armazenamento de 200 ton.

Pararam de funcionar, em 2007, devido problemas administrativos e de gestão. Em 2007

venderam 60 t (R$1,40 a R$2,00/Kg) para o Rio de Janeiro; 99 t (R$1,40 a R$2,00/Kg) para

São Paulo; 10 t (R$5,70 a 6,00/Kg) para o Havaí; 80 t para a J. C. Ind. e Com. Exp. de Açaí

Ltda. (Marca: Açaí Mania / Açaí Amazon). Na época tinham novos acordos com Fortaleza e a

Empresa Brasileira de Bebidas e Alimentos S/A (Marca: DaFruta e a Maguary), de Recife.

Além do açaí possuem projetos de oleaginosas com andiroba, copaíba e buriti para merenda

escolar. Em 2008 estavam com nova gestão, e tinham um projeto para beneficiar 1.200 latas

por dia, mas para atingir essa produção precisariam de parcerias. Outras duas fábricas de

Page 60: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

54

açaí em Igarapé Miri não deram entrevistas, pois alegaram não ter um responsável para falar

dos trabalhos.

Durante a safra de açaí em Igarapé Miri são carregados, em média, 20 caminhões

por dia no porto, com uma capacidade de aproximadamente 1.200 a 1.500 rasas cada

caminhão; somados também a muitos carros pequenos que comportam entre 50 e 80 latas.

Na safra de açaí a maior produção vai para Belém e Castanhal, e uma pequena quantia sai

para o município de Tailândia. Na entressafra o açaí vai direto para Belém.

São cinco os maiores atravessadores de açaí em Igarapé Miri. Segundo um

entrevistado os maiores compradores são a CAMTA, J.C. Ind. e Com. Exp. de Açaí Ltda; Sabor

do Açaí Ind. e Comércio (Marca: Maria Luiza); Castanhal Comércio de Polpas Ltda e a Dibony

Ind. Com. e Exp. de Bebidas Ltda (Marca: Dibony).

De acordo com o técnico da EMATER a produção estimada em Igarapé Miri para

2008 é cerca de 130.000 toneladas de açaí. O manejo do açaí BRS-Pará foi grande no

município. As empresas de açaí que vem buscar o produto em Igarapé Miri são a Castanhal

Comércio de Polpas Ltda (Castanhal-PA), a CAMTA (Tomé Açu-PA), a Bolthouse do Brasil Ind.

e Com. de Frutas, Sucos e Polpas Ltda do distrito de Icoaraci (município de Belém-PA), a

Dibony (Marituba-PA) e a Amazonfrutas Polpas de Frutas da Amazônia Ltda (Marca: Rajá

Frutas / Pai d'égua / Sabor do Pará / Nativo / Mix / Amazon Mania) localizadas em Santa

Bárbara-PA.

A Cooperativa de Desenvolvimento do Município de Igarapé Miri (CODEMI),

possui mais de duas centenas de cooperados, formados em 13 núcleos (Joarimbu, São

Lourenço, Boa Esperança, Alto KG, Anapu, Miritipucu Seco, Salento, Alto Miritipucu, São

Jorge, Ampresa, Mamagualzinho, Nova Aliança e a cidade), cada qual representado por

coordenadores. A CODEMI somente comercializa açaí e vende para a maioria das empresas

do Sindicato das Indústrias de Frutas e Derivados do Estado do Pará (Sindfruta). A

cooperativa tem parceria com a UFPA – Centro Tecnológico de Empreendimento Popular e

Solidário.

Uma fábrica de polpa de açaí foi desativada em Igarapé Miri por causa da

qualidade da água.

O açaí de Moju é quase todo consumido no próprio município e uma parte é

levado para Tailândia e Belém. A entrevista com o técnico da EMATER apontou que o

“Projeto de Açaizal Nativo” representa 70% da fonte de renda da população ribeirinha, que

Page 61: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

55

gera emprego ao longo de toda sua cadeia produtiva. Comparou que um açaizal manejado

produz duas vezes mais que o não manejado. Se a média do não manejado por hectare é de

200 rasas/safra, a do manejado atinge até 500 rasas no mesmo período. No projeto de

“Industrialização artesanal do açaí” o vinho é de alto valor energético e aproveitado no

preparo de mingaus, sorvetes, bolos, brigadeiros, cocadas, doces e licores. Toda produção

do açaí manejado da várzea é comercializado parte no Porto do Pelé, localizado na área

comercial de Moju, parte vai para Igarapé Miri (Coopfrut) e Acará. Os produtores ribeirinhos

chegam com o açaí e vendem no porto para os batedores e alguns atravessadores que

vendem principalmente para Belém. O principal problema é o transporte para a

comercialização. Na entressafra o açaí vem de áreas manejadas de Igarapé Miri.

O açaí é o PFNM mais produzido na região, faz parte da alimentação diária das

famílias de Moju que sofrem com a falta do produto na entressafra, porque o preço

aumenta.

Page 62: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

56

5.1.2.2 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO CACAU

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do cacau

Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização do cacau (Figura 14),

segundo maior produto não-madeireiro identificado na região do Tocantins, apresentam as

seguintes denominações considerando a abrangência para o nível local (os dez municípios),

estadual (fora da região do Tocantins) e nacional (fora do estado do Pará e do Brasil).

Produção Local: produção primária (ascendente) da agropecuária e extrativista

dos dez municípios pesquisados que comercializam o cacau seco ou molhado;

Varejo Rural Local: pequenos atravessadores ou representantes de atacadistas

estaduais que compram cacau seco ou molhado dos produtores locais e realizam o

beneficiamento primário da amêndoa (fermentação e a secagem natural do fruto);

Atacado Local: comerciantes (atacadistas ou representantes de empresas de

transformação nacional ou multinacional) que transacionam grandes quantidades de cacau

seco e também, na maioria das vezes, realizam o beneficiamento primário da amêndoa

(fermentação e a secagem natural do fruto) com o objetivo de armazenar o produto com

qualidade;

Atacado Estadual: atacadistas que transacionam volumosas quantidades de

cacau seco por meio de contratos com as maiores processadoras de cacau do Brasil, ou seja,

do setor da indústria de transformação (multi) nacional;

Indústria de Transformação Nacional: são grandes empresas nacionais e

multinacionais que se dedicam na moagem da amêndoa extraindo a manteiga de cacau,

líquor5, torta e o pó de cacau, para depois serem vendidos para as indústrias chocolateiras,

que os transformam junto com outros ingredientes (principalmente açúcar e leite em pó) em

chocolate;

Varejo Urbano Nacional: instância de comércio de varejo situada fora do Estado

que vende para o consumidor nacional.

5

O líquor de cacau é uma pasta grossa e viscosa, marrom-escura, quando se prensa obtém a manteiga e o pó de cacau (A NOTICIA, 2008). As porcentagens do chocolate dizem respeito à quantidade de líquor.

Page 63: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

57

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do cacau

Nos dez municípios foram entrevistados 27 agentes mercantis que atuam, em

média, há 20 anos no ramo (variação de 5 a 66 anos), sendo que 26% deles atuam somente

com cacau, 52% com cacau e açaí fruto e os demais trabalham com outros produtos

(castanha, palmito, buriti, uxi, cupuaçu, andiroba, copaíba, artesanato e mel). Na descrição

da capacidade instalada dos agentes mercantis entrevistados da região identificou-se que

44% possuem local para armazenagem com capacidade média de 78m2 (variação de 9 a 300

m2); 52% possuem transporte (57% barco com capacidade de 1 a 3 toneladas, 14% canoa,

14% caminhão, 7% bicicleta e 7% trator); e uma balança. A mão de obra predomina a

familiar em 70% dos entrevistados, com equipe até 5 pessoas; 3% deles possuem de 6 a 10

pessoas e 27% não informaram. Dos agentes entrevistados oito pagam diária no valor de

R$15,00 a R$20,00; sete referem-se à renda familiar e somente um paga salário. Em relação

ao período de trabalho 63% atuam somente na safra, 18% trabalham o ano todo e os

demais não informaram. Os problemas identificados foram baixa capacidade de

armazenagem e de transporte, perda de peso do produto, ataque de broca se o produto não

estiver seco, falta capital de giro, falta de investimentos para melhorar a produção e

aquisição de equipamentos, falta de energia para armazenagem e assistência técnica para o

manejo.

A cadeia de comercialização do cacau consiste em canais simples apresentando

gargalo no nó do atacado estadual (Figura 14). Existem apenas três tipos de intermediários

que participam do escoamento da produção desde o produtor até o consumo final, são eles:

o varejo rural, o atacado local e o atacado estadual. Os atacadistas locais compram 32% dos

produtores e 57% do varejo rural e vendem 39% das amêndoas secas para os atacadistas

estaduais e 51% diretamente para a indústria de transformação no âmbito nacional. O

varejo rural (atravessadores) compra 67% do total da produção identificada, sendo 57%

vendidos para os atacadistas locais e 10% para os atacadistas estaduais (Figura 14).

O setor atacadista estadual é caracterizado por grandes atravessadores

localizados na cidade de Santa Izabel e região metropolitana de Belém, que constituem o elo

principal entre os intermediários locais e as indústrias de transformação nacionais, por

meio de acordos ou contratos de suprimento da matéria prima cacau, sendo caracterizado

Page 64: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

58

por mercado dito oligopolista, aquele que determina os preços. Com isso, eles interagem

com os setores locais para reunir quantidades suficientes para atender as maiores indústrias

moageiras6. Desta forma, a estrutura da cadeia de comercialização do cacau do Estado do

Pará não apresenta agroindústria para verticalizar a amêndoa dos dez municípios estudados,

toda safra atende o mercado nacional, mais precisamente da Bahia e de São Paulo.

Figura 14. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização do cacau identificado em dez municípios da Região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual e Nacional.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia do

cacau (2008)

Como o cacau é uma commodity tais preços são determinados pelo movimento

das duas principais bolsas internacionais (Nova York e Londres), apresentando assim um alto

índice de instabilidade, como pode ser observado na flutuação do preço, ao longo de 2008,

no mercado internacional (Figura 15). Neste contexto, os preços médios praticados pelos

principais intermediários que são os atacadistas locais e os estaduais são vantajosos nos

acordos de compra e venda do cacau.

6 As principais empresas moageiras que compram o cacau dos dez municípios são a Cargill, ADM Cocoa (Archer

Daniels Midland Company (Joanes), Barry Callebut, Nestlé e a Indústria e Comércio de cacau Ltda. (Indeca).

Page 65: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

59

Figura 15. Variação de preço do cacau no mercado internacional, com base na Bolsa de Nova York, 2008.

Fonte: Bolsa de New York, 2008.

Os preços médios de compra de insumo (cacau) praticados pelos atacadistas

locais com os produtores e com os atravessadores (varejistas rurais) são R$3,80/kg e

R$5,53/kg respectivamente (Figura 16). Por outro lado, os preços de venda praticados pelos

atacadistas locais são: R$4,05/kg com os atacadistas estaduais e com as indústrias de

transformação nacional a R$6,39/kg. Em relação aos atacadistas estaduais praticam tipos

de preço de compra de insumo conforme os custos de transporte do produto, pois a maior

dificuldade é o escoamento da produção do campo até o armazém estadual. O preço de

compra praticado por esse agente com os produtores locais é em média R$3,64/kg, com os

varejistas rurais é R$4,12/kg, com os atacadistas locais é R$4,05/kg e com outros agentes

do mesmo setor chega a R$4,98/kg. Em relação ao preço de venda praticado por eles para

as indústrias de transformação nacional é R$5,50/kg.

Page 66: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

60

Figura 16. Preço médio do cacau (R$ correntes/kg de amêndoas secas) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.

O processo de beneficiamento primário do cacau visa obter um produto final

constituído de amêndoas fermentadas e secas com o mínimo possível de umidade. Assim, o

preço de compra do cacau molhado (sem o beneficiamento primário) varia entre R$0,70/kg

a R$1,00/kg e o preço de compra do cacau seco é R$4,00/kg. O rendimento de 100 kg do

cacau molhado é de 40 kg de cacau seco (dados obtidos em campo).

d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização do cacau

Com base nos resultados obtidos na seção anterior pode-se então discutir a

formação dos preços do cacau na cadeia de comercialização da região estudada, que

possuem pouca variação ao longo do principal canal de comercialização (Figura 17). Os

atacadistas locais compram ao preço de 0,83 vezes do que o preço pago ao produtor,

revendem a 0,89 vezes para o atacado estadual, que revende com valor 1,21 vezes maior

para a indústria de transformação nacional, que vende ao varejo urbano nacional a 2,3

vezes mais, ficando ao consumidor final um preço 3,4 vezes maior que o praticado pelo

produtor local de cacau da região tocantina.

Cabe observar que existem grandes distorções no sistema de comercialização de

cacau na região, a participação do produtor é relativamente baixa devido ao envolvimento

Page 67: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

61

significativo dos intermediários locais e estaduais neste processo, o que ocasiona o lucro

baixo para os produtores.

Figura 17. Formação de preço do cacau ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada.

e) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização do cacau

O Valor Bruto da Produção (VBPα) dos produtores identificados nos dez

municípios atingiu um patamar de R$8,4 milhões, enquanto que o VBP de todos os setores

chega a R$76,7 milhões (Figura 18). Os setores que mais ofertam no âmbito local são o

atacado com R$8,8 milhões e o varejo rural (atravessadores) com R$6,6 milhões. No âmbito

estadual somente o atacadista com R$5,4 milhões. No nacional o VBP dos dois setores

foram estimados, pois não foram entrevistados. No entanto, a presença da indústria de

transformação (indústrias moageiras) apresentou um VBP estimado na ordem de R$19,3

milhões e o varejo urbano em R$28,2 milhões.

Page 68: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

62

Figura 18. Valor Bruto da Produção (VBP

α), em R$, gerado na comercialização do

cacau, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará.

f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)

gerado na comercialização do cacau e a margem de comercialização de cada setor

(Mark-up)

Na cadeia de comercialização do cacau foi agregado ao produto um valor de

R$28,2 milhões, subtraindo o VAB total (R$21 milhões) do VBP da produção local (R$8,4

milhões) e dividindo o resultado pelo VBP da produção local, obtêm-se uma margem de

agregação ou mark-up total de 237%. Do montante o sistema local foi responsável por

R$9,2 milhões no qual o produtor consegue agregar valor (R$8,4 milhões) com a

comercialização da amêndoa seca valorizando o produto em relação ao preço de venda

(Figura 19). Isto é, o produtor realiza na maioria das vezes o processo de beneficiamento

composto por etapas básicas como: colheita, quebra do fruto, fermentação e a secagem da

amêndoa do cacau. Ainda localmente destacam-se o atacadista e o varejista rural que

agregam somente R$774,9 mil e R$490,2 mil respectivamente.

Page 69: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

63

Figura 19. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização do cacau, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

No âmbito estadual o setor do atacado agrega R$1,3 milhões com mark-up de

32% (Figuras 19 e 20). A justificativa é a pequena margem de comercialização dos agentes

estaduais devido a dependência do mercado internacional e a venda do produto com baixa

agregação de valor, ou seja, o cacau é vendido em forma de amêndoas secas. Por outro lado,

a indústria de transformação nacional agrega cerca de R$8,4 milhões o que justifica o mark-

up de 77%.

Figura 20. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg in natura, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização do cacau, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

Page 70: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

64

g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização do cacau

Do somatório dos setores que compram e que também adicionam valor ao

produto foram movimentados no total R$76,7 milhões que equivalem à renda bruta gerada

na comercialização do cacau, sendo o mercado (inter-)nacional responsável por 62%, o local

por 31% e o estadual por 7% (Figura 21). O setor que mais comprou cacau da região do

Tocantins e adicionou valor ao produto foi o varejo urbano nacional com a renda bruta total

do setor no montante de R$28,2 milhões, sendo que R$19,3 milhões referem-se ao valor

pago pela compra dos insumos (cacau) e R$8,8 milhões foram adicionados ao produto. Vale

lembrar que estes valores são estimados para o varejo urbano nacional, pois a pesquisa

concentra esforços nas analises regionais. Outro setor importante foi a indústria de

transformação nacional com renda bruta total de R$19,3 milhões, sendo R$10,9 milhões

para a compra de insumos (pois os valores foram obtidos pela presente pesquisa junto ao

setor) e R$8,4 milhões o valor adicionado (estimado) ao produto.

Na região do Tocantins o atacado local gerou a renda bruta total do setor de

R$8,8 milhões, pois comprou em insumos R$8,1 milhões e agregou muito pouco valor ao

produto na ordem de R$775 mil (Figura 21). Assim como o setor do varejo rural local que

gerou renda bruta no valor de R$6,5 milhões, com compra de cacau na ordem de R$6,1

milhões e adicionou apenas R$490 mil. A renda bruta do setor da produção local equivale

ao valor adicionado que foi de R$8,4 milhões, valor este considerado alto pois, na maioria

das vezes, vende o produto já beneficiado (amêndoas secas) para atender o mercado

estadual e nacional. Na esfera estadual o atacado comprou cacau no valor de R$4,1

milhões, adicionou apenas R$1,3 milhões e alcançou uma renda bruta total no valor de

R$5,4 milhões. Este setor na realidade agrega pouco valor ao produto, porém compensa

pelo grande volume transacionado por meio de contratos com as indústrias moageiras.

Page 71: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

65

Figura 21. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do cacau considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

O que se percebe na cadeia do cacau, dos dez municípios, é que no âmbito

estadual e local a comercialização tem baixa geração de renda, devido à concentração do

mercado atacadista (oligopolizado), que controla a demanda por insumos do mercado local

e, por conseqüência, o preço de compra, que é determinado pelo mercado internacional,

unido à falta da verticalização da cadeia do cacau no estado.

h) Informações complementares sobre a comercialização de cacau

De acordo com o técnico da CEPLAC, em Cametá existem seis mil hectares de

cacau nativo espalhados pelas ilhas de várzea, com destaque para as Ilhas Mendaruçú,

Mutuacá e Tamanduazinho. O município já foi o maior produtor do estado.

A produção de cacau recebe destaque no município de Baião, principalmente

devido ao declínio das plantações de pimenta. O processo de substituição da pimenta por

plantios de cacau ocorreu de forma progressiva e com grande aceitação no mercado local. O

fruto vem sendo cultivado principalmente por comunidades ribeirinhas e comercializado na

sede de Baião e em Cametá.

Atualmente os plantios de cacau em Mocajuba vêm se destacando como um

mercado em ascensão, substituindo gradativamente os plantios de pimenta, que sofreram

problemas patológicos, falta de assistência técnica e queda na economia desse produto.

Page 72: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

66

A Secretaria Municipal de Agricultura de Mocajuba possui projetos de manejo do

cacau, que elevaram a produção em 2008, assim como projetos de diversificação de cultura,

com objetivo de substituir a pimenta pelo cacau de forma gradativa. Existem cerca de 90

produtores cadastrados.

Mocajuba possui relativa produção de cacau que é, geralmente, escoada

diretamente para outros estados da federação como São Paulo e Bahia. Segundo informação

de agentes mercantis locais, esse comércio geralmente é firmado por meio de contrato

entre a empresa de exportação e o agente mercantil local, com um alto grau de confiança,

pois a empresa chega a fazer adiantamentos ao agente mercantil local para adquirir o

produto, denominado “pagamento em folha”, que consiste em tipo de negociação onde o

agente mercantil compra o produto que ainda está sendo cultivado. Segundo o secretario

municipal de agricultura o cacau é considerado a segunda cultura mais plantada no

município, ficando apenas atrás da pimenta. O Banco do Brasil e o Banco da Amazônia

financiaram 87 projetos entre os anos de 2005 a 2008.

A cacauicultura poderia ser mais explorada dentro do município de Mocajuba,

mas a reduzida assistência técnica inibe a atividade, pois a Comissão Executiva do Plano da

Lavoura Cacaueira - Ceplac, atualmente dispõe de apenas uma técnica para atender toda a

demanda do município.

A Emater de Oeiras do Pará está incentivando os produtores a plantarem cacau

visando melhorar a renda das famílias.

A maioria do cacau de Limoeiro do Ajuru é nativo das ilhas. Atualmente os

produtores estão plantando cacau para repor os pés que morreram. A produção de cacau

(sementes secas e molhadas) é vendida para atravessadores que comercializam em Cametá

e outros municípios. Na ilha de Saracá foram entrevistados diversos produtores e

atravessadores de açaí e cacau.

Em Moju existem 10 projetos de cacau como unidades demonstrativas de

sistemas agroflorestais, de preparo da área e produção de mudas

Page 73: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

67

5.1.2.3 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO PALMITO

O palmito é o gomo terminal do caule das palmeiras, longo, de consistência tenra

e cor esbranquiçada, comestível em várias espécies, especialmente a juçara e o açaí

(HOUAISS, 2001). Na região de estudo o palmito é extraído do açaizeiro (Euterpe oleracea

Mart.).

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

palmito

Nos dez municípios foram entrevistados 19 agentes mercantis que atuam, em

média, há 16 anos no ramo do palmito (variação de tempo 1 a 36 anos), sendo que 58%

deles atuam somente com palmito e os demais trabalham com outros produtos como açaí

fruto, cacau, buriti, taperebá e andiroba. Na descrição da capacidade instalada dos agentes

mercantis entrevistados da região identificou-se que 47% possuem local para armazenagem

do produto com capacidade média de 64m2, excluindo duas empresas que possuem

armazéns bem maiores com 1.800m2 e 10.100m2; 68% possuem meio de transporte (93%

barco com capacidade entre 2 a 15 toneladas e 7% caminhão) e; 63% possuem maquinário

(esteira, estufa, caldeira, codificador, recravadeira, rotulador, datador, motosserra). A mão

de obra com equipe até 5 pessoas ocorre em 53% dos agentes entrevistados, 16% com 6 a

10 pessoas, 21% com mais de 10 pessoas e os demais não informaram. Em relação ao

período de trabalho 68% atuam o ano todo, 16% somente na safra e os demais não

informaram. Os problemas identificados foram baixa capacidade de armazenagem na safra;

necessidade de ampliar capacidade de transporte, falta fiscalização nas fabriquetas ilegais;

treinamento, qualificação e capacitação para o manejo dos açaizais.

Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização do palmito na região do

Tocantins (Figura 22) apresentam as seguintes características:

Produção local: são extratores de palmito em áreas de açaizais nativos ou

manejados;

Page 74: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

68

Varejo rural local: são pequenos comerciantes que compram o palmito,

conhecido regionalmente como “cabeça”, da produção local e são denominados como

atravessadores;

Indústria de beneficiamento local: são empresas que realizam o processamento

industrial do palmito na forma em conserva. Neste setor existem dois tipos de estruturas de

empresas processadoras na região, as denominadas “fabriquetas” operadas por moradores

locais e situadas às margens dos rios dos dez municípios estudados, que operam como

“produtoras exclusivas terceirizadas” para empresas que fornecem o capital de giro, os

produtos químicos para conservação (ácido cítrico) e os potes (vidros e latas) para

embalagem. O outro tipo são as agroindústrias, normalmente Filiais situadas nas áreas

urbanas da região do Tocantins que também operam com o capital de giro de empresas

exportadoras e distribuidoras, que são as Matrizes (que possuem diversas marcas)

localizadas no Estado do Pará ou fora dele;

Indústria de Beneficiamento Estadual: são agroindústrias que realizam o

processamento industrial do palmito na forma em conserva. Comercializam com diversas

marcas tanto no mercado externo como no mercado interno onde contam com uma rede de

representantes em vários pontos do país;

Varejo Urbano Estadual: podem ser atravessadores de palmito in natura

(cabeças) que vendem para indústrias de beneficiamento estadual ou comerciantes

(supermercados) que vendem o palmito em conserva diretamente para consumidores

estaduais;

Atacado Nacional: são comerciantes que transacionam volumosas quantidades

de palmito em conserva;

Varejo Urbano Nacional: instância de comércio de varejo situada fora do Estado

que transaciona o palmito em conserva para o consumidor nacional.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do palmito

A cadeia de comercialização do palmito identificada na presente pesquisa é

constituída por vários níveis de canais de distribuição. Do total da produção da região

identificada 84% são vendidos diretamente para o setor de indústria de beneficiamento

Page 75: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

69

local que por sua vez vende em torno de 56% para o setor do varejo urbano nacional, 34%

para o setor atacadista nacional (Empresas Matriz) e 9% para o setor de beneficiamento

estadual, que constituem no repasse da produção das empresas filias para suas matrizes

localizadas fora da região (Figura 22). Do total da produção local 15% do palmito in natura é

adquirido como insumo pelos atravessadores locais (varejo rural) que revendem quase tudo

para as fabriquetas (Indústria de Beneficiamento local). Nas fabriquetas, após o

processamento do palmito, as latas e vidros são embalados em caixas e enviados de barco a

uma empresa de distribuição em Belém. A rotulagem acontece na fabrica matriz, com vários

rótulos representando diversas marcas. Percebe-se claramente que o palmito da região do

Tocantins vai quase todo para o mercado nacional. As populações ribeirinhas não têm hábito

e nem tradição de comer palmito. Muito pouco fica na esfera estadual (0,2%).

Figura 22. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização do palmito identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual e Nacional.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia do

palmito (2008)

A produção local vende a R$1,49/kg para a indústria de beneficiamento local, a

R$2,63 para a indústria de beneficiamento estadual, a R$2,70 para varejo rural e a R$2,99

para o varejo urbano estadual (Figura 23). O setor da indústria de beneficiamento local do

Page 76: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

70

palmito compra ao preço de R$1,49 da produção, a R$3,11 do varejo rural e a R$6,05 de

outras indústrias de beneficiamento do setor local e, por sua vez vende a R$6,70 para

indústria beneficiamento estadual, a R$3,90 para o atacado nacional e a R$7,58 para o

varejo urbano nacional. Estas indústrias de beneficiamento estadual vendem a R$7,56 para

o varejo urbano estadual e a R$16,54 para o varejo urbano nacional. A transação comercial

que obtém maior diferença entre o preço de compra com o preço de venda foi o do atacado

nacional que compra palmito já envasado da indústria de beneficiamento do Tocantins ao

preço de R$3,90 e vende a R$25,08 para o varejo urbano nacional.

Figura 24. Preço médio de palmito (R$ correntes/kg in natura), praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.

d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização do palmito

No principal canal de comercialização do palmito o setor da indústria de

beneficiamento local compra da produção local o palmito in natura ao preço médio

equivalente a 0,88, ou seja, 12% abaixo do valor pago ao produtor, e vende para o atacado

nacional ao preço 2,3 vezes maior e ao varejo urbano nacional a 4,5 vezes maior em relação

ao preço da produção local (Figura 24). O atacado nacional por sua vez vende para o varejo

urbano nacional a 14,8 vezes maior.

Page 77: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

71

Figura 24. Formação de preço do palmito ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada.

e) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização do palmito

O Valor Bruto da Produção (VBPα) dos extratores de palmito (produção local)

identificado nos dez municípios atingiu um patamar de R$221,4 mil, da indústria de

beneficiamento local foi de R$805,8 mil e do varejo rural local de R$62,6 mil, enquanto que

o VBP de todos os setores que ofertam na cadeia do palmito foi de R$5 milhões (Figura 25).

Em relação aos R$235,1 mil gerados na venda do palmito no Estado do Pará (5% do total

gerado) os setores que se destacaram foram a indústria de beneficiamento estadual cujo

valor foi na ordem de R$235,1 mil e o setor do varejo urbano estadual com apenas R$9,1

mil. No mercado nacional foram gerados R$3,7 milhões na venda do palmito fora do estado,

representando 74% do total gerado, sendo que o varejo urbano nacional foi o principal

setor responsável pelas vendas com R$2,6 milhões e o atacado nacional com R$1,1 milhões,

sendo estes valores estimados, pois a pesquisa não entrevistou tais setores.

Page 78: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

72

Figura 25. Valor Bruto da Produção (VBP

α) gerado na comercialização do palmito,

pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará.

f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)

gerado na comercialização do Palmito e a margem de comercialização de cada setor

(Mark-up)

Ao longo da cadeia de comercialização do palmito foi agregado valor total de

R$2,6 milhões (Figura 26), que significa uma margem de agregação ou mark-up total de

1.093%, subtraindo o VAB total (R$16,8 milhões) do VBP da produção local (R$221,4 mil) e

dividindo o resultado pelo VBP da produção local.

Do total do Valor Adicionado Bruto o sistema local foi responsável por R$810,9

mil, sendo o setor com maior participação a indústria de beneficiamento local com R$581,5

mil, a produção local com um valor de R$221,4 mil, pois o extrator realiza o primeiro

processamento do palmito, com o corte e retirada das bainhas, e o setor varejista rural com

apenas R$8 mil (Figura 26). O setor da indústria de beneficiamento estadual teve maior

participação no âmbito estadual com R$142,3 mil somente, pois a agregação deste setor é

realizada pelas filiais localizadas nos dez municípios. O setor que mais demandou palmito da

região do Tocantins e adicionou valor ao produto foi o atacado nacional com R$940 mil e o

varejo urbano nacional com R$743 mil, ressaltando que estes valores são estimados por

fontes secundárias e também por entrevistas realizadas pela equipe no âmbito estadual.

Page 79: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

73

O setor com a maior margem de agregação na comercialização foi a indústria de

beneficiamento local com 259% (Figura 27), justificado pelo poder de mercado que este

setor detém na compra de insumo (palmito in natura). Em segundo a indústria de

beneficiamento estadual com 170%, devido à compra de produtos acabados de suas filiais

ou de fabriquetas e também pelo preço baixo de compra de insumos dos atravessadores.

Figura 26. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização do palmito, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

Figura 27. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg in natura) e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização do palmito, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

Page 80: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

74

g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização do palmito

A comercialização do palmito gerou uma Renda Bruta Total de R$5,1 milhões,

dos quais 21% desse valor foram movimentados nos dez municípios estudados, apenas 5%

na esfera estadual e 74% no âmbito nacional (Figura 28). Na região pesquisada o setor da

indústria de beneficiamento local gerou a maior renda bruta na ordem de R$805,8 mil, pois

comprou de insumos cerca de R$224,4 mil e agregou valor na ordem de R$581,5 mil. O

varejo rural local foi responsável pela renda bruta total de R$62,6 mil, pois comprou de

insumo o palmito in natura por R$54,6 mil e adicionou o montante de R$8 mil.

Na esfera estadual o setor da indústria de beneficiamento atingiu uma renda

bruta total no valor de R$225,9 mil, dos quais R$83,6 mil equivalem à compra dos insumos

(palmito in natura) e R$142,3 mil ao valor adicionado na comercialização do palmito

envasado Os setores que mais ofertam no âmbito local são o atacado com R$8,8 milhões e

o varejo rural (atravessadores) com R$6,6 milhões (Figura 28). No âmbito estadual somente

o atacadista com R$5,4 milhões. No nacional o VBP dos dois setores foram estimados, pois

não foram entrevistados. No entanto, a presença da indústria de transformação (indústrias

moageiras) apresentou um VBP estimado na ordem de R$19,3 milhões e o varejo urbano

em R$28,2 milhões. A renda nacionalmente gerada foi estimada.

Figura 28. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do palmito considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

Page 81: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

75

h) Informações complementares sobre a comercialização de palmito

Diversas fábricas de palmito de açaí em Cametá já foram fechadas por causa de

exploração sem plano de manejo.

Em Abaetetuba na entressafra do açaí fruto é feito o manejo dos açaizais, com a

retirada dos estipes mais velhos e o aproveitamento para a extração do palmito (parte

terminal).

O município de Oeiras do Pará possui uma fábrica de palmito, que há pouco

tempo foi regularizada e manda a produção para Belém. Existe uma fabriqueta de palmito

irregular que esta concorrendo com a empresa citada.

Há em Limoeiro do Ajuru uma fábrica de beneficiamento de palmito7 que

funciona há 15 anos. A fábrica de palmito gera trabalho e renda aos moradores, contudo não

há uma fiscalização dos órgãos competentes no que diz respeito à origem e a qualidade do

produto. Essa fábrica compra palmito dos produtores locais. A fábrica beneficia o palmito,

embala e manda para Belém no barco que faz transporte de passageiros. Em Belém os potes

e latas são rotulados e vendidos para vários estados.

O palmito surgiu na década de 70 em Igarapé Miri, quando o potencial era a

cana-de-açucar8 e o arroz. Na entressafra do açaí em Igarapé Miri a coleta dos frutos é feita

de maneira racional unida ao manejo para extração do palmito. Existe uma fábrica de

palmito de grande porte, na Vila Maiauatá, com mercado certo, que gera emprego a

algumas pessoas e compra palmito das fabriquetas localizadas dentro das ilhas, gerando

renda às famílias. De acordo com o gerente de produção de uma fábrica de palmito de

Igarapé Miri, eles se preocupam com as fabriquetas ilegais que prejudicam o mercado do

palmito, pois não há órgão fiscalizando a extração de palmito ilegal. No caso da fábrica a

fiscalização ocorre anualmente ou é feita de surpresa. Algumas famílias que trabalham na

produção manual do palmito desejam entrar na legalidade, mas dizem que é muita

burocracia, que não tem financiamento e nem assistência. O palmito anteriormente era

extraído de forma predatória, no entanto, nos últimos anos, os produtores têm procurado

trabalhar de forma manejada, retirando o palmito de plantas oriundas do desbaste praticado

7 Indústria e Comércio de Conservas J.P.S. Gonçalves, cujo proprietário mora em Belém, que possui a empresa

chamada Maiauatá. 8 Existiam cerca de 10 alambiques na Vila Correia.

Page 82: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

76

para o aumento do fruto de açaí (manejo dos açaizais). Segundo produtores da região, o

controle de qualidade e a fiscalização nas fabriquetas são os gargalos na produção de

palmito.

5.1.2.4 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DE CARVÃO

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização de

Carvão

Nos dez municípios foram entrevistados 36 agentes mercantis que atuam, em

média, há 8 anos no ramo (variação de tempo de atividade no ramo de 1 a 22 anos), sendo

que 83% deles atuam somente com carvão, 11% com açaí fruto e 6% com outros produtos

(artesanato e breu branco). Na descrição da capacidade instalada dos agentes mercantis

entrevistados da região identificou-se que apenas 36% possuem local para armazenagem

com capacidade média de 39m2 (variação de 4 a 250 m2); 16% possuem transporte (3

canoas, 2 barcos, 1 bicicleta e 1 trator). A mão de obra predomina a familiar em 42% dos

entrevistados com 1 a 5 pessoas, 11% deles pagam diária ou salário também com 1 a 5

pessoas e 47% não informaram. Os problemas identificados foram baixa capacidade de

armazenagem, falta capital de giro, falta de investimentos para melhorar a produção,

aquisição de equipamentos e de transporte e dificuldade de legalizar a origem da madeira.

Os agentes mercantis do carvão (Figura 29) identificados na região apresentam

as seguintes características:

Produção Local: grandes e pequenos produtores de carvão vegetal espalhados

nos dez municípios;

Varejo Rural Local: comerciantes (ou atravessadores) ou representantes de

empresas que comercializam o carvão;

Varejo Urbano Local: setor de comércio varejista (feirantes e supermercados)

situado no âmbito estadual que comercializa o carvão para consumo local;

Atacado Estadual: são comerciantes que comercializam diretamente o carvão

com o setor siderúrgico estadual;

Page 83: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

77

Consumidor Final Estadual: são empresas produtoras de ferro gusa que

necessitam comprar uma grande quantidade de carvão vegetal utilizado como insumo

energético e como componente do processo de produção do ferro gusa.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) de Carvão

Os canais de comercialização do carvão identificados nos dez municípios se

caracterizam por canais simples, que apresentam apenas três setores intermediários que são

o varejo rural, o varejo urbano local e o atacado estadual que comercializam diretamente

com os consumidores locais e estaduais, neste caso as guseiras (Figura 29). Os varejistas

rurais compram 37% da produção identificada nos dez municípios, sendo 7% vendidos para

os consumidores locais e 30% para os atacadistas estaduais. O varejo urbano local compra

da produção identificada 19% diretamente dos produtores e vende somente para os

consumidores locais. No sistema estadual o atacadista compra 31% diretamente do

produtor e 30% dos varejistas rurais, e vende o total de 61% diretamente para o

consumidor estadual, que neste caso são as guseiras localizadas no município de Marabá.

Figura 29. Estrutura (%) da quantidade em termos percentuais (%), da comercialização de Carvão identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual.

Page 84: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

78

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia de

Carvão (2008)

O preço médio de venda praticado pelos produtores de carvão dos municípios

estudados varia conforme a finalidade da utilização do carvão, ou seja, se for utilizado como

bem de consumo (ou bem final) ou como insumo (bem intermediário). Assim, o preço

adotado pelo carvoeiro quando vende diretamente para o consumidor local é R$9,04/kg,

com o varejo urbano local R$6,22/kg, com o varejista rural R$2,51/kg e com os atacadistas

estaduais R$ 1,83/kg (Figura 30).

Figura 30. Preço médio de carvão (R$ correntes/kg) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.

d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização de Carvão

A formação do preço do carvão do produtor local até os consumidores locais e

estaduais passando pelos intermediários apresenta grandes variações, entre 0,48 vezes

abaixo do valor médio até 2,35 vezes acima (Figura 31). O preço de venda praticado pelo

varejista rural para o consumidor local é equivalente a 2,59 vezes o preço médio recebido

pelos produtores, e deste para o atacadista estadual e 0,68 vezes a menos. O atacadista

Page 85: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

79

estadual vende direto para os consumidos estaduais (guseiras) ao preço 1,17 vezes maior

do que o preço médio recebido pelos produtores.

Figura 31. Formação de preço do carvão ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada.

e) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização de Carvão

Somando todos os valores recebidos pela venda do carvão pelos carvoeiros da

região do Tocantins, ou seja, o Valor Bruto de Produção local (VBPα) foi de R$859,6 mil e do

varejo rural local (os atravessadores de carvão) de R$330,2 mil, gerando no total R$1,5

milhões nas vendas do carvão na região do Tocantins que representa 71% do total gerado,

sob a ótica da oferta (Figura 32). No Estado do Pará foi gerado pela oferta do carvão

R$617,2 mil, correspondente a 29% do total gerado, devido a concentração de um único

setor intermediando o carvão, o atacadista estadual com contrato com as guseiras.

Page 86: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

80

Figura 32. Valor Bruto da Produção (VBP

α), em R$, gerado na comercialização do

carvão, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará.

f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)

gerado na comercialização de Carvão e a margem de comercialização de cada setor

(Mark-up)

Ao longo da cadeia de comercialização do carvão da produção local do Tocantins

até a demanda final estadual, o valor de R$1,3 milhões foi adicionado (VAB) ao produto

(Figura 33), subtraindo o VAB total (R$1,3 milhões) do VBP da produção local (R$859,7 mil)

e dividindo o resultado pelo VBP da produção local obtemos o mark-up total de 60%.

Do total do valor adicionado dos dez municípios, o setor com maior participação

no âmbito local foi o produtor local, com o maior valor agregado da cadeia na ordem de

R$859,7 mil (Figura 33). Esse valor é resultado da utilização de matéria prima barata (muitas

vezes a lenha é retirada diretamente da floresta local, ou das áreas de roçado) para a

produção do carvão. O varejo urbano contribui com R$64,9 mil, pois consegue adicionar

valor somente com o fracionamento da saca de carvão de 15Kg em sete unidades de sacolas.

Em relação ao sistema estadual somente o atacadista participa da agregação do VAB total

com R$315,1 mil, pois possuem contratos de fornecimento de insumos para diversas

indústrias guseiras, obtendo o mark-up maior da cadeia com 104% (Figura 34).

Page 87: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

81

Figura 33. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização de carvão, em 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.

Figura 34. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização de carvão, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização de Carvão

A Renda Bruta Total (RBT) identificada na comercialização do carvão vegetal foi

de R$2,1 milhões. O mercado estadual foi responsável por 29% dessa renda bruta total e o

local com 71% (Figura 35). Na região estudada o setor carvoeiro gerou a maior renda bruta

Page 88: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

82

na ordem de R$1,5 milhões, os atravessadores (varejo rural local) foram responsáveis pela

renda de R$330,1 mil, pois compraram os seus insumos por R$206,6 mil e adicionaram

R$123,5 mil, e os varejistas urbanos geraram R$324,5 mil, sendo R$259,6 mil na compra de

carvão em saca de 15 Kg e R$65 mil foram adicionados quando comercializam fracionados

em sacolas de mais ou menos 1,5 Kg de carvão. O setor responsável pela compra de carvão

da região do Tocantins foi o atacadista estadual no valor de R$302,1 mil que adicionou

R$315,1 mil, gerando para o sistema estadual uma Renda Bruta total equivalente a R$617,1

mil.

