Análise Da Comercialização de Produtos de Uso Veterinário

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Anlise da comercializao de produtos de uso veterinrioPatrcia Maria Silva Soares Coelho

ANLISE DA COMERCIALIZAO DE PRODUTOS DE USO VETERINRIO

Braslia-DFJulho/2008

Patrcia Maria Silva Soares Coelho

ANLISE DA COMERCIALIZAO DE PRODUTOS DE USO VETERINRIO

Monografia apresentada para concluso do curso de Medicina Veterinria da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinria da Universidade de Braslia (UnB).

Orientador:Prof. Cristiano Barros de Melo

Braslia-DFJulho/2008Ficha Catalogrfica

| ||COELHO, Patrcia Maria Silva Soares ||Anlise da comercializao de produtos de uso veterinrio / Patrcia Maria Silva Soares Coelho; ||orientao de Cristiano Barros de Melo Braslia, 2008. ||70 p. : il. ||Monografia Universidade de Braslia (UnB) / Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinria, 2008. || ||1. Produtos de uso veterinrio. 2. Decreto n. 5053 de 22/04/04. 3. Produtos farmacuticos que contm ||substncias sujeitas a controle oficial. 4. Produtos Biolgicos. I. Coelho, PMSS. II. Melo, CB. Anlise||da comercializao de produtos de uso veterinrio |

Cesso de Direitos

Nome do Autor: Patrcia Maria Silva Soares CoelhoTtulo da Monografia de concluso de curso: Anlise da comercializao de produtos de uso veterinrio.Ano: 2008 concedida Universidade de Braslia permisso para reproduzir cpias desta monografia e para emprestar ou vender tais cpias somente para propsitos acadmicos e cientficos. O autor reserva-se a outros direitos de publicao e nenhuma parte desta monografia pode ser reproduzida sem a autorizao por escrito do autor.__________________________________________Patrcia Maria Silva Soares CoelhoCPF: 006.182.641-32AOS 02 Bloco E Ap. 504 rea Octogonal Sul70660-025 Braslia/DF Brasil(61) 3222-2318 / [email protected]

FOLHA DE APROVAO

Nome do autor: COELHO, Patrcia Maria Silva Soares.Ttulo: Anlise da comercializao de produtos de uso veterinrio.

Monografia de concluso do Curso de Medicina Veterinria apresentada Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinria da Universidade de Braslia (UnB)

Aprovado em:_______________

Banca Examinadora

Prof. Dr. ___________________________ Instituio: __________________Julgamento: ________________________ Assinatura: __________________

Prof. Dr. ___________________________ Instituio: __________________Julgamento: ________________________ Assinatura: __________________

Md. Vet. M.Sc. _____________________ Instituio: __________________Julgamento: ________________________ Assinatura: __________________

Dedico minha me que colabora de maneira imensurvel em todos os aspectos da minha vida, sempre carinhosa, paciente e disposta a ajudar, acima de qualquer adversidade.Com certeza, a melhor me do mundo...AGRADECIMENTOS

A todas as pessoas com quem convivi ao longo desses cinco anos dentro e fora da Universidade e que, de alguma maneira, passaram-me algo valioso, seja pelos ensinamentos ou companhia; apoio ou incentivo; trabalho ou diverso.Agradeo aos meus pais pela oportunidade de estudar, por serem sempre presentes, dispostos a ajudar e por me passarem seus princpios e ensinamentos que carregarei comigo para sempre. Aos meus irmos que amo tanto. Aos meus padrinhos queridos por todo carinho e preocupao. toda minha famlia sempre unida e presente em minha vida, me ajudando e incentivando em tudo. amiga mais que especial, Luana, pela companhia constante nesses cinco anos, por me agentar nas horas de mau-humor, por me ajudar em todos ostrabalhos e provas, por compartilhar momentos inesquecveis no Pr do Sol, nas viagens de comportamento ou mesmo na sala de aula. Obrigada! Suellen, minha co-orientadora, chefe e mais que isso, minha amiga, que contribuiu de forma imensurvel para a realizao deste trabalho e para meu crescimento pessoal sempre disposta a ajudar e festejar. minha grande amiga Cris e aos amigos especiais, Marquinhos, Japons, Rafa, Gladston, Gollum, Al, Antnio, Toscano, Juninho, China, Isabela, Danilo enfim, a todos vocs, pelas alegrias e diverses em todas as pizzadas, churrascos, bares. todos os professores, pelo conhecimento passado, especialmente meu professor e orientador Cristiano, pela ateno, ensinamentos e auxlio neste trabalho.Ao pessoal do SEFAG que me apoiou e incentivou durante os dois anos de estgio: Marcos Severino, Claudimir, Dalva, Mochel, Saulo e a todas as pessoas que me ajudaram durante esta pesquisa.Ao MAPA, SFA e DFIP por todo apoio prestado, especialmente ao Antnio por aceitar colaborar neste trabalho.E por ultimo, sendo na verdade o primeiro, a Deus, por ter colocado tanta gente boa na minha vida.

RESUMO

COELHO, P. M. S. S. Anlise da comercializao de produtos de uso veterinrio. 2008. x p. Monografia de Concluso do Curso de Medicina Veterinria Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinria, Universidade de Braslia (UnB), Braslia, DF.

Segundo o Sindan (2007), o mercado veterinrio brasileiro, teve em 2004 um faturamento de 690.273.542,00 dlares. J em 2007, esse faturamento aumentou para 1.252.364.330,00 dlares. Assim, nota-se que o mercado veterinrio tem um potencial enorme de lucratividade e enfrenta desafios crescentes. Esse quadro pressupe o estabelecimento de premissas e estratgias que contemplem todos os envolvidos neste setor. Visto que, todo o segmento envolvido na produo, distribuio, transporte, armazenagem e comrcio responsvel solidrio pela identidade, eficcia, qualidade e segurana dos produtos de uso veterinrio, o comrcio, muitas vezes esquecido, tem suma importncia. Verifica-se que este ltimo encontra-se deficiente emdiversos fatores: falta de informao sobre a legislao vigente, falta de profissionais treinados para lidar com a atividade, grande oferta de produtos alterados, adulterados, falsificados ou imprprios para uso veterinrio, entre outras. O uso de legislaes especficas o instrumento que permite uma fiscalizao rigorosa por parte dos rgos competentes minimizando esses fatores. A legislao brasileira referente a este assunto est baseada no Decreto-Lei n. 467, de 13 de fevereiro de 1969, que dispe sobre a fiscalizao de produtos de uso veterinrio e dos estabelecimentos que os fabricam. Para complementar este ltimo, em 22 de abril de 2004 foi aprovado o Regulamento de Fiscalizao de Produtos de Uso Veterinrio e dos Estabelecimentos que os Fabriquem ou Comerciem por meio do Decreto n. 5053. Assim, em face ao desconhecimento da real situao do comrcio de produtos de uso veterinrio no Distrito Federal, este trabalho tem o objetivo de apontar as principais irregularidades e deficincias deste setor, possibilitando, que sejam traadas estratgias por parte de todos os setores envolvidos, para que os problemas sejam minimizados e a garantia do bem-estar humano e animal sejam assegurados.

Palavras-chave: 1. Produtos de Uso Veterinrio. 2. Decreto n. 5053 de 22/04/04. 3. Produtos farmacuticos que contm substncias sujeitas a controle oficial. 4. Produtos BiolgicosABSTRACT

COELHO, P. M. S. S. Anlise da comercializao de produtos de uso veterinrio. 2008. x p. Monografia de Concluso do Curso de Medicina Veterinria Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinria, Universidade de Braslia (UnB), Braslia, DF.

Segundo o Sindan (2007), o mercado veterinrio brasileiro, teve em 2004 um faturamento de 690.273.542,00 dlares. J em 2007, esse faturamento aumentou para 1.252.364.330,00 dlares. Assim, nota-se que o mercado veterinrio tem um potencial enorme de lucratividade e enfrenta desafios crescentes. Esse quadro pressupe o estabelecimento de premissas e estratgias que contemplem todos os envolvidos neste setor. Visto que, todo o segmento envolvido na produo, distribuio, transporte, armazenagem e comrcio responsvel solidrio pela identidade, eficcia, qualidade e segurana dos produtos de uso veterinrio, o comrcio, muitas vezes esquecido, tem suma importncia. Verifica-se que este ltimo encontra-se deficiente em diversos fatores: falta de informao sobre a legislao vigente, falta de profissionais treinados para lidar com a atividade, grande oferta de produtos alterados, adulterados, falsificados ou imprprios para uso veterinrio, entre outras. O uso de legislaes especficas o instrumento que permite uma fiscalizao rigorosa por parte dos rgos competentes minimizando esses fatores. A legislao brasileira referente a este assunto est baseada no Decreto-Lei n. 467, de 13 de fevereiro de 1969, que dispe sobre a fiscalizao de produtos de uso veterinrio e dos estabelecimentos que os fabricam. Para complementar este ltimo, em 22 de abril de 2004 foi aprovado o Regulamento de Fiscalizao de Produtos de Uso Veterinrio e dos Estabelecimentos que os Fabriquem ou Comerciem por meio do Decreto n. 5053. Assim, em face ao desconhecimento da real situao do comrcio de produtos de uso veterinrio no Distrito Federal, este trabalho tem o objetivo de apontar as principais irregularidades e deficincias deste setor, possibilitando, que sejam traadas estratgias por parte de todos os setores envolvidos, para que os problemas sejam minimizados e a garantia do bem-estar humano e animal sejam assegurados.

Palavras-chave: 1. Produtos de Uso Veterinrio. 2. Decreto n. 5053 de 22/04/04. 3. Produtos farmacuticos que contm substncias sujeitas a controle oficial. 4. Produtos BiolgicosLISTA DE FIGURAS

|Figura 1 e 2 |Estabelecimentos fiscalizados........................................................... |39 ||Figuras 3, 4 e 5 |Produtos carrapaticidas, pulicidas e sarnicidas apreendidos por falta de registro no Ministrio da| || |Agricultura, Pecuria e | || |Abastecimento...................................................................................| || | |47 ||Figuras 6, 7 e 8 |Produtos farmacuticos e biolgicos encontrados com o prazo de validade | || |expirado.............................................................................. |48 ||Figuras 9 e 10 |Geladeira armazenando produtos biolgicos na temperatura | || |incorreta.........................................................................................|51 || |.... | ||Figuras 11, 12 e 13 |Geladeira armazenando produtos biolgicos junto com alimentos para | || |humanos..................................................................................... |54 ||Figuras 14 e 15 |Produto de Uso Controlado exposto junto com outros produtos de uso | || |veterinrios................................................................................. |56 |