Figura 35. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do carvão considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

h) Informações complementares sobre a comercialização de carvão

O carvão comercializado em Cametá é oriundo das ilhas, extraído da mata, das

roças, e outros locais, e é levado até a feira pelos próprios ribeirinhos. Geralmente acontece

a troca de serviço, pois o dono da área quer seu roçado limpo para o plantio e os carvoeiros

entram com a limpeza do terreno para a produção do carvão.

O carvão usado no município de Abaetetuba é oriundo das derrubadas feitas em

áreas para o plantio de culturas anuais.

Page 89: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

83

A produção de carvão no município de Baião é pequena, basicamente para

subsistência e pouca comercialização, somente para atender demanda interna. Geralmente

o carvão é oriundo de refugos de roças.

O município de Moju é um grande produtor e exportador de carvão. A equipe

visitou produtores de carvão no assentamento Calmaria II, localizado entre os municípios de

Moju, Tailândia e Acará, formado por diversas comunidades (Vila Israel II, Monte Sinai,

Continente, Moraes, Limoeiro, Vicinal 8, Água Preta e Filadélfia), com 17 a 20 anos de

criação, mas ainda não possuem título. Produzem grandes volumes de carvão, cuja madeira

é oriunda da mata. Existem cinco atravessadores de carvão no Assentamento. Diariamente

saem pelo menos 15 caminhões de carvão direto para o pólo siderúrgico de Marabá. Alguns

moradores já se preocupam com a falta da matéria-prima (“a madeira ta ficando cada vez

mais longe”) e demonstram interesse em plantios florestais com fins energéticos. Existem

cerca de 350 famílias morando no Assentamento e a maioria possui 1 a 2 fornos produzindo

carvão 2 vezes por mês. Esse problema deve ser atacado com rapidez, pois as reservas de

florestas estão se esgotando naquela região. O primeiro contato com os atravessadores de

carvão para as siderúrgicas foi há 5 anos atrás. Em agosto de 2008 o preço de 60 m3 do

carvão, em Moju, estava entre 4 a 5 mil reais a “carrada” ou “caminhão gaiola” e, em

novembro 2008, baixou para 1,6 a 2 mil reais. “Esta redução do preço foi devido à crise dos

EUA, que reduziu as importações de ferro”. Os principais compradores de carvão são as

guseiras de Marabá. Na época desta entrevista (Nov/2008) existiam em Calmaria

aproximadamente 400 fornos, com 15 caminhões pegando carvão diariamente. Um forno

produz em média 12 a 14 m3. Para produção de carvão são necessários 6 dias, sendo 3 dias

para carbonizar e mais 3 para esfriar. Pessoas do município vizinho de Tailândia vieram

ensinar a fazer carvão, usando tijolo e o barro para construir os fornos que vem de Igarapé

Miri e São Miguel do Guamá. O milheiro de tijolo custa R$ 260,00 e um forno na época

custava, em média, um mil reais.O custo da mão-de-obra para construção do forno varia de

200 a 300 reais, que mede entre 3,80 e 5 metros de diâmetro. A maioria dos atuais

caminhoneiros de carvão que circulam por Moju já foram boiadeiros, mudaram de ramo

devido ao alto lucro. O caminhoneiro paga R$210,00 para carregar o caminhão durante 3

horas.

Page 90: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

84

Na Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Moju existem projetos de

liberação de carvoejamento para áreas de plantio, e 300 famílias estão licenciadas com 3 a 4

fornos.

5.1.2.5 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO CUPUAÇU

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

cupuaçu

Nos dez municípios foram entrevistados 19 agentes mercantis que atuam, em

média, há 12 anos no ramo (variação de tempo de atividade no ramo de 2 a 30 anos), sendo

que 37% deles atuam somente com cupuaçu e 63% com outros produtos como açaí fruto,

bacaba, bacuri, taperebá, mel, cacau e muruci. Nenhum possui local para armazenagem,

21% possuem transporte (4 bicicletas e 1 moto); e 37% possuem alguns equipamentos (6

freezers, 2 despolpadeiras de açaí e 2 seladores). A mão de obra predomina a familiar em

90% dos entrevistados, com equipe média de 3 pessoas; 5% deles paga diária no valor de

R$20,00 e 5% paga salário. Em relação ao período de trabalho 42% trabalham o ano todo,

26% somente na safra, e os demais não informaram. Os problemas identificados foram baixa

capacidade de armazenagem, falta de investimentos para aquisição de equipamentos para

despolpar, queda de energia para conservar produto, falta capital de giro e assistência

técnica para o manejo.

Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização do cupuaçu (Figura 36) se

comportam de forma semelhante nos municípios estudados, considerando a abrangência

para nível local (os dez municípios), estadual e nacional (ou fora do Estado).

Produção Local: composta por agentes responsáveis pela oferta do produto in

natura, que são provenientes de cultivos ou de ocorrência natural. Em alguns casos os

produtores realizam beneficiamento primário (despolpamento dos frutos feito com tesoura)

para obtenção de melhor preço de venda;

Page 91: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

85

Varejo Rural Local: também conhecido como Atravessadores, que são pequenos

comerciantes que compram o cupuaçu in natura ou polpa dos produtores. A maioria deles

faz o despolpamento e vende para diferentes agentes;

Indústria de Beneficiamento Local: comerciantes que fazem o beneficiamento

primário, com mão-de-obra familiar. Utilizam embalagens plásticas mais resistentes,

pequenas seladoras e freezer para congelamento e armazenamento na entressafra;

Indústria de Transformação Local: agroindústrias que realizam a primeira

agregação de valor ao cupuaçu in natura e, a partir deste ponto, é transformado em outros

produtos finais como xaropes, geléias, doces entre outros;

Varejo Urbano Local: são pequenos comerciantes que transacionam o fruto in

natura ou na forma de polpa e vendem para o consumidor final local;

Indústria de Beneficiamento Estadual: agroindústrias localizadas no âmbito

estadual que realizam a primeira agregação de valor ao cupuaçu in natura, ou seja, fazem a

produção de polpa e vendem diretamente para o consumidor final estadual;

Indústria de Transformação Estadual: unidades de transformação da produção

composta por lanchonetes e restaurantes que adquirem polpa de cupuaçu e as transformam

em diferentes produtos finais como sucos, vitaminas, sorvetes entre outros;

Atacado Estadual: existem dois tipos de agentes neste setor, o composto por

atravessadores que comercializam polpa do fruto para o consumo estadual e o agente

constituído pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), que atua no Programa de

Aquisição de Alimentos, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS),

que compra a polpa e xarope que são repassados para merenda escolar e instituições ligadas

ao programa;

Varejo Urbano Estadual: setor de comércio varejista (feirantes e supermercados)

situado no âmbito estadual que comercializa o cupuaçu de várias formas (in natura, em

polpa ou em outros produtos finais).

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do cupuaçu

Nos dez municípios foram entrevistados 19 agentes mercantis que atuam, em

média, há 16 anos no ramo (variação de tempo de atividade no ramo de 2 a 30 anos), sendo

Page 92: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

86

que 37% deles atuam somente com cupuaçu e os demais trabalham com outros produtos.

Na descrição da capacidade instalada dos agentes mercantis entrevistados da região

identificou-se que nenhum possui local para armazenagem do produto; 21% possuem

transporte (bicicleta e motocicleta); 37% possuem maquinário (9 freezers e 2 seladoras). A

mão de obra familiar predomina em 79% dos entrevistados, com equipe até 5 pessoas; 5%

deles possuem de 6 a 10 pessoas e 16% não informaram. Em relação ao período de trabalho

26% somente na safra, 42% trabalham o ano todo e os demais não informaram. Os

problemas identificados foram baixa capacidade de resfriamento e armazenagem das

polpas. Alguns alugam freezers para estocagem.

Os canais de comercialização do cupuaçu, identificados nos dez municípios, se

caracterizam por canais complexos, pois abrangem vários níveis de agentes intermediários

entre a produção local até o consumidor final (Figura 36).

O principal nível de canal de comercialização do cupuaçu identificado com

maiores quantidades é composto pelo setor da indústria de transformação local que

comercializa 43% da quantidade do fruto, compram exclusivamente de produtores os frutos

in natura, vendem em torno de 5% para o varejo urbano nacional e 38% para o atacado

estadual, que por sua vez vende para o consumidor local (Figura 36). Interessante identificar

que mais da metade (69%) do cupuaçu do Tocantins abastece o mercado estadual, 25% vai

para o local e apenas 5% para o nacional. Durante a safra do cupuaçu, ocorre a

comercialização direta da polpa entre o produtor local e o setor do varejo urbano (feirantes)

local e estadual (2% cada). Além disso, o produtor comercializa diretamente para o

consumidor local e estadual, na maioria das vezes, o fruto in natura. Os atacadistas

estaduais possuem dois canais distintos de comercialização do cupuaçu: i) na forma de

polpa e xarope vendido pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) diretamente

para o consumidor local e, ii) na forma somente de polpa para o varejo urbano estadual.

O setor da indústria de beneficiamento local compra 14% da produção do fruto

in natura e vende a polpa de forma artesanal para o varejo urbano estadual (13,6%) e para

o consumidor local (0,3%) (Figura 36). Os varejistas rurais, ou seja, os atravessadores

adquirem 27% da produção identificada e vendem 20% para o varejo urbano local, 1% para

o consumidor local e 5,8% para diversos agentes no âmbito estadual. Pois, uma

característica comum entre os atravessadores rurais envolvidos na cadeia de

comercialização do cupuaçu local é a realização do beneficiamento primário do fruto na

Page 93: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

87

forma de polpa. O sistema de comercialização consiste na compra do fruto in natura de

produtores dispersos e a comercialização da polpa do fruto, podendo destacar também que

existe a compra na forma de polpa preparada pelos próprios produtores locais visando

melhores preços de venda. Portanto, o beneficiamento manual do cupuaçu nos dez

municípios consiste na quebra dos frutos, separação da polpa das amêndoas com tesoura,

selagem da embalagem e o congelamento da polpa.

O setor da indústria de transformação estadual (lanchonetes, restaurantes,

sorveterias entre outros localizados na região metropolitana de Belém) tem preferência por

polpas obtidas através do beneficiamento primário.

Figura 36. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização do cupuaçu identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual e Nacional.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia do

cupuaçu (2008)

O preço médio de compra de insumo (cupuaçu) praticado pelas indústrias de

beneficiamento locais com os produtores foi de R$2,11/kg (Figura 37). Por outro lado os

preços de venda praticados pelas indústrias de beneficiamento locais são: R$3,65/kg com

os varejistas urbanos estaduais e R$5,00/kg para o consumidor local. O varejo rural compra

da produção a R$2,91/kg e vende para setores estaduais a preços que variam de R$3,29 a

Page 94: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

88

R$5,00/kg, enquanto que no âmbito local vende a R$4,95 e R$8,00/kg. A venda do produto

final do cupuaçu da Indústria de Transformação Local para os atacadistas estaduais é em

média R$6,27/kg, para o consumidor final estadual chega a R$15,52/kg e com o varejo

nacional R$4,00/kg. Os varejistas estaduais praticam vários tipos de preço de compra de

insumo conforme os custos de transporte do produto, pois a maior dificuldade é o

transporte da polpa. O preço de compra praticado por esse agente com os produtores locais

é em média R$2,58/kg, com os varejistas rurais é R$3,29/kg, com as indústrias de

beneficiamento locais é R$3,65/kg e com o atacado estadual chega a R$4,50/kg. Os preços

médios de venda de insumo praticados pelos produtores locais de cupuaçu oscilam entre

R$1,51/Kg e R$5,32/kg em função da forma de comercializar o fruto (isto é, cupuaçu in

natura ou polpa), pelo processo rústico de beneficiamento, pela falta de capacidade de

armazenagem (maioria limitando o beneficiamento e a venda somente na safra) e pela falta

de infra-estrutura adequada para o escoamento da produção.

Figura 37. Preço médio de cupuaçu (R$ correntes/kg de polpa), praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.

d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização do cupuaçu

A formação do preço do cupuaçu do produtor local até os consumidores

passando pelos setores intermediários não apresenta grandes variações. O preço de venda

Page 95: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

89

praticado pelo varejista rural para o varejo urbano local é equivalente a 1,48 vezes o preço

médio recebido pelos produtores, e deste para o consumidor local a 2,4 vezes, que é o

maior preço praticado na cadeia do cupuaçu (Figura 38). A indústria de transformação local

vende direto para o atacado urbano estadual a 1,88 vezes, porque se trata da CONAB com

volume maior do produto. A produção local consegue vender diretamente ao consumidor

local ao preço 1,6 vezes maior enquanto que para o consumidor estadual é de 1,5 vezes. O

comportamento dos setores em relação à formação de preço no âmbito estadual torna

evidente a preferência do consumidor pela polpa do fruto (com baixa agregação de valor).

Assim, os preços médios de venda praticados pelos setores da indústria de beneficiamento

e de transformação estadual para com os consumidores estaduais são 1,2 vezes e 1,5 vezes

do preço médio recebido pelos produtores, respectivamente.

Figura 38. Formação de preço do cupuaçu ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada.

e) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização do cupuaçu

O Valor Bruto da Produção (VBPα) do setor produtivo de cupuaçu da região

estudada alcançou R$1,2 milhões, da indústria de transformação local foi de R$979,2 mil, do

varejo urbano local R$519,2 mil, do varejista rural R$492,3 mil e da indústria de

beneficiamento local R$191,9 mil, gerando no âmbito local um total de R$3,4 milhões nas

vendas do cupuaçu, que representam 69% do total do Valor Bruto gerado na cadeia de

Page 96: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

90

comercialização (Figura 39). Na esfera Estadual R$1,4 milhões foram gerados pela oferta do

cupuaçu representando 29% do montante dos setores que mais ofertaram como o

atacadista com R$961,9 mil e o varejista urbano com R$397,5 mil.

Figura 39. Valor Bruto da Produção (VBP

α), em R$, gerado na comercialização do

cupuaçu, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará.

f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)

gerado na comercialização do cupuaçu e a margem de comercialização de cada setor

(Mark-up)

O Valor Adicionado Bruto (VAB) total foi de R$2,1 milhões ao longo da cadeia do

fruto, correspondendo à margem de agregação ao cupuaçu ou mark-up total de 73%. Do

total do valor adicionado na cadeia, a partir da produção primária, o sistema local teve

maior participação com 94%, o sistema estadual com 5% e o nacional somente 1% (Figura

39). Portanto o sistema local agrega R$2 milhões destacando-se o papel dos produtores com

maior participação, pois conseguem agregar valor equivalente a R$1,2 milhões, realizando o

beneficiamento primário com o despolpamento dos frutos feito com tesoura, para obtenção

de melhor preço de venda. Outro setor que apresenta também participação considerável na

agregação de valor é a indústria de transformação local com os produtos finais polpa,

xaropes, geléias e doces de cupuaçu que adiciona um valor de R$979,2 mil, o que justifica o

mark-up de 61% (Figuras 40 e 41). A participação do sistema estadual na agregação de valor

Page 97: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

91

foi de somente R$109,9 mil, com destaque para o varejo urbano que adiciona R$101,5 mil,

e apresenta o mark-up considerável de 34%.

Figura 40. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização do cupuaçu, em 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.

Figura 41. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg polpa, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização do cupuaçu, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

Finalmente, os resultados apresentados na Figura 41 mostram que as maiores

margens de comercialização estão no sistema local. A indústria de beneficiamento local

adiciona somente R$81,5 mil (Figuras 40 e 41), mas em compensação obtém o mark-up de

Page 98: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

92

74%, justificado pelo preço baixo de compra de insumo e também pelas condições

favoráveis para o escoamento do produto polpa para o mercado estadual. Os atravessadores

(varejo rural) também apresentam mark-up alto de 68%, porém adicionam pouco no

montante de R$198,4 mil, pois compram, na maioria das vezes, por preço baixo o cupuaçu já

beneficiado (polpa) dos produtores locais.

g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização do cupuaçu

O resultado da alta margem de comercialização no sistema local justifica o

montante de Renda Bruta total gerada nos dez municípios na ordem de R$3,4 milhões,

representado por 69% do total gerado pela cadeia (Figura 42). O setor da produção local

gerou a maior renda (R$1,2 milhões) comparada aos demais setores, pois realizam o

beneficiamento primário do fruto, que torna a comercialização rentável. A indústria de

transformação gerou R$979,2 mil de renda localmente, pois comprou R$609,4 mil de

insumo e agregou R$369,8 mil ao produto, sendo esta uma cooperativa de mini e pequenos

produtores. Observa-se que no âmbito estadual o setor que mais gerou renda (R$961,9 mil)

foi o atacadista sendo o maior demandante de polpa de cupuaçu do sistema local,

evidenciando o consumo alto no mercado estadual. Apesar de pouco o cupuaçu está

entrando no mercado nacional via varejo urbano.

Page 99: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

93

Figura 42. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do cupuaçu considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

h) Informações complementares sobre a comercialização de cupuaçu

Em Acará, quando não conseguem vender deixam o fruto se estragar pela

dificuldade em escoar a produção, em função da estrada que liga Oeiras à Cametá estar

praticamente intrafegável.

Em Limoeiro do Ajuru a Natura prometeu comprar dos produtores sementes de

cupuaçu seca e a demanda é para comprar 4.000kg por ano.

Diversos agricultores de Igarapé Miri vendem polpa de cupuaçu nas

comunidades próximas das estradas mais movimentadas.

Page 100: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

94

5.1.2.6 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DA CASTANHA DO BRASIL

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da

castanha do Brasil

Nos dez municípios foram entrevistados sete agentes mercantis que atuam, em

média, há 25 anos no ramo (variação de tempo de atividade no ramo de 20 a 30 anos),

sendo que 14% trabalham somente com a castanha, 71% deles atuam com castanha e cacau

e 14% com castanha e mel. Na descrição da capacidade instalada dos agentes mercantis

entrevistados da região identificou-se que 71% possuem local para armazenagem com

capacidade média de 68m2 (variação de 7 a 160 m2); 43% possuem transporte (3 caminhões,

1 trator e 1 bicicleta). A mão de obra predomina a remunerada por diária em 57% dos

entrevistados, com equipe de 1 a 2 pessoas; 28% deles pagam salário no período de safra (2

e 3 pessoas). Os problemas identificados foram baixa capacidade de armazenagem, falta de

investimentos para melhorar a produção, falta capital de giro, produção de mudas

selecionadas e assistência técnica.

Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização da castanha do brasil (Figura

43) na região do Tocantins apresentam as seguintes características:

Produção Local: extratores que efetuam a coleta e a quebra dos ouriços

liberando as sementes para serem comercializadas;

Varejo Rural Local: são agentes (ou representantes) localizados no interior dos

dez municípios que possuem contratos com empresas de beneficiamento estadual que

compram a castanha-do-pará em forma de sementes diretamente dos castanheiros;

Indústria de Beneficiamento Local: empresa que realiza o processamento

industrial da castanha. Os procedimentos e equipamentos utilizados são segredos de cada

indústria. As principais etapas são: armazenagem adequada, limpeza, secagem, separação

(ou seja, a classificação da semente), cozimento, descascamento para obter a amêndoa,

acondicionamento em embalagens aluminizadas e fechados à vácuo, organizadas em caixas

de papelão, para então serem embarcadas para atender o mercado;

Indústria de Transformação Local: unidade de transformação da produção local.

A empresa compra a amêndoa já beneficiada da indústria de beneficiamento local e

Page 101: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

95

transforma em biscoitos e mistura para mingau. Conta com mão de obra especializada e

máquinas e equipamentos que permitem uma produção de 3 toneladas/dia;

Atacado Local: este setor apresenta dois tipos diferentes de agentes, i) os

comerciantes (atacadistas, representantes de empresas) localizados nas sedes dos dez

municípios, que adquirem grandes quantidades de castanha do varejo rural (e/ou do

produtor) por meio de acordos com as indústrias de beneficiamento estadual e, ii)

prefeituras dos dez municípios que adquirem os produtos finais de castanha (Biscoito ou

Farinha) para a merenda escolar;

Varejo Urbano Local: são os feirantes e comerciantes varejistas que

comercializam a castanha na forma de semente para o consumidor final local;

Indústria de Beneficiamento Estadual: unidades de beneficiamento situadas no

âmbito estadual que realizam o processamento industrial da castanha. A presente pesquisa

não conseguiu informações sobre os procedimentos e equipamentos utilizados no

beneficiamento considerados segredos de empresa. Esse fato é justificado pelo setor ser

oligopolizado;

.Varejo Urbano Nacional: comércios varejistas situados fora do Estado.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) da castanha do Brasil

A cadeia de comercialização da castanha é típica de uma economia de oligopólio,

pois é comandada por um número muito reduzido e tradicional de empresas que controlam

o mercado. O principal canal de comercialização da castanha é formado pelo setor da

indústria de beneficiamento local que compra 63,5% da produção local (Figura 43), vende

62,5% para a indústria de beneficiamento estadual (localizada na região metropolitana de

Belém), que por sua vez compra mais 16% do varejo rural e 19% do atacado local e, em

seguida, vende quase toda a produção de castanha do Tocantins (98%) para o varejo urbano

nacional até chegar ao consumidor nacional. Fica para o consumidor local apenas 2% de

toda a produção dos dez municípios.

Page 102: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

96

Figura 43. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização da castanha do brasil identificada em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual e Nacional.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia da

castanha do brasil (2008)

Os preços praticados na cadeia da castanha também apontam o poder das

empresas de beneficiamento em definir o preço do produto in natura, que chega a ser

vendido pelo produtor local a R$0,91/kg para o atacado local, a R$1,10/kg tanto para o

varejo rural quanto para a indústria de beneficiamento local (Figura 44). O setor da

indústria de beneficiamento estadual compra do varejo rural a R$1,30/kg, do atacado local

a R$1,32/kg e da indústria de beneficiamento local a R$4,25 e, após fazer todas as etapas

do beneficiamento na fábrica, vende ao preço de R$17,00/kg da amêndoa seca para o

varejo urbano nacional. Convém lembrar que todos os preços aqui descritos, para todos os

setores, foram convertidos para a unidade de R$ correntes por kg de amêndoas secas da

castanha do brasil.

Page 103: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

97

Figura 44. Preço médio da castanha do brasil (R$ correntes/kg amêndoa seca), praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.

d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização da castanha do Brasil

Na estrutura de formação de preço na cadeia de comercialização da castanha

acontecem os maiores saltos proporcionais, pois considerando o principal canal de

comercialização, o setor da indústria de beneficiamento local compra a 1,02 vezes do que o

preço médio praticado à produção local e vende ao preço quase 3,94 vezes maior para a

indústria de beneficiamento estadual, que vende ao preço médio de 15,75 vezes maior para

o varejo urbano nacional (Figura 45).

Page 104: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

98

Figura 45. Formação de preço da castanha do brasil ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada.

e) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização da castanha do Brasil

Somando todos os valores recebidos pela venda da castanha por todos os

castanheiros dos dez municípios estudados, ou seja, o Valor Bruto de Produção (VBPα) dos

produtores locais foi de somente R$729,9 mil, totalizando no final da cadeia (soma de todos

os setores que ofertam na cadeia de comercialização da castanha) em R$29,2 milhões

(Figura 46). Do total do Valor Bruto da Produção R$3,2 milhões pertence à região estudada,

R$11,3 milhões ao âmbito estadual e R$14,7 milhões ao nacional. Portanto, os setores que

mais ofertam nos dez municípios são a indústria de beneficiamento (R$1,9 milhões), o

atacado (R$332,3 mil), a indústria de transformação (R$162,4 mil) e o varejo rural (R$143,9

mil). O sistema estadual participa com 39% do Valor Bruto da Produção total, sendo o único

setor que oferta é a indústria de beneficiamento no montante de R$11,3 milhões.

Figura 46. Valor Bruto da Produção (VBP

α), em R$, gerado na comercialização da

castanha do brasil, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará.

Page 105: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

99

f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)

gerado na comercialização da castanha do brasil e a margem de comercialização de

cada setor (Mark-up)

Ao longo da cadeia até a demanda final o valor de R$14,9 milhões (VAB) foi

adicionado ao produto, correspondendo à margem ou mark-up total de 1.942%. A castanha

foi, dentre os produtos florestais não madeireiros pesquisados, a que gerou a maior

agregação de valor ao longo da cadeia de comercialização. A indústria de beneficiamento

local teve maior participação no valor agregado local (R$1,4 milhões) com mark-up de 295%

(Figuras 47 e 48) e o setor de indústria de transformação participou com somente R$92,9

mil, mas obteve uma margem significativa de 134%. No âmbito estadual somente o setor

indústria de beneficiamento agrega R$9,1 milhões o que justifica o mark-up de 434%. Este

setor é composto por empresas beneficiadoras de castanha localizadas na região

metropolitana de Belém, sendo todas pertencentes à mesma família tradicional do setor no

Estado do Pará.

Figura 47. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização da castanha do brasil, em 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.

Page 106: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

100

Figura 48. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg amêndoa, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização da castanha do brasil, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização da castanha do

Brasil

A pesquisa de campo identificou que a Renda Bruta total para a comercialização

da castanha do brasil nos dez municípios estudados foi de R$29,2 milhões. O sistema

nacional foi responsável por 50% dessa renda bruta, seguido pelo sistema estadual com 39%

e o sistema local com somente 11% (Figura 49). A maior demanda por castanha local é

exercida pelas empresas (indústria de beneficiamento estadual) com exercício de poder de

oligopsônio (pequeno número de empresas compradoras de um dado produto) nas

aquisições de castanha. Com a habilidade de pagar, por um insumo, preços menores do que

o preço que seria pago num mercado competitivo, mantendo lucros econômicos no longo

prazo justifica-se então R$2,1 milhões em compra de insumos e R$9,1 milhões ao valor

adicionado. Na região dos dez municípios estudados uma renda bruta total de R$3,2 milhões

foi gerada. A indústria de beneficiamento local gerou uma renda bruta no valor de R$1,87

milhões, sendo que R$472 mil na compra de insumos (em forma de sementes) e R$1,4

milhões adicionados ao produto. A indústria de transformação local foi responsável pela

renda bruta de R$162,5 mil, pois comprou de insumo a amêndoa de castanha já beneficiada

da indústria de beneficiamento local por R$69,5 mil e adicionou o montante de R$93 mil.

Page 107: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

101

Figura 49. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização da castanha do brasil considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

h) Informações complementares sobre a comercialização de castanha do Brasil

Cametá possui uma área extensa com castanheiras, que está em plena produção,

localizada na área periurbana. Uma empresa de processamento de castanha9 iniciou no

ramo há 16 anos usando castanha em misturas para merenda escolar, passou por várias

dificuldades, ficou parada por seis anos, e mais recente voltou à atividade. A mão-de-obra é

formada por uma cooperativa de quebradores de castanha que ganham pela produção, que

trabalham no período de abril a agosto. O processamento da castanha envolve secagem,

quebra, seleção das amêndoas (quebradas e inteiras), secagem, e fechamento a vácuo (uso

de N2 para aumentar a durabilidade). Os tipos de classificação das amêndoas são: miudinha,

miúda, pequena, média (mais vendida), extra média, grande (mais valorizada), ferida e a

quebrada. A empresa utiliza a casca da castanha como lenha. Existe destino para o rejeito,

com o reaproveitamento do excedente. O resto é triturado e doado para a comunidade

utilizar como adubo. A empresa realiza tratamento da fumaça (sem fuligem). A capacidade

de processamento da empresa é de 25 mil hectolitros. O volume de um hectolitro equivale a

51 kg, e a cada 2 a 2,5 hectolitros tem-se a produção de 20 kg de castanhas sadias. A

9 Renmero Indústria e Comércio.

Page 108: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

102

castanha vai para o mercado externo e volta já beneficiada para o mercado doméstico. A

empresa conta com uma técnica de manipulação de alimentos.

No estado do Pará existem poucas famílias que comercializam a castanha, como

os Mutran, os Abraão (Oriximiná) e os Florezano (Óbidos).

A castanha possui um significado especial para os moradores de Baião, pois no

passado existiam muitas castanheiras na região, e por muitos anos foi a principal renda de

várias famílias. Seu fruto foi muito explorado e ainda hoje existem pessoas que vivem da

compra e venda de castanha.

Page 109: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

103

5.1.2.7 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO BURITI

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do buriti

Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização do buriti (Figura 50) na

região do Tocantins apresentam as seguintes características:

Produção local: são pequenos agricultores que comercializam o fruto in natura

somente na safra. O buriti na região tocantina é considerado um produto substituto ao açaí

na época da escassez (entressafra);

Indústria de beneficiamento local: são pequenos comerciantes que utilizam

máquinas despolpadeiras do açaí para obter a polpa ou “vinho” de buriti, que é vendido

diretamente para os consumidores locais; e

Varejo urbano estadual: são feirantes que comercializam o fruto in natura para

o consumidor estadual.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do buriti

Nos dez municípios foram entrevistados oito agentes mercantis que atuam, em

média, há 19 anos no ramo (desvio padrão 9,2 anos), sendo que 25% deles atuam somente

com buriti e os demais trabalham com outros produtos, principalmente com açaí. Na

descrição da capacidade instalada dos agentes mercantis entrevistados da região

identificou-se que 37% possuem pequeno local de 10 m2 (desvio padrão 3m2) para

armazenagem do produto; somente 25% possuem transporte (barco com capacidade 2ton e

bicicleta); 50% possuem maquinário que são as mesmas despolpadeiras de açaí. A mão de

obra predomina a familiar em 87% dos entrevistados, com equipe até 5 pessoas, e os

valores informados sobre a remuneração foram de R$10,00/diária (na safra) e de

R$7,00/rasa. Em relação ao período de trabalho 50% atuam o ano todo, 25% somente na

safra e os demais não informaram. Os problemas identificados foram baixa capacidade de

armazenagem e de transporte do produto e o consumo baixo de vinho de buriti por não ser

hábito na região.

Page 110: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

104

Os canais de comercialização do buriti identificados nos dez municípios se

caracterizam por canais simples, quase lineares, pois apresentam apenas dois setores

intermediários que são a indústria de beneficiamento local e o varejo urbano estadual que

comercializam diretamente com os consumidores (Figura 50). O setor da indústria de

beneficiamento local que comercializa 44% da quantidade identificada do fruto, que compra

diretamente dos produtores e vendem exclusivamente para os consumidores locais na

forma de polpa ou “vinho” de buriti. É importante destacar a cultura e o hábito regional de

consumir o mingau de buriti. O consumo de buriti in natura e do “vinho” é relativamente

significativo durante a entressafra do açaí, pois os consumidores consideram o buriti como

um fruto substituto ao açaí. Em âmbito estadual o varejo urbano (feirantes) comercializa em

torno de 55% da quantidade identificada do buriti que é comprado exclusivamente dos

produtores e vendem diretamente para os consumidores estaduais.

Figura 50. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização do buriti identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia do

buriti (2008)

Os feirantes estaduais (varejistas urbanos estaduais) e os batedores (indústrias

de beneficiamento local) são os principais intermediários da cadeia do buriti na região. Na

Page 111: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

105

Figura 51 destacam-se os preços médios de venda de insumo (buriti) praticados pelos

produtores com outros agentes no montante de R$1,47/kg para as indústrias de

beneficiamento locais, R$0,70/kg para os consumidores locais e de R$0,68/kg para os

varejistas estaduais. Estes varejistas estaduais não foram entrevistados, por isso o preço de

venda para o consumo final estadual equivale ao valor de repasse, isto é, também a

R$0,68/kg. O fruto é comercializado somente na safra em sacolas de 5kg e quando

beneficiados rendem em média 5 a 7 litros de polpa. As indústrias de beneficiamento locais

(batedores) vendem em média a R$2,24/kg para os consumidores locais em forma de polpa

ou “vinho”.

Figura 51. Preço médio de buriti (R$ correntes/kg de polpa) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.

d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização do buriti

O preço de venda praticado pelo varejista urbano estadual com os

consumidores equivale a 0,6 vezes que o preço médio recebido pelos produtores, pois

comercializam o fruto in natura (Figura 52). Em relação ao preço de venda praticado pela

indústria de beneficiamento local com os consumidores equivale a 2,19 vezes o preço

médio recebido pelos produtores. Fica evidente a baixa agregação de valor do fruto buriti ao

longo de sua cadeia nos dez municípios e também no estado.

Page 112: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

106

Figura 52. Formação de preço do buriti ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada.

e) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização do buriti

O Valor Bruto do setor da Produção (VBPα) de buriti identificado na pesquisa é

de R$256,1 mil, totalizando em R$597,7 mil, isto é, soma das vendas realizadas por todos os

setores que constituem a cadeia (Figura 53). Do total do Valor Bruto da Produção do buriti

R$247,2 mil pertencem ao setor da indústria de beneficiamento local e R$94,4 mil ao setor

varejista urbano estadual.

Page 113: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

107

Figura 53. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização do

buriti, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará.

f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)

gerado na comercialização do buriti e a margem de comercialização de cada setor

(Mark-up)

O Valor Agregado (ou Adicionado) Bruto do buriti totalizou R$ 341,8 mil,

correspondendo à margem total de somente 33% (MIP buriti). A indústria de

beneficiamento local foi responsável pela maior agregação com R$85,5 mil, com margem

bruta de 53% (Figuras 54 e 55). Apesar do varejo urbano estadual possuir um valor bruto da

produção de R$94,4 mil, apresenta uma margem de comercialização muito pequena 0,21%

pois comercializa o produto totalmente in natura.

Figura 54. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VTB) em R$, gerado na comercialização do buriti, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

Page 114: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

108

Figura 55. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg polpa, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização do buriti, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização do buriti

Os dados levantados mostram que o buriti gerou Renda Bruta Total de R$ 597,7

mil, em que 84% desse valor foram movimentados nos dez municípios. Desse montante o

produtor gerou R$256,1 mil somente pela comercialização do buriti in natura durante a

safra e a indústria de beneficiamento local gerou R$247,2 mil, sendo R$161,7 mil pela

compra do fruto in natura e R$85,5 mil de adição de valor, mostrando baixa agregação de

valor para o consumo final (Figura 56). No âmbito estadual o varejo urbano gerou uma

renda bruta de R$94,4 mil, sendo R$94,2 mil em insumo e somente R$198,10 em agregação

de valor.

Page 115: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

109

Figura 56. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do buriti considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

h) Informações complementares sobre a comercialização de buriti

A palmeira de buriti tem um grande destaque na região, pois o município de

Limoeiro do Ajuru esta rodeado de ilhas que propiciam seu aparecimento. A Emater local fez

a mobilização com produtores de algumas comunidades que se comprometeram em extrair

(beneficiar) o óleo de buriti e entregar para um intermediário, que fornece para uma

Indústria de Comércio de Óleos e Alimentos (INCOSUL), parceira da Natura, que vai capacitar

os produtores para retirar o óleo e comprar a produção para levar para São Paulo e Bahia. A

empresa levou sementes de cupuaçu para fazer análise e, segundo o secretário de

agricultura, foi aprovado. Quando retornarem vão contratar cinco pessoas para secar as

sementes. A empresa já mandou maquinários para retirada do óleo, que estão na Emater

para serem entregues aos produtores. A partir de janeiro inicia a safra do buriti e os

produtores começam a fazer o trabalho de retirada do óleo. A previsão é que seja entregue

10.000 mil litros de óleo na safra (de 2009).

5.1.2.8 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DA BACABA

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da

bacaba

Page 116: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

110

Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização da bacaba (Figura 57) na

região do Tocantins apresentam as seguintes características:

Produção Local: produção primária da agropecuária e extrativista dos dez

municípios;

Varejo Rural Local: pequenos comerciantes que compram a bacaba in natura dos

produtores e são denominados de atravessadores;

Indústria de Beneficiamento Local: empresa que realiza o processamento

industrial da bacaba in natura, ou seja, são pequenos comerciantes que utilizam máquinas

despolpadeiras do açaí para obter a polpa da bacaba, que é vendida diretamente para os

consumidores locais;

Atacado Local: comerciantes (atacadistas, representantes de empresas) que

adquirem a bacaba in natura em grandes quantidades dos produtores;

Indústria de Beneficiamento Estadual: unidades de beneficiamento situadas no

âmbito estadual que apenas beneficiam a bacaba in natura para polpa voltada para o

consumo final;

Indústria de Transformação Estadual: unidade industrial de cosmético, situada

no município de Benevides (PA), considerada um pólo de pesquisa e desenvolvimento que

abriga uma fábrica de massa de sabonetes e também uma planta para extração de óleos

vegetais;

Varejo Urbano Estadual: são comerciantes que realizam a compra direta dos

produtores da região do Tocantins e vendem a bacaba in natura para os batedores de

bacaba (Ind. Beneficiamento).

Dos nove agentes entrevistados na região, oito deles comercializam também o

açaí fruto e um somente a bacaba, que é uma Comunidade Quilombola de Baião, que possui

um projeto de manejo. Outros agentes trabalham também com patauá, cupuaçu, cipó,

coratá do inajá10 e ouriço da castanha. O tempo de atuação no ramo da bacaba varia entre 6

a 10 anos; com infra-estrutura para armazenagem com capacidade de um pequeno espaço

de 9 m2, outro com 30 m2 e o maior com 700 m2 (que também possui barco com capacidade

de 15 ton); 55% possuem maquinários (despolpadeiras de açaí, câmara fria, envasadora,

10

Coratá é a bainha da folha que sustenta o cacho da palmeira inajá, que é comercializada como artesanato e possui forma de uma barcaça.

Page 117: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

111

pasteurizador e caldeira). A mão de obra envolvida predomina a familiar, sendo que 6

agentes possuem de 1 a 5 pessoas, 2 agentes com 10 a 15 pessoas e uma comunidade com

67 famílias envolvidas. As principais necessidades identificadas foram a de ampliar a

estrutura física e também de maquinários.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) da bacaba

Conforme demonstra a Figura 57, os canais de comercialização da bacaba

identificados nos dez municípios se caracterizam por diversos níveis de canais de distribuição

abrangendo vários setores intermediários entre o produtor e o consumidor final. O varejo

urbano estadual comercializa 40,5% da quantidade identificada do fruto in natura, que é

comprado diretamente dos produtores e vendido exclusivamente para a indústria de

beneficiamento estadual (batedores de bacaba), que vendem para os consumidores

estaduais em forma de polpa. No âmbito local a indústria de beneficiamento comercializa

26% da produção identificada. São batedores de açaí que também beneficiam e

comercializam a bacaba de maneira semelhante ao açaí. Existe na cadeia da bacaba (6,5%) a

venda direta do fruto in natura para o consumidor local, devido ao costume da população

ter suas próprias máquinas de despolpar tanto a bacaba como o açaí. Os atravessadores

locais (varejo rural) de bacaba comercializam 25% da produção identificada e vendem

diretamente para o consumidor local. A presença do setor de transformação estadual

enfatiza o interesse de empresas nacionais de cosméticos pela bacaba, que comercializam

2% da produção identificada, que compram diretamente do atacado local.

Page 118: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

112

Figura 57. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização da bacaba identificada em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual e Nacional.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia da

bacaba (2008)

Os preços médios da bacaba praticados entre os diferentes agentes da cadeia de

comercialização são determinados pela safra do fruto transacionado. Os preços médios de

venda de insumo (bacaba) praticados pelos produtores com outros agentes são R$0,70/kg

com o varejo rural, R$1,21/kg com as indústrias de beneficiamento locais, R$0,78/kg com o

atacadista local, R$0,54/kg com os consumidores locais e com os varejistas estaduais

(Figura 58). O preço médio adotado pela venda da indústria de beneficiamento para o

consumidor é de R$1,47/kg conforme o rendimento do fruto.

Page 119: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

113

Figura 58. Preço médio da bacaba (R$ correntes/kg de polpa) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.

d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização da bacaba

A indústria de beneficiamento local compra bacaba in natura ao preço de 1,59

vezes maior que o praticado pela produção local e vende a 1,93 vezes para o consumidor

local (Figura 59). O varejo urbano estadual paga 0,71 vezes menor à produção local, vende a

1,17 vezes maior para a indústria de beneficiamento estadual, que por sua vez vende a 1,93

vezes para o consumidor estadual. O atacado urbano local compra a 1,02 da produção local

e vende a 2,63 vezes mais para a indústria de transformação estadual.

Page 120: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

114

Figura 59. Formação de preço da bacaba ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada.

e) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização da bacaba

Na cadeia de comercialização da bacaba a produção local gerou um Valor Bruto

da Produção (VBPα) de R$329 mil (Figura 60). O VBP do âmbito local (59%) é maior do que

estadual (41%), em função do alto consumo do fruto localmente. Os setores que mais

vendem são a indústria de beneficiamento estadual (R$80,4 mil), a indústria de

beneficiamento local (R$52,4 mil), o varejo urbano estadual (R$48,6 mil) e o varejo rural

(R$33,2 mil).

Figura 60. Valor Bruto da Produção (VBP

α), em R$, gerado na comercialização da

bacaba, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará.

f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)

gerado na comercialização da bacaba e a margem de comercialização de cada setor

(Mark-up)

Page 121: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

115

O Valor Agregado Bruto (VAB) total da bacaba ao longo da cadeia foi de R$176,6

mil para os dez municípios, correspondendo à margem ou mark-up de 172% (Anexo X- MIP

Bacaba). Do total do valor adicionado na cadeia a partir da produção primária o sistema local

teve maior participação com 71% e o sistema estadual com somente 29%.

Os setores da indústria de beneficiamento (R$31,8 mil) e do varejo urbano

estadual (R$19,1 mil) tiveram maior participação nesse valor agregado cada qual com mark-

up de 65% (Figuras 61 e 62). Por outro lado, o setor do atacado local participou com

somente R$3,5 mil, mas obteve a maior margem de comercialização na cadeia, ou seja,

mark-up de 156%. O resultado dessa margem está relacionado, principalmente, pelo preço

alto de venda com a indústria de transformação.

Figura 61. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização da bacaba, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

Page 122: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

116

Figura 62. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização da bacaba, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização da bacaba

A Renda Bruta Total identificada pela pesquisa foi de R$329 mil sendo que do

total 59% foram movimentados nos dez municípios e 41% no estado (Figura 63). O sistema

local gerou o equivalente a R$194,2 mil, sendo que a indústria de beneficiamento foi

responsável por R$52,4 mil, pois comprou de insumo cerca de R$43,1 mil e agregou apenas

R$9,4 mil. O varejo rural foi responsável pela renda bruta de R$33,2 mil, pois comprou de

insumo R$23,2 mil e adicionou o montante de R$10 mil. Por outro lado, no sistema estadual

o setor de beneficiamento atingiu uma renda bruta total de R$80,4 mil, dos quais R$48,6

mil equivalem à compra de insumos (bacaba in natura) e R$31,8 mil ao valor adicionado.

Page 123: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

117

Figura 63. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização da bacaba considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

h) Informações complementares sobre a comercialização de bacaba

A produção de bacaba no município de Baião se concentra basicamente na

Comunidade de Baixinha, área remanescente de quilombo. Detentora de uma área com

ocorrência de bacaba com grande produtividade. O Projeto Bacaba desenvolvido na

Comunidade tem como objetivo a industrialização da bacaba nativa. A organização não

governamental IDEIAS firmou convênio com o Conselho Nacional de Desenvolvimento

Científico e Tecnológico (CNPq) e a Universidade do Estado do Pará (UEPA), para

desenvolver pesquisas e receber orientações sobre o potencial da polpa, do óleo, do caroço,

além de desenvolver outros subprodutos da bacaba. Atualmente já desenvolveram o licor, a

geléia, a polpa e uma bebida. A produção da comunidade é comercializada diretamente para

barqueiros (atravessadores) que passam para comprar o produto. Além da comercialização

do fruto da bacaba, outras partes do vegetal (canoinha, vassoura, açareua de bacaba, palha

de bacaba, cacho verde, entre outros) estão sendo comercializados para fins artesanais.

A produção de bacaba de Oeiras do Pará é enviada para Belém e, segundo

morador da reserva Arioca Pruanã, em 2009 deve ter tido uma grande produção do fruto. A

população de Oeiras não tem o hábito de consumir bacaba.

Page 124: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

118

5.1.2.9 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO MEL

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do mel

O mel da região do Tocantins provém, em sua maioria, do manejo das abelhas

européias ou africanas e muito pouco das abelhas nativas (sem ferrão). Os agentes

mercantis identificados na cadeia de comercialização do mel (Figura 64) foram:

Produção Local: produção primária de mel com base no manejo das abelhas

(apicultura) que utilizam a flora local como pasto, para a produção do mel da região do

Tocantins. A produção pode vir de indivíduos ou associações de apicultores que realizam o

beneficiamento do mel e fornecem o produto envasado ao mercado (em galões ou em

garrafas menores);

Varejo Rural Local: todos pequenos comerciantes do interior do município,

comumente denominados atravessadores, que compram o mel dos produtores já envasados

ou não. Têm varejistas que também são apicultores;

Atacado Local: cooperativa de apicultores que realiza o beneficiamento e vende

diretamente para o consumidor local;

Varejo Urbano Local: comerciantes (alguns feirantes) que compram o mel da

produção local e vendem para os consumidores locais e estaduais.

Dos 18 agentes entrevistados 61% são apicultores, sendo que 50% atuam

somente no comercio de mel, os demais diversificam com um ou outro produto como:

andiroba, leites de sucuuba11 e amapá, seiva de jatobá, barbatimão, copaíba, cupuaçu,

castanha, artesanato e açaí. Dos 66% que informaram o tempo de atuação no comercio de

mel, cinco são novatos (1 a 7 anos) e os 7 outros com maior tempo no ramo (15 a 25 anos).

Em relação à capacidade instalada 38% deles possuem local para armazenagem com 20 m2

(média) e 44% possuem meio de transporte (bicicleta, moto, carro alugado por diária e

barco). A mão de obra predomina a familiar com trabalho feito por 2 pessoas (50%), 1

pessoa (22%), 3 pessoas (11%) e somente uma associação de apicultores com 20 associados.

Algumas necessidades explicitadas pelos agentes como assistência técnica, capital de giro,

Page 125: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

119

investimentos em equipamentos e maquinários (centrifuga e decantador) e, problemas com

rotulagem do produto, escoamento da produção e espaço físico.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do mel

É interessante notar que o produtor de mel (apicultor) vende 46% da sua

produção local direto para o consumidor local e 1% para o estadual (Figura 64). A produção

local também vende 53% para setores intermediários da cadeia na esfera local, como o

varejo urbano local que compra 24%, o varejo rural com 17% e o atacado local com 12%.

Figura 64. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização do mel identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia do

mel (2008)

O varejo rural compra da produção local ao preço médio de R$12,32/kg de mel

e vende para o consumidor local a R$15,54/kg (Figura 65). O atacado local compra a

R$12,98/kg e vende ao consumidor local a R$15,00/kg. O varejo urbano local compra a

R$11,93/kg do produtor e vende ao consumidor local a R$15,77/kg e ao estadual a

R$15,00/kg.

11

O potencial médio de uma árvore de sucuúba é de 6 litros de leite (Gonçalves, 2002).

Page 126: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

120

Figura 65. Preço médio do mel (R$ correntes/kg in natura) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.

d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização do mel

Dos setores envolvidos na cadeia do mel não existem grandes variações na

formação do preço do produto. O varejo rural, por exemplo, vende ao consumidor local ao

preço de 1,15 vezes maior que o preço pago ao produtor, a produção local vende direto

para o consumidor estadual a 1,33 vezes mais, enquanto o varejo urbano local vende a 1,17

para o consumidor local e a 1,11 para o estadual (Figura 66).

Page 127: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

121

Figura 66. Formação de preço do mel ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada.

e) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização do mel

Somando todos os valores recebidos pela venda do mel por todos os apicultores

dos dez municípios, o Valor Bruto de Produção local (VBPα) foi de R$133,2 mil, do varejo

rural local foi de R$26 mil, do atacado local de R$18,3 mil e do varejo urbano local de

R$36,3 mil, gerando R$213,7 mil pela oferta do mel na região do Tocantins (Figura 67).

Figura 67. Valor Bruto da Produção (VBP

α), em R$, gerado na comercialização do

mel, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará.

f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)

gerado na comercialização do mel e a margem de comercialização de cada setor (Mark-

up)

Ao longo da cadeia de comercialização do mel da produção local do Tocantins

até a demanda final local, o valor de R$149,1 mil foi adicionado (VAB) ao produto mel

(Figura 68). O valor adicionado da cadeia do mel só acontece no sistema local, o produtor

adiciona o maior valor na cadeia, equivalente a R$133,2 mil, realizando o beneficiamento

primário para obtenção de melhor preço de venda. Outros setores apresentam também

participação na agregação de valor como o varejista urbano que adiciona um montante de

R$8,1 mil, o que justifica o mark-up de 29% (Figura 69), pois estes feirantes compram o mel

Page 128: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

122

em grandes quantidades e para a venda fracionam em frascos menores, o varejo rural com

R$5,4 mil que obtém uma margem de 26% e o setor atacadista local com R$2,5 mil que

apresentam um mark-up de 16%.

Figura 68. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização do mel, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

Figura 69. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização do mel, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização do mel

Page 129: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

123

A Renda Bruta total gerada pela comercialização do mel produzido e identificado

nos dez municípios foi movimentada somente na região estudada, atingindo um valor de

R$214 mil (Figura 70). O setor da produção local gerou a maior renda na ordem de R$133,2

mil comparada aos demais setores, pois realizam o beneficiamento do mel, que torna

rentável a atividade da apicultura para a região. O setor do varejo urbano local (feirantes)

gerou uma renda de R$36,2 mil, pois comprou R$28,2 mil de insumo e agregou R$8,1 mil ao

produto, pois somente fraciona o mel em embalagens menores. O setor de varejo rural

gerou R$26 mil, sendo R$20,6 mil em insumos e R$5,4 mil no valor adicionado. O setor do

atacado local gerou renda bruta equivalente a R$18,3 mil, sendo R$15,9 mil em insumos e

R$2,5 mil no valor adicionado, sendo esta uma cooperativa de apicultores que vendem

diretamente para o consumidor local.

Figura 70. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do mel considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

h) Informações complementares sobre a comercialização de mel

A Associação Paraense de Apoio às Comunidades Carentes (APACC) funciona

com apoio do Governo do Estado do Pará, Prefeitura de Belém e República Francesa e tem

atuação em Limoeiro do Ajuru, Oeiras do Pará, Cametá e Belém, no apoio aos “Projetos de

Mel” na região, além de ministrar cursos sobre utilização de plantas medicinais e saúde da

mulher.

Page 130: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

124

A produção de mel em Baião é recente e realizada por um grupo de apicultores

em fase de organização, porém não tinham assistência técnica especializada para alavancar

a produção e nem financiamento. O mel é um produto com grande potencial no município

devido à cobertura vegetal rica em diversidade e bem preservada da região.

Algumas comunidades de Oeiras do Pará possuem produção de mel, mas não

possuem financiamento e nem incentivos para melhorar a produção.

Na comunidade chamada Paruru de Joana Ceres, que fica numa ilha do

Município de Limoeiro do Ajuru, existe um grupo formado por 20 apicultores que produzem

mel há mais de quatro anos. Segundo integrante do grupo, já chegaram a produzir mais de

700 litros de mel. Atualmente estão produzindo pouco por não terem mercado para escoar a

produção. Em estoque estavam com 200 litros de mel. Existe outra comunidade em terra

firme chamada BR 422, que fica no Km 5, que possui uma associação de mel, atualmente

com vinte produtores. O mel é vendido para Cametá porque o preço e a venda são melhores

do que em Limoeiro.

Alguns avanços ocorrem em Abaetetuba na exploração sustentável de produtos

de base extrativa, como a apicultura que começa a ganhar importância pelos agricultores,

mas a atividade vem encontrando problemas com a falta de organização e gestão das

associações, além de não possuírem equipamentos adequados, tanto para a colheita quanto

para o processamento do mel, comprometendo diretamente a qualidade do produto. Há

apicultores que mantém seus apiários muito próximos às residências, proporcionando perigo

para os moradores das proximidades, e com caixas maiores que o tamanho padrão.

Alguns apicultores de Igarapé Miri recebem apoio da EMATER, que informou que

foram vendidos 500 Kg de mel, no valor de R$7,00/Kg, pelo Programa de Aquisição de

Alimentos (PAA), coordenado pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB).

O mel é apenas para consumo interno do município de Moju.

De acordo com Venturieri et al (2009) entre os insetos que visitam as flores do

açaizeiro na região nordeste da Amazônia foram identificadas as abelhas com ferrão

africanizadas (Apis mellifera) e as abelhas nativas da região (Meliponíneos) sem ferrão, que

são agentes importantes no processo de polinização dos açaizeiros (Euterpe oleracea Mart. –

Arecaceae), inclusive para o aumento da produção de frutos. A conclusão do estudo é que o

açaizeiro é uma importante espécie apícola na Amazônia por ofertar pólen e néctar durante

a floração, em período de menor oferta de recursos florais.

Page 131: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

125

5.1.2.10 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO ARTESANATO DE MIRITI

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia da comercialização do

artesanato de miriti

Os agentes envolvidos na cadeia da comercialização do artesanato de miriti

(Figura 71) na região do Tocantins apresentam as seguintes características:

Produção Local: são extratores da estirpe da palmeira do buritizeiro conhecido

como “isopor natural” da Amazônia que serve de matéria prima para o artesanato de miriti;

Indústria de Transformação Local: são pequenos núcleos familiares de artesãos

que confeccionam brinquedos e artesanatos de miriti. No município de Abaetetuba essa

atividade é tradicional, e a presente pesquisa identificou uma grande amostra de artesãos e

duas associações;

Varejo Urbano Estadual: são lojas de artesanatos localizadas na região

metropolitana de Belém, que comercializam diretamente para o consumidor final e

principalmente para turistas;

Varejo Urbano Nacional: são associações de artesanato, central de artes e

museus localizados em São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do artesanato de miriti

A cadeia de comercialização do artesanato consiste em canais simples, mas

sendo constituído por diversos níveis de canais de distribuição abrangendo três setores

intermediários. A indústria de transformação local compra toda a produção de miriti

diretamente do extrator, e vende 7,5% da produção identificada para o consumidor local,

53% para o varejo urbano estadual, 18% diretamente para os consumidores estaduais

(Figura 71). Neste caso, são as empresas, instituições públicas e principalmente

consumidores e turistas que adquirem o produto em época festiva, neste caso o Círio e

Page 132: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

126

Natal. O setor da indústria de transformação local Também vende para o varejo urbano

nacional (12%) e diretamente para o consumidor nacional (9%).

Figura 71. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização do artesanato de miriti identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual e Nacional.

É importante destacar que durante as festividades do Círio de Nazaré (2ª

quinzena de outubro) acontece a Feira do Miriti e também são organizados alguns pontos de

venda em praças públicas.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia do

artesanato de miriti (2008)

Os produtores vendem a braça de miriti (mede 2,5 a 3 metros, em média) para a

indústria de transformação por R$0,38/braça (Figura 72), ou seja, para os artesões e suas

associações transformarem as braças de miriti em peças artesanais com uma infinidade de

formas, cores e tamanhos, sendo os brinquedos de miriti os mais conhecidos em miniaturas

na forma de barcos, pássaros, roda gigante, casas, animais, objetos domésticos, entre outros

que representam o cotidiano do ribeirinho e também do homem da cidade grande. Os

preços de venda praticados pela indústria de transformação local são: R$15,10/braça para

os consumidores estaduais, R$7,76/braça para os varejistas estaduais, R$6,69/braça para

os consumidores nacionais, R$5,41/braça para os varejistas nacionais e R$2,80/braça para

Page 133: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

127

os consumidores locais. A variação dos preços médios praticados é justificada pelo tipo de

artefato comercializado.

Figura 72. Preço médio do artesanato de miriti (R$ correntes/braça) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.

d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização do artesanato de

miriti

No principal elo de comercialização a indústria de transformação local vende o

artesanato de miriti para o varejo urbano estadual ao preço de 20,36 vezes maior que o

preço médio da braça recebido pelos produtores (Figura 73), de 39,6 vezes para o

consumidor estadual, de 14,19 vezes para o varejo urbano nacional, de 17,55 vezes para o

consumidor nacional e de 7,34 vezes para o consumidor local.

Page 134: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

128

Figura 73. Formação de preço do artesanato de miriti ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada.

e) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização do artesanato de

miriti

Somando todos os valores recebidos pela comercialização da braça de mitiri

pelos produtores da região do Tocantins, isto é, o Valor Bruto da Produção (VBPα) foi de

R$10,8 mil, da indústria de transformação de R$237,2 mil, do varejo urbano estadual de

R$124,4 mil e do varejo urbano nacional de R$26,04 mil, gerando no total R$398,5 mil nas

vendas do artesanato de miriti (Figura 74).

Page 135: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

129

Figura 74. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização do

artesanato de miriti, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará.

f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)

gerado na comercialização do artesanato de miriti e a margem de comercialização de

cada setor (Mark-up)

Ao longo da cadeia de comercialização do artesanato de miriti da produção local

até a demanda final, o valor de R$ 251,4 mil foram adicionados ao produto, atigindo um

mark-up de 2.222%. Do total do valor adicionado, o setor com maior participação foi a

indústria de transformação local com R$226,4 mil, que agregam ao produto uma margem

de comercialização (mark-up do setor) de 2.091% (Figuras 75 e 76). Em relação ao sistema

estadual o varejo urbano agregou o valor de R$6,7 mil, apresentando a menor margem e

comercialização da cadeia, 6% apenas. Por outro lado, o varejo urbano nacional agrega o

valor de R$7,5 mil e atinge um mark-up de 40%.

Figura 75. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização do artesanato de miriti, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

Page 136: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

130

Figura 76. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/braça, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização do artesanato de miriti, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização do artesanato de

miriti

A Renda Bruta total gerada na comercialização do artesanato foi de R$398,5 mil.

A região estudada foi responsável por 62% dessa renda bruta total, seguido pelo estadual

com 31% e o nacional com apenas 7% (Figura 77). No sistema local, o setor da indústria de

transformação (artesãos) gerou a maior renda na ordem de R$237,2 mil, pois comprou de

insumos cerca de R$10,8 mil e agregou valor de R$226,4 mil. O setor do varejo urbano

estadual gerou uma renda bruta de R$124,4 mil, sendo R$ 117,7mil em insumos e somente

R$ 6,7 mil de agregação de valor. E no sistema nacional o varejo urbano atingiu uma renda

de R$ 26mil dos quais R$ 18,6 mil equivalem à compra de insumos e R$7,5 ao valor

adicionado.

Page 137: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

131

Figura 77. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do artesanato de miriti considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

h) Informações complementares sobre a comercialização de artesanato de miriti

Abaetetuba é tradicionalmente conhecida pelos famosos brinquedos de miriti

que fazem parte das festividades no período do Círio. A Associação Arte em Miriti de

Abaetetuba (Miritong), uma organização não governamental, conquistou sua valorização

com a venda dos brinquedos durante as festividades do Círio de Nazaré, que tem seu

trabalho reconhecido internacionalmente. Até 1999 todos faziam os brinquedos tradicionais,

com pinturas somente em riscos e pingos. Com ação do Serviço de Apoio às Micro e

Pequenas Empresas (Sebrae) em Abaetetuba surgiu a idéia de trabalhar o ano todo. No

evento denominado Miriti-Design, realizado em 1999, novos conceitos de design foram

incorporados ao artesanato do miriti, fato considerado pela associação como um “divisor de

águas”. Desenvolveram o corte mais preciso do miriti utilizando “cabo de freio de bicicleta”

ou corte de arame. O trabalho foi reconhecido pela Funtelpa, presidente Ney Messias na

época, que deu todo o suporte para a fundação da ONG. Ao todo são 200 artesões, que

sustentam suas famílias com o que produzem de artesanato. Atualmente contam com três

tipos de artesanato: os tradicionais (barcos, canoas, pila-pila, cobras, pássaros, bonecos,

outros); os utilitários (diversas embalagens) e os decorativos (luminárias, quadros, arranjos,

outros). Também trabalham na fabricação de brinquedos pedagógicos, mas que na época da

Page 138: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

132

entrevista estava parado. Disseram que tinham novos pedidos e, em 2009, começariam

novamente a produzir. A empresa Natura procurou a organização para fazer embalagens,

mas este tipo de artesanato não tem condições de padronização no nível que a empresa

exige. Os principais consumidores do artesanato de miriti são o Mangal das Garças (loja

própria); o Museu do Folclore Edison Carneiro – Artesão do Rio de Janeiro; o Bicho Preguiça -

Arte sol, São Paulo; Domdaqui – Bahia; Amazon Filmes – Belém; Eko – empresa de

comunicação “Laise Santos” jornalista e a Assembléia Paraense.

De acordo com o técnico (Vieira, informação pessoal), em 2008, o Centro

Internacional de Pesquisa Florestal (CIFOR) iniciou o “Projeto ecologia, manejo, economia e

mercado de miriti em florestas de uso múltiplo no estuário do baixo Tocantins”, em parceria

com Embrapa, SEBRAE, UFRA, Museu Paraense Emilio Goeldi, Associação dos Artesãos de

Brinquedos e Artesanatos de Miriti de Abaetetuba (ASAMAB), a Miritong, a Associação do

Tauera de Beja e o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Abaetetuba, com

objetivo de identificar as formas de extração do miriti, as partes usadas da planta, entender

a atividade artesanal dos “brinquedos de miriti”, assim como identificar técnicas para o

manejo sustentável desta palmeira, tão importante para a região, pois já estão enfrentando

problemas para acessar a matéria-prima. Segundo declarações da equipe técnica do projeto,

as fibras do miritizeiro constituem o principal recurso utilizado, como os brinquedos de miriti

feitos do da parte interna do pecíolo da folha (bucha), as cestarias da parte externa do

pecíolo (talas) e das palhas das folhas mais novas desfiadas. Além disso, do fruto extraem o

vinho de miriti (termo regional usado para suco).

A Associação dos Artesãos de Brinquedos e Artesanatos de Miriti de Abaetetuba

(ASAMAB) teve apoio da Albrás. São 113 pessoas que vivem do artesanato. Os que possuem

atelier próprio trabalham o ano todo. Em 2008 levaram, aproximadamente, 35.000 a 40.000

mil peças de miriti para Círio de Belém. Apesar dos artesões não terem uma sede própria

para realizar suas reuniões e organizar melhor a produção e comercialização, a atividade

destaca-se com grande potencial para o desenvolvimento local. Grande parte dos produtos

artesanais é feito nas ilhas próximas à sede de Abaetetuba.

5.1.2.11 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO MURUMURU

Page 139: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

133

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

murumuru

Na cadeia de comercialização do murumuru (Figura 78) foram identificados os

seguintes agentes mercantis:

Produção Local: composta por agentes responsáveis pela coleta das sementes

nas áreas de ocorrência natural em Cametá e Limoeiro do Ajuru;

Varejo Rural Local: também conhecido como Atravessador ou pequeno

comerciante que compra a semente do murumuru de vários produtores e revende para a

indústria de cosmético estadual;

Atacado Local: trata-se de uma cooperativa agrícola que compra da produção

local e vende para o demandante, no caso a indústria de cosmético estadual;

Indústria de Transformação Estadual: trata-se de uma filial de uma grande

empresa de cosmético nacional, localizada no âmbito estadual (região metropolitana de

Belém), que compra as sementes de atravessadores (varejo rural e atacado local),

processam para obtenção da manteiga de murumuru (possivelmente realizada em São

Paulo).

Foram três agentes mercantis entrevistados que comercializam murumuru,

sendo que um deles informou possuir espaço para armazenagem de 6m2 e outro que

comercializa também açaí e óleo de andiroba. As principais demandas identificadas na

comercialização do murumuru foram a necessidade de entender com mais detalhes a cadeia

produtiva completa desta espécie e identificar novos nichos de mercado.

A manteiga de murumuru possui características que promovem a nutrição,

emoliência e hidratação para a pele e cabelos (IDEALFARMA, 2009).

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do murumuru

Na cadeia de comercialização do murumuru fica explícito que toda a produção

da região do Tocantins (100%) abastece uma indústria de transformação estadual (filial de

Page 140: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

134

uma grande empresa de cosmético), localizada no Estado do Pará, vindo 73% do atacado

local e 27% do varejo rural local, que negociam a compra das sementes com os produtores

de Cametá e Limoeiro do Ajuru (Figura 78). Tal indústria de transformação estadual envia

para o mercado nacional, no entanto esta empresa ainda não foi entrevistada pela equipe.

Figura 78. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização do murumuru identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual e Nacional.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia do

murumuru (2008)

O varejo rural paga ao produtor local R$0,30/kg da semente de murumuru e

revende a R$1,50/kg para a indústria de transformação estadual e, o atacado local compra

a R$1,50/kg da produção local e revende para a mesma indústria de transformação

estadual ao preço de R$2,32/kg da semente (Figura 79).

Page 141: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

135

Figura 79. Preço médio do murumuru (R$ correntes/kg semente) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.

d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização do murumuru

Na formação do preço da semente de murumuru o varejo rural compra a 0,25

vezes abaixo em relação ao preço de referencia para a produção local, e vende a 1,28 vezes

acima para a indústria de transformação estadual (Figura 80). No caso do atacado local

compra a 1,28 vezes acima do preço de referencia e revende para a indústria de

transformação estadual ao preço de 1,98 vezes maior.

Page 142: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

136

Figura 80. Formação de preço do murumuru ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada.

e) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização do murumuru

Na cadeia de comercialização do murumuru a produção local gerou um Valor

Bruto da Produção (VBPα) de R$94,2 mil (Figura 81). O VBP do âmbito local (56%) equivale à

oferta de R$27 mil pelo atacado e a R$6,6 mil ao varejo rural. Em termo estadual observa-se

que o setor de transformação responde pelo total do VBP gerado pela oferta de murumuru

com R$41,8mil.

Page 143: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

137

Figura 81. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização do

murumuru, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará.

f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)

gerado na comercialização do murumuru e a margem de comercialização de cada setor

(Mark-up)

Ao longo da cadeia de comercialização do murumuru da produção local do

Tocantins até a demanda final estadual, o valor de R$41,7 mil foi adicionado (VAB) ao

produto (Figura 82), subtraindo o VAB total (R$41,7 mil) do VBP da produção local (R$18,8

mil) e dividindo o resultado pelo VBP da produção local obtemos o mark-up total de 122%.

Observando que, em termos relativos, o valor adicionado ao longo da cadeia a partir da

produção primária (Setor α) é significativo.

Do total do Valor Adicionado Bruto o sistema local foi responsável por R$33,6

mil, sendo o setor com maior participação o da produção local, pois apresenta um valor

significativo de R$18,8 mil o maior da cadeia (Figura 82), justificado pelo beneficiamento

primário de custo baixo da oleaginosa; em segundo foi o varejista rural com R$5,3 mil, com

isso gerando o maior mark-up de 408% o maior da cadeia como um todo (Figura 82), pois se

trata de agentes de empresas de transformação estadual e, o atacadista urbano com R$9,5

mil apresentando um mark-up de 55%. O sistema estadual participa com 19% do VAB total,

com a indústria de transformação no montante de R$8,1 mil, que é o único setor que

demanda o murumuru da região estudada.

Page 144: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

138

Figura 82. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização do murumuru, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

Figura 83. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg semente, e a margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização do murumuru, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização do murumuru

A Renda Bruta Total identificada pela pesquisa foi de R$94,2 mil sendo que do

total 56% foram movimentados nos dez municípios e 44% no estado (Figura 84). O setor da

produção local gerou R$18,8 mil, esse resultado demonstra que a comercialização do

Page 145: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

139

murumuru é rentável para os extratores dessa oleaginosa. O sistema local gerou o

equivalente a R$52,4 mil, sendo que o atacado foi responsável por R$27 mil, pois comprou

de insumo cerca de R$17,5 mil e agregou apenas R$9,5 mil. O varejo rural foi responsável

pela renda bruta de R$6,6 mil, pois comprou de insumo R$1,3 mil e adicionou o montante

de R$5,3 mil. Por outro lado, no sistema estadual o setor de indústria de transformação

atingiu uma renda bruta total de R$41,7 mil, dos quais R$33,6 mil equivalem à compra de

insumos e R$8,1 mil ao valor adicionado.

Figura 84. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do murumuru considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

Page 146: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

140

5.1.2.12 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DA ANDIROBA

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da

andiroba

Os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do óleo de

andiroba (Figura 85) atuam no nível local e estadual, conforme descrição a seguir:

Produção Local: composta por produtores locais que coletam as sementes da

andiroba e realizam o beneficiamento primário, geralmente feito pelas mulheres, com a

fervura e a extração do óleo;

Varejo Rural Local: também conhecido como Atravessadores, que são pequenos

comerciantes que compram o óleo de andiroba dos produtores locais;

Atacado Local: comerciantes que compram o óleo em maior quantidade do

produtor local e vendem para o varejo urbano estadual;

Varejo Urbano Local: são pequenos comerciantes que adquirem o óleo de

andiroba da produção local e vendem para o mercado local;

Varejo Urbano Estadual: setor de comércio varejista (feirantes e supermercados)

situado no âmbito estadual que compra do atacado local e vende o óleo de andiroba para o

consumidor estadual.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) da andiroba

Dos 9 agentes entrevistados que trabalham com óleo de andiroba estão no ramo

há 21 anos em média (13 a 48 anos de atuação); todos também comercializam outros

produtos, tais como: mel, açaí, murumuru, semente de cumaru, cacau, palmito, artesanato

plantas medicinais (leite de Amapá, de sucuuba, seiva de jatobá, barbatimão, unha de gato,

verônica, óleo de copaíba). A capacidade instalada com armazéns possui em média 32m2

(variação de 12 a 60 m2), com transporte feito por bicicleta ou moto. A mão de obra

predomina a familiar com 1 a 3 pessoas atuando o ano todo. As necessidades identificadas

são por equipamentos apropriados para a prensa, financiamentos para a produção e apoio

do poder público para com as farmácias de remédios naturais.

Page 147: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

141

O varejo urbano comprou 65% do óleo de andiroba da produção local, vendeu

somente para o consumidor local. O varejo rural local é responsável pelo repasse de 24%

para o consumidor local (Figura 85). Tem produtor local que consegue vender 7% do total

diretamente para o consumidor estadual e os que vendem 4% para varejistas de fora da

região.

Figura 85. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização de andiroba identificada em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia da

andiroba (2008)

A produção local vendeu óleo de andiroba para o varejo rural ao preço de

R$6,50/litro, para o varejo urbano a R$6,77/l, para o atacado local a R$8,00/l e,

diretamente para o consumidor estadual a R$15,00/l (Figura 86). O varejo urbano local

vende diretamente para o consumidor local ao preço de R$11,50/l. O atacadista local vende

para o varejo urbano estadual a R$16,00/l, que por sua vez revende ao consumidor

estadual ao preço de R$20,00/l.

Page 148: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

142

Figura 86. Preço médio da andiroba (R$ correntes/l óleo) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.

d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização da andiroba

O varejo urbano comprou óleo de andiroba 0,92 vezes menor que o preço de

referencia para a produção local e vendeu a 1,57 vezes maior para o consumidor local

(Figura 87). O varejo rural local comprou óleo de andiroba a 0,89 vezes menor que o preço

de referencia para a produção local e vendeu a 1,23 vezes maior para o consumidor local. A

produção local que conseguiu vender diretamente para o consumidor estadual conseguiu

praticar um preço 2,04 vezes maior. O atacado local compra da produção a 1,09 vezes

maior, vende a 2,18 vezes para o varejo urbano estadual que vende a 2,72 vezes ao

consumidor estadual.

Page 149: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

143

Figura 87. Formação de preço da andiroba ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada.

e) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização da andiroba

Na cadeia de comercialização do óleo da andiroba a produção local gerou um

Valor Bruto da Produção (VBPα) de R$13,6 mil (Figura 88), totalizando no final da cadeia em

R$33,8 mil. Do montante, R$13,8 mil pertencem ao setor varejista urbano local, R$4,1 mil

ao varejo rural, R$1,1 mil ao setor atacadista local e com apenas R$1,3 mil do varejista

urbano estadual.

Page 150: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

144

Figura 88. Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização da

andiroba, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará.

f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)

gerado na comercialização da andiroba e a margem de comercialização de cada setor

(Mark-up)

Na cadeia de comercialização da andiroba foi agregado ao produto um valor de

R$21,3 mil (Figura 89). Do montante o sistema local foi responsável por R$21 mil no qual o

produtor consegue agregar valor (R$13,6 mil) com a comercialização do óleo sem nenhum

tratamento, varejista rural que agrega somente R$1,1 mil com um margem de

comercialização de 38% (Figura 89) considerando essa atividade rentável mesmo com pouca

agregação de valor, e o varejista urbano com R$5,7 mil apresentando o segundo maior

mark-up da cadeia (70%). O atacado local agregou R$0,5 mil e obteve o maior mark-up de

100%. No âmbito estadual o setor do varejo urbano agrega apenas R$266,6 mil, mas

apresenta mark-up de 25%. A justificativa é o preço de venda alto através do fracionamento

do produto em vidros menores.

Figura 89. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização da andiroba, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

Page 151: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

145

Figura 90. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/l óleo, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização da andiroba, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização da andiroba

A Renda Bruta Total identificada pela pesquisa foi de R$33,8 mil sendo que do

total 96% foram movimentados nos dez municípios e apenas 4% no estado (Figura 91). O

sistema local gerou o equivalente a R$32,5 mil, o setor da produção local gerou a maior

renda equivalente a R$13,6 mil, comparada aos demais setores, pois realizam o

beneficiamento primário do fruto, que torna a comercialização rentável. O varejo urbano foi

responsável por R$13,8 mil, pois comprou de insumo R$8,1 mil e agregou R$5,7 mil. O

varejo rural foi responsável pela renda bruta de R$4 mil, pois comprou de insumo R$2,9 mil

e adicionou apenas R$1,1 mil. O atacado local obteve renda bruta de R$1 mil, com valores

de compra de insumo e adicionado em iguais proporções R$0,5 mil cada. Por outro lado, no

sistema estadual o setor de varejo urbano atingiu uma renda bruta total de R$1,4 mil, dos

quais R$1,1 mil equivalem à compra de insumos e R$266 mil ao valor adicionado.

Page 152: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

146

Figura 91. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização da andiroba considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

h) Informações complementares sobre a comercialização de andiroba

Em Abaetetuba a extração da andiroba ainda é feita de forma tradicional,

algumas famílias que utilizam essa prática costumam comercializar o produto, outras usam

somente para o consumo nas comunidades.

No município de Mocajuba está instalada, há mais de 3 anos, a filial de uma

grande Empresa12 que trabalha com sementes oleaginosas junto às comunidades ribeirinhas

da região e faz o beneficiamento primário da andiroba. Atualmente, a empresa alocada no

município trabalha exclusivamente com a semente de andiroba e possui embarcação própria

para a coleta das sementes junto às comunidades ribeirinhas. A Empresa beneficia óleo de

andiroba geralmente vindo da região das ilhas, onde as sementes são coletadas por

ribeirinhos, mas quem determina os preços do produto é a empresa. A filial compra a

semente molhada ou suja por R$ 0,25/kg, entrega as embalagens e realiza o transporte para

que a produção chegue até Mocajuba. A empresa compra aproximadamente 200 toneladas

de semente de andiroba durante a safra, que vai de janeiro até meados de junho,

dependendo do período chuvoso. Esta filial funciona apenas como um apoio logístico de

estoque, devido às dificuldades de abastecimento de energia elétrica e de mão de obra

12

Engefar, com nome fantasia de Naturais da Amazônia.

Page 153: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

147

qualificada na região do Tocantins. A empresa então priorizou se estabelecer em

Ananindeua-PA. A matriz possui uma estrutura de aproximadamente 12 prensas

“Piratininga” com uma capacidade de produção de 2,5 toneladas de óleo por hora.

Segundo informações da empresa, a maioria da população conhece a andiroba e

sabe do seu uso medicinal, a semente é bem conhecida na região, porém pouco valorizada.

Hoje uma árvore de andiroba custa para o ribeirinho R$20,00, quando comercializada para

madeireiros, e uma árvore produz, em média, 100 kg de semente, por safra. Na safra de

2008, 200 toneladas de semente foram produzidas somente em Mocajuba, mas a empresa

também compra sementes em municípios da região como Cametá e Barcarena, e também

em outras regiões como a do Salgado (Vigia, Santo Antônio do Tauá e Mosqueiro) e região

do Marajó. Toda a negociação é realizada diretamente com os produtores, a empresa não

negocia com atravessadores. O pagamento é feito à vista, e após a compra a empresa lava,

pesa, seleciona e ensaca a semente. Sua armazenagem é feita submersa em água, evitando

o apodrecimento e ataque de bichos.

A empresa estabelece a programação da passagem do barco nas comunidades

para recolher as sementes na safra. Em 2007 compraram cerca de 60 toneladas de óleo já

beneficiado pelas comunidades, que possuem tradição na retirada do óleo artesanal e, com

isso, atenderam a uma demanda da empresa que precisava de óleo artesanal, sem importar

com a qualidade. A Empresa compra mais a semente do que o óleo artesanal na região.

Dependendo do volume a extração do óleo é feito na filial da empresa em Mocajuba, com

uso de prensa e, o processo de refino é realizado na matriz em Ananindeua. Na cadeia de

comercialização da andiroba não foram incluídos os dados da empresa de Mocajuba, pois

falta realizar a entrevista em sua matriz em Ananindeua.

A EMATER informou que em Igarapé Miri existe bastante andiroba nas áreas

ribeirinhas, mas que não são aproveitadas, o que foi constatado em campo como grande

potencial. De acordo com entrevistados é por falta de incentivos e escoamento da produção.

Existe apenas um comprador que determina um preço muito baixo do óleo (R$2,00/litro).

5.1.2.13 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DA COPAÍBA

Page 154: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

148

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da

copaíba

Os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do óleo de

copaíba atuam somente no nível local, conforme Figura 92 e descrição a seguir:

Produção Local: composta por produtores locais que fazem a extração do óleo

das copaibeiras, utilizando normalmente broca para o processo de perfuração, em seguida

envasamento em garrafas de vidro;

Varejo Urbano Local: são comerciantes que compram o óleo de copaíba dos

produtores locais e revendem para o consumo final.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) da copaíba e formação dos preços pelos

setores envolvidos

Os 4 agentes entrevistados que trabalham com óleo de copaíba estão no ramo

há 16 anos em média (7 a 20 anos de atuação); todos também comercializam outros

produtos, tais como: mel, semente de cumaru, cacau, artesanato, plantas medicinais (leite

de amapá, de sucuuba, seiva de jatobá, barbatimão, unha de gato, verônica, óleo de

andiroba). A capacidade instalada de armazenamento atinge tamanho médio de 30m2

(variação de 12 a 60 m2), com transporte feito por bicicleta ou moto. A mão de obra

predomina a familiar com duas pessoas atuando o ano todo. As necessidades identificadas

são a ampliação do espaço para o comércio, financiamentos para a produção e apoio do

poder público para com as farmácias de remédios naturais.

Toda a produção de óleo de copaíba (100%) passa pelo varejo urbano local e

depois para o consumidor local. Quanto à formação de preço o varejo urbano local vende

para o consumidor local ao preço 1,27 vezes maior que o pago à produção local (Figura 91).

Page 155: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

149

Figura 92. Formação de preço da copaíba ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia da

copaíba (2008)

O varejo urbano local compra o óleo de copaíba da produção local pelo preço

médio de R$24,70/litro e vende para o consumidor local ao preço de R$31,48/litro (Figura

93).

Figura 93. Preço médio da copaíba (R$ correntes/l de óleo) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.

Page 156: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

150

d) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização da copaíba

O Valor Bruto da Produção (VBPα) da copaíba identificado na pesquisa é de

R$10,4 mil, totalizando em R$23,7 as vendas totais realizadas incluindo o setor do varejo

urbano responsável por R$13,3 mil (Figura 94).

Figura 94. Valor Bruto da Produção (VBP

α), em R$, gerado na comercialização da

copaíba, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará.

e) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)

gerado na comercialização da copaíba e a margem de comercialização de cada setor

(Mark-up)

Ao longo da cadeia de comercialização da copaíba foi agregado valor total de

R$13,3 mil para a região estudada e o setor responsável foi o extrator de óleo com R$10,4

mil, pois se trata de um produto totalmente extrativo com custo baixo de coleta e o

varejista local com R$2,9 mil apresentando um mark-up de 27%, pois embala em vidros para

então ser comercializado (Figuras 95 e 96).

Page 157: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

151

Figura 95. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização da copaíba, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

Figura 96. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/l óleo, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização da copaíba, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

f) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização da copaíba

A Renda Bruta Total identificada pela pesquisa foi de R$23,7 mil sendo toda

gerada e movimentada na região do Tocantins (Figura 97). O setor da produção local gerou

uma renda equivalente a R$10,4 mil e o restante foi no setor do varejo urbano (R$13,3 mil),

Page 158: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

152

que compra de insumo cerca de R$10,4 mil e agrega apenas R$2,9 mil. Neste setor do varejo

o óleo é fracionado para fins de consumo local.