LISTA DE TABELAS

|Tabela 1 - |Produtos de uso veterinrio que contm substncias sujeitas a controle oficial e seus efeitos | || |farmacolgicos............................................................. |30 ||Tabela 2 - |Quantidade de estabelecimentos amostrados nas trs Regies Administrativas estudadas no DF. | || |2008........................................................ |40 ||Tabela 3 - |Quantidade e porcentagem de estabelecimentos em situao irregular em trs regies administrativas do | |||Distrito Federal. 2008.................................. |41 ||Tabela 4 - |Quantidade e porcentagem de estabelecimentos irregulares fiscalizados na Regio Administrativa de Ceilndia. | || |2008................................................... |42 ||Tabela 5 - |Quantidade e porcentagem de estabelecimentos irregulares fiscalizados na Regio Administrativa de Braslia. | || |2008...................................................... |42 ||Tabela 6 - |Quantidade e porcentagem de estabelecimentos irregulares fiscalizados na Regio Administrativa de Taguatinga.| || |2008................................................. |43 ||Tabela 7 - |Quantidade e porcentagem de produtos alterados, adulterados, falsificados ou imprprios para uso veterinrio | || |comercializados em trs regies administrativas do Distrito | || |Federal............................................................... |46 ||Tabela 8 - |Quantidade e porcentagem de produtos alterados, adulterados, falsificados ou imprprios para uso veterinrio | || |observados nos estabelecimentos fiscalizados na Regio Administrativa de Ceilndia. | || |2008........................... |48 ||Tabela 9 - |Quantidade e Porcentagem de produtos alterados, adulterados, falsificados ou imprprios para uso veterinrio | || |observados nos estabelecimentos fiscalizados na Regio Administrativa de Braslia. | || |2008..............................|49 ||Tabela 10 - |Quantidade e porcentagem de produtos alterados, adulterados, falsificados ou imprprios para uso veterinrio | || |observados nos estabelecimentos fiscalizados na Regio Administrativa de Taguatinga. | || |2008........................ |49 ||Tabela 11 - |Quantidade e porcentagem de produtos biolgicos comercializados em trs regies administrativas do Distrito | || |Federal............................................ |51 ||Tabela 12 - |Quantidade e porcentagem de produtos biolgicos e inconformidades observadas nos estabelecimentos | || |fiscalizados na Regio Administrativa de Ceilndia. | || |2008......................................................................................... |52 ||Tabela 13 - |Quantidade e porcentagem de produtos biolgicos e inconformidades observadas nos estabelecimentos | || |fiscalizados na Regio Administrativa de Braslia. | || |2008............................................................................................ |52 || |. | ||Tabela 14 - |Quantidade e porcentagem de produtos biolgicos e inconformidades observadas nos estabelecimentos | || |fiscalizados na Regio Administrativa de Taguatinga. | || |2008...................................................................................... |53 ||| | || | | ||Tabela 15 - |Quantidade e porcentagem dos produtos de uso veterinrio que contm substncias sujeitas a controle oficial | || |comercializados em trs regies administrativas do Distrito | || |Federal............................................................... |55 ||Tabela 16 - |Quantidade e porcentagem de produtos de uso veterinrio que contm substncias sujeitas a controle oficial e | || |inconformidades observados nos estabelecimentos fiscalizados na Regio Administrativa de Ceilndia. | || |2008.........................................................................................................| || |...... |56 ||Tabela 17 - |Quantidade e porcentagem de produtos de uso veterinrio que contm substncias sujeitas a controle oficial e | || |inconformidades observados nos estabelecimentos fiscalizados na Regio Administrativa de Braslia. | || |2008.........................................................................................................| || |...... |56 ||Tabela 18 - |Quantidade e porcentagem de produtos de uso veterinrio que contm substncias sujeitas a controle oficial e | || |inconformidades observadas nos estabelecimentos fiscalizados na Regio Administrativa de Taguatinga. | |||2008.........................................................................................................| || |...... |57 ||Tabela 19 - |Quantidade e porcentagem do descarte inapropriado de produtos de uso veterinrio em trs regies | || |administrativas do Distrito Federal. 2008.......... |59 |

LISTA DE DEFINIES

MAPA: Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento. SFA: Superintendncia Federal de Agricultura. SEFAG: Servio de Fiscalizao de Insumos Agropecurios. CPV: Coordenao de Produtos Veterinrios. DFIP: Departamento de Fiscalizao de Insumos Pecurios. SDA: Secretaria de Defesa Agropecuria. SINDAN: Sindicato Nacional da Indstria de Produtos para Sade Animal. RT: Responsvel tcnico. CRMV: Conselho Regional de Medicina Veterinria. ANVISA: Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria. PRODUTO DE USO VETERINRIO: Toda substncia qumica, biolgica, biotecnologica ou preparao manufaturada destinada a prevenir, diagnosticar, curar ou tratar doenas dos animais, independentemente da forma de administrao, incluindo os anti-spticos, os desinfetantes de uso ambiental, em equipamentos e em instalaes de animais, os pesticidas e todos os produtos que, utilizados nos animais ou no seu habitat, protejam, higienizem, embelezem, restaurem ou modifiquem suas funes orgnicas e fisiolgicas (Art. 2 do Decreto n. 6.296, de 11 de dezembro de 2007). PRODUTO IRREGULAR: Substncia ou produto alterado, adulterado, falsificado ou imprprio para uso veterinrio que: esteja misturado ou adicionado a outras substncias que possam modificar ou reduzir o seu valor teraputico; apresente composio diferente da registrada no licenciamento, por retirada ou substituio de um ou mais dos elementos da frmula, no todo ou em parte, ou acrescido de substncias estranhas ou elementos de qualidade inferior, na sua composio, ou modificado na suadosagem; apresente pureza, qualidade e autenticidade em condies discordantes com as exigncias deste Regulamento; apresente invlucros ou rtulos rasurados ou com alteraes do nmero da partida, da data da fabricao ou do vencimento, e outros elementos que possam induzir a erro, texto em lngua estrangeira, e qualquer outra simbologia ou selo em desacordo com os impressos aprovados; apresente concentraes dos constituintes da frmula diferentes daquelas aprovadas no licenciamento; apresente o prazo de validade vencido; esteja mantido em temperatura inadequada para a sua conservao; ou tenha sido reprovado na anlise de fiscalizao. (Art. 68 do Decreto n. 5053 de 22 de abril de 2004) PRODUTOS CONTROLADOS: Produtos farmacuticos que contm substncias sujeitas a controle oficial (Instruo Normativa n. 36 de 07 de junho de 2002). CASA AGROPECURIA: Estabelecimento que comercializa produtos de uso veterinrio tanto para animais de companhia (ces, gatos) quanto para animais de produo (bovinos, ovinos, eqinos, sunos). PET SHOP: Estabelecimento que comercializa produtos de uso veterinrio para animais de companhia (ces, gatos). PET SHOP COM CONSULTRIO: Estabelecimento que comercializa produtos de uso veterinrio para animais de companhia (ces, gatos) e que possue consultrio mdico veterinrio para atendimento desses animais.

SUMRIOPg.|1. INTRODUO.................................................................................................................. |15 || | ||2. OBJETIVOS....................................................................................................................... |16 || | ||3. JUSTIFICATIVA............................................................................................................... |16 ||| ||4. REVISO DE LITERATURA......................................................................................... |17 ||4.1 Introduo................................................................................................................... |17 || 4.2 Legislao vigente e atuao do MAPA................................................................... |18 ||4.3 Responsabilidade Tcnica.......................................................................................... |23 || 4.4 Produtos Biolgicos.................................................................................................... |26 || 4.5 Produtos Controlados.............................................................................................. |29 ||4.6 Descarte de produtos de uso veterinrio.................................................................. |35 || | ||5. MATERIAL E MTODOS............................................................................................... |39 || | ||6. RESULTADOS E DISCUSSO....................................................................................... |41 ||6.1 Estabelecimentos Irregulares e Responsabilidade Tcnica.................................... |41 ||6.2 Produtos Irregulares.................................................................................................. |45 || 6.3 Produtos Biolgicos.................................................................................................... |50 ||6.4 ProdutosControlados.............................................................................................. |54 || 6.5 Descarte de Produtos de Uso Veterinrio................................................................ |59 || |61 ||7. CONSIDERAES FINAIS............................................................................................ | || |63 ||8. REFERNCIA BIBLIOGRFICA.................................................................................. | || |68 ||9. | ||ANEXOS............................................................................................................................. | |

1. INTRODUO

Visto que o Brasil o pas que tem a segunda maior populao de animais domsticos do mundo e que existem cerca de nove bovinos e dois pets (ces, gatos, etc.) para cada 10 habitantes, observa-se que o comrcio de produtos de uso veterinrio tem se intensificado ao longo dos anos e vem se tornando uma atividade muito praticada em todo o Pas. (MANZANO, 2005; IBGE, 2007)

Segundo o SINDAN (2007), o mercado veterinrio brasileiro, teve em 2004 um faturamento de 690.273.542,00 dlares. J em 2007, esse faturamento aumentou para 1.252.364.330,00 dlares. O setor de produtos industriais utilizados pela pecuria apresentou incremento de 6,4% em 2007. O grupo dos produtos veterinrios obteve acrscimo de 7,5%, devido, principalmente, ao aumento da produo de vacinas para a preveno da febre aftosa. (IBGE, 2007).

Nota-se que o mercado veterinrio tem um potencial enorme de lucratividade e enfrentadesafios crescentes em concorrncia de produtos e servios, j que para atend-lo existem produtos teraputicos e marcas surgindo a todo instante. (OLIVEIRA, 2007). Esse quadro pressupe o estabelecimento de premissas e estratgias que contemplem todos os envolvidos neste setor.

O uso de legislaes especficas o instrumento que permite uma fiscalizao rigorosa por parte dos rgos competentes promovendo uma constante vigilncia a cerca dos produtos existentes no mercado, principalmente aqueles produtos novos que esto sendo frequentemente lanados, para que no perpetuem substncias ou produtos alterados, adulterados, falsificados ou imprprios para uso veterinrio.

A legislao brasileira referente a este assunto est baseada no Decreto-Lei n. 467, de 13 de fevereiro de 1969, que dispe sobre a fiscalizao de produtos de uso veterinrio, dos estabelecimentos que os fabricam e d outras providncias. Para complementar este ltimo, em 22 de abril de 2004 foi aprovado o Regulamento de Fiscalizao de Produtos de Uso Veterinrio e dos Estabelecimentos que os Fabriquem ou Comerciem por meio do Decreto n. 5053.

2. OBJETIVOS

Por meio de uma anlise partir de fiscalizaes realizadas pelo MAPA em estabelecimentos que comercializam produtos de uso veterinrio, este trabalho pretende:

Constatar as principais irregularidades nesses estabelecimentos. Verificar a forma de armazenamento e conservao dos produtos de uso veterinrio. Analisar o comrcio de produtos de uso veterinrio que contenham substncias sujeitas a controle oficial. Avaliar o papel do Mdico Veterinrio como Responsvel Tcnico.

3. JUSTIFICATIVA

O crescimento do mercado de produtos de uso veterinrio visvel nos ltimos anos. Este setor engloba, desde a fabricao do produto at sua chegada ao consumidor final, visto que, todo o segmento envolvido na produo, distribuio, transporte, armazenagem e comrcio responsvel solidrio pela identidade, eficcia, qualidade e segurana dos produtos de uso veterinrio (FALQUETO, et al., 2006).

Neste cenrio o comrcio, muitas vezes esquecido,tem suma importncia. Verifica-se que este ltimo encontra-se deficiente em diversos fatores: falta de informao sobre a legislao e a forma como os produtos devem ser comercializados, falta de profissionais treinados para lidar com a atividade, grande oferta de produtos alterados, adulterados, falsificados ou imprprios para uso veterinrio, presena de muitos estabelecimentos comerciais funcionando sem registro no MAPA, entre outros.