Figura 97. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização da copaíba considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

5.1.2.14 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DOS LEITES (AMAPÁ, SUCUÚBA E JATOBÁ)

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização dos leites

(amapá, sucuúba e jatobá)

Dos dois agentes entrevistados que trabalham com os leites de amapá, sucuúba

e jatobá estão no ramo há 17 e 20 anos; também comercializam outros produtos medicinais,

tais como: mel, óleo de andiroba, copaíba, semente de cumaru, unha de gato e verônica. A

capacidade instalada para armazenamento é de 16 e 24 m2, com transporte feito por

bicicleta. A mão de obra familiar com 1 a 3 pessoas.

Os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização dos leites (Figura

98) atuam somente no nível local, conforme descrição a seguir:

Produção Local: composta por extrativistas locais que fazem a extração dos

leites artesanalmente;

Varejo Urbano Local: são comerciantes que compram os leites dos extrativistas

locais e revendem para o consumidor final local.

Page 159: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

153

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e formação de preço dos leites (amapá,

sucuúba e jatobá)

O varejo urbano local comercializa 78% da produção identificada, e vende

diretamente para os consumidores locais (Figura 98). Existe também o canal direto entre os

extratores e os consumidores locais responsável pelo repasse de 22% da produção.

Figura 98. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização dos leites (amapá, sucuúba e jatobá) identificados em dez municípios da região do Tocantins (Local), Estado do Pará.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia dos

leites (amapá, sucuúba e jatobá) (2008)

O varejo urbano local compra os leites da produção local pelo preço médio de

R$13,80/litro e vende para o consumidor local ao preço de R$35,05/litro (Figura 99). O

consumidor local que compra direto do produtor paga R$44,00/litro.

Page 160: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

154

Figura 99. Preço médio dos leites (amapá, sucuúba e jatobá) (R$ correntes/l de leite) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.

d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização dos leites (amapá,

sucuúba e jatobá)

Quanto à formação de preço dos leites de amapá, sucuúba e jatobá, o varejo

urbano local compra do consumidor local ao preço 0,69 vezes menor do que o preço de

referencia pago à produção local e vende para o consumidor local a 1,75 vezes maior

(Figura 100). O setor da produção local vende ao consumidor local a 2,19 vezes maior.

Figura 100. Formação de preço dos leites (amapá, sucuúba e jatobá) ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base

Page 161: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

155

adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada.

e) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização dos leites (amapá,

sucuúba e jatobá)

O Valor Bruto da Produção (VBPα) dos extratores de leite da região estudada

alcançou R$4,5 mil contando com a participação do varejo urbano local também como

ofertante de R$4,9 mil (Figura 101).

Figura 101. Valor Bruto da Produção (VBP

α), em R$, gerado na comercialização dos

leites (amapá, sucuúba e jatobá), pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará.

f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)

gerado na comercialização dos leites (Amapá, Sucuúba e Jatobá) e a margem de

comercialização de cada setor (Mark-up)

O Valor Agregado (ou Adicionado) Bruto dos leites totalizou apenas R$7 mil

(Figura 102). Apesar do varejo urbano local possuir um valor bruto de R$2,5 mil, apresenta

uma margem de comercialização alta de 106% pois comercializa o produto com agregação

de valor (Figura 103).

Page 162: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

156

Figura 102. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização dos leites (amapá, sucuúba e jatobá), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

Figura 103. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/l leite, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização dos leites (amapá, sucuúba e jatobá), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização dos leites (amapá,

sucuúba e jatobá)

Os dados levantados mostram que os leites geraram uma renda equivalente a

R$9,4 mil, movimentada somente na região tocantina (Figura 104). Desse montante o

Page 163: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

157

produtor gerou R$4,5 mil e o varejo urbano gerou R$4,88 mil, sendo R$2,38 mil pela

compra de insumo e R$2,5mil de adição de valor, mostrando baixa geração de renda nessa

comercialização.

Figura 104. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização dos leites (amapá, sucuúba e jatobá) considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

5.1.2.15 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO TAPEREBÁ

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

Taperebá

Os dois agentes entrevistados que trabalham com fruto de taperebá estão no

ramo há 12 anos; comercializam também cupuaçu, açaí fruto e palmito. O transporte é feito

por moto e barco de 5 toneladas. Um freezer para conservação. A mão de obra é a familiar

com 3 a 4 pessoas atuando o ano todo.

Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização do taperebá (Figura 105), na

região do Tocantins e na escala estadual, apresentam as seguintes características:

Produção Local: produção extrativista dos municípios estudados que

comercializam o taperebá in natura;

Page 164: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

158

Varejo Urbano Local: são feirantes que realizam a venda do taperebá in natura

para o consumidor local;

Varejo Urbano Estadual: são feirantes que compram diretamente da produção

local e vendem o taperebá in natura para o consumidor estadual.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do Taperebá

O varejo urbano local comercializa 86% da quantidade identificada do fruto, que

é comprado diretamente dos produtores e vendido exclusivamente para os consumidores

locais (Figura 105). No âmbito estadual o varejo urbano é responsável por 14% da produção

identificada. São os feirantes que vendem o fruto in natura diretamente para o consumidor

estadual.

Figura 105. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização do taperebá identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia do

Taperebá (2008)

O preço médio de venda do fruto de taperebá in natura praticado pelos

produtores com o varejo urbano local é de R$1,20/kg, com o varejo urbano estadual é de

R$0,80/kg (Figura 106). O preço médio adotado pela venda do varejo urbano local para o

Page 165: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

159

consumidor local é de R$3,00/kg do fruto, e o preço de venda do varejo urbano estadual é

de R$1,00/kg para o consumidor estadual.

Figura 106. Preço médio do taperebá (R$ correntes/kg polpa) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.

d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização do Taperebá

O varejo urbano local compra o taperebá in natura ao preço de 1,05 vezes maior

que o praticado pela produção local e vende a 2,63 vezes para o consumidor local (Figura

107). O varejo urbano estadual paga 0,7 vezes menos que o preço de referencia da

produção local e vende a 0,88 vezes para o consumidor estadual.

Page 166: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

160

Figura 107. Formação de preço do taperebá ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada.

e) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização do Taperebá

Na cadeia de comercialização do taperebá a produção local gerou um Valor

Bruto da Produção (VBPα) de R$3,4 mil (Figura 108), pela sua oferta. Sendo que nesta cadeia

os setores ofertantes são o varejo urbano local com R$7,7 mil e o varejo urbano estadual

com R$430,4.

Figura 108. Valor Bruto da Produção (VBP

α), em R$, gerado na comercialização do

taperebá, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará.

Page 167: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

161

f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)

gerado na comercialização do Taperebá e a margem de comercialização de cada setor

(Mark-up)

O Valor Agregado (ou Adicionado) Bruto do taperebá totalizou R$8,1 mil,

atingindo o mark-up total de 138%. Observando portanto que, em termos relativos, o valor

adicionado ao longo da cadeia do fruto a partir da produção primária (Setor α) é

significativo.

O varejo urbano local foi responsável pela maior agregação com R$4,6 mil

(Figura 109), com margem bruta de 150% (Figura 110) e o varejo urbano estadual apesar de

agregar pouco (R$86,09) apresenta uma margem de apenas 25%.

Figura 109. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização do taperebá, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

Page 168: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

162

Figura 110. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg polpa, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização do taperebá, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização do Taperebá

A Renda Bruta Total identificada pela pesquisa foi de R$ 11,7 mil sendo que do

total 96% foram movimentados nos dez municípios e 4% no estado (Figura 111). O sistema

local gerou o equivalente a R$ 11,2 mil, sendo que o varejo urbano foi responsável por

R$7,7 mil, pois comprou o fruto in natura por R$3,1 mil e agregou R$4,6 mil ao fruto já

embalado para o consumo final local. No sistema estadual o varejo urbano atingiu uma

renda bruta total de R$430,40, dos quais R$344,4 equivalem à compra do fruto in natura e

R$86,1 ao valor adicionado.

Figura 111. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do taperebá considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

5.1.2.16 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO BREU BRANCO

Page 169: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

163

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização de Breu

Branco

Foram dois agentes mercantis entrevistados que trabalham com breu branco e

também com artesanatos e carvão, com mão de obra familiar. Um deles trabalha a 22 anos

no ramo e possui armazém com 250 m2. As descrições dos agentes mercantis identificados,

apenas na esfera local, foram:

Produção Local: produção extrativista dos dez municípios que comercializam a

resina do breu branco;

Varejo Urbano Local: são feirantes que realizam a venda da resina pronta para

calafetar barcos e espantar insetos para o consumidor local.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) de Breu Branco e Formação dos preços

pelos setores envolvidos

O varejo urbano local comercializa 100% da quantidade identificada da resina de

breu branco, que é comprada diretamente dos produtores e vendida exclusivamente para os

consumidores locais. O varejo urbano local vende a resina de breu branco para o

consumidor local a 1,44 vezes maior que o preço de referencia praticado pela produção

local (Figura 112).

Page 170: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

164

Figura 112. Formação de preço de breu branco ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia de

breu branco (2008)

O preço médio de venda de breu branco praticado pelos produtores com o

varejo urbano local é de R$2,38/kg da resina, e o preço de venda desses para com os

consumidores locais atinge o valor de R$3,44/kg (Figura 113).

Figura 113. Preço médio de breu branco (R$ correntes/kg resina) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.

d) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização de breu branco

Na cadeia de comercialização da resina do breu branco a produção local gerou

um Valor Bruto da Produção (VBPα) de R$5,1 mil, totalizando ao final da cadeia R$12,5 mil

(Figura 114). O único ofertante da cadeia é o varejo urbano local com R$7,4 mil.

Page 171: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

165

Figura 114. Valor Bruto da Produção (VBP

α), em R$, gerado na comercialização de

breu branco, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará.

e) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)

gerado na comercialização de breu branco e a margem de comercialização de cada setor

(Mark-up)

O Valor Agregado (ou Adicionado) Bruto do breu branco totalizou R$7,4 mil

(Figura 115). O varejo urbano local agregou no produto apenas R$2,3 mil, atingindo uma

margem bruta de 44% (Figura 116).

Page 172: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

166

Figura 115. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização de breu branco, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

Figura 116. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg resina, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização de breu branco, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

f) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização de breu branco

A Renda Bruta Total identificada pela pesquisa na comercialização do breu

branco foi de R$12,5 mil (Figura 117). O varejo urbano local foi responsável pela renda

bruta de R$7,4 mil, pois comprou de insumo R$5,14 mil e adicionou o montante de R$2,3

mil e o produtor local gerou o equivalente R$5,1 mil.

Page 173: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

167

Figura 117. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do breu branco considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

5.1.2.17 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DE URUCUM

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização de

Urucum

Os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do urucum

(Figura 118) atuam somente no nível local, conforme descrição a seguir:

Produção Local: composta por produtores locais que fazem a colheita e primeiro

processamento do urucum, com secagem e moagem com pilão, e fazem um concentrado

com o urucum em água, embalados em garrafas de vidro;

Varejo Rural Local: são atravessadores que compram o urucum dos produtores

locais e revendem para o Varejo Urbano Estadual;

Varejo Urbano Local: são comerciantes que compram o urucum dos produtores

locais e revendem para o consumo final;

Varejo Urbano Estadual: são comerciantes que compram o urucum do varejo

rural e revendem para o consumidor estadual.

Page 174: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

168

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) de urucum e Formação dos preços pelos

setores envolvidos

Da produção identificada na região do Tocantins 89% permanece para abastecer

o comércio local e 11% sai para atender o comércio estadual (Figura 118).

Figura 118. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização do urucum identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual.

O varejo urbano local compra o concentrado de urucum a 0,97 vezes do preço

de referência pago à produção e revende ao consumidor local por 1,95 vezes mais (Figura

119). O varejo rural compra a 1,22 vezes da produção local, revende a 1,36 vezes para o

varejo urbano estadual, que revende a 2,92 vezes mais para o consumidor estadual.

Page 175: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

169

Figura 119. Formação de preço de urucum ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia de

urucum (2008)

O varejo urbano local compra o concentrado de urucum a R$2,00/l da produção

local e revende ao consumidor local por R$4,00/l (Figura 120). O varejo rural compra por

R$2,50/l da produção local, revende a R$2,80/l para o varejo urbano estadual, que por sua

vez revende a R$6,00/l para o consumidor estadual.

Figura 120. Preço médio de urucum (R$ correntes/l de concentrado) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.

Page 176: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

170

d) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização de urucum

O Valor Bruto da Produção (VBPα) de urucum identificado na pesquisa é de

R$914, totalizando em R$2,92 mil, isto é, soma das vendas realizadas por todos os setores

que constituem a cadeia. Do total do VBP do urucum são ofertados R$1,6 mil pelo setor do

varejo urbano local, R$132,00 pelo setor varejista rural e, na esfera estadual, o setor do

varejo urbano por R$284 (Figura 121).

Figura 121. Valor Bruto da Produção (VBP

α), em R$, gerado na comercialização de

urucum, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará.

e) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)

gerado na comercialização de urucum e a margem de comercialização de cada setor

(Mark-up)

Do total do valor adicionado bruto (VAB) dos dez municípios, o setor com maior

participação no âmbito local foi o produtor local, com o maior valor agregado da cadeia na

ordem de R$914, pois este executa as primeiras transformações do urucum. Na esfera local

o varejo urbano contribui com R$796 (mark-up de 100%) e o varejo rural com R$14,00. No

âmbito estadual o varejo urbano contribui com R$152, mark-up de 114% (Figuras 122 e

123).

Page 177: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

171

Figura 122. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização de urucum, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

Figura 123. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/l concentrado, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização de urucum, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

f) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização de urucum

A Renda Bruta Total (RBT) gerada na comercialização do urucum nos dez

municípios estudados foi de R$2,9 mil. Na região estudada o setor do varejo urbano atingiu

uma renda bruta total no valor de R$1,6 mil, pois comprou de insumos cerca de R$795,8 e

Page 178: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

172

adicionou o mesmo valor. O setor de produção foi responsável pela renda bruta de R$914,21

(Figura 124).

Figura 124. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do urucum considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

5.1.2.18 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DE BACURI

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização de

Bacuri

Nos dez municípios foram entrevistados dois agentes mercantis que atuam, em

média, há 9 anos com fruto e polpa de bacuri, incluindo outros produtos como cupuaçu e

muruci. Não possuem local para armazenagem; o transporte é feito com bicicleta, e freezer

alugado e a mão de obra é familiar. As necessidades identificadas foram a aquisição de

despolpadeira para reduzir o trabalho manual e conseguir uma barraca na feira para

comercialização do produto.

Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização do bacuri na região do

Tocantins apresentam as seguintes características:

Produção Local: produção primária e extrativista dos dez municípios;

Page 179: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

173

Varejo Rural Local: pequenos comerciantes que compram o bacuri in natura dos

produtores e são denominados de atravessadores;

Varejo Urbano Local: são feirantes que realizam a venda do bacuri in natura para

os consumidores locais;

Varejo Urbano Estadual: são feirantes que realizam a venda do bacuri in natura

para os consumidores estaduais.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) de Bacuri

Os canais de comercialização do bacuri, identificados nos dez municípios, se

caracterizam por canais simples, pois abrangem somente três agentes intermediários que

participam da comercialização do fruto. O principal nível de canal de comercialização do

bacuri é a venda direta do produtor para o consumidor local comercializando 88,5% da

produção identificada (Figura 125). Outro canal importante é composto pelo varejo rural

que compra 10,5% do produtor e vende diretamente para o varejo urbano estadual.

Figura 125. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização de bacuri identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia de

Bacuri (2008)

Page 180: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

174

O preço médio praticado pelo produtor com o varejo rural é R$5,00/kg da polpa

do fruto de bacuri, com o varejo urbano local é R$3,00/kg e com os consumidores locais

atinge R$11,00/kg (Figura 126). Em relação ao preço de venda praticado pelo varejo rural

com os varejistas urbanos estaduais equivale a R$7,00/kg.

Figura 126. Preço médio de bacuri (R$ correntes/kg polpa) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.

d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização de Bacuri

O preço praticado pela compra do setor varejista rural é de 0,49 vezes abaixo

(ou 49%) do preço praticado pela produção local, e este varejista rural vende para o varejo

urbano estadual no valor 0,68 vezes menor que o pago ao produtor. No caso do varejo

urbano local (feirantes) a compra da produção se dá a 0,29 vezes abaixo do preço pago ao

produtor e revende para o consumidor local no valor 0,61 vezes. Somente quando o

produtor da região vende diretamente ao consumidor da região tocantina este pratica preço

1,07 vezes maior, ou 7% a mais (Figura 127).

Page 181: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

175

Figura 127. Formação de preço do bacuri ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada.

e) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização de Bacuri

O Valor Bruto da Produção (VBPα) dos produtores identificados nos dez

municípios atingiu R$120,1 mil, enquanto que o VBP de todos os setores chega a R$139 mil

(Figura 128). Os setores que mais ofertam são o varejo rural com R$8,6 mil e o varejo

urbano estadual com R$9,7 mil.

Figura 128. Valor Bruto da Produção (VBP

α), em R$, gerado na comercialização de

bacuri, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará.

Page 182: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

176

f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)

gerado na comercialização de Bacuri e a margem de comercialização de cada setor

(Mark-up)

Na cadeia de comercialização do bacuri foi agregado ao fruto um valor de R$124

mil, subtraindo o VAB total (R$ 124 mil) do VBP da produção local (R$ 120,1 mil) e dividindo

o resultado pelo VBP da produção local, obtemos uma margem de agregação de apenas 3%.

Do VAB total o sistema local foi responsável por R$123 mil no qual o produtor

consegue agregar R$120,1 mil e o varejo rural com R$2,5 mil apresentando o mark-up de

40%. Por outro lado o varejista urbano local agrega um valor de R$300,00 atingindo a maior

margem de comercialização da cadeia de 108% (Figuras 129 e 130).

Figura 129. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização de bacuri, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

Page 183: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

177

Figura 130. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg polpa, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização de bacuri, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização de Bacuri

A Renda Bruta Total identificada pela pesquisa na comercialização do bacuri foi

de R$139,1 mil, sendo que do total 93% foram movimentados nos dez municípios e 7% nas

demais regiões do estado (Figura 131). O sistema local gerou o equivalente a R$129 mil, o

varejo rural foi responsável pela renda bruta de R$8,6 mil, pois comprou de insumo R$6,15 mil

e adicionou o montante de R$2,5 mil e o produtor local gerou R$120,1 mil. O varejo urbano

estadual atingiu uma renda bruta total de R$9,7 mil, dos quais R$8,6 mil equivalem à compra

de insumos e R$1,1 mil ao valor adicionado.

Figura 131. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do bacuri considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

5.1.2.19 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DA SEMENTE DE CUPUAÇU

Page 184: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

178

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da

semente de cupuaçu

Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização da semente de cupuaçu

(Figura 132) na região do Tocantins apresentam as seguintes características:

Produção Local: produtores que realizam beneficiamento primário do cupuaçu

(despolpamento do fruto feito com tesoura) e comercializam a semente de cupuaçu;

Varejo Rural: atravessadores que compram a semente de cupuaçu;

Indústria de Beneficiamento Local: comerciantes que fazem o beneficiamento

primário da semente de cupuaçu (realizam a limpeza e a secagem);

Indústria de Transformação Estadual: unidade industrial localizada no município

de Tomé Açú que extrai a manteiga de cupuaçu das sementes.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) da semente de cupuaçu

O varejo rural comercializa 100% da quantidade identificada da semente de

cupuaçu, que é comprada diretamente dos produtores e vendida exclusivamente para a

indústria de beneficiamento local, e esta vende diretamente para a indústria de

transformação estadual (Figura 132).

Figura 132. Estrutura da quantidade, em termos percentuais (%), da comercialização da semente de cupuaçu identificado em dez municípios da região do Tocantins (Local), que vai para o mercado Estadual.

Page 185: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

179

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia da

semente de cupuaçu (2008)

O preço médio de compra de insumo (semente de cupuaçu) praticado pelo setor

da indústria de beneficiamento estadual com os varejistas rurais foi de R$1,50/kg. Por

outro lado o preço de venda praticado pelo setor da indústria de beneficiamento estadual

com a indústria de transformação estadual foi de R$13,00/kg (Figura 133).

Figura 133. Preço médio da semente de cupuaçu (R$ correntes/kg semente) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.

d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização da semente de

cupuaçu

O preço de venda praticado pelo varejista rural para a indústria de

beneficiamento estadual é equivalente a 1,25 vezes o preço médio recebido pelos

produtores, e deste para a indústria de transformação estadual é 10,83 vezes maior (Figura

134).

Page 186: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

180

Figura 134. Formação de preço da semente de cupuaçu ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada.

e) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização da semente de

cupuaçu

O Valor Bruto da Produção (VBPα) dos produtores que comercializam a semente

de cupuaçu identificado pela pesquisa atingiu somente R$454,3, do varejo rural local foi de

R$567,8 e a indústria de beneficiamento estadual R$4,9 mil, enquanto que o VBP de todos

os setores que ofertam na cadeia foi de R$10,9 mil (Figura 135).

Figura 135. Valor Bruto da Produção (VBP

α), em R$, gerado na comercialização da

semente de cupuaçu, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará.

Page 187: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

181

f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)

gerado na comercialização da semente de cupuaçu e a margem de comercialização de

cada setor (Mark-up)

Ao longo da cadeia de comercialização da semente de cupuaçu foi agregado

valor total de R$5 mil (Figura 136), que significa uma margem de agregação ou mark-up

total de 983%.

Do total do Valor Adicionado Bruto o sistema local foi responsável por apenas

12%, enquanto que o sistema estadual com 88% (Figura 136). A indústria de

beneficiamento estadual foi responsável por R$4,4 mil com margem de agregação de 767%

(Figura 137) e a de transformação estadual não teve seu valor de agregação estimado, pois

a presente pesquisa não obteve dados suficientes para tal cálculo.

Figura 136. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização da semente de cupuaçu, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

Page 188: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

182

Figura 137. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg polpa, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização da semente de cupuaçu, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização da semente de

cupuaçu

A comercialização da semente de cupuaçu identificada pela pesquisa na

comercialização foi de R$10,9 mil, sendo que o varejo rural foi responsável pela renda bruta

de R$567,8, pois comprou de insumo R$454,3 e adicionou R$113,5 (Figura 138) e o

produtor local gerou R$454,3. A indústria de beneficiamento estadual atingiu uma renda

bruta total de R$5 mil, dos quais R$567,8 equivalem à compra de insumos e R$4,3mil ao

valor adicionado.

Figura 138. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização da semente de cupuaçu considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

5.1.2.20 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO CUMARÚ

Page 189: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

183

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

cumaru

Os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da semente de

cumarú (Figura 139) atuam somente no nível local, conforme descrição a seguir:

Produção Local: composta por extrativistas locais que fazem a coleta das

sementes de cumarú em suas áreas;

Varejo Urbano Local: são comerciantes que compram as sementes de cumarú

dos extrativistas locais e revendem para o consumidor final local.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e formação dos preços pelos setores

envolvidos na comercialização do cumaru

A cadeia de comercialização de semente de cumarú é bem simples e linear, fica

restrita à própria região e é composta pelo setor do varejo urbano local, que compra (100%)

das sementes coletadas diretamente da produção local e vende para o consumidor local. Na

formação de preço da semente do cumarú o varejo urbano local vende ao consumidor local

ao preço de 6,67 vezes maior que o preço pago de referencia ao produtor (Figura 139).

Figura 139. Formação de preço do cumarú ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada.

Page 190: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

184

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia do

cumaru

O varejo urbano compra a semente de cumarú a R$3,00/kg do produtor local e

vende ao consumidor local a R$20,00/kg (Figura 140).

Figura 140. Preço médio do cumarú (R$ correntes/kg semente) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.

d) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização do Cumarú

O Valor Bruto da Produção (VBPα) dos coletores de semente de cumarú da

região alcançou apenas R$100,00, enquanto que o varejo urbano local ofertou o

equivalente a R$666,7 totalizando no final da cadeia em R$766,7 pelas vendas da semente

(Figura 141).

Page 191: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

185

Figura 141. Valor Bruto da Produção (VBP

α), em R$, gerado na comercialização do

cumarú, pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará.

e) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)

gerado na comercialização do Cumarú e a margem de comercialização de cada setor

(Mark-up)

O Valor Agregado (ou Adicionado) Bruto das sementes de cumarú totalizou

apenas R$666,7. Apesar do varejo urbano local atingir um valor bruto de R$666,7 (Figura

142), apresenta uma margem de comercialização altíssima de 567% pois comercializa o

produto com agregação de valor para fins fitoterápicos (Figura 143).

Page 192: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

186

Figura 142. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização do cumarú, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

Figura 143. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg de semente, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização do cumarú, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

f) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização do cumarú

Os dados levantados mostram que a comercialização das sementes de cumarú

gerou Renda Bruta Total de R$766,7, o produtor gerou R$100 somente pela comercialização

Page 193: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

187

in natura dessas sementes e o varejo urbano (feirantes) gerou R$666,7, sendo R$100,00 pela

compra das sementes e R$566,7 de adição de valor (Figura 144).

Figura 144. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização do cumarú considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

5.1.2.21 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DAS PLANTAS MEDICINAIS (BARBATIMÃO, PAU DOCE, UNHA DE GATO E

VERÔNICA)

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização das

Plantas Medicinais (barbatimão, pau doce, unha de gato e verônica)

Nos dez municípios foram entrevistados dois agentes mercantis que atuam na

comercialização de verônica, pau doce, unha de gato e barbatimão, e outras plantas

medicinais como óleos de copaíba e andiroba, leites de amapá, sucuuba, seiva de jatobá e

semente de cumaru. Atuam a 7 e 20 anos no ramo, com local para armazenagem com

capacidade de 12 e 24m2; não possuem meio de transporte e a mão de obra é familiar, com

2 e 3 pessoas que trabalham diariamente.

Os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização das plantas

medicinais atuam somente no nível local, conforme descrição a seguir:

Page 194: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

188

Produção Local: são os coletores de plantas medicinais;

Varejo Urbano Local: são comerciantes ou feirantes que compram plantas

medicinais dos produtores locais e revendem para o consumidor final.

b) Estrutura da quantidade comercializada (100%) e Formação do preço pelos setores

envolvidos na comercialização das Plantas Medicinais (barbatimão, pau doce, unha de

gato e verônica)

Toda a produção identificada das plantas medicinais dos dez municípios

estudados (100%) é comercializada somente pelo varejo urbano local, sendo vendido

somente para o consumidor local. Quanto à formação de preço o varejo urbano local vende

as plantas medicinais para o consumidor local ao preço 1,33 vezes maior que o pago à

produção local (Figura 145).

Figura 145. Formação de preço das plantas medicinais (barbatimão, pau doce, unha de gato e verônica) ao longo da cadeia de comercialização, considerando o valor de R$1,00 como preço base adotado no setor da produção local, que pode variar acima ou abaixo, dependendo da transação realizada.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia das

Plantas Medicinais (barbatimão, pau doce, unha de gato e verônica) (2008)

Page 195: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

189

O varejo urbano local compra as plantas medicinais da produção local pelo

preço médio de R$12,00/kg das partes da planta e vende para o consumidor local ao preço

de R$16,00/kg (Figura 146).

Figura 146. Preço médio das plantas medicinais (barbatimão, pau doce, unha de gato e verônica) (R$ correntes/kg partes da planta) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.

d) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização das Plantas

Medicinais (barbatimão, pau doce, unha de gato e verônica)

Somando todos os valores recebidos pela venda de plantas medicinais por todos

os agentes envolvidos em sua extração, ou seja, o Valor Bruto de Produção (VBPα) dos

produtores locais foi de somente R$2.910,00, totalizando no final da cadeia em R$6,8 mil

(Figura 147). Portanto, o varejo urbano com R$3,88 mil é o único setor ofertante nos dez

municípios estudados.

Page 196: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

190

Figura 147. Valor Bruto da Produção (VBP

α), em R$, gerado na comercialização das

plantas medicinais (barbatimão, pau doce, unha de gato e verônica), pela ótica da oferta, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará.

e) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)

gerado na comercialização das Plantas Medicinais (barbatimão, pau doce, unha de gato

e verônica) e a margem de comercialização de cada setor (Mark-up)

O Valor Agregado Bruto (VAB) total das plantas medicinais ao longo da cadeia foi

de apenas R$3,9mil para os dez municípios e o setor responsável foi o varejista urbano local

adicionou R$970 (Figura 148) com uma margem de comercialização de 33% apenas (Figura

149).

Figura 148. Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) em R$, gerado na comercialização das plantas medicinais (barbatimão, pau doce, unha de gato e verônica), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

Page 197: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

191

Figura 149. Valor Bruto da Produção (VBP), Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado Bruto (VAB), em R$ correntes/kg partes da planta, e a Margem de Comercialização (%) de cada setor (Mark-up) da cadeia de comercialização das plantas medicinais (barbatimão, pau doce, unha de gato e verônica), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

f) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização das Plantas

Medicinais (barbatimão, pau doce, unha de gato e verônica)

Os dados levantados mostram que a comercialização das plantas medicinais

gerou Renda Bruta Total de R$6,8 mil (Figura 150), o produtor gerou R$2,9 mil somente pela

comercialização in natura dessas plantas e o varejo urbano (feirantes) gerou R$3,8 mil,

sendo R$2,9 mil pela compra das plantas medicinais e R$970,3 de adição de valor ao

produto, mostrando baixa agregação de valor para o consumo final.

Figura 150. Valor da Renda Bruta Total (RBT), em R$, na comercialização das plantas medicinais (barbatimão, pau doce, unha de gato e verônica) considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará (2008).

Page 198: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

192

g) Informações complementares sobre a comercialização de plantas medicinais

Em Cametá o Centro Popular de Orientação à Saúde (CPOS) possui uma

“farmácia caseira” que produz e manipula diversos remédios, banhos, xaropes e cremes que

atende às famílias da região.

O uso de plantas medicinais no tratamento de doenças faz parte do cotidiano de

famílias do município de Baião, geralmente pertencentes à área rural, com transações na

forma de doação ou troca dos produtos entre famílias. Já na zona urbana, existe uma

pequena comercialização de algumas plantas, porém o município apresenta grande

potencial em decorrência da região possuir áreas pouco exploradas e com ocorrência de

espécies nativas.

5.1.2.22 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DE CORATÁ

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização de

Coratá

Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização do coratá envolvem a região

do Tocantins e a esfera nacional, que apresentam as seguintes características:

Produção Local: produção extrativista dos dez municípios;

Varejo rural: comerciantes (ou atravessadores) que compram o coratá in natura

dos extrativistas e vendem para os atacadistas locais;

Atacado local: comerciante situado no âmbito local que apenas realiza o

beneficiamento primário do coratá in natura para exportação;

Varejo Urbano Nacional: comerciante varejista situado fora do Estado que

comercializa com o mercado internacional. Neste caso, a pesquisa identificou que a

produção do Tocantins vai diretamente para a Europa, mais precisamente para a Alemanha.

Page 199: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

193

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) de Coratá

A cadeia de comercialização do coratá identificada incide em canais simples.

Portanto o principal nível consiste na compra direta do atacadista local com os produtores

locais, comercializando 97% da produção identificada. O varejista rural compra somente 3%

dos produtores e vendem diretamente para o atacadista local.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia de

Coratá (2008)

O preço médio praticado pelo produtor com o varejo rural é R$0,50/unidade do

coratá in natura, com o atacadista local é também R$0,50/und. Em relação ao preço de

venda praticado pelo atacadista local com os varejistas urbanos nacionais equivale a

R$2,00/und.

d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização do Coratá

O preço praticado pela compra do setor varejista rural é de 0,49 vezes abaixo

(ou 49%) do preço praticado pela produção local, e este varejista rural vende para o

atacadista local no valor 0,7 vezes que o pago ao produtor. No caso do varejo urbano

nacional (comerciantes de artefatos de decoração) a compra da produção se dá a 3 vezes

acima do preço pago ao produtor e revende para o consumidor local no valor 4 vezes acima.

e) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização de Coratá

O Valor Bruto da Produção (VBPα), ou seja, todo o valor recebido pela venda do

coratá pelos extrativistas da região do Tocantins foi de R$44,4 mil, do varejo rural local foi de

R$2,4 mil, do atacado local foi de R$117,7 mil e do varejo urbano nacional de R$222,2 mil,

gerando R$446,8 mil pela oferta do coratá na região do Tocantins.

Page 200: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

194

f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)

gerado na comercialização do Coratá e a margem de comercialização de cada setor

(Mark-up)

Ao longo da cadeia de comercialização do coratá da produção local até a

demanda final que neste caso é o mercado Europeu, o valor de R$222,2 mil foram

adicionados ao produto, atingindo um mark-up total de 400%. Do total do valor adicionado,

o setor com maior participação foi o atacado local com R$132,3 mil, que agregam ao

produto uma margem de comercialização (mark-up do setor) de 291%. Em relação ao

sistema nacional, o varejo urbano agregou o valor de R$44,4 mil, apresentando a menor

margem e comercialização da cadeia, 25% apenas. Por outro lado, o varejo rural agrega o

valor de R$1 mil e atinge um mark-up de 70%.

g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização de Coratá

A Renda Bruta total gerada pela comercialização do coratá identificado nos dez

municípios foi movimentada somente na região estudada e no sistema nacional, atingindo

um valor de R$224,6 mil e R$222,2 mil, respectivamente. O setor do atacado local gerou a

maior renda, na ordem de R$117,7 mil comparada aos demais setores, pois realizam o

beneficiamento primário do coratá e o varejista rural com R$2,4 mil.

5.1.2.23 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO INAJÁ

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do inajá

Os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do inajá atuam

somente no nível local, conforme descrição a seguir:

Produção Local: composta por extratores locais que coletam os frutos;

Page 201: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

195

Varejo Rural Local: conhecido como atravessadores e também representante de

empresas nacionais, que são pequenos comerciantes que compram o fruto dos produtores

locais;

Varejo Urbano Local: são pequenos comerciantes que adquirem o fruto da

produção local e vendem para o consumidor local que utilizam para artesanato;

Varejo Urbano Nacional: setor de comércio varejista (comerciantes) que utilizam

o inajá para artesanato ou retiram o óleo para outros fins.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do inajá

O varejo urbano local comercializa 62% da quantidade identificada do inajá, que

é comprada diretamente dos produtores e vendida exclusivamente para o consumidor local.

Por outro lado, o varejo rural compra 38% e vende para o varejo urbano nacional.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia do

inajá (2008)

Os preços médios de venda do fruto de inajá praticados pelos extratores com

outros agentes são R$0,95/kg com o varejo urbano local e R$1,00/kg com os varejistas

rurais. O preço médio adotado pela venda do varejo urbano local para o consumidor local é

de R$2,25/kg do inajá, e o preço de venda do varejo rural para o varejo urbano nacional é

de R$2,00/kg.

d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização do inajá

O preço de venda praticado pelo varejista rural para o varejo urbano nacional é

equivalente a 1,00 vez o preço médio recebido pelos produtores, e o preço praticado pelo

varejista urbano local é 0,98 vezes menor.

Page 202: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

196

e) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização do inajá

O Valor Bruto da Produção (VBPα) dos produtores de inajá da região estudada

alcançou R$8,4 mil, do varejo rural foi de R$6,6 mil, do varejo urbano local R$12 mil e o

varejista urbano nacional R$7,5 mil, gerando no final da cadeia um total de R$34,6 mil nas

vendas do fruto de inajá.

f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)

gerado na comercialização do inajá e a margem de comercialização de cada setor

(Mark-up)

O Valor Agregado Bruto (VAB) total do inajá ao longo da cadeia de

comercialização foi de R$19,5 mil para os dez municípios. Do total do valor adicionado na

cadeia o varejo urbano local teve maior participação com R$6,9 mil atingindo uma margem

de comercialização de 137% e em segundo lugar o varejo rural com R$3,3 mil apresentando

uma margem de 100%.

g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização do inajá

A Renda Bruta Total identificada pela pesquisa foi de R$33,7 mil sendo que do

total 80% foram movimentados nos dez municípios e 20% no âmbito nacional. O sistema

local gerou o equivalente a R$27 mil, sendo que o varejo urbano foi responsável por R$12

mil, pois comprou de insumo cerca de R$5 mil e agregou R$7 mil. O varejo rural foi

responsável pela renda bruta de R$6,6 mil, pois comprou de insumo R$3,3 mil e adicionou o

mesmo montante.

Page 203: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

197

5.1.2.24 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DE UTENSÍLIOS (PANEIRO, TIPITI E CUIA)

Os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização de alguns

utensílios como paneiro, tipiti e cuia atuam no nível local e nacional, conforme descrição a

seguir:

Produção Local (artesão/ã produtor/a): na categoria dos trançados dois

utensílios foram analisados o paneiro e o tipiti. Os produtores utilizam fibras vegetais,

especificamente, a tala do guarumã e os cipós para tecer tais objetos. No caso da confecção

das cuias, os ribeirinhos ou moradores da região estudada, em geral, apanham a fruta da

cuieira e realizam o processo rústico (limpam, fervem e tingem a cuia com o jenipapo ou

cumatê), até obter a cuia, usada regionalmente como vasilha para tomar tacacá;

Varejo Rural Local: são intermediários ou atravessadores que compram de

produtores e vendem para os feirantes ou comerciantes urbanos;

Varejo Urbano Local: são comerciantes ou feirantes que adquirem os utensílios e

vendem para o consumidor local;

Varejo Urbano Nacional: lojas de artesanato que realizam a venda dos utensílios

como objetos de decoração para os consumidores nacionais.

A cadeia de comercialização destes utensílios é composta por poucos

intermediários, com a maior parte da produção local passando pelo varejo urbano local e

vendido exclusivamente para os consumidores locais. Existe também a comercialização de

tais produtos para o mercado nacional, como objetos de decoração, que seguem para o

varejo urbano nacional (comerciantes de artigos de decoração) que comercializam em torno

de 16% da quantidade identificada que é comprada exclusivamente dos varejistas rurais e

vendem diretamente para os consumidores nacionais.

Os preços médios dos utensílios praticados entre os diferentes agentes da cadeia

de comercialização são determinados pela oferta, qualidade e utilidade do produto

transacionado, como o tipiti que é vendido da produção local para os varejistas rurais ao

preço de R$3,27/und, que revende para os consumidores locais ao preço de R$4,27/und

(Tabela 3). Os paneiros comuns usados como embalagem de frutos também são comprados

pelos varejistas rurais ao preço de R$0,83/und e vendidos para os consumidores locais ao

Page 204: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

198

preço de R$1,16/und. Os varejistas urbanos compram as cuias a R$0,98/und da produção

local e vendem ao consumidor local por R$1,68/und. Somente os paneiros mais elaborados

que servem para decoração são comprados a R$8,00 pelos varejistas rurais, que vendem

para o mercado nacional ao preço de R$9,00/und.

TABELA 3 - Preço médio praticado (R$/und) na comercialização de utensílios, como tipiti, paneiro e cuia, no ano de 2008, em dez municípios da Região do Tocantins, Estado do Pará.

Utensílios

Produção

para Varejo

Local

Varejo para

Consumidor

Local

Varejo para

Consumidor

Nacional

Tipiti 3,27 4,27 -

Cuia 0,98 1,68 -

Paneiro p/ embalagem 0,83 1,16 -

Paneiro p/ decoração 8 - 9

Fonte: Idesp/2009

As análises econômicas das três cadeias de utensílios comercializados apontam a

grandeza relativa que todos têm para o mercado local e apenas um que também alcança o

nacional (Tabela 6). O Valor Bruto da Produção local (VBPα) dos tipitis identificado na região

foi de R$30,1 mil, com valor agregado bruto (VAB) de R$39,4 mil e renda bruta total (RBT)

de R$69,6 mil. Para a economia da cuia o VBPα identificado somente da produção local de

R$4,5 mil, incluindo o varejo urbano local o VBP total de R$12,1 mil, o valor adicionado

(VAB) na cadeia foi de R$7,6 mil e a renda total (RBT) alcançou R$12,1 mil. Para o paneiro o

VBP foi de R$9,1 mil, o VAB de R$12,6 mil e a RBT de R$21,7 mil.

Diferente dos demais utensílios, para os paneiros de decoração o VBPα somente

da produção local foi de R$17,2 mil e o VBP total da cadeia foi de R$36,5 mil (Tabela 4), o

VABα foi de R$19,3 mil da produção, R$2,1 mil adicionados pelo varejo nacional totalizando

R$21,5 mil e a RBTα total foi de R$58 mil, com R$36,5 mil no varejo local e R$21,5 mil no

varejo nacional.

Page 205: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

199

Tabela 4 - Valor Bruto da Produção (VBPα), em R$, gerado na comercialização de utensílios

(tipiti, cuia, paneiro de decoração e paneiro embalagem), pela ótica da oferta; Valor Transacionado Efetivo (VTE) ≈ Valor Adicionado Bruto (VAB) e a Renda Bruta Total (RBT) pela ótica da demanda, em 2008, em dez municípios da região de integração do Tocantins, Estado do Pará.

VBPα da

Produção (R$)

Indicadores

EconômicosLocal (R$) Estadual (R$) Nacional (R$) Total (R$)

VBPα 30,1 mil - - 30,1 mil

VABα 39,4 mil - - 39,4 mil

RBTα 69,6 mil - - 69,6 mil

VBPα 12,1 mil - - 12,1 mil

VABα 7,6 mil - - 7,6 mil

RBTα 12,1 mil - - 12,1 mil

VBPα 17,2 mil - 19,3 mil 36,5 mil

VABα 19,3 mil - 2,1 mil 21,5 mil

RBTα 36,5 mil - 21,5 mil 58,0 mil

VBPα 9,1 mil - - 9,1 mil

VABα 12,6 mil - - 12,6 mil

RBTα 21,7 mil - - 21,7 mil

Tipiti

30,1 mil

Cuia

4,5 mil

Paneiro

decoração

17,2 mil

Paneiro

embalagem

9,1 mil

Fonte: Idesp/2009

5.1.2.25 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DE GUARUMÃ

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização de

Guarumã

Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização do guarumã, na região do

Tocantins, apresentam as seguintes características:

Produção Local: extratores da fibra de guarumã;

Varejo Rural: são atravessadores da fibra que não realizam beneficiamento da

fibra;

Varejo Urbano Estadual: são feirantes que comercializam a fibra de guarumã

para os artesãos.

Page 206: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

200

b) Estrutura da quantidade comercializada (%), formação de preço e preço médio praticado

de Guarumã

O principal nível e único canal de comercialização do guarumã é a venda direta

do produtor (100%) para o varejo rural que comercializa diretamente com o varejista

urbano estadual que para o consumidor estadual.

O preço médio praticado pelo produtor com o varejo rural é R$0,12/rolo, e este

revende para o varejo urbano estadual por R$0,40/rolo. Em relação ao preço de venda

praticado pelo varejo urbano estadual com os consumidores estaduais chega à média de

R$0,90/rolo.

Ou seja, na formação de preços do guarumã o varejo rural vende ao varejo

urbano estadual em média 2,33 vezes maior que o preço pago ao produtor, e este

comerciante estadual vende direto para o consumidor estadual a 6,50 vezes mais.

c) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização de Guarumã

Na cadeia de comercialização do guarumã a produção local gerou um valor bruto

da produção (VBPα) de R$17,20. O VBP do âmbito estadual (63%) é significativamente maior

do que local (37%), em função do alto consumo desse produto para artefatos (ou

artesanatos) mais elaborados. Os setores que mais vendem são o varejo rural (R$57,34) e o

varejo urbano estadual (R$129,01).

d) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)

gerado na comercialização de guarumã e a margem de comercialização de cada setor

(Mark-Up)

Ao longo da cadeia de comercialização do guarumã da produção local do

Tocantins até a demanda final estadual, o valor de R$129,01 foi adicionado (VAB) ao produto,

subtraindo o VAB total (R$129,01) do VBP da produção local (R$17,20) e dividindo o resultado

pelo VBP da produção local obtemos o mark-up total de 650%. Portanto, observa-se que em

Page 207: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

201

termos relativos que o valor adicionado ao longo da cadeia a partir da produção primária

(Setor α) é significativo.

Do total do Valor Adicionado Bruto o sistema local foi responsável por R$57,34,

sendo o setor com maior participação o varejista rural com R$40,14 com isso gerando um

mark-up de 233%, o maior da cadeia como um todo.

É importante ressaltar o papel do produtor local, que apresenta um valor de

R$17,20, pois o extrator realiza o primeiro processamento dessa fibra sendo totalmente

manual. Por outro lado, em termo estadual o setor do varejo urbano que apresenta a maior

participação na cadeia toda com R$71,67, justificando o mark-up de 125%.

e) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização de Guarumã

A Renda Bruta Total identificada pela pesquisa na comercialização do guarumã

foi de R$203,55, sendo que do total 37% foram movimentados nos dez municípios e 63% no

estado. O sistema local gerou o equivalente a R$74,54, o varejo rural foi responsável pela

renda bruta de R$54,34, pois comprou de insumo R$17,20 e adicionou o montante de

R$40,14 e, o produtor local gerou R$17,20. O varejo urbano estadual atingiu uma renda

bruta total de R$129,01, dos quais R$57,34 equivalem à compra de insumos e R$71,67 ao

valor adicionado.

5.1.2.26 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DOS CIPÓS

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização dos cipós

Os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização dos cipós atuam

somente no nível local, conforme descrição a seguir:

Produção Local: são os coletores de cipós;

Varejo Urbano Local: são comerciantes ou feirantes que compram dos coletores

locais e revendem para o consumidor local.

Page 208: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

202

b) Estrutura da quantidade comercializada (%), preço médio praticado e formação de preço

nas transações entre os agentes mercantis dos cipós

O único canal de comercialização de cipós identificado foi a compra do varejo

urbano local de 100% de toda produção local, que vende diretamente para o consumidor

local.

O preço médio praticado de venda de cipós pelos coletores com o varejo urbano

local foi de R$1,88/rolo. O preço de venda praticado pelos feirantes locais (varejista

urbano) com o consumidor local é R$2,87/rolo, indicando que os cipós são comercializados

com baixa agregação de valor, pois são utilizados como matéria prima na fabricação de

artefatos como matapi, paneiros entre outros.

Na formação dos preços envolvidos na comercialização dos cipós o varejo

urbano local comprou a 1 vez o preço de referência da produção local e vendeu a 1,87 vezes

maior para o consumidor local.

c) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização dos cipós

Somando todos os valores recebidos pela venda de cipós por todos os agentes

envolvidos em sua extração, ou seja, o Valor Bruto de Produção (VBPα) dos produtores

locais foi de R$5,8 mil, totalizando no final da cadeia em R$14,7 mil. Portanto, o único setor

que ofertou nos dez municípios foi o varejo urbano com R$8,9 mil.

d) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB)

gerado na comercialização dos cipós e a margem de comercialização de cada setor

(Mark-up)

O Valor Agregado Bruto (VAB) total dos cipós ao longo da cadeia de

comercialização foi de R$8,8 mil para os dez municípios. Do total do valor adicionado na

cadeia a partir da produção primária o produtor teve maior participação com R$5,8 mil, pois

se trata de um produto totalmente extrativo com baixo custo de coleta. O setor varejista

urbano local participa com R$3,1 mil na agregação apresentando uma margem de 53%.

Page 209: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

203

e) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização dos cipós

A Renda Bruta Total gerada pela comercialização de cipós da região estudada

gerou para o âmbito local R$14,7 mil sendo que do total, R$5,8 mil foi gerada pelo setor da

produção local, R$8,8 mil pelo varejo urbano local, pois comprou de insumo cerca de R$5,8

mil e agregou apenas R$3,1 mil.

5.1.3. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO DE ARTESANATOS NA REGIÃO DO BAIXO

TOCANTINS

Em Cametá foi identificada quase uma centena de diferentes formas de matéria

prima colhidas na floresta13 que passam por processos bem simples de preparo para a

comercialização, alguns somente com lavagem e secagem. São cipós, partes de plantas,

folhas, sementes, frutos como o inajá, buriti, murumuru entre outros que são retirados da

floresta, alguns ainda verdes, cuja quantidade a ser extraída está em função da demanda do

comprador. Esses produtos naturais que possuem aspecto ou forma que podem ser usados

como enfeites ou utensílios artesanais são comercializados para mercados externos.

13

Abacaxizinho, Bola de natal, Cabaças (gd, md, pq, gg), Cabaça peito de moça, Cacho bacaba, Cacho flor de madeira (sororoca), Cacho de palma real, Cacho coco babaçú (inteiro ou cortado), Cacho da Amazônia (jupati), Calice (gd e pq), Canoa de babaçu, Canoa brasília, Canoa açaí/canoa fina, Canoa de bacaba, Canoinha, Capim chuveirinho, Cipó escada, Cipó trançado, Cipó grosso, Caracol branco, Caracol verde, Caroço de miriti, Caroço de uxi, Caroço murumuru, Caroço de jatobá, Caroço tucumã (jabarana), Caracolzinho, Casca de feijão, Cavalo de açaí, Cavalo bacaba, Cavalo de bacaba lavado, Cabo p/ flores trabalhadas, Castanha do pará, Chifre de boi (gd, md, pq Maranhã/Cametá), Chapeuzinho, Cipó rosca de 2 a 3 cm, Conchas, Cutite, Crespinho, Copo pachiuba, Envira, miriti, Espeto bambú (50cm ou 70cm), Escamadinho, Espanador (1 ou 2), Espinho liso, Fava enrolada, Fava leitosa, Fava bié, Fava marrom, Flor abacaxizinho/flor inajá, Flor da madeira/limpa, Flor de madeira, Flor do coco babaçu, Flor do campo, Folha da Amazônia, Folha cortada, Folha holandesa (açaí, miriti, bacaba, inajá e caranã), Folha cortada, Folha verdosa, Folha de ubim, Fruto amarelo (taperebá), Fruto aracanga, Fruto caranã, Fruto carrapeta Belém, Fruto carrapeta cametá, Fruto inajá, Frutos jutaí, Fruto pintado, Fruto rajado, Fruto tanã, Galeras (pq e lavadas), Girassol espinho (gd, pq, peludo preto ou verde), Ingá cipó, Jacitara (gd, grossa ou pq, fina), Laranja selvagem (seca , viva), Maçã vermelha, Madeira ornamental (ou 55), Mini ostra, Moeda, Ninja, Ninho, Olho de boi (rajado ou preto), Orelha branca, Orelha de burro (ou pq), Ouriços (castanha inteiro, lavados, etc), Ovo de pombo (1, pq ou 2), Palma real (gd, md, pq, pp), Panari /nozes chinezas (gd, pq, lavado), Pé de coqueiro, Pendão chinês, Peneira (nº1 cametá, nº2 bambu), Pétala flor de madeira, Pachiuba metro, Pinheiro africano/açairinha (pq , nº1, nº2), Prego serú, Ramo açaí (maços), Ramo bacaba (fardo 20 kg), Ramo de bacaba lavado, Ráfia e Rosa de tefé aberta.

Page 210: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

204

Os artesanatos identificados em Baião foram os utensílios domésticos e de

trabalho como o tipiti, a peneira, os paneiros, os abanos, entre outros, todos confeccionados

em fibra, geralmente do guarumã, comercializados localmente.

Uma potencialidade de Barcarena é a grande produção de artesanatos em fibras

e cipós da comunidade Tinga Açu que são comercializados em Belém e em outros estados.

Os artesões fabricam variedades de cestarias. O transporte do artesanato se dá via fluvial em

embarcações que saem da comunidade toda sexta-feira e vendem na feira do Ver-o-peso. Os

artesões trabalham principalmente por encomenda e vendem mais na época de junho,

durante as festas juninas.

O artesanato de Moju com produtos da floresta (sementes, fibras, cascas,

troncos, folhas e outros) são comercializados nas casas dos artesãos e não tem mercado

certo. Solicitam apoio para expansão da produção e para a comercialização.

Uma família moradora na margem da PA 150 (entre Moju e Tailândia) produz

artesanatos em madeira, cipós, fibras, sementes, cuja matéria prima é retirada de uma área

de floresta da família. O artesanato é variado e bem trabalhado. Já fizeram exposições com

mais de 200 peças diferentes em Moju. Em dezembro de 2008 previam fazer outra

exposição nas festividades do município.

5.1.4. ANÁLISES AGRUPADAS DE TODOS OS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO-MADEIREIROS IDENTIFICADOS NOS

MUNICÍPIOS VISITADOS DA REGIÃO DO TOCANTINS

Ao analisar do ponto de vista da demanda final pelos produtos florestais não-

madeireiros produzidos na região do Tocantins, que somados equivalem a R$1,04 bilhões, o

sistema nacional é o grande responsável (80%) por comprar R$832 milhões, o mercado

estadual demanda 8% no valor equivalente a R$78,49 milhões e o mercado local demanda

R$129,38 milhões (Tabela 5).

Ao fazermos uma classificação por percentagem relativa das demandas pelas

três escalas regionais, os produtos mais demandados pelo mercado nacional são o açaí,

cacau, castanha, palmito, coratá, murumuru, paneiro e semente de cupuaçu para óleo

(Tabela 5). Os produtos que possuem os percentuais relativos mais demandados pelo

Page 211: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

205

mercado estadual são o cupuaçu, artesanato de miriti e o guarumã. Já para atender o

próprio mercado local dos dez municípios da região do Tocantins são diversos produtos

como carvão, buriti, bacaba, mel, bacuri, tipiti, andiroba, inajá, copaíba, cipós, taperebá,

cuia, breu branco, leites, plantas medicinais, cumaru e urucum (Tabela 5).

No entanto, se esta analise se faz do ponto de vista de quem adiciona mais valor

ao produto (VAB), conforme Tabela 6, o sistema estadual agrega R$547 milhões (52,78%), o

nacional adiciona R$245 milhões (23,61%) e o local um montante similar de R$246 milhões

(23,62%).

No entanto, se a análise é feita pela capacidade de agregar valor aos produtos

florestais não-madeireiros, ou seja, com base no valor agregado bruto (VAB), que aponta

onde a economia está mais atuante e imprime ações de beneficiamento e transformação

dos produtos do extrativismo, nos diversos setores ao longo das cadeias de comercialização,

conforme demonstrado na Tabela 7, a categoria das plantas alimentícias/frutíferas foi a

campeã com 99,75% do VAB total (R$1,037 bilhões), com o açaí e a castanha que agregam

mais valor no nível estadual com as agroindústrias do açaí e as empresas de beneficiamento

da castanha instaladas no Pará. Já o cacau e o palmito são produtos alimentícios que têm no

mercado nacional os maiores agregadores de valor a tais produtos. Os demais produtos

alimentícios (cupuaçu, buriti, bacaba, bacuri, taperebá e urucum) têm no mercado local seu

maior poder de agregar valor.

Page 212: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

206

TABELA 5. Demanda final (local, estadual e nacional), em R$ e %, dos produtos florestais não-madeireiros identificados nos dez municípios da região de integração do Tocantins, PA, em 2008 (Idesp).

Local Estadual Nacional Total Local Estadual Nacional

Carvão 745.980,95 617.159,59 0,00 1.363.140,53 55 45 0

Buriti 248.131,81 94.221,74 0,00 341.821,66 73 28 0

Bacaba 90.336,53 80.446,47 5.782,34 176.565,34 51 46 3

Mel 129.054,99 20.037,12 0,00 149.092,11 87 13 0

Bacuri 114.302,94 9.705,35 0,00 124.008,29 92 8 0

Tipiti 39.438,72 0,00 0,00 39.438,72 100 0 0

Andiroba 17.873,33 3.333,33 0,00 21.206,67 84 16 0

Inajá semente 12.000,00 0,00 6.666,67 18.666,67 64 0 36

Copaíba 13.275,00 0,00 0,00 13.275,00 100 0 0

Cipó rolo 6.730,33 0,00 2.150,26 8.880,59 76 0 24

Taperebá 7.747,96 430,44 0,00 8.178,40 95 5 0

Cuia 7.637,74 0,00 0,00 7.637,74 100 0 0

Breu branco resina 7.421,88 0,00 0,00 7.421,88 100 0 0

Leites 6.987,31 0,00 0,00 6.987,31 100 0 0

Plantas Medicinais 3.881,37 0,00 0,00 3.881,37 100 0 0

Cumaru 3.638,79 0,00 0,00 3.638,79 100 0 0

Urucum 1.591,58 284,21 0,00 1.875,79 85 15 0

subtotal 1.456.031,22 825.618,26 14.599,27 2.295.716,85

Cupuaçu 589.762,46 1.479.931,37 98.436,05 2.168.129,88 27 68 5

Artesanato Miriti 5.998,96 202.861,52 42.539,95 251.400,42 2 81 17

Guarumã 0,00 129,01 0,00 129,01 0 100 0

subtotal 595.761,42 1.682.921,90 140.975,99 2.419.659,31

Açaí 127.061.210,05 75.977.244,23 786.114.458,47 989.152.912,75 13 8 79

Cacau 0,00 0,00 28.206.117,13 28.206.117,13 0 0 100

Castanha do brasil 184.811,72 0,00 14.722.235,26 14.907.046,97 1 0 99

Palmito 0,00 7.328,31 2.634.374,68 2.641.702,99 0 0 100

Coratá (Inajá) 0,00 0,00 222.193,99 222.193,99 0 0 100

Murumuru 0,00 0,00 41.773,33 41.773,33 0 0 100

Paneiro 12.649,29 0,00 21.502,64 34.151,93 37 0 63

Semente Cupuaçu 0,00 0,00 4.921,12 4.921,12 0 0 100

subtotal 127.258.671,06 75.984.572,54 831.967.576,62 1.035.210.820,22 12 7 80

Total geral 129.310.463,69 78.493.112,69 832.123.151,89 1.039.926.196,38 12 8 80

Produto Florestal

Não-madeireiro

Demanda Final (Valores) Porcentagem (%)

Fonte: Idesp/2009

Page 213: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

207

TABELA 6 - Valor Adicionado Bruto - VAB (local, estadual e nacional), em R$, dos produtos florestais não-madeireiros identificados nos dez municípios da região de integração do Tocantins, PA, em 2008 (Idesp).

Local Estadual Nacional Total Local Estadual Nacional

Mel 149.092,11 0,00 0,00 149.092,11 100 0 0

Copaiba 13.275,00 0,00 0,00 13.275,00 100 0 0

Leites 6.987,31 0,00 0,00 6.987,31 100 0 0

Cumaru 3.638,79 0,00 0,00 3.638,79 100 0 0

Plantas Medicinais 3.881,37 0,00 0,00 3.881,37 100 0 0

Inajá 18.666,67 0,00 0,00 18.666,67 100 0 0

Cipós 8.880,59 0,00 0,00 8.880,59 100 0 0

Cuia 7.637,74 0,00 0,00 7.637,74 100 0 0

Tipiti 39.438,72 0,00 0,00 39.438,72 100 0 0

Breu Branco 7.421,88 0,00 0,00 7.421,88 100 0 0

Buriti 341.623,58 198,08 0,00 341.821,66 100 0 0

Bacuri 122.915,65 1.092,65 0,00 124.008,29 99 1 0

Taperebá 8.092,31 86,09 0,00 8.178,40 99 1 0

Andiroba 20.940,00 266,67 0,00 21.206,67 99 1 0

Artesanato Miriti 237.209,58 6.693,53 7.497,31 251.400,42 94 3 3

Cupuaçu 2.033.576,02 108.898,62 25.655,24 2.168.129,88 94 5 1

Paneiro 32.001,67 0,00 2.150,26 34.151,93 94 0 6

Urucum 1.724,21 151,58 0,00 1.875,79 92 8 0

Murumuru 33.640,00 8.133,33 0,00 41.773,33 81 19 0

Coratá 177.755,19 0,00 44.438,80 222.193,99 80 0 20

Carvão 1.048.074,68 315.065,86 0,00 1.363.140,53 77 23 0

Bacaba 125.626,15 50.939,19 0,00 176.565,34 71 29 0

subtotal 4.442.099,21 491.525,59 79.741,61 5.013.366,41 89 10 2

Semente Cupuaçu 567,82 4.353,30 0,00 4.921,12 12 88 0

Castanha do brasil 2.293.212,19 9.149.011,14 3.464.823,64 14.907.046,97 15 61 23

Guarumã 57,34 71,67 0,00 129,01 44 56 0

Açaí 228.412.403,24 537.738.680,55 223.001.828,95 989.152.912,75 23 54 23

subtotal 230.706.240,60 546.892.116,66 226.466.652,59 1.004.065.009,85 23 54 23

Palmito 810.982,22 147.725,53 1.682.995,24 2.641.702,99 31 6 64

Cacau 9.627.372,45 1.293.844,50 17.284.900,19 28.206.117,13 34 5 61

subtotal 10.438.354,66 1.441.570,03 18.967.895,43 30.847.820,12 34 5 61

Total geral 245.586.694,47 548.825.212,27 245.514.289,63 1.039.926.196,38 23,62 52,78 23,61

PFNMValor Adicionado Bruto - VAB (R$) Porcentagem (%)

Fonte: Idesp/2009.

Para o único derivado da madeira estudado na região, o carvão é produzido na

própria região e a agregação de valor é de 77% realizada na região do Tocantins (Tabela 7). O

mesmo acontece para o único derivado animal estudado, o mel que tem sua economia

somente na escala local com agregação de valor equivalente a R$149 mil. Na categoria dos

artesanatos (fibras e utensílios) o valor agregado total equivale a R$585mil, sendo que a

economia local é a que mais agrega valor aos diversos produtos identificados (89%). Os

fitoterápicos e cosméticos ainda não possuem estratégias locais para agregação de valor em

escala comercial, pois necessitam de ciência, tecnologia e investimentos, por isso a

agregação de valor é pequena e refere-se basicamente à coleta da parte da planta, algum

processo rústico de extração e embalagem simples dos produtos que atingiram o montante

de R$121,7 mil de valor agregado.

Page 214: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

208

TABELA 7 - Valor Agregado Bruto (R$) na esfera local, estadual e nacional dos produtos florestais não-madeireiros identificados na região do Tocantins, em 2008, organizados em cinco categorias (alimentícias, derivado da madeira, artesanato, derivado animal e fitoterápicos/cosméticos).

Local Estadual Nacional Total Local Estadual Nacional

Açaí 228.412.403 537.738.681 223.001.829 989.152.913 23 54 23

Cacau 9.627.372 1.293.844 17.284.900 28.206.117 34 5 61

Castanha do brasil 2.293.212 9.149.011 3.464.824 14.907.047 15 61 23

Palmito 810.982 147.726 1.682.995 2.641.703 31 6 64

Cupuaçu 2.033.576 108.899 25.655 2.168.130 94 5 1

Buriti 341.624 198 0 341.822 100 0 0

Bacaba 125.626 50.939 0 176.565 71 29 0

Bacuri 122.916 1.093 0 124.008 99 1 0

Taperebá 8.092 86 0 8.178 99 1 0

Urucum 1.724 152 0 1.876 92 8 0

Total Frutíferas 243.777.528 548.490.628 245.460.203 1.037.728.359 23 53 24

Carvão 1.048.075 315.066 0 1.363.141 77 23 0

Total Derivado Madeira

1.048.075 315.066 0 1.363.141 77 23 0

Artesanato Miriti 237.210 6.694 7.497 251.400 94 3 3

Coratá 177.755 0 44.439 222.194 80 0 20

Cipós 8.881 0 0 8.881 100 0 0

Guarumã 57 72 0 129 44 56 0

Cuia 7.638 0 0 7.638 100 0 0

Tipiti 39.439 0 0 39.439 100 0 0

Paneiro 32.002 0 2.150 34.152 94 0 6

Paneiro decorativo 19.351 0 2.150 21.502 90 0 10

Total Artesanatos522.332 6.765 56.237 585.334 89 1 10

Mel 149.092 0 0 149.092 100 0 0

Total Derivado Animal

149.092 0 0 149.092 100 0 0

Murumuru 33.640 8.133 0 41.773 81 19 0

Andiroba 20.940 267 0 21.207 99 1 0

Copaiba 13.275 0 0 13.275 100 0 0

Semente Cupuaçu 568 4.353 0 4.921 12 88 0

Leites 6.987 0 0 6.987 100 0 0

Cumaru 3.639 0 0 3.639 100 0 0

Plantas Medicinais 3.881 0 0 3.881 100 0 0

Inajá 18.667 0 0 18.667 100 0 0

Breu Branco 7.422 0 0 7.422 100 0 0

Total Fitoterápicos e

Cosméticos 109.019 12.753 0 121.772 90 10 0

245.606.046 548.825.212 245.516.440 1.039.947.698 23,62 52,77 23,61TOTAL GERAL

Arte

san

ato

(0

,06

%)

Catego-

rias

Produto Florestal Não-

madeireiro

VAB (Valores) Porcentagem (% )

Ali

men

tícia

s /

Fru

tífe

ra

s

(99

,78

%)

Deriv

ad

o

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)

Fit

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co

s

(0,0

1%

)

Fonte: Idesp/2009

Como alguns produtos estudados estão num patamar econômico bem mais alto

em relação aos demais, fica difícil comparar quando alguns poucos estão em escalas de

bilhões e outros em dezenas de milhares. Desta forma, uma estratégia adotada para analisá-

los foi dividir em três categorias em função da Renda Bruta Total circulada na

comercialização dos produtos: i) que atingiram valores acima de R$600 mil do RBT, ii) para

Page 215: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

209

os intermediários com RBT entre R$100 e 599 mil e iii) os abaixo de R$100 mil (Tabela 8). Os

produtos campeões em RBT foram, em ordem decrescente, o açaí (R$1,8 bilhões), o cacau

(R$77 milhões), a castanha do brasil (R$29 milhões), o palmito (R$5 milhões), o cupuaçu

(R$4,9 milhões) e o carvão (R$2,1 milhões) (Tabela 8). Na segunda categoria foram

enquadrados produtos diversificados que possuem papel importante na economia regional

como os frutos de buriti, bainhas do inajá chamado de coratá, brinquedos de miriti, um

fruto de uma palmeira que pode complementar a dieta paraense na entressafra do açaí

como a bacaba, o mel como produto do manejo das abelhas que, além de fazer bem à saúde

humana, também faz bem ao ambiente, pois as abelhas servem como polinizadoras para

algumas plantas da região (Venturieri, 2009) e por ultimo o bacuri, considerado fruto

potencial de mercado (Medina; Ferreira, 2004), que tem ocorrência natural em toda região

do nordeste paraense, mas que precisa ser manejado para aumentar sua produção (Ferreira,

2009). Na terceira categoria (abaixo de R$100 mil) com exceções para o guarumã e a

semente de cupuaçu que possuem mais da metade de sua RBT voltada para o mercado

estadual, o murumuru que tem papel nos mercados local e estadual, todos os demais são

produtos que circulam exclusivamente no mercado local dos 10 municípios, com RBT ainda

baixa.

Page 216: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

210

TABELA 8 - Renda Bruta Total (R$) na esfera local, estadual e nacional dos produtos florestais não-madeireiros identificados na região do Tocantins, em 2008, organizados em três categorias relativas com escalas de valor do RBT (acima de R$600mil, entre R$100 a 599mil e abaixo de R$100 mil).

Local Estadual Nacional Total Local Estadual Nacional Relativa a

RBT

Açaí 395.094.388 671.945.171 756.301.250 1.823.340.809 22 37 41 93,92

Cacau 23.785.250 5.383.160 47.531.191 76.699.602 31 7 62 3,95

Castanha do brasil 3.251.661 11.257.412 14.722.235 29.231.308 11 39 50 1,51

Palmito 1.089.983 235.072 3.747.505 5.072.561 21 5 74 0,26

Cupuaçu 3.435.163 1.417.328 98.436 4.950.927 69 29 2 0,26

Carvão 1.514.353 617.160 0 2.131.513 71 29 0 0,11

428.170.799 690.855.303 822.400.618 1.941.426.720 22 36 42 100,00

Buriti 503.341 94.420 0 597.761 84 16 0 28,13

Coratá 224.631 0 222.194 446.825 50 0 50 21,03

Artesanato Miriti 248.037 124.385 26.049 398.471 62 31 7 18,75

Bacaba 194.190 134.861 0 329.051 59 41 0 15,49

Mel 213.747 0 0 213.747 100 0 0 10,06

Bacuri 129.363 9.705 0 139.068 93 7 0 6,54

1.513.309 363.371 248.243 2.124.923 71 17 12 100,00

Murumuru 52.440 41.773 0 94.213 56 44 0 22,56

Tipiti 69.571 0 0 69.571 100 0 0 16,66

Paneiro decorativo 36.553 0 21.502 58.054 63 0 37 13,90

Inajá 27.067 0 7.546 34.612 78 0 22 8,29

Andiroba 32.538 1.333 0 33.872 96 4 0 8,11

Copaiba 23.692 0 0 23.692 100 0 0 5,67

Paneiro 21.768 0 0 21.768 100 0 0 5,21

Cipós 14.690 0 0 14.690 100 0 0 3,52

Breu Branco 12.563 0 0 12.563 100 0 0 3,01

Cuia 12.109 0 0 12.109 100 0 0 2,90

Taperebá 11.191 430 0 11.622 96 4 0 2,78

Semente Cupuaçu 1.022 9.842 0 10.864 9 91 0 2,60

Leites 9.365 0 0 9.365 100 0 0 2,24

Plantas Medicinais 6.792 0 0 6.792 100 0 0 1,63

Urucum 2.638 284 0 2.923 90 10 0 0,70

Cumaru 767 0 0 767 100 0 0 0,18

Guarumã 75 129 0 204 37 63 0 0,05

334.841 53.793 29.047 417.680 80 13 7 100,00

430.018.948 691.272.466 822.677.908 1.943.969.323 22 36 42 100

Total Parcial

Total Geral

Categ

o-rias

Produto Florestal Não-

madeireiro

Renda Bruta Total (RBT) (Valores R$) Porcentagem (%)

RB

T a

cim

a d

e

R$

60

0 m

il

Total Parcial

RB

T d

e R

$ 1

00

mil

a R

$ 5

99

mil

Total Parcial

RB

T

ab

aix

o d

e R

$ 1

00

mil

Fonte: Idesp/2009

Portanto, se considerarmos a Contabilidade Social Ascendente Alfa, que inicia no

setor da produção extrativista local dos dez municípios estudados (Setor α), que recebeu

pela venda de todos os produtos florestais não-madeireiros identificados o montante de

R$165 milhões (VBPα), e com as transações comerciais realizadas pelos setores que vendem

tais produtos até o consumidor final foi agregado valor a estes produtos no montante de

R$1,04 bilhões (VAB) somando-se ainda o valor bruto da produção (VBP) equivalente à

compra de insumos no montante de R$904 milhões, chega-se a um valor total de R$1,94

bilhões referente à renda (RBT) bruta gerada e circulada na economia destes produtos com

seus efeitos para frente e para trás na cadeia de comercialização (Tabela 9).

Page 217: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

211

Em relação ao Valor Bruto da Produção (VBP) da compra de insumos nos setores

mercantis, referido na Tabela 9, tais insumos, dependendo da posição e função do agente

comercial, podem variar desde a matéria prima original, o fruto in natura do açaí, por

exemplo, até o penúltimo agente da cadeia que pode adquirir como insumo a polpa

congelada e transformá-la em sorvete, antes do último elo da cadeia, que é consumidor

final.

Page 218: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

212

Tabela 09 - Variáveis econômicas dos produtos florestais não-madeireiros identificados na região do Tocantins, compostas pelo Valor Bruto da Produção Alfa Local (VBPα), a

margem de lucro (mark-up), o Valor Bruto da Produção (VBP), o Valor Agregado Bruto e a Renda Bruta Total (R$) nas esferas local, estadual e nacional, em 2008.

Local EstadualNacional

(Estimado)Total Local Estadual

Nacional

(Estimado)Total Local

(4) EstadualNacional

(Estimado)Total

Açaí 152.690.069 548% 166.681.985 134.206.490 533.299.421 834.187.896 228.412.403 537.738.681 223.001.829 989.152.913 395.094.388 671.945.171 756.301.250 1.823.340.809

Cacau 8.362.123 237% 14.157.878 4.089.316 30.246.291 48.493.485 9.627.372 1.293.844 17.284.900 28.206.117 23.785.250 5.383.160 47.531.191 76.699.602

Cupuaçu 1.252.428 73% 1.401.587 1.308.430 72.781 2.782.797 2.033.576 108.899 25.655 2.168.130 3.435.163 1.417.328 98.436 4.950.927

Carvão 859.654 59% 466.279 302.094 768.372 1.048.075 315.066 1.363.141 1.514.353 617.160 - 2.131.513

Castanha do brasil 729.923 1942% 958.449 2.108.400 11.257.412 14.324.261 2.293.212 9.149.011 3.464.824 14.907.047 3.251.661 11.257.412 14.722.235 29.231.308

Buriti 256.148 33% 161.718 94.222 255.939 341.624 198 341.822 503.341 94.420 - 597.761

Palmito 221.447 1093% 279.001 87.347 2.064.510 2.430.858 810.982 147.726 1.682.995 2.641.703 1.089.983 235.072 3.747.505 5.072.561

Mel 133.157 12% 64.655 64.655 149.092 149.092 213.747 213.747

Bacuri 120.135 3% 6.447 1.093 7.540 122.916 1.093 124.008 129.363 9.705 139.068

Bacaba 102.792 72% 68.564 83.922 152.486 125.626 50.939 176.565 194.190 134.861 329.051

Coratá 44.439 400% 46.876 177.755 224.631 177.755 44.439 222.194 224.631 222.194 446.825

Tipiti 30.132 31% 30.132 30.132 39.439 39.439 69.571 69.571

Murumuru 18.800 122% 18.800 33.640 52.440 33.640 8.133 41.773 52.440 41.773 94.213

Paneiro decorativo 17.201 25% 17.201 19.351 36.553 19.351 2.150 21.502 36.553 21.502 58.054

Andiroba 13.598 56% 11.598 1.067 12.665 20.940 267 21.207 32.538 1.333 33.872

Artesanato Miriti 10.828 2222% 10.828 117.691 18.552 147.071 237.210 6.694 7.497 251.400 248.037 124.385 26.049 398.471

Copaiba 10.417 27% 10.417 10.417 13.275 13.275 23.692 23.692

Paneiro 9.119 39% 9.119 9.119 12.649 12.649 21.768 21.768

Inajá 8.400 133% 8.400 6.667 15.067 18.667 879 19.546 27.067 7.546 34.612

Cipós 5.809 53% 5.809 5.809 8.881 8.881 14.690 14.690

Breu Branco 5.141 44% 5.141 5.141 7.422 7.422 12.563 12.563

Leites 4.474 56% 2.378 2.378 6.987 6.987 9.365 9.365

Cuia 4.471 71% 4.471 4.471 7.638 7.638 12.109 12.109

Taperebá 3.444 138% 3.099 344 3.444 8.092 86 8.178 11.191 430 11.622

Plantas Medicinais 2.911 33% 2.911 2.911 3.881 3.881 6.792 6.792

Urucum 914 105% 914 133 1.047 1.724 152 1.876 2.638 284 2.923

Semente Cupuaçu 454 983% 454 5.489 5.943 568 4.353 4.921 1.022 9.842 10.864

Cumaru 100 567% 100 100 667 667 767 767

Guarumã 17 650% 17 57 75 57 72 129 75 129 204

TOTAL 165.020.934 184.435.228 142.439.734 577.162.740 904.037.702 245.583.721 548.825.212 245.515.168 1.039.924.102 430.018.948 691.272.466 822.677.908 1.943.969.323

Produto Florestal

Não-madeireiro

VBPα da

Produção

Local (1)

Mark-up

(margem

de lucro)

Total VAB (3)

RBT Total gerada e circulada (5)

VBP (Compra de insumo) (2)

(1)

Valor Bruto da Produção total (R$) recebido pelos produtores/extrativistas da região do Tocantins (2)

Valor Bruto da Produção (VBP) referente ao total da compra de insumos nos setores mercantis. (3)

Equivale ao valor que foi adicionado (ou agregado) ao produto (VAB) ao longo da cadeia de comercialização (4)

Equivale a geração e circulação de renda na região do Tocantins (RBT Local) (5)

Valor da Renda Bruta Total (RBT) gerada e circulada, em R$, equivale a soma do valor bruto da produção (VBP) rerefente à compra de insumos mais ao valor adicionado (VAB), ou seja RBT = VBP + VAB

Page 219: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

213

5.1.5. PROBLEMAS E POTENCIALIDADES IDENTIFICADOS NOS MUNICÍPIOS VISITADOS DA REGIÃO DO TOCANTINS

PROBLEMAS EM CAMETÁ

Infraestrutura precária dos portos de embarque e desembarque de passageiros e

mercadorias no mesmo local.

Transporte coletivo deficitário.

Precária rede de abastecimento elétrico, principalmente nas ilhas, que dificulta o

processamento e armazenamento de produtos como polpas de frutas e outros PFNM.

Além do trajeto pelo Rio Tocantins, o acesso à Cametá pode ser feito por estrada

toda asfaltada. Porém, passageiros e mercadorias têm que passar por duas travessias de

balsa (2 rios estreitos), que dificulta nos casos de emergência.

Falta de acesso à água encanada e tratada, sistema de esgoto sanitário, dejetos

lançados ao rio.

POTENCIALIDADES EM CAMETÁ

Unidade de Compostagem e Reciclagem de Lixo com o apoio da Albras/Alunorte

e da Prefeitura de Cametá, que trabalha a educação ambiental nas escolas e nas ilhas.

A recém criada Secretaria Municipal de Meio Ambiente – SEMMA possui um

projeto de coleta de lixo, com classificação por origem (Residenciais, Comerciais, Industriais,

Públicos, Agrícolas, Hospitalares e Entulhos).

Na região das ilhas de Cametá um barco chamado “Papa lixo” passa três vezes na

semana recolhendo o lixo produzido nas comunidades.

Casa Familiar Rural que trabalha com formação de multiplicadores e utiliza a

pedagogia da alternância.

Centro Miriti Pousada Escola com trabalho produtivo pedagógico com 950

mulheres voltado para produção e comercialização de plantas medicinais e polpas de frutas.

Universidade Estadual do Pará – UEPA com trabalhos de conclusão de curso

sobre temas amazônicos voltados para alguns produtos florestais não madeireiros.

Page 220: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

214

Centro Integrado de Educação Profissional do Baixo Tocantins – Escola

Tecnológica que em 2008 implantou cursos técnicos de Agricultura e Aqüicultura e, em

2009, cursos Técnicos em Meio Ambiente, Agronegócio, Agropecuária, Administração e

Informática.

Associação Paraense de Apoio às Comunidades Carentes (APACC) com apoio do

Governo do Estado do Pará, Prefeitura de Belém e República Francesa atua em Limoeiro do

Ajuru, Oeiras do Pará, Cametá e Belém, no apoio aos “Projetos de Mel” na região do

Tocantins, e cursos sobre utilização de plantas medicinais e saúde da mulher.

A Associação da Mulher - entidade com 15 mil sócios, sendo 60% mulheres. Os

associados recebem informações sobre plantas medicinais e seu cultivo, saúde da mulher,

confecção de artesanatos (matapi, paneiros, tupés, tipitis entre outros) e merenda

alternativa regionalizada.

Enorme quantidade de matéria prima para confecção de artesanatos

comercializados (quase 100 tipos diferentes).

O Instituto de Desenvolvimento, Educação Ambiental e Solidariedade (IDEAS)

desenvolve o “Projeto Açaí” com cursos sobre gestão e comercialização junto aos ribeirinhos

de várias comunidades. Apóiam associações como o Centro Comunitário de Jaituba e

Jabutiapecu (CEJOJAR), a Associação de Preservação do Rio Jorocazinho (ACOPREMAJ), a

Associação das Criadoras de Pequenos Animais (ASCRIAS), a Associação de Preservação de

Marituba (ASPRIM), a Associação do Mupi, que trabalha com a comercialização de açaí,

palmito, buriti, camarão, madeira, óleos, mel e plantas medicinais e, a Cooperativa Agrícola

Resistência de Cametá, que possui cerca de 310 sócios que são, em sua maioria, produtores

de açaí, que trabalham também com o murumuru, patauá, mel, inajá e andiroba e, alguns

desses produtos, estão sendo comercializados para a Natura.

PROBLEMAS EM ABAETETUBA

A região das ilhas, apesar de próxima à sede do município, não possui água

encanada e energia elétrica.

Nas feiras de Abaetetuba são comercializados, sem fiscalização, carnes de

animais silvestres como capivara, jacaré e animais vivos para o consumo.

Page 221: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

215

POTENCIALIDADES EM ABAETETUBA

A Associação Arte em Miriti de Abaetetuba (Miritong) conquistou sua valorização

com a produção e comercialização dos brinquedos.