Assim, este trabalho se faz necessrio, em face da escassez de informaes a respeito da real situao do comrcio de produtos de uso veterinrio no Distrito Federal, de forma que aponta as principais irregularidades e deficincias deste setor, possibilitando, que sejam traadas estratgias por parte de todos os setores envolvidos, para que os problemas sejam minimizados e a garantia do bem-estar humano e animal sejam assegurados.

4. REVISO DE LITERATURA

4.1 Introduo

A denominao droga deriva-se de drogue, oriundo do francs antigo que significa erva. As drogas foram definidas como os produtos cujo uso destina-se ao diagnstico, alvio, tratamento ou preveno de doenas em seres das espcies humana e animal (BOOTH, 1982; LIMA, 2004).

Atualmente, o termo droga refere-se a qualquer substncia qumica que, em quantidade suficiente, possa agir sobre um organismo vivo, produzindo alteraes. Essas alteraes podem ser tanto benficas quanto malficas. (SPINOSA, 2002).

J o termo medicamento refere-se a qualquer substncia qumica empregada num organismo vivo, visando-se obter efeitos benficos. So, portanto, substncias qumicas destinadas a curar, diminuir, prevenir e/ou diagnosticar as enfermidades. Ressalta-se que todo medicamento uma droga, porm nem toda droga um medicamento (SPINOSA, 2002).

O uso de drogas para tratamento de doenas data da Antigidade. Acredita-se que a descoberta das drogas envolveu o processo de tentativa e erro, medida que diversas substncias de origem animal, vegetal e mineral eram experimentadas como fontes potenciais de alimento do usurio, em seu habitat (LIMA, 2004).

A base cientficapara a medicina surgiu com Aristteles (384-322 a.C.), que fez e registrou numerosas observaes envolvendo animais. As plantas foram classificadas de forma sistemtica, mais com base em suas caractersticas individuais do que em suas recomendaes em termos de tratamento (LIMA, 2004).

Aps a queda do Imprio Romano, os depositrios do conhecimento e promotores do pensamento mdico eram encontrados na cultura muulmana, sendo os primeiros a regularem a prtica e desenvolverem a farmacologia, de modo a padronizar o preparo das prescries (LIMA, 2004).

Na viso de especialistas, existem evidncias de que o grau de desenvolvimento da farmacologia veterinria comparvel ao da humana e que no curso da histria da Medicina e da Veterinria, expressivos foram os avanos na cura e tratamento de doenas, com ambas as Escolas compartilhando uma origem comum (BOOTH, 1982, LIMA, 2004).

Nos sculos XVII e XVIII as drogas comercializadas proliferaram, surgindo a prtica da experimentao mdica. J no sculo XX, esse comrcio se intensifica com o conseqente desenvolvimento da farmacologia que enquanto cincia prosperou nas Escolas de Medicina e Farmcia (BOOTH, 1982, LIMA, 2004).

Segundo IBGE (2007), o Brasil o pas que tem a segunda maior populao de animais domsticos do mundo e existem cerca de 9 bovinos e 2 pets (ces, gatos, etc.) para cada 10 habitantes. Esse grande nmero de animais impulsiona o crescimento do comrcio de produtos de uso veterinrio e este, vem se tornando uma atividade muito praticada em todo o Pas (MANZANO, 2005).

Dados do SINDAN (2007) mostram que o mercado veterinrio brasileiro, teve em 2004 um faturamento de 690.273.542,00 dlares. J em 2007, esse faturamento aumentou para 1.252.364.330,00 dlares. O setor de produtos industriais utilizados pela pecuria apresentou um incremento de 6,4% em 2007. O grupo dos produtos veterinrios obteve acrscimo de 7,5%, devido, principalmente, ao aumento da produo de vacinas para a preveno da febre aftosa. (IBGE, 2007).

Assim, nota-se que o mercado veterinrio tem um potencial enorme de expanso e enfrenta desafioscrescentes em concorrncia de produtos e servios, j que para atend-lo existem produtos teraputicos e marcas surgindo a todo instante. Esse quadro pressupe o estabelecimento de premissas e estratgias que contemplem todos os envolvidos neste setor.

4.2 Legislao vigente e atuao do MAPA

O uso de legislaes especficas o instrumento que permite uma fiscalizao rigorosa por parte dos rgos competentes promovendo uma constante vigilncia a cerca dos produtos existentes no mercado, principalmente dos novos produtos que esto sendo frequentemente lanados, para que no perpetuem no comrcio, substncias ou produtos alterados, adulterados, falsificados ou imprprios para uso veterinrio.

No Plano Plurianual 2004-2007 do atual governo existe um programa que tem entre suas aes, a fiscalizao de produtos de uso veterinrio. Este, intitulado de Qualidade dos Insumos e Servios Agropecurios, tem como pblico-alvo os estabelecimentos comerciais de insumos agropecurios. Este programa entende que a qualidade dos insumos e servios agrcolas e pecurios tem influncia direta na produtividade, sendo um fator preponderante no incremento da competitividade do agronegcio brasileiro (SILVRIO, 2003).

Assim, para garantir os padres de qualidade e conformidade desses produtos e servios, faz-se necessria uma ao permanente de fiscalizao por parte do poder pblico sobre as empresas e sobre os produtos e servios colocados no mercado disposio dos consumidores.

No Brasil, o rgo responsvel pela fiscalizao do comrcio de produtos de uso veterinrio o MAPA, e dentro dele, atuando diretamente na fiscalizao dos Estados, Municpios e Distrito Federal, as Superintendncias Federais de Agricultura (SFA) por meio do Servio de Fiscalizao de Insumos Agropecurios (SEFAG). Em alguns Estados, a atividade de fiscalizao realizada pelas Secretarias de Agricultura dos Estados.

Para o controle, registro e regulao dos produtos de uso veterinrio existe a Coordenao de Produtos Veterinrios (CPV) submetida ao Departamento de Fiscalizao de Insumos Pecurios (DFIP) pertencente Secretariade Defesa Agropecuria (SDA).

Para legalizar as questes relacionadas a produtos de uso veterinrio, em 13 de fevereiro de 1969, foi elaborado no Brasil o Decreto-Lei n. 467 referente fiscalizao de produtos de uso veterinrio, dos estabelecimentos que os fabricam e outras providncias. Este Decreto veio na tentativa de minimizar problemas relacionados fabricao e ao comrcio desses produtos, estabelecendo a obrigatoriedade da fiscalizao da indstria, do comrcio e do emprego de produtos de uso veterinrio, em todo o territrio nacional e a necessidade do registro para efeito de licenciamento no MAPA.

Mais adiante, tendo em vista o disposto no Decreto-Lei n. 467, foi aprovado, em 22 de abril de 2004, o Decreto n 5053 que trouxe o Regulamento de Fiscalizao de Produtos de Uso Veterinrio e dos Estabelecimentos que os Fabriquem ou Comerciem. Neste Decreto, compete ao MAPA baixar normas complementares referentes fabricao, ao controle de qualidade, comercializao e ao emprego dos produtos de uso veterinrio, e demais medidas pertinentes para a normalizao deste Regulamento, inclusive as aprovadas no mbito do Grupo Mercado Comum do Sul - Mercosul.

Com base nas legislaes citadas acima, verifica-se a necessidade de registro tanto do estabelecimento que comercie produtos de uso veterinrio, quanto do produto em si. O registro em ambos os casos permite um controle efetivo por parte do MAPA visando minimizao da ocorrncia de irregularidades que podem afetar a sade humana e animal.

Decreto-Lei n. 467

Art. 1 estabelecida a obrigatoriedade da fiscalizao da indstria, do comrcio e do emprego de produtos de uso veterinrio, em todo o territrio nacional.

Art. 3 Todos os produtos de uso veterinrio, elaborados no Pas ou importados, e bem assim os estabelecimentos que os fabriquem ou fracionem, e ainda aqueles que comerciem ou armazenem produtos de natureza biolgica e outros que necessitem de cuidados especiais, ficam obrigados ao registro no Ministrio da Agricultura, para efeito de licenciamento.

Decreto n. 5053

Art. 4o Todoestabelecimento que (..), comercie produtos de uso veterinrio para si ou para terceiros deve, obrigatoriamente, estar registrado no Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento, para efeito de licenciamento.Art. 24. O produto de uso veterinrio, produzido no Pas ou importado, para efeito de licenciamento, dever ser registrado no Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento.Dada a importncia dos produtos de uso veterinrio no diagnstico, na preveno, no tratamento e na erradicao das enfermidades dos animais, na produo de alimentos e nas questes sobre seu impacto na sade pblica, todo produto deve cumprir com as mais exigentes normas de qualidade, conservao, fabricao e comrcio. O Decreto n. 5053 relaciona as normas que devem ser atendidas pelos estabelecimentos que comercializam esses produtos:

Art. 15. O estabelecimento que apenas comercie, armazene, distribua, importe ou exporte produtos de uso veterinrio dever cumprir as normas de higiene e segurana do trabalho, e atender aos seguintes requisitos:II - contar com dependncias adequadas para a correta conservao dos produtos, com ambientes secos e ventilados, construdas com material que os protejam de temperaturas incompatveis, e assegurem condies de limpeza e desinfeco; eIII - quando trabalhar com produtos que exijam refrigerao, dispor de equipamento para registro das variaes de temperatura.

Art. 65. O produto s poder ser comercializado ou exposto venda, quando:I registrado;II - acondicionado em embalagem original de fabricao, intacta, sem violao, rompimento ou corroso;III - mantido em temperatura adequada para a sua conservao;IV - estiver dentro do prazo de sua validade;V - apresentar rotulagem de acordo com texto aprovado, sem rasuras, emendas ou danificada;VI - mantidas suas caractersticas fsico-qumicas;VII - estiver com o nmero de bulas correspondente ao nmero de unidades do produto; eVIII - cumprir, quando existir na rotulagem do produto, a exigncia de prescrio do mdico veterinrio para uso doproduto.

Todas essas exigncias so necessrias para evitar que produtos adulterados, falsificados ou imprprios para uso veterinrio sejam comercializados. Produtos nessas condies podem apresentar riscos para o animal, ser de baixa qualidade, no ter eficincia comprovada, e, portanto, no devem ser comercializados.

Decreto n. 5053

Art. 68. Para efeito deste Regulamento, considera-se substncia ou produto alterado, adulterado, falsificado ou imprprio para uso veterinrio aquele que:I - esteja misturado ou adicionado a outras substncias que possam modificar ou reduzir o seu valor teraputico;IV - apresente invlucros ou rtulos rasurados ou com alteraes do nmero da partida, da data da fabricao ou do vencimento, e outros elementos que possam induzir a erro, texto em lngua estrangeira, e qualquer outra simbologia ou selo em desacordo com os impressos aprovados;VI - apresente o prazo de validade vencido;VII - esteja mantido em temperatura inadequada para a sua conservao.