Movimento de Ribeirinhos e Ribeirinhas das Ilhas e Várzeas de Abaetetuba

(MORIVA), instituição que tem como objetivo organizar os ribeirinhos e ribeirinhas para

planejar e executar atividades que venham a melhorar a região. São 20 ilhas, todas com

associações filiadas ao Moriva. O movimento trabalha em parceria com o Sindicato de

Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Abaetetuba (STTR de Abaetetuba), a EMATER, a

SAGRI, a CPT, as Secretarias Municipais, entre outros e que têm grande preocupação com o

meio ambiente, tanto da realidade das ilhas como da cidade.

Os ribeirinhos estavam na época se mobilizando em prol de um projeto de

Assentamento Agroextrativista, com cerca de 2400 produtores.

A Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase) tem atuação

no município de Abaetetuba e em outros na região do Baixo Tocantins.

Projeto de pesquisa sobre ecologia, manejo, economia e mercado de miriti no

estuário do baixo Tocantins executado pelo Centro Internacional de Pesquisa Florestal

(CIFOR) em parceria com vários órgãos de pesquisa e associações de produtores para

entender a atividade artesanal dos “brinquedos de miriti” e identificar técnicas para o

manejo sustentável desta palmeira.

PROBLEMAS EM BAIÃO

O ultimo trajeto de acesso ao município de Baião é feito por uma estrada sem

pavimentação asfáltica, o que dificulta a chegada e saída de produtos, principalmente no

período chuvoso.

Estrutura portuária com dois portos pequenos, que recebem embarcações de

médio calado pelo rio Tocantins.

Page 222: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

216

A implantação da Usina Hidrelétrica de Tucuruí ocasionou a diminuição do

pescado e a população passou a importar peixe de outros municípios, pagando mais caro por

um produto que existia com fartura no município.

O comércio de Baião é pequeno, escasso em variedades e quantidades de

produtos. A maioria dos produtos consumidos vem de fora do município.

Importa açaí de municípios vizinhos.

Ausência de créditos para projetos voltados a produção dos PFNM (açaí, mel,

bacaba, etc.).

Falta de assistência técnica especializada e comprometida com o

desenvolvimento sustentável da região.

POTENCIALIDADES EM BAIÃO

A comunidade de Baixinha é detentora de uma área com ocorrência de bacaba

de grande produtividade, com potencial de diversificação e agregação de valor com diversos

produtos (vinho, geléias, licores, partes da planta como artesanato, etc.).

Associação de Produtores de Mel (meliponicultura – manejo das abelhas nativas

sem ferrão) cujo produto apresenta grande potencial devido à cobertura vegetal rica em

diversidade e bem preservada da região.

Plantios de seringueiras em algumas regiões do município, que estão atualmente

abandonados, sem utilização por falta de estruturação da cadeia produtiva.

Uma organização não governamental, o Instituto de Desenvolvimento e Educação

Ambiental e Solidariedade – IDEAS, que atua em vários municípios da região, com projetos

socioambientais, alguns relacionados aos PFNM, como o Projeto Bacaba desenvolvido na

Comunidade de Baixinha, com objetivo da industrialização. O IDEIAS firmou convênio com o

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Universidade do

Estado do Pará (UEPA), para desenvolver pesquisas e receber orientações sobre o potencial

da polpa, do óleo, do caroço, além de desenvolver outros subprodutos da bacaba.

Atualmente já desenvolveram o licor, a geléia, a polpa e uma bebida.

Page 223: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

217

A Comunidade de Baixinha também possui uma fábrica de artesanatos com

estrutura adequada para a produção de pulseiras, brincos e colares (funciona no posto de

saúde da comunidade).

A Casa Familiar Rural de Baião trabalha com vários projetos, com destaque para

o “Produto da Mata Não Madeireiro”, com objetivo de conscientizar o público juvenil sobre

a preservação do meio ambiente e a utilização racional dos recursos florestais não-

madeireiros. Porém, a dificuldade financeira é um dos fatores limitantes na promoção dessa

iniciativa.

PROBLEMAS EM MOCAJUBA

A população também sofre com os impactos da implantação da Usina de Tucuruí.

Problemas em relação ao saneamento básico, principalmente ao tratamento de

água e esgoto.

Na orla da cidade o esgoto das casas converge direto para o Rio Tocantins.

Poluição por lixo deixado pelos banhistas e pela lavagem dos carros na beira da

praia.

A violência na cidade é preocupante e tem aumentado nos últimos anos.

Comércio local é pequeno, com pouca variedade e quantidade de produtos.

Alguns batedores de açaí não possuem instalações adequadas (piso,

equipamento, qualidade da água, frutos nas proximidades de animais, riscos de

contaminação).

Apenas um técnico da Ceplac para atender toda a demanda do município.

Ausência de crédito para projetos voltados a produção de açaí, mel, bacaba,

entre outros.

Falta de assistência técnica especializada e comprometida com o

desenvolvimento sustentável da região.

Devido às dificuldades de abastecimento de energia elétrica e de mão-de-obra

qualificada na região de Mocajuba, uma empresa que processa óleos priorizou estabelecer

sua filial em Ananindeua.

Page 224: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

218

POTENCIALIDADES EM MOCAJUBA

O acesso à cidade é asfaltado, sendo a principal via de escoamento da produção

e de integração às outras regiões.

Possui Casa Familiar Rural, escola de formação técnica, baseada na pedagogia da

alternância que qualifica jovens camponeses e filhos de agricultores.

Os plantios de cacau vêm se destacando como um mercado em ascensão,

substituindo gradativamente os plantios de pimenta na região.

Existem 68 projetos de plantio de açaí de terra firme em Mocajuba.

Grande produção de semente de andiroba para prensagem e refino.

Filial de empresa instalada no município para fazer prensagem primária de óleo

de andiroba.

Os produtos não madeireiros com potencialidades no município são o açaí, o

cupuaçu, o taperebá e outras frutas; assim como o mel, o cacau em grande quantidade, os

óleos de andiroba, copaíba e castanha-do-brasil, algumas plantas medicinais e essências.

O açaí está incluído na merenda escolar numa iniciativa da prefeitura e do

Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) da Companhia Nacional de Abastecimento –

CONAB.

PROBLEMAS EM OEIRAS DO PARÁ

Falta divulgação dos artesanatos, incentivos, cursos de capacitação e

investimentos para os moradores da reserva.

Devido a exploração irregular de madeira o IBAMA começou a fiscalizar, com isso

a atividade madeireira foi reduzida e em conseqüência a economia também sofreu queda.

Estrada que liga Oeiras do Pará à Cametá estava, na época, praticamente

intrafegável, dificultando escoamento da produção.

Necessidade de financiamentos e incentivos para melhorar a produção de mel no

município.

Page 225: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

219

Falta assistência técnica para aumentar a produção de açaí na entressafra com o

manejo dos açaizais.

POTENCIALIDADES EM OEIRAS DO PARÁ

Reserva Extrativista Arioca Pruanã, criada em 2005, com área de 83.445 ha,

possui cerca de 1.200 famílias em 32 comunidades, com diversidade de espécies como

barbatimão, amapá, sucuuba, verônica, jatobá, ipê roxo, uxi amarelo, andiroba, patauá,

murumuru e outros, que são ainda pouco explorados e comercializados.

Na busca de melhoria de renda os coordenadores da Resex firmaram parceria

com uma empresa de cosméticos chamada Beraca que, na época da entrevista, ainda não

havia efetivado a compra dos produtos.

A Associação de Moradores da Reserva Extrativista Arioca Pruanã (AMOREAP)

que controla a extração e a retirada dos produtos oriundos da reserva, informa que existem

muitas espécies, sementes, cipós, frutos e outros produtos que servem para fazer

artesanato.

A comunidade Ribeira, situada na Resex, produz artesanatos na forma de

bonecas, tipitis e outros artefatos que são retirados de miriti, tala de guarumã, galhos de

árvores, sementes, etc.

Na economia do município, após a pesca vem o açaí que é produzido nas áreas

dos ribeirinhos.

A Emater de Oeiras do Pará está incentivando os produtores a plantarem cacau

visando melhorar a renda das famílias.

Projeto para instalação da estrutura física da Casa Familiar Rural de Oeiras, para

formação de pessoas com base na realidade dos camponeses voltadas para a melhoria da

produção agrícola e da exploração sustentável de produtos de base extrativa, por iniciativa

do Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR) de Oeiras, em parceria com a

Casa Familiar Rural de Cametá.

PROBLEMAS EM LIMOEIRO DO AJURU

Page 226: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

220

A feira do produtor rural funciona apenas uma vez por mês e as comunidades se

juntam para vender produtos como mel, andiroba e outros.

Dificuldades de escoamento da produção de mel.

POTENCIALIDADES EM LIMOEIRO DO AJURU

A economia de Limoeiro do Ajuru vem praticamente do açaí, da pesca e do

cacau, além de diversos produtos oriundos do extrativismo como miriti, andiroba,

murumuru, breu branco, mel, castanha e outros.

Pelo menos duas associações de apicultores foram identificadas no município.

Estratégia entre empresa compradora, Emater local e produtores para a futura

extração de óleo de buriti e da semente de cupuaçu.

Existem duas reservas para reprodução de peixes, com apoio da Secretaria de

Pesca e Aqüicultura do Estado (SEPAq) junto à Colônia dos Pescadores. A secretaria fornece

apoio para compra de equipamentos como matapi e outros. A Colônia tem 4.500 sócios que

são beneficiados com recursos do governo federal para a época de defeso, no qual cada

família recebe quatro salários mínimos por ano.

Na abertura da pesca de 2008 chegaram a pegar 90 toneladas de mapará (peixe

típico e famoso na região).

O Rio Tocantins possui diversos tipos de peixes como tainha, pescada e outros,

mas o mapará é o mais abundante.

Existe também bastante camarão nos rios. O camarão fresco vai para Belém e o

salgado vai para Moju e Tome-Açú.

Existe uma Reserva de Preservação Permanente (RPP) para a piscicultura, onde

os pescadores só podem pescar de anzol.

PROBLEMAS EM BARCARENA

Page 227: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

221

A apicultura vem encontrando problemas com a falta de organização e gestão

das associações, além de não possuírem equipamentos adequados, tanto para a colheita

quanto para o processamento do mel, comprometendo diretamente a qualidade do

produto.

Alguns apicultores mantêm seus apiários muito próximos às residências,

proporcionando perigo para os moradores das proximidades. Também estão com caixas

maiores que o tamanho padrão.

POTENCIALIDADES EM BARCARENA

Grande produção de artesanatos em fibras e cipós (cestarias) produzidos na

comunidade Tinga Açu que são comercializados em Belém e em outros estados.

A apicultura começa a ganhar importância pelos agricultores em Barcarena.

Cooperativa de Extração e Desenvolvimento Agrícola de Barcarena – CEDAB, em

parceria com a Alunorte, desde 2007, projeto para produção de 110 mil mudas de açaí (BRS-

Pará) e 15 mil mudas de Cupuaçu. A idéia é diversificar com outras mudas de essências

florestais (andiroba, acapu, copaíba).

A Secretaria Municipal de Agricultura (SEMAGRI) vem desenvolvendo projetos de

qualificação com Cursos de Manejo (dia de campo), doação de ferramentas e mudas e apoio

ao projeto de produção de mudas na Escola Agrícola (localizada na PA 151) que é composta

atualmente por somente 60 alunos.

O escoamento dos produtos de Barcarena é realizado em três rotas: para o

CEASA, para o mercado do Ver-o-peso ou para a feira da sede local.

A Emater trabalha com projetos de manejo de açaí e incentivo ao plantio de

cupuaçu, cacau, graviola e pimenta.

Os batedores de açaí passaram por qualificações para padronizar os pontos de

venda, melhorar a higiene durante todo processo e adquirir qualidade ao produto.

PROBLEMAS EM IGARAPÉ MIRI

Uma fábrica de polpa de açaí foi desativada por causa da qualidade da água.

Page 228: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

222

As fabriquetas ilegais prejudicam o mercado do palmito, pois a extração ilegal

não é fiscalizada.

As famílias que trabalham na produção manual do palmito desejam entrar na

legalidade, mas dizem que é muita burocracia, que não tem financiamento e nem

assistência.

Igarapé Miri tem um índice de violência alto e preocupante, pois os ribeirinhos

sofrem com os assaltos nos rios, com roubos de embarcações e do dinheiro da venda dos

produtos.

A equipe do Idesp teve dificuldades em obter informações junto aos agentes

mercantis em Igarapé Miri, pois passavam a impressão de que estavam sendo fiscalizados,

agindo com agressividade na maioria das vezes. Quando se dispunham a falar, informavam o

mínimo, mas defendiam que o município possui o melhor açaí do estado. As dificuldades de

acesso às informações se devem a uma pesquisa sobre o açaí, realizada no ano anterior

(2007), que logo depois a mídia publicou a ocorrência de casos de doença de Chagas

oriundas do açaí, causando sérios problemas no município. A equipe foi intimidada por

pessoas portando armas brancas. Contudo, foi entrevistado um comerciante, dentre 15

outros do mesmo ramo.

Existem quatro portos no município, o de Santo Antônio (Estrada Nova), do

Meruú, da balsa e o da Vila Maiauatá.

Os caroços do açaí são lançados diretamente nos rios, sem preocupação com

transtornos ambientais, assoreamento e putrefação da matéria orgânica.

O município de Igarapé Miri precisa ter um espaço maior e mais adequado para

dispor sua produção. Alguns agentes mercantis fizeram criticas ao local onde são

comercializados os seus produtos, principalmente o açaí, pois o trapiche é pequeno, o

produto fica exposto ao chão, o local não dispõe de cobertura e nem de segurança.

Diversos batedores de açaí do município usam água de péssima qualidade, com

coloração amarelada. Alguns jogam os caroços na rua, outros não possuem piso adequado e,

diversos deles reivindicam linhas de crédito para solucionar problemas de infra-estrutura e

capacitação.

POTENCIALIDADES EM IGARAPÉ MIRI

Page 229: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

223

Além dos campeões açaí e palmito, outros produtos não-madeireiros

comercializados em Igarapé Miri são o cupuaçu, cacau, óleos e mel.

No município são três fábricas de açaí instaladas, sendo que duas estavam

funcionando na época.

A produção de açaí está aumentando a cada ano devido o manejo que está

sendo feito nos açaizais.

Enquanto a safra do açaí esta terminando em outros municípios, em Igarapé Miri

a produção é grande por causa do manejo feito.

Na entressafra do açaí a coleta dos frutos é feita de maneira racional unida ao

manejo para extração do palmito.

A Cooperativa de Desenvolvimento do Município de Igarapé Miri (CODEMI)

possui mais de 200 cooperados, formados em 13 núcleos, que somente comercializa açaí

para a maioria das empresas do Sindfruta. A cooperativa tem parceria com a UFPA – Centro

Tecnológico de Empreendimento Popular e Solidário.

Foram comercializados 500 Kg de mel, no valor de R$7,00/Kg, pelo Programa de

Aquisição de Alimentos (PAA), coordenado pela Companhia Nacional de Abastecimento

(CONAB).

PROBLEMAS EM MOJU

São poucos os produtos oriundos do extrativismo que são comercializados no

município de Moju, como o açaí, carvão, mel e artesanato regional (folhas, fibras, frutos,

cipós).

O principal problema é o escoamento e transporte para a comercialização do

açaí da região de Moju.

Diversas famílias pararam de produzir devido ao auxilio mensal ofertado pela

Vale, em locais por onde passa o mineroduto.

POTENCIALIDADES EM MOJU

Page 230: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

224

A secretaria municipal de meio ambiente de Moju atua com projetos de

capacitação em empreendedorismo no setor de artesanatos na região das ilhas fortalecendo

a atividade para gerar renda e trabalho. Possui diversos projetos: sustentabilidade da pesca,

criação de peixes regionais, novas culturas, plantas exóticas, aqüicultura (quelônios),

artesanato, panelas de barro, móveis, cestarias, reciclagem de tecido e bijuterias.

A Lei Ambiental do Município de Mojú (Lei nº737) foi criada em agosto de 2003.

A SEMMA possui a biblioteca “Sala Verde” com apoio do Fundo Nacional de Meio

Ambiente (MMA). A Secretaria tem como base o “Programa Nosso Ambiente” com o

licenciamento ambiental, recursos hídricos e deveres do produtor rural.

Em 2006/2007 começou o interesse da Natura pelo buriti, andiroba e copaíba na

região.

A coordenadora da Secretaria Municipal de Promoção e Assistência Social

(SEMPAS) nos apresentou os projetos em parceria com o SEBRAE de processamento de

frutas (cupuaçu, bacuri, açaí e castanha) para fabricação de biscoitos, licores, geléias e

compotas; de reaproveitamento de sobras de madeira, vassoura do açaí, entre outros, além

de capacitação para produção de sabonetes com andiroba e outros frutos.

De acordo com representante do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Moju o

município possui mais de 100 comunidades e 30 associações.

Nas áreas de terra firme tem cultivo de cacau (10 mil pés), abacaxi e culturas

agrícolas.

A empresa Natura compra semente seca de cupuaçu e cacau e fez contato para

comercialização do murumuru.

Os produtores comentam sobre a necessidade de incentivar uma agroindústria

para agregação de valor do patauá, andiroba e murumuru, semente de cupuaçu e do cacau.

A UFPA possui um projeto de incubadora tecnológica em Moju, Abaetetuba e

Igarapé Miri, que auxilia os produtores atingidos com a quebra da AMAFRUTAS, para que

passem a utilizar novamente as frutas plantadas por eles para desenvolver outros produtos

como polpa, licor, geléia, etc.

Moju possui a Universidade Estadual do Pará (UEPA), a Universidade aberta com

ensino técnico à distancia, com médio integrado PROEJA, o NEPAM com cursos técnicos, a

Page 231: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

225

Casa Rural de Mojú, o Programa da erradicação do trabalho infantil nas carvoarias do

Ministério do Trabalho e uma organização que trabalha com o problema do escalpelamento.

Na comunidade quilombola Jambu-açú funciona a Escola Familiar Rural Padre

Sergio Tonetto, que assiste a 15 comunidades quilombolas e tem dois anos de existência.

Conta com ajuda da empresa Vale, da prefeitura e outros. Atualmente a escola está com

algumas dificuldades para se manter. A parceria com a Vale se deve ao fato de passar um

mineroduto nas terras das comunidades. Com isso, foram investidos recursos para

construção de um posto de saúde. Durante dois anos 38 famílias receberam dois salários

mínimos mensais, até fevereiro de 2009. Nesta comunidade possuem andiroba e castanha-

do-brasil. A empresa Vale vai investir em 2.000 mudas de castanha, piquiá, uxí, bacuri, buriti

e copaíba. As principais atividades da comunidade são a pimenta e a mandioca. Política de

conscientização com a preservação da mata, destino do lixo, coleta seletiva, compostagem,

fortalecimento da agricultura familiar. A empresa de reciclagem de lixo fica na estrada do

Sarapuí.

Projeto do carro da cozinha do SESI (parceiros, Sebrae, C.F.R e a CVRD): receitas

acessíveis para a alimentação das famílias.

Projeto da UFRA sobre a potencialidade da região.

Plano do Desenvolvimento do Território Quilombola do Jambuaçú.

A outra parceria é com a Mar Borges (indústria de Palmas), mas existem conflitos

devido terem invadido parte do território, conforme o coordenador.

O projeto de “Gestão Ambiental” da Emater contribui na divulgação ou

implantação de sistemas de esgotamentos sanitários individuais para famílias rurais

residentes em áreas de várzea.

5.1.2.6. CONSIDERAÇÕES FINAIS DA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO TOCANTINS

Os produtos florestais não-madeireiros identificados nos dez municípios do

estudo realmente interferem de forma positiva e significativa na dinâmica econômica da

região do Tocantins, com seu encadeamento para frente nas escalas estadual e nacional,

comprovando que o método das Contas Sociais Ascendentes Alfa consegue identificar,

Page 232: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

226

quantificar e explicitar o papel de cada produto na economia extrativa da região, alguns

visíveis pelas estatísticas oficiais (açaí, cacau, palmito, carvão, cupuaçu, castanha, fibra de

buriti, mel e urucum), outros que pertencem à categoria “outros” (outras alimentícias e

outras oleaginosas), alguns na categoria “geral” e produtos que ainda são invisíveis.

O produto campeão, em todos os quesitos do estudo, foi o açaí com recordes em

todos os valores econômicos, na ordem de R$152 milhões de valor bruto pago somente ao

setor produtivo regional (VBPα). Em seguida, quando outros setores da cadeia compram de

insumos o valor bruto atinge R$834 milhões (VBP total), principalmente pelo setor varejista

rural. Na sequencia, outros setores agregam mais R$1 bilhão (R$989 milhões), sendo 77%

provenientes das escalas estadual e local referente ao valor adicionado bruto (VAB). Estes

setores que mais agregam e os que possuem maior peso são as grandes agroindústrias de

beneficiamento da polpa (10 identificadas), instaladas em municípios pólo do Estado

(Castanhal, Tomé Açu, Santa Bárbara, Marituba, Benevides e Belém) e, na escala local, o

setor também de beneficiamento, porém com centenas de pequenos estabelecimentos

“batedores” de açaí, que atendem à demanda da população tocantina. E para completar a

cadeia, somando-se o VBP e o VAB do açaí do Tocantins chega-se à cifra de R$1,8 bilhões de

renda total gerada (RBT) e circulada em toda a cadeia de comercialização do açaí. Esta

produção de açaí do Tocantins provém tanto de açaizais nativos, quanto de áreas de manejo

ou plantados. Alguns problemas identificados foram a baixa capacidade de armazenagem e

de transporte dos agentes envolvidos, falta capital de giro, falta de investimentos para

melhorar a produção e aquisição de equipamentos e falta treinamento para os coletores e

batedores de açaí sobre manipulação adequada do produto.

O segundo maior produto de destaque foi o cacau, cujo setor produtivo local

(VBPα) recebeu R$8,3 milhões, comprou de insumos (VBP) R$48 milhões (62% na esfera

nacional), agregou valor (VAB) na ordem de R$28 milhões, também na esfera nacional com

as indústrias de transformação e o varejo nacional (61%) e, ao final, gerou uma renda bruta

total (RBT) que circulou em toda a cadeia o montante de R$76,7 milhões (apenas 31%

circulada na região do Tocantins junto aos comerciantes do varejo e atacado).

A castanha do brasil, quinto produto ranqueado, teve o setor local produtivo

(VBPα) recebendo o montante de R$730 mil, sendo que foi comprado de insumos (VBP)

R$14 milhões (50% no varejo nacional e 39% na industria de beneficiamento estadual)

concentrado numa economia típica de monopsônio, com valor agregado de R$14,9 milhões

Page 233: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

227

(61% na industria de beneficiamento em Belém), e a renda total gerada (RBT) de R$29,2

milhões (50% circulou na esfera nacional e 39% na estadual). Ou seja, somente R$3,2

milhões circularam na região do Tocantins, dos quais R$1,9 milhões no setor de

beneficiamento localizado na região do Tocantins. A margem de lucro da cadeia da castanha

foi uma das mais altas, com 1.942% de mark-up.

O ideal seria que todos os agentes das cadeias conhecessem estes valores

econômicos, principalmente os envolvidos no setor da produção local extrativa, para que

tenham melhor noção sobre a dimensão dos valores que esses produtos atingem.

Alguns produtos não-madeireiros da região estão inseridos no mercado nacional

e/ou internacional, como o cacau, a castanha e o palmito, porém com destino exclusivo, o

que torna a economia local dependente do que acontece nestes mercados, principalmente a

definição dos preços. No entanto, se quisermos alavancar uma economia regional

equilibrada, com base numa produção sustentável, não se pode ter no mercado

internacional ou em determinados nichos nosso único foco.

Diversos produtos têm escala somente local, alguns em quantidades e valores

ainda incipientes (semente de cumaru, urucum, algumas plantas medicinais, leites, tala de

guarumã, paneiro, cipós, breu branco, entre outros). No entanto, demonstram a riqueza da

diversidade regional, o potencial de gerar renda às famílias e de conquistar novos mercados.

A agregação de valor aos produtos identificados ocorre em maior percentual na

escala estadual (52,78%) das cadeias do açaí, castanha, semente de cupuaçu e guarumã. No

caso do cacau e palmito ocorre na escala nacional (23,61%) e, para os 22 outros produtos a

agregação se dá somente na região do Tocantins. Ou seja, somando o VAB Local com o VAB

Estadual temos 76% da agregação de valor total acontecendo dentro do Estado do Pará,

condição essencial para se ter maior autonomia, de induzir políticas para a verticalização das

cadeias, com apoios de crédito para o setor de beneficiamento e transformação, porém em

diversas escalas que permitam beneficiar desde grupos locais, como cooperativas e

associações, assim como empresas de maior porte.

Do total da produção identificada na região, em 10 produtos encontramos a

relação de venda direta dos produtores para o consumidor final local (L) ou estadual (E), ou

seja, sem o atravessador, como os casos do açaí (3,1% L), ou seja, 3,1% de toda a produção

de açaí da região foi vendida diretamente para o consumidor local, cupuaçu (2% L e 6% E),

Page 234: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

228

carvão (13% L), castanha (0,7% L), buriti (1% L), mel (46% L e 1% E), bacuri (88% L), bacaba

(6,5% L), andiroba (7% E) e os leites (22% L).

Na busca de melhorias nas cadeias de comercialização destes PFNM, existem

alguns gargalos identificados nos municípios estudados em relação à infraestrutura instalada

que devem receber atenção especial para alavancagem de alguns produtos. Em relação à

infra-estrutura regional dos portos, quase todos devem ser mais bem equipados para o

embarque e desembarque de mercadorias, com adequação sanitária, fiscalização e o ideal é

ter espaço separado para os passageiros. Para interligação da estrada que acessa a região do

Tocantins há necessidade urgente da construção de duas pontes (com larguras que não

ultrapassam 300m) para otimizar o enorme fluxo de transporte de cargas da região (açaí

principalmente) e, especialmente para atender à população que sofre em casos

emergenciais nas travessias das balsas.

A população ribeirinha que vive nas ilhas sofre com a falta de abastecimento de

água e, principalmente, com a falta de energia elétrica, pois apesar de estarem muito perto

de uma enorme fonte de geração de energia (UHE de Tucuruí) não conseguem processar,

beneficiar e armazenar seus produtos.

Em relação à segurança, os produtores e comerciantes reclamam dos assaltos

que acontecem nas cidades e também ao longo dos rios, tanto nas moradias como nas

embarcações, aumentando a sensação de insegurança da população e com aparato policial

instalado insuficiente.

Alguns mercados e feiras dos municípios devem receber melhorias do poder

publico local e estadual, pois são pontos importantíssimos na estratégia de comercialização

dos produtos regionais. Espaços amplos, com piso e barracas de alvenaria, sistema de

ventilação, controle de qualidade dos produtos e condições de higiene adequadas ao volume

de carga circulante. O açaí, por exemplo, campeão na região por geração de renda e ser

alimento básico na dieta regional, deveria ser tratado com mais cuidados. O papel da

iniciativa privada é crucial, pois muitas instalações comerciais são negligenciadas ou por falta

de condições, ou interesse ou por desconhecimento.

No setor de beneficiamento do açaí, os batedores devem receber treinamento e

investimentos de envergadura para adequação dos espaços higienizados, com água potável,

e equipamentos para refrigeração, de tal forma que estas ações melhorem na prestação de

serviços ao consumidor regional.

Page 235: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

229

Um problema recorrente identificado em quase todos os setores de quase todas

as cadeias é a necessidade de investimentos em qualificação da mão de obra. Além de

investimentos em tecnologia deste enorme elenco de potencialidades ofertadas na região

na forma de remédios, alimentos, utilidades, artesanatos e inúmeras matérias-primas.

Estimular a identificação das boas práticas de manejo para algumas dezenas, ou centenas de

produtos da região, com apoio de instituições de ensino e pesquisa.

Portanto, o papel de milhares de famílias da região do Tocantins envolvidas em

diversas formas de negociação: como a venda antecipada (“na folha”, caso do cacau), com

contratos informais (“de boca”) ou formais, com troca de mercadoria, com dinheiro “na

mão”, alguns atuando numa economia invisível para as estatísticas oficiais, com formatos

diferenciados de organização, da negociação “corpo a corpo” até as mais organizadas em

associações ou cooperativas, que atuam em mais de um setor das cadeias de

comercialização, demonstram, com mais clareza, como interferem e contribuem no

encadeamento para frente da economia do setor extrativista.

Page 236: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

230

5.2 REGIÃO DE INTEGRAÇÃO BAIXO AMAZONAS

5.2.1 CARACTERIZAÇÃO

A Região de Integração Baixo Amazonas abriga um total de 12 municípios (Figura

151), com uma população de aproximadamente 638.582 hab (IDESP, 2009).

FIGURA 151 - Municípios pertencentes a Região de Integração Baixo Amazonas Fonte: SEIR, 2007.

A região é cortada pelo rio Amazonas na confluência com o rio Tapajós. É

portanto uma região voltada preponderantemente para o rio. Nesta região encontra-se um

dos municípios mais tradicionais do interior do estado do Pará, o município de Santarém.

É uma região caracterizada pelo ritmo da navegação nos rios, voltada

principalmente para a zona ribeirinha. No entanto, nos últimos anos a região tem sofrido

uma crescente dinamização, que teve início a partir da exploração da bauxita no vale do Rio

Trombetas, no município de Oriximiná. Outro fator de mudança foi a construção do Porto de

Santarém que abriu portas para o escoamento de vários produtos da região. Nos últimos

anos uma empresa multinacional que atua no setor de agronegócios, a Cargill, se instalou

em Santarém e implantou um porto voltado para o escoamento da produção dos grãos do

Page 237: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

231

Centro-Oeste brasileiro e do eixo da BR-163 ou Santarém-Cuiabá (PA), para onde a produção

de soja vem se deslocando. O asfaltamento desta rodovia, que está previsto no PAC, deve

ser um novo fator indutor de um maior dinamismo econômico na região (SEIR,2008).

Em 2007 o Produto Interno Bruto – PIB da Região do Baixo Amazonas somou R$

3.571.678,00mil, ocupando a quarta colocação e participando com um percentual

representativo no estado no valor de 7%. As participações dos setores econômicos

corresponderam a: 13% Agropecuário, 25% Indústria e 61% Serviços. Dentro da composição

do setor agropecuário a participação dos produtos de origem extrativista corresponde a

5,7% (IDESP,2009).

O turismo vem se destacando como atividade econômica e tem como atrações

as praias, cachoeiras, lagos, excursões ecológicas e as numerosas festas folclóricas. Outras

atividades importantes para a economia da região são: a extração de madeira, borracha e

castanha-do-brasil; as culturas de juta, mandioca e arroz; a criação de bovinos, suínos e aves

de granja; a pesca e a indústria de fibras. Em termos de potencialidades econômicas para a

região podem ser destacadas a continuidade dessas atividades econômicas e o avanço da

fruticultura e da cultura de grãos como soja, arroz, feijão e milho (SEIR,2007).

a) Características Gerais

• População Absoluta (IDESP, 2009): 638.582 hab.

• Densidade Demográfica (IDESP, 2007): 2,02 hab/km²

• Produto Interno Bruto - PIB 2007 (IDESP, 2009): R$ 3.571.678,00 mil

• Índice de Desenvolvimento Humano – IDH (2000) : 0,68

• PIB 2007 Per capita (IDESP, 2009): R$ 5.593,00

• Valor Adicionado – Setor Agropecuário (IDESP, 2009): 13 %

• Valor Adicionado – Setor Industrial (IDESP, 2009): 25 %

• Valor Adicionado – Setor Serviços (IDESP, 2009): 61 %

Page 238: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

232

5.2.2 ANÁLISES DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO DOS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO-MADEIREIROS

IDENTIFICADOS EM SEIS MUNICÍPIOS DA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO DO BAIXO AMAZONAS

De um total de 12 municípios pertencentes à região, foram estudados 6

municípios, a saber: Alenquer, Curuá, Juriti, Óbidos, Oriximiná e Santarém. Foram aplicados

39 questionários juntos a agentes mercantis dos municípios estudados, com pontos

georeferenciados (ainda em análise).

Desse total de questionários aplicados e inseridos no programa Netz, foi possível

gerar 42 circuitos. Também identificamos 35 produtos, classificados em Alimentícios (açaí,

cacau, cajuaçú, castanha do brasil, cupuaçu, bacaba, taperebá, muruci e uxi); Derivado

Animal (mel de abelha com e sem ferrão); Fármacos e Cosméticos (óleo de andiroba, óleo de

copaíba, óleo de cumaru, óleo de piquiá, leite do amapá, leite sucuúba, semente cumaru,

assacu, barbatimão, carapanaúba, mururé, pata de vaca, quinarana, sacaca, súcuba, unha de

gato, ipê roxo e verônica), Artesanatos e Utensílios (cesta timbuí, abano, peneira, paneiro,

tipiti e vassoura regional) e Derivados da madeira (resina de breu branco).

Há necessidade de fechamento de algumas cadeias em outros municípios de

dentro e fora da região do Baixo Amazonas.

Com base na comercialização dos 35 produtos identificados em nossa

amostragem de campo, as produções vendidas e os valores pagos aos produtores da região

foram organizados em ordem decrescente em função do percentual de valor (Tabela 10).

Page 239: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

233

TABELA 10 - Produtos florestais não-madeireiros identificados na região do Baixo Amazonas, com quantidade e valor pago à produção local, de acordo com a amostragem realizada em campo (Idesp).

castanha kg 7.538.280,00 8.464.615,00 90,718%

açaí kg 223.920,00 262.548,96 2,814%

cacau kg 35.000,00 160.998,88 1,725%

semente de cumarú kg 23.704,00 148.170,00 1,588%

cupuaçu kg 38.058,64 124.313,84 1,332%

mel kg 8.467,00 92.880,83 0,995%

copaíba litro 2.165,00 26.162,50 0,280%

andiroba litro 815,00 11.725,00 0,126%

Leites*** litro 1.140,00 9.780,00 0,105%

murici kg 3.118,00 8.428,71 0,090%

bacaba kg 6.552,00 7.796,88 0,084%

taperebá kg 2.480,00 5.070,00 0,054%

Plantas medicinais* kg 685,00 4.055,00 0,043%

Utensílios artesanais** Unid 552,00 2.426,77 0,026%

Breu branco kg 150,00 650,00 0,007%

cajuaçú kg 20,00 400,00 0,004%

óleo de piquiá litro 30,00 350,00 0,004%

Uxi kg 20,00 300,00 0,003%

Ipê roxo kg 10,00 50,00 0,001%

Total - 7.885.166,64 9.330.722,37 100%

Produto Unidade Quantidade Valor R$ % Valor R$

Fonte: Idesp/2009 *Tipiti, Vassoura Regional, Paneiro, Peneira, Abano, Cesta Timbuí **Assacu, Barbatimão, Carapanauba, Mururé, Pata de Vaca, Quinarana, Sacaca, Sucuba, Unha de Gato, Verônica *** amapá e sucuúba

As análises econômicas preliminares para cada produto identificado estão

descritas a seguir. Para todos os produtos foram descritos os agentes mercantis envolvidos e

apresentados os preços médios praticados pelos agentes mercantis das cadeias, ilustrados

em figuras que contém os setores que vendem e os setores que compram. . Para alguns

produtos, as análises foram agrupadas por categorias, como no caso das plantas medicinais,

leites e de utensílios artesanais. As análises econômicas contendo os cálculos de valor bruto

da produção (VBP), valor agregado bruto (VAB) e renda bruta total (RBT) gerada e circulada

para cada produto identificado, estão analisadas e apresentadas no ítem 5.2.3 deste

relatório, porém ainda estão na forma de figuras que ilustram tais dados de forma mais

didática.

Page 240: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

234

5.2.2.1 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DA CASTANHA DO BRASIL

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da

castanha do brasil

Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização da castanha do brasil na

região do Baixo Amazonas apresentam as seguintes características:

Produção Local: são extratores que efetuam a coleta e a quebra dos ouriços

liberando as sementes para serem comercializadas;

Varejo Rural Local: são atravessadores (ou representantes) que possuem

contratos com empresas de beneficiamento local e estadual, que compram a castanha,

somente na safra, diretamente dos castanheiros;

Indústria de Beneficiamento Local: são empresas que realizam o processamento

industrial da castanha. Os procedimentos e equipamentos utilizados são segredos de cada

indústria. As principais etapas são: armazenagem adequada, limpeza, secagem, separação

(ou seja, a classificação da semente), cozimento, descascamento para obter a amêndoa,

acondicionamento em embalagens aluminizadas e fechadas a vácuo, organizadas em caixas

de papelão, para então serem embarcadas para atender o mercado nacional e internacional;

Indústria de Transformação Local: são empresas que compram as amêndoas

diretamente do produtor local e as transformam em doces;

Atacado Local: este setor é representado pelos atacadistas, representantes de

empresas e associações de coletores de castanhas, localizados nas sedes dos seis municípios,

que adquirem grandes quantidades de castanha do varejo rural (e/ou do produtor);

Varejo Urbano Local: são os feirantes e comerciantes varejistas que

comercializam a castanha na forma de semente para o consumidor final local;

Indústria de Beneficiamento Estadual: unidades de beneficiamento situadas no

âmbito estadual que realizam o processamento industrial da castanha. A presente pesquisa

não conseguiu informações sobre os procedimentos e equipamentos utilizados no

beneficiamento, considerados segredos de empresa. Esse fato é justificado pelo setor ser

oligopolizado;

Page 241: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

235

Varejo Urbano Estadual: são comerciantes varejistas que comercializam a

castanha beneficiada para o consumidor final estadual;

.Varejo Urbano Nacional: comércios varejistas situados fora do Estado.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) da castanha do Brasil

Os canais de comercialização da castanha do brasil na região do Baixo Amazonas,

identificados nos seis municípios, se caracterizam por canais complexos, pois abrangem

vários níveis de agentes intermediários entre a produção local até o consumidor final.

O principal canal de comercialização da castanha é formado pelo setor da

indústria de beneficiamento local que compra 80,6% da produção local, vende 0,01% para

o varejista urbano estadual e 95,3% para o varejo urbano nacional.

Outro canal importante é constituído pelo atacadista local, que por sua vez

compra diretamente 15,2% dos produtores e, em seguida, vende quase toda (14,7%) para a

indústria de beneficiamento local e 0,53% para a indústria de beneficiamento estadual.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia da

castanha do brasil (2009)

Os preços de venda praticados pelos extratores de castanha com outros agentes

mercantis variam conforme o volume comercializado, com os valores: R$ 0,80/kg com o

varejo rural, R$1,18/kg com a indústria de beneficiamento local, R$9,47/kg com a indústria

de transformação local e R$0,86/kg com o atacadista local (Figura 152).

Page 242: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

236

Figura 152. Preço médio de castanha do brasil (R$ correntes/kg amêndoa seca) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará.

O setor da indústria de beneficiamento local compra do varejo rural a

R$0,70/kg, do atacado local a R$0,97/kg e direto da produção a R$1,18/kg e, após fazer

todas as etapas do beneficiamento na fábrica, vende ao preço de R$14,50/kg da amêndoa

seca para o varejo urbano estadual e R$11,16/kg para o varejo urbano nacional. Convém

lembrar que todos os preços aqui descritos, para todos os setores, foram convertidos para a

unidade de R$ correntes por kg de amêndoas secas da castanha do brasil.

O preço praticado de venda da castanha pelos varejistas rurais para a indústria

de beneficiamento local é R$0,70/kg, para o varejo urbano local a R$0,90/kg, para a

indústria de beneficiamento estadual a R$1,20/kg e diretamente para os consumidores

locais a R$1,18/kg.

d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização da castanha do Brasil

Na estrutura de formação de preço na cadeia de comercialização da castanha, o

setor da indústria de beneficiamento local compra a 1,06 vezes maior do que o preço

médio praticado à produção local e vende ao preço quase 11,91 vezes maior para o varejo

urbano estadual, que vende ao preço médio de 14,68 vezes maior para o consumidor

estadual.

Page 243: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

237

A indústria de transformação local compra a castanha ao preço de 7,43 vezes

maior que o praticado pela produção local e vende a 30,08 vezes a mais para o consumidor

local. O atacado urbano local compra a 0,77 vezes da produção local e vende a 0,07 vezes

mais para a indústria de beneficiamento estadual. O varejo rural paga 0,62 vezes menos à

produção local, vende a 0,07 vezes para a indústria de beneficiamento estadual, que por

sua vez vende a 11,38 vezes para o varejo urbano nacional. O varejo urbano local compra a

0,80 vezes à produção local, vende a 7,02 vezes mais para o consumidor local.

f) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização da castanha do Brasil

Somando todos os valores recebidos pela venda da castanha por todos os

castanheiros dos sete municípios estudados, ou seja, o Valor Bruto de Produção (VBPα) dos

produtores locais foi de R$3,1 milhões, totalizando no final da cadeia (soma de todos os

setores que ofertam na cadeia de comercialização da castanha) em R$112,1 milhões.

Do total do Valor Bruto da Produção R$33,6 milhões pertencem à região

estudada, R$1,7 milhões ao âmbito estadual e R$76,7 milhões ao nacional. Portanto, os

setores que mais ofertaram nos seis municípios são a indústria de beneficiamento (R$29,8

milhões), o atacado (R$418,4 mil), o varejo rural (R$137,8 mil), a indústria de

transformação (R$46,6 mil) e o varejo urbano (R$25,1 mil). O sistema estadual participa

com somente 2% do Valor Bruto da Produção total, sendo o setor da indústria de

beneficiamento que oferta o montante de R$1,7 milhões e o varejo atinge somente R$5,1

mil pelas vendas.

f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB) gerado na comercialização da castanha do brasil e a margem de comercialização de cada setor (Mark-up)

Ao longo da cadeia até a demanda final o valor de R$76,8 milhões (VAB) foi

adicionado ao produto, correspondendo à margem ou mark-up total de 2.336%.

A indústria de beneficiamento local teve maior participação no valor agregado

local (R$26,7 milhões) com mark-up de 869% e o setor de indústria de transformação

participou com somente R$36,8 mil, mas obteve uma margem significativa de 375%.

Page 244: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

238

No âmbito estadual o setor indústria de beneficiamento agrega R$1,6 milhões o

que justifica o mark-up de 1.058%. Este setor é composto por empresas beneficiadoras de

castanha localizadas na região metropolitana de Belém, sendo todas pertencentes à mesma

família tradicional do setor no Estado do Pará.

g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização da castanha do

brasil

A pesquisa de campo identificou que a Renda Bruta total para a comercialização

da castanha do brasil nos seis municípios estudados foi de R$112 milhões.

Na região estudada uma renda bruta total de R$33,6 milhões foi gerada. A

indústria de beneficiamento local gerou uma renda bruta no valor de R$29,8 milhões,

sendo que R$3 milhões na compra de insumos (em forma de sementes) e R$26,7 milhões

adicionados ao produto. A indústria de transformação local foi responsável pela renda bruta

de R$46,6 mil, pois comprou de insumo as amêndoas de castanha já beneficiadas da

indústria de beneficiamento local por R$9,8 mil e adicionou o montante de R$36,8 mil.

h) Informações complementares sobre a comercialização de castanha do brasil

No estado do Pará existem poucas famílias que comercializam a castanha, como

os Mutran, os Abraão (Oriximiná) e os Florezano (Óbidos).

Page 245: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

239

5.2.2.2 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO CACAU

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do cacau

Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização do cacau do Baixo Amazonas

apresentam as seguintes denominações, considerando a abrangência para o nível local (os

seis municípios), estadual (fora da região do Baixo Amazonas) e nacional (fora do estado do

Pará e do Brasil).

Produção Local: produção primária (ascendente) da agropecuária (plantios) e

extrativista (plantas nativas) dos seis municípios pesquisados que comercializam o cacau

seco ou molhado;

Varejo Rural Local: atravessadores que compram cacau seco ou molhado dos

produtores locais e realizam o beneficiamento primário da amêndoa (fermentação e a

secagem natural do fruto);

Atacado Local: atacadistas ou representantes de empresas de transformação

nacional ou multinacional que transacionam diretamente grandes quantidades de cacau

seco para o âmbito nacional;

Atacado Estadual: atacadistas que transacionam volumosas quantidades de

cacau seco por meio de contratos com as maiores processadoras de cacau do Brasil, ou seja,

do setor da indústria de transformação (multi) nacional;

Indústria de Transformação Nacional: são grandes empresas nacionais e

multinacionais que se dedicam à moagem da amêndoa, extração da manteiga de cacau,

líquor14, torta e o pó de cacau, para depois serem vendidos para as indústrias chocolateiras,

que os transformam em chocolate junto com outros ingredientes, principalmente açúcar e

leite em pó;

Varejo Urbano Nacional: instância de comércio de varejo situada fora do Estado

que vende para o consumidor nacional.

14

O líquor de cacau é uma pasta grossa e viscosa, marrom-escura, quando se prensa obtém a manteiga e o pó de cacau (A NOTICIA, 2008). As porcentagens do chocolate dizem respeito à quantidade de líquor.

Page 246: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

240

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do cacau

A cadeia de comercialização do cacau é caracterizada por canais simples,

apresentando apenas três tipos de intermediários que participam do escoamento da

produção identificada do Baixo Amazonas, isto é, do setor da produção até o consumidor

final, são eles: o varejo rural, o atacado local e o atacado estadual.

Os atacadistas locais compram exclusivamente dos produtores 80% da produção

identificada e vendem diretamente para a indústria de transformação nacional. Outro

intermediário importante na cadeia, o varejista rural (atravessadores), compra 20% do total

da produção identificada, sendo toda comercializada com os atacadistas da região do Xingu

(Municípios de Medicilândia e Altamira).

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia do

cacau (2009)

O cacau é uma commodity cujos preços são determinados pelo movimento das

duas principais bolsas internacionais (Nova York e Londres), apresentando assim um alto

índice de instabilidade, como pode ser observado na flutuação do preço, ao longo de 2008,

no mercado internacional (Figura 153).

Figura 153. Variação de preço do cacau no mercado internacional, com base na Bolsa de Nova York, 2008.

Fonte: Bolsa de New York, 2008.

Page 247: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

241

Os preços médios de venda de insumo (cacau) praticados pelos produtores

locais com o varejo rural e com o atacado local são os mesmos, em média R$4,60/kg do

fruto. Por outro lado, o preço de venda praticado pelo atacado local com a indústria de

transformação nacional atinge em média R$5,50/kg.

Em relação ao preço de venda praticado pelo varejo rural com os atacadistas

estaduais (Região do Xingu) chega somente a R$4,80/kg, e revende para o âmbito nacional a

R$5,20/kg.

Figura 154. Preço médio do cacau (R$ correntes/kg amêndoas secas) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará.

c) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização do cacau

Os atacadistas locais revendem o cacau a 0,09 vezes para o próprio setor, que

revende com valor 0,20 vezes maior para a indústria de transformação nacional, que vende

ao varejo urbano nacional a 1,28 vezes mais, ficando ao consumidor final um preço 2,34

vezes maior que o praticado pelo produtor local de cacau da região do Baixo Amazonas. Por

outro lado, o varejo rural vende para o atacado estadual ao preço 0,13 vezes maior, que

revende à indústria de transformação nacional a 1,28 vezes maior em relação ao preço da

produção local.

Page 248: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

242

d) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização do cacau

Somando todos os valores recebidos pela venda do cacau por todos os

produtores da região do Baixo Amazonas, ou seja, o Valor Bruto de Produção local (VBPα) foi

de R$426,5 mil, do varejo rural local de R$89 mil, do atacado local de R$778,8 mil e,

gerando R$1,3 milhões nas vendas do cacau na região estudada que representa 34% do

total gerado, sob a ótica da oferta.

Em relação aos R$96,4 mil gerados na venda do cacau no Estado do Pará (3% do

total gerado) o único setor que oferta é o atacadista (atravessadores e representantes das

indústrias moageiras nacionais).

No mercado nacional foram gerados R$2,4 milhões na venda do cacau fora do

estado, representando 63% do total gerado, sendo que o varejo urbano nacional foi

responsável pelas vendas com R$1,4 milhões e a indústria de transformação com R$970,7

mil.

f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB) gerado na comercialização do cacau e a margem de comercialização de cada setor (Mark-up)

Ao longo da cadeia de comercialização do cacau da produção local até a

demanda final, o valor de R$1,4 milhões foram adicionados (VAB) ao fruto, correspondendo

à margem de agregação ao produto na comercialização ou mark-up total de 234%.

Este mark-up total foi calculado a partir do VAB total (R$1,4 milhões), menos o

VBP da produção local (R$ 426,5 mil), dividido pelo VBP da produção local. Essa margem

mostra, em termos relativos, o valor adicionado na cadeia toda a partir da produção

primária (Setor α).

Do total do valor adicionado dos seis municípios, o setor com maior participação

foi o atacado com R$66,7 mil (mark-up de 4%) e o varejo rural com R$3,7 mil (mark-up de

9%).

Portanto, do total do valor adicionado o sistema estadual participa com somente

1%, ficando o âmbito nacional responsável pela maior parte da agregação 65%.

Page 249: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

243

g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização do cacau

Do somatório dos setores que compram e que também adicionam valor ao

produto foram movimentados no total R$3,8 milhões que equivalem à renda bruta gerada

na comercialização do cacau, sendo o mercado (inter-) nacional responsável por 63%, o

local por 34% e o estadual por 3%.

Na região estudada o atacado local gerou a renda bruta total do setor de

R$778,8 mil, pois comprou em insumos R$712 mil e agregou pouco valor ao produto na

ordem de R$66,7 mil. Assim como o setor do varejo rural gerou renda bruta no valor de

R$88 mil, com compra de cacau na ordem de R$85 mil e adicionou apenas R$3,7 mil.

Na esfera estadual o atacado comprou cacau no valor de R$89 mil, adicionou

apenas R$7,4 mil e alcançou uma renda bruta total no valor de R$96,4 mil. Este setor na

realidade agrega pouco valor ao produto, porém compensa pelo grande volume

transacionado por meio de contratos com as indústrias moageiras nacionais.

Destaca-se que a indústria de transformação nacional foi a maior demandante

de cacau da região do Baixo Amazonas, atingindo uma renda bruta total de R$970 mil, sendo

R$504 mil para a compra de insumos (pois os valores foram obtidos pela presente pesquisa

junto ao setor) e R$466 mil o valor adicionado (estimado) ao produto.

5.2.2.3 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO AÇAÍ

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do açaí

A descrição dos agentes mercantis identificados na cadeia de comercialização do

açaí, considerando somente o nível local (os seis municípios pesquisados).

Produção Local: produção primária dos cultivos e do extrativismo dos açaizais

nos seis municípios da região do Baixo Amazonas;

Page 250: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

244

Indústria de Beneficiamento Local: pequenos comerciantes que realizam o

processamento do açaí in natura utilizando máquinas despolpadeiras, chamados de

“batedores de açaí”, que vendem diretamente a polpa do açaí para os consumidores locais.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do açaí

A cadeia de comercialização do açaí identificada pela pesquisa é simples. O único

canal de comercialização do açaí é constituído pela compra direta da indústria de

beneficiamento local com os produtores, no qual processam o açaí na forma de polpa ou

“vinho” e vendem somente para o consumo local.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia do açaí (2009)

Os batedores locais de açaí (indústria de beneficiamento) compram o açaí por

R$1,17/kg dos produtores e vendem em média a R$2,31/kg para os consumidores locais

(Figura 155).

Figura 155. Preço médio do açaí (R$ correntes/kg de frutos in natura) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará.

d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização do açaí

Page 251: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

245

O preço praticado pelo setor da indústria de beneficiamento local é equivalente

a 0,97 vezes maior que o preço médio recebido pelos produtores.

e) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização do açaí

Na cadeia de comercialização do açaí a produção local gerou um Valor Bruto da

Produção (VBPα) de R$1,4 mil. Sendo que nesta cadeia o único setor ofertante é a indústria

de beneficiamento com R$2,8 mil.

f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB) gerado na comercialização do açaí e a margem de comercialização de cada setor (Mark-up)

Ao longo da cadeia de comercialização do açaí da produção local do Baixo

Amazonas até a consumo final, o valor de R$2,8 mil foram adicionados (VAB) ao produto

açaí, correspondendo à margem de agregação ao produto na comercialização ou mark-up

total de 97%.

g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização do açaí

A Renda Bruta Total (RBT) gerada na comercialização do açaí nos seis municípios

estudados foi de R$4,3 mil. A indústria de beneficiamento local foi responsável pela renda

bruta total de R$2,8 mil, pois comprou de insumo o açaí fruto in natura por R$1,4 mil e

adicionou também R$1,4 mil.

5.2.2.4 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO CUPUAÇU

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do

cupuaçu

Page 252: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

246

Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização do cupuaçu na região do

Baixo Amazonas apresentam as seguintes características:

Produção Local: composta por agentes responsáveis pela oferta do produto in

natura, que são provenientes de cultivos ou de ocorrência natural. Em alguns casos os

produtores realizam beneficiamento primário (despolpamento dos frutos feito com tesoura)

para obtenção de melhor preço de venda;

Varejo Rural Local: são atravessadores que compram o cupuaçu in natura ou

polpa dos produtores. A maioria deles faz o despolpamento e vende para diferentes

agentes;

Indústria de Transformação Local: são pequenas empresas que realizam

transformação do cupuaçu in natura em outros produtos finais como sorvetes, sucos, doces

entre outros;

Varejo Urbano Local: são pequenos comerciantes varejistas (supermercado ou

feirantes) que transacionam o fruto in natura ou na forma de polpa e vendem para o

consumidor final local.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do cupuaçu

Os canais de comercialização do cupuaçu, identificados nos seis municípios, se

caracterizam por canais simples, pois abrangem somente três níveis de agentes

intermediários entre a produção local até o consumidor final local.

O principal nível de canal de comercialização do cupuaçu identificado com

maiores quantidades é composto pelo setor varejista urbano local que comercializa 94,6%

da quantidade do fruto identificado, que compra exclusivamente de produtores os frutos in

natura ou na forma de polpa e vende exclusivamente para o consumidor local.

Além disso, o produtor comercializa 5,23% da produção identificada diretamente

para a indústria de transformação local, na maioria das vezes, o fruto in natura. O setor do

varejo rural compra somente 0,2% da produção do fruto in natura e vende a polpa de forma

artesanal para o consumidor local.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia do cupuaçu (2009)

Page 253: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

247

O preço médio de compra de insumo (cupuaçu) praticado pelas indústrias de

transformação locais com os produtores foi de R$5,89/kg (Figura 156). Por outro lado, o

preço de venda praticado por este setor com o consumidor local atinge em média

R$37,01/kg. O varejo rural compra da produção a R$4,00/kg e vende ao consumidor local a

R$6,00/kg. A venda do cupuaçu pelo setor do varejo urbano local com os consumidores

locais também chega a R$6,00/kg

Figura 156. Preço médio do cupuaçu (R$ correntes/kg de polpa) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará.

d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização do cupuaçu

A formação do preço do cupuaçu do produtor local até os consumidores locais

passando pelos setores intermediários locais apresenta grandes variações. O preço de venda

praticado pelos varejistas rurais e varejistas urbanos locais com os consumidores da região

estudada atinge o equivalente a 1,84 vezes do preço médio recebido pelos produtores. A

indústria de transformação local vende direto para o consumidor local ao preço 11,33 vezes

maior, porque se trata de produtos com alto valor agregado.

e) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização do cupuaçu

Page 254: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

248

O Valor Bruto da Produção (VBPα) do setor produtivo de cupuaçu da região

estudada alcançou R$28,3 mil, da indústria de transformação local foi de R$16,6 mil, do

varejo urbano local R$48,8 mil e do varejista rural R$94,9, gerando no âmbito local um total

de R$93,6 mil nas vendas do cupuaçu.

f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB) gerado na comercialização do cupuaçu e a margem de comercialização de cada setor (Mark-up)

O Valor Adicionado Bruto (VAB) total foi de R$65,6 mil ao longo da cadeia do

fruto, correspondendo à margem de agregação ao cupuaçu ou mark-up total de 133%. O

setor que apresenta participação considerável na agregação de valor é o varejo urbano local

que adiciona R$23,4 mil, e apresenta o mark-up de 92%. A participação da indústria de

transformação local foi de somente R$13,9 mil, com destaque no mark-up considerável de

528% devido o preço de compra de insumo ser muito baixo.

Finalmente, os produtores locais adicionam o montante de R$28,1 mil, pois

realizam o beneficiamento primário do cupuaçu em polpa.

g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização do cupuaçu

O resultado da alta margem de comercialização no sistema local justifica o

montante de Renda Bruta total gerada nos seis municípios na ordem de R$93,6 mil. O

varejo urbano local gerou R$48,8 mil de renda, pois comprou R$25,4 mil de insumo e

agregou R$24,3 mil ao produto. Enquanto que a indústria de transformação local gerou

uma renda na ordem de R$16,6 mil, sendo R$2,6 mil em insumos e R$13,9 mil no valor

adicionado.

5.2.2.5 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DA BACABA

Page 255: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

249

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da bacaba

Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização da bacaba na região do

Baixo Amazonas apresentam as seguintes características:

Produção Local: produção primária da agropecuária e extrativista dos seis

municípios;

Indústria de Beneficiamento Local: empresa que realiza o processamento

industrial da bacaba in natura, ou seja, são pequenos comerciantes que utilizam máquinas

despolpadeiras do açaí para obter a polpa da bacaba, que é vendida diretamente para os

consumidores locais.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) da bacaba

O canal de comercialização da bacaba identificado nos seis municípios se

caracteriza por canal simples de distribuição. A indústria de beneficiamento local compra

100% da produção identificada e vende diretamente para o consumo local. São batedores de

açaí que também beneficiam e comercializam a bacaba de maneira semelhante ao açaí.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia da

bacaba (2009)

O preço médio de venda de insumo (bacaba) praticado pelo setor da produção

local com as indústrias de beneficiamento locais atinge R$1,19/kg (Figura 157). O preço

médio adotado pela venda da indústria de beneficiamento para o consumidor local é de

R$2,29/kg conforme o rendimento do fruto.

Page 256: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

250

Figura 157. Preço médio de bacaba (R$ correntes/kg de polpa) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará.

d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização da bacaba

A indústria de beneficiamento local vende a 1,92 vezes maior para o consumidor

local, em relação ao preço pago ao produtor.

e) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização da bacaba

Na cadeia de comercialização da bacaba a produção local gerou um Valor Bruto

da Produção (VBPα) de R$7 mil e a indústria de beneficiamento local gerou VBP de R$13,5

mil.

f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB) gerado na comercialização da bacaba e a margem de comercialização de cada setor (Mark-up)

O Valor Agregado Bruto (VAB) total da bacaba ao longo da cadeia foi de R$13,5

mil para os seis municípios, correspondendo à margem ou mark-up de 92%. A indústria de

Page 257: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

251

beneficiamento local participou com R$6,5 mil e obteve uma margem de comercialização na

cadeia, ou seja, mark-up de 92%.

g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização da bacaba

A Renda Bruta Total identificada pela pesquisa foi de R$20,5 mil sendo que do

total o setor da produção local gerou o equivalente a R$7 mil, sendo que a indústria de

beneficiamento local foi responsável por R$13,5 mil, pois comprou de insumo cerca de R$7

mil e agregou o montante de R$6,5 mil.

5.2.2.6 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO CAJUAÇU

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do cajuaçú

Os agentes mercantis identificados, apenas na esfera local, foram:

Produção Local: produção extrativista dos seis municípios que comercializam o

fruto na safra;

Varejo Urbano Local: são feirantes que realizam a venda do fruto in natura para

o consumidor local.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do cajuaçu e Formação dos preços pelos

setores envolvidos

O varejo urbano local comercializa 100% da quantidade identificada do fruto,

que é comprada diretamente dos produtores e vendida exclusivamente para os

consumidores locais. O varejo urbano local vende o cajuaçu para o consumidor local a 0,88

vezes maior que o preço de referência praticado pela produção local.

Page 258: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

252

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia do cajuaçu (2009)

O preço médio de venda do cajuaçu praticado pelos produtores com o varejo

urbano local é de R$20,00/kg do fruto, e o preço de venda desses para com os

consumidores locais atingem o valor de R$37,50/kg (Figura 158).

Figura 158. Preço médio de cajuaçu (R$ correntes/kg de fruto in natura) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará.

d) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização do cajuaçu

Na cadeia de comercialização do cajuaçu a produção local gerou um Valor Bruto

da Produção (VBPα) de R$360,49, totalizando ao final da cadeia R$1 mil. O único ofertante

da cadeia é o varejo urbano local com R$675,93.

e) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB) gerado na comercialização do cajuaçu e a margem de comercialização de cada setor (Mark-up)

Page 259: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

253

O Valor Agregado (ou Adicionado) Bruto do cajuaçu totalizou R$675,93. O varejo

urbano local agregou no produto apenas R$315,43 mil, atingindo uma margem bruta de

88%, justificado pela comercialização in natura do fruto.

f) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização do cajuaçu

A Renda Bruta Total identificada pela pesquisa na comercialização do cajuaçu foi

de somente R$1 mil. O varejo urbano local foi responsável pela renda bruta de R$675,93,

pois comprou de insumo R$360,49 e adicionou R$315,43 e o produtor local gerou o

equivalente R$360,49.

5.2.2.7 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO TAPEREBÁ

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do Taperebá

Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização do taperebá, na região do

Baixo Amazonas, atuam somente na escala local e apresentam as seguintes características:

Produção Local: produção extrativista dos municípios estudados que

comercializam o taperebá in natura;

Varejo Rural Local: são atravessadores que compram o taperebá in natura na

safra. A maioria deles realiza beneficiamento primário (despolpamento dos frutos

manualmente) para obtenção de melhor preço de venda;

Indústria de Transformação Local: são pequenas empresas que realizam

transformação do taperebá in natura ou da polpa em outros produtos finais como sorvetes,

sucos, doces entre outros;

Varejo Urbano Local: são feirantes que realizam a venda do taperebá in natura

para o consumo local.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do Taperebá

Page 260: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

254

O varejo urbano local comercializa 60,5% da quantidade identificada do fruto,

que é comprado diretamente dos produtores e vendido exclusivamente para os

consumidores locais. A indústria de transformação local (sorveterias, restaurantes e mini

agroindústrias) é responsável pela comercialização de 6% da produção identificada. Destaca-

se também o volume comercializado pelos varejistas rurais com os consumidores locais, na

ordem de 33,4% da produção identificada.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia do Taperebá (2009)

O preço médio de venda do fruto de taperebá in natura praticado pelos

produtores com o varejo rural é de R$1,95/kg, com a indústria de transformação é de

R$4,00/kg e com o varejo urbano local atinge R$1,90/kg (Figura 159). O preço médio

adotado pelo varejo urbano local e varejo rural com os consumidores locais atinge

R$6,00/kg e R$3,90/kg do fruto in natura respectivamente. Enquanto, que o preço de venda

da indústria de transformação local para o consumidor local atinge em média R$8,00/kg.

Figura 159. Preço médio de taperebá (R$ correntes/kg de polpa) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará.

Page 261: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

255

d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização do Taperebá

O varejo urbano local vende a 2,93 vezes do preço médio recebido pelos

produtores para o consumidor local. O varejo rural vende a 0,91 vezes que o preço de

referencia da produção local e a indústria de transformação vende a 2,91 vezes também

para o consumo local.

e) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização do Taperebá

Na cadeia de comercialização do taperebá a produção local gerou um Valor

Bruto da Produção (VBPα) de R$4,5 mil, pela sua oferta. Sendo que nesta cadeia os setores

ofertantes são o varejo urbano local com R$8,1 mil, o varejo rural com R$2,9 mil e a

indústria de transformação local com R$1 mil somente.

f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB) gerado na comercialização do Taperebá e a margem de comercialização de cada setor (Mark-up)

O Valor Agregado Bruto do taperebá totalizou R$12,1 mil, atingindo o mark-up

total de 165%. O varejo urbano local foi responsável pela maior agregação com R$5,5 mil,

com margem bruta de 216%, o varejo rural agregou pouco (R$1 mil) e apresenta uma

margem de apenas 100% e a indústria de transformação agregou somente R$540,7.

g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização do Taperebá

A Renda Bruta Total identificada pela pesquisa foi de R$16,7 mil sendo que do

total o varejo urbano foi responsável por R$8,1 mil, pois comprou o fruto in natura por

R$2,5 mil e agregou R$5,5 mil ao fruto já embalado para o consumo final local. O varejo

rural atingiu uma renda bruta total de R$2,9 mil, dos quais R$1,5 equivalem à compra do

fruto in natura e também ao valor adicionado.

Page 262: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

256

5.2.2.8 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO MURUCI

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do Muruci

Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização do muruci na região do

Baixo Amazonas apresentam as seguintes características:

Produção Local: produção primária e extrativista dos seis municípios;

Varejo Rural: pequenos comerciantes que compram o muruci in natura dos

produtores e são denominados de atravessadores;

Indústria de Transformação Local: são pequenas empresas que realizam

transformação do murici in natura ou da polpa em outros produtos finais como sorvetes,

sucos, doces entre outros;

Varejo Urbano Local: são feirantes que realizam a venda do murici in natura para

o consumo local.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do Muruci

Os canais de comercialização do muruci, identificados nos seis municípios, se

caracterizam por canais simples, pois abrangem somente três agentes intermediários que

participam da comercialização do fruto. O principal nível de canal de comercialização do

muruci é a venda direta do varejo urbano para o consumidor local comercializando 64% da

produção identificada. Outros canais importantes são compostos pela indústria de

transformação que compra 21% do produtor e vende diretamente para o consumo local, e o

setor do varejo rural que comercializa o montante de 15% da produção identificada do

fruto.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia do Muruci (2009)

O preço médio praticado pelo produtor com o varejo rural é R$2,57/kg do fruto

de muruci, com o varejo urbano local é de R$2,25/kg e com a indústria de transformação

Page 263: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

257

local atinge R$4,19/kg (Figura X). Em relação aos preços de venda praticados pelos setores

intermediários com os consumidores locais são: do varejo rural em média a R$4,21/kg, do

varejo urbano local a R$8,00/kg e da indústria de transformação equivale a R$29,82/kg.

Figura 160. Preço médio de muruci (R$ correntes/kg de polpa) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará.

d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização do Muruci

O preço praticado pela venda do setor varejista rural com o consumidor local é

de 0,6 vezes do preço praticado pela produção local, e o varejista urbano vende para o

consumidor local ao preço de 1,96 vezes maior que o pago ao produtor. No caso da

indústria de transformação local revende para o consumidor local ao valor de 1,03 vezes

maior do que pago ao produtor.

e) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização do Muruci

O Valor Bruto da Produção (VBPα) dos produtores identificados nos seis

municípios atingiu R$7,6 mil, enquanto que o VBP de todos os setores chega a R$41,3 mil.

Page 264: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

258

Os setores que mais ofertam são a indústria de transformação com R$17,5 mil, o varejo

urbano local com R$14,4 mil e o varejo rural com R$1,7 mil.

f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB) gerado na comercialização do Muruci e a margem de comercialização de cada setor (Mark-up)

Na cadeia de comercialização do muruci foi agregado ao fruto um valor de

R$33,7 mil, subtraindo o VAB total (R$ 33,7 mil) do VBP da produção local (R$ 7,6 mil) e

dividindo o resultado pelo VBP da produção local, obtemos uma margem de agregação de

343%.

Do VAB total a indústria de transformação local foi responsável por R$123 mil

no qual o produtor consegue agregar R$120,1 mil e o varejo rural com R$15 mil

apresentando o mark-up de 12%. Por outro lado, o varejista rural agrega um valor de R$10,3

mil atingindo a maior margem de comercialização da cadeia de 256%.

g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização do Muruci

A Renda Bruta Total identificada pela pesquisa na comercialização do muruci foi

de R$ 41,3 mil. O setor da produção local gerou o equivalente a R$7,6 mil, o varejo urbano foi

responsável pela renda bruta de R$14,4 mil, pois comprou de insumo R$4 mil e adicionou o

montante de R$10 mil e a indústria de transformação atingiu uma renda bruta total de

R$17,5 mil, dos quais R$2,4 mil equivalem à compra de insumos e R$15 mil ao valor

adicionado.

5.2.2.9 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO UXI

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do uxi

Page 265: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

259

Os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do uxi atuam

somente no nível local, conforme descrição a seguir:

Produção Local: composta por extrativistas locais que fazem a coleta do fruto em

suas áreas de ocorrência;

Varejo Urbano Local: são comerciantes que compram o fruto in natura dos

extrativistas locais e revendem para o consumidor final local.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização do uxi

A cadeia de comercialização do uxi é bem simples e linear, fica restrita à própria

região e é composta pelo setor do varejo urbano local, que compra 100% dos frutos

coletados diretamente da produção local e vende para o consumidor local. Na formação de

preço do uxi o varejo urbano local vende ao consumidor local ao preço de 1,50 vezes maior

que o preço pago de referencia ao produtor.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia do uxi

O varejo urbano compra do uxi a R$15,00/kg do produtor local e vende ao

consumidor local a R$37,50/kg (Figura 161).

Page 266: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

260

Figura 161 - Preço médio de uxi (R$ correntes/kg de polpa) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará.

d) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização do Uxi

O Valor Bruto da Produção (VBPα) dos produtores da região alcançou apenas

R$270,37, enquanto que o varejo urbano local ofertou o equivalente a R$675,93 totalizando

no final da cadeia em R$946,3 pelas vendas do fruto.

e) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB) gerado na comercialização do Uxi e a margem de comercialização de cada setor (Mark-up)

O Valor Agregado (ou Adicionado) Bruto do fruto totalizou apenas R$675,93 no

final da cadeia de comercialização. O varejo urbano local adicionou ao fruto um valor de

R$405,56.

g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização do uxi

Os dados levantados mostram que a comercialização do uxi gerou Renda Bruta

Total de R$946,30, o produtor gerou R$270,37 somente pela comercialização in natura

desse fruto e o varejo urbano (feirantes) gerou R$675,93, sendo R$270,37 pela compra do

fruto e R$405,56 de adição de valor.

5.2.2.10 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO MEL

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do mel

Os agentes mercantis identificados na cadeia de comercialização do mel foram:

Produção Local: produção primária de mel com base no manejo das abelhas

(apicultura) que utilizam a flora local como pasto, para a produção do mel da região do Baixo

Page 267: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

261

Amazonas. A produção pode vir de indivíduos ou associações de apicultores que realizam o

beneficiamento do mel;

Indústria de Transformação Local: pequena empresa que produz comprimidos

de mel com copaíba ou andiroba para fins medicinais;

Atacado Local: cooperativa e associações de apicultores que realiza o

beneficiamento e vende diretamente para o consumidor local;

Varejo Urbano Local: comerciantes (alguns feirantes) que compram o mel da

produção local e vendem para os consumidores locais e estaduais.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do mel

É interessante notar que o produtor de mel (apicultor) vende 3% da sua

produção local direto para o consumidor local. A produção local também vende 44% para o

varejo rural, 38% para o atacado local, 13% para o varejo urbano local e 1,5% para a

indústria de transformação.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia do mel

(2009)

Os preços de venda praticados pelos apicultores (Figura 162) variam conforme o

volume comercializado, no caso com o varejo rural atinge R$5,00/kg, com a indústria de

transformação local a R$19,59/kg, com o atacadista local a R$15,15/kg, com o varejista

urbano local a R$13,87/kg e com os consumidores locais atinge em média R$29,72/kg.

O varejo rural vende ao preço médio R$5,00/kg para o varejo urbano local. A

indústria de transformação local vende ao consumidor local a R$140,55/kg devido à alta

agregação de valor. O varejo urbano local vende ao consumidor local a R$14,96/kg

enquanto que o atacadista local vende a R$15,15/kg do mel para o consumidor local.

Page 268: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

262

Figura 162 - Preço médio de mel (R$ correntes/kg in natura) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará.

d) Formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização do mel

O varejo rural vende ao consumidor local ao preço de 0,46 vezes menor que o

preço pago ao produtor, a indústria de transformação local vende direto para o consumidor

estadual a 11,81 vezes mais, enquanto o varejo urbano local vende a 0,36 vezes para o

consumidor local.

e) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização do mel

Somando todos os valores recebidos pela venda do mel por todos os apicultores

dos seis municípios, o Valor Bruto de Produção local (VBPα) foi de R$63,2 mil, do varejo

rural local foi de R$12,7 mil, do atacado local de R$33,5 mil, varejo urbano local de R$48,4

mil e da indústria de transformação de R$12,1mil, gerando R$171 mil pela oferta do mel na

região do Baixo Amazonas.

Page 269: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

263

f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB) gerado na comercialização do mel e a margem de comercialização de cada setor (Mark-up)

Ao longo da cadeia de comercialização do mel da produção local até a demanda

final local, o valor de R$99,9 mil foi adicionado (VAB) ao produto mel.

O valor adicionado da cadeia do mel só acontece no sistema local, o produtor

adiciona o maior valor na cadeia, equivalente a R$63,2 mil, realizando o beneficiamento

primário para obtenção de melhor preço de venda. Outros setores apresentam também

participação na agregação de valor como o varejista urbano que adiciona um montante de

R$26,2 mil, o que justifica o mark-up de 113%, pois estes feirantes compram o mel em

grandes quantidades e fracionam para a venda em frascos menores. Assim como a indústria

de transformação com R$10,4 mil que apresentam o maior mark-up da cadeia de

comercialização na ordem de 618%.

g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização do mel

A Renda Bruta total gerada pela comercialização do mel produzido e identificado

nos seis municípios foi movimentada somente na região estudada, atingindo um valor de

R$171 mil. O setor da produção local gerou a maior renda na ordem de R$63,2 mil

comparada aos demais setores, pois realizam o beneficiamento do mel, que torna rentável a

atividade da apicultura para a região. O setor do varejo urbano local (feirantes) gerou uma

renda de R$48,4 mil, pois comprou R$23 mil de insumo e agregou R$26 mil ao produto, pois

somente fraciona o mel em embalagens menores. A indústria de transformação gerou R$12

mil, sendo R$1,6 mil em insumos e R$10,5 mil no valor adicionado.

Page 270: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

264

5.2.2.11 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO BREU BRANCO

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização de Breu

Branco

Os agentes mercantis identificados, apenas na esfera local, foram:

Produção Local: produção extrativista dos seis municípios que comercializam a

resina do breu branco;

Varejo Urbano Local: são feirantes que realizam a venda da resina pronta para

calafetar barcos e espantar insetos para o consumidor local.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) de Breu Branco e Formação dos preços pelos

setores envolvidos

O varejo urbano local comercializa 100% da quantidade identificada da resina de

breu branco, que é comprada diretamente dos produtores e vendida exclusivamente para os

consumidores locais. O varejo urbano local vende a resina de breu branco para o

consumidor local a 1,81 vezes maior que o preço de referencia praticado pela produção

local.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia de breu branco (2009)

O preço médio de venda de breu branco praticado pelos produtores com o

varejo urbano local é de R$4,33/kg da resina, e o preço de venda desses para com os

consumidores locais atinge o valor de R$12,19/kg (Figura 163).

Page 271: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

265

Figura 163 - Preço médio de breu branco (R$ correntes/kg de resina) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará.

d) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização de breu branco

Na cadeia de comercialização da resina do breu branco a produção local gerou

um Valor Bruto da Produção (VBPα) de R$975, totalizando ao final da cadeia R$3,7 mil. O

único ofertante da cadeia é o varejo urbano local com R$2,7 mil.

e) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB) gerado na comercialização de breu branco e a margem de comercialização de cada setor (Mark-up)

O Valor Agregado (ou Adicionado) Bruto do breu branco totalizou R$2,7 mil. O

varejo urbano local agregou no produto apenas R$1,7 mil, atingindo uma margem bruta de

181%.

f) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização de breu branco

A Renda Bruta Total identificada pela pesquisa na comercialização do breu

branco foi de R$3,7 mil. O varejo urbano local foi responsável pela renda bruta de R$2,7

Page 272: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

266

mil, pois comprou de insumo R$975 e adicionou o montante de R$1,7 mil e o produtor local

gerou o equivalente a R$975.

5.2.2.12 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DA CASCA DO IPÊ ROXO

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da casca do Ipê Roxo

Os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização das cascas do ipê

roxo atuam somente no nível local, conforme descrição a seguir:

Produção Local: composta por extrativistas locais que fazem a coleta das cascas

de ipê roxo em suas áreas de ocorrência;

Varejo Urbano Local: são comerciantes que compram as cascas do ipê roxo dos

extrativistas locais e revendem para o consumidor final local.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e formação dos preços pelos setores envolvidos na comercialização do Ipê roxo

A cadeia de comercialização do ipê é bem simples e linear, fica restrita à própria

região e é composta pelo setor do varejo urbano local, que compra 100% das cascas

extraídas diretamente da produção local e vende para o consumidor local. Na formação de

preço da casca do ipê o varejo urbano local vende ao consumidor local ao preço de 1,86

vezes maior que o preço pago de referencia ao produtor.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia do ipê roxo

O varejo urbano compra a casca do ipê roxo a R$5,00/kg do produtor local e

vende ao consumidor local a R$14,29/kg (Figura 164).

Page 273: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

267

Figura 164 - Preço médio de ipê roxo (R$ correntes/kg de casca) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará.

d) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização do Ipê roxo

O Valor Bruto da Produção (VBPα) dos coletores da casca do ipê da região

alcançou apenas R$65,00, enquanto que o varejo urbano local ofertou o equivalente a

R$185,4 totalizando no final da cadeia em R$250,4 pelas vendas das cascas de ipê.

e) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB) gerado na comercialização do Ipê roxo e a margem de comercialização de cada setor (Mark-up)

O Valor Agregado (ou Adicionado) Bruto do ipê totalizou apenas R$185 e o único

setor intermediário ofertante atingiu um valor bruto de R$120,6, que apresenta uma

margem de comercialização alta de 186% pois comercializa o produto com agregação de

valor para fins fitoterápicos.

g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização do Ipê Roxo

Os dados levantados mostram que a comercialização das cascas do ipê roxo

gerou Renda Bruta Total de R$250,4, o produtor gerou R$65 somente pela comercialização

Page 274: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

268

do material natural e o varejo urbano (feirantes) gerou R$185,5, sendo R$65 pela compra

das cascas do ipê e R$120,6 de adição de valor, possivelmente devido ao fracionamento das

embalagens.

5.2.2.13 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DA ANDIROBA

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da andiroba

Os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do óleo de

andiroba atuam somente no nível local, conforme descrição a seguir:

Produção Local: composta por produtores locais que coletam as sementes da

andiroba e realizam o beneficiamento primário, geralmente feito pelas mulheres, com a

fervura e a extração do óleo;

Varejo Urbano Local: são pequenos comerciantes que adquirem o óleo de

andiroba da produção local e vendem para o consumidor local.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) da andiroba

O varejo urbano comprou 100% do óleo de andiroba da produção local e vendeu

somente para o consumidor local. Em relação à formação de preço o varejo urbano

comprou a 0,65 vezes ao preço de referencia da produção local.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia da andiroba (2009)

A produção local vendeu óleo de andiroba para o varejo urbano ao preço de

R$14,39/litro, que por sua vez revende ao consumidor estadual ao preço de R$23,68/litro.

Page 275: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

269

Figura 165 - Preço médio de andiroba (R$ correntes/litro de óleo) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará.

e) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização da andiroba

Na cadeia de comercialização do óleo da andiroba a produção local gerou um

Valor Bruto da Produção (VBPα) de R$19 mil e o setor varejista urbano local gerou R$31,4

mil totalizando no final da cadeia em R$50,4 mil.

f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB) gerado na comercialização da andiroba e a margem de comercialização de cada setor (Mark-up)

Na cadeia de comercialização da andiroba foi agregado ao produto um valor de

R$31,3 mil. Deste montante, o varejo urbano foi responsável por R$12 mil e o produtor

consegue agregar o valor de R$19 mil no beneficiamento primário do óleo.

g) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização da andiroba

A Renda Bruta Total identificada pela pesquisa foi de R$31,3 mil, com o varejo

urbano responsável por R$31,3 mil, pois comprou de insumo R$19 mil e agregou R$12 mil e

o setor da produção gerou renda bruta de R$19 mil.

Page 276: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

270

5.2.2.14 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DA COPAÍBA

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização da copaíba

Os agentes mercantis envolvidos na comercialização do óleo de copaíba atuam

somente no nível local, conforme descrição a seguir:

Produção Local: composta por produtores locais que fazem a extração do óleo

das copaibeiras, utilizando normalmente broca para o processo de perfuração, em seguida

envasamento em garrafas de vidro;

Varejo Urbano Local: são comerciantes que compram o óleo de copaíba dos

produtores locais e revendem para o consumo final.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) da copaíba e formação dos preços pelos

setores envolvidos

O principal nível de canal de comercialização da andiroba identificado com

maiores quantidades é composto pelo varejista urbano local que comercializa 77% da

quantidade do óleo identificado e o restante da produção é comercializada pelos atacadistas

locais.