Alm desses Decretos que do a base para a regulao do comrcio de produtos de uso veterinrio, existe uma srie de Portarias e Instrues Normativas que os complementam. Dentre elas, as mais importantes para o comrcio so:

Portaria n 301, de 19 de abril de 1996, referente as normas complementares anexas, elaboradas pela Secretaria de Defesa Agropecuria, a serem observadas pelos estabelecimentos que fabriquem e ou comerciem produtos de uso veterinrio. Instruo Normativa n 37, de 08 de julho de 1999, que regulamenta o cadastramento dos produtos isentos de registro e os estabelecimentos que os comercializam. Instruo Normativa n 10, de 27 de abril de 2001, que dispe sobre a proibio da (...) comercializao e uso de substncias naturais ou artificiais, com atividade anabolizante, ou mesmo outras dotadas dessa atividade, mas desprovidas de carter hormonal, para fins de crescimento e ganho de peso em bovino de abate. Instruo Normativa n 36, de 07 de junho de 2002, que disciplina o comrcio de produtos farmacuticos que contenhamsubstncias sujeitas a controle oficial. Instruo Normativa n 9, de 27 de junho de 2003, que probe a (...) comercializao e o uso dos princpios ativos cloranfenicol e nitrofuranos e os produtos que contenham estes princpios ativos, para uso veterinrio e suscetvel de emprego na alimentao de todos os animais e insetos.

4.3 Responsabilidade Tcnica

Todas as profisses enfrentam uma variedade de foras emanando de obrigaes morais e ticas. Quatro dessas obrigaes so comuns a todas as profisses: obrigaes para com a sociedade, obrigaes para com os clientes, obrigaes para com os colegas de profisso, obrigaes para consigo mesmo. A quinta, obrigao para com os animais exclusiva da Medicina Veterinria (ROLLIN, 1998).

Os mdicos veterinrios precisam seguir princpios ticos focados no bem-estar da sociedade e dos animais (ESTOL, 2001; ROLLIN, 1998).

Com os desafios crescentes em concorrncia de produtos e servios, que o mercado de produtos de uso veterinrio tem enfrentado, deve-se pressupor o estabelecimento de premissas e estratgias que contemplem todos os envolvidos, com um foco particular e especial ao profissional veterinrio, por sua real fora de influncia no processo de deciso de compra, realidade que precisa ser percebida e assimilada por todos os segmentos da cadeia produtiva (OLIVEIRA, 2007).

Analisando o Decreto-Lei n. 467 e o Decreto n. 5053, verifica-se a exigncia legal de um responsvel tcnico (RT) mdico veterinrio em estabelecimentos que comerciem produtos de uso veterinrio. Isso se d, pois o RT, com seu conhecimento tcnico-cientfico oriundo da sua formao, tem deveres e obrigaes fundamentais para que o comrcio se d de forma correta, sem prejudicar o consumidor final.

Para tanto, o RT deve estar devidamente registrado no MAPA e ser conhecedor da legislao pertinente, que se encontra principalmente, no Art. 8 do Decreto-Lei n. 467 e Art. 18 e 20 do Decreto n. 5053, transcritos a seguir:

Decreto-Lei n. 467

Art. 8 A responsabilidade tcnica dos estabelecimentos a que se refere este Decreto-Lei, caberobrigatoriamente a veterinrio, farmacutico ou qumico, conforme a natureza do produto, a critrio do rgo incumbido de sua execuo.

Decreto n. 5053

Art. 18. O estabelecimento e produto referidos neste Regulamento, para serem registrados, devero possuir responsvel tcnico com qualificao comprovada pelo Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento, e legalmente registrado no rgo de fiscalizao do exerccio profissional respectivo. 1o Para o estabelecimento, a responsabilidade tcnica dever atender os seguintes requisitos: II - tratando-se de estabelecimento que apenas comercie ou distribua produto acabado, ser exigida responsabilidade tcnica do mdico veterinrio.

Art. 20. obrigatria ao responsvel tcnico e, na sua ausncia, ao seu substituto, a observncia a este Regulamento e s normas complementares, no mbito de sua competncia, e assegurar que:I - os produtos fabricados ou comercializados estejam registrados no Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento;II - os produtos expostos venda estejam dentro do prazo de validade e, quando expirado, sejam recolhidos para inutilizao;III - os produtos que exijam refrigerao estejam armazenados e sejam entregues ao comprador, na temperatura recomendada na rotulagem ou bula;IV - os produtos suspeitos de adulterao tenham sua comercializao suspensa, informando ao Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento, e ao fabricante;V - os produtos sejam adquiridos de estabelecimentos licenciados;VI - a armazenagem seja feita de acordo com as recomendaes de rotulagem ou bula do produto, especialmente no que concerne exposio luz, temperatura e umidade;VII - seja obedecida a legislao relativa s especialidades farmacuticas que contenham substncias sujeitas ao controle especial, ou s recomendaes inerentes prescrio obrigatria do mdico veterinrio, contidas na rotulagem;VIII - os produtos sejam vendidos na embalagem original, sem violao do dispositivo de fechamento ou lacre, e sem fracionamento na revenda;IX - sejamadotados os procedimentos de segurana, no estabelecimento, quanto aos produtos que ofeream risco ao meio ambiente, aos animais ou ao homem, especialmente quando da ocorrncia de acidente que provoque vazamento ou exposio do contedo do produto;X - o comprador ou usurio receba orientao adequada quanto conservao, ao manuseio e uso correto do produto; eXI - cada produto acondicionado em embalagens coletivas, para venda unitria, deve estar acompanhado da respectiva bula.

Verifica-se, assim, que o mdico veterinrio que se dispe a ser RT de um estabelecimento comercial tem deveres importantes e imprescindveis para a correta comercializao dos produtos que vo desde o cuidado com os produtos farmacuticos e biolgicos em aspectos como conservao e armazenamento, at a denncia aos rgos competentes de produtos irregulares.

Alm da legislao citada acima, CRMVs disponibilizam informaes e manuais aos profissionais cadastrados neste rgo. Segundo o Manual de Orientao e Procedimentos para o Exerccio de Responsvel Tcnico (RT) formulado pelo Conselho Regional de Medicina Veterinria do Estado de Sergipe, em agosto de 2006, o RT de Casas Agropecurias, Avirios, Pet Shops e outros estabelecimentos que comercializam e/ou distribuem medicamentos tem como deveres:

Permitir a comercializao somente de produtos devidamente registrados nos rgos competentes, observando rigorosamente o prazo de validade; Garantir as condies de conservao e acondicionamento de produtos; Orientar a disposio setorizada dos produtos no estabelecimento; Dar especial ateno ao acondicionamento, manuteno e armazenamento de vacinas e antgenos e controlar rigorosamente as condies de temperatura dos refrigeradores; Garantir a reteno de receitas em que estejam prescritos produtos biolgicos e/ou medicamentos controlados e que somente podem ser comercializados com receitas, de acordo com Legislao Vigente. Estar inteirado dos elementos tcnicos e legais a que esto sujeitos esses estabelecimentos.

Assim, notvel, o papel essencial que o Mdico Veterinrio devedesempenhar no que diz respeito ao comrcio de produtos de uso veterinrio, devendo ser dada especial ateno a sua figura, valorizando seu trabalho e exigindo que cumpra seus deveres e obrigaes legais ao se tornar um Responsvel Tcnico.

4.4 Produtos Biolgicos

A vacinao continua sendo uma das vias mais sustentveis e utilizadas para o controle de enfermidades na medicina veterinria, tanto por sua viabilidade econmica quanto por problemas relacionados aos resduos de produtos farmacuticos em produtos de origem animal para consumo humano (LOBO, 2007).

Os avanos tecnolgicos das ltimas dcadas relacionados manipulao gentica, as tcnicas de DNA recombinante, aos novos mtodos de atenuao de patgenos, aos avanos em imunologia, particularmente no que se refere apresentao antignica e processamento de antgenos tm permitido respostas imunes mais especficas servindo de base fundamental para o desenvolvimento de formulaes vacinais que permitem uma melhor orientao da resposta e que nos permitam prever um futuro mais animador em relao possibilidade de obteno de produtos biolgicos mais eficientes (MARTINEZ, 2006; LOBO, 2007).

O surgimento de novas geraes de vacinas tem motivado a instrumentao de medidas de biossegurana e a necessidade de estudos de avaliao de risco existentes na obteno, produo e comrcio de um produto biolgico no sentido de preservar a sade humana e animal e prover a necessria proteo ao meio ambiente (POLANCO, 2001; LOBO, 2007).

Nesse sentido tm sido introduzidos novos conceitos de anlise de risco quem vo desde as etapas de experimentao at o comrcio dos produtos biolgicos. Perante todos estes fatores e a variabilidade inerente a estes, o sistema de garantia de qualidade at o consumidor final desempenha um papel extremamente importante.

O regulamento de produtos biolgicos comeou nos Estados Unidos e vem se desenvolvendo desde a formao da Unio Europia. Os estados membros tm feito um esforo intenso para harmonizar o regulamento de Produtos Mdico-Veterinrios Imunolgicos. (POVEY & SHEWEN, 2007).

Desde 1995,tem estado em vigor a legislao que estabelece um regulamento nico de mercado. No entanto, os estados membros retiveram alguma autonomia para a aplicao do mesmo dentro de suas fronteiras (POVEY & SHEWEN, 2007).

Estes dois sistemas legais (EUA e UE) esto convergindo, e so modelos para outros pases e agncias internacionais. As exigncias fundamentais dos modelos EUA e UE para a concesso de licena para produtos mdico-veterinrios biolgicos / imunolgicos so semelhantes e envolvem comprovao de pureza, potncia, segurana e eficcia (POVEY & SHEWEN, 2007)

No mbito da legislao brasileira, tem-se no Art. 46 do Decreto n. 5053 regulamentaes quanto garantia de qualidade de produtos biolgicos visando um controle mais eficiente dos mesmos:

Art. 46. Todos os produtos devero atender s normas de qualidade e segurana, obedecendo aos regulamentos especficos, e devero ser submetidos aos seguintes controles:I - para produto biolgico, pureza, identidade, titulao, sorologia, esterilidade, inocuidade, eficcia e potncia/imunogenicidade.

Todas as exigncias tm o objetivo de garantir que o produto final a ser comercializado seja de qualidade e no apresente riscos. Assim, as comprovaes necessrias no momento do registro do produto visam garantir, que no comrcio, o produto no apresente alteraes nas suas caractersticas e parmetros.

Dessa forma, o comerciante de produtos biolgicos deve estar atento a forma como est conservando, armazenando e comercializando esses produtos, realizando esses procedimentos de acordo com o Art. 15 e 65 do Decreto n. 5053:

Art. 15. O estabelecimento que apenas comercie (...) produtos de uso veterinrio dever cumprir as normas de higiene e segurana do trabalho, e atender aos seguintes requisitos:II - contar com dependncias adequadas para a correta conservao dos produtos, com ambientes secos e ventilados, construdas com material que os protejam de temperaturas incompatveis, e assegurem condies de limpeza e desinfeco; eIII - quando trabalhar com produtos que exijamrefrigerao, dever dispor de equipamento para registro das variaes de temperatura.

Art. 65. O produto s poder ser comercializado ou exposto venda, quando: I - registrado;III - mantido em temperatura adequada para a sua conservao;IV - estiver dentro do prazo de sua validade;VI - mantidas suas caractersticas fsico-qumicas;

Aes como atentar para que os produtos no sejam comercializados com a data de validade vencida, na temperatura inadequada ou em condies ambientais inadequadas so importantes para que as exigncias feitas no momento da fabricao no tenham sido em vo.