Em relação à formação de preço o varejo urbano local vende para o consumidor

local a 1,53 vezes acima do preço médio recebido pelos produtores.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia da copaíba (2009)

O varejo urbano local compra o óleo de copaíba da produção local pelo preço

médio de R$13,01/litro e do atacadista ao preço de R$9,00/litro e revende para o

consumidor local ao preço de R$30,52/litro (Figura 166).

Page 277: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

271

Figura 166 - Preço médio de copaíba (R$ correntes/litro de óleo) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará.

d) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização da copaíba

O Valor Bruto da Produção (VBPα) da copaíba identificado na pesquisa é de

R$24,7 mil, totalizando em R$91,5 as vendas totais realizadas incluindo o setor do varejo

urbano responsável por R$62,4 mil.

e) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB) gerado na comercialização da copaíba e a margem de comercialização de cada setor (Mark-up)

Ao longo da cadeia de comercialização da copaíba foi agregado valor total de

R$62,5 mil para a região estudada e o varejista local agregou R$37,7 mil apresentando um

mark-up de 153%, pois embala em vidros para então ser comercializado.

f) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização da copaíba

A Renda Bruta Total identificada pela pesquisa foi de R$91,5 mil sendo toda

gerada e movimentada na região estudada. O setor da produção local gerou uma renda

Page 278: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

272

equivalente a R$24,7 mil e o restante foi no setor do varejo urbano (R$62,5 mil), que

compra de insumo cerca de R$24,7 mil e agrega R$37,7 mil.

5.2.2.15 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DOS LEITES (AMAPÁ E SUCUÚBA)

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização dos leites (amapá e sucuúba)

Os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização dos leites de

amapá e sucuúba atuam somente no nível local, conforme descrição a seguir:

Produção Local: composta por extrativistas locais que fazem a extração dos

leites artesanalmente;

Varejo Urbano Local: são comerciantes que compram os leites dos extrativistas

locais e revendem para o consumidor final local.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e formação de preço dos leites (amapá e

sucuúba)

O varejo urbano local comercializa 100% da produção identificada e vende

diretamente para os consumidores locais.

Quanto à formação de preço dos leites de amapá e sucuúba, o varejo urbano

local revende para o consumidor local a 0,83 vezes do que o preço de referencia pago à

produção local.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia dos leites (amapá e sucuúba), em 2009

O varejo urbano local compra os leites da produção local pelo preço médio de

R$8,02/litro e vende para o consumidor local ao preço de R$14,68/litro (Figura 168).

Page 279: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

273

Figura 168 - Preço médio de leites de amapá e sucuúba (R$ correntes/litro de leite) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará.

d) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização dos leites (amapá e sucuúba)

O Valor Bruto da Produção (VBPα) dos extratores de leite da região estudada

alcançou R$9,8 mil contando com a participação do varejo urbano local também como

ofertante de R$17,3 mil.

e) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB) gerado na comercialização dos leites (amapá e sucuúba) e a margem de comercialização de cada setor (Mark-up)

O Valor Agregado (ou Adicionado) Bruto dos leites totalizou apenas R$17,2 mil e

o varejo urbano local adicionou o montante de R$7,5 mil.

f) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização dos leites (amapá e sucuúba)

Os dados levantados mostram que os leites geraram uma renda equivalente a

R$27 mil, o setor da produção gerou R$9,7 mil e o varejo urbano gerou R$17,3 mil, sendo

R$9,7 mil pela compra de insumo e R$7,5mil de adição de valor, mostrando baixa geração

de renda nessa comercialização.

Page 280: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

274

5.2.2.16 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DAS PLANTAS MEDICINAIS (ASSACU, BARBATIMÃO, CARAPANAUBA,

MURURÉ, PATA DE VACA, QUINARANA, SACACA, SUCUÚBA, UNHA DE GATO E VERÔNICA)

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização das Plantas Medicinais (assacu, barbatimão, carapanauba, mururé, pata de vaca, quinarana, sacaca, sucuúba, unha de gato e verônica)

Os agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização das plantas

medicinais atuam somente no nível local, conforme descrição a seguir:

Produção Local: são os coletores de plantas medicinais;

Varejo Urbano Local: são comerciantes ou feirantes que compram as plantas

medicinais dos produtores locais e revendem para o consumidor final.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) e Formação do preço pelos setores envolvidos na comercialização das Plantas Medicinais (assacu, barbatimão, carapanauba, mururé, pata de vaca, quinarana, sacaca, sucuúba, unha de gato e verônica)

Toda a produção identificada das plantas medicinais dos seis municípios

estudados (100%) é comercializada pelo varejo urbano local, sendo vendido diretamente

para o consumidor local.

Quanto à formação de preço o varejo urbano local vende as plantas medicinais

para o consumidor local ao preço 3,78 vezes maior que o pago à produção local.

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia das Plantas Medicinais (assacu, barbatimão, carapanauba, mururé, pata de vaca, quinarana, sacaca, sucuúba, unha de gato e verônica) (2009)

O varejo urbano local compra as plantas medicinais da produção local pelo

preço médio de R$5,92/kg das partes das plantas e vende para o consumidor local ao preço

de R$28,27/kg (Figura 169).

Page 281: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

275

Figura 169 - Preço médio de plantas medicinais (assacu, barbatimão, carapanauba, mururé, pata de vaca, quinarana, sacaca, sucuúba, unha de gato e verônica), (R$ correntes/kg de partes da planta) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará.

d) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização das Plantas Medicinais (assacu, barbatimão, carapanauba, mururé, pata de vaca, quinarana, sacaca, sucuúba, unha de gato e verônica)

Somando todos os valores recebidos pela venda de plantas medicinais por todos

os agentes envolvidos em sua extração, ou seja, o Valor Bruto de Produção (VBPα) dos

produtores locais foi de somente R$6 mil, totalizando no final da cadeia em R$35 mil.

Portanto, o varejo urbano com R$28 mil é o único setor intermediário ofertante nos seis

municípios estudados.

e) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB) gerado na comercialização das Plantas Medicinais (assacu, barbatimão, carapanauba, mururé, pata de vaca, quinarana, sacaca, sucuúba, unha de gato e verônica) e a margem de comercialização de cada setor (Mark-up)

O Valor Agregado Bruto (VAB) total das plantas medicinais ao longo da cadeia foi

de R$28 mil para os seis municípios e o setor responsável foi o varejista urbano local que

adicionou R$23 mil, com uma margem de comercialização alta de 378%.

Page 282: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

276

f) Renda Bruta Total gerada pela ótica da demanda na comercialização das Plantas Medicinais (assacu, barbatimão, carapanauba, mururé, pata de vaca, quinarana, sacaca, sucuúba, unha de gato e verônica)

Os dados levantados mostram que a comercialização das plantas medicinais

gerou Renda Bruta Total de R$35 mil, o produtor gerou R$6 mil somente pela

comercialização das partes dessas plantas e o varejo urbano (feirantes) gerou R$28 mil,

sendo R$6 mil pela compra das plantas medicinais e R$23 mil de adição de valor ao produto,

mostrando baixa agregação de valor para o consumo final.

5.2.2.17 CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DE UTENSÍLIOS ARTESANAIS

a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização de Utensílios artesanais

Os agentes envolvidos na cadeia de comercialização de utensílios envolvem a

região do Baixo Amazonas, que apresentam as seguintes características:

Produção Local: na categoria dos trançados diversos utensílios foram analisados

como o abano, a cesta, a peneira, o paneiro, a vassoura e o tipiti. Os produtores utilizam

fibras vegetais, especificamente, a tala do guarumã e os cipós para tecer tais objetos;

Varejo Urbano Local: são comerciantes ou feirantes que adquirem os utensílios e

vendem para o consumidor local.

b) Estrutura da quantidade comercializada (%) de Utensílios artesanais e formação dos

preços pelos setores envolvidos

O varejo urbano local comercializa 100% da quantidade de utensílios

identificada pela pesquisa, que são comprados diretamente dos produtores e vendidos

exclusivamente para o consumidor local. O preço de venda praticado pelo varejo urbano

local é equivalente a 0,32 vezes que o preço médio recebido pelos produtores.

Page 283: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

277

c) Preço médio praticado nas transações entre diversos agentes mercantis da cadeia de Utensílios artesanais (2009)

O preço médio praticado pelo produtor com o varejo urbano local é

R$4,40/unidade do utensílio, e o revende para o consumidor local a R$5,81/unidade.

Figura 170 - Preço médio de utensílios artesanais (abano, cesta, peneira, paneiro, vassoura e tipiti), (R$ correntes/unidade) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2009, em seis municípios da Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará.

e) Valor Bruto da produção, pela ótica da oferta, na comercialização de Utensílios artesanais

O Valor Bruto da Produção (VBPα), ou seja, todo o valor recebido pela venda dos

utensílios pelos produtores foi de R$3,1 mil e do varejo urbano local de R$4,1 mil, gerando

no final da cadeia R$7,3 mil pela oferta dos utensílios.

f) Valor Transacionado Efetivo (VTE) que se aproxima do Valor Adicionado Bruto (VAB) gerado na comercialização de Utensílios artesanais e a margem de comercialização de cada setor (Mark-up)

Ao longo da cadeia de comercialização dos utensílios da produção local até a

demanda final, o valor de R$4,1 mil foram adicionados ao produto, atingindo um mark-up

total de somente 32%. O varejo urbano local participa na agregação com somente R$1 mil.

Page 284: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

278

5.2.3. ANÁLISES AGRUPADAS DE TODOS OS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO-MADEIREIROS IDENTIFICADOS NOS

SEIS MUNICÍPIOS VISITADOS DA REGIÃO DO BAIXO AMAZONAS

Ao longo das cadeias de comercialização dos 33 produtos identificados (alguns

analisados de forma agregada, como plantas medicinais, leites e artesanatos) a agregação de

valor aos produtos não-madeireiros deve ser levado em consideração, pois demonstra o

grau de investimento dado aos diversos setores. A analise se faz do ponto de vista de quem

adiciona mais valor ao produto (VAB), conforme Tabela 11, o sistema nacional agregou

R$46 milhões (57%), somente na cadeia de dois produtos que são a castanha e o cacau, o

sistema local adicionou um montante considerável equivalente à R$33,8 milhões que

correspondem a 41% do VAB, e no sistema estadual (fora dos municípios do Baixo

Amazonas) agregou cerca de R$1,6 milhão (2%), referente também às cadeias de castanha e

cacau.

Esta análise sobre a capacidade de agregar valor aos produtos florestais não-

madeireiros, o valor agregado bruto (VAB), aponta onde a economia está mais atuante e

imprime ações de beneficiamento e transformação dos produtos do extrativismo, nos

diversos setores ao longo das cadeias de comercialização, conforme demonstrado na Tabela

11, a categoria das plantas alimentícias/frutíferas foi a campeã com 99,69% do VAB total

(R$81,2 milhões), com a castanha e o cacau que agregam mais valor no nível nacional com

as empresas de beneficiamento da castanha instaladas no Pará, que formam um

monopsônio. A cadeia do açaí, ranqueado como o 2º. produto a agregar valor, na escala de

R$2,84milhões em função do setor de beneficiamento que são os “batedores” locais de açaí,

que compram da produção local, processam o fruto in natura para a forma de polpa ou

“vinho”, para atender exclusivamente o consumidor local. Os demais produtos alimentícios

como cupuaçu, muruci, bacaba, taperebá, cajuaçú e uxi também circulam e possuem

agregação de valor somente na escala local, responsáveis por um total de R$126 mil de VAB

(Tabela 11).

Responsáveis pela agregação de R$141 mil os produtos fitoterápicos e

cosméticos são responsáveis por 0,17% do montante adicionado, sendo os óleos de copaíba

e andiroba os mais importantes, seguidos de uma série de plantas medicinais e os leites de

amapá e sucuuba. A agregação de valor é pequena e refere-se basicamente à coleta de

partes da planta, algum processo rústico de extração e embalagem simples dos produtos.

Page 285: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

279

Este é um dos setores mais complexos e difíceis de quantificar com exatidão, pela grande

informalidade presente, pela falta de investimentos no setor fármaco e cosméticos, com

alguns mercados em plena expansão pela iniciativa privada.

Na região do Baixo Amazonas foi identificada também a comercialização de

semente de cumaru, no entanto, ainda não foi realizada a aplicação do questionário nas

empresas demandantes que estão localizadas fora da região estudada, impossibilitando

assim o fechamento da cadeia e os cálculos referentes aos preços de venda do produto,

deixando para a próxima oportunidade fazer a checagem em campo e fechar a cadeia deste

importante produto “cumaru”.

TABELA 11. Valor Agregado Bruto (R$) na esfera local, estadual e nacional dos produtos florestais não-madeireiros identificados em seis municípios da região do Baixo Amazonas, em 2009, organizados em cinco categorias (alimentícias, derivado animal, fitoterápicos/cosméticos, artesanato e derivado da madeira).

Fonte: Idesp/2010

Page 286: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

280

Para o único derivado animal estudado na região, o mel que tem sua economia

somente na escala local teve agregação de valor equivalente a R$100 mil (Tabela 11). O

derivado da madeira estudado, a resina de breu é produzida na própria região e a

agregação de valor foi na ordem de R$2,7 mil. O mesmo acontece com os utensílios

artesanais (tipiti, vassoura regional, paneiro, peneira, abano e cesta timbuí) cujo valor

agregado total identificado foi de R$4,1 mil.

Outra forma de análise agregada dos produtos identificados na região do Baixo

Amazonas é considerarmos a Contabilidade Social Ascendente Alfa, que inicia no setor da

produção extrativista local dos seis municípios estudados (Setor α), que recebeu pela venda

de todos os produtos florestais não-madeireiros identificados o montante de R$5,19

milhões (VBPα), e com as transações comerciais realizadas pelos setores que vendem tais

produtos até o consumidor final foi agregado valor a estes produtos no montante de

R$81,44 milhões (VAB) somando-se ainda o valor bruto da produção (VBP) equivalente à

compra de insumos no montante de R$39,31 milhões, chega-se a um valor total de

R$120,76 milhões referente à renda (RBT) bruta gerada e circulada na economia destes

produtos com seus efeitos para frente e para trás na cadeia de comercialização (Tabela 12).

Em relação ao Valor Bruto da Produção (VBP) da compra de insumos nos setores

mercantis, referido na Tabela 12, para cada uma das cadeias, por exemplo, a campeã que é a

castanha do brasil, cujo setor extrativo da região do Baixo Amazonas recebeu o montante de

R$3,15 milhões (VBPα), comprou de insumos R$3,55 milhões (local), R$154 mil (estadual) e

R$31,61 milhões (nacional estimado) totalizando R$35,32 milhões na compra de insumos

(castanha ouriço, castanha com casca, amêndoa seca, classificada e embalada a vácuo). A

agregação de valor da castanha se deu na ordem de R$30,08 milhões na esfera local, R$1,61

milhão na estadual e R$45,11 milhões na nacional, totalizando R$76,79 milhões de VAB

(Tabela Y). Ao somar o VBP da compra de insumos com o VAB obtêm a renda bruta gerada e

circulada no valor de R$33,63 milhões (RBT) na esfera local, R$1,76 milhão na estadual,

R$76,72 milhões na nacional e um total de RBT R$112,12 milhões gerados e circulados na

economia da castanha. Esta mesma analise pode ser feita para cada um dos produtos

identificados na região do Baixo Amazonas.

Uma questão interessante encontrada na região de estudo (municípios de

Alenquer, Curuá, Juriti, Óbidos, Oriximiná e Santarém), na coleta de dados junto aos agentes

mercantis são contabilizados os valores recebidos pelo setor da produção local, em termos

Page 287: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

281

de quantidade (volume comercializado de cada produto) e preço praticado (de cada

produto), identificando portanto o valor pago ao setor da produção extrativa com base na

amostragem feita em campo (Tabela 12). A metodologia das contas ascendentes permite

que se calcule os valores atualizados da amostra para o universo da região, usando o mesmo

recorte geográfico (seis municípios) do IBGE, com base em indexadores (de preço e

quantidade) no Censo de 2006 (IBGE, 2009) e na flutuação dos produtos usando a pesquisa

agrícola municipal (PAM 2006 a 2009) e a pesquisa extrativa vegetal e silvicultura (PEVS 2006

a 2009). Desta forma, poderia se esperar que a amostragem feita em campo (39

questionários) desse menor que a expansão com base no IBGE, o que não aconteceu para 9

cadeias de comercialização identificadas, como a castanha por exemplo (Tabela 12), o Valor

pago ao produtor com base na amostragem foi de R$8,46 milhões e quando expandida para

o universo estimado foi de R$3,15 milhões, ou seja, a amostra foi de 169% a mais do que o

valor estimado com base no IBGE. Ou seja, nas cadeias do mel, copaíba, cupuaçu, muruci,

bacaba, taperebá, cajuaçu e uxi os valores pagos aos produtores referentes à amostragem

foi maior que o valor bruto da produção local estimada com base nos dados do IBGE, mesmo

sabendo que são metodologias completamente diferentes de coleta de dados.

Page 288: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

282

TABELA 12. Variáveis econômicas dos produtos florestais não-madeireiros identificados em seis municípios da região do Baixo Amazonas, compostas pelo Valor Pago ao produtor (amostra), Valor Bruto da Produção Alfa Local (VBP

α), a diferença (%) da amostra para o estimado, a margem de lucro (mark-up), o Valor Bruto da Produção (VBP), o Valor

Agregado Bruto e a Renda Bruta Total (R$) nas esferas local, estadual e nacional, em 2009.

Fonte: Idesp, 2009

Page 289: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

283

5.3 REGIÃO DE INTEGRAÇÃO RIO CAETÉ

5.3.1 CARACTERIZAÇÃO

A Região de Integração Caetés abriga um total de 15 municípios (Figura 171),

com uma população de aproximadamente 431.418 hab (IDESP, 2009).

FIGURA 171 - Municípios pertencentes a Região de Integração Rio Caeté Fonte: SEIR, 2007.

A região é formada por municípios que fazem parte de duas microrregiões do

IBGE: Bragantina e Salgado. Seu histórico de ocupação é semelhante ao da Região de

Integração do Guamá, tendo a construção da Estrada de Ferro Belém-Bragança como fator

intensificador do processo de ocupação e colonização desse espaço regional. Assim como a

Região de Integração do Guamá, a Região do Rio Caeté já foi uma das mais dinâmicas do

estado, mas hoje também passa por uma fase de estagnação (SEIR, 2007).

Em 2007 o Produto Interno Bruto – PIB da Região de integração do Guamá

somou R$ 1.329.746,00mil, ocupando a décima colocação e participando com um percentual

representativo no estado no valor de 3%. As participações dos setores econômicos

Page 290: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

284

corresponderam a: 14% Agropecuário, 12% Indústria e 72% Serviços. Dentro da composição

do setor agropecuário a participação dos produtos de origem extrativista corresponde à

0,8% (IDESP, 2009).

Atualmente, suas principais atividades econômicas são a agricultura, a pecuária e

a pesca; no entanto essas atividades são realizadas baseadas em pouca tecnologia e

agregação de valor. A região também apresenta potencialidades para o turismo de praias,

com o aproveitamento do litoral atlântico e o turismo de aventura; a pesca empresarial e

artesanal; a produção agrícola e pecuária realizada com base em cooperativas,

principalmente dos seguintes produtos: mandioca, feijão caupi e fibras vegetais (malva).

Destaca-se potencialmente ainda a aqüicultura e a indústria extrativa mineral com a

extração do calcário (SEIR, 2007).

a) Características Gerais

• População Absoluta (IDESP, 2009): 431.418 hab.

• Densidade Demográfica (IDESP, 2009): 26,16 hab/km²

• Produto Interno Bruto de 2007- PIB (IDESP, 2009): R$ 1.329.746,00 mil

• Índice de Desenvolvimento Humano de 2000 - IDH: 0,64

• PIB 2007 Per capita (IDESP, 2009): R$ 3.082,00

• Valor Adicionado – Setor Agropecuário (IDESP, 2009): 15 %

• Valor Adicionado – Setor Industrial (IDESP, 2009): 12 %

• Valor Adicionado – Setor Serviços (IDESP, 2009): 72 %

5.2.2 ANÁLISES DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO DOS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO-MADEIREIROS

IDENTIFICADOS EM NOVE MUNICÍPIOS DA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO DO RIO CAETÉ

De um total de 15 municípios pertencentes à região, foram estudados 10

municípios, a saber: Bonito, Capanema, Nova Timboteua, Peixe Boi, Primavera, Quatipuru,

Salinópolis, Santa Luzia do Pará, Santarém Novo e São João de Pirabas.

Os questionários aplicados junto aos agentes mercantis da Região do Rio Caeté

inseridos no Programa NETZ, geraram 78 circuitos. Foram 24 produtos encontrados na

Page 291: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

285

amostragem de campo, nos 10 municípios, classificados em Alimentícios (açaí, cupuaçu,

castanha do brasil, muruci, taperebá e bacuri); Derivado Animal (mel de abelha com e sem

ferrão); Fármacos e Cosméticos (andiroba, copaíba, barbatimão, ipê roxo, unha de gato,

verônica, jatobá, leite de amapá, sucuúba, semente de cumaru, paxiúba e murumuru);

Derivados da madeira (carvão e látex); Artesanatos e Utensílios (cesta de palha, paneiro e

olho de boto).

Todos os dados já estão inseridos na base do Programa Netz, aguardando o início

das tabulações, correções e conseqüentes análises econômicas

Page 292: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

286

5.4 REGIÃO DE INTEGRAÇÃO RIO CAPIM

5.4.1 CARACTERIZAÇÃO

A Região de Integração Rio Capim abriga um total de 16 municípios (Figura 172),

com uma população de aproximadamente 534.715 hab (IDESP, 2009).

FIGURA 172 - Municípios pertencentes à Região de Integração Rio Capim Fonte: SEIR, 2007

Como região próxima à região de integração do Guamá sua ocupação também se

iniciou através dos rios, no entanto, teve maior dinamização com a abertura das estradas,

especialmente da BR-010 (Belém-Brasília), implantada no final da década de 50 e inicio da

década de 60 e da BR-222 (Marabá a Fortaleza). É considerada uma das mais dinâmicas,

principalmente se considerarmos o município de Paragominas cuja origem está ligada à

construção da Rodovia Belém-Brasília (SEIR, 2007).

Em 2007 o Produto Interno Bruto – PIB da Região do Rio Capim somou R$

2.345.461,00mil, ocupando a sétima colocação e participando com um percentual

representativo no estado no valor de 5%. As participações dos setores econômicos

corresponderam a: 21% Agropecuário, 19% Indústria e 60% Serviços. Dentro da composição

Page 293: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

287

do setor agropecuário a participação dos produtos de origem extrativista corresponde a

8,2% (IDESP,2009).

Pode-se dizer que a estrutura econômica da região está sofrendo uma transição

da pecuária extensiva e extração madeireira para o agronegócio, o reflorestamento e a

mineração. Em termos de potencialidade econômica destaca-se: o reflorestamento; a

cultura de grãos (soja e milho); a cultura do dendê; a indústria moveleira; a cultura da

pimenta do reino com base em cooperativas; a mineração (caulim e bauxita); a fruticultura;

a piscicultura; e a pecuária de mais alta base tecnológica (SEIR, 2007).

a) Características Gerais

• População Absoluta (IDESP, 2009): 534.715 hab.

• Densidade Demográfica (IDESP, 2007): 8,58 hab/km²

• Produto Interno Bruto 2007 - PIB (IDESP, 2009): R$ 2.345.461,00 mil

• Índice de Desenvolvimento Humano de 2000 - IDH: 0,66

• PIB 2007 Per capita (IDESP, 2009): R$ 4.386,00

• Valor Adicionado – Setor Agropecuário (IDESP, 2009): 21 %

• Valor Adicionado – Setor Industrial (IDESP, 2009): 19 %

• Valor Adicionado – Setor Serviços (IDESP, 2009): 60 %

5.3.2 ANÁLISES DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO DOS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO-MADEIREIROS

IDENTIFICADOS EM NOVE MUNICÍPIOS DA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO DO RIO CAPIM

De um total de 16 municípios pertencentes à região, foram estudados 3

municípios, a saber: Bujarú, Concórdia do Pará e Tomé-Açu.

Os questionários aplicados junto aos agentes mercantis da Região do Rio Capim

inseridos no Programa NETZ, geraram 167 circuitos. Foram 21 produtos encontrados na

amostragem de campo, nos 3 municípios, classificados em Alimentícios (açaí, cacau,

cupuaçu,castanha do brasil, caju do mato, bacaba, muruci, piquiá, pupunha, taperebá,

bacuri, palmito e tucumã); Derivado Animal (mel de abelha com e sem ferrão); Fármacos e

Page 294: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

288

Cosméticos (andiroba); Derivados da madeira (carvão); Artesanatos e Utensílios (paneiro,

tipiti, peneira, caçuá e esteira).

Todos os dados já estão inseridos na base do Programa Netz, aguardando o início

das tabulações, correções e conseqüentes análises econômicas.

Page 295: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

289

5.5 REGIÃO DE INTEGRAÇÃO GUAMÁ

5.5.1 CARACTERIZAÇÃO

A Região de Integração Guamá abriga um total de 18 municípios (Figura 173),

com uma população de aproximadamente 558.162 hab (IDESP, 2009).

FIGURA 173 - Municípios pertencentes a Região de Integração Guamá Fonte: SEIR, 2007

É uma região de ocupação antiga, marcada pela presença de cidades e

municípios que surgiram ainda no período colonial e municípios que surgiram em períodos

relativamente mais recentes. Apresenta uma densa rede rodoviária que se integra à BR-316,

é eixo de ligação de Belém com outros estados do Nordeste. No inicio do século XX essa

região foi uma das mais dinâmicas do estado, no entanto, com o fim da economia da

borracha sofreu um longo período de estagnação econômica. A construção da Rodovia BR-

316 (Pará-Maranhão) e da BR 010 (Belém-Brasília), que se interligam a altura da cidade de

Santa Maria do Pará, deram um novo dinamismo a essa região, vários municípios se

desenvolveram tanto em termos populacionais, como econômicos, como é o caso dos

municípios de Castanhal, Santa Isabel e Capanema.

Page 296: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

290

Em 2007 o Produto Interno Bruto – PIB da Região do Guamá somou R$

2.183.962,00 milhões, ocupando a oitava colocação e participando com um percentual

representativo no estado no valor de 4%. As participações dos setores econômicos

corresponderam a: 14% Agropecuário, 16% Indústria e 70% Serviços. Dentro da composição

do setor agropecuário a participação dos produtos de origem extrativista corresponde a

0,8% (IDESP, 2009).

A Região tem como principais potencialidades os seguintes setores: a pesca

artesanal; a fruticultura do abacaxi, banana, cupuaçu, laranja, mamão e maracujá; as

culturas da mandioca, fibras e feijão caupi; o turismo; a produção de leite e derivados; o

chamado cultivo florestal; o setor oleiro e a indústria de cerâmica. (SEIR, 2007).

a) Características Gerais

• População Absoluta (IDESP, 2009): 558.162 hab.

• Densidade Demográfica (IDESP, 2009): 46,07 hab/km²

• Produto Interno Bruto 2007 - PIB (IDESP, 2009): R$ 2.183.962,00 mil

• Índice de Desenvolvimento Humano de 2000 - IDH: 0,69

• PIB 2007 Per capita (IDESP, 2009): R$ 3.913,00

• Valor Adicionado – Setor Agropecuário (IDESP, 2009): 14 %

• Valor Adicionado – Setor Industrial (IDESP, 2009): 16 %

• Valor Adicionado – Setor Serviços (IDESP, 2009): 70 %

5.5.2 ANÁLISES DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO DOS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO-MADEIREIROS

IDENTIFICADOS EM DEZOITO MUNICÍPIOS DA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO DO GUAMÁ

Todos os 18 municípios pertencentes à região foram estudados, a saber:

Castanhal, Colares, Curuçá, Igarapé-Açu, Inhangapi, Magalhães Barata, Maracanã,

Marapanim, Santa Isabel do Pará, Santa Maria do Pará, Santo Antônio do Tauá, São Caetano

de Odivelas, São Domingos do Capim, São Francisco do Pará, São João da Ponta, São Miguel

do Guamá, Terra Alta e Vigia.

Page 297: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

291

Os questionários aplicados junto aos agentes mercantis da Região do Guamá

inseridos no Programa NETZ, geraram 564 circuitos. Foram 29 produtos encontrados na

amostragem de campo, nos 18 municípios, classificados em Alimentícios (açaí, cacau,

cupuaçu, castanha do brasil, biribá, bacaba, cajarana, inajá, muruci, marimari, piquiá,

pupunha, tucumã, taperebá, bacuri, urucum, palmito e mucajá); Derivado Animal (mel de

abelha com e sem ferrão); Fármacos e Cosméticos (andiroba, copaíba, capitiú, estorac,

murumuru e priprioca); Derivados da madeira (carvão e látex); Artesanatos e Utensílios

(paneiro e tipiti).

Todos os dados já estão inseridos na base do Programa Netz, aguardando o início

das tabulações, correções e conseqüentes análises econômicas.

Page 298: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

292

5.6 REGIÃO DE INTEGRAÇÃO TAPAJÓS

5.6.1 CARACTERIZAÇÃO

A Região de Integração Tapajós abriga um total de 6 municípios (Figura 174),

com uma população de aproximadamente 244.742 hab (IDESP, 2009).

FIGURA 174 - Municípios pertencentes a Região de Integração Tapajós Fonte: SEIR, 2007

É considerada uma região de ocupação recente, porém alguns municípios

possuem uma origem bastante antiga. O ritmo de desenvolvimento desta região é lento e

ainda hoje é possível observar áreas extensas de cobertura florestal. Com características

hidrográficas é uma região com enorme potencial para o transporte hidroviário. Devido ao

longo período de isolamento e abandono é uma das regiões mais pobres do estado. A região

tem o mais baixo PIB absoluto do estado. O Desenvolvimento da região está fortemente

vinculado ao asfaltamento da BR-163 (Cuiabá – Santarém), eixo rodoviário que foi

implantado na década de 70, mas até hoje não foi concluído.

Page 299: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

293

Em 2007 o Produto Interno Bruto – PIB da Região do Tapajós somou R$

960.186,00mil, ocupando a última colocação (12º posição) e participando com um

percentual de 2% no PIB do Estado. As participações dos setores econômicos

corresponderam a: 17% Agropecuário, 19% Indústria e 64% Serviços. Dentro da composição

do setor agropecuário a participação dos produtos de origem extrativista corresponde a

2,4% (IDESP, 2009).

Embora considerada abandonada, a região possui grandes potencialidades

econômicas entre as quais podemos destacar: a indústria extrativa mineral (ouro, calcário); o

extrativismo vegetal (produtos madeireiros e não madeireiros); a fruticultura (banana); a

pesca artesanal; a cultura de grãos (arroz, feijão, milho, soja); as culturas permanentes (café,

cacau, pimenta-do-reino); a produção de jóias através do aproveitamento das gemas

minerais e do artesanato mineral; e o turismo (SEIR, 2007).

a) Características Gerais:

• População Absoluta (IDESP, 2009): 244.742 hab.

• Densidade Demográfica (IDESP, 2007): 1,29 hab/km²

• Produto Interno Bruto 2007 - PIB (IDESP, 2009): R$ 960.186,00 mil

• Índice de Desenvolvimento Humano de 2000 - IDH: 0,68

• PIB 2007 Per capita (IDESP, 2009): R$ 3.923,00

• Valor Adicionado – Setor Agropecuário (IDESP, 2009): 17 %

• Valor Adicionado – Setor Industrial (IDESP, 2009): 19 %

• Valor Adicionado – Setor Serviços (IDESP, 2009): 64 %

5.5.2 ANÁLISES DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO DOS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO-MADEIREIROS

IDENTIFICADOS EM UM MUNICÍPIO DA REGIÃO DE INTEGRAÇÃO DO TAPAJÓS

De um total de 6 municípios pertencentes a região, foi estudado apenas o

município de Aveiro, ficando os demais para uma próxima viagem. No entanto, para nossa

surpresa na sede municipal, não foi encontrada nenhuma comercialização de produtos

florestais não-madeireiros.

Page 300: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

294

O Município de Aveiro está localizado às margens do Rio Tapajós na mesorregião

sudoeste do Pará, situado na região que pertence à Floresta Nacional do Tapajós (Flona

Tapajós). O município tem uma população de cerca de 20 mil habitantes sendo que a maior

parte está na zona rural. Segundo informações de moradores e de comerciantes esse é um

dos fatores que dificultam o desenvolvimento local, pois o município não oferece variedade

de trabalho e serviços para as pessoas que moram na zona urbana, e a maioria da população

da zona rural que trabalha na agricultura de subsistência ainda não produz o suficiente para

o sustento da população, principalmente devido às restrições aos plantios em obediência à

legislação da FLONA. Os produtos circulantes são da pesca, a banana e um pouco de açaí que

fica mais para o consumo local, mas existem produtos potenciais como a andiroba, a

copaíba, o cacau e muitos outros porém apresentam dificuldades em função das referidas

restrições.

A secretaria de agricultura fez um convênio recente de assistência técnica com a

CEPLAC para distribuição de sementes e outros insumos para o incentivo do plantio do

cacau, no total de 35 projetos. Faltam incentivos para que os produtores conheçam melhor

sobre os produtos, seus benefícios, modos de beneficiamento e agregação de valor. Outra

fonte de renda importante para os moradores é o auxílio doado pelo programa de governo

que é a Bolsa Família. O município de Aveiro possui ainda características que podem

contribuir para seu atraso como o fato de existirem dois distritos urbanos cuja

responsabilidade administrativa é do município de Aveiro, mas pelo fato de estarem

localizados mais perto de Itaituba se desenvolveram um pouco mais. O primeiro é o distrito

de “Fordlândia”, nome em homenagem ao empresário norte americano Henry Ford, que

adquiriu uma gleba e lá instalou uma indústria chamada Companhia Ford Industrial do Brasil,

onde foi instalado o mega projeto de plantio de 1.900.000 seringueiras, com objetivo de

fornecer matéria prima para a indústria de pneus nos Estados Unidos, com todo apoio dos

governos brasileiro e do estado do Pará na isenção de impostos. No entanto, com a criação

de outras tecnologias para a fabricação de pneus em 1945 e, depois do falecimento do

empresário, seu neto Henry Ford II assumiu a empresa e deu encerramento ao projeto,

mesmo porque o seringal havia sofrido um ataque de pragas que não sabiam lidar. Assim, o

projeto acabou levando um prejuízo financeiro imenso, pois teve que deixar para trás toda a

infra estrutura de uma “cidade” construída com o objetivo de contribuir para o crescimento

da empresa e que ofereceu inclusive melhores condições de moradia, saúde e educação,

Page 301: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

295

com casas, hospitais e escolas que ficaram para os trabalhadores locais, que inclusive

possuem, atualmente, poder aquisitivo melhor do que os trabalhadores da sede do

município, pelo fato de terem sido indenizados pelo governo federal no fim do projeto e de

ainda receberem uma aposentadoria diferenciada. O outro distrito urbano é conhecido

como “Brasília Legal”, que fica bem mais perto do município de Itaituba, que não teve

projeto conhecido, mas muitos moradores se deslocaram da região para trabalhar nos

garimpos da Região do Tapajós. Portanto, essas questões geográficas, históricas e

ambientais atualmente vêm contribuindo para a estagnação do município de Aveiro.

Page 302: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

296

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A comercialização identificada e quantificada nas regiões de integração do

Tocantins e do Baixo Amazonas gera efetivamente para milhares de famílias envolvidas no

manejo, cultivo, coleta, extração, colheita e algum prévio beneficiamento destas 3 a 4

dezenas de produtos florestais não-madeireiros o equivalente a cerca de R$170 milhões de

reais referentes ao valor bruto pago à produção local (VBPα), dos 10 municípios do Tocantins

e 6 do Baixo Amazonas. São milhares de famílias que compõem o setor produtivo alfa,

responsável por manter a floresta em pé, por plantar alguns destes produtos, por manejar

de forma empírica ou apreendida por séculos, por abastecer os diversos setores

intermediários das cadeias até chegar às demandas finais dos consumidores locais, regionais

e (inter-)nacionais.

Os setores intermediários envolvidos na compra e venda do produtos não-

madeireiros como o comércio varejista e atacadista, assim como os setores industriais de

beneficiamento e transformação são responsáveis ao longo das cadeias por R$943 milhões

de valor bruto da produção (VBP) pago pela compra de insumos (são os produtos não-

madeireiros nas diversas formas, desde in natura, passando por diversas fases de

transformação) e, por R$1,12 bilhão na agregação de valor aos produtos (VAB), gerando,

portanto R$2,06 bilhões de renda bruta total (RBT) circulante nas economias locais,

regionais e nacionais, sempre na busca para atender a demanda dos consumidores finais

destes produtos (Tabela 13).

Os consumidores finais desta biodiversidade riquíssima encontrada na região são

formados pelo paraense ribeirinho que não vive sem seu açaí diário, pelo belemense que faz

uso das diversas frutas, ervas e óleos medicinais encontrados no Ver-o-Peso e em inúmeras

feiras; pelo carioca que toma o açaí com granola na academia por ser produto que retarda o

envelhecimento; pelo paulista que come sua salada ou pastel de palmito vindo das matas do

Pará, pois o da mata Atlântica já foi quase todo exaurido; pela mulher que pode estar em

qualquer país do mundo que, ao usar um perfume, ou um hidratante, ou um batom pode

estar consumindo algum produto da flora regional paraense sem ao menos saber; da mesma

forma que uma criança, em qualquer lugar do mundo, pode tomar um sorvete ou comer

uma barra de chocolate feito com o cacau paraense, que passa apenas pelo beneficiamento

Page 303: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

297

primário no estado do Pará, por um processo de refino na Bahia e, em seguida, é

transformado em produto final quer seja numa fábrica em São Paulo ou na Suiça.

Os produtos que mais geram e circulam renda no Estado do Pará são aqueles que

possuem em sua cadeia diversas estratégias de agregação de valor realizadas nas esferas

locais e regionais, como o exemplo do açaí. Para tal, há necessidade de políticas publicas que

venham contribuir para a dinamização destas cadeias, com investimentos consideráveis em

assessoria técnica (ATES), em capacitação em todos os setores, no fomento à produção, no

investimento responsável nos setores de beneficiamento e transformação, principalmente

em agroindústrias geridas por associações ou cooperativas.

Page 304: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

298

TABELA 13. Variáveis econômicas dos produtos florestais não-madeireiros identificados na região do Tocantins (2008) e do Baixo Amazonas (2009), compostas pelo Valor Bruto da Produção Alfa Local (VBP

α), o Valor Bruto

da Produção (VBP), o Valor Agregado Bruto e a Renda Bruta Total (RBT) gerada e circulada, em R$ correntes.

Diversas políticas públicas e programas já instalados que melhoram as condições

locais devem ser mais divulgados e incentivados como o Programa de Aquisição de

Alimentos da agricultura familiar (com mel e açaí já inseridos na merenda escolar de alguns

municípios), o Luz para Todos que leva energia às áreas rurais, os sistemas de crédito e

fomento ao setor produtivo, a assessoria técnica da Emater e de empresas terceirizadas,

investimentos no aparato de segurança pública nas áreas urbanas, rurais e nas estradas e

nos rios.

Uma força motriz para alavancar o desenvolvimento regional e reduzir as

desigualdades é ter uma massa crítica de cidadãos que tenham acesso à rede de ensino

Page 305: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

299

estabelecida com qualidade e direcionada para enfrentar tais desafios, com atendimento

desde ensino fundamental até o superior, incluindo cursos técnicos. As experiências das

Casas Família Rural, que educam filhos de agricultores com uso da pedagogia da alternância,

têm dado bons resultados pelo interior do Pará.

A valorização da sociobiodiversidade de recursos naturais na Amazônia significa

direcionar investimentos para a valoração e valorização dos recursos florestais, para o

desenvolvimento de novos produtos, para o manejo adaptativo e sustentável das espécies,

para a melhoria tecnológica e adequada que promovam as cadeias dos inúmeros produtos

que fazem parte do cotidiano de uso das populações locais.

Precisamos ter estratégias junto às empresas instaladas na região e ao setor da

produção, para que haja um encadeamento produtivo que estimule formas de manejo

sustentáveis dos produtos da floresta.

Uma tarefa hercúlea e importantíssima nas cadeias de comercialização são os

setores intermediários, os que fazem esta passagem da compra e venda dos produtos, com

pouca ou nenhuma agregação de valor, que necessitam de estímulos e melhorias na

capacidade de transporte e capacitação para melhorar as formas de armazenagem e

transporte de produtos.

Page 306: Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Não

300

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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