Uma exigncia feita ao fabricante, a garantia da potncia do produto no momento da liberao da vacina, por exemplo, deve ser suficiente, para poder garantir uma potncia no fim do perodo de vencimento indicado (POVEY & SHEWEN, 2007). Assim, dever dos responsveis pelo comrcio estarem atentos as datas de vencimento dos produtos.

O manejo imprprio da vacina (temperatura elevada, congelamento e descongelamento) pode destruir ou diminuir a potncia - destroem especialmente as vacinas com adjuvantes adsorvidos e vacinas bacterianas de clulas completas (POVEY & SHEWEN, 2007).

Observa-se, portanto, a importncia da atuao dos estabelecimentos que comercializam produtos biolgicos no manuseio, conservao e comercializao desses produtos para garantir que os mesmos apresentem os resultados esperados e comprovados pelo fabricante, e exigidos pelas legislaes vigentes.

4.5 Produtos Controlados

Considerando a necessidade de estabelecer o controle, rastreamento e o disciplinamento da comercializao de produtos farmacuticos de uso veterinrio, que contenham substncias sujeitas a controle especial, foi aprovada em 07 de junho de 2002, a Instruo Normativa n. 36, normatizando aspectos referentes ao comrcio de produtos controlados.

Ao todo, no Brasil, existem 17 substncias sujeitas a controle especial, segundo a Instruo Normativa citada anteriormente. Entre elas esto:

|Acepromazina |Embutramida|Testosterona ||Azaperone |Estanozolol |Tetracana ||Boldenona |Iodeto de Mebeznio |Tiletamina ||Butorfanol |Propofol |Xilazina ||Cetamina |Romifidina |Zolazepam ||Diazepam |Tartarato de Ergometrina | |

Dentre os produtos de uso veterinrio que contm substncias sujeitas a controle especial encontram-se os entorpecentes, psicotrpicos, precursores de psicotrpicos e entorpecentes, anabolizantes, anestsicos e tranqilizantes (Tabela 1).

Essas substncias so de grande importncia no comrcio veterinrio por terem seu uso desviado como drogas de abuso por humanos causando dependncia fsica ou psquica, por apresentarem maiores riscos para a sade do animal, quando usados sem o devido acompanhamento do profissional e pelos possveis riscos sade humana decorrentes do emprego dessas substncias em animais produtores de alimentos que podem estar associados aos resduos dos mesmos em nveis acima dos limites mximos recomendados.

Tabela 1. Produtos de uso veterinrio que contm substncias sujeitas a controle oficial e seus efeitos farmacolgicos.|Efeito Farmacolgico |Frmacos ||Entorpecente (Hipnoanalgsico) |Butorfanol ||Psicotrpicos |Diazepam, Zolazepam ||Precursores |Trtarato de Ergometrina ||Anestsicos |Tetracana, Quetamina, Propofol, Tiletamina, Embutramida ||Tranqilizante |Xilazina, Romifidina, Azaperona, Acepromazina ||Anabolizante |Testosterona, Boldenona, Estanozolol |

FONTE: Spinosa, 2002.

Vrias so as maneiras de classificar as substancias qumicas que atuam no Sistema Nervoso Central. Uma das propostas seria atravs de seu mecanismo de ao. No entanto, diversos agentes ainda no tm seu mecanismo de ao bem conhecido. Desta forma, as substncias qumicas com ao no SNC so classificadas de acordo com seu efeito mais proeminente e/ou seu uso teraputico em Medicina Veterinria como depressores e estimulantes gerais ou no seletivos do SNC e naqueles que modificam seletivamente as funes do SNC (SPINOSA & BERNARDI, 2002).

Entre os depressores gerais do SNC encontram-se os anestsicos e entre os agentes que modificam seletivamente a funo do SNC encontram-se os tranqilizantes, os relaxantes musculares de ao central, os hipnoanalgsicos e agentes psicotrpicos.

Entre os anestsicos que esto na lista de produtos que contenham substncias sujeitas a controle oficial de uso veterinrio observam-se anestsicos intravenosos como a cetamina e anestsicos locais como a tetracana.

Os anestsicos intravenosos podem ser empregados com diferentes finalidades e normalmente, so utilizados na induo anestsica ou para realizao de pequenos procedimentos cirrgicos ou exames diagnsticos que requeiram conteno qumica dos animais de temperamento irascvel, nos quais sedao e anestesia local so insuficientes (FANTONI et al., 2002).

A ketamina surgiu em meados da dcada de 60, sendo empregada inicialmente em pacientes humanos, vitimas de grandes queimaduras. At os dias de hoje um dos principais anestsicos dissociativos injetveis e estimula determinadas reas do SNC, sendo comuns reaes de delrio e alucinaes no despertar,hiperreflexia e sensibilidade ao toque. Em alguns casos, as manifestaes de delrio ou excitao podem ocorrer muitas horas aps a recuperao da anestesia (FANTONI et al., 2002).

Em relao aos anestsicos locais, o primeiro a ser descoberto foi a cocana isolada em 1860 das folhas do arbusto andino Erytroxylon coca. Vrios outros aminosteres foram introduzidos posteriormente, incluindo a tetracana em 1932, empregada principalmente na anestesia tpica (FANTONI et al., 2002).

O principal uso dos anestsicos locais sem duvida em procedimentos cirrgicos. Os efeitos centrais so concentrao-dependente. As concentraes baixas promovem sedao, enquanto as elevadas produzem convulses. Anestsicos locais, como a tetracana, bloqueiam ou destroem as estruturas nervosas responsveis pela conduo do estimulo doloroso, impedindo a nocicepo (GOMES et al., 2002).

Outra classe encontrada na lista de produtos que contenham substncias sujeitas a controle oficial de uso veterinrio so os tranqilizantes (acepromazina, xilazina). Essas substncias so usadas, rotineiramente, em Medicina Veterinria, com a finalidade de acalmar ou conter os animais e evitar suas reaes. Alm disso, proporcionam analgesia pr e ps-operatria e reduzem os efeitos colaterais indesejveis dos agentes anestsicos, permitindo o uso de anestsicos locais para realizao de pequenas cirurgias (CORREA et al., 1984; FIALHO, 1986; KLEMM, 1988; SILVA & FERREIRA, 1994).

A acepromazina atua seletivamente em algumas regies do SNC e tambm capaz de atuar no Sistema Nervoso Autnomo. Ela bloqueia receptores dopaminrgicos e assim pode promover catalepsia, abolio de estereotipia, potencializao dos efeitos hipnticos dos anestsicos gerais, dos opiceos e dos analgsicos antiinflamatrios e, em humanos, devido ao seu uso prolongado, pode estimular a manifestao da sndrome extrapiramidal, caracterizada por alteraes do psiquismo, da motricidade e neurovegetativas (SPINOSA & GRNIAK, 2002).

A xilazina, um medicamento com propriedades tranqilizantes, relaxante muscular de ao central e analgsica, foi sintetizada na Alemanha em 1962. Oefeito deste medicamento conseqncia de sua atuao como agonista em 2 adrenoceptores tanto centrais como perifricos. A estimulao desses receptores no SNC promove o efeito hipotensor e tranqilizante, promove vasoconstrio, sedao, hipnose, relaxamento muscular, ataxia, analgesia e depresso do centro vasomotor. Os efeitos perifricos so caracterizados por: bradicardia, queda moderada da presso arterial, aumento da presso venosa central, reduo da freqncia respiratria e relaxamento da musculatura do trato respiratrio superior. Outros efeitos incluem: diurese aumentada, hiperglicemia, hipoinsulinemia, salivao, piloereo, transpirao, tremor muscular leve (SPINOSA & GRNIAK, 2002).

Segundo a Organizao Mundial da Sade (1981), psicotrpicos so substncias que agem no SNC produzindo alteraes de comportamento, humor e cognio, possuindo grande propriedade reforadora sendo, portanto, passveis de auto-administrao. Assim, so substncias que tm tropismo pelo SNC, modificando as funes mentais, sendo muitas delas utilizadas como drogas de abuso (BERNARDI & PAULINO, 2002).

Assim, os agentes psicotrpicos (LSD, canabinides e derivados) se incluem na mesma categoria que a acepromazina, o azaperone e a xilazina. So todos agentes que modificam seletivamente a funo do SNC, podendo exibir efeitos tanto excitatrios quanto depressores (SPINOSA & BERNARDI, 2002).

Nas dcadas de 1950 e 1960 surgiram os derivados benzodiazepnicos, que se tornaram bastante populares, e dentro destes, o diazepam. No SNC, esses frmacos agem fundamentalmente sobre o sistema lmbico e tambm reduzem a atividade funcional do hipotlamo e crtex. Tem 4 efeitos principais: efeito miorrelaxante, ansioltico, sedativo/hipntico, anticonvulsivante. Os efeitos indesejveis mais comuns so as ataxias. O aparecimento da amnsia foi constatado com o uso de alguns desses medicamentos, sendo este efeito benfico quando se considera seu uso como medicao pr-anestsica (SPINOSA & GRNIAK, 2002).

Um grupo de interesse para o controle oficial so os anabolizantes. Segundo a FAO/OMS (1975) os anabolizantes sosubstncias que aumentam a reteno pelo organismo, de nutrientes fornecidos pela alimentao. Em especial, aumentam a reteno do nitrognio protico e no-protico presentes nos alimentos e sua subseqente transformao em protena, particularmente nos msculos esquelticos. Portanto, produzem aumento da massa muscular e do peso dos animais.

H muito tempo sabe-se que os hormnios masculinos e seus derivados tm atividade anabolizante nos msculos esquelticos. A capacidade que apresentam os anabolizantes de aumentar a massa muscular esqueltica dos animais encontrou na pecuria de corte sua maior e mais polmica aplicao. De fato, desde os tempos mais remotos, vem o ser humano buscando e recorrendo a tecnologias que permitam o aumento da produo de alimentos por parte dos animais de interesse zootcnico. (NETO, 1998).

So chamados de agentes anabolizantes naturais, esterides naturais ou compostos naturais, os anabolizantes endgenos, isto , que existem normalmente no organismo dos animais, como a testosterona. relevante lembrar que alguns dos efeitos adversos j relatados para concentraes elevadas de testosterona no ser humano foram: virilizao da mulher, aumento da libido em ambos os sexos, ictercia, esplenomegalia, transtornos de prstata, hipercalcemia, acne, calvce, arterosclerose, reteno hdrica e hipertenso arterial (NETO, 1998).

A legislao vigente sobre anabolizantes se encontra na Instruo Normativa n. 10 de 27 de abril de 2001 que probe a importao, a produo, a comercializao e o uso de substncias naturais ou artificiais, com atividade anabolizante para fins de crescimento e ganho de peso em bovinos de abate e faculta a importao, a produo, a comercializao e o uso de anabolizantes hormonais ou assemelhados, naturais ou sintticos, com atividade estrognica, andrognica e progestagnica, exclusivamente para fins teraputicos, de sincronizao do estro, de transferncia de embries, de melhoramento gentico e de pesquisa experimental em Medicina Veterinria.

Assim, analisando as classes de frmacos contidas na Instruo Normativa n 36, verifica-se a real importncia do controledos produtos de uso veterinrio que contm essas substncias, visto que geram problemas de sade pblica devido ao desvio de uso em humanos como drogas de abuso, e o fato de alguns dos compostos levarem a possveis riscos sade humana pelo emprego em animais produtores de alimentos.

Observa-se que como drogas de abuso por humanos, as substncias listadas na Instruo citada anteriormente podem provocar dependncia fsica e qumica, alteraes do psiquismo, alucinaes, efeitos hipnticos, amnsia, alteraes no sistema respiratrio e cardaco, interferncia no metabolismo promovendo aumento de massa muscular, entre outros, que levariam a possveis riscos a sade humana.

Como hormnios utilizados em animais produtores de alimentos deve-se analisar os dados de toxicidade dessas substncias e ter em mente os possveis efeitos adversos que os resduos das mesmas possam deixar nas carcaas dos animais tratados e, consequentemente, nos alimentos de origem animal dela derivados.

Para o comrcio legal das 17 substncias citadas na Instruo Normativa n. 36, de 07 de junho de 2002, visando o maior controle dos principais problemas citados acima, existe uma srie de exigncias que devem ser cumpridas. O Artigo 2 dispe sobre as determinaes que os estabelecimentos que comercializam produtos veterinrios de uso controlado precisam atender:

Art. 2. Para fins de cumprimento da presente Instruo, os estabelecimentos que (...) comerciem produtos que contenham substncias sujeitas a controle oficial de uso veterinrio, devero atender s seguintes determinaes:II - Estabelecimento Comercial;a) manter guardado, sob o encargo do responsvel tcnico, em local exclusivo para esse fim e chaveado, as substncias ou produtos constantes do Anexo I desta Instruo Normativa;b) exigir, do adquirente dos produtos constantes do Anexo I, a receita assinada por mdico veterinrio;c) manter em livro prprio, em ordem cronolgica, o cadastro ou registro com o nome e endereo completo do adquirente, assim como o quantitativo dos produtos adquiridos e cedidos;d)manter em arquivo prprio a 1 via da receita emitida pelo mdico veterinrio;e) encaminhar trimestralmente, Delegacia Federal de Agricultura do estado onde se localiza o estabelecimento, a relao com o nome dos compradores e o quantitativo comercializado.

Essas medidas visam um controle mais efetivo do comrcio dos produtos controlados permitindo que os servios oficiais tenham constantemente dados acerca do comrcio e levando consequentemente a maior segurana no bem-estar humano e animal.

4.6 Descarte de produtos de uso veterinrio

A destinao final dos produtos de uso veterinrio tema relevante para a sade pblica devido s diferentes propriedades farmacolgicas dos medicamentos que no podero mais ser utilizados e devero receber um tratamento especfico.

O descarte de produtos de uso veterinrio fora do prazo de validade uma questo importante dentro do comrcio. O Decreto n. 5053 faz referncia sobre o papel do fabricante no descarte dos produtos, porm no deixa explcito o que o comrcio deve fazer:

Art. 26 O registro a que se refere o art. 24 dever ser solicitado pela empresa proprietria do produto, ou, quando se tratar de produto importado, pelo seu representante legal no Brasil, mediante requerimento contendo as seguintes informaes:

1o O requerimento dever estar acompanhado dos seguintes documentos:I - relatrio tcnico elaborado de acordo com o roteiro definido pelo Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento;

3o O relatrio tcnico a que se refere o inciso I do 1o deste artigo dever informar os procedimentos especficos para inativao do produto, visando sua inutilizao e ao seu descarte, em conformidade com as normas de segurana biolgica e ambiental existentes.

A Resoluo do CONAMA n. 283 de 12 de julho de 2001 traz conceitos interessantes em seus Art. 1 e 13:

Art. 1 Para os efeitos desta Resoluo definem-se: I - Resduos de Servios de Sade so: c) medicamentos e imunoterpicos vencidos ou deteriorados;

Art. 13. De acordo comsuas caractersticas de periculosidade, segundo exigncias do rgo ambiental e de sade competentes, os resduos pertencentes ao Grupo B, do Anexo I desta Resoluo, devero ser submetidos a tratamento e destinao final especficos.

1 Os quimioterpicos, imunoterpicos, antimicrobianos e hormnios e demais medicamentos vencidos, alterados, interditados, parcialmente utilizados ou imprprios para consumo devem ser devolvidos ao fabricante ou importador, por meio do distribuidor.

4 Para garantir as condies adequadas de retorno ao fabricante ou importador, o manuseio e o transporte dos resduos discriminados no 1 deste artigo, dever ser de co-responsabilidade dos importadores, distribuidores, comrcio varejista, farmcias de manipulao e servios de sade.

De acordo com as regulamentaes sanitria e ambiental, cabe aos responsveis legais o gerenciamento dos resduos desde a gerao at a disposio final, de forma a atender aos requisitos ambientais, de sade pblica e sade ocupacional, sem prejuzo de responsabilizao solidria de todos, que direta ou indiretamente, causem ou possam causar degradao ambiental (FALQUETO et al., 2006).

Assim, as indstrias farmacuticas, geradoras de uma quantidade considervel de resduos slidos devido devoluo e recolhimento de medicamentos do mercado, so as principais responsveis pela adoo de mtodos adequados de descarte dos mesmos.

Ainda neste contexto, os distribuidores, farmcias, drogarias e hospitais se enquadram num regulamento tcnico descrito pela Resoluo RDC n. 306, de 7 de dezembro de 2004, da ANVISA e na Resoluo do CONAMA n. 358, de 29 de abril de 2005. Juntos, esses regulamentos dispem que so geradores de resduos de servios de sade todos os servios relacionados com o atendimento sade humana ou animal, drogarias e farmcias de manipulao e distribuidores de produtos farmacuticos e devem, portanto elaborar o PGRSS (Plano de Gerenciamento de Resduos de Servios de Sade).

A implantao do PGRSS no voluntria, mas sim obrigatria a todos os estabelecimentos que de alguma forma geremresduos de sade (hospitais, clinicas, dentistas, postos de sade, veterinrios, etc) (RIO, 2006).

Observa-se que a inteno das autoridades e tcnicos era de elaborar um programa abrangente, onde profissionais, comunidades e meio ambiente pudessem ter o mnimo de segurana possvel, independente de seus nichos de atuao. Assim, a elaborao do PGRSS envolveu profissionais da rea ocupacional, ambiental, limpeza urbana, industrial farmacutica e sociedades de especialidades mdicas (FALQUETO et al., 2006).

Em termos de legislao, o Brasil est em contnua melhoria, com a reformulao de vrios dispositivos legais. Percebe-se o cuidado de se atribuir responsabilidades em relao ao gerenciamento dos resduos slidos de servios de sade, bem como classific-los para correta segregao, transporte e disposio.

No Brasil, os processos de tratamento e disposio final dos resduos no so claramente definidos. Ao gerador, podem surgir dvidas quanto ao melhor processo de descarte de seus resduos. Em se tratando de medicamentos de responsabilidade dos laboratrios fabricantes fornecerem informaes sobre o manuseio e descarte dos resduos dos medicamentos por eles fabricados.

A Organizao Mundial de Sade tem um guia para gerenciamento de resduos de sade que contempla informaes compatveis com nossa Legislao em termos de princpios de reciclagem, reuso, entre outros. Mas, fornece muitas outras informaes que nossa Legislao no contempla, principalmente relacionadas aos tratamentos dados aos resduos, como os oriundos de medicamentos que contm metal ou composto organoclorado em sua composio. Tais informaes podem ser aplicadas, porm no so todos os atores que dispem de tais regulamentos ou que saibam onde busc-los (FALQUETO et al., 2006).

Assim, apesar do grandioso volume de leis, decretos, portarias, resolues e outros, a questo ainda est longe de ser resolvida, haja vista a falta de entendimento e aplicabilidade do exigido. Por vrias vezes so encontrados resduos de sade jogados em rios, matas, lixes. Talvez o maior motivo para a no observncia da legislao e consequentementeseu descumprimento seja pelo fato de no se ter uma eficiente fiscalizao dos rgos responsveis (FALQUETO et al., 2006).

5. MATERIAL E MTODOS

Por meio de um levantamento junto ao Conselho Regional de Medicina Veterinria do Distrito Federal, no dia 21 de novembro de 2007, foi obtida a relao de todos os estabelecimentos que comercializam produtos de uso veterinrio registrados junto a este rgo. A partir desses dados, foi realizado um delineamento amostral para obter o nmero de estabelecimentos a serem fiscalizados que levaria a um resultado significativo.

Assim, foram realizadas 170 fiscalizaes de rotina em estabelecimentos que comercializam produtos de uso veterinrio, considerando o clculo amostral realizado para trs Regies Administrativas do Distrito Federal (Braslia, Taguatinga e Ceilndia), com um erro de 10%, intervalo de confiana de 99% e uma ocorrncia hipottica de 50% de desconformidades nas fiscalizaes, gerando um n mnimo de 166 estabelecimentos (THRUSFIELD, 2004). Assim, as fiscalizaes foram iniciadas no dia 27 de fevereiro de 2008 e finalizadas no dia 15 de maio de 2008, nas trs regies administrativas que foram escolhidas de acordo com a importncia econmica e densidade demogrfica no Distrito Federal (Figuras 1 e 2); (Tabela 2).

[pic]Figuras 1 e 2. Estabelecimentos fiscalizados.

Tabela 2. Quantidade de estabelecimentos amostrados nas trs Regies Administrativas estudadas no DF. 2008| |Taguatinga |Ceilndia |Braslia | || | | | |Total || |28 |41 |12 | ||Casas Agropecurias | | | |81 |||11 |03 |23 | ||Pet Shops | | | |37 || |15 |06 |31 | ||Pet Shops com Consultrio | | | |52 || | |50 |66 | ||Total |54 | | |170 |

FONTE: MAPA, 2008.

Durante a fiscalizao foi aplicado um check-list (anexo 1) contendo itens que avaliaram:

Regularidade dos estabelecimentos quanto ao registro para licenciamento no MAPA. Responsabilidade Tcnica Mdica Veterinria. Produtos alterados, adulterados, falsificados ou imprprios para uso veterinrio. Conservao e armazenamento de produtos biolgicos de uso veterinrio. Comrcio de produtos que contm substncias sujeitas a controle especial. Descarte de produtos de uso veterinrio vencidos.

Esse check-list foi composto por itens que geraram respostas sim, no e no se aplica. O Fiscal Federal Agropecurio responsvel aplicou o check-list no momento das fiscalizaes. Ao final de todas as fiscalizaes esses dados foram computados em uma tabela (Anexo 2) e analisados gerando os resultados a seguir.

6. RESULTADOS E DISCUSSO

Com base nas fiscalizaes realizadas em 170 estabelecimentos que comercializam produtos de uso veterinrio distribudos em trs regies administrativas do Distrito Federal - Braslia, Taguatinga e Ceilndia possvel perceber a carncia de informaes e de capacitao que esse setor apresenta.

6.1 Estabelecimentos Irregulares e Responsabilidade TcnicaEm uma primeira anlise nota-se que 88% dos estabelecimentos fiscalizados no possuem registro junto ao MAPA (Tabela 3), e consequentemente no tm Responsvel Tcnico legalmente habilitado, conforme os Art. 4 e 18 do Decreto n. 5053 de 22 de abril de 2004.

Tabela 3. Quantidade e porcentagem de estabelecimentos em situao irregular em trs regies administrativas do Distrito Federal. 2008|Estabelecimentos Irregulares |Taguatinga |Ceilndia |Braslia |Total || | |(48/50) |(49/66) |(149/170) ||Estabelecimentos sem registro ou renovao e sem Responsvel Tcnico |(52/54) |96% |74% |88% ||(RT) |96% | | | |

FONTE: MAPA, 2008.

A quantidade significativa de estabelecimentos no registrados (Tabela 3) deve representar uma grande preocupao para todos os setores envolvidos, j que resulta no funcionamento de estabelecimentos despreparados para a atividade e sem conhecimentos suficientes acerca do manuseio dos produtos e da legislao vigente, prejudicando, principalmente, o consumidor final.

Dos 170 estabelecimentos fiscalizados, apenas 21 possuam um Responsvel Tcnico legalmente habilitado segundo o Decreto n. 5053 (Tabela 3). A presena de um RT de suma importncia para o bom funcionamento do comrcio de produtos de uso veterinrio. ele quem deve orientar e responder por todos os aspectos tcnicos do comrcio, segundo o que consta no Art. 20 do Decreto citado anteriormente.

Assim, estabelecimentos que funcionam sem a presena do RT desvalorizam a profisso do mdico veterinrio e se apresentam despreparados para lidar com os deveres e obrigaes advindos dessa atividade.

Aps a anlise dos dados, verificou-se que em Ceilndia e Taguatinga haviam apenas 2 estabelecimento, em cada, em situao regular no MAPA (Tabelas 4 e 6).Ainda nessas duas regies administrativas, no houve diferena significativa na falta de registro no MAPA quando se comparou casas agropecurias, pet shops e pet shops com consultrio. J em Braslia a diferena foi maior sendo que as casas agropecurias apresentaram um nmero maior de registro em relao aos demais (Tabela 4, 5 e 6).

Tabela 4. Quantidade e porcentagem de estabelecimentos irregulares fiscalizados na Regio Administrativa de Ceilndia. 2008.| |Casas Agropecurias |Pet Shops |Pet Shops com |Total ||Estabelecimentos Irregulares | | |Consultrio | || |(39/41) |(3/3) |(6/6) |(48/50) ||Estabelecimentos sem registro ou renovao e sem RT|95% |100% |100% |96% |

FONTE: MAPA, 2008.

Tabela 5. Quantidade e porcentagem de estabelecimentos irregulares fiscalizados na Regio Administrativa de Braslia. 2008.| |Casas Agropecurias |Pet Shops |Pet Shops com |Total ||Estabelecimentos Irregulares | | |Consultrio | || |(5/12) |(17/23) |(27/31) |(49/66) ||Estabelecimentos sem registro ou renovao e sem RT|41% |74% |87% |74% |

FONTE: MAPA, 2008.

Tabela 6. Quantidade e porcentagem de estabelecimentos irregulares fiscalizados na Regio Administrativa de Taguatinga. 2008.| |Casas Agropecurias |Pet Shops |Pet Shops com |Total ||Estabelecimentos Irregulares | ||Consultrio | || |(26/28) |(11/11) |(15/15) |(52/54) ||Estabelecimentos sem registro ou renovao e sem RT|93% |100% |100% |96% |

FONTE: MAPA, 2008.

A partir desses resultados, verifica-se a existncia de dois problemas ocorrendo no comrcio, com base no Decreto n. 5053. O primeiro diz respeito falta de registro no MAPA por parte dos estabelecimentos que comercializam produtos de uso veterinrio. E o segundo, a ausncia de um RT mdico veterinrio legalmente habilitado.

O registro do estabelecimento no MAPA e a conseqente Responsabilidade Tcnica exercida de maneira adequada poderiam amenizar de forma considervel as inmeras irregularidades observadas neste setor, j que haveria a possibilidade de monitor-los de forma constante, garantindo sociedade condies adequadas no comrcio de produtos biolgicos e farmacuticos e maior segurana no uso dos mesmos.

Muitas vezes, por falta de conhecimento da legislao e o que necessrio para exercer a atividade de comerciante de produtos de uso veterinrio por parte dos donos dos estabelecimentos que diversas irregularidades esto ocorrendo no comrcio. Foi observado que muitos dos estabelecimentos nunca haviam sido fiscalizados pelo MAPA. Observa-se assim, a falta de pessoal e a sobrecarga do setor pblico como um todo. No Distrito Federal existe apenas um Fiscal Federal Agropecurio para realizar a fiscalizao de todo o comrcio de produtos de uso veterinrio.

O Art. 2 do Decreto n. 5053 diz que a execuo da inspeo e da fiscalizao atribuio do MAPA, porm, em seu pargrafo nico tm-se que a inspeo e a fiscalizao do comrcio de produtos de uso veterinrio podem ser realizadas pelas Secretarias de Agricultura dos Estados e do Distrito Federal, por delegao de competncia. Assim, pode-se pensar em delegar a competncia a estes ltimos a fim de se obter maior abrangncia de estabelecimentos fiscalizados e a possibilidade demonitor-los de forma mais constante.

Outro ponto relevante a ser discutido a ausncia de um RT legalmente habilitado e o despreparo do mesmo que em muitos casos no tinha conhecimento sobre seus deveres e obrigaes legais ao assumir a responsabilidade tcnica dos estabelecimentos comerciais.

Por ser um profissional extremamente importante para o comrcio, fundamental que o RT atue em conformidade com a legislao vigente. O Decreto n. 5053 deixa claro em seu Art. 20 o que competncia do RT, e baseado nele pode-se observar que muitas das irregularidades encontradas no Distrito Federal como, a grande quantidade de produtos comercializados sem registro no MAPA, produtos expostos venda fora do prazo de validade, produtos biolgicos sem a devida refrigerao e na temperatura incorreta, ausncia de controle adequado de especialidades farmacuticas que contenham substncias sujeitas ao controle especial, entre outros, dever do RT assegurar que no ocorram.

Verifica-se tambm que segundo o Art. 23 do Decreto citado anteriormente, o RT de estabelecimento fabricante de produtos de uso veterinrio deve estar presente no estabelecimento durante todo o processo de produo. J do RT de estabelecimento comercial no exigido que o mesmo esteja presente durante todo o perodo de funcionamento, sendo que no Decreto n. 5053 no consta o perodo de tempo determinado, mas, no Manual para Exerccio de RT do CRMV-SE tm-se que o exigido de um mnimo de 6 horas semanais. Essa pequena carga-horria ou mesmo a falta de exigncia de uma carga-horria especfica pode justificar ou mesmo agravar as irregularidades observadas ao longo deste trabalho, no sentido de que o RT no estaria acompanhando a rotina do estabelecimento.

Est em consulta pblica desde 06 de junho de 2008, a Portaria n. 91 que contm um Projeto de Instruo Normativa sobre a comercializao de substncias sujeitas a controle especial e dos produtos de uso veterinrio que as contenham. O Art. 24 desta Portaria traz em seu pargrafo nico a obrigatoriedade da presena do RT durante o perodo de funcionamento, nos estabelecimentos que comerciemsubstncias ou produtos de uso veterinrio sujeitos a notificao de receita veterinria oficial arquivada, a notificao de receita veterinria arquivada e a receita veterinria de controle especial. Essa exigncia em relao presena do RT durante o todo o funcionamento do estabelecimento, j um grande avano e mostra que as autoridades oficiais esto cientes da situao.

importante tambm, citar aqui, a falta de um cadastro geral atualizado de estabelecimentos que comercializao produtos de uso veterinrio no DF, dificultando a fiscalizao dos mesmos. A relao obtida atravs do Conselho Regional de Medicina Veterinria do Distrito Federal, no dia 21 de novembro de 2007, de todos os estabelecimentos que comercializam produtos de uso veterinrio registrados junto se mostrou desatualizada, com inmeros estabelecimentos inexistentes.

Ressalta-se ainda, a necessidade de um intercmbio de informaes entre rgos reguladores do comrcio de produtos de uso veterinrio - MAPA, ANVISA e CRMV-DF - com o objetivo final de encontrar a melhor soluo para os problemas existentes. A falta de comunicao entre esses rgos que periodicamente inspecionam os estabelecimentos, dificulta a prtica comercial legal, como foi constatado na execuo deste trabalho. certo que cada rgo atua numa esfera de competncia, porm todos convergem para o mesmo objetivo, que a correta comercializao dos produtos de uso veterinrio, garantindo o bem-estar humano e animal e para isso, as informaes e exigncias feitas aos estabelecimentos comerciais devem ser semelhantes e no desencontradas.

Analisando a existncia da Instruo Normativa n. 13 de 03 de outubro de 2003 que aprovou o regulamento de Boas Prticas de Fabricao de produtos de uso veterinrio, sugere-se a elaborao de uma legislao que regulamente as Boas Prticas de Comrcio, j que no um regulamento neste sentido, visando a melhoria, harmonizao e disciplinamento do comrcio, minimizando as irregularidades observadas neste trabalho.

6.2 Produtos Irregulares

Uma questo importante observada a partir dos resultados do check-list aplicado, foi a grandequantidade de produtos alterados, adulterados, falsificados ou imprprios para uso veterinrio sendo comercializados. As principais irregularidades apresentadas foram: a falta de registro junto ao MAPA e o prazo de validade expirado. Dos cento e setenta estabelecimentos amostrados, foram realizadas apreenses em 49% deles. Destes, 36% comercializavam produtos sem registro e 20% com prazo de validade expirado. (Tabela 7)

Tabela 7. Quantidade e porcentagem de produtos alterados, adulterados, falsificados ou imprprios para uso veterinrio comercializados em trs regies administrativas do Distrito Federal.|Produtos Irregulares |Taguatinga |Ceilndia |Braslia |Total || | |(36/50) |(14/66) |(83/170) ||Apreenses realizadas |(33/54) |72% |21% |49% || |61% | | | || |(24/54) |(34/50) |(3/66) |(61/170) ||Comrcio de produtos sem registro |44% |68% |5% |36% || |(15/54) |(6/50) |(13/66) |(34/170) ||Comrcio de produtos com data de validade vencida |28% |12% |20% |20% |

FONTE: MAPA, 2008.

A regio administrativa de Ceilndia apresentou o maior nmero de produtos sem registro, seguida por Taguatinga. J em Braslia, a quantidade de produtos de uso veterinrio encontrados sem registro junto ao Mapa, foi nfima (Tabela 7). Essa situao pode estar relacionada ao maior poder aquisitivo, nvel de exigncia e esclarecimento dos clientes nesta ltima,que procuram por produtos de marcas consagradas no comrcio, em bom estado de conservao e com garantia de eficcia e qualidade.

Toda empresa que deseja produzir e comercializar um produto de uso veterinrio deve obter registro junto ao MAPA. O Decreto n. 5053 de 22 de abril de 2004 em seus Art. 24 e 65, estabelece a necessidade do registro desses produtos para a sua comercializao. A iseno de registro de produto de uso veterinrio de importncia para o comrcio, segundo o Art. 44, se d para produtos de uso veterinrio sem ao teraputica, destinados exclusivamente higiene e ao embelezamento dos animais.

Durante as fiscalizaes notou-se que no Distrito Federal existem trs marcas intensamente comercializadas que so irregulares por no terem se registrado junto ao MAPA. Essas empresas fabricam principalmente carrapaticidas, pulicidas e sarnicidas (Figuras 3, 4 e 5). Esses medicamentos podem causar srios riscos sade e bem-estar humano e animal, por estarem sendo comercializados sem o registro no rgo competente, j que assim, no h qualquer garantia de eficcia e segurana do produto exigidas no processo de obteno do registro.

[pic]

Figuras 3, 4 e 5. Produtos carrapaticidas, pulicidas e sarnicidas apreendidos por falta de registro no Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento.

Atualmente, o registro de novos produtos de uso veterinrio concedido apenas quando o rgo regulador evidencia a qualidade, eficcia e segurana dos produtos, apresentados por um fabricante que pleiteie este registro. Portanto, para que haja esse controle existe uma srie de obrigaes e pr-requisitos necessrios produo e comrcio dos mesmos.

Segundo o Decreto n. 5053, Art. 25, dada a importncia dos produtos veterinrios na preveno, no tratamento, no controle e na erradicao das enfermidades dos animais, na produo de alimentos e nas questes sobre seu impacto na sade pblica, todo produto deve cumprir com as mais exigentes normas de qualidade de matrias-primas, de processos de produo e de produtos terminados.

Assim, o MAPA pode indeferir o registro de um produtoquando este no atender a todas as exigncias pr-estabelecidas, podendo induzir falsas concluses sobre sua composio, indicaes teraputicas, modo de usar, aplicao, procedncia, entre outros.

Dessa forma, a comercializao de produtos sem o registro implica em ausncia de garantias sobre sua eficcia, qualidade e segurana, podendo acarretar problemas tanto para a sade animal quanto humana.

Alm disso, produtos sem registro afetam todos os setores da sociedade, j que a Unio perde com a diminuio da arrecadao de impostos referentes fabricao e comrcio dos mesmos; os profissionais da rea, mdicos veterinrios, qumicos, etc., perdem seus postos de trabalho e a sociedade enganada medida que est comprando/utilizando produtos irregulares.

Alm de produtos no registrados, foi observado tambm, o grande comrcio de produtos com prazo de validade expirado. Em 20% dos estabelecimentos fiscalizados (Tabela 7), foi encontrado produtos nesse estado, entre eles: produtos biolgicos, antimicrobianos, vitaminas, pr-biticos, sarnicidas, carrapaticidas, etc. (Figuras 6, 7 e 8).

[pic]Figuras 6, 7 e 8. Produtos farmacuticos e biolgicos encontrados com o prazo de validade expirado.

Segundo a anlise dos dados, as trs regies administrativas apresentaram porcentagens significativamente semelhantes. Em geral, em casas agropecurias, foi observado o maior comrcio de produtos vencidos do que em pet shops com ou sem consultrio. (Tabela 8, 9 e 10)Tabela 8. Quantidade e porcentagem de produtos alterados, adulterados, falsificados ou imprprios para uso veterinrio observados nos estabelecimentos fiscalizados na Regio Administrativa de Ceilndia. 2008.| |Casas Agropecurias |Pet Shop |Pet Shops com |Total ||Produtos Irregulares | | |Consultrio | || |(31/41) |(2/3) |(3/6) | ||Apreensesrealizadas |75% |66% |50% |(36/50) || | | | |72% || |(29/41) |(2/3) |(3/6) | ||Comrcio de produtos sem registro |71% |66% |50% |(34/50) || | | | |68% || |(6/41) |(0/3) |(0/6) |(6/50) ||Comrcio de produtos com data de validade vencida |15% |0% |0% |12% |

FONTE: MAPA, 2008.

Tabela 9. Quantidade e Porcentagem de produtos alterados, adulterados, falsificados ou imprprios para uso veterinrio observados nos estabelecimentos fiscalizados na Regio Administrativa de Braslia. 2008.| |Casas Agropecurias |Pet Shops |Pet Shops com |Total ||Produtos Irregulares | | |Consultrio | || | |(3/23) |(7/31) |(14/66) ||Apreenses realizadas |(4/12) |13% |22% |21% || |33% | | | || | |(0/23) |(1/31) |(3/66) ||Comrcio de produtos sem registro |(2/12) |0% |3% |5%|| |16% | | | || |(3/12) |(3/23) |(7/31) |(13/66) ||Comrcio de produtos com data de validade vencida |25% |13% |22% |20% |

FONTE: MAPA, 2008.

Tabela 10. Quantidade e porcentagem de produtos alterados, adulterados, falsificados ou imprprios para uso veterinrio observados nos estabelecimentos fiscalizados na Regio Administrativa de Taguatinga. 2008.| |Casas Agropecurias |Pet Shops |Pet Shops com |Total ||Produtos Irregulares | | |Consultrio | || |(19/28) |(7/11) |(7/15) | ||Apreenses realizadas |68% |64% |47% |(33/54) || | | | |61% || |(14/28) |(7/11) |(3/15) | ||Comrcio de produtos sem registro |50% |64% |20% |(24/54) || | | | |44% || |(9/28) |(2/11) |(4/15) |(15/54) ||Comrcio de produtos com data de validade vencida |32% |18% |27% |30% |

FONTE: MAPA, 2008.

A legislao brasileira estabelece a proibio do comrcio deprodutos com o prazo de validade expirado como observa os Art. 65 e 68 do Decreto n. 5053. A Instruo Normativa n. 15 de 9 de maio de 2005 que aprovou o Regulamento Tcnico para Testes de Estabilidade de Produto Farmacutico de Uso Veterinrio, definiu critrios para a realizao de estudos de estabilidade, a fim de prever, determinar e monitorar o prazo de validade desses produtos. Estes estudos estimam o prazo de validade nas condies preconizadas para o armazenamento e neles so avaliadas as caractersticas fsicas, qumicas, biolgicas e microbiolgicas.

Para o registro de um produto no MAPA, as empresas devem apresentar uma srie de estudos, como o de estabilidade, citado anteriormente, que alm de outras funes determinam o prazo de validade dos mesmos. Expirado esse prazo, o produto pode apresentar mudanas significativas em seus parmetros fsicos, qumicos e microbiolgicos, tornando-se ineficaz, podendo inclusive provocar reaes indesejadas ao animal.

Em termos de legislao, o Brasil est em contnua melhoria, com a reformulao de vrios dispositivos legais, porm ainda h bastante a ser feito. O uso de legislaes especficas o instrumento que permite uma fiscalizao rigorosa e permanente por parte do poder pblico promovendo uma constante vigilncia a cerca dos produtos existentes no mercado e os estabelecimentos que os comercializam, garantindo assim, padres de qualidade e conformidade dos produtos e servios colocados no mercado disposio dos consumidores, minimizando a ocorrncia de produtos irregulares.

6.3 Produtos Biolgicos

Um ponto importante avaliado durante as fiscalizaes foi a conservao e armazenamento dos produtos biolgicos. Dos 170 estabelecimentos fiscalizados, apenas 95 comercializavam produtos biolgicos. Desses, 34 eram em Taguatinga, 28 em Ceilndia e 33 em Braslia (Tabela 11).

O check-list aplicado avaliou se os produtos biolgicos eram armazenados na temperatura correta (2 a 8 C), se o controle de temperatura era adequado, se haviam registros do monitoramento da temperatura e se a cmara fria ou refrigerador era exclusivo para o armazenamentodesses produtos.

Em relao temperatura de conservao, trs aspectos relevantes foram observados: em 92% dos estabelecimentos que comercializavam produtos biolgicos, o comrcio se dava sem um controle adequado de temperatura; em 88% verificou-se que esses produtos estavam armazenados na temperatura incorreta (Figuras 9 e 10); em 99% dos estabelecimentos no havia registros do monitoramento da temperatura; em 47% dos fiscalizados, no havia uma cmara fria ou refrigerador exclusivo para o armazenamento dos mesmos. (Tabela 11)

Tabela 11. Quantidade e porcentagem de produtos biolgicos comercializados em trs regies administrativas do Distrito Federal.|Produtos Biolgicos |Taguatinga |Ceilndia |Braslia |Total || |(32/34) |(28/28) |(27/33) |(87/95) ||Comrcio de produtos biolgicos sem controle adequado de temperatura |94% |100% |82% |92% || |(28/34) |(26/28) |(30/33) |(84/95) ||Comrcio de produtos biolgicos armazenados na temperatura incorreta |82% |93% |91% |88% || |(33/34) |(28/28) |(33/33) |(94/95) ||Falta dos registros do monitoramento da temperatura |98% |100% |100% |99% || |(14/34) |(15/28) |(16/33) |(45/95) ||Cmara fria ou refrigerador no exclusivo para armazenamento de |41% |54% |48% |47% ||produtos biolgicos | | | | |

FONTE: MAPA, 2008.[pic]Figuras 9 e 10. Geladeira armazenando produtos biolgicos na temperatura incorreta.

No mbito da legislao brasileira, tem-se no Decreto n. 5053 os Art. 15, 65 e 68 que tratam de regulamentaes quanto garantia de qualidade de produtos biolgicos visando um controle mais eficiente dos mesmos. O que se observou durante as fiscalizaes e posteriormente na anlise dos dados foi o grande descumprimento do que prev a legislao (Tabelas 12, 13 e 14).

Tabela 12. Quantidade e porcentagem de produtos biolgicos e inconformidades observadas nos estabelecimentos fiscalizados na Regio Administrativa de Ceilndia. 2008.| |Casas Agropecurias |Pet Shops |Pet Shops com |Total ||Produtos Biolgicos | | |Consultrio | || |(22/22) |(1/1) |(5/5) |(28/28) ||Comrcio de produtos biolgicos sem controle adequado de|100% |100% |100% |100% ||temperatura | | | | || |(22/22) |(1/1) |(3/5) |(26/28) ||Comrcio de produtos biolgicos armazenados na |100% |100% |60% |93% ||temperatura incorreta | | | | || |(22/22) |(1/1) |(5/5) |(28/28) ||Falta dos registros do monitoramento da temperatura |100% |100% |100% |100% || | | | |||Cmara fria ou refrigerador no exclusivo para |(13/22) |(1/1) |(1/5) |(15/28) ||armazenamento de produtos biolgicos |59% |100% |20% |54% |

FONTE: MAPA, 2008.

Tabela 13. Quantidade e porcentagem de produtos biolgicos e inconformidades observadas nos estabelecimentos fiscalizados na Regio Administrativa de Braslia. 2008.| |Casas Agropecurias |Pet Shops |Pet Shops com |Total ||Produtos Biolgicos | | |Consultrio | || |(7/9) |(19/22) |(1/2) |(27/33) ||Comrcio de produtos biolgicos sem controle adequado de|78% |86% |50% |82% ||temperatura | | | | || | | | | ||Comrcio de produtos biolgicos armazenados na |(6/9) |(22/22) |(2/2) |(30/33) ||temperatura incorreta |66% |100% |100% |91% || | | | | ||Falta dos registros do monitoramento da temperatura |(9/9) |(22/22) |(2/2) |(33/33) || |100% |100% |100% |100% || |(4/9) | | |(16/33) ||Cmarafria ou refrigerador no exclusivo para |44% |(11/22) |(1/2) |48% ||armazenamento de produtos biolgicos | |50% |50% | || | | | | |

FONTE: MAPA, 2008.

Tabela 14. Quantidade e porcentagem de produtos biolgicos e inconformidades observadas nos